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UNIVERSIDADE TIRADENTES

ARQUITETURA E URBANISMO

VINÍCIUS BEZERRA ROQUE NICÁCIO

MENSURAÇÃO DA VITALIDADE URBANA DO BAIRRO FAROLÂNDIA,


ARACAJU: UMA ANÁLISE SOCIOESPACIAL

Aracaju
2018.2
VINÍCIUS BEZERRA ROQUE NICÁCIO

MENSURAÇÃO DA VITALIDADE URBANA DO BAIRRO FAROLÂNDIA,


ARACAJU: UMA ANÁLISE SOCIOESPACIAL

Capítulo monográfico apresentado à


Universidade Tiradentes, para a disciplina
de Temas para Seminário do curso de
Arquitetura e Urbanismo.
Professor Responsável:
Prof. Rooseman de Oliveira

Aracaju
2018.2
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Vaso de Rubin (1915) .......................................................................... 10

Figura 2: Reserva Indígena do Xingu (MT ......................................................... 12


SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
1 DO ESPAÇO URBANO E DE SUA FALÊNCIA ................................................... 5
1.1 Do conceito de vitalidade urbana ............................................................................ 6
1.2 Da relação espaço-sociedade .................................................................................. 9
REFERÊNCIAS
1 DO ESPAÇO URBANO E DE SUA FALÊNCIA
Vivendo hoje no que Milton Santos classifica como “meio técnico-científico
informacional”1, marcado pela presença da ciência e da técnica nos processos de
remodelação do território (SANTOS, 2006), talvez fosse de se esperar que a cidade
contemporânea conseguisse atender com êxito às necessidades e demandas das
pessoas que nela vivem, trabalham, estudam e, enfim, de seu espaço usufruem. O fato,
porém, é que as grandes cidades brasileiras se veem diante de um cenário caótico
composto por altos índices de violência, ruas sujas (vazias de pessoas e cheias de
carros) e lotes centrais desocupados à espera da ereção de condomínios com a entrada
controlada (MARICATO & AKAISHI, 2018). Será que a urbanidade, a capacidade
da urbe de criar possibilidades de convívio da qual a vitalidade urbana é derivada
(NETTO, 2013), faliu como um todo ou há fragmentos dela a partir dos quais seja
possível “contaminar” a integridade da malha urbana? E mais, será que é fruto de um
laissez-faire institucional, ou ainda, de mera negligência?
É claro que esse estado de exaustão da urbanidade não aconteceu por falta de
tentativas de incentivá-la (NORBERG-SCHULZ, 1980); ao longo dos últimos 120
anos, muitas foram as teorias e tratativas urbanísticas que propuseram diretrizes e
intervenções de ordenamento e racionalização para a urbe tanto na Europa quanto no
Brasil (da belle époque haussmanniana ao modernismo corbusiano). A despeito disso,
pela primeira vez temos o problema de um espaço pensado e construído segundo
preceitos e conceitos teóricos que simplesmente não funcionam no “mundo real”
(HILLIER, 1984 p.28). Assim, se há pertinência nesse decreto de falência, não é pela
falta de planejamento, senão, portanto, pelo que tem se proposto e, mais ainda –
veremos adiante, por como se tem proposto.

Cuanta ciudad, cuanta sed / Y tu un hombre solo


(ALMENDRA, 1969)

Quando este trabalho se propõe a mensurar a vitalidade urbana de espaços


públicos como ruas e praças, a pergunta que se está fazendo não é – tão somente –
quais são os lugares mais bem-sucedidos na promoção de vitalidade urbana, mas
como bem-sucedem esses lugares na promoção de vitalidade urbana. Quer dizer que
o estudo objetiva compreender a relação das condicionantes físicas do espaço urbano

1
Conforme atualização em A natureza do espaço (2006)
(morfologias, tipologias e topologias) sobre o uso social que dele é feito, ou ainda,
quer dizer que objetiva compreender o comportamento espacial da sociedade que dele
usufrui. Se na medida em que “lemos o espaço, antecipamos um estilo de vida”2
(HILLIER, 1984 p.27), é possível dizer que essa dialética continente-conteúdo
(SANTOS, 2006) presente na relação espaço-sociedade pressupõe a
indissociabilidade dessas duas dimensões na mesma medida em que não se dissocia
tempo de espaço (SANTOS, 2006).
A ideia de que o espaço físico pode incentivar ou arrefecer certos fenômenos
sociais (como a prática de atividades ao ar livre, para um exemplo positivo, ou a
ocorrência de atividade criminosa, para um exemplo negativo) é comum no
pensamento arquitetônico-urbanístico3. (RATTI, 2004) O debate que existe no recorte
urbanístico, mais especificamente na questão da vitalidade urbana, reside nos meios
através dos quais se é possível promover vitalidade em determinada localidade, ou
ainda, em quais são os aspectos morfológicos que, de fato, exercem influência sobre
a manifestação deste ou daquele fenômeno social (SABOYA et al., 2013). Para além
disto está a espinha dorsal desta monografia: como mensurar esse impacto?
Ante o exposto, este capítulo se vê diante da tarefa de se debruçar sobre o
conceito de vitalidade urbana (definindo como ele será utilizado ao longo do trabalho,
apoiado sobre Jane Jacobs) e de discutir a relação entre espaço e sociedade
brevemente à luz de uma abordagem geográfico-filosófica (mais generalista, apoiada
sobre Milton Santos, Norberg-Schulz e Gaston Bachelard) e com ênfase numa
abordagem arquitetônico-urbanística (mais específica, apoiada sobre Bill Hillier &
Julienne Hanson, Kevin Lynch, Norberg-Schulz e Vinícius Netto). O capítulo se
pretende, assim, como o construtor do aparato teórico que subsidia a eleição da
ferramenta de mensuração de vitalidade urbana, a Sintaxe Espacial, discutida no
capítulo posterior.

1.1 Do conceito de vitalidade urbana


“As ruas tinham vida com crianças brincando, gente
fazendo compras, gente passeando, gente falando.” (JACOBS,
2011 p;18)

2
“We read space and anticipate a lifestyle” (Tradução livre)
3
Haja vista a tríade vitruviana – firmitas (estrutura), utilitas (uso) e venustas (beleza) – e a máxima de
Louis Sullivan “forma segue função”. Associação direta entre a construção (forma) e o seu papel social
(função).
Do lado Direito da rua Direita / Olhando as vitrines
coloridas eu a vi / mas quando quis me aproximar de ti não tive
tempo / num movimento imenso na rua eu lhe perdi (ORIGINAIS
DO SAMBA, 1972)

É curioso notar como a rua viva é geralmente descrita como portadora de


obstáculos de toda sorte (é cheia de gente e de conversas; é sinuosa e dinâmica) ao
passo em que se configura como um local de preferência das pessoas (JACOBS,
2011). Esse parece ser o fundamento de um locus memorável porque o imaginário
parece pouco afeito ao preto e branco; para Baudelaire (1994) os cinzas são os autores
de uma consciência “muscular”, ao passo que gravam uma espécie de esboço inicial
da batalha motora contra o percurso: analogamente à rua, o lado de fora tem seus
próprios músculos e por ser contraponto ao eu e a seu abrigo, é a certeza de sair de
casa. E essa certeza, essa distinção clara entre o lado de fora e o lado de dentro é
fundamental para a reflexão. Se “nada acontece , porque nada acontece, porque nada”
(GEHL, 2010 p.64) as coisas acontecem onde as coisas acontecem, ou ainda, é
possível dizer que quanto maior a quantidade de pessoas, atividades e área construída
numa determinada localidade, maiores são as chances de que esse local atraia mais
pessoas, atividades e área construída (SABOYA et al., 2013).
Se hoje a ideia de que a diversidade é a força-motriz do acontecimento, dos
distintos eventos e, enfim, da vitalidade urbana, é por ventura do esforço de uma
jornalista americana chamada Jane Jacobs (NETTO, 2016). A publicação de Death
and Life of Great American Cities (traduzida para o português com a supressão do
american para “Morte e Vida das Grandes Cidades”) nos anos 60 veio como um
contraponto às teorias racionalizantes e segragadoras modernas e pré-modernas4
cânones urbanísticos dos quais se destaca a famosa Carta de Atenas, de 1935 abrindo
linhas inteiras de investigação científica a partir de quatro pilares do que ela chamava
“planejamento eficaz”, quais sejam (NETTO, 2016): promoção de ruas animadas e
interessantes; tecido viário contínuo através de bairros e áreas da cidade; integração
de parques e edifícios públicos ao tecido urbana e; promoção de identidade funcional.
Além disso, pleiteava pelo uso misto, por quarteirões curtos, por edifícios de idades
variadas e por concentração de pessoas (NETTO, 2016). O argumento então é,
claramente, pelo encontro: de comércios, de pessoas ou, numa acepção generalista,

4
Classificação utilizada por Choay como “Pré-urbanismo” (CHOAY, 2000)
entre os diferentes e, neste sentido, a segregação espacial é uma restrição do encontro
(NETTO, 2017). Há, então, estabelecida uma relação causal para fomento à
vitalidade: a interação entre a cidade a sociedade.
Urbanidade e vitalidade estão ligados, para Jacobs, principalmente em
decorrência da atividade pedestre em nível de vizinhança5 (DECLÒS-ALIÓ &
MIRALLES-GUASCH, 2018); aí se justifica o argumento pelas quadras mais curtas,
que expõem melhor uma maior quantidade de ruas e que oferecem mais possibilidades
de percursos a pé, uma vez que são os vetores de “uma rede de usos combinados e
complexos entre os usuários do bairro (...) só pela maneira como atuam” (JACOBS,
2011, p. 130), o que sugere certa espontaneidade na geração de vitalidade. Sua
abordagem é ainda econômica no sentido que o pleiteio pela diversificação é,
sobretudo, concorrencial: comércios distintos (como varejistas e serviços, como
cinemas e restaurantes) atraem pessoas em horários distintos, fazendo com que a
localidade tenha a presença de pessoas ao longo de todo o dia e para além dos dias de
semana (JACOBS, 2011, p.168).
A concentração de usos – recurso empregado com o advento do planejamento
urbano modernista – é, para Jacobs (2011, p. 155) monótona e, por isso mesmo,
geradora de vulgaridades estéticas (como o exibicionismo arquitetônico do kitsch)
frutos, nada mais nada menos, que da necessidade de ser diferente. Assim, a vitalidade
seria decorrente das “diferenças naturais – aquelas que provêm de usos genuinamente
dessemelhantes”, em um esforço pela adaptação das cidades e de seu planejamento às
necessidades da vida e não “em nome da ordem” (JACOBS, 2011 p. 251). Dessa
maneira seria possível criar o que Jacobs chama de “identidade funcional” (2011 p.94)
e Lynch (1960 p. 9) de “image ability6”, isto é, a capacidade do lugar de ser legível e,
consequentemente, memorável em função de seu uso.
É, portanto, uma questão de utilização do espaço – uma assertiva que denota
um sujeito, que é a sociedade. Não é o caso, porém, de estuda-la per si (o que
invariavelmente levaria este trabalho para o curso de sociologia, e não de arquitetura
e urbanismo), mas senão de estudar como essa sociedade se espacializa, uma vez que
“uma sociedade faz mais do que simplesmente existir no espaço”7 dado que encontrar,

5
Que Jacobs (2011 p.94) afirma, devem ser “suficientemente grandes para brigar na prefeitura, mas não
tão grande a ponto de seus bairros não conseguirem atrair a atenção e ter vez”.
6
Da que se trará daqui por diante como legibilidade [Tradução livre]
7
“(…) a society does more than simply exist in space (…)” [Tradução Livre]
congregar, evitar, interagir, se abrigar, ensinar e comer, por exemplo, não são ações
que meramente acontecem no espaço – há uma lógica social que determina o que,
quem e quando algo ou alguém ocupa esse ou aquele lugar (HILLIER, 2007 p. 20). A
compreensão dessa lógica, acredita-se, exige uma ampla reflexão tanto sobre o espaço
quanto sobre a própria lógica, de maneira que seja possível se subsidiar uma análise
científica dos processos generativos da forma urbana e, concomitantemente, de suas
implicações causais em âmbito local.

1.2 Da relação espaço-sociedade


“Je suis l’espace où je suis”8 (ARNAUD, Noël In:
BACHELARD, 1994 p.137)

“Car nous sommes où nous ne sommes pas”9 ( JOUVE,


Pierre-Jean In: BACHELARD, p.211)

É natural que ante a tarefa de buscar compreender o impacto do espaço na vida


social, o arquiteto e urbanista se proponha uma leitura geométrica, atenta às formas e
seus comprimentos (temos fórmulas para a elaboração de escadas confortáveis,
normativas de recuos construtivos, etc.), mas a complexidade da dialética espaço-
sociedade está muito além de relações formais – o lugar em que as coisas acontecem
é parte integral da existência das coisas (NORBERG-SCHULZ, 1980 p.8). Para
Bachelard (1994 p.214) ser não é um daqui para lá unilateral, senão uma espiral de
“dinamismos invertíveis” onde o indivíduo está as vezes “dentro” e as vezes “fora”,
as vezes “perto” e as vezes “distante”: tempo e espaço se mostram interligados porque
o “estar-aqui” só faz sentido quando há um “estar-lá” que é psicologicamente, ou
ainda, imaginariamente disto do ser (BACHELARD, 1994 p. 208). É possível, assim,
dizer que a forma e o conteúdo só existem separadamente como “verdades parciais”,
isto é, abstrações que somente reencontram seu valor quando vistas em conjunto
(SANTOS, 2006 p.64).

“And we feel warm because it’s cold outside”10


(BACHELARD, 1994 p. 39)

Se a princípio pode soar lógica a divisão – imbuída de certa hierarquia – da


cidade em duas dimensões distintas, uma abstrata (não-corpórea) e outra física

8
Eu sou o espaço onde estou. [Tradução Livre]
9
Porque nós somos onde não estamos [Tradução Livre]
10
Sentimo-nos aquecidos porque está frio lá fora [Tradução Livre]
(material)11 onde uma delas determina a outra (numa questão meramente funcional, a
sociedade determinaria o espaço, por exemplo) é porque falta o entendimento de que
o espaço é mais do que uma moldura neutra, monolítica, na qual se constituem as
formas sociais e culturais da sociedade (HILLIER, 2007 p.20). O espaço é, antes do
mais, um aspecto particular da sociedade global (SANTOS, 2006 p.77) na medida em
que o paradoxo da dialética espaço-sociedade pode ser interpretado a partir do Vaso
de Rubin (Figura 1) que funciona analogamente a uma dinâmica continente-conteúdo:
não é que o espaço apenas contenha sociedade, senão (também), o espaço está contido
na sociedade (SANTOS, 2006). Um forma o outro.
Figura 1: Vaso de Rubin (1915)

Fonte: balaio-de-ideias.blogspot.com
Objetivamente, porém, o espaço é sobretudo o domínio dos objetos e das
coisas materiais porque a realidade da “ação social” como definida por Weber
(MAVRIDOU, 2003) só se concretiza materialmente quando reivindica um lugar no
espaço (SANTOS, 2006 p.34). Um prédio, por exemplo, é um objeto que dispõe de
materialidade com impacto direto na configuração espacial do território à medida que
se coloca como um obstáculo físico ao seguimento de um percurso, mas também
dispõe de papel social à medida que se coloca como um receptáculo para o propósito
que foi construído. O resultado do estabelecimento das paredes, ou dessa fronteira, é
a criação de um espaço protegido não só de intempéries e miasmas ambientais, senão
– principalmente – dos outros uma vez que o sujeito-proprietário do prédio pode
demandar “direitos especiais” sobre seu domínio (HILLIER, 2007 p.16). Finalmente,
a espacialização se mostra característica social porque é através da edificação que o

11
Como argumentava Goffman (1990 apud MAVRIDOU, 2003), para quem o espaço era o pano de
fundo para as ações sociais
homem dá uma presença concreta para o(s) significado(s) de sua existência
(NOBERG-SCHULZ, 1980 p.170).
O meio-técnico-científico-informacional miltoniano se configura justamente
por ventura da “conexão materialística de um homem com o outro”, que sempre toma
novas formas (SANTOS, 2006 p.218). Os comportamentos sociais como a etiqueta à
mesa ou numa sala de aula são partes de um “conhecimento comum” aos indivíduos
que compõem a sociedade que chamamos de cultura, reforçados tanto pelo contato
de uma pessoa com a outra, quanto pela presença/ausência e distribuição espacial das
carteiras e do quadro (no caso da sala de aula) ou pela presença/ausência e distribuição
espacial dos talheres, pratos e cadeiras (no caso da mesa) e leiautes em geral oferecem
uma gama de possibilidades e restrições – eventos inteligivelmente espaço-temporais
(HILLIER, 2007): as formas das coisas, portanto, supõem informação para o seu uso
e elas próprias constituem informação à medida que sua produção é intencional
(SANTOS, 2006 p.218); o espaço, afinal, subsidia memórias comuns, ligando pessoas
a lugares, lugares a lugares e pessoas a pessoas (LYNCH, 1960 p. 126) formando um
conjunto indissociável de sistemas de objetos e de sistemas de ações (SANTOS, 2006
p. 12) que ocorrem em determinadas janelas de tempo.
Essas redes, ou sistemas (como o espaço geográfico, o espaço econômico, o
espaço social e o espaço tempo), são interdependentes e superpostas porque mudanças
numa afetam as demais (BERRY & PRAKASA, 1968 p.21 apud SANTOS, 2006
p.63). Essa noção de totalidade se realiza, para Milton Santos (2006 p.80-81), por
impactos seletivos produzidos pelos atores sociais, definindo em virtude desses
impactos, os lugares. Essa seletividade, por sua vez, se dá tanto no nível das formas
quanto no nível do conteúdo já que “a estrutura necessita da forma para tornar-se
existência” e a forma-conteúdo “tem um papel ativo no movimento do todo social”.
Heidegger (1971 apud NORBERG-SCHULZ, 1980 p.13) diria que “spaces receive
their being from locations and not from ‘space’”12. O meio ambiente artificialmente
construído pelo homem e onde vive não é mera ferramenta, nem é resultado de
arbitrariedades – tem estrutura e significado (NORBERG-SCHULZ, 1980 p.50).
Há um padrão muito claro entre os aspectos citados até aqui: as relações entre
o espaço e a sociedade, ou relações socioespaciais, (a partir das quais, aliás, se pode
inferir vitalidade urbana) não se dão aritmética nem geometricamente, mas

12
O espaço recebe seu ser do lugar e não do ‘espaço’.
topologicamente (NORBERG-SCHULZ, 1980 p.13). É que identificação e orientação
são os aspectos básicos d’o homem ser-no-mundo (NORBERG-SCHULZ, 1980
p.22).de tal maneira que antes de compreender um círculo, um triângulo e um
quadrado, as crianças (como seres humanos primitivo) aprendem o que é perto, longe,
contiguidade, invólucro, sequência e interrupção (HILLIER & HANSON, 1981 p.47).
Isso não é para dizer que as distâncias em metros não importam, mas sim que o
sistema socioespacial é essencialmente configuracional, isto é, formado por padrões
de espacialização dado que estes são a realização concreta dos propósitos sociais que
lhes dão significado (HILLIER, 2007 p.67-68). Afinal, não se pode inferir muito sobre
a maneira que os índios da Reserva Indígena do Xingu (MT), na Figura 2 abaixo,
produzem, se divertem, interagem entre si e, enfim, vivem, a partir de seus padrões
de espacialização?
Figura 2: Reserva Indígena do Xingu (MT)

Fonte: http://direitoconstitucional.blog.br

O fato de que a forma de espacialização dessa tribo não é fruto de mera


causalidade, mas sim de uma “regra” oriunda das relações sociais a qual todos os
indivíduos seguem possibilita que pensemos no espaço como um sistema discreto
(HILLIER & HANSON, 1981), isto é, um sistema formado por partes distintas que
possuem valores distintos mas que reagem aos valores umas das outras. Nesse sentido,
uma fronteira é tanto um fato lógico quanto físico (HILLIER & HANSON, 1981).
Por tudo isso, optou-se por adotar a teoria da sintaxe espacial, uma das poucas
teorias urbanísticas não-discursivas (RATTI,2004), que discutimos no capítulo
seguinte.
REFERÊNCIAS

BACHELARD, Gaston. The poetics of space. Boston, Estados Unidos : Beacon


Press, 1994.

CHOAY, Françoise. O Urbanismo. Utopias e Realidades. Uma Antologia (1965).


São Paulo : Editora Perspectiva, 2003.

DECLÒS-ALIÓ, X.; MIRALLES-GUASCH, C; Looking at Barcelona through


Jane Jacobs’s eyes: Mapping the basic conditions for urban vitality in a
Mediterranean conurbation. Journal of Urban Studies. Elsevier Ltd. 10-abr-2018.
Disponível em: < https://doi.org/10.1016/j.landusepol.2018.04.026 >

HILLIER, Bill; HANSON, Julienne. The Social Logic of Space. Nova Iorque,
Estados Unidos : Cambridge University Press, 1984

HILLIER, Bill. Space is the machine. Londres, Inglaterra : Press Syndicate. 1ed.
1999 4ed.2007

JACOBS, Jane. Morte e Vida das Grandes Cidades. tradução Carlos S. Mendes
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LYNCH, Kevin. The Image of the City. Massachusetts, Estados Unidos : MIT Press,
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MARICATO, Ermínia; AKAISHI, Ana Gabriela. O Brasil na era das cidades-


condomínio. Outras Palavras. Publicado em 25 de abril de 2018. Acesso em:
set/2018. Disponível em: https://outraspalavras.net/brasil/o-brasil-na-era-das-
cidades-condominio/

NETTO, V. M.. A urbanidade como devir do urbano. EURE, Vol. 39, nº 118
(pp.233-263). Setembro de 2003. Acesso em: nov/2018. Disponível em: <
https://scielo.conicyt.cl/pdf/eure/v39n118/art10.pdf >

NETTO, V. M. Jane Jacobs. Revista Políticas Públicas & Cidades, v.4, n.2, p.9 – 50,
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https://doi.org/10.23900/2359-1552.2016v4n2p8 >

NETTO, V. M. The social fabric of cities: a tripartite approach tocities as systems


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NORBERG-SCHULZ, C. Genius Loci: Towards a phenomenology of


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RATTI, C. Space Syntax: some inconsistences. Environment and Planning B:


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SABOYA, R; NETTO, V. M; VARGAS, J. C. Tipologias edilícias e vitalidade
urbana: um estudo de caso em Florianópolis – SC. Conference Paper; 2013.
Disponível em: < https://www.researchgate.net/publication/245900055 >

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção.


São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.

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