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Andando no Espírito

Lição 1 – O Deus residente em nós 01

Lição 2 – Andando Segundo o Espírito 05

Lição 3 – Andando no Espírito 07

Lição 4 – O que significa andar em fé? 10

Lição 5 – A confissão da Palavra de Deus 14

Lição 6 – O que é negar a si mesmo? 19

Lição 7 – A cruz na prática 22

Lição 8 – O exemplo de Jesus 24

Lição 9 – Terceiro princípio do andar no espírito: Andar no sobrenatural 27

Lição 10 – Como confirmar suas direções 31

Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

LIÇÃO 1

O DEUS RESIDENTE “EM” NÓS

O Deus residente “em” nós

“E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre

convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o

conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós (dentro de, vivendo

interiormente). Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros. Ainda por um pouco e o

mundo não me verá mais; vós, porém, me vereis; porque eu vivo, vós também vivereis.

Naquele dia vós conhecereis que eu estou em meu Pai e vós em mim (dentro de mim) e eu

em vós (dentro de vós). Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me

ama; e aquele que me ama, será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei

a ele. Disse-lhe Judas, não o Iscariotes: Donde procede, Senhor, que estás para manifestar-se

a nós, e não ao mundo? Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e

meu Pai o amará e viremos para Ele e faremos nele morada (dentro dele)”. João 14.16-23.
São impressionantes as implicações deste texto e devemos torná-lo como fato em

nossas vidas, afinal são coisas diretamente dirigidas do Senhor para nós. Você crê em Cristo?

Crê que o que Ele diz é digno de aceitação, ou acha que o que diz são meras palavras

bonitas? Se você crê, realmente, que o seu Senhor, poderá tomar essas palavras de Jesus

como fatos revolucionários em sua vida.

Um Vaso para conter Deus

“Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, (dentro de mim) no evangelho do Seu

Filho, é minha testemunha de como incessantemente faço menção de vós”. (Romanos

1.9).

Paulo servia a Deus no seu espírito humano. Isso nos remete para outra ilustração rica

sobre termos recebido o Senhor dentro de nós. Somos vasos para conter o Espírito de Deus.

Somos esse recipiente idealizado e feito para este fim. Um vaso, do ponto de vista natural

serve tanto para decoração, quanto para conter alguma coisa. Como vasos, não fomos

projetados para sermos apenas mostrados em público, mas para recebermos um precioso

conteúdo, um recheio: o próprio Senhor! O conteúdo desse vaso é o próprio Deus. Em

Romanos 9.21, Paulo fala de vasos de honra e em 9.23, de vasos de misericórdia preparados

para a glória. Por isso, o fato de sermos vasos de honra, preparados para a glória, significa

que fomos designados para conter Deus como nossa honra e glória. Do mesmo modo, Deus

sente-se confortável no homem. Entretanto, Ele não Se sentiria confortável num animal sem

um espírito renascido ou mesmo num anjo. Somente num homem Deus sente-se em casa, em

descanso. O céu pode ser o lugar temporário da habitação de Deus, mas o Seu verdadeiro lar

é dentro de você. No livro do Apocalipse vemos claramente essa bendita verdade.

Um Deus que Reside e Reveste

Muita gente confunde o receber o Senhor como Deus residente com o receber o

Espírito Santo para revestimento de poder. No primeiro caso Jesus sopra o Espírito para

dentro dos discípulos e diz “... recebei o Espírito Santo”. João 20.22. Isto é, recebei-o como

sua nova base de vida e natureza. Por outro lado, ainda antes de ser elevado aos céus dá a
ordem: “Mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo”. Atos 1.8. Como pode

ser isso se Ele já houvera soprado sobre eles o Espírito Santo? É incontestável que são duas

experiências distintas e incorrem em grave erro aqueles que privam a Igreja da segunda

experiência.

O Espírito de Deus veio primeiro para transformar o espírito. Mas num segundo

momento vem para revestimento de poder e capacitação para o trabalho. Foram dois

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momentos distintos. Agora, depois disso o discurso muda, Jesus mostra que no futuro, o

Espírito não viria de cima para baixo, mas fluiria de dentro para fora. Chegará o tempo que

do vosso interior, fluirão rios de vida, rios de águas vivas. A adoração será algo espiritual, a

fé viva a partir do seu espírito; a revelação, os dons espirituais e o amor de Deus fluirão a

partir do seu espírito; tudo Deus vai trabalhar a partir do seu espírito. Por que muitas vezes

não experimentamos os poderes do mundo vindouro como diz a Bíblia? Porque insistimos

em procurar a Deus, onde Ele não está. Deus tem uma maneira de trabalhar, e o diabo uma

maneira oposta a de Deus. A maneira de Deus trabalhar com você é tentar atrair as suas

atenções para dentro, porque Ele está lá, é a sua fonte de vida, de força, de autoridade. Deus

trabalha para atrair suas atenções dentro de você. O diabo trabalha para atrair suas atenções

para fora, pois ao fazer isso estará afastando você da real fonte de suprimento e solução para

seus problemas. Na sua sutileza o inimigo usa de estratégias com aparência de espiritualidade

como levar os irmãos a terem expectativas em homens e mulheres ungidos e poderosos, em

cultos marcantes em estratégias mirabolantes com aparência de poder e de realidade

espiritual. Ainda que Deus use pessoas, ao manter os crentes com expectativas exteriores o

inimigo conseguirá mantê-las longe da fonte. Não podemos alcançar nada de Deus, com

expectativas externas, pois ele está dentro de você. A sua vida só mudará quando tiver

revelação de que Deus mora dentro de você. Essa verdade fundamental de Deus dentro de

você é tão crucial para o seu progresso que não pode ser mera doutrina com a qual concorda!
Tem que ser experiência viva, revelada e concreta!!! Caso contrário, o prejuízo será de anos

de busca nos lugares mais áridos onde o Senhor não está!

Como conseqüência dessa revelação em seu espírito virá uma consciência de

santidade, de reverência e de temor de Deus com a qual jamais sonhou. Um nível de

intimidade e comunhão com Deus que jamais imaginou ser possível. Uma imensa paz e um

profundo gozo no seu espírito serão realidades no seu caminhar diário. Você carrega o Santo

em você por onde quer que vá. A sua comunhão com Deus será íntima, pois terá descoberto

que o endereço dEle é dentro de você.

Uma União de Vida

Deus fez isso porque estava interessado em ter comunhão com o homem. O que é ter

comunhão? No grego, comunhão é “koinonia” – ter tudo em comum, quer dizer, casar-se.

Tudo que é seu é meu, e tudo que é meu é seu. I João 1.3b diz:

“... ora a nossa comunhão é com o Pai e com seu filho Jesus Cristo”.

E isso é sem nenhuma condição. Essa comunhão é baseada na obra que Ele fez.

Uma segunda ilustração de Paulo que quero destacar é a da vida conjugal. O

casamento não é uma troca, mas uma união de vida. No matrimônio, o marido torna-se um

com a pessoa da esposa. Por essa razão, a esposa toma, como seu, o nome do marido. Em

casamentos no mundo inteiro, a cabeça da noiva é sempre coberta. Isso indica que na união

matrimonial só deve haver uma única cabeça. Em tal união não há troca ou permuta, mas

identificação. A esposa deve identificar-se plenamente com seu marido. Nessa união, nessa

identificação, a esposa é uma com o marido e o marido é um com a esposa. Essa é uma união

de vida, não uma troca de vida. Suas vidas se misturam para um mesmo destino e propósito.

Em Romanos 7.4, Paulo fala de sermos casados com Cristo:

“Assim, meus irmãos, também vós fostes mortos para a lei, por meio do corpo de

Cristo, para casardes com outro, a saber, Aquele que ressuscitou dentre os mortos...”

Cristo é o nosso Marido e nós somos Sua esposa. Entre o Noivo e a noiva não há

permuta de vida, antes, há uma união maravilhosa. Somos um com Ele em pessoa, em nome,
em vida e em existência. Se um homem e uma mulher quiserem ter um matrimônio

adequado, devem aprender a ser dessa maneira. De semelhante modo, a nossa vida cristã é

uma vida de identificação com Cristo e em unidade com Ele.

O inimigo tenta lançar dúvidas a respeito dessa comunhão, dizendo que Deus não o

aceita, que você não é bom o suficiente, mas não é com base nas suas obras que você é

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aceito, mas sim com base na obra do Calvário. Todos nós temos um chamado sacerdotal, que

é ministrar na presença de Deus, é estar imerso, é fluir e caminhar na presença dEle.

O profeta Eliseu costumava usar a expressão: “O Deus em cuja presença estou”; em

outro lugar diz: “O Deus em cuja presença ando”. Podemos dizer mais do que ele, podemos

dizer: “O Deus cuja presença conduzo dentro de mim”. Nós nascemos nEle, subsistimos

nEle e convergimos para Ele.

Bebendo dEle como vida

Há uma dimensão profunda a ser experimentada ao nos voltarmos para o Senhor em

nosso espírito. Podemos tomar o Senhor como nossa própria vida e ao fazer isso, não

estamos citando uma poesia, proferindo palavras bonitas ou porque é interessante, mas

porque é um fato, é concreto, objetivo. No Evangelho segundo João, há várias expressões

como: “Eu sou o ressurreição e a VIDA” – nEle estava a VIDA -, “Sou a água da VIDA”,

“Eu sou o pão da VIDA”. Essa vida é a vida “ZOE” que é a própria vida eterna de Deus. A

Bíblia diz que essa vida é que foi ministrada para dentro de você. Então Deus é nossa própria

vida, e isso é um fato, uma realidade espiritual. Podemos nos voltar para o Senhor em nosso

espírito, confiando que diz a verdade ao dizer que habita para sempre dentro de nós e dizer:

Oh! Senhor neste momento eu O tomo como minha VIDA. Bebo e me satisfaço em Ti como

a minha própria VIDA. Oh! Bendita VIDA que desceu do céu transborda dentro de mim!

Note bem é muito mais que mera oração verbalizada; é um desfrute para dentro do seu

espírito. Ore, beba e sinta esse fluir!!!


Tomando o Senhor como alimento

A Bíblia também diz que Jesus é o pão, é o alimento, é a água. Devemos ingerir o

próprio Jesus como alimento. O pão, usado aqui por Jesus como símbolo tem muito a revelar:

depois de engolido, é processado dentro de nós e passa a fazer parte de nós mesmos. Depois

de ser apreciado e matar a fome, já dentro de nós, o pão é digerido e se transforma em

glicose. Esta é assimilada pela corrente sanguínea e distribuída para cada célula do nosso

corpo na forma de energia pura. Dessa forma, o pão que comemos se faz realmente uma só

substância conosco! O Senhor Jesus é de fato o nosso pão.

O padrão de maturidade de vida cristã, não é esperar chegar dos domingos para se

alimentar, e sim você sozinho se alimentar todos os dias do Senhor através de uma íntima e

real comunhão com Ele. Suas atenções não devem ser voltadas para fora, e sim para dentro

onde ele está, é lá que está a resposta, é lá que está a vida. Deus quer que você cresça em

comunhão e intimidade com Ele. Beba dEle, como água que sacia a sede, que acaba com a

sequidão e que leva à mananciais de águas vivas.

Tomando o Senhor como deleite

Podemos simplesmente desfrutar do Senhor como nosso deleite, nosso doce gozo no

espírito. A Bíblia diz em Efésios 5.18 e 19 “Mão vos embriagueis com vinho, no qual há

dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e

louvando de coração ao Senhor, com hinos e cânticos espirituais”. É você que se enche do

Espírito. Como? Falando, declarando e confessando a Palavra. Se você começa a beber e a

fluir do senhor onde você estiver, a vida e o poder de Deus irão se manifestar. Se houver

alguém no ambiente, receberá esta preciosa influência, se estiver enfermo será curado, se

houver alguém a quem o Senhor pretende alcançar com contrição e arrependimento, a

contrição de Deus tomará conta de seu coração diante de você. Sente falta de força? Tome-O

como força. Quer unção? Volte-se para dentro de você, pois o Cristo, o Ungido, está dentro

de você agora mesmo aí onde está. Ele é a própria unção. Tome dEle como sua unção, sua

alegria, sua direção, sua libertação, sua defesa, sua cura...


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Ao experimentar, degustar e beber do Senhor como fonte de deleite, você irá se

aprofundando nessas águas caudalosas até que se tomem torrentes que transbordam de
dentro

de você. De dentro para fora, pois a fonte está dentro de você. Esta é uma verdade básica,

portanto não diga mais que o Senhor virá te visitar ou que está ao seu redor. Ainda que seja

verdade, pois Ele está em todos os lugares, o maior fundamento da sua vida é que ele está

EM você para sempre: “Aquele que se une ao Senhor É UM espírito com Ele!”.

Essa é a porta de entrada para um caminho de maturidade e progresso espiritual

genuínos. Muita gente se equivoca achando que Deus se disseca e se estuda com a mente.

Lembre-se, Ele é Espírito. Esta é a porta para um genuíno conhecimento de Deus, é a porta

para a unção, para a revelação, para experiências mais íntimas, é a porta para frutos

abundantes. Deus não quer você para a obra, para ter você meramente como um empregado;

Ele quer você para si mesmo; Deus não quer um servo, um fazedor de coisas, Ele quer sua

intimidade.

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LIÇÃO 2

ANDANDO SEGUNDO O ESPÍRITO

Neste ponto, queremos salientar a relevância de aprender a lidar com os comandos

recebidos pelo Espírito e também com tudo o que o homem interior percebe. Essa é a

primeira condição para andarmos em espírito: discernir as sensações espirituais.

Quando sentimos alguma necessidade física, como fome ou frio, geralmente, não

temos grande dificuldade de identificá-lo. Nossos sentidos físicos expressam nossa

necessidade. Do mesmo modo, precisamos conhecer os vários sentidos espirituais e entender

a maneira pela qual cada um se manifesta. Primeiro é preciso compreender o espírito, para

depois viver segundo ele.


Segundo Watchman Nee, em sua obra intitulada “O Homem Espiritual”, existem

algumas leis do espírito nas quais necessitamos estar ambientados. Se não conseguirmos

compreender as sensações do espírito, deixaremos de perceber muito do que está

acontecendo nele.

Após a identificação das várias funções do espírito – intuição, comunhão e

consciência – é fundamental identificar também as formas como o espírito opera, para que

vivamos por meio dele.

1. Os pesos do espírito

A palavra nos ensina que onde o Espírito de Deus age, há liberdade. Portanto,

precisamos zelar por esta condição. Sendo assim, o discipulador precisa reconhecer quais são

os pesos colocados em, seu homem interior.

Não é raro os momentos que sentimos uma carga bem pesada sobre o nosso coração

e, normalmente, não sabemos por que isso acontece. Ficamos confusos por causa dessa

sensação e, às vezes, interpretamo-nas como algo natural, inibindo o nosso espírito. Agimos

sem dar atenção devida para esse peso, permitindo que o inimigo nos abata.

A base da nossa vitória é andar em liberdade, por isso, nosso espírito precisa se

desvencilhar de todo peso que o assedia (Hb. 12:1). Precisamos aprender a lidar com esse

peso. Quando ele vier, é necessário que paremos o que estamos fazendo, para nos opor a ele

com nossa vontade, resistindo e exercitando nosso espírito.

2. O bloqueio do espírito

Já sabemos que o espírito precisa tanto da alma como do corpo para se expressar. Se a

nossa alma ou corpo perderem a normalidade, devido a algum ataque maligno, o espírito

ficará bloqueado.

Neste momento, a mente pode ficar embaralhada, as emoções confusas e a vontade

impotente para tomar uma atitude ativa; ou ainda, em alguns casos, o corpo pode ficar em

extremo cansaço, sem desejo de fazer nada. Diante desses sintomas, é preciso resistir, pois se

não agirmos assim, nosso espírito ficará bloqueado.


Vale ressaltar que além de orar, é importante exercitar o espírito, a fim de romper o

bloqueio, para alcançar a liberdade.

3. O envenenamento do espírito

A Palavra nos adverte que podemos ser atingidos por dardos inflamados do maligno

(Ef. 6:16). Estes dardos são lançados em nosso espírito trazendo tristeza, mágoa, angustia,

aflição e abatimento. O objetivo é nos desestabilizar, produzindo em nosso ser um espírito

atribulado (I Sm. 1:15) e um espírito abatido (Pv. 18:14).

É muito danoso quando aceitamos, sem resistência, qualquer peso de tristeza sobre o

coração e acatamos, sem questionar, como um sentimento nosso.

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Não devemos nunca aceitar pensamento ou sentimento que não esteja conformado

com a palavra de Deus. É imprescindível que vigiemos todas as idéias e sensações que nos

ocorrem.Muitos têm nutrido um espírito de rancor em seu coração, devido à indução do

inimigo; ou quem sabe um espírito de orgulho, que o tem levado a atitudes arrogantes e

vaidosas. Isso acaba sendo uma armadilha para a sua queda:

“A soberba precede a ruína, e a altivez de espírito a queda” (Pv. 16:18

A Bíblia nos admoesta a mantermos um espírito manso e brando, sendo sempre puro

e limpo. Portanto, ao ser ferido por um destes dardos, não demore em eliminar a causa,

mantendo uma atitude de resistência a qualquer ataque inimigo, orando sempre e pedindo a

purificação do coração.

4. Encargos do espírito

Receber um encargo é diferente de um peso opressivo. Como já falamos, o peso é

lançado sobre nosso coração pelo inimigo, com o intuito de oprimir. O encargo vem de Deus

e sempre objetiva levar-nos a cooperar com Ele, chamando-nos ao trabalho, à oração (Cl.

4:12) ou a ministração da Palavra. É um fardo gerado sobre o nosso coração que tem o

propósito de gerar benefícios espirituais. Portanto, é mister distinguir o que é peso sobre o
espírito, do que é um encargo recebido.

Qualquer encargo, vindo da parte de Deus, jamais fará com que percamos a liberdade

de orar, enquanto o peso do inimigo se sobrepõe ao nosso espírito, tirando esta liberdade.

Quando Deus anseia que façamos algo para Ele, quer oremos ou falemos a alguém,

Ele comunica isso ao nosso espírito através de um encargo. Se, de fato, estivermos

familiarizados com as leis do espírito, não vamos desprezar estas impressões recebidas, pois

a tendência é que esta sensação aumente. É importante ficarmos atentos a este encargo sobre

o coração e procurarmos, imediatamente, descobrir o que ele significa. Assim que

descobrirmos o que Deus quer que façamos, devemos entrar logo em ação.

Vale ressaltar que o nosso espírito precisa estar continuamente livre e desimpedido

para receber algum encargo da parte de Deus.

5. Irresponsabilidade do espírito

A Palavra declara que:

“O espírito do homem é lâmpada do Senhor...” Pv. 20:27

O propósito de Deus é encher de luz o espírito do homem. Davi sabia disso e chegou

a fazer a seguinte declaração:

“Porque fazes resplandecer a minha lâmpada; o Senhor, meu Deus, derrama luz

nas minhas trevas...” Sl. 18:28

Podemos dizer que o espírito do homem é como uma lâmpada elétrica. Quando ela

está em contato com o Espírito de Deus, ele pode brilhar pela luz de Cristo que resplandece

nele (Mt. 5:14-16). Contudo, muitas vezes ficamos em trevas pela falta de conexão com o

Espírito de Deus.

Precisamos manter nosso espírito em condições perfeitas e tranqüilas, a fim de

cooperarmos com o Espírito. Há situações em que o espírito pára de cooperar devido à sua

dureza. Ressaltamos que para Deus expressar Sua vontade, Ele exige que tenhamos um

espírito manso e terno. Quando este se torna duro e insubmisso, a operação do Espírito

encontra obstáculo.
Foi isso que Paulo quis dizer quando escreveu:

“Não apagueis o Espírito” I Ts. 5:19

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LIÇÃO 3

ANDANDO NO ESPÍRITO

“Se vivemos no espírito. andemos também no espírito" (GI 5:2)

"... visto que andamos por fé, e não pelo que vemos". (11 Co.5:7)

Depois de entendermos a constituição básica do homem precisamos entender como se

processa a obra de Deus em nós e como devemos colaborar com Deus.

1) Com relação ao nosso espírito, precisamos exercitá-lo a fim de sermos guiados para Deus.

2) Com relação a nossa alma, ela deve ser transformada pela renovação de nossa mente.

3) Com relação ao nosso corpo ele precisa ser disciplinado.

O nosso espírito já foi regenerado. Quando Adão pecou ele morreu para Deus e assim

toda a raça humana. Sendo assim a primeira coisa que Deus precisa efetuar no homem e o

novo nascimento ou a regeneração.

Uma vez que fomos regenerados a vontade de Deus é nos dirigir através do Espírito

Santo que habita em nosso espírito. Simultaneamente Deus espera que cooperemos com Ele

exercitando o nosso espírito para obedecê-lo. Precisamos então ser guiados para Deus no

espírito e exercitar o nosso espírito para ouvir de Deus.

O Espírito Santo habita dentro de nós. O poder de Deus está em nós. A saúde de Deus

esta em nós. A natureza de Deus esta em nós. A bondade, a justiça, o amor de Deus, tudo isso

é residente dentro do nosso espírito recriado. Não precisamos buscar estas coisas, precisamos

é de ter revelação de que elas já estão dentro de nós. Nós temos a mente de Cristo, a unção do

santo; tudo aquilo que é necessário para uma vida santa e plena já foi colocado dentro de nós

pela pessoa do Espírito Santo. Uma vez que andamos no espírito todas as realidades do

Espírito Santo de Deus que habita em nosso próprio espírito se tornarão realidades em nós.
Todos nos éramos como um enfermo portador de vários tipos de doenças. Depois que

o médico fez o diagnostico, deu-lhe a receita para que tomasse vários tipos de remédios, cada

um para uma doença. O farmacêutico colocou todos os medicamentos dentro de uma única

seringa. Esse conjunto de medicamentos foi a dose que resolveu todas as suas enfermidades.

A mesma coisa Deus fez em nós; ele injetou em nós, uma dose que resolve todas nossas

necessidades, essa dose é o Espírito Santo. Precisamos de entender no Espírito que tudo o

que necessitamos para uma vida com Deus já nos foi dado por meio do Espírito Santo que

em nós habita. Se precisamos de poder, Ele é o poder. Se precisamos de amor, Ele é o amor

que foi derramado em nossos corações. Se precisamos de entendimento, todos os tesouros da

sabedoria estão ocultos n’Ele. Portanto todas as coisas já estão completadas em nosso

espírito.

O que precisamos aprender hoje é sermos guiados pelo Espírito e dependermos dEle

em todas as nossas necessidades. A vida cristã é constituída de duas substituições; a primeira

foi na Cruz, onde o Senhor Jesus morreu em nosso lugar e a segunda é no nosso dia a dia

onde o Espírito Santo quer viver em nosso lugar sendo a nossa própria vida.

Para melhor entendermos a vida no Espírito vamos dividir o nosso estudo em três princípios

bem simples: A vida no Espírito implica em três coisas: andar pela fé, andar pela cruz e andar

no sobrenatural.

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PRIMEIRO PRINCÍPIO DO ANDAR NO ESPÍRITO: ANDAR EM FÉ

A maneira de entendermos o padrão da vida no Espírito é compreendendo como foi o

primeiro pecado. O pecado desviou o homem do padrão de Deus. Conhecer o desvio já nos

ajuda a determinar o caminho de volta ao modelo de Deus.

O primeiro pecado: Incredulidade

Se entendermos como surgiu o primeiro pecado do homem, poderemos entender

como os outros surgem, pois o princípio do pecado é o mesmo (Gn 3:1-6).


O primeiro pecado não foi terrível, do ponto de vista da aparência. Não era obsceno,

não era pornográfico, não era escandaloso, não era feio de se ver. Adão e Eva apenas

comeram da fruta, nada mais do que isso.

O primeiro pecado deu origem a todos os outros, pois o principio que o governou

governa todos os outros, embora possam surgir de formas diferentes.

Como é isso? No princípio o homem andava no espírito. A Bíblia diz que "à tardinha,

Deus vinha ter comunhão com o homem, todos os dias". Isso indiscutivelmente é uma

relação espiritual, pois Deus é Espírito. O homem era um ser guiado pelo Espírito, naqueles

dias. O espírito é o ponto central na vida do homem. A alma era como um servo, em relação

ao espírito. Mas, com o pecado, aconteceu algo dentro do homem: o seu espírito morreu para

Deus e a sua alma cresceu, tornando-se o centro do seu ser. O homem passou a ser carne. O

propósito de Deus, desde então é nos restaurar a posição que Adão desfrutava de comunhão

com Ele. E não apenas isso, pois nós hoje temos mais que Adão teve: Deus entrou em nosso

espírito humano recriado, tornando-se a nossa vida. Adão nunca comeu da "arvore da vida",

nós porém hoje podemos comer dela, pois a árvore da vida é o Senhor Jesus.

Mas qual foi a essência do primeiro pecado? Podemos dizer que o pecado se

manifestou por três princípios. O primeiro princípio foi a incredulidade. O primeiro pecado

foi o da incredulidade. Eva preferiu acreditar no que o diabo disse a acreditar no que Deus

dissera: "se comeres, vais morrer". O diabo veio e desmentiu Deus, dizendo: "é certo que

não morrereis".

Certa vez, pregando a um homossexual, ele me disse: "é impossível eu deixar de ser o

que sou". E eu lhe respondi: "Isso é o que o diabo diz, mas Deus diz que se você crer, você se

tornara uma nova pessoa, uma nova criatura. O mundo diz: "Você nunca pode mudar; pra

você não há libertação; você nasceu assim, vai morrer assim; pode até virar crente, mas vai

continuar sendo o que era; pode até nunca falar sabre isso, mas continuara sendo" -isso é o

que o mundo e o diabo dizem. Mas Deus diz que se você crer será nova criatura - é uma

questão de ser e não simplesmente de fazer você nova criatura. E eu disse aquele
homossexual: "diante de Você tem duas afirmações: a de Deus e a do diabo. Qual você

escolhe?”. A base dessa escolha é uma questão de "em quem vou crer?”Devemos sempre

colocar para o homem essa mesma escolha. pois foi nesse ponto que o pecado surgiu: quando

Adão e Eva preferiram confiar no diabo a confiar em Deus. "Seja Deus verdadeiro e

mentiroso todo homem". Deus não pode mentir; Ele é completamente fiel aquilo que diz.

Eva duvidou da Palavra de Deus; aqui começou o problema da carne. E para

entrarmos agora na dimensão do espírito, devemos cumprir a primeira condição: "Andar em

espírito implica em andar em fé". Se não andamos em fé, então não estamos andando no

espírito - “andar no espírito é andar em Fé".

Andar no Espírito e andar em fé se misturam na Bíblia. Em Hb 11:6, lemos que: "sem

fé e impossível agradar a Deus"; e em Rm.8:8, lemos que "os que estão na carne não podem

agradar a Deus". Observe estas duas colocações: em Hebreus os incrédulos não podem

agradar a Deus; e em Romanos, os carnais também não podem agradá-Lo. Logo, por

associação, dizemos que os carnais são também incrédulos a mesma coisa. Carnalidade é

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sinônimo de incredulidade. Aqueles que estão na carne são facilmente percebidos, pais eles

são incrédulos, indiferentes e insensíveis.

Para com a pessoa de Deus, o pecado se manifesta de três formas.

O primeiro tipo de pecado é a soberba, a rebeldia. Esse pecado agride Deus em sua

autoridade, atinge o Trono de Deus. Satanás disse: "subirei acima das mais altas nuvens e

serei semelhante ao Altíssimo" (Is. 14: 13). Do ponto de vista de Deus, esse é o tipo mais

grave de pecado, porque ele atinge diretamente o Trono de Sua autoridade.

O segundo tipo de pecado é a desobediência. O desobediente é aquele que mente,

rouba, prostitui; é aquele que desobedece ao mandamento de Deus. O desobediente agride

Deus em Sua santidade, Deus é santo; Ele não suporta a sujeira, a impureza e a iniqüidade.

Esse tipo de pecado é terrível, mas, do ponto de vista de Deus, a rebeldia é mais grave ainda.
O terceiro tipo pecado é a incredulidade. O incrédulo atinge Deus em Seu caráter. Ele

é aquele que faz de Deus um mentiroso. Deus diz: "em tudo fostes enriquecidos", mas o

incrédulo diz: "eu sou pobre". Deus diz: "Eu carreguei na cruz a sua enfermidade”. O

incrédulo diz: "tenho medo de morrer de câncer". Deus diz: "eis que vos dou autoridade

sobre serpentes e escorpiões": O incrédulo diz: "eu não tenho o dom de expulsar demônios;

isso é só para pastores". Percebe que há muitas maneiras sutis de dizer que Deus é

mentiroso. Nem sempre somos descarados, na maioria das vezes somos sutis.

Certa vez, um irmão me disse: "Pastor, acho que não devemos fazer apelos para a

cura, dizendo que podem vir a frente. e que todos os que crerem serão curados: nem todos

são curados, e isso parece levá-los a revolta". E eu lhe perguntei: "Todos os que crêem são

salvos?", ele respondeu: "é claro que sim", Eu disse "a mesma cruz que garante a salvação,

também garante a cura" Se faço apelo e nem todos são salvos, isso não impede de o fazer

novamente, não são salvos porque não crêem. E se nem todos são curados é porque nem

todos crêem. Devemos crer em toda a Palavra e não apenas em algumas partes; pois se Deus

mente em uma pequena frase, Ele compromete toda a Bíblia, se há uma parte errada, quem

me garante que toda ela também não esta errada? Ou é tudo verdade, ou nada é verdadeiro: é

um principio da lógica. Mas graças a Deus, que é fiel, e nenhuma de suas palavras deixará de

se cumprir. A incredulidade se manifesta de maneira sutil.

Fé é sinônimo de vida no espírito. Se alguém anda no espírito, invariavelmente ficará cheio

do Espírito. Uma pessoa que anda no espírito, pode facilmente ser reconhecida, pois

naturalmente expressará a vida. Quando falo de vida, não estou me referindo a vida prática -

retidão, integridade - tudo isso um cristão deve ter; estou falando de algo mais tênue,

subjetivo. Refiro-me a algo que não sabemos de onde vem, nem para onde vai.

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LIÇÃO 4

O QUE SIGNIFICA ANDAR EM FÉ?


1) Renunciar ao esforço próprio

Andar em fé implica em abrirmos mão do que vemos, do nosso esforço próprio e do

entendimento próprio. Isto quer dizer que andar no espírito também implica em renunciarmos

a estas três coisas: andar por vista, por esforço próprio e por entendimento próprio. Todo

carnal anda pelo esforço próprio. A fé pressupõe dependência de Deus. Se andarmos pela

nossa força, não precisamos exercer fé. A principal característica da vida de fé é o descanso.

Hebreus 4:3 diz que “os que crêem entram no descanso”. Os que andam no espírito andam

em descanso. E como um barco no meio do mar não tem que se esforçar, e só deixar-se levar

pelo vento. Nós somos o barco, o vento é o Espírito. Veja que este descanso não é lazer, não é

retiro, não é férias. Podemos ir a estes lugares em todas estas formas de descanso e mesmo

assim não descansarmos. O verdadeiro descanso é poder dizer: "Senhor, és Tu quem fazes,

não eu. Não sou eu quem salva, és Tu, Senhor: Não sou eu quem santifica. és Tu. Senhor,

Não sou eu quem faz, és Tu, Senhor". Se ficamos angustiados cada vez que temos de pregar,

e se a ansiedade aumenta, ao ponto de a vida perder o sabor, é porque tem faltado o descanso

"Resta um descanso para o povo de Deus”. A obra de Deus não se faz no cansaço, não se faz

na fadiga, não se faz com suor. Se faz na dependência do Senhor.

Ezequiel 44: 17 dá uma orientação clara àqueles que trabalham no templo: “E será

que quando os sacerdotes entrarem pelas portas do átrio interior, usarão vestes de linho,

não se para lá sobre eles, quando servirem nas portas do átrio interior, dentro do templo.

Tiras de linho lhes estarão sabre as cabeças, e calções de linho sobre as coxas, não se

cingirão ao ponto de lhes vir suor”. Na obra de Deus, não pode haver suor. Nós somos

sacerdotes levitas, encarregados de servir na casa do Senhor e, quando servimos ao Senhor,

não pode haver suor. Qual é o significado do suor? Gênesis 3:19 fala que o suor é maldição,

por causa do pecado. Suor é símbolo de maldição, mas graças a Deus que, por meio de Jesus

Cristo, nos libertou de toda a maldição do pecado. É bom demais servir a Deus. Não temos

de suar, não temos de viver no cansaço. E como diz o cântico: “É meu somente meu todo o

trabalho, e o teu trabalho é descansar em Mim”. Essa e a Palavra de Deus para nós.
Fico preocupado com pastores e líderes que tem estafa. Estafa não está nos planos de

Deus para nós. Estafa é maldição. Observe que aqueles que trabalham em serviço braçal não

têm estafa, deitam e dormem o sono do descanso. Mas há pastores e líderes que não dormem

à noite, ficam uma, duas, três, quatro noites acordados, até que lhes vem uma estafa. Não é

um cansaço físico, mas mental da alma. Aqueles que se achegam para servir no santuário não

podem suar lá dentro. Não temos mais de suportar a maldição do pecado, pois Jesus já suou o

nosso suor para que Nele tenhamos descanso. O Senhor suou no Getsêmani o suor que nos

cabia. Não precisamos nos esforçar até suar, Ele já suou por nós, não temos o que fazer com

suor, Ele já fez tudo para nós.

Alguém pode perguntar: “não temos mais nada?” “Nada!” “Mas, e quem vai pregar o

Evangelho?” “Não somos nós quem pregamos; somente a boca é nossa, o trabalho é do

Senhor. Muitos ficam se cobrando tempo todo: “Tenho de pregar, preciso pregar”. É como

uma paranóia, uma obsessão. Deus me livre de dizer que não devemos pregar, não falo disso.

Ouça-me: se andarmos no espírito. passaremos vida. A vida é algo que sai de nós sem que

percebamos, ou sem nos esforçar. Se temos vida. os outros perceberão. É aquele princípio

que diz. "a boca fala do que o coração está cheio". Se o nosso coração está cheio da vida de

Deus, como um rio de água viva. naturalmente a boca vai manifestar o que esta lá dentro.

Não há trabalho nenhum nisso. É uma questão de ser espontâneo e de ter vida fluindo do

espírito. Quando você se enche do Senhor, no descanso, naturalmente você vai fazer a obra

de Deus. A obra do Senhor tem de ser espontânea em sua vida, tem de ser gostosa de se fazer,

tem de ser empolgante ser líder, a idéia de ser líder tem de ser agradável à mente. É bom

trabalhar para o Senhor, porque o nosso trabalho é descansar Nele.

11

Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

Vemos que o primeiro aspecto do andar em fé é o abrir mão do esforço próprio, e

entrar no descanso de Deus. Se andamos em espírito, andamos também em descanso.

2) Não andar por vista


O segundo aspecto importante para frisarmos é "não andar por vista". II Cor. diz:

"andamos por fé e não pelo que vemos".

Tenho sempre comigo uma regra: enquanto o que vejo bate com a Palavra de Deus,

continuo vendo; quando, porém, não bate mais, ignoro o que estou vendo, e fico somente

com a Palavra de Deus. Note que é um estilo de vida louco, e loucura para o mundo. Uma

das situações onde isso pode ser mais facilmente observado e com relação às enfermidades.

Muitas vezes insistimos em olhar para os sintomas da doença, em vez de olharmos para a

Palavra de Deus. Se a Palavra diz que o Senhor já levou as nossas enfermidades na cruz,

devemos rejeitá-las, e passar a verdade da Palavra independentemente daquilo que estamos

vendo ou sentindo. Não é mentir para nós mesmos dizendo que não estamos doentes, mas é

declarar a Palavra, e ignorar os sintomas da doença. Poucos de nós fazemos isso, preferimos

andar por vista, isto é, na carne. Andar por vista é característica da carne. Se insistirmos em

andar por vista, seremos escravos do natural. As Circunstâncias irão facilmente nos

desanimar, e tenderemos a ficar prostrados. Se eu ficasse olhando a forma superficial de

alguns adorarem a Deus, ficaria desanimado e nem iria mais dirigir louvor. Se eu ficasse

olhando o grande número de crentes infantis, iria desistir de fazer a obra de Deus. Se eu

ficasse olhando as diferenças pessoais e a postura de alguns líderes, nunca iria crer na

unidade da mente e do coração. De maneira que, devemos ter um olhar profético, andamos

pelo que cremos que será e não pelo que o diabo quer nos mostrar. Vejo um povo que adora a

Deus; um povo forte que manifesta o reino de Deus; uma liderança ungida, que ministra em

unidade. Creio e sei que na dimensão do Espírito já é assim, ainda que com os meus olhos

naturais não o veja.

O segundo aspecto do andar em fé, então, é não andar segundo a vista.

3) Renunciar ao entendimento próprio

Vimos que há aqueles que andam pelo esforço próprio, há os que andam por vista,

mas há também os que andam pelo seu próprio entendimento. A Palavra de Deus diz que no

princípio Deus criou Adão e Eva e os colocou no Jardim do Éden. Lá haviam duas árvores: a
árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal. A árvore da vida aponta para a

vida de Deus. Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida; "Nele estava a vida e a vida era a luz

dos homens". (Jo 14:6 e 1:1). A luz significa que pela vida, eu posso ter luz, ou seja, posso

conhecer a realidade última das coisas. A vida de Deus, que agora esta em nós, se manifesta

como luz em nosso espírito. É uma sensação de clareza, de entendimento. Deus queria que

Adão comesse da árvore da vida e vivesse por essa vida. Ele não iria conhecer nada - nem o

bem, nem do mal, nem o certo, nem o errado - e a vida iria guiá-lo em todas as

circunstâncias. Entretanto, sabemos que ele pecou, comendo da árvore do conhecimento; e

Adão e Eva passaram a conhecer o bem e o mal. E, desde então, o homem passou a ser

dirigido segundo o que é certo ou errado. Mas, ouça-me, ser cristão não é uma questão de

entender se algo é certo ou errado, se é moral ou imoral e nem mesmo se é ou não uma

questão ética. Ser cristão é andar pela árvore da vida, isso é, andar segundo a vida que está

em nós, e que Adão nunca teve. Essa vida é a luz, e nos dirige em toda a vontade de Deus.

Alguns irmãos antes de fazerem alguma coisa, perguntam: "será que isso é certo ou e

errado? Será que é pecado ou não?" E pensam que com isso estão agradando a Deus. Isso é

andar pelo entendimento e não por fé, na direção da vida do espírito. Porém, a Bíblia diz:

'Tudo o que não provém de fé é pecado" (Rm.14:23). Aqueles que agem assim estão andando

segundo a árvore do conhecimento do bem e do mal. Isso pode até parecer piedoso e bem

12

Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

intencionado, mas não provém da dependência e fé em Cristo, é portanto da carne. Se antes

de fazermos alguma coisa dissermos: "isto não é errado, não é pecado, não escandaliza, não

ofende e nem faz mal a ninguém, estaremos agindo segundo o entendimento do certo e do

errado e não pela vida.

Querido, você ainda vai descobrir que muitas coisas que não são erradas, que não

escandalizam e nem são sujas, são reprovadas por Deus. Porém, não devemos nos preocupar

em proibir ninguém de coisa alguma. Não devemos ser escravos de códigos de condutas, de
códigos morais e normas de certo e de errado, o importante é aprender a andar no espírito.

Podemos seguir piamente um código e ainda assim vivermos na carne, o que importa não é

conhecermos o que se pode e o que não pode fazer o que importa é conhecer a vontade de

Deus. Há muitos irmãos que querem tudo prontinho, querem normas e regras sobre regras.

Precisamos é ensiná-los a ouvirem o espírito, e, naturalmente, eles vão fazer a vontade de

Deus. Se andarmos por entendimento, não dependeremos de fé no Espírito; por isso os que

andam pelo entendimento próprio não podem agradar a Deus; o que eles fazem não provém

da fé, e isso é carne.

Quando o Senhor fala, há fé. Quando Ele fala conosco, sempre manifestamos uma

convicção e certeza resolutas. Mas quando Ele não fala. há confusão e dúvida. Nunca

façamos nada na base da insegurança e incerteza, pois certamente não provém de Deus. As

coisas do Espírito são também base da fé, pois andar no Espírito implica em andar por fé. E

tudo o que não provem de fé ou dependência de Deus é carne.

Quando estivermos aconselhando uma pessoa, não devemos dar-lhe coisas prontas,

devemos estimulá-las a usar o seu próprio espírito, para que possa discernir a direção de

Deus. Só há crescimento quando Deus fala: as palavras humanas podem ser boas, mas

somente quando Deus fala, há transformação e há vida. Só há crescimento quando

aprendemos a ouvir a Deus. Muitos discipuladores estimulam seus discípulos a serem seus

dependentes. Ensinam que os seus discípulos não devem fazer nada sem antes compartilhar

com eles. Isso não é o propósito de Deus. Se o discipulador sempre fala qual é a vontade de

Deus, o discípulo nunca vai aprender a discerni-la por si mesmo, e isso é lamentável.

Com relação a andar em fé, três coisas são consideradas como da carne. Carne e andar pela

força própria, pela vista e pelo entendimento próprio. Andar em fé é o oposto, andar no

descanso de Deus, ignorar a vista e renunciar o próprio entendimento.

Antes, porém de avançarmos, devemos entender que a direção do Espírito nunca está

fora da Palavra de Deus. Deus e a Sua Palavra se misturam. Assim é o seu caráter. Crer Nele

é crer em Sua Palavra. Se alguém diz crer e não crê na Bíblia, está mentindo, pois é
impossível crer em Deus e não crer no que Ele diz.

Se quisermos “andar no Espírito”, devemos andar pela fé na Palavra de Deus: as duas coisas

se misturam na prática.

A necessidade de crescer em fé

Nós podemos crescer na vida espiritual. O crescer espiritual está muito relacionado

com o crescer em fé. Quero compartilhar dois princípios básicos que nos levam a avançar em

novos níveis de fé: crescemos em fé, conhecendo a Palavra – pelo espírito, por revelação – e

crescemos confessando a Palavra. Uma parte só não resolve, temos de conhecer a Palavra por

revelação e temos de confessá-la com os nossos lábios.

A revelação da Palavra

"Para que o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da Glória, vos conceda

espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento Dele, iluminados os olhos do

vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da

glória da Sua herança nos santos e qual a suprema grandeza do Seu poder para com o que

cremos..." (Ef. 1:17 18).

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Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

Em primeiro lugar a revelação surge quando há um coração ensinável. Se me julgo

conhecedor de todas as coisas, quem estará apto para me ensinar?

Devemos também ter um coração que se humilha. Não devemos ter uma atitude de

constrangimento de aprender com quem quer que seja. Ouça, se você, com soberba disser:

"Não vou aprender com aquele irmão. vou buscar de Deus e aprender sozinho". Deus não vai

falar com você. Deus resiste ao soberbo, mas dá graça aos humildes. Se eu souber que um

líder qualquer está fluindo numa área qualquer da Palavra, vou a aprender com ele, e Deus

vai falar comigo lá. Mas se eu disser: "eu sou pastor igual a ele, Deus vai falar comigo

também. Isso é soberba, e nunca vou crescer dessa maneira.

No Novo Testamento, encontramos duas expressões que são traduzidas para o


português como "Palavra". São as expressões "Logos" e "Rhema".

* Logos é a palavra escrita, é a letra, é o que está registrado nas Escrituras.

* Rhema é a palavra viva revelada pelo Espírito e que queima em nosso coração.

14

Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

LIÇÃO 5

A CONFISSÃO DA PALAVRA DE DEUS

"Porque com o coração se crê e com a boca se confessa a respeito da salvação".

(Romanos 10:10).

A nossa fé precisa ser cultivada à maneira de Deus, para reforçarmos a fé e abrirmos a

boca. Não basta orar com o coração, é preciso também confessar com a boca. Muitas vezes,

Deus vem com um entendimento forte na Palavra a respeito de uma verdade, mas, muitas

vezes, com o tempo, nos esquecemos daquela verdade. Porque isso acontece? Porque

deixamos de falar nela. Deixamos de confessá-la, de contar para os outros, de ensinar e

mesmo de pregá-la. Se fecharmos a boca, com o tempo perderemos aquele entendimento

vivo, e tudo se tornará apenas conhecimento mental. Mas existe um outro lado muito

importante, mesmo que ainda não tenhamos revelação de uma verdade, se abrirmos a boca e

começarmos a confessá-la, logo ela vai começar a gerar fé em nós. Vemos então que a

confissão não apenas preserva a revelação recebida, mas também nos abre o espírito para

novas revelações.

Mas o que é confessar? Há uma maneira bem simples de memorizarmos o que

devemos estar constantemente confessando : Eu devo confessar:

O que Deus diz que é

O que Deus diz que tem

O que Deus diz que faz

O que Deus diz que sou

O que Deus diz que tenho


O que Deus diz que faço

A base da nossa fé é aquilo que Deus diz. A palavra é o trilho no qual andamos.

Aprenda tudo aquilo que Deus diz que é, e confesse constantemente, você vai perceber que a

sua fé gradualmente vai se fortificar e crescer.

O QUE DEUS DIZ QUE EU SOU:

Eu sou nova criatura (I Cor. 5: 17).

Eu sou templo do Deus vivo. (I Cor. 6: 16).

Eu sou como árvore plantada junto a ribeiros de águas, que no devido tempo dá o seu fruto

e tudo quanto faço sou bem sucedido (Sl. 1:3).

Eu sou forte e ativo porque conheço o meu Deus (Dn. 11: 32).

Eu sou mais que vencedor por meio daquele que me amou (Rm. 8:37).

Eu sou zeloso de boas obras (Tt. 2: 14).

Eu sou um ganhador de almas e por isso sou sábio (Pv. 11:3o).

Eu sou feitura Dele, portanto sou belo (Ef. 2:1o).

O QUE DEUS DIZ QUE EU TENHO:

O amor de Deus está derramado em meu coração (Rrn.5:5).

A unção do Santo permanece em mim ( I Jo.2:27).

Deus me tem dado autoridade sobre todo o poder do inimigo e nada me causará dano (Lc.

10: 19).

Posso todas as coisas naquele que me fortalecesse (Rm. 4: 13).

15

Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

Deus me deu espírito de poder, de amor e de moderação (II Tm. 1:7).

Maior é o que está em mim do que aquele que está no mundo (Jo. 4:4).

Deus sempre me faz triunfar em Cristo Jesus (II Cor. 2:14).

Eu tenho sido abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestes, em

Cristo Jesus (Ef. 1: 3).


Eu tenho o poder do Espírito Santo (Mq. 3:8).

O QUE DEUS DIZ QUE EU FAÇO:

No nome de Jesus eu expulso demônios, falo novas línguas, pego em serpentes; se

beber alguma coisa mortífera, não me causará dano; imponho as mãos sabre os enfermos e

eles são curados (Mc. 16: 17).

Eu venço o diabo pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do meu testemunho

(Ap.12:1).

SEGUNDO PRÍNCIPIO DO ANDAR NO ESPÍRITO: ANDAR PELA CRUZ

Para gerar incredulidade em Eva, o diabo procurou usar de estratégias. O diabo é

espírito, e os espíritos não podem mudar; da mesma maneira que ele agiu com Eva, age

conosco hoje. Desta forma, através de suas ações na Bíblia, podemos conhecer suas

estratégias e guerrear contra ele.

A primeira área que o inimigo atacou foi a bondade de Deus. Ele disse: “Deus não deve ser

bom, caso contrário, não teria proibido comer da árvore”. Nunca devemos permitir que em

nossa mente exista a mínima insinuação satânica de que Deus não é bom, isso não é verdade.

Essa é, muitas vezes, a forma que o inimigo encontra para gerar incredulidade em nós.

A segunda área que ele atacou foi o caráter de Deus. Ele disse que Deus não era reto,

pois havia mentido certamente o homem não morreria se comesse da árvore. Ora, se Deus era

mentiroso, não valia a pena confiar Nele, daí também surgiu a raiz da incredulidade. É

impressionante vermos como o povo de Deus tem engolido esses dois ataques do inimigo.

Muitos afirmam categoricamente que Deus é mau, ao afirmarem que foi Deus quem lhes

mandou doenças. Muitos procuram pastores para receberem oração dizendo: "Pastor; ore

por mim por que a mão de Deus me feriu com esta enfermidade”. Ora, se foi a mão de Deus

que feriu, eu não posso orar; se é a vontade de Deus, certamente ele não me ouvirá. Penso

que as pessoas que tem essa posição não deveriam nem mesmo ir ao médico, pois se foi Deus

quem mandou, o homem não pode desfazer. E se Deus mandou a doença, ela é uma coisa

boa, pois Deus só nos dá coisas boas. Qual pai teria coragem de mandar câncer para seu
filho? Pois se nós sendo humanos não agimos assim, muito menos o Senhor. Deus é

mentiroso - não falamos isso descaradamente, como fez o inimigo, mas aceitamos a sugestão

de que, nem tudo o que está escrito acontece hoje em dia. A Bíblia realmente diz que Deus

cura, mas hoje Ele não cura mais. Se Deus não cura mais, então Ele é mentiroso, pois Deus

nunca muda, sempre é o mesmo e se Ele curou no passado e não o faz mais, a Sua Palavra é

falsa, pois mudou com o tempo. Se existe alguma coisa que Deus não mais faça em Sua

Palavra, ela é indigna de confiança, pois como vou ter certeza de que alguma coisa pode ser

feita hoje, ou não?

Se desejamos andar no espírito, devemos desmentir o diabo e confessar tudo aquilo

que Deus diz que é, tudo aquilo que Ele diz que faz e tudo aquilo que Deus diz que tem:

“Eis que as suas mãos não estão encolhidas para não poder abençoar e nem surdos as Seus

ouvidos, para não poder ouvir". A vontade de Deus para nós é a saúde, a vida, a prosperidade

e a paz.

A terceira área que o diabo atacou foi a santidade de Deus, dizendo que Deus não

queria que ninguém conhecesse o bem e o mal, que Deus não queria que não fosse como Ele,

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Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

que Deus queria ser o único. Aquilo que Satanás desejou na sua soberba e aquilo que Adão e

Eva buscaram na sua desobediência, Deus agora nos concede gratuitamente, por meio de

Jesus Cristo; eles queriam ser como Deus e nós, agora, nos tornamos Seus filhos, gerados

pela Sua semente. No Salmo 82:6, Deus diz: “sois deuses. pois sois todos filhos do

Altíssimo”. Eu sou agora da raça de Deus, sou filho. Nisto, Deus prova a Sua santidade, pois

nos concedeu aquilo que foi acusado de não querer compartilhar: a Sua natureza divina.

Para que a nossa fé seja forte devemos ter uma revelação clara do caráter de Deus.

Deus é bom e tem o melhor para nós. Deus é reto e nunca pode mentir ou falhar naquilo que

disse: a Sua palavra é a própria verdade. E Deus é santo e nos fez participantes da Sua

natureza, da Sua riqueza e da Sua glória. Aleluia! Se permitimos surgir dúvidas nestes
aspectos, então a nossa fé será abalada e não poderemos viver no espírito, pois, como já

aprendemos, andar no Espírito implica em andar em fé. Andamos por fé na Palavra. A

Palavra é o trilho, andar no Espírito é andar no trilho da Palavra. Vimos que o pecado foi

originalmente a incredulidade, e que se desejamos andar hoje no espírito, temos de andar em

fé. Mas temos de avançar um POUCO mais agora e entender que houve outro aspecto: a

independência.

Havia no Éden duas árvores: a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e

do mal. A árvore da vida apontava para o próprio Deus. Se o homem optasse pela árvore da

vida, teria escolhido depender de Deus. Ele não saberia o bem e o mal por si mesmo, teria de

depender de Deus para saber. Não viveria por si mesmo, mas por aquilo que Deus dissesse.

Sabemos que isso não aconteceu com Adão. Depois que o diabo falou, certamente Adão

ponderou e disse: “se Deus é tudo isso, então é melhor eu mesmo tomar conta de minha

vida, tomar minhas próprias decisões”. Isso foi a independência.

Como se originou o primeiro pecado, certamente os outros pecados se originam; pois

todo pecado tem no seu centro o egocentrismo. Todo pecado, em sua origem, é o ego em

ação. A independência é a forma específica de como o ego se manifesta: “eu tenho minhas

opiniões, meus desejos, meus alvos, minha identidade”. Quando o homem optou por comer

da árvore do conhecimento, o seu Ego, a sua alma foi aumentado, e passou a ser o centro da

personalidade humana, o propósito de Deus era (e é) que o espírito humano fosse o centro,

mas o pecado transformou o homem em algo da alma, o homem se tornou almático. O

espírito adormeceu, o ego se tornou o centro, por isso o homem passou a ser egoísta

egocêntrico.

A melhor maneira de definirmos o pecado é entendermos que é pecado tudo aquilo

que tem origem no ego. Tudo aquilo que é feito independente de Deus é pecado. Nesse

sentido, qualquer coisa pode ser pecado, desde que feita independentemente de Deus. Pode

ser pregar, orar, ou qualquer outra coisa piedosa, se é feita por iniciativa do ego, é carne; e,

portanto é pecado aos olhos de Deus, ainda que aos olhos dos homens seja algo normal.
Mas podemos ver também que atrás de todo fruto da carne tem também o ego em

ação, o que é inimizade? É quando o ego não é reconhecido. O que é raiva? É o ego

contrariado. O que é ciúme? É o medo de o ego ser suplantado. O que é desilusão? É o ego

que sempre está certo e nunca abre mão. O que é inveja? E quando o ego não suporta que o

outro tenha algo e ele não. Poderíamos analisar cada pecado e observar que o princípio

subjacente a todos eles é a ação do ego.

Assim como todo pecado consiste no egocentrismo, toda virtude consiste no oposto,

no altruísmo. Enquanto o egocentrismo é colocar a si mesmo no centro, altruísmo é

colocar o outro no centro. O que é amor? É esquecer-se de si e olhar para o outro. O que e

alegria? é viver contente com o que se tem e o que se é. Diante disso, vemos então que para

vivermos uma vida no espírito, não basta andar em fé, temos também de andar em amor.

Andar em amor é andar em renúncia do ego. É abandonar o egocentrismo e a independência

de Deus, é negar-se a si mesmo.

Em I João 3:23, lemos: "Ora, o seu mandamento é este, que creiamos em o nome de

Seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos

ordenou”. O andar em espírito implica andar em fé, andar pela cruz, em amor. Andar em

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Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

amor e andar pela cruz é a mesma coisa. Quando eu digo andar em amor, estou me referindo,

em primeiro lugar, ao fato de que amor é, em última análise, renúncia de si mesmo. Se eu

ando em amor, eu também vou andar em dependência de Deus, pois tudo o que é feito fora

da dependência d’Ele é carne. Andar em amor também implica em abrir mão do orgulho.

Mas há ainda outras formas de vida egocêntrica, o egocentrismo pode se manifestar

na auto-preservação. Precisamos saber que auto-preservação não é, em si mesma, pecado;

entretanto, pode ser uma atitude egoísta. É assustador quando vemos a atitude de certos

crentes se preservando demasiadamente, não admitindo nenhuma forma de desgaste, de dor

ou de sofrimento, o remédio de Deus para o ego é a cruz, e a cruz implica de uma forma ou
de outra, em alguma espécie de desgaste e perda da comodidade.

A vida no Espírito é uma conseqüência direta de passarmos pela cruz. Só há

cristianismo se vivermos pela cruz. Jesus não apenas morreu numa cruz, Ele viveu uma vida

de cruz. Vida de cruz consiste em renúncia diária do ego.

Jesus, quando ensinou os seus discípulos a orar em Mateus 6:9-13: Ele terminou a

oração dizendo: “porque Teu é o reino, o poder e a glória”. Reino, poder e glória são tudo

aquilo que o homem natural anda buscando.

O que é reino? O reino nos fala de bens, riqueza, respeito e reconhecimento. Todo

homem procura essas coisas e até mesmo fica ofendido quando não alcança esse objetivo.

Todos queremos construir um reinozinho pessoal, pensando com isso encontrar a realização.

Mas o veredicto de Deus sobre isso é: carne. Se buscamos um reino para nós mesmos,

estamos fora do padrão de Deus. Veja que não é pecado buscar respeito, reconhecimento, ou

coisas assim, e mesmo o dinheiro, em si, não é pecaminoso, mas se queremos andar no

caminho da cruz, temos de abrir mão.

E o que é poder? É aquele desejo íntimo de mandar, de ter a primazia. Muitas vezes

gostamos de poder dizer: “vá, e diga a fulano que fui eu quem lhe mandou”. Isso é

realização, é ser conhecido na praça. O poder também nos fala de dons e capacidades. Eu

posso fazer certas coisas que os outros não podem. Isso me faz sentir feliz e realizado, mas,

se desejamos andar no caminho do espírito, temos de ir para a cruz e abandonar esses desejos

da carne.

E, por fim, o Senhor entregou a glória. Aqui está um ponto realmente crucial do ego:

o elogio e a glória. A vida de cruz consiste em abrir-se mão do reino, do poder e da glória.

O Senhor precisa nos mostrar o quanto o nosso Ego é deplorável aos seus olhos.

Precisamos nos ver na luz do Senhor. Podemos renunciar o Eu quando nos vemos no espelho

de Deus. Olhando para o Tabernáculo, vemos que ali o Senhor nos ensina sobre essa verdade

espiritual. No átrio, havia dois móveis, o altar de holocausto e a bacia de bronze. Ambos

apontam para as bases da vida cristã, o altar nos fala da obra da cruz e a bacia de bronze
aponta para o lavar regenerador e vivificador do Espírito Santo. Mas antes de lavar, a bacia

tinha uma função muito importante, ela era como espelho. Em Êxodo 38:8, lemos que a bacia

de bronze foi feita dos espelhos das mulheres de Israel, o que isso nos fala? Aponta para o

fato de que antes de entrarmos no lugar santo, há um espelho para nós. Esse espelho é a luz

do espírito que mostra tudo o que há em nós, e tudo o que está em nosso ego. Primeiro Deus

nos mostra, depois Ele nos muda, esse é o sentido da bacia de bronze. Não há como crescer

sem antes se conhecer.

Por outro lado, esse autoconhecimento não vem pela introspecção e auto-análise. O

Senhor não nos autoriza, em sua Palavra, a ficarmos olhando para nós mesmos. A

introspecção é pecado. Nós nunca podemos nos ver, a não ser por meio de um espelho. Por

mais que eu me olhe, nunca vou me ver completamente, só posso me ver completamente por

meio de um espelho, e esse espelho é a luz do Espírito sobre nós. Ficar se perguntando não

vai resolver coisa alguma. Muitos se perguntam: “será que eu estou falando na carne? Será

que estou pregando na carne? Andando na carne?” Orando na carne? Isso só vai abrir

espaço para respostas do diabo e certamente vai produzir uma neurose. Perguntar a si mesmo

não resolve, pois a introspecção é esforço humano, portanto é carnalidade. Ninguém muda

ninguém, muito menos a si mesmo; isso é obra exclusiva de Deus. A carne não pode mudar a

carne.

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Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

Nós saímos fora do trilho da Palavra de Deus para a nossa própria tristeza, o padrão

de Deus para nós é: “Senhor; Tu me sondas e me conheces, vê se há em mim algum caminho

mau e guia-me pelo caminho eterno” (S1. 119:23-24). Mas muitos querem mudar esse padrão

para: “Eu me sondo e eu me conheço. Eu vejo se há em mim algum caminho mau e eu me

guio para o caminho eterno”. Percebe a diferença? A introspecção produz tristes

conseqüências, devemos ser cuidadosos com ela.

A primeira maneira que Deus usa para nos levar ao fim de nós mesmos é a revelação.
Mas quando isso falha, por causa da nossa dureza e insensibilidade ao espírito, o Senhor se

vê forçado a usar outro recurso: o fracasso, o vexame. Não é da vontade do Senhor que

soframos vexame. Ele vem por causa da nossa dureza e resistência em aprender, por meio da

revelação do espírito. Ele vem também porque muitas vezes temos um conceito errado a

respeito de nós mesmos; pensamos que somos humildes, quando na verdade não somos.

Pensamos que somos dependentes, quando na verdade agimos pelo esforço próprio.

Suponhamos que um irmão simples é convidado para pregar na reunião principal da Igreja,

no domingo ele certamente vai sentir angústias e até ter uma desinteria, por medo da

responsabilidade. Essa é uma reação interessante, porém é apenas uma expressão do medo da

carne do vexame. Como o irmão está inseguro, ele vai orar bastante, jejuar e meditar na

Palavra. Chega o domingo e a sua pregação é impactante. Os líderes ficam admirados e

convidam-no para o próximo domingo também. No segundo domingo, ele já não fica tão

inseguro, mas ainda assim precisa de gastar um tempo em oração, buscando a Deus. Mais

uma vez é uma benção, e a liderança extasiada o convida para mais um outro domingo. Dessa

vez o nosso irmão já esta tão seguro que pensa ser capaz de pregar para um estádio inteiro. Já

não ora e nem medita na Palavra como antes, ele agora pensa que pode confiar em si mesmo.

Ele sobe no púlpito e prega todo o seu sermão, mas quando olha no relógio não se passaram

mais do que dez minutos; ele começa a suar copiosamente, sente calafrios; tonturas, uma

pontada no estômago, e o seu desejo é sair correndo dali. O terceiro domingo foi um

completo vexame. Veja a maneira como Deus fez, ele levou aquele irmão a perceber que ele

não era tão dependente e humilde, quanto pensava, mas foi só no terceiro domingo que ele

percebeu isso. Não e fácil perceber em nós erro nenhum, mas quando vem o vexame, eles se

tomam manifestos.

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Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

LIÇÃO 6

O QUE É NEGAR A SI MESMO?


Antes de avançarmos no entendimento do princípio da Cruz na vida de Jesus,

necessário se faz clarear melhor o entendimento do negar-se a si mesmo.

O negar-se a si mesmo não é a completa anulação da vontade. Isso evidentemente é

impossível, trata-se antes de uma renúncia definida quando “minha” vontade quer seguir

outra direção diferente da vontade de Deus. Significa que a vontade de Deus deve ser

priorizada, e não a minha própria.

Negar-se a si mesmo não é tomar-se um alienado. Muitos enfiam as suas cabeças

dentro de um buraco pensando que dessa forma estão se negando. Isso além de ser perigoso,

se constitui num sintoma de fuga neurótica. E Jesus nunca quis dizer tal coisa.

Negar-se a si mesmo não é vida de ascetismo. Na antiguidade muitos monges

deixaram suas vidas e paixões. Essa posição coloca, no entanto, a vida cristã como uma dor

constante. A vida seria um peso. Dura de ser suportada. Jesus veio para que o homem tivesse

vida abundante. Não queremos retirar a dor da vida normal, do crescimento sadio, mas não

podemos fazer da vida uma apologia à dor. Sofrer gratuitamente, para merecer o favor de

Deus é uma teologia errada e não está coerente com o tipo de vida que Jesus viveu e ensinou.

Finalmente, negar-se a si mesmo não é a perda do desejo. Quando o desejo se torna

concupiscência, ele passa a ser pecado. E nós já estamos mortos para o pecado, e, portanto

livres do seu domínio. Existem, no entanto desejos legítimos e bíblicos como o desejo de se

casar, ter filhos, pregar o evangelho, salvar vidas, e coisas assim. Vemos, portanto que a

autonegação proposta por Jesus é, antes de tudo, uma renúncia ao domínio da própria vida, e

isso, sem dúvida, em algumas situações, vai implicar em todos os aspectos que mencionamos

acima. Haverá momentos de aparente perda da vontade, da aparente alienação, de um

também aparente ascetismo, bem como de uma renúncia de um desejo legítimo. Ex: Paulo

optou por não se casar, mas era uma questão de consciência particular. Isso acontece em

função de que a vida cristã é, em essência, uma contra-cultura do sistema vigente. Nunca

devemos nos esquecer que a Cruz é loucura para o mundo, mas, para nós, é o poder de Deus

manifesto.
Em Lucas 14:25-33 Jesus propõe aos seus seguidores o padrão para a vida cristã para

o discípulo, esse padrão nada mais é do que a aplicação da cruz em cada parte do nosso ser.

Nesse texto Jesus dá ênfases básicas quando por três vezes ele expressamente disse: “não

podem ser meus discípulos”, nos versos 26, 27 e 33. As três coisas que ele mencionou foram

os relacionamentos, o eu e os bens.

A vontade do Senhor é que a cruz possa tocar em cada uma dessas áreas. Todas as

vezes que Jesus falou de tomar a cruz ele falou também sobre negar a si mesmo. Na verdade

os dois conceitos caminham juntos, negar a si mesmo e tomar a cruz. A cruz nada mais é do

que a vontade de Deus e não há como fazer a vontade de Deus sem negar a nossa própria

vontade.

1) A Cruz toca os nossos relacionamentos. (Vv. 26)

“Se alguém vem a mim, e não aborrece a seu pai e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos,

e irmãs, ou ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” Lucas 14:26.

O primeiro ponto diz respeito a minha necessidade de ser aceito sempre pelos outros,

de ser honrado, ser respeitado, ser amado. E pelo lado negativo se relaciona com o medo de

ser rejeitado ou esquecido. Negar a si mesmo implica então numa renúncia ao amor e a

aceitá-lo incondicional dos outros. Não que eu não mais queira ser amado; mas que não

buscarei ser amado a qualquer preço. Se para ser amado eu tiver que rejeitar a Jesus, colocar

em segundo plano a fé ou mesmo abri mão da verdade, então eu prefiro não ser amado.

Todos nós temos uma grande preocupação com a nossa reputação, com a maneira como os

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Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

outros nos vêem. Quando tomamos a cruz nós temos de esquecer a opinião do mundo a nosso

respeito, mesmo que nos chamem de louco, fanático ou estúpido, isto não mais nos ferirá.

Mesmo na vida da Igreja nós precisamos amar mais a Deus do que buscar ser aceito

pelos irmãos. Assim como Deus requereu de Maria gerar a Jesus sendo virgem, ele pode

requerer de nós algo que pode nos trazer constrangimentos e lutas.


Pense em como foi difícil para Maria aceitar ser usada por Deus desta forma. Ela

poderia ser até apedrejada como adúltera. Mas ela ignorou a aceitação do mundo. Hoje Deus

pode nos pedir que façamos coisas na vida da Igreja que serão mal interpretadas e até

rejeitada por muitos.

Precisamos ser livres de todos. Não buscar a aprovação, nem o elogio, o

reconhecimento ou a aceitação mesmo de irmãos. Oferecemos nosso amor, nossos elogios e

nossa aceitação incondicional, mas não esperamos ser retribuídos. É necessário que cada um

de nós deixe a cruz ser aplicada em nossos relacionamentos.

2) A cruz toca o nosso "Eu" (Vs. 27)

"E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim, não pode ser meu discípulo"

Lucas 14:27.

Isso é fundamental para qualquer cristão que conhece a vontade especifica de Deus

para sua vida. Tomar a Cruz nos fala de tomar a vontade de Deus em detrimento da minha.

Há uma tendência natural de evitarmos a dor e buscarmos o prazer. Entretanto, muitas vezes,

a vontade de Deus implicará em dor, e eu devo me apossar dela em detrimento de meu desejo

de prazer e de conforto. A cruz nos fala de abrir mão de direitos, de reconhecimentos, de

oportunidades e assim por diante. Jesus, já sob a sombra da cruz disse: Não a Minha vontade,

mas a Tua...

Várias vezes na vida e ministério de nosso Senhor, Satanás ofereceu um caminho

fácil para o poder sem a cruz. As tentações para escapar da cruz foram muitas. Mesmo na

hora em que ele tragava o amargo cálice do calvário, a tentação de descer da Cruz foi

agudíssima. Não é necessário dizer que Cristo tinha o poder de fazê-lo se Ele assim o

quisesse. Só não podemos dizer o mesmo a nosso respeito. Quantas vezes temos descido da

cruz e perdido o poder e a autoridade.

Mas o que é descer da cruz? Você deve estar se perguntando. Descer da cruz é

qualquer atitude para salvar o “eu”. É qualquer tomada de um caminho fácil no que diz

respeito a princípios espirituais. Quero ser ainda mais exato e explícito. Todos os esforços
para defender, escusar, proteger, vindicar ou salvar o ego é, com efeito, uma descida da cruz.

Auto-compaixão é descer da cruz. Significa que a pessoa pensa ter sido injustiçada e sente

pena de si mesmo porque nada pode fazer a respeito. Eu que sou tão maravilhoso ser tratado

desta forma, pensa consigo mesmo. Ressentimento é descer da cruz. Significa que a pessoa

foi injustiçada e se irrita porque nada pode fazer a respeito, “logo eu que sou tão isso e tão

aquilo”. Alguém como eu nunca poderia sofrer dessa maneira. Você consegue perceber o ego

aqui? A recusa em se assumir a culpa é descer da cruz. Todos são culpados menos eu, ou pelo

menos todos são mais culpados do que eu. A auto-vindicação é descer da cruz. Igrejas

inteiras têm sido destruídas porque alguém não abriu mão da vingança. Quando os outros nos

entendem mal, os esforços indevidos para explicar nossas ações são a mesma coisa. A
autojustificação

é descer da cruz.

Mas a maior de todas as formas de descermos da cruz é quando oferecermos a cruz

para o nosso irmão. Mas porque sempre eu é que tenho de tomar a Cruz? Já viram como uma

ovelha morre? Não se ouve nem um gemido. Mas já observaram um porco sendo imolado?

Ele grita muito.

Temos visto esse tipo de coisa mesmo na vida de pastores. Muitas vezes tenho

passado por irmãos pela rua e, por uma terrível distração, não os vejo nem os cumprimento.

Naturalmente esses irmãos ficam ofendidos e vem ter comigo. Numa situação dessas, eu

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Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

poderia dizer ao irmão: “toma a cruz, pare de pensar que o mundo gira em torno de você. Em

vez de buscar ser amado procure amar; se não o cumprimento, cumprimente você a mim”.

Tal resposta parece ser 1ouca, mas é uma repugnante descida da cruz.

A minha atitude deve ser pedir perdão ao irmão e sarar as suas feridas. Eu devo tomar

a minha cruz e nunca oferecê-la para o meu irmão. A cruz é um tipo de principio que não

podemos ensinar por preceito, apenas pela demonstração.

3) A Cruz toca os nossos bens (Vv 33)


"Assim, pois todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser

meu discípulo".

Eu devo renunciar o desejo de viver para mim mesmo e, ainda mais, devo abrir mão

dos meus próprios bens. Para muitos, o abrir mão de bens é bem mais difícil que abrir mão

até de si mesmo. Sabemos que Jesus andou por esse caminho (I Pe. 2:21) para que nós

andássemos por Ele também. Renúncia é a morte. Sem a morte, o cristianismo perde o

sentido. Não existe cristianismo sem cruz. Existe religião. O ego deve perder o seu lugar de

centralidade, cedendo lugar à vontade de Deus. Jesus não apenas morreu na cruz, mas toda a

sua vida foi uma vida de Cruz.

A cruz está intimamente relacionada com o nosso estilo de vida. A prosperidade é

deveras parte do evangelho, mas é apenas uma parte. A ênfase principal está, sem dúvida, em

um modo de vida generoso e sacrificial. A cruz nos torna sensíveis as necessidades do mundo

ao nosso redor.

Muitos crêem no versículo que diz que Cristo se fez pobre para que pela sua pobreza

nos tornássemos ricos (II Cor. 9:); mas se esquecem da ordem de Jesus para que não

acumulemos para nós tesouros sobre a terra. Parece contraditório, mas o paradoxo desaparece

quando entendemos que Deus nos dá, para que demos de volta a Ele. Prosperidade é ter um

pouco mais que o necessário.

Deixemos que a cruz trate com a maneira como lidamos com o nosso dinheiro, o Senhor

precisa ter controle completo sobre a nossa conta corrente. Não podemos permitir sermos

arrastados pela corrente do pensamento materialista que prende a nossa geração. Somos um

povo próspero, mas um povo generoso, somos um povo próspero que teve os bens tratados

pela cruz.

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Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

LIÇÃO 7

A CRUZ NA PRÁTICA
Tomar a cruz significa simplesmente tomar a vontade de Deus. A cruz é, na verdade, a

Sua vontade. Tudo o que não for a Sua vontade não será uma cruz. Nesse sentido podemos

dizer que a doença, por exemplo, não pode ser uma cruz (I Pe. 2:24) e não podemos dizer que

seja da vontade de Deus a enfermidade. Do mesmo modo podemos afirmar que a pobreza

não é cruz já que fomos libertos das maldições da lei (Gl. 3: 13). A cruz experimentada por

Cristo foi decididamente a vontade de Deus e não algum tipo de ataque do diabo como

doença ou miséria.

A Cruz é o lugar onde vencemos o diabo, muitos pensam que guerra espiritual é uma

questão de meramente repreender demônios, ficam todo o tempo repreendendo demônios

dentro de casa e até repreendem algum suposto demônio na cara do marido. Jesus repreendeu

demônios durante todo o seu ministério na terra, mas Ele somente venceu o diabo na Cruz, a

Cruz é a vitória definitiva. Não estou dizendo que é errado repreender demônios na vida das

pessoas, pois Jesus fez isso com Pedro; Só estou afirmando que não há vitória sem a Cruz.

Gostaria de mostrar algumas manifestações práticas do princípio da Cruz.

1) Disposição para sofrer o dano

“O só existir entre vós demanda já é completa derrota para vós outros. Porque não

sofreis, antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano?” 1 Coríntios 6: 7.

Esta pergunta de Paulo não parece de uma obviedade gritante? - Espera ai, Paulo! Ele

fez algo de errado comigo e eu é que vou ter de ficar com o prejuízo, sofrer o dano?

É exatamente isso. Isto é cruz. Esta é uma situação onde não vai adiantar muito ficar

repreendendo demônios, para eu ter vitória, eu vou ter de tomar a Cruz. Esta é a vontade de

Deus, que eu negue a mim mesmo e tome a Cruz.

Mas e se eu quiser reivindicar os meus direitos? Bem, se você tem direitos é correto

lutar por eles até no supremo tribunal. Nada de pecaminoso em se lutar pelos próprios

direitos. Não é moralmente errado, mas onde fica a vitória? O pisar na cabeça do Diabo? É

somente quando alguém toma a Cruz que o diabo é de fato derrotado.

Existem dois princípios de vida: o princípio da cruz e o princípio da razão. Se


queremos ter razão já descemos da cruz, se tomamos a Cruz já não importa quem tem razão.

2) Não agradar a nós mesmos

"Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não

agradar-nos a nós mesmos". Romanos 15:1.

Quando Jesus foi pra cruz, Ele não foi porque queria ter uma experiência diferente;

não buscava um êxtase espiritual e nem estava buscando elogios. Na verdade Jesus não

queria ir pra Cruz, ele foi para obedecer a vontade do Pai. Todavia o Pai não o obrigou, ele

foi espontâneamente. Nós precisamos agradar o nosso irmão mesmo que isso implique em

desagradar-nos.

Muitos hoje pensam que ser crente é buscar uma nova experiência, ter um seguro

contra calamidades ou ter uma vida de felicidade. Não, cristianismo tem como centro a cruz.

Por isso a pergunta chave não é: pecado ou não; se sou obrigado ou não; mas qual é a

vontade de Deus.

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Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

Percebe por que muitos casamentos nunca prosperam? Porque não querem agradar o

outro ao preço do desconforto pessoal. Quando de forma definida nos dispomos a não nos

agradar nós, vemos a vida de Deus fluindo, a igreja de fato sendo edificada e as portas do

inferno sendo aniquiladas. Há um caminho de vitória. Não é um caminho fácil e nem

agradável, mas a vitória ao final é certa.

3) Considerar o outro superior a si mesmo

“Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada

um os outros superiores a si mesmo" Filipenses 2:3.

Considerar os outros como superiores a nós mesmos parece algo tão fora de moda.

Parece contradizer a moderna teologia da auto-estima. Todavia essa é a forma como a Igreja

é edificada, pela cruz. Mais uma vez temos de dizer que cruz é sofrer o dano, é não agradar a

nós mesmos, é considerar o outro como superior a nós mesmos.


Para cada situação que nos sobrevir existem dois caminhos, o caminho largo e o

estreito. É o problema do casamento, por exemplo, o divórcio e a separação são o caminho

largo. Todos nós sabemos onde vai desembocar o caminho largo. A cruz por outro lado é o

caminho estreito. Numa situação de crise sempre tome o caminho estreito da cruz, pois

somente neste caminho há vitória completa.

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Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

LIÇÃO 8

O EXEMPLO DE JESUS

Sabemos que, na cruz, Deus resolveu todo o problema do homem: o problema da

condenação, do pecado, do poder do pecado e do poder para se viver a Sua vontade. É

impossível que se fale de maturidade sem se referir a Cruz de Cristo. Queremos nos deter, no

momento, apenas no aspecto que está relacionado a renúncia de si mesmo no dia a dia.

Jesus não apenas morreu numa Cruz: Ele viveu uma vida de Cruz. Toda a vida de

Jesus foi caracterizada por uma renúncia completa do próprio Eu. Ele viveu a sua vida pelo

princípio da Cruz. O princípio da Cruz fala de uma completa dependência de Deus. Não

interessa mais se algo é bom ou se é mau; se é correto ou pecaminoso, o que interessa saber é

se trata da vontade de Deus. O princípio da Cruz é o processo da maturidade. Percebe-se,

pela vida de Jesus, que o processo de Deus para tratar com o nosso Ego segue um certo

padrão, uma ordem. Se falharmos em um aspecto, Deus vai repeti-lo até que sejamos

aprovados. Na escola de Deus, ninguém pula cartilha, ou compra nota.

Em João 5:19, 5:30, 8:28, vemos Jesus testificando claramente a sua posição de

completa dependência do Pai. Isso é o princípio da Cruz em operação.

1. Aprendeu a submeter-se

A primeira grande tensão na vida do discípulo é a autoridade. Sem dúvida, essa foi

também a primeira lição de Jesus. Seria ingenuidade pensar que Jesus não precisou aprender

coisa alguma. Em Hb 5:8, vemos que Jesus aprendeu a obediência. E a primeira lição foi
submissão. Lucas nos diz (Lc. 2:41-51) que Jesus não apenas obedecia a seus pais, mas se

submetia, a José e Maria, de coração. Ele sabia quem era e de onde tinha vindo, mas ainda se

submetia a seus pais que eram muito limitados no entendimento. Jesus, aos doze anos, já

discutia com doutores, mas, mesmo assim, não se exaltou sobre seus pais, antes lhes era

submisso. Parece-nos que Maria, ainda que fosse uma mulher de Deus, não era uma pessoa

de grande entendimento. Maria e José eram extremamente pobres e sem certos privilégios e

oportunidades. Em muitas situações, a encontramos incomodando Jesus. É muito fácil nos

submetermos a quem sabe mais do que nós, mas como é difícil ser submisso a quem sabe

menos. Isso exige renúncia do nosso orgulho, do desejo de ser reconhecido e do desejo de se

achar alguma coisa. No processo do discipulado essa é a primeira lição que se deve aprender,

o discipulador deve confrontar o discípulo para que este aprenda a submissão.

2. Teve um coração ensinável

Estar aberto para aprender com quem quer que seja é algo muito dolorido. Sabemos

que Jesus saiu para ser batizado por João diante dos olhos de todos. Isso era muito arriscado,

pois poderia ser que, mais tarde algum fariseu se dirigisse a Ele dizendo: acaso não estivemos

juntos nas aulas de batismo de João? E isso certamente deve ter acontecido, pois Jesus usa

algumas ilustrações feitas por João Batista (Comparar Mt. 3:10 com 7:16-20) no sermão da

montanha. Deve ser bastante constrangedor, se colocar ao lado de pecadores para ser

batizado; alguém que nunca tenha pecado, como foi o caso de Jesus. A segunda lição, pois,

de todo aquele que quer ser discípulo é ter um coração ensinável. E estar aberto para

aprender com quem quer que seja, mesmo que isso muitas vezes seja extremamente

constrangedor. Ninguém se diminui por ouvir e aprender algo com quem sabe menos.

3. Não agiu no entendimento e esforço próprio

Não é função nossa criar métodos próprios. Deus tem uma obra para ser edificada e

não pensemos que Ele é um construtor inapto, que não possui ao menos uma planta baixa.

Pela narração de João 5:19, 5:30 e 8:28, podemos ver que Jesus somente fazia o que Deus

mandava. Não havia lugar para o “eu acho ou eu penso”, mas somente, para o que Deus
queria realizar. Nós somos construtores e executamos a planta que Deus projetou. Vem

chegando o momento onde tudo que fugir do projeto de Deus será desmanchado. Deus não

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Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

aceita anexos humanos à sua obra. Muitos de nós queremos fazer de nossas vidas o que bem

queremos e isso denota falta de entendimento sobre o princípio da Cruz: “Não mais eu vivo,

mas Cristo vive” - o comando não mais me pertence, mas tudo está sobre o controle Divino.

4. Abriu mão do amor próprio

Aquilo que guardamos mais fundo em nós mesmos e o nosso amor próprio - O medo

de sermos prejudicados, feridos, magoados e coisas assim que nos apavoram muito. Pedro

ingenuamente (Mt. 16:21-34) incitou Jesus a que tivesse dó de si mesmo, julgando com isso

estar fazendo um ato de amor. Jesus, no entanto, foi severo, como raramente o vemos na

Bíblia, e exatamente em função de ter sido tocado numa das áreas mais sensíveis do homem,

o amor próprio. É propósito de Deus que alcancemos o nível em que abramos mão até

mesmo da própria vida. “Quem amar a sua vida, perdê-la-á...”, o discípulo passa a viver para

agradar ao seu Senhor, o direito que temos é o de amá-lo.

5. Aborreceu a glória humana

Jesus poderia ter sido coroado Rei de Israel (Jo. 12:12-28), mas Ele preferiu a

vergonha da Cruz porque esta era a vontade de Deus. Não pensemos que não foi tentador

para Jesus aquela posição. Certamente o foi. Ele, no entanto, por conhecer a vontade de

Deus, não se deixou levar pela aparente glória humana. A grande questão da vida diz respeito

ao desejo de ser reconhecido, visto e admirado. Se não abrirmos mão disso, seremos como os

fariseus que faziam obras com o fim de “serem vistos pelos homens”. Daí a reprimenda

severa de Jesus contra eles.

6. Obedeceu completamente

O plano de Deus é que cheguemos como Jesus, à completa obediência (Mt. 26:36-

46). Deus não obrigou Jesus a ir para a cruz. No Getsêmani, Jesus orou até saber a vontade
de Deus. Quando Deus revelou que a sua vontade era a Cruz, Jesus levantou e caminhou para

lá. O princípio da Cruz não está relacionado com a questão do pecado propriamente dito, mas

sim com aquilo que, mesmo não sendo pecaminoso, deve ser abandonado ou colocado em

segundo plano. Fazer o que Deus quer: eis a questão.

7. Sendo Senhor serviu aos discípulos

“O filho do homem não veio para ser servido, mas para servir”. Nós somos chamados

a servir aos santos, sem distinção e isso implica em levarmos nosso interesse em sermos

servidos, a cruz. Nosso ego deseja que todos estejam à nossa disposição sempre, a cada

momento, e de preferência, que nos tratem com toda atenção e educação. Mas, o Espírito nos

desafia a negarmos isso e fazer aquilo que esperávamos que fosse feito a nós. Devemos servir

com um coração perfeito e isso só acontece se renunciarmos toda expectativa de retribuição a

servitude. Toda expectativa de lucro deve ser renunciada. Só assim serviremos com alegria, o

resto, o que vem depois disso, depende do Deus que nos vê em secreto.

Andar pela Cruz é andar em Amor

Vemos que andar no Espírito implica andar em fé, mas não apenas isso, implica

também andar pela cruz, ou seja, andar em amor. Só podemos amar ao próximo se

esquecemos de nós mesmos. Esquecer-se de si é renunciar ao ego. Observe a definição do

amor em I Corintios 13. A prática do amor é simplesmente uma postura de tomar a cruz.

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Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

Permita-me exemplificar mostrando apenas alguns pontos de I Corintios 13:4-7:

O amor é paciente, é benigno;

O amor não arde em ciúmes,

Não se ufana, não se ensoberbece;

Não se conduz inconvenientemente,

Não procura os seus interesses,

Não se exaspera, não se ressente do mal;


Não se alegra com a injustiça,

Mas regozija- se com a verdade;

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta

Observe que a palavra de Deus diz que o amor não se ressente, ou seja, não se

melindra ou fica ofendido, o padrão de Deus não é o perdão; é não ficar ofendido, o perdão é

a nossa segunda chance.

A questão do ficar ofendido é um grande problema que aflige a igreja do Senhor, ficar

ofendido é a maior expressão do ego em ação. Quando ficamos ofendidos é que surge a ira, o

ódio, a discórdia, a divisão, a facção, a gritaria, as brigas e coisas semelhantes. Alguns podem

dizer: será que não temos nem o direito de ficarmos ofendidos? Mas eu digo, ficar ofendido é

ficar com o orgulho ferido, e orgulho ferido é ego machucado.

Vamos imaginar em que circunstâncias alguém pode ficar ofendido. Não ser lembrado

é algo que ofende, mas o desejo de ser lembrado é algo do ego. Nós nos achamos tão

importantes que não suportamos não sermos lembrados. Sentimo-nos ofendidos quando

somos rejeitados, quando somos criticados; nos ofendemos quando não somos tratados como

pensamos que merecemos. Veja que tudo isso tem como centro o orgulho do ego. Se o ego

for renunciado, vai acabar com a história de ficar ofendido. Lembro-me de uma certa vez, na

passagem de ano, quando o pastor estava dando posse a todos os cargos. Ele chamou todos e

se esqueceu de um irmão. Esse amado irmão tinha vindo a reunião com um terno novo,

estava realmente bem vestido. Foi algo terrível. Ele simplesmente não foi lembrado. Todos

nós daríamos razão a este irmão para ficar ofendido. Se ele, entretanto, não tivesse orgulho

próprio, então acharia normal não ser lembrado, mas se o seu ego ainda estivesse no centro,

ele se tornaria um vulcão prestes a entrar em erupção, o conselho bíblico é que haja em nós o

mesmo sentimento que houve também em Cristo, que sendo Deus não julgou como

usurpador o ser igual a Deus, antes se esvaziou de si mesmo e assumiu a forma de servo; e

ainda morreu numa vergonhosa cruz (Filipenses 2:5-11).

Observe ainda que Paulo diz que o amor tudo crê. Que significa isso? Sempre que o
meu irmão pecar contra mim e se arrepender eu vou crer nele. Diz ainda que o amor tudo

espera. Ou seja, quem ama sempre espera o melhor. Não premedita o mau.

Mas o mais difícil é dizer que o amor tudo sofre e tudo suporta. As implicações disso

podem ser vistas na cruz. Por amor, o Senhor suportou tudo, até a vergonha da cruz e no final

pediu que o Pai perdoasse porque não sabiam o que faziam, o amor é a expressão da cruz.

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Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

LIÇÃO 9

TERCEIRO PRINCÍPIO DO ANDAR NO ESPÍRITO:

ANDAR NO SOBRENATURAL

Já aprendemos que andar no Espírito implica em duas coisas. A primeira implicação é

que se desejamos andar no Espírito, precisamos andar em fé. O primeiro pecado foi o pecado

da incredulidade, assim, o caminho da vitória é andar pela fé. Andar em fé significa andar no

trilho da Palavra de Deus. O primeiro pecado consistiu em não se levar a sério a Palavra de

Deus, dai dizermos que o trilho da vida de fé é a Palavra de Deus.

O segundo princípio que vimos é que andar no espírito é andar pela cruz, ou seja, em

amor. Andar em amor é andar no trilho da Cruz. Não há como andarmos no espírito sem a

renúncia do Eu. Em I João 3:23 - lemos que a vontade de Deus é que creiamos e amemos. As

coisas de Deus são realmente simples. Devemos andar no trilho da Palavra e no trilho da

cruz. Tudo o que fazemos que sai desses dois trilhos é carne.

Mas resta ainda um terceiro aspecto que precisamos entender. Esse terceiro aspecto é

uma conseqüência natural dos dois primeiros. Andar no Espírito é também andar no

sobrenatural, o sobrenatural não significa o extraordinário. Significa que o meio é espiritual e

não natural. Deus quer nos libertar tanto do pecado como do natural. O primeiro pecado

levou o homem para o nível terreno do corpo.

Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore

desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também aomarido, e este
comeu. Gn. 3:6

Observe que Eva foi primeiramente tentada a comer porque a árvore era boa para se

comer (Gn 3:6). Tudo começou no corpo. Na verdade, esse é um critério para sabermos se

algo vem de Deus ou não. As coisas de Deus sempre procedem do espírito, para atingir a

alma. As coisas do Diabo sempre começam no corpo, na carne, para depois atingir a alma.

Tudo começou no corpo, por isso dizemos que para se andar no Espírito, precisamos andar

no nível do sobrenatural em disciplina do corpo. As coisas do mundo do Espírito somente

podem ser experimentadas pelo espírito humano recriado. O homem é um ser triúno: espírito,

alma e corpo. O pecado de Eva começou exatamente no corpo. Por ela ter abandonado o

nível do espírito, o pecado teve espaço. Se desejamos servir a Deus, devemos fazê-lo pelo

Espírito, pela vida de Deus. E para que o Espírito flua precisamos disciplinar o nosso corpo.

O nosso espírito foi regenerado, a nossa alma esta sendo transformada e o nosso

corpo deve ser disciplinado.

Não há possibilidade de haver vida cristã sem renovação da mente, da alma. Mas,

igualmente verdadeiro é dizermos que é impossível haver vida cristã sem disciplina do corpo.

É importante sermos radicais neste ponto: é impossível vida no espírito sem disciplina do

corpo.

Mas antes de falarmos sobre esse ponto é bom fazermos uma distinção: disciplina não

é igual a lei. Nós já fomos libertos da lei. Em Romanos 6:14, descobrimos que não temos

mais de ser libertos da lei, nós já fomos libertos da lei. “Porque o pecado não terá domínio

sobre vós porque não estais debaixo da lei e sim da graça”. É. importante frisarmos esse

entendimento para que não transformemos a disciplina do corpo em legalismo e nem tão

pouco em ascetismo. A disciplina não é para comprarmos benção de Deus e muito menos

para sermos aceitos diante d’Ele. Somos aceitos par causa do sangue do Cordeiro; Aleluia! A

disciplina é para nós mesmos, não para Deus.

E lamentável que muitos irmãos transformem a oração, a leitura da Palavra e o jejum

em leis. Quando não oram se sentem distantes de Deus: quando não lêem a Palavra,
imaginam que Deus agora está longe deles, que Deus os rejeitou. Nada pode ser mais

lamentável do que isso. O amor de Deus por nós é o mesmo nos dias em que oramos, bem

como nos dias em que não oramos. A oração não é uma lei, é uma necessidade, uma

disciplina. Não muda a nossa herança e os nossos privilégios em Cristo, mas nos ajuda a

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Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

perceber as coisas do espírito com mais clareza. A disciplina é para nós mesmos e não para

sermos aceitos diante de Deus. O acesso diante de Deus é exclusivamente pelo sangue de

Jesus.

O que é a lei? Lei é tudo aquilo que eu tenho de fazer para Deus com o fim de ser

aceito por Ele. Eu já fui liberto da lei. Não tenho mais de fazer coisa alguma com o fim de ser

aceito, pois por meio da obra da cruz, tenho livre e perfeito acesso. Fui justificado, perdoado,

purificado, reconciliado, santificado, liberto e salvo. Nada pode me separar do amor e da

presença de Deus, o caminho foi aberto. O legalismo é uma das piores heresias de nosso

tempo. Há muitos que querem ser salvos mediante algum mérito próprio; somos realmente

contra eles. Há, porém, muitos em nosso meio que buscam a santificação por esforço próprio.

Toda a obra é realizada por Deus: desde a regeneração até a glorificação, na volta do Senhor.

Mas o que é a graça? Graça é aquilo que Deus faz por mim. Lei é o que eu faço,

graça é o que Ele faz. Estamos debaixo da graça, ou seja, estou debaixo daquilo que Deus faz

por mim. Isso significa que eu não vou viver na prática do pecado porque o que esta nEle é a

divina semente, o Espírito Santo. O legalismo é tão terrível porque ele anula a graça de

Cristo. Quando eu digo que sou eu que tenho de fazer, estou anulando aquilo que Ele já

realizou por mim. Quando eu começo de novo a criar leis, estou escravizando alguém que é

livre em Cristo. Nesse ponto, volta a frisar que disciplina não é lei, disciplina é levar o

corpo e a mente a fazerem a vontade do Espírito. Eu sou um ser espiritual, a minha

vontade real está no meu espírito. O meu espírito sempre quer ter comunhão com Deus, o

corpo é que procura impedir. Eu devo disciplinar meu corpo para que o que está no meu
espírito possa ser realizado. Com essa verdade em mente, vamos avançar no nosso estudo.

O PONTO CENTRAL DA VIDA

Desde Gênesis até Apocalipse, podemos ver que Deus tem uma ênfase. A ênfase de

Deus é a vida. Isso pode ser facilmente observado em João: “A vida estava n’Ele e a vida era

a luz dos homens”, “Eu sou o caminho a verdade e a vida...”, “Eu sou a água da vida".

Desde o princípio, em Gênesis, podemos ver a vida no centro. É a criação da vida, e

Deus dando vida ao homem. Mas não é apenas a vida natural e biológica, é a vida de Deus.

No princípio, Deus colocou duas árvores no jardim: a árvore do conhecimento do bem e do

mal e a árvore da vida. Deus queria que Adão comesse do fruto da vida. Jesus é o rio da vida

que sai do Trono de Deus, em sua margem, havia a árvore da vida. Deus queria ter comunhão

com o homem. A Sua vontade era de por dentro do homem a Sua vida sobrenatural. Nós

vimos que o homem caiu, traiu a Deus, mas o Senhor projetou um plano de salvação, de

redenção. Esse plano é prefigurado no Velho Testamento, quando Deus resgatou a nação de

Israel do Egito, levou o seu povo para o monte Sinai. Lá no monte, Deus deu o plano do

Tabernáculo, Deus queria habitar no meio do Seu povo. Mas o Tabernáculo era algo

provisório. Houve um dia em que se levantou um homem, Davi, na sua intimidade com

Deus, percebeu algo que estava no coração de Deus. Ele então recebeu o projeto do templo, o

Tabernáculo era provisório, mas o templo era uma construção sólida e definitiva.

No Novo testamento, temos a concretização do propósito de Deus, o Senhor Jesus

disse que nos iria enviar o Consolador, o Espírito Santo de Deus. Hoje nós somos o templo

definitivo do Deus vivo. Nós somos o Tabernáculo de Deus na terra. O Tabernáculo possuía

três partes: o átrio, o lugar santo e o santo dos santos. Deus habitava no santo dos santos. O

átrio aponta para o nosso corpo, o lugar santo para a nossa alma e o santo dos santos para

o nosso espírito. Deus habita agora em nosso espírito.

Esse é o ponto central do Evangelho: Cristo dentro de nós. O Espírito Santo de Deus

é vida; contactar o Espírito é contactar a vida de Deus.

O nosso espírito é como um rádio que tem a função de sintonizar as ondas do céu. É
um rádio que serve para receber e também para transmitir. Se desejarmos fluir em vida,

temos de aprender a contactar o Senhor em nosso espírito. Mas é fundamental que separemos

bem aquilo que é da alma daquilo que é do espírito. Hebreus 4:12 nos diz que a Palavra do

29

Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

Senhor é que separa a alma do espírito. Se falharmos em discernir a alma do espírito, isso

poderá ser prejudicial para a nossa vida cristã. Precisamos aprender a perceber aquilo que é

do espírito em nós e também nos outros. Alguém poderá me dizer: "Não julgarás por que

com a medida com que tiverdes medido vós medirão também”. Mas eu digo, não é julgar no

natural, mas pelo espírito. Em I Coríntios 2:15, lemos que o homem espiritual a todas as

coisas julga. O homem espiritual julga pelo espírito, com critérios do espírito. Mas qual seria

esse critério? O critério é vida. Tudo o que é do espírito é vida, mas o que é da alma é morte.

Se um irmão abre a boca e sai vida, eis algo do espírito, mas se sai morte, temos a alma em

ação. o melhor critério é observar se há vida.

Se em uma reunião alguém faz alguma coisa sem ser movido por Deus, aquilo mata.

Quando alguém prega no espírito, há vida saindo de sua boca e isso atrai e sacia as pessoas.

Não devem os aceitar fazer coisa alguma sem ministrarmos vida. As coisas do espírito

sempre manifestam vida. A vida é algo contagiante, quando abrimos a boca pelo espírito,

aquilo vai fluir e se espalhar por entre os irmãos. A vida também é alimento. Quando falamos

algo do espírito, aquilo será a Palavra de Deus. Toda Palavra de Deus é espírito e vida.

Quando falamos algo pelo Espírito, essa palavra é espírito e vida. Devemos estar ministrando

vida aos nossos irmãos até mesmo em nossas conversas, mesmo conversando a vida deve

fluir. A vida é algo sobrenatural, e ser guiado pelo Espírito é ser guiado por esta vida.

Entretanto para que possamos ser guiados pelo Espírito é necessário que desenvolvamos uma

sensibilidade em nosso próprio espírito. Se não formos sensíveis não poderemos perceber a

direção e a voz de Deus. Quero compartilhar quatro princípios para desenvolvermos a

sensibilidade e aprendermos a sermos dirigidos por Deus.


Lembre-se sempre que andar no Espírito implica em: andar em fé, em amor e

também em andar no sobrenatural.

Checando as direções do Espírito

“Se vivermos no Espírito, andemos também no Espírito" (GI 5:25 – Tradução da

KingJames Version).

“Já que vivemos pelo Espírito, mantenhamos o passo certo com o Espírito” (Gl 5:25

– Tradução da New International Version).

"Se estamos vivendo agora pelo poder do Espírito Santo, sigamos a direção do

Espírito Santo em todas as áreas de nossas vidas" (Gl. 5:25 .Tradução da Living Bible).

O andar no Espírito é o estilo de vida cristã do Novo Testamento. A Bíblia ensina que

temos que ser habitados em nosso interior pelo Cristo vivo e, então, fiel e obedientemente

seguir a cada direção do Espírito Santo de Deus. O cristianismo do Novo Testamento não é

formal e cheio de cerimônia, ou um ritual e pompa religiosa, nem tampouco a observância de

regras, regulamentos e éticas. É muito mais do que vivermos uma vida correta, de fazermos

as coisas certas ou de fazermos aos outros o que gostaríamos que eles fizessem a nós. O

cristianismo é muito mais do que uma filosofia ou um sistema de pensamento positivo. O

cristianismo real é sobrenatural. É a vida de Cristo dentro do crente! Quando Cristo habita no

interior dos nossos corações, pela fé, começamos a experimentar o conselho ou a direção do

Espírito Santo. O nosso papel é de entrega, obediência e fé. Por estes instrumentos de graça,

cooperamos com o poder de Cristo dentro de nós e Ele é capaz de viver a Sua vida dentro de

nós, para louvor e satisfação do Pai.

Agora, como cristãos nascidos de novo, precisamos reconhecer e discernir a

linguagem do nosso espírito. Precisamos aprender e reconhecer quando o espírito está

entristecido. “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus” (Ef 4:30). Precisamos reconhecer

quando o Espírito está alegre dentro de nós e quer que nos regozijemos com Ele, ou quando

Ele está com um fardo e deseja orar através de nós. Ele tem muitas funções que Ele deseja

realizar através de nós e podemos aprender a reconhecer cada uma delas.


Primeiramente, reconhecemos uma atividade no interior do nosso espírito.

Entendemos, então, que o Senhor está querendo dizer algo a nós. Precisamos parar de

perguntar ao Senhor. Espere silenciosamente n’Ele até que você compreenda o que Ele está

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Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

dizendo. Aja de acordo com a informação recebida. Coopere com o Senhor. Procure lembrarse

desta experiência e o que ela significou. Desta maneira, você será capaz de reconhecê-la

novamente da próxima vez.

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Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

LIÇÃO 10

COMO CONFIRMAR AS SUAS DIREÇÕES

1. Convicção Interior

A direção do Espírito geralmente vem a nós através de uma testificação interior em

nosso espírito. Em raras ocasiões, pode haver uma voz audível ou, até mesmo, uma aparição

angelical, mas isso é uma exceção e não há regra. Precisamos, portanto, ser capazes de

provarmos a nós mesmos que a impressão ou voz interior que estamos sentindo é na verdade

o Senhor.

Já que Deus fala ao nosso espírito, ou seja, ao nosso homem interior, é essencial que

desenvolvamos as faculdades do nosso espírito ao nível mais elevado possível. Idealmente,

Deus quer que desenvolvamos uma qualidade de maturidade espiritual tal que possamos

reconhecer a Sua voz imediatamente e que sejamos tão humildemente confiantes que é

realmente o Senhor, para que possamos agir imediatamente baseados na Sua Palavra. Não

tenha suspeita do seu espírito. Aprenda a ter confiança na sua habilidade de discernir

adequadamente.

Provérbios 20:27, diz: “o espírito do homem é a lâmpada do Senhor”.

Deus fala conosco em nosso espírito. Ele nos ilumina em nosso espírito. É ao nosso
espírito que Deus se dirige, ao invés da nossa mente ou nossas emoções. O seu espírito sabe

muitas coisas que a sua mente não sabe, pois Deus já falou ao seu espírito coisas que a sua

mente ainda não pode compreender.

"Ora, o homem natural (a mente) não compreende as coisas do Espírito de Deus,

porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las; porque elas se discernem

espiritualmente”. (1 Co 2:14).

Há vários testes bíblicos pelos quais podemos determinar se uma certa impressão ou

pensamento vem do Senhor ou não. Em particular, enquanto ainda somos novatos nesta área,

é importante que saibamos como testar as nossas impressões interiores para que possamos

saber com certeza se estas direções são de Deus ou não.

2. A Palavra de Deus Escrita

A Bíblia é o nosso guia mais confiável e possivelmente o mais simples de se usar. A

voz interior em nosso espírito é uma experiência um tanto quanto subjetiva e insegura. Ela

pode ser influenciada por nossas emoções ou desejos pessoais. Precisamos, portanto,

submeter experiências assim a um julgamento objetivo e seguro. A Bíblia é exatamente a

fonte certa para este julgamento. Ela não é emocionalmente influenciada ou preconcebida.

Ela não tem nenhum envolvimento pessoal. Portanto, ela é bem mais confiável. Entretanto,

precisamos abordá-la com uma abertura e honestidade de coração, pois também podemos

“fazer” com que a Bíblia diga o que queremos que ela diga. É preciso que haja uma

integridade de coração em nossa abordagem. Muitas vezes, as pessoas propositadamente

procuram por uma passagem bíblica que apóie o que elas querem crer. Isto é conhecido como

“torcer” as escrituras e é danoso a fé e a um julgamento correto.

Quando você sentir uma certa direção ou impressão no seu espírito, e você não estiver

certo de que é a voz do Senhor, submeta em oração esta impressão a Deus. Peça-lhe que Ele

a confirme ou a negue através da Sua Palavra. Inevitavelmente, depois que você tiver feito

isto, um versículo ou passagem bíblica que se relaciona com o assunto em consideração

chamará a sua atenção, é realmente impressionante a quantas circunstâncias e assuntos


diferentes Deus pode fazer com que a Sua Palavra se aplique. Em geral, de formas incomuns,

Deus dá liberalmente sua direção através da Sua Palavra.

O Espírito de Deus nunca discorda da Sua Palavra. O Espírito Santo nunca lhe diria

para fazer algo que é condenado pela Bíblia. Ele nunca o conduziria contrariamente aos

claros princípios expressos na Bíblia.

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Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

3. A Paz de Deus

"E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em

vossos corações” (CI 3: 15).

A palavra traduzida por “domine” neste versículo á a palavra “juiz” ou “árbitro” no

original. Paulo está então dizendo: “Deixe que a paz de Deus seja o árbitro em seu coração”.

Imagine um jogo de futebol, enquanto tudo está indo de acordo com as regras e não há

nenhuma falta ou infração, o apito do árbitro está em silêncio. Entretanto, quando há uma

infração das regras, ouve-se o apito, e é preciso que o jogo pare imediatamente, os jogadores,

então, olham para o árbitro para descobrirem o que aconteceu de errado e qual é a sua

decisão na situação. Assim que ele esclarecer as coisas, o jogo pode prosseguir novamente. É

assim também com a paz de Deus em nossos corações. Quando as coisas estão fluindo

suavemente no propósito de Deus, há uma paz interior profunda em nossos corações. Esta

paz deveria sempre estar lá. Paulo diz que somos chamados à uma paz assim. Se por acaso

perdemos esta paz, então precisaremos olhar para o Espírito Santo para descobrirmos o erro.

Por que perdi a minha paz? Ele nos mostrará, rapidamente, onde estamos errados e como

corrigir a situação. Quando fizermos isso, pedindo perdão a Deus e voltando ao caminho

certo outra vez, a nossa paz será restaurada.

4. Buscando Um Aconselhamento Maduro.

“E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo” (CI 3:15)

Não somente devemos possuir uma paz pessoal interior, como uma indicação de que
tudo está bem, mas também podemos, se necessário, submeter as nossas impressões ao

discernimento de outros membros do Corpo. Isto pode ser feito dentre crentes nascidos de

novo, aos quais você se uniu numa comunidade cristã. Coloque o assunto diante do grupo, e

se houver uma resposta de paz unânime, então você pode ficar certo de que Deus está

confirmando a direção que você recebeu.

A Bíblia diz: “... na multidão de conselheiros há segurança” (Pv 11 :4).

“Onde não há conselhos, os projetos saem vãos, mas com a multidão de conselheiros

se confirmarão” (Pv 15:22).

Eu gostaria de enfatizar o ponto de que é um aconselhamento maduro que devemos

buscar. Procure um aconselhamento de pessoas espiritualmente maduras que tenham uma

credibilidade provada com relação à sabedoria. Pedir conselhos a pessoas espiritualmente

imaturas somente lhe trará mais confusão e incerteza. Vá a pessoas cujas vidas provem que

elas acharam a vontade de Deus, pessoas que obviamente estão tendo êxito na vida cristã

porque elas foram capazes de ouvir a voz de Deus dirigindo-as nas circunstâncias de suas

próprias vidas.

5. As Circunstâncias e a Providência Divina

Quando Deus lhe diz para fazer alguma coisa, você pode contar que Ele começará a

abrir as portas para que você possa fazê-la. Se Ele estiver guiando você numa determinada

área, então as Suas providências começarão a surgir a você naquela área. Há um pequeno

pensamento que eu aprendi e que me tem sido extremamente útil quando quero obter

direções do Senhor, a saber: “Comece a andar e você receberá uma direção”. Creio que um

apoio bíblico para este conceito seria em Gênesis no tocante ao servo de Isaque, o qual havia

sido enviado para buscar uma esposa para o seu mestre. Ele falou: “... quanto a mim, o

Senhor me guiou no caminho à casa dos irmãos de meu Senhor” (Gn 24:27). Em outras

palavras, uma vez que ele havia partido em sua jornada, Deus lhe deu a direção. “Davi diz:

Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e ele deleita-se no seu caminho”.

(Sl 37 :23). Se Você ficar sentado esperando por uma revelação, talvez você fique assim para
sempre. Se você começar a se mover e estiver indo na direção errada, o Senhor lhe dirá. O

Espírito Santo está dentro de todos os cristãos e ele deseja muito guiar-nos nos caminhos e

propósitos de Deus. Portanto, assim que começarmos a nos mover com um desejo sincero em

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Escola de Maturidade Cristã VI – Andando no Espírito

nossos corações de andarmos nos caminhos de Deus, o Espírito nos dará direções. Ao

começar a se mover em harmonia com a vontade de Deus, as circunstâncias e providências

surgirão diante de você, dando-lhe uma certeza e confiança interior.

6. Confirmação Profética

Às vezes, uma declaração profética pode ser dada a alguém para confirmar algo que

já foi recebido do Espírito. Usei a palavra “confirmação” deliberadamente porque isto é

exatamente o que as declarações proféticas deveriam fazer. Elas deveriam servir para

confirmar algo que alguém já recebeu de Deus em seu espírito.

Deveríamos sempre ser cautelosos com relação a profecias aparentes que tendem a

iniciar alguma coisa, ao invés de simplesmente confirmá-la. Se Deus quiser falar-lhe algo,

Ele falará com você primeiramente, dentro do seu próprio espírito. Mais tarde Ele poderá

confirmá-lo através de uma declaração profética, a qual servirá para confirmar e estabelecer o

que Ele já lhe disse.

Nunca faça nada simplesmente porque alguém “profetizou” que você deveria fazer.

Obtenha a sua própria direção pessoal de Deus primeiramente. Depois, se uma profecia

substanciar aquilo que você já recebeu, então tudo bem.

As declarações proféticas certamente não são infalíveis. O elemento humano

envolvido na declaração das profecias faz com que elas sejam falíveis. O Espírito, o qual as

origina, é perfeito, mas as pessoas que as declaram são imperfeitas.

Muitos cristãos reverenciam as profecias como se o Próprio Deus estivesse falando do

céu. Entretanto, não é Deus que esta falando diretamente. São os homens, falando em nome

de Deus. Se estas pessoas estiverem realmente no espírito, então tudo bem. Suas palavras
edificarão, exortarão e consolarão a igreja (1 Co 14:3). Às vezes, infelizmente, as expressões

proféticas podem estar vindo do coração das próprias pessoas ou, talvez, estejam sendo

coloridas e influenciadas pela inserção de alguns de seus próprios pensamentos.

Por causa disto, toda declaração profética deveria ser julgada para se saber se ela é

realmente uma palavra do Senhor antes que ela seja recebida, e, certamente, antes que ela

seja praticada (1 Co. 14:29).

1) Deveria ser julgada, em primeiro lugar, pela Palavra de Deus. A Bíblia é infalível e é,

portanto, um juiz perfeitamente objetivo. Se uma declaração profética não estiver em perfeita

harmonia com os princípios expressos na Bíblia, ela será imediatamente duvidosa. Não

importa quão religiosa ou espiritual uma declaração profética pareça, ela deve concordar

inteiramente com a Palavra. Ainda que a profecia possa estar cheia de Frases como "Eu, o

Senhor, digo a ti, meu servo” isto, com certeza, não é nenhuma garantia de precisão ou

veracidade. A Bíblia é o nosso guia final, totalmente preciso e infalível. Sempre confie mais

na Bíblia do que em qualquer profecia.

2) As profecias deveriam ser julgadas pelo que Deus já lhe mostrou em seu próprio espírito.

Se elas não testificam e não confirmam o que você já recebeu do Senhor, então não aceite

nenhuma profecia pessoal. Certamente você não deveria agir baseado nelas imediatamente.

Talvez você possa orar intensamente, submetendo-as a Deus e buscando a Sua sabedoria e

direção na questão.

3) Se um grupo de crentes estiver presente quando a profecia for dada, então um julgamento

da comunidade poderá ser dado a respeito da profecia. Qual é a opinião geral a respeito dela?

Os crentes do grupo concordam que esta é verdadeiramente uma palavra de Deus? Ou eles

estão unidos em seu julgamento de que esta palavra não vem do Senhor e deveria, portanto,

ser tratada com muito cuidado?

Muitas vidas inocentes têm sido arruinadas por terem agido muito prontamente com

relação a “profecias pessoais”.

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