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Qual é a origem da astrologia? Quem ajudou a criá-la?

Por Marcelo Testoni


Publicado em 19 dez 2017, 16h29 na Revista Super Interessante Online.

Com a astrologia, povos aprenderam a observar os planetas e movimentos celestes. Tal


conhecimento ajudou a desenvolver a agricultura e a própria ciência

Os seres humanos nunca precisaram de tecnologia de ponta para estudar


os astros.

O Stonehenge, aquele famoso círculo de rochas do Reino Unido, é a


maior prova disso: erguido há mais de 3 mil anos, está de pé até hoje, feito só
de pedra sobre pedra. A grande sacada do dominó gigante é marcar a posição
do Sol ao longo do ano. Assim, os bisavós dos ingleses puderam definir a hora
certa de plantar ou colher a lavoura. Bastava interpretar as sombras.

Já no Neolítico, 10 mil anos atrás, sociedades primitivas faziam uso de


relógios cósmicos. As ferramentas ajudavam as tribos nos preparativos para o
inverno e orientaram as primeiras plantações da História. Quando ficou claro
que sabedoria celeste era sinônimo de abundância de comida, agricultura e
astronomia passaram a crescer juntas.

Na Mesopotâmia, atual Iraque e berço das primeiras grandes lavouras


da humanidade, arqueólogos descobriram tabuletas de argila com previsões de
eclipses lunares e solares datadas de 1.000 a.C. Também encontraram mapas
astrais que relacionavam mudanças no céu a intempéries terrenas, como
tempestades e secas severas. Essas primeiras previsões foram feitas pelos
assírios e babilônios que logo se estabeleceram na área.

Pouco a pouco, observações relativamente simplórias deram lugar a um


sistema padronizado, que repartia o céu em 12 faixas, correspondentes aos 12
signos do zodíaco conhecidos até hoje. O esquema cruzava os ciclos da Lua e
do Sol com os dos demais astros, anotava suas repetições e assim marcava a
passagem do tempo. Mais tarde, viria o calendário detalhado, com 365 dias.

ECLIPSE, O GRANDE

O que os mesopotâmicos descobriram logo foi vazado para seus


vizinhos. Quem primeiro usou os estudos foram os egípcios e os gregos.
Depois, os persas aprimoraram o conhecimento pelas mãos de seus magos.
No século 4 a.C., as conquistas de Alexandre, o Grande, formaram um bloco
único de território onde o saber foi padronizado e o troca-troca cultural e
científico teve ainda mais impulso.

No apogeu de Roma, a astrologia era bem recebida pela nobreza. O


imperador Adriano, por exemplo, que reinou até o ano 138, não tomava uma
decisão sem antes consultar seu astrólogo particular. Foi mais ou menos nesse

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período que o matemático grego Cláudio Ptolomeu lançou a teoria do
Almagesto, de que todo o Sistema Solar girava em torno da Terra.

Embora estivesse totalmente errado, seu estudo foi o primeiro a tentar


explicar as engrenagens do Cosmos. O projeto impulsionou a criação de outras
obras, como o Tetrabiblos, uma coletânea de quatro livros sobre como
interpretar cada um dos planetas e, a partir daí, traçar um mapa astral e
calcular a longevidade individual de alguém.

Com tantas publicações surgindo sobre o assunto, não demorou para


que Ptolomeu e um séquito de novos experts repartissem a astrologia em
quatro correntes fundamentais. De estreia, a “mundana” buscava prever clima,
guerras e eventos capazes de decidir o rumo da sociedade. Na sequência, a
“natal” se concentrava nos desdobramentos após a data de nascimento de
alguém ou de algo; a horária era calcada na hora como fator determinante para
a elaboração do mapa astral; e a eletiva era a busca por eleger o melhor
momento para tomar decisões.

MAPEAR É PRECISO

Segundo os historiadores, os três reis magos – famosos pela mitologia


em torno de Jesus – foram inspirados em sacerdotes do zoroastrismo, uma
religião persa ligada à astrologia – daí a importância da “estrela de Belém” que
os guiou à manjedoura do Messias e o trecho “vindos do Oriente”,
do Evangelho de Mateus, na Bíblia, que faz alusão à sua origem, a antiga
Pérsia (hoje Irã).

Com Roma saindo de cena no ano de 476, data em que o tirano Rômulo
Augusto foi deposto, o conhecimento astrológico ocidental estagnou. O mundo
adentrou a Idade Média e o Islã ascendeu ao trono global, tomando para si um
a um os territórios gregos e persas e encontrando neles os principais livros
sobre o tema, que foram transcritos para o árabe.

Com as Cruzadas, os cristãos descobriram que os muçulmanos haviam


avançado a partir da astrologia rumo à matemática e às artes. Até a alquimia,
precursora da química moderna, se beneficiou, pois as pesquisas sobre a
relação entre metais e planetas se intensificaram.

Eis que o Renascimento surge na Europa na virada dos 1500 e, com ele,
a disciplina torna-se a queridinha da vez. Alguns dos principais nomes da
época, como Girolamo Cardano, pai da álgebra moderna, Cristóvão Colombo,
descobridor das Américas, e Fernão de Magalhães, responsável pela primeira
volta ao mundo pelo mar, devem muito à astrologia. Afinal, todos encontraram
o sucesso por meio de tabelas e mapas planetários.

Foi também no tempo dos descobrimentos que o matemático polonês


Nicolau Copérnico desenvolveu a teoria heliocêntrica, que desbancou a tese de
Ptolomeu ao sugerir que o Sol, e não a Terra, estaria no centro do Universo.
No entanto, por ser contrário aos ensinamentos bíblicos, a Igreja vetou o
estudo.

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Continuando o trabalho iniciado por Copérnico, o nobre dinamarquês
Tycho Brahe tentou juntar as ideias do predecessor com as de Ptolomeu e,
sem querer contestar os dogmas cristãos, criou uma teoria em que o Sol e a
Lua giravam ao redor da Terra, enquanto os demais planetas orbitavam o Sol.
Tamanha criatividade permitiu a Brahe construir um imenso observatório (bem
antes da criação do telescópio), onde, às escondidas, professava astrologia
para alunos e desenvolvia mapas astrais para clientes poderosos.

XEQUE-MATE DO UNIVERSO

Tycho Brahe manteve como assistente o alemão Johannes Kepler até o


dia de sua morte. O auxiliar é, inclusive, o principal suspeito de assassinar o
mestre e se apoderar de suas pesquisas. Mas, apesar das muitas
especulações, Kepler foi aceito como sucessor natural de Brahe e usou seus
cálculos e dados para afirmar que certo mesmo era o modelo proposto por
Copérnico. Ponto para o heliocentrismo, ainda em 1601.

Ele também provou que as órbitas dos planetas não formavam círculos,
mas elipses, ou “círculos” com pontas alongadas. Apesar de tratar a astrologia
de maneira científica e consciente, Kepler foi ao extremo de prever a própria
morte em um mapa astral, em 1630 – estava convencido da interação entre
planetas e almas individuais.

Sua carreira foi um divisor de águas para a astrologia, pois marcou tanto
o ápice da disciplina quanto o início de seu racha com a ciência. Copérnico
também é culpado disso: ao propor o Sol no centro do Universo, difundiu o
pensamento de que a vida humana é uma parte ínfima num sistema voltado, na
verdade, a outro astro que não a Terra. O golpe acadêmico final foi dado pela
astronomia moderna, criada no século 18.

Em 1990, a Nasa revelou uma foto da Terra tirada do espaço por uma
sonda espacial a uma distância de 6,4 bilhões de quilômetros, provando o quão
pequenos somos diante da magnitude do Cosmos. Cabe acreditar que, sem a
astrologia, talvez a ciência nunca tivesse avançado tanto.

FONTES Livros Ombros de Gigantes: A História da Astronomia em


Quadrinhos, de Jane Gregorio-Hetem, Annibal Hetem Junior e Marlon
Tenório; A Bruxa de Kepler, de James A. Connor; e Rumo ao Infinito, de
Salvador Nogueira.

CONSULTORIA Irineu Rabuke, teólogo da PUCRS

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