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Volume 23 número 4

outubro-dezembro 2005
ISSN 0102-0536
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HORTICULTURA Carlos Alberto Lopes
The Brazilian Association for Horticultural Science Embrapa Hortaliças
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HORTICULTURA BRASILEIRA Embrapa Semi-Árido
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UENF UNESP - Botucatu
Arthur Bernardes Cecilio Filho Ronessa B. de Souza
UNESP - Jaboticabal Embrapa Hortaliças
Braulio Santos Rovilson José de Souza
UFPR UFLA

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


A revista Horticultura Brasileira é indexada pelo CAB, AGROBASE,
AGRIS/FAO e TROPAG.
Scientific Eletronic Library Online: http://www.scielo.br/hb
www.abhorticultura.com.br

Programa de apoio a publicações científicas

Horticultura Brasileira, v. 1 n.1, 1983 - Brasília, Sociedade de Olericultura do Brasil, 1983

Trimestral

Títulos anteriores: V. 1-3, 1961-1963, Olericultura.


V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura.

Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969.


Editoração e arte/Composition Periodicidade até 1981: Anual.
Luciano Mancuso da Cunha de 1982 a 1998: Semestral
Revisão de inglês/English revision de 1999 a 2001: Quadrimestral
Patrick Kevin Redmond a partir de 2002: Trimestral
ISSN 0102-0536
Revisão de espanhol/Spanish revision
Marcio de Lima e Moura 1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos. I. Associação Brasileira de
Horticultura.
Tiragem/printing copies
1.000 exemplares CDD 635.05

866 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Volume 23 número 4
outubro-dezembro 2005
ISSN 0102-0536
SUMÁRIO/CONTENT
* Artigos em inglês com resumo em português
Articles in English, with an abstract in Portuguese
CARTA DO EDITOR / EDITOR'S LETTER
869
PESQUISA / RESEARCH
Comportamento de cultivares de alface americana em Santo Antônio do Amparo
Evaluation of crisphead lettuce cultivars in Santo Antônio do Amparo, Brazil
J. E. Yuri; R. J. Souza; G. M. Resende; J. H. Mota 870
Qualidade e sanidade de mudas de cebola em função da adição de composto termófilo
Quality and health of onion seedlings by adding thermophilic compost
P. Boff; J. F. Debarba; E. Silva; H. Werner 875
Danos causados pelo impacto de queda na qualidade pós-colheita de raízes de mandioquinha-salsa
Damages caused by drop impact on the postharvest quality of arracacha roots
G. P. Henz; R. M. Souza; J. R. Peixoto; L. Blumer 881
Métodos para a secagem de sementes de cebola submetidas ao condicionamento fisiológico
Evaluation of methods for drying primed onion seeds
R. F. Caseiro; J. Marcos Filho 887
Divergência genética entre acessos de tomateiro infestados por diferentes populações da traça-do-tomateiro
Genetic diversity among tomato accessions infested by different tomato leaf miner populations
G. R. Moreira; D. J. H. Silva; M. C. Picanço; L. A. Peternelli; F. R. B. Caliman 893
Emprego de tipos de cobertura de canteiro no cultivo da alface
Evaluation of mulch types on lettuce production
V. C. Andrade Júnior; J. E. Yuri; U. R. Nunes; F. L. Pimenta; C. S.M. Matos; F. C. A. Florio; D. M. Madeira 899
Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCR
RT-PCR For differentiation of Potato virus Y strains in potato
L. N. Fonseca; A. K. Inoue-Nagata; T. Nagata; R. P. Singh; A. C. Ávila 904
Avaliação de clones de batata-doce em Vitória da Conquista
Evaluation of sweet potato clones in Vitória da Conquista
A. D. Cardoso; A. E. S. Viana; P. A. S. Ramos; S. N. Matsumoto; C. L. F. Amaral; T. Sediyama; O. M. Morais 911
Toxicidade de óleos essenciais de alho e casca de canela contra fungos do grupo Aspergillus flavus
Evaluation of essential oils from Allium sativum and Cinnamomum zeilanicum and their toxicity against fungi of the Aspergillus flavus group
E. C. Viegas; A. Soares; M. G. F. Carmo; C. A. V. Rossetto 915
Produção, aparência e teores de nitrogênio, fósforo e potássio em alface cultivada em substrato com zeólita
Yield, appearance and content of nitrogen, phosphorus and potassium in lettuce grown in substrate with zeolite
A. C.C. Bernardi; M. R. Verruma-Bernardi; C. G. Werneck; P. G. Haim; M. B.M. Monte 920
Rendimento e qualidade de raízes de batata-doce adubada com níveis de uréia
Yield and quality of sweet potato roots fertilized with urea
A. P. Oliveira; M. R. T. Oliveira; J. A. Barbosa; G. G. Silva; D. H. Nogueira; M. F. Moura; M. S. S. Braz 925
Colonização de plantas de alho por Neotoxoptera formosana no DF
Colonization of garlic plants by Neotoxoptera formosana in Distrito Federal, Brazil
P. A. Melo Filho; A. N. Dusi; C. L. Costa; R. O. Resende 929
*Growth and yield of lettuce plants under salinity
*Crescimento e produtividade da alface em condições salinas
J. L. Andriolo; G. L. Luz; M. H. Witter; R. S. Godoi; G. T. Barros; O. C. Bortolotto 931
Avaliação dos acessos de alho pertencentes à coleção do Instituto Agronômico de Campinas
Evaluation of garlic accesses from the collection of the Instituto Agronômico de Campinas
P. E. Trani; F. A. Passos; D. E. Foltran; S. W. Tivelli; I. J.A. Ribeiro 935
Avaliação de linhas de beneficiamento e padrões de classificação para tomate de mesa
Evaluation of packing lines and classification standards for fresh market tomatoes in Brazil
M.D. Ferreira; M.K. Kumakawa; C. Andreuccetti; S.L. Honório; M. Tavares; M.L. Mathias 940
Reação de genótipos de melancia ao crestamento gomoso do caule
Response of watermelon cultivars to gummy stem blight
G. R. Santos; A. C. Café Filho 945
Sistemas de tutoramento e condução do tomateiro visando produção de frutos para consumo in natura
Tomato plant staking and training systems for fresh fruit production
B. G. Marim; D. J. H. Silva; M. A. Guimarães; G. Belfort 951

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Secagem e fragmentação da matéria seca no rendimento e composição do óleo essencial de capim-limão
Yield and composition of essential oil of lemongrass in different drying and fragmentation conditions
L. C. B. Costa; R. M. Corrêa; J. C. W. Cardoso; J. E. B.P. Pinto; S.K.V. Bertolucci; P. H. Ferri 956
*Baby corn, green ear, and grain yield of corn cultivars
*Rendimentos de minimilho, de espigas verdes e de grãos de cultivares de milho
I. P. C. Almeida; P. S. L. Silva; M. Z. Negreiros; Z. Barbosa 960
Formas de parcelamento e fontes de adubação nitrogenada para produção de couve-da-Malásia
Split forms and sources of nitrogen fertilization for the flowering white cabbage production
L. A. Zanão Júnior; R. M. Q. Lana; K. A. Sá 965
Determinação das etapas do processamento mínimo de quiabo
Determination of the stages of minimum processing of okra
M. A. G. Carnelossi; P. Yaguiu; A. C. L. Reinoso; G. R. O. Almeida; M. L. Lira; G. F. Silva; V. R.R. Jalali 970
Produtividade e qualidade pós-colheita da alface americana em função de doses de nitrogênio e molibdênio
Yield and postharvest quality of summer growing crisphead lettuce as affected by doses of nitrogen and molybdenum
G. M. Resende; M. A. R. Alvarenga; J. E. Yuri; J. H. Mota; R. J. Souza; J. C. Rodrigues Júnior 976
Influência da concentração de BAP e AG3 no desenvolvimento in vitro de mandioquinha-salsa
Influence of BAP and GA3 concentration on the in vitro development of arracacha
N. R. Madeira; J. B. Teixeira; C. T. Arimura; C. S. Junqueira 982
Produtividade de tomate em ambiente protegido, em função do espaçamento e número de ramos por planta
Yield of tomato under protected environment in relation to spacing and number of branches per plant
L. A. Carvalho; J. Tessarioli Neto 986
Superação de dormência em sementes de beterraba por meio de imersão em água corrente
Overcoming beetroot seeds dormancy through immersion in running water
J. B. Silva; R. D. Vieira; A. B. Cecílio Filho 990
Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz o escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas
Association of modified atmospheres and antioxidants reduce browning of minimally processed potatoes
L.L.O. Pineli; C. L. Moretti; G. C. Almeida; A. B.G. Nascimento; A.C. A. Onuki 993
Aplicação de métodos de agrupamento na quantificação da divergência genética entre acessos de tomateiro
Cluster analysis in quantifying genetic divergence in tomato accessions
M. Karasawa; R. Rodrigues; C. P. Sudré; M. P. Silva; E. M. Riva; A. T. Amaral Júnior 1000
PÁGINA DO HORTICULTOR / GROWER'S PAGE
Diferentes concentrações de solução nutritiva para o cultivo de Mentha piperita e Melissa officinalis
Mentha piperita (peppermint) and Melissa officinalis (balm) development in different concentrations of nutritive solution
L. L. Haber; J. M. Q. Luz; L. F. A. Dóro; J. E. Santos 1006
Produtividade e armazenamento de cebola cv. Alfa Tropical cultivada em diferentes espaçamentos
Yield and storage of onion, cv. Alfa Tropical, under different planting spacings
G. M. Resende; N. D. Costa 1010
Desempenho de genótipos de tomateiro sob cultivo protegido
Performance of tomato genotypes grown under protected cultivation
C. R. B. Eklund; L. C. S. Caetano; A. Shimoya; J. M. Ferreira; J. M.R. Gomes 1015
Técnicas de colheita para tomate de mesa
Harvesting methods for fresh market tomatoes
M. D. Ferreira; A. T.O. Franco; M. Tavares 1018
ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL / ECONOMY AND RURAL EXTENSION
Análise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do Paraná
Prospective analysis of the ginger agrobusiness in Paraná State, Brazil
R. R.B. Negrelle; E. R. S. Elpo; N. G. A. Rücker 1022
Desafios e oportunidades para o agronegócio da cebola no Brasil
The challenges and the oportunities for the onion agribusiness
N. J. Vilela; N. Makishima; V. R. Oliveira; N. D. Costa; J. C. M. Madail; W. P. Camargo Filho; G. Boeing; P. C. T. Melo 1029
ERRATA / ERRATA
1034
ÍNDICE / CONTENT
1035
NORMAS PARA PUBLICAÇÃO / INSTRUCTIONS TO AUTHORS
1045

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


carta do editor

Foram sete anos. Entretanto, parece-me que foi ontem. Foi sem dúvida um grande aprendiza-
do, uma verdadeira escola de convivência e de relacionamento humano, dando-me oportunidade
de conhecer vários colegas que de maneira abnegada ajudaram-me na tarefa de conduzir a revista
Horticultura Brasileira (HB). Estou falando dos sete anos durante os quais tive a oportunidade de
servir a atual Associação Brasileira de Horticultura, ocupando a presidência da Comissão Edito-
rial da HB. A responsabilidade da continuidade dos trabalhos ficará nos ombros de uma equipe de
grande capacidade e competência, tendo na Presidência da Comissão Editorial o Dr. Paulo Eduardo
de Melo que há exatamente sete anos transferiu-me esta incumbência. Agradeço a todos os Edi-
tores e Consultores ad hoc que durante todos estes anos, apesar do cansaço de um dia de aulas, de
extenuantes trabalhos de pesquisa, palestras para produtores ou análise de projetos, reuniram
forças para revisar mais um trabalho de pesquisa enviado para ser publicado na HB. Ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro à revista.
Muito grato a todos. Meu agradecimento especial à incansável colega Sieglinde Brune por todos
estes anos de companheirismo e dedicação. Também agradeço o trabalho sério e competente de
nossa secretária Roseli Medeiros Barbosa. Aproveito para desejar à nova diretoria da Associação
Brasileira de Horticultura, presidida pelo amigo Paulo César Tavares de Melo, muito sucesso na
condução da ABH. Boa sorte a todos!

Leonardo de B Giordano
Presidente da Comissão Editorial
Horticultura Brasileira

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 869


pesquisa
YURI, J.E.; SOUZA, R.J.; RESENDE, G.M.; MOTA, J.H. Comportamento de cultivares de alface americana em Santo Antônio do Amparo. Horticultura
Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.870-874, out-dez 2005.

Comportamento de cultivares de alface americana em Santo Antônio do


Amparo
Jony E. Yuri1; Rovilson José de Souza2; Geraldo M. de Resende3; José H. Mota4
1
REFRICON, Rod. Regis Bittencourt s/n km 294, 06850-000 Itapecerica da Serra-SP; E-mail: jonyyuri@uol.com.br; 2UFLA, C. Postal 37,
37200-000 Lavras-MG; 3Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56300-970 Petrolina-PE; 4UFMS, C. Postal 533, 79.804-970 Dourados-MS

RESUMO ABSTRACT
Com o objetivo de avaliar o comportamento de cultivares de Evaluation of crisphead lettuce cultivars in Santo Antônio
alface do tipo americana em duas épocas de cultivo, foram conduzi- do Amparo, Brazil
dos dois experimentos em Santo Antônio do Amparo (MG), de se- The behavior of crisphead lettuce cultivars at two planting periods
tembro a dezembro de 1998 e fevereiro a maio de 1999 em condi- was evaluated in two experiments carried in Santo Antônio do Amparo,
ções de túnel. Utilizou-se o delineamento de blocos ao acaso com Minas Gerais State, Brazil, from September to December 1998 and
seis cultivares (Cassino; Legacy; Lucy Brown; Lorca; Lady e Raider) February to May 1999, under a plastic tunnel conditions. The
e quatro repetições. As avaliações de massa fresca total e comercial, experimental design was a randomized complete block with six
circunferência e comprimento do caule da cabeça comercial foram treatments (cv Cassino; Legacy; Lucy Brown; Lorca; Lady and Raider)
realizadas quando as plantas apresentaram cabeça bem formada e with four replications. The evaluations of total and marketable fresh
compacta. Na primeira época de plantio, sobressaíram-se na carac- weight, circumference and stem length of the marketable head were
terística massa fresca total as cultivares Lady (820,4 g planta-1) e carried out when the plants had well formed and compact heads. In
Lucy Brown (790,7 g planta-1) sem, contudo, diferirem da cultivar the first cultivation period, the cultivars Lady (820,4 g plant-1) and
Lorca (626,6 g planta-1). Para massa fresca comercial destacaram-se Lucy Brown (790,7 g plant-1) presented higher fresh weight. However,
as cultivares Lady (620,0 g planta-1) e Lucy Brown (559,3 g planta-1) they did not differ from cultivar Lorca (626,6 g plant-1). The cultivars
com maiores rendimentos. A circunferência da cabeça comercial va- Lady (620.0 g plant-1) and Lucy Brown (559.3 g plant-1) presented the
riou de 36,3 a 47,2 cm e o comprimento do caule de 3,3 a 4,5 cm. highest yield of marketable fresh weight. The circumference of
Para a segunda época de cultivo não observou-se diferenças signifi- marketable heads varied from 36.3 to 47.2 cm and the stem length
cativas entre as cultivares para massa fresca total e comercial. No from 3.3 to 4.5 cm. No significant differences were observed among
entanto, todas as cultivares apresentaram massa fresca comercial cultivars for total and commercial fresh mass in the second planting
acima de 850 g planta-1. A circunferência da cabeça variou de 45,4 a time; However, all cultivars presented commercial fresh mass above
53,4 cm e o comprimento de caule de 3,7 a 4,9 cm. Maiores rendi- 850 g plant-1. The marketable head circumference varied from 45.4
mentos em termos de massa fresca foram obtidos na segunda época to 53.4 cm and the stem length from 3.7 to 4.9 cm. Highest yield of
de plantio. fresh mass was obtained in the second planting time.

Palavras-chave: Lactuca sativa L., rendimento, competição de cul- Keywords: Lactuca sativa L., yield, cultivar competition.
tivares.

(Recebido para publicação em 20 de fevereiro de 2004 e aceito em 13 de junho de 2005)

A alface (Lactuca sativa L.) é uma


espécie mundialmente conhecida e
considerada a mais importante hortaliça
também devido à proximidade dos gran-
des centros consumidores (redes “fast
food”). A região possui mais de 30 pro-
verifica-se que a alface se desenvolve
bem em temperaturas entre 15 e 20ºC.
Temperaturas acima de 20ºC estimu-
folhosa (FERNANDES; MARTINS, dutores em diversos municípios do sul lam e aceleram o pendoamento. Com o
1999). A alface do tipo americana, de- de Minas Gerais, cultivando cerca de aumento da temperatura, a planta emite
nominada ‘Crisphead lettuce’ nos Esta- 1800 ha por ano, com uma produção de o pendão floral precocemente, interrom-
dos Unidos, é considerada a mais im- 10.500 toneladas desta folhosa (YURI, pendo a fase vegetativa, tornando o pro-
portante dentre os vegetais para ser con- 2000). duto impróprio para consumo e
sumido em forma de saladas cruas, ten- De acordo com Thompson (1944), a comercialização, devido à ocorrência de
do um consumo per capita superior a alface é uma das hortaliças mais sensí- sabor amargo das folhas, em função do
11,3 kg ano -1 no Brasil (SANDERS, veis às altas temperaturas e isto, na acúmulo de látex (CÁSSERES, 1980).
1999). maioria das vezes, é o fator mais Jackson et al. (1999) relatam que a
O grupo da alface americana tem limitante para o não imbricamento das alface americana requer, como tempe-
apresentado aumento crescente, na re- folhas (formação da cabeça). Com base ratura ideal para o desenvolvimento,
gião do sul de Minas Gerais, devido às nos resultados de Lenano (1973), 23ºC durante o dia e 7ºC à noite. Tem-
condições edafoclimáticas favoráveis e Brunini et al., (1976) e Cásseres (1980), peraturas muito elevadas podem provo-

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Comportamento de cultivares de alface americana em Santo Antônio do Amparo

car queima das bordas das folhas exter- que a cultivar Mesa 659 foi a que apre- das com 30 dias de idade. O primeiro
nas, formar cabeças pouco compactas e sentou melhor formação de cabeça em experimento foi realizado de setembro
também contribuir para a ocorrência de relação às demais cultivares estudadas, a dezembro de 1998 (1ª época), com
deficiência de cálcio, conhecido como com 58% das plantas apresentando mas- transplante em 26/10/1998, e o segun-
“tip-burn”. sa superior a 400,0 gramas. do de fevereiro a maio de 1999 (2ª épo-
Outro fator que afeta a planta é o Bueno (1998), nas condições de La- ca), com transplante em 19/03/1999.
fotoperíodo, pois a alface exige dias vras, a uma altitude de 918 metros, apre- Com base nos resultados da análise
curtos durante a fase vegetativa e dias sentou em junho, para a cultivar Lorca, das amostras de solo, a área experimen-
longos para que ocorra o pendoamento. uma massa fresca total e comercial por tal utilizada na primeira época foi
Para Robinson et al. (1983), o planta de 801,2 e 461,2 gramas, respec- corrigida com calcário dolomítico seis
pendoamento em alface é uma caracte- tivamente. Utilizando a mesma cultivar, meses antes do plantio da alface. A adu-
rística importante que influencia dire- local e época de plantio, Mota (1999) bação de plantio foi feita dois dias antes
tamente o desenvolvimento da cabeça. obteve massa fresca total e comercial do transplantio, utilizando-se uma mis-
Dias longos associados a temperaturas por planta de 1000 e 695 gramas, res- tura de adubo formulado 4-30-16 com o
elevadas aceleram o processo, o qual é pectivamente. Em experimento realiza- termofosfato magnesiano Yoorim
também dependente da cultivar do em Santo Antônio do Amparo (MG), Master, em que se aplicou 37,5 kg ha-1
(NAGAI; LISBÃO, 1980; RYDER, a uma altitute de 1.050 metros, de N; 600,0 kg ha-1 de P205 e 150,0 kg ha-1
1986; VIGGIANO, 1990). Alvarenga (1999) obteve massa fresca de K20. Na segunda época foi aplicado
Segundo Conti (1994), o compri- total e comercial por planta de 1011,0 e 400,0 kg ha-1 de P205 e as mesmas doses
mento do dia não é problema para o cul- 677,8 gramas, respectivamente, para a de N e K20 utilizados anteriormente ba-
tivo da alface no verão brasileiro, pois cultivar Raider, avaliadas nos meses de seados nos dados de Raij et al. (1996).
as cultivares européias importadas já maio e junho. Os canteiros foram construídos com
estão adaptadas a dias mais longos do Yuri (2000), em experimento reali- 45,0 m de comprimento e 1,2 m de lar-
que os que ocorrem no país de origem. zado no município de Boa Esperança gura. A cada dois canteiros foi instalada
Observa-se que a expansão da cultura está (MG), obteve para os genótipos Lucy uma estrutura de proteção, constituída
ocorrendo para as áreas de latitudes me- Brown, PSR 5338, PSR 4303, PSR de túnel alto, com 3,0 m de largura e 1,7
nores e, conseqüentemente, o fotoperíodo 0110, Empire 2000 e Seeker, produtivi- m de altura, coberto com filme plástico
não é obstáculo. Entretanto, em condições dade comercial de 266,6; 276,1; 293,8; transparente de baixa densidade,
de menores latitudes, verifica-se o aumen- 301,6; 304,4 e 333,8 g planta-1, respec- aditivado com anti-UV, de 75 micras de
to da temperatura no período do verão, tivamente, porém, não mostraram dife- espessura. O túnel teve a função de pro-
havendo necessidade de se escolher áreas renças significativas comparadas à teger as plantas do excesso de chuva
de elevadas altitudes. ‘Raider’ (333,8 g planta-1). (efeito guarda chuva), sendo que o mes-
A altitude do local é um fator que O presente trabalho teve como obje- mo ficava semi-aberto durante a condu-
deve ser levado em consideração para o tivo avaliar o comportamento de culti- ção do experimento. Na área central de
cultivo da alface, pois influencia direta- vares de alface americana em duas épo- cada canteiro foram demarcadas três
mente na temperatura. Portanto, regiões cas de plantio, nas condições do municí- parcelas, ou seja, seis em cada estrutura
de menores altitudes não são adequadas pio de Santo Antônio do Amparo. de túnel alto, onde os tratamentos fo-
ao plantio de verão, devido ao excesso ram distribuídos de modo aleatório.
de calor. Verifica-se que nas regiões ser- MATERIAL E MÉTODOS Cada parcela mediu 4,0 m de compri-
ranas do Rio de Janeiro e no cinturão mento por 1,2 m de largura, onde foram
verde de São Paulo, em altitudes supe- plantadas quatro linhas de alface espa-
Foram conduzidos dois experimen-
riores a 800 m é possível cultivar-se ao çadas entre si de 0,35 m. Em cada par-
tos na Estação Experimental da Refricon
longo do ano. Já em localidades com al- Mercantil Ltda., no município de Santo cela, constaram 44 plantas. A área útil
titude inferior a 400 m, de clima quente, Antônio do Amparo (MG), situado a da parcela foi formada por 20 plantas
desde que se utilize cultivares adaptadas uma altitude de 1.050 metros, em solo das duas linhas centrais do canteiro.
pode-se cultivar a alface na maioria dos classificado como Latossolo Vermelho O sistema de irrigação utilizado du-
meses (FILGUEIRA, 2000). Distroférrico. rante a primeira semana nas duas épo-
As cultivares americanas têm eleva- Utilizou-se o delineamento experi- cas foi por aspersão convencional e pos-
da produção de massa fresca, o que é mental de blocos casualizados, com qua- teriormente por gotejamento. Este con-
relatado por Bernardi e Igue (1973) nas tro repetições, sendo os tratamentos sistiu de duas linhas de tubo gotejador
cultivares Great Lakes e New York que constituídos por seis cultivares de alfa- “Streamline 6000”, com vazão de 1,2 L
pesaram, em média, 644,0 e 610,0 gra- ce americana (Cassino, Legacy, Lucy h-1 por emissor. Após a instalação dos
mas, respectivamente. Leal et al. (1974) Brown, Lorca, Lady e Raider). A semea- tubos gotejadores, os canteiros foram
avaliando o comportamento de cultiva- dura foi realizada em bandejas de cobertos por um filme plástico preto
res de alface de diferentes grupos na poliestireno expandido contendo 200 (mulching), com a finalidade de evitar
região Serrana do Estado do Rio de Ja- células, utilizando-se o substrato comer- a infestação de plantas daninhas e o con-
neiro, numa época quente, verificaram cial Plantmax HT sendo utilizadas mu- tato das folhas da alface com o solo.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 871


J. E. Yuri et al.

Tabela 1. Massa fresca total e comercial de cultivares de alface americana em função das te, com os melhores desempenhos na
épocas de plantio. Santo Antônio do Amparo (MG), UFLA, 1998/19991. primeira época de plantio (Tabela 1). Em
Massa fresca total (g planta-1) Massa fresca comercial (g planta -1) condições de verão, Mota et al. (2003)
Cultivar em sistema de cultivo de túnel alto, em
1ª epoca* 2ª epoca* * 1ª epoca 2ª epoca
Cassino 485,6 c B 1226,2 a A 332,8 b B 858,2 a A Santana da Vargem, encontraram varia-
Legacy 505,4 c B 1235,6 a A 376,9 b B 929,1 a A ções para as cultivares Raider e Lucy
Lucy Brown 790,7 ab B 1278,8 a A 559,3 a B 1037,2 a A Brown entre 333,8 a 266,6 g planta-1,
Lorca 626,6 bc B 1199,7 a A 406,0 b B 926,3 a A valores bem inferiores aos obtidos por
Lady 820,4 a B 1210,0 a A 620,0 a B 970,0 a A
estas cultivares no presente experimen-
Raider 609,4 c B 1248,5 a A 415,0 b B 996,3 a A
to (415,0 e 559,3 g planta-1, respectiva-
C.V. (%) 8,5 10,1 9,7 11,3
mente).
1
Médias seguidas por letras minúsculas iguais nas colunas e maiúsculas nas linhas para cada
Para a segunda época de cultivo não
característica não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey; *Período de se verificaram diferenças significativas
setembro a dezembro; **período de fevereiro a maio. entre as cultivares, com massa fresca
comercial entre 858,2 e 1037,2 g plan-
ta-1. Estes resultados são superiores aos
Uma semana após o transplantio, observados por Mota (1999) e Bueno
teve início a adubação de cobertura rea- RESULTADOS E DISCUSSÃO (1998) em condições de cultivo seme-
lizada por fertirrigação, utilizando-se os lhante em Lavras, utilizando a cultivar
adubos solúveis nitrato de potássio, ni- Os resultados evidenciaram efeitos Lorca, assim como aos alcançados por
trato de cálcio, sulfato de magnésio e significativos para cultivares, épocas de Gadum et al. (2002) em Botucatu, para
cloreto de potássio, na dose de 40,0 kg plantio e a interação entre estes fatores as cultivares Raider e Lucy Brown. To-
ha-1 de N, 80,0 kg ha-1 de K20 e 50,0 kg (Tabelas 1 e 2). Para a primeira época davia, Yuri et al. (2002) obtiveram re-
ha-1 de Ca, aplicados diariamente . A de plantio, maiores rendimentos de mas- sultados similares com a cultivar Raider
fertirrigação foi feita até dois dias antes sa fresca total foram obtidos com as em Boa Esperança (972,0 g planta-1).
da colheita. cultivares Lady (820,4 g planta-1) e Lucy A cultivar Lady apresentou uma cir-
O controle de doenças e pragas na pri- Brown (790,7 g planta-1) que não mos- cunferência de cabeça de 47,2 cm na
meira época foi realizado com pulveriza- traram diferenças significativas entre si primeira época e de 52,0 cm na segun-
ções semanais com produtos à base de (Tabela 1). Mota et al. (2003) em con- da. É uma cultivar que apresenta como
cobre e com inseticida piretróide. Na se- dições de verão em Lavras; sob cultivo destaque o tamanho da cabeça comer-
gunda época, as pulverizações foram rea- em túnel alto, obtiveram massa fresca cial, o qual determina o melhor rendi-
lizadas, com os mesmos produtos a cada de 650,0 g planta -1, para a cultivar mento industrial. Na primeira época, as
15 dias, pois as condições climáticas fo- Raider, assim como Yuri et al. (2002), cultivares Lady, Lucy Brown e Lorca
ram menos favoráveis às pragas e doen- nas mesmas condições, no município de apresentaram os melhores desempenhos
ças, devido à menor precipitação. Para o Boa Esperança, obtiveram para a culti- com 47,2; 45,9 e 43,0 cm, respectiva-
controle das plantas daninhas, utilizou-se, var Lucy Brown, 972,0 g planta-1, re- mente, de circunferência de cabeça, sem,
a capina manual em torno das covas e o sultados estes semelhantes aos obtidos no entanto diferirem entre si. As culti-
herbicida de contato paraquat entre os can- no experimento. No entanto, sob condi- vares Legacy, com 36,3 cm e Cassino,
teiros, utilizando protetor para evitar a ções de casa de vegetação, Salatiel et com 40,6 cm, foram as que apresenta-
deriva (Chapéu de Napoleão). al. (2001) utilizando a cultivar Lorca, ram os menores tamanhos de cabeça
As colheitas foram realizadas aos 67 nas condições de Jaboticabal, no verão (Tabela 2). Resultados semelhantes fo-
e 78 dias para os plantios nos anos de e outono obtiveram 308,5 g planta-1, re- ram observados por Mota et al. (2003)
1998 e 1999, respectivamente, quando sultado bem inferior ao obtidos no pre- que em condições de verão encontraram
as plantas apresentaram cabeça bem for- sente experimento. variações entre 34,7 a 41,5 cm.
mada e compacta, sendo avaliadas a Na segunda época de cultivo, as cul- Na segunda época de plantio, a cul-
massa fresca total e comercial, circun- tivares não apresentaram diferenças sig- tivar Lucy Brown apresentou a maior
ferência da cabeça comercial e compri- nificativas entre si para massa fresca circunferência com 53,4 cm, não dife-
mento do caule. Para a obtenção da total que oscilou entre 1119,7 g planta-1 rindo das cultivares Lady (52,0 cm),
massa fresca total a planta foi cortada (cultivar Lorca) a 1278,8 g planta-1 (cul- Lorca (51,6 cm) e Raider (49,1 cm) (Ta-
rente ao solo, com as folhas externas e tivar Lucy Brown). Nas mesmas condi- bela 2). Estes resultados foram superio-
internas e com a cabeça compacta. A ções de cultivo, no município de Santana res aos obtidos por Bueno (1998) onde
massa fresca comercial foi obtida remo- da Vargem, Yuri et al. (2004), obtive- a cultivar Lorca apresentou uma circun-
vendo-se as folhas externas. ram massa fresca total de 1075,2 g plan- ferência da cabeça de 45,0 cm, e por
Os dados obtidos foram submetidos ta-1 para a cultivar Raider. Mota (1999) que verificou uma circun-
à análise de variância conjunta, sendo As cultivares Lady e Lucy Brown ferência de 46,5 cm na mesma cultivar.
as médias comparadas pelo teste de apresentaram massa fresca total de Na Tabela 2 observa-se diferença
Tukey ao nível de 5% de probabilidade. 620,0 e 559,3 g planta-1, respectivamen- significativa no comprimento de caule

872 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Comportamento de cultivares de alface americana em Santo Antônio do Amparo

entre as cultivares. No entanto, essa di- Tabela 2. Circunferência de cabeça e comprimento de caule de cultivares de alface america-
ferença, não afetou a formação da ca- na em função das épocas de plantio. Santo Antônio do Amparo (MG), UFLA, 1998/1999.
beça comercial. Na primeira época de Circunferência da cabeça (cm) Comprimento do caule (cm)
Cultivar
plantio, a cultivar Legacy apresentou o 1ª epoca* 2ª epoca* * 1ª epoca 2ª epoca
menor comprimento com 3,3 cm; no Cassino 40,6 cd B 45,4 c A 4,1 ab A 4,1 ab A
entanto, estatisticamente sem diferen- Legacy 36,3 d B 47,3 bc A 3,3 b B 4,9 a A
ciar das cultivares Cassino, Lucy Lucy Brown 45,9 ab B 53,4 a A 4,2 ab A 4,8 ab A
Brown, Lady e Raider. O maior valor Lorca 43,0 abc B 51,6 ab A 4,5 a A 4,9 a A
foi apresentado pela cultivar Lorca com Lady 47,2 a A 52,0 ab A 3,6 ab A 3,7 b A
4,5 cm (Tabela 2). Resultados semelhan- Raider 42,4 bc B 49,1 abc A 3,7 ab B 4,6 ab A
tes foram observados para a segunda C.V. (%) 3,7 5,9 10,4 12,0
época, onde a cultivar Lady mostrou o
Médias seguidas por letras minúsculas iguais nas colunas e maiúsculas nas linhas para cada
menor comprimento (3,7 cm), seguida característica não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey; *Período de
pelas cultivares Cassino, Raider e Lucy setembro a dezembro; **Período de fevereiro a maio.
Brown, sem diferirem estatisticamente.
O comprimento foi inferior ao apresen-
tado por Bueno (1998), com a cultivar Bragantia: Campinas, v.19, n.35, p.213-219, 1976.
faixa de 15,5 a 18,3ºC, conforme relata
Lorca, de 6,8 cm. Mota et al. (2003) em BUENO, C.R. Efeito da adubação nitrogenada em
Sanders (1999), podendo tolerar alguns
cultivo de alface sob túnel alto, verifi- cobertura via fertirrigação por gotejamento para a
dias com temperaturas de 26,6 a 29,4ºC, cultura da alface tipo americana em ambiente pro-
caram para as cultivares Raider e Lucy
desde que as temperaturas noturnas se- tegido. 1998. 54 f. (Tese mestrado) - UFLA, Lavras.
Brown comprimentos de caule de 7,1 e
jam baixas. CÁSSERES, E. Producción de hortalizas. São
5,3 cm, respectivamente. Menores com- José: Instituto Interamericano de Ciências Agrí-
primentos de caule são desejáveis para Em função dos resultados obtidos no
colas, 1980. 387 p.
a alface do tipo americana, principal- presente estudo, pode-se concluir, para CONTI, J.H. Caracterização de cultivares de al-
mente quando destinada à indústria de as condições do município de Santo face (Lactuca sativa L.) adaptadas aos cultivos
beneficiamento, uma vez que proporcio- Antônio do Amparo que a produção de de inverno e verão. 1994. 117 f. (Tese mestrado) -
alface do tipo americana é viável nas ESALQ, Piracicaba.
nam menores perdas durante o FERNANDES, H.S.; MARTINS, S.R. Cultivo de
processamento. Por outro lado, o caule duas épocas de cultivo testadas, sendo
alface em solo em ambiente protegido. Informe
excessivamente comprido acarreta uma a segunda época, a mais favorável para agropecuário, Belo Horizonte, v.20, n.200/201,
menor compacidade da cabeça e dificul- a obtenção de melhores rendimentos. As p.53-56, 1999.

ta o beneficiamento, afetando a quali- cultivar Lady e Lucy Brown destaca- FILGUEIRA, F.A.R. Novo Manual de
ram-se como as mais recomendadas olericultura: agrotecnologia moderna na produ-
dade final do produto (YURI et al., ção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV.
2002; RESENDE et al., 2003). para o cultivo na primeira época, consi- 2000, 402 p.
derando a massa fresca comercial. Para GADUM, J.; SEABRA JÚNIOR, S.; CARNEI-
Nas duas épocas avaliadas observa-
a segunda época de cultivo todas as cul- RO JÚNIOR A.G.; GOTO, R. Avaliação de dife-
ram-se diferenças significativas na massa rentes cultivares de alface tipo Americana na re-
tivares mostraram-se produtivas no que
fresca total e comercial para todas as cul- gião de Botucatu sob ambiente protegido.
se refere à massa fresca comercial, não Horticultura Brasileira, Brasília, v.20, n.2, julho,
tivares testadas, sendo a segunda época a
diferindo entre si; no entanto, levando- 2002. Suplemento 2. CD-ROM.
mais produtiva. Assim como para circun-
se em consideração a maior circunferên- JACKSON, L.; MAYBERRY, K.; LAEMMLEN,
ferência da cabeça comercial, com exce-
cia de cabeça comercial e menor com- F.; KOIKE, S.; SCHLUBACK, K. Iceberg lettuce
ção para a cultivar Lady. No comprimen- production in California. Disponível em: <http//
primento de caule, sugere-se as cultiva-
to do caule somente as cultivares Legacy www.vegetablecrops.ucdavis>. Acesso em: 24 out.
res Lucy Brown, Lady e Raider como 1999.
e Raider apresentaram os menores valo-
as mais promissoras. LEAL, N.R.; LIBERAL, M.T.; COELHO, R.G.
res na primeira época de cultivo. Entre-
Comportamento de cultivares de alface (Lactuca
tanto, para as duas épocas, todos os mate- sativa L.) na região serrana do Estado do rio de
LITERATURA CITADA
riais apresentaram o comprimento de caule Janeiro. Revista Ceres, Viçosa, v.21, n.118, p.506-
reduzido e dentro de um patamar consi- 509, 1974.
ALVARENGA, M.A.R. Crescimento, teor e LENANO, F. Como se cultivam las hortalizas do
derado aceitável de acordo com Resende acúmulo de nutrientes em alface americana hojas. Barcelona: Editorial Vecchi, 1973. 228 p.
(2004) que relata caules até 6,0 cm como (Lactuca sativa L.) sob doses de nitrogênio aplica- MOTA, J.H. Efeito do cloreto de potássio via
os mais adequados, sendo aceitáveis até o das no solo e de níveis de cálcio aplicados via foliar. fertirrigação na produção de alface americana em
patamar de 9,0 cm e inaceitáveis ou me- 1999. 117 f. (Tese doutorado) - UFLA, Lavras. cultivo protegido. 1999. 46 f. (Tese mestrado) -
BERNARDI, J.B.; IGUE, T. Comportamento de UFLA, Lavras.
nos recomendados para processamento
cultivares de alface na região de Campinas. VI. MOTA, J.H.; YURI, J.E.; FREITAS, S.A.C.;
aqueles acima deste valor. Cultura de Setembro a Novembro de 1972. Re- RODRIGUES JUNIOR, J.C.; RESENDE, G.M.;
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BRUNINI, O.; LISBÃO, R.S.; BERNARDINI, MG. Horticultura Brasileira, Brasília, v.21, n.2,
pode ser explicada pela melhor adapta- J.B.; FORNASIER, J.B.; PEDRO JUNIOR, M.J. p.234-237, 2003.
ção da cultura às condições de tempera- Temperaturas básicas para alface, cultivar White NAGAI, H.; LISBÃO, R.S. Observações sobre resis-
turas mais amenas, tendo como ótima a Boston, em sistemas de unidades térmicas. tência ao calor em alface (Lactuca sativaI L.). Revista

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 873


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874 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


BOFF, P.; DEBARBA, J.F.; SILVA, E.; WERNER, H. Qualidade e sanidade de mudas de cebola em função da adição de composto termófilo. Horticultura
Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.875-880, out-dez 2005.

Qualidade e sanidade de mudas de cebola em função da adição de com-


posto termófilo
Pedro Boff1; João F. Debarba2; Edson Silva2; Hernandes Werner2
1
EPAGRI - Est. Exp. de Lages, C. Postal 181 88502-970 Lages-SC; E-mail: pboff@epagri.rct-sc.br;2EPAGRI - Est. Exp. de Ituporanga,
C. Postal 121, 88400-000 Ituporanga-SC

RESUMO ABSTRACT
Avaliou-se, em condições de campo, a influência de composto Quality and health of onion seedlings by adding thermophilic
termófilo como adubação de base e em cobertura de canteiros, na compost
sanidade e na qualidade de mudas de cebola. A semeadura foi reali- The effect of thermophilic compost on onion diseases and
zada em maio e junho de 1993 e de 1994. Três experimentos foram seedling quality used as basic fertiliser or bed cover was evaluated.
delineados em blocos ao acaso, com seis repetições, tendo como The research was carried out in 1993 and 1994 in Ituporanga, Santa
tratamentos as adubações de base por composto termófilo, incluin- Catarina State, Brazil. Three experiments were conducted in
do descarte de cebola; por formulação comercial organo-mineral; e randomised blocks with six replicates. The treatments were
por composição NPK. Em outro experimento, a adubação mineral e thermophilic compost, mineral fertilizer and organic-mineral
o composto termófilo foram combinadas em esquema fatorial com fertilisers. In another experiment, the compost and the mineral
seis densidades de semeadura, tendo três repetições. Para a cobertu- fertiliser were combined with six plant densities in a factorial design
ra das sementes no leito de canteiros, foram avaliados num quinto experiment. For the seed bed coverage, new and one-year-old Pinus
experimento, o pó-de-serra de Pinus novo, pó-de-serra de Pinus com sawdust, soil, and thermophilic compost were evaluated using a
um ano, solo e composto termófilo, em delineamento de blocos ao randomised block design with four replicates. Thermophilic compost
acaso, com quatro repetições. A adubação por composto apresentou showed higher emergence and survival of onion transplants than
maior emergência e sobrevivência de mudas do que a adubação organic-mineral and mineral fertiliser. The thermophilic compost
organo-mineral e mineral, nos três experimentos estudados. Inde- increased the survival of onion transplants (101.4 pl/m2) and reduced
pendentemente da densidade de semeadura, o composto termófilo, Botrytis squamosa intensity (51.7%) when compared with the mineral
como adubação de base, proporcionou maior sobrevivência de mu- fertiliser (87.7 pl/m2 and 56.8%) regardless of plant density. Onion
das (101,4 pl/m2) e menor intensidade de ataque de Botrytis squamosa seedlings grown on seedbeds covered with compost presented higher
(51,7%), em comparação com adubação mineral (85,7 pl/m 2 e emergence (146.1 pl/m2) and survival of seedlings (134.8 pl/m2) than
56,8%). Quando usado em cobertura das sementes, o composto pro- those grown using only soil as coverage (90.2 and 77.5 pl/m2,
piciou maior emergência (146,1 pl/m2) e sobrevivência de mudas respectively). The occurrence of damping-off did not differ between
(134,8 pl/m2) do que a cobertura com terra (90,2 e 77,5 pl/m2, res- treatments with fertilisers alone or treatments in which coverage was
pectivamente). Não houve influência, entre os tipos de adubação de used in the seedbed.
base e/ou de cobertura, na ocorrência do tombamento de plântulas
de cebola.

Palavras-chave: Allium cepa, Botrytis squamosa, tombamento, adu- Keywords: Allium cepa, Botrytis squamosa, damping-off, organic
bo orgânico, produção de mudas. fertiliser, transplants.

(Recebido para publicação em 12 de maio de 2004 e aceito em 5 de julho de 2005)

A cultura da cebola (Allium cepa L),


nas principais regiões de cultivo no
Brasil, tem se caracterizado pelo uso in-
estreitamento genético das cultivars co-
merciais e do próprio efeito negativo que
estes agrotóxicos e a abusiva adubação
No sul do Brasil, as principais doen-
ças na cultura da cebola são a queima-
acinzentada (Botrytis squamosa) e o
tensivo do solo, emprego crescente de mineral de alta solubilidade causam à míldio (Peronospora destructor) na fase
agroquímicos e poucas práticas cultu- flora e fauna local (GONÇALVES, de muda, ao passo que na fase pós-trans-
rais que possam oferecer 2001). A supressão de doenças e pragas plante, as mais freqüentes são o próprio
sustentabilidade ao sistema produtivo em plantios comerciais, pode ser vista míldio e a mancha-púrpura (Alternaria
(EPAGRI, 2000). Em Santa Catarina por como manifestação da estabilidade e porri) (BOFF, 1996). A sanidade da
exemplo, o controle das principais doen- saúde do agroecossistema muda de cebola durante o período de
ças da cebola, que vinha sendo feito com (THURSTON, 1992). Portanto, o canteiro afeta diretamente o desenvolvi-
duas a três aplicações de fungicidas, restabelecimento da saúde solo-planta, mento da cultura no pós-transplante, visto
passou a receber nos últimos 10 anos, em termos de conferir resiliência ao que a necrose e morte de folhas nesta fase,
mais de 15 intervenções no mesmo ci- agroecossistema em resposta a distúr- reduz o tamanho de bulbo e enfraquece
clo de cultivo (dados não publicados). bios, é de fundamental importância na a qualidade de película dos mesmos para
Este aumento no uso de agrotóxicos é redução da necessidade de uso de o armazenamento (BOFF, 1994).
decorrente, em grande parte, da expan- agroquímicos (VAN BRUGGEN; Tem-se verificado que solos enrique-
são da cultura em monocultivo, do SEMENOV, 2000). cidos com matéria orgânica, via adubo

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 875


P. Boff et al.

verde, propiciam plantas de cebola to- das transplantadas. O ciclo de cultivo é re- Epagri, Ituporanga, durante a fase de
lerantes ao ataque de doenças e pragas, lativamente longo e a colheita coincidente muda da cebola, nos anos de 1993 e
conferindo maior resistência de bulbos com a entrada de cebola da Argentina, obri- 1994, em Cambissolo álico.
durante o armazenamento. A influência gando o armazenamento dos bulbos por um Foram instalados três experimentos
da adubação na ocorrência de doenças período de até quatro meses (EPAGRI, em épocas distintas de semeadura (maio/
em plantas tem sido amplamente discu- 2000). A ocorrência de períodos chuvosos 93, junho/93 e junho/94) utilizando-se
tida e particularmente estudada por al- na época de colheita obriga o blocos ao acaso com seis repetições. Nos
guns autores na adição de compostos armazenamento dos bulbos, muitas vezes três experimentos, os tratamentos cons-
orgânicos (HOITINK; FAHY, 1986; em condições precárias, resultando em taram de três tipos de adubação de base
PAULITZ; BAKER, 1987; HUBER, grandes perdas (BOFF, 1996). O material nas seguintes modalidades: a) Aduba-
1994; ELAD; SHTIENBERG, 1994). advindo do descarte e da subseqüente toa- ção mineral, na dosagem de 300 g/m2
Huelsman e Edwards (1998) observa- lete na comercialização dos bulbos é com- de NPK (fórmula 5-20-10), incorpora-
ram que a adição de esterco compostado posto de escamas, raízes, folhas secas e da ao solo 10 dias antes da semeadura;
de gado reduziu, significativamente, a bulbos deteriorados. É hábito do produtor b) Adubação organo-mineral, formula-
incidência de bacterioses (Pseudomonas de cebola, depositar este material em ção comercial “Prochnov”, Trombudo
syringae pv. lachrymans e Erwinia barrancas de rios, beiras de estradas ou Central (SC), na dosagem de 3 L/m2 in-
tracheiphila) em pepino e da antracnose outros locais longe de lavouras, pelo tradi- corporada 10 dias antes da semeadura.
(Colletotrichum piperatum) em pimen- cional argumento de que restos culturais Nesta formulação utiliza-se cama de
tão, quando comparado à adição de adu- trariam doenças aos próximos cultivos de aviário e 20% de complemento mineral
bo mineral nas proporções equivalentes cebola. Não obstante esta prática possa ser de NPK (2-2-2); c) Adubação com com-
de macronutrientes. justificada, a reciclagem local dos restos posto (10 L/m 2 ) oriundo da
Mecanismos envolvidos na promo- de descarte de cebola pelo processo de compostagem termófila. Este compos-
ção de saúde de plantas, via adição de compostagem poderia oferecer uma me- to foi elaborado com capim Cameroon
composto, incluem o estímulo da ativi- lhor alternativa, não só em temos econô- (Pennisetum purpureum) triturado, es-
dade antagonista local ou adicionada micos mas também sob ponto de vista terco bovino e descarte de cebola tritu-
pelo composto, a indução de resistência ambiental. Quando o processo de rado (1:1:1, base em volume),
e o efeito trófico na planta (HOITINK; compostagem for do tipo termófilo, alcan- intermediada por finas camadas de cin-
FAHY, 1986; ZHANG et al., 1996; çando temperaturas de até 70 ou 80ºC, há za-de-arroz (combustão incompleta da
RAUPP, 1999). McQuilken et al. (1994) uma redução substancial de estruturas de casca de arroz), na proporção de 5% do
estudando a ação do extrato aquoso de patógenos e insetos-praga presentes nos total do composto e de calcário
esterco de gado com palha na atividade restos culturais (GALUEKE, 1972; dolomítico, sendo este último espalhado
de Botrytis cinerea em alface, observa- HOITINK; FAHY, 1986). Por outro lado, na quantidade de 100 g/m², em duas
ram redução da severidade desta doen- o composto oriundo do processo termófilo secções horizontais da pilha. O compos-
ça, sugerindo estarem envolvidos me- possibilita enriquecimento biológico, pela to foi revolvido aos 35 e 70 dias, sendo
canismos de antibiose e indução de re- colonização de micro-organismos benéfi- utilizado após 120 dias a partir da for-
sistência. cos nos sucessivos revolvimentos da pilha. mação da pilha. Para o ano de 1993, uti-
O efeito de resistência sistêmica ad- Do ponto de vista nutricional, o uso de com- lizou-se a cultivar de cebola “Bola pre-
quirida, definida como aquela capaz de posto orgânico para adubação de plantas coce”, na semeadura de maio, e a popu-
expressar-se distante do sitio inicial propicia disponibilização gradativa e con- lação “Crioula”, na semeadura de junho.
quando exposto ao indutor ou agente tínua de nutrientes sem haver excesso e/ou No ano de 1994, com semeadura em ju-
externo, sem afetar o DNA gemônico consumo de luxo, favorecendo o metabo- nho, utilizou-se a população “Crioula”.
da planta, é de particular interesse no lismo da proteossíntese e minimizando com Outro experimento com semeadura
controle de doenças da parte aérea de isto o ataque de doenças e pragas em junho de 1994, foi conduzido em
plantas, via manejo de adubação (VAN (CHABOUSSOU, 1980; SCHELLER, delineamento de blocos ao acaso, com
LOON et al., 1998; MÉTRAUX et al., 2001). três repetições e em arranjo fatorial, uti-
2000). Os agentes de indução por sua O objetivo do presente trabalho foi lizando-se a população “Crioula”. Os
vez, podem ser microorganismos, agen- estudar o efeito do composto termófilo fatores principais foram densidade e tipo
tes físicos ou substâncias químicas ca- resultante do descarte de bulbos na adu- de adubação. O fator densidade teve os
pazes de despertar resistência do hos- bação de base e em cobertura de semen- níveis de 1,0; 2,0; 2,5; 3,0; 4,0 e 5,0 gra-
pedeiro a uma larga gama de patógenos. teiras e os possíveis efeitos desta técni- mas de semente por metro quadrado e o
Por outro lado, o potencial supressivo e ca na sanidade e na qualidade de mudas fator adubação, em duas formas de adu-
a indução de resistência por compostos de cebola. bação de base: composto e adubação
orgânicos é influenciado pelo processo mineral, nas mesmas proporções dos
de compostagem e pelo nível de MATERIAL E MÉTODOS experimentos acima descritos. Não hou-
maturação (HOITINK; FAHY, 1986). ve aplicação de fungicida para possibi-
No Estado de Santa Catarina, o siste- Conduziram-se cinco experimentos litar avaliação da intensidade de quei-
ma de cultivo de cebola utiliza-se de mu- de campo na Estação Experimental da ma-acinzentada.

876 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Qualidade e sanidade de mudas de cebola em função da adição de composto termófilo

Tabela 1. Número de plantas emergidas (EM), tombadas (TO), remanescentes após tombamento (ES), sobreviventes até a época de trans-
plante (SO) e peso fresco em gramas por planta (PF) de mudas de cebola submetidas a diferentes tipos de adubação de base. Ituporanga,
EPAGRI, 1993/94.
Época de
Adubação base EM 1/ TO 2/ ES3/ SO 4/ PF5/
semeadura
Composto 203,1 a 9,5 ns 194,2 a 194,0 a 3,2 a
Maio/93 Organo-min. 179,1 b 11,9 177,6 a 177,5 a 2,6 b
Mineral 171,4 b 2,4 116,9 b 116,7 b 2,4 b
C.V. 12,4 131, 15,4 16,5 23,7
Composto 222,6 a 0,8 ns 218, a 221,4 a 4,1 b
Junho/93 Organo-min. 197,4 ab 2,6 194, a 189,5 ab 5,6 ab
Mineral 191,5 b 1,2 184, a 166,8 b 5,7 a
C.V. 14,5 100, 16,2 24,8 25,1
Composto 138,7 a 2,3 ns 134, a 124, a 3,5 b
Junho/94 Organo-min. 119,1 b 1,8 118, a 111, ab 4,4 a
Mineral 122,9 b 4,3 114, b 99, b 3,7 ab
C.V. 10,1 59,3 12,2 17,1 25,4
*Médias seguidas pela mesma letra, na vertical, dentro de cada época de semeadura, não diferem entre si (Tukey, 0,05).; ns = diferenças não
significativas.

Um quinto experimento foi condu- forme metodologia modificada de dadas (Tabela 1). A adubação organo-
zido em blocos ao acaso com quatro re- Stuker e Boff (1998). A ocorrência da mineral não diferiu da adubação mine-
petições, utilizando-se a cultivar “Bola queima-acinzentada foi estimada con- ral, em todas as características conside-
Precoce”, com semeadura em maio de siderando-se o número de folhas totais, radas, exceto no número de mudas re-
1994. Os tratamentos constaram de qua- a altura média de folhas e a proporção manescentes após o tombamento nos
tro coberturas sobre o leito dos cantei- de área foliar necrosadas devido aos sin- experimentos com semeadura em maio
ros, na espessura de 2 cm, onde as se- tomas da doença, em quatro sub-amos- de 1993 e junho de 1994 e no número
mentes eram previamente semeadas, que tras não destrutiva de 0,25 m2 por par- de mudas sobreviventes até o transplan-
foram: a) composto, já descrito acima; cela. As sub-amostras eram delimitadas te, no experimento com semeadura em
b) solo, do próprio local; c) pó-de-serra com auxílio de um quadriculado de maio de 1993. Shiau et al. (1999) rela-
de Pinus, do ano; d) pó-de-serra de Pinus, madeira (0,5 x 0,5 m) lançado aleato- taram que certos compostos orgânicos,
com um ano de idade. Utilizou-se, como riamente em cada avaliação. Dados formulação comercial FBN-5A â por
adubação de base, 300 g/m2 de adubo coletados de todos os experimentos fo- exemplo, quando adicionada a
mineral NPK, fórmula 5-20-10. ram submetidos à análise de variância substratos promoveram melhor desen-
A profundidade de semeadura foi de para cada tipo de delineamento, blocos volvimento de plantas de repolho, tanto
2 cm, utilizando-se como cobertura da ao acaso ou fatorial, com auxílio do pa- em casa de vegetação como em plan-
semente o pó-de-serra de Pinus, exceto cote estatístico SAS® , seguido de teste tios comerciais, além de serem efetivos
no quinto experimento, onde o objeto de médias Tukey (0,05), quando o valor no controle de Rhizoctonia solani. No
de estudo foi o tipo de cobertura. O con- de F fosse menor ou igual a 0,05. A não quarto experimento com semeadura em
trole de plantas daninhas foi manual. A interação entre adubação e densidade no junho de 1994 não houve interação, en-
irrigação foi feita conforme necessida- experimento em arranjo fatorial permi- tre o tipo de adubação e a densidade de
de da cultura, sendo, no máximo, uma tiu análise independente desses fatores. semeadura da cebola. No fator aduba-
vez por semana. As parcelas constaram Os dados das características avaliadas ção, observou-se que a adubação mine-
de 3 m2, tendo como área útil 1 m2. Ava- em função da densidade foram subme- ral e o composto termófilo não diferi-
liou-se o número de plantas emergidas, tidos à regressão múltipla e modelos de ram na emergência de plantas, no peso
número de plantas tombadas, número de equação foram selecionados pelo seu da massa fresca ou seca produzida e no
folhas cotiledonares (chicote) tombadas maior coeficiente de determinação en- tombamento (Tabela 2). Entretanto, can-
e número de plantas remanescentes após contrado. teiros enriquecidos pelo composto apre-
tombamento (estande). Por ocasião do sentaram maior sobrevivência de plan-
transplante, avaliou-se também o núme- RESULTADOS E DISCUSSÃO tas até o transplante. Em contraste, can-
ro de plantas sobreviventes, o peso fres- teiros adubados organicamente, mesmo
co e seco de plantas. A queima- A aplicação do composto termófilo apresentando maior densidade de plan-
acinzentada foi avaliada, semanalmen- proporcionou maior emergência e sobre- tas sobreviventes, foram menos ataca-
te, até 15 dias antes do arranquio das vivência de mudas até o transplante, em dos por B. squamosa. Sabe-se que o fun-
mudas, estimando-se a proporção de comparação com adubação mineral, nas go B. squamosa tem sua principal for-
área foliar necrosada pela doença con- três épocas de semeadura da cebola estu- ma de sobrevivência como escleródios

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 877


P. Boff et al.

supressivo nas doenças, mas também


melhorou substancialmente a qualida-
de de mudas para plantios comerciais.
No presente trabalho, o tombamento de
plântulas não diferiu entre as cobertu-
ras, embora o tombamento da folha chi-
cote foi maior na cobertura por pó-de-
serra de ano e por composto. A análise
de amostras de plântulas e folhas tom-
badas não apresentou presença de
fitopatógenos, indicando ser o proble-
ma de origem abiótica. Sua ocorrência
esteve relacionada com altas precipita-
ções nos dias anteriores à avaliação (Da-
dos não apresentados). Provavelmente,
a alta umidade no leito do canteiro fa-
voreceu o enfraquecimento da axila
foliar, facilitando o tombamento da lâ-
mina foliar (chicote).
Figura 1. Massa seca (MSE), severidade por Botrytis squamosa (SEV), peso médio por planta
Houve tendência da cobertura por
(PME), Emergência (EME), sobrevivência (SOB), tombamento de plântulas (TOM) de mudas
de cebola submetidas a diferentes densidades de semeadura. Ituporanga, EPAGRI, 1994. composto ser melhor que o pó-de-serra
de ano e este melhor que o pó-de-serra
novo, quanto à emergência, estande e
Tabela 2. Emergência (EM), sobrevivência (SO), peso fresco (PF), massa seca (MS), seve- sobrevivência de mudas. O composto
ridade da queima-acinzentada (SE) e tombamento (TO) de mudas de cebola submetidas a termófilo pode ter proporcionado maior
aplicação de composto termófilo e adubação mineral. Ituporanga, EPAGRI, 1994. estabilidade biológica por não deman-
Adubação¹ EM 1/ SO 2/ PF3/ MS4/ SE5/ TO 6/ dar suprimento de nutrientes, principal-
Composto 170,9 ns 101,4 a * 4,61 ns 14,9 ns 51,7 b* 1,3 ns mente, nitrogênio, como estaria acon-
Mineral 174,3 ns 85,7 b 4,12 ns 12,9 ns 56,8 a 2,9 ns tecendo com a cobertura por pó-de-ser-
CV 20,1 28,10 60,1 53,0 16,8 124,7
ra, cujo material necessita passar por um
processo de estabilização biológica
*Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si (F = 0,05); ns = diferen-
(GALUEKE, 1972). Nesta cobertura
ças não significativas.
por pó-de-serra, a atividade microbiana
requer suprimento extra de nutrientes, a
fim de iniciar a decomposição da maté-
em restos culturais, sendo também a de canteiros. Isto, no entanto, favorece ria orgânica, o que vem a desequilibrar
fonte primária de inóculo entre ciclos a ocorrência de doenças, principalmen- o desenvolvimento inicial da plântula de
de cultivo (BOFF, 1994). A adição de te da queima-acinzentada, cuja severi- cebola (SCHELLER, 2001).
composto que possivelmente possibili- dade em épocas úmidas de inverno, cau- O maior teor de massa seca e maior
tou o aumento da atividade antagonista sam morte das mudas atacadas (BOFF, sobrevivência de plantas (Tabelas 2 e 3)
na rizosfera pôde ter reduzido a viabili- 1994). Resultados semelhantes foram e a menor intensidade da queima-
dade das estruturas de resistência deste obtidos no adensamento de plantas de acinzentada (Tabela 2) proporcionado
fungo (PEREIRA et al., 1996). De fato, cebola em pós-transplante, onde popu- pela adubação de base ou cobertura por
Walker e Maude (1975) observaram que lações adensadas, acima de 300.000 pl/ composto pode estar relacionado, no seu
os escleródios de Botrytis spp sofrem ha, aumentou a incidência de Alterna- conjunto, com os mecanismos de supri-
naturalmente antagonismo por ria porri e reduziu a produção comer- mento equilibrado de nutrientes e de
Gliocladium roseum, especialmente em cial de bulbos (BOFF et al., 1998). resistência induzida à patógenos (PE-
solos ricos em matéria orgânica. A cobertura da semente com com- REIRA et al.,1996; SCHELLER, 2001;
O aumento da densidade de semea- posto termófilo proporcionou maior RAUPP, 1999). Segundo Chaboussou
dura de 1 para 5 g/m 2 reduziu emergência, maior número de mudas (1987), adubos com fontes nitrogenadas
gradativamente a sobrevivência e o peso remanescentes após tombamento e de alta solubilidade, como os formula-
médio de mudas, independentemente do maior número de mudas sobreviventes dos minerais N-P-K, deixam a planta em
tipo de adubação utilizada (Figura 1). até o transplante, em comparação com estado de proteólise dominante, aumen-
Os produtores de cebola, no sistema a cobertura por solo (Tabela 3). Estudos tando as substâncias solúveis, principal-
corrente de transplante, utilizam altas feitos em repolho por Shiau et al. (1999) mente aminoácidos, que favorecem o
densidades, acima de 3 g/m2, com o pro- mostraram que a adição de composto no parasitismo por fungos. A qualidade de
pósito de melhor aproveitamento da área substrato de mudas não só teve efeito mudas pode ainda ser influenciada pela

878 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Qualidade e sanidade de mudas de cebola em função da adição de composto termófilo

Tabela 3. Emergência (EM), tombamento de plântulas (TOp), tombamento da folha cotiledonar (TOfc), estande após tombamento (ES),
sobrevivência de plantas por ocasião do transplante (SO), massa seca (MS) e peso fresco (PF) de mudas de cebola submetidas a diferentes
coberturas de conteiros. Ituporanga, EPAGRI, 1994.
Cobertura EM 1/ TOp2/ TOfc3/ ES4/ SO 5/ MS6/ PF7/
Composto 146,1 a 4,3 50,4 a 135,3 a 134,8 a 11,7 ns 5,1 ns
Terra 90,2 b 6,6 17,6 b 77,8 b 77,5 b 10,8 3,4
Pó-de-serra novo 135,2 a 7,1 34,2 b 109,3 ab 101,8 ab 10,1 4,1
Pó-de-serra de ano 141,1 a 9,2 36,8 ab 108,3 ab 106,1 ab 9,7 3,6
C.V. 7,1 34,8 14,5 11,8 15,6 8,5 17,5
Dias após semeadura 30 33 35 40 transplante = =

* Médias seguidas pela mesma letra, na vertical não diferem entre si (Tukey, 0,05); ns = diferenças não significativas.

micorrização, cuja adição de compos- HUELSMAN, M.F.; EDWARDS, C.A.


tos orgânicos facilita o estabelecimento Management of disease in cucumbers (Cucumis
AGRADECIMENTOS
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Danos causados pelo impacto de queda na qualidade pós-colheita de


raízes de mandioquinha-salsa1
Gilmar Paulo Henz²; Roberto M. Souza³;José Ricardo Peixoto³; Lucimara Blumer4
2
Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF, E-mail: gilmar@cnph.embrapa.br; 3FAV - Universidade de Brasília,
70910-970 Brasília-DF; 4Consultora Estatística, Prodetab/Embrapa.

RESUMO ABSTRACT
Como as raízes de mandioquinha-salsa são frágeis e muito sus- Damages caused by drop impact on the postharvest quality
cetíveis a ferimentos, avaliou-se os danos físicos que ocorrem nas of arracacha roots
raízes devido ao impacto de queda no manuseio pós-colheita e suas Arracacha roots are very fragile and susceptible to mechanical
conseqüências na durabilidade do produto. As raízes foram soltas damage. The postharvest handling system may cause many lesions,
de duas alturas (45 e 90 cm) e três posições de queda: horizontal; mainly by impacts and drops. The effect of drop impact on arracacha
vertical com “ombro” para baixo (=distal) e para cima (=proximal), roots was simulated in two drop heights (45 and 90 cm) and three release
simulando-se uma situação comum no beneficiamento e na positions of the roots (horizontal, vertical distal and vertical proximal).
comercialização. O experimento foi conduzido em delineamento The experiment was carried out in a randomized block design, with
casualizado com três repetições de 40 raízes por parcela. Após a three replicates (40 roots per and three release positions of the roots
queda, as raízes foram examinadas individualmente, determinando- (horizontal, vertical distal and vertical proximal). The experiment was
se os tipos de ferimentos (quebradas, rachaduras, rupturas, lesões carried out in a randomized block design, with three replicates (40 roots
superficiais) em relação àquelas aparentemente intactas. A altura de per parcel). After the drop, roots were examined individually and the
queda afetou diretamente a incidência de injúrias mais graves, como resulting mechanical damage was categorized in four types of lesions
quebras e rupturas. Na queda de 90 cm, a posição de soltura proximal (broken, fracture, rupture and abrasion) compared to those apparently
causou 40,7% de rachaduras, 19,2% de rupturas e 22,3% de lesões undamaged. Drop height affected directly the incidence of more serious
superficiais; na posição distal causou 45,8% de rupturas e 23,3% de mechanical damage, such as broken roots and ruptures. The root position
quebra nas raízes. Em outro experimento, avaliou-se a respiração, also affected the resulting mechanical damage: roots released from the
perda de matéria fresca e a deterioração em raízes submetidas à in- proximal position at 90cm drop height had significantly higher fractures
júria por impacto de queda (90 cm) e armazenadas a 5oC e 24oC, incidence (40.7%), ruptures (19.2%) and superficial lesions (22.3%)
comparadas com testemunhas não injuriadas, em três repetições (1,5 than other treatments. At the 90 cm drop height, roots released from the
kg raízes/parcela) distribuídas ao acaso. As raízes submetidas à in- proximal position had 40.7% of fractures, 19.2% of ruptures and 22.3%
júria por queda apresentaram taxas respiratórias superiores em com- of superficial lesions; roots released from the distal position caused 45.8%
paração com aquelas intactas quando mantidas na mesma tempera- of ruptures and 23.3% of broken roots. The respiration rates and
tura, e a 24oC variou de 15,3 ml CO2 kg-1 h-1 (intactas) a 34,4 ml CO2 deterioration of arracacha roots submitted to mechanical damage (90
kg-1 h-1 (injuriadas). As raízes injuriadas mantidas a 24oC apresenta- cm height fall impact) and storage (5oC and 24oC) during four days
ram 84% de deterioração após quatro dias, enquanto aquelas a 5oC showed that at the same temperature, mechanically damaged roots had
não apresentaram deterioração. higher respiration rates when compared to sound roots, ranging from
15.3 ml CO2 kg-1 h-1 (unbruised) to 34.4 ml CO2 kg-1 h-1 (damaged) at
24oC. Injured roots kept at 24oC had 84% of deterioration after four
days, while those kept at 5oC were completely sound.

Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza, danos mecânicos, lesões, Keywords: Arracacia xanthorrhiza, mechanical damage, lesions,
respiração, deterioração. respiration, deterioration.

(Recebido para publicação em 17 de Janeiro de 2005 e aceito em 27 de setembro de 2005)

O s produtos hortícolas estão sujei-


tos a diversos tipos de danos após
a colheita, ocasionados por condições
2000). No Brasil, não existe uma preo-
cupação muito evidente com a incidên-
cia de injúrias mecânicas nos sistemas
A mandioquinha-salsa é uma
hortaliça que apresenta vários problemas
pós-colheita, que reduzem substancial-
inadequadas de manuseio e armazena- de manuseio pós-colheita adotados para mente sua durabilidade e seu valor co-
gem, doenças e injúrias mecânicas. A hortaliças. Entretanto, as conseqüências mercial. Os principais problemas já
respiração é o principal processo fisio- dos danos mecânicos podem ser uma identificados são a rápida perda de ma-
lógico em órgãos vegetais depois da causa primária de perdas nas etapas sub- téria fresca, a ocorrência de podridões e
colheita, sendo afetada por diversos fa- seqüentes porque aceleram a taxa de per- a grande incidência de danos mecâni-
tores, tais como temperatura, composi- da de água, levando a um acréscimo na cos (THOMPSON, 1980; AVELAR FI-
ção da atmosfera e estresses químicos, taxa respiratória e diminuição da maté- LHO, 1989; HENZ, 2001; SOUZA,
biológicos e físicos (KAYS, 1991; ria seca dos produtos (WILLS et al., 2001; SOUZA et al., 2003). Quando
KADER et al.,1992; MORETTI et al., 1998). comercializadas sem embalagem e/ou
1
Parte da dissertação de mestrado em Agronomia apresentada pelo primeiro autor à Faculdade de Agronomia e Veterinária da Universidade de Brasília

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 881


G. P. Henz et al.

refrigeração, as raízes da mandioquinha- peratura das raízes (CANTWELL et al., raízes no varejo, e a etapa em que ocor-
salsa têm duração de apenas um a três 1991). As raízes de cenoura mantidas a reu a maior incidência de outros tipos
dias, dependendo da época do ano e do 0oC apresentaram 70% de rachaduras de injúrias mecânicas foi no atacado,
sistema de manuseio pós-colheita. em relação àquelas mantidas a 20oC, que onde 7,6% das raízes apresentaram rup-
Quando a perda de matéria fresca ultra- apresentaram somente 15% turas, 4,2% com rachaduras e 10,6%
passa 10%, as raízes de mandioquinha- (CANTWELL et al., 1991). O efeito de estavam quebradas (SOUZA, 2001;
salsa tornam-se murchas e enrugadas, temperaturas mais baixas no aumento SOUZA et al., 2003). As principais cau-
sem valor comercial (AVELAR FILHO, dos danos mecânicos também foi com- sas de injúrias mecânicas identificadas
1989). De acordo com Finger e Casali provado em frutos de morango subme- no sistema de manuseio pós-colheita da
(1988), a taxa respiratória de raízes de tidos à força de impacto, em uma simu- mandioquinha-salsa adotado em São
mandioquinha-salsa variou de 3,4 ml lação de três alturas de queda (13; 20 e Paulo foram impacto de queda, abrasão
CO2 kg-1 h-1 após a colheita e alcançou 38 cm) nas cultivares ‘Chandler’, ‘Oso e compressão das raízes (SOUZA, 2001;
32,1 ml CO2 kg-1 h-1 após 60 h, possi- Grande’ e ‘Sweet Charlie’ (FERREIRA SOUZA et al., 2003).
velmente provocada pela perda de água et al., 1995). No mesmo trabalho, cons- O impacto de queda ocorre princi-
das raízes. Assim como ocorre para os tatou-se que as forças de compressão palmente durante a movimentação das
demais produtos hortícolas, o causaram maior incidência de injúrias raízes no galpão de beneficiamento,
armazenamento refrigerado também re- nos frutos (FERREIRA et al., 1995). como na operação de descarga das cai-
duz os principais processos fisiológicos Os danos mecânicos em hortaliças xas dos caminhões, colocação das raízes
das raízes de mandioquinha-salsa, como têm sido mais extensivamente estuda- nas redes de lavação e sua transferência
a respiração, perda de matéria fresca e dos para a cultura da batata, principal- para a mesa de seleção e na operação de
deterioração (AVELAR FILHO, 1989; mente devido à mecanização dos pro- embalagem. Nos estabelecimentos do
HENZ, 1995). cessos de colheita, transporte e benefi- varejo, as raízes são transferidas das
As conseqüências de injúrias mecâ- ciamento, que acarretam problemas de caixas para as gôndolas, onde também
nicas na fisiologia e vida-de-prateleira perdas no armazenamento. A incidên- podem ocorrer danos mecânicos por
de algumas hortaliças já estão bem ca- cia de injúrias mecânicas em batata au- quedas de até 1 m de altura. A injúria
racterizadas. O manuseio e a queda de mentou a taxa respiratória em mais de mecânica por abrasão ocorre principal-
embalagens e frenagens bruscas de ca- 100% em todas as cultivares mantidas a mente pelo atrito das raízes com a su-
minhões que transportam produtos 25oC (SCHIPPERS, 1977). À medida perfície das caixas de madeira ou de
hortícolas podem ocasionar diferentes que os tubérculos passam pelas diferen- plástico ocasionada pela vibração duran-
tipos de lesões por impacto ou compres- tes etapas do manuseio foi constatado que te o transporte por caminhões. A injúria
são (FAO, 1993; SARGENT et al., houve aumento na respiração dos tubér- por compressão pode ocorrer pelo
1989a; SARGENT et al., 1989b). Os culos (PISARCZYK, 1982). No Brasil, empilhamento das caixas de madeira
órgãos vegetais submetidos a vibrações Silva et al. (1993a e 1993b) estudaram o nos galpões de beneficiamento, durante
e danos mecânicos em geral aumentam efeito de danos mecânicos de impactos o transporte por caminhões ou nos ata-
suas taxas respiratórias em comparação na colheita sobre a taxa respiratória de cadistas, ocasionado principalmente
com testemunhas sem injúrias tubérculos de batata, e as cultivares mais pelo excesso de raízes nas caixas do tipo
(PISARCZYK et al., 1982; SALVEIT et suscetíveis ao impacto aumentaram suas “K.” A mandioquinha-salsa é uma
al., 1982; MAO et al., 1995). A severida- taxas respiratórias significativamente de hortaliça de preço elevado ao consumi-
de e a extensão dos danos mecânicos 10 a 18 ml CO2 kg-1 h-1 para 26 a 35 ml dor e a manutenção da integridade físi-
podem ser afetadas por diversos fatores, CO2. kg-1 h-1. ca das raízes é importante para a valori-
sendo os principais (1) a maturidade e o O principal sistema de manuseio zação desta hortaliça como mercadoria.
potencial de água; (2) a orientação celu- pós-colheita da mandioquinha-salsa no O objetivo do presente trabalho foi ava-
lar e do tecido no local do impacto; (3) o Brasil envolve basicamente quatro eta- liar as conseqüências físicas e fisiológi-
formato do objeto causador do impacto; pas até alcançar o consumidor, dividin- cas nas raízes de mandioquinha-salsa
(4) a energia com a qual o órgão choca- do-se em colheita (1), beneficiamento submetidas a simulações de injúria me-
se com o objeto e o respectivo ângulo; e (2), comercialização no atacado (3) e no cânica por impacto de queda que ocor-
(5) a temperatura da hortaliça no momen- varejo (4) (HENZ, 2001). Durante a mo- rem durante o beneficiamento e a
to da injúria (SARGENT et al., 1992; vimentação do produto nestas diferen- comercialização.
MILLER, 2003). tes etapas da cadeia de pós-colheita, as
A simulação do impacto de queda de raízes de mandioquinha-salsa sofrem MATERIAL E MÉTODOS
raízes de cenoura de quatro cultivares vários tipos de danos mecânicos,
(‘Imperator’, ‘Dominator’, categorizados como abrasão, ruptura Simulação do impacto de queda
‘Cellobunch’ e ‘Nantes’) de quatro al- parcial, rachadura e quebra em um tra- Os experimentos foram realizados
turas (60; 90; 120 e 150 cm) demons- balho anterior (SOUZA et al., 2003). no Laboratório de Pós-Colheita da
trou que as rachaduras e quebras resul- Neste estudo, o tipo de injúria mais fre- Embrapa Hortaliças, em Brasília-DF. O
tantes variaram de acordo com a culti- qüente foi abrasão, na forma de lesões efeito do impacto por queda em raízes
var, altura da queda e também da tem- superficiais, alcançando 78,9% das de mandioquinha foi avaliado através de

882 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Danos causados pelo impacto de queda na qualidade pós-colheita de raízes de mandioquinha-salsa

uma simulação, combinando-se a altu- Tabela 1. Significância (teste F) e graus de liberdade (GL) para injúrias resultantes da
ra da queda com a posição de soltura interação das alturas de queda e posição de soltura das raízes de mandioquinha-salsa.
das raízes. As alturas de queda utiliza- Fator de Teste F
GL
das neste experimento foram definidas variação Grave Leve Intacta
de acordo com as alturas do contentor Posição (P) 2 108,55* * 117,76* * 168,65* *
plástico de 34 kg de capacidade, da mesa Altura de queda (A) 1 288,37* * 12,46* * 251,53* *
de seleção e das gôndolas de exposição PxA 2 11,39* * 36,09* * 127,63* *
da mandioquinha-salsa em supermerca- Posição (Altura) 4 59,97* * 76,92* * 148,14* *
dos e sacolões. Nestes locais a ocorrên- Posição (45 cm) 2 92,45* * 129,37* * 294,00* *
cia de quedas de raízes é relativamente Posição (90 cm) 2 27,49* * 24,48* * 2,28 ns
freqüente e uma das causas mais rele- Média (%) 52,36 29,44 18,06
vantes de perdas pós-colheita. Raízes de CV (%) 9,21 20,41 21,40
mandioquinha-salsa cv. Amarela Co- ** significativo a 1% de significância; ns = não significativo
mum das classes 2A e 3A foram adqui-
ridas na CEASA-DF, selecionando-se
para a execução do experimento somen- kg de raízes em média por parcela, dis- observadas também foram ser separa-
te aquelas de tamanho pequeno a mé- tribuídas ao acaso. As raízes (intactas e das pela extensão do dano e importân-
dio, com 8-12 cm de comprimento e diâ- injuriadas) foram colocadas em frascos cia na aparência do produto em defeitos
metro de 2-4 cm, isentas de danos me- de vidro de 5 litros, e armazenadas às graves (rachaduras, rupturas e quebras)
cânicos e outros defeitos graves temperaturas de 24 ± 2ºC (75% UR) e a e leves (lesões superficiais causadas por
(CEAGESP, 2002). O experimento foi 5 ± 2ºC (90% UR). A cada hora foram abrasão), de acordo com a norma de
conduzido em um delineamento em es- retiradas amostras das atmosferas inter- classificação da mandioquinha-salsa
quema fatorial 2 x 3 (altura x posição nas de cada frasco com seringas e inje- proposta pela CEAGESP (2002). As ra-
de queda), com três repetições por tra- tadas em um cromatógrafo a gás para chaduras caracterizaram-se pelo rompi-
tamento (40 raízes/parcela). As raízes leitura da concentração de CO2. Depois mento parcial da raiz; as quebradas pela
foram soltas de duas alturas (45 e 90 cm) de retiradas as amostras os recipientes separação completa em duas ou mais
e em três posições de queda: (1) hori- foram abertos para renovação da atmos- partes; as rupturas pelo rompimento su-
zontal; (2) vertical proximal, com o fera. Repetiu-se esse procedimento a perficial do tecido, sem destacar-se da
“ombro” para cima; (3) vertical distal, cada hora, fazendo-se quatro leituras raiz; e as lesões superficiais apresenta-
com o “ombro” da raiz voltado para diárias, durante quatro dias. Como pa- ram remoção parcial da periderme.
baixo. As raízes foram mantidas nas res- drão utilizou-se CO2 na concentração (SOUZA, 2001; SOUZA et al., 2003).
pectivas alturas e posições e deixadas 1.000 ml/L. Acompanhou-se também a As raízes sem nenhum dano visível ex-
cair livremente sobre um piso plano de perda de matéria fresca, através de pe- ternamente foram consideradas como
cimento rígido e liso. Após a queda, cada sagens diárias do material e uma ava- intactas.
raiz foi examinada individualmente, liação diária da incidência de deteriora- Houve interação significativa entre
determinando-se os tipos de danos so- ção causada por Erwinia sp., conside- as alturas e as posições de solturas das
fridos como rachaduras, quebra, ruptu- rando-se como deterioradas as raízes raízes, que definiu a incidência e a pre-
ras e lesões superficiais, definidos em que apresentavam uma ou mais lesões dominância de determinados tipos de
um trabalho anterior (SOUZA et al., de podridão-mole. injúrias mecânicas (Tabela 1). A altura
2003), e considerando-se também aque-
da queda afetou a incidência dos distin-
las intactas exteriormente, sem dano RESULTADOS E DISCUSSÃO tos tipos de danos mecânicos, sendo que
aparente.
as raízes soltas a 90 cm apresentaram
Avaliação da respiração e da de- Incidência de injúrias mecânicas uma predominância de lesões mais gra-
terioração das raízes causadas por impacto de queda ves, como rachaduras, quebras e ruptu-
As raízes da cv. Amarela Comum A simulação do impacto por queda ras. Para todas as posições de soltura das
foram adquiridas de um produtor no das raízes de duas alturas em uma su- raízes, a porcentagem de raízes com
Núcleo Rural Alexandre Gusmão, em perfície rígida e plana produziu tipos danos mecânicos após a queda foi sem-
Brazlândia-DF, e transportadas para o distintos de injúrias mecânicas. As le- pre maior na altura de 90 cm (Figura 1),
laboratório de Pós-Colheita da Embrapa sões provocadas pelo impacto de queda situação também observada em raízes
Hortaliças. O experimento foi compos- foram categorizadas em quatro tipos de cenoura (CANTWELL et al., 1991)
to por quatro tratamentos, comparando- principais (rachaduras, quebras, lesões e frutos de morango (FERREIRA et al.,
se raízes intactas com outras submeti- superficiais e rupturas) para tornar as 1995).
das à injúria mecânica por impacto de avaliações mais rápidas e fáceis de se- Na posição de soltura distal (ponta
queda de 90 cm de altura em uma su- rem executadas. Estes danos mecânicos da raiz para baixo), predominaram as
perfície plana e rígida, e armazenamento em raízes de mandioquinha-salsa foram lesões mais graves (rachaduras, quebras
posterior em duas temperaturas. Cada descritos com mais detalhes no traba- e rupturas) nas duas alturas (Figura 1),
tratamento teve três repetições com 1,5 lho de Souza et al. (2003). As lesões provavelmente devido à força do cho-

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 883


G. P. Henz et al.

nestas duas temperaturas as raízes inju-


riadas apresentaram taxas respiratórias
mais elevadas em relação às intactas. As
raízes mantidas a 5 oC apresentaram
menores taxas de respiração, variando
de 3,8 ml CO2 kg-1 h-1 (intactas) a 8,3 ml
CO 2 kg -1 h -1(injuriadas), e as raízes
mantidas a 24oC apresentaram taxas res-
piratórias que variaram de 15,3 ml CO2
kg-1 h-1 (intactas) a 34,4 ml CO2 kg-1 h-1
(injuriadas) (Figura 2). Temperaturas
mais baixas reduzem as taxas respirató-
rias e de deterioração (WILLS et al.,
1998; KAYS, 1991). Finger e Casali
(1988) determinaram a taxa respirató-
ria de raízes de mandioquinha que va-
riou de 13,4 ml CO2 kg-1 h-1 após a co-
lheita até 32,1 ml CO2 kg-1 h-1, valores
Figura 1. Incidência de injúrias mecânicas leves e graves em raízes de mandioquinha-salsa
submetidas a impacto de queda de duas alturas (45 e 90cm) em três posições de soltura
próximos aos determinados neste traba-
(distal, proximal e horizontal). Brasília, Embrapa Hortaliças/FAV-UnB, 2001. lho para a temperatura de 24oC. As ta-
xas respiratórias foram ajustadas, obser-
vando-se uma tendência de redução nas
que ocasionado pelo impacto de queda 21oC a 23oC. Nos galpões de beneficia- raízes mantidas a 5oC, com um decrés-
na porção apical da raiz, uma área bem mento da mandioquinha-salsa do esta- cimo linear naquelas submetidas à injú-
menor que a porção proximal (“om- do de São Paulo, as temperaturas das ria por queda (Y= 12,325 – 1,645X, R2=
bro”). Para esta mesma posição, nas raízes e do ambiente são mais baixas, 0,88), enquanto as raízes mantidas a
raízes soltas a 45 cm de altura predomi- variando de 15oC a 21oC, dependendo 24oC (Y= 9,000 + 4,910X, R2=0,84),
observou-se um aumento linear na taxa
naram as rachaduras e as rupturas, en- da época do ano (HENZ, 2001). Todo o
respiratória (Figura 2).
quanto a 90 cm houve maior incidência beneficiamento é executado à noite, ge-
de rupturas, quebras e rachaduras. Na ralmente após as 21 h, estendendo-se Os órgãos vegetais submetidos a vi-
posição proximal (ou com o “ombro” pela madrugada até o amanhecer. A água brações e danos mecânicos em geral au-
mentam suas taxas respiratórias em com-
da raiz voltado para baixo), constatou- de córregos da região é geralmente fria,
paração com testemunhas sem injúrias
se a menor incidência de injúrias mecâ- e mantêm a temperatura das raízes mais
(PISARCZYK et al., 1982; SALVEIT et
nicas nas raízes soltas a 45 cm, classifi- baixa. Em tese, é provável que as con-
al., 1982; MAO et al., 1995). As raízes
cadas como intactas, enquanto a 90 cm seqüências de quedas das raízes nesta de mandioquinha-salsa apresentaram rea-
de queda observou-se uma grande inci- condição pode provocar danos maiores, ção semelhante aos de outros produtos
dência de raízes com rachaduras. Na principalmente rachaduras. Por outro hortícolas submetidos a injúrias mecâni-
posição de soltura horizontal, as raízes lado, o armazenamento em baixas tem- cas, como tubérculos de batata
com queda a 45 cm apresentaram gran- peraturas ainda não é utilizado regular- (SCHIPPERS et al., 1977; PISARCZYK
de incidência de lesões superficiais, con- mente para mandioquinha-salsa no Bra- et al., 1982; SILVA et al., 1993a e 1993b),
sideradas como menos graves, e as sil. Caso for necessário, estudos adicio- e também aumentaram a respiração quan-
raízes soltas a 90 cm apresentaram uma nais poderão ser executados com as raízes do submetidas ao impacto por queda ou
tendência de quebra (Figura 1). da mandioquinha-salsa levando-se em quando armazenadas em temperaturas
De acordo com o trabalho executa- consideração alguns fatores importantes mais altas. Este aumento na respiração
do em cenoura por Cantwell et al. que afetam a extensão e a severidade dos pode estar envolvido no processo de de-
(1991), a temperatura das raízes apre- danos mecânicos, como o potencial de terioração das raízes assim como na re-
sentou um grande efeito na incidência água, a energia com a qual as raízes cho- paração dos tecidos pela suberização de
de rachaduras ocasionadas por impacto cam-se contra o chão e o respectivo ân- partes superficiais. As condições ideais
de queda, sendo maior nas raízes gulo do impacto, e a temperatura das para acelerar o processo de cicatrização
mantidas a 0oC em comparação com raízes no momento da injúria de ferimentos causados por injúrias me-
(SARGENT et al., 1992; MILLER, cânicas em raízes de mandioquinha-sal-
àquelas mantidas a 20oC. Efeito seme-
2003). sa ainda não foram determinadas.
lhante também foi observado em frutos
de três cultivares de morango submeti- Respiração de raízes de Perda de matéria fresca e deterio-
dos a três alturas de queda (FERREIRA mandioquinha-salsa ração em raízes com injúrias mecâ-
et al., 1995). No presente trabalho, a si- nicas
A temperatura mais baixa (5oC) re-
mulação de impacto de queda foi exe- duziu significativamente a respiração Perda de matéria fresca
cutado em condição ambiental, com a das raízes de mandioquinha-salsa em As raízes injuriadas mecanicamen-
temperatura das raízes variando entre comparação àquelas mantidas a 24oC, e te apresentaram maiores taxas diárias de

884 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Danos causados pelo impacto de queda na qualidade pós-colheita de raízes de mandioquinha-salsa

perda de matéria fresca (PMF) até qua-


tro dias de armazenamento em relação
às raízes intactas nas duas temperaturas
avaliadas (24oC e 5oC). As raízes injuria-
das mantidas a 24oC apresentaram 8,3%
de PMF após quatro dias (taxa diária de
2,07%), e 6,1% de PMF para as raízes
mantidas a 5oC, com uma taxa diária de
1,52%. Já as raízes intactas apresenta-
ram as menores perdas de matéria fres-
ca, variando de 4,1% para aquelas
mantidas a 24oC a 1,39% para raízes
conservadas a 5oC, com taxas diárias de
1,02% e 0,34%, respectivamente. A ex-
posição dos tecidos injuriados provavel-
mente acelerou a perda de matéria fres-
ca, principalmente porque as umidades
relativas dos ambientes eram relativa-
mente baixas para o armazenamento de
produtos hortícolas (78% UR a 24oC e
72% UR a 5oC). Figura 2. Respiração de raízes de mandioquinha-salsa submetidas a impacto de queda (“qda”)
Os dados obtidos no presente traba- em comparação com raízes intactas (“int”) armazenadas em duas temperaturas (5oC e 24oC)
durante quatro dias. Brasília, Embrapa Hortaliças/FAV-UnB, 2001.
lho em relação à perda de matéria fres-
ca das raízes estão de acordo com ob-
servações empíricas sobre a manuten-
raízes lesionadas e as intactas mantidas impacto de queda em raízes de
ção da integridade e valor comercial da
a 24oC apresentaram deterioração após mandioquinha-salsa deve ser reduzida
mandioquinha-salsa quando expostos a
quatro dias, alcançando 66% nas raízes no manuseio pós-colheita porque afeta
granel no varejo. Nesta condição, con-
intactas e 84% nas raízes com a qualidade e a conservação do produ-
sidera-se que as raízes durem de um a
ferimentos. Já as raízes intactas e com to, de modo semelhante ao que já foi
três dias, dependendo da época do ano.
ferimentos mantidas a 5oC não apresen- observado para outros produtos
Para as raízes de cenoura, considera-se taram problemas com deterioração após hortícolas (KAYS, 1991; KADER et al.,
que o máximo de perda de matéria per- quatro dias de armazenamento. O efei- 1992; WILLS et al., 1998). O tipo pre-
missível para a manutenção do valor to benéfico da refrigeração e de emba- dominante de injúria mecânica causada
comercial das raízes é de 8%, sendo de lagens apropriadas para as raízes de pela simulação do impacto de queda nas
apenas 4% para as raízes mantidas com mandioquinha-salsa já foi demonstrado raízes de mandioquinha-salsa variou de
as folhas (ROBINSON et al., 1975). anteriormente por outros autores acordo com a altura da queda, sendo
Dependendo da extensão do dano me- (AVELAR FILHO, 1989; HENZ, 2001), quebra (48,3%) para raízes soltas a 90
cânico nas raízes, a aparência da sendo uma excelente tecnologia para a cm e lesões superficiais (84%) para
mandioquinha-salsa pode ficar compro- manutenção da qualidade e integridade raízes soltas a 45 cm. A incidência de
metida depois de apenas dois dias, pe- do produto. injúrias mecânicas afetou a respiração
ríodo em que as lesões tornam-se mais A maior incidência de deterioração das raízes de mandioquinha-salsa em
visíveis e facilmente detectáveis. É pro- nas raízes injuriadas mecanicamente era relação às raízes intactas a 24oC e 5oC,
vável que o limite máximo de perda de esperada, uma vez que muitos patógenos com tendência a ser mais alta na maior
matéria fresca para as raízes de pós-colheita são dependentes de portas parte do tempo. A perda de matéria fres-
mandioquinha-salsa manterem seu va- de entrada para iniciar a infecção, ca foi maior nas raízes injuriadas meca-
lor comercial situe-se em torno de 6-8%, principalmente doenças causadas por nicamente em relação às raízes intactas
como já determinado para a cenoura. fungos. No caso da mandioquinha-sal- a 24oC e 5oC. O uso de embalagens e de
Acima de 10% de perda de matéria fres- sa, é provável que a bactéria responsá- refrigeração pode reduzir substancial-
ca, as raízes já apresentam danos visí- vel pela podridão-mole permaneça la- mente os efeitos negativos da incidên-
veis de murchamento e perdem seu va- tente nas lenticelas das raízes, inician- cia de injúrias mecânicas nas raízes, sen-
lor comercial (AVELAR FILHO, 1989). do a doença sob condição favorável, do uma tecnologia simples e apropria-
Deterioração como temperaturas acima de 20oC e da para aqueles produtos com maior
As raízes de mandioquinha-salsa ti- umidade relativa acima de 75%. valor agregado, como a mandioquinha-
veram sua conservação pós-colheita De acordo com os resultados obti- salsa produzida no sistema orgânico ou
comprometida a 24oC, independente da dos no presente trabalho, a incidência raízes com maior valor de mercado,
incidência de injúrias mecânicas. As de injúrias mecânicas causadas por como as das classes ‘3A’ e ‘B’.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 885


G. P. Henz et al.

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886 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


CASEIRO, R.F.; MARCOS FILHO, J. Métodos para a secagem de sementes de cebola submetidas ao condicionamento fisiológico. Horticultura Brasileira,
Brasília, v.23, n.4, p.887-892, out-dez 2005.

Métodos para a secagem de sementes de cebola submetidas ao condicio-


namento fisiológico
Roseli Fátima Caseiro2; Julio Marcos Filho1
1
USP/ESALQ, Depto. Produção Vegetal, C. Postal 9, 13418-900 Piracicaba-SP; Bolsista CNPq; 2Pós-graduanda da USP/ESALQ;
E-mail: rosecaseiro@hotmail.com

RESUMO ABSTRACT
Há controvérsias quanto à possível reversão de efeitos benéfi- Evaluation of methods for drying primed onion seeds
cos do condicionamento fisiológico quando as sementes são desi- This work was carried out to evaluate drying procedures of
dratadas imediatamente após esse tratamento. A presente pesquisa primed onion seeds. Samples of four seed lots (cultivar Petroline)
foi conduzida para avaliar a eficiência de diferentes procedimentos were primed between two moistened sheets of germination paper
de secagem de sementes de cebola após o condicionamento. Amos- towel, at 15ºC, during 48 h, and then submitted to the following
tras de quatro lotes da cultivar Petroline foram hidrocondicionadas drying processes: fast drying (in oven with air circulation, under 35-
entre duas folhas de papel toalha umedecidas com água a 15ºC, por 40ºC, during approximately 24 h); slow drying (seeds kept in a
48 horas, com posterior secagem rápida em estufa com circulação chamber under 20ºC and 50-60% relative humidity during 72 h);
de ar, a 35-40ºC, por aproximadamente 24 horas; secagem lenta a incubation in PEG 8000 solution (340 g/L water), under 8ºC, during
20ºC e umidade relativa de 75%, durante 72 h; incubação das se- 24; 72 and 120 h; incubation in a water bath under 40ºC, during 1; 3
mentes em soluções de polietilenoglicol 8000 (340 g/L de água) a and 5 h; and incubation in a chamber under 35ºC, during 24 and 48
8ºC, durante 24; 72 ou 120 horas; incubação das sementes em ba- h. After the slow drying and the incubation processes, seeds were
nho-Maria a 40ºC, durante 1; 3 e 5 h; incubação das sementes a submitted to fast drying to complete seed desiccation to obtain the
35ºC por 24 e 48 h. Após a secagem lenta e os procedimentos de moisture content around 6-8% (fresh weight basis). The physiological
incubação, as sementes foram secadas rapidamente, até atingirem potential was evaluated through germination, speed of germination,
teor de água em torno de 6,0 a 8,0%. O potencial fisiológico das accelerated aging and electrical conductivity tests. The experiment
sementes foi avaliado por meio dos testes de germinação, índice de was carried out in a completely randomized design, with 12
velocidade de germinação, envelhecimento acelerado e treatments and four replicates for each test. Results showed that the
condutividade elétrica. Adotou-se delineamento experimental intei- incubation in PEG 8000 solution drastically reduced seed germination
ramente casualizado, com doze tratamentos e quatro repetições para and vigor of primed seeds. In addition, there were no wide differences
cada teste. Verificou-se que a incubação em PEG 8000 reduziu dras- among the process of fast drying, slow drying, incubation in water
ticamente a germinação e o vigor das sementes condicionadas. Não bath and incubation under 35ºC. The fast drying was considered the
ocorreram variações acentuadas entre os resultados dos processos best procedure to reduce moisture content of primed onion seeds,
de secagem rápida, secagem lenta, incubação em banho-Maria e in- with the advantage of being faster (the period required was about 24
cubação a 35ºC. No entanto, o processo de secagem rápida foi con- h) and more practical.
siderado como o mais adequado após o condicionamento das se-
mentes de cebola, pois além de rápido (o período gasto foi de apro-
ximadamente 24 h), é o procedimento de execução mais simples e
objetivo.

Palavras-chave: Allium cepa, priming, incubação, germinação, vigor. Keywords: Allium cepa, priming, incubation, germination, vigor.

(Recebido para publicação em 20 de maio de 2004 e aceito em 3 de julho de 2005

O condicionamento fisiológico
(“priming”) das sementes pode be-
neficiar diretamente o desempenho de
sar de sua influência sobre a velocidade, a
sincronização e a percentagem de germi-
nação, a utilização comercial do condicio-
mentes de cebola poderiam ser tratadas e
posteriormente secadas até atingir o teor
de água inicial, sem reversão dos efeitos
lotes de sementes, ao promover redu- namento fisiológico ainda é relativamen- benéficos do tratamento. Por outro lado,
ção do período de germinação e emer- te baixa (NASCIMENTO, 1998). Haigh et al. (1986) verificaram, para a
gência das plântulas ou, indiretamente, Um dos aspectos fundamentais para mesma espécie, que após a secagem ao ar
ao favorecer a tolerância a condições de possibilitar a comercialização das semen- por 24 h em ambiente de laboratório a 15°C,
estresse após a semeadura como, por tes condicionadas é a redução cuidadosa houve redução da percentagem de emer-
exemplo, a baixa disponibilidade de do teor de água após o tratamento até atin- gência das plântulas em campo; no entan-
água (FINCH-SAVAGE, 1995). Segun- gir nível adequado para o armazenamento. to, para tomate e cenoura, a secagem e o
do Pill (1995), esse tratamento consiste Dependendo do procedimento utilizado, armazenamento das suas sementes por 28
na hidratação controlada das sementes, pode haver reversão dos benefícios alcan- dias não provocaram efeitos prejudiciais.
ativando os processos metabólicos neces- çados durante o tratamento. Estudos rea- Essa controvérsia persiste quando
sários para a germinação sem no entanto lizados por Heydecker et al. (1975) e são consideradas informações obtidas
permitir a protrusão da raiz primária. Ape- Furutani et al. (1986) mostraram que se- com outras espécies. Assim, para toma-

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 887


R. F. Caseiro e J. Marcos Filho

te (ARGERICH et al., 1989) e com alho- A disponibilidade de um método prá- secagem lenta e os três procedimentos
porró (ROWSE, 1996), a secagem das tico de secagem sem provocar reversão de incubação, as sementes foram
sementes após o condicionamento pro- significativa dos benefícios obtidos du- secadas rapidamente, da maneira já des-
moveu reversão dos efeitos vantajosos rante o condicionamento fisiológico crita, até atingirem teor de água em tor-
obtidos durante o tratamento. Em tomate deve apresentar contribuição relevante no de 6,0 a 8,0%.
verificou-se, inclusive, a perda completa para a evolução do conhecimento cien- O potencial fisiológico das semen-
da viabilidade das suas sementes. Da tífico e abrir novos caminhos para a pes- tes submetidas aos diferentes tratamen-
mesma forma, a secagem de sementes quisa; além disso, poderia acelerar o tos foi avaliado com a utilização dos
de alface, realizada a 21ºC e 45% de aprimoramento da tecnologia adotada seguintes testes:
umidade relativa do ar, não influenciou por empresas produtoras de sementes e, Grau de umidade
a velocidade e a percentagem de germi- conseqüentemente, permitir o
Determinado antes e após os trata-
nação (GUEDES; CANTLIFFE, 1980); armazenamento seguro e o aumento da
mentos, de acordo com as Regras para
porém, quando a secagem foi conduzida oferta de sementes condicionadas aos
Análise de Sementes (BRASIL, 1992),
em estufa, a 32ºC, houve reversão dos produtores de hortaliças. Diante do ex-
utilizando-se o método da estufa a
efeitos proporcionados pelo tratamento. posto, o presente trabalho teve por ob-
105ºC±3ºC, por 24 h, com duas repeti-
Por outro lado, Eira e Marcos Filho jetivo verificar a eficiência de diferen-
ções de 1,0 g de sementes para cada lote.
(1990), trabalhando com alface, verifi- tes procedimentos para a secagem de
caram que tanto a secagem das sementes sementes de cebola condicionadas fisio- Germinação
em ambiente de laboratório, durante 48 logicamente. Testes de germinação foram condu-
h, como a conduzida em estufa, a 32ºC, zidos com quatro repetições de 50 se-
por 12 h, não foram prejudiciais para os MATERIAL E MÉTODOS mentes para cada lote, distribuídas so-
dois lotes de sementes avaliados. bre papel chupão (Germibox) e coloca-
Desta maneira, verifica-se que os das para germinar a 20ºC. O substrato
O presente trabalho foi realizado no foi umedecido com volume de água
efeitos da secagem pós-condicionamen- Laboratório de Análise de Sementes da
to das sementes dependem do procedi- equivalente a 2,5 vezes a sua massa. As
ESALQ. As sementes foram contagens foram realizadas diariamen-
mento adotado para a secagem, da es- hidrocondicionadas de acordo com pro-
pécie considerada e do potencial fisio- te até o 12o dia após a semeadura, com-
cedimento adotado por Caseiro et al. putando-se o número de plântulas nor-
lógico dos lotes utilizados. Visando so- (2004). Foram constituídos doze trata-
lucionar essa questão, trabalhos mais mais, sendo os resultados expressos em
mentos (testemunha e onze procedimen- percentagem média por tratamento e
recentes têm incluído alternativas para tos para a secagem), arranjados em de-
tornar as sementes condicionadas mais lote.
lineamento experimental inteiramente
resistentes à dessecação. Por exemplo, Velocidade de germinação
casualizado, com quatro repetições.
Bruggink e Van der Toorn (1995) cons- Amostras de 5,0 g de quatro lotes de Teste realizado conjuntamente com
tataram que a tolerância à dessecação sementes de cebola, cv. Petroline, com o de germinação. As avaliações foram
de sementes germinadas de pepino pôde potencial fisiológico diferente, foram realizadas diariamente, à mesma hora,
ser induzida pela incubação das mesmas embebidas entre duas folhas de papel a partir do dia em que foram
em soluções de polietilenoglicol. Pro- toalha, durante 48 horas a 15ºC. Após o identificadas as primeiras plântulas nor-
cedimentos semelhantes foram utiliza- condicionamento fisiológico efetuou-se mais, que foram computadas e retiradas
dos por Bruggink et al. (1999), com re- a secagem direta das sementes, me- do substrato. Ao final, com os dados
dução do período de germinação e ma- diante os procedimentos: a) secagem rá- diários do número de plântulas normais
nutenção da longevidade similar à das pida em estufa com circulação de ar a foi calculado o índice de velocidade de
sementes não condicionadas. Neste 35-40ºC, por aproximadamente 24 h; b) germinação (IVG), de acordo com a fór-
caso, alguns métodos foram utilizados secagem lenta, em câmara a 20ºC e mula proposta por Maguire (1962). Os
após o condicionamento fisiológico, in- umidade relativa de 75%, durante 72 h; dados foram expressos em índices mé-
cluindo a incubação das sementes em c) incubação pré-secagem das semen- dios de velocidade de germinação para
polietilenoglicol, a secagem lenta, a se- tes, em solução de polietilenoglicol 8000 cada lote.
cagem rápida e o choque térmico. A si- (340 g/L de água) a 8ºC, durante 24; 72 Envelhecimento acelerado
milaridade entre o método para induzir ou 120 h; d) incubação das sementes em Foram utilizadas caixas plásticas
a tolerância das sementes à dessecação banho-Maria a 40ºC (choque térmico), (11,0 x 11,0 x 3,5 cm) adaptadas, funcio-
durante a germinação e aquele utiliza- lacrando-se as sementes em envelopes nando como compartimento individual
do para prevenir a redução da de alumínio durante uma, três e cinco ou mini-câmara. Em cada uma, foram
longevidade de sementes condicionadas h; e) secagem rápida por curto período, colocados 40 ml de solução saturada de
indica o envolvimento dos mesmos até que houvesse decréscimo de apro- NaCl, conforme Jianhua e McDonald
mecanismos fisiológicos e que a tole- ximadamente 6 a 8 pontos percentuais (1996). As sementes foram distribuídas
rância à dessecação e a longevidade das no teor de água, seguida por acondicio- uniformemente sobre a tela de alumí-
sementes são realmente características namento em recipientes plásticos e in- nio colocada no interior de cada caixa,
relacionadas. cubação a 35ºC por 24 e 48 h. Após a formando uma camada única. As caixas

888 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Métodos para a secagem de sementes de cebola submetidas ao condicionamento fisiológico

Tabela 1. Porcentagem de germinação (G), índice de velocidade de germinação (IVG), envelhecimento acelerado (EA), condutividade
elétrica (CE) e grau de umidade (GU) de sementes de cebola, cultivar Petroline, lote 1, submetidas à diferentes processos de secagem após
o condicionamento fisiológico. Piracicaba, ESALQ, 2002.
Tratamentos G (%) IVG EA (%) CE mmho/cm -1g-1 GU (%)
Testemunha 86 a 7,60 cde 61, cdef 202,78 e 5,6
Condicionamento sem secagem 85 a 12,07 a 65, bcde 74,75 ab 44,9
Secagem rápida 86 a 8,90 bcd 79, a 92,05 bcd 7,9
Secagem lenta 83 a 9,23 bc 70, abcd 114,19 d 7,2
Banho maria 1 hora 88 a 9,52 bc 76, ab 104,32 bcd 7,4
Banho maria 3 horas 90 a 10,33 b 80, a 107,54 cd 7,5
Banho maria 5 horas 89 a 9,71 bc 79, ab 102,60 bcd 7,8
Incubação PEG 24 horas 81 a 7,26 efg 58, def 81,08 abcd 7,2
Incubação PEG 72 horas 79 a 6,69 fg 49, f 65,66 a 6,9
Incubação PEG 120 horas 80 a 6,16 g 50, ef 69,61 a 7,2
Incubação 35ºC 24 horas 86 a 7,67 def 74, abc 104,82 bcd 6,6
Incubação 35ºC 48 horas 87 a 8,69 cde 78, ab 107,33 cd 6,9
C.V (%) 5,73 6,82 6,51 12,63

plásticas foram tampadas e mantidas em detectar variações no potencial fisioló- lotes avaliados, foram os tratamentos que
uma câmara de envelhecimento (tipo gico das sementes submetidas aos dife- conduziram aos menores IVG, quando
B.O.D.) regulada a 41ºC±0,3ºC, onde rentes procedimentos para a secagem, comparados aos demais métodos (Tabe-
permaneceram por 72 h. Após esse pe- com ou sem incubação prévia; as dife- las 1 a 4). Em contrapartida, os IVG mais
ríodo, foram colocadas para germinar a renças existentes foram identificadas por elevados foram observados após a incu-
20ºC e avaliadas aos seis dias após a todos os testes de vigor conduzidos nesta bação em banho-Maria, durante 3 e 5 h.
semeadura. Os resultados foram expres- pesquisa, normalmente mais rigorosos Entretanto, neste caso, não foi detectada
sos em percentagem de plântulas nor- que o de germinação. diferença significativa em relação ao pro-
mais para cada lote. Avaliações do grau As sementes apenas condicionadas cesso de secagem rápida, que foi consi-
de umidade, antes e após o período de apresentaram índice de velocidade de derado o método mais rápido e prático.
envelhecimento, permitiram verificar a germinação (IVG) sempre significativa- Considerando o comportamento das
precisão dos resultados. mente superior ao das sementes subme- sementes condicionadas e não secadas,
Condutividade elétrica tidas ao hidrocondicionamento e seca- no teste de envelhecimento acelerado
O método utilizado foi o de gem, para todos os lotes avaliados (Ta- (Tabelas 1 a 4), verificou-se que, em
condutividade de massa, de acordo com belas 1 a 4). Essa ocorrência pode ser presença de solução saturada de NaCl,
Vieira (1994). Foram avaliadas quatro re- atribuída à necessidade de um período as que inicialmente apresentavam grau
petições de 50 sementes para cada lote. adicional para que as sementes com de umidade em torno de 45,1% (média
Cada repetição foi pesada com precisão menor grau de umidade atingissem ní- dos quatro lotes), foram cedendo água
de duas casas decimais e, a seguir, colo- veis semelhantes aos das mais úmidas, para o ambiente durante o teste e, no fi-
cada em um copo plástico com capacida- durante a etapa inicial do processo de nal, o seu teor de água permaneceu ao
de para 200 ml, contendo 50 ml de água germinação. Verificou-se que as semen- redor de 12,7% (média dos quatro lo-
deionizada (2mho cm-1 de condutividade) tes não submetidas à secagem apresen- tes). Desta maneira, as sementes não
e mantida em germinador a 20ºC, durante taram grau de umidade em torno de permaneceram com grau de umidade
24 h. Após esse período efetuaram-se as 45%, enquanto, após a secagem, esses elevado durante todo o teste, o que con-
leituras da condutividade elétrica da solu- valores atingiram aproximadamente 7%. tribuiu para amenizar os efeitos do en-
ção de embebição, em condutivímetro Sabe-se que a velocidade de germina- velhecimento acelerado. De acordo com
Digimed-CD-20 e os dados foram expres- ção está diretamente relacionada ao grau Marcos Filho (1999), as sementes mais
de umidade da semente (ROSSETTO et úmidas geralmente são mais sensíveis
sos em mmho cm-1 g-1 de sementes.
al., 1997). No entanto, mesmo após a às condições desse teste. Bruggink et al.
Os dados obtidos nesses testes foram secagem, os valores do IVG foram su- (1999) observaram que, após o teste de
submetidos à analise de variância e as periores aos obtidos para a testemunha, deterioração controlada, houve redução
médias comparadas pelo teste de Tukey indicando que a secagem não promoveu da porcentagem de germinação das não
(p£0,05). a reversão dos efeitos benéficos do con- secadas após o condicionamento; vale
dicionamento, quando avaliados pela destacar que os princípios dos testes de
RESULTADOS E DISCUSSÃO velocidade de germinação. envelhecimento acelerado e de deterio-
A incubação em polietilenoglicol ração controlada são equivalentes.
O teste de germinação (Tabelas 1 a durante 24; 72 e 120 h e a conduzida a De maneira geral, foi constatado que
4) não foi suficientemente sensível para 35ºC, durante 24 e 48 h, para todos os as sementes condicionadas e secadas

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 889


R. F. Caseiro e J. Marcos Filho

Tabela 2. Porcentagem de germinação (G), índice de velocidade de germinação (IVG), envelhecimento acelerado (EA), condutividade
elétrica (CE) e grau de umidade (GU) de sementes de cebola, cultivar Petroline, lote 2, submetidas à diferentes processos de secagem após
o condicionamento fisiológico. Piracicaba, ESALQ, 2002.
Tratamentos G (%) IVG EA (%) CE mmho/cm -1g-1 GU (%)
Testemunha 85 a 8,02 de 73, ab 179,18 d 6,6
Condicionamento sem secagem 85 a 13,75 a 76, a 66,74 a 44,2
Secagem rápida 87 a 10,29 bc 81, a 88,77 c 7,7
Secagem lenta 87 a 10,28 bc 58, bc 90,21 c 7,3
Banho maria 1 hora 80 a 9,10 cd 78, a 95,58 c 7,1
Banho maria 3 horas 81 a 10,73 b 73, ab 95,14 c 7,6
Banho maria 5 horas 84 a 10,29 bc 79, a 90,60 c 7,7
Incubação PEG 24 horas 80 a 8,11 de 52, c 73,11 ab 6,6
Incubação PEG 72 horas 82 a 7,49 de 58, bc 60,45 a 6,9
Incubação PEG 120 horas 76 a 7,05 e 48, c 64,65 a 6,8
Incubação 35ºC 24 horas 80 a 7,86 de 74, ab 93,58 c 6,1
Incubação 35ºC 48 horas 82 a 8,37 de 76, a 87,65 bc 6,9
C.V (%) 5,97 7,03 7,45 6,97

Tabela 3.. Porcentagem de germinação (G), índice de velocidade de germinação (IVG), envelhecimento acelerado (EA), condutividade
elétrica (CE) e grau de umidade (GU) de sementes de cebola, cultivar Petroline, lote 3, submetidas à diferentes processos de secagem após
o condicionamento fisiológico. Piracicaba, ESALQ, 2002.
Tratamentos G (%) IVG EA (%) CE mmho/cm -1g-1 GU (%)
Testemunha 89 a 9,02 fg 77, bcde 185,26 e 5,3
Condicionamento sem secagem 92 a 14,24 a 85, abcd 61,58 a 45,8
Secagem rápida 89 a 10,71 bcd 87, abc 81,60 bc 7,6
Secagem lenta 90 a 10,54 cd 80, abcde 83,28 bc 7,3
Banho maria 1 hora 92 a 10,37 cde 83, abcd 90,46 cd 7,1
Banho maria 3 horas 93 a 11,93 b 87, ab 92,42 cd 7,6
Banho maria 5 horas 93 a 11,52 bc 89, a 100,60 d 7,9
Incubação PEG 24 horas 88 a 8,90 fg 75, cde 73,92 ab 6,8
Incubação PEG 72 horas 91 a 8,93 fg 67, e 64,55 a 6,9
Incubação PEG 120 horas 83 a 7,76 g 73, de 69,38 ab 7,0
Incubação 35ºC 24 horas 94 a 9,86 def 84, abcd 95,35 cd 6,6
Incubação 35ºC 48 horas 90 a 9,15 ed 85, abcd 84,46 bc 6,9
C.V (%) 5,78 5,33 5,75 7,18

foram mais resistentes às condições de térmico) e incubação das sementes a mais sensíveis ao teste de deterioração
estresse de alta temperatura e alta umi- 35ºC; todos esses procedimentos bene- controlada em relação às submetidas à
dade relativa do ar, as quais foram im- ficiaram o potencial fisiológico das se- secagem lenta e à incubação a 35ºC, res-
postas pelo teste de envelhecimento ace- mentes. pectivamente. Conseqüentemente, veri-
lerado. As sementes submetidas aos pro- Ao contrário do verificado no pre- fica-se que a eficiência dos métodos para
cedimentos de secagem rápida e à incu- sente trabalho, Bruggink et al. (1999) induzir tolerância à dessecação e/ou
bação em banho-Maria por 1; 3 e 5 h ou verificaram que a incubação das semen- melhor desempenho das sementes du-
em estufa a 35ºC por 48 h (Tabela 1) e tes de Impatiens walleriana Hook em rante o armazenamento das sementes
as sementes submetidas ao banho-maria PEG 8000 foi eficiente para prevenir a também é influenciada pela espécie uti-
por 5 h (Tabela 3), apresentaram germi- redução do potencial de lizada.
nação significativamente superiores à armazenamento. Esse mesmo procedi- Quando a eficiência dos procedi-
testemunha. mento, utilizado por Bruggink e Van der mentos de secagem foi avaliada pelo
Na presente pesquisa, os procedi- Toorn (1995), havia induzido a tolerân- teste de condutividade elétrica, todos os
mentos utilizados para a secagem das cia à dessecação de sementes germina- métodos provocaram redução significa-
sementes de cebola, foram baseados nos das de pepino. Por outro lado, Bruggink tiva na exudação de solutos quando
por Bruggink et al. (1999), que obtive- et al. (1999) mencionaram que as se- comparados à testemunha. Vários auto-
ram resultados semelhantes com a se- mentes de amor-perfeito e de pimentão res têm sugerido que o condicionamen-
cagem lenta, banho-Maria (ou choque submetidas à secagem rápida, foram to fisiológico pode exercer efeito benéfi-

890 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Métodos para a secagem de sementes de cebola submetidas ao condicionamento fisiológico

Tabela 4. Porcentagem de germinação (G), índice de velocidade de germinação (IVG), envelhecimento acelerado (EA), condutividade
elétrica (CE) e grau de umidade (GU) de sementes de cebola, cultivar Petroline, lote 4, submetidas à diferentes processos de secagem após
o condicionamento fisiológico. Piracicaba, ESALQ, 2002.
Tratamentos G (%) IVG EA (%) CE mmho/cm -1g-1 GU (%)
Testemunha 93 a 9,62 ef 82, abc 156,90 f 6,2
Condicionamento sem secagem 94 a 16,08 a 87, ab 63,53 ab 45,4
Secagem rápida 94 a 11,66 bc 88, ab 76,55 cd 7,6
Secagem lenta 92 a 11,14 cd 88, ab 84,55 de 7,2
Banho maria 1 hora 92 a 10,89 cde 91, a 89,68 e 7,1
Banho maria 3 horas 94 a 12,86 b 78, bc 91,81 e 7,4
Banho maria 5 horas 92 a 12,02 bc 86, ab 91,94 e 7,5
Incubação PEG 24 horas 93 a 9,74 ef 76, bc 71,80 bc 6,4
Incubação PEG 72 horas 86 a 8,70 f 70, c 62,07 a 6,6
Incubação PEG 120 horas 88 a 8,80 f 76, bc 61,56 a 6,5
Incubação 35ºC 24 horas 92 a 10,24 de 87, ab 87,94 e 6,1
Incubação 35ºC 48 horas 93 a 9,93 def 89, ab 78,13 cd 6,4
C.V (%) 6,24 4,77 6,21 4,49

co sobre a integridade das membranas Tabela 5. Grau de umidade (%) após o período de incubação pré- secagem, após o condicio-
celulares (WOODSTOK; TAO, 1981; namento fisiológico de quatro lotes de sementes de cebola, cultivar Petroline. Piracicaba,
ARMSTRONG; MCDONALD, 1992). ESALQ, 2002.
Porém, em outros trabalhos, foi ressalta- Lotes
Tratamentos
do que a redução na lixiviação de solutos 1 2 3 4 Média
após o condicionamento fisiológico pode Secagem lenta 10,1 10,5 10,0 10,0 10,2
ocorrer principalmente em função da per- Banho maria 1 hora 39,3 38,9 38,3 38,9 38,9
da de eletrólitos durante esse tratamento e Banho maria 3 horas 40,3 39,3 41,1 39,7 40,1
talvez não esteja relacionada à reorgani- Banho maria 5 horas 34,7 35,0 39,1 35,7 36,1
zação das membranas (DEARMAN et al., Incubação PEG 24 horas 47,6 47,3 48,2 48,0 47,8
1986; CHOJNOWSKI et al., 1997). No Incubação PEG 72 horas 48,1 49,5 48,7 49,1 48,9
entanto, conforme destacaram Woodstock Incubação PEG 120 horas 48,4 48,9 49,3 48,8 48,9
e Tao (1981), durante o processo de con- Incubação 35ºC 24 horas 39,2 38,1 40,2 39,7 39,3
dicionamento fisiológico, a hidratação Incubação 35ºC 48 horas 33,6 32,4 34,6 29,2 32,5
ocorre de maneira mais lenta, aumentan-
do a disponibilidade de tempo para o re-
paro ou reorganização gradual das mem-
branas. ao contrário dos demais métodos, as durante 24; 72 e 120 h, foi o procedi-
Os valores da condutividade elétri- sementes ficaram imersas em solução mento menos favorável à manifestação
ca obtidos após a execução de todos os e, por isso, novamente pode ter ocorri- do potencial fisiológico das sementes,
métodos de secagem (Tabelas 1 a 4), do perda de eletrólitos no momento da não promovendo a tolerância à
exceto incubação em PEG 8000, foram incubação, diminuindo ainda mais a dessecação.
superiores aos observados para as se- quantidade de lixiviados durante o teste Com exceção da incubação em PEG
mentes não secadas. Neste caso, a seca- de condutividade elétrica. 8000 (Tabela 5), os demais procedimen-
gem provavelmente provocou desorga- No teste de condutividade elétrica tos provocaram decréscimo no grau de
nização do sistema de membranas, per- para todos os lotes avaliados,com exce- umidade das sementes condicionadas,
mitindo maior lixiviação de eletrólitos. ção do tratamento de incubação em PEG que apresentavam em torno de 45,1%
Porém, observa-se que após todos os 8000 (Tabelas 1 a 4), a secagem rápida de água (média dos quatro lotes) antes
procedimentos de secagem houve redu- foi o método que provocou as menores do início da incubação. No entanto, es-
ção significativa na lixiviação de perdas de solutos durante o teste; desta- ses valores permaneceram elevados
solutos, quando comparados à testemu- ca-se ainda que as sementes submetidas quando foi efetuada a incubação em so-
nha, indicando a ocorrência de reparo ao banho-maria por cinco horas (Tabe- lução de PEG 8000. Isto justifica o de-
no sistema de membranas durante o con- la 3) e as submetidas ao banho-Maria sempenho inferior das sementes expos-
dicionamento fisiológico e que, mesmo por 1; 3 e 5 h e à incubação a 35ºC, por tas a essa modalidade de incubação an-
após a secagem, pelo menos parte des- 24 h (Tabela 4), apresentaram maiores tes da secagem definitiva, pois as se-
se reparo e/ou reorganização foi índices de lixiviação em relação às mentes mais úmidas apresentam ativi-
mantida. No caso da incubação das se- secadas rapidamente. De maneira geral, dade metabólica mais intensa, predis-
mentes em PEG 8000, ressalta-se que, a incubação das sementes em PEG 8000, pondo-as à deterioração.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 891


R. F. Caseiro e J. Marcos Filho

Desta maneira, as sementes de ce- HAIGH, A.M.; BARLOW, E.W.R.;


MILTHORPE, F.L. Field emergence of tomato,
bola foram sensíveis à desidratação após LITERATURA CITADA carrot, and onion seeds primed in an aerated salt
o condicionamento fisiológico, apenas solution. Journal of the American Society for
quando foram mantidas com grau de ARMSTRONG, H.; McDONALD, M.B. Effects Horticultural Science, v.111, n.5, p.660-665, 1986.
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intensas durante o condicionamento fi- BROCKLEHURST, P.A.; DEARMAN, J. 1996.
siológico, foram ainda incubadas por Interactions between seed priming treatments and MAGUIRE, J.D. Speed of germination-aid in
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dessecação, quando mantidas com graus CASEIRO, R.F.; BENNETT, M.A.; MARCOS potencialidades e implicações. Horticultura Bra-
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atividades catabólicas, podem sofrer
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sementes à dessecação também depen- DEARMAN, J.; BROCKLEHURST, P.A.; NAKAGAWA, J. Comportamento das sementes
de da maneira como a secagem é reali- DREW, R.L. Effects of osmotic priming and de soja durante a fase inicial do processo de ger-
zada. ageing on onion seed germination. Annals of minação. Scientia Agrícola, Piracicaba, v.54, n.1/
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Os dados obtidos no presente traba-
EIRA, M.T.S.; MARCOS-FILHO, J. Condicio- ROWSE, H.R. Drum priming – A non-osmotic
lho demonstraram que é possível efe- namento osmótico de sementes de alface. I. Efei- method of priming seeds. Seed Science &
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35ºC, o uso da secagem rápida é mais and duration and temperature of priming on onion WOODSTOCK, L.W.; TAO, K.J. Prevention of
conveniente para a redução do grau de seed germination. Seed Science & Technology, imbibitional injury in low vigor soybean
umidade das sementes condicionadas de v.14, p.545-551, 1986. embryonic axes by osmotic control of water
cebola pois, além de rápido, esse proce- GUEDES, A.C.; CANTLIFFE, D.J. Germination uptake. Physiologia Plantarum, v.51, p.133-139,
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892 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


MOREIRA, G.R.; SILVA, D.J.H.; PICANÇO, M.C.; PETERNELLI, L.A.; CALIMAN, F.R.B. Divergência genética entre acessos de tomateiro infestados
por diferentes populações da traça-do-tomateiro. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.893-898, out-dez 2005.

Divergência genética entre acessos de tomateiro infestados por diferentes


populações da traça-do-tomateiro
Gisele R. Moreira1; Derly José H. da Silva2; Marcelo C. Picanço3; Luiz Alexandre Peternelli4; Fabiano
Ricardo B. Caliman2
1
UFV, Genética e Melhoramento, 36571-000 Viçosa–MG; E-mail: grmoreira@hotmail.com; 2UFV, Depto. Fitotecnia, 36571-000 Viçosa–
MG;. E-mail: derly@ufv.br; frcaliman@yahoo.com.br; 3UFV, Depto. Biologia Animal, 36571-000 Viçosa–MG; E-mail: picanco@ufv.br;
4
UFV, Depto Informática, 36571-000 Viçosa– MG; E-mail: ptrnelli@dpi.ufv.br

RESUMO ABSTRACT
Neste trabalho estudou-se a divergência genética entre acessos Genetic diversity among tomato accessions infested by
de Lycopersicon spp. com relação à resistência a populações da tra- different tomato leaf miner populations
ça-do-tomateiro, Tuta absoluta, e verificou-se a importância relati- The genetic diversity among Lycopersicon spp. accesses was
va dos caracteres da traça-do-tomateiro para a divergência. Foi con- studied, concerning the resistance to various Tuta absoluta
duzido experimento envolvendo quatro populações do inseto proce- populations. An experiment was carried out using four populations
dentes de Uberlândia (MG), Viçosa (MG), Camocim de São Félix of the insect originally from Uberlândia, Viçosa, Camocim de São
(PE) e Santa Teresa (ES) e cinco acessos de tomateiro, ‘Santa Cla- Félix and Santa Teresa and five tomato accessions, ‘Santa Clara’,
ra’, ‘Moneymaker’, TOM-601, PI 126445 (L. hirsutum f. typicum) e ‘Moneymaker’, TOM-601, ‘PI 126445’ (L. hirsutum f. typicum) and
PI 134417 (L. hirsutum f. glabratum). Foram realizados testes de ‘PI 134417’ (L. hirsutum f. glabratum). Tukey mean comparing test
médias de Tukey e método de agrupamento de Tocher, e verificada a and Tocher grouping were accomplished and the relative importance
importância relativa dos caracteres da traça-do-tomateiro para a di- of T. absoluta characters to the genetic divergence among tomato
vergência entre acessos por meio do método de Singh. Verificou-se accessions was evaluated by Singh method. There was genetic
a existência de variabilidade genética entre os acessos de tomateiro variability among tomato accessions when infested by tomato leaf
quando infestados pelas populações da traça-do-tomateiro prove- miner populations collected from different regions of Brazil. The
nientes das diferentes regiões do Brasil. O acesso Santa Clara foi o ‘Santa Clara’ accession was most susceptible to Santa Teresa
mais suscetível à população de Santa Teresa. ‘Moneymaker’ e ‘TOM- population. ‘Moneymaker’ and ‘TOM-601’ were most resistant to
601’ foram mais resistentes às populações provenientes de Camocim Camocim de São Félix and Santa Teresa populations, respectively.
de São Félix e Santa Teresa, respectivamente. PI 126445 foi mais ‘PI 126445’ was most resistant to Santa Teresa and Viçosa
resistente às populações de Santa Teresa e Viçosa. PI 134417 foi populations. ‘PI 134417’ was most resistance to Viçosa population.
mais resistente à população de Viçosa. ‘Moneymaker’ e TOM-601 ‘Moneymaker’ and ‘TOM-601’ can be utilized in breeding programs
mostraram-se boas fontes a serem utilizadas em programas de me- aiming to obtain tomato plants resistant to the tomato leaf miner.
lhoramento que visem à obtenção de cultivars de tomate resistentes The characteristics that most contributed to the genetic divergence
à traça-do-tomateiro. Os caracteres que mais contribuíram para a among tomato accessions were larval mortality, female pupae number
divergência entre os acessos de tomateiro foram mortalidade larval, and male pupae number. The characters larval period and male pupae
número de pupas fêmea e número de pupas macho. Os caracteres weight cannot be eliminated in future resistance evaluations to the
período larval e peso de pupas macho não podem ser eliminados em population tomato leaf miner from Uberlândia.
futuras avaliações de resistência à população da traça-do-tomateiro
proveniente de Uberlândia.

Palavras-chave: Lycopersicon spp., Tuta absoluta, recursos gené- Keywords: Lycopersicon spp., Tuta absoluta, genetic divergence,
ticos, variabilidade genética, melhoramento de plantas. genetic variability, plant breeding.

(Recebido para publicação em 27 de julho de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)

O tomate (Lycopersicon esculentum


Mill.) é uma das mais importantes
hortaliças cultivadas no mundo. A Chi-
natura (62% e 95%, respectivamente),
enquanto apenas 21% da produção ame-
ricana é destinada a este fim, sendo o
No contexto das pragas, a traça-do-
tomateiro, Tuta absoluta (Lepidoptera:
Gelechiidae), tem sido de grande impor-
na e os Estados Unidos são os princi- restante processado pelas indústrias de tância em praticamente todas as regiões
pais produtores com 25.851 t e 12.275 alimento (FONTES; SILVA, 2002). Em onde o tomate é cultivado. Os danos são
t, respectivamente (FAO, 2004). O Bra- ambos os casos, há grande exigência em caracterizados por galerias produzidas
sil é o maior produtor da América Lati- relação à qualidade e aparência dos fru- pelas lagartas nas gemas, brotos termi-
na, com aproximadamente, 3,5 milhões tos. Isto impõe constante atenção por nais, flores, inserção dos ramos e frutos
de t, sendo os maiores estados produto- parte dos produtores devido ao grande e, especialmente às folhas (SOUZA;
res Goiás, São Paulo e Minas Gerais número pragas e doenças que ocorre REIS, 1992).
(AGRIANUAL, 2005). durante o ciclo da cultura, que é, por- O controle da traça-do-tomateiro é
Maior parte das produções brasilei- tanto, exigente em tratamentos baseado na aplicação intensiva de inse-
ra e chinesa é destinada ao consumo in fitossanitários. ticidas, o que tem acarretado, além do

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 893


G. R. Moreira et al.

aumento no custo de produção, a redu- generalizada de Mahalanobis, e os mé- rimental foi constituída por um vaso de
ção da população de inimigos naturais todos nela baseados, como ferramenta polietileno com capacidade para quin-
(MELO; CAMPOS, 2000) e o apareci- orientadora na escolha de genitores em ze litros de substrato contendo uma plan-
mento de populações da praga resisten- diversas culturas como milho (CRUZ et ta de tomateiro com 101 dias de idade
tes aos inseticidas (SIQUEIRA et al., al., 1994), feijão (MACHADO et al., no início das avaliações.
2001). 2002), Capsicum spp. (SUDRÉ et al., Na constituição das repetições, fo-
Uma alternativa para atenuar os pro- 2005) e tomate (SUINAGA et al., 2003). lhas contendo larvas no segundo está-
blemas citados é a utilização da resis- Outro fator que deve ser considera- dio de desenvolvimento, de cada popu-
tência presente em espécies silvestres e do na seleção dos genitores é o número lação da traça-do-tomateiro devidamen-
a incorporação desta no tomateiro cul- de caracteres avaliados durante a sele- te identificada, foram coletadas das cria-
tivado. Dentre estas se destacam os aces- ção. É necessário avaliar a importância ções em laboratório da UFV, deposita-
sos PI 134417 de L. hirsutum f. de cada caractere para a diversidade, das em bandejas e levadas até a horta
glabratum e PI 126445 de L. hirsutum identificando-se aqueles que menos con- da UFV.
f. typicum, os quais contêm as tribuem, sendo recomendável o descar- A infestação das plantas foi feita
metilcetonas, trideca-2-ona (2-TD) e te em estudos futuros. Neste aspecto, depositando-se dez larvas de T. absolu-
undeca-2-ona (2-UD), e o tem-se o método proposto por Singh ta em duas folhas totalmente expandi-
sesquiterpeno-zingibereno nos exudatos (1981) o qual divide a distância de das (cinco larvas por folha) do terço
dos tricomas glandulares tipo VI das Mahalanobis em partes referentes a cada superior de cada uma das plantas a se-
folhas, respectivamente, que promovem variável, e o método de descarte de va- rem avaliadas. A seguir as folhas foram
efeitos negativos na biologia e compor- riáveis proposto por Garcia (1998) o envolvidas por sacolas de organza de 20
tamento da praga (RAHIMI; CARTER, qual se baseia no método de Singh x 28 cm.
1993; THOMAZINI et al., 2001; LEI- (1981) e no posterior agrupamento pelo Uma semana após a infestação ini-
TE et al., 1999). método de otimização de Tocher. Ou ciaram-se as seguintes avaliações: nú-
Além das espécies citadas a cultivar seja, se na ausência do caráter com pou- mero de minas grandes (comprimento
Moneymaker e a linhagem TOM-601 ca contribuição para a divergência hou- ≥ 0,5cm), número de minas pequenas
têm se mostrado promissoras em pro- ver alteração no agrupamento original, (comprimento < 0,5cm), mortalidade
gramas de melhoramento que visam à tal caráter não pode ser descartado. larval em porcentagem e período larval
obtenção de plantas de tomate resisten- O objetivo deste trabalho foi estu- em dias (2º ao 4º estádio de desenvolvi-
tes às pragas, por possuírem teores de dar a divergência genética entre aces- mento), as quais foram realizadas duas
2-TD nos tricomas glandulares tipo VI sos de tomateiro infestados por popula- vezes por semana até a fase de pupação.
das folhas relacionados com a resistên- ções de T. absoluta, provenientes de di- Após a pupação, foram avaliados o sexo,
cia à T. urticae (CHATZIVASILEIADIS ferentes regiões do Brasil, e verificar a por meio da avaliação da porção termi-
et al., 1999; ARAGÃO et al., 2002). importância relativa dos caracteres da nal do abdome pupal (COELHO;
Além do conhecimento de fontes traça-do-tomateiro para a divergência FRANÇA, 1987), a razão sexual [nú-
promissoras de resistência à traça-do- genética. mero de pupas fêmea/(número de pupas
tomateiro outro fator importante no fêmea + número de pupas macho)] e os
melhoramento visando à obtenção de MATERIAL E MÉTODOS pesos das pupas fêmea e macho em mi-
cultivar resistente a este inseto, é a di- ligramas.
vergência genética. Segundo Cruz e O experimento foi realizado nos Os caracteres avaliados foram ini-
Regazzi (1997), com base na divergên- meses de março e abril de 2001, em con- cialmente submetidos a análises gráfi-
cia genética, pode-se selecionar, dentre dições de casa de vegetação, na Horta cas dos resíduos, para testar a normali-
vários genitores, aquelas combinações da UFV, segundo esquema fatorial 4 x dade e homogeneidade das variâncias.
híbridas de maior efeito heterótico na 5, sendo os fatores, respectivamente, A confirmação da normalidade foi feita
progênie e maior probabilidade de re- populações de Tuta absoluta e acessos por meio dos testes de Shapiro-Wilk e
cuperar genótipos superiores nas gera- de Lycopersicon spp. As populações do Kolmogorov-Smirnov (P<0,05), en-
ções segregantes. inseto foram provenientes de Uberlândia quanto que para homogeneidade foi usa-
Vários métodos podem ser utiliza- (MG), Viçosa (MG), Camocim de São do o teste de Bartllet (P<0,05) (STEEL
dos para avaliar a divergência genética Félix (PE) e Santa Teresa (ES), e os et al., 1997). Estas análises foram reali-
entre genitores, dentre eles os acessos de tomateiro utilizados foram zadas com o auxílio do programa esta-
multivariados, como os aglomerativos ‘Santa Clara’ (padrão de suscetibilidade tístico SAS.
(métodos hierárquico e de otimização) à traça-do-tomateiro), ‘Moneymaker’, Foi realizada análise de variância (a
baseados em medidas de dissimilaridade ‘TOM-601’, ‘PI 126445’ (L. hirsutum = 5%) e análises univariada (teste de
(distância generalizada de Mahalanobis, f. typicum) e ‘PI 134417’ (L. hirsutum comparação de médias de Tukey) e
distância euclidiana e distância f. glabratum). multivariada (método de otimização de
euclidiana média) têm sido bastante uti- Os tratamentos foram dispostos no Tocher, baseado na dissimilaridade ex-
lizados. Pesquisadores têm constatado delineamento inteiramente casualizado, pressa pela distância generalizada de
a viabilidade da utilização da distância com três repetições. Cada parcela expe- Mahalanobis) (CRUZ; REGAZZI,

894 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Divergência genética entre acessos de tomateiro infestados por diferentes populações da traça-do-tomateiro

Tabela 1. Médias de oito caracteres de Tuta absoluta em função da população da praga e do acesso de tomateiro. Viçosa, UFV, 2001.
População de T. absoluta
(1)
Número de minas grandes Número de pupas fêmea
Acessos de
tomateiro Camocim Santa Camocim Santa
Uberlândia Viçosa Uberlândia Viçosa
deSão Félix Teresa deSão Félix Teresa
'Santa Clara' 1,11 bAB 1,23 ab A 1,18 b A 1,49 a A 2,33 b B 2,67 b A 4,33 b AB 7,67 a A
'Moneymaker' 0,90 a AB 1,03 a A 0,92 a A 1,01 a B 6,33 a A 2,33 b A 2,67 b B 4,00 ab B
TOM-601 0,87 a B 0,98 a A 0,94 a A 0,82 a B 4,33 a AB 4,00 a A 4,33 a AB 3,00 a BC
PI 126445 1,11 ab AB 1,17 a A 1,11 ab A 0,92 b B 4,00 ab AB 2,33 bc A 7,00 a A 0,67 c C
PI 134417 1,20 a A 1,16 a A 1,05 a A 1,09 a B 3,33 a AB 2,33 a A 4,67 a AB 3,67 a BC
CV (%) 13,09 CV (%) 36,27
Número de minas pequenas Número de pupas macho
'Santa Clara' 6,33 a B 11,67 a B 14,00 a AB 8,67 a C 2,67 a AB 2,00 a AB 3,33 a A 2,00 a AB
'Moneymaker' 12,67 a AB 9,67 a B 5,67 a B 3,00 a C 1,33 b AB 3,67 a A 0,67 B B 4,00 a A
TOM-601 6,67 b B 10,33 ab B 25,00 a A 5,67 b C 1,33 ab AB 3,00 a A 0,67 b B 0,33 b B
PI 126445 27,67 b A 53,00 a A 19,67 b AB 54,33 a A 3,00 a A 0,67 b B 0,67 b B 0,00 b B
PI 134417 18,00 ab AB 23,00 ab B 12,33 b AB 33,67 a B 0,67 a B 0,33 a B 0,67 a B 2,00 a AB
CV (%) 40,46 CV (%) 54,70
Mortalidade larval (%) Peso de pupas fêmea (mg)
'Santa Clara' 50,00 a AB 53,33 a AB 23,33 b B 3,33 b D 3,43 a AB 3,16 a A 4,70 a A 4,56 a A
'Moneymaker' 23,33 b B 40,00 b B 66,67 a A 20,00 b CD 3,14 a AB 2,92 a A 2,17 a B 3,83 a A
TOM-601 43,33 ab AB 30,00 b B 50,00 ab AB 66,67 a AB 4,37 a A 3,45 ab A 3,46 ab AB 1,84 b BC
PI 126445 30,00 b B 70,00 a A 23,33 b B 93,33 a A 3,45 a AB 1,83 ab A 2,73 a B 0,80 b C
PI 134417 60,00 ab A 73,33 a A 46,67 b AB 43,33 b BC 1,79 a B 3,46 a A 2,78 a B 3,24 a AB
CV (%) 26,00 CV (%) 25,93
Período larval (dias) Peso de pupas macho (mg)
'Santa Clara' 8,75 a A 12,94 a A 10,26 a A 15,08 a A 3,11 a A 1,97 a AB 3,57 a A 2,89 a A
'Moneymaker' 6,15 b A 9,92 ab A 5,50 b A 15,39 a A 1,70 a AB 2,79 a A 0,87 a B 2,24 a AB
TOM-601 9,44 a A 8,04 a A 10,33 a A 14,61 a A 3,43 a A 2,49 ab AB 0,94 b B 0,41 b B
PI 126445 8,94 a A 10,22 a A 12,86 a A 13,00 a A 2,63 a AB 0,37 b B 0,50 ab B 0,00 b B
PI 134417 8,27 b A 7,00 b A 8,40 b A 16,55 a A 0,50 a B 0,80 a AB 1,28 a AB 2,17 a AB
CV (%) 35,18 CV (%) 56,59
(1)
Dados transformados: log (x). As médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha ou maiúscula na coluna não diferem significativa-
mente, pelo teste de comparação de médias de Tukey, a 5% de probabilidade.

1997). A importância relativa dos Para a interação entre os efeitos de po- experimental para experimentos de re-
caracteres da T. absoluta para a diver- pulação de T. absoluta e acessos de to- sistência a insetos.
gência genética foi avaliada como pro- mateiro, houve significância para todos A cultivar Santa Clara apresentou
posto por Singh (1981) e o estudo do os caracteres, com exceção do período variação de suscetibilidade em relação
descarte de variáveis foi feito como pro- larval e razão sexual (dados não mos- às diferentes populações de T. absolu-
posto por Garcia (1998). Estas análises trados). Estes resultados evidenciam ta. A população da traça-do-tomateiro
foram realizadas com o auxílio do pro- variabilidade tanto entre as populações oriunda de Santa Teresa causou o maior
grama estatístico GENES, versão da traça-do-tomateiro quanto entre os número de minas grandes (1,49), teve
Windows (CRUZ, 2001). acessos de tomateiro, porém a utiliza- menor mortalidade larval (3,33) e apre-
ção dos acessos de tomateiro em pro- sentou maior número de pupas fêmea
RESULTADOS E DISCUSSÃO gramas de melhoramento que visam à (7,67) (Tabela 1). Segundo Suinaga et
obtenção de cultivars resistentes à T. al. (1999) a cultivar Santa Clara consti-
Houve significância do efeito de absoluta, depende da população da pra- tui substrato alimentar adequado para
população de T. absoluta para os ga que está sendo analisada. lagartas da traça-do-tomateiro, prova-
caracteres número de minas pequenas, Os maiores coeficientes de variação velmente devido às baixas concentra-
mortalidade larval, período larval e nú- foram obtidos para os caracteres núme- ções de substâncias tóxicas ou inibidores
mero de pupas fêmea. O efeito de aces- ro de pupas macho e peso de pupas ma- de origem morfológica.
sos de tomateiro não foi significativo cho (54,70% e 56,59%, respectivamen- Na cultivar Moneymaker, a popula-
apenas nos caracteres período larval, te) (Tabela 1). No entanto, esses níveis ção de Camocim de São Félix teve a
número de pupas fêmea e razão sexual. são aceitáveis em termos de precisão maior mortalidade larval (66,67) e um

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 895


G. R. Moreira et al.

Tabela 2. Medidas de dissimilaridade genética entre acessos de tomateiro sob infestação de diferentes populações de Tuta absoluta, a partir
da distância generalizada de Mahalanobis (Dii’2) de nove caracteres de T. absoluta. Viçosa, UFV, 2001.
População de T. Acesso de tomateiro
absoluta 'Moneymaker' TOM-601 PI 126445 PI 134417
Uberlândia 'Santa Clara' 162,803 83,286 101,487 49,409
'Moneymaker' - 51,615 31,461 48,998
TOM-601 - 39,066 126,233
PI 126445 - 92,703
Viçosa 'Santa Clara' 123,758 123,290 81,895 46,117
'Moneymaker' - 5,683 196,330 164,677
TOM-601 - 178,158 141,370
PI 126445 - 23,632
Camocim de São 'Santa Clara' 528,470 543,611 793,998 403,444
Félix 'Moneymaker' - 38,847 59,884 24,642
TOM-601 - 46,821 63,813
PI 126445 - 104,291
Santa Teresa 'Santa Clara' 203,792 404,198 878,206 221,504
'Moneymaker' - 136,740 357,703 35,369
TOM-601 - 118,197 68,920
PI 126445 - 236,061

dos menores números de pupas fêmea e A população de Santa Teresa causou presentes nos exudatos dos tricomas
macho (2,67 e 0,67, respectivamente). elevado número de minas pequenas glandulares tipo VI das folhas dessas
Por outro lado, teve pequeno período (54,33) em PI 126445, entretanto, este espécies (EIGENBRODE et al., 1996;
larval (5,50) (Tabela 1). De acordo com acesso pode ser considerado resistente LEITE et al., 1999) e/ou à presença de
Lara (1991) diferenças quanto à dura- a esta população devido ao pequeno componentes lamelares (EIGEN-
ção do período larval são importantes número de minas grandes (0,92), alta BRODE et al., 1996). Segundo Lara
quando se visa a resistência de plantas mortalidade larval (93,33), pequenos (1991) o inseto poder se alimentar de
às pragas, visto que, quanto maior esta números de pupas fêmea e macho (0,67 grande quantidade de determinado
fase, maior número de ínstares (estádios e 0,00, respectivamente) e baixos pesos substrato, mas este não lhe ser favorá-
de desenvolvimento) serão necessários de pupas fêmea e macho (0,80 e 0,00, vel, provocando distúrbios no desenvol-
para que se complete o desenvolvimen- respectivamente) (Tabelas 1). Este aces- vimento e podendo causar até a morte.
to do inseto e, consequentemente, ha- so silvestre também manifestou maior O elevado número de minas peque-
verá menor número gerações do inseto. resistência à população de Viçosa, visto nas em PI 126445 e PI 134417 pode se
Deste modo, apesar da vantagem que, apesar de ter causado elevados nú- devido às lagartas caminhando, sobre a
adaptativa desta população, a população meros de minas grandes (1,17) e peque- superfície foliar, à procura de substrato
de insetos possivelmente não aumenta- nas (53,00), esta população apresentou adequado, uma vez que os aleloquímicos
rá, devido à alta mortalidade. elevada mortalidade larval (70,00), nú- sesquiterpeno-zingibereno e metil-
Na linhagem TOM-601 observou-se mero e peso relativamente baixos de cetonas (2-TD e 2-UD), presentes nes-
que a população de Santa Teresa cau- pupas fêmea (2,33 e 1,83, respectiva- ses acessos, são voláteis (FREITAS et
sou baixo número de minas pequenas mente) e pequenos número e peso de al., 1998; LEITE et al., 1999), ou à exis-
(5,67), apresentou alta mortalidade pupas macho (0,67 e 0,37, respectiva- tência de substâncias deterrentes à ali-
larval (66,67), pequeno número de mente) (Tabela 1). mentação de T. absoluta no mesófilo
pupas macho (0,33) e baixos pesos de Em PI 134417, elevado número de foliar dessas espécies (LIN;
pupas fêmea e macho (1,84 e 0,41, res- minas grandes (1,16), número relativa- TRUMBLE, 1986).
pectivamente) (Tabela 1). mente alto de minas pequenas (23,00) e A dissimilaridade entre os acessos
A resistência de ‘Moneymaker’ e pequeno período larval (7,00) foram ob- de tomateiro variou de acordo com a
‘TOM-601’ às populações de Camocim servados quanto a população de Viçosa população da praga com as quais foram
de São Félix e Santa Teresa, respectiva- (MG), entretanto, apresentou alta mor- infestados. Na população de Uberlândia,
mente, pode estar relacionada com a talidade larval (73,33) e pequeno núme- o par mais similar foi ‘Moneymaker’ e
presença da 2-TD e 2-UD nos tricomas ro de pupas fêmea (2,33) (Tabelas 1). PI 126445 (31,46) e o mais dissimilar
glandulares tipo VI das folhas, as quais Apesar do elevado número de mi- foi ‘Santa Clara’ e ‘Moneymaker’
já foram relacionadas com a resistência nas grandes causado pela população de (162,80). Na população de Viçosa,
desses acessos à T. urticae Viçosa em PI 126445 e PI 134417, ob- ‘Moneymaker’ e TOM-601 foram os
(CHATZIVASILEIADIS et al., 1999; servaram-se altas mortalidades larvais, mais similares (5,68), enquanto
ARAGÃO et al., 2002). possivelmente devido aos aleloquímicos ‘Moneymaker’ e PI 126445 foram os

896 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Divergência genética entre acessos de tomateiro infestados por diferentes populações da traça-do-tomateiro

mais dissimilares (196,33). Nas popu- Tabela 3. Agrupamento dos acessos de tomateiro sob infestação de diferentes populações
lações de Camocim de São Félix e San- de Tuta absoluta pelo método de Tocher, com base na dissimilaridade expressa pela distân-
ta Teresa, observou-se maior similari- cia generalizada de Mahalanobis. Viçosa, UFV, 2001.
dade entre Moneymaker’ e PI 134417 População de T.
Grupo Acessos de tomateiro
(24,64 e 35,37, respectivamente) e absoluta
maior dissimilaridade entre ‘Santa Cla- Uberlândia I 'Moneymaker', PI 126445, TOM-601
ra’ e PI 126445 (793,99 e 878,21, res- II 'Santa Clara', PI 134417
pectivamente) (Tabela 2). Viçosa I 'Moneymaker', TOM-601
II PI 126445, PI 134417
A identificação de genitores com
máxima divergência genética tem sido III 'Santa Clara'
estudada por muitos autores em progra- Camocim de São I 'Moneymaker', PI 134417, TOM-601, PI 126445
Félix II 'Santa Clara'
mas de melhoramento (SUINAGA et al.,
2003; MACHADO et al., 2002; SUDRÉ Santa Teresa I 'Moneymaker', PI 134417, TOM-601
et al., 2005) de modo a maximizar a II PI 126445
heterose manifestada nos híbridos e au- III 'Santa Clara'
mentar a probabilidade de ocorrência de
genótipos superiores nas gerações
segregantes. De acordo com Cruz et al. la 3). Pode-se concluir, com esses re- 33,32%, respectivamente). Quando in-
(1994) recomenda-se evitar cruzamen- sultados, que a cultivar Santa Clara foi festados pelas populações de Viçosa e
tos entre indivíduos de mesmo padrão a mais divergente em relação aos demais Camocim de São Félix as maiores con-
de similaridade para que a variabilida- acessos de tomateiro, ficando em grupo tribuições foram do número de pupas
de não seja restrita a inviabilizar os isolado quando infestada por três das macho e mortalidade larval (40,19% e
ganhos a serem obtidos com a seleção. quatro populações de T. absoluta. 23,29% e, 42,76% e 26,41% respecti-
Outro fato importante que deve ser Apesar de ter sido observada vamente) (Tabela 4).
considerado na escolha dos genitores a dissimilaridade genética intra e inter Quando os acessos de tomateiro fo-
serem cruzados é se os mesmos perten- grupos, no presente trabalho não foi ram infestados pela população da traça-
cem a grupos diferentes, evitando-se o possível recomendar cruzamentos pro- do-tomateiro proveniente de
cruzamento entre genitores de mesmo missores entre os acessos de Uberlândia, os caracteres menos impor-
agrupamento (CARPENTIERI- Lycopersicon estudados, devido ao fato tantes para a divergência foram período
PIPOLO et al., 2000). Com base no destes não terem apresentado resistên- larval e peso de pupas macho (0,14% e
método de otimização de Tocher foram cia simultânea às distintas populações 0,26%, repetitivamente). Quando infes-
formados 2; 3; 2 e 3 grupos, quando os da traça-do-tomateiro. Num programa tados pela população de Viçosa, os
acessos de tomateiro foram infestados de melhoramento é interessante que se caracteres menos importantes foram
pelas populações de Uberlândia, Viço- leve em consideração a variabilidade do peso de pupas macho e peso de pupas
sa, Camocim de São Félix e Santa Tere- inseto, porém a obtenção da cultivar de fêmea (0,20% e 0,56%). Em relação à
sa, respectivamente. tomate não pode ser resistente à traça- população de Camocim de São Félix os
Quando infestadas pela população do-tomateiro oriunda de apenas uma caracteres menos importantes foram nú-
de Uberlândia, foram alocados em um localidade específica. Todavia, pode-se mero de minas pequenas e período larval
grupo ‘Moneymaker’, TOM-601 e PI inferir que ‘Moneymaker’ e TOM-601 (0,12% e 0,66%) e, em relação à popula-
126445 e em outro grupo a cultivar San- podem ser utilizadas em programas de ção de Santa Teresa os caracteres menos
ta Clara e PI 134417. Quando infesta- melhoramento que objetivam a obten- importantes foram período larval e razão
das pela população de Viçosa, ção de plantas de tomate resistentes à T. sexual (0,12% e 0,19%) (Tabela 4).
‘Moneymaker’ e TOM-601 ficaram em absoluta, pois foram, em geral, mais O número de caracteres avaliados na
um grupo distinto das espécies silves- próximas geneticamente de PI 126445 seleção de genótipos é de suma impor-
tres PI 126445 e PI 134417, e em outro e/ou PI 134417, portanto, menos susce- tância em programa de melhoramento.
grupo distinto a cultivar Santa Clara. tíveis às populações da praga que a cul- Caracteres que contribuem pouco para
Quando a infestação foi feita com a po- tivar Santa Clara. a divergência podem ser eliminados au-
pulação de Camocim de São Félix, ob- Com relação à importância relativa mentando a eficiência da seleção. Com
servou-se mais uma vez que a cultivar dos caracteres para a divergência gené- base no método de descarte de variáveis
Santa Clara teve comportamento dife- tica entre Lycopersicon spp., segundo o proposto por Garcia (1998) constatou-
rencial entre os acessos de tomateiro, método de Singh (1981), os caracteres se que os caracteres período larval e peso
ficando em grupo isolado. Quando in- com maior influência na distância ge- de pupas macho não podem ser elimi-
festadas pela população de Santa Tere- neralizada de Mahalanobis foram mor- nados em futuras avaliações de resistên-
sa, ‘Moneymaker’ e TOM-601 e o aces- talidade larval e número de pupas fê- cia à população da traça-do-tomateiro
so silvestre PI 134417 constituíram mea, quando estes foram infestados pe- proveniente de Uberlândia, devido a
mesmo grupo, ficando em grupos dis- las populações de Uberlândia e Santa mudança no agrupamento original. To-
tintos ‘Santa Clara’ e PI 126445 (Tabe- Teresa (47,06% e 44,38% e, 45,57% e davia, o período larval pode ser elimi-

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 897


G. R. Moreira et al.

Tabela 4. Contribuição relativa (%) de nove caracteres de Tuta absoluta para a divergência GARCIA, S.L.R. Importância de características
genética entre acessos de tomateiro sob infestação de diferentes populações de Tuta absolu- de crescimento, de qualidade da madeira e da
ta, utilizando-se a metodologia de Singh. Viçosa, UFV, 2001. polpa na divergência genética de clones de
eucalipto. 1998. 103 f. (Tese doutorado) – UFV,
População de T. absoluta Viçosa.
Caracteres de T.
absoluta Camocim de LARA, F.M. Princípios de resistência de plantas.
Uberlândia Viçosa Santa Teresa
São Félix São Paulo: Ícone, 1991. 336 p.
MG (1)
1,34 1,89 2,87 0,92 LEITE, G.L.; PICANÇO, M.; AZEVEDO, A.A.;
MP 0,96 1,64 0,12 1,16 GONRING, A.H.R. Efeito de tricomas,
aleloquímicos e nutrientes na resistência de
ML 47,06 23,29 26,41 45,57 Lycopersicon hirsutum à traça-do-tomateiro. Pes-
PL 0,14 3,98 0,66 0,12 quisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.34, n.11,
NPF 44,38 6,46 14,35 33,32 p.2059-2064, 1999.
NPM 3,35 40,19 42,76 13,50 LIN, S.Y.H.; TRUMBLE, J.T. Resistance in wild
tomatoes to larvae of a specialist herbivore
RS 1,00 21,79 1,04 0,19 Keiferia lycopersicella. Entomologia
PPF 1,51 0,56 7,34 3,67 Experimentalis et Applicata, v.41, n.1, p.53-60,
PPM 0,26 0,20 4,45 1,55 1986.
MACHADO, C.F.; SANTOS, J.B; NUNES,
MG = logaritmo do número de minas grandes (comprimento ≥ 0,5cm); MP = número de
(1)
G.H.S. Escolha de genitores de feijoeiro por meio
minas pequenas (comprimento < 0,5cm); ML = mortalidade larval (%); PL = período larval da divergência baseada em caracteres morfo-agro-
(2º ao 4º estádio de desenvolvimento) (dias); NPF = número de pupas fêmea; NPM =número nômicos. Bragantia, v.59, n.1, p.11-20, 2002.
de pupas macho; RS = razão sexual (número de fêmeas/ total de indivíduos); PPF = peso de MELO, M.; CAMPOS, A.D. Ocorrência de ini-
pupas fêmea (mg); PPM = peso de pupas macho (mg) migos naturais da traça do tomateiro Tuta absolu-
ta (Meyrick, 1917) (Lepidoptera: Gelechiidae) em
Pelotas, Rio grande do Sul. Agropecuária Clima
Temperado, Pelotas, v.3, n.2, p.269-274, 2000.
nado em avaliações de resistência às po- CHATZIVASILEIADIS, E.A.; BOON, J.J.; RAHIMI, F.R.; CARTER, C.D. Inheritance of
pulações de Camocim de São Félix e Santa SABELIS, M.W. Accumulation and turnover of zingiberene in Lycopersicon. Theoretical and Applied
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p.1613-1619, 2000. 1998. Entomology, Londrina, v.30, n.2, p.283-288, 2001.

898 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


ANDRADE JÚNIOR, V.C.; YURI, J.E.; NUNES, U.R.; PIMENTA, F.L.; MATOS, C.S.M.; FLORIO, F.C.A.; MADEIRA, D.M. Emprego de tipos de
cobertura de canteiro no cultivo da alface. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.899-903, out-dez 2005.

Emprego de tipos de cobertura de canteiro no cultivo da alface


Valter C. de Andrade Júnior1,4; Jony E. Yuri2; Ubirajara R. Nunes1; Fernando L. Pimenta3; Christiano de
S.M. de Matos3; Francisco C. de A. Florio3; Dermival M. Madeira3
1
Faculdades Federais Integradas de Diamantina, FCA, Depto. Agronomia, R. da Glória, 187, Centro, 39100-000 Diamantina-MG;
2
UFLA, DAG, C. Postal 37, 37200-000 Lavras-MG; 3Universidade Vale do Rio Verde, UNINCOR, Av. Castelo Branco, 82, Centro,
37410-000Três Corações-MG; 4E-mail: valterjr@fafeid.edu.br

RESUMO ABSTRACT
Com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes coberturas de Evaluation of mulch types on lettuce production
canteiro sobre as características agronômicas de cultivares de alface An experiment was carried out at Universidade Vale do Rio
(Lactuca sativa L.) tipo lisa, foi realizado um experimento na Uni- Verde, Minas Gerais State, Brazil, to evaluate the effect of bed
versidade Vale do Rio Verde em Três Corações (MG). O delinea- coverages on the agronomic characteristics of lettuce cultivars. The
mento experimental utilizado foi de blocos ao acaso em esquema experimental design was of randomized complete blocks in a 5 x 2
fatorial 5 x 2, proveniente da combinação de cinco tipos de cobertu- factorial scheme with five types of mulch (black plastic; dry
ra (plástico preto, capim braquiária seco, casca de arroz, casca de café braquiaria grass; rice husk; coffee husk and nude soil), two leaf lettuce
e solo nu) e duas cultivares de alface tipo lisa (Regina e Elisa), com 3 cultivars (Regina and Elisa) and three replications. Plants were
repetições. A colheita foi realizada 42 dias após o transplantio, sendo harvested 42 days after the transplanting date. The total and
avaliados a produção total (t ha-1), produção comercial, massa média commercial yield, average fresh plant plant weight, head average
por planta, diâmetro médio de cabeça, diâmetro médio de caule, nú- diameter, stem average diameter, leave average number and the root
mero médio de folhas e massa média de raiz. Foi observada interação fresh weight were evaluated. Only for the root average weight was
significativa entre tipos de cobertura x cultivares somente para a ca- observed significant interaction between coverage types and cultivars.
racterística massa média de raiz, tendo a cultivar Elisa apresentado The cv. Elisa presented the highest root average weight when the
maior massa média de raiz quando utilizadas as coberturas com casca coffee or rice husk were used. The coffee husk proportioned the best
de café e casca de arroz. A cobertura com casca de café foi a que results. This coverage exceeded all others in all the evaluated
proporcionou os melhores resultados, superando os demais tipos de characteristics. The cv Regina was superior to Elisa in almost all
cobertura para todas as características avaliadas. A cultivar Regina foi studied characteristics, except in stem average diameter where no
superior à Elisa em quase todas as características estudadas, exceto significant difference was detected between cultivars. ‘Elisa’
para diâmetro médio de caule onde não foi observada diferença signi- presented higher root weight than ‘Regina’.
ficativa entre as cultivares. ‘Elisa’ também apresentou maior massa
média de raiz que a cultivar Regina.

Palavras-chave: Lactuca sativa L., coberturas de solo, produção. Keywords: Lactuca sativa L., soil coverages, yield.

(Recebido para publicação em 22 de julho de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)

N a região sul de Minas concentra-


se grande número de produtores de
alface, os quais, em sua maioria, utili-
vegetais contribuem ainda como reser-
va considerável de nutrientes, cuja
disponibilização pode ser rápida e in-
necimento de nutrientes às plantas, de-
vido a sua rápida decomposição.
Ao avaliar o efeito da cobertura
zam algum tipo de material como co- tensa, dependendo, dentre outros fato- morta sobre o comportamento de culti-
bertura de canteiro. Entretanto, existe res, do regime de chuvas (ROSOLEM vares de alface no município de
pouca informação sobre os materiais et al. 2003); da relação C/N Mossoró, Maia Neto (1988) verificou
disponíveis na região e que podem ser (ROBINSON, 1988) além de reduzir a que a cobertura morta proporcionou
utilizados como cobertura de solo. lixiviação dos nutrientes e a aumentos na produção e na massa mé-
Tanto a cobertura com plástico quan- compactação do solo. dia de plantas das cultivares Brasil 221,
to com restos vegetais têm sido explo- Avaliando a utilização de materiais Babá de Verão e Vitória, e também re-
radas com os objetivos de reduzir a eva- como cobertura morta do solo no culti- duziu a massa de matéria fresca das
poração da água na superfície do solo; vo de pimentão, Queiroga et al. (2002) plantas invasoras.
diminuir as oscilações de temperatura verificaram que o diâmetro, número, De acordo com Reghin et al. (2002),
do solo (ARAÚJO et al., 1993); permi- massa de fruto e a produção foram afe- o uso da cobertura com agrotextil preto
tir o controle de plantas invasoras; ofe- tados pela cobertura morta, sendo a pa- proporcionou maior produção de alface
recer proteção aos frutos, evitando seu lha de carnaúba superior aos demais (cv. Veneza Roxa) quando comparado à
contato direto com o solo; obter maior materiais usados como cobertura. Se- cobertura com palha de arroz, (153,68
precocidade da colheita e capacidade de gundo os autores, este fato deve-se à g e 127,71 g, respectivamente). A palha
influir diretamente, de maneira positi- melhor conservação da umidade do solo, de arroz picada não apresentou respos-
va, sobre a incidência de pragas e doen- menor incidência de plantas daninhas, ta favorável como cobertura de cantei-
ças (CASTELLANE, 1995). Os restos redução da temperatura do solo e ao for- ro, pois permitiu o desenvolvimento de

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 899


V. C. Andrade Júnior et al.

várias espécies de plantas daninhas. Já O delineamento experimental utili- de injúria. Depois procedeu-se a soma
o agrotextil preto foi eficiente no con- zado foi em blocos ao acaso em esque- da massa comercial de todas as plantas
trole de plantas daninhas, promovendo ma fatorial 5 x 2, proveniente da com- da área útil de cada parcela, sendo tam-
melhor desenvolvimento e produção de binação de cinco tipos de coberturas de bém expressa em t ha-1. A massa média
plantas com maior massa. Tanto o uso canteiro: [Brachiaria decumbens (capim por planta foi obtida dividindo-se a mas-
da palha de arroz quanto solo nu resul- braquiária seco); Oryza sativa L. (cas- sa total das plantas pelo número total
taram em decréscimo na massa fresca ca de arroz); Coffea arabica L. (casca de plantas da área útil da parcela, e os
da cabeça de 18,12 e 13,62%, respecti- de café); plástico preto com densidade resultados expressos em g. O diâmetro
vamente, em relação ao agrotextil pre- de 50 micra e testemunha (sem cober- médio de cabeça foi obtido por medi-
to. Provavelmente, a presença de plan- tura)] e duas cultivares de alface tipo lisa ção da parte mais compacta da cabeça,
tas daninhas interferiu na formação e na (Regina e Elisa), com 3 repetições. não considerando as folhas externas das
massa fresca da cabeça de alface. As mudas foram produzidas sob es- plantas. O diâmetro médio do caule foi
No cultivo da alface, Andreani tufa plástica em bandejas de isopor de determinado após a colheita das plantas
Júnior e Galbiati Neto (2003) avaliaram 128 células contendo substrato artificial com raízes, sendo a medida feita logo
a influência de vários tipos de cobertu- Plantimax e transplantadas 30 dias abaixo das primeiras folhas, utilizando-
ra de solo sobre a produtividade e veri- após a semeadura, em canteiros com se um paquímetro. O número médio de
ficaram que as coberturas com bagaço 1,25 m de largura e 20 cm de altura, es- folhas foi obtido após a obtenção de to-
de cana e palha de arroz proporciona- paçados 30 cm um do outro. Foram uti- dos os dados referentes às outras ava-
ram maiores ganhos de peso das plan- lizadas 5 fileiras por canteiro, sendo as liações. Foram retiradas todas as folhas
tas, 710,0 e 669,5 gramas, respectiva- parcelas compostas por 25 plantas, es- comerciais de cada planta da parcela útil
mente, quando comparada ao tratamen- paçadas 0,25 m, totalizando 1,56 m2 por e obtido o número médio de folhas. A
to terra nua sem capina (355,6 g) e ao parcela. Foi utilizada como área útil as massa média de raiz foi obtida por pe-
tratamento em que se utilizou plástico nove plantas centrais de cada parcela, sagem do sistema radicular de todas as
transparente (280,4 g). ocupando área de 0,56 m2. Antes do plantas da área útil. Foi considerado nos
A utilização da cobertura de solo no transplante os canteiros receberam as resultados, para todas as características
cultivo da alface tem se mostrado fator coberturas orgânicas que apresentavam avaliadas, a média das nove plantas cen-
determinante no aumento da produção espessura de aproximadamente 5 cm e trais, correspondente a área útil de cada
e na qualidade do produto. No entanto, a cobertura com plástico preto. Os can- parcela.
para que a utilização da cobertura seja teiros foram preparados manualmente e A análise de variância foi utilizada
viável é preciso que novas alternativas durante o preparo foram aplicados 200 na avaliação dos tipos de cobertura e de
de cobertura, disponíveis na região de g m-2 de calcário dolomítico. A aduba- cultivares para as características estu-
cultivo, sejam avaliadas. ção de plantio foi com composto orgâ- dadas aplicando-se o teste Scott e Knott
Este trabalho teve como objetivo nico na dose de 40 t ha-1, não sendo uti- a 5% de probabilidade para a compara-
avaliar os efeitos de diferentes tipos de lizada nenhuma formulação química. ção das médias. Os dados de número
cobertura de canteiro sobre a produção Aos 25 dias após o transplantio foi médio de folhas foram transformados
e qualidade de duas cultivares de alface realizada adubação em cobertura com a em √x antes da análise, sendo apresen-
tipo lisa. formulação 20-00-20, na dose de 60 kg tados nos resultados os valores das mé-
ha-1. Foram realizadas capinas manuais dias. As análises estatísticas foram rea-
MATERIAL E MÉTODOS nas parcelas onde ocorreram infestações lizadas utilizando-se o programa esta-
com plantas daninhas e a irrigação foi tístico SISVAR (FERREIRA, 1999).
feita diariamente. A irrigação foi reali-
O experimento foi realizado no Se-
zada por aspersão elevando-se o teor de RESULTADOS E DISCUSSÃO
tor de Olericultura da Universidade Vale
água no solo próximo à capacidade de
do Rio Verde (UNINCOR), Três Cora-
campo, durante todo o ciclo da cultura. Foram observados efeitos significa-
ções, MG, de 24/09 a 05/12/2003. O cli-
Não houve necessidade de aplicação de tivos do tipo de cobertura do canteiro e
ma, de acordo com a classificação de
defensivos para o controle de pragas e de cultivares sobre todas as característi-
Koppen, é Cwb, ou seja, temperado chu-
doenças. cas analisadas, exceto para a caracterís-
voso, com temperatura média do mês
mais quente inferior a 22° C. O solo pre- A colheita foi realizada 42 dias após tica diâmetro médio de caule, onde não
dominante na área é classificado como o transplantio, sendo avaliadas caracte- foi observada diferença significativa en-
Latossolo Vermelho distroférrico, tex- rísticas de produção e de qualidade das tre as cultivares. Os resultados não evi-
tura argilosa com características: pH plantas. A produção total foi obtida pela denciaram efeitos significativos da
H2O: 5,5; P disponível = 1,2 mg/dm3; K soma da massa total da parte aérea de interação tipo de cobertura x cultivar para
disponível = 22 mg/dm3; H+Al3+ = 5,0 todas as plantas da área útil de cada par- as características avaliadas, com exceção
mg/dm3; Al3+ = 0,2 cmolc/dm3; Ca2+ = cela, sendo expressa em t ha-1. A produ- da massa média de raiz (Tabela 1).
2,9 cmolc/dm3; Mg2+ = 1,9 cmolc/dm3; ção comercial foi determinada após a As produções total e comercial va-
SB= 4,9 cmolc/dm3; CTC = 9,9 cmolc/ retirada das folhas externas que apresen- riaram, respectivamente, de 35,63 a
dm3; MO = 2,4g/dm3. tavam coloração amarela ou algum tipo 30,71 t ha-1 e de 70,67 a 61,59 t ha-1. A

900 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Emprego de tipos de cobertura de canteiro no cultivo da alface

cobertura de canteiro com casca de café Tabela 1. Produção total, produção comercial, massa média por planta, diâmetro médio de
superou os demais tipos de cobertura em cabeça, diâmetro médio de caule, número médio de folhas e massa média de raiz de duas
todas as características estudadas, pro- cultivares de alface tipo lisa cultivadas em diferentes tipos de cobertura de canteiro. Três
porcionando às cultivares produção to- Corações, UNINCOR, 2003.
tal e comercial, massa média por planta Cultivares
e número médio de folhas, 77,43%, Tipos de cobertura* * Regina Elisa Média¹
77,19%, 77,51% e 29,68% superiores às Produção total (t ha-1)* * - CV= 10,29%
médias dos demais tipos de cobertura. Casca de café 73,59 67,75 70,67 a
Andreani Júnior e Galbiati Neto (2003), Casca de arroz 47,96 41,32 44,64 b
trabalhando com alface, não observaram Capim braquiária seco 43,69 35,73 39,71 b
diferenças significativas entre o efeito Plástico preto 47,77 30,86 39,32 b
da cobertura com palha de café e plásti- Solo sem cobertura 42,78 28,49 35,63 b
co preto para as características peso das Média¹ 51,16 A 40,83 B
plantas e número de folhas. Ao avaliar Produção comercial (t ha-1) * * - CV= 12,13%
diferentes tipos de coberturas de solo no Casca de café 65,46 57,71 61,59 a
desenvolvimento da alface, Verdial et al. Casca de arroz 42,28 35,52 38,90 b
(2001) observaram que a utilização de Capim braquiária seco 38,83 30,91 34,87 b
cobertura plástica do tipo dupla face Plástico preto 42,22 26,90 34,56 b

proporcionou os maiores valores médios Solo sem cobertura 36,92 24,50 30,71 b
Média¹ 45,14 A 35,11 B
de produção.
Massa média por planta (g)* * - CV= 10,25%
No presente estudo, o material or-
Casca de café 0,460 0,423 0,442 a
gânico “casca de café” superou o mate-
Casca de arroz 0,300 0,258 0,279 b
rial sintético “plástico preto” em todas
Capim braquiária seco 0,273 0,223 0,248 c
as características avaliadas. Esse resul-
Plástico preto 0,299 0,193 0,246 c
tado é importante, principalmente para
Solo sem cobertura 0,267 0,178 0,223 c
a região do sul de Minas, pois nesta área
Média¹ 0,320 A 0,255 B
além de existir grande disponibilidade
Diâmetro médio de cabeça (cm) * * - CV= 9,66%
de casca de café também concentra-se
Casca de café 23,85 20,37 22,11 a
grande número de pequenos produtores
Casca de arroz 20,41 16,44 18,43 b
de alface.
Capim braquiária seco 19,93 15,70 17,82 b
Não foram observadas diferenças Plástico preto 20,93 16,85 18,89 b
significativas entre os efeitos dos demais Solo sem cobertura 20,63 15,41 18,02 b
tipos de cobertura (capim braquiária Média¹ 21,15 A 16,96 B
seco, casca de arroz, plástico preto e solo Diâmetro médio de caule (cm) ns - CV= 10,90%
sem cobertura) sobre as características Casca de café 2,54 2,74 2,64 a
estudadas, exceto para massa média por Casca de arroz 2,03 2,16 2,09 b
planta onde a cobertura com casca de Capim braquiária seco 1,91 1,87 1,90 b
arroz proporcionou um acúmulo de Plástico preto 2,16 2,00 2,08 b
massa na planta significativamente Solo sem cobertura 2,04 1,69 1,87 b
maior que o tratamento com capim Média¹ 2,13 A 2,09 A
braquiária seco, plástico preto e solo sem Número médio de folhas * * - CV= 4,91%
cobertura. Para as demais característi- Casca de café 32,93 27,89 30,41 a
cas, as coberturas com capim braquiária Casca de arroz 26,70 22,37 24,54 b
seco, casca de arroz e plástico preto Capim braquiária seco 24,04 19,26 21,65 b
apresentaram efeitos semelhantes aos Plástico preto 27,85 20,45 24,15 b
observados para o cultivo em solo sem Solo sem cobertura 26,07 20,82 23,45 b
cobertura. Portanto, no presente traba- Média¹ 27,52 A 22,16 B
lho estes tratamentos não resultaram em Massa média de raiz (g) * * - CV= 16,45%
benefícios para a produção. Zizas et al. Casca de café 15,44 aB 21,63 aA 18,54 a
(2002b) observaram que o uso de casca Casca de arroz 11,15 aB 15,55 bA 13,35 b
de arroz reduziu o peso médio das plan- Capim braquiária seco 9,00 aA 12,51 bA 10,76 b
tas da cultivar Regina. Neste mesmo tra- Plástico preto 12,52 aA 12,15 bA 12,34 b
balho o número de folhas/planta no tra- Solo sem cobertura 12,48 aA 10,22 bA 11,35 b
tamento solo sem cobertura foi signifi- Média¹ 12,12 B 14,41 A
cativamente menor que o verificado nas **Significativo a 1% pelo teste F; nsnão significativo; 1Médias seguidas por letras minúscu-
coberturas com plástico vermelho e las nas colunas e por letras maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste de Scott e
branco, porém, não diferiu estatistica- Knott.(α=0,05).

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 901


V. C. Andrade Júnior et al.

mente dos tratamentos com plástico pre- dade da cobertura de canteiro com cas- uma cultivar é função de seu genótipo e
to e casca de arroz. Os autores observa- ca de café em relação aos demais tipos da interação genótipo x ambiente
ram que a temperatura média do solo de cobertura pode estar relacionada à (QUEIROGA et al., 2001; SILVA et al.,
coberto com casca de arroz foi igual a maior disponibilização de K para as 2000).
do solo sem cobertura, 23,9oC, e as co- plantas, contribuindo, conseqüentemen- Conclui-se que a cobertura de can-
berturas com plástico vermelho e preto te, para o melhor desenvolvimento das teiro com casca de café proporcionou o
foram as que propiciaram maiores tem- mesmas. Malavolta (1980) relata que melhor crescimento e desenvolvimento
peraturas média do solo, 25,3 oC e mais de 80% do K encontra-se na for- da alface. Entre as cultivares, a Regina
25,0oC, respectivamente. Avaliando as ma solúvel na planta, sendo, portanto, foi superior à Elisa quanto às caracte-
cultivares de alface Brisa, Simpson, passível de lixiviação. rísticas de produção total, produção co-
Verônica, Regina 579, Vera e Tainá, em A cultivar Regina foi superior à Elisa mercial, massa média por planta, diâ-
diferentes coberturas de solo, (ZIZAS em produção total e comercial, massa metro médio de cabeça e número mé-
et al., 2002a), verificaram que a culti- média por planta, diâmetro médio de ca- dio de folhas. Entretanto, a cultivar Elisa
var Regina 579 apresentou maior diâ- beça e número médio de folhas. Em mé- apresentou maior massa média de raiz
metro do caule e maior número de fo- dia, a cultivar Regina apresentou produ- em relação à Regina. A maior massa
lhas e que o uso de plásticos preto e ver- ção total e produção comercial, 25,30% média de raiz da cultivar Elisa não in-
melho resultou em menor massa média e 28,57%, maiores que a cultivar Elisa fluenciou as demais características ava-
e produtividade por planta. Os autores (Tabela 1). A massa média por planta e o liadas, baseando-se na hipótese de que
relatam que estes resultados podem es- diâmetro médio de cabeça da cultivar uma maior massa média de raiz propor-
tar associados às ocorrências de maio- Regina foram 25,5% e 24,71%, respec- cionaria maiores produção total e comer-
res temperaturas do solo provocadas tivamente, superior ao da cultivar Elisa. cial, massa média por planta, diâmetro
pela cobertura com estes plásticos em O número médio de folhas da cultivar médio de cabeça e do caule e maior nú-
relação aos demais tipos de cobertura. Regina (27,52) foi significativamente mero médio de folhas, por explorar
Resultados semelhantes foram encontra- maior (24,19%) que o da cultivar Elisa melhor o solo, e consequentemente, ab-
dos por Chaves et al. (2003) os quais (22,16 folhas). Esses dados corroboram sorver mais água e nutrientes. Este fato
relataram o efeito do plástico em aumen- com os obtidos por Zizas et al. (2002b), pode estar relacionado a maior eficiên-
tar a temperatura do solo a níveis de afe- em que a cultivar Regina apresentou cia da cultivar Regina em absorver água
tar o metabolismo da planta, interferin- maior número de folhas/planta e diâme- e nutrientes, pois esta foi superior à Elisa
do no seu crescimento e desenvolvimen- tro de caule em relação à Elisa. para a maioria das características ava-
to. Segundo Goto (1998), o uso de co- Não foi observada diferença signi- liadas. Em termos de massa média de
bertura com plástico em alface deve ser ficativa entre as cultivares para a carac- raiz, a cultivar Elisa apresentou melho-
avaliado para cada região de cultivo, terística diâmetro médio de caule (Ta- res resultados quando as coberturas de
uma vez que o aumento da temperatura bela 1). Já a cultivar Elisa apresentou canteiros utilizadas foram casca de café
do solo pode afetar o desenvolvimento maior massa média de raiz, (14,41 g), e casca de arroz.
de raízes e, por conseguinte, a absorção em relação à Regina, (12,12 g), uma di-
de nutrientes. Verdial et al. (2001) veri- ferença de 18,89%. LITERATURA CITADA
ficaram que a temperatura do solo co-
A interação significativa dos tipos de
berto com plástico preto foi 25,12oC, ANDREANI JÚNIOR, R.; GALBIATI NETO, P.
cobertura x cultivares para a caracterís-
1,56oC e 1,72oC, respectivamente, maior Avaliação da influência de coberturas mortas so-
tica massa média de raiz (Tabela 1) bre o desenvolvimento da cultura da alface na re-
que as temperaturas observadas para os
mostra que para a cultivar Regina não gião de Fernandópolis-SP. Horticultura Brasilei-
tratamentos sem cobertura, sem capina ra, Brasília, v.21, n.2, Julho, 2003. Suplemento 2,
foi observada diferença significativa
e sem cobertura com capina quinzenal. CD-ROM. Trabalho apresentado no 43o Congres-
entre os efeitos dos diferentes tipos de so Brasileiro de Olericultura, 2003.
Um fator que deve ser considerado, cobertura de canteiro. Já para a cultivar ARAÚJO, R.C.; SOUZA, R.J.; SILVA, A.M.;
embora não tenha sido avaliado, é a con- Elisa, a cobertura com casca de café foi ALVARENGA, M.A.R. Efeitos da cobertura mor-
centração e liberação de K da casca de superior às médias dos demais tratamen- ta do solo sobre a cultura do alho (Allium sativum
café para o solo. Conforme relatam tos, em 71,53%, tendo a mesma propor- L.). Ciência e Prática, Lavras, v.17, n.3, p.228-
Guimarães et al. (2002), a casca de café 233, 1993.
cionado 21,63 g de massa média de raiz. CASTELLANE, P.D.; SOUZA, A.F.; MESQUI-
contém alto teor de K, em média 3,75 Observou-se que a cultivar Elisa apre- TA FILHO, M.D. Culturas olerícolas. In:
dag. g-1 de K2O, sendo um resíduo da sentou maior massa média de raiz quan- FERREIRA, M.E. CRUZ, M.C.P. (eds). Micro-
cafeicultura utilizado na adubação dos do foram utilizadas as coberturas com nutrientes na agricultura. Piracicaba: POTAFOS/
cafezais com o objetivo de repor o K CNPq, 1995, p.549-584.
casca de café e casca de arroz, respec-
extraído pelas plantas. CHAVES, S.W.P.; MEDEIROS, J.F.; NEGREI-
tivamente, 40,09% e 39,46%. Não fo- ROS, M.Z.; NAGÃO, E.O. Rendimento de alfa-
Segundo Rosolem et al. (2003) as ram observadas diferenças significati- ce em função da cobertura do solo e freqüência de
espécies que acumularam K foram as vas entre cultivares para os demais ti- irrigação. Horticultura Brasileira, Brasília, v.21,
que liberaram este elemento em maior n.2, Julho, 2003. Suplemento 2, CD-ROM. Tra-
pos de cobertura de canteiro. balho apresentado no 43o Congresso Brasileiro de
quantidade. Sendo a casca de café rica A diferença significativa do fator Olericultura, 2003.
em K pode-se afirmar que a superiori- cultivar é esperada, pois a produção de FERREIRA, D.F. Sisvar - Sistema de análise de

902 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Emprego de tipos de cobertura de canteiro no cultivo da alface

variância para dados balanceados. Versão 4.0 ZERRA NETO, F.; MOURA, A.R.B.; PEDROSA, GOTO, R. Production of iceberg lettuce mulches.
(Build 34). Lavras: DEX/UFLA, 1999. (Software J.F. Utilização de diferentes materiais como co- Scientia Agrícola, v.58, n.4, p.737-740, 2001.
Estatístico). bertura morta do solo no cultivo de pimentão. ZIZAS, G.B.; SENO, S.; FARIA JÚNIOR, M.J.A.;
GOTO, R. A cultura da alface. In: GOTO, R.; Horticultura Brasileira, Brasília, v.20, n.3, p.416- SELEGUINI, A. Efeito da cobertura do solo so-
TIVELLI, W.S. Produção de hortaliças em am- 418, 2002. bre a produtividade e qualidade de 6 cultivares de
biente protegido: condições subtropicais. São Pau- REGHIN, M.Y.; PURISSIMO, C.; DALLA PRIA, alface e das interações solo/cultivar, no período
lo: Fundação Editora da UNESP, 1998. p.137-159. M.; FELTRIM, A.L.; FOLTRAN, M.A. Técnicas de maio a junho de 2001. Horticultura Brasilei-
GUIMARÃES, P.T.G.; NOGUEIRA, F.D.; LIMA, de cobertura do solo e de proteção de plantas no ra, Brasília, v.20, n.2, Julho, 2002. Suplemento 2.
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Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 903


FONSECA, L.N.; INOUE-NAGATA, A.K.; NAGATA, T.; SINGH, R.P.; ÁVILA, A.C. Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCR.
Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.904-910, out-dez 2005.

Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCR


Leonardo N. Fonseca1; Alice K. Inoue-Nagata2; Tatsuya Nagata3; Rudra P. Singh4; Antonio Carlos de Ávila2
1
Universidade Vale do Rio Doce, Av. Israel Pinheiro 2000, 35100-000 Governador Valadares-MG; 2Embrapa Hortaliças, C. Postal 218,
70359-970 Brasília-DF ; 3Universidade Católica de Brasília, 70790-160 Brasília-DF; 4Potato Research Centre, Agriculture and Agri-Food
Canada, P.O. Box 20280, Fredericton, NB, Canada E3B 4Z7

RESUMO ABSTRACT
O Potato virus Y (PVY) tornou-se o maior problema nas áreas RT-PCR For differentiation of Potato virus Y strains in potato
de produção de batata semente do Brasil. Somente as estirpes co- The Potato virus Y (PVY) has become the major virus problem
mum (PVYO) e necrótica (PVYN) eram detectadas infectando batata in seed potato growing areas of Brazil. Only necrotic and ordinary
no Brasil. Esta situação mudou drasticamente a partir de 1997 quan- PVY strains were found infecting potatoes in Brazil. This situation
do um surto epidêmico de uma variante da estirpe necrótica de PVY drastically changed around 1997 when an epidemic of a PVY necrotic
causando arcos e anéis necróticos na superfície do tubérculo variant causing necrotic rings on the potato tuber surface was
(PVYNTN) foi observado no país. Este estudo visou avaliar e validar observed in the country. This study aimed to test the tuber necrotic
uma metodologia de diferenciação de estirpes que causam necrose strain differentiation method proposed by Weilguny & Singh (1998).
em tubérculos, proposta por Weilguny e Singh (1998). Vinte e oito Twenty eight PVY isolates originated from infected tubers and leaves
isolados de PVY originários de tubérculos infectados de batata, pro- from four Brazilian States were analyzed by host reaction after
venientes de quatro estados brasileiros, foram analisados em sua inoculation in tobacco, by ELISA using polyclonal antiserum and
reação em plantas de fumo, por Elisa, utilizando anti-soro policlonal by the 3-primer RT-PCR method. The ordinary strain type isolates
e pelo método 3-primer RT-PCR. Quatro isolados induziram induced vein clearing and chlorotic pearl spots on Nicotiana tabacum
clareamento de nervuras e manchas peroladas em folhas de Nicotiana leaves. All 24 remaining isolates inducing vein necrosis in leaves
tabacum conforme esperado para a estirpe comum. Os 24 isolados were classified as necrotic strains. All 28 PVY isolates positively
restantes induziram necrose de nervuras neste hospedeiro portanto, reacted to PVY polyclonal antiserum by Elisa. Three RNA extraction
classificados como da estirpe necrótica. Todos os 28 isolados de methods were compared and the guanidine hydrochloride method
PVY reagiram positivamente contra o anti-soro policlonal de PVY was the most efficient and of the lowest cost. One isolate from Santa
por Elisa. Três métodos de extração de RNA foram testados, sendo Catarina State and three from Rio Grande do Sul out of 28 PVY
que o método de hidrocloreto de guanidina mostrou-se o mais efi- isolates submitted to RT-PCR method were differentiated as PVYO,
ciente e de menor custo. Dos 28 isolados submetidos ao RT-PCR, confirming the biological test. One isolate of PVYN was detected
um isolado de Santa Catarina e três do Rio Grande do Sul foram from Santa Catarina and four from Rio Grande do Sul State. The
diferenciados como PVYO, confirmando os resultados do teste bio- PVYNTN was detected in Minas Gerais (six isolates), Santa Catarina
lógico. Um isolado de PVYN foi detectado no Estado de Santa (three isolates) and São Paulo (ten isolates). These results confirmed
Catarina e quatro no Rio Grande do Sul. O PVYNTN foi detectado em the presence of this new variant, PVYNTN in the main potato growing
Minas Gerais (seis isolados), Santa Catarina (três isolados) e São areas of Brazil.
Paulo (dez isolados). Estes resultados confirmam a presença dessa
variante necrótica, PVYNTN, nas principais regiões produtoras de
batata do Brasil.

Palavras-chave: Solanum tuberosum, vírus Y da batata, reação em Keywords: Solanum tuberosum, Potato virus Y, virus, polymerase
cadeia da polimerase, potyvírus. chain reaction, potyvirus.

(Recebido para publicação em 30 de agosto de 2004 e aceito em 15 de agosto de 2005)

A batata é uma das principais horta-


liças cultivadas no Brasil. Em 2003
a produção brasileira foi de aproxima-
planta infectada, bem como das condi-
ções ambientais (SOUZA-DIAS, 2001).
Três estirpes de PVY são conheci-
et al. (1984) e no Brasil foi notificada
oficialmente ao Ministério da Agricul-
tura em novembro de 1997 pelo Institu-
damente três milhões de toneladas em das: PVYC, PVYO e PVYN (DE BOKX; to Agronômico de Campinas (IAC). As
uma área de 149.000 ha (FAO, 2004). HUTTINGA, 1981) entretanto, mais estirpes de PVYO e PVYN foram relata-
Dentre os problemas fitossanitários da recentemente surtos epidêmicos de uma das no Brasil por volta de 1939 por
cultura ressaltam-se as viroses, nova variante necrótica, o PVYNTN, vêm Silberschmidt et al. (1941).
notadamente aquelas causadas pelo sendo relatados em vários países como Tradicionalmente, a diagnose de PVY
Potato virus Y (PVY), da família Alemanha, Hungria, Tchecoslovaquia, em nível de espécie é feita utilizando testes
Potyviridae (VAN REGENMORTEL et Áustria, Iugoslávia, França, Bélgica, sorológicos como Elisa (Enzyme linked
al., 2000). No Brasil, na última década, Estados Unidos e Brasil (BECZNER et immunosorbent assay) com anticorpos
o PVY vem acarretando infecções que al. 1984; WEILGUNY; SINGH, 1998; policlonais ou monoclonais (CLARK;
variam de 30 a 100% do campo, depen- SOUZA-DIAS et al. 2004). A nova va- ADAMS, 1977, SINGH et al. 1993).
dendo das estirpes presentes nas plan- riante necrótica, o PVYNTN, foi descrita Para diferenciação fenotípica de es-
tas, da cultivar envolvida, da idade da primeiramente na Hungria por Beczner tirpes de PVY, utiliza-se principalmen-

904 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCR

te a planta indicadora Nicotiana e PVYNTN que ocorrem no Brasil. Em- método proposto por Weilguny e Singh
tabacum que manifesta sintomas que bora a legislação de batata-semente no (1998) em que 100 mg de extrato foliar
vão desde mosaico e necrose até a mor- Brasil não diferencie as várias estirpes foi adicionado ao tampão Tris–HCl a
te foliar (WEIDEMANN, 1988; de PVY, torna-se necessário um 0,1M e Na2SO3 a 0,02M, pH 8,3, e o
SINGH, 1992). A estirpe PVYO causa monitoramento dessa estirpe necrótica RNA total foi extraído por tratamento
em plantas de N. tabacum clareamento devido à indução do sintoma de necrose com fenol/clorofórmio seguido de pre-
das nervuras e, posteriormente, manchas em tubérculo, o que inviabiliza a sua cipitação com etanol; 2) método Trizol
peroladas no limbo foliar. A estirpe comercialização. Este trabalho tem Reagent (Invitrogen), composto por um
PVYN e sua variante PVYNTN causam como objetivo avaliar e validar tampão de isotiocianato de guanidina e
necrose na mesma hospedeira. A varian- metodologia de 3-primer RT-PCR pro- fenol. A solução foi misturada a 100 mg
te PVYNTN pode também induzir em tu- posta por Weilguny e Singh (1998) com de extrato foliar e o RNA total foi pre-
bérculos de batata arcos e anéis os isolados coletados no Brasil. A esco- cipitado após a adição de clorofórmio
necróticos, sintomas esses ausentes em lha desse método baseou-se no fato de para a separação das fases. 3) método
tubérculos de plantas infectadas com a o mesmo já estar sendo utilizado em sis- de hidrocloreto de guanidina
estirpe PVYN (BECZNER et al., 1984; temas de produção de batata na Améri- (LOGEMANN et al., 1987) com a adi-
LE ROMANCER; NEDLLEC, 1997; ca do Norte e Peru. ção de quatro gotas de extrato de folha
SOUZA-DIAS, 2001). Em folhas de em 200 µl de tampão hidrocloreto de
batata, sintomas de infecção por PVY MATERIAL E MÉTODOS guanidina a 8,0 M. O RNA total foi ex-
variam de mosaico leve a severo, po- traído com fenol/clorofórmio, precipi-
dendo causar necrose nas hastes, limbo Manutenção e identificação tado com etanol, seguido de lavagens
ou nervuras das folhas. dos isolados de PVY com acetato de sódio a 3 M, pH 5,2, e
Com a finalidade de distinguir as etanol 70%. Após a secagem do preci-
Cada isolado de PVY foi identifica-
estirpes PVYN e PVYNTN, Weilguny e pitado nos três métodos, o RNA total foi
do e mantido na planta indicadora N.
Singh (1998) propuseram uma ressuspendido com 50 µl de água e
tabacum por meio de inoculação mecâ-
metodologia baseada no método de alíquotas de 10 µl foram armazenadas a
nica. Os isolados foram recebidos na
transcrição reversa (RT) e amplificação –20oC.
Embrapa Hortaliças de janeiro de 2001
por meio da reação em cadeia da a setembro de 2002. Foram seleciona- Síntese do cDNA e PCR
polimerase (PCR) do genoma viral, no dos 28 tubérculos de batata infectados Para a avaliação do método de ex-
qual utiliza-se uma combinação de três com e sem sintomas nos tubérculos das tração, o RNA total foi submetido à
oligonucleotídeos. Esta metodologia variedades Monalisa, Atlantic, Achat, transcrição reversa utilizando-se MMLV
denominada de 3-primerRT-PCR permi- Panda e Bintje, oriundas de Minas Ge- reverse transcriptase (Amersham
te diferenciar a estirpe necrótica (PVYN) rais, São Paulo, Santa Catarina, Rio Biosciences). As combinações de 3-
da sua variante (PVYNTN). Outros auto- Grande do Sul e dois isolados, PVYO e primer RT-PCR utilizados foram PVYO
res, como Nie e Singh (2002), propuse- PVYN, caracterizados por Inoue-Nagata anti-senso para transcrição reversa e os
ram um sistema uniplex e multiplex de et al. (2001), totalizando-se 30 isolados oligonucleotídeos PVYO anti-senso e
distinção de estirpes e variantes de PVY (Tabela 1). PVYO senso para PCR (Tabela 2) de
e Rosner e Maslenin (1999) propuseram acordo com Singh et al. (1996) gerando
Os isolados foram agrupados e no-
a diferenciação de variantes de PVY por um produto amplificado de 479 pb. Nes-
meados por sigla do estado de origem,
meio de RT-PCR. Um outro estudo fei- te experimento foram feitas doze repe-
número do isolado seguido do nome
to para distinção das estirpes PVYN e tições do método Weilguny e Singh
abreviado da cidade onde foi coletado o
PVYNTN foi proposto por Glais et al. (1998) de extração e cinco repetições de
tubérculo.
(1996) baseado em padrões de restrição. cada um dos outros dois métodos.
Teste biológico e sorológico
Atualmente encontra-se disponível Para o experimento de diferenciação
no mercado um sistema de detecção de Foi realizado com a inoculação de
das estirpes de PVY, foram utilizados
PVYNTN através de RT-PCR produzido extrato foliar em tampão fosfato a
os 28 isolados selecionados e controles
pela empresa Adgen. Este sistema é one- 0,01M, pH 7,0, em plantas de Nicotiana
de PVYO BR e PVYNBR (Tabela 1). Não
roso e ainda não foi suficientemente tabacum TNN e Samsun previamente
se utilizou um controle positivo de
validado para os isolados de PVY no polvilhadas com carborundum 600
PVYNTN devido à impossibilidade legal
Brasil. mesh.
de importação de um isolado de PVYNTN
Uma vez que os anti-soros As plantas inoculadas foram avalia- caracterizado no exterior. Para assegu-
policlonais contra PVY hoje amplamen- das por sorologia pelo método DAS- rar a confiabilidade do teste, todas as
te utilizados nos sistemas de certificação Elisa (CLARK; ADAMS, 1977) utili- reações foram realizadas com o mesmo
de batata no Brasil não permitem dis- zando anti-soro policlonal contra PVY lote de primers que foram utilizados do
tinguir as estirpes, há uma demanda ur- produzido na Embrapa Hortaliças. laboratório do Dr. Rudra P. Singh
gente em disponibilizar uma Extração de RNA total (Potato Research Centre, Agriculture
metodologia confiável e de baixo custo Foram avaliados três métodos a par- and Agri-Food, Canada). Três combina-
para identificar as estirpes PVYO, PVYN tir de plantas de fumo infectadas: 1) ções de primers foram utilizadas nos

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 905


L. N. Fonseca et al.

Tabela 1. Diferenciação de isolados de PVY em de quatro estados brasileiros. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.
RT-PCR4* PY2/
Sintomas de Sintomas em
RT-PCR²* 1A/ 2A, RT-PCR³* 2A/ 2A, PY1, PY2 Estirpe de PVY
Isolado/local¹ anéis necróticos Nicotiana
2S PVYNTN 2S PVYN/ PVYNTN PVYO/PVYN/ detectada5
em tubérculos tabacum6
PVYNTN
SC-01(Ca) - NN6 - + + PVYN
RS-03(Pe) - NN - + + PVYN
RS-06(Pe) - NN - + + PVYN
RS-07(Pe) - NN - + + PVYN
RS-08(Pe) - NN - + + PVYN
RS-09(Pe) - MP - - + PVYO
RS-09A(Pe) - MP - - + PVYO
SC-01A(Ca) - MP - - + PVYO
RS-05(Pe) - MP - - + PVYO
SC-02(Ca) + NN + + + PVYNTN
SC-02A(Ca) + NN + + + PVYNTN
SC-14(Ca) + NN + + + PVYNTN
SP-06(Vg) + NN + + + PVYNTN
SP-07(Vg) + NN + + + PVYNTN
SP-08(Vg) + NN + + + PVYNTN
SP-11(Vg) + NN + + + PVYNTN
SP-12(Vg) + NN + + + PVYNTN
SP-13(Vg) + NN + + + PVYNTN
SP-15(Vg) + NN + + + PVYNTN
SP-16(Vg) + NN + + + PVYNTN
SP-01(Cp) + NN + + + PVYNTN
SP-02(Cp) + NN + + + PVYNTN
MG-01(Ib) + NN + + + PVYNTN
MG-01(PA) + NN + + + PVYNTN
MG-02(PA) + NN + + + PVYNTN
MG-03(PA) + NN + + + PVYNTN
MG-04(PA) + NN + + + PVYNTN
MG-05(PA) + NN + + + PVYNTN
PVYOBR - MP - - + PVYO
PVYNBR - NN - + + PVYN
Planta sadia - SS - - - -
1
Estado, número do isolado e cidade brasileira de origem (Cidades de origem: Pe=Pelotas, Ca=Canoinhas, Cp=Campinas, Vg=Vargem
Grande do Sul, Ib=Ibiá, Pa=Pouso Alegre); PVYOBR e PVYNBR são isolados utilizados como controles positivos para as estirpes PVYO e
PVYN respectivamente. Em algumas localidades, foram colhidos dois tubérculos de uma mesma planta, de modo que para distinguir um
isolado do outro adicionou-se uma letra ao lado; 2Oligonucleotídeos utilizados para a transcrição reversa e amplificação (RT/ PCR), seguido
da representação da estirpe amplificada (PVYNTN); 3Oligonucleotídeos utilizados para a transcrição reversa e amplificação (RT/PCR), segui-
do da representação da estirpe amplificada (PVYN e PVYNTN); 4Oligonucleotídeos utilizados para a transcrição reversa e amplificação (RT/
PCR), seguido da representação da estirpe a ser amplificada (PVY (PVYO, PVYN e PVYNTN); 5Resultado indicando a estirpe diagnosticada
(PVYO, PVYN e PVYNTN ); O sinal (+) representa presença de banda no gel de eletroforese para a combinação dos oligonucleotídeos nas
reações de RT, PCR e presença de necrose anelar nos tubérculos; O sinal (-) significa ausência de banda ou ausência de necrose anelar nos
tubérculos; 6Sintomas em Nicotiana tabacum mecância. NN : necrose de nervura ; MP : mancha perolada ; SS : sem sintomas.

testes (Tabela 2): para a detecção de to- 394 pb; para a detecção somente da va- tampão para transcrição reversa (5x
das as estirpes, a RT foi realizada com o riante PVY NTN foram usados os Amersham), 0,75 µl de PBS-tween 1X,
oligonucleotídeo PY2 e PY1/PY2 para oligonucleotídeos 1A para RT e 2A/2S 2 µl de dNTPs a 2,5 mM, 0,5 µl de
PCR amplificando um fragmento de para PCR (WEILGUNY; SINGH, 1998; primer antisenso (0,1 mg/µl), 0,125 µl
DNA de 1,3 Kb. Para a detecção da es- SINGH et al, 1998). O tamanho espera- de inibidor de RNase (20 unidades/µl -
tirpe necrótica PVYN e da sua variante do do fragmento foi também de 394 pb Amersham) e 0,5 µl (100 unidades) de
necrótica PVY NTN foram usados os (Tabela 2). Para cada reação de trans- Maloney murine leukemia virus reverse
oligonucleotídeos 2A para RT e 2A/2S crição reversa do RNA viral foi utiliza- transcriptase (USB) para um volume fi-
para PCR (WEILGUNY; SINGH, do 2 µl de RNA total na concentração nal de 10 µl. O RNA e o primer reverso
1998), resultando em um fragmento de de 10 mg/µl juntamente com 2 µl de foram previamente incubados a 65oC por

906 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCR

5 minutos e subseqüentemente adicio- Tabela 2. Seqüências dos primers utilizados e sua localização no genoma viral de PVY.
nados à mistura que foi incubada por 90 Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.
minutos a 37oC para a síntese do cDNA. Primers Localização¹ (nt) Proteína²
Após a obtenção da fita de cDNA, 1A- Antisenso 5'-GGTTGACATAATTTTGCTT - 3' 669-652 P1
2 µl da mesma foi adicionado a uma mis- 2A- Antisenso 5'- GCGTGCGATATGTTTTTGC - 3' 607-589 P1
tura contendo 2,5 µl de tampão com 2S- Senso 5'- CAGATTGGTTCCATTGAATGC - 3' 214-234 P1
Tris-HCl, pH 8,3 na concentração de 1,0 PY1- Senso 5'-CCCGGATCCGTCTCCTGATTGAAG - 3' 8362- 8377 NIb
mM, 5,32 mM de KCl e 1,6 mM de PY2- Antisenso 5'- GGGGGATCCAAATCAGGAGATTC -3' 9704 -9691 3' UTR
MgCl2. Adicionou-se 1 µl de dNTPs (2,5 PVYO Senso 5'-TGGTGTTCGTGATGTGACCT- 3' 8717- 8736 CP
mM) 0,5 µl de cada primer na concen- PVYO- Antisenso 5'-ACGTCCAAAATGAGAATGCC-3' 9196 -9177 CP
tração de 0,1 µg e 0,125 µl de Taq P1= proteína P1; NIb= Nuclear Inclusion body; 3’ UTR = região 3’ não traduzida; CP = capa
polimerase (1,7 unidades - Invitrogen) protéica;. 1Localização em relação ao genoma de PVY, acesso U09509; 2Região genômica
para um total de 25 µl de reação. A am- de anelamento do primer; Sítio de restrição BamHI encontra-se sublinhado.
plificação ocorreu nas seguintes condi-
ções: 95oC por 5 minutos, 30 ciclos com
desnaturação da fita dupla a 95 o C, inoculação. Estes sintomas são causa- método de Weilguny e Singh (1998)
anelamento do primer de 55oC (combi- dos por estirpes necróticas de PVYN ou apresentou em geral amplificações
nação PY1/PY2) ou 63oC (combinação PVYNTN. Plantas inoculadas apenas com erráticas e de baixa quantidade. Doze
2A/2S) e extensão a 72oC, todos os pas- tampão permaneceram sem sintomas. repetições foram realizadas e o resulta-
sos com duração de 1 minuto. O produ- O teste DAS-Elisa realizado nas do manteve-se invariável. A partir des-
to de amplificação por PCR foi aplica- plantas inoculadas mostrou que todas se ponto, o método com o hidrocloreto
do em gel de agarose e observado sob estavam infectadas com PVY (dados de guanidina foi considerado como pa-
luz ultra-violeta após tratamento com não mostrados). Além disso, procedeu- drão para os experimentos posteriores.
solução de 0,5 mg/ml de brometo de se à inoculação mecânica de cada isola- RT-PCR para diferenciação das
etídeo. do em Datura stramonium com a fina- estirpes de PVYO, PVYN e a variante
lidade de verificar possíveis infecções necrótica PVYNTN
RESULTADOS E DISCUSSÃO mistas com outros vírus. Para todos os A inoculação mecânica de plantas de
isolados avaliados, as plantas de D. fumo não é suficiente para permitir a
Sorologia e reação dos isolados de stramonium não mostraram sintomas. distinção entre PVYN e PVYNTN. Com o
PVY em plantas indicadoras de N. Escolha do método de extração de intuito de se determinar a presença do
tabacum RNA total PVYNTN no Brasil, avaliou-se o método
Vinte e oito isolados de PVY foram Com a finalidade de otimizar o sis- de 3-primer RT-PCR. O método foi
inoculados em N. tabacum para deter- tema de extração de RNA, três métodos adaptado para diferenciar as estirpes
minação da estirpe a que pertencem. Iso- foram avaliados: Trizol, hidrocloreto de PVYO, PVYN e a variante PVYNTN.
lados caracterizados de PVY (PVYOBR guanidina e o proposto por Weilguny e A detecção universal de PVY foi rea-
e PVYNBR) foram utilizados como con- Singh (1998). Seis isolados de PVY lizada com a combinação de
troles. (RS-05, SC-14, SP-11, MG-01(Ib), oligonucleotídeo PY2 para RT e PY1 e
Os isolados SC-1A(Ca), RS-05(Pe), PVYO e PVYN) foram selecionados para PY2 para PCR. Amplificação de todos
RS-08(Pe), RS-09(Pe), RS-09A(Pe) e esta avaliação. Os isolados foram mul- os isolados foi confirmada com a pre-
PVYOBR causaram em plantas de N. tiplicados em plantas de Nicotiana sença do fragmento de DNA de 1,3 kb
tabacum Samsun e TNN clareamento de tabacum Samsun para extração do RNA no gel de agarose (Tabela 1, Figura 2).
nervuras a partir de cinco dias pós total. Após a extração do RNA total, o Este resultado demonstrou que as plan-
inoculação, avançando para manchas RNA foi submetido à transcrição reversa tas estavam de fato infectadas com PVY.
peroladas até 12 dias pós inoculação com o primer PVYO anti-senso e subse- A utilização do oligonucleotídeo 2A
(Tabela 1). Estes sintomas são típicos qüentemente à PCR utilizando o con- para RT e 2A e 2S para PCR resultou na
da estirpe comum PVYO. junto de primers que amplifica a região amplificação do DNA (394 pb) de 25
Os isolados RS-03(Pe), RS-06(Pe), do genoma que codifica a capa protéica isolados (Tabela 1, Figura 2). Isso indi-
RS-07(Pe), RS-08(Pe) PVYNBR, SC- (PVYO anti-senso e PVYO senso) do ví- cou que os isolados SC-01(Ca), RS-
01(Ca), SC-02(Ca), SC-02A(Ca), SC- rus (Tabela 2). 03(Pe), RS-06(Pe), RS-07(Pe), RS-
14(Ca), SP-06(Vg), SP-07(Vg), SP- A comparação da eficiência do mé- 08(Pe), SC-02(Ca), SC-02A(Ca), SC-
08(Vg), SP-11(Vg), SP-12(Vg), SP- todo de extração foi feita individualmen- 14(Ca), SP-06(Vg), Sp-07(Vg), SP-
13(Vg), SP-15(Vg), SP-16(Vg), SP- te pela avaliação do produto de PCR em 08(Vg), SP-11(Vg), SP-12(Vg), SP-
02(Cp), SP-01(Cp), MG-01(Ib), MG- gel de agarose (Figura 1). Em todas as 13(Vg), SP-15(Vg), SP-16(Vg), SP-
01(PA), MG-02(PA), MG-03(PA), MG- cinco repetições realizadas, o método de 01(Cp), SP-02(Cp), MG-01(Ib), MG-
04(PA) e MG-05(PA) causaram necrose hidrocloreto de guanidina e o Trizol 01(PA), MG-02(PA), MG-03(PA), MG-
de nervuras até 12 dias pós inoculação apresentaram amplificações efetivas e 04(PA), MG-05(PA) e PVYNBR, perten-
ocorrendo perda foliar até 20 dias após consistentes (Figura 1). Entretanto, o cem às estirpes PVYN ou PVYNTN.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 907


L. N. Fonseca et al.

Para exemplificar a ameaça desta nova


variante necrótica, em 1998, na
Eslovênia, um surto epidêmico de
PVYNTN infectou a quase totalidade das
batatas da cultivar Igor (WEILGUNY;
SINGH, 1998).
O sistema de diferenciação de estir-
pes de PVY pelo método 3-primer RT-
PCR (WEILGUNY; SINGH, 1998)
explora a característica de alta variabi-
lidade da proteína P1. Este estudo com-
parou isolados eslovênios de PVYNTN e
norte americanos de PVYN e PVYC. Tes-
tes biológicos e sorológicos utilizando
anticorpos policlonais e monoclonais
não permitiram a diferenciação das es-
tirpes/variantes necróticas. Contudo,
utilizando o sistema 3-primer RT-PCR
foi possível diferenciar o PVYNTN de
nove isolados de PVYN, 13 isolados de
PVYO, um isolado de PVYC além de seis
vírus e um viróide que comumente ocor-
rem na batata. Em condições brasilei-
ras, resultados similares foram obtidos
Figura 1. Teste do método de extração de RNA total. Nas colunas 1 a 8 (A) foi utilizado o através da combinação do 3-primer RT-
método de extração de RNA total proposto por Weilguny & Singh (1998). Nas colunas 9 a PCR com DAS-Elisa e/ou PCR univer-
16 (B) foi utilizado o método Trizol e nas colunas 1 a 12 (C), foi utilizado o método do
sal. O sistema mostrou-se efetivo para
hidrocloreto de guanidina. Foram utilizadas as mesmas amostras para os três métodos. Nas
colunas 1A, 2A, 9B, 10 B, 1C e 2C, foram utilizadas plantas sadias; colunas 3A, 11B e 3C:
diferenciar as duas estirpes PVYO e
amostra RS-05 (Pe);colunas 4A, 12B e 4C: isolado SC-14 (Pe); colunas 5A, 13B e 5C: SP- PVYN e a variante necrótica PVYNTN em
11 (Vg); colunas 6A, 14B e 6C: isolado MG-01 (Ib); colunas 7A, 15B, e 7C: isolado PVYNBR; 28 isolados de PVY originários de dis-
e colunas 8A, 16B, e 8C: isolado PVYOBR. A combinação de primers utilizada foi PVYO tintos estados produtores de batata do
antisenso/ PVYO senso e antisenso para RT-PCR, respectivamente. A coluna 9C refere-se ao Brasil (Tabela 1). Entretanto, a substi-
branco da RT e a 10C refere-se ao controle positivo da RT (isolado SP-16(Vg)), colunas 11C tuição do método de extração de RNA
e 12C são os controles negativo e positivo (isolado SP-16(Vg) da PCR. O tamanho da banda total como proposto por Weilguny e
esperada foi de 479pb (indicado pelas setas). Foi utilizado como marcador de peso molecular, Singh (1998) pelo método de
o 1Kb Ladder (Invitrogen) (M). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004. hidrocloreto de guanidina
(LOGEMANN et al. 1987) foi essen-
cial para a reprodutibilidade e
O grupo dos isolados necróticos pos- 05(PA). Estas 19 amostras foram isola- confiabilidade dos resultados.
sivelmente continham isolados de das de tubérculos de batata exibindo sin- Vale ressaltar que o sistema foi tes-
PVYNTN devido à observação de sinto- tomas de anéis e arcos necróticos na sua tado com folhas infectadas de fumo e
mas no tubérculo original (Tabela 1). superfície. Não houve amplificação de não foram feitos ensaios com folhas e
Para a detecção do PVYNTN combinou- DNA dos demais isolados necróticos e tubérculos de batata. A presença de ar-
se o oligonucleotídeo 1A para RT e 2A comuns (Tabela 1). cos ou anéis superficiais nos tubérculos
e 2S para PCR conforme descrito por Até a década de 80, o vírus de bata- é indicativo da presença da variante
Weilguny e Singh (1998). A reação é ta considerado mais importante no Bra- necrótica PVYNTN, porém o vírus pode
realizada a alta temperatura de sil era o Potato leafroll virus (PLRV). estar presente em tubérculos
anelamento (630C), que é necessária Este quadro modificou-se no final da assintomáticos. Sob condições de casa-
para uma correta diferenciação década de 90 com o surgimento de uma de-vegetação, progênie de tubérculos
(WEILGUNY; SINGH, 1998). De um nova variante necrótica de PVY, o obtidos a partir de tubérculos-mãe com
total de 25 isolados necróticos, 19 exi- PVY NTN (FIGUEIRA; PINTO, 1995; sintomas de anéis quase sempre são
biram amplificação específica de DNA: SOUZA-DIAS, 2001; SOUZA-DIAS, assintomáticos (dados não mostrados).
SC-02(Ca), SC-02A(Ca), SC-14(Ca), 2004). Segundo Le Romancer e Bedekkec
SP-06(Vg), Sp-07(Vg), SP-08(Vg), SP- A primeira notificação oficial da (1997), a presença de anéis nos tubér-
11(Vg), SP-12(Vg), SP-13(Vg), SP- possível ocorrência da variante PVYNTN culos está em função do genótipo de
15(Vg), SP-16(Vg), SP-01(Cp), SP- no Brasil foi feita em 1997 pelo Dr. José batata, virulência do isolado e condições
02(Cp), MG-01(Ib), MG-01(PA), MG- A.C. de Souza Dias ao Ministério da ambientais e de armazenamento dos tu-
02(PA), MG-03(PA), MG-04(PA), MG- Agricultura Pecuária e Abastecimento. bérculos.

908 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCR

Outros sistemas também têm sido


testados para diferenciação de espécies
virais e estirpes ou variantes de PVY
como métodos de análise de restrição
(GLAIS et al., 1996, ROSNER;
MASLENIN, 1999) e o sistema de RT-
PCR multiplex (KLERKS et al., 2001,
NIE; SINGH, 2002). Todavia esses sis-
temas precisam ser avaliados em con-
dições brasileiras.
Um outro fator peculiar ao sistema
3-primer RT-PCR é que, diferentemen-
te do sistema taxonômico de diferencia-
ção de espécies virais proposto por
Shukla et al. (1994), que preconiza o uso
da similaridade da seqüência de
aminoácidos da capa protéica para dis-
tinção das espécies virais, o sistema 3-
primer RT-PCR utiliza a proteína P1
para a distinção de estirpes ou variantes
dentro da espécie PVY (WEILGUNY;
SINGH 1998).
Foi possível verificar a detecção da
variante necrótica de PVYN e PVYNTN
em três dos quatro estados brasileiros
pesquisados (MG, SP e SC) porém, isso
não significa que o mesmo não esteja
presente em outros estados produtores
no Brasil. O trabalho de Souza-Dias et.
al. (2004) confirma a presença da va-
riante PVYNTN nos estados de MG, SP e Figura 2. Gel demonstrativo do teste de diferenciação de estirpes em agarose 2%. A combina-
acrescenta outros estados como GO e ção de primer utilizada para A, foi PY2/ PY1, PY2 (RT/ PCR). A combinação dos primers em
B, foi 2A/ 2A, 2S (RT-PCR). A combinação dos primers em C foi 1A/ 2A, 2S (RT/ PCR).
BA. As estirpes PVYO e PVYN têm sido
Colunas 1A, 1B e 1C, representam as amostras sadias (controles negativos). Colunas 2, 3, e 4
rotineiramente detectadas em todos os (A, B, C) são isolados de PVYO: PVYOBR, SC-01 (Ca) e RS-05 (Pe) respectivamente.
estados brasileiros (FIGUEIRA et Colunas 5 e 6 (A, B e C) são estirpes de PVYN, dos isolados: RS-03 (Pe) e PVYNBR. Colunas
al.,1996). Um estudo realizado por 7, 8 e 9 são estirpes de PVYNTN dos isolados SC-14 (Ca), MG-01 (Ib) e SP-11 (Vg). Colunas
Moraes (1997) relatou uma maior inci- 11A, 10B e 10C representam os brancos da RT. As colunas 10A, 11B e 11C representam os
dência da estirpe necrótica PVYN (83%) controles positivos da RT [isolado SP-16(Vg)]. Colunas 13A, 12B e 12C representam os bran-
em relação à estirpe comum PVY O cos da PCR. Coluna 12A, 13B e 13C representam os controles positivos da PCR [isolado SP-
16(Vg)]. A seta em A indica fragmento amplificado de 1,3 Kbp e em B e C, de 394 pb. Todas
(16,4%) nos estados de MG, SP e SC. O as amostras testadas estão representadas na tabela 2. Foi utilizado como marcador de peso
sistema 3-primer RT-PCR com as mo- molecular, o 1Kb plus (Invitrogen) (M). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.
dificações propostas, demonstrou boa
capacidade de distinção das estirpes ou
variantes de PVY no Brasil. O mesmo CLARK, M.F.; ADAMS, A.N. Characteristics of FNP CONSULTORIA E COMÉRCIO. Batata:
possui vantagens como, menos oneroso the microplate method of enzyme linked melhora a distribuição da oferta ao longo do ano.
immunosorbent assay for the detection of plant Agrianual: Anuário da Agricultura Brasileira, São
e razoável rapidez na execução. Esta Paulo, 2003. p.235-243.
metodologia possui um excelente poten- viruses. Journal of General Virology, v.34, p.475-
GLAIS, L.; KERLAN, C.; TRIBODET, M.;
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em nível principalmente de detecção de FIGUEIRA, A.R.; PINTO, A.C.S. Estirpe INOUE-NAGATA, A.K.; FONSECA, E.N.;
estirpes de PVY a partir de folhas e tu- LOBO, T.O.T.A.; ÁVILA; A.C.; MONTE, D.C.
necrótica do vírus Y da batata em sementes im-
Analysis of the nucleotide sequence of the coat
bérculos de batata. portadas está causando problemas ao bataticultor protein and 3’-untranslated region of two Brazilian
mineiro. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.20, Potato virus Y isolates. Fitopatologia Brasileira,
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batata-doce em Vitória da Conquista Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.911-914, out-dez 2005.

Avaliação de clones de batata-doce em Vitória da Conquista


Adriana D. Cardoso1; Anselmo Eloy S. Viana1; Paula Acácia S. Ramos2; Sylvana N. Matsumoto1; Cláudio
Lúcio F. Amaral1; Tocio Sediyama3; Otoniel M. Morais1
1
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Depto. Fitotecnia e Zootecnia, C. Postal 95, 45083-900 Vitória da Conquista–BA;
3
Universidade Federal de Viçosa, 36570-000 Viçosa-MG; 2Bolsista PIBIC/CNPq; E-mail: adriadk@bol.com.br; aviana@uesb.br;
acaciaramos@bol.com.br; snaomi@uesb.br; geticamaralclfuesb@bol.com.br; tcyama@ufv.br; otoniel@uesb.br

RESUMO ABSTRACT
Clones de batata-doce foram avaliados em Vitória da Conquis- Evaluation of sweet potato clones in Vitória da Conquista
ta, em experimento, composto por 16 clones oriundos de Janaúba Sweet potato clones were evaluated in Vitória da Conquista,
(MG), de Viçosa (MG), Bom Jardim de Minas (MG), Gurupi (TO), Bahia State, Brazil. Sixteen clones (1; 2; 7; 9; 14; 15; 17; 19; 23; 25;
Santo Antônio da Platina (PR), Holambra II (SP), Vitória da Con- 29; 30; 36; 38; 44 and 100), originating from Janaúba, Viçosa, Bom
quista (BA) e Condeúba (BA). Os clones avaliados foram: 1; 2; 7; 9; Jardim de Minas, Gurupi, Santo Antônio da Platina, Holambra II,
14; 15; 17; 19; 23; 25; 29; 30; 36; 38; 44 e 100. Utilizou-se o deli- Vitória da Conquista and Condeúba were analyzed. Random plots
neamento em blocos casualizados, com 16 tratamentos e 3 repeti- were utilized with 16 treatments and three repetitions. The following
ções. Foram avaliadas as características das raízes tuberosas: produ- characteristics were evaluated: total root yield, average root weight;
tividade total, peso médio total, produtividade comercial, peso mé- commercial root yield; average commercial root weight; length,
dio comercial, comprimento, diâmetro e formato. Ainda avaliou-se: diameter and form of the roots; resistance to soil insects and branch
resistência a insetos de solo e peso de ramas. Os dados foram sub- weight. The data were submitted to variance analysis and Scott–
metidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Knott test with 5% probability. Clones 1; 7; 25; 29 and 38 stood out
Scott–Knott a 5% de probabilidade. Os clones 1; 7; 25; 29 e 38 in root yield and the clones 1; 2; 7; 9; 17; 25; 29 and 36 stood out in
destacaram-se em produtividade de raízes tuberosas e os clones 1; branch weight. Clones 1; 25 and 36 presented the best results
2; 7; 9; 17; 25; 29 e 36 em peso de ramas. Os clones 1; 25 e 36 concerning the length of roots.
apresentaram melhor comportamento para o comprimento de raízes
tuberosas.

Palavras-chave: Ipomoea batatas, produtividade, formato de raiz, Keywords: Ipomoea batatas, yield, root shape, soil insects.
insetos de solo.

(Recebido para publicação em 27 de outubro de 2004 e aceito em 9 de maio de 2005)

A batata-doce (Ipomoea batatas (L.)


Lam.) é a única espécie da família
Concolvulaceae cultivada para fins ali-
por unidade de área e tempo (Kcal/ha/
dia). As ramas e raízes tuberosas são
largamente utilizadas na alimentação
seguida da região Nordeste, com pro-
dução média de 158.474 t/ano. O Esta-
do da Bahia produz 19.072 t/ano, sendo
mentícios. Outras espécies da mesma humana, animal e como matéria-prima que apenas 108 t são produzidas no
família, no entanto, são cultivadas para nas indústrias de alimento, tecido, pa- município de Vitória da Conquista
fins ornamentais na Ásia, África e Aus- pel, cosmético, preparação de adesivos (IBGE, 2002).
trália (HALL; PHATAK, 1993). e álcool carburante. Seu consumo per Segundo Murilo (1990), a batata-
No Brasil, a batata-doce é uma cul- capita é bastante variado, desde 2 kg/ doce é a quarta hortaliça mais
tura antiga, bastante disseminada e de hab/ano, nos Estados Unidos a 114 kg/ consumida pela população brasileira,
forma geral, cultivada, principalmente, hab/ano no Burundi (CIP, 2001). com média de 3,6 kg/hab/ano, superada
por pequenos produtores rurais, em sis- O Brasil ocupa o décimo lugar na apenas pela batata, tomate e abóbora.
temas agrícolas com reduzida entrada de produção de batata-doce, produzindo em Conforme Miranda et al. (1989), nas
insumos (SOUZA, 2000). torno de 498.046 t/ano, com área plan- regiões Sul e Nordeste, o consumo mé-
Segundo Figueiredo (1995), em vir- tada de 43.959 ha e produtividade mé- dio é estimado em cerca de 5,6 e 6,8 kg,
tude dessa hortaliça apresentar elevada dia de 11,5 t/ha (IBGE, 2002). Dentre respectivamente.
rusticidade e amplo espectro de os motivos para essa baixa produtivida- A batata-doce é excelente fonte de
potencialidade de uso, a batata-doce de destacam-se o uso de variedades pou- nutrientes e de energia devido aos teo-
apresenta-se como espécie de interesse co produtivas e o baixo nível res de carboidratos, açúcares, sais mi-
econômico, principalmente, para países tecnológico empregado (CNPH, 2001). nerais, vitaminas A, C e complexo B.
em desenvolvimento e com escassez de O cultivo relativamente simples e pou- Além disso, contém também grande
alimentos para a população. co dispendioso, torna-a uma hortaliça quantidade de metionina, que é um dos
O potencial de produção da batata- muito popular e bastante consumida. aminoácidos essenciais para o bem es-
doce é alto, por ser uma das plantas com A região Sul é a maior produtora de tar dos seres humanos (MIRANDA et
maior capacidade de produzir energia batata-doce, com cerca de 251.219 t/ano, al., 1989).

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 911


A. D. Cardoso et al.

A batata-doce apresenta grande diver- ria da Conquista (BA), a 14º53’51" lati- das raízes comerciáveis obtido pela di-
sidade fenotípica e genotípica. A maio- tude sul e 40º48’23" longitude oeste, à visão da produção comercial pelo nú-
ria dos produtores utiliza variedades re- altitude média de 900m. A precipitação mero total de raízes comerciáveis da
gionais, sendo que grande parte delas é média anual está em torno de 700 a 1200 parcela; e) Peso de ramas frescas obti-
pouco produtiva e suscetível a pragas e mm/ano. O solo da área experimental do pela pesagem de toda parte aérea da
doenças (MIRANDA et al., 1984). foi classificado como Cambissolo parcela; f) Comprimento de raízes
A base do melhoramento de uma Háplico Tb, Distrófico, com textura tuberosas medindo-se individualmente
cultura está em sua variabilidade gené- média, topografia suavemente ondula- o seu comprimento com o auxílio de
tica, ou seja, na diversidade de resposta da e plana e boa drenagem. uma régua; g) Diâmetro de raízes
às melhores práticas agronômicas, re- Foram utilizados clones de batata- tuberosas determinado na porção cen-
sistência a pragas e doenças, tolerância doce, provenientes do Banco de tral da raiz com auxílio de um
à seca e muitas outras características. A Germoplasma da EPAMIG e da UFV e paquímetro; h) Formato de raízes
utilização eficiente dessa variabilidade coletados junto a agricultores da região. tuberosas determinado por meio de uma
depende, em primeiro lugar, de uma Os clones são citados e classificados escala de notas estabelecida por França
coleção bem mantida e significativa das pelo local de origem, segundo Oliveira et al. (1983), citados por Azevedo et al.
variações intra e interespecífica dispo- (2002): Clones 1; 2; 7; 9; 14; 15 e 17 de (2000), sendo a nota 1 atribuída para
níveis; em segundo lugar, de uma com- Janaúba (MG); Clone 19 de Viçosa raízes com formato fusiforme, regular,
pleta avaliação dos caracteres de cada (MG); Clones 23 e 25 de Bom Jardim sem veias ou qualquer rachaduras; nota
acesso; em terceiro lugar, de um pro- de Minas (MG); Clones 29 e 30 de 2 para raízes com formato considerado
grama de ensaios avançados avaliando Gurupi (TO); Clone 36 de Santo Antô- bom, próximo de fusiforme, com algu-
os melhores materiais sob condições nio da Platina do (PR); Clone 38 de mas veias; nota 3 para raízes com for-
representativas e de um programa de Holambra II (SP); Clone 44 de Vitória mato desuniforme, com veias e bastante
hibridação para combinar as caracterís- da Conquista (BA) e Clone 100 de irregular; nota 4 para raízes muito gran-
ticas de genótipos distintos (HERSEY; Condeúba BA). des, com veias e rachaduras (indesejável
AMAYA, 1982). O preparo do solo foi feito como re- comercialmente) e nota 5 para raízes to-
Apesar da importância da batata- comendado para a cultura da batata- talmente fora dos padrões comerciais,
doce no Brasil, são poucos os trabalhos doce. O solo foi arado, gradeado e, em muito irregulares e deformadas, com
de pesquisa visando selecionar e indi- seguida, enleirado. Não foram feitas muitas veias e rachaduras. A atribuição
car cultivares para as diferentes regiões calagem e adubação, objetivando simu- das notas foi feita em raízes comerciáveis,
do país, sendo este um dos principais lar ambiente que prevalece nas áreas de tomadas ao acaso em cada parcela; i)
problemas enfrentados pelos produtores cultivo dessa cultura nas pequenas e Danos causados por insetos de solo utili-
(CNPH, 1995). Existe no Brasil um nú- médias propriedades agrícolas da região. zando-se escala de notas estabelecida por
mero elevado de cultivares, com enor- França et al. (1983) citados por Azevedo
As ramas foram selecionadas, padro-
me diversidade genética entre elas. et al. (2000), sendo a nota 1 atribuída para
nizadas e cortadas com 50 cm de com-
Como praticamente em todos os muni- raízes livres de danos, com aspecto co-
primento antes do plantio. Por ocasião
cípios brasileiros existem cultivares lo- mercial desejável; nota 2 para raízes com
do plantio (23/03/2003) utilizou-se
cais, é comum encontrar uma mesma poucos danos, perdendo um pouco com
leiras, com 30 cm de altura e
cultivar com nomes diferentes ou dife- relação ao aspecto comercial (presença
espaçamento de 1,5 m x 0,25 m. No
rentes cultivares com o mesmo nome. de algumas galerias e furos nas raízes);
decorrer do experimento, os tratos cul-
Segundo Silveira (1993) e Jones et nota 3 para raízes com danos verifica-
turais foram restritos às capinas e irri- dos sem muito esforço visual (presença
al. (1986), o Brasil possui um vasto gações, feitos sempre que necessário.
germoplasma de batata-doce, mantido de galerias e furos nas raízes em maior
O delineamento experimental utili- intensidade), com aspecto comercial
por pequenos agricultores, comunidades
zado foi em blocos casualizados, com prejudicado; nota 4 para raízes com
indígenas e, até mesmo, em hortas do-
16 tratamentos (clones) e três repetições, muitos danos, praticamente
mésticas que pode ser avaliado, selecio-
sendo a parcela experimental composta imprestáveis para comercialização (pre-
nando-se os mais adequados.
por 6 plantas úteis. sença de muitas galerias, furos e início
O presente trabalho teve como ob- de apodrecimento) e nota 5 para raízes
Após a colheita, feita em outubro de
jetivo avaliar características agronômi- totalmente imprestáveis para fins comer-
2003, foram avaliadas as características
cas de clones de batata-doce provenien- ciais (repletas de galerias, furos e apo-
a) Produtividade de raízes tuberosas,
tes de diferentes locais cultivados em obtida pela pesagem de todas as raízes drecimento mais avançado).
Vitória da Conquista. tuberosas da parcela; b) Peso médio das A análise estatística foi realizada uti-
raízes tuberosas obtido pela divisão da lizando-se o programa SAEG, versão
MATERIAL E MÉTODOS produção total de raiz tuberosa pelo nú- 8.0, procedendo-se à análise de variân-
mero total de raízes tuberosas da parce- cia e, posteriormente, as médias dos tra-
O experimento foi conduzido em la; c) Produtividade comercial selecio- tamentos foram agrupadas através do
área experimental da Universidade Es- nando-se todas as raízes tuberosas com teste de Scott-Knott (1974), a 5% de
tadual do Sudoeste da Bahia, em Vitó- peso >80 g da parcela; d) Peso médio probabilidade.

912 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Avaliação de clones de batata-doce em Vitória da Conquista

Tabela 1. Médias de produtividade de raízes tuberosas (PRT), peso de ramas (PR), produti-
RESULTADOS E DISCUSSÃO vidade comercial (PC) e comprimento das raízes tuberosas (CRT) em clones de batata-doce,
2004. Vitória da Conquista, UESB, 2004.

Para a produtividade de raízes Clone PRT (t ha-1) PR (t ha-1) PC (t ha-1) CRT (cm)
tuberosas, foi possível separar os clones 1 (Janaúba - MG) 28,5 a 14,1 a 21,3 a 20,69 a
avaliados em 2 grupos (Tabela 1). O 7 (Janaúba - MG) 23,9 a 8,6 a 11,0 a 17,03 a
primeiro composto pelos clones 1; 7; 25; 25 (Bom Jardim de Minas - MG) 27,7 a 10,5 a 17,1 a 18,85 a
29 e 38, apresentou a maior produtivi- 29 (Gurupi - TO) 23,2 a 9,9 a 12,3 a 15,00 b
dade que o segundo grupo composto 38 (Holambra II - SP) 20,2 a 3,4 b 11,5 a 15,05 b
pelos clones 2; 9; 14; 15; 17; 19; 23; 30; 2 (Janaúba - MG) 13,5 b 6,7 a 19,4 a 16,17 b
36; 44 e 100. Somente quatro clones (14; 9 (Janaúba - MG) 16,7 b 6,3 a 19,2 a 13,47 b
19; 30 e 44) apresentaram produtivida- 14 (Janaúba - MG) 4,1 b 2,1 b 11,6 a 15,43 b
de inferior à média nacional que é de 15 (Janaúba - MG) 12,2 b 4,1 b 13,5 a 13,56 b
8,7 t ha-1 (EMBRAPA, 2003). Azevedo 17 (Janaúba - MG) 15,4 b 7,5 a 2,9 b 14,72 b
et al. (2000) avaliando o desempenho 19 (Viçosa - MG) 7,5 b 2,8 b 6,0 b 15,19 b
de clones de batata-doce verificaram 23 (Bom Jardim de Minas - MG) 8,8 b 3,0 b 4,6 b 15,40 b
produção total máxima de 33,5 t ha-1 com 30 (Gurupi - TO) 7,8 b 2,6 b 5,9 b 12,31 b
o clone 92762 e mínima com 8,2 t ha-1com 36 (St. Antônio de Platina - PR) 15,7 b 11,5 a 5,5 b 15,22 b
o clone 92676. 44 (Vitória da Conquista - BA) 8,4 b 1,4 b 4,4 b 13,64 b
O valor obtido para peso médio das 100 (Condeúba - BA) 9,9 b 2,6 b 7,0 b 13,18 b
raízes tuberosas variou de 91 a 212,7 g C.V. (%) 46,64 52,72 59,02 13,92
sem diferença entre os clones. *Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade
Pode-se constatar que os clones 1; pelo teste de Scott-Knott.
2; 7; 9; 17; 25; 29 e 36 destacaram-se
apresentando maior peso de ramas, com
valor máximo de 14,1 t ha-1 (Tabela 1). obteve valores próximos nas cultivares 4,8 cm na cultivar Uberlândia, valores
Os clones 14; 15; 19; 23; 30; 38; 44 e Paulista e Uberlândia, com 21,5 cm e estes também próximos à média de diâ-
100 apresentaram os mais baixos valo- 18,0 cm, respectivamente. Os demais metro encontrado neste trabalho. Segun-
res de peso de ramas. clones analisados apresentaram compor- do Miranda et al. (1995), as raízes
Não houve diferença estatística en- tamento inferior em relação a esta ca- tuberosas de batata-doce de melhor clas-
tre os clones avaliados para peso médio racterística. sificação (extra A) devem apresentar
de raízes comerciáveis, sendo que os Não houve diferença significativa diâmetro entre 5 e 8 cm e comprimento
dados obtidos variaram de 102 a 286 g. para formato de raiz tuberosa entre os variando entre 12 e 16 cm.
Azevedo et al. (2000) avaliando clones clones avaliados. Todos os clones apre- Não houve diferença significativa
de batata-doce também não encontraram sentaram nota de formato de raiz infe- entre os clones em relação à resistência
diferença significativa entre clones para rior a 3,0, variando de 1,63 a 2,27. Se- aos insetos de solo. Os clones 25; 29; 36;
esta característica. gundo Azevedo et al. (2000), os clones 38; 44 e 100 apresentaram notas inferio-
Na Tabela 1, observou-se que os que mais se aproximaram do formato res a 2,0, com alta ou moderada resistên-
clones 1; 2; 7; 9; 17; 25; 29; 36 e 38 ideal fusiforme (menores notas) são os cia a insetos de solo. Os clones 1; 2; 7; 9;
apresentaram maior produtividade co- mais promissores, pois o formato é con- 14; 15; 17; 19; 23 e 30 alcançaram notas
mercial, com valor máximo de 21,3 t ha-1. siderado uma importante característica entre 2,0 e 2,6, sendo estes clones os mais
comercial da batata-doce. Peixoto et al. resistentes a danos causados pelos inse-
Peixoto et al. (1999) avaliando clones
(1999) encontraram formato de clones tos, em relação aos demais.
de batata-doce em Uberlândia, encon-
traram produtividade variando entre próximos ao ideal, mas também diver-
28,0 t ha-1 e 0,7 t ha-1. O clone 1, oriun- sos clones com nota superior a 3,0. As- AGRADECIMENTOS
do de Janaúba (MG), foi o que mais se sim, os clones analisados em Vitória da
aproximou do valor encontrado por es- Conquista apresentaram bom desempe- Os autores agradecem à Universida-
ses autores, com produtividade comer- nho em relação a essa característica, sen- de Estadual do Sudoeste da Bahia e à
cial de 21,2 t ha-1. do considerados bastante promissores. Coordenação de Aperfeiçoamento do
Não foi encontrada diferença signi- Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Houve diferença significativa entre
os clones para a característica compri- ficativa entre os clones avaliados para
mento de raízes tuberosas, sendo os diâmetro de raízes tuberosa, que variou LITERATURA CITADA
clones 1; 36 e 25 os que apresentaram de 2,98 a 5,63 cm. A média geral do
experimento foi de 4,36 cm. Figueiredo AZEVEDO, S.M.; FREITAS, J.A.; MALUF, W.R.;
maiores valores, com 20,69 cm, 18,85 SILVEIRA, M.A. Desempenho de clones e méto-
cm e 17,03 cm de comprimento, respec- (1993) encontrou valores médios de diâ- dos de plantio de batata-doce. Acta Scientiarum,
tivamente (Tabela 1). Figueiredo (1993) metro de 5,3 cm na cultivar Paulista e v.22, n.4, p.901-905, 2000.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 913


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914 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


VIEGAS, E.C.; SOARES, A.; CARMO, M.G.F.; ROSSETTO, C.A.V. Toxicidade de óleos essenciais de alho e casca de canela contra fungos do grupo
Aspergillus flavus. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.915-919, out-dez 2005.

Toxicidade de óleos essenciais de alho e casca de canela contra fungos do


grupo Aspergillus flavus1
Elson de C. Viegas; Andréa Soares; Margarida Gorete F. do Carmo; Claudia Antonia V. Rossetto
UFRRJ, Depto. Fitotecnia, C. Postal 74511, 23890-000 Seropédica-RJ; E-mail: cavrosse@ufrrj.br

RESUMO ABSTRACT
Diante da propriedade inibitória de óleos essenciais vegetais Evaluation of essential oils from Allium sativum and
sobre o desenvolvimento micelial de fungos e da importância das Cinnamomum zeilanicum and their toxicity against fungi of the
espécies do grupo Aspergillus flavus, que apresentam potencial para Aspergillus flavus group
síntese de aflatoxina, este trabalho teve como objetivo avaliar in Considering the inhibitory property of essential plant oils on the
vitro a toxicidade de óleos essenciais vegetais contra fungos do gru- mycelial development of fungi, and the importance of Aspergillus
po A. flavus, isolados a partir da cultura do amendoim. Inicialmente, flavus-like fungi which may produce aflatoxins, this research was
foi avaliada a toxicidade de oito óleos essenciais vegetais no desen- designed to evaluate the toxicity of essential oils against fungi
volvimento micelial de dois isolados do grupo A. flavus, em compa- belonging to the group A. flavus isolated from peanut crops. The
ração ao fungicida sintético benomyl. Em seguida, foi avaliada a toxicity of eight essential oils against two isolates of A. Flavus–like
toxicidade dos óleos de casca de canela (Cinnamomum zeilanicum fungi was evaluated in comparison to the synthetic fungicide
Breym.) e de bulbilho de alho (Allium sativum L.) contra 37 isola- benomyl. The toxicity of Cinnamomum zeilanicum Breym. and
dos do grupo A. flavus, durante 12 meses. A maior inibição do de- Allium sativum L. essential oils was also evaluated against 37 fungal
senvolvimento micelial de A. flavus foi obtida com o emprego dos isolates for a period of 12 months. The highest inhibition of the
óleos essenciais de casca de canela e de bulbilho de alho, e o efeito mycelial development of A. flavus was obtained with cinnamon and
inibitório variou com o isolado testado. garlic essential oils. The inhibitory effect on growth was variable
according to the fungal isolate.

Palavras-chave: Cinnamomum zeilanicum Breym., Allium sativum Keywords: Cinnamomum zeilanicum Breym., Allium sativum L.,
L., Arachis hypogaea L. Arachis hypogaea L.

(Recebido para publicação em 4 de outubro de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)

A lguns fungos dos gêneros


Aspergillus, Fusarium
Penicillium podem causar problemas no
e
do tipo de solo (ANGLE et al., 1982)
ou que interferem na biossíntese de
aflatoxina (REDING; HARRINSON,
meio Czapek-dox ágar (DUBE et al.,
1989), de sementes de cenoura (Daucus
carota L.) a 3000 ppm (DWIVEDI et
consumo de grãos de amendoim, tanto 1994), e com procedimentos para a re- al., 1991) e de rizomas de Nardostachys
in natura ou quando submetidos à ex- moção dos grãos contaminados com jatamansi DC a 1000 ppm em Czapek-
tração de óleos, diminuindo o valor base em cor e flutuação (DICKENS; dox agar, como eficientes no controle
nutricional e podendo produzir WHITAKER, 1975), ou ainda utilizan- de A.flavus. Além destes, Mahmoud
micotoxinas, dentre elas as aflatoxinas, do peróxido de hidrogênio (CLAVERO (1994) observou que citral, citronela e
sintetizadas principalmente por fungos et al., 1993). ulgenol impediram o crescimento de A.
do grupo Aspergillus flavus e que apre- O potencial para controle pós-co- flavus e a produção de aflatoxina até os
sentam potencial para causar doenças lheita de fungos do grupo Aspergillus oito dias de incubação. Entretanto, após
em animais e em seres humanos flavus tem sido demonstrado empregan- 15 dias, houve incremento da produção
(ANGLE et al., 1982; DHINGRA; do-se produtos com propriedades de toxinas.
COELHO NETO, 1998) . fungitóxicas, principalmente o benomyl Em relação a outros fungos, Mishra
Em amendoim, a prevenção da con- (MAEDA et al., 1995; VANZOLINI et e Dubey (1994) constataram atividade
taminação com aflatoxina tem sido ob- al., 2000). A literatura também relata a fungitóxica do óleo essencial de capim
tida com uso de cultivares resistentes ação de extratos de alho (Allium sativum limão a 1500 ppm em meio BDA sobre
(BASHRA et al., 1994), com a adoção L.) (BILGRAMI et al. 1992) e de óleos fungos dos gêneros Penicillium, Alter-
de algumas práticas que controlam a essenciais de capim limão naria, Fusarium e Botrytis. Mishra et
colonização de fungos com potencial (Cymbopogon citratus Stapf) a 3000 al. (1995) verificaram que Fusarium
aflatoxigênico, tais como calagem ppm em meio BDA (MISHRA; oxysporum apresentou inibição de seu
(ROSSETTO et al., 2003), secagem DUKEY, 1994), de manjericão crescimento micelial quando submeti-
(FERNANDEZ et al., 1997) e escolha (Ocimum basilicum L.) a 6,0 ml L-1 em do ao óleo essencial de rizomas de

1
Parte da Tese de Doutorado apresentada pelo primeiro autor ao Curso de Pós-graduação em Fitotecnia, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 915


E. C. Viegas et al.

Nardostachys jatamansi na concentra- BDA. Em seguida foram realizados três teiramente casualizado em esquema
ção de 1000 ppm em meio Czapek-dox orifícios de 7 mm com auxílio de cilin- fatorial 2x5 (dois óleos essenciais, de
ágar. dro de cobre. Nestes orifícios foram alho e de canela, e cinco isolados
O objetivo deste trabalho foi avaliar aplicados com auxílio de pipeta auto- fúngicos obtidos da cultura do amen-
in vitro a toxicidade de óleos essenciais mática o óleo essencial, o solvente ou o doim, no cultivo da seca de 2001), com
vegetais contra fungos do grupo A. fungicida sintético, conforme o trata- três repetições. Os demais procedimen-
flavus isolados a partir da cultura do mento. A incubação foi realizada a 20oC tos foram idênticos ao experimento an-
amendoim. e fotoperíodo de 12 horas por sete dias. terior. Da região central e periférica dos
Após este período a avaliação foi reali- halos de inibição foram retiradas, com
MATERIAL E MÉTODOS zada com a medição do diâmetro dos auxilio de estilete estéril, três amostras
halos de inibição. de meio de cultura, que foram repica-
Para confirmar os resultados foi re- dos para placas de Petri contendo meio
Os experimentos foram conduzidos
petido o experimento anterior, porém BDA. Após sete dias de incubação a
em laboratórios da UFRRJ em 2003,
apenas com o isolado T52. Adotou-se o 20oC e fotoperíodo de 12 horas foi rea-
empregando óleos essenciais de diver-
delineamento experimental inteiramente lizada a avaliação visual do crescimen-
sas plantas, solubilizados em dimetil
casualizado com três repetições, empre- to do fungo. O efeito do óleo essencial
sulfóxido (DMSO) e em metanol
gando-se seis tratamentos, sendo qua- foi considerado “fungistático” quando
(MeOH), que foram fornecidos pela
tro óleos essenciais na dosagem de 2,0 se observou crescimento do fungo após
EMBRAPA/CTAA, após extração pelo
mg ml-1 de solvente, e duas testemunhas, a repicagem, e “fungicida” quando não
método do arraste do vapor,
o solvente DMSO na dosagem de 1,0 houve qualquer crescimento.
(LANGANAU, 1979) e armazenados
em congelador, no período de 1986 a mg ml-1 de metanol e benomyl na dosa- Os dados foram submetidos aos tes-
2001. gem de 0,2 mg 20 ml-1 de água destila- tes de normalidade (Lilliefors) e de
da. A ação dos tratamentos sobre o iso- homocedasticidade (BARTLEY;
Para avaliar a toxicidade dos óleos
lado T52 foi avaliada após incubação a COCHRAN) (RIBEIRO JÚNIOR,
essenciais no desenvolvimento de fun-
20oC e fotoperíodo de 12 horas por sete 2001). Quando não foi observada a
gos do grupo Aspergillus flavus, foi uti-
dias. Os demais procedimentos foram homogeneidade da variância, os dados
lizado o método da escavação em pla-
idênticos ao anterior. foram transformados para log (x). Em
cas de Petri (MORAIS, 2000) contendo
A partir dos resultados observados seguida foram realizadas as análises de
meio BDA (DHINGRA; SINCLAIR,
nos dois ensaios anteriores foi realiza- variância e teste de Tukey ou Scott-
1995). Primeiramente, foram seleciona-
do o terceiro ensaio, seguindo-se os Knott, para comparação das médias,
dos dois isolados de fungos do grupo A.
mesmos procedimentos, a fim de se con- ambos a 5% de probabilidade
flavus (T52 e T63), obtidos de semen-
firmar a toxicidade dos óleos de canela (PIMENTEL GOMES, 1966). Nas ta-
tes de amendoim, no cultivo da seca de
(Cinnamomum zeilanicum Breym) e de belas são apresentadas as médias origi-
2001, e que estavam armazenados em
alho (Allium sativum L.) em relação a nais, sem transformação.
óleo mineral por seis meses em câmara
fria. Para o preparo do inóculo, estes diferentes isolados do grupo Aspergillus
isolados foram incubados em meio BDA flavus. Para tanto, foi testada a ação dos RESULTADOS E DISCUSSÃO
a 20°C por sete dias e fotoperíodo de 12 óleos contra 32 diferentes isolados do
horas. Em seguida foram feitas suspen- fungo, obtidos no cultivo de amendoim Entre os óleos essenciais testados no
sões de conídios em água esterilizada e no período das águas de 2001. Adotou- primeiro teste, constatou-se com base
a concentração ajustada para 10 7 se o delineamento em blocos ao acaso, nos diâmetros dos halos de inibição for-
conídios ml -1 , com auxílio de em esquema fatorial 2x32 (duas substân- mados que o isolado T63 teve o seu de-
hemacitômetro, conforme testes preli- cias e 32 isolados), e três repetições. Por senvolvimento micelial reduzido de
minares. placa, foi adicionado 0,1 ml de suspen- maneira mais acentuada pelos óleos de
são na concentração de 5.107 conídios ml-1 bulbilho de alho e de casca de canela.
Foi utilizado o delineamento intei-
de água destilada. Em seguida, foram Para o isolado T52 constatou-se maior
ramente casualizado, com três repeti-
realizados três orifícios de 7 mm com inibição pelos óleos de folhas de sálvia
ções, empregando-se 10 tratamentos,
auxílio de cilindro de cobre. Nestes ori- e de casca de canela. No entanto, estes
sendo 8 óleos essenciais na dosagem de
fícios foram aplicados com auxílio de óleos sempre apresentaram eficiência
2,0 mg ml-1 de solvente, e duas teste-
pipeta automática, 2,0 mg de óleo essen- significativamente menor que o padrão
munhas, o solvente DMSO na dosagem
cial solubilizado em 1,0 ml de solvente fungicida. O óleo de pimenta do reino
de 1,0 mg ml-1 de metanol e benomyl na
(DMSO + metanol). Após sete dias de não inibiu o crescimento micelial de
dosagem de 0,2 mg 20 ml-1 de água des-
incubação a 20oC e fotoperíodo de 12 nenhum dos dois isolados, enquanto que
tilada. As dosagens dos óleos essenci-
horas foi realizada a medição do diâme- os de capim limão e de pimenta longa
ais e do fungicida foram selecionadas
tro dos halos de inibição. apresentaram pequena inibição apenas
em testes preliminares. Assim, para cada
um dos dois isolados do fungo, foi adi- Após 12 meses de armazenamento do isolado T52 (Tabela 1).
cionado 0,1 ml de suspensão de conídios dos extratos foi repetido o experimento No segundo teste, quando foram
em cada placa de Petri contendo meio anterior, adotando-se delineamento in- avaliados apenas os óleos de sálvia, alho

916 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Toxicidade de óleos essenciais de alho e casca de canela contra fungos do grupo Aspergillus flavus

Tabela 1. Diâmetros dos halos de inibição (mm) formados em culturas de fungos do grupo Aspergillus flavus, isolados de sementes de
amendoim no cultivo da seca, em resposta ao emprego de óleos essenciais vegetais, do solvente DMSO+metanol (50% v/v) e do fungicida
Benomyl. Seropédica, UFRRJ, 2003.
Cultura/origem
Parte
Nome vulgar Nome científico 1o teste 2o teste
utilizada
T52/semente T63/semente T52/semente
Sálvia Salvia officinalis L. Folha 11,7b* 0,0c 5,2cd
Alho Allium sativum L. bulbilho 4,3bc 11,7bc 8,8bc
Canela Cinnamomum zeilanicum Breym. Folha fresca 7,3bc 5,0bc 4,0cd
Canela Cinnamomum zeilanicum Breym. Casca 10,3bc 13,0b 13,3b
Capim limão Cymbopogon citratus Stapf. Folha 3,7c 0,0c -
Pimenta da Jamaica Pimenta officinalis Fruto 3,3c 0,0c -
Pimenta do Reino Piper nigrum L. Fruto 0,0c 0,0c -
Gengibre Zingiber officinale Rox. Rizoma 3,7bc 3,3bc -
Solvente - - 0,0c 0,0c 0,0d
Benomyl - - 35,0a 20,3a 40,0a
C.V.(%) 46,41 37,12 37,05
*Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade.

e canela, foram confirmados os resulta- Tabela 2. Diâmetros dos halos de inibição (mm) formados em culturas de fungos do grupo
dos relacionados à inibição do cresci- Aspergillus flavus isolados da cultura do amendoim no cultivo das águas, em resposta ao
mento do isolado T52 pelos óleos es- emprego de óleos essenciais de alho e de casca de canela. Seropédica, UFRRJ, 2003.
senciais de casca de canela e de bulbilho Extratos
Culturas Origem
de alho (Tabela 1). Os óleos essenciais Bulbilho de alho Casca de canela
de alho e de canela possivelmente pos- Y27 Semente 12,0Bc* 22,0Aa
Y82 Semente 12,0Bc 20,0Aa
suem um princípio ativo com ação
Y62 Solo 10,0Bd 20,0Aa
fungicida conforme constatado também Y75 Vagem 9,0Bd 20,0Aa
por Bolkan et al. (1981), avaliando a Y11 Solo 7,0Be 20,0Aa
toxicidade de extrato de alho sobre Y5 Solo 13,0Bb 19,0Aa
Fusarium monilforme e Rhizoctonia Y48 Vagem 12,0Bc 18,0Ab
solani. Além disso foi constatada Y10 Solo 12,0Bc 17,0Ab
toxicidade de extrato de óleo contra Y19 Solo 12,0Bc 17,0Ab
Aspergillus flavus (BILGRAMI et al., Y8 Solo 11,0Bc 17,0Ab
1992), Crinipellis perniciosa, Y43 Semente 10,0Bd 17,0Ab
Y36 Vagem 10,0Bd 17,0Ab
Phytophthora palmivora (BASTOS,
Y100 Vagem 15,0Aa 16,0Ab
1992), Curvularia spp., Alternaria spp.
Y67 Solo 12,0Bc 15,0Ac
(BARROS et al., 1995) e Colletotrichum Y29 Semente 11,0Bc 15,0Ac
gloeosporiodes (RIBEIRO; Y52 Semente 11,0Bc 15,0Ac
BEDENDO, 1999). Utilizando óleo es- Y59 Solo 11,0Bc 15,0Ac
sencial de alho, Chalfoun e Carvalho Y13 Solo 10,0Bd 15,0Ac
(1987) também constataram inibição do Y113 Solo 10,0Bd 15,0Ac
crescimento micelial de Gibberella zeae Y12 Solo 10,0Bd 15,0Ac
(Schw.), Alternaria zinniae Pape e Y54 Vagem 10,0Bd 15,0Ac
Macrophomina phaseolina (Tass.) Goid. Y128 Semente 7,0Be 15,0Ac
Y66 Solo 12,0Bc 14,0Ac
Foi constatada maior toxicidade do Y88 Vagem 10,0Bd 14,0Ac
óleo essencial de casca de canela que Y50 Vagem 10,0Bd 13,0Ac
do de bulbilhos de alho, expressa pelos Y65 Solo 10,0Bd 13,0Ac
maiores halos de inibição promovidos Y111 Solo 12,0Ac 12,0Ad
pelo primeiro em relação ao segundo Y80 Semente 12,0Ac 12,0Ad
para a maioria dos isolados testados (Ta- Y73 Vagem 11,0Ac 11,0Ad
bela 2). Foi observada ainda resposta Y99 Semente 10,0Ad 10,0Ae
diferencial dos isolados quando à sen- Y104 Solo 10,0Ad 10,0Ae
Y130 Semente 7,0Be 10,0Ae
sibilidade aos dois óleos essenciais tes-
C.V.(%) 2,13
tados, detectada pelo teste de Scott-
Knott. O óleo essencial de alho promo- *Médias seguidas da mesma letra (maiúscula na linha e minúscula na coluna) não diferem
veu halos de inibição que variaram en- entre si a 5% de probabilidade.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 917


E. C. Viegas et al.

Tabela 3. Diâmetros dos halos de inibição (mm) formados em culturas de fungos do grupo
Aspergillus flavus isolados da cultura do amendoim no cultivo da seca, em resposta ao empre- AGRADECIMENTOS
go de óleo de alho e de canela, após 12 meses de armazenamento. Seropédica, UFRRJ, 2003.
Culturas Origem Bulbilho de alho Casca de canela Agradecemos ao CNPq pela bolsa
T2 Solo 8,0Ba* 20,0Aa de PQ concedida aos dois últimos auto-
T20 Semente 8,3Ba 15,8Aab res.
T24 Semente 9,5Aa 9,5Ab
T35 Pericarpo do fruto 12,0Aa 14,6Aab LITERATURA CITADA
T55 Pericarpo do fruto 8,0Ba 15,0Aab
C.V.(%) 13,865 ANGLE, J.S.; DUNN, K.A.; WAGNER, G.H.
*Médias seguidas da mesma letra (maiúscula na linha e minúscula na coluna) não diferem Effect of cultural practices on the soil populations
of Aspergillus flavus and Aspergillus parasiticus.
entre si a 5% de probabilidade.
Soil Science Society of America Journal, v.46, n.2,
p.301-303, 1982.
BARROS, S.T.; OLIVEIRA, N.T.; MAIA, L.C.
Efeito do extrato de alho (Allium sativum) sobre o
Tabela 4. Avaliação da atividade dos óleos de alho e de casca de canela sobre isolados de crescimento micelial e germinação de conídios de
fungos do grupo Aspergillus flavus, isolados da cultura do amendoim no cultivo da seca, Curvularia spp. e Alternaria spp. Summa
após 12 meses de armazenamento. Seropédica, UFRRJ, 2003. Phytopathologica, Piracicaba, p.168-170, v.21,
Bulbilho de alho Casca de canela n.2, p.168-170, 1995.
Culturas Origem BASHRA, S.M. A phytoalexin and aflatoxin
Centro halo Periferia halo Centro halo Periferia halo
producing peanut seed culture system. Peanut
T2 Solo Fungistática Fungistática Fungicida Fungistática Science, v.21, n.1, p.130-134, 1984.
T20 Semente Fungistática Fungistática Fungistática Fungistática BASTOS, C.N. Inibição do crescimento micelial
T24 Semente Fungistática Fungistática Fungistática Fungistática e germinação de esporos de Crinipelles pernicio-
sa e Phytophthora palmivora por extrato de bul-
T35 Vagem Fungistática Fungistática Fungistática Fungistática
bo de alho (Allium sativum). Fitopatologia Brasi-
T55 Vagem Fungistática Fungistática Fungistática Fungistática leira, Brasília, v.17, n.4, p.454-456, 1992.
BILGRAMI, K.S.; SINHA, K.K.; SINHA, A.K.
Inhibition of aflatoxin production and growth of
Aspergillus flavus by eugenol and onion and garlic
tre 7,0 e 15,0 mm. Porém para 34% dos T24, isolado de semente. Já quando foi extracts. Indian Journal of Medical Research, v.96,
p.171-175, 1992.
isolados testados, estes halos foram empregado o óleo de alho não foi cons-
BOLKAN, H.A.; RIBEIRO, W.R.C. Efeito do
maiores do que 12,0 mm, valor consi- tatada diferença entre os isolados quan- extrato de alho em Cylindrocladium clavatum,
derado por Gunatilaka et al. (1994) to à sensibilidade, com base nos diâme- Fusarium moniliforme var. subglutinans e
como ideal para testes in vitro. O óleo tros dos halos de inibição formados. Rhizoctonia solani. Fitopatologia Brasileira,
Brasília, v.6, n.1, p.565-566, 1981.
essencial de canela proporcionou halos Quando foi realizada a repicagem a CLAVERO, M.R.; HUNG, Y.; BEUCHAT, L.R.;
de inibição que variaram entre 10,0 e partir da região dos halos de inibição foi NAKAYAMA, T. Separation of aflatoxin
22,0 mm, com valores maiores que 12,0 observado que, dos pontos retirados pró- contaminated kernels from sound kernels by
mm para 87% dos isolados testados. ximos ao centro, somente não houve hidrogen peroxide treatment. Journal of Food
Protection, v.56, n.2, p.130-133, 1993.
Wilson et al. (1997) constataram que o crescimento do isolado T2 quando foi CHALFOUN, S.M.; CARVALHO, V.D. Efeito do
extrato do gênero Allium e o óleo es- empregado o óleo de casca de canela extrato e de óleo industrial sobre o desenvolvi-
sencial de Cinnamomum zeilanicum (Tabela 4). Para os demais isolados hou- mento de fungos. Fitopatologia Brasileira,
demonstraram a maior atividade ve crescimento micelial, inclusive das Brasília, v.12, n.3, p.234-235, 1987.
antifúngica sobre Botrytis cinerea, em DICKENS, J.W.; WHITAKER, T.B. Efficacy of
amostras retiradas a partir do centro dos electronic color sorting and handpicking to remo-
relação aos demais extratos e óleos es- halos (Tabela 4). Para Mishra e Dubey ve aflatoxin contaminated kernels from
senciais testados. Em geral, os óleos (1994), o potencial antifúngico por lon- commercial lots of shelled peanuts. Peanut
foram ativos contra todos os isolados do ga duração facilita o isolamento futuro Science, v.2, n.1, p.45-50, 1975.
grupo A. flavus testados, conformando DHINGRA, O.D., COELHO NETO, R.A.
dos componentes dos óleos. Micotoxinas em grãos. Revisão Anual de Patologia
ainda dos resultados de Morais (2000) Pode-se concluir que a maior inibi- de Plantas, Passo Fundo, v.6, n.1, p.49-101, 1998.
que cita grande variação quanto à sen- ção relativa, in vitro, do desenvolvimen- DHINGRA, O.D., SINCLAIR, J.B. Basic plant
sibilidade de fungos a óleos essenciais. to micelial de A. flavus foi obtida com o pathology methods. Boca Raton: Lewis Publishers.
1995. 434 p.
Após 12 meses de armazenamento emprego dos óleos essenciais de DUKE, S.; UPADHYAY, P.D.; TRIPATHI, S.C.
dos óleos, foi constatado maior diâme- bulbilho de alho e principalmente, de Antifungal, physicochemical, and insect-repelling
tro dos halos de inibição quando se em- casca de canela. Existe variabilidade na activity of the essential oil of Ocimum basilicum.
pregou o óleo de casca de canela em Canadian Journal Botany, v.67,n.7, p.2085-2087,
população do fungo quanto à sensibili- 1989.
comparação ao óleo de bulbilho de alho dade aos óleos. Novos estudos são ne- DWEVIDI, S.K.; DWIVEDI, S.K.; PANDEY,
(Tabela 3). Além disso, quando foi apli- cessários a fim de se comprovar a efi- V.N.; DUBEY, N.K. Effect of essential oils of
cado o óleo de casca de canela, obser- ciência destas substâncias no controle some higher plants on Aspergillus flavus Link.
vou-se maior diâmetro de halo de inibi- Infesting stored seeds of guar [Cyamopsis
de Aspergillus flavus em sementes des- tetragonoloba L.(Taub.)]. Flavour and Fragrance
ção para T2, isolado do solo, que para o tinadas ao consumo ou à semeadura. Journal, v.6, n.4, p.295-297, 1991.

918 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Toxicidade de óleos essenciais de alho e casca de canela contra fungos do grupo Aspergillus flavus

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Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 919


BERNARDI, A.C.C.; VERRUMA-BERNARDI, M.R.; WERNECK, C.G.; HAIM, P.G.; MONTE, M.B.M. Produção, aparência e teores de nitrogênio,
fósforo e potássio em alface cultivada em substrato com zeólita. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.920-924, out-dez 2005.

Produção, aparência e teores de nitrogênio, fósforo e potássio em alface


cultivada em substrato com zeólita
Alberto C.C. Bernardi1; Marta R. Verruma-Bernardi2; Carlos G. Werneck3; Patrick G. Haim3; Marisa
B.M. Monte4
1
Embrapa Solos/Embrapa Pecuária Sudeste, C.Postal 339, 13560-970 São Carlos-SP; E-mail: alberto@cppse.embrapa.br; 2UFF, Depto.
Nutrição e Dietética e UFSCar, Depto. Tecnologia Agroindustrial e Sócio-Economia Rural, Araras-SP; E-mail: verruma@cca.ufscar.br;
3
UFRRJ, Engenharia Agronômica, Seropédica-RJ; 4CETEM/MCT, Rio de Janeiro-RJ

RESUMO ABSTRACT
Neste trabalho foi avaliado e relaciondar a produção, teores de Yield, appearance and content of nitrogen, phosphorus and
N, P e K e a aparência de alface cultivada em substrato com zeólita potassium in lettuce grown in substrate with zeolite
enriquecida com N, P e K. Os tratamentos utilizados foram quatro In this research we evaluated and related yield and tissue levels
níveis (20; 40; 80 e 160 g/vaso) de zeólitas enriquecidas com H3PO4/ of N, P and K in shoot tissues and appearance of lettuce plants grown
apatita, KNO3 e KH2PO4, além de uma testemunha cultivada em in a substrate with N, P and K enriched with zeolite. Treatments
solução nutritiva. Avaliou-se a produção da alface e os teores de N, comprised of four levels (20; 40; 80 and 160 g/pot) of zeolite enriched
P e K no tecido da parte aérea. O teste de ordenação foi utilizado with H3PO4/apatite, KNO3 and KH2PO4, and a control grown in a
para comparar a aparência das amostras. A alface cultivada em meio nutrient solution. Lettuce yield and N, P and K levels in the shoot
com zeólita enriquecido com fontes de fósforo apresentou maior tissues were evaluated. Ordering test was carried out to compare the
produção e qualidade visual equivalente à alface testemunha, culti- appearance of the samples. Lettuces grown in substrate with zeolite
vada em solução nutritiva. Houve correlações significativas entre os enriched with phosphorus sources showed higher yield, and
teores de N e os atributos sensoriais cor e tamanho, e entre os teores equivalent visual quality in comparison with the control. There were
de P e o tamanho das plantas. A análise sensorial foi uma ferramenta significant correlations between N level in tissues and the sensory
adequada para avaliar a qualidade da alface. attributes of plant color and size, and between the P levels and the
size of the plant. The sensory analysis of the appearance was an
adequate tool to identify the quality of lettuce.

Palavras-chave: Lactuca sativa, estilbita, análise sensorial, teste Keywords: Lactuca sativa, stilbite, sensory analysis, preference test.
de ordenação.

(Recebido para publicação em 4 de outubro de 2004 e aceito em 5 de agosto de 2005)

A alface é a mais popular das horta-


liças folhosas e seu consumo ocor-
re principalmente na forma natural. As-
pelo mineral zeólita misturados a rochas
fosfáticas, e que funciona como um sis-
tema de liberação controlada e
produção e a manutenção do forneci-
mento o ano todo, pois o consumidor
de hortaliças tem se tornado mais exi-
sim, o aumento da produção dessa renovável de nutrientes para as plantas. gente, havendo necessidade de se obter
hortaliça é necessário devido ao aumen- Este mineral apresenta três proprieda- principalmente produtos de qualidade.
to do consumo, função da crescente ele- des principais, que conferem grande in- A qualidade final de um produto agrí-
vação populacional e da mudança no teresse para uso na agricultura pela alta cola é resultado de diversos fatores, en-
hábito alimentar do consumidor, em ra- capacidade de troca de cátions, alta ca- tre estes os níveis de fornecimento de
zão da conscientização sobre a impor- pacidade de retenção de água livre nos nutrientes. A qualidade é a soma de to-
tância nutricional das hortaliças canais e alta habilidade na adsorção. das características combinadas que pro-
(CORTEZ et al., 2002). É importante Assim, a zeólita pode atuar na melhoria duzam uma hortaliça com valor nutriti-
alimento para a saúde humanas, por ser da eficiência do uso de nutrientes por vo, aceitável e desejável como alimen-
fonte de vitaminas e de sais minerais, meio do aumento da disponibilidade de to humano. A aparência externa das hor-
além de apresentar baixo valor calórico. P da rocha fosfática, na melhora do apro- taliças é de grande importância, uma vez
Com a tendência de crescimento do veitamento do N (NH4+ e NO3-) e redu- que o consumidor somente adquire o
mercado hortícola, os produtores têm ção das perdas por lixiviação dos produto mais atrativo.
adotado novos sistemas de cultivo, como cátions trocáveis, especialmente K+ e A análise sensorial pode ser uma fer-
os protegidos (túneis e estufas) e o também como um fertilizante de libe- ramenta adequada para avaliar a quali-
hidropônico, em alternativa ao sistema ração lenta (ALLEN et al., 1995; dade ou aparência externa das hortali-
tradicional a campo. Existe ainda uma NOTARIO-DEL-PINO et al., 1994; ças. Esta técnica é utilizada para medir,
nova possibilidade que é o cultivo BARBARICK et al., 1990). analisar e interpretar de forma rápida e
zeopônico, no qual plantas são cultiva- No entanto, não bastam alternativas criteriosa os atributos físicos e quími-
das em substrato artificial composto viáveis para o aumento quantitativo da cos dos alimentos através da percepção

920 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Produção, aparência e teores de nitrogênio, fósforo e potássio em alface cultivada em substrato com zeólita

pelos sentidos da visão, olfato, tato, au- O delineamento experimental foi em fosse o preferido para ser comprado,
dição e gustação (MATTHHEIS; blocos ao acaso, com três repetições. receberia as menores notas.
FELLMAN, 1999; MEILGAARD et al., Utilizaram-se 11 tratamentos: Z20, Z40, Em seguida foram realizadas avalia-
1988; AMERINE et al., 1965). Esta ava- ZP20, ZP40, ZP80, ZP160, ZNK40, ções da produção e dos teores dos
liação baseia-se em técnicas que são ZNK80, ZPK20, ZPK40, e a testemu- macronutrientes N, P e K na parte aérea
fundamentais na percepção psicológica nha (sem adição de zeólita). As doses e das alfaces. A parte aérea das plantas foi
e fisiológica, sendo que o grau de apre- concentrações de nutrientes em cada tra- colhida e pesada e, em seguida seca a
ciação de um produto alimentício está tamento estão na Tabela 1. A zeólita 65oC em estufa de circulação forçada de
ligado a um processo subjetivo. O sen- apresentava traços de outros elementos, ar. Foram realizadas determinações, na
tido da visão se antecipa na percepção a entre eles o fósforo, razão pela qual o matéria seca, dos teores totais de N, no
todas as outras informações, e possibi- material concentrado apresentou uma extrato da digestão sulfúrica e determi-
lita aquisição de informações sobre as- pequena porcentagem de P disponível. nados pelo método semi-micro
pectos do alimento como estado, tama- A testemunha recebeu todos os nu- Kjeldhal. Também foram feitas determi-
nho, forma, textura e cor (DUTCOSKY, trientes necessários para o desenvolvi- nações de P e K, no extrato da digestão
1996). Resultados obtidos por Siomos mento das plantas por meio de uma so- nitro-perclórica e determinados por
et al. (2001) mostraram que com a ava- lução nutritiva, com a composição (mg espectrometria de plasma induzido
liação da qualidade visual foi possível a L-1): N = 210; P = 31; K = 234; Ca = (ICP-OES) e fotometria de chama, res-
diferenciação de alfaces produzidas em 200; Mg = 48; S = 65; B = 0,5; Cu = pectivamente, de acordo com a
diferentes substratos de cultivo. 0,02; Fe = 5,0; Mn = 0,5; Zn = 0,2, e metodologia de Carmo et al. (2000).
O objetivo deste trabalho foi avaliar Mo = 0,02. O preparo dessa solução foi A interpretação dos resultados dos
e relacionar a produção, teores de N, P feito segundo Sarruge (1975). O forne- atributos (cor, tamanho, presença de le-
e K e a aparência de alface cultivada em cimento foi realizado em quatorze apli- sões, e preferência de compra) foi reali-
substrato com zeólita enriquecida com cações de 150 ml de solução nutritiva zada por meio do teste de Friedman, uti-
N, P e K. por vaso com duas plantas, totalizando lizando-se a tabela de Newel e
2,1 L por vaso. As aplicações ocorre- MacFarlane, conforme ABNT (1994).
MATERIAL E MÉTODOS ram ao longo de todo ciclo de cultivo, Os resultados de produção e teores de
sendo que na primeira semana de culti- N, P e K foram analisados estatistica-
O experimento foi conduzido em vo o intervalo de fornecimento foi de mente utilizando-se a análise de variân-
casa-de-vegetação, em vasos com 3 kg três dias, e nas seguintes o intervalo foi cia e teste de Tukey (5%). Estabeleceu-
de substrato inerte, composto de areia de 1 dia. Nos dias em que não se forne- se o coeficiente de correlação de Pearson
lavada com água destilada e ácido clo- ceu solução, as plantas receberam água (r), entre as médias de produção e teo-
rídrico diluído (3:1 v:v). da irrigação. Quando a zeólita utilizada res de nutrientes e a somatória das no-
não possuía um dos macronutrientes em tas dos atributos.
A zeólita utilizada foi coletada na
teste, N, P ou K, este era adicionado na
Bacia do Parnaíba, no Maranhão, onde
forma de solução, na mesma concentra- RESULTADOS E DISCUSSÃO
se localiza o principal depósito de zeólita
ção fornecida à testemunha. Desse modo
natural do País, com grande potencial de
todos os tratamentos receberam as mes-
aproveitamento econômico (REZENDE; Os melhores tratamentos para pro-
mas quantidades de Ca, Mg, S, B, Cu,
ANGÉLICA, 1991). O material coleta- dução das alfaces (peso fresco) foram
Fe, Mn, Mo e Zn.
do foi concentrado em mesa vibratória, ZP40, ZP20, ZP80 e ZPK20, não haven-
resultando em um produto com 84% de Os tratamentos foram iniciados em do diferenças significativas entre eles
zeólita estilbita e com capacidade de tro- 26/06/2003, com o transplante para os (Tabela 2). Porém, foram significativa-
ca de cátions de 2,5 cmolc g-1. A fórmula vasos de cultivo, de duas mudas da alfa- mente maiores que a produção obtida
química determinada da zeólita foi: ce cv. Regina, aos 30 dias após a germi- com a testemunha, que recebeu todos os
(CaO)0,82 (Na2O)0,19 (K2O)0,15 (MgO)0,56 nação. Ao final de 30 dias de cultivo, nutrientes de forma balanceada por meio
(Fe2O3)0,30 (TiO2)0,11 (Al2O3)1,85 (SiO2)16 ambas plantas de cada vaso foram ava- de solução nutritiva, sendo que estes
(H 2O) 4,7. A zeólita concentrada foi liadas com relação à aparência, produ- valores representam aumentos de 56; 46;
enriquecida por meio da incubação com ção e teores de nutrientes na parte aérea. 39 e 30%, respectivamente. Os resulta-
soluções contendo H3PO4 1 mol L-1 (ZP), A análise da aparência foi realizada dos indicam o potencial, para o cultivo
KNO3 0,5 mol L-1 (ZNK) e K2HPO4 1 pelo teste de ordenação de preferência desta hortaliça, da utilização da zeólita
mol L-1 (ZPK). A relação utilizada foi de (ABNT, 1994), utilizando-se 53 acidificada e em mistura com apatita
1:40 por 24 horas, com temperatura e provadores não treinados. O teste foi (tratamentos ZP) nas doses de 20; 40 e
agitação constantes. Após a incubação, a aplicado para os atributos de cor, tama- 80 g do material por vaso. Outro aspec-
suspensão foi filtrada e o material sólido nho e presença de lesões e para a prefe- to interessante é que as produções obti-
desidratado a 100 oC. A zeólita rência de compra. Os provadores atri- das com a zeólita acidificada em mistu-
enriquecida com H3PO4 recebeu, ainda, buíram notas de 1 a 11, de modo que o ra com a apatita foram equivalentes à
a adição de fosfato natural (34% de P2O5) tratamento que apresentasse cor mais obtida com a zeólita enriquecida com
na proporção de 2:1 na base de massa. intensa, maior tamanho, menos lesões e uma fonte solúvel de fósforo (KH2PO4).

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 921


A. C. C. Bernardi et al.

Tabela 1. Tratamentos utilizados em função dos nutrientes adicionados à zeólita, dose de zeólita por vaso e quantidade de nutrientes
fornecidas. São Carlos, Embrapa Solos, 2004.
Zeólita Quantidade fornecida pela zeólita
Concentração* (mg kg-1)
Tratamentos Enriquecimento (g por (mg/vaso)
N (N-NO 3) P K vaso) N (N-NO 3) P 2O 5 K2O
Z 20 zeólita concentrada 0,1 17 3,9 20 0,002 0,78 0,09
Z 40 zeólita concentrada 0,1 17 3,9 40 0,004 1,56 0,19
ZP 20 zeólita + H3PO4 + apatita 0,2 130 3,9 20 0,004 327 0,09
ZP 40 zeólita + H3PO4 + apatita 0,2 7130 3,9 40 0,008 653 0,19
ZP 80 zeólita + H3PO4 + apatita 0,2 7130 3,9 80 0,016 1306 0,38
ZP 160 zeólita + H3PO4 + apatita 0,2 7130 3,9 160 0,032 2612 0,75
ZNK 40 zeólita + KNO3 93796 17 15210 40 3752 1,56 733
ZNK 80 zeólita + KNO3 93796 17 15210 80 7504 3,11 1466
ZPK 20 zeólita + KH2PO4 0,1 11289 41925 20 0,002 517 1010
ZPK 40 zeólita + KH2PO4 0,1 11289 41925 40 0,004 1034 2021

* Extraídos em pasta de saturação (Embrapa, 1997).

Tabela 2. Produção (peso fresco) e teores de N, de P e de K de alfaces cultivadas em substrato Desta forma, o teor de nutrientes nos
com zeólitas. Média de três repetições. São Carlos, Embrapa Solos, 2004. tecidos vegetais reflete sua real dispo-
Produção Teores (g kg-1) nibilidade, pois existe uma relação en-
Tratamentos tre o fornecimento de um nutriente pelo
(g por vaso) N P K
Z 20 190,90 def 24,69 de 2,30 d 34,97
substrato de cultivo ou por um fertili-
Z 40 162,83 f 26,65 bcde 2,37 d 33,70
zante e a concentração nas folhas, e uma
ZP 20 296,74a 30,19abcd 4,52 bc 37,17
relação entre essa concentração e a pro-
ZP 40 315,89a 32,15abc 5,70ab 35,47
dução da cultura. Tal técnica pode estar
sujeita a algumas limitações tais como
ZP 80 283,30ab 32,06abc 6,02ab 33,90
épocas de amostragem, interpretação,
ZP 160 220,83 cde 31,17abc 5,80ab 35,47
contaminação da amostra, deficiências
ZNK 40 160,14 f 21,28 e 2,97 cd 33,00
e excessos de nutrientes (MALAVOLTA
ZNK 80 180,91 ef 26,93 bcde 2,83 cd 34,50
et al. 1997).
ZPK 20 263,55abc 33,55a 6,07ab 32,33
ZPK 40 239,25 bcd 32,67ab 7,13a 36,27
Os teores de nitrogênio na parte aé-
Testemunha 202,61 def 26,09 cde 2,55 d 35,13
rea da alface (Tabela 2) foram signifi-
Teste F 24,38* * * 10,54* * * 24,66* * * 0,69N.S.
cativamente maiores, nos tratamentos
ZPK40 e ZPK20, aos quais foram adi-
CV%(1) 8,40 7,30 14,44 8,52
cionados o KH 2PO 4. Provavelmente
DMS(2) 56,11 6,15 1,85 -
houve uma interação positiva entre o
Médias seguidas de letras diferentes diferem significativamente pelo teste de Tukey a 5%. fornecimento de fósforo no substrato de
(1)
CV% = coeficiente de variação; (2)DMS = diferença mínima significativa. *, **, *** indicam
cultivo, e a absorção de nitrogênio pe-
significância para p < 0,05; 0,01; e 0,001, respectivamente. N.S. indica não significativo.
las plantas de alface. Estes teores, as-
sim como os dos tratamentos ZP40;
ZP80 e ZP160, podem ser considerados
Estes resultados estão em concordância ZNK40) apresentaram produções (peso adequados, adotando-se a faixa de 31 a
com os de Allen et al. (1995) que con- fresco) estatisticamente equivalentes à 40 g kg -1 , proposta por Reuter e
cluíram que uma mistura adequada da testemunha. Estes resultados demons- Robinson (1997). Nos demais tratamen-
zeólita clinoptilolita e rocha fosfática da tram, assim, o potencial para utilização tos não foram observadas diferenças sig-
Carolina do Norte foi eficiente para o do mineral zeólita enriquecida, como nificativas em relação à testemunha,
cultivo intensivo de trigo (Tritticum fonte de nutrientes para esta hortaliça cultivada com solução nutritiva, e estão
aestivum cv. Coker). Barbarick et al. folhosa. Confirmando os resultados ob- todos abaixo da faixa adequada
(1990) também verificaram que a com- tidos por Notario-Del-Pino et al. (1994) (REUTER; ROBINSON, 1997).
binação de zeólita e rocha fosfática pode e Williams e Nelson (1997) com alfafa Challinor et al. (1995) também haviam
ser um eficiente fornecedor de fósforo e crisântemo, respectivamente. observado baixos teores de nitrogênio
para as plantas, desde que outros ele- A análise de tecidos vegetais é uma em cravo cultivado em substrato com
mentos essenciais não sejam limitantes. medida direta da disponibilidade de nu- zeólita. Os teores de nitrogênio na parte
Os resultados da Tabela 2 também trientes no substrato de cultivo, pois os aérea observados neste estudo foram
indicam que os demais tratamentos resultados correspondem à quantidade inferiores aos de Fernandes et al. (2002),
(ZPK40; ZP160; Z20; ZNK80; Z40 e de nutriente absorvida pelas plantas. que encontraram o valor médio de 47 g

922 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Produção, aparência e teores de nitrogênio, fósforo e potássio em alface cultivada em substrato com zeólita

kg-1 para a cultivar Regina cultivada em Tabela 3. Somatório das notas das alfaces pelos 53 provadores não treinados. São Carlos,
sistema hidropônico. Embrapa Solos, 2004.
Observa-se na Tabela 2 que os teo- Tratamentos Cor Tamanho Lesões Preferência
res de fósforo na parte aérea das plantas Z 20 304,ab 489, c 277, b 354, b
de alface foram significativamente Z 40 367, b 445, c 316, b 367, b
maiores que a testemunha, nos tratamen- ZP 20 307,ab 253,ab 302, b 321,ab
tos ao qual foi adicionado à zeólita uma ZP 40 276,ab 195,a 341, b 295,ab
fonte do nutriente, na forma de KH2PO4 ZP 80 255,ab 203,a 296, b 234,a
(ZPK40; ZPK20) ou na forma de apatita ZP 160 243,a 183,a 322, b 282,ab
(ZP80; ZP160; ZP40; ZP20). Nestes tra- ZNK 40 436, b 513, c 436, c 504, c
tamentos, as concentrações encontradas ZNK 80 296,ab 321, b 239,ab 250,ab
na parte aérea estão dentro da faixa (4 a 6 ZPK 20 272,ab 272,ab 192,ab 267,ab
g kg-1) considerada como adequada para ZPK 40 310,ab 290,ab 374, b 383, b
a cultura (REUTER; ROBINSON, 1997). Testemunha 356, b 319, b 162,a 222,a
No entanto são inferiores aos teores esta- Valores seguidas de letras diferentes diferem estatisticamente pelo teste de Friedman. Dife-
belecidos por Fernandes et al. (2002), que rença mínima = 112.
encontraram valores de 8,5 g kg-1.
Estes valores evidenciam a maior
disponibilidade do macronutriente fós- Tabela 4. Coeficientes de correlação de Pearson (r) entre as médias dos pesos fresco, teores
foro no substrato que recebeu o mineral de N, P e K e o somatório das notas dos atributos de cor, tamanho, presença de lesões e
zeólita enriquecida com apatita. preferência de compra. São Carlos, Embrapa Solos, 2004.
Notario-Del-Pino et al. (1994), em um Cor Tamanho Lesões Preferência
experimento em casa-de-vegetação com Peso fresco -0,539 N.S.
-0,789* * -0,062 N.S.
-0,416N.S.
alfafa, compararam o fornecimento de Teor N -0,803* * -0,860* * * -0,168 N.S.
-0,519N.S.
fósforo e potássio, através da zeólita Teor P -0,624* -0,752* * 0,191 N.S.
-0,188N.S.
(phillipsita) com o KH2PO4, e confirma- Teor K -0,252 N.S.
-0,370 N.S.
0,116 N.S.
-0,112N.S.
ram o aumento dos teores deste nutriente * ** ***
na planta. , , indicam significância para p < 0,05; 0,01; e 0,001, respectivamente. N.S. indica não
significativo.
Os resultados do presente estudo in-
dicaram que os teores de potássio não
diferiram significativamente em função
dos tratamentos utilizados (Tabela 2). rência geral e a cor estão relacionadas de solução nutritiva, e a alface obtida
Esta ausência de diferenças entre as fon- com a qualidade, índice de maturação e no substrato com o tratamento ZP80
tes de fornecimento do nutriente também deterioração do produto. O consumidor (zeólita + apatita, na dose de 80 g por
foi observada por Challinor et al. (1995) espera uma determinada cor para cada vaso). Os outros tratamentos ZP (160;
em cravo. Diferentemente, Williams e alimento e qualquer alteração nesta, 40 e 20), ZNK80 e ZPK20 também ob-
Nelson (1997) observaram em crisânte- pode diminuir sua aceitabilidade tiveram alta preferência de compra pe-
mo, que as plantas cultivadas em (DELLA-MODESTA, 1994). los provadores. Os resultados de Siomos
substrato com zeólita enriquecida com Na Tabela 3 estão a soma das notas et al. (2001) também mostraram que a
potássio, apresentaram maiores teores atribuídas às alfaces pelos 53 provadores avaliação visual da aparência foi ade-
que as testemunhas que receberam ferti- que participaram do teste de preferên- quada para diferenciar alface obtida em
lizantes na forma solúvel. Os resultados cia. Observou-se que o atributo cor foi diferentes substratos.
da concentração de potássio, nos tecidos o que apresentou menores variações Os coeficientes de correlação de
da parte aérea, foram menores que o va- entre os tratamentos. As maiores dife- Pearson (r) entre as médias dos pesos
lor médio de 71 g kg-1 encontrado por renças observadas foram no tamanho e fresco, teores de N, P e K e o somatório
Fernandes et al. (2002) para a mesma na presença (ou ausência) de lesões. das notas dos atributos de cor, tamanho,
cultivar de alface utilizada neste estudo. O teste de preferência pode ser con- presença de lesões e preferência de com-
Também estão abaixo da faixa adequada siderado como uma das mais importan- pra estão na Tabela 4. Observaram-se
(50 a 80 g kg-1) proposta por Reuter e tes etapas da análise sensorial, pois re- correlações significativas (r = -0,79**)
Robinson (1997). presenta o somatório de todas as per- entre a média peso fresco da alface e o
A aparência é o atributo que mais cepções sensoriais e expressa o julga- somatório das notas dadas pelos
causa impacto na escolha por parte do mento, por parte do consumidor, sobre provadores para o atributo tamanho. O
consumidor e dentro desta, a cor é a ca- a qualidade do produto (DUTCOSKY, coeficiente negativo justifica-se pelo
racterística mais relevante. Isto porque 1996). Os resultados deste teste indica- fato de que o tratamento que aparenta-
a cor caracteriza sobremaneira o produ- ram que a alface preferida foi a teste- va ser o de maior tamanho recebeu a
to, constituindo-se no primeiro critério munha, cujos nutrientes foram forneci- menor nota, estabelecendo-se assim a
para sua aceitação ou rejeição. A apa- dos em quantidades adequadas através correlação negativa.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 923


A. C. C. Bernardi et al.

Houve também correlações signifi- de nutrientes N, P e K. A alface cultivada DELLA-MODESTA, R.C. Manual de análise sen-
cativas e negativas entre os teores de em meio com zeólita apresentaram maior sorial de alimentos e bebidas. Rio de Janeiro:
EMBRAPA-CTAA, 1994. 67 p.
nitrogênio na parte aérea das plantas e produção e qualidade visual equivalente
DUTCOSKY, S.D. Análise sensorial de alimen-
as notas dos atributos cor (r = -0,80**) à alface testemunha, cultivada em solu- tos. Curitiba: Editora Champagnat, 1996. 123 p.
e tamanho (r = -0,86***). Isso é justifi- ção nutritiva. Houve correlações signifi- EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de So-
cável em função das funções fundamen- cativas entre os teores de N e os atribu- los. Manual de métodos de análise de solo. Rio
tais que este nutriente exerce no meta- tos sensoriais cor e tamanho, e entre os de Janeiro: EMBRAPA/CNPS, 1997. 212 p.
bolismo vegetal. O nitrogênio é consti- teores de P e o tamanho. A análise senso- (EMBRAPA-CNPS. Documentos, 1).
tuinte de todas as proteínas e ácidos rial foi uma ferramenta adequada para FERNANDES, A.A.; MARTINEZ, H.E.P.; PE-
REIRA, P.R.G.; FONSECA, M.C.M. Produtivi-
nucleícos da planta e também o teor avaliar a qualidade da alface. dade, acúmulo de nitrato e estado nutricional de
deste macronutriente nas folhas é um cultivares de alface, em hidroponia, em função de
dos fatores que determina o conteúdo AGRADECIMENTOS fontes de nutrientes. Horticultura Brasileira,
de clorofila (MENGEL; KIRKBY, Brasília, v.20, n.2, p.195-200, 2002.
1982; MARSCHNER, 1995; MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA,
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pelo financiamento do trabalho. Aos tas: princípios e aplicações. 2.ed. Piracicaba:
nos tratamentos onde houve maior dis- Drs. Nélio G.A.M. Rezende, da CPRM; POTAFOS, 1997. 319 p.
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O teor de fósforo das folhas da parte factors influencing flavor of fresh fruit and
vegetables. Postharvest Biology and Technology,
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ficativamente (r = -0,75**) com o atri- MEILGAARD, M.; CIVILLE, G.V.; CARR, B.T.
buto sensorial de tamanho avaliado pe- ALLEN, E.; MING, D.; HOSSNER, L.; Sensory evaluation techniques. 2. ed. Boca Raton:
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desoxiribonucleíco), RNA (ácido evaluation of food. New York: Academic Press,
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sudangrass. Soil Science Society of America Press.1997. 572 p.
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houve correlações significativas entre os WILLIAMS, K.A.; NELSON, P.V. Using
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CORTEZ, L.A.B.; HONÓRIO, S.L.; MORETTI, American Society for Horticultural Science, v.122,
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924 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


OLIVEIRA, A.P.; OLVEIRA, M.R.T.; BARBOSA, J.A.; SILVA, G.G.; NOGUEIRA, D.H.; MOURA, M.F.; BRAZ, M.S.S. Rendimento e qualidade de raízes
de batata-doce adubada com níveis de uréia. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.925-928, out-dez 2005.

Rendimento e qualidade de raízes de batata-doce adubada com


níveis de uréia
Ademar P. de Oliveira1; Márcia Roseane T. de Oliveira2; José A. Barbosa2; Geomar G. da Silva2; Dijauma
H. Nogueira2; Mácio F. de Moura2; Maria do Socorro S. Braz2
1
UFPB, CCA, C. Postal 02, 58397-000 Areia-PB; Bolsista produtividade em pesquisa CNPq; E-mail: ademar@cca.ufpb.br, 2UFPB,
Progr. Pós-graduação, 58397-000 Areia-PB

RESUMO ABSTRACT
Estudos que visem o aumento do rendimento e da qualidade de Yield and quality of sweet potato roots fertilized with urea
raízes da batata-doce, podem se constituir em importantes ferramen- Studies with the objective of increasing yield and quality of sweet
tas para melhorar a condição sócio-econômica da região Nordeste, potato roots, could be an important tool to improve the socio
pelo fato desta ser uma das hortaliças de grande importância nessa economic condition in the northeastern area of Brazil, due to the
região. Com o objetivo de avaliar o efeito de níveis de uréia no ren- importance of this vegetable in that area. The present work was done
dimento e qualidade de raízes comerciais de batata-doce, cultivar to evaluate the effect of urea levels on yield and quality of sweet
Rainha Branca, instalou-se um experimento de julho a novembro/ potato cultivar Rainha Branca. The experiment was conduced from
2003, na UFPB, em Areia. O delineamento experimental foi blocos July to November/2003, in Paraíba State, Brazil. The experimental
casualizados com cinco tratamentos (0; 115; 230; 345 e 460 kg ha-1) design was of randomized blocks with five treatments (0; 115; 230;
de uréia, em adubação de cobertura aos 30 e 60 dias após o plantio, 345 and 460 kg ha-1 of urea), in cover fertilization at 30 and 60 days
em quatro repetições. Utilizaram-se parcelas úteis com 28 plantas, after planting date, in four replications. Plots with 28 plants, spaced
espaçadas de 0,80 x 0,30 m. A produção de raízes comerciais em 0,80 x 0,30 m apart were used. Commercial root yield of 18.8 t ha-1
função dos níveis de uréia, atingiu valor máximo estimado de 18,8 t was obtained when 339 kg ha-1of urea were employed, a much better
ha-1, no nível de 339 kg ha-1 de uréia, superando a produtividade result compared to the national average of 8.8 t ha-1of commercial
média nacional de raízes comerciais, em 8,8 t ha-1. O teor de glicose roots The glucose level (reducing sugars) on the sweet potato roots,
(açúcares redutores), nas raízes da batata-doce, aumentou em fun- increased with the increase of the urea levels, up to 187 kg ha-1of
ção dos níveis de uréia, até o nível de 187 kg ha-1, com teor máximo urea with a maximum of 8.7% of glucose. Starch level was reduced
de 8,7%. O teor de amido foi reduzido com a elevação dos níveis de with increasing urea levels, with minimum percent of 57% at the
uréia, com percentual mínimo de 57% no nível de 460 kg ha-1. Con- level of 460 kg ha-1. However, the starch minimum level was within
tudo, o teor mínimo de amido situou-se dentro da faixa definida the range defined for this species.
para a espécie.

Palavras-chave: Ipomoea batatas, nutrição mineral, produção, Keywords: Ipomoea batatas, mineral nutrition, yield, glucose,
glicose, amido. starch.

(Recebido para publicação em 8 de outubro de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)

A batata-doce é uma cultura de gran-


de importância econômico-social,
participando no suprimento de calorias,
próximas aos grandes centros consumi-
dores, sendo considerado o estado maior
produtor nordestino e o quarto em nível
lação às necessidades das plantas
(MALAVOLTA, 1990).
Na batata-doce, a utilização do ni-
vitaminas e minerais à alimentação hu- nacional (SOARES et al., 2002). Ape- trogênio merece atenção especial. Em
mana. É a quarta hortaliça mais sar deste destaque, é paradoxalmente a solos com alta disponibilidade desse ele-
consumida no Brasil e destaca-se de nível nacional, um dos estados que pos- mento ocorre um intenso crescimento da
outras culturas por apresentar alto ren- sui uma das mais baixas produtividades, parte aérea, em detrimento da formação
dimento por área. Produz raízes em torno de 6,8 t ha-1. A falta de um pro- de raízes tuberosas, e naqueles com de-
tuberosas que apresentam na sua com- grama de nutrição mineral para a cultu- ficiência, inicialmente ocorre clorose
posição, Ca, K e carboidratos variando ra, é um dos principais fatores respon- nas folhas mais velhas, seguido das mais
entre 25 e 30%, dos quais 98% são fa- sáveis por esta baixa produtividade novas, sendo que com o agravamento
cilmente digestíveis, além de vitaminas (SILVA et al., 2002). da deficiência surgem manchas
A, do complexo B, e C, ferro, cálcio e O nitrogênio é o segundo nutriente necróticas internevais, podendo ocorrer
fósforo (MIRANDA, 2003). mais exigido pela batata-doce abscisão das folhas, ocorrendo igual-
No Brasil, a batata-doce é cultivada (FILGUEIRA, 2000). Seu fornecimen- mente redução significativa na qualida-
em praticamente todos os estados, prin- to via adubação funciona como de (CHAVES; PEREIRA, 1985).
cipalmente nas regiões sul e nordeste, complementação à capacidade de seu O amido é considerado o principal
onde se constitui em uma das mais im- suprimento nos solos, a partir da componente da raiz da batata-doce, se-
portantes fontes de alimento. Na Paraíba mineralização de seus estoques de ma- guido dos açucares mais simples,
é mais cultivada e difundida nas regiões téria orgânica, geralmente baixa em re- sacarose, glicose, frutose, maltose. Na

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 925


A. P. Oliveira et al.

indústria de alimentos é utilizado para análise química na camada de 0-20 cm, (1995). Amostras de aproximadamente
melhorar as propriedades funcionais, resultou em: pH (H2O) = 6,5; P = 36,84 um quilograma de cada tratamento e re-
sendo empregado em sopas, molhos de mg dm-3; K = 119,88 mg dm-3; Al+3 = petição foram levadas ao laboratório da
carne, como formador de gel em balas e 0,00 cmolc dm-3; Ca+2 = 2,55 cmolc dm-3; UFPB, para determinação dos teores de
pudins, estabilizante em molhos de sa- Mg+2 = 0,55 molc dm-3 e matéria orgâni- glicose (açúcares redutores) e de ami-
lada, na elaboração de compostos far- ca = 8,11 g dm-3. do, conforme metodologia do Instituto
macêuticos, na produção de resinas na- A adubação de plantio foi realizada Adolfo Lutz (1985).
turais e na elaboração de materiais conforme recomendações do Laborató- Os resultados obtidos foram subme-
termoplásticos biodegradáveis rio de Química e Fertilidade do Solo da tidos à análises de variância e de regres-
(CEREDA et al., 2001). UFPB e constou da aplicação de 20 t são polinomial, utilizando-se o
Os teores de amido nas raízes das ha-1 de esterco bovino, 200 kg ha-1 de “software” SAEG 8.0 (2001). Dentro
plantas podem variar, entre outros as- superfosfato simples e 68 kg ha-1 de das doses de N, foram testados em cada
pectos, em função da adubação. Portan- cloreto de potássio. Na adubação de característica avaliada, os modelos
to, o estudo e conhecimento sobre a in- cobertura, aplicaram-se os níveis de polinomiais (linear, quadrático e cúbi-
fluência desse fator na acumulação de uréia, definidas no delineamento expe- co). O critério para a escolha do mode-
amido nas raízes das plantas, proporcio- rimental, a metade aos 30 dias e a outra lo foi definido através da significância
nará melhoria na qualidade e no rendi- metade aos 60 dias após o plantio. pelo teste F a 5% de probabilidade e do
mento industrial do produto. A nutrição O preparo do solo constou de aração, maior valor de coeficiente de determi-
equilibrada, tanto em macro como em gradagem e confecção de leirões. No nação (R2).
micronutrientes, aumenta a produção e plantio, foram utilizadas duas ramas por
melhora a qualidade do produto em vá- cova, da cultivar Rainha Branca, retira- RESULTADOS E DISCUSSÃO
rios aspectos (MALAVOLTA, 1987). das de plantio jovem, cortadas com um
Alguns autores relatam efeitos da dia de antecedência, para facilitar o As análises de variância e de regres-
nutrição orgânica e mineral na qualida- manejo, sendo secionadas em pedaços são revelaram efeitos significativos dos
de de algumas hortaliças produtoras de de aproximadamente 40 cm de compri- níveis de uréia (P<0,05), sobre a produ-
raízes comerciais. No inhame, Souto mento, contendo em média oito ção de raízes comerciais e sobre os teo-
(1989), detectou resposta positiva em entrenós. As ramas foram enterradas res de glicose e amido nas raízes.
termos de produção à aplicação de fer- pela base com auxílio de um pequeno A produção de raízes comerciais de
tilizantes nitrogenados, mas verificou gancho, numa profundidade aproxima- batata-doce em função das doses de N,
baixo conteúdo de gordura, fibra bruta da de 10 cm. Foram utilizadas parcelas atingiu valor máximo estimado de 18,8
e proteína bruta nas túberas. Oliveira et constituídas por seis leirões de sete plan- t ha-1 no nível de 339 kg ha-1 de uréia
al. (2002) verificaram redução da maté- tas, no espaçamento de 0,80 m entre (Figura 1), demonstrando uma boa pro-
ria seca e aumento nos teores de amido leirões e 0,30 m entre plantas, e ocupou dução nas condições do município de
e cinzas, em função do emprego de es- uma área de 14 m2 com 54 plantas. Uti- Areia. Esse resultado evidencia que essa
terco bovino e de galinha. O teor de lizaram-se os quatro leirões centrais hortaliça responde ao fornecimento de
amido é também influenciado pela adu- como área útil, excluindo-se a primeira uréia. Esta produtividade superou em 10
bação com NPK (KAYODE, 1985). Na e a última planta de cada leirão, resul- t ha-1 a produtividade média nacional de
batata-doce, Silva (2004), observou ele- tando em 28 plantas avaliadas. raízes comerciais de batata-doce que é
vação do teor de amido, em função do Durante a condução do experimen- de 8,8 t ha-1 (Embrapa, 1995). Mendon-
emprego de fósforo. to foram realizadas irrigações pelo sis- ça e Peixoto (1991) obtiveram respos-
O objetivo deste trabalho foi avaliar tema de aspersão convencional nos pe- tas significativas para a produtividade,
a influência da adubação nitrogenada no ríodos de ausência de precipitação, com produção por planta e peso médio de
rendimento e qualidade das raízes co- turno de rega de três dias; capinas com raízes comerciais na batata-doce, ava-
merciais de batata-doce. auxílio de enxadas com o objetivo de liando níveis de adubação com N, P e
manter a cultura livre da competição K. Nas condições edafoclimáticas do
MATERIAL E MÉTODOS com plantas daninhas; amontoas para Estado de Virgínia (USA), Phillips et al.
proteger as raízes contra raios solares e (2005), observaram elevação do rendi-
O trabalho foi conduzido na Univer- manter a formação dos leirões. Não efe- mento de raízes comerciais da batata-
sidade Federal da Paraíba, em Areia, tuou-se aplicações de agrotóxicos em doce, em função do emprego de N, até
entre julho e novembro/2003, em deli- decorrência da ausência de pragas e/ou o nível de 84 kg ha-1
neamento experimental de blocos doenças. Provavelmente, o nível de uréia res-
casualizados, com cinco tratamentos, A colheita foi realizada aos 120 dias ponsável pela máxima produção de
compostos pelos níveis de 0; 115; 230; após o plantio, onde foram obtidos os raízes comerciais, juntamente com os
345 e 460 kg ha-1 de uréia, em quatro dados de produção comercial, a qual nutrientes contidos no solo, supriu de
repetições. O solo da área foi classifi- correspondeu ao peso das raízes de for- forma equilibrada a batata-doce. O equi-
cado como NEOSSOLO REGOLÍTICO mato uniforme, lisas com peso igual ou líbrio entre os elementos nutritivos pro-
Psamítico Típico, textura franca, cuja superior a 80 g, conforme Embrapa porciona maiores produções do que

926 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Rendimento e qualidade de raízes de batata-doce adubada com níveis de uréia

maiores quantidades de macro-nutrien-


tes isoladamente (PRIMAVESI, 1985).
Embora os teores de P (36,84 mg
dm-3) e K (111,88 mg dm-3), original-
mente presentes no solo fossem respec-
tivamente, baixo e alto, os resultados
obtidos para o rendimento em função do
fornecimento de uréia devem-se, em
parte, ao baixo teor de matéria orgânica
(0,81%). De acordo com Pottker e
Roman (1994), o teor de matéria orgâ-
nica tem sido classicamente utilizado
para estimar a disponibilidade de nitro-
gênio e, consequentemente, a necessi-
dade de adubação. Teixeira et al. (1994)
enfatizaram que em solos degradados,
os baixos teores de matéria orgânica
podem determinar menor disponibilida- Figura 1. Produção comercial de raízes de batata-doce, em função de níveis de uréia. Areia,
de de nitrogênio para culturas, resultan- CCA-UFPB, 2004.
do numa das principais limitações à pro-
dutividade agrícola.
A redução na produção de raízes
comerciais verificada nos níveis acima
de 339 kg ha-1 de uréia, pode indicar que
o excesso deste nutriente foi prejudicial
à formação de raízes comerciais na ba-
tata-doce, possivelmente em função da
elevada produção de massa verde e for-
mação de raízes adventícias
(EMBRAPA, 1995). Em solos com alta
disponibilidade de nitrogênio ocorre in-
tenso crescimento da parte aérea, em
detrimento da formação de raízes
tuberosas, decorrente do crescimento
vegetativo exuberante (CHAVES; PE-
REIRA, 1985). Também, pode ter ocor-
rido efeito indireto do amônio, reduzin- Figura 2. Teor de glicose em raízes comerciais de batata-doce, em função de níveis de uréia.
do a absorção de outros cátions, de for- Areia, CCA-UFPB, 2004.
ma que a absorção destes seria reduzida
pela planta (CARNICELLI et al., 2000).
Huett (1989) verificou redução de pro- to, doses acima daquela responsável nas condições de clima e solo da pre-
dutividade em varias hortaliças, em fun- pelo máximo teor de glicose nas raízes sente pesquisa. Em batata, Magalhães
ção de doses elevadas de N. comerciais podem reduzir sua qualida- (1985) e Pimpini et al. (1992), relatam
O teor de glicose (açúcares reduto- de, não reduzindo seu rendimento, isso que o excesso de nitrogênio proporcio-
res) nas raízes da batata-doce aumentou porque para a obtenção do rendimento na redução no teor de amido. Em
em função da elevação dos níveis de máximo foi necessário o fornecimento inhame, Oliveira et al. (2002), observou
uréia, até o nível de 187 kg ha-1de uréia, de 359 kg ha-1 de uréia. redução no teor de amido em rizóforos
com teor máximo de glicose de 8,7%, O teor de amido foi reduzido com a colhidos aos noves de idade, em função
quando então, começou a decrescer (Fi- elevação dos níveis de uréia, com da adubação organo mineral.
gura 2). Esse teor foi semelhante ao ob- percentual mínimo de 57% no nível de A cultura estava bem suprida de K
tido, por Cereda et al. (2001), para a es- 460 kg ha-1 (Figura 3). Contudo, o teor pelo emprego do esterco bovino que
pécie, (8,5 a 9%) em raízes originadas mínimo de amido encontra-se dentro da continha na sua composição química
de plantio com adubação balanceada. faixa definida para a espécie que é de concentração 9,75 g kg-1, pela alta con-
A presença de glicose acentua o sa- 13,4% (CEREDA et al., 2001) e supe- centração no solo fornecida pelas adu-
bor da batata-doce, favorecendo suas rou o teor de amido em raízes de batata- bações orgânica e mineral, aliadas a
características de mesa e de doce de 16%, obtido por Silva (2004), quantidade deste nutriente, originalmen-
processamento (PICHA, 1986). Portan- em função de doses de fósforo, também te no solo. O potássio em altas doses

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 927


A. P. Oliveira et al.

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928 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


MELO FILHO, P.A.; DUSI, A.N.; COSTA, C.L.; RESENDE, R.O. Colonização de plantas de alho por Neotoxoptera formosana no DF. Horticultura Brasi-
leira, Brasília, v.23, n.4, p.929-930, out-dez 2005.

Colonização de plantas de alho por Neotoxoptera formosana no DF


Péricles de A. Melo Filho1; André N. Dusi2; Cláudio Lúcio Costa3; Renato de O. Resende3
1
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Depto Agronomia, Dom Manoel de Medeiros s/n 52171-900 Recife-PE; E-mail:
pericles@ufrpe.br; 2Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; 3Universidade de Brasília, Instit. Biologia, 70919-970
Brasília-DF

RESUMO ABSTRACT
Plantas de alho da cv. Amarante, cultivadas em casa de vegeta- Colonization of garlic plants by Neotoxoptera formosana in
ção para detecção da ocorrência de viroses, foram naturalmente in- Distrito Federal, Brazil
festadas por afídeos de coloração escura durante a primavera de 2001. Garlic plants (cv. Amarante) cultivated during the spring in the
Com o objetivo de identificar a espécie em questão foram coletados greenhouse for detection of viruses, were found to be naturally
indivíduos alados, capturados com armadilha constituída por ban- colonized by a dark aphid. For species identification, specimens of
deja amarela com água, além de formas ápteras. A identificação da the few alatae individuals collected by pan yellow water traps and
espécie foi feita segundo a chave descritiva elaborada por Blackman many apterae individuals were compared to the species descriptions
& Eastop (1984) e por comparação com espécimes de Neotoxoptera in Blackman & Eastop (1984). The specimens were also compared
formosana e N. oliveri da coleção do Depto. Fitopatologia da Uni- with Neotoxoptera formosana and N. oliveri from the aphid collection
versidade de Brasília. O afídeo encontrado em alho pertence à espé- of the Phytopathology Department of the University of Brasília. The
cie Neotoxoptera formosana Takahashi, 1921. aphid found in the garlic plants belongs to the species Neotoxoptera
formosana Takahashi, 1921.

Palavras-chave: Allium sativum, afídeos. Keywords: Allium sativum, aphid.

(Recebido para publicação em 26 de outubro de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)

O alho (Allium sativum L.) é uma das


hortaliças mais cultivadas no mun-
do e largamente empregado na culiná-
espécies de vírus são transmitidas por
afídeos (PAIVA; KITAJIMA, 1985).
Blackman e Eastop (1984) relataram
morfologia dos espécimes com auxílio
de microscópio composto. Os espécimes
foram comparados com as descrições
ria brasileira. No Brasil, a cultura des- a ocorrência de Neotoxoptera encontradas em Blackman e Eastop
taca-se como uma das cinco hortaliças formosana em plantas do gênero Allium (1984) e Costa et al. (1993), com espé-
de maior relevância (RESENDE, 1997). no Japão, China, Taiwan, Coréia, Aus- cimes encontrados na coleção de afídeos
Vários agentes fitopatogênicos, espe- trália, Nova Zelândia, Hawai e Améri- do Departamento de Fitopatologia da
cialmente os vírus, provocam redução ca do Norte. No Brasil não há relato de Universidade de Brasília, além de regis-
na produtividade de bulbos. Entre os sua ocorrência em A. sativum. O pre- tros fotográficos das principais caracte-
vírus de maior importância encontram- sente trabalho teve como objetivo a rísticas morfológicas dos espécimes
se os potyvírus Onion yellow dwarf virus detecção da ocorrência de viroses em através do uso de microscópio
(OYDV) e Leek yellow stripe virus plantas de alho naturalmente infestadas esteroescópio Zeiss, quer sejam: N.
(LYsV), o carlavírus Garlic common formosana (adultos ápteros de colora-
por afídeos.
latent virus (GarCLV) e várias espécies ção magenta, vermelha a preto, antena
de allexivírus, todos transmitidos por escura da base ao ápice, sifúnculo escu-
afídeos (CONCI et al., 1999), com ex-
MATERIAL E MÉTODOS
ro ou pálido só em formas jovens, for-
ceção dos allexivírus que são transmiti- ma alada vermelho escura ou preta, com
dos por ácaros. Desses, apenas OYDV Plantas de alho da cv. Amarante fo-
bordado em toda extensão das nervuras
isoladamente chega a causar perdas na ram cultivadas durante a primavera, em
das asas); N. oliveri (adultos ápteros de
produção de bulbos de até 50 % casa de vegetação na Embrapa Hortali-
coloração vermelha escura, antena com
(WALKEY; ANTILL, 1989). ças, para estudos de viroses. Durante o
base clara e segmentos terminais negros,
Plantas de alho são constantemente cultivo ocorreu infestação natural por
sifúnculo pálido em adultos, forma ala-
visitadas por diversas espécies de uma espécie de afídeo de coloração es-
da vermelho escura a preta, com borda-
afídeos e entre eles são encontrados: cura. As plantas colonizadas foram
dos estreitos na base e no ápice)
Lipaphis sp. (Mordvilko), transportadas para insetário com tela
(Blackman; Eastop, 1984).
Rhopaloshiphum sp. (Koch), Aphis sp. anti-afídeo para manutenção das popu-
(L.), Geopenphigus sp. (Hille), Myzus lações e posterior captura de adultos
com uso de armadilha constituída por RESULTADOS E DISCUSSÃO
sp. (Passerini), Hyperomyzus sp.
(Börner) e Neotoxoptera sp. (Theobald) bandeja amarela com água e detergen-
(MELO FILHO et al., 2000; MELO FI- te. Foram preparadas lâminas As colônias de afídeos detectadas
LHO et al., 2002). Mais de oitenta e seis semipermanentes para observação da sobre as plantas de alho eram de colo-

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 929


P. A. Melo Filho et al.

chave de classificação de famílias e


subfamílias descrita em Costa et al.
(1993) e em Blackman e Eastop (1984),
pode-se concluir que se trata da ocor-
rência de N. formosana sobre alho no
Brasil. Este é o primeiro relato da colo-
nização de N. formosana sobre plantas
de alho no Brasil.

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Figura 1. Colonização por Neotoxoptera formosana sobre plantas de alho no Brasil: A) quisa Agropecuária Brasileira. Brasília, v.28, n.2,
Agrupamento dos espécimes na porção mediano-basal das folhas; B) Forma aptera apresen- p.197-215, 1993.
tando forma ovalada, coloração negra e sifúnculo* escuro e clavado; C) Antena apresentan- MELO FILHO, P.A.; TANABE, C.M.N.; DUSI,
do longo processo terminalis*; D) Forma alada apresentando decoração ao longo de todo o A.N.; TORRES, A.C.; ÁVILA, A.C.; BUSO, J.A.;
comprimento das nervuras das asas**. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2001. RESENDE, R.O. Degeneration of garlic (Allium
sativum L.) plants caused by virus infection after
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ração escura e com a maioria dos espé- terminalis (Figura 1C). As asas apresen- MELO FILHO, P.A.; DUSI, A.N.; BUSO, J.A.;
cimes localizados da porção mediana tam as nervuras uniformemente borda- TORRES, A.C.; ÁVILA, A.C.; RESENDE, R.O.
Degeneration of garlic plants caused by virus
para a basal das folhas (Figura 1A). Os das em toda a sua extensão (Figura 1D), infection after five sequential field generations.
espécimes ápteros, quando observados sendo esta outra importante caracterís- Summa Phytopathologica, Piracicaba, v.28, n.1,
ao microscópio estereoscópio, apresen- tica que separa Neotoxoptera formosana p.141, 2002.
taram forma ovalada e de coloração ne- de N. oliveri (Blackman; Eastop, 1984). RESENDE, G.M. Desempenho de cultivares de
alho no norte de Minas Gerais. Horticultura Bra-
gra a magenta, com sifúnculo clavado Isto reforçou a hipótese de se tratar da
sileira, Brasília, v.15, n.2, p.127-130, 1997.
também de coloração escura (Figura espécie Neotoxoptera formosana. PAIVA, F.A.; KITAJIMA, E.W. Doenças
1B), porém pálido nas formas jovens. De acordo com Sako et al. (1990), provocadas por vírus e por patógenos que causam
Estas características concordam com N. formosana é comprovadamente sintomas semelhantes às viroses. Informe
aquelas descritas por Blackman e Eastop Agropecuário, Belo Horizonte, v.11, n.122, p.29-
transmissor de Garlic latente vírus 36, 1985.
(1984) a respeito das espécies de afídeos (GarLV). No trabalho os autores com- SAKO, I.; TANIGUCHI, T.; OSAKI, T.;
que colonizam plantas de alho. provaram transmissão desse vírus para INOUYE, T. Transmission and translocation of
A antena é de coloração escura des- plantas de Allium chinese. Isso torna garlic latent virus in rakkyo (Allium chinense G.
de a base até o ápice. Essa característi- esse afídeo potencialmente transmissor Don). Proceedings of the Kansai Plant Protection
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ca permite a separação entre dessa espécie de vírus para outras espé- WALKEY, D.G.A.; ANTILL, D.N. Evaluation of
Neotoxoptera formosana e N. oliveri cies do gênero Allium. viruses-free and virus-infected garlic (Allium
(Blackman; Eastop, 1984). Há na ante- Com base nas observações sativum L.). Journal of Horticultural Science. v.64,
na a presença de longo processo n.1, p.60, 1989.
registradas e descrições encontradas na

930 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


ANDRIOLO, J.L.; LUZ, G.L.; WITTER, M.H.; GODOI, R.S.; BARROS, G.T.; BORTOLOTTO, O.C. Growth and yield of lettuce plants under salinity.
Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.931-934, out-dez 2005.

Growth and yield of lettuce plants under salinity


Jerônimo L. Andriolo1; Gean L. da Luz2; Maiquel H. Witter3; Rodrigo dos S. Godoi1; Gisele T. Barros1;
Orcial C. Bortolotto4
1
UFSM, CCR, Depto. Fitotecnia, 97105-900 Santa Maria-RS; E-mail: andriolo@smail.ufsm.br; 2Acadêmico do curso de agronomia,
UFSM; 3Bolsista PIBIC-CNPq; 4Bolsista FAPERGS

ABSTRACT RESUMO
Lettuce plants, cv. Vera, were grown under five salinity levels in Crescimento e produtividade da alface em condições salinas
a hydroponical experimental set-up using a 0.15 m deep sand growing Plantas de alface, cv. Vera, foram cultivadas em cinco níveis de
bed. A standard nutrient solution was used, with the following salinidade em um dispositivo experimental composto por uma ca-
composition, in mmol L-1: 16.9 NO3-; 2.0 H2PO4-; 1.0 SO4— 4.0 Ca++; mada de areia de 0,15 m de profundidade. Foi empregada uma solu-
10.9 K+ e 1.0 Mg++, and, in mg L-1, 0.42 Mn; 0.26 Zn; 0,05 Cu; ção nutritiva padrão, com a seguinte composição, em mmol/L: 16,9
0,50 B; 0,04 Mo, and 4.82 chelated Fe. The five salinity levels de NO3-; 2,0 de H2PO4-; 1,0 de SO4—; 4,0 de Ca++; 10,9 de K+ e 1,0
compared as treatments were obtained by varying the concentration de Mg++, e, em mg L 1, 0,42 de Mn; 0,26 de Zn; 0,05 de Cu; 0,50 de
of the standard nutrient solution, reaching average electrical B; 0,04 de Mo, e 4,82 de Fe quelatizado. Os cinco níveis de salinidade
conductivities (EC) of 0.80; 1.93; 2.81; 3.73 and 4.72 dS m-1, for T1, foram obtidos por variações na concentração da solução nutritiva
T2, T3, T4 and T5, respectively. The nutrient solution at each salinity padrão, atingindo valores médios de condutividade elétrica (CE) de
level was supplied from a reservoir by means of a flooded-type 0,80; 1,93; 2,81; 3,73 e 4,72 para T1, T2, T3, T4 e T5, respectiva-
electrical pump, for 15 minutes, at intervals of 90 minutes during mente. A solução nutritiva em cada nível de salinidade foi fornecida
the day and 420 minutes during the night. A completely randomised a partir de um reservatório através de uma bomba submersa, durante
experimental design was used with four replications and 20 plants 15 min, em intervalos diurnos de 90 min e noturnos de 420 min. Um
per plot. Four plants of each plot were harvested at 32 days after dispositivo experimental inteiramente casualizado foi empregado,
planting, to determine shoot and root dry mass, shoot fresh weight, com quatro repetições e 20 plantas por parcela. Quatro plantas de
leaf area and number of leaves per plant. Number of leaves was 18 cada tratamento foram coletadas aos 32 dias após o plantio para
per plant and was not affected by treatments. Dry mass of leaves determinar a massa seca da parte aérea e das raízes, a massa fresca
increased 24,4% from T1 to T3. No relationships were found on da parte aérea, a área foliar e o número de folhas. O número de
data from stem and root dry mass. A positive effect of EC was folhas por planta foi igual a 18, sem diferença significativa entre os
recorded on shoot fresh mass, which increased 28.5% from T1 to tratamentos. A massa seca de folhas aumentou 24,4% de T1 para
T2, and decreased 16.5% from T2 to T5. Maximum LAI estimated T3. A massa seca do caule foi reduzida nos níveis salinos mais ele-
value was 4.3 m2 m-2 for an EC of 2.6 dS m-1. Salinity levels above vados, porém não foi observada relação dos tratamentos com a mas-
2.0 and 2.6 dS m-1 reduce fresh yield and plant growth, respectively. sa seca do caule e das raízes. Foi observado efeito positivo na massa
fresca da parte aérea, a qual aumentou 28,5% de T1 para T2, decres-
cendo 16,5% de T2 para T5. O valor máximo estimado do índice de
área foliar foi de 4,3 m2 m-2 para uma EC de 2,6 dS m 1. Concluiu-se
que níveis salinos acima de 2,0 e 2,6 dS m 1 reduzem o crescimento
e a massa fresca das plantas, respectivamente.

Keywords: Lactuca sativa, fertigation, hydroponics, salinity. Palavras-chave: Lactuca sativa, fertirrigação, hidroponia,
salinidade.

(Recebido para publicação em 4 de novembro de 2004 e aceito em 5 de agosto de 2005)

L ettuce (Lactuca sativa) is the most


important horticultural NFT-grown
crop in Brazil. Standard nutrient
considered a possibility for this crop.
The main reason is the high sensitivity
of lettuce plants to salinity
systems is recycling and re-using the
nutrient solution. The ionic
concentration of the nutrient solutions
solutions are prepared using high quality (SHANNON; GRIEVE, 1999). As a used to grow horticultural crops is
water and electrical conductivity is consequence, the remaining volumes of higher than that at which nutrients are
monitored daily to fit values between 1.4 nutrient solution at the end of the absorbed by plants. Hence, the growth
and 2.0 dS m-1 (FAQUIN; FURLANI, cropping period are discharged in the of the crop is followed by an increasing
1999). This is so to prevent plant saline environment. This practice is nowadays imbalance of the ionic concentration of
stress in periods of high transpiration criticisable in a worldwide context the nutrient solution. In order to adjust
demand, or reduction in growth rate due searching for sustainable agricultural periodically the ionic balance to the
to low availability of mineral nutrients. production systems. original level, it is necessary to do
The use of nutrient solutions prepared One of the possibilities to reduce laboratory mineral analysis or electrode-
from low quality water or by re-using environmental pollution from computing measurements. Both
nutrient solutions has hardly been hydroponical horticultural production methods are difficult to carry out in the

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 931


J. L. Andriolo et al.

nowadays social and economic context polyethylene sheet. The tile gullies were 10% above or below the original value,
of commercial production. For re-using filled with 0.015-0. 025 m particle size respectively. The volumes to be added
a recycled nutrient solution without gravel and covered with a 1,5 × 10-3 m were estimated by a proportionality
previous mineral nutrient analysis, a polyethylene screen. Sand of 0.0015- coefficient of the volume of nutrient
fraction of it is added to the standard 0.003 m particle size was used to make solution contained into the reservoir,
nutrient solution being prepared, up a 0.15 m depth growing bed over the estimated by the depth of the liquid
disregarding its mineral composition. tile. (For more details, see ANDRIOLO inside it. The pH was maintained in the
This practice would lead to high salinity et al., 2004). A flooded-type electrical range between 5.0 e 6.0 by additions of
levels in the nutrient solution. pump was placed at the bottom of the H3PO4 or KOH, from a titration curve
The initial effect of salinity at upper end of the tank, and connected to previously determined in the laboratory.
cellular level is due to its osmotic a pipe to drive the nutrient solution up A completely randomised experimental
effects. Shoot and root growth rate is to the surface of the sand bed. The pump design was used, with four replications
reduced, resulting in smaller and fewer was put to work by means of a timer and an experimental set-up for each plot.
leaves and shorter plant stature. The until the nutrient solution started to flow Four plants of each plot were
effects of salinity depends on away from the lower side of the growing harvested at 32 days after planting
interactions with environmental bed. After the pump was switched off, (DAP), when fully expanded older
variables such as water vapour deficit, the nutrient solution drained off from the leaves began to senesce. The number of
temperature and solar radiation growing bed across the polyethylene leaves longer than 0.01 m were counted.
(YEO,1999). Lettuce has been screen and the tile gullies. Finally, the Specific leaf area (SLA) was determined
considered as a moderately salt sensitive set-up was covered by a white on the basis of dry mass of 100 leaf disks
crop, with a threshold electrical polyethylene sheet. (5 ´ 10-4 m2), sampled on all leaves. Leaf
conductivity (EC) of 1.3 dS m-1, and a On June 18, 2004, six-leaved lettuce area index (LAI) was estimated by
negative slope of 13.0 for each unit of plantlets, cv. Vera, were transferred to extrapolating the SLA to the plant leaf
added salinity above this threshold value the sand bed through cuttings made in dry mass. Shoot fresh weight was
(AYERS et al., 1951). Nevertheless, the the polyethylene sheet. Plant density determined and roots were carefully
root growing media may affect the was 25 plants m-2. Water and nutrients removed out from the sand and washed
response of plants to salinity. Pasternak were supplied by means of a standard in water. Dry mass of leaves, stem and
et al. (1986) reported that yield and nutrient solution with the following roots were determined after drying at
quality of soil grown lettuce was not composition, in mmol L -1 60ºC until constant dry weight was
affected by sprinkling with water at 4.4 (CASTELLANE; ARAÚJO, 1995): reached. Statistical models were fitted
dS m-1. Positive effects of salinity in fruit 16.9 NO3-; 2.0 H2PO4-; 1.0 SO4—; 4.0 by regression analysis.
quality has been reported for Ca++; 10.9 K+ and 1.0 Mg++, and, in
horticultural soilless growing crops such mg L-1, 0.42 Mn; 0.26 Zn; 0.05 Cu; 0.50 RESULTS AND DISCUSSION
as tomato (CUARTERO; MUÑOZ, B; 0.04 Mo, and 4.82 chelate Fe. The
1999; LI; STANGUELLINI, 2001; pH and electrical conductivity (EC) was The number of leaves was 18 per
BOLARIN et al., 2001) and muskmelon 5.8 and 2.9 dS m-1, respectively. The plant and was not affected by treatments.
(MAVROGIANOPOULOS et al., pump delivered the nutrient solution for Dry mass of leaves increased 24,4%
1999). For hidroponically grown lettuce 15 minutes, at intervals of 90 minutes from T1 to T3 (Figure 1a). Treatments
crops, results are scarce in the literature. during the day and 420 minutes during T4 and T5 maintained this value and the
The goal of this work was to the night. The tunnel was ventilated on data fitted a polynomial model (Figure
determine the effect of salinity on sunny days by opening the lateral sides, 1a). Stem dry mass was slightly reduced,
growth, development and yield of to reach similar values of maximum air root dry mass was not affected by
hydroponically grown lettuce plants. temperatures inside and outside of it. treatments, and no relationship was
Five salinity levels were compared found on data from both variables
MATERIAL AND METHODS as treatments, obtained by varying the (Figure 1a). Dry mass fractions did not
concentration of the standard nutrient differ among treatments, and average
An experimental set-up was made solution. The target EC values of values were 0.93 for leaves, 0.02 for
inside a polyethylene tunnel, at the treatments were 0.8; 1.85; 3.0; 4.0 and stem and 0.05 for roots.
Universidade Federal de Santa Maria. 5.0 dS m-1, for T1, T2, T3, T4 and T5, A positive effect of EC levels was
The soil surface was dug up in order to respectively. The actual EC values recorded on shoot fresh mass, which
make a 1.3 m length, 1.2 m width and averaged over the experimental period increased 28.5% from T1 to T2, fitting
0.25 m depth tank into the soil, which were 0.80; 1.93; 2.81; 3.73 and 4.72 dS a polynomial model with a maximum
was covered with a 200 mµ black m-1, respectively. Electrical conductivity estimated value of 170.7 g/plant for an
polyethylene sheet. A fibber cement tile and pH were measured daily. A volume EC of 2.0 dS m-1 (Figure 1b). A 16.5%
(3.05 m length and 1.10 m width) was of water or an aliquot of nutrient solution linear decrease was found from T2 to
placed over the tank with a slope of 3% at the required concentration was added T5. Leaf area data fitted a polynomial
and covered with a 200 mµ black every time the measured EC value was model, with a maximum LAI estimated

932 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Growth and yield of lettuce plants under salinity

value of 4.3 m2/m2 for an EC of 2.6 dS


m-1 (Figure 2).
Lettuce growth was affected by low
concentrations of the nutrient solution,
probably due to low availability of
mineral nutrients. Nevertheless, dry
mass accumulation was not reduced at
concentrations of the nutrient solution
higher than 2.8 dS m-1. This implies
uptake of carbon by leaves and mineral
nutrients by roots were not affected.
Effects of salinity on plant growth and
yield have been attributed to
simultaneous reduction in leaf area and
root growth, affecting photosynthesis
and water and mineral uptake
(SHANON; GRIEVE, 1999). Salinity
has been measured as the total salt
concentration in the root media,
disregarding ions in solution.
Nevertheless, when salinity is due to
NaCl, its effects are associated with
accumulation of Na+ and Cl- in cells and/
or to ionic imbalance leading to
physiological disturbances (BOLARIN
et al., 2001). This was not the case in
the present experiment, as a balanced
nutrient solution was prepared from high
quality water. When dealing with
salinity, it should be advisable to
separate the effects from water with
NaCl from those arising from the
concentration of the nutrient solution.
This conclusion should be considered
Figure 1. Dry mass of shoot organs (a) and shoot fresh weight (b) of lettuce plants grown
while growing fruiting horticultural
hydroponically at five concentrations of the nutrient solution. Santa Maria, UFSM, 2004.
crops commercially at high EC levels
to improve physiological quality
(CUARTERO; FERNADEZ-MUÑOZ, by effect of high nutrient solution the effect of environment on growth
1999; LI; STANGUELLINI, 2001). concentration, its influence on leaf area under saline conditions should be
Although plant dry mass was not was similar to that on fresh weight. determined and considered when
affected by high nutrient solution Present results were obtained in dealing with mechanistical models for
concentrations, fresh weight and leaf winter, when daily maximum air the lettuce crop. The time intervals of
area were reduced. This effect might be temperatures did not exceed 29ºC and fertigation should also be considered.
attributed to its influence on water average global solar radiation was about Short time intervals between fertigations
uptake by plants. The estimated upper 8.4 MJ m-2 day-1 (BURIOL et al., 2000). might be used to prevent the rising in
threshold value of 2.0 dS m-1 and the This environmental condition was near salinity in the rooting media as a
linear slope of –14.9 (Figure 1b) were the optimal 15-25ºC range for the lettuce consequence of plant transpiration. In
higher than those of 1.3 dS m-1 and – crop (GOTO, 1998). Thus, relationships this case, growing in sand or other
13.0 respectively, reported by Ayers et showed in this paper could be substrates would be similar to doing it
al. (1951). These discrepancies might be interpreted as a preponderant effect of in NFT facilities. On the other hand, if
associated to genotype differences and the nutrient solution concentration. long time intervals between fertigations
to environmental conditions influencing These effects might be enhanced by are used, EC values may increase,
plant water demand. The effect on fresh environmental conditions stimulating reducing plant fresh weight and leaf
weight was more pronounced than on water uptake by plants (YEO, 1999), area.
leaf area, suggesting leaves had some such as high temperatures and solar Marketable quality of lettuce is
degree of plasticity at low water deficit. radiation during spring and summer. In determined mainly by plant size, which
Nevertheless, when water deficit rises this way, a second variable estimating depends on fresh weight. For

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 933


J. L. Andriolo et al.

AYERS, A.D.; WADLEIGH, C.H.;


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that salinity levels above 2.0 and 2.6 dS solutions during the growth of the crop, MAVROGIANOPOULOS, G.N.; SPANAKIS, J.;
m-1 reduce fresh yield and plant growth, every time the measured EC values of TSIKALAS, P. Effect of carbon dioxide enrichment
respectively. On the other hand, the fact the nutrient solution had to be raised to and salinity on photosynthesis and yield in melon.
that, plants were able to grow shoot and Scientia Horticulturae, v.79, p.51-63, 1999.
its original threshold. This hypothesis PASTERNAK, D., DE MALACH, Y., BOROVIC,
roots with a nutrient solution should be tested by more experiments. I., SHRAM, M., AVIRAM, C. Irrigation with
conductivity of about 4.7 dS m-1 suggests brackish water under desert conditions. IV. Salt
that water uptake is the key variable CITED LITERATURE tolerance studies with lettuce (Lactuca sativa L.).
controlling lettuce plant size at Agric. Water Manage, v.11, p.303-311. 1986.
concentrations of the nutrient solution SHANNON, M.C.; GRIEVE, C.M. Tolerance of
ANDRIOLO, J.L.; LUZ, G.L.; GIRALDI, C.; vegetable crops to salinity. Scientia Horticulturae,
above the threshold value. In this way, GODOI, R.S.; BARROS, G.T. Cultivo v.78, p.5-38, 1999.
recycling and re-using nutrient solutions hidropônico da alface empregando substratos: uma YEO, A. Predicting the interaction between the
is a practice that could be taken in alternativa a NFT?. Horticultura Brasileira, effects of salinity and climate change on crop plants.
account. This might be done by adding Brasília, v.22, n.4, p.794-798, 2004. Scientia Horticulturae, v.78, p.159-174, 1999.

934 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


TRANI, P.E.; PASSOS, F.A.; FOLTRAN, D.E.; TIVELLI, S.W.; RIBEIRO, I.J.A. Avaliação dos acessos de alho pertencentes à coleção do Instituto Agronô-
mico de Campinas. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.935-939, out-dez 2005.

Avaliação dos acessos de alho coleção do Instituto Agronômico


de Campinas
Paulo E. Trani1; Francisco A. Passos1; Dulcinéia E. Foltran2; Sebastião W. Tivelli1; Ivan J.A. Ribeiro3
1
Instituto Agronômico, Centro de Horticultura, C. Postal 28, 13012-970 Campinas-SP; E-mail: petrani@iac.sp.gov.br; 2APTA-UPD de
Tietê, C. Postal 18, 18530-970 Tietê-SP; E-mail: dulcineia@aptaregional.sp.gov.br; 3Instituto Agronômico, C. Postal 28, 13012-970
Campinas-SP

RESUMO ABSTRACT
Cinqüenta acessos de alho pertencentes ao banco de Evaluation of garlic accesses from the collection of the
germoplasma do Instituto Agronômico de Campinas foram ava- Instituto Agronômico de Campinas
liados em campo, nos municípios de Tietê e Jundiaí (SP), Brasil, Fifty accesses from the garlic germplasm bank of Instituto
em 2003, em blocos ao acaso, com três repetições. Os dados ob- Agronômico de Campinas were evaluated in Tietê and Jundiaí, São
tidos foram submetidos à análise de variância, sendo as médias Paulo State, Brazil. The field trials were carried out in 2003, and the
comparadas pelo teste de Skott-Knott, em nível de 5% de proba- experimental design was randomized blocks with three replicates.
bilidade. Os acessos Piedade e Gigante de Curitibanos apresen- The data were subjected to an ANOVA and the means compared
taram excelente desempenho para produtividade e qualidade do using the Skott-Knott test at a 5% probability level. The access
bulbo, nos dois locais. Por outro lado, os acessos Bulbilho Aéreo Piedade and Gigante de Curitibanos showed excellent performance
2 e Andradas Manoel Lopes 2 apresentaram interação com o am- for yield and bulb quality in both locations. On the other hand,
biente, o primeiro para o tamanho do bulbo e o segundo para a environmental interaction occurred for access Bulbilho Aéreo 2 and
produtividade. Comparando-se os resultados de Jundiaí com os Andradas Manoel Lopes 2. For the first one, the bulb size was
obtidos em Tietê, nota-se que em Jundiaí houve maior variabili- different and for the second the yield changed. A greater genetic
dade genética para a produtividade e para o diâmetro do bulbo, diversity on yield and bulb diameter was observed in Jundiaí, due to
devido ao menor efeito ambiental. lower environmental effects.

Palavras-chave: Allium sativum L., banco de germoplasma, produ- Keywords: Allium sativum L., germplasm bank, yield.
tividade.

(Recebido para publicação em 4 de novembro de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)

O Brasil produziu 114.436 t de alho


em 15.715 ha em 2002 (IBGE,
2002), para um consumo estimado em
de fotoperíodo e temperatura, dispen-
sam o tratamento de vernalização, são
produtivos e de boa qualidade comer-
alto custo foi semelhante ao valor ob-
servado em Santa Catarina, de
US$6.946,00 (CARMARGO FILHO et
140 mil toneladas neste mesmo ano cial. Os bulbos e bulbilhos desses aces- al., 1996). Nos coeficientes técnicos
(DELLAMARIA, 2003). Segundo sos são arroxeados, porém, são mais cla- para a cultura do alho vernalizado, o
Camargo Filho (2003) a produtividade ros do que os do alho nobre. O número custo da semente representou 51% do
de alho no estado de São Paulo foi de de bulbilhos por bulbo é de 15 em mé- valor dos insumos ou 33% do custo to-
aproximadamente 6,4 t ha-1 em 2003. Os dia e não produzem palitos tal, enquanto o custo de vernalização foi
acessos do banco de germoplasma do (CAMARGO FILHO et al., 1996; de cerca de 16% do preço da semente
SIQUEIRA et al., 1996). ou 5% do custo total (TRANI et al.,
Instituto Agronômico de Campinas
São indicados para plantio em São 1997). Esse custo elevado dificulta o
(IAC) têm revelado produtividades su-
Paulo as cvs. Amarante, Chinês, Gigante cultivo de alhos nobres para os peque-
periores a esta média.
de Curitibanos, Lavínia e Roxinho nos produtores e produtores familiares
O Centro de Horticultura do IAC de diversas regiões brasileiras.
(TAVARES et al., 1998).
mantém um banco de germoplasma de A cultura do alho é uma atividade
A expansão da área cultivada com
alho com 50 acessos e realiza experi- econômica importante no sistema de
alhos nobres e roxos ocorrida na déca-
mentos regionais com esse agricultura familiar. Além de empregar
da de 80 e 90 no Brasil em áreas novas
germoplasma desde a década de 40. mão-de-obra desde o plantio até a co-
ou que tradicionalmente cultivavam os
Dentre os acessos mantidos nessa cole- lheita, permite a utilização da mão-de-
alhos comuns e brancos, aumentou o
ção, encontram-se germoplasmas semi- custo de produção da cultura especial- obra num período que essa estaria ocio-
nobres que podem ser utilizados por pro- mente para a aquisição de semente. O sa. Com isto, favorece a fixação do ho-
dutores em substituição aos alhos no- custo de produção por hectare, de alho mem ao campo e proporciona uma ren-
bres. Os alhos semi-nobres são reco- vernalizado, para São Paulo, foi de da extra para a família.
mendados para o plantio em São Paulo US$6.070,00 (março/1995: R$1,00 = As mutações somáticas e a seleção
pois são mais adaptados às condições US$0,90) (TRANI et al., 1997). Este cuidadosa dos produtores deram origem

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 935


P. E. Trani et al.

a um grande número de cultivares de e 24,1 g) foram superiores aos demais Em Jundiaí por sua vez, cada linha de
alhos semi nobres e comuns com carac- acessos avaliados (LISBÃO et al., 1991; plantio nos canteiros conteve 6
terísticas agronômicas distintas. Estas LISBÃO et al., 1993). bulbilhos, num total de 12 bulbilhos por
cultivares são exploradas economica- Segundo Siqueira et al. (1996), o parcela, ou 0,30 m2 de área cultivada.
mente no sistema de agricultura fami- acesso Assaí (IAC-3702) foi identifica- Em ambos os locais os tratos culturais
liar nas distintas regiões produtoras de do no banco de germoplasma do IAC, (calagem, adubação, irrigação, tratos
São Paulo, as quais apresentam carac- como sendo muito semelhante ao aces- fitossanitários, e etc.) foram realizados
terísticas edafoclimáticas diferentes. so Cateto Roxo. Portanto, ele pode subs- de acordo com Trani et al. (1997).
Em 1987, Lisbão et al. (1993) avalia- tituir o acesso Cateto Roxo com vanta- Independentemente do ciclo, todos
ram o comportamento de acessos de alho gens, pois seus bulbos apresentam em os acessos foram colhidos no mesmo dia
em três municípios paulistas (Monte média 10 dentes ou bulbilhos, enquanto em cada local. Em Tietê a colheita ocor-
Alegre do Sul, Pariquera-Açu e no Cateto Roxo ocorrem mais de 30 den- reu em 08/09/2003, e no dia seguinte,
Guatapará). Os acessos estudados apre- tes. Além disso, as plantas do acesso 09/09/2003, foi colhido o experimento
sentaram comportamento diferente em Assaí são tolerantes ao em Jundiaí. Em ambas as localidades,
cada município. Em Monte Alegre do pseudoperfilhamento. Diante disto, os foram avaliados quatro caracteres: nú-
Sul, os acessos IAC Lavínia 1632 (9,2 t pequenos produtores que cultivam Cateto mero de bulbos por parcela, produtivi-
ha-1), Roxinho I-5063 (6,3 t ha-1) e Pe- Roxo para consumo próprio e vendas dade (t ha-1), peso médio do bulbo (g) e
ruano (5,6 t ha-1) foram superiores aos locais, podem passar a utilizá-lo em plan- diâmetro médio do bulbo (mm). O diâ-
demais, enquanto em Pariquera-Açu os tios comerciais ou experimentais. metro médio do bulbo foi obtido por
mais produtivos foram Santa Catarina Os resultados obtidos indicam que meio da média aritmética de três bulbos
Roxo (4,9 t ha-1); Cajuru I-2315 (4,9 t ha-1); as produtividades dos acessos de alho por parcela escolhidos ao acaso.
São José 4999 (4,5 t ha-1) e Areal nº2 são muito variáveis de região para re- Para efeito de comparação dos aces-
I-3978 (4,4 t ha-1). Nenhum dos acessos gião, de acordo com as condições sos quanto à produtividade em 2003
avaliados em Pariquera-Açu obteve pro- edafoclimáticas e os tratos culturais com os resultados obtidos em experi-
dutividade superior a 5,0 t ha-1 devido empregados. O objetivo deste trabalho mentos anteriores, os dados de peso to-
às condições climáticas locais. Por ou- foi avaliar o número de bulbos por hec- tal de bulbos em g parcela-1 no experi-
tro lado, os acessos mais produtivos em tare, a produtividade, o peso médio e o mento de Tietê/SP foram convertidos
Guatapará foram o Peruano (7,2 t ha-1) diâmetro dos bulbos, que são relaciona- para t ha -1 por meio da equação
e o Chinês (4,8 t ha-1). dos à qualidade comercial de genótipos ProdutividadeTietê (t ha-1) = (2,857 *
No município paulista de Tietê, do banco de germoplasma de alho do peso total de bulbos (g parcela-1) *
Lisbão et al. (1991) avaliaram o com- Centro de Horticultura do IAC. 0,007. Por motivos idênticos, os dados
portamento de dez acessos de alho, em de peso total de bulbos em g parcela-1
1988. O acesso Lavínia foi o mais pro- MATERIAL E MÉTODOS no experimento de Jundiaí/SP foram
dutivo entre os dez testados, com pro- convertidos para t ha-1 por meio da equa-
dutividade de 12,8 t ha-1. Os demais Dois experimentos de campo foram ção ProdutividadeJundiaí (t ha-1) = (3,333
acessos revelaram produtividades supe- instalados em duas localidades do esta- * peso total de bulbos (g parcela-1) *
riores à cultivar tradicionalmente culti- do de São Paulo, em 2003, para avalia- 0,007. Considerou-se que um hectare de
vada na região (Roxinho de Goiânia), ção de 50 acessos de alho, pertencentes cultivo de alho corresponde a 7.000 m2
que produziu apenas 1,7 t ha-1. Dentre ao banco de germoplasma do Centro de de canteiros, o que origina o fator 0,007.
os outros acessos merecem ser destaca- Horticultura do Instituto Agronômico de Os experimentos foram conduzidos
dos os genótipos Chinês, Mineiro e Campinas. em blocos ao acaso com três repetições.
Roxinho, com produtividades de 8,1; 7,9 Os dados obtidos foram submetidos ao
O primeiro experimento foi instala-
e 7,7 t ha-1, respectivamente. teste de Hartley, em nível de 5% de pro-
do em 03/04/2003 em Tietê, enquanto o
Como parte do programa de pesqui- segundo ocorreu em 10/04/2003 em babilidade, para verificar a
sa e adaptação de tecnologias regionais, Jundiaí. Os bulbilhos de cada acesso homogeneidade de variâncias. Em am-
o IAC, em conjunto com a CATI, estu- utilizado no plantio foram selecionados bos os experimentos os dados originais
daram o comportamento varietal do alho em peneira nº2 (peso 1,5-2,0 g). O alho foram submetidos à análise de variância,
em Guatapará em 1988 e em Ribeirão foi plantado em linhas simples transver- e tiveram as médias comparadas pelo tes-
Preto no ano seguinte. Os resultados de sais aos canteiros, os quais tinham um te de Scott-Knott, em nível de 5% de pro-
1989 em Ribeirão Preto confirmaram os metro de largura. O espaçamento entre babilidade (FERREIRA, 2005).
dados do ano anterior obtidos em as linhas foi de 0,25 m e, entre plantas,
Guatapará. As médias de produtividade de 0,1 m. Cada parcela conteve 0,5 m2 RESULTADOS E DISCUSSÃO
e peso médio dos bulbos nos dois anos de área total e foi composta de duas li-
de estudo, demostraram que os acessos nhas transversais. No experimento de Devido à heterogeneidade dos qua-
Lavínia (12,3 t ha-1 e 28,8 g), Cateto Tietê cada linha foi plantada com sete drados médios residuais (GOMES,
Roxo (10,7 t ha-1 e 27,5 g), Roxinho bulbilhos, num total de 14 bulbilhos por 1970), os resultados dos experimentos
(10,7 t ha-1 e 25,0 g) e Chinês (9,1 t ha-1 parcela, ou 0,35 m2 de área cultivada. são apresentados separadamente.

936 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Avaliação dos acessos de alho pertencentes à coleção do Instituto Agronômico de Campinas

Para a variável número de bulbos por Tabela 1. Médias do número de bulbos (mil ha-1), produtividade (t ha), peso médio do bulbo
hectare não houve efeito significativo de (g), e diâmetro médio do bulbo (mm) de 50 acessos de alho do banco ativo de Germoplasma
acessos no experimento de Tietê em ra- do IAC em Tietê, IAC, 2003.
zão da uniformidade de emergência dos Número de Diâmetro
Produtividade Peso médio
bulbilhos, ocorrendo reduzido número Acesso bulbos médio do
(t ha) 1 do bulbo (g) 1
(mil ha-1) 1 bulbo (mm) 1, 2
de falhas (Tabela 1). Tanto na análise
Bulbilho Aéreo 2 266,0 a 14,9 a 55,8 a 48,9 a
de variância quanto no teste de Scott-
Piedade 280,0 a 13,4 a 47,9 b 49,3 a
Knott não houve diferenças significati- Gigante de Curitibanos 266,0 a 10,9 b 40,8 c 44,6 b
vas em Tietê. Andradas Manoel Lopes 2 274,0 a 10,1 b 36,9 c 42,3 b
Por outro lado, na análise de variân- BGH 5952 300,0 a 8,6 c 28,9 d 39,8 b
cia, para o experimento em Tietê obser- Mendonça 5062 280,0 a 8,4 c 30,1 d 37,9 c
vou-se que houve efeito altamente sig- Roxo Capim 280,0 a 8,2 c 29,1 d 37,5 c
nificativo de acessos para os caracteres Catetinho do Paraná 274,0 a 7,9 c 28,8 d 36,1 c
produtividade, peso médio do bulbo e Mineiro 280,0 a 7,6 c 27,3 d 36,2 c
diâmetro médio do bulbo. O peso mé- Tatuí 3705 266,0 a 7,6 c 28,3 d 37,5 c
dio do bulbo, que está relacionado ao Canela de Ema 280,0 a 7,2 d 25,7 d 35,4 c
BGH 5935 280,0 a 6,8 d 23,7 e 34,0 d
tamanho ou volume do mesmo, foi o
BGH 5947 294,0 a 6,4 d 21,7 e 35,0 c
principal fator a influenciar a produti-
Bom Repouso 266,0 a 6,4 d 23,8 e 36,5 c
vidade. Os coeficientes de variação para
Santa Catarina Roxo 266,0 a 6,3 d 23,5 e 36,4 c
a produtividade, peso médio do bulbo e Gigante Tietê 280,0 a 6,2 d 22,3 e 35,2 c
diâmetro médio do bulbo, foram 18,4%, Cateto Precoce I-99 274,0 a 6,2 d 22,7 e 36,2 c
16,6% e 8,0%, respectivamente (Tabe- Cateto Roxo 294,0 a 6,0 d 20,3 e 32,3 d
la 1). São José 4999 274,0 a 5,8 d 21,3 e 33,8 d
Em Tietê foram detectadas cinco BGH 5963 266,0 a 5,8 d 21,9 e 33,3 d
classes para a produtividade. O acesso Peruano Bisão 280,0 a 5,7 d 20,3 e 32,4 d
Bulbilho Aéreo 2 com produtividade de BGH 4842 266,0 a 5,6 d 21,3 e 32,5 d
14,9 t ha-1, e o acesso Piedade com pro- Santa Catarina Branco 280,0 a 5,6 d 20,2 e 33,3 d
dutividade de 13,4 t ha-1, superaram es- Lavínia 3208 280,0 a 5,4 d 19,3 f 32,7 d
BGH 5936 280,0 a 5,3 d 19,2 f 32,2 d
tatisticamente os demais. Na segunda
Areal nº2 3978 260,0 a 5,3 d 20,5 e 31,5 e
classe ficaram os acessos Gigante de
BGH 6394 246,0 a 5,1 d 20,8 e 33,3 d
Curitibanos e Andradas Manoel Lopes Cará 266,0 a 5,0 e 18,8 f 33,1 d
2, que produziram 10,9 t ha-1 e 10,1 t ha-1, Sacaia Goiânia 294,0 a 5,0 e 16,9 f 33,0 d
respectivamente. O acesso Gigante de BGH 4823 266,0 a 4,8 e 18,1 f 32,2 d
Curitibanos foi o padrão de referência Chinês Esalq 286,0 a 4,7 e 16,5 f 30,4 e
neste experimento devido a sua expres- Vera Cruz 5004 280,0 a 4,7 e 16,9 f 33,0 d
são no cultivo comercial. Do Reino de Araras 274,0 a 4,7 e 17,3 f 31,0 e
Comparando a produtividade de Formosa 4713 274,0 a 4,7 e 17,3 f 31,0 e
acessos do experimento em Tietê com Andradas Manoel Lopes 1 274,0 a 4,6 e 16,8 f 32,7 d
os obtidos por Lisbão et al. (1991) no Roxo Araras 274,0 a 4,6 e 16,8 f 30,6 e
Chinês 4653 286,0 a 4,6 e 16,0 f 30,2 e
mesmo local, duas considerações me-
Mexicano 266,0 a 4,5 e 16,8 f 32,3 d
recem ser destacadas. Primeiro, a maior
Lavínia 1632 274,0 a 4,2 e 15,6 f 29,2 e
produtividade obtida no ano de 1988
Gravataí 266,0 a 4,2 e 15,8 f 31,2 e
pelos autores com o acesso Lavínia foi Assaí 3702 254,0 a 4,1 e 16,3 f 29,4 e
de 12,8 t ha-1, o que não é muito dife- BGH 0525 286,0 a 4,0 e 14,2 f 27,5 f
rente das produtividades expressas no Roxinho 5063 280,0 a 3,9 e 13,8 f 28,3 f
presente experimento para os acessos Alho Preto 280,0 a 3,9 e 13,8 f 28,5 f
Bulbilho Aéreo 2 e Piedade. Segundo, Roxo Mineiro 260,0 a 3,8 e 14,5 f 25,0 f
os acessos de melhor produtividade no Mossoró 266,0 a 3,8 e 14,1 f 30,8 e
trabalho de Lisbão et al. (1991) revela- BGH 4814 260,0 a 3,5 e 13,6 f 27,8 f
ram uma produtividade bem abaixo no Amarante Embrapa 274,0 a 3,3 e 11,9 f 27,0 f
experimento atual, com exceção de Mi- Roxo de Araras 2 266,0 a 2,9 e 10,6 f 26,8 f
neiro que havia produzido 7,9 t ha-1 e Cajuru 2315 260,0 a 2,5 e 9,8 f 26,3 f
agora produziu 7,6 t ha-1. Este resultado C.V. (%) 7,1 18,4 16,6 8,0
pode ser explicado pela interação entre F 0,9ns 18,4* * 15,1* * 10,9* *
genótipo e ambiente. 1
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si (teste de Scott-Knott,
Resultados semelhantes às produti- 5%); 2Baseado na média aritmética de 3 bulbos/parcela (0,35 m2), escolhidos ao acaso; **
vidades dos acessos foram obtidos para Efeito de acessos (P < 0,01); nsAusência de efeito de acessos.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 937


P. E. Trani et al.

Tabela 2. Médias do número de bulbos (mil ha-1), produtividade (t ha), peso médio do bulbo o peso médio do bulbo no experimento
(g), e diâmetro médio do bulbo (mm) de 50 acessos de alho do banco ativo de Germoplasma em Tietê, no qual seis classes foram de-
do IAC em Jundiaí, IAC, 2003. tectadas. O acesso Bulbilho Aéreo 2, com
Número de Diâmetro média de 55,8 g por bulbo, superou os
Produtividade Peso médio
Acesso bulbos médio do demais. Na segunda classe destacou-se
(t ha) 1 do bulbo (g) 1
(mil ha-1) 1 bulbo (mm) 1, 2
o acesso Piedade com média de 47,9 g
Bulbilho Aéreo 2 273,0 a 13,1 a 48,0 a 39,3 c
por bulbo. O acesso Gigante de
Piedade 287,0 a 11,6 b 40,5 b 47,3 a
Curitibanos e Andradas Manoel Lopes 2,
Gigante de Curitibanos 273,0 a 11,4 b 41,7 b 45,3 a
BGH 5952 287,0 a 9,8 c 34,3 c 38,3 c
que produziram pesos médios de bulbo
Lavínia 1632 273,0 a 9,6 c 35,3 c 39,3 c de 40,8 e 36,9 g, respectivamente, ocu-
Roxo Capim 287,0 a 9,3 c 32,4 c 38,7 c param a terceira classe (Tabela 1).
Andradas Manoel Lopes 2 280,0 a 9,0 c 32,2 c 40,7 b No experimento em Tietê foram ob-
BGH 5935 280,0 a 8,7 d 31,0 d 35,0 d tidas seis classes para o diâmetro médio
Mineiro 287,0 a 8,6 d 29,9 d 32,3 e do bulbo, variável relacionada ao tama-
Tatuí 3705 280,0 a 8,3 d 29,8 d 35,3 d nho de bulbos selecionados. Os acessos
Gigante Tietê 287,0 a 8,1 d 28,3 d 41,7 b Piedade, com 49,3 mm e Bulbilho Aé-
BGH 4842 273,0 a 8,1 d 29,8 d 36,0 d reo 2, com 48,9 mm, superaram os de-
Peruano Bisão 296,3 a 7,5 e 25,3 e 32,7 e
mais. Os acessos Gigante de
Mendonça 5062 287,0 a 7,4 e 25,7 e 37,0 d
Curitibanos, Andradas Manoel Lopes 2
Chinês Esalq 296,3 a 7,2 e 24,3 e 32,3 e
e BGH 5952, com 44,6 mm, 42,3 mm e
BGH 5947 280,0 a 7,1 e 25,3 e 33,0 e
Cateto Roxo 326,7 a 7,1 e 21,7 f 30,3 e
39,8 mm respectivamente, situaram-se
Areal nº2 3978 287,0 a 7,0 e 24,5 e 33,7 e em segundo lugar.
Bom Repouso 263,7 a 7,0 e 26,7 e 33,0 e As médias referentes ao número de
Santa Catarina Roxo 310,3 a 7,0 e 22,6 f 36,3 d bulbos por hectare, produtividade (t ha-1),
Lavínia 3208 280,0 a 6,9 e 24,6 e 32,0 e peso médio do bulbo (g) e diâmetro
São José 4999 287,0 a 6,7 f 23,3 f 35,3 d médio do bulbo (mm) referentes aos 50
Catetinho do Paraná 287,0 a 6,5 f 22,8 f 33,3 e acessos avaliados em Jundiaí, bem como
Cateto Precoce I-99 296,3 a 6,5 f 21,9 f 34,7 d o valor de F da análise de variância e a
Mexicano 287,0 a 6,5 f 22,5 f 32,7 e comparação pelo teste de Skott-Knott
Sacaia Goiânia 273,0 a 6,5 f 23,6 e 31,0 e
encontram-se na Tabela 2.
24 343,0 a 6,3 f 18,5 g 30,3 e
Chinês 4653 256,7 a 6,3 f 24,4 e 31,7 e
A análise de variância para o núme-
BGH 6394 296,3 a 5,9 f 20,1 g 31,7 e ro de bulbos por hectare mostrou-se es-
BGH 0525 263,7 a 5,7 g 21,5 f 29,7 e tatisticamente significativa para o expe-
Cará 273,0 a 5,6 g 20,7 f 32,0 e rimento em Jundiaí. O teste de Skott-
BGH 5963 287,0 a 5,6 g 19,7 g 32,0 e Knott para esta variável detectou ape-
Vera Cruz 5004 280,0 a 5,6 g 19,9 g 31,0 e nas uma classe, demonstrando não ha-
Roxo Mineiro 303,3 a 5,5 g 18,1 g 23,7 g ver diferença entre o número de bulbos
BGH 5936 256,7 a 5,4 g 21,2 f 31,0 e por hectare de cada acesso avaliado. A
Cajuru 2315 287,0 a 5,4 g 18,8 g 31,0 e semelhança entre o número de bulbos
Formosa 4713 280,0 a 5,4 g 19,3 g 29,0 f por hectare era esperada em função da
Roxinho 5063 263,7 a 5,3 g 20,1 g 27,7 f metodologia adotada no experimento e
BGH 4814 287,0 a 5,2 g 18,0 g 28,7 f
a uniformidade de brotação.
Amarante Embrapa 310,3 a 5,2 g 16,7 g 27,0 f
Santa Catarina Branco 280,0 a 5,1 g 18,3 g 28,7 f
Para o experimento em Jundiaí fo-
Andradas Manoel Lopes 1 280,0 a 5,1 g 18,3 g 32,3 e ram detectadas 9 classes de produtivi-
Roxo Araras 240,3 a 5,1 g 21,0 f 29,7 e dade. O acesso Bulbilho Aéreo 2 foi o
Roxo de Araras 2 296,3 a 5,0 g 16,8 g 28,7 f mais produtivo com 13,1 t ha-1 superan-
Do Reino de Araras 296,3 a 4,9 g 16,7 g 28,0 f do os demais. Na classe seguinte estão
Alho Preto 303,3 a 4,5 h 14,7 h 26,3 f os acessos Piedade e Gigante de
Mossoró 287,0 a 4,5 h 15,5 h 41,7 b Curitibanos, com magnitudes respecti-
Assaí 3702 233,3 a 4,4 h 18,7 g 24,0 g vas de 11,6 t ha-1 e 11,4 t ha-1 (Tabela 2).
Canela de Ema 263,7 a 3,4 i 12,8 i 20,7 h Estes acessos superam Lavinia 1632,
Gravataí 280,0 a 3,1 i 11,0 i 26,7 f que nos experimentos de Lisbão et al.
C.V. (%) 8,6 7,8 8,2 5,1 (1991) e Lisbão et al. (1993), foi o mais
F 1,7* 42,9* * 46,1* * 30,6* *
produtiva em São Paulo, e que neste
1
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si (teste de Scott-Knott, ensaio posicionou-se na terceira classe
5%); 2Baseado na média aritmética de 3 bulbos/parcela (0,3 m2), obtidos ao acaso; *Efeito de produtividade, com 9,6 t ha-1, junta-
de acessos (P < 0,05); ** Efeito de acessos (P < 0,01) mente com outros acessos.

938 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Avaliação dos acessos de alho pertencentes à coleção do Instituto Agronômico de Campinas

O teste Skott-Knott detectou 9 clas- Bulbilho Aéreo 2 ter sido de 13,1 t ha-1, DALLAMARIA, G.C.M. A cultura do alho no
Brasil. Batata Show, ano 3, n.6, p.32-33, 2003.
ses para o peso médio do bulbo para os comercialmente o diâmetro médio do seu
FERREIRA, D.F. Programa Sisvar versão 4.3
acessos cultivados em Jundiaí. O aces- bulbo classifica o acesso em categoria (Build 45). DEX/UFLA, Lavras (MG). Disponí-
so Bulbilho Aéreo 2 superou os demais inferior à dos acessos Piedade e Gigante vel em :<http://www.dex.ufla.br/danielff/
com média de 48,0 g por bulbo. Por sua de Curitibanos, em razão de variações de dff02.htm>. Acesso em: 15 mar. 2005.
vez, Piedade e Gigante de Curitibanos 36 a 45 mm do diâmetro serem classifi- GOMES, F.P. Curso de estatística experimental.
expressaram pesos médios de bulbo se- cadas como tamanho 4, ao passo que 4a. ed. São Paulo: Livraria Nobel, 1970, 430 p.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
melhantes na segunda classe, com va- variações de 46 a 55 mm classificam o ESTATÍSTICA Produção Agrícola Municipal:
lores de 40,5 g e 41,7 g, respectivamen- genótipo como tamanho 5 (TRANI et al., Alho. Brasília, 2002. Disponível em: <http://
te (Tabela 2). 1997), o que é um fator importante no w w w. s i d r a . i b g e . g o v. b r / b d a / t a b e l a /
valor monetário para o alho. protabl.asp?z=t&o=1&i=P>. Acesso em 27 ago.
Para o diâmetro médio do bulbo, o
2004.
maior valor em magnitude foi verifica- Os acessos Piedade e Gigante de LISBÃO, R.S.; FORNASIER, J.B.; GROPPO,
do para o acesso Piedade, com 47,3 mm, Curitibanos exibiram excelente desem- G.A.; NEVES, J.P.S.; BARBOSA, L.A.V.;
que não diferiu do acesso Gigante de penho para produtividade e qualidade do INADA, I.; RODRIGUES, A.; VERAGUAS, S.;
Curitibanos, que expressou 45,3 mm de bulbo, nos dois locais avaliados. Em FERNANDES, S.C.S. Avaliação de cultivares de
alho. Campinas, Coordenadoria de Assistência
diâmetro. Estes acessos foram superio- contraposição, os acessos Bulbilho Aé- Técnica Integral. Programa de Pesquisa e Adap-
res em diâmetro aos acessos Mossoró e reo 2 e Andradas Manoel Lopes 2 apre- tação de Tecnologias Regionais, n.22, mai. 1991.
Andradas Manoel Lopes 2, que produ- sentaram interação com o ambiente, o LISBÃO, R.S.; SIQUEIRA, W.J.; FORNASIER,
ziram diâmetro médio de bulbo de 41,7 primeiro para o tamanho do bulbo e o J.B.; TRANI, P.E. Alho. In: FURLANI, A.M.C.;
mm e 40,7 mm, respectivamente. segundo para a produtividade. Aos agri- VIEGAS, G.P., Ed. O melhoramento de plantas
no Instituto Agronômico. Campinas, Instituto
Houve semelhança de resultados cultores, recomenda-se o plantio expe- Agronômico, 1993. p.222-253. 524 p.
entre os dois locais quando se compa- rimental destes quatro acessos de alho, SIQUEIRA, W.J.; TAVARES, M.; TRANI, P.E.
ram o peso médio do bulbo com a pro- porque revelaram produtividade e qua- Variedades de alho para o estado de São Paulo.
lidade superior em relação às cultivares Campinas, Instituto Agronômico, 1996. 26 p (
dutividade e com o diâmetro do bulbo.
Boletim Técnico, 165)
A exceção no experimento em Jundiaí tradicionalmente plantadas.
TAVARES, M.; TRANI, P.E.; SIQUEIRA, W.J.
(Tabela 2) foi o acesso Mossoró que Alho. In: Instruções agrícolas para as principais
apresentou baixa produtividade (4,5 t ha-1) LITERATURA CITADA culturas econômicas, editado por Joel Irineu Fahl,
e cabeça grande (41,7 mm). Marcelo Bento Paes de Camargo, Maria Angélica
Pizzinatto, Juarez Antonio Betti, Arlete Marchi
Portanto, os melhores tamanhos de CAMARGO FILHO, W.P. Área e produçãodos prin-
Tavares de Melo, Isabela Clerici Demaria e Angela
cipais produtos da agropecária do estado de São Paulo:
bulbo aliados à boa produtividade em levantamento subjetiva estado de São Paulo. São Pau-
Maria Cangiani Furlani. 6. ed. rev. atual. Campi-
Jundiaí foram alcançados pelos acessos nas, Instituto Agronômico, 1998. p.175-176. (Bo-
lo, 2003. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/
letim IAC, 200).
Piedade e Gigante de Curitibanos. As ibcoiea.php >. Acesso em: 27 ago. 2004.
TRANI, P.E.; TAVARES, M.; SIQUEIRA, W.J.;
produtividades foram maiores do que a CAMARGO FILHO, W.P.; TRANI, P.E.;
SANTOS, R.R.; BISÃO, L.G.; LISBÃO, R.S.
SIQUEIRA, W.; BERNHARDT, L.W.; MAZZEI,
produtividade normal para o alho em Cultura do alho: recomendações para seu cultivo
A.R.; SILVA, C.G.; URYU, E.N.; CABRERA FI-
São Paulo, que é de 4 a 8 t/ha (LISBÃO LHO, J. Repensando a agricultura paulista – ca-
no estado de São Paulo. Campinas, Instituto Agro-
et al., 1993; TAVARES et al., 1998). nômico, 1997. 39 p (Boletim Técnico, 170)
deias produtivas do alho, da cebola e condimen-
Apesar da produtividade do acesso tos. São Paulo, 86 p., 1996. (não publicado)

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 939


FERREIRA, M.D.; KUMAKAWA, M.K.; ANDREUCCETTI, C.; HONÓRIO, S.L.; TAVARES, M.; MATHIAS, M.L. Avaliação de linhas de beneficiamento
e padrões de classificação para tomate de mesa. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.940-944, out-dez 2005.

Avaliação de linhas de beneficiamento e padrões de classificação para


tomate de mesa
M.D. Ferreira1; M.K. Kumakawa2; C. Andreuccetti1; S.L. Honório1; M. Tavares3; M.L. Mathias2
1
UNICAMP, Fac. Eng. Agrícola, Conselho Integrado de Tecnologias de Processos, Distrito Barão Geraldo, C. Postal 6011, 13083-875
Campinas-SP; E-mail: marcos.ferreira@agr.unicamp.br, 2UNICAMP, Fac. Eng. Mecânica, Campinas-SP; 3Universidade Federal de
Uberlândia, Fac. Matemática, Av. João Naves de Ávila, 2121, 38408-100 Uberlândia-MG.

RESUMO ABSTRACT
Atualmente, existem disponíveis no mercado brasileiro alterna- Evaluation of packing lines and classification standards for
tivas quanto a equipamentos de beneficiamento e classificação para fresh market tomatoes in Brazil
tomate de mesa, sendo os mais comuns aqueles que realizam a pa- Currently, are available in the Brazilian market some alternatives
dronização através dos parâmetros tamanho e peso do produto. Nes- of packing and standardization equipment for fresh market tomatoes.
te trabalho realizou-se um levantamento em cinco unidades de be- The most common ones classify the fruits through their size and
neficiamento e classificação para tomate de mesa, localizadas na weight. Five packing line units for classifying fresh market tomatoes,
região de Campinas (SP), caracterizando o tipo de equipamento, seu located in the Campinas region, Brazil, were evaluated. The type of
funcionamento, as etapas envolvidas no processo e aferindo a clas- equipment was characterized; the involved steps in the process, and
sificação utilizada pelos galpões, comparando-a com aquela deter- the working functions were analysed. A comparison was done
minada pelo Programa Brasileiro para a Modernização da between the classification recommended by the Brazilian Program
Horticultura, desenvolvido pela Companhia de Entrepostos e Arma- for the Modernization of the Horticulture (developed by the
zéns Gerais de São Paulo, Ceagesp. A classificação dos tomates foi CEAGESP), and those used in the different packing houses
realizada medindo-se os diâmetros transversais dos frutos por meio evalkuated. The classification was carried out measuring the
de um paquímetro digital. Na avaliação das linhas de beneficiamen- transversal diameter of the fruits with a digital paquimeter. A large
to e classificação, observou-se grande variação nas etapas do pro- variation was observed (99%) in the length of the packing lines. In
cesso: quanto às dimensões, determinou-se aproximadamente 99% the washing step the number of brushes varied from 4 to 19 nylon
de diferença entre os comprimentos aferidos; quanto ao número e brushes. In the drying step, the number of foam brushes
ao tipo de escovas, na etapa de lavagem encontrou-se o mínimo de 4 (polyurethane-polyether) ranged from 5 to 15, and from 6 to 64
escovas e o máximo de 19 escovas nylon, na etapa de secagem o brushes of animal origin (horse poil mainly) in the second drying
mínimo de 5 e o máximo de 15 escovas espuma (poliuretano- and polishing step. For bigger classification standards a lack of
poliéter), e na etapa da segunda secagem, incluindo o polimento, o fulfillment of the norms was observed. From the 14 samples taken
mínimo de 6 e o máximo de 64 escovas, preferencialmente de ori- in the 5 packing houses, only 57.2% worked accordingly to the
gem animal, crina. Observou-se ainda para os padrões de classifica- recommended norms.
ção maiores o não cumprimento das normas nos galpões de benefi-
ciamento avaliados. Das 14 amostragens realizadas nas 5 unidades
de beneficiamento, 57,2% enquadraram-se às normas de classifica-
ção recomendadas.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill, escovas, galpões, Keywords: Lycopersicon esculentum Mill, brushes, packing houses,
normas, diâmetros de frutos. standards.

(Recebido para publicação em 15 de agosto de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)

S egundo Cançado Jr. et al. (2003), o


tomateiro é a segunda hortaliça culti-
vada no mundo, sendo que em quantidade
& AGROINFORMATIVOS, 2004). Os
mesmos autores afirmaram que uma boa
alternativa para aumentar a lucratividade
chaduras estão relacionados com alte-
rações fisiológicas, metabólicas, de aro-
ma, sabor e qualidade em diversos pro-
produzida é superada apenas pela batata. dos produtores é otimizar a logística de pro- dutos hortícolas (MORETTI et al.,
Das 108.499.056 t métricas de produção dução, colheita e distribuição do tomate, o 1998). Danos mecânicos podem ser oca-
mundial de tomate em 2002, 3.518.163 que acarretaria numa melhora de qualida- sionados por uma pequena força, por
foram produzidas pelo Brasil, colocando- de do produto e numa diminuição das per- impacto com outro fruto ou em uma
o como oitavo produtor mundial, das pós-colheita. superfície dura, sendo cumulativos du-
correspondendo a uma área colhida de As perdas na pós-colheita podem ser rante as práticas de manuseio pós-co-
62.291 ha. O volume comercializado na causadas por danos mecânicos, lheita (MOHSENIN, 1986; SARGENT
Ceagesp (SP) neste mesmo ano foi de armazenamento impróprio, manuseio et al., 1992). Portanto, as etapas de ma-
243.794 t, sendo o tomate salada responsá- excessivo, transportes inadequados e nuseio do produto, desde o campo até o
vel por 189.405 t, com preço médio de grande tempo de exposição no varejo. consumidor, devem ser cuidadosamen-
R$0,85/kg baseado no volume comercia- Danos mecânicos devido a impac- te coordenadas e integradas para
lizado na Ceagesp (FNP CONSULTORIA tos, compressão, vibração, cortes e ra- maximizar a qualidade final do produto

940 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Avaliação de linhas de beneficiamento e padrões de classificação para tomate de mesa

(SARGENT et al, 1992). Hyde e Zhang (CEAGESP, 2000), verificando se as em recomendações de Sargent et al.
(1992) relatam que as escovas utiliza- normas preconizadas estavam sendo (1991) e Lopez Camelo et al. (2003).
das em uma linha de beneficiamento e cumpridas. Amostras foram coletadas nos padrões
classificação possuem diferentes velo- de classe (diâmetros) 3A, 2A e 1A, con-
cidades de acordo com a sua finalidade. MATERIAL E MÉTODOS forme disponibilidade nos galpões, res-
Porém, a velocidade excessiva das es- pectivamente equivalente às classes
covas e/ou a excessiva exposição a elas, A caracterização dos equipamentos Grande, Médio e Pequeno (CEAGESP,
também podem causar danos aos frutos, de beneficiamento e classificação foi 2000), denominações mais usadas após
em especial se as escovas utilizadas pos- realizada pela identificação dos materi- embalamento, em um número de 100
suírem superfícies pontiagudas e rígidas. ais utilizados na construção do classifi- frutos para cada padrão de classificação.
Uma linha de beneficiamento e classi- cador, das medidas de rotação de ope- A análise dos resultados foi feita pelo
ficação de frutas e hortaliças é compos- ração das esteiras de lavagem, secagem Teste t, para um intervalo de confiança
ta por etapas como recebimento, pré- e polimento. Dimensionou-se o tipo de de 90%. A confiabilidade de 90% para
seleção, lavagem, secagem, classifica- máquinas beneficiadoras empregadas o método foi adotada segundo o limite
ção e embalagem (MILLER et al., por meio de medidas feitas com o auxí- de tolerância para mistura de tomates
2001). lio de uma trena profissional. Foi pertencentes a classes diferentes, que
Segundo Ferreira et al. (2004), os mensurado o tamanho de cada etapa do não deve ultrapassar 10% de frutos que
frutos são avaliados, dentre outros equipamento, aferindo-se tanto o com- pertençam à classe imediatamente su-
parâmetros, pelo tamanho que, por sua primento quanto as larguras interna e perior e/ou inferior, conforme descreve
vez, é medido através da circunferência externa. Na etapa de limpeza, polimen- o Programa Brasileiro para a Moderni-
ou diâmetro transversal. Para Belém to e secagem, identificaram-se a quan- zação da Horticultura (CEAGESP,
(2003), a classificação garante um pa- tidade e qualidade das escovas utiliza- 2000) e Ferreira et al. (2004).
drão único para os produtores, atacadis- das, classificando o material das esco-
tas e consumidores finais, promove vas de acordo com sua origem em ve- RESULTADOS E DISCUSSÃO
maior facilidade na comercialização, getal, animal e sintético. Para avaliação
possibilitando que os melhores agricul- das condições das escovas foi utilizada As cinco unidades de beneficia-
tores possam ter seus produtos valori- uma escala de notas de 1 a 5, corres- mento e classificação estudadas foram
zados, diminuindo as perdas, além de pondente ao nível de conservação das nomeadas de Galpões 1 a 5, sendo que
garantir ao consumidor um elevado pa- escovas (1=escovas em péssimo estado todos trabalhavam com capacidade in-
drão de qualidade de frutas e hortaliças. de conservação, com ausência no núme- ferior à máxima. Galpões 1, 2 e 3 eram
A classificação do tomate de mesa tam- ro de cerdas; 2=estado de conservação compostos de equipamentos mistos, eta-
bém interfere na qualidade final, uma ruim, mas sem falhas na escova; 3=in- pa de recebimento e limpeza (lavagem,
vez que este é suscetível a danos provo- termediário, escovas em uso, com cerdas secagem e polimento) de origem nacio-
cados pelo manuseio incorreto, seja da eretas, mas apresentando algum desgas- nal, e classificação com maquinário
classificação manual ou da mecânica. te por uso; 4=escovas novas com pouco importado. Galpões 1 e 3 utilizavam-se
Produtos com características de ta- uso; 5=escovas recém instaladas). Fo- da classificação por diâmetro e cor;
manho e peso padronizados são mais ram avaliadas as escovas nas etapas re- Galpão 2, classificação por peso e cor.
fáceis de ser manuseados em grandes ferentes à lavagem, secagem e polimen- Galpão 4 possuía linha de beneficia-
quantidades, pois apresentam menores to. Aferiu-se a rotação de operação das mento e classificação por peso impor-
perdas, produção mais rápida e melhor escovas (rpm) nas etapas já menciona- tada, sendo a classificação por cor rea-
qualidade (CHITARRA; CHITARRA, das através da determinação de um pon- lizada manualmente. Galpão 5, bene-
1990). to de referência, utilizando-se um cro- ficiamento e classificação por diâmetro
Objetivou-se com este trabalho ca- nômetro de precisão, considerando um em equipamento nacional através da
racterizar os equipamentos (nacionais e minuto como tempo padrão. Realiza- esteira de lona. Os Galpões 1, 2 e 5 clas-
importados) de beneficiamento e clas- ram-se cinco repetições para cada gru- sificavam, no período da pesquisa, fru-
sificação para tomate de mesa em cinco po de escovas, considerando-se como tos com formato redondo e os Galpões
unidades localizadas na região de Cam- resultado final a média das repetições. 3 e 4, tomates oblongos (CEAGESP,
pinas (SP), identificando as etapas en- A eficiência do processo de classifi- 2000).
volvidas no processo e os parâmetros de cação foi avaliada por medições do diâ- Quanto à caracterização das etapas
funcionamento tais como material uti- metro transversal dos frutos. Verificou- das linhas de beneficiamento e classifi-
lizado, tipo de classificadora, escovas se sua adequação dentro das normas de cação observa-se, na Tabela 1, um dife-
empregadas na etapa de limpeza e lava- padrão e classificação indicadas pelo rencial entre os comprimentos das eta-
gem. Estabeleceu-se também o relacio- Programa Brasileiro para a Moderniza- pas constituintes do equipamento de
namento entre a classificação utilizada ção da Horticultura (CEAGESP, 2000), beneficiamento, bem como no compri-
pelas unidades referidas com a recomen- determinando-se a eficiência dos equi- mento total desta, que neste caso variou
dada pelo Programa Brasileiro para a pamentos utilizados nas unidades de 18,84 m a 37,49 m. Constatou-se que
Modernização da Horticultura pesquisadas. A metodologia baseou-se somente em um galpão o recebimento

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 941


M. D. Ferreira et al.

Tabela 1. Caracterização dimensional (comprimento, m) em cinco unidades de beneficia- Polimento o Galpão 2 apresentou o
mento e classificação para tomate de mesa. Campinas, UNICAMP, 2003. maior número. Esta máquina de classi-
Dimensões dos galpões de beneficiamento (m) ficação não utilizava escovas no poli-
Etapas
Galpão 1 Galpão 2 Galpão 3 Galpão 4 Galpão 5 mento, somente realizando secagem.
Tanque Recebimento EI* EI* EI* 4,57 EI* Observa-se portanto uma grande dife-
Recebimento 3,47 2,24 2 3,1 3,4 rença no número e tipos de escovas nas
Lavagem 1,92 2,45 2,45 1,43 2,1 linhas de beneficiamento avaliadas.
Esteira EI* EI* 1,55 EI* EI* Miller et al. (2001) relatam que a utili-
Secagem 1,75 0,75 0,93 1,43 1,65 zação de escovas transversais para lim-
Secagem 2/Polimento 3,8 2,4 0,93 3,86 3,8 peza é praticamente universal para fru-
Seleção EI* 4,8 EI* EI* 2,5 tas e hortaliças, juntamente com a apli-
Saída Seleção EI* 2,45 EI* EI* EI* cação de algum detergente ou desinfe-
Etapa Alimentação 6,28 EI* 1,62 5,7 EI* tante. O fruto deve ser localizado ime-
Entrada Colorimetro EI* 2,85 EI* EI* EI* diatamente sobre o espaço entre a pri-
Colorimetro 1,8 1 1,7 EI* EI*
meira e segunda escova, mas não sobre
Saída Colorimetro EI* 1,85 EI* EI* EI*
a escova, porque cada linha de frutas
Linha Classificação 6,44 16,7 9,52 9 5,39
passará entre as escovas.
Total 25,46 37,49 20,7 29,09 18,84 As escovas da maioria dos galpões
*EI = etapa inexistente. estavam em condições razoáveis, nota
3 na escala proposta. Pode-se destacar
os Galpões 2 e 3 por terem apresenta-
Tabela 2. Classificação das escovas em cinco galpões de beneficiamento e classificação dos as escovas em melhores condições,
para tomates de mesa, quanto ao número e material utilizado nas etapas de lavagem, seca- notas 4 e 5. A etapa de polimento apre-
gem e polimento. Campinas, UNICAMP, 2003. sentou escovas em melhores condições
Etapas
de funcionamento enquanto que as da
etapa de secagem estavam em condições
Lavagem Secagem Secagem2/Polimento
Galpões mais comprometedoras (nota 2). Para
Nº Nº Nº
Material Material Material que o processo de limpeza seja efetivo
Escovas Escovas Escovas
1 15 Nylon 15 Espuma 30 Crina e para o adequado funcionamento das
2 19 Crina 5 Espuma 64 PVC escovas, estas devem ser
3 10 Nylon 9 Espuma 16 Crina continuadamente verificadas, pois ocor-
4 4 Nylon 6 Espuma 6 Nylon
re desgaste por uso, com o acúmulo de
5 16 Nylon 14 Espuma 30 Crina
impurezas, as quais prejudicam o seu
apropriado funcionamento. Para tanto,
revisões periódicas são recomendadas
(SARDI, 2001).
Tabela 3. Rotações das escovas nas diferentes etapas em cinco galpões de beneficiamento e
classificação para tomate de mesa. Campinas, UNICAMP, 2003. Observa-se na rotação das escovas
das etapas de lavagem, secagem e poli-
Etapas (rotação rpm)
Galpões mento, diferenças entre os galpões (Ta-
Lavagem Lavagem 2 Secagem Secagem 2 Polimento
bela 3). Nota-se que o Galpão 4 apresen-
1 162 EI* 118 EI* 118
tou uma rotação baixa em todas as eta-
2 76 EI* 119 EI* 11
pas, enquanto que os Galpões 1 e 5 se
3 102 77 26 26 26
destacaram pela elevada rotação. Hyde
4 46 EI* 46 EI* 46
e Zhang (1992) relatam que uma redu-
5 168 EI* 115 148 131
ção na velocidade das escovas reduz a
*EI = etapa inexistente. intensidade das injúrias causadas pelas
escovas e pela abrasão de um fruto con-
tra o outro. Com a redução da velocida-
ocorreu em tanques de água. Importan- davia, não eram proporcionais ao com- de das escovas, ocorre uma conseqüente
te salientar que essas diferenças de com- primento máximo de cada linha, ocor- redução no número de impactos por se-
primento encontradas podem estar re- rendo, portanto, equipamentos com gundo, porém, com a redução do fluxo
lacionadas ao tipo de classificador uti- menores dimensões totais, mas propor- do produto, o impacto total pelo choque
lizado e ao volume diário de produção. cionalmente com maiores dimensões de fruta contra fruta pode continuar o
Outro aspecto observado refere-se às nas etapas de limpeza. mesmo. Assim, recomenda-se para cul-
dimensões da etapa de limpeza (lava- O Galpão 4 apresenta o menor nú- tivares de maior sensibilidade uma redu-
gem, secagem e polimento) que diferi- mero de escovas nas três etapas (Tabela ção na velocidade das escovas, mas com
ram entre as unidades pesquisadas. To- 2). Enquanto que na etapa de Secagem2/ um fluxo normal de operação dos frutos.

942 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Avaliação de linhas de beneficiamento e padrões de classificação para tomate de mesa

Tabela 4. Resultados das classificações dadas pelos diferentes Galpões conforme formato dos tomates. Campinas, UNICAMP, 2003.
Média Desvio Intervalo Intervalo
Galpões Formato fruto Variável n1 Condição
(mm) padrão (mm) amostra (mm) padrão* (mm)
Redondo 1A 100 59,38 2,96 58,89-59,87 50-65 Adequado
1 Redondo 2A 100 69,22 3,43 68,65-69,79 65-80 Adequado
Redondo 3A 100 77,35 5,22 76,48-78,22 Acima de 80 Inadequado
Redondo 2A Méd* 100 53,17 2,82 52,71-53,64 65-80 Inadequado
2 Redondo 2A 100 56,22 2,48 55,80-56,63 65-80 Inadequado
Redondo 3A 100 61,67 4,43 60,94-62,41 Acima de 80 Inadequado
Oblongo 1A 100 52,86 3,35 52,31-53,42 40-50 Inadequado
3
Oblongo 2A 100 58,52 3,18 57,99-59,05 50-60 Adequado
Oblongo 1A* * (Extrinha) 100 45,19 2,98 44,70-45,69 40-50 Adequado
4 Oblongo 1A 100 46,03 2,88 45,55-46,51 40-50 Adequado
Oblongo 2A 100 54,25 4,30 53,53-54,96 50-60 Adequado
Oblongo 1A 100 58,99 2,58 58,56-59,42 50-65 Adequado
5 Oblongo 2A 100 69,57 3,47 68,99-70,15 65-80 Adequado
Oblongo 3A 100 76,26 2,95 75,77-76,75 Acima de 80 Inadequado
*Esta unidade não utilizava classificação 1A, mas considerava esta como a de menor diâmetro.
**Unidade 4 considerava o menor diâmetro como extrinha (1A), não existindo a classificação 3A.

Quanto aos padrões de classificação, “Intervalo padrão”, o primeiro estando No caso do Galpão 4, levantou-se
observa-se na tabela 4 os resultados re- abaixo do segundo. Logo, tomates que que, para todos os níveis de classes
ferentes à verificação ou não da adequa- foram classificados como Grande (3A) pesquisados (1A, 1A Extrinha e 2A), as
ção dentro das normas para todos os estavam sendo supervalorizados, sendo normas foram atendidas de maneira
galpões pesquisados. Os parâmetros in- mais adequada a classificação tamanho satisfatória segundo os padrões de clas-
dicados nas tabelas são: “Variável” Médio (2A). sificação da Ceagesp (2000). Os inter-
(classificação adotada pelos Galpões Todavia para Galpão 2, observa-se valos das amostras estão contidos nos
pesquisados); “n1” (tamanho da amos- diferença entre a classificação dada por intervalos padrões indicados pela legis-
tra por padrão de classe); “Média” (mé- essa unidade de beneficiamento e a clas- lação. Encontraram-se 94 frutos enqua-
dia dos diâmetros amostrados, mm); sificação indicada pela Ceagesp, para drados na norma para as classificações
“DP” (Desvio Padrão da amostra, mm); todos os níveis de classe analisados. Os 1A e 1A Extrinha e para tomate 2A,
“Intervalo da amostra” (intervalo calcu- intervalos das amostras não estão con- obtiveram-se 80 frutos com diâmetros
lado a partir do Teste t com intervalo de tidos nos intervalos padrões de classifi- de acordo com a norma.
confiança de 90%, conforme cação, sendo aqueles inferiores a esses. Dentre os tomates classificados pelo
metodologia); e “Intervalo padrão”, in- Neste caso, todos os tomates dessa uni- Galpão 5, aqueles denominados como
tervalo de diâmetros indicados pela dade, durante a época da pesquisa, esta- 1A e 2A encontram-se dentro das nor-
CEAGESP (2000) para diferentes pa- vam sendo supervalorizados. Os toma- mas sugeridas pela Ceagesp (2000), com
drões de classe. tes classificados como Médio (2A) e 98 e 91 frutos, respectivamente, aten-
No Galpão 1, observa-se que, para Grande (3A) são, conforme norma dendo a legislação. Já para o tomate clas-
as classes de diâmetros 1A e 2A, as nor- Ceagesp (2000), tomates de tamanho sificado como 3A o “Intervalo da amos-
mas foram atendidas, admitindo-se to- Pequeno, com diâmetros variando de 50 tra” não está contido no “Intervalo pa-
lerância de mistura de 10%, conforme a 65 mm. drão”. O tomate, nesse caso, estava sen-
indica CEAGESP (2000). Ou seja, dian- Já no Galpão 3, o tomate classifica- do supervalorizado, uma vez que deve-
te das análises, determinou-se que o “In- do como 1A, está sendo desvalorizado, ria ter sido classificado como 2A (tama-
tervalo da amostra” está contido no “In- uma vez que o “Intervalo da amostra” nho Médio). A partir dessa análise, ob-
tervalo padrão”. Para tomate 1A, den- está acima do “Intervalo padrão”, ou serva-se que o tipo de equipamento uti-
tro da amostragem de 100 frutos, 98 seja, o adequado seria denominar o to- lizado nas diferentes unidades
deles enquadravam-se nas normas de mate como 2A (tamanho Médio) e não pesquisadas, bem como sua devida
padrão e classificação da CEAGESP. como 1A (Pequeno). Para a outra classe calibração, afetaram os resultados de
Para tomate 2A, 96 frutos atenderam a analisada (2A), determinou-se que a classificação para tomate de mesa.
classificação conforme norma. Enquan- norma estava sendo atendida, com 71 Os resultados mostram diferenças
to que para os tomates classificados frutos correspondendo a classificação entre os galpões para beneficiamento de
como 3A, 27 frutos estavam de acordo conforme Ceagesp (2000). O “Interva- tomate quanto ao equipamento utiliza-
com a legislação, isto significa que o lo da amostra” está contido no “Inter- do, dimensões externas, número e tipo
“Intervalo da amostra” não pertence ao valo padrão”. de escovas e rotações das escovas. Ob-

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 943


M. D. Ferreira et al.

serva-se através dessas informações um locidade das correias de transporte. CEAGESP. Programa Brasileiro para Moderniza-
ção da Horticultura. Normas de Classificação do
potencial para pesquisas futuras, com a Logo, a calibração dos equipamentos
Tomate. Centro de Qualidade em Horticultura.
criação de parâmetros para melhor fun- deve ser feita freqüentemente, com o CQH/CEAGESP. 2000. São Paulo (CQH. Docu-
cionamento e eficiência nas etapas de intuito de evitar a desvalorização ou a mentos 26).
uma linha de beneficiamento e classifi- supervalorização do produto, rotulando- CHITARRA, M.I.; CHITARRA, A.B. Pós-colhei-
cação. Para a avaliação das normas de se o produto de acordo com a legisla- ta de frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio.
Lavras: ESAL/FAEPE, 1990. 320 p.
classificação, os menores padrões (fru- ção, não prejudicando os consumidores
FERREIRA, S.M.R., FREITAS, R.J.S.,
tos com menores diâmetros transversais) finais. Faz-se necessário a realização de LAZZARI, E.N. Padrão de identidade e qualida-
são coincidentes para o Padrão Ceagesp treinamento dos operadores, a fim de de do tomate (Lycopersicon esculentum Mill.) de
(2000), enquanto as encontradas para os que esses possam efetuar a adequação mesa. Ciência Rural, Santa Maria, v.34, n.1, p.329-
maiores padrões não o são, na sua maio- dos equipamentos às classificações, con- 335, 2004.
FNP Consultoria & Agroinformativos. Anuário da
ria, discordando dos resultados encon- forme os diferentes diâmetros e varie- Agricultura Brasileira – Agrianual 2004. São Pau-
trados por Sargent et al. (1991). Os equi- dades existentes, comparando-se o diâ- lo: FNP, 2003, 496 p.
pamentos que realizam classificação metro classificado com aquele indica- GAYET, J.P.; BLEINROTH, E.W.; MATALLO,
utilizando como padrão o diâmetro do do pela norma. M.; GARCIA, E.E.C.; GARCIA, A.E.; ARDITO,
fruto (Galpões 1, 3 e 5) atenderam em E.F.G.; BORDIN, M.R. Tomate para exportação:
No caso da classificação obtida não procedimentos de colheita e pós-colheita. Minis-
sua maioria (62,5%) as normas preco- se adequar às normas, como encontra- tério da Agricultura, do Abastecimento e da Re-
nizadas pela Ceagesp (2000). Dos do na maioria dos galpões estudados forma Agrária, Secretaria do Desenvolvimento
37,5% equipamentos restantes que não nessa pesquisa, Gayet et al. (1995) afir- Rural, Programa de Apoio à Produção e Exporta-
estavam atendendo as normas nessas ção de Frutas, Hortaliças, Flores e Plantas Orna-
maram que é indispensável proceder à mentais. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1995. 34 p.
unidades, 25% estavam eliminação manual dos frutos conside- (Série Publicações Técnicas FRUPEX: 13).
supervalorizando e 12,5% rados fora de calibre e a sua inclusão HYDE, G.M.; ZHANG, W. Apple Bruising Research
subvalorizando o produto. Os outros nos lotes correspondentes. Para a garan- Update: Packingline Impact Evaluations. Tree Fruit
dois galpões (2 e 4) classificam os fru- tia de um produto de qualidade é neces- Postharvest Journal, v.3, n.3, p.12-15, 1992.
tos por peso, porém, não foi possível LOPEZ CAMELO, A.F.; HORVITZ, S.; GOMEZ,
sário que as normas estabelecidas, nes- P.A. An approach for the evaluation of efficiency
comparar as unidades, uma vez que em se caso para tomate de mesa, se adap- of onion packinghouse operations. Horticultura
uma delas as normas não foram atendi- tem, de acordo com Ferreira et al. Brasileira, Brasília, v.21, n.1, p.51-54, 2003.
das em nenhuma classificação realiza- (2004), à realidade agrícola com vistas MILLER, W.M.; WARDOWSKI, W.F.;
da, enquanto que na outra unidade as as cultivares de diferentes formatos, ta- GRIERSON, W. Packingline Machinery for Flo-
classificações dos frutos se adequaram rida Citrus Packinghouses. Extension Bulletin
manhos e cores. Por isso, é relevante a 239. Florida Cooperative Extension Service.
às normas. formação de recursos humanos que pos- Institute of Food and Agricultural Sciences,
Todas as unidades de classificação sam dar apoio a essa realidade, a exis- University of Florida. 2001, 26 p. Disponível em:
falharam em pelo menos uma classe, tência de cursos e treinamentos para os <http://edis.ifas.ufl.edu/BODY_AE184>.
MOHSENIN, N.N. Physical properties of plant
não atendendo os limites pré-estabele- trabalhadores e o compromisso dos pro-
and animal materials. Vol. I. New York:Gordon
cidos e somente uma delas atingiu as dutores diante desses fatores. Beach Science Publishers,1986, 841 p.
normas da CEAGESP (2000) nas cate- MORETTI, C.L.; SARGENT, S.A.; HUBER, D.J.;
gorias classificadas. O melhor resulta- AGRADECIMENTOS CALBO, A.G.; PUSCHMANN, R. Chemical
do obtido, nesse caso, contou com equi- composition and physical properties of pericarp,
locule, and placental tissues of tomatoes with internal
pamento importado para a classificação Os autores agradecem a Fundação bruising. Journal of the American Society for
através da aferição do peso dos frutos de Amparo a Pesquisa do Estado de São Horticultural Science, 1998, v.123, n.4, p.656-600.
(Galpão 4). Porém, o tipo de equipamen- Paulo, FAPESP (O presente trabalho faz S.A.R.D.I SOUTH AUSTRALIAN RESEARCH
to, seja ele importado ou nacional, por AND DEVELOPMENT INSTITUTE, 10 th
parte do Projeto UNIMAC). September 2001. Disponível em: <http://
si só, não é satisfatório para avaliar a
www.sardi.sa.gov.au/pages/horticulture/citrus/
eficiência das operações de classifica- LITERATURA CITADA cit_page.htm:sectID=184&tempID=93>.
ção. Deve-se atentar para outros quesi- SARGENT, S.A.; BRECHT, J.K.; TALBOT,
tos, de acordo com Sargent et al. (1991), BELÉM, M.Q. Padronização das frutas. Revista M.T.; ZOELNER, J.J. Performance of perforated-
tais como a calibração do equipamento Agroamazônica. Disponível em: <http:// belt sizers as affected by size standards for fresh
www.revistaagroamazonia.com.br/12fruticultura- market tomatoes. Applied Engineering in
(a freqüência e o rigor com que essa ta- Agriculture, v.7, n.6, p.724-728, 1991.
04.htm>. Acesso em: out. 2003.
refa é realizada) e a velocidade das es- CANÇADO JÚNIOR, F.L.; CAMARGO FILHO; SARGENT, S.A.; BRECHT, J.K.; ZOELLNER,
teiras transportadoras. No caso do não W.P.; ESTANISLAU, M.L.L.; PAIVA, B.M.; J.J. Sensitivity of tomatoes at mature-green and
cumprimento da norma, segundo Lopez MAZZEI, A.R.; ALVES, H.S. Aspectos econômi- breaker ripeness stages to internal bruising.
cos da produção e comercialização do tomate para Journal of the American Society for Horticultural
et al. (2003), as atribuições podem ser mesa. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, Science, v.117, n.1, p.119-123, 1992.
dadas à seqüência de operações e à ve- 2003, v.24, n.219, p.7-18.

944 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


SANTOS, G.R.; CAFÉ FILHO, A.C. Reação de genótipos de melancia ao crestamento gomoso do caule. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.945-
950, out-dez 2005.

Reação de genótipos de melancia ao crestamento gomoso do caule1


Gil Rodrigues dos Santos2; Adalberto C. Café Filho3
2
Universidade Federal de Tocantins, Campus de Gurupi, C. Postal 66, 77400-000 Gurupi-TO; 3Universidade de Brasília, Depto.
Fitopatologia, 70910-900 Brasília-DF; gilrsan@uol.com.br

RESUMO ABSTRACT
Face à importância do crestamento gomoso do caule e à escas- Response of watermelon cultivars to gummy stem blight
sez de relatos da reação de genótipos de melancia na literatura na- Gummy stem blight, caused by Didymella bryoniae, is one of
cional e internacional, este trabalho teve por objetivo avaliar a res- the most important watermelon diseases. Nevertheless, there are
posta de genótipos comerciais de melancia ao crestamento gomoso. relatively few published studies on the response of watermelon
No campo, estudou-se o nível de infecção nas folhas em delinea- genotypes to the disease. This paper reports results of studies on the
mento de blocos ao acaso com nove cultivares de melancia e quatro response of commercially available watermelon cultivars to gummy
repetições, com inoculação de duas plantas por parcela aos 43 dias stem blight. Leaf infection was studied in a randomized complete
após o plantio (DAP). Foram avaliadas as cultivares Crimson Sweet, block field experiment with nine watermelon genotypes and four
Onix, Rubi, Safira, Eureka, Georgia, Sheila, Savana e Riviera. Em replicates. Two plants per experimental plot were inoculated 43 days
casa de vegetação, estudou-se a infecção no caule em vasos, com after planting. Cultivars Crimson Sweet, Onix, Rubi, Safira, Eureka,
delineamento inteiramente casualizado, com três repetições, em es- Georgia, Sheila, Savana and Riviera were evaluated. Stem infection
quema fatorial de 9 x 3, sendo o fator “a” = cultivares e o fator “b” = was studied in the greenhouse, in a completely randomized design,
isolados. Foram avaliadas as mesmas cultivares do ensaio de cam- with three replicates, in a 9 X 3 factorial, where plant cultivars
po, com inoculação artificial com disco de micélio aos 15 dias após corresponded to factor “a” and pathogen isolates corresponded to
a semeadura, quando do surgimento da primeira folha definitiva. Os factor “b”. The same nine cultivars were examined following artificial
isolados de D. bryoniae utilizados na inoculação das plântulas fo- inoculation with mycelial disks inserted into stems, 15 days after
ram: UnB 76 (Melão-DF), UnB 75 (Melancia-PE) e UnB 81 (Abó- planting date, when plants were at the first adult leaf stage. The D.
bora-DF). Dentre as cultivares avaliadas no campo, Riviera mos- bryoniae isolates were UnB 76 (Melon-DF), UnB 75 (Watermelon-
trou-se mais resistente e apresentou menores (P<0,05) índices de PE) and UnB 81 (Pumpkin-DF). In the field experiment, Riviera
infecção foliar aos 74 e 79 dias após plantio (DAP), e também me- was the most resistant genotype, with significantly (P<0.05) lower
nor valor da área abaixo da curva de progresso de doença (AACPD). values of leaf infection at 74 and 79 DAP and the smallest area under
Foram altamente suscetíveis Crimson Sweet, Rubi, Onix e Safira, disease progress curve (AUDPC). Crimson Sweet, Rubi, Onix and
que apresentaram os mais altos níveis de infecção nas folhas aos 74 Safira were the most susceptible genotypes based on foliar disease
DAP e também altos valores de AACPD. Na avaliação da doença no levels 74 days after planting and also based on the AUDPCs. In the
caule, em casa de vegetação, Riviera também apresentou a menor greenhouse, Riviera also presented the smallest (P<0.05) AUDPC
AACPD (P<0,05). Foi significativa a correlação (r=0,77) entre a in stems. A significant correlation (r=0.77) was detected between
resposta das cultivares em campo (resistência das folhas) e em casa disease measurements in the greenhouse (stem response) and in the
de vegetação (resistência no caule). field (foliar response).

Palavras-chave: Citrullus lanatus, Didymella bryoniae. Keywords: Citrullus lanatus, Didymella bryoniae.

(Recebido para publicação em 2 de dezembro de 2004 e aceito em 14 de setembro de 2005)

D entre as doenças da melancia


(Citrullus lanatus) o crestamento
gomoso do caule, ou cancro da haste, é
1998; SITTERLY; KEINATH, 1996;
SCHENCK, 1960) e no Caribe (BALA;
HOSEIN, 1986). O agente causal é o fun-
sua forma assexuada. Recentemente,
Café-Filho e Santos (2004) registraram
e descreveram a forma perfeita de
uma das principais devido aos seus efei- go Didymella bryoniae (Auersw) Rehm Didymella bryoniae no Brasil.
tos na redução da produtividade e qua- (=Mycosphaerella citrullina (C.O. Sm.) Em área de cultivo comercial, o con-
lidade dos frutos (SANTOS et al., Gross.), anamorfo Ascochyta cucumis trole químico aumentou a produção em
2005b). Os sintomas incluem cancro no Fautrey & Roum (=Phoma até 16,9 t por ha (SANTOS et al.,
caule, queima das folhas e também apo- cucurbitacearum (Fr.) Sacc.), que tem 2005a). Em um estudo específico para
drecimento de frutos (SCHENCK, 1968). como hospedeiras diversas espécies de estimativa de perdas de produção, veri-
A doença vem despertando preocupação Citrullus, Cucumis, Cucurbita, e outros ficou-se redução de até 19,2% na pro-
nos perímetros irrigados da região nor- gêneros da família Cucurbitaceae dutividade devido ao crestamento
deste do Brasil (DIAS et al. 1996), e em (KEINATH, 1995). Figueiredo e Cardo- gomoso (SANTOS et al., 2005b). En-
outros países, como nos Estados Unidos so (1964) registraram a doença pela pri- tretanto, o controle químico do
(EVERTS, 1999; KEINATH; DUTHIE, meira vez no Brasil, com o patógeno em crestamento gomoso é dificultado devi-

1
Parte da tese de doutorado do primeiro autor apresentada à Universidade de Brasília, UnB, Brasília, DF.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 945


G. R. Santos e A. C. Café Filho

do à rápida infecção das folhas pelo res encontraram seis fontes de resistên- infectado e obtido em cultivo comercial
patógeno (ARNY; ROWE, 1991; VAN cia para uso em futuros trabalhos de afetado pelo crestamento gomoso do
STEEKELENBURG, 1985), necessitan- melhoramento, sendo PI 189255 uma caule. Após ferimento do colo por fric-
do várias aplicações de fungicidas. Além delas. ção com o fragmento infectado, este foi
disso, existem relatos de resistência do Exceto pelo estudo de Dias et al. depositado ao lado da planta inoculada.
patógeno a determinados princípios ati- (1996), são poucos os trabalhos envol- Devido às condições do clima favorá-
vos (EVERTS, 1999; vendo a identificação de fontes de re- veis à doença (chuvas, temperatura ame-
MALATHRAKIS; VAKALOUNAKIS, sistência a D. bryoniae em melancia no na e alta umidade do solo e do ar, Figu-
1983; SANTOS et al., 2004). Brasil. Nenhum trabalho foi encontra- ra 3) não foi feita câmara úmida nas
Até o momento, ainda há escassez do comparando genótipos comerciais. plantas inoculadas. Estas serviram de
de informação sobre a reação de Este trabalho teve por objetivo foco inicial de inóculo. Foi utilizado o
genótipos de cucurbitáceas, com boa quantificar a resposta de genótipos co- delineamento em blocos ao acaso com
aceitação comercial, resistentes à doen- merciais de melancia ao crestamento nove tratamentos e quatro repetições. Os
ça, e diversos trabalhos relatam a busca gomoso do caule. Essa informação po- tratamentos constaram dos genótipos de
de fontes de resistência para o melhora- derá ser útil para o manejo integrado da melancia atualmente mais plantados no
mento (DIAS et al., 1996; DUSI et al., doença. país: Crimson Sweet (cultivar) e dos
1994; MCGRATH et al., 1993; híbridos Onix, Rubi, Safira, Eureka,
SUMNER; HALL, 1993; WEHNER; MATERIAL E MÉTODOS Georgia, Sheila, Savana e Riviera.
AMAND, 1993). Uma outra abordagem Quando os primeiros sintomas da
é a avaliação da resposta dos genótipos Avaliação da resistência nas folhas doença foram observados nas folhas,
comerciais disponíveis ao crestamento iniciou-se o monitoramento da doença,
O estudo foi realizado de 9/12/2003
gomoso. O conhecimento da resposta utilizando-se uma escala de notas de 0
a 8/03/2004, em condições de campo na
das cultivares à infecção por D. a 9 onde: 0-planta sadia; 1-menos de 1%
Estação Biológica da Universidade de
bryoniae, é importante para capacitar os da área foliar afetada; 3-entre 1 e 5% da
Brasília, em Brasília, DF. O experimento
produtores quanto à tomada de decisões área foliar afetada; 5-entre 6 e 25% da
foi instalado em local não cultivado nos
agronômicas, e pode ter impacto imedi- área foliar doente; 7-entre 26-50% da
dois anos anteriores e sem histórico de
ato no manejo da doença. O controle via folha doente; 9-mais que 50% da área
plantio de cucurbitáceas. Após aração e
resistência genética, mesmo parcial, foliar afetada (SANTOS et al., 2005a).
gradagem, a área foi adubada com 800
pode ser usado em conjunto com outras Para obtenção das curvas de progresso
kg/ha da fórmula N-P-K 4-14-8. A se-
medidas e reduzir o uso de agrotóxicos, da doença, converteram-se as notas para
meadura foi feita em covas, no
reduzindo o custo de produção e contri- porcentagens de área foliar doente pelo
espaçamento de 2 x 2 m, colocando-se
buindo para a melhor conservação do ponto médio de cada nota, em cada uma
5 sementes/cova a 2 cm de profundida-
ecossistema. Segundo Cohen et al. das parcelas estudadas aos 44; 49; 54;
de. Cada parcela foi composta por qua-
(1993), além da preocupação com a saú- 59; 64; 69; 74; 79; 84 e 89 DAP. A cada
tro covas semeadas com a mesma culti-
de pública, os produtores rurais são avaliação, foram coletadas folhas
var. Decorridos 30 dias após o plantio
motivados a otimizar as práticas cultu- infectadas visando-se comprovar a pre-
(DAP) foi feito o desbaste, deixando-se
rais utilizando menos defensivos quími- sença de D. bryoniae nas plantas, por
duas plantas por cova e em seguida foi
cos e optando pela utilização de culti- meio de exame em microscópio
realizada adubação de cobertura com
vares resistentes a doenças. estereoscópico e ótico. A Área Abaixo
200 kg/ha da fórmula N-P-K 20-00-20.
Sowell e Pointer (1962) identifica- da Curva de Progresso de Doença
Durante todo o ensaio foram feitas três
ram o genótipo PI 189225 como fonte (AACPD) de cada tratamento foi cal-
capinas de forma manual aos 15; 30 e
de resistência ao crestamento gomoso. culada segundo Shaner e Finney (1977)
40 DAP e foi conduzido o
Norton e Cosper (1985) confirmaram a e a análise de variância e teste de média
direcionamento das ramas para o inte-
resistência de PI 189225 e comentaram foram executados utilizando-se o pro-
rior da parcela, visando-se evitar a mis-
que este genótipo, além do PI 271778, grama SigmaStat v.2 (Jandel Scientific
tura de ramas entre cultivares diferen-
possibilitaram retrocruzamentos que Software). Os materiais foram separa-
tes. O suprimento de água para as plan-
resultaram no lançamento de cultivares dos em classes de resistência com base
tas foi conforme a distribuição das chu-
de melancia resistentes ao crestamento nas AACPDs e nas porcentagens de área
vas no local do ensaio. Foram feitas apli-
e outras doenças. No Brasil, Dias et al. foliar atacadas em cada época de ava-
cações do inseticida Metamidofós na
(1996) examinaram 70 acessos de me- liação no campo, considerando-se
dose de 0,24 kg/ha, aos 20, 30 e 45 DAP,
lancia quanto à resistência a D. Crimson Sweet como padrão de
visando-se diminuir o nível de
bryoniae, incluindo PI 189225, o qual suscetibilidade (DIAS et al., 1996).
infestação de pragas. Não foram utili-
apresentou reação variável (suscetível zados fungicidas durante a condução do Avaliação da resistência no caule
a resistente) em diferentes ensaios. A trabalho. Aos 43 DAP duas plantas de Para o exame da resistência no cau-
cultivar Crimson Sweet, uma das mais cada parcela foram inoculadas utilizan- le foi conduzido um experimento em
plantadas no Brasil, foi utilizada como do-se um pedaço de caule de 10 cm de casa de vegetação, de maio a julho de
padrão de susceptibilidade. Esses auto- comprimento/planta, naturalmente 2004, em vasos de polietileno, capaci-

946 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Reação de genótipos de melancia ao crestamento gomoso do caule

dade de 3,0 kg, contendo uma mistura Tabela 1. Avaliação da resistência nas folhas de cultivares de melancia, em duas épocas, ao
de terra vegetal + esterco, na proporção crestamento gomoso em condições de campo. Brasília, UnB, 2004.
de 3:1. O substrato foi previamente Area foliar infectada (%)*
Cultivar
desinfestado com brometo de metila e 74 DAP* * 79 DAP
utilizado após 4 dias. Foram semeadas Crimson Sweet 26,5 a 41,5 ab
quatro sementes por vaso de cada culti- Onix 26,5 a 35,8 ab
var e após a germinação das sementes e Rubi 26,5 a 47,3 a
emergência das plântulas, foram Safira 26,5 a 41,5 ab
mantidas duas plântulas em cada vaso. Sheila 17,8 ab 41,5 ab
A unidade experimental foi constituída Georgia 15,0 ab 47,3 a
por três vasos com um total de seis plan- Eureka 12,0 ab 32,3 ab
tas por cada repetição. A irrigação foi Savana 6,0 ab 20,8 ab
realizada diariamente com regador mo- Riviera 3,0 b 9,0 b
lhando-se toda a planta. O experimento
*Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5%
foi repetido para confirmação dos resul- de probabilidade. Os dados originais foram transformados para √x. **DAP: dias após plantio.
tados.
Utilizou-se o delineamento inteira-
mente casualizado com três repetições a
e em esquema fatorial de 9 x 3, sendo o a
fator “a” = cultivares e o fator “b” = iso- ab ab
ab ab
lados. As mesmas cultivares estudadas
em campo foram estudados neste ensaio.
Foram utilizados os seguintes isolados ab
ab
de D. bryoniae para inoculação no cau-
le: UnB 81 (Abóbora-DF), UnB 76 (Me-
lão-DF) e UnB 75 (Melancia-PE). A
inoculação foi feita em plântulas com b
15 dias decorridos da semeadura, quan-
do do surgimento da primeira folha de-
finitiva. Utilizou-se disco de micélio que
ficou preso ao caule por meio de um al-
finete estéril. Plântulas tratadas apenas
com alfinete estéril representaram a tes-
temunha. Após a inoculação, as
plântulas ficaram sob câmara úmida por
24 h e em sala de incubação com Figura 1. Reação de cultivares de melancia ao crestamento gomoso nas folhas, pela Área
fotoperíodo de 12 h e temperatura de Abaixo da Curva de Progresso de Doença (AACPD), em condições de campo. Brasília,
23+4oC. Decorridas 24 h da inoculação UnB, 2004. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5%
iniciou-se diariamente a avaliação da de probabilidade. Brasília, UnB, 2004.
doença nas plântulas por um período de
oito dias. Utilizou-se uma escala de no-
tas adaptada para doença no caule, onde: AACPD quando comparado com Rubi
0=ausência de doença; 1=presença de RESULTADOS E DISCUSSÃO e Crimson Sweet (Figura 1). As curvas
lesão no caule e 2=presença de lesão no de progresso da doença indicam visual-
caule e tombamento e morte das No ensaio desenvolvido em campo, mente as diferenças das dinâmicas de
plântulas. Para avaliação da resistência os sintomas foram detectados nas folhas progresso em cada classe de resistência
à infecção no caule, considerou-se o aos seis dias após a inoculação do (Figura 2). Aos 74 DAP, foram mais
progresso da doença nas seis plântulas patógeno no caule em todos as cultiva- suscetíveis Crimson Sweet, Rubi, Onix
de cada repetição durante os oito dias res. Esse fato demonstrou que ocorre e Safira, as quais apresentaram os mais
consecutivos. rápida infecção do patógeno quando altos níveis de infecção nas folhas e (Ta-
Para análise estatística foi calculada existem fontes de inóculo no plantio sob bela 1). Crimson Sweet e Rubi também
a AACPD. A análise de variância, teste condições climáticas favoráveis (Figu- apresentaram os mais altos valores de
de médias e correlação dos dados de ra 3). A cv. Riviera mostrou-se mais re- AACPD, diferindo significativamente
AACPD de campo e casa de vegetação sistente à infecção de D. bryoniae nas de Riviera (Figura 1). As cvs. Sheila,
foram executadas utilizando-se o pro- folhas, diferindo estatisticamente de Geórgia, Eureka e Savana, apresentaram
grama SigmaStat v.2 (Jandel Scientific vários genótipos aos 74 e 79 DAP (Ta- resposta intermediária, pois não se se-
Software). bela 1) e apresentando menor valor de pararam de Crimson Sweet ou de

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 947


G. R. Santos e A. C. Café Filho

o aumento progressivo da doença nesta


fase relacionou-se com o início da co-
lheita dos frutos, quando normalmente
ocorrem injúrias nos ramos e nas folhas
que são portas de entrada para o
patógeno. De acordo com Svedelius e
Unestan (1978), quando o tecido é
mecanicamente afetado, ocorre
exsudação de nutrientes importantes
para o processo de infecção de D.
bryoniae. Chiu e Walker (1949) verifi-
caram que a germinação dos esporos de
D. bryoniae foi estimulada pelos extra-
tos das plantas. Van Steekelenburg
(1985) anotou que o maior progresso da
doença está associado com o maior de-
senvolvimento vegetativo da cultura
devido à densa cobertura das folhas in-
feriores que reduz a evaporação e pro-
Figura 2. Curvas de progresso do crestamento gomoso do caule em cultivares de melancia longa o período de molhamento foliar.
representativas de diferentes níveis de resistência. ‘Riviera’ e ‘Crimson Sweet’ representam Corroborando essa observação, Arny e
as cultivares mais resistente e suscetível respectivamente. Brasília, UnB, 2004.
Rowe (1991) constataram que a infec-
ção em folhas e pecíolos de pepino por
D. bryoniae foi mais influenciada pela
Tabela 2. Áreas Abaixo da Curva de Progresso de Doença (AACPD) de cultivares de me-
lancia inoculados no caule com isolados de D. bryoniae, em casa de vegetação. Brasília, duração do molhamento foliar do que
UnB, 2004. pela temperatura. Além da influência
desses fatores, também acredita-se que a
Genótipo AACPD*
movimentação de pessoas na colheita den-
Georgia 11,2 a
tro da área plantada favorece a dissemi-
Safira 11,1 a
nação do patógeno e, assim, aumenta ra-
Crimson Sweet 10,9 a
pidamente a taxa de progresso da doença.
Onix 10,4 a
A cv. Riviera manteve menores níveis de
Sheila 10,2 a doença nas folhas quando comparada com
Eureka 9,5 ab outros genótipos até no último dia da ava-
Rubi 9,4 ab liação, aos 89 DAP (Figura 2).
Savana 9,0 ab
Mesmo com nível de resistência in-
Riviera 7,8 b completo, vale salientar que ‘Riviera’
*Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% retardou o início da fase exponencial da
de probabilidade. Os dados originais foram transformados para √x. Os dados representam a doença (mas não o início do aparecimen-
média de 3 isolados. to dos sintomas) e a manteve em níveis
baixos em épocas importantes como a
fase de formação e crescimento de fru-
Riviera, nem pela área foliar atacada aos os 74 DAP, o qual coincide com o pe-
tos. Contudo, após a primeira colheita
74 DAP, nem pela AACPD (Tabela 1, ríodo da primeira colheita. Esta infor-
dos frutos (74 DAP), o crestamento tam-
Figura 1). De um modo geral, até os 64 mação é importante para o produtor, pois bém aumentou consideravelmente nes-
DAP, a maioria das cultivares apresen- pode exigir um menor número de apli- ta cultivar. Portanto, apesar desta culti-
tou um nível semelhante de infecção nas cações de fungicidas até a primeira co- var ter mostrado maior nível de resis-
folhas. Esse período coincidiu com a lheita, sem prejuízo à produção de fru- tência que as demais, a resistência é par-
formação e crescimento dos frutos. A tos saudáveis a um custo mais baixo, cial, e a doença pode alcançar índices
partir dos 64 DAP houve aumento brus- quando comparado com genótipos mais elevados ao final do ciclo. Esse resulta-
co na percentagem de área foliar suscetíveis. do concorda com outros autores que
infectada (Figura 2) nos genótipos mais O aumento da doença nesse estádio comentaram sobre a dificuldade no con-
suscetíveis (Rubi e Crimson Sweet) em da cultura já foi observado anteriormen- trole por resistência, e que nenhum
relação àqueles intermediários ou resis- te em ‘Crimson Sweet’ por Santos et al. genótipo de melancia comercializado
tentes (Riviera e Savana). As plantas (2005b), que registraram que a curva de atualmente tem alta resistência ao
deste grupo, principalmente Riviera, em progresso da doença nas folhas aumen- patógeno (PUNITHALINGAM;
condições de campo, mantiveram baixa tou bruscamente, de forma exponencial, HOLLIDAY, 1972; BLANCARD et al.,
percentagem de área foliar infectada até a partir de 75 DAP. Segundo os autores, 1996; SITTERLY; KEINATH, 1996).

948 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Reação de genótipos de melancia ao crestamento gomoso do caule

Assim, o controle químico deve conti-


nuar como importante componente do
manejo da doença em cultivares mais
suscetíveis e bem aceitos comercialmen-
te. Santos et al. (2005a), estudando o
controle químico da doença em área de
cultivo comercial, iniciaram as aplica-
ções em Crimson Sweet aos 17 DAP e
anotaram aumento da produção em até
16,9 t/ha. Os resultados deste trabalho
indicam que o controle poderia ser ini-
ciado mais tardiamente, especialmente
nos genótipos mais resistentes (Figura
2), permitindo a redução do número de
aplicações químicas. Figura 3.Temperaturas máxima e mínima (oC), umidade relativa do ar (%) e chuvas (mm)
Com relação às linhagens estudadas a partir de 37 dias após o plantio. Brasília, UnB, 2003/2004.
por outros autores, Sowell e Pointer
(1962) identificaram o genótipo PI
189225 como fonte de resistência, em- isolados testados. Falta de BALA, G.; HOSEIN, F. Studies on gummy stem
especificidade entre isolados de D. blight disease of cucurbits in Trinidad. Tropical
bora tenham registrado 38,1% de plan- Agriculture (Trinidad) v.63, p.195-197, 1986.
tas mortas em um dos ensaios. Poste- bryoniae foi relatada por Keinath et al.
BLANCARD, D.; LECOQ, H.; PITRAT, M.
(1995), quando compararam isolados do
riormente, Norton e Cosper (1985) con- Enfermedades de las cucurbitáceas. INRA, John
patógeno de cucurbitáceas obtidos na Wiley & Sons, 301 p, 1996, p.210-211.
firmaram a resistência de PI 189225 e
Carolina do Sul, Flórida e Nova York, e CAFÉ FILHO, A.C.; SANTOS, G.R. Ocorrência
comentaram que este genótipo, além do
verificaram que dos 19 isolados testa- do crestamento gomoso do caule em melancia no
PI 271778, possibilitaram dos 17 foram patogênicos à melancia e Estado do Tocantins, descrição e ilustração do agen-
retrocruzamentos que resultaram no lan- ao melão Cantaloupe (Cucumis melo). te causal, Didymella bryoniae. Fitopatologia Bra-
çamento de genótipos resistentes ao sileira, v.29 (Suplemento), p.57, 2004. (Resumo)
De modo geral esses autores relataram
patógeno e à antracnose. No Brasil, em CHIU, W.F.; WALKER, J.C. Physiology and
pouca diversidade quanto à virulência. pathogenicity of the cucurbit black-rot fungus.
um dos ensaios de Dias et al. (1996), o Foi encontrada correlação significa- Journal of Agricultural Research, v.78, p.589-
acesso PI 189225 apresentou apenas tiva (r=0,77) entre as AACPDs do ensaio 615, 1949.
16,6% e 41,7% de plantas respectiva- de campo (resistência das folhas) e de COHEN, R. Variability in the reaction of squash
mente resistentes e medianamente resis- (Cucurbita pepo) to inoculation with Sphaerotheca
casa de vegetação (resistência no caule), fuliginea and methodology of breeding for resistance.
tentes. Mesmo assim, PI 189225 dife- sugerindo que a metodologia utilizada em Plant Pathology, v.42, n.4, p.510-516, 1993.
riu significativamente de ‘Crimson condição controlada pode ter valor auxi- DIAS, R.C.S.; QUEIROZ, M.A.; MENEZES, M.
Sweet’, que foi classificada como alta- liar na avaliação de grande número de Identificação de fontes de resistência em melan-
mente suscetível, mesma classificação plantas em programas de melhoramen- cia a Didymella bryoniae. Horticultura Brasilei-
encontrada neste trabalho. Desta forma, to. Entretanto, a seleção final de cultiva- ra, Brasília, v.14, n.1, p.15-17, 1996.
observa-se falta de estabilidade na re- res resistentes deve ser feita a campo. Os DUSI, A.N.; TASAKI, S.; VIEIRA, J.V.
Metodologia para avaliação de resistência a
sistência de PI 189225 a D. bryoniae resultados deste trabalho poderão ser Didymella bryoniae em melão. Horticultura Bra-
indicando que o material estaria segre- aplicados imediatamente para o manejo sileira, Brasília, v.12, n.1, p.43-44, 1994.
gando para esta característica. integrado do crestamento gomoso do cau- EVERTS, K.L. First report of benomyl resistance
Nos ensaios desenvolvidos em casa le da melancia. of Didymella bryoniae in Delaware and Maryland.
Plant Disease, v.83, p.304, 1999.
de vegetação, com relação à infecção FIGUEIREDO, M.B.; CARDOSO, R.M.G.;
média de três isolados de D. bryoniae AGRADECIMENTOS ABRAHÃO, J. Perdas causadas pelo fungo
no caule, apenas a cv. Riviera diferiu Mycosphaerella melonis (Pass.) Chiu & J.C.
estatisticamente de ‘Crimson Sweet’ O primeiro autor foi bolsista de dou- Walker em aboboreira de moita. O Biológico, São
Paulo, v.32, p.203-205, 1964.
(Tabela 2). As cvs. Eureka, Rubi e torado e o segundo é bolsista de pesqui-
KEINATH, A.P. Fungicide timing for optimum
Savana não se separaram de Riviera. sa do CNPq. O trabalho também rece- management of gummy stem blight epidemics on
Esses resultados foram semelhantes aos beu apoio financeiro adicional através watermelon. Plant Disease, v.79, n.4, p.354-358, 1995.
encontrados em campo, com exceção da do Processo CNPq no. 474194/2003-5. KEINATH, A.P. FARNHAM, M.W.; ZITTER,
cv. Rubi, que no ensaio de campo de- T.A. Morphological, pathological, and genetic
differentiation of Didymella bryoniae and Phoma
monstrou alto grau da doença nas fo- LITERATURA CITADA spp. isolated from cucurbits. Phytopathology, v.85,
lhas (Tabela 2). Todos os isolados fo- p.364-69, 1995.
ram patogênicos a todas cultivares e não ARNY, C.J.; ROWE, R.C. Effects of temperature KEINATH, A.P.; DUTHIE, I.A. Yield and quality
houve interação significativa entre cul- and duration of surface wetness on spore reductions in watermelon due to anthracnose,
tivares x isolados, demonstrando dessa production and infection of cucumbers by gummy stem blight and black rot. p.77-90. in:
Didymella bryoniae. Phytopathology. v.81, p.206- Recent Research Developments in Plant Pathology,
forma a falta de especificidade entre os 209, 1991. vol.2, Research Signpost, Trivandrum, India, 1998.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 949


G. R. Santos e A. C. C. Café Filho

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950 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


MARIM, B.G.; SILVA, D.J.H.; GUIMARÃES, M.A.; BELFORT, G. Sistemas de tutoramento e condução do tomateiro visando produção de frutos para
consumo in natura. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.951-955, out-dez 2005.

Sistemas de tutoramento e condução do tomateiro visando produção de


frutos para consumo in natura
1
Bruno G. Marim; 2Derly José H. da Silva; 2Marcelo de A. Guimarães; 3Gabriel Belfort
1
UFV, Genética e Melhoramento, 36571-000 Viçosa–MG; 2UFV, Depto. Fitotecnia; 3UFLA, Genética e Melhoramento, 37200-000
Lavras-MG; E-mail: bgmarim@yahoo.com.br

RESUMO ABSTRACT
Os sistemas de tutoramento e condução influem no desenvolvi- Tomato plant staking and training systems for fresh fruit
mento da planta do tomateiro e na qualidade do fruto produzido. production
Para avaliar a influência de três sistemas de tutoramento e dois de The main reason for staking and training tomato plants is to keep
condução da planta do tomateiro na produção classificada de frutos plants and fruits off the ground to reduce losses and to improve the
comercializáveis, foram conduzidos dois experimentos, de agosto a quality of the production. To evaluate the influence of three plant
dezembro/1999 (exp. 1) e de 2000 (exp. 2) em Viçosa (MG). O de- staking and two training systems of the tomato production for fresh
lineamento foi em blocos ao acaso com três repetições, no esquema market, two experiments were conducted during the period of August
fatorial 3x2, tutoramento e condução, respectivamente. Avaliaram- 1999 (exp.1) and 2000 (exp.2) in Viçosa, Brazil. The experimental
se os seguintes métodos de tutoramento: T1, tradicional (V inverti- design was a randomized complete block design with three blocks,
do), T2, triangular e T3, vertical e duas formas de condução, com in a 3 x 2 factorial plant staking and 2 conduction systems. The
uma e duas hastes por planta. Independentemente do tratamento, as following staking methods were tested: T1, traditional (two bamboo
plantas foram podadas acima do sexto cacho. Observaram-se dife- stakes as an inverted V frame); T2, triangular staking or; T3, vertical
renças entre os sistemas de tutoramento, condução e entre os anos staking with polypropylene cord. Plants were conducted with one or
de cultivo em relação às características avaliadas, sendo que ocor- two stems per plant. Independent of the treatment, the plants were
reu interação entre estes efeitos apenas para as características pro- pruned above the sixth flower cluster. Differences were observed
dução de frutos comercializáveis e produção total. O tutoramento among staking and conduction systems and among the years in
vertical proporcionou aumento na produção de frutos de tamanho relation to the appraised characteristics. There was interaction among
grande e diminuição na produção de frutos de tamanho médio e fru- training, conduction systems and years for marketable fruits and total
tos não comercializáveis, quando comparado com os outros méto- fruit production. The vertical staking up provided increase in
dos de tutoramento. Independentemente do sistema de tutoramento, production of fruits of big size and decrease in production of fruits
o tomateiro cultivado com uma haste produziu mais frutos de tama- of medium size and production of not marketable fruits, when
nho grande, de maior valor comercial, enquanto as plantas conduzidas compared with the other staking methods. Independently of the
com duas hastes produziram mais frutos de tamanho médio e pe- conduction system (for two stems), the tomato cultivated with only
queno. one stem produced bigger fruits with higher commercial value, while
the plants conduced with two stems produced more fruits of medium
and small size.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill., tratos culturais, pro- Keywords: Lycopersicon esculentum Mill., cultural treatments,
dução classificada, eficiência fotossintética, rentabilidade. classified production, efficient use of assimilates, profitability.

(Recebido para publicação em 28 de maio de 2004 e aceito em 4 agosto de 2005)

A cultura do tomateiro é uma das


principais hortaliças cultivadas no
Brasil. Sua produção anual é de aproxi-
tos hortícolas, a qualidade e a aparência
do produto. No caso do tomate, aspectos
como cor, brilho e principalmente o ta-
forma de condução, pode alterar a dis-
tribuição da radiação solar e a ventila-
ção em torno das plantas (ANDRIOLO,
madamente 3,6 milhões de toneladas manho do fruto têm especial relevância. 1999), influenciando a umidade relati-
destinados ao mercado de tomate fresco Tal fato é confirmado pelos preços mais va e a concentração de gás carbônico
e para processamento, cultivados em elevados pagos aos frutos de maior ta- atmosférico entre e dentro das fileiras
mais de 60 mil ha (AGRIANUAL, 2004). manho nas Centrais de Abastecimento (GEISENBERG; STEWART, 1986). O
Estão envolvidos, na cultura do tomatei- (CEASAs) espalhadas por todo o Brasil. tipo de tratamento também pode influen-
ro no Brasil, mais de 10.000 produtores, Uma das formas de melhoria da qua- ciar na maior ou menor eficiência de
com aproximadamente 200.000 pessoas lidade e aparência do tomate produzido controle de pragas (PICANÇO et al.,
trabalhando diretamente na produção é a adoção de técnicas adequadas de 1998) e doenças (BOFF et al., 1992).
desta hortaliça (TAVARES, 2003). manejo da cultura. As principais formas O tutoramento mais freqüentemente
Segundo pesquisa realizada pelo de manejo empregadas na cultura do utilizado pelos agricultores brasileiros
MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO tomateiro são: tipo de tutoramento, for- é o método tradicional ou “V” invertido
NACIONAL (2003) o consumidor bra- ma de condução e espaçamento. O tipo (MAKISHIMA; MIRANDA, 1992;
sileiro prioriza, na compra dos produ- de tutoramento utilizado, bem como a FONTES; SILVA, 2002). Nesse

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 951


B. G. Marim et al.

Figura 1. Esquema ilustrativo dos sistemas de tutoramento tradicional (T1), triangular (T2) e vertical com fitilho (T3).

tutoramento ocorre a formação de uma produtividade proporcionado por estes Federal de Viçosa, de agosto a dezem-
câmara úmida e aquecida sob o “V” in- (FONTES et al., 1987; OLIVEIRA et bro de 1999 e 2000, em solo
vertido, sendo esta, um ambiente favo- al., 1995; POERSCHKE et al., 1995;) Podzolossolo Vermelho-Amarelo, tex-
rável ao desenvolvimento de fungos, que A poda apical, deixando-se menor tura argilosa e topografia plana. A reco-
ainda ficam livres da ação dos número de cachos por planta, traz bene- mendação de adubação foi baseada na
agrotóxicos que são aplicados na parte fícios à cultura do tomateiro, tais como: 5ª Aproximação (Ribeiro et al., 1999).
externa das plantas (REBELO, 1993). redução do ciclo, facilidade de execução Os experimentos foram conduzidos
Tentando solucionar este problema, pro- dos tratos culturais, aumento no peso em delineamento em blocos ao acaso
pôs-se o tutoramento triangular. Este médio dos frutos, redução e maior segu- com três repetições num esquema
sistema teoricamente reune as vantagens rança na aplicação de agrotóxicos (CAM- fatorial 3x2. Os fatores foram constituí-
do método tradicional (estabilidade e POS et al., 1987; OLIVEIRA et al., 1995; dos de três métodos de tutoramento e
não dependência de mão-de-obra espe- POERSCHKE et al., 1995). Além disso, dois de condução da planta do tomatei-
cializada) e evita a formação da câmara a limitação do número de cachos por
ro e as parcelas constituídas por quatro
úmida e aquecida sob o “V” invertido. planta é uma prática recomendada prin-
fileiras de dez plantas, considerando-se
cipalmente nos cultivos cujas condições
Outro método utilizado na cultura do úteis as doze plantas centrais, sendo seis
ambientais limitem o crescimento da
tomateiro é o tutoramento vertical, que plantas de cada uma das duas fileiras
planta do tomateiro e em conseqüência o
permite melhorar a distribuição da ra- número de cachos produtivos (OLIVEI- internas da parcela. Foi utilizada a cul-
diação solar e a ventilação, reduzindo o RA et al., 1995). tivar Santa Clara, tipo Santa Cruz, cujas
período de molhamento foliar e, por mudas foram produzidas em bandejas
Apesar de existirem vários trabalhos
conseguinte, a severidade das doenças com 128 células preenchidas com
avaliando a influência dos métodos de
(ZAMBOLIM et al., 1989). substrato comercial.
tutoramento (FONTES et al., 1987; SIL-
Além de tutoramento, a planta do to- VA et al., 1997; SANTOS et al., 1999) e O espaçamento utilizado foi de
mateiro necessita de condução, poden- de condução (CAMPOS et al., 1987; 1,0x0,5 m entre e dentro das fileiras,
do, desta forma, maximizar a produção e OLIVEIRA et al., 1995; 1996; respectivamente. Na condução dos ex-
a qualidade do tomate destinado ao mer- POERSCHKE et al., 1995) na produ- perimentos foram utilizadas as técnicas
cado de mesa. Como método de condu- ção do tomateiro, alguns resultados são recomendadas para o cultivo do toma-
ção considera-se qualquer prática que bastante contraditórios. Além disso, teiro (MAKISHIMA; MIRANDA,
altere a arquitetura da planta ao longo de poucos são os trabalhos relacionando 1992; FILGUEIRA, 2000).
seu desenvolvimento, como por exem- estes fatores simultaneamente. Os métodos de tutoramento (Figura
plo, a poda apical, retirada de brotações O presente trabalho teve como obje- 1) foram:
laterais, raleio de frutos, entre outros. tivo avaliar três métodos de tutoramento T1 - Tutoramento tradicional ou V
A condução da planta com uma has- e dois métodos de condução do tomatei- invertido ou cerca cruzada
te, sem poda apical ou com poda a 1,80 ro, podado acima do sexto cacho, quanto (FILGUEIRA, 2000).
m acima do solo, é o método de condu- à produção classificada de frutos em dois
T2 - Tutoramento triangular; para se
ção mais utilizado no país (OLIVEIRA anos consecutivos de cultivo.
obter este tratamento as fileiras ímpa-
et al., 1995; LOPES; STRIPARI, 1998; res foram iniciadas imediatamente após
SILVA et al., 1997). No entanto vários MATERIAL E MÉTODOS os mourões, enquanto as fileiras pares
autores têm sugerido a condução das iniciaram a 0,25m destes. De forma, que
plantas com duas hastes associado à Os experimentos foram realizados havia distância horizontal de 0,25 m
poda apical, devido ao aumento na em campo, na Horta da Universidade entre fileiras adjacentes, dando assim a

952 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Sistemas de tutoramento e condução do tomateiro visando produção de frutos para consumo in natura

conformação de um triângulo entre plan- Tabela 1. Análise conjunta1 dos dados relativos aos anos de 1999 e 2000 de seis caracterís-
tas de fileiras contíguas. ticas agronômicas avaliadas em tomateiro cultivado em três sistemas de tutoramento. Viço-
sa, UFV. 2004.
T3 - Tutoramento vertical com
fitilho; neste sistema a planta é tutorada Tutor² PFG³ PFM PFP PPFG PNC PFD
por fitilho preso a dois fios de arame T1 41,0 ab 18,7 a 8,4 a 7,1 a 3,6 a 12,6 a
horizontais e paralelos, o primeiro a 0,10 T2 35,8 b 20,5 a 9,1 a 6,0 a 4,1 a 15,2 a
m e o segundo a 1,8 m em relação ao T3 43,6 a 17,1 a 8,2 a 6,6 a 2,8 a 14,4 a
solo (LOPES; STRIPARI, 1998; FON- C = 2T3-
10,5* -4,9* -1,0 ns
0,1 ns
-2,1* 1,2 ns

TES; SILVA, 2002). (T1+ T2)


1
Os métodos de condução avaliados Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, em cada coluna, não diferem entre si, ao
foram uma e duas hastes por planta. In- nível de 5% de probabilidade, pelo teste Tukey; *,nsContraste significativo e não significati-
vo, respectivamente, ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Scheffé; 2T1: tutoramento
dependentemente do sistema de
tradicional; T2: tutoramento triangular; T3: tutoramento vertical com fitilho; 3PFG, PFM e
tutoramento e do número de hastes por PFP: produção de frutos de tamanho grande, médio e pequeno, respectivamente; PPFG:
planta; estas foram despontadas manten- produção precoce de frutos de tamanho grande; PNC: produção de frutos não comercializáveis
do-se seis racimos. O desponte foi efe- e PFD: produção de frutos com defeitos.
tuado deixando-se três folhas acima do
sexto racimo de cada planta.
As colheitas foram feitas em inter-
5% de probabilidade para comparação PFG, não diferindo do método tradicio-
valos de sete dias cada, de 30/11 a 29/
entre médias. Seguiu-se o método de nal (Tabela 1). O tutoramento vertical
12/1999 e de 21/11 a 27/12/2000, nas
Scheffé para comparação de contraste. proporcionou aumento de 6,34% e
quais se avaliaram as seguintes caracte-
Utilizou-se, para todas as análises, o 21,78% em relação ao tutoramento tra-
rísticas:
programa computacional SAEG (RI- dicional e triangular, respectivamente.
a) produção de frutos de tamanho BEIRO JÚNIOR, 2001). Tal resultado tem elevada importância
grande, PFG (t ha-1); b) produção de fru- para o produtor, pois os frutos de maior
tos de tamanho médio, PFM (t ha-1); c) RESULTADOS E DISCUSSÃO tamanho são aqueles que alcançam
produção de frutos de tamanho peque- maiores preços no mercado para consu-
no, PFP (t ha-1); d) produção precoce de mo in natura.
Para todas as características, com
frutos de tamanho grande, PPFG (t ha-1),
exceção de PPFM, a relação entre os Com o intuito de comparar o
obtida pela soma dos pesos dos frutos
quadrados médios do resíduo das análi- tutoramento vertical frente aos demais
desta classe colhidos na primeira e se-
ses de variâncias individuais dos expe- métodos avaliados, realizou-se o con-
gunda colheita; e) produção precoce de
rimentos, foi inferior a quatro, permi- traste = 2T3 – (T1+T2). A partir deste,
frutos de tamanho médio, PPFM (t ha-1),
tindo que se procedesse à análise con- verificou-se que o sistema vertical pro-
obtida soma dos pesos de frutos desta
junta dos experimentos, como citado por porcionou aumento na produção de fru-
classe colhidos na primeira e segunda
Gomes (1970). Para a característica tos de tamanho grande, diminuição na
colheita; f) produção de frutos
PPFM, utilizou-se o método proposto produção de frutos de tamanho médio e
comercializáveis, PC (t ha-1), obtida pela
por Cochran (1954), visando o ajuste dos de frutos não comerciais (Tabela 1).
soma dos pesos dos frutos de tamanho
graus de liberdade, viabilizando a aná- Além disso, não houve diferença quan-
grande, médio e pequeno; g) produção
lise conjunta dos experimentos. to à produção de frutos de tamanho pe-
de frutos não comercializáveis, PNC (t
A partir da análise de variância con- queno, produção precoce de frutos de
ha-1), obtida pela soma dos pesos dos
frutos sem classificação comercial; h) junta dos experimentos verificou-se que tamanho grande e frutos com defeitos.
produção de frutos com defeitos, PFD houve interação tripla do tipo Estes resultados são concordantes com
(t ha-1), obtida pela soma dos pesos de Tutoramentos*Conduções*Anos signi- os encontrados por Santos et al. (1999)
todos os frutos com defeitos causados ficativa para as características PC e PT que verificaram não haver efeito do
por insetos, pássaros, roedores, doenças, e interação Tutoramentos*Anos para método de tutoramento sobre a incidên-
danos mecânicos e fisiológicos e h) pro- PPFM. Para as demais características cia de doenças no tomateiro e conse-
dução total, PT (t ha-1), obtida pela soma não houve interação, sendo assim, as qüentemente sobre a produção de fru-
dos pesos de todos os frutos produzi- comparações entre métodos de tos com defeitos.
dos. A classificação de frutos de tama- tutoramento e condução, na análise con- A maior insolação e ventilação pro-
nho grande, médio e pequeno seguiu as junta dos experimentos, foram realiza- piciada à cultura do tomateiro pelo mé-
normas do MINISTÉRIO DA AGRI- das a partir dos valores médios dos dois todo vertical, como relatado por
CULTURA, PECUÁRIA E ABASTE- anos. Zambolim et al. (1989), resultou, neste
CIMENTO (2002). Considerando-se apenas os efeitos trabalho, em maior produção de frutos
Foram realizadas análises de variân- do fator tutoramento verificou-se, na grandes. Tal fato pode ser explicado,
cia individuais e conjuntas dos experi- análise conjunta dos experimentos, que pois maior insolação possibilita maior
mentos para cada característica (STEEL o método de tutoramento vertical foi o interceptação da radiação solar
et al., 1997). Aplicou-se o teste Tukey a mais produtivo para a característica fotossinteticamente ativa pela planta e

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 953


B. G. Marim et al.

Tabela 2. Estimativas1 (t.ha-1) da produção de frutos comercializáveis (PC) e produção total (PT) avaliadas em tomateiro cultivado em três
sistemas de tutoramento e duas formas de condução, nos anos de 1999 e 2000. Viçosa, UFV. 2004.
PC PT
Tutor² 1999 2000 1999 2000
1 haste 2 hastes 1 haste 2 hastes 1 haste 2 hastes 1 haste 2 hastes
T1 73,4 a A 61,1 a B 70,4 a A 67,3 a A 90,5 a A 78,3 a B 86,8 a A 81,4 a A
T2 59,9 b B 69,4 a A 71,0 a A 60,9 a A 80,9 a A 91,2 a A 86,9 a A 79,4 a A
T3 69,3 ab A 65,0 a A 71,3 a A 70,2 a A 92,5 a A 81,3 a B 86,1 a A 84,9 a A
1
Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra minúscula, na vertical, e maiúsculas, na horizontal, não diferem entre si, ao nível de 5%
de probabilidade, pelo teste Tukey; 2T1: tutoramento tradicional; T2: tutoramento triangular; T3: tutoramento vertical com fitilho.

Tabela 3. Análise conjunta dos dados relativos a sete1 características agronômicas avaliadas em tomateiro cultivado em duas formas de
condução nos anos de 1999 e 2000. Viçosa, UFV. 2004.
Nº hastes PFG* PFM* PFP* PPFG* PPFMns PNCns PFDns
1 45,8 16,4 7,0 8,0 4,0 3,0 15,0
2 34,4 21,2 10,1 5,2 4,6 4,0 13,1
,ns 1
* Significativo e não significativo, respectivamente, ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F; PFG, PFM e PFP: produção de frutos de
tamanho grande, médio e pequeno, respectivamente; PPFG e PPFM: produção precoce de frutos de tamanho grande e médio, respectiva-
mente; PNC: produção de frutos não comercializáveis e PFD: produção de frutos com defeitos.

maior ventilação reduz a umidade rela- métodos de condução quanto às carac- entre plantas a condução das plantas
tiva do ar e renova a concentração de terísticas PPFM, PNC e PFD. com duas hastes tenha resultado em
gás carbônico na atmosfera adjacente às Para a característica PC no ano de maior competição por fotoassimilados,
folhas, resultando, desta forma, em 1999 e nas parcelas com o tutoramento com conseqüente redução no peso mé-
maior eficiência fotossintética tradicional, plantas conduzidas com uma dio dos frutos. No tomateiro, o aumen-
(LOOMIS; AMTHOR, 1999). Esta hi- haste produziram mais, quando compa- to da densidade de plantas resulta em
pótese é reforçada observando-se a ca- radas com aquelas conduzidas com duas ganhos quantitativos e, principalmente,
racterística PNC (Tabela 1), na qual o hastes. Já naquelas com o método trian- qualitativos na produção quando asso-
tutoramento vertical possibilitou dimi- gular, observou-se maiores médias para ciada com práticas de condução que re-
nuição na sua produção, ou seja, possi- plantas conduzidas com duas hastes (Ta- duzam a competição por radiação
velmente uma maior eficiência bela 2). Para PT, plantas conduzidas com (BORRAZ et al., 1991; STRECK et al.,
fotossintética pode ter proporcionado uma haste foram mais produtivas nas 1998).
maior disponibilização de parcelas tutoradas com os métodos tra- Diante dos resultados do presente
fotoassimilados que, direcionados aos dicional e vertical (Tabela 3) e não dife- trabalho, conclui-se que o método de
frutos, aumentaram o tamanho destes. riram daquelas conduzidas com duas tutoramento triangular não proporcio-
Para as características PC e PT fo- hastes nas parcelas com o método trian- nou vantagens produtivas para a cultu-
ram realizadas as análises individuais dos gular. Em 2000, não houve efeito de ra do tomateiro. Enquanto isso, o
experimentos, sendo estas avaliadas den- condução em nenhum nível do fator tutoramento vertical, dentre os avalia-
tro de cada nível do fator condução (Ta- tutoramento. dos, é o mais adequado para a produção
bela 2). Verificou-se diferença entre os Estes resultados discordam dos en- de frutos para o consumo in natura.
métodos de tutoramento apenas para a contrados por Oliveira et al. (1995) que Com relação à forma de condução,
característica PC, no ano de 1999 e em em trabalho realizado em condições (pe- o cultivo com uma haste, independen-
plantas conduzidas com uma haste. Nes- ríodo, cultivar, local) bastante semelhan- temente do método de tutoramento uti-
te caso, as maiores médias foram obser- tes ao deste, verificaram que não houve lizado, proporcionou aumento na pro-
vadas nas parcelas com os tutoramentos efeito para produção de frutos grandes dução de frutos grandes. Desta forma,
tradicional e vertical (Tabela 2). (diâmetro maior que 60 mm). Além dis- pode-se unir as duas recomendações, ou
Em relação aos métodos de condu- so, verificaram efeito significativo para seja, utilizar, no espaçamento 1,0x0,5 m
ção (Tabela 3), observou-se que plantas PC e PT, com menor produção para e plantas conduzidas com seis cachos,
conduzidas com uma haste produziram plantas conduzidas com uma haste. Isso o tutoramento vertical com uma haste,
mais frutos de tamanho grande e com pode ter ocorrido, pois Oliveira et al. pois, estes proporcionam aumento na
maior precocidade. Já as plantas (1995) utilizaram espaçamento de produção de frutos grandes sem altera-
conduzidas com duas hastes foram mais 1,0x0,6m, enquanto neste trabalho o ção na produção comercial e total, pro-
produtivas para as características PFM espaçamento adotado foi de 1,0x0,5 m. movendo assim aumento na receita desta
e PFP. Não houve diferença entre os dois Possivelmente, no espaçamento 0,5 m cultura.

954 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Sistemas de tutoramento e condução do tomateiro visando produção de frutos para consumo in natura

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Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 955


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Secagem e fragmentação da matéria seca no rendimento e composição


do óleo essencial de capim-limão
Larissa C. do B. Costa1; Ricardo M. Corrêa2; Júlio César W. Cardoso2; José Eduardo B.P. Pinto2; Suzan
K.V. Bertolucci2; Pedro H. Ferri3
1
UESC, Depto. Ciências Biológicas, 45650-000 Ilhéus-BA; 2UFLA, Depto. Agricultura, 37200-000 Lavras-MG; 3UFG, Instituto de
Química, Goiânia-GO

RESUMO ABSTRACT
Este estudo foi conduzido com objetivo de determinar o tipo de Yield and composition of essential oil of lemongrass in
secagem e a fragmentação das folhas de capim-limão para otimizar different drying and fragmentation conditions
o rendimento extrativo do óleo essencial. Foram estabelecidos 6 tra- In this study the drying and fragmentation conditions of
tamentos com 2 tipos de secagem (estufa de ventilação forçada a lemongrass leaves were determined, to increase the essential oil yield.
40ºC e sala com desumidificador) e 3 tamanhos de fragmentos das Four replications of six treatments were studied with 2 drying
folhas secas (pulverização em moinho, fragmentos com 1 e com 20 methodologies (oven-drying at 40ºC and room temperature using
cm de comprimento), com 4 repetições. O óleo essencial foi extraí- moisture dryer) and 3 fragmentation sizes (powder obtained in mill,
do por hidrodestilação durante 2 horas. O maior rendimento de óleo 1 cm and 20 cm fragments). The essential oil was extracted in
essencial foi obtido com o material seco na sala com desumidificador, Clevenger’s modified apparatus during 2 hours. The higher essential
não havendo diferenças significativas para os tamanhos da folha. O oil yield and citral content was obtained with the leaves dried under
componente mais abundante no óleo essencial foi o citral que tam- room temperature using moisture dryer, with no significant
bém apresentou as maiores concentrações nas folhas secas em differences in the fragmentation sizes.
desumidificador.

Palavras-chave: Cymbopogon citratus, planta medicinal, pós-co- Keywords: Cymbopogon citratus, medicinal plant, post-harvest,
lheita, secagem, moagem. drying, miller.

(Recebido para publicação em 17 de fevereiro de 2005 e aceito em 3 de agosto de 2005)

C ymbopogon citratus (D.C.) Stapf


é uma espécie originária da Índia e
largamente distribuída por vários países
Em órgãos isolados o citral apresen-
tou efeito antiespasmódico, tanto no te-
cido uterino como no intestinal, entre-
elevação da temperatura de secagem de
40 para 60ºC e depois para 80ºC provo-
cou uma grande redução no conteúdo
tropicais, entre eles o Brasil, onde assu- tanto não mostrou atividade sobre a de óleo essencial, além de afetar tam-
me diferentes sinonímias conforme a re- musculatura esquelética e cardíaca bém a sua composição, diminuindo o
gião onde se encontra: capim-limão (FERREIRA, 1984). Estudos sugerem conteúdo de 1,8 cineol e citronelal até
(MG), capim-santo (BA), erva-cidreira que a atividade antibacteriana de C. 80ºC e aumentando os conteúdos de
(SP) e outros como capim-catinga, ca- citratus reside principalmente nos com- mentol e neomentol até 60ºC (BLANCO
pim-de-cheiro, capim-cidrão, capim- ponentes α- e β-citral presentes no óleo et al., 2002a). Comportamento seme-
cidrilho, capim-cidró e capim-ciri. Per- (ONAWUNMI et al., 1984). Suas ativi- lhante de redução do teor de óleo essen-
tence à família Poaceae e se constitui em dades antimicrobianas e antifúngicas cial com o aumento da temperatura de
uma erva perene, que forma touceiras foram comprovadas em 22 espécies de secagem também foi observado em
compactas e robustas de até 1,2 m de al- microrganismos, além da propriedade Rosmarinus officinalis, verificando-se
tura, com rizoma semi-subterrâneo. inseticida, principalmente larvicida, alteração da composição química entre
O chá das folhas da espécie tem lar- bem como, repelente de insetos (SOU- 60 e 80ºC (BLANCO et al., 2002b).
ga utilização popular para nervosismo, ZA et al., 1991). Martins (1998) relata que temperaturas
febre, tosse, dores diversas (dor de ca- Rocha et al. (2000) estudando o efei- superiores a 45ºC danificam os órgãos
beça, abdominais, reumáticas) e altera- to da temperatura de secagem sobre o vegetais e seu conteúdo, pois causam
ções digestivas como dispepsia e rendimento e a composição química do uma “cocção” das plantas e não uma
flatulência. Também é aproveitada com óleo essencial de Cymbopogon secagem.
finalidades agronômicas para composi- winterianus, encontraram os melhores A secagem das plantas aromáticas e
ção de cercas-vivas e na contenção de resultados para o tempo de secagem e medicinais visa minimizar a perda de
encostas para evitar a erosão, mas a sua rendimento de óleo na temperatura de princípios ativos e retardar a sua dete-
maior importância econômica reside na 60ºC e grande variação quantitativa do rioração em decorrência da redução da
produção do seu óleo essencial, rico em neral em função das diferentes tempe- atividade enzimática, permitindo a con-
citral e largamente utilizado na indús- raturas testadas (30; 40; 50; 60 e 70ºC). servação das plantas por um período
tria de alimentos e cosméticos. Em Mentha piperita, observou-se que a maior para a sua posterior

956 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Secagem e fragmentação da matéria seca no rendimento e composição do óleo essencial de capim-limão

comercialização e uso. Além disso, os localizada no município de Itumirim- 240ºC, respectivamente, com razão de
processos de secagem afetam sobrema- MG. Plantas de capim-limão com cerca fluxo 1:20. O volume de injeção foi de
neira o rendimento e a composição quí- de 12 meses de idade tiveram suas fo- 0,2 µl (20% em CH2Cl2) em fluxo e tem-
mica das espécies, especialmente as aro- lhas colhidas pela manhã, sendo então peratura de 60ºC a 246ºC, com um au-
máticas por possuírem substâncias mui- levadas imediatamente ao laboratório da mento de 3ºC/min, após 10ºC/min para
to voláteis (VON HERTWIG, 1991). UFLA para seleção e pesagem. Em se- 270ºC, mantendo a temperatura final por
Corrêa et al. (2004), estudando rendi- guida, as folhas inteiras foram colocadas 5 min. Os componentes foram identifi-
mento de óleo essencial sob diferentes em sacos de papel Kraft e levadas aos cados por comparação com dados de
métodos de secagem, observaram que a respectivos tratamentos de secagem: em espectro de massa da literatura
secagem à sobra mista (sol e sombra) e estufa de circulação forçada mantida a (ADAMS, 2001) e por base de dados
secador solar proporcionaram maior
40°C e em sala com desumidificador, até computadorizada usando biblioteca
rendimento de óleo em comparação à
peso constante. NIST (1998). As concentrações dos
secagem em estufa a 35ºC.
Após o período de secagem, a maté- compostos foram calculadas a partir das
Em contrapartida, Rosal et al. (2004) áreas dos picos e expressos com valo-
estudando o efeito de diferentes méto- ria seca foi fragmentada em três níveis:
pulverização em moinho de facas utili- res aferidos em três análises.
dos de secagem no teor de óleo essen-
cial de folhas e inflorescências de zando tamis com malha de 20 mesh e O delineamento experimental ado-
basilicão (Ocimum basilicum), verifica- cortada em fragmentos com 1 centíme- tado foi o de blocos casualizados com 4
ram que a secagem em estufa a 35º C tro e com 20 centímetros de comprimen- repetições, em esquema fatorial 2x3. Os
permitiu maior teor de óleo essencial to, para a imediata extração do óleo es- resultados de rendimento foram expres-
nesta espécie, em comparação com a sencial. sos em g kg-1 de matéria seca e analisa-
secagem em desumidificador. A extração do óleo essencial das dos pelo software SISVAR para com-
O estado de fragmentação do mate- folhas de capim-limão foi realizada paração de médias através do teste de
rial vegetal também tem sua importân- pelo processo de hidrodestilação du- Tukey a 5%.
cia para a otimização extrativa, pois rante 2 horas em aparelho de A composição química dos óleos não
quanto maior a divisão, mais expostos Clevenger modificado com 40 g de pôde ser comparada estatisticamente
estarão os princípios ativos. Como os matéria seca. Em seguida, o hidrolato pelo teste de Tukey, pois foi analisada
óleos essenciais localizam-se em estru- foi submetido à partição líquido-líqui- somente uma amostra composta forma-
turas internas e/ou externas diversas, a do, em funil de separação, utilizando- da pelo agrupamento das repetições de
fragmentação do material vegetal pode se 30 ml de diclorometano. Este pro- cada tratamento.
influenciar diretamente no rendimento cedimento foi realizado por três ve-
extrativo. Silva et al. (2004), estudando zes. A fração orgânica foi reunida e RESULTADOS E DISCUSSÃO
os teores de óleos essenciais de folhas de adicionou-se 3 g de sulfato de
cidrão (Aloysia triphylla), frescas e se- magnésio anidro para retirar possíveis
cas em diferentes tamanhos de fragmen- O processo de secagem da biomassa
resíduos de água. Após 30 min de re- de capim-limão reduziu cerca de 5 ve-
tos verificaram que folhas inteiras secas,
pouso, a solução foi filtrada por meio zes o peso da matéria fresca. A secagem
frescas inteiras e frescas processadas em
de filtração simples e armazenada à dos fragmentos de 1 e 20 cm em
liquidificador não apresentaram diferen-
ças no teor de óleo essencial. Porém as temperatura ambiente em vidros escu- desumidificador proporcionou maior
folhas secas trituradas em moinho apre- ros parcialmente tampados para per- rendimento de óleo essencial do que em
sentaram o menor rendimento no ensaio. mitir a evaporação do solvente à estufa, ao passo que no estado de pó não
temperatura ambiente sob capela de houve efeito significativo do método de
Os teores e a composição química dos
constituintes voláteis das plantas aromá- exaustão de gases. Em seguida foram secagem (Tabela 1). Embora outros tra-
ticas sofrem influência de diversos fato- determinadas as massas dos óleos, a balhos com secagem de capim-limão
res, dentre os quais destacam-se o méto- fim de obter os rendimentos extrativos. recomendem o uso de secagem em es-
do de secagem e o processo extrativo Amostras do óleo foram analisadas tufa com temperaturas variando entre 30
empregado. Desde que toda a em cromatógrafo de gás acoplado a e 50ºC para o maior rendimento e com-
comercialização e armazenamento do ca- espectrômetro de massa (GC-MS) posição química do óleo (BUGGLE et
pim-limão só podem ser realizados com Shimadzu QP5050A nas seguintes con- al., 1999), no presente trabalho, a seca-
o material seco, elaborou-se este estudo, dições: coluna CBP-5 (Shimadzu) pre- gem das folhas em desumidificador, pro-
com o objetivo de determinar o rendimen- enchida com coluna capilar de sílica (30 porcionou maiores rendimentos na
to de óleo essencial das folhas de capim- m x 0,25 mm diâmetro interno x 0,25 quantidade e composição do óleo em
limão submetidas a dois métodos de se- µm, filme composto de comparação com o uso da estufa
cagem e fragmentadas em três tamanhos. fenilmetilpolisiloxano 5%) conectado a mantida a 40ºC.
um detetor quadrupólo operando em O rendimento de óleo variou em fun-
MATERIAL E MÉTODOS modo EI a 70 eV com intervalo de mas- ção dos diferentes tamanhos de frag-
sa entre 40-400 µ, a razão de 0,5 scan/s; mentos da matéria seca, apenas quando
O experimento foi conduzido de 29/ gás carreador: He (1 ml/min); injetor e secos em estufa. De acordo com a Ta-
03 a 29/04/2004 em área experimental temperatura de interface a 220ºC e bela 1, observou-se que a matéria seca

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 957


L. C. B. Costa et al.

Tabela 1. Rendimento médio de óleo essencial (g kg-1 de matéria seca) de C. citratus em função da matéria seca encontra-se na Tabela
de métodos de secagem e tamanho dos fragmentos da matéria seca. Lavras, UFLA, 2004. 2. Observa-se que houve variação no
Tamanho do Fragmento conteúdo de citral em função do mé-
Secagem
20 cm 1 cm pó * todo de secagem e fragmentação da
Estufa 9,267 bB 8,148 bB 13,393 aA matéria seca. Na secagem em
Desumidificador 13,605 aA 14,525 aA 13,540 aA desumidificador o conteúdo de citral
*Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem foi maior em relação à secagem em
entre si a 5% de probabilidade pelo teste Tukey. estufa. Temperaturas menores no
desumidificador contribuíram para
uma menor degradação das células
oleíferas e conseqüentemente, preser-
vando os componentes químicos do
óleo. No tocante à fragmentação, ob-
servou-se que na secagem em
desumidificador, o conteúdo de citral
foi em média 8,25% superior do que
na secagem em estufa (Tabela 2).
Na secagem em estufa, o conteúdo
de citral variou em função da fragmen-
tação, sendo que na forma de pó, o con-
Figura 1. Cromatograma do óleo essencial de C. citratus.
teúdo de citral foi em média 19,3%
maior que na fragmentação de 20 cm e
5,06% maior em relação ao corte de 1
Tabela 2. Composição química média (%) dos óleos essenciais de C. citratus em função de
cm. Porém, para a secagem em
métodos de secagem e fragmentação da matéria seca. Goiás, UFG, 2004.
desumidificador, o efeito da fragmen-
Estufa Desumidificador tação foi menor. A diferença no con-
Componente
20 cm 1 cm pó 20 cm 1 cm pó teúdo de citral entre o corte de 20 cm e
6-metil-5-hepten-2-ona t t 1,37 t 1,09 T a redução a pó foi de apenas 2,5%, em
linalol 1,42 1,14 1,49 1,37 1,74 1,37 comparação às diferenças obtidas na
neral 30,01 34,55 39,25 38,36 38,57 36,66 secagem em estufa. Conforme
geraniol t 1,46 1,74 1,55 1,65 1,52 Lewinsohn et al. (1998), o acúmulo de
geranial 39,59 44,50 43,80 46,06 45,44 45,7 citral em C. citratus ocorre em células
epóxido linaloolóxido 12,39 4,97 0,63 t t 3,61 oleíferas com paredes celulares
2-undecanona 9,49 1,40 1,23 1,20 1,39 1,79 lignificadas existentes no mesofilo pró-
tridecanona t 1,17 1,09 0,87 t 1,87 ximo aos feixes vasculares. A pulveri-
não identificados 2,74 8,04 9,39 10,57 10,12 5,21 zação do material permitiu um aumen-
(citral = neral + geranial 69,60 79,05 83,05 84,42 84,01 82,36 to da superfície de contato do material
vegetal no processo de hidrodestilação
e portanto uma maior extração dos
reduzida a pó proporcionou maior ren- contribuindo para um maior rendimento óleos essenciais contidos nestas estru-
dimento de óleo do que os fragmentos de óleo essencial. Possivelmente a menor turas mais profundas.
com 1 e 20 cm de comprimento. temperatura no desumidificador e a seca- Os compostos voláteis são muito
A localização dos óleos essenciais nas gem do material em função da desidrata- sensíveis ao processo de secagem. Al-
plantas varia de acordo com a família bo- ção do ambiente preservou essas células terações na concentração de compostos
tânica a qual pertence, podendo ocorrer parenquimáticas, em comparação com a voláteis durante a secagem podem ser
em estruturas secretoras especializadas, estufa, que mantém temperatura relativa- afetadas por vários fatores como o mé-
tais como pêlos ou tricomas glandulares mente alta (40ºC). todo de secagem e as características do
(Lamiaceae), corpos oleíferos (Apiaceae), A análise qualitativa do óleo essencial produto submetido à secagem
bolsas lisígenas ou esquizolisígenas de C. citratus, mostra que os componen- (VENSKUTONIS, 1997).
(Pinaceae, Rutaceae) ou células tes majoritários presentes no óleo foram Na secagem em desumidificador
parenquimáticas diferenciadas o neral e o geranial (Figura 1). A mistura ocorreu a desidratação do material ve-
(Lauraceae, Piperaceae e Poaceae), como destes dois isômeros forma o citral, prin- getal apenas pela redução da umidade
é o caso do capim-limão (SIMÕES; cipal constituinte do óleo essencial de C. do ar sem elevação da temperatura do
SPITZER, 2000; LEWINSOHN et al., citratus (SOUSA et al., 1991). ambiente preservando desta forma, as
1998). No presente trabalho, provavel- A composição química do óleo es- características originais da planta. Dian-
mente o desumidificador reduziu a perda sencial de C. citratus em função dos te do exposto, pode-se verificar que o
de óleo destas células parenquimáticas, métodos de secagem e fragmentação desumidificador é um aparelho eficien-

958 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Secagem e fragmentação da matéria seca no rendimento e composição do óleo essencial de capim-limão

te, de custo reduzido e econômico no BUGGLE, V.; MING, L.C.; MARQUES, M.O.M.; RADÜNZ, L.L.; MELO, E.C.; MARTINS, P.M.;
uso da energia elétrica em comparação FURTADO, E.; ROCHA, S.F.R. Influence of SANTOS, R.H.S.; SANTOS, R.R.; MACHADO,
different drying-temperatures on the amount of M.C. Secagem de alecrim-pimenta (Lippia
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plantas medicinais normalmente preo- CORRÊA JÚNIOR, C.; MING, L.C.; ROCHA, S.F.R.; MING, L.C.; MARQUES,
cupam-se apenas com o efeito da tem- SCHEFFER, M.C. Cultivo de plantas medicinais, M.O.M. Influência de cinco temperaturas de se-
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gem. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.28, n.2, óleo essencial de folhas e inflorescências de
VENSKUTONIS, 1997). Neste estudo,
p.341-346, 2004. basilicão sob diferentes métodos de secagem. In:
pôde-se perceber que o tamanho do frag- FERREIRA, M.S.C. Estudo farmacológico do CONGRESSO DOS PÓS-GRADUANDOS DA
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influencia o rendimento extrativo. As- LEWINSOHN, E.; DUDAI, N.; TADMOR, Y.; SILVA, R.; PINTO, J.E.B.P.; BERTOLUCCI,
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accumulation in lemongrass leaves (Cymbopogon
ferentes famílias de plantas sugere-se a citratus (DC) Stapf., Poaceae). Annals of Botany, Britton)). In: CONGRESSO DOS PÓS-
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se em consideração também a importan- MARTINS, E.R.; CASTRO, D.M.; Anais... Lavras, 2004. p.43.
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Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 959


ALMEIDA, I.P.C.; SILVA, P.S.L.; NEGREIROS, M.Z.; BARBOSA, Z. Baby corn, green ear, and grain yield of corn cultivars. Horticultura Brasileira,
Brasília, v.23, n.4, p.960-964, out-dez 2005.

Baby corn, green ear, and grain yield of corn cultivars


Itala Paula de C. Almeida1;2; Paulo Sérgio L. e Silva1;3; Maria Z. de Negreiros1; Zenaide Barbosa4
1
ESAM, C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN; E-mail: paulosergio@esam.br. 4Faculdade Vale do Jaguaribe. Rua Cel. Alexandrino, 563,
Centro, 62800-000 Aracati-CE; E-mail: fvj@secrel.com.br; 3bolsista do CNPq (autor correspondente); 2Estudante mestrado da ESAM.

ABSTRACT RESUMO
Most maize cultivars have been developed for grain production. Rendimentos de minimilho, de espigas verdes e de grãos de
Because superior cultivars may differ in their exploiting purposes, cultivares de milho
interest has been demonstrated for the evaluation of corn cultivars Desde que a maioria das cultivares de milho foi desenvolvida
with regard to their baby corn, green ear, and grain yields production para produção de grãos, existe interesse em se avaliá-las quanto à
ability. In the present work ten corn cultivars (AG 405, AG 1051, produção de minimilho e espigas verder pois as cultivares superio-
AG 2060, AG 6690, AG 7575, AG 8080, DKB 333 B, DKB 435, res podem diferir, dependendo da finalidade de exploração da cultu-
DKB 350 and DKB 747) were evaluated in the yield of baby corn, ra. O objetivo do trabalho foi avaliar as produções de minimilho,
green ears and dry grains. Two experiments were carried out in the espigas verdes e de grãos de dez cultivares (AG 405, AG 1051, AG
same season, in neighboring areas and managed in a similar way, in 2060, AG 6690, AG 7575, AG 8080, DKB 333 B, DKB 435, DKB
Mossoró, Rio Grande do Norte State, Brazil, in a randomized blocks 350 e DKB 747) de milho. Dois experimentos, conduzidos na mes-
design with five replicates. Baby corn yield (178,571 plants ha-1) ma época, em áreas vizinhas e manejados de forma semelhante, fo-
was evaluated in one of the experiments. The other experiment ram realizados em Mossoró-RN, no delineamento de blocos ao aca-
(50,000 plants ha-1) was set to evaluate green ear and dry grain yield. so com cinco repetições. Em um deles (178.571 plantas ha-1) ava-
Cultivars DKB 350 and AG 8080 were the most productive in number liou-se a produção de minimilho. No outro (50.000 plantas ha-1),
and weight of marketable unhusked, and husked baby corn ears. avaliaram-se as produções de espigas verdes e de grãos. As cultiva-
Cultivars DKB 435 and AG 8080 were the most productive in number res DKB 350 e AG 8080 mostraram-se as mais produtivas em nú-
and weight of marketable, unhusked, and husked ears. There were mero e peso de espigas de minimilho comercializáveis, empalhadas
no differences between cultivars for grain yield. e despalhadas. As cultivares DKB 435 e AG 8080 mostraram-se as
mais produtivas quanto aos números e pesos de espigas verdes
comercializáveis, empalhadas e despalhadas. Não houve diferença
entre cultivares quanto ao rendimento de grãos.

Keywords: Zea mays L., green corn. Palavras-chave: Zea mays L., milho verde.

(Recebido para publicação em 18 de fevereiro de 2005 e aceito em 5 de agosto de 2005)

T he cultivation of corn (Zea mays L.)


for “green corn” and grain
production is one of the most important
increased income (PANDEY et al.,
2002). As a product, it is only important
in Thailand and a few other countries
There are three reasons to evaluate
corn cultivars introduced into the
Brazilian Northeast, with regard to their
activities of the Brazilian Northeastern (PEREIRA FILHO et al., 1998). baby corn, green ear, and grain yields.
agriculture. Corn ears harvested with a Because of globalization, other These cultivars are frequently used by
moisture content of the grains between countries have become interested in this growers without being previously
70 and 80% is called “green corn”. In crop. Brazil has a promising market evaluated for the Northeastern
the first semester of the year, fruit because the demand for baby corn is conditions. Second, these cultivars differ
producing companies without other rising and production almost does not in their green ear and grain yield, and
cropping options successfully explore exist. There is also a perspective of not always the best cultivars for green
corn in the areas previously occupied exportation to other markets, especially corn yield are also the best for grain
with melon plants, in order to produce those that already import a variety of yield (SILVA; PATERNIANI, 1986;
green ears, grains, and stubble (above- Brazilian vegetable products. In addition SILVA; SILVA, 1991; SILVA et al.,
ground plant parts, without ears), under to supplying the growing domestic 1997; SILVA et al.,1998). Last, specific
dryland conditions, and where irrigation demand, this product could be included cultivars for the production of baby corn
is possible. Under these conditions, in the export list of agricultural still do not exist in Brazil, but research
another option to explore corn would be companies, taking advantage of the works involving cultivars developed for
the production of “baby corn”. existing export chain used for fruits, other purposes indicate differences
“Baby corn” consists of the husked ornamental plants, and other products. between them (PEREIRA FILHO et al.,
ear, harvested two or three days after silk Therefore, the evaluation of baby corn 1998; CARVALHO, 2002). Apparently,
emergence. “Baby corn” is a profitable production under the conditions of the the data upon which the present work
crop that allows a diversification of Brazilian Northeast should be was based are pioneer on this subject in
production, aggregation of value, and interesting. the Brazilian Northeast. The objective

960 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Baby corn, green ear, and grain yield of corn cultivars

of this work was to evaluate the ability was performed by hoeing 35 days after managed in a similar way. Differently
of production of baby corn, green ear, sowing. from experiment 1, each plot of this
and grain yields of ten corn cultivars. A randomized blocks design with experiment consisted of four 6.0 m long
five replicates was used. Plots consisted rows of plants. The usable area was
MATERIAL AND METHODS of five plant rows with six meters in considered as the space occupied by the
length. The usable area consisted of the two central rows, with the elimination
Corn cultivars produced by the three central rows eliminating six plants of plants from one pit at each end. One
Monsanto company, were evaluated in of each end. of the usable rows was chosen at random
two experiments carried out under The evaluated traits were total for green ear yield assessment, and the
dryland conditions, irrigated by number and weight of ears; number and other was used for grain yield
sprinkling as needed: DKB 333B and weight of marketable unhusked ears; assessment. A total of 26 plants per
AG 7575 (single-cross hybrids); DKB number, weight, length, and diameter of usable row was grown, at a row spacing
350, AG 8080 and AG 6690 (three-way husked ears to be sold fresh or of 1.0 m x 0.4 m, with two plants per pit
cross hybrids); DKB 435, DKB 747, AG preserved; fresh and dry mass of the (50,000 plants ha-1).
2060, AG 405 and AG 1051 (double- above-ground part of the plant, tassels, The evaluated traits were total number
cross hybrids). The experiment was and roots; leaf area, stalk diameter, plant and mass of green ears; number and mass
sprinkler-irrigated with a 5.6 mm water height, and ear insertion height. The total of marketable green ears, either unhusked
depth and a one-day watering schedule. number and weight of ears were or husked; fresh and dry mass of the
The water depth required was calculated estimated based on the total number of above-ground part of the plant, tassels, and
considering an effective depth of the root ears harvested from the usable area of roots; leaf area, stalk diameter, plant
system of 0.40 m. Irrigation time was the plot. Unhusked ears, free of damage height, and ear insertion height; grain yield
based on the water retained by the soil caused by pests or diseases were and its components. The total number and
at a tension of 0.04 Mpa. considered marketable. Husked ears that mass of ears were estimated based on the
Experiment 1: Baby corn yield presented good health, a color varying total number of ears harvested from the
and other traits from pearly white to light yellow, usable area of the plot. The marketable
cylindrical shape with a diameter unhusked ears considered were those free
The research was carried out at the
ranging from 0.8 to 1.8 cm and length from damage caused by pests or diseases
Rafael Fernandes Experimental Farm,
ranging from 4 to 12 cm were and with a length of 24 cm or longer, and
located 20 km away from Mossoró, Rio
considered marketable. The number of marketable husked ears were those with
Grande do Norte State (5°11’S latitude,
ears to be sold as preserves was also good health and grain set, presenting a
37°20’W longitude, and 18 m altitude),
determined (diameter between 1.0 cm length of 18 cm or longer. The fresh and
from December 2002 to April 2003. The
and 1.5 cm, and length ranging from 5 dry masses of the above-ground part of
experimental soil was classified as a
to 10 cm). Marketable ear diameter and the plant, tassels, and roots; leaf area, and
Podzólico Vermelho-Amarelo Eutrófico.
length were evaluated using a caliper stalk diameter were evaluated after green
Analysis of this soil presented the
rule. The fresh and dry matter weight of ear harvesting. Plant height and ear
following results: pH = 6.7, Ca + Mg =
ears, the above-ground part, root system, insertion height were measured after dry
4.00 cmolc dm-³, K = 0.27 cmolc dm-³,
and tassels were estimated based on 10 ear harvesting. The number of dry ears was
Na = 0.09 cmolc dm-³, Al = 0.04 cmolc
ears, five crushed plants, the crushed estimated based on the ears harvested from
dm-³, and organic matter = 11.42 g kg-1.
roots of two plants, and ten tassels, the usable area; the number of kernels per
The soil was tilled by means of two ear was obtained from 10 ears selected at
respectively. Leaf area was determined
harrowings and received, at sowing, 30 random, and the 100-grain weight was
using one plant from each plot, by means
kg ha-1 N (urea), 60 kg ha-1 P2O5 (single estimated based on five samples of 100
of a LICOR 3100 Leaf Area Integrator.
superphosphate), and 30 kg ha-1 K2O kernels. Grain yield was corrected for a
Stalk diameter was determined in two
(potassium chloride). Half of the moisture content of 15.5% (wet basis).
plants, by measuring the section located
nitrogen, all phosphorus, and all
below the ear insertion node with a
potassium were applied as planting
caliper rule. Plant height (distance from RESULTS AND DISCUSSION
fertilization, in furrows located beside
the soil level to the insertion point of
and below the seeding furrows. The rest
the highest leaf) and ear insertion height Experiment 1: Baby corn yield
of the nitrogen (30 kg ha-1) was applied,
(distance from the soil level to the ear and other traits
as sidedressing, after weeding. Seeds
insertion node), and tassel The baby corn was harvested from
were planted on 12/20/2002 using two
characteristics were evaluated in the 48 to 62 days after sowing, in seven
seeds per pit, at 0.80 m × 0.07 m row
same ten plants selected at random from harvest operations. Cultivars AG 405,
spacing. Thinning was performed 22
the usable area of each plot. AG 1051, and AG 2060 showed the
days after seeding, leaving one plant per
pit (178,571 plants ha-1). Pest control Experiment 2: Green ear yield, most pronounced late behavior.
was done by means of three deltamethrin grain yield and other traits Cultivar DKB 333 B showed the
sprays (250 ml ha-1), performed 7; 14 This experiment was planted on the greatest plant height and the greatest
and 24 days after sowing; weed control same date, in a neighboring area, and fresh mass of the above-ground part,

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 961


I. P. C. Almeida et al.

Table 1. Means for plant height, ear insertion height, fresh matter of the above-ground part, number of tassel branchings, tassel fresh weight
and tassel dry weight of corn cultivars evaluated for baby corn yield. Mossoró, ESAM, 2002/20031
Fresh weight of
Number of tassel Tassel fresh Tassel dry weight
Cultivars Plant height (cm) Ear height (cm) the above-ground
branchings weight (mg) (mg)
part (kg ha-1)
DKB 333B 191, a 106, ab 49,250 a 12, abc 430, ab 210, abc
AG 405 186, ab 109, ab 45,036 ab 14, a 440, ab 210, ab
AG 1051 184, ab 112, a 40,536 ab 11, abc 390, bc 190, bcd
AG 6690 176, ab 88, bc 43,000 ab 9, c 370, bcd 180, cde
AG 8080 176, ab 82, c 39,928 ab 10, bc 310, cd 160, de
DKB 747 160, ab 77, c 29,429 b 13, ab 490, a 210, abc
AG 2060 174, ab 88, bc 38,857 ab 12, abc 490, a 240, a
AG 7575 167, ab 73, c 32,821 ab 8, c 290, d 140, e
DKB 435 176, ab 92, abc 33,893 ab 11, bc 380, bc 180, bcd
DKB 350 153, b 73, c 30,893 ab 11, bc 360, bcd 180, cde
C.V. % 9 11 24 8 15 10
Means followed by a common letter do not differ among themselves by Tukey test (P ≤ 0.05)
1

Table 2. Means for the number and weight of marketable unhusked and husked baby corn cultivars intended for baby corn
ears of corn cultivars. Mossoró, ESAM, 2002/20031
production. Thus, cultivars with smaller
Unhusked ears Husked ears tassels seem to be important for both
Cultivars
Number ha-1 kg ha-1 Number ha-1 kg ha-1 baby corn and grain production. It is
DKB 333B 91,505 bcd 3,627 bc 46,718 bc 457, b interesting to point out that detasseling
AG 405 80,695 d 2,936 c 24,324 c 186, b provides an increase in the productivity
AG 1051 87,066 cd 3,384 bc 30,309 c 323, b of commercial baby corn ears,
AG 6690 133,691 abc 4,599 abc 39,044 bc 371, b regardless of sowing season
AG 8080 107,529 bcd 5,672 a 53,475 abc 526, ab (CARVALHO et al., 2002) or
DKB 747 140,723 ab 4,844 abc 56,564 abc 482, b phosphorus rate applied (SAHOO;
AG 2060 76,448 d 3,233 bc 22,973 c 293, b PANDA, 2001). However, the effect
AG 7575 139,189 ab 4,719 abc 43,243 bc 403, b caused by tassel removal on forage yield
DKB 435 141,119 ab 5,008 ab 68,146 ab 498, ab varied with cropping season (SAHOO;
DKB 350 172,393 a 6,100 a 83,765 a 877, a PANDA, 2001).
C.V. % 21 22 37 41 There were no differences between
Means followed by a common letter do not differ among themselves by Tukey test (P ≤ 0.05) cultivars with regard to leaf area, stalk
diameter, dry mass of the above-ground
part of the plant, and fresh and dry
only differing from cultivar DKB 350, occurs before flowering. masses of the root system.
which had the shortest height, and from Cultivars AG 7575 and AG 6690 Cultivars DKB 350 and AG 8080
cultivar DKB 747, with respect to fresh showed the tassels with the smallest were the most productive with respect
mass of the above-ground part (Table number of branchings and AG 7575 had to the number and mass of marketable
1). The greatest ear insertion height was the smallest fresh and dry masses (Table unhusked, and husked baby corn ears
shown by cultivar AG 1051, which 1). The tassel functions as a strong sink (Table 2). It becomes evident, therefore,
exceeded all cultivars except of cultivars organ, and may demand an expressive that depending on the criterion used for
DKB 333 B, AG 405, and DKB 435 amount of photoassimilates yield assessment in baby corn (number
(Table 2). High plant densities may (CHINWUBA et al., 1961). The or mass of unhusked or husked ears, and
cause lodging in some cultivars, in competition effect for nutrients and so on), cultivars can be different. Yields
certain environments (BAVEC; carbohydrates between ear and tassel with a similar magnitude as those
BAVEC, 2002), especially with will be so much more severe as will the observed in the present work for mass
increasing planting density it causes environment’s adverse conditions of unhusked ears were observed by other
plant height and ear insertion height to (MAGALHÃES et al., 1993; GERALDI authors (CARVALHO, 2002). In
increase as well (MODARRES et al., et al., 1985). In addition, large tassels relation to husked ears, yields had a
1998). Since baby corn is generally cause leaf shading (HUNTER et al., similar magnitude as those observed in
produced under high planting densities, 1969). On the other hand, there exist a other experiments
preference should be given to smaller- negative correlation between tassel size (AEKATASNAWAN, 2001), but were
sized cultivars, in order to decrease yield and prolificacy (SOUZA JÚNIOR et al., lower than those verified in other
losses, which might happen if lodging 1985), which is a very important trait in researches (PEREIRA FILHO et al.,

962 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Baby corn, green ear, and grain yield of corn cultivars

1998; CARVALHO et al., 2002). Table 3. Means for diameter and length of marketable baby corn ears, fresh and preserved,
Cultivar AG 2060 showed ears with of corn cultivars. Mossoró, ESAM, 2002/20031
the largest mean diameter, to be sold Ears to be sold fresh Ears to be sold as preserves
Cultivars
either fresh or preserved (Table 3). With Diameter (cm) Length (cm) Diameter (cm) Length (cm)
regard to ear length, the same cultivar DKB 333B 1.31, bc 9.02, abcd 1.24, bc 8.76, bc
and also cultivar AG 6690 yielded the AG 405 1.37, abc 9.34, abc 1.30, abc 8.88, ab
largest ears to be sold fresh. In the case AG 1051 1.39, abc 9.31, abc 1.32, ab 8.96, ab
of ears to be sold as preserves, cultivar AG 6690 1.38, abc 9.88, a 1.28, abc 9.20, ab
AG 7575 had high ear length. There AG 8080 1.33, bc 8.26, d 1.26, bc 7.92, de
were no differences between cultivars DKB 747 1.31, bc 8.75, bcd 1.24, bc 8.34, de
with regard to fresh and dry baby corn AG 2060 1.50, a 9.90, a 1.36, a 9.10, ab
ear weight. The moisture content for AG 7575 1.29, bc 9.70, ab 1.26, bc 9.36, a
baby corn ears varied from 88% DKB 435 1.26, c 8.42, d 1.22, c 8.06, cd
(cultivar AG 405) to 91% (cultivar DKB DKB 350 1.42, ab 8.42, cd 1.30, abc 7.76, e
350). Other authors obtained a mean C.V., % 5 3 3 6
value of 89% (YODPET,1979) or a Means followed by a common letter do not differ among themselves by Tukey test (P ≤ 0.05)
variation from 90% to 95%
(CARVALHO, 2002).
Experiment 2: Green ear yield,
corn yield evaluation were also observed with respect to green ear yield but
grain yield, and other traits
by other authors (SILVA et al., 1997; showed the same grain yield could be
The green ears were harvested from SILVA et al., 1998). due to several factors. Cultivars may
68 to 76 days after planting date, in four differ with regard to their green ear cob
There were no differences between
harvesting operations. Cultivars AG and straw weights, but their grain at the
cultivars with regard to leaf area, stalk
405, AG 1051, AG 8080, DKB 333B, “green corn stage” can still show
diameter, fresh and dry masses of the
and DKB 435 showed the most different moisture contents (SILVA;
above-ground part of the plant, tassel,
pronounced late behavior. PATERNIANI, 1986). Besides, at the
and root system, evaluated after the final
There were no differences between harvesting of green ears. time when green ears are harvested,
cultivars with regard to the total number grain filling is obviously not complete
Among the evaluated traits after
and weight of green ears. Therefore, the and cultivars may differ with regard to
harvesting mature ears, there were
cultivars differed only with respect to their grain filling rate and duration of
differences between cultivars only with
their number and weight of marketable the grain filling period (PONELEIT;
regard to plant height and ear insertion
ears, either unhusked or husked (Table EGLI, 1979). Finally, ears considered
height, and with regard to weight of 100
4). For these traits, cultivar DKB 747 unsuitable for green corn production can
grains (Table 4). Cultivars DKB 435 and
and AG 8080 proved to be the most be perfectly used for grain production.
DKB 747 showed the smallest means
productive for number of unhusked Cultivar DKB 350 and AG 8080
for both heights. The greatest mass of
marketable ears. Differences between were the most productive with respect
100 grains was shown by cultivar AG
cultivars with regard to traits for green to the number and weight of marketable
7575. The fact that cultivars differed

Table 4. Means for the number and mass of marketable, unhusked and husked green ears, plant height, and ear insertion height, and 100-
dry-grain weight of corn cultivars. Mossoró, ESAM, 2002/20031
Marketable green ears Heights
100-grain
Cultivars Unhusked Husked Plant Ear
weight (g)
No. ha-1 kg ha-1 No. ha-1 kg ha-1 cm
DKB 333B 26,682 bc 6,932 c 17,430 ab 2,951 b 202, a 108, a 36, abc
AG 8080 39,066 a 10,958 ab 17,902 ab 3,508 b 195, ab 90, ab 33, bc
AG 6690 37,675 ab 10,659 abc 27,227 ab 4,998 ab 188, ab 96, ab 35, abc
AG 405 35,817 ab 9,874 abc 20,876 ab 4,098 ab 188, ab 84, ab 40, ab
DKB 350 33,878 abc 8,945 abc 27,596 ab 5,232 ab 186, ab 89, ab 35, abc
AG 1051 24,113 c 6,998 c 15,496 b 3,105 b 184, ab 90, ab 38, abc
AG 2060 32,052 abc 9,317 abc 23,613 ab 4,957 ab 183, ab 88, ab 37, abc
AG 7575 32,104 abc 7,680 bc 23,415 ab 3,629 b 182, ab 94, ab 41, a
DKB 435 36,026 ab 8,709 abc 25,000 ab 3,798 ab 164, b 78, b 32, c
DKB 747 39,961 a 11,630 a 32,194 a 6,430 a 164, b 74, b 36, abc
C.V., % 16 18 30 29 9 15 10
Means followed by a common letter do not differ among themselves by Tukey test (P ≤ 0.05).

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 963


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964 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


ZANÃO JÚNIOR, L.A.; LANA, R.M.Q.; SÁ, K.A. Formas de parcelamento e fontes de adubação nitrogenada para produção de couve-da-Malásia. Horticultura
Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.965-969, out-dez 2005.

Formas de parcelamento e fontes de adubação nitrogenada para produ-


ção de couve-da-Malásia
Luiz Antônio Zanão Júnior1; Regina Maria Q. Lana2; Kátia Aparecida de Sá2
1
UFV, Depto. Solos, 36570-000 Viçosa-MG; 2UFU – ICIAG; E-mail: luizantoniozanao@yahoo.com

RESUMO ABSTRACT
A couve-da-Malásia, Brassica chinensis L. var. parachinensis Split forms and sources of nitrogen fertilization for the
(Bailey) é muito cultivada na China, Austrália e outros países do flowering white cabbage production
sudeste asiático e foi introduzida no Brasil em 1992. Existem pou- The flowering white cabbage plant, Brassica chinensis L. var.
cas informações referentes à nutrição mineral desta Brássica nas con- parachinensis (Bailey) Sinskaja is often cultivated in China, Australia
dições brasileiras. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efei- and other southeastern Asian countries and introduced in Brazil in
to de fontes e parcelamento do nitrogênio na produtividade e teores 1992. There is little information regarding the mineral nutrition of
de macro e micronutrientes na parte aérea desta hortaliça. O experi- this Brassica in the Brazilian conditions. The effect of sources and
mento foi conduzido em casa de vegetação, em vasos de 5 dm3 de splitting of nitrogen in the productivity and ratio of macro and
volume com 4,8 kg de solo. O delineamento experimental foi em micronutrients in the shoot of this vegetable were evaluated. The
blocos casualizados, em fatorial 2 x 6, com três repetições. As fon- experiment was carried out in a greenhouse in pots with capacity for
tes nitrogenadas, uréia e nitrato de cálcio, foram avaliadas em dife- 5 dm3. The experimental design was a randomized block design, in
rentes parcelamentos da dose de 105 mg dm-3 de N em três aplica- a 2 x 6 factorial scheme with three replications. The nitrogen, calcium
ções (na semeadura, 15 e 30 dias após a semeadura), nas seguintes nitrate and urea sources were evaluated in different splitting for the
proporções: 50%-50%-0%, 0%-50%-50%, 75%-25%-0%, 25%- 105 mg dm-3 of N dose, in the sowing, 15 and 30 days after sowing,
75%-0%, 25%-50%-25% e 33%-33%-33%. As plantas foram colhi- in the following ratios: 50%-50%-0%, 0%-50%-50%, 75%-25%-
das aos 40 dias após a semeadura. A melhor fonte de nitrogênio foi a 0%, 25%-75%-0%, 25%-50%-25% and 33%-33%-33%. The plants
nítrica (nitrato de cálcio), proporcionando maiores produções de mas- were harvested 40 days after sowing. The biggest productions of
sa fresca e seca da parte aérea, massa seca de raízes, produção de fresh and dry weight of the shoot, dry matter of root, leaf number
folhas por planta e maiores teores de N, Ca e Mn na parte aérea. and the biggest ratio of N, Ca and Mn in the shoot were reached
Quanto ao parcelamento, os melhores resultados foram obtidos quan- with the nitric source (calcium nitrate). The best results concerning
do se realizou adubação na semeadura seguida de duas coberturas, the splitting were obtained when fertilization took place during the
uma aos 15 e outra aos 30 dias após a semeadura, nas proporções sowing followed by two side dressing applications, one 15 days and
33%-33%-33% e 25%-50%-25%, para as duas fontes avaliadas. another 30 days after sowing, in the proporcions 33%-33%-33%
and 25%-50%-25%, for the sources evaluated.

Palavras-chave: Brassica chinensis L. var. parachinensis (Bailey) Keywords: Brassica chinensis L. var. parachinensis (Bailey)
Sinskaja, uréia, nitrato de cálcio, acúmulo de nutrientes. Sinskaja, urea, calcium nitrate, nutrients accumulation.

(Recebido para publicação em 23 de agosto de 2004 e aceito em 15 de agosto de 2005)

A couve-da-Malásia foi introduzida


no Brasil, em 1992, por possuir altos
teores de vitamina A, a partir de sementes
nio, verificando-se aumento na produ-
tividade com aplicações da ordem de até
300 kg ha-1. No entanto, é necessário,
trália, recomenda-se a aplicação, no plan-
tio, de 50 m3 ha-1 de esterco bovino; 1,25
a 2,0 t ha-1 de superfosfato simples; 150-
trazidas da Malásia por Dr. Warwick E. entre outros fatores, conhecer as exigên- 300 kg ha-1 de nitrato de amônio e cloreto
Kerr, que adotou esta nomenclatura. Além cias nutricionais de cada cultivar para de potássio. Na adubação de cobertura é
disso, é de fácil cultivo e de ciclo curto se fornecer nutrientes em quantidades recomendada a aplicação de 150-300 kg
(LEE, 1982; FERREIRA et al., 2002), adequadas e equilibradas. Sabe-se que ha-1 de nitrato de amônio e cloreto de
podendo ser facilmente cultivada em hor- a couve-da-Malásia é altamente sensí- potássio, uma a três semanas após a emer-
tas domésticas o ano inteiro, tornando-se vel à falta de nitrogênio, fósforo, potás- gência. A variação da quantidade é
uma fonte acessível de vitamina A. sio, enxofre (SOUSA, 1997) e boro verificada em função da textura do solo.
Na literatura existem poucas infor- (MOTA, 2001). Trabalhos realizados Para Malavolta (1974), quando se
mações referentes à nutrição mineral de com a couve-da-Málasia na China e estudam aspectos relacionados à nutri-
brássicas. Segundo Hori (1965), estas Austrália demonstraram a importância ção das hortaliças, deve-se atentar para
variedades botânicas são grandes do nitrogênio para a sua produtividade. o fato de que sendo o ciclo delas geral-
extratoras de nutrientes do solo e res- No Brasil, Zanão Jr. et al. (2005) verifi- mente curto, essas culturas estão muito
pondem com alta produtividade em es- caram que a melhor dose de N para a sujeitas a distúrbios nutricionais, pelo
paço de tempo relativamente curto. Para couve-da-Malásia foi de 210 kg ha-1. rápido crescimento, intensa produção,
Trani et al. (1994), elas apresentam gran- Segundo More e Morgan (1998), para alta necessidade de nutrientes e intensa
de capacidade de resposta ao nitrogê- o cultivo da couve-da-Malásia na Aus- lixiviação de nutrientes no solo.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 965


L. A. Zanão Júnior et al.

No Brasil, pouco se conhece sobre 15 dias após a semeadura (DAS) e 0% Na colheita, o sistema radicular foi
as exigências nutricionais da couve-da- aos 30 DAS; B) 0% na semeadura, 50% separado da parte aérea. A produção de
Málasia. Até o momento, as recomen- aos 15 DAS e 50% aos 30 DAS; C) 75% folhas foi obtida fazendo-se a contagem
dações de adubação para seu cultivo são na semeadura, 25% aos 15 DAS e 0% das mesmas no momento da avaliação
feitas, com base naquilo que se conhe- aos 30 DAS; D) 25% na semeadura, da massa fresca da parte aérea. O diâ-
ce para hortaliças folhosas como a alfa- 75% aos 15 DAS e 0% aos 30 DAS; E) metro do caule foi medido com o auxí-
ce. Como é uma folhosa, a adubação 25% na semeadura, 50% aos 15 DAS e lio de um paquímetro. As raízes foram
nitrogenada e seu manejo são extrema- 25% aos 30 DAS e F) 33% na semea- lavadas cuidadosamente até a retirada
mente importantes para o sucesso da dura, 33% aos 15 DAS e 33% aos 30 do solo aderido às mesmas. O excesso
cultura, devendo-se ter informações es- DAS. Como fonte nitrogenada nítrica de água foi retirado com o auxílio de
pecíficas claras sobre a melhor fonte de utilizou-se o nitrato de cálcio e como papel toalha e em seguida o material
nitrogênio e o parcelamento mais ade- fonte amídica, a uréia. A uréia possui (parte aérea e raízes) foi encaminhado
quado desta adubação. O objetivo do 44% de N na forma amídica (NH2), que para secar em estufa de circulação for-
presente trabalho foi avaliar o efeito de quando é aplicada ao solo, é rapidamen- çada de ar a 70°C, até massa constante.
fontes e formas de parcelamento da adu- te hidrolisada e se converte na forma A análise química da parte aérea das
bação nitrogenada sobre a produtivida- amoniacal e o nitrato de cálcio possui plantas, para determinação dos teores de
de e teores foliares de macro e micro- 14% de N na forma nítrica e até 1,5 % macro e micronutrientes, foi realizada
nutrientes na parte aérea das plantas de na forma amoniacal, além de possuir 18- segundo Bataglia et al. (1983).
couve-da-Malásia. 19% de Ca e 0,5-1,5 % de magnésio. Após a colheita, foi retirada uma
O preparo do solo foi feito para cada amostra de solo dos vasos, para deter-
MATERIAL E MÉTODOS vaso. A calagem foi realizada para ele- minação do pH em água e teores de Mn
var a saturação por bases a 70%, con- e Zn disponíveis, segundo metodologia
O experimento foi realizado de maio forme recomendação feita por Ribeiro descrita por Silva et al. (1999).
a julho de 2004, conduzido em casa de et al. (1999) para a cultura da alface, Os dados obtidos foram inicialmen-
vegetação, na Universidade Federal de aplicando-se uma dose correspondente te submetidos aos testes de normalida-
Uberlândia (MG). As temperaturas mé- a 2,0 t ha -1 de calcário dolomítico de (SHAPIRO-WILK) e homoge-
dia mínima e máxima na casa de vege- calcinado (PRNT 100%). O solo dos va- neidade (LEVENE), para se determinar,
tação, durante o período em que o ex- sos foi incubado por 30 dias. caso necessário, a transformação a ser
perimento foi conduzido foram, respec- A semeadura foi realizada a 1 cm de adotada. Como as variâncias foram ho-
tivamente, 17ºC e 26°C. profundidade, distribuindo-se cinco se- mogêneas entre os tratamentos e os re-
A semeadura foi realizada em 09/06/ mentes por vaso. Após a emergência, foi síduos da análise da variância apresen-
2004, diretamente em vasos de 5 dm3, com realizado o desbaste, deixando-se uma taram distribuição normal, nenhum de-
4,8 kg de solo mantidos em espaçamento planta por vaso, a mais vigorosa e cen- les foi transformado. O teste de Tukey a
de 20 x 20 cm. Foi utilizado solo da ca- tralizada. A rega foi feita duas vezes ao 5% de probabilidade foi utilizado para
mada superficial (0 a 20 cm) de um dia, utilizando-se 100 ml de água por comparação entre as médias.
Latossolo Vermelho distrófico típico, tex- rega em cada vaso.
tura média (273 g kg-1 de argila). A análi- Na semeadura, foram aplicados 200 RESULTADOS E DISCUSSÃO
se do solo apresentou as seguintes carac- mg dm-3 de P2O5, 30 mg dm-3 de K2O e
terísticas: pH H 2O (1:2,5) = 4,6; P 1 mg dm-3 de FTE BR-8, com 7% Zn, Considerando os fatores estudados,
(Mehlich-1) = 0,2 mg dm-3; K+ (Mehlich- 2,5% B, 1% Cu, 5% Fe, 10% Mn e 0,1% foi observada interação significativa e
1) = 5,4 mg dm-3; Al+3, Ca+2, Mg+2, H+Al, Mo. Foram realizadas duas coberturas efeito significativo independente
= 6,0; 1,0; 1,0 e 40,0 mmolc dm-3, respec- com 25 mg dm-3 de K2O, uma aos 15 e (P≤0,05) do parcelamento, apenas para
tivamente; saturação por bases = 4,22 %, outra aos 30 DAS. A fonte de P2O5 foi o a massa fresca da parte aérea. No que se
matéria orgânica = 12 g kg-1; B, Cu, Fe, superfosfato triplo e a de K2O o cloreto refere às fontes, houve efeito significa-
Mn, Zn e S-SO4-2 = 0,31; 0,9; 36; 0,3; 0,2 de potássio. As doses seguiram as reco- tivo para a MSPA; MFPA; MSR; NF;
e 6,0 mg dm-3, respectivamente. mendações feitas para a cultura da alfa- teores foliares de N, Ca, Mn e Zn; pH
O experimento foi conduzido em ce (RIBEIRO et al., 1999). em água e teores de Mn e Zn disponí-
delineamento de blocos casualizados, A colheita foi realizada 40 dias após veis no solo (Tabelas 1-4).
distribuindo-se os tratamentos em es- a semeadura, para avaliação da massa
A produção de massa fresca da par-
quema fatorial 2 x 6, com três repeti- fresca da parte aérea (MFPA), massa
te aérea foi superior quando a dose de
ções. O primeiro fator foram as fontes seca da parte aérea (MSPA), produção
105 mg dm-3 de N foi parcelada nas três
de nitrogênio, sendo nítrica e amídica e de folhas por planta (PF), massa seca
o segundo fator constituiu-se dos épocas, sendo semeadura, 15 DAS e 30
de raízes (MSR), diâmetro do caule
parcelamentos da aplicação da dose de DAS, nas proporções de 25%-50%-25%
(DC), teores dos macronutrientes (N,
105 mg dm-3 de N, o que corresponde a P, K, Ca, Mg e S) e micronutrientes (B, e 33%-33%-33%.
210 kg ha-1, em diferentes proporções, Cu, Fe, Mn e Zn) na parte aérea das A produção de massa fresca da par-
sendo: A) 50% na semeadura, 50% aos plantas. te aérea (produtividade agronômica)

966 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Formas de parcelamento e fontes de adubação nitrogenada para produção de couve-da-Malásia

alcançada neste experimento foi inferior Tabela 1. Produção de massa fresca da parte aérea (MFPA), massa seca da parte aérea
à máxima produção obtida por Zanão (MSPA), massa seca de raízes (MSR), produção de folhas por planta (FP) e diâmetro de
Júnior et al. (2005) (114,55 g planta-1) caule (DC), obtidos com as diferentes fontes e parcelamentos da adubação nitrogenada.
com a utilização de 210 kg ha-1 de N, Uberlândia, UFU, 2004.
30% na semeadura, 35% aos 15 e 35% Parcelamento de N MFPA MSPA MSR PF DC
Fonte
aos 30 dias e por Ferreira et al. (2002), (%) (g planta-1) (n.º) (mm)
quando estudaram a mesma variedade 50 50 0 64,45 b 4,69 0,53 12,00 11,6
em Uberlândia, em condições de cam- 0 50 50 64,30 b 4,91 0,32 11,67 11,7
po, com adubação orgânica e mineral em 75 25 0 61,21 c 4,19 0,54 12,00 12,2
Nítrica
diferentes espaçamentos (93 g planta-1), 25 75 0 70,96 b 5,17 0,50 12,00 14,9
utilizando 70 kg ha-1 de N (42% no plan- 25 50 25 78,02 a 5,48 0,73 12,33 15,6
tio e 58% em cobertura, aos 15 DAS). 33 33 33 80,21 a 7,83 0,62 12,67 16,9
A produção de massa fresca em alguns Média 69,85 A 4,88 A 0,54 A 12,11 A 13,8 A
tratamentos foi semelhante à obtida por 50 50 0 45,06 c 3,61 0,20 10,00 10,4
Dantas (1997), com aplicação de 0 50 50 49,95 c 3,72 0,35 10,33 12,3
metanol e 80 kg ha-1 de N em vasos man- Amídica
75 25 0 56,21 b 3,88 0,41 11,00 13,1
tidos em casa de vegetação (52 g plan- 25 75 0 56,50 b 4,58 0,42 11,33 13,4
ta-1) e superior à produção registrada por 25 50 25 65,50 a 4,60 0,53 11,33 15,7
Hill (1990), em espaçamento 10 x 10 33 33 33 68,03 a 5,26 0,43 12,00 16,2
cm, com aplicação de 200 kg ha-1 de N Média 56,83 B 4,28 B 0,39 B 11,00 B 13,5 A
(46 g planta-1), em cultivo realizado em C.V.% 14 15 17 10 9
campo na Austrália. Letras minúsculas comparam médias do parcelamento dentro de cada fonte. Letras maiús-
A menor produção de massa fresca culas comparam médias entre as fontes. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre
da parte aérea alcançada no presente tra- si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
balho, em relação à registrada por Zanão
Júnior, et al. (2005), pode ser explicada
Tabela 2. Teores de nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e
pela época do ano em que os experimen-
enxofre (S) na parte aérea das plantas, obtidos com as diferentes fontes e parcelamentos da
tos foram conduzidos. As plantas pro- adubação nitrogenada. Uberlândia, UFU, 2004.
duzidas neste trabalho foram colhidas
cinco dias antecipados, em relação ao Macronutriente (g kg-1)
Fonte
trabalho daqueles autores, desenvolvi- N P K Ca Mg S
do durante o verão, com temperatura mí- Nítrica 52,29 A 6,25 A 17,11 A 30,82 A 8,30 A 6,38 A
nima de 21ºC e máxima de 29ºC, supe- Amídica 40,95 B 5,62 A 17,97 A 23,72 B 7,43 A 6,29 A
riores às ocorridas durante a execução C.V.% 14 22 17 13 16 10
deste trabalho. Estes resultados indicam Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
o maior desenvolvimento da parte aé-
rea das plantas em temperaturas mais
elevadas e o encurtamento do ciclo em Tabela 3. Teores de boro (B), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn) e Zinco (Zn) na
temperaturas mais baixas. Dantas e parte aérea das plantas, obtidos com as diferentes fontes e parcelamentos da adubação
nitrogenada. Uberlândia, UFU, 2004.
Aragão (2000) verificaram que plantas
desta variedade, semeadas em dezem- Micronutriente (mg kg-1)
Fonte
bro e agosto, foram fisiologicamente B Cu Fe Mn Zn
mais eficientes que aquelas produzidas Nítrica 128,26 A 7,26 A 161,89 A 119,60 A 79,47 B
nos outros meses e que plantas produzi- Amídica 126,17 A 7,66 A 175,91 A 78,01 B 90,40 A
das no mês de junho foram as que apre- C.V.% 17 12 9 10 14
sentaram menor crescimento. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Pelo que pôde ser observado, há ne-
cessidade de se realizar uma cobertura
nitrogenada aos 15 e uma aos 30 dias Tabela 4. Valores de pH em água e teores de Mn e Zn no solo, após a execução do experi-
após a semeadura. Estes resultados es- mento, obtidos com as diferentes fontes e parcelamentos da adubação nitrogenada. Uberlândia,
UFU, 2004.
tão de acordo com os encontrados por
Ferreira (2001), que verificou que aos pH em água Mn Zn
Fonte
37 dias após a semeadura, a ausência da (1:2,5) (mg dm-3) (mg dm-3)
maioria dos nutrientes na solução nutri- Nítrica 5,92 A 1,20 B 0,83 B
tiva, utilizando a técnica do elemento Amídica 5,42 B 1,86 A 1,13 A
faltante, reduziu significativamente a C.V.% 4 13 9
produtividade agronômica da couve-da- Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 967


L. A. Zanão Júnior et al.

Malásia. Estas são as mesmas épocas de de qualidade elevada tem diâmetro de em maior quantidade no solo, com a
parcelamento recomendadas para a al- caule entre 15 mm e 25 mm. Os resulta- fonte amídica. Isto pode ser explicado
face, segundo Ribeiro et al. (1999). Isso dos obtidos no presente trabalho mostram em parte, pela competição entre estes
ocorreu porque o nutriente estava dis- que as plantas que ficaram incluídas den- cátions NH4+ e Mn2+, pois a presença do
ponível no solo para a planta no perío- tro dessa amplitude foram as que rece- amônio na solução diminuiu a absorção
do e na quantidade em que ela necessi- beram aplicação de N na semeadura e do Mn. Este fato também foi verificado
tava, em concentrações não tão altas duas coberturas. Não houve diferença por Fernandes et al. (2002) trabalhando
para ocorrer lixiviação excessiva ou cau- significativa em relação às fontes. com alface e diferentes fontes de nu-
sar efeito negativo. A maior absorção de Ca com apli- trientes em cultivo hidropônico.
O maior valor de massa seca de cação da fonte nítrica é explicada pelo As maiores produções de massa fres-
raízes foi registrado para o parcelamento fato do nitrato de cálcio possuir 18-19% ca e massa seca da parte aérea, massa
da dose de N com aplicação de 25% do de cálcio (Tabela 2). Além disso, plan- seca de raízes e os maiores teores
N na semeadura e 50% aos 15 DAS e tas que recebem o N na forma nítrica foliares de N e Ca e Mn na parte aérea
25% aos 30 DAS para as duas fontes aumentam a síntese de ácidos orgâni- foram alcançadas com a fonte nítrica.
(Tabela 1). Esta produção foi inferior à cos, com conseqüente aumento na ab- Os maiores teores foliares de Zn, me-
obtida por Sousa (1997) e por Mota sorção de cátions, como Ca2+, Mg2+ e K+, nores teores disponíveis de Mn e Zn no
(2001), que foram de 2,84 g planta-1 e para atingir o balanço interno de cargas solo e menores valores de pH do solo
0,93 g planta-1, respectivamente. (KIRKYB; KNIGHT, 1977). em água foram obtidos com a fonte
A fonte de maior eficiência na pro- Não existem dados na literatura so- amídica.
dução de massa seca e fresca da parte bre teores foliares adequados dos nu- O nitrato de cálcio mostrou ser uma
aérea das plantas e de raízes foi a nítrica trientes para couve-da-Malásia. No en- fonte nitrogenada mais viável em rela-
(nitrato de cálcio), que propiciou aumen- tanto, os teores foliares de N e Ca obti- ção a uréia, apesar do custo relativo
to de 23% em relação à fonte amídica dos neste trabalho são considerados ade- maior, pois proporcionou efeito alcali-
(uréia), indicando, possivelmente, a pre- quados, segundo Ribeiro et al. (1999), no no substrato e forneceu maiores
ferência da couve-da-Malásia pela ab- para alface e para Brássicas (repolho e quantidades de N às plantas, proporcio-
sorção do N na forma nítrica (Tabela 1). couve-flor). nando maior produção de massa fresca
Segundo Larcher (2000), dentre outros Os maiores teores foliares de zinco e seca da parte aérea, massa seca de
fatores, a espécie/cultivar tem implica- obtidos com a fonte amídica podem es- raízes e produção de folhas por planta.
ções nos ajustamentos metabólicos à tar relacionados à maior absorção e Quanto ao parcelamento, melhores
absorção do amônio e do nitrato. A ab- translocação deste nutriente, em relação resultados para produção foram obtidos
sorção do íon amônio causa grande de- aos demais, provavelmente devido à com as proporções 33%-33%-33% e
manda de esqueletos carbônicos, pois acidificação da rizosfera que adubação 25%-50%-25%, para nitrato de cálcio e
pode servir imediatamente para síntese nitrogenada pode causar, provocada pela uréia, parcelados na semeadura, 15 e 30
de aminoácidos e compostos que con- absorção do íon amônio, formado pela dias após a semeadura.
têm N reduzido. Grande consumo dos aplicação da uréia (FERREIRA et al.,
carboidratos pode ocorrer, se a 1993). Este fato ficou comprovado com AGRADECIMENTOS
fotossíntese for insuficiente, utilizando a análise do solo das parcelas que rece-
o carbono que estaria disponível para a beram adubação nitrogenada amídica, Os autores agradecem à Prof.ª Dr.ª
planta converter em biomassa. Por ou- onde o pH em água se encontrava em Marli A. Ranal pela revisão crítica e
tro lado, o nitrato quando absorvido é torno de 5,4 em relação a 5,9, consegui- pelas valiosas sugestões, importantes na
reduzido antes de sua assimilação, mas do com a fonte nítrica (Tabela 4). elaboração deste artigo.
a demanda imediata por carboidratos é A acidificação da rizosfera, segundo
menor que a do amônio (EPSTEIN, Moraghan e Mascani Júnior (1991), au- LITERATURA CITADA
1975; FERREIRA et al., 1993; menta a eficiência na absorção de micro-
LARCHER, 2000). nutrientes metálicos Zn, Mn, Cu e Fe, BATAGLIA, O.C.; FURLANI, A.M.C.; TEIXEIRA,
A produção de folhas por planta foi cuja disponibilidade é influenciada pelo J.P.F.; FURLANI, P.R.; GALLO, J.R. Métodos de
análise química de plantas. Campinas: Instituto
muito semelhante, não influenciado sig- pH. Os teores de Zn e Mn no solo, signi- Agronômico, 1983. 48 p. (Boletim Técnico, 78).
nificativamente pelo parcelamento, mas ficativamente maiores nas parcelas que DANTAS, B.F.; ARAGÃO, C.A. Efeito de épo-
havendo efeito das fontes (Tabela 1). As receberam a aplicação da uréia, compro- cas de semeadura na produção de mudas de cou-
ve-da-Malásia (Brassica chinensis var.
plantas que receberam aplicação da fon- vam sua maior disponibilidade com o pH parachinensis). Cultura Agronômica, Ilha Soltei-
te nítrica produziram 10% a mais de baixo (Tabela 4). Os teores foliares de ra, v.9, n.1, p.91-100, 2000.
folhas do que as que as que receberam a Zn com a aplicação da fonte amídica fo- EPSTEIN, E. Nutrição mineral das plantas: princí-
pios e perspectivas. São Paulo:USP, 1975. 344 p.
fonte amídica. ram significativamente maiores que a FERNANDES, A.A.; MARTINEZ, H.E.P.; PE-
O diâmetro do caule é uma caracte- aplicação da fonte nítrica. REIRA, P.R.G.; FONSECA, M.C.M. Produtivi-
rística avaliada para aceitação da cou- Os teores foliares de Mn foram dade, acúmulo de nitrato e estado nutricional de
cultivares de alface, em hidroponia, em função de
ve-da-Malásia no mercado de hortaliças. maiores com a aplicação da fonte nítrica, fontes de nutrientes. Horticultura Brasileira,
Segundo Gallacher (1999), um produto apesar deste elemento estar disponível Brasília, v.20, n.2, p.195-200, 2002.
FERREIRA, M.E.; CASTELLANE, P.D.; CRUZ,
968 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
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Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 969


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processamento mínimo de quiabo. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.970-975, out-dez 2005.

Determinação das etapas do processamento mínimo de quiabo


Marcelo Augusto G. Carnelossi; Paula Yaguiu; Anita Caroline L. Reinoso; Gláucia Regina de O. Almeida;
Moema L. Lira; Gabriel Francisco da Silva; Vahideh R.R. Jalali
UFS, Depto. Eng. Química, Av. Marechal Rondon, s/n, Campus Universitário, Jardim Rosa Elze, 49100-000 São Cristóvão-SE; E-mail:
carnelossi@ufs.br

RESUMO ABSTRACT
Este trabalho teve como objetivo estabelecer um fluxograma Determination of the stages of minimum processing of okra
operacional para o processamento mínimo de quiabo, produto mui- This work aimed to establish an operational flowchart for the
to consumido e produzido em diversos estados brasileiros. Para isso, minimum processing of okra, a product much consumed and
foram avaliados dois modelos de fluxograma. Os procedimentos produced in diverse Brazilian States. In this work two models of
ideais para cada etapa do processamento mínimo foram determina- flowchart were evaluated. The ideal procedures for each stage of the
dos utilizando os seguintes parâmetros: tipos de corte, concentração minimum processing were determined by utilization of the following
do sanitizante, enxágüe (tratamento com ácido), tempo de parameters: types of cut, concentration of the rinse (treatment with
centrifugação e tipo de embalagem (PEAD a vácuo e bandejas de acid), time of centrifugation and type of the packing (PEAD the
poliestireno recobertas com filme de PVC, armazenadas em câmara recovered polystyrene vacuum and trays with film of PVC, stored in
fria (5±2ºC) por oito dias). Com base na análise sensorial, quiabo cold chamber (5±2ºC) during eight days). On the basis of the sensorial
cortado em rodelas com aproximadamente 2 cm de espessura mos- evaluation, okra cuts with approximately 2 cm of thickness were
trou-se o mais aceito. Dentre as concentrações de sanitizantes ava- more accepted. Among the concentrations of sanitization products,
liadas, o tratamento com concentrações de 100 mg L-1 de cloro ativo the treatment with concentrations of 100 mg L-1 of active chlorine
durante 10 minutos, mostrou eficiência significativa na redução de during 10 minutes showed significant efficiency in the reduction of
coliformes totais, aeróbios mesófilos e fungos e leveduras. A utili- total coliforms, mesophiles aerobic, molds and yeast. The citric acid
zação do ácido cítrico (1%) durante o enxágüe mostrou-se eficiente (1%) used during rinses, revealed themselves efficient in the
na retirada da mucilagem do produto e verificou-se ainda que o tem- withdrawal of the mucilaginous juice of immature pods. The time
po para centrifugação de quiabo deve ser de 10 minutos. A embala- for okra centrifugation must be of 10 minutes. The PEAD packing
gem de PEAD a vácuo foi a que melhor preservou a qualidade dos with vacuum preserved the better quality of the minimum processing
produtos. Para o processamento mínimo de quiabo deve ser utiliza- product. For the minimum processing of okra the following flowchart
do o seguinte fluxograma: recepção, seleção, lavagem, corte, must be used: reception, selection, washing, cut, sanitization, rinse
sanitização, enxágüe com ácido, centrifugação, embalagem e with acid, centrifugation, packing and storage.
armazenamento.

Palavras-Chave: Abelmoschus esculentus (L.) Moench, sanitização, Keywords: Abelmoschus esculentus (L.) Moench, sanitization,
centrifugação, embalagens, conservação. centrifugation, packaging, storage.

(Recebido para publicação em 1 de março de 2005 e aceito em 3 de agosto de 2005)

O quiabo (Abelmoschus esculentus


(L.) Moench), originário da Áfri-
ca, pertencente à família Malvaceae é
nova forma de comercialização e agrega-
ção de valor a esses produtos.
Em geral, hortaliças minimamente
conduzem, na maioria das vezes, a alte-
rações sensoriais
(MORETTI, 2004).
importantes

tradicionalmente cultivado em regiões processadas, segundo Moretti (2004), Cantwell (1992) e Vitti et al. (2003)
tropicais. O cultivo dessa hortaliça é são tecidos vegetais que foram danifi- citam que a injúria mecânica causada
bastante difundido na região nordeste do cados de maneira proposital e que de- pelo corte ou descascamento é um dos
Brasil, por possuir um clima bastante fa- vem ser mantidos na forma fresca e com maiores obstáculos para a conservação
vorável para o seu desenvolvimento qualidade por períodos prolongados de dos produtos minimamente processados,
(SILVA, 2004). tempo, pois esse processo acarreta vá- apresentando aumento da taxa respira-
A comercialização de quiabo é feita, rias alterações físicas e fisiológicas que tória na ordem de 3 a 5 vezes, quando
geralmente utilizando-se frutos in natura. afetam a viabilidade e a qualidade dos comparado aos órgãos intactos. Assim,
Alguns trabalhos têm sido realizados de produtos. o armazenamento do produto em bai-
forma a desenvolver processos de seca- Vários aspectos devem ser conside- xas temperaturas torna-se imprescindí-
gem e determinar as propriedades físicas rados quando se trabalha com produtos vel, desde o preparo até a
do quiabo (ADOM et al., 1996; AKAR; minimamente processados. Os proces- comercialização, visando a redução da
AYDIN, 2005). No entanto, pesquisas re- sos metabólicos relacionados aos respiração e preservação da qualidade e
lativas ao processamento mínimo dessa estresses sofridos pelos tecidos vegetais da vida de prateleira do produto pré-pro-
hortaliça ainda são inexistentes, o que faz como a indução do metabolismo de cessado (VITTI et al., 2003).
desse trabalho um marco no desenvolvi- compostos fenólicos, o escurecimento A utilização de embalagens e de tem-
mento de tecnologia, apresentando uma enzimático e a formação de anaerobiose peraturas adequadas pode manter o pro-

970 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Determinação das etapas do processamento mínimo de quiabo

duto livre de microorganismos do-se água corrente para retirada da su- proposta pela American Official
patogênicos, com maior manutenção da jidade. Após a lavagem, para o fluxo- Analysis of Chemistry (AOAC, 39.051)
sua qualidade e uma maior vida de pra- grama A, os frutos foram submetidos à (CARNELOSSI et al., 2002).
teleira. As embalagens atuam como bar- sanitização e posteriormente aos cortes, O pH foi determinado em pHmetro
reira protetora, minimizando a perda de e para o fluxograma B, os frutos foram digital da marca Schott em 50 ml de
água, reduzindo a taxa respiratória du- submetidos ao corte. solução obtida pela homogeneização e
rante o armazenamento, bem como fa- O corte dos frutos foi realizado ma- filtragem de 5,0 g da amostra em água
cilitando o transporte, manipulação e a nualmente com o auxílio de facas de aço destilada.
venda dos mesmos (CARNELOSSI et inox, afiadas e previamente higienizadas A acidez total (AT) foi determinada
al., 2002). A escolha da embalagem para em solução de cloro (100 mg L-1). Os utilizando-se 10 ml da solução utiliza-
os minimamente processados depende quiabos foram cortados de três formas, da para a determinação do pH, adicio-
de fatores como a permeabilidade da rodelas de aproximadamente 2 cm, pi- nando-se o indicador fenolftaleína a 1%,
embalagem a gases, o tipo de produto e cados em cubos com ±0,5 cm3 e corta- e titulado com NaOH (0,1 N). A AT foi
sua taxa respiratória, temperatura de dos longitudinalmente em ±10 cm. expressa em % de ácido cítrico.
armazenamento dentre outros, visando Para a etapa da sanitização, amos- O índice de escurecimento do pro-
o aumento do tempo de vida de prate- tras de quiabo, tanto inteiras quanto cor- duto foi acompanhado utilizando-se um
leira (SCHLIMME; ROONEY, 1994). tadas, foram imersas em soluções de colorímetro (Minolta CR-10), calibra-
O objetivo do trabalho foi estabele- cloro ativo de marca comercial do com a cor branca. Para as medições,
cer o fluxograma para o processamento Sumaveg (Diversey-Lever), com con- foram retiradas 3 rodelas de quiabo de
mínimo do quiabo, levando-se em con- centrações de 50 mg L-1, 100 mg L-1 e cada repetição, e as leituras foram rea-
sideração o tipo de corte, a concentra- 150 mg L-1, por 10 min. Durante as eta- lizadas na parte interna e externa do pro-
ção do sanitizante, tratamento com áci- pas de sanitização e corte, nove amos- duto. Os parâmetros obtidos, L, que in-
do para a redução da mucilagem, tem- tras de 25 g foram retiradas para serem dica luminosidade (claro/escuro); a, que
po de centrifugação, tipo de embalagem submetidas à análise microbiológica, de indica a cromaticidade no eixo da cor
e temperatura de armazenamento. forma a determinar bactérias aeróbias verde (-) para vermelha (+); e b, que
mesófilas, coliformes totais, bolores e indica a cromaticidade no eixo da cor
MATERIAL E MÉTODOS leveduras. azul (-) para amarela (+), foram utiliza-
Para o fluxograma A, após a dos para calcular o índice de
O experimento foi desenvolvido no sanitização, o produto foi cortado e escurecimento (IE) de acordo com Palou
laboratório de tecnologia de alimentos embalado em bandejas de poliestireno et al. (1999): IE= [I100(x-0,31)I/0,172],
da UFS. O quiabo utilizado foi adquiri- recobertas com filme PVC. Para o flu- em que, x=(a + 1,75L)/(5,645L+a-
do na Associação de Produtores Orgâ- xograma B, após a etapa da sanitização, 3,012b).
nicos do Agreste (ASPOAGRE), loca- os quiabos cortados foram enxaguados A análise sensorial foi realizada uti-
lizada no município de Itabaiana (SE), em soluções contendo quatro níveis de lizando o Teste de Aceitabilidade, com
onde foram transportados em sacolas ácido cítrico (0,5; 1,0; 1,5 e 2,0%) por escala hedônica de 9 pontos (9 = gostei
plásticas para o laboratório e mantidos 10 minutos. Enxágüe sem ácido foi uti- extremamente, 5 = indiferente e 1 = des-
em temperatura ambiente (±25ºC). lizado como controle (3 mg L-1 de cloro gostei extremamente). Foram entrevista-
Os fluxogramas avaliados foram a) ativo), visando a retirada do excesso de das 30 pessoas não treinadas que avalia-
Recepção – Seleção – Lavagem – mucilagem aderido no quiabo. ram o produto quanto à preferência em
Sanitização – Corte – Embalagem e b) relação ao tipo de corte apresentado.
Testes de centrifugação foram reali-
Recepção – Seleção – Lavagem – Corte A microbiota contaminante dos pro-
zados em centrífuga industrial, com ve-
– Sanitização – Enxágüe – dutos foi avaliada por meio da determi-
locidade angular de 1290xg, por perío-
Centrifugação – Embalagem. nação da contagem padrão de bactérias
dos de 2; 3; 5; 7 e 10 min.
Tendo em vista a semelhança das aeróbias mesófilas, bolores e leveduras
Amostras de 200 g foram armaze-
etapas inicias entre os dois fluxogramas, e a presença de coliformes totais, segun-
nadas em dois tipos de embalagem: ban-
a recepção, a seleção e lavagem foram do a metodologia proposta por
dejas de poliestireno recobertas com
realizadas da mesma forma para todo Vanderzant e Splittstoesser (1992). As
PVC e em embalagens de polietileno de
material. A recepção do quiabo foi rea- análises foram efetuadas em porções de
alta densidade (PEAD) a vácuo, e ar- 25 g do material vegetal homogeneizado
lizada colocando-se os frutos em caixas
mazenadas a temperatura de 5ºC±2oC, com 225 ml de água peptonada a 0,1%.
plásticas em ambiente refrigerado
(12ºC) por aproximadamente duas ho- por oito dias. A contagem padrão de aeróbios
ras. Após esse período os frutos foram A cada dois dias, foram realizadas mesófilos foi feita em Ágar Padrão para
retirados da refrigeração e submetidos análises dos teores de vitamina C, aci- Contagem (PCA), após incubação a 30-
à seleção e lavagem. Durante a seleção dez total, pH e coloração (intensidade de 32ºC por 24 a 48 h. Coliformes totais
foram escolhidos os frutos que se apre- escurecimento) do produto armazenado. foram determinados pela técnica do
sentavam íntegros e sem injurias mecâ- Os teores de vitamina C foram de- Número Mais Provável (NMP), utilizan-
nicas. A lavagem foi realizada utilizan- terminados utilizando a metodologia do-se Caldo Lauril Sulfato Triptose para

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 971


M. A. G. Carnelossi et al.

Tabela 1. Análises microbiológicas do quiabo minimamente processado submetida a dife- fatorial 2x5 (dois tipos de embalagem e
rentes tratamentos de corte e sanitização. São Cristóvão (SE), UFS, 2004. 5 períodos de avaliação). Foram utili-
Amostra
Bactérias aeróbias
Bolores e leveduras Coliformes totais zadas 3 repetições com aproximadamen-
mesófilas¹ te 200 g do produto em cada embala-
4
Matéria prima 6.5X10 1.9X10³ > 110 gem. Os resultados foram submetidos à
Inteiro s/sanit. 6.4X104 4.3X104 > 110 análise de variância pelo teste F e com-
Inteiro 50ppm 3.3X104 8.1X10² 15 paração de médias pelo teste Tukey (5%),
Inteiro 100ppm 3X10³ 4.4X10² 2.8 com o auxílio do software Assistat (As-
Inteiro 150ppm 3X104 * 3.5 sistência Estatística), versão 7.2 beta.
Cortado s/sanit. 4.9X10² 5.1X10² 5.3
Cortado 50ppm 3X10³ * 5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Cortado 100ppm * * 9.3
Cortado 150ppm 4.3X10² * 9.3
Por meio de análises microbio-
1 4
valores na ordem de 10² a 10 UFC/g na contagem padrão. lógicas, observou-se que a concentração
*inferior ao limite (<2,5x10²) de 50 mg L-1 mostrou-se eficiente no
controle dos coliformes totais, reduzin-
do-se os valores de 120 NMP g-1 ml-1 da
matéria-prima para 5,3 NMP g-1 ml-1 no
produto cortado e sanitizado (Tabela 1).
Para o controle dos fungos, leveduras,
bactérias aeróbias e mesófilas, a concen-
tração de 100 mg L-1 foi mais eficiente,
apresentando valores abaixo do limite de
contagem. Nas amostras sanitizadas in-
teiras e depois cortadas (fluxograma A),
observou-se que, apesar da concentração
de 50 a 100 mg L-1 de cloro ter apresen-
tado eficiência no controle dos
microorganismos, a manipulação (corte)
do produto após a sanitização ocasionou
uma recontaminação da amostra,
inviabilizando, dessa forma, a utilização
desse fluxograma. De acordo com Pilon
(2003), a lavagem de hortaliças com 50
mg L-1 de cloro livre na água reduz sig-
nificativamente a contagem total de
aeróbios mesófilos, enquanto que os
coliformes fecais mostraram-se mais sen-
síveis ao cloro não sendo detectados após
lavagem com 10, 20 e 50 mg L-1.
Os resultados obtidos por meio do
teste de aceitabilidade determinaram
que o corte no formato de rodelas (2 cm)
foi o mais aceito, apresentando nota
média de 6,9, correspondente ao termo
da escala hedônica “gostei moderada-
mente”. Os cortes no formato longitu-
Figura 1. Diferença de peso (A) de quiabo minimamente processado tratado com diferentes
dinal e picado não diferiram estatistica-
concentrações de ácido cítrico no enxágüe e centrifugados por 10 minutos, e teores de vita-
mina C (B) do quiabo embalado a vácuo e em bandejas com PVC, armazenados a 5±2°C por mente entre si, apresentando notas 5,7
8 dias. As barras representam o erro padrão da média. São Cristóvão (SE), UFS, 2004. (indiferente) e 6,1 (gostei ligeiramente),
respectivamente.
A utilização de 1% de ácido cítrico
o teste presuntivo e Caldo Bile Verde tura Ágar Batata Dextrose Acidificado na etapa de enxágüe (Figura 1A), asso-
Brilhante, para o confirmativo. A con- (PDA). As placas foram incubadas em ciado à centrifugação por 10 min, mos-
tagem de bolores e leveduras, foi reali- estufa a 25ºC por 5 dias. trou-se ideal para a retirada do excesso
zada inoculando-se 0,1 ml de cada O delineamento experimental foi de água e de mucilagem. Observou-se
amostra em 15 a 20ml do meio de cul- inteiramente ao acaso, em esquema também que, para o tratamento contro-

972 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Determinação das etapas do processamento mínimo de quiabo

le, a diferença de peso foi menor do que


a da concentração de 0,5% (Figura 1A).
Isso se deve ao fato de que o tempo de
centrifugação utilizado para essa amos-
tra, 20 min, não foi suficiente para a re-
tirada do excesso de água e mucilagem
aderida ao produto.
A mucilagem encontrada no quiabo
é classificada como polissacarídica-áci-
da associada com proteínas (AMAYA-
FARFAN et al., 2003), podendo, se não
removida, servir de substrato para o
crescimento de microrganismos duran-
te o armazenamento, causando a depre-
ciação do produto. Pineli (2004) cita que
o ácido cítrico é o principal ácido orgâ-
nico de frutas e vegetais, atuando
sinergisticamente com ácidos ascórbico
e eritórbico e seus sais neutros. É capaz
de complexar prooxidantes, como o co-
bre do centro ativo da polifenoloxidase,
inativando-os.
Após o segundo dia de
armazenamento, observou-se que os
teores de vitamina C (Figura 1B) apre-
sentaram redução de aproximadamente
45%, quando comparados ao quiabo
antes do processamento, nas duas em-
balagens testadas. Esse acentuado de-
créscimo pode ter sido ocasionado pelo
aumento na taxa do metabolismo, cau- Figura 2. Teores de Acidez Titulável (A) e variação do pH (B) do quiabo embalado a vácuo
sado pela injúria mecânica (corte) da e em bandejas com PVC, armazenados a 5±2°C. As barras representam o erro padrão da
hortaliça, que provoca a oxidação de média. São Cristóvão (SE), UFS, 2004.
vários compostos, dentre eles, a vitami-
na C. (CARNELOSSI et al., 2002).
lular por dano ao tecido, corte ou dia. Esse resultado pode estar relacio-
Após esse período, verificou-se es-
moedura. nado, com a estabilização metabólica do
tabilização dos teores de vitamina C. produto, em virtude da utilização da
Isso pode ser explicado devido à redu- Em todos os tratamentos, verificou-
se uma queda brusca no segundo dia de embalagem e do armazenamento em
ção do metabolismo, influenciado pela baixa temperatura.
armazenamento no teor de acidez
utilização da embalagem e pelo
titulável (AT) (Figura 2A), após o qual A intensidade de escurecimento (IE)
armazenamento em baixa temperatura indicou que a embalagem a vácuo foi
manteve-se constante até o final do ex-
(5oC), como ocorre em diversos produtos eficiente em evitar o escurecimento, tan-
perimento, para as duas embalagens tes-
minimamente processados tadas. to na parte interna quanto na parte ex-
(CARNELOSSI et al., 2002). Quando terna do quiabo (Figuras 3A e 3B). Para
O controle da atmosfera através da
embalados com PVC, verificou-se um a embalagem de PVC, observou-se que
utilização de embalagens e a diminui-
decréscimo do teor de vitamina C, com- a maior permeabilidade da mesma ao
ção da temperatura de armazenamento
parado com a embalagem a vácuo o que podem, possivelmente, ter ocasionado oxigênio pode ter provocado o
pode, provavelmente, estar associado à a diminuição na taxa de degradação do escurecimento do produto, pois o mes-
alta permeabilidade do filme, que não é substrato (açúcares) e, mo é utilizado pela enzima
capaz de reter o metabolismo do produto. consequentemente, uma provável redu- polifenoloxidase (PPO) para oxidação
De acordo com Pilon (2003), a vita- ção do valor da acidez. de compostos fenólicos (WHITAKER;
mina C é a mais instável das vitaminas Quanto aos valores do pH (Figura LEE, 1995).
por ser sensível aos agentes físico-quí- 2B), observados durante o período de Em couve minimamente processa-
micos como a luz, oxigênio e o calor. armazenamento, notou-se comporta- da, Carnelossi et al. (2002) mostraram
Klein (1987) cita que a perda de sua es- mento inversamente proporcional à aci- que o escurecimento pode estar direta-
tabilidade pode ser conseqüência de dez, apresentando aumento acentuado mente relacionado com a atividade da
vários fatores, como o rompimento ce- no tempo 2 e estabilização até o oitavo enzima polifenoloxidase, que oxida

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 973


M. A. G. Carnelossi et al.

xograma: Recepção – Seleção – Lavagem


– Corte (rodelas de 2 cm) – Sanitização
(100 mg L-1 de cloro ativo) – Enxágüe (áci-
do cítrico 1%) – Centrifugação (10 min)
– Embalagem (PEAD a vácuo) –
Armazenamento (5ºC).

AGRADECIMENTOS

Os autores expressam seus agrade-


cimentos ao CNPq (Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico), pelo auxílio financeiro
concedido para a realização do trabalho,
à EMDAGRO e a ASPOAGRE pelo
fornecimento do material utilizado nos
experimentos.

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mente processados tais como observa- de PPO presente na célula, ou ambos. COUTURE, R., CANTWELL, M.I., KE, D.,
do em alface e repolho (COUTURE et Couture et al. (1993) observaram, em SALTVEIT JUNIOR., M.E. Physiological
al., 1993; HOWARD et al., 1994). alface minimamente processada, que o attributes related to quality attributes and storage
Moretti et al. (2002) citam que os danos aumento da intensidade de life of minimally processed lettuce. HortScience,
v.28, n.7, p.723-5, 1993.
mecânicos (corte) causados durante o escurecimento com o tempo de
GOUPY, P., AMIOT, M.J., RICHARD-FORGET,
processamento podem aumentar a con- armazenamento, pode ser devido ao au- F., DUPRAT, F., AUBERT, S., NICOLAS, J.
centração de dióxido de carbono, etileno mento na atividade da enzima Enzymatic browning of model solutions and apple
e de água livre, causar alterações no sa- fenilalanina amônia liase (PAL), respon- phenolic extracts by apple polyphenoloxidase.
bor e aroma, além de aumentar a ativi- sável pela síntese de compostos Journal of Food Science, v.60, n.3, p.497-501.
1995.
dade de enzimas relacionadas ao fenólicos, e também pelo aumento na
HOWARD, L.R., GRIFFIN, L.E., LEE, Y. Steam
escurecimento enzimático, como a síntese de etileno, o qual estimula a ati- treatment of minimally processed carrots sticks
fenilalanina amônia liase (PAL) e a vidade da PAL e PPO. to control surface discoloration. Journal of Food
polifenoloxidase (PPO). Para Goupy et Science, v.59, n.2, p.356-8. 1994.
De acordo com os resultados obtidos,
al. (1995), a intensidade do KLEIN, B.P. Nutritional consequences of minimal
determinou-se que o processamento mí- processing of fruits and vegetables. Journal of
escurecimento enzimático depende de nimo do quiabo deve seguir o seguinte flu- Food Quality, v.10, p.179-93, 1987.

974 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Determinação das etapas do processamento mínimo de quiabo

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Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 975


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alface americana em função de doses de nitrogênio e molibdênio. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.976-981, out-dez 2005.

Produtividade e qualidade pós-colheita da alface americana em função


de doses de nitrogênio e molibdênio
Geraldo M. de Resende1; Marco Antônio R. Alvarenga2; Jony E. Yuri2; José Hortêncio Mota3; Rovilson
José de Souza2; Juarez C. Rodrigues Júnior4
1
Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56300-000 Petrolina-PE.; 2UFLA. Depto. Agricultura, C. Postal 37, 37200-000 Lavras-MG; 3Centro
Universitário de Dourados, Depto. Ciências Agrárias, C. Postal 533, 79804-970, Dourados-MS; 4Agromax, R. Tiradentes, 12, 37750-000
Machado-MG

RESUMO ABSTRACT
O trabalho foi conduzido no município de Três Pontas (MG), de Yield and postharvest quality of summer growing crisphead
outubro a dezembro de 2002, para avaliar a influência de doses de lettuce as affected by doses of nitrogen and molybdenum
nitrogênio e molibdênio nas características produtivas e qualidade The influence of nitrogen and molybdenum doses was evaluated
pós-colheita da alface americana (Lactuca sativa L.). Utilizou-se o on the productive characteristics and postharvest quality of crisphead
delineamento de blocos ao acaso em arranjo fatorial 4 x 5, compre- lettuce (Lactuca sativa L.), at Três Pontas, Minas Gerais State, Brazil,
endendo quatro doses de nitrogênio em cobertura adicionais à dose from October to December 2002. A randomized complete block
aplicada pelo produtor de 60 kg/ha de N (0; 60; 120 e 180 kg/ha) e design in a 4 x 5 factorial arrangement with three replications was
cinco doses de molibdênio via foliar (0,0; 35,1; 70,2; 105,3 e 140,4 used. The factorial consisted of four doses of nitrogen (0; 60; 120
g/ha) e três repetições. O maior peso fresco total foi obtido com a and 180 kg/ha) in top dressing, in addition to the usual farmers doses
dose de 86,9 kg/ha de nitrogênio em cobertura e 87,4 g/ha de (60 kg/ha), and five doses of molybdenum in foliar application (0.0;
molibdênio. Com relação ao peso fresco comercial a dose de 89,1 35.1; 70.2; 105.3, and 140.4 g/ha). The highest total fresh weight
kg/ha de nitrogênio em cobertura propiciou a maior resposta, sendo was obtained with the doses of 86.9 kg/ha of nitrogen in top dressing
para molibdênio a máxima produtividade alcançada com a dose de and 87.4 g/ha of molybdenum. Highest commercial fresh weight
94,2 g/ha. As doses de 85,3 kg/ha de nitrogênio em cobertura e 72,9 was obtained using the doses of 89.1 g/ha of nitrogen in top dressing,
g/ha de molibdênio proporcionaram a maior circunferência de cabe- while the doses of 94.2 g/ha of molybdenum resulted in the highest
ça comercial. Não se observou efeito significativo dos tratamentos yield. The doses of 85.3 kg/ha of nitrogen in top dressing and 72.9
para comprimento do caule e na conservação pós-colheita. As doses g/ha of molybdenum were the best for highest commercial head
de 89,9 kg/ha de N em cobertura e 77,2 g/ha de Mo em pulverização circumference. There was no significant effect of the treatments on
foliar propiciaram a maior porcentagem de matéria seca. stem length and post-harvest conservation. The highest percentage
of dry matter was obtained with the doses of 89.9 kg/ha of N in top
dressing and 77.2 g/ha of Mo in foliar spray.

Palavras-chave: Lactuca sativa L., massa fresca, nutrição, Keywords: Lactuca sativa L., fresh weight, nutrition, storage.
armazenamento.

(Recebido para publicação em 21 de março de 2005 e aceito em 5 de agosto de 2005)

A alface americana, tipo repolhuda


“Crisphead lettuce”, vem adquirin-
do importância crescente, principalmen-
aberto, em cultivo protegido (estufas) ou
em hidroponia (solução nutritiva).
A adubação constitui uma das práti-
apresentam menor firmeza, o que pode-
rá ser prejudicial à comercialização
(GARCIA et al., 1982).
te, na região de Lavras. O plantio deste cas agrícolas mais caras e de maior re- Nos sistemas biológicos o
tipo de alface visa, principalmente, aten- torno econômico, resultando em maio- molibdênio é constituinte de pelo me-
der as redes fast food, como a res rendimentos e em produtos mais nos cinco enzimas catalisadoras de rea-
MacDonald’s, com mais de 30 produto- uniformes e de maior valor comercial ções. Três destas enzimas (redutase do
res em diversos municípios do sul de (RICCI et al., 1995). nitrato, nitrogenase e oxidase do sulfito)
Minas Gerais, cultivando cerca de 1800 Sendo a alface uma cultura compos- são encontradas em plantas (GUPTA;
ha por ano, totalizando aproximadamen- ta basicamente por folhas, esta respon- LIPSETT, 1981). A função mais impor-
te 10500 toneladas desta folhosa (YURI, de muito à adubação nitrogenada. A de- tante do molibdênio nas plantas está re-
2000). Sua larga adaptação às condições ficiência de nitrogênio retarda o cresci- lacionada com o metabolismo do nitro-
climáticas diversas, a possibilidade de mento da planta e induz ausência ou má gênio. A redutase do nitrato ou nitrato-
cultivos sucessivos no mesmo ano, a formação da cabeça, as folhas mais ve- redutase é uma flavoproteína que pos-
baixa suscetibilidade a pragas e doen- lhas tornam-se amareladas e despren- sui Mo como grupo prostético e cuja
ças e a comercialização segura, fazem dem-se com facilidade. Entretanto, síntese é induzida pela presença de Mo
desta cultura a preferida pelos quando aplicado em demasia, em adu- e NO3- no meio (MALAVOLTA, 1980).
olericultores (RICCI, 1993), que a cul- bação de cobertura, no último terço do Esta enzima catalisa a redução biológi-
tivam em condições de campo a céu ciclo, as cultivares que formam cabeça ca do NO-3 a NO-2, que é o primeiro pas-

976 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Produtividade e qualidade pós-colheita da alface americana em função de doses de nitrogênio e molibdênio

so para a incorporação do nitrogênio, onde foi instalado o experimento apre- coberta com filme plástico transparente
como NH2, em proteínas (DECHEN et sentou as seguintes características quí- de baixa densidade, aditivado com anti-
al., 1991). Por outro lado, evita o micas: K = 70,0 mg dm-3; P = 78,0 mg UV, de 100 micras de espessura, sendo
acúmulo de NO-3 em plantas alimentí- dm-3; Ca = 4,1 cmolc dm-3; Mg = 0,8 cmolc os canteiros revestidos com filme plás-
cias e forragens, impedindo a combina- dm-3; Al = 0,0 cmolc dm-3; H+Al = 2,3 tico preto “mulching”, de 4 m de largu-
ção do mesmo com a hemoglobina do cmolc dm-3; Zn = 0,8 mg dm-3; Fe = 25,0 ra e 35 micras de espessura.
sangue e a produção de meta- mg dm-3; Mn = 14,2 mg dm-3; Cu = 1,0 A adubação básica de plantio, de
hemoglobina que, por não funcionar mg dm-3; B = 0,3 mg dm-3; pH em H2 0 = acordo com análise do solo, foi de 1500
como transportadora de O2, causa defi- 6,0 e matéria orgânica = 2,4 dag kg-1. kg/ha de formulado 02-16-08 e 1000 kg/
ciência de oxigênio em pessoas e ani- O delineamento experimental foi de ha de superfosfato simples. Após os adu-
mais (MALAVOLTA, 1980; OLIVEI- blocos ao acaso no esquema fatorial 4 x bos serem incorporados ao solo, insta-
RA, 1980). A deficiência de molibdênio 5, compreendendo quatro doses de ni- lou-se em cada canteiro duas linhas de
em brássicas também está associada a trogênio em cobertura adicionais a dose tubo gotejador, com emissores espaça-
uma acumulação de nitratos nas folhas aplicada pelo produtor de 60 kg/ha de dos a cada 30 cm e com vazão de 1,5 L/
(NOGUEIRA et al., 1983). nitrogênio (0; 60; 120 e 180 kg/ha) e h. As adubações de cobertura foram rea-
No Brasil observa-se a necessidade cinco doses de molibdênio via foliar lizadas através de fertirrigações diárias,
de maiores pesquisas sobre doses de fer- (0,0; 35,1; 70,2; 105,3 e 140,4 g/ha) e totalizando 30 kg/ha de N e 60 kg de K,
tilizantes a serem utilizadas, adequadas três repetições, perfazendo um total de utilizando como fontes uréia e cloreto
às diferentes cultivares, regiões e épo- 20 tratamentos. A uréia foi utilizado de potássio (COMISSÃO..., 1999).
cas de plantio. Além disto, na ansieda- como adubo nitrogenado e como fonte A cultura foi mantida no limpo por
de de obter maior produtividade, o de molibdênio o molibdato de sódio. A meio de capinas manuais, quando neces-
olericultor aplica em excesso, elemen- uréia foi aplicada em cobertura aos 10; sárias, e o controle fitossanitário adotado
tos minerais, resultando muitas vezes em 20 e 30 dias após o transplante em 40, foi o método padrão utilizado pelo produ-
distúrbios nutricionais nas plantas, além 30 e 30%, respectivamente, da dose ava- tor, com pulverizações semanais com pro-
de acarretar aumento do custo de pro- liada. As doses em cobertura de uréia dutos à base de oxicloreto de cobre,
dutividade. por parcela por planta foram previamen- iprodione, procimidone e piretróides.
A aplicação de nitrogênio via solo te diluídas em água pura, aplicando-se O transplante das mudas foi realiza-
aliada à aplicação de molibdênio via 10 ml da solução, lateralmente a cada do em 28/10/2002. A colheita foi feita
foliar, pode ser uma prática que venha a planta. O molibdato de sódio foi aplica-
em 09/12/2002, quando as plantas apre-
melhorar a fertilização desta cultura, do aos 21 dias após o transplante atra-
sentaram-se completamente desenvolvi-
com o uso mais racional do nitrogênio, vés de pulverizador costal manual ca-
das sendo avaliadas a massa fresca total
e por uma maior atividade da enzima pacidade de 4 L em máxima pressão,
e comercial (g/planta); circunferência e
redutase do nitrato, através do uso da gastando-se 300 L de calda/ha.
comprimento do caule da parte comer-
adubação molíbdica. O objetivo deste O preparo do solo constou de aração,
cial em cm (cabeça), percentagem de
trabalho foi avaliar os efeitos de doses gradagem e levantamento dos canteiros
matéria seca da parte comercial. Para o
de nitrogênio em cobertura e molibdênio a 0,20 m de altura. As mudas foram obti-
peso da matéria seca da parte comercial,
via foliar nas características produtivas das em bandejas multicelulares de 288
e qualidade pós-colheita no comporta- células cada uma, preenchidas com as amostras (± 300 g) foram lavadas em
mento da alface americana em cultivo substrato comercial (Plantmax), sendo o água corrente e destilada e secas em es-
de verão. transplante feito aos 25 dias após o se- tufa com circulação forçada de ar, a 65-
meio, utilizando-se a cultivar Raider que 70°C, até peso constante. Os dados de
MATERIAL E MÉTODOS apresenta um ciclo de 48 a 50 dias após percentagem de matéria seca foram
o transplante, com peso médio de planta transformados em arco-seno P / 100 .
O experimento foi conduzido no entre 700 e 1200 g, folhas de coloração A conservação pós-colheita foi avalia-
município de Três Pontas, sul de Minas verde-clara mais duras e boa tolerância da utilizando-se amostra de duas cabe-
Gerais, na Fazenda Carapuça II do pro- ao pendoamento (YURI, 2000). ças comerciais de alface, avaliadas aos
dutor José Cláudio Nogueira, à altitude As parcelas experimentais constituí- 7; 14; 21 e 28 dias, em câmara frigorífica
de 870 m, situado a 21º22’00" de longi- ram-se de canteiros com quatro linhas a 5 ± 2°C e umidade relativa em torno
tude sul e 45º30’45'’ de longitude oeste, de 2,1 m de comprimento espaçadas de de 90%, através de notas (nota 1= cabe-
em um Latossolo Vermelho 0,30 m, sendo entre plantas de 0,35 m. ças comerciais extremamente deteriora-
Distroférrico de textura argilosa. O cli- As linhas centrais formaram a área útil, das; nota 2= cabeças comerciais dete-
ma da região é caracterizado por tem- retirando-se duas plantas em cada ex- rioradas; nota 3= cabeças comerciais
peratura média anual variando de tremidade. Foi instalada, em toda a área, moderadamente deterioradas; nota 4=
15,8°C no mês mais frio, a 22,1°C no uma estrutura de proteção, constituída cabeças comerciais levemente deterio-
mês mais quente; a precipitação média de túneis altos com 2,0 m de altura, co- radas e nota 5= cabeças comerciais sem
anual é de 1.529,7 mm e a umidade re- brindo dois canteiros por túnel, consti- deterioração), sendo utilizados três ava-
lativa do ar é de 76,2%. A análise do solo tuído de tubos de ferro galvanizados, liadores e obtida a média das notas.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 977


G. M. Resende et al.

ha de nitrogênio. Furtado (2001), em


plantio de agosto, não encontrou dife-
renças significativas entre tratamentos,
avaliando doses acima de 148,0 kg/ha
de nitrogênio.
Comparando os dados obtidos no pre-
sente experimento com trabalhos realiza-
dos por McPharlin et al. (1995) na Austrá-
lia, utilizando 0,0 a 550,0 kg/ha de N, veri-
fica-se que a dose correspondente à máxi-
ma produção de massa fresca foi inferior a
dose de 288,0 e 344 kg/ha de N encontrada
por estes autores, em dois anos de estudo.
Deve-se salientar ainda que, o médio teor
de matéria orgânica, 2,1 dag/kg, do solo
utilizado no presente experimento prova-
Figura 1. Massa fresca total (MFT) e comercial (MFC) de alface americana em função de velmente contribuiu para uma menor res-
doses de nitrogênio em cobertura. Três Pontas (MG), UFLA, 2002. posta à adubação nitrogenada. Segundo
Thompson e Doerge (1996b), nos Estados
Unidos, os agricultores utilizam doses que
variam de 224,0 a 370,0 kg/ha.
Quanto à aplicação de molibdênio
também ajustou-se um modelo
quadrático, no qual a dose de 87,4 g/ha
de molibdênio promoveu o maior ganho
em termos de rendimento de massa fres-
ca total com 768,4 g/planta (Figura 2).
Também em plantio de verão, Yuri et al.
(2004a), constataram efeito quadrático
no qual a dose de 235,0 g/ha de
molibdênio proporcionou a maior pro-
dutividade total por planta, 15,2% su-
perior à testemunha sem aplicação.
Com relação à massa fresca comer-
cial, os dados relativos a doses de nitro-
gênio foram ajustados a um modelo
Figura 2. Massa fresca total (MFT) e comercial (MFC) de alface americana em função de quadrático, no qual a dose de 89,1 kg/
doses de molibdênio. Três Pontas (MG), UFLA, 2002. ha de nitrogênio em cobertura propiciou
a maior resposta, com 450,1 g/planta de
massa fresca comercial (Figura 1). Le-
Os dados coletados foram submeti- fresca (Figura 1). Levando-se em con- vando-se em consideração que o produ-
dos à análise de variância e regressão sideração que o produtor utilizou 30,0 e tor utilizou um total 60,0 kg/ha de N, a
com base no modelo polinomial ao ní- 30,0 kg/ha de N, respectivamente, no necessidade para se obter a máxima pro-
vel de 5% de probabilidade. plantio e em fertirrigações diárias, dutividade comercial foi de 149,1 kg/
totalizando 60,0 kg/ha, durante o ciclo ha de nitrogênio. Furtado (2001) não en-
RESULTADOS E DISCUSSÃO da cultura, pode-se inferir serem estas controu diferenças significativas, ava-
doses, em função dos resultados obti- liando doses acima 148,0 kg/ha de ni-
Houve efeito significativo e inde- dos, insuficientes para se alcançar a trogênio. Este resultado é inferior à dose
pendente para doses de nitrogênio e de máxima produtividade de massa fresca de 168,0 kg/ha de N para máxima pro-
molibdênio para peso da massa fresca total por planta, que foi alcançada na sua dutividade de alface americana, infor-
total e comercial da parte aérea. Com totalidade com 146,9 kg/ha de nitrogê- mado por Mcpharlin et al. (1995), rela-
relação ao peso fresco total, os dados nio, ou seja, 144,8% superior à dose uti- tando diferentes autores, para as condi-
relativos a doses de nitrogênio foram lizada pelo produtor. Estes resultados ções do Arizona, tanto em cultivos na
ajustados a um modelo quadrático, no estão próximos aos encontrados por primavera como no outono. Assim como
qual a dose de 86,9 kg/ha de nitrogênio Thompson e Doerge (1996a) que encon- está próximo à dose de 155 kg/ha de N,
em cobertura propiciou o maior rendi- traram para alface lisa, a máxima pro- encontrados por Tei et al. (2000), para
mento, com 763,2 g/planta de massa dutividade quando utilizaram 165,0 kg/ alface tipo lisa e “Butterhead”.

978 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Produtividade e qualidade pós-colheita da alface americana em função de doses de nitrogênio e molibdênio

Pela Figura 2 observa-se para doses Tabela 1. Equações de regressão para circunferência da cabeça comercial (cm) e teor de
de molibdênio, um efeito quadrático matéria seca (%) em função das doses de nitrogênio (N) adicionais em cobertura e de
com ponto de máxima produtividade de molibdênio (Mo). Três Pontas (MG), UFLA, 2002.
massa fresca comercial na dose de 94,2 Características Equações de regressão
g/ha (445,8 g/planta). Com o incremen- Circunferência da cabeça
(N) Y = 36,5163 + 0,022827X - 0,0001338* * X² R² = 0,98
to das doses de molibdênio em função (Mo) Y = 36,2340 + 0,033387X - 0,0002290* * X² R² = 0,98
das épocas de aplicação, Yuri et al. (N) Y = 10,2509 + 0,007765X - 0,0000432* * X² R² = 0,80
Teor de matéria seca1¹
(Mo) Y = 10,1054 + 0,013418X - 0,0000869* * X² R² = 0,68
(2004a), verificaram efeitos quadráticos
para peso fresco comercial, tendo a dose 1
Dados transformados em arco-seno P / 100 .
de 212,0 g/ha de molibdênio proporcio- ** Significativo ao nível de 1% pelo teste de F.
nado o maior rendimento quando apli-
cado aos 21 dias após o transplante.
Resultados positivos da aplicação de
molibdênio na cultura da alface são re- Malavolta e Kliemann (1985), sendo lou diferenças significativas, tanto para
latados por Fontes et al. (1982) e Zito et que há uma alta resposta em alface, as- doses de nitrogênio como para doses de
al. (1994), que observaram aumento sim como em brócolos, beterraba, cou- molibdênio, agindo de forma indepen-
médio de 31,0% e 24,1%, na produção ve-flor, espinafre e repolho. dente (Tabela 1). Estimou-se que a dose
comercial de alface com a aplicação de Não se observou efeitos significati- de 89,9 kg/ha de N em cobertura adi-
molibdênio. vos dos tratamentos para comprimento cional a dose aplicada pelo produtor de
A circunferência da parte comercial do caule. Menores comprimentos de 60,0 kg/ha, propiciaria o maior retorno
(cabeça) é uma das principais caracte- caule são desejáveis para a alface ame- em termos de porcentagem de matéria
rísticas para a alface americana, consi- ricana, principalmente quando destina- seca da planta (Tabela 1). Este resulta-
derando a preferência do consumidor da à indústria de beneficiamento, deven- do é similar aos encontrados por Alves
para a aquisição do produto (BUENO, do ser bastante reduzido, proporcionan- (1996) e Fontes et al. (1997), que obti-
1998). Assim como para as característi- do menores perdas durante o veram efeito positivo para a matéria seca
cas anteriores, para a circunferência da processamento. O caule excessivamen- da alface cultivar Regina 440 e Brasil
cabeça comercial, os fatores estudados te comprido acarreta menor 202, em resposta à adição de nitrogê-
apresentaram efeitos independentes. compacidade da cabeça e dificulta o nio. Todavia, Furtado (2001), utilizan-
Ajustou-se um modelo quadrático com beneficiamento, afetando a qualidade do a mesma cultivar, obteve um efeito
ponto de máxima circunferência para a final do produto (YURI et al., 2002; linear negativo como o incremento das
dose de 85,3 kg/ha de nitrogênio em RESENDE et al., 2003b). Na prática, doses de nitrogênio.
cobertura (Figura 3), que proporcionou caules até 6,0 cm seriam os mais ade- A conservação pós-colheita das ca-
uma circunferência de 37,5 cm, pouco quados, sendo aceitáveis até o patamar beças comerciais avaliada em câmara
inferior à variação encontrada por Yuri de 9,0 cm e inaceitáveis ou menos reco- frigorífica aos 7, 14; 21 e 28 dias após a
(2000) sob condições de verão, para di- mendados para processamento acima colheita, não evidenciaram diferenças
ferentes cultivares, entre 40,1 a 42,9 cm. disto. Neste contexto, as doses de nitro- significativas entre doses de nitrogênio
Resultados estes similares aos relatados gênio apresentaram uma variação entre e molibdênio. Aos sete dias após a co-
por Kalil (1992), Alves (1996) e Bueno 7,2 e 7,4 cm e as doses de molibdênio lheita as cabeças comerciais apresenta-
(1998), que observaram significativo entre 7,0 e 7,4 cm, próximos ao nível vam-se perfeitas, sem deterioração (nota
incremento da circunferência da cabe- adequado e dentro do limite aceitável. 5,0). Já aos 14 dias verificaram-se para
ça comercial com aumento das doses de Salienta-se que há uma tendência da doses de nitrogênio em cobertura e
nitrogênio. alface americana em condições de cul- molibdênio notas médias de 3,7 e 3,8,
Quando se refere a doses de tivo de verão apresentar maiores com- notas estas próximas a 4,0 que caracte-
molibdênio, constata-se um efeito sig- primentos de caule comparativamente rizam cabeças comerciais levemente
nificativo no qual a dose de 72,9 g/ha ao cultivo de inverno onde esta se mos- deterioradas. Obteve-se aos 21 dias após
(Figura 4), proporcionada pelo modelo tra perfeitamente adaptada. Resultados a colheita, notas de e 3,1 e 3,0 (modera-
quadrático ajustado à equação de regres- semelhantes para doses de molibdênio damente deterioradas), respectivamen-
são, alcançou a maior circunferência da foram encontrados por Yuri et al. te, para nitrogênio e molibdênio. Cerca
cabeça. Yuri et al. (2004a), relatam a (2004a), que não constataram efeitos de 28 dias após a colheita as cabeças já
dose de 220,0 g/ha de molibdênio como significativos para comprimento do cau- se apresentavam deterioradas, obtendo
a que promoveu a maior circunferência le. Dados não concordantes foram obti- notas médias de 2,0 e 2,1, respectiva-
da cabeça comercial, sendo as melho- dos por Bueno (1998) que verificou um mente, para doses de nitrogênio em co-
res épocas de aplicação aos 14 e 21 dias, aumento linear no comprimento do cau- bertura e molibdênio. Está é uma carac-
que não mostraram diferenças signifi- le com o incremento das doses de nitro- terística de grande importância em al-
cativas entre si. Uma resposta diferen- gênio. face americana visto que o produto fi-
cial entre espécies à disponibilidade de Para o teor de matéria seca da parte nal é processado e armazenado em câ-
molibdênio tem sido relatada por comercial, a análise de variância reve- maras frigoríficas para posterior distri-

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 979


G. M. Resende et al.

buição. Portanto, uma maior conserva- McPHARLIN, I.R.; AYLMORE, P.M.; JEFFERY,
R.C. Nitrogen requirements of lettuce under
ção do produto após sua colheita é de- LITERATURA CITADA
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da alface americana.

980 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Produtividade e qualidade pós-colheita da alface americana em função de doses de nitrogênio e molibdênio

YURI, J.E. Avaliação de cultivares de alface ame- YURI, J.E.; RESENDE, G.M.; MOTA, J.H.; YURI, J.E.; SOUZA, R.J.; FREITAS, S.A.C.;
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YURI, J.E.; RESENDE, G.M.; MOTA, J.H.; YURI, J.E.; RESENDE, G.M.; MOTA, J.H.; ZITO, R.K.; FRONZA, V.; MARTINEZ, H.E.P.;
FREITAS, S.A.C.; RODRIGUES JUNIOR, J.C.; RODRIGUES JÚNIOR, J.C.; SOUZA, R.J.; PEREIRA, P.R.G.; FONTES, P.C.R. Fontes de
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Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 981


MADEIRA, N.R.; TEIXEIRA, J.B.; ARIMURA, C.T.; JUNQUEIRA, C.S. Influência da concentração de BAP e AG3 no desenvolvimento in vitro de
mandioquinha-salsa. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.982-985, out-dez 2005.

Influência da concentração de BAP e AG3 no desenvolvimento in vitro de


mandioquinha-salsa
Nuno R. Madeira1; João B. Teixeira2; Célia T. Arimura3; Cristina S. Junqueira2
1
Embrapa Hortaliças, C.Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; 2Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Parque Estação Biológica,
70770-900 Brasília-DF; 3UEMG - Campus Ituiutaba, C..Postal 431, 38302-192 Ituiutaba-MG

RESUMO ABSTRACT
Foram realizados dois experimentos com o objetivo de avaliar o Influence of BAP and GA3 concentration on the in vitro
efeito das concentrações de BAP e de AG3 no desenvolvimento in development of arracacha
vitro de mandioquinha-salsa. Foram avaliadas as concentrações de Two experiments were carried out to evaluate the effect of BAP
0,0; 0,2 e 0,4 mg L-1 de BAP e de 0,0; 0,125 e 0,250 mg L-1 de AG3 and GA3 concentrations on the in vitro arracacha development. The
no desenvolvimento de ápices caulinares com cerca de 2 mm das concentrations tested were 0.0; 0.2 and 0.4 mg L-1 of BAP and 0.0;
cultivares Amarela de Senador Amaral e Amarela Comum. A 0.125 and 0.250 mg L-1 of GA3 in the shoot tips with about 2 mm of
interação cultivares x concentração de BAP não foi significativa para arracacha, cultivars Amarela de Senador Amaral and Amarela
nenhuma das características avaliadas (P>0,0617). O aumento na Comum. The interaction of cultivars x BAP concentration was not
concentração de BAP reduziu a formação de calos; entretanto, pro- significant for any one of the evaluated variables (P>0,0617). The
moveu proporcionalmente redução no desenvolvimento da parte increase in the BAP concentration reduced the callus formation;
aérea. A concentração de BAP que apresentou os melhores resulta- however, promoted larger reduction in the shoot development. The
dos foi em torno de 0,3 mg L-1 de BAP, conciliando diâmetro de calo best BAP concentration was around 0.3 mg L-1, with relatively
relativamente reduzido e bom desenvolvimento da parte aérea, cer- reduced callus diameter and good development of shoot, with a mean
ca de 4,5 brotos com altura média de 43 mm. A interação cultivares of 4.5 shoots and a height of 43 mm. The interaction of cultivars x
x concentração de AG3 não foi significativa para nenhuma das ca- GA3 concentration was not significant for any one of the studied
racterísticas avaliadas (P>0,4310). O aumento na concentração de variables (P>0,4310). The increase in the GA3 concentration
AG3 promoveu elevação significativa na altura média e máxima das promoted the improvement in the mean and maximum height of the
brotações e aumento no tamanho de calos. Nos dois experimentos, shoots and in callus size. More shoots were observed for Amarela
observou-se maior número de brotações na cultivar Amarela Co- Comum cultivar in both trials.
mum.

Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza, benzilaminopurina, áci- Keywords: Arracacia xanthorrhiza, 6-benzilaminopurine,


do giberélico. gibberellic acid.

(Recebido para publicação em 7 de junho de 2004 e aceito em 31 de julho de 2005)

A micropropagação in vitro pode ser


útil na produção de plantas com alta
qualidade sanitária, isentas de vírus,
aspecto não desejado por ser promotor de
modificações genéticas e por exaurir os
nutrientes em detrimento da formação de
folhas afiladas (pontiagudas). 0,01 e
0,02 mg L-1 de ácido naftaleno acético
(ANA) e 0,6, 1,0 e 1,4 mg L-1 de 6-
além de ser uma ferramenta importante folhas e raízes (GRATTAPAGLIA; MA- benzilaminopurina (BAP) no meio de
para a manutenção e o intercâmbio de CHADO, 1990). Para minimizar este pro- Gamborg promoveram desenvolvimen-
germoplasma (HERMANN, 1997; AS- blema, recomenda subcultivos in vitro, for- to lento e irregular. Os melhores resul-
SIS, 1999; FLETCHER; FLETCHER, mando plântulas normais. tados para o desenvolvimento do siste-
2001). Senna Neto (1990), trabalhando com ma radicular e da parte aérea foram ob-
Alguns trabalhos já foram realiza- o clone BGH 5746, comumente chama- tidos com o meio de Gamborg
dos na área de micropropagação de do de ‘Amarela de Carandaí’ ou ‘Ama- suplementado de 0,02 mg L-1 de ANA +
mandioquinha-salsa no Brasil e no ex- rela Comum’, avaliou diferentes meios 0,1- 0,2 mg L-1 de BAP.
terior (PESSOA et al., 1994; LUZ et al., de cultivo e concentrações de Luz (1993), visando obter plantas de
1997). fitorreguladores com a finalidade de in- mandioquinha-salsa a partir da cultura
Castillo (1991), Cevallos e Castillo duzir a diferenciação de ápices de meristemas e de sua
(1991) e Duque (1993) recomendam caulinares com dois primórdios foliares micropropagação, obteve melhor desen-
para o cultivo in vitro de mandioquinha- de mandioquinha-salsa. Concluiu que os volvimento com a combinação de 0,1
salsa o meio básico MS (MURASHIGE; meios MS, Knudson e White não foram mg L-1 de ANA + 0,2 mg L-1 de BAP
SKOOG, 1962) adicionado de 3% de eficientes, havendo paralisação do cres- acrescido ao meio de cultivo B5
sacarose e de 0,25 mg L-1 de AG3. cimento e desenvolvimento de plantas. (GAMBORG, 1968). Na fase de multi-
Castillo (1991) verificou rápida for- Nos meios MS e White o crescimento plicação, os melhores resultados foram
mação de calos durante a foi muito lento e irregular, com ausên- obtidos em meio de cultura B5 acresci-
micropropagação de ápices caulinares, cia de folhas expandidas e presença de do de 0,1 e 0,2 mg L-1 de BAP.

982 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Influência da concentração de BAP e AG3 no desenvolvimento in vitro de mandioquinha-salsa

Este trabalho objetivou avaliar o


efeito das concentrações de BAP e de
AG3, de modo a tornar mais eficiente o
protocolo de micropropagação in vitro
de mandioquinha-salsa.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram realizados dois experimentos


relativos à cultura de tecidos de
mandioquinha-salsa. No primeiro, rea-
lizado no laboratório de cultura de teci-
dos da Embrapa Recursos Genéticos e
Bioteconologia (Cenargen) em março-
abril de 2002, estudaram-se diferentes
concentrações de 6-benzilaminopurina
(BAP); no segundo, realizado no labo-
ratório de cultura de tecidos da Embrapa
Hortaliças em setembro-outubro de
2002, foram avaliadas diferentes con-
centrações de ácido giberélico (AG3).
O meio de cultura utilizado foi o B5
(GAMBORG, 1968), acrescido de 0,1 mg
L-1 de ácido naftalenoacético (ANA),
com base nos resultados positivos obti-
dos por Senna Neto (1990) e Luz (1993).
No primeiro experimento, foram ava-
liadas as concentrações de 0; 0,2 e 0,4
mg L-1 de BAP. No segundo, a partir dos
resultados obtidos no primeiro experi-
mento, fixando-se a concentração de
BAP em 0,3 mg L-1, foram avaliadas as
concentrações de 0; 0,125 e 0,250 mg L-1
de AG3. Para todos os meios, adiciona-
ram-se sacarose a 3% e ágar a 0,7%. Os
experimentos foram implantados em um
fatorial 2 x 3, representando duas culti- Figura 1. Altura média e máxima das brotações ( A ) e número de brotos e diâmetro de calos
vares (Amarela de Senador Amaral e ( B ) em função da concentração de BAP. Brasília, Embrapa RecursosGenéticos e
Biotecnologia, 2002.
Amarela Comum) e três concentrações
de BAP no primeiro experimento e de
AG3 no segundo experimento, dispostos
no delineamento experimental inteira- Estes foram mantidos em salas de cres- nenhuma das características avaliadas
mente casualizado com quatro repetições. cimento a 25±2ºC com 14 horas de (P>0,0617).
A desinfestação do material oriun- fotoperíodo e iluminação fluorescente Não foram observadas diferenças
do do campo foi feita inicialmente na com intensidade luminosa de 110 µmol significativas com relação à taxa de con-
sala de preparo, por imersão em álcool m-2 s-1. taminação, cujo valor médio neste ex-
70% e água destilada. Em seguida, na As taxas de contaminação e de rege- perimento foi de 8,4%.
sala de transferência em capela de flu- neração, o número e altura de brotos, o A ausência de BAP levou à forma-
xo laminar, realizou-se a imersão em número de raízes e o diâmetro dos calos ção de plantas estioladas, com poucas
solução de hipoclorito de sódio a 1,25% foram avaliados após quatro semanas. brotações. À medida que se elevou a
por 10 minutos, seguida por três enxá- Efetuaram-se análises de variância concentração de BAP, observou-se a
gües em água autoclavada. e testes de média Tukey para cultivares formação de plantas com menor altura
Os explantes utilizados foram ápi- e análises de regressão para concentra- (Figura 1A), porém com maior número
ces caulinares com cerca de 2 mm ex- ções de BAP e AG3. de brotações (Figura 1B).
traídos de plantas matrizes vigorosas Na cultivar Amarela Comum (AC),
com seis meses, sem sintomas visuais RESULTADOS E DISCUSSÃO foram obtidos 4,1 brotos, significativa-
de doenças e cultivados individualmente mente superior aos 3,2 brotos obtidos
em tubos de ensaio, utilizando-se cerca A interação cultivares x concentra- com a cultivar Amarela de Senador
de 15 ml de meio autoclavado por tubo. ção de BAP não foi significativa para Amaral (ASA). O comportamento das

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 983


N. R. Madeira et al.

vai de 0 a 0,25 mg L-1, à semelhança do


que foi verificado no meio MS.
A cultivar Amarela Comum apresen-
tou tamanho de calo basal de 7,6 mm e
3,5 brotos, significativamente maior que
na cv. Amarela de Senador Amaral, onde
o tamanho médio de calo foi de 6,3 mm
e o número médio de brotos foi de 2,7.
Quanto às demais características avalia-
das, o comportamento foi semelhante
nas duas cultivares: taxa de sobrevivên-
cia (90,0% em AC e 84,2% em ASA),
altura média de brotos (17,1 mm em AC
e 17,2 mm em ASA) e altura máxima
de brotos (26,0 mm em AC e 25,9 mm
em ASA). Não foi observada formação
de raízes em nenhuma planta.
Com a avaliação conjunta dos dois
Figura 2. Altura média e máxima das brotações em função da concentração de AG3. Brasília, experimentos, concluiu-se que os me-
Embrapa Hortaliças, 2002. lhores resultados foram obtidos com
concentrações em torno de 0,3 mg L-1
de BAP e com 0,25 mg L-1 de AG3 adi-
cionado ao meio B5.
duas cultivares foi semelhante nas demais linear ajustado, considerando o interva-
características avaliadas: taxa de sobrevi- lo estudado, apresentou elevado coefi- O estabelecimento de um protocolo
vência (96,7% em AC e 99,0% em ASA), ciente de determinação para as três ca- eficiente de produção de mudas de
diâmetro de calos (19,9 mm em AC e 18,9 mandioquinha-salsa com alta qualida-
racterísticas morfológicas avaliadas (ta-
mm em ASA), altura média de brotos de sanitária e fisiológica a partir da cul-
manho do calo basal, r2>0,997; número
(55,4 mm em AC e 54,8 mm em ASA), tura de tecidos será útil na obtenção de
de brotos, r2>0,950; e tamanho de bro-
plantas com elevado potencial produti-
altura máxima de brotos (78,8 mm em AC tos, r2>0,940). vo. Esta técnica pode minimizar proble-
e 73,2 mm em ASA) e número de raízes No segundo experimento, a mas decorrentes da perda de vigor que
(0,2 em AC e 0,3 em ASA). interação cultivares x concentração de vem ocorrendo no campo após ciclos
O aumento na concentração de BAP AG3 não foi significativa para nenhuma sucessivos de cultivo dos materiais tra-
reduziu o tamanho dos calos formados das características avaliadas (P>0,4310). dicionalmente cultivados nas principais
na parte basal das plantas (Figura 1B). A taxa de contaminação média foi regiões produtoras, provavelmente pelo
Um calo basal de tamanho excessivo é de 7,3% neste segundo experimento, não acúmulo de patógenos degenerativos,
indesejável por ser potencial promotor havendo diferenças significativas entre especialmente vírus.
de modificações genéticas e por exaurir os tratamentos.
os nutrientes do meio de cultura em de- LITERATURA CITADA
trimento da formação de folhas e raízes O aumento na concentração de AG3
(CASTILLO, 1991). As concentrações promoveu elevação na altura média e
máxima das brotações (Figura 2), sem ASSIS, M. Novas tecnologias na propagação de
de BAP utilizadas, recomendadas por batata. Informe Agropecuário, Belo Horizonte,
Senna Neto (1990) e Luz (1993), leva- aumentar o tamanho do calo basal, de- v.20, n.197, p.30-33, 1999b.
ram à produção de plantas com elevado monstrando o efeito benéfico promovi- CASTILLO, R. Manejo e conservação de
tamanho de calo na parte basal. Aumen- do por este regulador de crescimento no germoplasma de tuberosas andinas. Informe final
desenvolvimento in vitro de de consultoria para el Centro Internacional de la
tando-se a concentração de BAP, redu- Papa (CIP). CIP: Quito, 1991. 7 p.
ziu-se este efeito. Por outro lado, não se mandioquinha-salsa, em concordância
CEVALLOS, A.; CASTILLO, R. Respuesta de
pode elevar muito sua concentração, por com Castillo (1991), Cevallos e Castillo ocho lineas de zanahoria blanca (Arracacia
inibir o desenvolvimento da parte aérea (1991) e Duque (1993) que trabalharam xanthorrhiza B.) a la introduccion in vitro. In:
(Figura 1A). Portanto, buscou-se o ba- com o meio MS. Por outro lado, Senna REUNION NACIONAL SOBRE RECURSOS
Neto (1991) e Luz (1993) concluíram FITOGENETICOS, 1., 1991, Quito. Memorias...
lanço ideal para concentração de BAP, Quito: INIAP, 1991. p.109-115.
isto é, um ponto intermediário que com- que o meio B5 era superior ao meio MS,
DUQUE, L.M Compilacion de los medios de cul-
binasse o bom desenvolvimento da par- possivelmente pela menor concentração tivo in vitro de raices y tuberculos andinos en el
te aérea, em tamanho e número de bro- de sais. No entanto, Senna Neto (1991) CIP. [Zanahoria blanca]. Quito: CIP, 1993. 2 p.
tos, com menor tamanho do calo basal. e Luz (1993) não avaliaram o uso de FLETCHER, P.J.; FLETCHER, J.D. In vitro virus
Concentrações em torno de 0,3 mg L-1 ácido giberélico adicionado ao meio B5. elimination in three Andean root crops: Oca
(Oxalis tuberosa), ulluco (Ullucus tuberosus Cal-
de BAP foram as que proporcionaram o Este trabalho vem, portanto, confirmar das) and arracacha (Arracacia xanthorrhiza). New-
melhor desenvolvimento para as três o efeito benéfico do AG3 adicionado ao Zealand Journal of Crop and Horticultural
características consideradas. O modelo meio B5, considerando o intervalo que Science, Auckland, v.29, n.1, p.23-27, 2001.

984 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Influência da concentração de BAP e AG3 no desenvolvimento in vitro de mandioquinha-salsa

GAMBORG, O.L.; MILLER, R.A.; OJIMA, K. LUZ, J.M.Q. Obtenção “in vitro” de plantas de PESSOA, A.C.S.; VIEIRA, R.C.; ESQUIBEL,
Nutrient requirements of suspension cultures of mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza M.A. Introduction and histogenesis of calli from
soybean root cells. Experimental Cell research, Bancroft) via cultura de meristemas. 1993. 52 f. petiole explants of Peruvian carrot (Arracacia
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conservation and use of underutilized and
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Rome, Italy: IPGRI, 1997. p.75-172.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 985


CARVALHO, L.A.; TESSARIOLI NETO, J. Produtividade de tomate em ambiente protegido, em função do espaçamento e número de ramos por planta.
Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.986-989, out-dez 2005.

Produtividade de tomate em ambiente protegido, em função do


espaçamento e número de ramos por planta1
Léa A. de Carvalho1; João Tessarioli Neto2
1
Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, UFBA, 44380.000 Cruz das Almas-BA; E-mail:lacarval@ufba.br; 2ESALQ/USP, Depto. de
Produção Vegetal, C. Postal 09, 13418-900 Piracicaba-SP (in memoriam)

RESUMO ABSTRACT
Avaliou-se o efeito do espaçamento e do número de ramos por Yield of tomato under protected environment in relation to
planta na produção de híbridos de tomate, cultivados em substrato, spacing and number of branches per plant
sob ambiente protegido. O experimento foi conduzido de março a The effects of plant spacing and number of branches per plant
outubro. Utilizou-se o delineamento em blocos casualizados, em were investigated in the production of tomatoes when different
esquema fatorial 4X2X2, sendo quatro híbridos (Andréa, Débora hybrids were grown in a substratum under protected environment.
Max, Carmen e Diana), dois espaçamentos entre plantas (0,30 e 0,45 The work was conducted from March to October. High tomato yield
m) e duas conduções (um e dois ramos por planta), com quatro repe- under protected environment depends on the proper management.
tições. Foram determinados o número de frutos comercializáveis The experiment followed a randomized blocks design, in a factorial
(frutos planta-1), produção total comercializável (t ha-1), massa mé- arrangement of 4x2x2, with four hybrids (Andréa, Debora Max,
dia do fruto comercializável (g fruto), produção de frutos grande, Carmen and Diana), two spacings between plants (0.30 and 0.45m)
médios e pequenos (t ha-1). Os resultados mostraram que o manejo and two conduction systems (1 and 2 branches per plant). The
mais indicado foi o espaçamento de 0,30 m entre plantas conduzidas treatments were replicated four times. The following parameters were
com uma haste, sendo que o híbrido ‘Débora Max’ apresentou o studied: marketable yield (fruits plant-1), total marketable yield (t
maior potencial produtivo. ha-1), average weight of marketable fruit (g) and yield of big, medium,
and small fruits (t ha-1). According to the results the spacing of 0.30
m between plants and one branch per plant were the best
combinations with the hybrid ‘Debora Max’ showing the highest
potential yield.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill., rendimento, con- Keywords: Lycopersicon esculentum Mill., yield, conduction, plant
dução, densidade populacional. density.

(Recebido para publicação em 4 de outubro de 2004 e aceito em 31 de agosto de 2005)

O cultivo em ambiente protegido de


tomate tem se expandido nos últi-
mos anos, principalmente, nas regiões
dução com menor área foliar, o que pos-
sibilita a utilização de maior densidade
de plantas, com melhor arejamento e
um aumento na produção do tomateiro
com o adensamento de plantas, a massa
média do fruto decresce (STRECK et al.,
Sul e Sudeste do Brasil e esta técnica menor risco de moléstias. 1996; PAPADOPOULOS;
propicia ao tomateiro um incremento na A elevada produtividade obtida em PARARAJASINGHAM, 1997;
produção, podendo ser de 4 a 15 vezes plantios adensados ocorre devido ao au- CAMARGOS, 1998; STRECK et al.
superiores àquelas obtidas em campo mento da interceptação da luz 1998; CAMARGOS et al., 2000), e de-
(MARTINS, 1992). O uso intensivo do fotossinteticamente ativa e da fotossíntese pende da época do ano (MARTINS, 1992;
solo com uma espécie e a sua salinização no dossel, que estimula o crescimento da STRECK et al., 1996) e do híbrido utili-
em ambiente protegido, vem cultura e aumenta o total de assimilados zado (SCHMIDT et al., 2000;
gradativamente sinalizando para o cul- disponíveis para os frutos LOGENDRA et al., 2001).
tivo sem solo, especialmente em sacos ( P A P A D O P O U L O S ; A produção e a massa média de to-
plásticos, contendo substrato apropria- PARARAJASINGHAM, 1997). No to- mate comercial, também são influencia-
do. Este sistema permite um manejo mateiro, além do adensamento, o número das pela densidade de plantas e pelo
mais adequado tanto da água como de de plantas por unidade de área, o número número de ramos por planta. Quanto
nutrientes. Segundo Andriolo et al. de frutos colhidos por plantas e a massa maior o adensamento e o número de ra-
(1997), as plantas cultivadas em média dos frutos estão diretamente rela- mos por planta menor será a produção
substrato proporcionalmente fixam mais cionados à produtividade total comercial, a produção de frutos
matéria seca nos frutos, sendo, portanto ( P A P A D O P O U L O S ; grandes e a massa média dos frutos gran-
mais eficientes em termos de rendimen- PARARAJASINGHAM, 1997; de e médio, e maior será a produção de
to, obtendo-se inclusive a mesma pro- STRECK et al., 1998). Apesar de ocorrer frutos médio e pequeno (OLIVEIRA et

1
Parte da tese de doutorado do primeiro autor

986 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Produtividade de tomate em ambiente protegido, em função do espaçamento e número de ramos por planta

al., 1995; CAMARGOS, 1998). Já Tabela 1. Cronograma de fertirrigação com Kristalon do tomateiro estaqueado. Piracicaba,
Seleguini et al. (2002) verificaram que ESALQ, 2002.
apenas na produção de frutos médios Período (dias) Estádio da planta Kristalon (N-P-K) Dose (g L-1)
houve um aumento linear da produtivi- 1-15 Estabelecimento Amarelo (13-40-13) 0,3
dade com o aumento da densidade. Este 16-45 Crescimento Branco (15-5-30) 0,5-0,7
efeito da densidade de plantas na pro- Nitrato de Cálcio 0,3
dução e massa média de tomate classi- Nitrato de Magnésio líquido 0,2
ficado ocorre porque em condições de 46-75 Até a 1ª Floração Laranja (6-12-36) 0,3-0,5
adensamento as plantas competem mais Nitrato de Cálcio 0,6-0,8
por luz e direcionam um maior gasto de Nitrato de Magnésio líquido 0,2
energia aos processos de crescimento 76-Final Produção Laranja (6-12-36) 0,9-1,1
celular e menor translocação de açúca- Nitrato de Cálcio 0,2-0,4
res para os frutos, resultando numa di-
minuição do diâmetro do fruto
(BORRAZ et al., 1991). primeiro fator foi constituído por qua- minadora (Liriomyza sp.), broca peque-
Além da exigência do mercado con- tro híbridos (Andréa, Carmen, Débora na (Neuleucinodes elegantalis) e traça
sumidor quanto à massa média dos fru- Max e Diana), o segundo pelo número (Tuta absoluta e/ou Phthorimaea
tos para o consumo in natura, que se- de ramos (um e dois) e o terceiro por operculella), aplicou-se semanalmente
gundo Martins (1992) e Fayad et al. dois espaçamentos (0,30 e 0,45 cm en- Decis 25. Para o controle das doenças
(2001) é do tipo grande para o tipo San- tre plantas). Cada parcela experimental fúngicas, aplicou-se Oxicloreto de co-
ta Cruz e do tipo médio para o tipo Sa- foi composta por oito e doze plantas, de bre e o Benomil, em intervalos de quin-
lada. Campos et al. (1987) e Oliveira acordo com o espaçamento, dispostas ze dias. Aos 100 dias após o transplante
(1993) reportaram que existe uma cor- em fileira dupla numa área de 3,06 m2, (DAT), ocorreu o aparecimento de sin-
relação positiva entre o maior tamanho sendo que todas as plantas foram consi- tomas típicos de oídio (Erysiphe
do fruto e a ocorrência de rachadura, o deradas úteis. A condução foi feita em cichoracearum), isto é, pó branco e fino
que torna o fruto muito grande não fileiras duplas, sendo as plantas distri- na superfície de cima e de baixo das fo-
comerciável. Diante do exposto, o pre- buídas sobre canteiros distanciados de lhas mais velhas (FILGUEIRA, 2000;
sente trabalho teve por objetivo avaliar 1,10 m entre si. O espaçamento entre as LOPES; SANTOS,1994).
a produção comercial total e em diver- duas linhas dentro do canteiro foi de Os frutos foram colhidos a partir do
sas classes, de quatro híbridos de toma- 0,60 m e entre as plantas nas linhas de momento em que apresentaram o ápice
te, quando submetidos a dois 0,30 e 0,45 m. O cultivo foi realizado com coloração avermelhada até total-
espaçamentos e conduzidos com um ou em sacos contendo 15 L de substrato mente vermelhos, porém firmes. As co-
dois ramos, no cultivo em ambiente pro- comercial (Rendmax Estufa), na densi- lheitas foram realizadas a intervalos
tegido e substrato. dade de duas e três plantas por saco. Na médios de cinco dias, no período de 19/
casa de vegetação os sacos foram colo- 06 a 02/10, dependendo dos tratamen-
MATERIAL E MÉTODOS cados sobre os canteiros que foram re- tos. As plantas conduzidas com um ramo
vestidos com filme de polietileno preto e espaçadas a 0,30 e 0,45 m tiveram o
O experimento foi conduzido em de baixa densidade. ciclo de 167 e 158 dias, respectivamen-
ambiente protegido de março a outubro, O sistema de irrigação utilizado foi, te, enquanto que as plantas com dois
em área experimental da ESALQ, em o de gotejamento e as fertirrigações diá- ramos, independente do espaçamento,
Piracicaba (SP). A casa de vegetação rias foram feitas com Kristalon, segun- tiveram o ciclo de 180 dias.
seguiu o modelo arco, com área de 196 do as recomendações da Hydro Fertilizan- Os frutos foram classificados segun-
m2 (7 x 28), coberta com plástico trans- tes para a cultura do tomate (Tabela 1). A do o diâmetro transversal, em: oblon-
parente de 150 µ e as partes frontais e poda apical foi feita acima da terceira gos; grandes (>60 mm); médios
laterais com telado tipo clarite. Os hí- folha emitida após o sexto e quinto (<60mm e >50 mm) e pequenos (<50
bridos Andréa, Débora Max, Carmen e rácimos da haste principal e secundá- mm e >40); redondo–achatados; Para
Diana, foram semeados em 08/03/2001, ria, respectivamente. Em todos os híbri- Carmen e Diana foram classificados em:
em bandejas de poliestireno expandido dos, o desbaste dos frutos foi feito dei- grande (>80 mm); médio (<80 mm e
contendo 128 células e preenchida com xando-se quatro frutos por rácimo ao >65 mm) e pequeno (<65 mm e >50
o substrato Plantmax. Adubou-se sema- longo das hastes e nos racimos das ex- mm) e miúdos (>50 mm). Frutos com
nalmente com 1 g L-1 de Plant Prod 20- tremidades apenas três. defeitos não foram considerados
20-20. Após 28 dias as mudas, apresen- O controle fitossanitário foi curati- comercializáveis (CEAGESP, 1998).
tando 4-5 folhas definitivas foram trans- vo, à medida que apareciam os primei- Como não existe recomendação para os
plantadas. ros sintomas das doenças e pragas, se- frutos do híbrido Andréa (tipo Italiano),
O delineamento experimental foi em gundo as recomendações para a cultura os mesmos foram classificados, devido
blocos ao acaso, com quatro repetições, do tomate descritas por Lopes e Santos ao seu formato, como frutos oblongos
em um esquema fatorial 4x2x2, onde o (1994). Para o controle da larva (tipo Santa Cruz).

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 987


L. A. Carvalho e J. Tessarioli Neto

Tabela 2. Características do produto comercial de quatro híbridos de tomate cultivado em Os efeitos e interações foram ava-
túnel de polietileno e substrato, em função do espaçamento e número de ramos por planta. liados pelo teste F. Havendo diferença
Piracicaba, ESALQ, 2002. significativa para um determinado fator
Espaçamento (m) Nº de Ramos estudado, as médias dos tratamentos
Híbridos Média
0,30 0,45 1 2 foram comparadas pelo teste de Tukey,
Nº de frutos (frutos.planta-1) CV(%) 10,33 ao nível de 5% de probabilidade.
Andréa 22,08 Ba 22,36 Ba 16,39 Bb 28,06 Ba 22,22 C
Débora Max 28,01 Aa 28,61 Aa 21,12 Ab 35,50 Aa 28,31 A RESULTADOS E DISCUSSÃO
Carmen 25,00 ABa 26,46 Aa 20,33 ABb 31,13 Ba 25,73 B
Diana 24,38 ABa 26,67 Aa 19,88 ABb 31,17 Ba 25,53 B A análise de variância para os híbri-
Média 24,87 a 26,03 a 14,43 b 31,47 a dos estudados mostrou não haver
Produtividade (t ha-1) C.V. (%) 14,08 interação entre o espaçamento e o nú-
Andréa 65,11 Ba 47,10 Bb 44,51 Cb 67,70 Ba 56,10 C mero de ramos por planta para número
Débora Max 98,78 Aa 65,06 Bb 71,73 Bb 95,15 Aa 81,94 B de frutos por planta, produção e massa
Carmen 115,03 Aa 89,52 Ab 97,78 Aa 106,77 Aa 102,28 A média comercial. O espaçamento não
Diana 110,63 Aa 89,36 Ab 89,85 ABb 110,15 Aa 100,00 A afetou o número de frutos e devido ao
Média 97,39 a 72,77 b 75,96 b 94,19 a aumento na produção de biomassa oca-
Massa média (g.fruto) C.V. (%) 6,51 sionado pelo maior número de plantas por
Andréa 75,92 Ca 81,17 Ba 83,52 Ca 73,57 Bb 78,55 C área, maiores produções (97,39 t ha-1)
Débora Max 92,64 Ba 89,05 Ba 101,68 Ba 80,00 Bb 90,84 B foram obtidas na maior densidade (Ta-
Carmen 120,78 Ab 134,27 Aa 149,24 Aa 105,81 Ab 127,52 A bela 2). Com a ocorrência da maior pro-
Diana 118,20 Ab 132,37 Aa 140,61 Aa 109,96 Ab 125,29 A dução de biomassa é provável que a
Média 101,88 b 109,22 a 118,76 a 92,33 b interceptação de luz fotossinteticamente
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha, para cada ativa e da fotossíntese no dossel tenha
característica, não diferem entre si pelo teste de Tukey (5% P). aumentado a produção de
fotoassimilados que foram
disponibilizados para os frutos
Tabela 3. Produtividade classificada (t ha-1) do tomateiro cultivado em túnel de polietileno ( P A P A D O P O U L O S ;
e substrato, em função de híbrido, espaçamento e número de ramos por planta. Piracicaba, PARARAJASINGHAM, 1997). Os re-
ESALQ, 2002. sultados do presente trabalho concor-
Espaçamento (m) Nº de Ramos dam com os obtidos por vários autores
Híbridos Média
0,30 0,45 1 2 (STRECK et al., 1996;
Grande C.V.(%) 69,83 P A P A D O P O U L O S ;
Andréa 0,00 Ba 1,02 Ba 1,02 Ba 0,00 Ba 0,51 B PARARAJASINGHAM, 1997;
Débora Max 28,47 Aa 14,38 Ab 30,31 Aa 12,55 Ab 24,43 A STRECK et al. 1998; CAMARGOS,
Carmen 1,77 Ba 5,98 Ba 7,75 Ba 0,00 Bb 3,88 B 1998; CAMARGOS et al., 2000). O
Diana 0,75 Ba 2,27 Ba 2,54 Ba 0,48 Ba 1,51 B peso médio do fruto foi grandemente
Média 7,75 a 5,91 a 10,40 a 3,26 b influenciado pelo híbrido utilizado. As
Médio C.V. (%) 28,00 cultivares híbridas Carmen e Diana
Andréa 20,44 Ba 20,86 Ba 21,92 Ba 19,38 Ca 20,65 B apresentaram maior massa média co-
Débora Max 54,63 Aa 39,12 Ab 36,23 Bb 57,54 Aa 46,88 A mercial na menor densidade e ‘Andréa’
Carmen 58,17 Aa 50,72 Aa 69,63 Aa 39,26 ABb 54,45 A e ‘Débora Max’ não foram afetados, pro-
Diana 43,27 Ba 49,79 Aa 58,01 Aa 35,05 Bb 46,53 A vavelmente, devido à melhor arquitetu-
Média 44,13 a 40,12 a 46,45 a 37,81 b ra da planta que proporcionou uma me-
Pequeno C.V. (%)14,02 nor competição interplanta pela luz e
Andréa 44,67 Ca 25,22 Bb 21,57 ABb 48,32 Ba 34,95 C intraplanta pelos fotoassimilados
Débora Max 15,65 Da 11,60 Ca 5,19 Cb 22,06 Ca 13,63 D ( P A P A D O P O U L O S ;
Carmen 55,08 Ba 32,83 ABb 20,39 Bb 67,52 Aa 43,95 B PARARAJASINGHAM, 1997).
Diana 66,61 Aa 37,31 Ab 29,30 Ab 74,62 Aa 51,96 A O numero de ramos por planta afe-
Média 45,51 a 26,74 b 19,11 b 53,13 a tou o número de frutos por planta, a
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha para cada clas- massa média e a produção comercial.
se, não diferem entre si pelo teste de Tukey (5% P). Independentemente dos híbridos as
plantas conduzidas com dois ramos
apresentaram maior número de frutos
Avaliou-se o número de frutos média de fruto comercializável (g fru- por planta e a menor massa média co-
comercializável (frutos planta-1), produ- to), produção de frutos grande, médios mercial de frutos (Tabela 2). Com exce-
ção total comercializável (t ha-1), massa e pequenos (t ha-1). ção de ‘Carmen’ que não diferiu quanto

988 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Produtividade de tomate em ambiente protegido, em função do espaçamento e número de ramos por planta

à produção comercial os demais híbri- pela planta e menor translocação de açú- FAYAD, J.A.; FONTES, P.C.R.; CARDOSO,
A.A.; FINGER, F.L.; FERREIRA, F.A. Cresci-
dos diferiram e apresentaram valores cares para os frutos, resultando num mento e produção do tomateiro cultivado sob con-
médios superiores nas plantas menor diâmetro do fruto, conforme ci- dições de campo e de ambiente protegido.
conduzidas com dois ramos. O aumen- tação de Borraz et al. (1991). Horticultura Brasileira, Brasília, v.19, n.3, p.365-
to no número de frutos e na produção 370, 2001.
Na maior densidade e nas plantas
FILGUEIRA, F.A.R. Novo manual de
comercial e a redução na massa média conduzidas com um ramo os híbridos olericultura: agrotecnologia moderna na produ-
das plantas com dois ramos foram devi- do tipo Salada diferiram ente si, sendo ção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV,
do ao maior número de inflorescências que o híbrido ‘Diana’ apresentou maior 2000. 402 p.
produtivas e à maior competição entre produção de fruto pequeno. A menor LOGENDRA, L.S.; GIANFAGNA, T.J.;
SPECCA, D.R.; JANES, H.W. Greenhouse tomato
inflorescências pelos fotoassimilados, produção de frutos pequenos na maior limited cluster production systems: Crop
respectivamente. Tais resultados foram densidade e nas plantas conduzidas com management practices affect yield. HortScience,
também relatados por Oliveira (1993) e dois ramos no híbrido ‘Carmen’, con- v.36, n.5, p.893-896. 2001.
Oliveira et al. (1995) em campo e LOPES, C.A.; SANTOS, J.R.M. Doenças do to-
firma a sua superioridade em relação ao
mateiro. Brasília: EMBRAPA, SPI, 1994. 67p.
Poerschke et al. (1995) em estufa de Diana. LOPES, C.A.; SANTOS, J.R.M. dos. Doenças do
polietileno. Nas condições que em que foi reali- tomateiro. Brasília: EMBRAPA, SPI, 1994. 67 p.
Houve interação entre híbridos, zado o experimento, conclui-se que o MARTINS, G. Uso de casa de vegetação com co-
bertura plástica na tomaticultura de verão. 1992.
espaçamento e número de ramos por espaçamento entre plantas de 0,30 m e 65 f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Ciências
planta para a produção de fruto grande a condução com uma haste é o mais in- Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual
(Tabela 3). O híbrido ‘Débora Max’ dicado para o cultivo do tomate em Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Jaboticabal.
apresentou maior produção de fruto ambiente protegido e em substrato; sen- OLIVEIRA, V.R. Número de ramos por planta, poda
apical e época de plantio influenciando a produção e
grande nas plantas conduzidas com um do o híbrido ‘Débora Max’ o que apre- a qualidade dos frutos de tomateiro (Lycopersicon
ramo e espaçadas a 0,30 m e ‘Carmen’, sentou o maior potencial produtivo. esculentum Mill.). 1993. 114 f. Tese (Doutorado) –
apesar de não ter diferido de ‘Andréa’ e Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.
‘Diana’ apresentou maiores produções OLIVEIRA, V.R.; CAMPOS, J.P.; FONTES,
AGRADECIMENTOS P.C.R.; REIS, F.P. Efeito do numero de hastes por
nas plantas com um ramo. Quanto à pro- planta e poda apical na produção classificada de
dução de fruto médio, a cultivar Débo- frutos de tomateiro (Lycopersicon esculentum
Ao Prof. Dr. João Tessarioli Neto (In
ra Max apresentou maior produção na Mill.). Ciência e Prática, v.19, n.4, p.414-419, 1995.
memoriam), pela orientação e amizade. ORTOLANI, A.A.; CAMARGO, M.B.P. Influên-
maior densidade e nas plantas
Á EUCATEX, pela doação do cia dos fatores climáticos na produção. In: CAS-
conduzidas com dois ramos, porém não
Rendmax-Estufa e a TOOPSEED, pela TRO P.R.C.; FERREIRA, S.; YAMADA, T. (Ed.).
diferiu significativamente de ‘Carmen’ Ecofisiologia da produção agrícola. Piracicaba:
doação das sementes.
e ‘Diana’. Apesar dos híbridos do tipo ABPPF, 1987. p.71-81.
salada não apresentarem diferenças com PAPADOPOULOS, A.P.; PARARAJASINGHAM,
LITERATURA CITADA S. The influence of plant spacing on light
relação ao espaçamento, a cultivar Car- interception and use in greenhouse tomato
men apresentou maior produção de fru- (Lycopersicon esculentum Mill.): A review. Scientia
ANDRIOLO, J.L.; DUARTE, T.S.; LUDKE, L.;
tos médios quando o espaçamento ado- SKREBSKY, E.C. Crescimento e desenvolvimen-
Horticulturae, v.69, p.1-29, 1997.
tado foi de 30 cm. O aumento da produ- POERSCHKE, P.R.C.; BURIOL, G. A.; STRECK,
to do tomateiro cultivado em substrato com
N.A.; ESTEFANEL, V. Efeito de sistemas de poda
ção de frutos médios com a diminuição fertirrigação. Horticultura Brasileira, Brasília,
sobre o rendimento do tomateiro cultivado em es-
do espaçamento entre plantas observa- v.15, n.1, p.28-32, 1997. tufa de polietileno. Ciência Rural, Santa Maria,
do no híbrido Débora Max já foi obser- BORRAZ, C.J.; CASTILHO, S.F.; ROBELES, E.P. v.25, n.3, p.379-384, 1995.
Efectos del despunte y la densidad de poblacion SCHMIDT, D.; SANTOS, O.S.;
vado em outros híbridos por vários au-
sobre dos variedades de jitomate (Lycopersicon BONNECARRÈRE, A.G.; PILAU, F.G. Potencial
tores (CAMARGOS, 1998; STRECK et esculentum, Mill), en hidroponía bajo invernadero. produtivo de tomate cultivado com alta densida-
al. 1998; CAMARGOS et al., 2000). O Chapingo, v.14, n.73/74, p.26-30, 1991. de em hidroponia. Horticultura Brasileira,
número de ramos por planta não afetou CAMARGOS, M.I. Produção e qualidade de to- Brasília, v.18, p.273-274, jul., 2000. Suplemento.
a produção de frutos médios de mate longa vida em estufa, em função do SELEGUINI, A.; SENO, S.; ZIZAS, G.B. Influência
espaçamento e do número de cachos por planta. do espaçamento entre plantas e número de cachos por
‘Andréa’. ‘Carmen’ e ‘Diana’, que apre- plantas na cultura do tomateiro, em condições de
Viçosa: UFV, 1998. 68 f. Dissertação (Mestrado)
sentaram valores médios superiores nas ambiente protegido. Horticultura Brasileira, Brasília,
– Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.
plantas conduzidas com um ramo, pro- CAMARGOS, M.I.; FONTES, P.C.R.; CARDOSO,
v.20, n.2, Jul., p. 25-28, 2002. Suplemento.
vavelmente devido a menor competição STRECK, N.A.; BURIOL, G.A.; SCHNEIDER,
A.A.; CARNICELLI, J.H.A. Produção de tomate lon-
F.M. Efeito da densidade de plantas sobre a pro-
intraplanta pelos fotoassimilados. ga vida em estufa, influenciada por espaçamento e dutividade do tomateiro cultivado em estufa de
À exceção do espaçamento para ‘Dé- número de cachos por planta. Horticultura Brasilei- plástico. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
ra, Brasília v.18, p.563-564, jul., 2000. Suplemento. Brasília, v.31, n.2, p.105-112, 1996.
bora Max’, maior produção de fruto
CAMPOS, J.P.; BRLFORT, C.C.; GALVÃO, J.D.; STERCK, N.A.; BURIOL, G.A.; ANDRIOLO,
pequeno foi obtida na maior densidade FONTES, P.C.R. Efeito da poda de haste e da J.L.; SANDRI, M.A. Influência da densidade de
e nas plantas conduzidas com dois ra- população de plantas sobre a produção do toma- plantas e da poda apical drástica na produtividade
mos (Tabela 3). Esse efeito pode ter sido teiro. Revista Ceres, v.34, n.191, p.198-208, 1987. do tomateiro em estufa de plástico. Pesquisa
ocasionado pelo maior gasto de energia CEAGESP. Classificação do tomate. São Paulo: Agropecuária Brasileira, Brasília v.33, n.7.
CQH/CEAGESP. 1998. 8 p. (folder). p.1105-1112, jul.1998.
em processos de crescimento celular

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 989


SILVA, J.B.; VIEIRA, R.D.; CECÍLIO FILHO, A.B. Superação de dormência em sementes de beterraba por meio de imersão em água corrente. Horticultura
Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.990-992, out-dez 2005.

Superação de dormência em sementes de beterraba por meio de imersão


em água corrente
Josué B. da Silva1; Roberval D. Vieira2; Arthur B. Cecílio Filho2
2
UNESP, FCAV, 14844-900 Jaboticabal-SP; 1Doutorando em Prod. e Tecnol. de Sementes. E-mail: jbsilva@fcav.unesp.br;

RESUMO ABSTRACT
A presença de inibidores de germinação no fruto da beterraba Overcoming beetroot seeds dormancy through immersion
pode comprometer o estande da cultura. O presente trabalho in running water
objetivou avaliar a interferência do período de imersão em água The presence of germination inhibitors in the fruit of beetroot
corrente no desempenho fisiológico das sementes de beterraba. Para can reduce the stand of crop. The present work aimed to evaluate
tanto, sementes da cultivar Top Tall Early Wonder foram submeti- the interference of immersion period in running water in the
das à ação de água corrente durante 0 (testemunha), 1; 1,5; 2; 3; 4; physiological performance of the beetroot seeds. Seeds from cultivar
5 e 6 horas, secadas e avaliadas pelo teste de germinação. A lava- Top Tall Early Wonder were submitted to the action of running water
gem por duas horas foi suficiente para aumentar a germinação das during 0 (control), 1; 1,5; 2; 3; 4; 5 and 6 hours, dried and
sementes. physiologically evaluated using germination test. Washing the seeds
during two hours was enough to increase the germination.

Palavras-chave: Beta vulgaris L., inibidores, germinação. Keywords: Beta vulgaris L., inhibitors, germination.

(Recebido para publicação em 4 de novembro de 2004 e aceito em 16 de setembro de 2005)

N a beterraba (Beta vulgaris L.), a


estrutura tecnologicamente deno-
minada de semente, é normalmente
Os efeitos positivos da remoção do
pericarpo sobre a geminação das semen-
tes, utilizando técnicas de fricção e po-
concentração destes na semente
(SLIWINSKA et al., 1999), favorecen-
do o estabelecimento da cultura em cam-
multigérmica, apresentando de dois a limento (MORRIS et al., 1984; po (DURRANT et al., 1988).
cinco aquênios formados pela junção de MORRIS et al. 1985), não foram con- O período de lavagem das sementes
várias unidades florais, constituindo um firmados por Richard et al. (1989) e é um fator de grande importância na
espesso pericarpo corticoso. Cada Duan e Burris (1997), pois, segundo germinação das sementes de beterraba
aquênio contém um óvulo que origina- esses autores, esse procedimento não (SOBRAL et al., 1987). Embora exis-
rá uma semente botânica. Quando se- elimina completamente a membrana tam trabalhos que recomendam duas
meado, cada aquênio origina de três a presente na superfície das sementes, horas (BRASIL, 1992) de lavagem, esta
cinco plântulas (MCDONALD; capaz de dificultar a lixiviação de com- metodologia requer a execução de no-
COPELAND, 1997; GEORGE, 1999; postos fenólicos envolvidos com restri- vos trabalhos, pois os dados obtidos na
FILGUEIRA, 2000). ções na quantidade de oxigênio dispo- literatura (CUDDY, 1958; KLITGARD,
A germinação deficiente resulta em nível ao embrião. 1978; BASU; DHAR, 1979; KHAN et
estandes inadequados no campo O uso de ácidos em baixa concen- al., 1983; LONDGEN, citado por
(DURRANT; PAYNE, 1983). A má ger- tração e de reguladores de crescimento Lexander, 1983) são conflitantes.
minação, além de ser resultante da restri- também têm sido usados com o propó- Assim, o trabalho objetivou verifi-
ção mecânica do pericarpo (MORRIS et sito de melhorar a germinação de se- car a interferência do período de imersão
al., 1985), tem sido também atribuída à ação mentes de beterraba. Entretanto, estas em água corrente, no desempenho fisio-
de substâncias inibidoras da germinação metodologias tornam-se impraticáveis lógico das sementes de beterraba.
(SLIWINSKA et al., 1999) que, segundo quando se trabalha com grandes volu-
Lexander (1978), são os ácidos abscísico,
mes de sementes. MATERIAL E MÉTODOS
oxálico, vanílico, sinápico, ferúlico, p-
oxibenzóico, p-oxinamico, p-cumárico e p- A imersão das sementes em água
hidroxibenzóico (denominados compostos corrente é outro método que, além de A experimentação, realizada em la-
fenólicos), amônia, sais inorgânicos e cis- mais simples, tem apresentado bons re- boratório da UNESP (Câmpus de
4-ciclohexano-1,2-dicarboximida. Esses sultados. Silva et al. (2002) verificaram Jaboticabal, SP), utilizou sete lotes de
compostos competem com o embrião por aumento na taxa e na velocidade de ger- sementes de beterraba, cultivar Top Tall
oxigênio (HEYDECKER et al., 1971; minação de sementes de beterraba por Early Wonder mantidos hermeticamen-
RICHARD et al., 1989) e podem promo- meio da utilização desta técnica. A téc- te embalados até o início da condução
ver, ainda, limitações na absorção de água nica de lavagem das sementes pode, de dos testes. Uma vez abertas as embala-
por meio da redução do potencial hídrico acordo com Khan et al. (1983), anular gens, amostras de sementes de cada lote
(KHAN et al., 1983). os efeitos dos inibidores ou reduzir a foram submetidas à imersão em água

990 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Superação de dormência em sementes de beterraba por meio de imersão em água corrente

corrente, durante 0 (testemunha), 1; 1,5; Tabela 1. Valores médios de germinação (%) de sementes de beterraba após diferentes pe-
2; 3; 4; 5 e 6 horas, tratadas com ríodos de imersão em água corrente. Jaboticabal, UNESP, 2004.
fungicida Thiram (0,2%) e postas a se- Período de imersão (horas) Germinação (%)
car em temperatura não controlada do 0,0 79bc
ambiente. Os tratamentos foram avalia- 1,0 81bc
dos pelo teste de germinação a 20oC 1,5 83bc
(BRASIL, 1992), com 50 sementes por 2,0 92a
repetição, em caixas plásticas contendo 3,0 85ab
duas folhas sobrepostas de papel de fil- 4,0 80bc
tro umedecido com água deionizada na 5,0 77bc
proporção de três vezes o peso do papel 6,0 75c
não hidratado. Teste F 4,94* *
O delineamento experimental utili- DMS Tukey (5%) 8,97
zado foi de blocos ao acaso, e as médias CV (%) 6,88
dos períodos comparadas pelo Teste de Médias seguidas de letras distintas diferem entre si, ao nível de 5% de probabilidade, pelo
Tukey, a 5% de probabilidade. Proce- Teste de Tukey.
deu-se ao estudo da regressão ** p < 0,01
polinomial para períodos de imersão das
sementes. Não obstante Cuddy (1958) e que é de relevante importância fazê-la
Klitgard (1978) terem citado o período em adequado período, sob pena de pre-
RESULTADOS E DISCUSSÃO de quatro horas como o mais adequado judicar a germinação.
para esse procedimento, Khan et al.
Houve diferença significativa entre (1983) também observaram que o pe- LITERATURA CITADA
lotes para a porcentagem de germinação ríodo de duas horas, em relação aos de
de sementes de beterraba, retratando que 0; 8 e 24 horas, foi o que permitiu au- BASU, R.N.; DHAR, N. Seed treatment for
as condições diferenciadas do cultivo (fa- mento no percentual de germinação das mantaining vigour, viability and productivity of
sugar beet (Beta vulgaris L.). Seed Science
tores ambientais e de manejo cultural) sementes, resultado compartilhado por Research, v.7, n.2, p.225-233, 1979.
possam modificar a concentração de Londgen, citado por Lexander (1983). BATTLE, J.P.; WHITTINGTON, W.J. The
inibidores e/ou outras características do Embora Basu e Dhar (1979) não te- influence of genetic and environmental factor on
the germination of sugar beet. Journal of
pericarpo que influenciam a germinação. nham encontrado diferença com o pro- Agricultural Science, v,73, p.329-335, 1969.
A quantidade de inibidores pode ser redu- longamento do período de duas para até BRASIL. Ministério da agricultura e Reforma
zida quando a planta-mãe é submetida a 24 horas de imersão, os resultados da Agrária. Secretaria Nacional de Defesa
chuvas e irrigações freqüentes por asper- Tabela 1 evidenciaram que a continui- Agropecuária. Regras para análise de sementes.
Brasilia, 1992. 365 p.
são (BATTLE; WHITTINGTON, 1969) dade da imersão, procedimento que au- CUDDY, T.F. Studies on the germination of sugar
ou quando a colheita é efetuada quando mentou o percentual de germinação das beet seed. Annual Meeting of the Association of
as sementes estão em plena maturidade sementes no trabalho de Khan et al. Official Seed Analysts, v.49, p.98-102, 1958.
fisiológica (SLIWINSKA et al., 1999). (1983), não possibilitou resultado seme- DUAN, X.; BURRIS, J.S. Film coating impairs
leaching of germination inhibitors in sugar beet
Houve efeito significativo do perío- lhante nessa pesquisa, mas trouxe pre- seed. Crop Science, v.37, n.2, p.515-520, 1997.
do de imersão das sementes sobre o juízos fisiológicos, principalmente a par- DURRANT, M.J.; PAYNE, P.A. The use of water
percentual de germinação. Entretanto, tir de quatro horas, reduzindo significa- and some inorganic salt solutions to advance su-
tivamente a porcentagem de germinação. gar beet seed. I. Laboratory studies. Annals of
não foi possível obter ajuste das médias Applyed Biology, v.103, n.3, p.507-515, 1983.
à equação polinomial. Com exceção dos É provável que a melhora no desem- DURRANT, M.J.; PAYNE, P.A.; PRINCE, J.W.F.;
períodos de zero, cinco e seis horas de penho das sementes após os tratamentos FLETCHER, R. Thiram steep seed treatment to
tenha sido conseqüência do menor teor control Phoma betae and improve the
imersão, todos os tratamentos propor- establishment of the sugar-beet plant stand. Crop
cionaram germinação de sementes con- de inibidores no tecido que envolve as Protection, v.7, p.319-926, 1988.
siderada mínima esperada para a cultu- sementes, apesar de não ter sido feita a FILGUEIRA, F.A.R. Novo manual de
ra da beterraba (Tabela 1), que, segun- quantificação desses compostos. Na pes- olericultura: agrotecnologia moderna na produ-
ção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV,
do Filgueira (2000), é de 80%. A maior quisa de Morris et al. (1984), a ausência 2000. 402 p.
porcentagem de germinação (92%) foi de diferença entre a testemunha (semen- GEORGE, R.A.T. Vegetable seed production. 2ed.
obtida quando se procedeu à imersão das tes não imersas) e os períodos de 1; 6; 18 Cambridge: University, 1999. 328 p.
sementes por duas horas, sem, contudo, e 24 horas de imersão ocorreu porque os HAMPTON, J.G., TEKRONY, D.M. Controlled
deterioration test. In: HAMPTON, J.G.,
diferir-se do percentual obtido com três autores trabalharam com sementes TEKRONY, D.M. (Eds.). Handbook of vigour test
horas de imersão (85%). O período de descorticadas e, portanto, sem inibidores methods: ISTA. 1995. p.70-78.
duas horas aumentou o percentual de ou com quantidade mínima. HEYDECKER, W.; CHETAM, R.S.;
Esses resultados deixam claro que HEYDECKER, J.C. Water relations of beet root
germinação da semente de beterraba em
seed germination. II. Effects of the ovary cap and
relação à ausência de imersão, em apro- as sementes dessa espécie e cultivar res- of the endogenous inhibitors. Annals of Botany,
ximadamente 16%. pondem à imersão em água corrente e v.35, p.31-42, 1971.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 991


J. B. Silva et al.

KHAN, A.A.; PECK, N.H.; TAYLOR, A.G.; McDONALD, M.B.; COPELAND, L.O. Seed SILVA, J.B.; VIEIRA, R.D.; CECÍLIO-FILHO,
SAMIMY, C. Osmoconditioning of beet seeds to production: principles and practices. New York: A.B. Efeito da pré-lavagem na germinação de se-
improve emergence and yield in cold soil. Chapman & Hall, 1997. p.637-638. mentes de beterraba. In: CONGRESSO BRASI-
Agronomy Journal, v.75, n.5, p.788-794, 1983. MORRIS, P.C.; GRIERSON, D.; LEIRO DE OLERICULTURA, 42., 2002,
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992 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


PINELI, L.L.O.; MORETTI,C.L.; ALMEIDA, G.C.; NASCIMENTO, A.B.G.; ONUKI, A.C.A. Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz o
escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.993-999, out-dez 2005.

Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz o


escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas
Lívia L.O. Pineli1; Celso L. Moretti2; Gustavo C. Almeida3; Aline B.G. Nascimento4; Ana Cecília A. Onuki4
2
Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; E mail: celso@cnph.embrapa.br; 3UFLA, 37200-000 Lavras-MG; 4Faculda-
de da Terra de Brasília, 72610-300 Brasília-DF; 1Programa de Mestrado do Depto. Nutrição da UnB, 70910-900 Brasília-DF

RESUMO ABSTRACT
O escurecimento enzimático da batata minimamente processa- Association of modified atmospheres and antioxidants reduce
da reduz o valor comercial do produto. O objetivo deste trabalho foi browning of minimally processed potatoes
avaliar alterações químicas e físicas em batatas ‘Ágata’ minimamente Enzymatic browning of minimally processed potatoes reduces
processadas embaladas sob atmosfera modificada em associação com the final price of the product. The present work was carried out aiming
antioxidantes. Batatas ‘Ágata’ foram minimamente processadas como to evaluate chemical and physical characteristics in fresh-cut ‘Ágata’
mini batatas e tratadas por imersão em soluções antioxidantes de potatoes stored under modified atmospheres and treated with
ácido cítrico a 2%, ácido eritórbico a 3%, combinação de ácido cí- antioxidants. Potatoes ‘Ágata’ were minimally processed as baby
trico a 2% e ácido eritórbico a 3%, e combinação de ácido cítrico a potatoes and treated with antioxidants solutions as follows: citric
3% e ácido eritórbico a 5% embaladas em filmes de nylon acid (2%), eritrorbic acid (3%), combination of citric acid (2%) and
multicamadas. Os três primeiros tratamentos foram embalados sob eritrorbic acid (3%), and stored under passive modified atmosphere.
atmosfera modificada passiva enquanto no último tratamento apli- A fourth treatment consisting of the combination of citric acid (3%)
cou-se atmosfera modificada ativa com 10% CO2, 2% O2, 88% N2. and eritrorbic acid (5%), in association with active modified
Observou-se que o tratamento com aplicação de antioxidantes em atmosphere (10% CO2, 2% O2, 88% N2) was set up. Baby potatoes
associação com atmosfera modificada ativa apresentou índice de treated with citric acid (3%) and eritrorbic acid (5%), in association
escurecimento 24% menor e atividade enzimática da PPO e da POD with active modified atmosphere, had a browning index that was
92% e 73% menor, respectivamente, que a média dos demais trata- 24% lower than the average of the other 3 treatments at the end of
mentos no nono dia de observação. Houve elevação nos teores de the experiment. Similarly, polyphenoloxidase and peroxidase activity
vitamina C total, observado principalmente em tratamentos que uti- were 92 and 73% lower, respectively, in the treatment where
lizaram ácido eritrórbico. Observou-se uma correlação entre a de- antioxidants and active modified atmosphere were combined than
gradação do amido e o aumento nos teores de açúcares solúveis to- the average of the other three treatments at the ninth day of storage.
tais e da vitamina C total em alguns tratamentos. O tratamento com There was an increase in total vitamin C content, mainly in treatments
aplicação de antioxidantes em associação com atmosfera modifica- where eritrorbic acid was applied. Combination of antioxidants and
da ativa foi o mais efetivo na manutenção dos atributos de qualidade active modified atmosphere showed the best maintenance of quality
de batatas minimamente processadas. attributes for fresh-cut potatoes.

Palavras-chave: Solanum tuberosum L., processamento mínimo, Keywords: Solanum tuberosum L., minimal processing, metabolic
alterações metabólicas. changes.

(Recebido para publicação em 17 de julho de 2004 e aceito em 30 de agosto de 2005)

U m dos desafios ao processamento


mínimo de batatas é a
suscetibilidade dos tubérculos ao
seu ajuste para valores inferiores a 4
possibilita o controle do escurecimento
enzimático, desde que se considerem os
dos para prevenir o escurecimento
enzimático podem ser aplicados em ba-
tatas. Muitos inibidores de
escurecimento enzimático oriundo de aspectos sensoriais do produto escurecimento são conhecidos, mas ape-
reações catalisadas por enzimas sendo (LAURILA et al, 1998a, 1998b). nas alguns são potencialmente alterna-
a polifenoloxidase (PPO) a mais impor- A peroxidase (POD) também pode tivos ao uso de sulfito. Os sulfitos, ape-
tante. Tais reações ocorrem quando há causar o escurecimento em hortaliças sar de possuírem diversas vantagens téc-
ruptura da célula, embora possam tam- minimamente processadas. A POD con- nicas, provocam a corrosão de equipa-
bém ocorrer no tecido intacto de frutas tém um grupo heme e está relacionada mentos, a diminuição do valor
e hortaliças (ARAÚJO, 2003). Os fato- com processos de cicatrização como, por nutricional, a perda de firmeza e a for-
res mais importantes na evolução da taxa exemplo, a lignificação (CANTOS et mação de sabores e odores desagradá-
do escurecimento enzimático provoca- al., 2002). Em condições ideais, batatas veis (off-flavors) nos produtos aos quais
do são a concentração de PPO ativa e inteiras descascadas podem ser estoca- é aplicado. Adicionalmente, o uso de
de compostos fenólicos, o pH, a tempe- das sem agentes inibidores de sulfitos está cada mais associado a di-
ratura e o oxigênio disponível no teci- escurecimento por sete dias versos malefícios à saúde (MCEVILY
do. O pH ótimo da PPO varia com a fon- (AHVENAINEN et al., 1998), o que não et al., 1991).
te da enzima e com o substrato. Na é possível para batatas em fatias Dentre os antioxidantes mais
maioria dos casos situa-se entre 6 e 7 e (LAURILA et al., 1998a). Vários méto- pesquisados destacam-se os ácidos cí-

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 993


L. L. O. Pineli et al.

Embalagem e armazenamento
O material foi posteriormente em-
balado em filme plástico de nylon
multicamadas em seladora industrial
(Selovac 200B, São Paulo, SP) em por-
ções de 200 gramas, e armazenado sob
refrigeração a 5ºC por 9 dias. Os três
primeiros tratamentos foram embalados
sob atmosfera modificada passiva en-
quanto o último tratamento foi embala-
do sob atmosfera modificada ativa, pela
utilização da mistura 10% CO2, 2% O2,
88% N2.
Análises químicas e físicas
A cada 3 dias os tubérculos minima-
mente processados foram avaliados
quanto às seguintes variáveis: Índice de
escurecimento. O índice de
escurecimento foi determinado por meio
Figura 1. Índice de escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas armazena- de um colorímetro Minolta Color
das a 5ºC com aplicação de antioxidantes e embalagem sob atmosfera modificada ativa e Reader CR 200b (sistema L*a*b*), e
passiva. Embrapa Hortaliças, Brasília, DF, 2004. AM = atmosfera modificada. MF = Maté- calculado a partir da fórmula:
ria fresca. Barras verticais representam o desvio-padrão da média. Brasília, Embrapa Horta-
IE = [100 (X - 0,31)] / 0,172; X = (a
liças, 2004.
+ 1,75.L) / (5,645.L+ a - 3,021.b)
Atividade enzimática da
trico, ascórbico e eritrórbico. Sua aces- polifenoloxidase e peroxidase. A ativi-
dade das enzimas polifenoloxidase e
sibilidade no mercado, como ingredien- MATERIAL E MÉTODOS
peroxidase foi determinada segundo o
tes já em amplo uso na indústria alimen-
método descrito por Flurkey e Jen
tícia, aponta-os como opções para a in- Material vegetal (1978), sendo o extrato lido a 395 nm
dústria de batatas minimamente proces- Batatas (Solanum tuberosum L.) para POP e a 470 nm para POD. Açúca-
sadas. O custo do ácido eritrórbico, cin- ‘Ágata’ da classificação “primeirinha” res solúveis totais. Determinados pelo
co vezes inferior ao de seu isômero, áci- (diâmetro entre 40 e 60 mm) foram ad- método fenol-sulfúrico descrito por
do ascórbico, justifica seu uso neste tra- quiridas na Ceasa de Brasília, levadas Dubois et al. (1956). Teor de amido.
balho, de forma isolada ou em combi- ao Laboratório de Pós-Colheita da Determinação feita a partir de adapta-
nação com o ácido cítrico. A aplicação Embrapa Hortaliças, selecionadas, clas- ção realizada no método de Ranganna
de atmosfera modificada ativa ou pas- sificadas e lavadas em água potável; (1986), com extração de açúcares por
siva, com baixas concentrações de O2 e
Processamento mínimo solução de etanol (80%) a quente, em 3
altas de CO2 também contribui para o
controle do escurecimento e outros pro- Tubérculos foram descascados por estágios, e hidrólise ácida do resíduo,
cessos degradativos, uma vez que reduz abrasão em máquina processadora (mo- também em 3 estágios, com ácido
a velocidade dos processos aeróbicos e delo PCED, Siemsem Ltda.) por 180 perclórico (52%), com posterior deter-
implica baixa disponibilidade de O2 para segundos em tambor revestido com lixa minação dos açúcares pelo método
a atividade da PPO. de 60 mesh e 36 segundos no segundo fenol-sulfúrico. Teor de vitamina C to-
tambor revestido com lixa de 100 mesh. tal. A vitamina C total foi quantificada
Apesar da existência de diversos estu-
As batatas descascadas foram enxagua- de acordo com metodologia descrita por
dos enfocando o controle de escurecimento
das em água potável, sanitizadas em Terada et al. (1978), modificado por
enzimático em produtos hortícolas, existe
água com 150 ppm de cloro ativo por 5 Nunes et al. (1995).
uma lacuna na literatura no que diz respei-
minutos, imersas em soluções O delineamento experimental foi
to à adoção de técnicas combinadas para
antioxidantes por 3 minutos e inteiramente casualizado, com 16 trata-
redução dessa desordem em cultivares de
centrifugadas, por 7 minutos, a 800 g. mentos provenientes de um fatorial 4x4
hortaliças nacionais com potencial de apro-
veitamento para o processamento mínimo. Tratamento com antioxidantes (4 combinações de antioxidantes e 4
As soluções antioxidantes usadas tempos de armazenagem), com 3 repe-
O objetivo deste trabalho foi carac-
foram 2% de ácido cítrico; 3% de ácido tições. A unidade experimental conside-
terizar física e quimicamente batatas
eritórbico; 2% de ácido cítrico + 3% de rada correspondeu a uma embalagem de
‘Ágata’ minimamente processadas sub-
ácido eritórbico; e 5% de ácido 200 gramas. Os dados foram submeti-
metidas a diferentes tratamentos com dos à análise de variância e as médias
eritórbico + 3% de ácido cítrico.
antioxidantes e atmosfera modificada.

994 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz o escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas

foram comparadas pelo teste da diferen-


ça mínima significativa (p≤0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Índice de escurecimento (IE) O tra-


tamento com ácido cítrico a 2% combi-
nado com ácido eritrórbico a 3% apre-
sentou melhor controle do
escurecimento do que os tratamentos
aplicados isoladamente até o terceiro dia
de armazenamento (Figura 1). No nono
dia, os IE dos tratamentos sob atmosfe-
ra modificada passiva estavam muito
próximos e mostravam aumento do
escurecimento das batatas de aproxima-
damente 10,5% em relação aos valores
iniciais. O tratamento com atmosfera
modificada ativa, em associação aos
antioxidantes combinados, apresentou
índice de escurecimento 6,2% menor do
que a média dos IE dos demais trata-
mentos logo após o processamento mí-
nimo, indicando uma diferença signifi-
cativa no controle do escurecimento nas
primeiras horas após a injúria aos tubér-
culos. Não se observou elevação do IE
para o tratamento sob atmosfera modi-
ficada ativa e ao final do experimento,
verificou-se que o IE desse tratamento
era aproximadamente 24% menor do
que os demais tratamentos (Figura 1).
Diversos trabalhos avaliaram os
efeitos das embalagens e de diferentes
atmosferas no escurecimento de batatas
minimamente processadas (GUNES;
LEE, 1997; LAURILA et al., 1998a), e
na composição nutricional
(AHVENAINEN et al., 1998; TUDELA
et al., 2002, 2003). Gunes & Lee (1997)
demonstraram que modificação ativa da
atmosfera na embalagem foi necessária
para estender a vida de prateleira de
batatas, porém, a atmosfera modificada Figura 2. Atividade enzimática da polifenoloxidase (PPO) (a) e peroxidase (POD) (b) de
por si só não foi capaz de evitar o batatas ‘Ágata’ minimamente processadas armazenadas a 5ºC com aplicação de antioxidantes
escurecimento. Os resultados confir- e embalagem sob atmosfera modificada ativa e passiva. Embrapa Hortaliças, Brasília, DF,
mam a necessidade do tratamento por 2004. AM = atmosfera modificada. MF = Matéria fresca. Barras verticais representam o
imersão com solução de agentes desvio-padrão da média. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.
inibidores do escurecimento em batatas
minimamente processadas. Quando se
estudou a modificação da atmosfera, + ácido cítrico (1%) usadas para trata- dificada ativa associada aos ácidos cítri-
observou-se que a de 100% N2, em sa- mento de batatas em palitos, seguindo- co e eritrórbico estão em concordância
cos de poliolefina multicamada, com se estocagem em atmosfera modificada com Cacace et al. (2002), que observa-
alta permeabilidade, foi a mais eficaz. a 1 e 6°C, foram eficazes no retardamen- ram que todos os tratamentos foram for-
Soluções de N-acetil-L-cisteína (1%), to do escurecimento enzimático. Os re- temente afetados pela temperatura de
ácido pentacético dietilenotriamina sultados obtidos no presente experimen- armazenamento. Segundo os autores, o
(DTPA) (1%), e ácido eritrórbico (5%) to para o tratamento com atmosfera mo- tratamento com ácido cítrico e eritrórbico

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 995


L. L. O. Pineli et al.

atmosfera modificada ativa foi o mais


eficaz na inibição da atividade da PPO,
que se apresentava 2,3 e 1,9 vezes me-
nor do que a média dos demais trata-
mentos, no dia do processamento e após
9 dias de armazenamento, respectiva-
mente (Figura 2a).
A atividade da POD no dia do
processamento foi maior em batatas tra-
tadas com 3% de ácido eritrórbico
(365,04 UE .g-1 min-1), e menor em ba-
tatas armazenadas sob atmosfera modi-
ficada ativa (111,14 UE g-1 min-1) (Fi-
gura 2b). O tratamento com 2% de áci-
do cítrico e o tratamento com 3% de
ácido eritrórbico apresentaram aumen-
to na atividade da POD até o sexto dia
de armazenagem com posterior redução.
Batatas tratadas com antioxidantes com-
binados em atmosfera modificada pas-
siva ou ativa apresentaram controle da
atividade da POD já a partir do terceiro
dia (Figura 2b). Observou-se ainda, que
a atividade da POD era 2,8 e 1,7 vezes
menor no tratamento sob atmosfera ati-
va em relação à media dos demais tra-
tamentos no dia do processamento e
após 9 dias de armazenamento, respec-
tivamente.
Cantos et al. (2002) avaliaram o efei-
to do processamento mínimo sobre a ati-
vidade das enzimas PPO, POD e
fenilalanina amônia liase (PAL) e nos
compostos fenólicos, em cinco cultivares
de batatas. Não encontraram correlação
significativa entre o grau ou taxa de
escurecimento e quaisquer das variáveis
investigadas. Entretanto, o aumento da
atividade da POD, verificada pela síntese
de isoperoxidases identificadas por
Figura 3: Teores de açúcares solúveis totais (a) e amido (b) de batatas ‘Ágata’ minimamen- eletroforese, confirmou a indução da ati-
te processadas armazenadas a 5ºC com aplicação de antioxidantes e embalagem sob atmos- vidade desta enzima como fenômeno co-
fera modificada ativa e passiva. Embrapa Hortaliças, Brasília, DF, 2004. AM = atmosfera mum no reino vegetal em resposta a situa-
modificada. MF = Matéria fresca. Barras verticais representam o desvio-padrão da média.
ções de estresse, como injúrias mecâni-
Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.
cas. Os autores sugerem que para melhor
compreensão dos fatores limitantes do
foi o único a ser comparado favoravel- vidade da PPO logo após o desenvolvimento do escurecimento em
mente com batatas frescas preparadas, processamento mínimo e assim perma- batatas minimamente processadas, estu-
após 14 dias a 1°C ou 7 dias a 6°C. neceram durante o período experimen- dos adicionais de outros aspectos impor-
tal. A combinação de ácido cítrico a 2% tantes (estabilidade de membrana, com-
Atividade enzimática Não foi
verificada diferença significativa na ati- e ácido eritrórbico a 3% teve a ativida- posição lipídica, teor de cálcio, atividade
vidade da PPO para os tratamentos sob de da enzima ampliada em 18,6%, do de proteases, práticas agronômicas) são
atmosfera modificada passiva logo após terceiro para o sexto dia, apresentando necessários. Semelhante ausência de cor-
o processamento mínimo (Figura 2a). a maior atividade da PPO no nono dia relação foi encontrada entre grau de
Os tratamentos armazenados sob atmos- de armazenamento (39,6 UE.g-1 min-1). escurecimento e atividade enzimática de
fera modificada passiva não apresenta- Por outro lado, o tratamento que reunia maçãs durante o armazenamento a 0ºC
vam diferenças estatísticas quanto à ati- a combinação de dois antioxidantes sob (COSETENG; LEE, 1987).

996 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz o escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas

Os resultados observados nas Figu-


ras 1 e 2 mostram que o tratamento onde
houve combinação de antioxidantes em
atmosfera modificada ativa foi o mais
eficaz no controle do escurecimento e
da atividade das enzimas PPO e POD, o
que se traduziu em manutenção da cor
original do produto. A combinação dos
antioxidantes ácidos pode ter contribuí-
do para o abaixamento do pH do meio,
reduzindo a atividade das enzimas as-
sociadas com o escurecimento
enzimático. Esses resultados permitem
inferir que tais tratamentos podem tor-
nar viável a produção e comercialização
de batatas minimamente processadas
quando o aspecto visual é colocado em
perspectiva.
Açúcares Solúveis Totais e Amido
Batatas tratadas com 2% de ácido cítri-
co apresentaram, ao final de nove dias,
aumento de 12,5% no conteúdo de açú-
Figura 4. Vitamina C total de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas armazenadas a 5ºC
cares solúveis totais, enquanto nos tu- com aplicação de antioxidantes e embalagem sob atmosfera modificada ativa e passiva.
bérculos tratados com 3% de ácido Embrapa Hortaliças, Brasília, DF, 2004. AM = atmosfera modificada. MF = Matéria fresca.
eritrórbico foi verificada uma redução Barras verticais representam o desvio-padrão da média. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.
de 12,7% no nono dia em comparação
com os valores iniciais. Observou-se,
ainda, em batatas tratadas com combi- Os valores encontrados no dia do 1996). A indução do acúmulo de açúca-
nação de antioxidantes sob atmosfera processamento são semelhantes aos va- res pelo frio estaria ainda relacionada
modificada passiva um aumento de lores citados pelo autor. com a deterioração das membranas dos
aproximadamente 17,0% no sexto dia, A conversão de amido em açúcares amiloplastos (OHAD et al., 1971), fa-
com subseqüente retorno aos patamares parece ser reversível (ISHERWOOD, vorecendo a ação da enzima
iniciais (Figura 3a). 1973). Entretanto, o aumento nos teo- amidofosforilase sobre o amido (FON-
A maior concentração de açúcares res de amido encontrados no presente TES; FINGER, 2000).
solúveis totais foi encontrada nas bata- experimento parece estar mais relacio- A inibição da conversão do amido
tas armazenadas sob atmosfera modifi- nado com a perda d’água sofrida pelos em açúcares pela presença de CO2 já foi
cada ativa, com valor inicial de 14,84g tubérculos, constatada pela umidade observada, assim como o aumento na
kg-1 MF, que se reduziu, até o último dia superficial crescente do produto após a síntese de amido e mudanças na ativi-
de avaliação, em aproximadamente centrifugação e durante o dade metabólica após a injúria aos tu-
40,0%, igualando-se aos demais trata- armazenamento. De acordo com bérculos (SMITH, 1977). Isto poderia
mentos. No nono dia de armazenamento Nourian et al. (2003), a degradação do explicar, parcialmente, o maior teor de
observou-se que batatas tratadas com amido ocorre rapidamente com a dimi- amido em batatas armazenadas sob at-
2% de ácido cítrico possuíam o maior nuição da temperatura, enquanto a va- mosfera modificada ativa, com 10% de
teor de açúcares solúveis totais, único riação dos açúcares totais e redutores CO 2 e 2% de O 2 no dia do
que não sofreu imersão em ácido está diretamente relacionada com o tem- processamento, em comparação aos de-
eritrórbico. po de armazenamento. As condições de mais tratamentos, embalados sob atmos-
O teor de amido avaliado nas bata- baixa temperatura resultam em acúmulo fera modificada passiva. De acordo com
tas minimamente processadas sofreu au- de ATP no tecido de batata e acarretam Pressey (1969), a atividade da sacarose
mento ou manutenção de seus valores a ativação da via alternativa, conhecida sintetase, importante enzima envolvida
dependendo do tratamento em questão como alternativa oxidse, que diminui os na síntese do amido, é maior em tubér-
(Figura 3b). Segundo Borgstrom (1946), níveis de ATP e, simultaneamente, culos jovens de batata, em que se inclu-
os teores de amido encontrados na ma- incrementa as concentrações de em fisiologicamente tubérculos da clas-
téria fresca de batata variam de 90 a 180 sacarose, provavelmente via fosforilase sificação “primeirinha”. Apesar da pro-
g kg-1 MF sendo influenciados por va- (ISHERWOOD, 1973). A sacarose tor- vável distorção provocada pela perda de
riáveis como cultivar, época do ano, na-se o substrato da invertase ácida água, pode-se perceber um processo de
temperatura e tempo de armazenamento, vacuolar, que originará o acúmulo de degradação do amido nas batatas sub-
entre outros (NOURIAN et al., 2003). açúcares redutores (DUPLESSIS et al., metidas ao tratamento com 2% de áci-

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 997


L. L. O. Pineli et al.

do cítrico, evidenciando após o terceiro do com a cultivar, com as práticas agrí- estresse provocado pelo processamento
dia uma degradação aparente de 21,0%. colas, colheita e condições de mínimo (TUDELA et al., 2003). Além
O tratamento sob atmosfera modifi- armazenamento. O teor de vitamina C disso, o aumento da atividade respira-
cada ativa indicou redução nos teores de encontrado neste experimento em bata- tória provocado pelo processamento
amido do sexto ao nono dia, com altera- tas intactas da cultivar Ágata, classifi- mínimo leva à degradação do amido,
ção de 20,7%. Os demais tratamentos não cação “primeirinha”, foi de 220,9 mg kg-1 com acúmulo de glicose, substrato re-
apresentaram degradação de amido, mas MF, dentro do intervalo proposto pelo querido no processo de síntese de
estabilização ou acúmulo, podendo estar autor. Os valores encontrados em bata- ascorbato (NOCTOR; FOYER, 1998).
relacionado com ocorrência de maior tas minimamente processadas, tratadas Prasanna et al. (2000) observaram
perda d’água, ou menor degradação do com antioxidantes, situaram-se acima que o pico respiratório ou climatérico
amido nestas condições, de forma que deste intervalo. em maçãs durante o amadurecimento
não seja capaz de sobrepor o efeito da Verificou-se que no dia do coincide com seu teor máximo de ácido
desidratação em nenhum dos tempos ava- processamento todos os tratamentos di- ascórbico, o que reforça uma possível
liados ou com processos de síntese de feriam entre si, sendo que batatas arma- correlação entre degradação do amido,
amido, conforme discutido. zenadas sob atmosfera modificada ati- aumento dos açúcares totais e síntese de
A maior degradação do amido em va apresentavam o maior teor de vita- ascorbato. Comportamento semelhante
batatas tratadas com ácido cítrico está mina C (587,14 mg Kg-1 MF), seguin- foi observado para tubérculos tratados
em consonância com o crescimento do do-se o tratamento com combinação de com 2% de ácido cítrico, que a partir do
teor de açúcares solúveis totais verifi- antioxidantes armazenado sob atmosfe- terceiro dia de armazenamento apresen-
cado para este tratamento, sendo possí- ra passiva (524,07 mg kg-1 MF), trata- tou redução nos teores de amido e au-
vel estabelecer correlações similares mento com 3% de ácido eritrórbico mento nos teores de açúcares solúveis
entre os resultados das Figuras 3a e 3b (437,76 mg kg-1 MF) e 2% de ácido cí- totais e na vitamina C total, simultanea-
para o tratamento com ácido eritrórbico trico (323,55 mg kg-1 MF). Batatas tra- mente (Figuras 3 e 4).
3%. Batatas submetidas ao tadas com a combinação de O teor de vitamina C em um alimen-
armazenamento sob atmosfera modifi- antioxidantes e armazenadas sob atmos- to deve incluir os teores de ácido
cada ativa tiveram aumento no teor de fera modificada ativa sofreram redução ascórbico e deidroascórbico, uma vez
amido até o sexto dia, a partir do qual nos teores de vitamina C total ao tercei- esta última forma pode ser facilmente
se observou redução de 20,2% até o ro dia de armazenamento, com poste- convertida na primeira no organismo
nono dia. Sugere-se para melhor ava- rior acúmulo até o nono dia. Os trata- humano. O ácido deidroascórbico pode
liação desta variável a determinação do mentos com antioxidantes isolados, 2% ser oxidado irreversivelmente a ácido
teor de amido sobre a matéria seca ao de ácido cítrico e 3% de ácido dicetogulônico, sem qualquer atividade
longo do armazenamento, ou, alternati- eritrórbico, também apresentaram de vitamina C (PARVIAINEN;
vamente, o acompanhamento da maté- acúmulo de vitamina C com o tempo, NYYSSONEN, 1992), o que significa-
ria seca do produto, ou determinação da com aumento de até 16,0% em seus teo- ria na prática a perda de valor
perda d’água por métodos res (Figura 4). O tratamento onde se nutricional. A oxidação do ascorbato
gravimétricos, o que possibilitaria uma combinou os antioxidantes sob atmos- pela ascorbato oxidase aumenta em con-
associação com os resultados indicados fera modificada passiva foi o único que dições de estresse, exposição a
na Figura 3b. apresentou diminuição da vitamina C patógenos, altas temperaturas, íons me-
Vitamina C Total total (14,5%), mas ainda assim perma- tálicos e agentes químicos (LEE;
O teor de vitamina C total também neceu com valor 2,3 vezes superior ao KADER, 2000). Portanto, o teor de vi-
foi influenciado pela adição de das batatas intactas. tamina C em batatas minimamente pro-
antioxidantes aos tubérculos (Figura 4). Batatas minimamente processadas cessadas é resultante de processos
O ácido eritrórbico é isômero do ácido são capazes de reter, total ou parcial- biossintéticos e degradativos que ocor-
ascórbico e pode ter causado alguma mente, seu teor inicial de vitamina C, rem simultaneamente.
distorção na análise de vitamina C to- considerando que as perdas decorrentes No estudo apresentado, deve-se con-
tal. Observa-se que a curva com menor de processos de oxidação são compen- siderar a possibilidade da ocorrência de
concentração de vitamina C total é a dos sadas pelo aumento na biossíntese de síntese de ascorbato em resposta ao
tubérculos tratados com 2% de ácido ácido ascórbico (TUDELA et al., 2002). estresse oxidativo e ao efeito da aplica-
cítrico, única que não sofreu imersão em Esse aumento pode estar correlacionado ção de antioxidantes na determinação da
ácido eritrórbico. Além disso, a adição com a maior atividade da enzima L- vitamina C total. Vale ressaltar que o
de antioxidantes pode prevenir a oxida- galactono-g-lactona dehidrogenase método empregado para análise desta
ção da vitamina C presente naturalmente (GLDH) em tecidos de batata injuria- variável refere-se a materiais com teo-
na batata. dos, a qual catalisa o passo final da res baixos de vitamina C (50-400 mg
De acordo com Davey et al. (2000), biossíntese de ácido ascórbico (OBA et kg-1 MF), não sendo adequado para fon-
batatas apresentam teores de vitamina al., 1994) e poderia ser resultado da tes mais ricas do nutriente. Como alguns
C que variam entre 100 e 300 mg kg-1 maior necessidade de poder antioxidante tratamentos ultrapassaram os valores
MF. Estes valores podem variar de acor- em nível celular para fazer frente ao recomendados, outros métodos devem

998 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz o escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas

ser utilizados para confirmação dos resul- ARAÚJO, J.M. Química de Alimentos – Teoria e NOCTOR, G; FOYER, CH. Ascorbate and
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Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 999


KARASAWA, M.; RODRIGUES, R.; SUDRÉ, C.P.; SILVA, M.P.; RIVA, E.M.; AMARAL JÚNIOR, A.T. Aplicação de métodos de agrupamento na
quantificação da divergência genética entre acessos de tomateiro. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.1000-1005, out-dez 2005.

Aplicação de métodos de agrupamento na quantificação da divergência


genética entre acessos de tomateiro1
Mina Karasawa; Rosana Rodrigues; Cláudia P. Sudré; Marlon P. da Silva; Elaine M. Riva; Antônio T. do
Amaral Júnior
2
UENF/CCTA/LMGV, Av. Alberto Lamego, 2000, Parque Califórnia, 28013-600, Campos dos Goytacazes-RJ; E-mail: rosana@uenf.br

RESUMO ABSTRACT
A quantificação da divergência genética entre acessos de ban- Cluster analysis in quantifying genetic divergence in tomato
cos de germoplasma baseada em descritores permite a indicação de accessions
potenciais genitores a serem utilizados em programas de melhora- The quantification of the genetic divergence among accessions
mento, entre outros resultados de interesse para o melhorista. Para in a germplasm bank, based on descriptors for characterization, allows
estudos de divergência genética, a análise multivariada, incluindo us to indicate promising parentals that can be used in breeding
os métodos de aglomeração, tem sido amplamente empregada. Este programs. In order to study the genetic divergence, multivariate
trabalho teve como objetivos caracterizar e quantificar a divergên- analysis, including cluster methods has been used. The genetic
cia genética entre acessos de tomateiro, por meio de métodos de divergence among tomato accessions was characterized and
agrupamento. O experimento foi conduzido em 2001, em Campos quantified, using cluster analysis. The experiment was carried out in
dos Goytacazes, RJ., em condições de campo. Utilizou-se o delinea- 2001, in Rio de Janeiro State, Brazil, in field conditions. A
mento experimental de blocos casualizados com 70 acessos, três randomized block design was used, with 70 accessions, three
repetições e 16 plantas por parcela. Vinte descritores de caracteriza- replications and 16 plants per plot. Twenty characterization and five
ção e cinco de avaliação foram considerados. Houve diferença sig- evaluation descriptors were considered. There was significant
nificativa entre os acessos para número total, peso total, número difference among accessions for total number of fruits, total weight
médio, e peso médio de frutos; comprimento e diâmetro do fruto; of fruits, mean number of fruits, mean weight of fruits, fruit length,
número de dias para germinação; número de dias para frutificação; fruit diameter, number of days for germination, days for fruit set,
número de flores por inflorescência; teor de sólidos solúveis; núme- number of flowers per inflorescence, solid solubles, number of locules
ro de lóculos e número de dias para florescimento, indicando a pre- and days for flowering indicating the presence of genetic variability
sença de variabilidade entre os acessos. O agrupamento pelo Méto- among accessions. Nearest neighbor method detected two groups,
do Hierárquico do Vizinho Mais Próximo, detectou a formação de based on number of days for germination. Group 1 was formed by
dois grupos, baseado no número de dias para germinação. O grupo 1 accessions with germination in 10 days while group 2 included
reuniu os acessos com germinação em 10 dias e o grupo 2 foi com- accessions that germinated in seven days. Subgrouping from groups
posto pelos acessos que germinaram em sete dias. O subagrupamento 1 and 2 detected seven and five subgroups for each group,
dos grupos 1 e 2 permitiu a detecção de sete subgrupos no grupo 1 e respectively. Based on Tocher Method, ten groups were formed with
cinco subgrupos no grupo 2. O Método de Otimização de Tocher agreement between Tocher and Nearest Neighbor.
possibilitou a formação de dez grupos, concordantes com os
subgrupos obtidos pelo método do Vizinho mais Próximo.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, análise multivariada, ca- Keywords: Lycopersicon esculentum, multivariate analysis,
racterização de germoplasma, recursos genéticos, pré-melhoramento. germplasm characterization, genetic resources, pre-breeding.

(Recebido para publicação em 1 de abril de 2005 e aceito em 16 de setembro de 2005)

O estudo da diversidade genética en-


tre acessos de bancos de
germoplasma fornece informações de
híbridas, como ocorre em dialelos
(COIMBRA et al., 2001).
O conhecimento do grau de variabi-
da e maior probabilidade de recupera-
ção de segregantes superiores em gera-
ções avançadas (AMARAL JÚNIOR;
potenciais genitores a serem utilizados lidade genética, por meio dos estudos THIÉBAUT, 1999; CRUZ; REGAZZI,
em programas de melhoramento, além de divergência, torna-se vantajosa no 2001).
do fato de que a própria caracterização processo de identificação de novas fon- Para estudos de divergência genéti-
dos acessos possibilita a identificação tes de genes de interesse (AMARAL ca, a técnica de análise multivariada
de duplicatas e o intercâmbio de JÚNIOR; THIÉBAUT, 1999). Outra (componentes principais, variáveis
germoplasma entre pesquisadores. A vantgem é o fato de que, por meio da canônicas e métodos de aglomeração)
forma preditiva de determinar a diver- diversidade genética, pode-se indicar tem sido empregada tanto para caracte-
gência genética apresenta como princi- progenitores geneticamente distantes rísticas expressas por variáveis quanti-
pal vantagem o fato de não ser necessá- para cruzamentos onde se procure ob- tativas quanto qualitativas, as quais são
ria a obtenção prévia de combinações ter o efeito heterótico na geração híbri- comumente utilizadas em caracteriza-

1
Parte da tese apresentada pela primeira autora para obtenção do título de Doutor em Produção Vegetal na UENF em 2005

1000 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Aplicação de métodos de agrupamento na quantificação da divergência genética entre acessos de tomateiro

ções/avaliações em bancos de realizada pela Embrapa Hortaliças por Com base na recomendação do
germoplasma. O critério utilizado para meio de 38 descritores do IPGRI, contem- IPGRI (1996), os descritores de carac-
a escolha do método multivariado de- plando caracteres da planta e do fruto. As terização utilizados foram peso total e
pende do conjunto de dados, da análise informações provenientes da caracteriza- peso médio dos frutos; número total e
a ser realizada e qual a precisão ção foram lançadas em bancos de dados número médio de frutos; diâmetro e
requerida (CRUZ; REGAZZI, 2001). computadorizados (“Professional File comprimento dos frutos, e número de
A variabilidade genética existente no System”), os quais têm permitido a recu- lóculos por fruto. O descritor número
gênero Lycopersicon tem possibilitado peração de qualquer conjunto de informa- de dias para germinação, apesar de não
o desenvolvimento de cultivares que ções de modo simples e eficiente (CAR- constar na lista do IPGRI, foi incluído
atendem às mais diversas demandas do VALHO et al., 1999). na caracterização.
mercado de tomate para processamento Este trabalho teve como objetivos Como descritores de avaliação fo-
e para consumo in natura caracterizar 70 acessos que compõem o ram considerados: número de dias para
(AGRIANUAL, 2002). No entanto, Banco de Germoplasma de o florescimento; número de dias para
anos de cultivo e seleção por melhoristas Lycopersicon esculentum da Universi- frutificação; número de flores por
têm reduzido os níveis de variação nos dade Estadual do Norte Fluminense inflorescência; e teor de sólidos solúveis
germoplamas elite. Esta premissa é ver- Darcy Ribeiro, utilizando 27 descritores (medido em ºBrix, com auxílio de
dadeira para plantas autógamas, as quais do IPGRI (International Plant Genetic refratômetro).
possuem base genética mais estreita. Por Resources Institute), e quantificar a di- Realizou-se a análise de variância
exemplo, um estudo do polimorfismo de vergência genética entre os mesmos, por univariada e, para o estudo da divergên-
diversas variedades de tomate demons- meio de métodos de agrupamento. cia genética entre os acessos, foram
trou que existem menos de 5% de va- empregadas as Análises Multivariadas
riação genética disponível em cruza- MATERIAL E MÉTODOS por meio de Métodos de Agrupamento.
mentos compatíveis com variedades lo- Para tanto, foi utilizada a Distância Ge-
cais e espécies silvestres (MILLER; A pesquisa foi desenvolvida na neralizada de Mahalanobis como medi-
TANKSLEY, 1990). A maioria das va- UENF, localizada a 21º 45’ de latitude da de dissimilaridade e, para a obten-
riedades elite são mais semelhantes do sul, 41º 18’ de longitude oeste e 11 metros ção dos grupos, utilizou-se o Método
que as novas fontes de germoplasmas de altitude, no município de Campos dos Hierárquico do Vizinho Mais Próximo
que estão sendo exploradas (FULTON Goytacazes, norte do Estado do Rio de e o Método de Otimização de Tocher.
et al., 1997). Janeiro, durante o ano de 2001. As análises foram conduzidas utilizan-
Estudos com tomate (Lycopersicum Os acessos de tomateiro do-se os recursos computacionais do
esculentum L.) e pimentão (Capsicum (Lycopersicon esculentum L.) do Ban- programa GENES (CRUZ, 2001), se-
annuum L.), utilizando as técnicas de co de Germoplasma da UENF, utiliza- guindo-se os modelos descritos por Cruz
análise multivariada para quantificar a dos neste trabalho, foram cedidos pela e Regazzi (2001).
divergência genética, apresentaram con- Empresa de Pesquisa Agropecuária do
cordância satisfatória entre as combina- Estado do Rio de Janeiro (PESAGRO- RESULTADOS E DISCUSSÃO
ções divergentes e os híbridos superio- RIO), como parte do Banco Ativo de
res (MALUF et al., 1983; MIRANDA Germoplama (BAG) de tomateiro man- As análises de variâncias univariadas
et al., 1988). Trabalhando com tido pela referida instituição na Estação revelaram diferenças significativas entre
Capsicum spp., Sudré et al. (2005) de- as médias dos acessos em nível de 1% de
Experimental de Itaguaí.
monstraram ser possível quantificar a probabilidade, pelo teste F, para número
divergência genética com base em A semeadura foi realizada em ban-
dejas de plástico, e, após a germinação, total de frutos (NTF), peso total de frutos
caracteres morfoagronômicos. (PTF), número médio de frutos (NMF),
as plântulas foram transferidas para ban-
Estudos da dissimilaridade de 34 peso médio de frutos (PMF), comprimento
dejas de poliestireno com 128 células,
acessos de tomateiro, utilizando as ca- do fruto (COM), diâmetro do fruto (DIA),
contendo substrato para a produção de
racterísticas da fase vegetativa e de pro- número de dias para germinação (DGE),
mudas. As plantas no estádio de três a
dução permitiram, pelo método de número de dias para frutificação (DFR),
Tocher, verificar a consistência dos gru- quatro folhas verdadeiras, foram trans-
número de flores por inflorescência (NFI),
pos formados, gerando 12 classes dife- plantadas para o campo.
teor de sólidos solúveis (TSS) e número
rentes. Os dois primeiros componentes Utilizou-se o delineamento experi- de lóculos por fruto (LOC). Número de
principais foram suficientes para expli- mental em blocos casualizados conten- dias para o florescimento (DFL) apresen-
car cerca de 86% da variação total dis- do 70 acessos, três repetições e 16 plan- tou diferença significativa em nível de 5%
ponível entre os acessos. As caracterís- tas por parcela. O plantio foi estabele- de probabilidade pelo teste F. Estes resul-
ticas menos importantes foram número cido em fileiras duplas, espaçadas de 1,2 tados indicam, para todas as característi-
de folhas definitivas e diâmetro do m entre linhas e 0,50 m entre plantas. cas, a presença de variabilidade entre os
hipocótilo (MARIM et al., 2002). Tratos culturais recomendados para a acessos.
No Brasil, a caracterização cultura foram realizados de acordo com A análise de agrupamento pelo Mé-
morfológica de Lycopersicon spp. foi Filgueira (2000). todo Hierárquico do Vizinho Mais Pró-

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1001


M. Karasawa et al.

peso médio aproximado de 45 g e diâ-


metro de 51,16 mm.
O acesso UENF154 formou o
subgrupo 1.3, produzindo uma média de
44 frutos triloculados, redondos, de ta-
manho pequeno, com peso médio de
24,38 g, 46,52 mm de diâmetro e
frutificação em 107 dias.
Apenas o acesso UENF196 consti-
tuiu o subgrupo 1.4, com média de 06
frutos de tamanho intermediário,
multiloculados, peso médio de 75,03 g,
diâmetro de 57,69 mm e frutificação em
102 dias.
O subgrupo 1.5 constituiu-se pelo
acesso UENF197, que produziu frutos
multiloculados, de tamanho intermediá-
rio, com peso médio de 89 g, e diâme-
tro de 60,84 mm.
O subgrupo 1.6 foi composto pelo
acesso UENF157, o qual produziu em
média 21 frutos biloculados, de tama-
nho pequeno, apresentando peso médio
de 27,40 g, diâmetro de 36,90 mm e 97
dias para frutificação.
O acesso UENF165 ficou isolado no
Figura 1. Dendrograma de dissimilaridades genéticas entre 70 genótipos de tomateiro, ob- subgrupo 1.7, revelando elevada produ-
tido pelo método “Hierárquico do Vizinho mais Próximo”, com base em 12 características
ção média de frutos (70 frutos),
quantitativas. Campos dos Goytacazes, UENF, 2001.
biloculados, de tamanho pequeno, com
baixo peso médio (9,86 g), diâmetro de
ximo, baseada na distância generaliza- de elevada magnitude, justifica-se o 29,66 mm e frutificação em 98 dias.
da de Mahalanobis, é subjetiva e pode subagrupamento (ABREU et al., 2004). No grupo 2 (Figura 3), formaram-se
gerar alguma dificuldade na tomada de Com a finalidade de se obter maio- cinco subgrupos (2.1, 2.2, 2.3, 2.4 e 2.5).
decisão quanto ao número de grupos res informações a respeito dos acessos, O subgrupo 2.1 constituiu-se pelo maior
gerados, pois não há um critério defini- distribuídos conforme o número de dias número de acessos, totalizando 26
do para determiná-los, e qualquer para germinação, realizaram-se novas genótipos, os quais apresentaram uma
inferência rígida sobre este número pode análises de agrupamento dentro de cada ampla faixa na produção média de frutos,
não ser produtiva. Por outro lado, a fá- grupo, com corte aproximado de 55%, compreendendo valores entre 13 a 75 fru-
cil interpretação e simplicidade são im- proporcionando a obtenção de novos tos bi e multiloculados, de tamanho pe-
portantes nas análises dos dados. Alguns subgrupos (Figuras 2 e 3). queno, com diâmetro variando de 26 a 49
pesquisadores sugerem o estabelecimen- mm e frutificação entre 91 a 107 dias.
Observa-se no dendrograma obtido
to de um exame visual de pontos onde para o grupo 1 (Figura 2), a formação Dentro do subgrupo 2.2, o acesso
ocorram altas mudanças de níveis, pos- de sete subgrupos (1.1, 1.2, 1.3, 1.4, 1.5, UENF161, único representante, produ-
sibilitando a delimitação dos grupos 1.6 e 1.7). O subgrupo 1.1 registrou o ziu frutos multiloculares, de tamanho
(CRUZ, 1990). maior número de acessos, perfazendo intermediário, com 50,8 mm de diâme-
Realizando-se o corte do um total de 34 genótipos, os quais pro- tro e frutificação em 105 dias. O acesso
dendrograma (Figura 1) considerando duziram frutos de tamanho pequeno a UENF210, presente no subgrupo 2.3,
55% de dissimilaridade, detectou-se a intermediário, bi e multiloculados, com produziu 107 frutos de tamanho peque-
formação de dois grupos. No grupo 1, variação entre 06 e 52 frutos, peso mé- no, multiloculados, com diâmetro mé-
estão os acessos com germinação em 10 dio de 11 a 65 g, diâmetro de 25 a 56 dio de 46,61 mm e 103 dias para
dias e, no grupo 2, os acessos com sete mm e 61 a 114 dias para frutificação. frutificação.
dias para germinar. O subgrupo 1.2 foi representado ape- Representado pelo acesso
A técnica de agrupamento minimiza nas pelo acesso UENF211, que produ- UENF155, o subgrupo 2.4 teve produ-
a variabilidade dentro do grupo. Entre- ziu uma média de 08 frutos ção de frutos pequenos, triloculados,
tanto, se a estimativa de distância entre multiloculados, com tamanho de 31 mm com diâmetro de 25,72 mm e 92 dias
pares de indivíduos dentro do grupo é de comprimento e 51 de diâmetro, com para frutificação. No subgrupo 2.5, com-

1002 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Aplicação de métodos de agrupamento na quantificação da divergência genética entre acessos de tomateiro

posto pelo acesso UENF208, registrou-


se a produção de frutos pequenos,
multiloculados, com diâmetro chegan-
do a 47 mm e frutificação em 108 dias.
Conforme Abreu et al. (2002), aces-
sos alocados nos últimos grupos, quan-
do comparados com os primeiros gru-
pos, revelam maior divergência, sendo
possível sua utilização em programas de
cruzamentos entre grupos mais produ-
tivos.
A análise de agrupamentos pelo Mé-
todo de Otimização de Tocher possibili-
tou a formação de onze grupos. O grupo
I englobou o maior número de genótipos,
totalizando 30 acessos, com germinação
em 10 dias, produção entre 09 e 52 fru- Figura 2. Dendrograma de dissimilaridades genéticas entre 40 genótipos de tomateiro com
tos bi e multiloculados, peso médio de 10 dias para germinação, obtido pelo método “Hierárquico do Vizinho mais Próximo”, com
11 a 53 g e diâmetro de 25 a 55 mm. base em 11 características quantitativas. Campos dos Goytacazes, UENF, 2001.
O grupo II foi representado por 22
acessos, os quais tiveram germinação
com sete dias, número total de frutos
variando entre 13 e 74 frutos, bi, tri e
multiloculados, peso médio de 13 a 41
g e 36 a 49 mm de diâmetro.
O grupo III foi composto pelos aces-
sos UENF201, UENF202 e UENF160,
que germinaram com sete dias, produ-
ziram de 44 a 61 frutos com fenótipo
biloculado, com 10 a 13 g de peso mé-
dio e diâmetro de 26 a 33 mm.
Os acessos UENF178, UENF180,
UENF197 e UENF196, do grupo IV,
germinaram com 10 dias, produziram
frutos com peso médio variando entre
37 a 89 g, multiloculados e com 47 a 61 Figura 3. Dendrograma de dissimilaridades genéticas entre 30 genótipos de tomateiro com
mm de diâmetro. sete dias para germinação, obtido pelo método “Hierárquico do Vizinho mais Próximo”,
O grupo V foi composto pelos aces- com base em 11 características quantitativas. Campos dos Goytacazes, UENF, 2001.
sos UENF161, UENF210 e UENF208,
que apresentaram sete dias para germi-
nação, frutos multiloculados, com peso O acesso UENF157 único compo- dias, produção média de 90 frutos
nente do grupo VIII germinou com 10 biloculados, com peso médio de 7,56 g
médio de 25 a 52 g e diâmetro variando
dias, produziu em média 21 frutos e diâmetro de 25,72 mm.
entre 47,40 e 52,63 mm.
triloculados por planta, com peso mé- Comparando-se a formação dos grupos
O grupo VI constituiu-se pelos aces- dio de 27,40 g e 36,90 mm de diâmetro. pelos métodos Vizinho Mais Próximo (Fi-
sos UENF211 e UENF224, representan- O acesso UENF165 apresentou-se gura 1) e Tocher (Tabela 1), observa-se que
do os genótipos que germinaram com no grupo IX, expressando germinação o grupo I do Vizinho Mais Próximo, obti-
10 dias, de frutos multiloculados e que com 10 dias, produção média de 70 fru- do pelo agrupamento dos acessos que apre-
produziram, respectivamente, 08 e 11 tos biloculares, com peso médio de 9,86 sentaram 10 dias para germinação, envol-
frutos por planta, com peso de 44,88 e g e diâmetro de 26,96 mm. ve os grupos I, IV, VI, VII, VIII e IX, gera-
64,62 g e diâmetro de 51,16 e 55,98 mm. O grupo X, composto pelo acesso dos pelo método de Tocher. Por outro lado,
Os acessos UENF154 e UENF179, UENF215, germinou com oito dias, pro- o grupo II, referente aos acessos com ger-
que compõem o grupo VII, germinaram duziu em média 22 frutos por planta, minação obtida em sete dias, envolve os
com 10 dias, produziram 44 e 17 frutos com 39 mm de comprimento, 47 mm demais grupos obtidos pelo método de
biloculados com peso médio de 24,38 e de diâmetro e quatro lóculos. Tocher, quais sejam: II, III, V e X.
34,17 g e 46,52 e 42,38 mm de diâme- O acesso UENF155, representante Analisando-se os subgrupos obtidos
tro, respectivamente. do grupo XI, teve germinação com sete pelo método do Vizinho Mais Próximo,

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1003


M. Karasawa et al.

Tabela 1. Grupos estabelecidos pelo Método de Otimização de Tocher, com base em 12 Janeiro (PESAGRO-RIO) pela cessão
características quantitativas avaliadas em 70 genótipos de tomateiro. Campos dos Goytacazes, das sementes dos acessos utilizados nes-
UENF, 2001. te trabalho e à FAPERJ pela concessão
Grupos Acessos da bolsa para a primeira autora do tra-
UENF104, UENF168, UENF188, UENF221, UENF174, UENF182, UENF222, balho.
UENF159, UENF166, UENF206, UENF175, UENF216, UENF156, UENF140,
I UENF187, UENF217, UENF209, UENF218, UENF200, UENF225, UENF163,
UENF223, UENF181, UENF191, UENF170, UENF184, UENF213, UENF190,
LITERATURA CITADA
UENF210b, UENF198
UENF172, UENF219, UENF158, UENF204, UENF176, UENF205, UENF199, ABREU, F.B.; MARIM, B.G.; MANDELLI, M.S.;
UENF214, UENF203, UENF193, UENF164, UENF167, UENF171, UENF186, GUIMARÃES, M.A.; BELFORT, G.; SILVA,
II D.J.H. Divergência genética entre acessos de to-
UENF212, UENF162, UENF185, UENF195, UENF194, UENF169, UENF173,
UENF177 mateiro do Banco de Germoplasma de Hortaliças
da UFV, baseada em descritores de fruto.
III UENF201, UENF202, UENF160
Horticultura Brasileira, Brasília, v.20, n.2, jul.2002.
IV UENF178, UENF180, UENF197, UENF196 Suplemento 2. CD-ROM. Trabalho apresentado no
V UENF161,UENF210, UENF208 42º Congresso Brasileiro de Olericultura, 2002.
VI UENF211, UENF224 ABREU, F.B. LEAL, N.R.; RODRIGUES, R.;
VII UENF154, UENF179 AMARAL JR., A.T; SILVA, D.J.H. Divergência
genética entre acessos de feijão-de-vagem de cres-
VIII UENF157
cimento indeterminado. Horticultura Brasileira,
IX UENF165 Brasília, v.22, n.3, p.547–552, 2004.
X UENF215 AGRIANUAL 2002: Anuário da Agricultura Brasi-
XI UENF155 leira. São Paulo: FNP Consultoria & Comércio, 2002.
AMARAL JÚNIOR, A.T.; THIÉBAUT, J.T.L.
Análise multivariada na avaliação da diversida-
de em recursos genéticos vegetais. Campos dos
formados de acordo com 10 ou sete dias resultados expressos pela análise do Vi- Goytacazes - Universidade Estadual do Norte
para germinação, e o método de Tocher, zinho Mais Próximo, conferindo a for- Fluminense - UENF, CCTA, 55 p., 1999.
observa-se elevada semelhança na for- mação dos respectivos subgrupos 2.2, CARVALHO, S.I.C.; PESSOA, H.B.S.V.;
GIORDANO, L.B. Multiplicação, caracterização
mação de grupos. Visualiza-se, pela Fi- 2.3 e 2.5 (Figura 2). e conservação da coleção de germoplasma de to-
gura 2 e Tabela 1, que o subgrupo 1.1 Os dados obtidos revelaram eleva- mate (Lycopersicon spp.) da EMBRAPA HOR-
compreende os grupos I e VI de Tocher, da concordância na formação de grupos TALIÇAS. In: Simpósio de Recursos Genéticos
envolvendo também os acessos entre os acessos estudados, tanto pelo para América Latina e Caribe, 3., 1999, Londri-
UENF178 e UENF180 do grupo IV. na. Anais..., Londrina: Sirgealc. 1999.
método de Tocher quanto pelo Vizinho
COIMBRA, R.R., MIRANDA, G.V., MOREIRA,
Os subgrupos 1.2 e 1.4 Mais Próximo. Concordância entre mé- G.R., SILVA, D.J.H., CRUZ, C.D., CARNEIRO,
correspondem, respectivamente, aos todos de agrupamento foi verificada P.C.S., SOUZA, L.V., GUIMARÃES, L.J.M.,
acessos UENF197 e UENF196 (Figura para pimentas e pimentões (SUDRÉ et MARCASSO, R.C., CANIATO, F.F. Divergência
2), remanescentes do grupo IV (Tabela al., 2005), e feijão de vagem (ABREU genética de cultivares de milho baseada em
descritores qualitativos. In: Simpósio de Recur-
1). Já os acessos UENF154 e UENF157 et al., 2004).
sos Genéticos para América Latina e Caribe, 3.,
do grupo VII de Tocher (Tabela 1) fo- O método do Vizinho Mais Próxi- 2001, Londrina. Anais..., Londrina: Sirgealc. 2001.
ram configurados nos subgrupos 1.3 e mo possibilitou a formação de grupos, p. 401-402.
1.5, respectivamente. de acordo com o número de dias para CRUZ, C.D.; REGAZZI, A.J. Modelos
Completando os resultados envol- germinação. biométricos aplicados ao melhoramento Genéti-
co. Viçosa: UFV, 390 p., 2001.
vendo acessos com 10 dias para germi- Considerando-se que a análise CRUZ, C.D. Aplicação de algumas técnicas
nação, verificou-se que os subgrupos 1.6 multivariada possibilita a predição da multivariadas no melhoramento de plantas. 1990.
e 1.7, do Vizinho Mais Próximo (Figu- heterose, alguns cruzamentos podem ser 188 f. (Tese de Doutorado em Genética e Melho-
ra 2), compreendem os respectivos gru- sugeridos, seguindo-se o princípio de se ramento de Plantas) - Escola Superior de Agricul-
pos VIII e IX, presentes no método de tura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo,
cruzar os acessos mais distantes e com
Piracicaba.
Tocher (Tabela 1). melhores características agronômicas CRUZ, C.D. Programa Genes; versão windows;
Com relação ao subgrupo envolven- (SUDRÉ et al., 2005). Com base nos aplicativo computacional em genética e estatísti-
do acessos que apresentaram sete dias resultados obtidos neste trabalho, reco- ca. Viçosa: UFV, 2001. 648 p.
para germinação (Figura 3), registrou- mendam-se os cruzamentos entre os FILGUEIRA, F.A.R. Novo Manual de
se elevada similaridade em relação aos acessos UENF155 x UENF175 e UENF Olericultura: Agrotecnologia moderna na repro-
dução e comercialização de hortaliças. Viçosa:
dados obtidos por Tocher (Tabela 1), 155 x UENF222. UFV, 2000; 402 p.
sendo que o subgrupo 2.1 envolveu os FULTON, T.M.; NELSON, J.C.; TANSKLEY,
grupos II e III, enquanto o grupo X foi AGRADECIMENTOS S.D. Introgression and DNA marker analysis of
representado pelo subgrupo 2.4. Lycopersicon peruvianum, a wild relative of the
cultivated tomato, into Lycopersicon esculentum,
Os acessos UENF161, UENF210 e Os autores agradecem a Dra. Maria followed through three successive backcross
UENF208, presentes no grupo V (Ta- Luíza de Araújo da Empresa de Pesqui- generations. Theoretical Applied Genetic, v.95,
bela 1), apresentaram-se isolados nos sa Agropecuária do Estado do Rio de n.5-6, p.895-902, 1997.

1004 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Aplicação de métodos de agrupamento na quantificação da divergência genética entre acessos de tomateiro

IPGRI. Decriptors for Tomato (Lycopersicon spp.) MILLER, J.; TANKSLEY, S. RFLP analysis of SUDRÉ, C.P.; RODRIGUES, R.; RIVA, E.M.;
Roma: Italy, 1996. 44 p. phylogenetic relationships and genetic variation KARASAWA, M.; AMARAL JÚNIOR, A.T. Di-
MALUF, W.R.; FERREIRA, P.E. Análise in the genus Lycopersicon. Theoretical Applied vergência genética entre acessos de pimenta e pi-
multivariada da divergência genética em feijão- Genetics, v.80, p.437-448, 1990. mentão utilizando técnicas multivariadas.
de-vagem (Phaseolus vulgaris L.). Horticultura MIRANDA, J.E.C., COSTA, C.P., CRUZ, C.D. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.1, p.22-
Brasileira, Brasília, v.1, n.2, p.31-34. 1983. Correlações genotípica, fenotípica e de ambiente 27, 2005.
MARIM, B.G.; ABREU, F.B.; SILVA, D.J.H.; entre caracteres de fruto e planta de pimentão.
SAMPAIO JÚNIOR, J.D.; GUIMARÃES, M.A.; Revista Brasileira de Genética, Ribeirão Preto,
LUCA, C.A.C. Dissimilaridade entre acessos de v.11, n.2, p.457-458, 1988.
tomateiro do Banco de Germoplasma de Hortali-
ças da UFV, utilizando características da fase
vegetativa e de produção. Horticultura Brasilei-
ra, Brasília, v.20, n.2, jul. 2002. Suplemento 2.
CD-ROM. Trabalho apresentado no 42º Congres-
so Brasileiro de Olericultura, 2002.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1005


página do horticultor
HABER, L.L.; LUZ, J.M.Q.; ARVATI DÓRO, L.F.; SANTOS, J.E. Diferentes concentrações de solução nutritiva para o cultivo de Mentha Piperita e Melissa
Officinalis. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.1006-1009, out-dez 2005.

Diferentes concentrações de solução nutritiva para o cultivo de Mentha


piperita e Melissa officinalis
Lenita L. Haber1; José Magno Q. Luz1; Luiz Fernando Arvati Dóro1; José Eduardo Santos2
1
UFU, ICA, C. Postal 593, 38400-902 Uberlândia-MG; E-mail: jmagno@ufu.com.br; lenitahaber@yahoo.com.br;
nandoadoro@yahoo.com.br; 2ILES, ULBRA, Itumbiara-GO

RESUMO ABSTRACT
Avaliou-se o desenvolvimento das espécies de plantas medici- Mentha piperita (peppermint) and Melissa officinalis (balm)
nais, aromáticas e condimentares Mentha piperita (hortelã-pimen- development in different concentrations of nutritive solution
ta) e Melissa officinalis (melissa) em diversas concentrações de so- The development of two medicinal, aromatic and condimentar
lução nutritiva em sistema hidropônico NFT. Os experimentos fo- species, Mentha piperita (peppermint) and Melissa officinalis (balm)
ram implementados em ambiente protegido sendo as espécies was evaluated in different concentrations of nutritive solution in a
semeadas em espuma fenólica com dimensões de 2,5x2,5x3 cm, com NFT hidroponic system of cultivation. Three seeds of these two species
3 sementes por cubo, irrigadas diariamente com água até a germina- were sowed on a fenolical spume (2,5x2,5x3 cm), and irrigated daily
ção e, posteriormente com solução nutritiva diluída em 50%. Após with water up to the germination and later with a nutrient solution
15 dias para a melissa e 16 dias para a hortelã-pimenta, as mudas diluted to 50%. After a period of 15 and 16 days for balm and
foram transferidas para as bancadas de desenvolvimento onde rece- peppermint, respectively, seedlings were transferred to the development
beram solução nutritiva diluída em 75% por 12 dias, sendo as mu- workbenches made with polypropylene channels and received the
das posteriormente transplantadas para as bancadas de cultivo onde nutrient solution diluted to 75% during 12 days. After this period,
foram submetidas às concentrações da solução nutritiva até o mo- plants were transferred to cultivation on workbenches with different
mento da colheita. O delineamento experimental utilizado foi intei- concentrations of nutritive solution until the harvest. The experimental
ramente casualizado, em esquema de parcelas subdivididas. As con- design was conducted completely randomized on split-splot scheme,
centrações da solução nutritiva (I – 50%, II – 75%, III – 100%, IV – the concentration of nutrient solution being (I - 50%, II - 75%, III -
125%) foram sorteadas nas parcelas e nas subparcelas avaliando-se 100%, IV - 125%) located on the plot and the position of plants in the
o efeito da posição das plantas nos perfis hidropônicos (I - inicial, II channels (I - initial, II - intermediary, III - final) on the subplot with a
- intermediária e III - final), totalizando 12 tratamentos, para cada total of three replications per treatment. A total of five plants was used
espécie. Cada posição continha 5 conjuntos de plantas sendo utili- in each position. The evaluated variables were plant height, number
zadas 3 repetições por tratamento. Foram avaliados a altura das plan- of leaves and buds, fresh and dry weight of leaves and roots. Analyzing
tas, número de folhas e brotos, peso fresco e seco, tanto da parte the position of plants in the channels it was possible to observe
aérea quanto de raiz. Com relação à posição das plantas nos perfis, significant interaction between treatments and in the number and leaves
foi observada interação significativa entre os tratamentos para nú- dry weight of balm and peppermint, respectively, the initial position
mero de folhas e peso seco para menta e melissa, respectivamente, being the best treatment in terms of plant growth. For balm were
onde a posição inicial revelou ser o melhor tratamento. Ainda para observed significant differences between the positions of plants in the
melissa foi observada diferença significativa entre as posições para channels in relation to plant height, root fresh weight and leaves fresh
altura das plantas, peso fresco de raiz e peso fresco e seco de folhas, and dry weight, with the initial position having the higher values,
com a posição inicial tendo os maiores valores, apesar de não diferir despite of having no significant differences when compared with the
significativamente da posição mediana. intermediary position.

Palavras-chave: Mentha piperita, Melissa officinalis, nutrição de Keywords: Mentha piperita, Melissa officinalis, plants nutrion,
plantas, hidroponia. hidropony.

(Recebido para publicação em 14 de fevereiro de 2005 e aceito em 3 de agosto de 2005)

O cultivo hidropônico de plantas no


Brasil tem crescido nos últimos
anos. No entanto, esta técnica ainda é
Os produtores de cultivos hidropônicos
vêm buscando novas alternativas para uso
em hidroponia, sendo as hortaliças folhosas
público consumidor. A crescente exigên-
cia dos principais mercados por produtos
de boa qualidade e de origem certificada,
pouco conhecida por parte dos agricul- e as espécies condimentares, aromáticas e produzidos sem agressões ao ambiente,
tores tradicionais, dificultando a adoção medicinais boa opção, principalmente em vêm oferecendo vantagens adicionais para
deste sistema de produção. Entretanto, função da demanda do mercado consumi- o uso de hidroponia, principalmente quan-
sabe-se que a técnica de cultivo dor por produtos livres de agrotóxicos. O do se cultivam plantas de interesse farma-
hidropônico é bastante promissora (JE- cultivo hidropônico sob cultivo protegido cêutico.
SUS FILHO, 2000) e deverá se expan- reduz muito o uso de agrotóxico oferecen- Segundo Maranca (1986) o gênero
dir nos próximos anos. do um produto de melhor qualidade para o Mentha, comumente conhecido como

1006 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Diferentes concentrações de solução nutritiva para o cultivo de Mentha piperita e Melissa officinalis

hortelãs, compreende espécies com ação


medicinal, sendo conhecidas, principal-
mente, pelo sabor característico e aro-
ma refrescante. Mentha piperita Linn.,
conhecida popularmente por hortelã-pi-
menta é uma erva vivaz ou perene, com
caule ramificado, contendo folhas opos-
tas pecioladas ovais e com margem
serrilhada, apresentando cor verde mais
escura na face superior da folha e mais
pálida na inferior. Matos (1998) cita essa
espécie como produtora de óleo essen-
cial rico em mentol, mentona e
mentofurano, sendo estes compostos
mais abundantes nas folhas. O óleo tem
propriedades antiespasmódica,
antiinflamatória, antiúlcera e antiviral,
sendo de grande importância econômi-
ca na indústria farmacêutica. Além do
Figura 1. Posição das plantas no perfil hidropônico. Uberlândia, UFU, 2002.
uso farmacêutico, que exige matéria pri-
ma de boa qualidade (SCHILCHER,
1988), o mentol destaca-se como maté- liente e reticuladas na face inferior canal correspondia a parte mais próxi-
ria prima importante na indústria de ta- (CORRÊA JUNIOR et al., 1991). ma da entrada da solução nutritiva (Fi-
baco e de produtos destinados à higiene gura 1). Foram utilizadas três repetições
De acordo com Tekel et al. (1997),
bucal e confeito. e cinco plantas em cada posição com um
as folhas secas de melissa são utiliza-
Plantas cultivadas em solução nutri- das para chá e condimento. O óleo es- total de 12 parcelas e 36 sub-parcelas.
tiva poderão apresentar rendimento de sencial das folhas é largamente utiliza- Utilizou-se a solução nutritiva (g/
óleo essencial até cinco vezes superior do pela indústria farmacêutica, por pos- 1000 L de solução), proposta por Furlani
aos encontrados em plantas conduzidas suir atividade antioxidativa, antibiótica, et al. (1999): nitrato de cálcio, 750; ni-
em cultivos convencionais. O teor de antifúngica, antibacteriana e sedativa. trato de potássio, 500; fosfato
mentol encontrado nas plantas oriundas Objetivou-se com o presente trabalho monoamônio (MAP), 150; sulfato de
do cultivo hidropônico é superior ao avaliar o desenvolvimento da hortelã- magnésio, 400; sulfato de cobre, 0,15;
encontrado em plantas cultivadas em pimenta e da melissa em diferentes con- sulfato de zinco, 0,50; sulfato de
solo, evidenciando que a maior ou me- centrações da solução nutritiva propos- manganês, 1,50; ácido bórico, 1,50;
nor disponibilidade de determinados ta por Furlani et al. (1999). molibdato de sódio, 0,15 e tenso-Fe®
nutrientes pode alterar rotas bioquími- (FeEDDHMA-6% Fe.), 30.
cas específicas, que, por sua vez, irão MATERIAL E MÉTODOS As duas espécies foram semeadas em
produzir componentes do óleo essencial placas de espuma fenólica e irrigadas
em proporções diferentes, resultando em Os experimentos foram instalados na com a solução nutritiva diluída em 50%.
óleos com qualidades distintas (MAIA, Universidade Federal de Uberlândia, de Aos 26 dias após a semeadura, as mudas
1998). Mairapetyan (1984 apud MAIA, 21/08/20 a 01/11/2002, em um túnel de foram transferidas para a bancada de de-
1998) mostrou que é possível a produ- vegetação de 5,5x21x3,5 m, com cober- senvolvimento sendo utilizada, nesta
ção de até cinco vezes mais óleo essen- tura superior de filme plástico agrícola fase, solução nutritiva diluída em 75%.
cial em cultivos com solução nutritiva com espessura de 150 micras. Lateral- As mudas permaneceram na banca-
do que na mesma área de solo, obten- mente o túnel era fechado com tela de da de desenvolvimento por um período
do-se óleo com até 60% de mentol, en- sombreamento de 50%. de 12 dias, quando foram transferidas
quanto as plantas cultivadas em solo para as bancadas de crescimento, e sub-
O delineamento utilizado para cada
produziram óleo com apenas 49% de metidas à irrigação com as quatro con-
experimento foi o inteiramente
mentol. centrações de solução nutritiva.
casualizado em esquema em parcelas
Conhecida popularmente por subdivididas. Avaliou-se nas parcelas o O ponto de colheita das plantas foi
melissa e/ou erva-cidreira verdadeira, efeito das concentrações da solução nu- determinado em função do tamanho co-
Melissa officinalis L., é uma planta her- tritiva (I - 50%; II - 75%; III - 100%; IV mercial. Neste estádio foram avaliadas
bácea anual, de caule ramificado a par- - 125%) utilizadas durante a fase de as características de altura de plantas,
tir da base, formando touceiras de 40 a crescimento e nas sub-parcelas o efeito número de folhas, número de brotos,
60 cm de diâmetro. As folhas grandes da posição da planta no perfil massa fresca e seca da parte aérea e raiz.
(5 a 8 cm) são pecioladas, de forma oval, hidropônico (I - inicial; II - intermediá- Os resultados obtidos foram submetidos
serrilhadas nas pontas, com nervura sa- ria e III – final). A posição inicial do à análise estatística de variância e poste-

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1007


L. L. Haber et al.

Resultados semelhantes a estes fo-


ram observados também na cultura da
alface, onde constatou-se que o peso
fresco da alface foi menor nos extremos
de condutividade elétrica (PEREIRA,
2002). Estes resultados evidenciam que
concentrações extremas (maior e menor
concentração) influenciam negativa-
mente o desenvolvimento, possivelmen-
te pela variação da pressão osmótica da
solução, que influencia na absorção de
nutrientes.
Somente para número de folhas foi
observada interação significativa entre
a posição das plantas nos canais de cul-
Figura 2. Crescimento das plantas de Mentha piperita nas diferentes concentrações da solu- tivo e as concentrações da solução, com
ção nutritiva proposta por Furlani et al. (1999). Uberlândia, UFU, 2002.
diferença significativa apenas na con-
centração de 50%, com a posição media-
na apresentando plantas com menor
Tabela 1. Médias das características avaliadas para a M. officinalis, submetidas a diferentes número médio de folhas. Estes resulta-
concentrações da solução nutritiva proposta por Furlani et al. (1999). Uberlândia, UFU, 2002.
dos ocorreram, provavelmente devido a
Altura (cm) PFR (g) PFPA (g) PSPA (g) um sombreamento ocasionado pelas
Inicial 31,66 a 81,12 a 84,73 a 3,66 a plantas de Melissa officinalis, afetando
Intermediária 31,43 a 76,58 a 71,87 ab 3,36 ab as plantas de hortelã-pimenta.
Final 27,64 b 59,73 b 62,50 b 2,81 b Para as demais características (peso
Média 30,24 72,48 73,03 3,28 fresco e seco de raiz, peso fresco e seco
CV (%) 8,138 16,292 16,900 16,395 de folhas, e número de brotos) não foi
PFR – Peso fresco da raiz; PFPA – Peso fresco da parte aérea; PSPA – Peso seco da parte observada diferença estatística signifi-
aérea; *Médias seguidas por letras distintas, na coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey cativa entre os tratamentos.
a 5% de probabilidade. Melissa
Para as características altura de plan-
tas, peso fresco e seco da parte aérea e
Tabela 2. Interação entre concentração da solução nutritiva e posição das plantas nos ca-
nais, para peso seco da raiz de plantas de melissa. Uberlândia, UFU, 2002. da raiz, houve influência da posição no
canal de cultivo. Em nenhuma das ca-
Concentração (%)
Posição racterísticas avaliadas ocorreu influên-
50 75 100 125
cia das concentrações da solução nutri-
Inicial 12,69 a 14,78 a 13,11 a 11,76 a
tiva, entretanto houve interação dessa
Intermediária 10,56 ab 8,63 b 11,96 ab 9,97 a
com a posição da planta no canal de
Final 7,67 b 13,91 a 8,50 b 8,83 a
cultivo para peso seco da raiz.
Média (g) 10,30 27,32 11,19 10,19
Analisando as características altura
*Médias seguidas por letras distintas, na coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey (Pd” 0,05). de plantas, peso fresco de raiz e peso
fresco e seco da parte aérea, observou-
se diferença significativa entre as posi-
riormente análise de regressão para as quando utilizaram-se concentrações de ções das plantas nos canais de cultivo
concentrações da solução nutritiva e tes- 75 e 100% (máximo em 85,61%), de- (Tabela 1), com melhor desempenho das
te de Tukey para as posições nos canais, crescendo a partir deste ponto. A con- plantas cultivadas na posição inicial, as
com auxílio do programa SANEST centração de 125% resultou em menor quais diferiram significativamente das
(ZONTA; MACHADO, 1984). altura. plantas cultivadas na posição final. Es-
Para alfavaca e cebolinha, nas mes- ses resultados refletem uma melhor ab-
RESULTADOS E DISCUSSÃO mas concentrações da solução nutritiva sorção de nutrientes da solução nutriti-
utilizada neste trabalho, Santos et al. va, pelas plantas localizadas no início
Hortelã-pimenta (2002a; 2002b) observaram que as con- dos canais.
Foram observadas diferenças esta- centrações de 50 e 125% proporciona- Quanto à interação entre as concen-
tisticamente significativas entre as con- ram a menor altura de plantas e a menor trações da solução nutritiva e a posição
centrações da solução nutritiva no que produção de matéria fresca de folhas, das plantas nos canais de cultivo para a
se refere à altura das plantas (Figura 2), respectivamente, com concentrações ex- matéria seca da raiz (Tabela 2), foram
com aumento significativo da altura tremas interferindo de maneira negativa. observadas nas concentrações de 50 e

1008 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Diferentes concentrações de solução nutritiva para o cultivo de Mentha piperita e Melissa officinalis

100%, diferenças significativas entre as desenvolvimento em todas as concen- MARANCA, G. Plantas aromáticas na alimen-
tação. São Paulo: Nobel, 1986.
posições inicial e final, com maior pro- trações.
MATOS, F.J.A. Farmácias vivas: sistema de uti-
dução de matéria seca na posição ini- Baseando-se nos resultados encon- lização de plantas medicinais projetado para pe-
cial, sendo que na concentração de 75% trados conclui-se que o cultivo de quenas comunidades. 3ed. Fortaleza: EUFC, 1998.
a posição intermediária apresentou a Melissa officinalis em sistema 2201 p.
menor produção de matéria seca, dife- hidropônico - NFT pode ser feito com a PEREIRA, C. Incidência de queima de bordos em
rindo significativamente das demais. Na alface cultivada em sistema hidropônico - NFT.
solução de Furlani et al. (1999), na con- 2002. 88 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade
concentração 125% não houve diferen- centração de 100% com ponto de co- de Agronomia e Medicina Veterinária, Universi-
ça entre as posições, provavelmente pelo lheita antecipado em relação ao campo, dade de Brasília, Brasília.
fato desse tratamento possuir maior con- porém com a altura da planta reduzida SANTOS, J.E.; LUZ, J.M.Q.; HABER, L.L.;
centração de nutrientes, reduzindo a a 30 cm. FURLANI, P.R.; BATISTA, A.M.; MARTINS,
competição entre plantas ao longo dos S.T. Diferentes concentrações de solução nutriti-
O cultivo de Mentha piperita pode va para a cultura da cebolinha (Allium fistulosum)
canais. Estes resultados podem ser ex-
ser feito com a solução de Furlani et al. em sistema de cultivo hidropônico. Horticultura
plicados de maneira semelhante aos Brasileira, Brasília, v.20, n.2, Suplemento 1, p.
observados para as características altu- (1999), na concentração reduzida a 85%,
300, Julho, 2002a.
ra de plantas, peso fresco e seco da par- com redução do ciclo da cultura em 20 SANTOS, J.E.; LUZ, J.M.Q.; HABER, L.L.;
te aérea, e peso fresco de raiz. dias, quando comparado às condições FURLANI, P.R.; BATISTA, A.M.; MARTINS,
de campo. Concentrações extremas, S.T.; SILVA, A.P.P. Diferentes concentrações de
Não foi observada diferença estatis- solução nutritiva para a cultura de alfavaca
como 50 e 125% da referida solução
ticamente significativa entre as diferen- (Ocimum basilicum) em sistema de cultivo
interferem negativamente no crescimen-
tes concentrações para a variável desen- hidropônico. Horticultura Brasileira, Brasília,
to de plantas de Mentha piperita, não v.20, n.2, Suplemento 1, p.358, Julho, 2002b.
volvimento das plantas. Schmidt et al.
sendo recomendadas para o seu cultivo. SCHMIDT, D.; SANTOS, O.S.;
(2001), avaliando o desempenho de di-
BONNECARRÈRE, R.A.G., MARIANI, O.A.
ferentes concentrações de soluções nu- MANFRON, P.A. Desempenho de soluções nu-
tritivas para o cultivo da alface, verifi- LITERATURA CITADA tritivas e cultivares de alface em hidroponia.
caram que não ocorreram diferenças sig- Horticultura Brasileira, Brasília, v.19, n.2, p.122-
CORRÊA JUNIOR, C.; MING, L.C.; 126, Julho, 2001.
nificativas entre as concentrações de 50
SCHEFFER, M.C. Cultivo de plantas medicinais, SCHILCHER, H. Quality requirements and
e 100% das soluções de Castellane e condimentares e aromáticas. Curitiba: EMATER- quality standards for medicinal, aromatic and
Araújo (1995) e Furlani (1995) no cul- PARANA, 1991. 151 p. spices plants. In: International Symposium on
tivo da alface. No cultivo da alfavaca, FURLANI, P.R.; SILVEIRA, L.C.P.; heavy metals and pesticides residues in medici-
realizado nas mesmas condições deste BOLONHEZI, D.; FAQUIM, V. Cultivo nal, aromatic and spice plants, Novi Sad, 1985.
hidropônico de plantas. Campinas: Instituto Agro- Acta Horticulturae, v.249, p.33-44, 1989.
trabalho, Santos et al. (2002b) observa- nômico, 1999. 52 p. (Boletim técnico 180). TEKEL, J.; HOLLÁ, M.; VAVERKOVÁ, S.;
ram diferença entre as concentrações da JESUS FILHO, J.D. Hidroponia de plantas aro- SVAJDLENKA, E. Determination of uracil
solução nutritiva, sendo que a melhor máticas, condimentares e medicinais. São Paulo: herbicide residues and componentes of essential
concentração para altura de plantas foi Vídeo Par, 2000. 27 p. (Manual técnico). oil in Melissa officinalis L. In its main
de 100%. Maior número de folhas foi MAIA, N.B. Produção e qualidade do óleo es- development phases. Journal of Essential Oil
sencial de duas espécies de menta cultivadas em Research, v.9, p.63-66, 1997.
obtido na concentração de 75%, sendo soluções nutritivas. 1998. 105 f. Tese (Doutora- ZONTA, E.P.; MACHADO, A.A. SANEST – Sis-
que o maior peso seco de folhas foi ob- do) - Escola Superior de Agricultura Luis de tema de análise estatística para
servado na concentração de 125%, con- Queiroz, Universidade Estadual de São Paulo, microcomputadores. Instituto Agronômico de
cluindo que as plantas tiveram um bom Piracicaba. Campinas – SEI nº 066060, 1984.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1009


RESENDE, G.M.; COSTA, N.D. Produtividade e armazenamento de cebola, cv. Alfa Tropical, cultivada em diferentes espaçamentos. Horticultura Brasilei-
ra, Brasília, v.23, n.4, p.1010-1014, out-dez 2005.

Produtividade e armazenamento de cebola cv. Alfa Tropical cultivada


em diferentes espaçamentos
Geraldo M. de Resende; Nivaldo Duarte Costa
Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56300-970 Petrolina-PE; E-mail: gmilanez@cpatsa.embrapa.br

RESUMO ABSTRACT
Com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes espaçamentos Yield and storage of onion, cv. Alfa Tropical, under different
entrelinhas e entre plantas sobre as características produtivas e o planting spacings
armazenamento de bulbos de cebola, conduziu-se um experimento The effect of different plant spacing was evaluated on yield and
de setembro de 1999 a março de 2000, em Petrolina. O delineamen- storage characteristics of onion bulbs. The experiment was carried
to experimental utilizado foi de blocos ao acaso, no esquema fatorial out from September 1999 to March 2000, in Pernambuco State,
2x3, compreendendo dois espaçamentos entrelinhas (0,10 e 0,15 m) Brazil, in a randomized complete block design, in a 2 x 3 factorial
e três espaçamentos entre plantas (0,10, 0,20 e 0,30 m), sendo utili- scheme, with four replications. The cultivar Alfa Tropical was planted
zada a cultivar Alfa Tropical com quatro repetições. Foram encon- at 0.10 and 0.15 m row spacing and at 0.10; 0.15 and 0.30 m plant
tradas reduções lineares na produtividade comercial com o aumento spacing. A linear reduction was found for commercial yield when
do espaçamento entre plantas, tendo o espaçamento com 0,10 m plant spacing increased, the highest yield being obtained with 0.10
propiciado os maiores rendimentos. Uma redução gradativa na pro- m spacing. A linear reduction in noncommercial bulbs was found as
dução de bulbos não comerciais foi verificada à medida que se au- the spacing between rows and between plants was increased. Bulbs
mentou o espaçamento entrelinhas e plantas. A massa fresca dos fresh weight increased linearly as the spacing between rows and
bulbos aumentou linearmente à medida que se aumentaram os between plants increased. Larger percentage of small and medium
espaçamentos entrelinhas e entre plantas. Foi verificada maior por- bulbs was obtained in the narrowest spacing. As spacing between
centagem de bulbos pequenos e médios nos menores espaçamentos. plants increased, a larger lose of onion bulb weight was found up to
À medida que se incrementou o espaçamento entre plantas ocorreu 60 days of storage. According to the results, the spacing 0.10 x 0.10
maior perda de massa fresca dos bulbos de cebola até 60 dias de m or 0,15 x 0.10 m are recommended as the more adapted for the
armazenamento. Pelos resultados obtidos em função das diferentes cultivation of onion cultivar Alfa Tropical, in the São Francisco Valley
características avaliadas, recomenda-se os espaçamentos de 0,10 ou conditions, for the summer season planting.
0,15 m entrelinhas e 0,10 m entre plantas como os mais adequados
para o cultivo da cebola cultivar Alfa Tropical, nas condições do
Vale do São Francisco, para plantio no segundo semestre do ano.

Palavras-chave: Allium cepa, rendimento, densidade de plantio, Keywords: Allium cepa, yield, fresh mass of bulb, planting density,
perda de massa fresca de bulbos. bulb mass fresh loss.

(Recebido para publicação em 11 de março de 2005 e aceito em 3 de agosto de 2005)

A produção mundial de cebola


(Allium cepa L.), em 2004, foi de
53,59 milhões de t, cultivadas em uma
RO, 1990). A formação de bulbos está
relacionada com a interação entre a tem-
peratura e o fotoperíodo. Nesta interação
A produtividade comercial aumen-
tou e a massa fresca do bulbo diminuiu
quando o número de linhas por canteiro
área 3,07 milhões de ha, o que propor- o fator mais importante é o fotoperíodo passou de duas para quatro e o
cionou uma produtividade média de e o mesmo determina os limites de adap- espaçamento entre plantas reduziu de
17,46 t ha-1 (FAO, 2005). No Brasil, a tação de cultivares (GALMARINI, 21,9 para 7,6 cm. A maior porcentagem
cebola ocupa o terceiro lugar em impor- 1997). de bulbos pequenos e médios foi
tância econômica entre as hortaliças Em plantas conduzidas sob condi- verificada nos menores espaçamentos
(SOUZA; RESENDE, 2002). A produ- ções ideais, a bulbificação é acelerada (STOFFELLA, 1996). Kanton et al.
tividade média foi de 17,88 t ha-1 em com alta densidade de plantas (2002) observaram aumento na produ-
2004, sendo que nos estados de PE e BA, (RABINOWITCH; BREWSTER, tividade com o incremento da densida-
maiores produtores do Nordeste, a pro- 1990). Estudando os espaçamentos de de de plantio (37,04 para 156,25 plan-
dutividade média foi de 21,16 e 24,25 t 10 x 15 cm e 20 x 15 cm, Viegas tas/m2), assim como menor altura de
ha-1, respectivamente (IBGE, 2005). D’Abreu (1996), verificou que a maior planta e massa fresca do bulbo, relatan-
A cebola é planta de dias longos produtividade foi obtida no menor do que densidades acima de 76,92 plan-
quanto à formação de bulbos, e as culti- espaçamento (10 x 15 cm), e que a maior tas por metro quadrado como as que
vares designadas de dias curtos não são, massa fresca do bulbo (145,7 g bulbo-1) proporcionam maiores produtividades
particularmente, plantas de dias curtos; foi verificada no maior espaçamento de bulbos comerciais. Lopes et al.
simplesmente exigem menos horas de comparado aos 118 g bulbo-1 obtido com (2004), avaliando a influência da densi-
luz para bulbificarem (MELO; RIBEI- 10 x 15 cm. dade de plantas sobre a produtividade

1010 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Produtividade e armazenamento de cebola, cv. Alfa Tropical, cultivada em diferentes espaçamentos

em três espaçamentos (0,20; 0,30 e 0,40 24' de latitude Sul e 40o 29' de longitu- foi determinada dividindo-se o peso de
m x 0,08 m), constataram que no menor de Oeste, e 365,5 m de altitude. O solo bulbos comerciais após a cura pelo nú-
espaçamento (0,20 x 0,08 m) foi obtida a classificado como Latossolo Vermelho mero de bulbos. Após o período de cura,
maior produtividade comercial e menor Amarelo Distrófico apresentou pH os bulbos foram armazenados à tempe-
diâmetro do bulbo. (H2O) = 6,1; Ca = 2,1 cmolc/dm3; Mg = ratura ambiente e realizadas pesagens
O incremento na densidade de plantio 0,7 cmolc/dm3; Na = 0,01 cmolc dm-3; K aos 20; 40 e 60 dias (temperatura e umi-
proporcionando aumento na produtivida- = 0,28 cmolc dm-3; Al = 0,05 cmolc dm-3, dade relativa médias no período de
de total e redução do tamanho do bulbo é P(Mehlich) = 7,2 mg dm-3 e M.O. = 6,9 27,2°C e 74%, respectivamente), sendo
também relatado por outros autores g kg-1. os valores comparados àqueles obtidos
(BREWSTER; SALTER, 1980; O delineamento experimental utili- ao final da cura (15 dias após colheita).
HARTRIDGE-ESH; BENNET, 1980; zado foi de blocos ao acaso, em esque- Os valores foram transformados em
MCGEARY, 1985). Por outro lado, Sa- porcentagem de perda de massa fresca.
ma fatorial 2x3, compreendendo dois
bota e Downes (1981) não observaram A classificação de bulbos comerciais
espaçamentos entrelinhas (0,10 e 0,15
diferenças significativas na produtivida- segundo o diâmetro transversal (mm) foi
m) e três espaçamentos entre plantas
de quando compararam duas populações feita de acordo com Brasil (1995) em
de plantas (192.940 e 257.320 plantas ha-1), (0,10; 0,20 e 0,30 m) com quatro repe-
tições. A unidade experimental consti- classe 2 (>35 até 50 mm de diâmetro);
na cultivar Texas Grano. Da mesma for-
tuiu-se de um canteiro de 3,0 m de com- classe 3 (>50 até 70 mm); classe 4 (>70
ma, avaliando duas densidades de plantio
primento por 1,2 m de largura, sendo ate 90 mm) e classe 5 (>90 mm);, sendo
(7,5 cm entre plantas e 12,5 e 15,0 cm
entrelinhas), Aujla e Madan (1992) não utilizada como área útil 1,8 m2 (3,0 x os resultados expressos em porcenta-
encontraram diferenças na produtividade 0,6 m). A adubação de plantio foi reali- gem.
e na altura da planta. Entretanto, o maior zada com 600 kg ha-1 da fórmula NPK Segundo a metodologia descrita por
espaçamento aumentou o número de fo- 6-24-12, baseada no resultado da análi- Pimentel Gomes (2000), os dados
lhas e o diâmetro transversal do bulbo. se do solo. Foram aplicados em cober- coletados foram submetidos à análise de
A região Nordeste, representada pe- tura 200 kg ha-1 de uréia e 50 kg ha-1 de variância e as médias comparadas pelo
los estados de Pernambuco e Bahia, pri- cloreto de potássio, parcelados aos 15 e teste de Tukey, ao nível de 5% de pro-
vilegiada pelas suas condições climáticas, 30 dias após o transplante. babilidade, e regressão polinomial. Os
pratica a semeadura de janeiro a dezem- Foi utilizada a cultivar Alfa Tropi- dados de porcentagem foram transfor-
bro, com maior concentração de plantio cal, desenvolvida pela Embrapa Horta- mados em arco-seno P / 100 para
nos meses de janeiro a março, possibili- liças, recomendada para plantio de ve-
tando escalonamento de plantio e produ- efeitos de análise, sendo apresentados
rão, sendo a semeadura feita em 24/09/
ção com oferta em diferentes períodos. No nos resultados as médias originais.
1999 e o transplante efetuado 30 dias
entanto, comparativamente ao primeiro após.
semestre ocorrem menores produtivida- RESULTADOS E DISCUSSÃO
O preparo do solo constou de aração,
des no segundo semestre. Todavia, com o
gradagem e levantamento dos canteiros
lançamento da cultivar Alfa Tropical re- Efeitos significativos para
a 0,20 m de altura. A cultura foi mantida
comendada para plantio de verão e no se- espaçamentos entrelinhas e entre plan-
no limpo através de capinas manuais. A
gundo semestre na região, sob condições tas, assim como para a interação foram
irrigação por microaspersão foi realiza-
de temperatura elevada e fotoperíodo cres- obtidos para produtividade comercial.
cente (COSTA et al., 2002), vislumbra-se da três vezes por semana, com lâminas
Verificou-se reduções lineares na pro-
uma nova era para a cebolicultura no Nor- em torno de 10 mm, baseada na evapo-
dutividade dos espaçamentos entre li-
deste, pela possibilidade de maior produ- ração do tanque classe A, e suspensas
nhas com o aumento do espaçamento
ção na entressafra, e possivelmente 20 dias antes da colheita. Os demais tra-
entre plantas (Figura 1). Desdobrando-
viabilizando a substituição da importação tos fitossanitários foram realizados de
se a interação em função do
do produto (MENDONÇA, 2001). acordo com as recomendações para a
espaçamento entre linhas observou-se
Procurando fornecer maiores informa- cultura da cebola.
maior produtividade média (47,05 t ha-1)
ções técnicas sobre o cultivo da cebola A colheita foi realizada em 100 dias do espaçamento 0,10 m entrelinhas
Alfa Tropical no segundo semestre do ano, após a semeadura quando 70% das plan- comparativamente ao espaçamento de
no presente trabalho avaliou-se o efeito tas estavam estaladas, com sinais avan- 0,15 m (41,11 t ha-1) nos diferentes
de diferentes espaçamentos sobre as ca- çados de senescência, como espaçamentos entre plantas. A popula-
racterísticas produtivas e de amarelecimento e seca das folhas. A cura ção de plantas ideal a ser empregada é
armazenamento dos bulbos, nas condições foi realizada ao sol por três dias e 12 aquela suficiente para atingir o índice
do Vale do São Francisco. dias à sombra em galpão ventilado. de área foliar ótimo a fim de interceptar
Foram avaliadas a produtividade o máximo de radiação solar útil à
MATERIAL E MÉTODOS comercial de bulbos (bulbos perfeitos e fotossíntese e ao mesmo tempo
com diâmetro transversal >35 mm) e maximizar a fração da matéria seca
O experimento foi conduzido de se- refugos (bulbos com diâmetro <35 mm) alocada às partes vegetativas e produti-
tembro de 1999 a março de 2000, na expressos em t ha-1, aos 15 dias após a vas (HAO; PAPADOPOULOS, 1999),
Embrapa Semi-Árido em Petrolina, a 9o cura. A massa fresca de bulbo (g bulbo-1) diminuindo as pressões de competição

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1011


G. M. Resende e N. D. Costa

comparativamente ao cultivo em densi-


dade adequada.
Notou-se para massa fresca do bul-
bo efeito significativo da interação dos
fatores. Foi verificado que a massa fres-
ca do bulbo aumentou linearmente à
medida que se aumentaram os
espaçamentos entre plantas. Este incre-
mento foi da ordem de 34,9% e 55,91%,
respectivamente, para os espaçamentos
de 0,10 e 0,15 m entrelinhas (Figura 3).
No que se refere aos espaçamentos en-
trelinhas constatou-se bulbos com maio-
res médias de massa fresca no
espaçamento de 0,15 m (102,57 g bul-
Figura 1. Produtividade comercial de bulbos de cebola, cv. Alfa Tropical, nos espaçamentos bo-1) comparativamente ao espaçamento
0,10 e 0,15 m entrelinhas em função dos espaçamentos entre plantas. Petrolina, Embrapa de 0,10 m (85,88 g bulbo-1), dentro dos
Semi-Árido, 1999/2000. espaçamentos entre plantas. Salienta-se
que a maior massa fresca do bulbo foi
obtida tanto com o aumento do
espaçamento entre plantas quanto com
o espaçamento entrelinhas, o que, está
relacionado à maior área de exploração
das raízes e menor competição
interplantas por água, luz e nutrientes.
O incremento da densidade, reduzindo
o diâmetro e a massa fresca do bulbo é
relatada por Lopes (1987) e Lopes et al.
(2004). A diminuição da massa fresca
do bulbo com o incremento da densida-
de de plantio foi também observada por
outros autores (GALMARINI;
GASPERA, 1995; STOFFELLA, 1996;
LIPINSKI et al., 2002; KANTON et al.,
Figura 2. Refugos (produtividade não comercial) de bulbos de cebola, cv. Alfa Tropical,
2002). Segundo Souza e Resende
nos espaçamentos 0,10 e 0,15 m entrelinhas em função dos espaçamentos entre plantas. (2002), o mercado consumidor nacio-
Petrolina-PE, Embrapa Semi-Árido, 1999/2000. nal prefere bulbos de tamanho médio
com pesos de 80 a 100 gramas e diâme-
tro transversal de 40 a 80 mm, que se
interplantas. Os resultados obtidos con- espaçamento entre plantas (Figura 2). enquadram perfeitamente dentro das
firmam as observações de que as cebo- Desdobrando-se a interação em função faixas de tamanho de bulbo obtidas no
las respondem especialmente à variação do espaçamento entre linhas observou- presente estudo.
no espaçamento entre plantas se que o espaçamento de 0,10 m entreli- A classificação de bulbos de cebola
(FILGUEIRA, 1982; MELO et al., nhas apresentou maior produção média foi influenciada pela interação entre os
1988). A produtividade da cebola tam- de refugos (2,52 t ha-1) comparativamente fatores (Tabela 1). No que se refere à
bém aumentou à medida que se diminuiu ao espaçamento de 0,15 m (1,40 t ha-1). classificação de bulbos classe 2, cons-
à distância entrelinhas, fato também re- Estes resultados mostram relação inver- tatou-se para os espaçamentos de 0,10
latado por diversos autores em diferen- sa entre o aumento ou redução do e 0,15 m entrelinhas reduções lineares
tes épocas (MANGUAL-CRESPO et al., espaçamento entrelinhas e entre plantas deste tipo de bulbo com o aumento do
1979; LOPES, 1987; STOFFELLA, na produtividade de bulbos de cebola. Em espaçamento entre plantas, que são me-
1996; BOFF et al., 1998). baixas populações se produz, geralmen- nores comparativamente às demais clas-
Resultados similares foram obtidos te, baixos rendimentos e alta porcenta- ses. Com relação ao desdobramento da
no que se refere à produção de refugo gem de bulbos médios e grandes. Em interação no sentido do espaçamento
(bulbos não comerciais), ou seja, veri- cultivos com densidades maiores que a entrelinhas verificou-se que o
ficou-se uma redução linear gradativa ótima, apesar de maior produtividade espaçamento de 0,10 apresentou maior
na produção de bulbos não comerciais tem-se bulbos pequenos e desuniformes número de bulbos médios nesta classe
à medida que se aumentou o de menor qualidade comercial (refugos), dentro dos diferentes espaçamentos

1012 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Produtividade e armazenamento de cebola, cv. Alfa Tropical, cultivada em diferentes espaçamentos

(33,45%) quando comparado ao


espaçamento de 0,15 m (23,12%).
Resultados inversos foram verifica-
dos para a classe 3 (bulbos de tamanho
intermediário), pois, ocorreram aumen-
tos lineares com o incremento do
espaçamentos entre plantas. Desdobran-
do-se a interação, não se observou para
os maiores espaçamentos entre plantas
(0,20 e 0,30 m) diferenças significati-
vas dentro dos espaçamentos de 0,10 e
0,15 m entrelinhas; fato este que só foi
verificado quando da utilização do me-
nor espaçamento entre plantas (0,10 m),
que proporcionou maior percentagem de
bulbos desta classe no espaçamento de Figura 3. Massa fresca do bulbo de cebola, cv. Alfa Tropical, nos espaçamentos 0,10 e 0,15
0,10 m entre linhas (54,43%) compara- m entrelinhas em função dos espaçamentos entre plantas. Petrolina-PE, Embrapa Semi-
tivamente a 0,15 m entrelinhas Árido, 1999/2000.
(49,20%).
Para a classe 4, composta de bulbos
Tabela 1. Equações de regressão para classificação de bulbos de cebola, cv. Alfa Tropical,
de maior tamanho, registrou-se efeitos
em classes (%), segundo o diâmetro transversal nos espaçamentos 0,10 e 0,15 m entrelinhas
semelhantes (Tabela 1) aos anteriores em função dos espaçamentos 0,10; 020 e 0,30 m entre plantas. Petrolina-PE, Embrapa Semi-
ocorrendo aumentos lineares com o in- Árido, 1999/2000.
cremento do espaçamentos entre plan- Classes¹ Equações de regressão
tas. No entanto, desdobrando-se em fun-
Y (0,10 m) = 49,9067 - 72,8530* * X R² = 0,95
ção dos espaçamentos entrelinhas as classe 2
Y (0,15 m) = 59,9518 - 156,0420* * X R² = 0,95
maiores percentagens médias de bulbos
Y (0,10 m) = 41,2463 + 31,4903* * X R² = 0,90
desta classe foram obtidas no classe 3
Y (0,15 m) = 32,0498 + 62,4829* * X R² = 0,85
espaçamento de 0,15 m entrelinhas
Y (0,10 m) = 5,8051 + 67,0393* * X R² = 0,94
(24,14%) comparado ao espaçamento de classe 4
Y (0,15 m) = 11,4103 + 90,1114* * X R² = 0,93
0,10 m (10,82%). Estes resultados de-
monstram o efeito da densidade de plan- ** Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste de F.; 1classe 2: >35 até 50 mm
tio como fator determinante na produ- de diâmetro; classe 3: >50 até 70 mm e classe 4: >70 ate 90 mm.
ção de cebola ao mesmo tempo que cor-
roboram com os obtidos por Viegas
D’Abreu (1996), que obteve maior tama- plantas aumenta por unidade de área, 20, 40 e 60 DAC. Inferiu-se por estes
nho de bulbo no maior espaçamento, as- atinge-se um ponto no qual as plantas resultados, que a maior perda ocorreu
sim como os obtidos por Stoffella (1996) competem por fatores essenciais de cres- em espaçamentos maiores, que determi-
que verificou maior porcentagem de bul- cimento, como nutrientes, luz e água. naram maior tamanho de bulbos, com
bos pequenos e médios nos menores A perda de peso aos 20; 40 e 60 dias conseqüente maior teor de água nos bul-
espaçamentos, e Rumpel e Felczynski após cura (DAC) apresentou efeitos sig- bos. Calbo et al. (1980) observaram per-
(2000) que encontraram redução na pro- nificativos apenas para o espaçamento das de 30% a 100% em bulbos de cebo-
dução de bulbos maiores com o incre- entre plantas, não se constatando efeito la Baia Periforme armazenadas até 70
mento da densidade de plantio. significativo para o espaçamento entre- dias, a granel e réstias em diferentes re-
As pressões exercidas pela popula- linhas e nem para a interação dos fato- cipientes, assim como Resende et al.
ção de plantas afetam de modo marcante res. Para perda de peso aos 20 (Y = (2004) informam para a cultivar Texas
o desenvolvimento da cebola. Os resul- 7,5386 + 12,8168**X; R2 = 0,99), 40 Grano 502 PPR que o espaçamento de
tados obtidos no presente trabalho evi- (Y =17,7093 + 10,8710**X; R2 = 0,92) 0,30 x 0,15 m foi o que promoveu maior
denciaram uma relação inversa entre a e 60 (Y = 16,0176+ 32,4786**X; R2 = percentagem de perda de peso de bul-
densidade de plantio e o tamanho do 0,99) dias após cura, verificou-se au- bos (43,16%), sob as condições do Vale
bulbo. De forma geral, altas densidades mentos lineares evidenciando maiores do São Francisco, armazenadas até 60
produzem maior número bulbos por perdas de peso com o incremento dos dias após a cura.
área, mas com menor massa fresca e espaçamentos. Pelos coeficientes angu- Pelos resultados obtidos em função
consequentemente menor produtivida- lares das equações de regressão, estima- das diferentes características avaliadas,
de comercial; fato este atribuído princi- se esta perda de massa em 1,28, 1,09 e recomenda-se os espaçamentos de 0,10
palmente às pressões de competição 3,25% para cada aumento do x 0,15 m entrelinhas e 0,10 m entre plan-
interplantas. Quando a densidade de espaçamento entre plantas (0,10 m) para tas como os mais adequados para o cul-

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1013


G. M. Resende e N. D. Costa

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1014 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


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Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.1015-1017, out-dez 2005.

Desempenho de genótipos de tomateiro sob cultivo protegido


Cátia Regina B. Eklund1; Luiz Carlos S. Caetano2; Aldo Shimoya1; José Márcio Ferreira2; Jakeline M.R.
Gomes2
1
Bolsista FAPERJ/Pesagro-Rio; 2Pesagro-Rio/EEC, C. Postal 114331, 28080-000 Campos dos Goytacazes-RJ; E-mail: eklunderb@yahoo.com.br

RESUMO ABSTRACT
Com o objetivo de avaliar o desempenho dos genótipos de to- Performance of tomato genotypes grown under protected
mate cultivados sob cultivo protegido nas condições do Norte cultivation
Fluminense, foi conduzido um experimento na Estação Experimen- The performance of seven tomato genotypes was evaluated under
tal de Campos, Pesagro-Rio, de maio a setembro de 2001. O deli- protected cultivation in an experiment conducted in the North
neamento experimental utilizado foi de blocos casualizados com sete Fluminense region, Rio de Janeiro State, Brazil, from May to
tratamentos (cinco cultivares híbridas: Bonus, Cronos, Erika, September 2001. The experimental design was a randomized
Pegasus, Vitara e duas cultivares de polinização aberta: Santa Clara complete block with seven treatments (five hybrids: Bonus, Cronos,
e Santa Cruz), com quatro repetições. Vitara se destacou por apre- Erika, Pegasus, Vitara and two cultivars: Santa Clara and Santa Cruz),
sentar frutos com maior número de lóculos (5,25), comprimento with four replications. Vitara hybrid produced fruits with highest
(53,67 mm), diâmetro (69,79 mm) e peso médio (147,35 g). number of locules (5,25), length (53,67), diameter (69,75 mm) and
average weight (147,35 g).

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, produtividade, qualidade Keywords: Lycopersicon esculentum, yield, fruit quality, greenhouse.
de fruto, estufa.

(Recebido para publicação em 8 de setembro de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)

A produção do tomate, bem como de


outras hortaliças, não apresenta
abastecimento regular ao longo do ano
competitividade por melhores produtos
no mercado, oferta programada e pro-
dutos diferenciados (FONTES,1999).
Experimental da Pesagro-Rio, em Cam-
pos dos Goytacazes, RJ entre maio e
setembro de 2001, em solo classificado
devido à diminuição na oferta do pro- O tomateiro apresenta pleno desen- como Cambissolo. O delineamento ex-
duto durante os períodos em que as con- volvimento nesta modalidade de culti- perimental utilizado foi de blocos
dições climáticas são menos favoráveis, vo, com incrementos de produção que casualizados com quatro repetições e
principalmente alta temperatura e umi- variam de 17 a 77% ou até 5 a 8 vezes sete tratamentos representados por cin-
dade (AMBRÓSIO; NAGAI, 1991; superior àqueles obtidos em campo co híbridos de tomate (Lycopersicum
MARTINS, 1991). Quando o tomateiro aberto (MARTINS et al., 1992). esculentum L.), Bonus, Cronos, Erika,
é exposto a temperaturas extremas, ocor- Quando se associa genótipos com Pegasus, Vitara e duas cultivares Santa
rem baixa produtividade e qualidade dos alto potencial produtivo e manejo de Clara e Santa Cruz. Os genótipos apre-
frutos (MINAMI; HAAG, 1989; GOTO, condições ambientais favoráveis obtêm- sentam crescimento indeterminado, com
1995; REGHIN, 1996). A umidade do se elevados índices de produtividade, exceções do Vitara e Pegasus e fruto tipo
solo é outro fator limitante para sua pro- proporcionando aumentos de produção caqui, com exceções dos híbridos
dução, pois a umidade relativa do ar de 25 a 40% devido à maturação preco- Cronos e Érika, que são do tipo salada.
depende em parte da evaporação da água ce, melhor uniformidade, maior vigor A semeadura foi feita em 20/04/2001
do solo, a qual associada à presença de inicial e desenvolvimento, melhor qua- em bandejas de isopor com 128 células,
água livre nos órgãos aéreos da planta, lidade de frutos, resistência a doenças e empregando-se como substrato o
provoca o aparecimento de doenças, capacidade de adaptação mais ampla Plantmax e transplantadas em 14/05/
cujo controle fica muito mais difícil de (MELLO et al., 1988). 2001, no espaçamento de 0,8 m entre
ser alcançado (GOTO, 1995). O objetivo do experimento foi ava- fileiras e 0,5 m entre plantas, sendo cada
Uma das alternativas para se supe- liar o desempenho de sete genótipos de parcela experimental composta por uma
rar as limitações de origem ambiental é tomate, conduzidos sob cultivo prote- linha de 6,0 m de comprimento
a produção sob cultivo protegido, pro- gido na região de Campos dos totalizando 12 plantas, sendo oito plan-
duzindo frutos de melhor qualidade. O Goytacazes, norte do Estado do Rio de tas centrais utilizadas como úteis.
cultivo protegido permite total ou par- Janeiro. O solo onde foi conduzido o experi-
cial controle da velocidade do vento, mento apresentou as seguintes caracte-
umidade relativa, temperatura ambien- MATERIAL E MÉTODOS rísticas químicas e físicas: pH(água) = 6,3;
te, proteção contra chuvas pesadas S-SO4 = 105 mg/dm3; P = 231 mg/dm3;
(MARTINS, 2000); reduz o uso de O trabalho constituiu-se de um ex- K = 13,0 mmolc/dm3; Ca = 63,1 mmolc/
agrotóxicos, além de fortalecer os con- perimento conduzido em ambiente pro- dm3; Mg = 41,1 mmol c/dm 3; Al = 0
ceitos de qualidade total, tegido (casa-de-vegetação) na Estação mmolc/dm3; H+Al = 15,3 mmolc/dm3;

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1015


C. R. B. Eklund et al.

Tabela 1. Médias das características número de lóculos (NDL), espessura da polpa (EDP), comprimento dos frutos (CFR), diâmetro do
frutos (DFR), relação comprimento/diâmetro de fruto (RCD), produção total de frutos (PTF), número total de frutos por ha (NTF), número
de frutos comerciais por ha (NFC), peso médio de frutos comerciais (PFC) e produção de frutos comerciais (PCO) obtidas de dados de sete
genótipos de tomate. Campos dos Goytacazes, PESAGRO, 2001.
Genótipo NDL EDP (mm) CFR (mm) DFR (mm) RCD PTF (t/ha) NTF NFC PFC (g) PCO (t/ha)
Bonus 2,25c 0,625a 51,43ab 51,04f 1,01a 56,98a 843750,a 574219,a 74,57c 42,81 a
Cronos 4,00ab 0,575a 44,44c 57,69cd 0,77c 45,79a 543750,c 371094,bc 86,83c 32,24 a
Erika 3,25bc 0,625a 48,69bc 63,45b 0,76c 58,12a 559375,bc 339844,bc 111,32 b 38,14 a
Pegasus 3,25bc 0,650a 45,77c 59,06c 0,77c 68,58a 775781,ab 487500,ab 92,53 bc 45,16 a
Sta Clara 2,25c 0,675a 50,63ab 54,9de 0,92b 54,63a 709375,abc 420313,ab 87,46 c 36,63 a
Sta Cruz 2,50c 0,625a 54,42 a 53,23ef 1,02a 54,88a 772656,ab 439844,ab 84,48 c 35,77 a
Vitara 5,25a 0,600a 53,67a 69,79a 0,76c 65,55a 497656,c 247656,c 147,35 a 36,81 a
C.V. (%) 19,5 10,7 3,9 2,7 2,0 18,7 14,5 17,9 10,4 20,4
¹
Médias seguidas pela mesma letra na mesma coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Na = 1,5 mmolc/dm3; C = 32,9 g/dm3; tro do fruto (C/D), retirou-se ao acaso dade de frutos comerciais, deve-se desta-
MO = 56,7 g/dm3; CTC = 134,0 mmolc/ 10 frutos por parcela, medindo-se com car os genótipos Pegasus e Bonus por
dm3; SB = 118,7 mmolc/dm3; V = 89 %; um paquímetro o comprimento e o diâ- apresentarem médias superiores a 56,9 t/
Saturação Al = 0%; Saturação de Na = metro destes frutos (mm). Pela relação ha (produtividade total de frutos) e 42,8 t/
1%; Fe = 270,0 mg/dm3; Cu = 2,8 mg/ comprimento/diâmetro avaliou-se o for- ha (produtividade de frutos comerciais).
dm3; Zn = 19,4 mg/dm3; Mn = 49,0 mg/ mato dos frutos produzidos: C/D<1; C/ O genótipo Bonus apresentou a menor
dm3; B = 0,54 mg/dm3; Areia = 56%; D=1 e C/D>1 correspondendo, respec- média de peso médio de frutos comerciais,
Argila = 16%; e Silte = 28%. A aduba- tivamente, às formas achatada, redonda podendo este resultado ser atribuído ao
ção de plantio foi realizada com 15 t/ha e oblonga (ARAÚJO,1997). alto número de frutos produzidos. Em
de esterco de curral curtido, 200 kg/ha Os dados coletados foram submeti- complemento, o mesmo híbrido apresen-
dos à analise de variância e as médias tou elevada produção de frutos comerciais
de K2O, 500 kg/ha de P2O5. Em cober-
comparadas pelo teste de Tukey a 5% e, conseqüentemente, menor número de
tura aplicaram-se 679 kg/ha de uréia,
de probabilidade. frutos não comerciais. Já o genótipo
parcelada em cinco vezes, de 20 em 20
Pegasus, em relação ao Bonus, apresen-
dias a partir de 28/05/2001, via água de tou uma capacidade inferior de produzir
irrigação por gotejamento. O RESULTADOS E DISCUSSÃO
unidades de frutos totais e comerciais, en-
tutoramento foi feito com fitilho amar- tretanto, esta foi compensada pela alta pro-
rado no colo das plantas, enrolado ao Na Tabela 1 são apresentadas as 10 dução total de frutos (PTF).
redor das mesmas e a outra extremida- características do tomate avaliadas no pre-
Comparando-se os resultados de pro-
de da fita amarrada ao arame disposto sente trabalho. Com exceção da espessu-
dutividade com os níveis de produtivida-
na horizontal a 1,80 m de altura. As plan- ra da polpa, produção total de frutos e pro-
de (90 a 150 t/ha) de frutos utilizando as
tas foram conduzidas com uma haste dução de frutos comerciais, os genótipos
novas cultivares híbridas de crescimento
principal, eliminando-se todas as de tomate apresentaram diferenças signi-
indeterminado, em cultura tutorada e aci-
brotações laterais. Estas sofreram poda ficativas para as outras características es-
ma de 150 t/ha em estufa, relatadas por
apical após a emissão do oitavo cacho. tudadas. Para a relação comprimento/diâ-
Filgueira (2000), deduz-se que as produ-
metro do fruto (RCD), apenas os genótipos
Os parâmetros de produção avalia- tividades dos genótipos no presente tra-
Bonus e Santa Cruz apresentaram médias
dos a partir da primeira colheita, que se balho foram baixas. Isso se atribui à defi-
superiores a 1, indicando formato oblon-
iniciou dois meses após o transplantio, ciência de irrigação causada por proble-
go. Para os demais genótipos, os frutos
foram: comprimento do fruto (mm), diâ- mas mecânicos, que impediu a manifes-
foram de formato achatado (C/D<1). O
metro do fruto (mm), relação compri- tação do potencial produtivo, principal-
híbrido Vitara se destacou por apresentar
mento/diâmetro do fruto, produção to- mente dos híbridos. Os resultados são,
os maiores valores para as médias das se-
tal de frutos (t/ha), número total de fru- entretanto, um importante indicativo para
guintes características: número de lóculos
tos por hectare, número de frutos comer- o cultivo protegido do tomateiro na região
(NDL), comprimento do fruto (CFR), diâ-
ciais por hectare, peso médio de frutos metro do fruto (DFR) e peso médio de fru- onde foi conduzido o experimento
(g), produção de frutos comerciais (t/ tos comerciais (PFC), contudo, foi o
ha), espessura da polpa (mm) e número genótipo que apresentou o menor núme- LITERATURA CITADA
de lóculos. Para espessura e número de ro total de frutos produzidos (NTF) e nú-
lóculos foram amostradas ao acaso, cin- mero de frutos comerciais (NFC) com AMBRÓSIO, L.A.; NAGAI, H. Sazonalização dos
cerca de 50% de frutos não comerciais. preços das classes de tomate, no atacado, em São Pau-
co frutos por parcela, onde estes foram lo, nos períodos de 1983/1986 e 1987/1990. In CON-
seccionados na parte mediana para ava- Embora os genótipos não tenham GRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 31,
liações. Para comprimento (C), diâme- apresentado diferenças significativas para 1991, Belo Horizonte. Anais... SOB. Horticultura Bra-
tro (D) e relação comprimento/diâme- produtividade total de frutos e produtivi- sileira, v.9, n.1, p.30, 1991.

1016 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Desempenho de genótipos de tomateiro sob cultivo protegido

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Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1017


FERREIRA, M.D.; FRANCO, A.T.O.; TAVARES, M. Técnicas de colheita para tomate de mesa. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.1018-1021,
out-dez 2005.

Técnicas de colheita para tomate de mesa1


Marcos David Ferreira2; André T.O. Franco3; Marcelo Tavares4
2/
UNICAMP, Fac. Eng. Agrícola, C. Postal 6011, 13083-875 Campinas-SP; E-mail: marcos.ferreira@agr.unicamp.br; 3/UNICAMP, Fac.
Eng. Alimentos, C. Postal 6121, 13081-970 Campinas-SP; 4/UFU, Fac. Matemática, Bairro Sta. Mônica, 38408-100 Uberlândia-MG

RESUMO ABSTRACT
Comparou-se a qualidade de frutos provenientes de colheita uti- Harvesting methods for fresh market tomatoes
lizando cestas de bambu e sacolas de lona plástica em campos de Quality of tomato fruits harvested using traditional bamboo
produção na região de Mogi-Guaçu, SP. Utilizou-se como testemu- baskets was compared to fruits harvested using harvest bags in the
nha frutos não submetidos ao manuseio. O delineamento utilizado Mogi Guaçu region, São Paulo State, Brazil. Fruits not submitted to
foi inteiramente casualizado em esquema fatorial (sistemas de co- handling were used as control. The trial was totally randomized
lheita x dias após a colheita) com três repetições. Foram observados (harvest system x days after harvest) in a factorial design. The
o tempo de colheita, incidência de danos físicos (%) originados no observed data were time spent for each harvest operation, mechanical
campo e/ou no processo de colheita, perda de masa (%) durante o injury (%) caused either in the field or/and in the process of
armazenamento, e a qualidade visual após armazenamento por 21 harvesting, weight loss (%) during storage and final quality of fruits
dias a temperatura ambiente (23oC). O tempo necessário para reali- after storage for 21 days at room temperature (23°C). The time
zar a colheita no mesmo número de plantas utilizando-se cesta de necessary for the harvest with bamboo baskets was 20% higher than
bambu foi superior em 20%, em relação à sacola plástica. A incidên- using plastic bags. The results showed that weight loss (%) and injury
cia de danos físicos (%) e perda de massa (%), apesar de maiores incidence (%) using harvesting bags were higher than the harvest
nos frutos colhidos com sacola, não foram significativamente dife- using bamboo baskets. Weight loss (%) was higher in fruits harvested
rentes dos colhidos com cestas de bambus. Observou-se maior per- with plastic bags during storage. After storage during 21 days,
da de massa (%) durante o armazenamento nos frutos colhidos utili- tomatoes harvested using plastic bag showed higher losses than fruits
zando-se sacolas de lonas plásticas. Após armazenamento por 21 picked using bamboo baskets due to mainly mechanical injury and
dias, frutos colhidos com sacola plástica apresentavam maiores per- diseases.
das do que aqueles colhidos utilizando-se cestas de bambu, princi-
palmente devido a danos físicos e podridões.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, cestas de bambu, saco- Keywords: Lycopersicon esculentum, bamboo basket, harvesting
las plásticas, danos físicos, qualidade dos frutos. bags, mechanical injury, fruit quality.

(Recebido para publicação em 25 de junho de 2004 e aceito em 31 de julho de 2005)

A produção anual brasileira de toma-


te representa 3% de toda a produ-
ção mundial, colocando o país em nono
ram de 0 a 50% dependendo do tipo de
varejo e da época do ano. As perdas são
maiores na época chuvosa. Por sua vez,
VERGANO et al., 1991). Os impactos
ocorrem na queda do fruto (GARCIA et
al., 1988). A compressão ocorre no con-
lugar em toneladas produzidas (FNP Tsunechiro et al., (1994) relatam que no tato entre frutos, por exemplo, embala-
CONSULTORIA & COMÉRCIO, mercado varejista em São Paulo as per- gens lotadas de frutos (BANKS et al.,
2001). Em 2001, de acordo com a Com- das variaram de 14% em 1976 para 1991) ou também durante a colheita,
panhia de Entrepostos e Armazéns Ge- 11,8% em 1991. Lana et al. (1999) rela- devido à pressão dos dedos. A vibração
rais de São Paulo (CEAGESP), o volu- tam que as perdas de tomates ocorridas decorre de repetitivos impactos em bai-
me comercializado de tomate para con- em uma rede de supermercados variam xa freqüência entre frutos (MANESS et
sumo foi de 152 mil t, com preço médio de 5 a 25%. A grande maioria deve-se a al., 1992), ocorrendo geralmente durante
de US$ 0,28/kg (FNP CONSULTORIA perdas por dano mecânico (55,6%) e tam- o transporte, causando alta porcentagem
& COMÉRCIO, 2001). Após a colheita, bém por dano fisiológico (4,6%). de perdas (JONES et al., 1991). Horta-
o tomate apresenta-se como um fruto al- As perdas pós-colheita em frutas e liças e frutas reagem diferentemente aos
tamente perecível. O fruto maduro pos- hortaliças são causadas principalmente danos físicos (DELWICHE et al., 1989).
sui vida média de prateleira de uma se- por injúrias mecânicas, como, manuseio Sommer et al., (1960) relatam que peras
mana, com perdas variando entre 25 e e transportes inadequados, são muito mais sensíveis ao impacto do
50%, enquanto o fruto parcialmente ma- armazenamento impróprio, e grande que às vibrações. Outros frutos como
duro apresenta vida útil de até duas se- tempo de exposição no varejo morangos e maçãs, são mais sensíveis à
manas, com 20 a 40% de perdas pós-co- (CEAGESP, 2002). Injúria mecânica compressão (HOLT; SCHOORL, 1976;
lheita (BARRET REINA, 1990). Mukai pode ser causada por mais de um tipo HOLT; SCHOORL, 1982).
e Kimura (1986) também observaram em de força: impacto, compressão e vibra- Danos fisiológicos e patológicos se
estudo que as perdas em tomate varia- ção (BRUSEWITZ et al., 1991; dão principalmente, na fase de produ-

1
Parte do projeto de pesquisa UNIMAC (Unidade Mecânica de Auxílio à Colheita) financiado pela FAPESP.

1018 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Técnicas de colheita para tomate de mesa

ção, transporte e armazenamento. As de altura e 20 cm de largura e após seu ta. Após a delimitação das áreas refe-
injúrias causadas por impactos, com- enchimento foram transferidos para cai- rentes a danos físicos, as marcações fo-
pressões, vibrações, cortes e rachaduras xa plástica com dimensões de 55 cm de ram transferidas para papel de seda e in-
estão relacionadas com alterações fisi- comprimento, 30 cm de altura e 35 cm dividualizadas por fruto. Para mensurar
ológicas, metabólicas, de aroma, sabor de largura, posicionada no carreador prin- estas áreas utilizou um planímetro
e qualidade em diferentes produtos cipal de plantio. Em outra situação, a (KEUFFEL & ESSER Co). As áreas
hortícolas, tais como, maçãs, pepinos, colheita foi realizada utilizando-se saco- mensuradas foram comparadas à super-
batatas e tomates (MORETTI; las de lona plástica (utilizadas para co- fície total do fruto, considerando este com
SARGENT, 2000). A grande incidência lheita de laranja), com dimensões exter- uma esfera (MOHSENIN, 1986) e utili-
de danos físicos em tomate acontece nas de 65 cm de comprimento e 55 cm zando-se a seguinte fórmula: Área Ex-
durante a colheita, aumentando durante terna do fruto = 4 x 3,1415 x R2 (R=raio)
de largura. Em seguida, os frutos foram
o transporte e beneficiamento sendo o resultado expresso em porcenta-
transferidos para caixas plásticas, seme-
(FERREIRA et al., 2003). gem. Utilizou-se a mesma metodologia
lhante às do sistema de colheita em ces-
Silva e Calbo (1991) avaliaram a em duas categorias (antes e durante a
tas de bambu. O tempo gasto para co-
colheita de tomate empregando diver- colheita) em todos os tratamentos. A per-
lheita foi mensurado nas duas situações
sos acessórios e concluíram que a saco- da de massa (%) foi avaliada a cada qua-
utilizando-se cronômetros de precisão.
la de colheita usada em outros países tro dias utilizando a relação entre a dife-
(Estados Unidos e Canadá) possibilitou Em cada caixa nos dois sistemas rença da massa inicial e final.
maior rendimento e menores danos aos mencionados foi retirada amostra de 40 Após 21 dias de armazenamento, os
frutos, com menor impacto. No entan- frutos no estádio salada (CEAGESP, frutos foram avaliados quanto à aparên-
to, no Brasil, a colheita de tomates para 2000). A testemunha correspondia a fru- cia encontrada, baseando-se em uma
consumo in natura é realizada utilizan- tos (40) retirados diretamente da plan- escala de 0-5, considerando (0) fruto
do-se cestas de bambu e transferindo os ta, sem passar pelo manuseio descrito apropriado para consumo; (1) descarte
frutos para caixas plásticas. Alguns pro- anteriormente. Foram retiradas amostras por dano físico externo superficial; (2)
dutores, em busca de uma maior rapi- de 3 caixas, sendo cada caixa uma repe- descarte por dano físico externo grave;
dez para o processo de colheita utilizam tição em um total de 120 frutos por tra- (3) descarte por dano físico e podridão
sacolas de colheita confeccionadas com tamento. Estes frutos foram transporta- associada (4) descarte por podridão; (5)
lona plástica originalmente usada para dos cuidadosamente em embalagens de descarte por perda de água (seco) ou por
laranja, podendo ser uma alternativa papelão, envoltos individualmente em queima do sol. Considerou-se frutos
para colheita do tomate. Porém, o efei- espuma para o laboratório da apropriados para consumo aqueles que
to desta modificação no processo na UNICAMP e armazenados à tempera- não apresentavam nenhum dano exter-
qualidade final dos frutos de tomate nas tura ambiente (23oC) por 21 dias. no e/ou podridões ou danos físicos ex-
nossas condições de cultivo ainda é des- ternos leves inferiores a 10%. Tomates
Foram avaliados os danos físicos
conhecido. foram descartados devido a danos físi-
(%) baseando-se nas Normas e Padrões
O objetivo deste trabalho foi avaliar cos externos leves e graves, quando a
de Classificação (CEAGESP, 2000)
técnicas de colheita utilizando-se cesta incidência foi superior a 10%, sendo que
identificando os em duas categorias:
de bambu e sacola de lona plástica, na a presença de injúrias graves era fator
antes e durante a colheita. As injúrias
qualidade de tomate cv. Débora. de exclusão principal. Considerou-se
mecânicas anteriores à colheita foram podridões causadas por fungos e/ou bac-
caracterizadas como: derivadas de térias em qualquer nível. Tomates secos
MATERIAL E MÉTODOS
abrasão com as estacas de bambu e fios e/ou queimados de sol, eram aqueles que
de amarrio, ataque de insetos e distúr- demonstravam queimaduras e/ou perda
Foram utilizados frutos de tomate,
bios fisiológicos e nutricionais; as injú- de água excessiva.
cultivar Débora (Sakata seeds) colhidos
rias mecânicas causadas na colheita fo- O delineamento utilizado foi inteira-
em propriedade rural, situada no muni-
ram identificadas como: derivadas de mente casualizado em esquema fatorial
cípio de Estiva Gerbi (SP), coordena-
compressão do fruto contra a cesta de (sistemas de colheitas x dias após a colhei-
das geográficas 46o 53’ W e 22o 19’ S,
com temperatura média anual de 19,6oC colheita e/ou caixa plástica, impacto do ta). O teste estatístico realizado para ava-
e precipitação anual de 1565 mm. fruto quando em queda na caixa plásti- liação da qualidade após armazenamento
ca e/ou cesta de colheita, marcas de foi o da diferença de proporções (BUSSAB;
O cultivo foi em Latossolo Verme-
unhas ou dedos e compressão do MORETTIN, 2002), em nível de 5% de
lho Amarelo em sistema tradicional de
plantio, conduzida em estaca de bam- pedúnculo do fruto contra superfície probabilidade. Os resultados médios obti-
bu, com o uso de irrigação por sulcos, externa de outro fruto. O diâmetro trans- dos para danos físicos foram comparadas
utilizando-se espaçamento entre linhas versal do fruto foi mensurado utilizando- pelo teste Tukey ao nível de 5% de proba-
de 1,00 m e entre plantas de 0,50 m. se paquímetro digital. Para mensuração da bilidade e para perda de massa foram reali-
Frutos foram colhidos primeiramente área externa referente ao dano físico, es- zadas análises de regressão no desdobra-
em cesta de bambu, com dimensões ex- tas foram delimitadas utilizando-se cane- mento da interação dentro de cada sistema
ternas de 40 cm de comprimento, 25 cm ta marcador para retroprojetor de cor pre- de colheita.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1019


M. D. Ferreira et al.

Tabela 1. Avaliação para danos físicos (%) em frutos de tomate cultivar ‘Débora’, em dife- tomate de mesa, também encontraram
rentes técnicas de colheita (cesta e sacola plástica) comparadas a testemunha. Campinas, maior rendimento com o uso da sacola
UNICAMP, 2003. de colheita, todavia com menores da-
Técnica de colheita Dano físico (%) nos físicos aos frutos.
Testemunha 1,27 b Observou-se maior incidência de
Cesta 3,55* a danos físicos, ainda que não significati-
Sacola 3,99 a vo, em tomates colhidos com sacola de
* Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey a lona plástica (3,99%), quando compa-
5% de probabilidade rados àqueles colhidos com cestas de
bambu (3,55%) (Tabela 1). Os tomates
colhidos sem esse manuseio (testemu-
Tabela 2. Avaliação de descarte de frutos após 21 dias de armazenamento, baseado em nha) apresentaram 1,27% de danos físi-
escala 0-5, considerando (0) fruto apropriado para consumo; (1) descarte por dano físico cos. Esses frutos apresentavam danos
externo superficial; (2) descarte por dano físico externo grave (3) descarte por dano físico e físicos relacionados ao ataque de inse-
podridão associadas (4) descarte por podridão; (5) descarte por perda de água (seco) ou por
tos, e estacas de bambu, demonstrando
queima do sol. Campinas, UNICAMP, 2003.
que as perdas já iniciam no campo e
Técnica de Escala de notas (%) Total aumentam na etapa de colheita, como
colheita 0 1 2 3 4 5 descarte (%) também foi observado por Sanches
Testemunha 62,50 0 5,00 7,50 20,00 5,00 37,50 (2002) em bananas. Hung e Prussia
Cesta 28,34 5 42,50 3,33 15,00 5,83 71,66 (1989) também relatam que a incidên-
Sacola 17,50 5 40,00 8,33 26,67 2,50 82,50 cia de danos físicos está relacionada ao
Test. x Cest. s* s s. n.s. n.s. n.s. s tipo e intensidade do manuseio utiliza-
Test. x Sac. s s s n.s. n.s n.s. s do.
Cesta x Sac. s n.s n.s. n.s. s n.s. n.s De acordo com Schoorl e Holt,
(1982), os danos físicos causados por
impacto e compressão são os que mais
influenciam na qualidade dos frutos de
tomate. Na colheita de tomates, o ponto
crítico para incidência em danos físicos
ocorreu principalmente quando do im-
pacto do fruto em queda na caixa plás-
tica e/ou cesta de colheita e a compres-
são do fruto contra a superfície externa
da cesta ou sacola plástica. Altura e ve-
locidade de queda, enchimento das cai-
xas, cestas e sacolas plásticas, são fato-
res que ocasionaram danos aos frutos.
Treinamento de funcionários e utiliza-
ção de equipamento adequado podem
modificar a situação encontrada.
Observa-se perda de massa (Figura
1) crescente durante o armazenamento,
porém significativamente maior em to-
mates colhidos com sacola e cesta de
bambu em relação à testemunha.
A qualidade dos frutos no final de
Figura 1. Modelos ajustados para a perda de massa, em porcentagem, (y) em função dos 21 dias de armazenamento foi compro-
períodos de armazenamento, em dias, (x) dentro de cada sistema de colheita. Campinas, metida principalmente em frutos colhi-
UNICAMP, 2003. dos com sacola (82,5% de descarte)
quando comparada com colheita utili-
zando cesta de bambu (71,66%), pro-
20’13", superior em 20%, em relação a vavelmente devido a maiores danos fí-
RESULTADOS E DISCUSSÃO sacola plástica (15’51"). Porém, este sicos associados a podridões. A teste-
menor tempo de colheita não interferiu munha apresentou 37,5% de frutos des-
O tempo necessário para realizar a positivamente na qualidade final do fru- cartados após armazenamento. Os da-
colheita no mesmo número de plantas to. Silva e Calbo (1991) em avaliação nos físicos graves provenientes da eta-
utilizando-se cesta de bambu foi de de diferentes métodos de colheita para pa de colheita foram as principais cau-

1020 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Técnicas de colheita para tomate de mesa

sas de descarte, principalmente para fru- BARRETT REINA, L.C. Conservação Pós-co- LANA, M.M.; MOITA, A.W.; NASCIMENTO,
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and storage time on the bruise susceptibility of em São Paulo, SP, v.41, n. 2, p. 1-15, 1994.
Os autores agradecem à FAPESP e peaches (cv. Red Globe). Transactions of the VERGANO, P.J.; TESTIN, R.F.; NEWAL JR.,
ao proprietário e funcionários da empre- ASAE, v.32, n.4, p.377-1382, 1989.
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LITERATURA CITADA p.2110-2116, 1991.
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Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1021


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v.23, n.4, p.1022-1028, out-dez 2005.

Análise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do Paraná1


Raquel R.B. Negrelle2; Eliane R.S. Elpo3; Neusa G.A. Rücker 4
2
UFPR, C. Postal 19023, 81531-970 Curitiba-PR; E-mail: negrelle@ufpr.br; 3UFPR, R. Padre Camargo, 280, 7º andar, Alto da Glória,
80060-240 Curitiba-PR; E-mail: erselpo@ufpr.br; 4Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, R. dos Funcioná-
rios, 1559, Cabral, 80035-050 Curitiba-PR; E-mail: neusagar@pr.gov.br

RESUMO ABSTRACT
Apresentam-se resultados de estudo prospectivo da cadeia pro- Prospective analysis of the ginger agrobusiness in Paraná
dutiva do gengibre no estado do Paraná (Brasil), englobando pano- State, Brazil
rama mundial, brasileiro e paranaense de produção e comercialização; A prospective analysis of the ginger trade chain in Paraná State
caracterização da comunidade produtora agrícola paranaense; iden- (Brazil) is presented, including an overview of the production and
tificação, caracterização e detecção dos principais pontos de estran- commercialization at both international and national levels as well
gulamento de outros níveis da cadeia produtiva. as the characterization of the agricultural community and of the others
levels of the trade chain in Paraná State, and the main strangulation
points at these levels.

Palavras-chave: Zingiber officinale Roscoe, cadeia de produção, Keywords: Zingiber officinale Roscoe, production chain, marketing.
comercialização.

(Recebido para publicação em 5 de outubro de 2004 e aceito em 2 de setembro de 2005)

O rizoma de gengibre é amplamente


comercializado em função de seu
emprego na medicina popular (excitan-
va, em especial, no que se refere ao sis-
tema operacional de comercialização,
que de acordo com as queixas dos pro-
identificar oportunidades e nichos de
mercado para os produtos da cadeia
(IAPAR, 2003).
te, estomacal e carminativo), na alimen- dutores, tem causado prejuízos ao Realizou-se o estudo prospectivo da
tação, industrial, especialmente como agronegócio gengibre. cadeia produtiva do gengibre no estado
matéria-prima para fabricação de bebi- As rápidas mudanças que estão ocor- do Paraná, aqui apresentado e que en-
das, perfumes e produtos de confeitaria rendo em todos os setores da socieda- globa: a) Panorama do volume de pro-
como pães, bolos, biscoitos e geléias de, em especial nos âmbitos político, dução agrícola mundial, brasileira e
(CORRÊA JUNIOR et al., 1994; TRO- econômico e tecnológico, impõem cres- paranaense de gengibre; b) Caracteriza-
PICAL, 2000; INFORMAÇÕES, cente complexidade ao processo de pla- ção da comunidade produtora agrícola
2002). Várias propriedades do gengibre nejamento das organizações que atuam do litoral paranaense de gengibre; c)
foram comprovadas em experimentos no agronegócio. Por outro lado, a aber- Identificação e caracterização de outros
científicos, citando-se as atividades anti- tura econômica e o acesso à informação níveis da cadeia produtiva do gengibre
inflamatória, antiemética e antinausea, e a produtos de todas as partes do mun- do litoral paranaense; Detecção dos
antimutagênica, antiúlcera, do tornam o consumidor mais exigente. principais pontos de estrangulamento
hipoglicêmica, antibacteriana, entre ou- O estabelecimento de estratégias que nos diferentes níveis da cadeia produti-
tras (YOSHIKAWA et al., 1994; atendam aos interesses dos consumido- va no litoral do Paraná.
ONTENGCO et al., 1995; res requer que os (demais) agentes das
LONIEWSKI et al., 1998; WHO, 1999; cadeias produtivas apresentem eficiên- MATERIAL E MÉTODOS
UTPALENDU et al., 1999). cia, qualidade e que se coordenem en-
Incluído no grupo “especiarias”, o tre si para garantir, também, menor pre- Realizou-se pesquisa exploratório-
gengibre representa atualmente o 3º lu- ço, uma vez que a competitividade dos descritiva baseada em levantamento bi-
gar das plantas medicinais, aromáticas produtos de origem agropecuária está bliográfico e documental, além de visi-
e condimentares mais produzidas no sendo definida pelas instâncias “fora da tas técnicas e entrevistas abertas (2000
Paraná (PARANÁ, 2003). Apesar desta porteira”. O estudo das cadeias produ- a 2002). Neste processo, várias institui-
importância econômica no contexto re- tivas procura levantar os pontos críticos, ções foram contatadas, citando-se espe-
gional, há carência de informações sis- atuais e potenciais, que impedem o al- cialmente a Secretaria de Agricultura e
tematizadas sobre esta cadeia produti- cance desses objetivos, assim como Abastecimento do Estado do Paraná

1
Parte da tese de Doutorado em Agronomia, Produção Vegetal PELA UFPR do segundo autor.

1022 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Análise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do Paraná

(SEAB/PR), que disponibilizou infor- sileira de Distribuição (CBD) (n= 1) e Com referência aos indicadores eco-
mações estatísticas referentes aos mu- Sonae Distribuição Brasil (n=2). A se- nômicos, a área mundial ocupada com
nicípios produtores, área, produção e leção destes foi efetuada com base nos gengibre apresentou variação de 3,7%
valor bruto da produção; a Empresa dados da Associação Brasileira de Su- entre 1999 e 2001, passando de 310.100
Paranaense de Assistência Técnica e permercados (ABRAS) (2000), dados ha para 321.732 ha. Já o volume ofertado
Extensão Rural (EMATER/PR) e o Ins- que representam as três maiores empre- nesse período mostrou variação positi-
tituto Agronômico do Paraná (IAPAR/ sas deste setor, por faturamento bruto va maior que a da área (7,7%), com
PR), onde se obteve informações com- em nível nacional. média de 800.775 t. A Nigéria destaca-
plementares relativas aos diversos seg- Todas as principais feiras-livres, pro- se em nível mundial pela extensão da
mentos e agentes econômicos que com- movidas semanalmente em Curitiba, área cultivada com gengibre, embora em
põem esta cadeia produtiva. O universo foram visitadas, identificando-se e se- termos de volume produzido seja supe-
de técnicos entrevistados nestas institui- lecionando-se as bancas que procediam rada pela Índia e China. O aumento de
ções correspondeu a 10 pessoas, repre- as vendas de gengibre in natura, para área ocorrido entre 1999 e 2001 deveu-
sentando 6 Núcleos Regionais da avaliação no contexto desta pesquisa se, principalmente, à alta demanda do-
SEAB/PR e englobando 32 municípios (n=2). Igualmente, todas as bancas méstica como dos mercados internacio-
paranaenses. inseridas no Mercado Municipal que nais (HERBS; SPICES, 2003).
Adicionalmente, foram efetuadas comercializavam o gengibre in natura O comércio internacional dos
visitas técnicas e entrevistas abertas a 9 foram também identificadas e avaliadas rizomas de gengibre é feito sob 3 for-
produtores de Morretes, principal região (n=2). mas básicas: gengibre in natura, em
produtora de gengibre no Paraná. Estes As informações estatísticas referen- conserva ou cristalizado e seco. Do
produtores foram selecionados aleato- te ao comportamento do comércio ex- rizoma imaturo, tenro e menos pungen-
riamente a partir de cadastro junto à terior do gengibre, disponibilizadas em te, colhido em torno de 6 meses, é pre-
EMATER, buscando-se representantes Brasil (2004), foram consideradas como parada a conserva (em salmoura ou xa-
de cada uma das três classes de proprie- parâmetros comprobatórios dos indica- rope de açúcar) ou o gengibre cristali-
dades (pequenas, médias e grandes) dores, US$ FOB e Peso Líquido (kg) na zado. O gengibre seco é preparado a
agrícolas, segundo critérios desse cadas- análise da exportação e importação bra- partir do rizoma colhido após comple-
tro. Neste processo, buscou-se identifi- sileira da mercadoria gengibre. tado o seu estágio de maturação. Este
car junto aos produtores, o fluxo de gengibre seco é comercializado em pe-
comercialização do produto agrícola RESULTADOS E DISCUSSÃO ças íntegras, laminado ou ainda em pó.
gengibre in natura. Esta última forma é utilizada em menor
Paralelamente, procedeu-se entre- volume dado que o processo de moa-
Cenário mundial
vistas com 3 representantes de peque- gem é geralmente realizado no país im-
O gengibre tem sido utilizado no orien- portador (TAVEIRA MAGALHÃES et
nas indústrias familiares em Morretes,
te há mais de 2.000 anos, havendo refe- al., 1997). Registra-se também a
aleatoriamente selecionados dentre os
rências de que nos séculos XII a XIV era comercialização de produtos derivados
34 registrados em cadastro existente na
tão popular na Europa quanto a pimenta- do gengibre, como o óleo essencial e
EMATER.
do-reino. Antes do descobrimento da oleoresina. O óleo essencial é produzi-
Foram também entrevistados 3 re- América já era largamente utilizado pelos
presentantes do setor gerencial da do, principalmente, na Índia e na China
árabes, como expectorante e afrodisíaco,
comercialização de produtos in natura e, em menor escala, na Austrália,
sendo difundido por toda a Ásia tropical,
na região metropolitana de Curitiba, vin- Jamaica e Indonésia
da China à Índia. Foi introduzido na Amé-
culados à Central de Abastecimento do (INTERNATIONAL TRADE
rica logo após o descobrimento, sendo que
Paraná (CEASA-PR). Neste mesmo lo- CENTRE, 1986; PURSEGLOVE et al.,
os primeiros relatos comentam que inicial-
cal, foram entrevistados locatários de mente foi cultivado no México, sendo em 1981).
boxes de comercialização de produtos seguida levado às Antilhas, principalmente O valor mundial do comércio de
in natura (n=3) e produtores que à Jamaica, a qual em 1.547, chegou a ex- gengibre chega a cerca de US$ 185 mi-
comercializam seus produtos no pátio portar cerca de 1.100 t para a Europa lhões, excluindo-se o óleo e a oleoresina.
(“pedras”) (n= 3). (LISSA, 1996). Apesar de maior produtor, a participa-
De forma complementar, procedeu- De acordo com a FAO, citada nos ção da Índia neste mercado mundial é
se entrevistas com representantes de dis- estudos de Herbs e Spices (2003), o pequena, correspondendo a apenas 6%.
tintos setores referendados pela CEASA prognóstico do agronegócio gengibre é A China, por sua vez, tem liderado este
(2002), como receptores do produto por promissor, em função do aumento da mercado. Entretanto, no que tange ao
ela comercializado em Curitiba, a saber: área, produção e produtividade nos prin- comércio de oleoresina e óleo, aproxi-
supermercados (n= 4), feiras-livres (n= cipais países produtores. Neste contex- madamente 50% é proveniente da Ín-
2) e Mercado Municipal (n= 2). to está incluso o Brasil, sem contudo ter dia. Os preços do gengibre no mercado
O setor supermercadista foi repre- sido nominada a sua participação nas mundial variam grandemente de acor-
sentado pelos seguintes estabelecimen- informações estatísticas do à sua origem e limpeza. O preço de
tos: Carrefour (n= 1), Companhia Bra- disponibilizadas. importação do gengibre seco geralmente

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1023


R. R. B. Negrelle et al.

subseqüentes.
O gengibre brasileiro é geralmente
comercializado no estado in natura e se
destina essencialmente à exportação
(70% a 80%), principalmente para Es-
tados Unidos, Reino Unido, Holanda e
Canadá.Os rizomas que não atingem a
qualidade tipo exportação são destina-
dos ao mercado regional. De 73 t em
1972, a exportação de gengibre alcan-
çou 3.800 t em 1985, estabilizando-se e
voltando a crescer a partir de 1993
(6.721 t em 1994), com o preço médio a
Figura 1. Evolução da exportação brasileira de gengibre, 1999 a 2003. US$ 1,04/kg em 1995 (TAVEIRA MA-
Fonte de dados: Brasil (2003). GALHÃES et al., 1997). Registra-se,
em 1998, cifra recorde de exportação
ultrapassando US$ FOB 7.0 milhões,
mas seguido por um expressivo decrés-
cimo, em 2002, cujo valor correspondeu
à quase metade do comercializado em
1998 (vide NURIN/BANCO DO BRA-
SIL, 2003; BRASIL, 2004).
O aumento de 31,3% no volume ex-
portado de gengibre de 1995 a 1998
pode ser justificado pela maior deman-
da no mercado importador, além de
melhor preço oferecido ao produto bra-
sileiro em detrimento ao oferecido pe-
los outros países produtores, muito em-
Figura 2. Evolução da importação brasileira de gengibre, 1999 a 2003. bora, no período seguinte a queda ao
Fonte de dados: Brasil (2003). redor de 17% está relacionada à falta de
qualidade do produto brasileiro frente
aos oferecidos por outros países, segun-
está entre US$ 700 e US$ 1350/t. O gen- Embora o Brasil seja considerado, do informações de produtores do litoral
gibre jamaicano tem um nicho particu- um dos grandes fornecedores mundiais paranaense e de técnicos da SEAB–PR
lar, sendo vendido no mercado europeu de gengibre, sua produção é pequena (Figura 1).
a preços que variam entre US$ 5000 e comparativamente a outras culturas, A evolução da importação brasilei-
US$ 6000/t. O preço do óleo varia de envolvendo relativamente um conjunto ra de gengibre apresenta um movimen-
acordo com sua concentração e pureza. pequeno de agricultores (SANTOS, to pendular, na medida em que as for-
O óleo de origem chinesa é vendido por 2000). A produtividade média brasilei- ças de mercado determinam a oferta e a
US$ 22 a US$ 30/kg, o de origem chi- ra tem sido registrada em torno de 20 t/ demanda. Durante o período de 1996 a
nesa a US$ 40 a US$ 50/kg e o prove- ha, cifra bastante inferior à obtida nos 2003, o menor volume importado foi de
niente de Sri Lanka chega a US$ 70/kg, principais produtores mundiais (60 t/ha) 2000, que correspondeu a 22,0 mil kg.
preço que tem se elevado ultimamente. (RÜCKER, 1993). Esta diferença, se- A partir de 2001, os preços médios ne-
A oleoresina é cotada entre US$ 40 e gundo a autora, estaria atrelada à varia- gociados no comércio exterior tendem
US$ 50/kg (CROP PROFILE, 2003). bilidade das condições de solo e clima a diminuir, competindo com os preços
de cada região produtora, tratos cultu- médios praticados no mercado interno
Cenário nacional
rais, diversificação e rotação de cultu- brasileiro. Com esta mudança, mesmo
No Brasil, acredita-se que a intro- penalizando a Balança Comercial Bra-
dução do gengibre deu-se durante a in- ras, tecnologia apropriada, mão-de-obra
treinada e organização do setor produ- sileira, a importação de gengibre, em
vasão holandesa, em função da permu- 2003, atingiu um volume de 56,7 mil
ta de plantas econômicas existentes en- tivo.
kg líquido (Figura 2).
tre os dois países naquela época (LISSA, Há carência de informações no to-
cante à evolução da produção brasilei- Cenário estadual
1996). Esta cultura iniciou-se no Rio de
Janeiro, espalhando-se para São Paulo, ra. Segundo Rücker (2002), a produção A cultura de gengibre foi introduzida
Paraná e, mais recentemente, para San- de gengibre no Brasil em 1999 esteve por famílias de japoneses no litoral
ta Catarina (SANTOS, 2000), principal- em torno de 10 mil t. Não foram encon- paranaense há aproximadamente 25
mente nas regiões litorâneas. trados registros das produções dos anos anos (EPAGRI, 1998). Entretanto, tor-

1024 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Análise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do Paraná

nou-se efetivamente comercial somen-


te na última década, após introdução de
variedade de rizomas gigantes
(TAVEIRA MAGALHÃES et al.,
1997). Atualmente, o Estado do Paraná
desponta como o maior produtor nacio-
nal de gengibre (rizomas in natura)
totalizando 3.945 t/ano, em uma área
aproximada de 201 ha, distribuída em
26 municípios. A safra 2001/02
contabilizou R$ 3.3 milhões,
correspondendo a 19,14% do Valor Bru-
to da Produção (VBP) do Grupo “Espe-
ciarias” e 0,017% do VBP estadual
(PARANÁ, 2003).
A maior parte da área produtora de
gengibre no Paraná (97%) está concen-
trada no litoral paranaense, restrita aos
municípios de Morretes, Guaraqueçaba,
Antonina, Paranaguá e Guaratuba, to-
dos pertencentes ao Núcleo Regional
(NR) de Paranaguá (PARANÁ, 2003).
Os cinco municípios produtores de
gengibre que pertencem ao Núcleo Re-
gional de Paranaguá ocuparam uma área
aproximada de 194 ha, com produção
média de 3.880 t na safra 2001/02.
Morretes, principal município
paranaense produtor de gengibre, ocu- Figura 3. Evolução da área (A) e da produção (B) de gengibre, Estado do Paraná, Safras
pa aproximadamente 60% da área cul- 1990/91 a 2001/02.
tivada e participa com 54% do total da Fonte de dados: Paraná (2003).
produção do Núcleo Regional
(PARANÁ, 2003).
tendem a forçar a venda do produto por Segundo Santos (2000), a
A análise das informações estatísti-
preços mais reduzidos. Outro agravante comercialização para o mercado exter-
cas referentes a área ocupada e volume
seria a inaceitabilidade deste produto no do gengibre produzido em Morretes
de produção de gengibre, safras 1990/
frente a um mercado mais exigente em foi iniciada há cerca de 20 anos, median-
91 a 2001/02, indicam um comporta-
termos de aparência e ausência de fun- te a Cooperativa Agrícola de Cotia. Este
mento sazonal atrelado às variações da
gos, substâncias químicas tóxicas e mercado externo é realizado por empre-
oferta e demanda do mercado externo
acompanhamento de laudo fitossanitário sas exportadoras localizadas no Paraná
(PARANÁ, 2003) (Figura 3/A-B).
comprobatório desta qualidade. (Antonina, Morretes e Curitiba), São
A safra 1997/98 foi recorde em ter- Paulo (São Paulo, Santos, Indaiatuba,
mos de produção de gengibre, principal- Desta forma, atualmente, há um nú-
mero bem menor de produtores devido Atibaia e Jales), Minas Gerais (Belo
mente em função do que foi produzido Horizonte) e Santa Catarina (Itajaí). A
no núcleo regional de Paranaguá. As- ao prejuízo na comercialização da safra
2001/02, face ao cumprimento de con- maioria destas empresas que exportam
sim como citado para o comércio brasi- o gengibre do município de Morretes
leiro de gengibre, vários fatores podem tratos de exportação e, segundo Rücker
(2002), a produção agrícola do gengi- tem um funcionário que inspeciona a
estar associados a este recorde estadual embalagem do produto nas proprieda-
como, por exemplo, a demanda do mer- bre ainda pode ser considerada uma ati-
vidade lucrativa, desde que seja des de produção. As empresas de maior
cado importador, além do melhor preço porte possuem, geralmente, um repre-
pago ao produto em relação a outros implementado um sistema agro-indus-
trial de manejo e beneficiamento ade- sentante que acompanha a carga no por-
países produtores. to de destino.
As safras subseqüentes não mantive- quado deste produto, sem uso abusivo
de insumos agrícolas e sem uso de Comunidade produtora agrícola
ram este patamar de produção. Como já
agrotóxicos. Assim, potencializar-se-ia O sistema de produção paranaense
anteriormente mencionado, entre os fa-
a aceitação do gengibre paranaense pelo de gengibre, em especial no município
tores apontados pelos produtores, cita-se
mercado consumidor regional e tercei- de Morretes, é realizado por pequenos
o desestímulo em função da dependên-
ros países. (área da cultura de 0,2 a 0,3 ha), médios
cia de “atravessadores” que, por sua vez,

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1025


R. R. B. Negrelle et al.

e grade de disco, escarificador, carreta,


pulverizador, conjunto de irrigação, pul-
verizadores costais, lavadores de gen-
gibre, contentores de plástico para trans-
porte e colheita da produção, entre ou-
tros. Evidenciou-se que os processos de
beneficiamento do gengibre pós-colhei-
ta no município de Morretes estão afe-
tos ao tipo de produto final
comercializado, a saber: rizomas in
natura. Desta forma, após a colheita o
rizoma é geralmente submetida à lava-
gem e limpeza manual, secagem natu-
ral, classificação, acondicionamento
(embalagem) e transporte.
Origem e destino da produção
agrícola
Cerca de 70% a 90 % da produção
Figura 4. Distribuição da Comercialização do Gengibre, Morretes, 2001. de Morretes destina-se à exportação do
Fonte: Pesquisa de campo, 2001. produto in natura. Do restante desta pro-
dução, parte é utilizada localmente, em
forma de rizomas-semente ou encami-
(área da cultura de 0,3 a 1 ha) e grandes gados. As propriedades maiores têm nhada para processamento industrial, e
produtores (até no máximo 10 ha). Es- entre doze e quinze empregados parte é encaminhada à CEASA-PR, com
sas propriedades, em sua maioria, pos- registrados e durante a colheita são tem- sede em Curitiba, para comercialização
suem atividade olerícola, englobando a porariamente contratados entre sessen- in natura tanto nos boxes, por
cultura de gengibre e de outras hortali- ta e oitenta pessoas. Estes trabalhado- comerciantes locais, como nas “pedras”.
ças, como chuchu, berinjela, alface, pe- res recebem uma diária, em média, de
Pequenas indústrias familiares
pino, abobrinha, entre outras; caracteri- R$10, podendo chegar até a R$ 15, no
zando este município como um impor- caso de mão-de-obra mais especializa- No Paraná não há registro de
tante fornecedor de hortaliças para a da. A renda dos trabalhadores é gasta processamento do gengibre em nível
Região Metropolitana de Curitiba. Em praticamente toda no município, deter- industrial, exceto o realizado por peque-
Morretes foram observadas três situa- minando que os resultados das safras de nas indústrias familiares localizadas em
ções quanto ao custeio do cultivo: o pro- gengibre sejam refletidos no comércio Morretes. Segundo técnico da
dutor arca com os custos, os produtores local. EMATER, em 2003, registraram-se 34
são financiados pelas empresas expor- indústrias caseiras que processavam
Terminada a colheita do gengibre,
tadoras, tendo o produtor venda garan- parte da colheita de gengibre neste mu-
parte dos trabalhadores continua no pre-
tida do produto, e o cultivo é realizado nicípio. Estas indústrias produzem prin-
paro do novo plantio, o restante vai para
com financiamento bancário. cipalmente balas, conservas e geléia de
a colheita e o plantio de hortaliças. Isso
gengibre. Estes produtos são vendidos
Mão-de-obra empregada mantém a grande maioria dos trabalha-
localmente, em outras cidades do lito-
Santos (2000) salienta que no muni- dores rurais empregados, praticamente,
ral e, também, em feiras-livres e alguns
cípio de Morretes, o setor agrícola é o o ano todo (IAPAR, 2000/01).
supermercados de Curitiba. Segundo
grande gerador de empregos, principal- Tecnologia empregada Santos (2000), o número destas indús-
mente nas atividades de colheita, pre- Observou-se em Morretes um modelo trias em anos passados chegou a 150.
paro e limpeza, classificação e embala- tecnológico em transformação, onde coe- Esta diminuição em relação ao obser-
gem do produto in natura. Salienta, ain- xistem as agriculturas tradicionais da ba- vado atualmente pode ser um reflexo da
da, que entre dois mil e quinhentos a três nana e da mandioca, de baixa produtivida- própria diminuição da produção local.
mil empregos (a grande maioria tempo- de, e sistemas de produção tecnificados, A Resolução n.23, de 15/03/2000 da
rários) são gerados durante o período visando o mercado, com médio e alto ní- Secretaria de Vigilância Sanitária
que envolve a colheita do gengibre. Fora veis tecnológicos e alta produtividade, con- (BRASIL, 2000), que regulamenta o
o período da colheita, cerca de mil e forme detalhado em Marchioro (2002). registro de produtos alimentícios, dis-
quinhentas pessoas trabalham durante Entre os tecnificados, cita particularmente pensa da obrigatoriedade de registro as
todo o ciclo da lavoura, que é de um ano. o cultivo do gengibre. indústrias que processam balas, doces e
Nas pequenas propriedades, toda a fa- De acordo com EPAGRI (1998), os conservas. Entretanto, a Resolução RDC
mília trabalha no cultivo. Porém, duran- produtores de gengibre possuem equi- n.275, de 21/10/2002, da Secretaria de
te a colheita, estes pequenos produtores pamentos agrícolas como cultivador Vigilância Sanitária (BRASIL, 2002)
contratam entre quinze e vinte empre- motorizado, trator equipado com arado recomenda aos estabelecimentos produ-

1026 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Análise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do Paraná

tores de alimentos a aplicação do regu- potencializa o risco de dano ambiental “atravessadores” de que o produto
lamento técnico de procedimentos próximo a regiões de preservação paranaense deixa a desejar no aspecto
operacionais padronizados e verificação ambiental e rios. Há uma tendência do qualidade com a presença de fungos e
das boas práticas de fabricação. A pes- mercado mundial, grande alvo da pro- ausência de controle sanitário
quisa de campo realizada em Morretes dução do município de Morretes, dar comprobatório.
revelou total ausência de controle de preferência ao gengibre orgânico (SAN- É imprescindível que se diga que a
qualidade nestas pequenas indústrias TOS, 2000), visto que o uso inadequa- comercialização está diretamente rela-
processadoras, tanto por parte da do de agrotóxicos na agricultura poder cionada com a qualidade e preço. O pro-
ANVISA local quanto de órgãos trazer sérios prejuízos à segurança do dutor busca minimizar custos e obter o
extensionistas rurais e dos próprios pro- trabalhador rural envolvido em sua apli- melhor preço para o seu produto, para
prietários. cação, à saúde do consumidor e ao equi- potencializar a inserção do produto no
Comercialização do gengibre in líbrio do meio ambiente. mercado e aumentar sua lucratividade,
natura A incidência de pragas (principal- enquanto que o comprador espera obter
A CEASA-PR é o principal polo re- mente lagarta-rosca, nematóides e doen- a melhor qualidade possível aliada a
ceptor e de comercialização de gengi- ças Phyllosticta sp, Rhizoctonia solani, menores preços. É um ciclo vicioso, que
bre in natura na Região Metropolitana Fusarium oxysporum) compromete se- nem sempre considera o consumidor fi-
de Curitiba. Conforme dados obtidos da riamente a produção de gengibre. O con- nal como dependente direto do resulta-
Divisão Técnica Econômica da trole destas ou a redução de seus efeitos do deste processo.
CEASA-PR (2002), a comercialização tem sido conseguido, em parte, com a Controle de qualidade
do gengibre in natura pela CEASA de rotação de culturas e o emprego de Observou-se uma grande carência
Curitiba correspondeu a um volume rizomas-semente sadios.
quanto ao controle higiênico-sanitário
aproximado de 200 t, no período de 2000 Outra grande dificuldade da cultura do sistema de produção como um todo,
a 2001, com preço médio por kg de R$ no município, segundo Santos (2000), especialmente no beneficiamento pós-
0,90 a R$ 0,67, respectivamente. Deste é a descapitalização do produtor, que colheita, por parte dos produtores. Con-
volume comercializado neste período, contraiu muitas dívidas com os bancos seqüentemente, o produto final apresen-
79,1% a 79,5% referiam-se ao produto no início da década de 90 e, em torno ta sério comprometimento de qualida-
procedente do município de Morretes. de 70 produtores, securitizaram suas de frente ao mercado consumidor regio-
Os principais receptores do produto dívidas. Com isso, há o impedimento ao nal e terceiros países, especialmente no
ofertado na CEASA-PR são acesso a novos créditos e, desta forma, que concerne aos padrões
supermercadistas, feirantes e comprometendo a produção, bem como microbiológicos referenciados como
a qualidade do produto.
comerciantes do Mercado Municipal de adequado em Brasil, 2001.
Curitiba (Figura 4). Comercialização
A falta de qualidade que muitas ve-
Segundo a Secretaria Municipal de De modo geral, os produtores de zes se iniciou na produção acaba per-
Abastecimento de Curitiba (SMAB), no gengibre de Morretes se mostram insa- sistindo no setor secundário. A maioria
período de 2000 a 2001, as feiras-livres tisfeitos com o mercado externo. Não das pequenas indústrias não aplica con-
movimentaram cerca de 42,8% da há garantia de preço, nem existência de trole de qualidade ao produto, operan-
comercialização anual do gengibre in um contrato estabelecido entre o agricul- do em situação bastante precária, bem
natura e o Mercado Municipal de tor e o comprador, determinando em como o descumprimento da Resolução
Curitiba 20,0% (PARANÁ, 2002). muitos casos atraso ou mesmo a falta de RDC n.275 (BRASIL, 2002), por parte
pagamento pelo produto. Esta situação da fiscalização. Este tipo de situação
Limitações e pontos de estrangu-
passa a configurar-se em desestimulo à demonstra descaso com a saúde da po-
lamento da cadeia produtiva de gen-
continuidade do plantio desta cultura, pulação consumidora destes produtos.
gibre de Morretes
reforçada pelo alto custo de produção (em
Produção agrícola Os comerciantes e produtores que
média R$ 18.000,00/ha).
Geralmente o cultivo de gengibre comercializam na CEASA-PR conside-
Outro entrave relativo à ram como critérios de avaliação de qua-
está inserido na região de ocorrência da comercialização, considerado por alguns lidade do rizoma de gengibre: tamanho,
Floresta Ombrófila Densa (Floresta produtores como principal problema, é a brilho, ausência de terra aderida à su-
Atlântica), com severas restrições de uso excessiva produção de gengibre no Bra- perfície do rizoma, ausência de
e ocupação impostas pelo IBAMA e Ins- sil, dificultando a venda. Entretanto, as brotamento e quebra. Entretanto, não
tituto Ambiental do Paraná (IAP). Por- cifras de importação de gengibre desmen- fazem exigência quanto à certificação
tanto, antes de iniciar o plantio, o pro- tem este fato. Alguns outros produtores ou laudo técnico que identifique a qua-
dutor deve entrar em contato com estas consideram como fator negativo na lidade sanitária do produto
instituições para obter o devido comercialização do produto brasileiro os comercializado. A grande maioria des-
licenciamento ambiental. A cultura do baixos preços ofertados pela China, um tes comerciantes mostrou desconhecer
gengibre tradicional no município de dos grandes produtores mundiais. as orientações e normatizações legais
Morretes é caracterizada pelo uso ex- Entre outros fatores também apon- sobre este aspecto e as implicações da
cessivo de agrotóxicos, o que tados pelos produtores foi a alegação dos falta de qualidade na saúde do consu-

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1027


R. R. B. Negrelle et al.

midor. Estes apenas mencionam, ocasio- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vi- NURIN. NÚCLEO REGIONAL DE APOIO A
gilância Sanitária. Resolução - RDC n.275, de 21 NEGÓCIOS INTERNACIONAIS. Dados obtidos
nalmente, as conseqüências do uso de
out. 2002. Regulamento técnico de Procedimen- junto ao Branco do Brasil. Curitiba, novembro,
agrotóxicos. Também o consumidor é tos Operacionais Padronizados aplicados aos Es- 2003.
pouco exigente, dado que compra pro- tabelecimentos Produtores/Industrializadores de ONTENGCO, D.C.; DAYAP, L.A.; CAPAL, T.V.
dutos sem qualquer garantia de proce- Alimentos e a Lista de Verificação das Boas prá-
Screening for the antibacterial activity of essential
ticas de Fabricação em Estabelecimentos Produ-
dência qualificada, mantendo assim a tores/ Industrializadores de Alimentos. Diário
oils from some Philippineplants. Acta Manilana.
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Oficial da União, 06 nov. 2002.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Agricultura e
Nos estabelecimentos de CEASA/PR. CENTRAL DE ABASTECIMEN-
TO DO PARANÁ S/A. Divisão Técnica Econô- do Abastecimento do Paraná - SEAB. Departa-
comercialização foram identificados mento de Economia Rural - DERAL. Área, pro-
mica. Dados referentes à evolução da
problemas, na qualidade do produto comercialização e procedência do gengibre na dução e valor bruto da produção de gengibre no
comercializado, como os de origem nos CEASA de Curitiba - ano 2000/2001, Curitiba, Estado do Paraná, Safra 01/02. Curitiba, 2003.
manipuladores e na inexistência de lau- 2002. PARANÁ. Secretaria Municipal do Abastecimento
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1028 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


VILELA, N.J.; MAKISHIMA, N.; OLIVEIRA, V.R.; COSTA, N.D.; MADAIL, J.C.M; CAMARGO FILHO, W.; BOEING, G.; MELO, P.C.T. Desafios e
oportunidades para o agronegócio de cebola no Brasil. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.1029-1033, out-dez 2005.

Desafios e oportunidades para o agronegócio da cebola no Brasil


Nirlene J. Vilela1; Nozomu Makishima1; Valter R. Oliveira1; Nivaldo D. Costa2; João Carlos M. Madail3;
Waldemar P. Camargo Filho4; Guido Boeing5; Paulo César T. de Melo6
1
Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; 2Embrapa Semi Árido, C. Postal 23, 56300-970 Petrolina-PE; 3Embrapa
Clima Temperado, C. Postal 403, 96001-970 Pelotas-RS; 4Instituto de Economia Agrícola, Av. Miguel Stefano, 3.900, 04301-903 São
Paulo-SP; 5Instituto CEPA, C. Postal 1587, 88034-001 Florianópolis-SC; 6USP-ESALQ, Depto. de Produção Vegetal, C.Postal 9, 13418-
900 Piracicaba-SP; E-mails:nirlene@cnph.embrapa.br; nozomu@cnph.embrapa.br; ndcosta@cpatsa.embrapa.br;
valter@cnph.embrapa.br; madail@cpact.embrapa.br; camargofilho@iea-sp.gov.br; guido@cepa.com.br; pctmelo@esalq.usp.br

RESUMO ABSTRACT
Este trabalho teve por objetivo descrever alguns aspectos The challenges and the oportunities for the onion agribusiness
socioeconômicos relacionados à cebola no Brasil e detectar os prin- The main objective of this work was to describe some
cipais desafios e oportunidades que o produto apresenta para o socieconomic aspects of the onion production in Brazil and to detect
agronegócio. A cultura, de caráter tipicamente “familiar” (88%), gera the principal challenges and opportunities for the onion agribusiness.
cerca de 250 mil empregos somente no setor de produção. O consu- The onion cultivation in Brazil is a family activity (88%), generating
mo é estável em 85 mil t por mês. A consolidação do Mercosul e a about 250 thousand jobs directly involved in the production. The
conseqüente importação de cebola da Argentina somada à produção onion consumption in Brazil is nearly 85 thousand t per month. With
nacional tem causado excesso de oferta em alguns meses, gerando the consolidation of the MERCOSUL, the onion import from
perdas e conseqüentes prejuízos para os produtores. O setor produ- Argentina and the national production has caused excess of supply
tivo brasileiro necessita elevar o nível tecnológico para alcançar maior in some months, generating losses and consequent damages for the
eficiência técnica e econômica. No entanto, é necessário que as re- producers. The Brazilian productive sector needs to improve the
giões produtoras do Brasil e da Argentina tenham estabilidade de technological level of the onion production to reach greater technical
produção e que a quantidade ofertada seja suficiente para atender às and economic efficiency. However, it is necessary that Brazilian and
necessidades de abastecimento em determinados períodos do ano, Argentinian producers look for a better production forecast to avoid
sem causar desequilíbio no mercado. excess of supply during some periods of the year.

Palavras-chave: Alium cepa, agronegócio, competitividade, mer- Keywords: Allium cepa, agribusiness, competitiveness,
cado, produção, importação. commercialization, production, importation.

(Recebido para publicação em 4 de novembro de 2004 e aceito em 14 de setembro de 2005)

N o Brasil, como geradora de empre-


gos e renda na agricultura, a cultu-
ra da cebola é uma atividade de elevada
O objetivo deste trabalho foi elabo-
rar uma análise descritiva da situação
de mercado da cebola no Brasil nos úl-
oferta dos anos de 1999-2003 e as in-
formações obtidas de fontes oficiais
(IBGE e MDIC) e de outros trabalhos
importância socioeconômica. Em razão timos três anos e, especificamente, de- publicados. Os resultados foram descri-
de não existir uma política comercial tectar desafios e oportunidades para o tos com base na sistematização e análi-
restritiva entre os países do agronegócio da cebola no Brasil. se das informações, acerca da situação
MERCOSUL, as entradas livres e estrutural da produção e do comporta-
intempestivas do produto estrangeiro, em MATERIAL E MÉTODOS mento de mercado (KING, 1967;
detrimento das atividades produtivas do KERBY, 1992).
Brasil transferem-se para uma preocupa-
O trabalho foi elaborado com base
ção social mais ampla. Neste aspecto, a RESULTADOS E DISCUSSÃO
na sistematização e análises das infor-
realização de estudos de natureza
mações obtidas em reuniões técnicas
exploratória sobre a situação do merca- No âmbito da agricultura brasileira,
para identificação de sistemas de pro-
do da cebola no Brasil nos últimos anos a cebola destaca-se como uma cultura
dução predominantes nas principais re-
pode ser útil e necessária para subsidiar de elevada importância socioeconômica.
giões produtoras do País, realizadas com
políticas setoriais e novas estratégias de No aspecto de geração de emprego e
a participação dos agentes do
produção e comercialização. As informa- renda, estima-se que a cadeia produtiva
agronegócio de cebola em SC, SP e PE-
ções obtidas poderão auxiliar os agentes gere mais de 250 mil empregos diretos
BA, (VILELA et al., 2002). Adicional-
do agronegócio, instituições de pesquisa só no setor da produção (SAASP, 1997).
mente, utilizaram-se os relatórios dos
e desenvolvimento e formuladores de po- De acordo com censo agropecuário de
encontros intitulados “Seminário Nacio-
lítica setorial nas tomadas de decisão para 1996 (IBGE, 2002), são mais de 102 mil
nal de Cebola – Seminário de Cebola
redirecionar a cebolicultura brasileira, produtores envolvidos na exploração
do MERCOSUL”, promovidos pelo
com vistas a elevar as condições de econômica da cebola. A cultura de ca-
agronegócio de cebola do Brasil e do
competitividade do produto. ráter tipicamente familiar (88%) é res-
MERCOSUL para escalonamento de

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1029


N. J. Vilela et al.

Tabela 1. Calendário de colheita e comercialização de cebola no Brasil, 2003.


Meses
Estados/indicações
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Santa Catarina
Colheita X X X X
Comercialização X X X X X X X X
Rio Grande do Sul
Colheita X X X
Comercialização X X X X X X
Paraná
Colheita X X X
Comercialização X X X X X X X X
São Paulo
Colheita X X X X X X
Comercialização X X X X X X X X
Pernambuco e Bahia
Colheita X X X X X X X X X X X X
Comercialização X X X X X X X X X X X X
Minas Gerais
Colheita X X X X X
Comercialização X X X X X X
Fonte: ANACE,2003

ponsável pela sobrevivência no campo e maior produtividade. Estas preferên- Diante destas exigências, as institui-
de um grande número de pequenos pro- cias incluem cultivares de polinização ções de pesquisa públicas e privadas vêm
dutores que têm a cebola como única aberta ou híbridas que proporcionem ajustando suas atividades para atender às
fonte de renda (VILELA et al., 2002). uma colheita uniforme, exatamente den- demandas dos produtores e dos consu-
Uma das características marcantes do tro da época programada. Adicional- midores, procurando desenvolver culti-
setor produtivo é que, mesmo nas mé- mente, estas cultivares ou híbridos de- vares com as características que atendam
dias e grandes propriedades, o sistema vem exibir padrão comercial similar ao às tendências atuais do mercado.
de produção é em parceria, ou seja, o do produto importado, especialmente Distribuição das safras e preços de
empresário fornece a terra, capital, má- quanto à uniformidade no tamanho do mercado
quinas e insumos, enquanto as famílias bulbo, cor, retenção de escamas e sabor.
Ademais, percebe-se clara avidez por Em decorrência das exigências da
parceiras entram com mão-de-obra para cultura quanto ao fotoperíodo e tempe-
o cultivo, tratos culturais e colheita. tecnologias para produção de cultivares
de cebola menos pungentes (tipos do- ratura, as cultivares regionais são dife-
Maior parte (65,8%) dos produtores de renciadas. Na BA e PE, as cultivares
cebola está concentrada nos extratos de ces ou suaves), mais adequadas para
consumo fresco em saladas e tipos mais predominantes são as importadas claras
área menores que 20 ha e são responsá- precoces e as da série IPA, com resis-
veis por 51,7% da produção nacional apropriados à industrialização (flocos e
pó) e, também, cultivares adequadas tência à conservação de 30 a 45 dias
(IBGE, 2002). após a colheita. Em SP, na safra do cedo,
para cultivo em sistemas orgânicos,
Direções da cadeia produtiva como forma de agregar maior valor ao as cebolas produzidas são as claras pre-
No âmbito da cadeia produtiva, fo- produto nacional (VILELA et al., 2002). coces e, nas semeaduras tardias, as baias
ram observados dois cenários. No seg- No segmento dos consumidores, periformes. Em MG, GO e DF, predo-
mento da produção, a preocupação com observam-se preferências pela ótima minam cultivares claras precoces e a
a competição externa colocou o atendi- qualidade do produto, diversificação de baia periforme.
mento às exigências do mercado como tipos varietais (tipos mais e tipos me- Em SC, as cultivares mais plantadas
o principal centro de atenção do nos pungentes), produtos diferenciados são as crioulas de casca escura, pungen-
agronegócio da cebola. Neste aspecto, (produção em sistemas orgânicos e tes e com armazenamento pós-colheita,
os produtores procuram por produto agroecológicos), disposição dos produ- que pode se estender por até 6 meses, e as
com maior competitividade em qualida- tos classificados e com melhor conser- cultivares baias periformes precoces. No
de, custos e preços, optando por culti- vação pós-colheita. Nas observações de RS, os produtores cultivam tradicional-
vares que garantam maior produtivida- Boeing (2002), os consumidores prefe- mente cebolas do grupo baia periforme,
de, apresentem maior grau de resistên- rem cebolas com bulbos globulares com cuja semente é produzida no próprio esta-
cia às doenças e forneçam produtos co- casca de coloração avermelhada seme- do. Desta forma, a oferta de cebola se dis-
merciais com alto padrão de qualidade lhante à cor do pinhão. tribui durante o ano todo (Tabela 1).

1030 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Desafios e oportunidades para o agronegócio de cebola no Brasil

Tabela 2. Programação da oferta de cebola em mil toneladas, 2003.


Mês RS SC PR SP MG BA/PE GO Brasil ARG MERCOSUL
JAN 16,50 39,60 18,00 3,45 3,50 81,05 4,00 85,05
FEV 15,00 55,00 19,20 2,40 3,00 94,60 9,00 103,60
MAR 55,00 6,00 3,30 4,50 68,80 16,50 85,30
ABR 39,60 1,47 19,09 2,00 62,60 28,50 90,66
MAI 8,35 9,25 2,18 25,32 6,00 51,10 34,50 85,60
JUN 26,84 5,45 23,34 13,00 68,63 27,00 95,63
JUL 26,23 9,22 20,15 11,40 66,90 19,50 86,40
AGO 54,64 10,40 16,00 81,04 7,50 88,54
SET 45,79 10,25 14,10 70,14 3,50 73,64
OUT 0,45 37,05 5,69 16,50 59,70 59,69
NOV 1,00 4,40 6,40 30,52 4,44 14,00 60,76 60,76
DEZ 17,50 17,60 16,00 9,09 4,10 12,00 76,22 76,22
Total 50,00 220,00 65,60 239,24 62,36 171,50 32,40 841,09 150,000 991,09
Fonte: ANACE, 2003.

Desde 1989, com o objetivo de or- efeito da “teoria da teia de aranha”: em pasta de alho e sal, purês e catchup e
ganizar a produção e a comercialização determinada época do ano, o preço é alto cebolas desidratadas.
da cebola no Brasil, os agentes do e a produção é baixa, e no ano seguinte, O consumo institucional (setor de
agronegócio do Brasil e da Argentina o produtor, estimulado pela alta do pre- refeições coletivas) evoluiu no período
(Associações Regionais de Produtores, ço, aumenta a produção; o aumento da de 1998/2002 em 37% (BRASIL, 2002)
Associação Nacional de Produtores de oferta tende a gerar queda dos preços. e, em levantamento recente realizado
Cebola-ANACE, comerciantes de cebo- Isso pode ser observado no período de por Cabrera Filho (2004) relata que o
la e de insumos para a cultura, pesqui- 1998 a 2003, o preço médio de cebola consumo médio de cebola no Brasil si-
sadores, extensionistas) vêm realizando, no mercado atacadista foi de R$ 479,22 tua-se em torno de 85 e 90 mil t/mês. É
anualmente, o Seminário Nacional da por tonelada. A variação bianual dos importante ressaltar que o IBGE pesqui-
Cebola, quando registra-se um acordo preços mostrou pouca diferença entre os sa o consumo familiar no âmbito dos
para a consolidação de safras e a oferta anos pares e ímpares. Os preços maio- domicilios. Para formar uma ideia so-
anual dos dois países para o mercado res ocorreram em anos com final par (de bre a quantidade consumida em todos
brasileiro. Para 2003 foi programada a março a julho, ficaram acima da média), os segmentos do consumo, além das
oferta de 841 mil t de cebola brasileira enquanto nos anos ímpares, a ocorrên- unidades familiares deve-se pesquisar o
e de 150 mil t de cebola argentina (Ta- cia de preços acima da média foi me- consumo das agroindústrias e o chama-
bela 2). Entretanto, de acordo com o nor. A diferença da média entre anos do consumo institucional (setores de
IBGE (2004) a produção naquele ano pares e ímpares foi de 25%. refeições coletivas representados pelas
foi de, aproximadamente, 1.187mil t, O principal mercado atacadista no lojas de comidas prontas, restaurantes,
superando a oferta interna (841.099 t) Brasil é a Ceagesp (Companhia de merenda escolar, hospitais e outros).
em aproximadamente 346 mil t. Entrepostos e Armazéns Gerais do Es- Importações brasileiras para o
Os grandes Estados produtores como tado de SP), que comercializou em abastecimento nacional
SC, SP e BA aumentaram a área planta- 2003, um volume de 92.379 t de cebola As importações brasileiras aumen-
da e a produção em relação ao ano ante- nacional (76%) e importada (24%). taram nos últimos anos. Uma das razões
rior. Além disso, outros Estados de me- Situação do consumo que pode explicar este crescimento é a
nor expressão econômica na O consumo da cebola no Brasil apre- boa aparência da cebola argentina, as-
cebolicultura, como é o caso de GO e sentou tendência de aumento de produ- sociada a sua boa conservação pós-co-
MG vêm investindo na cultura e forman- tos processados ao final da década de lheita. Isto contribui para que os consu-
do novos pólos ceboleiros. Por outro 1990 e início do século 21. Em razão do midores optem pelo produto importado,
lado, é elevada a elasticidade-preço da aumento da população urbana e da o que implica na transferência de valor
oferta da cebola, característica econô- maior participação da mulher no mer- agregado para o país vizinho
mica determinante no processo de pro- cado de trabalho, as famílias passaram (CAMARGO FILHO, 1999).
dução e comercialização que expressa a fazer maior número de refeições fora De acordo com Porter (1993) a prin-
a sensibilidade da produção às variações do domicílio. Apesar da redução do con- cipal vantagem competitiva entre as
de preços. sumo domiciliar de bulbos de 6,5 kg/ nações consiste em aumentar sucessiva-
As variações de preços são hab/ano em 1987 para 3,5 kg/hab/ano mente a produtividade dos fatores e di-
estacionais e ocorrem com certa fre- em 2003 (IBGE, 2004), vem aumentan- ferenciar os produtos em excelência de
qüência, o que pode ser resultado do do o consumo de cebola processada com qualidade.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1031


N. J. Vilela et al.

Tabela 3. Comportamento do mercado de cebolas frescas em 2003.


Suficiência Suprimento do
* Oferta Importação Estoque * * Consumo Exportação
estoques mercado
A B C= A+ B D F
E= D - C = å (E - F)
JAN 81.050, 3.925, 84.975, 85.000, -25, 30,7 -55,7
FEV 94.600, 9.285, 103.885, 85.000, 18.885, 0,6 18.828,7
MAR 68.800, 37.757, 106.557, 85.000, 21.557, 0 40.385,7
ABR 62.160, 45.922, 108.082, 85.000, 23.082, 0,3 63.467,4
MAI 51.100, 44.662, 95.762, 85.000, 10.762, 0,5 74.228,9
JUN 68.632, 12.879, 81.511, 85.000, -3.489, 0,3 70.739,6
JUL 66.905, 10.810, 77.715, 85.000, -7.285, 0 63.454,6
AGO 81.038, 5.345, 86.383, 85.000, 1.383, 194,5 64.643,1
SET 70.145, 1.335, 71.480, 85.000, -13.520, 422 50.701,1
OUT 59.691, 344, 60.035, 85.000, -24.965, 248,7 25.487,4
NOV 60.760, 111, 60.871, 85.000, -24.129, 1,1 1.357,3
DEZ 76.218, 302, 76.520, 85.000, -8.480, 1,7 -7.124,4
TOTAL 841.099, 172.677, 1.013.776, 1.020.000, -6.224, 900,4
Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio (2004a, 2004b); ANACE (2003)
*Programada; **estimado

Tabela 4. Sistemas predominantes e custos de produção de cebola no Brasil. do com o MERCOSUL, foi planejado
Custos de um espaço de 150 mil t no mercado bra-
Principais produtores Sistemas de produção predominantes produção sileiro para a produção argentina, porém
(R$) a Argentina destinou ao Brasil 171.436
Santa Catarina - Cultivo mínimo com microtrator (15.000 t/ha) 3.981,12 t que, somadas às importações de ou-
- Cultivo mínimo com trator (25.000 t/ha) 6.475,36 tros países, totalizaram 172.677 t impor-
- Cultivo mínimo com trator (35.000 t/ha) 8.194,94 tadas. Considerando a oferta programa-
- Sistema agroecológico (10 t/ha) 3.256,00 da do Brasil (841.099 t) mais as impor-
São Paulo Plantio direto (36 t/ha) 7.754,38 tações realizadas (172.677 t) menos as
Petrolina-PE Juazeiro-BA Transplante (25 t/ha) 4.519,96 exportações (900,4 t), observa-se um
Rio Grande do Sul Transplante (20tha) 3.699,00 déficit operacional no mercado (-7.124
Fonte: Vilela et al., 2002. t). Quando se correlaciona o excedente
da produção à oferta programada, con-
sumo e exportações, verifica-se que as
A cebola fresca ou refrigerada foi o maior entrada do produto estrangeiro, importações representaram uma parce-
principal tipo importado pelo Brasil ultrapassam as reais necessidades de la de 51% no total excedente.
(99%). Nos últimos anos, as importações abastecimento do mercado, resultando No Brasil ocorrem situações em que
de alguns tipos, como cebola seca, fo- em perdas para a cebolicultura brasilei- a cebola, como única fonte de renda dos
ram reduzidas. Outras, tais como ra. A ocorrência deste fato pode ser produtores, precisa ser comercializada
echalotes e conservas não estão constan- explicada pela falta de um planejamen- imediatamente após a colheita, até mes-
do da pauta de importações de cebolas. to sistemático da produção: planta-se mo sem cura, para recuperar o escasso
A proposta da Argentina de lançar demais e perde-se muito, seja por defi- capital de giro e sustentar a sobrevivên-
150 mil t de cebola fresca no mercado ciência de armazenagem, seja pelo com- cia da família. Sem cura, a cebola, além
brasileiro em 2003 realizou-se com um portamento de mercado no processo de da aparência não-atrativa, fica mais ex-
acréscimo de 21,4 mil t. Em adição às expurgo da carga excedente. Subtrain- posta às deteriorações. Além dos bul-
excessivas importações da Argentina do da produção interna de 1.187 mil t bos mal curados, verifica-se ainda o
(171,4 mil t) o Brasil ainda importou (IBGE,2004) as necessidades de consu- apodrecimento por falta de ambiente
mais de 1,2 mil t de outros países. mo de 1.020 mil t conforme tabela 3 e adequado ao armazenamento, bulbos
Em 2003, o Brasil importou cebola as exportações de 900,4 t, o resultado é atacados por pragas e doenças, manu-
fresca desnecessária e um excedente de produção equivalente seio e transporte feito sem cuidados, má
intempestivamente durante o ano intei- a 166,2 t. aparência visual dos bulbos
ro, não somente da Argentina como pla- Este resultado evidencia que a im- (desuniformes, descascados ou com cas-
nejado, mas também de outros países. portação de cebola fresca é desncessária, cas muito finas). Em algumas regiões,
A excessiva quantidade importada, so- uma vez que a safra brasileira foi mais como NE e SE são utilizadas cultivares
mada aos estoques de SC, RS e PR, que do que suficiente para suprir o mercado inadequadas que não apresentam resis-
são comercializados na mesma época de nacional. Entretanto, por força de acor- tência ao armazenamento. Pelo fato des-

1032 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Desafios e oportunidades para o agronegócio de cebola no Brasil

tas cultivares de cebola possuírem bai- sil ou da Argentina no mercado brasilei- tornar-se uma alternativa rentável para
xo teor de sólidos solúveis totais na sua ro passa pela questão da competitividade. os produtores.
composição, imediatamente após serem Apesar da produtividade média da cebo-
colhidas e curadas, necessitam ser la brasileira ser mais baixa ,quando com- LITERATURA CITADA
comercializadas, gerando um grande parada à da Argentina e os custos de pro-
fluxo de cebola de baixa qualidade no dução mais elevados, novas fronteiras de ANACE. Escalonamento mensal da oferta de ce-
comércio. Esta situação traz, produção estão surgindo em São Gotardo bola para 2003: em toneladas. In: SEMINÁRIO
consequentemente, quedas de preços, (MG), Cristalina (GO) e Chapada NACIONAL DE CEBOLA, 15; SEMINÁRIO DE
CEBOLA DO MERCOSUL, 16, 2003, Petrolina.
reduzindo a rentabilidade da cultura e Diamantina (BA). Nesses novos polos Anais... Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2003.
elevando os níveis de perdas. Assim, no predominam lavouras de grande exten- BARBERO, A.; CASTELLANO, A.;
segundo semestre, observam-se quedas são, mecanizadas, operando com eleva- LUCANERA, G. Situação actual y perpectivas del
de preço por excesso de oferta, em ra- do nível tecnológico. A produtividade cultivo de cebolla en el Valle Bonaerense del Rio
Colorado. In: REUNIÓN ANUAL DE LA AAEA,
zão da impossibilidade de média desses locais tem sido superior a 29., 1998, La Plata. Trabajos y comunicaciones...
armazenamento. No primeiro semestre, 50 t/ha e qualidade comparável à do si- Buenos Aires: AEEA, 2000.
o escoamento dos estoques armazena- milar importado. BOEING, G. Fatores que afetam a qualidade da
dos da cebola de ciclo tardio confronta- cebola na agricultura familiar catarinense.
Na região de Irecê (BA), a cultura Florianópolis: Instituto Cepa, 2002. 88 p.
se com os da cebola importada. da cebola vem evoluindo de forma con- BRASIL. Ministério do Desenvolvimento da Indús-
No Brasil, a característica marcante siderável nos últimos anos. Os produ- tria e Comércio. Importação brasileira, 07031019:
da oferta de cebola é a estacionalidade tores de Irecê vêm adotando tecnologia outras cebolas frescas ou refrigeradas. Disponível em:
<http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br>. Acesso
da produção. Levando-se em conta o de produção superior à da tradicional em: 22 jan. 2004a.
nível da tecnologia adotado pelos pro- zona do submédio São Francisco (PE- BRASIL. Ministério do Desenvolvimento da Indús-
dutores e as condições de clima, muitas BA). Conseqüentemente, as médias de tria e Comércio. Exportação brasileira, 07031019:
vezes desfavoráveis à cultura, as médias produtividade obtidas têm sido superio- outras cebolas frescas ou refrigeradas. Disponível em:
<http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br>. Acesso
de produtividade são baixas, variando res a 25 t/ha. Estas novas fronteiras de em: 22 jan. 2004b.
de 15 a 17 t/ha. De acordo com Vilela et produção têm contribuído, de forma sig- BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Re-
al. (2002), os custos médios nificativa, para as mudanças no cenário feições coletivas: um segmento que apresenta
oportunidades para o produtor. Frutifatos, Brasília,
operacionais da cebola variam de acor- da comercialização de cebola do país e, DF. Edição 3. p.2-10, 2002.
do com o nível tecnológico da cultura diretamente, são também responsáveis CABRERA FILHO, J. Relatório da produção de ce-
(Tabela 4). pela fragilidade dos pequenos produto- bola no Brasil: 2004. São Paulo: Secretaria da Agri-
res tecnologicamente menos eficientes. cultura e Abastecimento. 2004. 5 p. (Documento).
De acordo com Tosi (2003), na Ar-
CAMARGO FILHO, W.P. Produção e mercado
gentina, o custo médio operacional total Na situação de desarticulação apre- de cebola no MERCOSUL: 1990-98. Informações
da cebola, em 2003, foi de U$ 1.465,02, sentada pelo mercado da cebola fresca, Econômicas, São Paulo, v.29, n.4, p.19-30, 1999.
ou seja, R$ 2.809,59, para o nível de pro- em razão de excesso de produção e ex- CAMARGO FILHO, W.P. Alterações no merca-
dutividade de 1200 bolsas de 25 kg. A cesso de importações, torna-se necessá- do de cebola com o MERCOSUL: Informações
Econômicas, São Paulo, v.32, n.14, p.41-49, 2000.
produtividade média da cebola Argenti- ria a racionalização da produção (redu- GALMARINI, C. Rendimiento da cebolla en Ar-
na, confirmada por Galmarini (2004) ção de área média plantada nas regiões gentina. INTA. Crgalmarini@mendoza.inta.gov.ar
varia entre de 26 a 28 t/ha, levando-se e elevação do nível tecnológico dos sis- (comunicação via E-mail em 03/11/2004).
em conta as cultivares de dia curto, temas) para que sejam gerados ganhos IBGE. Censo Agropecuário:1996.Número de infor-
mantes por extratos de áreas. Disponível em: <http:/
intemediário e longo. Para o caso das de produtividade com capacidade de /www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso em: 20 dez. 2002.
cultivares de dia longo tipo Valencianas, diluir custos e, ao mesmo tempo, elevar IBGE. Produção agrícola municipal de cebola.
que ocupam 80% da área plantada a pro- a qualidade da cebola nacional. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Aces-
dutividade média situa-se em torno de 33 so em: 09 fev. 2004.
A vantagem competitiva do produto IBGE. Pesquisa de orçamento familiar-2003. Dis-
t/ha. Diante das condições produtivas do da Argentina no mercado brasileiro deve ponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso
Brasil, é factível esperar um cenário fa- se manter enquanto o país vizinho cui- em: 18 abr. 2004.
vorável para a Argentina (BARBERO; dar da qualidade e da apresentação da KERBY, J.K. Essencial of marketing
CASTELLANO; LUCARENA, 2000). management. Chicago: South-Western Publishung
cebola que exporta, a menos que o Bra- Company, 1992. 696 p.
Na Argentina existe maior integração dos sil, e em particular os estados do Sul, KING, R.W. Análise quantitativa em administração
setores produtivos com o governo. Além invistam mais em tecnologias, com vis- mercadológica. São Paulo: USP, 1967 682 p.
disso, o solo fértil necessita de pouca tas a alcançar maior eficiência técnica e PORTER, M.E. A vantagem competitiva s das Na-
adubação, principalmente de fósforo e ções. Rio de Janeiro: campus,1993. 897 p.
econômica dos atuais sistemas produti- SAASP. Repensando a agricultura paulista. São
potássio, o que contribui para a redução vos. Outra alternativa é diversificar a Paulo, 1997. 43 p.
dos custos operacionais. Na produção de oferta de variedades, procurando dife- TOSI, J.C. INTA Balcarce: suplemento económico n.
cebola, outro fator que explica as vanta- renciar o produto em relação ao concor- 25: costo operativo de cebolla. Disponível em: <http:/
gens da Argentina em relação ao Brasil é /www.inta.gov.ar/balcarce/info/documentos/econo/
rente, como a produção de cebola tipo suple/25/cebolla.htm> Acesso em: 09 dez. 2003.
o clima que favorece os ganhos de pro- doce ou em sistemas orgânicos ou VILELA, N.J.; MAKISHIMA, N.; VIEIRA,
dutividade e a qualidade dos bulbos agroecológicos. Nos estados do NE, R.C.M.T.; CAMARGO FILHO, W.P.; MADAIL,
(CAMARGO FILHO, 2000). onde o clima apresenta condições favo- J.C.M.; COSTA, N.D.; BOEING, G.; VIVALDI, L.F.;
WERNER, H. Identificação de sistemas de produ-
As situações de produção e ráveis, a produção de cebola tipo salada ção de cebola nos principais Estados produtores: re-
comercialização permitem a conclusão (cebola doce) com vistas às exportações latório final de pesquisa - subprojeto 13.2001.865-
de que a permanência da cebola do Bra- para os Estados Unidos e Europa, pode 07. Brasília: Embrapa Hortaliças, 2002.

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1033


Errata

No artigo “Efeito da sacarose, cinetina, isopentenil adenina e zeatina no desenvolvimento de embriões de Heliconia
rostrata in vitro”, publicado no v.23, n.3, julho a setembro de 2005, p. 789-792, retifica-se o nome de um dos autores,
constante da página 789.
Onde se lê: Fernanda D. Duval, leia-se: Fernanda G. Duval.

1034 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Índice dos autores do v.23, 2005
(O numero da página em negrito indica o primeiro autor)
Abboud, A.C.S. ...................... 117, 281 Biscegli, C.I. ................................... 793 Charchar, J.M. ................................ 851
Almeida, D.L. ................................ 184 Blat, S.F. ........................................... 72 Corrêa, P.C. .................................... 722
Almeida, G.C. ................................. 993 Blumer, L. ...................................... 881 Corrêa, R.M. ................................... 956
Almeida, G.R.O. ............................. 970 Boeing, G. ..................................... 1029 Costa, A.S. ...................................... 699
Almeida, I.P.C. ............................... 960 Boff, P. ............................................ 875 Costa, C.A. ....................................... 28
Alvarenga, A.A. ............................. 846 Boiteux, L.S. ................. 105, 815, 819 Costa, C.L. ..................................... 929
Alvarenga, M.A.R. ......................... 976 Bordallo, P.N. ................................. 123 Costa, C.P. ............................... 72, 158
Alves, A.U. ....................................... 19 Bortolotto, O.C. .............................. 931 Costa, F.A. ...................................... 773
Alves, D.S. ....................................... 28 Botelho, R. ..................................... 805 Costa, F.B. ...................................... 112
Alves, R.E. ..................................... 793 Botrel, T.A. ..................................... 316 Costa, L.C.B. .................................. 956
Amaral Júnior, A.T. ....... 22, 123, 1000 Braz, L.T. ........................................ 743 Costa, M.R. .................................... 221
Amaral, C.L.F. ................................ 911 Braz, M.S.S. ................................... 915 Costa, N.D. ................ 707, 1010, 1029
Amaro Filho, J. .............................. 718 Brito, C.H. ...................................... 826 Cruz, C.D. ........................................ 44
Andrade Júnior, V.C. ...................... 899 Caetano, L.C.S. ............................ 1015 Cruz, M.C.P. .................... 51, 311, 758
Andrade, F.V. .................................... 90 Café Filho, A.C. .................... 228, 945 Dantas, A.C.M. ................................. 86
Andreuccetti, C. ............ 148, 324, 940 Caliman, F.R.B. ..................... 255, 893 Debarba, J.F. ................................... 875
Andriolo, J.L. ................................. 931 Câmara, M.J.T. ...................... 233, 712 Deleito, C.S.R. ....................... 117, 281
Anti, G.R. ........................................ 271
Camargo Filho, W.P. .................... 1029 Derbyshire, M.T.V.C. ..................... 221
Aquino, L.A. ......................... 100, 266
Camargo, M.S. ............................... 271 Deuner, S. ....................................... 799
Aragão, F.A.D. ............................... 789
Campos, R.S. .................................. 215 Dias, E.N. ................................ 94, 275
Araújo, J.S.P .................................... 05
Cañizares, K.A.L. ............................ 09 Dias, R.C.S ..................................... 179
Araújo, M.G.................................... 143
Cantarella, H. ................................. 726 Domingues, R.J. ............................. 749
Arie F. Blank .................................. 780
Cardoso, A.A. ................................. 255 Dóro, L.F.A. ................................. 1006
Arimura, C.T. ................................. 982
Cardoso, A.D. ................................. 911 Duarte, J.M. .................................... 826
Arrigoni-Blank, M.F. ..................... 780
Cardoso, A.I.I. ............... 198,.785, 837 Duarte, R.P.F. ................................. 299
Ávila, A.C. ..................................... 904
Cardoso, F.B. .................................. 138 Dusi, A.N. ....................................... 929
Bacarin, M.A. ................................. 799
Cardoso, J.C. .................................. 169 Duval, F.D. ..................................... 789
Banzatto, D.A. ................................ 743
Cardoso, J.C.W. .............................. 956 Eklund, C.R.B. ............................. 1015
Baptista, G.C. ................................... 38
Cardoso, M.O. ................................ 128 Elpo, E.R.S. .................................. 1022
Barbieri, V.H.B. .............................. 826
Barbosa, J.C. ............................ 51, 311 Cardoso, A.I.I. ....................... 198, 731 Espínola Sobrinho, J. ............ 133, 773
Barbosa, J.A. .................................. 925 Carmello, Q.A.C. ........................... 271 Fabbrin, E.G. .................................... 48
Barbosa, L.J.N. ...................... 128, 768 Carmo, M.G.F. ............... 117, 281, 915 Faquin, V. ....................................... 735
Barbosa, Z. ..................................... 960 Carneiro, C.R. ................................ 754 Farias, M.F. .................................... 740
Barros Júnior, A.P. ... 233, 285, 290, 712 Carnelossi, M.A.G. ................ 215, 970 Fernandes, L.A. ................................ 28
Barros, A.F.F. ................................. 789 Carrijo, O.A. ........................... 57, 105 Fernandes, L.E. .............................. 228
Barros, G.T. .................................... 931 Carvalho, A.M. .............. 250, 805, 851 Fernandes, M.C.A. ................. 117, 281
Baptista, G.C. ................................... 38 Carvalho, J.G. ................................. 174 Ferreira, J.M. ................................ 1015
Batista, J.A. .................................... 841 Carvalho, L.A. ................................ 986 Ferreira, L.S. .................................. 799
Belfort, G. ....................................... 960 Carvalho, W. .................................. 819 Ferreira, M.D. ..... 148, 324, 1018, 940
Beraldo, M.R.B.S. .......................... 143 Caseiro, R.F. ................................... 887 Ferreira, M.E. .................. 51, 311, 758
Bergamin, L.G. ............................... 311 Castro, A.C.R. ................................ 699 Ferreira, M.R. ................................. 749
Bernardi, A.C.C. ............................. 920 Castro, E.M. ................................... 846 Ferri, P.H. ....................................... 956
Bertolucci, S.K.V. ................. 735, 956 Castro, M.R.S. ....................... 100, 266 Filgueiras, H.A.C. .......................... 793
Bervald, C.M.P. .............................. 799 Catelan, F. ....................................... 853 Finger, F.L. .............................. 81, 722
Bezerra Neto, F. ........ 90, 133, 189, 233, Cecílio Filho, A.B. .. 763, 831, 853, 990 Fiorini, C.V.A. ................................ 299
285, 290, 712, 754, 773 César, M. ........................................ 228 Fiorini, I.V.A. ................................. 299

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1035


Firme, L.P. ...................................... 722 Junqueira, R.M. .............................. 184 Menezes, J.B. ............ 15, 90, 112, 754
Florio, F.C.A. ................................. 899 Karasawa, M. ........................ 22, 1000 Menezes, N.L. ................................ 193
Foltran, D.E. ................................... 935 Kumakawa, M.K. ........................... 940 Mesquita Filho, M.V. ....................... 68
Fonseca, L.N. ................................. 904 Ladeira, I.R. .......................... 100, 266 Miranda, J.E.C. ................................ 44
Fonseca, M.E.N. ........... 815, 819, 851 Lana, R.M.Q. ........................... 76, 965 Miranda, N.O. ....................... 242, 260
Fontes, P.C.R. .................. 94,.255, 275 Leão, F.F. ........................................ 228 Mizobutsi, G.P .................................. 81
Fontes, S.M. ................................... 780 Leitão, M.M.V.B.R. .............. 133, 773 Modolo, V.A. .................................. 316
Fortes, G.R.L. ................................... 86 Leite, G.L.D. ..................................... 28 Monte, M.B.M. .............................. 920
França, R.B. ..................................... 86 Levien, S.L.A. ................................ 242 Morais, M.S. .................................. 128
Franco, A.T.O. .............................. 1018 Licursi, V. ....................................... 299 Morais, O.M. .................................. 911
Franzin, S.M. .................................. 193 Lima Júnior, E.C. ........................... 846 Moreira, G.R. ......................... 255, 893
Freitas, D.F. .................................... 112 Lima Sobrinho, R.R. ...................... 735 Moretti, C.L. ................................... 993
Freitas, K.K.C. ...................... 285, 290 Lima, J.S.S. ........................... 285, 290 Mota, J.H. .............. 174, 238, 870, 976
Furtado, E.L. .................................. 198 Lima, M.A.C. ................................. 793 Mota, M.G.C. .................................. 221
Gabriel, A.P.C. ............................... 123 Lira, M.L. ....................................... 970 Mota, W.F. ...................................... 722
Gaia, J.M.D. ................................... 221 Loges, V. ......................................... 699 Moura, M.C.C.L. ............................ 206
Galvão, H.L. ..................................... 81 Lopes, C.A. .................................... 320 Moura, M.F..................................... 915
Garcia Júnior, O. ............................ 749 Lopes, J.C. ...................................... 143 Moura, M.L. ..................................... 81
Garcia, D.C. ................................... 193 Lopes, N.F. ..................................... 799 Muniz, M.F.B. ................................ 703
Giordano, L.B. .............. 105, 815, 819 Luz, G.L. ......................................... 931 Nagata, T. ....................................... 904
Godoi, R.S. ..................................... 931 Luz, J.M.Q. ......................... 826, 1006 Napoleão, R.L. ................................. 28
Godoy, A.R. .................................... 785 Machado, C.M.M. .......................... 851 Nascimento, A.B.G......................... 993
Godoy, M.C. ................................... 837 Madail, J.C.M. ............................. 1029 Nascimento, J.T ............................... 19
Gois, V.A .......................................... 15 Madeira, D.M. ................................ 899 Nascimento, W.M. ...........44, 211, 703
Gomes Júnior, J. ............................. 112 Madeira, N.R. ................................. 982 Negreiros, M.Z. .... 133, 189, 202, 233,
Gomes, A.M.A. .............................. 108 Makishima, N. .............................. 1029 285, 290, 712,754,773 960
Gomes, J.M.R. ............................. 1015 Maluf, W.R. .................................... 299 Negrelle, R.R.B. ........................... 1022
Gomes, L.A.A. ............................... 299 Mantovani, J.R. .............................. 758 Neves, L.L.M. ................................ 722
Gomes, L.S. .................................... 826 Mapeli, N.C. ..................................... 32 Noce, R. .......................................... 238
Gomes, T.M. ................................... 316 Marcos Filho, J. ............................. 887 Nogueira, D.H. ............................... 915
Gonçalves, K.S. ............................... 05 Mariano, R.L.R. ............................. 108 Nunes , G.H.S .... 15, 90, 112, 133, 718
Goto, R. ............................................ 09 Marim, B.G. .................................... 951 Nunes, U.R. .................................... 899
Graça, R.N. ..................................... 275 Marouelli, W.A. ...................... 57, 320 Olinik, J.R. ..................................... 294
Grangeiro. L.C. .............................. 763 Martins, C.S. .................................. 221 Oliveira Júnior, A.C. ...................... 735
Grosso, C.R.F. ................................ 841 Martins, E.R. .................................... 28 Oliveira, A.P. ......... 19, 128, 768, 915 227
Guerra, J.G.M. ................................ 184 Martins, M.I.E.G. ........................... 853 Oliveira, A.S. .................................. 780
Guimarães, M.A. ............................ 951 Mathias, M.L. ................................. 940 Oliveira, B.C. ................................... 05
Gutierrez, A.S.D. ............................ 324 Matos, C.S.M. ................................ 899 Oliveira, C.D. ................................. 743
Haber, L.L. ................................... 1006 Matsumoto, S.N. ............................ 911 Oliveira, E.Q. ........ 233, 285, 290, 712
Haim, P.G. ....................................... 920 Medeiros, J.F. ................ 202, 260, 773 Oliveira, F.L. .................................. 184
Henz, G.P. ........................ 61, 138, 881 Medeiros, P.H. ................................ 112 Oliveira, M.R.T. ............................. 915
Honório, S.L. .................................. 940 Medeiros, S.L.P. ............................... 48 Oliveira, R.F. .................................. 316
Inoue-Nagata, A.K. ............... 815, 904 Mello, S.C. ..................................... 271 Oliveira, R.P. .................................. 294
Israel, M. ........................................ 169 Melo Filho, P.A. ............................. 929 Oliveira, S.A. ................................. 810
Ito, S.C.S. ....................................... 718 Melo, H.C. ...................................... 846 Oliveira, T.S. ......................... 242, 260
Jacoby, C.F.S. ................................. 294 Melo, P.C.T. ......................... 154, 1029 Oliveira, V.R. ....................... 221, 1029
Jalali, V.R.R. ................................... 970 Mendonça Júnior, C.F ...................... 15 Onuki, A.C.A. ................................ 993
Junqueira, A.M.R. ......... 250,.805, 810 Mendonça, F.V.S .............................. 15 Otto, R.F. ........................................ 294
Junqueira, C.S. ............................... 982 Mendonça, M.C. ............................ 780 Oviedo, V.R.S. ................................ 785

1036 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Padovan, M.P. ................................ 184 Riffel. C. ........................................... 48 Soares, A. ....................................... 915
Papa, G. ............................................. 38 Riva, E.M. ............................. 22, 1000 Soares, A.M. ................................... 846
Passos, F.A. ........................... 841, 935 Rocha, J.M.M. ................................ 718 Sousa, V.F. ...................................... 202
Paulus, D. ......................................... 48 Rocha, R.C.C. ....................... 133, 189 Souza, A.F. ....................................... 68
Paulus, E. .......................................... 48 Rocha, R.H.C. ....................... 133, 189 Souza, A.P. ....................................... 19
Peixoto, J.R. ................................... 881 Rodrigues Júnior, J.C. ........... 174, 976 Souza, E.R. ..................................... 242
Pereira, C. ....................................... 810 Rodrigues, J.D .................................. 09 Souza, F.F. ...................................... 179
Pereira, E.W.L. ................................. 90 Rodrigues, R.......................... 22, 1000 Souza, G.L.F.M. ............................. 754
Pereira, F.H.F. ....................... 100, 266 Rossetto, C.A.V. ............................. 915 Souza, P.A ............................... 15, 754
Pereira, J.E.S. ................................... 86 Rücker, N.G.A. ............................. 1022 Souza, R.J. ............ 174, 238, 976, 870,
Pereira, M.G. .................................. 123 Sá, K.A. .......................................... 965 Souza, R.M. .................................... 881
Pereira, P.R.G. ....................... 100, 266 Saad, J.C.C. .................................... 740 Stringheta, P.C. ............................... 255
Pereira, R.S. ................................... 703 Sala, F.C. ................................. 72, 158 Sudré, C.P. ............................. 22, 1000
Pereira, W.E. .................................. 768 Sales Júnior, R. ............................... 718 Tanada-Palmu, P.S. ........................ 841
Peternelli, L.A. ............................... 893 Salviano, A.M. ............................... 718 Tavares, M. .......... 148, 324, 1018, 940
Picanço, M.C. ................................. 893 Santana, D.G. .................................. 826 Teixeira, J.B. .................................. 982
Pimenta, F.L. .................................. 899 Santos Júnior, J.J. ............................. 90 Teixeira, M.C.F. ............................. 699
Pineli, L.L.O. ................................. 993 Santos, G.R. ........................... 228, 945 Tessarioli Neto, J. ........................... 986
Pinto, J.E.B.P. ................ 735, 846, 956 Santos, J.E. ................................... 1006 Tivelli, S.W. .......................... 726, 935
Pizetta, L.C. ...................................... 51 Santos, O.S. ............................. 48, 193 Töfoli, J.G. ...................................... 749
Polidoro, J.C. .................................... 05 Sedyama, T. .................................... 911 Torres, A.C. .................................... 789
Poltronieri, M.C. ............................ 221 Shimoya, A. .................................. 1015 Torres, S.B. ............................ 303, 307
Puiatti, M. .............................. 100, 266 Silva, C.A. ...................................... 260 Trani, P.E. ...................... 726, 841, 935
Purquerio, L.F.V. ............................ 831 Silva, D.J.H. ................ 94, 206, 255, 893, Trevizan, L.R.P. ................................ 38
Puschmann, R. ............................... 215 722, 951 Vencovsky, R. ................................... 72
Queiroga, R.C.F. ........... 133, 189, 754 Silva, E. .......................................... 875 Verruma-Bernardi, M.R. ................ 920
Queiróz, M.A. ....................... 179, 206 Silva, E.O. ............................. 215, 290 Viana, A.E.S. .................................. 911
Ramos, P.A.S. ................................. 911 Silva, G.F. ....................................... 970 Viegas, E.C. .................................... 915
Ramos, S.J. ....................................... 28 Silva, G.G. ....................................... 915 Vieira, J.V. ............... 44, 250, 805, 851
Ranal, M.A. ...................................... 76 Silva, H.R. ............................... 68, 819 Vieira, M.C. ...................................... 32
Reghin, M.Y. .................................. 294 Silva, I.F. .......................................... 19 Vieira, R.D ..................................... 990
Reifschneider, F.J.B. ........................ 61 Silva, J.B. ....................................... 990 Vilas Bôas, R.L. ............................... 09
Reinoso, A.C.L. .............................. 970 Silva, J.B.C............ 105, 250, 815, 851 Vilela, N.J. ........................... 154, 1029
Reis, A. ........................................... 250 Silva, J.E.L. ........................... 128, 768 Werneck, C.G. ................................ 920
Resende, F.V. .................................. 851 Silva, M.C.C. ................................. 202 Werner, H. ...................................... 875
Resende, G.M. ...... 174, 238, 707, 976, Silva, M.P. .................................... 1000 Witter, M.H. ................................... 931
1010, 870 Silva, P.S.L. .................................... 960 Yaguiu, P. ........................................ 970
Resende, R.O. ................................ 929 Silva, W.L.C. .................................. 320 Yuri, J.E. ........ 174, 238, 976, 870, 899
Rezende, B.L.A. ............................. 853 Silva-Mann, R. ............................... 780 Zanão Júnior, L.A. .................. 76, 965
Ribas, R.G.T. .................................. 184 Silveira, E.B. .................................. 108 Zanatta, E.R. ................................... 799
Ribeiro, D.G. .................................. 789 Silveira, L.M. ........ 233, 285, 290, 712 Zarate, N.A.H. .................................. 32
Ribeiro, I.J.A. ................................. 935 Simões, A.N. .................................. 112 Zatarim, M. .................................... 198
Ribeiro, L.G. ................................... 143 Singh, R.P. ...................................... 904 Zerbini, F.M. .................................. 206
Ribeiro, R.L.D. ........................ 05, 184 Siqueira, J.M. ................................... 32 Zolnier, S. ......................................... 57

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1037


Índice analítico dos artigos publicados no volume 23, 2005
Abóbora (Cucurbita moschata) Vírus Y da batata, reação em cadeia da polimerase,
Sphaerotheca fuliginea, produto lácteo fermentado, potyvírus, RT-PCR .......................................................... 904
doença, oídio .................................................................... 198 Processamento mínimo, alterações metabólicas,
ZYMV, resistência ........................................................... 206 antioxidante ..................................................................... 993
Flores, qualidade de sementes, polinização manual ....... 731 Batata-doce(Ipomoea batatas)
Alface (Lactuca sativa) Sulfato de amonio, produtividade, teor de N .................. 726
Produção de folhas, taxa de crescimento, sombreamento, Adubação fosfatada, ramas por cova, produção de raízes ..... 768
temperatura ambiente, luminosidade .............................. 133 Produtividade, formato de raiz, insetos de solo .............. 911
Biossólidos, resíduos, metais pesados, lodo de esgoto ... 143 Nutrição mineral, produção, glicose, uréia amido .......... 925
Bremia lactucae, Thielaviopsis basicola, mosaico da Beterraba (Beta vulgaris)
alface, resistência genética, alface crespa vermelha ....... 158
Inibidores, germinação .................................................... 990
Rendimento, nutrição, qualidade, dose de potássio, época
Brócolos (Brassica oleracea L. var. italica)
de aplicação ...................................................................... 174
Sombreamento, taxa de crescimento, indicadores econômi- Micronutriente, diagnose foliar, produtividade, boro, solo
cos, temperatura, luminosidade ....................................... 189 arenoso ............................................................................... 51
Qualidade fisiológica, sementes, mudas ......................... 193 Recobrimento, biofilme, pectina, gelatina, vigor de
sementes ........................................................................... 841
Produção, qualidade de raízes, densidade populacional,
consórcio .......................................................................... 233 Cebola (Allium cepa)
Desempenho agroeconômico, consórcio ......................... 285 Frigorificação de bulbos, produção de sementes, rendimen-
Composição química, consórcio, densidade populacional to, potencial de sementes ................................................. 294
290 Rendimento, densidade de plantio, perda de peso de
Melhoramento, linhagens, nematóide das galhas, bulbos ............................................................................... 707
florescimento precoce ...................................................... 299 Rendimento, densidade de plantio, armazenamento,
Dióxido de carbono, fertirrigação, matéria seca ............. 316 massa fresca de bulbos .................................................. 1010
Desempenho agronômico, consorcio, densidade Botrytis squamosa, tombamento, adubo orgânico,
populacional ..................................................................... 712 produção de mudas, composto termófilo ........................ 875
Pós-colheita, fertilizantes minerais, fertilizante orgânico 754 Priming, incubação, germinação, vigor, secagem de
Nitrogênio, crescimento ................................................... 758 sementes ........................................................................... 887
DRIS, análise foliar de nutrientes, balanço nutricional, Cenoura (Daucus carota)
produção, queima de bordos, hidroponia ........................ 810 Melhoramento, qualidade fisiológica, germinação, caracte-
Rentabilidade, eficiência agroeconômica, consórcio ..... 853 rística de semente ............................................................... 44
Rendimento, competição de cultivares ........................... 870 Oxisolo, micronutriente, boro ........................................... 68
Coberturas de solo, produção .......................................... 899 Produção, qualidade de raízes, densidade populacional,
Massa fresca, nutrição, armazenamento, nitrogênio, consórcio .......................................................................... 233
molibdênio ....................................................................... 976 Resistência a doenças, produtividade, cultivo orgânico,
Estilbita, análise sensorial, teste de ordenação, zeólita .. 920 cultivo convencional florescimento, queima das folhas . 250
Fertirrigação, hidroponia, salinidade ............................... 931 Composição química, consórcio, densidade populacional .... 290
Alho (Allium sativum) Desempenho agronômico, sistemas consorciados .......... 712
Tendência, produção, preços ........................................... 238 Interação genótipo x ambiente, estabilidade fenotípica . 743
Afídeos, Neotoxoptera formosana .................................. 929 Sistemas de cultivo, teste de comparação pareada, teste de
Banco de germoplasma, produtividade ........................... 935 ordenação, preferência do consumidor, análise sensorial 805
Cinnamomum zeilanicum Breym, Arachis hypogaea L . 915 Cultivar, cenourete, processamento mínimo ................... 851
Agronegócio, competitividade, mercado, produção, Coentro (Coriandrum sativum)
importação ...................................................................... 1029 Desempenho agroeconômico, consórcio ......................... 285
Batata (Solanum tuberosum) Germinação, sementes, vigor, pureza, microrganismos,
Micropropagação, crescimento, tipo de explante, multipli- termo-inibição, cultivares ................................................ 703
cação in vitro, número de gemas ....................................... 86 Couve (Brassica oleraceae cv. Acephala)
Controle químico, indutor de resistência, BTH, requeima .... 749 Taxa respiratória, etileno, polifenol oxidase, vitamina C,
Refrigeração, açúcares, temperatura de armazenamento .... 799 conservação, processamento mínimo .............................. 215

1038 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Couve-da-Malásia (Brassica chinensis L. var. Comprimento e diâmetro de espiga, profundidade de
parachinensis (Bailey) grãos, espaçamento .......................................................... 826
“Tsoi sum”, adubação nitrogenada .................................... 76 Milho verde, minimilho ................................................... 960
Parcelamento, uréia, nitrato de cálcio, acúmulo de Pepino (Cucumis sativus)
nutrientes .......................................................................... 965 Nutrição, CO2, irrigação, enxertia ..................................... 09
Couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis) Potencial fisiológico, vigor, solução salina, envelhe-
Micronutriente, diagnose foliar, produtividade, boro, solo cimento de sementes ........................................................ 303
arenoso ............................................................................... 51 Endogamia, produção, melhoramento ............................. 785
Bandeja, volume de célula, idade de transplantio ........... 837 Pimenta (Capsicum spp.)
Feijão-de-vagem (Phaseolus vulgaris) Germoplasma, variáveis canônicas, método de Tocher,
Nutrição, rendimento, qualidade, solo arenoso, teor de projeção das distâncias no plano, recursos genéticos,
fósforo .............................................................................. 128 técnica multivariada ........................................................... 22
Hortaliças Resistência genética, oídio ................................................ 72
Caixa “K”, transporte, pós-colheita, absorção de água, Pimenta-do-reino ((Piper nigrum L..)
fungos, embalagem .......................................................... 138 Germoplasma, isozimas, melhoramento genético .......... 221
Citrullus lanatus, Cucumis melo, Lycopersicon esculentum,
Pimentão (Capsicum annuum)
Solanum melongena, estabelecimento de plântulas, termo-
inibição, condicionamento osmótico, germinação, tempera- Germoplasma, variáveis canônicas, método de Tocher,
tura baixa, sementes ......................................................... 211 projeção das distâncias no plano, recursos genéticos,
técnica multivariada ........................................................... 22
Mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza)
Estufa, análise de crescimento, matéria seca, ambiente
Embalagens, preços, comercialização ............................... 61
protegido ............................................................................ 94
Danos mecânicos, lesões, respiração, deterioração ........ 881
Resistência genética, oídio ................................................ 72
benzilaminopurina, ácido giberélico ............................... 982
Xanthomonas axonopodis, antibiose, epidemiologia,
Maxixe (Cucumis anguria) controle, biofertilizante, mancha bacteriana ................... 117
Cyclanthera pedata, hortaliça não-convencional, sistema Absorção, ambiente protegido, nitrogênio, potássio,
de condução, tutoramento, espaçamento ........................... 28
fertirrigação, nutrição de plantas ..................................... 275
Potencial fisiológico, vigor, deterioração de sementes ... 307
Xanthomonas euvesicatoria, antibiose, biofertilizante ... 281
Melancia (Citrullus lanatus)
Planta Medicinais
Análise multivariada, agrupamento, variáveis canônicas,
Chamomilla recutita, Asteraceae, planta medicinal, óleo
divergência genética ........................................................ 179
essencial, biomassa, nitrogênio, fósforo, capítulo floral .. 32
Epidemiologia, controle, crestamento gomoso ............... 228
Mentha x villosa, plantas medicinais, hidroponia, substrato ... 48
Nutrição de plantas, crescimento, macronutriente .......... 763
Lychnophora pimaster, nutrição mineral, nutrição orgânica,
Didymella bryoniae, crestamento gomoso do caule ....... 945 planta medicinal, óleo essencial, arnica, calagem .......... 735
Melão (Cucumis melo) Melissa officinalis, substrato, intervalo de colheita, altura
Pós-colheita, qualidade, armazenamento, refrigeração .... 15 de corte ............................................................................. 780
Qualidade, produtividade, armazenamento ....................... 90 Mikania glomerata, guaco, fotoperíodo, clorofila,
Conservação, injúria pelo frio, qualidade pós-colheita, condutância estomática, anatomia foliar ......................... 846
armazenamento, refrigeração, época de colheita ............ 112 Zingiber officinale, cadeia de produção, comercialização,
Plasticultura, salinidade, irrigação, cobertura do solo .... 202 gengibre .......................................................................... 1022
Variabilidade espacial, sólidos solúveis totais, firmeza Cinnamomum zeilanicum, Arachis hypogaea, toxicidade de
de polpa, qualidade de fruto ............................................ 242 óleos essenciais ................................................................ 915
Geoestatística, manejo localizado ................................... 260 Mentha piperita, nutrição de plantas, hidroponia, concen-
Sólidos solúveis totais, firmeza de polpa, fertilizantes tração de solução nutritiva ............................................. 1006
orgânicos, análise de custo .............................................. 718 Melissa officinalis, nutrição de plantas, hidroponia,
Filme de polietileno, manejo de irrigação, produtividade, concentração de solução nutritiva ................................. 1006
sólidos solúveis totais ...................................................... 773 Cymbopogon citratus, pós-colheita, secagem, moagem,
Abscisão peduncular, comportamento respiratório, firmeza, óleo essencial, capim limão ............................................. 956
tomografia de ressonância magnética, 1-metilciclopropeno .. 793 Plantas ornamentais
Nutrição de plantas, hidroponia, nitrogênio, qualidade de (Orchidaceae) espécies, levantamento, nativas,
frutos ................................................................................. 831 biodiversidade, cultivo ..................................................... 169
Milho (Zea mays) (Aster ericoides), nutrição, estufa ................................... 271
Capacidade combinatória, efeito recíproco, análise (Zingiberales, Araceae), flores de corte, classificação de
dialélica, caracteres agronômicos, proteína total ............ 123 inflorescências, ponto de colheita, embalagem .............. 699

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1039


Dendranthema grandiflora, análise de crescimento, Condutividade elétrica, potencial matricial, potencial
tensão de água no substrato, crisântemo ......................... 740 osmótico, tensiômetro, sistema radicular, substrato, cultivo
Heliconia rostrata, cultura de embriões, micropropagação, sem solo .............................................................................. 57
cultura de tecidos, sacarose, cinetina, isopentenil adenina, Etileno, respiração, açúcares solúveis, oxidase do ACC,
zeatina .............................................................................. 789 poligalacturonase, amadurecimento do fruto .................... 81
Coloração, firmeza, pegamento de fruto, sólidos solúveis,
Pupunha (Bactris gasipaes)
tolerância ao calor ............................................................ 105
Adubação orgânica, adubação mineral, esterco bovino, Pectobacterium carotovorum, controle biológico, controle
palmito ................................................................................ 19 integrado, Rhodotorula sp., Pseudomonas sp., fluorescente,
Quiabo (Abelmoschus esculentus) cálcio, podridão mole ....................................................... 108
Carboidratos, vitamina C ................................................. 722 Danos físicos, padrões de qualidade, custo do tomate,
Sanitização, centrifugação, embalagem, conservação, consumo in natura, consumidor ...................................... 148
processamento mínimo .................................................... 970 Cultivar, manejo cultural, qualidades nutracêuticas,
processamento .................................................................. 154
Rabanete (Raphanus sativus)
Temperatura, umidade relativa do ar, luminosidade,
Agroecologia, horticultura orgânica, consórcio, crotalária .... 184
rendimento ....................................................................... 255
Rentabilidade, eficiência agroeconômica, consórcio ..... 853 Ralstonia solanacearum, patógeno de solo, turno de rega .... 320
Repolho (Brassica oleracea var. capitata) Comercialização, classificação, perdas pós-colheita,
Micronutriente, diagnose foliar, produtividade, boro, solo embalagem ....................................................................... 324
arenoso ............................................................................... 51 Mosca-branca, geminivírus ............................................. 815
População, nitrato, qualidade, espaçamento, característica Colorímetro, pigmentos, carotenóides ............................ 819
qualitativa ......................................................................... 100 Tuta absoluta, recursos genéticos, variabilidade genética,
Agroecologia, horticultura orgânica, consórcio, crotalária .... 184 melhoramento de plantas ................................................. 893
População, fertilização nitrogenada, produção, espa- Escovas, beneficiamento, classificação, normas, diâmetros
çamento ............................................................................ 266 de frutos ............................................................................ 940
Vermicomposto de esterco de bovino, boro, adubo Tratos culturais, produção classificada, eficiência
fotossintética, rentabilidade, tutoramento ....................... 951
orgânico ............................................................................ 311
Produtividade, qualidade de fruto, estufa ...................... 1015
Tomate (Lycopersicon esculentum)
Análise multivariada, caracterização de germoplasma,
Ralstonia solanacearum, resistência sistêmica adquirida, recursos genéticos, pré-melhoramento .......................... 1000
murcha bacteriana, acibenzolar S-methyl ......................... 05 Rendimento, condução, densidade populacional ............ 986
Resíduos de pesticidas, metabolismo, cultivo protegido, Cestas de bambu, sacolas plásticas, danos físicos, qualidade
acefato, metamidofós ......................................................... 38 dos frutos, técnica de colheita ....................................... 1018

1040 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Agradecimento aos revisores ad hocs que colaboraram com a revista de
janeiro de 2004 a outubro de 2005
Adailson Pereira de Souza ................................... UFPB - PB Carlos Alberto Escapim ........................................ UEM - PR
Adalberto Café Filho ............................................. UnB - DF Carlos Alberto Simões do Carmo ................. INCAPER - ES
Adão de Siqueira Ferreira .................................. UFOP - MG Carlos Machado dos Santos ................................. UFU - MG
Ademar Pereira de Oliveira ................................. UFPB - PB Carlos R. F. Grosso ...................................... UNICAMP - SP
Aderson Soares de Andrade Jr. ..... Embrapa Meio Norte - PI Carlos Roberto Bueno .......................................... INPA - AM
Adilson Tonietto ........................................... FEPAGRO - RS Carmen Ilse Pinheiro Jobim ........................ FEPAGRO - RS
Adriana Antonieta N. Rizzo .......... UNESP Araraquara – SP Carmen Silvia Vieira Janeiro Neves ...................... UEL - PR
Adriana Ramos .................................................... Ilhéus - BA Carolina Fernandes ........................ UNESP Jaboticabal - SP
Adriano do Nascimento Simões ....................... Viçosa - MG Cassandro Vidal T. do Amarante ...................... UDESC - SC
Agostinho Dirceu Didonet ..... Embrapa Arroz e Feijão - GO Cecília Helena S. P. Ritzinger .. Embrapa Mandioca e Frut. - BA
Aike A. Kretzschmar ........................................ UDESC - SC Célia Regina Álvares Maltha .............................. UFV - MG
Ailton Reis .................................... Embrapa Hortaliças - DF Celma Domingos de Azevedo ..................... PESAGRO - RJ
Alberto C. de Campos Bernardi .. Embrapa Pecuária Sudeste - SP Celso Trindade ................................. São João Del Rei - MG
Aldi Fernando França de Souza ........................... UFG - GO Charles de Araujo ................................................. UFV - MG
Alexandre Augusto Nienow ...................................UPF - RS Charles Martins de Oliveira ............ Embrapa Cerrados - DF
Alexandre Couto RodriguesEmbrapa Clima Temperado - RS Cirino Corrêa Júnior ...................................... EMATER - PR
Alexandre Pio Viana ............................................ UENF - RJ Clara Oliveira Goedert ... Embrapa Recursos Genéticos - DF
Alice Maria Quezado Soares Durval .. Embrapa Hortaliças - DF Cláudia Araújo Marco ..................................... Fortaleza - CE
Aloisio Costa Sampaio .......................... UNESP Bauru – SP Claudia Petry ........................................................... UPF - RS
Álvaro Luiz Mafra ............................................ UDESC - SC Cláudia Pombo Sudré .......................................... UENF - RJ
Amauri Alves de Alvarenga ............................... UFLA - MG Cláudia Renata F. Martins ..................................... UnB - DF
Amauri Bogo ..................................................... UDESC - SC Cláudia Silva da Costa Ribeiro .... Embrapa Hortaliças - DF
Ana Cristina P. P. de Carvalho ... Embrapa Agroind. Tropical - CE Cleber D. de G. Maciel ...................... UNESP Botucatu - SP
Ana Maria Conte e Castro ......................... UNIOESTE - PR Cosme Damião Cruz .............................................. UFV - DF
Ancélio Ricardo de Oliveira Gondim .............. Viçosa - MG Dalmo Lopes de Siqueira .................................... UFV - MG
André Nunes Loula Tôrres .............................. EPAGRI - SC Daniela Biaggioni Lopes ............ Embrapa Semi-Árido - PE
Andréa Maria André Gomes ................................ UFPE - PE Davi Teodoro Junghans ..... Embrapa Mandioca e Frut. - BA
Angela Maria Ladeira .................. Instituto de Botânica - SP Débora Cristina Santiago ....................................... UEL - PR
Angela Maria Soares .......................................... UFLA - MG Demóstenes M. P. de Azevedo ........ Embrapa Algodão - PB
Ângelo Pedro Jacomino ......................... ESALQ - USP - SP Denise Viani Caser ................................................... IEA - SP
Antonieta Nassif SalomãoEmbrapa Recursos Genéticos - DF Derly J. H. da Silva .............................................. UFV - MG
Antônio Carlos Gomes ................... Embrapa Cerrados - DF Dilermando Perecin ....................... UNESP Jaboticabal - SP
Antônio Hélio J. ..... Hórtica Consultoria e Treinamento - SP Domingos Fornasier Filho ............. UNESP Jaboticabal - SP
Antônio Ismael Inácio Cardoso ......... UNESP Botucatu - SP Douglas Lau ......................................................... UFV - MG
Antonio Nolla ....................................................... Toledo -PR Eduardo Euclydes de Lima e Borges .................. UFV - MG
Antonio Rafael Teixeira Filho ............... Embrapa Sede - DF Egon J. Meurer .......................................... Porto Alegre - RS
Arione da Silva Pereira ..... Embrapa Clima Temperado - RS Eliemar Campostrine ........................................... UENF - RJ
Arlindo Leal Boica Junior ............. UNESP Jaboticabal - SP Ernani L. Agnes ................................................... UFV - MG
Artur Ferreira Lima Neto .............. Embrapa Hortalicas - DF Fernanda A. Londero Backes ...................... Canoinhas – SC
Auri Brackmam ................................................... UFSM - RS Fernando Aragão ....... Embrapa Agroindústria Tropical - CE
Barbara Janet Teruel de Medeiros ............... UNICAMP - SP Fernando Campos MendonçaEmbrapa Pecuária Sudeste - SP
Beatriz Marti Emygdio ......................... Embrapa Trigo - RS Fernando César Sala .............................. ESALQ - USP - SP
Bernard A. L. Nicolaud ..................................... UFRGS - RS Fernando Cezar Juliatti ........................................ UFU - MG
Bernardo Ueno .................. Embrapa Clima Temperado - RS Fernando França de Souza .................................... UFG - GO
Carlos Alberto Aragão ....................................... UNEB - BA Fernando Luiz Finger .......................................... UFV - MG
Carlos Alberto da Silva Oliveira ........................... UnB - DF Fernando Mesquita Lara ................ UNESP Jaboticabal - SP

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1041


Flávia R. A. Patricio ......................... Instituto Biológico - SP José de Barros. de França Neto .............. Embrapa Soja - PR
Flávio de França Souza .................. Embrapa Rondônia - RO José Eduardo B. P. Pinto .................................... UFLA - MG
Francisco A. Passos ................................................ IAC - SP José Ernani Schwemgber .. Embrapa Clima Temperado - RS
Francisco C. Maia Chaves ... Embrapa Amazonia Ocidental - AM José Fernando Durigan .................. UNESP Jaboticabal - SP
Francisco Carlos Krzyzanowski ............. Embrapa Soja - PR José Ferreira da Silva ........................................ UFAM - AM
Francisco Ferraz Laranjeira ..... Embrapa Mandioca e Frut. - BA José Flávio Lopes .......................... Embrapa Hortalicas - DF
Francisco Hevilásio Freire Pereira ...................... UFV - MG José Francismar de Medeiros ............................ ESAM - RN
Francisco L. A. Câmara ..................... UNESP Botucatu - SP José Garcia ............................................................ UFG - GO
Francisco Vilela Resende .............. Embrapa Hortaliças - DF José Geraldo Baumgartner ............ UNESP Jaboticabal - SP
Frederico Dimas Fleig ...................................... UDESC - SC José Guilherme Marinho GuerraEmbrapa Agrobiologia - RJ
Geni L. Villas Boas ....................... Embrapa Hortaliças - DF José Maria D. Gaia .. Univ. Federal Rural da Amazônia - PA
Geraldo Milanez de Resende ...... Embrapa Semi-Árido - PE José Maria Pinto .......................... Embrapa Semi Árido - PE
Germano Leão Demolin Leite .......................... UFMG - MG José Orestes M. Carvalho .............. Embrapa Rondônia - RO
Gerson R. L. Fortes .... Embrapa Rec. Gen.e Biotecnologia - DF José Polese Soares Novo ........................................ IAC - SP
Gilberto Martins ..................................................... UEL - PR José Ricardo Peixoto .............................................. UnB - DF
Gilmar Paulo Henz ....................... Embrapa Hortaliças - DF José Roberto de Oliveira ...................................... UFV - MG
Gilmar Schafer .................. Embrapa Clima Temperado - RS José Roberto Pinto de Souza ................................. UEL - PR
Glauber Henrique de Souza Nunes ................... ESAM - RN José Roberto Vicente ............................................... IEA - SP
Glauco E. P. CortezCentro Universítario Moura Lacerda - SP José Ronaldo Magalhães ....... Embrapa Gado de Leite - MG
Haydeé Siqueira Santos ..................... UNESP Botucatu - SP José Tadeu Jorge .......................................... UNICAMP - SP
Helcio Costa .................................................. INCAPER - ES José Wellington dos Santos ............. Embrapa Algodão - PB
Hélio Grassi Filho .............................. UNESP Botucatu - SP Josivan Barbosa Menezes .................................. ESAM - RN
Heloisa Filgueiras ..... Embrapa Agroindustria Tropical - CE Jozeneida Lúcia Pimenta de Aguiar Embrapa Cerrados - DF
Herminia E. Prieto Martinez ............................... UFV - MG Julio Marcos Filho ................................. ESALQ - USP - SP
Hideaki W. Takahashi ........................................... UEL - MG Jurandi Gonçalves de Oliveira ............................ UENF - RJ
Humberto Silva Santos ......................................... UEM - PR Juscelino Antônio Azevedo ............ Embrapa Cerrados - DF
Iniberto amerschmidt ..................................... EMATER - PR Juvenil Enrique Cares ............................................ UnB - DF
Isabel Cristina Bezerra .................. Embrapa Hortaliças - DF Keigo Minami ........................................ ESALQ - USP - SP
Itamar Ferreira de Souza .................................... UFLA- MG Laércio Antonio Gonçalves Jacovine .................. UFV - MG
Itamar Rosa Teixeira ........................................ Ipameri - GO Lázaro Eustáquio Pereira Peres ............. ESALQ - USP - SP
Ivo Ribeiro da Silva ............................................. UFV - MG Leo Pires Ferreira.................................... Embrapa Soja - PR
Jairo Augusto Campos Araújo ....... UNESP Jaboticabal - SP Leonardo Collier ............................................ UNITINS -TO
Jairo Vidal Vieira .......................... Embrapa Hortaliças - DF Lúcia Sadayo Assiri Takahashi .............................. UEL - PR
Jean Carlos Cardoso . Fund. Shunji Nishimura de Tecnologia - SP Luciana M. de Carvalho Embrapa Tabuleiros Costeiros - SE
Jean Kleber Mattos ................................................ UnB - DF Ludwig H. Pfennig ............................................. UFLA - MG
Jesus G. Töfoli ................................... Instituto Biológico -SP Luis Vitor Silva do Sacramento ..... UNESP Araraquara – SP
João A. Wordell Filho ...................................... EPAGRI - SC Luiz Antonio Augusto Gomes ........................... UFLA - MG
João Bosco Carvalho da Silva ...... Embrapa Hortaliças - DF Luiz Antônio Biasi ............................................... UFPR - PR
João Carlos Bespalhok Filho ............................... UFPR - PR Luiz Carlos Prezotti ...................................... INCAPER - ES
João Carlos Soares de Mello ...... Univ. Federal Fluminense - RJ Luiz Carlos S. Caetano ................................ PESAGRO - RJ
João Ito Bergonci .............................................. UFRGS - RS Luiz Eduardo Bassau Blum ................................... UnB - DF
João Tavares Filho ................................................. UEL - PR Luiz Eduardo Corrêa Antunes .. Embrapa Clima Temperado - RS
Joaquim Gonçalves de Pádua ........... EPAMIG Caldas - MG Luiz Pedro Barrueto Cid Embrapa Recursos Genéticos - DF
Jony Eishi Yuri ................................................... UFLA - MG Madelaine Venson ............................ EPAMIG Viçosa – MG
Jorge Luiz Martins ............................................... UFPel - RS Magali Ferreira Grando .......................................... UPF - RS
José Abramo Marchese ...................... UNESP Botucatu - SP Magno A. Patto Ramalho................................... UFLA - MG
José Alberto Caram de Souza Dias ........................ IAC - SP Manoel Teixeira de Castro Neto . Embrapa Mandioca e Frut.- BA
José Antônio Azevedo EspindolaEmbrapa Agrobiologia - RJ Manoel Vicente Mesquita Filho ... Embrapa Hortaliças - DF
José Biasi .......................................................... EPAGRI - PR Manoel Xavier dos Santos .... Embrapa Milho e Sorgo - MG
José Cambraia ...................................................... UFV - MG Marcelo Antoniol Fontes ............ Alellyx Applied Genomics

1042 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


Marcelo Carnier Dorneles ..................... ESALQ - USP - SP Osmar Alves Lameira ..... Embrapa Amazônia Oriental - PA
Marcelo Murad Magalhães ................................ UFLA - MG Osmar Carrijo ................................ Embrapa Hortaliças - DF
Marcelo Tavares ................................................... UFU - MG Ossami Furumoto .......................... Embrapa Hortaliças - DF
Márcia Maria Castro .......................... UNESP Botucatu - SP Paulo R. R. Chagas ...... Centro de Pesquisa Mokiti Okada - SP
Marco Eustáquio de Sá ................ UNESP Ilha Solteira - SP Paulo Antônio de Souza Gonçalves ................ EPAGRI - SC
Marcos Antonio Bacarin ...................................... UFPel - RS Paulo Ernesto Meissner Filho ... Embrapa Mandioca e Frut.- BA
Marcos David Ferreira ................................. UNICAMP - SP Paulo Roberto Beskow ...................................UFSCAR - SP
Marcos Eduardo Paron ...................... UNESP Botucatu - SP Paulo Sérgio Koch .............................. Sementes Sakata - SP
Marcus Vinícius de Miranda Martins ................. Brasília-DF Paulo Sérgio Rabelo de Oliveira ................... UNIMAR - SP
Maria Aico Watanabe ............ Embrapa Meio Ambiente - SP Pedro Boff ........................................................ EPAGRI - SC
Maria Amélia Gava Ferão ............................ INCAPER - ES Pedro Henrique Monnerat ................................... UENF - RJ
Maria Anita G. da Silva ............................. Porto Alegre - RS Pedro Milanez de Rezende ................................ UFLA - MG
Maria Auxiliadora Coêlho de Lima .. Embrapa Semi-Árido - PE Raimundo Nonato Távora Costa ........................... UFC - CE
Maria de Fátima Arrigoni Blank ............................. UFS -SE Raquel R. B. Negrelle .......................................... UFPR - PR
Maria do Carmo de Salvo Soares Novo .................. IAC -SP Ravi Dalt Charma ........................... Embrapa Cerrados - DF
Maria do Carmo M. D. Pavani ...... UNESP Jaboticabal - SP Regina Maria Quintão Lana ................................ UFU - MG
Maria Helena T. Mascarenhas . EPAMIG Sete Lagoas - MG Ricardo Enrique B. Smith .................................... UENF - RJ
Maria Urbana C. Nunes ...... Embrapa Tabuleiros Costeiros - SE Ricardo Henrique Silva Santos ............................ UFV - MG
Maria Zuleide de Negreiros ............................... ESAM - RN Ricardo Tadeu de Faria .......................................... UEL - PR
Mariana Zatarim ................................ UNESP Botucatu - SP Rita de Cássia S. Dias ................. Embrapa Semi-Árido - PE
Mariane Carvalho Vidal ................ Embrapa Hortaliças - DF Roberto Cleiton F. de Queiroga ......................... ESAM - RN
Marina Castelo Branco ................. Embrapa Hortaliças - DF Roberto Ferreira da Silva ..................................... UENF - RJ
Marinalva Woods Pedrosa ................................... UFV - MG Roberto Lyra Villas Bôas ................... UNESP Botucatu - SP
Mário César Lopes ..................................... UNIOESTE - PR Roberto Pedroso de Oliveira ... Embrapa Clima Temperado - RS
Mario Puiatti ........................................................ UFV - MG Roberval Dailton. Vieira .................... UNESP Botucatu - SP
Marley Marico Utumi .................... Embrapa Rondônia - RO Robinson Luiz Contiero .................................. Cascavel - PR
Marli Ranal .......................................................... UFU - MG Rogério Lopes Vieites ........................ UNESP Botucatu - SP
Marta Simone Mendonça Freitas ........................ UENF - RJ Ronaldo do Nascimento ....................................... UFPel - RS
Martin Homechin ................................................... UEL - PR Ronan Gualberto ............................................ UNIMAR - SP
Maurício Ventura ................................................... UEL - PR Ronessa Bartolomeu de Souza ..... Embrapa Hortaliças - DF
Max José de A. Faria Júnior ........ UNESP Ilha Solteira - SP Rosana Fernandes Otto ....................................... UEPG - PR
Messias Gonzaga Pereira ..................................... UENF - RJ Rosana Rodrigues ................................................ UENF - RJ
Mirían Josefina Baptista ............... Embrapa Hortaliças - DF Rovilson J. de Souza .......................................... UFLA - MG
Moacil Alves de Souza ........................................ UFV - MG Rubens Alves de Oliveira .................................... UFV - MG
Mônica Sartori de Camargo ....... Santa Bárbara d’Óeste - SP Rui Pereira Leite Jr. ........................................... IAPAR - PR
Monique Ines Segeren ................................... Holambra - SP Rui Sales Júnior ................................................. ESAM - RN
Nand Kumar Fageria .............. Embrapa Arroz e Feijão - GO Rui Scaramella Furiatti ....................................... UEPG - PR
Natan Fontoura da Silva ....................................... UFG - GO Rumy Goto ......................................... UNESP Botucatu - SP
Nei Peixoto .............................................. UEG Ipameri - GO Sally Ferreira Blat .................................. ESALQ - USP - SP
Nerinéia Dalfollo Ribeiro ................................... UFSM - RS Salvador Barros Torres ................................. EMPARN - RN
Nilson Borlina Maia ............................................... IAC - SP Sebastião Alberto de Oliveira ................................ UnB - DF
Nilton Luiz de Souza ......................... UNESP Botucatu - SP Sebastião Wilson Tivelli ......................................... IAC - SP
Nilton Nélio Cometti .... Escola Agrotécnica Fed.de Colatina - ES Sérgio Werne Paulino Chaves ........................ Mossoró - RN
Nirlene J. Vilela ............................ Embrapa Hortaliças - DF Shizuo Seno .................................. UNESP Ilha Solteira - SP
Nivaldo Duarte da Costa ............. Embrapa Semi-Árido - PE Sieglinde Brune ............................. Embrapa Hortalicas - DF
Nuno Rodrigo Madeira ................. Embrapa Hortaliças - DF Silvaldo Felipe da Silveira ................................... UENF - RJ
Og de Souza ......................................................... UFV - MG Silvano Bianco ............................... UNESP Jaboticabal - SP
Omar Cruz Rocha ........................... Embrapa Cerrados - DF Silvio Lopes Teixeira ........................................... UENF - RJ
Onkar Dev Dhingra .............................................. UFV - MG Silvio Luís Rafaeli Neto ................................... UDESC - SC
Orivaldo José Saggin Jr.Embrapa Microbiologia do Solo - RJ Silvio Moure Cícero .............................. ESALQ - USP - SP

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1043


Silvio Tavares ......................................... ESALQ - USP - SP Vera Lucia Bobrowski ......................................... UFPel - RS
Simon Swen Cheng ......... Embrapa Amazônia Oriental - PA Vicente Wagner Dias Casali ................................ UFV - MG
Sissi Kawai Marcos ............................................ Franca - SP Vivian Loges .......................... Jaboatão dos Guararapes - PE
Solange G. Canniati Brazaca ................. ESALQ - USP - SP Wagner Bettiol ...................... Embrapa Meio Ambiente - SP
Suzana Lucy Nixdorf ............................................. UEL - PR Wagner Ferreira da Mota ..................... UNIMONTES - MG
Sylvio Luis Honório .................................... UNICAMP - SP Waldelice Oliveira Paiva ... Embrapa Agroindústria Tropical - CE
Tânia Beatriz G.A. Morselli ................................ UFPel – RS Waldemar Pires de Camargo Filho .......................... IEA - SP
Telma Nair Santana Pereira ................................. UENF - RJ Waldir Aparecido Marouelli ......... Embrapa Hortaliças - DF
Valdivina Lúcia Vidal ................... AGENCIARURAL - GO Walkyria B. Scivittaro ...... Embrapa Clima Temperado - RS
Valéria Aparecida Modolo ...................................... IAC - SP Walter Rodrigues da Silva ..................... ESALQ - USP - SP
Valesca Pandolfi ..................................... ESALQ - USP - SP Warley M. do Nascimento ............ Embrapa Hortaliças - DF
Valter Rodrigues Oliveira ............. Embrapa Hortaliças - DF Wellington Marota Barbosa .......................... Vila Velha - ES

1044 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


normas
NORMAS PARA PREPARO E SUBMISSÃO DE GUIDELINES FOR THE PREPARATION AND
MANUSCRITOS SUBMISSION OF MANUSCRIPTS
Submissão de manuscritos para publicação: Submission of manuscripts fpr publication:
Encaminhar para o endereço abaixo: Send the manuscript with the following to the address
• Texto, original e duas cópias, digitado em espaço du- bellow:
plo, paginado e com numeração de linhas; • Text, original and two copies, in double-space with
• Disquete com texto original contendo gráficos, dese- lines and pages numbered;
nhos, tabelas, fotografias e microfotografias; • Disket containing the manuscript and ots graphics,
• Carta de encaminhamento com a ciência de todos os drawings, tables, photographs or micrographs;
autores; • A letter accompanying the manuscript, providing
• Cheque referente à taxa de tramitação no valor de R$ authorization by all the authors;
50,00 para todas as seções. • Processing fee of US$ 50.00
Endereço para submissão: Submit the manuscript to:
Horticultura Brasileira Horticultura Brasileira
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70359-970 - Brasília-DF 70359-970 - Brasília-DF
Tipos de trabalho Subject Matter
O periódico Horticultura Brasileira (HB) é a revista oficial Horticultura Brasileira (HB) is the official journal published
da Associação Brasileira de Horticultura. HB destina-se à pu- quarterly by the Brazilian Association for Horticultural Science.
blicação de artigos técnico-científicos que descrevem traba- HB publishes original papers which contribute to the scientific
lhos originais sobre hortaliças, plantas medicinais e ornamen- and technologic development of horticultural crops. The journal
tais que venham contribuir, significativamente, para o desen- covers basic and applied researches on vegetable crops, medi-
volvimento destes setores. cinal herbs and ornamental plants.
A Comissão Editorial necessita da anuência de todos au- The Editorial Board requires the signature of all authors
tores do(s) trabalho(s), que devem assinar a carta de encami- on the first page of the original paper or on the submission
nhamento ou a primeira página do trabalho original. Caso um letter. If one or more authors could not sign, the submission
ou mais autores não possa(m) assinar, a razão deve ser men- letter must contain the reason(s). In this case, the
cionada na carta de encaminhamento. Neste caso, o autor cor- corresponding author will take the responsibility for the
respondente deverá se responsabilizar pela anuência do(s) submitted paper. The manuscripts are examined by two
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sultores ad hocs, sendo ainda analisados pelo Editor Associa- makes the final decision on acceptance, changes or rejection.
do especializado da área a que se refere o artigo. Cabe à Co- No changes will be made without the approval of the author(s).
missão Editorial tomar a decisão final de aceite, alteração ou
The corresponding author will receive the galley proof which
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should be corrected and returned to the publisher; changes in
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content and style should not be made. No offprint will be
versão gráfica do trabalho para análise e eventual correção.
supplied.
Nesta fase não serão aceitas modificações de conteúdo ou
estilo. A HB não adota política de distribuição de separatas. Horticultura Brasileira (HB) is dedicated to publishing
technical and scientific articles written in Portuguese, English
O periódico Horticultura Brasileira aceita artigos técni-
or Spanish. HB has the following sections: 1. Invited Article;
co-científicos escritos em português, inglês ou espanhol. É
2. Letter to the Editor; 3. Research; 4. Economy and Rural
composto das seguintes seções: 1. Artigo Convidado; 1, Car-
ta ao Editor; 3. Pesquisa; 4. Economia e Extensão Rural; 5. Extension; 5. Grower’s Page; 6. Pesticides and Fertilizers in
Página do Horticultor; 6. Insumos e Cultivares em Teste; 7. Test; 7. New Cultivar; and 8. Communications.
Nova Cultivar; e 8. Comunicações. 1. INVITED ARTICLE: deals with topics that arouse
1. ARTIGO CONVIDADO: tópico de interesse atual, interest. Only invited articles are accepted in this section;
a convite da Comissão Editorial; 2. LETTER TO THE EDITOR: a subject of general
2. CARTA AO EDITOR: assunto de interesse geral. interest. It will be accepted for publication after being
Será publicada a critério da Comissão Editorial; submitted to a preliminary evaluation by the Editorial Board;
3. PESQUISA: artigo relatando um trabalho original, re- 3. RESEARCH: manuscript describing a complete and
ferente a resultados de pesquisa cuja reprodução é claramen- original study in which the replication of the results has clearly
te demonstrada; been established;
4. ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL: trabalho na 4. ECONOMY AND RURAL EXTENSION:
área de economia aplicada ou extensão rural; manuscript dealing with applied economy and rural extension;
5. PÁGINA DO HORTICULTOR: comunicação ou 5. GROWER’S PAGE: communications or short notes
nota científica contendo dados e/ou informações passíveis de with information that could be quickly usable by farmers;

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1045


utilização imediata pelo horticultor; 6. PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TEST:
6. INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE: comuni- communications or scientific notes describing tests with
cação ou nota científica relatando ensaio com agrotóxicos, pesticides, fertilizers and cultivars;
fertilizantes ou cultivares; 7. NEW CULTIVAR: this section contains recent
7. NOVA CULTIVAR: manuscrito relatando o registro releases of new cultivars and germplasm and includes
de novas cultivares e germoplasma, sua descrição e disponi- information on origin, description, avaliability, and
bilidade, com dados comparativos; comparative data;
8. COMUNICAÇÕES: seção destinada à comunicação 8. COMMUNICATIONS: these have the objective of
entre leitores e a Comissão Editorial e vice-versa, na forma promoting communication among readers and the Editorial
de breves avisos, sugestões e críticas. O texto não deve exce- Board as short communications, suggestions and criticism,
der 300 palavras, ou 1.200 caracteres, e deve ser enviado em in a more informal way. They should be concise, not
duas cópias devidamente assinadas, acompanhadas de exceeding 300 words or 1,200 characters. These should be
disquete e indicação de que o texto se destina à seção Comu- signed by author(s) and submitted in duplicate (original
nicações. Por questões de espaço, nem todas as comunica- and one copy), along with a diskette that contains a copy
ções recebidas poderão ser publicadas e algumas poderão ser of the text.
publicadas apenas parcialmente. The journal HB is issued every three months, depending
O periódico HB é publicado a cada três meses, de acordo on the amount of material accepted for publication.
com a quantidade de trabalhos aceitos. HB publishes original manuscripts that have not been
Os trabalhos enviados para a HB devem ser originais, ainda submitted elsewhere. With the acceptance of a manuscript
não relatados ou submetidos simultaneamente à publicação em for publication, the publishers acquire full and exclusive
outro periódico ou veículo de divulgação. Está também implíci- copyright for all languages and countries. Unless special
to que, no desenvolvimento do trabalho, os aspectos éticos e permission has been granted by the publishers, no
respeito à legislação vigente do copyright foram também obser- photographic reproductions, microform and other
vados. Manuscritos submetidos em desacordo com as normas reproduction of a similar nature may be made of the journal,
não serão considerados. Após aceitação do manuscrito para pu- of individual contributions contained therein or of extracts
blicação, a HB adquire o direito exclusivo de copyright para therefrom.
todas as línguas e países. Não é permitida a reprodução parcial Membership in the Associação Brasileira de Horticultura
ou total dos trabalhos publicados sem a devida autorização por is required for publication. For the paper to be eligible for
escrito da Comissão Editorial da Horticultura Brasileira. publication the first author must be a Association member
Para publicar na HB, é necessário que o primeiro autor do and the manuscripts should be accompanied by the
trabalho seja membro da Associação Brasileira de Horticultura agreement for publication signed by the authors. All
e esteja em dia com o pagamento da anuidade. Cada artigo manuscripts will be evaluated by the Editorial Board,
submetido deverá ser acompanhado da anuência à publica- Associated Editors and/or ad hoc consultants in accordance
ção de todos os autores, e será avaliado pela Comissão Edito- with their respective sections.
rial, Editores Associados e/ou Assessores ad hoc, de acordo Manuscript submission
com a seção a que se destina. Manuscripts should be submitted in triplicate (original
Submissão dos trabalhos and two copies) typed double-spaced (everything must be
Os originais deverão ser submetidos em três vias, em pro- double spaced) and printed. Use of the “Arial” font, size 12,
grama Word 6.0 ou versão superior, em espaço dois, fonte is required. Include a copy of the manuscript on computer
arial tamanho doze. O disquete contendo o arquivo deverá diskette at submission. The Editorial Board will only accept
ser incluído. Todas as fotos deverão ser enviadas no original. 3.5 inch diskette which have the files copied on them using
Figuras e/ou quadros deverão ser de boa qualidade. the program Word 6.0 or superior.
Devido aos altos custos de impressão gráfica da revista,
It is recommended that the authors observe the following
solicita-se aos autores que sejam sucintos na redação. Dessa
format: 15 to 20 typed pages, including up to 30 bibliographic
forma os trabalhos deverão ter 15 - 20 páginas digitadas,não
mais que 30 referências bibliográficas e quatro figuras, tabe- references, four figures, graphics or tables.
las ou quadros. O resumo deverá ter no máximo 250 pala- The title page should include: title of the paper (scientific
vras. names should be avoided); name(s) of author(s) and
Os artigos serão iniciados com o título do trabalho, 17 address(es). Please refer to a recent issue of HB for format.
palavras no máximo, que não deve incluir nomes científicos, The structure of the manuscript should include: 1.
a menos que não haja nome comum no idioma em que foi Abstract and Keywords. Keywords should start with
redigido. Ao título deve seguir o nome, endereço postal e ele-
scientific names and it should not repeat words that are
trônico completo dos autores (veja padrão de apresentação
nos artigos publicados nos últimos volumes da Horticultura already in the title; 2. Summary in Portuguese (a
Brasileira). translation of the abstract will be provided by the Journal
for non-Portuguese-speaking authors) and Keywords (Pa-
A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro: 1. Re-
sumo em Português ou Espanhol com palavras-chave ao final. lavras-chave). 3.Introduction; 4. Material and Methods;
As palavras-chave devem ser sempre iniciadas com o(s) nome(s) 5. Results and Discussion; 6.Acknowledgements; 7. Cited

1046 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005


científico(s) da(s) espécie(s) em questão e nunca devem repetir Literature and 8. Figures and Tables. This structure will
termos para indexação que já estejam no título; 2. Abstract, em be used for the Research section. For other sections please
Inglês, acompanhado de título e keywords. O abstract, o título refer to a recent issue of HB for format. You can also
em Inglês e keywords devem ser versões perfeitas de seus simi- visit ABH home page in the following addresses:
lares em Português ou Espanhol; 3. Introdução; 4. Material e www.abhorticultura.com.br or www.sobhortalica.com.br.
Métodos; 5. Resultados e Discussão; 6. Agradecimentos; 7. Li-
teratura Citada; 8. Figuras e Tabelas. Este roteiro deverá ser uti- Bibliographic references within the text should have the
lizado para a seção Pesquisa. Para as demais seções veja padrão following format: Esaú & Hoeffert (1970) or (ESAÚ; HOEFFERT,
de apresentação nos artigos publicados nos últimos volumes 1970). When there are more than two authors, use a reduced form,
da Horticultura Brasileira. Para maior detalhamento con- like the following: De Duve et al. (1951) or (DE DUVE et al.,
sultar a home page da ABH: www.abhorticultura.com.br ou 1951). References to studies done by the same author in the same
www.sobhortalica.com.br year should be noted in the text and in the list of the Cited Literature
As citações de artigos no texto deverão ser feitas confor- by the letters a, b, c, etc., as follows: 1997a, 1997b.
me os exemplos: Esaú e Hoeffert (1970) ou (ESAÚ; In citations involving more than one article from the same
HOEFFERT, 1970). Quando houver mais de dois autores, uti- author(s), published in different years, the years will be
lize a expressão latina et alli, de forma abreviada (et al.), como
separeted with comma, as follows: (Farrar & Kennedy, 1987,
segue: De Duve et al. (1951) ou (DE DUVE et al., 1951). Quan-
1991) or: ...accordingly to Farrar & Kennedy (1987, 1991)...
do houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es), no
mesmo ano, indicar por uma letra minúscula, logo após a data In the Cited Literature, references from the text should be
de publicação do trabalho, como segue: 1997a, 1997b. listed in alphabetical order by last name, without numbering
Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) them. Papers that have two or more authors should be listed
autor(es), em anos diferentes, separar os anos por vírgula, in chronological order, following all the papers of the first
como segue: (FARRAR; KENNEDY, 1987, 1997) ou: ...se- author, second author and so on. Please refer to a recent issue
gundo Farrar e Kennedy (1987, 1991)... of HB for more details. The bibliographic references should
Na seção de Literatura Citada deverão ser listados apenas os be done accordingly to the ABNT norms (NBR 6023, from
trabalhos mencionados no texto, em ordem alfabética do sobre- 2002).
nome, pelo primeiro autor. Trabalhos com dois ou mais autores Examples:
devem ser listados na ordem cronológica, depois de todos os
a) Journal:
trabalhos do primeiro autor. As referências bibliográficas deve-
rão obedecer as normas da ABNT (NBR 6023, de 2002) BERG, L. VAN DER; LENTZ, C. P. Respiratory heat
Exemplos: production of vegetables during refrigerated storage. Journal
a) Periódico: of the American Society for Horticultural Science, Mount
BERG, L. VAN DER; LENTZ, C. P. Respiratory heat vermon, v. 97, n. 3, p. 431-432, Mar. 1972.
production of vegetables during refrigerated storage. Journal b) Book:
of the American Society for Horticulture Science, Mount
ALEXOPOULOS, C. J. Introductory mycology. 3rd. ed. New
vermon, v. 97, n. 3, p. 431-432, Mar. 1972.
York: John Willey, 1979. 632 p.
b) Livro:
c) Chapter:
ALEXOPOULOS, C. J. Introductory mycology. 3rd. ed. New
York: John Willey, 1979. 632 p. ULLSTRUP, A. J. Disease of corn. In: SPRAGUE, G.J., (Ed.).
Corn and corn improvement. New York: Academic Press,
c) Capítulo de livro:
1955. cap3, p. 465-536.
ULLSTRUP, A. J. Diseases of corn. In: SPRAGUE, G.F. (Ed.).
Corn and corn improvement. New York: Academic Press, d) Thesis:
1955. cap.3, p. 465-536. SILVA, C. Herança da resistência à murcha de Phytophthora
em pimentão na fase juvenil. 1992. 72 f. (Master thesis), Es-
d) Tese:
SILVA, C. Herança da resistência à murcha de Phytophthora cola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade
em pimentão na fase juvenil. 1992. 72 f. Dissertação, Escola de São Paulo, Piracicaba.
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de e) Articles from Scientific Events (when not published
São Paulo, Piracicaba. in journals):
e) Trabalhos apresentados em congressos (quando não HIROCE, R; CARVALHO, A. M.; BATAGLIA, O. C.; FURLANI,
incluídos em periódicos): P. R.; FURLANI, A. M. C.; SANTOS, R. R.; GALLO, J. R. Com-
HIROCE, R.; CARVALHO, A. M.; BATAGLIA, O. C.; posição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO
FURLANI, P. R.; FURLANI, A. M. C.; SANTOS, R. R.; GALLO, BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977, Salvador. Anais...
J. R. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CON- Salvador: SBF, 1977. p. 357-364.
GRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977, Sal- f) Articles from scientific events, published in referred
vador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p. 357-364. jornals:
f) Trabalhos apresentados em congresso, publicados REIS, N. V. B. Comparação da evaporação externa com três
em revista/CD-ROM: modelos de estufas. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20,

Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1047


REIS, N. V. B. Comparação da evaporação externa com três n. 2, jul. 2002. Suplemento 2. CD-ROM. Trabalho apresenta-
modelos de estufas. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, do no 42° Congresso Brasileiro de Olericultura, 2002.
n. 2, jul. 2002. Suplemento 2. CD-ROM. Trabalho apresenta- g) Articles publised by electronic means:
do no 42° Congresso Brasileiro de Olericultura, 2002.
g1) Journal:
g) Trabalhos apresentados em meio eletrônico:
KELLY, R. Eletronic publishing at APS: its not just online
g1) Periódico:
journalism. APS News Online, Los Angeles, Nov. 1996. Dis-
KELLY, R. Eletronic publishing at APS: its not just online
ponível em: <http://www.hps.org/hpsnews/19065.html>.
journalism. APS News Online, Los Angeles, Nov. 1996. Dis-
ponível em: <http://www.hps.org/hpsnews/19065.html>. Acesso em: 25 nov. 1998.
Acesso em: 25 nov. 1998. g2) Articles from scientific events:
g2) Trabalhos apresentados em congresso: SILVA, R. W.; OLIVEIRA, R. Os limites pedagógicos do
SILVA, R. W.; OLIVEIRA, R. Os limites pedagógicos do paradigma de qualidade total na educação. In: CONGRES-
paradigma de qualidade total na educação. In: CONGRES- SO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4., 1996, Re-
SO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4., 1996, Re- cife. Anais eletrônicos... Recife: UFPe, 1996. Disponível em:
cife. Anais eletrônicos... Recife: UFPe, 1996. Disponível em: <http://www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm>. Acesso
<http://www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm>. Acesso em: 21 jan. 1997.
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tuem problemas de saúde públi- tude do aumento de até 35% na ser utilizada também com o obje-
ca. E não deixemos de atribuir à renda familiar proporcionado pela tivo de construir a fertilidade do
fome, a sua parcela de responsa- comercialização dos excedentes. solo. Isto permitirá a redução
bilidade na mortalidade infantil, Foi o que aconteceu com o horte- gradativa do uso de fertilizantes
nos neonatos de baixo peso, na lão Marcelo Duarte, que ao lado (orgânicos ou não), em geral tão
suscetibilidade a doenças, na di- da esposa e dos dois filhos, pas- intenso e dispendioso na produ-
ficuldade de aprendizado e sou a consumir mais carne, mais ção de hortaliças, e promoverá a
repetência escolar, na baixa efi- arroz e mais feijão. Segundo ele, independência dos produtores de
ciência do trabalho, etc., etc. e etc. “os meninos, agora, estão muito recursos externos. Também é fun-
Dando nome e endereço a esse mais bonitinhos”. damental conservar o solo. Para
retrato, encontra-se, no Entorno Os resultados alcançados na cur- tanto, os hortelãos de Santo An-
de Brasília, o município de Santo ta vida do projeto até aqui não tônio adotaram práticas de mane-
Antônio do Descoberto (GO). devem porém criar a ilusão da jo que ao mesmo tempo melho-
Santo Antônio contribui com 50 facilidade. Cultivar hortaliças não ram a qualidade do solo e propi-
mil habitantes (95% na zona ur- é uma atividade leve. Muito ao ciam rendimento econômico,
bana), para os quase três milhões contrário, demanda dedicação, como, por exemplo, a adubação
de pessoas que hoje vivem na re- talento e vocação. Por isso, boa verde em consórcio com hortali-
Foto: PauloEduardodeMelo
gião geoeconômica da capital fe- parte do sucesso dos novos ças.
deral. A maioria da população de hortelãos de Santo Antônio do Um último aspecto a ser conside-
Santo Antônio está abaixo da li- Descoberto se deve à sua enorme rado é o fato de muitas hortas ur-
O quanto pode a olericultura nha de pobreza (menos de 0,5 sa- disposição em trabalhar com as banas serem também comunitá-
urbana? lário mínimo per capita). Os in- hortaliças. Até chegarmos ao gru- rias. Isso significa que pessoas
dicadores sociais da cidade suge- po de hoje, foram várias as desis- diferentes, com comportamentos
Cultivar hortaliças em áreas ur- rem uma comunidade carente de tências e as substituições. Quan- e expectativas distintas, irão com-
banas não é novidade. Na Euro- ações de cidadania, incluindo do não há inclinação para a partilhar seu tempo em um espa-
pa medieval os castelos, as urbes aquelas relativas à segurança ali- olericultura, tudo parecerá lento, ço físico restrito. Ali, as afinida-
naquele tempo, já possuíam seus mentar. Em face a essa realidade, trabalhoso e difícil. Esse aspecto des irão aproximar alguns em de-
jardins de ervas. Em países den- iniciou-se um projeto de produ- não deve ser menosprezado. trimento de outros. Haverá soli-
samente povoados, a sobrevivên- ção de hortaliças em uma horta Somam-se aos desafios inerentes dariedade, mas haverá também
cia de todos sempre foi garantida urbana comunitária. O projeto ao cultivo de hortaliças, algumas competição. Nascerá um senti-
através do cultivo de qualquer envolve atualmente 25 famílias, outras dificuldades específicas do mento de associativismo, mas não
área agricultável, incluindo áreas a cada uma tocando um talhão de ambiente urbano. Os furtos são para com todos. Administrar es-
urbanas. No Brasil de outrora, as cerca de 300 m2. Um ano após o comuns em hortas urbanas. Seus ses sentimentos, além dos nossos
hortaliças se sucediam no fundo início do projeto, o quanto pôde maiores prejuízos? O sentimento (já que também somos humanos)
dos quintais (de casas e de aldei- a olericultura urbana em favor de violação da horta (uma exten- é sempre mais difícil que parece
as, também estas, urbes, a seu dessas famílias? são do lar) e o desaânimo causa- e é um ponto-chave para o suces-
tempo e história), diversificadas Em relação ao hábito alimentar, do pela impossibilidade de colher so da empreitada. Não se deve
em uma constelação de espécies, as famílias envolvidas no projeto o que foi cultivado, ainda que um esquecer que, sobretudo, a horta
muitas hoje esquecidas, cada qual incorporaram à dieta o consumo único pé de alface! Além disso, urbana é feita por gente! (O pro-
com seu sabor peculiar, seu valor diário de duas ou três diferentes por descuido ou de propósito, os jeto Horta Urbana de Santo An-
nutritivo, seu poder terapêutico. hortaliças! Mas, quais hortaliças? ladrões sempre danificam, por tônio do Descoberto é financiado
O que há de novo então no culti- No início do projeto, o interesse pisoteio ou simples destruição, pelo CNPq).
vo de hortaliças em espaços ur- das famílias, seja para consumo, um volume de hortaliças muito
banos? A inovação está no poten- seja para venda, se concentrava maior do que o que levam. (Paulo Eduardo de Melo,
cial dessa atividade como auxiliar em nada além de seis hortaliças: O acesso a água de qualidade e Marina Castelo Branco,
na solução de dois dos mais sia- alface crespa, couve-comum, com custo reduzido (inclusive Flávia A. de Alcântara,
meses problemas da humanidade: cebolinha e coentro (cheiro-ver- para irrigação) é outra grande di- Henoque Ribeiro da Silva,
a fome (oculta ou evidente) e a de), jiló e quiabo. Um ano após, ficuldade das hortas urbanas. Ne- Embrapa Hortaliças, E-mail:
pobreza. Mas, o que pode a Dna. Francisca Souza, uma das nhuma horta deveria ser instala- paulo@cnph.embrapa.br)
olericultura urbana contra esses hortelãs envolvidas no projeto da antes que esse aspecto fosse
males? cultiva, consome e vende abobri- cuidadosamente considerado. É
Falemos do Brasil, ainda que nes- nha, alface crespa e americana, preciso ter em vista também a
se retrato quase todo o Mundo se alho, berinjela, cenoura, sustentabilidade econômica e
pareça. Aqui, o acesso aos alimen- cebolinha e coentro, couve- ambiental da horta urbana (um
tos em quantidade e qualidade brócolos, couve-comum, couve- espaço limitado e intensamente
adequadas (Segurança Alimen- flor, erva-doce, espinafre, jiló, explorado) no longo prazo. Para
tar), é crítico em regiões menos maxixe, pepino, pimentão, quia- tanto, é necessário manejar ade-
desenvolvidas e nas periferias das bo, rabanete e repolho. Além da quadamente os recursos naturais,
grandes cidades, inchadas por diversidade, merecem nota tam- em especial o solo e a água, e ga-
milhões de brasileiros vindos da bém a qualidade das hortaliças e rantir recursos, que podem advir
zona rural. Males causados pela a produtividade alcançada. A hor- da comercialização da produção,
desnutrição ou pela má-nutrição, ta urbana alterou também o con- para a continuidade da atividade.
de tão generalizados já consti- sumo de outros alimentos, em vir- Nesse contexto, a adubação deve

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