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RESPOSTAS
LIÇÃO
01
DIREITO CIVIL
Respostas extraídas dos seguintes livros:
* Washington de Barros Monteiro, Curso de Direito Civil, Editora Saraiva, 1º volume.
* Silvio Rodrigues, Direito Civil, Editora Saraiva, 1º volume.
* Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil – Parte Geral, Editora Saraiva, 1º volume
1. Que é lei?
“... é um preceito comum e obrigatório, emanado do poder competente e provido de sanção.” (Washington
de Barros Monteiro, Curso de direito Civil, 1º volume, n.º 2).
“Lei é uma regra geral que, emanando de autoridade competente, é imposta, coativamente, à obediência
de todos. Trata-se, portanto, de um preceito, vinculado da autoridade competente e dirigido indistintamente a todos,
a quem obriga, por razão de sua força coercitiva.” (Silvio Rodrigues, Direito Civil, 1º volume, Introdução, cap. II, n.º
7)
“A lei, salvo disposição em contrário, começa a vigorar em todo território nacional quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada.
O intervalo entre a data da publicação da lei e a de sua entrada em vigor chama-se “vacatio legis”.
A maioria das leis, entretanto, contém em seu texto a data em que passará a viger. Em geral, esta coincide
com a de sua publicação; em outras hipóteses, o período de espera é maior, concedendo-se tempo mais amplo de
adaptação.” (Silvio Rodrigues, Direito Civil, 1º volume, Introdução, cap. II, n.º 8)
“Sua força coercitiva, por isso que ela é um preceito geral, prende a todos; ninguém pode fugir de cumpri-
la, ainda que ignorando sua existência. O legislador presume de maneira irrefragável, que todas as pessoas
conhecem a lei.
... Por isso, como a lei pretende a todos vincular e de todos exigir obediência, ela presume que cada um a
conheça, não admitindo a alegação de sua ignorância. E o faz no art. 3º da Lei de Introdução ao Código Civil, ao
dispor que ‘ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece’.” (Silvio Rodrigues, Direito Civil, 1º
volume, Introdução, cap. II, n.º 9)
“Muitas são as maneiras de se classificar a lei. Dentre todas as classificações, entretanto, uma há que
merece ser desde logo ressaltada: é a que a classifica tendo em vista a sua força obrigatória. Sob este ângulo as
normas se distinguem em regras cogentes ou de ordem pública, e regras dispositivas (também chamadas
supletivas e interpretativas).
Norma cogente é aquela que por atender mais diretamente ao interesse geral não pode ser alterada pela
convenção entre os particulares.......
As regras dispositivas, por não estarem diretamente ligadas ao interesse da sociedade, podem ser
derrogadas por convenção entre as partes.” (Silvio Rodrigues, Direito Civil, , 1º volume, Introdução, cap. II, n.º 7)
“Dessa regra decorre corolário importante: a lei só se revoga por outra lei. Não pode, por conseguinte, um
regulamento, ou uma portaria, ou um aviso ministerial, dar fim à existência de uma lei.” (Silvio Rodrigues, Direito
Civil, 1º volume, Introdução, cap. II, n.º 8)
8. Que é hermenêutica?
“As regras de interpretação constituem a chamada hermenêutica jurídica.” (Washington de Barros
Monteiro, Curso de direito Civil, 1º volume, n.º 3).
“A operação que tem por objetivo precisar o conteúdo exato de uma norma jurídica chama-se interpretação.
A necessidade da interpretação é indiscutível e, exceto naqueles casos em que o sentido da norma salta em sua
absoluta evidência, o trabalho de exegese se apresenta continuamente ao jurista.” (Silvio Rodrigues, Direito Civil, 1º
volume, Introdução, Cap. II, n.º 11)
RESPOSTAS
L I ÇÃO
01
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Respostas extraídas dos livros:
* Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco. Teoria Geral do Processo,
Malheiros Editores.
* Vicente Greco Filho. Direito Processual Civil Brasileiro, Saraiva, vol. 01.
* Ernane Fidélis dos Santos. Manual de Direito Processual Civil, Saraiva, vol. 01.
“Abrem-se olhos agora, todavia, para todas essas modalidades de soluções não-jurisdicionais dos
confllitos, tratadas como meios alternativos de pacificação social. Vai ganhando corpo a consciência de que, se o
que importa é pacificar, torna-se irrelevante que a pacificação venha por obra do Estado ou por outros meios -,
desde que eficientes.” (Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco.
Teoria Geral do Processo, Malheiros, Cap. 1, tópico 5).
“... para certos casos excepcionalíssimos a própria lei abre exceções à proibição. Constituem exemplos o
direito de retenção (Código Civil, arts. 644, 1423, 1433, inciso II, 571, parágrafo único, 578, 319, 491 e 495, 869,
1219, 681), o ‘desforço imediato’ (Código Civil, art. 1210, parágrafo primeiro), o penhor legal (Código Civil,
art.1467), o direito de cortar raízes e ramos de árvores limítrofes que ultrapassam a extrema do prédio (Código
Civil, art. 1282), a auto-executoriedade das decisões administrativas; sob certo aspecto, podem-se incluir entre
essas exceções o poder estatal de efetuar prisões em flagrante (CPP, art.301) e os atos que, embora tipificados
como crime, sejam realizados em, legítima defesa ou estado de necessidade (CP, arts. 24-25; Código Civil arts.
188, inciso 1, artigo 1210, parágrafo primeiro, 930, parágrafo único)” (Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada
Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco. Teoria Geral do Processo, Malheiros, Cap. 1, tópico 6).
“O monopólio da justiça decorre dos princípios adotados pelo sistema constitucional brasileiro, sofrendo
algumas exceções previstas em lei e que são justificadas pelas circunstâncias. A exceção mais ampla é a da auto-
executoriedade dos atos administrativos, sendo de outra parte comumente citadas a autorização para o desforço
imediato no caso de esbulho da posse (Código Civil, art. 502), o direito de retenção de bens (Código Civil, arts. 516,
1.199 e outros) e o direito de greve (CF, art. 9º) (...) No campo penal, por outro lado, em nenhuma hipótese se
admite a autotutela. Mesmo a legítima defesa não é caso de autotutela. (...) Nenhuma pena pode ser aplicada sem
o devido processo legal: nulla poena sine judicio. Somente ao Judiciário cabe a aplicação das sanções penais”
(Vicente Greco Filho. Direito Processual Civil Brasileiro, Saraiva, tópico 7).
“O próprio CPC exige, nas causas versando sobre direitos disponíveis, que ao início da audiência o juiz
tente conciliar os litigantes. Além disso, os juízes cíveis têm o poder de, a qualquer tempo, fazer comparecer as
partes em juízo, inclusive para tentar a conciliação (art.342); pena que não exerçam com mais intensidade esse
poder! A Lei dos Juizados Especiais é particularmente voltada para a conciliação como meio de solução de
conflitos, dando a ela especial destaque ao instituir uma verdadeira fase conciliatória no procedimento que
disciplina...” (Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco. Teoria Geral
do Processo, Malheiros, Cap. 1, tópico 6).
5. Que é delegalização?
“Por outro lado, como nem sempre o cumprimento estrito das normas contidas na lei é capaz de fazer
justiça em todos os casos concretos, constitui característica dos meios alternativos de pacificação social também a
delegalização, caracterizada por amplas margens de liberdade nas soluções não-jurisdicionais (juízo de eqüidade e
não juízos de direito, como no processo jurisdicional)” (Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e
Cândido Rangel Dinamarco. Teoria Geral do Processo, Malheiros, Cap. 1, tópico 5).
“O princípio dispositivo consiste na regra de que o juiz depende, na instrução da causa, da iniciativa das
partes quanto às provas e às alegações em que se fundamentará a decisão...” (Antonio Carlos de Araújo Cintra,
Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco. Teoria Geral do Processo, Malheiros, Cap. 4, tópico 23)
“O princípio que impõe esses deveres de moralidade e probidade a todos aqueles que participam do
processo denomina-se princípio da lealdade processual.” (Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover
e Cândido Rangel Dinamarco. Teoria Geral do Processo, Malheiros, Cap. 4, tópico 29).
“Daí não ficar preso o processo a critério das partes, a ponto de lhes permitir o uso desregrado de
expedientes fraudulentos, procrastinatórios e imorais, para conseguir seus objetivos.
As partes se comprometem a agir com honestidade, podendo utilizar-se de todos os direitos e faculdades
que o processo lhes põe a disposição, mas tudo dentro do critério de utilidade e finalístico do próprio Direito
Processual, sob pena de o uso do direito transformar-se em abuso” (Ernani Fidélis dos Santos, Manual de Direito
Processual Civil, 4ª edição, 1º volume, pág. 38).
“Esse princípio indica a possibilidade de revisão, por via de recurso, das causas já julgadas pelo juiz de
primeiro grau (ou primeira instância), que corresponde à denominada jurisdição inferior.” (Antonio Carlos de Araújo
Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco. Teoria Geral do Processo, Malheiros, Cap. 4, tópico
31).
“Não está previsto no rol do bastante citado art. 5.º, mas decorre do sistema constitucional. A estrutura do
Poder Judiciário é escalonada em graus de jurisdição, afirmando o texto constitucional em várias passagens a
competência dos tribunais para julgar “em grau de recurso”, daí a natural conseqüência de que, em princípio, as
decisões não devem ser únicas. (Vicente Greco Filho, Direito Processual Civil Brasileiro, 1º volume, pág. 51)
RESPOSTAS
L I ÇÃO
02
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Respostas extraídas dos livros:
* Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco, Teoria Geral do Processo,
Malheiros Editores.
* Vicente Greco Filho, Direito Processual Civil Brasileiro, Editora Saraiva, vol. 01.
“São normas jurídicas materiais (ou substanciais) as que disciplinam imediatamente a cooperação entre
pessoas e os conflitos de interesses ocorrentes na sociedade, escolhendo qual dos interesses conflitantes, e em
que medida, deve prevalecer e qual deve ser sacrificado.
As normas instrumentais apenas de forma indireta contribuem para a resolução dos conflitos
interindividuais, mediante a disciplina da criação e atuação das regras jurídicas gerais ou individuais destinadas a
regulá-los diretamente.(...)
Pelo prisma da atividade jurisdicional, que se desenvolve no processo, percebe-se que as normas jurídicas
materiais constituem o critério de julgar, de modo que, não sendo observadas, dão lugar ao error in iudicando; as
processuais constituem o critério do proceder, de maneira que, uma vez desobedecidas, ensejam a ocorrência do
error in procedendo” (Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco, Teoria
Geral do Processo, Malheiros, tópico 37).
“... percebe-se que as normas jurídicas materiais constituem o critério de julgar, de modo que, não sendo
observadas, dão lugar ao error in iudicando...” (Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido
Rangel Dinamarco, Teoria Geral do Processo, Malheiros, tópico 37).
“... as processuais [normas] constituem o critério de proceder, de maneira que, uma vez desobedecidas,
ensejam a ocorrência do error in procedendo” (Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido
Rangel Dinamarco, Teoria Geral do Processo, Malheiros, tópico 37).
Normas de organização judiciária são as que estabelecem “... normas sobre a constituição dos órgãos
encarregados do exercício da jurisdição (...) Cuidam de tudo que se refira à administração judiciária, indicando
quais e quantos são os órgãos jurisdicionais, dispondo sobre a superposição de uns a outros e sobre a estrutura de
cada um, fixando requisitos para a investidura e dizendo sobre a carreira judiciária, determinando épocas para o
trabalho forense... Poder-se á dizer, então, utilizando palavras de um antigo processualista brasileiro, que
organização judiciária é o regime legal da constituição orgânica do Poder Judiciário” (Antonio Carlos de Araújo
Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco, Teoria Geral do Processo, Malheiros, tópico 38).
“As normas de organização judiciária estão entre o direito administrativo e o direito processual. São
administrativas na medida em que estruturam órgãos públicos, não interferindo em direitos e ônus das partes;
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servem de apoio ao Direito Processual e estão a serviço deste” (Vicente Greco Filho, Direito Processual Civil
Brasileiro, Saraiva, vol. 01, tópico 12).
Normas processuais em sentido estrito são aquelas que “... cuidam do processo como tal, atribuindo
poderes e deveres processuais” (Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel
Dinamarco, Teoria Geral do Processo, Malheiros, tópico 38).
São aquelas que dizem respeito “... apenas ao modus procedendi, inclusive a estrutura e coordenação dos
atos processuais que compõem o processo” (Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido
Rangel Dinamarco, Teoria Geral do Processo, Malheiros, tópico 38).
“Incidindo sobre a atividade estatal, através da qual se desenvolve a função jurisdicional, a norma de
processo integra-se no direito público (...) A natureza de direito público não importa em dizer que ela seja
necessariamente cogente. Embora inexista processo convencional, mesmo assim, em certas situações admite-se
que a aplicação da norma processual fique na dependência da vontade das partes (...) Tem-se, no caso, as normas
processuais dispositivas” (Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco,
Teoria Geral do Processo, Malheiros, tópico 39).
“As fontes concretas da norma processual são aquelas através das quais as fontes legislativas já
examinadas em abstrato efetivamente atuam no Brasil.
Tais fontes concretas desdobram-se em fontes constitucionais, fontes da legislação complementar à
Constituição e fontes ordinárias.
Na legislação de nível complementar à Constituição assume primeiro posto o Estatuto da Magistratura (...)
No tocante à legislação ordinária, naturalmente o Código de Processo Civil e o Código de Processo Penal
constituem, juntamente com a Consolidação das Leis do Trabalho, o Código de Processo Penal Militar e a Lei de
Pequenas Causas, o maior manancial de normas processuais, modificado e completado por várias leis
extravagantes e por convenções e tratados internacionais” (Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover
e Cândido Rangel Dinamarco, Teoria Geral do Processo, Malheiros, tópico 42).
“Como foi amplamente comentado nos itens anteriores, o direito processual encontra sua fonte primeira no
direito constitucional, que consagra seus princípios básicos, define a estrutura fundamental do Poder Judiciário e
garante, como direito individual, o direito à ação e ao processo, no referido art. 5º, XXXV:
“A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
“O direito processual, propriamente dito, está regulado em lei federal, em virtude da competência da União
para legislar sobre essa matéria, conforme dispõe o art. 22, I, da Constituição da República. É competência
concorrente da União e dos Estados legislar sobre procedimentos em matéria processual (art. 24, XI), devendo
entender-se “procedimento em matéria processual” os procedimentos administrativos de apoio ao processo e não o
“procedimento”, que é indissociável do direito processual” (Vicente Greco Filho, Direito Processual Civil Brasileiro,
Saraiva, vol. 01, tópico 12).
10. Qual o princípio que regula a eficácia espacial das normas de processo?
“O princípio que regula a eficácia espacial das normas de processo é o da territorialidade, que impõe
sempre a aplicação da lex fori” (Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel
Dinamarco, Teoria Geral do Processo, Malheiros, tópico 44).
8
RESPOSTAS
LIÇÃO
01
DIREITO ADMINISTRATIVO
Respostas extraídas dos seguintes livros: * Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo,
Malheiros. * Maria Silvia Zanella Di Pietro, Direito Administrativo, São Paulo, Atlas. * Celso Antônio Bandeira de
Mello, Curso de Direito Administrativo, Malheiros.
“Partindo para um conceito descritivo, que abrange a Administração Pública em sentido objetivo e subjetivo,
definimos o direito administrativo como o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas
jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e
os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública” (Maria Sylvia Zanella Di Pietro,
Direito Administrativo, São Paulo, Atlas, 1.8.8).
“Daí a razão pela qual muitos autores viram o direito administrativo como ‘o conjunto das derrogações que as leis
trariam à aplicação do direito privado no que concerne à via administrativa. Ele sempre foi apresentado como um
corpo de regras globalmente autônomo, repudiando em bloco o direito privado’ (cf. Vedel, 1964:47)” (Maria Sylvia
Zanella Di Pietro, Direito Administrativo, São Paulo, Atlas, 1.2).
“Vigem, presentemente, dois sistemas bem diferenciados: o do contencioso administrativo, também chamado de
sistema francês, e o sistema judiciário ou de jurisdição única, conhecido por sistema inglês” (Hely Lopes Meirelles,
Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo, Malheiros, Cap. I, XIII).
“Sobre o contencioso administrativo e jurisdição administrativa Trotabas nos fornece os seguintes conceitos:
‘Entende-se por contencioso administrativo o conjunto de litígios que podem resultar da atividade da administração.
O contencioso administrativo é, pois, mais amplo que a jurisdição administrativa, porque, se a maior parte dos
litígios suscitados pela atividade da Administração Pública são levados diante da jurisdição administrativa, apenas
alguns litígios são levados diante da jurisdição judiciária - Entende-se por jurisdição administrativa o conjunto de
tribunais agrupados sob a autoridade do Conselho de Estado’” (Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo
Brasileiro, São Paulo, Malheiros, Cap. I, XIII, nota de rodapé n°34).
“O processo administrativo contencioso é o que se desenvolve perante um órgão cercado de garantias que
asseguram a sua independência e imparcialidade, com competência para proferir decisões com força de coisa
julgada sobre as lides surgidas entre Administração e administrado” (Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito
Administrativo, São Paulo, Atlas, 14.4).
“O Brasil adotou, desde a instauração de sua primeira República (1891), o sistema da jurisdição única, ou seja, o
do controle administrativo pela Justiça Comum.
(...) Tal sistema, já o conceituamos, mas convém repetir, é o da separação entre o Poder Executivo e o Poder
Judiciário, vale dizer, entre o administrador e o juiz. Com essa diversificação entre a Justiça e a Administração é
inconciliável o contencioso administrativo...” (Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo,
Malheiros, Cap. I, XIV).
“A Constituição de 1988 não prevê o contencioso administrativo e mantém, no artigo 5º, XXXV, a unidade de
jurisdição, ao determinar, que ‘a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito’.
Portanto, no sistema brasileiro, falar em processo administrativo significa falar em processo gracioso” (Maria Sylvia
Zanella Di Pietro, Direito Administrativo, São Paulo, Atlas, 14.4).
“A expressão regime jurídico administrativo é reservada tão-somente para abranger o conjunto de traços, de
conotações, que tipificam o direito administrativo, colocando a Administração Pública numa posição privilegiada,
vertical, na relação jurídico-administrativa” (Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito Administrativo, São Paulo, Atlas,
3.2).
“Diz-se que há uma disciplina jurídica autônoma quando corresponde a um conjunto sistematizado de princípios e
normas que lhe dão identidade, diferenciando-a das demais ramificações do Direito.
Só se pode, portanto, falar em Direito Administrativo, no pressuposto de que existam princípios que lhe são
peculiares e que guardem entre si uma relação lógica de coerência e unidade compondo um sistema ou regime: o
regime jurídico-administrativo” (Celso Antônio Bandeira de Mello, Curso de Direito Administrativo, São Paulo,
Malheiros, Capítulo I, item I, n. 1).
Para Hely Lopes Meirelles, “afora estas regras privativas do Direito Público, admite-se a utilização dos métodos
interpretativos do Direito Civil (LICC, arts. 1º a 6º), que é a lei de todos, quando estabelece princípios gerais para
aplicação do Direito. Os princípios do Direito Civil são trasladados para o Direito Administrativo por via analógica, ou
seja,por compreensão e não por extensão” (Direito Administrativo Brasileiro, Cap. 1, X).
RESPOSTAS
LIÇÃO
02
DIREITO ADMINISTRATIVO
Respostas extraídas dos seguintes livros:
* Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo, Malheiros.
* Maria Silvia Zanella Di Pietro, Direito Administrativo, São Paulo, Atlas.
* Celso Antônio Bandeira de Mello, Curso de Direito Administrativo, Malheiros.
“Em sentido formal, é o conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do Governo; em sentido
material, é o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em geral; em acepção operacional, é o
desempenho perene e sistemático, legal e técnico, dos serviços próprios do Estado ou por ele assumidos em
benefício da coletividade. Numa visão global, a Administração é, pois, todo o aparelhamento do Estado
preordenado à realização de seus serviços , visando à satisfação das necessidades coletivas” (Hely Lopes
Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo, Malheiros, Cap. II, I).
“Basicamente, são dois os sentidos em que se utiliza mais comumente a expressão administração pública:
a) em sentido subjetivo, formal ou orgânico, ela designa os entes que exercem a atividade administrativa;
compreende pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos incumbidos de exercer uma das funções em que se
triparte a atividade estatal: a função administrativa;
b) em sentido objetivo, material ou funcional, ela designa a natureza da atividade exercida pelos referidos entes;
nesse sentido, a administração pública é a própria função administrativa que incumbe, predominantemente ao
Poder executivo” (Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito Administrativo, São Paulo, Atlas, 2.2).
2. Como podem ser classificadas as entidades públicas em face da organização política e administrativa
brasileira?
“São pessoas jurídicas de Direito Público que integram a estrutura constitucional do Estado e têm poderes políticos
e administrativos, tais como a União, os Estados-membros, os Municípios e o Distrito Federal” (Hely Lopes
Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo, Malheiros, Cap. II, I).
“São pessoas jurídicas de Direito Público, de natureza meramente administrativa, criadas por lei específica, para a
realização de atividades, obras ou serviços descentralizados da entidade estatal que as criou” (Hely Lopes
Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo, Malheiros, Cap. II, I).
“... pode-se conceituar a autarquia como a pessoa jurídica de direito público, criada por lei, com capacidade de
auto-administração, para o desempenho de serviço público descentralizado, mediante controle administrativo
exercido nos limites da lei” (Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito Administrativo, São Paulo, Atlas, 10.3.3).
“São pessoas jurídicas de Direito Público ou pessoas jurídicas de Direito Privado, devendo a lei definir as
respectivas áreas de atuação, conforme o inc. XIX do art. 37 da CF, na nova redação dada pela EC 19/98. No
primeiro caso, são criadas por lei, à semelhança das autarquias, e no segundo a lei apenas autoriza sua criação,
devendo o Poder Executivo tomar as providências necessárias à sua instituição” (Hely Lopes Meirelles, Direito
Administrativo Brasileiro, São Paulo, Malheiros, Cap. II, I).
11
“À vista dessas considerações, pode-se definir a fundação instituída pelo poder público como o patrimônio, total
ou parcialmente público, dotado de personalidade jurídica, de direito público ou privado, e destinado, por lei, ao
desempenho de atividade do Estado na ordem social, com capacidade de auto-administração e mediante controle
da Administração Pública, nos limites da lei” (Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito Administrativo, São Paulo,
Atlas, 10.4.1).
“São pessoas jurídicas de Direito Privado que, por lei, são autorizadas a prestar serviços ou realizar atividades de
interesse coletivo ou público, mas não exclusivos do Estado” (Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro,
São Paulo, Malheiros, Cap. II, I).
“São centros de competência instituídos para o desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja
atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem” (Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, São
Paulo, Malheiros, Cap. II, I).
“Com base na teoria do órgão, pode-se definir o órgão público como uma unidade que congrega atribuições
exercidas pelos agentes públicos que o integram com o objetivo de expressar a vontade do Estado” (Maria Sylvia
Zanella Di Pietro, Direito Administrativo, São Paulo, Atlas, 12.2).
“... quanto à posição estatal, ou seja, relativamente à posição ocupada pelos órgãos na escala governamental ou
administrativa, eles se classificam em: independentes, autônomos, superiores e subalternos...” (Hely Lopes
Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo, Malheiros, Cap. II, I).
“Quanto à posição estatal, classificam-se em independentes, autônomos, superiores e subalternos (cf. Hely Lopes
Meirelles, 1996:66-68)” (Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito Administrativo, São Paulo, Atlas, 12.4).
9. Como se classificam os órgãos públicos quanto à atuação funcional ou quanto à sua composição?
“... quanto à atuação funcional, os órgãos podem ser singulares ou colegiados.” (Hely Lopes Meirelles, Direito
Administrativo Brasileiro, São Paulo, Malheiros, Cap. II, I).
“Quanto à composição, classificam-se em singulares (quando integrados por um único agente) e coletivos (quando
integrados por vários agentes). A Presidência da República e a Diretoria de uma escola são exemplos de órgãos
singulares, enquanto o Tribunal de Impostos e Taxas é exemplo de órgão colegiado” (Maria Sylvia Zanella Di
Pietro, Direito Administrativo, São Paulo, Atlas, 12.4).
“Cada órgão, como centro de competência governamental ou administrativa, tem necessariamente funções,
cargos e agentes, mas é distinto desses elementos que podem ser modificados, substituídos ou retirados sem
supressão da unidade orgânica” (Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo, Malheiros, Cap.
II, I).
“Os cargos, como já vimos, são apenas os lugares criados no órgão para serem providos por agentes que
exercerão as suas funções na forma legal (...) Órgão, função e cargo são criações abstratas da lei; agente é a
pessoa humana, real, que infunde vida, vontade e ação a essas abstrações legais” (Hely Lopes Meirelles, Direito
Administrativo Brasileiro, São Paulo, Malheiros, Cap. II, I).
“O órgão também não se confunde com a pessoa física, o agente público, porque congrega funções que este vai
exercer” (Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito Administrativo, São Paulo, Atlas, 12.2).
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RESPOSTAS
LIÇÃO
01
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Respostas extraídas dos seguintes livros:
* Wagner Balera, Curso de Direito Previdenciário, Editora LTr
* A. J. Arruda Rebouças, Seguridade Social, Apostila MPM, Editora Paloma.
* Sergio P. Martins, Direito da Seguridade Social, Editora Atlas.
* Anníbal Fernandes, Previdência Social Anotada, Editora EDIPRO.
“Na opinião da maioria dos autores, a Previdência Social, em nosso país, radicaria na conhecida Lei Eloy Chaves,
de 24/01/23. Daí comemorar-se, no dia 24 de janeiro, a data nacional da Previdência Social” (A. J. Arruda
Rebouças, Seguridade Social, Apostila MPM, p. 7).
Sergio Pinto Martins, analisando a evolução do termo "seguridade" afirma que certos autores preferem usar a
expressão "segurança social" por considerarem o termo "seguridade" um estrangeirismo, "advindo do espanhol
seguridad, que significa, nesta língua, segurança". Portugal utiliza a expressão "segurança social". Para o autor,
"seguridade" vem do latim securitate(m), decorrente de securitas, não se tratando de castelhanismo, mas de
palavra em desuso, agora incorporada à Constituição. "O termo seguridade social mostra uma concepção de
provisão para o futuro, enquanto a expressão segurança social dá a idéia de presente" (Direito da Seguridade
Social, p. 38).
“(...) começo cartesianamente por uma breve análise do termo ‘seguridade’, que traduz a idéia de tranqüilidade,
sobretudo no futuro, que a sociedade deve garantir aos seus membros. A extensão em que esse objetivo é
alcançado varia muito, no espaço e no tempo, em função de fatores os mais diversos. A idéia essencial, no
entanto, é essa: tranqüilidade, segurança, no presente e no futuro.(...) Em última análise a seguridade social deve
ser entendida e conceituada como o conjunto das medidas com as quais o Estado, agente da sociedade, procura
atender à necessidade que o ser humano tem de segurança na adversidade, de tranqüilidade quanto ao dia de
amanhã” (Wagner Balera, Curso de Direito Previdenciário, 3ª edição, p. 15 e 17).
“No Brasil, compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade,
destinado a assegurar os direitos relativos à Saúde, à Previdência e à Assistência Social (...)” (A. J. Arruda
Rebouças, Seguridade Social, Apostila MPM, p. 10).
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“A Seguridade Social engloba um conceito amplo, abrangente, universal, destinado a todos que dela necessitem,
desde que haja previsão na lei sobre determinada contingência a ser coberta. É, na verdade, o gênero do qual são
espécies a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde” (Sergio Pinto Martins, Direito da Seguridade Social,
n° 2.3).
“A Assistência Social irá tratar de atender os hipossuficientes, destinando pequenos benefícios a pessoas que
nunca contribuíram para o sistema” (Sergio Pinto Martins, Direito da Seguridade Social, n° 2.3).
7. Em relação à saúde, qual deve ser a atividade prioritária conforme a Constituição Federal?
“Ponto alto no tocante à saúde, o primeiro dos três programas de seguridade social, de acordo com a ordem em
que o artigo 194 da Constituição os enumera, é que entre as diretrizes a que o sistema único de saúde deve
obedecer, por força do artigo 198, está a ‘prioridade para as atividades preventivas’, naturalmente ‘sem prejuízo dos
serviços assistenciais’, isto é, da assistência médica propriamente” (Wagner Balera, Curso de Direito
Previdenciário, 3ª edição, p. 27).
“A natureza jurídica da Seguridade Social é publicista, decorrente de lei (ex lege) e não da vontade das partes (ex
voluntates).” (Sergio Pinto Martins, Direito da Seguridade Social, nº 3).
“Duas teorias informam a autonomia do Direito da Seguridade social. A primeira, teoria monista, entende que a
Seguridade Social está dentro do âmbito do Direito do Trabalho, sendo mero apêndice deste. A segunda,
denominada teoria dualista, dispõe que há autonomia do Direito da Seguridade Social, mostrando que esse ramo
do Direito não se confunde com o Direito do Trabalho” (Sergio Pinto Martins, Direito da Seguridade Social, nº 2.1).
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RESPOSTAS
LIÇÃO
01
DIREITO INTERNACIONAL
Respostas extraídas dos seguintes livros:
Celso D. de Albuquerque Mello, Curso de Direito Internacional Público, 1º volume, Editora Renovar.
Guido Fernando Silva Soares, Curso de Direito Internacional Público, volume 1, Editora Atlas.
Hildebrando Accioly e outros, Manual de Direito Internacional Público, Editora Saraiva.
José Francisco Rezek, Direito Internacional Público: Curso Elementar, Editora Saraiva.
Valério de Oliveira Mazzuoli, Direito Internacional Público, Parte Geral, Editora Revista dos Tribunais.
A globalização horizontal é, para Guido Fernando Silva Soares, uma “extensão de campos de incidência da
norma internacional, para além daqueles em que o Direito Internacional Público tradicional se tem aplicado:
ademais das relações políticas, igualmente as econômicas (as integrações regionais), o comércio, a moeda e o
crédito oficial, as relações culturais e educacionais, o meio ambiente, a saúde (...) Em sua dimensão vertical,
‘globalização’ significaria uma intrusão das normas do Direito Internacional Público em esferas de competência e de
campos regulatórios, nos assuntos que, no modelo clássico do Estado liberal, eram reservados, com exclusividade,
às autoridades domésticas” (Curso de Direito Internacional Público, volume 1, Parte I, cap. 1
Pode-se afirmar a existência de um Direito Processual Internacional, conforme Guido Fernando Soares,
“não só nos casos de conflito de competências, (...), mas também na instituição e na disciplina de tribunais
internacionais entre Estados, como no caso da Corte Internacional de Justiça, com sede na Haia, do Tribunal do
Mar, sediado em Hamburgo, dos tribunais existentes nas integrações econômicas regionais, em Luxemburgo (da
Comunidade Européia), em Quito (do Pacto Andino) e em Manágua (do Sistema de Integração Centro Americano),
e, muito particularmente, nos dois tribunais regionais de proteção dos direito humanos: a Corte Européia dos
Direitos Humanos, sediada em Estrasburgo, e a Corte Americana dos Direitos Humanos, sediada em San José, na
Costa Rica. No capítulo das arbitragens entre Estados, há todo um repertório de normas processuais no universo
das arbitragens entre Estados, não só as do tipo ad hoc (constituídas para resolver um particular conflito entre
Estados), mas também das arbitragens institucionalizadas”, como no caso do Nafta e do Mercosul” (Curso de
Direito Internacional Público, volume 1, Parte I, Cap. 3).
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A questão do fundamento do Direito Internacional Público é explicada por Valério de Oliveira Mazzuoli:
“Para a corrente voluntarista, de base notadamente subjetivista, a obrigatoriedade do direito internacional decorre
do consentimento (vontade) dos Estados, expresso em tratados e convenções internacionais, ou ainda proveniente
de uma vontade tácita, pela aceitação generalizada do costume internacional.
... A crítica mais contundente que se faz à doutrina voluntarista, entretanto, é que os Estados, de um momento a
outro, podem modificar drasticamente a sua posição original ocasionando insegurança e instabilidade ao direito
internacional.
...A corrente objetivista apregoa que a obrigatoriedade do direito internacional advém da existência de princípios e
normas superiores aos do ordenamento jurídico estatal, uma vez que a sobrevivência da sociedade internacional
depende de valores superiores que devem ter prevalência sobre os interesses meramente domésticos dos
Estados. Tal doutrina se baseia em razões de ordem objetiva e tem como suporte e fundamento os princípios e
regras de direito natural, bem como as teorias sociológicas do direito e o normativismo jurídico kelseniano.
... Essa doutrina também é passível de críticas, na medida em que minimiza a vontade soberana dos Estados, que
também tem o seu papel contributivo na criação das regras de direito internacional.
... Uma terceira corrente mais moderna (e a nosso ver mais coerente), e consagrada por inúmeros instrumentos
internacionais, acredita que o fundamento mais correto da aceitação generalizada do direito internacional público,
emana do entendimento de que o DIP se baseia em princípios jurídicos alçados a um patamar superior à vontade
dos Estados, mas sem que, contudo, se deixe totalmente de lado a vontade desses mesmos Estados.” (Direito
Internacional Público, Parte Geral, Editora Revista dos Tribunais)
Já para José Francisco Rezek o fundamento do Direito Internacional Público é o consentimento: “Sistema
jurídico autônomo, onde se ordenam as relações entre Estados soberanos, o direito internacional público – ou
direito das gentes – repousa sobre o consentimento. Os povos – assim compreendidas as comunidades nacionais,
e acaso, ao sabor da história, conjunto ou frações de tais comunidades – propendem, naturalmente, à
autodeterminação. Organizam-se, tão cedo quanto podem, sob a forma de Estados e ingressam numa comunidade
internacional carente de estrutura centralizada. Tais as circunstancias, é compreensível que os Estados não se
subordinem senão ao direito que livremente reconheceram ou construíram. O consentimento, com efeito, não é
necessariamente criativo (como quando se trata de estabelecer uma norma sobre a exata extensão do mar
territorial, ou de especificar o aspecto fiscal dos privilégios diplomáticos). Ele pode ser apenas perceptivo, qual se
dá quando os Estados consentem em torno de normas que fluem inevitavelmente da pura razão humana, ou que
se apóiam, em maior ou menor medida, num imperativo ético, parecendo imunes à prerrogativa estatal de
manipulação” (Direito Internacional Público: Curso Elementar. Introdução, n. 2,).
5. Quais são os elementos necessários para um comportamento ser considerado como um costume
jurídico internacional?
É necessária a presença de dois elementos constitutivos para um comportamento ser considerado como
um costume jurídico internacional, são eles: “(a) um elemento material, a “consuetudo”, ou seja, uma prática
reiterada de comportamentos, que, no início de sua formação, pode ser um simples uso ou prática; e (b) um
elemento psicológico, ou subjetivo, a “opinio juris vel necessitatis”, ou seja, a certeza de que tais comportamentos
são obrigatórios, em virtude de representarem valores essenciais e exigíveis de todos os agentes da comunidade
dos Estados” (Guido Soares, Curso de Direito Internacional Público, volume 1, Parte I, Cap. 4, n. 4.2).
6. Em que consiste a equidade contra legem? É ela admitida no Direito Internacional atual?
A equidade contra legem, segundo Guido Fernando Silva Soares, consiste “numa forma de aplicar-se o
conceito de justiça, de maneira a ab-rogar ou derrogar uma norma preexistente e em vigor; no Direito Internacional
atual, não é admitida, pois, a partir da doutrina dominante e dos precedentes, não existe uma única decisão que
tenha incluído a mesma como uma fonte de ab-rogação ou derrogação das normas internacionais escritas ou não
escritas, e, portanto, ela não pode ser considerada como fonte formal daquele Direito” (Curso de direito
internacional público, volume 1, Parte I, Cap. 4, n. 4.6).
A respeito da hierarquia entre tratado e costume internaciona, José Francisco Rezek adverte que “não há
desnível hierárquico entre normas costumeiras e normas convencionais. Um tratado é idôneo para derrogar, entre
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as partes celebrantes, certa norma costumeira. De igual modo, pode o costume derrogar a norma expressa em
tratado: em alguns casos desse gênero é comum dizer-se que o tratado quedou extinto por desuso. O Estatuto da
Corte de Haia não tencionou ser hierarquizante ao mencionar os tratados antes do costume” (Direito Internacional
Público: Curso Elementar. Parte I, Cap. II, Seção I, n. 62).
O princípio da efetividade tem importância no Direito Internacional, de acordo com Celso D. de Albuquerque
Mello, como “requisito para a validade de certos institutos como a ocupação e o bloqueio. É de se assinalar que a
efetividade tem no Direito Internacional Público um papel amplo, porque (...) as normas internacionais se reduzem a
um mero enunciado geral sem conteúdo, bem como ele tem poucas normas imperativas. Acrescente-se ainda que
a sociedade internacional, não sendo hierarquizada, a formação das normas internacionais não traz a mesma
certeza das normas internas, enquanto a efetividade tem a vantagem de trazer maior certeza à existência ou não
de determinadas normas internacionais. A efetividade está em “perpétuo devenir” (Paul de Visscher)” (Curso de
Direito Internacional Público, 1º vol., Livro I, Cap. II, item 17).
As hipóteses de aplicação do principio da reciprocidade são, conforme Celso de Albuquerque Mello: “tanto
no caso de respeito às normas internacionais, como no caso de violação”. O autor esclarece ainda que o “princípio
da reciprocidade não é novo e é encontrado em tratados que datam dos séculos XII e XIII. Ele tem dominado a vida
jurídica internacional”. (Curso de Direito Internacional Público, 1º vol., Livro I, Cap. II, item 17-A).
Sobre a reciprocidade real e formal, Virally, citado por Celso D. de Albuquerque Mello, afirma que “a
primeira ocorre quando o objeto da prestação é individualizado, enquanto a segunda ocorre no caso de o objeto ser
‘abstrato’ e ‘constituído geralmente por promessas’, havendo uma ‘identidade de prestações’. Outro aspecto
distintivo é que a reciprocidade formal tem a sua importância decorrente da própria ‘estrutura da sociedade
internacional’ em que ‘os sujeitos são ao mesmo tempo criadores e destinatários do direito’, enquanto a
reciprocidade real pressupõe uma ‘operação jurídica particular’ ” (Curso de Direito Internacional Público, 1º vol.,
Livro I, Cap. II, item 17-A).
11. Que se pode afirmar a respeito do rol de sujeitos no Direito Público Internacional? Exemplifique.
Pode-se afirmar, de acordo com Valério de Oliveira Mazzuoli, que “se encontra, na atualidade, ampliado o
rol dos sujeitos de direito internacional público. Os Estados deixaram de ser os únicos atores da vida internacional,
e passaram a compartilhar esta condição com as organizações internacionais e também (ainda que com certas
restrições) com os próprios indivíduos. As pessoas, nesse contexto, passam também a ser um dos sujeitos diretos
do direito internacional, detendo inclusive capacidade processual para fazer valer sues direitos, podendo mesmo
atuar de forma direta perante os organismos ou tribunais internacionais” (Direito Internacional Público - Parte
Geral).