Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Autores: MIGUEL, N.A. & PUPO, B. Artigo apresentado no EnGPR-2007, ANPAD, em Natal (RN).
2
2. Revisão teórica. 2.1 - A Era da Empregabilidade - veio para substituir a antiga relação
entre patrões e empregados, na qual se ofereciam serviços e, em troca, recebia-se a
estabilidade e a recompensa pelo esforço, pela dedicação e obediência às ordens demandadas
pelo superior. A palavra empregabilidade tem sido citada em inúmeras publicações nos
últimos anos. O tema parece ter despertado enorme interesse entre os estudiosos da ciência da
administração. No entanto, fora do meio acadêmico, o termo ainda é pouco conhecido e são
poucos as pessoas que conseguem definir o que realmente seja empregabilidade.
Sob a ótica da política nacional de educação profissional brasileira, estruturada pelo
MEC e pelo Ministério do Trabalho, a “empregabilidade deve ser entendida como capacidade
não só de se obter um emprego, mas, sobretudo, de se manter em um mercado de trabalho em
constante mutação” (BRASIL-MTb 1995:9). Nesta perspectiva, é fundamental que se pense
em programas de qualificação profissional que possibilitem aos trabalhadores meios e
condições para sua requalificação profissional.
Bueno (1996:45) afirma que a palavra empregabilidade vem do inglês employability e
apresenta o conjunto de conhecimentos, habilidades e comportamentos que tornam um
executivo, ou um profissional, importante para a sua organização e para qualquer outra. Ele
define a empregabilidade como a capacidade dos trabalhadores em conquistar um emprego e
mantê-lo todos os dias, sobrevivendo e prosperando numa sociedade sem empregos.
Empregabilidade também passou a ser entendida como "a capacidade de expandir
3
nas organizações, seja ela de qual segmento for. “No mercado que surge, as organizações
solicitam alguns serviços especializados apenas quando precisam e pagam ao profissional de
acordo com o trabalho realizado” (MINARELLI, 1995:23).
Para Stempfer (1997:37), os tipos de trabalho bem remunerados do futuro exigirão
capacidade de adaptação a novos ambientes e novas situações, mobilidade entre países e
culturas e disposição para aprendizado contínuo. Exigirão também a capacidade de
comunicação oral e escrita, inclusive às capacidades de ouvir, de preparar relatórios e de fazer
apresentações. As habilidades interpessoais, a capacidade de trabalhar em equipe e a
capacidade de assumir papéis de liderança e de tomar decisões também serão altamente
valorizadas.
Nesse contexto torna-se fundamental que o profissional encontre a ocupação que
corresponda às suas aptidões, seus interesses e suas possibilidades. Com certeza esse
profissional terá mais prazer em trabalhar, porque estará unindo trabalho e vocação,
transformando cada dia num momento de gratificação e realização, fortalecendo assim o que
se denomina como o primeiro pilar da empregabilidade. Esse profissional sempre encontrará
quem o apresente, dê boas referências e faça recomendações (MINARELLI, 1995:51).
Partindo das formulações apresentadas, a criatividade torna-se uma característica
extremamente valorizada, e, Motta (1998:38) considera que ela é fruto do ambiente em que o
indivíduo está inserido. É o resultado entre o meio social e a geração de novas idéias. Assim,
a criatividade é um julgamento de valor aplicado a um contexto específico: variando de grupo
para grupo, dependendo do ambiente onde a idéia foi gerada.
Hill e Petty (1995) trataram de estudar atributos relacionados ao trabalho ético para
fins de empregabilidade. Foram pesquisados 1.151 trabalhadores de diferentes ocupações e
através da técnica de análise fatorial identificaram uma solução compreendendo quatro fatores
ou dimensões, que foram denominadas: habilidades interpessoais, iniciativa, tornar-se
confiável e a quarta dimensão abrangeu descritores negativos que estavam inclusos no
instrumento de pesquisa. A preocupação dos pesquisadores foi o direcionamento dos
resultados a educadores empenhados no desenvolvimento de habilidades em estudantes que
estavam na fase de transição da escola para o trabalho, enquanto as escolas deveriam
reexaminar suas matérias a fim de assegurar a aplicação dos conceitos.
Em razão dos processos seletivos das organizações serem um “funil” pelo qual poucos
trabalhadores passam para conseguir e manter um emprego, tornando-os requisitos de
empregabilidade, Carvalho e Grisci (2003) realizaram uma pesquisa exploratória sobre
gerenciamento de impressão. Foram estudados os comportamentos de 30 candidatos a cargos
de gerência intermediária durante suas entrevistas de seleção e seus quatro selecionadores de
duas empresas de consultoria de RH. Os resultados da pesquisa indicaram uma
homogeneização das orientações oferecidas por diversos meios aos candidatos, bem como de
seus comportamentos durante as entrevistas de seleção. As principais estratégias utilizadas
pelos pesquisados foram: autopromoção, exemplificação, insinuação, suplicação, intimidação,
autodescrição, exclusão/dispositivo de memória, justificação, exposição de atitudes,
atribuições públicas, comportamento não-verbal, associações sociais e concordância. As
conclusões da pesquisa são de que essa homogeneização resultou de modos de subjetivação
ou modos de produção de estilos de vida contemporâneos ou modos de existência. Mais,
diante do medo da eliminação ao cargo, fomentada pelos altos índices de desemprego, os
candidatos transformavam-se em sujeitos flexíveis com os requerimentos exigidos pelo
mercado.
Rueda et al.(2004), realizaram uma pesquisa exploratória com 254 alunos cursando o
último ano de cursos de graduação e através da técnica de análise de conteúdo das respostas
formularam sete categorias de dimensões quanto aos seus comportamentos voltados à
aquisição de empregabilidade. Essas dimensões foram: atualização constante e busca de
6
foram considerados para respostas reversas. Desse modo, considerou-se que os resultados
para se conseguir e se manter no emprego como variáveis dependentes e os comportamentos
como variáveis independentes.
As pessoas pesquisadas faziam parte de um banco de dados com 537 endereços
eletrônicos de trabalhadores nos mais diversos tipos de organizações dando à amostra da
pesquisa a propriedade de ser não-probabilística e por conveniência.
Antes da aplicação final do questionário, foi realizada uma reunião com três
trabalhadores para análise e validação de conteúdo das descrições dos comportamentos e sua
adequação ao mundo do trabalho. Posteriormente, foi realizado um teste com 12 trabalhadores
para verificação da terminologia adotada, aplicabilidade das descrições (validade de
conteúdo), operatividade e verificação posterior de confiabilidade do instrumento via
utilização do aplicativo SPSS. Após o teste, verificou-se a confiabilidade satisfatória do
questionário (coeficiente alfa de Conbrach 0,89) e com pequenas alterações sugeridas pelos
participantes chegou-se à versão final. O critério adotado, dentre os vários existentes, é que
um coeficiente alfa igual ou maior a 0,70 retrata suficiente consistência interna conforme
Nunnally (1978) citado por Spector (1992).
A característica a ser medida pela escala de múltiplos itens, apresentada no
questionário, chama-se constructo (construct) e sua elaboração começa com uma teoria
subjacente (MALHOTRA, 2001:262). Neste trabalho o constructo foi um conjunto de
comportamentos voltados à empregabilidade dos trabalhadores. De acordo com Hair et al.
(1998), os dados desta pesquisa apresentaram-se dentro dos procedimentos para serem
tratados e avaliados pelas técnicas da Análise Fatorial baseada em Componentes Principais. A
análise fatorial é uma técnica multivariada de interdependência em que todas as variáveis são
simultaneamente consideradas, cada uma relacionada com as demais, a fim de se estudar as
inter-relações existentes entre elas, buscando a redução ou sumarização dos dados. Ela pode
ser utilizada para se examinar as variáveis latentes em função dos relacionamentos entre as
variáveis manifestas.
4. Resultados. 4.1 - Análise univariada – foram recebidos 115 questionários respondidos via
Internet durante os meses de novembro e dezembro de 2005, sendo que todos foram
considerados normais para o devido processamento. Este retorno representou um índice de
21,4% do total das solicitações para responderem ao questionário.
Os resultados das qualificações dos participantes da pesquisa demonstraram que a
maioria da amostra era composta por trabalhadores do sexo feminino (62,6%), tinha até 40
anos (60,0%), sendo trabalhadores com escolaridade de nível superior completo ou
com/cursando pós-graduação (71,3%) e ganhava menos de R$ 4.000,00 por mês (55,7%).
Com relação aos cargos ocupados pelos respondentes observa-se que supervisores,
gerentes e diretores, relacionados à direção de uma empresa, compunham 44,4% da amostra e
7,0% estavam desempregados na época, conforme Tabela 1.
Tabela 1. Tabela de freqüência dos cargos dos pesquisados.
Cargos Freqüência Percentual Percentual
(%) Acumulado (%)
Auxiliar 3 2,6 2,6
Administrativo 20 17,4 20,0
Técnico 11 9,6 29,6
Supervisor 8 7,0 36,5
Gerencial 25 21,7 58,3
Diretoria 18 15,7 73,9
Outros 22 19,1 93,0
Desempregado 8 7,0 100,0
Total 115 100,0
Fonte: dados da pesquisa
8
Uma boa parte dos pesquisados trabalhava em serviços (36,5%), seguido do ramo
educação (23,5%), sendo que profissionais liberais (1,7%) e autônomos (1,7%) foram os
menos representativos, conforme Tabela 2.
Tabela 2. Tabela de freqüência do tipo de empresa dos pesquisados
Tipo de empresa Freqüência Percentual Percentual
(%) Acumulado (%)
Indústria 11 9,6 9,6
Comércio 12 10,4 20,0
Profissional Liberal 2 1,7 21,7
Serviços 42 36,5 58,3
Educação 27 23,5 81,7
Negócio Próprio 9 7,8 89,6
Cooperativa de Trabalho 2 1,7 91,3
Autônomo 2 1,7 93,0
Desempregado 8 7,0 100,0
Total 115 100,0
Fonte: dados da pesquisa
A Tabela 5 apresenta as estatísticas descritivas dos casos válidos para cada variável.
As variáveis V2 a V14 dizem respeito à questão sobre a importância para se conseguir um
9
emprego. As variáveis V15 a V27 dizem respeito à questão sobre a importância para se
manter no emprego. Observa-se uma distribuição negativamente assimétrica em todas as
variáveis e há desvios padrões bem superiores a dois, principalmente nas variáveis V2; V8;
V14; V16 e V22 que contém avaliações nos valores extremos, denominados outliers. As
medidas da assimetria indicam uma não normalidade dos dados. Testes adicionais com
ANOVA indicaram diferença significativa, ao nível de 5%, apenas na variável V17.
Tabela 6 – Matriz incompleta dos fatores após a rotação varimax – factor loadings
(apenas os coeficientes acima de 0,500), comunalidades (h²), variância explicada,
eigenvalues e fidedignidade da dimensão.
Dimensões (fatores)
COMPORTAMENTOS 1. Manutenção 2. Conquista Comunalidades
(variáveis) do emprego do emprego h²
V18 Incentivar e contribuir para o esforço da equipe 0,851 0,732
V17 Ter entusiasmo e gostar do que faz 0,773 0,598
V20 Preocupar-se com a saúde física e mental 0,742 0,627
V19 Saber negociar em momentos de conflitos 0,733 0,589
V21 Adaptar-se às evoluções da informática 0,679 0,496
V27 Demonstrar sensibilidade e entendimento sobre
os pontos de vista dos outros 0,642 0,522
V 26 Procurar meios para aumentar a satisfação e
lealdade dos clientes da empresa 0,628 0,510
V7 Utilizar a rede de amigos como canal facilitador
para recolocação no mercado de trabalho 0,781 0,630
V13 Demonstrar energia, persistência e disposição
para a busca de novos desafios 0,588 0,494
V6 Demonstrar equilíbrio emocional 0,541 0,555
V12 Ao se apresentar para o selecionador(a)
demonstrar confiança, segurança e disposição,
através do tom de voz e aperto de mão. 0,535 0,531
V11 Demonstrar o gosto por trabalho em equipe 0,530 0,576
% variância 38,731 18,441
% variância acumulada 38,731 57,172
Eingevalue 5,751 1,110
Fidedignidade da dimensão 0,86 0,70
Fonte: dados da pesquisa
Referências Bibliográficas
BABBIE, Earl. Métodos de pesquisas de survey. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.
BOLLÉROT, Patrick. Two Actors in Employability: The Employer and the Worker. In:
Employability: from theory to practice. Chapter 3, p. 51-90. New Jersey: Transaction
Publishers, 2001.
BRASIL-MTb. Educação profissional: Um projeto para o desenvolvimento sustentado.
Brasília: SEFOR, 1995.
BRIDGES, William. Mudanças nas relações de trabalho: como ser bem sucedido em um
mundo sem empregos. São Paulo: Makron Books, 1995.
BUENO, José Hamilton. Autodesenvolvimento para a empregabilidade: sobrevivendo e
prosperando numa sociedade sem empregos. São Paulo: LTr, 1996.
13