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Cartilha dos fitoterápicos utilizados no tratamento da obesidade para

uso do nutricionista clínico

Booklet of the herbal medicines used in the obesity’s treatment for use by the
clinical nutritionist

1Vânia M. B. M. Pietroluongo*; ¹Hilda O. Silva; ¹Natália M. Sabino


Universidade Estácio de Sá, João Uchôa de ensino superior-UNESA, Rio de Janeiro-RJ
Correspondência: vaniamarthapietroluongo@yahoo.com.br

Resumo: Fitoterápico é ''todo medicamento obtido empregando-se exclusivamente


matérias-primas vegetais com finalidade profilática, curativa ou para fins de diagnóstico,
com benefício para o usuário”. O papel do profissional da área da saúde é orientar o
paciente e a população quanto às possíveis interações e riscos que os fitoterápicos
possam oferecer. A obesidade é um fenômeno que tem sido observado em praticamente
todas as faixas etárias da população em vários países no mundo e constitui um dos mais
significativos problemas nutricionais da atualidade. O nutricionista, enquanto profissional
da saúde, tem papel relevante na utilização dos recursos oferecidos pela fitoterapia. O
objetivo desse trabalho é elaborar uma cartilha de orientação para uso do profissional de
nutrição com os principais fitoterápicos para obesidade, através de uma revisão
bibliográfica do tipo descritiva qualitativa. Verificou-se pelos estudos realizados com
fitoterápicos, que os resultados obtidos na redução de peso foram satisfatórios, existindo
poucos trabalhos contrários. Em função do risco apresentado sobre as consequências
para a saúde da obesidade, e os efeitos colaterais dos medicamentos tradicionais,
apresentamos os fitoterápicos mais utilizados para obesidade, disponíveis na literatura
científica, bem como seus mecanismos de ação e toxicidades, com base na legislação
para utilização do Nutricionista.
Palavras-chave: Obesidade. Fitoterápicos. Fitoterápicos para uso nutricional.
Fitoterápicos para perda de peso. Fitoterapia.

ABSTRACT: Phytotherapic is any medicine obtained by exclusively using plant raw


materials for prophylactic, curative or diagnostic purposes, with benefit to the user. The
role of the health professional is to guide the patient and the population, about the possible
interactions and risks that herbalists can offer. Obesity is a phenomenon that has been
observed in practically all the age groups of the population in several countries in the world
and constitutes one of the most significant nutritional problems of the present time. The
nutritionist, as a health professional, plays a relevant role in the use of the resources
offered by herbal medicine. The objective of this work is to elaborate an orientation booklet
for the use of the nutrition professional with the main phytotherapics for obesity, through a
qualitative-descriptive bibliographical review. It was verified by the studies carried out with
phytotherapics, that the results obtained in weight reduction were satisfactory, and there
were few contrary works. Due to the risk presented on the health consequences of obesity
and the side effects of traditional medicines, we present the most used herbal remedies for
obesity available in the scientific literature, as well as their mechanisms of action and
toxicities, based on legislation for use of a Nutritionist.
Keywords: Obesity. Phytotherapics. Herbal medicines for nutritional use. Herbal remedies
for weight loss. Herbal medicine
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INTRODUÇÃO

A fitoterapia é o método de tratamento caracterizado pela utilização de


plantas medicinais em suas diferentes preparações, sem a utilização de substâncias
ativas isoladas, ainda que de origem vegetal, sob orientação de um profissional
habilitado. Contempla a utilização de plantas medicinais, de drogas vegetais, além
de fitoterápicos. O fitoterápico é o produto obtido de planta medicinal, ou de seus
derivados, exceto substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou
paliativa (CAMARGO, 2013).
Erroneamente acredita-se que um fitoterápico ou uma planta medicinal, por
ser natural e não ter sido industrializado está livre de componentes químicos e
efeitos colaterais. Isto faz com que as pessoas adotem a automedicação. No entanto
estes compostos, como outros quaisquer, produzem reações no organismo,
positivas ou negativas (ZANCANARO, 2007).
Usar medicamentos fitoterápicos sem orientação adequada de um profissional
da área da saúde pode ser um risco. Isto ocorre porque esses medicamentos podem
sofrer interações com outros fitoterápicos e/ou alopáticos. Esta interação pode
ocorrer de três formas: um pode potencializar a ação de outro, pode ocorrer também
perda de efeitos por ações opostas, ou ainda, a ação de um medicamento pode
alterar a absorção, transformação no organismo ou a excreção de outro fármaco
(CARDOZO et al., 2009)
Os medicamentos fitoterápicos utilizados para emagrecimento agem no
organismo como moderadores de apetite ou aceleradores de metabolismo,
promovendo redução da ingestão alimentar, diminuindo os níveis séricos de
colesterol, além de ação antioxidante, diurética e lipolítica (PELIZZA, 2010).
A obesidade de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) é
definida como uma doença em que o excesso de gordura corporal acumulada pode
atingir graus capazes de afetar a saúde. Na busca de perspectivas para o
tratamento da obesidade, a fitoterapia desponta como mais uma alternativa. O baixo
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custo e poucos efeitos colaterais são fatores que tornam os medicamentos


fitoterápicos cada vez mais populares. Diversas são as alternativas no mercado para
obesidade, porém poucas apresentam evidências consistentes de segurança e
eficácia (VERRENGIA, 2013).
São muitos os prejuízos acarretados pela obesidade, entre eles podemos citar
as dificuldades respiratórias, problemas dermatológicos e distúrbios do aparelho
locomotor. A obesidade favorece o surgimento de enfermidades potencialmente
letais como dislipidemias, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2 e
também está associada com alguns tipos de câncer. O tratamento da obesidade é
de suma importância e deve objetivar a melhoria do bem-estar e da saúde
metabólica do indivíduo. O tratamento farmacológico da obesidade poderá ser
indicado quando o indivíduo possuir um IMC> 30 kg/m 2 ou IMC > 25 kg/m2
associado a doenças relacionadas ao excesso de peso (RADAELLI et al, 2016)
O papel do profissional da área da saúde é orientar o paciente e a população
quanto às possíveis interações e riscos que os fitoterápicos possam oferecer, e a
Cartilha é uma ferramenta de fácil entendimento e rápida consulta. Os fitoterápicos
podem apresentar efeitos terapêuticos, às vezes, melhores dos que os
medicamentos alopáticos, podendo ter seus efeitos colaterais minimizados, quando
administrados corretamente. Tem um custo mais acessível à população e aos
serviços públicos de saúde, por serem obtidos de fontes naturais e não precisarem
ser industrializados, o que acaba por encarecer o medicamento (CARDOZO et al.,
2009).
O nutricionista, enquanto profissional da saúde, tem papel relevante na
utilização dos recursos oferecidos pela fitoterapia. Entretanto, a adoção dessa
prática implica a reflexão de aspectos relativos ao seu desempenho profissional,
tendo em vista tratar-se de um amplo conjunto de conhecimentos e habilidades que
estão ausentes, ou são abordados de forma superficial, na matriz curricular do curso
de graduação em nutrição. Hoje já é normatizado e existe legislação própria para
orientação e prescrição onde o nutricionista obrigatoriamente deve estar habilitado.
Atendendo ao crescente interesse por produtos naturais e por um estilo de vida mais
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saudável, a população em geral, está cada vez mais motivada, para a utilização dos
denominados “produtos à base de plantas”, como tratamentos efetivos com menor
número de efeitos secundários. No entanto, a baixa incidência de efeitos
secundários nestes produtos muitas vezes não é uma realidade, pois isto apenas se
verifica quando são cumpridos os requisitos de qualidade, segurança e eficácia, o
que não se observa num elevado número situações (MONTEIRO, 2011).
Na atualidade, a maioria dos medicamentos fitoterápicos utilizados por
automedicação ou prescrição médica não apresenta perfil tóxico conhecido, mas sua
utilização inadequada, pode acarretar graves problemas à saúde. Muitos destes
possuem princípios ativos com capacidade de alterar funções orgânicas, bem como
interferir na ação de fármacos quando utilizados de forma simultânea. Considerando
a alta incidência de obesidade e suas graves consequências à saúde, identificar
propostas terapêuticas que auxiliem no seu tratamento, com reduzidos efeitos
colaterais contribuiria de maneira positiva na saúde pública de diversos países.
(SILVEIRA, 2008).
O Conselho federal de nutricionistas resolução nº 556, de 11 de abril de 2015,
alterou as Resoluções nº 416, de 2008 e nº 525, de 2013, e acrescenta disposições
à regulamentação da prática da Fitoterapia para o nutricionista como complemento
da prescrição dietética. A Resolução CFN n° 416 e a Resolução CFN n° 525 passa
a vigorar com as seguintes alterações: O exercício das competências do
nutricionista para a prática da Fitoterapia como complemento da prescrição dietética
deverá observar que: I - a prescrição de plantas medicinais e chás medicinais é
permitida a todos os nutricionistas, ainda que sem título de especialista; II - a
prescrição de medicamentos fitoterápicos, de produtos tradicionais fitoterápicos e de
preparações magistrais de fitoterápicos, como complemento de prescrição dietética,
é permitida ao nutricionista desde que seja portador do título de especialista em
Fitoterapia. Na regulamentação serão considerados, como parâmetros, os
componentes curriculares mínimos da base teórica, da teoria aplicada e da prática,
além da experiência profissional na área, que capacitem o nutricionista para o
exercício das seguintes competências: 1) identificar indicações terapêuticas da
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fitoterapia na prevenção de agravos nutricionais e de saúde e na promoção ou


recuperação do estado nutricional de indivíduos e coletividades; 2) identificar o
processo produtivo das plantas medicinais, chás medicinais, medicamentos
fitoterápicos, produtos tradicionais fitoterápicos e preparações magistrais de
fitoterápicos; 3) reconhecer e indicar processos extrativos e formas farmacêuticas
adequadas à prática da fitoterapia aplicada à nutrição humana; 4) reconhecer e
adotar condutas que permitam minimizar os riscos sanitários e a toxicidade potencial
da fitoterapia e potencializem os efeitos terapêuticos dessa prática, considerando as
interações entre os fitoterápicos e entre estes e os alimentos e os medicamentos; 5)
cumprir de maneira plena e ética o que determinam a Resolução do CFN nº 525, de
2013; 6) cumprir a legislação e, sempre que houver, os protocolos adotados em
serviços de saúde que oferecem a fitoterapia; 7) inserir o componente de sua
especialidade na proposta terapêutica individual ou coletiva, adotada por equipes
multiprofissionais de atendimento à saúde; 8) valorizar as práticas sustentáveis
adotadas nos processos produtivos e nas pesquisas; 9) identificar fontes de
informações científicas e tradicionais que permitam atualização contínua e
promovam práticas seguras da fitoterapia em nutrição humana; e 10) acompanhar e
promover o desenvolvimento de pesquisa na área da fitoterapia, analisando
criticamente a produção científica dessa área" (CFN, 2015).
O objetivo desse trabalho é elaborar uma cartilha de orientação para uso do
profissional de nutrição com os principais fitoterápicos para obesidade.

2. METODOLOGIA

A metodologia baseia-se em revisão bibliográfica do tipo descritiva


quantitativa, sobre fitoterápicos para obesidade, que aparecem com maior
frequência nas pesquisas realizadas nas bases de dados Scielo, Periódico Capes,
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site da Anvisa e do Conselho Federal de Nutrição, publicados no período de 2006 a


2016, tendo como indexadores as palavras, obesidade, fitoterápicos, fitoterápicos
para uso nutricional, fitoterápicos inibidores de apetite, fitoterápicos para perda de
peso, fitoterápicos para hipertensão, fitoterápicos antiglicemiantes, fitoterápicos para
dislipidemia e fitoterapia, pesquisados durante os meses de Abril a Outubro de 2016.
Da revisão bibliográfica, obteve-se 1580 artigos científicos. Destes, 59 plantas
foram registradas como de uso para tratamento da obesidade, a grande maioria sem
estudos validados que atentem a segurança ou comprovação dos efeitos esperados.
Somente 28 artigos apresentavam estudos em seres humanos. Os principais
mecanismos fisiológicos descritos nos artigos foram: inibidores de apetite, redutores
de absorção calórica, termogênicos, lipolíticos, controle da ansiedade e múltiplos
mecanismos de ação.
Estes foram organizados numa tabela contendo itens como nome botânico,
nome popular, parte utilizada, mecanismo de ação, forma de utilização, posologia e
possíveis toxicidades para elaboração de uma cartilha de divulgação, respeitando a
legislação vigente para o nutricionista.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 A OBESIDADE

A obesidade é um fenômeno que tem sido observado em praticamente todas


as faixas etárias da população em vários países no mundo. Sua prevalência cresceu
nos últimos anos e constitui um dos mais significativos problemas nutricionais da
atualidade, devido, principalmente, às suas graves consequências biopsicossociais.
Antes, mais comum entre adultos, já atinge, também, crianças e adolescentes de
forma preocupante (SANTOS, 2015).
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Segundo dados da ABESO, 2015 cerca de 52,5% de adultos brasileiros


apresentam excesso de peso, sendo que destes, 17,9% apresentando obesidade e
15% entre as crianças. Esse quadro está associado ao aumento das doenças
crônicas não transmissíveis, se transformando em preocupação com a saúde da
população e despertando grande interesse da comunidade acadêmica. As soluções
para perda de peso e manutenção da saúde são atualmente um desafio para os
profissionais da área da nutrição, que na busca de um padrão ouro, necessitam de
alternativas para garantir a continuidade do tratamento.
Verificou-se que a classe de baixa renda representa a maior parcela da
população acometida pelo excesso de peso e obesidade, exercendo o fator
socioeconômico uma grande influência sobre este aspecto. Esse dado é explicado
pela falta de informações sobre dietas mais saudáveis e pelo pouco acesso à
variedade de alimentos, o que leva estes indivíduos a optarem, geralmente, por dieta
rica em carboidratos e gorduras e pobre em proteínas, fibras e vitaminas (ABESO,
2015).
Prado et al., (2010), mencionam que sendo a obesidade uma doença de
origem multicausal, o enfoque para corrigi-la deve ser multidisciplinar. Para o seu
tratamento são comumente empregados a dietoterapia, o exercício físico, a
modificação no comportamento alimentar, a psicoterapia e, eventualmente, drogas
anorexígenas. Mesmo com variadas opções terapêuticas, o sucesso na perda de
peso, frequentemente, é difícil de ser alcançado e/ou mantido.

3.2 A FITOTERAPIA

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% da população de


países em desenvolvimento utiliza-se de práticas tradicionais na atenção primária à
saúde e, desse total, 85% fazem uso de plantas medicinais. No Brasil, não se sabe
com exatidão o número de pessoas que utilizam as plantas, mas, seguramente,
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essa tendência mundial também é seguida, desde o consumo da planta fresca e


preparações extemporâneas, até o fitoterápico. Atualmente, aproximadamente 48%
dos medicamentos empregados na terapêutica advêm, direta ou indiretamente, de
produtos naturais, especialmente de plantas medicinais (CARVALHO et al., 2007).
As plantas medicinais representam fator de grande importância para a
manutenção das condições de saúde das pessoas. Além da comprovação da ação
terapêutica de várias plantas utilizadas popularmente, a fitoterapia representa parte
importante da cultura de um povo, sendo também parte de um saber utilizado e
difundido pelas populações ao longo de várias gerações. Um programa adequado de
fitoterapia deve incorporar um conjunto de atitudes, valores e crenças que
constituem uma filosofia de vida e não meramente uma porção de remédios
(TOMAZZONI; NEGRELLE; CENTA, 2006).
O uso de plantas medicinais no tratamento e prevenção das enfermidades é
tão antigo quanto a espécie humana. A utilização da flora medicinal no tratamento
de várias patologias, ocorre há séculos, o homem faz uso dessas alternativas por
meio de observação e experimentação, possibilitando a descoberta das atividades
farmacológicas de cada planta medicinal (TEIXEIRA, 2011).
Ainda de acordo com Prado et al, (2010), a descoberta humana das
propriedades úteis ou nocivas dos vegetais tem suas raízes no conhecimento
empírico. A observação do comportamento dos animais e a verificação empírica dos
efeitos da ingestão deste ou daquele vegetal no organismo humano teve um
importante papel. Encontram-se também descritos relatos lendários relativos a
descobertas das propriedades das plantas medicinais, muitas vezes atribuídas a
uma intervenção divina, pois seu uso fazia parte de rituais religiosos, em que lhes
eram atribuídos poderes de colocar os homens em contato direto com os deuses.
Entretanto, foi a partir do século XIX que a fitoterapia teve maior avanço, devido ao
progresso científico na área da química, o que permitiu analisar, identificar e separar
os princípios ativos das plantas. No Brasil, a história da utilização de plantas, no
tratamento de doenças, apresenta influências da cultura africana, indígena e
europeia. A contribuição dos escravos africanos com a tradição do uso de plantas
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medicinais, em nosso país, se deu por meio das plantas que trouxeram consigo, que
eram utilizadas em rituais religiosos e também por suas propriedades
farmacológicas, empiricamente descobertas. Os índios que aqui viviam, dispostos
em inúmeras tribos, utilizavam grande quantidade de plantas medicinais e, por
intermédio dos pajés, este conhecimento das ervas locais e seus usos foi transmitido
e aprimorado de geração em geração. Os primeiros europeus que chegaram ao
Brasil depararam-se com estes conhecimentos, que foram absorvidos por aqueles
que passaram a viver no país e a sentir a necessidade de viver do que a natureza
lhes tinha a oferecer, e também pelo contato com os índios que passaram a auxiliá-
los como “guias”. Tais fatos fizeram com que os europeus ampliassem seu contato
com a flora medicinal brasileira e a utilizassem para satisfazer suas necessidades
alimentares e medicamentosas.
Carvalho et al., (2007), também afirmam que a regulamentação dos
medicamentos fitoterápicos industrializados é realizada pela ANVISA, responsável
pelo registro de medicamentos e outros produtos destinados à saúde. A Vigilância
Sanitária age em um vasto campo de atuação, representando a intervenção do
Estado nas atividades de produção e consumo, sobrepondo interesses sanitários
aos econômicos em defesa da saúde da população. Todos os fitoterápicos
industrializados devem ser registrados na ANVISA antes de serem comercializados,
a fim de garantir que a população tenha acesso a medicamentos seguros, eficazes e
de qualidade comprovada. Com esse procedimento, minimiza-se a exposição a
produtos passíveis de contaminação e padroniza-se a quantidade e a forma certa
que deve ser usada, permitindo uma maior segurança de uso.
A RDC nº 48/04 prevê diferentes formas de se comprovar a segurança e
eficácia dos medicamentos fitoterápicos. Entre elas, há a possibilidade de se utilizar
as informações disponíveis sobre a tradição de uso da planta para as indicações
propostas. Neste caso, a empresa solicitante deve apresentar um aprofundado
levantamento bibliográfico (etnofarmacológico e de utilização, documentações
técnico-científicas ou publicações), que é avaliado consoante aos seguintes critérios:
indicação de uso episódico ou para curtos períodos de tempo; coerência com
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relação às indicações terapêuticas propostas; ausência de risco tóxico ao usuário;


ausência de grupos ou substâncias químicas tóxicas, ou presentes dentro de limites
comprovadamente seguros; e comprovação de uso seguro por um período igual ou
superior a 20 anos (ANVISA, RDC, nº48/04)
No Brasil, duas importantes políticas foram estabelecidas em 2006. A primeira
foi a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único
de Saúde (SUS), aprovada através da Portaria Ministerial MS/GM nº 971 de 03 de
maio de 2006. A segunda foi a Política Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos, publicada através do Decreto nº 5.813 em 22 de junho de 2006.
Ambas as políticas apresentam em suas diretrizes o incentivo à pesquisa e ao
desenvolvimento com relação ao uso de plantas medicinais e fitoterápicos que
possam ser disponibilizados com qualidade, segurança e eficácia à população,
priorizando a biodiversidade do país. Estas medidas apontam para maior valorização
e reconhecimento deste recurso terapêutico como alternativa para a população
brasileira (BRASIL, 2006).

3.3 A LEGISLAÇÃO PARA O NUTRICIONISTA CLÍNICO

A discussão da utilização pelo nutricionista das terapias ditas alternativas


iniciou-se em 2002 com um parecer sobre seis estratégias complementares:
Acupuntura, Medicina Tradicional Chinesa, Fitoterapia, Suplementos Alimentares,
Iridologia, Florais e Homeopatia. Em 2005, foi elaborada uma minuta de resolução
pelo respectivo grupo de trabalho da fitoterapia, justificando a importância da
prescrição dos fitoterápicos pelo nutricionista, que ao final de 2006 foi liberada para
consulta pública no site do CFN com o objetivo de agregar as colocações da
categoria. A minuta foi aprovada na 186ª Reunião Plenária Ordinária do CFN,
realizada nos dias 16 e 17 de julho de 2007, sendo publicada a resolução CFN nº
402 no Diário Oficial da União em 6 de agosto deste ano, regulamentando, então, a
prescrição pelo profissional nutricionista de fitoterápicos de plantas in natura frescas,
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ou como droga vegetal nas suas diferentes formas farmacêuticas. É importante


ressaltar que essa resolução permite a suplementação de fitoterápicos apenas em
suas formas de uso via oral, como infusão, decocção, tintura, alcoolatura e extrato.
O nutricionista deve, ainda, recomendar o uso de fitoterápicos desde que conheça
sua origem e sejam adequados às normas da ANVISA, quando industrializados.
Ainda, caso o produto seja adquirido in natura, o consumidor deve estar atento às
condições higiênico-sanitárias da espécie. Não fazem parte dessa resolução os
produtos fitoterápicos cuja legislação vigente (RDC nº 89/2004) exija a prescrição
médica. Assim, como as plantas são remédios poderosos e eficazes, o risco de
intoxicação causada pelo seu uso indevido deve ser sempre levado em
consideração. A observância das dosagens prescritas e o cuidado na identificação
precisa do material utilizado podem evitar uma série de acidentes. Diante da
complexidade na área da saúde humana e da responsabilidade da interação da
ciência da nutrição com os extratos botânicos, é importante lembrar que o
nutricionista deve sempre orientar o consumo de fitoterápicos de acordo com a ética,
prescrevendo produtos que tenham indicações terapêuticas associadas ao seu
campo de conhecimento, e que, ainda, o profissional deve ser cientificamente
capacitado para adotar este tipo de conduta (PRADO et al., 2010).
A partir de 2016 apenas nutricionistas com título de especialização ou diploma
de pós-graduação latu sensu nessa área poderão prescrever fitoterápicos
preparações magistrais exclusivamente de via oral que não exijam prescrição
médica. Ao nutricionista graduado com ausência de tais documentos, podem ou
poderão prescrever apenas drogas vegetais e plantas medicinais, que devem
sempre ser preparadas por decocção, maceração ou infusão, conforme indicação,
não sendo admissível que sejam prescritas sob forma farmacêutica nenhuma (CFN,
525/2013).
No Caderno de Atenção Básica de práticas integrativas e complementares do
Ministério da Saúde de 2012, constam nas páginas 92 e 94 que as intervenções do
NASF são pautadas por nove áreas estratégicas, entre elas, as Práticas Integrativas
e Complementares (PICs), contempladas na PNPIC. Nesse sentido, o propósito de
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ampliar a abrangência e o escopo das ações da atenção básica com ampliação das
categorias profissionais, por meio do NASF, vem ao encontro às ações em plantas
medicinais e fitoterapia, que demandam equipe multidisciplinar nas diversas áreas
de conhecimento da cadeia produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos. A
fitoterapia pode ser trabalhada pelos diferentes profissionais com enfoques variados,
onde os olhares se somam, multiplicando suas aplicações e benefícios em uma
prática que incentiva o desenvolvimento comunitário, a solidariedade e a
participação social. Cabe destacar também o papel do nutricionista nas ações de
alimentação e nutrição, requisitos básicos para a promoção e a proteção da saúde,
possibilitando a afirmação plena do potencial de crescimento e desenvolvimento
humano, com qualidade de vida e cidadania. Considerando as ferramentas
tecnológicas de trabalho no NASF, o nutricionista deve organizar a atenção
alimentar e nutricional construindo em conjunto com as equipes de Saúde da Família
um planejamento com base nas necessidades locais. Em relação às Práticas
Integrativas e Complementares, em especial a fitoterapia, cabe, entre outros,
implementar ações de alimentação e nutrição, inclusive aquelas relacionadas ao uso
de plantas medicinais e suas preparações, considerando a realidade e singularidade
sociocultural e epidemiológica das populações; atuar junto a equipe multiprofissional
na promoção do uso correto e racional de plantas medicinais e fitoterápicos; difundir
a implantação de hortas com plantas medicinais e hortaliças usuais associadas a
alimentação sustentável, com base em produção agroecológica, além de promover
educação continuada dos ACS contemplando temas de alimentação, nutrição e
plantas medicinais. (BRASIL, 2012)
Segundo Kalluf (2007), a pertinência e a importância do uso da fitoterapia por
esse profissional se dá pela grande interface com a nutrição, comprovada pelos
crescentes estudos das propriedades funcionais tanto na área das espécies vegetais
como na de alimentos. O reconhecimento de como a interação dietética com os
fitoterápicos é capaz de modificar a expressão genética de um indivíduo, estimular
seu desenvolvimento físico e mental, aumentar seu bem-estar e diminuir a
susceptibilidade frente às doenças crônicas e outras comorbidades tem grandes
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implicações sociais, especialmente em caso de patologias de elevada prevalência


como doença cardiovascular, obesidade, síndrome metabólica e câncer. Existem
ainda alterações positivas nos aspectos fisiológicos e bioquímicos do organismo
frente aos princípios ativos das plantas.

3.4 A FITOTERAPIA NO TRATAMENTO DA OBESIDADE

A busca de alternativas para o tratamento da obesidade é de grande


relevância, uma vez que a OMS tem expressado a sua posição a respeito da
necessidade de valorizar a utilização de plantas medicinais no âmbito sanitário
desde 1978, tendo em vista que 80% da população mundial utilizam essas plantas
ou preparações destas na atenção primária à saúde (WEISHEIMER et al, 2015).
A estratégia terapêutica na obesidade tem sofrido profundas modificações nos
últimos anos. O tratamento nutricional atualmente recomendado baseia-se mais em
um planejamento de reeducação alimentar do que nas dietas tradicionais, que
frequentemente fracassavam em manter a perda de peso. Enfatiza-se cada vez mais
a importância da atividade física, com uma intensidade que deve variar de acordo
com a aptidão física de cada indivíduo. As técnicas de terapia cognitivo-
comportamental foram consideravelmente aperfeiçoadas, contribuindo hoje de forma
mais efetiva para a mudança dos hábitos de vida do paciente obeso. O uso racional
dos agentes antiobesidade é considerado atualmente um coadjuvante indispensável
para um grande número de obesos, quando já existe um risco importante para a
saúde. A definição dos critérios para sua utilização tem sido uma das principais
preocupações dos responsáveis pela elaboração dos documentos de consenso que
têm sido utilizados como guias de referência clínica para a abordagem do paciente
obeso. A melhora da capacidade funcional dos órgãos e sistemas com o uso dos
fitoterápicos se dá pelos efeitos que eles apresentam sistematicamente no
organismo. O enfoque inicial está no aumento da digestibilidade e melhora do
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aproveitamento e da aceitabilidade da alimentação. Outros fatores correlacionados


com a nutrição seriam as ervas que ampliam a variedade e a adequação da
alimentação, pois são fontes de nutrientes essenciais, com importantes funções no
organismo. O principal objetivo de todos esses sistemas de cura que utilizam os
efeitos terapêuticos dos fitoterápicos é estimular os processos metabólicos que
ajudam a manter o estado de equilíbrio corporal (PRADO et al, 2010).
É interessante o fato de que, no país com a maior biodiversidade do mundo,
com extensão continental e grande riqueza cultural e de saberes sobre plantas
medicinais, oriunda das suas três matrizes étnicas (indígena, africana e europeia), a
fitoterapia disponha de poucos artigos validados para obesidade e com estudos em
seres humanos. Algumas hipóteses podem ser levantadas a respeito. Deve haver
sub registro e/ou pouco interesse acadêmico sobre o tema em relação à quantidade
e diversidade maior de experiências com fitoterapia no país. Também há pouco ou
nenhum apoio governamental e das instituições para o tema, o que deve ser
lamentado frente ao grande potencial de uso, de produção de conhecimento e de
tecnologia desperdiçados. O tema das plantas medicinais é persistentemente
subvalorizado no Brasil, pois há predomínio de uma visão centrada na alopatia.

3.4.1 Inibidores de apetite

É uma fruta nativa do sul da Ásia, utilizada pelos nativos da Índia como
inibidor natural do apetite. Sua principal função na capacidade de
queimar gorduras armazenadas no organismo, reduzindo assim o
desejo de comer doces. O extrato seco é obtido da casca do fruto,
Garcínia cambogia
sendo seu principal constituinte o ácido hidroxicítrico, que tem a função
de bloquear a síntese de ácidos graxos por competir com a enzima
Citratoliase pelo substrato citrato, impedindo a formação de AcetilCoa, o
que acelera a queima de gordura pela capacidade de bloquear a síntese
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de gordura nova. O que torna a Garcínia uma alternativa para obesidade


é o fato de inibir o apetite sem causar danos comuns aos supressores
de apetite que estimulam o sistema nervoso central, e que podem
resultar em distúrbios psicológicos, cardiovasculares e outros
(GUERRA, 2009).

A principal alegação das propriedades terapêuticas da Gymnema


sylvestre está relacionada ao “glucomarim”, um peptídeo isolado, que
parece bloquear o estímulo ao sabor doce da glicose e da sacarose,
ligando-se temporariamente aos receptores linguais que sinalizam o
sabor doce amargo, inibindo o desejo de ingerir doces. Um estudo
randomizado, duplo-cego, controlado, com placebo em humanos foi
realizado com trinta pacientes com sobrepeso/obesidade (idade 21-50
anos), durante oito semanas. Os participantes foram divididos
aleatoriamente em três grupos (10 indivíduos/grupo), no grupa A
administrou-se ácido hidroxicítrico de Garcinia cambogia(HCA 2800
mg/dia). No grupo B administrou-se uma combinação de HCA
(2800mg) com complexo cromo-niacina (400 mg) e extrato de
Gimnema sylvestre (400mg). Já o grupo C recebeu um placebo.
Ambos os grupos receberam três doses/dia, divididas igualmente 30-
60 minutos antes de cada refeição. Além disso, os participantes
Gymnema silvestre
receberam dieta de 2.000 kcal/dia e participaram de um programa de
caminhada, 5 dias/ semana. Ao final de 8 semanas, peso e IMC
diminuiram 6,3% no Grupo A. O consumo alimentar foi reduzido em
4%. O colesterol total, LDL e triglicérides foram diminuídos em 6,3%,
12,3% e 8,6%, respectivamente, enquanto o HDL e os níveis de
serotonina aumentaram 10,7% e 40%. Níveis séricos de leptina
diminuíram 36,6%, e a excreção urinária de metabólitos de gordura foi
aumentada. Nestas mesmas condições, o grupo B obteve redução do
peso e IMC em 7,8% e 7,9%, respectivamente. O consumo alimentar
foi reduzido em 14,1%. O colesterol total, LDL e triglicérides foram
reduzidos em 9,1%, 17,9% e 18,1%, enquanto o HDL e os níveis de
serotonina aumentaram 20,7% e 50%. Os níveis séricos de leptina
diminuíram 40,5% e a excreção urinária de metabólitos de gordura
aumentou 146-281%. No grupo C houve redução do peso e IMC de
apenas 1,6% e 1,7%, respectivamente, a ingestão de alimentos
17

aumentou em 2,8%, e LDL, triglicerídeos e colesterol total diminuíram


0,8%, 0,2% e 0,8%. Os níveis de HDL foram reduzidos em 4,1%,
enquanto os níveis séricos de leptina foram aumentados em 0,3%, a
excreção urinária de metabólitos de gordura não variou. Nenhum
efeito adverso foi observado (MANENTI, 2010).

Diversos estudos demonstram a eficácia, a importância e o potencial


de uso de inibidores de amilases, glicosidases e lipases no tratamento
da obesidade e comorbidades associadas e reforçam a necessidade
da busca por novas fontes desses inibidores. Evidências
etnofarmacológicas sustentam o efeito inibidor do apetite e
emagrecedor da Hoodia gordonii (PEREIRA, 2010).
É um cacto suculento amplamente encontrado nas áreas áridas da
África do Sul. Apesar de ter um gosto amargo, sua seiva era
amplamente utilizada por nativos da África do Sul como substituto de
Hoodia gordonii
água e comida quando faziam longas caminhadas pela savana. O
princípio ativo com potencial para supressão do apetite, presente na
Hoodia gordoniI é o P57 (ou P57AS3), um glicosídeo esteroidal, tendo
sido patenteado e licenciado pela indústria farmacêutica. Há apenas
um estudo testando o extrato de Hoodia gordoniI em humanos, ele foi
realizado pela empresa detentora da licença de patente da P57. O
estudo sugere que a suplementação com P57 gera uma diminuição no
consumo calórico, porém a metodologia e dosagem usadas não foram
divulgadas (MANENTI, 2010).

Irvingia é o extrato da verdadeira manga africana. Promove redução


dos níveis de proteína C reativa, diminuindo a quantidade dessa
proteína disponível para bloquear a atividade da leptina. Este
hormônio desempenha importante papel na gestão do peso, pois
propicia a degradação das gorduras nos adipócitos e ordena ao
Irvingia gabonensis
cérebro a extinção dos sinais crônicos da fome.
Regula a expressão de adiponectina, melhorando a sensibilidade à
insulina que está associada com níveis mais baixos de proteína C-
reativa e contribuindo para a restauração da atividade da leptina.
Inibe a glicerol-3-fosfato desidrogenase, reduzindo a formação de
18

ácidos graxos no organismo inibindo a quantidade de glicose no


sangue que se converte em gordura.
Inibe a enzima amilase, reduzindo assim a quantidade de amido
ingerida que será convertida em açúcar. Reduz a absorção de hidratos
de carbono.
Os principais efeitos colaterais que a manga africana tem
demonstrado em estudos é justamente a diminuição do apetite,
provavelmente pelo fato dela aumentar a atividade da leptina,
substância relacionada à fome e ao maior apetite (OLSZEWER, 2012).

O gênero bacteriano spirulina é uma Cyanobacterium são as mais


estudadas para uso na alimentação humana por apresentarem perfil
nutricional que as torna ideal como suplemento alimentar, pois
substituem satisfatoriamente as fontes artificiais de nutrientes, por
combinar diversos constituintes de maneira equilibrada e tem uma
ação supressora do apetite devido à presença relativamente alta da
fenilalanina, que atua sobre o centro do apetite, e quando ingerida
com o estômago vazio produz sensação de plenitude gástrica e
saciedade (PRADO, 2010). A Spirulina é legalmente autorizada como
complemento alimentar na Europa, Japão e Estados Unidos pelo FDA
(Food and Drug Administration), sem efeitos tóxicos ao organismo. No
Brasil, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) permite
sua comercialização desde que o produto final no qual o
Spirulina
microrganismo tenha sido adicionado esteja devidamente registrado
(AMBROSI, 2008). A Spirulina spp. apresenta elevado conteúdo
proteico e é considerada uma das fontes mais ricas de provitamina A
(beta-caroteno) e de ferro absorvível, além de apresentar altos níveis
de vitaminas e outros minerais. Em estudo relatado Ambrosi, (2008),
constatou-se que uma dieta suplementada com 2,8 g de Spirulina, três
vezes ao dia durante quatro semanas, resultou em redução do peso
corporal de pacientes ambulatoriais obesos. Tal efeito está
relacionado com o aumento da atividade da lipase lipoprotéica (LPL),
já que esta hidrolisa os triacilglicerois retirando os ácidos graxos dos
quilomícrons, e também atua sobre o VLDL. A LPL é a principal
enzima no processo de hidrólise dos triacilgliceróis circulantes e atua
na modulação das reservas de gordura). Outro mecanismo pode estar
19

associado à redução de peso proporcionada pela Spirulina é o efeito


da proteína na saciedade. Segundo alguns autores, a elevação do
nível de aminoácidos plasmáticos, observada após a ingestão de
proteínas, estimula a liberação de hormônios anorexígenos e insulina,
os quais irão atuar sobre o centro da saciedade, resultando na
redução do apetite.

3.4.2 Redutores de Absorção Calórica

Waitzberg (2006) define, de forma simples, a fibra alimentar como todos os


polissacarídeos vegetais da dieta (celulose, hemicelulose, pectinas, gomas e
mucilagens), mais a lignina, que não são hidrolisados pelas enzimas do trato
digestivo humano. As fibras alimentares, como alimento funcional, têm tido
relevância, uma vez que atuam diretamente na prevenção de doenças. Elas
atualmente são foco de grande atenção devido aos inúmeros distúrbios metabólicos
e doenças crônicas não transmissíveis geradas pelo mau hábito alimentar
enfrentados pela sociedade atual. Elas têm sido apontadas como substâncias
preventivas de doenças, evitando ou minimizando os efeitos dos alimentos
industrializados ou daqueles sem propriedades benéficas ao organismo,
promovendo uma melhor qualidade alimentar e, consequentemente, uma melhor
qualidade de vida.

Constitui-se um dos componentes das fibras naturais que atuam em


importantes funções mecânicas e metabólicas. No sentido botânico-
farmacológico entende-se por mucilagens as substâncias
Mucilagens
macromoleculares de natureza glicídica. As plantas com mucilagens
estão amplamente distribuídas no reino vegetal. As mucilagens são
exsudatos formados nos caules das plantas, com elevada concentração
de polissacarídeos; são compostos hidrofílicos não digeríveis, solúveis
20

em água e produzem gel em solução aquosa, causando saciedade.


(Food and Nutrition Board, 2001)

A Goma Guár é moderador natural do apetite, laxativo suave. Atua


sobre o metabolismo dos lipídeos reduzindo os níveis de colesterol
Cyamopsis
plasmático e atua como coadjuvante no controle dos níveis plasmáticos
tetragonolobus
de glicose em caso de diabetes não insulino dependente
(ARTMED,2016).

É uma fibra solúvel usado principalmente como um laxante em vários


medicamentos tradicionais e naturais e pode ajudar a diminuir o
colesterol, aliviar a prisão de ventre e diarreia, além de poder ser usado
para tratar a síndroma do intestino irritável, hemorroidas e outros
problemas intestinais. Também pode ajudar a regular os níveis de
açúcar no sangue em pessoas com diabetes. O psyllium emagrece e
pode ser um excelente remédio natural para quem deseja perder peso,
vez que as fibras da planta tendem a inchar em contato com a água,
criando uma sensação de saciedade no organismo e
consequentemente moderando o apetite.
Os óleos favorecem as propriedades laxativas, sendo também utilizada
como um emoliente e demulcente. Em forma de cataplasma pode curar

Plantago psyllium infecções e tratar dores de dente, além de ser usada para abscessos,
irritação na pele, panarício (infecção nas pontas dos dedos) e máscara
facial para a pele. As sementes e as cascas das sementes são as
partes mais utilizadas, vez que são ricas em componentes químicos
como mucilagem (arabinoxilano, que absorvem grande quantidade de
água e auxiliam o intestino), aucubina, proteínas, enzimas, xilose,
galactose, óleo essencial (linoleico, oleico, palmítico) e gomas. Na
culinária, as folhas jovens podem ser consumidas em saladas. As
sementes podem ser acrescentadas a cereais e iogurtes.

É recomendado sempre consumir a planta com bastante líquidos. O uso


pode diluir enzimas tônicas digestivas e por isso é recomendada a
utilização entre as refeições, sendo melhor assimilado antes de dormir
ou como primeira refeição pela manhã, como substituto do café da
21

manhã. É contraindicado durante a gravidez (BLISS, 2014).

Diversos estudos relatam uma variedade de produtos e extratos de


origem natural, incluindo compostos isolados de plantas, que estão
sendo utilizados no tratamento da perda de peso, assim como
prevenindo a obesidade gerada por uma dieta rica em calorias (HAN,
2013).
Atualmente a faseolamina está sendo prescrita por médicos, como
coadjuvante nas dietas com objetivo de redução de peso e também
para pacientes com diabetes. Encontram-se no mercado hoje, diversos
produtos denominados como suplementos alimentares para
emagrecimento, entre os quais tem destaque principalmente para os
que possuem compostos à base de extratos vegetais. Cabe salientar
que a faseolamina deve ser usada como auxílio no tratamento da
obesidade e não como estrutura principal (ARBO et al, 2009; PEREIRA,
2008).
A proteína faseolamina é dita como inibidora da enzima alfa-amilase.
Essas enzimas têm destaque no metabolismo de carboidratos em
Phaseolus vulgaris animais, em plantas e em outros organismos. As alfa-amilases estão
presentes na saliva e também na secreção pancreática de mamíferos
(OCTÁVIO,2002).
Suas espécies, especialmente o feijão comum, são amplamente
distribuídas no mundo além de cultivadas nos trópicos. Muitas
leguminosas como o feijão possuem frações proteicas, que são fontes
de inibidores naturais de hidrolases, como proteases, amilases, lipases,
glicosidases e fosfatases. Comparado com outros feijões, o feijão
branco possui melhor qualidade protéica. Considerados fonte de
proteína vegetal, além de fibras solúveis e insolúveis. O feijão também é
rico em ácido fólico, ferro, magnésio, zinco e antioxidantes, contudo
contém fitatos, que são considerados fatores anti-nutricionais, e que
induzem a absorção inadequada de alguns outros micronutrientes.
Apesar disso, o principal nutriente do feijão é o carboidrato, o amido
presente nele, pode ser classificado como amido resistente no qual é
lentamente digerível. As propriedades do feijão branco na perda de
peso, que possuem frações proteicas, e são fontes de inibidores
22

naturais de hidrolases, como proteases, amilases, lipases, glicosidases


e fosfatases (MAZUR, 2014).
Os inibidores protéicos da α-amilase são amplamente distribuí- dos em
plantas, principalmente em cereais (trigo e cevada) e feijão. O uso
destes inibidores tem sido feito para redução da hiperglicemia pós-
prandial como ferramenta auxiliar na busca de nutracêuticos e
fitofármacos para controle da obesidade e do diabetes mellitus não
insulino-dependente. Esta inibição induz tolerância aos carboidratos,
saciedade, perda de peso e prolonga o esvaziamento gástrico
(PEREIRA, 2010).

O Ágar Ágar é um laxativo suave. Utilizado para tratamento de prisão de


Gelidium
ventre, pois aumenta o bolo fecal e estimula as contrações do intestino.
cartilagineum
Coadjuvante nos regimes de emagrecimento (ARTMED, 2016).

3.4.3 Termogênicos

A Camellia sinensis é um arbusto de pequeno porte, de origem


asiática, pertencente à família Theaceae. Apresenta folhas simples, é
designado como chá da índia ou chá verde, oolong ou chá preto, quando
obtido a partir da fermentação das folhas, e designado de chá branco
quando obtido a partir das flores. As folhas frescas recém coletadas e
estabilizadas caracterizam o chá verde. O chá verde se destaca entre
uma das bebidas estimulantes mais consumidas no mundo e foi utilizado
Camellia sinensis
durante séculos como medicamento. Cerca de dois terços da população
L.
o consome todos os dias. O chá verde, que era consumido como
medicamento, passou a ser do gosto popular devido as suas
características organolépticas, sabor e aroma. Seus componentes
flavonóides e catequinas apresentam uma série de atividades biológicas,
antioxidantes, quimioprotetora, termogênicas, anti-inflamatória e
anticarcinogênica (UEMOTO, 2013)
Segundo DUARTE, 2014 os efeitos terapêuticos do chá verde são
23

atribuídos às atividades da EGCG, uma vez que, é o principal


componente das catequinas do chá. O método de secagem das folhas
de Camellia sinensis para a produção do chá verde contribui para que os
flavonoides sejam conservados, Além disto, a EGCG atua promovendo a
diminuição da gordura corporal, uma vez que, essa promove a redução
da ingestão alimentar, a absorção de lipídeos, dos triglicerídeos
sanguíneos, do colesterol, da concentração de HDL e auxilia na
regulação do hormônio leptina melhorando sua atuação. As doses de
chá verde que surtem tais efeitos variam largamente, mas tipicamente
ficam em torno de três copos por dia, equivalente a, aproximadamente,
240 a 320mg de polifenóis.

O café contém centenas de componentes, cada um dos quais podem ter


efeitos farmacológicos potenciais e independentes. O café é uma
importante fonte de cafeína. A obesidade e o excesso de peso estão
ligados ao consumo de alimentos ricos em energia, em combinação com
a falta de atividade física e possíveis predisposições genéticas. Recente
estudo Epidemiológico tem mostrado que o consumo de quantidades
crescentes de café resulta em um menor risco de obesidade. As
pesquisas cumulativas confirmam que os ácidos clorogênicos, obtidos
de grãos de café verde, desempenham uma função no metabolismo da
glicose. O extrato de café verde está presente no grão verde do café.
Coffea robusta
Também está presente no café torrado, mas grande parte é destruída no
processo de torra. O método tradicional de extração do extrato de café
verde presente no grão verde do café envolve o uso de álcool como
solvente. Os efeitos do Extrato de Café Verde estão relacionados à
concentração de ácido clorogênico que quanto mais elevada, melhores
serão seus resultados. O Extrato de Café Verde também promove
modificações na secreção hormonal e na tolerância à glicose em
humanos, este mecanismo é devido a absorção de glicose na região
distal, ao invés da parte proximal do trato gastrointestinal
(E.THOM,2007).

A laranja-da-terra, pertence à familia Rutaceae, é popularmente


Citrus aurantium conhecida como laranja-azeda tem origem no Sudoeste asiático e no
Brasil é encontrada em pomares domésticos (JUNIOR et al., 2010).
24

Segundo Salle (1996), as folhas e as flores da laranjeira têm princípio


digestivo, calmante, sedativo, antiespasmódico e diminui a amplitude
das contrações cardíacas, é indicada para nervosismo, taquicardia,
palpitações, insônias e enxaquecas. A dosagem aconselhada vai
depender do tipo de enfermidade.
Segundo Ferro (2008), Citrus aurantium L pode ser utilizada como
calmante, usando casca do fruto, flores, frutos e entrecasca.
Coadjuvante no tratamento da obesidade, usando: pericarpos imaturos;
extratos padronizados a 6 % rico em sinefrina, diminui o apetite e
aumenta a queima de gordura pelo corpo, visto que a sinefrina não
ultrapassa a barreira hematoencefálica. E útil nos casos de constipação
intestinal, utilizando o fruto verde ou pó.

A Capsicum annum é uma planta pertencente à família Solanaceae. A


capsaicina é o principal componente ativo da pimenta, sendo
encontrada também em outros alimentos. É um potente estimulante de
nervo aferente. Dados epidemiológicos têm demonstrado que o
Capsicum annum consumo de alimentos contendo capsaicina, está associado com uma
menor prevalência de obesidade e alteração da distribuição de gorduras
(LEUNG, 2008), além de melhorar a tolerância à glicose, resistência à
insulina (GRAM et al, 2005) e apresentar atividade antioxidante (LUO;
PENG; LI, 2010).

3.4.4 Lipolíticos

É derivado de frutas cítricas e contém uma rara composição de cinco


aminas adrenérgicas, sendo a Synefrina a mais efetiva. Aminas
adrenérgicas são substâncias que simulam a ação da adrenalina no
organismo, e entre suas funções está aumentar o metabolismo e
Citrus aurantium
consequentemente diminuir a fome e queimar gordura. O extrato de Citrus
Aurantium causa a liberação de adrenalina e noradrenalina estimulando
os receptores Beta-3 no fígado e tecido adiposo, desencadeando o
processo de queima de gordura, a lipase. Simultaneamente esse estimula
25

um aumento na taxa metabólica-termogênese, o que queima uma


quantidade maior de calorias. Deve-se ingerir cápsulas de 400mg uma a
três vezes ao dia (GUERRA, 2009).

Nomes populares: Erva-Mate, Chá-Mate, Azevinho, Yerba-Mate, Chá- do-


Paraguai, Hervea, Chá-de-Jesuíta.
Constituintes: Alcalóides à base de purinas (cafeína), taninos, polifenóis (ação
contra o envelhecimento celular, segundo uma pesquisa da Universidade Nacional
de Misiones, Argentina, julho 2009), potássio, magnésio. Usos tradicionais:
Depressão, diabetes, enxaqueca, fadiga, gripe, neralgia, obesidade, resfriados,
reumatismo, tensão pré-menstrual.
Ações terapêuticas: Reduz níveis de colesterol e gordura abdominal, promove
saciedade precoce, ação lipolítica e desabsortiva.
Propriedades medicinais: Diaforético, diurético, tônico digestivo, estimulantes de
nervo.
Preparações da erva: Infusão da erva-mate, Cápsula da erva-mate (KOHORI,
2016).
A erva mate (Ilex paraguariensis), pertencente à família Acanthaceae, é
uma árvore nativa da América do Sul (sul do Brasil, Argentina, Paraguai e
Uruguai), amplamente consumida na forma de chá (mate) – o chimarrão e
Ilex paraguarienses o tererê, e comercializada em pó ou folhas rasuradas, associada ou não a
outras, como bebida de mesa. Estudos in vitro e in vivo atestam que o Ilex
apresenta efeitos antioxidantes, prevenindo a oxidação do DNA e
lipoperoxidação do LDL, efeito hipocolesterolêmico, hepatoprotetor,
diurético. Recentemente esta planta tem sido utilizada, em fitoterápicos,
no tratamento da obesidade. As substâncias encontradas na erva mate
que podem estar relacionadas com esses efeitos são o ácido clorogênico,
cafeína, teobromina, flavonóides como quercetina, Kaempeferol e rutina.
Em outros estudos, foram analisadas várias plantas utilizadas
popularmente para fins de perda de peso no Sul do Brasil, somente o Ilex
Paraguariensis apresentou resultados positivos, sugerindo que este possa
estar relacionado ao conteúdo de metilxantina, composto com atividade
lipolítica e estimulante, e de saponinas, com comprovada ação sobre o
metabolismo de colesterol, e na absorção intestinal de gordura, via
inibição da atividade da lipase pancreática (MANENTI, 2010).
26

De nome popular framboesa, é uma planta pertencente à família


Rosaceae, gênero Rubus. A distribuição geográfica da framboesa
abrange uma vasta gama da Europa e Ásia do norte e regiões mais
temperadas. É utilizado não só para fins nutricionais, mas também
usada como medicina popular em muitos países, para o tratamento de
feridas, dor em cólica e algumas outras doenças, como diarreia e
doença renal. Durante as duas últimas décadas, muitos pesquisadores
têm estudado o biológico efeito dos componentes da framboesa,
segurança e eficácia de folhas, fruto e sementes. Seus altos níveis de
compostos fenólicos e antocianinas da fruta inibe a lipoproteína de baixa
densidade e a oxidação do lipossoma. O grau de maturidade pode
Rubus idaeus L. influenciar a composição química do fruto. Deste modo, os resultados
fornecem para o uso de framboesa como diurético na medicina
tradicional chinesa. Outra descoberta notável é que o metanol extrai
exposição diurético poupador de potássio (SADŁO et al, 2015).
Segundo Takikawa (2014), a framboesa é um fruto rico em antioxidantes
devido ao seu elevado nível de compostos fenólicos, que são
essencialmente compostos por antocianinas, elagitaninos, ácidos
fenólicos e conjugados do ácido elágico e quercetina. Além das
propriedades antioxidantes, a framboesa também possui outros
bioativos benéficos, como atividade antimicrobiana contra patógenos
intestinais e a anti-proliferação de células cancerosas no fígado, mama,
cólon e próstata.

A berinjela é originária da Índia, sendo de fácil cultivo nos países


tropicais. Partes utilizadas: frutos e folhas. Componentes: alcalóides,
vitaminas A, B1, B2, B5, C, minerais e proteínas. Propriedades:
colerético, diurético, emoliente, hipocolesterolemiante, laxativo. Uso
Solanum
interno: ingestão do fruto. Aplicações: hiperlipidémias, obesidade,
melongena L. obstipação. Importância para a terapêutica contra obesidade: inibidor do
apetite. Contra-indicações/toxicidade: não há indicações (FERREIRA,
2013).
27

Alga-perlada - Chondrus crispus Lyngb. Habitat: costas da Mancha e do


Atlântico, incluindo a costa portuguesa. Partes utilizadas: talo (verão),
secagem ao sol. Componentes: mucilagens, sais minerais,
aminoácidos, iodo, pro-vitamina D. Propriedades: béquico (propriedades
Wakame anti-tússicas), emoliente, expectorante, laxativo. Aplicações: bronquite,
conjuntivite, diarreia, obesidade, obstipação, raquitismo. Importância
para a terapêutica contra obesidade: ação laxativa. Contra-
indicações/toxicidade: não usar durante a gravidez e aleitamento
(FERREIRA, 2013).

3.4.5 Controle da ansiedade

O excesso de peso aumenta o risco para a saúde; seja por razões biológicas,
psicológicas ou comportamentais, alguns indivíduos parecem destinados a enfrentar
uma batalha para emagrecer. Este processo de luta pode produzir excessiva
preocupação com a alimentação, peso, autocondenação e depressão, bem como
repetidos ciclos de perda e recuperação de peso. Estudos têm mostrado que
crianças obesas possuem grande risco de desenvolver problemas psicológicos e de
saúde. Observações clínicas postulam a associação entre a obesidade e depressão.
Estas observações têm recebido suporte de estudos epidemiológicos, sugerindo
relação entre excesso de peso e sintomas psicológicos e psiquiátricos. A depressão
pode ser também sintoma de patologias orgânicas, como os distúrbios
endocrinológicos e neurológicos. Pode ainda, ser mais frequente em alguns grupos
de crianças, como as portadoras de problemas crônicos de saúde. Entre tais grupos
vulneráveis para o desenvolvimento da depressão infantil, encontra-se também o
das crianças obesas. A obesidade muitas vezes acarreta dificuldades
comportamentais, interferindo, assim, no relacionamento social, familiar e acadêmico
da criança (LUIZ, 2005).
É uma planta herbácea perene, encontra-se largamente distribuída pela
Valeriana officinalis
Europa e Ásia, mas devido a seu uso medicinal está difundida por todo o
28

mundo. Os principais componentes utilizados são o rizoma e a raiz,


utilizados nos casos de inquietação, ansiedade e distúrbios do sono. A
posologia indicada é de 1,5g de raiz seca ou 3g de raiz fresca (1 colher de
chá) para cada xícara de água em decocto ou infusão, para uso externo,
até 3 vezes ao dia em caso de nervosismo ou como antiespasmódico, e à
noite com a finalidade de prevenir a insônia (GUERRA, 2009).

A família Passifloraceae consiste de aproximadamente 16 gêneros e 650


espécies, sendo o gênero Passiflora considerado o mais importante, com
cerca de 400 espécies. Essas plantas crescem essencialmente nas
regiões tropicais, mas também estão presentes nas áreas subtropicais e
temperadas do mundo e muitas espécies deste gênero são utilizadas na
medicina popular. A Passiflora é vulgarmente conhecida como a Flor-da-
Paixão e cresce como trepadeira arbustiva. As partes da planta usadas
são as partes aéreas secas, cortadas ou fragmentadas, flores e/ou frutos.
Os seus constituintes são os flavonóides, dos quais se realçam os C-
heterósidos de flavonas, vestígios de fitosteróis derivados de cumarina,
Passiflora incarnata reduzida quantidade de óleo essencial, diversos glicídios, glicoproteínas e
aminoácidos livres, vestígios de alcalóides indólicos e ainda glicosidios de
cianogenéticos. A Passiflora possui efeitos ansiolíticos e/ou sedativos e
uma ação anti-espasmódica relacionados com constituintes. É usada em
tratamentos de excesso de peso ou obesidade, uma vez que estas
situações desencadeiam inúmeras vezes quadros relevantes de
ansiedade. Os efeitos secundários da Passiflora consistem no fato de
poder induzir sonolência em algumas pessoas, e em doses elevadas
poder potenciar fármacos inibidores da monoaminoxidase (anti-
depressivo). Está contra-indicado em caso de hipersensibilidade à planta
(PINTO, 2013).

O Alecrim, da família: Lamiaceae (Labiatae). Nomes vulgares: Romeiro,


alecrim-de-jardim, rosmarinus, alecrim-de-horta, rosa-marinha, erva-
coroada, alecrim-de-cheiro, romeu, rosmarinho. Descrição botânica: Erva
Rosmarinus
de caule quadrangular, aromática, sempre verde. Folhas sésseis,
officinalis L.
estreitas, de margens enroladas. Flores pequenas, de cálice tubuloso e
corola bilabiada, azul-pálidas, axilares. Descrição Terapêutica: As partes
uilizadas são folhas e flores. Seus compostos ativos ajudam a baixar o
29

nível de colesterol do sangue, atuando como tônico para o coração;


facilita a distribuição de gordura, prevenindo obesidade e aterosclerose,
que é causada por um lento aumento da gordura depositada no
revestimento das artérias do coração. O alecrim possui um alto teor de
antioxidantes, 73% sendo este o motivo pelo qual a planta possui papel
na prevenção da aterosclerose. Também é utilizado como analgésico,
estimulante do sistema nervoso central, hipotensor, diurético,
antimicrobiano, bactericida, hepatoprotetor e anticonvulsivante
(MARCHIORI, 2004; DANTAS, 2007).

A camomila, da família: Asteraceae. Nomes vulgares: Camomila-da-


alemanha, maçanilha, matricária. Descrição botânica: Erva de caule
ramificado de 15-30 cm de altura, apresenta folhas carnudas e
peninérveas. As flores terminais consistem num disco amarelo-dourado
rodeado de pétalas brancas. Descrição Terapêutica: Partes utilizadas são
folhas e flores. A camomila apresenta atividade antinflamatória devido à
Matricaria
presença de óleos essenciais, ricos em azuleno, matricina e alfa-bisabolol
chamomilla L.
e atividade espasmolítica que é atribuída à presença de grande
concentração de flavonóides e outros constituintes fenólicos, essa planta
medicinal também apresenta atividade calmante. Outras utilizações
fármaco- terapêuticas são antidiarréica, diurética, tônica, antimicrobiana,
antialérgica, sedativa, analgésica, antiespasmódica e cicatrizante (DINIZ,
2015).

Sambucus australis. Família: Capripholiaceae. Nomes vulgares:


Sabugueiro-do-rio-grande, Sabugueiro-do-Brasil. Descrição botânica:
Arbusto ramificado de até 4,0 metros de altura, copa irregular, folhas
pecioladas, opostas compostas de 7 à 13 folíolos, apresenta flores
brancas e pequenas. Descrição Terapêutica: Se utilizam as flores e
Sabugueiro
folhas. Possui na sua composição rutina, que atua sobre a permeabilidade
capilar, tonificando os capilares e estimulando a circulação, além disso, a
rutina tem ação hipotensora. Outro componente químico do S. australis é
a colina que além de antidiabético é hipotensivo. O sabugueiro também é
utilizado como diurético, emético, analgésico, antiinflamatório e
30

cicatrizante (SILVA, 2013).

A Erythrina falcata Benth. é uma árvore da família Fabaceae, subfamília


Papilionoideae, conhecida pela sinonímia popular de muchoqueiro,
mulungu ou sapatinho-de-judeu. Comum na região Sul de Minas Gerais e
frequentemente utilizada por populares na cura de doenças do aparelho
respiratório, como sedativo e como ansiolítico. Planta oficial para fins
industriais na produção de medicamentos ansiolítico (ALMEIDA, 2010).
O gênero Erythrina contém cerca de quatrocentas espécies, existentes
nas regiões quentes da América, África, Ásia e Oceania. Os mulungus,
como são conhecidos popularmente, caracterizam-se pela presença de
alcaloides distribuídos pela planta, porém acumulados particularmente
nas sementes e na casca. As principais classes de substâncias, que
Mulungu
estão presentes são os alcaloides, taninos, bem como os glicosídeos
antraquinônicos e flavonoídicos.
Toxicidade: Devido à variação quantitativa e qualitativa de princípio ativo
que possui, podem ocorrer consequências graves à saúde, como
intoxicação, ação ansiolítica e hipnótica, não sendo aconselhável o uso
da espécie de Erythrina por populares sem a consulta de um especialista,
pois o consumo indiscriminado pode trazer consequências graves.
(ALMEIDA, 2010).
Posologia - Decocto de cascas (4 a 6 g) em água (150 ml) tomando uma
xícara de chá (150 ml) 2 a 3x ao dia, não excedendo 3 dias (GILBERT,
2012).

A magnólia, cujo habitat é uma planta originária do Chile e Perú. Partes


utilizadas: folhas inteiras ou fragmentadas. Componentes: alcalóides de
núcleo isoquinoleico derivados da aporfina e noraporfina, dos quais o
maioritário é a boldina e outros em menor quantidade como a isoboldina,
(+) reticulina, laurotetanina e laurolitsina, óleo essencial composto por
Peumus boldus
hidrocarbonetos monoterpénicos (p-cimeno, α- γ e ß74 pineno, γ-
Molina.
terpineno, limoneno, ß-felandreno), monoterpenos oxigenados (1,8-cineol,
linalol, ascaridol), flavonóides (ramnetol, isorramnetol, kempferol), taninos,
eucaliptol, saís minerais, glícidos, lípidos.
Propriedades: anestésicas, anti-helmíntica, anti-séptica, antibacteriana,
antifúngica, anti-inflamatória, antioxidante, colagoga, colerética,
31

depurativa, digestiva, diurética, estimulante biliar, hepatoprotetora,


sedativa.
Uso interno: maceração, infusão, tintura, extrato fluido.
Aplicações: pertubações digestivas, disfunção hepatobiliar, diurética,
obstipação.
Importância para a terapêutica contra obesidade: diurético e laxante.
Contra-indicações/toxicidade: não utilizar durante a gravidez e
aleitamento pois pode causar aborto, em doses muito elevadas, o óleo
essencial devido ao seu conteúdo rico em ascaridol, pode provocar
vómitos e diarreia ou produzir efeitos neurotóxicos com convulsões. Não
utilizar com vias biliares obstruídas nem doenças hepáticas graves. Altas
doses podem originar sinais de paralisia atribuídas a boldina. Usos
aprovados pela Comissão E: Leves espasmos gastrointestinais e
indigestões (FERREIRA, 2013).

O Phellodendron é nativo+ da Índia e do Sul dos Estados Unidos da


América. Cresce selvagem e é cultivada em toda Ásia e Indonésia, tendo
preferência por regiões tropicais e subtropicais.
Partes utilizadas: partes aéreas secas e fragmentadas.
Componentes: saponósidos triterpénicos (asiaticósido e centelósido) em
que as geninas (ácido asiático e ácido madicássico) estão esterificadas
por um trissacárido, óleo essencial (cânfora, cineol, n-dodecano), taninos,
alcalóide (hidrocotilina), esteróis, heterósidos de flavonóis, poliinas, ácidos
(linoleico, palmítico, oleico, esteárico). Propriedades:
adelgaçante, antibacteriana, anticelulítica, antidepressiva, anti
Centella asiatica
inflamatória, antimicrobiana, calmante, cicatrizante, depurativa, diurética,
(L.)
estimulante da circulação periférica, estimulante do metabolismo das
gorduras, estimulante do sistema linfático, queratolítica, tónica.
Uso interno: ingestão das folhas, infusões. Uso externo: cremes,
compressas frias, loções, extrato seco e fluído. Aplicações: externamente
é utilizado, em dermatoses diversas, para cicatrização de feridas
superficiais, em queimaduras ligeiras e úlceras nas pernas de origem
venosa, internamente é usado como antidepressivo e venotónico é
também usado para combater a celulite. Importância para a terapêutica
contra obesidade: anticelulítico.
Contra-indicações/toxicidade: Pode originar dermatites de contacto e em
32

alguns casos, sensação de queimadura ou dor após injecção intra


muscular ou aplicação tópica. Não deve ser utilizado durante a gravidez
ou aleitamento, ou em pessoas com insuficiência renal ou hepática. Pode
produzir fotossensibilidade. (FERREIRA, 2013).

3.4.6 Múltiplos mecanismos de ação

É uma alga escura abundante na costa do Atântico, Pacífico e Mar do


Norte, têm a capacidade de absorver água, aumentando o volume do bolo
alimentar, o que estimula o peristaltismo intestinal e diminui a quantidade
de nutrientes absorvidos. A quantidade de sais minerais faz do fucus uma
planta remineralizante, utilizada como coadjuvante no tratamento de
emagrecimento e os sais de potássio são diuréticos. O fucus pelo seu teor
Fucus vesiculosus
de iodo estimula a tireoide regularizando a produção do hormônio
tireotrofina e acelerando o metabolismo de glicose e ácidos graxos, sendo
utilizado como auxiliar no tratamento da obesidade. Estes produtos
apresentam baixa toxicidade e boa aceitabilidade pelo organismo
(PRADO, 2010). Em pó deve ser utilizado de 0,5 a 2g de uma a três vezes
ao dia em cápsulas (GUERRA, 2009)

É uma substância extraída do feijão branco e funciona através da inibição


da enzima de degradação do amido alfa-amilase, de modo que menos
açúcar é absorvido no intestino delgado. Dessa forma a Faseolamina ajuda
no emagrecimento pois diminui a absorção de calorias dos alimentos ricos
Phaseolus vulgaris
em carboidratos, em outras palavras, a faseolamina inibe a absorção de
amido encontrado nos alimentos como batata, massas, arroz e outros. A
posologia indicada é de duas doses de 500mg, em cápsulas gelatinosas,
antes do almoço e jantar (GUERRA, 2009).

Conhecido popularmente como vinagreira, rosela, caruru-azedo, azedinha,


Hibiscus caruru-da-guiné, azedada-guiné, quiabo-azedo, quiabo-róseo, quiabo-roxo,
rosela, rosélia, groselha, quiabo-de angola, groselheira, o hibisco é uma
33

espécie vegetal da família Malvaceae, proveniente da África Oriental, e foi


introduzido no Brasil pelos escravos. Existem dados que dão suporte à
ideia de que beber chá de hibisco em quantidades prontamente
incorporadas à dieta pode desempenhar papel no controle da pressão
sanguínea e auxiliar no emagrecimento devido ao grande poder
antioxidante dessa planta. Estes nutrientes proporcionam diversos efeitos
benéficos, entre eles, a ação diurética, impedindo a retenção de líquidos e a
capacidade de evitar o acúmulo de gorduras, principalmente na região
abdominal e quadril. Este último ocorre porque o chá reduz a adipogênese,
processo no qual ocorre a maturação de células pré-adipócitas que se
convertem em adipócitos maduros, capazes de acumular gordura no corpo.
Outros estudos apontam que alguns flavonoides presentes na bebida
possuem um efeito cardioprotetor e vasodilatador. Assim, as substâncias
ajudam a aumentar o HDL c e diminuir o LDL c, triglicerídeos e pressão
arterial (UYEDA, 2015).
Habitat: originaria de África ou Ásia, porém não se tem um consenso
quanto a sua verdadeira origem. As partes utilizadas são as folhas e flores.
Componentes: ácido oxálico, oxalato de potássio, carboidratos, flavonoides,
catequinas, antocianinas.
Propriedades: antiescorbutica, estomáquica, diurética, emoliente, calmante.
Uso interno: chá das flores ou folhas, saladas.
Aplicações: emagrecimento, hipertensão, hemorroidas.
Importância para a terapêutica contra obesidade: diurético.
Contra-indicações/toxicidade: redução da eficácia da profilaxia antipalúdica
com cloroquina. (FERREIRA, 2013)

7 A CARTILHA

É uma ferramenta de fácil entendimento e rápida consulta, um tipo de livreto


que ensina sobre determinado assunto, contendo recomendações e dicas. Na
cartilha registramos os resultados obtidos na pesquisa.
34

Os Quadros abaixo apresentam as plantas medicinais, seus componentes


ativos, indicações terapêuticas, a posologia e possíveis toxicidades.
Quadro 2. Fitoterápicos inibidores do apetite
Toxicidade
Nome Nome Parte Mecanismo Forma de Indicação Posologia
e contra
botânico popular utilizada de ação utilização Terapêutica
indicações
Extrato Contra
500 mg
da Extrato da indicado
Garcínia até 3 x ao
Garcinia casca Inibidor de casca para
dislipidemia dia 1 hora
cambogia sp seca apetite seca dos gestantes,
antes das
dos frutos nutrizes e
refeições
frutos crianças
50 a 100
mg 2 x ao Não há
Gymena
Inibidor de diminuição dia, ½ relatos
Gurmar Infusão
Silvestre folha apetite da glicemia hora
antes das
refeições
Diminuição Não
Hoodia Não há
Inibidor de no houve Não há
folha divulga-
gordonii apetite consumo Divulga- relatos
ção
calórico ção
Pacientes
150 mg
diabéticos
Irvingia 2 x ao
Manga Extrato Inibidor de ou fazendo
Cápsulas dislipidemia dia entre
gabonensis africana do fruto apetite uso de
as
hipocoleste
refeições
rolêmico
Pó,
Não há
Spirulina Spiruli- Inibidor de comprimi sacietóge- 2,8 g.
efeitos
na pp. apetite dos ou no 3 x ao dia
tóxicos
cápsulas

Quadro 3: Fitoterápicos redutores de absorção calórica


Toxicidade
Nome Nome Parte Mecanismo Forma de Indicação Posologia
e contra
botânico popular utilizada de ação utilização Terapêutica
indicações
Pode
causar
Cyamopsis Diabete, constipa-
Goma Semen- Redutor de Pó das diminuição 1 a 2 g/d. ção;
tetragonolo tes absorção sementes do apetite, 2x ou 3x Crianças
Guar
bus secas calórica secas obesidade, ao dia até 10 anos
colesterol e usuário
do fármaco
Penicilina
Plantago Plantain Semen- Redutor de Laxante, 3g em Pode
Infusão
tes absorção Estimulante 100ml de aumentar
35

psyllium calórica Antidiabéti- água os níveis


co e 2x ou 3x de sódio.
redutor do ao dia Não usar
colesterol na
total e LDL Gestação

Inibidor Diarreia,
Emagrecim
enzimático 250mg a Diabetes
Phaseolus Faseola ento,
que reduz a 1000mg. dependen-
Pó Cápsula redução de
vulgaris -mina absorção 2x ou 3x tes de
calórias
de ao dia. insulina e
(amido)
açúcares Gestantes.
Dose
Inibidor de
elevada
apetite,
Mucila- pode
laxante,
gem causar
Gelidium Ágar Redutor de estimulador 0,5 a
purifica- diarreia
absorção Pó do 1,0g.
corneum Ágar da e intensa.
calórica metabolis-- 2x ao dia
desseca Obstrução
mo,
-da intestinal e
emoliente e
gestante e
purgante
diabéticos.
Dietas
restritas
Folhas,
para
Semen- caules, 10 a 20 g
diabetes, Doses altas
Mucila- tes, Redutor de sementes ao dia
Mucilagem hipercoles- podem
caules, absoção em nas
gem terolemia, causar
folhas e calórica fervura ou principais
Laxativo, diarreia.
raízes compres- refeições
lubrificante,
sa
antidiarrei-
co

Quadro 4: Fitoterápicos termogênicos


Forma
Parte Posologi Toxicidade e
Nome Nome Mecanismo de Indicação
utilizad a contra
botânico popular de ação utiliza- Terapêutica
a indicações
ção
Diminuição do
apetite, prisão
Antioxidan-
de ventre,
te, diurético
Infusão diarreia, e
Camellia Chá Chá emagreci-
Folhas de 3 x a irritação do
termogênico (Infu- mento e
sinensis L. verde 4x ao aparelho
são) diminuição
dia. digestivo. Não
do
indicado para
colesterol
gestantes e
crianças
Citrus Laranja- Folhas Sucos, Digestivo, Depen-
Não encontrado
Termogênico infusã calmante, de do
auratium da- terra, flores na literatura.
o ou sedativo, tipo da
36

laranja e decoc antiespas- enfermi


ção módico. dade
azeda frutos
Palpitações
taquicardia,
enxaqueca
e queima
de gordura
Obesidade,
distribuição
de gordura, Não Pode causar
Capsicum Pimenta, Droga intolerância encon- taquicardíaca e
Fruto termogênico Vege- à glicose e trado na aumentar a
annum Pimentão
tal resistência literatu- pressão arterial.
à insulina ra
Antioxidan-
te.
Estimulante
Natural,
Infu- antioxidan- Interação entre
180mg
Frutos são, te, estimula alguns
a
Coffea Café suple o sistema fármacos, crise
e 200mg.
termogênico mento nervoso hipertensa-
robusta Verde 1x ou
folhas ou central, insônias e
mais ao
extrato diurese e arritmias
dia.
seco diminui a cardíacas.
liberação
da glicose

Quadro 5: Fitoterápicos lipolíticos


Toxicidade
Nome Nome Parte Mecanismo Forma de Indicação Posologia
e contra
botânico popular utilizada de ação utilização Terapêutica
indicações
Máximo
Estimula a de 500
Contra
perda de mg em 3
Citrus Laranja Termogê- indicado
fruto cápsulas peso e vezes,
para
aurantium amarga nico aumento meia
gestantes
da massa hora
e lactantes
muscular antes das
refeições
No
Ilex tratamento
Antioxidan da Não
paraguari- Erva mate folhas -te e chá obesidade, livre
relatada
enses lipolítico diurético e
hiperlipi-
demias
Rubus Folhas, Antioxidan Não
Framboesa frutos e -te e anti- chá diurético livre
idaeus L. relatada
semente microbiano
Chondrus Wakame talo Diurético, Ingestão Hiperlipide- livre Não
37

crispus inibidor do do talo mias e relatata


apetite e obesidade
Lyngb
lipolítico Diurético,
laxativo,

Quadro 6: Fitoterápicos para controle da ansiedade


Nome Nome Parte Mecanismo Forma de Indicação Posolo- Toxicidade
botânico popular utilizada de ação utilização Terapêuti gia e contra
ca indicações
Valeriana Erva dos Rizoma Anties- infusão Inquieta- 1,5 a 3g Não
gatos e raiz pasmódico ção, de raiz relatada
officinalis
ansiedade seca p/ 1
e distúrbio xícara de
do sono água
Passiflora Maracujá Flores e Ansiolítico Cápsula Excesso 25 a 100 Intensifica
frutos e sedativo ou de peso mg/dia a ação de
infusão ou ansiolíticos
obesidade
Rosemari- Alecrim Folhas e Diminuição infusão Hipercoles 3 a 6g Hipersen-
flores do -terolemia, folhas em sibiidade
nus
colesterol previne 150mL à planta
officinalis L. obesidade água, 2 x
e dia
ateroscle-
rose
Matricaria Camomila Folhas e ansiolítico infusão Antinflama Tomar Interage
flores -tório e 150mL do com
chamomilla
calmante infuso 3 anticoagu-
L. vezes/dia lantes
como a
Varfarina
Erythrina Mulungu Semente Ansiolítico Decocto Sedativo e 4a6g Intoxicação
e cascas de cascas ansiolítico em 150 e
falcata
ml de hipnótico
benth água.
Tomar 1
xícara 2 a
3 vezes
p/dia. Não
exceden-
do 3 dias
Peumus Magnólia folhas Anestésico Macera- Digestivo, Consumir Gravidez,
e ção, diurético e diariamen aleitamento
boldus
antihelmínti Infusão e estimulan- te vômitos e
molina co tintura te biliar diarréias
Centella Phelloden- Partes Anticelulíti- Infusão, Diurético, De 6 a 13 Gravidez,
dron aéreas co e cremes e estimula o mg/dia aleitamento
asiática L.
secas Insuficiên- compres- metabolis insuficiên-
cia venosa sas mo das cia renal ou
dos gorduras e hepática
38

membros sistema
inferiores linfático

Quadro 7: Múltiplos mecanismos de ação


Toxicidade
Nome Nome Parte Mecanismo Forma de Indicação Posologia
e contra
botânico popular utilizada de ação utilização Terapêutica
indicações
Não usar
na gravidez
Fucus Estimulante Tintura, e
Extrato
vesiculo- Talos da tireóide xarope ou Favorece o aleitamento
Fucus seco 1-1
secos e laxante extrato catabolismo Não
sus 5g ao dia
suave seco associar a
aspirina,
tosse e frio
De 250 a
Prevenção
1000mg/d
da
Phaseolus Inibe a ia
Faseola obesidade e
feijão absorção cápsula 30 Grávidas
vulgaris -mina controle dos
do amido minutos
níveis
antes das
glicêmicos
refeições
Controle da Redução
Pressão da eficácia
Emagrecedor
Hibiscus arterial Sem da
Vinagrei Flor ou Diurético
Ação chá especifi- profilaxia
sabdariffa -ra folhas Antihiperten-
emagrece- cação antipalúdi-
sivo
dora e ca com
diurética cloroquina

CONCLUSÃO

Verificou-se pelos estudos realizados com fitoterápicos, que os resultados


obtidos na redução de peso foram satisfatórios, existindo poucos trabalhos
contrários. Mas o tema ainda é bastante controverso, necessitando de muita
pesquisa sobre forma de prescrição, de utilização, toxicidade, eficácia, entre outros.
Um maior conhecimento e participação por parte dos profissionais nutricionistas a
respeito dessa prática integrativa, tornará essa ferramenta útil para a qualidade de
vida da população.
39

Em função do risco apresentado sobre as consequências para a saúde da


obesidade, e os efeitos colaterais dos medicamentos tradicionais, apresentamos os
fitoterápicos mais utilizados para obesidade, disponíveis na literatura científica, bem
como seus mecanismos de ação e possíveis toxicidades, através da cartilha contida
no anexo, com base na legislação para utilização do Nutricionista.

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44

APÊNDICE 1
Legislação do Conselho Federal de Nutrição
RESOLUÇÃO CFN N° 525/2013
Regulamenta a prática da fitoterapia pelo nutricionista, atribuindo-lhe
competência para, nas modalidades que especifica, prescrever plantas
medicinais, drogas vegetais e fitoterápicos como complemento da prescrição
dietética e, dá outras providências.
O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), no exercício das competências
previstas na Lei n° 6.583, de 20 de outubro de 1978, no Decreto n° 84.444, de
30 de janeiro de 1980 e no Regimento Interno aprovado pela Resolução CFN
n° 320, de 2 de dezembro de 2003, ouvidos os Conselhos Regionais de
Nutricionistas, e, tendo em vista o que foi deliberado na 252ª Reunião
Plenária, Ordinária do CFN, realizada no dia 19 de maio de 2013 e,
Considerando:
A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS que,
aprovada pela Portaria do Ministério da Saúde nº 971, de 03/05/2006, inclui o
uso de plantas medicinais e da fitoterapia como prática da assistência em
saúde;
O Decreto Presidencial nº 5.813, de 22/06/2006, que aprovou a Política
Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos com o objetivo de garantir à
população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e
fitoterápicos, em consonância com sugestão da Organização Mundial da
Saúde para incentivar a “adoção de práticas tradicionais, com comprovada
eficiência, como ferramenta para manutenção de condições de saúde”;
A Portaria Interministerial nº 2960, de 9/12/2008, que aprovou o Programa
Nacional de PlantasMedicinais e Fitoterápicos com o objetivo de, entre outros,
construir um marco regulatório sobre plantas medicinais e fitoterápicos e
estabelecer critérios de inclusão e exclusão de espécies nas Relações
Nacionais e Regionais de Plantas Medicinais, e que devem ser utilizados
pelos prescritores como guia ou memento;
A Resolução RDC nº 10 de 9/03/2010, da ANVISA, que lista as drogas
vegetais notificadas junto aesse órgão, assim como atualizações pertinentes
ao assunto;
O Código de Ética do Nutricionista, aprovado pela Resolução CFN nº
334/2004, que no seu artigo 1º
estabelece o Princípio Fundamental de atender aos “princípios da ciência da
Nutrição para contribuir
para a saúde dos indivíduos e da coletividade” e determina, no inciso IV do
artigo 5º, o dever do
nutricionista de “utilizar todos os recursos disponíveis de diagnóstico e
tratamento nutricionais ao seu alcance, em favor de indivíduos e coletividade
sob sua responsabilidade profissional”;
O reconhecimento de evidências científicas sobre a efetividade da fitoterapia
assim como da existência de reações adversas, efeitos colaterais,
contraindicações, toxicidade e interações com outras plantas e drogas
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vegetais, medicamentos e alimentos associados a essa prática, determinando


que sua adoção
seja precedida de competente capacitação, acompanhada de contínua
atualização científica e do
cumprimento dos regulamentos normativos sobre o tema; O reconhecimento
de práticas culturais que utilizam plantas medicinais com efeitos terapêuticos
tradicionalmente reconhecidos e a necessidade de aprofundar pesquisas que
fundamentem a adoção de recursos naturais de promoção e recuperação da
saúde no atendimento do nutricionista; A necessidade de regulamentar a
prática da fitoterapia como estratégia complementar da prescrição dietética,
para preservar e promover a atuação técnica e ética do nutricionista,
RESOLVE:
Art. 1º. Regulamentar a prática da Fitoterapia pelo nutricionista atribuindo-lhe
as competências
definidas na presente Resolução.
Art. 2º. O Nutricionista poderá adotar a fitoterapia para complementar a sua
prescrição dietética
somente quando os produtos prescritos tiverem indicações de uso
relacionadas com o seu campo de
atuação e estejam embasadas em estudos científicos ou em uso tradicional
reconhecido.
Parágrafo Único. Ao adotar a Fitoterapia o nutricionista deve basear-se em
evidências científicas
quanto a critérios de eficácia e segurança, considerar as contra indicações e
oferecer orientações
técnicas necessárias para minimizar os efeitos colaterais e adversos das
interações com outras
plantas, com drogas vegetais, com medicamentos e com os alimentos, assim
como os riscos da
potencial toxicidade dos produtos prescritos.
Art. 3º. A competência para a prescrição de plantas medicinais e drogas
vegetais é atribuída ao
nutricionista sem especialização, enquanto a competência para prescrição de
fitoterápicos e de
preparações magistrais é atribuída exclusivamente ao nutricionista portador
de título de especialista ou
certificado de pós-graduação lato sensu nessa área.
§ 1º. O reconhecimento da especialidade nessa área será objeto de
regulamentação a ser baixada pelo CFN, em conjunto com a Associação
Brasileia de Nutrição (ASBRAN).
§ 2º. Somente será exigido o cumprimento do disposto no caput deste artigo
após três anos de vigência desta Resolução, contados a partir da data de sua
publicação.
§ 3º. É recomendado aos Cursos de Graduação em Nutrição que incluam em
sua matriz curricular
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conteúdos com carga horária compatível com a capacitação para a prescrição


de plantas medicinais e
drogas vegetais.
Art. 4º. A competência do nutricionista para atuar na Fitoterapia não inclui a
prescrição de produtos
sujeitos à prescrição médica, seja na forma de drogas vegetais, de
fitoterápicos ou na de preparações
magistrais.
Art. 5º. A prescrição de plantas medicinais ou drogas vegetais deverá ser
legível, conter o nome do
paciente, data da prescrição e identificação completa do profissional prescritor
(nome e número do
CRN, assinatura, carimbo, endereço e forma de contato) e conter todas as
seguintes especificações
quanto ao produto prescrito:
I - nomenclatura botânica, sendo opcional incluir a indicação do nome
popular;
II - parte utilizada;
III - forma de utilização e modo de preparo;
IV - posologia e modo de usar;
V - tempo de uso.
Art. 6º. Na prescrição de plantas medicinais e drogas vegetais, considerar
que estas devem ser
preparadas unicamente por decocção, maceração ou infusão, conforme
indicação, não sendo
admissível que sejam prescritas sob forma de cápsulas, drágeas, pastilhas,
xarope, spray ou qualquer
outra forma farmacêutica, nem utilizadas quando submetidas a outros meios
de extração, tais como extrato, tintura, alcoolatura ou óleo, nem como
fitoterápicos ou em preparações magistrais.
Parágrafo Único. Partes de vegetais quando utilizadas para o preparo de
bebidas alimentícias, sob
forma de infusão ou decocção, sem finalidades farmacoterapêuticas, são
definidas como alimento e
não constituem objeto desta Resolução.
Art. 7º. A prescrição de fitoterápicos e de preparações magistrais, sob
responsabilidade do nutricionista detentor de título de especialista outorgado
pela ASBRAN e registrado no Conselho Regional onde mantem inscrição
principal, deverá atender às exigências dos artigos 4º e 5º desta Resolução,
acrescentando-se sempre que disponível na literatura científica, a
padronização do marcador da parte da planta prescrita, a forma ou meio de
extração, e a forma farmacêutica, exclusivamente para consumo via oral.
Parágrafo Único. A prescrição de preparações magistrais e de fitoterápicos
far-se-á exclusivamente a partir de matérias-primas derivadas de drogas
vegetais, não sendo permitido o uso de substâncias ativas isoladas, mesmo
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as de origem vegetal, ou das mesmas associadas a vitaminas, minerais,


aminoácidos ou quaisquer outros componentes.
Art. 8º. O nutricionista, ao prescrever os produtos objeto desta Resolução,
deverá recomendar os de
origem conhecida e com rotulagem adequada às normas da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária –
ANVISA.
Art. 9º. A prescrição dos produtos objeto desta Resolução exige pleno
conhecimento do assunto,
cabendo ao nutricionista responsabilidade ética, civil e criminal quanto aos
efeitos da sua prescrição na
saúde do paciente, considerando as reações adversas, efeitos colaterais e
interação com outras
plantas, medicamentos e alimentos assim como os riscos da potencial
toxicidade dos produtos prescritos.
Art. 10. Os casos omissos desta Resolução serão resolvidos pelo Plenário do
Conselho Federal de
nutricionistas.
Art. 11. São partes integrantes desta Resolução os seguintes anexos:
Anexo I – Glossário; e
Anexo II – Bibliografia Recomendada.
Art. 12. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação,
revogando-se a Resolução CFN nº
402, de 2007.
Brasília, 25 de junho de 2013.
Élido Bonomo Vera Barros de Leça Pereira
Presidente do CFN Secretária do CFN

APÊNDICE 2
Cartilha dos fitoterápicos utilizados no tratamento da obesidade para uso do
nutricionista clínico

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