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FUNDAMENTAL I
Resumo
A gramática é parte importante da língua materna, mas deve ser entendida não apenas como
leis prescritivas que devem ser seguidas em todas as situações em que fazemos uso da língua
por meio da fala ou da escrita. Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa quali-
quantitativa, desenvolvida na modalidade de iniciação científica, cujos objetivos foram
identificar e analisar a forma como os professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental I
dizem trabalhar com a gramática com seus alunos em sala de aula. O projeto de pesquisa derivou
de uma investigação mais abrangente que buscava refletir sobre o ensino de língua materna, a
partir da análise do perfil profissional, das concepções teórico-metodológicas, das dificuldades
para o ensino de língua materna e das práticas formativas que os professores consideravam
eficazes. Os dados foram obtidos por meio de questionários respondidos por 158 professores
de 22 escolas municipais de Presidente Prudente/SP. Foram tabulados e analisados à luz da
análise de conteúdo e do referencial teórico voltado para o ensino de gramática e formação
docente O recorte estabelecido para este artigo é o de apresentar as respostas dos professores
ao seguinte questionamento: Como você trabalha com gramática no ano em que leciona? Os
resultados apontam que a maioria dos docentes trabalha a gramática por meio de materiais
didáticos, atividades em folhas avulsas e separação de sílabas. É preciso atentar para o fato de
que o ensino de gramática nos anos iniciais deve acontecer por meio de atividade de linguagem
que valorizem a reflexão sobre os textos produzidos pelas crianças.
Introdução
ISSN 2176-1396
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Student Assessment - PISA). Assim, almeja-se que eles sejam capazes de compreender os
conteúdos; pensar criticamente; construir e solucionar problemas; sintetizar informações e
expressar-se com proficiência, isso, porém, não tem acontecido.
Com relação ao ensino da produção textual, é preciso observar que, geralmente, na
escola, ocorre uma descontextualização do texto, isto é, o aluno escreve sobre temas
desinteressantes, tendo o professor como único leitor, e o que é mais grave: o texto funciona
como um importante instrumento de avaliação do aprendizado das regras gramaticais
(PARISOTTO, 2009, 2004; TREVIZAN e PARISOTTO, 2012; COLELLO, 2007; GERALDI,
2013; ROJO, 2000).
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (BRASIL, 1997,
p. 60), quanto ao ensino de aspectos gramaticais,
Muito se fala, pesquisa e escreve atualmente sobre o ensino da língua com ênfase nas
atividades de linguagem e de epilinguagem, ou seja, falar, ler, escrever e refletir sobre a
complexidade implicada nos empregos linguísticos, principalmente nos anos iniciais do Ensino
Fundamental. Porém, é necessário pensar como os professores têm trabalhado essas questões
no cotidiano escolar das crianças para que essas novas práticas não se limitem a pesquisas,
universidades, documentos e discursos.
Assim, o questionamento que se coloca para esta reflexão é: como os professores do
Ensino Fundamental I trabalham a gramática em sala de aula? Os resultados que apresentamos
neste artigo são oriundos de uma pesquisa de iniciação científica (PIBIC/CNPq) intitulada “ O
Trabalho com a gramática nos anos iniciais do Ensino Fundamental: desafios para formação
docente”, que, por sua vez, derivou de uma pesquisa maior cujo objetivo foi refletir sobre a
formação do professor dos anos iniciais do Ensino Fundamental, no município de Presidente
Prudente, observando o perfil profissional, as concepções teórico-metodológicas, as
dificuldades para o ensino de língua materna, as práticas formativas eficazes e a contribuição
da gestão no desenvolvimento de ações formativas. Tais dados foram obtidos por meio de
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Fundamentos Metodológicos
Fundamentação Teórica
Possenti (2012) afirma que o primeiro passo para a discussão do ensino da gramática
deve pautar-se na definição de gramática como “conjunto de regras”: 1) conjunto de regras que
devem ser seguidas; 2) conjunto de regras que são seguidas; 3) conjunto de regras que o falante
da língua domina. O professor, de um modo geral, conhece e aplica mais em suas aulas a
primeira definição de gramática, ou seja, “conjunto de regras que devem ser seguidas”, na
medida em que seu objetivo é fazer com que os alunos falem e escrevam corretamente.
Desta forma, torna-se necessário que os professores entendam a gramática, conheçam e
dominem a língua para que possam ensinar de maneira eficaz, já que as regras, que ocupam a
maior parte das páginas dos livros didáticos e da carga horária das crianças em sala de aula, têm
como função auxiliar a comunicação dos indivíduos através da língua, seja ela falada ou escrita.
Refletir sobre o ensino da gramática é relevante e urgente, pois cada vez mais se
perpetua a valorização de um ensino da língua rodeado de preconceito, excludente, que não
leva em consideração o contexto histórico em que os alunos vivem e não valoriza a sua cultura.
Além disso, muitas vezes, professores e alunos, não são capazes de identificar sua cultura para
que essa valorização aconteça dentro da escola. Para Franchi (2006, p.18), no uso da linguagem,
existem diferentes modalidades e dialetos, dependendo de condições regionais, de idade e sexo
e, principalmente, de condições sociais. Ao nos trazer essa definição, o autor chama atenção
para valorização excessiva da língua utilizada por uma minoria favorecida economicamente e
culturalmente e que não é a realidade cultural da maioria dos brasileiros. Vários autores
enfatizam que o conhecimento de regras gramaticais nem sempre garante a escrita proficiente
de texto, principalmente quando se analisa o ensino de língua materna no Ensino Fundamental
I (GERALDI, 2003; POSSENTI, 2012; FRANCHI, 2006). A língua portuguesa, como todas as
outras línguas, é muito rica e viva, foi evoluindo com o seu povo no decorrer do tempo. E a
beleza está na liberdade de entendê-la o máximo possível ao longo de todo esse período escolar
e de ser livre para optar pela melhor forma que expresse com propriedade aquilo que se quer
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dizer, de acordo com a situação comunicativa. Há que se ter cuidado para que não haja exageros,
segundo Bechara (2007, p. 14)
Sendo assim, o intuito deste trabalho não é apontar que a gramática não deve mais ser
trabalhada nos anos iniciais do Ensino Fundamental, muito pelo contrário, a gramática é parte
visceral da língua, talvez seja por essa mesma razão que ocorra uma supervalorização do ensino
de regras gramaticais durante toda a vida escolar dos alunos. Porém, para Antunes (2014, p.
25), é na interação, é no cruzamento de todas as nossas ações verbais que a gramática se vai
internalizado e se consolidando, a ponto de se estabelecer como algo constitutivo do saber
linguístico de todo falante.
Assim, retomamos nosso questionamento inicial sobre como os professores trabalham
com a gramática em sala de aula.
Análise de dados
Ao analisarmos o gráfico 01, identificamos que uma pequena parte dos professores, que
fizeram parte da pesquisa, trabalham a gramática nos momentos de escrita, oralidade e produção
de texto. Segundo Possenti (2012, p. 20), quanto ao processo de aprendizagem da língua pelos
seres humanos:
Possenti (2012) discute uma forma de ensinar dentro de sala de aula, e consequente a
gramática partindo da ideia de que os alunos já iniciam sua vida escolar apropriados de diversos
conhecimentos da língua materna, inclusive conhecimentos gramaticais, e isso deve ser
considerado pelos professores. Sendo assim o tempo em que a troca de saberes acontece na
escola poderia ser enriquecida, os docentes conheceriam mais as dificuldades da sua turma e
poderiam oferecer textos que abordassem questões semelhantes para que trabalhassem juntos
essas limitações de forma contextualizada, como destaca Antunes (2014, p. 28):
enunciados, sobre o propósito dos textos, sobre a relação entre textos e seus produtores
e/ou receptores, etc.
É importante destacar que cada professor teve a liberdade de elencar mais de uma
resposta para cada questão. Por esta razão ao realizarmos a análise não teremos mais de 158
respostas.
Considerações Finais
É um longo caminho a percorrer para que a escola se torne, de fato, um ambiente aberto
ao aprendizado, e não um lugar onde se deposita um saber pronto e indiscutível como se
ensinasse para pessoas que não usam a língua portuguesa diariamente, mas sim para produzir
textos, discutir, comunicar-se e, principalmente, interagir. Dessa forma, é função da escola e
das aulas de língua portuguesa que os alunos se expressem de forma clara nas várias situações
de interação verbal a que são submetidos diariamente. Isso não significa massacrar as crianças,
principalmente dos anos iniciais, com regras e exercícios intermináveis. É preciso atentar para
o fato de que o ensino de gramática nos anos iniciais deve acontecer por meio de atividade de
linguagem que valorizem a reflexão sobre os textos produzidos pelas crianças.
REFERÊNCIAS
FRANCHI, Carlos; [com] NEGRÃO, Esmeralda Vailati & MÜLLER, Ana Lúcia. Mas o que
é mesmo “gramática”? São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
GERALDI, João Wanderley. Portos de passagem. São Paulo: Edições 04. Martins Fontes,
22753
2003.
MARTINS, Joel. Pesquisa qualitativa. In: FAZENDA, Ivani (org.). Metodologia da pesquisa
educacional. São Paulo: Cortez, 2008.
PARISOTTO, Ana Luzia Videira. Produção textual e formação docente: uma relação
possível. 2004. (Doutorado em Letras) - Faculdade de Ciências e Letras, UNESP, Assis,
2004.
POSSENTI, Sírio.Por que (não) ensinar gramática na escola. 2 ed.Campinas: São Paulo:
Mercado de Letras, 2012.