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A REPRESENTAÇÃO DE IDENTIDADES DE
GÊNERO E DE DIVERSIDADE SEXUAL NA
PRODUÇÃO LITERÁRIA PARA JOVENS LEITORES
Flávio Pereira Camargo
Aurílio Soares da Silva

Resumo: Neste artigo, temos como objetivo fazer uma análise


sobre os processos de representação de identidades de gênero,
dando ênfase especialmente à diversidade sexual, particularmente
na produção literária para jovens leitores. Para tanto, delimitamos
como corpus de análise os livros infanto-juvenis O gato que gostava
de cenouras, de Rubem Alves, e O menino que brincava de ser, de
Georgina da Costa Martins.
Palavras-chave: literatura infanto-juvenil, currículo, identidades, homofobia.

Abstract: In this article, we aim to analyze the processes of


representation of gender identities, emphasizing especially sexual
diversity, particularly in literature for young readers. To do so, delimit
the corpus of analysis the children’s books O gato que gostava de
cenouras, by Rubem Alves, and O menino que brincava de ser, by
Georgina Martins da Costa.
Keywords: children’s literature, curriculum, identities, homophobia.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Atualmente, observamos uma demanda crescente nas


pesquisas e nas abordagens que tendem a re/tratar de forma
mais crítica a questão sobre a sexualidade de modo a enfatizar
as diversidades existentes em nossa sociedade. Mas,
Na verdade, desde os anos sessenta, o
debate sobre as identidades e as práticas
sexuais e de gênero vem se tornando
cada vez mais acaloradas, especialmente

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provocado pelo movimento feminista,


pelos movimentos de gays e de lésbicas e
sustentado, também, por todos aqueles e
aquelas que se sentem ameaçados por essas
manifestações. (LOURO, 2010b, p. 9-10)

Tais discussões e debates sobre sexo, gênero e


sexualidade buscam não somente compreender seus
mecanismos de atuação, mas, também, formular críticas
aos processos de representações que atuam em uma lógica
tendenciosa de supremacia das identidades tradicionais em
detrimento das diversidades, tidas como “inferiores”.
Todo esse alvoroço se deve, em sua maioria, à
reivindicação dos direitos por aqueles que, há muito
tempo, vêm sendo postos às margens da sociedade por
uma identidade que se quer “superior” às demais. Esses
movimentos passam a questionar:
toda uma noção de cultura, ciência,
arte, ética, estética, e educação que,
associada a esta identidade, vem
usufruindo, ao longo dos tempos, de um
modo praticamente inabalável, a posição
privilegiada em torno da qual tudo mais
gravita. (LOURO, 2010a, p. 42)

Sem dúvida, a partir da segunda metade do século XX,


temos um recrudescimento nas reflexões e teorizações
sobre as questões das mulheres, dos negros, dos
homossexuais, entre outros grupos que vêm sendo

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ignorados e silenciados por aqueles mencionados por Rick


Santos (1997), como, por exemplo, os homens cristãos,
brancos e heterossexuais – CBH.
Partindo desses pressupostos, temos como objetivo,
neste trabalho, fazer uma análise sobre os processos de
representação de identidades de gênero, dando ênfase
especialmente à diversidade sexual, particularmente na
produção literária para jovens leitores. Para alcançar nossos
objetivos, delimitamos como corpus de análise os livros
infanto-juvenis O gato que gostava de cenouras, de Rubem
Alves (2009), e O menino que brincava de ser, de Georgina da
Costa Martins (2000).
Esses livros nos chamam a atenção pela maneira
como retratam, de forma crítica, um momento novo
na vida de jovens que estão entrando em um período
de descobrimento de sua personalidade, de sua(s)
identidade(s), e de sua sexualidade. Além disso, explicitam
como essas revelações e mudanças pelas quais a criança
passa, muitas vezes, se dão de forma angustiante,
conflituosas e, em alguns casos, traumáticas.
Dito isso, este trabalho se justifica justamente em
decorrência de uma necessidade de analisarmos, na
literatura infanto-juvenil brasileira produzida nas últimas

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décadas, como ocorrem essas representações de gênero,


de identidade e de diversidade sexual, e como essas
obras podem contribuir para o rompimento com alguns
preconceitos arcaicos e enraizados em nossa sociedade.

1. A REPRESENTAÇÃO DE IDENTIDADES DE GÊNERO E DE


DIVERSIDADE SEXUAL NO DISCURSO LITERÁRIO

A identidade é um significado – cultural


e socialmente atribuído. A teoria cultural
recente expressa essa mesma ideia por
meio do conceito de representação.
Para a teoria cultural contemporânea,
a identidade e a diferença estão
estreitamente associadas a sistemas de
representação. (SILVA, 2007, p. 89)

Não é difícil perceber que as identidades estão


intrinsecamente ligadas aos processos de representações,
como veremos adiante. Mas o conceito de representação
que encerra, tanto a linguagem, quanto outros sistemas
de significações, como aponta Tadeu Silva (2007), tem sido
questionado pelos pós-estruturalistas. Porém,
isso não impediu, entretanto, que
teóricos e teóricas ligados sobretudo
aos Estudos Culturais, por exemplo,
Stuart Hall, ‘recuperassem” o conceito
de representação, desenvolvendo-o em
conexão com uma teorização sobre a
identidade e a diferença. (SILVA, 2007, p.
90, grifo do autor)

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Para Hall, “a representação atua simbolicamente para


classificar o mundo e nossas relações no seu interior” (1997,
nos termos de WOODWARD, 2007, p. 8). Mas qual o vínculo
da representação com os processos de determinações das
identidades? Primeiramente, precisamos saber o que se
entende por identidade.
Um pensamento quase consensual é de que a identidade
está intimamente ligada à diferença em um processo de
dependência exclusiva (exclusiva no sentido de excluir), ou
seja, a afirmação de uma identidade implica na ausência de
outras, a saber, as diferenças; mas a existência dessas “outras”
identidades é fundamental para a subsistência daquela.
Tadeu Silva (2007) argumenta que é comum afirmar a
identidade como aquilo que se é: “sou brasileiro”, “sou
negro”, “sou heterossexual”, “sou jovem”, “sou homem”.
Nesta perspectiva, diz Silva, “ela é auto-contida e auto-
sufuciente”, ou seja, refere-se a si mesma como algo positivo.
Assim como a identidade, a diferença também é comumente
concebida nessa mesma linha de raciocínio, como entidade
independente e, nesse caso, em oposição à identidade,
ou seja, ela é aquilo que o outro é: “ela é italiana”, “ela é
branca”, “ela é homossexual”, “ela é velha”, “ela é mulher”
(SILVA, 2007, p. 74, grifos do autor).

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No entanto, Silva mostra que essa noção ou concepção


de positivo/negatividade de identidade e diferença é
apenas uma forma resumida de representá-las. Assim,
concebendo-as (identidade e diferença) como meras
criações da língua, esta se encarrega de simplificar a
maneira como aquelas são representadas.
Outro autor que compartilha dessa mesma ideia de
identidade marcada pela diferença é Kathryn Woodward.
Para ela, “a identidade é relacional”. Ou seja,
depende, para existir, de algo fora
dela: a saber, de outra identidade […],
de uma identidade que ela não é”,
diferente, “mas que, entretanto, fornece
as condições para que ela exista. A
identidade é, assim, marcada pela
diferença. (WOODWARD, 2007, p. 9)

Aqui poderíamos questionar o seguinte: se a identidade é


concebida não por aquilo que se é, mas, sim, por aquilo que
não se é, ou seja, pelo que o outro é, como se dá o processo de
determinação da identidade, principalmente das identidades
hegemônicas e suas relações de soberanias?
É exatamente aí que entra o papel dos processos de
representações. Eles se dão a partir de uma tendência
de fixação da identidade. Segundo Woodward (2007),
a representação abrange, em suas relações, sistemas

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simbólicos que produzem os significados nos quais os


sujeitos estão posicionados. Para a autora, tanto aquilo
que somos, quanto nossas experiências são frutos dos
significados produzidos pelas representações.
A representação, compreendida como
um processo cultural, estabelece
identidades individuais e coletivas e
os sistemas simbólicos nos quais ela se
baseia fornecem possíveis respostas
às questões: Quem eu sou? O que
eu poderia ser? Quem eu quero ser?
(WOODWARD, 2007, p. 17)

Tadeu Silva compreende o conceito de representação na


perspectiva dos teóricos e estudiosos pós-estruturalistas,
que abrange uma carga de ambiguidade, instabilidade
e indeterminação. Portanto, o referido conceito é
compreendido como um sistema linguístico e cultural que
não se aplica a um suposto referente, mas, em vez disso,
é apenas uma forma de atribuição de sentido que está
vinculado a relações de poder.

2. A PRODUÇÃO LITERÁRIA PARA JOVENS LEITORES

Acabamos reagindo com mais intensidade


à tristeza literária do que à miséria perto
de nós. (STEINER, 1988, p. 23)
Nesse cenário de liquidez que aponta
o filósofo Bauman, cabe perguntar de
que modo a literatura infantil e juvenil

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se constrói como objeto artístico, mas


também qual a sua função, o seu papel
na formação de crianças e jovens.
(TURCHI, 2008, p. 213)

Muito se tem argumentado sobre o caráter polifônico dos


textos literários, mas pouco se tem proposto determinar a
utilidade e a função desse recurso na formação de um senso
crítico capaz de estabelecer dimensões que vão além de
uma interpretação monótona e trivial dos textos literários.
Graça Paulino (2005) considera uma “falta de ética” textos
ficcionais destinados às crianças com um procedimento
monológico. Assim,
traindo a abertura para outras vozes, a
polifonia assumida, própria da enunciação
literária, diversos autores se tornam
tutores, e querem ensinar, mostrando
um caminho certo aos pequenos que
leem seus textos. (PAULINO, 2005, p. 15)

Nos livros infanto-juvenis O gato que gostava de cenoura


e O menino que brincava de ser, observamos um enredo
que explicita ao leitor temas considerados tabus, sobretudo
no que diz respeito à diferença. A problemática levantada
nesses livros deixa bem clara a intenção de seus autores em
abordar assuntos que tocam de modo sensível e acurado no
senso crítico dos leitores aos quais são direcionados. Isso se
explica tanto pelas implicaturas expostas pelo enredo, como

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pelas estratégias narrativas e discursivas que seduzem o


leitor no ato da leitura, solapando dele os seus preconceitos.
No entanto, Graça Paulino argumenta que “mais que um
padrão de certo e errado na leitura literária, há um padrão
ético nela incluído” (2005, p. 19). E esse padrão ético deve
proceder de ambas as partes, não somente do escritor, mas
também do leitor, pois:
a leitura literária eticamente desejável
tem um campo de liberdade e de
subjetividade digno de atenção”. Para
essa autora, “ler a literatura como
ética literária é, pois, seguir a proposta
estética sem ignorá-la ou traí-la.
(PAULINO, 2005, p. 19-20)

Na realidade, o jovem, ao se colocar na condição de leitor,


busca não somente absorver conhecimentos “pré-prontos”
e/ou muitas vezes triviais, como se tem visto por aí. Mas,
muito mais, pois ele espera encontrar informações das quais
ele possa se colocar como debatedor e como ser capaz de
se posicionar diante dos questionamentos veiculados no
âmbito social.
É nessa direção polifônica, subjetiva, ética e crítica que
a literatura encontra seu fundamento, onde “o outro está
presente, portanto, de forma assumida no discurso literário,
e mais presente nele que em outros discursos” (PAULINO,

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2005, p. 14). E a produção literária infanto-juvenil está se


colocando como precursora dessa mobilização.
Não raro ouvimos questões em que se põe em
questionamento a eficácia da literatura na construção de
uma mentalidade humana, no que diz respeito ao seu caráter
humanizador e crítico ao objetivar uma sociedade melhor
e mais acolhedora. Esse questionamento está atrelado à
barbárie humana, em destaque, àquelas iniciadas na Europa,
em sociedades tidas como o berço da civilização, como
enfatiza Steiner (1988).
Tais questionamentos estão vinculados, em sua maioria,
a uma concepção que valoriza a capacidade científica e
seu poderio revolucionário, colocando, em contrapartida,
a literatura. Mas, como reitera Steiner (1988), não
duvidamos, em hipótese alguma, das contribuições da
ciência em nossas vidas, mas, nos cabe questionar a
difamação literária que contribui para as questões em que
a própria ciência é falha.
Com isso quero dizer que acrescentaram
pouco a nosso conhecimento ou
controle das possibilidades humanas,
que comprovadamente existe mais
compreensão da questão do homem em
Homero, Shakespeare ou Dostoievski do
que em toda neurologia ou a estatística.
(STEINER, 1988, p. 24)

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Não estamos negando que há certo despropósito literário


nas últimas décadas, desviando, “assim, o que seria próprio
da literatura enquanto arte, como revela sua própria e longa
história: o desdobramento partilhado do imaginário por meio
da linguagem” (PAULINO, 2005, p.14), mas afirmando que:
[a] ciência pode ter dado instrumentos
e insanos pretextos de racionalidade
àqueles que planejam assassínios em
massa. Pouco ou nada nos diz sobre
suas motivações, um assunto sobre o
qual vale a pena ouvir Ésquilo ou Dante.
Tampouco, a julgar pelas ingênuas
declarações políticas proferidas por
nossos atuais alquimistas, pode fazer
algo notável para tornar o futuro menos
vulnerável ao inumano. A luz que
temos sobre nossa condição essencial e
íntima ainda é concentrada pelo poeta.
(STEINER, 1988, p. 25)

Todas essas observações têm como propósito em si


comprovar que a produção literária é uma necessidade,
principalmente no que venha servir de subsídio aos/às
cidadãos(ãs) em seus processos de formação. Mas, como
isso deve acontecer? Vejamos algumas proposições em
nossas análises.

2.1. LEITURA E ANÁLISE DO CORPUS LITERÁRIO

Acreditamos que a literatura precisa fazer parte, ainda


mais, da vida dos jovens. Mas, para isso, é necessária

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uma distinção entre a literatura construtiva, que tem um


compromisso com o social, e aquela com intuito apenas
comercial. Esta última é despropositada e desprovida de
toda lógica enunciativa social.
É como se alguns escrevessem por falta
de algo mais interessante – quem sabe
lucrativo? – a fazer, embora não saibam
em que universo estão, embora tenha
lido pouco e mal, embora se revelem
presunçosos apenas. (PAULINO, 2007, p. 16)

Por esse e outros motivos, apresentamos, aqui, como forma


de literatura que mais se direciona a esse ideal, os livros já
mencionados, O gato que gostava de cenoura e O menino que
brincava de ser. Estes livros se destacam por provocar uma
reflexão no jovem leitor e, não muito distante, suscitar nele uma
introspecção acerca de assuntos considerados tabus. Eles vêm
reforçar todos esses questionamentos que se fazem acerca das
representações de identidades de gênero e de sexualidades.
Apesar de suas histórias serem voltadas para um público, às
vezes, ainda desprovido de todo esse conhecimento que engloba
a problemática enfatizada acima, esses livros trazem, de maneira
sutil e profundamente tocante, informações imprescindíveis
acerca das identidades e da diferença que as constitui.
Observamos que, em ambos os livros, o enredo gira em
torno de um personagem com uma identidade marcada

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pela diferença. Gulliver, em O gato que gostava de cenoura,


é um gato que não gosta de comer aquilo que normalmente
eles comem (peixes, pássaros, ratos). Em vez disso, ele come
cenouras, algo totalmente repudiado pelos indivíduos de
sua espécie. Já Dudu, em O Menino que brincava de ser, é
um garoto que gosta das personagens femininas (bruxas,
fadas, princesas) e se veste de mulher – ao brincar de ser –
para representá-las. Portanto, os autores destas narrativas
desenvolvem suas histórias dentro de um padrão que se
sustenta atualmente na sociedade e na própria família:
a não aceitação das diferenças, pois Gulliver e Dudu são
vítimas do preconceito social e familiar. Mas, por que e
como isso acontece ainda nos dias de hoje, principalmente
dentro da família?
A criança, antes mesmo de nascer, é condicionada a
certas situações pela sociedade em geral. Por exemplo,
sua sexualidade, que é determinada antes do parto, leva
em conta apenas seu sexo condicionando-o ao gênero
correspondente. Isso se dá por uma lógica que tende a
reproduzir “a ordem compulsória” de obrigatoriedade entre
“sexo, gênero e desejo” (BUTLER, 2008, p. 24). Dentre essa
condicional, estão várias outras exigências tanto sociais
quanto familiares. No entanto, quando uma delas é desviada

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do “normal” defendido por essa ordem, surge o “outro”,


considerado como o “anormal”, o “excêntrico”, tornando-se
o princípio de toda essa cadeia de repulsão e exclusão.
Quando essa “anormalidade” ocorre, observamos certo
padrão sequencial de atitudes que são mostradas nos livros,
que se iniciam na família e se expandem para além dela,
conforme verificamos abaixo.
1 – Ao saber da diferença de seus filhos, os pais agem de
forma desesperada, como se algo de muito grave estivesse
ocorrendo: “Seu pai quase morreu do coração […]. E ali,
ele e a gata, sua mulher, choraram amargamente” (ALVES,
2012, p. 8) e “No começo, a mãe de Dudu ficou muito
preocupada […]. A mãe dessa vez achou que era demais”
(MARTINS, 2000, p. 6-8).
A sociedade atual é regida dentro do padrão de normalidade
do homem, branco, cristão, heterossexual, como já mencionamos
acima, e, paralelo a essas identidades, existe uma cadeia quase
infindável de outras identidades de maior destaque que se
autodenominam superiores. Diante disso, há uma imposição
por parte dos pais em relação aos filhos deverem herdar suas
identidades. E quando essa regra é quebrada, há uma subversão
da ordem “normal”, pois o filho passa a pertencer a outro grupo
social desconhecido e ignorado pelos pais.

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2 – Os pais tendem a buscar um culpado para o que está


acontecendo com o filho. Vejamos: “– Tudo culpa dessa
professora que fica incentivando essas coisas – pensava ela
[a mãe de Dudu]” (MARTINS, 2000, p. 8).
Quando a ordem do pai é subvertida, intuitivamente é
deduzido que o filho está sobre a influência de outra ordem,
que tende a tirá-lo do caminho “certo”. Isso se dá no mesmo
sentido em que Rick Santos fala sobre o “mito da conversão”
– se essa diferença for considerada sexual – referindo-se
ao pensamento de que todos os homossexuais tendem a
converter jovens a seus modos de vida. Além disso, os pais
acreditam no mito do “heterocentrismo”, que “é a crença de
que todos os alunos e o mundo em geral são heterossexuais”
(SANTOS, 1997, p. 183-184).
3 – Há uma busca por ajuda médica/psicológica pelos
pais, por acreditarem que essa diferença constitutiva da
identidade de seus filhos se trata de uma doença: “Seus
pais não desanimaram. Tinha de haver uma cura. Enviaram
Gulliver a um psicanalista” (ALVES, 2012, p. 12) e “Vamos
levá-lo no doutor Endocrinologista. É ele quem sabe tratar
dessas doenças” (MARTINS, 2000, p. 56).
Atualmente não é raro observarmos esse tipo de
preconceito principalmente com relação aos homossexuais.

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No entanto, essa atitude de taxar as pessoas como doentes,


loucas e pecaminosas por pertencerem a um modo de vida
diferente do padrão considerado como “normal” já foi
mais contundente, como enfatiza Louro, ao falar sobre os
desafios da educação atual diante das diferenças dos outros,
pois não podemos mais simplesmente “encaminhá-los” aos
especialistas para orientá-los. “Mas certamente é impossível
continuar ignorando-os” (LOURO, 2010a, p. 49-50).
4 – Há uma acentuada discriminação familiar e/ou social:
“Gulliver tornou-se objeto de zombaria. Passaram a chamá-
lo de coelho” (ALVES, 2012, p. 10) e “– Mulherzinha! Gritou o
pai” (MARTINS, 2000, p. 38).
Didier Eribon, ao discutir o conceito de injúria e ao
relacioná-lo à questão gay, mostra que essas agressões
verbais causam traumatismos psicológicos por toda a vida:
Aquele que lança a injúria me faz saber
que tem domínio sobre mim, que
estou em poder dele. E esse poder é
primeiramente o de me ferir. De marcar
a minha consciência com essa ferida ao
inscrever a vergonha no mais fundo da
minha mente. (2008, p. 28)

A injúria em relação à identidade do outro, o diferente,


é marcada por meio de atos de linguagem que têm como
objetivo delimitar e demarcar os territórios entre as

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diferentes identidades. É por meio da linguagem que


nomeamos o outro, que lhe atribuímos uma identidade, seja
ela estigmatizada ou não.
Nesse caso, os marcadores linguísticos “coelho” e
“mulherzinha” explicitam a diferença e fazem dela alvo
de zombaria, fruto do preconceito e da discriminação. Um
leitmotiv a partir do qual aquele que está no centro se sente
no direito de excluir e marginalizar o outro, apontando
e explicitando em sua identidade o que é diferente do
padrão preestabelecido. A diferença pode se referir, nesse
caso, tanto a um hábito alimentar (Gulliver), quanto a uma
performance feminina (Dudu), que solapam os pilares de
uma heterossexualidade compulsória, pois o gosto alimentar
de Gulliver, como o leitor irá perceber no desenrolar da
narrativa, é, na verdade, uma metáfora, de sua identidade
de gênero e sexual.
5 – A discriminação faz a vítima retrair-se socialmente e
encontrar nas amizades um elo de confiança e compreensão:
“De repente, Gulliver compreendeu que o professor sabia
tudo sobre ele. Sabia e compreendia. Compreendia e não
queria consertá-lo, não queria torná-lo igual aos outros. Ele
era amigo” (ALVES, 2012, p. 18) e “A outra avó era muito
legal, Dudu gostava muito dela” (MARTINS, 2000, p. 44).

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O preconceito solapa do ser humano a sua liberdade, a


sua vivência em sociedade. O indivíduo discriminado se
sente não pertencendo ao meio social em que vive. Para
Eribon, a injúria como ato linguístico é performativo, ou
seja, atua como um efeito separador entre os “normais” e
os “estigmatizados”, “fazendo esse corte entrar na cabeça
dos indivíduos. A injúria me diz o que sou na medida em que
me faz ser o que sou” (ERIBON, 2008 p. 29). É a partir dessa
reclusão que a vítima do preconceito e da discriminação
busca encontrar nas amizades um vínculo confiável e
acolhedor. “Assim, o modo de vida homossexual está fundado
nos círculos concêntricos das amizades ou na tentativa sempre
recomeçada de criar tais redes e de estabelecer tais amizades”
(ERIBON, 2008, p. 39).
Acreditamos que os cinco tópicos citados acima
explicitam uma dimensão abrangente acerca da identidade
e da diferença em nosso corpus literário. Observamos que
a intenção do(s) autor(s) é clara e objetiva: propiciar ao
jovem leitor condições necessárias para avaliar, a partir de
suas perspectivas elucidativas, a posição do outro e a sua
subjetividade que são questionadas, justamente por serem
diferentes. Ou seja, além do recurso polifônico, há uma
questão “polissêmica” subjetiva inserida nos textos, que

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é valorizada pelos autores. Essa polissemia direcionada


ao leitor é a responsável por criar um campo aberto para
a discussão ética e estética do texto literário ao tratar da
representação dessas identidades de gênero e sexuais na
formação de jovens leitores.
A partir dos questionamentos colocados por nós, ousamos
afirmar que, se as identidades consideradas “excêntricas”
não estão sendo devidamente representadas, ou estão sendo
representadas de modo estereotipado, uma forma eficaz de
problematizar essa representação se dá através da diversidade
de vozes presentes no texto literário, onde a voz do outro
tem uma sonoridade e uma abrangência de igualdade com
as demais, onde se possa questionar, não por petulância, mas
por ousadia, “sobre o poder da representação e sobre como
e por que alguns significados são preferidos relativamente a
outros” (WOODWARD, 2007, p. 18).
É dentro desse contexto de questionamentos que
colocamos em discussão uma das formas de discriminação
mais evidentes atualmente: a homofobia. A discriminação
sexual se realiza dentro de uma diversidade crescente de
identidades que vem conquistando gradativamente seu
espaço em nossa sociedade, se levarmos em conta toda a
sua história de lutas pela igualdade de direitos civis e por sua
visibilidade. No entanto,
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a visibilidade gay, hoje, não significa que


um certo número de pessoas teriam
decidido ao longo dos últimos anos
definir-se pela sexualidade, mas que
um número cada vez mais importante
de indivíduos gays cessou de dissimular
a parte “noturna” de sua vida. Não
foi porque os gays teriam de repente
decidido deixar suas identidades sociais
até ali bem homogêneas e sem falhas
para aderir unicamente à identidade
sexual; foi porque um grande número
deles cessou de esconder essa identidade
sexual que os define tanto quanto a
identidade profissional que surgiu à
luz do dia esse “mundo gay”, do qual
participavam de maneira mais ou menos
clandestina. (ERIBON, 2008, p. 41-42)

Todavia, não queremos provar que há uma fórmula


mágica – até porque não há – que possa pôr fim, de uma
hora para outra, a todo esse panorama de discriminação
que está arraigado em nossa cultura por sistemas
poderosos de representação. Mas mostrar o caminho
que consideramos mais conveniente para se chegar a um
mundo onde todos possam, realmente, compartilhar do
meio social sem precisar esconder aquilo que põe em
evidência as suas subjetividades.
Acreditamos que o passo inicial em uma direção possível
está no sistema de ensino. A escola, como um dos principais
veículos de disseminação de saberes e de valores de um

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sujeito, pode colocar em discussão temas relativos à


diversidade sexual.
Para que o currículo reflita toda a
humanidade é necessário que este
inclua questões de gênero, classe,
raça, e sexualidade, desta forma
criando um espaço para todas as vozes,
passando então a realmente refletir as
características de toda a população”.
(SANTOS, 1997, p. 182-183)

Justamente,
por isso, é importante ver o currículo
não apenas como sendo constituído
de “fazer coisas” mas também vê-lo
como “fazendo coisas às pessoas”. O
currículo é aquilo que nós, professores/
as e estudantes, fazemos com as coisas,
mas é também aquilo que as coisas que
fazemos fazem a nós. O currículo tem
de ser visto em suas ações (aquilo que
fazemos) e em seus efeitos (o que ele
nós faz). Nós fazemos o currículo e o
currículo nos faz. (SILVA, 2009, p. 194,
grifos do autor)

Dessa maneira, o currículo se torna uma forma de


conscientização ou de disciplinamento social das diferenças,
pois “de uma maneira global, pode-se dizer que as disciplinas
são técnicas para assegurar a ordenação das multiplicidades
humanas” (FOUCAUT, 2009, p. 206).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Rick Santos, ao discutir sobre o tabu da denominada


literatura gay e lésbica no currículo, afirma que “a barreira
mais forte contra o ensino de literatura gay e lésbica é a
homofobia, ou seja, o medo irracional de homossexuais”
(SANTOS, 1997, p. 183). E faz o seguinte questionamento:
Pessoalmente, como educador e ser
humano, muitas vezes me perguntei o
que exatamente na homossexualidade
parece assustar tanto alguns
heterossexuais. Os gays e lésbicas
não têm a intenção de dominar a
sociedade. Como um grupo, eles estão
simplesmente lutando pelo direito de
serem incluídos nela com os mesmos
(nem melhores, nem piores) privilégios e
responsabilidades. (1997, p. 187)

Esse é um tipo de posicionamento que merece uma


reflexão mais aprofundada. E isso nos obriga a buscar
respaldo na história. Guacira Lopes Louro argumenta que “a
homossexualidade e o sujeito homossexual são invenções do
século XIX” (LOURO, 2008, p. 29). Antes disso, afirma a autora,
esse tipo de sexualidade era considerado como sodomia:
era indesejável, pecaminosa e contagiosa. Mas, em meados
desse século, “a prática passava a definir um tipo especial
de sujeito que viria a ser assim marcado e reconhecido”
(LOURO, 2008, p. 29).

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A partir daí, podemos concluir que a homofobia tem


uma tradição cultural histórica e que sua origem parece
estar atrelada a questões religiosas. Mas, mesmo assim,
poderíamos questionar como e de que forma isso se
dá, atualmente, em uma sociedade que se aparenta tão
desvencilhada dos velhos costumes e aberta a tantas
inovações em diversos campos do saber.
Além da homofobia, que se refere ao medo irracional
de homossexuais, Rick Santos fala sobre outros dois fatores
– já mencionados acima –, que também contribuem para
o recrudescimento desse preconceito, além de serem
responsáveis por manter o assunto fora do currículo. São eles: o
heterocentrismo, que é o pensamento de que todas as pessoas
são heterossexuais, e o mito da conversão, ideia falsa de que
todos os homossexuais são criaturas
solitárias e predadoras como um vampiro,
cuja única meta de vida é “converter”
jovens ao seu tipo de vida marginal de
promiscuidade e pecado. (SANTOS, 1997,
p. 184, grifo do autor)

Percebemos, portanto, que não somente a homofobia,


mas também o heterocentrismo e o mito da conversão, juntos,
são atualmente os principais argumentos e propulsores que
mantêm viva toda essa cadeia de difamação, discriminação
e exclusão das pessoas homossexuais.

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Assim, a literatura que trata de questões referentes à


diferença no currículo é uma questão de inclusão, ou seja,
é uma forma de dar ao “outro” a condição de igualdade no
campo da representação, pois,
pode-se dizer mesmo que é através
do processo de representação que o
currículo se vincula com a produção de
identidades sociais. É no currículo que
o nexo entre representação e poder se
realiza, se efetiva. (SILVA, 2009, p. 200)

Mas é preciso, como alerta Rick Santos, que fiquemos


atentos para a possibilidade de manifestação homoerótica
ou homoafetiva nos textos literários, para que não passemos
despercebido por elas, deixando-as em segundo plano.
A melhor maneira de introduzir o tema
da homossexualidade é fazê-lo do jeito
mais natural e relaxado possível; desta
maneira, evita-se alarmar os alunos
com sinal de “controvérsia”. Literatura/
cultura gay e lésbica não são uma
“coisa” existente à parte de “nossa”
sociedade que deve ser mencionada
somente uma vez por ano nas margens
do currículo para satisfazer uns poucos
“progressistas”. A questão gay e
lésbica deve fazer parte do dia-a-dia
nas salas de aulas e deve ser debatida
e encarada como algo natural da vida
sempre que o assunto for pertinente.
(SANTOS, 1997, p. 186)

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Então, ao se colocarem, por exemplo, os livros O gato


que gostava de cenoura e O menino que brincava de ser
na pauta curricular de uma escola, o professor poderia
levar em consideração, quando estivesse debatendo
acerca da construção e da subjetividade dos personagens
protagonistas das duas obras, que a diferença é constitutiva
de suas identidades, além de problematizar a relação do eu
com o outro no processo de alteridade, de modo a abordar
a diferença em sua amplitude e de modo contextualizado
social, cultural e historicamente.
É nesse sentido que acreditamos que a representação
de identidades de gênero e de sexualidades fortalece a
diversidade sexual. E a educação tem papel crucial na sua
execução, pois é através dela, do seu poder transformacional,
que podemos enxergar um caminho menos auspicioso ao
romper com uma cultura maléfica, nociva e danosa, que
serve para propagar o preconceito. Acreditamos, pelos
motivos expostos ao longo de nosso texto, que somente
através de uma educação ética e estética, que valorize
o essencial do ser humano, baseada na igualdade, nos
valores éticos e na cidadania, é que podemos conseguir,
aos poucos, mudar a mentalidade de uma nação.
Mas, antes de tudo, é necessária uma valorização dos
sujeitos marginalizados enquanto seres humanos – vistos
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e compreendidos na maioria das vezes apenas como


objetos ou abjetos de nossa sociedade. Portanto, aqueles
conservadores que não aceitam as diferenças do outro
em sua multiplicidade deveriam, pelo menos, tentar
compreender e aceitar esse “outro” na sua condição
humana, considerando-se o princípio de igualdade perante
a lei e a sociedade, de modo geral.

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Flávio Pereira Camargo é Pós-doutor em Estudos Literários pela


UFMG. Doutor em Literatura pela UnB. Doutor e Mestre em Letras e
Linguística (Estudos Literários) pela UFG. É líder do Grupo de Pesquisa
“Estudos sobre a narrativa brasileira contemporânea” cadastrado no
CNPq. Atualmente, é coordenador do Programa de Pós-Graduação
em Letras: Ensino de Língua e Literatura, da Universidade Federal do
Tocantins, em Araguaína.

Aurílio Soares da Silva é bolsista de Iniciação Científica do CNPq,


desenvolvendo o projeto de pesquisa intitulado “Práticas discursivas
de subjetivação na literatura infantil brasileira contemporânea”, sob
orientação do Prof. Dr. Flávio Camargo. É discente do Curso de Letras da
UFT//Campus Universitário de Araguaína.

Recebido em 22 de janeiro de 2014.


Aprovado em 30 de junho de 2014.

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