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ISAÍAS 55

COMENTÁRIOS

COMENTÁRIO BEACON

1. O Chamado à Satisfação (55.1-5)

O homem sem Deus é um vazio dolorido, porque seu coração foi feito para Deus.

a) A verdadeira satisfação versus a falsa (55.1-2). Nesses dois versículos, o imperativo divino é:
vinde vós (1). 1) Em primeiro lugar, a provisão de Deus é livre. Os paradoxos apresentados aqui
descrevem alguém que compra sem ter dinheiro, ou compra sem preço. Aquele que busca
humildemente vem com auto-renúncia, dizendo: “Nada em minhas mãos trago, simplesmente
em tua cruz me agarro”. Através de uma renúncia simples ele aceita as bênçãos. Os melhores
presentes da vida não podem ser herdados pelo trabalho nem comprados com dinheiro. A
simples condição é uma fome e sede por justiça (Mt 5.6). O convite diz: “Venham, todos,
mesmo vocês que não têm nenhum dinheiro! Comprem trigo e comam!”28 Ou, como Moffat
traduz: “Venham, comam, ó almas desfalecidas!”

2) Ela é universal. O convite gracioso diz: O vós todos. São iguais às palavras “todo aquele”,
anunciadas séculos mais tarde pelo Salvador do mundo (Jo 3.16).

3) Ela é nutritiva. A água na profecia de Isaías sempre é um símbolo da presença de Deus no


mundo. Água é para os sedentos (SI 42.2). Leite é para fortalecimento e crescimento (1 Pe 2.2).
Vinho é para regozijo e felicidade (Zc 10.7; Mt 26.29).

4) Ela é genuína, quando comparada como aquilo que não é pão (2). Tantos hoje buscam
satisfazer sua fome com “o pão do engano” em vez do “pão da vida”. Tantos trabalham naquilo
que não pode satisfazer. “Sempre gastando, mas não tendo pão para comer; sempre
trabalhando, e nunca tendo um estômago cheio” (Knox). Smart expressou esse texto para os
nossos dias da seguinte forma:

Os homens sempre estarão dispostos a gastar tempo e dinheiro em religião se acreditam que
por meio dessas coisas podem obter aquilo que desejam. Mas a água da vida e o pão da vida
não podem ser comprados ou adquiridos por nenhum tipo de esforço humano. Essas coisas
precisam ser aceitas como presentes, o que sempre nos coloca em dívida com Deus —
presentes que nunca merecíamos, porque ao dá-los, Deus se dá a si mesmo, e ao recebê- los, o
homem recebe o próprio Deus, o Deus soberano, para que seja o centro de sua vida.29

O que George Adam Smith diz acerca do judeu é verdadeiro para muitos cristãos modernos:
“Nascidos para serem sacerdotes, os judeus desenvolveram seus esplêndidos poderes de
atenção, pertinácia e imaginação de Deus sobre o mundo, até que no final parecem também
ter nascido negociantes”.30 Ao vendermos nossas almas por ganhos materiais, acabamos nos
tornando, com freqüência, “negociantes de trivialidades”, esquecendo que há coisas que o
dinheiro nunca pode comprar.

5) Ela é espiritual. A satisfação divina é condicionada pelo ouvir da fé, a receptividade do


coração. Nessa altura o imperativo divino se torna: “Ouvi vós!”. “Ao ouvir, vocês darão atenção
e comerão o que é bom, e a vossa alma se deleitará com a gordura” (paráfrase do v. 2b).
Gordura refere-se a iguarias que simbolizam a exuberância da alegria espiritual. Esse tipo de
ouvir não é algo feito somente com o ouvido; isto envolve a vontade de crer. Para o coração
faminto do homem, não há uma resposta real a não ser a própria voz de Deus para obediência
e entrega.

b) O relacionamento da aliança (55.3-5). 1) O pacto perpétuo de Deus com os remidos (3) é


apresentado nas seguintes exortações: “Dêem-me ouvidos e venham”. “Ouçam-me e vocês
viverão!” O sedento deve ir às águas, ou elas fluirão em vão para ele. Quem ouve responde
com o coração e com a vida. “Viver” significa reviver e despertar para uma vida
completamente nova. A promessa graciosa é: “Cortarei um pacto eterno convosco!”.31 — um
concerto que é benevolente, e, embora primitivo, também é novo.

2) As misericórdias messiânicas de Deus envolvem a bondade infalível que foi concedida a Davi
(3c-4; cf. 2 Sm 7.4-7 e SI 89.34-35). Aqui o imperativo divino é simples: Eis (4; “Vejam”, NVI).
Assim como Davi foi comissionado como testemunha e príncipe (“líder”, NVI), assim o Davi
Ideal foi Profeta e Rei, Mártir e governador, estando seguro das misericórdias de Deus sobre ele
e suas obras. Semelhantemente, os membros do povo de Deus se tornam os missionários do
Senhor. Eles deverão anunciar o chamado aos estrangeiros, e eles virão correndo ao encontro
deles por causa do seu Deus (5). O Israel verdadeiro (espiritual) de Deus também inclui os
convertidos entre os gentios. O povo de Deus se torna atraente quando o Santo os glorifica
com sua presença e bênção. “Povos que nunca ouviram falar de ti se apressarão ao ouvir o teu
chamado” (Knox).

“A Salvação é um Dom de Deus” é o tema dos versículos 1-3.1) A salvação é livre, v. 1; 2) a


salvação é plena, satisfazendo a alma sedenta e faminta, v. 2; 3) a salvação é final, resultando
em vida eterna, v. 3 (G. B. Williamson).

2. O Chamado para o Arrependimento (55.6,7)

a) O tempo para o arrependimento (55.6). O tempo de Deus sempre é agora. Esse é o


momento da maior oportunidade. Dessa forma, esses dois versículos (6-7) resumem o melhor
conselho de toda a Bíblia. Novamente, temos o uso típico de Isaías do imperativo duplo. Buscai
[...] invocai (6). Deus nem sempre está providencialmente disponível, não porque esteja
indisposto ou despreocupado, mas simplesmente porque as dobradiças da porta da salvação
são circunstâncias providenciais. Também devemos reconhecer o fato de que em algumas
épocas é mais fácil encontrar o Senhor do que em outras. Enquanto se pode achar (o Senhor) é
dito para nos lembrar que a graça divina não é desculpa para a complacência humana (SI 95.7-
9; Rm 6.1; Hb 3.7-19). Enquanto está perto é o tempo em que a alma humana está
psicologicamente sentindo sua presença e ouvindo o chamado para a salvação.

A exortação é interpretada por Smart da seguinte maneira:

Agora é o momento da maior oportunidade. Agora a palavra de Deus é viva e poderosa e


ressoa no meio da comunidade como o som da trombeta. Agora Deus oferece comida e bebida
ao faminto e sedento. Ele está próximo. Ele está pronto para ser encontrado. Mas não há
reação; ninguém responde quando Ele chama (50.2); amanhã ele pode se ocultar novamente
(45.15). Hoje ele está pronto para perdoar. Mas se o seu amor perdoador é rejeitado, amanhã
apenas a sua ira poderá ser encontrada, e é isso que toma tão urgente ao homem buscar e
invocar o Senhor e voltar-se a Ele em arrependimento.32

Adam Clarke interpreta essa passagem de uma forma um pouco diferente. Ele traduz: “Buscai
ao Senhor, porque ele pode ser encontrado: invocai-o, porque ele está perto. Arrependam-se
antes que morram, porque depois da morte não há conversão para a alma”.33 Plumptre
observa que “o apelo mostra que as bênçãos prometidas não são incondicionais. Pode chegar
um tempo (como em Mt 25.11) em que será escrito ‘tarde demais’ em todos os esforços para
obter a herança que foi perdida por negligência (2 Co 6.2)”.34

b) O escopo do arrependimento (55.7). Novamente, o imperativo duplo é usado: Deixe [...]


converta. 1) O ímpio deve deixar o seu caminho culposo. Isso é conversão. 2) o homem
maligno (hb. “o homem de iniqüidade”) deve abandonar seus pensamentos impuros ou
propósitos. Isso envolve purificação. Por isso, vemos aqui a sugestão do arrependimento para o
pecador: se converta ao Senhor (“Volte-se ele para o Senhor”, NVI). Mas, também vemos a
sugestão de arrependimento em relação aos pecados do espírito (Wesley chamou-o de
“arrependimento nos crentes”). Que essa pessoa se volte para o nosso Deus. Somente um
arrependimento radical pode salvar, porque deve haver uma revolução em toda a maneira de
viver.

c) A promessa para o penitente (55.7). A recompensa prometida ao arrependimento sincero é


a compaixão (misericórdia) e o perdão abundante (o hb. diz: “Ele multiplicará perdão”).
Alguém que vem a Deus com uma atitude de arrependimento sincera pode estar certo de que
será completamente restaurado. Perdão e limpeza são obras completas.

3. O Chamado para a Transformação (55.8-13)

A transformação da natureza humana é uma tarefa de Deus baseada no ideal divino. Essa
também é uma necessidade imperativa para que haja uma comunhão divino-humana.

a) A superioridade do ideal divino (55.8-9). O povo de Deus deve ser habitado pela mente dele
em toda santidade e plenitude. E isso que o torna povo dele — “zeloso de boas obras” (veja Tt
2.14). 1) Caminhos divinos versus caminhos humanos (8). Aqui há um grande abismo que
separa os dois. Isso foi reconhecido por Isaías em sua visão do Templo no capítulo 6. Isso
reaparece aqui em seu pensamento a respeito da mera maneira humana de viver em contraste
com aquilo que é divinamente ordenado. 2) Caminhos celestiais versus caminhos terrenos (9).
Os caminhos e pensamentos celestiais estão cheios de piedade e graça. Como Smart observa:
“Os céus vêm à terra quando um povo na terra responde verdadeiramente à palavra que Deus
fala dos céus”.35

Plumptre observa: “Os homens acham que os dons de Deus podem ser comprados com
dinheiro (At 8.20). Eles acreditam que o mercado no qual são vendidos está sempre aberto, e
que podem tê-los quando e como lhes apraz (Mt 25.9-13)”.36

Os caminhos do homem são suas práticas estabelecidas. Os pensamentos do homem são seus
conceitos e idéias — seus padrões de pensamento. Os pensamentos de Deus não são tão
baixos, comuns e triviais como os dos homens.

b) A certeza da promessa divina (55.10-11). Nada cresce na terra sem a chuva (10) do alto. Esse
versículo inclui quase todos os elementos das parábolas de Jesus acerca da agricultura
(especialmente a dos solos). A observação de Plumptre é mais uma vez pertinente: “A ‘chuva’ e
o ‘orvalho’ são as influências benevolentes que preparam o coração; a ‘semente’ é a Palavra
Divina; o ‘semeador’ é o Servo do Senhor, i.e., o Filho do Homem (Mt 13.37); o ‘pão’, os frutos
de santidade, que por sua vez sustentam a vida dos outros”.37

A palavra divina (11) alcança seu propósito. Não há palavra que o homem possa transmitir que
derreta um coração endurecido. Portanto, que o pregador da Palavra busque estar na mesma
comunhão dos profetas e que a sua mensagem seja: “Assim diz o Senhor”. Que a palavra que
ele pronuncia seja a própria palavra de Deus. Ela própria controla o futuro. O seu cumprimento
não se questiona, porque o que Deus diz produz uma energia doadora de vida e fertilizante.
“Ela não voltará como um eco vazio” (Knox).

c) Os sinais da revelação divina (55.12-13). São eles: 1) O alegre êxodo espiritual da terra do
cativeiro e escravidão espiritual (12a). 2) A alegria pacífica da orientação divina (12b). 3) Toda
natureza se unindo no hino de louvor (12c). A alegria da salvação é sentida pela humanidade
remida, mas a criação aprisionada também espera sua libertação como o ambiente
transformado de uma raça salva e alegre. Toda criação compartilhará da liberdade e glória dos
filhos de Deus. O espinheiro e a sarça serão transformados em árvores que permanecem
verdes o ano inteiro, como a faia (“pinheiro”, NVI; “ciprestes”, NTLH) e a murta (13), Uma terra,
uma comunidade e uma humanidade transformada servirão de testemunho da realidade de
Deus. Espiritualmente, isso significa: Em lugar do beberrão, o santo, e em lugar do cafajeste, o
justo. Esse é o monumento (nome) vivo do Senhor; o memorial perpétuo para a glória do Deus
eterno é nada menos do que uma humanidade transformada em um ambiente transformado.
Louvado seja Deus!

55.1-13 — Os capítulos 40—55 concluem com dois convites relacionados entre si: (1) para

que se aproximem do Senhor e participem do

reino davídico (Is 55.1-5); (2) para buscar ao

Senhor e encontrar perdão (v. 6,7). Essa promessa

é garantida, porque a graça de Deus é inescrutável

(v. 8,9), e Ele sempre cumpre o que promete

(v. 10-13). Os convites, primeiramente

declarados por Deus aos exilados, agora são transmitidos

a todos (Ap 21.6; 22.17).

55.1,2 — O é uma exclamação de piedade.

Todos vós. Aqueles a quem Deus se dirige

constituem parte da nação da aliança, o remanescente

que respondeu favoravelmente ao

Senhor. Entretanto, eles serão o meio para levar

a mesma mensagem da salvação de Deus às nações

(v. 5).

A sede é uma metáfora do desejo por aquilo

que satisfaz o espírito humano (Is 41.17; 44.3; SI

42.1,2; 63.1; Mt 5.6). As águas são uma metáfora


do prazer da salvação em Deus (Jo 4-10-14; 7.37).

O vinho e o leite são símbolos da satisfação plena

(v. 2). A salvação de Deus não apenas fornece o

que é necessário para a vida, mas também PROPORCIONA ALEGRIA.

Vós que não tendes dinheiro [...] comprai. O

convite demonstra que a salvação não pode ser

comprada: é uma dádiva gratuita para os que a

desejam (Is 52.3; Dt 8.3; Rm 6.23).

55.3 — Inclinai os ouvidos e ouvi são sinónimos

de vinde a mim. O concerto perpétuo (Is 54-10) diz

respeito ao pacto davídico e à N ova Aliança. As

firmes beneficências de Davi são as promessas divinas

de um Descendente, um trono e um reino

eternos (2 Sm 7-12-16; 1 Rs 8.23-26; SI 89. 19-

37). O pronome mim inclui o Servo do Senhor

— Jesus, o Messias (Is 48.16; 61.1).

Convosco. As promessas da aliança davídica

estendem-se a todos os que se aproximam de

Deus e se cumprem em Jesus Cristo (Is 4-2; 7-14;

9.6; 11.1-5) e em sua igreja (Rm 16.20).

55.4,5 — O cumprimento das promessas feitas

à casa de Davi por parte de Deus, que culminam

na ressurreição de Cristo, serve de testemunha

para as nações (Is 43.10,12; 44-8). Jesus Cristo é

um príncipe... dos povos (Is 42.6; 49.6; Dn 9.25;

Hb 2.10; 12.2).

55.6,7 — Buscar ao S enhor é desejar ouvir o

que Ele diz (Am 5.6,14; At 17.27).

55.8,9 — Os pensamentos de Deus, motivados

por sua graça, excedem a imaginação humana (Is

64-4; Rm 11.33; 1 Co 2.9; Ef 3.20). Ninguém


pode penetrar a profundidade de sua sabedoria.

5 5 .1 0 ,1 1 — Descem. Para uma referência

semelhante, veja 2 Coríntios 9.10. A palavra de

Deus é semelhante à chuva, porque produz frutos

(SI 147.15-20). Assim como a água aviva e fortalece

a rosa ressecada, a Palavra de Deus produz

vida no coração dos pecadores.

55,12 — O verbo saireis refere-se ao êxodo da

Babilónia (Is 48.20,21; 52.11,12). A menção de

que os elementos da criação exclamarão de prazer

simboliza o canto do povo de Deus. O regozijo do

povo ao ver a salvação do Senhor será tão intenso,

que será como se os montes, outeiros e árvores

se unissem no cântico e batessem palmas (Is

14.7,8; 44.23).

55.13 — Em lugar do espinheiro, crescerá a faia.

Essa expressão simboliza a substituição do juízo

de Deus pela salvação (compare 5.6; 32.13;

41.19). O sinal eterno faz lembrar o arco-íris,

todas as promessas.

j) O desafio p a ra g u a rd a r as p ro m essas

(55.1-13)

A mensagem aos exilados (caps. 40—55)

conclui com um apelo vívido e eficiente (v.

1-9) e com uma promessa solene mas alegre

(v. 10-13). As palavras do v. 1 são sem dúvida

m etafóricas, provavelm ente lem brando os

gritos de vendedores de rua; mas essas mercadorias

são gratuitas! O apelo é basicamente


um chamado para sair da Babilônia e fugir de

todas as suas seduções (caracterizadas como

aquilo que não satisfaz) e, com confiança em

Deus, realizar a árdua jornada de retorno à

Palestina (v. 2,3). A “terra prometida” ainda

é a terra da promessa (v. 2,13), tanto do ponto

de vista espiritual quanto do material; se os

exilados derem ouvidos e obedecerem às ordens,

então “poderão ter toda a plenitude de

vida” (Whybray, parafraseando a expressão

um tanto enganosa do v. 3: para que a sua

alma viva) cf. Jo 10.10.

Os v. 3ss são de interesse especial nesse

contexto; eles não são tanto uma promessa

quanto um a parte do apelo do profeta. Os

exilados estariam propensos a procurar um

novo líder humano, outro Davi, por motivos

egoístas; em vez disso, eles ouvem que têm

a responsabilidade de realizar as funções de

Davi para com o mundo. As funções em questão

aqui não são somente as de príncipe {líder)

mas de instrutor (governante) e de fato de

testemunha do poder de Deus. Como comenta

C. R. North, esses termos sugerem liderança

moral, e não ditadura. Dessa maneira,

as promessas eternas feitas a Davi (cf. 2Sm 7)

são confirmadas ao povo judeu, contudo, não

como promessas a eles, mas como um chamado

ao serviço glorioso. (A prom essa do

Messias pode bem estar implícita, mas não é

a ênfase dessa passagem.)


Os v. 6-9 reforçam o mesmo apelo. D urante

séculos, Israel havia procurado Deus

no santuário, do qual os exilados haviam sido

separados por muitos e muitos quilômetros;

mas agora é possível achá-lo, porque ele está

perto, esperando para resgatá-los da Babilônia.

Isso significa desviar os olhos deles do esplendor

transitório da Babilônia e voltá-los

para as realidades das obras im inentes de

D eus na história (por meio de Ciro). Com

essa ordem, vem a promessa do perdão completo

dos pecados que os tinham conduzido

à Babilônia.

Os v. 10-13, em forma de epílogo, insistem

em que todas as promessas de Deus

aos exilados são irrevogáveis, tão imutáveis

como os padrões da natureza (v. 10,11). Mas

a própria natureza pode e vai ser transformada

(v. 12,13); a linguagem poética dos

hinos de Israel (cf., e.g., SI 96.11,12) pode

tornar-se uma realidade miraculosa, quando

D eus reverter os efeitos da Q ueda (cf. Gn

3.17,18) para a bênção do homem e para a

sua própria glória. Quando esse milagre ocorrer,

vai ser irreversível (v. 13); mas ele não

pode nem começar a acontecer se os exilados

não virarem as costas para a Babilônia,

da qual eles agora têm a oportunidade de sair

em júbilo para serem conduzidos em paz e prosperidade

(v. 12).
INTRODUCTION TO ISAIAH 55

As the two preceding chapters are prophecies of Christ and his church, this

treats of his word and ordinances, and of the nature, use, and efficacy of

them. It begins with an invitation of thirsty souls to them, (<235501>Isaiah 55:1),

an expostulation with them for taking wrong methods, and a dissuasive

from them, (<235502>Isaiah 55:2), which is followed with an exhortation to hear

the word of Christ, atend on his ordinances; to which they are encouraged

with promises of life and covenant blessings, (<235502>Isaiah 55:2,3). Christ is

prophesied of in his offices; and the conversion of the Gentiles to him is

foretold, (<235504>Isaiah 55:4,5), men are called upon to seek the Lord, where

and while he might be found; and both wicked and unrighteous persons,

forsaking their ways and thoughts, are encouraged to turn to the Lord, in

hopes of pardon, and in consideration of his ways and thoughts not being

like theirs, (<235506>Isaiah 55:6-9), the nature and efficacy of the word of God

are expressed and illustrated by the similes of rain and snow, (<235510>Isaiah

55:10,11), and the conversion of the Lord’s people, in consequence of the

word being made effectual, is predicted, the issue of which is the glory of

God, (<235512>Isaiah 55:12,13).

Ver. 1. Ho, everyone that thirsteth, come ye to the waters, &c.] These are

the words not of the prophet, but of the Lord, as what follows throughout

the chapter shows; and are directed to the Gentiles, as Aben Ezra thinks:

and indeed their conversion is manifestly spoken of in it; and who, Kimchi

says, after the war of Gog and Magog, shall know that the Lord reigns, and

shall come and be desirous of learning his judgments and laws. The word

“ho” is expressive of calling, as the Jewish commentators rightly observe;

and carries in it an invitation, in which there seems to be a commiseration

of the case of the persons called and it is delivered in indefinite terms, and

very openly and publicly; and has in it the nature of a Gospel call or

invitation, to persons described as “thirsty”; not in natural, much less in a

sinful sense, but in a spiritual one; thirsting after forgiveness of sin by the

blood of Christ; after justification by his righteousness; after salvation by


him; after more knowledge of him, more communion with him, and moreconformity to him;
and after the milk of the word, and breasts of

ordinances; being sensible of sin and danger, and having a spiritual

appetite, and a desire after spiritual things. Such as these are persons made

alive; are in distress, and sensible of it; and have desires formed in them

after divine things: and these are invited and encouraged to “come to the

waters”; by which are meant not Christ, though he is as “rivers of water”;

and sensible sinners are directed to come to him, and that as in a starving

and famishing condition, and having nothing to help themselves with; and

such things are to be had of him, which like water are refreshing and

reviving, as his grace, and the blessings of it; and which serve to extinguish

thirst, and free from it; yet not he, nor the grace of the spirit, are intended,

which is often signified by water in Scripture; but rather the ordinances of

the Gospel, which are the means of conveying grace, and of refreshing and

comforting distressed minds; in order to which, such may come and hear

the word, come and partake of all ordinances. The allusion seems to be to

such places by the waterside, where ships, laden with provisions, come and

unlade; and where persons, by a public crier, are informed of it, and are

called to come and buy. So water means the water side, (<070704>Judges 7:4).

Aben Ezra, Jarchi, and Kimchi, interpret them of the law, and the doctrines

of it; and so the Targum,

“ho, everyone that would learn, let him come and learn;”

but the Gospel, and the doctrines and ordinances of that, seem rather

designed:

and he that hath no money; not in a natural, but in a spiritual sense:

unconverted persons have nothing to support themselves or pay off their

debts with, though they fancy they have, and that they are rich, and stand in

need of nothing; but sensible souls know they have none, and that they are

poor and needy; yet these are invited to come where provisions are to be

had, since they are to be had at free cost:

come ye, buy and eat; come to the ordinances, partake of them freely, and

feed upon the provisions therein made:


come, buy wine and milk, without money, and without price; by wine and

milk are meant the Gospel and its doctrines, compared to good old

generous wine, for the antiquity of them, and for their being of a reviving

and refreshing nature; and to “milk”, for its purity and sweetness, and for

its cooling and nourishing nature, and because easy of digestion; these are to be bought, and
not to be sold. (<202323>Proverbs 23:23), but not in a proper

sense; no valuable consideration can be given for them, for they are of

more worth than thousands of gold and silver; nor have we anything to

give to God for them, and the blessings of grace conveyed by them, which

is not his own, or can be profitable to him; but in an improper sense, when

something thought valuable is parted with for them, as sinful and righteous

self, and even everything in life, when called for, and that itself; these are

bought without any money or price on our part; they are freely given and

received; and on this basis may men expect them, and have them. The

Targum is,

“he that hath no silver, come, hear and learn; come, hear and learn,

without price and money, doctrine beter than wine and milk.”

Ver. 2. Wherefore do ye spend money for that which is not bread? &c.]

Lavish away time, opportunities, and strength, in reading and hearing false

doctrine, which is not bread, but chaff; is not wholesome, does not nourish,

but is harmful and destructive; eats as does a canker, instead of feeding and

refreshing; such as the vain philosophy of the Gentiles, the traditions of the

Jews, and the errors and heresies of false teachers:

and your labour for that which satisfieth not? labouring to seek for

happiness in worldly things, which is not to be had; or to obtain

righteousness by the works of the law, which is not to be atained to in that

way; all such labour is in vain, no satisfaction is enjoyed, nor peace and

comfort had, nor any solid food; these are husks which swine eat:

hearken diligently unto me; not the prophet, but the Lord himself. The

Targum renders it,

“my Word;”

the essential Word, Christ Jesus, hearken to his doctrine, which is bread,
and of a satisfying nature:

and eat ye that which is good; not the law, as the Jewish commentators;

but the good word of God, the Gospel, which being found and eaten by

faith, or mixed with faith by them that hear it, and so digested, is the joy

and rejoicing of the heart:

and let your soul delight itself in fatness; in the goodness and fatness of the Lord’s house,
atending on the word and ordinances with spiritual pleasure and delight; and which is the way
to become fat and flourishing in

spiritual things; (see <193608>Psalm 36:8 65:4).

Ver. 3. Incline your ear, and come unto me, &c.] The exhortations are

repeated, to show the importance of them, how welcome these persons

were to the Lord, and to his house, and his earnest and tender care and

concern for them:

hear, and your soul shall live; or, “that your soul may livef1096”; spiritually

and eternally. There must be life before hearing; men must be made alive

before they can come to Christ spiritually, or hear his word so as to have a

spiritual understanding of it, or savingly believe it; but the meaning is, that

by coming and hearing the word of the Lord, they should have something

to live upon, good, solid, substantial food; and that they should live

comfortably and plentifully, and that for ever. It was reckoned a great

absurdity in Sunlungus, a Chinese philosopher, who assertedf1097 that a man

had three ears, one different from the two that are seen; it is true in a

spiritual sense.

And I will make an everlasting covenant with you; which is to be

understood not of the covenant of works, nor of the covenant of

circumcision, nor of the Sinai covenant; but of the covenant of grace,

which is an “everlasting one”; it is from everlasting, being founded in the

everlasting love of God, is according to his eternal purposes; Christ is the

Mediator of it, who as such was set up from everlasting, and the promises

and blessings of it were so early put into his hands; and it will continue to

everlasting, sure, firm, unalterable, and immovable. This, properly

speaking, was made with Christ from all eternity, and his people in him; it
is made manifest to them at conversion, when they are shown it, and their

interest in it; when God makes himself known to them as their covenant

God, and Christ as the Mediator of it is revealed to them; when the Lord

puts his Spirit into them, and makes them partakers of the grace of it;

shows them their interest in the blessings of it, and opens and applies the

promises of it unto them; and these are made manifest in the ministration of

the Gospel, and in the administration of ordinances: even “the sure mercies

of David”; that is, the Messiah, the son of David, and his antitype, whence

he is often called by his name, (<263423>Ezekiel 34:23,24 37:24,25 <280305>Hosea

3:5), and so Aben Ezra, Kimchi, and othersf1098, interpret it. The blessings

of the covenant are called “mercies”, because they spring from the mercy

of God, as redemption, pardon of sin, regeneration, salvation, and eternal life; and they are the
mercies of David, or of Christ, for the promises of

them were made to him, and the things themselves put into his hands, and

are ratified and confirmed by his blood, and through him come to his

people: and these are “sure”, firm, and steadfast, through the faithfulness

and holiness of God, who has given them to Christ; through being in a

covenant ordered in all things and sure; and also being in the hands of

Christ, in whom the promises are yea and amen, and the blessings sure to

all the seed; (see <441334>Acts 13:34).

Ver. 4. Behold, I have given him for a witness to the people, &c.] That is,

the Messiah, as Aben Ezra, Kimchi, and Ben Melech rightly interpret it.

This respects an act past in eternity, in God’s eternal purposes and decrees,

when he appointed Christ to the office of a Mediator; and this was an act

of his grace, a free gift of his, flowing from his love to his people, both

Jews and Gentiles, even all his elect, to whom Christ is a “witness”, both of

his father and of himself: of his father, of his good will to men, in forming

the scheme of their salvation; of his love to sinners, in the mission of him;

of his justice and holiness, which appear in his being the propitiation for

sin; of his truth in his promises; of his whole mind and will, with respect to

doctrine and worship: he is a witness of himself; of his deity and

perfections; of his divine and eternal sonship; of his existence before his
incarnation; of his Messiahship; of the end of his coming into the world; of

his sufferings, death, and resurrection; of his second coming; and of the

several characters he bears: he is a witness of the covenant itself, as well as

the surety, Mediator, and messenger of it, and of truth in general; to which

he has bore witness by his word and doctrines; by his works and miracles;

by his sufferings and death; by the Scriptures of truth; by his Gospel, and

the ministers of it; and by his spirit, and a faithful witness he is:

a leader and commander to the people; he is a “leader”, as he is a teacher

of his people, who teaches them to profit, and leads them in the way they

should go; as a king that guides his subjects with the skilfulness of his

hands, as David the type of him did; as a general leads out and on his

armies to batle; as a shepherd leads his flock to good pastures; as a guide

to those that know not the way; and as one that goes before others by way

of example: Christ leads his people out of their own ways into his ways;

and he leads them in a right way to the city of their habitation, to heaven at

last; and he leads them on gradually and gently, as they are able to bear. He

is a “commander” in a military way, a wise, powerful, valiant, and

courageous one, and always victorious; and in a political sense, as a King commands his
subjects, whose commands are to be obeyed; and indeed

they are writen on the hearts of his people; they are not grievous, though

they cannot be performed in their own strength; nor is it designed that life

and salvation should be obtained by the observance of them, but are done

to testify subjection to Christ, and gratitude to him. The Targum is,

“behold, I have appointed him a Prince to the people, a King, and a

ruler over all kingdoms.”

Ver. 5. Behold, thou shalt call a nation that thou knowest not, &c.] And

even nations, as in the next clause; not all the individuals of them, though

the Gospel is sent to all nations; and in the later day the kingdoms of this

world shall be the Lord’s, and all nations shall serve him. It denotes a great

concourse of people to Christ, even such as were not known by him: he

knows all mankind as he is the omniscient God, and especially them that

are his, these he has a special and peculiar knowledge of; he knows them as
his beloved, chosen, and redeemed ones, even before conversion; and yet,

in a sense, they are unknown to him before calling; they are not taken

notice of by him in an open way; they are not owned and acknowledged to

be his; there is no intimacy between them; they are not admited to

fellowship and communion with him. The phrase denotes them to be a

foreign people, and so properly describes the Gentiles, who were without

Christ, and aliens from the commonwealth of Israel. These, Jehovah the

Father says, for these are his words to his Son, he shall “call”; not merely

with an external call, by the ministry of the word, though this is Christ’s

call, and is the means of bringing souls to him; but sometimes this is a call

of persons who are not chosen and saved, and is of no effect; but with the

internal call, by his Spirit and grace, which is according to the purpose of

God, and is peculiar to his elect; is the fruit of love, and by special grace,

and to special blessings; is by the power of God, and is irresistible,

unfrustrable, and irreversible: hence the following effect,

and nations that knew not thee shall run unto thee; knew not even God

himself, as the Gentiles did not, much less the Messiah; they knew neither

his person nor his offices, nor the way of peace, life, and salvation by him;

were in a state of gross darkness; and to whom the Gospel was not known,

which is a revelation of Christ, and of good things by him. Now the

promise is, that, upon the above call, such persons should “run” unto

Christ; light goes along with that call, directing to the object, where all

grace and salvation be; life is infused, by which they are quickened, and run; efficacious grace,
then exerted, draws them; and under a sense of

danger, and in a view of safety in Christ, they run with all readiness and

cheerfulness to him, and lay hold on him the hope set before them. The

Targum adds,

“to bring tribute unto thee.”

Because of the Lord thy God; because of the love of God, with which they

are drawn; and because of his power, which is put forth upon them;

because of his grace, and the proclamations of it in Christ, and the

declaration of his will, that whoever believes in him shall have everlasting
life; and because he has appointed Christ, and him only, to be their Saviour

and Redeemer; and because there is no coming to God but by him:

for the Holy One of Israel; or, “and” or “even to the Holy One of

Israel”f1099; that is, Christ, who is holy in his natures and offices, and the

sanctifier of his people; to him shall they run, for the cleansing of their

filthy souls in the fountain of his blood; and for the expiation of their sin

and guilt, by his atoning sacrifice; and for righteousness and strength; for

grace, and all the supplies of it; for peace, pardon, and eternal life:

for he hath glorified thee; that is, God the Father has glorified his Son,

through the miracles wrought by him in his state of humiliation; by

supporting him, as man, in his work, and under all his sufferings; and by

raising him from the dead, and at his ascension to heaven; and by

bestowing on him the gifts of the Spirit without measure, to give to others;

which, with the reasons before suggested, induce, engage, and encourage

sons to run to Christ, when called by his grace. Some understand all this of

the first Christian church, consisting of believing Jews, who should call the

Gentiles by her ministers unto Christ, by the conversion and accession of

which she would be glorified. These nations are those the apostles were

sent and preached unto, after the resurrection of Christ, all the nations of

the world, even most distant and remote; and particularly those the Apostle

Paul preached unto from Jerusalem, round about to Illyricum; and which

the ministers of the word preached unto, in the first ages of the Gospel;

such as those mentioned by Tertullianf1100 in his time, as the Parthians,

Medea, Elamites; the inhabitants of Mesopotamia, Armenia, Phrygia,

Cappadocia, Pontus, Asia, and Pamphylia; the Egyptians, Africans,

Romans, Getulians, Moors, Spaniards, Gauls, Britons, Sarmatians,

Dacians, Germans, and Sythians; besides many other nations, provinces, and isles unknown,
too many to enumerate, who professed the name of

Christ; and yet more, when the whole Roman empire became Christian, in

the times of Constantine; to which may be added the various kingdoms in

Europe, which cast off the Romish yoke at the Reformation; together with

many of the American nations, or new found world, who now embrace and
profess the Christian religion.

Ver. 6. Seek ye the Lord while he may be found, &c.] The Lord is to be

sought unto at all times, whenever the people of God meet together,

especially on sabbath days, and while the external ministry of the word

lasts, and life itself; so the Targum,

“seek the fear of the Lord, while ye are alive.”

Kimchi compares it with (<210910>Ecclesiastes 9:10). The Jewish writers, as

Aben Ezra and others, generally interpret it before the sealing of the

decree, or before the decree is gone forth. It may be understood of place,

as well as time, and be rendered, “seek the Lord in the place where he may

be found”f1101; God is to be found, as Aben Ezra observes, in all places, and

at all times; under the Old Testament there was a particular place

appointed for the worship of God, the tabernacle and temple, where he was

to be sought unto, and might be found; under the New Testament, all

places are alike, and wherever the church and people of God meet

together, there he is to be sought, and there he may be found, even in his

house and ordinances:

call ye upon him while he is near; the same thing designed by different

words: seeking and calling design not only prayer, but the whole of public

worship, and the time and place when and where the Lord is to be found,

and is near. Aben Ezra thinks it refers to the Shechinah in the sanctuary.

Perhaps it may have some respect to the time of Christ’s incarnation, and

his being in the land of Judea; and to the destruction of the temple by the

Romans, when the Lord could be no more sought unto, and found in that

place; or when the Christians were obliged to move from Jerusalem,

because of the siege of it; and when the Jews had no more an opportunity

of hearing the Gospel there.

“seek the Lord, where he is found, in the synagogues, and in the

schools; call upon him, where he is near, in the synagogues, and in

the schools.” And so another Jewish writer, mentioned by him,

interprets the words, ``whilst the Shechinah is found in the sanctuary; before he hides his face,
and causes his Shechinah to
remove from you.”

Ver. 7. Let the wicked forsake his way, &c.] His evil way, as the Targum

paraphrases it, his wicked course of life; and which is his own way, of his

own choosing, and in which he delights, and a very dangerous one it is; and

yet he is bent upon it, and nothing can turn him from it but efficacious

grace; nor will he ever forsake it till he sees the evil, danger, and

loathsomeness of it; and when he does forsake it, it is so as not to make sin

the course of his life, though he does not and cannot live without sin. The

word for “wicked” signifies restless, troublesome, and ungodly, and is

expressive of the pollution and guilt of sin all are under. Some are

notoriously wicked, and all men are wicked in the account of God, though

they may think otherwise themselves; and they become so their own

apprehensions, when they are thoroughly awakened and convinced of sin,

and of the evil of their ways, and are enabled to forsake them: though this

may also be understood of “his own way” of saving himself, which is by

works of righteousness he has done, in opposition to God’s way of saving

men by Jesus Christ; which way of his own must be relinquished, and

Christ alone must be applied unto, and laid hold on, for salvation:

and the unrighteous man his thoughts: not his natural thoughts, but his

sinful ones, his wrong thoughts of religion, righteousness, and salvation;

particularly his thoughts of being justified by his own righteousness; which

thoughts are to be forsaken, as being contrary to God’s way of justifying

sinners; and as all men are unrighteous, are destitute of righteousness, and

full of unrighteousness, so is the self-righteous person; and he must be

divested of all thoughts of his own righteousness, and acknowledge himself

an unrighteous man, ere he receives mercy, forgiveness, righteousness and

salvation, at the hands of the Lord:

and let him return unto the Lord; from whom he has departed, against

whom he has sinned, and who only can save him; and this he does when he

comes and acknowledges his sin before the Lord, implores his grace and

mercy, and atends his word and worship; all which is the fruit and effect of
powerful and efficacious grace, in turning and drawing. The Targum is,

“and let him turn to the worship of the Lord:”

and he will have mercy upon him; which shows that the returning of the

sinner to God is not meritorious, it is mercy still to receive him; and which is here mentioned as
the motive to return; there is an abundance of it with

the Lord, and he has resolved and promised to show it, and he takes

delight in it, and many are the instances of it:

and to our God, for he will abundantly pardon; God is to be applied unto,

not as an absolute God, or out of Christ; but as our God in Christ, in whom

he has proclaimed his name, a God gracious and merciful, and so he does

abundantly pardon. The promise of pardon is absolute and unconditional,

and is here observed as the motive to forsake sin, and not that as the

condition of pardon; the design is to comfort those that are distressed with

sin; God does and will pardon, and none but he can, and he has declared

that he will; forgiveness is with him, and it is published in the Gospel, and

there have been many instances of it.

The Lord does abundantly pardon, or “multiply to pardon”f1102; he pardons

all sorts of sinners, and all sorts of sins; original sin, actual sins and

transgressions; all backslidings and revoltings; all but the sin against the

Holy Ghost.

Ver. 8. For my thoughts are not your thoughts, &c.] In some things there

may be a likeness between the thoughts of God and the thoughts of men, as

to the nature of them: thoughts are natural and essential to them both; they

are within them, are internal acts, and unknown to others, till made known;

but then the thoughts of men are finite and limited, whereas the thoughts of

the Lord are infinite and boundless; men’s thoughts have a beginning, but

the Lord’s have none; though not so much the nature as the quality of them

is here intended: the thoughts of men are evil, even the imagination of their

thoughts, yea, every imagination is, and that always and only so; but the

thoughts of God are holy, as appears from his purposes and covenant, and

all his acts of grace, in redemption, calling, and preparing his people for

glory: the thoughts of men, as to the object of them, are vain, and nothing
worth; their thoughts and sentiments of things are very different from the

Lord’s, as about sin, concerning Christ, the truths of the Gospel, the

people of God, religion, holiness, and a future state, and in reference to the

business of salvation; they think they can save themselves; that their own

works of righteousness are sufficient to justify them; their privileges and

profession such, that they shall be saved; their wisdom, riches, and honour,

a security to them from damnation: however, that their sincere obedience,

with repentance for what is amiss, will entitle them to happiness: but the

thoughts of God are the reverse of all this; particularly with respect to pardoning mercy their
thoughts are different; carnal men think of mercy,

but not of justice, and of having pardoning mercy in an absolute way, and

not through Christ, and without conversion and repentance; and so this is a

reason why men’s thoughts are to be forsaken, because so very unlike to

the Lord’s. Or else these words are to be considered as an argument,

proving that God does abundantly pardon all returning sinners; since he is

not like men, backward to forgive, especially great and aggravated crimes,

but is ready, free, and willing to forgive, even those of the most aggravated

circumstances.

Neither are your ways my ways, saith the Lord; the ways which God

prescribes and directs men to walk in are different from theirs; his are holy,

theirs unholy; his are plain, theirs crooked; his are ways of light, theirs

ways of darkness; his are pleasant, theirs not so, at least in the issue; his

lead to life, theirs to death; and therefore there is good reason why they

should leave their evil ways, and walk in his. Moreover, the ways which he

takes in the salvation of men are different from those which they, naturally

pursue, and especially in the pardon of sin; he pardons freely, fully, without

any reserve, or private grudge, forgetting as well as forgiving.

Ver. 9. For as the heavens, are higher than the earth, &c.] Than which

there cannot be conceived a greater distance:

so are my ways higher than your ways, and my thoughts than your

thoughts; which may denote the heavenliness of the ways and thoughts of

God, the eternity and unsearchableness of them, and their excellency and
preciousness; as well as the very great distance between his ways and

thoughts and men’s which this is designed to illustrate.

Ver. 10. For as the rain cometh down, and the snow from heaven, and

returneth not thither, &c.] Rain and snow come down from the clouds in

the heavens, and do not return again until they have done what they are

sent to do, or have produced the following effects; otherwise they may be

exhaled into vapours, as they often are, and drawn up again by the sun:

but watereth the earth, and maketh it bring forth and bud; or, “inebriateth

the earth”f1103; soaks into it, and reaches the seed that is sown in it, and

causes that to spring up, and rise into stalk and ear:

that it may give seed to the sower and bread to the eater; produce a

sufficiency for food both for man and beast, and enough for seed to sow

the ground with the following year.

Ver. 11. So shall my word be that goeth forth out of my mouth, &c.] My

good word, as the Targum; this may either be understood of Christ, the

eternal Word, who is called the Word of God, and may be said to go forth

out of his mouth, being spoken of by all his holy prophets, since the world

began, whose coming was like the rain or snow, (<280603>Hosea 6:3), he came

from heaven, from his Father there, and as a free gift of his, and in

consequence of a decree, as the rain does; the manner of his coming, like

that, was suddenly, gratefully, and with great efficacy, watering his people

with his grace, through the ministry of the word, and making them fruitful;

and though he returned to heaven again, yet not empty, without fruit and

effect; he produced a large harvest of souls, and procured all blessings of

grace for them, and accomplished the whole will and pleasure of God, in

effecting the salvation of his people; and the pleasure of the Lord

prospered in his hand: or else it may be interpreted of God’s word of

promise; the promises are made in heaven, and come from thence as the

rain and snow do; are the gifts of God’s grace; are very refreshing and

reviving, as rain to the earth; and are always effectual, being yea and amen

in Christ Jesus; and being made good, fulfil purposes, or the good will and
pleasure of God; particularly promises concerning Christ, pardon and peace

through him; such as are given forth in this chapter: or rather it may be

meant of the word of the Gospel, which is of God; comes from heaven; is a

blessing grace; falls according to divine direction here and there; tarries not

for the expectations, desires, or deserts of men; falls in great plenty; and is

a blessing wherever it comes: it is the means of softening the hard hearts of

men; of cooling the conscience set on fire by the law, and allaying the heat

of divine wrath there; and of refreshing and reviving drooping,

disconsolate, and weary souls: it is the means of the first buddings of grace

in the Lord’s people, and of the larger exercises and flourishings of it, and

of all fruitfulness in good works: it is productive of seed to Christ the

sower, and fruit to his ministers who labour under him, and of bread to the

eater, the believer, whom it furnishes with the bread of life to feed upon by

faith:

it shall not return to me void; it is accompanied with a divine energy; it is

the power of God to salvation:

but it shall accomplish that which I please; in the conversion of sinners,

and comfort of saints: and it shall prosper in the thing whereto I sent it: whether it be the
savour

of life unto life, or the savour of death unto death; whether for the

quickening of sinners, and reviving of saints; or whether for the hardening

of men, and leaving them without excuse to perish in their sins, both in the

Jewish and Gentile world.

Ver. 12. For ye shall go out with joy, and be led forth with peace, &c.]

Though these words may literally respect the Jews’ return from captivity to

their own land, atended with joy and peace; as the preceding verse may

respect the word of promise concerning it; as it is interpreted by the

Targum,

“for with joy shall ye go out from among the people, and with

peace shall ye be brought to your own land;”

yet they may be spiritually applied to the conversion of men, in

consequence of the word being made effectual, of which the deliverance


from the Babylonish thraldom was a type; when men “go out” of a state of

bondage to sin, Satan, and the law; out of a state of darkness and

ignorance; out of the pit of nature’s misery and distress; out of themselves

and their own righteousness; out of their own sinful ways, and from among

the men of the world: and though here is a divine power exerted in all this,

yet they go out freely, being led by the Spirit of God; who takes them by

the hand as it were, and leads them in ways before unknown to them; he

leads them to Christ, his person, fulness, blood, and righteousness; to the

house of God, and to the ordinances of it; and from one degree of grace to

another, till he brings them to glory: all which is atended with “joy and

peace” to themselves; finding themselves released from bondage, in a state

of light and comfort, out of the horrible pit, and on a rock; brought to

Christ, and clothed with his righteousness; to the angels in heaven, who

rejoice over every sinner that repenteth; to the ministers of the Gospel,

who are the instruments of their conversion; and to all the saints into

whose fellowship they are brought; which joy is further illustrated by the

following strong figures:

the mountains and the hills shall break forth before you into singing; or

the people that dwell upon them: and all the trees of the field shall clap

their hands; or clap with their branches; as the Targum, the tops of them,

being moved with gentle breezes of wind, bow themselves, and the

branches intertwining and clasping each other like hands and arms. Kimchi

observes, that “mountains and hills” may signify the kings of the nations; and “the trees of the
field” the people rejoicing at the deliverance of the

Jews, as they pass along: it may be as well applied to the ministers of the

word, and common believers rejoicing at the conversion of sinners, in

whom as wonderful a change is wrought, as in the following cases.

Vitringa interprets this of the apostles and ministers of the word going

forth into the Gentile world, atended with joy in themselves, and among

the converts there.

Ver. 13. Instead of the thorn shall come up the fir tree, and instead of the

brier shall come up the myrtle tree, &c.] The meaning of which either is,
that instead of wicked men, comparable to briers and thorns for their being

fruitless and useless, harmful and pernicious, under a curse, and their end

to be burned, there good men, comparable to fruitful and beautiful trees,

shall be; which was eminently true when the Gospel was preached in the

Gentile world; (see <233501>Isaiah 35:1-10 41:19,20) so the Targum,

“instead of the ungodly shall rise up righteous persons, and instead

of sinners shall rise up such as are afraid to sin;”

or else the sense is, that such who are like briers and thorns in their nature

state, being no beter than others, but children of wrath, even as others,

shall by the grace of God be made like fir and myrtle trees; as great a

change shall be wrought in them as if briers and thorns were changed into

fir and myrtle trees; to which the saints are sometimes compared,

particularly to myrtle trees, (<380110>Zechariah 1:10), because goodly to look

at, of a sweet smell, ever green, flourish in watery places, and bring forth

fruit:

and it shall be to the Lord for a name, for an everlasting sign that shall

not be cut off; that is, these persons, who are become and made like to fir

and myrtle trees, shall be called by the name of the Lord, shall bear his

name, support his Gospel and interest, and be for his praise, and to the

glory of his grace, who has done such great and wonderful things for them;

and shall be for an everlasting sign and monument of the love, grace,

power, and faithfulness of God, and for a sure token that the church and

people of God shall not be cut off, but that God will have a people to serve

him as long as the sun and moon endure.

Isaías 55

Vv. 1-13. A Chamada à Fé Feita ao Mundo Gentílico É o Resultado da Graça de Deus, Outorgada
Primeiro aos Judeus.
1. Todos vós — A seguir dos especiais privilégios de Israel, segue como consequência o convite
universal aos gentios (Lc_24:47; Rm_11:12, Rm_11:15). Todos vós reclama a mais séria
atenção.

os que tendes sede — expressão que encerra um profundo sentido de necessidade (Mt_5:6)

águas … vinho … leite — é uma gradação. Não água meramente, tão necessária para manter a
vida absolutamente, mas sim vinho e leite para fortalecer, alegrar e nutrir; alude-se às bênçãos
espirituais do evangelho (Is_25:6; Ct_5:1; Jo_7:37). “Águas” no plural, para denotar abundância
(Is_43:20; 44:3).

sem dinheiro — Entretanto, no v. 2, diz-se: “gastais o dinheiro”, um aparente paradoxo. Na


realidade, vocês são uns carentes; contudo, imaginam que têm dinheiro, isto é, um culto
forjado por vocês mesmos; e o esbanjam naquilo “que não é pão”, ou seja, nos ídolos, sejam
literais ou espirituais.

comprai, sem dinheiro — outro paradoxo. Nós fomos comprados, mas não por preço pago por
nós mesmos (1Co_6:20; 1Pe_1:18-19). Em certo sentido, nós temos que “comprar” a salvação,
isto é, nos desprender de tudo o que se interponha entre nós e Cristo, quem a comprou para
nós, a fim de que fosse nossa (Mt_13:44, Mt_13:46; Lc_12:33; Ap_3:18).

2. naquilo que não é pão — (Hc_2:13). “O pão do engano” (Pv_20:17). Contraste-se isto com “o
pão da vida” (Jo_6:32, Jo_6:35; também, Lc_14:16-20).

naquilo que não satisfaz — (Ec_1:8; 4:8).

Ouvi-me atentamente, comei — Quando ocorrem dois imperativos, o segundo expressa a


consequência de obedecer o ordenado no primeiro (Gn_42:18). Ouvindo, comerão. Assim no v.
1, “comprem e comam”. Comprando, farão com que seja seu, e o comerão, isto é, desfrutá-lo-
ão experimentalmente (Jo_6:53). Confira-se o convite com Pv_9:5-6; Mt_22:4.

com finos manjares — (Sl_36:8; Sl_63:5).

3. a mim … a vossa alma viverá — por vir para mim, viverão; pois “Eu sou a vida” (Jo_14:6).

convosco farei uma aliança perpétua — (Jr_32:40; 2Sm_23:5). A aliança de Deus com o
antitípico Davi, o Messias (Ez_34:23), e assim conosco, por nossa identificação com Ele.

misericórdias — as misericórdias em virtude da graça (Is_63:7; Jo_1:16), que Eu convim em dar


a Davi, e especialmente, ao Messias, seu antítipo. Citado em At_13:34.

fiéis — o que responde a “eterno”, irrevogável, que não falta, em que se pode confiar (Sl_89:2-
4, Sl_89:28, Sl_89:34-36; Jr_33:20-21; 2Sm_7:15-16; 2Co_1:18-20).

4. o — ao místico Davi (Ez_37:24-25; Jr_30:9; Os_3:5). Dado por Deus (Is_49:6).

testemunho — Ele deu testemunho a favor de Deus, de Sua lei, de Suas reivindicações e do
plano de redimir, até a morte (Jo_18:37; Ap_1:5). O Apocalipse é um “testemunho”; porque
tem por objetivo ser aceito sob a autoridade de quem o deu, e não meramente porque se
possa provar com argumentos.

príncipe — “Mestre” [Horsley]. “Legislador” [Barnes].

5. Eis que chamarás — Jeová Se dirige ao Messias.


correrá — Deus tem que chamar o homem antes de que este possa ou queira correr (Ct_1:4;
Jo_6:44). Não tem que vir meramente, antes tem que correr avidamente.

uma nação que não conheces — agora como Seu povo (assim em Mt_7:23).

uma nação que nunca te conheceu — Gradação de Israel, uma nação, o evangelho se estende a
muitas nações; isso mesmo acontecerá mais amplamente quando Israel se converter.

por amor do SENHOR, teu Deus … porque este te glorificou — (Is_60:5, 9; Zc_8:23); onde em
linguagem similar dirige-se a Israel; por causa da identificação deste com o Messias, o Israel
ideal (Mt_2:15; cf. com Os_11:1; veja-se At_3:13).

6. As condições para obter benefícios espirituais, e suas limitações (vv. 1-3): (1) Buscar ao
Senhor. (2) Buscá-Lo enquanto pode ser achado (Is_65:1; Sl_32:6; Mt_25:1-13; Jo_7:34;
Jo_8:21; 2Co_6:2; Hb_2:3; 3:13, 15).

invocai-o — lancem-se completamente nos braços de sua misericórdia (Rm_10:13). Expressão


mais forte que “buscai”; assim também “perto” é mais positivo que “enquanto se pode achar”
(Rm_10:8-9).

perto — isto é, enquanto se mostra propício (Sl_34:18; Sl_145:18).

7. o ímpio (RC) — O hebraico diz: o homens de iniquidade; aplicável a todos os homens. O


ímpio peca mais descaradamente em “seu caminho”; o “ímpio” refere-se às mais sutis
operações do pecado nos “pensamentos”. Todos são igualmente culpados em último sentido,
embora muitos se imaginam estar a salvo, porque seus “ímpios caminhos” não são visíveis
(Sl_94:11). O paralelismo é o de uma gradação. O progresso do penitente tem que ser da
reforma negativa, (1) abandonando o seu caminho, e logo (2) dando um passo mais: “seus
pensamentos”, para chegar a um positivo arrependimento, e (3) voltando-se para o Senhor
(que é o único verdadeiro arrependimento, Zc_12:10), e fazer de Jeová seu verdadeiro Deus, à
semelhança dos outros filhos de Deus (sendo o ponto culminante a apropriação de Deus para
nós mesmos como “nosso Deus”). “Converta-se”, dá a entender que o homem caminhava
originalmente com Deus, mas logo apostatou. Isaías diz “nosso Deus”, o Deus dos israelitas
crentes; os remidos desejam que outros se voltem para seu Deus (Sl_34:8; Ap_22:17).

rico em perdoar — Lit., grande para perdoar, que ainda é mais que “ter misericórdia”. Quanto
mais conhecemos a Deus, quanto mais conhecemos Sua clemência (Sl_130:7).

8. Porque — alude ao v. 7. Não têm por que duvidar de Sua boa vontade para outorgar um
“amplo perdão” (cf. v. 12); porque embora os caminhos do “ímpio” e os pensamentos do
“injusto” sejam tão graves que pareçam imperdoáveis, contudo, os “pensamentos” de Deus e
Seus “caminhos” (ou métodos) para perdoar não estão regrados pela proporção daqueles,
como faria um homem que tivesse que perdoar a um próximo que lhe tivesse ofendido (cf.
referente a “porque” (Sl_25:11; Rm_5:19).

9. (Sl_57:10; Sl_89:2; Sl_103:11). Maurer, depois da negação, traduz “mas”.

10. Os corações dos homens outrora estéreis quanto à espiritualidade, os fará com que,
mediante o derramamento do Espírito pelo Messias, produzam os frutos de justiça (Is_5:6;
Dt_32:2; 2Sm_23:4; Sl_72:6).

e a neve — a qual protege as plantas da geada no inverno, e uma vez derretida na primavera,
rega a terra.
e para lá não tornam — vazia, como no v. 11; não volta na mesma forma, ou sem “cumprir” o
fim desejado.

11. (Mt_24:35). A chuva pode nos parecer perdida quando cai num deserto, mas cumpre
algum propósito de Deus. Assim a palavra evangélica, caindo num coração duro, no final
produz alguma mudança; e embora não o produzir, deixa o homem sem desculpa. O total
cumprimento deste versículo e dos vv. 12 e 13, deve efetuar-se no final da restauração dos
judeus e da conversão do mundo (Is_11:9-12; 60:1-5, 21).

12. Saireis — dos vários países em que vocês (os judeus) estão espalhados, para sua terra
(Ez_11:17).

guiados — guiados pelo Messias, o seu “Guia” (v. 4; Is_52:12; Mq_2:12-13).

Isaías (Jamieson-Fausset-Brown) 357

montes … árvores — Imagens usadas para expressar a aparente participação da natureza na


alegria do povo de Deus. Pois quando o pecado for eliminado, o mundo da natureza será
libertado de “vaidade” e renovado, de sorte que estará em harmonia com o mundo moral
regenerado (Is_44:23; Sl_98:8; Rm_8:19-22).

13. espinheiro — emblema dos ímpios (2Sm_23:6; Mq_7:4).

cipreste — os piedosos (Is_60:13; Sl_92:12). Cf. quanto à mudança que terá que efetuar-se,
com Rm_6:19.

sarça — emblema de falta de cultivo (Is_5:6).

murta — em hebraico, hedés, do qual procede Hadassa, nome original de Ester; tipo da igreja
cristã, por ser uma planta baixa, embora seja um arbusto belo, fragrante e sempre verde
(Sl_92:13-14).

por nome, por sinal eterno (RC) — para glória de Jeová (Jr_13:11; Jr_33:9).

b. BUSQUEM O SENHOR (55.1-13)

(1) Comam o que é bom (55.1-5)

1 Oh, todos os sedentos,*^^ venham*^" às águas; e quem não tiver prata,

venha, compre e coma.

Venham, comprem*^' sem prata e sem preço, vinho e leite.

2 Por que pesam prata por aquilo que não é pão, e seu labor por aquilo que não satisfaz?

Ouçam-me atentamente, e comam bondade,

e que sua alma*^ se deleite em gordura.*^^

3 Inclinem seus ouvidos e venham a mim; ouçam, e sua alma viverá.*’’*

Então certamente*^^ eu cortarei em seu favor uma aliança eterna.


471. IQIs* omite “e comam. Venham, comprem”, um erro positivamente óbvio dos olhos por
homoioteleuton (IQls'’é interrompido). Esta omissão não endossa a LXX (e alguns manuscritos
da Siriaca), que não tem “Venham, comprem”, mas que é um erro independente. É difícil
explicar como o MT pôde ter surgido de um erro mecânico (ditografia), visto que “e comam”
intervém, porém não é repetido. Mas a LXX poderia ter intencionalmente excluído o que viu
ser uma repetição desnecessária. Cf. também Barhélemy, Critique, pp. 409-10.

472. É incorreto traduzir aqui nepes como “apetite” (com faz Skinner com base em 56.11 ),
como mostra uma comparação com seu uso no versículo 3.

473. Heb. deSen é primariamente usado em passagens poéticas para falar de abimdância.
Nimia sociedade onde o alimento era às vezes limitado e sem variedade, azeites e gorduras
eram uma bênção particular.

474. MT út^hi éuma forma jussiva. IQIs" tem um indicativo imperfeito, IQIs'’endossa MT

475. MT tem uma forma cohortativa (ou intensiva), w^'ekr^tâ. IQIs* tem um indicativo
imperfeito, w'krwt. IQIs'’ endossa MT.

as infalíveis misericórdias de Davi.

4 Eis que*^^fiz dele uma testemunha aos povos, um líder e um comandante aos povos.

5 Eis que chamará*^"' uma nação que você não conhece, e uma nação que não o conhece
correrá para você/’’ por causa do Senhor seu Deus,

e do Santo de Israel, porque ele o glorificou.

O capítulo 55 é a segunda parte da celebração que Isaías apresenta da obra do Servo. Na


primeira parte (cap. 54), ele repetiu os efeitos dessa obra quando a alienação de Israel, de seu
esposo, é curada e quando sua pobreza e desespero espirituais são substituídos pela gloriosa
cidade de justiça. Agora ele passa do modo descritivo para o modo prescritivo, apelando a
Israel que receba o que agora é seu. Os versículos 1-7 tem 12 verbos imperativos ou jussivos,
por meio dos quais o profeta implora a Israel que não perca o que Deus tem para ele, mesmo
quando o que Deus já disse não é inteiramente compreensível (vs. 8-

11). A celebração termina com uma promessa (vs. 12,13), utilizando a linguagem de
restauração do exílio, mas também a linguagem da natureza se regozijando, que tem
tipicamente acompanhado passagens acerca do Servo e sua obra (42.10; 44.23; 49.13).

O capítulo pode ser dividido em dois (ou três) segmentos: versículos 1-5,6-13 (ou 6-11,12-
13).“'*® A primeira seção convoca o povo a

526 ISAÍAS 55.1-5

476. MT e 1 Qls*' tem hSn, “eis” ou “se”; I Qls* tem hlnnih, “eis”. Assim também o versículo 5.

477. A LXX e o Targum tentam resolver a aparente descontinuidade neste par de fonnas
opostas. A LXX tem “o invocará” para o MT “o chamará", enquanto o Taigum tem “nâo o
conhece” para o MT “você nâo sabe".

478. O verbo aqui é segundo masculino singular, como sào os outros verbos e pronomes na
segunda pessoa neste versículo.
479. MT tem terceiro masculino plural, yani^ú; IQIs* tem terceiro masculino singular, j'ru)í (em
concordância com singular “naçâo"). IQIs'’ é interrompido.

480. Muitos estudiosos recentes vêem o versículos 6-13 como o “epílogo” dos capítulos 40- 55,
em paralelo com o suposto prólogo de 40.1-11 (ver, p.ex., Whybray; Melugin, Formaüon, pp.
86-87,174; Spykerboer, Stmcture, pp. 182-85). Sem dúvida há algumas semelhanças amplas
entre os dois, sem diminuir a aUnosfera de jubilosa promessa e encorajamento. Além disso,
conmdo, é dificil encontrar similaridades detalhadas, quer na estrutura ou no tema. Parece
mais provável, como supra-afirmado sobre o capítulo 40, que todo o capítulo é introdutório
aos capítulos 41 -55 em geral, e aos capítulos 41-48 em particular, com o capítulo 41
começando o material especifico dos capítulos 41-48. O capítulo 55 funciona da mesma forma.
Como o capímlo 40, todo o capítulo fiinciona como uma unidade; é dificil separar os versiculos
6-13 dos versículos 1 -5. Ambos os segmentos estâo fazendo um enfoque único: corresponder
às promessas divinas. Com esse ponto, o capitulo 55 conclui os capitulos 49-54 em particular,
mas também os capitulos 40-54 em geral. Em toda a divisão. Deus tem cbamado seu povo a
ouvir e a crer nas espantosas promessas que lhes tem feito. Aqui as promessas são reiteradas
de forma breve e apresentada a exortação final.

481. Skinner a chama “uma passagem verdadeiramente evangélica”.

ouvir e a receber a maravilhosa promessa de Deus de uma nova aliança com base na antiga
feita a Davi. Parte do prodígio dessa aliança é que ela é gratuita. Enquanto os deuses deste
mundo requerem um elevado preço pelo que, finalmente, não passa de pó e cinza, o Senhor
oferece gratuitamente uma relação que jamais terminará e que tem implicações universais.“**'

A segunda seção é vinculada à primeira pela continuação do modo imperativo, porém se move
para uma relação causal (note a repetição do ki causal no início dos versículos 8,9,10 e 12).
Pode parecer que Deus seria incapaz de oferecer restauração ao povo perverso, e que seria
fütil buscar o Senhor como o profeta está usando, porém ele diz que devemos prosseguir (vs.
6,7), porque: (1) nossa compreensão não é a medida do que Deus pode fazer (vs. 8,9);“**^ (2)
a palavra de Deus é fidedigna (vs. 10,11); e (3) Deus promete resultados maravilhosos (vs.
12,13).

A despeito da proeminência da exortação no capímlo, o tom nâo é de desaprovação como o do


capítulo 48. Aliás, é de encorajamento e esperança. Em termos da estrutura do pensamento no
livro, algo tem acontecido que muda completamente o quadro. Se quiser, o povo de Deus pode
ver a face de Deus que é receptiva e aprovadora. Podem receber de Deus uma palavra infalível,
que nada tem a ver com a inescapabilidade da destruição, mas com a certeza de um futuro
brilhante. O que tem acontecido por causa dessa mudança de tom? Uma única coisa: o anúncio
da obra do Servo. Em virtude do que ele fez, a face do Senhor para seu povo não é tormentosa,
mas ensolarada. O “braço do Senhor” tem sido revelado contra o que os separara de Deus: seu
pecado não expiado. A única coisa que devem fazer é aceitar a oferta pelo pecado que o Servo
ofereceu (em prospecto) e receber a misericórdia de Deus que essa oferta ocasiona. Se agirem
assim, sâo deveras capazes de tomar-se servos de Deus no mundo, posição essa para a qual o
livro esteve olhando ao menos a partir do capítulo 2.

481. Skinner a chama “uma passagem verdadeiramente evangélica”.

482. Sobre este ponto, ver J. Sanders, “Isaiah 55:1-9”, Jní 32 (1978) 291-95.
1. Oh! é a mesma palavra traduzida em outro lugar por “Ai!” ou “ah!” Alguns comentaristas
(p.ex., Delitzsch) sugerem que ela retém algo daquele tom de tristeza aqui, visto que Israel tem
buscado tantas opções insatisfatórias. Mas a maioria crê que a conotação tem sido diminuída
numa chamada de atenção mais geral.“*^ Mas, mesmo como tal, sua presença aqui,
juntamente com os cinco imperativos neste versículo, dá um forte sentido de urgência e
importância ao que segue. O leitor sabe que o que está sendo dito aqui não é simplesmente
uma continuação prosaica de um discurso prévio.

Falando, respectivamente, por Deus e como Deus, o profeta emite um perplexivo convite: toda
pessoa sedenta é convidada a vir às águas. Em outros lugares deste livro, água é associada ao
dom do Espírito de Deus, derramada sobre o solo que foi ressequido pelo pecado e
desobediência (32.15; 44.3).“*“ Nesses lugares, esta água espiritual é uma promessa. Agora,
quem for convidado deve vir e recebê-la.“®’ O convite traz à mente os comentários de Jesus á
mulher samaritana (Jo 4.10- 14) e seu convite altissonante no templo (Jo 7.37,38). Westermann
sugere que 0 clamor aqui, e sua reiteração, refletem os vendedores orientais de jarro de
água.“** Mas o argumento de Begrich, seguido por outros, é que a idéia está exemplificada no
clamor de Sabedoria, quando ela convida seus ouvintes ao seu banquete (Pv 9.5,6).“*’
Nenhuma destas sugestões afeta muito a interpretação desta passagem. O ponto é que um
convite geral se estende a pessoas que não têm nenhum recurso para receber graciosamente
as coisas que desesperadamente necessitam.

comprem traduz Sibrü, que é especificamente associado à aquisição de grãos (Gn 41.57;
42.2,5), e Cheyne diz que sua associação aqui com vinho e leite é prova, caso seja necessário,
que não está em pauta

528 ISAIAS 55.1

483. Ver Wallke-O’Connor, Syntax, §40.2.4a.

484. Note também a associação do Espírito com o Messias davidico (11.2) e o Servo (42.1;
61.1).

485. Schoors (IAm Cod, pp. 146-50) equipara esta sede com a sede de Deus (SI 42.3 [Eng. 2];
63.2 [Eng. I]), e sugere que o contraste é com os deuses pagãos que não podem salvar.

486. Westermann aprova este ponto em apoio ao MT (ver n. 470 supra), mas R. Clifford nega
qualquer evidência em apoio de tal comportamento na antigüidade (“Isaiah 55: Invitation to a
Feast”, in The Word of the Lord Shall Go Forth, Fest. D. N. Freedman, ofg. C. Meyers e M.
O’Connor [Winona Lake, Ind.: Eisenbrauns, 1983], pp. 27-35).

487. Begrich, Studien zu Deuterojesaja (Munique: Kaiser, 1963), pp. 59-60. Clifford (“Isaiah 55”)
levou Begrich um passo a mais argumentando que ela reflete um convite divino a uma festa de
vida, e que aqui temos um apelo aos israelitas a regressarem ao santuário de Deus, onde
acharão vida. Mas sua argumentação depende questionáveis paralelos ugaríticos.

o alimento literal. Em qualquer caso, seu uso aqui é paradoxal, pois como é possível comprar
algo sem dinheiro? Mas esse é quase certamente 0 foco de seu uso aqui. Qualquer coisa de
valor tem seu preço. Daí, visto que esta substância espiritual tem valor, deve ser recebida por
algo de igual valor. De maneira chocante, Isaías diz que ela pode ser adquirida, comprada, sem
preço. Qual mercador pensaria em vender seus utensílios isentos de encargos? Deus, porém, o
faz! Como ele pode fazer isso? Seria o caso de algum outro ter pago o preço? Em qualquer
caso, podemos ter algo necessário à vida - de graça. Por que esperar para aceitar o convite?***

2. Este versículo continua o pensamento do versículo 1 à guisa de contraste. Quando uma


pessoa pode ter por nada uma rica vida espiritual, por que pesar prata por aquilo que não é
pão? A figura aqui reflete o meio de pagamento mediante o uso comum de moedas. Às
quantidades de metais preciosos eram designados certos valores e eram pesados no momento
da aquisição. Que o verbo singular, pesar, serve para ambas as colas, pressupõe que trabalho
inclui o pagamento monetário pelo trabalho de alguém, de modo que, no pagamento por algo,
a pessoa não está meramente dando metal precioso, mas realmente ressarcindo seu trabalho.
Este contraste entre trabalhar por nada e receber por nada está no centro do pensamento
cristão. O labor de alguém para se justificar aos olhos de Deus só produz morte; mas desistir
alguém de seus próprios esforços e receber o dom gratuito da morte expiatória de Cristo
eqüivale a ter vida etema (Rm 6.23). Pieper diz bem que o curso da vida de pecado consiste
nesse esforço fütil - a tarefa de Sísifo.

Os comentaristas que crêem firmemente na hipótese do “Deutero- Isaias” se vêem obrigados a


fazer esta passagem adequar-se ao suposto cenário histórico do exílio. Formulam a hipótese de
que as pessoas que tinham crescido confortavelmente com as possessões materiais de
Babilônia estão sendo encorajadas a abandoná-las na esperança de obterem maior satisfação
espiritual no regresso à pátria. Requer-se menos conjetura entender que o profeta não está se
confinando a um único cenário histórico.“*’ Embora use o exílio como uma fonte primária de

488. Há uma relação paradoxal semelhante no convite dc Jesus em Mateus 11.28,29. Ele nos
chama a ir a ele e achar descanso pondo um jugo (que é leve).

489. Para uma hipótese ainda mais envolvida, ver J. Morgenstem. "Two Prophecies from 520-
516 B.C.”, HUCA 22 (19949) 365-431.

sua imagem, ele está falando da condição perene do coração humano em todos os cenários
históricos.

Este ponto é confirmado pelo paralelo de ouçam, comam e deleitem-se, bem como ao uso de
alma {nepeS). Como alguém come deste alimento e se deleita em sua riqueza? Ouvindo
atentamente (o verbo é enfatizado pelo infinitivo absoluto imediatamente seguinte) as palavras
que Deus fala ao profeta. Este não é alimento israelita como oposto ao alimento babilônico,
mas a vitalidade espiritual que flui da obediência a Deus como oposta aos mimos de um
mundo edificado sobre a rebelião contra ele. O comentário de Whybray de que uma distinção
entre o espiritual e o material teria sido sem sentido para os hebreus é tão incorreto quanto
seria dizer que os hebreus não podiam pensar em termos abstratos. Por certo que eles não
preferiam separar o abstrato do concreto, ou o espiritual do material, a separar categorias
lingüísticas, mas evidentemente entendiam que havia certa diferença entre elas, como mostra
seu uso de imagens materiais para as realidades espirituais.'**

O ponto recém-enfatizado é bem ilustrado no uso hebraico de nepeS. Embora não contemos
com evidência para crer que os hebreus pensavam acerca de “a alma” como uma entidade
separada, quando usam a palavra estão pensando na realidade espiritual particular da vida,
seja ela traduzida “ego”, “ser” ou “pessoa”. Ela não é a “carne” nem o “coração” nem o
“espírito”. De alguma forma, ela é a soma de todos estes. E assim, quando o profeta diz que
aquele que ouve ao que ele diz, sua alma se deleitará em gorduras, eie está dizendo que a
pessoa como um todo, em vez de ser palha ao vento, será uma árvore plantada junto à água (SI
1), se simplesmente “buscar o Senhor” (v. 6).

3. O profeta sublinha o ponto recém-enfatizado e o expande para falar dos benefícios que
sobrevirão aos que o ouvem. Além disso, os ingredientes essenciais para a vida de uma pessoa
{sua [plural] alma) estão ouvindo a Deus e vindo para ele. Isso nada tem a ver com o regresso
de Israel e o alimentar-se ali. Tem a ver com a renúncia da incredulidade e rebelião e a
aceitação das provisões divinas para a vida com Deus através do sacrifício do Servo. Além disso,
o uso de “alma” aqui não é em contraste com o corpo ou o espírito. Está falando da

490. Jesus, que certamente nâo fora educado na filosofia grega, nâo tinha dificuldade em
distinguir entre as duas esferas (Jo 4.10-14,31 -34).

mais plena realidade da vida humana. Se não ouvirmos a Deus, não podemos ser plenamente
humanos (Rm 3.23).

Deus oferece dois benefícios específicos aos que vierem a ele e receberem o que ele
graciosamente oferece. O primeiro é uma aliança eterna. eterna aqui talvez aponte para o
contraste com a aliança condicional do Sinai; a ligação com a aliança davídica incondicional
poderia corroborar esse ponto de vista. Mas é provável que não esteja em pauta nenhum
contraste; talvez a afirmação seja simplesmente, como em 54.8, que o amor de Deus, e seu
compromisso, não são mutáveis. O povo poderia sentir que a destruição de sua pátria e o exílio
fossem sinais de que Deus se esqueceu de sua aliança, mas aqui ele afirma que jamais fará
isso.“”' Todos necessitam de experimentar aquele amor pactuai imutável e de responder
positivamente ao convite.

E significativo que neste ponto apareça “aliança”. Como Isaías, Jeremias entendia que, se a
aliança entre Deus e Israel, que era central na aüto-interpretação de Israel, estava para ser
mantida depois do exílio, teria que ter uma nova base. Ela fora quebrada, e por isso, num
sentido real, anulada. Jeremias proclamou uma “nova aliança”, diferente da antiga no sentido
de ser internalizada (Jr 31.31). Isaías, de uma forma muito interessante, fala em termos da
aliança com Davi. E como se ele intencionalmente evitasse a aliança mosaica com suas
questões não resolvidas, e passa para a davídica, a qual, embora tivesse suas próprias
questões, não obstante oferecia algumas novas opções. Uma dessas opções era messiânica.
Como a nação iria continuar em aliança com Deus? Mediante a vida e obra do Messias
davídico. Deus fizera promessas irrevogáveis a Davi.“’^ Como ele manteve essas promessas,
Israel podia participar das bênçãos. Como Davi experimentou as infalíveis misericórdias de
Deus (atos plenamente fidedignos do amor pactuai - hesed), assim Israel podia igualmente
participar delas.“”

491. W. Brueggemann tem afirmado que todo o capitulo está estruturado em harmonia com a
forma pactuai: a graça de Deus (vs. 1-5); apelo a concordar com a aliança (vs. 6-9); fidelidade
da palavra de Deus (vs. 10,11 ); bênçãos pactuais (vs. 12,13) (“Isaiah 55 and Deteronomic
Theology”, Z/IH'SO [1968] 191-203). Se o argumento pode ou não ser mantido com detalhes,
ele sublinha a importância da aliança para o pensamento do capítulo.

492. Cf. 1 Samuel 25.28; 2 Samuel 7.12,16; 1 Reis 8.23-26 (paralelo 2Cr 6.14-17); 1 Crônicas
17.23-26; 2 Crônicas 1.9; Salmo 89.35-38 (Eng. 34.37).
493. H. G M. Williamson (“‘The Sure Mercies of David’: Subjective or Objective Genitive”, JSS 23
[1978] 31-49) provavelmente esteja certo quando afirma que o contexto nâo apoia a polêmica
de A. Caquot (“Les grâces de David: A propos d’Is. 55,3b”, Sem 15 [1965] 45-59; cf também
Bonnard) de que as misericórdias sâo as que o Messias davidico dá a seu povo. Como
supramencionado em 54.6-8, liesed é de particular importância para a teologia israelita. Ela
expressa o favor imerecido de Deus para com seu povo. Dá-se proeminência com respeito a
Davi (IRs 8.23 [paralelo 2Cr 6.14); SI 89.50 [Eng. 49]).

E assim para Isaias a nova aliança parece estar inseparavelmente vinculada às esperanças
messiânicas. Isso não surpreende quando se examina a primeira parte do livro. Pois ali a
questão da casa de Davi é de central importância. De um lado, mostra-se quão corruptos e
assustados (7.2,13) se destinavam a terminar seus dias na servidão de um rei babilônio (39.7).
Não obstante, ao mesmo tempo a casa de Davi é descrita como o filho, o renovo de Jessé,
através de quem o reino de Deus será estabelecido (8.8-10; 9.1-6 [Eng. 2-7]; II. 1-16; 16.5; 32.1-
5; 33.17- 22). E assim somos deixados no fim do capítulo 39 com uma tensão não solucionada:
como podem ambos estes pontos ser verdadeiros? Então vêm os capítulos 40-55, os quais
culminam no ministério do Servo que fará exatamente o que o Messias davídico estava para
fazer ao trazer justiça à terra (9.6 [Eng. 7]; 11.4,5,10; 16.5; 42.1-4; 49.5-9). Quando, pois, somos
informados que a aliança que há de seguir a obra do Servo é uma renovação da aliança
davídica, a qual é descrita como estando radicada no eterno h^sed de Deus, parece claro que o
escritor (ou editores) do livro tencionam colocar as passagens sobre o Servo num cenário
messiânico, e radicar a nova aliança no contexto da obra do Messias davídico.“*“

4,5. Estes dois versículos, os quais começam com uma chamada de atenção, Eis, descrevem
dois ministérios. O primeiro, no versículo 4, parece ser o do Davi histórico.“’’ O referente do
segundo é menos definido. Comentaristas mais recentes (p.ex., Muilenburg, Whybray) o têm

494. Em um influente ensaio, O. Eissfeldt argumentou que a ênfase aqui é que a aliança dc
Davi, na destruição da linhagem davidica, foi transferida para Israel, e que Israel receberá o que
Deus anteriormente disse a Israel (“The Promise of Grace to David in Isaiah 55:1-5”, in Israel’s
Prophetic Heritage, Fest. J. Muilenburg, org. B. Andrson e W. Harrelson [Nova York: Harper
Bros., 1962], pp. 196-207). Este ponto de vista presume uma divisão dos capitulos 1-39, onde
certamente isso nâo foi dito, dos capitulos 40-66. A presente interpretação da unidade literária
do livro (à parte da questão sobre autoria) poria este ponto de vista em dúvida. Ver mais sobre
os versiculos 4 e 5 abaixo. Entre os escritores mais recentes, Kissane também situa a nova
aliança no contexto do Messias messiânico. Sobre o reino davidico nos profetas, ver K. Seybold,
Das davidische Königtum im Zeugnis der Propheten, FRLANT 107 (Göttingen: Vandenhoeck &
Ruprecht, 1972).

495.0 pretérito dos verbos, no versiculo 4, e o tempo futuro, no versiculo 5, toma bem defmido
que o versiculo 4 se destina como uma descrição do Davi histórico. A afirmação de Muilenburg,
de que a estrutura da estrofe (vs. 4,5) demanda que a referência seja a Israel no versículo (por
ter concluído que o v. 5 se refere a Israel?) nâo é um exemplo de boa argumentação.

tomado como uma referência a Israel.“”* Isso é certamente possível, visto que em alguns casos
a glória do Israel redimido atrai as nações a (p.ex., 60.1-3; ainda que nenhum texto diga que
Israel chama as nações). Mas este ponto de vista atenua facilmente demais a mudança no
número dos versículos 1 -3 para o versículo 5 (supra-observado). Nos versículos anteriores,
onde a referência a Israel parece inequívoca, o número é plural. Mas, no versículo 5, ele é
singular em toda parte. Este fato dificilmente é evidência conclusiva de que uma mudança de
referente tenha ocorrido, mas que a possibilidade merece mais consideração do que tem
recebido. A possibilidade de que Deus esteja falando ao Servo como o Messias davídico se
ajusta bem a passagens tais como

50.10, onde os justos são chamados para ouvir a voz do Servo. Ela também se ajusta às
passagens que falam do Servo trazendo luz às nações e atraindo as nações a Deus.“’’ Por certo
que até onde Israel aceita

o Servo e se identifica com ele, as afirmações do versículo 5 também se aplicam a ele, mas o
referente primário seria o Servo/Messias, que torna possível tal chamado.

Como já se observou, o uso de Eis no início de cada um dos versículos convida o leitor a
comparar os dois. Mas os termos também servem para chamar a atenção para as ênfases
particulares. Com respeito a Davi, o enfoque é surpreendente, pois o autor usa um termo que
nunca se aplica a ele nos livros históricos; uma testemunha. Ao agir assim, o escritor então
adapta, como o entendemos, as duas descrições mais esperadas que seguem; líder e
comandante.“’* Parece provável que “testemunha” foi particularmente escolhido aqui por
causa de sua importância nesta parte do livro. A função de Israel como servo do Senhor fora
identificada várias vezes como sendo uma testemunha às nações do poder e glória de Deus
(43.10,12; 44.6). Daí, ao preparar-se para falar do ministério do Messias davídico, o profeta
enfatizou este aspecto da vida e obra de Davi. Ao exercer as funções de líder e comandante,
Davi finalmente deu testemunho do poder de Deus. Ao conquistar a hegemo-

496. Isso está em direto contraste com os primeiros comentaristas, entre os quais a posição
aceita era que a referência era ao Messias.

497. Ver Isaías 11.10; 42.4; 49.6,7; 51.4,5; 66.18. Para uma resposta ao argumento de que as
passagens sobre o Servo são também referência a Israel, ver o comentário sobre essas
passagens.

498. Heb. nogtd. “líder”, poderia ter sido usado por causa das desagradáveis conotações de
“rei” depois do fracasso da casa de Davi anterior ao exílio. Mas é também um termo que
evidentemente tinha conotações messiânicas (ver Dn 9.25).

nia sobre as nações vizinhas, havia razão para crer que seu Deus era de fato Deus. Nem se deve
ignorar que em seus salmos também deu testemunho das verdades concernentes ao caráter e
natureza de Deus. Razão por que Isaias dá uma nova coloração ao ministério de Davi. Ele não
estava propriamente edificando um reino ao declarar o caráter do único que pode ser chamado
Rei de toda a terra.“”

5. Se estamos certos entendendo a significação do uso singular aqui como apontando para o
Messias davídico, este versículo recebe significação adicional. É quando Deus mantém sua
promessa feita a Davi, de que nunca faltaria um descendente no trono de Israel, que o mundo
experimenta as “misericórdias infalíveis” de Deus. Esse descendente se toma aquele por meio
de quem o ministério de Israel vem a ser possível. Quando ele chama a si todas as nações,
estas vêm correndo ao encontro de Israel a fim de aprender os caminhos do Deus de Davi (2.3;
42.4; 66.18,21). Quando ele der testemunho do poder de Deus em libertar todo o povo, de
todos os lugares, do poder de seu pecado, então Israel terá algo de que testificar e será
capacitada a participar do poder do Messias. Quando Deus glorificar (p’r) a si mesmo através
do Servo (49.3; 61.3; cf 4.2; e também Jo 17.4), Israel será glorificado.’“ Aquele que promete
tudo isso nada mais é que o Santo de Israel, aquele que deve ser obedecido, uma vez que ele
tem em suas mãos todo o poder (5.24; 37.24; 45.11,12), e aquele que deve ser amado porque
ele está para ser, na extensão mais plena, o Redentor de seu povo (12.6; 43.3;

49.7).

(2) Minha palavra não voltará vazia (55.6-13)

6 Busquem o Senhor enquanto pode ser achado;^' invoquem-no enquanto estáperto.^^

1 Que o perverso abandone seu caminho, e o homem de iniqüidade, seus pensamentos;^^

499. Para mais discussão, ver J. Eaton, “The King as God’s Witness”, ASH 7 (1970) 25-40.

500. Ver Isaias 46.13; 60.7; 60.19; 62.3; etc.; cf. também João 17.22. Em Isaias 4.2, o Messias é
chamado o “Renovo” (femah), como também em Jeremias 23.5; 33.15; Zacarias 3.8; 6.12.

501. A LXX e a Siríaca têm “e quando vocês o acharem”; o Tatgum, “enquanto vocês ainda
viverem”; a Vulgata e IQIs* endossam MT.

502. A LXX tem “e quando ele estiver pertoo Targum, “enquanto ainda viverem”; Siríaca,
Vulgata e IQIs* endossam MT.

503. Heb. mahs^bst, “pensamentos”, amiúde tem uma conotação negativa, por exemplo,
“tramas” ou “esquemas” (cf. 59.7; 65.2; Jr 11.9). Mas o paralelo com os “pensamentos” do
Senhor, no versículo 8, a menos que seja irônico, pressupõe que o sentido mais neutro está em
pauta aqui.

que se converta ao Senhor que pode ter compaixão dele,^ e a nosso Deus, pois ele perdoará
ricamente.^^

8 Porque meus pensamentos não são os seus pensamentos, e seus caminhos não são os meus
caminhos, diz o Senhor.

9 Pois, como os céus são mais altos^^ que a terra,

assim meus caminhos são mais altos que os seus caminhos, meus pensamentos, que os seus
pensamentos.

10 Pois como a chuva e a neve descem do céu, e para lá não voltam

antes de haver regado a terra, e a façam produtiva e a façam brotar, e tenha produzido
semente para o semeador e pão para o que come,^^^

11 assim é minha palavra que sai de minha boca: não voltará para mim vazia,

mas só depois de haver feito aquilo que eu desejo, e tenha concretizado aquilo para o quê a
enviei para fazer.^'^

12 Certamente vocês sairão com júbilo, e em paz serão guiados.

8, a menos que seja irônico, pressupõe que o sentido mais neutro está em pauta aqui.

504. A LXX tem “e ele achará misericórdia”; IQIs* e as demais versões endossam MT.

505. Sobre a construção yoíi&e/i Uslõafi, lit. “ele multiplicará perdoar”, e a tradução “ele
perdoará abundantemente” (com o verbo principal fiincionando adverbialmente), ver GKC,
§ll4n n. 2.
506. MT não tem uma preposição comparativa (k- ou ka'°Ser; cf. v. 10) emgbkw. Mas todas as
versões a expressam, e IQIs* tem kgwbh (IQIs^ é idêntico ao MT). Mas, como GKC, §l61b,
indica, não se sabe por que esta preposição é omitida no início de uma composição (cf. 62.5; Jó
7.9; Sl 48.6 [Eng. 5]; Jr 3.20; Os 11.2). E assim a presença da preposição nas versões pode nâo
refletir uma variante textual real, mas meramente o requisito do alvo da linguagem a fim de
expressar o pensamento. Cf Kutscher, Language, pp. 320-21, para a prioridade do MT.

507. IQIs* tem Vkwl, aparentemente o constructo infinitivo, li. “para comer”, em lugar da
preposição no MT mais particípio, l’kl, “para o que come” (a menos que o waw no IQIs* tenha
sido mal colocado depois do ’, em cujo caso a forma também seria um participio). A LXX tem
“para alimento” (pressupondo o heb. la’Okel, as mesmas consoantes do MT). IQIs'’ e as demais
versões endossam MT,

508. A LXX tem “farei prosperar seu caminho e meus mandamentos”. Todas as demais
autoridades endossam MT,

509. Para MT túòtlün, IQIs* tem llkw, “você irá”; a LXX, “você será ensinado”; o Targum, “você
será conduzido á sua terra.” IQIs\ Siríaca e Vulgata endossam MT, que é a redação mais difícil.
Cf. Kutscher, Language, p. 229. Diversos comentaristas (p.ex., North) declaram que ybl.

Os montes e as colinas irromperão diante de vocês com grito; e todas as árvores do campo
baterão^'" palmas.

13 Em lugar do espinheiro^" crescerá o cipreste, e em lugar^'^ da sarça^'^ crescerá a murta.

E ele se tornará um nome^'* para o Senhor, e um sinal eterno que jamais será extinto.

Depois das promessas dos versículos 3-5, o escritor retoma ao método de convite (cf. vs. 1-3). A
continuação do modo imperativo e jussivo, nos versículos 6 e 7, bem como o tom largo do
convite, são argumentos de que este segmento (vs. 6-13) se destinava a ftincionar como uma
unidade com os versículos 1-5. Alguns estudiosos desmembram os versículos 12 e 13 dos
versículos 6-11, mas as promessas ali são em certo sentido uma continuação da promessa do
versículo 7 depois da substanciação dos versículos 8-11.’” Os que buscam o Senhor e recebem
seu abundante perdão de fato sairão com júbilo, e seu livramento será um nome para o
Senhor.

6. O Senhor tem se aproximado de seu povo, não só na obra do Servo que já foi predita, mas
também na proclamação do profeta em todo o livro, especialmente do capítulo 40 em diante. É
evidente que ele está mais que pronto a deixar-se encontrar (cf. também 65.1). Ele quer
confortar o desesperado, perdoar o pecador e libertar o preso. O que resta a ser feito por essas
bênçãos a serem experimentadas? Uma única

coisa: devemos buscá-lo, invocá-lo. Muitos comentaristas (p.ex., Westermann, Whybray)


concordam que essas ações originalmente eram mais cúlticas em sua natureza, mas que se
tomaram mais “espirituais” por causa da obra dos profetas e o efeito do exílio. Embora esta
tese seja certamente possível, a evidência em seu apoio nào é totalmente convincente. Por
uma só coisa ela assume uma divisão entre “cúltico” e “espiritual” que não é necessariamente
o caso. O verbo dãraS, “buscar”, pode ter a conotação de sair em busca de um oráculo (IRs
22.7), mas isso nem sempre implica um contexto cúltico (2Rs 22.13,14). Muito mais importante
para o presente contexto, a palavra é regularmente associada, nos profetas e em outros textos,
com o arrependimento (Is 9.12 [Eng. 13]).’“ Se de fato existe uma distinção, parece ser entre
uma “busca”, que é primariamente por informação acerca de Deus, que pode ser ou sincera ou
insincera, e uma “busca”, que é pela presença de Deus e seus caminhos na vida de quem
busca.**’ O último sentido é claramente usado aqui. Isaías informa a seu povo que o que eles
buscam não é informação acerca de Deus, mas sua presença e seu caráter, dons que ele anela
conceder-lhes.

7. Qualquer dúvida acerca do conteúdo do versículo anterior é solucionada por este versículo.
Quando abandonarem a perversidade e voltarem para o Senhor, então estarão realmente
buscando-o e invocando-

0. Em Ezequiel, é explícito o desgosto profético (e divino) com os que estavam constantemente


buscando uma palavra do Senhor, porém nunca buscavam o Senhor mesmo (p.ex., 2.1-4), mas
esse deve ter sido o caso com todos os profetas (cf Is 58.1,2). Nós humanos queremos os dons
divinos, porém estamos sempre temerosos de deixar o Doador tomar posse de nossas vidas,
para não perdermos nosso ilusório senso de controle. Por isso Isaías nos lembra qual
exatamente a razão de “buscarmos o Senhor”: para nos convertermos de nossa perversidade e
iniqüidade.

Segundo Westermann e outros estudiosos reconhecem, este versículo dá a este segmento um


matiz muito mais universal do que uma simples referência ao regresso do exílio.”* O problema
para os israelitas (e

516. Ver Deuteronômio 4.29; Salmos 14.2; 77.3 (Eng. 2); 78.34; Jeremias 29.13; Lamentações
3.25; Oséias 10.12; Amós 5.4-6.

517. Ver as discussões em S. Wagner, TDOT, 111:293-307; C. J. Coppes, TWOT, 1:198-99.

518. Ver também Spykerboer, Síructure, p. 184. Infelizmente, em virtude de sua insistência de

todos nós) é muito mais que mera escravidão e opressão físicas.’” Não importa quão reais estas
questões sejam, e quão carentes de solução sejam, elas não constituem a palavra final. A
questão máxima é como seres humanos pecaminosos podem viver com um Deus santo.
Resolver as questões anteriores sem resolver esta eqüivale a nenhuma solução. Mas, uma vez
solucionada esta, as demais podem ser superadas. Se nos é possível encontrar paz com Deus,
então temos acesso ao seu poder e à sua eternidade. E assim nada pode, finalmente, derrotar
os que assim procedem.

Quando o perverso e o homem de iniqüidade se convertem ao Senhor, não se depararão com


ira justa e justiça retribuitiva. Em vez disso, se depararão com compaixão e perdão
multiplicado. Como isso é possível? A posição deste capítulo, subseqüente ao capítulo 53, bem
como a marcante mudança de tom dos capítulos 54 e 55, supra-obser- vada, pressupõem que
isso se deve à obra do Servo. Visto que “sua sepultura foi designada com o perverso” (53.9), e
“o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós” (53.6), portanto nós, perversos e
iníquos por natureza, podemos ser tratados como se fôssemos justos (53.12). Esta é a questão
que o exílio suscita: pode uma pessoa, cujo pecado a afastou da presença de Deus, como
representado pela terra prometida, ainda ser restaurada a essa presença? Restauração para
Israel não é propriamente restauração da relação interrompida pelo pecado. As palavras
usadas aqui mostram que o profeta entende bem esta questão. Pois “perversidade” e
“iniqüidade” não eqüivalem a deixar de crer que Deus podia libertar de Babilônia. Essa questão
foi tratada conclusivamente nos capítulos 40-48. Esta é a questão da rebelião humana contra
Deus e seus caminhos. A menos que Deus possa perdoar esta rebelião sem causar zombaria de
todo seu sistema de justiça, o mero livramento de Babilônia resultaria em nada. O fato de Deus
se prontificar com compaixão e abundante perdão em sua mão declara que uma via já foi
encontrada e que aqueles que se converterem de sua rebelião, confessando seu pecado e
aceitando a oferta pelo pecado da parte do

538 ISAIAS 55.7

que o regresso do exílio é tudo o que a passagem expressa, a resposta desses estudiosos é que
se deve eliminar o versiculo, a despeito da ausência de qualquer evidência textual em apoio de
tal açâo.

519. Cf. a estrutura do livro de Êxodo, a qual leva do livramento da escravidão pela
promulgação da aliança ao clímax, ou seja, a habitação do Senhor entre o povo (40.3S). O foco
do êxodo não era o escape do Egito, mas a consciência da presença de Deus.

Servo, podem ter algo infinitamente melhor que mera restauração a Judá: restauração a Deus
(54.8; cf. Jo 3.16).

8,9, Provavelmente seja correto, como afirmam muitos comentaristas (p.ex., Alexander, Young,
Knight e Westermann), a saber, que o paralelismo de caminhos e pensamentos é significativo.
Juntos formam um todo, de sorte que um sozinho não pode ser compreendido. Os caminhos
de uma pessoa constituem os padrões de comportamento de alguém, e eles devem ser
mudados se porventura alguém pretende viver com o Deus da Bíblia. Ele deixa claro que fé
nele sem uma vida que se assemelhe à sua nào é fé de forma alguma. Isso é evidente ao
menos à luz de Êxodo 19-24 percorrendo o livro de Tiago. Ao mesmo tempo, é impossível
mudança genuína de comportamento sem uma mudança acompanhante dos valores e
percepções. Pecado em última análise é uma questão de atitude. Por mais superficialmente
uma pessoa seja “justa”, se ela persiste em crer que pode viver independentemente de Deus,
então tal pessoa se revela profimdamente injusta.

Estes versículos afirmam uma de duas razões por que os humanos devem buscar o Senhor e
converter-se de sua perversidade. Como Alexander salienta, é possível entender o versículo 8
(e 9) de três maneiras. A primeira é que, embora os pensamentos humanos diriam que o
perdão é impossível, os pensamentos de Deus não são humanos. A segunda é que, embora os
pensamentos humanos diriam que as promessas pactuais de Deus a Israel tenham sido
anuladas pelo pecado de Israel, Deus manterá essas promessas a despeito de tudo. A terceira é
que os humanos devem converter-se de seus caminhos e pensamentos pecaminosos
porquanto esses não são os caminhos e os pensamentos de Deus. Cada uma dessas pode
formar paralelo com outras passagens na Bíblia, e assim não é uma questão do que está em
harmonia com a teologia bíblica. Aliás, deve ser uma questão do que está em harmonia com o
contexto. Nesse caso, como concluem Alexander e outros, a terceira opção seria a correta. A
repetição de caminhos e pensamentos, desde o versículo 7, pressupõe que o que está errado
com os caminhos e pensamentos humanos e requer que se desvie deles é que não são os
caminhos e os pensamentos de Deus.’^® Este mesmo foco se faz em Provérbios 16.1-3

520. Note o quiasma duplo no arranjo dos dois termos nos versiculos 7-9; (7) caminhos,
pensamentos; (8) pensamentos, caminhos; (9) caminhos, pensamentos.

(cf. também Pv 3.5,6; 21.2), usando os mesmos termos (d^rãkim, “caminhos”, V. 2; mahs^bôt,
“pensamentos”, v. 3). Nossos caminhos e pensamentos foram pervertidos pelo pecado original,
e somente quando nos convertemos deles a Deus e sua misericórdia é que podemos de fato
ter paz com ele e viver vidas verdadeiramente produtivas.
Muitos comentaristas recentes (p.ex., Duhum), preferindo negar que esta passagem tenha algo
a ver com pecado e arrependimento, e asseverando antes que ela tem a ver com restauração e
a terra, insistem que os versículos falam da suposta impossibilidade de restauração; ignoram os
assinaladores contextuais, ou eliminam o versículo 7 ou atenuam a conexão. Westermann vai
mais longe afirmando que um elemento de evidência em prol da autenticidade do versículo 7 é
que sua presença leva o versículo 8 a ser lido na forma que já foi indicada, forma essa
evidentemente incorreta.

Por certo que o reconhecimento de que o ponto primário dos versículos 7-9 é declarar que os
caminhos da iniqüidade e perversidade devem ser rejeitados precisamente porque não são os
caminhos de Deus não exclui o reconhecimento de que o perdão e absolvição também não são
normalmente pensamentos e caminhos humanos (cf Ez 18.25-29). Isso parece ser confirmado
pelos versículos 10 e 11, o qual extrai do céu o tema do versículo 9.’^‘ Não obstante, não se
deve esquecer que a presente forma do texto evidentemente assevera que o perdão do
pecado é o resultado da ação divina em quebrar a barreira do pecado e em aproximar-se, e a
ação humana em afastar-se do pecado e da perversidade e converter-se aos caminhos e
pensamentos de Deus.

10,11. Estes versículos fornecem a segunda razão por que devemos buscar o Senhor e
abandonar nossa perversidade. Como já se afirmou, a figura usada parece buscar no céu o
tema do versículo 9. Aqui a razão para converter-se a Deus é a fídedignidade absoluta de sua
palavra. O que Deus disse sobre a certeza do perdão em estar disponível é absolutamente
confiável. Mas, ainda mais que isso, tudo o que Deus disse é confiável, quer sobre si mesmo ou
sobre seu amor, ou sobre a natureza da realidade e a loucura da idolatria, ou sobre a situação
humana e sua necessidade de arrependimento.

540 ISAIAS 55.8-11

521. Para uma relação ainda mais forte entre os versículos 8-11, ver M. Golebiewski, “Die
Wirksamkeit des Wortes Gotes nach Is 55:8-11”, Sudia Theologica Varsaviensia 20 (1982) 47-
67.

Isso é enfatizado por meio de uma extensa comparação entre a chuva e a palavra.’^^ No antigo
Oriente Próximo a chuva determinava a diferença entre vida e morte. Se as chuvas vinham no
momento apropriado, podia-se ter esperança de boas colheitas, o que significava alimento
(pão) farto para o ano vindouro; e, ao menos de igual importância, semente para a colheita do
ano vindouro. Se as chuvas não vinham, não só se perdia a colheita, mas também a semente, e
a fome olhava todos bem no rosto. Numa comparação poderosa, Isaías diz que a palavra de
Deus é precisamente como a chuva. Particularmente, ele compara a eficácia de ambas. Cada
uma concretiza os propósitos de abençoar e manter a vida para o que se destinava.”^ A
gramática endossa a idéia tanto de chuva quanto da palavra voltando ao céu depois de cumprir
seus respectivos propósitos.”'* Isso tem levado os comentaristas (p.ex., Hitzig) a indagar se os
israelitas entendiam os princípios da evaporação. Mas, a idéia de voltar não é o ponto
importante. O foco é a concretização dos propósitos divinos.”’

Por todo o livro, esta idéia de propósito preexistente de Deus e a infalibilidade de sua
concretização têm sido a idéia central.’^* Acoplado a isso está a idéia de haver Deus falado em
termos inteligíveis.”’ Postos juntos, estes constituem a base da doutrina bíblica da revelação
especial.’^* Deus falou que revelaria seus planos e propósitos no contexto da história humana,
e o que ele disse se concretizará (cf 53.10). Acima de tudo mais, esses planos e propósitos são
para o bem (Jr 29.11). Deus tenciona abençoar a raça humana, perdoar seus pecados, redimir
seus fracassos e dar permanência á sua obra. Tudo isso será realizado por

ISAIAS 55.10,11 541

522. Para a afirmação de que a proveniência desta comparação é babilónica, ver E. Lipinski,
“On the Comaparison in Isaiah 55.10”, fT23 (1973)246-47.

523. Note um tratamento semelhante da palavra do Senhor em 40.8. Ali sua infalibilidade é
contrastada com a came humana, que é comparada à relva.

524. De conformidade com GKC, §163b, o perfeito seguindo depois do imperfeito anterior, tem
a conotação de “exceto que previamente”.

525. Ver 2 Samuel 1.22 para a frase “nào voltará vazio” quando aplicada à eficiência da espada
de Saul; sobre a significação da frase, ver B. Couroyer, “Note sur II Sam., 1,22 et Isa. LV.IO-l I”,
«5 88(1981)505-14.

526. Ver Isaias 10.5-7; 14.14-26; 19.12; 23.9 (que em todas as referências anteriores o verbo
traduzido “propor" é o heb. hSSab, a fomia verbal de “pensamentos” aqui); 22.11; 37.26;
44.28; 46.10; 48.14; 53.10.

527. Ver Isaías 1.10; 2.3; 28.13,14; 38.4; 39.5,8; 40.8; 45.19,23; 50.4; 59.21; 66.5.

528. A abordagem que Young faz deste tópico ê especialmente excelente.

meio de sua palavra revelatória.’^’ De conformidade com Muilenburg, a fonte da vida não é a
chuva, mas a palavra de Deus. Algumas dessas idéias com certeza estavam na mente de João
quando identificou Jesus Cristo com Palavra (Jo 1.1). Aqui estavam os primórdios da revelação
dos bons propósitos e planos de Deus (1.7-9,17,18). Mas aqui estava também o meio eficiente
de se realizar esses bons propósitos. Os que se convertessem de sua perversidade e iniqüidade
poderiam experimentar o perdão divino, vezes sem fim, por meio dele (1.29).”®

12,13. A ftinção do kt inicial é matéria de disputa. Poderia ser a substanciação final do apelo
para buscar o Senhor (v. 6) e traduzido “Porque” ou “Pois” (NRSV, AV). Poderia ser uma
afirmativa traduzida “Certamente”, introduzindo o resultado da infalível promessa de perdão
(NEB, Wats). Poderia estar introduzindo uma frase objetiva identificando o conteúdo da
palavra divina e traduzido assim: “isto é, que”. É possível formular uma boa tese com qualquer
um desses elementos, ainda que o terceiro talvez não seja tão óbvio quanto os outros dois. Dc
resto, um juízo subjetivo sobre a função dos versículos 12 e 13 exerceria um importante papel
na decisão. Tudo indica que os dois versículos funcionam como uma conclusão lírica a toda a
divisão constituída pelos capítulos 40-55. A linguagem elevada lembra passagens tais como
41.18- 20; 43.19-21; 44.1-5; 48.20,21; 49.9-11; e 52.11,12, bem como cânticos à natureza em
42.10,11; 44.23; e 49.13. Além do mais, a imagem do regresso tem unido esta subdivisão (caps.
49-55) com a anterior (caps. 40-48). Mas uma conexão causal direta com o versículo 6 teria o
efeito de estreitar o escopo dos versículos para uma função limitada a este segmento (vs. 6-
13). Ao mesmo tempo, ela não é apropriada para desmembrar os versículos 12 e 13 dos
versículos 6-11. Sem o apelo ao arrependimento e a certeza do perdão (vs. 6-9), e a certeza de
que os bons propósitos de Deus prevalecerão (vs. 10,11), o aspecto lírico dos versículos 12 e 13
pende no vazio. E assim parece mais provável que o sentido asseverativo de kíé que está em
pauta, permitindo que os versí-
542 ISAIAS 55.12,13

529. Embora Westermann esteja certo em dizer que a palavra em si é o agente eficaz para a
realização da vontade de Deus, declarar a matéria nesta forma pressupõe que o conteúdo de
sua palavra é de relativamente pouca importância. Mas o poder da palavra e seu conteúdo são
inseparáveis. Porque o que Deus diz é a verdade é que a palavra realizará exatamente o que ele
pretende.

530. Sobre este ponto, ver J. Dahms. “Is. 55.11 and the Gospel of John", EvQ 53 (1981) 78-88.
Para uma discussão destes versículos, ver G Ravasl, “La Paola viva (Is. 55:10-11)", Parola, Spiriio
e rna 5 (1982) 61-84.

culos funcionem tanto como conclusão dos versículos 6-13 quanto como conclusão dos
capítulos 40-55.

A maioria dos comentaristas recentes (p.ex., Muilenburg) limita a referência destes versículos
ao regresso do exílio. Sem dúvida, como salientado por todos os capítulos 49-55, o regresso do
exílio fomece ao poeta a imagem central. Além disso, é evidente que a idéia de livramento do
pecado que provocou o exílio, e a restauração dos efeitos do pecado (o exílio), não são tratados
em compartimentos separados. Mas ainda se mantém por toda parte, como é especialmente
evidente nos capítulos 54 e 55 e novamente neste segmento fínal, que a principal preocupação
nesta subdivisão (caps. 55 e 55) é a restauração à comunhão com Deus.

Esta preocupação explica a linguagem de uma imagem inusitada- mente carregada nestes
versículos. Nem ainda a imaginação profética mais entusiasta esperava que os montes
literalmente se prorrompessem em gritos ou que as árvores literalmente batessem palmas
quando os exilados fossem guiados de volta ao lar. Tampouco esperava ele que a sarça
magicamente se convertesse em cipreste quando os exilados passassem. O profeta não está
falando do regresso literal. Com certeza nem mesmo fala de alguma era escatológica. Esta é
uma imagem de começo e fím e se destina a expressar a alegria de toda a criação na
possibilidade de os pecadores se tomarem santos por intermédio da Palavra de Deus. Por certo
que o regresso do exílio é uma parte dessa obra da Palavra, mas o regresso só faz algum
sentido à luz da obra mais profunda e maior. Se o livramento da culpa e do poder do pecado
não é uma possibilidade real, então o regresso não passa de zombaria da futilidade humana.
Mas se essa gloriosa possibilidade realmente existe, então a redenção de todo tipo, físico,
emocional e espiritual, é uma maravilhosa realidade.

Este é 0 significado do bicolon final, o bicolon que conduz toda a subdivisão a um término
excitante e satisfatório. Os que limitam a referência do profeta nestes dois versículos ao
regresso de Babilônia são levadas a uma suposição que quase chega às raias do ridículo. São
forçados a dizer que evidentemente o profeta (Deutero-lsaías, cuja visão se limitava a seu
próprio e tacanho tempo, duração) visualizava o regresso sendo marcado por uma natureza
miraculosamente transformada que seria mantida em perpetuidade como um tipo de
memorial do livramento de Deus. Se isso é correto, entâo o Deutero-Isaias era o mais falso
dentre os falsos profetas, porquanto não houve milagres e eles não foram mantidos invioláveis
por toda a eternidade.

Mas isso não era de forma alguma o que Isaias tinha em mente, e a comunidade judaica nunca
o entendeu como que dizendo isso. O que ele está dizendo é que a obra da redenção, o
antecedente de ele no segundo bicolon do versículo 13, do qual o regresso do exílio era uma
pequena parte, permanecendo o tempo todo como um testemunho do nome do Santo de
Israel, o Criador e Redentor, aquele que formou e aquele que salvou sua criação. Esta é a forma
de Paulo usar o termo “nome” quando diz que, em virtude do auto-sacrifício de Cristo, Deus
“lhe deu um nome que está acima de todo nome” (Fp 2.9).”’

O sinal eterno é o terceiro elemento que tem recebido esta distinção ('ôlãm) nos capítulos 54 e
55.”^ O primeiro é o termo h£sed, amor, misericórdia, graça, bondade de Deus (54.8); o
segundo é a aliança etema (55.3), que é a expressão da graça de Deus; e o terceiro é este sinal,
a redenção do mundo, que é a expressão dos outros dois. Este sinal é a parte correspondente
daquele outro sinal de que falou Isaias, o sinal de Emanuel (7.14). Acaz não creria naquele sinal
e no que ele ensinava, e como resultado seu povo seria dizimado. Deus, porém, não
abandonou os que pudessem fracassar em confiar nele. Ele achará uma forma de libertá-los
das conseqüências de sua rebelião, se simplesmente o recebessem. E esta obra de redenção
estará por toda a eternidade como testemunha da natureza de nosso Deus (cf também 66.19).

544 ISAIAS 55.12,13

531. Sobre "nome” como um memorial, ver 2 Samuel 18.18; cf. Isaias 56.5.

532. Note a proeminência de ’6í, “sinal”, no livro: 7.11,14; 8.18; 19.20; 20.3; 37.30; 38.7,22;
44.25; 54.13; 66.19.

A CONCLAMAÇÃO PARA ACEITAR A SALVAÇÃO OFERECIDA

(CAP. 55)

a. O Convite Urgente (55.1-5)

Este capítulo contém uma vibrante exortação para aceitar por fé

a salvação oferecida.

55.1. O Senhor está falando (cf. v. 3). A exortação começa forma metafórica. Uma figura
familiar no dia-a-dia em Jerusalém é o

vendedor de água, que carrega um pote nas costas e oferece em voz alta

o seu suprimento à venda. O início do convite emitido aqui, faz lembrar

o grito do vendedor de água: que os sedentos venham à água! Este quadro

é completado com um convite para comprar grão (“Vinde, comprai

e comei!”), e faz-se menção também de vinho, leite e finos manjares.

O apelo é feito para vir e “comprar”; ao mesmo tempo toma-se

claro que de fato a intenção é outra. O orador não é mercador que oferece

a Sua mercadoria mediante pagamento; pelo contrário, Ele convida

as pessoas para um banquete de salvação, que pode ser obtido por nada.

E uma compra “sem dinheiro” e “sem preço”. As pessoas convidadas


são abordadas como “vós os que não tendes dinheiro”. Tudo o que é necessário

é que as pessoas venham e tomem o que o Senhor lhes oferece.

Água, pão , vinho, etc., são figuras inclusivas3 7 da salvação que o Senhor

37. Uma opinião interpreta a água, pão e vinho literalmente, como indicadores das

bênçãos que Israel receberá gratuitamente em Canaã, em contraste com a sua

existência miserável em Babilônia. Contudo, dificilmente esta deve ser a intenção

do texto. Por que, então, falar antes de tudo em água? Havia escassez

de água em Babilônia? Então o não-pão do versículo 2 também precisa ser

entendido literalmente. Seria o pão de Babilônia tão mau que não alimentava

uma pessoa? Esta é uma idéia improvável. Finalmente, o fato de que é o Se449

lhe dará. Daqui a um momento ela será descritiva como “aliança perpétua...

fiéis misericórdias prometidas a Davi” (v. 3). No contexto da antiga

dispensação as bênçãos terrenas desempenham um papel proeminente.

O profeta, de fato, pensa primordialmente no retorno a Canaã (v. 12).

Implícita neste retomo está a reaquisição de grande variedade de bens

terrenos. Contudo, há muito mais que isso: todas essas bênçãos terrenas

têm verdadeiro valor apenas porque revelam o favor e amor eternos do

Senhor, que novamente são demonstradas para com Israel (cf, 54.5—10).

Assim, nesta abundância terrena está incluída uma plenitude de bênçãos

espirituais. Este também é o verdadeiro conteúdo da “aliança perpétua”

que está para ser mencionada. Assim, é a soma destas bênçãos temporais

e eternas que é comparada com a água que refrigera o sedento (cf. 41.17)

e com alimentos nutritivos e bebidas refrescantes (25.6; SI 36.8). Conseqüentemente,

em sentido mais amplo, esta palavra é um convite para

todas as eras receberem os bens da redenção ofertadas por Deus, intimamente

relacionados em forma e em conteúdo com textos como Provérbios

9,lss.; Mateus 22.4; Lc 14.17.

O profeta deliberadamente descreve a bênção do retorno como se

já fosse presente, e apresenta-a da maneira mais atraente para persuadir

muitas pessoas a se aproveitarem dela. Evidentemente ele acha que para


muitos a tentação de permanecer em um país pagão e esquecer Jerusalém

será forte demais. E de fato foi isso que aconteceu. O discurso aos

convidados, chamando-os de “os que tendes sede” indica a situação terrível

em que eles se encontram atualmente. O profeta, embora tendo

conhecimento também da opressão física que estão sofrendo, devia estar

pensando primordialmente na falta de satisfação interior que deviam

sentir (cf. v. 2). Não está inteiramente claro até que ponto esta “sede”

implica em um anseio verdadeiro pela salvação do Senhor (cf. 41.17). É

bem possível que o apelo do profeta fosse para todos os que necessitam

dessa salvação, quer a conhecessem, quer não; o apelo podia ser, ele

mesmo, o meio de suscitar um sentimento de necessidade. Mas há razão

para crer que o profeta, em seu clamor para os “sedentos”, tivesse em

mente de modo especial os que ansiavam por salvação — isto é, aqueles

para quem somente ela se destinava (57.15). Uma indicação ponderável

nessa direção é o fato de ele não se dirigir, como é seu costume, a Israel

nhor quem está falando, e chamando Israel para Si próprio, é umaa indicação

de que a referência é a tudo o que Ele tem a oferecer ao Seu povo.

como povo, mas a indivíduos; “vós os que tendes sede”. Sim, pois é a

decisão pessoal que interessa, e neste contexto o profeta tem todas as

razões para se dirigir particularmente aqueles em quem estão presentes

as condições que favorecem esta escolha. Naturalmente, por este meio

ninguém é excluído, visto que o convite aos que têm sede também pode

despertar em outras pessoas o desejo de vir.

Nas palavras “que não tendes dinheiro” é proeminente a descrição

da miséria total dos que são convidados. Os pobres, que não têm dinheiro

para comprar trigo, a fim de assar o seu pão, sofrem necessidade. Esta

mesma situação descreve os que estão sendo convidados; eles estão sedentos

e famintos e faltam-lhes os meios para mudar essa condição. Ao

contrário, há as riquezas da graça de Deus ofertando a salvação “sem

dinheiro”. É possível, todavia, que o profeta, ao dirigir-se aos que “não


tendes dinheiro” tenha em mente uma parte especial de Israel. A pessoa

que se tornara abastada no país estrangeiro e se sentia rica, não era receptiva

à bênção da redenção.

SS.2. Para tomar o convite ainda mais urgente, o profeta aponta

para a pobreza da vida sem a salvação oferecida pelo Senhor. Essa vida

é uma roda-viva de dispêndio de dinheiro “naquilo que não é pão” e de

gasto de esforço (“suor”)38 “naquilo que não satisfaz”. A expressão

“aquilo que não é pão” deve referir-se a uma substância que passa por pão

mas de fato não o é. De acordo com o versículo anterior, isto deve ser entendido

figuradamente; portanto, refere-se a uma ilusão, uma pseudo-satisfação

que contrasta com os prazeres verdadeiros que o Senhor oferece.

Deve-se pensar primeiramente aqui na vida dos judeus na Babilônia. Seria

loucura para eles escolher aquela vida de preferência a atender o chamado

divino. De fato, tudo o que eles ganham ali pelo seu trabalho e seu

dinheiro é incapaz — em contraste com a salvação do Senhor, oferecida

gratuitamente — de satisfazer o coração. Ele está vazio porque o Senhor

não está nele. Conseqüentemente, todo o trabalho e sacrifício de uma vida

assim são feitos basicamente em troca de nada. É claro que esta afirmação

não é importante apenas para os judeus na Babilônia, mas oferece

uma caracterização notável de toda a vida vivida fora do círculo das

promessas de Deus (cf. Jo 4.10; 6.27).

38. A palavra hebraica pode referir-se ao trabalho ou ao seu ganho: a renda. Aqui

ambas as traduções são possíveis.

451

Em contraste com essa vida, a verdadeira salvação é apresentada

novamente. Consegue-se entrada ouvindo a voz do Senhor a chamar; assim,

se diz enfaticamente: “Ouvi-me atentamente”. E então o apelo

continua: “comei o que é bom, e vos deletareis com finos manjares”.

Dando azo a uma peculiaridade do estilo hebraico, pode-se ler esta frase

como se segue: “Se me ouvirdes, então comereis o que é bom...” Essa


pessoa insensata podia passar muito melhor! Em contraste com os sacrifícios

próprios que o mundo exige, apresenta-se o simples ato de escutar

à voz do Senhor a chamar; e em contraposição a receber “aquilo

que não é pão” oferece-se “o que é bom” para comer, uma experiência

de verdadeira satisfação da alma. Isto é expresso de maneira ainda mais

vigorosa ao se dizer que sua “alma” (em hebraico, a entidade psíquica,

a sede do apetite e dos sentimentos; cf. 29.8) se deliciará “com finos

manjares” (“gordura”, ARC) - sendo a gordura considerada como manjar

especial pelos orientais, portanto uma figura da experiência da maior

alegria.

55.3. O convite para ouvir o Senhor e vir a Ele — e conseqüentemente,

para as bênçãos da redenção que Ele oferece — é repetido aqui.

A ele é acrescentada a promessa de que então a sua “alma” ou pessoa

“viverá”. A vida natural é uma imagem, aqui, da vida em plano mais

alto, que pode ser experimentada apenas na obediência da fé. A esta

altura a figura que estava sendo usada é abandonada, e a salvação oferecida

é descrita em linguagem clara como “uma aliança perpétua” (cf.

54.10). que Ele fará com eles. Pode-se também dizer que é uma aliança

que Ele lhes dará, pois esse pacto é descrito inteiramente como uma

dádiva da graça do Senhor, e assim é explicada em maiores detalhes como

“fiéis misericórdias prometidas a Davi” (cf. At 13.34). Esta profecia se

refere à promessa (II Sm 7.8—16) de que o Senhor levantaria a Davi uma

descendência de quem o Seu amor nunca seria retirado, e em quem a casa

e o reino de Davi permaneceriam para sempre - promessa esta que se

relaciona em primeiro lugar com Salomão, mas se cumpre completamente

apenas em Cristo. Esta promessa agora é retomada na profecia. Parece

que o exílio teria anulado os benefícios permanentes prometidos a Davi,

mas em contraposição a esta idéia, agora se assegura que o Senhor ainda

confirma o que uma vez prometeu.

55.4. Agora segue-se o desvendamento do conteúdo da promessa outrora feita. “Eis que eu o
dei por testemunho aos povos, como príncipe

e governador dos povos”. As palavras “Eu o dei” descreve — de forma


profética — o futuro como se ele já tivesse acontecido. É necessário

ter em mente que aqui se faz referência ao futuro da casa de Davi ou a

um futuro Davi; pois “fiéis misericórdias prometidas a Davi” acarretam

a permanência da sua casa e seu reino na pessoa de um descendente que,

através dos objetivos finais desta profecia, é o Messias. É dEle que o profeta

está falando quando diz que o Senhor fará dEle “testemunho aos povos”

e “príncipe e governador dos povos”. Esta última frase, assim, retrata

o Messias como Rei; e a promessa feita a Davi é entendida ou ampliada

com a adição de que o seu reinado se estenderá aos povos (cf. 9.7;

11.10). E o que é ainda mais importante, além de ser Rei, ele será “testemunho

aos povos”, declaração que só pode significar que Ele proclamará

os gloriosos atributos profético e real aqui são combinados — combinação

que dá a entender claramente que o governo real do Messias será

estabelecido, não pelo poder das armas, mas por meios espirituais (cf.

Zc 6.13).

Assim, portanto, o nosso texto, tendo retomado a promessa do

grande Filho de Davi, feita na primeira parte deste livro, enfatiza especialmente

o seu caráter espiritual. A união dos ofícios profético e real

expressada aqui, adquire renovado significado, porque tem como antecedente

o Servo do Senhor, que é retratado primeiramente como Profeta

(e Sacerdote) e depois como Rei (cf. 53.12). Ao contrário, o Filho de

Davi é descrito primeiramente como Rei, e agora também como Profeta.

Assim, as duas linhas de pensamento na predição messiânica de Isaías,

a do Filho de Davi e a do Servo do Senhor, convergem aqui.

55.5. Depois de focalizar-se no Profeta Rei, a passagem agora volta

a sua atenção ao Israel que será abençoado nEle, e se tornará uma

bênção através dEle: “Eis que chamarás a uma nação que não conheces”.

Estas nações são, sem dúvida, gentílicas. Alguns estudiosos consideram

que esta promessa significa que Israel chamará os gentios como um senhor

chama o seu servo (cf. 49.7). Porém, o caráter espiritual do governo

do Messias, expresso no versículo 4, torna muito mais provável que


esse “chamado” é um convite aos gentios para que entrem em comunhão

com Isiael e assim, com as bênçãos às quais o próprio Israel fora convidado

em primeiro lugar pelo Senhor (w. lss.). E o convite será efetivo: essas

nações gentílicas, embora completamente desconhecidas de Israel, e que também não


conhecem Israel, se apressarão em vir, e o muro divisório

entre eles cairá (cf. Ef. 2.13ss.). Este movimento rápido dos gentios

em direção a Israel deve-se, não à excelência de Israel, mas “por amor do

Senhor, teu Deus, e do Santo de Israel” (cf. 1.4; 10.17); pois através do

Messias Ele transmitiu a Israel esplendor (as mesmas palavras ocorrem em

60.9). O monte de Sião tornou-se a principal das montanhas, e todas as

montanhas, e todas as nações correrão para ele (cf. 2.2ss.).

b. Um Convite Solene (55.6—13)

55.6. A conclamação para aceitar em fé a salvação oferecida pelo Senhor

agora continua. A exortação “Buscai o Senhor” resume imediatamente

a totalidade da profecia. Esta expressão significa, aqui como muitas vezes

algures, o movimento do coração, com todas as suas afeições e expressões,

na direção do Senhor - por um lado, para tê-10 como Deus, para gozar

da Sua comunhão, para ganhar a Sua ajuda, e compartilhar da Sua salvação;

e por outro, par ser devotado a Ele como Deus, para honrá-lo e servi-

10, e para confiar nEle (cf. 9.13; Dt 4.29; SI 9.10; Am 5.4—6; et al.).39

Neste versículo também está incluída esta ampla gama de significados —

buscar a Deus por causa de todas as bênçãos de redenção relacionadas na

sentença anterior e por causa dos Seus caminhos, a fim de andar neles.

A exortação paralela de “invocá-10” significa essencialmente a mesma coisa;

ela é, por um lado, um pedido de ajuda e salvação, e por outro, um ato

de honrá-10 abandonando o caminho da incredulidade e pecado, e confiando

apenas nEle.

As adições “enquanto se pode achar” e “enquanto está perto” enfatizam

a oportunidade que Deus concede à geração à qual o profeta está se

dirigindo. Ele agora está à porta com os Seus benefícios; Ele lhes oferece

uma oportunidade de voltarem do exílio para Jerusalém e de herdar a promessa.

A coisa supremamente importante para Israel é não deixar passar


este momento cheio de graça sem se aproveitar dele (cf. Mt 3.3; II Co 6.2).

39. Em outras passagens esta expressão é usada em particular para referir-se ao

ato de fazer inquirições (geralmente no santuário ou na casa de um profeta)

com o objetivo de receber conselho ou instrução através de um oráculo, ou do

de se procurar ajuda (31.1; Gn 25.22; Ex 18.15; I Sm 9.9; II Re 22.13,18;

I Cr 21.30).

454

ISAIÂS55. 7-11

55.7. O chamado para buscar o Senhor provém do pressuposto que o povo O perdera de vista
(cf. Dt. 4.29; Am 5.4). Assim, a conclamação

é suplementada pela admoestação para se arrepender do pecado. A vida

pecaminosa da pessoa ímpia é chamada de “o seu caminho”; isto é,

o estilo de vida que ela escolheu para si, em vez de andar nos caminhos do

Senhor (cf. 53.6). A expressão “o seu caminho” pode referir-se tanto à

maneira externa quanto à interna, de se conduzir. É dada uma ênfase especial

neste último aspecto, pela adição de “os seus pensamentos”. Em vista

do versículo seguinte, precisamos considerar que esses pensamentos são

reflexos de incredulidade, baseados na idéia de que as promessas de Deus

não se cumpririam (cf. 40.27ss.; 46.12; 49.14). Conseqüentemente, origina-

se deste fato uma busca da salvação de várias formas pecaminosas e

infrutíferas (cf. v. 2). A palavra “volte-se” deriva da imagem da estrada ou

“caminho”, e indica um movimento de meia-volta, de virar-se para o

Senhor, para quem havia dado as costas. Significa voltar-se “para o Senhor”,

que também é chamado de “nosso Deus”, para ressaltar o fato de

que o povo de Israel tem o direito de buscá-10. Acrescenta-se a esta admoestação

uma certeza que tem o objetivo de banir o medo que caracteriza

a má consciência: o pecador que se arrepende indubitavelmente encontrará

misericórdia, pois este Deus perdoará gratuita e abundantemente.

55.8—9. É necessário arrepender-se dos caminhos e pensamentos de

incredulidade e pecado, pois eles estão inteiramente em conflito com os

pensamento e caminhos do Senhor, e só estes permanecerão. Esta declaração,


como todo o contexto, é de importância capital; porém, é necessário

considerar-se que ela refere-se primordialmente aos pensamentos

ou planos que Deus tem em relação à redenção de Israel do exílio, e aos

“caminhos” ao longo dos quais Ele Se move para levar esse propósito

a bom termo. A distância entre esses pensamentos e caminhos e os do

coração incrédulo, é muito grande, tão grande (v. 9) como a distância entre

céu e terra — isto é, tão grande que não se pode concebê-la. Entre dois

pensamentos formam um contraste absoluto.

55.10—11. Este contraste é expresso de maneira ainda mais aguda,

se contrapusermos a estes pensamentos de incredulidade a certeza infalível

da “palavra” do Senhor. A referência é à promessa de salvação, da

qual se disse anteriormente — quando ela foi anunciada pela primeira

vez - que ela “permanece eternamente” (40.8). A sua infalibilidadeexpressa de maneira ainda
mais enfática descrevendo essa palavra de Deus

como uma força eficaz que procede dEle. Ela é comparada à chuva e à

neve que descem do céu e retornam a ele (como vapor), mas não antes

de causarem o seu efeito, a saber, regando a terra, de forma que ela produz

plantas e especialmente a semente, que em parte é semeada para uma

nova colheita, e em parte é comida com pão.

É geralmente isto que acontece com a palavra de Deus (v. 11), e é

assim que acontece com a palavra que Ele dirigiu ao Seu povo no exílio;

ela é u’a “mensageira” de Deus que não volta “vazia” (sem que sua mensagem

seja entregue) mas só depois de efetuar o que foi instruída a fazer.

Esta descrição da palavra de Deus como força eficaz ocorrera antes (9.9), a

propósito, ela ocorre repetidamente na Escritura, especialmente com a figura

do mensageiro fiel, como no Salmo 147.15. Em muitos casos a referência

é à “palavra” da criação, uma expressão em que “palavra” é apenas

uma metáfora que serve para indicar uma força que procede de Deus, semelhante

a uma palavra que provém de nossa boca (cf. SI 33.6; Dt 8.3;

SI 147.15, 18). Mas nesta passagem e em Isaías 9.8 a referência é a uma

palavra de profecia. Todavia, isto não deve ser entendido como se a predição

fosse magicamente levar a cabo o que assevera; esta idéia entra em


conflito com todo o espírito do Antigo Testamento. A verdade é, pelo

contrário, que a unidade inseparável entre a palavra e seu cumprimento

está arraigada somente na vontade de Deus, que Se expressa naquela palavra,

e portanto confere-lhe o poder que faz com que ela seja levada

a cabo. Em última análise, Ele continua sendo Aquele que cumpre a Sua

palavra (J1 2.11) e que também pode tomá-la de volta (Jn 3.10).

55.12—13. Finalmente, a importantíssima promessa é repetida em

termos do seu conteúdo esencial. Israel sairá de Babilônia “com alegria”

(cf. 52.12); e no seu caminho será “guiado” com um rebanho o é, por

sue pastor (cf. 40.11; 49.9b), e isso acontecerá “em paz” — isto é, sem.

sofrer ameaças nem ataques de nenhum inimigo ou mal. A natureza, poeticamente

personificada, é descrita juntando-se à alegria de Israel — os

montes rompem em cânticos, as árvores movem os seus ramos como

se estivessem batendo palmas. Assim também, não podem retratar essas

árvores em termos do aspecto desanimador dos dias atuais, das regiões

áridas que Israel precisaria atravessar. Pois em lugar dos espinheiros e sarças,

brotariam ciprestes e murtas. Nesse ponto o poeta indica novamente

uma realidade mais elevada que virá, não quando Israel retornar da Babi456

lônia, mas quando o Senhor conceder ao Seu povo a Sua salvação em

plenitude (cf. 35.1; 41.18-19; Rm 8.19ss.). Uma característica adicional,

que não ocorre nas descrições anteriores da trasnformação da natureza,

é que tudo isto será “glória para o Senhor e “memorial eterno”.

Esta última frase significa que, transformando o deserto em um jardim

de deleite, o Senhor criou para Si próprio um monumento onde pode ser

vista a Sua majestade. E isso acontecerá não apenas durante certo tempo;

o monumento é “eterno” e “jamais será extinto”.

A essa altura a descrição da volta de Israel se transforma num quadro

da grande era de salvação que raiará nos últimos dias. Nessa época

o clímax eterno é o tema “Só o Senhor será exaltado naquele dia” (2.1 lb).
Yahweh's gracious invitation ch. 55

This chapter is part two of Isaiah's celebration of the Servant's work of redemption. In

view of what God would do for humankind (ch. 54), people would need to appropriate

the salvation that he provided (ch. 55).

"All things are ready; the guests are invited; and nothing is required of

them except to come."656

As in the preceding sections (52:13—54:17), the people of God in view are primarily

Israel but not exclusively Israel. As the Lord's salvation extends to all people, so do the

benefits of that salvation—for as many as take advantage of it. This chapter contains one

of the warmest gospel invitations in the whole Bible. It forms a fitting climax to this

section of Isaiah that deals with God's provision of salvation (chs. 49—55).

"Redemption has been accomplished. Both in the introduction and in the

conclusion of the fourth servant passage it was predicted that the heathen

would belong to the servant [52:15; 53:11-12]. The Blessings the servant

has obtained for his people have been set forth abundantly (chap. 54), and

now the invitation is extended to all that are in need to come and to

partake of the salvation the Lord offers."657

Free salvation 55:1-5

The people would need to listen to and rely on God's unconditional promise, but their

salvation would cost them nothing.

55:1 "The introductory particle (hoi) is mainly an atentiongetting

device, but it expresses a slight tone of pity. The

prophet is an evangelist with a concern for the souls of men

and a realization of their desperate condition without the

blessings that the servant has obtained."658

After getting their atention, Isaiah, speaking as God and for God, called

the thirsty to come and drink freely, and to the hungry to enjoy a free meal

(cf. Prov. 9:5-6; Mat. 5:6; John 4:13-14; 6:32-35; Rev. 22:17). Water, that

formerly represented the Holy Spirit (cf. 32:15; 44:3), was now available

to the people because of the Servant's work. Jesus extended a similar


invitation to those in His day to come to Him to receive this water (i.e.,

eternal life through the Spirit; John 4:10-14; 7:37-38). The Lord's offer

was to buy what was free. The only way to do this is to use someone else's

money to purchase it. It was the Servant's payment for sin that made

salvation free for those who count His "money" good.

656Delitzsch, 2:353. Cf. Mat. 22:4; Rom. 11:6.

657Young, 3:374.

658Ibid.

"The abundance and freeness of the water of refreshment

(44:3), the wine of joy (25:6-8) and the milk of richness

([nourishment] Ex. 3:8) and supremacy (60:16) is figurative

of the Lord's salvation with the Servant at its centre (see

verses 3-5)."659

55:2 It is ridiculous to spend one's hard-earned money for what does not satisfy,

yet that is what multitudes of people do when they pursue things of only

temporal value. The Lord urged the hearers to listen carefully to Him.

They should choose what was satisfying and what would yield true

abundance (cf. Mat. 6:19-21). People can either work for nothing or

receive for nothing (cf. Rom. 6:23).

55:3 Again the Lord urged the hearers (everyone) to come to Him. He pressed

them to listen to what He was saying, twice. God Himself is the feast. The

result for them would be life, real life as opposed to the vain life described

above (v. 2). Real life would involve living under an everlasting covenant

that God would make with His people. This is probably a reference to the

New Covenant, since the implication is that God would make it in the

future (cf. 54:10).

While Jeremiah 31:31 says that Yahweh would make a new covenant

"with the house of Israel and with the house of Judah," that covenant is the

one under which all the people of God have lived since Jesus ratified it

(2 Cor. 3:6; Heb. 8:8-12). Its benefits are not all exclusively for Israel,
though some of its benefits are exclusively for Israel and these benefits

will only come into Israel's possession in the Millennium. Jesus terminated

the Mosaic Covenant (Mark 7:19; Rom. 10:4; 14:14; Heb. 8:6—9:22; et

al.) and ratified the New Covenant (Luke 22:20; 1 Cor. 11:25) with His

blood when He died on the Cross.

However, this could be a reference to the Davidic Covenant, which is also

eternal (cf. 2 Sam. 7:16).660 This new covenant would be in full harmony

with God's promises to David, in the Davidic Covenant, regarding David's

descendant who would rule over his house forever (2 Sam. 7:12-16;

1 Chron. 17:23-26; Ps. 89:35-38; cf. Isa. 9:6; Luke 1:32-33; Acts 13:34).

55:4 "Behold" introduces this verse and the next, and suggests comparison of

them. The readers are not only to listen to what the Lord says but to look

at what He presents. God is the speaker, but who is the "him" that is a

witness to the nations and a leader and commander for the peoples? It

could be David (v. 3), who witnessed to the character of Yahweh in his

ministry. It could be Messiah, who would be a witness (light) to the

nations and lead them. It is probably not Israel, since "him" is an unusual

659Motyer, p. 453.

660J. Martin, p. 1110; Dyer, in

way of referring to Israel in this context. Nor is it the people of God more

generally. I think the witness is the Servant Messiah, whom David

anticipated and prefigured. Wats believed he was Darius.661 "The faithful

mercies of David" (v. 3) point beyond David; they are the faithful mercies

promised to David.

". . . the book of the King ([Isaiah] chapters 1—37)

portrayed the Messiah as the fulfilment [sic] of the ideal in

its royal aspects, but now Isaiah brings the values of the

Servant-Messiah within the basic Davidic-Messianic

model. It is the Servant, with his prophetic task (42:1-4;

49:2-3; 50:4), who fulfils the role of Davidic witness to the

world [cf. 49:1]."662


55:5 The problem in this verse is the identity of "you" (sing.). It does not refer

to the "anyone" addressed in verse 3 since this is too broad a field of

reference for what the verse describes. It could be the people of God

generally, since what the verse describes could apply—to some extent—to

all the redeemed. It could be the Servant, in which case the verse means

that the whole world would be flocking to David's Great Son. It could also

refer to Israel. In the Millennium, glorified Israel will appeal to Gentile

nations (a collective singular goi) that would run to her because of her

God. It is clear that more than one nation is in view, because the verbs

translated "knows" and "run" are plural in the Hebrew text. The last

interpretation harmonizes with what Isaiah wrote elsewhere that Israel

would do (cf. 2:3; 35:2; 42:4; 46:13; 49:3; 60:9, 21; 61:3; 62:3; 66:18, 21).

Perhaps the Servant as the leader of Israel, which also would call the

nations, is the solution.

Transforming salvation 55:6-13

This pericope repeats and refocuses the invitation just extended (vv. 1-3). The offer

continues to be to come to God, but the focus shifts from receiving satisfaction to resting

in faith, and from salvation's freeness to its transforming power.

55:6 The Lord had reached out to humanity by promising free salvation through

His prophet. The listeners needed to respond to Him because those

promises would not always be available to them.

"We could translate while he may be found as 'while he

permits himself to be found' (tolerative niphal), indicating a

divinely determined day of grace and salvation."663

661Wats, Isaiah 34—66, p. 246.

662Motyer, pp. 454-55.

663Motyer, p. 456.

"God cannot be found at any time but only when He desires

to be found. What is implied is that the present, when these

commands are given, is the time of salvation. The thought


is similar to that expressed in 2 Corinthians 6:2 and John

12:35."664

Seeking and calling on the Lord represent reaching out to Him in faith (cf.

Acts 2:21; 15:17; 17:27; 22:16; Rom. 3:11; 10:14; 2 Tim. 2:22). This is

necessary because there is no peace for the wicked (48:22; 57:21).

55:7 The way was open for anyone to return to the Lord who may have

wandered away from Him or rebelled against Him. The promise of a

compassionate reception and abundant pardon applied, even to the wicked

in act and the unrighteous in thought—in other words: to any sinner (cf.

Mat. 5:21-22, 27-28).

Repentance is not something a person must do before God will accept him

or her. It is simply a description of what seeking the Lord looks like. In

other words, cleaning up one's life is not a precondition for acceptance by

God. The person who genuinely seeks the Lord and calls on His name has

come to grips with his or her sin and is willing to turn it over to the Lord.

After all, an unsaved person cannot forsake sin—or even desire to do so—

without the Lord's help.

God can pardon sinners because of the Servant's work in paying the debt

of their sins in their place. Clearly, a way back from Babylonian exile is

not what Isaiah was describing here—but a way back to God.

55:8-9 Sinners need to forsake their ways and thoughts (actions and attitudes,

v. 7) because they are not God's ways and thoughts. God's way is

forgiveness and His thoughts are compassionate (v. 7), as far different

from those of sinners as the heavens are higher than the earth. Sinners

must make a break with their thoughts and ways to have fellowship with a

holy God. The Servant's work makes relationship with a holy God

possible, but our work, having appropriated the Servant's work by faith,

makes intimate fellowship with a holy God possible.

55:10-11 There is a second reason sinners need to change their ways and thoughts,

with the Lord's help, and that is because the Word of the Lord is

absolutely dependable. All that God has said is reliable, including His
promise of pardon and compassion (v. 7; cf. 53:10). God's Word is like the

rain and snow, the gifts of God from heaven to earth (cf. v. 9). Rain and

snow are water in its two forms as it normally comes from heaven to

Palestine. Isaiah's use of both rain and snow may indicate the totality of

His blessing; every time God sends water from heaven, in whatever form,

664Young, 3:380.

it brings blessing because it nourishes the earth. Both rain and snow

achieve their purpose of bringing life, nourishment, and blessing to

humanity (cf. Jer. 29:11; Mark 4:1-20; Heb. 6:7-8). Therefore, since God

has promised compassion and forgiveness for those who seek Him, people

can count on the fact that if they seek Him, this will be His response.

"As the rain furnishes both seed and bread, so the word of

God plants the seed of repentance in the heart and feeds the

returning sinner with the blessed consequences repentance

produces."665

55:12 The "For" (Heb. ki) that begins this verse serves to introduce the

conclusion to this pericope (vv. 6-13), and the entire section dealing with

God's atonement (chs. 40—55). "Surely" (the asseverative use of ki)

would be a good translation.

Throughout this section Isaiah was describing another exodus, a

redemption from sin, that the Servant would make possible. In view of that

redemption, sinners need to seek the Lord, to come to Him for it (vv. 6-

11). Now the prophet concluded, by describing the redeemed, led forth

from their "Egypt," going out on their journey to their "Promised Land."

They would do so with joy and peace because of the redemption that the

Lamb of God would provide. As they would do so, all creation would

rejoice because sin had been dealt with for all eternity. This description

also fits the return of God's people to the Promised Land, in the

Millennium, that the prophet spoke of earlier (51:11).

55:13 The replanting of productive, desirable trees and shrubs (representing all

creation), in place of plants bearing the marks of the Fall and its curse,
symbolizes the rejuvenation of creation. This transformation, and behind it

the redemption accomplished by the Servant, would be a memorial that

would honor Yahweh. It would be an everlasting sign of God's salvation

that would remain forever.

Isaiah mentioned three things that would be everlasting in chapters 54 and

55: His lovingkindness (Heb. hesed, 54:8), His covenant with His people

(55:3), and this sign. This sign recalls the sign of the child to come (7:14).

As that sign would be an immediate and physical proof that Messiah

would come, so this sign would be the same kind of proof that the Servant

had come.

The transformation of the world following the lifting of the curse will be

observable. While this description is obviously figurative—hills do not

shout for joy, and trees do not clap their hands literally—it represents a

real change in nature, not just the joy that will pervade all creation. This is

665Motyer, p. 458. Cf. Delitzsch, 2:359.

a description of millennial conditions on the earth after Jesus Christ

returns to the earth to rule and reign (cf. 35:1-2; 41:18-19; 44:3). If it were

not so, there would be no everlasting sign. As the Passover was a sign to

the Israelites of God's first redemption of them from Egyptian bondage,

the transformed earth and people will be a sign to all God's people of His

second redemption of them from Satan's bondage.

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