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XXV Encontro Anual da Compós, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 7 a 10 de junho de 2016
Resumo
Estudo sobre os princípios epistemológicos, os métodos e técnicas da pesquisa-ação. O
objetivo é sistematizar seus principais aspectos metodológicos e situar este tipo de pesquisa
no âmbito da epistemologia da ciência. A abordagem deste texto é teórica, baseada em
pesquisa bibliográfica, e faz uma tentativa de aproximação à comunicação e aos movimentos
sociais. A pesquisa-ação admite um nível elevado de envolvimento e intervenção do
pesquisador na situação ou grupo investigado e pressupõe a participação ativa de
representantes do grupo no processo de pesquisa. A intenção é fazer com que a própria
pesquisa possa contribuir para o equacionamento de problemáticas relacionadas à ampliação
da cidadania e à transformação social.
Abstract
The study of the epistemological principles, methods and techniques of action-research. The
objective is to systematize its main methodological aspects and to situate this type of research
is within the scope epistemology of science. This text’s approach is theoretical, based on
bibliographical research, and is an attempt to move toward communication and social
movements. Action- research allows for a high level of involvement and intervention by the
researcher in a situation or group, and infers an active participation of representatives of the
group in the process. The intention is to allow for the contribution of the research itself in
addressing the issues related to broadening citizenship and social transformation.
Introdução
1
Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Comunicação e Cidadania do XXV Encontro Anual da Compós,
na Universidade Federal de Goiás, Goiânia, de 7 a 10 de junho de 2016.
2
Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo.
Doutora em Comunicação pela ECA-USP, com pós-doutorado na Universidade Nacional Autônoma do México.
E-mail: kperuzzo@uol.com.br
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Paul Feyerabend3 foi um dos seus expoentes, no século passado, ao criticar o racionalismo e
rejeitar regras de pesquisa científica como universais. Orlando Fals Borda (2013, p.302),
adverte: o valor da ciência varia “segundo os interesses objetivos das classes sociais envoltas
nas formação e acumulação do conhecimento, isto é, em sua produção”. E esclarece que a
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Ver a obra de sua autoria “ Contra o método” editado pela Francisco Alves Editora e publicado em 1977.
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Ele credita a coautoria desta frase a E. W. Beth.
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Nas palavras de Orlando Fals Borda (1981, p. 59), o propósito não é formar
um novo paradigma científico para substituir qualquer um já existente, através da
pesquisa participante. No entanto, podemos nos aproximar de um tipo de brecha
metodológica se os pesquisadores engajados seguirem os efeitos dinâmicos do
rompimento da díade sujeito-objeto que esta metodologia exige como uma de suas
características básicas. São muito evidentes as potencialidades de se obter um
novo conhecimento sólido a partir do estabelecimento, na pesquisa, de uma
relação mais proveitosa sujeito-objeto, isto é, uma completa integração e
participação dos que sofrem a experiência da pesquisa.
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Existem também aquelas vertentes conservadoras e estruturo-funcionalistas de pesquisa participante.
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conhecimento científico estão em construção na América Latina – e não só nela - desde pelo
menos as últimas quatro décadas do século passado, como indicam algumas passagens desde
texto.
As metodologias participativas estão nesse patamar e ganharam grande repercussão
nesse tempo e continuam a se apresentar como producentes e necessárias para se
compreender as realidades, reconhecer as resistências e as alternativas em curso no caminho
da transformação social6 constituídas, principalmente, por segmentos populacionais
empobrecidos e diante de situações reais de violação dos direitos humanos e de cidadania.
Apontamentos iniciais
Do mesmo modo que a expressão pesquisa participante, a pesquisa-ação tem servido
para caracterizar diversas práticas de pesquisa, dependendo do momento histórico e da
tradição teórica então predominante ou mais em voga naquele momento.
A pesquisa-ação - ou pesquisa-ação participativa - não é uma essência; não possui
um valor absoluto nem um único modo de aplicação. Pode servir a interesses diversos e se
efetivar por intermédio de metodologias um tanto distintas, como já foi dito, dependendo do
lugar social, das finalidades e da posição epistemológica que a movem. É diferente, por
exemplo, o uso da pesquisa-ação numa localidade visando a mobilização social tendo em
vista estudos na área sócio ambiental e aquele que ocorre em organizações empresariais
visando resolver problemas de gestão.
Neste texto, se privilegia a pesquisa-ação no campo social, cuja intencionalidade
política se inscreve na perspectiva das problemáticas locais e/ou de problemáticas públicas
equacionadas por instituições públicas e organizações da sociedade civil sem fins de lucro,
sejam os movimentos sociais populares, unidades educacionais, “comunidades”, grupos ou
segmentos populacionais (jovens, por exemplo) que demandam solução de problemas sociais
e mudanças no curso de suas práticas ou na formulação e implementação de políticas
públicas.
6
Enrique Dussel (2006) é um dos precursores de teses sobre política, ética e transformação social na América
Latina.
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Ou Participatory-Action Research
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Ele, inclusive, participou na fundação e foi o primeiro presidente do Instituto Internacional para o Desarrollo
(INDODEP) (LOPES, 1998), instituto que atuou em todos os continentes.
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No entanto, além da participação há que se agregar mais dois elementos para se ter
uma visão mais global desse tipo de pesquisa (ação/intervenção e transformação): “se trata de
uma investigação-ação que é participativa e uma investigação participativa que se funde com
a ação [entenda-se: intervenção] (para transformar a realidade)” (RALUNAN 9 apud FALS
BORDA, 2013, p.253) 10.
Nas palavras de Fals Borda (2013, p.242), as técnicas usadas eram aquelas próximas
ao que na
Antropologia e na Sociologia se conhecem como ‘observação por
participação’ e ‘observação por experimentação’ (participação-intervenção) que
implicam certamente no envolvimento pessoal do investigador nas situações reais
e na interferência deste nos processos sociais locais. Mas logo se viu que estas
técnicas ficaram curtas diante das exigências de vincular o pensamento a ação
fundamental necessária.
9
RALUNAN, M. A. Breaking the monopoly of knowledge: recent views of participatory-action research. 1985.
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Portanto é diferente das posições de Kurt Lewin (participação dos indivíduos na linha psicologista norte
americana) e de Alain Touraine (Observação participante)
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da crítica social embasada no materialismo histórico, com marco metodológico mais claro. A
inserção, então se concebe
como uma técnica de observação e análise de processos e fatores que inclui, dentro
de seu desenho, a ação dirigida a alcançar determinadas metas sociais, políticas e
econômicas. [...] A inserção incorpora os grupos de base como ‘sujeitos’ ativos –
que não ‘objetos’ exploráveis – da investigação, que aportam informação e
interpretação em pé de igualdade com os investigadores” (FALS BORDA, 2013,
p.243).
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de procurar soluções para seus problemas. Nessas condições o pesquisador é tido como o
“especialista” (sociólogo, economista, comunicadores etc.), e capaz de formular os problemas
e de encontrar formas de encaminhar soluções. Concomitantemente os resultados da pesquisa
ficam reservados aos pesquisadores e a população nem é levada a conhecer os resultados e
menos ainda discutí-los. Enquanto isso, a pesquisa participante (na linha da pesquisa-ação) vai,
ao contrário, procurar auxiliar a população envolvida a identificar por si mesma os seus
problemas, a realizar a análise crítica destes e a buscar as soluções adequadas. Desse modo, a
seleção dos problemas a serem estudados emerge da população envolvida, que os discute com
os especialistas apropriados, não emergindo apenas da simples decisão dos pesquisadores.
Embora essa seja uma forma de envolvimento desejável, a definição do problema pela
“comunidade” não é uma regra geral, pois as situações variam. Como esclarece Maria Ozanira
da S.e Silva (1986, p.153), “pode o pesquisador, juntamente com os grupos, elaborar e
desenvolver, conjuntamente, uma proposta de investigação ou, ainda, a proposta pode se
originar do investigador e contar com a participação dos grupos interessados”.
No transcurso das práticas acadêmicas, dos institutos e demais promotores da
pesquisa-ação sua apropriação não é uníssona, embora tenham a participação e a ação
(intervenção) como princípios unificadores. Como já foi dito, alguns fatores proporcionam
tanto aperfeiçoamentos metodológicos quanto limitações ou simplificações, a exemplo das
condições locais e de cada situação investigada que influenciam no desenvolvimento da
pesquisa, além de eventuais inabilidades do pesquisador. Porém, somente as pesquisas que
desenvolvem níveis mais avançados de participação fazem jus a denominação pesquisa-ação.
Pelo ângulo da participação, por exemplo, algumas linhas de investigação foram
observadas por Michel Thiollent (1981, p.77): a) pesquisas que recomendam uma simples
participação ou colaboração dos indivíduos interessados; b) outras que enfatizam as exigências
da ação, inclusive com dimensão social e política; c) aquelas de natureza mais sociológica do
que psicológica e que recomendam a inserção ou intervenção no seio do movimento social
investigado; d) pesquisa-ação desenvolvida no contexto educacional na perspectiva
conscientizadora implicada na participação ativa e que trabalha a partir de temas geradores; e)
pesquisa-ação no contexto de militância política de esquerda; f) há propostas mais radicais nas
quais de trata mais da ação do que da participação são aplicáveis no contexto dos efeitos dos
meios de comunicação nas pessoas, de ação cultura e de militância política. Acrescenta-se; g)
pesquisa-ação nas linhas da comunicação popular e comunitária no contexto da mobilização e
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COOKE, W. A foundation correspondence on action research: Ronald Lippit and John Collier. The
University of Manchester, Manchester. Disponível em:
<http://www.sed.manchester.ac.uk/idpm/publications/wp/mid/mid_wp06.htm>. Acesso em: 16 dez.2015.
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Ver González (2015) e Piaget (2011).
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Noções de método
Método, do grego meta-odós quer dizer: meta = ir além, odós= caminho, via. Da
palavra método deriva metodologia. Desse modo, metodologia significa caminho para ir
além. Na pesquisa científica, a metodologia indica os caminhos – dos pressupostos teóricos e
paradigmas científicos às estratégias tecno procedimentais. Então, a palavra metodologia não
se reduz a procedimentos e técnicas de pesquisa, mas inclui o quadro de matrizes teórico-
epistemológicas que antecedem as práticas de pesquisas e as diretrizes metódicas executadas
a partir das quais as práticas se desenvolvem, ou seja quando se aplicam os instrumentos de
coleta de informações e as observações se assentam.
Como diz Lopes (1997, p.87), é um reducionismo identificar metodologia como
técnicas e/ou usá-las como “título honorífico” (abordagem superficial) e/ou como um ritual
formal de procedimentos na intenção de assegurar o status de científico.
Para efeito didático, pode-se dizer que o método científico tem duas dimensões, a
epistemológica e a metódica.
a) A dimensão epistemológica indica a posição do autor na filosofia da ciência e
orienta a linhagem teórico-metodológica – a matriz epistemológica - da pesquisa
(positivismo, estruturalismo, fenomenologia, compreensivismo, materialismo histórico
dialético, construtivismo...) eleita pelo pesquisador/pesquisadora e se situa no contexto da
teoria do conhecimento.
É essa dimensão da metodologia que inspira a posição epistêmica que existe por traz
de toda pesquisa. Em outras palavras, por traz de cada marco teórico ou conceitual há
pressupostos explícitos ou subjacentes. Essa posição corresponde a visões que compartilham
uma busca pelo equilíbrio social, a compreensão de certos fenômenos em seus simbolismos e
estruturas, ou o entendimento dos processos sociais em sua historicidade e múltiplas
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Veja os itens “ Coordenadas metodológicas, conceitos e características” e “Métodos e técnicas na prática da
pesquisa-como-ação” neste texto.
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políticas, religiosas e associativas atuantes na região etc.), por intermédio de visitas in loco;
recolhimento e estudo prévio de documentos; estabelecimento de contato e de conversas com
lideranças; consultas à organizações que atuam na região; levantamento de dados estatísticos
etc., sempre em função das especificidades de cada projeto. Trata-se de uma fase importante
pois é uma forma de se adentrar no ambiente investigado com informações pertinentes e
maior conhecimento do contexto em que a pesquisa se realiza14.
2ª fase: Inicia-se a pesquisa propriamente dita e se instaura o processo de
investigação15 definindo e entrando em acordo com o “grupo” pesquisado sobre a definição
da sistemática de inserção do investigador (ou equipe de pesquisa) e das atividades a serem
desenvolvidas; a formação de comissões de trabalho; o delineamento prévio de sistemas de
cooperação (fóruns de debates, seminários etc. para discussão pública de assuntos em questão
e de resultados parciais da própria pesquisa); a projeção de indicativos visando a criação de
sistemas de organização (se for caso); a elaboração de cronograma etc. Todos esses aspectos
são sempre reavaliados e aperfeiçoados ao longo da pesquisa segundo as necessidades e em
decorrência de possíveis imprevistos. Cabe salientar que essa fase, ao mesmo tempo em que
garante as funcionalidades do processo, contribui para despertar nos investigados o interesse
pela pesquisa e assim favorecer o seu envolvimento na mesma.
3ª fase: Redefinição e aperfeiçoamento do desenho metodológico. Momento em que
os procedimentos metodológicos são revistos e adequados às condições encontradas na
situação real. Lembrando que os procedimentos e as técnicas, ao mesmo tempo em que
pressupõem rigor na sua aplicação devem ser flexibilizados, aperfeiçoados ou modificados
como parte das descobertas feitas no curso da pesquisa. Contudo, há que se ter cuidado para
não se descaracterizar a opção participativa elegida e a própria pesquisa enquanto pesquisa-
ação. Do contrário, há que se alterar também a indicação metodológica inicialmente proposta.
Algumas vezes se pretende realizar pesquisa-ação, mas de fato -devido a determinadas
circunstancias - acaba ocorrendo uma observação participante ou participação observante,
portanto esse tipo de diferença deve ser percebido e esclarecido.
4ª fase: A quarta fase consiste na realização plena do trabalho de campo 16 com a
continuidade das atividades e aplicação de técnicas, como por exemplo realização de
14
Ver Bonilla et al (1999) e Boterf (1999).
15
Ver Nistal (2007).
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As fases anteriores também fazem parte da pesquisa de campo, mas são mais preparatórias e necessárias para
se distribuir o protagonismo das pessoas e se delinear as estratégias da pesquisa.
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Técnicas
As técnicas características no desenvolvimento da pesquisa-ação são a observação
direta e os instrumentos de registros como o diário de campo ou caderno de notas.
Eventualmente se usa o registro de depoimentos e acontecimentos em sons e imagens (fotos,
áudios e vídeos), mas este deve ser discreto e parcial 22, e apenas como forma registro fiel
17
Ver Nistal (2007)
18
Ver Nistal (2007)
19
Ressalva-se que em situações em que existe um alto nível de envolvimento dos investigados, os resultados
parciais vão sendo construídos conjuntamente e simultaneamente compartilhados.
20
Do relatório podem derivar uma tese, livro e/ou artigos científicos.
21
Ver detalhes em Boterf (1999) e em Nistal (2007).
22
O uso de filmagens constantes e de todos os eventos integralmente podem gerar distorções quanto a visão
criada entorno da própria pesquisa (redução de sua finalidade e criação de expectativas quanto a aparição
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para sistematização e análises posteriores, além de ser uma forma de documentação para
eventual produção de vídeo documentário como complemento de uma tese acadêmica, além
do seu uso pela própria “comunidade” que foi sujeito da pesquisa.
Como a pesquisa-ação pressupõe também a intervenção do pesquisador, que orienta e
coordena sua realização, é pertinente (BOTERF 1999) que este conheça bem o método da
pesquisa participante, a dinâmica de trabalho em grupos populares, a realidade de vida e
realidade funcional predominante na situação investigada.
O diário de campo é um instrumento básico para registro de tudo que ocorre na
situação investigada, registro feito com precisão quanto a datas, atores, locais e conteúdos
dos acontecimentos. Nele se registram os fatos, as ocorrências e também as percepções
pessoais do pesquisador proporcionadas pela observação direta.
Barbier (2002) recomenda que o diário de campo se converta em “diário rascunho”,
“diário elaborado” e “diário comentado”. No calor dos acontecimentos se faz o diário campo
de itinerância cotidiana (diário rascunho), no qual se anota tudo o que parece importante
sobre os fatos reais, percepções, comentários e breves reflexões, sem preocupação com estilo.
Num segundo momento, já com mais calma – mas sem grande distância de tempo – se
retoma o diário de campo, mas agora para organizar as percepções e incluir reflexões
filosóficas e analíticas (diário elaborado). Acrescenta-se que é salutar nessa fase organizar as
informações registradas a partir de categorias que podem ser construídas segundo os focos e
interesses analíticos da pesquisa. Já o “diário comentado” é o resultado da submissão do
“diário elaborado” a leitores que reagem com comentários e percepções críticas, o que é
atentamente escutado e anotado pelo investigador para considerações posteriores.
Paralelamente outras técnicas podem ser agregadas, conforme as necessidades e
complexidades de cada pesquisa. São elas: o estudo de documentos (atas, relatórios, projetos,
contratos, leis, registros fotográficos e audiovisuais); a entrevista (semiestruturada ou em
profundidade, como por exemplo d história oral, o relato de práticas ou a entrevista
temática23; o grupo de discussão (GD) ou grupo focal; a aplicação de questionários; estudo de
pública), além de poder provocar inibições e medos de expressão de determinadas facetas envolvidas nos temas
e problemática investigada.
23
A entrevista temática refere-se a uma técnica que permite o aprofundamento de um tema a partir do
conhecimento de alguém dada a sua vivência ou saber acumulado sobre o mesmo. Neste caso, não se trata de se
recuperar a história de vida de pessoa, mas de sua contribuição para se reconstituir ou se entender melhor algum
fato, situação ou problema. Sempre existem pessoas que testemunharam algum acontecimento, vivenciaram
processos históricos e/ou compreendem bem determinados problemas e que podem ser valorizadas.
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Referências
BARBIER, R. A pesquisa-ação. Tradução de Lucie Didio. Brasília: Liber Livro, 2002.
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2014.
PIAGET, J.; GARCIA, R. Psicogênese e história das ciências. Petrópolis: Vozes, 2011.
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SILVA, M. Ozanira da S.e. Refletindo a pesquisa participante. São Paulo: Cortez, 1986.
________. Crítica metodológica, investigação social e enquête operária. São Paulo: Polis,
1987.
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