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A evolução da TV nos últimos anos


Eduardo 16/08/2013
http://www.boxdeseries.com.br/site/a-evolucao-da-tv-por-assinatura-nos-ultimos-anos/

De uns tempos para cá vem sendo cada vez mais notável, principalmente aqui no Brasil e nos Estados
Unidos, o crescimento da TV por assinatura, através de sistema a cabo, digital ou satélite. Uma das
coisas mais evidentes em função disso é a significativa queda de audiência que as emissoras da TV
aberta vem sofrendo nos últimos anos e o crescimento dos números em relação aos canais fechados.

Para averiguar tais fatos de forma mais profunda e detalhada, contando com a ajuda do grande
Fabricio Horta, nada melhor do que Manual Prático entrar em ação para entender melhor essa
evolução dos canais pagos.

O crescimento da adesão de TV a cabo

Esse primeiro fator engloba diversas questões. Aqui no Brasil, por exemplo, o crescimento da
economia nos últimos anos, consequentemente trazendo a ascensão da “nova classe C”, a quantidade
de pessoas que hoje possuem TV por assinatura em suas residências – legalizadas ou não – aumentou
consideravelmente.

Além disso, em vários países é notória a evolução do sistema, e com ela o surgimento de novas
operadoras e diversificação de pacotes, atraindo cada vez mais o público ao redor do mundo.

Investimento

Com o aumento da adesão de telespectadores na TV por


assinatura, é óbvio que o faturamento das operadoras e das
emissoras participantes cresça também. O retorno vindo, é
claro que fará os canais investirem cada vez mais em
produções próprias, pois muitas vezes parte da programação
é de outros países.

Graças ao salto de investimento feito pelas emissoras, é cada vez mais evidente mais produções
próprias e de qualidade desses canais.
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Liberdade de produção

Apesar de cada emissora da TV aberta ter um perfil diferente


– no Brasil temos o SBT que é caracterizado por seus
programas de auditório para a família e exibição de séries e
novelas mexicanas, enquanto a Globo é marcada por suas
novelas e a Record por tentar copiar as duas anteriores – pelo
fato de terem acesso a todo o público sem exceção, eles
sempre acabam seguindo um modelo mais caricato por
questões também de classificação indicativa, horários e tudo
mais.

Já nos canais fechados esse tipo de coisa não há, pois eles sempre deixam evidente qual o seu
principal público-alvo. Nos Estados Unidos, por exemplo, o ABC Family e MTV investem em
produções mais voltadas ao público jovem, enquanto o FX foca mais no masculino, e por aí vai.

Por conta dessa liberdade, as produções acabam ganhando uma qualidade mais visível e notável em
relação aos canais abertos. Por que aqui no Brasil séries como as feitas pelo Multishow estão sendo
cada vez mais prestigiadas? Por que séries da TV por assinatura são sempre as mais indicadas nos
principais prêmios?

Consequentemente por conta dessa maior alçada, é notável a presença de grandes nomes de
Hollywood em produções televisivas nos Estados Unidos.

Migração de roteiristas e artistas

Por causa dessa liberdade criativa, é cada vez


mais comum de vermos grandes roteiristas e
artistas conhecidos por grandes (ou não)
produções na TV aberta migrarem para as
emissoras fechadas.

Não que isso queira dizer que uma vez eles


migrando para um canal pago, podem causar o
samba do criolo doido, mas sim eles maiores
inspirações de criação, os roteiristas por conta
de abordagem de tramas mais profundas, e os
artistas pelo fato de incorporar com mais
profundidade tais personagens.
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Audiência

O fator audiência com certeza igual aos canais convencionais, é o principal fator pela continuidade
ou não de uma produção. Porém na TV por assinatura esse é um tema um pouco mais complexo de se
abordar.

Para as emissoras fechadas o mais importante é a contagem de espectadores, mas há um critério mais
complexo em cima disso. A distribuição de tais canais é um fator que determina mais essa
complexidade. Por exemplo, na terra do tio Sam a TNT e o USA fazem parte do pacote básico na TV
por assinatura, aqui no Brasil tal perfil se encaixa a canais como Multishow e Viva. Esses canais
“básicos” tem uma certa missão de atingir índices mais altos. Já em canais mais premiums, como
HBO (americano e brasileiro), Showtime e AMC, é mais comum os seus índices serem mais
inferiores.

Só que nem sempre também isso é levado em conta, uma vez que certas produções desses canais que
fazem parte de pacotes mais avançados atinjam índices superiores até de emissoras abertas,
sendo The Walking Dead e Game of Thrones os mais recentes casos do tipo. Assim também válido
para emissoras de pacotes básicos que possuem produções com audiência lá embaixo. É claro que
ultimamente vem sendo produzida tanta coisa boa por esses canais, que tais exceções vem se
repetindo.

Assim sendo, o termo audiência é bastante complicado de se falar porque canais ou outros que esse
tipo de padrão não se adota, em relação a contagem de espectadores. A prova mais clara é o canal
americano Cinemax, que optou em renovar a série Banshee, que mal alcança o público de 1 milhão,
porém cancelou Jane By Design que atingia aproximadamente dois milhões de espectadores.

Destaque nas redes sociais

A internet de uns tempos para cá vem se tornando


um dos principais fatores para a decisão do futuro
de diversas produções. A repercussão das séries por
meio das redes sociais é cada vez mais frequente a
cada dia que passa.

Os seriados adolescentes são a prova mais do que


clara disso, uma vez que exibido um episódio das
mesmas, chovem menções sobre ela através do
Twitter e do Facebook, além também de outros meios que vem ganhando mais destaque. Teen
Wolf e Pretty Little Liars são exemplos mais que claros, pois ambas não possuem audiências tão
honrosas, mas são campeãs de citações na internet.

Nos últimos tempos para cá foi criado inclusive o Social TV, medidor de audiência de séries
conforme citações que ela possui na internet. Essa ferramenta se tornou tão essencial de uns tempos
para cá, que acabou se tornando um dos fatores decisivos no momento de renovação ou
cancelamento. Reza a lenda que muito em breve as produções brasileiras – abertas e por assinatura –
adotarão esse método também.
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A revolução sexual chegou de vez às séries de TV.


Já o cinema…

TUDO PELA CIÊNCIA — O médico William Masters (Michael Sheen) e sua assistente, Virginia Johnson (Lizzy
Caplan), em ‘Masters of Sex’: uma série que vai direto ao ponto G

http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/dica-de-leitura/a-revolucao-sexual-chegou-de-vez-as-
series-de-tv-ja-o-cinema/

LIBEROU GERAL

A revolução sexual chegou com tudo aos seriados americanos. E, enquanto a TV fica abusada, o
cinema anda cada vez mais carola

Na cama de um bordel, a prostituta acaricia-se diante dos olhos do médico William Masters
(Michael Sheen). Ele quer que a moça chegue ao orgasmo. Ela tenta, mas não consegue. A prostituta
então se coloca numa postura mais, digamos, exposta: confessando que só costuma atingir o clímax
quando leva umas palmadas no traseiro, pede ao doutor que lhe dê uma ajudinha. Masters hesita por
um segundo, mas logo deixa o pudor de lado e enche a mão con gusto.

Descrita assim, de forma nua e crua, a cena se encaixaria melhor em um filme erótico de segunda
categoria do que numa produção respeitável. Mas a causa defendida por Masters é nobre: ele faz tudo
em nome da ciência. Produzida pelo canal americano Showtime e lançada há duas semanas no Brasil
pela HBO, a série Masters of Sex (Mestres do Sexo) dramatiza a vida de um casal que revolucionou o
estudo do comportamento.

Nos anos 1950 e 1960, o ginecologista Masters e sua assistente e futura mulher, Virginia Johnson
(Lizzy Caplan), devotaram-se ao mapeamento das reações fisiológicas de centenas de homens e
mulheres durante o sexo. Com o auxílio de aparelhos como uma espécie de estimulador capaz de captar
o que se passava dentro do corpo feminino no momento da relação, a dupla iluminou certos
mecanismos do prazer que eram um mistério até então.
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Marlon Brando abraça Maria Schneider no filme “Último Tango em Paris”, de Bernardo Bertolucci

Ao centrar-se nas pesquisas de Masters e Virginia, a série não perde tempo com eufemismos: a
nudez, o contato entre os corpos e os gemidos de excitação são decupados com eloquência naturalista.
Masters of Sex é a prova do clima de liberação geral e irrestrita que se instalou na TV a cabo americana:
seus roteiristas, hoje, parecem só pensar naquilo. Mas tudo em nome da arte, claro.

O papel de testar esses limites já coube, um dia, ao cinema. Tome-se a notória cena em que os
personagens de Marlon Brando e Maria Schneider faziam um uso nada protocolar da manteiga no filme
Último Tango em Paris, dirigido por Bernardo Bertolucci em 1972.

Havia libido em Hollywood, nos filmes de Sharon Stone, como nesta clássica cena de “Instinto Selvagem”

Havia libido em Hollywood, ainda, nos tempos em que Sharon Stone aprontava misérias nos
sucessos Instinto Selvagem, de 1992, e Invasão de Privacidade, de 1993. Mas, tanto nas produções
juvenis (e portanto mais brandas) quanto nas adultas, porém muito castas, do cinema americano da
atualidade, cenas assim se tornaram uma improbabilidade estatística. Esse vácuo foi preenchido pelas
séries. Sem preconceito de gênero ou modalidade, a TV vem estendendo – e como – as fronteiras da
prospecção sexual na ficção.

O sexo se integra com naturalidade nessa paisagem. Afinal, se a força das séries americanas
reside na riqueza interior de seus personagens, não seria possível relevar um elemento tão central da
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existência humana. Os protagonistas dos seriados, assim, vêm se tornando figuras cada vez mais de
carne que de osso.

Mad Men é talvez o caso mais exemplar do sentido que isso pode adquirir: no mundo da
publicidade dos anos 1960 retratado pela série, as pessoas respiram sexo – que, quase sempre, adquire
as conotações de poder, controle, dominância. O protagonista Don Draper (Jon Hamm) é algo como
um sedutor serial. Conquista clientes, vizinhas, secretárias, e com cada nova amante estabelece um
intrincado jogo de sujeição ou ascendência. Mas as conquistas, em vez de aplacar, só amplificam o
vazio de sua existência.

Em Masters of Sex, a lascívia também serve para expor uma contradição irônica. William Masters
estuda o sexo num bordel infecto. Na vida privada, é reprimido, quase assexuado. A bem resolvida
Virginia, que foi cantora de boate antes de virar sua assistente, é o oposto.

Embora seja saudável essa ausência de travas, por vezes se percebe um quê de cacoete por baixo
de tanta excitação. Para a TV a cabo, o sexo funciona como um atestado de que se trata de ficção
“adulta”. Nem sempre, porém, sua presença é necessária ao bom andamento da trama. Em alguns
seriados, a sobrecarga de sexo denuncia o exibicionismo dos intérpretes.

Em Girls, não se passa um episódio sem que a criadora e protagonista Lena Dunham – um talento
do tipo cheinho – se jogue na cama com um garotão. Mas o que a princípio era uma forma esperta de
abordar a afirmação das jovens da chamada geração hipster ganhou um viés francamente narcisista na
segunda temporada.

Em The Tudors, o galã Jonathan Rhys Meyers encarna um Henrique VIII que não perde uma
chance de exibir o corpão. O sexo tem uma função mais relevante na fantasia Game of Thrones, da
HBO: é um dado revelador da sede de poder dos personagens – o que se ilustrou de forma chocante
nas cenas de incesto entre a rainha Cersei (Lena Headey) e o irmão Jaime (Nikolaj Coster-Waldau).
Mas que a série tem lá seu tanto de sexo gratuito, é inegável.

Num vídeo satírico que faz sucesso na internet, aspirantes a atores deixam parentes e amigos em
choque ao narrar as cenas de sexo que gravaram a título de teste numa nova produção americana. Mas
todos respiram aliviados quando eles esclarecem: “Não é pornô. É HBO”. Quem faz fama, deita na
cama.
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QUANDO SEXO É…

…Sintoma existencial

Don Draper, o grande e


infeliz sedutor de Mad Men,
cresceu num bordel, privado
de afeto e cercado de sexo.
Adulto, Don se reinventou
como gênio publicitário. Mas
não foi capaz de reinventar
sua visão do sexo: é
cronicamente infiel porque o
contato carnal é a única
forma de conexão pessoal
que ele conhece. Como nunca
preenche seu vazio íntimo,
porém, lá vai Don seduzir
outra mulher, e outra, e outra
ainda

…Vício

Sexo e literatura são os


motores do escritor Hank
Moody, o cínico herói de
Californication – mas quase
não se vê o personagem
escrevendo. Hank persegue
compulsivamente toda jovem
mulher cujo caminho
atravessa. Há aí um tanto de
angústia, mas temperada pela
frivolidade de Los Angeles
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…Coisa de mulherzinha

Mesmo nos seriados mais


ousados levados hoje à televisão,
prevalece a perspectiva masculina
sobre o sexo. Não em Girls: o
sexo como afirmação, como
experimentação, como forma de
estabelecer uma conexão ou nos
percalços da iniciação é visto (e
muito visto, diga-se) sempre pela
lógica das suas jovens
protagonistas

…Perversão

Um encontro do anão Tyrion com uma


prostituta, uma orgia desenfreada e
uma cena chocante entre a rainha
Cersei e seu irmão gêmeo, Jaime: já no
capítulo inaugural de Game of Thrones
ficou claro que o sexo, aqui, é
frequente, lascivo, variado e sem
barreiras. E é, sobretudo, indicativo do
caráter de cada personagem e de sua
atitude com relação ao poder

…”Deixa” histórica

Sedutor serial e seis vezes casado,


Henrique VIII virou a Europa pelo avesso
para satisfazer seu desejo pela segunda de
suas esposas, a arrivista Ana Bolena. A
luxúria de Henrique foi a deixa para The
Tudors encher todos os seus episódios com
coloridas e titilantes cenas de sexo: para a
audiência, havia o pretexto de que elas
estavam lá pela história, claro
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Netflix: a revolução já começou


Com mais de 50 milhões de assinantes no mundo e uma saraivada de projetos anunciados apenas
no último mês, o serviço de streaming desperta, de um lado, o interesse dos espectadores da TV
convencional e, de outro, a fúria de canais pagos e do cinema, que veem na agressiva concorrência
imposta pela Netflix uma mudança radical na maneira como se consome e se produz
entretenimento, capaz de mudar para sempre a indústria da cultura

Meire Kusumoto e Rafael Costa


http://veja.abril.com.br/noticia/entretenimento/netflix-a-revolucao-ja-comecou

Sucesso de crítica e de público, 'Orange Is the New Black', sobre o dia a dia de uma penitenciária
feminina, é exemplo da força do serviço de streaming - Divulgação/VEJA

“Não sinto falta alguma da televisão convencional.” Antes impensáveis, as palavras do analista
de produtos digitais Victor de Oliveira, 22 anos, de São Paulo, tendem a se tornar um coro. Oliveira é
parte de uma corrente migratória que só faz engrossar: a de espectadores que trocaram o controle
remoto pelo botão de play dos serviços sob demanda. Encabeçada pela Netflix, empresa que começou
a operar com aluguel delivery de filmes nos anos 1990, nos Estados Unidos, e hoje soma mais de 53
milhões de assinantes em busca da comodidade do streaming pelo mundo, essa corrente é o motor de
uma revolução que já começou. A inclusão, no vocabulário do dia a dia, de palavras como Netflix, on-
demand e streaming, tecnologia que permite ver um filme on-line sem precisar baixá-lo, no lugar de
termos como grade de programação e intervalo comercial, é apenas um indício da enorme
transformação iniciada. Mas há muitos outros.
Segundo uma pesquisa divulgada em setembro pela empresa Frank M. Magid Associates, 2,9%
dos americanos assinantes de televisão via satélite e cabo afirmaram ter “grandes chances” de cancelar
seus pacotes até junho que vem. Eles seguiriam nada menos que as 7,6 milhões de residências nos
Estados Unidos que, pelas estimativas de um estudo publicado em abril pela consultoria Experian
Marketing Services, teriam abandonado serviços tradicionais de TV e abraçado o streaming. Se
pequenos quando comparados à quantidade de americanos adeptos da TV paga, 100 milhões, os
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números mostram, no entanto, que a consolidação de serviços de streaming já despertou uma mudança
sem volta no universo do entretenimento.
Sem volta – principalmente se depender da própria Netflix. A empresa, que ainda tem mercados
a desbravar na Europa, onde estreou em 2012 em poucos países e só este ano chegou à França e
Alemanha, está investindo pesado na produção de séries, e agora também de filmes, para ampliar sua
base de assinantes, grande fonte de recursos de uma empresa que poupa espectadores da publicidade.
Entre setembro e outubro, a Netflix anunciou uma saraivada de séries, uma ampla parceria com o ator
Adam Sandler e a continuação do longa O Tigre e o Dragão (2000) com uma grande novidade: vai
disponibilizar o filme para seus assinantes e, ao mesmo tempo, lançá-lo em cinemas selecionados em
agosto de 2015. A reação do mercado ao anúncio foi imediata, com ameaças de cadeias de cinema de
boicote à exibição da produção, porque ele pularia a chamada regra da “janela de lançamento”, segundo
a qual uma produção só deve ser lançada para consumo doméstico de 13 a 17 semanas após a estreia
nos cinemas.
A ampla recepção de um serviço como o da Netflix incomoda a indústria tradicional, que é
obrigada a repensar modelos de negócios”, avalia Vicente Martin, professor de mídia digital na ESPM.
De fato. A Netflix também está sob a mira das redes de televisão por assinatura HBO e CBS, que
anunciaram o lançamento de serviços de streaming com toda a sua programação para fazer frente ao
crescimento do serviço de on-demand. No catálogo da CBS, disponível nos Estados Unidos desde 16
de outubro, estão séries como The Big Bang Theory e Criminal Minds por uma taxa de 6,90 dólares
(17,74 reais) por mês. Já a HBO, a marca que carimba seriados como Game of Thrones e Girls, tornou
públicos os planos de lançar um serviço de streaming independente dos pacotes de TV por assinatura
em 2015, também nos EUA. A empresa já oferece uma plataforma de streaming, chamada HBO Go,
mas apenas para assinantes de seus canais a cabo.
HBO e CBS se somam assim à barricada já erguida por companhias de negócios digitais, como
a Apple, que desde 2005 disponibiliza nos Estados Unidos um serviço on-demand que permite ao
espectador adquirir um único produto on-line – filme ou série, temporária ou definitivamente. No caso
das séries, se a escolhida ainda estiver sendo produzida, o espectador recebe o episódio em casa no dia
seguinte à sua exibição na TV. No Brasil, a empresa lançou, por ora, apenas uma parte desse serviço:
aqui é possível comprar ou alugar filmes. Pode-se, por exemplo, pagar 46,26 reais para ter uma cópia
em high definition (HD) de A Culpa É das Estrelas em casa, ou 12,83 reais pela possibilidade de ver o
longa dentro de um período de 30 dias. Em standard definition (SD), o formato padrão, os preços são
menores: 38,55 reais e 10,26 reais, respectivamente.
Outro rival surgido no meio digital foi a Amazon, que nos Estados Unidos conta com dois
serviços para fazer frente à dona de House of Cards, iniciados de forma embrionária em 2005: o Prime
Instant Video, uma plataforma similar à da Netflix, acrescida de vantagens como isenção do frete na
compra de alguns produtos, e o Amazon Instant Video, um serviço como o da Apple.
Nos Estados Unidos, a Netflix ainda sofre a concorrência do Hulu e, no Brasil, do Now, serviço
oferecido aos assinantes dos pacotes HD e HDMax da Net.
“É a história mais antiga do mundo: uma empresa inovadora sempre vai ter concorrência. Não
tem jeito, o mercado segue as tendências”, afirma André Pérez, professor dos MBAs da Fundação
Getúlio Vargas (FGV).
Por que on-demand? — Para o analista da consultoria de mercado Frost & Sullivan Dan
Rayburn, é pouco provável que o streaming de emissoras como o da HBO cause problemas à Netflix.
“As pessoas gostam da Netflix por causa da variedade de seu conteúdo. A HBO pode até ter conteúdo
novo, mas não vai ter um catálogo tão extenso”, diz. De fato, a diversidade de títulos é uma das razões
do sucesso do serviço, como apontam diversos usuários. “O serviço tem uma variedade extensa de
filmes e documentários em ‘pronta-entrega’. Além disso, sugere produções que podem despertar o
interesse do usuário”, afirma o estudante de marketing Thierry Niemeijer, de 23 anos, assinante há dois
anos.
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Mas a comodidade e o preço – 19,90 reais, contra 39,90 reais, valor de um pacote básico de TV
– ainda são os maiores aliados do streaming, em tempos de celulares cada vez maiores e com telas de
alta resolução. “Posso começar a assistir a algum programa pela Netflix na televisão e terminar de ver
pelo iPhone, enquanto estou no trânsito”, afirma Victor de Oliveira, assinante há três anos. “O serviço
combate a pirataria ao disponibilizar seu produto com valor baixo e interface amigável”, diz o professor
de Mídias Digitais e Transmídias da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) Rodrigo Arnaut.
Para alguns espectadores, o excesso de publicidade da TV paga também é um empecilho não
encontrado nos serviços on-demand. A escritora Deborah Kietzmann Goldenberg, de 39 anos, por
exemplo, abandonou a televisão a cabo e abraçou de vez a Netflix, em grande parte por causa de sua
filha, Pauline, de 3 anos. “Quando minha filha tinha cerca de 1 ano, começamos a nos preocupar com
a TV. A carga de publicidade e a forma como ela é inserida na programação são horríveis, mal há
distinção do que é programa e do que é propaganda.”
Por que agora? — Um dos “pais” do vídeo on-demand (VOD) é o pay-per-view, cujas primeiras
experiências surgiram nos Estados Unidos na década de 1970 e no qual o usuário paga um valor para
assistir a um programa específico, como jogos e filmes, em um horário determinado pela emissora que
fornece o conteúdo. O on-demand, que disponibiliza determinado número de programas para serem
acessados a qualquer hora pelo espectador, desenvolvido na década de 1990 por uma empresa de Hong
Kong, no início esbarrou nas dificuldades tecnológicas e na falta de demanda para esse tipo de produto.
Dificuldades também apareceram nos Estados Unidos, onde operadoras de televisão tentaram
inserir o VOD entre 1992 e 1994, mas desistiram quando perceberam que os usuários, apesar de
interessados no serviço, não estavam dispostos a pagar por ele. De 1992 a 1998, funcionou nos Estados
Unidos o Your Choice TV, da Discovery Communications, encerrado por dificuldades tecnológicas e
por não assegurar o pagamento dos direitos de exibição dos programas. A questão técnica foi, aos
poucos, superada pelo desenvolvimento da televisão digital, e, agora, da internet de alta velocidade.

A Netflix, fundada em 1997 como uma locadora que entregava filmes na casa de seus clientes, tinha
4,2 milhões de assinantes em 2005, dois anos antes de introduzir o VOD por meio de streaming nos
Estados Unidos. “A empresa teve uma evolução estrondosa em número de assinantes e no
desenvolvimento de seu negócio. Aprimorou e deu cara ao serviço de streaming”, diz o professor
Vicente Martin.
O negócio, é seguro afirmar, ainda vai longe. “O streaming para o consumo de áudio e vídeo
chegou para ficar. Alguns sugerem que a televisão a cabo está morrendo por aqui, mas isso não é
verdade. Basta ver os lucros das operadoras, que só crescem”, defende o americano Dan Rayburn. Ao
menos por um tempo, a frase do especialista vai continuar a fazer sentido, principalmente no Brasil,
que tem apenas 23,4 milhões de assinantes de banda larga. “A televisão comum pode transmitir a
mesma informação com a mesma infraestrutura. O streaming exige que cada casa tenha internet de alta
velocidade para funcionar de maneira correta”, afirma o professor Rodrigo Arnaut. A revolução, como
se vê, está apenas começando.

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