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O Natal dos Calder

(Família Calder 11)

Janet Dailey
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A terra dos Calder


A luta pela terra
Os donos da terra
O amor pela terra
O orgulho Calder
A grama verde dos Calder
A mudança do vento Calder
A promessa Calder
A solitária estrela Calder
A tempestade Calder

Título original: Santa in Montana


Um Natal Calder
Os invernos de Montana são ásperos, mas o mau tempo
não estará no caminho da reunião de Natal dos Calders. No
entanto o Patriarca Chase Calder está determinado a tornar
este feriado o mais feliz ― especialmente para sua filha, Cat. E
Chase sabe que os melhores presentes nem sempre são feitos
com papel e fita.
Capítulo Um
Um chinook, um vento quente que varre a área durante o
inverno, há muito conhecido como a neve comedora pelas
tribos nativas, varria as vastas planícies de Montana. Sua
respiração era quente, derretendo o cobertor branco invernal
que cobria as gramíneas ricas da terra.
Sobre a terra ondulante da alta pradaria, ele corria e
invadia a sede do famoso rancho Triplo C., girando em torno
dos muitos edifícios que davam ao local a aparência de uma
pequena cidade.
Inevitavelmente, o chinook se virava para cima da colina
em um túnel, através das colunas altas que revestiam o pórtico
da grande casa branca, que continha uma visão dominante do
pátio do rancho. Seu próximo alvo foi o da ondulação da
fumaça da chaminé, achatando-a e levando ao longo de sua
carreira sobre a terra. A fonte da fumaça era o fogo, que ardia
na lareira de pedra maciça da sala de estar. Seu calor era uma
concessão ao patriarca do Triplo C., Chase Calder. Ele se
sentava em sua cadeira habitual, por trás da grande mesa de
carvalho da sala, sua bengala enganchada na borda da cadeira.
Os anos tinham tomado muito de seu vigor, assim como
tinham encolhido a sua grande estrutura, e esculpido uma rede
de linhas profundas em seu rosto ossudo. Mas nada que
tivesse embotado o brilho acentuado nos seus profundos olhos
vivos.
Chase Calder podia estar velho, mas só um tolo poderia
pensar que a idade tinha diminuído sua percepção das coisas
que aconteciam ao seu redor.
Seu olhar vagava para sua nora viúva. Jessy Calder se
sentava em uma das cadeiras em asa, de frente para o balcão.
Vestida em trajes de fazendeira típica, com botas de cowboy,
jeans e uma camisa, ela ainda possuía a figura da menina
magra de sua juventude. Apenas as linhas da idade, atraentes
ao redor dos olhos, e da ligeira cor prata de seus cabelos
castanhos, revelavam que Jessy também tinha ficado mais
velha. Atualmente, as rédeas do Triplo C. estavam em suas
mãos, coisa que ela conduzia com facilidade, mostrando tanto
a tutela tranquila de Chase, como a sua própria capacidade
inata.
Como muitos outros trabalhadores do Rancho, tinha suas
raízes muito bem firmes nas profundezas da terra. Jessy tinha
nascido no Rancho, e passara seus primeiros anos como um
peão normal, antes de se casar com o único filho de Chase. Seu
sólido conhecimento do negócio de gado, e seu respeito
permanente para com a terra que a apoiava, juntamente com a
sua própria força tranquila, lhe forneceram a base para uma
líder de categoria.
Cedo, Jessy tinha passado mais da responsabilidade pelas
operações diárias do Rancho, para seu filho Trey, preparando-o
para o dia em que ele fosse assumir o controle, assim como
Chase a havia preparado. Era esta liberdade das minúcias do
dia a dia, que permitia a Jessy relaxar na sala e desfrutar de
um copo de café no meio da manhã, com seu sogro.
Uma forte rajada do vento típico da região, atingiu um dos
vidros da janela. Automaticamente Jessy olhou em sua direção,
fazendo uma pausa no ato de levantar a xícara de café aos
lábios.
— Eu gosto do som disso. — Jessy comentou
passivamente. — Isso significa que não terá feno para o gado.
Quanto mais tempo eles tiverem a boa grama Calder para
pastar, melhor será para o nosso balanço financeiro.
Mesmo com o brilho de um sorriso confirmando, os cantos
da boca de Chase se aprofundaram, e o cowboy alto e magro
em pé ao lado da lareira, enviou um sorriso de lado na direção
de Jessy. — Falou como uma verdadeira pecuarista. — a
observação veio de Laredo Smith, com uma sugestão de
sotaque em sua voz, que ele atrelava como sendo de algum
lugar bem ao sul de Montana. — Agora, eu estava pensando
sobre como deve estar lamacento o chão no Ninho do Javali.
Quando este solo descongela, ele se transforma em quiabo.
Ninho do Javali era o nome dado a uma velha barraca de
linha, no Triplo C., que Laredo chamava de casa e onde ele e
Jessy haviam roubado muitos momentos de prazer.
Uma risada divertida escorregou dela, seu calor
combinando o brilho de amor que estava no olhar que lhe deu.
— Depois de todo esse tempo, nós ainda não fizemos de você
um verdadeiro vaqueiro, não é, Laredo?
— Não por falta de tentar. — seus olhos azuis mostravam
um brilho de entendimento.
Era o tipo de olhar trocado entre os amantes. Apenas por
um momento, Chase teve a sensação de não se sentir
confortável. Ao mesmo tempo, se lembrava da forma como sua
falecida esposa Maggie costumava olhar para ele.
Ela tinha ido deste mundo pela metade da vida, mas o
amor que sentia por ela era tão profundo e forte como nunca.
Era algo sobre o qual Chase nunca falava, cumpridor do código
não escrito do Velho Oeste, que insistia em que os sofrimentos
de um homem eram uma coisa privada.
Fora, o barulho revelador do motor de um veículo se fez
ouvir na sala. Chase levantou a cabeça com uma leve
curiosidade. — Parece que está chegando alguém.
Virando-se, Laredo olhou para fora da janela da frente. —
É um carro de patrulha do estado.
— Sério? Eu me pergunto por que eles estão aqui. — foi a
curiosidade em vez da preocupação, que levou Jessy a
,distraidamente, colocar seu copo para baixo.
— Estou supondo que em breve você vai descobrir, —
Laredo respondeu, quando o baque surdo do fechamento da
porta do carro penetrou no salão. — Vou verificar se há uma
jarra de café na cozinha.
Chase assistiu o cowboy de pernas longas fazer a sua
saída do salão. — Ele não perde o hábito de não se arriscar,
não é? — comentou com Jessy.
— Eu duvido que ele consiga algum dia. — ela fez a
resposta ao assunto com um encolher de ombros e saiu da sala
para cumprimentar o oficial que chegava à porta da frente.
A troca de palavras foi um reconhecimento raro da
consciência mútua, que o homem que se apresentava como
Laredo Smith, tinha um passado que não suportaria um exame
minucioso. Sua falta de preocupação, era outro exemplo dos
antigos códigos ocidentais em jogo, especificamente aquele que
insistia que um homem fosse julgado como estava diante deles,
e não por aquilo que ele poderia ou não ter feito, antes de o
conhecerem.
Da entrada da frente chegaram as vozes moduladas da
troca de gentilezas, logo seguida pelo som de dois conjuntos de
passos se aproximando da sala. Jessy entrou pela porta
acompanhada por um soldado uniformizado, com sua pesada
jaqueta de zíper mas não retirada, um sinal claro que sua visita
seria, provavelmente, curta.
— Este é Trooper Van Fleet. — Jessy disse a Chase, como
uma introdução, em seguida se dirigiu ao patrulheiro. — Eu
acredito que você conhece meu sogro, Chase Calder.
— Claro!​​ Bom vê-lo novamente. — retirando as luvas, o
soldado estendeu a mão sobre a mesa para apertar brevemente
a mão de Chase.
Chase foi direto ao ponto. — Esta é uma visita de negócio
ou social?
— Um pouco dos dois. — o homem reconheceu, e
acrescentou ironicamente: — Pelo menos, é negócio de uma
espécie. Eu sei que ainda estamos alguns dias longe da Ação de
Graças, mas estamos tentando nos adiantar ao início do Natal.
Veja, este ano estamos nos juntando com os fuzileiros navais
em sua campanha de brinquedos total. Naturalmente,
gostaríamos de obter o apoio do Triplo C., se pudermos.
— É uma causa digna, — Chase declarou. —
Especialmente agora quando tantas pessoas estão tendo
tempos difíceis.
Desviado por seu próprio comentário, Chase pensou sobre
todas as crises econômicas mais graves do que outras, que o
Triplo C. tinha sofrido e sobrevivido, em seu quase século e
meio de existência. Não tinha dúvida que iria enfrentar uma no
presente também, mas graças à gestão cuidadosa da mulher no
comando, não ficava indiferente às dificuldades dos outros.
Ele balançou a cabeça muito ligeiramente para a nora.
Como sempre, Chase delegava qualquer decisão final para
Jessy, confiante que ela prontamente concordaria em ter o
Triplo C., participando da movimentação dos brinquedos.
Depois de se sentar na segunda poltrona, o policial
começou a explicar tudo, desde o objetivo final para o
calendário até a logística da campanha. Tais mundanos
detalhes ainda que essenciais, não conseguiram prender a
atenção de Chase, menos ainda quando ele reconheceu as
pisadas fora da porta. Meros segundos depois, Cat, sua filha,
entrou no salão com uma garrafa de café e xícaras extras,
equilibradas sobre a bandeja que ela carregava.
De figura pequena, Cat era a imagem de sua falecida mãe,
possuindo os mesmos olhos verdes e cabelos escuros meia-
noite. Usava os cabelos mais curtos que os de Maggie. Quando
Chase uma vez comentou sobre o corte de cabelos de Cat, tinha
sido rápido em afirmar que era fácil para cuidar e chique. Em
seus pensamentos, Chase reconheceu que era bonito e a fazia
parecer muito mais jovem para sua idade.
Chase observava com orgulho de um pai, como o soldado
prontamente parou com a entrada de Cat. — Senhora
Echohawk. — ele falou o nome dela com animação. — É um
prazer vê-la hoje.
Por um breve momento, o olhar de Cat fez um exame de
seu rosto. Em seguida, um leve sorriso de reconhecimento
tocou seus lábios. — Nós nos conhecemos no escritório do
Xerife, — ela se lembrou. — Trooper Van Fleet, não é?
— Sim, senhora. — ele parecia satisfeito por ela ter se
lembrado de seu nome.
Seu sorriso se alargou. — Bem-vindo ao Triplo C. — ela
colocou a bandeja em cima da mesa e pegou a garrafa para
servi-lo. — Você gostaria de um pouco de café? Feito agora.
— Sim, obrigado.
— Eu nunca vi um homem em uniforme recusar uma
xícara. — Cat sorriu quando lhe entregou a xícara cheia.
— É verdade. — admitiu ele, hesitando, e acrescentou um
pouco consciente. — Eu tive o prazer de trabalhar com o seu
falecido marido em várias ocasiões. Logan era um bom Xerife e
um bom homem.
— Obrigada. — Cat respondeu, mas esta era uma casa na
qual não se falava sobre o sofrimento pessoal.
Antes do momento se tornar difícil, Jessy falou: — Trooper
Van Fleet está aqui em nome dos fuzileiros navais, pela
Campanha Total dos Brinquedos.
— Eu estava esperando que esta fosse uma visita social.
— Cat admitiu, e sorriu um pouco triste. — O Natal não está
muito longe, não é?
— Pouco mais de um mês. — com a xícara na mão, o
oficial voltou ao seu lugar na lateral.
— E isso vai passar rápido. — Cat murmurou e se virou
para Jessy. — Quer uma recarga do café?
— Claro. — ela estendeu a xícara e esperou enquanto Cat
a servia.
— Encha a minha também enquanto você está aqui. —
Chase empurrou a xícara para frente.
— Desculpe, pai, mas este é o café normal. — Cat
informou. — Eu vou voltar com o seu descafeinado.
— Evite a viagem para a cozinha, e apenas encha o meu
copo com o que você tem na garrafa. — Chase declarou.
— Agora, papai... — ela começou.
Mas Chase interrompeu suas palavras antes que ela
pudesse completar sua admoestação. — Minha filha gosta de
pensar que sabe o que é melhor para mim. — ele dirigiu o
comentário para o oficial, com a frieza de sua voz indicando,
claramente, sua opinião sobre aquilo.
— Você sabe que deveria cortar a cafeína, pai. — Cat
lembrou.
— Há um monte de coisas que eu deveria fazer e não faço.
Agora, encha o meu copo. — esta última afirmação tinha o tom
familiar de um homem acostumado a ser obedecido.
Com os lábios pressionados firmemente juntos em
desaprovação, Cat derramou café em sua xícara, e tentou
assumir seu papel como anfitriã voltando-se para o soldado. —
Eu posso perguntar se você toma com creme ou açúcar? Eu
tenho tudo sobre a bandeja.
— Preto está bem. — assegurou ele, e pegando vários
papéis dobrados de um bolso interno, os entregou a Jessy. —
Imprimi tudo o que você precisa saber. Nós realmente
apreciamos se você os assinar.
O apoio do Triplo C. vai significar muito.
— Fico feliz em ajudar. — Jessy respondeu e colocou os
papéis sobre a mesa. — Eu vou lê-los mais tarde.
Com toda a curiosidade de uma gata, Cat deslizou uma
olhada nos papéis. — Você está em parceria com os brinquedos
para as crianças este ano? Isso é bom de ouvir.
— Ninguém gosta de ver as crianças sem nada, em
qualquer época do ano. — algo em seu tom implicitava que
tinha visto mais do que ele queria.
Chase não permitiu que a conversa ficasse atolada nos
atuais problemas econômicos. — Toda vez que os pais têm de
apertar o cinto, o saco de Papai Noel só se torna maior, como
ele vai ficar este ano.
Todo mundo sorriu, concordando, e a conversa ficou
centrada em torno da campanha atual. Uma vez que o soldado
terminou o café, não se demorou, dizendo que havia outras
paradas para fazer. Cat o acompanhou à porta.
— Eu vou espalhar a palavra sobre os brinquedos pelo
caminho, e verificar que seja afixado na loja do rancho. —
Jessy disse, falando vagamente os seus pensamentos. — Minha
mãe seria boa em organizar isso. Ela estava reclamando no
outro dia que precisava de algum tipo de projeto.
— Stumpy apreciará isso. — Chase comentou, referindo-se
ao seu pai. — Ele me disse outro dia que ela estava se
transformando em uma chata, importunando ele.
Laredo retornou ao salão a tempo de ouvir a última
observação. — Você está falando sobre Cat, de novo?
— O sapato se encaixa nela também, mas, neste caso,
estamos nos referindo à mãe de Jessy. — Chase respondeu.
— Acho que vou esquecer que ouvi isso. — Laredo serviu-
se de outra xícara de café e olhou na direção da janela da
frente, enquanto o carro de patrulha se afastava.
O olhar de verificação não escapou a Chase. Mas ele não
comentou sobre aquilo, assim como ele não disse nada sobre o
retorno de Laredo na esteira da partida do soldado. Em vez
disso, simplesmente tomou um gole de seu próprio café. Cat
parou na porta, atraindo seu olhar.
— Você quer alguma coisa, Cat?
Quando ela abriu a boca para responder, o silêncio da
casa foi quebrado pelo som pesado de pés correndo, e
chamadas de voz de um menino: — Vovô, vovô!
— Aqui, Jake. — Chase gritou desnecessariamente,
quando seu bisneto de quatro anos invadiu a sala, quase
derrubando Cat na corrida.
Chase balançou sua cadeira giratória ao redor, para
enfrentar o jovem que veio de roldão em torno da mesa para
ele, com o queixo se projetando para coincidir com o olhar fixo
de determinação em seu rosto, numa expressão quase
chocantemente familiar do que Chase tinha conhecido no
passado. Inclinando-se para frente, Chase correu um olhar de
inspeção sobre o cocar em sua cabeça, quase cobrindo o
menino que o usava. Ele se assentou ligeiramente torto, apesar
da faixa preta que tinha a intenção de mantê-lo no lugar.
Lutando contra um sorriso, perguntou: — Qual é o
problema, filho?
— É a mãe. — Jake declarou e manteve a boca fechada em
uma linha firme.
Como na sugestão, sua mãe Sloan entrou na sala. A
mistura de diversão e exasperação ondulando em seu rosto,
quando ela localizou o filho atrás da mesa.
— É a sua mãe? — Chase queria saber.
— Ela disse que não posso usar minhas botas de cowboy
na peça de Natal. Ela disse que eu tenho que usar sandálias.
Eu não vou, não é? — Jake insistiu, confiante que tivesse um
aliado no seu bisavô.
— Você deverá ser um menino pastor, não é?
A testa franzida em uma careta infeliz. — Sim mas…
— Sem mas, Jake. — Chase levantou a mão em
silenciamento. — Deixe-me lhe explicar desta forma: se Jesus
tivesse nascido aqui no Triplo C., os vaqueiros teriam vindo
para adorá-lo em suas botas de cowboy. Mas Jesus nasceu em
Belém. Então os pastores se ajoelharam diante dele e eles
usavam sandálias.
— Sandálias são para meninas, Greypa. — Jake
protestou, usando o nome que tinha inventado para ele quando
começou a falar, e não conseguia pronunciar algo como bisavô.
— Meninas e meninos pastores, certo? — a única
pergunta desafiava o menino a concordar.
Jake deu um grande suspiro, descontente. — Certo.
Da porta, Sloan ficou maravilhada: — Eu não sabia como
fazê-lo, Chase. Eu dei voltas e voltas com ele sobre esta
questão das sandálias. Você diz algumas palavras para ele e é
um negócio feito.
— Papai sempre teve um jeito com crianças pequenas. —
Cat sorriu largamente, em uma mistura de orgulho e
aprovação.
Chase lhe dirigiu um olhar rápido. — São os mais velhos
que me dão problemas.
Laredo riu e enganchou a perna por cima de um canto da
mesa. — Diga-me, Jake, você já começou a fazer uma lista do
que você quer que o Papai Noel traga para o Natal?
Iluminando-se visivelmente na mudança de assunto, Jake
se virou para ele. — Sim, eu tenho muitas coisas que estou
colocando na lista.
— Como o quê?
— Eu preciso de calções de couro, um cinto e uma corda.
— Você já tem uma corda. — Laredo lembrou.
A resposta foi um enrugamento rápido do nariz. — Aquela
corda é para os bebês. Eu preciso de uma boa corda.
— O meu erro. — Laredo lutou para conter um sorriso.
— Você acha que Papai Noel me traria uma sela? Eu com
certeza poderia usar uma. — Jake acrescentou como um
adulto com gesto de ênfase.
— E poderia ser útil você pedir jeans, um casaco de
inverno, meias e roupa interior. — Sloan inseriu. — Ele está
ultrapassando tudo o que ele já tem.
— Você foi crescendo como uma pequena erva. — Laredo
deu ao topo do cabelo castanho de Jake uma mexida
brincalhona.
Jake começou a protestar contra a falta e de repente se
lembrou e deixou escapar: — E um ATV meu.
Laredo riu abertamente. — Agora há um cowboy moderno
em você. Por que andar quando você pode montar um ATV?
— Papai Noel me traria um, não é? — Jake procurou a
confirmação de Chase.
Com o canto do olho, Chase percebeu o movimento
negativo da cabeça de Sloan. — Algo me diz que Papai Noel vai
pensar em um presente assim quando você for mais velho.
— Quantos anos? — Jake queria saber.
Chase deu de ombros. — Você terá que perguntar ao Papai
Noel.
Jake pensou por um segundo e balançou a cabeça, dando
a Chase um olhar brilhante. — O que você quer que Papai Noel
lhe traga para o Natal, Greypa?
— Sim, diga-nos. — Cat pediu.
— Eu já estou conseguindo o que eu quero: todos os meus
netos estão voltando para casa para o Natal.
Jake franziu a testa. — Isso não é um presente.
— Às vezes, os melhores presentes não vêm todos
embrulhados em pacotes bonitos. — Chase disse a ele.
Claramente não se compra isso. — Jake voltou sua
atenção para Laredo. — O que você colocou na sua lista?
— Eu sou como o seu bisavô, aqui. — Laredo respondeu.
— Eu já tenho praticamente tudo o que um homem pode
desejar.
Chase correu um breve olhar sobre o cowboy magro,
perguntando-se se mais alguém entendera o significado da
frase pequena que Laredo tinha usado. Mas com Jake na sala,
não havia tempo para meditar sobre aquilo quando o menino
correu para Jessy.
— Você quer um presente de verdade, não é, vovó?
Jessy fez uma demonstração de um pensamento sério
para a pergunta. — Eu gostaria de um novo chuveiro. O meu
está ficando um pouco velho. — mas seu neto poderia falar que
aquilo não era um presente. — E talvez um novo conjunto de
esporas.
Seu rosto se iluminou. — Eu quero umas esporas,
também.
— Se a sua lista ficar mais tempo, Jake, Papai Noel vai
pensar que você está ficando ganancioso. — Sloan se
aproximou dele e tirou o cocar torto. — É melhor me deixar
pegar isso antes de sujá-lo.
— É melhor eu começar o almoço. — Cat saiu da sala e fez
uma pausa para olhar para Chase. — Você quer se deitar um
pouco antes do almoço?
— Não. — Sua resposta foi rápida e firme.
— Você é quem sabe. — ela respondeu.
A breve troca levou a atenção de Jake para Cat.
— O que você quer para o Natal, tia Cat?
— Eu posso lhe dizer o que ela precisa. — Chase declarou
antes que Cat tivesse uma chance de responder. — Um marido.
— Pai. — o nome dele saiu em uma respiração chocada.
— Bem, é a verdade. — ele insistiu. — Se você tivesse um
marido, não estaria oscilando em torno de me chatear o tempo
todo.
— Eu não o chateio. — ela se irritou um pouco com a
sugestão.
— Não muito. — Chase murmurou.
Com os olhos arregalados de espanto, Jake olhou para ela.
— Papai Noel pode lhe trazer um marido?
Cat jogou ao seu pai um olhar: “veja o que você começou”
irritado, e forçou um sorriso. — Não, querido. Papai Noel não
pode trazer esse tipo de presente.
— Mas se ele pode trazer um cachorro para alguém, por
que não pode lhe trazer um marido? — ele fundamentou.
— Um marido é algo que uma mulher gosta de escolher
para si mesma. — Cat explicou com uma grande mostra de
paciência. — E Deus sabe, as colheitas são muito escassas por
aqui. Supondo que eu estivesse procurando, é claro. — ela
acrescentou, atirando a Chase outro olhar irritado.
— Claro. — Chase assentiu, sua expressão se suavizando.
Havia uma riqueza de conhecimento em seu olhar.
Cat sabia que ele estava totalmente ciente daqueles
momentos de solidão que se infiltravam em uma pessoa, depois
de terem perdido a pessoa que amavam, para não mencionar
todos aqueles desejos sem nome que visitavam uma pessoa ao
cair da noite.
— Se você quiser, tia Cat, eu posso ajudá-la a procurar
um. — Jake se ofereceu.
Um olhar para a sua expressão séria, e Cat não teve
dificuldade em manter um sorriso. — Agradeço a oferta, mas
prefiro eu mesma procurar.
Ele inclinou a cabeça em um ângulo curioso. — Onde é
que você vai encontrar um?
Sua pergunta tinha feito Cat disparar um olhar
exasperado a Chase. Sloan viu e veio em seu socorro,
segurando seu filho pelos ombros com o cocar dobrado debaixo
do braço.
— Perguntas suficientes, Jake. — ela o virou para a sala
de estar. — Vamos colocar sua roupa.
— E depois? — ele queria saber mesmo enquanto ela o
conduzia na direção da grande escadaria de carvalho, que
levava ao segundo andar expansivo da casa. — Podemos ir até
o celeiro e alimentar os cavalos?
— Vamos ver. — a resposta murmurada de Sloan
voltavam-se à sala.
Laredo deu uma sacudida irônica em sua cabeça. — Esse
menino não se acalma. Se ele está acordado, tem que estar em
movimento.
— Trey era igual a ele nessa idade. — Jessy recordou, e se
despertou. — Eu preciso me mover. É hora de verificar as
coisas no escritório da fazenda.
Quando ela levantou, Laredo se afastou da mesa. — Vou
junto com você. Eu preciso ver se as peças para o gerador
foram entregues e pegá-las mais tarde. — ele virou um olhar
ocasional na direção de Chase e seguiu Jessy para fora da sala.
Quando o par se voltou para a porta da frente, Cat
hesitou, e reentrou na sala, começando a recolher as xícaras de
café e as colocando na bandeja. Chase observava enquanto ela
pegava a bandeja agora mais pesada e equilibrada em seu
antebraço.
No momento em que ela parecia pronta para se afastar da
mesa, ele disse: — Você quer dizer que não está começando
esse negócio de novo sobre eu me deitar antes do almoço?
— E ser acusada de chatear você de novo? Não é provável.
— ela atirou de volta.
— Você faz isso, por vezes, Cat. — Chase combateu.
— Se eu faço isso, é apenas para o seu próprio bem. —
Cat insistiu, segurando-se um pouco tensa.
Orgulho. Sua filha sempre teve uma abundância dele. Mas
foi a consciência do relâmpago do seu temperamento explosivo
que levou Chase a ignorar aquela inclinação orgulhosa e
combativa de seu queixo. — Estou bem ciente disso, Cat, —
assegurou. — Mas é preciso reconhecer que, embora eu possa
estar velho, não estou inválido.
— Eu sei disso. — mas havia um toque de nitidez em sua
voz.
— Você tem muito tempo em suas mãos e um pouco mais
em que pensar além de mim.
— Oh, por favor. — a exasperação crivada em suas
palavras. — Você não está começando a falar sobre um marido
novamente, não é?
— Por que é um assunto tão doloroso? — ele se recostou
na cadeira em uma mostra de relaxamento para mascarar seu
estudo perto da sua reação. — Você está absolutamente contra
a se casar de novo?
— Claro que não. — Sua resposta foi enfática e rápida. —
Por que eu iria ser quando vi dois exemplos perfeitos. Primeiro
foi você e Hattie... Independentemente do quanto você amava
minha mãe, eu sei que seu segundo casamento com Hattie foi
muito gratificante, mas em um tipo de caminho diferente. E
qualquer um pode ver como Jessy está feliz com Laredo. — ela
fez uma pausa, com a irritação piscando através de sua
expressão. — Embora, às vezes eu fico tão brava com Laredo,
que quero puxá-lo para fora e acertá-lo!
— Por que? — Chase franziu as sobrancelhas em
surpresa.
— Porque ele obviamente deixa seu orgulho ficar no
caminho, ao invés de ir para o próximo passo e realmente se
casar com ela. E por quê? Só porque Jessy dirige este rancho e
ele é apenas um cowboy comum. É ridículo.
— Eu acho que o orgulho não tem nada a ver com isso,
Cat.
— Então por que ele não se casa com ela? — desafiou.
— Suspeito que ele tem outras razões. Aquelas que não
preocupam Jessy, mas que devem ser incômodas para nós.
Cat foi rápida para ler entre as linhas, todos os seus
sentidos em alerta máximo. — Você está dizendo que há
alguma verdade nos rumores de que Laredo seja um homem
procurado?
— Eu nunca perguntei e nunca farei isso. — não o
expressava, mas era a ordem que ela também não deveria
fazer.
— Logan sempre gostou muito dele. — Cat lembrou em
um olhar ausente se refletindo.
— Talvez você deva pensar em fazer uma viagem, após o
primeiro dia do ano. — Chase sugeriu em uma mudança
deliberada de assunto.
Uma pequena risada, ofegante de surpresa escorregou
dela. — De onde veio isso? Primeiro você me acusa de me
transformar em uma chata, e agora você está tentando se livrar
de mim?
Chase sorriu meio que em uma provocação lúdica. — Esse
pensamento não tinha passado pela minha cabeça, mas é mais
uma boa razão. Na verdade, eu estava lembrando do
comentário que você fez sobre a escassez de homens elegíveis
por aqui. Se gastar todo o seu tempo aqui no Triplo C., você
não será susceptível de satisfazer ninguém. A mudança de
cenário seria boa para você de qualquer maneira.
— E para onde eu iria? — ela respondeu, sem se
impressionar com a sua sugestão.
— Vá para o Texas. Passe um mês ou dois com Quint e
Dallas. Há um bom tempo você não vai passar algum tempo
com seu filho e sua família.
— E trocar um rancho por outro? Eu não penso assim.
— Então voe para a Inglaterra e fique com Laura. Se é
uma vida social que quer, ela vai fazer você começar uma. Você
sabe como é cheio o seu calendário o tempo todo. Estou
surpreso que ela consiga pensar em vir para o Natal deste ano.
Cat respondeu com um movimento rápido de sua cabeça.
— O tempo seria desagradável nesta época do ano por lá.
— Então vá em um cruzeiro para algum lugar quente. —
Chase argumentou, aumentando um pouco a irritação por suas
desculpas rápidas.
— Sozinha? Eu não penso assim. — desta vez, o balanço
de cabeça era firme e decisivo. — Talvez eu voe de volta para o
Texas com Quint depois do Natal. Mas se eu o fizer, será para
passar algum tempo com o meu novo neto, Josh. — Cat sorriu
só de pensar na criança de cabelos vermelhos com quase dois
anos de idade.
— Aceita, papai, nem todos recebem uma segunda chance
no amor.
— E você na sua maldita certeza, não vai se sentar aqui
esperando por ele para vir até você. — Chase a informou.
Desta vez, ela não se levantou para seu tom de isca. —
Chega, papai. Por que você não vai para a cozinha e me dá uma
mão com o almoço? Como você tão sucintamente colocou, você
está velho, mas não é um inválido.
— Não fique esperta comigo, menina. — alertou, mas com
um meio sorriso. — Desta vez você vai cuidar do almoço
sozinha. Eu tenho algumas reflexões a fazer.
Travando a nota séria em sua voz, Cat olhou-o com
curiosidade. — Sobre o que?
— Acho que você pode culpar Jake e toda a sua conversa
sobre o Natal e os presentes. — seu olhar se deslocou para a
janela da frente, enquanto a luz solar queimava fora do para-
brisa de uma picape deixando a casa, na distância. Jessy se
sentava no banco do passageiro da picape. — Por uma razão ou
outra, tem sido um bom número de anos desde que todos nós
estivemos juntos para os feriados. Seria bom se eu pudesse ter
presentes especiais para cada um de vocês para marcar a
ocasião.
— Seria, — Cat concordou prontamente e se virou para
sair, acrescentando por cima do ombro: — Apenas me dê sua
lista uma vez que você a tenha feito, e eu vou vê-los para você.
Sua resposta foi uma risada rouca. — Sim, você gostaria
de saber o que vai ser o seu presente. Eu conheço você. Este
ano eu vou fazer minhas próprias compras, obrigado.
Cat começou a protestar, depois sacudiu a cabeça
divertida. — É o que você diz, mas vai descobrir que o shopping
não estará tão fácil como parece que você pensa que é. — ela
continuou fora do salão saindo para a cozinha.
Chase poderia ter dito a ela que a dificuldade geralmente
dependia do objeto que uma pessoa quisesse comprar.
Mas ele não estava prestes a despertar a sua curiosidade
ainda mais, e sabiamente manteve o silêncio enquanto
ponderava as possibilidades. Uma delas era óbvia; o resto não.
Capítulo Dois
Ao meio-dia, o vento Chinook tinha diminuído em força
para um vento forte. A maior parte da neve que cobria o pátio
do rancho se derretera; apenas, ocasionalmente, flutuava
reduzida à deriva, permanecendo nas áreas protegidas.
Atravessando o pátio do rancho, Trey Calder se inclinava
em direção ao forte balcão de madeira. Batizado como Chase
Benteen no nascimento, ele era o terceiro Calder a ostentar
aquele nome. A distinção tinha no início lhe rendido o apelido
de Trey, e ele respondia a Trey desde então. A vida ao ar livre
de um fazendeiro, tinha deixado um expressivo bronzeado nos
ângulos duros e planos de seu rosto, características essas que
eram a característica dos homens Calder. Ele tinha quase um
metro e noventa de altura em pés de meia. Os saltos de
equitação de suas botas de vaqueiro acrescentavam mais
alguns centimetros à sua altura.
Ao se aproximar do celeiro, a porta holandesa ao lado se
abriu e seu jovem filho saiu, imediatamente fechando a mão
em cima de seu chapéu de vaqueiro para mantê-lo contra o
vento que soprava. Trey permitiu que um pequeno sorriso
brincasse nos cantos de sua boca, ao observar a ação de Jake,
em seguida, com uma breve olhada, identificou Sloan, quando
ela apareceu na porta atrás de seu filho.
Até então Jake não o tinha visto. — Oi, pai. — ele
começou a correr, mas o chão lamacento sugava suas botas,
lhe dando um andar desajeitado. — O que você está fazendo?
— Olhando para você.
— Acho que você não tem que olhar mais porque eu estou
aqui, hein? — Jake fundamentou.
— Isso é certo. — Trey passou o braço em torno de Sloan
quando ela se juntou a eles. — O que vocês dois têm feito?
— Eu vim trabalhar, pai. — Jake declarou o assunto com
naturalidade.
Lutando contra um sorriso, Trey se esforçou para coincidir
com o tom de seu jovem filho. — Você fez muito, não é?
— Sim.
— Realmente. — mas o olhar de lado que Sloan deu estava
cético.
— É verdade. — ela lhe assegurou, com falsa seriedade. —
Ele ajudou a alimentar os cavalos e deu uma mão a Jobe,
limpando as barracas, e segurou um cavalo para o Tank
enquanto ele aparava os cascos.
— Tank disse que eu era um bom ajudante de verdade. —
Jake sorriu com bastante orgulho lembrando-se do elogio.
— Com todo o trabalho que tem feito, eu aposto que você
está com fome. — Trey adivinhou.
— Faminto — Jake confirmou com um aceno enfático. —
E muito alegre que seja hora do almoço. Mamãe e eu
estávamos indo para casa para comer. Ela disse que é possivel
que a tia Cat já tenha a comida na mesa, agora.
— Vamos esperar que sim. — de comum acordo, todos se
dirigiram para a Casa Grande, mas a um ritmo que as pernas
mais curtas de Jake poderia igualar.
— Ei, mãe. — ele se virou, andando para os lados. — Você
acha que Greypa já encontrou um marido para a tia Cat?
— Um marido? — Trey olhou para Sloan com uma
expressão intrigada.
— É uma longa história. — ela murmurou em resposta,
então disse a Jake: — Eu duvido.
— Pode eu ir perguntar a ele? — perguntou Jake com
vontade.
— Eu posso? — Sloan corrigiu automaticamente.
— Mas eu quero lhe perguntar, mãe, — Jake insistiu, uma
expressão determinada em seu queixo.
— Não, eu quis dizer que você deveria ter dito “Eu posso”
não “pode eu ir perguntar a ele. — ela achou difícil esconder
um pequeno sorriso.
— Bem, eu posso?
Sloan desistiu de corrigir a sua gramática e acenou com a
mão em direção à casa. — Vá.
Com a permissão concedida, Jake correu para a Casa
Grande. — ela gritou imediatamente depois dele, — Não se
atreva a entrar com as botas enlameadas, Jake Calder! Tire-as
do lado de fora.
— Sim, mamãe. — ele gritou de volta.
— Então, qual é esta longa história sobre vovô arrumando
um marido para Cat? — Trey perguntou agora que Jake estava
fora do alcance da voz.
Enquanto ela lhe contava sobre o incidente da manhã,
manteve um olho em seu filho só para ter certeza que ele se
lembrasse de tirar as botas antes de entrar.
Mas Jake correu por todo o assoalho de madeira da
varanda direto para o Bootjack, o dispositivo para facilitar a
retirada da lama das botas, perto da porta da frente, arrancou
um pé fora da primeira bota enlameada depois o outro, e se
lançou à porta, jogando seu peso contra sua pesada madeira
para abri-la. Lá dentro, ele fez uma pausa longa o suficiente
para empurrá-la e fechando-a, correu para o escritório.
Descalço, teve dificuldade para conseguir correr na superfície
de madeira do corredor e reduziu seu ritmo para um trote
rápido.
Quando chegou à porta aberta do escritório, deslizou para
fazer a volta para o interior. — Ei, Greypa, você encontrou o
marido para tia Cat? — interrompeu o resto da sua pergunta e
franziu a testa, perplexo, quando viu seu avô abaixado atrás da
mesa, apenas com a cabeça e ombros visíveis. Jake se mudou
para o lado da mesa para um olhar mais atento. — Ei, Greypa,
o que você está fazendo?
— Procurando algo. — Chase não olhou para cima de sua
busca do conteúdo da gaveta do meio.
— Posso ajudar? Eu sou um bom ajudante, Greypa.
— Não, eu vou encontrá-lo sozinho. — rosnou metade da
resposta, empurrou a gaveta do meio fechando-a, empurrou a
cadeira para trás e se abaixou fora dela em um joelho quando
abriu a gaveta inferior. — O maldito tem de estar aqui em
algum lugar.
Um protesto se formando, mas parou quando ouviu o som
da abertura da porta da frente, acompanhado pelas vozes
familiares de seus pais. Ele se afastou da mesa e correu de
volta para a entrada, chegando quando Cat se juntou a ele.
— Chegaram em boa hora. — Cat declarou. — Eu estava
para avisar o paizinho que o almoço está na mesa. — Jake,
você corre e diz a ele?
— Ok, mas... — ele hesitou: — acho que Greypa precisa de
alguma ajuda em primeiro lugar.
— Por quê? Onde ele está? — perguntou Cat, com o
primeiro vislumbre de preocupação mostrando-se em sua
expressão.
— No chão atrás da mesa.
— No chão? Oh, meu Deus, ele está caído? — antes que
ela terminasse a frase, Cat estava correndo para o escritório e
Trey e Sloan apenas a alguns passos atrás dela. Não
entendendo o porque de toda a urgência, Jake estava na
traseira.
Cat correu atrás da mesa. — Eu vou ajudá-lo, pai. —
inclinando-se, ela agarrou seu braço.
— Deixe-me. — ele a empurrou e lhe dirigiu um olhar
quando ela estendeu a mão para ele novamente. — Que diabos
está fazendo?
— Estou tentando ajudá-lo. — ela retrucou, então
acusando: — Você teve uma tontura, não foi?
— O inferno eu tive. — Chase disparou de volta,
combinando a explosão de temperamento.
— Oh, realmente. — Cat enfiou as mãos nos quadris,
fazendo uma pose desafiadora. — Então por que você está no
chão?
— Porque eu queria ver. Como inferno eu poderia olhar
para qualquer coisa no fundo da gaveta. — ele fez um gesto
meio selvagem em seu conteúdo.
Tardiamente Cat notou Jake, de pé na frente da mesa,
olhando e ouvindo tudo. — Cuidado com a língua. — Cat
sussurrou para seu pai e virou a cabeça na direção de Jake.
— Eu não teria qualquer maldita razão para praguejar, se
as pessoas apenas colocassem as coisas de volta no lugar. —
Chase murmurou e começou a remexer na gaveta.
— O que você está tentando encontrar? — Cat exigiu,
totalmente exasperada com ele.
— Meu livro de endereços. O que fica na gaveta de cima.
— Endireitando-se, ele apontou o dedo para o local adequado.
— Mas não parece estar lá.
— Isso é culpa minha, vovô. — Trey falou. — Depois de ter
transferido todos os nomes e números para o computador,
coloquei o livro aqui no armário.
Quando Trey se mudou para recuperá-lo, Chase
perguntou: — Por que diabos você fez isso?
— Que diferença faz porque ele fez isso? — Cat
argumentou e se afastou, dando um passo para o teclado do
computador, atrás da mesa. — Foi feito. Agora qual número
que você quer? Posso chamá-lo mais rápido do que você pode
encontrá-lo no estúpido livro.
— Se eu quisesse que você procurasse um número para
mim, eu teria falado, agora, não teria? — Chase agarrou a
borda da mesa e a usou para se alavancar atrás em sua
cadeira.
— Você está se transformando em um urso velho e
rabugento, pai. Eu estava simplesmente tentando ajudá-lo e
você fica rosnando para mim.
— Talvez eu não devesse ter feito isso, — admitiu a
contragosto. — mas eu fico irritado. Na minha idade, eu não
tenho um monte de tempo a perder à procura de coisas.
— Aqui está, vovô. — com o catálogo de endereços
recuperado do armário, Trey colocou sobre a mesa na frente
dele.
— O almoço está na mesa. E se a sopa esfriar, a culpa é
sua, porque você só precisava ter o seu livro de endereços. —
claramente ainda irritada com ele, Cat girou bruscamente e
saiu do escritório.
Um leve suspiro de pesar escorregou dele quando Chase a
viu sair. Ele lançou um olhar para Trey.
— Algo me diz que feri seus sentimentos.
— Eu acho que talvez você o tenha feito. — Trey sorriu
com comiseração, em uma daquelas trocas de homem a
homem sobre a suscetibilidade das mulheres.
Antes que Sloan pudesse falar em defesa do seu sexo,
Jake entrou na conversa, oferecendo a Chase alguma
justificação para a sua ação. — Mas você só ficou com raiva
porque tia Cat foi exagerada com você novamente. Ela precisa
de um marido, hein, Greypa?
— Seria certo tirar o foco de mim. — ele concordou
distraidamente e chegou em torno de sua bengala. — Nós todos
precisamos chegar lá para o almoço ou ela nunca vai me dar
alguma paz.
— Você está procurando um marido? — Jake perguntou,
se movendo para o lado de Chase depois que ele se pôs de pé.
— Digamos que vamos manter nossos olhos abertos para
um. — Chase sugeriu.
— Ok. — Jake falou um pouco mais alto, orgulhoso por ter
sido convidado a participar da pesquisa.
— Uma palavra de advertência, todavia, — Chase inclinou
a cabeça na direção de Jake, baixando a voz em conspiração —
não diga nada à tia Cat sobre isso.
— Por que?
— Bem, se ela pensar que tenho alguma coisa a ver com
encontrar o seu alguém, ela é capaz de empacar e se recusar a
ter qualquer coisa a ver com ele. — Chase explicou. — As
mulheres podem ser contrárias dessa forma. A partir de agora
temos de manter essa coisa de marido entre você e eu. De
acordo? — Chase estendeu uma mão aberta.
Jake prontamente lhe deu um tapa de acordo. —
Combinado.
Mas para os ouvidos de Sloan, os comentários de Chase
continham um tom de chauvinismo. — Diga-me que isso não é
sério. — ela murmurou para Trey.
— Parcialmente, — ele admitiu, divertindo-se com toda a
cena. — mas, definitivamente, ele sabe como lidar com os
meninos.
— Quando eu tinha a idade dele, não havia nada mais
emocionante do que ter um pacto secreto.
— Pode ser. — Sloan murmurou, apenas meio convencida.
— Se você puder pensar em uma maneira melhor de parar
Jake, de falar sobre um marido para Cat... — deixou-a como
um desafio inacabado.
— Você venceu. — ela admitiu.
Na sala de jantar, cada um tomou seu lugar habitual à
mesa; Chase se sentou à cabeceira da mesa com Trey à sua
direita e Sloan ao lado dele, enquanto Cat ocupou a cadeira ao
pé da mesa. As duas cadeiras no lado esquerdo de Chase
estavam vazias, mas apenas momentaneamente quando Jessy
e Laredo fizeram sua aparição tardia na sala.
Chase ofereceu a bênção depois que todos estavam
sentados. Após a sua conclusão, ele levantou a cabeça e lançou
um olhar de soslaio para a mulher de cabelos acobreados à sua
esquerda. — Fico feliz em ver que eu não fui o último a chegar.
Cat me informou que, se a sopa estivesse fria, seria minha
culpa. — ele tirou a tampa da pequena tigela individual do seu
prato de sopa, e respirou o vapor, antes de enviar um olhar
piscando para Cat, na extremidade oposta da mesa. — A sopa
não apenas está quente, mas o cheiro é delicioso.
— Um monte de elogios não vai melhorar seu lado para
mim. — foi sua resposta rápida e definitiva para aquilo.
A resposta que ele lhe lançou foi como uma respiração
meio divertida. — Você está ficando mais parecida com sua
mãe todos os dias. Não posso dizer que o meu caminho em
torno dela também fosse um falar doce.
— Penso que não. — Cat mergulhou uma colher em sua
sopa.
Optando por não irritá-la ainda mais, Chase dirigiu a sua
atenção para as chegadas tardias. — Então, o que atrasou
vocês dois? Sem problemas, eu espero.
— Nenhum. Eu estava ao telefone com Quint passando
algumas coisas relativas ao Cee Bar. — Jessy parou um
momento.
— Essa seca no Texas irá reduzir drasticamente o número
de bovinos que ele esperava ter no inverno. O pasto apenas não
será o suficiente, e o lápis não pode diminuir o alto custo do
trabalho do feno.
— Quint sabe que se ele cuidar da terra, a terra irá cuidar
dele. Isso poderia levar um ano ou dois. — Chase declarou,
sem se preocupar com a notícia.
— Ele aprendeu isso de você. — Jessy disse de acordo, e
olhou para Cat. — A propósito, ele pediu para lhe dizer “oi” por
ele, e para lembrá-la que não é tarde demais para você voar
para lá e passar a Ação de Graças com eles.
— Eu pensei sobre isso, — Cat admitiu. — Mas seria tolice
ir para lá por apenas um dia.
— Quem disse que teria de ser por um dia? — Chase a
desafiou.
— Eu tenho certeza que você gostaria que eu ficasse lá
mais tempo, então eu não estaria aqui para chateá-lo, não é?
A doçura de sua voz era como sacarina.
Chase levantou as sobrancelhas, mas optou por não
responder. Antes que o silêncio pudesse se tornar difícil, Sloan
preencheu o vazio. — Existe algum motivo pelo qual você não
pode ficar com Quint por alguns dias?
— Na verdade não. Só que eu sei como ele está ocupado
no momento. Quint teve pouco tempo livre desde que você
comprou o rancho de Slash R. da propriedade Rutledge no ano
passado. Como você bem sabe, mais do que triplicou o
tamanho de suas participações no Texas. — Cat lembrou. —
Quint tem o suficiente em seu prato agora. E apesar de Slash R
ser adjacente ao Cee Bar, o acesso é difícil.
— Eu acho que você pode agradecer a Tara, ou culpá-la
por isso, dependendo do seu ponto de vista. — Trey inseriu,
referindo-se a primeira mulher de seu pai. — Comprar Slash R.
era um bom investimento de negócios, mas eu duvido que teria
comprado se Tara não tivesse deixado a maior parte de sua
propriedade para Laura e para mim.
— Mesmo na morte aquela mulher conseguia se envolver
de alguma forma nos assuntos Calder. — Chase observou com
um aceno irônico de sua cabeça.
— Ela tinha um talento especial para isso. — Cat
concordou, em seguida, de braços cruzados lembrou: — Eu não
posso dizer que fiquei surpresa quando soube que ela tinha
nomeado você e Laura como os principais beneficiários. Quase
desde o dia em que vocês nasceram, ela olhava para vocês dois
como os filhos que ela e Ty poderiam ter tido se ela não o
tivesse abandonado.
Um resmungo saiu de Chase, no final da mesa. — Esse
casamento estava numa situação precária bem antes disso. —
declarou.
Durante toda aquela discussão sobre Tara, Jessy não
tomara nenhuma parte na conversa. Laredo foi rápido a notar
seu silêncio sobre o assunto. Ele observou rapidamente seu
perfil com um olhar de soslaio, tentando obter uma leitura
sobre ela. Mas Jessy havia há muito se educado para não
revelar seus sentimentos internos, e agora ela se destacava
para ele, numa característica que qualquer jogador de poquer
teria inveja.
Nunca houve qualquer dúvida na mente de Laredo que
Jessy não gostava de Tara. Mas a outra mulher sempre teve
uma habilidade fantástica para se insinuar para a vida da
família Calder. Sabiamente Tara tinha centrado a sua atenção
sobre as crianças de seu ex-marido, plenamente consciente de
que o resto da família apenas tolerava a sua presença. Laredo
tinha decidido há muito tempo que Tara encontrava alguma
forma perversa de prazer naquilo.
Quanto mais pensava sobre aquilo, mais convencido se
tornava que Chase estava certo; Tara estava fazendo aquilo de
novo e desta vez da sepultura.
E isso poderia ser a mesma coisa que estava furando a
garganta de Jessy no momento.
Decidir uma ligeira mudança de assunto seria bem vindo,
e Laredo deu a abertura para Jessy.
— Este pode ser um bom momento para mencionar a
sugestão feita por Dallas.
— Que sugestão é essa? — Trey perguntou.
— Vender a casa principal do rancho Slash R. juntamente
com a área cultivada necessária para abranger o heliporto e o
acesso à auto-estrada. — Jessy respondeu. — Eu pensei que
seria uma ideia muito prática, considerando que nós já
decidimos que queremos manter a nossa sede no Cee Bar. A
casa do rancho de Slash R. é demasiado grande para ser usada
como alojamento de um chefe.
— Você estaria confortável com essa decisão? — Chase
dirigiu sua pergunta para Sloan, consciente como todos
estavam que Max Rutledge tinha sido seu tutor na infância.
— Absolutamente. — respondeu ela sem hesitação. — Eu
não tenho boas lembranças do lugar.
Trey trocou um olhar com sua mãe. — Parece que
podemos acrescentar mais uma coisa à lista para as discussões
com Quint.
— O que é mais uma razão para eu não ir para o Texas
para a Ação de Graças. — Cat declarou e começou a limpar os
pratos de sopa, enquanto Jessy repassava os ingredientes para
os sanduíches.
— Ninguém mais vai abrir outro elefante na sala? —
Chase desafiou.
— O elefante, Greypa? — Jake olhou ao redor da sala de
jantar com o interesse de olhos arregalados. — Eu não o vejo.
Cadê?
— É apenas uma figura de linguagem, garoto. — Trey lhe
disse. — Não há um verdadeiro elefante aqui. — ele sorriu para
a óbvia decepção de Jake e olhou para Chase. — Eu acho que
vamos falar com o avô, sobre a casa de veraneio que Tara
construiu sobre Lobo Prado.
— Casa de Verão. — Chase bufou com a frase. — Se isso é
o que você vai chamar, então a Casa Grande é uma cabana.
Aquele lugar não rivaliza nada com a que Rutledge construiu
no Slash R, mas ela acrescentou uma pista de pouso. Ele só
tinha um pequeno heliporto.
— Trey e eu estávamos conversando sobre isso outro dia.
— começou Sloan.
Chase a imobilizou com um olhar afiado. — Vocês dois
estão pensando em se mudar e viver lá?
Recuperando o tom combativo, Cat falou. — Isso lhes
daria muito mais privacidade do que eles têm aqui.
— Eu não estou interessada em vivermos lá. — Sloan
disse rapidamente. — Mas estou convencida que você não teria
nenhum problema em usar o lugar como um retiro de verão
para várias empresas, ou mesmo indivíduos.
Houve um segundo de silêncio pesado na mesa. Quando
Chase falou, foi num tom cuidadosamente controlado, mas
conciso.
— O Triplo C. não vai ser transformado em um rancho
enquanto eu estiver vivo.
— Trey me disse a mesma coisa. — Sloan admitiu. —
Ainda assim, parece um desperdício para o lugar permanecer
sem uso e todo trancado.
— Ela tem razão. — Cat concordou. — Alguém deveria
estar vivendo lá. Caso contrário só vai se deteriorar lentamente.
— no momento em que as palavras saíram de sua boca, ela
apontou um dedo de advertência ao Chase. — E não se atreva
a sugerir que eu vá viver lá!
— Eu não perderia meu fôlego em sugerir isso.
— Espero que não.
— Uma decisão de algum tipo deve ser tomada sobre
aquilo. Não podemos continuar a deixá-la fora. — Chase
declarou e olhou para Jessy. — Quando foi a última vez que
alguém verificou o lugar?
— No nosso último ajuntamento. — ela respondeu. —
Quando fizemos o nosso rodeio em Lobo Prado, eu andei
olhando ao redor, mas não tinha uma chave para olhar por
dentro e tudo parecia bem.
— Da mesma forma, você pode voar para lá esta tarde e
inspecionar a casa por dentro e por fora, bem como todas as
dependências. Ver se ela pode ser transformada em um
camping naquele canto da fazenda.
— Isso significaria a construção de uma estrada para ela,
vovô. — Trey inseriu, lembrando a Chase que o lugar era
acessível apenas por via aérea.
— Isso será um custo que teremos que pesar contra o seu
uso potencial. — Chase respondeu.
— Tenho uma reunião esta tarde, mas eu posso voar para
lá de manhã. — Jessy lhe disse. — Será que você quer andar
junto, Chase?
Ele balançou sua cabeça. — Depois de andar uma hora
em uma cabine apertada, minha artrite me deixaria tão
estufado que você teria que me erguer para fora do avião. Você
e Laredo podem ir. Por que você não vai junto com eles, Cat? —
sugeriu. — Seria bom para se afastar um pouco e ter uma
mudança de cenário.
— Você só quer me ver fora de casa para que eu não fique
por perto para importuná-lo. — Cat respondeu.
— Essa não foi minha razão. — Chase afirmou, mostrando
sua exasperação.
— Tenho certeza que não era. — Cat concordou. — Mas eu
não posso ir amanhã de qualquer maneira. Eu quero começar a
fazer as tortas de Ação de Graças, e se fizer algumas caçarolas
antes só terei que colocá-las no forno.
— Posso ir com você, vovó? — Jake saltou, olhando Jessy
com entusiasmo ousado. — Eu gosto de andar em aviões.
— Verdade. De vez em quando você voa. — Trey brincou,
mas a observação passou sobre a cabeça de Jake.
— Eu adoraria ter você voando comigo, desde que sua mãe
diga que está tudo bem. — Jessy sorriu sua resposta.
— Mãe, você não vai se importar, vai, mãe? — ele virou
um olhar sério sobre Sloan.
— Você pode ir, desde que você prometa ser obediente. —
Sloan condicionou a sua permissão.
— Eu sou sempre obediente. Não sou, vovó? — ele afirmou
com confiança.
— Quase sempre.
Durante o resto da refeição Jake recheou todos com
perguntas. Quanto alto eles iriam voar? Será que passariam
por alguma nuvem? Como é que um avião permanece no ar? Se
ele poderia levar a arma de brinquedo para atirar em algum
coiote que ele visse? Por que algumas nuvens são cinza e
algumas brancas? Jessy tentou responder às suas perguntas
com sinceridade, mas tinha que ser rápida para impedir Laredo
de oferecer uma de suas respostas espirituosas.
Terminando com a sua própria refeição, Cat perguntou: —
Alguém quer sobremesa? Há um pouco de bolo na cozinha. Ou
frutas se vocês quiserem.
— Eu não. — Chase empurrou sua cadeira para trás da
mesa e pegou sua bengala. — Tenho alguns telefonemas para
fazer. Estarei na sala, se alguém precisar de mim.
Cat o viu sair, então pensou em voz alta: — Eu queria
saber quem ele vai chamar?
— Pergunte a ele. — Laredo disse.
— Eu perguntei. Ele não quis me dizer, só ficou misterioso
e disse que não era da minha conta. — uma resposta que ela
claramente não gostara.
— Talvez não seja. — Laredo respondeu.
— Provavelmente ele está ligando para alguma loja, para
comprar um presente de Natal para um de nós. — Cat decidiu.
— Após o policial partir esta manhã, meu pai falou sobre este
ser um Natal especial, que estaremos celebrando este ano com
toda a família se reunindo.
— Eu aposto que sei o que ele vai comprar. — Jake
declarou, e presunçosamente apertou os lábios com força, em
vez de confessar o segredo que compartilhava com seu bisavô.
Ele ficou um pouco decepcionado quando ninguém mordeu a
isca e lhe perguntou o que seria.

O monomotor Cessna Skylane varria a largura do céu


azul, enquanto sua sombra corria sobre toda a terra áspera e
rachada abaixo dele. Jessy estava nos controles,
automaticamente monitorando o lugar diante dela. Cada ravina
baixa, ou mesa larga tinha uma característica distinta que
permitia a Jessy identificar sua localização naquele imenso
vazio. Laredo ocupava o lugar do co-piloto, de braços cruzados
se virando para olhar pela janela lateral.
Afivelado no assento de seu filho diretamente atrás de
Jessy, Jake se esticava tenso para a frente, para tocar a parte
de trás de seu assento.
— Ei, vovó. Já estamos lá?
— Quase. — Jessy respondeu com um leve giro da cabeça
em sua direção, então apontou para um lugar um pouco à
esquerda do nariz do avião. — Você viu aquele montículo à
frente de nós?
Jake esticou a cabeça para o lado. — O grande?
— Aquele é o Antelope Butte. — como sempre, Jessy
usava qualquer excursão com seu neto para lhe ensinar mais
sobre o Triplo C. — A pista de pouso é logo abaixo. Não vai
demorar muito agora.
Atrás dela, Jake se acomodou em seu assento, sabendo
que seu confinamento não iria durar muito tempo mais.
Jessy empurrou o nariz do avião ligeiramente abaixo da
linha do horizonte para começar a descida.
Sentindo o movimento, Laredo olhou para Jake. —
Estamos começando a descer, garoto. Certifique-se que seu
cinto de segurança esteja apertado.
— Certo. — obediente, Jake lhe deu um puxão de aperto.
— Eu quero fazer um sobrevôo para me certificar se a
pista está em boa forma. — Jessy disse a Laredo. — Mantenha
os olhos abertos para qualquer deformação do concreto.
— Vou olhar.
Jessy fez um passe baixo sobre a faixa. A sua falta de uso
nos últimos anos ficava evidente na mistura de grama alta e
ervas daninhas que abraçavam as bordas da pista. Algumas
tinham raízes onde quer que houvesse uma fenda na superfície
de concreto. Mas o exame visual não encontrou trincas ou
desniveis potencialmente perigosos.
O avião pousou sem incidentes e taxiou para o hangar
fechado. Depois de quase quarenta minutos de inatividade
forçada, Jake era só energia crua quando Laredo o ajudou a
descer.
— Onde é que vamos primeiro, vovó?
Respirando profundamente, Jessy deixou o olhar fazer
uma varredura ao longo dos estábulos e currais adjacentes à
esquerda, as lâminas ociosas de onze moinhos de vento, e os
aposentos meio escondidos, antes de chegar a um impasse
sobre o perfil baixo do principal alastrado da casa. Tinha sido a
base de verão de Tara, construída em terreno que tinha
comprado do governo, impedindo Chase de ganhar o título de
direito até depois de sua morte. Como sempre, a visão evocava
lembranças, algumas amargas, mas a maioria apenas
lembranças do passado.
— Esse primeiro edifício. — disse Jake, balançando a
cabeça em sua direção. — Aposto que venço você até lá. — ele
desafiou.
— Aposto que você consegue. — Jessy concordou e o
observou correr. Ela e Laredo seguiram em seu ritmo de
caminhada habitual.
— Tem muitos anos desde que estive aqui no passado. —
comentou Laredo. — Não que eu não venha aqui
frequentemente. Ainda assim, eu esqueci como ele se mistura
bem com o resto do montículo.
Jessy estudou o telhado que era quase da mesma cor
acastanhada como a parede de terra por trás dele. — É uma
das raras vezes em que Tara mostrou alguma contenção. — Um
sorriso repentino atravessou sua expressão. — Pelo menos até
chegar ao interior.
Ao atravessarem a calçada de pedras da pavimentação
para se aproximarem da casa, Jake voltou correndo para
encontrá-los. — Toquei a campainha, vovó, mas ninguém veio
abrir a porta.
— É porque ninguém vive aqui. — continuando para a
porta da frente, Jessy deslizou a chave do bolso do casaco.
— Como assim? — Jake persistiu.
— Para meninos como você fazer perguntas. — Laredo
estendeu a mão para dar à borda frontal do chapéu de vaqueiro
de Jake, uma pressão para baixo sobre os olhos.
— Laredo, não. — Jake franziu a testa em desgosto e o
inclinou de volta, mas serviu para distraí-lo da linha de
questionamento. — Nós vamos para dentro, vovó?
— Temos certeza que sim.
A perspectiva de explorar a casa desocupada claramente o
percorreu, como ficou evidenciado pela forma como ele correu
de volta para a porta da frente. Com impaciência mal
disfarçada, Jake esperou enquanto Jessy a destrancava.
Correu através da abertura no instante em que ela empurrou a
porta para dentro.
Tudo dentro estava como Tara havia deixado. Mas, para
decepção de Jake, havia pouco a ser visto. Todos os móveis
estavam envoltos em panos protetores de poeira, mesmo o
lustre de chifres que pendia do teto de caixotões. A inspeção de
Jessy da casa constou de um pouco mais do que uma
caminhada rápida por meio de cada quarto, para verificar se
havia sinais de algum vazamento no telhado ou janelas
quebradas.
Quando eles saíram do último quarto e começaram a
descer o corredor, Jake deu um grande suspiro, entediado, e
olhando esperançosamente para Jessy.
— Já terminamos, vovó?
— Já. — ela sorriu, tão contente quanto ele com a tarefa
completa.
Com um grito desinibido de: — Yuppee! — Jake correu à
frente deles, rápido com suas botas ecoando no vazio. Ele
chegou à porta da frente, mas ainda estava lutando com sua
alça de grandes dimensões quando se juntaram a ele. Laredo
abriu para ele, em seguida, esperou fora enquanto Jessy a
trancava com a chave.
— Chase acerta quando chama este lugar de elefante
branco. — Laredo comentou quando Jessy virou, colocando a
chave no bolso. — O que você vai fazer com isso?
Jessy sacudiu a cabeça. — Eu gostaria de saber.
— Onde agora, vovó? — Jake se colocou à beira da erva
que invadia a pedra.
— Nós vamos verificar as outras construções. — ela disse.
— Você pode ir andando na frente.
Imediatamente ele correu e Laredo seguiu no passo com
Jessy. — Deixe-me reformular a minha pergunta: — disse ele.
— Se você pudesse fazer qualquer coisa que gostasse, o que
faria com ele?
— Qualquer coisa?
— Qualquer coisa. — Laredo confirmou.
— Isso é fácil. Eu o derrubaria.
— Então, faça-o colocar o lugar abaixo, leiloar tudo e dar
os recursos para alguma instituição de caridade.
— Você está falando sério? — ela olhou para ele com uma
mistura de esperança e incerteza.
— Você esteja certa que estou. O que mais você vai fazer
com um elefante branco no meio do nada, que você não pode
vender ou doar?
— É verdade. — Jessy concordou, mas ele poderia dizer
que ela não estava convencida.
— Você está deixando que a prática fique no caminho. —
Laredo repreendeu. — Elefantes brancos e praticidade não
andam juntos. Se eles o fizessem, alguém nesta família teria
chegado a uma solução alguns anos atrás, depois que toda a
papelada deste lugar veio através do título claro para o Triplo
C.
— Você tem uma ideia. — Jessy admitiu.
— Sugira a Chase. — Laredo sorriu. — Aposto que ele vai
pensar que é um inferno de uma boa ideia.
— Eu acho que vou. — no momento em que as palavras
saíram, Jessy sentiu que a tensão que lhe incomodava a
abandonou. Dirigiu-se para as dependências com um novo
interesse em avaliar o seu uso potencial.
Laredo observou a mudança sutil no seu humor, mas
sabiamente não expressou aquilo. Em vez disso ele manteve
Jake ocupado, deixando Jessy livre para olhar as coisas sem
distrações.
Quando Jessy emergiu das casas, Laredo estava a uma
curta distância, assistindo Jake galopar seu cavalo imaginário
em um grande círculo. Sua atenção se voltou para ela quando
ela se aproximou.
— Está tudo bem lá, também?
Ela respondeu com um aceno de cabeça ausente. — Eu
tinha esquecido que a casa tinha três quartos. Nós só
poderiamos ser capazes de usar Lobo Prado como um camping.
Nossa mão de obra iria se espalhar um pouco neste setor.
Normalmente não tem sido um grande problema a menos que
tenhamos um inverno duro.
— Isso significaria colocar uma estrada de ligação. —
Laredo lembrou.
— Uma das velhas estradas do rancho costumava vir
dentro de três quartos de milha ao moinho de vento onze.
Chase a fechou quando Tara ganhou o título para o Lobo
Prado. Ele queria ter certeza que ela não poderia usá-lo. — ela
lançou um olhar pensativo na direção da estrada velha. — Vai
dar algum trabalho tornar essa estrada utilizável novamente,
mas não seria tão caro como abrir toda uma nova estrada.
— Parece que você veio acima com... pelo menos uma
solução parcial para este lugar. — Laredo disse.
Assim quando Jessy abriu a boca para responder, veio um
grito: — Whoa! — de Jake. Ambos se viraram para olhar.
Laredo sorriu, divertido, com a visão do menino virando fora de
seu amplo círculo em alguma grama alta.
— Parece que Jake está fingindo ser um fugitivo. — Laredo
trocava olhares com Jessy, sorrindo.
Como sempre, Jessy aproveitou a oportunidade para
ensinar seu neto. — Deixe o seu cavalo correr um pouco. — ela
chamou. — Não puxe as rédeas de imediato. Ele vai lutar com
você. Faça-o ir em um círculo em vez disso. Isso vai cansá-lo.
Ela assistiu com aprovação, enquanto Jake seguia suas
instruções e levava a imaginária montagem sob controle e
começava a voltar para eles. De repente, parou e olhou para
algo à sua esquerda.
Jake apontou para ela. — O que é aquele pequeno curral,
vovó?
Lá, meio escondido pelas altas ervas daninhas, estava
uma série de postes de cercas que encaixotavam uma área de
aproximadamente dez pés quadrados. Jessy olhou para ele por
um segundo sem compreender, antes de perceber o que era.
— Aquilo é uma cerca de cemitério, Jake. — ela disse.
— Quer dizer, como aquele lugar que chegamos à beira do
rio, onde vovô... enterrado? — ele franziu a testa com a
incerteza do significado da palavra.
— Isso mesmo. — Jessy confirmou. — Só que este é
menor. E mal cuidado, também. — acrescentou em um tom
baixo para Laredo, e caminhou para dar um olhar mais atento,
seguida por Laredo e Jake.
— Quem está enterrado aqui? — Laredo tentou ver o nome
na lápide através das altas ervas daninhas.
— Buck Haskell e seu pai. — Jessy respondeu.
— Realmente. — Laredo franziu as sobrancelhas em
surpresa. — Eu não me lembrava disso.
— Provavelmente não. Você ainda não estava aqui no
Triplo C., quando Buck foi morto naquela colisão frontal. Nós
oferecemos para enterrá-lo no cemitério do rancho, mas o pai
dele não quis ouvir nada daquilo. Claro, Vernon sempre culpou
Chase pela forma como Buck girou para fora, insistindo que se
Chase não tivesse testemunhado contra ele, Buck nunca teria
ido para a prisão pela primeira vez.
— A prisão pode trazer para fora o pior de uma pessoa.
Para os ouvidos de Jessy, o comentário de Laredo parecia
uma declaração de fato, como se fosse de conhecimento
pessoal.
Ela se lembrou de como sabia pouco sobre o seu passado.
Apenas por um momento ficou curiosa, mas rapidamente
fechou a porta sobre as questões, deixando o passado no
passado, plenamente consciente que o conhecimento não
mudaria nada.
— Você já reparou como o silêncio domina por aqui? —
Laredo perguntou.
— Tão sossegado. — Jessy concordou e deixou seu olhar
vagar sobre o local isolado, ouvindo o murmúrio de uma brisa
através da grama. — O silêncio é algo que sempre me
impressionou quando eu ficava longe das idas e vindas
constantes na sede.
— Isso é verdade, mas eu não estava me referindo a esse
tipo de calma. — Laredo disse.
Seu olhar de soslaio foi meio divertido e meio intrigado. —
Exatamente que tipo você quer dizer?
Seus ombros se moveram encolhendo-se vagamente. —
Parece que tivemos um longo período sem ninguém causando
problemas.
— Esta é uma reclamação, ou apenas uma observação? —
durante aqueles anos que estiveram juntos, Jessy tinha
aprendido a confiar em seus instintos. Isso a fez se perguntar
se ele estava sentindo alguma coisa agora, o suficiente para
que ela não pudesse rir.
— Não tenho certeza o que é. — Laredo admitiu. — Só
tenho essa sensação desconfortável que não posso explicar. —
com rapidez, um sorriso preguiçoso despojou o olhar sério de
seu rosto. — Provavelmente nada.
— Provavelmente. — Jessy concordou, consciente que
sentia uma nova necessidade de vigilância.
Um suspiro ligeiramente entediado veio de Jake. — Ok,
avó, para onde vamos?
— Eu acho que talvez seja hora de voltarmos para casa. O
que você acha?
— Sim! — gritou ele, levantando o punho para dar ênfase.
Na cozinha da Casa Grande, Cat experimentou os
cranberries ferventes. Ciente de que estavam bem cozidos, ela
pegou a panela e começou a derramá-los em uma tigela de
vidro lapidado. Com o primeiro respingo do fruto vermelho-
rubi, o timer tocou com um zumbido estridente.
— As tortas devem estar prontas. — murmurou, meio
irritada.
— Vou levá-las para fora. — Sloan ofereceu e pegou um
par de luvas de forno do balcão.
— Você é uma jóia. — Cat declarou em apreço. — Você
entende que uma vez que essas tortas sairem do forno, nós
terminamos? O molho está feito, e todas as três caçarolas estão
na geladeira, prontas para serem cozidas amanhã. Se você não
tivesse se oferecido para ajudar, eu ainda estaria fazendo isso
esta tarde.
— Os agradecimentos vão para Jessy que levou Jake com
ela. — Sloan verificou o cozimento dos centros de ambas as
tortas de abóbora. — Uma delas pode precisar de mais cinco
minutos.
— Uma fôrma de torta era mais profunda do que a outra,
então eu a enchi totalmente. — Cat lembrou e colocou a panela
vazia na pia. Antes que ela pudesse levar a taça de cranberries
para o refrigerador, o telefone tocou. Consciente que Sloan
estava transferindo uma torta quente para o seu rack de
esfriamento, Cat disse: — Minhas mãos estão livres, vou
atender a isso. — pegou a extensão sem fio da cozinha. —
Rancho Triplo C, a residência Calder.
— Eu gostaria de falar com Chase Calder. Ele está? — a
voz do outro lado era um tom de barítono quente, muito
masculina e atraente.
E não era uma voz que Cat conhecesse, o que só
despertou sua curiosidade sobre seu dono. — Posso perguntar
quem está ligando?
— Wade Rogers.
Não era um nome com o qual ela estivesse familiarizada.
Para seu pesar, ele não ofereceu qualquer informação
adicional. — É a respeito de negócios? — ela perguntou, com
uma voz determinada como a de quem não iria vender nada a
ninguém.
Houve uma hesitação definitiva antes de responder: — É
pessoal. — ele respondeu de maneira uniforme, bloqueando
efetivamente mais dúvidas.
— Só um momento e vou ver se ele está disponível.
— Obrigado.
Mantendo o telefone em sua orelha, Cat saiu da cozinha e
fez o caminho para o escritório. Chase estava atrás da mesa,
balançando para trás em sua cadeira, e de braços cruzados
olhando pela janela.
Ela parou na porta. — Você tem uma chamada de
telefone, pai. Mr. Wade Rogers.
— Rogers? — ele repetiu com uma ligeira careta.
— Sim. Wade Rogers. Ele disse que era pessoal.
— Rogers. — desta vez, o nome foi dito com
reconhecimento. — Claro. — ele balançou a cadeira para a
frente e pegou a extensão da mesa. — Aqui é Chase Calder.
— Sr. Calder. É Wade Rogers. Espero que não esteja
ligando em um momento ruim.
— Nem um pouco. — Chase lhe assegurou e deslizou um
olhar para Cat, que permaneceu na porta, a extensão da
cozinha ainda segura em sua orelha. — Você pode desligar a
extensão agora, Cat. E fechar as portas quando sair.
Assustada com aquele pedido inesperado, Cat foi lenta
para reagir. Quando Chase continuou a olhar para ela, sem
retomar sua conversa com Wade Rogers, ela tardiamente
apertou o botão, cortando a ligação em seu telefone e saiu
fechando as portas duplas do escritório.
Chase assentiu seus agradecimentos e disse ao telefone:
— Acabei de falar com o seu pai no outro dia. Fico feliz em
dizer que ele parecia bem.
Quando ela puxou as portas em conjunto, a porta da
frente se abriu e o silêncio na casa foi quebrado pelos gritos de
Jake: — Mãe! Mãe, estamos de volta! Onde está você?
De repente, deixou de pensar no pedido de Chase que
parecia tão incomum a Cat, quando ela imaginou que ele
provavelmente tinha visto Jessy chegar e sabia que Jake iria
estourar na Casa Grande, gritando a notícia de sua chegada. E
ultimamente Chase às vezes tinha dificuldade para ouvir se
houvesse muito barulho de fundo.
Com as portas fechadas, Cat cruzou para a entrada. —
Sua mãe está na cozinha. — disse a Jake quando Jessy e
Laredo entraram. — Você voltou cedo. Eu pensei que ficaria
mais tempo em Lobo Prado.
— Não demorou tanto tempo quanto eu pensei que fosse.
— Jessy entrou e começou a atravessar o corredor. — Chase
está no escritório?
— Sim, mas ele está ao telefone agora. — Cat respondeu, e
acrescentou: — Alguém chamado Wade Rogers. Esse nome
significa alguma coisa para você?
— Não, não realmente. — Jessy disse com um pequeno
movimento de cabeça. — Por quê?
— Apenas curiosidade. Ouvi meu pai dizendo que ele tinha
falado com seu pai no outro dia, mas não me lembro de
ninguém chamado Rogers.
— Chase tem lidado com tantas pessoas ao longo dos
anos, que você não pode esperar conhecê-los todos. Alguns
deles foram antes de nosso tempo. — Jessy o tratou como não
tendo importância.
— É verdade. — Cat reconheceu e deixou o assunto. No
entanto, não foi tão fácil bloquear a lembrança daquela voz de
barítono. Seu timbre quente permanecia na borda de sua
mente.
— Algo cheira delicioso. — Laredo cheirou o ar. — Você fez
alguma coisa assada enquanto estávamos fora.
— Muito. E é tudo para a Ação de Graças. Sem amostras
antes. — Cat avisou.
— Você tem café feito, espero. — Laredo disse, usando a
inflexão de sua voz para fazer uma pergunta.
— Sempre. De fato. — Cat hesitou, um pensamento se
formando. — Acho que vou ver se o pai gostaria de um copo.
Vocês dois se sirvam sozinhos. Antes de se dirigir à cozinha,
Cat deu uns passos ao escritório, bateu de leve na porta e
empurrando-a colocou a cabeça para dentro.
Chase olhou com uma careta e segurou sua mão sobre o
bocal do telefone. — O que é?
— Vim ver se você gostaria de uma xícara de café.
— Não, mas eu bem que gostaria de receber alguma
privacidade.
Irada por sua resposta abrupta, Cat murmurou um seco:
— Tudo bem. — e fechou a porta, murmurando baixinho: —
Urso velho.
Capítulo Três
Um prato do peru suculento, assado com perfeição, fez o
seu caminho em torno da mesa de Ação de Graças, com cada
um espetando uma fatia grossa para seu prato, com exceção de
Jake, que reivindicou a baqueta. O aroma fermentado de
pãezinhos recém-assados, misturava-se com a fragrância
afiada de sálvia e o cheiro do doce de batata doce cristalizado.
Logo, cada prato estava cheio de porções da panela de
feijão verde, purê de batatas, molho e torta de cereja com
molho vermelho. Apenas Chase e Jake restringiram suas
porções a uma pequena amostra de tudo.
A conversa durante as primeiras mordidas estavam
centradas em torno do alimento a ser consumido. Somente
após a fome diminuir, a conversa na mesa se fez oscilante em
torno do tema habitual do rancho.
Trey começou. — Eu fico pensando sobre essa idéia de
vocês, mamãe, de demolir o lugar de Tara em Lobo Prado.
Antes que ele pudesse terminar o seu comentário, Chase
interrompeu. — Eu acho que é a melhor sugestão que eu já
ouvi para o condenado lugar.
— Eu não discordo. — Trey qualificou. — Mas vai exigir
alguma organização para realizá-la.
— Só até a casa estar nivelada. — Chase fundamentou. —
Então, nós demolimos o lugar tranquilamente.
— É verdade, mas enquanto isso vamos precisar entrar em
contato com várias casas de leilão e decidir qual queremos
usar. Naturalmente o conteúdo terá de ser discriminado, talvez
até mesmo fotografado. — enviou um rápido olhar sobre Sloan.
— Isso é algo que você poderia fazer.
— Tudo bem. — ela concordou. — E eu também tenho
contatos em algumas casas de leilões. Eu poderia chamá-los se
quiser.
— Eu, por exemplo, ficaria grata por qualquer ajuda que
você pudesse nos dar. — Jessy afirmou. — A pecuária, eu sei
bem, mas isso, está fora da minha alçada.
— O que me lembra, — disse Sloan. — que vamos precisar
escolher uma instituição de caridade ou instituições de
caridade que irão se beneficiar das receitas dos leilões.
— Isso não será tão difícil. — Trey disse. — É a logística de
toda a coisa que eu continuo pensando. Você percebe que tudo
naquela casa tem que ser encaixotado e arrastado para fora de
lá, não é?
— Você acabou de identificar a sua primeira prioridade. —
Chase disse. — Colocar tudo em uma estrada.
Trey respondeu com um aceno de cabeça concordando. —
Nós vamos começar isso amanhã. Acho que nós temos um
caminho antigo no intervalo sul. Vou trazê-lo até aqui na sede.
Enquanto isso, Mike e eu podemos juntar nossas cabeças e
descobrir a melhor rota para ligar essa última milha.
— Uma vez na estrada, uma das primeiras coisas que eu
quero que você faça é desenterrar aquelas sepulturas. É hora
de Buck e seu pai chegarem em casa. — Chase declarou.
O anúncio trouxe um momento de silêncio para a mesa e
Cat o quebrou: — Você tem certeza que é isso que quer, pai?
Ele respondeu dizendo: — Ruth iria querer seu filho ao
seu lado.
— Então é isso que vamos fazer. — Jessy acabou com
qualquer discussão mais aprofundada da questão.
Chase na certeza de mudar de assunto, disse: — Você já
falou com sua mãe sobre a movimentação dos brinquedos para
os fuzileiros navais?
— Falei com ela? — Jessy repetiu sua pergunta com uma
nota de riso. — Eu fui até lá para lhe dizer sobre isso e quase
antes que eu tivesse as palavras na minha boca, ela estava ao
telefone chamando outras esposas do rancho. Até agora, ela
provavelmente finalizou uma lista de brinquedos para obter, e
organizar uma viagem de compras.
— Falando de Natal, — Cat começou e dividiu seu olhar
entre Jessy e Trey — se você puder poupar um par de mãos na
segunda-feira, eu quero puxar as decorações para fora do sótão
e começar a pendurar as de fora.
— Não há problema. — Trey assegurou.
— A menos que neve. — Laredo inseriu. — É a previsão
para este fim de semana.
— Desde que ela não comece a cair na segunda-feira, não
será um problema. — disse Cat. — Na verdade, ela vai tornar
tudo um ambiente de férias.
— Isso me lembra, — disse Chase. — de colocar um lugar
extra para o almoço na segunda-feira. O filho de um velho
amigo deverá estar por perto.
A frase atingiu um acorde familiarizado o que provocou
seu interesse imediato. — Aquele filho não seria Wade Rogers,
não é?
Chase lhe deu um olhar interrogativo. — Como você sabia
o nome dele?
— Eu atendi o telefone quando ele ligou e pediu para falar
com você. — Cat o lembrou, lutando para fazer o assunto de
fato e consciente que ela se sentia à beira de corar.
— Mesmo assim, estou surpreso por você se lembrar.
Não era provável que se esquecesse daquela voz, mas Cat
manteve aquela informação para si mesma e perguntou em vez
disso: — Será que ele vai ficar muito tempo?
— Eu duvido. Mais do que provável que ele nos deixe no
início da tarde. — Chase respondeu e levantou a cabeça. — Por
quê?
— Eu apenas queria saber para ter certeza de ter um
quarto pronto para ele. — ela se sentiu estranhamente
desapontada que a estada de Wade Rogers seria curta. O que
era uma bobagem, porque ela ainda não tinha encontrado o
homem. Por tudo o que sabia, ele poderia ser gordo e careca
com cabelo crescendo para fora de suas orelhas. Em vez de se
debruçar sobre aquela imagem, Cat empurrou quaisquer
pensamentos de Wade Rogers fora de sua cabeça.
Na segunda-feira de manhã, sete polegadas de neve fresca
cobriam as vastas extensões da fazenda Triplo C.
A ausência de nuvens permanecia, deixando o sol como
único ocupante do vívido céu azul. O ar estava vivo e o vento
era ainda uma cena em linha reta como uma pintura num
quadro. Aquele era o cenário para as férias, exceto pelo barulho
atual.
Cat apertava as mãos enluvadas sobre os ouvidos, em
uma tentativa fútil para bloquear o barulho ensurdecedor do
limpador de neve, no trabalho de limpar a área em frente à
Casa Grande. Ela queria gritar para o motorista ir para outro
lugar, mas, suspirou em frustração, sabendo que não se faria
ouvir acima do motor a diesel do arado.
Com os dentes cerrados, Cat abaixou as mãos e atacou as
abas da caixa de papelão na frente dela, uma das várias
espalhadas na varanda de pilares, algumas vazias e algumas
esperando para serem abertas. Dentro de uma caixa particular,
estava uma árvore artificial com três pés de altura, uma das
duas que ocupariam as urnas decorativas que ladeavam a
porta da frente.
Enquanto lutava para removê-la, primeiro uma aba e
depois outra, uma entrava em seu caminho. Por mais que
tentasse, Cat não conseguia movê-la.
Assim, quando estava prestes a desistir e começar de
novo, um par de mãos enluvadas alcançaram-na e deram o
puxão final na árvore, a suspendendo livre da caixa. Quase no
mesmo instante, um apito estridente superou os barulhos
altos. Cat olhou para cima e viu Laredo no meio de uma
escada, segurando uma pequena coroa de flores em uma das
janelas da frente. Ele apontou para chamá-la.
Entregando a árvore para seu auxiliar, Cat apontou para a
urna mais próxima lhe indicando que a colocasse lá, então, foi
até Laredo. Com os ruidos do limpador de neve tornando a
conversa impossível, Laredo colocou a primeira coroa de flores
no alto da janela e usando mímica, perguntou onde deveria
pendurá-la. Cat respondeu na mesma moeda, usando gestos
com as mãos até que ele teve a coroa centrada na janela.
Depois de fixá-la no lugar, Laredo desceu os degraus da
escada e inclinou a cabeça perto dela, seu olhar passando
rapidamente a um ponto além. — Quem é a raposa de prata?
Surpreso que ela pudesse ouvi-lo, Cat olhou para
confirmar se o limpador de neve já estava a alguma distância
da casa e se afastando; e respondeu a pergunta de Laredo. De
repente, teve consciência de um SUV estranho visível na sua
visão lateral, mas era o homem alto de pé na porta da frente
que reivindicava sua atenção.
Tudo nele gritava a cidade, do seu sobretudo cor de carvão
à silenciosa manta de renda em seus sapatos pretos salpicados
com pedaços de neve. Nem um fio de cabelo na cabeça nua
estava fora do lugar e a cor fazia juz à descrição de Laredo,
singularmente apropriada de "raposa de prata"; era de um rico
tom de estanho polido com destaques de prata.
— Ele deve ser Wade Rogers. — ela percebeu. — Papai
disse que estaria vindo hoje.
Sem esperar por uma resposta, Cat correu para
cumprimentar seu hóspede. Quando chegou, ele estava prestes
a bater na porta, uma ação que definitivamente o marcava
como um visitante de primeira vez. Somente estranhos batiam;
todos os outros simplesmente entravam.
— Sr. Rogers? Você é Wade Rogers, não é? — Cat
procurava a confirmação quando ele se virou para ela.
— Sim, sou eu. — no instante em que ele falou, sua voz
forneceu mais uma prova da sua identidade.
Um olhar para as suas características fortes, masculinas,
as ranhuras atraentes que faziam um parêntese em sua boca e
o brilho atraente de seus escuros olhos quase pretos, fez Cat
querer rir por ter pensado que ele pudesse ser careca e gordo.
Aquele era um homem tão bonito quanto sua voz.
— Bem- vindo ao Triplo C. Eu sou filha de Chase, Cat
Echohawk. — ela estendeu a mão para ele.
— Acredito que nós falamos ao telefone.
— Nós o fizemos. — ela estava secretamente satisfeita
porque ele reconhecera sua voz, enquanto ela absorvia a
sensação de seu aperto de mão agradavelmente firme. A
lembrança permaneceu depois que ela soltou sua mão e a
estendeu para a maçaneta da porta. — Por favor, entre. Eu sei
que meu pai está esperando por você.
Ele deu um passo para trás, permitindo a ela precedê-lo
para a casa. Uma vez lá dentro, ele parou no tapete e deu uma
limpada na parte inferior de seus sapatos. Cat primeiro puxou
as luvas, então seu gorro, e empurrou-os nos bolsos de seu
casaco antes de chegar até as pontas dos cabelos, de repente,
consciente sobre sua aparência.
— Deixe-me tirar o seu casaco para você. — ela ofereceu.
— Obrigado. — ele desceu os ombros deslizando o casaco
para fora e passou tanto o casaco quanto o cachecol para Cat,
depois enfiou as luvas em um bolso. Por baixo, usava uma
jaqueta esportiva escura sobre uma camisa cor de marfim. A
maior parte não prejudicava sua aparência, Cat notou.
— Eu imagino que vamos encontrar meu pai no escritório.
— ela disse e seguiu naquela direção. — Espero que você tenha
feito uma boa viagem até aqui. — acrescentou, sentindo a
necessidade de preencher o silêncio. — As estradas não
estavam muito desagradáveis, estavam?
— Na maior parte elas estavam claras. Eu não tive
problemas.
— Estou feliz em ouvir isso. — como de costume, as portas
duplas para o escritório estavam abertas. Cat se orientou para
encontrar Chase sentado atrás da mesa, como ela esperava. —
Pai, o Sr. Rogers chegou.
— Então eu o vejo. — com algum esforço, se empurrou
fora de sua cadeira para ficar de pé com a ajuda de sua
bengala.
Cat ficou satisfeita ao ver a rapidez com que Wade Rogers
se mudou para o lado da mesa, sem qualquer aparência de
pressa, eliminando a necessidade do homem mais velho vir ao
redor para cumprimentá-lo.
— É um prazer finalmente conhecê-lo face a face, Sr.
Calder.
— O mesmo digo eu, — respondeu, apertando-lhe as
mãos. — e use o nome Chase. Nós não ficamos com
formalidades aqui no Triplo C.
— Chase. — disse ele com um aceno de compreensão.
— Sente-se. — Chase apontou para as cadeiras em frente
à mesa e se deslocou para retomar o seu próprio assento.
— Cat, traga-nos um pouco de café. Você gostaria de um
copo, não é, Wade?
— Preto. Nenhum creme e sem açúcar. Se não for demais.
— acrescentou, dirigindo um olhar sorridente a Cat.
— Não será nenhum problema, — ela assegurou. — nós
sempre temos um pote fresco.
No seu caminho para a cozinha, Cat fez uma pausa na
entrada para remover e pendurar o casaco. Quando levantou
seu casaco para o gancho da parede, ela passou a olhar para
uma de suas mangas. A textura e a cor dele trouxe uma outra
imagem piscando no olho de sua mente. Ela se virou com um
sobressalto e olhou em direção ao escritório, de repente
percebendo que Wade Rogers tinha sido o único que tinha
ajudado a retirar a árvore fora de sua caixa. Um sorriso se
formando quando ela considerou a delicadeza do gesto, ciente
que ele não poderia possivelmente ter sabido quem era ela.
Mais uma marca em seu favor. Ela quase riu alto com o
pensamento. Calculando os prós e os contras em um atraente
estranho, com um traço de uma colegial, e ela era tudo menos
uma estudante interessada na atenção de um homem.
No entanto, mesmo com o último pensamento registrado,
Cat sentia um pouco e ainda o deslizamento de um suspiro que
a agitava; pendurou o casaco e retomou seu caminho para a
cozinha.
Cinco minutos depois, entrou novamente no escritório
carregando uma bandeja com uma garrafa de café e dois copos.
Depois que a colocou sobre a mesa, pegou a garrafa apenas
para ser parada por Chase.
— Não se preocupe, Cat. Vamos servir o nosso próprio
café. — disse a ela. — E você se importaria de fechar as portas
no seu caminho? Jake pode aparecer de roldão em breve e não
quero que minha conversa com Wade seja interrompida.
— Claro. — Cat sorriu compreensiva, dividindo-o entre o
pai e o homem na poltrona que ficava em frente da
escrivaninha. Como seu olhar permanecia sobre ele por um
momento, ela foi rápida a notar a maneira como Wade Rodgers
casualmente descansava na cadeira, tanto quanto um visitante
frequente o faria. — Estamos quase terminando as decorações
exteriores. Então eu começarei o almoço.
— Parece uma adolescente explicando seu paradeiro a
mim, não é? — Chase disse a Wade, com um brilho nos seus
olhos.
Um pouco confusa e consciente, Cat foi rápida para
justificar o seu comentário. — Só queria que você soubesse
onde eu estaria no caso de você precisar de alguma coisa. —
com isso, ela saiu do escritório com o máximo de dignidade
possível.
Quando fez uma pausa para fechar as portas, ouviu a
observação de Wade: — Isso na parede atrás é o mapa original
do rancho, não é? Meu pai o descreveu para mim muitas vezes.
A resposta de seu pai ficou perdida para ela quando as
portas duplas clicaram juntas.

O aroma da levedura de pães recém-assados encheu a


cozinha quando Cat abriu a porta do forno para remover os
pães. Pouco depois, Jake apareceu ao seu lado , quase que
instantaneamente sombreando-a quando ela os levou até o
balcão e ao rack de esfriamento que os aguardava.
— Eles cheiram bem, tia Cat. — Jake declarou veemente.
— Posso comer um agora? Estou com fome.
— Eu posso? — corrigiu automaticamente sua gramatica.
Ele lhe deu um olhar confuso. — Você não sabe se você
pode?
Cat levou um instante para registrar sua resposta.
Quando o fez, ela riu. — Eu acho que eles estão muito quentes
no momento.
Quando ele suspirou seu pesar, Sloan veio e alvoroçou seu
cabelo. — Você não precisa de qualquer maneira. Vai estragar o
seu almoço.
— Não, não vai. A minha barriga realmente está um
verdadeiro vazio. — ele apertou a mão contra o estômago dando
ênfase.
— Vamos comer logo que sua avó e Laredo chegarem aqui.
— Sloan prometeu e se dirigiu para o forno. — A pedra de
aquecimento para os rolos ainda está aqui, Cat?
— Na prateleira superior. — foi a resposta.
— E nós temos que esperar o papai, também, eu suponho.
— Jake disse com espanto evidente olhando os rolos com
desejo óbvio.
— Seu pai não virá aqui para o almoço. — usando uma
luva de forno, Sloan removeu a pedra e a colocou no fundo
redondo do cesto.
— Por quê?
— Ele está no Campo Sul, ajudando com o feno para o
gado. Eu imagino que ele e seu outro bisavô irão almoçar
juntos. — Sloan pôs um grande pano de prato resistente sobre
a pedra de aquecimento e colocou as pontas sobre a borda da
cesta.
— E vovó, também. — Jake supôs.
— Não, ela não está lá. — Sloan lhe disse. — Você não se
lembra? Você a viu com as outras senhoras no boxe do
comissário com os brinquedos. — e para Cat, ela disse: — Eles
marcaram algumas pechinchas incríveis nas compras da sexta-
feira negra.
— Bom. Isso significa que todo o dinheiro que foi doado
vai se espalhar ainda mais. — Cat verificou a grande panela de
carne e macarrão e reduziu o queimador para menos calor.
O tédio se instalou em Jake. Com rudeza típica, ele se
afastou dos rolos tentadores e saiu para a porta de entrada
para a sala de jantar.
— Onde você pensa que vai, Jake? — Sloan perguntou
com a suspeita natural de uma mãe atenta.
Puxado pelo short, Jake balançou de volta exasperado. —
Vou ver se vovô já abriu a porta.
— Não se preocupe com essa porta. Basta ficar aqui com a
gente. — Sloan ordenou.
— Mas, mãe, — protestou com grande drama. — Quero
dizer ao vovô sobre o forte de neve que eu e Luke e Danny
construímos.
— Luke, Danny, e eu construímos. — Cat corrigiu sem
pensar.
— Você não estava lá, tia Cat. — Jake declarou.
Antes que Cat pudesse explicar sobre o seu mau uso de
pronomes, Sloan inseriu: — Haverá tempo de sobra para você
dizer ao vovô sobre o seu forte na hora do almoço.
Ele abriu a boca para discutir a questão, mas
interpretando corretamente o olhar severo de sua mãe, ao lhe
advertir que aquele ponto não estava aberto ao debate, se
aquietou para simplesmente perguntar: — Quanto tempo antes
do almoço?
— Está tudo pronto. Podemos começar a nos servir assim
que sua avó e Laredo chegarem aqui. — rápida para ver a
próxima pergunta se formando nos olhos de Jake, Sloan
acrescentou: — E não, eu não sei quanto tempo isso vai
demorar.
Com uma grande mostra de relutância, ele se arrastou de
volta para a mesa da cozinha e se atirou em uma das cadeiras.
Descontente e zangado, ele exigiu: — De qualquer maneira,
como é que vovô tem as portas fechadas?
— Assim ele pode conversar com seu amigo em particular.
— Mas vovô vai querer me ver se souber que estou aqui. —
Jake fundamentou.
Sloan apenas sorriu. — Boa tentativa.
Os cantos de sua boca se voltaram para baixo na derrota
quando ele se abaixou ainda mais na cadeira. A partir da porta
de entrada, veio o som da abertura, de passos e da voz baixa de
um homem. Jake imediatamente se iluminou.
— Esse é Laredo.
Cat sorriu divertida com a reação dele. — Então é. Digo-
lhe, por que você não vai bater na porta de cima e lhes dizer
que o almoço está pronto?
— Oh rapaz! — Jake saiu da cadeira como um raio e
correu para fora da cozinha.
— Apenas bata. — Sloan avisou. — Não abra a porta.
— Ok, mãe. — a resposta dele flutuou de volta da sala de
jantar.
— Esse menino. — Sloan murmurou, mas com afeto óbvio
e genuíno quando Jessy e Laredo entraram para a cozinha.
— Eu juro que Jake só tem duas velocidades. Andar e
parar. — declarou Laredo, esfregando as mãos para aquecê-las.
— Trey era como ele na sua idade. — Jessy recordou e fez
uma varredura de avaliação dos preparativos do almoço em
andamento. — Precisa de alguma ajuda?
— Está tudo pronto. Só precisa ser servido. — Cat
respondeu.
Com tantas mãos para ajudar, a tarefa foi cumprida em
pouco tempo, deixando apenas Cat na cozinha. Ela lançou um
olhar ao redor do balcão e do fogão para garantir que nada
fosse esquecido e teve um vislumbre de seu próprio reflexo no
vidro frontal da porta do forno. Inclinou-se ligeiramente para
verificar sua aparência, tocando os dedos nos cabelos escuros.
Com os lábios se curvando em diversão, ela enviou um
olhar para o céu. — Aposto que você está lá em cima sorrindo
para mim, Logan, por ser tão feminina e querer ficar bonita
para Wade Rogers pensar que eu estou atraente. — ela ficou
um pouco séria. — É bom sentir isso outra vez ao vivo, apesar
de tudo. Você não se importa, não é? — no momento em que a
pergunta suave escorregou, uma paz fácil caiu sobre ela. —
Claro que você não o faz.
Ela entrou na sala de jantar, no mesmo momento em que
Wade Rogers passava ao lado de Chase muito mais lento em
seus movimentos. Houve um contato visual instantâneo entre
eles, o que foi uma coisa inebriante. Eles trocaram pequenos
acenos de saudação.
No momento em que Chase parou na porta, Jake estava
ao seu lado. — Vovô, eu estive esperando você sair. Danny,
Lucas e eu fizemos um forte de neve. Tia Cat pensa que ela
ajudou, mas fui eu. E...
— Uau, filho. — Chase levantou a mão calando-o. — Você
precisa se lembrar de suas maneiras. A primeira coisa a fazer é
saudar o nosso convidado. Wade, este turbilhão é o meu
bisneto, Jake Calder. Jake conheça o Sr. Rogers.
Com os ombros retos e sua expressão solene e um pouco
impaciente, Jake estendeu a mão. — Como você está, senhor?
Adotando a atitude de homem para homem de Jake, Wade
se inclinou ligeiramente para apertar sua mão. — Como você
está senhor? Eu tenho interesse em ouvir sobre o seu forte de
neve mais tarde.
Os olhos de Jake ficaram grandes de excitação. — Sério?
— Realmente. — Wade assegurou.
— Ele disse mais tarde. — Chase lhe lembrou e continuou
com as apresentações, passando Cat por cima com um simples
— Claro que você já conheceu minha filha — e terminando com
Laredo. — Por último, mas não menos importante Laredo
Smith, que é um membro da família em tudo, menos no nome.
— Um prazer. — Wade disse quando apertou sua mão. —
Laredo. Esse é um nome incomum.
— Definitivamente colorido. — Laredo concordou. — Eu
acho que alguns pais fazem isso quando tem um sobrenome
tão comum como Smith.
— Faz sentido. — Wade admitiu, combinando com o
sorriso fácil de Laredo.
Jessy sorriu para si mesma, com a maneira hábil com a
qual Laredo havia desviado o comentário sem revelar nada.
Ele era um mestre naquilo, assim como aquele ar de
simpatia que ele projetava o tempo todo dimensionando o
homem acima, avaliando e pesando tudo, desde as nuances de
seu padrão de fala até sua linguagem corporal. Todos os peões
estavam convencidos que Laredo simplesmente tinha um nariz
para o problema. Ele o fazia, Jessy acreditava, com base na sua
capacidade de ler as pessoas.
Jessy estava curiosa para saber qual seria a conclusão
que Laredo tinha chegado sobre seu convidado, quando todos
tomaram seus assentos em torno da mesa. Sua primeira
impressão era favorável, mas como sempre, ela reservava sua
decisão até ouvir a opinião de Laredo, tendo aprendido ao longo
dos anos a confiar em seus instintos.
Após a bênção, os pratos que serviam foram passados à
volta da mesa e qualquer conversa era centrada principalmente
sobre a comida. Com todos envolvidos com sua refeição, houve
uma calmaria momentânea na conversa.
Cat preencheu o silêncio. — Papai nos disse que é a sua
primeira visita ao Triplo C.
— É isso mesmo, embora meu pai tenha falado tanto que
tudo aqui parece muito familiar para mim.
Wade parou um segundo e sorriu um momento para si
mesmo. — Depois que eu virei naquela estrada e atravessei o
portão dirigindo pelas quarenta milhas até aqui, eu tive uma
compreensão clara do que meu pai estava falando quando
dizia: — É preciso um grande pedaço de terra para caber no
âmbito de um céu Calder.
— Como isso é verdade. — Sloan concordou. — Na
primeira vez que Trey me trouxe aqui eu senti um pouco isso.
Não importa o quanto você ouça ou leia sobre o Triplo C, você
realmente não entende nada disso até que esteja realmente
aqui.
— Em que parte do país é a sua casa, Sr. Rogers? —
perguntou Laredo e Jessy adivinhou imediatamente que Laredo
não conseguira definir o sotaque do homem.
— Aqui, ali e em toda parte. — ele respondeu. — Nasci
enquanto meu pai servia no Congresso. Após a faculdade, fui
trabalhar para o Departamento de Estado e acabei sendo
colocado em meia dúzia ou mais de países ao redor do mundo.
— Essa deve ser uma carreira interessante. — Sloan
afirmou.
— É como a maioria dos trabalhos que parecem muito
glamourosos, mas na realidade são geralmente algo mais
simples.
— Você está estabelecido aqui nos Estados Unidos, agora?
— Cat perguntou.
Depois de uma ligeira hesitação, ele respondeu: — É uma
maneira de falar. Você vê, eu me demiti do Departamento de
Estado há alguns anos. Agora eu trabalho como um consultor
privado, geralmente por empresas com interesses comerciais no
exterior.
— Então o que o traz para Montana? — Laredo o olhou
com curiosidade, enquanto mergulhava a faca na manteiga.
— Eu tinha alguns negócios na área e com alguns dias
livres no meu calendário, decidi tocar na amizade de meu pai
com Chase e disputar um convite. Depois de ouvir tantas
histórias sobre o Triplo C, o pensamento de estar tão perto e
não vê-lo por mim mesmo, bem, eu só não queria deixar passar
a oportunidade. — concluiu.
— Estamos felizes por você não tê-lo feito. — Cat disse
com um largo sorriso.
— Eu também. — Wade respondeu, devolvendo o sorriso
dela e segurando seu olhar tempo suficiente para que Jessy o
observasse.
Ela lançou um olhar para Cat e observou aquele brilho em
seu rosto. Deu um empurrãozinho em Laredo e inclinou a
cabeça na direção de Cat. Como Jessy, ele observou o interesse
muito pessoal que Cat estava tendo pelo seu convidado. E sua
reação foi fazer um estudo mais profundo sobre Wade Rogers.
— Então, onde você mora agora? — Cat perguntou com
curiosidade aparentemente educada.
— Em um dos subúrbios de DC, no lado de Maryland.
— Talvez a seguir, você devesse perguntar se ele é casado,
Cat. — Chase sugeriu, com a cabeça inclinada em sua direção.
— Pai! — ela pronunciou seu nome em um protesto sem
fôlego e lançou um olhar consciente e constrangido em Wade.
Ele evitou o contato visual, direcionando sua atenção para a
comida em seu prato. No entanto, Jessy tinha quase certeza
que ele estava lutando contra um sorriso.
— Bem, a maneira como você o está bombardeando com
perguntas, — Chase começou em defesa de seu comentário —
pensei que você pudesse estar verificando-o para ver se ele
seria um bom marido em potencial.
— Pai! — Cat olhou lhe pedindo para calar a boca.
Antes que Chase pudesse responder, Wade falou. — Nesse
caso, eu informo que sou viúvo. Perdi minha esposa para o
câncer há alguns anos. — nada em sua expressão ou tom de
voz, revelava qualquer consciência de que o assunto pudesse
ser um pouco estranho.
Despercebido, Jake escorregou da cadeira e correu para o
lado de Chase, colocando a mão em seu braço para reivindicar
a sua atenção. — Vovô, ele é o cara que você está conseguindo
para ser o novo marido de tia Cat? Você sabe, para o Natal?
No mesmo momento em que Chase bateu um dedo
silenciador contra a boca de Jake, para o lembrar que era o seu
segredo, Sloan deixou escapar uma reprimenda embaraçada: —
Jake, você não deve fazer perguntas como essa. Volte aqui
nessa cadeira agora. — ela insistiu e lançou um olhar de
desculpas para Cat.
Cat estava furiosa demais para falar, certa que nunca
tinha sido tão humilhada em sua vida. Em sua juventude ela
teria jogado o guardanapo na mesa e saído da sala. Agora, ela
se sentava em silêncio duro e cutucava sua comida, fervendo
por dentro.
— Eu não sei o que você deve pensar desta família, Sr.
Rogers. — Sloan começou, falando para cobrir o silêncio de
Cat. — Meu filho...
Chase a interrompeu, sorrindo para Wade com um brilho
de sabedoria em seus olhos. — O que ela está tentando
explicar, é que é uma daquelas guerras familiares privadas que
estou tendo com a minha filha. E o Jake aqui é um bom
antagonista.
Ele bateu no ombro do rapaz e o empurrou para sua
cadeira.
— Obviamente é uma piada interna que é melhor ser
ignorada. — Wade dirigiu a sua resposta ao Chase, mas fez
questão de incluir Cat por meio de um olhar lateral
tranquilizador.
Apenas ligeiramente amolecida, Cat murmurou: — Você
está entendendo e isto é apreciado. — por mais que tentasse
não conseguia manter a rigidez de sua voz, ou diminuir a coisa
toda tão facilmente quanto ele parecia estar fazendo.
— Diga Jake, — Chase inseriu quando o menino subiu em
sua cadeira — você não me contou sobre o forte de neve que
você construiu.
— É um bom, vovô. — Jake declarou e imediatamente se
lançou a uma descrição completa do mesmo, do que trabalhou
nele e o que cada um fez.
Quando os outros se juntaram aos comentários e
perguntas, Cat ficou feliz de ter um assunto tão absurdo
dominando a conversa. Ao longo do caminho ela fez a sua parte
para mantê-lo, determinada a levá-lo pelo resto da refeição se
possível.
— Parece bastante forte. — comentou Wade.
— Você quer vê-lo? — Jake se sentou para frente com toda
avidez. — Eu vou mostrá-lo depois que terminarmos de comer.
— Talvez outra hora. — Wade respondeu, então deixou
seu olhar abranger todos na mesa. — Eu sei que não é educado
comer e correr, mas eu vou ter que sair logo depois do almoço
para não perder o meu voo.
— Mas isso não vai demorar muito. — Jake começou em
protesto.
Sloan colocou uma mão em sinal de silenciamento em seu
braço. — Eu acho que você esqueceu que irá de trenó com
Lucas e Dan esta tarde.
— Oh, sim. — Jake apertou os lábios em pensamentos
profundos, em seguida olhou para Wade. — Eu vou lhe mostrar
em outra hora.
— Parece bom. — Wade concordou sorrindo.
Cat permaneceu em silêncio, lutando com uma estranha
mistura de decepção e alívio por Wade sair tão cedo. — Talvez
outra hora. — isso foi o que ele disse a Jake. Ela suspeitava
que ele tinha sido deliberadamente vago porque sabia que
provavelmente não haveria outra vez. Ela sabia que lamentava
e cuidadosamente não examinava a razão para aquilo, muito de
perto.
Na conclusão do almoço, Wade se demorou para mais
uma xícara de café, em seguida, empurrou a cadeira para trás
da mesa. — Por mais que eu gostasse de ficar é hora de me
despedir de todos. — levantando-se, estendeu a mão para
Chase evitando a necessidade dele levantar. — Foi bom
conhecê-lo no passado.
— O prazer foi todo meu. — Chase apertou brevemente a
mão de Wade, segurando seu olhar. — Mantenha contato.
— Vou manter. — Wade acenou com a cabeça, mas Cat
sentiu que era mais uma resposta superficial do que um
compromisso.
Quando ele começou suas despedidas aos outros, Cat viu
sua abertura e se levantou da cadeira. — Vou pegar o seu
casaco para você.
No momento em que pegou o casaco do gancho da parede,
Wade se juntou a ela na entrada. Consciente da agitação na
boca do estômago, Cat esperou enquanto ele encolheu os
ombros em seu casaco e mentalmente ensaiava as coisas que
ela queria dizer, mal registrando seus elogios sobre a refeição
do meio-dia.
— Estou feliz que você tenha gostado. — Cat respondeu de
forma automática e começou a lançar seu discurso. — Sr.
Rogers...
— Pensei que nós concordamos que seria apenas Wade,
não Sr. Rogers. — ele sorriu, provocando o surgimento
daquelas covinhas masculinas atraentes no seu rosto,
novamente.
Ela foi momentaneamente distraída e um pouco forçada a
vê-las. — Wade, — corrigiu-se, consciente do ligeiro tremor em
sua voz. — Eu quero pedir desculpas por toda aquela conversa
na hora do almoço sobre um marido. Eu sei que deve ter se
sentido um pouco incomodado.
Ele inclinou a cabeça em um ângulo pensativo. —
Suspeito que foi mais difícil para você do que para mim.
Ignorando sua observação, Cat continuou: — De qualquer
forma eu quero que você saiba...
... que você não está interessada em mim dessa forma. —
terminou para ela.
Ela não tinha planejado colocá-lo assim tão
abruptamente. — Algo assim, sim. — admitiu sentindo-se
ainda mais desconfortável.
— Mesmo que eu tivesse imaginado realmente ouvir você
admiti-lo, de repente eu sinto muito que você se sinta assim.
Mesmo admitindo ligeiramente relutante, Cat se encontrou
sem palavras. Como sentindo seu constrangimento, ele lhe
ofereceu a mão em despedida. — Deixe-me lhe agradecer
novamente por sua hospitalidade.
— A qualquer hora. — Cat lutava para conseguir expor
suas palavras, seu pulso batendo loucamente no breve toque
de sua mão.
Ele lhe sustentou o olhar um segundo a mais, em seguida
se virou. O ar frio correu pela entrada quando ele abriu a porta,
rodando em torno de Cat mesmo após Wade fechar a porta
atrás de si. O clique da trava de encaixe no lugar, quebrou a
imobilidade que ela tinha colocado sobre si mesma.
Com as mãos crispadas, Cat se balançou longe da porta.
— Por quê? Por quê? Por quê? — ela se repreendeu num
murmúrio quase inaudível. — Por que eu reagi assim?
No entanto, a razão era óbvia até mesmo para Cat.
Orgulho. Tinha tanta abundância dele e em sua determinação
para convencê-lo que ela não era uma viúva com fome de
homem, ficara presa por seu próprio orgulho, totalmente
incapaz de responder em assentimento quando Wade tinha
manifestado interesse nela. Cat sabia que estava atraída por
ele o suficiente para que estivesse curiosa para saber onde
aquilo poderia levá-la.
A qualquer hora. A palavra ecoou em sua mente com
todas as suas conotações de indiferença educada e total falta
de incentivo para Wade voltar.
Pensou que seria provavelmente melhor que aquilo tivesse
acontecido. Caso contrário, viveria na esperança que ele
voltasse para o rancho. Pelo menos agora sabia que nunca iria
acontecer. A melhor coisa foi bloqueá-lo de sua mente,
esquecer que já conhecera alguém chamado Wade Rogers.
Com uma determinada elevação da cabeça, refez seus
passos para a sala de jantar, entrando quando Laredo
esvaziava o conteúdo da garrafa em seu copo de café. Cat
imediatamente aproveitou a desculpa para ganhar mais alguns
momentos para si mesma.
— Aqui. Deixe-me pegar isso e eu vou enchê-la de volta. —
ela pegou a garrafa antes que Laredo pudesse colocá-la de volta
na mesa.
— Não precisa preenchê-la para mim. — Chase avisou. —
Eu já tive o suficiente.
— Há outros que podem querer um copo. — Cat o lembrou
e se dirigiu à cozinha.
Chase a observou sair, então deslizou um olhar irônico em
Laredo. — Tenho a sensação que ela não me perdoou por
provocá-la sobre Wade. — disse sem um pingo de remorso na
sua voz.
— E eu tenho a sensação de que você está esperando que
ela fique tão furiosa que pare de falar com você. — Laredo
respondeu com um olhar compreensivo.
— Acabe rápido com o que te irrita, não é? — Chase
combateu com os olhos brilhantes e puxou uma respiração
profunda lançando um suspiro de satisfação. — Foi uma
manhã cheia... e agitada. Acho que eu poderia me esticar e
fechar os olhos um pouco. — pegou a bengala encostada no
braço da cadeira e virou a cabeça em direção à cozinha. — Se
ela perguntar onde estou diga-lhe que estarei no meu quarto.
Jake olhou para ele com espanto. — Você realmente vai
tirar um cochilo, vovô?
— Sim, Jake, eu realmente vou. — Chase se empurrou
para fora de sua cadeira e se dirigiu para a ala oeste com sua
bengala batendo no chão a cada passo.
Preocupado, Jake arriscou um olhar de esguelha para sua
mãe. — Eu não tenho que tirar um cochilo antes de ir de trenó,
não é? Porque Lucas vai me esperar logo depois do almoço.
— Se terminar o seu leite, você pode ignorar a sesta.
Jake não lhe deu a chance de reconsiderar, agarrando o
copo de leite e tragando seu conteúdo em dois longos goles. —
Tudo feito. — anunciou, empurrando o copo sobre a mesa e se
deslizando da cadeira em um movimento contínuo. — Vamos.
Com uma sacudida divertida de sua cabeça Sloan se
levantou e jogou um olhar para Jessy. — Acho que eu
realmente não queria a segunda xícara de café.
— Boa coisa. — Jessy sorriu para ele. O pequeno sorriso
ficou no lugar enquanto ela ouvia a troca de conversa entre
Sloan e Jake quando ela se juntou a ele na entrada. Jake ainda
estava tagarelando quando saiu pela porta da frente. O silêncio
foi instantâneo. — É incrível como a casa parece tranquila após
a saída de Jake. — ela comentou com Laredo.
Sua única resposta foi um som concordando enquanto ele
continuava a contemplar a superfície escura de seu café. Jessy
fez um estudo para o lado dele, observando sua expressão de
pensamento profundo.
Curiosa, ela perguntou: — Quais são os grilos da sua
cabeça?
Levou um momento antes de responder. — Esse cara
Rogers. — ele levou o copo à boca e tomou um longo gole de
café.
— O que tem ele?
Seus ombros se moveram em um encolher ocioso. —
Repentinamente esse cara liga para Chase e se convida para vir
aqui.
— Afirmou que queria ver o rancho. O que há de tão
incomum sobre isso?
— Nada. — Laredo concordou, então encontrou seu olhar.
— É engraçado, porém, todo o tempo em que esteve aqui não se
moveu da casa.
— Como ele poderia com toda a neve que nós temos?
Ele descartou a desculpa com um movimento rápido de
sua cabeça. — Não. Algo me diz que ele tinha outra razão para
vir aqui.
— Você realmente não acha que ele queira nos causar
problemas, não é? — Jessy disse com ceticismo aberto.
— Mesmo você tem que admitir, algo não cheira bem.
— Não para o seu nariz. — ela respondeu.
— Pense como quiser. — como de costume, Laredo não
discutiu e simplesmente empurrou sua cadeira para trás da
mesa.
— Mas eu vou pensar que essa não é a última vez que o
vemos.
Jessy se levantou. — Eu acho que você está se esquecendo
que ele é o filho de um amigo da família de longa data.
— Isso foi o que Chase disse, também. — mas ele
permaneceu sem se deixar influenciar pelo fato.
Ela começou a lembrar-lhe que Chase não iria mentir,
mas engoliu as palavras. Era a natureza de Laredo a de
suspeitar de qualquer pessoa que ele não conhecesse
pessoalmente. Seus instintos eram geralmente bons, mas este
era um caso em que o tempo iria provar que ele estava errado.
Jessy tinha certeza.
Capítulo Quatro
O luar brilhava sobre o tapete de neve que cobria o pátio
do rancho e deixava o solo exposto e esburacado em um preto
profundo. Agasalhada contra o frio da noite, Sloan saiu da
Casa Grande e se dirigiu para as escadas. Lá, ela fez uma
pausa para verificar qualquer movimento no quintal que
pudesse indicar que Trey estivesse em seu caminho de volta.
Tudo estava quieto. Ela focou sua atenção no antigo
celeiro e na luz que aparecia em uma de suas pequenas
janelas. Descendo as escadas, andou rápida para o velho
celeiro de madeira pesada. O ar frio pinicava sua pele e
transformava cada expiração de ar em um vapor úmido.
Automaticamente Sloan acelerou seus passos para alcançar o
calor prometido do celeiro.
A temperatura dentro do celeiro era bem uns dez graus
mais quente. Sloan percebeu a mudança no instante em que
entrou. Quase no mesmo instante viu o corpo alto e familiar de
Trey quando saia de uma tenda no meio do amplo beco.
— Ei, não. — Sloan chamou suavemente quando ele se
voltou para fechar a porta atrás dele.
Sua cabeça se virou com a forma da aba do chapéu
sombreando seus olhos, mas o sorriso de boas-vindas foi claro
ao vê-la. — Que surpresa agradável.
— Eu pensei que poderia ser. — ela andou para o lado
dele e deixou o braço atraí-la contra ele.
— Jessy disse que você viria até aqui para verificar um
cavalo ferido.
Sua vista lateral tomou nota do ocupante das baias, um
potro atualmente com um ano de idade cheirava o feno em sua
manjedoura. A espessura do revestimento de inverno do animal
entorpecia sua cor azeda e quase escondia a dispersão de
cortes ao longo de seu pescoço e quadris.
— O que aconteceu com ela? — perguntou Sloan.
— De alguma forma, ela quebrou o gelo do rio. — Trey
respondeu. — Quando os meninos levavam o feno esta manhã,
eles a descobriram encharcada e com sangue em uma meia
dúzia de cortes.
— Mas como é que ela se cortou assim? — Sloan fez uma
careta.
— O gelo pode ser tão afiado quanto uma navalha. Mas ela
tem um corte desagradável que está demasiado profundo e
irregular para ser de gelo. — explicou. — Se eu tivesse que
adivinhar, diria que ela provavelmente bateu em um galho de
árvore submerso. Ela vai ficar bem. Então, você tem Jake
deitado para toda a noite?
— Deitado e dormindo. Pensei em ir através das fotos que
tirei em Lobo Prado ontem para começar a compilar uma lista
de inventário, então eu decidi vir encontrá-lo em seu lugar. —
ela se aconchegou mais perto dele, saboreando o calor de seu
corpo.
— Frio? — ele adivinhou.
— Gelada. — Sloan admitiu. — Eu acho que não vou me
acostumar com seus invernos de Montana.
— Saudades das brisas havaianas quentes, não é?
— Um pouco.
— Talvez possamos escapar por uma semana ou mais em
janeiro e mostrar a Jake o Oceano Pacífico.
— Isso é uma promessa? — Sloan inclinou a cabeça para
trás para olhar para ele. — Antes de responder, esteja avisado
que vou te cobrar isso se você disser sim.
— Nesse caso — Trey arqueou as sobrancelhas, e com os
olhos piscando e disse: — Talvez seja melhor dizer que é um
definitivo talvez.
— Não é justo. — ela enfatizou a sua resposta com um
puxão brincalhão nas costelas, seu casaco forrado de lã
absorvendo grande parte do puxão.
Ele ficou sério quando correu um olhar perscrutador sobre
seu rosto. — Você está feliz aqui, não é?
— Mais feliz do que eu já estive em toda a minha vida, —
ela assegurou — mesmo se eu nunca mais puser os pés no
Havaí novamente.
— Só queria ter certeza. — ele fez seu tom
deliberadamente sério, como se a questão não tivesse sido um
caso sério em tudo. — Pronta para ir até a casa?
— Se você terminou aqui?
— Eu terminei. — mantendo um braço em volta dos seus
ombros, ele a guiou para a porta.
Do lado de fora do celeiro, Sloan esperou enquanto ele
desligava as luzes interiores e fechava a porta atrás de si,
verificando para se certificar que estivesse devidamente
fechada. Lado a lado, eles saíram para a Casa Grande.
Sloan ergueu o olhar para a grande estrutura, de dois
andares, com os tijolos brancos revelando uma cor pálida ao
luar. As luzes vermelhas, azuis e verdes brilhavam em torno
das árvores individuais que ladeavam a porta da frente, bem
como as coroas de flores penduradas em cada janela da frente.
— A casa parece tão bonita toda decorada para o Natal. —
ela murmurou, inconscientemente dando voz aos seus
pensamentos.
A visão desencadeou outro pensamento na mente de Trey.
— Em mais algumas semanas vai ser hora de decorar o celeiro
para a nossa festa anual de Natal.
— É sempre no último sábado antes do Natal, não é? —
lembrou Sloan. — Isso parece muito distante, mas realmente
não é, apesar da Ação de Graças ter ocorrido apenas há uma
semana. O que me lembra que eu vou viajar amanhã.
— Para onde? — era uma pergunta comum, nascida da
curiosidade casual.
— Algumas de nós, esposas do rancho, iremos a Miles City
comprar brinquedos para a campanha dos fuzileiros navais.
Temos nossa lista feita, por isso espero não demorarmos muito,
uma vez chegadas às lojas.
— Eu gosto do jeito que você disse isso. — sua boca se
curvou em um sorriso satisfeito.
— Disse o quê? — ela lhe deu um olhar confuso.
— Nós, esposas do rancho. Isso me diz que você
finalmente se sente como uma delas.
Sloan pensou sobre aquilo e assentiu. — Eu acho que sim.
— Veja as estrelas. — a mão enluvada descansando no
ombro dela levantada, um dedo apontando para o céu. — Nas
noites frias como esta elas sempre me fazem lembrar de cristais
de gelo espalhados em um céu negro. Olhando a copa estrelada
da natureza, Sloan concordou com a cabeça, murmurando: —
Elas são lindas.
— Quase tão bonitas como você.
Surpresa com o elogio que parecia vir do nada, ela virou a
cabeça para olhá-lo. — Acredito que você está colocando a
marca em mim.
— E o que há de errado com um homem casado e velho
colocando a marca na sua esposa? — Trey combateu com as
sobrancelhas elevadas desafiadoramente.
— Absolutamente nada. — seu rosto virado para cima
convidava ao beijo, e Trey foi rápido, mergulhando a cabeça e
cobrindo com a boca os lábios dela refrigerados pela noite
gelada, aquecendo-os a ambos.
Quando se separaram, seus olhos se encontraram por um
longo momento, mas não falaram nada. Tudo o que precisava
ser dito fora comunicado com aquele olhar. Um silêncio natural
corria entre eles quando retomaram seu caminho para a Casa
Grande.
Sloan o quebrou quando chegaram às colunas do
alpendre. — Sabe o que seria bom agora?
— Algo me diz que não vai ser o que eu estou pensando. —
Trey adivinhou.
— Um copo quente de chocolate.
— Não, não era isso que eu tinha em mente.
Bem ciente do que era Sloan riu e Trey respondeu com um
largo sorriso. — Minha vez virá mais tarde.
— Você parece muito confiante disso. — Sloan brincou
quando eles entraram na casa.
— Certamente porque eu sei que você me ama. — ele tirou
o casaco forrado de pele de carneiro e o colocou num gancho
na parede.
— E você me ama. — Sloan respondeu, desabotoando sua
própria parca. — É por isso que você vai me ajudar a preparar
o chocolate.
— Eu acho que isso se chama chantagem de esposa. —
Trey a repreendeu com carinho, em seguida, lançou um olhar
para a sala onde o som da televisão podia ser ouvido. — Antes
seria melhor ver se alguém gostaria de um pouco de chocolate.
Mas quando eles atravessaram para a sala de estar, Trey
foi surpreendido ao encontrar sua mãe como única ocupante
da sala. — Onde estão todos?
Jessy desviou a atenção do programa que estava
assistindo. — Não tenho certeza, mas acho que Cat está na
cozinha, e Laredo saiu logo depois que você foi para o celeiro.
— Tão cedo? — disse Trey com alguma surpresa.
— Ele alegou que queria descobrir onde instalar a
banheira de água quente que irei receber no Natal. — ela
respondeu com um sorriso incrédulo.
— Você receberá uma banheira de hidromassagem para
colocar no Ninho do Javali? — Trey sorriu com o pensamento.
— De acordo com Laredo, eu vou.
Na cabeça dele, Trey não podia imaginar sua mãe
relaxando em uma banheira quente, mas se alguém poderia
persuadi-la a isso, seria Laredo. — Vovô está dormindo, não é?
— Não, ele está na sala. Wade Rogers telefonou e ele
recebeu a chamada lá onde a televisão não iria incomodá-lo.
— Esse nome parece familiar. — Trey franziu a testa,
tentando lembrar onde o tinha ouvido. — Eu não consigo me
lembrar, no entanto.
Foi Sloan quem respondeu. — Ele é o filho de alguém que
Chase conhece e passou por aqui na segunda-feira quando
estava no Campo Sul.
— Você quer dizer aquele que Jake decidiu que seria o
novo marido de Cat? — seu sorriso se alargou quando ele fez a
conexão com Wade Rogers.
— Esse é o único. — Sloan balançou a cabeça e dirigiu
sua atenção para Jessy. — Nós vamos fazer algum chocolate.
Você gostaria de um copo?
— Vou recusar.
Sloan olhou para as portas fechadas para o escritório. —
Devemos verificar com Chase?
Jessy acenou de lado a questão. — Basta fazer-lhe uma
xícara. Se ele estiver com vontade, irá beber.
— Vamos fazer. — colocou uma mão de direção sob o
braço de Sloan e a virou para a cozinha. — Vamos pequena
jovem fabricante de chocolate, vamos levar este show na
estrada.
Jessy estava certa quando imaginou que Cat estava na
cozinha. Ela estava em pé ao lado do balcão, derramando um
líquido escuro em um saco plástico de grandes dimensões
contendo um grande assado. Olhou os dois de relance quando
eles entraram.
— Como está a potranca? — perguntou a Trey.
— Ela vai ficar bem. O que é que você está fazendo? — ele
balançou a cabeça, indicando o saco plástico.
— Preparei uma nova receita de marinada e decidi que
queria testar no assado de amanhã. É recomendado deixá-lo
durante a noite. — Cat segurou o saco, fechando-o. — Então, o
que vocês dois estão fazendo?
— Sloan decidiu fazer um chocolate quente. — Trey
retirou o jarro de leite da geladeira e segurou a porta aberta
para Cat, enquanto ela colocava o saco com a carne marinada
em uma prateleira limpa.
— Até agora, temos ordens para três xícaras. Importa-se
de torná-lo quatro?
— Meu pai não vai ter uma? — ela olhou para ele com
surpresa.
— Essa é a terceira, embora ele não saiba ainda. — ele
deixou a porta se fechar e entregou o jarro de leite para Sloan.
— Você não perguntou a ele? — Cat fez uma careta de
questionamento.
— Não foi possível. Ele estava ao telefone. — Trey parou
com uma luz provocante de repente dançando em seus olhos.
— Na verdade ele estava falando com seu futuro marido,
pelo menos, de acordo com Jake.
— Meu... — Cat interrompeu a frase. — Ele estava ao
telefone com Wade Rogers?
— Esse é o homem. — Trey confirmou.
Seria aquela uma segunda chance? A imóvel Cat se
perguntou por um instante. Ela sinceramente não sabia se era
ou não. Mas percebeu que nunca iria descobrir se não
aproveitasse aquela oportunidade. Ignorando a sensação de
formigamento estranho que sentia, Cat foi até a sala de estar.
— Ei, você não disse se queria um pouco de chocolate. —
Trey chamou por ela.
— Não, obrigada. — ela duvidava que poderia manter seu
estômago firme, da maneira como estava agitada.
Quando entrou na sala de estar, duas coisas foram
percebidas de uma só vez, a visão de Jessy sentada sozinha no
sofá e as portas fechadas para o escritório. Imediatamente Cat
alterou seu curso e cruzou para o segundo.
Bateu uma vez na porta e a abriu. Como esperava, Chase
estava sentado atrás da mesa com o telefone ao ouvido. A
irritação brilhou em sua expressão enquanto seu olhar a
tocava.
— Só um minuto, — disse ele no bocal e segurou a mão
sobre ele. — Você precisa de algo, Cat?
Lutando contra um ataque quase paralisante de nervos,
Cat mergulhou à frente. — Trey disse que estava ao telefone
com Wade Rogers. Eu gostaria de falar com ele quando
terminar.
Ele mostrou sua surpresa com o pedido, elevando as
sobrancelhas e com um olhar a considerando longamente.
Sem responder diretamente para Cat, ele tirou a mão do
bocal do receptor e disse: — Antes de eu deixar você ir, Wade,
minha filha quer falar com você. Segurem-se. — ele estendeu o
telefone para ela.
Por um momento, suas pernas pareciam gelatina. De
alguma forma Cat conseguiu atravessar até a mesa e pegar o
telefone. — Sr. Rogers.
— Wade. — ele corrigiu com o rico e profundo timbre de
sua voz, se derramando sobre e através dela.
— Wade, — disse ela e começou seu discurso novo,
consciente que sua voz parecia calma apesar do caos
acontecendo dentro dela. — Eu acho que posso ter-lhe deixado
a impressão que eu estava apenas sendo educada quando disse
que você seria bem-vindo no Triplo C. a qualquer momento. E
esse não foi o caso. Se o acaso o trouxer ao nosso caminho
novamente, eu espero que você pare.
— Você quer dizer isso?
— Eu o faço. Sério.
— Estarei em Montana no primeiro dia da semana. Eu
gostaria de aceitar o convite.
Cat agarrou o telefone um pouco mais apertado,
consciente da onda de alegria através dela. — Espero vê-lo em
breve. — ela lançou um olhar para o pai. — Vou devolvê-lo para
o meu...
— Não há necessidade. Chase e eu tínhamos terminado.
Diga-lhe que vou vê-lo na próxima semana. Adeus, Cat.
— Adeus. — ela entregou o telefone de volta para Chase.
— Ele disse que vai estar aqui no primeiro dia da semana.
Só um cego não seria capaz de notar a forma como os
olhos de Cat estavam brilhando e Chase não era cego.
Sabiamente ele preferiu não comentar sobre aquilo.
— Estou feliz que você disse a ele que nós gostaríamos de
recebê-lo. — disse em seu lugar.
Ela lhe deu um olhar apertado de cautela repentina. —
Pai, quando ele vier, não se atreva a começar com esse absurdo
de marido novamente.
— Eu não sonharia com isso. Afinal de contas, — Chase
acrescentou com um sorriso mal disfarçado, — nós não
gostaríamos de assustá-lo, não é?
— Pai! — Cat protestou toda indignada.
— Não se preocupe. O seu segredo está seguro comigo. —
ele empurrou sua cadeira para trás da mesa e recolheu sua
bengala.
Cat abriu a boca para negar que ela tinha algum segredo,
e liberando toda a ira justa em um suspiro balançou a cabeça
em diversão. — Discutir com você é impossível.
Ela se afastou andando para a porta, encontrando Trey
em seu caminho com a xícara de chocolate para Chase.
— Espero que você goste de um chocolate quente, vovô,
porque você ganhou um copo.
Com a chegada do fim de semana, uma frente quente se
levantou mudando as temperaturas diurnas e tornando as
condições ideais para uma viagem ao sopé do morro para
encontrar a árvore de Natal perfeita. Várias candidatas foram
localizadas, mas a única que Jake escolheu eles rebocaram de
volta para a Casa Grande.
A tarde de domingo foi gasta para decorá-la, com toda a
família tomando parte, embora Chase jogasse mais um papel
de supervisão.
Na manhã de segunda-feira, Cat acordou com uma
sensação inebriante de antecipação. — primeiro dia da semana,
era quando Wade tinha dito que iria passar por lá novamente.
Ao cuidar de sua rotina diária, Cat manteve um ouvido
atento aos ruídos externos. O som de um veículo subindo até a
Casa Grande provocou uma rápida olhada pela janela da
frente, na esperança de que pudesse ser Wade que chegava.
Mas a segunda-feira chegou e passou sem qualquer sinal dele.
Quando a manhã de terça acabou sendo uma repetição do
dia anterior, Cat finalmente enfrentou a possibilidade de que
algo tinha acontecido com Wade e a decepção chegou rápida e
forte.
Com toda a tarde pela frente, Cat se recusou a deixar de
manter o domínio. Em vez disso, ergueu o queixo e os ombros,
silenciosamente se repreendendo a parar de agir como uma
colegial. Atrás dela, a máquina de lavar louça clicava em seu
próximo ciclo. Distraidamente, ela olhou ao redor da cozinha.
Agora que a refeição do meio-dia acabara, ela
praticamente tinha a casa para si mesma. Chase estava em seu
quarto, tirando uma soneca. Jessy tinha ido de volta para o
escritório do rancho. Laredo se oferecera para executar algum
serviço em um campo afastado, e Trey tinha tomado Jake ao
seu cargo enquanto Sloan fazia outra viagem para Lobo Prado
para rastrear alguns itens na lista de inventário.
Diante de todo aquele tempo livre, Cat decidiu preenchê-lo
fazendo mais um lote de biscoitos de Natal.
Vinte minutos mais tarde, ela colocou a massa pronta na
geladeira para descansar enquanto pegava o rolo da massa, os
cortadores de biscoito, as assadeiras e papel de pergaminho.
Depois de limpar o pó da bancada com farinha, Cat
começou a colocar a lata de açúcar quase vazia à distância,
mas mudou de ideia e decidiu recarregá-la em primeiro lugar.
Quando foi pegar um novo saco da prateleira na despensa,
notou que não havia nenhum saco de açúcar.
— Goste ou não, acho que irei ao comissário buscar um
pouco de açúcar. — Cat murmurou para si mesma. — Pelo
menos descobri antes de começar a fazer a crosta de gelo.
Estava carregando o saco de farinha para a vasilha e
quando estava prestes a derramá-lo, uma voz veio da porta de
entrada.
— Olá? Alguém em casa?
Era Wade Rogers. Ela quase deixou cair o saco de farinha,
derramando um pouco dela no balcão. — Já estou indo! voltou-
se e rapidamente colocou o saco sobre o balcão, saindo da
cozinha em uma caminhada rápida.
Cat o encontrou na entrada, como esperava. Ele estava
vestido muito mais casualmente do que em sua última visita,
em um par de calças jeans e um colete solto ao longo de uma
camisa de cambraia azul. Sorriu ao vê-la, a ação formando a
escultura daquelas covinhas sexies em suas bochechas e
agitando-lhe o pulso.
— Eu tinha pensado que não ia passar por aqui, afinal de
contas. — Cat ouviu a nota ofegante em sua voz, um eco da
emoção vibrando o que ela sentia por dentro.
— Desculpe. Eu me convidei a entrar. — o profundo
timbre de sua voz vibrava através dela como uma carícia. — Na
última vez que estive aqui, Chase me disse que apenas
estranhos batem à porta.
— Isso é verdade. Bem-vindo de volta. — quando ela
estendeu a mão para cumprimentá-lo, notou a farinha branca
sobre ela e rapidamente a puxou de volta para limpá-la. —
Desculpe. Eu estava na cozinha fazendo um pouco de biscoitos.
— Nesse caso, não vou prendê-la. Não quero ser a causa
de você estragar alguma coisa. Chase está no escritório? — ele
fez um gesto em direção à sala.
— Na verdade ele está tirando uma soneca. Vou acordá-lo
para você. — ela deu um passo na direção do quarto de seu pai
no primeiro andar.
Uma mão impediu seu movimento. — Não faça isso. — ele
acrescentou uma agitação rápida de sua cabeça. — Eu vou sair
e passear um pouco. Talvez vá para aquele velho celeiro, se isso
não incomodar?
— Claro. Apesar... — Cat hesitou, em seguida, mergulhou,
esperando que não parecesse muito à frente — Que eu preciso
ir até o comissário. Não tenho açúcar suficiente para polvilhar
os biscoitos de Natal. Apenas me dê um minuto para pegar
meu casaco e botas e podemos caminhar juntos.
— Eu gostaria de ter a sua companhia.
Cat teve a impressão que ele queria dizer aquilo, e o
sentimento suavizou muito de sua incerteza. Ele ficou parado
enquanto ela calçou as botas de neve, em seguida, deu um
passo adiante para ajudá-la com seu casaco de inverno. Ela
murmurou um agradecimento. — Ele o reconheceu com um
aceno de cabeça, em seguida, abriu a porta da frente para ela e
a seguiu para fora.
Quando começaram a descer os degraus da varanda, ele
disse: — Estou supondo que este comissário que você
mencionou e a loja do rancho sobre a qual meu pai me contou,
sejam a mesma coisa.
— Tenho certeza que são. — Cat confirmou. — Nós o
mantemos sempre bem abastecido com o básico, bem como
com uma variedade de outras coisas. O Triplo C. se orgulha de
ser autossuficiente. Em seus primeiros dias, antes do advento
do automóvel, tinha que ser. Agora, o comissário é mais uma
conveniência.
— Parece interessante. Acho que vou entrar com você e
verificá-lo.
Cat tentou não deixá-lo perceber como estava satisfeita
com sua decisão. Enquanto andavam do pátio do rancho para
a loja, ela apontou vários edifícios que compunham a sede do
Triplo C., identificando tudo, desde a estrutura do alojamento
dos escritórios do rancho, ao dispensário médico composto por
uma enfermeira, e da estação antifogo. No entanto, ela não
perdeu a consciência dele. Alguma coisa foi intensificada pelo
roçar ocasional de seu braço contra o dela. Ela tentou se
lembrar da última vez que tinha caminhado lado a lado com
um homem que não era tanto um parente ou um trabalhador
do rancho, mas não conseguia pensar em nenhum. Não desde
que Logan morrera.
— Quando alguém como eu pensa em uma fazenda, a
palavra evoca imagens de celeiros e galpões, um barracão,
talvez até um barracão cozinha. — comentou Wade. — Você
tem tudo isso e muito mais. Você quis dizer isso quando falou
sobre o rancho ser autossuficiente.
— É uma necessidade. — Cat lembrou. — A ajuda externa
pode estar a horas de distância.
Juntos, eles fizeram uma pausa enquanto uma picape
com a insígnia do rancho se afastava das bombas de gasolina
situadas fora do comissário. Quando o caminho para a porta
ficou livre, eles começaram a avançar novamente.
— Eu posso ver isso agora. — Wade concordou e chegou à
sua frente para abrir a porta. — Mas é um conceito difícil
envolver sua mente em torno até que você esteja realmente
aqui.
— Isso é o que todos dizem. — sorrindo, Cat entrou na loja
e quase correu em linha reta para Laredo, que estava saindo.
Cat parou, forçando Wade a fazer o mesmo. — Eu pensei que
você estivesse executando um serviço no Campo Oeste.
— Eu estou. — seu olhar se desviou para tocar em Wade.
— Decidi que levaria a correspondência comigo, já que estava
indo para lá. Pouparia todos de uma viagem. — com a
explicação feita, ele acenou uma saudação a Wade. — Vejo você
novamente, Rogers.
— Isso mesmo. — Wade respondeu com um sorriso
natural e foi para frente para ficar ao lado de Cat, estendendo a
mão.
— Foi bom ver você de novo, Laredo.
— Certo. — Laredo deslocou o pacote de e-mail para a
outra mão e apertou brevemente a de Wade. — Veio fazer
algumas compras, não é?
— Não, eu vou. — Cat inseriu. — Preciso de um pouco de
açúcar. Como o pai estava tirando uma soneca, Wade veio
comigo.
— Cat é minha guia não oficial. — Wade acrescentou.
— Você não poderia estar em melhores mãos. — Laredo
afirmou e se agitou. — É melhor eu cuidar de seguir meu
caminho.
Ele dirigiu suas palavras de despedida para Cat e Wade
balançou para um lado, dando a Laredo um caminho claro
para a porta.
Wade rastreou brevemente a partida de Laredo com seu
olhar e retornou para Cat. Um sorriso torto esculpindo um
sulco em uma bochecha. — Esse é um homem difícil de
entender. Ele não pareceu surpreso ao me ver e não parecia
feliz também.
— Isso é apenas Laredo sendo Laredo. — Cat encolheu
sua preocupação. — Ele tende a manter qualquer um que não
conhece bem no comprimento do braço. Mas ele foi à melhor
coisa que aconteceu a esta família. Especialmente para Jessy.
— Eu sei que Chase definitivamente o considera como
sendo da família.
— Todos nós o fazemos. — Cat disse com um sorriso e se
voltou para o corredor onde o açúcar estava localizado.
— Laredo disse algo sobre pegar o e-mail para o Campo
Oeste. Estou supondo que significa que o comissário serve
como uma estação de correios, também.
— Sim, embora não oficialmente.
Antes de Cat poder explicar seu comentário, Wade falou:
— Deixe-me adivinhar. O Triplo C. abrange muitas milhas
quadradas para entrega de correio rural para alcançar todos os
seus cantos, de modo que o comissário é a câmara de
compensação para todo o correio pessoal que vem aos seus
empregados e suas famílias?
— Isto está exatamente correto. — Cat admitiu.
— Então, o que é isso? Você está prestes a adicionar uma
seção de brinquedos para o Natal? — Wade fez sinal com a
variedade de itens de brinquedo numa pilha alta em um canto,
alguns ainda em suas caixas originais.
— Parece, não é? — ela concordou com um sorriso. — Na
verdade, essas são todas as doações para movimentação de
brinquedos dos fuzileiros navais. Acho que ouvi Jessy dizer que
eles estão programando para serem carregados até amanhã de
manhã e entregues ao ponto de distribuição designado.
— Isso é um sucesso.
— Não houve uma única pessoa no rancho que não
contribuiu com alguma coisa para isso. — Cat retomou seu
caminho para o açúcar.
— A participação foi plena. Isso é realmente notável.
— Eu acho que foi, mas aprendi há muito tempo que os
cowboys têm os maiores corações.
— Eles certamente o fazem no Triplo C. — Wade parou ao
lado dela enquanto ela recolhia o maior saco de açúcar.
— Então, como você costuma passar as férias de Natal? —
Cat lhe deu um olhar curioso quando se moveu em direção ao
fundo da loja e sua área de balcão.
— Depende de onde eu esteja e o que eu poderia estar
fazendo, embora sempre faça um ponto para passar pelo
menos dois dias com meu pai. Como Chase, ele está lá em cima
na idade e eu nunca posso ter certeza quantos Natais mais eu
terei com ele.
— Eu sei como é esse sentimento. — e isso o fez saber que
eles tinham alguma coisa em comum.
— Porque você pergunta?
— Só por curiosidade. — Cat respondeu com um encolher
ocioso de ombros. — Algumas pessoas gostam de descansar em
uma praia tropical e outros de esquiar nos feriados. Eu estou
com o grupo que gosta de ficar em casa e passar o Natal com a
família desfrutando de todas as velhas tradições que vêm com
ele.
— Como biscoitos de Natal polvilhados com açúcar. — ele
acenou com a cabeça na direção do açúcar em pó que ela
carregava e lhe deu um sorriso que esculpia aqueles sulcos
sexies em suas bochechas.
Ela riu e admitiu: — cookies, carolinas e programas de
Natal para as crianças. O melhor de tudo, este ano, é que a
casa estará cheia da família. A filha de Jessy, Laura e seu
marido virão da Inglaterra, e meu filho Quint estará voando do
Texas com sua esposa e meu novo neto. Será a primeira vez
que todos nós estaremos juntos em vários anos.
— Parece divertido. — comentou Wade. — Eu acho que é
uma das vantagens de ter uma grande família. Eu não tive a
sorte de ser abençoado com uma.
Com o canto do olho, Cat viu a nova exibição de utensílios
domésticos e parou para olhar, pegar uma panela de silicone
de borracha para muffins. Ela leu o rótulo e testou a sua
flexibilidade, dobrando-a, equilibrando o saco de açúcar em pó
na dobra do braço.
— O que é isso? — perguntou Wade.
— Uma assadeira de muffins. Eles devem sair bem.
Ele olhou para ela por um momento até que ela a colocou
de volta na prateleira e pegou uma assadeira de pão.
— Eu vou deixar você. — ele disse ironicamente. — E vou
pegar alguns lanches embalados para minha viagem para o
aeroporto.
Wade se afastou e Cat aproveitou a oportunidade para
examinar as assadeiras mais de perto, consciente que ela
poderia usar algumas novas panelas de cozimento na Casa
Grande, especialmente com o Natal chegando.
Afastando-se, Cat mentalmente fez uma nota para
verificar quais panelas na casa precisavam ser substituídas ou
completadas. Distraidamente ela olhou para o corredor para o
balcão traseiro, onde se fazia o pagamento.
Como de costume, Nancy Taylor estava no registro.
Aproximando-se dos cinquenta anos e ainda ruiva, Nancy não
mexia muito com maquiagem ou roupas, satisfeita com batom
e uma simples combinação de blusa e calça jeans.
A expressão de Nancy, de repente se iluminou com
curiosidade. Cat rapidamente percebeu que o objeto de seu
interesse era Wade fazendo sua abordagem para o registro.
— Posso ajudar?
— Estou levando estes. — ele colocou um punhado de
lanches na base brilhante do balcão.
— Existe alguma coisa mais que você precise hoje?
— Não, obrigado. — ele olhou ao redor, quando Cat se
juntou a ele. — Você está pronta também?
— Sim. — Cat sentiu toda a força da curiosidade de Nancy
dirigida a ela, quando a outra mulher especulou sobre a
conexão entre ela e Wade.
— Oi, Nancy. — Cat disse irritada com o toque de
constrangimento que sentia. — Este é Wade Rogers. Wade,
Nancy Taylor.
— Prazer em conhecê-lo, Sr. Rogers. — ela acenou para
ele, então anotou o preço do açúcar e ensacados para Cat.
— Os Rogers são velhos amigos da nossa família. — Cat
disse, então hesitou, olhando para Wade, esperando que ele
oferecesse uma explicação.
— Oh, vamos voltar anos. — Wade disse vagamente.
— Isso não é bom. — o tom de Nancy foi cortês, mas ela
parecia um pouco decepcionada e Cat secretamente não a
culpava por isso. Wade Rogers era muito atraente para caber
no rótulo manso de amigo da família.
A outra mulher entregou a Cat uma caneta e um recibo
para o açúcar. — Por favor, assine aqui.
— Obrigada, Nancy. — Cat anotou seu nome e eles
saíram.
Saindo pela porta do comissário, ela se virou para Wade.
— Prepare-se. O telégrafo do rancho será ruidoso em
momentos.
— Porque você comprou cinco libras de açúcar?
— Não. Porque eu vim aqui com você. Por aqui, isso conta
como notícia.
— Sinto-me lisonjeado.
— Todo mundo vai querer saber quem você é e o que está
fazendo aqui; então você estará sujeito a algumas perguntas. —
Cat suspirou. — Como eu.
Wade a estudou com um olhar de soslaio. — Acho que
você não namora Cat. Assustada, ela levantou a cabeça. Ele leu
a pergunta surda em sua aparência e explicou: — Se você o
fizesse, Nancy não teria ficado tão surpresa ao vê-la com um
homem.
Cat se sentiu um pouco desconfortável. — Você está certo.
— eles estavam bem longe do comissário agora, a partir da
casa em toda a extensão do pátio do rancho. — Você é sempre
tão rápido para ler as situações?
— Oh, eu tive uma boa quantidade de prática. Na minha
linha de trabalho, é uma habilidade essencial.
— Eu imagino que isso seja verdade. — Cat respondeu.
Eles caminharam em silêncio sociável por pouco tempo,
enquanto Wade levantou a cabeça para olhar para a Casa
Grande, em uma distância próxima, impressionado com seus
pilares.
— Então, é por escolha? — Wade lhe perguntou.
Cat olhou para ele em confusão. — O que?
— Você não sai para encontros. Ou sai raramente.
Conforme o caso.
Ela realmente não queria responder a aquela verdade, mas
o fez, com a voz baixa. — Por escolha, suponho. Embora haja
uma escassez definitiva de candidatos elegíveis.
— Especialmente aqueles corajosos o suficiente para sair
com um Calder.
Cat riu. — Você está subestimando os homens que vivem
nesta terra escancarada. Muito pouco os intimida. — fazendo
uma pausa, Cat sacudiu a cabeça com diversão irônica. —
Como chegamos a esse assunto de novo?
— Talvez porque nós dois estamos pensando sobre isso. —
Wade fez uma pausa. — Pelo menos eu estou. Acho que você
sente uma atração similar. Se eu estiver errado, é só dizer. —
ele inclinou a cabeça. — Estou apressando as coisas?
— Um pouco, — Cat respondeu. — Mas eu não me
importo.
A expressão dele ficou triste. — Toda esta cena de namoro
me deixa perplexo. As coisas mudaram muito. Sinto-me
estranho como o inferno. Perdi qualquer técnica que eu poderia
ter tido em algum lugar, ao longo do caminho.
A confissão aberta a desarmou. — Eu conheço o
sentimento. Acho que você não tem namorado muito. — ela
deixou o assunto da perda de sua esposa.
— Não, — disse Wade. — Eu mal saberia por onde
começar. Um casal de amigos se ofereceu para me arrumar,
mas eu percebi que se eu não tivesse um clique com alguém
que eles pensassem ser perfeito para mim, meus amigos iriam
ficar insultados. De modo que não era uma opção. Então
procurei alguns anúncios na internet. Ele balançou a cabeça
com uma careta. — Não são para mim. E você? —
acrescentando rapidamente, — se você não se importar que eu
pergunte.
Cat riu. — Está bem. Eu fiz a mesma coisa uma noite,
quando estava me sentindo solitária.
— E?
— Eu verifiquei os homens elegíveis na minha faixa de
idade, mas não postei uma foto ou perfil.
— Talvez seja por isso que eu não a encontrei. — ele
brincou.
— Não. Eu parei de olhar antes de me inscrever. Entre
homens adultos que postaram suas imagens de quando eles
ainda tinham cabelos e todas as pessoas estranhas que se
descreveram como divertidas, eu simplesmente não estava
interessada.
Ele sorriu. — Boa.
— Além disso, parecia estranho demais entrar em contato
com pessoas que eu não conhecia.
— Eu a entendo. É por isso que eu voltei com os antigos
métodos. Você sabe, iniciar uma conversa, conhecer alguém,
levá-la para sair. — ele sorriu ironicamente, mas ela sentiu
uma pequena centelha de inveja.
Wade não pareceu notar sua falta de uma resposta. — Eu
não diria que a cada encontro era um desastre sem ressalvas,
mas não havia química. Talvez eu tenha ficado na prateleira
por muito tempo.
— Eu não penso assim.
— Obrigado. Agradável você dizer isso. — ele lhe deu um
olhar quente que fez vibrar seu pulso. — De qualquer forma, eu
só parei de procurar. Eu acho que percebi que estava fazendo
aquilo por todas as razões erradas. Talvez porque me sentia
obrigado a responder a convites ou porque estivesse tentando
conseguir o negócio de viver.
Cat podia simpatizar. — Isso não é fácil depois que você
perde alguém que você ama.
Seu olhar se tornou distante e ela lamentou o comentário,
até que ele virou o foco de volta para ela. — Você sabe algo?
Agora, se eu não tivesse que sair imediatamente depois de falar
com Chase, estaria lhe pedindo para jantar comigo.
— E se você não estivesse saindo, eu diria que sim. — ela
respirou fundo, sentindo-se com seu antigo astral alto
novamente. Um pouco teimosa e muito glamourosa.
Wade a olhou atentamente. — Talvez você pudesse me dar
uma ideia.
— Claro.
— Vai ser, pelo menos, uma semana antes que eu possa
voltar, no entanto. — alertou.
— Bem. Podemos acertar os detalhes, então. — ela estava
se sentindo mais ousada a cada minuto.
— Não aqui no rancho, no entanto. — Wade especificou. —
Em outro lugar.
— O restaurante Blue Moon está aberto novamente. É o
lugar mais próximo para a sede.
— Isso deve funcionar. Embora eu não possa dizer que
saiba onde fica Blue Moon.
— Cerca de uma hora a partir daqui. — disse Cat. — Nada
até padrões de DC, mas ouvi dizer que a comida é boa.
— Isso combina comigo.
Uma caminhonete buzinou atrás deles, a intensidade e
proximidade dela surpreendeu Cat. Ela se virou, uma vez que
parou ao lado deles.
Laredo baixou a janela e deixou o motor em marcha lenta,
inclinando-se para falar com Cat. — Pensei que seria melhor
lhe dizer. Chase chamou Jessy, querendo saber onde você
estava Cat.
— Nós estamos no caminho para a casa agora.
— Não há necessidade de chamá-lo de volta, então. —
Laredo se deslocou para fora do parque.
— Não. — Ela sorriu e acenou em adeus. — Obrigada,
Laredo.
Cat começou a avançar novamente com Wade a seu lado.
Eles chegaram à varanda enquanto a caminhonete acelerava
na estrada principal da fazenda. Na porta da frente, Wade
avançou para abri-la, e seguiu para dentro. Um segundo
depois, Cat ouviu o barulho familiar da bengala de Chase.
Ele parou, estando apenas fora de seu escritório. Ela não
conseguia decidir se ele estava irritado com ela ou não. Sua
expressão era impassível.
— Você acabou de chegar aqui? — ele perguntou a Wade.
O outro homem assentiu. — Cheguei um pouco menos de
uma hora atrás.
— Suponho que você disse a ele que estava tirando uma
soneca. — disse a Cat.
— Certamente o fiz. Era a verdade. Eu tive que fazer uma
viagem rápida para o comissário para alguns quilos de açúcar.
Wade interrompeu. — Eu me ofereci para ir junto.
Chase deu um baque de sua bengala quando se virou. —
Depois de colocar o açúcar no lugar, você pode nos trazer um
pouco de café, Cat.
Ela não se importava com seu tom peremptório. Cat
flutuou todo o caminho até a cozinha, pensando na noite em
que ela estaria jantando com Wade.
Uma semana para esperar. Já parecia muito longe.
Capítulo Cinco
A viagem de Sloan para Lobo Prado foi bem rápida. Foi
somente no meio da tarde, que ela conseguiu voltar para a sede
da fazenda. Certa que Trey apreciaria uma pausa nos cuidados
com o Jake, foi a procura dos dois. Finalmente os encontrou
em um dos galpões de máquinas, desmontando um motor de
trator.
Trey estava fazendo o trabalho sujo, enquanto Jake
assistia do lado de fora, claramente fascinado.
— Oi, mãe! — ele saltou do estrado de metal que lhe tinha
sido dado para se sustentar.
— Oi, querido. — ela lhe deu um beijo e soprou um para
Trey, que estava sujo até os cotovelos de lubrificante preto. Ele
reconheceu a saudação com uma elevação de um lado
gorduroso.
— Gostaria de ajudar? — perguntou.
— Não, obrigada. Você está ficando sujo o suficiente por
nós dois. — Ela bagunçou o cabelo de seu filho. — Divertindo-
se?
— Sim. Motores são legais. Papai ia me deixar colocar uma
parte dele juntos.
— Ahá. Então eu cheguei apenas a tempo.
— Não do ponto de vista de um menino. — Trey riu. —
Suas mãos ainda estão limpas.
— Vamos mantê-lo assim. — Sloan disse, ignorando o
protesto de Jake. Ainda assim, ele a deixou levá-lo para longe
do trator sem chutar muito nem fazer barulho. — Vejo você
mais tarde, Trey.
Absorvido no que estava fazendo, Trey assentiu. — Com
certeza.
Jake não parou de falar durante a curta viagem de volta
para a casa.
— Mamãe, você sabe o que eu fiz? — ela não teve que
perguntar para receber a resposta que ele forneceu
instantaneamente. — Eu tinha que alinhar todos os parafusos
e contá-los. Papai disse que eu tenho resultados diferentes a
cada vez. Isso é bom ou ruim?
Sloan riu. — Você terá que perguntar ao seu pai, mas
estou feliz que você esteve praticando seus números.
Mantenha-o.
— Eu vou. E então você sabe o que mais? — mais uma vez
ele respondeu à sua própria pergunta. — Ralph me deu uma
grande caixa de pregos para classificar por tamanho. Eu os
coloquei em potes velhos de geleia. Ralph com certeza tem um
monte de potes de geleia. E um monte de pregos, também.
— Aposto que sim. E aposto que ele estava feliz por você o
ajudar.
— Sim. — Jake disse com satisfação.
Pararam em frente da casa onde estava estacionado um
carro que ela não reconheceu, sem notar a etiqueta da agência
de aluguel no para-choque traseiro. Jake subiu sem esperar
por sua mãe.
— Não tão rápido, meu jovem. — ela saiu do carro e
correu para pegá-lo pelo pulso. — Eu acho que você está
esquecendo algo que prometeu fazer.
— O quê? — ele perguntou inocentemente.
— Como se você não soubesse. — eles caminharam de
mãos dadas para os degraus da varanda. Um dos cordões do
tênis de Jake estava solto mas ela queria levá-lo para dentro de
casa antes de amarrá-lo. — Você tem que ensaiar para a peça
de Natal.
— Ah, mãe. Eu não quero.
— Esse não é o problema. Todos na peça de Natal têm que
praticar suas partes, também.
— Mas é um bom dia. — disse ele com veemência, como se
isso conquistasse o argumento.
— Certamente é. Na verdade, é um dia perfeito para
ensaiar uma peça de Natal.
— Ah, mãe. — ele resmungou, e suspirou teatralmente. —
Ok, eu vou fazê-lo.
— Você não tem que agir como se estivesse me fazendo
um grande favor. Quando se comprometer com algo como um
jogo, você tem que seguir adiante. Lembre-se, outras crianças
estão dependendo de você. E se você estiver lá em cima e
esquecer suas falas?
— Eu faria alguma coisa. — disse ele, confiante.
— Não é assim que funciona. Ei! Volte aqui!
Mas Jake se soltou da mão dela e saiu correndo na
direção do estúdio de seu bisavô. — Acabei de me lembrar de
algo que tenho que dizer ao vovô!
— Jake. — Sloan parou, com as mãos nos quadris,
olhando exasperada enquanto ele puxava a porta para o
escritório e mergulhava para dentro. Ouvindo vozes masculinas
dentro do escritório, ela de repente se lembrou do carro
desconhecido e percebeu que Chase tinha um visitante. Aos
saltos, Sloan se lembrou de Cat mencionar que Wade Rogers
tinha intenção de voltar naquela semana. Duvidando que a
intrusão de Jake era tudo o que não desejavam, ela caminhou
até lá para recolher seu filho rebelde. Sloan enfiou a cabeça
dentro do escritório. Um olhar rápido não conseguiu localizá-lo.
— Alguém viu Jake?
— Ele está bem aqui. — Chase respondeu.
Seu filho apareceu do outro lado da mesa como um
boneco saindo da caixa. — Eu estava me escondendo. — disse
ele maliciosamente.
— Agora que você já foi encontrado, vamos praticar suas
falas. — Sloan fez sinal para ele se juntar a ela.
— Mas..., — ele começou, em protesto.
— Já é o suficiente. Corra logo como sua mãe disse: —
Chase disse a Jake.
O garotinho ficou onde estava do outro lado da mesa de
seu bisavô, brincando com uma caneta que ele pegara. — Eu
tenho que ir?
— Sim. E você está interrompendo. — disse Chase com
firmeza. — Isso não é permitido. — seu olhar sério era o
suficiente para Jake, que não discutiu quando lhe devolveu a
caneta e andou, cabisbaixo, com a mãe na espera.
Sloan pegou sua mão e se virou, reprovando Jake em voz
baixa enquanto se moviam para o corredor. Ele tropeçou em
seu laço desamarrado. Parada, ela se ajoelhou e o retirou,
certificando-se que era um duplo nó. — Shhh! Vovô tem
trabalho a fazer.
Por um milagre, o menino foi completamente tranquilo.
Quando se levantou, um movimento dentro do escritório
chamou sua atenção. Chase estava entregando a Wade um
pedaço de papel; parecia ter o mesmo tamanho e forma de um
cheque bancário. Recusando-se a dar a aparência de curiosa,
Sloan levou Jake para longe das portas do escritório. Mais uma
vez ele puxou a mão da sua mão e correu de volta para lá.
Sloan amaldiçoou baixinho, deu dois passos de cada vez e
alcançou a porta aberta apenas a tempo de ouvir Chase
dizendo: — Então, você está pronto. Haverá mais quando você
precisar, é claro. Mas isso deve facilitar o caminho para você
inicialmente.
Jake estava tentando se esconder atrás da porta onde
ninguém podia vê-lo. Ela desenrolou os dedos da maçaneta e
começou a fechá-la, dizendo em uma voz quase inaudível, que
foi mais como um silvo: — Você me ouviu. Eu disse que seu
bisavô está ocupado!
— Quem está aí? — Chase chamou.
Sloan percebeu que ela e seu filho estavam fora de sua
visão periférica. — Desculpe Chase. Jake está sendo obstinado.
Ela se mudou para a porta para que o velho tanto pudesse
vê-la como ouvi-la também.
— Jake, obedeça sua mãe. — disse seu bisavô. — Não faz
mal. — acrescentou para Sloan. — Nós apenas concluímos as
coisas.
— Isso significa que a reunião acabou. — Jake disse com
conhecimento, como se ele os assistisse o tempo todo. — Eu
posso ir.
Sloan balançou a cabeça. — Você vai para o seu quarto. E
eu vou com você, agora. Vai estudar suas falas até memorizá-
las perfeitamente.
Chase sorriu, mas o visitante tentou não sorrir. — Nunca
discuta com uma mulher quando ela está certa, Jake. Agora,
marche rápido.
Jake fez uma careta, mas parecia resignado à sua sorte.
Após os dois saírem, Wade se voltou para Chase. — É
melhor eu ir. Se você não se importar, eu vou parar na cozinha
e dar adeus a Cat.
— De modo nenhum. Mantenha contato. E boa sorte.
— Obrigado. — Wade saiu do gabinete e se dirigiu para a
parte traseira da casa. Quando ele atravessou a sala de estar,
Cat saiu da cozinha e o viu. Ela fez uma pausa em leve
surpresa. — Os dois já terminaram?
— Nós estávamos conversando. Eu queria lhe dizer adeus
antes de sair.
— Oh. — radiante, Cat aproveitou a oportunidade
inesperada para ter um momento privado com ele. — Vou levá-
lo até seu carro.
Na entrada, Cat pegou um casaco que não era o dela, não
seria bom ficar fora e tremer. Enquanto ela o deslizou, Wade
tinha vestido o casaco também. Como se por mútuo
consentimento, ambos se moveram em direção à porta.
Novamente Wade a abriu e deu um passo atrás para permitir a
Cat precedê-lo. Cat sempre se considerou livre como qualquer
mulher moderna, mas ainda se emocionava com a mostra de
cortesia cavalheiresca e antiquada que Wade exibia,
encontrando algo para ser saboreado.
O ar frio de inverno do fim da tarde pareceu aguçar todos
os seus sentidos quando ela caminhou para fora.
Fez uma pausa enquanto Wade fechava a porta atrás deles
e se mudou para o lado dela, colocando uma mão sob seu
cotovelo para acompanhá-la até o carro.
— Provavelmente poderia encontrar meu carro, você sabe.
Mas eu realmente aprecio sua companhia. — disse a ela e
acrescentou com um brilho: — Então vamos devagar.
Compartilhando do sentimento, Cat prontamente
obedeceu, adiando o momento em que ele teria que sair.
— Você não vai esquecer a nossa data, não é? — ele disse
em um tom de provocação leve quando chegaram ao carro.
Sorrindo, Cat respondeu: — Fiz uma nota mental para
adicioná-la ao meu calendário social no momento em que
estiver de volta.
— Há qualquer outra pessoa no calendário além de mim?
— parando, ele abriu a porta do motorista.
— Eu não penso nisso. Mas vou ter que verificar. — disse
ela maliciosamente.
Ele riu. — Faça isso.
— Eu vou fazê-lo. — respondeu com um olhar caloroso.
Ela acenou em despedida e ficou no pátio até que o carro
chegasse à estrada principal, acenando mais uma vez quando
ele se virou para ela, mesmo sabendo que ele provavelmente
não poderia vê-la.
Cat subiu correndo as escadas da frente e tirou o casaco
emprestado no instante em que entrou. Ela se sentiu
preenchida com um sentimento tão inebriante de antecipação,
que teve de resistir ao impulso de abraçá-lo firmemente para si
mesma. Em vez disso, foi até o espelho no corredor da frente e
examinou seu reflexo, sem perceber que Chase tinha saído do
escritório.
— Não se preocupe menina. — disse ele em voz baixa. —
Você ainda é uma mulher bonita.
Assustada, ela se virou para olhar para ele. — Você está
ultrapassado. — ela respondeu, mas ainda assim ficou
satisfeita com o elogio.
— E você é uma sonhadora. — observou ele, pensativo.
— Existe uma razão para não ser? — a pergunta era
alegre, mas Chase reconheceu que era sua maneira silenciosa
de perguntar se ele sabia algo sobre Wade que ela não
soubesse.
— Nenhuma mesmo.
— Bom. — ela sorriu para seu pai. — Wade me pediu para
jantar com ele na próxima vez que ele vier. Eu disse sim.
— Ah! — Chase disse com um aceno de compreensão. —
Deve ser por isso que seu sorriso me faz lembrar um gatinho
lambendo um pires de creme. Mas com um toque menos
inocente.
Ela riu de sua provocação.
— Então. — ele inclinou seu peso na bengala. — E sobre
os cookies? Eles receberam o açúcar?
— Sim eles o fizeram.
Ele levantou as sobrancelhas e olhou para cima. — Eu
estava indo para ver se esse patife do Jake queria se juntar na
cozinha para alguns biscoitos e leite. Acho que ele ainda deve
estar ensaiando suas falas. — como se na sugestão, Sloan
começou a descer as escadas, mas sem Jake.
— Onde está o Jake? — Chase perguntou-lhe.
— Ele desceu antes de mim. — Sloan respondeu,
começando automaticamente uma verificação visual.
Chase olhou ao redor também. — Não há nem rastro dele.
Gostaria de saber onde Jake está. — disse ele em voz alta para
forçar seu bisneto a sair do esconderijo.
Silêncio.
— Quando ele aparecer, diga-lhe que há biscoitos de Natal
cobertos de açúcar na cozinha, Sloan. — Chase disse. — Pode
até haver o suficiente para ele.
— Eu vou. — Sloan prometeu quando Chase e Cat se
dirigiram para a cozinha.
Quando chegou ao fundo das escadas, Sloan fez uma
pausa, um pouco irritada pelo ato do desaparecimento de Jake.
Ela ouviu um barulho vindo do escritório e caminhou pelo
corredor para investigar. Quando entrou na sala, Jake se mexia
em uma poltrona que tinha empurrado para cima da lareira e
se levantava sobre ela. Equilibrando-se precariamente, ele se
esforçava para alcançar o conjunto de enfeites em formato de
gado com chifres longos, montado acima da lareira.
— Jacob Calder, desça daí neste minuto! — ela percebeu
no momento que as palavras saíram de sua boca que ele se
assustara.
Jake oscilou perigosamente e se equilibrou a tempo para
evitar cair no chão. Ele caiu no assento espaçoso, a salvo de
uma queda, mas não da raiva de sua mãe.
— O que você estava fazendo? — ela correu para ele. —
Você poderia ter se machucado!
— Eu só queria tocar as pontas.
Ele pulou da cadeira e correu atrás da mesa, batendo no
chão.
— Jake. — ela suspirou com exasperação.
Ele manteve a distância, observando-a com os olhos
arregalados que estavam suspeitosamente brilhantes e lhe
ocorreu que ele poderia chorar se ela gritasse com ele. Sua
irritação se dissolveu.
— Ajude-me a pegar as coisas do chão. — foi tudo que ela
disse.
Jake obedeceu, entregando-lhe o talão de cheques aberto e
virado para cima, mais interessado em um peso de papel em
forma de bolha de vidro que, felizmente, não tinha sido
quebrado. Ele segurou cuidadosamente em suas pequenas
mãos, antes de voltá-lo para a mesa.
Sloan não estava prestando atenção. Ela estava olhando
para a última entrada do cheque. A letra de Chase no canhoto
era clara e firme.
Para Wade Rogers. No valor de dez mil dólares.
Pega de surpresa, ela olhou para o papel para se certificar
que havia lido a quantidade corretamente, perguntando se era
para uma doação de caridade ou o quê. Mas aquele espaço
tinha sido deixado em branco.
Intrigada, ela fechou o talão de cheques e o devolveu para
a mesa. — Tia Cat fez alguns biscoitos de Natal esta tarde. O
seu bisavô está na cozinha. Devemos nos juntar a ele com um
pouco de leite e cookies?
— Posso levar o peso de papel? — ele lançou um último
olhar de admiração sobre a mesa.
— Não. Você não quer que vovô saiba que você derrubou e
desarrumou as coisas sobre a mesa, não é?
O garotinho ergueu os ombros. — Vou dizer a ele. Ele não
vai se importar.
Sloan distraidamente acariciava seus cabelos e sorriu. —
Não, ele provavelmente não irá.

Jake estava todo dobrado e quase dormindo. Trey entrou


na sala da suíte master esperando ver sua mulher
descansando no sofá. Mas Sloan estava na janela, olhando
para a escuridão além dela, claramente preocupada. — Pensei
que você estivesse assistindo à televisão. — disse ele, olhando
para o conjunto escurecido. — Algo errado?
— Só estava pensando. — ela se afastou da janela, ainda
parecendo distraída.
— Sobre o quê? — Trey observava sua expressão,
percebendo que ela estava incomodada com alguma coisa.
Sloan hesitou em responder, mas se moveu em direção a
ele. — Eu não tenho certeza, — disse ela, então — Acho que
estou preocupada com o Chase.
— Por quê? — Trey pareceu surpreso.
— Esta tarde, Jake derrubou acidentalmente algumas
coisas da mesa de Chase. O talão de cheques caiu aberto e é do
tipo antiquado, com quatro cheques para uma página, com
canhotos à esquerda. Tenho certeza que você já viu isso.
— Já vi. Então, o que há sobre isso?
— O último esboço era de um cheque que ele preencheu
para Wade Rogers. O talão de cheques estava aberto nele. Eu
não pude deixar de vê-lo. — acrescentou meio na defensiva.
— Assim?
— Era de dez mil dólares, Trey. Isso é uma grande
quantidade de dinheiro.
— Onde você está querendo chegar? — Trey perguntou
lentamente, inclinando a cabeça para um lado.
— Por que Chase preencheu um cheque para Wade com
uma quantidade tão grande? — Sloan desafiou. — Ele mal o
conhece.
— Eu não tenho ideia. — Trey deu de ombros. — Talvez
tenha sido uma doação de algum tipo.
A boca de Sloan assumiu uma linha sombria e
preocupada. — Você não acha que deve perguntar a ele sobre
isso?
Trey puxou sua cabeça para trás em surpresa. — Por quê?
Sloan levou alguns segundos organizando seu argumento
antes de responder. — Olha Trey, não sabemos nada sobre
Wade Rogers. Chase está ficando velho, e nós temos que ser
realistas sobre o que isso significa.
Trey observava. — Estou ouvindo.
— Os idosos se enganam com o seu dinheiro o tempo todo.
Vigaristas se especializam em fraudes que têm como alvo os
idosos.
— Isso é verdade, — Trey admitiu e sorriu com
despreocupação — mas Chase é demasiado sábio para se
deixar levar por esses golpes.
— Ele provavelmente era no passado, mas...
Trey levantou a mão num gesto de silenciamento para
impedi-la. — Olha, é o seu dinheiro. O que ele faz é o seu
negócio. Eu não estou prestes a lhe pedir explicações.
Os olhos de Sloan escureceram e seu olhar combinava
com sua carranca preocupada. Mas ela não se livrou do braço
de Trey deslizando sobre os ombros. Ele a puxou para perto, a
beijando levemente na testa.
— Você está tentando me distrair? — ela perguntou
suavemente.
— Não. Respeito a sua preocupação com o Chase. Mas
esse canhoto que você viu não me preocupa.
Ela o olhou não convencida. — Eu desejaria me sentir da
mesma forma.
— Mais cedo ou mais tarde, provavelmente ele irá nos
dizer o que era, — Trey assegurou. — Ou não. Cabe a ele.
Sloan suspirou e relaxou um pouco, inclinando a cabeça
contra o peito de seu marido, tentando absorver um pouco da
sua confiança.
— Vamos lá, — ele murmurou — vamos para a cama.
Capítulo Seis
A tarde de inverno era tediosamente fria, embora o sol
estivesse brilhando. A neve crocante rangia sob os cascos dos
cavalos de Jessy e Laredo, revelando manchas isoladas de
grama de inverno marrom onde a neve tinha derretido alguns
dias antes. Enganosamente maçante na cor naquela época do
ano, a grama nativa era rica em nutrientes que colocavam o
peso duro no gado, e era um dos melhores ativos do rancho.
Os cavaleiros andavam devagar à medida que observavam
a paisagem infinita que os rodeava. Não havia nenhum som,
mas o rangido ocasional do couro da sela, ou de vez em quando
um ronco de um dos cavalos fazia aumentar o vapor quente,
rolando no ar.
— Tudo parece estar em bom estado. Melhor do que eu
esperava, na verdade.
— Você parece feliz, Jessy. — Laredo correu um olhar de
avaliação sobre seu perfil, notando o quanto ela estava
relaxada e à vontade, sem as linhas de tensão que tinha em
seu rosto quando eles partiram. — Você precisava de uma
pausa do escritório.
Jessy admitiu, com um aceno de cabeça. — Essa é a única
coisa que eu não gosto sobre a direção do Triplo C. — disse ela
com um suspiro. — Tenho que gastar tanto tempo dentro de
quatro paredes que sinto falta de estar aqui na terra.
— Você não é a única. — disse Laredo.
Ela o olhou com curiosidade.
— Acho que Chase também se sente assim. Ele permanece
no seu escritório na maior parte do tempo. Eu me lembro
quando ele andava todos os dias, chovendo ou fazendo sol ou
neve.
A expressão de Jessy ficou triste. — Eu também. É uma
pena que a sua artrite torne impossível para ele se sentar em
uma sela. Ver esta terra apenas de dentro de uma picape não é
o mesmo que vê-la andando em um cavalo.
Laredo freou sua montaria a uma parada, descansou as
mãos enluvadas sobre a sela e olhou em volta.
Jessy seguiu o exemplo.
— Há uma coisa que o faz feliz, no entanto. — Jessy
adicionou quando seu cavalo se aproximou do dela. — Cat e
Wade Rogers se encontrando.
— O que faz você pensar isso? — um traço de surpresa
estava em seu cenho questionando.
— Quer dizer que você ainda não ouviu todo o barulho do
telégrafo gama? — ela zombou de ânimo leve. — Eu acho que
eles passaram algum tempo juntos na última vez em que ele
esteve aqui.
— Ah, sim. Ele está enviando rosas? Ou ele faz serenata
com uma guitarra velha?
— Serenatas não. — disse ela. — Ele é um morador da
cidade. Eles não cantam sob as janelas em Washington, DC,
tanto quanto eu sei. E ele não enviou rosas ainda. Mas eu sei
que eles têm um jantar na próxima vez que ele vier aqui.
— Talvez seja hora de você e eu sairmos para jantar. —
Laredo sugeriu depois de uma pausa pensativa. — Você não
tem saído desta fazenda há um longo tempo. Apenas nós dois,
sem acompanhantes.
— Parece bom. — Jessy admitiu.
— Então o que você acha de irmos a Blue Moon para o
jantar na sexta à noite?
— Será um encontro. — seus olhos brilharam. — A que
horas você vai me pegar?
— Às sete horas, — acrescentou Laredo. — E estarei
usando meu chapéu de domingo.
— Acho que isso significa que eu deveria usar o meu. —
Jessy freou seu cavalo e tocou um estímulo em seu flanco.
Laredo foi rápido a segui-la, levantando seu cavalo em um
galope fácil.
Na sala de jantar, Chase fez uma pausa para examinar a
grande variedade de pratos e travessas amontoadas com
alimentos que foram espalhados sobre a mesa longa.
— Há o suficiente aqui para um exército. — Chase
comentou. — Por que tanto?
— Estou testando algumas novas receitas esta noite. Nem
todos eles podem ser para todos os gostos. — Cat colocou outra
panela fumegante.
— Parece muito bom. E cheira melhor. Eu só poderia
ajudar com porções extras. — brincou. — E você, Laredo?
O cowboy magro tinha chegado por trás da cadeira de
Chase, mas o velho não perdeu a sua entrada.
— Eu poderia fazer uma tentativa. Minha mãe costumava
dizer que eu tinha uma perna oca.
Jake brincava com o garfo sentado em seu lugar. — A sua
perna ainda é oca? — ele olhou para Laredo com um novo
interesse.
— Isso é apenas uma figura de linguagem, Jake, — Chase
disse. — E não me peça para explicar o que isso significa agora.
— ele examinou a mesa. — Estamos todos aqui?
Trey foi o último a puxar uma cadeira e se sentar. Todos
inclinaram suas cabeças enquanto Chase oferecia uma breve
oração de graças.
— Vamos comer. — acrescentou depois de um amém
sincero, mas calmo.
As travessas foram passadas e a comida foi servida nos
pratos. A conversa começou enquanto comiam. Segundos
pratos foram oferecidos, mas quando um prato de carne assada
marinada deu a volta para o assento de Laredo pela terceira
vez, ele se recostou na cadeira.
— Obrigado, mas estou satisfeito. Essa foi uma boa
refeição, Cat. Melhor do que em qualquer restaurante.
— Então por que você quer me levar para um? — Jessy
provocou levemente.
— Vocês dois vão para algum lugar? — Trey perguntou.
— É isso mesmo. — Jessy respondeu. — Laredo convidou-
me para jantar fora na sexta-feira à noite.
Trey olhou para Sloan. — Talvez a gente deva planejar
uma noite fora.
— Miles City? — perguntou ela.
— Aonde você quiser ir.
Jake brincava com uma fatia de carne em seu prato. Sua
mãe se inclinou para cortá-la em pedaços menores para ele. —
Está deliciosa. — disse-lhe. — Bom bife do Triplo C., produzido
no rancho.
Ele deu uma mordida e concordou com a cabeça. Depois
de engolir, limpou a boca com o guardanapo e se virou para
Chase. — Vovô, como é que nenhum dos nossos animais têm
chifres como os do seu escritório?
— Porque aquele conjunto veio de um boi de Longhorn. —
ele respondeu. — O velho Capitão, como era chamado, nasceu
no Texas e trouxe cada rebanho que Benteen Calder arrastou
para o norte de Montana nos primeiros anos do Triplo C.
— Antes de eu nascer? — perguntou Jake.
— Antes de seu bisavô nascer. — disse Trey. — Você pode
acreditar nisso?
— Eu acho que sim.
Chase lhe lançou um olhar de censura. — Não me faça
sentir mais antigo do que sou Trey.
Redirecionando sua atenção para Jake, Chase explicou: —
O Triplo C. criou os Herefords e os Herefords são cruzados
agora, em vez dos Longhorns.
— Oh. Portanto, eles são astink?
— O quê? — Sloan perguntou intrigada.
— Eu quero saber se os Longhorns são astink. — Jake
respondeu a sua mãe pacientemente. — Astink como os
dinossauros. — esclareceu ele.
Chase riu. — A palavra é “extinta”, Jake. E não, eles não
são. Mas você não vê muitos Longhorns nos dias de hoje,
especialmente não em Montana.
— Por quê?
— Eles gostam do clima melhor do Texas. — respondeu o
pai.
— Gostaria que tivéssemos um. Com chifres enormes. —
Jake estendeu os braços na medida em que poderia ir, e depois
os abaixou novamente. — Esse seria demais, hein, vovô? Eu
poderia mostrar aos meus amigos, um de verdade ao vivo em
vez de apenas os chifres do velho capitão.
— Eles ficariam impressionados. — Chase concordou.
As palavras melancólicas de Jake permaneceram na
mente de Chase por muito tempo após a refeição ter terminado,
e a sala de jantar se esvaziar. Um plano tomou forma, mas
Chase esperou para traçá-lo até Trey pegar o jovem de olhos
sonolentos e aninhá-lo contra seu ombro.
— Tempo de cama para esse cara. — disse ele baixinho
para Chase.
— Estou meio tentado a fazer o mesmo. Mas eu não posso,
sabe o negócio do rancho. — disse ele vagamente. — Tenho que
fazer algumas chamadas.
Quando Trey subiu as escadas com Jake, Chase
caminhou para o escritório e fechou a porta atrás de si, indo
para sua mesa. Sentou-se e marcou um número que sabia de
cor.
— Quint?
— Ei, vovô. Que bom ouvir sua voz. — veio a resposta
morna. — Vai ser ainda melhor quando pudermos realmente
ver você na época do Natal. Mal podemos esperar para chegar a
Montana.
— Chase concordou. — Como está Dallas? Como está o
Josh? Nunca pensei que chegasse o dia em que haveria um
Calder ruivo correndo por aí.
Quint falou com seu avô sobre sua esposa e a criança, e
perguntou: — Então, como está tudo por aí?
— Está tudo bem. Mas eu preciso de um favor.
— Certo. E que favor é esse?
Chase foi direto ao ponto. — Eu quero que você me
compre um bezerro Longhorn registrado. Um bezerro.
Houve uma pausa de descrença no lado de Quint. — Será
que eu ouvi direito? Você quer um Longhorn?
— É um presente de Natal para Jake. — explicou. — Se
você encontrar um a tempo, você pode enviá-lo para o Campo
Sul. Vou deixar Stumpy Niles avisado que está chegando. Se
ficar muito perto do Natal antes de encontrar um, você terá que
enviá-lo por um avião de carga.
— Parece que você pensou em tudo. — Quint ficou
maravilhado e ligeiramente divertido.
Chase deu um sorriso que ativou todas as suas rugas. —
Eu com certeza pensei e resolvi a parte mais difícil.
Ele levantou a cabeça quando bateram na porta fechada.
— Entre.
Cat abriu metade da porta e olhou ao redor. — Papai, você
está ocupado?
— Só falando com Quint. — ele falou com seu neto
novamente. — Sua mãe está aqui. Quer falar com ela?
— Claro.
Chase gesticulou para Cat na sala e lhe entregou o
telefone. Ele olhou em volta para sua bengala e saiu
lentamente, ainda usando aquele mesmo sorriso.
Cat se acomodou na cadeira que ele tinha desocupado,
feliz por conversar com seu filho. Trocaram uma pequena
conversa e ele se lançou em uma história sobre o primeiro beijo
de Josh.
— O quê? — ela disse com surpresa. — Ele está precoce,
não tem dois anos ainda.
— Bem, não era exatamente um beijo. Mais como esbarrar
os rostos, muito suavemente. Mas sua namoradinha não
pareceu se importar. Ela não se rompeu em lágrimas ou
qualquer coisa. Em seguida, Josh deu um tapinha no seu
cabelo.
— Meu, meu. — disse ela. — Ele é muito charmoso.
Amamos as últimas fotos. Obrigada por enviá-las, a propósito.
— De nada. Então, como você está?
Ela hesitou.
— Ouvi que você está saindo para um encontro. — ele
inseriu em uma nota de brincadeira.
— Como você sabe disso? — disse Cat, surpresa.
— Vivemos em tempos de alta tecnologia, mãe. E o famoso
Rancho Triplo C. tem um telégrafo e um impulso de e-mail.
— Oh! — Cat tentou pensar no que dizer, sentindo-se um
pouco envergonhada que alguém lhe tivesse dito antes que ela
o fizesse. — Bem, sim. Eu tenho um encontro para jantar, mas
isso é tudo. Ele é muito legal. Um amigo de Chase, da minha
idade. Seu nome é Wade Rogers.
— Isso é ótimo, mãe. — disse ele. — Estou realmente feliz
por você encontrar alguém. E divirta-se. É hora de você fazê-lo.
Eles conversaram por mais algum tempo e se despediram.
Cat desligou, mantendo-se na cadeira por um pouco,
pensando. Ela não sabia como lhe contar e estava feliz que
Quint estivesse bem com a ideia de seu namoro. Todos
pareciam estar.
Como ele disse, estava na hora.
Capítulo Sete
Uma caminhonete com a marca do Triplo C. pintada em
suas portas, sacudia-se em uma freada numa estrada
esburacada que levava a um pequeno celeiro no Campo Sul. O
celeiro era uma das mais novas dependências da fazenda,
afastado em uma milha longe da casa principal.
— Desculpe pelos sulcos na estrada. — o cowboy ao
volante disse a Chase.
O velho olhou para o menino ao lado dele. — Estou bem e
você, Jake?
— Eu gosto de andar aos saltos! — disse.
— Isso vai mudar quando tiver a minha idade. — Chase
disse ironicamente. Ajeitou-se mais no banco perto de seu
bisneto e destravou a porta saltando. — Obrigado, Eddy.
— Sem problemas. Eu vou esperar por você aqui.
Chase agarrou sua bengala e respirou fundo.
— Precisa de uma mão para andar, senhor?
— Ainda não. Mas esse dia está chegando. — Chase
estremeceu quando usou o lado do caminhão como apoio para
descer. Apoiou-se em sua bengala uma vez que pisou no chão.
— Eu não confio mais no meu joelho ruim, em uma embreagem
do caminhão do rancho.
— Não é problema. Estou feliz em levá-lo. Vocês dois
tomem o tempo que precisarem. — Eddy falou. — Vou ouvir o
rádio e enrolar um cigarro. — pegou uma pequena bolsa e os
documentos no bolso da camisa.
Chase fechou a porta do caminhão e se virou para seguir
Jake para o celeiro. Voltando-se, fez uma caminhada através
dos estábulos e celeiros, enquanto olhava, verificando o
estoque e os cavalos. Era mais uma coisa que tinha deixado
para longe dele. Havia sempre o negócio sem fim de dirigir o
rancho, e, antes que ele percebesse, seus anos tinham
passado.
Chase estava determinado a olhar seu funcionamento
completamente, antes que as tempestades de inverno,
inevitáveis, mantivessem-no preso em casa. Ele olhou para a
semiescuridão do celeiro vazio, ouvindo os passos de Jake. —
Jake? Não suba no palheiro.
— Eu não subia vovô! Estou aqui! — o menino veio
correndo em direção a ele, cheio de energia.
— Eu o vejo. Acalme-se. — Chase disse, com uma nota
amável em sua voz rouca.
Jake tomou a mão que não estava descansando sobre a
bengala. — Por que é que você quis vir aqui? — perguntou.
— Está tudo vazio.
— E isso é bom. — Chase respondeu. — Este é o celeiro
para animais que precisam ser separados dos outros, porque
eles estão doentes ou feridos. Você sabe disso.
— Sim. Mamãe me deixou ver o médico veterinário com
uma vaca uma vez. Posso ser um veterinário quando crescer?
— Se você quiser.
Jake saiu correndo, subindo em uma pilha baixa de feno e
ficou em pé em cima dela. — Eu posso ver nas baias daqui. —
ele anunciou.
— Como é que estão? — perguntou Chase.
O menino olhou ao redor. — Essa está cheia de feno
fresco. As outras não têm nenhum.
Chase concordou. Tudo estava pronto, por suas ordens. —
Nós sempre mantemos uma tenda preparada, Jake. Na
chegada do inverno as coisas acontecem. Agora vamos lá para
baixo.
Jake obedeceu, puxando uma palha depois que pulou da
última etapa.
— Vovô, posso lhe fazer uma pergunta? — ele olhou para
cima, mastigando cuidadosamente a palha.
— Claro. — Chase se encostou aos fardos de feno, meio
sentado, meio em pé.
— Um dos vaqueiros me disse que os animais falam na
véspera de Natal. Isso é verdade?
— Eu não sei. Poderia ser. — Chase respondeu com
indulgência. — Quem foi esse cowboy?
— Lavell-elli — Jake balançou a cabeça. — Eu não posso
dizer isso direito.
— Você quer dizer Pete Lavalliere? Um do Canadá?
Jake assentiu com alívio. — É esse.
— Deve ser uma história que contam lá em cima.
Jake se inclinou sobre os fardos ao lado dele,
inconscientemente imitando a postura de seu bisavô. — Se um
cavalo pudesse falar, eu me pergunto o que ele diria.
Chase riu. — Oh, ele se queixaria que a barrigueira está
muito apertada. E ele pediria uma cenoura e nunca diria, por
favor.
O menino riu da ideia e saiu correndo novamente.
— Onde você está indo? — Chase chamou.
Jake entrou na tenda com o feno. — Apenas verificando.
— gritou de volta.
— Para quê? Não há nada lá dentro.
O menino saiu novamente. — Eu queria ver se havia aveia
no embornal ou coisas assim. Você disse que a tenda foi
preparada. — Ele parou por um momento. — Vou ganhar um
pônei no Natal?
— Não. E não comece a fazer um monte de perguntas
traquinas. Natal não é apenas sobre o que você está recebendo.
Jake parecia um pouco envergonhado. — Eu sei. Mamãe
disse isso também.
— Então, é preciso lembrar que, — Chase o repreendeu
suavemente. — Você estará com toda a sua família neste ano.
Tias e tios e até mesmo um primo bebê.
— Josh não é mais um bebê. Ele pode andar agora. —
Jake disse alegremente.
— É melhor colocar fora de alcance todos os brinquedos
que você não quiser que ele pegue. — Chase o aconselhou com
uma piscadela. — Vamos, vamos.
Os faróis altos da picape jogavam um túnel de grande
alcance de luz à frente do veículo, iluminando as margens da
estrada do rancho e os montes sujos de neve que o arado tinha
deixado para trás. O luar brilhava na superfície com crostas de
neve que se espalhavam para longe, de ambos os lados da
estrada, o reflexo roubava muito da escuridão da noite. No alto,
uma lua crescente olhava para baixo do céu oriental rodeada
por uma dispersão de estrelas.
Fora do alcance dos faróis, um conjunto de massas mais
escuras aparecia flanqueando a estrada. Laredo reconheceu a
forma familiar da entrada com pilares em pedra da porta do
leste e aliviou o pé sobre o pedal do freio, desacelerando a
velocidade do veículo quando se aproximava do cruzamento
com a rodovia estadual.
Houve um sussurro do movimento da seda ao lado dele
enquanto ele diminuía a picape a um impasse no cruzamento.
Ele não ficou triste ao ver um caminhão se aproximando do
sul, forçando-o a esperar para pegar a estrada até ele passar.
Usou a pausa para lançar um olhar para Jessy,
confortavelmente acomodada no banco do passageiro da
picape. A penumbra das luzes do painel tinham um brilho
fraco para o material acetinado do vestido que ela usava, e
insinuava a palidez de umas pernas bem torneadas.
— Você tem um conjunto lindo de pernas. — Laredo
demorou no elogio. — E eu estou feliz por você escolher esta
noite para mostrá-las.
— Você disse que iria usar o seu chapéu de domingo. —
Jessy lembrou-o, com um sorriso na voz.
— Uma vez que você estava tornando essa uma ocasião
especial, pensei que deveria fazer o mesmo. — ela acariciou a
mão sobre o tecido liso da saia. — E tenho que dizer que me
sinto bem.
— Eu não poderia concordar mais. — Laredo virou a
picape para a estrada e sorriu para si mesmo.
Ele suspeitava que a maioria das pessoas, mesmo os
trabalhadores de longa data do Triplo C. se surpreenderiam
pela declaração de Jessy. A Jessy que conheciam era forte e
firme, segura de si mesma e sempre no comando. Poucos
adivinhariam que ela tinha um lado feminino, ou que parte
dela pudesse querer ser considerada como uma mulher e não a
chefe do Triplo C.
— Faz um longo tempo desde que eu a convidei para um
jantar, não é? — Laredo disse. Normalmente, eles acabavam no
Ninho do Javali, a antiga barraca de linha que ele organizara
para ser um confortável apartamento de solteiro. Ela lhes
oferecia total privacidade, e na maioria das vezes isso era tudo
que eles queriam.
— Nós saímos no outono passado. — ela lembrou.
— Acho que devemos fazer isso mais vezes.
— Talvez sim, mas a vida parece ficar muito no caminho.
— a aceitação tranquila daquele fato marcava sua voz.
— Você tem esse direito. — sua boca torta em um sorriso
irônico do acordo.
O brilho ofuscante das luzes artificiais crescia visível
algumas milhas à frente deles, oferecendo o primeiro sinal de
habitação humana desde que deixaram a sede da fazenda.
Laredo diminuiu a velocidade da picape, conforme se
aproximavam da cidade de Blue Moon.
Era pouco mais que um ponto largo na estrada com a
maioria dos seus edifícios vazios, desde que a operação de
mineração de carvão tinha se desligado. No lado oeste da
estrada, a estação de combinação de loja de conveniência e
posto de gasolina parecia uma piscina brilhante de luzes, com
uma picape estacionada sob a sua copa, ao lado de uma bomba
de diesel. Do outro lado da estrada, o que era um restaurante e
bar que tinha passado por muitos nomes no passado, agora se
proclamava como o bar e grill de Kelly.
— Marsha finalmente instalou a sua nova placa. — Laredo
gesticulou em sua direção.
— As luzes são tão brilhantes, ninguém pode se queixar de
não vê-la. — Jessy estremeceu um pouco com o brilho.
— Provavelmente são LEDs. — Laredo adivinhou e virou a
picape para o estacionamento, que já estava mais que cheio. —
Parece que a multidão da noite de sexta-feira já nos vence aqui.
— A menos que você queira dirigir todo o caminho para
Miles City, onde mais você poderia ir? — Jessy fundamentou,
alcançando a porta no instante em que a picape rodou até
parar.
O frio acentuado da noite de inverno se fez sentir assim
que ela desceu da cabine quente da picape. Resumidamente,
Jessy desejou que estivesse com as calças gastas, então
reprimiu um arrepio e se encaminhou rapidamente para perto
de Laredo.
Juntos, eles andaram para a entrada da frente. Só quando
chegaram, Jessy abrandou os passos e correu um olhar de
avaliação sobre o edifício com as suas janelas iluminadas.
— Estou feliz que este lugar esteja de volta às mãos de um
residente novamente. — Jessy observou em uma marcha lenta,
meditando.
— Eu não posso dizer que eu sinta falta do barulho de
todas as máquinas caça-níqueis que Donovan tinha aqui.
Ainda assim... sua seleção de recepcionistas, nós as chamamos
garçonetes? Era bastante agradável de olhar. — Ele sorriu. —
Ou eu não deveria tê-las notado?
— Enquanto tudo o que você fizer for observá-las, por que
eu deveria me importar? — Jessy disse sem problemas.
Laredo riu e abriu a porta para ela.
Um zumbido constante de vozes os cumprimentou quando
entraram, pontuado por uma risada ocasional ou o pipocar de
bolas provenientes da área da mesa de sinuca. Ao lado, um
jukebox oferecia uma canção do país com uma batida de duas
etapas. Os rostos conhecidos estavam por toda parte, alguns
do Triple C. e outros vizinhos. Jessy reconhecia a maior parte
deles; apenas com aqueles da geração mais jovem lhe era difícil
conectá-los a um nome.
Ela suspeitava que fosse apenas mais um sinal que estava
ficando mais velha.
— Mesa ou cabine? — ela perguntou a Laredo, mostrando
alguns vagos de cada um.
— Ambos. — Laredo respondeu e a guiou para uma das
extremidades que lhes oferecia uma aparência de privacidade.
Quando chegaram à cabine, Laredo a ajudou a tirar seu
casaco de inverno pesado e o atirou para o assento da cabine,
em seguida, tirou o próprio, enquanto Jessy deslizou para
dentro da cabine. Um pouco tarde demais, se lembrou de
recolher o material de seu vestido, quando revelou uma
quantidade razoável de coxa no processo.
— Sente-se. — Laredo disse e deixou o casaco junto ao
dela no assento oposto, então se deslizou ao lado dela.
— Nós estamos parecendo um casal de adolescentes. —
Jessy murmurou mais consciente do que realmente
envergonhada.
— Quando estou com você, há momentos em que me sinto
como um, — Laredo admitiu, com uma qualidade de carícias
na voz em baixa frequência destinada apenas à sua audição.
Apenas por um momento ela foi apanhada pelo olhar
amoroso em seus olhos e quase se esqueceu que estavam em
uma sala cheia de pessoas. Então, alguém a saudou do outro
lado do caminho, quebrando o encanto. Jessy acenou uma
resposta e estendeu a mão para o menu apoiado por trás do
dispensador de guardanapos.
— O que você vai querer? — perguntou ela.
— Bife mal passado, como sempre.
Jessy olhou para cima para encontrar a garçonete de pé
em seu estande. — Pode fazê-lo para os dois.
Depois de terem dado a ordem a garçonete, Laredo esticou
um braço ao longo da parte de trás da cabine, por trás dela e se
inclinou em sua direção.
— Eu lhe disse que descobri onde quero colocar a
banheira de hidromassagem que estarei recebendo no Natal?
— Você está falando sério sobre isso, não é? — Jessy
perguntou com uma pequena risada, espantada.
— Quer dizer que você não comprou ainda? — ele a
repreendeu ironicamente. — Não tem que ser algo gigantesco.
Somente grande o suficiente para dois.
— Isso é um alívio.
— O Natal não está muito longe. É melhor você ir às
compras. — Laredo advertiu.
— Fale-me sobre isso. Eu ainda não comprei nada para
Sloan.
— Se importa se eu fizer uma sugestão?
Jessy começou a dizer — Sim, — então hesitou. — Não
acho que ela queira uma banheira de hidromassagem, também.
— Não, eu concordo. — sua expressão ficou séria. — Mas
há uma coisa que significaria muito para ela.
— E o que é isso?
— A Bíblia da família Calder.
Ela ficou imediatamente impressionada com o acerto de
sua escolha. Sua nora tinha crescido órfã, sem um lugar que
pudesse chamar de lar ou algum parente, como Laredo. E
quem mais que Laredo saberia como a vida vazia, podia deixar
alguém se sentir sem um senso de pertencer a algum lugar.
— Você poderia levar alguma outra coisinha, além disso,
mas... — Laredo começou.
— Você está certo. A Bíblia está perfeita para ela. — Jessy
assentiu com satisfação, e lhe deu um olhar de soslaio. —
Então o que você vai me comprar?
Laredo puxou para trás. — É uma surpresa.
— Você pode me dar uma dica, pelo menos.
Eles debateram para frente e para trás sobre o assunto até
que a garçonete voltou com as bebidas e a ordem de refeição.
Depois disso, falar ficou esquecido.
Eles tinham quase terminado os seus bifes quando Ross
Kelly passou por sua cabine. — Como estavam os bifes? É
carne Calder, assim devem ser bons.
— Eles estão deliciosos. — Jessy assegurou. — Eu não sei
o que você usou para temperá-los...
Ross levantou a mão avisando, com um grande sorriso
dividindo seu rosto. — E eu não vou dizer, portanto, não se
incomode em perguntar. É a minha receita secreta.
— Falou como um verdadeiro chef. — Laredo se levantou
em saudação, estendendo a mão para Ross que a apertou.
— Estou trabalhando nisso. — Ross observava no final do
guichê os lugares em frente e pousou os seus amplos quadris
na beirada externa e depois lançou um rápido olhar para a
cozinha para se certificar que não era necessário lá.
— Não parece que você está sentindo falta da estrada. —
Jessy adivinhou. — Depois de dois anos de funcionamento
neste lugar, pensei que você pudesse ficar com saudades por
isso.
— Não é um acaso. — declarou ele. — Cozinhar sempre foi
algo que eu amei fazer. E como estão os preços do diesel, um
homem não pode mais fazer um bom dinheiro dirigindo um
caminhão. Este lugar veio à venda no momento certo para
Marsha e eu.
— Pelo que ouvi, o advogado nomeado pelo tribunal para a
propriedade de Donovan praticamente pagou para levá-lo. —
Laredo brincou.
— Temos um bom acordo sobre isso. — era o mais que
Ross iria admitir.
Eles conversaram um pouco sobre o negócio. Durante todo
o tempo Ross manteve um olho na área da cozinha.
Em algum momento da conversa Jessy teve a sensação
que Ross não tinha passado por sua cabine só para garantir
que a comida estava bem, ou para ser social. Ele tinha alguma
outra razão.
Quando estava tentando descobrir o que poderia ser, Ross
se inclinou para frente de forma confiante. — Estou feliz por
você parar aqui esta noite, Laredo. Algumas semanas atrás, eu
contratei um novo cara para trabalhar na cozinha. Um
mexicano chamado Octavio. Ele está perguntando sobre você.
— Sério? Por quê? — o tom de Laredo foi suave, mas
cauteloso.
— Dane-se se eu sei, — Ross admitiu. — Mas ele sabe o
seu nome e ele sabia que vivia nesta área. Só não sabe onde.
Endurecendo um pouco, Jessy lançou um olhar
preocupado para Laredo, não tendo certeza do que aquilo
significava, mas com a sensação de que não era nada bom.
— Ele disse o que quer comigo?
— Não para mim. Mas uma vez já o tinha ouvido falando
sobre você em espanhol para Miguel. Octavio mencionou o seu
nome e, em seguida, disse algo sobre ser enviado pelo vento.
Eu provavelmente penso em algo errado, mas isso era o que
parecia.
— O vento, hein. — Laredo sorriu. E foi a facilidade de seu
sorriso que Jessy imediatamente notou.
Toda cautela inata de repente desapareceu. — Agora você
me deixou curioso. Se estiver tudo bem com você, vou falar
com ele e descobrir sobre este negócio de vento.
— Certo. Vou levá-lo de volta.
Os dois homens saíram da cabine e Ross caminhou com
Laredo até a parte de trás do restaurante, não muito longe de
sua cabine. Deslocando-se em seu assento, Jessy observou
quando Ross entrou na cozinha e saiu com o mexicano. Depois
de apresentá-lo à Laredo, Ross deixou os dois homens
sozinhos.
Ela se esforçou para ouvir o que era dito. A voz de Octavio
era baixa e ele falava em espanhol rápido que ela não entendia.
As primeiras palavras de Laredo foram claras.
— Desacelere. Meu espanhol está um pouco enferrujado.
— ela fez muito em um período de calmaria no barulho do
restaurante.
Octavio parecia cumprir, mas entrou um grupo de cinco
pessoas, conversando entre si e gritando saudações. Não havia
nenhuma maneira de Jessy ouvir a conversa de Laredo acima
do seu ruído. Ela desistiu de tentar e simplesmente esperou.
Depois de alguns momentos mais, Laredo voltou para a
cabine.
— Sobre o que era tudo isso?
— Nada, realmente. — ele deslizou-se para o assento ao
lado dela. — Lamento por demorar tanto.
Não completando sua resposta, ela o pressionou para uma
melhor explicação. — Tinha que ser mais do que nada.
— Ele é apenas um amigo de um amigo que está aqui à
procura de um emprego.
— Ross disse que estava trabalhando para ele.
Laredo assentiu e verificou o cardápio de sobremesas. —
Sim, mas ele gostaria de algo com melhor remuneração.
— Por que é seu problema?
— Não é. — Laredo disse, distraído. — Esse bolo de
chocolate parece ser bom. Ou talvez uma fatia de torta. —
olhou para ela, seu olhar fechado. — Mas eu não me importo
em responder para o cara, se ele quiser contratar um
cozinheiro em algum lugar.
— Quer dizer o Triple C? — Jessy franziu a testa.
— Não. Tanto quanto eu sei, Baker não precisa de mãos
extras.
Jessy não se deixou enganar pelo tom casual. Mas se ele
não lhe dissesse o que realmente tinha sido dito entre ele e o
estranho, ela não tinha nenhuma maneira de arrancá-lo dele.
— OK. Tanto faz o que você disser Laredo.
Sua expressão desligada a deixou desconfortável, isso e
seu ar de preocupação, uma espécie de delicadeza ímpar. Havia
uma causa possível para ambos.
— Há algo errado? — ela o observou atentamente.
Ele largou o menu e olhou para ela. — Não. De modo
nenhum. Eu estava apenas me lembrando...
— Do que?
Laredo deu de ombros e sorriu. — Dos velhos tempos,
antes de você. — seu olhar era quente, quase de adoração.
Jessy teve a impressão que Laredo estava estudando-a
com cuidado. Como se estivesse memorizando cada
característica de seu rosto. Mas ela não podia detectar nada
que sugerisse que Laredo estivesse preocupado com a reunião.
Talvez ele estivesse simplesmente recordando a sua vida
passada. Será que ele sentia falta de alguém. Sentados lado a
lado enquanto ele estava a um milhão de milhas de distância
era frustrante.
— Vamos então para o Ninho do Javali? Leva um tempo
para aquecer aquela velha barraca de linha, mas há uma
abundância de lenha.
— O rancho, então. Não temos que ir para a casa
principal. Eu só quero estar em algum lugar sozinha com você.
Não temos de falar também.
— Eu gosto da maneira que você pensa. — ele recuperou
uma antiga carteira de couro trabalhada à mão, do bolso das
calças de brim e tirou várias notas, deslizando-as debaixo do
porta-condimentos onde a garçonete poderia vê-las.
— Obrigada pelo jantar. — ela sorriu para ele.
— A qualquer hora.
Eventualmente, ele a puxou em uma das estradas de volta
ao rancho e apenas se abraçaram por um longo tempo, se
beijando mais do que falando. Havia uma doce intensidade
para seu ato de amor forte e lento que Jessy estava sentindo
recentemente. Ao mesmo tempo, suas carícias suaves a fizeram
desejar mais dele, mas eles não poderiam ir tão longe na cabine
de uma picape em uma noite de inverno.
Laredo levantou a cabeça e olhou para fora e ao redor,
como se estivesse verificando seus arredores. A imensa
paisagem esticada e vazia na borda preta do horizonte.
— Olhe para isso. — Laredo disse.
Jessy saiu de seus braços apertados e viu a lua crescente
acima deles no céu da noite clara, que brilhava dentro de um
vasto e delicado círculo, da alta de gelo na atmosfera.
— É lindo. — Jessy murmurou maravilhada. — Algo que
você não vê muitas vezes.
— Talvez seja um sinal.
Ela se virou para olhar para seu rosto sombreado. Ele não
estava sorrindo. — Sobre o que?
Ele deu uma breve risada baixa. — Se você perguntasse a
Chase, ele diria que significava que mau tempo estava a
caminho.
— Provavelmente. — Jessy sorriu, concordando. — O que
significa para você?
Ele não respondeu de imediato. — Não é possível dizer
exatamente o que isso significa. — disse ele depois de um
tempo. — Talvez que devemos parar o que estamos fazendo e
olhar mais para cima. E dar graças por aquilo que temos,
enquanto nós podemos tê-lo.
— Onde você está querendo chegar? — o tom de
melancolia em seu comentário a confundiu.
— Eu não posso explicar isso, Jessy. Não agora. — ele a
puxou de volta aos seus braços e a beijou com uma súbita
fome feroz que a deixou maravilhosamente sem fôlego.
Capítulo Oito
Sloan desceu as escadas de carvalho, equilibrando uma
braçada de presentes embrulhados. Quando virou o corrimão
no último degrau, inadvertidamente colidiu contra ele e um
pacote oscilou. Ela fez um pouco de malabarismo e conseguiu
mantê-lo. Não havia ninguém por perto para ouvir o suspiro de
alívio. Ela queria que os presentes embrulhados estivessem sob
a árvore antes que um curioso garoto soubesse o que sua mãe
estava fazendo.
Não que os presentes fossem todos para Jake, mas ele
estava apto a pensar assim. Ela não queria que nenhum deles
fosse atingido ou rasgado ou submetido aos raios-X mentais do
pequeno menino.
Esperando que ele não estivesse saindo com seu bisavô do
escritório, Sloan fez um desvio para a porta aberta da sala,
tendo um vislumbre de Chase em sua mesa, absorto na
papelada.
Por enquanto, tudo bem. Tão silenciosamente quanto
pôde, ela se retirou para a sala onde estava a árvore.
Cuidadosamente, colocou os presentes ao lado dela, em
seguida, levou um minuto para organizá-los, contornando-os
em torno da base.
Acabando, Sloan deu um passo atrás para admirar a
sempre crescente pilha. Observando quantos já tinham o nome
de Jake na sua etiqueta, se recordou de ter um bloco de notas
e lápis nas proximidades para uma lista de agradecimentos.
Jake estaria reconhecendo seu nome nos cartões e
reconheceria todos e cada um dos seus donos.
Quando estava voltando para as escadas, ouviu Chase
falando. Demorou um segundo para perceber que ele estava ao
telefone com alguém. Curiosa com a intensidade de sua voz
profunda, Sloan parou para ouvir.
— Parece que você está fazendo progressos. — Chase disse
para quem estava do outro lado da linha.
— Não será possível chegar rápido o suficiente e o espaço
de tempo está ficando curto.
Houve uma longa pausa enquanto ouvia. Sloan ficou onde
estava sentindo uma pontada de culpa por estar escutando
uma conversa privada.
— Assim que você me der a palavra, eu o terei pronto. —
Chase continuou. — Sim. Ele já está arranjado.
Ela hesitou quando Chase encerrou a chamada.
— Fique em contato, Wade.
No momento em que percebeu que Chase estava falando
com Wade Rogers, se recordou do cheque que Chase tinha
preenchido para ele. O rangido revelador da cadeira seguido
pelo barulho da bengala advertiu Sloan que Chase estava se
levantando. Não querendo ser encontrada, ela se afastou de
forma rápida e silenciosamente voltou para a árvore de Natal.
Até o momento em que ele saiu do escritório, ela estava
ocupada dobrando o gancho de arame fino sobre uma
bugiganga e a pendurando em um galho diferente da árvore.
Seu olhar agudo viajou sobre ela com um rigor que a fez
tremer por dentro. Então, sua atenção se voltou para os
presentes embrulhados. — Ou meus olhos estão me enganando
ou aquele monte está crescendo muito. Você deve ter
adicionado mais.
— Aos poucos. — ela assentiu com a cabeça, lutando
contra um ataque de nervos. — Eu o fiz.
— Ahá. Pensei ter ouvido você descer. Diverte-se
brincando de Papai Noel, não é?
— Sempre. — Sloan disse com um sorriso rápido. Ficou
aliviada que ele não suspeitasse da espionagem, mas isso não a
fez se sentir menos culpada. — Eu queria tirá-los do
esconderijo enquanto Jake acabava a brincadeira na casa de
Dan. Ele deve estar de volta a qualquer minuto.
— Eu me perguntei onde ele estava.
— Tenho quase tudo embrulhado e um lote sob a árvore.
Até agora, estou em boa forma.
— De fato.
Sloan não sabia se ficava ou saía. Chase estava olhando
para ela como se esperasse que ela dissesse mais. Superada
pela curiosidade, ela decidiu lhe perguntar sobre a chamada.
Como ele não tinha a porta fechada...
— Eu ouvi direito? Você estava ao telefone com Wade
Rogers?
— Eu estava. Por que você pergunta?
Ela tentou um encolher de ombros ocioso. — Estava só me
perguntando se ele lhe disse quando estaria de volta. Quero
dizer, é tão óbvio o quanto Cat está ansiosa para jantar com
ele.
O comentário, feito para distraí-lo, funcionou. Sua
expressão satisfeita disse muito a Sloan. — Sim, ela está
ansiosa. — então ele se lembrou de sua pergunta inicial. — Se
tudo correr bem, Wade deverá estar aqui neste fim de semana.
— Bem a tempo para a festa de Natal do rancho.
— Esqueceu-se sobre isso. — disse ele. — É neste sábado,
não é?
— Sim, embora eu não possa dizer que Jake esteja
ansioso para fazer o menino pastor.
Chase deu uma risada. — Ainda resmungando sobre usar
as sandálias, não é?
— O tempo todo. Oh! O balangandã se desligou do seu
galho de pinheiro e foi rolando. Sloan ajoelhou-se atrás da
árvore de Natal para olhá-lo. — Droga, eu acho que foi sob a
estante. — disse para Chase.
Curvando-se, deslizou uma mão sob ela, mas encontrou
poeira ao invés do ornamento faltante.
A porta da frente se abriu e Laredo gritou: — Alguém em
casa? — quando ele entrou.
— Aqui. — Chase respondeu.
Os longos passos de Laredo o levaram para a sala de
estar, e viu Chase. — Só o homem para o qual estou olhando.
— parou de falar em surpresa quando Sloan ficou de pé,
esfregando as mãos nos jeans.
— Olá, Sloan.
— O que você precisa? — perguntou Chase.
O olhar de Laredo permanecia em Sloan. — Só queria falar
com você. Nada de importante. — ele deu meia volta. — Vejo
você mais tarde.
Sloan teve a nítida impressão que a sua presença era a
causa de sua súbita mudança de planos.
— Não saia por minha causa. Eu ainda tenho um monte
de presentes no andar de cima que precisam ser embrulhados,
acreditem ou não. Vocês dois vão ter a sua palestra.
Ela seguiu através daquela linha de saída discreta ao
cruzar para a escada, deixando os dois sozinhos.
Laredo acompanhou seu progresso enquanto Chase
aproveitou a oportunidade para observá-lo em silêncio. A
expressão impassível do outro homem não dizia muito. Mas
Chase estava bem ciente que, se Laredo queria falar com ele em
particular, deveria ser algo sério.
— Vamos entrar no escritório. — sugeriu. Laredo andou
atrás dele pela curta distância, retardando seus passos para
coincidir com Chase, até que o homem mais velho chegou a
sua mesa e se estabeleceu em seu lugar. — Feche a porta.
Laredo o fez e se virou, a boca numa linha dura quando
percebeu o olhar de sondagem de Chase.
— Então qual é o problema?
Laredo não respondeu de imediato. Em vez disso foi para
uma janela da frente e olhou para fora. — Não tenho certeza,
mas eu posso ter que sair daqui. Se eu o fizer, trata-se de tanta
informação quanto eu posso lhe dar.
— Por quê?
Ele girou para longe da janela, mas manteve-se ao lado
dela. — Na noite passada, um amigo me enviou um aviso que o
meu nome está se tornando um assunto de discussão, em
lugares onde não era mencionado nos últimos anos.
— Quem te contou isso?
— Nenhum de vocês conhece. Jessy não sabe sobre isso, e
eu preferiria que ela não soubesse.
O olhar de Chase era firme. — Ela não vai ouvir uma
palavra de mim. — Ele parou por um momento. — Laredo, não
vou discutir. Você pode ter boas razões para ser desconfiado.
Mas o Triple C. é o lugar mais seguro que você pode ter.
Laredo não parecia convencido.
— Pode ser sábio para você cair fora da vista, mas você
pode fazer isso aqui. Ninguém neste rancho nunca vai dizer a
alguém onde você está.
— Ainda assim... — ele não terminou a frase.
— Alguma vez tentou procurar alguém em um milhão de
acres? Esse rancho é tão grande. — Chase o lembrou.
— Eu sei disso. Mas eu não gostaria de ter que colocar
qualquer um de vocês nessa posição.
— Isso não é a sua escolha fazer, — afirmou Chase. — Por
enquanto vamos tomar precauções e organizar para você ficar
fora da sede por um tempo.
Laredo deu de ombros, desconfortável. — Jessy vai querer
saber o por quê.
— Eu vou lidar com Jessy.
— Como?
— Fácil. — Chase respondeu. — Vou simplesmente
explicar que você está cuidando de alguns negócios pessoais
para mim.
— Pode funcionar. — Laredo admitiu.
— Claro que vai. Agora, precisamos descobrir o melhor
local no rancho para você ficar quieto. Você não pode voltar
para o Ninho do Javali. Muitas pessoas sabem que é seu
quarto de solteiro.
Laredo pensou por um momento. — Que tal Lobo Prado?
Eu poderia ficar lá na casa velha de Buck Haskell.
Chase sacudiu a cabeça. — Muito difícil para chegar até
você, se eu precisar. A fazenda Shamrock vai funcionar melhor.
— O antigo lugar de O'Rourke? — perguntou Laredo. — De
que tipo é a casa?
— Não pode ser pior do que o Ninho do Javali. — Chase
apontou. — E como o seu lugar, ele não pode ser visto da
estrada. Trey estava lá no ano passado e testou o gerador para
certificar se ainda estava em condições de funcionamento.
Laredo balançou a cabeça em aprovação. — Parece bom.
Então vou pegar algumas roupas e suprimentos.
Ele se virou para sair, mas Chase o parou com uma mão
levantada. — Se eu precisar entrar em contato com você
enviarei Trey e só Trey. Se alguém aparecer, você vai saber que
eles não são enviados meus.
— Obrigado, Chase. — Laredo colocou ênfase naquelas
duas palavras simples.
Chase acenou uma expressão de gratidão. — Você esteve à
minha volta mais vezes do que eu gostaria de contar. É hora de
eu cobrir a sua. Com alguma sorte, tudo isso vai se resolver
antes do Natal.
— Vamos esperar que sim. — Laredo saiu.
Quando a hora do almoço chegou, Chase fez com que ele
fosse o primeiro a ter um assento à mesa. Jessy estava entre os
últimos a chegar, ainda vinha andando quando Cat colocou o
último dos pratos de comida na superfície da mesa. Ela parou
na porta e fez uma verificação rápida dos rostos na mesa.
— Alguém viu Laredo? — perguntou. — Pensei que
provavelmente chegasse antes de mim aqui.
Rápido, para jogar com a desculpa de sua idade avançada,
Chase fingiu uma careta de surpresa e pedido de desculpas. —
Eu me esqueci de lhe dizer que Laredo vai ficar fora por um
tempo?
— Para onde foi? — perguntou Jessy com espanto. —
Onde?
— Isso é um negócio meu. — Chase sacudiu o guardanapo
e o colocou em seu colo.
As mãos nos quadris, Cat deu-lhe um olhar de reprovação.
— Pai, não me diga que você encarregou Laredo para fazer
algumas compras de Natal para você? Primeiro Quint e...
Chase cortou. — Apenas não importa sobre o que ele está
fazendo ou por quê. Este não é o momento do ano para estar
aturando intrometidos fazendo um monte de perguntas.
Com o canto do olho, ele observou a maneira como Jessy
visivelmente relaxou ao ouvir sua resposta. No momento, ele
sabia que ela estava satisfeita e não havia nada de errado.
— Quanto tempo ele vai ficar fora? — Jessy foi até sua
cadeira habitual na mesa e a puxou para fora.
— Isso importa? — Chase combateu.
— Não de verdade. — Jessy disse com preocupação. — Só
estava me perguntando se eu teria tempo para conseguir
instalar a banheira de hidromassagem antes que ele volte.
— Que banheira de hidromassagem? — Chase franziu a
testa.
— A que ele quer para o Natal. — Jessy respondeu.
— Isso deve funcionar perfeitamente para você, então. —
Chase disse, — Porque eu não espero que ele volte ao rancho
até pouco antes do Natal.
— Ele vai ficar fora tanto tempo? — Jessy o olhou com
surpresa.
— Você faz parecer como se fosse para sempre. —
repreendeu-a levemente. — O Natal é apenas daqui a duas
semanas.
— É. Laredo vai me comprar um presente? — Jake
perguntou ansiosamente.
— Se ele vai? — Chase virou a questão numa indagação
para ele. — Você está lhe comprando um?
Agarrado pela incerteza, Jake se virou para sua mãe. —
Estamos mamãe?
A questão provocou risos suaves e desviou a conversa
para longe de qualquer discussão adicional da ausência de
Laredo, o que era exatamente aquilo que Chase queria.
O celeiro de mais de cem anos de idade era uma colmeia
de atividade, passando por uma transformação anual, em um
lugar digno de um encontro de Natal. Essas tarefas eram
atribuídas aos trabalhadores do rancho que penduravam com
escadas altas, papel crepom vermelho e verde nas vigas,
enquanto as esposas e os membros mais velhos das suas
famílias adornavam as barracas com verdes guirlandas e
coroas de folhas.
Sloan ficou na base de uma escada, segurando-a firme,
enquanto acima de seu papel crepom vermelho e verde torcido,
Tank Willis os juntava para formar uma dupla de festão e
colocava uma seção do mesmo na viga.
— Graças a Deus pelos grampeadores. — Sloan declarou.
Ele sorriu para ela. — Foi assim que o Oeste foi
conquistado. Claro que naquela época era arame farpado que
ficava preso a um poste. — ele pegou o grampeador pequeno da
prateleira de ferramentas na escada e o apertou contra o fim de
uma guirlanda, batendo os grampos no caibro alto.
Assustada com o som repentino e explosivo, Cat ergueu a
cabeça, observando o que ele fazia, e murmurou para si
mesma: — Essas coisas barulhentas.
— Como está indo a decoração de parede? — alguém
perguntou se apressando.
— Muito bem. — Cat disse à volta da mulher e voltou para
a triagem das caixas, tentando encontrar todas as peças do
nariz de um jogo de renas.
Brilhando brevemente, a luz solar inundou a ampla pista
central, quando a sua grande porta se abriu. Cat olhou para
cima para ver quem entrava, esperando que fosse Wade. Mas
era um dos trabalhadores do rancho carregando outra caixa.
Ela levou um momento para examinar o progresso que havia
sido feito. Para a maior parte eles pareciam estar dentro do
cronograma.
Os alimentos que não precisavam de refrigeração,
principalmente doces, já tinham sido colocados em uma longa
mesa, protegida por filme plástico. Havia vários pratos cheios
de pães de gengibre em forma de cowboys e biscoitos doces em
forma de cowgirls, suas camisas e jeans desenhadas com glacê
colorido com drágeas de prata para encaixar. Cat suspeitava
que eles fossem obra de Kelly Taylor. Mas fosse quem fosse que
os fizera, parecia muito bom para comer.
Na área do palco, as crianças estavam ensaiando a peça
em suas roupas de todos os dias, trabalhando com energia,
provocando um ao outro e correndo em torno da plataforma.
Babette Nevins, que estava no comando, parecia estar tendo
um momento difícil no controle dos mesmos.
Cat pensou em dar uma mão, mas não ficou triste quando
Sloan veio em sua direção, com festão frisado envolto em
camadas sobre seu braço.
— Cat, estes terão de ir para a primeira árvore. Você pode
me ajudar enrolando-os nela? Eu não acho que posso colocá-lo
sozinha.
— Claro. — Cat fechou rapidamente as abas da caixa
grande a seus pés. — Olhe para essas cores lindas.
— Roxo e ouro. — Sloan riu. — Não é muito tradicional,
mas eu acho que temos o suficiente de vermelho e verde por
aqui. As meninas vão adorá-los.
— Elas parecem amar qualquer coisa com roxo. — Cat
concordou e seguiu Sloan a curta distância até a árvore.
Sloan andou em torno dos pés de uma escada. Uma
mecha de papel crepom voou na frente de seu rosto, e Sloan
soprou afastando-o.
A árvore estava a bem mais de dez pés de altura no seu
suporte. Cortada recentemente dois dias antes, exalava um
aroma de pinho que dominava os cheiros normais do celeiro. —
Nós vamos precisar de uma escada para isso. — Sloan
observou.
Cat viu uma no outro lado do caminho e foi arrastá-la. Em
seu retorno, ela encontrou Sloan sentada no chão puxando
mais guirlandas e corda de um saco e os drapeando
cuidadosamente sobre as pernas das calças de brim.
— Você é mais jovem, pode fazer a escalada. — Cat
pressionou as cintas laterais para baixo, para firmar a escada.
— Não tem problema. — Sloan deu a Cat pelo menos dez
fios de contas roxas e douradas e se levantou de seu assento.
— Se você pudesse me entregar essas, poderíamos
começar no topo da árvore e trabalhar para baixo.
— Parece um bom plano para mim.
Cat esperou na base da escada e entregou as guirlandas a
Sloan, uma por uma. Algumas penduradas em loops perfeitos,
mas algumas deslizaram através dos ramos e bateram sobre o
piso de tijolos do celeiro.
Murmurando maldições, Sloan fez Cat rir.
Na primeira vez Sloan não achou divertido, mas, no final,
teve que rir também. — Por que me inscrevi para isso? — ela
disse com um gemido simulado.
— Eu não sei, Sloan. Queria obter mais presentes?
— Não. Droga! — outra guirlanda deslizou para dentro do
balde. — Eu acho que nós podemos pescar aquelas para fora
quando estivermos fazendo. — ela se concentrou em seus laços
e a metade de cima da árvore feita. Sloan deu um passo para
trás para baixo da escada, fazendo uma pausa para avaliar o
trabalho. — Não está ruim. Na verdade, acho que posso fazer o
resto daqui em diante. Você não quer se arrumar?
— Para quê? —Cat lhe deu um olhar confuso.
— Ou melhor, para quem? A vinda de Wade, não é?
— Ele deveria. — Cat admitiu. — Mas eu não sei quando
estará chegando exatamente. Chase não foi específico.
— Oh. Você acha que ele vai ficar para a festa do rancho?
— Eu não sei o que ele quer. — Cat sorriu para a jovem na
escada. — Se ele faz ou não faz, realmente não importa para
mim. Contanto que ele venha.
Sloan desceu os poucos degraus finais e ficou no chão. —
Você deveria ver o seu rosto, Cat. Está toda vermelha só de
pensar nele.
Cat lhe deu um olhar consciente. — Está quente aqui.
— Claro. — Sloan rapidamente aceitou a desculpa ao
invés de constranger Cat ainda mais. Ela lançou um olhar para
os homens descendo de suas escadas, terminando com a
suspensão de papel crepom vermelho e verde. — Olhe para
isso. Eles fizeram um ótimo trabalho. Mesmo sem Laredo para
supervisionar.
A menção de Laredo levou Cat a perguntar: — O que você
acha que o pai lhe pediu para comprar?
— Eu nem sequer tenho um bom palpite. — Sloan
admitiu.
— Nem eu, especialmente quando penso no que o pai
pediu para Quint conseguir para Jake.
— O quê? — Sloan fixou-a com um olhar desconfiado. —
Ele está tentando comprar algo que eu não compraria para
Jake? Por favor, me diga que não é um conjunto de tambores.
— Garanto-lhe que não é um conjunto de tambores. — Cat
assegurou. — Mas eu não vou dizer mais do que isso. Será
melhor você não descobrir antes do tempo.
— Isso não é tranquilizador. — Sloan declarou, então
inclinou a cabeça para um lado.
— Mas, se ele enviou Laredo para buscar um presente de
Natal, realmente me faz pensar o que é e para quem é.
Cat deu de ombros. — Quem sabe? O pai está
definitivamente pensando fora da caixa este ano.
— OK. Vou parar de incomodar você. — Sloan sorriu. —
Oops, quase esqueci. — ela se ajoelhou na parte inferior da
árvore e recolheu as guirlandas que tinham caído ao chão. —
Elas estão todas empoeiradas.
— Vou pegar um pano ou algo assim. — Cat riu e foi
buscar algo no mesmo armário da escada. Sloan esperou por
ela, perguntando-se brevemente sobre aquele comentário fora
da caixa.
Se os dez mil dólares que Chase tinha dado a Wade fosse
um presente de Natal, tinha que ser em retribuição de um
grande problema para resolver . Ela não podia imaginar o que
poderia ser. Mas então Chase poderia estar terrivelmente
preocupado com seus assuntos financeiros. Talvez Trey
estivesse certo e fosse uma doação de caridade ou outra coisa
que não era remotamente festiva.
Ela colocou o pensamento de lado quando Cat voltou com
uma toalha na mão. Cat segurou-a como uma rede e Sloan
colocou as contas empoeiradas sobre ela.
— Qualquer outra coisa no balde? — perguntou Cat.
— Eu penso que não. — Sloan rolou os fios em torno da
toalha. — Então, o que você estava fazendo quando eu vim
para cá?
— Classificando as decorações de parede.
— Eu vou lhe dar uma mão.

A hora do início indicado para a festa do rancho Triplo C.


para seus funcionários seria por volta das quatro. Como de
costume, os primeiros que chegaram apareceram no grande
celeiro de madeira logo após as três horas. Aqueles dos lugares
distantes do rancho saíram mais cedo, pensando que as
estradas pudessem estar ruins. Outros, especialmente os
solteiros, estavam todos livres para a festa e não tinham nada
melhor para fazer.
Da janela de seu quarto, Cat podia ver a crescente coleção
de veículos estacionados no celeiro. Em qualquer outro ano, ela
já estaria no celeiro também. Mas este ano ela não deixaria a
Casa Grande enquanto Jessy, Trey, Sloan, e Jake não saíssem.
Cat tinha usado a desculpa de que Chase não estava pronto e
que ela ficaria para levá-lo para o celeiro depois.
Todos sabiam que Chase não estava pronto porque ele
estava esperando por Wade Rogers para vir, exatamente como
eles sabiam que Cat estava se demorando pela mesma razão.
Consciente que ela tinha demorado tempo suficiente em
seu quarto, Cat selecionou um par de brincos de sua caixa de
joias e foi até o espelho para colocá-los. Ela deu ao seu reflexo
um olhar superficial. O vermelho brilhante de seu suéter de
Natal a deixou destoante, fazendo-a perceber como estava longe
de ser festivo o que ela sentia.
— Você pode muito bem enfrentar isso, — disse à mulher
no espelho, sua voz firme e baixa. — Foi você quem se colocou
nessa situação.
As palavras torciam através dela por um momento como
uma faca. Fechou os olhos, na tentativa de verificar a dor
aguda, em seguida, com determinação, sacudindo a dor, o
queixo lançado para frente em um ângulo de orgulho, disse a si
mesma: Não. Ele simplesmente não seria capaz de fazê-lo hoje.
Quando prendeu o último pingente, ela ouviu o som
estrondoso de um veículo chegando. Um segundo depois, Cat
percebeu que se o ouvira tão claramente ele devia estar em
frente ao celeiro.
Wade?
Empurrada por uma nova onda de esperança, Cat voou
para a janela, atingindo-a quando Sloan saia do lado do
motorista e se dirigia para os degraus da frente. Abruptamente,
ela se afastou da janela, endireitou os ombros e saiu do quarto
de cabeça erguida.
No topo da escadaria, Cat viu Sloan subindo até ela,
dando os passos de dois em dois. Foi o conjunto da raiva de
Sloan mais a pressa que chamou a atenção de Cat.
— O que está errado?
— Esse Jake. — Sloan murmurou. — Eu tinha seu traje
todo junto em um lote. Quando fui para o celeiro, descobri que
estava faltando suas sandálias e acontece que sei que elas
estavam lá dentro, com o botão direito em cima.
Uma risada borbulhou na garganta de Cat. Ela lutou para
disfarçá-la. — Ele as escondeu.
— Vou encontrá-las e ele vai usá-las mesmo se eu tiver
que... — Sloan deixou o resto da ameaça inacabada e se dirigiu
para o quarto do seu filho.
— Verifique sua gaveta de pijamas. — Cat chamou por ela.
— Era ali que Trey colocava as coisas que ele não queria que
Jessy encontrasse.
Sloan parou no meio da porta e jogou um olhar perplexo a
Cat. — A gaveta de pijamas? Por que lá?
Cat deu de ombros. — Quem sabe como a mente de um
menino funciona? Mas você olhou em suas gavetas?
— Só se eu não pudesse encontrar as sandálias em outro
lugar. Obrigada. — Sloan voltou para o quarto e cruzou
diretamente para a cômoda.
Cat não esperou para ver se Sloan as encontrava lá e
desceu as escadas em busca de seu pai. Como esperava,
encontrou Chase na sala, sentado atrás de sua mesa, um
cotovelo apoiado no braço da cadeira com os nós dos dedos de
uma mão fechada, tocando sua boca. A impaciência estava em
sua expressão enquanto ele contemplava a cena além da janela
do escritório.
Cat parou à porta. — São quase quatro horas, pai. Tempo
para nós participarmos da festa.
Ele resmungou uma resposta e abaixou a mão, enquanto
deixava seu olhar se desviar para ela. — Por que Sloan está
com tanta pressa?
— Ela teve que voltar para procurar as sandálias de Jake.
— Cat respondeu e tomou o primeiro passo para a entrada da
frente.
— Eu vou ligar o carro, enquanto você pega seu casaco.
Ela recuperou seu próprio casaco do gancho da parede,
pegou as luvas de couro e as colocou. Quando mergulhou uma
mão de volta no bolso procurando as chaves do carro, Cat
ouviu o ruído da bengala lhe indicando que Chase a estava
seguindo.
Com as chaves na mão, ela saiu e se voltou para fechar a
porta atrás dela, respirando a brisa revigorante do fim da tarde,
com prazer pela temperatura não ser brutalmente fria.
Enquanto atravessava a varanda de colunas para as escadas,
concentrou sua atenção em separar a chave de ignição das
outras no chaveiro. Não conseguia até que chegou ao topo dos
degraus quando notou o homem de pé na parte inferior deles.
—Wade — ela respirou seu nome com surpresa atordoada.
E nem sequer percebeu quando deixou cair as chaves até ouvir
o tilintar delas rolando pelos degraus.
Antes que ela pudesse se recuperar, Wade foi se
inclinando para apanhá-las.
— Você estava saindo para procurar por mim? — o brilho
em seus olhos escuros estava brincando. Mas Cat teve um
momento de nervosismo ao vê-lo; ela estava muito absorvida
pela forma carinhosa de seu olhar se movendo sobre seu rosto.
— Na verdade, eu tinha decidido que você não seria capaz
de chegar hoje. — Cat admitiu, ainda se sentindo um pouco
sem fôlego.
— Eu quase não consegui. Foi um atraso de tempo após o
outro. — ele ofereceu as chaves para ela, se aproximando um
passo enquanto ela se movia para baixo. Ao invés de soltar as
chaves quando seus dedos enluvados se fecharam em torno
delas, Wade continuou a segurá-las. — Acho que isso sempre
acontece quando você está ansioso para chegar a algum lugar.
Ele avançou mais um passo e seus rostos ficaram no
mesmo nível. Cat inclinou a cabeça na maneira antiga de quem
convidava a um beijo. Ele parecia prestes a beijá-la quando a
porta se abriu atrás de Cat e a ponta de uma bengala apareceu
no assoalho de madeira da varanda. Wade levantou a cabeça e
Cat se virou, frustrada pela visão de Chase.
— Wade. Você está aqui. — as palavras mal saíram de sua
boca quando Chase lhe atirou um olhar impaciente. — Por que
você não me disse Cat? Você sabia que estive esperando por
ele. — ele não esperou por uma resposta. Em vez disso, abriu a
porta e fez um gesto para Wade com a bengala. — Vamos
entrar no escritório e conversar.
— Eu estarei lá. — Wade prometeu e redirecionou seu foco
para Cat. — Você não está saindo, não é?
— Eu estava indo para o celeiro. Hoje é o dia da nossa
festa de Natal dos funcionários.
— Oh. — uma carranca cintilou em seu rosto.
— Você é bem-vindo. — Cat inseriu rapidamente, então
hesitou. — Isto é, se você puder ficar por isso.
— Eu posso ficar. — ele assegurou. — Estava pensando
sobre os planos para o jantar que fizemos.
Cat estava tão aliviada que quase riu alto. — Ninguém vai
se importar se eu escapulir para fora antes da festa terminar.
Jessy e Trey são obrigados a ficar na maior parte. Mas papai e
eu somos livres para sairmos a qualquer momento.
— Então ainda temos um encontro?
Cat permitiu um sorriso largo tomar conta de sua boca. —
E pretendo ver você mantê-lo.
— Você não estará recebendo qualquer protesto de minha
parte. — ele lançou um olhar para a casa. — É melhor eu não
deixar Chase esperando. Até logo.
Enquanto se movia em torno dela e subia os degraus, Cat
o lembrou. — Você se importaria de conduzir papai até o
celeiro depois da conversa?
— Fique tranquila. — ele esboçou um sorriso e entrou
para dentro da casa.
Em alto astral, Cat quase deslizou para baixo e para o
carro. De repente, tudo parecia incrivelmente maravilhoso.
Capítulo Nove
Após uma pesquisa na gaveta das meias de Jake não
conseguindo encontrar as sandálias em falta, Sloan vasculhou
a próxima gaveta. Atingiu até a sujeira no fundo da última
gaveta, encontrando a primeira sandália debaixo de uma pilha
de pijamas limpos e a segunda enfiada no canto.
As sandálias não foram os únicos itens descobertos. A
gaveta era claramente onde Jake escondia seus tesouros, tudo,
desde uma velha seta com a ponta lascada a um antigo carro
Hot Wheels. Sloan se perguntava como ela não tinha
descoberto nada daquilo antes, e reconheceu que não estava
procurando por eles, ou mesmo imaginando que existisse algo
que Jake sentisse a necessidade de manter em segredo. Sorriu
para si mesma, percebendo que ela tinha aprendido mais uma
lição na criação do filho.
Voltando o conteúdo para a gaveta e arrumando seus
outros tesouros no seu esconderijo, Sloan pegou as sandálias e
se levantou. Quando saiu do quarto se lembrou de agradecer a
Cat pela sugestão. Ela não parou para pensar sobre quanto
tempo teria perdido à procura de outras áreas de seu quarto,
antes de verificar a cômoda.
Correu rápida e levemente para baixo pelas escadas com
um sorriso de satisfação curvando seus lábios. Quando virou o
corrimão na base da escada, ouviu a voz de Chase vindo do
escritório e percebeu que ele e Cat não tinham saído ainda para
a festa. Cruzou diretamente para a porta aberta.
— Ei, Cat, você estava certa. — ela estendeu as sandálias
em triunfo e abriu a boca para dizer mais, mas a visão de Wade
Rogers sentado na cadeira em frente à mesa parou suas
palavras. Sentindo os olhares dos dois homens sobre ela, Sloan
forçou um sorriso de desculpas. — Desculpem-me. Pensei que
Cat estivesse aqui.
— Não, ela já partiu para o celeiro. — Chase lhe disse.
— Eu também vou. — quando Sloan saiu pela porta,
observou duas coisas: a caneta esferográfica que Chase
segurava e o talão de cheques aberto sob sua mão.
Havia apenas uma conclusão a que ela podia chegar.
Chase estava preenchendo outra seleção de cheques para Wade
Rogers. Para quê? E quanto dessa vez?
As perguntas incomodaram Sloan durante todo o caminho
para o celeiro. Seu primeiro pensamento foi encontrar Trey e
lhe contar o que tinha visto. Mas um olhar para a multidão no
celeiro e Sloan soube que aquele não seria o momento nem o
lugar para falar sobre suas suspeitas. Sloan resolveu localizar
seu filho e fazê-lo vestir seu traje. Para fazer isso, teria que
encontrar Jessy, que se oferecera para manter um olho sobre
Jake, enquanto ela fora localizar suas sandálias.
Começou a observar os rostos em seu caminho através da
multidão. Um segundo depois, viu Jessy e alterou seu curso
para onde estava a sogra.
— Você as encontrou! — a voz de Cat veio de sua
esquerda.
Sloan fez uma pausa para responder enquanto Cat
diminuía a distância entre elas. — Na gaveta dos pijamas.
Obrigada pela dica.
Cat sorriu afastando suas graças. — Jake é filho de seu
pai.
— Verdade. — Sloan achou impossível não notar como Cat
a olhava incrivelmente viva e feliz. Ela parecia radiante e
positivamente jovem. Não foi necessária nenhuma grande dose
de imaginação para Sloan adivinhar o porquê. — Percebi que
Wade veio depois de tudo.
— Eu sei. — Cat irradiava alegria. — Ele se ofereceu para
trazer o pai para cá quando terminarem a conversa.
Esperemos que não seja muito longa. — seu olhar se
desviou para a entrada do celeiro.
— É melhor não ser, ou Chase vai perder o programa
infantil. O que me lembra que preciso colocar Jake em seu
traje.
— Boa sorte. — Cat disse com uma risada.
No seu caminho até Jessy, Sloan viu Jake brincando com
dois de seus amigos não muito longe de onde sua avó estava.
Jake não pareceu feliz quando viu as sandálias em suas mãos.
A contragosto deixou Sloan levá-lo para a sala de conferência,
que servia como uma sala de apoio e suportes do programa de
Natal, além de um vestiário para as crianças. Aborrecido, ele
tirou o chapéu de cowboy e as botas, para trocá-las pelas
sandálias, turbante, e pelo manto de pastor.
Sloan o arrastou para fora da sala. — Por que eu tenho
que mudar agora? — Jake resmungou.
— Não está na hora ainda. Veja. — ele apontou para o
amigo. — Dan não vestiu seu traje ainda.
— Ele vai vestir logo. — Sloan lhe assegurou, então notou
Chase em pé ao lado de Jessy. Wade Rogers não estava com
ele. — Seu bisavô está aqui.
Chase foi rápido para saudar o menino. — Bem, Jake, eu
vejo que você já está em seu traje. Bom para você.
— Não, não é. — Jake declarou. — Meus pés estão frios.
Com as sobrancelhas arqueadas em reprovação suave,
Chase disse. — Eu não ouvi qualquer um dos outros meninos
reclamando e você também não deveria.
— Eu acho. — Jake murmurou e soltou um grande
suspiro de resignação fazendo um grande show e levantando a
cabeça abatido. Abruptamente sua expressão perdeu o seu
olhar descontente. — Ei, bisavô, olhe a tia Cat. Ela está com o
marido que você arrumou para ela. — ele apontou para o casal
a uma curta distância deles.
— Ele não é seu marido, no entanto. — Chase corrigiu.
— Mas ele colocou seu braço ao redor dela. Isso significa
que ele gosta dela, não é?
— Eu tenho certeza que ele gosta dela. — Chase
concordou.
— Aposto que é um tipo especial de preferência, igual a
Becky e eu. — Jake balançou a cabeça em certeza.
— Quem é Becky? — Jessy perguntou.
— Uma menina. Ela está na peça, também.
Chase e Jessy trocaram um olhar divertido. — Sério?
— Em qual parte é que ela fala?
Jake pensou por um segundo. — Ela deveria ser Maria.
Ela tem o cabelo muito longo e um vestido azul.
Ele olhou desconfiado para o seu manto de estopa. — Este
é um vestido? Está arranhando. Os pastores não podem usar
calças jeans?
— Eu nunca vi um em jeans. — Chase declarou.
Sloan balançou a cabeça confirmando a declaração de
Chase e deu um puxão para ajustar o cinto de corda em volta
da cintura de Jake. Ele olhou para cima, a tempo de ver Cat
sorrindo para Wade e colocando uma mão sobre a que ele tinha
em sua cintura como se quisesse mantê-la ali.
— Tia Cat gosta muito dele, também, bisavô.
Seu bisavô riu. — Sim, ela gosta.
— Então ela começou a pensar que é ideia dela e não a
sua? — ele perguntou.
Sloan tomou-o pela mão. — Vamos, — disse para Jake. —
Vamos ver se as outras crianças estão prontas.
Jake não protestou e pela primeira vez não arrastou os
pés. Sloan suspeitava que Becky pudesse ter algo a ver com
aquilo.
— Você praticou a sua parte? — perguntou ela, enquanto
caminhavam para o palco improvisado.
— Tenho certeza que sim.
Ele acertou as poucas linhas que lhe foram atribuídas e
Sloan sorriu, apertando os pequenos e quentes dedos em sua
mão com carinho maternal. — Muito bom. Estou orgulhosa de
você.
Wade manteve o braço em torno de Cat como se fosse a
coisa mais natural do mundo fazê-lo. O olhar curioso ocasional
das pessoas na festa não parecia perturbá-lo, no mínimo.
— Então todas essas pessoas trabalham no rancho? —
perguntou em voz baixa.
— Todos eles. Alguns são casados e outros não. A maioria
foi nascido e criado aqui.
— Sério? — Wade parecia genuinamente interessado.
Com o aquecimento do assunto, Cat acenou para um
grupo de pé ao redor da tigela de ponche. — Sério. Aqueles ali
são das terceira e quarta gerações no Triplo C.
— Estou impressionado. Eles realmente são como uma
família. Agora eu entendo porque você e eu estamos sendo
observados. Discretamente, é claro.
Ela ficou satisfeita por Wade fazer um estudo rápido, mas
não surpresa com sua compreensão instintiva da relação entre
o clã Calder e as pessoas que trabalhavam para eles. Eles eram
realmente uma família e nunca era mais evidente do que em
torno da temporada de férias.
— Precisa de ajuda? — Sloan perguntou à mulher no
comando da peça de Natal. Babette Nevins estava de joelhos,
prendendo um manto de estopa em um menino que era menor
que Jake.
— Pode apostar. — a outra mulher respondeu,
endireitando o tecido áspero. O menino deu um passo para
longe dela, mas ela balançou a cabeça. — Não tão rápido Eddy.
Eu tenho de alinhavar a bainha.
Jake se inclinou para Sloan. — Alinhavar? Não é isso que
a tia Cat faz para o peru e o presunto? — Jake sussurrou com
uma pitada de preocupação.
Sloan lutou contra um sorriso e acenou com a cabeça. —
Sim, mas neste caso, significa algo diferente. E ela disse
bainha, não presunto. Essa é a parte inferior do manto. Está
muito comprido. A senhora Nevins vai costurar o material para
que ele não tropece na barra.
— Oh! — Jake disse.
Babette tomou uma agulha grossa, enfiada em uma
almofada de alfinetes em forma de tomate, no chão ao lado
dela. — Fique quieto. — instruiu Eddy, e começou a trabalhar,
colocando os alfinetes na almofada conforme os removia.
Uma menina em um manto azul chegou para ver o que
estava acontecendo, segurando uma das mãos nas dobras do
mesmo tecido azul que estava envolto sobre a cabeça. Sloan
sentiu o aperto de Jake e olhou para baixo. O olhar de Jake
estava fixo no rosto da menina.
— Oi, Becky. — disse ele.
— Olá. — ela respondeu timidamente.
— Você quer que eu prenda esse pano para você? — Sloan
lhe perguntou. Tinha visto um alfinete de segurança entre os
alfinetes que Babette estava usando.
— Sim, por favor. — Becky o soltou quando Sloan se
ajoelhou e com o alfinete de segurança preso o envolveu com
cuidado para ele não escorregar. Jake observava com interesse.
Outra menina pequena se aproximou, fofa como poderia ser
com uma pele falsa, branca e encaracolada pendurada sobre os
ombros e presa na frente, claramente destinada a representar
uma fantasia de ovelha. As luvas de malha preta imitavam os
cascos e uma cabeça preta colocada com orelhas de ovinos
feitas de feltro e colocadas no lugar atrás de suas tranças
douradas.
— Quem é você? — perguntou Sloan, ciente que algumas
das famílias do rancho tinham parentes que vinham ficar com
eles e para ter a necessária abundância de jovens atores para
encher o palco improvisado na peça de Natal.
— Sou Lizabeth, — ela anunciou.
— Oh. Qual papel você faz? — Sloan perguntou
educadamente, mesmo que a resposta fosse bastante óbvia.
— Eu sou a segunda ovelha. — a menina respondeu. —
Não tenho que dizer nada.
— Sim, você tem. — Babette lembrou-a, depois de colocar
os alfinetes de segurança para o efeito de almofada. — Você
começa o béé, lembra? Vamos ouvir isso.
Lizabeth respirou fundo e forçou vários béés longos. Os
dois meninos e Becky riram por trás de suas mãos.
— Ei! — Lizabeth disse indignada. —Esse é o som das
ovelhas. Minha irmã mais velha pesquisou cordeiros para um
projeto da escola, então eu sei.
— Você está absolutamente certa. — Sloan assegurou,
suprimindo um sorriso próprio. A expressão indignada da
menina não estava muito semelhante a ovelhas e nem as
tranças estavam.
— Humm! — Babette meditou. — Acho que devemos
cortar esses béés para um béé. Tudo bem com você?
Lizabeth fez beicinho.
— Não se esqueça que os animais ficam em volta. — a
menina em azul apontou. — Eu estou na frente o tempo todo.
O amuo de sua amiga se transformou em uma carranca,
mas Babette interveio antes que a ovelhinha infeliz se opusesse
a que seu papel fosse diminuído.
— Façam tudo crianças. — Ela revirou os olhos para
Sloan, como se dizendo: atores e seus egos. — E Becky, por
favor, lembre-se que a parte de todos é tão importante quanto a
sua. Agora eu quero todos vocês fazendo uma última leitura
por meio de suas linhas. O show começa em quinze minutos.
— Eu perdi o papel. — Eddy reclamou.
— Sua mãe tem cópias extras.
Ele a olhou atingido pela culpa.
— Basta lhe perguntar. — Babette riu. — Ela não vai ficar
brava.
— Ok, senhora Nevins. — ele respondeu respeitosamente.
Becky alisou o manto azul e foi embora, seguida por
Lizabeth, que lançou um olhar sombrio sobre o ombro para os
dois rapazes. Não poderia haver problemas em Belém naquela
noite, pensou Sloan, sorrindo pelas pequenas rivalidades.
Ela tinha as cópias extras da peça de duas páginas e
ajudou Babette a agrupar as crianças em uma área mais
tranquila. Um garoto mais velho, um desajeitado de treze anos
de idade, que não tinha tirado os fones de seus ouvidos, estava
ouvindo música enquanto enrolava e desenrolava um rolo em
um eixo.
— Quem é esse garoto? — perguntou ela.
— Esse é Dave. — disse Babette. — Ele é o nosso
substituto de última hora para o anjo. Na verdade, ele é uma
bênção disfarçada. As asas saíram maiores do que o esperado e
ele é alto o suficiente para que elas não arrastem no chão.
Sloan olhou para as arrebatadoras formas de papelão
enfeitadas de penas, coladas à parte de trás do manto cheio de
mangas que o adolescente usava. As asas limpavam o chão por
um pé. — Até agora tudo certo. — ela murmurou. — O que
aconteceu com o primeiro anjo?
— Ele veio com um nariz entupido e dor de garganta. Você
está pronto, Dave? — perguntou ao rapaz alto.
Dave olhou assustado, mas ele desenrolou o pergaminho
com um floreio e limpou a garganta antes de fingir lê-lo. —
Uau! Que as pessoas me ouçam! Vos trago novas de grande
alegria! Impressionante! — ele disse em voz alta.
— Isso não é o que diz no pergaminho. — Babette disse
secamente. — Retire as coisas do ouvido para que você possa
me ouvir, ok? A primeira palavra é eis e não uau. E você pode
largar a segunda linha e o incrível, enquanto você estiver na
peça.
Ele acertou na próxima vez. As outras crianças falaram
muito bem, lembrando-se de quase tudo o que elas deveriam
dizer.
— Muito bom. — Babette disse-lhes. Virou-se para Sloan.
— É melhor fazer isso de verdade antes de esquecerem. — ela
sussurrou. Ambas as mulheres orientaram o grupo de crianças
para a plataforma perto do palco, e deixou-as esperando em
um lado.
Sloan subiu as escadas de madeira e fechou as cortinas
do palco improvisado. Então apontou para Babette para levar
as crianças para o palco.
Atrás das cortinas todos começaram a conversar uns com
os outros, mas observando as cortinas, esperando o momento
em que iria abrir. Houve uma colisão ocasional de uma criança
andando atrás delas, mas havia pequenos rostos para serem
vistos.
Entre os espectadores, muitos se levantaram, mas alguns
encontraram cadeiras dobráveis para se sentar, criando um par
de linhas irregulares. Chase estava na frente, sentado em uma
poltrona de madeira que convinha a um patriarca da família.
Ele esperou o teatro começar com uma expressão composta em
sua face, resistindo. Aceitou um programa impresso da menina
Martin, que tinha uma cesta deles em seu braço, e acenou seus
agradecimentos.
— Ele deve ter visto isso dezenas de vezes. — Wade
murmurou, de pé bem na parte de trás com Cat.
— Muitas, — Cat concordou. — Mas olhe para o brilho nos
olhos. Ele gosta do que faz, tanto quanto todos os outros pais.
Juntaram-se ao aplauso entusiasmado que cumprimentou
os dois pequenos pastores, que agarravam as bordas das
cortinas e corriam-na para os lados para revelar o palco.
As crianças fantasiadas foram posicionadas em um
presépio, olhando para o seu público com uma mistura de
expressões calmas ou nervosas.
Babette leu a narração de abertura e se afastou para
deixar o jogo começar. Dave veio para frente, desenrolou seu
pergaminho e anunciou o nascimento iminente de Jesus aos
pastores que olhavam para a noite.
Quando ele terminou, Jake o confrontou: — Da próxima
vez, peça a Deus para Jesus nascer em Montana para que eu
possa usar minhas botas. — ele deixou escapar.
A multidão irrompeu em gargalhadas, até mesmo Chase.
Quando o barulho feliz diminuiu, a peça continuou sem
problemas. As crianças ficaram em suas marcas e se
lembraram de suas falas, narrando a velha história da noite em
Belém sem mais improvisos ou erros. A grande estrela, que
parecia como uma tampa da embalagem de pizza num prato
perfurado, brilhava contra o pano de fundo escuro e Becky
olhava com ternura para o cesto cheio de palha que embalava o
invisível Menino Jesus.
Houve um breve barulho de programas quando o público
se juntou às crianças cantando: Noite Silenciosa.
Assim que a última nota morreu, o aplauso começou e os
jovens atores correram para tirar os seus arcos, alguns
orgulhosos, alguns conscientes, mas todos satisfeitos consigo
mesmos.
— Isso foi bom. — Babette disse para Sloan. — Jake foi o
sucesso do show, apesar de tudo.
— Ele certamente conseguiu uma risada. — ela respondeu
com um sorriso irônico.
— Braços para cima. — Babette ordenou para as crianças
que esperavam em fila enquanto deixavam o palco. Ela com a
velocidade praticada retirava as fantasias por suas cabeças e
as entregava a Sloan para dobrá-las e colocá-las em uma caixa
grande de papelão. As crianças correram de volta para
reclamar o elogio de seus pais. Dave não se preocupou em
mudar e se afastou no traje de anjo, balançando ao som da
música que entrava em seus fones de ouvido.
— Evidentemente as asas eram legais. — Sloan decidiu.
Como esperado, Sloan encontrou Jake meio envolto em
todo o braço da cadeira de Chase, tagarelando, dividindo sua
atenção entre Chase e Jessy. Enquanto Sloan estava ajudando
Babette, Jake tinha corrido de volta ao vestiário improvisado e
recuperado as botas.
No instante em que Jake a viu, correu ao seu encontro. —
O bisavô disse que o programa foi o melhor que ele já viu.
— E você o agradeceu por isso?
Jake fez um som concordando. — E a avó disse que eu
falei as minhas falas perfeitas.
— E o que ela pensa de seu improviso? — Sloan
perguntou em voz levemente provocante.
Jake franziu o rosto em uma expressão intrigada. — O que
é isso?
— Nada. — ela riu e deu um toque brincalhão na aba do
chapéu de cowboy, para baixo. — Você já viu o seu pai?
— Ele estava aqui antes, mas precisou sair. — Jake
explicou. — Ele disse que tinha algo importante a fazer, mas
estaria de volta logo.
— Se ele disse que estará de volta, então ele virá. — Sloan
declarou totalmente ciente de onde seu marido tinha ido e o
porquê.
Jake agarrou a mão dela e a puxou para a cadeira de
Chase. — Eu disse a mamãe que você achou que eu fiz bem.
Suprimindo um sorriso, Jessy perguntou: — E você lhe
disse que parte você quer jogar no programa do próximo ano?
— Eu esqueci. — disse ele com desgosto, e jogou um olhar
sério sobre Sloan. — No próximo ano eu quero ser o anjo.
Surpreendida pela sua escolha, Sloan imaginou que as
asas seriam ainda mais frias do que ela percebeu. — Por que o
anjo?
Ele apoiou uma mão em seu quadril em uma pose um
pouco desafiadora. — Porque aquele garoto tem que usar suas
botas.
Por mais que tentasse, Sloan não conseguiu sufocar a
risada que borbulhou dela. Chase e Jesse riram junto com ela.
— Você pode ter um monte de coisas fora de um cowboy,
mas não toque nas botas. — Chase declarou.
— Pelo menos, não nesta de cowboy. — Sloan concordou e
deu ao chapéu outro puxão para baixo.
— Pare, mãe.
Naquele momento, Dan o melhor amigo de Jake veio
correndo e agarrou seu braço. — Vamos, Jake.
Depressa. Papai Noel está aqui.
Virando-se, Sloan viu o vulto alto vestido com o gorro
tradicional e o casaco vermelho de Papai Noel, ostentando uma
longa barba branca e carregando um saco abaulado com
presentes, fazendo o seu caminho para a área do palco, já
cercado pelas crianças. O traje enganava as crianças, mas
Sloan reconheceu os olhos escuros e os recursos robustos de
Trey, apesar da barba como máscara.
Ele piscou para ela quando passou. Quando chegou ao
palco, deslizou o saco grande de seu ombro, colocou as duas
mãos em seu estômago e emitiu um caloroso — "Ho! Ho! Ho! —
em seguida, tentou puxar discretamente fios da barba falsa
fora de sua boca. Sloan teve que rir. Automaticamente, ela
olhou para ver onde Jake estava.
No minuto em que ela o viu olhando com feroz intensidade
para o Papai Noel, sabia que ele iria para cima.
— Oh-oh! — Sloan murmurou e correu para frente,
praticamente empurrando seus passos para o lado de Jake.
Ela chegou, quando ele lançava um dedo acusador. — Ei,
como é que...
Ela fechou a mão sobre sua boca silenciando-o e o
conduzindo para fora do grupo de crianças. Só quando ela
julgou que estavam a uma distância segura, removeu a mão de
sua boca e se ajoelhou na frente dele.
— Aquele era o pai. Como é que ele está vestindo roupas
de Papai Noel? — Jake exigiu.
— Papai Noel tinha que estar em outro lugar esta noite, e
porque sabia como todas as crianças ficariam decepcionadas,
pediu ao seu pai para fingir ser ele, só por esta noite. — Sloan
explicou. — E Papai Noel lhe pediu para manter o segredo.
Assim você não vai contar para as outras crianças. OK?
— Se é um segredo, como é que você sabe?
Por uma fração de segundos, ela não tinha certeza de
como responder aquilo. — As mães sempre sabem tudo.
Ele soltou um grande suspiro. — Como onde estavam as
minhas sandálias?
— Exatamente! — ela quase o abraçou por aquilo. — E
Papai Noel deixou um presente para você, para que você fosse
buscá-lo. Mas lembre-se, nem uma palavra para os outros.
Promete?
— Eu prometo. — ele assentiu. Então, sua expressão se
tornou um pouco presunçosa porque ele sabia algo que seus
amigos não sabiam.
Libertando-o, Sloan se endireitou e viu como Jake correu
de volta para a área do palco, todo sorridente. Jessy veio à sua
esquerda e trocaram um olhar de cumplicidade.
— Ele reconheceu Trey, não foi? — ela adivinhou.
— Você viu isso, também? — Sloan percebeu.
— Era óbvio para todos. — acrescentou. — Eu não estou
surpresa. É difícil enganar um Calder.
Sloan imediatamente pensou em Wade Rogers, e lembrou-
se da absoluta falta de suspeitas de Trey sobre o homem.
Sentiu-se um pouco culpada por não compartilhar plenamente
da sua opinião. A confiança cega nunca tinha sido algo fácil
para Sloan.
Sem pensar, ela se destacou da multidão procurando por
Cat e Wade. Quase imediatamente fez contato visual com Cat,
que acenou, sinalizando que ela e Wade estavam saindo. Sloan
reconheceu a mensagem com uma alta elevação da cabeça e
acenou de volta, então cutucou Jessy.
— Cat e Wade estão saindo para o jantar. — ela assentiu
com a cabeça na direção do casal partindo.
— Bom. Estava esperando que Cat não se sentisse
obrigada a fazer mais do que uma aparição aqui.
— Você acha que Wade é o homem certo para ela? —
Sloan não poderia deixar de perguntar sobre isso.
— Não importa o que eu penso. Seus sentimentos são os
únicos que contam. — Jessy respondeu com uma voz calma e
firme que aceitava completamente qualquer decisão de Cat.
Capítulo Dez
Quarenta e cinco minutos depois de deixar a sede do
Triplo C., Cat e Wade estacionaram em frente ao portão leste.
— Para onde? — perguntou Wade, olhando para ela,
enquanto mantinha uma mão no volante.
— Blue Moon é para o norte. — Cat apontou para a
esquerda.
Os faróis enviaram longos feixes ao branco da paisagem de
inverno quando o SUV alugado fez a curva e mirou no grande
celeiro.
Estar sozinha com ele era algo bem vindo a Cat, embora
ela ainda se encontrasse procurando o que dizer. Wade
mantinha a conversa neutra, e ela estava grata por aquilo,
respondendo as suas perguntas sobre a área enquanto se
dirigiam para a noite.
— Qual é à distância para a cidade? — ele quis saber,
acrescentando: — Quero dizer em questão de minutos. As
distâncias aqui em Montana são incompreensíveis.
— Oh! Nós nem percebemos as milhas. — Cat riu. — É
cerca de quinze ou vinte minutos. Eu não tenho certeza se você
iria mesmo chamá-la de uma cidade.
— É apenas um ponto mais largo na estrada, hein?
— Definitivamente.
Wade sorriu e se inclinou um pouco para trás enquanto
dirigia. Uma picape estava à frente deles, mas rapidamente
desapareceu. — Parece que temos a estrada só para nós
mesmos.
— Não há muito tráfego desde que Dy-Corp fechou sua
operação de mineração de carvão. — Cat admitiu. — E mais
uma vez, a população de Blue Moon caiu para apenas alguns,
quando os trabalhadores se mudaram para outro lugar para
ganhar a vida.
— Mais uma vez. — Wade pegou na frase que ela tinha
usado. — Você quer dizer que aconteceu antes?
— Antes, durante os anos de seca e depressão. Em vez do
carvão sendo a causa do crescimento da cidade, foram os
imigrantes que inundaram a cidade, tiraram herdades e
tentaram plantar trigo. Quando as chuvas não vieram e os
poços secaram, eles viram seus investimentos na terra
afundarem junto com seus sonhos.
— E eles tiveram que sair também? — ele adivinhou.
— Todos, exceto minha avó, que sabiamente ficou e se
casou com meu avô. — Cat acrescentou de ânimo leve.
— Ela era sábia, de fato. — Wade concordou e lançou um
olhar de lado curioso para Cat. — Como ela era?
— Eu não sei. Nunca soube nada. Ela morreu pouco
depois que meu pai nasceu. — Cat pensou em outra coisa que
ele poderia achar interessante. — Eu me esqueci de lhe dizer
como Blue Moon tem o seu nome, pelo menos, segundo a lenda
local. Supostamente um comerciante chamado Fat Frank
Fitzsimmons estava viajando na área com uma carroça de
suprimentos e uísque. Sua carroça quebrou onde a cidade está
agora. Não foi possível consertá-la, e ele se estabeleceu e
pregou um cartaz que dizia: Uísque. Poucos dias depois, um
cowboy passou por lá, viu e parou por algum uísque. Parece
que ele avisou Fat Frank que estava condenado porque as
pessoas só viam uma lua azul uma vez na vida. Após o cowboy
partir, Frank escreveu sob o seu sinal de uísque, Blue Moon,
Território de Montana. E foi assim que teve o início de seu
nome.
Wade riu suavemente. — Se é verdade ou não, é
definitivamente colorido. E este lugar para onde estamos indo,
é onde Fat Frank vendia o seu uísque?
— Não, os Feddersons compraram o lugar e montaram
uma loja geral há anos. Em seguida, eles venderam para os
Kellys, que basicamente a transformaram em uma grande
estação de loja de conveniência e posto de gasolina. O lugar
para onde vamos teve seu início como uma estalagem durante
os anos de proibição. Afinal de contas, o Canadá não é tão
longe, — ela lembrou. — Eu ouvia os veteranos sussurrando
que o titular tinha algumas "sobrinhas" muito atraentes que
trabalhavam lá.
— O pecado sempre vende, não é?
— Foi o que eu ouvi então. — Cat sorriu. — Ross e Marsha
Kelly a possuem agora. Kelly está sempre lá no Bar e Grill. —
Ela apontou para o sinal do edifício. — É um lugar muito mais
respeitável agora, estou contente de dizer.
Wade diminuiu e fez a volta para o estacionamento de
Kelly. Cat lançou seu cinto de segurança quando o carro parou
e saiu sem esperar por ele para vir ao redor e abrir a porta. O
ar da noite vivo parecia revigorante, aumentando sua sensação
de estar totalmente viva.
Ele não se preocupou com a curta caminhada até a porta
e nem ela. Ele tomou seu braço e ela aceitou o gesto cortês,
sem um momento de hesitação. A força e o calor do seu abraço
parecia muito certo e natural.
Mais cheio do que eu esperava. — Wade comentou
enquanto se dirigiam para uma mesa. As paredes estavam
decoradas com motivos de papel de Natal e as janelas tinham
sido enroladas com cordas de luzes coloridas, das antiquadas e
grandes.
Ela assentiu com a cabeça. — Mas não exatamente lotado
como numa típica noite de sábado. — Cat respondeu com o
olhar fazendo sua própria varredura do lugar. Havia apenas
dois ou três casais dançando a música do jukebox. Ela
reconheceu a música, uma batida de um tempo atrás, que
nunca tinha perdido a sua popularidade. Seu olhar mudou-se
para a parte de trás e ficou no retângulo de feltro verde sob um
foco de luz e o arranjo aleatório de bolas de bilhar coloridas.
Um cowboy antigo estava inclinado sobre a mesa, jogando
sinuca com alguns peões muito mais jovens, que estavam ao
lado com longas pistas na mão. Um estava ocupado girando
um pequeno cubo de giz azul na ponta de seu taco apenas para
fazer algo. Mas não era o habitual número de espectadores.
O estalo nítido das bolas de bilhar chamou a atenção de
Wade. Outras duas ricochetearam, por sua vez, uma delas
rolou reta e verdadeira, e caiu em um bolso longe com uma
conversão sólida. Os homens que assistiam fizeram uma
careta.
Wade parou por uma fração de segundo para ver outra
linha de tiro complexa do velho, que afundou a próxima bola
que tinha indicado com suavidade praticada.
— Ele sabe o que está fazendo. — disse com uma risada
baixa. — A competição não parece muito feliz.
Cat sorriu em acordo silencioso. O vaqueiro antigo se
endireitou quando eles passaram a distância e levou um
momento para tirar o chapéu para ela, um sorriso fraco, mas
astuto de triunfo no rosto enrugado quando acenou para os
dois.
Eles responderam com acenos e pegaram uma mesa com
um assento extra para os seus casacos, sentando-se. Marsha
movimentava mais. — Boa noite, para vocês dois. Meio
surpresa por ver você aqui, Cat, com a festa do rancho
acontecendo esta noite.
— Nós escapamos. — Cat lhe disse e tocou o dedo
indicador aos lábios. — Não diga a ninguém.
Um sorriso de entendimento aumentou seu olhar
espantado quando Marsha piscou e prometeu: — Palavra de
mãe. Agora o que eu posso fazer por vocês?
Wade pediu uma cerveja e Cat pediu uma Coca-Cola.
— Nachos para começar? — Marsha sugeriu.
Wade cruzou os braços sobre a mesa e sorriu para
Marsha. — Eu tento dizer sim a tentação. Se você está falando
nachos, a resposta é sim.
— Que tipo de molho? Temos salsa ou queijo.
— Ambos. — Cat disse impulsivamente.
— Você terá isso. — Marsha partiu para o bar.
Seu sorriso suavizou quando ele olhou por cima da mesa
para ela. — Ambos, hein? Você é meu tipo de garota, Cat.
— É bom saber. — Cat disse, satisfeita com a ternura
franca em sua observação casual. Uma parte lúdica a qual ela
não poderia resistir adicionar uma provocação: — Pelo menos
eu acho que é.
— É. — Wade estendeu a mão e acariciou sua bochecha
com as costas dos dedos. O breve contato não era tão íntimo,
mas a assustou. Cat sentiu que ele estava ciente de sua reação
a ele. — Isso é por estarmos em um lugar tão público?
— Não é verdade. — Cat disse, levantando a cabeça
orgulhosamente.
— Desculpe. — ele olhou em seus olhos, como se estivesse
avaliando seu humor.
Cat queria abrandar a corrida de seu pulso. — Não
importa. Eu realmente não me importo.
As bebidas e os nachos vinham em sua direção na bandeja
que Marsha trazia em uma mão enquanto tecia entre as mesas.
— Aqui vamos nós. — ela colocou os porta-copos impressos
com trevos de quatro folhas e posicionou a cerveja e o
refrigerante sobre eles, deixando também dois canudos,
acrescentou o resto da sua ordem e saiu com pressa. Mais
alguns clientes tinham chegado.
Cat removeu o papel de seu canudinho e tomou um longo
gole da gelada e refrescante Coca-Cola, olhando para Wade,
que estava girando o prato de nachos observando os chips
encharcados de queijo. — Sim, de fato. Eles ficam bem
gordurosos e são grandes. — disse ele. — Eu poderia provar
alguns, apesar de tudo.
Cat riu. — Como você se mantém em tão boa forma?
— Eu corro, jogo tênis e esquio. Basicamente, se envolve
movimentos, eu estou lá.
— Fico feliz em ouvir isso.
— E você?
Cat pegou um nacho e mordiscou o canto. — Viver em um
rancho significa automaticamente ser ativo. Eu monto muito.
Nado no verão e pesco um pouco. E estou sempre andando.
Ele acenou para os dançarinos, que estavam numa
animada melodia. — Que tal isso?
— Certo. Uh! Às vezes. Eu adorava vir dançar.
Ele pegou a nota melancólica em sua voz e perguntou
gentilmente: — Quanto tempo se passou desde a última vez?
Cat não respondeu de imediato. — Eu não sei. — disse
finalmente.
Wade tomou um gole de cerveja e pousou a caneca gelada.
— Depois do jantar nós podemos dar uma volta no chão, se
quiser.
Ela assentiu com a cabeça. — Eu gostaria disso.
— Então, quanto tempo você viveu no Triplo C? —
perguntou.
— Quase toda a minha vida, — respondeu — menos no
tempo que passei na faculdade. Cat parou por um instante,
depois acrescentou: — Estou incluindo os anos em que eu e
Logan vivemos no rancho Círculo Seis que faz fronteira com o
Triplo C., mas parece que isso não conta como se vivesse em
outro lugar.
— Nunca pensou em se mudar?
A pergunta a surpreendeu. — Para onde?
— Não importa. Eu só estava curioso.
Ela balançou a cabeça muito ligeiramente. — Mudar não é
algo que me ocorreu. Não, isso não é completamente verdade.
— Cat corrigiu. — Desde que meu filho Quint assumiu a
direção do Rancho Bar C no Texas, tenho brincado com a ideia
de me mudar para lá, para ver meu neto novo um pouco mais
frequentemente.
— Você tem um neto? — perguntou.
— Josh é o seu nome. Ele fará dois anos em breve. Todos
os três estarão voando para o Natal em poucos dias, então vou
vê-lo logo.
— Vocês Calder são um clã unido. — observou Wade.
Cat reconheceu a verdade imutável com um aceno triste e
sorriu. — Você sabe o que dizem sobre os laços que unem. Os
laços familiares são os mais fortes.
— E eles duram mais, parece. — Wade ficou pensativo. —
Chase contou-me um pouco da história da família. Ele até me
mostrou o velho mapa da fazenda, o que o levou a começar a
falar sobre as primeiras unidades de gado vindas do Texas para
Montana. História fascinante. Como uma saga, realmente.
— Deve parecer como isso. — Cat admitiu e deixou seu
olhar vagar sobre o seu rosto. Na penumbra da sala de jantar,
ele era ainda mais atraente do que o habitual. O toque de prata
em seu cabelo combinava com ele, e o brilho sexy em seus
olhos quando olhava para ela a fazia se sentir muito especial.
Marsha passou por sua mesa novamente. — Está tudo
bem? Você quer pedir o jantar agora?
— Acho que é melhor olhar o menu antes. — Wade
removeu dois do seu lugar na mesa e passou um deles para
Cat.
— Não tenha pressa. Não me deixe apressá-lo. — Marsha
lhes disse. — Quando estiver pronto para solicitar, basta
abaixar a bandeira.
— Farei isso. — Cat prometeu e atravessou o olhar para as
opções do menu, embora já soubesse o que iria encontrar.
— Qualquer coisa que você recomendaria?
— Bem, eles servem carne Calder, de modo que os bifes
aqui são excelentes.
— Naturalmente. — Wade sorriu.

O velho celeiro com suas madeiras maciças estava vivo


com as vozes e risos tagarelas. Aquele era o período de tempo
estritamente social que todas as famílias do rancho olhavam
para frente, vindo depois do programa infantil, a visita do Papai
Noel, e o ataque às mesas longas do buffet que tinham sido
carregadas de travessas e tigelas de comida.
Alguns continuaram a pastar nas colheitas que
permaneceram no buffet, algo que era provável que fosse até o
resto da noite. Os restos de uma pinhata, uma tradição do
Texas que tinha viajado para o norte de Montana junto com os
Longhorns, ainda pendia de uma viga baixa, o seu conteúdo há
muito tempo derramado para o deleite das crianças.
Para a maioria, aquele foi o centro da noite com um monte
de festas ainda a ser feito e histórias a serem trocadas. Só os
muito jovens mostravam quaisquer sinais de cansaço. E um
em particular, Sloan observou, vendo seu filho sentado de
forma indiana, no chão ao lado da cadeira de Chase,
aparentemente limitando-se a assistir os acontecimentos em
vez de correr ao redor com seus amigos como um hooligan.
Sloan observou a maneira como ele estava encostado na perna
da cadeira.
Ela cutucou o ombro contra Trey e acenou na direção de
Jake. — Acho que é hora de certo garotinho dormir.
Trey olhou seu filho, quando Jake deixou a cabeça
descansando de volta contra a cadeira. — Dê-lhe um minuto e
estará dormindo.
— É um pensamento. Só que ele fica duas vezes mais
pesado para carregar quando está dormindo. É melhor eu
colocá-lo na cama. — Sloan decidiu e começou a avançar.
— Diga-lhe que vai ser instalado diretamente quando
entrar.
Sloan respondeu com uma onda de reconhecimento e fez
seu caminho para a cadeira de Chase. Sua cabeça estava
inclinada em direção de Stumpy Niles como se para ouvir
melhor o que Stumpy estava dizendo. Chase lhe deu um olhar
interrogativo quando ela parou em frente a sua cadeira.
— Decidi que era hora de reivindicar este menino
sonolento aos seus pés. — Sloan lhe disse e se abaixou para
pegar Jake.
— Você vai levá-lo até a casa? — Chase perguntou.
Sloan assentiu e mudou o menino em seus braços assim
que mais de seu peso ficou em seu quadril. — É hora de ir para
a cama.
Sua declaração despertou um protesto de Jake. — Eu não
estou cansado, mãe.
— Assim mesmo, vamos para a cama.
— Ahá, eu não quero. — sua cabeça mergulhada em seu
ombro, desmentindo suas palavras.
— Se importa se eu andar junto com você? — Chase
perguntou, segurando sua bengala e se preparando para sair.
— É hora para mim também.
— Claro que você pode andar com a gente. Não é mesmo,
Jake? — ela olhou para seu filho, que conseguiu um aceno
cansado, em seguida, recuou para esperar por Chase.
Stumpy Niles se levantou quando Chase o fez. — Eu acho
que vou tentar encontrar a velha senhora. Precisamos voltar
para casa, também. Boa visita com você, Chase.
— O mesmo aqui, — Chase respondeu e foi para a saída,
parecendo não notar como o caminho foi prontamente aberto
para ele.
Lá fora, Sloan colocou Jake no seu assento do carro, então
deslizou atrás do volante. Quando fechou a porta, olhou para
se certificar se Chase estava em segurança. Com o brilho da luz
em cima iluminando totalmente suas feições escarpadas, ela
notou pela primeira vez como ele estava abatido e desgastado.
A descoberta trouxe um súbito ataque de consciência.
— Sinto muito, Chase. Eu deveria ter verificado se você
queria sair mais cedo. — ela tinha se acostumado muito que
era sempre Cat a única que ficava de olho nele.
— Sem problemas. Na verdade, foi uma mudança bem
vinda para não ter de me preocupar com Cat em cima de mim
toda a noite.
Quando Sloan começou a falar, Chase acenou para suas
palavras. — Eu sei. Ela significa o bem.
Sloan escolheu para repreendê-lo de ânimo leve. — Um
homem que não se importa com uma mulher excitante sobre
ele? Agora sim é uma surpresa.
Chase grunhiu uma resposta divertida, então disse com
toda a seriedade: — ela tem muitos anos pela frente para
desperdiçá-los comigo.
— Tenho certeza que Cat não acha que são desperdiçados.
Chase não respondeu a aquilo. Na verdade, ele não disse
mais nada durante a curta distância do celeiro para a Casa
Grande. Ele já estava nos degraus da frente no momento em
que Sloan tirou Jake do assento do carro. Ela correu para
alcançá-lo, e abriu a porta para ele.
Ela hesitou no vestíbulo e lhe lançou um olhar incerto
quando ele parou para retirar os ombros do casaco. — Existe
algo que eu possa lhe fazer antes de colocar Jake lá em cima?
— Não. Na verdade estou indo direto para a cama. — ele
pendurou seu casaco num gancho, e recolheu a bengala que
tinha encostado na parede. — Vejo você na parte da manhã,
Jake.
— Até mais. — Jake murmurou.
Sloan deliberadamente se demorou em subir a escadaria
de carvalho, sintonizando seus ouvidos com os sons da bengala
de Chase enquanto ele caminhava para o seu quarto na ala
oeste. O ritmo se manteve estável, assegurando-lhe que ele não
precisava da sua assistência.
No quarto, Jake se agitou o suficiente para ajudar a tirar
suas roupas e vestir seu pijama. Ficou imóvel na beira da cama
enquanto ela puxava as cobertas. Jake desajeitadamente rolou
e deslizou sob os lençóis.
— Papai não veio? — perguntou em uma tentativa
indiferente para evitar o inevitável. — Talvez eu devesse
esperar.
— Acho que não. Ele não vai se importar se você deixá-lo
no lugar dele. — Sloan assegurou. — Ele vai chegar para lhe
dizer boa noite. Você quer que eu leia uma história, enquanto
esperamos por ele?
— Sim. — ele balançou a cabeça, e de repente jogou as
cobertas para trás. — Esqueci de dizer minhas orações.
— Enquanto você faz isso, vou pegar o seu livro.
Sloan andou até a estante e selecionou sua história
favorita, sorrindo para si mesma enquanto ouvia as palavras
consoladoras e familiares em alguma forma de oração. — Agora
eu me deito para dormir.
Ele terminou pedindo bênçãos para cada membro da
família, disse Amém, e começou a subir, em seguida, se
ajoelhou às pressas novamente. — Eu esqueci. Deus, por favor,
não deixe que Josh quebre qualquer um dos meus brinquedos
quando ele vier. Amém.
Depois de se arrastar de volta sob as cobertas, deu um
preocupado. — Está tudo bem pedir a Deus por isso, não é?
Tenho certeza que ele não vai se importar. — Sloan se
sentou na beirada da cama e abriu o livro de contos.
Como esperava, os olhos se fecharam antes que ela
estivesse a meio caminho da história. Quando fechou o livro na
última página, Jake estava dormindo. Sloan ajustou as
cobertas em volta de seu corpo esguio e levemente beijou o topo
de sua cabeça, sussurrando um: — Boa noite, querido. — um
termo que o teria horrorizado se estivesse acordado para ouvi-
lo.
Sloan se retirou silenciosamente da sala, apagou a luz,
deixando apenas o brilho suave de uma luz de noite na sala, e
puxou a porta, fechando-a.
A quietude da Casa Grande se abateu sobre ela enquanto
descia a escada. O silêncio fácil era uma mudança bem-vinda
depois da agitação do celeiro. Com o Chase na casa, Sloan
sabia que estava livre para voltar para o celeiro, mas decidiu
esperar por Trey.
Ela estava a meio caminho para a sala quando seu olhar
se desviou para a entrada do escritório escuro.
Sloan parou, lembrando-se da visão que teve do livro de
cheques aberto e a mão de Chase equilibrada sobre ele, e Wade
sentado perto da mesa. Todas aquelas perguntas não
respondidas voltaram correndo. Sloan tentou se convencer que
nada daquilo era qualquer um dos seus negócios. Mas a
curiosidade levou a melhor sobre ela.
Cruzou para o escritório, começou a virar a luz, em
seguida, lançou um olhar de culpa na direção do quarto de
Chase. O corredor estava escuro, nenhuma réstia de exibição
de luz debaixo de sua porta. Antes que ela tivesse os pés frios,
ligou o interruptor, inundando a sala com a luz.
No balcão, abriu duas gavetas antes de encontrar a que
continha o talão de cheques. Colocou-o sobre a mesa e folheou
os tocos da última página.
Assim como suspeitava, a última verificação era um
pagamento a Wade Rogers. A ponta do dedo deslizou pelo
canhoto e parou sobre o montante.
Cem mil dólares.
Estarrecida com o choque, Sloan só podia olhar para o
número, incapaz de acreditar no que estava vendo. Seus
pensamentos correram, procurando alguma razão para
justificar aquilo. Ela não ouviu a porta da frente se abrir, ou a
abordagem de passos. Não percebeu que Trey estava na casa
até ele falar da entrada.
— O que você está fazendo aqui, Sloan?
Ela o olhou com surpresa, mas a culpa que ela pudesse
ter sentido antes de ser apanhada espionando foi
completamente esmagada por sua descoberta.
— Você precisa ver isso, Trey. — ela insistiu.
— Ver o quê? — seu olhar se apertou, afiado com
desaprovação e desafio.
Tardiamente, ela registrou o desagrado em sua expressão,
e a acusação velada em seu olhar, mas não vacilou. — Hoje
cedo seu avô preencheu um cheque para Wade Rogers, no valor
de cem mil dólares. — ela enunciou o número com ênfase
lenta.
Tanto quanto Trey tentou escondê-lo, Sloan poderia dizer
que ele foi pego de surpresa pelo tamanho do montante.
Quase hesitante, ele caminhou até a mesa e olhou para o
toco por si mesmo. Ele não disse nada imediatamente. Sloan
encheu o silêncio em seu lugar.
— O outro canhoto que deu a Wade, parecia lógico pensar
que fosse uma doação. Até mesmo uma contribuição política.
Mas cem mil dólares, Trey. Essa é uma quantidade alarmante.
Mesmo você deve perceber isso.
— Isso faz levantar questões. Mas a admissão de Trey foi
de má vontade. — Isso ainda não muda o fato que o cheque foi
descontado da conta pessoal do Chase. Ele não tem que
responder a mim ou a qualquer outra pessoa sobre como ele
escolhe gastar o seu dinheiro.
Incapaz de argumentar com aquilo, Sloan disse: — Eu só
estou pensando sobre as histórias que você ouve do ser idoso
alvo de golpistas.
— Você acha que Rogers é um artista do embuste? — Trey
parecia mais divertido com a possibilidade da suspeita.
— Nós realmente não sabemos nada, exceto o que nos foi
dito, seja por Chase ou pelo próprio Wade. Eu acho que nós
deveríamos verificar isso. Certifique-se que ele é quem diz ser.
Trey rejeitou a sugestão com um aceno negativo de
cabeça. — Velho e ocasionalmente esquecido, vovô pode ser,
mas ele ainda é afiado o suficiente para ver através de qualquer
truque de confiança. — ele fechou o talão de cheques com uma
firmeza decisiva. — Agora vamos colocar isso longe e esquecer
que alguma vez o viu.
Sloan olhou para ele horrorizada. — Como nós podemos?
Ele devolveu o talão de cheques para sua gaveta, então
levemente agarrou seus ombros e a virou para que o encarasse.
— Quando a vi pela primeira vez aqui, eu fiquei com um pouco
de raiva por você estar bisbilhotando. Então percebi que você
fez isso por preocupação genuína. Isso me deixa orgulhoso
porque você se importa assim. É mais uma coisa que eu amo
em você.
Sloan ficou satisfeita em saber que ele entendia seus
motivos, mas ela sabia quando estava sendo manipulada. —
Você está tentando mudar de assunto.
— Eu quase consegui. — um sorriso apareceu nos cantos
de sua boca. — Eu sei, na segunda-feira de manhã, você vai
estar tentada a chamar um de seus advogados e lhe pedir para
fazer uma verificação de antecedentes sobre Rogers. Eu quero
que você me dê sua palavra que não vai fazer isso. Pelo menos,
ainda não.
— Mas, Trey... — ela começou, em protesto.
— Pode haver uma razão muito legítima para uma
verificação deste tamanho. — ele argumentou. — Por ora, eu só
quero observar e esperar. Concorda?
Sloan hesitou, mas depois percebeu que muito da sua
relutância resultava da sua recusa a acreditar que a idade
tinha de alguma forma diminuído as habilidades de seu avô.
Toda a sua vida ele tinha olhado para Chase. Trey não podia
pensar que ele poderia ter se tornado menos de um homem e,
definitivamente, sem mais provas.
— Eu concordo. — Sloan prometeu. — Não vou fazer ou
dizer qualquer coisa, a menos que outra coisa aconteça.
— Não vai. — ele lhe deslizou um braço em volta dos
ombros e a juntou ao seu lado. — Vamos lá para cima verificar
nosso filho.
Capítulo Onze
Depois de Marsha Kelly apresentar seus pratos com o
jantar, Wade olhou através da mesa para Cat. — Você estava
certa. O bife estava delicioso.
— Assim como o meu, só que havia mais dele do que eu
poderia comer. — A culpa foi dos nachos. — disse ela, e olhou
para a pequena pista de dança perto da área do bar, onde um
casal estava fazendo uns passos de dança elaborados.
Terminaram a música com um floreio.
— Eles são bons. — Wade observou, e acrescentou,
pesaroso: — Acho que eu não poderia fazê-lo tão bem.
Cat riu suavemente. — Você não tem que ser perfeito.
Basta seguir a música.
Ele riu. — E você me seguir?
— Algo parecido.
Levantou-se e estendeu a mão para ela. — Então eu posso
ter esta dança?
— Sim. — ela se levantou da cadeira, sentindo-se tão
tonta como se tivesse tomado champanhe e não uma simples e
antiga Coca-Cola.
Wade calorosamente apertou a mão que ela colocou na
sua, levando-a para a pista de dança sem outra palavra. Havia
três casais ali agora, se movendo nos últimos passos de uma
valsa cowboy. O jukebox, uma máquina vintage com registros
reais, fez ruídos mecânicos fracos quando a música que estava
tocando terminou e começou outra.
— Oh-oh! — ele riu. — Isso é swing ou polca?
— Não tenho certeza. Podemos improvisar. — ela não
ligava para qual música fosse. Estar em seus braços era
maravilhoso. — Eu acho que uma polca é um meio salto e um
slide, — ela murmurou. — Mas o que você faz é permanecer em
movimento.
Ele respirou fundo e apertou sua cintura, levantando a
mão alta quando girou no chão. Ela estava sem fôlego com a
pressa de se mudar para a melodia emocionante, rindo quando
olhou para ele.
Wade sorriu, concentrando-se em conduzi-la e não bater
em ninguém. Pelo que ela podia ver, nenhum dos outros casais
parecia exatamente um perito, mas eles estavam fazendo o
melhor. Alguns latidos e gritos pontuaram a música quando ela
terminou.
Um casal deixou a pista para a sua mesa, e as luzes se
apagaram um pouco quando o próximo disco começou a girar.
Misericordiosamente lenta, as primeiras notas de uma
canção romântica soou no palco.
— Isso é mais parecido conosco. — Wade disse
suavemente. — Coloque sua cabeça no meu ombro.
Ela o atendeu e fechou os olhos. E descobriu que tudo o
que gostaria era uma noite com ele, sendo realizada como
aquela e seria algo que ela iria se lembrar sempre.
Mantendo-a próxima e se movendo com facilidade, ele
dançou como se sempre tivesse dançado com ela. Cat relaxou
em seus braços, dócil e complacente, agradavelmente ciente da
força suave de Wade. Apesar de suas dúvidas iniciais, sua
liderança foi tão natural que segui-lo foi fácil.
Sonhadora, ela levantou a cabeça para olhar para ele e
sua respiração parou quando viu a ternura em seus olhos.
Seus lábios se separaram em surpresa e ele aproveitou a
chance. A boca de Wade se afirmou na dela por apenas alguns
segundos, mas ela encontrou a pressão discreta de seus lábios
esmagadoramente sensual.
Com um pequeno suspiro, ela terminou o beijo e olhou ao
redor. Ninguém tinha notado. O único outro casal estava
dançando perdido em seu próprio mundo romântico também.
Cat colocou a cabeça no seu ombro para esconder sua
confusão. Wade não fez nenhum protesto, apenas apoiou o
queixo no topo de seus cabelos, movendo-a através das notas
finais de uma canção que ela nunca tinha ouvido falar antes,
mas que nunca iria esquecer.
Acabou. — Vamos sentar? — ele disse suavemente.
Relutantemente, Cat deu um leve aceno de cabeça,
roçando sua bochecha contra o material fino de sua camisa,
respirando a fragrância leve, mas inebriante que era uma
mistura de homem quente e bom sabão.
Olhou para além dele com um suspiro, segurando sua
mão, mas não se atrevendo a olhar em seus olhos até que seu
coração parasse de correr. A dança íntima tinha dissolvido
seus últimos farrapos de reserva. Seria fácil tornar-se uma tola
ao lado de alguém como Wade Rogers. E tão agradável.
Um relógio de aros de neon na parede chamou sua
atenção. — São quase dez e quinze. — ele murmurou. E não se
sentou quando chegaram à mesa, mas se virou para ela. —
Cat, tanto quanto não desejo que a noite termine, eu tenho que
pegar um voo muito cedo pela manhã. Eu preciso levar você de
volta para o rancho agora mesmo.
— Oh. Você está se hospedando em um hotel em Miles
City hoje à noite? — a decepção caiu sobre ela, mas tentou não
demonstrar isso.
— Eu verifiquei antes de me dirigir para o rancho. — Wade
lhe disse.
Cat pegou sua bolsa. Marsha já tinha retirado seus copos
e pratos. Wade abriu a carteira e colocou duas notas sobre a
mesa que cobriria sua despesa. — Pronta para ir? —
perguntou.
— Assim que eu pegar meu casaco. — ela manteve o tom
leve.
A viagem de volta para o Triple C. parecia dolorosamente
curta para Cat. Quando eles chegaram à sede do rancho, viram
uma abundância de veículos estacionados no antigo celeiro,
indicando que a festa ainda estava em pleno andamento. Um
velho vagão de feno, com palha solta amontoada, passou por
eles, conduzido por uma equipe de cavalos com revestimentos.
Vários casais estavam aconchegados na palha, sem sentir o frio
do ar da noite.
— Um vagão. — disse Wade com espanto. — Parece
divertido. Eu gostaria que nós tivéssemos mais tempo.
Nós. A única palavra fazia Cat se sentir melancólica e já
sozinha. Ele dirigiu para mais perto da casa e estacionou,
saindo e chegando pelo seu lado do carro para ajudá-la.
Sem dizer uma palavra, caminhou com ela até os degraus
na porta da frente. A luz da varanda estava muito brilhante
depois da escuridão reconfortante de seu carro alugado.
Quando ela olhou para cima, seu olhar travou com o dela. Cat
queria desesperadamente que ele visse em suas profundidades,
o fogo estável que sugeria uma forte emoção. Ele a pegou pelo
braço e a puxou de lado para as sombras, colocando uma mão
forte em seu rosto e inclinando-se para beijá-la.
Ela queria ainda mais. Seus lábios eram firmes e a
ternura à procura de sua língua agitou-a.
Wade suspirou quando parou, deslizando a mão ao redor
de seu pescoço em uma carícia sensual. — Esse foi o nosso
segundo beijo.
— Nós temos que contá-los? — ela murmurou.
— Não. — olhou para ela. — Só estava pensando que um
primeiro beijo pode ser tão estranho. — sempre tão
brevemente, tocou os lábios nos dela antes que ela pudesse
dizer qualquer coisa. — Mas o nosso não foi.
Ela tinha uma respiração irregular e não foi capaz de
responder.
— Se você não se importar que eu diga, suspeito que foi
um encontro bom para você. Como a dança. Estou certo?
— Sim — ela sussurrou.
Ele a puxou para um abraço aberto. — Tenho que lhe
dizer uma coisa. Estou honrado por ter essa chance. Você
realmente é uma bela mulher, Cat.
— Você certamente me faz sentir como uma. — ela
admitiu.
— Eu vou voltar, — disse ele suavemente. — E deverei
fazê-lo antes do Natal.
— Isso não está muito longe.
— Não, não está. — Wade respondeu. — Se eu não tiver
algum tropeço por atrasos ou problemas imprevistos, isso deve
ser possível.
Tremendo sob o seu casaco quente, Cat levantou seu rosto
para ele, sabendo o que ambos queriam. Seu último beijo foi
apaixonado.
Novamente, foi ele quem terminou o beijo, acariciando seu
rosto com um toque final. — Espere por mim. — disse ele.
Cat assentiu e o observou ir.

A luz solar da manhã de domingo brilhava através das


janelas, mas não havia muito calor nela. Os outros estavam na
sala de jantar quando Cat fez uma entrada tardia, tentando ser
invisível. Mas Trey olhou para cima.
— Bom dia, tia Cat. — disse alegremente e empurrou um
prato de ovos e linguiça para ela assim que ela se sentou. —
Tudo ainda está quente, incluindo o café.
Ela sorriu. — Obrigada, mas vou pegar uma torrada, eu
acho.
Trey passou o prato também. — Aqui está.
Cat selecionou uma fatia e manteiga, mordiscando um
canto, enquanto olhava em volta para a família.
Seu pai estava na cabeceira da mesa, estudando os
relatórios de commodities nos jornais de sexta-feira, seus
óculos para baixo em seu nariz. Os jornais locais e nacionais
chegavam ao rancho um dia ou dois mais tarde, como regra,
mas isso não o incomodava. Ele havia terminado o seu café da
manhã e tinha uma mão curvada em torno de outra xícara.
Trey se recostava na cadeira, sem pressa para sair. Passou
o braço sobre as costas da cadeira de sua esposa e esfregava
levemente a nuca de Sloan, deslizando sua mão sob a gola alta
de sua camisola de malha.
Vendo a facilidade e familiaridade de suas carícias
tranquilas, Cat sentiu uma pontada de solidão. Wade estava
certo. Tinha sido muito tempo.
Bruscamente, ela se serviu de meia xícara de café e comeu
as últimas partes de sua torrada. Jessy entrou naquele
momento com um pote de doce na mão. — Oh, olá, Cat. Pensei
que devia estar quase vazio. Aqui está mais se você precisar
dele. — ela colocou o segundo pote na mesa.
— Obrigada. — Cat disse.
Jessy sentou-se em uma cadeira em frente a ela e se
serviu de uma fatia de torrada antes de falar novamente.
— Então, — disse — você e Wade se divertiram na noite
passada?
— Sim, nós fomos até Blue Moon e jantamos no Kelly.
Ficamos na festa o tempo suficiente para ver o programa de
Natal. — Cat respondeu. — Achei que as crianças fizeram um
trabalho maravilhoso.
Jake saltou. — Você me viu tia Cat?
— Certamente que vi. E achei o seu desempenho
excelente. — ela riu.
— Obrigado. — ele sorriu pelo elogio.
— Wade disse quando pretende voltar? — Jessy
perguntou, voltando ao assunto anterior.
Cat sabia que se esquivando às perguntas só levantaria
mais perguntas. — Ele espera voltar antes do Natal. — admitiu.
A cabeça de Sloan se agitou em cima. — Tão rápido. —
deixou escapar, e lançou um olhar rápido para Trey.
Ele agiu como se não tivesse ouvido qualquer um dos seus
comentários. — Você ainda precisa que eu lhe dê uma mão
para trazer aquelas colchas para baixo?
— As colchas? — Jessy perguntou curiosamente.
Aceitando a mudança hábil de assunto de Trey, sabendo
que ele não queria que nenhuma de suas suspeitas sobre Wade
se tornasse conhecida. Sloan explicou: — Eu encontrei uma
mina de colchas artesanais em um armário do sótão no outro
dia. Havia uma cômoda bloqueando. Quando a retirei, lá
estavam elas. Algumas datadas e assinadas com linha de
bordar. A mais antiga era de 1910 e a mais recente de 1939.
— Acho que sei o que você quer dizer. — Jessy disse
lentamente. — Eram todas feitas aqui.
Trey interveio. — Não é um problema. Elas estão no nosso
quarto agora e podem servir para uma boa exibição.
— Poderíamos esticar varais de cordas na lavanderia para
isso. — Cat sugeriu. — E com essas luzes gerais brilhantes,
podemos ver se elas precisam de conserto, depois de todo esse
tempo no sótão.
— Eu pensei que elas se tornariam um cenário ideal para
um retrato de família. Eu gostaria de fotografar todos nós na
frente delas, especialmente as crianças.
— Essa é uma ótima ideia, Sloan. — Cat disse.
— Eu pensava assim. — Sloan respondeu. — Vamos, Trey.
Vamos pegá-las.
— Eu posso ajudar. — Jake declarou e se mexeu da
cadeira para se apressar atrás deles.
— Você ouviu falar de Laredo ultimamente? — Jessy
dirigiu sua pergunta ao Chase e tomou um gole de café.
— Não por alguns dias. — Chase inclinou a cabeça para
baixo para espiar Jessy por cima dos óculos de leitura.
— Por quê?
— Só por curiosidade. — ela encolheu os ombros e
admitiu: — Ele não me ligou e cada vez que eu tento seu
telefone celular, vai direto para a caixa postal.
— Sentindo-se um pouco negligenciada, não é? — Chase a
observou e depois balançou as dobras de seu jornal
novamente. — Garanto que ele não se esqueceu de você.
— Não pensei isso por um minuto; e você sabe disso. —
ela respondeu.
— Provavelmente está ignorando suas mensagens, para
não deixar acidentalmente escapar onde ele está ou o que está
fazendo. — Chase lhe disse. — O Natal está ao virar da
esquina, você sabe.
— Falando de Natal. — Jessy bebeu um gole final do café e
empurrou a cadeira para trás da mesa. — Isso me lembra que
tenho algumas coisas no andar superior que precisam ser
embrulhadas, antes que seja hora de me preparar para a igreja.
No meio da escada, ela encontrou Trey e Sloan, cada um
carregando uma grande braçada de mantas antigas. Jessy se
pressionou perto do corrimão para eles terem espaço suficiente
para passar. O tecido dobrado esfregou em seu braço enquanto
eles se moviam em fila única, o contato desencadeando o cheiro
de mofo e poeira de algo que tinha sido guardado por anos.
— Ufa! — ela acenou com a mão na frente do seu nariz,
tentando dissipar o odor forte. — Isso precisa de uma boa
exposição ao ar.
— Diga-me sobre isso. — Trey murmurou em
concordância absoluta. — Será melhor colocá-las na sala de
estar. — Sloan falou. — Nós não queremos estragar o café da
manhã de ninguém.
Trey despejou sua braçada nas almofadas do sofá e deixou
a tarefa de separá-las para Sloan. Cat veio para lhe dar uma
mão. Ela levantou a primeira e estudou a sua costura
intrincada.
— Estou tão feliz por você encontrar isto, Sloan. — ela
murmurou. — Pergunto-me o que mais estará escondido lá em
cima que nós esquecemos.
Sloan sacudiu outra colcha, em seguida, acenou para Cat
olhá-la. — Você viu? Está assinada e datada.
— Millicent Clyde, dezembro de 1931. — Cat leu. —
Terminou no inverno, obviamente, quando ela estava presa em
casa.
Sloan passou o dedo sobre o nome bordado. — Há muito
tempo. Será que o seu pai sabe quem era ela?
— Talvez. — Cat respondeu. — Judy Niles certamente
saberá.
Sloan assentiu pensativa. — Eu acho que Millicent seria
feliz em saber que sua obra durou tanto tempo.
— Naquela época, tudo tinha que durar. — Cat disse e
citou o velho ditado: — Use-o, ou jogue fora. Faça durar ou viva
bem. — Ser esposa de um rancheiro não era a vida mais fácil
naquele tempo.
O barulho de uma bengala anunciou a chegada de Chase.
— O que vocês duas estão fazendo? — ao entrar na sala, Chase
lançou um olhar para a pilha de colchas e o patchwork
desdobrado. — Oh. Essas mantas. — ele chegou perto para um
olhar mais atento.
— Vê qualquer de suas camisas aqui, Chase? — disse
Sloan, levemente provocante e estendeu uma colcha para sua
inspeção.
Ele olhou para a data que ela mostrava. — Não. E minhas
camisas não são tão velhas. — disse rispidamente.
— Eu não tenho tanta certeza. — Cat riu. — Você nunca
colocou uma na sacola por tanto tempo quanto eu te conheço.
— Por que eu deveria? Leva tempo para rasgar uma
camisa, certo?
— Claro. — Cat disse em descrença seca.
— Você reconhece o nome da mulher? — Sloan perguntou.
Chase olhou para o bordado e sacudiu a cabeça. — Não,
mas tanta gente viveu no Triplo C. ao longo dos anos. — Sloan
começou a dobrar a colcha de volta. — Eu gosto da sua ideia de
usá-las como pano de fundo para as fotos. — Chase lhe disse.
— Especialmente porque todos estarão aqui neste Natal. — ele
fez uma pausa e acrescentou: — Quem sabe quando isso vai
acontecer de novo?
— Oh, papai... — Cat não terminou, um nó fechava as
palavras na garganta.
Ambas as mulheres sabiam o que não estava sendo dito: o
fato de que o próprio Chase poderia não estar em muitos
feriados mais.
— Diga-lhe que, — Sloan disse rapidamente, quebrando o
silêncio constrangedor para abordar Chase, — como o
patriarca, você merece uma foto com cada membro da família,
um por um, com uma colcha diferente no fundo para cada um.
Mais uma ou duas sozinho.
Chase bufou. — O patriarca? Eu? Acho melhor eu deixar
crescer uma longa barba branca e trocar esta bengala
condenada por um cajado de pastor.
Jessy teve que rir.
Seu sogro tinha um brilho nos olhos quando assentiu com
a cabeça, descansando a mão retorcida sobre a colcha que
Sloan acabara de dobrar. — Use esta para mim. É simples. Não
há nada muito extravagante.
— Você entendeu.
Capítulo Doze
Com o Natal apenas há quatro dias de distância, a
contagem regressiva havia começado. Os jovens eram um
pacote de ânsia. Na medida em que estavam em casa, o
momento não poderia passar rápido o suficiente. Para aqueles
que não tinham terminado as suas compras, o feriado estava
se aproximando rápido demais. Mas em todos os lugares, os
sorrisos abundavam, marcados por certa jovialidade que
tornava a temporada até alegre.
Em nenhum lugar era tão evidente como na Casa Grande,
onde Cat estava ocupada, com a ajuda de duas adolescentes
nos seus períodos de inverno da escola, deixando os quartos
extras limpos e prontos para os membros da família Calder que
deveriam chegar. Para levar o espírito de Natal um pouco mais
longe, Cat adicionou uma vela natalina envolta com azevinho
para cada quarto, juntamente com fotos da infância de Laura e
Quint tomadas na época do Natal, para os quartos atribuídos a
eles.
Depois de colocar uma foto emoldurada de Quint em uma
cômoda, ela deu um passo atrás para avaliar o arranjo em cima
da penteadeira. Anne Trumbo enfiou a cabeça para fora do
banheiro ao lado do quarto.
— Senhorita Cat, não há um conjunto extra de toalhas de
banho aqui.
— Há alguns na lavanderia lá embaixo. — Cat lembrou-a.
— Eu vou buscá-las enquanto você e Sarah terminam aqui.
Quando chegou ao topo das escadas, ouviu os sons
familiares do Jingle Bells provenientes do escritório e adivinhou
que seu pai tinha ligado o rádio. Quando ela começou a descer
os degraus, automaticamente começou a cantarolar junto com
a música.
A partir do escritório vinha um canto ligeiramente plano
na voz de barítono, Bells no anel bobtails, fazendo os espíritos
felizes.
Chase estava cantando! As toalhas podiam esperar. Isso
ela tinha que ver.
Correu levemente o resto do caminho para baixo e cruzou
a porta aberta da sala. Chase estava de pé junto à lareira,
cantando alto, uma mão apoiada sobre a cabeça de sua
bengala, enquanto ele apontava para os registros ardentes com
um atiçador.
Cat esperou até as notas finais da canção pararem antes
de falar. — Você está definitivamente em clima de festas, pai.
Com a bengala para um ponto ele se virou surpreso e
abriu um sorriso, os olhos brilhando. — E por que não estaria?
É quase Natal. — ele devolveu o atiçador para seu lugar. — E
um bom também.
Cat sorriu, concordando. — Vai ser bom ter tanto Quint
quanto Laura em casa para o Natal deste ano. Normalmente,
apenas um ou outro pode vir.
— Na verdade ele será. — ele mancou de volta à sua
cadeira atrás da mesa. — Você tem os quartos prontos para
eles?
— Quase. Eu estava indo à lavanderia buscar um
conjunto extra de toalhas para banho para Quint e Dallas.
— Será melhor deixar um quarto extra arrumado. — ele
disse.
— Por quê? Quem estará vindo?
— Acabei de falar com Wade um pouco atrás. Ele deverá
estar aqui no dia vinte e três ou vinte e quatro, o mais tardar. É
provável que seja final da tarde quando ele chegar aqui, então
eu lhe disse para passar a noite conosco. — o brilho em seus
olhos cresceu mais pronunciadamente. — Eu não acho que
você iria se opor a um hóspede extra, considerando que notei
que havia um presente sob a árvore com o nome dele.
Cat se recusou a ser consciente sobre aquilo. — Você
sabe, quando eu comprei esse presente para ele, estava
preocupada que eu fosse presumida demais. Agora estou tão
feliz por ter feito isso, mesmo que seja apenas pequeno. — ela
fez uma pausa, em seguida, perguntou: — Você sabe o que
eu...
— Quieta. — ele quase gritou a palavra e girou sua cadeira
para alcançar o botão de volume no rádio. Cat era apenas
vagamente consciente dos disc-jockeys falando ao fundo, mas
seu pai teve claramente um ouvido atento à sua conversa.
...ser um velho Grinch. Todo mundo quer um Natal
branco. — um deles declarou.
— Um Natal branco seria bom, mas uma advertência de
tempestade de inverno programada para explodir em Montana
oriental no dia vinte e quatro! Quem quer isso?
— Papai terá algumas condições de voo arriscadas, não?
Havia mais, mas Chase desligou o rádio. — Precisamos
chamar Quint e Laura para que eles possam ter certeza de
chegar aqui, antes da tempestade.
— Eu vou ligar para Quint no meu celular enquanto você
chama Laura. — Cat começou a sair da sala.
Chase a chamou. — Enquanto você está nisso, encontre
Trey. Diga a ele que eu preciso vê-lo.
Dentro de uma hora, Quint e Laura tinham sido alertados
para a tempestade de inverno prevista para a véspera de Natal.
Ambos já tinham começado ajustar seus horários para chegar
ao Triplo C. mais cedo.
Vinte minutos mais tarde, Trey entrou no escritório.
— Cat enviou uma mensagem que você precisava me ver.
— Sim. — um movimento para além da porta atraiu o
olhar de Chase quando uma das garotas adolescentes foi
orientada. — Feche as portas.
Trey fez uma varredura rápida na expressão de seu avô,
percebendo que deveria ser algo importante e tentando avaliar
a gravidade da mesma. Como sempre, a expressão de Chase
era difícil de ler. Ele fechou as portas e cruzou para uma das
cadeiras em asa em frente à escrivaninha.
— É sobre Laredo no rancho Shamrock. — Chase
anunciou.
Trey puxou sua cabeça para trás em surpresa. — No
Shamrock. O que ele está fazendo lá?
— Escondendo-se. Eu disse a ele quando seria seguro
voltar, e eu enviaria somente você. Vá lhe dizer para voltar para
casa.
— Irei. — Trey não se preocupou em pedir quaisquer
explicações. Como os outros, ele sabia que o passado de Laredo
não suportaria um exame minucioso. Se Laredo precisava de
um lugar para ficar quieto, então ele teria suas razões e não
era importante para Trey saber o que era.
— Se alguém perguntar; e eu quero dizer qualquer um,
não lhes diga onde você está indo ou porque. — Chase o
instruiu.
— Não há problema. — Trey assegurou.
— Você já ouviu a previsão? — perguntou Chase. Trey foi
até a porta.
Ele parou na frente das portas. — Nós já estamos
verificando se cada campo tem feno extra à mão e
transportando rodadas de fardos para todos os pastos isolados.
Depois disso, nós vamos ter que esperar para ver quanto os
ventos serão fortes e se o gado começa a derivar com eles.
Em suma, tudo o que podia ser feito estava sendo feito.

Meia hora antes do jantar naquela noite, Trey retornou a


Casa Grande seguido de Laredo. O rosto de Jessy se iluminou
quando o viu.
— Você está de volta. — ela sorriu para Laredo, ajustando-
se automaticamente ao seu lado.
— Sentiu minha falta?
— Só a cada dia. — Jessy admitiu com sua franqueza
habitual.
Chase surgiu do escritório e viu os dois juntos. — Não se
encha de dúvidas sobre onde ele esteve Jessy. Por agora, isso é
um segredo entre Laredo e eu.
Ela riu. — Eu não vou. Ao contrário de alguns, eu gosto de
ser surpreendida no Natal.
— Bom. — Chase balançou a cabeça e continuou seu
caminho para a sala de jantar.
Jessy e Laredo seguiram em um ritmo muito mais lento.
— Você já foi para o Ninho do Javali? — ela perguntou.
— Não tive tempo, ainda que seria bom para limpar e
pegar uma muda de roupa.
— Podemos ir depois do jantar. Eu tenho uma surpresa
para lhe mostrar. — Jessy lhe disse, ciente da banheira de
hidromassagem que era algo que ele seria obrigado a observar,
logo que chegasse lá.
— Uma surpresa, hein? — havia um brilho em seus olhos
azuis. — Isso não poderia ser...
Ela apertou dois dedos à boca, impedindo-o de terminar a
frase. — Não há dúvidas de que você também é.
Ele sorriu. — Justo.
No meio da manhã do dia vinte e quatro, o céu já tinha
mudado para um cinza fechado, mas era o branco sinistro de
nuvens escuras para o nordeste que predizia a chegada da
tempestade. Por enquanto, o ar ainda era apenas um sopro de
vento, mas Trey não se deixava enganar por aquilo. O Nordeste
era a casa a qual os índios Sioux chamavam de Lobo Branco,
uma nevasca ártica uivando.
Com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco forrado de
pele de carneiro, Trey estava na janela da área de escritórios do
hangar principal da pista de pouso e observava o céu. Atrás
dele, o rádio estalava.
— Cinco milhas para a aproximação final.
Logo Trey avistou os dois bimotores do avião de carga,
fazendo a sua descida. Mais tarde chegou o baixo zumbido de
seus motores. Nada fez Trey deixar o calor relativo do escritório
do hangar até que suas rodas tocaram na pista privada da
fazenda.
O avião taxiou até parar na área da pista não longe de
onde Trey esperava. No momento em que Gus Hanson colocou
os calços dobrados atrás das rodas, a porta do avião se abriu e
seu lance de degraus foi abaixado. Trey avançou quando Quint
passou pela abertura, carregando seu filho todo empacotado
em uma parca com capuz e luvas volumosos.
Um vislumbre no alto, as maçãs do rosto duro de seu
primo e os cabelos pretos brilhantes que falavam de sua
ascendência Sioux e Trey abriu um largo sorriso. — Bem-vindo
ao lar, Quint. — ele pegou a mão de Quint e apertando a sua
própria no ombro de Quint, transformando tudo em um abraço
de homens. — Como foi o voo?
— Não foi ruim.
— Bem, foi certamente um dos mais suaves. — Dallas
declarou, saindo do avião, com a cor cobre brilhante dos seus
cabelos contrastando com o cinza fosco da fuselagem.
Quint virou-se para lhe oferecer uma mão firme enquanto
ela descia os degraus. Seu avô Vazio Garner ficou parado na
abertura atrás dela, esperando sua vez.
— Pensei que nós estivéssemos em um rodeio. Claro que
poderia ser porque nós tivemos um passageiro muito
barulhento.
— Teve alguma turbulência? — Trey adivinhou quando
deu um abraço de saudação em Dallas.
— Não foi tão ruim assim. — Quint insistiu. —
Especialmente quando você considerar que os aviões de carga
não são exatamente famosos por dar passeios lisos.
— Eu ia perguntar por que você o escolheu, mas suspeito
que a razão está de alguma forma ligada ao seu pedido de ter
um reboque de coleta e estoque esperando por você na área do
hangar. — Trey enganchando um polegar na direção do veículo
estacionado ao lado do SUV. — Algo me diz que você não o
pediu apenas para transportar a sua bagagem e os presentes
de Natal.
— Sim e não. — Quint disse, sendo deliberadamente
evasivo. — Na verdade eu preciso dele para um presente
especial que estou entregando a pedido de Chase.
Trey levantou uma sobrancelha. — O que em nome de
Deus ele lhe pediu para comprar?
Quint apenas riu. — Considerando que é para Jake, talvez
seja melhor se você não souber ainda.
Gus saiu do escritório do hangar e chamou por Trey. — O
piloto de Laura chama pelo rádio, pedindo instruções de pouso.
Não pode ter mais de dez minutos fora.
— Dez minutos. — Trey atirou um olhar interrogativo a
Quint. — Você acha que tem tempo suficiente para descarregar
na Casa Grande e fazer o retorno aqui antes do avião chegar às
suas terras? Se não, eu vou ter que enfiar ela e Sebastian na
picape. O que não vai exatamente emocionar minha irmã.
— Ela é uma Calder e vai superar isso. Ainda assim,
poderíamos fazê-lo. Nós não saberemos até tentarmos. — Quint
respondeu e transferiu seu filho de olhos sonolentos para a
esposa. — Vamos começar carregando a nossa bagagem.
Antes de Gus desaparecer no interior do hangar, Trey
acenou para ele. — Vamos dar uma mão com a bagagem.
Quando Gus correu, Quint sugeriu: — Você pode enviar
quem está dirigindo a picape de volta com o reboque até a
porta de carga. Há uma rampa com chutes no interior que
devem alcançar.
— Uma rampa? O que você está transportando?
— Você vai descobrir depois de carregar todos os sacos.
Com ambos, Vazio Garner e Gus para ajudar, eles
conseguiram levar todas as malas e vários sacos de presentes
de Natal em uma viagem. No momento em que tinha tudo
colocado na parte de trás do SUV, o trailer foi posicionado na
porta de carga do avião.
Vazio subiu no banco de trás para esperar com Dallas e
Josh, enquanto Trey e Quint retornavam ao plano para
descarregar o presente de Natal de Jake. Trey deu uma olhada
para o bezerro salpicado de marrom e branco, assim que ele
saiu de sua tenda transporte confinada e se inclinou abaixo da
rampa para o trailer, resistindo e gritando por todo o caminho.
— Ele comprou um bezerro para Jake? — Trey virou um
olhar estupefato a Quint. — O Triplo C. tem centenas deles. Por
que o faria...
— Nenhum deles é registrado como Longhorn. — Quint o
informou, e antes que Trey pudesse perguntar a questão lógica,
acrescentou: — Por que um Longhorn? Essa é uma pergunta
que você vai ter que fazer ao vovô. Nesse meio tempo, você
espera por Laura e eu vou levar Dallas e Vazio para casa. Vejo
você daqui a pouco.
Fiel à sua palavra, Quint foi até a área do hangar no
tempo em que o jato particular sumia da vista.
Ele saiu do banco do passageiro e entrou para a pista
perto de Trey.
— Bom tempo.
— Para todos nós. — Quint disse e sacudiu a cabeça para
as nuvens escuras aparecendo. — O Lobo Branco está se
aproximando. Provavelmente estará aqui no meio da tarde.
Trey assentiu com a cabeça quando o jato voou para a
pista. O gemido alto de seus motores cresceu para um rugido
quando eles foram revertidos no empuxo, e o avião desacelerou.
Logo ele taxiava em direção a eles.
Mesmo depois que o avião rolou até parar e cortar seus
motores, nem Trey nem Quint se aproximaram até a porta do
passageiro ser aberta. Um Sebastian ruivo saiu em primeiro
lugar, o seu longo casaco pendurado desabotoado, um lenço de
manta enrolado ao redor de seu pescoço. Ele jogou uma
saudação, deslizou para baixo os degraus, e se virou para
esperar por Laura. Em seguida, ela apareceu na abertura,
envolta em um casaco de zibelina de corpo inteiro, um chapéu
de pele combinando cobrindo sua cabeça loira, e parou por um
momento.
Trey murmurou um divertido comentário para Quint: —
Minha irmã, ela sempre gosta de fazer uma grande entrada. A
vida de casada não a mudou.
Quint apenas sorriu plenamente, consciente que Trey
poderia zombar de sua irmã gêmea, mas ninguém mais tinha o
direito. Ele ficou de lado enquanto os dois trocaram um abraço
afetuoso.
— É bom ter você em casa de novo, irmã. — Trey disse, e
significativamente, brincou: — Embora Vossa Senhoria tenha
chegado em uma carruagem.
— É, não é? — ela concordou, então declarando com
leveza típica: — Mas, uma vez que Tara escolheu nos deixar
todo aquele dinheiro, decidi tirar uma página fora do seu livro e
fretar um avião. Eliminar todos da segurança e o terminal
absurdo que você tem que lidar, quando voa em um avião
comercial. Isso economiza um tempo enorme de viagem.
— Eu imagino que o faça. — Trey admitiu.
— Além disso, desta forma poderíamos parar em Nova
York e acabar com esse tempo de voo.
— Você estava em Nova York com que casaco? — disse
Trey. — Estou surpreso por alguém não jogar tinta em você.
— Não seja bobo. Ficamos no The Pierre. Vi casacos mais
extravagantes do que este lá.
— Vou acreditar nisso. — Trey disse e deu um passo para
trás quando ela se mudou para cumprimentar Quint com um
abraço.
— Você nos venceu aqui. — Laura o repreendeu em
reprovação simulada. — Pensei que ia ser a única esperando
para recebê-lo.
— Nós desembarcamos cerca de quinze minutos atrás. —
Quint disse-lhe. — Eu já deixei Dallas na casa.
Eles estão todos esperando por você agora.
— Eu mal posso esperar para ver todos novamente. — as
palavras sinceras mal saíram de sua boca quando percebeu o
trailer de captação e estoque e arqueou um olhar acusador
para Trey. — É essa a sua ideia de uma piada? Um trailer
estoque para transportar toda a minha bagagem? Eu sei que
você pensa que eu embalei muitas coisas, mas eu nunca sei o
que vou precisar.
— Eu tinha pensado em usá-lo para isso. — Trey
começou, apenas para ser interrompido por um berro do
bezerro.
— O trailer já está ocupado. — ela percebeu.
— Eu não acho que a sua bagagem se sairia muito bem,
compartilhando o espaço com o presente de Natal de Jake. —
Quint comentou.
Laura olhou para Trey procurando por uma explicação. —
Vovô lhe comprou um bezerro Longhorn registrado, que vai
crescer e se tornar um boi de ombros salpicados, mal-
humorado, com chifres mais amplos do que o velho capitão.
— O que ele estava pensando? — Laura espelhou o
espanto antes de Trey.
— Dane-se se eu sei. — Trey admitiu. — Porém, está
muito frio para ficarmos de pé aqui fora falando sobre isso.
— Vamos lá, disse a Quint. — Vamos começar a
descarregar a bagagem. Deus sabe, que provavelmente vamos
fazer duas viagens para conseguir tudo isso.
Com as duas famílias chegando tão perto nos voos, uns
aos outros, criou-se uma cena confusa e barulhenta: todos
falando ao mesmo tempo, a bagagem empilhada em todos os
lugares, casacos temporariamente empilhados em cadeiras
para serem recolhidos mais tarde. A primeira onda de
saudações e conversas mal tinha diminuído, quando tudo
começou novamente, quando eles tentaram andar através das
pilhas e levar tudo para cima para os quartos adequados.
Qualquer aparência de normalidade não retornou, até que
todos eles se reuniram na sala de jantar para a refeição do
meio-dia.
Mas a conversa foi muito mais animada do que a habitual,
com perguntas e respostas que fluíam para trás quando cada
um tentava saber sobre os acontecimentos na vida dos outros.
Isso foi até a refeição terminar e as mulheres carregarem os
pratos sujos para a cozinha, enquanto os homens
permaneciam na mesa durante o café e ninguém percebia os
flocos de neve à deriva atrás das janelas.
Trey cutucou o braço de Quint e acenou para a neve. —
Você já esteve no Texas tanto tempo que você perdeu seu olho
para o clima de Montana. O Lobo Branco se moveu mais rápido
do que você pensava.
— Não muito de vento ainda. — Quint observou.
— O que é isso? — perguntou Chase, faltando à primeira
parte da sua troca.
— Começou a nevar. — Trey viu a maneira como Chase
batia a cabeça para olhar para fora. — Ela não está pesada
ainda.
— E não há muito vento também, — Quint acrescentou. —
A julgar pela forma como estes flocos estão caindo.
— Mas ela está vindo. — Chase declarou sombriamente e
agarrou a bengala para se erguer da cadeira e caminhar para
olhar fora da janela.
Quando Cat voltou à sala de jantar, imediatamente notou
sua cadeira vazia e o viu de pé na janela. Supondo que ele
estivesse prestes a se retirar para seu escritório, perguntou: —
Você gostaria de levar um pote de café para o escritório, pai?
Quando ele não respondeu, ela caminhou para o seu lado,
pensando que ele provavelmente não a tinha ouvido falar com
todos conversando. Ela tocou em seu braço, puxando seu
olhar. — Café no escritório?
— Poderia muito bem. — Chase respondeu com
indiferença marcada e virou-se para olhar pela janela
novamente.
Foi quando Cat notou os flocos brancos.
— Já começou a nevar. — ela murmurou.
— O impacto da tempestade ainda não foi atingido. Ele
ainda tem tempo para chegar aqui.
Ela não teve que perguntar a quem ele se referia. Wade era
o único a quem qualquer um deles estava esperando. — Ele
poderia. — Cat repetiu, exceto que ela sabia que ele não deveria
chegar até o final da tarde. E a fúria da tempestade não era
susceptível de ser adiada por muito tempo. Ela começou a
contar a Chase, mas um olhar para o rosto de seu pai e ela
percebeu que ele já sabia.
— Ele vai ter bom senso suficiente para ficar em algum
lugar se o tempo estiver ruim. — Cat não percebeu que tinha
exposto seu pensamento até Chase responder.
— Claro que ele vai.
Isso também significava que ele não chegaria para o Natal.
Antes que qualquer sentimento de decepção pudesse tomar
posse, Cat levantou a cabeça, lembrando-se que, vendo Wade
depois do Natal seria tão bom quanto.
Ela voltou para a mesa quando Dallas veio da cozinha,
parou, olhou ao redor da sala e lançou um olhar para Quint. —
Onde está o Josh? É hora de sua soneca.
— Pensei que ele estava com você. — Quint empurrou sua
cadeira para trás.
— Eu vi Jake na sala de estar. — Sebastian ofereceu.
— Josh provavelmente não está muito atrás. — Dallas
concluiu, já se movendo em direção à sala de estar.
— Um monte de lugares em uma casa deste tamanho, não
estão lá, Trey? — Chase bateu na traseira de sua cadeira com a
bengala, em seguida, olhou para Vazio Garner. — Cat vai trazer
um pote de café para o escritório. Por que você não se junta a
mim? Deve estar mais calmo lá.
— Parece bom. — Vazio saiu de sua cadeira para segui-lo.
— Percebi que você tinha um conjunto de Longhorns sobre a
lareira lá dentro.
Cat chamou a atenção de Trey e sorriu. Ambos sabiam
que Vazio estava prestes a ser regalado com a história do velho
Capitão e o primeiro rebanho que Calder tinha arrastado para
o norte de Montana.
De algum lugar na sala de estar, veio um protesto
choroso: — Não sono, mamãe. Sem dormir.
— Alguém não quer tirar um cochilo. — Cat adivinhou.
— Parece um pouco com Jake quando tinha essa idade. —
lembrou Trey.
— Algo me diz que ele não será mais bem sucedido que
Jake em sair dela. — disse Cat; e recolheu as xícaras de café
vazias deixadas sobre a mesa, levando-as para a cozinha.

A sesta de Josh mostrou-se curta. Às duas horas ele


estava de volta ao andar de baixo, cheio de energia e ansioso
para usá-la. Com os pratos do meio-dia lavados, todos se
reuniram na sala de estar. Lá fora, a neve estava mais pesada e
o vento tinha aumentado, com as primeiras rajadas
chacoalhando as janelas.
Chase estava em sua poltrona favorita, agora ladeado
pelas duas poltronas do escritório. Vazio Garner se sentou em
uma, enquanto Laredo ocupava a outra. Jessy e Sloan estavam
no sofá com Laura sentada entre elas, olhando para o álbum de
fotos que Laura trouxera com ela; cheio de fotos que
mostravam suas mais recentes reformas em Crawford Hall.
Quint e Trey descansavam no assento da namoradeira, seus
pés apoiados sobre a poltrona de couro, enquanto Dallas se
sentava lateralmente em um de seus braços, mantendo um
olho em seu jovem filho, que estava aprendendo como rolar
uma bola com Cat. Jake estava cutucando através dos novos
presentes sob a árvore, procurando qualquer um com o nome
dele.
Depois de examinar de perto as etiquetas em um de
razoavelmente bom tamanho, Jake pegou e levou-o para Trey.
— Este é um meu, pai?
Trey olhou para a etiqueta do presente e sacudiu a cabeça.
— Desculpe. É melhor colocá-lo de volta.
— Mas tem um J sobre ele. — argumentou.
— J para Josh, não Jake. — Trey explicou.
Jake deu um suspiro dramático de pesar, e levou-o de
volta para as pilhas de presentes que agora cercavam a árvore
de Natal. Trey assistiu para se certificar que ele devolvesse,
então deslizou um olhar para Laredo.
— Ouvi dizer que você teve que abrir o seu presente de
Natal antecipado, quando voltou ontem para o Ninho do Javali,
Laredo. — observou ele.
— A banheira de água quente é um pouco grande para se
esconder em qualquer lugar. — Laredo respondeu.
— E impossível para embrulhar. — Jessy acrescentou,
olhando para cima a partir do álbum de fotos.
— Jessy o viu corar o que era muito difícil de acontecer. —
sua voz estava fortemente amarrada com diversão e carinho.
— Você testou a água? — Quint se inclinou para frente,
para olhar ao redor de Dallas, para Laredo.
— Culpado, eu fiz direito. — Laredo declarou.
— Você deveria tê-lo visto. — Jessy declarou. — Até o
pescoço de vapor e usando seu chapéu de vaqueiro e fumando
um grande charuto.
— Tinha que usar o meu chapéu. — Laredo demorou. —
Eu precisava manter minha cabeça fria.
— Pena que você não tinha sua câmera, mãe. — Laura
sorriu com pesar. — Essa imagem teria sido pregada em cada
quadro de avisos no Triplo C.
— Poderia ter sido um pouco difícil para Jessy tirar uma
foto, — Laredo apontou com um brilho travesso iluminando
seus olhos azuis. — Considerando que ela estava na banheira,
também.
Quando o riso alegre eclodiu, Jessy sorriu junto com eles e
balançou a cabeça em reprovação simulada.
— Você precisava lhes contar?
— Eu acho que eles teriam descoberto. — Laredo disse
com uma piscadela.
— Agora, que a imagem teria um valor inestimável, —
Quint afirmou. — Não há dúvida sobre isso.
Jake veio correndo e se jogou sobre as pernas de Trey. —
Posso abrir um dos meus presentes logo?
— Trey conseguiu dizer: — Não.
— Aww, por favor. — ele arrastou a palavra para fora em
um apelo sentimental.
— Você ouviu o seu pai, Jake. — Sloan colocou,
acrescentando seu peso para a recusa de Trey.
Ele se virou com a cara feia para ela, as mãos nos quadris.
— Por quê?
Sloan caiu sobre a resposta experimentada e verdadeira.
— Porque nós dissemos que não. — os ombros de Jake caíram
em derrota.
Em seguida, Josh encontrou uma bola rolando no chão
muito devagar, e lhe deu um golpe, enviando a bola voando
pelo escritório. Com um grito de alegria, ele decolou em direção
a sala de jantar em sua versão mais rápida de uma corrida.
— Josh, volte aqui! — Dallas pulou do braço da
namoradeira, para ir atrás dele. Mas Cat já estava em seus pés.
— Eu vou trazê-lo de volta.
Quando ela se dirigiu para a sala de jantar, Jake partiu
para as escadas. Trey se sentou e girou para vê-lo correr até os
degraus.
— Por que é que ele vai lá em cima? — olhou para Sloan
com uma linha curiosa e cautelosa vincando sua testa.
— Quem sabe? — ela deu de ombros e redirecionou sua
atenção para o álbum de fotos no colo de Laura.
— Quint, — Chase começou, virando um olhar pensativo
em seu neto. — Você já notou a cor do cabelo que o menino de
vocês tem? Na luz, é como laranja ou uma cenoura. Se ele fosse
menor, um coelho poderia tentar comê-lo.
— Brilhante, não é? — Vazio concordou. — Vai escurecer
quando ele ficar mais velho. Com Dallas foi assim.
Chase mostrou um olhar de avaliação sobre o rico brilho
de cobre de seus cabelos e decidiu, depois de alguma
consideração. — Isso estaria bem.
Laredo levantou um polegar. — Você passou pela
inspeção.
Cat reapareceu, enxotando a Josh rindo na frente dela.
Como se na sugestão, Jake começou a descer as escadas com
algo na mão. Ninguém tinha uma visão clara do que era até
que ele chegou ao fundo.
— O que você está fazendo com a corda, Jake? — Trey
imediatamente quis saber.
— Eu vou usar isso para prender Josh na próxima vez que
ele fugir. — Jake afirmou, extremamente satisfeito consigo
mesmo por ter vindo com a solução.
— Oh, não, você não irá, rapaz. — Sloan disse com um
movimento rápido de sua cabeça. — Os cabos não são para a
captura de pessoas. Somente para cavalos e gado.
— Mas seria uma boa prática, mãe.
— Traga-me a corda, Jake. — Trey estalou os dedos e fez
sinal para ele. Com os pés arrastando e os cantos de sua boca
voltados para baixo, Jake se aproximou e colocou a corda
enrolada na mão estendida de seu pai.
— O que circula, vem sempre ao redor. — Chase declarou,
olhando diretamente para Trey e Quint.
— E vendo que vocês dois me lembram quando eram da
sua idade, sempre até algo e polegadas longe de estar em
apuros. É incrível como os pais levantam uma réplica de si
mesmos.
— Assim é de onde Jake recebe todas as suas ideias
selvagens. — Sloan assentiu em entendimento súbito,
enquanto deslizava a Trey um olhar provocante.
Abruptamente Chase inclinou a cabeça em um ângulo de
escuta. — Você ouviu isso?
— Ouvi o quê? — perguntou Laredo, ficando alerta.
— Um barulho. Eu pensei que vinha de fora. — Chase
respondeu, então olhou para Cat. — Você já para cima. Vá ver
se alguém está lá.
— Eu acho que você está ouvindo coisas, pai. Mas vou dar
uma olhada. — como ele, Cat sabia que havia uma chance de
que Wade pudesse ter chegado. A possibilidade a fez andar um
pouco mais rapidamente para a porta de entrada.
Capítulo Treze
Quando Cat olhou pela janela ao lado da porta da frente, a
visão foi obscurecida pela queda de neve pesada, impulsionada
por tempestuosos ventos. Através do véu invernal, ela podia
distinguir a forma mais escura do grande celeiro de madeira à
distância. Mas não havia nada mais, nenhum veículo e
nenhum ser humano.
Qualquer sentimento de decepção que sentisse
rapidamente deu lugar ao alivio. Cat não queria pensar em
Wade fora, naquela tempestade. Só ouvir o uivo silencioso do
vento quase a fazia estremecer com o pensamento.
Ela voltou para a sala de estar. — Deve ter ouvido o vento,
papai. — ela disse e incluiu os outros. — Realmente está
ficando ruim lá fora. Eu mal posso ver a forma do velho celeiro.
A visibilidade é baixa para menos de cem pés. Estou feliz
que a tempestade chegou depois de vocês.
— E assim todos nós. — Sebastian ergueu a taça em um
gesto de brinde que ofereceu um contrato de todo o coração
com seu sentimento.
— Pessoalmente, — Laura começou— Estou um pouco
contente por estarmos, de repente, no meio de uma tempestade
de neve de pleno direito. Neva ocasionalmente na Inglaterra,
mas as tempestades não têm a violência que Montana pode
mostrar. Eu perdi isso um pouco.
— Deixo isso para você achar emocionante. — Trey
murmurou em uma mistura de irritação e resignação.
— Por favor, não faça palestras sobre as perdas que o
Triplo C. poderá sofrer desta vez. — ela respondeu. — Estou
bem ciente de todos os problemas que isso trará. Mas a
tempestade está aqui. Não há nada que se possa fazer para
pará-la, então estou escolhendo me divertir.
Trey começou a responder, mas Jessy interrompeu. — Não
vão começar a brigar, vocês dois.
Sloan apoiou, mudando de assunto. — Dallas, você
gostaria de olhar as imagens de Laura do trabalho de
restauração que eles estão fazendo em Crawford Hall? Estamos
terminando de ver o álbum.
De acordo com eles, Dallas concordou prontamente. —
Sim, eu gostaria.
Laura fechou o álbum e lhe entregou.
— Qual é o próximo projeto que você irá encarar, Laura?
— Sloan perguntou para manter a conversa.
— Enfrentar o Trey. — Laura sorriu para seu irmão
gêmeo. — Nós estamos em desvantagem. Vamos ter que fazer
nossas brigas quando estivermos sozinhos.
— Como sempre. — ele sorriu.
— Seu próximo projeto. — Sloan persistiu, cortando com
um olhar de silenciamento para Trey.
— Não tenho nada importante planejado. — Laura parou e
fez contato visual com Sebastian, um sorriso afiando os cantos
de sua boca. — Só uma pequena redecoração do quarto
próximo ao nosso.
— Realmente? — disse Jessy com alguma surpresa. — Eu
pensei que você acabara de fazer isso no ano passado.
— Nós fizemos. — Laura admitiu; e fez uma pausa
olhando de novo para Sebastian.
Ele virou as mãos em um gesto, com as palmas voltadas
para cima e deixou a escolha para ela. — Este é um momento
tão bom quanto qualquer outro para lhes dizer.
— Dizer-nos o que? — agora a curiosidade de Cat estava
aguçada.
— Que estamos convertendo aquele quarto em um
berçário. — ela disse com toda a calma de alguém comentando
sobre o clima, então riu quando suas palavras foram
registradas nos rostos de sua família.
— Você vai ter um bebê. — Jessy foi a primeira a
realmente dizer, num murmúrio atordoado; mas feliz.
Depois todos entraram na conversa, inundando ambos
prestes a serem pais com parabéns e perguntas.
Entre congratulações e perguntas, a última foi — Quando?
— Fim de julho ou início de agosto. — Laura lhes disse.
— Há quanto tempo você sabe? — Jessy olhou para a
filha, ainda maravilhada com a perspectiva de sua filha se
tornar mãe.
— Dois meses. — Laura admitiu. — Eu queria esperar até
que estivéssemos aqui para dizer a todos. A nossa própria
surpresa de Natal.
— Bem, estou surpresa, isso é certo. — Jessy declarou.
— Eu não. — Trey sorriu para a irmã. — Você sempre foi
altamente competitiva. Você não podia suportar que Quint e eu
já estivéssemos ganhando de você.
Com um movimento desafiante e um pouco de risos em
sua cabeça, Laura não se preocupou em negar. — Não por
muito tempo você vai estar, porque estou indo para uma
melhor.
— Você está esperando gêmeos? — Trey olhou para ela
com espanto.
— Naturalmente. Se eu vou perder a minha figura de
qualquer maneira, eu poderia muito bem fornecer o herdeiro
proverbial e um sobressalente, enquanto estou nisso. — Laura
estava se deleitando claramente da sua reação atordoada, mas
feliz.
— Você está esperando meninos? — Sloan respirou
surpresa.
— Estamos. — Laura confirmou.
As sobrancelhas de Chase se ergueram. — Você já sabe?
— Com a tecnologia de hoje, é incrível a rapidez com que
se pode contar nestes dias, vovô. — disse ela, e se virou para
Jessy, sorrindo. — Na verdade, isso é um de seus presentes
sob a árvore. Imagens do ultrassom digital com os dois
pequenos patifes enquadrados.
— Mal posso esperar para vê-los. — Jessy declarou, depois
sorriu. — Eu pareço o Jake.
— Agora você tem que começar a escolher os nomes. —
Dallas murmurou. — Já foi bastante difícil decidir sobre um
nome para um. Você terá que escolher dois.
Laura deslizou uma olhada para Chase. — Eu já sei que
quero chamar um deles de Benteen, no meu lado da família.
Nós ainda não resolvemos no lado de Sebastian.
Laredo deu um puxão leve no braço de Chase. — E você
acha que aqui é barulhento com dois bisnetos correndo por aí.
Imagine o que vai ser com quatro.
Um grunhido irritado veio dele. — Lembre-me de pedir um
par de tampões no próximo Natal. — Chase disse, enquanto
Jake se abaixava atrás de sua cadeira para ficar longe de Josh.
Implacável, Josh caiu de quatro e se arrastou atrás dele.
Em sua pressa de iludir a criança, Jake correu para o
final da mesa. A luminária oscilou por um instante, antes de
Laredo estender a mão para firmá-la. Até então, Jake tinha
saltado fora de um canto do sofá.
— Você ouviu o barulho? — Chase balançou a cabeça para
olhar na direção da porta de entrada.
— Isso foi Jake batendo no sofá. — Cat lhe disse.
— Não, não é isso. Veio de fora. — Chase insistiu,
franzindo a testa com impaciência com ela.
— Então você provavelmente ouviu o vento. — ela
começou.
— Droga, eu sou velho, não surdo. — Chase pegou sua
bengala e alavancou-se para fora da cadeira. — E sei a
diferença entre o som do vento e alguém lá fora.
— Pai, não há ninguém lá fora. — mas ela estava falando
com as costas quando ele usou a bengala para pisar fora da
sala de estar. Agora totalmente irritada com ele, Cat
rapidamente passou por seu pai em seu caminho para a
entrada. — Volte e sente-se. Eu vou olhar para você.
— Dê uma boa olhada, enquanto você está nisso. — Chase
a chamou, desacelerando o ritmo da cabeça. — Não basta ir até
a janela e olhar para fora, pensando que eu vou ficar satisfeito
com isso.
— Como, se eu não posso ver nada da maneira que sopra
a neve. — Cat murmurou para si mesma enquanto foi até a
janela, ouvindo o modo como o próprio vento golpeava contra a
casa.
Assim quando ela alcançou a janela e inclinou-se para
olhar através dos vidros, a porta da frente se abriu. Pensando
que tinha sido soprada pelo vento, Cat estendeu a mão para
agarrá-la, desviando o rosto da corrida da roda do vento e da
neve. No último segundo, ela teve um vislumbre de uma figura
salpicada de neve pisando em todo o limiar.
— Desculpe. — a voz de Wade estendeu-se para ela. — O
vento arrancou a porta da minha mão.
Agarrou e empurrou fechando-a, enquanto ficava olhando
para ele, incrédula. Virou-se para ela, reluzindo o rosto
molhado dos flocos de neve.
— Meu pai disse que ouviu alguém, mas eu não acreditei
nele. — Cat admitiu, ainda achando difícil acreditar em seus
olhos. — Eu não acredito que alguém se aventurasse nesta
tempestade.
— Eu pensei que tivesse a chance de fazê-lo antes do golpe
de neve, mas não funcionou dessa maneira. — ele puxou as
luvas e enfiou-as nos bolsos do casaco de lã.
— Você deveria ter parado em algum lugar. — mas agora
que estava ali, Cat estava feliz que não o tivesse feito. E ele
mostrou em seu rosto enquanto ela mudou-se para ajudá-lo a
tirar o casaco.
— No momento em que me ocorreu, eu já tinha passado o
ponto de não retorno. E parar no meio do nada não parecia
muito sábio também.
— Você poderia ter terminado em uma vala em algum
lugar. — ela fez um rápido trabalho de pendurar o casaco.
— Eu quase fiz isso. Mais de uma vez.
— É uma maldita coisa boa, o que você fez. — Chase
declarou, anunciando sua presença.
Cat estava prestes a ter problema com a aspereza da voz
de seu pai, quando ela viu o feixe de aprovação e orgulho nos
olhos de Wade. Ele parecia rouco, ela percebeu, porque foi
tomado pela emoção. Perguntou-se se Wade poderia entendê-
lo. A maneira como ele sorriu de volta a Chase disse a ela que
ele o faria.
—Eu disse que estaria aqui a tempo. — Wade disse
simplesmente.
Chase balançou a cabeça em aprovação. — E você é um
homem de palavra.
— Sou. — Wade alcançou dentro de sua jaqueta e tirou
um envelope. — Aqui está. Assinado, selado e entregue. —
passou-o para Chase.
Por um momento, Chase simplesmente segurou o
envelope, com o olhar fixo nele. Em seguida, seu peito se
ergueu com uma respiração profunda e ele levantou a cabeça.
— Obrigado. — sua voz baixa tremeu com uma riqueza de
emoção.
Jessy veio caminhando para fora da sala de estar, depois
parou quando viu o homem que enfrentava Chase. — Wade.
Quando ouvi Chase falando com alguém, pensei que fosse um
dos trabalhadores, trazendo-lhe a notícia de algo ruim. Com
uma tempestade como esta, poderia ser qualquer coisa. Não me
diga que você a atravessou? — ela disse enquanto Laredo
aparecia por trás dela.
— Nas últimas cinquenta milhas. — Wade assentiu. — O
que me levou quase duas horas para cobri-las.
— Eu acho que você sabe a sorte que tem, sem me dizer.
— ela deu uma sacudida maravilhada em sua cabeça. Mais
passos sinalizaram a chegada de Quint e Trey. — Há uma
lareira na sala de estar. Melhor você vir se aquecer.
— Ainda não. — Chase afirmou, verificando qualquer
movimento em direção à sala de estar. Ele fez uma curva lenta,
algo em sua linguagem corporal transmitia um desejo de todos
permanecer. Sua expressão solene pesava acrescida para o
momento.
Inconscientemente Cat prendeu a respiração, sentindo que
ele estava prestes a fazer um anúncio importante. Ela estava
sem uma pista sobre o que poderia ser. Ou qual fora o
envolvimento de Wade em tudo aquilo. A julgar pela forma
atenta de Jessy, Laredo, Trey, e Quint esperando que ele
falasse, compartilhavam de sua consciência do momento.
Estranhamente, quando falou a todos, Chase disse: — Isto
é para você, Laredo. — e estendeu o envelope para ele.
A perplexidade cintilou no rosto de Laredo. Ele hesitou,
então deu um passo adiante para pegar o envelope. Olhou para
ele; mas não fez nenhum movimento para abri-lo quando
levantou um olhar interrogativo para Chase.
Algo que Cat só poderia chamar de afeto gentil no duro
rosto de Chase, alinhado com os olhos quentes, com
entendimento.
— Talvez eu devesse dizer que o documento dentro é para
Scott Ludlow Jr. — Chase disse.
Imediatamente Trey deu um passo para trás e fez um
gesto para os outros ainda na sala de estar para se juntar a
eles. E havia uma nitidez no olhar interrogativo de Laredo. —
Como?
Chase atravessou suas palavras. — Isso importa? — um
quase sorriso suavizou a linha de sua boca. Seu olhar desviou
brevemente para os espectadores, tomando nota da chegada de
Sloan, seguido de perto por Dallas, Laura, e Sebastian. Então,
novamente sua atenção foi centrada em Laredo.
— Nesse envelope, você vai encontrar um perdão total do
governo mexicano. Quaisquer e todos os encargos anteriores
contra você foram eliminados de seus registros.
Um suspiro audível veio de Sloan. Ela tentou sufocá-lo
com a mão, olhou para Trey, que sorriu de volta. Jessy colocou
uma mão rápida no braço de Laredo, sua expressão viva com a
felicidade dele.
Laredo usava um olhar atordoado. — Como você
conseguiu isso?
— Com a ajuda de Wade. — Chase respondeu.
Cat sentiu um inchaço de orgulho no peito.
Discretamente, ela deslizou a mão na de Wade, ligando os
dedos com ele, satisfeita e orgulhosa do papel que
desempenhara naquele processo.
Profundamente comovido, Laredo sacudiu a cabeça. — Eu
não sei o que dizer.
— Depois de tudo o que fez para esta família, este é o
mínimo que poderíamos fazer por você. — Chase respondeu. —
Feliz Natal.
— Abra-o. — Jessy pediu em voz baixa.
Laredo obrigou-se a retirar o papel de visto oficial,
segurando-o para que Jessy pudesse vê-lo também. — Scott
Ludlow, — ele murmurou. — Eu nem sei mais quem é.
— Não há nada para impedi-lo de mudar legalmente seu
nome para Laredo Smith se é isso que você quer. — Chase
apontou.
— Eu acho que não. — Laredo balançou a cabeça e olhou
de soslaio para Jessy. — Não há nenhuma razão pela qual não
possa ter seu nome legalmente mudado ao mesmo tempo.
Ela abriu a boca em surpresa, um brilho revelador de
lágrimas em seus olhos. Quando ela não disse nada, Trey
falou: — Isso parece uma proposta para mim, mãe.
— E na frente de testemunhas, também. — Laura
acrescentou.
Jessy riu suavemente. — É melhor que seja uma; porque
eu estou aceitando isso.
Segurando o documento em uma mão, Laredo passou um
braço em torno de Jessy e a segurou firmemente ao seu lado
antes de plantar um duro e rápido beijo na boca. Ambos
pareciam um pouco conscientes quando uma mistura de gritos
e aplausos irromperam em torno deles.
— Fico feliz em ver que você está tentando fazer dela, uma
mulher honesta, Laredo. — Chase acenou com aprovação.
— Só porque você fez um homem honesto de mim. — o
respeito e a gratidão estavam em seu olhar.
Jake correu para a porta de entrada, olhando ao redor. —
O que todo mundo está gritando? Será que Papai Noel chegou?
— Você poderia dizer isso. — Laredo sorriu.
— Para onde ele foi? — Jake se virou e viu Wade. —
Bisavô, ele estava aqui! — ele olhou para Chase com os olhos
abertos de admiração. — Ele trouxe o marido para a tia Cat!
Rindo, Chase afagou o topo de sua cabeça. — Ele
certamente o fez.

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