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MODELAGEM E MIGRAÇÃO REVERSA NO TEMPO EMPREGANDO

OPERADORES ELÁSTICOS E ACÚSTICOS

André Bulcão

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS


PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA
CIVIL.

Aprovada por:

Prof. Webe João Mansur, Ph.D.

Dr. Djalma Manoel Soares Filho, D.Sc.

Prof. Breno Pinheiro Jacob, D.Sc.

Dr. Carlos Alves da Cunha Filho, Ph.D.

Dr. Eduardo Filpo Ferreira da Silva, D.Sc.

Dr. Eduardo Lopes de Faria, Ph.D.

Dr. Marco Antonio Gallotti Guimarães, Ph.D.

Prof. Wilson Mouzer Figueiró, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL


OUTUBRO DE 2004
BULCÃO, ANDRÉ
Modelagem e Migração Reversa no
Tempo Empregando Operadores Elásticos e
Acústicos
vii, 349 p. 29.7 cm (COPPE/UFRJ, D.Sc.,
Engenharia Civil, 2004)
Tese – Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE
1. Migração Reversa no Tempo
2. Modelagem Sísmica
3. Equação Elástica da Onda
4. Equação Acústica da Onda
5. Método das Diferenças Finitas
I. COPPE/UFRJ II. Título (série)

ii
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)

MODELAGEM E MIGRAÇÃO REVERSA NO TEMPO EMPREGANDO


OPERADORES ELÁSTICOS E ACÚSTICOS

André Bulcão
Outubro / 2004

Orientadores: Webe João Mansur


Djalma Manoel Soares Filho

Programa: Engenharia Civil

Nesta tese são abordadas a Modelagem e a Migração Sísmicas, nas quais os


modelos matemáticos são regidos pela Equação Escalar da Onda e pela Equação
Elástica da Onda. Na particularização dos procedimentos para este último modelo
matemático, onde o campo de ondas é representado por grandezas vetoriais, é que se
concentram as maiores contribuições deste trabalho.
O principal foco do trabalho fixa-se nos esquemas de Migração Reversa no
Tempo, onde se objetiva a determinação de imagens em profundidade de estruturas
em sub-superfície com uma elevada resolução, sendo que em tais esquemas são
explorados dois tipos distintos de condição de imagem. No primeiro tipo, denominado
condição de imagem de tempo de excitação, são propostas algumas inovações na
determinação das matrizes de tempo de trânsito e em procedimentos que possibilitam
a utilização da energia das reflexões múltiplas para o imageamento. No segundo tipo,
denominado condição de imagem com correlação cruzada, são propostas expressões
para correlacionar os campos de ondas ascendentes e descendentes, além de outros
artifícios, para a determinação das imagens em profundidade.
A maioria dos programas desenvolvidos neste trabalho emprega os recursos do
processamento em paralelo, sendo executados em clusters de microcomputadores, a
fim de alcançar o poder computacional necessário para realizar as diversas
simulações bi- e tridimensionais voltadas para a indústria petrolífera, envolvendo
dados sísmicos sintéticos e reais.

iii
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)

MODELING AND REVERSE TIME MIGRATION USING ELASTIC AND ACOUSTIC


OPERATORS

André Bulcão
October / 2004

Advisors: Webe João Mansur


Djalma Manoel Soares Filho

Department: Civil Engineering

The contents of this thesis present the Seismic Modeling and Migration, in which
mathematical models are ruled by both the scalar and elastic wave equations. The
most important contributions of this research are related to the specific procedures
developed for the latter cited mathematical model, where the wave field is represented
by a vector function.
The main focus of this work is concentrated on the time reverse migration
schemes, aiming at depth and subsurface structure image determination with high
resolution. In such schemes, two distinct image condition types are explored. The first,
named excitation time image condition, proposes some innovations in the transit time
matrix determination and in procedures that make possible the multiple reflections
energy use to obtain the imaging. In the second, called crossed correlation image
condition, expressions are formulated to correlate the ascendent and descendent wave
field, besides other artifices that are created to determine images in depths.
Most of the computer programs elaborated in this work use parallel processing
resources and are run in microcomputer clusters, in order to reach the necessary
computational power to operate the several two and three-dimensional simulations
concerned to petroleum industry, involving both real and synthetic seismic data.

iv
Índice

1- Introdução 1

1.1 - Metodologia e Objetivos 3


1.2 – Estrutura da Tese 5

2- Modelagem Sísmica 11

2.1 - Fonte Sísmica – Termo Fonte da Equação da Onda 17


2.2 - Modelagem Sísmica Utilizando Operadores Acústicos 20
2.3 - Modelagem Sísmica Utilizando Operadores Elásticos 26
2.4 - Critérios de Dispersão Numérica e Estabilidade 35

3- Migração Sísmica 38

3.1 - Migração Reversa no Tempo 42


3.1.1 - Migração Reversa no Tempo de Dados Sísmicos Pós - 44
Empilhamento
3.1.2 - Migração Reversa no Tempo Empregando a Condição de 45
Imagem de Tempo de Excitação (Excitation-time Imaging
Condition)
3.1.2.1 - Condição de Imagem 46
3.1.3 - Migração Reversa no Tempo Empregando a Condição de 54
Imagem com Correlação Cruzada (Crosscorrelation
Imaging Condition)
3.1.3.1 - Implementação Computacional 56
3.1.3.2 - Condições de Imagem Empregando a Correlação 61
Cruzada entre os Campos de Ondas Ascendentes
e Descendentes
3.2 - Migração Reversa no Tempo Utilizando Operadores 74
Acústicos
3.3 - Migração Reversa no Tempo Utilizando Operadores Elásticos 76
3.3.1 - Grandezas Elásticas Associadas às Imagens em 80
Profundidade
3.3.2 - Aplicação de Esquemas de Migração Elástica em Dados 85
Sísmicos Acústicos
3.3.3 - Problemas Relacionados à Mudança de Polaridade das 87
Imagens em Profundidade Associadas a Determinadas
Grandezas Elásticas
3.4 - Suavização do Campo de Vagarosidades 90

v
4- Aplicações 92

4.1 – Modelo Gaia 98


4.1.1 – Modelagens Sísmicas Empregando Operadores Acústicos 99
4.1.2 – Migração Reversa no Tempo Empregando Operadores 102
Acústicos
4.1.3 – Modelagens Sísmicas Empregando Operadores Elásticos 115
4.1.4 – Migração Reversa no Tempo Empregando Operadores 122
Elásticos
4.2 – Modelo Atum 150
4.2.1 – Migração Reversa no Tempo Empregando Operadores 157
Acústicos
4.2.2 – Migração Reversa no Tempo Empregando Operadores 175
Elásticos

5 - Conclusões 201

5.1 – Resultados Apresentados 207

5.2 – Recomendações e Trabalhos Futuros 208

Referências Bibliográficas 211

Apêndice A Aspectos Computacionais 218


A.1- Introdução a Alguns Conceitos da Computação em Paralelo 218
A.2 - Cluster de Microcomputadores 223

Apêndice B Correlação de Sinais Discretos no Tempo 229

Apêndice C Determinação da Direção de Propagação do Campo de 231


Ondas
C.1 – Modelos Matemáticos Expressos pela Equação Acústica da 231
Onda
C.2 – Modelos Matemáticos Expressos pela Equação Elástica da 234
Onda

Apêndice D Principais Programas Desenvolvidos 241

Apêndice E Compressão de Dados 254

E.1 - Compressão de Dados Utilizando Ajuste de Curvas por 255


Mínimos Quadrados
E.2 - Compressão de Dados Empregando Transformada Wavelet 258

Apêndice F Introdução ao Método das Diferenças Finitas 263

vi
Anexo I 267

Anexo I.1 – Modelo Marmousi 268

Anexo I.2 – Modelo Domo Salino Modificado (SEG/EAGE) 272

Anexo I.3 – Modelo Domo Salino (SEG/EAGE): Seções A-A’ & B-B’ 282

Anexo I.4 – Modelo Solimões 296

Anexo I.5 – Modelo Teal South (ERCH) 315

Anexo I.6 – Modelo VSP – Tridimensional (3D) 332

vii
1- Introdução

Os levantamentos sísmicos realizados in situ se mostram essenciais na


indústria petrolífera para a identificação de novos reservatórios de hidrocarbonetos,
assim como para a monitoração e avaliação dos já existentes, além da definição dos
melhores locais para a perfuração de novos poços. Esta metodologia também pode
ser prontamente utilizada para a identificação e monitoração de reservatórios
aqüíferos, dentre outras aplicações.
Tais levantamentos são umas das formas de se obter informações
importantes a respeito das estruturas geológicas que se encontram em sub-superfície.
Em sua execução empregam-se arranjos de fontes sísmicas e de estações de
receptores, para em seguida emitir-se um sinal com características adequadas.
Captando-se a resposta de tal sinal nas estações de receptores, obtém-se
informações referentes às ondas que se propagaram a partir da fonte sísmica e foram
refletidas, refratadas e difratadas à medida que percorreram as diversas interfaces e
camadas de um determinado meio geológico.
Para melhor elucidar os procedimentos e os conceitos dos
levantamentos sísmicos, apresenta-se na figura 1-1 ilustração esquemática de um tipo
de levantamento sísmico de alta resolução. Em tal levantamento, o choque de uma
marreta contra uma placa metálica atua como fonte sísmica, gerando uma onda de
choque que se propaga até atingir um determinado refletor – interface caracterizada
por um contraste nas propriedades físicas do meio – sendo então refletida e captada
por receptores dispostos ao longo da superfície.
Figura 1-1 – Representação esquemática de um tipo de levantamento sísmico.

O conjunto de dados registrados nos levantamentos sísmicos in situ


contêm informações a respeito das conversões e interações entre os diferentes modos
de ondas, sendo que tal registro é independente do sistema de aquisição utilizado.
Mesmo nos convencionais levantamentos sísmicos marítimos utilizando streamers,
onde são empregados hidrofones (captando-se apenas a pressão hidrostática), têm-se
presente nos dados sísmicos adquiridos as informações referentes às conversões e
interações entre os diferentes modos de ondas, gerados em sub-superfície – quando a
frente de onda se propaga pelas diversas interfaces ou camadas de uma determinada
região geológica de interesse – onde há variações em suas propriedades físicas.
As ondas que são registradas pelos receptores possuem informações
sobre diferentes tipos ou modos de ondas sísmicas, que podem surgir quando da
passagem da frente de onda por uma interface ou camada na qual haja alguma
mudança nas características físicas do meio de propagação (EVANS, 1998). Como
será apresentado no capítulo 2 deste trabalho, existem diferentes modelos
matemáticos que podem ser adotados para simular este fenômeno físico da
propagação de ondas sísmicas.
Uma vez definido o modelo matemático que será adotado para
representar o fenômeno físico da propagação das ondas sísmicas, que supostamente
estarão presentes quando da realização de um determinado tipo de levantamento
sísmico, podem-se desenvolver dois tipos de simulações numéricas de grande
importância para a Geofísica, denominadas Modelagem Sísmica (Seismic Modeling) e
Migração Reversa no Tempo (Reverse Time Migration).
De maneira geral, na Geofísica o conceito de Modelagem Sísmica,
conforme será apresentado em maiores detalhes no capítulo 2, está relacionado ao
ato de simular a aquisição dos dados em um determinado levantamento sísmico. Para
tal, pode-se adotar um modelo matemático específico e buscar soluções aproximadas.

2
Os principais objetivos pretendidos com a realização de uma Modelagem Sísmica,
para uma determinada situação geológica de interesse, além da verificação da
resposta sísmica, podem ser descritos como em BERKHOUT (1984):
o A avaliação das possibilidades, limitações e armadilhas dos métodos sísmicos;
o A otimização dos parâmetros de aquisição;
o O fornecimento de dados sísmicos de entrada para a avaliação de programas
de processamentos sísmicos, tal como os esquemas de Migração Sís mica.
Por sua vez, a Migração Reversa no Tempo (Reverse Time Migration) é
um dos diversos esquemas de Migração Sísmica no qual, baseado no modelo
matemático adotado para representar a propagação das ondas sísmicas, pretende-se
desfazer os efeitos da propagação de ondas para produzir uma imagem dos refletores
corretamente posicionados em sub-superfície. Filosoficamente, tal esquema
corresponde à operação inversa da Modelagem Sísmica (GRAY, et al., 2001).
Nos esquemas de Migração Reversa no Tempo, assim como em outros
esquemas de Migração Sísmica, aplica-se um conjunto de procedimentos pelos quais
os campos de ondas registrados (na superfície ou não), contendo informações sobre
as camadas e interfaces do modelo geológico, são transformados através de
metodologias adequadas em imagens corretamente posicionadas dos refletores em
sub-superfície. Durante este processo de migração, além do correto posicionamento
dos refletores, tem-se o colapso das difrações que foram registradas nos
sismogramas.
A determinação de tais imagens, contendo informações do correto
posicionamento dos refletores em sub-superfície, pode ser empregada com o intuito
de verificar as hipóteses acerca da construção de determinado modelo geológico,
assim como para facilitar a interpretabilidade dos dados sísmicos, sendo estes uns dos
principais objetivos da Migração Sísmica (BERKHOUT, 1984).

1.1 – Metodologia e Objetivos

Neste trabalho são apresentadas simulações numéricas envolvendo a


propagação de ondas sísmicas, empregando-se dois dos principais tipos de modelos
matemáticos adotados para tal fim, regidos pela Equação Escalar da Onda, onde se
contempla somente a propagação de ondas compressionais (P-waves) e pela
Equação Elástica da Onda, onde – neste caso – tem-se a presença e a interação de
diversos outros modos de ondas, dentre elas as ondas compressionais (P-waves) e as
ondas cisalhantes (S-waves).

3
Para a obtenção das soluções aproximadas referentes às equações
diferenciais relacionadas aos fenômenos físicos da propagação de ondas sísmicas,
nesta tese, emprega-se o Método das Diferenças Finitas (MDF) e, com o intuito de
alcançar o poder computacional necessário – principalmente – para simular os casos
tridimensionais (3D), adotam-se alguns recursos do Processamento em Paralelo, com
especial ênfase para sua execução em clusters de microcomputadores (vide Apêndice
A).
São abordados, principalmente, o desenvolvimento e a aplicação de
alguns esquemas de Migração Reversa no Tempo nos quais adota-se a Equação
Elástica da Onda para representar os fenômenos físicos associados à propagação de
ondas sísmicas. Empregando-se tal modelo matemático, contempla-se a propagação
e a interação entre os diferentes tipos de ondas sísmicas, tais como as ondas
compressionais (P-waves) e as ondas cisalhantes (S-waves), sendo que neste caso o
campo de ondas é representado por grandezas vetoriais (expressas por sua direção,
sentido e amplitude).
Nesta tese, advoga-se que, com a adoção de modelos matemáticos
mais refinados que contemplem a conversão e a interação entre os diferentes modos
de ondas (compressionais e cisalhantes), é possível se desenvolver determinadas
condições de imagem, que são empregadas pelos esquemas de Migração Reversa no
Tempo, de tal forma a propiciar o imageamento de estruturas complexas em sub-
superfície, com uma melhor resolução sísmica do que as imagens que seriam obtidas
adotando-se a Equação Escalar da Onda, que considera somente a propagação de
ondas compressionais (P-waves).
Destaca-se que, atualmente na maioria das aplicaç ões realizadas pela
indústria petrolífera, nos esquemas de Migração Reversa no Tempo, as conversões e
as interações entre os diferentes modos de ondas são tratadas como ruídos, pois os
modelos matemáticos empregados contemplam apenas a propagação de ondas
compressionais (ou seja, são regidos por equações diferenciais semelhantes à
Equação Escalar da Onda).
Um dos objetivos pretendidos com a realização deste trabalho é o de
buscar artifícios, seja através do desenvolvimento de novas estratégias a serem
aplicadas aos esquemas de Migração Reversa no Tempo ou através da consideração
de modelos matemáticos mais refinados, para considerar toda e qualquer informação
relevante que por ventura possa contribuir para a determinação de imagens em
profundidade com melhor relação sinal/ruído e resolução sísmica.
A seguir, inspirada em conversas com o Dr. Djalma Manoel Soares
Filho (CENPES/PETROBRAS), apresenta-se um verso de uma canção popular da

4
música brasileira, como uma forma poética de expor tal objetivo relacionado -
especificamente - aos esquemas de Migração Reversa no Tempo, principal foco deste
trabalho.

“... todo artista tem de ir aonde o povo está


se foi assim, assim será ...“1

Assim como os versos da canção “Nos bailes da vida”, os métodos de


Migração Reversa no Tempo devem buscar obter informações a respeito das
interfaces em sub-superfície onde estas foram registradas nos dados sísmicos.
Destacando-se que, para melhorar a resolução sísmica, tais métodos não devem ficar
limitados às grandes audiências, ou seja, às maiores amplitudes do sinal sísmico, e
sim procurar angariar quaisquer outras informações que sejam relevantes para a
determinação da imagem das estruturas em sub-superfície. Como exemplo, pode-se
citar as ondas múltiplas e – principalmente – as conversões entre os diferentes modos
de ondas como possíveis origens de tais informações.
A segunda estrofe da referida canção, conforme será exposto
posteriormente ao longo deste trabalho, de certa forma expressa a filosofia por detrás
dos esquemas de Migração Reversa no Tempo, pois, quando da passagem da frente
de onda, os sinais registrados nos dados sísmicos foram originários em determinadas
interfaces, uma vez que invertido o sentido de propagação, eles deverão retornar as
suas interfaces originárias.

1.2 – Estrutura da Tese

A seguir, expõe-se um resumo do conteúdo de cada um dos capítulos


que formam o corpo deste trabalho, destacando-se as principais contribuições, bem
como os programas desenvolvidos pelo autor desta tese para serem executados –
preferencialmente – em clusters de microcomputadores.
No capítulo 2, aborda-se o conceito de Modelagem Sísmica e
apresentam-se as duas principais equações diferenciais adotadas na Geofísica para
simular os problemas da propagação de ondas sísmicas – a Equação Escalar da Onda
e a Equação Elástica da Onda – bem como as metodologias utilizadas para a
obtenção de soluções aproximadas, através da discretização pelo Método das
Diferenças Finitas (MDF).
Ao final do capítulo 2, são estabelecidos os critérios utilizados nas

1
Nos Bailes da Vida; composição: Milton Nascimento e Fernando Brant

5
simulações apresentadas ao longo deste trabalho para evitar a dispersão e a
instabilidade da solução numérica, determinada através do Método das Diferenças
Finitas. Também são feitas algumas considerações a respeito da fonte sísmica,
utilizada para gerar as frentes de ondas que irão se propagar através de determinado
modelo geológico de interesse, durante a simulação numérica.
Destaca-se que o esquema empregado na simulação numérica dos
problemas relacionados à Equação Elástica da Onda, originalmente proposto por
VIRIEUX (1984 e 1986), possibilita o acoplamento entre meios acústicos e elásticos .
Deste modo, é possível simular a propagação de ondas de forma mais fidedigna em
modelos geológicos marítimos ou off-shore, onde se tem uma lâmina d’água antes de
atingir-se as camadas de rocha em sub-superfície.
Os denominados modelos geológicos off-shore são de extrema
importância para a indústria petrolífera brasileira, pois, além do fato da PETROBRAS
ser uma das empresas de liderança na prospecção de petróleo em águas profundas e
ultraprofundas (respectivamente, até e acima de aproximadamente 3000 metros de
lâmina d’água), espera-se que, em tais regiões estejam localizados os reservatórios
que irão suprir a demanda de óleo e gás do país , nas próximas décadas.
No capítulo 3, inicialmente, apresenta-se uma visão geral do conjunto
de procedimentos pelos quais os campos de ondas registrados, possuindo
informações sobre as diversas camadas e interfaces de determinado modelo
geológico, são transformados em imagens contendo os refletores corretamente
posicionados em sub-superfície. Na Geofísica, tal conjunto de procedimentos é
denominado Migração Sísmica (Seismic Migration).
Em seguida, apresentam-se diferentes esquemas de Migração Sísmica
denominados genericamente de Migração Reversa no Tempo (RTM, Reverse Time
Migration), sendo este o foco principal deste trabalho. Empregando determinado
modelo matemático para descrever o fenômeno da propagação de ondas sísmicas,
tais esquemas consistem – basicamente – de duas etapas:
o A depropagação do campo de ondas registradas, ou seja, a propagação no
sentido inverso do eixo temporal;
o A aplicação da denominada condição de imagem, durante a etapa de
depropagação, para a formação de imagens em profundidade (contendo
diretamente o posicionamento dos refletores ao longo da profundidade do
modelo geológico).
Neste mesmo capítulo, na seção correspondente ao esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a Condição de Imagem de Tempo de
Excitação (Excitation-time Imaging Condition), apresenta-se uma das primeiras

6
inovações propostas pelo autor neste trabalho. Trata-se de um novo critério
empregado para determinar as matrizes de tempo de trânsito, que são utilizadas na
condição de imagem, denominado de critério da amplitude máxima nas proximidades
da primeira quebra.
Com o emprego deste novo critério proposto nesta tese, as matrizes de
tempo de trânsito apresentam um comportamento mais suave (contínuo), registrando-
se o tempo de trânsito nas proximidades da primeira quebra (first break , em Geofísica
designação dos primeiros eventos registrados que são provenientes da fonte sísmica).
Advoga-se que tal característica proporcionará a formação de imagens em
profundidade nas quais os refletores apresentem uma melhor continuidade ao longo
da seção migrada.
Ainda com relação a este esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a Condição de Imagem de Tempo de Excitação, outra inovação proposta
pelo autor diz respeito à determinação de matrizes de tempo de trânsito associadas à
energia das denominadas ondas múltiplas (DUARTE, 1997). Tal inovação,
apresentada nesta tese para o caso particular de levantamentos sísmicos com cabo
de fundo oceânico (Ocean Botton Cable), pode ser generalizada para outros tipos de
levantamentos sísmicos.
Ainda no capítulo 3, também são abordados aspectos relacionados a
outro esquema de Migração Reversa no Tempo, onde se emprega a Condição de
Imagem com Correlação Cruzada (Crosscorrelation Imaging Condition). Neste caso, a
imagem em profundidade é formada a partir da correlação cruzada entre o campo de
ondas ascendente (oriundo da depropagação do campo de ondas registrado no
sismograma, prescrevendo-se os valores registrados nos respectivos receptores) e o
campo de ondas descendentes (oriundo da propagação do campo de ondas a partir da
fonte sísmica).
Para este esquema de migração são apresentadas algumas
considerações acerca de sua implementação computacional. De acordo com o
procedimento selecionado para ser implantado nos programas desenvolvidos pelo
autor desta tese, adota-se a filosofia do trabalho apresentado por FARIA (1986), nos
quais adicionam-se alguns recursos do processamento em paralelo. Outras
considerações são apresentadas, de acordo com CUNHA (1992), a respeito da
dissipação de energia dos campos de ondas que – porventura – venham a atingir as
bordas do modelo de velocidades, ocasionada pelas condições de contorno não
reflexivas e/ou camadas ou zonas de amortecimento.
No tocante às expressões matemáticas utilizadas para correlacionar os
campos de ondas ascendentes e descendentes, além de algumas relatadas na

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literatura especializada, são propostas outras expressões - contribuições inovadoras
do autor desta tese - que levam em conta a polaridade (fase) entre os já referidos
campos . Assim como também são avaliadas e desenvolvidas nesta tese expressões
nas quais adicionam-se fatores proporcionais à amplitude dos campos de ondas com o
intuito de evitar a divisão por valores nulos.
Empregando-se a Condição de Imagem em que se utiliza a correlação
cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes, pode-se ainda
adicionar um recurso – desenvolvido e originalmente proposto pelo autor nesta tese -
no qual são determinadas as direções de propagação dos campos de ondas,
aplicando-se – posteriormente – as expressões de correlação às parcelas dos campos
de ondas que realmente são capazes de contribuir para o imageamento sísmico.
Nas seções 3.2 e 3.3 os procedimentos descritos nos tópicos anteriores
deste capítulo, para os diferentes esquemas de Migração Reversa no Tempo terão
sua aplicação particularizada no caso da adoção dos principais modelos matemáticos
– atualmente – empregados na Geofísica, regidos pela Equação Escalar da Onda e
pela Equação Elástica da Onda. Provavelmente uma das maiores contribuições do
presente trabalho esteja na particularização destes diversos procedimentos no caso do
uso da Equação Elástica da Onda, onde o campo de ondas é representado por
grandezas vetoriais.
Ainda na seção 3.3 serão expostas algumas características especificas
referentes à aplicação dos esquemas de Migração Reversa no Tempo, apresentados
na seção 3.1, utilizando operadores elásticos. São enfocados aspectos relacionados
ao seu emprego em dados provenientes de levantamentos sísmicos
multicomponentes, assim como em levantamentos onde somente é registrada uma
única componente (como no caso de modelos marítimos onde comumente são
registrados os valores relativos à pressão hidrostática).
Sendo que, no caso da aplicação de esquemas de Migração Reversa
no Tempo empregando operadores elásticos em dados sísmicos nos quais são
registrados somente os valores da pressão acústica, uma alternativa proposta nesta
tese consiste na prescrição dos dados sísmicos diretamente nas componentes do
tensor de tensões como uma espécie de tensão hidrostática. Destaca-se que, com o
emprego da metodologia proposta originalmente por VIRIEUX (1984 e 1986), na
discretização da Equação Elástica da Onda, tem-se definida explicitamente as
componentes do tensor de tensões.
No item 3.3.1 serão apresentadas as grandezas elásticas que estarão
associadas às imagens em profundidade obtidas a partir da aplicação dos diferentes
esquemas de Migração Reversa no Tempo (vide seção 3.1). Dentre elas, destaca-se

8
a proposição inovadora nesta tese de algumas delas que não são comumente
utilizadas para a formação de imagens, como por exemplo: as componentes do tensor
de tensões, a tensão normal máxima (σ 1 ), a tensão cisalhante máxima (τ max ) e a

energia cinética.
Outro ponto abordado neste capítulo, referente à aplicação dos
esquemas de Migração Sísmica quando da utilização de operadores elásticos, é a
questão da inversão de polaridade (fase) em relação ao ponto de aplicação da fonte
sísmica de algumas das grandezas que podem ser empregadas para a formação das
imagens em profundidade. Ao longo do item 3.3.3 serão abordadas algumas
alternativas existentes para a análise e o tratamento destes resultados, dentre elas
uma desenvolvida pelo autor deste trabalho.
No capítulo 4 e no Anexo I, estão agrupadas as análises realizadas,
empregando os esquemas de Modelagem e Migração Sísmicas aqui abordados. No
caso específico da Migração Sísmica, em alguns dos exemplos são utilizados dados
sísmicos reais (provenientes de levantamentos sísmicos realizados in situ), mas, na
maioria das análises, os esquemas são aplicados em dados sísmicos sintéticos
(provenientes das Modelagens Sísmicas).
As conclusões, além de alguns comentários acerca deste trabalho, são
expostas no capítulo 5. Também são apresentadas algumas sugestões para a
realização de trabalhos futuros, dando continuidade à linha de pesquisa abordada ao
longo desta tese, envolvendo – principalmente – a Modelagem e a Migração Sísmica
(empregando alguns esquemas de Migração Reversa no Tempo).
Destaca-se que, as simulações numéricas bi- e tridimensionais
(respectivamente, 2D e 3D) que serão apresentadas foram realizadas empregando
diversos programas desenvolvidos pelo autor desta tese, os quais utilizando recursos
do processamento em paralelo, tendo sido executadas em diferentes gerações de
clusters de microcomputadores (Apêndice A.2). Merece destaque um dos programas
desenvolvidos pelo autor para gerenciar a execução de tais simulações nos clusters
de microcomputadores, denominado Master_SISMOS (vide Apêndice D), agilizando e
otimizando o emprego dos recursos computacionais disponíveis.
Ao final do texto desta tese, ainda são apresentados diversos apêndices
abordando temas e conceitos que estão – de alguma forma – relacionados ao trabalho
desenvolvido. A seguir tem-se uma breve descrição de tais apêndices:
o Apêndices A – apresentam-se, respectivamente, uma introdução a alguns
conceitos do processamento em paralelo (item A.1), comentários e as
configurações dos diversos clusters de microcomputadores empregados (item A.2);

9
o Apêndice B – Correlação de sinais discretos no tempo;
o Apêndice C – expõe os procedimentos para a determinação da direção de
propagação para campos de ondas escalares, modelos matemáticos expressos
pela Equação Acústica da Onda (item C.1), e vetoriais, modelos matemáticos
expressos pela Equação Elástica da Onda (item C.2). No caso do campo de
ondas vetoriais, para tal fim o autor desta tese desenvolve um procedimento
inovador baseado na Equação de Fluxo de Energia (AKI e RICHARDS, 1980),
comum às aplicações voltadas à área de Eletromagnetismo;
o Apêndice D - descrição de alguns dos principais programas desenvolvidos
especialmente pelo autor deste trabalho;
o Apêndice E – compressão de dados;
o Apêndice F - Introdução ao Método das Diferenças Finitas.

10
2- Modelagem Sísmica

Neste tópico trata-se da modelagem sísmica dos problemas


relacionados à Propagação de Ondas, com especial ênfase na área de Geofísica com
aplicações voltadas para a indústria petrolífera.
Pode-se definir a modelagem, segundo DUARTE (1997), da seguinte
forma:
“Ato de simular os efeitos a partir de um modelo físico ou matemático...”
As simulações da propagação de ondas sísmicas, ou seja, as
modelagens sísmicas, podem ser empregadas na Geofísica para atender a
determinados objetivos específicos. Tais objetivos, segundo BERKHOUT (1984), para
uma determinada situação geológica de interesse, são:
o A avaliação das possibilidades, limitações e armadilhas dos métodos sísmicos;
o A otimização dos parâmetros de aquisição;
o O fornecimento de dados sísmicos de entrada para a avaliação de programas
de processamento sísmicos (tal como os esquemas de Migração Sísmica);
o A verificação da resposta sísmica.
Ao longo deste trabalho as modelagens sísmicas serão empregadas,
principalmente, com o objetivo de fornecer dados sísmicos de entrada para os
esquemas de Migração Reversa no Tempo desenvolvidos empregando operadores
acústicos e elásticos, além de, através da confecção de ilustrações dos campos de
ondas, fornecer um melhor entendimento do fenômeno de propagação de ondas
sísmicas em determinada situação geológica de interesse.
Destaca-se que a Propagação de Ondas constitui um dos mais
complexos e interessantes fenômenos encontrados na Ciência, e está cada vez mais
presente no dia-a-dia da humanidade. Tal tópico possui aplicações em diversas
outras áreas do conhecimento, além da Engenharia, tais como: Geofísica, Física,
Acústica, Eletromagnetismo e Medicina, dentre outras.
De forma geral, nos problemas envolvendo a modelagem da
propagação de ondas aplicados a Geofísica, conforme a definição anterior para a

11
modelagem, existem, basicamente, duas grandes vertentes distintas a serem
seguidas, após a imposição de algumas hipóteses e/ou simplificações para a
determinação do modelo físico do problema (LOEFFLER, 1998). São elas:
o Abordagem experimental que requer a criação, confecção e instrumentação de
modelos geológicos para cada caso analisado, que devido ao seu alto custo
deve ser empregada de forma complementar ou em situações especiais; e,
o Abordagem matemática que emprega modelos apresentando-se, normalmente,
através de equações diferenciais parciais, seguidas das respectivas condições
de contorno e condições iniciais para que o problema esteja matematicamente
bem posto.
Existem diferentes modelos matemáticos que podem ser empregados a
fim de simular o fenômeno físico da propagação de ondas sísmicas em meios
complexos, dependendo das hipóteses e simplificações adotadas. Na grande maioria
dos casos, devido à complexidade do meio de propagação e às condições de contorno
as quais as equações diferenciais estão submetidas, não se consegue obter soluções
analíticas de tais casos, deste modo empregam-se soluções aproximadas através da
utilização de métodos numéricos.
Os métodos numéricos, em sua grande maioria se baseiam no conceito
de discretização que, devido ao seu emprego, introduz novas imperfeições ao modelo
matemático. Tal conceito de discretização baseia-se na transformação do modelo
matemático contínuo, geralmente representado por meio de equações diferenciais
parciais, através do emprego de uma série de aproximações matemáticas consistentes
em um modelo matemático discreto (formado por um conjunto de pontos de tal forma a
representar o meio contínuo).
As abordagens numéricas dos problemas de propagação de ondas,
principalmente quando aplicados à indústria petrolífera, têm se tornado cada vez mais
atraentes (em relação a abordagens experimentais); pois devido aos enormes avanços
tecnológicos, apresentados ao longo das últimas décadas, a aparição de novas
estratégias e o surgimento de novas arquiteturas de hardware possibilitaram o
refinamento dos modelos matemáticos empregados em tais simulações, obtendo-se
soluções cada vez mais fidedignas e a um tempo de execução cada vez menor para
os complexos problemas da indústria.
Ressalta-se que os métodos numéricos, de forma geral, encontram-se
em uma posição de destaque junto às diversas áreas de pesquisa, sendo objeto de
estudo de inúmeros pesquisadores que se concentram no aprimoramento e busca de
novos métodos e técnicas numéricos que satisfaçam as crescentes exigências da

12
Engenharia Moderna, principalmente no sentido do aumento da precisão e na redução
do tempo de execução.
Existem diversos métodos numéricos que podem ser empregados para
a resolução de equações diferenciais parciais, cada um deles possuindo inúmeras
vantagens e desvantagens. Pode-se citar alguns dos métodos numéricos que
apresentam, atualmente, maior aplicação junto aos problemas da Engenharia
(BULCÃO, 1999): Método das Diferenças Finitas (MDF), Método dos Elementos
Finitos (MEF), Método dos Volumes Finitos (MVF) e Método dos Elementos de
Contorno (MEC).
Neste trabalho não se pretende realizar uma comparação entre os
diversos métodos numéricos existentes. Devido a algumas particularidades e
características dos problemas de propagação de ondas aplicados à Geofísica, que
serão expostas posteriormente, tradicionalmente emprega-se o Método das Diferenças
Finitas na obtenção de soluções aproximadas para as equações diferenciais
envolvidas.
Deste modo, neste trabalho emprega-se o Método das Diferenças
Finitas para a obtenção das soluções aproximadas dos problemas envolvendo a
propagação de ondas sísmicas em meios complexos. Apesar de possuir vasta
bibliografia, no Apêndice F apresenta-se um texto introdutório sobre este método,
onde são expostas as aproximações envolvidas e uma série de expressões referentes
às aproximações para as derivadas parciais de primeira e segunda ordem.
Os problemas de propagação de ondas aplicados à Geofísica
apresentam certas características que os tornam ainda mais desafiadores, algumas
das quais são listadas a seguir:
o O grande número de graus de liberdade normalmente requerido nas análises
realizadas pela indústria petrolífera, podendo chegar facilmente a algumas
dezenas de bilhões de incógnitas nos casos tridimensionais (3D);
o A simulação de problemas contendo domínios infinitos ou semi-infinitos, que
requerem artifícios especiais, na maioria dos métodos numéricos que envolvem a
discretização de todo o domínio, para sua simulação, tais como: a utilização de
condições de contorno não reflexivas, o acoplamento entre diferentes métodos
numéricos e aplicação de operadores especiais, dentre outros.
Destaca-se que, na maioria dos métodos numéricos mesmo em
análises estáticas o truncamento puro e simples do domínio, em geral, pode levar a
soluções não satisfatórias e, em análises dinâmicas, como no caso da propagação de
ondas, leva a resultados muito pobres.

13
Nos problemas de propagação de ondas, caso não se empregue
nenhuma técnica especial para se considerar domínios infinitos (ou semi-infinitos) as
bordas da discretização devem estar suficientemente distantes, de tal forma que, as
ondas refletidas nestas bordas artificiais não atinjam a região de interesse no intervalo
de tempo considerado. Ressalta-se que, este procedimento, além de não ser
adequado para análises no domínio da freqüência, tem um custo elevado em análises
bidimensionais (2D) no domínio do tempo e, na maioria dos casos, é proibitivo em
simulações tridimensionais (3D).
Existem diferentes alternativas propostas na literatura especializada
para dissipar ondas refletidas nas bordas do modelo a fim de simular problemas
contendo domínios infinitos ou semi-infinitos, cada uma delas contendo vantagens e
desvantagens. Após a apresentação dos tipos de modelos matemáticos que serão
abordados neste trabalho, serão expostas as condições de contorno e os diferentes
esquemas adotados para se lidar com esta questão das bordas do modelo.
Esquemas que se propõem a eliminar tais ondas refletidas nas bordas
artificiais do modelo recebem diferentes denominações na literatura especializada,
variando de acordo com o procedimento particular adotado. As principais
denominações consagradas são as seguintes:
o Elementos infinitos: denominação dada a determinados procedimentos os
quais estão mais voltados para sua aplicação junto ao Método dos Elementos
Finitos;
o Condições de contorno não-refletivas (Non-reflecting Boundary Condition),
absorsoras (Absorbing Boundary Conditions) ou silenciosos (Silent Boundary
Conditions): denominações dadas a diferentes tipos de condições de contorno
que devem ser prescritas nas bordas artificiais dos modelos para que a frente
de onda não seja refletida por esta interface. Podem ser empregadas em
diferentes métodos numéricos , como o Método das Diferenças Finitas e o
Método dos Elementos Finitos, dentre outros;
o Camadas ou zona de amortecimento (Damping Zone): neste esquema impõe-
se em determinada região que antecede as bordas artificiais do modelo um
amortecimento fictício que irá reduzir as amplitudes das grandezas envolvidas
na propagação da frente de onda.
Dependendo do meio de propagação, e do modelo matemático
empregado, pode-se ter a propagação de diferentes tipos ou modos de ondas, que
segundo o modelo matemático podem vir a interagir fortemente entre si. Basicamente,
há dois tipos de ondas principais: as ondas compressionais e as ondas cisalhantes,
também denominadas P-waves e S-waves, respectivamente. Existem ainda outros

14
tipos de ondas que podem ser interpretadas como sendo a composição destes dois
tipos básicos de ondas (GRAFF, 1975).
Na Geofísica, para as aplicações voltadas à indústria petrolífera, são
empregados – basicamente – dois tipos de modelos matemáticos para simular a
propagação de ondas sísmicas, dando origem a dois tipos de modelagens:
o Modelagens empregando operadores acústicos: neste caso o fenômeno físico
da propagação de ondas sísmicas é regido pela Equação Escalar da Onda,
também denominada Equação Acústica da Onda. Segundo este modelo
matemático tem-se somente a propagação de ondas compressionais (P-
waves) ao longo das diversas interfaces e camadas que compõem o modelo de
velocidades;
o Modelagens empregando operadores elásticos: governadas pela denominada
Equação de Navier ou Equação Elástica da Onda, sendo que tal modelo
matemático considera a propagação das ondas compressionais (P-waves) e
cisalhantes (S-waves), bem como as interações entre elas.
Ressalta-se que a utilização da Equação Escalar da Onda, isto é, um
modelo matemático baseado somente na propagação de ondas compressionais (P-
waves), apesar de sua simplicidade fornece resultados satisfatórios em algumas das
aplicações realizadas para a indústria petrolífera, quando estas análises são feitas em
solos e rochas, apesar de que uma melhor aproximação seria considerar tais meios de
propagação como sendo elásticos.
O emprego de operadores elásticos, para a modelagem sísmica
representa uma melhoria significativa no modelo matemático tradicionalmente utilizado
com operadores acústicos, pois – a bem da verdade – as rochas se comportam como
um meio elástico, ou quando da presença de fluídos ou gases embebidos em seus
poros, como um meio poro-elástico, neste caso regido pela denominada Equação de
Biot (GRAFF, 1975).
Destaca-se que existem outros modelos matemáticos mais sofisticados
que podem ser desenvolvidos considerando-se diversos efeitos que são
negligenciados quando da dedução da Equação de Navier ou da Equação Escalar da
Onda, ou seja, com a adoção de outras hipóteses simplificadoras desenvolvem-se
outros tipos de modelos matemáticos para o fenômeno da propagação de ondas
sísmicas.
Na maioria dos levantamentos sísmicos realizados emprega-se um
dispositivo para gerar as ondas sísmicas que se propagam ao longo do modelo
geológico, cujas reflexões serão captadas pelos receptores. A seguir, na seção 2.1
deste trabalho, apresentam-se alguns dos diferentes tipos de fontes sísmicas

15
existentes e as expressões matemáticas que serão empregadas para simular tais
dispositivos nas modelagens sísmicas.
Posteriormente, nas seções 2.2 e 2.3 deste capítulo, serão
apresentadas as metodologias adotadas para a simulação numérica da propagação de
ondas, através do Método das Diferenças Finitas, referentes aos modelos
matemáticos empregando – respectivamente – a Equação Escalar da Onda
(operadores acústicos) e a Equação de Navier (operadores elásticos).
Destaca-se que o desenvolvimento de programas capazes de simular
os problemas de propagação de ondas aplicados à indústria petrolífera, de preferência
em um tempo reduzido, é sem dúvida alguma um grande desafio, principalmente para
as simulações tridimensionais (3D). Tais simulações requerem uma enorme
capacidade de armazenamento de dados em memória, além de grande velocidade de
processamento.
Para obter-se o poder computacional capaz de simular os problemas de
grande porte presentes na indústria petrolífera alguns dos programas desenvolvidos
pelo autor desta tese empregam os recursos do processamento em paralelo, através
dos paradigmas da Decomposição de Domínio e da Divisão de Tarefas, para serem
executados em clusters de microcomputadores (vide Apêndice A).
Destaca-se ainda que maiores detalhes sobre os programas
desenvolvidos especialmente para este trabalho, empregando operadores acústicos e
elásticos, tanto para a modelagem quanto para a migração sísmica, e suas principais
funcionalidades são dados no Apêndice D, assim como os demais programas
desenvolvidos pelo autor para auxiliar a confecção deste trabalho.
Em BULCÃO (2001b) e BRAGANCA et al. (2003) apresentam-se alguns
aspectos relacionados à análise de performance e ao tempo de execução dos
programas desenvolvidos pelo autor desta tese para a modelagem sísmica
empregando operadores acústicos e elásticos , seguindo a filosofia que será exposta a
seguir.
Ressalta-se que optou-se por não apresentar tais resultados no corpo
deste trabalho, pois os comportamentos e conclusões apresentados estão
relacionados às configurações dos clusters de microcomputadores nos quais tais
resultados foram determinados. Observa-se também que houve grandes alterações
nas configurações, tanto de hardware quanto no sistema operacional, refletindo em um
aumento do poder computacional dos diversos clusters empregados nas simulações
apresentadas ao longo deste trabalho (vide Apêndice A.2). Deste modo, os
parâmetros de otimização dos diversos códigos alteraram-se com o passar dos anos.

16
2.1 – Fonte Sísmica – Termo Fonte da Equação da Onda

Nas análises realizadas pela Geofísica um dos meios de se gerar uma


onda sísmica que se propague ao longo das diversas camadas do solo, ou que inicie
sua propagação sobre uma lâmina de água, é a aplicação de uma fonte sísmica. Na
prática, existem diversos tipos de dispositivos que podem ser em pregados para tal fim
(BORDING e LINES, 1997 e COFFEEN, 1986) e dentre eles pode-se citar:
o A detonação de uma carga explosiva;
o Um peso caindo de uma determinada altura;
o A explosão de uma câmara de gás pressionada contra o solo;
o Caminhões contendo uma enorme massa vibrante;
o Canhão de ar (Air gun), empregado nos levantamentos sísmicos marítimos (off-
shore).
Na prática, diversos fatores influenciam a escolha do tipo de fonte
sísmica a ser utilizada, como por exemplo: o tipo de geologia da área a ser analisada,
a proximidade de regiões habitadas e a profundidade desejada que a onda sísmica
gerada percorra, dentre outros fatores.
Nas modelagens numéricas o termo fonte empregado para simular as
fontes sísmicas utilizadas pela Geofísica é uma função matemática que apresenta
determinada variação ao longo do tempo. O termo fonte, expresso por tal função
matemática, deve ser prescrito na equação diferencial que rege o problema da
propagação de ondas sísmicas. Podem ser utilizados diferentes tipos de funções
matemáticas para tal fim, embora seja conveniente que tais funções possuam certas
características especiais descritas a seguir.
A função matemática utilizada como termo fonte deve preferencialmente
ser limitada, tanto no domínio do tempo quanto no domínio da freqüência. Uma
função matemática limitada é aquela que possui valores não nulos apenas em uma
determinada região do seu domínio.
A função deve ser limitada no domínio do tempo com o intuito de
simular uma fonte sísmica do tipo explosiva. Já no domínio da freqüência, esta
característica faz com que se tenha um controle sobre a freqüência máxima ao qual o
modelo numérico estará sujeito, denominada freqüência de corte (fcorte). Tal freqüência
influencia no grau de refinamento da discretização empregada para a simulação
numérica (BORDING e LINES, 1997).

17
A fonte sísmica empregada nas simulações numéricas realizadas ao
longo deste trabalho é a derivada segunda da função Gaussina (CUNHA, 1997), e é
dada pela seguinte expressão matemática:

[ ]
f (t ) = 1 − 2π (πf c t d )2 e − π (πfctd )
2
Eq. 2.1-1

onde: t é o tempo;
td é um tempo defasado, computando determinada translação temporal para o
cálculo da função fonte, de acordo com:

2 π
td = t − Eq. 2.1-2
fc
fc é um parâmetro relacionado com a freqüência de corte da fonte sísmica,
onde:

f corte = 3 π f c Eq. 2.1-3

A transformada de Fourier da expressão da fonte sísmica, equação 2.1-


1, é dada pela equação 2.1-4. Na figura 2.1-1 encontram-se representadas a função
para a fonte sísmica expressa pela segunda derivada da Gaussiana (equação 2.1-1), e
a correspondente transformada de Fourier (equação 2.1-4), para o caso em que a
freqüência de corte (fcorte) corresponde a 60 Hz.

−f2
2f 2
F ( f ) = 2 3 eπ f c2 Eq. 2.1-4
π fc

1.2 0.025

1
0.02
0.8
Ampliude

0.6
Amplitude

0.015
0.4

0.2 0.01

0
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.005
-0.2

-0.4
0
-0.6 0 10 20 30 40 50 60 70

tempo (s) freqüência (Hz)

Figura 2.1-1 – Representações da fonte sísmica e sua transformada de Fourier, expressas


respectivamente pelas equações 2.1-1 e 2.1-4, correspondendo ao caso no
qual a freqüência de corte é igual a 60 Hz.

Uma outra possibilidade retratada na literatura especializada para a


função matemática empregada para simular as fontes sísmicas nas simulações
numéricas é dada pela seguinte equação (BORDING e LINES, 1997):

18
⎛ (α t d )2 ⎞ Eq. 2.1-5
⎜- ⎟
⎛α t ⎞ ⎜ β ⎟⎠
f (t ) = cos ⎜ d ⎟e ⎝

⎝ 2 ⎠
onde: td é o tempo defasado, dado de acordo com a equação 2.1-2.
α é um parâmetro relacionado à freqüência de corte, de acordo com:

α = 2πf corte Eq. 2.1-6

β é um escalar que normaliza a função f(t).


Na figura 2.1-2 encontra-se representada esta nova alternativa para a
função matemática que representa fonte sísmica, neste caso, conforme exposto em
BORDING e LINES (1997), empregou-se β = 56.2 .

1.2

0.8

0.6
Amplitude

0.4

0.2

0
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
-0.2

-0.4

-0.6

tempo (s)

Figura 2.1-2 – Representação da fonte sísmica, expressa pela equação 2.1-5,


correspondendo ao caso no qual a freqüência de corte é igual a 60 Hz e
β = 56.2 .

A expressão 2.1-1, exposta nesta seção, será empregada nas


modelagens sísmicas apresentadas ao longo deste trabalho para simular as fontes
sísmicas. Sendo que nas próximas seções deste capítulo, itens 2.2. e 2.3, quando da
apresentação dos esquemas de modelagem sísmica empregando operadores
acústicos e elásticos serão feitos comentários a respeito da forma de prescrevê-la nas
equações diferenciais parciais discretizadas através do Método das Diferenças Finitas.

19
2.2 – Modelagem Sísmica Utilizando Operadores Acústicos

Tradicionalmente na Geofísica quando da realização de simulações


numéricas na área de propagação de ondas sísmicas assume-se o meio físico como
sendo regido pela Equação Acústica da Onda, ou segundo outra denominação a
Equação Escalar da Onda. Neste modelo matemático contempla-se apenas a
propagação de ondas compressionais (P-waves).
Neste tópico tal equação será apresentada, bem como sua
discretização, através do Método das Diferenças Finitas e os demais artifícios
requeridos para a realização das modelagens sís micas, tais como as aplicações da
fonte sísmica, condições de contorno e camadas de amortecimento.
Pode-se obter a Equação Escalar da Onda a partir de formas distintas,
através de simplificações na equação que rege os problemas físicos compreendidos
pela Teoria de Campo Escalar Generalizado (LOEFFLER, 1992 e BULCÃO, 1999), a
partir das equações de equilíbrio dinâmico em um elemento infinitesimal (BUTKOV,
1968 e TIKHONOV e SAMARSKII, 1963), ou através de simplificações na Equação de
Navier (Equação Elástica da Onda) (GRAFF, 1975).
Destaca-se que não se pretende apresentar neste trabalho a dedução
da Equação Escalar da Onda, e sim o esquema de discretização empregado através
do Método das Diferenças Finitas, além dos demais procedimentos necessários para a
simulação dos problemas de propagação de ondas sísmicas aplicados à Geofísica,
com especial ênfase aos casos relacionados à indústria petrolífera.
Na Geofísica alguns dos trabalhos pioneiros na área de Modelagem
Sísmica estão reunidos em uma publicação da SEG (Society of Exploration
Geophysicists ) intitulada: Numerical Modeling of Seismic Wave Propagation (KELLY e
MARFURT, 1990). Sendo que em tal publicação estão reunidas as principais
referências utilizadas neste trabalho, tanto para a modelagem empregando operadores
acústicos quanto operadores elásticos.
A seguir, na equação 2.2-1, expressa-se - em notação indicial - a
Equação Escalar da Onda:

1
2
&p& = p,ii + srt (Ω, t ) Eq. 2.2-1
c
Sendo: p – a pressão hidrostática do campo de ondas;
t – o tempo de propagação;
Ω - representa o domínio físico do problema;

20
c – a velocidade de propagação do meio;
srt(t) – representa o termo fonte da equação da onda, ou seja, a fonte
sísmica aplicada em determinado ponto do domínio Ω .
Destaca-se na equação 2.2-1 que, o único termo que expressa a
variação das propriedades do meio ao longo do domínio físico do problema é a
velocidade de propagação (c). Deste modo, é comum referenciar-se ao longo deste
trabalho a uma determinada situação geológica de interesse (modelo geológico), no
qual será realizada uma modelagem sísmica, simplesmente por modelo de
velocidades.
Para a discretização da equação 2.2-1, pelo Método das Diferenças
Finitas, faz-se a substituição de suas derivadas parciais pelas expressões
aproximadas. Sendo que, tradicionalmente, empregam-se aproximações de segunda
e quarta ordens (vide Apêndice F), respectivamente, para as derivadas temporais e
espaciais. Tais aproximações se mostram suficientemente robustas para simular os
problemas de propagação de ondas sísmicas presentes na Geofísica.
Para o avanço da solução ao longo do tempo, com o emprego de
aproximações de segunda ordem para as derivadas temporais, é necessário o
conhecimento do campo de ondas em dois instantes de tempo consecutivos (BATHE,
1996). Deste modo, a ordem da aproximação empregada em tais derivadas influencia
diretamente a demanda computacional de memória, pois quanto maior for tal ordem
maior será o número de instantes de tempos consecutivos cujos valores do campo de
ondas deverão ser armazenados para que se obtenha a solução no instante seguinte.
Substituindo-se as expressões referentes às aproximações de segunda
e quarta ordens apresentadas no Apêndice F, e considerando-se, sem perda de
generalidade, o caso bidimensional (2D) para a equação 2.2-1 sem a presença do
termo relativo à fonte sísmica, chega-se à equação 2.2-2:

⎛ − p[ti+ 2, j ] − p[ti− 2, j ] − p[ti, j +2 ] − p[ti, j −2] ⎞ Eq. 2.2-2


⎜ ⎟
( Δt ) 2 ⎜
2
p t + Δt
= c[i , j ] + 16( p[i +1, j] + p[ i−1, j ] + p[i, j+1] + p[ i, j −1] ) ⎟
t t t t
[ i, j ]
12h 2 ⎜ ⎟
⎜ − 60( p[ti, j ] ) ⎟
⎝ ⎠
t −Δt
+ 2 p[i , j] − p[ i, j ]
t

Onde:
[i,j] - índices subscritos empregados para se referenciar a determinado ponto do
grid, respectivamente, para as direções coordenadas X e Y;
Δt – representa o intervalo de tempo adotado para o avanço da solução ao
longo do tempo;

21
h– representa o espaçamento entre os pontos do grid, ou seja, o intervalo
espacial entre os pontos da discretização. Neste trabalho, emprega-se um
grid regular no qual adota-se o mesmo espaçamento para as direções
coordenadas X e Y;
p– expressa a pressão hidrostática do campo de ondas, e os índices
sobrescritos e subscritos indicam, respectivamente, o instante de tempo
considerado e o ponto do grid nos quais tal grandeza é considerada.
Destaca-se que, em determinadas situações pode ser vantajoso o
emprego de uma discretização espacial na qual os espaçamentos entre os pontos do
grid sejam diferentes para cada uma das direções coordenadas (JASTRAM e BEHLE,
1992). Existem ainda formulações nas quais tais intervalos podem variar ao longo das
direções coordenadas, ou seja, no domínio físico do problema (WANG, 2000).
Para a aplicação do termo relativo à fonte sísmica sobre um
determinado ponto do grid com coordenadas [i,j] emprega-se a equação 2.2-3. Na
implementação computacional do programa de modelagem sísmica empregando
operadores acústicos tal expressão é executada a cada passo de tempo.

p[ti, j ] = p[ti, j ] + F (t ) Eq. 2.2-3

Onde:
F(t) – representa a expressão matemática da fonte sísmica, em função do
tempo (t).
Dentre os diversos tipos de condições de contorno a que a Equação
Escalar da Onda pode estar submetida, nas aplicações voltadas para a Geofísica, na
borda superior do modelo de velocidades emprega-se a denominada condição de
contorno essencial ou a condição de contorno natural. Tais condições são
empregadas para simular a reflexão das ondas na interface superior do modelo, ou
seja na superfície (GRAFF, 1975; BORDING e LINES, 1997 e MUFTI et al., 1996).
Na condição de contorno essencial prescreve-se na grandeza básica do
problema um valor nulo, ou seja, ao longo da borda superior do modelo adota-se um
valor nulo para a pressão ( p = 0 ). Devido sua simplicidade, neste trabalho, não será
apresentada a sua forma discretizada.
No caso da condição de contorno natural prescreve-se um valor nulo
para a derivada espacial da grandeza básica, em relação à direção normal à interface.
Tal condição de contorno é expressa matematicamente de acordo com a equação 2.2-
4:

22
∂p
r =0 Eq. 2.2-4
∂n
r
Sendo n um vetor que representa a direção normal à superfície do modelo.
Para a discretização de condições de contorno naturais ou de outros
tipos de condições nas quais estejam envolvidas derivadas direcionais é necessária a
criação de pontos fictícios no grid de pontos empregados na discretização pelo Método
das Diferenças Finitas (ÖZISIK, 1985). Tais pontos não pertencem ao domínio físico
do problema e somente são empregados para a aplicação de tais condições.
No caso do emprego de aproximações de primeira ordem para a
derivada espacial presente na condição de contorno natural (vide Apêndice F), e
considerando que a borda superior (j=0) é perpendicular à direção coordenada Y, é
adicionada uma linha de pontos fictícios. Deste modo, tal condição é discretizada de
acordo com a seguinte expressão:

p[ti, j ] = p[ti, j+1] Eq. 2.2-5

No caso das simulações realizadas na Geofísica, nas bordas do


modelo, além das tradicionais condições de contorno essenciais e naturais, também
se pode prescrever as denominadas condições de contorno não-reflexivas, a fim de
simular domínios semi-infinitos. Sendo que existe uma grande gama de tipos de
expressões matemáticas que podem ser enquadradas neste tipo de condição de
contorno (HIGDON, 1992 e KELLY e MARFURT, 1990).
Neste trabalho, a fim de simular domínios semi-infinitos, emprega-se a
condição de contorno não reflexiva proposta por REYNOLDS (1978). Tal expressão é
determinada decompondo-se a equação escalar da onda, considerando o caso
unidimensional (1D), obtendo-se o produto de dois termos, cada um deles
representando a frente de onda se propagando em determinado sentido (BORDING e
LINES, 1997).
Sem perda de generalidade, na equação 2.2-6 representa-se a
condição de contorno não reflexiva, empregada neste trabalho, que deve ser prescrita
na interface esquerda do modelo de velocidades (que considera a frente de onda se
propagando somente da direita para a esquerda). No caso da interface direita do
modelo de velocidades deve-se alterar o sinal do segundo termo da equação 2.2-6.

∂p 1 ∂p
r =− Eq. 2.2-6
∂n c ∂t
A discretização da equação 2.2-6 pode ser feita de forma similar à
equação 2.2-4, empregando-se aproximações de primeira ordem para as derivadas

23
espaciais e temporais (vide Apêndice F). Apresenta-se a seguir, na equação 2.2-7, a
expressão resultante para a interface esquerda do modelo de velocidades.

p[ti, j ] = −
h
( )
p[ti, j ] − p[ti−, Δj]t + p[ti , j+1] Eq. 2.2-7
cΔt
Conforme comentários anteriores, um outro artifício que pode ser
empregado para evitar a reflexão da frente de onda nas bordas artificiais do modelo de
velocidades, a fim de simular um meio semi-infinito, é a adoção de camadas ou zonas
de amortecimento (Damping Zones) (BORDING e LINES, 1997). Em tais regiões às
amplitudes das grandezas associadas à propagação do campo de ondas aplica-se um
fator de decaimento ao longo dos pontos do grid.
Neste trabalho, nas camadas de amortecimento emprega-se a
expressão, apresentando um decaimento exponencial ao longo de sua espessura,
dada de acordo com a equação 2.2-8 (CERJAN et al. 1985).

[
w(k ) = exp (− fat (n amort − k ))
2
] Eq. 2.2-8

Sendo:
k– índice empregado para se referenciar a distância de determinado ponto em
relação à borda do modelo a qual tal camada está associada;
w– fator de decaimento ao qual os valores da grandeza associada ao ponto
devem ser multiplicados (no caso da Equação Escalar da Onda, a pressão
hidrostática);
fat – fator de amortecimento fictício;
n amort – número de pontos grid que compõem a camada de amortecimento.
Destaca-se que na implementação computacional dos programas
desenvolvidos pelo autor desta tese para simular a propagação de ondas sísmicas, o
artifício da camada de amortecimento é empregado de forma complementar a
condição de contorno não reflexiva, ou seja, antes da frente de onda atingir a borda do
modelo de velocidades as amplitudes das grandezas associadas vem sofrendo um
decaimento imposto pela camada de amortecimento.
Neste ponto é possível ter-se uma idéia da metodologia empregada nas
modelagens sísmicas dos problemas de propagação de ondas utilizando a Equação
Escalar da Onda, ou expressando-se de outra forma, nas modelagens sísmicas
empregando operadores acústicos . Apesar de ter sido exposta somente para os
casos bidimensionais (2D) os casos tridimensionais (3D) seguem a mesma filosofia.
No Apêndice D apresentam-se algumas das características e
funcionalidades dos principais programas desenvolvidos pelo autor especialmente
para este trabalho, dentre eles, os programas de modelagens sísmicas empregando

24
operadores acústicos para simular a propagação de ondas em modelos bi- e
tridimensionais (respectivamente, 2D e 3D). A seguir serão feitos alguns comentários
específicos a respeito da implementação computacional do programa desenvolvido
pelo autor desta tese para o caso tridimensional (3D), onde se empregaram os
recursos do processamento em paralelo.
No caso da modelagem sísmica tridimensional (3D), empregando
operadores acústicos, utiliza-se o paradigma da Decomposição de Domínio (Domain
Decomposition) (vide Apêndice A.1). Sendo que, com o avanço da solução ao longo
do tempo, a cada instante de tempo, é necessário se compatibilizar a influência da
resposta entre as diversas partições, através do envio de mensagens entre elas
(MUFTI et al., 1996).
Existem diversos trabalhos que abordam a implementação
computacional aqui utilizada nos casos tridimensionais (3D) adotando o paradigma da
Decomposiçao de Domínio, dentre eles pode-se citar os seguintes autores: MUFTI et
al., 1996; SATO et al., 1996; MINKOFF, 1999; BOHLEN et al., 2001 e PHADKE et al.,
2002.
Destaca-se que nos programas desenvolvidos pelo autor desta tese
para a Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos, tanto para os
casos bidimensionais (2D) quanto para os casos tridimensionais (3D) – vide capítulo 3
– adotam-se as mesmas equações diferencias parciais apresentadas neste tópico
para a modelagem sísmica. Deste modo, o procedimento de discretização através do
Método das Diferenças Finitas é essencialmente o mesmo, sendo suprimido quando
da apresentação do capítulo 3.

25
2.3 – Modelagem Sísmica Utilizando Operadores Elásticos

Nesta seção será exposta a equação que rege o fenômeno físico da


propagação de ondas em meios elásticos, bem como o esquema adotado de
discretização utilizando o Método das Diferenças Finitas e os demais artifícios
requeridos para a simulação numérica dos problemas relacionados à Geofísica, com
especial ênfase aos casos afetos à indústria petrolífera.
Dependendo das variáveis básicas com as quais se esteja trabalhando,
as equações diferenciais parciais que regem o fenômeno físico da propagação de
ondas em meios elásticos recebem diferentes denominações. Tais equações podem
ser obtidas através da aplicação do equilíbrio dinâmico das forças atuando em um
volume infinitesimal do domínio do problema e do emprego das relações constitutivas
(Lei de Hooke), relacionando as tensões com as deformações através das
propriedades físicas do meio (GRAFF, 1975).
No caso de se expressar as equações que regem a propagação de
ondas em meios elásticos somente em termos dos deslocamentos das partículas, o
conjunto de equações resultante recebe a denominação de Equação de Navier. Tal
nomenclatura é comum nos casos afetos à Engenharia, pois é comum o tratamento
dos problemas de propagação de ondas elásticas em termos do deslocamento das
partículas.
Neste trabalho não se objetiva desenvolver as etapas necessárias até a
obtenção das equações diferenciais que regem os problemas de propagação de ondas
em meios elásticos ou até a Equação de Navier, para tanto o leitor pode contar como
uma vasta bibliografia, como exemplo pode-se citar: BUTKOV,1968; GRAFF, 1975;
AKI e RICHARDS, 1980; TIMOSHENKO e GOODIER, 1980; e MANSUR, 1983; dentre
outros.
Neste tópico pretende-se simplesmente apresentar o conjunto de
equações diferenciais adotado para representar os fenômenos da propagação de
ondas em meios elásticos, bem como o esquema de discretização adotado através do
Método das Diferenças Finitas, as condições de contorno e demais artifícios utilizados
nos programas desenvolvidos pelo autor desta tese para a modelagem sísmica
empregando operadores elásticos.
Existem diversas alternativas para simulação numérica dos problemas
relacionados à propagação de ondas elásticas, ou – resumidamente - utilizando
operadores elásticos, através do Método das Diferenças Finitas (KELLY e MARFURT,

26
1990; CUNHA, 1992; e, FARIA, 1993). Cada um destes esquemas possui
determinadas particularidades, inúmeras vantagens e desvantagens, não sendo
objetivo deste trabalho a comparação entre tais esquemas.
Neste trabalho, na simulação numérica dos problemas relacionados à
propagação de ondas elásticas, adota-se o esquema originalmente proposto por
VIRIEUX (1984 e 1986) e, posteriormente, modificado por LEVANDER (1988) para a
inclusão de operadores espaciais de quarta ordem.
Outras alterações foram propostas para tal esquema, como no trabalho
apresentado por CUNHA (1992) denominada dual-operator method que modifica a
ordem do operador espacial quando há uma descontinuidade nas propriedades físicas
do meio ou nas componentes do campo de ondas elásticas. Há ainda a possibilidade
da inclusão de determinados parâmetros, no esquema tradicional, para a simulação de
meios elásticos transversalmente isotrópicos como proposto por FARIA (1993).
A principal característica do esquema originalmente proposto por
VIRIEUX (1984 e 1986), tendo um papel decisivo em sua seleção para a aplicação ao
longo deste trabalho nas análises envolvendo a propagação de ondas elásticas, é a
capacidade de simular um meio elástico onde a velocidade de propagação da onda
cisalhante é nula (VS=0). Desta forma, tal esquema comporta a simulação do
acoplamento entre meios acústicos (onde tem-se VS=0) e meios elásticos (onde
VS≠0).
Tal capacidade de simular o acoplamento entre meios acústicos e
elásticos é de extrema importância para a indústria petrolífera nacional, pois existem
inúmeros reservatórios de óleo e gás atualmente em produção, assim como outros já
detectados, que se encontram nos denominados modelos geológicos marítimos ou off-
shore, onde se tem uma lâmina d’água antes de se atingir as camadas de rocha em
sub-superfície.
Na equação 2.3-1 apresentam-se as equações que regem o fenômeno
da propagação de ondas elásticas, para determinado ponto material em um meio
elástico isotrópico, expressas em notação indicial (GRAFF, 1975 e TIMOSHENKO,
1980), neste trabalho, a denominada Equação Elástica da Onda:

ρu&&i = τ ij, j + ρf i Eq. 2.3-1


τ ij = λε kk δ ij + 2 με ij
ε ij = 1 2 (ui , j + u j, i )

Onde:
ui – representa o vetor de deslocamentos;

27
τ ij e ε ij – representam, respectivamente, os tensores de tensões e de
deformação. Neste caso, considera-se que tais tensores são
simétricos, de acordo com as hipóteses empregadas para sua
dedução, ou seja, τ ij = τ ji e ε ij = ε ji ;

ρ – expressa a densidade por unidade de volume;


f i – representa um vetor contendo as forças de corpo por unidade de massa do
material;
λ e μ – são as denominadas constantes de Lamé, representando as
constantes elásticas do material.
Na Geofísica é comum se expressar as propriedades físicas do meio
em função das velocidades de propagação para as ondas compressionais (VP) e
cisalhantes (VS), e da densidade por unidade de volume. Deste modo, na equação
2.3-2, são expressas as relações entre as constantes de Lamé e as velocidades de
propagação para as ondas compressionais (VP) e cisalhantes (VS) (LEVANDER,
1988).

VP = [(λ + 2 μ ) / ρ ] Eq. 2.3-2

VS = (μ / ρ )
Sem perda de generalidade, novamente a metodologia será exposta
considerando-se somente o caso bidimensional (2D) sem a consideração do termo
fonte (expresso pelas forças de corpo), para a apresentação do esquema de
discretização através do Método das Diferenças Finitas proposto por VIREUX (1984 e
1986). Tem-se, então que, o sistema de equações representado pela equação 2.3-1
pode ser re-escrito em termos dos deslocamentos das partículas e do tensor de
tensões, dando origem às seguintes expressões (equação 2.3-3):

∂ u x ∂τ xx ∂τ xy
2
Eq. 2.3-3
ρ 2 = +
∂t ∂x ∂y
∂2 uy ∂τ xy ∂τ yy
ρ = +
∂t 2
∂x ∂y
∂u x ∂u y
τ xx = (λ + 2 μ ) +λ
∂x ∂y
∂u y ∂u x
τ yy = (λ + 2μ ) +λ
∂y ∂x
⎛ ∂u ∂u y ⎞
τ xy = μ ⎜⎜ x − ⎟⎟
⎝ ∂y ∂x ⎠

28
Tal sistema de equações pode ser transformado em um sistema de
equações hiperbólico de primeira ordem, ou seja, envolvendo somente derivadas
temporais de primeira ordem. Portanto, as equações passam a ser expressas em
função das velocidades das partículas e das derivadas temporais do tensor de
tensões, conforme representada pela equação 2.3-4.

∂v x 1 ⎛ ∂τ xx ∂τ xy ⎞ Eq. 2.3-4
= ⎜ + ⎟
∂t ρ ⎜⎝ ∂x ∂y ⎟⎠
∂v y 1 ⎛ ∂τ xy ∂τ yy ⎞
= ⎜⎜ + ⎟
∂t ρ ⎝ ∂x ∂y ⎟⎠
∂τ xx ∂v ∂v y
= (λ + 2 μ ) x + λ
∂t ∂x ∂y
∂τ yy ∂v y ∂v x
= (λ + 2μ ) +λ
∂t ∂y ∂x
∂τ xy ⎛ ∂v ∂v y ⎞
= μ ⎜⎜ x − ⎟⎟
∂t ⎝ ∂y ∂x ⎠
Sendo que, deste ponto em diante, v x e v y representam as velocidades

das partículas, respectivamente, ao longo das direções coordenadas X e Y.


Tal conjunto de equações hiperbólicas de primeira ordem, expresso na
equação 2.3-4, é então discretizado, segundo o Método das Diferenças Finitas,
utilizando-se operadores de segunda e quarta ordens, respectivamente, para as
derivadas espaciais e temporais. Na discretização espacial e temporal considera-se
um grid intercalado (staggered grid) no qual são definidas as diferentes grandezas
envolvidas (LEVANDER, 1988).
No caso da discretização através do uso das expressões utilizando
aproximações de segunda ordem para as derivadas parciais espaciais (VIRIEUX,
1986), os locais para a definição das grandezas envolvidas no grid intercalado são os
mesmos que quando se discretizam as expressões utilizando aproximações de quarta
ordem (LEVANDER, 1988).
Na figura 2.3-1 apresentam-se os locais empregados para a definição
das grandezas envolvidas na discretização do conjunto de equações que rege a
propagação de ondas em meios elásticos (equação 2.3-4) em função das velocidades
das partículas e do tensor de tensões.
O esquema de discretização empregando um grid intercalado
(staggered grid), ou segundo outra denominação Staggered Leapfrog Method, é
utilizado em determinadas aplicações onde, respeitando os critérios de estabilidade
para a solução numérica, é importante não se ter a dissipação de amplitudes (PRESS

29
et al., 1992 e GILLES et al., 2000). Tal esquema é empregado, principalmente, em
problema envolvendo fenômenos oscilatórios, como a propagação de ondas.

Velocidade horizontal e densidade:


vx ; ρ

vy ρ
Velocidade vertical e densidade: ;

Tensões normais e constantes de Lamé: τ xx ; τ yy ; λ ; μ


Tensão cisalhante e constantes de Lamé: τ xy ; λ ; μ

Figura 2.3-1 - Representação dos locais empregados para a definição das grandezas
envolvidas na discretização, empregando um grid intercalado
(staggered grid), da Equação Elástica da Onda (equação 2.3-4).

A seguir, nas equações 2.3-5, 2.3-6 e 2.3-7, são apresentadas as


expressões discretizadas, referentes ao conjunto de equações – em função das
velocidades das partículas e do tensor de tensões – que regem o fenômeno da
propagação de ondas elásticas (equações 2.3-4). Na discretização considerou-se que
as incógnitas e as propriedades estão defasadas de uma distância correspondente à
metade do intervalo entre os pontos do grid, dispostas de acordo com a figura 2.3-1,
além disto as velocidades das partículas e as tensões também estão definidas em
intervalos de tempo diferentes (defasados de Δt / 2 ).
Conforme comentário anterior, no conjunto de expressões discretizadas
referente às velocidades das partículas e às componentes do tensor de tensões
encontram-se em instantes de tempo distintos (vide equações 2.3-5, 2.3-6 e 2.3-7).
Deste modo, na implementação computacional, a determinação dos campos das
velocidades das partículas e dos campos do tensor de tensões deve ser feito em duas
etapas.
Para o avanço da solução ao longo do tempo, inicialmente, determinam-
se os campos das velocidades das partículas em função dos campos do tensor de
tensões e, posteriormente, atualizam-se os campos do tensor de tensões em função
dos campos das velocidades da partícula.

t + Δt 2 t −Δ t 2
( t t
)
2 Δt 1 ⎛⎜ − τ xx [i +3 2, j ] + 27 τ xx [i +1 2, j] − τ xx [i −1 2, j ] + τ xx [i− 3 2, j] ⎞⎟
t t
Eq. 2.3-5
v x [i , j ] =v x [i , j ] +
48h ρ[ i, j ] ⎜⎜ − τ xy t

( ) ⎟⎟
[i , j +3 2] + 27 τ xy [i , j +1 2] −τ xy [i , j −1 2] + τ xy [i , j − 3 2] ⎠
t t t

t + Δt 2 t −Δt 2

2Δt 1 ⎜ − τ xy [i+ 3 2, j
t
(
] + 27 τ
t
xy [i +1 2 , j ] − τ xy [i−1 2, j
t
)
] +τ
t
xy [i −3 2 , j ]


v y [ i, j] = v y [ i, j ] +
48h ρ[ i, j] ⎜⎜ − τ yy t + 27 (τ )+ τ ⎟⎟
t
− τ yy t[i, j−1 2 t
⎝ [i , j + 3 2 ] yy [i , j +1 2 ] ] yy [i , j −3 2 ]

30
As expressões presentes na equação 2.3-6 correspondem às derivadas
parciais das velocidades das partículas com relação às direções coordenadas X e Y.
Tais expressões são empregadas no cálculo das componentes do tensor de tensões
(vide equação 2.3-4 e, após a discretização, equação 2.3-7).

t + Δt 2
∂v x
∂x
t + Δt 2
( t + Δt 2 t + Δt 2
) t + Δt 2
= −vx[ i+ 3 2, j] + 27 v x[i +1 2, j ] − v x[i −1 2, j ] + vx[ i− 3 2, j] = A[ti+, jΔ]t 2
Eq. 2.3-6

[i , j ]
t + Δt 2
∂v x
∂y
( )
= −vx[t+i, Δj+t 32 2] + 27 v x[ti+, Δj +t 122 ] − v x[ti+, Δj −t 122 ] + vx[t+i, Δj−t 32 2] = B[ti+, jΔ]t 2
[i , j ]
t + Δt 2
∂v y
∂x
( )
= −v y[ti++Δ3t 22, j] + 27 v y [ti++Δ1t 22, j ] − v y [ti+−Δ1t22, j ] + v y [ti+−Δ3t 22, j ] = C[ti+, jΔ]t 2
[i , j ]
t + Δt 2
∂v y
∂y
( )
= −v y[ti+, Δj +t 32 2] + 27 v y [ti+, Δj+t 122] − v y[ti+, Δj −t 122 ] + v y[ti+, Δj −t 32 2] = D[ti+, jΔ]t 2
[i , j ]

2 Δt
τ xx[ti+, Δj]t = τ xx[ti, j ] +
48h
[
(λ + 2 μ )A[ti+, jΔ]t 2 + λD[ti+, jΔ]t 2 ] Eq. 2.3-7

2 Δt
τ yy [ti+, Δj ]t = τ yy[ti, j ] +
48h
[
(λ + 2 μ )D[ti+, jΔ]t 2 + λA[ti+, jΔ]t 2 ]
2Δt
τ xy[ti+, Δj]t = τ xy [ti, j ] +
48h
[
μ B[ti+, jΔ]t 2 + C[ti+, jΔ]t 2 ]
Destaca-se que, após a discretização do sistema de equações
acopladas que regem o problema da propagação de ondas em meios elásticos
(equação 2.3-4), as variáveis básicas do problema (velocidades das partículas e
tensões) são determinadas de forma explícita (VIRIEUX, 1984).
Segundo VIRIEUX (1986), para a prescrição de uma fonte sísmica
explosiva utilizam-se as componentes referentes às tensões normais, no caso
bidimensional (2D) τ xx e τ yy , pois tais grandezas são definidas na mesma posição do

grid intercalado (vide figura 2.3-1). Deste modo, de maneira análoga ao caso da
modelagem acústica (equação 2.2-2), emprega-se a equação 2.3-8 para a aplicação
da fonte sísmica sobre um determinado ponto do grid com coordenadas [i,j].

τ xx [ti, j ] = τ xx [ti, j] + F (t ) Eq. 2.3-8

τ yy [i , j] = τ yy [ i, j] + F (t )
t t

Onde:
F(t) – representa a expressão matemática da fonte sísmica, em função do
tempo (t).

31
Destaca-se ainda que há outras possibilidades para a prescrição das
fontes sísmicas, quando se emprega este esquema de discretização utilizando um grid
intercalado (staggered grid). Em COUTANT et al. (1995) tem-se um estudo a respeito
destas outras possibilidades, comparando-se a solução numérica obtida com a
solução analítica para um caso simples, considerando-se o meio elástico homogêneo.
Nas bordas do modelo de velocidades existem diferentes tipos de
condições de contorno que podem ser prescritas, dependendo do problema ao qual se
deseja simular. Segundo VIRIEUX (1986), para o esquema de discretização
apresentado, dando especial ênfase aos casos afetos à Geofísica, tais condições
podem ser dos seguintes tipos:
o Condição de Contorno de Neumann, também denominada de condição de
superfície livre (free surface condition) ou condição de tensão livre (stress-free
condition);
o Condição de Contorno de Dirichlet, condição de superfície rígida (rigid-surface
condition) ou condição de velocidade nula (zero-velocity condition), segundo
outras nomenclaturas; e,
o Condições de Contorno Não-Reflexivas, onde na realidade há uma vasta gama
de condições que podem ser enquadradas neste tipo de condição de contorno e
que são empregadas para simular problemas com domínios semi-infinitos
(KELLY e MARFURT, 1990).
Nas simulações apresentadas ao longo deste trabalho são empregados
somente dois tipos de condições de contorno. São elas: a condição de contorno de
Neumann (free surface condition) e a condição de contorno não-reflexiva. Neste
último tipo, adicionalmente utilizam-se as camadas ou zonas de amortecimento
(Damping Zones) (BORDING e LINES, 1997), com o intuito de proporcionar um
decaimento nas amplitudes das grandezas que estão associadas à frente de onda
antes de se atingir as condições de contorno não-reflexivas.
Neste ponto, destaca-se que, alguns dos comentários feitos quando da
apresentação da metodologia de discretização através do Método das Diferenças
Finitas para o caso da modelagem sísmica empregando operadores acústicos (vide
seção 2.2) também são válidos para o caso do emprego de operadores elásticos
(seção 2.3). Dentre eles, ressalta-se a questão da utilização de aproximações de
ordem mais elevada para as derivadas temporais, que acarretam em uma maior
demanda computacional de memória. Outro ponto é a criação de pontos fictícios para
a prescrição de condições de contorno envolvendo derivadas espaciais (ÖZISIK,
1985).

32
A condição de contorno de Neumann (free surface condition),
considerando-se um meio semi-infinito e levando-se em conta questões de simetria do
domínio físico do problema, pode ser substituída por uma imagem do meio e uma
imagem do termo fonte (CUNHA, 1992). Tal procedimento é denominado método da
imagem (image method) (GRAFF, 1975) e seu emprego proporciona um melhor
entendimento da reflexão da frente de onda ao atingir determinada interface.
Deste modo, para a implementação computacional da condição de
contorno de Neumann na interface superior do modelo, nos pontos fictícios as
amplitudes das velocidades das partículas na direção horizontal são as mesmas
considerando os pontos simétricos e, no caso da direção vertical, as amplitudes
sofrem uma mudança de polaridade. Ao longo da interface também se consideram
nulas as amplitudes das componentes de tensão cisalhante e de tensão normal à
direção vertical.
Apesar de existirem inúmeros artigos científicos nos quais são
abordados diferentes tipos de condições de contorno não-reflexivas para o caso da
propagação de ondas elásticas (KELLY e MARFURT, 1990; e, HIGDON, 1992; dentre
outros), neste trabalho empregam-se somente os artifícios das camadas ou zonas de
amortecimento (Damping Zones) para se evitar as reflexões das frentes de ondas
elásticas nas bordas do modelo, de forma a simular domínios semi-infinitos.
Segundo YOUN (1998), a adoção isolada da camada de amortecimento
apresentou resultados superiores aos diferentes tipos de condições de contorno não-
reflexivas por ele avaliadas. Em CUNHA (1992) também emprega-se a camada de
amortecimento para atenuar as amplitudes das grandezas associadas ao campo de
ondas elásticas de forma a simular domínio semi-infinitos.
O procedimento para a implementação computacional das camadas ou
zonas de amortecimento (Damping Zones) é feito de forma análoga ao apresentado
para o caso da modelagem sísmica empregando operadores acústicos (vide equação
2.2-7). Sendo que, neste caso, o fator de decaimento é aplicado nas diversas
grandezas que estão associadas à propagação das ondas elásticas (ou seja, as
componentes do vetor de velocidades das partículas, além das componentes do
tensor de tensões).
A metodologia apresentada até o momento, apesar de ter sido exposta
somente para os casos bidimensionais (2D), resume a filosofia empregada na
implementação computacional dos programas desenvolvidos pelo autor desta tese
para a modelagem sísmica dos problemas envolvendo a propagação de ondas
elásticas.

33
Nos casos tridimensionais (3D) os programas envolvendo a propagação
de ondas elásticas empregam os recursos do processamento em paralelo, utilizando o
paradigma da Decomposição de Domínio (Domain Decomposition) (vide Apêndice
A.1), pois nestes casos a demanda computacional de memória, além do tempo de
execução, tornam tais simulações – atualmente – incapazes de serem feitas por um
único microcomputador.
No caso do emprego de operadores elásticos para os casos
tridimensionais (3D), a implementação computacional foi feita pelo autor desta tese de
maneira análoga à desenvolvida no caso da adoção de operadores acústicos (vide
seção 2.2). Sendo que, para se compatibilizar a influência da resposta entre as
diversas partições do modelo deve-se enviar um número maior de matrizes, pois no
caso elástico o sistema de equações envolvem nove (9) grandezas diferentes, ou seja,
as três (3) componentes das velocidades das partículas, além das seis (6)
componentes do tensor de tensões.
No Apêndice D apresentam-se algumas das principais características e
funcionalidades dos programas desenvolvidos pelo autor deste trabalho,
especialmente a fim de simular a propagação das ondas elásticas em modelos bi- e
tridimensionais (respectivamente, 2D e 3D).

34
2.4 – Critérios de Dispersão Numérica e Estabilidade

Neste tópico, inicialmente, serão introduzidos os conceitos de dispersão


numérica e de estabilidade e, posteriormente, serão apresentados alguns critérios que
devem ser satisfeitos para que as respostas numéricas obtidas através da
discretização das equações diferenciais pelo Método das Diferenças Finitas sejam
uma boa aproximação da solução dinâmica para o problema em questão.
Finalmente, com base nos trabalhos apresentados por LOEWENTHAL
(1985), MUFTI (1990), FARIA (1986 e 1993) e SILVA (1995), dentre outros, serão
apresentados os critérios que são utilizados nas simulações numéricas envolvendo a
propagação de ondas acústicas e elásticas para a definição do espaçamento dos
pontos do grid e do intervalo de tempo para o avanço da solução ao longo do tempo, a
fim de evitar problemas com relação à dispersão numérica e à instabilidade.
A dispersão numérica ocorre quando apresentam-se alterações em
duas grandezas associadas à propagação de ondas, denominadas velocidade de fase
e velocidade de grupo, decorrentes dos parâmetros empregados na discretização, pois
com o emprego do Método das Diferenças Finitas tais grandezas passam a ser função
do espaçamento do grid, da velocidade de propagação do meio, da freqüência e do
ângulo de propagação do sinal (FARIA, 1993).
Os conceitos de velocidade de fase (phase velocity) e de velocidade de
grupo (group velocity) podem ser encontrados em bibliografias clássicas relacionadas
à propagação de ondas, tais como: GRAFF (1975) e, AKI e RICHARDS (1980), dentre
outros. Também em PALERMO (2002) tem-se uma clara apresentação de tais
conceitos.
Destaca-se que, no caso de meios isotrópicos e não dispersivos – como
os abordados ao longo deste trabalho – as velocidades de fase e de grupo são
independentes da freqüência do sinal e iguais à velocidade de propagação do meio
(FARIA, 1986 e PALERMO, 2002).
Nos denominados Métodos de Integração Direta (BATHE, 1996)
empregam-se aproximações para as expressões envolvendo derivadas temporais nas
equações diferenciais que regem os problemas transientes, de forma a determinar sua
resposta ao longo do tempo através de um esquema passo-a-passo. Tais métodos
também são conhecidos na Engenharia como Esquemas de Avanço no Tempo
(LOEFFLER, 1988).

35
O caso da utilização das expressões aproximadas do Método das
Diferenças Finitas para as derivadas temporais presentes nas equações diferenciais
que regem os fenômenos da propagação de ondas pode ser enquadrado como um
dos Métodos de Integração Direta ou um dos Esquemas de Avanço no Tempo. No
contexto destes esquemas é que estão inseridos os conceitos de estabilidade e de
métodos condicionalmente e incondicionalmente estáveis (BATHE, 1996).
A estabilidade implica que, empregando-se determinado intervalo de
tempo no esquema de avanço no tempo, a resposta obtida para um instante de tempo
não deverá ser amplificada artificialmente afastando-se da solução do problema.
Assim como, os erros de truncamento nas variáveis envolvidas (deslocamentos,
velocidades, acelerações, etc), também não deverão ser amplificados à medida que a
resposta é determinada ao longo do tempo (BATHE, 1996 e ÖZISIK, 1985).
Nos Métodos de Integração Direta a estabilidade é determinada
examinando-se o comportamento numérico da resposta, considerando condições
iniciais arbitrárias. O parâmetro que influencia a estabilidade de determinado
esquema de avanço no tempo é o intervalo de tempo.
Embora os critérios de dispersão numérica e de estabilidade sejam
desenvolvidos especificamente para a metodologia utilizada na discretização através
do Método das Diferenças Finitas, como regra geral, nos problemas envolvendo a
propagação de ondas acústicas e elásticas , empregam-se as expressões
apresentadas nas equações 2.4-1 e 2.4-2. Satisfazendo-se tais expressões, garante-
se não haver problemas na resposta em relação à dispersão numérica e à
estabilidade.

Vmin Eq. 2.4-1


h≤
α . f corte

h Eq. 2.4-2
Δt ≤
β .Vmax
Sendo:
h - o espaçamento entre os pontos do grid, neste caso considera-se um grid
regular, tendo-se o mesmo espaçamento entre os pontos do grid para todas as
direções coordenadas consideradas;
Δt - o intervalo de tempo, empregado para o avanço da solução numérica ao
longo do tempo;
f corte - a freqüência de corte. Nas aplicações apresentadas ao longo deste
trabalho considerando a modelagem sísmica, a própria freqüência de corte da fonte

36
sísmica (vide seção 2.1);
Vmax e Vmin - são, respectivamente, a máxima e mínima velocidades de
propagação presentes no modelo de velocidades analisado. Destaca-se que, no caso
do emprego de operadores elásticos, deve-se considerar não somente as velocidades
de propagação para as ondas compressionais (VP), mas também as velocidades de
propagação para as ondas cisalhantes (VS) não nulas;
α - é um parâmetro empírico que determina quantos pontos do grid serão
empregados para representar o menor comprimento de onda (considerando a
freqüência de corte e a menor velocidade de propagação);
β - é um parâmetro que determina quantos intervalos de tempo serão
necessários para que a frente de onda percorra uma distância equivalente ao
espaçamento entre os pontos do grid (considerando a maior velocidade de
propagação).
Aplicando-se as expressões 2.4-1 e 2.4-2 os critérios de dispersão
numérica e de estabilidade serão respeitados após a definição dos parâmetros α e
β . Existem diversos trabalhos nos quais aplicam-se estes mesmos critérios, nesta
linha pode-se citar: LOEWENTHAL (1985), FARIA (1986 e 1993), SILVA (1995) e
ROSA FILHO (2002), dentre inúmeros outros.
Neste trabalho, embasado em algumas referências bibliograficas
citadas no parágrafo acima, recomenda-se que, no caso do Método das Diferenças
Finitas utilizando operadores de segunda ordem para as derivadas temporais, quando
empregam-se operadores de segunda ordem para as derivadas espaciais deve-se
adotar valores para o parâmetro α próximos a dez (10) e quando se adotam
operadores de quarta ordem para as derivadas espaciais este número pode ser
reduzido à metade.
No caso do parâmetro β , neste trabalho, empregando operadores de
segunda ordem para as derivadas temporais, valores próximos a quatro (4) são
suficientes para garantir a estabilidade da resposta numérica com elevada precisão.
Destaca-se que, o intervalo de tempo (Δt ) e o espaçamento entre os
pontos do grid (h) estão ligados diretamente a ordem do erro introduzido pelas
aproximações oriundas do Método das Diferenças Finitas (vide Apêndice F). Sendo
que, tais fatores estão ligados inversamente ao tempo de processamento e à demanda
computacional de memória requerida para armazenar as variáveis envolvidas,
necessárias para obtenção da resposta de um determinado problema. Tais relações
tornam-se críticas no caso da simulação de problemas tridimensionais (3D).

37
3- Migração Sísmica

Os principais objetivos pretendidos com as análises da Geofísica,


aplicadas à indústria petrolífera, são a correta determinação das propriedades e o
posicionamento das diversas interfaces que delimitam as camadas de rochas,
apresentando diferenças na impedância acústica, além das estruturas geológicas nas
quais se encontram os reservatórios de óleo e gás. Outra informação relevante,
principalmente na fase de perfuração de poços horizontais para a exploração destes
reservatórios, diz respeito à localização das áreas mais densamente fraturadas, bem
como suas direções de fraturamento.
A indústria petrolífera vem investindo pesado ao longo de décadas a
partir do século XX, em equipamentos e metodologias que propiciem aos Geofísicos,
Geólogos, intérpretes e demais profissionais envolvidos na exploração, na detecção e
no monitoramento de reservatórios, obterem informações com um maior grau de
confiabilidade a respeito das interfaces de um determinado modelo geológico,
acumulando assim informações valiosas sobre as estruturas existentes em sub-
superfície.
De forma geral, na Geofísica, denomina-se Migração Sísmica o
conjunto de procedimentos pelos quais os campos de ondas registrados (na superfície
ou não), contendo informações sobre as camadas e interfaces do modelo geológico,
são transformados através de metodologias adequadas em imagens corretamente
posicionadas dos refletores em sub-superfície. Durante este processo de migração,
além do correto posicionamento dos refletores, tem-se o colapso das difrações
registradas nos sismogramas.
Pode-se entender a Migração Sísmica, filosoficamente, como sendo a
operação inversa da Modelagem Sísmica (GRAY, et al., 2001). Na Modelagem
descreve-se o processo de propagação das ondas da fonte sísmica, através do meio
de propagação, em direção aos refletores e registram-se as reflexões e ondas
convertidas nos receptores (obtendo-se o dado sísmico). Na Migração Sísmica

38
pretende-se desfazer os efeitos da propagação de ondas para produzir uma imagem
dos refletores corretamente posicionados em sub-superfície.
Diversos procedimentos de Migração Sísmica são embasados no fato
da Modelagem e da Migração Sísmicas serem - filosoficamente - operações inversas,
sendo o mais notório deles o processo de migração denominado Migração Reversa no
Tempo (Reverse Time Migration), foco principal deste trabalho.
Com relação à escala vertical das imagens obtidas, os diferentes
esquemas de migração existentes na sísmica podem se classificar em dois tipos,
denominados de migração em tempo e migração em profundidade. Basicamente, na
migração em tempo tem-se uma imagem em que a escala vertical está em segundos
e, deste modo, sem o conhecimento do campo de velocidades em profundidade, não é
possível determinar-se a posição de um dado refletor. Já na migração em
profundidade tem-se diretamente a imagem, contendo a posição dos refletores ao
longo da profundidade do modelo geológico.
A seguir são enumeradas algumas das principais características dos
esquemas de migração que proporcionam a obtenção de imagens do modelo
geológico em tempo e em profundidade. Tais esquemas de migração são importantes
ferramentas utilizadas para auxiliar os Geólogos e intérpretes na determinação e
monitoramento de reservatórios petrolíferos.
A migração em tempo, geralmente, é computacionalmente menos
onerosa em comparação aos esquemas de migração em profundidade, mas apresenta
certas limitações quanto à presença de variações laterais no modelo de velocidades
(YILMAZ, 2001; BORDING, et al., 1997; e ETGEN, 1990). Existem esquemas de
migração em profundidade que, apesar de mais onerosos computacionalmente, são
bastante eficazes, já que são capazes de lidar com campos de velocidades contendo
quaisquer tipos de variações, como no caso do esquema de Migração Reversa no
Tempo.
Após a migração em tempo, existem diversos procedimentos com os
quais os refletores podem ser posicionados aplicando-se a técnica de conversão
tempo-profundidade, ou seja, a transformação da escala vertical dos dados de tempo
para profundidade. Esta técnica leva em conta o campo de velocidades e o tempo de
trânsito até atingir um determinado refletor, obtido diretamente através da imagem em
tempo.
Enquanto a migração em tempo apenas focaliza a energia proveniente
das estruturas geológicas em um determinado instante de tempo, a migração em
profundidade também posiciona estas mesmas estruturas em sua correta localização.
Desta forma, a migração em profundidade, podendo considerar variações laterais no

39
campo de velocidades, focaliza e posiciona (fazendo a conversão para a
profundidade) as informações registradas pela sísmica, proporcionando uma alteração
muito mais significativa nos dados (ETGEN, 1990).
A migração em profundidade mostra-se muito mais sensível à correta
definição do modelo de velocidades do que a migração em tempo, pois para que as
informações registradas pela sísmica sejam focalizadas e posicionadas corretamente
é necessário que o modelo de velocidades empregado possua semelhança com as
verdadeiras estruturas existentes no modelo geológico.
Os comprimentos dos refletores observados nas imagens em tempo são
mais longos que os observados na seção geológica e os ângulos de declividade
(mergulho) dos refletores também se encontram alterados, sendo neste caso menores
(mais rasos) do que os verdadeiramente presentes na seção geológica (YILMAZ, 2001
e ETGEN, 1990). Tais fatos justificam o emprego de técnicas para a conversão
tempo-profundidade, bem como a aplicação direta dos esquemas de migração em
profundidade (TRIGGIA, 2001).
Para aqueles não familiarizados com os esquemas de migração e seus
objetivos, tais análises apresentam um aparente paradoxo, pois no início do processo
de migração tem-se o conhecimento do modelo de velocidades. De fato o
conhecimento de suas principais características é necessário para que os dados
sejam posicionados de forma correta. Daí o paradoxo, pois a princípio deve-se saber
a resposta antes do início da aplicação das metodologias de migração.
Apesar desta aparente incoerência, na prática, informações valiosas
são obtidas aplicando-se corretamente as técnicas de migração. Tais esquemas
podem ser empregados como alternativa para se avaliar qualitativamente a estimativa
inicial do perfil de velocidades de um determinado modelo geológico. Realmente há
técnicas (Focusing Analysis ) que, através da aplicação de migrações sucessivas,
possibilitam a obtenção do campo de velocidades (FARIA, 1993).
Um outro exemplo do uso de esquemas de migração em profundidade
como uma forma de obter-se o perfil de velocidades, pode ser encontrado no trabalho
de AL-YAHYA (1987). Neste trabalho, com o emprego de um conjunto de dados
sísmicos adquiridos, considerando-se uma família de receptores comum (common-
receiver gather) – nos quais a posição dos receptores é mantida fixa variando-se a
posição da fonte sísmica perpendicularmente a linha dos receptores – pode-se, após a
aplicação do algoritmo de migração, avaliar o perfil de velocidades empregado,
considerando-se a posição dos refletores obtidos nas diversas imagens para as
diferentes posições da fonte sísmica, tendo-se, desta forma, um método iterativo.

40
O principal desafio, perseguido por diversos pesquisadores nas últimas
décadas, é a resolução do problema de inversão do campo de ondas registrado.
Neste caso, somente de posse dos dados sísmicos objetiva-se encontrar o perfil de
velocidades correspondente ao modelo geológico que os originaram. Tal problema é
de difícil tratamento matemático, não se podendo afirmar, na grande maioria dos
casos , nem m esmo a unicidade da solução.
A primeira barreira a ser quebrada no sentido de solucionar os
problemas de inversão aplicados à Geofísica é o desenvolvimento de esquemas
eficientes de migração em profundidade e que sejam sensíveis a pequenas alterações
na estimativa do perfil de velocidades. Desta forma, conforme comentado
anteriormente, pode-se empregar um esquema iterativo para se obter um perfil de
velocidades com um melhor grau de confiabilidade, como por exemplo, o esquema de
Focusing Analysis (FARIA, 1993).

41
3.1 – Migração Reversa no Tempo

Nesta técnica de migração de dados sísmicos em profundidade, as


informações registradas no sismograma são depropagadas e, utilizando-se a
denominada condição de imagem, forma-se a imagem do modelo geológico associado
diretamente no domínio da imagem, isto é, com todos os eixos coordenados
expressos em metros (m).
A formação de uma imagem em profundidade com uma boa qualidade e
representando o modelo geológico analisado depende de diversos fatores, sendo os
principais deles descritos a seguir:
1. O sistema de aquisição e os parâmetros empregados no levantamento sísmico;
2. O modelo matemático empregado para a depropagação do campo de ondas
registrado;
3. O bom conhecimento dos parâmetros que definem o macro-modelo sísmico no
qual os dados sísmicos foram registrados; e,
4. A aplicação de uma condição de imagem apropriada.
A Migração Reversa no Tempo consiste basicamente da depropagação,
isto é, a propagação das ondas registradas no sentido inverso no eixo do tempo, ou
seja, do tempo final até o tempo inicial da análise. Durante este processo de
depropagação aplica-se à condição de imagem para a formação da imagem em
profundidade.
Os valores registrados no sismograma são prescritos na posição dos
receptores na ordem inversa em que foram adquiridos. No caso de registrá-los na
superfície, durante a Migração Reversa no Tempo, a prescrição de tais valores se
assemelha à aplicação de uma condição de contorno, nos demais casos se assemelha
à prescrição de fontes pontuais no interior do modelo geológico.
A depropagação do campo de ondas é governada pela mesma equação
diferencial parcial que comanda a propagação de ondas, no caso do emprego de
modelos acústicos , a denominada Equação Escalar da Onda. Desta forma, durante a
fase de discretização do modelo geológico os mesmos cuidados adotados na
modelagem, quanto à dispersão numérica, estabilidade e à freqüência máxima capaz
de ser representada pela discretização, também devem ser tomados durante a
Migração Reversa no Tempo (vide seção 2.4).
Os esquemas de Migração Reversa no Tempo que utilizam a
denominada equação completa da onda (two-way wave equation) são capazes de

42
simular todos os tipos de ondas refletidas, refratadas, convertidas, etc... Existem
outros esquemas de Migração Reversa no Tempo que adotam uma simplificação a
mais na equação diferencial que rege o fenômeno da propagação de ondas,
considerando-se o deslocamento da frente de onda em apenas uma direção, tal
simplificação dá origem a denominada equação “one-way“ (one-way wave equation)
(BORDING, 1997 e GRAFF, 1975).
Conforme exposto nos parágrafos anteriores percebe-se que,
teoricamente, a adaptação de um código computacional desenvolvido para a
modelagem sísmica para a Migração Reversa no Tempo é relativamente trivial, pois
trata-se da mesma equação diferencial parcial, onde a principal diferença está no
sentido de marcha no tempo, sendo que a maior alteração consiste na inclusão de
uma rotina para a aplicação da condição de imagem. A não ser por este importante
detalhe poder-se-ia pensar que a Migração Reversa no Tempo nada mais é do que a
propagação do campo de ondas no sentido inverso do tempo.
Um ponto importante a ser destacado é que nos esquemas de Migração
Reversa no Tempo, obtendo-se imagens em profundidade, não é necessário o
conhecimento do modelo de velocidades com uma grande riqueza de detalhes de
todas as suas estruturas, e sim uma estimativa do perfil de velocidades, onde as
interfaces das diversas camadas encontram-se suavizadas. BULCÃO et al. (2001a)
apresenta um trabalho em que se verifica a estabilidade do esquema de Migração
Reversa no Tempo em função da suavização do campo de velocidades.
Existem diversas alternativas na formulação do esquema de Migração
Sísmica denominado Migração Reversa no Tempo, embora todos eles empreguem o
conceito de depropagação do dados sísmicos registrados no sentido inverso do eixo
temporal, pode-se variar o tipo de condição de imagem empregada para a formação
da imagem em profundidade.
A seguir, apresentam-se três tipos diferentes de esquemas de Migração
Reversa no Tempo, havendo uma grande variação dos tipos de condições de imagens
utilizados, além do emprego de diferentes tipos de dados sísmicos de entrada. Há
uma vasta bibliografia sobre o assunto, onde se destacam os seguintes trabalhos:
BERKHOUT (1984); BORDING et al. (1997); COFFEEN (1986); EVANS (1998);
KELLY et al. (1990); YILMAZ (2001); dentre outros.

43
3.1.1 - Migração Reversa no Tempo de Dados Sísmicos
Pós-Empilhamento

O empilhamento (stacking) de dados sísmicos consiste em uma


operação em que os sismogramas referentes a cada uma das posições da fonte
sísmica são somados, considerando a posição dos receptores. Desta forma, o dado
sísmico empilhado se aproxima de uma seção sísmica obtida através do modelo dos
refletores explosivos (LOEWENTHAL, et al.., 1976 e FARIA, 1986).
O modelo dos refletores explosivos, proposto por LOEWENTHAL et al.
1976, supõe que sobre os refletores encontram-se as fontes sísmicas que, ao serem
detonadas simultaneamente no tempo t=0, geram ondas sísmicas que são registradas
na superfície do modelo de velocidades (sendo que suas amplitudes devem ser
proporcionais aos coeficientes de reflexão das interfaces). Tal modelo se ajusta, com
exceção das ondas múltiplas, a uma seção de dados sísmicos pós -empilhamento
(FARIA, 1986).
Para que o modelo dos refletores explosivos corresponda à seção
empilhada (considerando o afastamento nulo entre a fonte sísmica e o receptor, ou
seja, uma seção zero offset), são necessárias duas condições:
1. As amplitudes das fontes sísmicas posicionadas sobre os refletores sejam
proporcionais aos coeficientes de reflexão dos mesmos; e,
2. As velocidades de propagação contidas no modelo de velocidades empregado
na modelagem sísmica do modelo dos refletores explosivos sejam iguais à
metade das velocidades de propagação reais do modelo.
Neste esquema de migração sísmica, assume-se que toda energia
presente em um determinado tempo t=t1 no dado sísmico pós -empilhamento é
proveniente de uma reflexão no tempo t=t1 /2. Desta forma, o coeficiente de reflexão
deste refletor pode ser determinado depropagando-se esta energia até o tempo t=t1 /2
(considerando as velocidades reais do modelo), ou, equivalentemente, depropagando-
se a energia até o tempo t=0 (considerando as velocidades de propagação como
sendo a metade das velocidades reais do modelo).
No esquema de Migração Reversa no Tempo pós-empilhamento,
assume-se que os dados sísmicos são oriundos de uma modelagem sísmica
considerando o modelo dos refletores explosivos, sendo os dados depropagados,
prescrevendo-os no sentido inverso do eixo temporal ao longo dos receptores, até o
tempo t=0 (sendo as velocidades de propagação iguais a metade das velocidades

44
reais do modelo) (ETGEN, 1986). A imagem em profundidade é obtida diretamente do
campo de ondas no instante t=0, ou seja, ao final da depropagação tem-se a imagem
em profundidade dos refletores em sub-superfície.

3.1.2 - Migração Reversa no Tempo Empregando a


Condição de Imagem de Tempo de Excitação
(Excitation-time Imaging Condition)

Este esquema de Migração Reversa no Tempo se aplica a dados


sísmicos pré-empilhamento (prestack), ou seja, os sismogramas são analisados
levando-se em consideração a mesma geometria de aquisição dos dados. Deste
modo cada sismograma formará uma ou mais imagens em profundidade que,
posteriormente, serão somadas levando-se em conta a posição das fontes e
receptores para a formação de uma ou mais imagens finais.
O processo de soma das várias imagens em profundidade referentes a
um tipo de condição de imagem, obtidas com a aplicação deste esquema de migração
pré-empilhamento, tem como principal finalidade o aumento da relação sinal/ruído dos
refletores corretamente imageados em sub-superfície compondo-se, desta forma, uma
imagem final para posterior interpretação.
O esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de
imagem de tempo de excitação pode ser dividido em 3 partes (CHANG, et al.., 1986):
1) Determinação da condição de imagem, expressa pela matriz de tempo de
trânsito. Tal matriz é obtida durante a fase de propagação do campo de ondas a partir
da fonte sísmica através da aplicação de um determinado critério sobre o campo de
ondas;
2) Depropagação do campo de ondas registrado no sismograma, sendo que
cada traço sísmico é prescrito na posição do respectivo receptor e na ordem inversa
de sua aquisição, ou seja, do tempo final de registro até o instante inicial (t=0); e,
3) Aplicação da condição de imagem para a formação da imagem em
profundidade. Tal etapa é realizada durante a fase de depropagação do campo de
ondas registrado no sismograma.
Destaca-se que para a determinação da condição de imagem, para este
esquema de migração, existem diversas alternativas possíveis (YILMAZ, 2001). No

45
trabalho proposto por CHANG e Mc MECHAN (1986) aplica-se o método de Ray
Tracing para a determinação das matrizes de tempo de trânsito, sendo que outros
esquemas podem ser empregados para tal fim, tais como: i) a solução da equação
Eikonal, onde se obtém diretamente o tempo de trânsito; ii) o emprego de um critério
durante a propagação do campo de ondas.
A utilização do método de Ray Tracing para a determinação das
matrizes de tempo de trânsito possui a vantagem de apresentar um baixo tempo de
execução em comparação a modelagem via Método das Diferenças Finitas. Após o
traçado dos raios, a matriz de tempo de trânsito é obtida através da interpolação dos
valores calculados, podendo surgir regiões denominadas de zonas de sombra
(shadow zones) onde não há a passagem de nenhum raio devido à distribuição do
campo de velocidades. Portanto, tais regiões não serão imageadas pelo esquema de
Migração Reversa no Tempo.
Existem outros problemas associados à aplicação do Ray Tracing para
a determinação das matrizes de tempo de trânsito, com o por exemplo a existência de
regiões nas quais os raios se interceptam (multipath), onde se têm pontos com mais
de um tempo de trânsito associado, sendo que nestes casos adota-se o menor tempo
de trânsito. Tais problemas são advindos das aproximações impostas pelo método,
destacando-se o fato de que tal método só é válido para altas freqüências (CERVENY,
1987).
Neste trabalho empregam-se esquemas baseados na aplicação de um
critério durante a propagação do campo de ondas para a obtenção das matrizes de
tempo de trânsito, seguindo a mesma linha destacam-se os trabalhos pioneiros de
BOTELHO e STOFFA (1988), e LOEWENTHAL e HU (1991).
A seguir, apresentam-se de forma detalhada os diversos critérios
utilizados para a obtenção da condição de imagem, inclusive para o caso do
imageamento utilizando a energia proveniente das ondas múltiplas. Destaca-se que,
alguns destes critérios constituem inovações propostas pelo autor nesta tese.

3.1.2.1 - Condição de Imagem

A condição de imagem, baseada em princípios holográficos (BORDING,


et al., 1997), indica a existência de um refletor em uma determinada posição em
profundidade onde há a coincidência entre os tempos de trânsito do campo de ondas
propagado a partir da fonte sísmica e do campo de ondas depropagado prescrevendo-
se o dado sísmico registrado nos respectivos receptores (geofones).

46
Segundo CHANG e McMECHAN (1986), as idéias centrais que definem
esta condição de imagem são: a extrapolação dos campos de ondas provenientes da
propagação partindo da fonte sís mica e da depropagação dos dados sísmicos
registrados nos sismogramas; além do fato de que os refletores em sub-superfície
estão posicionados onde haja a coincidência entre os tempos de trânsito referentes à
propagação e à depropagação.
Para melhor ilustrar o conceito da existência de um refletor onde haja a
coincidência entre os tempos de trânsito referentes à propagação e à depropagação,
tem-se na figura 3.1-1 uma representação esquemática deste conceito. Na figura 3.1-
1 representa-se em vermelho a propagação do campo de ondas a partir da fonte
sísmica (f) deste o tempo t=0 até o tempo t=td . Nele, a frente de onda atinge o refletor
(r) no ponto A, e, em azul, representa-se a depropagação dos valores registrados no
sismograma, sendo que, neste caso devido à inversão do sentido do eixo temporal,
tem-se a depropagação do tempo total de registro t=tT até o tempo t=td .

A r

Figura 3.1-1 - Representação do princípio de imageamento.

De acordo com os parágrafos anteriores, percebe-se que a condição de


imagem possui um papel fundamental nos algoritmos de Migração Reversa no Tempo,
influenciando de forma significativa a qualidade da imagem em profundidade obtida.
Na implementação computacional deste esquema de Migração Reversa no Tempo a
condição de imagem é representada por uma matriz de tempo de trânsito, para todos
os pontos da discretização do modelo de velocidades, nos quais os valores das
incógnitas do problema deverão ser armazenados para a formação da imagem em
profundidade.

47
Matematicamente, para modelos acústicos, tem-se a seguinte
expressão para a formação da imagem em profundidade:
t =t f

I (Ω ) = ∑ u (Ω, t )β [t − T (Ω)]
Eq. 3.1-1
t =0

Onde: Ω - representa as variáveis espaciais. No caso bidimensional (2D) X e Z;


t - representa o tempo durante a depropagação do campo de ondas;
tf - representa o tempo total de registro do sismograma;
I (Ω ) é a matriz contendo a imagem em profundidade referente ao sismograma
utilizado na depropagação e ao tipo de condição de imagem empregada;
u (Ω, t) é a matriz contendo as incógnitas do problema que formarão a imagem
em profundidade. No caso da modelagem acústica u representa a pressão acústica;
T (Ω ) é a matriz contendo os tempos de trânsito para cada um dos pontos da
discretização referente ao tipo de condição de imagem empregada;
⎧β = 1 se t = T(Ω )
Sendo β uma função definida da seguinte forma: β = ⎨
⎩β = 0 se t ≠ T( Ω)
Existem diversos critérios que podem ser aplicados durante a fase de
propagação do campo de ondas a partir da fonte sísmica para a determinação da
matriz de tempo de trânsito, sendo esta utilizada durante a formação da imagem em
profundidade.
A seguir apresentam-se os diferentes critérios avaliados ao longo deste
trabalho. Alguns deles, constituindo em contribuições inovadoras propostas e
apresentadas pelo autor desta tese.

3.1.2.1.1 - Critério da Amplitude Máxima

Este critério, proposto por LOEWENTHAL e HU (1991), é um


procedimento simples, e largamente empregado, para obter a matriz de tempo de
trânsito baseada na amplitude máxima da grandeza a qual a imagem em profundidade
está associada. Para os casos envolvendo a Equação Escalar da Onda, considerando
somente a propagação de ondas compressionais, tal grandeza é a pressão
hidrostática do campo de ondas.
Estes autores no mesmo trabalho ainda propuseram um outro critério
baseado no tempo mínimo. Com tal critério se pretende obter uma matriz de tempo de
trânsito associada à primeira quebra, empregando-se um artifício para desconsiderar
as denominadas ondas frontais (head waves). Nos resultados por eles apresentados,

48
para um caso sintético em que o modelo de velocidades possui uma geometria
simples, observa-se que as imagens em profundidade apresentaram uma melhor
qualidade quando da adoção do critério da amplitude máxima. De fato, destaca-se
que o critério proposto baseado no tempo mínimo mostrou-se ineficaz na eliminação
das ondas frontais, prejudicando desta forma o imageamento.
Em termos de pseudocódigo, no critério da amplitude máxima, deve-se
verificar a seguinte expressão durante a propagação do campo de ondas para todos
os pontos do modelo de velocidades:
if (abs (u(Ω,t )) ≥ abs (ref (Ω ))) then
ref (Ω ) = u (Ω ,t )
T (Ω ) = t
endif
onde:
Ω - representa as variáveis espaciais. No caso bidimensional (2D) X e Z;
t - representa o tempo durante a depropagação do campo de ondas;
u (Ω, t) é a matriz contendo as incógnitas do problema (pressão hidrostática do
campo de ondas, no caso da modelagem sísmica utilizando operadores acústicos);
ref (Ω ) é uma matriz contendo o valor da amplitude máxima para a incógnita
em questão;
T (Ω ) é a matriz de tempo de trânsito;
Dependendo da complexidade geométrica do modelo de velocidades,
no caso da aplicação do critério da amplitude máxima para regiões distantes da
posição da fonte sísmica, as diversas reflexões e reverberações do campo de ondas
provenientes das diferenças de impedância acústica entre as interfaces, podem
interagir construtivamente nos valores das amplitudes do campo de ondas. Desta
forma, criando inúmeras descontinuidades na matriz de tempo de trânsito.
Um procedimento empregado que minimiza as reflexões decorrentes da
propagação do campo de ondas, durante a obtenção das matrizes de tempo de
trânsito, e, conseqüentemente, reduz as descontinuidades na matriz de tempo obtida
com o critério da amplitude máxima é a suavização do modelo de velocidades (ou seu
inverso, a vagarosidade), reduzindo os contrastes de impedância acústica ao longo do
modelo.
Destaca-se que, nas diversas análises realizadas ao longo deste
trabalho, serão apresentadas figuras representando as matrizes de tempo de trânsito
empregadas para a formação das imagens em profundidade, considerando-se

49
modelos matemáticos acústicos e elásticos, para as diversas grandezas adotadas
como condição de imagem.

3.1.2.1.2 - Critério da Amplitude Máxima nas Proximidades da Primeira


Quebra

Este novo critério, proposto pelo autor nesta tese, para a formação das
matrizes de tempo de trânsito - denominado amplitude máxima nas proximidades da
primeira quebra (first break) – obviamente como o próprio nome indica, tem por
objetivo registrar a máxima amplitude nas proximidades da primeira quebra. A grande
vantagem deste novo critério é que as matrizes de tempo de trânsito apresentam um
comportamento mais suave (contínuo), para as regiões distantes do ponto de
aplicação da fonte sísmica.
Neste caso, leva-se em conta a freqüência de corte da fonte sísmica (f c),
através da seguinte expressão (equação 3.1-2):

Tf = 2 π f c Eq. 3.1-2

Sendo T f um intervalo de tempo associado ao comprimento de onda

característico da fonte sísmica empregada (expressa matematicamente pela derivada


segunda da função Gaussina, vide seção 2.1). Desta forma, através de uma série de
testes lógicos, pode-se selecionar a maior amplitude que ocorrerá nas proximidades
da primeira quebra.
Em termos de pseudocódigo, neste novo critério proposto pelo autor
deste trabalho, verifica-se a seguinte expressão durante a fase de propagação:
cond1 = ((t − T (i , j )) ≤ (1.5 * T f ))
cond 2 = (u (i,j,t ) > ref (i,j ))
cond 3 = (ref (i,j ) = 0.0)
if (cond 2.and .(cond 1.or.cond 3)) then
ref (i,j ) = u (i,j,t )
T (i , j ) = t
endif
onde: cond1, cond2 e cond3 são variáveis lógicas que conterão o resultado das
expressões avaliadas.
De acordo com os resultados que serão apresentados posteriormente,
destaca-se que a matriz de tempo de trânsito obtida através da adoção do critério da
amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra possui um número bem

50
inferior de descontinuidades, em comparação ao critério da amplitude máxima,
principalmente para as regiões distantes da fonte sísmica. Neste trabalho, advoga-se
que tal característica proporcionará a formação de imagens em profundidade nas
quais os refletores apresentem uma melhor continuidade ao longo da seção migrada.
Destaca-se que, a eficácia deste novo critério inovador proposto para a
formação das matrizes de tempo de trânsito pode ser comprovada, além dos diversos
exemplos apresentados ao longo deste trabalho, em alguns dos artigos publicados
considerando-se modelos matemáticos acústicos e elásticos . Dentre eles, destacam -
se: BULCÃO et al., 2003a e 2003b.

3.1.2.1.3 - Critério para Obtenção de Matrizes de Tempo Associadas à


Energia das Ondas Múltiplas

As denominadas ondas múltiplas, ou somente múltiplas, são formadas


quando da existência de um grande contraste de impedância ao longo do modelo de
velocidades, de tal forma que, grande parte da energia da frente de onda ao atingir
esta interface é refletida, retornando em direção a superfície do modelo e, ao alcançar
a superfície, ela é novamente refletida e segue em direção ao interior do modelo.
Considerando-se o caso particular em que os modelos de velocidades
são formados por camadas planas e paralelas, nos sismogramas , a presença das
ondas múltiplas faz com que o sinal proveniente da reflexão de uma determinada
interface se repita na mesma posição espacial, mas em intervalos regulares ao longo
do tempo e com amplitudes cada vez menores. Este fenômeno justifica a
denominação de ondas múltiplas.
Tradicionalmente, empregam-se diversos esquemas para a supressão
das ondas múltiplas junto aos sismogramas, para então se aplicar uma metodologia de
imageamento (YILMAZ, 2001). Embora o emprego de tais esquemas possam
comprometer a qualidade dos sinais registrados, pois há uma degradação quando da
retirada das múltiplas.
Para obter-se uma condição de imagem na qual se empregue a energia
associada às ondas múltiplas, para a formação de imagens em profundidade, deve-se
ter um critério capaz de registrar o tempo de trânsito associado a tais ondas. Existem
diversas alternativas possíveis para tal fim, sendo que neste tópico será apresentado o
caso particular para levantamentos sísmicos com cabo de fundo oceânico (Ocean
Botton Cable) onde a matriz de tempo de trânsito é obtida através da aplicação de um
critério sobre o campo de ondas durante a fase de propagação.

51
Ressalta-se que outros procedimentos podem ser empregados para a
obtenção das matrizes de tempo de trânsito (YILMAZ, 2001), como por exemplo: a
solução da equação Eikonal, Ray Tracing, etc. No caso do Ray Tracing podem-se
especificar as reflexões em determinadas interfaces, associando, desta forma, o
tempo de trânsito à primeira múltipla ou a outro evento sísmico de interesse ao qual se
deseje obter uma imagem em profundidade.
No caso geral, para todos os tipos de levantamentos sísmicos, pode-se
empregar o método do Ray Tracing e, implementada uma funcionalidade característica
deste método, selecionar o tempo de trânsito associado à onda refletida sobre uma
interface específica. Deste modo, por exemplo, para levantamentos marítimos
(offshore), pode-se obter o tempo de trânsito associado ao raio que partindo da fonte
sísmica é refletido no leito oceânico, retornando à superfície da lâmina d’água, sendo
novamente refletido em direção ao interior do modelo geológico, ou seja, pode-se
obter o tempo de trânsito associado à energia da primeira múltipla.
A seguir será exposto o esquema proposto neste trabalho pelo autor
desta tese para a obtenção das matrizes de tempo de trânsito associadas à primeira
múltipla, para o caso particular de levantamentos sísmicos com cabo de fundo
oceânico (OBC), obtidas através da aplicação de um critério sobre o campo de ondas,
durante a fase de propagação. Tal esquema introduz o conceito de fonte sísmica
virtual, que é relacionada ao tempo de trânsito da primeira múltipla. Destaca-se que
este esquema inovador é viável devido à geometria plana da interface de reflexão
associada à primeira múltipla, ou seja a interface água-ar.
Para levantamentos sísmicos com cabo de fundo oceânico (OBC) pode-
se aplicar o princípio da reciprocidade (GRAFF, 1975), deste modo, para efeito das
simulações numéricas, supõe-se que nas estações de receptores encontram -se as
fontes sísmicas e que nas posições de tiros encontram -se os receptores.
Assim, após a aplicação do princípio da reciprocidade, para registrar os
tempos de trânsito associados às ondas múltiplas provenientes da interface água-ar,
adota-se um esquema semelhante ao apresentado na figura 3.1-2, onde re-posiciona-
se a fonte sísmica, denominando-se a nova posição da fonte sísmica de fonte sísmica
virtual.
Conforme indicado na figura 3.1-2, estende-se a camada de lâmina
d’água, de modo a modelar o problema com a fonte sísmica posicionada de forma a
registrar o tempo de trânsito associado à primeira múltipla (indicado na figura pela
fonte sísmica virtual). Após a propagação e o registro da matriz de tempo de trânsito,
relacionada a este novo modelo de velocidades estendido, cortam-se as amostras da

52
matriz de tempo de trânsito referentes à camada de lâmina d’água que foi estendida,
obtendo-se uma matriz com as mesmas dimensões do modelo de velocidades original.

Fonte Sísmica Virtual

Interface Água-Ar

Fonte Sísmica

Leito Oceânico

Figura 3.1-2 – Esquema para o registro da matriz de tempo de trânsito relacionada à primeira
múltipla.

Após o posicionamento da fonte sísmica virtual e da extensão da


camada de lâmina d’água, utiliza-se um dos dois critérios apresentados anteriormente
para a obtenção das matrizes de tempo de trânsito; são eles: o critério da amplitude
máxima e o critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra. Deste
modo, obtém-se matrizes de tempo de trânsito associadas à energia da primeira
múltipla, através do critério da amplitude máxima ou através do critério da amplitude
máxima nas proximidades da primeira quebra.
Destaca-se que, devido ao fato da onda múltipla ser originária de uma
reflexão sobre uma determinada interface, na reflexão o campo de ondas sofre uma
inversão de polaridade em relação ao campo de ondas que incide sobre esta interface.
Deste modo, deve-se tomar o cuidado de inverter a polaridade das imagens em
profundidade geradas, onde as matrizes de tempo de trânsito estejam associadas à
energia das ondas múltiplas, quando tais imagens forem empilhadas (stacking) com
outras imagens associadas à energia da onda direta para a formação de uma imagem
em profundidade final da seção sísmica considerando os tipos de ondas (direta +
múltipla).

53
3.1.3 - Migração Reversa no Tempo Empregando a
Condição de Imagem com Correlação Cruzada
(Crosscorrelation Imaging Condition)

Neste esquema de Migração Reversa no Tempo, nas etapas de


propagação e depropagação dos campos de ondas, utiliza-se a equação diferencial
completa que rege o fenômeno físico da propagação de ondas, sendo que, a imagem
em profundidade é formada através da correlação cruzada entre o campo de ondas
ascendentes (oriundo da depropagação do campo de ondas registrado no
sismograma, prescrevendo-se os valores registrados nos respectivos receptores) e o
campo de ondas descendentes (oriundo da propagação do campo de ondas a partir da
fonte sísmica).
Conforme exposto no trabalho apresentado por FARIA (1986) pode-se
melhor compreender este esquema de migração, utilizando a correlação cruzada entre
os campos de ondas ascendentes e descendentes, supondo-se um modelo com posto
por um único refletor e a fonte sísmica constituída por um pulso unitário. Neste caso,
as seguintes situações se apresentam:
A(Ω, t S ).D(Ω, t R ) ≠ 0 nos pontos sobre o refletor;
A(Ω, t S ).D(Ω, t R ) = 0 nos demais pontos que não estão sobre o refletor.
onde: A(Ω, t S ) representa o campo de ondas ascendente;

D(Ω, t S ) representa o campo de ondas descendente;


Ω - representa as variáveis espaciais. No caso bidimensional: X e Z;
t S - representa o tempo de trânsito da fonte sísmica até o refletor durante a
propagação do campo de ondas;
tR - representa o tempo de trânsito do receptor até o refletor durante a
depropagação do campo de ondas.
Representa-se na figura 3.1-3 um esquema ilustrativo da metodologia
de imageamento, onde se observam as posições da fonte S e do receptor R, bem
como o refletor e as trajetórias dos raios, partindo da fonte e do receptor interceptando
o ponto P. Ao lado, representam-se os campos de ondas ascendentes (A) e
descendentes (D) registrados no ponto P, também se observam as relações existentes
entre os tempos de trânsito.

54
Campo
Campo dede Ondas
Ondas Ascendente
Descendentes

S R P(A)
P(D) T SP T
PR Δ
0 1 2 3 4 5 6

tempo inicial tempo final

Campo de Ondas Descendente


Ascendentes

P(D)
P(A) T
PR Δ
6 5 4 3 2 1 0

tempo final tempo inicial

P Receptor - R

R T
SR
Δ
T =T +T
SR SP PR
0

tempo inicial
1 2 3 4 5 6

tempo final

Figura 3.1-3 – Esquema ilustrativo do princípio de imageamento.

Neste caso a condição de imagem empregada também se baseia no


princípio de imageamento proposto por CLAERBOUT (1971), o qual indica a
existência de um refletor em determinada posição em profundidade onde haja a
coincidência entre os tempos de trânsito das ondas ascendentes e descendentes,
respectivamente, campo de ondas depropagado, prescrevendo-se o dado sísmico
registrado nos respectivos receptores, e o campo de ondas propagadas a partir da
fonte sísmica.
Extrapolando o conceito apresentado nos parágrafos anteriores, a
imagem em profundidade será o resultado do somatório da multiplicação entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes para todos os intervalos de tempo, e
matematicamente tem-se a seguinte expressão:
t = tT
I (Ω ) = ∑ A(Ω, t )D(Ω, t ) Eq. 3.1-3
t =0

Onde: I (Ω ) é a matriz contendo a imagem em profundidade;


t - representa o tempo de análise;
tT - representa o tempo total de registro do sismograma.
Tal expressão corresponde à correlação cruzada entre os campos de
ondas ascendentes e descendentes, considerando-se o deslocamento nulo entre os
tempos dos campos de ondas (ou seja, zero lag crosscorrelation). No apêndice B
apresentam-se maiores informações a respeito do significado matemático da operação
de correlação de sinais discretos no tempo.

55
3.1.3.1 - Implementação Computacional

Existem algumas alternativas para a implementação computacional


deste esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada
entre os campos de ondas ascendentes e descendentes. Tais alternativas diferem na
maneira e na seqüência em que os campos de ondas são calculados, devido ao fato
de que os campos ascendentes e descendentes são obtidos em direções opostas em
relação ao tempo, respectivamente do tempo t=0 até o tempo t=tT e do tempo t=tT até
o tempo t=0.
Na primeira delas, apresentada por YOUN (1998 e 1999), o campo de
ondas descendentes é calculado para determinados instantes de tempo, que serão
correlacionados com o campo de ondas ascendentes, este campo de onda é
armazenado (utilizando a memória RAM do computador ou uma área em disco). A
correlação cruzada é realizada posteriormente com o campo de ondas ascendentes.
A grande desvantagem desta forma de implementação computacional é a necessidade
de armazenar este imenso volume de dados, no caso de um modelo de velocidades
bidimensionais (2D) com 1000 x 1000 pontos do grid e com 3000 instantes de tempo a
serem correlacionados são necessários, aproximadamente, 11 Gb de espaço, apenas
para o campo de ondas descendentes.
Na segunda alternativa para a implementação computacional do
esquema de migração, apresentada por FARIA (1986), inicialmente, o campo de
ondas descendentes é modelado do instante t=0 até o t=tT; sendo, então, este campo
de ondas depropagado até o instante t=0. Deste modo, contorna-se a necessidade de
armazenamento do campo de ondas para a correlação cruzada. A desvantagem,
neste caso, é o recurso computacional despendido para se obter o campo de ondas
descendentes no tempo t=tT (em dois instantes de tempo consecutivos, no caso de se
utilizar operadores de diferenças finitas de segunda ordem no tempo) para a posterior
depropagação até o tempo t=0.
Com esta segunda alternativa têm-se os dois campos de ondas
descendentes (após a propagação até o tempo t=tT) e ascendentes no mesmo
instante de tempo, desta forma tais campos são depropagados simultaneamente até o
tempo t=0 e a cada instante de tempo os campos de ondas podem ser
correlacionados para se obter a imagem em profundidade.
No caso da frente de onda do campo de ondas descendentes alcançar
as bordas laterais e inferiores do modelo de velocidades, onde se aplicam condições
de contorno não reflexivas e camadas de amortecimento, durante a propagação até o

56
tempo t=tT parte da energia será dissipada. Deste modo, durante sua depropagação o
campo de ondas descendente não retornará exatamente as configurações iniciais e,
por conseqüência, prejudicará em demasia a qualidade da imagem em profundidade
obtida.
O esquema, apresentado por CUNHA (1992), para solucionar a questão
da dissipação de energia no campo de ondas descendentes, ocasionada pelas
condições de contorno não reflexivas e pelas camadas de amortecimento nas bordas
do modelo de velocidades, consiste em se registrar os valores das grandezas
associadas à propagação do campo de ondas (a pressão hidrostática no caso do
emprego de operadores acústicos) ao longo destas bordas do modelo de velocidades
durante a propagação do campo de ondas descendentes até o tempo t=tT e prescrevê-
las durante sua depropagação até o tempo t=0.
Uma outra solução diferente, a esta questão da dissipação de energia
nas bordas do modelo de velocidades, seria empregar o artifício de se aumentar o
modelo de velocidades de tal forma a garantir que a frente de onda do campo de
ondas descendentes não alcançaria as bordas do modelo durante a fase de
propagação, não havendo deste modo dissipação de energia e, por conseqüência, o
campo de ondas retornaria exatamente a sua configuração inicial durante a fase de
depropagação até o tempo t=0. A grande desvantagem seria o enorme aumento do
custo computacional no cálculo do campo de ondas descendentes, durante sua
propagação do tempo t=0 até t=tT e depropagação do tempo t=tT até t=0.
A fim de melhor compreender a influência desta questão da dissipação
da energia da frente de onda ao se alcançar as bordas laterais e inferiores do modelo
de velocidades serão apresentadas na figura 3.1-4 uma série de ilustrações,
representando os snapshots sobrepostos ao modelo de velocidades em determinados
instantes de tempo do campo de ondas descendentes (durante as etapas de
propagação do tempo t=0 até um instante de tempo qualquer t=tF e de depropagação
do tempo t=tF até t=0) considerando-se ou não a aplicação do esquema proposto por
CUNHA (1992). Deste modo, pode-se verificar a eficiência do esquema proposto, que
registra os valores das grandezas associadas à etapa de propagação do campo de
ondas descendentes (deslocamento da partícula, para a equação escalar da onda) ao
longo das bordas do modelo de velocidades e prescrevendo-os durante a etapa de
depropagação do campo de ondas descendentes.

57
t=0.5 s t=0.5 s

t=1.5 s t=1.5 s

t=2.5 s t=2.5 s

t=1.5 s t=1.5 s

t=0.5 s t=0.5 s

Sem considerar a prescrição dos Considerando a prescrição dos


valores registrados durante a fase de valores registrados durante a fase de
propagação propagação
Figuras 3.1-4 - Representação do campo de ondas descendentes durante as fases de
propagação e depropagação, ilustrando a importância do esquema para re-
introduzir a energia dissipada pelas bordas não reflexivas do modelo de
velocidades a fim de se retornar à configuração inicial.

58
Conforme se pode observar na figura 3.1-4, a energia dissipada devido
à aplicação das condições não reflexivas e da camada de amortecimento, aplicadas
ao longo das bordas laterais e inferior do modelo de velocidades para simular meios
infinitos, altera, significativamente, a configuração do campo de ondas descendentes
durante a fase de depropagação. O esquema empregado, registrando os valores das
grandezas associadas ao campo de ondas na fase de propagação para,
posteriormente, prescrevê-las durante a fase de depropagação, mostrou-se
extremamente eficiente.
A não adoção de um esquema para re-introduzir a energia dissipada
pelas bordas não reflexivas do modelo de velocidades, neste exemplo (conforme
exposto na figura 3.1-4), alterou significantemente a configuração do campo de ondas
descendentes. Na figura 3.1-5, apresentam-se as imagens em profundidade, obtidas
através da correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, referentes aos dois esquemas apresentados na figura 3.1-4 para o
campo de ondas descendentes, deste modo, pode-se verificar sua influência na
resposta final deste método de Migração Reversa no Tempo considerando operadores
acústicos .

Sem considerar a prescrição dos Considerando a prescrição dos


valores registrados durante a fase de valores registrados durante a fase de
propagação propagação
Figuras 3.1-5 - Imagens em profundidade obtidas com a aplicação do método de Migração
Reversa no Tempo empregando a condição de imagem com correlação
cruzada, provenientes de um único sismograma, considerando-se os distintos
tratamentos dados a energia dissipada nas bordas do modelo de velocidades.

De acordo com a figura 3.1-5, referente às imagens em profundidades


provenientes de um único sismograma, considerando-se os distintos tratamentos
dados a energia dissipada (vide figura 3.1-4), observa-se que a não utilização do
esquema para re-introduzir a energia dissipada pelas bordas não reflexivas do modelo
de velocidades, proporcionou uma pior qualidade na imagem em profundidade,
principalmente nas regiões próximas a borda esquerda do modelo de velocidades,
pois a frente de ondas ascendentes alcança tal borda no início da fase de propagação

59
do campo de ondas descendentes, tendo-se, então, sua energia dissipada pela
condição de contorno imposta.
Segundo o trabalho apresentado por CUNHA (1992), o procedimento de
prescrição dos valores registrados durante a fase de propagação do campo de ondas
descendentes, também pode ser re-introduzido durante a fase de depropagação do
campo de ondas ascendentes. Tal aplicação certamente é bastante vantajosa para a
obtenção de imagens em profundidade com elevada qualidade, pois neste caso os
campos de ondas ascendentes e descendentes não apresentariam problemas devido
à dissipação de energia, em função do emprego de condições de contorno utilizadas
para simular domínios infinitos.
Para a aplicação em dados sísmicos reais do procedimento de
prescrição dos valores registrados na fase de propagação, durante a depropagação do
campo de ondas ascendentes, deve-se ter em mente que a distribuição da fonte
sísmica utilizada na simulação numérica, na fase de propagação do campo de ondas
descendentes, deve corresponder à distribuição da fonte sísmica real empregada no
levantamento sísmico (principalmente no que diz respeito aos valores de amplitude).
Esta condição garante que, durante a depropagação do campo de ondas ascendentes,
não se estará re-introduzindo valores das grandezas referentes ao campo de ondas
com distribuições e amplitudes incompatíveis com os valores que seriam registrados
no caso real do levantamento sísmico.
Existem diversos fatores que dificultam a tarefa de estimar a distribuição
da fonte sísmica real empregada no levantamento sísmico. Dentre eles, destacam -se
os diversos processamentos aplicados aos sismogramas (como por exemplo: filtros e
“mutes”), além do fato de que, para tal fim, deve-se conhecer os valores das
velocidades de propagação do meio, entre a fonte sísmica e os receptores, para, a
partir dos dados registrados para a onda direta, estimar-se a distribuição da fonte
sísmica real.
Nas aplicações apresentadas nos capítulos posteriores deste trabalho
utilizando este esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de
imagem com correlação cruzada, tanto para dados sísmicos sintéticos ou reais, não se
adotou o esquema de prescrição dos valores registrados na fase de propagação do
campo de ondas descendentes durante a fase de depropagação do campo de ondas
ascendentes. Neste trabalho adotou-se apenas a prescrição dos valores registrados
durante a fase de depropagação do campo de ondas descendentes.
A implementação computacional empregada nos softwares
especialmente desenvolvidos pelo autor desta tese, através deste esquema de
Migração Reversa no Tempo utilizando a correlação cruzada para a obtenção das

60
imagens em profundidade para modelos geológicos bidimensionais (2D), tanto para
operadores acústicos quanto elásticos, empregando os conceitos da computação em
paralelo se divide em três programas que se comunicam entre si através das
bibliotecas do PVM (Paralel Virtual Machine). São eles:
1) Programa master_migcrl – responsável pelo gerenciamento e sincronização
da execução dos programas escravos (slaves) e por realizar a correlação cruzada,
entre os campos de ondas ascendentes e descendentes, para a formação das
imagens em profundidade;
2) Programa slave_des – responsável pelo cálculo do campo de ondas
descendentes, desde sua propagação do tempo t=0 até o tempo t=tT e sua posterior
depropagação do tempo t=tT até t=0. Durante a propagação, do tempo t=0 até t=tT,
são registradas as informações nas bordas laterais e inferiores do modelo de
velocidades, e quando da fase de depropagação, do tempo t=tT até t=0, tais valores
são prescritos. A execução deste programa está subordinada às requisições enviadas
pelo programa master_migcrl;
3) Programa slave_asc – responsável pelo cálculo do campo de ondas
ascendentes, do tempo t=tT até o tempo t=0. Sua execução também está subordinada
às requisições enviadas pelo programa master_migcrl.
Maiores detalhes sobre as funcionalidades e recursos dos programas
desenvolvidos pelo auto deste trabalho para a realização da Migração Reversa no
Tempo empregando a condição de imagem com correlação cruzada para modelos
geológicos bidimensionais (2D), tanto para operadores acústicos quanto para
operadores elásticos, podem ser obtidos no Apêndice D.

3.1.3.2 - Condições de Imagem Empregando a Correlação


Cruzada entre os Campos de Ondas Ascendentes e
Descendentes

Conforme exposto nos tópicos anteriores, neste esquema de Migração


Reversa no Tempo, as imagens em profundidade são obtidas através da correlação
cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes, considerando-se o
deslocamento nulo entre os tempos dos campos de ondas (ou seja, zero lag
crosscorrelation). Maiores informações a respeito do significado matemático da
operação de correlação de sinais discretos no tempo são explicitadas no Apêndice B.
Neste tópico serão apresentadas outras expressões para a correlação
cruzada, a fim de se obter critérios distintos para a formação das imagens em

61
profundidade, algumas delas contendo idéias inovadoras propostas nesta tese. Com o
intuito de ilustrar o comportamento dos diversos critérios selecionados para serem
implementados nos programas de migração desenvolvidos pelo autor deste trabalho,
apresentam-se os traços sísmicos registrados durante as fases de propagação e
depropagação dos campos de ondas ascendentes e descendentes. As aplicações dos
diversos critérios para a correlação cruzada de tais traços sísmicos fornecerão os
valores a serem associados aos diferentes painéis das imagens em profundidade.
Na figura 3.1-6 apresenta-se o modelo de velocidades (não suavizado)
empregado para a propagação e depropagação do campo de ondas, a posição da
fonte sísmica (indicada pelo ponto em vermelho) e as posições dos pontos A, B e C
que terão seus valores de amplitudes registrados para os campos de ondas
ascendentes e descendentes.

Figura 3.1-6 – Representação do modelo de velocidades, posição da fonte sísmica e dos


pontos A, B e C, os que terão seus valores de amplitudes registrados durante
as fases de propagação e depropagação.

A seguir, na figura 3.1-7 apresentam-se as configurações dos traços


sísmicos registrados durante as fases de propagação (representado pela cor azul) e
depropagação (representado pela cor vermelha), para diferentes pontos selecionados
sobre o modelo de velocidades (vide figura 3.1-6, pontos A, B e C). Os tempos de
registro dos traços sísmicos foram de 0.25 até 3.0 segundos.

62
Campo de Ondas
Descendentes
2.75 2.25 1.75 1.25 0.75 0.25
Ponto A

Campo de Ondas
Ascendentes

2.75 2.25 1.75 1.25 0.75 0.25


Campo de Ondas
Descendentes

2.75 2.25 1.75 1.25 0.75 0.25


Ponto B

Campo de Ondas
Ascendentes

2.75 2.25 1.75 1.25 0.75 0.25


Campo de Ondas
Descendentes

2.75 2.25 1.75 1.25 0.75 0.25


Ponto C

Campo de Ondas
Ascendentes

2.75 2.25 1.75 1.25 0.75 0.25

Figura 3.1-7 - Representação da configuração dos traços sísmicos registrados durante as


fases de propagação (campo de ondas descendentes) e depropagação (campo
de ondas ascendentes), para os pontos A, B e C.

Ressalta-se que devido ao fato do campo de ondas ascendentes ser


obtido através da depropagação dos valores registrados no sismograma, adquirido ao
longo da borda superior do modelo de velocidades, a energia que não é registrada nas
demais bordas do modelo, e, por conseqüência, não re-introduzida no sistema, faz
com que a configuração do campo de ondas ascendentes não se assemelhe ao

63
campo de ondas descendentes. Os valores registrados são prescritos durante a
depropagação do campo de ondas, como condição de contorno essencial, no sentido
inverso do tempo em que foram registrados. Neste exemplo, tanto para a propagação
como para a depropagação, utilizou-se a denominada equação acústica da onda.
Observa-se na figura 3.1-7, que as configurações dos traços sísmicos
referentes aos pontos A e B (posicionados sobre interfaces do modelo de velocidades)
apresentam uma certa semelhança entre o campo de ondas ascendentes e
descendentes, principalmente, nas proximidades da primeira quebra (indicada pelo
ponto de amplitude máxima no campo de ondas ascendentes). Tal semelhança é
ainda mais evidente no ponto A, que devido a sua proximidade com a borda superior
do modelo de velocidades (onde os valores foram registrados) o campo de ondas
ascendentes não sofre tanto a influência da ausência da energia que deveria ser re-
introduzia devido às demais bordas do modelo.
A imagem em profundidade, de acordo com texto descrito
anteriormente, será o resultado da correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, considerando-se o deslocamento nulo entre os tempos
dos campos de ondas (isto é, zero lag crosscorrelation). Matematicamente tem-se:
t = tT
I 0 (Ω ) = ∑ A(Ω, t )D(Ω , t ) Eq. 3.1-4
t =0

Onde: I é a matriz contendo a imagem em profundidade;


A(Ω ) - representa o campo de ondas ascendentes;
D(Ω ) - representa o campo de ondas descendentes;
t - representa o tempo de análise;
tT - representa o tempo total de registro do sismograma.
A literatura especializada aponta que a correlação cruzada padrão, I0
(equação 3.1-4), mostra-se muito mais robusta e menos sucessível a presença de
ruídos nos campos de ondas ascendentes e descendentes (JACOBS, 1982 e
VALENCIANO, 2002).
Analisando-se a figura 3.1-7, referente aos traços sísmicos para os
campos de ondas ascendentes e descendentes para determinados pontos
selecionados sobre o modelo de velocidades, observa-se que os sinais nas
proximidades da onda direta encontram-se em fase, ou seja, o produto entre os
campos de ondas nestes instantes de tempo fornece um valor positivo. Deve-se
observar que quando os sinais não se encontram em fase, ou seja quando o produto
entre os campos de ondas para um determinado instante de tempo fornecer um valor

64
negativo, tal parcela não contribui construtivamente no valor da expressão da
correlação cruzada.
Por analogia ao raciocínio apresentado no parágrafo anterior, propõem-
se - de forma inovadora nesta tese - dois novos critérios para a formação de imagens
em profundidade levando-se em conta a fase dos campos de ondas ascendentes e
descendentes. Destaca-se que as expressões propostas pelo autor, referem-se à
possibilidade dos sinais estarem ou não em fase. Assim, m atematicamente tem-se:
t =tT
⎧ A(Ω , t )D(Ω, t ) if A(Ω , t )D(Ω, t ) > 0
I 1 (Ω ) = ∑ ⎨ Eq. 3.1-5
t= 0 ⎩ 0 if A(Ω, t )D(Ω , t ) ≤ 0
t = tT
⎧ 0 if A(Ω , t )D(Ω , t ) ≥ 0
I 2 (Ω ) = ∑ ⎨ Eq. 3.1-6
t =0 ⎩ A(Ω, t )D (Ω, t ) if A(Ω , t )D (Ω , t ) < 0

De posse destes painéis de imagens em profundidade, os resultados


deverão ser analisados para, a princípio, descartar a imagem em profundidade na qual
a expressão avaliada não contribui construtivamente para a formação de uma imagem
contendo o correto posicionamento dos refletores em profundidade.
Um outro tipo de condição de imagem, a ser empregado neste esquema
de Migração Reversa no Tempo, é obtido através da expressão matemática da
correlação cruzada que pode ser normalizada (PROAKIS, 1996) para que as
amplitudes estejam no intervalo entre -1 e +1, dando origem a seguinte expressão
matemática:
t =t T

∑ A(Ω, t )D(Ω, t ) Eq. 3.1-7


I 3 (Ω ) = t =0

E A (Ω )ED (Ω )

Onde: E A (Ω ) e E D (Ω ) indicam, respectivamente, a autocorrelação dos campos de


ondas ascendentes e descendentes, considerando o deslocamento nulo (zero lag),
dado de acordo com a seguinte expressão:
t =t T
EC (Ω ) = ∑ C(Ω, t )C (Ω, t ) Eq. 3.1-8
t= 0

sendo que C (Ω ) representa o campo de ondas ascendentes ou descendentes,


conforme o caso.
No trabalho apresentado por JACOBS (1982), utilizando uma
formulação similar à apresentada, só que no domínio da freqüência, são propostas
outras duas expressões alternativas, como sendo uma forma de contornar alguns
problemas no comportamento da expressão de correlação cruzada padrão, quando a
amplitude do campo de ondas descendentes tende a zero, pois na formulação no

65
domínio da freqüência os valores de amplitude do campo de ondas descendentes
encontram-se dividindo os valores de amplitude do campo de ondas ascendentes.
Em VALENCIANO (2002) é apresentada uma expressão similar a
propostas por JACOBS (1982), formulada no domínio do tempo, e uma nova
expressão denominada condição de imagem amortecida (damped imaging condition),
onde se adiciona um fator proporcional à amplitude do campo de ondas descendente
de forma a se evitar a divisão por um valor nulo. Respectivamente, as expressões I 4

e I 5 , apresentadas a seguir:
t = tT
A(Ω , t )D(Ω, t )
I 4 (Ω ) = ∑ Eq. 3.1-9
D(Ω, t ) + ε 2
2
t =0

t =t T
A(Ω, t )D(Ω, t )
I 5 (Ω ) = ∑ Eq. 3.1-10
D(Ω, t ) + wε 2
2
t =0

onde: w é uma função inversamente proporcional a amplitude do campo de ondas


descendentes ( w ∝ 1 D(Ω , t ) 2 ), de tal forma que, quando o campo de ondas
descendentes possui energia para contribuir para o imageamento sísmico, o fator de
amortecimento ( w ε 2 ) tende a zero, caso contrário o fator de amortecimento evita a
divisão por um valor nulo. Destaca-se que: w é função do tempo de análise e da
posição do ponto em questão.
Similarmente, às expressões apresentadas em VALENCIANO (2002),
desenvolveu-se nesta tese um novo critério para a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, no qual somente a amplitude do
campo de ondas ascendentes contribuís se para a resposta. Nesta expressão, o papel
do campo de ondas descendente é apenas indicar a relação entre as fases dos
campos de ondas ascendentes e descendentes. Incluiu-se, também, um termo para
prevenir o caso da divisão por um valor nulo, sendo tal critério proposto, expresso
matematicamente, de acordo com a seguinte equação:
t =t T
A(Ω, t )D (Ω, t )
I 6 (Ω ) = ∑ Eq. 3.1-11
D (Ω, t ) + ε 2
2
t =0

Esta expressão, proposta originalmente nesta tese, pode ainda ser


avaliada levando-se em conta a fase entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, seguindo um raciocínio semelhante ao apresentado anteriormente,
dando origem a dois novos critérios inovadores de condição de imagem,
representados matematicamente por:

66
⎧ A(Ω, t )D(Ω, t )
⎪ Eq. 3.1-12
t = tT ⎪ D (Ω , t ) + ε
2 2 if A(Ω, t )D(Ω, t ) > 0

I 7 (Ω ) = ∑ ⎨
t =0 ⎪
0 if A(Ω, t )D(Ω, t ) ≤ 0

⎪⎩


⎪ 0 if A(Ω, t )D (Ω, t ) ≥ 0
Eq. 3.1-13
t =t T ⎪

I 8 (Ω ) = ∑ ⎨
t = 0 ⎪ A(Ω , t )D (Ω , t )
if A(Ω, t )D (Ω, t ) < 0

⎩⎪ D (Ω, t ) + ε
2 2

Dando continuidade ao objetivo proposto neste tópico, as expressões


apresentadas para a formação das imagens em profundidade são avaliadas utilizando-
se os traços sísmicos referentes aos pontos A, B e C (dispostos de acordo com a
figura 3.1-6 sobre o modelo de velocidades), vide figura 3.1-7.
Na figura 3.1-8 apresentam-se os resultados obtidos, normalizados,
utilizando-se o maior valor em módulo do resultado calculado para os três pontos,
referente a cada uma das expressões representas pelas condições de imagem
empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, considerando a utilização de operadores acústicos.

Img 0 Img 1 Img 2 Img 3 Img 4 Img 5 Img 6 Img 7 Img 8


1.0000

0.7500

0.5000

0.2500

0.0000

-0.2500

-0.5000

-0.7500

-1.0000

PONTO A PONTO B PONTO C


Figura 3.1-8 - Resultados normalizados para a aplicação de cada uma das expressões
propostas como condição de imagem empregando a correlação cruzada entre
os campos de ondas ascendentes e descendentes, considerando a utilização
de operadores acústicos (Equação Escalar da Onda).

Os gráficos que representam os valores obtidos com a aplicação das


expressões desenvolvidas para a condição de imagem, como o apresentado na figura
3.1-8, devem ser interpretados através da análise do contraste nos valores das

67
amplitudes existentes entre os pontos que estão ou não sobre os refletores do modelo
de velocidades.
De acordo com a figura 3.1-8, lembrando-se que somente os pontos A e
B estão sobre um refletor no modelo de velocidades (vide figura 3.1-6), pode-se tecer
os seguintes comentários:
1) Os melhores resultados, levando-se em conta o contraste das amplitudes,
foram obtidos pelas expressões: I0 , I1 , I3 , I6 , I7 . Destacando-se o excelente resultado
alcançado pela expressão I6 (contribuição original desta tese), pois, neste caso, o valor
de amplitude para o ponto C está próximo de zero e apresentando uma diferença de
sinal em relação aos pontos A e B que alcançaram valores acima de 0.75;
2) O resultado da expressão I2 , referente ao critério proposto pelo autor desta
tese que leva em consideração o caso em que os campos de ondas ascendentes e
descendentes não estejam em fase, no ponto C apresentou um valor elevado de
amplitude e para os pontos A e B (que estão sobre refletores) valores inferiores.
Destaca-se que analisando o contraste entre os valores dos pontos A, B e C, é
possível diferenciar os pontos que estão ou não sobre os refletores do modelo de
velocidades; e,
3) Com o resultado apresentado pela expressão I8 , para este conjunto de
pontos A, B e C, não mostrou uma diferenciação nos valores de amplitude capaz de
dar indícios de suas posições sobre o modelo de velocidades.
Dando prosseguimento à análise dos traços sísmicos apresentados na
figura 3.1-7, referente aos pontos A, B e C, vislumbra-se uma alternativa para melhor
correlacionar as informações referentes aos campos de ondas ascendentes e
descendentes. Esta alternativa leva em conta um intervalo de tempo centrado em
relação ao ponto de amplitude máxima do campo de ondas descendentes. Adotando-
se esta filosofia, restringem-se os intervalos de aplicação dos critérios de condição de
imagem, apresentados anteriormente, para regiões próximas a um instante de tempo
de referência para cada um dos pontos do grid que compõe a discretização do
problema.
Pode-se empregar a matriz de tempo de trânsito, obtida através da
aplicação de algum dos critérios apresentados anteriormente, como por exemplo o
critério da amplitude máxima (vide itens 3.1.2.1.1 a 3.1.2.1.3), a fim de se obter os
intervalos de tempo para cada um dos pontos do grid nos quais as expressões de
condição de imagem empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes serão avaliadas.
A priori, sabe-se todas as informações referentes à fonte sísmica
sintética, tal como a freqüência de corte, pois tais informações são necessárias para a

68
obtenção do campo de ondas descendentes. O período da fonte sísmica pode ser
utilizado como uma alternativa para melhor definir os intervalos ao redor do instante de
tempo de referência aos quais serão aplicadas as expressões de condição de imagem
empregando a correlação cruzada.
Os traços sísmicos referentes aos pontos A, B e C serão utilizados para
melhor ilustrar o esquema proposto nos parágrafos anteriores para a formação de
imagens em profundidade. Na tabela 3.1-1 têm-se os resultados da aplicação do
critério da amplitude máxima em tais traços e os intervalos de tempo iniciais e finais
que serão empregados nas expressões de correlação entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, considerando-se um intervalo de tempo de 0.3
segundos.

Tabela 3.1-1 - Resultados da aplicação do critério da amplitude máxima para a formação da


matriz de tempo de trânsito e os intervalos de tempo iniciais e finais.
Critério da Tempo Inicial Tempo Final
Amplitude Máxima Correlação Correlação
Ponto A 0.81 0.66 0.96

Ponto B 1.07 0.92 1.22

Ponto C 1.11 0.96 1.26

Na figura 3.1-9 observam-se as configurações dos traços sísmicos


referentes aos pontos A, B e C, após a aplicação dos intervalos de tempo iniciais e
finais para as expressões de correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, vide tabela 3.1-1. Observa-se que os traços sísmicos
referentes aos pontos A e B, neste pequeno intervalo, apresentam uma enorme
semelhança entre os campos de ondas ascendentes e descendentes, em relação a
todo o intervalo anteriormente apresentado na figura 3.1-7.
Com a aplicação deste esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a condição de imagem com correlação cruzada em torno de uma matriz
de tempo de trânsito, espera-se obter imagens em profundidade com elevada
qualidade, pois as expressões de correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes serão aplicadas em determinados intervalos de tempo
nos quais o campo de ondas ascendentes apresentarem uma maior sim ilaridade com
o campo de ondas descendentes para os pontos que se encontram sobre os
refletores.

69
Campo de Ondas
Descendentes
0.96 0.91 0.86 0.81 0.76 0.71 0.66
Ponto A

Campo de Ondas
Ascendentes

0.96 0.91 0.86 0.81 0.76 0.71 0.66


Campo de Ondas
Descendentes

1.22 1.17 1.12 1.07 1.02 0.97 0.92


Ponto B

Campo de Ondas
Ascendentes

1.22 1.17 1.12 1.07 1.02 0.97 0.92


Campo de Ondas
Descendentes

1.25 1.20 1.15 1.10 1.05 1.00 0.95


Ponto C

Campo de Ondas
Ascendentes

1.25 1.20 1.15 1.10 1.05 1.00 0.95

Figura 3.1-9 - Representação da configuração dos traços sísmicos registrados durante as


fases de propagação (campo de ondas descendentes) e depropagação (campo
de ondas ascendentes), considerando-se os intervalos de tempo iniciais e
finais apresentados na tabela 3.1-1, para os pontos A, B e C.

Destaca-se que este esquema de migração, teoricamente, não é tão


vulnerável à influência da definição precisa do tempo de trânsito associado a um
determinado evento sísmico, quanto no caso do esquema de Migração Reversa no

70
Tempo empregando a condição de imagem de tempo de excitação. Isto porque neste
esquema considera-se a correlação cruzada dos campos de ondas ascendentes e
descendentes em um intervalo em torno da matriz de tempo de trânsito, adotada como
referência para a formação da imagem em profundidade e não o valor do campo de
ondas ascendentes correspondente ao tempo de trânsito, ou seja, emprega-se uma
espécie de média ponderada ao invés de um único valor.
Na figura 3.1-10 apresentam-se os resultados obtidos referentes aos
pontos A, B e C, normalizados, utilizando-se o maior valor em módulo do resultado
calculado para os três pontos, advindos da aplicação de cada uma das expressões
propostas anteriormente, como condição de imagem empregando a correlação
cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes, levando-se em
conta os intervalos de tempo iniciais e finais para a correlação cruzada dos dados, de
acordo com a tabela 3.1-1.

Img 0 Img 1 Img 2 Img 3 Img 4 Img 5 Img 6 Img 7 Img 8


1.0000

0.7500

0.5000

0.2500

0.0000

-0.2500

-0.5000

-0.7500

-1.0000

PONTO A PONTO B PONTO C

Figura 3.1-10 - Resultados normalizados para a aplicação de cada uma das expressões
propostas como condição de imagem empregando a correlação cruzada entre
os campos de ondas ascendentes e descendentes, considerando a utilização
de operadores acústicos (Equação Escalar da Onda), levando-se em conta os
intervalos de tempo expressos na tabela 3.1-1.

Analisando-se os resultados apresentados na figura 3.1-10,


considerando o contraste das amplitudes dos pontos A, B e C, observa-se que todos
os critérios propostos, alguns deles constituindo contribuições originais do autor desta
tese, apresentam um elevado contraste dos pontos A e B (localizados sobre interfaces
no modelo de velocidades), em relação ao ponto C (que não se encontra sobre uma
interface). Caso esta característica se repita para os demais pontos do grid do modelo
de velocidades, serão obtidas imagens em profundidade com uma elevada qualidade.

71
Teoricamente, há um outro recurso capaz de melhorar ainda mais a
qualidade das imagens em profundidade obtidas com este esquema de Migração
Reversa no Tempo, empregando como condição de imagem a correlação cruzada
entre os campos de ondas ascendentes e descendentes. Tal recurso, proposta
inovadora desta tese, baseia-se em esquemas que determinam a direção de
propagação do campo de ondas (vide Apêndices C), pois com isto consegue-se
separar as frentes de ondas cuja direção de propagação realmente é capaz de
contribuir para o imageamento sísmico.
O recurso, sugerido pelo autor desta tese, da separação da direção de
propagação será aplicado apenas ao campo de ondas descendentes, pois a
configuração deste campo de ondas, oriundo da propagação a partir da fonte sísmica,
não é suscetível a interferências provenientes da aplicação de esquemas de
interpolação, filtros e demais processamentos que são usualmente aplicados aos
dados sísmicos registrados nos sismogramas . Devido a estes processamentos que
são aplicados aos sismogramas o campo de ondas ascendentes é mais sujeito a uma
série de fatores que podem distorcer sua configuração durante a depropagação, isto
sem levar em conta as incoerências inerentes aos erros existentes no modelo de
velocidades utilizado.
Obviamente, que no caso da aplicação dos esquemas de migração
sísmica em dados sísmicos reais, ou seja, os sismogramas são registrados in situ e
não através de simulações numéricas, como no caso de dados sísmicos sintéticos,
não se tem o conhecimento de todas as informações necessárias para a construção
de um modelo de velocidades que contemple toda a complexidade presente no
modelo geológico real.
O campo de ondas descendentes, por outro lado, possui todos os
parâmetros necessários para que sua configuração seja perfeitamente controlável,
pois é obtido unicamente através da aplicação do método numérico de solução da
equação diferencial (utilizada na simulação dos problemas de propagação de ondas) e
é calculado considerando o modelo de velocidades proposto.
Então, a fim de melhorar ainda mais a qualidade das imagens em
profundidade obtidas, pode-se aplicar os esquemas que computam a direção de
propagação do campo de ondas sobre o campo de ondas descendentes, antes da
aplicação dos critérios apresentados para a obtenção das imagens em profundidades,
através da correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes. Tal procedimento constitui uma das contribuições inovadoras desta
tese.

72
A aplicação do recurso da separação da direção de propagação do
campo de ondas descendentes pode também ser utilizado em conjunto com o
procedimento que correlaciona os campos de ondas ascendentes e descendentes,
levando-se em conta os intervalos iniciais e finais oriundos da matriz de tempo de
trânsito.
Tem-se na figura 3.1-11 um organograma contendo as quatro
alternativas possíveis de serem executadas com todos os recursos e procedimentos
apresentados ao longo deste tópico, algumas delas contendo inovações proposta pelo
autor nesta tese. O objetivo de tal figura é consolidar as diferentes possibilidades de
execução dos esquemas de Migração Reversa no Tempo, empregando a correlação
cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes como condição de
imagem.

Migração Reversa no Tempo


Empregando a Condição de Imagem
com Correlação Cruzada
(Crosscorrelation Imaging Condition)

Aplicação dos Distintos critérios


de Condições de Imagem
empregando a correlação cruzada

Uso da Matriz de tempo de Trânsito Aplicação dos Distintos critérios


na definição dos intervalos de tempo de Condições de Imagem
empregados na correlação cruzada empregando a Correlação Cruzada

Aplicação dos Distintos critérios


Obtenção da direção de propagação
de Condições de Imagem
do campo de ondas descendentes
empregando a Correlação Cruzada

Uso da Matriz de tempo de Trânsito Aplicação dos Distintos critérios


Obtenção da direção de propagação
na definição dos intervalos de tempo de Condições de Imagem
do campo de ondas descendentes
empregados na correlação cruzada empregando a Correlação Cruzada

Figura 3.1-11 - Organograma explicitando as alternativas de execução dos esquemas de


Migração Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, utilizando-se os esquemas e
procedimentos desenvolvidos ao longo deste tópico.

73
3.2 – Migração Reversa no Tempo Utilizando Operadores
Acústicos

Neste item serão abordadas as especificidades relativas à aplicação


dos esquemas de Migração Reversa no Tempo, apresentados nos tópicos anteriores,
adotando-se a Equação Escalar da Onda como sendo o modelo matemático que rege
o fenômeno da propagação de ondas sísmicas .
Na formulação empregada com a adoção de operadores acústicos,
após a discretização através do Método das Diferenças Finitas, a grandeza
característica envolvida na propagação do campo de ondas é a pressão hidrostática
(vide Capítulo 2.2). Deste modo, nos diversos esquemas de Migração Reversa no
Tempo, apresentados anteriormente, nos quais utiliza-se a Equação Escalar da Onda,
as imagens em profundidade determinadas estarão relacionadas à variável básica da
formulação matemática adotada, neste caso, à pressão hidrostática.
Resumidamente - segundo o parágrafo anterior - estipula-se na
implementação dos diversos esquemas propostos de Migração Reversa no Tempo
(vide seção 3.1), utilizando diferentes tipos de condições de imagem, que a grandeza
a ser avaliada, ou correlacionada, é a pressão hidrostática.
Ilustram-se, de acordo com os principais objetivos pretendidos com a
aplicação da Migração Sísmica, na figura 3.2-1 os possíveis tipos de dados sísmicos
nos quais a metodologia de Migração Reversa no Tempo empregando operadores
acústicos deve preferencialmente ser aplicada. Inicialmente, tais dados sísmicos
podem ser classificados em dados sísmicos reais e sintéticos.

Migração Reversa no Tempo


com Operadores Acústicos

Dados Sísmicos Reais Dados Sísmicos Sintéticos

Modelagem Acústica

Modelagem Elástica

Modelagem empregando outros


modelos matemáticos

Figura 3.2-1 - Representação dos diferentes tipos de dados sísmicos nos quais a
metodologia de Migração Reversa no Tempo empregando operadores
acústicos deve, preferencialmente, ser aplicada.

74
Destaca-se que, no caso do emprego de dados sísmicos sintéticos,
deve-se priorizar a aplicação dos esquemas de Migração Reversa no Tempo
utilizando-se modelos matemáticos com um grau menor, ou no máximo idêntico, de
simplificações na simulação do fenômeno da propagação de ondas do que aquele
empregado durante a modelagem sísmica que originou tais dados sísmicos sintéticos.
Quando se emprega o esquema de Migração Reversa no Tempo,
associado a um determinado tipo de onda sísmica, como no caso da adoção de
operadores acústicos onde o modelo de velocidades está associado somente às
ondas compressionais (P-waves), os demais tipos de ondas sísmicas presentes nos
dados sísmicos de entrada serão tratados como ruídos.
Tal peculiaridade, expressa no parágrafo anterior, torna-se evidente no
caso da aplicação dos esquemas de Migração Reversa no Tempo utilizando
operadores acústicos em dados sísmicos reais, ou em dados sintéticos oriundos da
modelagem sísmica empregando modelos matemáticos onde são previstos outros
tipos de ondas sísmicas, bem como a interação entre elas (como o modelo
matemático resultante da Equação Elástica da Onda), pois as ondas que não são
contempladas pelo modelo matemático empregado na migração são tratadas como
ruídos.
Destaca-se que, mesmo no caso da aquisição convencional em
modelos marítimos utilizando-se hidrofones para registrar a pressão acústica, tem-se a
presença de sinais provenientes das conversões entre os diferentes tipos de ondas
(como as compressionais e cisalhantes, respectivamente P-waves e S-waves)
registradas nos sismogramas, pois quando da passagem da frente de onda pelo leito
oceânico há a conversão para o modo de onda compressional (P-wave) que é
registrado pelos dispositivos de registro (hidrofones).
Uma das maneiras de se utilizar tais ondas que são tratadas como
ruídos pelos esquemas de Migração Reversa no Tempo empregando operadores
acústicos é a adoção de modelos matemáticos capazes de contemplá-las, como no
caso abordado no tópico seguinte, seção 3.3, que emprega operadores elásticos junto
aos esquemas desenvolvidos de Migração Reversa no Tempo.

75
3.3 – Migração Reversa no Tempo Utilizando Operadores
Elásticos

Nesta seção, apresenta-se a particularização das metodologias


expostas para a Migração Reversa no Tempo, vide seção 3.1, para o caso do
emprego de operadores elásticos, isto é, onde o modelo matemático adotado durante
a fase de depropagação do campo de ondas é regido pela denominada Equação
Elástica da Onda (equação 2.3-1). Tal equação contempla a existência e a interação
de diferentes modos de ondas, que podem ser interpretadas como sendo a
composição de dois tipos básicos de ondas (GRAFF, 1975), ondas compressionais e
cisalhantes (respectivamente, P-waves e S-waves).
Inicialmente, antes de apresentar as particularizações da metodologia
exposta na seção 3.1, serão expostas nos parágrafos a seguir algumas características
referentes ao uso dos esquemas de Migração Reversa no Tempo empregando
operadores elásticos e a utilização de dados sísmicos provenientes de levantamentos
sísmicos multicomponentes (onde – genericamente - as grandezas são registradas de
forma vetorial, tendo-se um registro associado a cada uma das direções
coordenadas).
Considerando que o modelo matemático - neste caso - regido pela
Equação Elástica da Onda, melhor representa o fenômeno da propagação de ondas
sísmicas, advoga-se nesta tese que, com o emprego de condições de imagens
adequadas, é possível a obtenção de imagens em profundidade de estruturas
complexas, com uma resolução superior às imagens que seriam obtidas caso fosse
considerado a utilização de um modelo matemático que contemple apenas a presença
de ondas compressionais (P-waves) (Equação Escalar da Onda).
Teoricamente, esperam-se melhores resoluções nas imagens em
profundidade, determinadas através do esquema de Migração Reversa no Tempo,
relacionadas ao modo de propagação das ondas cisalhantes (S-waves), pois,
considerando-se uma determinada freqüência de excitação, sabe-se que os
comprimentos de onda associados a tais modos de onda são bem menores que os
comprimentos de onda associados aos modos de onda compressionais (P-waves).
A priori sabe-se que, quanto menor o comprimento de onda analisado,
maior será a resolução sísmica alcançada e maior será o número de detalhes que
poderão ser vislumbrados em uma imagem em profundidade.

76
Comumente na prática, observa-se que há uma degradação maior na
resolução das imagens relacionadas aos modos de ondas convertidas, do que as
imagens relacionadas a eventos associados unicamente ao modo de ondas
compressionais (MJELDE et al., 2002). Existem alguns fatores que contribuem para
este fato, tais como: i) Diferenças na forma de absorção de energia (amortecimento)
associada ao modo de ondas cisalhantes em relação ao modo de ondas
compressionais; ii) Tendência de maior complexidade do campo de ondas relacionado
às ondas convertidas (o que – de maneira geral - dificulta o imageamento); iii) As
amplitudes de tais ondas convertidas podem ter a mesma ordem de grandeza do ruído
associado ao levantamento sísmico, deste modo, tem-se elevadas relações sinal/ruído
quando comparado ao modo de onda compressional.
Existem determinadas situações geológicas nas quais tem-se a
presença de camadas contendo um alto contraste de impedância acústica, com isto
grande parte da energia é refletida nesta interface, além de favorecer a conversão
entre os diferentes modos de ondas. Podem ainda haver situações nas quais o
coeficiente de reflexão para a passagem das ondas cisalhantes (S-waves) seja menor
que o coeficiente de reflexão para as ondas compressionais (P-waves), desta forma o
modo de onda cisalhante poderá proporcionar um melhor imageamento de tais
estruturas.
As estruturas geológicas formadas ao redor de um domo salino pode
ser um exemplo onde se encontre situação descrita no parágrafo anterior, na qual o
modo de ondas cisalhantes (S-waves) pode contribuir significativamente para a
melhoria na qualidade do imageamento de estruturas que estejam abaixo de uma
interface contendo um alto coeficiente de reflexão. Em modelos geológicos contendo
domos salinos, um grande desafio para a indústria petrolífera é a obtenção da imagem
dos refletores que se encontrem abaixo de sua base.
Outra vantagem – ressaltada na literatura especializada – com relação
ao emprego de ondas convertidas associadas ao modo de onda cisalhante (S-wave), é
com relação à caracterização de reservatórios de fluídos e/ou de gases, pois - quando
da passagem da frente de ondas por tais regiões - observam-se anomalias de
amplitudes associadas às conversões entre os diferentes modos de ondas (MJELDE
et al., 2002; YILMAZ, 2001 e BEVC et al., 2000).
Na conversão dos diferentes tipos de ondas, por exemplo: ondas
compressionais (P-wave) em cisalhantes (S-wave), devido à passagem da frente de
onda sobre uma interface entre dois meios contendo propriedades físicas diferentes, o
ângulo de reflexão da onda convertida refratada pode ser menor que o ângulo de
reflexão da onda não convertida. Este fato pode proporcionar que a energia da onda

77
convertida possa ser captada pelas estações de receptores, podendo, então, contribuir
para melhorar o imageamento deste refletor. A figura 3.3-1 ilustra esta idéia.

Onda P Onda S
Incidente Convertida

Onda P
Refletida

Figura 3.3-1 – Representação da alteração do ângulo de reflexão da onda convertida em uma


determinada interface, considerando-se a propagação de ondas em um meio
elástico.

Em determinados esquemas de Migração Sísmica, a presença de


ondas convertidas nos dados sísmicos pode ocasionar o aparecimento de refletores
erroneamente imageados. Existem esquemas que se propõem a identificar e remover
tais ondas convertidas, a fim de evitar a formação destes refletores erroneamente
imageados, que prejudicam a interpretação dos resultados e podem levar a
conclusões equivocadas (LU, et al. 2000).
Existem diferentes possibilidades a serem seguidas em se tratando do
processo de Migração Sísmica de dados multicomponentes, dentre elas há algumas
que podem ser realizadas aplicando-se os esquemas de Migração Reversa no Tempo
abordados ao longo desta tese. A seguir, apresenta-se – de forma sucinta – duas das
principais estratégias que podem ser utilizadas:
o A primeira consiste em empregar esquemas que tratam os dados sísmicos de
uma forma vetorial. Nestes esquemas adotam-se modelos matemáticos
capazes de representar a propagação do campo de ondas elásticas,
contemplando a interação e conversão entre os diversos tipos de ondas;
o A segunda possibilidade é a aplicação de um procedimento que propicie a
separação do campo de ondas elásticas em grandezas escalares e, para tais
grandezas, o fenômeno da propagação de ondas é então regido pela Equação
Escalar da Onda. Uma vez que os dados sísmicos passam a ser regidos por
tal equação, pode-se aplicar os esquemas tradicionais de migração sísmica
para cada uma destas grandezas escalares independentemente.
Nesta segunda possibilidade, na separação do campo de ondas
elásticas – conforme será elucidado no item a seguir (item 3.3.1) – empregam-se os
operadores matemáticos divergente e rotacional sobre o campo de ondas. Para tanto,

78
conforme proposto por SUN et al. (2001), depropaga-se o campo de ondas utilizando
operadores elásticos e, somente a uma dada profundidade de referência (datum), é
que são aplicados tais operadores de forma a efetuar a separação do campo de
ondas.
Segundo SUN et al. (1999 e 2001b), após esta separação do campo de
ondas elásticas existem duas alternativas: na primeira delas aplicam-se os esquemas
de Migração Sísmica referenciando-se a nova profundidade de referência (datum) e,
na segunda alternativa, faz-se uma propagação do campo de ondas escalares até a
posição de registro dos dados sísmicos, aplicando-se em seguida os procedimentos
de migração. No anexo I.4 deste trabalho, apresenta-se uma aplicação na qual os
resultados são obtidos seguindo-se a primeira das opções proposta neste parágrafo.
Para a simulação numérica dos problemas envolvendo a propagação de
ondas elásticas, conforme exposto no capítulo 2 (enfocando a Modelagem Sísmica),
existem diversas alternativas nas quais emprega-se o Método das Diferenças Finitas
(FARIA, 1993; KELLY, et al., 1990; dentre outros). Neste trabalho, adota-se o
esquema proposto por VIRIEUX (1984 e 1986) e, posteriormente, modificado por
LEVANDER (1988). Tal esquema possui uma importante característica que é a
capacidade de simular a presença de um meio contendo a velocidade de propagação
para a onda cisalhante (S-wave) como tendo um valor nulo (ou seja, VS=0). Deste
modo, modelando o acoplamento entre meios de propagação acústicos (VS=0) e
elásticos (VS≠0).
Assim, com o emprego desta metodologia torna-se possível o
desenvolvimento de esquemas de Migração Elástica Reversa no Tempo empregando
operadores elásticos que se apliquem a modelos geológicos marítimos (offshore). Em
tais esquemas, também é factível sua aplicação a dados sísmicos oriundos de
modelos marítimos (offshore), obtendo-se de imagens em profundidade provenientes
da propagação dos diferentes tipos de ondas elásticas e de suas conversões, nos
quais os dados sísmicos foram adquiridos através de levantamentos convencionais
(registrando-se apenas a pressão acústica com o auxílio de hidrofones).
Devido à generalidade da metodologia proposta, diversos tipos
diferentes de aquisição de dados sísmicos poderão ser tratados, de tal forma que se
obtenha imagens em profundidade. Dentre os principais tipos de aquisição nos quais
a metodologia poderá ser empregada diretamente, destacam-se: levantamentos
sísmicos marítimos convencionais; levantamentos sísmicos com cabo de fundo
oceânico (Ocean Botton Cable); levantamentos sísmicos multicomponentes em
modelos geológicos terrestres (onshore) ou marítimos (offshore), dentre outros.

79
Destaca-se que existe um grande leque de possibilidades para o
tratamento de dados sísmicos elásticos , quando se objetiva a determinação de
imagens em profundidade. Tais opções podem envolver diferentes tipos de esquemas
de Migração Sísmica, utilizando operadores acústicos e/ou elásticos, conforme pode
ser comprovado pela extensa lista de tipos, especificada na literatura especializada.
Neste trabalho, abordam-se apenas alguns esquemas de Migração Reversa no Tempo
utilizando dois tipos distintos de condição de imagem , envolvendo o tempo de
excitação (item 3.1.2) e a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes
e descendentes (item 3.1.3).
A seguir, apresentam-se alguns tópicos que abordam determinadas
particularizações propostas para a metodologia exposta na seção 3.1, referente aos
esquemas de Migração Reversa no Tempo, para o caso da adoção do modelo
matemático expresso pela Equação Elástica da Onda e da utilização do esquema de
discretização – através do Método das Diferenças Finitas – baseado no trabalho
proposto por VIRIEUX (1984 e 1986) (vide capítulo 2).
Além destes tópicos, destaca-se que o esquema de Migração Reversa
no Tempo que emprega a condição de imagem com correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes (vide item 3.1.3), pode-se empregar
um recurso adicional, uma das contribuições originais desta tese, que se baseia em
procedimentos que determinam a direção de propagação do campo de ondas. A
metodologia utilizada para tal fim, para o caso dos campos de ondas serem regidos
pela Equação Elástica da Onda (operadores elásticos), é apresentada no Apêndice C.

3.3.1 – Grandezas Elásticas Associadas às Imagens em


Profundidade

Neste tópico, considerando a metodologia utilizada ao longo deste


trabalho na solução numérica dos problemas relacionados à propagação de ondas
elásticas (Equação Elástica da Onda), na qual emprega-se o esquema de
discretização proposto por VIRIEUX (1984 e 1986) (vide capítulo 2), serão
apresentadas as grandezas elásticas que estarão associadas às imagens em
profundidade obtidas a partir da aplicação dos diferentes esquemas de Migração
Reversa no Tempo (vide seção 3.1).

80
Conforme exposto anteriormente no capítulo 2, a Equação Elástica da
Onda, que rege os fenômenos da propagação da onda em meios elásticos, de acordo
com a metodologia empregada neste trabalho, recai em um sistema de equações
expresso em termos das velocidades das partículas e das componentes do tensor de
tensões (vide equação 2.3-4). Considerando o sistema de equação resultante,
propõe-se que as imagens em profundidade, determinadas a partir da aplicação dos
esquemas de Migração Reversa no Tempo em modelos bidimensionais (2-D), poderão
estar relacionadas às seguintes grandezas elásticas :
o Velocidade das partículas ao longo das direções coordenadas X e Y,
respectivamente Vx e Vy ;
o Componentes do tensor de tensões, para o caso bidimensional (2D), tem-se:
τ xx , τ xy e τ yy ;
o Campos de ondas compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves),
determinados – respectivamente – a partir da separação do campo de ondas
elásticas com a aplicação dos operadores divergente e rotacional;
o Tensão normal máxima σ 1 ;

o Tensão cisalhante máxima τ max ;

o Energia cinética máxima.


Deste modo, quando da aplicação de um dos esquemas de Migração
Reversa no Tempo utilizando operadores elásticos, ter-se-á como resultado uma série
de imagens em profundidade que estarão relacionadas a uma das grandezas
enumeradas no parágrafo acima. Destaca-se que o emprego de algumas destas
grandezas constitui uma das contribuições inovadoras desta tese, como por exemplo a
energia cinética máxima e as tensões normal e cisalhantes máximas. A seguir, serão
realizados alguns comentários específicos para cada delas.
De acordo com a metodologia adotada, na qual as variáveis básicas
associadas à propagação de ondas elásticas são os componentes do vetor de
velocidade da partícula e do tensor de tensões (vide capítulo 2), a forma mais intuitiva
de se empregar os esquemas de Migração Sísmica é associar a aplicação da
condição de imagem a cada uma destas grandezas. Tal estratégia é apresentada por
BOTELHO et al. (1991) no caso da aplicação do esquema de Migração Reversa no
Tempo empregando a condição de imagem de tempo de excitação, sendo que – neste
trabalho – as matrizes de tempo de trânsito foram determinadas através do uso do
critério da amplitude máxima (vide item 3.1.2).
A separação do campo de ondas elásticas, em ondas compressionais
(P-waves) e cisalhantes (S-waves), é realizada a partir da aplicação dos operadores

81
divergente e rotacional sobre o campo de deslocamento das partículas. A formulação
matemática é dada de acordo com as seguintes expressões (WAPENAAR et al. 1987;
CUNHA, 1992; ZHE et al. 1993 e 1997; SUN et al. 2001b; dentre outros):

⎛ ∂u ∂v ⎞ Eq. 3.3-1
P = ⎜⎜ + ⎟⎟
⎝ ∂x ∂y ⎠

⎛ ∂v ∂u ⎞ Eq. 3.3-2
S = ⎜⎜ − ⎟⎟
⎝ ∂x ∂y ⎠
Sendo:
u ev– respectivamente, as componentes nas direções coordenadas X e Y
do campo vetorial de deslocamentos;
PeS– campos escalares (potenciais) cujos valores de amplitude estão
associados, respectivamente, as ondas compressionais (P-waves) e
cisalhantes (S-waves).
Destaca-se que tais expressões (equações 3.3-1 e 3.3-2) são válidas
somente para os casos bidimensionais (2D), nos quais os meios de propagação
elásticos são supostos homogêneos e isotrópicos. Para os casos tridimensionais (3D),
o leitor interessado pode se reportar ao recente trabalho apresentado por SUN et al.
(2004).
No presente trabalho, na determinação do campo de ondas
compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves), respectivamente, através da
aplicação das equações 3.3-1 e 3.3-2, no lugar das componentes do campo vetorial de
deslocamentos empregam-se as componentes da velocidade das partículas ao longo
das direções coordenadas, devido à metodologia empregada para a simulação
numérica dos problemas associados a Equação Elástica da Onda (vide capítulo 2).
Deste modo, nas simulações numéricas apresentadas, na realidade os
campos escalares (potenciais), denominados P e S, representando – respectivamente
– os campos de ondas compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves) encontram -
se derivados em relação ao tempo.
Considerando-se nos casos bidimensionais (2D) um estado plano de
tensões, pode-se definir as tensões principais σ 1 e σ 2 , além da tensão cisalhante

máxima (τ max ), através do estado de tensões (expresso pelo tensor de tensões),

aplicando-se as seguintes expressões (SHIGLEY, 1984 e TIMOSHENKO, 1972):

2 Eq. 3.3-3
τ xx + τ yy ⎛ τ − τ yy ⎞
σ 1 ,σ 2 = ± ⎜⎜ xx ⎟⎟ + τ xy2
2 ⎝ 2 ⎠

82
2 Eq. 3.3-4
⎛ τ −τ ⎞
τ max = ± ⎜⎜ xx yy ⎟⎟ + τ xy2
⎝ 2 ⎠

Onde :
τ xx , τ xy e τ yy representam as componentes do tensor de tensões.

A tensão normal máxima (σ 1 ) e a tensão cisalhante máxima (τ max ),

neste trabalho – de forma inovadora proposta pelo autor – estão associadas à


determinação de imagens em profundidade, quando da aplicação dos esquemas de
Migração Reversa no Tempo utilizando operadores elásticos.
A energia cinética, definida de acordo com a equação 3.3-5 (GRAFF,
1975), leva em consideração a massa por unidade de volume (ou seja, a densidade).
Neste trabalho, constituindo outra inovação proposta nesta tese, associa-se a
determinação de uma imagem em profundidade a esta grandeza elástica,
considerando seu ponto de máximo. Nos esquemas de Migração Reversa no Tempo
utilizando operadores elásticos, em sua implementação computacional considera-se,
para cada um dos pontos do grid, apenas o termo referente ao produto das
componentes do vetor velocidade.

1 Eq. 3.3-5
2 V∫ i i
κ = v v ρdV

Sendo:
κ – representa a energia cinética;
vi – as componentes do vetor velocidade da partícula;
V– o volume do meio;
ρ - a densidade do meio.
Uma vez apresentada as grandezas elásticas que – neste trabalho –
estarão associadas às imagens em profundidade, determinadas a partir da aplicação
dos diversos esquemas de Migração Reversa no Tempo utilizando operadores
elásticos (algumas delas originalmente propostas nesta tese pelo autor), a seguir
serão feitos alguns comentários específicos com relação ao seu emprego junto a tais
esquemas, quando estes empregam a condição de imagem de tempo de excitação
(item 3.1.2) e a condição de imagem com correlação cruzada entre os campos de
ondas ascendentes e descendentes (item 3.1.3).
No que diz respeito ao esquema de Migração Sísmica utilizando
operadores elásticos que adota a condição de imagem de tempo de excitação (vide
item 3.1.2), conforme comentários anteriores, existem diferentes alternativas para a
determinação das matrizes de tempo de trânsito. Segundo a filosofia adotada neste

83
trabalho, para algumas das grandezas elásticas apresentadas anteriormente há a
possibilidade do emprego dos diversos critérios que podem ser aplicados durante a
fase de propagação do campo de ondas utilizando o modelo matemático regido pela
Equação Escalar da Onda.
Tendo-se em mente o parágrafo anterior, apresentam-se na tabela 3.3-1
os tipos de modelos matemáticos que são utilizados - neste trabalho - na
determinação das matrizes de tempo de trânsito, além da nomenclatura adotada para
as imagens em profundidade obtidas, quando da aplicação do esquema de Migração
Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de excitação.

Tabela 3.3-1 – Nomenclatura das imagens em profundidade, determinadas a partir da


aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando operadores
elásticos, empregando a condição de imagem de tempo de excitação.
Apresentam-se também os tipos de modelos matemáticos utilizados para a
determinação da matriz de tempo de trânsito, além dos modelos de
velocidades de propagação de ondas necessários para tal fim.
Nomenclatura das Modelo Matemático Modelos de velocidades
Imagens em Profundidade Equação Escalar Equação Elástica de propagação de
da Onda da Onda ondas

PP – MTT AC;
compressionais (VP)
PS – MTT AC;
PS Modulo – MTT AC
SS – MTT AC;
cisalhantes (VS)
SS Módulo – MTT AC;
SP – MTT AC;
PP – MTT EL;
PS – MTT EL;
PS Módulo – MTT EL
compressionais (VP)

SS – MTT EL;
cisalhantes (VS)

SS Módulo – MTT EL;


SP – MTT EL;
&

Tal Máximo ;
Sigma 1 Máximo;
Eng. Cinética Máxima;
TXX; TYY;
TXY; TXY Módulo;
VX; VX Módulo; VY;

De acordo com a nomenclatura empregada para as imagens em


profundidade, tabela 3.3-1, observa-se que no caso do emprego da separação do
campo de ondas elásticas em ondas compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-
waves) (através das equações 3.3-1 e 3.3-2), determinam-se três (3) imagens
associadas a cada tipo de matriz de tempo de trânsito e utilizam-se dois índices para
especificá-las. O primeiro índice diz respeito ao modo de onda utilizado na
determinação da matriz de tempo de trânsito (empregada na condição de imagem). E
o segundo índice especifica o modo de onda adotado para a formação da imagem,

84
durante a fase de depropagação do campo de ondas (vide item 3.1.2).
A origem de tal conjunto de imagens associadas aos modos de ondas
compressionais (P) e cisalhantes (S), obtidos através da separação do campo de
ondas elásticas (respectivamente, equações 3.3-1 e 3.3-2), pode ser explicada pela
conversão existente entre os diferentes modos de ondas quando a frente de onda
elástica atinge um determinado refletor. Nestes casos, tais condições de imagens
visam a formação de imagens em profundidade associados a estes modos de ondas
convertidas, adotando-se uma determinada matriz de tempo de trânsito como tempo
de referência a este evento sísmico.
No caso do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a
condição de imagem com correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes
e descendentes – utilizando operadores elásticos – aplicam-se algumas das
expressões para a correlação entre os campos (apresentadas no item 3.1.3.2), para
cada uma das grandezas elásticas explicitadas neste tópico, para associá-las à
determinada imagem em profundidade.

3.3.2 – Aplicação de Esquemas de Migração Elástica em


Dados Sísmicos Acústicos

Neste tópico serão abordados alguns aspectos relacionados à aplicação


dos esquemas de Migração Sísmica, nos quais é adotado o modelo matemático
expresso pela Equação Elástica da Onda (ou seja, as grandezas associadas a esta
equação possuem características vetoriais), em dados sísmicos nos quais são
registrados somente os valores da pressão acústica. Levantamentos sísmicos deste
tipo são característicos de modelos geológicos marítimos (offshore), onde são
utilizados hidrofones como dispositivos de registros.
Em tais situações, onde nos levantamentos sísmicos somente são
registrados os valores relativos à pressão hidrostática e deseja-se efetuar um
processamento vetorial, através da aplicação de um esquema de Migração Reversa
no Tempo no qual utiliza-se o modelo matemático expresso pela Equação Elástica da
Onda, há – basicamente – duas alternativas:
o A primeira delas consiste na transformação dos dados sísmicos onde foram
registrados valores associados a uma grandeza escalar (pressão hidrostática),
através do emprego de determinados artifícios matemáticos , em um conjunto de

85
dados nos quais é representado – de forma vetorial – o campo de deslocamentos,
sendo então prescrito durante a fase de depropagação do campo de ondas. Tal
metodologia é proposta no trabalho apresentado por CUNHA (1992), considerando
o caso convencional de levantamentos marítimos utilizando streamers, onde os
dados sísmicos são registrados em uma linha sísmica por um único cabo
(contendo os hidrofones) a uma mesma profundidade;
o Na segunda alternativa, proposta pelo autor desta tese, durante a fase de
depropagação do campo de ondas pelos esquemas de Migração Reversa no
Tempo utilizando operadores elásticos (Equação Elástica da Onda), prescrevem-
se os dados sísmicos registrados de forma similar com que são prescritas as
fontes sísmicas explosivas, utilizando as componentes referentes às tensões
normais, no caso bidimensional (2D) τ xx e τ yy (vide seção 2.3, mais

especificamente o texto relacionado à equação 2.3-8).


Com relação à primeira alternativa, apresentada por CUNHA (1992),
para a transformação de um campo de ondas escalar em um campo de ondas vetorial,
é necessária a determinação das derivadas espaciais do campo de ondas escalar
(considerando o caso bidimensional (2D), ao longo das direções X e Y). O problema
consiste, para o caso de levantamentos marítimos convencionais utilizando streamers,
em avaliar tais derivadas na direção perpendicular ao comprimento do cabo.
Desta forma, para determinar tais derivadas, as seguintes hipóteses são
adotadas (CUNHA, 1992):
o O coeficiente de reflexão da interface ar-água é igual a -1;
o A superfície d’água é aproximadamente horizontal;
o A profundidade do cabo é uma função suave da posição dos receptores (hidrofones).
Empregando-se tais hipóteses, CUNHA (1992) apresenta as
expressões para no domínio transformado (freqüência e número de onda) - além do
formalismo matemático de suas deduções - determinar as componentes do
deslocamento da partícula ao longo das direções coordenadas (direções X e Y).
Neste trabalho, a metodologia adotada no caso da aplicação dos
esquemas de Migração Reversa no Tempo utilizando operadores elásticos (regidos
pela Equação Elástica da Onda) emprega-se a segunda alternativa, na qual os dados
sísmicos referentes à pressão hidrostática são prescritos de forma similar à prescrição
de fontes sísmicas explosivas (empregando as componentes normais do tensor de
tensões).
Destaca-se que tal alternativa descrita no parágrafo anterior,
constituindo uma das contribuições inovadoras do autor desta tese, é viável, pois

86
emprega-se o esquema proposto por VIRIEUX (1984 e 1986) e, posteriormente,
modificado por LEVANDER (1988), no qual o sistema de equações é expresso em
termos das componentes de velocidades e do tensor de tensões (vide capítulo 2).
Outro tipo de levantamento sísmico que merece destaque, quando da
aplicação de esquemas de Migração Sísmica nos quais são utilizados a Equação
Elástica da Onda, é o caso de levantamentos de perfis sísmicos verticais (comumente
denominado VSP, Vertical Seismic Profile) em modelos geológicos marítimos
(offshore). Neste tipo de levantamento, as ondas sísmicas – geradas através de
fontes sísmicas dispostas ao longo da superfície de modelo – são registradas por
receptores posicionados em diferentes profundidades no interior de um poço.
No caso de tais levantamentos sísmicos serem realizados em modelos
geológicos marítimos (offshore) e os dados terem sido registrados empregando
receptores multicomponentes (onde são adquiridos dados sísmicos referentes a cada
uma das direções coordenadas), HOKSTAD (1998) apresenta uma metodologia na
qual utiliza-se o Princ ípio da Reciprocidade (GRAFF, 1975) no tratamento dos dados
sísmicos, de forma a inverter o posicionamento de fontes e receptores, transformando
o dado sísmico registrado - referente a cada uma das direções coordenadas – em
valores relacionados a uma pseudopressão hidrostática.
De acordo com HOKSTAD (1998), tais valores de pseudopressão são
os valores que seriam registrados caso fosse empregada uma fonte sísmica direcional
(posicionada sobre a estação de receptores do levantamento sísmico) e os dados
sísmicos fossem registrados nas posições dos pontos de tiro (ou seja, emprega-se o
Princípio da Reciprocidade para inverter os posicionamentos de fontes e receptores).
Na expressão que relaciona a pseudopressão com os dados sísmicos registrados no
interior do poço, emprega-se o módulo de compressão (bulk modulus) referente à
água.

3.3.3 – Problemas Relacionados à Mudança de P olaridade


das Imagens em Profundidade Associadas a
Determinadas Grandezas Elásticas

Um ponto de destaque nos esquemas de Migração Sísmica, quando da


utilização de operadores elásticos, é a questão da inversão de polaridade (fase), em
relação ao ponto de aplicação da fonte sísmica, de algumas das grandezas que

87
podem ser empregadas para a formação das imagens em profundidade. Ao longo
deste item, serão abordadas algumas alternativas existentes para a análise e o
tratamento destes resultados.
Ressalta-se que, em algumas grandezas elásticas a mudança de
polaridade (fase) é decorrente da própria natureza vetorial de tais grandezas. Tal
característica permanece registrada nas imagens em profundidade quando da
aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de
imagem de tempo de excitação, pois neste esquema de migração os valores das
amplitudes das grandezas elásticas são responsáveis pela formação das imagens em
profundidade.
No caso do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a
condição de imagem na qual utiliza-se a correlação cruzada entre os campos de
ondas ascendentes e descendentes, vide item 3.1.3, a aplicação das expressões que
realizam a correlação cruzada automaticamente tratam este problema da mudança de
polaridade em relação à posição da fonte sísmica, pois em tais expressões computam -
se o produto entre os campos de ondas.
Neste trabalho, segundo a metodologia empregada, utiliza-se o
esquema proposto por VIRIEUX (1986) e, posteriormente, modificado por LEVANDER
(1988) (vide capítulo 2), quando adota-se modelo matemático regido pela Equação
Elástica da Onda. Deste modo, quando emprega-se a condição de imagem de tempo
de excitação, as seguintes grandezas elásticas apresentam mudança de polaridade
em relação ao ponto de aplicação da fonte sísmica: i) Modo de onda cisalhante (S-
wave); ii) Componente cruzada do tensor de tensão (tensão cisalhante); e, iii)
Velocidade das partículas ao longo da direção horizontal, para os casos
bidimensionais (2D).
Na análise das imagens em profundidade, oriundas da aplicação do
esquema de Migração Reversa no tempo empregando a condição de imagem de
tempo de excitação associadas a tais grandezas (onde há a mudança de polaridade
em relação ao ponto de aplicação da fonte sísmica), existem alguns procedimentos
que podem ser seguidos, dentre eles destacam-se:
• A não realização do empilhamento (stacking) das diversas imagens em
profundidade para a formação de uma única imagem final (CHANG et al., 1994),
fornecendo ao intérprete um volume bem maior de dados a serem analisados.
Neste caso, cabe ao intérprete analisar cada uma das diversas imagens e
relacioná-las ao modelo geológico do problema;
• A realização do empilhamento (stacking) de cada uma das imagens em
profundidade considerando-se apenas as amplitudes das grandezas vetoriais, ou

88
seja, na soma das diversas imagens consideram-se os valores em módulo
(desprezando-se o sentido que é dado pelo sinal) (CHANG et al., 1994). Neste
caso, altera-se o número de onda (ou, considerando os dados no domínio do
tempo, o conteúdo de freqüência) das imagens em profundidade;
• Aplicação de uma transformada de Hilbert, produzindo um deslocamento de fase
de 90 graus, a fim de corrigir tal mudança de polaridade. Este procedimento é
proposto por SUN et al. (2001a);
• Multiplicação das amplitudes que se encontram à esquerda da fonte sísmica por
um fator igual a -1, corrigindo - desta forma - a mudança de polaridade em relação
à fonte sísmica. Este procedimento mostra-se uma boa aproximação para os
casos nos quais os modelos de velocidades apresentam algum tipo de variação
lateral, pois neste caso a mudança de polaridade não ocorre exatamente sobre o
ponto de aplicação da fonte (offset nulo), mas em tal região as amplitudes
associadas às ondas convertidas são pequenas e o erro introduzido por esta
aproximação é tolerável (SUN et al. 2001b);
• A partir do procedimento descrito no parágrafo acima e, levando-se em conta a
possibilidade de se obterem as matrizes de amplitude máxima associadas às
matrizes de tempo de trânsito, empregadas pela condição de imagem de tempo de
excitação (vide item 3.1.2) e relacionadas a cada uma das grandezas elásticas as
quais as imagens em profundidade estarão associadas, pode-se empregar tais
matrizes de amplitude para corrigir a mudança de polaridade em relação à posição
da fonte sísmica para algumas destas grandezas. Deste modo, o procedimento
sugerido – contribuição proposta pelo autor nesta tese – consiste na multiplicação
da respectiva matriz de amplitude máxima pelos valores de amplitude registrados
nas imagens em profundidade.
Nas análises apresentadas ao longo do capítulo 4, para a composição
de uma imagem em profundidade final, emprega-se o empilhamento (stacking) das
diversas imagens que estão relacionadas à determinada grandeza elástica, nas quais
se tem presente a mudança de polaridade em relação à fonte sísmica, o procedimento
que considera o módulo das amplitudes de cada uma delas, desprezando o sentido
relacionado à tal grandeza elástica.

89
3.4 – Suavização do Campo de Vagarosidades

A vagarosidade (S) é definida como sendo o inverso da velocidade de


propagação. Neste tópico expõe-se o esquema adotado para a suavização do modelo
ou campo de vagarosidades que é empregado nas inúmeras simulações apresentadas
ao longo deste trabalho, quando da utilização dos esquemas de Migração Reversa no
Tempo, bem como a justificativa para a adoção de tal procedimento.
Destaca-se – conforme apresentado anteriormente – que, um dos
principais fatores que afetam a determinação de imagens em profundidade com uma
boa qualidade pelos esquemas de Migração Reversa no Tempo é o bom
conhecimento dos parâmetros que definem o macro-modelo sísmico no qual os dados
sísmicos foram registrados. Tal macro-modelo sísmico é expresso pelos modelos de
velocidades, ou seja, estes modelos representam a variação das propriedades do
meio ao longo do domínio físico do problema.
O principal objetivo a ser alcançado com a suavização do modelo de
vagarosidades é evitar o aparecimento indesejável de reflexões, ondas múltiplas e
reverberações durante a depropagação do campo de ondas registrado
(LOEWENTHAL et al., 1987). Destaca-se que existem outros procedimentos que
também podem ser adotados para tal fim, assim como a alteração dos valores de
densidade de forma a manter-se constante o coeficiente de reflexão ao longo de todo
o modelo (BAYSAL et al., 1984).
Deste modo, a suavização do modelo de vagarosidades tem um papel
de fundamental importância nos algoritmos de Migração Reversa no Tempo e está
ligada diretamente à aplicação da condição de imagem adotada, pois uma alteração
neste modelo e, conseqüentemente, nos modelos de velocidades, modifica o tempo de
trânsito e a configuração do campo de ondas sísmicas no interior do modelo geológico
de interesse, podendo alterar a posição e a forma dos refletores que serão imageados.
A justificativa proposta para se suavizar o modelo de vagarosidades ao
invés do modelo de velocidades é que, o tempo de trânsito necessário para se atingir
um determinado ponto não é alterado quando se suaviza o modelo de vagarosidades,
comparando-se com o tempo de trânsito relativo ao modelo de velocidades não
suavizado (LOEWENTHAL et al., 1987).
Neste trabalho, para a suavização do modelo de vagarosidades aplica-
se uma média aritmética móvel ao longo de suas direções coordenadas. A expressão
matemática que representa a média aritmética móvel é dada na equação 3.4-1:

90
+n
S (i )
S (i ) = ∑ Eq. 3.4-1
−n 2n + 1
Sendo: i – o índice que representa a variação ao longo da direção coordenada
considerada;
n – o parâmetro que expressa o número de amostras adotado para a
média aritmética móvel.
Destaca-se que, na seção 4.3 deste trabalho, apresenta-se uma análise
qualitativa da estabilidade do algoritmo de Migração Reversa no Tempo, empregando
a condição de imagem de tempo de excitação, em relação à suavização do modelo de
vagarosidades e, conseqüentemente, sua influência na qualidade das imagens em
profundidade que foram obtidas.

91
4- Aplicações

Neste capítulo estão agrupadas algumas das análises realizadas,


empregando os esquemas de modelagem e migração sísmicas apresentados –
respectivamente – nos capítulos 2 e 3. Serão expostas simulações empregando tanto
operadores acústicos quanto elásticos e, no caso da migração sísmica, os esquemas
desenvolvidos serão aplicados em dados sísmicos sintéticos (oriundos das
modelagens), bem como em dados sísmicos reais (provenientes de levantamentos
sísmicos realizados in situ).
Destaca-se que todas as simulações numéricas que serão
apresentadas ao longo deste trabalho foram realizadas empregando os recursos do
processamento em paralelo, sendo executadas em diferentes gerações de clusters de
microcomputadores (vide Apêndice A.2), durante o longo período de sua elaboração.
Ressalta-se ainda que, embora a análise de performance e o tempo de
execução dos diversos programas desenvolvidos pelo autor deste trabalho tenham
sido avaliados na fase inicial de sua implementação, nos tópicos a seguir tais temas
não serão analisados, sendo que, para maiores detalhes, o leitor pode se reportar as
seguintes referências BRAGANÇA et al. (2003) e BULCÃO et al. (2003b).
No apêndice D tem-se uma descrição dos principais programas
desenvolvidos pelo autor desta tese, além das estratégias seguidas em sua
implementação computacional. Um dos destaques é o programa Master_SISMOS,
desenvolvido especialmente neste trabalho para gerenciar e coordenar a execução
dos diversos programas de modelagem e migração sísmicas em cluster de
microcomputadores.
Destaca-se ainda que nos exemplos expostos a seguir, as inúmeras
imagens em profundidade, determinadas a partir da aplicação dos diversos esquemas
de Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos e elásticos,
seguem a mesma nomenclatura apresentada no capítulo 3. Tal nomenclatura refere-
se aos diferentes critérios utilizados pela condição de imagem, seja em relação ao tipo
de grandeza as quais as imagens estejam associadas, ao tipo de critério utilizado na

92
determinação das matrizes de tempo de trânsito ou à expressão adotada para a
correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes (vide
capítulo 3).
A seguir, antes da apresentação detalhada das análises realizadas, faz-
se um breve resumo contendo os objetivos, a metodologia empregada e a seqüência
de análises dos diferentes tipos de simulações (modelagens e migrações sísmicas)
que foram efetuadas. Deste modo, tem-se:
o 4.1 – Modelo Gaia
Neste extenso item aplicam-se todos os esquemas de Migração
Reversa no Tempo, empregando operadores acústicos e elásticos, analisando e
comparando as inúmeras imagens em profundidade apresentadas. Também se
avalia a influência, nas imagens em profundidade provenientes da aplicação dos
esquemas de migração, da consideração de diferentes tipos de levantamentos
sísmicos . Os seguintes tópicos são apresentados:
• Modelagens sísmicas utilizando operadores acústicos, simulando
levantamentos sísmicos nos quais os dados sísmicos são registrados ao longo
de todo o modelo de velocidades. São aplicados alguns procedimentos de
forma a desconsiderar determinadas reflexões nos sismogramas , provenientes
da onda direta (first break) e da primeira interface do modelo de velocidades;
• Migrações Reversas no Tempo utilizando operadores acústicos empregando,
inicialmente, a condição de imagem de tempo de excitação e, posteriormente,
a condição de imagem utilizando a correlação cruzada entre os campos de
ondas ascendentes e descendentes;
• Modelagens sísmicas empregando operadores elásticos. Repetindo-se a
mesma seqüência anterior de simulações realizadas utilizando operadores
acústicos;
• Migração Reversa no Tempo utilizando operadores acústicos, adotando-se a
condição de imagem de tempo de excitação, sendo que os dados sísmicos
sintéticos empregados – neste caso – são provenientes da modelagem sísmica
empregando operadores elásticos;
• Migrações Reversas no Tempo utilizando operadores elásticos empregando,
inicialmente, a condição de imagem de tempo de excitação e, posteriormente,
a condição de imagem utilizando a correlação cruzada entre os campos de
ondas ascendentes e descendentes.
o 4.2 – Modelo Atum
Neste tópico aplicam-se os diversos esquemas de Migração Reversa no
Tempo - empregando operadores acústicos e, posteriormente, operadores

93
elásticos - em dados sísmicos reais oriundos de um levantamento sísmico
marítimo (off-shore) utilizando streamers. Deste modo, pretende-se verificar a
influência de alguns dos esquemas de migração desenvolvidos, bem como dos
tipos de operadores, na qualidade das imagens em profundidades.
Na apresentação dos resultados tem-se a seguinte seqüência de
análises:
• Migrações Reversas no Tempo empregando a condição de imagem de tempo
de excitação, utilizando operadores acústicos ;
• Migração Reversa no Tempo, utilizando operadores acústicos, adotando-se a
condição de imagem empregando a correlação cruzada entre os campos de
ondas ascendentes e descendentes;
• Migração Reversa no Tempo, utilizando operadores elásticos, adotando-se a
condição de imagem de tempo de excitação;
• Migração Reversa no Tempo, utilizando operadores elásticos, empregando-se
a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes
como condição de imagem.
Além destas análises expostas nos itens 4.1 e 4.2, no anexo I são
apresentadas algumas outras simulações, também considerando a metodologia e as
inovações proposta ao longo desta tese, referentes a Modelagem e a Migração
Sísmicas em dados sintéticos e reais, tanto em modelos bi- quanto em modelos
tridimensionais (respectivamente, simulações 2D e 3D).
Ressalta-se que o leitor mais interessado, também pode se reportar a
alguns artigos - de mesma autoria que esta tese - publicados no Congresso
Internacional da SBGF (Sociedade Brasileira de Geofísica), nos quais são abordados
aspectos relacionados ao emprego das ondas múltiplas para o imageamento de
estruturas em sub-superfície e a Migração Reversa no Tempo utilizando operadores
elásticos (BULCÃO et al. 2001a, 2003a e 2003b).
A seguir expõe-se uma breve descrição das simulações (modelagens e
migrações sísmicas) que se encontram no Anexo I.
o Anexo I.1 – Modelo Marmousi
Avaliação da influência na qualidade das imagens em profundidade do
tipo de critério empregado para a determinação das matrizes de tempo de trânsito,
utilizadas na condição de imagem de tempo de excitação. A seguinte seqüência
de análises é apresentada:
• Modelagem acústica, na qual os dados sísmicos são adquiridos ao longo de
todo o modelo de velocidades;

94
• Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, utilizando operadores acústicos.
o Anexo I.2 – Modelo Domo Salino Modificado (SEG/EAGE)
Após a apresentação deste modelo de velocidades, baseado no modelo
proposto originalmente pela SEG/EAGE (AMINZADEH, et al., 1996), as
simulações apresentadas visam alcançar três objetivos distintos, expostas a
seguir:
1 – Análise qualitativa da influência da aplicação de um esquema de re-
ordenação dos traços das imagens em profundidade – relativas a cada
sismograma – em famílias CRP’s (Common Receiver Point) e aplicação de um
silenciamento (muting), antes da formação da imagem em profundidade final.
Neste caso, a seguinte seqüência de análises é apresentada:
• Modelagens acústicas, simulando levantamentos sísmicos nos quais
representa-se uma aquisição ao longo de todo o modelo de velocidades e uma
outra utilizando streamers;
• Migrações Reversas no Tempo empregando a condição de imagem de tempo
de excitação, utilizando operadores acústicos, para os dois tipos de
levantamentos sísmicos realizados. Sendo que as matrizes de tempo de
trânsito são determinadas a partir do critério da amplitude máxima.
2 – Análise qualitativa da estabilidade do algoritmo de Migração Reversa no
Tempo, empregando a condição de imagem de tempo de excitação, em relação à
suavização do campo de vagarosidade e, conseqüentemente, sua influência na
qualidade das imagens em profundidade obtidas. Para tanto, emprega-se a
seguinte seqüência de simulações:
• Modelagens e Migrações Reversas no Tempo empregando a condição de
imagem de tempo de excitação, utilizando operadores acústicos, considerando-
se o campo de vagarosidade com diferentes níveis de suavização.
3 – Análise da influência das reflexões laterais, presentes nos sismogramas
sintéticos oriundos de uma modelagem acústica tridimensional (3D), nas imagens
em profundidade obtidas com a aplicação do esquema de Migração Reversa no
Tempo empregando a condição de imagem de tempo de excitação. Segue-se a
seguinte seqüência de análises:
• Modelagens acústica bi- (2D) e tridimensional (3D), simulando um
levantamento sísmico marítimo;
• Migrações Reversas no Tempo empregando a condição de imagem de tempo
de excitação, utilizando operadores acústicos, aplicando-se em dados sísmicos
provenientes de modelagens acústicas bi- (2D) e tridimensionais (3D).

95
o Anexo I.3 – Modelo Domo Salino (SEG/EAGE): Seções A-A’ & B-B’
Avaliação da aplicação de diferentes esquemas de modelagens e
migrações sísmicas, adotando-se diferentes parâmetros e geometrias de
aquisição, considerando modelos matemáticos acústicos e elásticos, bem como
sua influência no correto imageamento dos refletores em sub-superfície. A seguir,
apresenta-se, resumidamente, o conjunto de análises realizadas:
• Modelagens acústicas, simulando levantamentos sísmicos adquiridos ao longo
de todo o modelo de velocidades, levantamentos sísmicos empregando
streamers e levantamentos sísmicos com cabo de fundo oceânico (OBC,
Ocean Botton Cable);
• Modelagens elásticas, simulando um levantamento sísmico com cabo de fundo
oceânico (OBC);
• Migrações Reversas no Tempo empregando a condição de imagem de tempo
de excitação, utilizando operadores acústicos , aplicadas sobre os diferentes
conjuntos de dados sísmicos sintéticos.
o Anexo I.4 – Modelo Solimões
Verificação da influência da migração empregando operadores
acústicos ou vetoriais, sendo os dados sísmicos simulados utilizando operadores
vetoriais. A seguinte seqüência de análises é apresentada:
• Modelagem elástica, simulando um levantamento sísmico com lanço simétrico
(split spread);
• Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, utilizando operadores acústicos;
• Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, utilizando operadores elásticos;
• Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, utilizando operadores acústicos, sendo que os sismogramas são
decompostos em ondas compressionais e cisalhantes (P- e S-waves) (vide
seção 3.3).
o Anexo I.5 – Modelo Teal South (ERCH)
Nesta aplicação em dados sísmicos reais, provenientes de um
levantamento sísmico com cabo de fundo oceânico (Ocean Botton Cable),
apresentam-se os resultados da Migração Reversa no Tempo com operadores
acústicos e elásticos, considerando modelo bi- (2D) e tridimensionais (3D). A
seguinte seqüência de análises é apresentada:

96
• Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, utilizando operadores acústicos, para modelos bidimensionais (2D);
• Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, utilizando operadores elásticos, para modelos bidimensionais (2D).
Em tais migrações as condições de imagens consideram apenas as matrizes
de tempo de trânsito determinadas utilizando operadores acústicos referentes
aos modos de ondas compressionais e cisalhantes (respectivamente, P- e S-
waves);
• Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, utilizando operadores acústicos, para modelos tridimensionais (3D).
o Anexo I.6 – Modelo VSP – Tridimensional (3D)
Serão apresentados os resultados provenientes de modelagens
sísmicas empregando operadores elásticos, em um modelo terrestre (on-shore)
bidimensional (2D) e tridimensional (3D), simulando um levantamento de um perfil
sísmico vertical (comumente denominado VSP, Vertical Seismic Profile)
considerando três (3) poços distintos. Após a modelagem elástica, os dados
sísmicos sintéticos, correspondendo à componente vertical do deslocamento
(direção Z), serão migrados empregando o esquema de Migração Reversa no
Tempo utilizando operadores acústicos e as imagens em profundidade serão
avaliadas. O seguinte conjunto de análises será realizado:
• Modelagem elástica bidimensional (2D), simulando a aquisição em um perfil
sísmico vertical (para um único poço, considerando quarenta e cinco (45)
receptores);
• Migração Reversa no Tempo bidimensional (2D) empregando a condição de
imagem de tempo de excitação, utilizando operadores acústicos;
• Modelagem elástica tridimensional (3D), simulando a aquisição em um perfil
sísmico vertical, para três (3) poços distintos, considerando oito (8) receptores
em cada um dos poços;
• Migração Reversa no Tempo tridimensional (3D) empregando a condição de
imagem de tempo de excitação, utilizando operadores acústicos.

97
4.1 – Modelo Gaia

Neste tópico serão apresentadas várias análises referentes à aplicação


dos diversos esquemas de Modelagem e Migração Reversa no Tempo, empregando
tanto operadores acústicos quanto operadores elásticos, em um modelo de
velocidades complexo. De fato, pretende-se aplicar os diversos esquemas propostos
de migração sísmica, com o intuito de comparar os resultados obtidos em termos da
qualidade das imagens em profundidade.
Na figura 4.1-1 apresenta-se o modelo de velocidades de ondas
compressionais (P-waves). Nela representa-se, em escalas da cor cinza, os valores
de velocidades de propagação para as ondas compressionais variando,
respectivamente, de: 1500 m/s a 5000 m/s; referentes à cor branca até a cor preta.

Figura 4.1-1 - Modelo de velocidades para as ondas compressionais (P -waves)

Observa-se na figura 4.1-1, que no modelo de velocidades, apesar de


apresentar um número relativamente pequeno de camadas, tem-se um certo grau de
complexidade na resposta sísmica, devido à presença de uma falha bem definida e
das configurações geométricas das camadas que se dobram para se acomodar sobre
a camada de velocidade mais alta.
Destaca-se que, o modelo de velocidades proposto para tais análises,
possui uma lâmina d’água, de, aproximadamente, 600 metros de profundidade, e, na
camada consecutiva, tem-se um valor de velocidade de propagação para as ondas
compressionais (P-waves) de 2800 m/s. O grande contraste de impedância acústica
existente entre a lâmina d’água e a primeira camada de rocha propicia a formação de
reflexões múltiplas.
O modelo de velocidades possui as seguintes dimensões: 4.000 x 8.990
metros, respectivamente, para as coordenadas vertical e horizontal. Nas simulações
numéricas, tal modelo foi discretizado utilizando-se um espaçamento de 5 metros
entre os pontos do grid, perfazendo um total de 801 x 1799 pontos. Este valor de

98
espaçamento satisfaz os critérios de dispersão numérica, tanto para as análises
realizadas com operadores acústicos, quanto com operadores elásticos.

4.1.1 – Modelagens Sísmicas Empregando Operadores Acústicos

Dando início ao conjunto de análises a serem realizadas, primeiramente


serão apresentados os resultados oriundos da modelagem acústica. Neste primeiro
caso, os receptores estarão dispostos ao longo de todo o modelo de velocidades a
uma profundidade de 10 metros e os parâmetros de aquisição empregados são
apresentados na tabela 4.1-1.

Tabela 4.1-1 - Principais parâmetros de aquisição utilizados na modelagem sísmica


empregando operadores acústicos.

Tempo total de registro 6.0 s


Intervalo de amostragem temporal 0.002 s
Intervalo entre estações de tiros 50 m
Profundidade da fonte sísmica 10 m
Intervalo entre estações receptoras 10 m

De acordo com os parâmetros de aquisição utilizados, além das


dimensões do modelo de velocidades, foram realizadas 178 modelagens, cada uma
delas dando origem a um sismograma. Destaca-se que os dados foram registrados ao
longo de todo o modelo de velocidades, perfazendo um total de 900 canais
(receptores).
Apresenta-se na figura 4.1-2 uma série de ilustrações representando o
campo de ondas acústicas em determinados instantes de tempo (snapshots ),
proveniente da propagação das ondas empregando operadores acústicos,
sobrepostos à figura do modelo de velocidades. Deste modo, é possível analisar
alguns aspectos relativos à propagação das ondas sísmicas sobre o modelo de
velocidades, dentre eles destacam-se:
• Observa-se a passagem da denominada onda direta, referente à frente de onda
que se propaga a partir da fonte sísmica;
• Vislumbra-se a formação das diversas reflexões múltiplas, originárias na primeira
interface, bem como das ondas que são refletidas na borda superior do modelo de
velocidade (correspondendo a interface ar-água);
• Devido aos valores de velocidade de propagação do modelo, observa-se que na
última ilustração relativa à propagação do campo de ondas sísmicas, a primeira

99
quebra (first break) registrada nos sismogramas (designação dada aos primeiros
eventos registrados) corresponde a uma reflexão associada a uma onda frontal
(head wave);
• Quando da passagem da frente de onda pelas diversas interfaces do modelo de
velocidades, principalmente na região central do modelo onde se tem uma falha,
observa-se a grande complexidade do campo de ondas e a forte interação
existente entre as ondas refratadas e refletidas. Tal complexidade é expressa na
resposta sísmica registrada nos sismogramas.
Posteriormente, considerando as ilustrações apresentadas na figura
4.1-2, poderá ser feita uma análise qualitativa das diferenças originárias da adoção do
modelo matemático expresso pela equação acústica da onda (empregando
operadores acústicos para simular a propagação de ondas sísmicas), frente ao modelo
matemático representado pela equação elástica da onda (onde se tem a presença e a
interação entre as ondas compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves)).
Dando prosseguimento aos objetivos pretendidos nesta seção,
apresenta-se na figura 4.1-3 um sismograma sintético, no qual a fonte sísmica
encontra-se próxima ao flanco esquerdo do modelo de velocidades. Nesta figura,
ilustra-se o tipo de resposta sísmica obtida através da modelagem acústica sobre o
modelo de velocidades.
A fim de obter uma resposta sísmica sem a contribuição da onda direta
(onda que se propaga diretamente da fonte sísmica ao receptor) e das reflexões
provenientes da primeira interface (referente ao leito oceânico), realizou-se uma
modelagem acústica com os mesmos parâmetros de aquisição em um modelo de
velocidades contendo as duas primeiras camadas, a lâmina d’água e a camada
referente ao leito oceânico.
Após a obtenção dos sismogramas sintéticos provenientes do modelo
de velocidades contendo tais camadas, os resultados obtidos foram subtraídos dos
sismogramas oriundos do modelo de velocidades contendo todas as interfaces (figura
4.1-3). Para ilustrar esta estratégia de obtenção de sismogramas sintéticos sem a
contribuição da onda direta e das reflexões provenientes da primeira interface é
apresentado - na figura 4.1-4 - o sismograma proveniente do modelo de velocidades,
considerando apenas as duas primeiras camadas e o sismograma resultante da
diferença entre este e o oriundo do modelo de velocidades completo.
De acordo com os resultados apresentados referentes à modelagem
acústica e a combinação realizada com o intuito de silenciar (mute) determinados
eventos nos sismogramas, obteve-se dois conjuntos de dados sísmicos sintéticos,
referentes às seguintes situações: (i) Sismogramas completos, provenientes da

100
modelagem sobre o modelo de velocidades (figura 4.1-1); e, (ii) Sismogramas
desconsiderando a onda direta e as reflexões provenientes da primeira interface
(relativa ao leito oceânico).

Figura 4.1-2 Representações do campo de ondas (snapshots), proveniente da propagação


das ondas sísmicas a partir da fonte sísmica, considerando diferentes instantes
de tempo, sobrepostos a uma ilustração do modelo de velocidades.

Figura 4.1-3 - Sismograma sintético proveniente da modelagem acústica, considerando o


modelo de velocidades completo (figura 4.1-1).

(a) (b)
Figura 4.1-4- Sismogramas sintéticos, oriundos da modelagem acústica considerando
apenas as duas primeiras camadas (a), e proveniente da diferença entre os
sismogramas considerando o modelo de velocidades completo e considerando
apenas as duas primeiras camadas (b).

101
De posse deste conjunto de dados sísmicos, serão apresentados a
seguir as imagens em profundidade, obtidas com a aplicação dos diversos esquemas
de Migração Reversa no Tempo considerando operadores acústicos . Serão levados
em conta diferentes critérios de condição de imagem, de acordo com a metodologia
exposta no capítulo 3 deste trabalho.

4.1.2 – Migração Reversa no Tempo Empregando Operadores Acústicos

Na aplicação de todos os esquemas de Migração Reversa no Tempo


apresentados ao longo deste tópico, considera-se o modelo de velocidades suavizado.
Para tal, empregou-se uma média móvel sobre os valores de velocidade de
propagação, considerando-se 9 amostras (vide item 3.4).
No caso da Migração Reversa no Tempo, empregando a condição de
imagem de tempo de excitação (Excitation-time Imaging Condition), aplicaram-se dois
critérios distintos para a determinação das matrizes de tempo de trânsito, são eles: o
critério da amplitude máxima e o critério da amplitude máxima nas proximidades da
primeira quebra (proposto pelo autor deste trabalho). Na figura 4.1-5, representam-se
as matrizes de tempo de trânsito obtidas a partir da aplicação destes critérios, sendo
que, em tais figuras, empregou-se um esquema de cores no qual são ressaltadas as
descontinuidades existentes.

(a) (b)
Figura 4.1-5 – Representação das matrizes de tempo de trânsito obtidas de acordo com os
critérios: (a) amplitude máxima e, (b) amplitude máxima nas proximidades da
primeira quebra.

Na figura 4.1-5 (b), novamente observa-se que, no caso da adoção do


critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra, a matriz de tempo
de trânsito possui um número inferior de descontinuidades. Neste trabalho, advoga-se
que tal característica proporcionará a formação de imagens em profundidade nas
quais os refletores apresentem uma melhor continuidade ao longo da seção migrada.
Inicialmente, apresentam-se as imagens em profundidade resultantes
da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de

102
imagem de tempo de excitação (Excitation-time Imaging Condition), utilizando-se
operadores acústicos, referentes aos dois conjuntos de dados sísmicos sintéticos e
aos dois critérios distintos para a determinação das matrizes de tempo de trânsito.
Na figura 4.1-6, apresentam-se as imagens em profundidade,
provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando
a condição de imagem de tempo de excitação, utilizando o critério da amplitude
máxima para a formação das matrizes de tempo de trânsito.
todos os eventos associados
Sismogramas contendo

à Modelagem Sísmica
provenientes da primeira
desconsiderando a onda
direta e as reflexões
Sismogramas

interface

Figura 4.1-6 - Imagem em profundidade final, resultante do emplilhamento (stacking) das 178
imagens provenientes do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a condição de imagem de tempo de excitação, considerando o
critério da amplitude máxima para a formação das matrizes de tempo de
trânsito.

Posteriormente, na figura 4.1-7, apresentam-se as imagens, em


profundidade considerando-se o mesmo esquema de migração, utilizando o critério
inovador – proposto pelo autor desta tese – da amplitude máxima nas proximidades da
primeira quebra para a formação das matrizes de tempo de trânsito.

103
todos os eventos associados
Sismogramas contendo

à Modelagem Sísmica
provenientes da primeira
desconsiderando a onda
direta e as reflexões
Sismogramas

interface

Figura 4.1-7 - Imagem em profundidade final, resultante do emplilhamento (stacking) das 178
imagens provenientes do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a condição de imagem de tempo de excitação, considerando o
critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra para a
formação das matrizes de tempo de trânsito.

Analisando-se as imagens resultantes do empilhamento (stacking) dos


178 painéis, figuras 4.1-6 e 4.1-7, provenientes da aplicação do esquema de Migração
Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de excitação, pode-
se comentar o que se segue:
• De forma geral, em todas alternativas obtiveram-se imagens em profundidade nas
quais os refletores imageados possuem uma boa continuidade ao longo de toda a
extensão do modelo de velocidades;
• Destaca-se o excelente imageamento da região central do modelo de velocidades,
a qual possui uma falha inclinada. Sendo que tais resultados foram alcançados
apesar da grande complexidade do campo de ondas durantes as fases de
propagação e depropagação, expressa pela grande interação existente entre as
ondas refletidas e refratadas;
• Destaca-se ainda que as imagens nas quais empregou-se o critério da amplitude
máxima nas proximidades da primeira quebra, para a determinação das matrizes
de tempo de trânsito, apresentaram uma ligeira superioridade no que diz respeito à
relação sinal/ruído, em relação às imagens obtidas a partir do critério da amplitude
máxima (ratificando a eficácia deste critério inovador proposto nesta tese);

104
• Comparando-se as imagens em profundidades provenientes dos dois conjuntos de
dados sísmicos de entrada (sismogramas) analisados, observa-se que: no caso do
emprego dos dados sísmicos nos quais foram subtraídas a onda direta e as
reflexões provenientes da primeira interface, não se obteve a formação de um
refletor erroneamente imageado. Tal refletor espúrio, tendo sua formação
associada à energia das reflexões múltiplas (originárias na primeira interface), está
posicionado na região mediana da imagem em profundidade e intercepta (cruza)
os demais refletores corretamente posicionados (apresentando um sinal de maior
amplitude).
Dando continuidade a seqüência das análises propostas, é
apresentada, a seguir, uma série de figuras ilustrando as imagens em profundidade
resultantes do empilhamento (stacking) das 178 imagens oriundas da aplicação dos
diferentes esquemas de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de
imagem com correlação cruzada. Em tais análises, os dados sísmicos utilizados são
provenientes da modelagem acústica, nos quais foi aplicado um procedimento similar
ao apresentado anteriormente para suprimir somente ao efeito da onda direta.
Conforme apresentado no capítulo 3, para este esquema de migração,
serão avaliadas as diversas alternativas de execução dos esquemas de Migração
Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes. Serão utilizados os diferentes esquemas e
procedimentos desenvolvidos, diversos deles originalmente propostos pelo autor desta
tese, empregados como condição de imagem para a formação dos painéis de imagens
em profundidades.
Destaca-se que, a nomenclatura adotada nas figuras, representando as
imagens em profundidade, provenientes da aplicação do esquema de Migração
Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, seguem a numeração apresentada para as expressões
da correlação cruzada, de acordo com o capítulo 3 (vide item 3.1.3.2).
Em algumas das expressões avaliadas na condição de imagem -
respectivamente, expressões I4, I5, I6, I7 e I8 - oriundas da correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, há um termo adicional ( ε ) de forma a
se evitar a divisão por um valor nulo (vide item 3.1.3.2). Em todas as análises,
apresentadas ao longo deste tópico, estipulou-se um valor unitário para este termo.
Assim, inicialmente, na figura 4.1-8 apresentam-se as imagens em
profundidade, provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, sem a utilização de nenhum procedimento especial antes do uso das

105
diversas expressões para a correlação cruzada, para a obtenção dos distintos critérios
para a formação das imagens em profundidade (vide item 3.1.3.2).
Em tal análise, empregou-se o seguinte intervalo de tempo: 4.5 a 0.0
segundos, respectivamente, para o início e fim das expressões de correlação cruzada
que darão origem às imagens em profundidade.
Destaca-se que, em algumas das imagens em profundidade
apresentadas, os ruídos de alta freqüência foram potencializados pelo tipo de
tratamento aplicado, para posterior formação das figuras. Na maioria das imagens
ilustradas aplicou-se um filtro de fase zero poligonal que atenua os baixos
comprimentos de ondas presentes nas imagens em profundidade e, em outras se
utilizou um esquema de controle automático de ganho (AGC, Automatic Gain Control).
As análises a seguir são embasadas nas imagens em profundidades,
obtidas a partir do sismograma sintético no qual se aplica um artifício para
desconsiderar o efeito da onda direta. No caso da imagem relativa à condição de
imagem com tempo de excitação, figura 4.1-6, considera-se a aplicação do critério da
amplitude máxima para a determinação da matriz de tempo de trânsito, e no caso da
imagem proveniente da correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, figura 4.1-8, utiliza-se a expressão relativa ao caso I0, ou seja, a
expressão tradicional para a correlação cruzada.
Comparando-se os esquemas de Migração Reversa no Tempo
empregando a condição de imagem com tempo de excitação e a condição de imagem
com correlação cruzada, respectivamente, as figuras 4.1-6 e 4.1-8, pode-se tecer os
seguintes comentários:
• Analisando a região à direita da falha central do modelo de velocidades, a imagem
em profundidade empregando a condição de imagem com tempo de excitação
apresentou uma qualidade inferior, pois, em tal região, há uma grande
complexidade nas fases de propagação e depropagação do campo de ondas,
apresentando uma grande interação entre as ondas refletidas e refratadas, o que
prejudica a determinação dos refletores em sub-superfície;
• O esquema de migração empregando a correlação cruzada entre os campos de
ondas ascendentes e descendentes mostrou-se mais estável, apresentando uma
maior relação sinal/ruído, para as regiões do modelo de velocidades que possuem
uma maior complexidade, como por exemplo: a região à direita da falha central.

106
I0

I1 I2

I3 I4

I5 I6

I7 I8
Figura 4.1-8 - Imagens em profundidade finais, resultantes do empilhamento (stacking) das
178 imagens provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no
Tempo empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, referentes aos diversos critérios para a formação
das imagens (vide item 3.1.3.2) e, sem a utilização de nenhum procedimento
especial.

107
Dando seqüência ao conjunto de alternativas de execução dos
esquemas de Migração Reversa no Tempo utilizando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, apresentam-se na figura 4.1-9 as
imagens em profundidade, referentes ao caso em que se utilizam as matrizes de
tempo de trânsito na definição dos intervalos de tempo empregados na correlação
cruzada. Neste caso, consideram-se os instantes de tempo iniciais e finais para as
expressões de correlação tendo um intervalo total de 0.3 segundos, sendo centrado no
instante de tempo registrado na matriz de tempo de trânsito.
A próxima alternativa inovadora, proposta neste trabalho, na execução
do esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, consiste em se obter a direção de
propagação do campo de ondas descendentes, separando-o. Utilizando-se apenas a
direção descendente, para, posteriormente, aplicar as expressões para a correlação
cruzada entre os campos de ondas (vide item 3.1.3.2). Na figura 4.1-10, apresentam-
se as imagens em profundidade referentes a este caso.
Empregou-se, novamente, o intervalo de tempo, 4.5 a 0.0 segundos,
respectivamente, para o início e fim das expressões de correlação cruzada que darão
origem às imagens em profundidade, expostas na figura 4.1-10.
A última alternativa inovadora proposta nesta tese para este esquema
de Migração Reversa no Tempo utilizando a correlação cruzada entre os campos de
ondas ascendentes e descendentes, consiste em, além de utilizar as matrizes de
tempo de trânsito na definição dos intervalos de tempo empregados na correlação
cruzada, aplicar o critério que obtém a direção de propagação do campo de ondas
descendentes, utilizando-se apenas as ondas na direção descendente; e, finalmente,
aplicar as expressões para a correlação cruzada entre os campos de ondas (vide item
3.1.3.2).
Tal caso, representado pela figura 4.1-11, consideram-se os instantes
de tempo iniciais e finais para as expressões de correlação, tendo um intervalo total de
0.3 segundos, sendo centrado no instante de tempo registrado na matriz de tempo de
trânsito. Tais matrizes foram determinadas a partir da aplicação do critério da
amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra (proposto originalmente neste
trabalho, vide item 3.1.2.1).

108
I0

I1 I2

I3 I4

I5 I6

I7 I8
Figura 4.1-9 - Imagens em profundidade finais, resultantes do empilhamento (stacking) das
178 imagens provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no
Tempo empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, referentes aos diversos critérios para formação
das imagens (vide item 3.1.3.2) e, usando a matriz de tempo de trânsito
(determinada a partir do critério da amplitude máxima nas proximidades da
primeira quebra) na definição dos intervalos de tempo empregados na
correlação cruzada.

109
I0

I1 I2

I3 I4

I5 I6

I7 I8
Figura 4.1-10 - Imagens em profundidade finais, resultantes do empilhamento (stacking) das
178 imagens provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no
Tempo empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, referentes aos diversos critérios para a formação
das imagens (vide item 3.1.3.2) e, obtendo a direção de propagação do campo
de ondas ascendentes, utilizando apenas a direção ascendente, para
posteriormente aplicar as expressões para a correlação cruzada entre os
campos de ondas.

110
I0

I1 I2

I3 I4

I5 I6

I7 I8
Figura 4.1-11 - Imagens em profundidade finais, resultantes do empilhamento (stacking) das
178 imagens provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no
Tempo empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, referentes aos diversos critérios para formação
das imagens (vide item 3.1.3.2) e, obtendo a direção de propagação do campo
de ondas descendentes, utilizando apenas a direção descendente, para
posteriormente aplicar as expressões para a correlação cruzada entre os
campos de ondas, além da matriz de tempo de trânsito (determinada a partir
do critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra) utilizada
na definição dos intervalos de tempo empregados na correlação cruzada.

111
Analisando-se as diversas imagens em profundidade finais - ou seja,
após o empilhamento das 178 imagens (figuras 4.1-8 até 4.1-11) - provenientes da
aplicação dos vários esquemas de Migração Reversa no Tempo empregando a
condição de imagem com correlação cruzada, os seguintes comentários são
necessários:
• De forma geral as imagens em profundidade oriundas das expressões referentes
ao caso I0 (vide item 3.1.3.2), expressão da correlação cruzada tradicional
apresentaram – para os refletores posicionados à esquerda da falha central do
modelo de velocidades - uma boa continuidade, além de uma excelente relação
sinal/ruído;
• Conforme mencionado anteriormente, também nestas imagens, há a presença de
um refletor espúrio nas imagens em profundidade, o qual está associado à energia
das ondas múltiplas originárias na primeira interface (leito oceânico). Isto ocorre
pois se utilizou o conjunto de dados sísmicos nos quais não estão suprimidas a
onda direta e as reflexões provenientes de tal interface;
• As imagens associadas à expressão I3, referente à normalização da expressão
para a correlação cruzada (vide item 3.1.3.2), de maneira geral apresentaram um
bom desempenho no correto imageamento dos refletores. Embora a aplicação
desta expressão associada a alguns artifícios propostos originalmente nesta tese
para a melhoria da relação sinal/ruído, como, por exemplo, o emprego das
matrizes de tempo de trânsito para a determinação dos intervalos de correlação e
a determinação do campo de ondas descendentes na direção de propagação
descendente, ocasionou o surgimento de algum ruído de alta freqüência nas
imagens em profundidade;
• As expressões I4 e I5, propostas no trabalho apresentado por VALENCIANO (2002)
(vide item 3.1.3.2) não se mostraram eficientes no imageamento da região central
do modelo de velocidades, sendo que a área que apresentou uma melhor relação
sinal/ruído encontra-se na região à direita da falha (onde, aparentemente, o campo
de ondas não sofre tanta influência das ondas refletidas por esta região complexa
do modelo);
• A utilização da expressão I5, associada ao emprego das matrizes de tempo de
trânsito para a definição dos intervalos empregados na correlação cruzada, para a
formação das imagens em profundidade, fez com que em alguns pontos do modelo
se obtivessem valores tendendo ao infinito ou valores nos quais o resultado da
divisão não possua significado. Este fato é evidenciado em algumas das análises
nas quais não foi possível plotar os resultados obtidos com este critério;

112
• Observa-se que as expressões propostas I6, I7 e I8 , contribuições inovadoras desta
tese, para maioria dos esquemas propostos de Migração Reversa no Tempo
empregando a condição de imagem com correlação cruzada obtiveram imagens
em profundidade com uma boa definição dos refletores;
• As condições de imagem, relacionadas aos critérios de correlação cruzada entre
os campos de ondas ascendentes e descendentes, que estão associadas a
expressões que levam em conta se tais campos de ondas encontram-se em fase
(expressões I1, I2, I7 e I8 , vide item 3.1.3.2), mostraram-se eficazes em maximizar a
relação sinal/ruído, para determinada relação entre as fases (positiva ou negativa).
Destaca-se que, tais expressões também se constituem de algumas das inovações
proposta ao longo do item 3.1.3.2 deste trabalho.
Destaca-se que alguns ds comentários anteriores são ratificados pelas
afirmações feitas, quando da apresentação dos fundamentos teóricos dos esquemas
de Migração Reversa no Tempo, vide item 3.1.3.2, nos quais os esquemas de
Migração envolvendo a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes não são vulneráveis à influência da definição precisa do tempo de
trânsito associado a um determinado evento sísmico. Em tais esquemas, a expressão
de correlação é aplicada em um determinado intervalo de tempo e não em um único
instante, como no caso dos esquemas que empregam a condição de imagem de
tempo de excitação.
Dando seqüência ao conjunto de simulações e com o propósito de
ilustrar a influência da escolha do tipo de levantamento sísmico na qualidade das
imagens em profundidade, obtidas com a aplicação do esquema de Migração Reversa
no Tempo empregando a condição de imagem com tempo de excitação, apresentam-
se a seguir os resultados alcançados com a simulação de um levantamento sísmico
com cabo de fundo oceânico (OBC, Ocean Botton Cable).
Deste modo, aplicando-se durante a modelagem o princípio da
Reciprocidade (GRAFF, 1975) de forma a inverter o posicionamento de fontes e
receptores e se empregando os mesmos parâmetros apresentados na tabela 4.1-1,
realizaram-se 178 modelagens nas quais as estações de tiros encontram-se no leito
oceânico com um espaçamento de 50 metros. Na figura 4.1-12 ilustra-se o resultado
de uma destas modelagens, ou seja, o sismograma sintético, onde se destaca que a
fonte sísmica tem o mesmo posicionamento horizontal que a empregada no
sismograma apresentado na figura 4.1-3.
Nesta análise empregou-se o inovador critério proposto nesta tese da
amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra para a determinação das
matrizes de tempo de trânsito, utilizadas na condição de imagem. Na figura 4.1-13

113
apresenta-se uma representação de uma matriz de tempo de trânsito obtida através
de tal critério, utilizando um esquema de cores no qual objetiva-se ressaltar as
descontinuidades existentes.
Na figura 4.1-14 apresentam-se as imagens em profundidade,
proveniente do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de
imagem de tempo de excitação e o critério da amplitude máxima nas proximidades da
primeira quebra para a determinação da matriz de tempo de trânsito, considerando a
aplicação da metodologia em apenas um único sismograma, como também a imagem
proveniente do empilhamento (stacking) das demais 178 simulações.

Figura 4.1-12 - Sismograma sintético proveniente da modelagem acústica, para o caso do


levantamento sísmico com cabo de fundo oceânico (OBC).

Figura 4.1-13 – Representação da matriz de tempo de trânsito obtida de acordo com o critério
da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra, para o caso do
levantamento sísmico com cabo de fundo oceânico (OBC).

Analisando-se os resultados apresentados nas figuras 4.1-7 e 4.1-14,


pode-se comparar a influência do tipo de levantamento sísmico na qualidade das
imagens em profundidade obtidas com a aplicação do esquema de Migração Reversa
no Tempo empregando a condição de imagem com tempo de excitação. Deste modo,
os seguintes comentários são apontados:
• Observa-se que houve uma deterioração na qualidade da imagem em
profundidade final no caso do levantamento com cabo de fundo oceânico em
comparação à aquisição realizada ao longo de todo o modelo de velocidades com

114
a fonte sísmica posicionada próxima a superfície. Tal perda na qualidade é
expressa por um aumento na relação sinal/ruído, uma perda na continuidade dos
refletores e um aumento na amplitude do refletor espúrio (refletor erroneamente
imageado, tendo sua formação assoc iada à energia das ondas múltiplas que são
originárias pela passagem da frente de onda pelo leito oceânico).
Uma possível explicação para a degradação da performance na
qualidade das imagens em profundidade, quando se aplica ao modelo de velocidades
o levantamento sísmico com cabo de fundo oceânico, é o grande contraste de
impedância existente entre a lâmina d’água e a primeira camada. Tal característica
faz com que surjam - com intensidades ainda maiores - as denominadas ondas
frontais (head waves) que podem prejudicar a eficácia do esquema de Migração
Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de excitação.

(a)

(b)
Figura 4.1-14 - Imagens em profundidade: (a) empregando apenas um único sismograma e (b)
resultado do empilhamento das demais 178 imagens. Ambas obtidas
aplicando-se a metodologia nos dados sísmicos oriundos da modelagem
acústica de um levantamento sísmico com cabo de fundo oceânico (OBC).

4.1.3 – Modelagens Sísmicas Empregando Operadores Elásticos

Dando prosseguimento as simulações propostas neste tópico, serão


apresentados os resultados oriundos da modelagem sísmica empregando operadores

115
elásticos. Neste caso, o modelo matemático contempla a interação e a conversão
entre os diversos tipos de ondas, dentre elas: ondas compressionais e cisalhantes
(respectivamente, P-waves e S-waves).
Para a realização das modelagens elásticas são necessários os
modelos de velocidades de ondas compressionais (VP) e cisalhantes (VS), além do
modelo contendo os valores de densidades. Deste modo, a partir do modelo de
velocidades de ondas compressionais (apresentado na figura 4.1-1) aplicaram-se as
seguintes relações para a confecção dos demais modelos:
Modelo de velocidades de ondas cisalhantes: excluindo a lâmina d’água que
possui um valor nulo, nas demais camadas aplicou-se a seguinte expressão para a

determinação da velocidade de propagação das ondas cisalhantes: VS = VP / 3


Modelo de densidades: adotaram-se os seguintes valores: 1.0 e 2.1 Kg/cm3,
respectivamente, para a lâmina d’água e para as demais camadas do modelo.
Desta forma, para a realização do mesmo tipo de levantamento sísmico,
inicialmente proposto, no qual as informações são registradas ao longo de todo o
modelo e considerando-se os mesmos parâmetros de aquisição utilizados na
modelagem sísmica empregando operadores acústicos (vide tabela 4.1-1), tem-se à
disposição todos os ingredientes necessários para esta modelagem sísmica
empregando operadores elásticos.
A fim de ilustrar o aumento da complexidade, devido à adoção de
operadores elásticos, na configuração do campo de ondas propagado a partir da fonte
sísmica, é apresentada a seguir uma série de ilustrações do campo de ondas elástico.
No modelo matemático empregado, nestas modelagens, observa-se a existência e a
interação entre diversos tipos de ondas, dentre elas as ondas compressionais e
cisalhantes (respectivamente P- e S-waves).
Na figura 4.1-15 representa-se o campo de deslocamentos nas direções
coordenadas, referentes às direções X e Y, para diferentes instantes de tempo. Em tal
figura o campo de deslocamento é ilustrado através de imagens nas quais os valores
das amplitudes dos deslocamentos em uma escala de cores, para cada uma das
direções coordenadas, são sobrepostas a uma ilustração do modelo de velocidades.
Na figura 4.1-16 apresenta-se uma outra série de ilustrações,
considerando diferentes instantes de tempo relativos à propagação do campo de
ondas elásticas, referente ao módulo do campo de deslocamentos nas direções
coordenadas, sobrepostas a uma ilustração do modelo de velocidades.

116
Deslocamento direção X Deslocamento direção Y
Figura 4.1-15 - Representações do campo de deslocamentos nas direções coordenadas X e
Y, para diferentes instantes de tempo, sobrepostas a figura do modelo de
velocidades.

Figura 4.1-16 - Representações do módulo do campo de deslocamentos nas direções


coordenadas X e Y, para diferentes instantes de tempo, sobrepostas a figura
do modelo de velocidades.

117
Aplicando-se os operadores divergente e rotacional sobre o campo de
deslocamentos nas direções coordenadas, efetua-se a separação do campo de ondas,
respectivamente, em ondas compressionais (P-wave) e cisalhantes (S-wave). Tal
procedimento pode ser aplicado diretamente pelo software, desenvolvido pelo autor
desta tese, de visualização de dados bidimensionais (2D) (vide Apêndice D).
Deste modo, na figura 4.1-17 representa-se uma seqüência de
ilustrações do campo de ondas elásticas, decomposto em ondas compressionais (P-
waves) e em ondas cisalhantes (S-waves), sobreposto à uma figura do modelo de
velocidades.

P-waves S-waves
Figura 4.1-17 - Representações do campo de ondas elásticas em diferentes instantes de
tempo, separando-os em ondas compressionais (P -waves) e cisalhantes (S-
waves), obtidos – respectivamente – através da aplicação dos operadores
divergente e rotacional sobre o campo de deslocamento, sobrepostos a figura
do modelo de velocidades.

118
Outro esquema alternativo para visualização do campo de ondas
elásticas, também fornecido pelo software desenvolvido pelo autor desta tese para a
visualização de dados bidimensionais (2D) (vide Apêndice D), é expressar uma
representação vetorial do campo de deslocamentos, oriundo da propagação de ondas
elásticas. Deste modo, na figura 4.1-18 tem-se uma seqüência de imagens, nas quais
podem ser vislumbradas as representações vetoriais do campo de deslocamentos, em
conjunto com ilustrações do módulo do campo de deslocamentos, sobreposto a uma
figura do modelo de velocidades.
Na figura 4.1-19 apresentam-se duas ilustrações, relativas a ampliação
(zoom) de uma determinada região, da representação vetorial do campo de
deslocamentos proveniente da propagação de ondas elásticas, originárias da fonte
sísmica sobre o modelo de velocidades. Em tais ilustrações observam-se diversos
segmentos de retas representando os vetores, cujas origens estão sobre uma malha
regular, sobrepostos a uma representação – segundo uma determinada escala de
cores – do módulo dos deslocamentos nas direções coordenadas X e Y.

Figura 4.1-18 - Representações vetoriais do campo de deslocamento em diferentes instantes


de tempo, oriundo da propagação de ondas elásticas, sobrepostas ao módulo
do campo de deslocamentos e a figura do modelo de velocidades.

Figura 4.1-19 - Detalhes da Representação vetorial do campo de deslocamento em um


mesmo instante de tempo, oriundo da propagação de ondas elásticas,
sobrepostas ao módulo do campo de deslocamentos.

119
Analisando-se as diversas figuras, ilustrando as configurações do
campo de ondas elásticas, figuras 4.1-15 até 4.1-19, provenientes da modelagem da
propagação de ondas elásticas originárias a partir da fonte sísmica, pode-se comentar:
• Na figura 4.1-15 pode-se observar separadamente cada uma das componentes
dos deslocamentos nas direções coordenadas e, deste modo, avaliar a mudança
de polaridade em relação ao ponto de aplicação da fonte sísmica;
• Na figura 4.1-16, considerando-se a primeira ilustração onde a frente de onda
ainda está confinada na lâmina d’água (tendo velocidades de propagação
constante), relativa ao módulo do campo de deslocamentos nas direções
coordenadas, nota-se que as grandezas se compensam, de tal forma que o
módulo do vetor de deslocamento da partícula é o mesmo para os pontos
eqüidistantes em relação ao ponto de aplicação da fonte sísmica;
• Nas demais ilustrações, apresentadas na figura 4.1-16, pode-se observar que
grande parte da energia da frente de onda é refletida na primeira interface do
modelo de velocidades (correspondendo ao leito oceânico), sendo novamente
refletida na borda superior do modelo de velocidades. Tal mecanismo dá origem
às denominadas ondas múltiplas que – devido aos valores de impedância acústica
presentes no modelo de velocidades – possuem grande energia;
• O campo de deslocamentos pode ser decomposto em ondas compressionais (P-
waves) e cisalhantes (S-waves), utilizando-se – respectivamente – os operadores
divergente e rotacional, conforme ilustrado na figura 4.1-17. Analisando tais
ilustrações pode-se observar a conversão existente entre estes tipos de ondas,
quando da passagem da frente de onda sobre uma determinada interface do
modelo de velocidades, conforme previsto teoricamente (vide capítulo 2);
• Nas figuras 4.1-18 e 4.1-19 apresentam-se algumas ilustrações do campo de
ondas representando por meio de segmentos de retas o campo vetorial de
deslocamentos, oriundo da propagação de ondas elásticas, sobrepostas a
ilustrações – em escala de cores – de seu módulo. Através de tais
representações, pode-se identificar o tipo de onda presente no campo de ondas
elásticas. Nas ondas compressionais (P-waves) a partícula do meio vibra na
mesma direção de propagação (deste modo os vetores encontram-se
perpendiculares à frente da onda), e nas ondas cisalhantes (S-waves) a partícula
do meio vibra na direção perpendicular à direção de propagação e, neste caso, os
vetores apresentam-se paralelos à frente da onda.
Destaca-se que a análise das diversas figuras relativas à propagação
do campo de ondas elástico, apresentadas nas figuras 4.1-15 a 4.1-19, proporciona
um grande entendimento do fenômeno ondulatório sobre o modelo de velocidades,

120
que – neste caso – é regido pela equação elástica da onda, contemplando a existência
e a interação entre diversos tipos de ondas.
Na figura 4.1-20, ilustra-se o tipo de resposta sísmica que é obtido
aplicando-se a modelagem elástica, registrando-se a pressão hidrostática. Neste
sismograma a fonte sísmica encontra-se na mesma posição do sismograma oriundo
da modelagem acústica apresentado na figura 4.1-3. Comparando tais figuras pode-
se avaliar qualitativamente a influência do modelo matemático utilizado na modelagem
e, deste modo, observa-se que:
• O sismograma oriundo da modelagem elástica (figura 4.1-20) possui uma maior
complexidade em relação ao proveniente da modelagem acústica (figura 4.1-3),
pois o modelo de propagação de ondas elásticas possui um número menor de
simplificações em sua formulação m atemática que o modelo acústico;
Devido ao esquema adotado nas simulações numéricas utilizando o Método das
Diferenças Finitas (vide capítulo 2) e em se tratando de um modelo marítimo
(offshore), no acoplamento entre os meios acústico e elástico, respectivamente, a
lâmina d’água e a primeira camada de rocha, onde tal interface possui uma
determinada inclinação, há a formação de pontos difratores. Tal característica é
evidenciada no sismograma apresentado na figura 4.1-20, pelas reflexões originárias
do leito oceânico (próximas a lateral direita do modelo de velocidades).

Figura 4.1-20 - Sismograma sintético proveniente da modelagem elástica.

Seguindo a mesma filosofia apresentada anteriormente, aplica-se o


mesmo procedimento para se obter o sismograma proveniente da modelagem elástica
sem a contribuição da onda direta. Deste modo, na figura 4.1-21, apresenta-se o
sismograma oriundo da modelagem elástica cujo modelo de velocidades é formado
por uma única camada composta por uma lâmina d’água; e, em seguida, tal resultado

121
é subtraído do sismograma proveniente do modelo de velocidades contendo todas as
interfaces (figura 4.1-20), obtendo-se o sismograma sem a contribuição da onda direta.

(a) (b)
Figura 4.1-21 - Sismogramas sintéticos, oriundos da modelagem elástica considerando
apenas a lâmina d’água (a) e proveniente da diferença entre os sismogramas
considerando o modelo de velocidades completo e considerando apenas a
lâmina d’água (b).

4.1.4 – Migração Reversa no Tempo Empregando Operadores Elásticos

De posse deste novo conjunto de dados sísmicos provenientes da


modelagem elástica, inicialmente, realiza-se uma Migração Reversa no Tempo
empregando operadores acústicos. Deste modo, pode-se avaliar o efeito sobre este
esquema de migração considerando a utilização de um conjunto de dados sísmicos
sintéticos mais realístico, no qual as diversas interações entre os diferentes tipos de
ondas são tratados como ruídos pelo esquema de migração, que em sua formulação
matemática não contempla a existência - nem as interações entre outros tipos de
ondas - que não sejam ondas compressionais (P-waves).
Na figura 4.1-22 apresenta-se a imagem em profundidade resultante do
empilhamento das 178 imagens advindas da aplicação do esquema de Migração
Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de excitação,
utilizando operadores acústicos. As matrizes de tempo de trânsito foram determinadas
empregando o critério proposto neste trabalho da amplitude máxima nas proximidades
da primeira quebra (vide Capítulo 3).
Destaca-se que, nesta análise empregaram-se os sismogramas
sintéticos, determinados a partir da modelagem elástica, sem o emprego de nenhum
tratamento prévio, ou seja, com a presença dos efeitos da onda direta.

122
Figura 4.1-22 - Imagem em profundidade final determinada através do esquema de Migração
Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, considerando o critério da amplitude máxima nas proximidades da
primeira quebra.

Analisando-se o resultado ilustrado na figura 4.1-22 e comparando-o


com a figura 4.1-7 (para o caso no qual os sismogramas contêm todos os eventos
associados à Modelagem S ísmica empregando operadores acústicos ), pode-se tecer os
seguintes comentários:
• Com relação à figura 4.1-22, de forma geral, têm-se os principais refletores
corretamente imageados, embora também haja um grande número de refletores
erroneamente imageados. Conforme comentários anteriores, o refletor
erroneamente imageado, posicionado na região mediana da imagem em
profundidade, tem sua formação associada à energia das ondas múltiplas oriunda
das reflexões provenientes da primeira interface. Os demais refletores
erroneamente imageados estão associados às conversões e interações entre os
diferentes tipos de ondas presentes no modelo matemático adotado na
modelagem sísmica que forneceu os dados de entrada para migração acústica
realizada;
• A diminuição da relação sinal/ruído também está relacionada ao fato dos dados
sísmicos terem sido modelados utilizando operadores elásticos, associado ao fato
de que na modelagem elástica, devido à inclinação do leito oceânico, o esquema
de diferenças finitas favorece a formação de pontos difratores, que também são
tratados como ruído pelo esquema de migração empregando operadores
acústicos.
De posse do conjunto de dados sísmicos sintéticos, oriundos da
modelagem elástica, serão apresentados a seguir os resultados da aplicação dos
esquemas de Migração Reversa no Tempo considerando operadores elásticos, ou
seja, tanto na modelagem quanto na migração será empregado o mesmo modelo
matemático para o fenômeno da propagação de ondas.
No caso da Migração Reversa no Tempo empregando a condição de
imagem de tempo de excitação (Excitation-time Imaging Condition), utilizando
operadores elásticos e seguindo a metodologia proposta no capítulo 3, aplicaram-se

123
dois critérios distintos para a determinação das matrizes de tempo de trânsito, são
eles: o critério da amplitude máxima e o critério proposto neste trabalho da amplitude
máxima nas proximidades da primeira quebra.
Para tornar a exposição mais didática a respeito das diferenças entre os
dois critérios distintos para a formação das matrizes de tempo de trânsito, antes da
apresentação das imagens em profundidade provenientes da aplicação do esquema
de migração empregando operadores elásticos, apresentam-se nas figuras 4.1-23 e
4.1-24 as matrizes de tempo de trânsito obtidas a partir da aplicação de tais critérios.
Analisando a representação das matrizes de tempo de trânsito, figuras
4.1-23 e 4.1-24, determinadas através de critérios distintos, conclui-se que:
• De forma geral, o emprego do inovador critério proposto nesta tese da amplitude
máxima nas proximidades da primeira quebra produz matizes de tempo de trânsito
com um m enor número de descontinuidades;
• No caso da matriz de tempo de trânsito (MTT) associada à propagação das ondas
cisalhantes (S-waves), determinada utilizando operadores elásticos (EL) e
representada nas figuras por S – MTT EL, com a utilização do critério da amplitude
máxima nas proximidades da primeira quebra não se obteve uma matriz de tempo
de trânsito com um número inferior de descontinuidades em comparação ao caso
da adoção do critério da amplitude máxima.
Destaca-se que, quando se utilizam operadores elásticos, as grandezas
que estão relacionadas à conversão entre os diferentes tipos de ondas podem “surgir”,
devido à conversão entre os diferentes tipos de ondas quando da passagem da frente
de ondas sobre uma interface, em determinada posição do modelo antes da chegada
da primeira quebra associada à tal grandeza.
Um exemplo típico desta afirmação são as ondas cisalhantes (S-
waves), que se propagam - geralmente - com uma velocidade bem inferior às ondas
compressionais (P-waves) e - dependendo das propriedades do meio de propagação -
quando da passagem da frente de ondas compressionais sobre determinada interface,
há a conversão entre estes diferentes tipos ondas. Deste modo, à medida que a frente
de ondas compressionais se propaga, através das diversas interfaces do modelo de
velocidades, há a conversão e o “surgimento” de uma frente de ondas cisalhantes.
Esta característica do fenômeno de propagação de ondas elásticas
dificulta a formação de matrizes de tempo de trânsito que apresentem um número
reduzido de descontinuidades, através da aplicação do critério proposto neste trabalho
da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra.

124
P – MTT AC S – MTT AC

P – MTT EL S – MTT EL

Eng. Cinética Máxima Sigma 1 Máximo

Tal Máximo Txy – MTT EL

Txx – MTT EL Tyy – MTT EL

Vx – MTT EL Vy – MTT EL

Figura 4.1-23 - Representação das matrizes de tempo de trânsito determinadas a partir do


critério da amplitude máxima, utilizadas na condição de imagem de tempo de
excitação no esquema de Migração Reversa no Tempo empregando
operadores elásticos.

125
P – MTT AC S – MTT AC

P – MTT EL S – MTT EL

Eng. Cinética Máxima Sigma 1 Máximo

Tal Máximo Txy – MTT EL

Txx – MTT EL Tyy – MTT EL

Vx – MTT EL Vy – MTT EL

Figura 4.1-24 - Representação das matrizes de tempo de trânsito determinadas a partir do


critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra, utilizadas
na condição de imagem de tempo de excitação no esquema de Migração
Reversa no Tempo empregando operadores elásticos.

126
Analisando as ilustrações representando as diferenças entre os critérios
de determinação das matrizes de tempo de trânsito referente às grandezas elásticas
utilizadas pelo esquema de Migração Reversa no Tempo para a formação de imagens
em profundidade, figuras 4.1-23 e 4.1-24, pode-se tecer os seguintes comentários:
• Com relação às matrizes de tempo de trânsito associadas às ondas
compressionais (P-waves), os dois critérios analisados apresentaram o mesmo tipo
de comportamento, nos casos em que se empregaram operadores acústicos e
operadores elásticos para sua determinação. Deste modo, em acordo com a teoria
de propagação de ondas, conclui-se que a equação acústica da onda é uma
excelente aproximação para a propagação de ondas compressionais em meios
elásticos;
• No caso das matrizes de tempo de trânsito associadas às ondas cisalhantes (S-
waves), utilizando, respectivamente, operadores acústicos e elásticos para sua
determinação, destaca-se que houve uma grande diferença em relação às figuras
obtidas para os critérios analisados, pois, no caso do emprego de operadores
acústicos, além da ausência e interação entre outros tipos de ondas diferentes da
onda cisalhante, durante a determinação das matrizes de tempo de trânsito o
modelo de velocidades cisalhantes teve de ser alterado para simular a passagem
da frente de onda sobre a lamina d’água;
• Para a tensão cisalhante máxima (determinada a partir do tensor de tensões) e a
tensão cisalhante τ xy , observa-se que há uma grande similaridade no

comportamento de tais grandezas, para ambos os critérios utilizados para


determinação das matrizes de tempo de trânsito. Esta característica se deve ao
fato de que tais grandezas estão relacionadas à propagação do mesmo tipo de
ondas, no caso as ondas cisalhantes (S-waves);
• De forma geral, na utilização de operadores elásticos para a determinação das
matrizes de tempo de trânsito, para certas grandezas o critério proposto nesta tese
da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra tende a registrar o
instante de tempo associado às conversões entre os diferentes tipos de ondas
quando da passagem da onda compressional sobre os diversos refletores, como
por exemplo às ondas cisalhantes (S-waves). Geralmente, em tais grandezas
convertidas este instante de tempo não está relacionado ao valor de amplitude
máxima, daí as diferenças apresentadas pelas matrizes de tempo de trânsito
determinadas a partir dos critérios analisados;
• As demais figuras, relacionadas às demais grandezas elásticas utilizadas para a
formação de imagens em profundidade, que não tiveram comentários específicos,

127
apresentam basicamente o mesmo tipo de comportamento referentes aos critérios
da amplitude máxima e da amplitude máxima nas proximidades da primeira
quebra.
A seguir, empregando os dados sísmicos oriundos da modelagem
elástica, na qual se simulou a aquisição ao longo de toda a superfície do modelo de
velocidades, apresentam-se, nas figuras 4.1-25, 4.1-26, 4.1-27 e 4.1-28, as imagens
em profundidade resultantes da aplicação do esquema de Migração Reversa no
Tempo empregando a condição de imagem de tempo de excitação (Excitation-time
Imaging Condition), utilizando-se operadores elásticos.
Posteriormente, nas figuras 4.1-29, 4.1-30, 4.1-31 e 4.1-32,
apresentam-se as imagens em profundidade provenientes da aplicação do mesmo
esquema de migração utilizado para a formação das imagens representadas nas
figuras 4.1-25, 4.1-26, 4.1-27 e 4.1-28, sendo que nestas analises empregaram-se os
dados sísmicos provenientes da modelagem elástica, onde se aplicou o procedimento
para subtraírem-se os efeitos relacionados à onda direta.
Destaca-se que, as imagens apresentadas nas figuras 4.1-25, 4.1-26,
4.1-29 e 4.1-30 utilizaram o critério da amplitude máxima para a determinação das
matrizes de tempo de trânsito, e nas figuras 4.1-27, 4.1-28, 4.1-31 e 4.1-32, utilizaram
o critério proposto nesta tese da amplitude máxima nas proximidades da primeira
quebra (vide item 3.1.2.1).
No caso da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
utilizando operadores elásticos e empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, em algumas das grandezas adotadas para a formação das imagens em
profundidade há uma mudança de fase (polaridade) decorrente da própria natureza
vetorial de tais grandezas, tais como: a tensão cisalhante τ xy , a onda cisalhante (S-

wave), o deslocamento na direção coordenada X, dentre outras.


Nas imagens em profundidade apresentadas nas figuras 4.1-25 a 4.1-
32, originárias da migração empregando operadores vetoriais, há algumas grandezas
vetoriais onde se tem a mudança de fase (polaridade) ao longo das imagens
associadas a cada sismograma. Desta forma, durante a fase de empilhamento
(stacking), adota-se o módulo dos valores de cada imagem como um procedimento
para anular esta diferença na polaridade.

128
PP – MTT AC PP – MTT EL

PS – MTT AC PS Módulo – MTT AC

PS – MTT EL PS Módulo – MTT EL

SS – MTT AC SS Módulo – MTT AC

SS – MTT EL SS Módulo – MTT EL

SP – MTT AC SP – MTT EL

Figura 4.1-25 - Imagens em profundidade finais, associadas a diversas grandezas elásticas,


resultantes do empilhamento das 178 imagens provenientes da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem
de tempo de excitação, considerando o critério da amplitude máxima.

129
TXX – MTT EL TYY – MTT EL

TXY – MTT EL TXY Módulo – MTT EL

Tal Máximo

Eng. Cinética Máxima Sigma 1 Máximo

Vx Vy

Figura 4.1-26 - Imagens em profundidade finais, associadas a diversas grandezas elásticas,


resultantes do empilhamento das 178 imagens provenientes da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem
de tempo de excitação, considerando o critério da amplitude máxima.

130
PP – MTT AC PP – MTT EL

PS – MTT AC PS Módulo – MTT AC

PS – MTT EL PS Módulo – MTT EL

SS – MTT AC SS Módulo – MTT AC

SS – MTT EL SS Módulo – MTT EL

SP – MTT AC SP – MTT EL

Figura 4.1-27 - Imagens em profundidade finais, associadas a diversas grandezas elásticas,


resultantes do empilhamento das 178 imagens provenientes da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem
de tempo de excitação, considerando o critério da amplitude máxima nas
proximidades da primeira quebra.

131
TXX – MTT EL TYY – MTT EL

TXY – MTT EL TXY Módulo – MTT EL

Tal Máximo

Eng. Cinética Máxima Sigma 1 Máximo

Vx Vy

Figura 4.1-28 - Imagens em profundidade finais, associadas a diversas grandezas elásticas,


resultantes do empilhamento das 178 imagens provenientes da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem
de tempo de excitação, considerando o critério da amplitude máxima nas
proximidades da primeira quebra.

132
PP – MTT AC PP – MTT EL

PS – MTT AC PS Módulo – MTT AC

PS – MTT EL PS Módulo – MTT EL

SS – MTT AC SS Módulo – MTT AC

SS – MTT EL SS Módulo – MTT EL

SP – MTT AC SP – MTT EL

Figura 4.1-29 - Imagens em profundidade finais, associadas a diversas grandezas elásticas,


resultantes do empilhamento das 178 imagens provenientes da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem
de tempo de excitação, considerando o critério da amplitude máxima. Nos
dados sísmicos de entrada (sismogramas) desconsideraram-se os efeitos da
onda direta.

133
TXX – MTT EL TYY – MTT EL

TXY – MTT EL TXY Módulo – MTT EL

Tal Máximo

Eng. Cinética Máxima Sigma 1 Máximo

Vx Vy

Figura 4.1-30 - Imagens em profundidade finais, associadas a diversas grandezas elásticas,


resultantes do empilhamento das 178 imagens provenientes da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem
de tempo de excitação, considerando o critério da amplitude máxima. Nos
dados sísmicos de entrada (sismogramas) desconsideraram-se os efeitos da
onda direta.

134
PP – MTT AC PP – MTT EL

PS – MTT AC PS Módulo – MTT AC

PS – MTT EL PS Módulo – MTT EL

SS – MTT AC SS Módulo – MTT AC

SS – MTT EL SS Módulo – MTT EL

SP – MTT AC SP – MTT EL

Figura 4.1-31 - Imagens em profundidade finais, associadas a diversas grandezas elásticas,


resultantes do empilhamento das 178 imagens provenientes da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem
de tempo de excitação, considerando o critério da amplitude máxima nas
proximidades da primeira quebra. Nos dados sísmicos de entrada
(sismogramas) desconsideraram-se os efeitos da onda direta.

135
TXX – MTT EL TYY – MTT EL

TXY – MTT EL TXY Módulo – MTT EL

Tal Máximo

Eng. Cinética Máxima Sigma 1 Máximo

Vx Vy

Figura 4.1-32 - Imagens em profundidade finais, associadas a diversas grandezas elásticas,


resultantes do empilhamento das 178 imagens provenientes da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem
de tempo de excitação, considerando o critério da amplitude máxima nas
proximidades da primeira quebra. Nos dados sísmicos de entrada
(sismogramas) desconsideraram-se os efeitos da onda direta.

136
Analisando-se as diversas imagens em profundidade finais, ilustradas
nas figuras 4.1-25 a 4.1-32, provenientes do empilhamento (stacking) das 178
imagens obtidas através da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando operadores vetoriais, sendo adotada a condição de imagem de tempo de
excitação, pode-se tecer os seguintes comentários:
• De maneira geral, os principais refletores apresentam-se corretamente
imageados com uma baixa relação sinal/ruído. Um procedimento que poderia
ser adotado, antes do empilhamento (stacking) das imagens em profundidades,
para melhorar a qualidade das imagens finais seria a re-ordenação dos traços
das imagens em profundidade, relativas a cada um dos sismogramas,
formando famílias CRP’s (Common Reciver Point) e, posteriormente, a
aplicação de um silenciamento (muting) onde não mais existir a coincidência no
posicionamento nos refletores de cada painel (conforme ilustrado na aplicação
da exposta no Anexo I.2);
• Destaca-se que, nas imagens em profundidade apresentadas há um grande
número de refletores erroneamente imageados. Sendo que, conforme
comentários anteriores, tais refletores têm sua formação associada à energia
das ondas múltiplas (provenientes das reflexões oriundas da primeira interface)
e às conversões e interações entre os diferentes tipos de ondas presentes no
modelo matemático empregando operadores elásticos, adotado tanto na
modelagem quanto na migração sísmica;
• Comparando-se as imagens em profundidade apresentadas nas figuras 4.1-25
e 4.1-26 com as imagens apresentadas nas figuras 4.1-27 e 4.1-28, oriundas
da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a
condição de imagem de tempo de excitação, sendo que as matrizes de tempo
de trânsito foram determinadas, respectivamente, pelos critérios da amplitude
máxima e amplitude máxima nas proximidades de primeira quebra (proposto
originalmente neste trabalho), observa-se que:
o Qualitativamente, houve uma ligeira melhora nas imagens em profundidade
que foram determinadas, utilizando-se as matrizes de tempo de trânsito
obtidas pelo critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira
quebra, para as seguintes grandezas:
 Onda Compressional (P-wave), associada aos modos de
propagação P-P e S-P, sendo as matrizes de tempo de trânsito
determinadas empregando-se operadores elásticos, referenciada
nas figuras por: PP – MTT EL e SP MTT –EL;

137
 Onda Cisalhante (S-wave), associada aos modos de propagação P-
S e S-S, ambos os casos utilizando-se o módulo dos valores de
cada imagem para o empilhamento (stacking), sendo as matrizes de
tempo de trânsito determinadas empregando-se operadores
elásticos, referenciadas nas figuras – respectivamente - por: PS
Módulo MTT – EL e SS Módulo – MTT EL;
 Tensões σ xx , σ yy e τ xy (tendo sido utilizado, nesta última tensão, o

módulo dos valores de cada imagem no empilhamento (stacking)),


com as matrizes de tempo de trânsito determinadas empregando-se
operadores elásticos, referenciadas nas figuras por: TXX, TYY e
TXY Módulo;
 Tensão normal máxima (σ 1 ) e tensão cisalhante máxima (τ max ),

empregando-se operadores elásticos para a determinação das


matrizes de tempo de trânsito, referenciadas nas figuras por: Sigma
1 máximo e Tal máximo.
o Caso contrário, utilizando as matrizes de tempo de trânsito que foram
determinadas através da aplicação do critério da amplitude máxima, as
seguintes grandezas apresentaram uma melhor qualidade nas imagens em
profundidade:
 Energia cinética máxima e deslocamento na direção Y, aplicando-se
operadores elásticos na determinação das matrizes de tempo de
trânsito, referenciada nas figuras – respectivamente - por: Eng
Cinética Máxima e Vy.
o Nas demais imagens em profundidade as alterações qualitativas, devido a
utilização de um dos critérios para a determinação das matrizes de tempo
de trânsito, não foram perceptíveis.
• No caso da comparação entre as imagens em profundidade apresentadas nas
figuras 4.1-25 e 4.1-26 com as imagens das figuras 4.1-27 4.1-28, oriundas da
aplicação do mesmo esquema de Migração Reversa no Tempo, pode-se
também avaliar as diferenças ocasionadas pela utilização dos distintos critérios
para a determinação das matrizes de tempo de trânsito. Sendo que, em tais
análises os dados sísmicos empregados desconsideram os efeitos da onda
direta;
• Levando-se em conta apenas as alterações ocasionadas nas imagens em
profundidade, pela utilização de um determinado critério na formação das
matrizes de tempo de trânsito que são utilizadas na condição de imagem de

138
tempo de excitação, conclui-se que, para este modelo de velocidades, não
foram observadas grandes variações na relação sinal/ruído e no imageamento
dos refletores em sub-superfície;
• De acordo com os resultados apresentados, considerando-se o esquema de
Migração Reversa no tempo e as características deste modelo de velocidades,
o emprego de dados sísmicos nos quais foram suprimidos os efeitos da onda
direta não proporcionaram uma alteração significativa na qualidade das
imagens em profundidade.
Dando prosseguimento a seqüência de análises dos diversos esquemas
de Migração Reversa no Tempo, apresentam-se os resultados advindos da utilização
da condição de imagem empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes. Sendo que, neste caso, os campos de ondas serão
determinados empregando-se a equação da onda elástica, a qual contempla a
existência e a interação entre diversos tipos de ondas.
Destaca-se que, conforme exposto anteriormente no capítulo 3 e no
apêndice D, não foram implementadas todas as expressões apresentadas no item
3.1.3.2 referentes aos diversos tipos de condições de imagens utilizando, neste
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando operadores elásticos. Neste
caso, somente foram implementadas as expressões I0, I1 e I2, referentes –
respectivamente – às equações 3.1-4 , 3.1-5 e 3.1-6 (vide item 3.1.3.2). Sendo que,
as duas ultimas expressões constituem em contribuições desenvolvidas nesta tese.
Em tais análises, empregou-se o seguinte intervalo de tempo: 3.0 a 0.5
segundos, respectivamente, para o início e fim das expressões de correlação cruzada
que darão origem às imagens em profundidade.
Pretende-se avaliar a influência na qualidade das imagens em
profundidade quando da utilização do recurso da separação da direção de propagação
na direção descendente do campo de ondas descendentes, contribuição inovadora
proposta nesta tese (vide item 3.1.3). Para tanto serão apresentadas as imagens em
profundidades obtidas com e sem a aplicação deste artifício inovador, que,
teoricamente, irá melhorar o imageamento dos refletores em sub-superfície.
Nas simulações apresentadas a seguir, considerando a aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando operadores elásticos,
utilizaram-se os dados sísmicos provenientes da modelagem sísmica - também
empregando operadores elásticos - nos quais foram subtraídas dos sismogramas as
contribuições referente à onda direta (propagando-se ao longo da lâmina d’água do
modelo de velocidades).

139
Nas figuras 4.1-33, 4.1-34 e 4.1-35 apresentam-se as imagens em
profundidade provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
utilizando como condição de imagem a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, sendo que tais campos de ondas foram determinados a
partir de operadores elásticos, correspondendo – respectivamente – a aplicação das
expressões I0, I1 e I2 (vide capítulo 3).
Através de uma análise criteriosa dos diversos resultados apresentados
nas figuras 4.1-33, 4.1-34 e 4.1-35, referentes às imagens em profundidade
determinadas através da aplicação de diferentes expressões para a correlação
cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes, pode-se tecer os
seguintes comentários:
• De maneira geral, as imagens determinadas através da expressão I1, a qual
considera que os campos de ondas ascendentes e descendentes encontram -
se em fase (polaridade) (vide item 3.1.3.2), apresentaram uma qualidade
superior em relação as imagens obtidas através das expressões I0 e I2;
• Destaca-se que as imagens em profundidade relacionadas às seguintes
grandezas: ondas compressionais (P-waves), ondas cisalhantes (S-waves) e
deslocamento na direção X (Vx), além das tensões σ xx , σ yy e τ xy ,

apresentaram um excelente desempenho na correta formação da imagem dos


refletores em sub-superfície através do emprego da expressão I1;
• Ressalta-se que, apesar dos excelentes resultados alcançados, em todas as
expressões avaliadas para a formação das imagens em profundidade observa-
se a presença de refletores erroneamente imageados. Conforme comentários
anteriores, tais refletores têm sua formação associada à energia das ondas
múltiplas oriunda das reflexões provenientes da primeira interface, bem como
às conversões e interações entre os diferentes tipos de ondas presentes no
modelo matemático adotado na modelagem e migração sísmicas;
• Devido ao fato da energia cinética e da tensão cisalhante máxima serem
grandezas que, de acordo com suas definições, possuem apenas valores
positivos, não é eficaz o emprego da expressão I2 para a formação de imagens
em profundidade. Tal expressão, proposta originalmente neste trabalho,
considera que o produto dos campos de ondas ascendente e descendente
deve ser negativo para a formação da imagem (vide item 3.1.3.2) e, devido ao
intervalo de definição de algumas grandezas, tal condição nunca é satisfeita.

140
P S

TXX TYY

TXY Tal Máximo

Eng. Cinética Máxima Sigma 1 Máximo

Vx Vy

Figura 4.1-33 - Imagens em profundidade finais, associadas a diversas grandezas elásticas,


resultantes do emplilhamento das 178 imagens provenientes da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem
com correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, referentes à aplicação da expressão I0 (vide capítulo 3).

141
P S

TXX TYY

TXY Tal Máximo

Eng. Cinética Máxima Sigma 1 Máximo

Vx Vy

Figura 4.1-34 - Imagens em profundidade finais, associadas a diversas grandezas elásticas,


resultantes do emplilhamento das 178 imagens provenientes da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem
com correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, referentes à aplicação da expressão I1 (vide capítulo 3).

142
P S

TXX TYY

TXY Tal Máximo

Eng. Cinética Máxima Sigma 1 Máximo

Vx Vy

Figura 4.1-35 - Imagens em profundidade finais, associadas a diversas grandezas elásticas,


resultantes do emplilhamento das 178 imagens provenientes da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem
com correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, referentes à aplicação da expressão I2 (vide capítulo 3).

143
De posse do conjunto de análises realizadas até o momento,
envolvendo a modelagem e a migração sísmica empregando operadores elásticos,
pode-se comparar a eficiência entre dois tipos distintos de esquemas de Migração
Reversa no Tempo, utilizando a condição de imagem de tempo de excitação (figuras
4.1-31 e 4.1-32) e utilizando a condição de imagem empregando a correlação cruzada
entre os campos de ondas ascendentes e descendentes (figuras 4.1-33, 4.1-34 e 4.1-
35). Analisando tais figuras pode-se tecer os seguintes comentários a este respeito:
• De forma geral, as imagens em profundidade alcançadas com a utilização do
esquema de Migração Reversa no Tempo, utilizando a condição de imagem
empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, apresentaram uma elevada relação sinal/ruído em relação ao
esquema de migração utilizando a condição de imagem de tempo excitação;
• Em ambos os esquemas de migração se obteve imagens em profundidade nas
quais se constata a presença de refletores erroneamente imageados, cuja
formação está associada a energia das reflexões múltiplas provenientes da
primeira interface do modelo de velocidades;
• De acordo com os comentários realizados quando da apresentação destes
esquemas de migração (vide capítulo 3), observou-se que a condição de
imagem empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes é mais estável que o esquema empregando a
condição de imagem de tempo de excitação, pois este último é vulnerável a
definição precisa do tempo de trânsito associado a um determinado evento
sísmico.
De forma similar às figuras 4.1-33, 4.1-34 e 4.1-35, nas figuras 4.1-36,
4.1-37 e 4.1-38, são apresentadas as imagens em profundidade aplicando o mesmo
esquema de Migração Reversa no Tempo, utilizando a condição de imagem
empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, acrescido da contribuição originalmente proposta nesta tese da
separação da direção de propagação na direção descendente do campo de ondas
descendentes para, posterior aplicação das expressões I0, I1 e I2 para a correlação
cruzada empregadas como condição de imagem (vide capítulo 3).

144
P S

TXX TYY

TXY Tal Máximo

Eng. Cinética Máxima Sigma 1 Máximo

Vx Vy

Figura 4.1-36 - Imagens em profundidade finais, associadas a diversas grandezas elásticas,


resultantes do emplilhamento das 178 imagens provenient es da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem
com correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, referentes à aplicação da expressão 0I (vide capítulo 3). Em
tais migrações, aplicou-se o recurso da separação da direção de propagação
na direção descendente do campo de ondas descendentes.

145
P S

TXX TYY

TXY Tal Máximo

Eng. Cinética Máxima Sigma 1 Máximo

Vx Vy

Figura 4.1-37 - Imagens em profundidade finais, associadas a diversas grandezas elásticas,


resultantes do emplilhamento das 178 imagens provenientes da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem
com correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, referentes à aplicação da expressão 1I (vide capítulo 3). Em
tais migrações, aplicou-se o recurso da separação da direção de propagação
na direção descendente do campo de ondas descendentes.

146
P S

TXX TYY

TXY Tal Máximo

Eng. Cinética Máxima Sigma 1 Máximo

Vx Vy

Figura 4.1-38 - Imagens em profundidade finais, associadas a diversas grandezas elásticas,


resultantes do emplilhamento das 178 imagens provenientes da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem
com correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, referentes à aplicação da expressão 2I (vide capítulo 3). Em
tais migrações, aplicou-se o recurso da separação da direção de propagação
na direção descendente do campo de ondas descendentes.

147
De acordo com os resultados apresentados nas figuras 4.1-36, 4.1-37 e
4.1-38, referente – respectivamente - à aplicação das expressões I0, I1 e I2 para a
determinação das imagens em profundidade no esquema de Migração Reversa no
Tempo empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, obtidos a partir do uso de operadores elásticos, tendo sido acrescido o
recurso proposto nesta tese da separação da direção de propagação na direção
descendente do campo de ondas descendentes, pode-se tecer os seguintes
comentários:
• A inclusão do recurso da separação da direção de propagação na direção
ascendente do campo de ondas ascendentes não alterou de forma significativa
a relação sinal/ruído das diversas imagens em profundidade relacionadas às
grandezas elásticas analisadas;
• As mesmas observações feitas com respeito às figuras 4.1-33, 4.1-34 e 4.1-35,
relativas à aplicação do mesmo esquema de migração sem o emprego do
recurso da separação da direção de propagação, também são válidas para
este caso.
Com a simulação do esquema de migração que deu origem às figuras
4.1-36, 4.1-37 e 4.1-38, encerraram-se as várias análises referentes à aplicação dos
diversos esquemas de Modelagens e Migrações Reversas no Tempo, empregando
tanto operadores acústicos quanto operadores elásticos, pretendidas com a
apresentação deste item.
A seguir serão apresentados alguns comentários finais e conclusões a
este respeito das simulações realizadas ao longo deste item:
• Devido às características de impedância acústica entre a lâmina d’água e a
primeira camada do modelo de velocidades, na modelagem dos diversos
levantamentos sísmicos realizados, observou-se a presença bem caracterizada
das reflexões múltiplas nos diversos sismogramas apresentados (figuras 4.1-3
e 4.1-20);
• Como em tais reflexões concentrou-se grande parte da energia introduzida
pela fonte sísmica, nas inúmeras imagens em profundidade provenientes da
aplicação dos diversos esquemas de Migração Reversa no Tempo formou-se
um refletor erroneamente imageado associado à tais reflexões múltiplas;
• Esquemas de Migração Reversa no Tempo empregando operadores elásticos
mostraram -se mais robustos e eficientes na determinação dos refletores em
sub-superfície que os esquemas empregando operadores acústicos, quando
da utilização de dados sísmicos sintéticos nos quais se empregaram
operadores elásticos para a simulação da propagação de ondas sísmicas;

148
• A utilização da condição de imagem empregando a correlação cruzada entre
os campos de ondas ascendentes e descendentes mostrou-se muito mais
robusta na determinação de imagens em profundidade contendo elevada
relação sinal/ruído, determinando o correto posicionamento dos refletores em
sub-superfície, principalmente quando da utilização de esquemas de migração
empregando operadores elásticos, do que o uso da condição de imagem de
tempo de excitação;
• Alguns dos esquemas de Migração Reversa no Tempo desenvolvidos pelo
autor deste trabalho foram capazes de imagear corretamente os refletores em
sub-superfície, a partir dos dados sísmicos sintéticos modelados empregando
tanto operadores acústicos quanto elásticos, embora com a presença errônea
de alguns refletores, cuja formação verificou-se estar associada a energia das
reflexões múltiplas;
• Outro aspecto importante, que deve ser levado em conta, é que com a elevada
cobertura do levantamento sísmico, isto é, o grau de redundância da
amostragem sub-superficial (devido à geometria de aquisição utilizada), a
influência do tipo de critério empregado para a determinação das matrizes de
tempo de trânsito na imagem em profundidade – obtida após o empilhamento
(stacking) das diversas imagens correspondente a cada um dos sismogramas -
tende a diminuir.
• De forma geral, a partir dos resultados alcançados pelos esquemas de
migração empregados sobre este modelo de velocidades, aliados a uma
análise criteriosa dos mesmos, é possível identificar todas as interfaces do
modelo de velocidades.

149
4.2 - Modelo Atum

Neste item, o principal objetivo a ser alcançado é a aplicação dos


diversos esquemas de Migração Reversa no Tempo - empregando operadores
acústicos ou operadores elásticos - em dados sísmicos reais oriundos de um
levantamento sísmico marítimo (off-shore) utilizando streamers, verificando sua
influência na qualidade das imagens em profundidades. Destaca-se que também
serão avaliados os efeitos da utilização de diferentes tipos de condições de imagens,
dentre elas: a condição de imagem de tempo de excitação e a condição de imagem
empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes.
Os dados sísmicos reais empregados nas migrações apresentadas ao
longo deste item foram adquiridos na costa brasileira. Tal levantamento sísmico
marítimo é proveniente de uma aquisição sísmica bidimensional (2-D) empregando
streamers, na qual o navio sísmico percorreu aproximadamente 31.5 Km, efetuando
um total de 1081 disparos (tiros), sendo apresentados na tabela 4.2-1 os principais
parâmetros utilizados nesta aquisição sísmica.

Tabela 4.2-1 – Principais parâmetros utilizados no levantamento


sísmico marítimo (off-shore) utilizando streamers.
Tempo total de registro 6.0 s
Intervalo de amostragem 4 ms
Distância entre receptores 25 m
Número de receptores 115
Número total de tiros 1081

Com o auxílio de um programa comercial de processamento sísmico,


alguns “ajustes” foram realizados nos dados sísmicos reais, provenientes da aquisição
empregando streamers, para que os mesmos se adequem à aplicação dos diversos
programas de migração especialmente desenvolvidos pelo autor desta tese, dentre
eles:
• A inclusão dos denominados traços sísmicos duros (contendo valores nulos)
nos receptores que por ventura apresentaram falha no registro dos dados
sísmicos durante determinado disparo;
• Completar o denominado off-set interno do levantamento sísmico com traços
sísmicos duros. Isto corresponde a acrescentar traços sísmicos duros ao longo
da distância entre a fonte sísmica até a primeira estação de receptores;

150
• A distância entre as estações de receptores é tida como constante. Também
não são levadas em conta as alterações na geometria de aquisição por conta
da deriva do cabo - contendo as estações de receptores - que é puxado pelo
navio sísmico durante a aquisição.
Destaca-se que, ao invés de se acrescentar traços sísmicos duros para
a adequação dos dados sísmicos aos programas desenvolvidos de migração sísmica,
outros procedimentos poderiam ter sido adotados, como por exemplo o emprego de
algoritmos de interpolação/extrapolação, disponíveis nos principais pacotes comerciais
de processamento sísmico, para - a partir dos dados sísmicos registrados - determinar
as informações dos traços que por ventura necessitem ser adicionados aos
sismogramas.
Um ponto a ser ressaltado é que, com a inclusão de traços sísmicos
duros, a energia proveniente das reflexões que deveria ter sido registrada durante o
levantamento sísmico por este traço deixa de ser depropagada pelo esquema de
Migração Reversa no Tempo. Desta forma, qualquer alternativa que apresente
informações coerentes para tais traços sísmicos, a princípio, fornecerá melhores
resultados no imageamento dos refletores em sub-superfície.
A seguir, após a apresentação dos modelos de velocidades, serão
ilustrados alguns sismogramas que servirão como dados de entrada para os
esquemas desenvolvidos de Migração Reversa no Tempo, ou seja, os dados sísmicos
já se encontram no formato adequado para sua depropagação, utilizando-se
operadores acústicos ou elásticos.
O modelo de velocidades foi determinado a partir de uma análise de
velocidades realizada utilizando-se um pacote de processamento sísmico comercial,
denominado GeoDepth. Tal análise de velocidade consiste, basicamente, na
utilização de uma correção de NMO (Normal MoveOut) em uma família de traços CMP
(Common-MidPoint), selecionando-se as velocidades que melhor horizontalizam as
reflexões registradas nos dados sísmicos .
Na figura 4.2-1 apresenta-se o modelo de velocidades, cujos valores
variam na faixa de 1500 a 5000 m/s. Tal modelo contém aproximadamente 31,5 Km
de extensão por 10 Km de profundidade, sendo que a simulação dos programas de
migração sísmica é realizada em uma estreita fatia deste modelo, limitada pelas
coordenadas da fonte sísmica e do último receptor (mais distante da fonte sísmica).
Tal fatia do modelo de velocidades possui 3.125 Km de extensão por 10 Km de
profundidade.

151
O programa master_SISMOS, desenvolvido pelo autor deste trabalho
(vide Apêndice D), é o responsável pelo gerenciamento da execução dos esquemas
de migração sísmica - aplicados ao longo deste item - no cluster de
microcomputadores, sendo de sua responsabilidade a preparação dos dados
necessários para que cada migração seja processada considerando-se um
determinado sismograma e a correspondente fatia do modelo de velocidades.

Figura 4.2-1 - Modelo de velocidades de ondas compressionais (VP, P-waves) determinado a


partir de uma análise de velocidades, realizada em um pacote de
processamento sísmico comercial.

Para a realização das migrações empregando operadores elásticos,


além do modelo de velocidades de ondas compressionais (VP), são necessários os
modelos de velocidade de ondas cisalhantes (VS) e o modelo contendo os valores de
densidades. Aplicaram-se as seguintes relações para a confecção dos demais
modelos, considerando-se o modelo de velocidades de ondas compressionais (VP)
(apresentado na figura 4.2-1):
Modelo de velocidades de ondas cisalhantes (VS): excluindo a lâmina d’água
que possui um valor nulo, nas demais camadas aplicou-se a seguinte expressão para
a determinação da velocidade de propagação das ondas cisalhantes: VS = VP / 3
Modelo de densidades: adotaram-se os seguintes valores: 1.0 e 2.1 Kg/cm3,
respectivamente, para a lâmina d’água e para as demais camadas do modelo.
Para satisfazer os critérios de dispersão numérica do Método das
Diferenças Finitas, considerando tanto a aplicação de operadores acústicos , quanto –
posteriormente – a aplicação de operadores elásticos, utilizaram-se os parâmetros da
tabela 4.2-2 nos algoritmos de Migração Reversa no Tempo.

152
Tabela 4.2-2 – Principais parâmetros utilizados nas Migrações
Reversas no Tempo, empregando operadores
acústicos e elásticos.
Espaçamento da malha (grid) - (h) 5.0 m
Intervalo de tempo 0.16 ms
Tempo total de análise 6.0 s

Deste modo, de acordo com os parâmetros definidos na tabela 4.2-2, o


modelo de velocidade é discretizado considerando-se 6301 x 2001 pontos do grid e,
para a discretização das estreitas fatias limitadas pelas coordenadas de fonte e
receptores envolvidas em um único sismograma, são necessários 626 x 2001 pontos
do grid.
A fim de ilustrar o tipo de resposta originária do levantamento sísmico
bidimensional (2D), em um modelo marítimo (off-shore) empregando streamers, assim
como a adequação dos mesmos aos programas desenvolvidos de migração sísmica
(através da inclusão de traços sísmicos duros), são apresentados nas figuras 4.2-2 e
4.2-3 alguns sismogramas e as correspondentes fatias do modelo de velocidades, as
quais são limitadas pelas coordenadas da fonte sísmica e do último receptor.
Destaca-se que, nas figuras 4.2-2 e 4.2-3 são ilustrados ao todo onze
(11) sismogramas , referentes a diferentes posições da fonte sísmica ao longo do
modelo. Sendo que, as coordenadas da fonte sísmica, em relação aos pontos do grid,
também são apresentadas nas legendas das figuras para cada um dos sismogramas
ilustrados. Observando-se tais coordenadas verifica-se que, no levantamento sísmico
realizado in situ, em algumas posições a fonte sísmica não foi registrada, ocasionando
uma defasagem da coordenada da fonte em relação ao número do tiro.
Ressalta-se que, os sismogramas ilustrados nas figuras 4.2-2 e 4.2-3
foram pré-processados. Um dos tratamentos que certamente foi aplicado ao dado
sísmico é o silenciamento (muting) da onda direta (direct wave, onda que se propaga
diretamente da fonte sísmica aos receptores). Tal pré-processamento foi realizado
empregando um programa comercial de processamento sísmico.
Na determinação das matrizes de tempo de trânsito utilizaram-se uma
freqüência de corte para a fonte sísmica de 28 Hz. Tais matrizes são empregadas nos
esquemas de Migração Reversa no Tempo que adotam a condição de imagem de
tempo de excitação.

153
o o
1 Sismograma 101 Sismograma
Coord. Fonte sísmica: 1 ponto do grid Coord. Fonte sísmica: 105 pontos do grid

o o
201 Sismograma 301 Sismograma
Coord. Fonte sísmica: 206 pontos do grid Coord. Fonte sísmica: 313 pontos do grid

o o
401 Sismograma 501 Sismograma
Coord. Fonte sísmica: 427 pontos do grid Coord. Fonte sísmica: 534 pontos do grid

Figura 4.2-2 – Ilustrações dos sismogramas oriundos do levantamento sísmico marítimo


utilizando streamers, após sua adequação aos programas de migração sísmica
(especialmente desenvolvidos pelo autor desta tese), além das respectivas
fatias do modelo de velocidades (limitadas pelas coordenadas da fonte sísmica
e do último receptor). São apresentados os sismogramas com os seguintes
números: 1, 101, 201, 301, 401 e 501.

154
o o
601 Sismograma 701 Sismograma
Coord. Fonte sísmica: 638 pontos do grid Coord. Fonte sísmica: 740 pontos do grid

o o
801 Sismograma 901 Sismograma
Coord. Fonte sísmica: 851 pontos do grid Coord. Fonte sísmica: 955 pontos do grid

o
1001 Sismograma
Coord. Fonte sísmica: 1055 pontos do grid

Figura 4.2-3 – Ilustrações dos sismogramas oriundos do levantamento sísmico marítimo


utilizando streamers, após sua adequação aos programas de migração sísmica
(especialmente desenvolvidos pelo autor desta tese), além das respectivas
fatias do modelo de velocidades (limitadas pelas coordenadas da fonte sísmica
e do último receptor). São apresentados os sismogramas com os seguintes
números: 601, 701, 801, 901 e 1001.

155
Além da determinação das matrizes de tempo de trânsito, na aplicação
de todos os esquemas de Migração Reversa no Tempo apresentados ao longo deste
tópico, considera-se que os modelos de velocidades e de densidades são suavizados.
Para tanto, emprega-se uma média móvel sobre os valores de velocidade de
propagação e de densidade, considerando-se nove (9) amostras (vide item 3.4).
A fim de alcançar os objetivos pretendidos com esta análise, serão
expostos a seguir os resultados provenientes da aplicação de diferentes esquemas de
Migração Reversa no Tempo. As imagens em profundidade resultantes da aplicação
de tais esquemas serão expostas na seguinte seqüência de análises:
• Migração Reversa no Tempo, utilizando operadores acústicos, adotando-se a
condição de imagem de tempo de excitação. Serão avaliados diferentes
critérios para a determinação das matrizes de tempo de trânsito;
• Migração Reversa no Tempo, utilizando operadores acústicos, adotando-se a
condição de imagem empregando a correlação cruzada entre os campos de
ondas ascendentes e descendentes. Neste esquema serão avaliados
diferentes tipos de expressões para a correlação cruzada entre os campos de
ondas (algumas delas desenvolvidas pelo autor deste trabalho), além de
outros procedimentos inovadores proposto nesta tese (vide capítulo 3, item
3.1.3);
• Migração Reversa no Tempo, utilizando operadores elásticos, adotando-se a
condição de imagem de tempo de excitação. Neste caso, também serão
avaliados diferentes critérios para a determinação das matrizes de tempo de
trânsito;
• Migração Reversa no Tempo, utilizando operadores elásticos, empregando-
se a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes como condição de imagem.
Ressalta-se que as imagens em profundidade apresentadas ao longo
deste tópico são resultantes do empilhamento (stacking) das imagens relativas à
aplicação do esquema de migração sísmica a cada um dos 1081 sismogramas,
provenientes do levantamento sísmico marítimo.
Destaca-se que nenhum artifício foi empregado para a confecção
destas imagens em profundidade finais, como por exemplo a re-ordenação dos traços
das imagens em profundidade, referentes a cada um dos sismogramas, formando-se
famílias CRP’s (Common Reciver Point), para – posteriormente - aplicar-se um
silenciamento (muting) quando não mais existir a coincidência no posicionamento dos
refletores de cada painel, e, finalmente, um empilhamento (stacking) para se formar a

156
imagem em profundidade final. No Anexo I.2 deste trabalho explora-se a utilização
deste artifício.
Dando início aos objetivos pretendidos com esta análise, serão
expostos a seguir os resultados provenientes da aplicação do esquema de Migração
Reversa no Tempo adotando-se a condição de imagem de tempo de excitação,
empregando-se operadores acústicos. Será avaliada qualitativamente a influência dos
distintos critérios para a determinação das matrizes de tempo de trânsito na relação
sinal/ruídos das imagens em profundidade obtidas.
Destaca-se que, na maioria das imagens apresentadas ao longo deste
tópico utilizou-se um esquema de controle automático de ganho (AGC, Automatic Gain
Control) na confecção da figuras, a fim de destacar os refletores em sub-superfície.
Para a definição da figura a ser apresentada empregou-se um critério subjetivo
adotado pelo autor desta tese, selecionando a ilustração que em sua opinião melhor
auxilie a interpretação dos resultados.

4.2.1 – Migração Reversa no Tempo Empregando Operadores Acústicos

Apresenta-se na figura 4.2-4 a imagem em profundidade final,


resultantes do empilhamento das 1081 imagens provenientes da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando operadores acústicos e
empregando o critério da amplitude máxima para a determinação das matrizes de
tempo de trânsito utilizadas na condição de imagem de tempo de excitação.
Na figura 4.2-5 apresenta-se a imagem em profundidade oriunda da
aplicação do mesmo esquema de migração, sendo que, neste caso, difere o critério
adotado para a determinação das matrizes de tempo de trânsito que são empregadas
na condição de imagem de tempo de excitação. Para a determinação de tais matrizes
utilizou-se o critério desenvolvido nesta tese, denominado critério da amplitude
máxima nas proximidades da primeira quebra.
Analisando-se as figuras 4.2-4 e 4.2-5 pode-se verificar que não houve
uma influência significativa do critério empregado para a determinação das matrizes
de tempo de trânsito na qualidade das imagens em profundidade obtidas com a
utilização do esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando a condição de
imagem de tempo de excitação.

157
Figura 4.2-4 – Imagem em profundidade final, resultante do emplilhamento (stacking) das
1081 imagens provenientes do esquema de Migração Reversa no Tempo,
utilizando operadores acústicos e a condição de imagem de tempo de
excitação, utilizando o critério da amplitude máxima.

Figura 4.2-5 – Imagem em profundidade final, resultante do emplilhamento (stacking) das


1081 imagens provenientes do esquema de Migração Reversa no Tempo,
utilizando operadores acústicos e a condição de imagem de tempo de
excitação, utilizando o critério da amplitude máxima nas proximidades da
primeira quebra (desenvolvido nesta tese, vide seção 3.1.2.1).

Destaca-se que, o fato dos critérios da amplitude máxima e da


amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra não terem produzido imagens
em profundidade significativamente distintas, com a utilização do esquema de
migração empregando a condição de imagem de tempo de excitação, pode ter duas
possíveis explicações:
• Conforme comentários anteriores, quando da apresentação de tais critérios
(vide capítulo 3, item 3.1.2), as diferenças na determinação das matrizes de
tempo de trânsito por tais critérios irão ocorrer nas regiões distantes da fonte
sísmica. Como nesta análise a fatia do modelo de velocidades
correspondente a cada sismograma é consideravelmente estreita, as
distinções entre estes critérios não ficaram evidenciadas;

158
• Outro aspecto importante é que com a elevada cobertura do levantamento
sísmico, isto é, o grau de redundância da amostragem sub-superficial (devido
à geometria de aquisição utilizada), a influência do tipo de critério empregado
para a determinação das matrizes de tempo de trânsito na imagem em
profundidade – obtida após o empilhamento (stacking) das diversas imagens
correspondente a cada um dos sismogramas - tende a diminuir.
Dando continuidade à aplicação dos esquemas de Migração Reversa no
Tempo utilizando operadores acústicos, serão apresentadas a seguir as imagens em
profundidade provenientes dos diversos procedimentos desenvolvidos nesta tese,
adotando-se a condição de imagem empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes. Maiores detalhes sobre tais
esquemas, além dos diferentes tipos de expressões utilizados para efetuar a
correlação cruzada, são dados ao longo do item 3.1.3 deste trabalho.
Nos casos apresentados a seguir, envolvendo a Migração Reversa no
Tempo utilizando operadores acústicos e a condição de imagem empregando a
correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes, serão
avaliadas as diversas expressões, apresentadas anteriormente no item 3.1.3, para a
formação das imagens em profundidade (algumas delas propostas originalmente neste
trabalho). Neste caso, em cada conjunto de análises serão avaliadas nove (9)
expressões distintas, referenciadas de I0 até I8 (vide item 3.1.3.2).
Abaixo, além do número das figuras contendo as ilustrações das
imagens em profundidade envolvidas, tem-se explicitado o conjunto de quatro (4)
análises que foram efetuadas, empregando-se o esquema de migração referido no
parágrafo anterior:
i) Figuras 4.2-6, 4.2-7 e 4.2-8 apresentam as imagens em profundidade
finais, provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes. Neste caso, sem a utilização de nenhum procedimento especial,
além da avaliação do conjunto de expressões para correlacionar os dados
(contendo inovações propostas nesta tese);
ii) Figuras 4.2-9, 4.2-10 e 4.2-11 expõem as imagens em profundidade
finais, provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, adotando-se o procedimento que obtém a direção de propagação
do campo de ondas adecendentes, utilizando apenas a direção descendente,
para posteriormente aplicar as expressões para a correlação cruzada entre os

159
campos de ondas (contribuição inovadora sugerida pelo autor desta tese, vide
seção 3.1.3.2);
iii) Figuras 4.2-12, 4.2-13 e 4.2-14 ilustram as imagens em profundidade
finais, nas quais foram utilizadas as matrizes de tempo de trânsito (determinadas
a partir do critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra) na
definição dos intervalos de tempo empregados na correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes para a formação das imagens
associadas a este esquema de Migração Reversa no Tempo;
iv) Figuras 4.2-15, 4.2-16 e 4.2-17 mostram as imagens em profundidade
finais, provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes. Neste caso, adota-se o esquema que obtém a direção de
propagação do campo de ondas descendentes, utilizando apenas esta direção,
para posteriormente aplicar as expressões para a correlação cruzada entre os
campos de ondas, sendo que os intervalos de tempo empregado em tais
expressões são obtidos a partir das matrizes de tempo de trânsito (determinadas
pelo critério proposto pelo autor da amplitude máxima nas proximidades da
primeira quebra). Destaca-se também que, este esquema constitui uma das
contribuições propostas pelo autor - nesta tese - para a Migração Reversa no
Tempo empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes.
Ressalta-se que, em todas as figuras apresentadas ao longo deste
tópico segue-se a mesma nomenclatura apresentada no capítulo 3 (vide item 3.1.3.2)
para as expressões que foram aplicadas na determinação das imagens em
profundidade, através do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a
correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes. Em
algumas das expressões proposta nesta referida seção há um termo adicional ( ε ) de
forma a se evitar a divisão por um valor nulo, sendo que nas análises apresentadas
adotou-se um valor unitário para este termo.

160
I0

I1

I2
Figura 4.2-6 - Imagens em profundidade finais, provenientes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, associadas aos diversos
critérios referentes às expressões I0, I1 e I2 para a formação das imagens (vide
item 3.1.3) e sem a utilização de nenhum procedimento especial.

161
I3

I4

I5
Figura 4.2-7 - Imagens em profundidade finais, provenientes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, associadas aos diversos
critérios referentes às expressões I3, I4 e I5 para a formação das imagens (vide
item 3.1.3) e sem a utilização de nenhum procedimento especial.

162
I6

I7

I8
Figura 4.2-8 - Imagens em profundidade finais, provenientes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, associadas aos diversos
critérios referentes às expressões I6, I7 e I8 para a formação das imagens (vide
item 3.1.3) e sem a utilização de nenhum procedimento especial.

163
I0

I1

I2

Figura 4.2-9 - Imagens em profundidade finais, provenientes da aplicação do esquema de


Migração Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, referentes aos diversos
critérios referentes às expressões I0, I1 e I2 para a formação das imagens (vide
item 3.1.3) e obtendo a direção de propagação do campo de ondas
descendentes, utilizando apenas a direção descendente, para, posteriormente,
aplicar às expressões para a correlação cruzada entre os campos de ondas
(inovação proposta nesta tese).

164
I3

I4

I5

Figura 4.2-10 - Imagens em profundidade finais, provenientes da aplicação do esquema de


Migração Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, referentes aos diversos
critérios referentes às expressões I3, I4 e I5 para a formação das imagens (vide
item 3.1.3) e obtendo a direção de propagação do campo de ondas
descendentes, utilizando apenas a direção descendente, para posteriormente
aplicar às expressões para a correlação cruzada entre os campos de ondas
(inovação proposta nesta tese).

165
I6

I7

I8

Figura 4.2-11 - Imagens em profundidade finais, provenientes da aplicação do esquema de


Migração Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, referentes aos diversos
critérios referentes às expressões I6, I7 e I8 para a formação das imagens (vide
item 3.1.3) e obtendo a direção de propagação do campo de ondas
descendentes, utilizando apenas a direção descendente, para posteriormente
aplicar às expressões para a correlação cruzada entre os campos de ondas
(inovação proposta nesta tese).

166
I0

I1

I2

Figura 4.2-12 - Imagens em profundidade finais, provenientes da aplicação do esquema de


Migração Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, referentes aos diversos
critérios referentes às expressões I0, I1 e I2 para formação das imagens (vide
item 3.1.3) e usando a matriz de tempo de trânsito (determinada a partir do
critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra) na
definição dos intervalos de tempo empregados na correlação cruzada
(contribuição proposta nesta tese).

167
I3

I4

I5

Figura 4.2-13 - Imagens em profundidade finais, provenientes da aplicação do esquema de


Migração Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, referentes aos diversos
critérios referentes às expressões I3, I4 e I5 para formação das imagens (vide
item 3.1.3) e usando a matriz de tempo de trânsito (determinada a partir do
critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra) na
definição dos intervalos de tempo empregados na correlação cruzada
(contribuição proposta nesta tese).

168
I6

I7

I8

Figura 4.2-14 - Imagens em profundidade finais, provenientes da aplicação do esquema de


Migração Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, referentes aos diversos
critérios referentes às expressões I6, I7 e I8 para formação das imagens (vide
item 3.1.3) e usando a matriz de tempo de trânsito (determinada a partir do
critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra) na
definição dos intervalos de tempo empregados na correlação cruzada
(contribuição proposta nesta tese).

169
I0

I1

I2
Figura 4.2-15 - Imagens em profundidade finais, provenientes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, referentes aos diversos
critérios referentes às expressões I0, I1 e I2 para formação das imagens (vide
item 3.1.3) e obtendo a direção de propagação do campo de ondas
descendentes, utilizando apenas a direção descendente, para, posteriormente,
aplicar as expressões para a correlação cruzada entre os campos de ondas,
além da matriz de tempo de trânsito (determinada a partir do critério da
amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra) utilizada na definição
dos intervalos de tempo empregados na correlação cruzada (contribuição
proposta nesta tese).

170
I3

I4

I5
Figura 4.2-16 - Imagens em profundidade finais, provenientes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, referentes aos diversos
critérios referentes às expressões I3, I4 e I5 para formação das imagens (vi de
item 3.1.3), e obtendo a direção de propagação do campo de ondas
descendentes, utilizando apenas a direção descendente, para, posteriormente,
aplicar às expressões para a correlação cruzada entre os campos de ondas,
além da matriz de tempo de trânsito (determinada a partir do critério da
amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra) utilizada na definição
dos intervalos de tempo empregados na correlação cruzada (contribuição
proposta nesta tese).

171
I6

I7

I8
Figura 4.2-17 - Imagens em profundidade finais, provenientes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, referentes aos diversos
critérios referentes às expressões I6, I7 e I8 para formação das imagens (vide
item 3.1.3) e obtendo a direção de propagação do campo de ondas
descendentes, utilizando apenas a direção descendente, para, posteriormente,
aplicar às expressões para a correlação cruzada entre os campos de ondas,
além da matriz de tempo de trânsito (determinada a partir do critério da
amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra) utilizada na definição
dos intervalos de tempo empregados na correlação cruzada (contribuição
proposta nesta tese).

172
Analisando-se as imagens em profundidade apresentadas nas figuras
4.2-6 a 4.2-17, referentes ao conjunto de quatro (4) análises realizadas com o
esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando operadores acústicos e a
condição de imagem empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, pode-se tecer os seguintes comentários:
• De maneira geral, as expressões avaliadas para a formação das imagens
apresentaram o mesmo comportamento nas quatro analises realizadas, ou seja, os
procedimentos inovadores desenvolvidos nesta tese quando aplicados aos dados
sísmicos provenientes do levantamento sísmico marítimo (off-shore) não
produziram grandes alterações na relação sinal/ruídos das imagens em
profundidade, como por exemplo: no campo de ondas descendentes a separação
desta direção, e/ou a utilização das matrizes de tempo de trânsito para
determinação dos intervalos de tempo para a correlação;
• No conjunto de análises realizadas, as expressões que levam em conta a fase
(polaridade) entre os campos de ondas ascendentes e descendentes durante a
correlação (contribuição proposta nesta tese) mostraram-se eficientes no aumento
da relação sinal/ruído das imagens em profundidade, principalmente nas imagens
associadas às expressões I1 e I2 em relação à expressão I0 (vide seção 3.1.3.2);
• A expressão I3, referente à normalização da expressão da correlação cruzada, em
comparação à expressão tradicional I0, mostrou nas imagens apresentadas uma
melhor relação sinal/ruído para os refletores localizados nas regiões mais
profundas do modelo (abaixo de 6 Km), principalmente nas figuras 4.2-6, 4.2-7,
4.2-9 e 4.2-10;
• Nas análises onde se empregaram as matrizes de tempo de trânsito (determinadas
a partir do inovador critério proposto nesta tese da amplitude máxima nas
proximidades da primeira quebra) para a definição dos intervalos de tempo de
aplicação das expressões para a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, a expressão I3 apresentou uma ligeira perda na
continuidade dos refletores, vide figuras 4.2-13 e 4.2-16;
• As imagens em profundidade relacionadas à expressão I5 (vide item 3.1.3.2), que é
denominada condição de imagem amortecida (damped imaging condition)
(VALENCIANO, 2002), apresentaram resultados que demonstraram que esta
expressão não foi efetiva no imageamento dos refletores em sub-superfície.
Sendo que, nas análises que empregaram as matrizes de tempo de trânsito na
definição dos intervalos de tempo a serem aplicados em tal expressão, os
resultados tenderam ao infinito, apesar de tal expressão incluir um fator adicional
(proporcional à amplitude do campo de ondas descendentes) para prevenir tal fato;

173
• A expressão I6, bem como as expressões I7 e I8 que levam em conta a fase
(polaridade) entre os campos de ondas ascendentes e descendentes durante sua
aplicação (inovações proposta nesta tese, vide item 3.1.3.2), apesar de sua maior
complexidade geram imagens em profundidade similares às obtidas com a
expressão tradicional da correlação cruzada, respectivamente, expressões I0, I1 e
I2.
Comparando os resultados apresentados até o momento, referentes às
imagens em profundidade determinadas a partir da aplicação de esquemas de
Migração Reversa no Tempo utilizando operadores acústicos e considerando dois
tipos distintos de condição de imagem, pode-se tecer os seguintes comentários:
• Ambos os esquemas de migração apresentaram imagens em profundidade nas
quais os refletores apresentaram uma boa continuidade ao longo de todo o
modelo. Também em tais imagens é possível a identificação de alguns planos de
falhas ao longo de toda a seção sísmica;
• Pode-se considerar uma ligeira vantagem na utilização do esquema de Migração
Reversa no Tempo empregando a condição de imagem com correlação cruzada
entre os campos de ondas ascendentes e descendentes, frente ao esquema que
utiliza a condição de imagem de tempo de excitação, pois – principalmente – na
parte rasa do modelo tem-se uma melhor relação sinal/ruído;
• Aliado a melhor relação sinal/ruído em algumas áreas do modelo, o maior número
de imagens determinadas através da avaliação das diversas expressões
implementadas, alguma delas propostas neste trabalho, para a correlação cruzada
entre os campos de ondas ascendentes e descendentes, é uma outra grande
vantagem para este esquema de Migração Reversa no Tempo, pois tais imagens
dão mais subsídios à interpretação das mesmas.
Conforme comentado anteriormente, a elevada cobertura do
levantamento sísmico diminui a influência, tanto do critério adotado para a condição de
imagem, bem como do tipo de esquema de Migração Reversa no Tempo empregado,
pois a cobertura do levantamento está diretamente ligada ao número de traços que
são empilhados para a formação da imagem em profundidade pós-empilhamento (pos-
stacking) influenciando a relação sinal/ruído (durante o empilhamento o ruído é
atenuado, pois se encontra fora de fase, ao contrário do que acontece com o sinal).
Tal comentário é válido para todas as análises apresentadas ao longo deste tópico.

174
4.2.2 – Migração Reversa no Tempo Empregando Operadores Elásticos

A seguir dá-se início a aplicação dos esquemas de Migração Reversa


no Tempo empregando operadores elásticos. Os resultados serão apresentados
seguindo a mesma seqüência feita quando da utilização de operadores acústicos, ou
seja, inicialmente apresentam-se as imagens em profundidade provenientes da
aplicação do esquema de migração adotando a condição de imagem de tempo de
excitação e, posteriormente, a condição de imagem empregando a correlação cruzada
entre os campos de ondas ascendentes e descendentes.
No caso da Migração Reversa no Tempo empregando a condição de
imagem de tempo de excitação (Excitation-time Imaging Condition), utilizando
operadores elásticos (seguindo a metodologia exposta no capítulo 3), apresenta-se
neste trabalho apenas as imagens em profundidade determinadas com a adoção do
critério da amplitude máxima para a determinação das matrizes de tempo de trânsito
utilizadas na condição de imagem. Tais imagens são apresentadas, a seguir, nas
figuras 4.2-18 a 4.2-24.
As imagens em profundidade determinadas por este esquema de
migração, com a adoção do critério - proposto nesta tese - da amplitude máxima nas
proximidades da primeira quebra, apresentaram resultados bastantes similares aos
obtidos com a aplicação do critério da amplitude máxima. Por este motivo optou-se
por suprimir a apresentação de tais resultados, sendo válidos para este caso os
comentários posteriores a respeito das imagens obtidas com a adoção do critério da
amplitude máxima para a determinação das matrizes de tempo de trânsito.
Destaca-se que, de acordo com a metodologia exposta no capítulo 3, há
algumas grandezas elásticas que apresentam uma mudança de fase (polaridade) em
relação ao ponto de aplicação da fonte sísmica. No empilhamento das imagens
associadas a tais grandezas empregou-se o módulo dos valores de cada imagem
como um dos possíveis tratamentos para esta diferença de polaridade.

175
PP – MTT AC

PS – MTT AC

PS Módulo – MTT AC

Figura 4.2-18 - Imagens em profundidade finais, associadas a conversões entre as seguintes


grandezas elásticas: ondas compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves ).
Tais resultados são advindos do emplilhamento das 1081 imagens
provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
utilizando operadores elásticos e empregando a condição de imagem de tempo
de excitação. Neste caso, considerou-se o critério da amplitude máxima para a
determinação das matrizes de tempo de trânsito obtidas utilizando operadores
acústicos.

176
SS – MTT AC

SS Módulo – MTT AC

SP – MTT AC

Figura 4.2-19 - Imagens em profundidade finais, associadas a conversões entre as seguintes


grandezas elásticas: ondas compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves ).
Tais resultados são advindos do emplilhamento das 1081 imagens
provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
utilizando operadores elásticos e empregando a condição de imagem de tempo
de excitação. Neste caso, considerou-se o critério da amplitude máxima para a
determinação das matrizes de tempo de trânsito obtidas utilizando operadores
acústicos.

177
PP – MTT EL

PS – MTT EL

PS Módulo – MTT EL

Figura 4.2-20 - Imagens em profundidade finais, associadas a conversões entre as seguintes


grandezas elásticas: ondas compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves ).
Tais resultados são advindos do emplilhamento das 1081 imagens
provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
utilizando operadores elásticos e empregando a condição de imagem de tempo
de excitação. Neste caso, considerou-se o critério da amplitude máxima para a
determinação das matrizes de tempo de trânsito obtidas utilizando operadores
elásticos.

178
SS – MTT EL

SS Módulo – MTT EL

SP – MTT EL

Figura 4.2-21 - Imagens em profundidade finais, associadas a conversões entre as seguintes


grandezas elásticas: ondas compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves ).
Tais resultados são advindos do emplilhamento das 1081 imagens
provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
utilizando operadores elásticos e empregando a condição de imagem de tempo
de excitação. Neste caso, considerou-se o critério da amplitude máxima para a
determinação das matrizes de tempo de trânsito obtidas utilizando operadores
elásticos.

179
TXX – MTT EL

TYY – MTT EL

TXY – MTT EL

Figura 4.2-22 - Imagens em profundidade finais, associadas ao tensor de tensões (relativas às


seguintes componentes: τ xx , τ yy e τ xy ). Tais resultados são advindos do
emplilhamento das 1081 imagens provenientes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo utilizando operadores elásticos e empregando a
condição de imagem de tempo de excitação. Neste caso, considerou-se o
critério da amplitude máxima para a determinação das matrizes de tempo de
trânsito obtidas utilizando operadores elásticos.

180
TXY Módulo – MTT EL

Tal Máximo

Sigma 1 Máximo

Figura 4.2-23 - Imagens em profundidade fi nais, derivadas e associadas ao tensor de tensões


(vide item 3.3.1). Tais resultados são advindos do emplilhamento das 1081
imagens provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no
Tempo utilizando operadores elásticos e empregando a condição de imagem
de tempo de excitação. Neste caso, considerou-se o critério da amplitude
máxima para a determinação das matrizes de tempo de trânsito obtidas
utilizando operadores elásticos.

181
Eng. Cinética Máxima

Vx

Vy

Figura 4.2-24 - Imagens em profundidade finais, associadas à energia cinética máxima e à


velocidade das partículas nas direções coordenadas (vide item 3.3.1). Tais
resultados são advindos do emplilhamento das 1081 imagens provenientes da
aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando operadores
elásticos e empregando a condição de imagem de tempo de excitação. Neste
caso, considerou-se o critério da amplitude máxima para a determinação das
matrizes de tempo de trânsito obtidas utilizando operadores elásticos.

182
De acordo com os resultados apresentados nas figuras 4.2-18 a 4.2-24,
referentes às imagens em profundidade resultantes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação (Excitation-time Imaging Condition), utilizando-se operadores elásticos,
pode-se tecer os seguintes comentários:
• Inicialmente, ressalta-se que, tais resultados foram obtidos a partir da utilização do
critério da amplitude máxima para a determinação das matrizes de tempo de
trânsito (empregadas pela condição de imagem) e que resultados bastante
similares são obtidos com a adoção do critério da amplitude máxima nas
proximidades da primeira quebra (proposto pelo autor nesta tese);
• Em algumas das imagens apresentadas o esquema de controle automático de
ganho (AGC, Automatic Gain Control), adotado com a finalidade de aumentar o
contraste dos refletores em sub-superfície, corrompeu a imagem próxima à borda
superior do modelo. Apesar disto, tal tratamento – de acordo com o critério
subjetivo empregado pelo autor – gerou ilustrações que possibilitaram uma melhor
interpretação na parte mais profunda do modelo (até aproximadamente 4Km);
• De maneira geral, para os refletores localizados nas regiões mais profundas do
modelo (abaixo de 5 Km) o tratamento empregado para realçar os contrastes nas
imagens em profundidade foi muito severo, proporcionando uma baixa relação
sinal/ruído em tais regiões;
• Conforme exposto na seção 3.2 deste trabalho, para a determinação das matrizes
de tempo de trânsito utilizaram-se dois modelos matemáticos distintos. Tais
matrizes dão origem a dois conjuntos de imagens em profundidade, considerando-
se os modos de ondas compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves), bem
como suas conversões, pois a propagação destes modos de ondas pode ser
simulada empregando-se operadores elásticos ou acústicos;
• No caso do emprego de operadores acústicos para a determinação das matrizes
de tempo de trânsito associadas a grandezas elásticas, tal modelo matemático não
contempla as conversões existentes entre os diversos modos de ondas elásticas.
Deste modo, o campo de ondas propagado com operadores acústico se
assemelha ao campo de ondas associado à primeira quebra (propagado com
operadores elástico). Esta característica é mais evidente no modo de ondas
cisalhantes (S-waves), pois – geralmente – uma grande parte da energia
propagada por este modo de ondas é devida à conversão do modo de ondas
compressionais (P-waves) quando da passagem da frente de ondas por uma
interface contendo propriedades físicas distintas;

183
• Analisando-se as imagens em profundidade expostas nas figuras 4.2-18 a 4.2-21,
que estão associadas às reflexões e conversões entre as ondas compressionais
(P-waves) e cisalhantes (S-waves), observa-se que:
o No caso das imagens PP e PS, nas quais as matrizes de tempo de trânsito
estão associadas ao modo de onda compressional (P-wave), os resultados não
apresentaram grandes alterações na relação sinal/ruído no caso de tais
matrizes terem sido determinadas a partir da utilização de operadores
acústicos ou de operadores elásticos;
o As imagens PP, apresentadas nas figuras 4.2-18 e 4.2-20, são bastante
similares, apresentando uma boa continuidade nos refletores, os quais estão
posicionados a uma profundidade de até aproximadamente 4 Km;
o As imagens PS, e mesmo a denominada PS Módulo, que emprega o módulo
dos valores de cada imagem - antes do empilhamento (stacking) - como um
tratamento para a diferença de fase (polaridade) em relação ao ponto de
aplicação da fonte sísmica, não apresentaram uma boa relação sinal/ruído
(vide figuras 4.2-18 e 4.2-20);
o Nas imagens SS e SS Módulo, apresentadas nas figuras 4.2-19 e 4.2-21, há
uma grande diferença quando da utilização das matrizes de tempo de trânsito
determinadas com operadores acústicos (MTT AC) e as determinadas com
operadores elásticos (MTT EL). Ratificando assim o comentário anterior a
respeito da adoção destes distintos modelos matemáticos para a determinação
destas matrizes associadas a este modo de ondas, sendo empregadas pela
condição de imagem deste esquema de Migração Reversa no Tempo;
o Nas imagens SS e SS Módulo, nas quais adotou-se o mesmo tratamento para
a diferença de fase (polaridade) em relação ao ponto de aplicação da fonte
sísmica, observa-se que tal procedimento foi eficaz no imageamento de alguns
refletores em sub-superfície (os quais apresentaram continuidade lateral),
principalmente no caso da figura 4.2-21;
• As imagens associadas ao tensor de tensões relativas as componentes : τ xx , τ yy e

τ xy (vide figura 4.2-22) apresentaram resultados bastante similares, com uma

ligeira superioridade da imagem associada a tensão normal τ yy . Em tais imagens

tem-se uma boa relação sinal/ruído, além da continuidade lateral, para os


refletores localizados a uma profundidade de até aproximadamente 4 km;
• Destaca-se o resultado alcançado pelo esquema de migração na formação da
imagem associada a componente de tensão cisalhante τ xy (vide figura 4.2-22),

184
mesmo sem o emprego do tratamento proposto para lidar com a diferença de fase
(polaridade) - existente em tal grandeza vetorial - em relação ao ponto de
aplicação da fonte sísmica. Tal componente está ligada ao modo de propagação
de ondas cisalhantes (S-waves);
• No caso do tratamento da diferença de fase (polaridade) em relação ao ponto de
aplicação da fonte sísmica para a imagem associada à componente de tensão
cisalhante τ xy , apresentada na figura 4.2-23, observa-se uma alteração na relação

sinal/ruído em comparação à imagem associada à mesma grandeza elástica sem o


artifício da correção da diferença de fase (polaridade) antes do empilhamento
(stacking) (vide figura 4.2-22). No caso da figura 4.2-23, comparando-a com a
figura do modelo de velocidades (figura 4.2-1), observa-se ainda um aumento da
relação sinal/ruído dos refletores imageados e que se encontram posicionados
sobre as interfaces do modelo de velocidades;
• As imagens em profundidade associadas a duas outras grandezas , cuja utilização
é proposta nesta tese pelo autor, determinadas a partir do tensor de tensões, são
apresentadas na figura 4.2-23, são elas: tensão cisalhante máxima (Tal Máximo) e
tensão compressional máxima (Sigma 1 Máximo). Analisando-se tais imagens
tem-se que:
o No caso da imagem associada à tensão cisalhante máxima (Tal Máximo)
observa-se o imageamento de alguns refletores em sub-superfície, possuindo
uma boa continuidade lateral;
o A imagem associada à tensão normal máxima (Sigma 1 Máximo) apresenta
uma relação sinal/ruído equivalente às imagens determinadas a partir das
tensões normais do tensor de tensões (τ xx e τ yy , vide figura 4.2-22);

• Na figura 4.2-24 apresentam-se as imagens em profundidade cujas condições de


imagens estão associadas à velocidade das partículas nas direções coordenadas
e à energia cinética máxima. Nela observa-se que o imageamento a partir de tais
grandezas gerou imagens contendo uma boa continuidade lateral dos refletores,
além de uma boa relação sinal/ruído nas regiões do modelo a uma profundidade
de até aproximadamente 4 Km (similares à maioria das imagens em profundidade
apresentadas).
Dando continuidade à aplicação dos esquemas de Migração Reversa no
Tempo empregando operadores elásticos, apresentam-se a seguir – nas figuras 4.2-
25 a 4.2-34 – as imagens em profundidade provenientes da aplicação do esquema de
migração elástico adotando a condição de imagem empregando a correlação cruzada
entre os campos de ondas ascendentes e descendentes.

185
Destaca-se que, optou-se por não se apresentar as imagens em
profundidade provenientes da aplicação deste esquema de migração elástico
empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, acrescido do recurso proposto nesta tese da separação da direção de
propagação na direção descendente do campo de ondas descendentes para a
posterior aplicação das expressões I0, I1 e I2 para a determinação das imagens em
profundidade (vide capítulo 3). Tal medida foi adotada pois tais resultados mostraram -
se bastante similares aos apresentados nas figuras 4.2-25 a 4.2-34.
Analisando-se os resultados apresentados nas figuras 4.2-25 a 4.2-34,
referentes à aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando
operadores elásticos e adotando a condição de imagem com correlação cruzada entre
os campos ascendentes e descendentes, pode-se tecer os seguintes comentários:
• Observa-se que em algumas das imagens em profundidade apresentadas, o
empilhamento (stacking) das diversas imagens referentes a cada sismograma
associado a determinadas grandezas, aliado ao tipo de tratamento empregado
para a visualização dos resultados que realçam os valores com baixas amplitudes,
proporcionou a perda de continuidade dos refletores em certas regiões do modelo.
Este comportamento está bem evidenciado nas figuras 4.2-25 e 4.2-26, referentes
às imagens em profundidade associadas, respectivamente, à onda compressional
(P-wave) e à onda cisalhante (S-wave);
• Destaca-se que o comportamento descrito acima foi observado nas três
expressões avaliadas, expressões I0, I1 e I2 (vide capítulo 3), para a formação das
imagens em profundidade através da correlação cruzada entre os campos de
ondas elásticas ascendentes e descendentes;
• Na figura 4.2-26, as imagens em profundidade relacionadas às ondas cisalhantes
(S-waves) mostraram -se mais prejudicadas por esta perda de continuidade dos
refletores, pois em tais imagens a relação sinal/ruído é menor do que as imagens
relacionadas às ondas compressionais (P-waves) (figura 4.2-25);
• A fim de tentar identificar uma possível causa para está perda de continuidade em
determinadas regiões das imagens em profundidade final (após o empilhamento),
verificou-se cada uma das 1081 imagens associadas às ondas compressionais (P-
wave) e cisalhantes (S-wave). Apesar deste esforço, tal busca não foi bem
sucedida, pois não se observou nada de anormal nas imagens originárias pré-
empilhamento;
• Uma possível explicação para as descontinuidades apresentadas nas imagens em
profundidade ilustradas nas figuras 4.2-25 e 4.2-26 é que, apesar da análise das
imagens pré-empilhamento não ter apresentado nenhuma anomalia, em

186
determinadas imagens os resultados associados às ondas compressionais (P-
waves) e às ondas cisalhantes (S-waves) mostraram-se bastantes similares.
Deste modo, com o empilhamento (stacking) para a formação da imagem em
profundidade final, nas regiões nas quais se tem tal similaridade das imagens
acentuada, há uma alteração na relação sinal/ruído, sendo que, este fato, pode ser
o causador das descontinuidades apresentadas;
• As imagens em profundidade associadas às componentes do tensor de tensões,
figuras 4.2-27, 4.2-28 e 4.2-29, mostraram desempenho semelhante no
imageamento das estruturas em sub-superfície, apresentando boa relação
sinal/ruído e continuidade dos refletores. Em tais figuras destacam-se os
resultados alcançados pelas expressões I1 e I2 , propostas neste trabalho, que em
suas formulações levam em conta a polaridade (fase) entre os campos elásticos
ascendentes e descendentes (vide capítulo 3.1.3);
• Na figura 4.2-30 apresentam-se imagens em profundidade, referentes aos três tipo
de expressões avaliadas I0, I1 e I2, e que estão associadas a uma das grandezas
inovadoras proposta neste trabalho, determinadas a partir do tensor de tensões, a
tensão cisalhante máxima ( τ max ). Neste caso, sabe-se que tal grandeza só possui

valores positivos e, deste modo, os resultados apresentados para as expressões I0


e I1 são idênticos e a expressão I2 por correlacionar somente valores nulos não é
capaz de formar imagens em profundidade;
• De acordo com os resultados apresentados na figura 4.2-30, observa-se que a
imagem em profundidade associada à tensão cisalhante máxima ( τ max ) possui boa
relação sinal/ruído. Embora em tais resultados os comprimentos de onda
relacionado aos refletores são maiores do que as demais imagens em
profundidade relacionadas a outras grandezas, ou seja, o conteúdo de freqüência
da imagem em profundidade relacionada à tensão cisalhante máxima (τ max ) é

menor do que as demais;


• Tal característica pode estar relacionada à alta conversão entre os diversos tipos
de ondas quando da passagem da frente de onda por sobre as interfaces do
modelo de velocidades. Deste modo, sobre tais interfaces há um maior contraste
quando da aplicação da condição de imagem empregando a correlação cruzada
entre os campos de ondas ascendentes e descendentes associada à tensão
cisalhante máxima ( τ max ). O processo de empilhamento das diversas imagens e a

baixa relação sinal/ruído nas demais áreas do modelo podem vir a evidenciar ainda
mais tal característica;

187
• Na figura 4.2-31 as imagens em profundidade estão associadas à energia cinética
máxima (proposta inovadora desta tese) e, da mesma forma que as imagens
relacionadas à tensão cisalhante máxima ( τ max ), em tal grandeza as expressões

utilizadas para a correlação entre os campos de ondas elásticos ascendentes e


descendentes I0 e I1 fornecem resultados idênticos, sendo que a expressão I2 não
é eficaz pois correlaciona somente valores nulos;
• Os resultados apresentados pelas imagens em profundidade associadas à energia
cinética máxima (figura 4.2-31) possuem grande similaridade aos apresentados
pelas imagens relacionadas à tensão cisalhante máxima (τ max ) (figura 4.2-30).

Sendo válido o comentário feito em relação ao comprimento de onda dos refletores


imageados, ou ao conteúdo de freqüência da imagem em profundidade;
• No caso das imagens em profundidade associadas à tensão normal máxima (σ 1 )
(outra grandeza elástica adotada originalmente nesta tese), vide figura 4.2-32, as
expressões avaliadas apresentaram uma boa relação sinal/ruído e continuidade
dos refletores, com resultados semelhantes aos apresentados pelas imagens
relacionadas ao tensor de tensões (figuras 4.2-27, 4.2-28 e 4.2-29). Destaca-se
que tal grandeza é derivada a partir do tensor de tensões.
• As figuras 4.2-33 e 4.2-34 apresentam imagens em profundidades relacionadas às
componentes de velocidades das partículas – respectivamente – nas direções
coordenadas X e Y. Em tais figuras observa-se que se obtiveram resultados
similares na aplicação das expressões I0, I1 e I2 para a formação das imagens
através da correlação cruzada entre os campos de ondas elásticas ascendentes e
descendentes;
• De maneira geral, nas figuras 4.2-33 e 4.2-34, as expressões que levam em conta
a polaridade (fase) entre os campos de ondas ascendentes e descendentes
(expressões I1 e I2), contribuições inovadoras desta tese, apresentaram uma
melhor relação sinal/ruído e continuidade dos refletores em comparação a
expressão I0 (vide item 3.1.3).

188
I0

I1

I2
Figura 4.2-25 - Imagens em profundidade finais, associadas à onda compressional (P -wave)
determinada através da separação do campo de ondas elástico, resultantes do
emplilhamento das 1081 imagens provenientes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem com
correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes,
referentes à aplicação das expressões I0, I1 e I2 (vide capítulo 3).

189
I0

I1

I2
Figura 4.2-26 - Imagens em profundidade finais, associadas à onda cisalhante (S -wave)
determinada através da separação do campo de ondas elástico, resultantes do
emplilhamento das 1081 imagens provenientes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem com
correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes,
referentes à aplicação das expressões I0, I1 e I2 (vide capítulo 3).

190
I0

I1

I2

Figura 4.2-27 - Imagens em profundidade finais, associadas à tensão normal τ xx , resultantes


do emplilhamento das 1081 imagens provenientes da aplicação do esquema
de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem com
correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes,
referentes à aplicação das expressões I0, I1 e I2 (vide capítulo 3).

191
I0

I1

I2

Figura 4.2-28 - Imagens em profundidade finais, associadas à tensão normal τ yy , resultantes


do emplilhamento das 1081 imagens provenientes da aplicação do esquema
de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem com
correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes,
referentes à aplicação das expressões I0, I1 e I2 (vide capítulo 3).

192
I0

I1

I2

Figura 4.2-29 - Imagens em profundidade finais, associadas à tensão cisalhante τ xy ,


resultantes do emplilhamento das 1081 imagens provenientes da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem
com correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, referentes à aplicação das expressões I0, I1 e I2 (vide capítulo
3).

193
I0

I1

I2

Figura 4.2-30 - Imagens em profundidade finais, associadas à tensão cisalhante máxima τ max
determinada a partir do tensor de tensões (contribuição desta tese), resultantes
do emplilhamento das 1081 imagens provenientes da aplicação do esquema
de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem com
correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes,
referentes à aplicação das expressões I0, I1 e I2 (vide capítulo 3).

194
I0

I1

I2
Figura 4.2-31 - Imagens em profundidade finais, associadas à energia cinética máxima
(contribuição desta tese), resultantes do emplilhamento das 1081 imagens
provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a condição de imagem com correlação cruzada entre os campos
de ondas ascendentes e descendentes, referentes à aplicação das expressões
I0, I1 e I2 (vide capítulo 3).

195
I0

I1

I2
Figura 4.2-32 - Imagens em profundidade finais, associadas à tensão normal máxima σ1
determinada a partir do tensor de tensões (contribuição desta tese), resultantes
do emplilhamento das 1081 imagens provenientes da aplicação do esquema
de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem com
correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes,
referentes à aplicação das expressões I0, I1 e I2 (vide capítulo 3).

196
I0

I1

I2

Figura 4.2-33 - Imagens em profundidade finais, associadas à velocidade da partícula na


direção X (v x ), resultantes do emplilhamento das 1081 imagens provenientes
da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a
condição de imagem com correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, referentes à aplicação das expressões I0, I1 e I2
(vide capítulo 3).

197
I0

I1

I2
Figura 4.2-34 - Imagens em profundidade finais, associadas à velocidade da partícula na
direção Y ( v y ), resultantes do emplilhamento das 1081 imagens provenientes
da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a
condição de imagem com correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, referentes à aplicação das expressões I0, I1 e I2
(vide capítulo 3).

198
Com esta última seqüência de figuras encerra-se a apresentação dos
resultados obtidos com a aplicação dos esquemas de migração empregando
operadores elásticos. A seguir serão feitos alguns comentários gerais a respeito dos
resultados obtidos ao longo deste tópico.
De forma geral, a partir dos resultados apresentados ao longo deste
tópico nos quais considerou-se a aplicação de diferentes esquemas de Migração
Reversa no Tempo, empregando tanto operadores acústicos quanto operadores
elásticos, pode-se chegar às seguintes conclusões e comentários finais:
• A partir dos resultados alcançados pelos esquemas de migração sobre este
modelo de velocidades, através de uma análise criteriosa dos mesmos, é possível
identificar várias estruturas em sub-superfície. Ressaltando-se que esta tarefa é
bem mais árdua quando comparada à maioria dos exemplos nos quais utilizam-se
dados sísmicos sintéticos, onde tem-se o perfeito conhecimento do modelo de
velocidades onde os dados sísmicos foram adquiridos, pois – neste caso – se está
lidando com dados provenientes de um levantamento sísmico real;
• Observou-se uma grande coerência nas diversas imagens em profundidade
apresentadas e nas estruturas imageadas em sub-superfície, comparando-se os
resultados obtidos com a aplicação dos diversos esquemas de Migração Reversa
no Tempo empregando tanto operadores acústicos, quanto elásticos. Deste modo,
conclui-se que os esquemas empregados foram robustos o suficiente para imagear
corretamente tais estruturas, mesmo com a utilização de modelos matemáticos
mais simples;
• Com a utilização de esquemas de migração empregando operadores elásticos
tem-se melhor representados os fenômenos de propagação de ondas sísmicas,
bem como a interação e as conversões entre os diferentes tipos de ondas,
principalmente as ondas compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves), pois
tal operador corresponde a um modelo matemático mais complexo (com menos
simplificações ) do que o modelo matemático empregando operadores acústicos;
• Outra vantagem no emprego de operadores elásticos nos esquemas de Migração
Reversa no Tempo é a formação de imagens em profundidade associadas a
diversas grandezas elásticas , algumas delas propostas originalmente nesta tese,
como a tensão normal máxima e a energia cinética máxima, dentre outras. Sendo
que, neste tópico, a confecção de tais imagens em profundidade associadas a
estas grandezas elásticas mostraram-se capaz de imagear as estruturas em sub-
superfície com qualidade semelhante às grandezas comumente empregadas
(como as ondas compressionais (P-waves) que são decompostas do campo de
ondas elástico);

199
• Deste modo, neste trabalho advoga-se que na aplicação dos esquemas de
migração empregando operadores elásticos tem-se mais subsídios para fornecer
imagens em profundidade com melhores relações sinal/ruído, além de possibilitar a
aplicação de condições de imagem em diversas grandezas elásticas;
• Conforme destacado anteriormente, a elevada cobertura do levantamento sísmico
(grau de redundância da amostragem sub-superficial) faz com que a influência do
tipo de condição de imagem utilizada na determinação das imagens associadas a
cada sismograma seja minimizada após o empilhamento (stacking) para a
formação da imagem em profundidade final. Este efeito da elevada cobertura
também atua sobre os diferentes esquemas de Migração Reversa no Tempo
empregando operadores acústicos e elásticos;

200
5- Conclusões

O emprego de clusters de microcomputadores, aliado à utilização dos


recursos do processamento em paralelo nos diversos programas desenvolvidos
especialmente pelo autor desta tese, mostrou-se uma estratégia eficaz para obtenção
do poder computacional necessário para aplicação das metodologias apresentadas ao
longo desta tese, referentes à Modelagem e à Migração Sísmicas, considerando-se os
casos afetos à Geofísica e, principalmente, voltados à indústria petrolífera.
Neste trabalho, na simulação numérica de tais problemas, utilizam -se
dois dos principais modelos matemáticos adotados na Modelagem e Migração
Sísmicas. Regidos pela Equação Escalar da Onda, onde contempla-se somente a
propagação de ondas compressionais (P-waves) e pela Equação Elástica da Onda,
onde - neste caso - tem-se a presença e a interação de diversos outros modos de
ondas, dentre elas as ondas compressionais (P-waves) e as ondas cisalhantes (S-
waves).
Com o emprego de tais modelos matemáticos, aliados a estratégia
computacional adotada (utilizando os recursos do processamento em paralelo e de
clusters de microcomputadores nos diversos programas desenvolvidos pelo autor
nesta tese), tornou-se possível a simulação numérica de problemas envolvendo a
propagação de ondas sísmicas em modelos geológicos complexos bi- e
tridimensionais (respectivamente, 2D e 3D). Na discretização de tais problemas
empregou-se o Método das Diferenças Finitas (MDF), as aproximações impostas nos
conjuntos de equações diferenciais parciais envolvidas utilizaram operadores de
segunda e quarta ordens, respectivamente, para as derivadas espaciais e temporais.

De acordo com as análises apresentadas, observou-se que, apesar de


sua simplicidade, a utilização da Equação Escalar da Onda, isto é, um modelo
matemático baseado somente na propagação de ondas compressionais (P-waves),
pode vir a fornecer resultados satisfatórios nas aplicações realizadas para a indústria
petrolífera. Embora se saiba a priori que uma melhor aproximação para o fenômeno

201
da propagação de ondas sísmicas seria considerar os meios de propagação como
sendo elásticos (regidos pela Equação Elástica da Onda).
A adoção de modelos matemáticos mais refinados que contemplem a
conversão e a interação entre os diferentes modos de ondas, como as ondas
compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves), aliado a condições de imagem
apropriadas, proporcionou o imageamento de estruturas complexas em sub-superfície
com melhor relação sinal/ruído e resolução sísmica, do que as imagens em
profundidade determinadas a partir do modelo matemático expresso pela Equação
Escalar da Onda, contemplando apenas as ondas compressionais.
Destaca-se que, na simulação numérica dos casos regidos pela
Equação Elástica da Onda, empregou-se o esquema originalmente proposto por
VIRIEUX (1984 e 1986) e posteriormente modificado por LEVANDER (1988), tendo
como principal característica a possibilidade da modelagem do acoplamento entre
meios acústicos e elásticos. Deste modo, foi possível simular de forma mais fidedigna
o acoplamento existente nos modelos geológicos marítimos (off-shore) entre a lâmina
d’água (meio acústico) e o leito oceânico (meio elástico), do que a consideração de um
modelo matemático unicamente regido pela Equação Escalar da Onda.
A metodologia apresentada nesta tese possibilitou a simulação dos
complexos problemas envolvendo a propagação de ondas sísmicas em modelos
geológicos bi- e tridimensionais (respectivamente, 2D e 3D), utilizando a equação
Elástica da Onda. Tais simulações forneceram os subsídios necessários para melhor
compreender os fenômenos ondulatórios, além de prover os dados sísmicos
necessários para se realizar uma análise qualitativa do comportamento dos diversos
esquemas de Migração Reversa no Tempo que foram abordados ao longo deste
trabalho empregando operadores acústicos e elásticos.
Ao longo deste trabalho foram explorados diferentes esquemas de
Migração Reversa no tempo empregando operadores acústicos e elásticos. Tais
esquemas distinguem-se pelos tipos de condições de imagens utilizadas,
denominadas condições de imagem de tempo de excitação (Excitation-time Imaging
Condition) e com correlação cruzada (Crosscorrelation Imaging Condition). Além de
algumas inovações propostas pelo autor em tais esquemas, uma das contribuições
deste trabalho está na particularização de sua aplicação quando o modelo matemático
adotado é regido pela Equação Elástica da Onda, onde o campo de ondas passa a ser
representado por grandezas vetoriais.
No caso do esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando a
condição de imagem de tempo de excitação o novo critério proposto nesta tese para a
determinação das matrizes de tempo de trânsito, seguindo a mesma linha dos

202
pioneiros trabalhos de BOTELHO et al. (1988) e LOEWENTHAL et al. (1991),
denominado critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra,
proporcionou a formação de matrizes de tempo de trânsito com um comportamento
mais suave (contínuo), principalmente nas regiões distantes do ponto de aplicação da
fonte sísmica.
Tal característica, apresentada pelo critério da amplitude máxima nas
proximidades da primeira quebra, possibilitou a formação de imagens em profundidade
nas quais tem -se melhores relações sinal/ruído e continuidade dos refletores
corretamente imageados ao longo da seção migrada, no caso das grandezas as quais
tais imagens estão associadas, estarem relacionadas ao modo de ondas
compressional (P-waves).
No caso das imagens em profundidade determinadas pela condição de
imagem de tempo de excitação estarem associadas a grandezas relacionadas a
modos de ondas cisalhantes (S-waves) ou a outros modos de ondas convertidas, o
critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra pode vir a fornecer
resultados com uma qualidade inferior aos que seriam apresentados com a adoção do
critério da amplitude máxima.
Tal característica, quando da utilização de operadores elásticos, está
relacionada ao fato de que o campo de ondas para tais grandezas – associado à
primeira quebra – pode ser devido a um modo de onda convertida em determinada
interface possuindo baixa amplitude. Ao passo que, com o critério da amplitude
máxima, a imagem em profundidade estará associada ao tempo de propagação da
frente de onda contendo os maiores valores de amplitude (maior energia).
A outra inovação proposta pelo autor nesta tese para este mesmo
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de
tempo de excitação, que diz respeito à determinação de matrizes de tempo de trânsito
associadas à energia das denominadas ondas múltiplas, mostrou-se extremamente
eficaz na determinação de imagens em profundidade de estruturas complexas em sub-
superfície para o caso de levantamentos sísmicos com cabo de fundo oceânico
(Ocean Bottom Cable). De posse de um conjunto de imagens relacionadas a estes e
a outros tipos de ondas, pode-se interpretar e compor uma imagem final em
profundidade contendo os refletores corretamente posicionados, nos quais houver a
coincidência em seu posicionamento (vide Anexo I.3).
No caso do esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando a
condição de imagem com correlação cruzada (Crosscorrelation Imaging Condition), a
implementação computacional adotada nos programas desenvolvidos especialmente
pelo autor deste trabalho, baseada nos trabalhos propostos por FARIA (1986) e

203
CUNHA (1992), mostrou-se extremamente eficaz na eliminação da necessidade de
armazenamento do campo de ondas para, posteriormente, realizar-se a correlação
cruzada, como também na representação da configuração do campo de ondas
descendente, em virtude da questão da dissipação de energia ocasionada pelas
condições de contorno não reflexivas e pelas camadas de amortecimento nas bordas
do modelo de velocidades (vide seção 3.1.3.1).
Tal abordagem possibilitou a implementação deste esquema de
Migração Reversa no Tempo utilizando operadores elásticos, evitando – deste modo –
restrições quanto à demanda computacional de memória. Desta forma, tornou-se
possível a determinação de imagens em profundidade que estão associadas a
diversas grandezas elásticas que comumente não empregadas neste tipo de
problema, como – por exemplo – as componentes do tensor de tensões, outras
grandezas derivadas cuja utilização é proposta pelo autor nesta tese, como as tensões
normal e cisalhante máximas e a energia cinética máxima.
No tocante às expressões matemáticas utilizadas para correlacionar os
campos de ondas ascendentes e descendentes, a fim de serem formadas as imagens
em profundidade, foram avaliadas diversos tipos relatados na literatura especializada,
além de algumas outras expressões propostas nesta tese, que levam em conta a
polaridade (fase) entre os já referidos campos de ondas. De acordo com os resultados
apresentados, conclui-se que as expressões propostas pelo autor foram mais
eficientes no aumento da relação sinal/ruído das imagens em profundidade (mais
especificamente as expressões I1 e I2, vide seção 3.1.3.2).
Os esquemas de Migração Reversa no Tempo, nos quais a condição de
imagem é expressa pela correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, em uma análise qualitativa nas diversas simulações apresentadas
produziram imagens em profundidade com melhores relações sinal/ruído, do que as
imagens determinadas com a aplicação da condição de imagem de tempo de
excitação. Aliado a este fato, uma outra vantagem deste esquema consiste no maior
número de imagens que podem ser determinadas através da avaliação de diversas
expressões para correlacionar os campos de ondas, dando mais subsídios à
interpretação das mesmas.
Foram apresentados nesta tese alguns procedimentos adicionais que
objetivam melhorar ainda mais a qualidade das imagens em profundidade
determinadas a partir da correlação entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, como por exemplo, o emprego das matrizes de tempo de trânsito a fim
de serem obtidos os intervalos de tempo para cada um dos pontos do grid, nos quais

204
as expressões que correlacionam os referidos campos devem ser avaliadas para a
formação das imagens.
Outro procedimento proposto pelo autor nesta tese que, teoricamente, é
capaz de melhorar ainda mais a qualidade das imagens em profundidade obtidas com
este esquema de Migração Reversa no Tempo, baseia-se em esquemas que
determinam a direção de propagação do campo de ondas (vide Apêndice C). Deste
modo, pôde-se decompor as frentes de ondas, cuja direção de propagação realmente
contribui para o imageamento sísmico.
Ao longo das aplicações expostas neste trabalho, tal procedimento da
separação da direção de propagação foi aplicado apenas no campo de ondas
descendentes. Como tal campo de ondas é oriundo da propagação a partir da fonte
sísmica, considerando o modelo de velocidades fornecido para o esquema de
migração, ele é determinado exclusivamente através da modelagem numérica. Deste
modo, não sendo suscetíveis a interferências provenientes da aplicação de esquemas
de interpolação, filtro e demais processamentos como os que são usualmente
aplicados nos dados sísmicos, cuja depropagação origina o campo de ondas
ascendentes.
Devido a estes processamentos aos quais são submetidos os dados
sísmicos reais, o campo de ondas ascendentes está mais sujeito a uma série de
fatores que podem distorcer sua configuração durante a fase de depropagação, isto
sem levar em conta as incoerências existentes em sua configuração que são inerentes
às discrepâncias entre o modelo de velocidades utilizado e o modelo geológico real,
nas quais tais dados foram adquiridos.
Os procedimentos apresentados nesta tese, que utilizam as matrizes de
tempo de trânsito na determinação dos intervalos de tempo aos quais são aplicadas as
expressões que correlacionam os campos de ondas ascendentes e descendentes,
além do recurso da separação da direção de propagação, podem ser utilizados em
conjunto. O emprego em conjunto destes procedimentos foi aplicado com sucesso em
algumas das análises apresentadas ao longo desta tese, tanto com dados sísmicos
sintéticos quanto com dados sísmicos reais.
A condição de imagem que emprega a correlação entre os campos de
ondas ascendentes e descendentes – teoricamente – é mais robusta que a condição
de imagem de tempo de excitação, pois tal condição não é vulnerável a influência da
definição precisa do tempo de trânsito associado a um determinado evento sísmico.
Pode-se considerar que o resultado da correlação entre os campos de ondas é uma
espécie de média ponderada, ao invés de um único valor, como no caso da aplicação
da condição de imagem de tempo de excitação.

205
De fato, pode-se considerar que a condição de imagem de tempo de
excitação é um caso particular da condição de imagem com correlação cruzada, onde
– neste caso – o campo de ondas descendentes é composto por um único pulso
unitário localizado em um determinado tempo que está associado a um determinado
evento sísmico. Na determinação deste evento sísmico, tradicionalmente, emprega-se
o valor de maior amplitude da grandeza associada ao campo de ondas descendentes
(vide seção 3.1.2.1).
No caso da aplicação dos esquemas de Migração Reversa no tempo
empregando operadores elásticos, a metodologia apresentada nesta tese para a
formação de imagens em profundidade possibilita que tais imagens estejam
associadas a diversas grandezas elásticas, algumas delas – proposta pelo autor – que
não são comumente empregadas para tal fim, como por exemplo: as componentes do
tensor de tensões, a tensão normal máxima ( σ 1 ), a tensão cisalhante máxima ( τ max ) e

a energia cinética.
Além de um modelo matemático mais refinado, que contempla a
existência e a interação entre diferentes modos de ondas, no caso da Migração
Reversa no Tempo empregando operadores elásticos, tem-se mais subsídios teóricos
para se determinar imagens em profundidade com melhores relações sinal/ruído, pois
os diversos modos de ondas e suas conversões presentes nos dados sísmicos reais
são mais bem representados com este modelo do que no caso da adoção do modelo
regido pela Equação Escalar da Onda. Outra vantagem é a possibilidade da aplicação
de determinado tipo de condição de imagem a diversas grandezas elásticas .
Um ponto que deve ser levado em conta no caso do empilhamento
(stacking) de imagens em profundidade associadas a determinadas grandezas
elásticas, as quais foram determinadas empregando-se esquemas de migração que
utilizem a Equação Elástica da Onda que preservem a amplitude do campo de ondas
depropagado, é que se tem uma inversão de polaridade (fase) em relação ao ponto de
aplicação da fonte sísmica (vide seção 3.3.3). Neste trabalho foram apresentadas
algumas possibilidades para se lidar com esta questão, uma delas proposta
originalmente nesta tese, e os resultados expostos mostraram-se consistentes.
Apresentaram-se alternativas para a aplicação dos esquemas de
Migração Reversa no Tempo empregando operadores elásticos, nos quais os dados
são provenientes de levantamentos sísmicos onde se registram somente os valores
relativos à pressão hidrostática. Ao longo das aplicações ilustradas considerou-se –
com excelentes resultados – a prescrição direta dos valores relativos à pressão

206
hidrostática, de forma similar à prescrição de fontes sísmicas explosivas para o caso
da Modelagem Sísmica, outra proposta inovadora do autor desta tese.

5.1 – Resultados Apresentados

A partir dos casos apresentados no capítulo 4, onde se encontram


expostas inúmeras imagens em profundidade determinadas através da aplicação dos
diversos esquemas – abordados ao longo desta tese – de Migração Reversa no
Tempo empregando operadores acústicos e elásticos, nos quais foram adotados
dados sísmicos sintéticos e reais, provenientes de vários tipos distintos de
levantamentos sísmicos, pôde-se concluir que:
o Somente com o emprego dos recursos do processamento em paralelo,
executando-se as diversas simulações em clusters de microcomputadores, é
que se tornou viável a análises dos modelos bi- e tridimensionais
(respectivamente, 2D e 3D);
o Para a confecção da imagem em profundidade final, determinada a partir do
empilhamento (stacking) dos diversos painéis de imagens referentes a cada
uma das famílias de tiros (sismogramas), a utilização de um esquema de
silenciamento (muting) nos traços destes painéis re-ordenados em famílias
CRP’s (Common Reciver Point) proporciona um aumento na relação
sinal/ruído;
o Além do procedimento descrito no parágrafo anterior, a utilização apropriada
de diferentes tipos de filtros e ganhos também se mostrou eficaz no aumento
da interpretabilidade dos resultados;
o Outro aspecto importante que deve ser considerado é que, nos casos onde se
tem uma elevada cobertura do levantamento sísmico, isto é, um alto grau de
redundância da amostragem sub-superficial (devido à geometria de aquisição
utilizada), a influência do tipo de condição de imagem, adotada para
determinado esquema de Migração Reversa no Tempo, na imagem em
profundidade final – obtida após o empilhamento (stacking) dos diversos
painéis correspondentes a cada um dos sismogramas - tende a diminuir;
o Os esquemas de Migração Reversa no Tempo empregando operadores
elásticos se mostraram mais robustos e eficientes na determinação dos
refletores em sub-superfície do que os esquemas adotando operadores
acústicos, quando da utilização de dados sísmicos sintéticos nos quais se
empregaram operadores elásticos para a simulação da propagação de ondas

207
sísmicas . Principalmente nos modelos de velocidades que favorecem a
conversão e a interação entre os diferentes modos de ondas elásticas;
o Além do fato do modelo matemático ser mais adequado à propagação de
ondas sísmicas em meios geológicos complexos, outra vantagem na utilização
dos esquemas de migração empregando operadores elásticos é a
possibilidade da obtenção de um maior conjunto de imagens em profundidades
associadas a diversos tipos de grandezas elásticas. Advoga-se nesta tese que
tais imagens sejam interpretadas de forma conjunta, analisando-se as
características de cada uma das grandezas as quais tais imagens es tejam
relacionadas.

5.2 – Recomendações e Trabalhos Futuros

Apesar dos excelentes resultados apresentados pelos esquemas de


Modelagem Sísmica, utilizando os dois modelos matemáticos abordados (regidos pela
Equação Escalar da Onda e pela Equação Elástica da Onda), ainda existem diversos
pontos que merecem pesquisa e desenvolvimento. Dentre eles destacam-se:
o A simulação numérica dos problemas contendo domínios infinitos ou semi-
infinitos. Neste trabalho adotou-se a prescrição de condições de contorno não-
reflexivas (Non-reflecting Boundary Condition), além da utilização de camadas
ou zonas de amortecimento (Damping Zone), a fim de evitar que ondas
refletidas nestas bordas artificiais atinjam a região de interesse no intervalo de
tempo considerado;
o A otimização computacional dos diversos programas desenvolvidos pelo autor
desta tese, considerando uma determinada arquitetura de hardware e sistema
operacional. Apesar da otimização ser uma preocupação constante durante a
fase de desenvolvimento, este tema não foi exaustivamente explorado;
o A consideração de esquemas que determinam a direção de propagação do
campo de ondas, separando-o, nas direções ascendentes e descendentes. Tal
procedimento frente a campos de ondas governados pela Equação Elástica da
Onda, corresponde a uma das contribuições inovadoras propostas nesta tese
pelo autor, seus resultados promissores merecem maiores investigações em
seu emprego junto aos diversos esquemas de Migração Reversa no Tem po ou
a outros esquemas de Migração Sísmica nos quais tal separação do campo de
ondas possa vir a ser vantajosa;

208
o Um ponto não explorado nesta tese, referente a este esquema que determina a
direção de propagação dos campos de ondas, é a possibilidade de obterem-se
os ângulos com os quais as frentes de ondas dos campos ascendentes e
descendentes atingem determinado refletor quando da aplicação da condição
de imagem;
o Implementação de outros esquemas de discretização a fim de melhorar a
precisão numérica dos resultados obtidos. Vislumbra-se – a princípio – duas
abordagens distintas, o emprego de recursos adicionais de forma a
incrementar as metodologias apresentadas, como por exemplo, no caso da
Equação Elástica da Onda, o esquema denominado dual-operator method que
modifica a ordem do operador espacial quando há uma descontinuidade nas
propriedades físicas do meio (CUNHA, 1992), ou a adoção de outros métodos
numéricos de discretização, como por exemplo: os Métodos dos Elementos
Finitos, Volumes Finitos ou Elementos de Contorno.
Devem-se considerar diversos fatores na aplicação dos esquemas de
Migração Reversa no Tempo – que foram abordados ao longo desta tese – em dados
sísmicos reais na linha de frente do processamento sísmico, empregado pela indústria
petrolífera para a detecção, avaliação e monitoramento de reservatórios de
hidrocarbonetos, principalmente o binômio envolvendo o custo computacional e a
resolução sísmica almejada em tal análise.
Assim, devido ao tempo de execução e ao custo computacional
envolvido, recomenda-se que os esquemas de Migração Reversa no Tempo – nestes
casos – sejam aplicados em uma ordem crescente de complexidade, a fim de avaliar
se tais análises intermediárias satisfazem os objetivos pretendidos, assim como para
se ter parâmetros para se avaliar qualitativamente os resultados das análises
subseqüentes. Tal complexidade deve levar em conta o tipo de esquema de migração
sísmica, bem como a crescente sofisticação dos modelos matemáticos que podem ser
adotados.
Quando se avalia a enorme gama de possibilidades distintas, tanto de
esquemas de Migração Sísmica quanto de seqüências de pré-processamentos
distintas que podem ser aplicadas nos dados sísmicos reais, pode-se considerar que o
correto imageamento de estruturas geológicas complexas como sendo um tipo de arte.
De tal modo que, para o seu sucesso, deve-se contar com a experiência e espírito
inovador dos diversos profissionais envolvidos nesta tarefa.
A vastidão de caminhos distintos, objetivando o correto posicionamento
dos refletores em sub-superfície, aliada à crescente demanda mundial pela

209
descoberta, monitoração e precisa avaliação dos reservatórios petrolíferos, faz com
que esta ainda seja uma grande área de pesquisa.
Para finalizar, citam-se os versos da canção do compositor popular
Paulinho Moska, sobre a metáfora da seta e o alvo, a qual se aplica a esta incessante
busca por um aumento da resolução sísmica:

“... Sempre a meta de uma seta no alvo


2
Mas o alvo, na certa não te espera ...”

2
A Seta e o Alvo, composição: Paulinho Moska.

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217
Apêndice A

Aspectos Computacionais

A.1 - Introdução a Alguns Conceitos da Computação em Paralelo

O princípio de funcionamento do processamento em paralelo é


teoricamente bastante simples. Uma determinada tarefa (ou problema) é dividida em
sub-tarefas independentes ou não, sendo distribuídas através dos vários
processadores ou computadores nos quais as informações serão processadas.
Embora poucas tarefas possam ser paralelizadas com facilidade, tal estratégia é
extremamente útil para uma grande variedade de problemas acadêmicos, científicos e
tecnológicos.
Na computação paralela existem diferentes tipos e formas de se
paralelizar uma determinada tarefa. Cada uma destas variedades é denominada de
paradigma, isto é, uma forma específica de se modelar o algoritmo do programa, ou
seja, uma abstração utilizada pelos programadores. Destaca-se que, na grande
maioria dos casos, na paralelização de uma tarefa são empregados diversos
paradigmas de paralelismo que melhor se enquadrem as diferentes etapas de solução.
A computação paralela, envolvendo os diversos paradigmas de
paralelismo, e as diferentes arquiteturas de hardware compreendem um assunto
extenso e complexo. Neste texto introdutório não se objetiva uma abordagem
profunda de tais questões, caso o leitor deseje se aprofundar sobre o assunto existe
uma extensa bibliografia, podendo tomar como ponto de partida as referências
bibliográficas citadas ao longo deste texto.
Basicamente, na implementação computacional dos diversos programas
desenvolvidos ao longo deste trabalho, são empregados dois paradigmas de
paralelismo, denominados Decomposição de Domínio e Divisão de Tarefas,
apresentados a seguir e ilustrados de acordo com as figuras A-1 e A-2.
Decomposição de Domínio
A Decomposição de Domínio (Domain Decomposition) é uma técnica de
particionamento, que pode ser aplicada a uma grande variedade de casos,

218
principalmente, quando se esteja lidando com problemas envolvendo uma grande
quantidade de dados (isto é, os denominados problemas de grande porte). A idéia
central desta técnica é a divisão do domínio do problema em diversas partições de tal
forma que cada uma delas possa ser processada de forma independente.
Nos casos afetos à Geofísica, emprega-se a Decomposição de
Domínio, onde o domínio do problema, isto é, o modelo de velocidades, é dividido em
diversas partes (aqui denominadas partições), sendo então cada uma delas enviadas
para uma máquina que compõe o cluster ou para um processador diferente. A seguir,
emprega-se um esquema para compatibilizar a influência da resposta entre as
diversas partições, através do envio de mensagens entre elas. A figura A-1 ilustra
esta idéia.

Modelo Geológico

S
W
I
T
C
H

Figura A-1 - Representação esquemática do paradigma da Decomposição de Domínio.

Diferentes posições para a Modelo Geológico


fonte sísmica

Switch

Figura A-2 - Representação esquemática do paradigma da Divisão de Tarefas.

Divisão de Tarefas
Na Divisão de Tarefas tem-se um determinado problema que deverá ser
analisado diversas vezes, alterando-se um ou mais parâmetros de entradas. A idéia
central desta técnica consiste em dividir as diversas análises, através de diferentes
máquinas ou processadores.

219
Nas aplicações em Geofísica, principalmente, para as simulações
bidimensionais (2D) nas quais existem recursos computacionais suficientes para sua
simulação em um único computador, tal estratégia mostra-se extremamente vantajosa.
O paradigma da divisão de tarefas pode ser aplicado tanto na
Modelagem quanto na Migração Reversa no Tempo, pois são realizadas diversas
simulações, variando-se apenas a posição da fonte sísmica. Desta forma, pode-se
realizar cada uma destas análises em uma só maquina ou processador diferente, não
necessitando de intercomunicação entre elas. A figura A-2 ilustra esta idéia.
Um outro exemplo de aplicação na Geofísica, em que tal estratégia
pode ser adotada com sucesso é a análise dos problemas de propagação de ondas no
domínio da freqüência, onde são analisadas diversas freqüências para, em seguida,
compor-se à solução do problema. Assim, pode-se analisar cada uma das freqüências
nos diferentes processadores, diminuindo o tempo de execução de um determinado
problema.
A seguir são introduzidos alguns conceitos básicos e algumas leis que
descrevem o comportamento dos programas em paralelo quanto à sua eficiência.
Speedup (S)
O conceito de speedup é relativamente simples. Tal grandeza
contabiliza o ganho de tempo de execução decorrente da paralelização de um
determinado problema, considerando-se sua execução em um certo número de
processadores. Apesar da simplicidade do conceito de speedup as vezes sua
aplicação torna-se confusa, devido à existência de duas definições que diferem no
tempo de execução adotado como referência.
Na primeira definição, tem-se speedup como sendo a razão entre o
tempo de execução do melhor código serial conhecido e o tempo de execução
correspondente a implementação em paralelo sendo executada em N processadores.
Esta definição é de difícil trato, pela dificuldade em definir-se qual é o melhor código
serial para um determinado problema, existindo ainda casos em que a implementação
do código em paralelo difere enormemente de seu correspondente serial, sendo que a
comparação dos tempos de execução acabaria sem sentido.
Na segunda definição, adotada ao longo deste trabalho, tem-se
speedup como sendo a comparação entre os tempos de execução do programa
paralelo executado em um único processador, com o mesmo código executado em N
processadores. Matematicamente tem-se:

T1 Eq. A-1
Speedup =
TN

220
onde: T1 – tempo de execução do código em paralelo rodando em um único
processador;
TN – tempo de execução do código em paralelo rodando em N processadores.
Eficiência (E)
Trata-se de uma outra forma de mensurar o fator de utilização, ou a
performance de programas empregando os conceitos do processamento em paralelo,
quando da sua execução em um determinado número de processadores.
Matematicamente a eficiência pode ser expressa através das seguintes equações:

S T Eq. A-2
E= = 1
N NTN
sendo: T1 – tempo de execução do código em paralelo rodando em um único
processador;
TN – tempo de execução do código em paralelo rodando em N processadores;
N – número de processadores.
Um valor de eficiência próximo a 100% indica que, quando da execução
de um programa em paralelo, utilizando-se N processadores, o tempo total de
execução será N vezes mais rápido, caso o mesmo programa fosse executado em um
único processador.
Granularidade (G)
É definida como sendo a razão entre as parcelas de tempo gasto com o
processamento (Tproc ) e com a comunicação (Tcom ) em um determinado programa em
paralelo executado em N processadores.
Matematicamente a Granularidade é expressa da seguinte forma:

Tproc Eq. A-3


G=
Tcom
sendo: Tproc – parcela do tempo despendido com o processamento;
Tcom – parcela do tempo despendido com a comunicação entre processos.
Tal grandeza é de importância fundamental nas aplicações que utilizam
os conceitos do processamento em paralelo, e deve-se sempre buscar artifícios para
que este valor seja maximizado, através de alterações no algoritmo ou através do uso
de hardwares mais eficientes.
Uma baixa granularidade significa que se está despendendo muito
tempo com a comunicação dos dados e pouco tempo no processamento, isto é, na
resolução do problema em si. Assim, percebe-se que quanto maior for a
granularidade melhor será o desempenho de um determinado programa em paralelo.

221
Lei de Amdahl
Trata-se de um modelo teórico para estimar a performance de um
determinado programa em paralelo quando executado em N processadores.
Inicialmente, pressupõe-se que o tempo de execução oriundo das operações e tarefas
de um determinado programa pode ser dividido em dois grupos:
• TPS – Tempo de execução referente à parcela serial do programa em paralelo;
• TPP – Tempo de execução referente à parcela paralela do programa em paralelo.
Tendo em vista que, nem todas as operações e tarefas realizadas por
um determinado programa podem ser realizadas de forma a serem executadas
paralelamente uma das outras, a hipótese inicial para a dedução da Lei de Amdahl
mostra-se válida.
Definindo-se β como sendo a fração do tempo de execução para a
parcela serial, desta forma a fração relativa ao tempo de execução da parcela paralela
pode ser expressa por (1-β). Sendo assim, o tempo de execução pode ser expresso
de acordo com a seguinte equação:

TN = β .T1 +
(1 − β ).T1 Eq. A-4
N
onde: T1 – tempo de execução do código em paralelo rodando em um único
processador;
TN – tempo de execução do código em paralelo rodando em N processadores;
N – número de processadores.
Substituindo-se a equação A-4 na expressão para o speedup (equação
A-1) chega-se à Lei de Amdahl, que define o speedup máximo que pode ser
alcançado por um determinado programa em paralelo quando executado em N
processadores diferentes.

N Eq. A-5
SA =
β .N + (1 − β )
Observando-se a expressão matemática para a Lei de Amdahl
(equação A-5) conclui-se que, no limite quando o número de processadores tender ao
infinito, o speedup máximo será aproximadamente igual ao inverso da fração do tempo
de execução para a parcela serial.
A Lei de Amdahl mostra-se bastante pessimista quanto ao ganho de
performance para aplicações valendo-se dos conceitos da computação paralela, ainda
mais se levando em conta que, em sua formulação, não é computada a presença de
overhead devido à paralelização do algoritmo de solução.

222
Para programas em paralelo que empreguem o paradigma de controle
de fluxo (control-flow programs), pode-se utilizar a Lei de Amdahl para prever o
comportamento do speedup à medida que se incrementa o número de processadores.
Para programas que utilizem o paradigma da divisão de domínio, o resultado
apresentado pela Lei de Amdahl pode ser inadequado, pois não é considerado o
aumento da eficiência que pode ser alcançada com a divisão dos dados do problema.

A.2 - Cluster de Microcomputadores

Os enormes avanços alcançados desde o início da década de noventa


com os equipamentos de rede, possibilitando elevadas taxas de transferência de
dados (atualmente o padrão ethernet possibilita taxas de transferência da ordem de
100 Mbps, a um custo bastante accessível), aliados ao crescente aumento da
capacidade computacional dos microcomputadores, proporcionaram os alicerces para
o surgimento de uma nova arquitetura de hardware, genericamente, denominada de
cluster ou Beowulf cluster.
Existem diferentes classificações e definições para esta nova
arquitetura de hardware denominada cluster. De forma geral, pode-se definir um
cluster como sendo uma arquitetura de hardware composta por diferentes
processadores e interligados através de equipamentos de rede, o qual pode ser
empregado para a execução de programas utilizando os recursos da computação
paralela.
Os resultados numéricos apresentados ao longo deste trabalho foram
simulados em diferentes clusters de microcomputadores, cada um deles possuindo
características de hardware distintas. Sabe-se a priori que tais características
influenciam o comportamento e a performance dos softwares desenvolvidos,
empregando os recursos do processamento em paralelo.
A seguir, apresentam-se as principais características de alguns dos
clusters que foram utilizados, tanto para o desenvolvimento dos programas, quanto
para a execução das inúmeras simulações numéricas, expostas ao longo deste
trabalho. Destaca-se que, conforme poderá ser observado, tais equipamentos
pertencem a distintas gerações de microprocessadores.

223
A fim de destacar o incrível aumento da capacidade computacional dos
clusters utilizados nas simulações apresentadas ao longo deste trabalho, apresenta-se
na figura A-3 um gráfico contendo o pico de performance teórico (theoretical peak
performance) destas distintas gerações de microcomputadores. Tal grandeza
representa o número de operações com pontos flutuantes que, teoricamente, podem
ser executadas a cada segundo.

Pico de Performance Teórico

1.80E+12
1.54E+12
1.60E+12
1.40E+12
1.20E+12
Flops

1.00E+12
8.00E+11
6.00E+11
4.00E+11
1.87E+11
2.00E+11 8.03E+10
9.60E+09
0.00E+00

Phoenix Sismos 3 MC Sismos 4


Figura A-3 - Representação do pico de performance teórico para alguns dos clusters
utilizados ao longo deste trabalho.

CLUSTER PHOENIX – PEC/COPPE/UFRJ


O cluster denominado Phoenix, entrando em operação no ano de 2000,
está localizado nas dependências do Laboratório de Mecânica Computacional/Método
dos Elementos de Contorno (LAMEC), vinculado ao Programa de Engenharia Civil da
COPPE/UFRJ. Tal equipamento foi montado durante a realização de um projeto de
pesquisa em parceria com a PETROBRAS e auxiliou na implementação e otimização
da grande maioria dos programas desenvolvidos durante a realização deste trabalho.
Na figura A-4 apresenta-se algumas fotografias, referentes ao cluster
Phoenix, onde pode ser visualizado o microcomputador central (master), utilizado
como estação de controle para os demais microcomputadores do cluster (slave), a
organização dos demais microcomputadores em prateleiras e parte do cabeamento de
rede. Observa-se que os gabinetes de tais computadores são do tipo desktop.

224
Figura A-4 - Fotos ilustrativas do cluster Phoenix, referentes ao microcomputador central
(master) e da organização dos demais microcomputadores (slave) nas
prateleiras. Localizado nas dependências do LAMEC (PEC/COPPE/UFRJ).

A seguir, descreve-se algumas das principais características do cluster


Phoenix, bem como uma estimativa do pico de performance teórico (Theoretical peak
performance).
Computador central de controle (Master):
• Um (1) Microcomputador AMD Athlon 1.2 GHz possuindo 1.0 Gb de RAM e
dois (2) discos rígidos de 20 Gb;
Computador (Slaves):
• Seis (6) Microcomputadores AMD K7 600 MHz possuindo 256 Mb de RAM e
um (1) disco rígido de 8 Gb;
Equipamento de Rede:
• Um (1) Switch Fast Ethernet (10/100 Mbit/s)
Pico de Performance Teórico (Theoretical Peak Performance):
• 9.6 GFlops.

CLUSTER SISMOS III – CENPES/PETROBRAS


Várias das simulações apresentadas ao longo deste trabalho foram
realizadas no cluster denominado SISMOS III, instalado na gerência de Tecnologia de
Exploração, no setor de Geologia e Geofísica (CENPES/PDEXP/GEOf). Tal
equipamento, entrou em operação em dezembro de 2000 e é composto por setenta e
dois (72) micro-computadores Pentiun III 550 MHz, com discos rígidos de 10Gb e 768
Mb de memória RAM, perfazendo um total de 54 Gb de memória em todo o cluster,
além dos discos rígidos de cada micro-computador o SISMOS III possui dois (2)
servidores de disco com capacidade de 183 Gb.
Na figura A-5 apresenta-se algumas fotografias relativas ao cluster
Sismos 3, destacando-se a sala onde é alocado o microcomputador utilizado para o
gerenciamento do cluster, além da foto ilustrando a parte traseira de dois (02) dos

225
nove (09) racks (armários), empregados para acomodar conjuntos de nove (09)
microcomputadores (slaves ). Observa-se que, apesar dos microcomputadores serem
do tipo desktop, tais equipamentos estão acondicionados em gabinetes industriais.

Figura A-5 - Fotos ilustrativas do cluster Sismos 3, referentes à sala de gerenciamento do


cluster onde o microcomputador central (master) está disposto e o detalhe de
dois racks onde são acomodados conjuntos de nove microcomputadores (slave).
Localizado nas dependências do CENPES/PETROBRAS.

A seguir, descrevem-se algumas das principais características do


cluster Sismos 3:
Computador central de controle (Master):
• Um (01) Microcomputador Pentium III 550 MHz possuindo 768 Mb de RAM e
dois (2) discos rígidos de 36 Gb
Computador (Slaves):
• Setenta e dois (72) Microcomputadores Pentiun III 550 MHz possuindo 768
Mb de RAM e um (1) disco rígido de 10 Gb
Equipamento de Rede:
• Quatro (04) Switchs de vinte e quatro (24) portas Fast Ethernet (10/100
Mbit/s), interligados pelo back-plane a uma taxa de transmissão de 1000
Mbit/s;
Pico de Performance Teórico (Theoretical Peak Performance):
• 80.3 GFlops.

226
CLUSTER MC – CENPES/PETROBRAS
Instalado na gerência de Métodos Científicos (MC) do Centro de
Pesquisa da PETROBRAS (CENPES/PETROBRAS), tal equipamento pertence a uma
geração mais moderna de microcomputadores, entrando em operação no ano de
2001. Os microcomputadores deste cluster possuem uma altura quatro vezes menor
do que um gabinete de microcomputador padrão do tipo desktop, além da
característica de que cada microcomputador possui duas unidades centrais de
processamento (CPU’s), s endo denominados microcomputadores dual processor.
A seguir, descreve-se algumas das principais características do cluster
MC:
Computador central de controle (Master):
• Um (01) Microcomputador Pentium III 1.13 GHz possuindo 1.0 Gb de RAM e
dois (2) discos rígidos de 36 Gb;
Computador (Slaves):
• Trinta e oito (38) Microcomputadores Pentiun III 1.13 GHz possuindo 1.0 Gb
de RAM e um (1) disco rígido de 20 Gb;
Equipamento de Rede:
• Três (03) Switchs de vinte e quatro (24) portas Fast Ethernet (10/100 Mbit/s),
interligados pelo back-plane a uma taxa de transmissão de 1000 Mbit/s;
Pico de Performance Teórico (Theoretical Peak Performance):
• 172.8 GFlops.

CLUSTER SISMOS 4 – CENPES/PETROBRAS


Iniciando sua operação em 2004 - em substituição ao Sismos 3 - o
cluster Sismos 4 também pertencente ao setor de Geologia e Geofísica do CENPES
(PETROBRAS/CENPES/PDEXP/GEOf), proporcionou um aumento de
aproximadamente vinte (20) vezes no poder computacional em relação ao seu
antecessor. Tal capacidade de processamento, embora adquirida recentemente,
forneceu os recursos necessários para a realização da grande maioria das simulações
numéricas apresentadas ao longo deste trabalho, principalmente para as modelagens
sísmicas, utilizando operadores elásticos, em modelos tridimensionais (3D).
No cluster Sismos 4, cada microcomputador contém duas CPU’s, e
assim como o cluster MC, também é formado por microcomputadores condicionados
em gabinetes possuindo uma altura quatro vezes menor do que a altura de um
gabinete do tipo desktop. Na figura A-6 apresenta-se algumas fotografias referentes a
este cluster, destacando-se os racks contendo vinte e oito (28) microcomputadores

227
cada, num total de cinco (05) racks para comportar todos os microcomputadores e a
parte posterior dos racks, onde se observa o cabeamento de rede.

Figura A-6 - Fotografias referentes ao cluster Sismos 4.

O cluster Sismos 4, além dos servidores de discos já existentes em sua


versão anterior, possui dois (02) arrays de discos perfazendo aproximadamente 3.5
Tbytes. A seguir, descreve-se algumas das principais características do cluster
Sismos 4:
Computador central de controle (Master):
• Um (1) Microcomputador Dual Xeon 2.4 GHz possuindo 2.0 Gb de RAM e
dois (2) discos rígidos de 72 Gb
Computador (Slaves):
• Cento e trinta e seis (136) Microcomputadores Dual Xeon 2.8 GHz possuindo
2.0 Gb de RAM e um (1) disco rígido de 36 Gb
Equipamento de Rede:
• Um (01) Switchs Giga bit (10/100/1000 Mbit/s), possuindo três (3) módulos
de quarenta e oito (48) portas;
Pico de Performance Teórico (Theoretical Peak Performance):
• 1542.4 GFlops.

228
Apêndice B

Correlação de Sinais Discretos no Tempo

A correlação entre dois sinais discretos ao longo do tempo é uma


operação matemática, assim como a convolução, que possui aplicações em diversas
áreas, tais como: Comunicações Digitais, Geologia, radares, sonares e em diversas
outras áreas da Ciência e na Engenharia. O seu principal objetivo é fornecer uma
medida do grau de similaridade entre dois sinais e, a partir desta medida, extrair
informações que dependem do tipo de problema analisado (PROAKIS et al., 1996).
Matematicamente, pode-se definir a correlação C x , y (τ ) entre dois sinais

x (t ) e y (t ) como sendo uma função do deslocamento de tempo (t), relativo aos dois
sinais x (t ) e y (t ) , e pode ser expressa pela seguinte equação:

+∞ Eq. B-1
Cx , y (τ ) = ∫ x(t) y (t − τ )dt
−∞

onde τ representa o deslocamento de tempo entre os sinais x (t ) e y (t ) , também

denominados delay ou lag.


Denomina-se correlação cruzada ou crosscorrelation como sendo o
caso particular da correlação em que os sinais x (t ) e y (t ) são diferentes; e
autocorrelação ou autocorrelation o caso em que se correlaciona o sinais x (t ) como

ele mesmo (ou seja, neste caso x (t ) = y (t ) ).


Destaca-se que, se algum dos sinais x (t ) ou y (t ) forem divididos por

um determinado valor, o resultado da expressão da correlação deste dois sinais será


afetado por este fator de escala. A fim de se normalizar o resultado da correlação no
intervalo de -1 a +1, deve-se empregar a seguinte expressão (PROAKIS et al., 1996):

+∞ Eq. B-2
∫ x (t ) y (t − τ )dt
Cx , y (τ ) = −∞

C x, x (0)C y , y (0 )

229
Neste trabalho, emprega-se a correlação cruzada como uma forma de
se relacionar o sinal propagado a partir da fonte sísmica e o sinal depropagado,
“injetando-se” o sismograma registrado pela aquisição nos respectivos receptores. A
partir de tais resultados pode-se obter informações a respeito do posicionamento dos
refletores em sub-superfície, ou seja, uma imagem em profundidade da seção sísmica.

230
Apêndice C

Determinação da Direção de Propagação do Campo de Ondas

Existem determinados casos em que se deseja obter a direção de


propagação de uma determinada partícula, a partir das informações contidas no campo
de ondas, como por exemplo: no caso de alguns esquemas de migração que relacionam
o campo de ondas ascendentes e descendentes. Em tais situações , uma alternativa é a
adoção da denominada equação da onda oneway, onde a equação do problema é
decomposta diretamente em termos de ondas ascendentes e descendentes (BORDING,
et al., 1997).
Embora se trabalhar com a equação oneway seja uma alternativa viável,
existem alguns pontos que devem ser levados em consideração, devido às simplificações
empregadas em seu modelo matemático, sendo a principal delas o fato de não ser capaz
de simular as diversas conversões existentes entre os diferentes tipos de ondas. Além
do fato de não se considerar que as ondas ascendentes geram reflexões descendentes,
que podem vir a contribuir positivamente para o imageamento de uma determinada
interface, como no caso das denominadas ondas múltiplas.
A seguir, apresenta-se uma metodologia para a separação do campo de
ondas - em ondas ascendentes e descendentes - utilizando-se a equação completa da
onda, isto é, neste caso a equação matemática não é decomposta e são modelados,
simultaneamente, os campos de ondas ascendentes e descendentes, bem como a
interação entre eles.

C.1 – Modelos Matemáticos Expressos pela Equação Acústica da Onda

A idéia básica, desta metodologia, consiste em se avaliar o sinal do


produto das derivadas temporais e espaciais ao longo do campo de ondas para um
determinado instante de tempo. No caso da propagação de ondas acústicas, tais
derivadas representam fisicamente, respectivamente, a velocidade da partícula e a
tensão em relação às direções coordenadas.

231
Este esquema de determinação da direção de propagação de uma
determinada partícula, a partir das informações contidas no campo de ondas, avaliando-
se os sinais das derivadas temporais e espaciais, também é apresentado no trabalho
proposto por CUNHA (1992).
Na figura C.1 ilustra-se a variação do valor da amplitude da pressão
acústica para dois instantes de tempo consecutivos (t0 e t1), representando as quatro
configurações possíveis para o campo de onda.

Derivada espacial negativa Derivada espacial positiva


Direção de Propagação positiva
(seguindo o eixo de coordenadas)

t0
t1
Direção de Propagação negativa
(contrário ao eixo de coordenadas)

t0
t1

Figura C.1 - Representação das possíveis configurações para o campo de onda para dois
instantes de tempos consecutivos

De acordo com as situações ilustradas na figura C.1 observa-se que:


1. Quando o sinal do produto dos valores da derivada temporal e espacial é negativo, a
partícula do campo de ondas se move na mesma direção do eixo coordenado;
2. Quando o sinal do produto dos valores da derivada temporal e espacial é positivo, a
partícula do campo de ondas se move na direção contrária à do eixo coordenado;

232
ou seja, respectivamente as ondas descendentes (downgoing) e ascendentes (upgoing).
A direção de propagação em função do sinal do produto dos valores da
derivada temporal e espacial pode ser representada, matematicamente, através da
v
direção do vetor unitário i , sendo expressa de acordo com a seguinte equação (CUNHA,
1992):

v ⎛ ∂φ ⎞ ∇ φ Eq. C-1
i = −signum⎜ ⎟
⎝ ∂t ⎠ ∇ φ
onde φ representa o campo de ondas.
A fim de ilustrar a eficácia da aplicação deste esquema de determinação
da direção de propagação do campo de ondas é apresentada, no exemplo a seguir, uma
série de ilustrações (vide figura C.2) nas quais representa-se o campo de ondas referente
à propagação de ondas acústicas em um modelo de velocidades complexo, seguido do
campo de ondas na direção descendente e na direção ascendente.

(a) (b) (c)


Figura C.2 - Snapshots, para diferentes instantes de tempo, representando o campo de ondas
referente à propagação de ondas acústicas (a), campo de ondas decomposto na
direção descendente (b) e campo de ondas decomposto na direção
ascendente(c).

233
C.2 – Modelos Matemáticos Expressos pela Equação Elástica da Onda

Neste item, apresenta-se um método utilizado para a determinação da


direção de propagação de um campo de ondas elástico, baseado na denominada
equação de fluxo de energia (AKI e RICHARDS, 1980; PSENCIK, 1994, SOARES FILHO,
2003a). Ao final da exposição sobre a metodologia, serão apresentados alguns
exemplos, envolvendo a determinação da direção de propagação para um campo de
ondas elástico, propagando-se sobre um modelo de velocidades complexo.
A equação de fluxo de energia apresenta uma grandeza, representada por
r
S , equivalente ao vetor advindo da teoria de eletromagnetismo, denominado Poyinting
r
vector. O significado da direção do vetor de fluxo de energia ( S ) indica a direção do
fluxo de energia para um determinado ponto e o seu módulo representa a quantidade de
energia por unidade de tempo que atravessa uma determinada superfície perpendicular
r
ao vetor S .
A formulação matemática da equação de fluxo de energia pode ser obtida,
partindo-se da equação básica da elastodinâmica, desconsiderando-se a presença de
forças de corpo. Tal equação pode ser expressa, em termos da velocidade da partícula
( v ), de acordo com:

ρv&i = τ ij, j Eq. C-2

sendo que: ρ expressa a densidade do meio; e,

τ ij representa o tensor de tensões.


Multiplicando ambos os lados da equação C-2 pela velocidade da partícula
na direção i , e, aplicando-se a regra para a derivada do produto de duas funções, chega-
se à seguinte equação:

∂ ⎛1 ⎞
⎜ ρviv i ⎟ = v iτ ij, j Eq. C-3
∂t ⎝ 2 ⎠
O lado direito da expressão C-3, também utilizando a regra para a derivada
do produto de duas funções e colocando um dos termos em função do deslocamento da
partícula ( u ), é desenvolvido da seguinte forma:

viτ ij , j = (viτ ij ), j −τ ij

∂t
( )
ui , j Eq. C-4

O segundo termo da equação C-4 pode ser substituído pela igualdade


abaixo, equação C-5. Para provar tal igualdade, deve-se aplicar a lei de Hooke (GRAFF,

234
1975), explicitando toda a equação em termos do deslocamento da partícula e, em
seguida, aplicar uma permuta entre os sub-índices e utilizar a regra para a derivada do
produto de duas funções.

τ ij

∂t
( )
ui , j =
1 ∂
2 ∂t
(
τ ijui , j ) Eq. C-5

Substituindo a igualdade expressa pela equação C-5 na equação C-4 e


voltando para a equação C-3, após o re-arranjo de alguns termos da expressão
resultante, obtém-se a expressão abaixo:

∂ ⎛1
(− v τ )
i ij , j +
1 ⎞
⎜ τ ij ui , j + ρvi vi ⎟ = 0
Eq. C-6
∂t ⎝ 2 2 ⎠
A equação C-6 representa o balanço de energia variando ao longo do
tempo e suas parcelas podem ser interpretadas fisicamente, através das seguintes
definições:
1 1
Energia Total: E = τ ijui , j + ρv iv i Eq. C-7
2 2
1
Energia Potencial Elástica V = τ iju i, j Eq. C-8
(“Strain Energy”): 2
1
Energia Cinética: K= ρvi vi Eq. C-9
2

Vetor Fluxo de Energia: S j = −viτ ij Eq. C-10

A equação C-6 pode ser re-escrita, utilizando-se as definições


apresentadas nas equações F-7 a F-10, dando origem à equação C-11:

∂E r
+ ∇.S = 0 Eq. C-11
∂t
Com o intuito de ilustrar a utilização da equação de fluxo de energia para a
determinação da direção de propagação, apresenta-se na figura C-3 uma representação
do ângulo do vetor de fluxo de energia. Este ângulo, em tal figura, foi registrado quando
da passagem da frente de onda em um meio de propagação homogêneo, sendo que este
instante é determinado pelo critério da amplitude máxima (vide seção 3.1.2.1).
Na figura C-3, o ângulo do vetor fluxo de energia é representado em
escalas da cor cinza, variando de 0 a 180 graus, respectivamente, para as cores branca e
preta. Observa-se que, na parte superior da figura encontra-se localizado o ponto de
aplicação da fonte sísmica e, em suas proximidades o ângulo do vetor fluxo de energia
apresenta uma pequena instabilidade.

235
Figura C-3 – Representação do ângulo do vetor fluxo de energia, registrado quando da
passagem da frente de onda elástica se propagando em um meio elástico semi-
infinito, estando a fonte sísmica localizada próxima à superfície.

De acordo com a figura C-3, observa-se que, a aplicação da equação C-


10, para a determinação da direção de propagação de um campo de ondas elástico,
fornece resultados bastante satisfatórios e, que tal expressão, pode ser aplicada com
sucesso para o cálculo da direção de propagação do campo de ondas elástico.
Destaca-se que o sentido de propagação do campo de ondas elástico não
pode ser determinado apenas pelo sinal obtido com a avaliação da equação C-10.
Embora, como exemplificado pela figura C-3 e pelos demais exemplos apresentados ao
longo deste tópico, a direção de propagação é perfeitamente determinada pela equação
C-10.
A fim de exemplificar a afirmação feita no parágrafo anterior, com respeito
à determinação da direção e do sentido de propagação de um campo de ondas elástico,
apresenta-se figuras ilustrando o sentido das componentes do vetor S (figura C-4), obtido
apenas através da avaliação do sinal resultante da equação C-10. Em tal análise,
considera-se um meio elástico homogêneo onde a fonte sísmica está situada no centro
do modelo.
As ilustrações do sentido de propagação de um campo de ondas elástico
são representadas em escala de cinza. Sendo que, as regiões em branco indicam o sinal
negativo, nas quais a frente de onda estará se movendo no mesmo sentido do eixo
coordenado; e nas regiões em preto (sinal positivo) a frente de onda estará se movendo
no sentido contrário ao eixo coordenado.

236
Direção X Direção Y
Figura C-4 – Representação - em escala de cinza - do sentido das componentes do vetor fluxo
de energia (equação C-10), respectivamente, para as direções coordenadas X e Y.
Regiões em branco indicam que a frente de onda se propaga no mesmo sentido do
eixo coordenado, e as regiões em preto no sentido contrário.

Analisando a figura C-4, vislumbra-se que há um equívoco na


determinação do sentido de propagação do campo de ondas elástico; pois, conforme
pode ser observado, há uma inversão das cores (ou seja, no sentido de propagação) ao
longo da frente de onda. Sabe-se que, para este exemplo simples, a direção e o sentido
de propagação formam um campo vetorial, no qual os vetores possuem o sentido e a
direção de um vetor radial (cuja origem é o ponto de aplicação da fonte sísmica).
A seguir apresenta-se uma das contribuições inovadoras deste trabalho
para a determinação do sentido de propagação do campo de ondas elástico, levando-se
em conta o sinal da derivada temporal da energia total (equação C-7), além do sinal da
equação para o vetor fluxo de energia (equação C-10). Na equação C-12 tem-se a
representação matemática do novo critério proposto nesta tese para a determinação do
sentido de propagação de um campo de ondas elástico:

v ⎛ ∂E ⎞ ⎛ ∂E ⎞
⎟(− v jτ ji )
Eq. C-12
i = signum⎜ ⎟ S i = signum ⎜
⎝ ∂t ⎠ ⎝ ∂t ⎠
Na figura C-5 aplicou-se a equação C-12, que leva em consideração o
sinal da derivada temporal da energia total, ao mesmo campo de ondas elástico
proveniente da aplicação de uma fonte sísmica em um meio elástico homogêneo. Tal
campo de ondas elástico também foi empregado para a determinação da figura F-2.

237
Direção X Direção Y
Figura C-5 – Representação - em escala de cinza - do sentido de propagação determinado de
acordo com a equação C-12, respectivamente, para as direções coordenadas X e
Y. Regiões em branco indicam que a frente de onda se propaga no mesmo sentido
do eixo coordenado e, as regiões em preto, no sentido contrário.

Analisando-se as figuras C-4 e C-5, considerando os dois critérios


apresentados para a determinação do sentido de propagação do campo de ondas
elásticas, pode-se tecer os seguintes comentários:
• A consideração do sinal da derivada temporal da energia total para a
determinação do sentido da propagação de ondas elásticas (proposta inovadora
desta tese), através da equação C-12, proporcionou uma melhoria significativa em
comparação à figura C-4, conforme pode ser observado na figura C-5.
• Na figura C-5, encontram-se mais bem delimitadas as regiões de maior amplitude
para a frente de ondas elásticas (representada em tons de cinza e preto).
Considerando que as figuras C-4 e C-5 estão na mesma escala, conclui-se que há
uma inversão, ou seja, um erro na determinação no sentido de propagação do
campo de ondas elásticas onde as amplitudes são desprezíveis.
De acordo com os res ultados apresentados na figura C-5 e, através de
uma análise da equação C-12, pode-se concluir que: na região de amplitude máxima
(onde a energia total também é máxima) o valor da derivada temporal da energia total é
nulo, deste modo, tem-se um ponto de indefinição para a equação C-12. Uma possível
alternativa inovadora proposta nesta tese para solucionar esta questão seria também
considerar a avaliação do sinal da segunda derivada temporal da energia total, em
termos de pseudocódigo ter-se-ia a equação C-13, dada a seguir:

238
∂E
if ⎛⎜ ≠ 0 ⎞⎟ then Eq. C-13
⎝ ∂t ⎠
v ⎛ ∂E ⎞
i = signum⎜ ⎟S i
⎝ ∂t ⎠
else
⎛ ∂2 E ⎞
if ⎜⎜ 2 > 0 ⎟⎟ then
⎝ ∂t ⎠
v ⎛ ∂E ⎞
i = − signum⎜ ⎟ S i
⎝ ∂t ⎠
else
v ∂E
i = + signum⎛⎜ ⎞⎟ S i
⎝ ∂t ⎠
endif
endif
Destaca-se que, neste trabalho, a equação C-13 não foi avaliada, pois isto
acarretaria em um aumento da demanda computacional dos programas que necessitam
da determinação do sentido de propagação do campo de ondas elásticas, tanto em
termos de memória, quanto em termos de tempo de processamento.
A seguir são apresentados alguns snapshots, representando o campo de
ondas elástico - em instantes de tempo diferentes - considerando um modelo de
velocidades complexo, exemplificando a metodologia proposta nesta tese para
determinação do sentido de propagação, através da aplicação da equação C-12.
Na figura C-6 apresentam-se as ilustrações do módulo do vetor
deslocamento do campo de ondas elásticas, a parcela ascendente do módulo do campo
de ondas elástico e a parcela descendente do módulo do campo de ondas elástico.
Ambas as parcelas, ascendente e descendente, foram determinadas através do sentido
de propagação, proveniente da aplicação da equação C-12 (proposta nesta tese).
De modo geral, destaca-se que o procedimento inovador sugerido nesta
tese para a determinação do sentido de propagação do campo de ondas elástico
(equação C-12), mostrou-se suficientemente robusto para ser aplicado em um campo de
ondas elástico complexo. Em tais ilustrações, observa-se que o esquema proposto nesta
tese falha na determinação do sentido de propagação nas regiões que antecedem e
sucedem os pontos de amplitude máxima da frente de onda elástica, mas tais regiões
falhas estão associadas a baixos valores de amplitude.

239
(a) (b) (c)
Figura C-6 – Representação do módulo do vetor deslocamento do campo de ondas elásticas (a),
parcelas ascendente (b) e descendente (c) , para diferentes instantes de tempo,
considerando a propagação de ondas elásticas sobre um modelo de velocidades
complexo. O sentido de propagação é determinado pela avaliação do sinal dado
pela equação C-12.

240
Apêndice D

Principais Programas Desenvolvidos

O Linux é o sistema operacional nos quais os programas foram


desenvolvidos pelo autor desta tese empregando-se os compiladores do projeto GNU,
além dos compiladores da Intel (versões 7.0 e 7.1), para as linguagens de
programação FORTRAN, C e C++. Foram utilizadas as bibliotecas do OpenGL, para a
criação de aplicações gráficas bidimensionais (2-D) e tridimensionais (3-D), e do
GLUT, para o gerenciamento das janelas e criação dos menus interativos.
O desenvolvimento de tais programas gráficos viabilizou a interpretação
do grande volume de dados gerados pelos programas de modelagem e migração
sísmica, auxiliando na compreensão do fenômeno de propagação de ondas acústicas
e elásticas. A facilidade da criação de seqüências de figuras, ilustrando a propagação
de ondas, assim como características dos modelos de velocidades – principalmente –
para os casos tridimensionais (3-D), pode ser empregada para a confecção de
animações.
A seguir serão apresentados alguns dos principais programas
desenvolvidos especialmente pelo autor desta tese e utilizados ao longo deste
trabalho.

VIEW_IMAGE – Visualização de dados 2-D


Tal programa foi inicialmente criado pelo autor desta tese para suprir a
necessidade da visualização de campos vetoriais bidimensionais e, posteriormente,
adaptado para a visualização de campos escalares e para o traçado de raios
originários de um outro software desenvolvido, empregando o esquema de Ray
Tracing (apresentado a seguir neste apêndice).
As principais características e funcionalidades deste programa são:
• Implementação de doze (12) esquemas de cores diferentes;
• Possibilidade de ampliação (zoom) e movimentação de determinada área de
visualização;
• Diferentes níveis de amostragem dos dados;
• Possibilidade de abertura de diferentes arquivos de dados;

241
• Para campos vetoriais, pode-se visualizar as seguintes grandezas: as
componentes nas direções X e Y, a composição do módulo dos vetores, além da
possibilidade de visualização do campo escalar, resultante do cálculo do operador
divergente e rotacional sobre o campo vetorial. Considerando-se que o campo
vetorial é formado pelo deslocamento das partículas nas direções coordenadas,
tais grandezas representam, respectivamente, as ondas compressionais (P-waves)
e cisalhantes (S-waves);
• Possibilidade de visualização das linhas de grid com um determinado intervalo de
pontos, além dos eixos coordenados e da escala de cores com os referidos valores
das grandezas;
• Visualização do campo vetorial, representando os vetores por segmentos de retas.
Tal esquema pode ser sobreposto, considerando um dos esquemas de cores, às
diferentes grandezas;
• Interpretação de arquivos contendo uma específica seqüência de comandos
(scripts) pré-estabelecida, além da possibilidade de gravação de uma determinada
seqüência realizada pelo usuário;
• Possibilidade de salvar figuras relativas à área de visualização nos formatos BMP
e JPG, cujos nomes são gerados em seqüência.

SLICE_3D – Visualização de dados 3-D


No início da implementação de algumas das aplicações tridimensionais
(3D), alguns softwares de visualização disponíveis na Internet foram testados sem
sucesso, devido ao grande volume de dados. Deste modo, o autor desta tese partiu
para o desenvolvimento desta ferramenta de visualização de fundamental importância,
tanto na fase de implementação dos programas de modelagem e migração sísmica em
modelos tridimensionais, quanto para a interpretação dos resultados.
Destaca-se que, devido à implementação computacional adotada pelo
autor desta tese, na qual aloca-se memória somente para alguns planos de corte
sobre o paralelepípedo de dados tridimensionais (3-D), e não para todo o volume de
dados, torna-se possível a aplicação do programa de visualização em grandes
volumes de dados.
As principais características e funcionalidades deste programa são:
• Implementação de doze (12) esquemas de cores diferentes;
• Possibilidade de ampliação (zoom) e movimentação (translação e rotação) do
paralelepípedo de dados dentro da área de visualização;
• Diferentes níveis de amostragem dos dados;

242
• Visualização de planos de corte paralelos às direções coordenadas X, Y e Z. Para
a direção X há a possibilidade da visualização de até nove (09) planos de corte,
especificando-se o espaçamento entre eles;
• Movimentação dos planos de cortes visualizados ao longo do volume de dados;
• Esquema de transparência;
• Registrar os valores de amplitude de determinado plano de corte em um arquivo;
• Possibilidade de abertura de diferentes arquivos de dados tridimensionais (3D);
• Interpretação de arquivos contendo uma específica seqüência de comandos
(scripts) pré-estabelecida, além da possibilidade de gravação de uma determinada
seqüência realizada pelo usuário;
• Possibilidade de salvar figuras relativas à área de visualização nos formatos BMP
e JPG, cujos nomes são gerados em seqüência.

ACOUSTIC_2D – Modelagem e Migração de Dados Sísmicos 2D, Empregando


Operadores Acústicos
Tal programa visa a simulação da Modelagem e Migração Reversa no
Tempo, utilizando operadores acústicos, ou seja o modelo matemático adotado
contempla apenas a presença de ondas compressionais (P-waves). O esquema
implementado de Migração Reversa no Tempo emprega a condição de imagem de
tempo de excitação, pode-se utilizar este mesmo programa para a obtenção da matriz
de tempo de trânsito, utilizando um dos critérios desenvolvidos (vide capítulo 3).
A implementação computacional desta versão deste programa foi feita
de forma seqüencial, sendo desenvolvido pelo autor desta tese para ser executado em
um único processador, isto é, sem a utilização dos recursos da computação paralela.
As principais características e funcionalidades deste programa são:
• Determinação das matrizes de tempo de trânsito através dos critérios da amplitude
máxima e amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra (critério
inovador proposto nesta tese);
• Saída, durante a Modelagem de sismograma, tendo a possibilidade de se
especificar a amostragem temporal e espacial;
• Possibilidade de armazenar o campo de ondas (snapshots) em determinados
intervalos de tempo durante a Modelagem e a Migração Reversa no Tempo;
• Pode-se especificar três tipos distintos de condições de contorno, são eles:
condição de contorno essencial, condição de contorno natural e condição de
contorno não-reflexiva;

243
• Quando da prescrição da condição de contorno não-reflexiva, estende-se o modelo
de velocidades, cria-se uma camada de amortecimento com um determinado
número de amostras e é nesta nova fronteira que se prescreve a condição de
contorno;
• Embora não tenha sido explorado em nenhum dos exemplos apresentados, este
programa é capaz de modelar e migrar dados sísmicos oriundos de modelos de
velocidades contendo topografia;
• Possibilidade de prescrição de mais de uma fonte sísmica;
• Especificação de arquivos binários para a leitura dos modelos de velocidades de
ondas compressionais (VP) e de densidades;
• Pode-se especificar a leitura de modelos de velocidades de ondas compressionais
(VP) correspondentes às direções X e Y.

ELASTIC_2D – Modelagem e Migração de Dados Sísmicos 2D, Empregando


Operadores Elásticos
Este programa contempla a simulação da Modelagem e Migração
Reversa no Tempo, utilizando operadores elásticos, ou seja, este modelo matemático
contempla a existência de ondas compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves),
bem como a interação entre elas. O esquema de Migração emprega a condição de
imagem de tempo de excitação e pode-se obter imagens em profundidade associadas
a diversas grandezas elásticas (vide capítulo 3). Durante a Modelagem, pode-se
determinar as matrizes de tempo de trânsito, através de critérios distintos, para
diferentes grandezas elásticas.
As principais características e funcionalidades deste programa,
implementado e desenvolvido pelo autor desta tese, são:
• Determinação das matrizes de tempo de trânsito através de critérios distintos;
• Saída, durante a Modelagem de sismograma, tendo a possibilidade de se
especificar a amostragem temporal e espacial;
• Especificação das grandezas registradas nos sismogramas , componentes de
deslocamentos ou de tensões, além da tensão hidrostática;
• Determinação, através do cálculo dos operadores divergente e rotacional sobre o
campo de deslocamentos, do campo de ondas compressionais (P-waves) e
cisalhantes (S-waves);
• Possibilidade de armazenar o campo de ondas (snapshots) para determinados
intervalos de tempo durante a Modelagem e a Migração Reversa no Tempo;

244
• Pode-se especificar três tipos distintos de condições de contorno, são elas:
condição de contorno essencial, condição de contorno natural e condição de
contorno não-reflexiva;
• Quando da prescrição da condição de contorno não-reflexiva, estende-se o modelo
de velocidades, cria-se uma camada de amortecimento com um determinado
número de amostras e é nesta nova fronteira que se prescreve a condição de
contorno;
• Possibilidade de especificar-se de mais de uma fonte sísmica e, para modelos off-
shore, posicionamento automático da fonte sísmica sobre o leito oceânico;
• Especificação de arquivos binários para a leitura dos modelos de velocidades de
ondas compressionais (VP), cisalhantes (VS) e de densidades.

MIG_CORRELATION_AC - Migração Reversa no Tempo Empregando a


Condição de Imagem com Correlação Cruzada,
Utilizando Operadores Acústicos
Tal programa, criado pelo autor desta tese utilizando os recursos da
computação paralela, trata-se da implementação computacional para o esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando como condição de imagem a correlação
cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes (vide capítulo 3).
Destaca-se que alguns detalhes da implementação computacional foram fornecidos no
capítulo 3.
Como condições de imagens empregaram-se as diversas expressões
apresentadas na seção 3.1.3.2, algumas delas contribuições inovadoras desta tese,
para correlação cruzada entre o campo de ondas ascendentes (oriundo da
depropagação do campo de ondas registrado no sismograma, prescrevendo-se os
valores registrados nos res pectivos receptores) e o campo de ondas descendentes
(oriundo da propagação do campo de ondas a partir da fonte sísmica).
A seguir, apresentam-se as principais características e funcionalidades
deste programa, são elas:
• Possibilidade de armazenar o campo de ondas (snapshots) para determinados
intervalos de tempo durante a Modelagem e a Migração Reversa no Tempo, bem
como das grandezas que serão correlacionadas;
• Especificação dos intervalos de tempo inicial e final para a correlação cruzada
entre os campos de ondas ascendentes e descendentes;
• Pode-se especificar como um dos parâmetros de entrada do programa, uma matriz
de tempo de trânsito a qual servirá de base para a determinação dos intervalos de

245
tempo inicial e final para a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, para cada um dos pontos do grid utilizado na
discretização do problema;
• Declaração de um determinado intervalo de tempo, múltiplo do intervalo de tempo
adotado para o avanço da solução pelo Método das Diferenças Finitas, utilizado
para a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes;
• Especificação do emprego de um esquema para a determinação da direção de
propagação do campo de ondas ascendentes (vide apêndice C), empregando-se
apenas as ondas na direção ascendente na correlação cruzada entre os campos
de ondas ascendentes e descendentes, como critério para a formação das
imagens em profundidade (vide capítulo 3). Procedimento inovador proposto pelo
autor nesta tese;
• Possibilidade da adoção do esquema de compressão de dados empregando
wavelets (vide apêndice E) para a transmissão dos dados relativos aos campos de
ondas ascendentes e descendentes;
• Pode-se especificar três tipos distintos de condições de contorno, são elas:
condição de contorno essencial, condição de contorno natural e condição de
contorno não-reflexiva;
• Quando da prescrição da condição de contorno não-reflexiva, estende-se o modelo
de velocidades, cria-se uma camada de amortecimento com um determinado
número de amostras e é nesta nova fronteira que se prescreve a condição de
contorno;
• Possibilidade de especificar-se mais de uma fonte sísmica e, para modelos off-
shore, posicionamento automático da fonte sísmica sobre o leito oceânico;
• Especificação de arquivos binários para a leitura dos modelos de velocidades de
ondas compressionais (VP) e de densidades.

MIG_CORRELATION_EL - Migração Reversa no Tempo Empregando a


Condição de Imagem com Correlação Cruzada,
Utilizando Operadores Elásticos
Seguindo a mesma filosofia proposta para o programa
MIG_CORRELATION_AC, referente ao esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando como condição de imagem a correlação cruzada entre os campos de
ondas ascendentes e descendentes (determinados utilizando operadores acústicos),

246
neste programa criado pelo autor desta tese os campos de ondas são determinados
empregando-se operadores elásticos.
Com o emprego de operadores elásticos a demanda computacional
aumenta consideravelmente em comparação com o mesmo esquema de migração
sísmica utilizando operadores acústicos. Devido a este aumento de demanda
algumas das funcionalidades apresentadas na versão acústica
(MIG_CORRELATION_AC) não foram implementadas nesta versão empregando
operadores elásticos. As principais diferenças entre tais versões são:
• Na versão elástica somente algumas das expressões apresentadas no capítulo 3
foram implementadas para a formação das imagens em profundidade (algumas
delas contribuições propostas nesta tese);
• Como há um maior número de grandezas associadas à propagação de ondas
elásticas, aplica-se a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes as grandezas expostas a seguir. Destaca-se que, são propostas
inéditas desta tese a utilização de algumas destas grandezas.
o Vx e Vy – velocidades das partículas, respectivamente, nas direções X e Y;
o P e S – respectivamente, ondas compressionais e cisalhantes. Determinadas
através da aplicação dos operadores divergente e rotacional sobre o campo
elástico de deslocamentos;
o TXX, TXY e TYY – componentes do tensor de tensões;
o TAL Máximo – tensão cisalhante máxima;
o Eng. Cinética Máxima – Energia cinética máxima;
o Sigma 1 Máximo – tensão compressional máxima.
Destaca-se que, as velocidades das partículas nas direções
coordenadas (Vx e Vy) e as componentes do tensor de tensões (τ xx , τ yy e τ xy ) são

obtidos diretamente através da aplicação do esquema empregado para a solução da


equação elástica da onda, proposto inicialmente por VIREUX (1984 e 1986), via
Método das Diferenças Finitas. No capítulo 2 apresenta-se em detalhes as
especificidades deste esquema.
A seguir, apresentam-se as principais características e funcionalidades
deste programa desenvolvido pelo autor desta tese, são elas:
• Possibilidade de armazenar o campo de ondas (snapshots) para determinados
intervalos de tempo durante a Modelagem e a Migração Reversa no Tempo, bem
como das grandezas que serão correlacionadas;
• Especificação dos intervalos de tempo inicial e final para a correlação cruzada
entre os campos de ondas ascendentes e descendentes;

247
• Declaração de um determinado intervalo de tempo, múltiplo do intervalo de tempo
adotado para o avanço da solução pelo Método das Diferenças Finitas, utilizado
para a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes;
• Especificação do emprego de um esquema para a determinação da direção de
propagação do campo de ondas ascendentes (através da equação de Fluxo de
Energia, vide apêndice C.2), contribuição inovadora do autor desta tese,
empregando-se apenas as ondas na direção ascendente na correlação cruzada
entre os campos de ondas ascendentes e descendentes, como critério para a
formação das imagens em profundidade (vide capítulo 3);
• Pode-se especificar três tipos distintos de condições de contorno para cada uma
das bordas do modelo de velocidades, são eles: condição de contorno essencial,
condição de contorno natural e condição de contorno não-reflexiva;
• Quando da prescrição da condição de contorno não-reflexiva, estende-se o modelo
de velocidades, cria-se uma camada de amortecimento com um determinado
número de amostras e é nesta nova fronteira que se prescreve a condição de
contorno;
• Especificação de arquivos binários para a leitura dos modelos de velocidades de
ondas compressionais (VP), cisalhantes (VS) e de densidades.

ACOUSTIC_3D – Modelagem e Migração Reversa no Tempo 3-D, Empregando


Operadores Acústicos
Este programa criado especialmente pelo autor desta tese – utilizando
os recursos do processamento em paralelo – destina-se à modelagem sísmica
tridimensional, assim como a Migração Reversa no Tempo empregando a condição de
imagem de tempo de excitação, em ambos os casos utilizam -se operadores acústicos.
A estratégia de paralelização empregada baseia-se na decomposição
de domínio (Domain Decomposition), isto é, o domínio físico do problema é repartido
em diversos subdomínios e cada um deles é enviado para ser resolvido por um
processador diferente (vide Apêndice A). Para manter-se a compatibilidade da
solução entre os diversos pedaços torna-se necessária a comunicação entre eles.
Esta abordagem possibilita a solução de problemas de grande porte,
que devido à quantidade de memória e ao tempo de processamento demandado para
sua análise, atualmente, tornar-se-iam inviáveis de serem executados em um único
microcomputador.
Na implementação computacional, adotando o paradigma da divisão de
domínio associado à biblioteca de funções do PVM (Parallel Virtual Machine) para a

248
comunicação entre os processos , criaram-se dois programas distintos denominados
master_3D_AC e slave_3D_AC. A seguir, descrevem-se as principais atribuições de
cada um destes programas:
Programa MASTER_3D_AC – (i) Iniciar a análise e ler os dados de entrada, (ii)
Inicialização do programa slave_3D_AC; (iii) Dividir e enviar o modelo de velocidades,
e demais parâmetros para os programas slave_3D_AC; (iv) Gerenciar e sincronizar a
execução dos programas slave_3D_AC; (v) Receber os dados de saída enviados
pelos programas slave_3D_AC (sismogramas e snapshots); (vi) Finalizar a análise.
Programa SLAVE_3D_AC – (i) Receber a partição do modelo de velocidade e
demais parâmetros que lhes são devidos; (ii) Calcular a solução para um determinado
intervalo de tempo; (iii) Enviar e receber os valores das incógnitas nas interfaces das
partições dos demais programas slave_3D_AC; (iv) Enviar os dados de saída para o
programa máster (sismogramas e snapshots).
A seguir, enumeram-se as principais características e funcionalidades
implementadas:
• Determinação das matrizes de tempo de trânsito através dos critérios da amplitude
máxima e amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra;
• Saída, durante a Modelagem de sismograma, tendo a possibilidade de se
especificar a amostragem temporal e espacial;
• Possibilidade de armazenar o campo de ondas (snapshots) para determinados
intervalos de tempo durante a Modelagem e a Migração Reversa no Tempo;
• Pode-se especificar três tipos distintos de condições de contorno para cada uma
das bordas do modelo de velocidades, são eles: condição de contorno essencial,
condição de contorno natural e condição de contorno não-reflexiva;
• Quando da prescrição da condição de contorno não-reflexiva, cria-se uma camada
de amortecimento com um determinado número de amostras (partindo da borda do
modelo e seguindo em direção ao seu interior);
• Possibilidade de prescrição de mais de uma fonte sísmica;
• Especificação de arquivos binários para a leitura dos modelos de velocidades de
ondas compressionais (VP) e de densidades;
• Na Migração Reversa no Tempo, o sismograma empregado na depropagação
pode conter um intervalo de amostragem diferente do intervalo adotado pelo
esquema de avanço da solução ao longo do tempo, neste caso, o programa
master_3D_AC realiza uma interpolação linear nos dados;

249
• Pode-se optar pelo particionamento seqüencial do arquivo contendo as
informações referentes ao sismograma, pois em alguns sistemas operacionais há
uma limitação no tamanho máximo dos arquivos em 2Gb.

ELASTIC_3D – Modelagem e Migração Reversa no Tempo 3-D, Empregando


Operadores Elásticos
Neste programa objetivando a modelagem sísmica tridimensional, bem
como a Migração Reversa no Tempo adotando a condição de imagem de tempo de
excitação (ambos os casos utilizando operadores elásticos), segue-se exatamente a
mesma linha adotada na implementação computacional do programa ACOUSTIC_3D,
ou seja, o autor desta tese também emprega o paradigma da divisão de domínio
criando-se dois programas distintos.
Tais programas são denominados, respectivamente, MASTER_3D_AC
e slave_3D_AC, e possuem as mesmas atribuições descritas anteriormente para o
caso da modelagem e migração tridimensionais empregando operadores acústicos.
As características e funcionalidades destes programas são, basicamente, as mesmas
implementadas na versão acústica, sendo por este motivo omitidas neste item.

MASTER_SISMOS – Gerenciador de Tarefas em Cluster de Microcomputadores


Trata-se de um gerenciador de execução de tarefas em cluster de
microcomputadores, seu desenvolvimento pelo autor desta tese agilizou a simulação
dos demais programas desenvolvidos para a modelagem e migração de dados
sísmicos , otimizando o emprego dos recursos disponíveis. Tais tarefas podem ser
enquadradas no paradigma da Divisão de Tarefas (vide apêndice A).
Em sua implementação empregaram-se os recursos da programação
paralela, utilizando a biblioteca de funções do PVM (Parallel Virtual Machine) para a
comunicação entre seus diferentes processos. De fato tal gerenciador é composto,
basicamente, por quatro programas distintos, descritos a seguir:
 MASTER_SISMOS – gerencia a execução das tarefas. Suas principal atribuição é
iniciar a execução do programa slave_sismos em determinado grupo de
microcomputadores do cluster, enviando todas as informações necessárias para
que a tarefa seja iniciada;
 AGENTE_SISMOS – monitora o andamento das tarefas submetidas aos diversos
grupos de microcomputadores do cluster e à configuração do cluster de
microcomputadores, informando ao programa master_sismos caso haja alguma
alteração no número de microcomputadores disponíveis para a execução das
tarefas;

250
 CONTROLE_SISMOS – trata-se de um programa que proporciona a interação
entre o usuário e o programa master_sismos . Sendo executado a qualquer
instante pelo usuário, propicia a requisição de relatórios sobre o andamento das
tarefas, bem como é capaz de enviar uma requisição para que determinada tarefa
seja re-submetida;
 SLAVE_SISMOS – realiza uma determinada seqüência de comandos com o intuito
de que a tarefa seja executada. Este programa é executado em cada um dos
microcomputadores que compõe determinado grupo de máquinas do cluster, e
utiliza chamadas de comandos em shell script do sistema operacional. Sua
implementação possibilita que diversos outros programas, desenvolvidos de forma
serial, possam ser englobados facilmente pelo gerenciador de tarefas, valendo-se
dos benefícios da execução através do paradigma da Divisão de Tarefa (vide
apêndice A).
Destaca-se que todos os programas criados pelo autor desta tese para
a Modelagem e Migração de dados sísmicos podem ter sua execução gerenciada pelo
programa master_sismos . No caso dos programas desenvolvidos que empreguem os
recursos do processamento paralelo com o paradigma da Divisão de Domínio (vide
apêndice A), como por exemplo: o programa de modelagem acústica 3-D, onde cada
tarefa deverá ser executada por um grupo de processadores do cluster.
A seguir descreve-se as principais funcionalidades e recursos do
gerenciador de tarefas desenvolvido:
• Capacidade de adicionar e excluir microcomputadores do cluster durante a
execução de determinada análise;
• Detecta, automaticamente, a queda de um determinado microcomputador e re-
aloca as tarefas, que porventura vinham sendo executadas em outro grupo de
microcomputadores do cluster, tão logo se apresente outro grupo de
microcomputadores capaz de executá-la;
• Possibilidade de iniciar mais de uma tarefa por microcomputador, característica
importante para microcomputadores com mais de 1 processador;
• Em alguns dos softwares incorporados ao programa de gerenciamento de tarefas,
os dados sísmicos de entrada e saída podem ser fornecidos no formato SEGY,
desta forma torna-se fácil sua comunicação com diversos pacotes de
processamento sísmico comerciais, como por exemplo: PROMAX, GXII,
GEODEPTH, dentre outros;
• Realização de um controle estatístico do tempo médio de execução das tarefas,
para os diversos microcomputadores que compõem o cluster;

251
• Englobar novos tipos de tarefas ao programa de gerenciamento requer pouco
esforço, pois os programas são executados nos microcomputadores do cluster,
empregando chamadas ao sistema operacional, através de shell scripts.

RAY_TRACE
Apesar de não ter sido explorado em nenhum dos exemplos
apresentados ao longo deste trabalho, o autor desta tese desenvolveu um programa
simples de Ray Tracing, considerando apenas a refração dos raios ao longo do
modelo de velocidades. Tal programa segue a metodologia apresentada nas notas de
aula do Dr. Djalma Manoel Soares Filho (curso ministrado em 2003, no Programa de
Engenharia Civil da COPPE/UFRJ intitulado Tópicos Especiais em Geofísica) e
complementado pela bibliografia proposta por CERVENY (1987).
Na implementação computacional, o autor desta tese considerou as
funções de forma quadrangulares quadráticas (BATHE, 1996) para o cálculo da função
vagarosidade, para os pontos que não se encontram sobre a malha regular na qual os
valores de velocidade foram fornecidos, bem como para o cálculo das derivadas
espaciais desta função. Lembrando-se que a velocidade (V) e a vagarosidade (S)
relacionam-se de acordo com a seguinte expressão: S = 1 V . Na solução do sistema
de equações envolvido no esquema de Ray Tracing empregou-se o método de Runge
Kutta de quarta ordem (BATHE, 1996).
Apenas com o intuito de ilustrar o funcionamento do programa de Ray
Tracing desenvolvido são apresentados a seguir dois exemplos com níveis crescentes
de complexidade. Inicialmente, apresenta-se na figura D-1 uma ilustração
representando o traçado dos raios, oriundos do vértice superior esquerdo, o modelo de
velocidades possui um gradiente vertical.

Figura D-1 – Representação do traçado dos raios oriundos do vértice superior esquerdo,
sobre um modelo de velocidades contendo um gradiente vertical.

252
Para ilustrar o emprego do programa desenvolvido de Ray tracing em
um modelo de velocidades complexo, apresenta-se na figura D-2 o traçado dos raios
determinados sobre o modelo de velocidades Marmousi, tendo sido suavizado,
utilizando a média móvel ao longo das direções coordenadas, considerando-se vinte
(20) amostras (vide seção 3.4).
Destaca-se que o objetivo inicial da implementação do método de Ray
Tracing era a determinação das matrizes de tempo de trânsito, através da interpolação
dos valores calculados para os pontos sobre os raios. Tal estratégia pode gerar as
denominadas regiões de sombra (shadow zones) onde não há a passagem de
nenhum raio devido à distribuição do campo de velocidades. Assim como em outros
problemas como, por exemplo, a existência de regiões nas quais os raios se
interceptam (multipath). Tais problemas são advindos das aproximações impostas
pelo método, destacando-se o fato de que tal método só é válido para altas
freqüências (CERVENY, 1987).

Figura D-2 – Representações do traçado dos raios oriundos de uma fonte posicionada
próxima à borda superior de um modelo de velocidades obtido a partir de uma
suavização do modelo Marmousi.

253
Apêndice E

Compressão de Dados

Aqui serão ilustrados alguns conceitos básicos gerais a respeito da


compressão de dados, com o objetivo de fornecer ao leitor o conhecimento mínimo
sobre os algoritmos desenvolvidos para a compressão de dados que são empregados
em alguns dos programas apresentados ao longo deste trabalho.
O principal objetivo da compressão de dados, como o próprio nome
indica, é a redução do espaço necessário para armazenar uma determinada
informação, esteja ela em um arquivo ou na memória de um computador, de tal forma
que a informação inicial possa ser recuperada da melhor maneira possível. Deste
modo, destacam -se duas aplicações imediatas para a compressão de dados:
• Otimização do espaço nos sistemas de armazenamento de dados; e,
• Aumento da taxa de transferência de informações em uma determinada rede
de transmissão de dados.
A principal razão para se agregar esquemas de compressão de dados
em programas desenvolvidos para cluster de microcomputadores, utilizando os
conceitos da computação paralela, é a possibilidade do aumento da taxa de
transferência de dados entre as diversas instâncias do aplicativo. Desta forma,
melhora-se a granularidade (razão entre os tempos de processamento e de
comunicação de um processo em paralelo, vide Apêndice A) e a eficiência do
programa como um todo.
De maneira geral, os algoritmos de compressão de dados podem ser
divididos em duas categorias:
• Compressão com perdas (Lossy Compression) – Neste esquema de compressão
de dados a partir das informações comprimidas não se obtém exatamente o dado
original e sim uma aproximação. Tais algoritmos possuem taxas de compressão
mais elevadas e, geralmente, tem-se associado um critério para o erro máximo a
ser introduzido durante a compactação; e,
• Compressão sem perdas (Lossless Compression) – Neste esquema de
compressão de dados, consegue-se recuperar exatamente as informações
originais a partir dos dados comprimidos. As taxas de compressão obtidas com

254
tais esquemas são, geralmente, menores do que com os esquemas de
compressão com perdas.
A maioria dos esquemas empregados como padrões para a
compressão de arquivos de imagens, vídeos e de áudio mesclam algoritmos de
compressão com perdas e sem perdas, a fim de se obter taxas de compressão mais
elevadas. Alguns esquemas de compressão de dados, tais como MPEG e MP3,
desprezam as informações que não possam ser captadas pelos olhos ou pelos
ouvidos humanos (MITCHELL, et al., 1997).
Deve-se observar que a taxa de compressão, definida como sendo a
razão entre o tamanho original do dado (To) dividido pelo tamanho do dado
compactado (Tc ), é fortemente influenciada pelo tipo de informação ao qual se deseja
comprimir e pelo tipo de esquema de compressão empregado.

E.1 - Compressão de Dados Utilizando Ajuste de Curvas por Mínimos


Quadrados

Este esquema de compressão de dados desenvolvido neste trabalho é


bastante rudimentar, consistindo na primeira tentativa de empregar a compressão de
dados junto aos programas desenvolvidos. Sendo baseado na metodologia de ajuste
de curvas por polinômios, empregando o Método dos Mínimos Quadrados (PRESS,
1992), e, em se tratando de tópicos amplamente difundidos na literatura, restringi-se
apenas a alguns breves comentários.
A idéia principal deste algoritmo de compressão desenvolvido consiste
em dividir-se o dado a ser comprimido em pequenos intervalos, contendo NPOINTS, e
aproximá-los por um polinômio de 3o grau onde seus coeficientes são obtidos através
da aplicação do método de ajuste de curvas por mínimos quadrados.
Após a obtenção dos coeficientes do polinômio para um determinado
intervalo, verifica-se o erro percentual cometido por tal aproximação, bem como a
diferença entre o valor original e o obtido através do polinômio. Caso tais valores
satisfaçam as condições estabelecidas para o erro percentual máximo e o valor da
máxima diferença entre os pontos, os coeficientes do polinômio são armazenados,
caso contrário armazena-se todos os valores do intervalo.
Para indicar se o polinômio obtido satisfez ou não as condições
estabelecidas existe um flag para cada um dos intervalos contendo NPOINTS. Deste
modo, durante a descompactação, tem-se indicado qual deverá ser o procedimento

255
adotado, calcular os valores dos NPOINTS do intervalo, ou, simplesmente, copiar os
valores dos NPOINTS que foram armazenados durante a fase de compressão.

Exemplos de Aplicação

A seguir, ilustra-se a aplicação deste esquema de compressão de


dados rudimentar para casos unidimensionais (1D). Neste exemplo, verifica-se a
influência de alguns parâmetros na taxa de compressão, no erro percentual e na
máxima diferença entre os valores originais e os obtidos após a descompactação.

Compressão de Dados Unidimensionais (1D)

Nestas simulações tem-se a aplicação do esquema de compressão de


dados frente a um conjunto de dados retirados de alguns snapshots para
determinados instantes de tempo da propagação de ondas acústicas em um modelo
de velocidades complexo. Tal conjunto de dados não possui nenhum significado
físico, é empregado apenas para ilustrar o comportamento do esquema de
compressão de dados.
Na figura E.1 apresenta-se um gráfico com o dado original composto
por um conjunto de 300 amostras dos valores de amplitude ao longo de um
determinado snapshot. Observe-se que os comprimentos de ondas presentes são
relativamente elevados.

Figura E.1 – Representação do dado original, empregado para avaliar o comportamento do


esquema de compressão de dados.

A seguir, apresenta-se a tabela E.1 contendo as principais informações


referentes à aplicação do esquema de compressão de dados, empregando o ajuste de
curvas por mínimos quadrados, variando-se os principais parâmetros que afetam a
taxa de compressão e o erro percentual entre os valores originais e descompactados.

256
Tabela E.1 – Resultados da aplicação do esquema de compressão de dados empregando o
ajuste de curvas por mínimos quadrados variando-se os parâmetros de entrada
do esquema desenvolvido

Parâmetros de N. de vezes em que o


Entrada do Parâmetros de Saída do Esquema de Compressão (para
Esquema de Esquema de Compressão cada intervalo de NPOINTS)
Compressão
NÃO
NPOINTS Erro Razão de Erro Máxima Erro alcançou os alcançou os
% Compressão Percentual Diferença RMS critérios critérios
estabelecidos estabelecidos
20 1.00 1.707 8.74E-03 5.93E-03 1.16E-03 8 7
20 0.10 0.987 0.00E+00 0.00E+00 0.00E+00 0 15
16 1.00 2.405 7.21E-03 2.91E-03 8.89E-04 14 4
16 0.10 1.069 5.70E-04 5.48E-04 6.81E-05 1 17
12 1.00 2.454 3.67E-03 9.45E-04 3.70E-04 23 2
12 0.10 1.544 8.73E-04 7.97E-04 2.15E-04 14 11
12 0.01 1.006 2.19E-04 9.28E-05 1.07E-05 1 24
8 1.00 1.813 1.40E-03 3.52E-04 9.54E-05 35 2
8 0.10 1.729 8.18E-04 3.52E-04 8.81E-05 33 4

Legenda: Erro RMS: Raiz quadrada da média dos quadrados das diferenças entre os
valores originais e os valores descompactados

Na figura E.2 apresenta-se um gráfico representando a diferença entre


os valores originais e os valores descompactados ao longo de todos os 300 pontos,
utilizando-se NPOINTS=12 e um erro percentual de 0.1 % durante a fase de
compressão. Na tabela E.1 observa-se que com tais informações iniciais o ajuste de
curvas por mínimos quadrados com polinômios de 3o grau foi eficaz em 14 intervalos,
enquanto que, em outros 11 intervalos, não conseguiram satisfazer o critério de erro
estabelecido.
valores originais e os
Diferença entre os

descompressão
obtidos após a

Figura E.2 – Representação dos resultados alcançados com a utilização do esquema de


compressão de dados empregando o ajuste de curvas por mínimos quadrados,
adotando-se NPOINTS=12 e um erro percentual de 0.1 %.

De maneira geral, pelos resultados apresentados na tabela E.1,


observa-se que este esquema de compressão de dados não apresentou taxas de
compressão elevadas, principalmente, para valores baixos para o erro percentual
máximo permitido. Isto se deve ao tipo de informação a que se está comprimindo, ou

257
seja, o campo de ondas em um determinado instante não pode ser bem aproximado
utilizando-se polinômios.
Assim, a afirmação de que o campo de ondas não pode ser aproximado
utilizando polinômios descarta a utilização deste esquema de dados nos programas
desenvolvidos para a modelagem da propagação de ondas sísmicas , empregando os
conceitos da computação paralela como forma de aumento da taxa de transferência
de informações entre suas diferentes instâncias.

E.2 - Compressão de Dados Empregando Transformada Wavelet

De forma similar a outros algoritmos de compressão de dados


empregando transformadas, como por exemplo o padrão JPEG que emprega
Transformadas Discretas de Fourier (MITCHELL, et al.., 1997), o esquema
desenvolvido utilizando wavelets consiste na aplicação de uma transformação linear
sobre as informações a serem comprimidas, de tal forma que, este novo conjunto de
dados possa ser comprimido de maneira mais eficaz.
Geralmente os esquemas de compressão envolvendo transformadas
apresentam, basicamente, três etapas distintas:
1) Aplicação de transformada reversível sobre os dados a serem comprimidos (Ex:
Transformada de Fourier, Transformada Wavelet);
2) Utilização de um esquema de quantificação (Quantization) para transformar as
informações que se encontram em um formato com ponto flutuante (float point)
para valores inteiros (integer);
3) Os valores provenientes da etapa de quantificação são comprimidos utilizando
esquemas de compressão sem perdas (como por exemplo a codificação de
Huffman ou Ziv-Lempel) (MITCHELL, et al.., 1997).
No desenvolvimento do programa de compressão utilizando
transformadas wavelets empregaram-se algumas sub-rotinas disponíveis na Internet.
Uma parte delas foi alterada para se adaptar as especificidades das sub-rotinas
desenvolvidas, sendo as demais implementadas a partir dos procedimentos teóricos.
As sub-rotinas que não foram implementadas são:
• Sub-rotina de quantificação uniforme, presentes no conjunto de softwares SU
(Seismic Unix) (COHEN, et al.., 1998), tendo como parâmetro de entrada um valor
de erro RMS (expresso pela raiz quadrada da média dos quadrados das diferenças
de uma série de valores);

258
• Sub-rotina de compressão sem perdas empregando a codificação de Huffman.
A transformada wavelet pode ser interpretada de forma similar à
transformada de Fourier, pois ambas são transformações lineares, reversíveis e
ortogonais que operam em vetores cujo comprimento são potências de dois.
As principais vantagens da transformada wavelet frente à transformada
de Fourier são (FOUFOULA-GEORGIOU, et al., 1994):
i) Menor custo computacional, pois a transformada wavelet envolve somente
operações algébricas simples;
ii) As funções que servem como base para a transformada wavelet são limitadas,
tanto no domínio do tempo, quanto no domínio da freqüência. Tal característica
tem importância fundamental na eficácia dos esquemas de compressão;
iii) A existência de uma infinidade de funções que servem como base para
transformada wavelet. Este grande leque de opções para a transformada, ao
contrário das funções transcendentais senos e cosenos da transformada de
Fourier, podem vir a produzir coeficientes com propriedades interessantes para
diversos tipos de problemas.
No esquema de compressão desenvolvido ao longo desta tese,
empregou-se um conjunto particular de coeficientes para a transformada wavelet
denominado Daubechies, (nome dado em homenagem a sua descobridora), definido
por um conjunto com números pares de coeficientes variando de quatro (4) até vinte
(20) (FOUFOULA-GEORGIOU, et al.., 1994).
Na nomenclatura empregada neste texto, indica-se o número de
coeficientes da transformada wavelet, empregando os coeficientes de Daubechies
após as iniciais que indicam o tipo de funções utilizadas, ou seja, DAUB4 e DAUB20
para denominar, respectivamente, as transformadas wavelets com quatro (4) e vinte
(20) coeficientes de Daubechies.

Compressão de Dados Unidimensionais (1D)

A fim de avaliar o desempenho do esquema de compressão


desenvolvido, bem como dos diferentes tipos de wavelets presentes, além de outros
parâmetros que afetam a razão de compressão e o erro introduzido no sinal
descompactado, apresenta-se, a seguir, diversos gráficos onde são representados: a
razão de compressão, o módulo da diferença máxima entre o sinal original e o
descompactado e a média da raiz quadrada entre eles (RMS).
Dos resultados provenientes desta análise foram estabelecidos os
parâmetros empregados quando da necessidade do emprego de compressão de

259
dados utilizando transformada wavelet, junto aos problemas oriundos da propagação
de ondas acústicas e/ou elásticas em meios complexos.
Estabeleceu-se como sendo o dado original a ser comprimido um traço
sísmico retirado de um snapshot em um determinado instante de tempo de um modelo
de velocidades complexo. O dado é constituído de 1024 amostras, conforme pode ser
observado na figura E.3, onde os valores das amplitudes do sinal foram normalizados
para o intervalo [0;1].

Figura E.3 – Representação do dado original, empregado para avaliar o comportamento do


esquema de compressão de dados empregando transformada wavelet.

Como parâmetros a serem avaliados, além do tipo de wavelet


Daubechies empregado (definindo sua variação pelo número de coeficientes da
transformada), tem-se o erro percentual permitido e o tamanho do intervalo, ambos
utilizados como dados de entrada durante a fase de quantificação do esquema de
compressão de dados.
De acordo com os resultados obtidos, relativos ao módulo da máxima
diferença entre os sinais originais e descompactados, observou-se uma pequena
descontinuidade nos gráficos referentes às transformadas wavelets Daubechies com
um maior número de coeficientes (acima de quatro (4) coeficientes). Tal
comportamento, aliado ao fato de tais transformadas envolverem um maior número de
operações aritméticas, fez com que se optasse pela transformada com quatro (4)
coeficientes, denominada na literatura de DAUB4, para a compressão dos dados
provenientes da propagação de ondas sísmicas.
Com o propósito de melhor ilustrar o comportamento da compressão de
dados empregando transformadas wavelets DAUB4, para o caso particular no qual o
tamanho do intervalo empregado, na fase de quantificação e do erro percentual
(fornecidos como parâmetros de entrada), possuem a mesma variação ao longo do
eixo das abscissas, tem-se na figura E.4 diferentes gráficos representando: a razão de
compressão, o módulo da diferença máxima entre os sinais original e o
descompactado e a média da raiz quadrada entre os sinais (RMS).

260
Razão de Compressão
Erro RMS
Módulo da Diferença
Máxima

Figura E.4 - Gráficos representando a razão de compressão, o módulo da diferença


máxima entre os sinais original e o descompactado e a média da raiz quadrada
entre a diferenças dos sinais original e o descompactado (RMS), dados em
função do tamanho do intervalo utilizado na fase de quantificação e do erro
percentual, fornecidos como parâmetros de entrada para o esquema de
compressão de dados empregando a transformada wavelet DAUB4.

Exemplo de Aplicação de Compressão de Dados Empregando Transformada


Wavelet em Imagens

A seguir, serão apresentados os resultados da aplicação do esquema


de compressão de dados, desenvolvido nesta tese empregando transformada
wavelets, em uma imagem largamente utilizada na literatura especializada para testes
nos algoritmos de compressão de imagens. Tais resultados são apresentados como
uma forma de comparação entre a eficiência do esquema de compressão
desenvolvido pelo autor desta tese e outros esquemas de compressão de dados
apresentados na literatura especializada.
Destaca-se que não foram realizados testes diretamente sobre os
arquivos com as imagens (possuindo originalmente extensão .TIF). Tais arquivos
foram convertidos para o formato .XPM, empregando uma ferramenta do sistema

261
operacional Linux, denominada convert e, posteriormente, utilizou-se um outro
software desenvolvido para a conversão do formato de imagens .XPM para arquivos
binários. O esquema de compressão de dados desenvolvido foi aplicado sobre os
arquivos binários.
A seguir, apresenta-se na tabela E.3 os principais resultados e
parâmetros relacionados à compressão de dados empregando transformada wavelet,
utilizando os coeficientes DAUB4. Na figura E.5 apresentam-se as imagens originais e
as imagens resultantes da descompactação dos dados, após a aplicação do esquema
de compressão desenvolvido nesta tese.

Tabela E.3 – Resultados da aplicação do esquema de compressão de dados desenvolvido,


empregando transformada wavelet, sobre o arquivo de imagem baboon (vide
figura E.9).
Nome do arquivo: baboon.bin Valor máximo 1000.00
Dimensões: 512 x 512 Valor mínimo: 133.33
Compressão Razão de Máxima
percentual (%) Compressão RMS Diferença Valor original
53.108 2.133 8.67E-02 3.80E-01 2.67E+02
69.287 3.256 8.67E-01 3.72E+00 4.67E+02
80.794 5.207 8.64E+00 3.79E+01 3.33E+02
89.660 9.671 5.56E+01 2.68E+02 7.33E+02
96.651 29.863 8.54E+01 5.07E+02 3.33E+02

(a) (b) (c)

(d) (e) (f)


Figura E.5 - Figuras ilustrando a compressão de imagens no arquivo baboon.bin utilizando
o esquema desenvolvido empregando transformada wavelet. Figura (a) –
Imagem original; (b), (c), (d), (e) e (f) – Imagens, respectivamente, com razões
de compressão de: 2.133, 3.256, 5.207, 9.671 e 29.863.

262
Apêndice F

Introdução ao Método das Diferenças Finitas

O Método das Diferenças Finitas constitui um dos primeiros métodos


numéricos desenvolvidos, sendo aplicado, até a atualidade, a uma extensa gama de
problemas, principalmente, aqueles que exigem um alto grau de refinamento, como os
relacionados à Mecânica dos Fluídos e à Geofísica.
No Método das Diferenças Finitas, a discretização do domínio físico do
problema é feita utilizando-se de uma “nuvem” de pontos sobre este domínio. Tais
pontos, onde são efetuadas as aproximações matemáticas envolvidas, podem ou não
estar igualmente espaçados entre si.
A idéia principal, deste método numérico consiste na aproximação das
derivadas existentes na equação diferencial governante, através da utilização de uma
expansão truncada da série de Taylor (ZIENKIEWICZ, 1983). Assim, expressa-se a
equação algébrica resultante de tal aproximação em termos dos valores da função
incógnita para alguns pontos específicos da malha utilizada, denominados pontos
nodais ou pontos do grid. O sistema de equações algébricas, formado por tal
procedimento, é então resolvido, aplicando-se as condições de contorno do problema.
O Método das Diferenças Finitas, assim como muitos outros métodos
numéricos, pode ser interpretado de uma forma mais abrangente como sendo um caso
especial do Método dos Resíduos Ponderados (BREBBIA, 1980), onde se utiliza o
método da colocação, sendo que a função de ponderação utilizada é a Delta de Dirac,
sendo uma função de ponderação definida localmente.
Geralmente, tal esquema de aproximação mostra-se suficientemente
robusto para representar, de forma adequada, a equação diferencial governante do
problema de propagação de ondas. A principal dificuldade do Método das Diferenças
Finitas consiste em sua aplicação para problemas contendo um domínio físico com
formas geométricas complicadas; pois, neste caso, há dificuldades para o
estabelecimento adequado da malha a ser utilizada para a discretização. Outra
dificuldade surge na aplicação das condições de contorno, que, em alguns casos,
envolvem a criação de pontos nodais fictícios, que são externos ao domínio do
problema, existindo ainda casos que são tratados de forma iterativa.

263
A vantagem na utilização de esquemas, envolvendo o Método das
Diferenças Finitas, consiste em tais esquemas serem comparativamente econômicos,
em relação a outros métodos numéricos, para a montagem do sistema linear de
equações algébricas resultante, devido à simplicidade das operações envolvidas. Por
este motivo, tais esquemas ainda são largamente utilizados na atualidade,
principalmente para aplicações em áreas com o a Mecânica dos Fluídos, que requerem
a aplicação de uma malha altamente refinada.
Existem determinados procedimentos que podem ser adotados de
forma a aumentar a acurácia na avaliação das derivadas pelo Método das Diferenças
Finitas, tal como a adoção do denominado Método das Diferenças Finitas com Grid
Intercalado (Staggered Grid Finite Difference). Tal estratégia foi empregada inúmeras
vezes como uma forma de aumentar a precisão do método, tendo-se como exemplo o
campo da propagação de ondas elásticas.
De maneira geral, a formulação de um problema via Método das
Diferenças Finitas, isto é, a obtenção da equação algébrica relacionada à equação
diferencial governante do problema, pode ser realizada de duas maneiras distintas. A
primeira delas, consiste na substituição das derivadas presentes na equação
diferencial governante pelas expressões algébricas correspondentes. A segunda,
consiste na utilização de uma equação que relacione o balanço de energia em um
determinado volume diferencial elementar, como nos casos relacionados à condução
de calor.
No Método das Diferenças Finitas, de acordo com a forma com que são
manipuladas algebricamente as expansões em Séries de Taylor, para valores
próximos a um determinado ponto, podem ser obtidas diferentes expressões para a
aproximação das derivadas. Geralmente, tais expressões são referenciadas pela
ordem do erro cometido pela aproximação da derivada, levando-se em conta o
intervalo do grid (h). Desta forma, em uma expressão de segunda ordem, o erro
( )
cometido pela aproximação da derivada é da ordem de h 2 .
Observa-se que, a ordem do erro da aproximação da derivada é feita
através da função O( ) , ou seja, o erro de uma aproximação via diferenças finitas de

( )
segunda ordem é representado por O h 2 .

Para a dedução das fórmulas de diferenças finitas considera-se,


inicialmente, o caso unidimensional (1D) em que sobre o domínio são postos pontos
igualmente espaçados a uma distância h, discretizando-se, então, o domínio físico do
problema. Desta forma, aproxima-se o domínio físico contínuo por um conjunto de
pontos discretos, nos quais serão calculadas as incógnitas do problema.

264
Após a discretização faz-se uma expansão em Série de Taylor para
uma função em torno do ponto “i”, considerando-se diferentes pontos ao seu redor.
Assim, obtém-se um conjunto de diferentes equações, envolvendo os valores da
função e suas derivadas em diversos pontos do grid. A simplificação apropriada de
tais equações dá origem às expressões que relacionam os valores das derivadas com
os valores da função em diferentes pontos.
São apresentadas, a seguir, algumas expressões referentes às
aproximações para as derivadas de primeira e segunda ordens, sendo parte delas
coletada da literatura especializada e outras obtidas através da expansão em Série de
Taylor. Maiores detalhes sobre a formulação deste método podem ser obtidos na
vasta bibliografia existente sobre o assunto.
Para aproximações referentes à primeira derivada da função:

∂f 1
= ( f − fi −1 ) + O(h) , - diferenças atrasadas Eq. F-1
∂x x =i h i

∂f 1
= ( f − f ) + O(h ) , - diferenças adiantadas Eq. F-2
∂x x =i h i+1 i

∂f 1
= ( f i+1 − fi−1 ) + O(h 2 ) , - diferença central Eq. F-3
∂x x =i 2h

∂f 1
= (− fi +2 + 8 fi+1 − 8 fi −1 + f i− 2 ) + O(h 4 ) Eq. F-4
∂x x =i 12 h

∂f 1
= ( f − 9 fi +2 + 45 f i+1 − 45 fi−1 + 9 fi− 2 − f i−3 ) + O(h 6 ) Eq. F-5
∂x x =i 60h i +3

∂f 1 ⎛ − 2 f i+ 5 + 25 f i+ 4 − 150 f i+ 3 + 600 f i+ 2 − 2100 f i+1 ⎞ Eq. F-6


= ⎜ ⎟ + O( h10 )
∂x x =i 2520h ⎜⎝ + 2 f i− 5 − 25 f i−4 + 150 f i− 3 − 600 f i− 2 + 2100 f i −1 ⎟⎠

Para as aproximações da segunda derivada da função, referentes a


expressões centradas no ponto do grid “i”:

∂2 f 1
= ( f − 2 f i + fi −1 ) + O(h 2 ) Eq. F-7
∂x 2 x=i
h 2 i +1

∂2 f 1
= (− 2 f i+2 + 16 fi +1 − 30 fi + 16 fi −1 − 2 f i−2 ) + O(h 4 ) Eq. F-8
∂x 2 x= i
12h 2

265
∂2 f 1 ⎛ + 3 f i+3 − 27 f i+ 2 + 270 f i+1 − 490 f i ⎞ Eq. F-9
= ⎜
2 ⎜
⎟⎟ + O( h 6 )
∂x 2 x= i
180h ⎝ + 3 f i−3 − 27 f i −2 + 270 f i−1 ⎠

⎛ + 8 f i +5 − 125 f i+ 4 + 1000 f i+ 3 − 6000 f i+ 2 + 42000 f i+1 ⎞ Eq. F-10


∂2 f 1 ⎜ ⎟
= 2 ⎜
− 73766 f i ⎟
∂x 2 25200 h ⎜ ⎟
⎝ + 8 f i −5 − 125 f i− 4 + 1000 f i−3 − 6000 f i− 2 + 42000 f i−1 ⎠
x=i

+ O ( h10 )

Pode ser realizada uma interpretação gráfica simples para as


expressões F-1, F-2 e F-3, onde se considera o valor da derivada no ponto, para uma
determinada função f, como sendo o valor da inclinação da reta que liga dois pontos
consecutivos da curva (espaçados de um intervalo de grid h), veja Figura F-1. Desta
maneira, aproxima-se o valor da tangente pela secante a dois pontos. Destaca-se
que, à medida que o intervalo de grid h tende a zero, obtém-se uma melhor
aproximação para o valor da derivada no ponto “i”.

i-2 i-1 i i+1 i+2

Função f Reta tangente ao ponto i


Diferenças atrasadas - Eq. G-1 Diferenças adiantadas - Eq. G-2
Diferença central - Eq. G-3

Figura F-1 - Interpretação gráfica de algumas expressões de cálculo para a derivada de


primeira ordem, equações F-1, F-2 e F-3, considerando-se o valor da derivada
no ponto “i”, para uma determinada função f.

266
Anexo I

Neste anexo estão agrupadas algumas análises realizadas,


empregando os esquemas de modelagem e migração sísmicas apresentados –
respectivamente – nos capítulos 2 e 3. Tais simulações empregam tanto operadores
acústicos quanto elásticos e, no caso da migração sísmica, os esquemas
desenvolvidos nesta tese pelo autor serão aplicados em dados sísmicos sintéticos
(oriundos das modelagens), bem como em dados sísmicos reais (provenientes de
levantamentos sísmicos realizados in situ).
Novamente ressalta-se que todas as simulações numéricas expostas ao
longo deste trabalho foram realizadas empregando os recursos do processamento em
paralelo, sendo executadas em diferentes gerações de clusters de microcomputadores
(vide Apêndice A.2), durante o longo período de sua elaboração.

267
Anexo I.1 - Modelo Marmousi

Neste tópico serão apresentados os resultados da aplicação do


esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de
tempo de excitação (vide seção 3.1.2) utilizando-se operadores acústicos, tanto para a
modelagem dos dados sísmicos sintéticos, quanto para a migração. Serão abordados
aspectos relacionados aos tipos de critérios empregados para a determinação das
condições de imagens, expressas pelas matrizes de tempos de trânsito.
Serão expostas análises, visando qualificar a influência na qualidade
final das imagens em profundidades, obtidas através da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, considerando-se a utilização do critérios da amplitude máxima e do
inovador critério proposto nesta tese da amplitude máxima nas proximidades da
primeira quebra para a determinação das matrizes de tempo de trânsito.
Proposto pelo Instituto Francês do Petróleo (Institut Francais du
Petrole), o modelo de velocidades denominado Marmousi, possui uma geometria
complexa contendo gradientes nas direções verticais e horizontais, tendo os valores
de velocidade de propagação uma variação de 1500 a 5500 m/s. Tal modelo é
empregado como uma forma de validação e comparação entre diversos métodos
Geofísicos.
Na figura I.1-1 apresenta-se o modelo de velocidades Marmousi, além
da escala de cores de velocidades. Sendo que tais valores foram obtidos de um
arquivo contendo um espaçamento de 24 m e, posteriormente, interpolados utilizando
funções de interpolação lineares para um espaçamento de 12 m. As dimensões do
modelo de velocidades são 243 x 767 pontos do grid, perfazendo 2.904 x 9.192 Km.

Figura I.1-1 - Modelo de velocidades Marmousi

268
Inicialmente um levantamento sísmico sintético foi simulado utilizando-
se operadores acústicos, ou seja, contemplou-se apenas a propagação de ondas
compressionais (P-waves). Neste levantamento sísmico sintético, com um total de
384 sismogramas igualmente espaçados de 24 m, foram empregados os seguintes
parâmetros de aquisição:
• 384 receptores com um espaçamento de 24 m, dispostos ao longo de todo o
modelo de velocidades;
• Freqüência de corte de 28 Hz adotada na fonte sísmica;
• O intervalo de amostragem temporal de 4 ms.
A seguir, na figura I.1-2, representam-se as matrizes de tempos de
trânsito obtidas de acordo com os critérios da amplitude máxima e da amplitude
máxima nas proximidades da primeira quebra, referentes à fase de propagação das
ondas acústicas relativa a uma determinada posição da fonte sísmica. Em tal figura
empregou-se um esquema de cores no qual são ressaltadas as descontinuidades
existentes.
Observa-se, vide figura I.1-2, que, no caso da adoção da inovação
proposta neste trabalho do critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira
quebra, a matriz de tempo de trânsito possui um número bem inferior de
descontinuidades. Neste tese, advoga-se que tal característica proporcionará a
formação de imagens em profundidade nas quais os refletores apresentem uma
melhor continuidade ao longo da seção migrada.

(a) (b)
Figura I.1-2 – Representação das matrizes de tempo de trânsito obtidas de acordo com os
critérios: (a) amplitude máxima e, (b) amplitude máxima nas proximidades da
primeira quebra.

Com o intuito de melhor qualificar as diferenças existentes entre os tipos


de condições de imagens, expressos em função dos critérios que foram avaliados
durante a fase de propagação para a formação das matrizes de tempo de trânsito, é
apresentado na figura I.1-3 uma série de ilustrações do campo de ondas (snapshot)
considerando-se diferentes instantes de tempo sobrepostos à “frente de propagação”,
obtida com os respectivos critérios avaliados na condição de imagem (representado
nas figuras pela linha em vermelho).

269
(a) (b)
Figura I.1-3 – Representações da frente de onda (snapshot) sobrepostas aos diferentes tipos
de condições de imagens, referente à 2ª posição da fonte sísmica, expressas
através dos seguintes critérios: (a) Amplitude máxima; (b) Amplitude máxima
nas proximidades da primeira quebra.

Na Migração Reversa no Tempo dos dados sísmicos sintéticos gerados


neste exemplo, o modelo de velocidades é suavizado através da aplicação da média
móvel ao longo das direções coordenadas, considerando-se nove (9) amostras (vide
seção 3.4, equação 3.4-1).
Na figura I.1-4 encontram-se representadas as imagens em
profundidade resultantes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo,
utilizando-se operadores acústicos empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, referentes aos dois critérios distintos para a determinação das matrizes de
tempo de trânsito.
Considerou-se apenas o empilhamento (stacking) na composiç ão dos
diversos painéis das imagens em profundidade, referentes a cada um dos 384
sismogramas, ou seja, para a obtenção da imagem em profundidade final realizou-se
somente a soma dos 384 painéis.
Destaca-se que haveria um ganho na qualidade da imagem em
profundidade final, no caso de considerar-se um esquema no qual os traços sísmicos
de cada um dos painéis fossem re-ordenados, formando-se famílias CRP’s (Common
Receiver Point), aplicando-se um silenciamento (muting) quando não mais houver a
coincidência no posicionamento dos refletores, para então empilhá-los. Quando da

270
utilização do modelo de velocidades correto, os refletores apresentam-se planos e
paralelos após uma re-ordenação dos dados em famílias CRP’s.
De acordo com a figura I.1-4 pode-se tecer os seguintes comentários:
• As inúmeras interfaces estratigráficas que não possuem elevados contrastes
de impedância acústica não estão representadas nas imagens em
profundidade. Além das limitações impostas pelo baixo coeficiente de reflexão,
tem-se associado o fato de que o comprimento de onda da fonte sísmica
(função da freqüência de corte da fonte sísmica) possui dimensões da mesma
ordem de grandeza das camadas estratigráficas, o que dificulta a formação das
ondas refletidas;
• Em alguns pontos, observa-se uma ligeira melhoria na continuidade dos
refletores, no caso da aplicação da inovação proposta nesta tese do critério da
amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra;
• Com ambos critérios para a determinação das matrizes de tempo de trânsito,
obtiveram-se imagens em profundidade nas quais todos os principais refletores
encontram-se bem imageados.
Critério da Amplitude
Máxima
Critério da Amplitude

Proximidades da
Primeira Quebra
Máxima nas

Figura I.1-4 – Imagem em profundidade resultante do empilhamento das respostas dos 384
sismogramas.

271
Anexo I.2 - Modelo Domo Salino Modificado (SEG/EAGE)

Neste tópico serão apresentadas algumas análises relativas à


Modelagem e Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de
tempo de excitação, utilizando operadores acústicos, no modelo geológico baseado no
proposto pela SEG/EAGE (AMINZADEH, et al., 1996). As alterações que foram
realizadas em relação ao modelo original, dentre elas: acréscimo de 500 m na lâmina
d’água, além da alteração do espaçamento entre os pontos do grid (tendo um valor de
25 metros no modelo de velocidades original).
Um ponto importante a ser destacado neste modelo geológico são as
interfaces estratigráficas entre suas camadas. Excluindo-se tais interfaces o modelo
de velocidades apresenta uma variação muito suave nos contrastes dos valores de
impedância acústica, sendo que as únicas camadas que se encontram bem definidas
pelo contraste de impedância são: a lâmina d’água e o domo de sal.
Na figura I.2-1, a seguir, apresentam-se algumas ilustrações de planos
de corte ao longo do modelo de velocidades tridimensional (3D). Destaca-se, nesta
mesma figura (b), o plano de corte ao longo da direção Y (seção Y) empregado nas
migrações e modelagens bidimensionais (2D) realizadas nesta seção do trabalho,
utilizando operadores acústicos.
A seguir apresentam-se os resultados de algumas simulações
bidimensionais sobre a seção Y (vide figura I.2-1), objetivando a realização de uma
análise qualitativa da estabilidade do algoritmo de Migração Reversa no Tempo,
empregando operadores acústicos e a condição de imagem de tempo de excitação,
em relação à suavização do campo de vagarosidade e, conseqüentemente, sua
influência na qualidade das imagens em profundidade obtidas.
A suavização do campo de vagarosidade (vide seção 3.4) é um
procedimento de fundamental importância nos algoritmos de Migração Reversa no
Tempo, e está ligada diretamente à condição de imagem adotada, pois uma mudança
no campo de vagarosidade, além de alterar a determinação da matriz de tempo de
trânsito, modifica a configuração do campo de ondas, durante a fase de depropagação
do campo de ondas registrado (sismograma).
Nas etapas de modelagem e de migração empregaram-se os
parâmetros apresentados na tabela I.2-1, utilizados pelos algoritmos do Método das
Diferenças Finitas.

272
Seção Y
(b)

1500 m/s 4500 m/s

Figura I.2-1 – Ilustrações dos planos de corte ao longo do modelo de velocidades 3-D,
perpendiculares às direções coordenadas; (b) seção Y, plano de corte ao
longo da direção Y.

Tabela I.2-1 – Parâmetros utilizados na modelagem e migração


sísmica, utilizando o Método das Diferenças Finitas.
Espaçamento da malha (grid) 12.5 m
Intervalo de tempo 0.0005 s
Tempo total de análise 6.0 s
Freqüência de corte 28 Hz

Na figura I.2-2, apresentam-se os campos de vagarosidade contendo


diferentes níveis de suavização para o modelo de velocidades analisado. Para a
suavização do campo de vagarosidade aplicou-se uma média móvel ao longo das
direções coordenadas, tendo como principal parâmetro o número de amostras (pontos
do grid) adotado para o cálculo da média (vide seção 3.4).
Apresentam-se na figura I.2-3 diversas imagens em profundidade
resultantes do empilhamento (stacking) sobre 29 imagens originárias da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando operadores acústicos,
considerando-se diferentes níveis de suavização para o campo de vagarosidade, nas

273
quais as matrizes de tempo de trânsito foram determinadas através da aplicação do
critério da amplitude máxima (vide capítulo 3).

Campo de Vagarosidade não Suavizado Campo de Vagarosidade Suavizado


9 amostras

Campo de Vagarosidade Suavizado Campo de Vagarosidade Suavizado


18 amostras 36 amostras
Figura I.2-2 – Campo de vagarosidade contendo diferentes níveis de suavização.

29 tiros – não suavizado 29 tiros – 9 amostras

29 tiros – 18 amostras 29 tiros – 36 amostras


Figura I.2-3 – Imagens em profundidade, com o campo de velocidades contendo
diferentes níveis de suavização.

Destaca-se que as fontes sísmicas foram posicionadas de forma


eqüidistante em diferentes pontos ao longo do modelo de velocidades, que neste caso
é composto por um grid de 1061 x 459 pontos, respectivamente, nas direções X e Z.

274
Analisando a figura I.2-3 pode-se observar que, com o aumento do nível
de suavização e com a conseqüente alteração das matrizes de tempo de trânsito
empregadas na condição de imagem pelo esquema de Migração Reversa no Tempo,
o correto imageamento dos refletores em sub-superfície nas imagens em profundidade
vai se comprometendo. Tal fato é bastante evidenciado, principalmente, na base do
domo salino e nas estruturas inferiores.
De maneira geral, o esquema de migração empregado revelou-se
estável em relação à suavização do campo de vagarosidade e, de acordo com os
resultados apresentados, observou-se que, à medida que se aumenta o número de
amostras utilizadas para a suavização, torna-se mais difícil a obtenção de imagens
das estruturas que se encontram abaixo do domo salino. Pois a suavização do campo
de vagarosidade acarreta em um erro na avaliação do tempo de trânsito e nos valores
de amplitude do campo de ondas depropagado, o que prejudica o correto
imageamento dos refletores em sub-superfície.
A seguir apresenta-se um novo conjunto de análises, no qual objetiva-
se ilustrar um esquema que realiza uma re-ordenação nos traços de cada um dos
painéis das imagens em profundidade, relativos a cada um dos sismogramas, aplica-
se um silenciamento (muting) e, finalmente, o empilhamento (stacking) para a
formação da imagem em profundidade final.
Para tanto, foram realizados dois tipos de levantamentos sísmicos
diferentes, no primeiro deles, os dados foram adquiridos em todo o modelo de
velocidades com um espaçamento entre receptores de 25 m e com uma distância
entre tiros de 50 m (com um total de 210 tiros); no segundo, simula-se um
levantamento sísmico com streamer onde o navio sísmico se deslocou da direita para
a esquerda em relação às bordas da figura I.2-1b, tendo o streamer um comprimento
de 3000 m, espaçamento de 25 m entre receptores e mantendo-se a mesma distância
entre tiros, realizou-se um total de 149 tiros nesta aquisição.
Neste novo conjunto de simulações o espaçamento entre os pontos do
grid do modelo de velocidades original foi alterado de 25 para 5 metros. Neste caso
para a seção Y (figura I.2-1b) tal modelo a ser utilizada pelo Método das Diferenças
Finitas perfaz uma malha composta por 2109 x 917 pontos.
Na figura I.2-4, apresentam-se dois sismogramas sintéticos
característicos dos dois tipos de levantamentos realizados com operadores acústicos,
com uma amostragem de 8 segundos.

275
(a) – Streamer (b) – Aquisição em todo o modelo
Figura I.2-4 – Sismogramas sintéticos dos dois tipos de levantamentos sísmicos realizados,
com coordenadas do tiro X=5000 m, a uma profundidade de 10 metros.

No esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição


de imagem de tempo de excitação, somente o critério da amplitude máxima para a
determinação das matrizes de tempo de trânsito foi avaliado, pois o objetivo
pretendido é apenas o de apresentar o esquema de re-ordenação, silenciamento e
empilhamento nos painéis de imagens em profundidade relativos a cada um dos
sismogramas.
No caso das migrações realizadas, empregando os dados sísmicos
provenientes do levantamento sísmico com streamer, fez-se uma re-ordenação dos
traços das imagens em profundidade obtidas, referentes a cada um dos sismogramas,
formando-se famílias CRP’s (Common Reciver Point). Posteriormente, para cada um
dos painéis de CRP’s, realizou-se um silenciamento (muting) quando não mais houver
a coincidência no posicionamento dos refletores de cada painel para, então, se formar
a imagem em profundidade final, através de um empilhamento (stacking).
Na figura I.2-5 ilustra-se este critério de silenciamento (muting)
empregado para dois painéis de imagens em CRP, apresentando-se ao fundo o
modelo de velocidades, e na figuras I.2-6 tem-se as imagens em profundidades finais
obtidas para os diferentes tipos de levantamentos sísmicos simulados.

(I.2-5a) – Sem o silenciam ento nos painéis CRP’s (I.2-5b) – Com o silenciamento nos painéis CRP’s
Figura I.2-5 – Representação esquemática de dois painéis de imagens em CRP sobrepostos
em suas posições ao modelo de velocidades, considerando-se ou não o corte
dos dados no domínio do CRP

A figura I.2.6 apresenta o resultado da Migração Reversa no Tempo,


proveniente dos 210 sismogramas referentes ao levantamento sísmico, nos quais os

276
receptores estão dispostos ao longo de todo o modelo de velocidades, neste caso
tem-se a maior cobertura possível. Deste modo, pode-se adotar este resultado como
referência no caso de não se adotar nenhum esquema de silenciamento (muting) nos
painéis de famílias CRP’s.
dados sísmicos adquiridos ao
longo de todo o modelo de
velocidades
aplicação do silenciamento nos
empregando streamers, sem a
dados sísmicos adquiridos

painéis CRP’s
aplicação do silenciamento nos
empregando streamers, com a
dados sísmicos adquiridos

painéis CRP’s

Figura I.2-6 - Imagens em profundidade final proveniente da Migração Reversa no Tempo,


utilizando a condição de imagem de tempo de excitação.

Analisando-se as imagens em profundidade finais apresentadas na


figura I.2-6, pode-se tecer os seguintes comentários:
• Comparando-se as figuras nas quais os dados sísmicos foram adquiridos ao longo
de todo o modelo de velocidades ou empregando streamers, observa-se que – no
primeiro caso – o maior grau de cobertura proporcionou uma melhor continuidade

277
nos refletores, principalmente, aqueles localizados abaixo do domo salino;
• A utilização do esquema de silenciamento (muting) nos painéis de imagens em
profundidade re-ordenados em famílias CRP’s, referentes aos dados sísmicos
adquiridos empregando streamers, proporcionou um aumento na relação
sinal/ruído. Deste modo, obteve-se uma melhora na continuidade dos refletores
em sub-superfície, principalmente aqueles localizados abaixo do domo salino;
• A imagem em profundidade final referente aos dados sísmicos adquiridos,
empregando streamers e com a utilização do esquema de silenciamento (muting)
nos painéis re-ordenados em famílias CRP’s (antes do empilhamento), possui uma
qualidade semelhante à imagem em profundidade final oriunda da migração dos
dados sísmicos adquiridos ao longo de todo o modelo de velocidades, a um custo
computacional bem inferior.
De forma geral, nas imagens em profundidade apresentadas nesta
análise, os principais refletores encontram-se bem imageados e tem-se uma clara
definição do topo e base do domo salino. Destacando-se ainda o imageamento de
alguns refletores abaixo do domo salino.
A seguir, apresentam-se alguns resultados que visam qualificar a
influência das reflexões laterais, presentes em um sismograma sintético oriundo de
uma modelagem acústica tridimensional, na qualidade da imagem em profundidade
determinada através da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a condição de imagem de tempo de excitação, também utilizando
operadores acústicos.
Nas modelagens acústicas tridimensionais (3D), o modelo de
velocidades empregado é composto por 1061 x 1061 x 459 pontos do grid,
respectivamente, para as direções X, Y e Z, com um espaçamento de 12.5 metros,
perfazendo um paralelepípedo de 13.250 x 13.250 x 5.725 Km.
Apresentam-se na tabela I.2-2 os principais parâmetros utilizados nestas
simulações numéricas, tanto para o modelo de velocidades tridimensional (3D) quanto
para o bidimensional (2D).

Tabela I.2-2 – Principais parâmetros utilizados nas simulações 2-D e 3-D.


Espaçamento da malha (grid) - (h) 12.5 m
Intervalo de tempo 0.0005 s
Tempo total de análise 6.0 s
Freqüência de corte 28 Hz

Neste caso, empregando operadores acústicos, demanda-se um total


de 5.75 Gb de memória para a realização da modelagem sísmica tridimensional sobre
o modelo de velocidades. Em contraposição, no caso da realização das simulações

278
bidimensionais utilizando operadores acústicos sobre o modelo de velocidade
expresso pela seção Y, Modelagens e Migrações Reversas no Tempo, necessita-se –
respectivamente – de apenas 5.58 Mb e 9.30 Mb de memória.
Além do sismograma oriundo da modelagem sísmica empregando
operadores acústicos, sobre o modelo de velocidades tridimensional, registrou-se o
campo de ondas em determinados instantes de tempo durante a propagação das
ondas acústicas. Desta forma, apresenta-se na figura I.2-7 uma série de ilustrações,
representando o campo de ondas acústicas nos determinados instantes de tempo
(snapshots), sendo que para a confecção de tais ilustrações utilizou-se o programa
desenvolvido pelo autor desta tese para a visualização de dados 3-D (vide Apêndice
D).

Figura I.2-7 – Seqüência de figuras ilustrando a propagação de ondas sísmicas em um


modelo geológico 3-D.

Na figura I.2-7, as ilustrações apresentadas para o campo de ondas


acústicas estão sobrepostos a uma figura do modelo de velocidades tridimensional
(considerando os mesmos planos de corte). Analisando-se tal figura, pode-se tecer
alguns comentários relativos à propagação das ondas, dentre eles destacam-se:
• Observa-se a passagem da denominada onda direta, referente à frente de onda
que se propaga a partir da fonte sísmica, além da alteração em seu comprimento
de onda, quando esta se propaga em um meio com maior velocidade de
propagação (atente para o plano de corte que intercepta o domo salino);
• Vislumbra-se a formação das diversas reflexões múltiplas, originárias na primeira
interface (referente ao leito oceânico, onde há um grande contraste de impedância
acústica entre os meios de propagação), bem como das ondas que são refletidas
na borda superior do modelo de velocidade (correspondendo à interface ar-água);
• Na passagem da frente de onda pelas diversas interfaces do modelo de
velocidades, observa-se a grande complexidade do campo de ondas e a interação
existente entre as ondas refratadas e refletidas. Tal complexidade estará expressa
na resposta sísmica registrada nos sismogramas.

279
Apresentam-se na figura I.2-8 os respectivos sismogramas, oriundos da
modelagem sísmica empregando operadores acústicos, considerando que os
receptores estão dispostos próximos à superfície e ao longo da seção Y. Em tal figura
observa-se que:
• No sismograma oriundo da modelagem 3-D há a presença de reflexões laterais
que não se encontram no sismograma proveniente da modelagem 2-D, sendo que
tal fato acarreta uma maior complexidade;
• Tais reflexões competem em ordem de grandeza com as oriundas das reflexões ao
longo da seção Y, fazendo com que as reflexões sobre a seção Y não apareçam
em destaque no sismograma proveniente da modelagem 3-D.

2-D 3-D
Figura I.2-8 – Sismogramas oriundos das modelagens acústicas bidimensionais (2-D) e
tridimensionais (3-D).

Na figura I.2-9, apresentam-se as imagens em profundidade


provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo, empregando
operadores acústicos , considerando os sismogramas sintéticos, registrados ao longo
da seção Y, oriundos das modelagens acústicas bi- e tridimensionais
(respectivamente, 2D e 3D). Analisando-se tais resultados, pode-se tecer os
seguintes comentários:
• Há uma grande similaridade nas imagens obtidas e, em ambos os casos, têm-se
bem definidos o topo e a base do domo salino, além de uma boa relação
sinal/ruído;
• Uma análise detalhada irá revelar que na imagem em profundidade formada com o
sismograma oriundo da modelagem tridimensional (3D), principalmente nas
camadas inferiores, há uma maior presença de estruturas erroneamente

280
imageadas, cuja formação está associada às reflexões laterais presentes no
sismograma.
modelagem Sísmica 2-D
Sismograma oriundo da
modelagem Sísmica 3-D
Sismograma oriundo da

Figura I.2-9 – Imagens em profundidade, provenientes do algoritmo de migração 2-D,


utilizando-se os sismogramas obtidos das modelagens acústicas 2-D e 3-D,
aplicação de apenas uma única fonte sísmica (campo de vagarosidade:
suavização com 9 amostras).

Ressalta-se que, o esquema de Migração Reversa no Tempo, utilizando


operadores acústicos e empregando a condição de imagem de tempo de excitação,
apresentou excelentes resultados, ainda mais considerando-se que se aplicou a
metodologia em um único sismograma.
De maneira geral, o algoritmo de migração empregado, mostrou-se
extremamente robusto, a ponto de gerar uma imagem em profundidade representando
o topo e a base do domo salino, mesmo quando da presença de reflexões laterais no
sismograma empregado na Migração Reversa no Tempo (isto é, considerando-se o
uso do sismograma tridimensional (3D) em uma análise bidimensional (2D)),
alcançando um resultado qualitativamente semelhante ao obtido com o uso do
sismograma proveniente da modelagem bidimensional (2D).

281
Anexo I.3 - Modelo Domo Salino (SEG/EAGE):
Seções A-A’ & B-B’

Nesta seção avalia-se a aplicação dos diferentes esquemas de


modelagens e migrações sísmicas, considerando os modelos matemáticos acústicos e
elásticos, além de diferentes parâmetros e geometrias de aquisição. Tais análises são
realizadas considerando o modelo geológico proposto pela SEG/EAGE (AMINZADEH,
et al., 1996), referente às denominadas seções A-A’ e B-B’.
Na figura I.3-1 apresentam-se os modelo de velocidades das seções A-
A’ e B-B’. Um ponto a ser destacado neste modelo geológico são as interfaces
estratigráficas entre suas camadas. Na discretização de tais modelos os dados foram
re-amostrados, alterando-se o espaçamento original do grid de 25 para 5 metros.

Seção A-A’

Seção B-B’
Figura I.3-1 – Representação do modelo de velocidades de ondas compressionais para as
seções A-A’ e B-B’ que serão empregados nas simulações numéricas.

Inicialmente apresentam-se as imagens em profundidade, provenientes


da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de
imagem de tempo de excitação utilizando operadores acústicos. Em tais simulações
os dados sísmicos de entrada (sismogramas sintéticos) utilizados por este esquema
de migração são originários de uma modelagem sísmica, também empregando
operadores acústicos.

282
Simula-se, com a modelagem utilizando operadores acústicos, a
aquisição de dados sísmicos empregando streamers. Neste tipo de levantamento
sísmico marítimo, o navio sísmico reboca a fonte sísmica e um conjunto de receptores
(hidrofones) e ao se deslocar altera as posições das fontes e receptores.
Na tabela I.3-1 tem-se a descrição dos principais parâmetros de
aquisição utilizados na modelagem e migração sísmica. Destaca-se que, a aquisição
dos dados simula um levantamento sísmico marítimo empregando streamers, no qual
o navio sísmico reboca a fonte sísmica e um conjunto de receptores (hidrofones)
dispostos ao longo de 3.700 metros e ao se deslocar altera as posições das fontes e
receptores.

Tabela I.3-1 - Principais parâmetros de aquisição utilizados na modelagem sísmica


empregando operadores acústicos.

Tempo total de registro 6.0 s


Intervalo de amostragem temporal 0.002 s
Intervalo entre estações de tiros 25 m
Intervalo entre estações receptoras 20 m
Espaçamento da malha (grid) - (h) 5.0 m
Freqüência de corte da fonte sísmica 40 Hz

Empregando-se tais parâmetros e se levando em conta as dimensões


dos modelos de velocidades referentes às seções A-A’ e B-B’ foram realizadas 475
modelagens sísmicas. Provendo, deste modo, o conjunto de dados sísmicos
sintéticos necessário para se avaliar qualitativamente as imagens em profundidade
obtidas através da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a condição de m
i agem de tempo de excitação, utilizando diferentes
critérios para a formação das matrizes de tempo de trânsito.
Na aplicação dos esquemas de Migração Reversa no Tempo
apresentados ao longo deste tópico, considera-se a suavização do modelo de
velocidades empregando uma média móvel sobre os valores de velocidade de
propagação considerando-se nove (9) amostras (vide seção 3.4).
Na figura I.3-2 apresentam-se as imagens em profundidade, referente à
seção A-A’, provenientes do empilhamento (stacking) das 475 imagens resultantes da
aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de
tempo de excitação e considerando a utilização de dois critérios distintos para a
formação das matrizes de tempo de trânsito.

283
A seguir, na figura I.3-3, apresenta-se uma série de imagens em
profundidade relativas a seção B-B’, onde se pode avaliar qualitativamente a influência
da variação do número de imagens empregadas no empilhamento para a formação da
imagem em profundidade final. Em tal análise, onde os dados sísmicos são
provenientes da simulação da aquisição empregando streamers, utilizou-se apenas o
inovador critério proposto nesta tese, denominado critério da amplitude máxima nas
proximidades da primeira quebra (vide seção 3.1.2) para a formação das matrizes de
tempo.
(a)
(b)

Figura I.3-2 – Imagens em profundidade, resultantes do empilhamento das respostas dos


475 sismogramas para a seção A-A’, relativas a aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo, utilizando o critério da amplitude máxima (a) e do
critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra (b).

empilhamento: 475 imagens empilhamento: 76 imagens

empilhamento: 38 imagens empilhamento: 6 imagens

Figura I.3-3 – Imagens em profundidade relativas a seção B-B’, considerando a variação do


número de imagens empregadas no empilhamento, respectivamente, 475, 76,
38 e 6 imagens. No esquema de migração utilizou-se o critério da amplitude
máxima nas proximidades da primeira quebra para a determinação das
matrizes de tempo de trânsito.

284
Analisando-se as imagens em profundidade apresentadas nas figuras
I.3-2 e I.3-3, obtidas através do empilhamento das diversas imagens provenientes da
aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo nos quais os dados sísmicos
foram obtidos através da simulação de um levantamento sísmico utilizando streamers,
pode-se tecer os seguintes comentários:
• Considerando a figura I.3-2, observa-se que houve um ligeiro aumento na relação
sinal/ruído no caso da utilização do critério da amplitude máxima nas proximidades
da primeira quebra, proposto originalmente nesta tese para a determinação das
matrizes de tempo de trânsito;
• De modo geral, na figura I.3-2, ambos os critérios utilizados para a determinação
das matrizes de tempo de trânsito proporcionaram, após o empilhamento das 475
imagens, a formação de imagens em profundidade nas quais os principais
refletores encontram-se corretamente imageados;
• Destaca-se que, embora apresentando alguma perda na continuidade dos
refletores, obteve-se o correto imageamento de estruturas que se encontram
posicionadas abaixo do domo salino. Tal região é de difícil imageamento, pois
grande parte da energia emitida pela fonte sísmica é refletida antes de alcançar
tais refletores, devido ao grande contraste de impedância acústica nas interfaces
do domo salino e à pouca energia que por ventura venha alcançar tais refletores
deve percorrer um caminho de volta em direção a superfície (sofrendo também
reflexões nas interfaces do domo salino) para ser registrada nos sismogramas;
• Na figura I.3-3, relativa à seção B-B’, observa-se que, mesmo com uma redução
significativa das imagens utilizadas no empilhamento para a formação da imagem
em profundidade final, é possível a delimitação das interfaces do topo e da base
do domo salino, embora com uma diminuição da relação sinal/ruído.
Utilizando-se os mesmos modelos de velocidades, seções A-A’ e B-B’,
empregando-se basicamente os mesmos parâmetros de aquisição apresentados na
tabela I.3-1, efetuou-se uma aquisição sísmica considerando que os receptores
encontram-se dispostos sobre todo o modelo de velocidades (com um espaçamento
de 20 metros entre eles). Nesta modelagem sísmica utilizando operadores acústicos ,
as fontes sísmicas também estão espaçadas de 20 metros, perfazendo um total de
775 tiros.
Com intuito de ilustrar o efeito da aplicação de um tratamento adequado
sobre a imagem em profundidade final (após o empilhamento das 775 imagens) como
sendo uma alternativa para ressaltar os refletores corretamente posicionados,
aumentando, deste modo, a relação sinal/ruído e facilitando a interpretação dos
resultados, apresenta-se na figura I.3-4 uma seqüência de imagens relativas à seção

285
A-A’ resultante da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a condição de imagem de tempo de excitação.
Na formação das imagens em profundidade apresentadas na figura I.3-
4, os seguintes tratamentos foram aplicados para a melhoria da relação sinal/ruído,
aprimorando, deste modo, a interpretabilidade dos resultados:
o Aplicação de um filtro de fase zero poligonal, atenuando os baixos
comprimentos de ondas presentes na imagem em profundidade;
o Utilização de um esquema de controle automático de ganho (AGC, Automatic
Gain Control), acentuando o contraste dos refletores.
Na figura I.3-4, além das imagens em profundidade, apresenta-se uma
ilustração do modelo de velocidades. Deste modo, compara-se o posicionamento dos
diversos refletores e avalia-se qualitativamente a eficiência do esquema de migração e
do tratamento efetuado na imagem em profundidade para realçar os refletores, dando
origem aos seguintes comentários:
• Utilizando os dados sísmicos adquiridos através da disposição de receptores ao
longo de todo o modelo de velocidades, obtém-se uma cobertura bem maior em
comparação à aquisição utilizando streamer com um lanço de 3.700 metros. Este
aumento de cobertura se reflete em uma melhoria na qualidade da imagem em
profundidade obtida, considerando a aplicação do mesmo esquema de migração;
• Os tratamentos propostos para o aumento da relação sinal/ruído se mostraram
eficazes, obtendo-se, desta forma, uma maior continuidade dos refletores, que, de
forma geral, representam corretamente todas as interfaces estratigráficas
presentes no modelo de velocidades, além da perfeita delimitação do domo salino.
A fim de avaliar a influência do critério empregado para a determinação
das matrizes de tempo de trânsito, além do número de imagens empregado para a
formação da imagem em profundidade final (através do empilhamento as diversas
imagens), apresenta-se à figura I.3-5. Em tal figura observa-se a seqüência de
imagens relativas à seção A-A’ no caso em que o levantamento sísmico no qual os
receptores estão dispostos ao longo de todo o modelo de velocidades.
De forma análoga à figura I.3-5, na figura I.3-6 apresenta-se para a
seção B-B’ as imagens em profundidade obtidas através da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, onde as matrizes de tempo de trânsito são determinadas através do critério
da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra, proposto originalmente
nesta tese.
Destaca-se que, os mesmos comentários apresentados anteriormente
para as figuras I.3-2 e I.3-3, também são válidos para as figuras I.3-5 e I.3-6. A

286
diferença entre tais figuras é o tipo de levantamento sísmico empregado para a
formação do conjunto de dados sísmicos utilizados pelo esquema de migração,
respectivamente, a aquisição empregando streamers e a aquisição nos quais os
receptores estão dispostos ao longo de todo o modelo de velocidades.
Empilhamento
Empilhamento
Filtro
+
Empilhamento

ganho
Filtro
+

+
Modelo de Velocidades

Figura I.3-4 – Imagens em profundidade relativas à seção A -A’ avaliando a influência da


utilização de um tratamento adequado para o aumento da relação sinal/ruído.
Tal resultado é proveniente do empilhamento da 775 imagens, oriundas da
aplicação do esquema Migração Reversa no Tempo, sendo os dados sísmicos
registrados ao longo de todo o modelo de velocidades e as matrizes de tempo
de trânsito foram determinadas a partir do critério da amplitude máxima nas
proximidades da primeira quebra.

287
empilhamento: 775 imagens

empilhamento: 123 imagens

empilhamento: 62 imagens

empilhamento: 8 imagens
(a) (b)
Figura I.3-5 – Imagens em profundidade relativas à seção A-A’, utilizando os critérios da
amplitude máxima (a) e o critério da amplitude máxima nas proximidades da
primeira quebra (b), para a determinação das matrizes de tempo de trânsito.
Onde a imagem em profundidade final é composta variando-se o número de
imagens empregadas no empilhamento.

empilhamento: 775 imagens empilhamento: 123 imagens

empilhamento: 62 imagens empilhamento: 8 imagens

Figura I.3-6 – Imagens em profundidade relativas à seção B -B’, utilizando o critério da


amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra para a determinação
das matrizes de tempo de trânsito. Onde a imagem em profundidade final é
composta variando-se o número de imagens empregadas no empilhamento.

Na próxima análise a ser realizada, empregando o modelo de


velocidades relativo à seção A-A’, modela-se um novo conjunto de dados sísmicos

288
simulando um levantamento sísmico empregando cabo de fundo oceânico (OBC,
Ocean Botton Cable). Tal modelagem é realizada, inicialmente, empregando
operadores acústicos e, posteriormente, operadores elásticos, de tal forma a
contemplar as conversões e interações entre os diferentes tipos de ondas.
Na simulação numérica do levantamento sísmico empregando cabo de
fundo oceânico (OBC) aplica-se o Princípio da Reciprocidade (GRAFF, 1975) de forma
a inverter o posicionamento de fontes e receptores. Em tal levantamento as fontes
sísmicas foram posicionadas com um intervalo de 20 metros e, basicamente, os
mesmos parâmetros de aquisição apresentados na tabela I.3-1 foram empregados.
A seguir, nas figuras I.3-7 e I.3-8, apresentam-se as imagens em
profundidade provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a condição de imagem de tempo de excitação, no qual os dados sísmicos
de entrada – oriundos de uma modelagem sísmica utilizando operadores acústicos –
simulam um levantamento sísmico com cabo de fundo oceânico. Em tais análises
foram utilizados dois critérios distintos para a formação das matrizes de tempo de
trânsito, além de dois espaçamentos entre as estações de receptores.
Comparando-se as figuras I.3-7 e I.3-8, nas quais as condições de
imagem estão associadas, respectivamente, o critérios de amplitude máxima e o
inovador critério proposto nesta tese, denominado critério da amplitude máxima nas
proximidades da primeira quebra, observa-se uma ligeira melhoria na relação
sinal/ruído, expressa principalmente em termos de uma melhor continuidade dos
refletores na região abaixo do domo salino, no caso da figura I.3-8.
Na figura I.3-9 apresentam-se as imagens em profundidade utilizando-
se os mesmos dados sísmicos e procedimentos empregados para a formação das
imagens apresentadas nas figuras I.3-7 e I.3-8, sendo que neste caso objetivou-se a
formação de imagens associadas à primeira múltipla. Desta forma, seguindo os
procedimentos apresentados no item 3.1.2.1.3, adotou-se o critério da amplitude
máxima nas proximidades da primeira quebra para a determinação das matrizes de
tempo de trânsito associadas à energia das ondas múltiplas.
Destaca-se que, este procedimento para a formação de imagens em
profundidade, cuja formação está associada à energia da primeira múltipla, constitui
de uma das contribuições inovadoras propostas pelo autor nesta tese.
Com o intuito de melhor qualificar as diferenças existentes entre os tipos
de condições de imagens, expressos em função dos critérios que foram avaliados para
a determinação das matrizes de tempo de trânsito, empregadas para formação das
figuras I.3-7, I.3-8 e I.3-9, são apresentadas na figura I.3-10 ilustrações do campo de
ondas (snapshot), considerando um tempo de propagação de 1.5 segundos (em

289
escala de cinza), sobrepostos a “frente de propagação” obtida com o respectivo critério
avaliado (representado nas figuras pela linha em vermelho).
Analisando-se os resultados apresentados nas figuras I.3-7, I.3-8 e I.3-
9, além da figura I.3-10 que permite melhor avaliar as diferenças entre os critérios para
a formação das matrizes de tempo de trânsito, pode-se tecer as seguintes análises:
• Nas figuras I.3-8 e I.3-9, referentes ao critério proposto originalmente nesta tese
para a amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra – respectivamente
– associadas à energia da onda direta e à energia da primeira múltipla, observa-se
que há uma mudança de fase na polaridade dos refletores. Este efeito é
decorrente do imageamento com a energia da primeira múltipla;
• O principal ponto a ser destacado nestas imagens em profundidades geradas a
partir de critérios distintos é a coincidência dos refletores que estão corretamente
posicionados. Por exemplo, no caso da figura I.3-8 tem-se abaixo dos refletores
um ruído oriundo da primeira múltipla (pois neste caso se está imageando com a
onda direta) e, no caso da figura I.3-9, tem-se acima dos refletores o ruído
originário da onda direta (pois neste caso se emprega a primeira múltipla para a
formação da imagem), estando as corretas posições dos refletores inalteradas em
todo o conjunto de imagens em profundidade.

Distância entre receptores: 200 m

Distância entre receptores: 400 m


Figura I.3-7 – Imagens em profundidade relativas à seção A-A’, obtidas através da aplicação
do esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando operadores acústicos,
empregando o critério da amplitude máxima para a determinação das matrizes
de tempo de trânsito. Os dados sísmicos empregados são provenientes de
uma modelagem acústica empregando cabo de fundo oceânico (OBC).

290
Distância entre receptores: 200 m

Distância entre receptores: 400 m


Figura I.3-8 – Imagens em profundidade relativas à seção A-A’, obtidas através da aplicação
do esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando operadores acústicos,
empregando o critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira
quebra para a determinação das matrizes de tempo de trânsito. Os dados
sísmicos empregados são provenientes de uma modelagem acústica
empregando cabo de fundo oceânico (OBC).

Distância entre receptores: 200 m

Distância entre receptores: 400 m


Figura I.3-9 – Imagens em profundidade relativas à seção A-A’, obtidas através da aplicação
do esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando operadores acústicos,
onde as matrizes de tempo de trânsito, determinadas a partir do critério da
amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra, estão associadas à
energia da primeira múltipla. Os dados sísmicos empregados são
provenientes de uma modelagem acústica empregando cabo de fundo
oceânico (OBC).

291
(a)

(b)

(c)

Figura I.3-10 – Representações da frente de onda (snapshot) sobrepostas aos diferentes tipos
de condições de imagens, expressas através dos seguintes critérios:
a) Amplitude máxima;
b) Amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra;
c) Amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra, associada à
energia da primeira múltipla.

Destaca-se que alguns dos resultados expostos a respeito das


Migrações Reversas no Tempo empregando operadores acústicos, nos quais os
dados sísmicos de entrada foram obtidos através de modelagens acústicas simulando
um levantamento sísmico com cabo de fundo oceânico (OBC), foram apresentados no
congresso da SBGF (Sociedade Brasileira de Geofísica) em 2003, com o trabalho
intitulado: “Cabo de Fundo Oceânico (O.B.C.): Emprego de Múltiplas para o
Imageamento de Estruturas Complexas em Sub-Superfície“, (Bulcão, et al., 2003a).
Analisando as imagens obtidas a partir do levantamento sísmico com
cabo de fundo oceânico, empregando operadores acústicos (figuras I.3-7, I.3-8 e I.3-
9), as principais conclusões a que se pode chegar são:
• A partir do conjunto de imagens em profundidade os profissionais envolvidos
na interpretação dos dados sísmicos têm a sua disposição um maior número
de informações, deste modo pode-se compor tal conjunto em uma imagem final

292
em profundidade, contendo os refletores corretamente posicionados, nos quais
houve coincidências em seu posicionamento no conjunto de imagens;
• A inovadora metodologia proposta nesta tese empregando a energia
proveniente das ondas múltiplas para a formação de imagens adicionais em
profundidade mostrou-se extremamente eficaz. Tais imagens podem ser
interpretadas de forma conjunta e integrada, considerando que as matrizes de
tempo de trânsito estejam relacionadas à onda direta, para a identificação do
correto posicionamento dos refletores em sub-superfície.
A seguir, são apresentados resultados nos quais os dados sísmicos de
entrada foram modelados empregando operadores elásticos, ou seja, com tal modelo
matemático tem-se uma melhor representação do fenômeno de propagação de ondas,
pois se prevê a conversão e a interação entre os diversos tipos de ondas, como por
exemplo as ondas compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves). Diferente das
modelagens realizadas com operadores acústicos que contemplam apenas a
propagação de ondas compressionais.
Para a realização das modelagens elásticas são necessários os
modelos de velocidades de ondas compressionais (VP) e cisalhantes (VS), além do
modelo contendo os valores de densidades. Deste modo, no modelo de velocidades
de ondas compressionais (apresentado na figura I.3-1, referente à seção A-A’)
aplicaram-se as seguintes relações para a confecção dos demais modelos:
Modelo de velocidades de ondas cisalhantes: excluindo a lâmina d’água que
possui um valor nulo, nas demais camadas aplicou-se a seguinte expressão para a
determinação da velocidade de propagação das ondas cisalhantes: VS = VP / 3
Modelo de densidades: adotaram-se os seguintes valores: 1.0 e 2.1 Kg/cm3,
respectivamente, para a lâmina d’água e para as demais camadas do modelo.
Deste modo, tem-se todas as informações necessárias para a
realização da modelagem do mesmo tipo de levantamento sísmico com cabo de fundo
oceânico, empregando operadores elásticos. Em tais simulações foram utilizados os
mesmos parâmetros de aquisição utilizados na modelagem sísmica empregando
operadores acústicos , alguns deles descritos na tabela I.3-1.
Através deste novo conjunto de dados sísmicos, obtidos através da
modelagem sísmica com operadores elásticos, inicialmente, realiza-se uma Migração
Reversa no Tempo utilizando operadores acústicos, empregando a condição de
imagem com tempo de excitação para a formação das imagens em profundidade.
Seguindo-se esta filosofia, pode-se avaliar o efeito sobre o esquema de
migração, empregando operadores acústicos, da utilização de um conjunto de dados

293
sísmicos sintéticos mais realístico (obtidos através de modelagens elásticas), no qual
as diversas interações entre os diferentes tipos de ondas serão tratados como ruídos
pelo esquema de migração. Utilizando operadores acústicos não há a existência, nem
as interações entre outros tipos de ondas, que não sejam ondas compressionais (P-
waves).
Na figura I.3-11, apresentam-se as imagens em profundidade
resultantes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a
condição de imagem de tempo de excitação, utilizando operadores acústicos. Sendo
que, as matrizes de tempo de trânsito foram determinadas empregando o critério da
amplitude máxima. Nesta análise, os sismogramas sintéticos, determinados a partir
da modelagem elástica, foram utilizados sem o emprego de nenhum tratamento
prévio, ou seja, com a presença dos efeitos da onda direta.

Distância entre receptores: 200 m

Distância entre receptores: 400 m


Figura I.3-11 – Imagens em profundidade relativas à seção A-A’, obtidas através da aplicação
do esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando operadores acústicos,
empregando o critério da amplitude máxima para a determinação das matrizes
de tempo de trânsito. Os dados sísmicos empregados são provenientes de
uma modelagem elástica empregando cabo de fundo oceânico (OBC).

Analisando as figuras I.3-7 e I.3-11, utilizando os mesmos


procedimentos para a determinação das imagens em profundidade e, sabendo-se que
a diferença entre elas diz respeito à modelagem que resultou no conjunto de dados

294
sísmicos de entrada, respectivamente, utilizando operadores acústicos e elásticos,
pode-se tecer os seguintes comentários:
• Apesar das conversões e interações entre os diferentes tipos de ondas
(provenientes da modelagem elástica) serem tratadas como ruído pelo
esquema de migração empregando operadores acústicos, a metodologia
mostrou-se suficientemente robusta a ponto de delimitar com clareza as
interfaces do domo salino (topo e base);
• Na figura I.3-11 há uma diminuição da relação sinal/ruído, relacionada ao fato
dos dados sísmicos terem sido modelados utilizando-se operadores elásticos,
principalmente na região mais próxima à superfície do modelo; e,
• Apesar da perda de continuidade, destaca-se o imageamento de alguns dos
refletores localizados abaixo do domo salino, em ambas as figuras, pois o
correto imageamento de tais refletores são um grande desafio aos esquemas
de migração. Devido ao fato, comentado anteriormente, de que grande parte
da energia é refletida antes de atingir tais refletores, e percorre um longo
caminho até ser captada nos receptores.
Destaca-se que, apesar dos excelentes resultados alcançados com a
aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de
imagem de tempo de excitação, a re-ordenação dos traços das im agens em
profundidade formando famílias CRP’s (Common Reciver Point) e o emprego de um
silenciamento (muting) – onde não houver a coincidência no posicionamento dos
refletores de cada painel – é um procedimento que pode ser utilizado para uma
melhoria ainda maior da qualidade da imagem em profundidade final.

295
Anexo I.4 - Modelo Solimões

O principal objetivo pretendido com a realização das análises


apresentadas nesta seção é a verificação da influência, na qualidade das imagens em
profundidade, da realização de uma Migração Reversa no Tempo com operadores
elásticos ou com operadores acústicos . Deste modo, pode-se estimar a viabilidade do
emprego de levantamentos sísmicos multicomponentes, empregando os dados
sísmicos adquiridos nos esquemas de migração com operadores elásticos, como
artifício para se obter imagens em profundidade com uma melhor resolução.
Para atingir os objetivos pretendidos com esta análise, fez-se uma
modelagem utilizando-se operadores elásticos de um levantamento sísmico com lanço
simétrico (split spread). Neste tipo de levantamento sísmico, o ponto de tiro encontra-
se centrado em relação à posição dos receptores. Nas modelagens foram utilizados
receptores multicomponentes, registrando-se, desta forma, as grandezas vetoriais
associadas ao campo de ondas elásticas.
Em se tratando de modelos sísmicos terrestres (on-shore), como neste
caso, é comum o emprego do sistema de aquisição com lanço simétrico (split spread).
Na tabela I.4-1, encontram-se os principais parâmetros utilizados na modelagem
sísmica. De acordo com tais parâmetros foram realizadas 413 modelagens, variando-
se as posições da fonte sísmica e dos receptores.

Tabela I.4-1 - Principais parâmetros utilizados na modelagem sísmica empregando


operadores vetoriais.

Tempo total de registro 6.0 s


Intervalo de amostragem temporal 0.002 s
Intervalo entre estações de tiros 100 m
Intervalo entre estações receptoras 25 m
Offset interno 12.5 m
Número total de estações receptoras 274

O modelo geológico, aqui analisado, contém características típicas dos


modelos encontrados na bacia do rio Solimões no Amazonas, destacando-se a
presença de duas soleiras (representadas pelas camadas de alta velocidade no
interior do modelo de velocidades).
Os modelos de velocidades de ondas compressionais e cisalhantes,
além do modelo contendo os valores de densidades, são compostos por um grid

296
contendo 8261 x 520 pontos, com um espaçamento de 5 metros em ambas as
direções coordenadas. Desta forma, perfaz-se um total de 41.3 Km x 2.595 Km.
Os modelos de velocidades e de densidades propostos para esta
análise, contendo os valores da velocidade de propagação de ondas compressionais
(P-waves) e cisalhantes (S-waves) e os valores de densidade ( ρ ), são ilustrados, na
figura I.4-1.
Compressionais (VP)
Velocidades de

1800 a 5635 m/s,


variação:
Ondas
Ondas Cisalhantes
Velocidades de

720 a 3200 m/s,


variação:
(VS)
(ρ)

2.1 a 2.8 Kg/cm3


Valores de

variação:
Densidades

Figura I.4-1 - Representação, respectivamente, dos modelos de velocidades de ondas


compressionais (VP), cisalhantes (VS) e do modelo de densidades. As
ilustrações encontram-se em escalas de cinza, onde as cores branca e preta
representam, respectivamente, os valores mínimos e máximos.

I.4.1 – Modelagens Sísmicas Empregando Operadores Elásticos

Com o intuito de subtrair os efeitos provenientes da onda direta nos


sismogramas que serão empregados nos esquemas de Migração Reversa no tempo
utilizando operadores acústicos e elásticos, segue-se o mesmo procedimento
apresentado na seção 4.1.

297
Segundo este procedimento, faz-se uma modelagem elástica -
utilizando os mesmos parâmetros de aquisição – sendo que os modelos de
velocidades e de densidade contêm unicamente as propriedades físicas da primeira
camada. Deste modo, pode-se subtrair, para cada uma das componentes registradas,
os sismogramas provenientes do modelo contendo todas as informações relativas às
diversas camadas e os sismogramas obtidos considerando somente as propriedades
da primeira camada, obtendo os sismogramas desconsiderando os efeitos da onda
direta.
A seguir na figura I.4-2 apresentam-se os sismogramas oriundos da
modelagem empregando operadores vetoriais, adquiridos considerando-se um
sistema de aquisição multicomponente, onde foram registradas as seguintes
grandezas elásticas: deslocamentos nas direções X e Y, componentes de tensão τ xx ,

τ yy e τ xy . Tais resultados, desconsiderando os efeitos da onda direta, são

apresentados, com o intuito de representar a complexidade da resposta sísmica, em


um modelo de velocidades com tais características.
Analisando-se os sismogramas expostos na figura I.4-2 observa-se a
presença de reflexões múltiplas, originárias das interfaces contendo um alto contraste
de impedância. Com o intuito de melhor compreender-se o fenômeno da propagação
de ondas elásticas são apresentadas, a seguir na figura I.4-3 representações do
campo de ondas sobreposto ao modelo de velocidades.
Na figura I.4-3 representa-se o campo de deslocamentos nas direções
coordenadas, para diferentes instantes de tempo, através de duas formas distintas.
Na primeira delas tem-se o módulo do campo de deslocamentos e na segunda tem-se
uma representação vetorial do campo de deslocamentos, sendo que, neste caso,
observa-se uma indicação da direção de deslocamento de cada um dos pontos do
grid.
Analisando-se os resultados o conjunto de snapshots apresentados na
figura I.4-3 observa-se que grande parte da energia emitida pela fonte sísmica é
refletida ao longo da segunda interface do modelo de velocidades, devido ao alto
contraste existente entre os valores das propriedades físicas das camadas adjacentes
a esta interface. Ao longo da primeira camada, onde são dispostos os receptores, a
composição entre os diversos tipos de ondas (refletidas e refratadas), provenientes da
passagem do campo de ondas sobre as diversas interfaces do modelo geológico, faz
com que o campo de ondas resultante apresente uma alta complexidade.

298
(a) (b)

(c) (d) (e)


Figura I.4-2 - Representação dos sismogramas elásticos – subtraídos os efeitos da onda
direta – referentes as seguintes grandezas: deslocamentos do campo de ondas
nas direções coordenadas X (a) e Y (b), e as componentes de tensão do
campo de ondas τ xx (c), τ yy (d) e τ xy (e).

(a) (b)
Figura I.4-3 - Snapshots do campo de deslocamentos referentes à propagação de ondas
elásticas sobrepostos ao modelo de velocidades, respectivamente, o módulo
do campo de deslocamentos (a) e representação vetorial (b).

299
I.4.2 – Migrações Sísmicas

Dando prosseguimento aos objetivos pretendidos com esta análise,


serão expostos a seguir os resultados provenientes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, utilizando-se como dados de entrada os sismogramas sintéticos oriundos
da modelagem elástica realizada. Na figura I.4-4 é exposta a seqüência de análises a
serem realizadas.

Migração Reversa no Tempo


Empregando a Condição de Imagem de
Tempo de Excitação

Input oriundo da Modelagem Elástica:


Operador Acústico
Sismograma de deslocamento na direção Y

Input oriundos da Modelagem Elástica:


Operadores Vetoriais Sismogramas de deslocamentos nas direções X e Y
Sismogramas das Componentes de Tensões

Input oriundos da Modelagem e Depropagação Elásticas:


Operador Acústico Sismograma decomposto considerando a
componente compressional (P-wave)

Input oriundos da Modelagem e Depropagação Elásticas:


Operador Acústico Sismograma decomposto considerando a
componente cisalhante (S-wave)

Figura I.4-4 - Representação da seqüência de aplicação dos esquemas de Migrações


Reversas no Tempo, tendo-se como dados de entrada os sismogramas
oriundos da Modelagem Elástica.

Em tais migrações, empregando tanto os operadores acústicos quanto


os operadores elásticos, utilizou-se o inovador critério proposto nesta tese,
denominado da amplitude nas proximidades da primeira quebra (vide item 3.1.2.1),
para a determinação das matrizes de tempo de trânsito. Os modelos de velocidades e
de densidade também foram suavizados, através da aplicação da média móvel ao
longo das direções coordenadas, considerando-se nove (9) amostras (vide seção 3.4,
equação 3.4-1).
Na figura I.4-5 é apresentada a imagem em profundidade proveniente
da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando operadores
acústicos, nos quais os dados sísmicos empregados, oriundos da modelagem elástica,
correspondem aos sismogramas formados pelos deslocamentos na direção Y.

300
Analisando-se a imagem em profundidade da figura I.4-5 e
comparando-a com as figuras relativas ao modelo geológico em questão (figuras I.4-
1), pode-se tecer os seguintes comentários:
• Todas as interfaces presentes no modelo sísmico foram corretamente imageadas.
Com o emprego do filtro de fase zero poligonal, conseguiu-se atingir uma
excelente relação sinal/ruído;
• Nesta imagem em profundidade, abaixo da última interface do modelo sísmico,
aparecem alguns artefatos erroneamente imageados, provavelmente, associados
às energias provenientes das diversas reverberações entre as camadas de alta
impedância do modelo e/ou das ondas múltiplas originárias no grande contraste
existente entre a segunda interface do modelo;
• Tais interfaces erroneamente imageadas apresentaram um baixo valor de
amplitude, na imagem final em profundidade, em relação aos refletores
corretamente imageados em uma posição imediatamente acima. Ou seja, o
refletor abaixo da base da segunda soleira.

Figura I.4-5 - Imagem em profundidade final, com filtro de fase zero poligonal, resultante da
aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando operadores
acústicos.

As próximas figuras apresentadas dizem respeito às imagens em


profundidade finais oriundas da aplicação do esquema de Migração Reversa no
Tempo empregando operadores vetoriais, utilizando a condição de imagem de tempo
de excitação (vide seção 3.3 para maiores detalhes a respeito da metodologia
empregada).
Destaca-se que, na formação das imagens em profundidade expressas
em tais figuras para cada uma das grandezas elásticas em questão, as matrizes de
tempo de trânsito foram determinadas empregando-se o critério proposto nesta tese,
denominado critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra,
respectivamente, através das equações da onda acústica e da onda elástica.

301
As imagens em profundidade, nas quais haja uma associação ao modo
de onda cisalhante (S-wave), ou relacionadas a grandezas que apresentem uma
inversão de polaridade em relação à posição da fonte sísmica, serão apresentadas
considerando-se duas condições distintas durante a fase de empilhamento para sua
composição. São elas:
1. Empilhamento das diversas imagens em profundidade, relativas às diferentes
posições da fonte sísmica, sem considerar a questão da inversão de
polaridade;
2. Considerar o módulo dos valores antes do empilhamento das diversas imagens
em profundidade, relativas às diferentes posições da fonte s ísmica. Tal
estratégia é uma forma de tratar a questão da inversão de polaridade, forçando
os resultados a interagirem construtivamente.
Destaca-se ainda que existem outros procedimentos para o tratamento
da inversão de polaridade nas imagens em profundidades, considerando-se posições
distintas da fonte sísmica (vide item 3.3.3). O procedimento aqui exposto é apenas
uma das alternativas propostas, sendo que nesta análise não se objetiva a
comparação entre eles.
Nas figuras I.4-6 e I.4-7 apresentam-se as imagens em profundidade
relacionadas à propagação dos modos de ondas compressionais (PP e SP). Nas
figuras I.4-8 e I.4-9 têm-se as imagens em profundidade relacionadas à propagação
dos modos de ondas cisalhantes (SS e PS), além de outras considerando o
procedimento para o tratamento da inversão de polaridade, pois, neste modo de onda,
tem-se a inversão de polaridade em relação ao posicionamento da fonte sísmica.
Na figura I.4-10 apresenta-se as imagens em profundidades
relacionadas a algumas grandezas oriundas do emprego do esquema de Migração
Reversa no Tempo utilizando operadores vetoriais, tais como: Energia cinética
máxima, Tensão normal máxima (σ 1 ), e Tensão cisalhante máxima ( τ max ).

Na figura I.4-11 têm-se as imagens em profundidade obtidas através da


aplicação da condição de imagem sobre as componentes do tensor de tensões,
provenientes da aplicação do esquema de migração empregando operadores
elásticos. Em algumas delas, considera-se a utilização do esquema para o tratamento
da inversão de polaridade em relação ao posicionamento da fonte sísmica.
Finalmente, na figura I.4-12 apresentam-se as imagens em
profundidades referentes às velocidades das partículas nas direções coordenadas v x

e v y , sendo que em v x considera-se o procedimento para o tratamento da inversão de

polaridade.

302
PP – MTT AC
SP – MTT AC

Figura I.4-6 - Imagens em profundidade finais resultantes da aplicação do esquema de


Migração Reversa no Tempo utilizando os operadores vetoriais, referentes aos
modos de ondas PP e SP. A matriz de tempo de trânsito foi obtida através da
equação da onda acústica.
PP – MTT EL
SP – MTT EL

Figura I.4-7 - Imagens em profundidade finais resultantes da aplicação do esquema de


Migração Reversa no Tempo utilizando os operadores vetoriais, referentes aos
modos de ondas PP e SP. A matriz de tempo de trânsito foi obtida através da
equação da onda elástica.

303
PS – MTT AC
PS Módulo – MTT AC
MODULO i
SS – MTT AC
SS Módulo – MTT AC

Figura I.4-8 - Imagens em profundidade finais resultantes da aplicação do esquema de


Migração Reversa no Tempo utilizando os operadores vetoriais, referentes aos
modos de ondas PS e SS (considerando-se ou não o procedimento para o
tratamento da inversão de polaridade). As matrizes de tempo de trânsito foram
obtidas através da equação da onda acústica.

304
PS – MTT EL
PS Módulo - MTT EL
SS - MTT EL
SS Módulo – MTT EL

Figura I.4-9 - Imagens em profundidade finais resultantes da aplicação do esquema de


Migração Reversa no Tempo utilizando os operadores vetoriais, referentes aos
modos de ondas PS e SS (considerando-se ou não o procedimento para o
tratamento da inversão de polaridade). As matrizes de tempo de trânsito foram
obtidas através da equação da onda elástica.

305
Eng. Cinética Máxima
Sigma 1 Máximo
Tal Máximo

Figura I.4-10 - Imagens em profundidade finais resultantes da aplicação do esquema de


Migração Reversa no Tempo utilizando os operadores vetoriais, referentes às
seguintes grandezas: Energia cinética máxima, Tensão normal máxima ( σ 1 ), e
Tensão cisalhante máxima (τ max ). As matrizes de tempo de trânsito foram
obtidas através da equação da onda elástica.

306
TXX - MTT EL
TYY - MTT EL
TXY - MTT EL
TXY Módulo - MTT EL

Figura I.4-11 - Imagens em profundidade finais resultantes da aplicação do esquema de


Migração Reversa no Tempo utilizando os operadores vetoriais, referentes às
tensões: τ xx , τ yy e τ xy (neste último caso, considerando-se ou não o
procedimento para o tratamento da inversão de polaridade). As matrizes de
tempo de trânsito foram obtidas através da equação da onda elástica.

307
VX - MTT EL
VX Módulo - MTT EL
VY - MTT EL

Figura I.4-12 - Imagens em profundidade finais resultantes da aplicação do esquema de


Migração Reversa no Tempo utilizando os operadores vetoriais, referentes às
velocidades: v x e v y (no primeiro caso, considerando-se ou não o
procedimento para o tratamento da inversão de polaridade). As matrizes de
tempo de trânsito foram obtidas através da equação da onda elástica.

308
Na análise das figuras apresentadas para este caso, considerando-se
as características do modelo geológico, da Migração Reversa no Tempo utilizando
operadores vetoriais e empregando a condição de imagem de tempo de excitação,
perfazendo um total de vinte e duas (22) imagens em profundidade, pode-se tecer os
seguintes comentários:
• Observa-se que as imagens em profundidade relacionadas ao modo de
propagação de ondas compressionais (P-waves) apresentaram uma relação
sinal/ruído superior às referentes ao modo de propagação de ondas cisalhantes (S-
waves);
• A consideração de matrizes de tempo de trânsito determinadas através da
equação da onda acústica, no esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando operadores vetoriais, mostrou-se eficaz no caso das imagens
relacionadas aos modos de ondas compressionais PP e SP (figura I.4-6);
• No caso da imagem em profundidade relacionada ao modo de onda SP (figuras
I.4-7), observou-se que a utilização da matriz de tempo de trânsito determinada
através da equação da onda elástica, contemplando a interação entre os diversos
modos de ondas, não apresentou uma qualidade semelhante à imagem em
profundidade obtida utilizando-se a matriz de tempo de trânsito determinada
através da equação da onda acústica (figura I.4-6);
• Na determinação das matrizes de tempo de trânsito, o emprego da equação da
onda acústica, considerando a propagação de cada modo de onda em separado
(compressional ou cisalhante, respectivamente P- e S-waves), mostrou-se
vantajosa, em alguns casos, em relação ao emprego da equação da onda elástica,
no que diz respeito à qualidade das imagens em profundidade obtidas;
• Neste modelo de velocidades, a grande interação entre os diferentes modos de
ondas pode ter comprometido a formação das matrizes de tempo de trânsito,
utilizando a equação da onda elástica, e, conseqüentemente, prejudicando o
imageamento dos refletores em sub-superfície, principalmente as imagens
associadas aos modos de ondas cisalhantes;
• A questão, demonstrada pela modelagem elástica realizada, de que grande parte
da energia emitida pela fonte sísmica é refletida ao longo da segunda interface do
modelo de velocidades, devido aos valores das propriedades físicas das camadas
adjacentes a tal interface, também ocorre na fase de depropagação dos dados
sísmicos. Este fato, também, pode vir a prejudicar sobremaneira a formação dos
refletores corretamente posicionados em sub-superfície;

309
• As imagens em profundidade expostas na figura I.4-10 - relacionadas às seguintes
grandezas: energia cinética máxima e tensão normal máxima (σ 1 ) – apresentaram
os principais refletores corretamente imageados . A imagem relacionada à Tensão
cisalhante máxima (τ max ) foi eficaz no imageamento, somente das bases das

soleiras presentes no modelo de velocidades; sendo que, as demais interfaces


apresentaram uma baixa relação sinal/ruído não sendo evidenciadas na figura
apresentada;
• As imagens em profundidade relacionadas às grandezas tensoriais (vide figura I.4-
11), apresentaram uma boa qualidade, tendo os principais refletores corretamente
imageados. Destacando-se os resultados alcançados nas imagens relacionadas
às tensões normais τ xx e τ yy ;

• Na imagem em profundidade relacionada à tensão τ xy (vide figura I.4-11), o

simples empilhamento (stacking) das diversas imagens oriundas das diferentes


posições da fonte sísmica, sem considerar o procedimento para o tratamento da
inversão de polaridade, foi eficaz para formação de uma imagem contendo os
principais refletores corretamente imageados;
• A aplicação do esquema para o tratamento da inversão de polaridade, em alguns
casos, foi efetivo para o aumento da relação sinal/ruído de apenas alguns
refletores. No caso da imagem em profundidade relacionada à tensão τ xy (vide

figura I.4-11), tal procedimento proporcionou um aumento maior da relação


sinal/ruído da última interface presente no modelo de velocidade;
• Considerando-se as imagens em profundidade referentes às velocidades v x e v y

(vide figura I.4-12) observa-se que a componente na direção Y alcançou um


resultado mais expressivo em termos da qualidade dos refletores imageados. E,
apesar da aplicação do esquema para o tratamento da inversão de polaridade na
componente de velocidade na direção X, as imagens não apresentaram uma
relação sinal/ruído tão expressiva quanto a imagem relacionada à velocidade na
direção Y.
Dando proceguimento a seqüência de análises a serem efetuadas a
partir dos dados sísmicos oriundos da modelagem elástica, considerando a realização
de uma aquisição multicomponente, serão apresentados a seguir os resultados da
aplicação do procedimento em que as componentes compressionais e cisalhantes
(respectivamente, P-wave e S-wave) serão decompostas dos sismogramas
registrados, de acordo com a metodologia exposta na seção 3.3.

310
Seguindo a metodologia apresentada na seção 3.3, inicialmente, faz-se
uma depropagação - utilizando os operadores elásticos - do campo de ondas elásticas
prescrevendo-se cada uma das componentes dos sismogramas, na posição dos
receptores e na ordem inversa em que foram adquiridos. Durante esta fase de
depropagação aplicam-se os operadores divergente e rotacional sobre as
componentes do campo de deslocamento a fim se obter as componentes
compressionais e cisalhantes. Registrando-se tais componentes, obtêm-se os
sismogramas relativos às ondas compressionais e cisalhantes, ou seja, os
sismogramas P-wave e S-wave.
Na figura I.4-13 apresentam-se os sismogramas relativos as
componentes compressional (P-wave) e cisalhante (S-wave), oriundos da separação
do campo de ondas elásticas durante a fase de depropagação.

(a) (b) (c)


Figura I.4-13 - Sismogramas relativos a componente compressional (P-wave) (a) e cisalhante
(S-wave), determinados a partir da separação do campo de ondas elásticas
durante a depropagação dos sismogramas provenientes da modelagem
elástica. Para o caso das ondas cisalhantes (S -waves), respectivamente, sem
e com a aplicação do procedimento para a correção de fase (polaridade),
figuras (b) e (c).

Ressalta-se que o procedimento de correção de fase (polaridade),


empregado neste exemplo, consistiu unicamente na alteração do sinal das amplitudes
registradas para os traços sísmicos que se encontram posicionados a direita do ponto
de aplicação da fonte sísmica, relativos aos sismogramas associados as ondas
cisalhantes (S-waves).
De posse dos sismogramas contendo as informações a respeito das
reflexões relacionadas às ondas compressionais e cisalhantes (P- e S-waves), aplica-
se separadamente – para cada um dos tipos de ondas – o esquema de Migração
Reversa no Tempo utilizando operadores acústicos. Neste exemplo, utilizou-se a

311
condição de imagem de tempo de excitação, sendo as matrizes de tempo de trânsito
determinadas através do uso do critério proposto originalmente nesta tese da
amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra.
Na aplicação do esquema de migração empregando operadores
acústicos, nos quais empregam-se os sismogramas relacionados às ondas
compressionais (P-waves), utiliza-se o modelo de velocidades de ondas
compressionais (VP) (vide figura I.4-1), tanto na fase de determinação da matriz de
tempo de trânsito, quanto na depropagação do campo de ondas. No caso dos
sismogramas relacionados às ondas cisalhantes (S-waves) emprega-se o modelo de
velocidades de ondas cisalhantes (VS).
Destaca-se que, uma vez que os dados sísmicos relacionados às ondas
compressionais e cisalhantes estejam disponíveis, outros tipos de esquemas de
Migração Sísmica empregando operadores acústicos, ou seja, esquemas cujas
formulações estão associadas à propagação de ondas acústicas, podem ser
empregados para a determinação das imagens relacionadas a estes tipos de ondas.
Na figuras I.4-14 são apresentadas as imagens em profundidade,
provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando
operadores acústicos e empregando a condição de imagem de tempo de excitação,
relacionadas, respectivamente, às ondas compressionais e cisalhantes.

(a)

(b)
Figura I.4-14 - Imagem em profundidade final relacionada às ondas compressionais (P-waves)
(a) e cisalhantes (S-waves) (b), resultante do esquema de Migração Reversa
no Tempo utilizando operadores acústicos.

312
Analisando-se as imagens apresentadas na figura I.4-14 e comparando-
as com as demais imagens anteriormente apresentadas, além das figuras relativas ao
modelo geológico, pode-se tecer os seguintes comentários:
• No caso da imagem em profundidade relacionada às ondas compressionais (P-
waves) obteve-se uma excelente relação sinal/ruído. Tal imagem possui
resultados semelhantes à imagem em profundidade apresentada na figura I.4-5,
proveniente da aplicação do mesmo esquema de Migração Reversa no Tempo
utilizando operadores acústicos, nos quais os dados sísmicos utilizados foram os
sismogramas - oriundos da modelagem elástica - correspondendo aos
deslocamentos na direção Y;
• Destaca-se que as imagens em profundidade, obtidas utilizando operadores
acústicos ou elásticos, relacionadas somente ao modo de ondas compressionais
(P-waves), respectivamente figuras I.4-5, I.4-6 e I.4-7 apresentaram, basicamente,
a mesma qualidade no imageamento dos refletores em subsuperfície;
• Assim como as demais imagens em profundidade apresentadas anteriormente
(figuras I.4-8 e I.4-9), que têm sua formação associada às ondas cisalhantes (S-
waves), a figura I.4-14 (b) não apresentou uma boa relação sinal/ruído;
• No caso específico da figura I.4-14 (b), determinada utilizando-se a componente
cisalhante (S-wave) proveniente da decomposição dos sismogramas elásticos,
destaca-se o fato dos traços sísmicos localizados próximos à fonte sísmica
possuírem amplitudes mais baixas, devido a características do fenômeno de
propagação de ondas elásticas. Este fato dos traços sísmicos próximos à fonte
sísmica, ou seja, traços de menor offset, possuírem baixas amplitudes – aliado à
complexidade do modelo de velocidades – dificultam o imageamento sísmico, pois
nas regiões distantes do ponto de aplicação da fonte sísmica o campo de ondas
está sujeito a um maior número de interações entre as ondas refratadas e
refletidas, podendo vir a comprometer a parcela da energia depropagada que
contribui para o imageamento sísmico;
• Existem outros fatores que contribuem para que os refletores não sejam
corretamente imageados, dentre eles: a forte presença de reflexões múltiplas nos
sismogramas , além do fato de que grande parte da energia depropagada também
é refletida quando da passagem da frente de onda pelas interfaces contendo um
alto contraste de impedância;
Destaca-se que algumas características ressaltadas anteriormente, nas
demais imagens em profundidade apresentadas, também são válidas para a figura I.4-
14 (a), como por exemplo, a questão dos refletores posicionados abaixo da última

313
interface do modelo sísmico que foram erroneamente imageados e tem sua formação
associada à forte presença das ondas múltiplas nos dados sísmicos.
Levando-se em conta os objetivos iniciais pretendidos com a realização
das análises apresentadas ao longo deste tópico, além da metodologia proposta para
a formação de imagens em profundidade oriundas da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo com operadores vetoriais, pode-se tecer os seguintes
comentários finais:
• As diversas imagens em profundidade provenientes da utilização de operadores
vetoriais, no esquema de migração, devem ser interpretadas de forma conjunta,
analisando-se as características de cada uma das grandezas as quais as imagens
estão relacionadas;
• A imagem em profundidade proveniente da aplicação do esquema de Migração
Reversa no Tempo empregando-se a equação acústica da onda, apresenta uma
excelente qualidade, tendo sido os principais refletores corretamente imageados.
Acredita-se que tal resultado foi alcançado devido à correta estimativa inicial do
modelo de velocidades.
Conclui-se que, com uma boa estimativa inicial do campo de
velocidades, pode-se alcançar excelentes resultados utilizando-se operadores
acústicos no esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de
imagem de tempo de excitação. A partir de tal conclusão pode-se recomendar que,
em modelos geológicos similares ao aqui adotado, somente o emprego de um
levantamento sísmico convencional seja suficiente para se obter imagens em
profundidade nas quais os principais refletores estejam corretamente posicionados.
Assim, o emprego de levantamentos sísmicos multicomponentes,
possuindo uma realização mais dispendiosa que o sistema convencional, é
desaconselhado para modelos geológicos que apresentem características similares ao
modelo de velocidades empregado nesta seção.

314
Anexo I.5 - Modelo Teal South (ERCH)

Neste tópico serão apresentados alguns resultados provenientes da


aplicação dos esquemas de modelagem e Migração Reversa no Tempo em dados
sísmicos reais, utilizando operadores acústicos e elásticos, considerando modelos bi-
(2D) e tridimensionais (3D). Os dados sísmicos empregados resultam de um
levantamento sísmico multicomponente utilizando cabo de fundo oceânico (Ocean
Botton Cable), ou seja, trata-se de um modelo geológico marítimo (off-shore).
Os dados sísmicos foram adquiridos na região do Golfo do México, na
área localizada a 256 Km a sudeste de Nova Orleans (New Orleans/EUA). Tal região
contém um reservatório petrolífero que se encontrava em plena produção na época
deste levantamento sísmico, possuindo diversas plataformas de prospecção.
Este levantamento sísmico, financiado por diversas companhias
petrolíferas, foi idealizado como um projeto piloto. Tendo como principal objetivo a
avaliação das potencialidades da realização de um levantamento sísmico
multicomponente marítimo não convencional, utilizando-se estações de receptores
sobre o leito oceânico (cabo de fundo oceânico).
Tal região do Golfo do México foi selecionada para a realização deste
levantamento sísmico por diversos motivos, dentre eles pode-se citar:
• O fato do reservatório petrolífero encontrar-se limitado a uma área relativamente
pequena, deste modo, reduzindo o volume de dados adquiridos em um
levantamento tridimensional (3D);
• A possibilidade da realização de um levantamento 4D-4C. Neste tipo de
levantamento avaliam-se as alterações das características do modelo geológico
devido à exploração do reservatório petrolífero, considerando períodos de tempo
diferentes, através da realização de levantamentos sísmicos multicomponentes
tridimensional (3D). Estimou-se, inicialmente, que um intervalo de quatro meses
entre os levantamentos sísmicos seria suficiente para que tais alterações
pudessem ser captadas;
• A área em questão ter sido objeto de estudos, em julho de 1997, com a realização
de um levantamento sísmico tridimensional (3D), utilizando-se de cabos de fundo
oceânico (OBC, Ocean Botton Cable), realizado pela Texaco.
Neste texto não se pretende descrever todas as etapas da realização
deste levantamento sísmico e nem os diversos parâmetros envolvidos em sua

315
aquisição. Para tanto, o leitor interessado pode contar com diversas referências
bibliográficas, como por exemplo: SUAREZ (2000); dentre outras.
A seguir, serão descritos alguns detalhes relativos ao levantamento
sísmico realizado na área do Golfo do México. Destaca-se que o projeto do
levantamento sísmico foi executado em diferentes fases e neste trabalho serão
analisados apenas os dados provenientes da denominada fase II (SUAREZ, 2000).
Nesta fase do levantamento sísmico tem-se ao todo um conjunto de
trinta e seis (36) estações de receptores distribuídas de acordo com a figura I.5-1.
Cada uma das estações de receptores, representadas pelos quadrados em branco na
figura I.5-1, possuem quatro (4) canais independentes registrando os dados oriundos
dos hidrofones e mais outros três (3) registros , respectivamente, para cada uma das
direções coordenadas, componentes X, Y e Z.

Figura I.5-1 - Posicionamento das estações de receptores, representadas pelos quadrados


em branco, sobre a área do levantamento sísmico.

Destaca-se que os resultados apresentados ao longo deste tópico foram


obtidos, utilizando-se apenas os dados provenientes dos registros dos hidrofones,
onde se mede a pressão acústica. Os demais dados, relativos ao registro dos
deslocamentos nas direções coordenadas, não foram utilizados.
Na figura I.5-2 apresenta-se um mapa contendo as posições dos tiros
(fontes sísmicas) disparados pelo navio sísmico ao longo da área do levantamento.
Conforme pode ser observado, esta área possui determinadas regiões nas quais o
navio sísmico se viu obrigado a alterar o seu percurso, devido à existência de alguns
obstáculos (plataformas de exploração). Ao todo foram realizados aproximadamente
20.000 tiros, formando, teoricamente, uma malha regular com um espaçamento de 25
metros.

316
Figura I.5-2 - Mapa contendo as posições dos tiros (shot points), representado pelos pontos
em azul marinho, ao longo da área do levantamento sísmico.

Conforme pode ser observado, na figura I.5-2, além da mudança do


curso do navio sísmico devido à presença de alguns obstáculos, a posição dos pontos
dos tiros apresentam uma certa variação, em relação à malha com espaçamento
regular que deveria ter sido formada, em função da própria movimentação do navio
sísmico.
Para a aplicação do Método das Diferenças Finitas, as alterações nas
coordenadas previstas para as posições dos tiros geraram um problema, nos quais os
dados sísmicos precisam ser interpolados, pois de acordo com o esquema empregado
tem-se a necessidade de que os pontos de tiros estejam sobre uma malha
perfeitamente regular e igualmente espaçada. Deste modo, antes da aplicação dos
esquemas de Migração Reversa no Tempo para dados sísmicos tridimensionais (3D),
é necessário que os dados sísmicos registrados sejam re-posicionados sobre uma
malha perfeitamente regular com um espaçamento de 25 metros.
Assim sendo, o autor deste trabalho desenvolveu especialmente para
esta análise um programa que, a partir do registro do dado sísmico (em formato SEG
Y) e, levando-se em conta a posição de cada um dos tiros sobre a malha inicialmente
idealizada, fosse feita a interpolação dos dados registrados , utilizando-se de funções
de interpolação quadrangulares lineares (através de polinômios de Lagrange) (BATHE,
1996). Posteriormente, tais valores foram normalizados utilizando-se a soma dos
pesos (provenientes das funções de interpolação) para cada um dos pontos da malha
igualmente espaçada.
Deste modo, após esta etapa de pré-processamento, obtiveram-se
sismogramas tridimensionais (3D) em que as posições dos tiros encontram-se

317
exatamente sobre uma malha regular.
Outro ponto que merece especial atenção é a presença de ruídos nos
dados sísmicos registrados nos hidrofones, chegando a comprometer a qualidade de
todos os valores registrados por uma determinada estação de receptor. Analisando-se
os dados foram encontradas várias linhas sísmicas em que os valores registrados
encontram-se nesta situação, sendo que um estudo mais aprofundado revelou que tais
erros devem, provavelmente, ter sido gerados por uma falha no acoplamento dos
cabos vindos das estações de receptores com os equipamentos de registro dos dados
sísmicos.
Para determinadas estações de receptores tem-se o comprometimento
de até quase 50% dos, aproximadamente, 20.000 traços sísmicos registrados. Na
fase de pré-processamento o procedimento adotado, para este caso, foi anular toda a
informação contida nestes traços sísmicos (realizando-se um kill trace com o auxílio do
pacote de processamento sísmico PROMAX).
Evidentemente que no processamento dos dados sísmicos que se
encontram nesta situação não se espera a formação de imagens em profundidade
com uma boa qualidade, quando comparadas às imagens obtidas por uma
determinada estação de receptores em que se tem 100% dos dados sísmicos
registrados sem a presença de ruído.
De acordo com estudos realizados anteriormente, o modelo geológico
na área do levantamento é composto basicamente por camadas planas e paralelas
(SUAREZ, 2000). Desta forma, na aplicação dos esquemas de Migrações Reversas
no Tempo, tanto para simulações bi- quanto tridimensionais, adotou-se modelos de
velocidades puramente unidimensionais, apresentados a seguir na figura I.5-3.

P-wave S-wave
Figura I.5-3 - Modelo geológico de velocidades considerando a propagação de ondas
compressionais (P-wave) e ondas cisalhantes (S-wave).

318
O modelo de velocidades de ondas cisalhantes foi gerado a partir do
modelo de velocidades de ondas compressionais, aplicando-se uma relação constante
entre estas velocidades de propagação ao longo de todo o modelo, exceto na camada
de lâmina de água onde se sabe que o valor da velocidade de cisalhamento é nulo. O

valor adotado como sendo a razão entre as velocidades foi de 3 (vide figura I.5-3).
Em se tratando de um modelo de velocidades marítimo (off-shore), para
a determinação das matrizes de tempo de trânsito referentes à propagação das ondas
cisalhantes (S-waves) - adotando-se simulações utilizando operadores acústicos - na
camada referente à lâmina de água o valor da velocidade da onda cisalhante - que é
nulo – tem que ser substituído pelo valor da velocidade da onda compressional (1490
m/s na água). Tais matrizes de tempo de trânsito serão empregadas pelo esquema de
Migração Reversa no Tempo utilizando operadores elásticos, no qual adotou-se a
condição de imagem de tempo de excitação.
Inicialmente, serão apresentados os resultados das Migrações
Reversas no Tempo empregando operadores acústicos e elásticos, considerando-se
apenas a análise de uma linha sísmica do levantamento tridimensional (3D), com isto
tem-se a realização de simulações bidimensionais (2D). Selecionou-se uma
determinada linha sobre a área do levantamento sísmico tridimensional (3D),
passando o mais próximo possível por sobre as estações de receptores possuindo a
coordenada X=569923 m. Assim foram analisadas as seguintes estações de
receptores contendo as coordenadas geográficas dadas de acordo com a tabela I.5-1.

Tabela I.5-1 - Posição geográfica das estações de receptores empregadas nas simulações 2D.

Número do
Coordenada X (ft) Coordenada Y (ft)
Receptor
L1 1872963 -186804
L2 1872873 -188119
L3 1872879 -184180
L4 1872891 -185502

A seguir, na figura I.5-4, apresentam-se os dados registrados que


formaram os sismogramas empregados nas simulações bidimensionais (2D).
Destaca-se que, para a formação de tais sismogramas, utiliza-se o Princípio da
Reciprocidade (GRAFF, 1975 e TIMOSHENKO, et al., 1980), de forma a inverter o
posicionamento entre os pontos de tiros (shot points) e as estações de receptores.
Destaca-se ainda que, nos sismogramas apresentados na figura I.5-4,
empregados para a determinação das imagens em profundidade a partir da aplicação

319
dos esquemas de Migração Reversa no Tempo, não foi realizado nenhum tipo de
tratamento nos dados originalmente registrados.

L3 L4

L1 L2

Figura I.5-4 - Sismograma contendo os dados sísmicos registrados pelos hidrofones,


referentes às denominadas estações de receptores L1, L2, L3 e L4.

Em se tratando de um modelo geológico marítimo (off-shore), conforme


pode ser comprovado na figura I.5-4, tem-se bem caracterizada nos sismogramas a
presença das denominadas ondas múltiplas.
Neste tópico serão empregadas condições de imagem que visam a
formação de imagens em profundidade, utilizando as ondas refletidas, tanto pela
passagem da onda direta (primeira quebra), quanto pela passagem da onda múltipla
proveniente da reflexão entre uma determinada camada do modelo geológico e sua
superfície (inovação proposta pelo autor desta tese).
A seguir, serão apresentadas as matrizes de tempo de trânsito
provenientes da aplicação do critério da amplitude máxima. Tais matrizes , foram
determinadas empregando operadores acústicos e, posteriormente, serão utilizadas
nos esquemas de Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos e
elásticos para a determinação das imagens em profundidade.
Destaca-se que, aplicou-se o esquema de migrações empregando
operadores acústicos somente para a propagação de ondas compressionais (P-

320
waves), sendo que, para este esquema foram utilizadas as matrizes de tempo de
trânsito relacionadas a este modo de ondas.
Para determinação das matrizes de tempo de trânsito relacionadas à
energia da onda múltipla emprega-se o critério inovador proposto neste trabalho,
apresentado no item 3.1.2.1. Neste caso, por se tratar de um modelo de velocidades
formado por camadas planas-paralelas, pode-se determinar o tempo de trânsito
referente à onda múltipla gerada pela reflexão da onda direta sobre a primeira
interface contendo uma velocidade de propagação da onda compressional igual a
1710 m/s.
Tal interface de velocidades foi determinada como sendo a responsável
pela onda múltipla caracterizada nos sismogramas apresentados na figura I.5-4, pela
análise do modelo de velocidades de ondas compressionais (figura I.5-3), da
geometria de aquisição, além dos tempos de reflexões registrados nos sismogramas.
Na figura I.5-5, apresentam-se as matrizes de tempo de trânsito,
determinadas através do critério da amplitude máxima, referente à denominada
estação de receptores L2 (vide tabela I.5-1). Tais matrizes serão empregadas nas
condições de imagem para os esquemas de Migrações Reversas no Tempo, com o
emprego de operadores elásticos e acústicos, utilizando a condição de imagem de
tempo de excitação.
De forma a satisfazer os critérios de dispersão numérica para o Método
das Diferenças Finitas, principalmente, no caso da aplicação do modelo matemático
referente à propagação de ondas elásticas, deve-se levar em conta o valor mínimo
(não nulo) da velocidade de propagação das ondas cisalhantes (S-waves) existente no
modelo. Para satisfazer tais critérios, os dados oriundos do levantamento sísmico
foram interpolados de tal forma a alcançar os seguintes parâmetros adotados nas
simulações bidimensionais (2D) (vide tabela I.5-2).
A seguir, apresentam-se as imagens em profundidade, obtidas pela
aplicação dos esquemas de Migração Reversa no Tempo bidimensionais (2D), tanto
para operadores acústicos quanto para operadores elásticos. Destaca-se que, tais
resultados, dizem respeito apenas a linha sísmica bidimensional (2D) contendo as
denominadas estações de receptores L1, L2, L3 e L4 (cujos sismogramas relativos à
pressão hidrostática estão representados na figura I.5-4), relativas aos dados sísmicos
tridimensionais (3D).
Com a intenção de melhor delinear as sutilezas existentes nas imagens
em profundidade, provenientes da aplicação dos esquemas envolvendo a Migração
Reversa no Tempo com operadores acústicos e elásticos, as figuras apresentadas
possuirão uma ampliação (zoom) em uma determinada região de interesse do modelo

321
geológico. Tal região de interesse encontra-se localizada de 750 até 1250 metros de
profundidade sobre o modelo geológico bidimensional (2D) adotado nestas análises.

(a) P-wave direta (c) S-wave direta

(b) P-wave - 1a múltipla (d) S-wave - 1a múltipla

0.0 seg 3.0 seg

Figura I.5-5 - Matrizes de tempo de trânsito determinadas empregando operadores


acústicos, referentes à denominada estação de receptores L2, relativas às
seguintes situações: (a) Modo de ondas compressionais, associadas a onda
a
direta (first break ); (b) Modo de ondas compressionais, associadas a 1 múltipla
(first ghost); (c) Modo de ondas cisalhantes, associadas a onda direta (first
a
break ); (d) Modo de ondas cisalhantes, associadas a 1 múltipla (first ghost).

Tabela I.5-2 - Parâmetros empregados nas simulações


bidimensionais utilizando operadores acústicos
e elásticos

Intervalo de Tempo (dt) 0.0004 s


Espaçamento da malha 5.0 m

Ressalta-se que, no esquema de Migrações Reversas no Tempo


empregando operadores elásticos, somente foram utilizadas as condições de imagem
de tempo de excitação relacionadas às matrizes de tempo de trânsito, determinadas
utilizando operadores acústicos (relativas aos modos de ondas compressionais e

322
cisalhantes, respectivamente, P- e S-waves). Deste modo, seguindo a nomenclatura
da seção 3.3, o seguinte conjunto de imagens em profundidade será apresentado:
PP–MTT AC, PS–MTT AC; SS–MTT AC e SP–MTT AC.
A seguir, nas figuras I.5-6 e I.5-7 são apresentadas as imagens em
profundidade, após o empilhamento (stacking) das diversas seções sísmicas para as
quatro (4) estações de receptores analisadas, considerando-se os dois tipos de
condições de imagem, envolvendo, respectivamente, o tempo de trânsito relacionado
com a onda direta (first break) e o tempo de trânsito relacionado com a onda múltipla
(first ghost).
Destaca-se que, nestas figuras (figuras I.5-6 e I.5-7), tendo em vista a
má qualidade (baixa relação sinal ruído) apresentada para as imagens em
profundidade associadas ao modo de propagação das ondas cisalhantes, somente as
imagens em profundidade relacionadas ao modo de propagação de ondas
compressionais (P-waves) serão apresentadas.
De acordo com os diversos resultados apresentados pode-se concluir
que, de maneira geral, a metodologia empregada mostrou-se eficaz no imageamento
das estruturas encontradas na sub-superfície do modelo, tanto com o emprego de
operadores acústicos quanto elásticos. Destaca-se que, por se tratar do emprego de
dados sísmicos reais, a interpretação dos resultados é bem mais árdua quando
comparados à aplicação das metodologias em dados sísmicos sintéticos, pois neste
caso se conhece com exatidão o perfil do modelo de velocidades.
A seguir são tecidos alguns comentários e conclusões referentes aos
resultados alcançados para as simulações bidimensionais (2D):
• Considerando-se apenas as imagens em profundidade relacionadas ao modo de
propagação das ondas compressionais (P-waves), o emprego deste esquema de
Migração Reversa no Tempo utilizando a condição de imagem de tempo de
excitação, tanto com o uso de operadores acústicos quando de operadores
elásticos, forneceram resultados bastante similares;
• Além do fato do modelo matemático ser mais adequado à propagação de ondas
sísmicas em meios geológicos complexos, a grande vantagem na utilização dos
esquemas envolvendo operadores elásticos é a obtenção de imagens adicionais
relacionadas a outros modos de ondas. Tais imagens em profundidade podem vir
a auxiliar a interpretação dos resultados;
• Espera-se que, com a adoção de um modelo de velocidade de ondas cisalhantes
mais adequado, obtenha-se o instrumental necessário para a determinação de
imagens em profundidade com características ainda melhores, principalmente para
aquelas relacionadas ao modo de ondas cisalhantes (S-waves).

323
(A) Acoustic – first break

(B) Elastic PP-wave – first break (C) Elastic PS-wave – first break

Figura I.5-6 - Detalhes das imagens em profundidade, provenientes do empilhamento das


imagens referentes às quatro (4) estações de receptores, utilizando os
esquemas de Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos
(fig. A) e elásticos (fig. B e C), considerando-se que as matrizes de tempo de
trânsito estão relacionadas à onda direta (first break ). As imagens são:
(A) – P-wave, (op. Acústicos);
(B) – PP – MTT AC (op. Elásticos); (C) – PS – MTT AC (op. Elásticos).

324
(A) Acoustic –first ghost

(B) Elastic PP-wave – first ghost (C) Elastic PS-wave – first ghost

Figura I.5-7 - Detalhes das imagens em profundidade, provenientes do empilhamento das


imagens referentes às quatro (4) estações de receptores, utilizando os
esquemas de Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos
(fig. A) e elásticos (fig. B e C), considerando-se que as matrizes de tempo de
trânsito estão relacionadas à primeira múltipla (first ghost). As imagens são:
(A) – P-wave, (op. Acústicos);
(B) – PP – MTT AC (op. Elásticos); (C) – PS – MTT AC (op. Elásticos).

325
A seguir, serão apresentados os resultados advindos da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de
tempo de excitação, utilizando operadores acústicos, em modelos tridimensionais
(3D).
Ressalta-se que, devido ao grande volume de dados em comparação
aos casos bidimensionais (2D), alguns dos procedimentos empregados no pós -
processamento dos resultados – como, por exemplo: o emprego de filtros e demais
ferramentas contidas no pacote de processamento de dados sísmicos desenvolvido
pelo CWP (Centre for Wave Phenomena) - não foram utilizados.
Nas imagens em profundidade apresentadas para os casos
tridimensionais (3D) não foi adotado nenhum tipo de ganho nos valores de amplitude,
deste modo os contrastes das interfaces localizadas em pontos distantes da aplicação
da fonte sísmica tendem a esmaecer. O único artifício empregado, na tentativa de
ressaltar os valores de baixa amplitude, consistiu no uso de um esquema de cores
com um grande contraste no software desenvolvido neste trabalho para a visualização
de dados tridimensionais (3D) (vide Apêndice D).
Enfatiza-se que o software empregado para a visualização dos
resultados tridimensionais (3D) - desenvolvido pelo autor deste trabalho - é uma
ferramenta para a visualização do campo de ondas em determinado instante de tempo
(snapshots) e não se encontra adaptado com as nuances necessárias à visualização
de imagens em profundidade tridimensionais (3D).
O modelo de velocidades empregado nas simulações tridimensionais
(3D) é, uma extensão do modelo de velocidades utilizado nas simulações
bidimensionais (2D). A malha regular adotada para as simulações tridimensionais
possui: 361 x 285 x 281 pontos, necessitando de um total de 110.3 Mb para sua
alocação em memória.
Na tabela I.5-3 apresentam-se alguns dos parâmetros utilizados nas
simulações tridimensionais (3D) empregando operadores acústicos. Destaca-se que
os sismogramas, empregados na fase de depropagação do campo de ondas
registrado, foram interpolados conforme mencionado anteriormente. Na tabela I.5-4
apresentam-se as coordenadas espaciais das estações de receptores, assim como o
número de traços sísmicos que foram silenciados (devido à captação de ruído durante
o levantamento sísmico).
Conforme pode ser observado na tabela I.5-4, somente será aplicado o
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos e dados
sísmicos tridimensionais (3D) em apenas nove (9) das trinta e seis (36) estações de
receptores contidas no levantamento sísmico.

326
A seguir, nas figuras I.5-8, I.5-9 e I.5-10, apresentam-se imagens em
profundidade obtidas através do emprego do esquema de Migração Reversa no
Tempo com operadores acústicos, utilizando a condição de imagem de tempo de
excitação, onde as matrizes de tempo de trânsito foram determinadas através do uso
do critério da amplitude máxima e estão relacionadas ao tempo de trânsito da onda
direta (first break) e ao tempo de trânsito da primeira múltipla (first ghost).

Tabela I.5-3 Parâmetros empregados nas simulações


tridimensionais utilizando operadores acústicos.

Intervalo de Tempo (dt) 0.001 s


Espaçamento da malha 12.5 m

Tabela I.5-4 - Coordenadas das estações de receptores e número de traços sísmicos


silenciados devido à captação de ruído durante o levantamento sísmico.
Estação de Receptores Coordenada X (ft) Coordenada Y (ft) Número de traços
silenciados
P1 1874087.0 -188129.0 -
P2 1873494.0 -188114.0 3212
P3 1872873.0 -188119.0 3213
P4 1871373.0 -188115.0 -
P5 1871560.0 -188104.0 5384
P6 1871012.0 -188083.0 4543
P7 1874045.0 -186832.0 -
P8 1873621.0 -186801.0 -
P9 1872963.0 -186804.0 -

Destaca-se que, extrapolou-se o mesmo procedimento, apresentado


anteriormente para as simulações bidimensionais (2D), para a determinação das
matrizes de tempo de trânsito que estão associadas à energia da onda múltipla
(proposto originalmente pelo autor nesta tese).
Observa-se que, em algumas das figuras apresentadas a seguir
empregou-se diferentes tipos de esquemas de cores. Basicamente, procurou-se
encontrar o esquema de cor que melhor realçasse as interfaces existentes nos
volumes de dados tridimensionais (3D) referentes às imagens em profundidade.
Destaca-se que, na apresentação das imagens em profundidade,
relacionadas ao tempo de trânsito da primeira múltipla (first ghost), não foram
aplicadas correções na polaridade, devido ao critério de imageamento utilizar a
energia proveniente das ondas múltiplas (vide item 3.1.2.1). Desta forma, caso fosse
realizado o empilhamento (stacking) das imagens em profundidade, utilizando-se os
dois tipos de condições de imagens, referentes à onda direta (first break) e à primeira
múltipla (first ghost), tal característica deve ser considerada, realizando uma subtração
entre as imagens obtidas para uma mesma estação de receptores (no lugar da soma).

327
P1

P2

P3
(first break ) (first ghost)
Figura I.5-8 - Figuras dos planos de corte, posicionados sobre as respectivas estações de
receptores, nas imagens em profundidade tridimensionais, referentes às
estações de receptores P1, P2 e P3. Determinadas através do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos,
considerando-se que as matrizes de tempo de trânsito estão relacionadas à
onda direta (first break ) e à primeira múltipla (first ghost).

328
P4

P5

P6
(first break ) (first ghost)
Figura I.5-9 - Figuras dos planos de corte, posicionados sobre as respectivas estações de
receptores, nas imagens em profundidade tridimensionais, referentes às
estações de receptores P4, P5 e P6. Determinadas através do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos,
considerando-se que as matrizes de tempo de trânsito estão relacionadas à
onda direta (first break ) e à primeira múltipla (first ghost).

329
P7

P8

P9
(first break ) (first ghost)
Figura I.5-10 - Figuras dos planos de corte, posicionados sobre as respectivas estações de
receptores, nas imagens em profundidade tridimensionais, referentes às
estações de receptores P7, P8 e P9. Determinadas através do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos,
considerando-se que as matrizes de tempo de trânsito estão relacionadas à
onda direta (first break ) e à primeira múltipla (first ghost).

330
De acordo com os resultados apresentados, nas figuras I.5-8, I.5-9 e I.5-
10, podem ser feitos os seguintes comentários:
• De maneira geral, a metodologia empregada mostrou-se eficaz no imageamento
dos refletores em sub-superfície. Embora, para a formação de uma imagem em
profundidade final, deva-se analisar todo o conjunto de dados sísmicos referentes
às trinta e seis (36) estações de receptores;
• O emprego dos artifícios do processamento em paralelo, na realização das
simulações bi- (2D) e tridimensionais (3D) mostraram -se perfeitamente factíveis
em cluster de microcomputadores. Cada simulação (propagação ou depropagação
do campo de ondas) tridimensional (3D) foi executada em, aproximadamente, duas
2 horas no cluster denominado Sismos III (PETROBRAS/CENPES) (vide Apêndice
A.2), quando da divisão do modelo de velocidades em dezoito (18) partições;
• Mesmo sem a adoção de nenhum dos procedimentos empregados anteriormente -
como por exemplo: a utilização de filtros e ganhos nos valores de amplitude,
realçando as nuances existentes e identificando o posicionamento das camadas
contendo um contraste de impedância acústica - foi possível a identificação de
alguns refletores nas imagens em profundidade tridimensionais (3D) referentes às
estações de receptores;
• Em alguns casos apresentados - referentes às estações de receptores P2, P5 e P6
- observou-se que houve um comprometimento da qualidade das imagens em
profundidade para os planos de corte ilustrados (posicionados sobre as respectivas
coordenadas das estações de receptores). Tal fato se deve a que tais receptores
registraram ruídos para algumas linhas do levantamento sísmico, comprometendo
a qualidade dos sismogramas empregados nas Migrações Reversas no Tempo;
• A estação de receptores P3, apesar de possuir um número considerável de traços
sísmicos que tiveram de ser silenciados, devido a ruídos no levantamento sísmico
(vide tabela I.5-4), as imagens em profundidade referentes aos dois tipos de
condições de imagem empregadas, relacionadas ao tempo de trânsito da onda
direta (first break) e ao tempo de trânsito da primeira múltipla (first ghost), não
apresentaram um comprometimento de sua qualidade;
• O fato das imagens em profundidade referentes à estação de receptores P3 não
apresentarem um comprometimento em sua qualidade, pode ser explicado
considerando-se a localização dos traços sísmicos que tiveram de ser silenciados.
Tais traços sísmicos podem estar localizados em uma região em que a energia a
ser depropagada, empregando o algoritmo de Migração Reversa no Tempo, não
contribui de forma acentuada para a formação da imagem em profundidade dos
planos de corte ilustrados.

331
Anexo I.6 – Modelo VSP – Tridimensional (3D)

Nesta seção serão apresentados os resultados provenientes de uma


modelagem elástica bi- (2D) e tridimensional (3D) em modelo terrestre (on-shore), na
qual simula-se um levantamento sísmico de um perfil sísmico vertical (comumente
denominado VSP, Vertical Seismic Profile). Neste tipo de levantamento, as ondas
sísmicas – geradas através de fontes sísmicas dispostas ao longo da superfície de
modelo – são registradas por receptores posicionados em diferentes profundidades no
interior de um poço.
Após a modelagem elástica, os dados sísmicos sintéticos,
correspondendo ao registro do deslocamento na direção vertical (direção Z), serão
migrados empregando-se o esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando
operadores acústicos, ou seja, serão realizadas migrações sísmicas acústicas em
dados sísmicos sintéticos oriundos de modelagens elásticas.
Tanto na modelagem, quanto na migração sísmica de levantamentos
sísmicos de perfil sísmico vertical (VSP), utiliza-se o Princípio da Reciprocidade
(GRAFF, 1975) de forma a inverter o posicionamento de fontes e receptores. Tal
princípio também é aplicado quando da simulação de levantamentos sísmicos de cabo
de fundo oceânico (OBC, Ocean Botton Cable), conforme apresentado nos anexos I.3
e I.5 deste trabalho.
Antes de expor os principais parâmetros empregados neste
levantamento sísmico, será apresentado o modelo de velocidades tridimensional (3D),
pois o posicionamento dos poços, que serão utilizados para a realização dos perfis
sísmicos verticais (VSP), estará referenciado em relação aos pontos do grid
empregado na discretização.
Deste modo, na figura I.6-1 apresentam-se alguns planos de corte
perpendiculares às direções coordenadas. Tal modelo é composto por 877 x 847 x
774 pontos do grid, respectivamente, para as direções X, Y e Z, perfazendo um
paralelepípedo de 4.380 x 4.230 x 3.865 Km, pois se tem um espaçamento de cinco
(5) metros entre os pontos do grid. Em tal figura, também se ilustra a escala de
valores para a velocidade de propagação da onda compressional (VP).
Após a definição do grid que será empregado nas modelagens e
migrações sísmicas, apresentam -se, na tabela I.6-1, as coordenadas dos três (3)
poços definidos para a realização do levantamento sísmico de perfil sísmico vertical
(VSP). Em tais poços estarão dispostos oito (8) receptores, sendo que o mais próximo

332
à superfície encontra-se a uma profundidade de 1130 metros, os demais receptores
estão posicionados a uma distância de 25 metros entre si.

Planos de corte perpendiculares à direção X

Planos de corte perpendiculares à direção Y

Planos de corte perpendiculares à direção Z

2300 m/s 4767 m/s


Figura I.6-1 – Planos de cortes perpendiculares às direções coordenadas X, Y e Z do
modelo de velocidades de ondas compressionais.

Na tabela I.6-2 apresentam-se os principais parâmetros utilizados nas


simulações numéricas, ou seja, tanto para as modelagens quanto para as migrações
sísmicas, empregando – respectivamente – operadores elásticos e acústicos.

Tabela I.6-1 – Coordenadas, em relação aos pontos do grid, referentes aos três
poços empregados no levantamento sísmico.
Coordenadas em relação aos pontos do grid
X Y
Poço A 452 311
Poço B 546 499
Poço C 264 404

Na figura I.6-2 apresentam-se dois planos de cortes perpendiculares –


respectivamente – às direções X e Y, posicionados sobre as coordenadas de cada um

333
dos três poços empregados no levantamento sísmico. Posteriormente, na figura I.6-3,
considerando o poço B, serão apresentados os sismogramas sintéticos oriundos da
modelagem elástica tridimensional (3D), para estes mesmos planos.

Tabela I.6-2 – Principais parâmetros utilizados nas simulações 3-D.


Espaçamento da malha (grid) - (h) 5.0 m
Intervalo de tempo 0.0002 s
Tempo total de análise 1.5 s
Freqüência de corte 40 Hz

A B C
Figura I.6-2 – Planos de cortes no modelo de velocidades, perpendiculares às direções
coordenadas X e Y, ilustrando o posicionamento dos poços nos quais serão
realizados os levantamentos sísmicos.

Na modelagem sísmica empregando operadores elásticos, além do


modelo de velocidades de ondas compressionais (VP), também são necessários os
modelos de velocidades de ondas cisalhantes (VS) e o modelo contendo os valores de
densidade. Para a confecção de tais modelos utilizaram-se as seguintes relações:
Modelo de velocidades de ondas cisalhantes: aplicou-se a seguinte expressão
para a determinação da velocidade de propagação das ondas cisalhantes:
VS = VP / 3 ;
Modelo de densidades: adotou-se um valor constante para todas as camadas
do modelo, como sendo: 2.1 Kg/cm3.

4.5.1 – Modelagens Sísmicas Empregando Operadores Elásticos – 2D

Inicialmente, antes da apresentação das simulações tridimensionais


(3D), serão expostos alguns resultados oriundos de sim ulações bidimensionais (2D),
realizadas em um plano de corte selecionado do modelo de velocidades tridimensional
(3D), perpendicular à direção Y (em relação aos pontos do grid, sendo que tal plano de
corte se encontra a 135 metros da origem do sistema de coordenadas) . A ilustração

334
deste plano de corte será feita posteriormente, junto à imagem em profundidade final,
a fim de facilitar a comparação entre elas.
Nas simulações bidimensionais (2D), empregou-se a mesma filosofia de
análise proposta para o caso tridimensional (3D), ou seja, inicialmente, realizou-se
uma modelagem sísmica empregando operadores elásticos e, posteriormente, nos
dados sísmicos registrados – referentes aos deslocamentos na direção vertical –
aplicou-se o esquema de Migração Reversa no Tempo empregando operadores
acústicos, utilizando a condição de imagem de tempo de excitação.
Neste caso bidimensional (2D), no levantamento sísmico do perfil
sísmico vertical (VSP) foram dispostos quarenta e cinco (45) receptores ao longo do
poço vertical, sendo que o primeiro receptor encontra-se a uma profundidade de 1085
metros, estando os demais receptores dispostos com um espaçamento de 25 metros
entre eles. Em relação ao grid do modelo de velocidades tridimensional (3D), tal poço
encontra-se localizado a 840 metros e 130 metros, respectivamente, em relação às
coordenadas X e Y, (com respeito à origem do sistema de coordenadas).
Destaca-se que outro parâmetro foi alterado nesta simulação
bidimensional, além do número de receptores e da profundidade dos receptores. O
tempo total de análise, no caso bidimensional (2D), é estipulado em 4.0 segundos. Os
demais parâmetros empregados na simulação desta aquisição, são os mesmos
adotados nos casos tridimensionais (3D) e encontram-se expostos na tabela I.6-2.
Na figura I.6-3, apresentam-se os sismogramas sintéticos obtidos com a
modelagem bidimensional (2D) empregando operadores elásticos, para o receptor que
se encontra posicionado mais próximo à superfície do modelo de velocidades. Em tal
figura, ilustram-se os sismogramas referentes aos deslocamentos e às componentes
de tensões em relação às direções dos eixos coordenados, além do sismograma
referente à tensão hidrostática (decomposta a partir do tensor de tensões).
Analisando-se os sismogramas apresentados na figura I.6-3, pode-se
tecer alguns comentários:
o Observa-se a inversão de polaridade existente em algumas grandezas que tiveram
seus valores registrados, como por exemplo: o deslocamento na direção horizontal
(direção X) e a tensão cisalhante ( τ xy );

o Partindo das bordas laterais dos sismogramas podem ser visualizadas as


reflexões espúrias provenientes dos erros introduzidos pelas condições de
contorno não-reflexivas, além das bordas absorsoras, empregadas para simular
domínios infinitos (vide capítulo 2);

335
Deslocamento direção X Deslocamento direção Y Tensão Hidrostática

Tensão τ xx Tensão τ yy Tensão τ xy

Figura I.6-3 – Sismogramas sintéticos provenientes da modelagem sísmica bidimensional


empregando operadores elásticos, de um levantamento sísmico do tipo VSP
(Vertical Seismic Profile).

A seguir na figura I.6-4 são apresentados alguns snapshots, para


diferentes instantes de tempo, ilustrando a propagação das ondas elásticas sobre o
modelo de velocidades. São expostas ilustrações referentes às componentes de
deslocamento ao longo das direções coordenadas horizontal e vertical,
respectivamente X e Z.
Na figura I.6-5 apresenta-se outra série snapshots contendo uma
representação vetorial do campo de ondas elásticas, em diferentes instantes de
tempo. Em tais figuras, os vetores são representados por segmentos de retas e
sobrepostos a eles tem-se uma representação – segundo uma determinada escala de
cores – o módulo dos deslocamentos nas direções X e Z, além do modelo de
velocidades de ondas compressionais (VP).
Analisando-se as ilustrações, representando as configurações do
campo de ondas elásticas, figuras I.6-4 e I.6-5, pode-se tecer os seguintes
comentários:
• Na figura I.6-4 observa-se separadamente cada uma das componentes dos
deslocamentos nas direções coordenadas e, deste modo, pode-se avaliar a
mudança de polaridade em relação ao ponto de aplicação da fonte sísmica;

336
• De forma geral, nas demais ilustrações apresentadas nas figuras I.6-4 e I.6-5,
pode-se observar a configuração do campo de ondas elástico, originário da
interação entre os diversos tipos de ondas (compressionais e cisalhantes,
respectivamente P- e S-waves), que são convertidas, refletidas e refratadas à
medida que a frente de onda se propaga no modelo de velocidades;

Deslocamento das partículas na direção X

Deslocamento das partículas na direção Z


Figura I.6-4 - Representações do campo de deslocamentos nas direções coordenadas X e
Z, para diferentes instantes de tempo, provenientes da modelagem elástica
bidimensional.

Figura I.6-5 – Representação vetorial do campo de deslocamento em diferentes instantes de


tempo, oriunda da propagação de ondas elásticas, sobrepostas ao módulo do
campo de deslocamentos e à figura do modelo de velocidades.

337
Ressalta-se que, uma análise apurada das diversas figuras relativas à
propagação do campo de ondas elástico, apresentadas nas figuras I.6-4 e I.6-5, pode
proporcionar uma grande compreensão do fenômeno ondulatório sobre o modelo de
velocidades.

4.5.2 – Migrações Sísmicas Empregando Operadores Acústicos – 2D

Dando continuidade à seqüência de análises, na figura I.6-6 apresenta-


se ao lado do modelo de velocidades para as ondas compressionais (VP) a imagem
em profundidade final, resultante do empilhamento (stacking) das quarenta e cinco
(45) imagens provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo,
utilizando operadores acústicos e empregando a condição de imagem de tempo de
excitação. Tendo a matriz de tempo de trânsito sido determinada através do inovador
critério proposto nesta tese, denominado critério da amplitude máxima nas
proximidades da primeira quebra.

Modelo de velocidades Imagem em profundidade final


figura I.6-6 - Modelo de velocidades para as ondas compressionais (P-waves) e Imagem
em profundidade final, resultante do empilhamento de 45 imagens oriundas da
aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo, utilizando operadores
acústicos e adotando a condição de imagem de tempo de excitação.

Antes da análise dos resultados apresentados pela simulação


bidimensional, alguns pontos serão destacados, pois influenciam significativamente a
qualidade dos mesmos. Dentre eles tem-se:
o Os sismogramas utilizados como dados de entrada para o esquema de Migração
Reversa no Tempo empregando operadores acústicos, correspondendo à
componente de deslocamento na direção vertical, foram determinados através de
modelagens sísmicas utilizando operadores elásticos . Deste modo, o dado

338
sísmico de entrada contém informações referente a outros modos de ondas e suas
conversões, além do modo de onda compressional e tais modos serão tratados
como ruído pelo esquema de migração empregando operadores acústicos, pois
modelos acústicos só contemplam a propagação de ondas compressionais;
o Também não foi adotado nenhum tratamento para a retirada das ondas diretas e
reflexões múltiplas presentes nos sismogramas de entrada para o esquema de
migração. Tais reflexões podem vir a com prometer a formação das imagens em
profundidade com uma boa relação sinal/ruído;
o Na formação da imagem em profundidade final não se empregou nenhum
esquema de re-ordenação dos traços de cada uma das imagens em famílias
CRP’s (Common Reciver Point), relativas a cada um dos receptores, aplicando-se
um silenciamento (muting) e, posteriormente, o empilhamento (stacking). No
Anexo I.2 explora-se a aplicação de tal seqüência para a formação da imagem em
profundidade final.
De acordo com os comentários anteriores observa-se que os resultados
apresentados ainda podem ser melhorados com a aplicação de alguns dos
procedimentos enumerados no Anexo I.2 deste trabalho. Para tanto, deve-se,
preferencialmente, contar com o auxílio de um pacote de processamento sísmico
comercial, como por exemplo o ProMAX. A implementação computacional de tais
procedimentos foge aos objetivos pretendidos com a realização deste trabalho.
Analisando-se a imagem em profundidade final, resultante do
empilhamento das quarenta e cinco (45) imagens provenientes da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando operadores acústicos e
empregando a condição de imagem de tempo de excitação, apresentada na figura I.6-
6, pode-se analisar o seguinte:
o Comparando-se a imagem em profundidade com o modelo de velocidades
observa-se que a primeira interface se encontra bem definida e com uma boa
continuidade ao longo de toda a seção;
o Na segunda e terceira interfaces, os comprimentos dos refletores imageados
diminuem e esta diminuição está relacionada com o posicionamento das fontes e
receptores neste tipo de levantamento sísmico utilizando VSP (Vertical Seismic
Profile), pois à medida que os receptores se aproximam da terceira interface a
iluminação do mesmo tende a diminuir. A iluminação é representada pela
trajetória dos raios que partem da fonte sísmica até o receptor e sabe-se que,
quanto maior a iluminação, maior será a quantidade de energia captada pelo
receptor e, por conseqüência, melhores serão as chances de que tal interface seja
bem imageada pelos esquemas de migração sísmica;

339
o De forma geral, levando-se em conta que ainda existem procedimentos que
possam vir a melhorar a relação sinal/ruído da imagem em profundidade, o
resultado apresentado por esta simulação bidimensional (2D) mostrou-se
satisfatório.

4.5.3 – Modelagens Sísmicas Empregando Operadores Elásticos – 3D

A seguir, antes da apresentação dos resultados obtidos com as


simulações tridimensionais (3D), serão feitos alguns comentários a respeito das
especificidades desta análise. Posteriormente, segue-se a mesma filosofia
apresentada anteriormente para as simulações bidimensionais (2D), ou seja, a
Modelagem Sísmica utilizando operadores elásticos, seguida da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos.
Na implementação computacional da Modelagem Sísmica
tridimensional (3D) empregando operadores elásticos, utilizando o Método das
Diferenças Finitas com o esquema originalmente proposto por VIRIEUX (1986) e,
posteriormente, modificado por LEVANDER (1988), é necessária a alocação de 12
matrizes com dimensões iguais aos números de pontos do grid do modelo de
velocidades (vide capítulo 2). Deste modo, no presente caso, tem-se 12 matrizes
contendo 877 x 847 x 774 pontos, demandando aproximadamente 26 Gb de memória.
Atualmente, este enorme volume de recursos computacionais, que são
necessários para a realização das simulações elásticas tridimensionais (3D), não
podem ser alcançados pelos microcomputadores. Somente com o emprego de
clusters de microcomputadores e empregando os recursos do processamento em
paralelo com o paradigma da divisão de domínio é que tais modelagens tornam-se
factíveis.
A seguir, serão apresentados, na figura I.6-7, alguns planos de corte
nos três sismogramas sintéticos, correspondentes aos registros dos deslocamentos
nas direções coordenadas X, Y e Z, oriundos da modelagem elástica tridimensional
(3D) na qual a fonte sísmica – sobre o poço B – encontra-se a uma profundidade de
1130 m.
Destaca-se que, na figura I.6-7 que ilustra os sismogramas sintéticos, a
intercessão dos planos de cortes perpendiculares às direções X e Y, encontra-se
sobre as coordenadas do poço B. Em tal figura também apresenta-se, em uma das
ilustrações referentes a cada um dos sismogramas, um plano de corte
correspondendo ao tempo de registro de 0.5 segundos.

340
Analisando-se a figura I.6-7 é possível observar, em algumas das
ilustrações apresentadas, a mudança de fase (polaridade) em relação ao ponto de
aplicação da fonte sísmica. Tal caracterís tica é decorrente da própria natureza vetorial
das grandezas avaliadas, ou seja, o deslocamento da partícula.
Destaca-se que, apesar do software de visualização empregado na
confecção de tais figuras não possuir um esquema adequado para ressaltar os valores
com baixas amplitudes é possível vislumbrar-se algumas reflexões. Maiores detalhes
sobre este software, desenvolvido pelo autor desta tese, podem ser obtidos no
Apêndice D.

Deslocamento na direção X Deslocamento na direção Y Deslocamento na direção Z


Figura I.6-7 – Determinados planos de cortes nos sismogramas sintéticos, oriundos da
modelagem elástica tridimensional, referente aos deslocamentos das
partículas ao longo das direções coordenadas X, Y e Z.

341
Com o intuito de proporcionar uma melhor compreensão do fenômeno
da propagação de ondas, registraram-se as componentes do campo de velocidades
das partículas ao longo das direções coordenadas em determinados instantes de
tempo durante a propagação das ondas elásticas. Desta forma, apresentam-se nas
figuras I.6-8 e I.6-9 uma série de ilustrações, representando o campo de ondas
elásticas em determinados instantes de tempo (snapshots), utilizou-se na confecção
de tais ilustrações o programa desenvolvido pelo autor deste trabalho de visualização
de dados tridimensionais (3-D) (vide Apêndice D).

Velocidade na direção X Velocidade na direção Y Velocidade na direção Z


Figura I.6-8 - Representações do campo de velocidades das partículas nas direções
coordenadas X, Y e Z, para diferentes instantes de tempo, sobrepostas à
figura do modelo de velocidades.

Analisando-se as figuras I.6-8 e I.6-9, podem ser feitos alguns


comentários a respeito da propagação do campo de ondas elásticas tridimensional
(3D), dentre eles destacam-se:
• Na figura I.6-8 as componentes do campo de velocidades das partículas estão
sobrepostas a uma figura do modelo de velocidades tridimensional (3D). Deste
modo, pode-se visualizar as frentes de ondas se propagando sobre as interfaces
do modelo de velocidades, bem como as conversões entre os diferentes tipos de
ondas, reflexões e refrações quando da passagem da frente de onda elástica por
uma determinada interface;
• Na figura I.6-9 são apresentados determinados planos de corte, nos quais
empregam-se recursos de transparência no software de visualização de dados
tridimensionais (vide Apêndice D), fazendo com que somente os valores com
amplitudes não nulas sejam plotadas. Com tal recurso pode-se ter uma noção

342
tridimensional (3D) da propagação das ondas elásticas;
Velocidade na direção X
Velocidade na direção Y
Velocidade na direção Z

Figura I.6-9 - Representações de planos de cortes perpendiculares à direção X do campo


de velocidades das partículas nas direções coordenadas X, Y e Z, para
diferentes instantes de tempo, empregando-se recursos de transparência para
plotar somente os valores de amplitude não nulas.

Nas figuras apresentadas, vislumbra-se a formação de diversas


reflexões múltiplas, bem como as conversões entre os diversos tipos de ondas
(compressionais e cisalhantes) quando da passagem da frente de ondas por uma
determinada interface, principalmente a conversão das ondas compressionais (P-
waves) em cisalhantes (S-waves).

4.5.4 – Migrações Sísmicas Empregando Operadores Acústicos – 3D

Antes de dar continuidade aos objetivos pretendidos nesta seção, com a


apresentação das imagens em profundidade provenientes da aplicação do esquema
de Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos, serão
apresentadas na figura I.6-10 uma das matrizes de tempo de trânsito determinadas
pela aplicação do inovador critério proposto nesta tese, denominado critério da
amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra (vide seção 3.1.2.1).
A matriz de tempo de trânsito, exposta na figura I.6-10, emprega um

343
esquema de cores no qual são ressaltadas as descontinuidades existentes. Conforme
pode ser observado nos diversos planos de cortes ilustrados, sendo que tais
descontinuidades estão principalmente limitadas às regiões próximas à segunda
interface do modelo de velocidades.

Figura I.6-10 – Representação de determinados planos de corte sobre uma matriz de tempo
de trânsito tridimensional, determinada com a aplicação do critério da
amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra.

Nas figuras I.6-11 e I.6-12 são apresentadas as imagens em


profundidade para determinados planos de corte ao longo das direções coordenadas X
e Y, posicionados sobre os três (3) poços analisados, bem como as figuras destes
mesmos planos de corte sobre o modelo de velocidades. Tais imagens já
correspondem ao empilhamento (stacking) dos resultados da aplicação do esquema
de Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos para os oitos (8)
receptores que estão dispostos em cada um dos três (3) poços.
Cabe ressaltar que, assim como no caso bidimensional (2D)
apresentado anteriormente, neste caso tridimensional (3D), nenhum tratamento foi
dado às ondas diretas presentes nos sismogramas correspondentes à componente
vertical do deslocamento provenientes da modelagem elástica, sendo utilizados pelo
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos.
No empilhamento (stacking) das imagens referentes a um determinado
poço não foi empregado nenhum esquema de re-ordenação dos traços em famílias
CRP’s (Common Reciver Points), seguidos de um silenciamento (muting) nas regiões
onde não haja a coincidência no posicionamento dos refletores. Tal procedimento,
conforme o apresentado no Anexo I.2 deste trabalho, pode vir a melhorar a relação
sinal/ruído da imagem em profundidade final.

344
Poço A Poço B Poço C

Figura I.6-11 – Representação de determinados planos de corte posicionados sobre os três


poços analisados, perpendiculares à direção coordenada X, para o modelo
de velocidades e para as imagens em profundidade, resultantes do
empilhamento (stacking) das imagens provenientes da aplicação do
esquema de migração Reversa no Tempo para os oito (8) receptores
dispostos em cada um dos poços.

Poço A Poço B Poço C

Figura I.6-12 - Representação de determinados planos de corte posicionados sobre os três


poços analisados, perpendiculares à direção coordenada Y, para o modelo
de velocidades e para as imagens em profundidade, resultantes do
empilhamento (stacking) das imagens provenientes da aplicação do
esquema de migração Reversa no Tempo para os oito (8) receptores
dispostos em cada um dos poços.

345
A seguir, na figura I.6-13, apresentam-se alguns planos de corte,
perpendiculares à direção coordenada Z, tanto do modelo de velocidades, quanto das
imagens em profundidade após o empilhamento (stacking) dos oitos (8) cubos de
dados para cada um dos três (3) poços, resultantes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos . Tal plano de corte
encontra-se a uma profundidade de 2320 metros ou a 465 pontos do grid.

Modelo de velocidades Poço A

Poço B Poço C
Figura I.6-13 - Representação de determinados planos de corte perpendicular à direção
coordenada Z, a uma profundidade de 2320 metros, para o modelo de
velocidades e para as imagens em profundidade, resultantes do
empilhamento (stacking) das imagens provenientes da aplicação do
esquema de migração Reversa no Tempo para os oito (8) receptores
dispostos em cada um dos poços.

Na figura I.6-14 apresenta-se para o mesmo referido plano de corte


perpendicular à direção coordenada Z, o resultado do empilhamento (stacking) de
todas as imagens provenientes dos oito (8) receptores dispostos ao longo dos três (3)
poços, perfazendo um total de vinte e quatro (24) cubos de imagens em profundidade.

346
A fim de facilitar sua interpretação na figura I.6-14 novamente é exposto o plano de
corte do modelo de velocidades.

Figura I.6-14 - Representação de determinados planos de corte perpendicular à direção


coordenada Z, a uma profundidade de 2320 metros, para o modelo de
velocidades e para as imagens em profundidade, resultantes do
empilhamento (stacking) de todas as imagens provenientes da aplicação do
esquema de migração Reversa no Tempo para os oito (8) receptores
dispostos em cada um dos três (3) poços.

Analisando-se as figuras I.6-11 a I.6-14, que ilustram determinados


planos de cortes das imagens em profundidade, oriundos da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos em dados sísmicos
sintéticos tridimensionais (3D), pode-se tecer os seguintes comentários:
• Conforme pode ser observado nas figuras I.6-11 e I.6-12, próximos à segunda
interface tem-se alguns artefatos erroneamente imageados e que têm sua
formação associada à onda direta. Existe a possibilidade de realizar-se um
silenciamento (muting) em tal onda, mas este procedimento não foi adotado nas
migrações apresentadas neste item;
• A medida que aumenta-se o número de imagens que são empilhadas tende a
aumentar a relação sinal/ruído dos refletores corretamente imageados e os que
são erroneamente imageados tendem a se anular (apresentando uma baixa
relação sinal/ruído), pois seu posicionamento varia em cada uma das imagens;
• No caso das simulações tridimensionais (3D), as imagens apresentadas referentes
a cada um dos três (3) poços são resultantes do empilhamento de apenas oito
imagens nas quais se varia o posicionamento dos receptores. Deste modo, a
relação sinal/ruído dos refletores erroneamente imageados no caso tridimensional
(3D) (figuras I.6-11 e I.6-12) não é tão baixa como no caso bidimensional (figura
I.6-6);

347
• Apesar da presença de alguns refletores erroneamente imageados, nos resultados
apresentados nas figuras I.6-11 a I.6-13, comparando-se tais planos de corte com
o modelo de velocidades é possível a identificação dos refletores corretamente
imageados pelo esquema de migração, principalmente nos planos de corte
perpendiculares às direções coordenadas X e Y;
• Destaca-se que as mesmas observações feitas anteriormente, quando da
exposição dos resultados bidimensionais (2D), a respeito da iluminação dos
refletores em função do posicionamento das fontes e receptores, também são
válidas para os casos tridimensionais (3D);
• Analisando-se a figura I.6-13, que ilustra, além do modelo de velocidades, as
imagens em profundidade após o empilhamento do resultado dos oito (8)
receptores referentes a cada um dos três (3) poços, observa-se que:
o A identificação dos refletores corretamente imageados é uma tarefa árdua,
pois tal plano de corte não apresentou uma boa relação sinal/ruído, mesmo
comparando-se tais planos de corte das imagens em profundidade com o
plano de corte do modelo de velocidades;
o O plano de corte do modelo de velocidades perpendicular à direção
coordenada Z possui grande complexidade, contendo regiões nas quais têm -
se variações abruptas e suaves nos valores de velocidades. Este fato deve
ser levado em consideração na análise dos resultados das imagens em
profundidade, pois mesmo as regiões que possuem variações suaves no
contraste de impedância acústica tendem a ser imageadas pelo esquema de
Migração Reversa no Tempo;
o Deve-se considerar também que a área de maior iluminação para este plano
de corte também se altera para cada um dos três poços, tendo neste caso uma
variação tridimensional, ou seja a topografia dos refletores influencia seu
imageamento sísmico. De fato, o terceiro refletor abaixo do poço C possui a
topografia complexa, conforme pode ser verificado nos planos de cortes
perpendiculares às direções coordenadas X e Y (figuras I.6-11 e I.6-12), o que
dificulta seu imageamento;
• Na figura I.6-14 apresenta-se o plano de corte perpendicular à direção coordenada
Z da imagem em profundidade final, após o empilhamento (stacking) de todos os
resultados dos oitos (8) receptores para os três (3) poços considerados, sendo que
em tal figura – apesar da baixa relação sinal/ruído – pode-se identificar alguns
refletores, embora apresentem uma boa continuidade.
De forma geral, os resultados apresentados pelo esquema de Migração
Reversa no Tempo utilizando operadores acústicos e empregando a condição de

348
imagem de tempo de excitação mostraram-se satisfatórios. Há grandes perspectivas
na melhoria da qualidade das imagens em profundidade e dentre os procedimentos
que podem ser empregados para tal fim destacam-se:
 A adoção de esquemas que re-ordenem os traços e silenciem os ruídos da
migração antes do empilhamento das imagens (conforme exposto no Anexo I.2
deste trabalho);
 A retirada das ondas diretas presentes nos sismogramas de entrada;
 O emprego de outros esquemas de Migração Reversa no Tempo, como por
exemplo o esquema que utiliza a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes como condição de imagem (vide capítulo 3);
 A utilização de modelos matemáticos mais sofisticados, como a equação elástica
da onda, pois desta forma as conversões e interações entre os diversos modos de
ondas, que foram registradas nos sismogramas sintéticos provenientes da
modelagem sísmica empregando operadores elásticos, não seriam tratados como
ruído pelo esquema de migração, como no caso da migração com operadores
acústicos.

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