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A cidade fica à altitude de 1.628 metros, sendo, portanto, o mais alto município
brasileiro, considerando a altitude da sede. De acordo com Emplasa (2013), o município
possui área total de 290,52 km², com taxa de urbanização de 99,4%, com 47.789
habitantes e densidade de 164,49 hab/km².
A cidade de Campos do Jordão foi fundamentada, deste os primórdios de seu processo de
urbanização, no vale do Ribeirão Capivari. Este rio, como fornecedor de um recurso
natural imprescindível a vida, oferecia a água como elemento necessário à sobrevivência.
Seu vale, uma amenidade do relevo acidentado da cidade, era um facilitador de percursos
e favorecia o uso do solo. As condições físicas do território determinaram a escolha do
sítio e o início da ocupação. Conforme conta a história, sua estrutura resultou em torno
de elementos primários, iniciando um núcleo urbano (PAULO FILHO, 1986). Os
aspectos físicos da natureza nortearam a ocupação da cidade, formando também um eixo
estruturante de mobilidade urbana, originando um traçado com eixo linear, no qual foram
implantadas a ferrovia e as principais vias de acesso. Este eixo principal e de relevo
brando se ramificaram de forma sinuosa se adequando ao relevo mais acidentado de sua
bacia hidrográfica.
Em 1878, foi fundada a Primeira Casa de Saúde, para o tratamento de tuberculose na
cidade, espalhou-se a notícia de que o clima era favorável à cura e possuía ação
terapêutica, dando início ao ciclo de cura, com a construção de numerosos sanatórios
(PAULO FILHO, 1986).
No final do século XIX, o município era procurado como local ideal para o tratamento da
tuberculose. Neste período houve construções de vários sanatórios e a ocupação urbana
possuía preocupações higienistas (Paulo Filho, 1986). Já na primeira metade do século
XX, a intencionalidade do desenvolvimento urbano focava a expansão sanatorial
conciliada com o turismo. As orientações voltaram-se ao crescimento da cidade, com
baixa densidade habitacional, ocupação territorial de forma dispersa, o espraiamento do
tecido urbano e a setorização e segregação espacial de classes sociais, definindo bairros
para a população residente e turista. Em 1915, foi criado o distrito de Campos do Jordão,
pela Lei Estadual n° 1.471, no município de São Bento do Sapucaí, com sede na Povoação
de Vila Jaguaribe. A Vila Abernéssia foi fundada em 1919 pelo escocês Robert John Reid,
(agrimensor12 na ação da divisão judicial da Fazenda Natal). Na época, chamada de Vila
Nova, foi impulsionada pela Estação de Ferro. O mesmo edificou uma pequena usina
hidrelétrica neste bairro e a Companhia de Eletricidade de Campos do Jordão, a qual
construiu por volta de 1930, a Usina do Fojo, que abasteceram a cidade por longa data.
Figura 2: - Foto da Vila Jaguaribe. Data provável: 1912. Fonte: Arquivo pessoal de Rossi, 2014.
Figura 3: - Foto da Vila Jaguaribe. Data: década de 20. Fonte: Arquivo pessoal de Rossi, 2014.
A Prefeitura Sanitária de Campos do Jordão foi criada em 1926, sendo subordinada à
Secretaria do Interior. A criação do município foi em 16 de junho de 1934, quando se
desmembrou da cidade de São Bento do Sapucaí e foi incorporado o Distrito de Santo
Antônio do Pinhal. O quadro que se manteve até 1944, data que foi criada a comarca de
Campos do Jordão com sede no município do mesmo nome, pelo Decreto-lei n° 14.334
(IBGE, 2010).
Em 1931, havia em funcionamento 9 sanatórios, 13 pensões oficializadas com regime
sanatorial e um ambulatório. A prefeitura sanitária doava terrenos a todas entidades que
apresentassem projetos para a construção de casas de saúde. Com a promessa de cura
pelos ares frios, mesmo os enfermos que não possuíam condições financeiras de pagar
pelo tratamento, eram atraídos para a cidade, o que proliferou as construções precárias e
pensões clandestinas, gerando um estado sanitário caótico (BERTOLLI FILHO, 2001).
Por volta de 1936, foram iniciados os trabalhos da abertura da atual rodovia SP-50, que
interliga São José dos Campos a Campos do Jordão. A construção desta rodovia
incentivou o ciclo do turismo, consequentemente, a estrutura hoteleira começou a se
instalar na cidade.
O governador do Estado de São Paulo, criou uma comissão compostas por médicos e
urbanistas, para estudar a urbanização de Campos do Jordão, com foco na expansão
sanatorial conciliada com o turismo. Os quatro pilares desta proposta eram: A
tuberculose; doenças diversas; descanso e recreio e o jogo. Foi criado um zoneamento
sanatorial, com preocupações higienistas, evitando a ocupação excessiva do solo, a
restrição de instalação de indústrias e o adensamento populacional. Este estudo gerou o
Plano de Urbanização de Campos do Jordão, Projeto de Lei n° 193, que foi aprovado pela
Câmara Estadual. Baseado nas características topográficas, o crescimento proposto era
predominantemente linear. Segundo Paulo Filho (1986), com esta finalidade foram
introduzidas as seguintes diretrizes:
Tratamento da artéria principal, via e eletrovia - A via que margeava a Estrada de Ferro
de Campos do Jordão (EFCJ) era chamada de Avenida de Ligação (Hoje Av. Frei Orestes
Girardi), na época, seu traçado ainda era irregular, deveria ser concluído, remodelado para
o existente e duplicado, abrindo a atual Avenida Januário Miráglia;
Limitação transversal, seccionando o comércio e administração no eixo, ao longo da
ferrovia, principalmente próximo às paradas e em Vila Abernéssia. Destaca-se a
orientação para o desenvolvimento predominantemente linear;
Residências na faixa imediata à via principal, chácaras na seguinte, agricultura ou
florestas na periferia e indústrias em pontos isolados. As residências de primeira classe
deveriam se estabelecer em Vila Capivari e residências operárias em 2 ou 3 vales
afluentes. Destaca-se a segregação de classes sociais. E 65
A EFCJ deveria oferecer uma linha rápida de tráfego contínuo e previa-se seu
prolongamento até Itajubá. Impunham-se melhorias nas estradas que ligavam a cidade a
Pindamonhangaba e São José dos Campos.
Na década de 1950, foi instituído o Centro de Planejamento de Campos do Jordão,
entidade da sociedade civil, não partidária, que opinou em empreendimentos em diversas
gestões municipais e a Comissão Técnica do Plano Diretor, resultando em 1959, no
primeiro Plano Piloto do Plano Diretor. Este estabeleceu zoneamentos, locais de centro
cívico e interesse de comunicação da cidade. Foi uma iniciativa do Governador do Estado
de São Paulo, que se realizasse o planejamento das estâncias do estado de São Paulo em
um convênio com as prefeituras municipais (Departamento de Obras Sanitárias da
Secretaria de Viação e Obras Públicas) e a Reitoria da Universidade de São Paulo. Este
documento foi oficializado em 1962, pela Lei Municipal nº 430, juntamente com o
Código de Obras do município.
Figura 4: Foto da Vila Abernéssia. Data: década de 1930. Fonte: Arquivo pessoal de Rossi, 2014
Algumas instituições e hotéis foram construídos para reforçar o caráter turístico, cultural
e elitista da cidade. Como o Palácio Boa Vista que serve de residência de inverno do
Governador do Estado, o Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro de Campos
do Jordão, que recebe o Festival de Inverno da cidade, e outros eventos. Entre os Hotéis
destacamse o Hotel Toriba e o Grande Hotel, que na data de inauguração também
funcionava como cassino. O Escritório Técnico do Planejamento (ETEPLA) reformulou
e adaptou o Plano Diretor à realidade local e elaborou o Plano de Desenvolvimento
Integrado. Foram elaborados os seguintes documentos: preservação da paisagem,
manutenção da densidade demográfica baixa, uso do solo, disciplina dos loteamentos,
revisão do código de edificação, mapas e revisão do sistema viário básico. Na década de
1970 a cidade recebeu estudos urbanísticos como o Código de Diretrizes do Sistema
Viário, Código de Usos do Solo e Proteção da Paisagem, Código de Edificações (Lei nº
1097 de 1978) e Código do Parcelamento do Solo. Em 1978, o Governo do Estado de São
Paulo, passou o município de estância hidromineral para estância turística, o que
restabeleceu a autonomia política administrativa. Em 1979, a administração proibiu a
aprovação de loteamentos com o intuito de cessar a devastação da natureza. Houve
intervenções urbanísticas na Vila Fracalanza e Jardim Marcia. Foi instituída a EMUHAB
(Empresa Municipal de Habitação) para construções de habitacões populares no sistema
de mutirão na Vila Floriano Pinheiro. Segundo Pedro Paulo (1986), na década de 1980 a
cidade sofreu uma alta especulação imobiliária, através da implantação indiscriminada de
loteamentos. Este fato, segundo o autor, foi ocasionado pela expressão turística do
município com a construção de casas de turistas. As obras do portal da cidade se iniciaram
em 1984. A construção tinha como intuito orientar o estacionamento de ônibus e veículos
de turistas, funcionando como um ponto receptivo.
Figura 5: Mapa da área urbana de Campos do Jordão com a localização das vilas e o eixo viário
principal.
"Manoel Esteves de Jesus Junior, homem abastado que, com o Dr. João Renno
de França e Padre Pedro Nolasco Cesar, formavam o núcleo intelectual da
Freguesia. Foram criados estatutos para orientar a comissão encarregada do
levantamento do templo. Esses estatutos se compõe de 17 artigos extensos e
dizem o seguinte: "Os abaixo assinados, cônscios da necessidade de se
edificar um novo templo em honra e glória d o Glorioso Santo São Bento, que
deverá servir de matriz desta Freguesia de São Bento, a conselho do Frei
Eugenio Maria de Genova, missionário Apostólico Capuchinho, depois de
serem apresentados ao povo pelo mesmo Reverendíssimo Senhor e apregoado
pelo Reverendíssimo Padre Nolasco Cesar, Vigário Colado desta Freguesia,
na igreja, conscienciosamente se comprometem à edificação da obra da Igreja
Matriz, no lugar denominado PALMEIRAS, da maneira seguinte;...7
indivíduos para comporem a comissão, presididos pelo Padre Vigário.
Deveriam edificar a igreja a todo custo, ainda que durante a edificação
morresse ou retirasse metade ou mais da metade da Comissão. Os Estatutos
jamais poderiam ser revogados se as modificações viessem prejudicar a
arquitetura da obra.
Subscreveram os Estatutos: Padre Pedro Nolasco Cesar (Presidente), Frei
Eugenio Maria de Genova, Benedito Salgado Cesar, Manoel Esteves de Jesus
Junior (Secretário) Cap. Custódio Homem de Azeredo (Tesoureiro),
Cap.Antonio Modesto Monteiro Dias (Procurador), Do mingos dos Santos
Cezar e Francisco da Silva”.
O templo foi erguido com as doações dos fiéis, registradas em livro próprio,
pagas com algumas verbas do Governo Provincial e pelo subsídio literário,
um imposto cobrado sobre a fabricação de aguardente e o ab ate de gado de
corte para venda no varejo.
A Igreja Matriz foi construída por fora da antiga capela de pau -a-pique, de
modo que esta só foi demolida depois que o novo templo estava coberto, pois
era a única igreja em condições de se celebrar o culto divino em toda a
Freguesia. Pelas dificuldades e precariedade de trabalho próprias da época,
as obras se arrastaram por mais de meio século e só foram concluídas pelos
padres carmelitas em 1917, tomando as características que tinha até 1970.
A pintura artística foi feita pelo pintor e artista Luiz Teixeira, natural de
Itajubá, destacando-se os dois quadros na capela-mór, um representando A
TRANSVERBAÇÃO DE SANTA TEREZA e outro, NOSSA SENHORA DO
CARMO.
Em 1809, foi aberto um caminho pelos mineiros em terras habitadas pelos paulistas da
Vila de Pindamonhangaba que já possuíam as Sesmarias na região, mas logo foi fechada
pelo então Capitão Mor Ignácio Marcondes do Amaral
.Após um acordo amigável em 1811, ficou combinado que continuaria aberta a estrada
com uma guarda mantida por São Paulo no lugar denominado sertão em terras de Claro
Monteiro do Amaral, cerca de 10 km acima de Sapucaí Mirim.
Com a abertura oficial da estrada em 1811, ligando as duas Capitanias, a região começou
a prosperar. Com a fundação da Freguesia de São Bento do Sapucaí em 1828, as terras
do alto da Serra ficaram pertencendo à nova freguesia.
Foram feitas muitas doações para a Capela de Santo Antonio no local denominado
Fazenda Pinhal. A mais conhecida delas ocorreu em 11 de de abril de 1856, quando o
senhor Antonio José de Oliveira e sua mulher doaram terras ao santo de devoção.
Figura 17: Regiões Metropolitanas de Campinas, São Paulo, Baixada Santista e do Vale do
Paraíba e Litoral Norte e Aglomerado Urbano de Jundiaí
No século XIX, Ubatuba possuía um porto que teve grande importância regional, pois
servia como ponto de escoamento da produção cafeeira desenvolvida no Vale do Paraíba.
Esse porto foi suplantado em importância pelo Porto de Santos que se fortaleceu com a
expansão da economia cafeeira para o interior do Estado de São Paulo na primeira metade
do século XX e com a consolidação das indústrias de Cubatão a partir de meados do
século XX. Hoje o porto de Ubatuba não tem a mesma importância do passado.
Ubatuba faz divisa com São Luis do Paraitinga a Norte, o Oceano Atlântico a Sul, Parati
(RJ) a Leste, Natividade da Serra e Caraguatatuba a Oeste e Cunha a Nordeste. Está na
Região de Governo de Caraguatatuba que faz parte da Região Administrativa de São José
dos Campos. As Regiões Administrativas do Estado de São Paulo foram instituídas pelo
Decreto Estadual nº 48.162 de 3 de julho de 1967, alterado pelo Decreto Estadual nº
52.576, de 12 de dezembro de 1970. A instituição dessas Regiões Administrativas visa
descentralizar a administração pública no Estado de São Paulo buscando melhor
articulação entre o governo estadual e os municípios paulistas. Nessa mesma linha, o
Decreto Estadual nº 22.970, de 29 de novembro de 1984, subdividiu as Regiões
Administrativas em Regiões de Governo.
De acordo com o IBGE, o município de Ubatuba se divide em dois distritos: distrito de
Ubatuba, que segue desde a divisa com Caraguatatuba, ao sul, até a praia de Promirim e;
o distrito de Picinguaba, que segue até a divisa com o Estado do Rio de Janeiro, ao norte
do município.
Figura 20: UBATUBA – Mancha Urbana – 1979/1980. Fonte: Imagens Landsat 1979, 1980.
Os reflexos da construção da BR-101 foram sentidos na urbanização da década de 1980
ocorrida em Ubatuba. Além de oportunizar uma maior ocupação de segundas residências
em Ubatuba, a construção desta estrada foi um importante elemento estruturador na
configuração territorial do município, contribuindo ainda mais para a segregação espacial
e formação de bairros que ocuparam o interior do município; pois dividiu a cidade,
ficando de um lado os bairros valorizados próximos à orla, e de outro os sertões, mal-
servidos de infra-estrutura e serviços. Na década de 1980, Ubatuba-se firma-se
definitivamente no mercado de exploração de turismo, contanto, ainda com muitas praias
intocadas. Nos anos 80 Ubatuba era responsável pela maior oferta de empregos no setor
de serviços ligados a construção civil no Litoral Norte, e já apresentava um grande índice
de crescimento percentual da população migratória. Essa população, sem condições de
adquirir moradias nas áreas centrais e próximas à orla, também foi levada a ocupar o
interior da planície litorânea da parte central do município, aglomerando-se nas encostas
de morros. A densidade demográfica aumentou significativamente de 1980 para 1990.
Sendo a década de 1980, como podese observar na figura___ abaixo, foi o período de
maior expansão urbana do municipio, fato que se observa em todo litoral norte do Estado
de São Paulo. A exploração imobiliária em Ubatuba, cada vez mais em expansão, se
expraiou ao longo do litoral com a construção de diversos condomínios de segunda
residência.
Figura 21: UBATUBA – Mancha Urbana – 1991/1992. Fonte: Imagens Landsat 1991, 1992.
Nesta década também se instituem algumas áreas de proteção, como reversas e parques
que contiveram a urbanização de certos pontos do território municipal de Ubatuba com a
imposição de leis de desefa e controle do meio ambiente. Contudo, nesta década ainda se
observou uma expansão significativa da mancha urbana. Esta expansão se deu tanto na
ocupação de áreas da orla que ainda não estava urbanizadas como a Praia de Fortaleza,
Enseada e intensificar a ocupação do Perequê-Açu e Praia Grande, como também se
expraiou, com mais intensidade, em direção ao sertão, subindo as escarpas da Serra do
Mar, tanto na região central como nas regiões sul e norte do município. Entre a década de
1960 e 1990, Ubatuba foi o municipio do litoral norte que mas expandiu seu território,
tendo um crescimento neste período de 570%, enquanto os outros municipios do litoral
norte cresceram 250%, em média.
Ná decada de 2000 a expansão urbana do município de Ubatuba perde a intensidade e
ocorrem aparecendo apenas poucas manchas novas, localizadas, em geral, no sertão, em
direção às encontas.
A configuração do sistema viário de Ubatuba, a exemplo dos demais municípios do
Litoral Norte, apresenta notável fragmentação, em função das características geográficas
das áreas urbanizadas do município, situadas junto às praias, intercaladas por elevações e
costões rochosos. Como ocorre com São Sebastião e Caraguatatuba, o eixo da SP-55/BR-
101 é a única via de ligação entre estas áreas e nelas assume características de via arterial
urbana, com intenso trânsito local, entrelaçando os deslocamentos regionais, de passagem
e locais em uma única via. Em Ubatuba, a rodovia Oswaldo Cruz, SP-125, entronca com
a rodovia Rio-Santos na área central do município, conforme se observa na figura a
seguir, que apresenta a configuração do sistema viário na área central do município. Esta
ligação viária com Taubaté, no Vale do Paraíba, induziu a um processo de urbanização
ao longo de seu eixo, na área de planície marinha localizada a noroeste da área central do
município. Esta ocupação, por avançar sobre o sopé da Serra do Mar, certamente implica
em pressão sobre a vegetação do Parque Estadual e na existência de situações de risco
associadas à penetração do sistema viário.
Em relação ao patrimônio histórico material, Ubatuba conta com bens tombados pelos
órgãos federais (Iphan), estaduais (Condephaat) e por leis municipais de tombamento. Ao
todo, são 15 imóveis tombados em diferentes regiões do município, sendo que a maior
concentração destes imóveis localiza-se na porção central do municipio, conforme mostra
a figura 21. De acordo com a prefeitura, a Fundart deu início ao processo de restauro do
sobrado do Porto em articulação com o Condephaat.
Caraguatatuba
Não conhecendo de sua longa existência, por volta de 1770, o governador da Capitania
de São Paulo, determinou ao comandante do destacamento da Vila de São Sebastião que
fizesse erigir uma povoação na paragem chamada Caraguatatuba, juntando para ela todos
os moradores que puder, delineando o lugar para a Casa de Câmara, cadeias e mais
edifícios públicos, visto que já existia a Igreja para a invocação a Santo Antonio.
Em 1806, graças a uma correição pelas Vilas Marinhas e a dar-se crédito ao administrador
da Capela, a Vila de Santo Antonio de Caraguatatuba ficou conhecida como "Vila que
Desertou", mudando-se seus moradores para outros lugares. Após a correição, a Vila não
só resurgiu como progrediu tornando-se freguesia pela Lei nº 336, de 16 de março de
1847, elevando a categoria de município com a promulgação da Lei nº 581, de 20 de abril
de 1857. O município foi instalado em 23 de novembro de 1857.
No início do século XX, a maior parte dos moradores da cidade habitavam a zona rural
em agrupamentos de pescadores distribuídos pelas praias.
Em 1910, a vila de Caraguatatuba possuía 3.562 habitantes e em 1927 contava apenas
com uma praça e poucas ruas.
O ano de 1927 marcou o início das atividades da Fazenda São Sebastião, que passou a ser
conhecida como “Fazenda dos Ingleses”.
Desde seu início, a Fazenda dos Ingleses dedicou-se a bananicultura e a citricultura para
exportação exclusivamente para a Inglaterra.
Uma rede ferroviária interna que chegou a atingir 120 quilômetros de extensão, incluindo
40 ramais, foi de vital importância para a implantação do projeto agrícola.
Toda a produção era escoada para o cais particular situado no Bairro Porto Novo, de onde
se fazia o transporte até o canal de São Sebastião, em frente à Ilhabela, por uma frota de
sete lanchas e rebocadores que conduziam vinte chatões com capacidade de 55 toneladas
cada um, de propriedade da companhia de Fomento Mercantil. No canal, os navios da
companhia Blue Star Line aguardavam a chegada dos chatões para o transbordo da carga
e seu transporte para até um dos portos da Inglaterra.
Em 1939, a estrada que liga Paraibuna à Caraguatatuba foi aberta ao tráfego e, em 1955,
a ligação de Caraguatatuba á Ubatuba.
Para seu divertimento, os ingleses fizeram construir quadras de tênis, campos de golf e
pólo. Também jogavam cricket. No campo de futebol chegaram a disputar campeonatos
com 30 times. Jogavam ping-pong e assistiam documentários no cinema da fazenda.
A Fazenda dos Ingleses foi o principal fator de desenvolvimento da cidade até a chegada
dos turistas. Era uma das três maiores do gênero na América do Sul. Uma via férrea
interna, que chegou a ter 120 quilômetros de extensão, transportava as frutas para o porto,
no Rio Juqueriquerê, onde havia um cais de 100 metros. Dalí elas seguiam para os navios
atracados no canal de São Sebastião que as levavam até Londres.
Por volta de 1946, no final da II Guerra Mundial, a fazenda retomou a produção de
cítricos, voltando ao mercado inglês e sobreviveu mais 20 anos dessa cultura, apesar da
decadência paulatina. Com a catástrofe de 1967, metade da fazenda ficou debaixo da
lama. A retomada das atividades só ocorreu na década de 90, quando a Pecuária Serramar
instalou um projeto pecuário de alta tecnologia no mesmo local.
Figura 26: São Sebastião – Divisão de distritos Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010.
Elaboração Instituto Pólis, 2012.
De acordo com o IBGE, o município de São Sebastião se divide em três distritos: São
Francisco da Praia, ao norte, junto à divisa com Caraguatatuba; São Sebastião,
englobando área da região central até a praia de ToqueToque Pequeno e o distrito de
Maresias que segue até o limite com Bertioga, sendo o maior em extensão territorial e
com o mais intenso crescimento populacional na última década. Em 2010, esse distrito
passou a concentrar 42,2% da população residente de São Sebastião, superando o número
de residentes da região central, no distrito de São Sebastião.
O município de São Sebastião está inserido em uma região de domínio da Mata Atlântica,
sendo que 72,24% de sua área são recobertos por vegetação natural. É um município
bastante extenso, com mais de 40 mil hectares, permanecendo a maior parte de seu
território ainda não ocupado, constituindo importante área de proteção ambiental.
Convém salientar que São Sebastião apresenta planícies relativamente estreitas, onde se
intercalam inúmeras praias entre costões rochosos, além de muitos ambientes insulares
que são de extrema importância para a reprodução de aves marinhas. Os atributos
anteriormente descritos, somados à existência de uma riquíssima biota marinha,
justificaram a criação de diversas unidades de conservação em seu território. A
conformação mais estratégica desses atributos está o Parque Estadual da Serra do Mar,
onde se encontra o Núcleo São Sebastião. A densidade total do município é bastante
baixa, de apenas 1,8 hab/ha. Do ponto de vista da distribuição espacial dessa população
residente, nota-se forte concentração em áreas urbanizadas junto às orlas marítimas,
correspondendo a menos de 9% do território municipal e densidade média de 119 hab/ha.
Os núcleos urbanos consolidados que concentram a população residente de São Sebastião
são Jaraguá, São Francisco, Centro, Barequeçaba, Toque-Toque Pequeno, Boiçucanga,
Maresias, Camburi e Juquehy. Esses núcleos apresentam densidades que chegam a 750
hab/ha. Os setores censitários com alta densidade demográfica, entre 1.000 e 3.500
hab/ha, são ocupados por assentamentos precários e ausência de infraestrutura urbana.
A ocupação portuguesa ocorre com o início da História do Brasil, após a divisão do
território em Capitanias Hereditárias. Diogo de Unhate, Diogo Dias, João de Abreu,
Gonçalo Pedroso a Francisco de Escobar Ortiz foram os sesmeiros que iniciaram a
povoação, desenvolvendo o local com agricultura a pesca. Nesta época a região contava
com dezenas de engenhos de cana de açúcar, responsáveis por um maior
desenvolvimento econômico e a caracterização como núcleo habitacional a político. Isto
possibilitou a emancipação político-administrativa de São Sebastião em 16 de março de
1636.
A "descoberta" de São Sebastião como destino turístico ocorre após a abertura da rodovia
Rio-Santos no final dos anos 70, proporcionando ao município mais uma oportunidade
de desenvolvimento, agora baseada no turismo. De maneira controlada e ecológica, o
turismo hoje é a vocação assumida pelos sebastianenses como forma de movimentar sua
economia.
A cidade foi sendo formada ao redor do prédio, onde ruas e casas permanecem até hoje
originando um importante centro histórico, com 7 quarteirões tombados, a partir de 1970,
pelo Condephaat - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arquitetônico, Artístico
e Turístico do Estado de São Paulo.
Com o desenvolvimento do povoado e o reconhecimento da capela, o município de São
Sebastião foi elevado à categoria de vila e, em 1798, após a implantação da Casa de
Câmara e Cadeia - atualmente sede do 2º Batalhão da Polícia Militar -, os moradores
começaram a discutir a necessidade da reforma da igreja.
A primeira grande reforma ocorreu em 1819, custeada com recursos locais. Novas
intervenções ocorreram no século passado, nas décadas de 20 e 40, quando foi substituído
o altar- mor e a madeira por alvenaria.
A matriz ganhou vitrais em 1950 e três anos depois os altares laterais foram trocados por
altares de marmorite e gesso. As modificações continuaram em 1992 quando foram
demolidos os altares de cedro.
Do ponto de vista da sua história, São Sebastião foi elevado à categoria de município com
a mesma denominação atual, em 16 de março de 1636, como resultado de emancipação
político-administrativa de Santos, já constituído com seu atual Distrito-sede, São
Sebastião. Tal emancipação ocorreu devido à importância da atividade de engenhos de
cana de açúcar, responsável por um maior desenvolvimento econômico, ao crescimento
da produção agrícola, da pesca e da extração, bem como à sua caracterização como núcleo
habitacional e político. Na história de São Sebastião, tem importância o canal que se abre
sob a proteção de Ilhabela, constituindo um porto natural, que possibilitou a ocupação da
região; e a comunicação e o fluxo que se estabeleceu junto às regiões interiores, nos
períodos colonial e imperial. Até o século XVIII, a atividade de engenho de açúcar marca
um período de grande dinamismo econômico. No século XIX, com a passagem da cana
de açúcar para a cultura cafeeira, não se obteve a mesma rentabilidade das atividades
realizadas no interior, reduzindo o dinamismo da economia regional, ainda mais solapado
pela inauguração do porto de Santos, no final do século XIX. A partir daí, passam a
predominar, em São Sebastião, a pesca artesanal e a agricultura de subsistência, com
pequenas roças de mandioca, feijão, milho e banana, características das comunidades
caiçaras isoladas. A partir da década de 1930, a implantação da infraestrutura portuária
municipal, concluída na década seguinte, e do Terminal Marítimo Almirante Barroso
(TEBAR) da Petrobras, nos anos 1960, foi decisiva para a retomada do desenvolvimento
econômico local, com a constituição de algumas empresas importantes, tanto no ramo dos
serviços de logística como de hospedagem e alimentação. A “descoberta” de São
Sebastião como destino turístico, após a abertura da rodovia Rio-Santos nos anos 1970,
fomenta sobremaneira as atividades relacionadas a esses serviços e à construção civil. Na
segunda metade do século XX, a urbanização acelerada de São Sebastião pode ser
dividida em duas fases: a primeira, entre as décadas de 1950 e 1980, e a segunda, entre a
década de 1980 e o momento atual. Na primeira fase (1950-1980), a formação de áreas
urbanas de São Sebastião se deu, principalmente, na porção leste do território municipal
(conhecida como Costa Norte). A década de 1950 pode ser tomada como um ponto de
inflexão no processo de urbaniza- ção do município, pois a urbanização da porção leste
de São Sebastião foi impulsionada também pelo asfaltamento da estrada que liga São José
dos Campos a São Sebastião, via Caraguatatuba. Na década de 1960, os armazéns ligados
ao Porto de São Sebastião se implantaram em direção à Vila Amélia, que acabou sendo
contornada pelas instalações do parque petroquímico. Esses grandes investimentos, que
se realizam a partir de meados do século XX, atraíram um enorme contingente de pessoas
que, ao longo da segunda metade do século, provocaram um crescimento espetacular da
população local. Esse processo foi marcado pela concentração de renda, exclusão social,
crescimento desordenado de uma cidade dividida em: norte, que abriga população
migrante e caiçara, nos bairros de Pontal da Cruz e São Francisco; centro, um aglomerado
urbano mais denso do ponto de vista econômico e demográfico; e sul, área de condições
díspares, entremeada por condomínios e segundas residências, localizados na orla, e de
assentamentos precários dispersos, geralmente, entre a rodovia SP – 055 e a Serra do Mar.
Até a década de 1980, a urbanização da Costa Sul de São Sebastião era incipiente e
aparecia principalmente em Barequeçaba, Guaecá e junto às praias de Maresias, Camburi,
Baleia e Juquehy.