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RESUMO
1 INTRODUÇÃO
*
Artigo Científico apresentado para a conclusão de Bacharelado em Integralização em Teologia, da Faculdade
Evangélica de Tecnologia, Ciências e Biotecnologia da CGADB, FAECAD.
**
OLIVEIRA, Marcelo Ferreira de Souza. Formando da Faculdade Evangélica de Tecnologia, Ciências e
Biotecnologia da CGADB, FAECAD, no Curso de Integralização em Teologia, da turma de 2016.
5
1
BAMBERGER, Richard. Como Incentivar o Hábito de Leitura. 7. ed. São Paulo: Ática/UNESCO, 2005, p.
10.
6
possuímos muita informação de como se dava a educação após o Novo Testamento (...)” 2.
Contudo, algumas inferências podem ser feitas, como veremos no tópico a seguir.
No que se refere à educação após o Novo Testamento, sabe-se que, a exigência maior
era que o pastor ou bispo soubesse ler. O culto dominical durava horas, e se dividia em duas
partes: o serviço da palavra e o serviço da mesma. A taxa de alfabetização nas cidades greco-
romanas era baixa. Foi estimado que nas províncias de língua latina, a taxa variava entre 5% a
10%.
Com o avanço do Cristianismo, e, por conseguinte, o seu crescimento, fora criado
aquilo que nós conhecemos como ‘catecumenato’. A palavra catecumenato vem de
‘catequese’, que significa ensino. Os convertidos ao cristianismo que eram chamados de
‘tementes a Deus’. A exemplo de Cornélio e o eunuco etíope; conheciam a história do povo de
Israel, e acreditavam em seu Deus, mas, por motivos desconhecidos, não se converteram ao
judaísmo.
Quando estes aceitavam a Jesus como ‘O Messias’, se dispensava a necessidade de
ensiná-los assuntos concernentes à moralidade e à idolatria, por já possuírem conhecimentos
dos princípios que norteavam o povo de Israel.
Porém, com o avanço da fé cristã, em ambientes onde era desconhecida a religião de
Israel, tornou-se necessário, o desenvolvimento de mecanismos que possibilitassem levar o
conhecimento a esses futuros batizandos, para que os mesmo tivessem noção da decisão que
eles tornaram. Foram essas necessidades que deram origem ao catecumenato.
Em meados do segundo século, Justino Mártir declarou na sua primeira apologia que:
2
GONZÁLEZ, Justo. Ministério: Vocação ou profissão? São Paulo: Hagnus, 2012, p. 23.
3
WHITE, James Emery. A Mente Cristã num Mundo sem Deus. 1. Ed. São Paulo: Vida, 2010, p. 29.
7
As invasões germânicas foram apenas uma das várias séries de invasões que
transtornaram a Europa Ocidental durante os primeiros séculos da Idade Média.
Juntamente com os alemães vieram os hunos. Em seguida, no século VII, toda a Costa
Norte da África foi invadida e conquistada pelos árabes que haviam se convertido ao Islã. No
início do século seguinte, os muçulmanos atravessaram o Estreito de Gibraltar, destruíram o
reino visigodo da Espanha e cruzaram os Pirineus, até que, finalmente, em 732, na Batalha de
Tours ou Poitiers, foram detidos pelos francos sob o comando de Carlos Martel. Tal vitória
permitiu um breve renascimento sob os carolíngios; mas esse renascimento durou pouco, e
uma das causas do declínio foram às invasões dos normandos.
Os normandos saquearam e destruíram mosteiros na Irlanda, nos quais, se conservava
grande parte do conhecimento da Antiguidade.
Em tais condições, a educação, tanto religiosa, quando secular, passou a ser realizada
em duas instituições principais: as escolas catedrais e as monásticas.
O monasticismo, segundo Marknoll: “Despois da comissão de Cristo foi o movimento
institucional mais importante, e de muitas maneiras o mais benéfico ao cristianismo” 4. A
influência do monasticismo na Igreja pode ser claramente percebida na tradução bíblica de
Jerônimo (342-420), nos hinos compostos por Gregório (540-604) e Bernardo de Claroval, na
Teologia de Agostinho (354-430) e Tomás de Aquino (1225-1274), dentre outros feitos.
Segundo o Pastor Altair Germano: “Nesse período a leitura se destaca, pois era
requerido de todo monge cristão, o investimento em várias horas de leitura das escrituras”5.
Ficher-Wollpert nos diz que: “Um grande colaborador na institucionalização
emergente da leitura foi São Benedito de Núrsia ou São Bento (480-547)”6, que fundou um
monastério em Monte Cassino (529), em uma montanha entre Nápoles e Roma. Os
beneditinos seguiram regras rígidas quem incluíam a prática da leitura conforme abaixo
transcrito:
Durante as refeições dos irmãos, sempre deverá haver leitura; ninguém deve
se atrever a apanhar o livro aleatoriamente e lá começar a ler; mas ele que
4
MARKNOLL, R. N.. Movimentos Decisivos na História do Cristianismo. São Paulo: Cultura Cristã, 2000,
p. 90.
5
GERMANO, Altair. O Líder Cristão e o Hábito de Leitura. Uma perspectiva conceitual, histórica, bíblica
e prática. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus/CPAD, 2013, p. 35.
6
FICHER-WOLLPERT, Rudolf. O Primeiro Livro da Disciplina, p. 25, apud VIEIRA, Paulo Henrique. Calvino
e a Educação: A configuração da pedagogia reformada no século XVI. 1. ed. São Paulo: Universidade
Presbiteriana Mackenzie, 2008, p. 45.
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deverá fazer a leitura durante a semana toda, deve iniciar suas obrigações no
domingo. E, iniciando sua tarefa após a missa e a comunhão, ele deve pedir a
todos que rezem por ele, para que Deus o desvie do Espírito de júbilo. E esse
verso deve ser repetido três vezes por todos, sendo, porém, que ele deve
iniciar: “Oh, Deus! Abra meus lábios e minha boca irá exprimir o vosso
louvor”. E assim, tendo recebido a benção, ele deverá dar início às suas
obrigações como leitor. E deverá ser feito silêncio absoluto à mesa, de modo
que nenhum sussurro ou voz, exceto, a do leitor, sejam ouvidas. E tudo o que
for necessário, quanto a alimentos deverá ser passado entre os irmãos, para
que ninguém precise pedir nada.7
Martinho Lutero foi, sem dúvida, um leitor voraz. Esta declaração está implícita na
forma como foi educado. Conforme bem expressa Lienhard:
Fui monge por 15 anos, sem contar o que tinha vivido antes. Li com zelo
todos os seus (sic) livros e fiz tudo quanto estava ao meu alcance. Em
nenhum momento consegui achar consolo em meu Batismo; ao contrário,
pensava continuamente. Ó, quando finalmente poderás tornar-te piedoso e
fazer o suficiente, para teres um Deus misericordioso? Através de
pensamentos como esses, fui incitado através do jejum, do frio e da vida
severa.11
João Calvino teve a sua educação superior na Universidade de Paris; onde, segundo
ele próprio dizia, ter adquirido uma boa noção das diferenças entre as velhas e as novas ideias
educacionais.
Na Universidade de Orleans, onde estudou Direito, recebeu forte influência do
humanismo do seu tempo, humanismo esse, que sempre o acompanhou. Mesmo convertido ao
protestantismo, sempre se dedicou ao estudo dos clássicos, da retórica e das línguas originais.
Com toda certeza, a grande contribuição de Calvino para a formação de novos líderes
cristãos foi à construção da Academia de Genebra. Desta forma, na academia, os
10
LIENHARD, Marc. Op. Cit., p. 35.
11
LIENHARD, Marc. Op. Cit., p. 36.
10
vocacionados para o ministério pastoral eram moldados para melhor desempenharem o seu
ministério.
Antes de João Calvino, a educação em Genebra era extremamente precária. “Em 1365,
o Imperador Carlos IV havia promulgado uma bula estabelecendo uma universidade
genebrina, mas o plano fracassou completamente”12.
Só havia um colégio em Genebra até a época de Calvino. Um mercador local François
de Versonnek, estabeleceu o Collége Versonnek, fundado em 1428-29, com o propósito de
preparar pessoas para o clero.
Todavia, existia muito pouco treinamento acadêmico nesta escola. Quando Calvino
chegou pela segunda vez a Genebra, em 1541, este colégio, que estava decadente e, prestes a
desaparecer, foi reorganizado e passou a oferecer ensino gratuito.
Quando Calvino iniciou as suas atividades em genebra, em 1536, convenceu-se de que
a educação era a grande solução para tirar o povo das ‘trevas espirituais’.
A academia foi uma das instituições mais importantes de genebra, e seu propósito era
o fortalecimento da religião reformada e ensinada nos lares. A educação dada pelos pais na
época era limitada na sua abrangência, como já fora dito, o ensino em Genebra era precário, e
os pais não tinham acesso a um bom ensino formal e, pro conseguinte, não poderiam ir além
da transmissão de alguns rudimentos básicos da fé cristã.
Calvino, então, objetivou oferecer aos cristãos do seu tempo, essa oportunidade que
lhes fora negada durante o período que precedeu à sua chegada, e isso, o motivou a criar a
academia. Ou seja, o que pode ser observado é que, já no século XVI, houve a necessidade de
que os líderes cristãos tivessem o preparo necessário para responder, apropriadamente, às
demandas de sua época.
Por esta razão, ao atentar para o tempo presente, pode-se observar diversas demandas
sociais que, por vezes, requerem da Igreja uma resposta, não desfazendo aqui, a tese de que a
Igreja traz em seu bojo, respostas para todos os clamores humanos, mas, acredita-se que a
Igreja pode e deve preparar as suas lideranças para os grandes desafios do seu tempo.
12
DURANT, Will. Op. Cit., p. 90.
11
O líder cristão é um ser gregário. A sua atuação não se restringe ao contexto de igreja;
sua cadeia de relacionamentos vai do membro da igreja ao comerciante, advogado, médico,
autoridades civis etc.; daí a necessidade do líder se preparar para que, o mesmo, se faça
entendido, tanto pelos que possuem uma cultura mais elevada, como para os que não possuem
tanta cultura.
Portanto, o contexto do mundo atual é bastante desafiador para o líder cristão. E, este,
precisa estar, pelo menos, informado de como funcionam as coisas e os sistemas em que se
encontra inserido.
6 A UNIVERSALIDADE DO SABER
este líder deve adotar uma máxima Barthiana: “O pregador precisa ter em suas mãos uma
Bíblia e também um jornal, para saber responder de forma satisfatória aos anseios da
sociedade no qual está inserido”14
É fato que o Senhor que chama os líderes, também os capacita. Contudo, isso não
isenta de que os mesmos façam a sua parte. Pois, o próprio Deus deu ao homem, capacidade
de escolha e inteligência, entre outros atributos. E, existem diversos exemplos na Bíblia de
homens que possuíam um preparo intelectual para atender às demandas divinas. Os mesmos
estão elencados abaixo:
Moisés: Entendido em toda a Ciência do Egito.
Lucas: Médico cujo Evangelho foi escrito aos gregos - a nata intelectual da época -, e
que procurou, apresentar Jesus como o homem perfeito que tanto eles esperavam.
Paulo: A formação de Paulo para alguns especialistas foi fundamental para que tivesse
sucesso no seu ministério. Paulo viveu numa época em que várias etnias e culturas
estavam associadas; através da universalidade da língua grega. Havia comunicação,
comercialização e um nível cultural altíssimos naquela era. Em Atos dos Apóstolos,
Paulo chegou a debater com filósofos gregos sobre a tese de que Jesus Cristo era o
Filho de Deus ressurreto (Atos 17:18).
Apolo: Como homem instruído recebeu formação de nível universitário em retórica na
valorizada educação grega. Era um ensino disponível apenas para a elite, por ser de
elevado custo. Segundo Lucas, Apolo era ‘poderoso’ no uso das escrituras. Ele
aprendeu a arte da habilidade nos debates e em sua educação secular, e fazia grande
uso disso.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O propósito deste artigo foi abordar a necessidade dos líderes cristãos se manterem
atualizados no que tange à sua vida intelectual, bem como trazer a lume, à necessidade que a
Igreja Cristã tem, dentro das incumbências que a ela foram imputadas, de se preocupar com o
‘seu chamado magistral’ e, por conseguinte, com o preparo destes novos líderes cristãos.
14
SETILLANGES, A. D.. A Vida Intelectual, seu Espírito, suas Condições, seus Métodos. São Paulo: É
Realizações Editora, 2015, p. 29.
13
Todavia, ao fazer uma abordagem histórica pode-se perceber que desde o início do
Cristianismo, a Igreja, enfrentou desafios, e, por vezes, faz-se necessário um preparo por parte
das lideranças a fim de que as mesmas respondessem de forma satisfatória a esses desafios.
Sendo assim, o Movimento Protestante do século XVI, deu grande ênfase à questão do
preparo de seus futuros líderes. A Academia de Genebra objetivou preparar os obreiros para o
desempenho de suas funções.
Ao remetermos para as páginas do Livro Sagrado, observamos que, diversos líderes,
não obstante, ao chamado divino, usaram dos diversos saberes que possuíam para melhor
desempenharem seus respectivos ministérios.
Ao final, conclui-se que, atualmente, tanto quanto, outrora, a Igreja precisa fazer à
leitura do contexto social em que está inserida, e ao fazer esta leitura, observar o quanto a
sociedade atual está em constante mudança; o que insta a um maior preparo por parte de seus
obreiros.
Por fim, dispõe-se hoje de diversas ferramentas que po9dem promover acesso ao
conhecimento. Contudo, deve-se buscar atentar para as orientações de Paulo a Timóteo,
quando afirmou que um dos princípios de nossa missão, “Persiste em ler, exortar e ensinar até
que eu vá. (1 Tm 4:13).”15.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Sagrada. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1995.
CPAD, Casa Publicadora das Assembleias de Deus (Org.). Bíblia de Estudo Palavras-chave:
Hebraico e Grego. Exegese, estudos bíblicos e homilética. 4. ed. Rio de Janeiro: Casa
Publicadora das Assembleias de Deus/CPAD, 2015. 2.496 p.
ELWELL, Walter A.; et al.. Manual do Estudante Bíblico: Um guia para o melhor livro do
mundo. 3. ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus/CPAD, 2004. 352
p.
LIENHARD, Marc. Martim Lutero: tempo, vida, mensagem. São Leopoldo: Sinodal, 1988.
SETILLANGES, A. D.. A Vida Intelectual, seu Espírito, suas Condições, seus Métodos.
São Paulo: É Realizações Editora, 2015. 200p.
STOTT, John W. Crer é Também Pensar. 2. ed. São Paulo: ABU Editora & Ultimato, 2012.
83p.
WHITE, James Emery. A Mente Cristã num Mundo sem Deus. 1. Ed. São Paulo: Vida,
2010. 110p.
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