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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Conceito de conforto térmico humano

Projeto FEUP 2014/2015 -- Engenharia Química:

Prof. Armando Silva e Prof. Manuel Firmino Prof. João Bastos

Equipa Q1FQI04_1:

Supervisor: José Inácio Martins Monitor: Helder Xavier Nunes

Estudantes & Autores:

Ana Isabel Pimenta up201403867@fe.up.pt Beatriz Oliveira up201406324@fe.up.pt

Joana Campos up201403489@fe.up.pt Maria João Neto up201404610@fe.up.pt

Rafaela Pereira up201405111@fe.up.pt


RESUMO

Este relatório foi desenvolvido em torno das definições de conforto térmico

humano e de sistemas de ventilação de edifícios.

Os seres vivos recorrem à homeostasia para contrariar as alterações

provocadas pelo meio exterior e o equilíbrio dinâmico nos sistemas biológicos é

assegurado pelo sistema endócrino. Relativamente à resposta a alterações de

temperaturas, recorrem à termorregulação para estabilizar a temperatura corporal e,

no caso do Homem, esta é desencadeada pelo hipotálamo.

O bem-estar no contexto de conforto térmico significa não sentir calor nem frio

e, então, o conforto térmico é um conceito subjetivo, pois depende de fatores

quantificáveis e não quantificáveis.

A grande maioria das pessoas passa muito tempo em espaços fechados, pelo

que é necessário recorrer a métodos que aumentem o seu conforto. Os edifícios estão

constantemente sujeitos à ventilação natural, nomeadamente efeito da ação do vento

e/ou efeito de chaminé. Foi necessário, contudo, recorrer à ventilação mecânica de

modo a combater algumas das desvantagens da ventilação natural. Surge, assim, a

ventilação híbrida, que junta o melhor dos dois sistemas de ventilação

Palavras-chave

Conforto térmico, bem-estar, mecanismos de troca de calor, balanço energético,

sistemas de ventilação, ventilação natural, ventilação mecânica.

2
AGRADECIMENTOS

Para a elaboração deste relatório foram essenciais os contributos do monitor,

Helder Nunes, e do supervisor, José Inácio Martins, que sempre se demonstraram

compreensivos e recetivos no esclarecimento de dúvidas e delineamento do projeto.

Aos dois um merecido agradecimento.

Deixa-se também uma palavra de apreço a todas as entidades participantes na

Semana do Projeto FEUP. Os conhecimentos adquiridos tanto nas apresentações

teóricas como nas aulas práticas irão desempenhar decerto um papel imprescindível

no nosso percurso académico e profissional.

Um último agradecimento especial à FEUP por disponibilizar os recursos

necessários à concretização deste trabalho.

3
ÍNDICE DE FIGURAS

Fig. 1 – Regulação da temperatural corporal. ............................................................... 9


Fig. 2 - Temperatura corporal de conforto térmico. ..................................................... 10
Fig. 3 - Escala de perceção térmica. ........................................................................... 11
Fig. 4 - PPD em função dos valores de PMV. ............................................................. 11
Fig. 5 - Diagrama de conforto em função da temperatura e humidade relativa. .......... 12
Fig. 6 - Transferência de calor por convecção. ........................................................... 13
Fig. 7 - Transferência de energia solar para a terra. ................................................... 13
Fig. 8 - Transferência de calor por condução. ............................................................. 13
Fig. 9 - Mecanismos de trocas de calor....................................................................... 14
Fig. 10 - Distribuição de pressões resultantes da ação do vento na envolvente.......... 22
Fig. 11 - Distribuição caraterística das pressões resultantes da combinação de efeitos.
................................................................................................................................... 23
Fig. 12 - Equação da taxa de ventilação necessária para promover o conforto térmico.
................................................................................................................................... 24

4
INDICE

RESUMO ...................................................................................................................... 2
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 6
2. CONCEITO DO CONFORTO TÉRMICO HUMANO .............................................. 7
2.1. Sistema de Autorregulação da Temperatura do Corpo Humano ........................ 7
2.2. O Conceito De Bem-Estar .................................................................................. 9
2.3. Índices de conforto térmico .............................................................................. 10
2.4. Mecanismos de trocas de calor ........................................................................ 12
2.5. Conforto térmico de um indivíduo ..................................................................... 14
2.6. Equação do Conforto Térmico.......................................................................... 15
2.7. Conforto térmico nas habitações/edifícios ........................................................ 16
2.7.1. Portas, janelas e tetos .................................................................................. 16
2.7.2. Humidade ..................................................................................................... 17
2.7.3. Temperatura do chão ................................................................................... 17
2.7.4. Isolamento Térmico ...................................................................................... 18
2.8. Sistemas de ventilação de edifícios .................................................................. 18
2.8.1. Ventilação Natural vs. Ventilação Mecânica ................................................. 19
2.8.2. Caraterização da Ventilação Natural ............................................................ 20
2.8.2.1. Efeito de chaminé ..................................................................................... 21
2.8.2.2. Efeito da ação do vento............................................................................. 21
2.8.2.3. Efeito combinado ...................................................................................... 22
2.8.3. Tipos de sistemas de ventilação mecânica ................................................... 23
2.8.3.1. Insuflação Mecânica ................................................................................. 23
2.8.3.2. Extração Mecânica .................................................................................... 23
2.8.3.3. Sistema Balanceado ................................................................................. 24
2.9. Sistemas de Ventilação e Conforto Térmico ..................................................... 24
3. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 25
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 26

5
1. INTRODUÇÃO

Ao longo de toda a história da Humanidade, o Homem teve sempre a

necessidade de regular a sua temperatura corporal para combater as variações

existentes no meio exterior. Deste modo, o corpo humano, consoante à alteração da

temperatura a que é sujeito – aumento ou diminuição - irá desenvolver uma

determinada resposta, através do hipotálamo.

O conforto térmico é, então, um conceito subjetivo uma vez que varia consoante

as pessoas e depende de fatores quantificáveis e não quantificáveis, tal como a

temperatura e os hábitos, respetivamente. O bem-estar no contexto de conforto

térmico significa, portanto, não sentir calor nem frio.

É de conhecimento geral que os edifícios estão constantemente sujeitos à

ventilação natural, como por exemplo através das frinchas das portas. Assim, e tendo

em conta que a grande maioria das pessoas passa muitas horas em espaços

fechados, nomeadamente no local de trabalho ou em casa, foi necessário desenvolver

alguns métodos que permitissem uma ventilação natural mais eficaz e ainda

alternativas à mesma, tudo de modo a aumentar o grau de conforto térmico. Essas

alternativas consistem no desenvolvimento de dispositivos de ventilação mecânica. A

junção desses dois sistemas de ventilação, sistemas mistos, permite uma renovação

do ar interior mais eficaz e, consequentemente, uma melhoria do bem-estar do ser

humano.

O processo de ventilação deve ainda ter em conta o local, a exposição solar, os

ventos predominantes, os materiais construtivos e a implantação do edifício.

Assim, neste trabalho, para além da análise de como ocorre a regulação da

temperatura corporal no ser humano e o que é o conforto térmico, far-se-á ainda a sua

interligação com os mecanismos de ventilação.

6
2. CONCEITO DO CONFORTO TÉRMICO HUMANO

2.1. Sistema de Autorregulação da Temperatura do Corpo


Humano
Um sistema pode ser termodinamicamente aberto, fechado ou isolado.

Os sistemas biológicos são sistemas abertos, na medida em que efetuam trocas

de matéria e energia com o meio, o que leva a constantes alterações internas do

sistema. Assim, os seres vivos utilizam certos mecanismos de forma a contrariar as

mudanças provocadas pelo meio exterior, mantendo a constância no meio interno, isto

é, a homeostasia.

Este equilíbrio dinâmico nos sistemas biológicos é mantido por uma série de

processos de retroação ou feedback, que surgem nos organismos em resposta a

estímulos do meio. Existem dois tipos de feedback: o positivo e o negativo.

Nos animais, os processos de feedback são assegurados pelo sistema nervoso

e pelo sistema hormonal ou endócrino. O feedback negativo é o mais utilizado pelos

sistemas biológicos e o melhor processo para manter a homeostasia. Pelo contrário, o

sistema de feedback positivo ocorre em situações mais raras como é o caso da

estimulação sexual. (Martins 2010)

A termorregulação, Fig. 1, é pois um conjunto de mecanismos que permite

estabilizar a temperatura corporal dos animais face às variações térmicas do meio

externo. Este processo é, então, essencial para os seres vivos tanto a nível da

manutenção da taxa do metabolismo celular como a nível da manutenção da

integridade do organismo.

A termorregulação funciona como mecanismo de retroação (feedback) negativa

e é, no caso do Homem, desencadeada pelo hipotálamo. (Vitória 2009)

O hipotálamo constitui uma ponte entre os sistemas nervoso e o endócrino. Por

um lado, elabora hormonas libertadas ao nível da neuro-hipófise. Por outro lado,

segrega inúmeras hormonas estimulantes ou inibidoras da produção de diversas

7
hormonas por parte da adeno-hipófise. O hipotálamo é o principal centro integrador

das atividades dos órgãos viscerais, sendo um dos principais responsáveis pela

homeostasia corporal. (Medipédia 2012)

É o hipotálamo que, recebendo um estímulo externo, vai comandar o resto do

organismo a atuar de forma a contrariar esse estímulo. Tal como está esquematizado

na figura 1, os nervos da pele sentem uma variação da temperatura, enviam um

estímulo ao hipotálamo que, ao receber o estímulo, vai desencadear certas funções,

como por exemplo a contração dos músculos esqueléticos e os capilares sanguíneos.

Quando o hipotálamo deteta um aumento da temperatura, promove a

vasodilatação de forma a aumentar a taxa de transferência de calor através dos vasos

sanguíneos, que se encontram mais à superfície da pele. Desencadeia também a

transpiração, estimulando as glândulas sudoríparas, uma vez que a evaporação da

água da superfície do corpo implica perda de calor, entalpia ou calor latente de

vaporização.

Pelo contrário, quando ocorre diminuição da temperatura, o hipotálamo promove

a vasoconstrição, de forma a evitar a perda de calor através dos vasos sanguíneos, a

ereção dos pelos, de modo a formar uma camada de ar à superfície da pele, e

desencadeia contrações musculares involuntárias (tremores), que levam ao aumento

da taxa metabólica.

8
Fig. 1 – Regulação da temperatural corporal.

2.2. O Conceito De Bem-Estar


"A zona de conforto representa aquele ponto no qual a pessoa necessita de

consumir a menor quantidade de energia para se adaptar ao ambiente circunstante".

(Olygay, 1973)

O conforto térmico é um conceito que não pode ser definido com exatidão. Para

um mesmo ambiente com várias pessoas com vestuário diferente e a praticar

diferentes atividades, é difícil conceber um ambiente agradável a todos. A zona de

conforto não é algo objetivo, pois varia consoante as pessoas e depende de fatores

quantificáveis como a temperatura e humidade do ar, e não quantificáveis como os

hábitos e o estado mental.

O bem-estar no contexto de conforto térmico significa não sentir calor nem frio.

Quando as condições exteriores permitem que os mecanismos de regulação térmica

9
de um indivíduo sejam reduzidas o máximo possível, ou seja, que o organismo esteja

em equilíbrio com o meio envolvente, dizemos que esta termicamente confortável, Fig.

2.

Fig. 2 - Temperatura corporal de conforto térmico.

2.3. Índices de conforto térmico


Com a finalidade de avaliar a perceção térmica, foram criados índices de

conforto térmico tais como o PMV (Predicted Mean Vote – voto previsto médio) e o

PPD (Predicted Percentage of Dissatisfied - percentagem previsível de insatisfeitos).

Partindo de uma equação de balanço térmico para o corpo humano, foi criado o

índice PMV, que corresponde a uma previsão da votação de um determinado número

de pessoas relativamente a um dado ambiente térmico.

Várias pessoas num mesmo espaço com vestuário e atividades diferentes terão

uma diferente perceção do ambiente térmico envolvente. A escala de conforto térmico,

apresentada na figura 3, representa o estado psicológico das pessoas em relação ao

ambiente térmico em que se encontram e varia entre -3 e 3.

10
Fig. 3 - Escala de perceção térmica.

Devido às diferenças entre os indivíduos, é impossível conceber um ambiente

que seja considerado termicamente agradável por todos, pois irá sempre haver uma

percentagem de pessoas insatisfeitas.

O PPD, por sua vez, dá a conhecer o número de pessoas insatisfeitas com um

certo ambiente térmico.

Uma vez conhecidos os valores do índice PMV é possível determinar o PPD com

base no gráfico representado na Fig. 4:

Fig. 4 - PPD em função dos valores de PMV.

A zona de conforto térmico localiza-se para valores de PMV contidos entre -0.5 e

0.5. Daqui pode-se concluir que a percentagem de pessoas insatisfeitas não deve ser

superior a 10%. Pela análise da curva, conclui-se ainda que quando PMV é igual a

11
zero, ou seja, o ambiente é considerado neutro pela maioria das pessoas, existem

cerca de 5% de indivíduos insatisfeitos.

Pela análise destes dois índices é possível concluir, mais uma vez, que o

conceito de conforto térmico é relativo, dependendo de vários fatores, logo é

impossível definir uma zona termicamente confortável com exatidão. A Fig. 5 mostra

as atitudes a assumir no contexto habitacional tendo em vista a obtenção do conforto

térmico humano.

Fig. 5 - Diagrama de conforto em função da temperatura e humidade relativa.

2.4. Mecanismos de trocas de calor


Existem três tipos de mecanismos responsáveis pelas trocas de calor, que estão

reproduzidos na figura 4:

 Convecção – consiste na troca de calor existente entre fluidos

(líquidos ou gasosos) com o exterior, i.e., baseia-se na diferença de

densidades que é uma função da temperatura. É causada pelo movimento

dos fluidos, transporte por movimento molecular, Fig. 6.

12
H2O fria ↓

H2O quente ↑

Fig. 6 - Transferência de calor por convecção.

 Radiação – consiste na transferência de calor por ondas eletromagnéticas.

São necessárias duas superfícies a diferentes temperaturas e a uma

determinada distância uma da outra. Uma das superfícies, devido à vibração

das moléculas superficiais liberta energia radiante que é em parte absorvida

e em parte refletida pela outra superfície.

Fig. 7 - Transferência de energia solar para a terra.

 Condução – é a transferência de energia que se processa nos sólidos

através do deslocamento de eletrões livres ou oscilações longitudinais da

estrutura devido a uma diferença de temperatura entre duas superfícies, Fig.

8.

sólido quente

sólido fria

Fig. 8 - Transferência de calor por condução. 13


A Fig.9 sintetiza os três tipos de processos de transporte de energia térmica.

Fig. 9 - Mecanismos de trocas de calor.

Nos edifícios, o mecanismo de troca de calor mais frequente é a condução, e

depende da condutividade térmica dos materiais (K [W/m. ºC]), da espessura do

elemento envolvente (e [m]), da área da superfície (A [m2]) e da diferença de

temperatura entre as duas - equação (1).

(1)

2.5. Conforto térmico de um indivíduo


Quando é medida a temperatura de uma certa divisão, é importante lembrar que

o ser humano não sente a temperatura do quarto em si, mas sim a energia perdida

pelo seu corpo. Assim sendo, há quatro grandes parâmetros a ter em conta:

1. Temperatura do Ar

2. Temperatura Média Radiante (temperatura média à superfície dos

elementos que envolvem a divisão)

3. Velocidade do Ar

4. Humidade

14
A influência que estes parâmetros têm na energia perdida pelo corpo não é

igual. No entanto, não é suficiente a medição de apenas um deles. Por exemplo, a

Temperatura Média Radiante tem normalmente uma maior influência do que a

Temperatura do Ar.

2.6. Equação do Conforto Térmico


Equação do Conforto Térmico

A Equação do Conforto Térmico, equação (2), permite calcular o balanço

energético no corpo humano. Esta equação, contabilizando diversos dados, tais como

a transpiração, respiração, metabolismo, etc., estabelece uma relação entre

parâmetros físicos possíveis de serem contabilizados e a sensação térmica neutra

(conforto térmico) tal como experienciada por um indivíduo “normal”.

(2) ( M  W )  q  q  S  (C  R  E )  (C  E )  ( S  S )
sk res sk res res sk cr

(3) (C  R)  qrad  qconv  qcond

Sendo:

M = metabolismo, W/m2
W = trabalho mecânico realizado, W/m2
qrsk = calor perdido pela pele, W/m2
2
qres = calor perdido por respiração, W/m
C + R = Perda de calor sensível pela pele, W/m2
Esk = calor perdido por evaporação através da pele, W/m2
2
Cres = calor perdido por convecção através da respiração, W/m
Eres = calor perdido por evaporação através da respiração, W/m2
Ssk = calor armazenado na pele, W/m2
Scr = calor armazenado internamente, W/m2

Uma análise a esta equação revela que a temperatura das superfícies da divisão

onde uma pessoa se encontra tem uma grande influência na sua sensação térmica.

15
Ou seja, uma alteração 1°C na temperatura dessas mesmas superfícies pode

equivaler a uma mudança de 1°C na temperatura do ar. Contudo, a humidade do

quarto tem apenas moderada importância no conforto térmico do indivíduo. (LABEE

2002)

2.7. Conforto térmico nas habitações/edifícios


A maior parte das pessoas passa muitas horas em espaços fechados,

nomeadamente no trabalho ou em casa. É portanto da maior importância o seu

conforto, para que se possam concentrar ao máximo, ou então tirar o maior proveito

do seu tempo de relaxamento.

A forma como os edifícios são construídos decide em grande parte o conforto

térmico futuro das pessoas que o vão habitar. São os edifícios que providenciam

contraste entre o interior e o exterior, permitindo manter uma temperatura adequada

no interior, enquanto o exterior se encontra demasiado quente ou demasiado frio.

Elementos como paredes, coberturas, pavimentos, portas e janelas, por exemplo,

contribuem para uma construção consistente e adequada. Sendo assim, quais são as

soluções disponíveis no sector da construção que nos permitem aumentar o conforto

térmico humano em habitações e edifícios? Quais as causas do desconforto?

2.7.1. Portas, janelas e tetos


Foram já realizadas diferentes experiências com pessoas expostas a diferentes

Temperaturas Médias Radiantes, isto é, divisões cujas superfícies e envolvimento se

encontravam a diferentes temperaturas. Estas experiências permitiram concluir que

janelas frias e tetos quentes eram as causas de maior desconforto térmico, enquanto o

contrário provocava menor desconforto térmico, comparativamente. Durante estas

experiências todas as outras superfícies do quarto e a temperatura do ar se

encontravam à mesma temperatura. (LABEE 2002)

16
Quanto mais baixa for a condutividade térmica do material com que são feitas as

infraestruturas e maior a sua capacidade térmica, menores serão as trocas de calor.

Para além disso, existem materiais com características específicas para cada

infraestrutura. A solução mais óbvia será, claro, abrir as portas e janelas no caso de o

interior estar excessivamente quente, de modo a criar correntes de ar, e fechar portas

e janelas em caso contrário, mantendo o calor no interior.

2.7.2. Humidade
A humidade é muitas vezes responsável pela degradação das estruturas e

materiais existentes, provocando custos de manutenção, problemas de durabilidade e

desconforto térmico. (ASHRAE 1997)

Para evitar a ocorrência de condensações, que originam humidade, é necessária

a utilização de ventilação, para diminuir os índices de humidade interiores, e bom

isolamento das paredes, para um aumento da sua temperatura e consequente

diminuição do nível de saturação.

2.7.3. Temperatura do chão


A ocorrência de situações de desconforto térmico devido à temperatura do chão

é mais provável em divisões onde normalmente se anda descalço, nomeadamente nas

casas-de-banho. Pode-se afirmar que o desconforto térmico nas extremidades (mãos,

pés, ponta do nariz, etc.), quando comparado a outras partes do corpo, causa, em

geral, um maior desconforto a nível global.

Existem muitas outras causas de desconforto térmico, tais como a temperatura e

velocidade do ar, a quantidade de roupa, a radiação incidente, etc. Dentro da

habitação é possível diminuir os seus efeitos através de algumas das formas já faladas

e muitas outras, dentre as quais se encontra o isolamento térmico.

17
2.7.4. Isolamento Térmico
O isolamento térmico tem como função diminuir as trocas de calor existentes

entre o edifício e o exterior. Materiais ou estruturas que são bons isolantes térmicos

são caracterizados por uma alta resistência térmica, estabelecendo uma barreira entre

dois meios que, em condições normais, rapidamente igualariam a sua temperatura.

O melhor isolante térmico é o vácuo. No entanto, na construção da estrutura de

uma habitação, torna-se extremamente difícil a criação de vácuo, pelo que se utilizam

materiais porosos ou fibrosos, como por exemplo a cortiça.

Ao retardar o fluxo de calor pela envolvente do edifício, os isolamentos térmicos

possuem várias funções (ASHRAE 1997):

 Conservam a energia devido à redução das perdas de calor;

 Controlam a temperatura superficial de equipamentos e estruturas;

 Ajudam a controlar a temperatura de um processo químico,

equipamentos e estruturas;

 Previnem as condensações em superfícies com a temperatura inferior ao

ponto de orvalho;

 Reduzem as flutuações térmicas dos espaços, aumentando o conforto

térmico.

2.8. Sistemas de ventilação de edifícios


“As necessidades de ventilação foram, durante séculos, básicas com origem nos

fluxos através de aberturas não controladas (frinchas de todo o tipo).” Os caudais de

ar, para além de permitirem a renovação do ar, geram também desconforto devido às

perdas térmicas, correntes de ar e ainda, no caso da renovação do ar ser feita através

das janelas ou portas, à entrada de pós, detritos ou chuva e diminuição da segurança.

(Viegas 2010)

Foi, portanto, necessário desenvolver um conjunto de processos que

permitissem a troca de ar entre o interior e o exterior de forma controlada.

18
Embora seja possível observar que existe uma certa tendência por optar pela

Ventilação Mecânica, também se pode constatar que a Ventilação Natural não deixou

de ser uma opção viável tendo em conta que esta é um processo mais económico.

De uma forma geral, na Ventilação Natural não se utiliza qualquer dispositivo

mecânico capaz de forçar a circulação de ar no interior do edifício. Esta é garantida,

portanto, por fenómenos físicos, naturais e capazes de originar diferenças de pressão

que possam provocar o deslocamento de caudais de ar. A Ventilação Mecânica é feita

através de aparelhos mecânicos, tais como os ventiladores, que irão provocar as

variações de pressão pretendidas. Existe ainda um terceiro tipo de ventilação que

tenta combinar as vantagens dos dois mecanismos referidos anteriormente: Ventilação

Híbrida. Este mecanismo consiste, essencialmente, na junção das qualidades dos dois

mecanismos referidos anteriormente.

Relativamente à ventilação em Portugal, até aos anos 60, esta era

predominantemente natural e era realizada através da permeabilidade da caixilharia e

da caixa de estore e da extração natural nas cozinhas e instalações sanitárias.

Progressivamente, foi-se introduzindo os aparelhos de ventilação mecânica, como por

exemplo, o exaustor. (Viegas 2010)

2.8.1. Ventilação Natural vs. Ventilação Mecânica


A Ventilação Natural apresenta diversas vantagens em relação à ventilação

mecânica. Algumas dessas vantagens são as seguintes:

 Mais económica devido a menores custos de instalação, operação e

manutenção;

 Produção de menos ruído;

 Tecnologia baseada na sustentabilidade e não prejudica o ambiente;

 Geralmente, ocupa menos espaço;

 Permite um maior contacto com a natureza.

19
Contudo, a Ventilação Natural apresenta também alguns inconvenientes, que

são enunciados de seguida:

 Difícil controlo dos caudais de ar devido às possíveis variações das forças

da natureza. Deste modo, em certas alturas, como, por exemplo, durante o

Verão, a ventilação é insuficiente para satisfazer as necessidades do ser

humano. Podem-se também observar situações de caudais de ar

excessivos;

 Depende de fatores tais como as condições climatéricas e o design e

localização do edifício para que seja eficiente;

 Dificuldade de aplicação de técnicas de recuperação de calor;

 A filtração de partículas que se encontram já no interior do edifício é

impossível;

 Os ocupantes estão, por vezes, sujeitos às condições sonoras e

atmosféricas do exterior;

 Maior dificuldade na previsão do funcionamento destes mecanismos

devido à sua complexidade.

2.8.2. Caraterização da Ventilação Natural


A Ventilação Natural, tal como se referiu anteriormente, é assegurada pela

existência de fenómenos físicos e naturais que provocam o deslocamento de caudais

de ar devido às diferenças de pressão. Não se utiliza, portanto, um dispositivo

mecânico que force a circulação de ar no interior do edifício.

Os dois tipos de sistema de ventilação natural mais comuns são: Efeito de

Chaminé e Efeito da Ação do Vento.

20
2.8.2.1. Efeito de chaminé
O efeito de chaminé é um dos tipos de sistema de ventilação natural mais

comum. Este efeito apoia-se nas variações de temperatura entre o ar interior e o

exterior. Por esse motivo, é também designado por Gradiente Térmico.

Como é de conhecimento geral, o ar frio é mais denso do que o ar quente. Deste

modo, quando o ar interior se encontra a uma maior temperatura do que o exterior,

num edifício com aberturas na zona mais elevada, verifica-se que o ar interior tende a

sair por essas mesmas aberturas, enquanto o ar exterior entra pelas aberturas

inferiores. O contrário ocorre quando o ar interior se encontra a uma menor

temperatura do que o exterior.

Existe, contudo, uma zona denominada zona neutra onde as pressões internas

se igualam às externas e é possível observar que a presença de uma abertura nessa

mesma zona não produz entrada e/ou saída de ar. Assim, pode-se afirmar que o efeito

de chaminé é um processo de convecção natural.

2.8.2.2. Efeito da ação do vento


O efeito da ação do vento ocorre quando o vento incide num determinado

obstáculo, originando um campo de pressões positivas ou negativas que se dispõem

pelas diferentes faces do obstáculo em questão.

A pressão ser positiva ou negativa depende de vários fatores, nomeadamente:

orientação e magnitude do vento incidente e da forma e dimensão dos prédios.

As diferenças de pressão vão, então, originar caudais de ventilação que serão

causados pelas aberturas das fachadas. Tal é verificável (figura 6), a partir da

exposição direta da fachada ao vento, sendo esta a única que apresenta pressões

positivas, possibilitando, dessa forma a entrada. Já as restantes fachadas e aberturas

das coberturas permitem a saída do ar, motivo pelo qual é importante dispor de vãos

nas diferentes fachadas.

21
Fig. 10 - Distribuição de pressões resultantes da ação do vento na envolvente.

2.8.2.3. Efeito combinado


Os dois efeitos anteriores não ocorrem isoladamente como foram expostos, mas

sim em conjunto. Deste modo, os dois efeitos garantem a renovação do ar interior e

mantêm um ambiente confortável. Para que se obtenha a melhor ventilação natural

possível, é necessário, portanto, estudar e verificar se estes efeitos não se vão anular

entre si.

A combinação destes efeitos pode criar bastantes situações diferentes, uma vez

que, apesar do efeito de chaminé ser pouco variável para os períodos de tempo em

que as temperaturas sofram variações pouco significativas, as pressões verificadas no

efeito da ação do vento dependem dos diversos fatores anteriormente referidos.

Assim, não é possível obter uma única representação com todas as combinações.

Pode-se então adotar a seguinte representação caraterística (figura 7).

22
Fig. 11 - Distribuição caraterística das pressões resultantes da combinação de efeitos.

2.8.3. Tipos de sistemas de ventilação mecânica


Tal como referido anteriormente, as variações de pressão pretendidas podem

ser feitas utilizando-se aparelhos mecânicos, como por exemplo os ventiladores. As

formas distintas de utilização mais usuais desses dispositivos mecânicos são:

insuflação mecânica, extração mecânica e sistema balanceado.

2.8.3.1. Insuflação Mecânica


Este dispositivo consiste, tal como o nome indica, na insuflação de ar através de

uma rede de condutas que estão associadas a um ventilador. O ventilador força,

então, a entrada de ar, levando a um aumento da pressão no interior do edifício e

obrigando, consequentemente, o ar a sair pelas aberturas do edifício.

Esta insuflação, feita em diversos pontos do edifício, permite filtrar o ar que entra

e um controlo da temperatura e humidade do ar. (Peneda (2013)

2.8.3.2. Extração Mecânica


Na extração mecânica ocorre o oposto daquilo que acontece na insuflação

mecânica: o ar é forçado a sair através de uma rede de condutas ligadas a um

dispositivo de extração mecânica. Assim, neste caso, verifica-se uma depressão no

interior, levando à entrada do ar exterior pelas aberturas do edifício. (Peneda (2013)

23
2.8.3.3. Sistema Balanceado
O sistema balanceado combina a insuflação e a extração mecânicas. Deve-se,

então, controlar esses dois mecanismos para que se verifique uma ligeira depressão

no interior do edifício e haja insuflação de cerca de 90 a 95% do caudal extraído. Há,

ainda, um sistema de recuperação de calor, em que o ar insulado é pré-aquecido

através do ar extraído.

2.9. Sistemas de Ventilação e Conforto Térmico


De facto os sistemas de ventilação exercem uma função imprescindível na

regulação da temperatura no interior das edificações e, consequentemente na

promoção de um maior conforto térmico. Assim, no período do Verão a ventilação

poderá ser aproveitada de duas formas: aumento da velocidade do ar, que resulta num

aumento das perdas de calor por convecção pelo corpo humano e aumentam a taxa

de evaporação ao nível cutâneo, ou, por outro lado, através do arrefecimento da

massa estrutural do edifício durante a noite, aproveitando a massa estrutural

arrefecida durante a noite de forma a diminuir a temperatura interior.

De forma a calcular a taxa de ventilação necessária para promover o conforto

térmico, é utilizada a equação apresentada na Fig. 12 onde, a partir da temperatura

interior de conforto (Ti) e da carga térmica interior, é executado um balanço energético

entre a carga térmica que entra no edifício e a carga térmica que sai, calculando assim

a taxa de ventilação necessária para remover uma certa quantidade de calor (Q) dos

edifícios.

Fig. 12 - Equação da taxa de ventilação necessária para promover o conforto térmico.

Onde:

- densidade do ar (Kg/𝑚3 )

Cp- calor especifico do ar (J/Kg. 𝐶 )

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3. CONCLUSÃO

Dado o que foi discutido ao longo do trabalho é possível concluir que o conceito

de conforto térmico humano abrange uma série de áreas que em conformidade entre

elas definem um conjunto de fatores essenciais para o bom funcionamento das

funções vitais humanas. Dessa forma, os diferentes tipos de ventilação exercem uma

função fundamental para o equilíbrio térmico humano. Apesar das desvantagens

intrínsecas às mesmas, julgamos que estas são colmatadas com as suas primazias.

A longo prazo, os sistemas de ventilação natural poderão ser uma solução

bastante eficiente e sustentável, no entanto é necessária uma prévia análise de certas

condicionantes como: o clima, a dimensão e orientação das aberturas, forma do

edifício, necessidades.

Por conseguinte, a sustentabilidade ambiental bem como a qualidade da saúde

do indivíduo serão fatores a ter em consideração, daí a ventilação natural deter um

ponto fulcral para o desenvolvimento de projetos que apostem nessas áreas aliando

com o conforto térmico do indivíduo.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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http://pt.slideshare.net/crisvit/termorregulao-1458783.
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