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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO

DE OFICIAIS DA AERONÁUTICA

DIVISÃO DE ENSINO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Relação entre os custos de medicamentos


e os sistemas de distribuição adotados
no Hospital de Força Aérea de Brasília
Título do Trabalho

CUSTOS DA MEDICINA ASSISTENCIAL NAS FORÇAS ARMADAS


LINHA DE PESQUISA

FLAVIO GASPAR BIANCHI Cap QOFARM


NOME

CAP 2/2014
Curso e Ano
PROJETO DE PESQUISA

Relação entre os custos de medicamentos


e os sistemas de distribuição adotados
no Hospital de Força Aérea de Brasília
Título do Trabalho

CUSTOS DA MEDICINA ASSISTENCIAL NAS FORÇAS ARMADAS


LINHA DE PESQUISA

FLAVIO GASPAR BIANCHI Cap QOFARM


NOME

ANDREIA BRUM SAMPAIO GUERRA Maj QOFARM


INSTRUTOR ORIENTADOR

10/OUTUBRO/2014
DATA

CAP 2/2014

Curso e Ano

Este documento é o resultado dos trabalhos do aluno do Curso de


Aperfeiçoamento da EAOAR. Seu conteúdo reflete a opinião do autor, quando
não for citada a fonte da matéria, não representando, necessariamente, a
política ou prática da EAOAR e do Comando da Aeronáutica.
1

1 CONTEXTUALIZAÇÃO

As Organizações de Saúde da Força Aérea Brasileira enfrentam


atualmente um desafio difícil de ser superado: manter a qualidade da medicina
assistencial e atender a crescente demanda dos serviços de saúde com recursos
financeiros inelásticos. O número de seus usuários continua aumentando, aliado a
fatores ambientais, comportamentais e sociais que contribuem para agravar ou
provocar mais doenças. Além disso, a diversidade de exames, medicamentos e
materiais que envolvem a assistência médica tornou-se tão ampla que não há
recurso financeiro suficiente para cobrir tantos custos desejados.
Nesse contexto, a Direção do Hospital de Força Aérea de Brasília tem
chamado a atenção para a necessidade do constante questionamento sobre tudo
que tenha impacto nos custos. Um dos focos desse questionamento é o
medicamento. Ele precisa ser avaliado criteriosamente antes de ser prescrito pelo
profissional médico, assim como corretamente dispensado pela equipe de
farmacêuticos hospitalares, por meio de um sistema de distribuição.
O objetivo primário de um sistema de distribuição de medicamentos é a
provisão da terapia de cada paciente no leito no horário adequado (RIBEIRO, 2008;
SILVA; SILVA; REIS, 2000). Para alcançar esse objetivo, podem ser empregados
sistemas coletivos de distribuição, sistemas de distribuição por dose individualizada,
sistemas de distribuição por dose unitária e até sistemas mistos, que combinem
características dos sistemas anteriores. Os farmacêuticos hospitalares são
diretamente responsáveis pelo tipo de sistema de distribuição de medicamentos a
ser adotado no ambiente hospitalar, empregando critérios adequados ao processo
de decisão (MAIA NETO, 2005).
Dentro de uma realidade de redução de custos hospitalares, o valor de
consumo dos medicamentos prescritos, para os diversos tratamentos de pacientes
do Hospital de Força Aérea de Brasília (HFAB), pode ser um critério interessante
nesse processo de decisão. Sendo assim, esta pesquisa propõe o seguinte
problema: "qual a relação entre os custos de medicamentos e os sistemas de
distribuição adotados pela Seção de Farmácia no HFAB?"
A justificativa para o problema de pesquisa proposto parte da premissa de
que as avaliações de resultados das ações de saúde, como a distribuição de
medicamentos, representam um foco de atenção importante na adoção de
2

estratégias de contenção de custos (SECOLI et al., 2005). O conhecimento da


relação existente entre as variáveis "custos de medicamentos" e "sistemas de
distribuição" permitirá uma melhor tomada de decisão por parte dos profissionais
farmacêuticos e da Direção do HFAB, principalmente em um cenário de recursos
financeiros limitados.
O presente trabalho se enquadra na linha de pesquisa "Custos da
Medicina Assistencial nas Forças Armadas", uma vez que apresenta como proposta
um estudo que avalia os custos de medicamentos empregados na medicina
assistencial desenvolvida em um hospital de 4º escalão da Força Aérea Brasileira,
buscando um melhor entendimento dos processos envolvidos em sua distribuição.
Segundo Leite, Vieira e Veber (2008), os gastos com medicamentos estão
entre os maiores custos para o adequado funcionamento de um hospital e para a
prestação de uma assistência à saúde com qualidade aos usuários deste serviço.
Esses gastos, em relação aos custos totais do hospital, representam um valor em
torno de 5% a 20%, com crescimento médio de 25% ao ano.
A importância dos estudos nessa área não provém de justificativas
acadêmicas ou políticas, mas da constatação de que os gastos com saúde vêm
crescendo em ritmo acelerado em âmbito mundial, preocupando usuários, governos
e sociedade (SECOLI et al., 2005).
Diante da contextualização apresentada, o objetivo geral da pesquisa
será identificar a relação entre os custos de medicamentos e os sistemas de
distribuição adotados pela Seção de Farmácia no HFAB. Para tanto, duas questões
norteadoras foram levantadas:
a) Como os custos de medicamentos são registrados pela Seção de
Farmácia do HFAB?
b) Quais critérios são empregados pela Seção de Farmácia do HFAB
para escolher o sistema de distribuição de medicamentos a ser adotado?
A primeira questão norteadora busca elucidar a forma como os custos de
uma grande variedade de medicamentos dispensados pela Seção de Farmácia do
HFAB são registrados durante a rotina de trabalho. É grande o número de setores
atendidos nesse processo, como as unidades de internação, de terapia intensiva e
centros cirúrgicos. A diversidade de setores gera a necessidade de distribuir
medicamentos em diferentes formas e quantidades. Desta maneira, o registro torna-
se complexo e também diferenciado. É de fundamental importância entender como
3

esse processo ocorre para garantir a confiabilidade dos dados registrados da


variável "custos de medicamentos."
A segunda questão norteadora busca o entendimento dos critérios
adotados pela Seção de Farmácia do HFAB na escolha do sistema de distribuição
de medicamentos. De acordo com Bisson (2007), os processos decisórios são
complexos, geralmente influenciados por fatores políticos, administrativos,
econômicos e clínicos. A proposta de utilizar o valor de consumo dos medicamentos
prescritos como critério nesse processo de decisão precisa ser analisada diante dos
critérios atualmente adotados. Após esta análise, será possível propor a
simplificação ou substituição de algum critério adotado, racionalizando a tomada de
decisão por parte dos profissionais farmacêuticos e da Direção do HFAB.
Diante das questões norteadoras apresentadas, os objetivos específicos
da pesquisa foram definidos da seguinte forma:
a) Verificar como os custos de medicamentos são registrados pela
Seção de Farmácia do HFAB.
b) Identificar os critérios empregados pela Seção de Farmácia do HFAB
para escolher o sistema de distribuição de medicamentos a ser adotado.
Ao analisar as variáveis "custos de medicamentos " e "sistemas de
distribuição" a pesquisa tentará responder se existe alguma relação que possa ser
utilizada como critério na escolha do sistema de distribuição de medicamentos do
HFAB. Consequentemente, mantidas as devidas proporções, os resultados da
pesquisa poderão ser utilizados também por outros hospitais de 3º e 4º escalão da
Força Aérea Brasileira, na busca de soluções economicamente viáveis ante as
infinitas necessidades de seus usuários e a capacidade limitada da medicina
assistencial em responder a essas demandas.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Como forma de estruturar o problema de pesquisa, identifica-se a


farmacoeconomia como um referencial teórico fundamental para a seleção e
otimização dos sistemas de distribuição, contemplando o custo dos medicamentos,
conforme descrito:
4

A farmacoeconomia, uma disciplina nova, surgida no cenário internacional


na década de 1980, tem crescido de forma expressiva, especialmente no
âmbito dos sistemas de saúde. Sua forma de investigação mais difundida é
a avaliação econômica da terapia medicamentosa, em que são usados
métodos oriundos da economia da saúde. A farmacoeconomia identifica,
calcula e compara custos (recursos consumidos), riscos e benefícios
(clínicos, econômicos, humanísticos) de programas ou terapias específicas,
e determina quais são as alternativas que produzem os melhores resultados
em face dos recursos investidos. (SECOLI et al., 2005, p. 287).

Na análise da variável "custos de medicamentos" será empregada a


classificação adotada por Secoli et al. (2005), de acordo com a Teoria da
Farmacoeconomia, que divide os custos em: diretos, indiretos e intangíveis.
Os custos diretos são aqueles que implicam dispêndios imediatos, de
identificação objetiva, correspondendo aos cuidados médicos (SECOLI et al., 2005).
Os custos dos medicamentos utilizados no tratamento de pacientes hospitalares,
objetos da presente pesquisa, são exemplos de custos diretos.
Os custos indiretos são relacionados à perda da capacidade produtiva do
indivíduo diante do processo de adoecimento ou mortalidade precoce, enquanto os
intangíveis são custos de difícil mensuração monetária, referindo-se à sensações de
dor, sofrimento e redução da qualidade de vida do paciente (SECOLI et al., 2005).
Logo, os custos indiretos e intangíveis não serão analisados nesta pesquisa.
Na análise da variável "sistemas de distribuição" será empregada a
classificação descrita por Silva, Silva e Reis (2000). Segundo os autores, existem
quatro classes principais de sistemas de distribuição de medicamentos: sistema
coletivo, de dose unitária, misto e individualizado.
O sistema coletivo de distribuição apresenta como vantagens o menor
número de solicitações para a farmácia e, consequentemente, a menor necessidade
de recursos humanos no setor, além de permitir rápida disponibilidade do
medicamento no posto de enfermagem. Por outro lado, possui como desvantagens a
manutenção de estoques na farmácia e nos postos de atendimento, maior perda de
produtos por deterioração e falta de controle sobre a administração do medicamento.
Esta falta de controle das administrações dos medicamentos favorece, também, os
desvios para fins extramédicos e depende de uma maior atenção do profissional de
saúde na escrituração da administração do medicamento na conta hospitalar de
cada paciente (VASCONCELOS et al., 2012).
O sistema de distribuição por dose individualizada apresenta como
vantagens a implantação de protocolo para revisão da prescrição pelo farmacêutico,
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maior controle sobre o material estocado, relativa diminuição de erros e maior


integração do farmacêutico na equipe de saúde. Como desvantagens, há maior
necessidade de recursos humanos e infraestrutura da farmácia, problemas de
transcrição das prescrições médicas, além da falta de controle sobre deterioração,
perdas ou desvios, se não houver protocolo para devolução do medicamento não
administrado. Não há acompanhamento rigoroso das administrações dos
medicamentos (SILVA; SILVA; REIS, 2000).
A característica principal do sistema misto é a dispensação
individualizada, aliada à manutenção, nas clínicas, de determinado estoque de
medicamentos. Apresenta como vantagens, em relação ao sistema coletivo, o menor
nível de estoque nas clínicas e maior participação do farmacêutico no controle
farmacoterapêutico (SILVA; SILVA; REIS, 2000).
O sistema de distribuição de medicamentos por dose unitária (SDMDU) foi
desenvolvido nos Estados Unidos nos anos 60, para auxiliar a equipe de
enfermagem na administração dos medicamentos e na redução dos resíduos
hospitalares dos medicamentos. Por dose unitária, entendemos como a dose
concreta que determinado paciente recebe no momento da administração. A maior
vantagem do sistema é a inclusão do farmacêutico em outro ponto de redução de
erros no processo de uso do medicamento. No entanto, transporta, da enfermaria
para a farmácia, a possibilidade de erros por distração no processamento dos
medicamentos. Potencializa o trabalho assistencial da enfermagem, mas aumenta o
volume de trabalho na farmácia (SILVA; SILVA; REIS, 2000).
Mattos, Faintuch e Cecconello (2007) ressaltam que a importância do
serviço de distribuição prestada pela farmácia hospitalar está na forma como é
realizada, a qual necessita ser racional, eficiente, segura e econômica. Os autores
avaliaram o impacto farmacoeconômico da implantação de um sistema de
distribuição de medicamentos em centros cirúrgicos, de forma semelhante à
proposta desta pesquisa, comparando qualitativa e quantitativamente o consumo e
custo de medicamentos nas etapas pré e pós distribuição.
Em outro estudo, realizado por Vasconcelos et al. (2012), foi verificado
que o sistema de distribuição coletivo do hospital público analisado era ineficiente,
pois apresentava alto índice de medicamentos distribuídos e não consumidos.
Diante da situação apresentada no decorrer do estudo, os autores sugeriram a
implantação de um sistema de distribuição por dose individualizada ou unitária,
6

baseado em critérios econômicos. Desta forma, os autores estabeleceram uma


relação entre os custos de medicamentos e os sistemas de distribuição adotados,
em consonância com o objetivo da presente pesquisa.
Em estudo realizado em serviços de farmácia dos hospitais estaduais do
Rio de Janeiro, foi verificado que grande parte não possuía critérios de seleção dos
sistemas de distribuição de medicamentos. Os autores acreditavam que, sendo esta
atividade a única exercida em todos os serviços de farmácia hospitalar, esperava-se
que fosse desenvolvida com maior efetividade (SILVA et al., 2013).
Os estudos apresentados servem de embasamento à estruturação do
problema da presente pesquisa, que tentará responder se existe alguma relação
entre as variáveis estudadas que possa ser utilizada como critério na escolha do
sistema de distribuição de medicamentos do HFAB.

3 METODOLOGIA

A presente pesquisa é do tipo descritiva, com abordagem qualitativa e


quantitativa (GIL, 2002).
A abordagem qualitativa refere-se à obtenção e análise de dados de
entrevistas, dando ênfase às declarações dos sujeitos da pesquisa. Será empregado
o método de contato direto, por meio de entrevista não estruturada (BONI;
QUARESMA, 2005). As entrevistas serão feitas pelo próprio pesquisador com os
oficiais farmacêuticos que fazem parte da Seção de Farmácia do HFAB, sendo
conduzidas na busca de respostas para as seguintes questões norteadoras:
a) Como os custos de medicamentos são registrados pela Seção de
Farmácia do HFAB?
b) Quais critérios são empregados pela Seção de Farmácia do HFAB
para escolher o sistema de distribuição de medicamentos a ser adotado?
Por se tratar de um universo de três oficiais farmacêuticos, não será
realizada amostragem dos sujeitos entrevistados, de forma que todos serão ouvidos.
As respostas apresentadas pelos sujeitos da pesquisa serão registradas no
momento da entrevista e posteriormente analisadas para a obtenção de dados
qualitativos, tanto da variável "sistemas de distribuição" quanto da variável "custos
de medicamentos". Novas entrevistas serão conduzidas caso sejam observadas
informações contraditórias e incompletas por parte dos entrevistados, buscando a
7

obtenção de dados qualitativos claros e que sejam confirmados por todos os oficiais
farmacêuticos. O roteiro da entrevista pode ser verificado no Apêndice A.
Os dados assim obtidos irão permitir a compreensão da forma como os
custos dos medicamentos são registrados e contabilizados pela Seção de Farmácia
do HFAB. Além disso, fornecerão informações sobre os sistemas de distribuição de
medicamentos adotados no hospital e sobre os critérios empregados na escolha de
tais sistemas, atendendo os objetivos específicos da pesquisa.
Os sistemas de distribuição de medicamentos adotados pela Seção de
Farmácia do HFAB serão nomeados de acordo com a classificação descrita por
Silva, Silva e Reis (2000), conforme apresentado no referencial teórico. Os períodos
de vigência de cada sistema de distribuição também serão registrados, utilizando
informações obtidas nas entrevistas. Os registros serão limitados aos últimos cinco
anos, incluindo o período de janeiro de 2010 a setembro de 2014.
Para obtenção de dados quantitativos da variável "custos de
medicamentos" será realizada uma pesquisa documental, empregando fontes
primárias do Sistema Patrimonial de Bens de Almoxarifado (SISALMOX) de
gerenciamento de medicamentos da Seção de Farmácia do HFAB e de relatórios
apresentados em reuniões administrativas mensais de prestação de contas.
Com base na definição dos períodos de vigência de cada sistema de
distribuição, adotado pela Seção de Farmácia do HFAB, serão pesquisados os
valores de consumo de medicamentos registrados ao final de cada mês. Os dados
serão organizados na forma de tabelas, de maneira que cada sistema de distribuição
apresente um conjunto de dados mensais de consumo de medicamentos.
Para permitir uma melhor comparação entre os sistemas identificados e
eliminar possíveis interferências, será pesquisada a Taxa de Ocupação Hospitalar
(TOH) em cada mês dos anos referenciados. Sabe-se que a TOH é utilizada pelos
hospitais para determinar o quanto da capacidade da instituição é preenchida por
pacientes, sendo expressa pela relação percentual entre o número de pacientes-dia
e o número de leitos-dia, num determinado período. Quanto maior a TOH, maior
será o consumo de medicamentos no mesmo período.
As informações sobre as taxas de ocupação hospitalar serão obtidas por
meio de uma pesquisa documental, analisando dados de relatórios fornecidos pela
Seção de Arquivo Médico e Estatístico do HFAB. Os dados serão organizados na
forma de tabelas, de maneira que cada sistema de distribuição apresente, além de
8

dados mensais de consumo de medicamentos, suas respectivas taxas mensais de


ocupação hospitalar. Em seguida, será calculada a razão entre cada valor mensal de
consumo de medicamentos e sua respectiva TOH, de forma a normalizar os dados e
permitir a análise quantitativa dos sistemas de distribuição identificados na pesquisa.
O método empregado na análise quantitativa dos dados será o da
minimização de custo, recomendado pela Farmacoeconomia e descrito por Secoli et
al. (2005), conforme apresentado no referencial teórico. A análise da minimização de
custo (AMC) é a forma mais simples de avaliação econômica, na qual somente os
custos são submetidos a comparações, pois as eficácias ou efetividades das
alternativas comparáveis são iguais.
Para a aplicação deste método, os diferentes sistemas de distribuição de
medicamentos serão considerados como de mesma eficácia para atender as
demandas do hospital. Tal limitação faz-se necessária para permitir a comparação
dos custos mensais de medicamentos de cada sistema de distribuição, normalizados
pela TOH.
A análise farmacoeconômica dos dados possibilitará compreender a
relação entre os custos de medicamentos e os sistemas de distribuição adotados
pela Seção de Farmácia no HFAB, alcançando o objetivo geral proposto nesta
pesquisa.
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4 CRONOGRAMA
Datas
Etapas da Pesquisa 13/10 20/10 27/10 03/11 10/11
13/10 17/11
a 19/10 a 26/10 a 02/11 a 09/11 a 16/11
1 Entrega do Projeto Final
2 Revisão bibliográfica
3 Entrevista com os oficiais farmacêuticos do HFAB
4 Análise de dados das entrevistas
5 Interpretação dos resultados das entrevistas para
alcançar objetivos específicos
6 Coleta de dados de pesquisa documental
7 Organização e análise de dados quantitativos
8 Interpretação da análise de dados quantitativos
para alcançar objetivos específicos
9 Interpretação e análise de dados qualitativos e
quantitativos para alcançar objetivo geral
10 Elaboração do relatório final
11 Revisão e correção do texto
12 Entrega do artigo científico
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REFERÊNCIAS

BISSON, M. P. Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica. 2. ed. Barueri: Editora


Manole, 2007. Cap. 28, p. 326-335.

BONI, V.; QUARESMA, S.J. Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em


Ciências Sociais. Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia
Política da UFSC, Florianópolis, v. 2, n. 1, p.68-80, jan/jul. 2005. Disponível em:
<http://www.emtese.ufsc.br/3_art5.pdf >. Acesso em: 20 ago 2014.

GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

LEITE, S. N.; VIEIRA, M.; VEBER, A. P. Estudos de utilização de medicamentos:


uma síntese de artigos publicados no Brasil e América Latina. Ciência & Saúde
Coletiva, Rio de Janeiro, v. 13, n. 4, p.793-802, abr. 2008.

MAIA NETO, F. Farmácia hospitalar e suas interfaces com a Saúde. 2. ed. São
Paulo: Editora RX, 2005.

MATTOS, E. M. S.; FAINTUCH, J.; CECCONELLO, I. Impacto farmacoeconômico da


implantação do método de dispensação de drogas em forma de kit em
procedimentos cirúrgicos e anestésicos. Arquivos Brasileiros de Cirurgia
Digestiva, São Paulo, v. 20, n. 2, p.102-105, mar. 2007.

RIBEIRO, E. Sistemas de distribuição de medicamentos para pacientes internados.


In: STORPIRTIS, S. et al. Farmácia clínica e atenção farmacêutica. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, p.161-170, 2008.

SECOLI, S. R. et al. Farmacoeconomia: perspectiva emergente no processo de


tomada de decisão. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, sup, p.287-
296, abr. 2005.

SILVA, M. D. G.; SILVA, C. R.; REIS, V. L. S. Sistema de distribuição de


medicamentos em farmácia hospitalar. In: GOMES, M. J. V. M.; REIS, A. M. M.
Ciências farmacêuticas: uma abordagem em farmácia hospitalar. São Paulo:
Atheneu, p.347-363, 2000.

SILVA, M. J. S. et al. Avaliação dos serviços de farmácia dos hospitais estaduais do


Rio de Janeiro, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 18, n. 12,
p.3605-3620, dez. 2013.

VASCONCELOS, A. C. P. et al. Sistema de Distribuição Coletiva de medicamentos:


Uma análise de caso sob a ótica da eficiência. Revista Brasileira de Farmácia, São
Paulo, v. 93, n. 4, p.499-503, set. 2012.
ARTIGO CIENTÍFICO

Relação entre os custos de medicamentos


e os sistemas de distribuição adotados
no Hospital de Força Aérea de Brasília
Título do Trabalho

CUSTOS DA MEDICINA ASSISTENCIAL NAS FORÇAS ARMADAS


LINHA DE PESQUISA

FLAVIO GASPAR BIANCHI Cap QOFARM


NOME

17/NOVEMBRO/2014
DATA

CAP2/2014

Curso e Ano

Este documento é o resultado dos trabalhos do aluno do Curso de


Aperfeiçoamento da EAOAR. Seu conteúdo reflete a opinião do autor, quando
não for citada a fonte da matéria, não representando, necessariamente, a
política ou prática da EAOAR e do Comando da Aeronáutica.
Relação entre os custos de medicamentos e os sistemas
de distribuição adotados no Hospital de Força Aérea de
Brasília

RESUMO
O objetivo geral da pesquisa foi identificar a relação entre os custos de medicamentos e os sistemas
de distribuição adotados pela Seção de Farmácia do Hospital de Força Aérea de Brasília (HFAB), nos
últimos cinco anos. A pesquisa foi do tipo descritiva, com abordagem qualitativa e quantitativa. Na
abordagem qualitativa, foi empregado o método de contato direto, por meio de entrevista não
estruturada, para obtenção e análise de dados sobre a forma como os custos dos medicamentos são
registrados e contabilizados, sobre os sistemas de distribuição de medicamentos adotados e sobre os
critérios empregados na escolha de tais sistemas, atendendo aos objetivos específicos da pesquisa.
Os dados quantitativos foram obtidos por pesquisa documental, empregando fontes primárias do
sistema de gerenciamento de medicamentos e de relatórios apresentados em reuniões
administrativas do hospital. O método empregado na análise quantitativa dos dados foi o da
minimização de custo, recomendado pela Farmacoeconomia. Os resultados indicaram a adoção de
três diferentes sistemas de distribuição de medicamentos no HFAB, nos últimos cinco anos. O
sistema de dose unitária foi o que apresentou o menor custo, seguido pelo sistema individualizado.
Quando comparados ao sistema misto, considerado de maior custo para o hospital, o sistema de
dose unitária apresentou uma redução de 11% nos custos de medicamentos, enquanto que a redução
observada no sistema individualizado foi de 6%. Os sistema de dose unitária também apresentou a
menor dispersão de valores ao longo de doze meses, com coeficiente de variação de 0,7%. O
sistema misto foi o que apresentou maior dispersão, com coeficiente de variação de 3,3%, seguido
pelo sistema individualizado, com 2,1%. A principal implicação da pesquisa é de que o conhecimento
sobre a relação existente entre as variáveis "custos de medicamentos" e "sistemas de distribuição"
permite uma melhor tomada de decisão por parte dos profissionais farmacêuticos e da Direção do
HFAB, principalmente em um cenário de recursos financeiros limitados. A distribuição de
medicamentos por dose unitária deve ser considerada na adoção de estratégias de contenção de
custos hospitalares.

Palavras-chave: Custos. Medicamentos. Sistemas de distribuição. Hospital.

Relación entre costos de los medicamentos y los sistemas de


distribución adoptados en el Hospital de la Fuerza Aérea de Brasilia

RESUMEN
El objetivo general de la investigación fue identificar la relación entre los costos de los medicamentos
y los sistemas de distribución aprobadas por la Sección de Farmacia del Hospital de la Fuerza Aérea
de Brasilia (HFAB) en los últimos cinco años. La investigación fue de tipo descriptivo, enfoque
cuantitativo y cualitativo. En el enfoque cualitativo, se empleó el método de contacto directo, a través
de entrevista no estructurada para obtener y analizar datos sobre cómo se registran los costos de
medicamentos y contabilizan en los sistemas de distribución de medicamentos y criterios empleados
en la elección de este tipo de sistemas, teniendo en cuenta los objetivos específicos de la
investigación. Los datos cuantitativos se obtuvieron mediante la investigación documental, el uso de
fuentes primarias del sistema de gestión de los medicamentos y los informes sobre las reuniones de
la junta del hospital. El método utilizado en el análisis de datos cuantitativos fue la minimización de
costos, recomendado por Farmacoeconomía. Los resultados indicaron la adopción de tres sistemas
diferentes de distribución de drogas en HFAB, en los últimos cinco años. El sistema de dosis unitaria
mostró el costo más bajo, seguido de sistema individualizado. Cuando se compara con el sistema
mixto, considerado el mayor coste, el sistema de dosis unitaria de hospital mostró una reducción del
11% en el costo de los medicamentos, mientras que la reducción observada en el sistema
individualizado fue del 6%. El sistema de dosis unitaria también tenía los valores de dispersión más
2
baja en doce meses, con un coeficiente de variación de 0,7%. El sistema mixto mostró la mayor
dispersión, coeficiente de variación de 3,3%, seguido por sistema individualizado, con 2,1%. La
principal implicación de esta investigación es que el conocimiento acerca de la relación entre las
variables "costos de los medicamentos" y "sistema de distribución" permite una mejor toma de
decisiones de los profesionales farmacéuticos y dirección HFAB, especialmente en un escenario de
recursos financieros limitados. La distribución de medicamentos en dosis unitarias se debe considerar
al adoptar estrategias de contención de costos hospitalarios.

Palabras-clave: Costos. Medicamentos. Sistemas de distribución. Hospital.

1 INTRODUÇÃO

As Organizações de Saúde da Força Aérea Brasileira enfrentam


atualmente um desafio difícil de ser superado: manter a qualidade da medicina
assistencial e atender a crescente demanda dos serviços de saúde com recursos
financeiros inelásticos. O número de seus usuários continua aumentando, aliado a
fatores ambientais, comportamentais e sociais que contribuem para agravar ou
provocar mais doenças. Além disso, a diversidade de exames, medicamentos e
materiais que envolvem a assistência médica tornou-se tão ampla que não há
recurso financeiro suficiente para cobrir tantos custos desejados.
Nesse contexto, a Direção do Hospital de Força Aérea de Brasília tem
chamado a atenção para a necessidade do constante questionamento sobre tudo
que tenha impacto nos custos. Um dos focos desse questionamento é o
medicamento. Ele precisa ser avaliado criteriosamente antes de ser prescrito pelo
profissional médico, assim como corretamente dispensado pela equipe de
farmacêuticos hospitalares, por meio de um sistema de distribuição.
O objetivo primário de um sistema de distribuição de medicamentos é a
provisão da terapia de cada paciente no leito no horário adequado (RIBEIRO, 2008;
SILVA; SILVA; REIS, 2000). Para alcançar esse objetivo, podem ser empregados
sistemas coletivos de distribuição, sistemas de distribuição por dose individualizada,
sistemas de distribuição por dose unitária e até sistemas mistos, que combinem
características dos sistemas anteriores. Os farmacêuticos hospitalares são
diretamente responsáveis pelo tipo de sistema de distribuição de medicamentos a
ser adotado no ambiente hospitalar, empregando critérios adequados ao processo
de decisão (MAIA NETO, 2005).
Dentro de uma realidade de redução de custos hospitalares, o valor de
consumo dos medicamentos prescritos, para os diversos tratamentos de pacientes
3

do Hospital de Força Aérea de Brasília (HFAB), pode ser um critério interessante


nesse processo de decisão. Sendo assim, esta pesquisa propõe o seguinte
problema: "qual a relação entre os custos de medicamentos e os sistemas de
distribuição adotados pela Seção de Farmácia no HFAB?"
A justificativa para o problema de pesquisa proposto parte da premissa de
que as avaliações de resultados das ações de saúde, como a distribuição de
medicamentos, representam um foco de atenção importante na adoção de
estratégias de contenção de custos (SECOLI et al., 2005). O conhecimento da
relação existente entre as variáveis "custos de medicamentos" e "sistemas de
distribuição" permite uma melhor tomada de decisão por parte dos profissionais
farmacêuticos e da Direção do HFAB, principalmente em um cenário de recursos
financeiros limitados.
O presente trabalho se enquadra na linha de pesquisa "Custos da
Medicina Assistencial nas Forças Armadas", uma vez que apresenta como proposta
um estudo que avalia os custos de medicamentos empregados na medicina
assistencial desenvolvida em um hospital de 4º escalão da Força Aérea Brasileira,
buscando um melhor entendimento dos processos envolvidos em sua distribuição.
Segundo Leite, Vieira e Veber (2008), os gastos com medicamentos estão
entre os maiores custos para o adequado funcionamento de um hospital e para a
prestação de uma assistência à saúde com qualidade aos usuários deste serviço.
Esses gastos, em relação aos custos totais do hospital, representam um valor em
torno de 5% a 20%, com crescimento médio de 25% ao ano.
A importância dos estudos nessa área não provém de justificativas
acadêmicas ou políticas, mas da constatação de que os gastos com saúde vêm
crescendo em ritmo acelerado em âmbito mundial, preocupando usuários, governos
e sociedade (SECOLI et al., 2005).

2 OBJETIVOS DA PESQUISA

Diante da contextualização apresentada, o objetivo geral da pesquisa foi


identificar a relação entre os custos de medicamentos e os sistemas de distribuição
adotados pela Seção de Farmácia no HFAB. Para tanto, duas questões norteadoras
foram levantadas:
4

a) Como os custos de medicamentos são registrados pela Seção de


Farmácia do HFAB?
b) Quais critérios são empregados pela Seção de Farmácia do HFAB
para escolher o sistema de distribuição de medicamentos a ser adotado?
A primeira questão norteadora buscou elucidar a forma como os custos de
uma grande variedade de medicamentos dispensados pela Seção de Farmácia do
HFAB são registrados durante a rotina de trabalho. É grande o número de setores
atendidos nesse processo, como as unidades de internação, de terapia intensiva e
centros cirúrgicos. A diversidade de setores gera a necessidade de distribuir
medicamentos em diferentes formas e quantidades. Desta maneira, o registro torna-
se complexo e também diferenciado. É de fundamental importância entender como
esse processo ocorre para garantir a confiabilidade dos dados registrados da
variável "custos de medicamentos."
A segunda questão norteadora buscou o entendimento dos critérios
adotados pela Seção de Farmácia do HFAB na escolha do sistema de distribuição
de medicamentos. De acordo com Bisson (2007), os processos decisórios são
complexos, geralmente influenciados por fatores políticos, administrativos,
econômicos e clínicos. A proposta de utilizar o valor de consumo dos medicamentos
prescritos como critério nesse processo de decisão precisava ser analisada diante
dos critérios até então adotados. Somente a partir desta análise, é possível propor a
simplificação ou substituição de algum critério adotado, racionalizando a tomada de
decisão por parte dos profissionais farmacêuticos e da Direção do HFAB.
Diante das questões norteadoras apresentadas, os objetivos específicos
da pesquisa foram definidos da seguinte forma:
a) Verificar como os custos de medicamentos são registrados pela
Seção de Farmácia do HFAB.
b) Identificar os critérios empregados pela Seção de Farmácia do HFAB
para escolher o sistema de distribuição de medicamentos a ser adotado.
Ao analisar as variáveis "custos de medicamentos " e "sistemas de
distribuição" a pesquisa buscou responder se existe alguma relação que possa ser
utilizada como critério na escolha do sistema de distribuição de medicamentos do
HFAB. Consequentemente, mantidas as devidas proporções, os resultados da
pesquisa também podem ser utilizados por outros hospitais de 3º e 4º escalão da
Força Aérea Brasileira, na busca de soluções economicamente viáveis ante as
5

infinitas necessidades de seus usuários e a capacidade limitada da medicina


assistencial em responder a essas demandas.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Como forma de estruturar o problema de pesquisa, identificou-se a


farmacoeconomia como um referencial teórico fundamental para a seleção e
otimização dos sistemas de distribuição, contemplando o custo dos medicamentos,
conforme descrito:
A farmacoeconomia, uma disciplina nova, surgida no cenário internacional
na década de 1980, tem crescido de forma expressiva, especialmente no
âmbito dos sistemas de saúde. Sua forma de investigação mais difundida é
a avaliação econômica da terapia medicamentosa, em que são usados
métodos oriundos da economia da saúde. A farmacoeconomia identifica,
calcula e compara custos (recursos consumidos), riscos e benefícios
(clínicos, econômicos, humanísticos) de programas ou terapias específicas,
e determina quais são as alternativas que produzem os melhores resultados
em face dos recursos investidos. (SECOLI et al., 2005, p. 287).

Na análise da variável "custos de medicamentos" foi empregada a


classificação adotada por Secoli et al. (2005), de acordo com a Teoria da
Farmacoeconomia, que divide os custos em: diretos, indiretos e intangíveis.
Os custos diretos são aqueles que implicam dispêndios imediatos, de
identificação objetiva, correspondendo aos cuidados médicos (SECOLI et al., 2005).
Os custos dos medicamentos utilizados no tratamento de pacientes hospitalares,
objetos da presente pesquisa, são exemplos de custos diretos.
Os custos indiretos são relacionados à perda da capacidade produtiva do
indivíduo diante do processo de adoecimento ou mortalidade precoce, enquanto os
intangíveis são custos de difícil mensuração monetária, referindo-se à sensações de
dor, sofrimento e redução da qualidade de vida do paciente (SECOLI et al., 2005).
Logo, os custos indiretos e intangíveis não foram analisados nesta pesquisa.
Na análise da variável "sistemas de distribuição" foi empregada a
classificação descrita por Silva, Silva e Reis (2000). Segundo os autores, existem
quatro classes principais de sistemas de distribuição de medicamentos: sistema
coletivo, de dose unitária, misto e individualizado.
O sistema coletivo de distribuição apresenta como vantagens o menor
número de solicitações para a farmácia e, consequentemente, a menor necessidade
de recursos humanos no setor, além de permitir rápida disponibilidade do
6

medicamento no posto de enfermagem. Por outro lado, possui como desvantagens a


manutenção de estoques na farmácia e nos postos de atendimento, maior perda de
produtos por deterioração e falta de controle sobre a administração do medicamento.
Esta falta de controle das administrações dos medicamentos favorece, também, os
desvios para fins extramédicos e depende de uma maior atenção do profissional de
saúde na escrituração da administração do medicamento na conta hospitalar de
cada paciente (VASCONCELOS et al., 2012).
O sistema de distribuição por dose individualizada apresenta como
vantagens a implantação de protocolo para revisão da prescrição pelo farmacêutico,
maior controle sobre o material estocado, relativa diminuição de erros e maior
integração do farmacêutico na equipe de saúde. Como desvantagens, há maior
necessidade de recursos humanos e infraestrutura da farmácia, problemas de
transcrição das prescrições médicas, além da falta de controle sobre deterioração,
perdas ou desvios, se não houver protocolo para devolução do medicamento não
administrado. Não há acompanhamento rigoroso das administrações dos
medicamentos (SILVA; SILVA; REIS, 2000).
A característica principal do sistema misto é a dispensação
individualizada, aliada à manutenção, nas clínicas, de determinado estoque de
medicamentos. Apresenta como vantagens, em relação ao sistema coletivo, o menor
nível de estoque nas clínicas e maior participação do farmacêutico no controle
farmacoterapêutico (SILVA; SILVA; REIS, 2000).
O sistema de distribuição de medicamentos por dose unitária (SDMDU) foi
desenvolvido nos Estados Unidos nos anos 60, para auxiliar a equipe de
enfermagem na administração dos medicamentos e na redução dos resíduos
hospitalares dos medicamentos. Por dose unitária, entendemos como a dose
concreta que determinado paciente recebe no momento da administração. A maior
vantagem do sistema é a inclusão do farmacêutico em outro ponto de redução de
erros no processo de uso do medicamento. No entanto, transporta, da enfermaria
para a farmácia, a possibilidade de erros por distração no processamento dos
medicamentos. Potencializa o trabalho assistencial da enfermagem, mas aumenta o
volume de trabalho na farmácia (SILVA; SILVA; REIS, 2000).
Mattos, Faintuch e Cecconello (2007) ressaltam que a importância do
serviço de distribuição prestada pela farmácia hospitalar está na forma como é
realizada, a qual necessita ser racional, eficiente, segura e econômica. Os autores
7

avaliaram o impacto farmacoeconômico da implantação de um sistema de


distribuição de medicamentos em centros cirúrgicos, de forma semelhante à
proposta desta pesquisa, comparando qualitativa e quantitativamente o consumo e
custo de medicamentos nas etapas pré e pós distribuição.
Em outro estudo, realizado por Vasconcelos et al. (2012), foi verificado
que o sistema de distribuição coletivo do hospital público analisado era ineficiente,
pois apresentava alto índice de medicamentos distribuídos e não consumidos.
Diante da situação apresentada no decorrer do estudo, os autores sugeriram a
implantação de um sistema de distribuição por dose individualizada ou unitária,
baseado em critérios econômicos. Desta forma, os autores estabeleceram uma
relação entre os custos de medicamentos e os sistemas de distribuição adotados,
em consonância com o objetivo da presente pesquisa.
Em estudo realizado em serviços de farmácia dos hospitais estaduais do
Rio de Janeiro, foi verificado que grande parte não possuía critérios de seleção dos
sistemas de distribuição de medicamentos. Os autores acreditavam que, sendo esta
atividade a única exercida em todos os serviços de farmácia hospitalar, esperava-se
que fosse desenvolvida com maior efetividade (SILVA et al., 2013).
Os estudos apresentados serviram de embasamento à estruturação do
problema da presente pesquisa, que buscou responder se existe alguma relação
entre as variáveis estudadas que possa ser utilizada como critério na escolha do
sistema de distribuição de medicamentos do HFAB.

4 MATERIAIS E MÉTODO

A presente pesquisa é do tipo descritiva, com abordagem qualitativa e


quantitativa (GIL, 2002).
A abordagem qualitativa refere-se à obtenção e análise de dados de
entrevistas, dando ênfase às declarações dos sujeitos da pesquisa. Foi empregado
o método de contato direto, por meio de entrevista não estruturada (BONI;
QUARESMA, 2005). As entrevistas foram feitas pelo próprio pesquisador com os
oficiais farmacêuticos que fazem parte da Seção de Farmácia do HFAB, sendo
conduzidas na busca de respostas para as seguintes questões norteadoras:
a) Como os custos de medicamentos são registrados pela Seção de
Farmácia do HFAB?
8

b) Quais critérios são empregados pela Seção de Farmácia do HFAB


para escolher o sistema de distribuição de medicamentos a ser adotado?
Por se tratar de um universo de três oficiais farmacêuticos, não foi
realizada amostragem dos sujeitos entrevistados, de forma que todos foram ouvidos.
As respostas apresentadas pelos sujeitos da pesquisa foram registradas no
momento da entrevista e posteriormente analisadas para a obtenção de dados
qualitativos, tanto da variável "sistemas de distribuição" quanto da variável "custos
de medicamentos". Novas entrevistas foram conduzidas quando observadas
informações contraditórias e incompletas por parte dos entrevistados, buscando a
obtenção de dados qualitativos claros e que fossem confirmados por todos os
oficiais farmacêuticos. O roteiro da entrevista pode ser verificado no Apêndice A.
Os dados assim obtidos permitiram a compreensão da forma como os
custos dos medicamentos são registrados e contabilizados pela Seção de Farmácia
do HFAB. Além disso, forneceram informações sobre os sistemas de distribuição de
medicamentos adotados no hospital e sobre os critérios empregados na escolha de
tais sistemas, atendendo aos objetivos específicos da pesquisa.
Os sistemas de distribuição de medicamentos adotados pela Seção de
Farmácia do HFAB foram nomeados de acordo com a classificação descrita por
Silva, Silva e Reis (2000), conforme apresentado no referencial teórico. Os períodos
de vigência de cada sistema de distribuição também foram registrados, utilizando as
informações obtidas nas entrevistas. Os registros foram limitados aos últimos cinco
anos, incluindo o período de janeiro de 2010 a setembro de 2014.
Para obtenção de dados quantitativos da variável "custos de
medicamentos" foi realizada uma pesquisa documental, empregando fontes
primárias do Sistema Patrimonial de Bens de Almoxarifado (SISALMOX) de
gerenciamento de medicamentos da Seção de Farmácia do HFAB e de relatórios
apresentados em reuniões administrativas mensais de prestação de contas. Com
base na definição dos períodos de vigência de cada sistema de distribuição, adotado
pela Seção de Farmácia do HFAB, foram pesquisados os valores de consumo de
medicamentos registrados ao final de cada mês.
Para permitir uma melhor comparação entre os sistemas identificados e
eliminar possíveis interferências, foi pesquisada a Taxa de Ocupação Hospitalar
(TOH) em cada mês dos anos referenciados. Sabe-se que a TOH é utilizada pelos
hospitais para determinar o quanto da capacidade da instituição é preenchida por
9

pacientes, sendo expressa pela relação percentual entre o número de pacientes-dia


e o número de leitos-dia, num determinado período. Quanto maior a TOH, maior é o
consumo de medicamentos no mesmo período.
As informações sobre as taxas de ocupação hospitalar foram obtidas por
meio de uma pesquisa documental, analisando dados de relatórios fornecidos pela
Seção de Arquivo Médico e Estatístico do HFAB.
Os dados quantitativos foram organizados na forma de tabelas, de
maneira que cada sistema de distribuição apresentasse, além de dados mensais de
consumo de medicamentos, suas respectivas taxas mensais de ocupação hospitalar.
Em seguida, foi calculada a razão entre cada valor mensal de consumo de
medicamentos e sua respectiva TOH, de forma a normalizar os dados e permitir uma
análise comparativa entre os sistemas de distribuição identificados na pesquisa,
considerando doze meses consecutivos de funcionamento de cada sistema.
O método empregado na análise quantitativa dos dados foi o da
minimização de custo, recomendado pela Farmacoeconomia e descrito por Secoli et
al. (2005), conforme apresentado no referencial teórico. A análise da minimização de
custo (AMC) é a forma mais simples de avaliação econômica, na qual somente os
custos são submetidos a comparações, pois as eficácias ou efetividades das
alternativas comparáveis são iguais.
Para a aplicação deste método, os diferentes sistemas de distribuição de
medicamentos foram considerados como de mesma eficácia para atender as
demandas do hospital. Tal limitação fez-se necessária para permitir a comparação
dos custos mensais de medicamentos de cada sistema de distribuição, normalizados
pela TOH.

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Utilizando as informações obtidas nas entrevistas, foram identificados três


sistemas de distribuição de medicamentos adotados pela Seção de Farmácia do
HFAB, nos últimos cinco anos, de acordo com a classificação descrita por Silva,
Silva e Reis (2000), conforme apresentado no referencial teórico: sistema misto,
sistema de dose unitária e sistema individualizado. Os períodos de vigência de cada
sistema de distribuição também foram registrados, como pode ser verificado na
tabela 1.
10
Tabela 1 - Sistemas de distribuição de medicamentos, adotados pela Seção de Farmácia do HFAB,
no período de janeiro de 2010 a setembro de 2014.
Sistemas de distribuição Períodos de vigência
Sistema Misto Janeiro/2010 a Abril/2011
Sistema de Dose Unitária Maio/2011 a Março/2012 e Abril/2013 a Abril/2014
Sistema Individualizado Abril/2012 a Março/2013 e Maio/2014 a Setembro/2014
Fonte: O autor (2014).

Os dados fornecidos nas entrevistas indicaram diferenças na forma como


os custos dos medicamentos são registrados e contabilizados pela Seção de
Farmácia do HFAB, dependendo do sistema de distribuição adotado.
Tanto no sistema de dose unitária quanto no sistema individualizado, os
custos são registrados no momento da dispensação dos medicamentos, ou seja,
quando entregues às equipes de enfermagem dos diversos setores do hospital para
administração nos pacientes. O registro inicial é realizado em guias, contendo a
identificação dos itens, unidade, preço unitário e custo total, devidamente assinadas
por quem confere, entrega e recebe os medicamentos. Contudo, a contabilização e
o registro final só ocorrem 24 horas depois, após a conferência dos medicamentos
efetivamente utilizados. Isto porque os dois sistemas permitem a devolução de
medicamentos porventura não administrados nos pacientes, que são conferidos pela
equipe de farmacêuticos e reincorporados ao estoque, caso seja possível, evitando
o desperdício e reduzindo custos do processo. A contabilização e o registro final são
feitos pela Seção de Farmácia do HFAB no Sistema Patrimonial de Bens de
Almoxarifado (SISALMOX) de gerenciamento de medicamentos.
No sistema misto, os custos também são registrados inicialmente no
momento da dispensação dos medicamentos, da mesma forma. Contudo, por não
permitir a total devolução de medicamentos porventura não administrados nos
pacientes, a contabilização e o registro final ficam prejudicados. Somente parte dos
medicamentos dispensados são conferidos pela equipe de farmacêuticos e
reincorporados ao estoque. Sendo assim, os medicamentos dispensados de forma
coletiva são contabilizados e registrados no momento da dispensação, enquanto os
medicamentos dispensados de forma individualizada são contabilizados e
registrados 24 horas depois, após a conferência final. Em ambos os casos, a
contabilização e o registro final também são feitos pela Seção de Farmácia do HFAB
no sistema de gerenciamento de medicamentos SISALMOX.
11

Com relação aos critérios empregados na escolha de tais sistemas, as


entrevistas revelaram que os farmacêuticos possuem um conceito de que o sistema
individualizado e o de dose unitária são mais vantajosos do que o sistema misto,
tanto no aspecto econômico quanto no aspecto técnico, permitindo maior integração
do farmacêutico na equipe de saúde. Contudo, o critério empregado na escolha
entre o sistema individualizado e o sistema de dose unitária é o recurso humano
disponível no setor, sendo necessário, no mínimo, mais um farmacêutico na equipe
para implantar o sistema de dose unitária. Por esse motivo, o sistema de dose
unitária foi substituído pelo sistema individualizado em maio do corrente ano.
Na análise comparativa dos sistemas de distribuição identificados na
pesquisa, foram considerados os dados quantitativos de 12 meses consecutivos,
obtidos pela pesquisa documental, de forma que cada sistema de distribuição
apresentasse, além de dados mensais de consumo de medicamentos, suas
respectivas taxas mensais de ocupação hospitalar, como pode ser visto na tabela 2.

Tabela 2 - Custos mensais de consumo de medicamentos (CMED), com as respectivas taxas de


ocupação hospitalar (TOH), para cada sistema de distribuição, ao longo de 12 meses.
Sistema Misto Sistema de Dose Unitária Sistema Individualizado
Período (Abril/10 a Março/11) (Abril/13 a Março/14) (Abril/12 a Março/13)
Mês CMED TOH CMED TOH CMED TOH
1 R$ 42.417,30 30,0% R$ 68.168,92 52,0% R$ 17.321,82 12,5%
2 R$ 45.451,65 30,0% R$ 31.899,07 24,5% R$ 29.141,60 21,0%
3 R$ 29.090,80 20,5% R$ 101.579,36 77,0% R$ 40.974,89 30,0%
4 R$ 40.758,40 28,5% R$ 92.953,18 70,5% R$ 34.519,77 24,5%
5 R$ 26.062,48 17,5% R$ 72.344,52 55,5% R$ 66.045,67 46,5%
6 R$ 15.065,59 9,5% R$ 64.442,71 49,5% R$ 43.062,99 30,5%
7 R$ 22.520,22 15,5% R$ 87.002,20 66,0% R$ 65.756,74 46,5%
8 R$ 29.901,21 20,0% R$ 41.081,81 31,5% R$ 55.348,25 39,5%
9 R$ 20.621,94 14,0% R$ 59.708,85 45,5% R$ 22.686,99 16,5%
10 R$ 45.550,72 31,5% R$ 45.946,86 35,0% R$ 35.797,87 26,5%
11 R$ 39.233,19 26,0% R$ 11.725,33 9,0% R$ 21.549,10 16,0%
12 R$ 26.284,59 18,0% R$ 42.551,28 33,0% R$ 53.286,63 40,0%
Fonte: O autor (2014).

Analisando apenas os dados mensais de consumo de medicamentos, não


é possível observar um padrão que permita a análise comparativa dos diferentes
sistemas de distribuição adotados, tendo em vista a grande variação mensal dos
custos, como pode ser verificado na representação gráfica da figura 1.
12
Figura 1 - Variação dos custos mensais de consumo de medicamentos, para cada sistema de
distribuição adotado pela Seção de Farmácia do HFAB, ao longo de 12 meses.

R$ 120,00
Milhares

R$ 60,00

R$ 0,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Sistema misto Sistema de Dose Unitária Sistema Individualizado

Fonte: O autor (2014).

Sendo assim, foi calculada a razão entre cada valor mensal de consumo
de medicamentos e sua respectiva TOH, de forma a normalizar os valores e permitir
a análise quantitativa dos sistemas de distribuição identificados na pesquisa,
conforme pode ser verificado na tabela 3.

Tabela 3 - Custos mensais de consumo de medicamentos para cada sistema de distribuição,


normalizados pelas taxas de ocupação hospitalar, com as respectivas médias, desvios padrões (DP)
e coeficientes de variação (CV).
Mês Sistema Misto Sistema de Dose Unitária Sistema Individualizado
1 R$ 1.413,91 R$ 1.310,94 R$ 1.385,75
2 R$ 1.515,06 R$ 1.302,00 R$ 1.387,70
3 R$ 1.419,06 R$ 1.319,21 R$ 1.365,83
4 R$ 1.430,12 R$ 1.318,48 R$ 1.408,97
5 R$ 1.489,28 R$ 1.303,50 R$ 1.420,34
6 R$ 1.585,85 R$ 1.301,87 R$ 1.411,90
7 R$ 1.452,92 R$ 1.318,22 R$ 1.414,12
8 R$ 1.495,06 R$ 1.304,18 R$ 1.401,22
9 R$ 1.473,00 R$ 1.312,28 R$ 1.374,97
10 R$ 1.446,05 R$ 1.312,77 R$ 1.350,86
11 R$ 1.508,97 R$ 1.302,81 R$ 1.346,82
12 R$ 1.460,26 R$ 1.289,43 R$ 1.332,17
Média R$ 1.474,13 R$ 1.307,98 R$ 1.383,39
DP 48,68 8,89 29,41
CV 3,3% 0,7% 2,1%
Fonte: O autor (2014).
13

Analisando os resultados da tabela 3 pelo método da minimização de


custo, recomendado pela Farmacoeconomia e descrito por Secoli et al. (2005),
conforme apresentado no referencial teórico, é possível observar que o sistema
misto apresentou valores mais elevados quando comparado aos demais sistemas. O
sistema de dose unitária, por sua vez, foi o que apresentou os valores mais baixos,
seguido pelo sistema individualizado. Além disso, a dispersão dos dados foi maior no
sistema misto, que apresentou um coeficiente de variação de 3,3%. A menor
dispersão dos dados foi verificada no sistema de dose unitária, que apresentou um
coeficiente de variação de 0,7%, seguido pelo sistema individualizado, com 2,1%. A
variação dos custos mensais de consumo de medicamentos ao longo de 12 meses,
normalizados pela TOH, pode ser observada na representação gráfica da figura 2.

Figura 2 - Variação dos custos mensais de consumo de medicamentos para cada sistema de
distribuição, normalizados pela TOH, ao longo de 12 meses

R$ 1,60
Milhares

R$ 1,40

R$ 1,20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Sistema misto Sistema de Dose Unitária Sistema Individualizado

Fonte: O autor (2014).

A figura 2 indica padrões distintos da relação de cada sistema com os


custos mensais de consumo de medicamentos. Além de apresentar os menores
valores, o sistema de dose unitária também possui a menor dispersão de dados, o
que pode ser interpretado como mais uma vantagem em comparação aos outros
sistemas, pois possibilita maior controle e planejamento dos custos ao longo do ano.
A maior variação dos dados no sistema misto, por sua vez, tende a dificultar a
previsão e o planejamento dos custos hospitalares relacionados aos medicamentos.
14

Considerando apenas os valores médios dos custos de consumo de


medicamentos para cada sistema de distribuição, normalizados pela TOH, destaca-
se ainda mais a relação entre as variáveis estudadas, como pode ser observada na
representação gráfica da figura 3.

Figura 3 - Valor médio dos custos de consumo de medicamentos para cada sistema de distribuição,
normalizados pela TOH, ao longo de 12 meses.

R$ 1,50
Milhares

R$ 1,20
Sistema misto Sistema de Dose Unitária Sistema Individualizado

Fonte: O autor (2014).

Analisando os valores médios apresentados, é possível calcular uma


redução nos custos de consumo de medicamentos de 11% para o sistema de dose
unitária e de 6% para o sistema individualizado, quando comparados ao sistema
misto.
Nas entrevistas realizadas com os oficiais farmacêuticos que fazem parte
da Seção de Farmácia do HFAB, foi verificado que tanto o sistema de dose unitária
(SDMDU) quanto o sistema individualizado permitem a devolução de medicamentos
porventura não administrados nos pacientes. Tal fato pode ser uma das causas dos
menores custos mensais de consumo de medicamentos observados para os dois
sistemas, em relação ao sistema misto.
As entrevistas também revelaram o critério empregado na escolha entre o
sistema individualizado e o sistema de dose unitária, baseado no recurso humano
disponível no setor. Por esse motivo, ocorreu a mudança do sistema de dose unitária
pelo sistema individualizado em maio do corrente ano. A necessidade apontada pela
Seção de Farmácia do HFAB de, no mínimo, mais um farmacêutico para implantar o
sistema de dose unitária deve ser avaliada frente aos resultados da pesquisa, que
indicaram o SDMDU como o mais vantajoso para a administração hospitalar.
15

6 CONCLUSÃO

Foram identificados três sistemas de distribuição de medicamentos


adotados pela Seção de Farmácia do HFAB, nos últimos cinco anos: sistema misto,
sistema individualizado e sistema de dose unitária (SDMDU).
A primeira questão norteadora da presente pesquisa buscou elucidar a
forma como os custos de uma grande variedade de medicamentos dispensados pela
Seção de Farmácia do HFAB são registrados durante a rotina de trabalho. Os dados
fornecidos nas entrevistas indicaram diferenças no registro e contabilização,
dependendo do sistema de distribuição adotado, sendo semelhante para os
sistemas individualizado e SDMDU e diferente para o sistema misto. Contudo, essa
contabilização e registro final são feitos no Sistema Patrimonial de Bens de
Almoxarifado (SISALMOX) de gerenciamento de medicamentos, independente do
sistema de distribuição de medicamentos vigente. Tal constatação garantiu a
confiabilidade dos dados registrados da variável "custos de medicamentos", uma vez
que sistema SISALMOX foi utilizado como fonte primária na pesquisa documental,
para a abordagem quantitativa da pesquisa.
A forma como os custos de medicamentos são registrados pela Seção de
Farmácia do HFAB também foi apontada como uma das possíveis causas dos
menores custos mensais de consumo de medicamentos observados para os
sistemas individualizado e SDMDU, em relação ao sistema misto.
A segunda questão norteadora buscou o entendimento dos critérios
adotados pela Seção de Farmácia do HFAB na escolha do sistema de distribuição
de medicamentos. As entrevistas revelaram que os farmacêuticos possuem um
conceito de que o sistema individualizado e o de dose unitária são mais vantajosos
do que o sistema misto, tanto no aspecto econômico quanto no aspecto técnico.
Contudo, o critério empregado na escolha entre o sistema individualizado e o
SDMDU é o recurso humano disponível no setor, não sendo considerado o critério
econômico.
Os dados analisados permitiram a compreensão da forma como os custos
dos medicamentos são registrados e contabilizados, forneceram informações sobre
os sistemas de distribuição de medicamentos adotados no hospital e sobre os
critérios empregados na escolha de tais sistemas, atendendo aos objetivos
específicos da pesquisa.
16

A análise farmacoeconômica dos dados, por sua vez, possibilitou


compreender a relação entre os custos de medicamentos e os sistemas de
distribuição adotados pela Seção de Farmácia no HFAB, alcançando o objetivo geral
proposto nesta pesquisa. O SDMDU foi apontado como o mais vantajoso para a
administração hospitalar, por apresentar o menor custo e a menor dispersão de
valores, quando comparado aos demais sistemas.
Vale ressaltar que os custos indiretos e intangíveis, considerados pela
Farmacoeconomia, não foram avaliados na presente pesquisa. O desenvolvimento
de métodos que abordem esses dois tipos de custos representa uma ótima
oportunidade de pesquisa em trabalhos futuros, assim como a análise do impacto
econômico de mais um profissional farmacêutico na equipe da Seção de Farmácia
do HFAB, para a implantação e manutenção do SDMDU.
A principal implicação dos resultados da pesquisa é de que o
conhecimento sobre a relação existente entre as variáveis "custos de
medicamentos" e "sistemas de distribuição" permite uma melhor tomada de decisão
por parte dos profissionais farmacêuticos e da Direção do HFAB, principalmente em
um cenário de recursos financeiros limitados. A distribuição de medicamentos por
dose unitária deve ser considerada na adoção de estratégias de contenção de
custos hospitalares e avaliada frente a necessidade de maior recurso humano
disponível na Seção de Farmácia do HFAB.
Consequentemente, mantidas as devidas proporções, os resultados da
pesquisa poderão ser utilizados também por outros hospitais de 3º e 4º escalão da
Força Aérea Brasileira, na busca de soluções economicamente viáveis ante as
infinitas necessidades de seus usuários e a capacidade limitada da medicina
assistencial em responder a essas demandas.
17

REFERÊNCIAS

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Manole, 2007. Cap. 28, p. 326-335.

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APÊNDICE A – Roteiro da entrevista com os oficiais da Seção de Farmácia do
Hospital de Força Aérea de Brasília.

1. Como os custos de medicamentos são registrados pela Seção de Farmácia do


HFAB?
Pontos a serem verificados: sistemas de distribuição de medicamentos adotados
pela Seção de Farmácia do HFAB nos últimos cinco anos; período de vigência de
cada sistema; procedimento de registro e contabilização dos custos de
medicamentos para cada sistema de distribuição adotado; registro no Sistema
Patrimonial de Bens de Almoxarifado (SISALMOX) de gerenciamento de
medicamentos.

2. Quais critérios são empregados pela Seção de Farmácia do HFAB para escolher
o sistema de distribuição de medicamentos a ser adotado?
Pontos a serem verificados: critérios empregados na escolha e manutenção dos
sistemas de distribuição; conceitos sobre o aspecto econômico de cada sistema;
conceitos sobre o aspecto técnico de cada sistema.

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