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Aliás, por falar em pensar, pode-se dizer que, talvez, seja esse o tema central
da sua reflexão. Não se trata simplesmente de alimentar um Big Data de
informações. A informação, por si só, não denota conhecimento. É preciso que
essa informação passe pelo crivo da razão. Tire-se consequências. Refletir
reclama tempo. Não é uma atitude em alta em nossos dias, tão marcado pela
velocidade imprimida pela internet, as mensagens instantâneas do WhatsApp e
o cabedal de informações da Mass Media.
Uma das variantes do Marxismo, por meio de Gramsci, teve forte penetração
na América latina. Para Gramsci, o marxismo não está superior à história, mas
dentro dela. Neste sentido, desenvolve a teoria da hegemonia. Conjuga
elementos da “sociedade política” e “sociedade civil”. A primeira seriam as
engrenagens estatais, legais e judiciais. A segunda seria a relação dos homens
entre si: partidos políticos, sindicatos, escolas, igrejas, imprensa. A hegemonia,
portanto, o domínio, deveria se inserir no seio da sociedade civil, difundindo
nas relações quotidianas por meio de valores, crenças e ideias, o consenso em
torno de uma cultura. Criando o consenso, o grupo social hegemônico criaria o
domínio. Como se faria isso? Adentrando, por meio das ideias, na sociedade
civil, principalmente nas escolas, nas universidades e nos meios de
comunicação. Ao invés de autênticos intelectuais, proliferou-se nos últimos
anos a figura do “intelectual orgânico”. São os porta-vozes do Partidão. As
"cabeças pensantes" da utopia, muitos até badalados. Apregoam o livre
pensamento, mas estão absolutamente dependentes e à serviço da ideologia
do Partido (instância divina infalível). Recuam se fugirem do eixo de defesa
doutrinal-partidária. Vemos isso nos malabarismos conceituais que fazem
alguns “intelectuais” figurões na defesa de bandeiras que são insustentáveis à
razão. Faz parte da “guerra de posições” identificada por Gramsci. Muitos nem
acreditam nisso. O pior estágio é quando - sem saber - a estrutura de
pensamento do sujeito já está completamente condicionada e engaiolada neste
círculo. Delega-se, com isso, mais uma vez, a consciência.
O cenário pintado até então com cores fortes e escuras pode ter soado um
tanto quanto apocalíptico. O passeio que fizemos até aqui se assemelha a uma
ida ao trem fantasma num parque de diversões. Caber-nos-ia tentar pontuar
alguns pontos positivos e apresentar algumas perspectivas esperançosas. O
pessimismo mata e a constatação dos males de nossos tempos não se presta
a ficar nos lamentando, deve-nos, pelo contrário, mover-nos a uma busca
otimista e vibrante de mudança social. Mas já abusamos da benevolência e da
boa vontade do leitor, bem como ultrapassamos as linhas que, inicialmente,
nós tínhamos proposto. Ficará para uma próxima. Mais ou menos breve, a
depender dos nossos compromissos absorventes. Convidamos o leitor a refletir
no que foi escrito. Quem sabe na próxima não possa nos ajudar a encontrar
uma saída a esse beco?
daviaraujodemelo@hotmail.com