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CARINE PEREIRA DA SILVA

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL:


REPERCUSSÕES PARA O CRIME DE ESTUPRO.

BELO HORIZONTE
2018
CARINE PEREIRA DA SILVA

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL:


REPERCUSSÕES PARA O CRIME DE ESTUPRO.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Pitágoras, como requisito parcial para a
obtenção do título de graduado em Direito.

Orientador: Natália Castanheira

BELO HORIZONTE
2018
CARINE PEREIRA DA SILVA

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL:

REPERCUSSÕES PARA O CRIME DE ESTUPRO.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Pitágoras, como requisito parcial para a
obtenção do título de graduado em Direito.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Cidade, dia de mês de ano


Dedico este trabalho a minha mãe
Ângela, que sempre me incentivou desde
o início.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, sou grata a Deus, que no decorrer desses anos, me deu forças e
entendimento para chegar até aqui, por me guiar e me manter firme, para que em
nenhum momento eu me sentisse fraca, sou profundamente grata ao seu amor
incondicional por mim.
Agradeço, a minha mãe, Ângela, que desde meu nascimento foi minha fortaleza e
maior exemplo, sou grata por todo seu amor e cuidado, que mesmo em meio as
tribulações não fraquejou, e se manteve firme, para que hoje eu estivesse aqui, é a
maior responsável por minhas conquistas.
Todo meu amor e amizade, por minha amiga, Rafaela, que fez com que os dias nesse
curso se tornassem mais leves, agradeço imensamente, pois se não fosse pelo seu
incentivo eu não estaria aqui, toda minha gratidão.
A todos os professores do Curso de Direito dessa instituição, por todo conhecimento
e ensinamentos, repassados há nos alunos, pois através deles, podemos enxergar
um novo caminho e aprimorar nosso entendimento jurídico.
PEREIRA, Carine Silva. Crimes contra a Dignidade Sexual: Repercussões para o
Crime de Estupro.2018. Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso
Graduação em Direito – Pitágoras, Belo Horizonte, 2018.

RESUMO

Com o advento da lei 12.015 de 07 de agosto de 2009, se fez necessário o estudo e


conhecimento dessa lei, antes do advento dessa lei, o Código Penal considerava os
delitos de estupro e atentado violento ao pudor crimes distintos, previstos em tipos
penais autônomos e logo após considerável mudança esses tipos penais foram
unificados, passando a englobar duas condutas por parte do agente, resultando em
crime único, se analisa ainda, se ocorreu o abolitio criminis do delito de atentado
violento ao pudor. Cita-se, considerações sobre o tipo penal aplicado nesse crime, se
há ou não a continuidade delitiva e concurso de crimes, citando também se a lei em
questão se tornou mais benéfica ao agente. Em todo, buscamos compreender se a
mudança dessa lei fez com que ela fosse mais efetiva. O trabalho foi desenvolvido a
partir de pesquisas bibliográficas, pois inclui informações obtidas na legislação, em
livros e artigos disponibilizados na internet.

Palavras-chave: Estupro; Atentado Violento ao Pudor; Dignidade Sexual; Crimes; Lei


12.015/09.
PEREIRA, Carine Silva. Crimes against sexual dignity : Repercussions for rape
crime.2018. Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em
Direito – Pitágoras, Belo Horizonte, 2018.

ABSTRACT

With the advent of law 12.015 of August 07, 2009, it became necessary to study and
know this law, before the advent of this law, the Criminal Code considered crimes of
rape and violent attack to the modest crimes, provided for in autonomous criminal types
and soon after considerable change these criminal types were unified, including to
include two conduits on the part of the agent, resulting in a single crime, it is still
analyzed, if the criminiti abolition of the crime of violent attack to the modesty occurred.
Consideration is given to the criminal type applied in this crime, whether or not there is
delinquency and crime contestation, also citing whether the law in question has
become more beneficial to the agent. Throughout, we sought to understand whether
the change in this law made it more effective. The work was developed from
bibliographical research, since it includes information obtained in the legislation, in
books and articles made available on the internet.

Key-words: Rape; Indecent Assault; Sexual Dignity; Crimes; Law 12.015/09.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 09
1. ESTUPRO – ART. 213 DO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO DE ACORDO COM
A NOVA LEI 12.015/09 ................................. ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.0
1.1. CONCEITO..........................................................................................................10
1.2. TIPO OBJETIVO ................................................................................................11
1.3. TIPO SUBJETIVO ..............................................................................................12
1.4. SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO ............................................................12
1.5. OBJETO JURÍDICO E MATERIAL .....................................................................13
1.6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA .........................................................................13
1.7. FORMAS ............................................................................................................14
1.7.1. SIMPLES..........................................................................................................14
1.7.2. PRESUMIDA....................................................................................................14
1.7.3. QUALIFICADA..................................................................................................14
1.8. CAUSAS DE AUMENTO ....................................................................................16
2. PENA, AÇÃO PENAL E OUTROS ASPECTOS SOBRE O CRIME DE
ESTUPRO ................................................................................................................. 18
2.1. CONCEITO DE ESTUPRO.................................................................................18
2.2. AÇÃO PENAL NO CRIME DE ESTUPRO..........................................................19
2.3. LEI N° 8.072/90 - CRIME HEDIONDO ...............................................................20
2.4. ASPECTOS POSITIVOS APÓS A LEI 12.015/09...............................................21
2.5. ASPECTOS NEGATIVOS APÓS A LEI 12.015/09.............................................22
3. ANALISE DA EFETIVIDADE DO NOVO TIPO PENAL UNIFICADO. .... ERROR!
BOOKMARK NOT DEFINED.1
3.1. CONCURSO MATERIAL ....................................................................................23
3.2. CONCURSO FORMAL .......................................................................................23
3.2.1. CONCURSO FORMAL HOMOGÊNEO E HETEROGÊNEO...........................24
3.2.2. CONCURSO FORMAL PERFEITO E IMPERFEITO.......................................25
3.3. CRIME CONTINUADO .......................................................................................25
3.4. TIPO MISTO ALTERNATIVO E CONTINUIDADE DELITIVA ............................26
3.5. ABOLITIO CRIMINIS ..........................................................................................30
3.6. SUCESSÃO DE LEIS PENAIS ...........................................................................31
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 32
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 33
9

INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como real objetivo apresentar uma análise que busca
expor de forma clara, a nova vertente conferida aos crimes contra dignidade sexual
dentro do nosso Ordenamento Jurídico Penal, onde se inseriu novos tipos penais
incriminadores, unindo tipos penais antigos e modificando normas em geral,
amparando não mais os costumes, e sim a dignidade sexual da pessoa humana.
Afastando assim, a ideia inapropriada referente à moral e aos bons costumes,
encaixando-se melhor com o atual momento histórico-social e cultural.
A alteração da lei 12.015/09 veio para trazer muitas mudanças elencadas no Título VI
da Parte Especial do Código Penal, que antes tratava dos “crimes contra os costumes”
que logo veio se denominar “crimes contra a dignidade sexual”.
Uma das maiores preocupações dos legisladores era com a lesão ao bem jurídico
tutelado, que seria a dignidade sexual. Diante de tal preocupação foi feita uma das
mais importantes alterações da lei 12.015/09, que foi a unificação de dois tipos penais
que anteriormente estavam previstas no art. 213 e 214 do Código Penal, que após a
alteração passaram a fazer parte da rubrica “estupro”, no art. 213 do Código Penal.
Referente a tal mudança iremos ressaltar, o que de fato esse novo tipo penal trouxe
de eficácia, para os dias atuais e como veem se aplicando essas novas vertentes,
principalmente aqueles referentes ao crime de estupro.
Buscaremos ressaltar, se tal unificação foi ou não favorável para a maior proteção da
vítima, pois acreditamos que toda alteração realizada no Ordenamento Jurídico busca
de certa forma maior proteção ao bem jurídico tutelado, que no caso seria a dignidade
sexual da vítima de estupro, por isso a importância de se analisar essa unificação
oriunda da nova Lei 12.015/09.
Logo após a Lei 12.015/09 entrar em vigor, buscavam ainda mais a aplicação
da norma penal em relação aos crimes sexuais, sendo assim, é necessário que
busquemos o entendimento sobre as mudanças inseridas na Lei dos Crimes Contra a
Dignidade Sexual e buscar também de que forma ela pode prevenir os delitos que
atingem a honra sexual da pessoa humana.
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1. ESTUPRO – ART. 213 DO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO DE ACORDO


COM A NOVA LEI 12.015/09

1.1 Conceito de Estupro


Estupro consiste em um crime no qual viola a liberdade sexual de uma pessoa
independente de idade ou sexo, sem o consentimento de uma das partes, imposto
por meio de violência e grave ameaça.
Como podemos ver diariamente na mídia e em noticiários, o delito de estupro está
em grande evidência, existe estatísticas de que a incidência prevalece sobre as
mulheres.
Antes denominada crime contra os costumes o Titulo VI do Código Penal, passou a
prever uma nova redação dada pela lei n° 12.015/09, que passou a ser considerada
Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual.
Com o objetivo de compreender de forma mais clara a mudança da lei 12.015/09,
onde se esclarece uma das maiores e mais importantes mudanças dessa lei, que foi
onde se unificou o art.213 do Código Penal, as figuras do estupro e do atentado
violento ao pudor, para assim se tornar mais efetiva e para evitar algumas
controvérsias sobre esses dois tipos penais.
A lei em questão passou a se denominar apenas pela rubrica “estupro”, onde
considera-se que o agente constrange alguém, mediante violência ou grave ameaça
a ter conjunção carnal ou praticar ou com ele permitir que se pratique outro ato
libidinoso. Acredita-se que essa mudança se deu pois muitos consideravam que o
crime de estupro era concebido por atentado violento ao pudor, pois levavam em
consideração o fato de que um homem pudesse também sofrer violência sexual, a
mudança do tipo penal fez com que a vítima do sexo masculino fosse protegida da
mesma maneira, sendo assim tanto o sujeito passivo independente se do sexo
masculino ou feminino, se houver constrangimento de acordo com o art. 213 pode-se
considerar o crime de estupro.
Vejamos a nova redação do referido artigo:

Art. 213- Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter


conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato
libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima
é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
11

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.


§ 2o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

Para que o delito seja considerado estupro é necessário que o agente atue mediante
violência e grave ameaça.

1.2 Tipo Objetivo

De acordo com o art. 213, podemos considerar que a pratica que será punida será a
de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a manter com ele,
conjunção carnal ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.
Nucci (2009) conceitua o tipo objetivo como:
Constranger (tolher a liberdade, forçar ou coagir) alguém (pessoa humana,
mediante o emprego de violência ou grave ameaça, a conjunção carnal
(cópula entre pênis e vagina), ou á pratica (forma comissiva) de outro ato
libidinoso (qualquer contato que propicie a satisfação do prazer sexual, como,
por exemplo, o sexo oral ou anal, ou o beijo lascivo, bem como a permitir que
com ele se pratique (forma passiva) outro ato libidinoso. (2009)

Constranger seria uma forma de obrigação, obrigar a vítima a ter conjunção carnal,
para que se confirme o constrangimento é necessário que exista o não
consentimento da vítima e ela precisa ser notadamente explicita, a vítima deve
resistir, e demonstrar que não aceita a consumação do ato sexual.
Também podemos considerar como tipo objetivo, quando o agente obriga alguém a
praticar ou com ele permitir que se pratique outro ato libidinoso, por meio de
violência ou grave ameaça.
Greco (2015) salienta que:
A grave ameaça, ou vis compulsiva, pode ser direta, indireta, implícita ou
explicita. Assim por exemplo, poderá ser levada a efeito diretamente contra a
própria pessoa da vítima ou pode ser empregada indiretamente contra
pessoas ou coisas que lhe são próximas produzindo-lhe efeito psicológico no
sentido de passar a temer o agente. Por isso, a ameaça deverá ser seria,
causando na vítima, um fundador temor do seu cumprimento. (2015).
12

1.3 Tipo Subjetivo

Esse se dá quando o crime é punível, apenas se torna quando o agente pratica tal
crime com dolo, ou seja, a vontade do agente de praticar a conjunção carnal ou o
ato libidinoso com a vítima.
Segundo Nucci (2009)
É finalidade de obter a conjunção carnal ou outro ato libidinoso satisfazendo
a lascívia. Ainda que haja intuito vingativo ou outro qualquer na
concretização da pratica sexual, não deixa de envolver uma satisfação
mórbida do prazer sexual. (2009)

1.4 Sujeito Passivo e Sujeito Ativo

A lei 12.015/09 anteriormente previa que o sujeito ativo do crime era apenas o
homem, era considerado como crime próprio. Em apenas uma situação a mulher era
considerada sujeito ativo do crime era apenas a mulher considerada sujeito ativo, se
por acaso fosse autora mediata ou se em concurso com um homem de acordo com
o art. 22 do Código Penal.
Greco (2015) preceitua sobre os sujeitos passivo e ativo:
A expressão conjunção carnal tem o significado de união, de encontro do
pênis do homem com a vagina da mulher, ou vise e versa. Assim sujeito ativo
no estupro, quando a finalidade for conjunção carnal, poderá ser tanto o
homem quanto a mulher, no entanto, nesse caso, o sujeito passivo,
obrigatoriamente, deverá ser do sexo oposto, pressuposto uma relação
heterossexual. (2015).

E sobre o ato libidinoso Greco (2015) ainda afirma “no que diz respeito à prática de
outro ato libidinoso, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo, bem como sujeito
passivo, tratando-se nesta hipótese, de um delito comum”.
Mesmo a lei 12.015/09 alterando seus tipos penais, permitindo que independente do
sexo, tanto o homem quanto a mulher podem ser sujeitos passivo ou ativo do crime.
Portanto se uma mulher obrigar que um homem pratique com ela conjunção carnal
ou outro ato libidinoso, ela assim será responsabilizada. Sendo assim atualmente o
crime de estupro é considerado crime comum. Como analisado, pode-se enquadrar
como sujeito passivo do delito de estupro tanto o homem quanto a mulher,
independente de características pessoais.
13

1.5 Objetos Jurídico e Material

Podemos considerar como objeto jurídico do crime de estupro a liberdade sexual da


vítima. Porque todas as pessoas têm o direito apossar-se do seu próprio corpo e
assim ter a liberdade de escolher seu parceiro sexual, para que possa fazer com ele
o que bem entender. Já o objeto material é a pessoa constrangida, que será a
pessoa com que o agente irá praticar o crime.

E Greco (2015) aduz “ assim resumindo, poderíamos apontar como bens


juridicamente protegidos: a dignidade, a liberdade e o desenvolvimento sexual”.

1.6 Consumação e Tentativa

A consumação do crime analisado se dá com a introdução do pênis na vagina, não


se importando se total ou parcial, e não sendo necessário a ejaculação, consuma-se
também no momento que o agente logo após o constrangimento e mediante e
mediante violência ou grave ameaça, obriga a vítima a praticar ou permitir que com
ela se pratique outro ato libidinoso diverso da conjunção carnal.
Acerca desse tema Greco preceitua:
Assim, no momento em que o agente, por exemplo, valendo-se do emprego
de ameaça, faz com que a vítima toque em si mesma, com o fim de
masturbar- se ou no próprio agente ou em terceira pessoa, nesse instante
estará consumado o delito. Na segunda hipótese, a consumação ocorrera
quando o agente ou terceira pessoa vier a atuar sobre o corpo da vítima,
tocando-a em suas partes consideradas pudendas (seios, nadegas, pernas,
vagina) [ desde que não haja penetração, que se configuraria na primeira
parte do tipo penal], pênis, etc.). (2015).

A tentativa se trata de crime plurissubsistente que é aquele que é realizado por meio
de vários atos (iter criminis).
Devemos pensar em duas formas de tentativa, a tentativa em relação a conjunção
carnal que acontece quando o agente logo após o constrangimento da vítima,
mediante violência ou grave ameaça, mesmo praticando outros atos libidinosos que
configurem couto vaginico, considerando assim a tentativa porque o agente não
alcançou o resultado esperado.
Já a tentativa de acordo com o ato libidinoso, ocorre quando se inicia o
constrangimento da vítima, mediante violência ou grave ameaça, mesmo não
14

ocorrendo qualquer ato libidinoso, assim podemos considerar a tentativa pois o


agente não alcançou o resultado esperado.
Greco (2015) sobre o devido tema salienta
Assim insistimos se, por exemplo ao tentar retirar a roupa da vítima, o
agente passar as mãos em seus seios, ou mesmo em suas coxas, com a
finalidade de praticar a penetração e, se por algum motivo, vier a ser
interrompido, não podemos entender como consumado o estupro, mas,
sim, tentado. (2015).

1.7 Formas

As formas do crime de estupro, serão enquadradas em três tipos; simples,


presumida e qualificada.

1.7.1 Simples
A forma simples já se encontra disposta no art. 213 do Código Penal, ou seja,
quando o agente mediante uso de violência ou grave ameaça, obriga a vítima a
praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.

1.7.2 Presumida
Essa se encontra disposta no art. 217-A do Código Penal, aquele crime que é
praticado contra pessoa menor de 14 anos, ou alienada ou débil mental, que não
possui discernimento para a pratica de tal ato, não podendo assim oferecer
resistência.
Para Greco (2015):
Doutrina e jurisprudência se desentendiam quanto a esse ponto, discutindo
se a aludida presunção era de natureza relativa (iuris tantum), que cederia
diante da situação apresentada no caso concreto, ou da natureza absoluta
(iuris et de iure), não podendo ser questionada. Sempre defendemos a
posição de que tal presunção era de natureza absoluta, pois que, para nós,
não existe dado mais objetivo do que a idade. (2015).

1.7.3 Qualificada
As qualificadoras do crime de estupro, estão previstas no art. 213 em seus §§ 1° E
2°, assim dispõe os §§ do art.:
15

Art. 213:
1° Se a conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima
menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos.
Pena- Reclusão de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
2° Se da conduta resulta morte.
Pena- Reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

Então podemos considerar que o crime de estupro será qualificado quando o agente
através de violência ou grave ameaça, resultar a lesão corporal grave ou morte da
vítima.
Nesse contexto, exalta Bezerra Filho (2010):
A primeira forma de qualificação é na hipótese de a conduta de realização do
ato sexual forçado resultar em lesão corporal grave para a vítima, que vem a
ser ofensa à integridade corporal ou a saúde com prejuízo anatômico interno
ou externo do corpo humano, que possa resultar na incapacidade para
ocupações habituais por mais de trinta dias, com perigo de vida, ou função,
aborto ou enfermidade incurável. (2010)

É de grande relevância citarmos outra mudança no tipo penal em relação as


qualificadoras, que se encontra disposta no § 1° do art. 213 onde possuirá incidência
quando “a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (quatorze) anos”. Podemos
ver que se reforçou ainda mais a proteção da criança e adolescente vítima de
estupro.
Essa vertente se trata de qualificadora de objetiva com incidência sobre o crime de
estupro, então quando o agente que comete o crime tomar conhecimento de que
está a constranger uma vítima menor de 18 anos. A hipótese em questão será a do
estupro praticado com lesão corporal leve ou com grave ameaça, porque quando se
trata de grave ameaça, a qualificadora que será aplicada é a que se encontra
disposta no primeiro parágrafo do art. 213. Mas se por alguma razão as duas
circunstâncias qualificadoras estiverem presentes no crime, apenas uma delas
deverá ser considerada como circunstância judicial para fins da aplicação da pena-
base. Dessa forma, será necessário analisar que estamos tratando de uma nova
hipótese legal de violência presumida, para que se configure o tipo qualificador do
estupro, basta apenas que a vítima seja menor de acordo com o que se encontra
previsto no parágrafo primeiro.
Então logo após a nova vertente disposta no art. 213, consideramos que se o coito
vaginal ou o outro ato libidinoso for praticado no dia anterior ao adolescente
completar seus 14 anos, o crime será o de estupro contra pessoa vulnerável, como
se encontra disposto no art. 217-A, do CP. Agora se o fato ocorrer no dia seguinte, a
16

vítima ter completado seus 14 anos de idade, o crime em questão será o de estupro
comum qualificado pelo resultado.
A nova lei leva em consideração que o crime de estupro estará qualificado
pelo simples fato de a circunstância ser objetiva, pois a vítima se encontra em uma
faixa etária que precisa de maior proteção penal.

1.8 Causas de aumento

Com a entrada em vigor da lei 12.015/09 tivemos relevantes mudanças também em


relação as causas de aumento, onde foram acrescentas duas novas vertentes, que
são quando do estupro resultar gravidez da vítima, e quando o agente sabendo que
possui doença sexualmente transmissível a transmite para a vítima.

Disposto no art. 234-A podemos analisar tal mudança:


Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada:
I – (vetado)
II – (vetado)
III – de metade, se o crime resultar gravidez; e
IV – de um sexto até a metade, se o agente transmite a vítima doença
sexualmente transmissível de que se sabe ou deveria saber ser portador.

Logo após análise do dispositivo Greco (2015) assim conceitua:


A pena deverá, ainda, ser aumentada de um sexto até a metade, de acordo
com inc. IV do art. 234-A do Código Penal, se o agente transmite a vítima
doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser
portador. Para que ocorra a majorante há necessidade de que a doença tenha
sido, efetivamente, transmitida a vítima que, para efeitos de comprovação,
deverá ser submetida a exame pericial. (2015).

Mas temos também outras hipóteses de aumento de pena que se encontram


devidamente descritas no art.226 do Código Penal, para analisarmos melhor acerca
do tema veremos o que dispõe o art. dispõe:

A pena é aumentada:
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou
mais pessoas;
II – de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão,
cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou
por qualquer outro título tem autoridade sobre ela.
17

Então vemos, que a pena será aumentada se o crime for cometido por duas ou mais
pessoas, e devemos levar em consideração que essa majorante só será aplicada se
os agentes, conjuntamente praticarem a execução da pratica sexual, pois se torna
uma forma mais fácil da realização do delito, porque assim a vítima não consegue
resistir e acaba por desistir da recusa.
Pois isso de certa forma coage a vítima, que fica impossibilitada de se desvencilhar
das investidas , Guilherme de Souza Nucci (2009) diz que “se duas ou mais pessoas
tomaram parte na prática do delito, antes ou durante a execução, é isso suficiente
para aplicar-se a elevação da pena”, e temos também a análise de Luiz Regis Prado
(2007) que confirma “não é imprescindível a presença de todos os agentes nos atos
de execução, bastando que os coautores ou partícipes hajam concorrido, de
qualquer forma, para o crime”, ou seja não é necessário que os participes participem
da execução do ato, basta apenas que eles colaborem de alguma forma para que o
crime ocorra.
Temos também a segunda hipótese, onde a pena será aumentada se o crime for
praticado por padrasto, ascendentes, madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro,
curador, tutor, preceptor ou empregador, ou seja, pessoas que a vítima tem uma
relação mais próxima, pessoas em que a vítima confia, porque assim o agente tem
uma forma mais facilitada de praticar o delito, por a vítima não pensar em tal
absurdo.
Acerca disso Greco (2015) preceitua:
Foram inseridas no mencionado artigo, para efeito de aplicação da majorante,
as figuras do padrasto e da madrasta, do tio, bem como do cônjuge e do
companheiro. Foi afastada a figura do pai adotivo, uma vez que, nos dias de
hoje, tal designação tornou-se discriminatória e proibida constitucionalmente.
(2015).
18

2. PENA, AÇÃO PENAL E OUTROS ASPECTOS SOBRE O CRIME DE ESTUPRO.

2.1 Pena Aplicada no Crime de Estupro.

No art. 213 do Código Penal dispõe que no crime de estupro se aplica uma pena de
reclusão de 6 (seis) a 10(dez) anos. Se da conduta resulta lesão corporal grave ou se
a vitima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos, a pena é de reclusão,
de 8 (oito) a 12 (doze) anos. Se da conduta, resulta morte, a pena é de reclusão de
12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Então podemos analisar que a pena será de reclusão de 8 a 12 anos (qualificadora),
se, da pratica do estupro gerar lesão corporal de natureza grave, ou seja se a lesão
corporal causada levar a vítima a se afastar de suas atividades habituais por mais 30
dias. Ou também quando a vítima do estupro for menor de 18 (dezoito) anos e maior
de 14 (catorze) anos.
Mas se acontecer de o crime ser praticado contra menor de 14 (catorze) anos a pena
que será aplicada, é aquela que está disposta no art. 217-A do Código Penal. Vale
ressaltar que no crime de estupro de vulnerável, não é preciso que exista a violência
ou a grave ameaça, se o ato libidinoso acontecer juntamente da conjunção carnal,
mesmo que a vítima aceite tal ato (pois aqui o seu consentimento é considerado
viciado), já ocorre o estupro, pelo fato da violência ser presumida.
A pena será de 12 (doze) a 30 (trinta) anos, quando a pratica do agente resultar a
morte da vítima. Essa hipótese, é considerado crime preterdoloso, pois a intenção do
agente era a satisfação sexual, então ele respondera, por culpa pelo evento morte.
Nesse caso, não deve haver em momento algum a presença da conduta animus
necandi que seria a vontade de matar.
Agora as causas de aumento de pena como já comentados no decorrer desse
trabalho:
a). 1/2, se o crime de estupro for cometido em concurso de 2 ou mais pessoas;
b). 1/2, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge,
companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro
título tem autoridade sobre ela;
c). 1/2, se do estupro resultar gravidez;
d). 1/6 até 1/2, se do estupro, haja a transmissão à vítima doença sexualmente
transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador;
19

2.2 Ação Penal no Crime de Estupro

A ação penal se encontra disposta no art.225 do Código Penal que assim dispõe:
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se
mediante ação penal pública condicionada à representação. (Redação dada
pela Lei nº 12.015, de 2009)
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública
incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa
vulnerável. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

A natureza da ação penal será pública condicionada a representação, mas se o crime


for cometido contra menor de 18 (dezoito) ou considerada vulnerável será aplicada a
ação penal pública incondicionada.
Podemos analisar que ocorreu uma mudança no pólo ativo da ação, sendo o Ministério
Público o titular que irá mover a ação penal. Passando assim, da legitimidade
extraordinária, para a substituição processual, valendo agora com legitimidade
ordinária.
Greco (2015) assim define:
A primeira observação que deve ser feita diz respeito ao fato de que do
contrário do que ocorria anteriormente não existe mais previsão de início da
persecutio criminis in judicio através da ação penal de iniciativa privada
propriamente dita, pois que os novos dispositivos penais apontam tão
somente, para as ações penais de iniciativa pública, sejam elas
condicionadas a representação, ou mesmo incondicionadas. (2015)

Uma coisa que devemos ressaltar é que se ocorrer a morte do ofendido caberá a
titularidade para a representação ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, em
igual prazo, de acordo com o disposto no art. 31 do Código de Processo Penal. E tal
representação não exige que esteja vinculada em lei, podendo se apresentar de forma
escrita ou oral, reconhecida através de um Boletim de Ocorrência ou por pedido
mediante uma autoridade judiciária, policial ou do Ministério Público. Apenas se exige
a representação esteja expressa na manifestação de vontade do ofendido ou ofendida
em se ter o prosseguimento da presecutio criminis, ou seja, a manifestação de vontade
do ofendido ou do seu representante legal no sentido de autorizar o desencadeamento
da persecução penal em juízo.
Considerando que a ação penal seja Pública Condicionada à Representação, a ação
considerada a correta para os crimes Contra a Liberdade Sexual, irá se dar por ação
20

penal Pública Incondicionada nos delitos que se encontram dispostos no parágrafo


único do novo art. 225.
A súmula vinculante n° 608 do Supremo Tribunal Federal, também poderá ser
aplicada nesses casos.
Súmula n° 608. No crime de estupro, praticado mediante violência real, a
ação penal é pública incondicionada.

Em relação a nova redação Greco (2015) destaca:


Dessa forma, de acordo com o entendimento da nossa corte maior, toda vez
que o delito de estupro for cometido com o emprego de violência real, a ação
penal sera de iniciativa pública incondicionada, fazendo assim, letra morta do
art. 225 do Código Penal, somente se exigindo a representação do (a)
ofendido (a) nas hipóteses em que o crime for cometido com emprego de
grave ameaça. (2015).

A lei 12.015/09 trouxe de certa forma, bastante clareza para o art. 225, do Código
Penal, pois agora podemos ver, que no caso das infrações contra liberdade sexual e
os crimes sexuais contra vulnerável, vai se proceder a ação penal condicionada a
representação, e logo após essa mudança percebemos que a alteração da norma
codificada acaba com o caminho da ação penal privada, para o induzimento penal dos
autores destes crimes sexuais.
Podemos então considerar que foi de grande relevância a mudança inserida no
Código Penal, pois muito se indagava sobre a real titularidade da ação penal, nos
casos relacionados do crime de Estupro.

2.3 Lei n° 8.072/90 – Crime Hediondo

Crime Hediondo é aquele crime que é considerado de extrema gravidade. Por isso,
recebendo assim um tratamento diferente dos comuns. É considerado crime
inafiançável e insuscetível de graça, anistia ou indulto.
Depois de muitas controvérsias anteriores, podemos considerar que mesmo os crimes
de estupro e atentado violento ao pudor sendo praticados na forma simples, irão
possuir caráter hediondo, independentemente se forem qualificados ou não.
A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Resp.
1.110.520/SP (Ministra Maria Tereza De Assis Moura, Dje 4/12/2012), sob o
rito do art. 543-C do Código de Processo Civil (representativo da
controvérsia), firmou o entendimento de que os crimes de estupro e atentado
violento ao pudor, ainda que em sua forma simples, configuram modalidades
de crime hediondo porque o bem jurídico tutelado é a liberdade sexual e não
21

a integridade física ou a vida da vítima, sendo irrelevante, para tanto, que a


pratica dos ilícitos tenha resultado lesões corporais de natureza grave ou
morte. A natureza de crime hediondo decorre da própria Lei n.8.072/1990,
não sendo necessário que essa característica seja atribuída expressamente
na sentença ao crime de estupro ou a qualquer outro delito que esteja listado
na referida norma (STJ, HC 231570/RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, 6°T.,
Dje 6/3/20014).

Podemos ver então que aqueles que acreditavam que o crime de estupro e de
atentado violento ao pudor não eram considerados crimes hediondos está enganado
até porque a lei 12.015/09 veio para confirmar algo já existente.
Para os ministros o bem jurídico violado nesses crimes seria a liberdade sexual e não
a vida ou a integridade física da pessoa, portanto, para que se configure crime
hediondo, não é preciso que tais atos resultem em morte ou lesões corporais graves,
podendo ser usadas apenas como qualificadoras do delito.

2.4 Aspectos positivos após a lei 12.015/09


Com o advento da lei 12.015 de 2009, tivemos uma mudança, onde o marido poderá
sim ser sujeito ativo no crime de estupro contra a esposa que se torna vítima,
anteriormente, se acreditava que o marido poderia forçar sua esposa a pratica sexual
por ser um exercício regular do direito.
Percebemos grande relevância na alteração do título dos crimes contra os costumes,
passando a prever os chamados crimes contra a dignidade sexual, pois, não víamos
mais a realidade trazida pela redação, não eram mais aqueles bens realmente
protegidos pelos tipos penais, e com o novo advento vimos que a proteção seria a
favor da liberdade sexual da pessoa humana.
Uma outra alteração, considerada também de grande relevância, se encontra disposta
no art.213 do CP, considerando que tanto o homem quanto a mulher, poderiam ser
considerados sujeitos ativos e passivos no crime de estupro, mesmo a mulher tendo
o maior percentual de vítimas de estupro, procuraram proteger também a dignidade
do homem.
Outro ponto relevante, é o que sobre a ação penal que agora é pública condicionada
a representação e também pode ser considerada incondicionada em alguns casos,
excluindo assim, a ação privada, onde a vítima por se sentir constrangida ou medo de
retaliações não denunciava o agressor, fazendo com crescesse ainda mais a
impunidade nesses crimes.
22

A lei 12.015/09 também trouxe, a unificação de dois tipos penais, alterando as penas
do art.213 e ampliando sua aplicação em conjunto com a lei que anteriormente era
apenas atos libidinosos, sendo assim, o toque, carícia, entre outros atos que não
houverem consentimento pela vítima, também serão considerados estupro.
Encontramos, mudanças que foram positivas e que assim trouxe uma maior proteção
para a vítima, não se importando com o comportamento da vítima perante a
sociedade, mas sim, com a proteção da vítima, resguardando a dignidade da pessoa
humana.

2.5 Aspectos negativos após a lei 12.015/09


Um dos pontos negativos de maior relevância, é de acordo com o concurso de crimes,
pois os crimes de estupro e atentado violento ao pudor eram crimes autônomos onde
as penas eram somadas, sendo agora aplicada apenas uma única pena, não havendo
mais a possibilidade de concurso material, sendo assim, uma Novatio legis in mellius,
ou seja, uma nova lei que revoga outra em vigência, beneficiando todos aqueles que
cometeram o crime de estupro e atentado violento ao pudor em concurso material,
dando a eles o direito a revisão criminal bem como a diminuição de suas sentenças.
Algo, que de certa forma trouxe benefício ao réu, por agora poder praticar mais de um
crime e responder por apenas um deles.
Um ponto que podemos enxergar tanto positivamente quanto negativamente, foi de
tornar os antigos crimes de estupro e atentado violento ao pudor em um único delito,
podendo qualquer ato libidinoso ser considerado como estupro, sendo
desproporcional a conduta do agente com a pena aplicada,
haja vista que o ato libidinoso não é tão grave ao ponto de aplicar a mesma pena
imposta ao agente que praticou a conjunção carnal.
23

3. ANALISE DA EFETIVIDADE DO NOVO TIPO PENAL UNIFICADO.

Antes de analisarmos tal título se faz necessário conceituar as espécies de concursos.


Os Concursos de crimes são aqueles onde o agente comete dois ou mais crimes
mediante a prática de uma ou várias ações. Então dentro de um mesmo ato se pratica
vários crimes.

3.1 Concurso Material

O primeiro concurso está disposto no art. 69 do Código Penal que assim dispõe:
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas
privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação
cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.

É a prática pelo qual o agente criminoso, mediante mais de uma ação ou omissão,
prática dois ou mais crimes, idênticos ou não. Nesse concurso, será aplicada a soma
das penas privativas de liberdade em que haja incorrido. Na situação de aplicação
cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
Guilherme Nucci explica quanto ao critério para a aplicação da pena:
Torna-se imprescindível que o juiz, para proceder à soma das penas,
individualize, antes cada uma. Ex. Três tentativas de homicídio em concurso
material. O magistrado deve, em primeiro lugar, aplicar a pena para cada uma
delas e, no final, efetuar a adição. (2009).

Em relação ao juiz competente para aplicar a regra do concurso material, Fernando


Capez explica:
Se houver conexão entre os delitos com a respectiva unidade processual, a
regra do concurso material é aplicada pelo próprio juiz sentenciante. Em não
havendo conexão entre os diversos delitos, que são objeto de diversas ações
penais, a regra do concurso material é aplicada pelo juízo da execução, uma
vez que, com o trânsito em julgado, todas as condenações são reunidas na
mesma execução, momento em que as penas serão somadas (LEP, art. 66,
III, a) ”.

3.2 Concurso Formal

O concurso Formal está disposto no art. 70 do Código Penal que assim despõe:
24

Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois


ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas
cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer
caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto,
cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes
resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.

É a prática pelo qual o agente criminoso, mediante uma só ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não. De acordo com o Código Penal será aplicada
a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada,
em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto,
cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam
de desígnios autônomos.
Portanto, os requisitos para que se configure o concurso formal são: Uma única
conduta e dois ou mais resultados que sejam fatos típicos e antijurídicos. A doutrina
denomina crime formal perfeito quando se aplica a pena do crime mais grave com o
aumento da pena. O crime formal imperfeito ocorre quando há somatória das penas.

Desígnios autônomos significa que o agente tem a intenção o dolo de praticar dois ou
mais crimes mediante uma única conduta. Então, por isso a pena será cumulada.
Em relação a punição, Gilherme Nucci explica que “No Concurso formal, o agente
deve ser punido pela pena mais grave, ou uma delas, se idênticas, aumentada de um
sexto até a metade, através do sistema de exasperação” (2009).
De acordo com a exasperação Guilherme Nucci (2009), assim conceitua:
O critério que permite, quando o agente pratica mais de um crime, a fixação
de somente uma das penas, mas acrescida de uma cota-parte que sirva para
representar a punição por todos eles. Trata-se de um sistema benéfico ao
acusado e adotado, no Brasil, nos arts. 70 (concurso formal) e 71 (crime
continuado). (2009).

Existem algumas classificações presentes no concurso formal, que ocorrem quanto


as espécies delitivas, que se dá no concurso formal homogêneo e heterogêneo, e
também ocorre quanto aos elementos subjetivos que direcionam o delito, que será o
concurso formal perfeito e imperfeito.

3.2.1 Concurso Formal Homogêneo e Heterogêneo


O concurso formal homogêneo ocorre quando os dois crimes praticados são
determinados em dois tipos penais idênticos.
25

Já o concurso formal heterogêneo, se dá, quando os dois tipos penais são diversos,
ou seja, dois crimes distintos.

3.2.2 Concurso Formal Perfeito e Imperfeito


O concurso formal perfeito, podemos considera-lo quando, mediante uma só ação, o
agente pratica dois ou mais crimes, sendo assim, será aplicada a pena de um só dos
crimes, se forem considerados idênticos, se assim não for, será aplicada aquela
julgada mais grave, no caso de crimes diversos, será aumentada de um sexto até a
metade.
O concurso formal imperfeito, acontece quando em apenas uma ação, o agente
pratica dois ou mais resultados, de característica autônoma, levando assim a
cumulação das penas, no aspecto do concurso material.
De acordo com BUSATO (2013)
Só há concurso imperfeito em crimes dolosos, ao passo que o concurso
perfeito pode resultar de crimes dolosos ou imprudentes. O segundo é que
só há concurso formal imperfeito presentes os desígnios autônomos. Ou seja,
deve haver intenção prévia dirigida á prática de cada de cada uma das
condutas delitivas. Por exemplo, o autor de uma explosão em um escritório,
que pretendia a morte dos dois sócios que se encontram no local. Essa
situação difere subjetivamente da situação daquele que instala uma bomba
no mesmo escritório visando atingir uma pessoa, sem saber que ela se faz
acompanhar de outra. [...] (BUSATO, 2013).

3.3 Crime Continuado

Esse se encontra disposto no art. 71 do Código Penal que assim dispõe:


Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar,
maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser
havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer
caso, de um sexto a dois terços.

Considera-se crime continuado quando o agente, mediante mais de uma ação ou


omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, nas mesmas condições de
tempo, ação e lugar. Para a caracterização da continuidade delitiva “não se requer
que haja qualquer dolo de conjunto ou propósito deliberado de praticar
sucessivamente fatos delituosos”. Não será necessária ordem subjetiva, irão verificar
na espécie somente elementos objetivos em relação aos vários crimes.
De acordo com Fernando Capez (2010):
26

Há o crime continuado comum – sem violência ou grave ameaça - no qual


se aplica a pena do crime mais grave aumentada de 1/6 a 2/3 ou o crime
continuado específico – com violência ou grave ameaça – no qual se aplica a
pena mais grave aumentada até o triplo. No entanto, se a aplicação da regra
do crime continuado, a pena resultar superior à que restaria se somadas as
penas, aplica-se a regra do concurso formal (concurso material benéfico).

No art. 119 do Código Penal nos dispõe que “no caso de concurso de crimes, a
extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente”, então se
houver prescrição em qualquer um desses concursos, devera se recorrer a esse art.

3.4 Tipo Misto Alternativo e Continuidade Delitiva

Anteriormente a essa nova lei 12.015/09, era expresso que a prática de estupro e
atentado violento ao pudor eram aplicados o concurso material, que se dá quando o
agente mediante mais de uma ação ou omissão prática dois ou mais crimes. Sendo
assim, se o agente submete a vítima a conjunção carnal, e, logo em seguida,
praticasse o coito anal, esse responderia pelas penas dos artigos 213 e 214 (que
anteriormente tratava do crime de atentado violento ao pudor) somada. Mas assim o
STF, presumiu, “ não há o que se falar em continuidade delitiva dos crimes de estupro
e atentado violento ao pudor”.
Após o advento, desta nova lei, o art. 213 passou a ser crime de ação múltipla ou tipo
penal misto alternativo que consiste na prática, de duas ou mais condutas
representarem um único crime. Sendo assim, mesmo que o agente praticasse a
conduta no mesmo contexto fático e contra a mesma vítima, não entraria o concurso
material, então mesmo o agente cometendo várias infrações não responderia por
todas e sim por um crime, assim já encontramos uma lei mais benéfica ao agente.
Após muito analisarmos, podemos encontrar uma lei penal mais benéfica ao agente
que pratica o crime, no mesmo contexto fático e contra a mesma vítima, conjunção
carnal e ato libidinoso diverso da conjunção carnal.
Diante do tema em discussão Greco (2015) preceitua:
Hoje, após a referida modificação, nessa hipótese, a lei veio beneficiar o
agente, razão pela qual se durante a prática violenta do ato sexual, o agente,
além de penetração vaginal, vier também, fazer sexo anal com a vítima, os
fatos deverão ser entendidos como mesma figura típica, devendo ser
entendida a infração penal como ação múltipla, aplicando-se somente a pena
cominada no art. 213 do CP, por uma única vez, afastando dessa forma o
concurso de crimes.
27

O autor Vicente Greco Filho (2009), acredita que o art. 213 do CP, após essa nova
redação é um tipo misto cumulativo assim ele diz:
Se, durante o cativeiro, houve mais de uma vez a conjunção carnal, pode
estar caracterizado o crime continuado entre essas condutas; se, além da
conjunção carnal houve outro ato libidinoso, como os citados, coito anal,
penetração de objetos etc., cada um desses caracteriza crime diferente, cuja
pena será cumulativamente aplicada ao bloco formado pelas conjunções
carnais. A situação em face do atual art. 213 do CP é a mesma do que na
vigência dos antigos 213 e 214, ou seja, a cumulação de crimes e penas se
afere da mesma maneira, se entre eles há, ou não, relação de causalidade
ou consequencialidade. Não é porque os tipos agora estão fundidos
formalmente em um único artigo que a situação mudou. O que o estupro
mediante conjunção carnal absorve é o ato libidinoso em progressão àquela
e não o ato libidinoso autônomo e independente dela, como no exemplo
referido. Não houve, pois, abolitio criminis, ou a instituição de crime único
quando as condutas são diversas. Em outras palavras, nada mudou para
beneficiar o condenado cuja situação de fato levou à condenação pelo art.
213 e art. 214 cumulativamente; agora, seria condenado, também,
cumulativamente à primeira parte do art. 213 e à segunda parte do mesmo
artigo. Por todos esses argumentos e em respeito ao espírito da lei e à
dignidade da pessoa humana, essa é a única interpretação possível, eis que,
inclusive, respeita a proporcionalidade. Não teria cabimento aplicar-se a pena
de um único estupro isolado se o fato implicou na prática de mais de um e de
mais de uma de suas modalidades, a conjunção carnal e outros atos
libidinosos autônomos”

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, também acredita que o crime de


estupro é um tipo misto cumulativo, acreditam que as condutas seriam punidas
individualmente, somando as duas penas. É que as condutas descritas no art. 213 de
constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça a ter conjunção carnal ou a
praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso, pois mesmo se
encontrando em um artigo, com uma única punição, devem ser punidas
individualmente por serem ações distintas.
Entretanto, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, entende, que na pratica
de conjunção carnal e outro ato libidinoso, contra uma mesma vítima, em uma mesma
oportunidade, é crime único, mesmo o agente praticando dois ou mais crimes,
mediante mais de uma ação, tiveram preenchidos os requisitos da continuidade
delitiva, acreditam eles então ser um tipo misto alternativo.

O decidido pelo STJ (nos HCs 104.724-MS e 78.667-SP) diverge também do


entendimento seguido pela Sexta Turma do mesmo Superior Tribunal de Justiça:
Sexta Turma
ESTUPRO. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. LEI N. 12.015/2009.
28

Trata-se de habeas corpus no qual se pleiteia, em suma, o reconhecimento de crime


continuado entre as condutas de estupro e atentado violento ao pudor, com o
consequente redimensionamento das penas. Registrou-se, inicialmente, que, antes
das inovações trazidas pela Lei n. 12.015/2009, havia fértil discussão acerca da
possibilidade de reconhecer a existência de crime continuado entre os delitos de
estupro e atentado violento ao pudor, quando o ato libidinoso constituísse preparação
à prática do delito de estupro, por caracterizar o chamado prelúdio do coito (praeludia
coiti), ou de determinar se tal situação configuraria concurso material sob o
fundamento de que seriam crimes do mesmo gênero, mas não da mesma espécie. A
Turma concedeu a ordem ao fundamento de que, com a inovação do Código Penal
introduzida pela Lei n. 12.015/2009 no título referente aos hoje denominados “crimes
contra a dignidade sexual”, especificamente em relação à redação conferida ao art.
213 do referido diploma legal, tal discussão perdeu o sentido. Assim, diante dessa
constatação, a Turma assentou que, caso o agente pratique estupro e atentado
violento ao pudor no mesmo contexto e contra a mesma vítima, esse fato constitui um
crime único, em virtude de que a figura do atentado violento ao pudor não mais
constitui um tipo penal autônomo, ao revés, a prática de outro ato libidinoso diverso
da conjunção carnal também constitui estupro. Observou-se que houve ampliação do
sujeito passivo do mencionado crime, haja vista que a redação anterior do dispositivo
legal aludia expressamente a mulher e, atualmente, com a redação dada pela referida
lei, fala-se em alguém. Ressaltou-se ainda que, não obstante o fato de a Lei n.
12.015/2009 ter propiciado, em alguns pontos, o recrudescimento de penas e criação
de novos tipos penais, o fato é que, com relação a ponto específico relativo ao art. 213
do CP, está-se diante de norma penal mais benéfica (novatio legis in mellius). Assim,
sua aplicação, em consonância com o princípio constitucional da retroatividade da lei
penal mais favorável, há de alcançar os delitos cometidos antes da Lei n. 12.015/2009,
e, via de consequência, o apenamento referente ao atentado violento ao pudor não
há de subsistir. Todavia, registrou-se também que a prática de outro ato libidinoso não
restará impune, mesmo que praticado nas mesmas circunstâncias e contra a mesma
pessoa, uma vez que caberá ao julgador distinguir, quando da análise das
circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do CP para fixação da pena-base, uma
situação da outra, punindo mais severamente aquele que pratique mais de uma ação
integrante do tipo, pois haverá maior reprovabilidade da conduta (juízo da
culpabilidade) quando o agente constranger a vítima à conjugação carnal e, também,
29

ao coito anal ou qualquer outro ato reputado libidinoso. Por fim, determinou-se que a
nova dosimetria da pena há de ser feita pelo juiz da execução penal, visto que houve
o trânsito em julgado da condenação, a teor do que dispõe o art. 66 da Lei n.
7.210/1984. HC 144.870-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 9/2/2010. (Ver
Informativo 422).
Nesse sentido refere-se Nucci (2009):
Se o agente constranger a vítima com ele a manter conjunção carnal, cópula
anal comete um único delito de estupro, pois a figura típica passa a ser mista
alternativa. Somente se cuidara de crime continuado se o agente cometer,
novamente, em outro cenário, ainda que contra a mesma vítima, outro
estupro. Naturalmente, deve o juiz ponderar, na fixação da pena, o número
de atos sexuais violentos cometidos pelo agente contra a vítima. No caso
supramencionado merece pena superior do mínimo aquele que obriga a
pessoa ofendida a manter conjunção carnal e cópula anal.

Já em contrário, Promotor de Justiça do 1º Tribunal do Júri de Goiânia (GO) Abrão


Amisy Neto afirma:
A alteração legislativa buscou reforçar a proteção do bem jurídico e não
enfraquece-lo caso o legislador pretendesse criar um tipo de ação única ou
misto alternativo não distinguiria “ conjunção carnal de outros atos libidinosos,
pois é notório que a primeira se insere no conceito do segundo, mais
abrangente. Portanto, bastaria que tivesse redigido o tipo pena da seguinte
maneira: Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça,
a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso. Visível, portanto,
que o legislador, ao continuar distinguindo a conjunção carnal dos “outros
atos libidinosos”, não pretendeu impor única sanção em caso de condutas
distintas”.

Podemos enxergar, diversas controvérsias sobre o referido tema, mas devemos


analisar, se tais mudanças, vieram realmente para dar maior proteção ao bem jurídico
tutelado, que nesse caso seria a dignidade sexual da pessoa humana.
Greco Filho (2009), ainda adota mais duas posições:
O tipo do art. 213 é daqueles que a alternatividade ou cumulatividade são
igualmente possíveis e que precisam ser analisadas a luz dos princípios da
especialidade, subsidiariedade e da consumação incluindo-se neste o da
progressão. Vemos, nas diversas violações do tipo, um delito único se uma
conduta absorve a outra ou se é fase de execução da seguinte, igualmente
violada. Se não for possível ver nas ações ou atos sucessivos ou simultâneos
nexo causal, teremos, então delitos autônomos. (2009)

Portanto o crime de estupro, logo após a redação dada pela lei 12.015/09, é tipo penal
misto alternativo, então se o agente, pratica conjunção carnal e outro ato libidinoso
contra uma só vítima, no mesmo contexto fática, prática um só crime o do art. 213.
Assim, de acordo com o art.71 do Código Penal, o agente submete a vítima a apenas
uma das modalidades de violência sexual por muitas vezes, se por acaso ele
30

obrigasse a vítima a manter conjunção carnal com ele por duas vezes, será aplicado
continuidade delitiva.
Mas quando determinado ato libidinoso for necessário para que se execute a
conjunção carnal ou de outro ato libidinoso diverso, esse será considerado como como
misto alternativo, sendo a pena equivalente a pratica de apenas um crime, porque a
conduta inicial foi absorvida pela conduta principal.
Agora se o ato libidinoso era necessário para a consumação da conjunção carnal ou
de outro ato libidinoso diverso, deverá considerar o tipo misto cumulativo, se por
exemplo o agente pratica conjunção carnal e logo após sexo anal.
Analisamos então, que a unificação desses tipos penais, buscou de certa forma
proteger a vítima, pois é sempre o que nossas leis vem buscando fazer, mas vimos
também que isso acabou resultando no afastamento do concurso de crimes,
permitindo assim que o agente praticasse vários atos e respondendo por apenas um,
sendo a infração penal entendida como ação múltipla, aplicando-se somente a pena
cominada no art. 213 do CP.

3.5 Abolitio Criminis

Apesar de o art. 213 ter absolvido o art. 214, devemos considerar que não houve
abolitio criminis em relação ao crime de atentado violento ao pudor, porque, agora a
conduta de praticar ou permitir que com a pessoa seja praticado ato libidinoso diverso
da conjunção carnal, foi unificado no art.213.
Assim Greco (2015) confirma:
Assim não houve descriminalização do comportamento até então tipificado
especificamente como atentado violento ao pudor. Na verdade, somente
houve modificação do nomen juris da aludida infração penal, passando, como
dissemos, a chamar-se estupro o constrangimento levado a efeito pelo
agente a fim de ter conjunção carnal, ou, também, praticar ou permitir que
com ele se pratique outro ato libidinoso. (2015)

Ainda sobre o tema Luiz Flavio Gomes (2009) e Antônio Garcia-Pablos de Molina
(2009) asseveram:
Não se pode nunca confundir a mera revogação formal de uma lei penal com
a mera a abolitio criminis. A revogação da lei anterior é necessária para o
processo da abolitio criminis, porém, não suficiente. Além da revogação
formal impõe-se verificar-se o conteúdo normativo revogado não foi (ao
mesmo tempo) preservando em (ou deslocado para) outro dispositivo legal.
Logo, nessa hipótese, não se deu a abolitio criminis, porque houve uma
continuidade normativo típica (o tipo penal não desapareceu, apenas mudou
de lugar). Para a abolitio criminis, como se vê, não basta a revogação da lei
31

anterior, impõe-se sempre verificar-se presente (ou não) a continuidade


normativa típica. (2009)

3.6 Sucessão de Leis Penais

A unificação de ambos tipos penais, veio nos fazer relembrar a aplicação do instituto
da continuidade normativa típica, porque mesmo o nomen iuris não sendo mais
utilizado, agora o crime de atentado violento ao pudor agora se encontra unificado ao
estupro.
Taipa de Carvalho (2008) comenta sobre os critérios de como fiscalizar a sucessão
de leis penais, e ela também ensina se existe ou não descriminalização a exigir
aplicação da nova lei benéfica:
Continuidade normativo-típica, que tem como ponto de referência o tipo legal,
e permite duas conclusões pacíficas e uma divergente: I – permanece a
punibilidade do fato sempre que a lei nova se traduz em um alargamento da
punibilidade através da supressão de elementos especializadores constantes
da lei antiga; II – se há alterações do tipo legal que consistem em permuta de
elementos da factualidade típica, não há real sucessão de leis penais, com
reconhecimento da descriminalização ou desqualificação; III – se há redução
da punibilidade por adição de novos elementos, há divergência entre os que
negam a despenalização e os que apregoam, sendo que para Taipa de
Carvalho há despenalização se os novos elementos são especializadores, e
não há se são especificadores. (2008)

Portanto, em relação à sucessão de leis penais, não existe nenhum vínculo com
abolitio criminis com relação ao crime de atentado violento ao pudor, como dito
anteriormente, houve apenas uma mudança de lugar do tipo penal de atentado
violento ao pudor, caracterizando a continuidade normativa típica.
Interessante ressaltar também, que com relação a mulher que constrange o homem à
conjunção carnal mediante violência ou grave ameaça, houve novatio legis in pejus,
já que, anteriormente a vigência da lei 12.015 caracterizava-se tal conduta como
constrangimento ilegal, agora, caracteriza-se por estupro.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Logo após tudo que foi exposto, podemos analisar que com o advento da lei
12.015/09, surgiu uma importante alteração no conceito, pois a nomenclatura antes
utilizada não trazia mais a verdadeiro significado do bem jurídico tutelado, então a
substituição de costumes para dignidade sexual foi correta, pois assim ampara a
intimidade e a honra da pessoa humana, para que escolha sua opção, também se faz
necessário ressaltar que a nova legislação trouxe maior proteção para as crianças e
adolescentes, trazendo qualificadoras para o crime de estupro contra essas vítimas,
que se encontra disposto no capitulo Dos Crimes Contra Vulneráveis.
Relatamos também a unificação de dois tipos penais, o estupro e o atentado violento
ao pudor, muito se acreditava que o crime era concebido por atentado violento ao
pudor, por se considerar que o homem pudesse também ser vítima do mesmo crime,
e tal mudança fez com que o homem tivesse esse mesmo direito, assim tanto o
homem quanto a mulher poderão ser vítimas do crime de estupro.
Outro tema de extrema relevância, que foi relatado no decorrer deste trabalho, foi o
tipo penal aplicado no crime de estupro, disposto no art. 225 do CP, vimos que a ação
penal aplicada será a pública condicionada a representação, mas se o crime for
cometido contra menor de 18 anos ou vítima considerada vulnerável, será aplicada a
ação penal incondicionada. Então consideramos que nesse caso, foi necessária essa
mudança, pois muito se discutia sobre a real titularidade da ação penal nos crimes de
estupro.
E um dos temas de maior importância nesse trabalho, que é a efetividade do novo tipo
penal unificado, antes da lei 12.015/09, era expresso que na prática de estupro e
atentado violento ao pudor era se aplicado o concurso material, após sua mudança o
art. 213 passou a ser crime de ação múltipla ou tipo penal misto alternativo, ou seja,
o agente na pratica de duas ou mais condutas cometeria um único crime, então
mesmo se o agente comete várias infrações não responderia por todas elas e sim por
apenas uma, podemos ver então uma lei mais benéfica ao agente.
Por fim, pode se considerar que a nova legislação teve o objetivo de se adaptar as
novas situações ocorridas no Brasil, evitando que exista leis inadequadas para a
atualidade. Depois de tudo que foi estudado, podemos concluir que a nova lei veio
para trazer ainda mais efetividade para nosso ordenamento jurídico.
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REFERÊNCIAS

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Malheiros, Curso de Direito Penal parte especial, volume III - Direito P – 19

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