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9.

CAVITAÇÃO
9.1 INTRODUÇÃO

A  cavitação  é  um  fenômeno  indesejado  no  funcionamento  das  máquinas  de  fluxo  que  trabalham  com 
líquido, e se inicia em regiões de altas velocidades e baixa pressão. 
Tal  fenômeno  pode  danificar  o  equipamento,  principalmente  os  rotores  (Figura  9.1).  Isto  faz  com  que  as 
condições de sucção, região de menor pressão no sistema, tenham papel importante no projeto e nas especificações 
das instalações para o correto funcionamento tanto de bombas como de turbinas.  
 

        
Figura 9.1 – Cavitação em rotores de máquinas de fluxo 

9.2 FENÔMENO FÍSICO

No funcionamento de máquinas de fluxo é possível perceber regiões onde ocorre rarefação do líquido, ou 
seja,  pressões  reduzidas  devido  às  condições  de  operação  do  equipamento.  Quando  a  pressão  absoluta  atinge 
valores abaixo da pressão de vapor  (Pv) do líquido, na temperatura em  que se encontra, tem início o  processo de 
vaporização (Figura 9.2) do fluido.  
Inicialmente  nas regiões  mais rarefeitas, formam‐se pequenas  bolhas ou cavidades (daí  o nome  cavitação) 
no interior das quais o líquido está vaporizado. Ao serem conduzidas pela corrente líquida, devido ao movimento do 
rotor (propulsor), chegam a zonas de  alta pressão, entrando em colapso. Neste ponto o vapor contido nas bolhas 
condensa voltando ao estado líquido. 

 
Figura 9.2 – Cavitação em rotor axial (formação de bolhas) 

 
Estudos indicam que a origem das bolhas ocorre em pequenas cavidades nas paredes do material e/ou em 
torno de pequenas impurezas no líquido próximas à superfície, também conhecidas por núcleos de vaporização ou 
de cavitação. Este fenômeno não ocorre somente em máquinas de fluxo, mas em qualquer região do escoamento 
que apresente condições propícias a seu surgimento, como mostrado no Venturi da  Figura 9.3. 
 

                              
Figura 9.3  – Cavitação em um Venturi [fontes: a)Turton, 1995; b) Soyama e Hoshino, 2016] 
 
Quando  a  pressão  do  líquido  fica  maior  que  da  bolha  suas  dimensões  diminuem  até  entrar  em  colapso, 
permitindo a entrada do líquido que está em volta em seu interior (Figura 9.4). Isto gera uma alteração no campo de 
velocidades e pressão, diferente do que seria esperado num escoamento normal.  
Este  líquido  que  já  está  a  altas  velocidades  fora  da  bolha,  encontra  uma  região  de  pouca  resistência  ao 
penetrar  na região “colapsada”, aumentando ainda  mais sua velocidade.  Ao atingir regiões sólidas (rotor, carcaça, 
etc), parte da energia contida nestas partículas é transferida para o material podendo desagregar os elementos de 
material  de  menor  coesão,  formando  pequenos  orifícios.  Dependendo  da  frequência  da  ocorrência  do  fenômeno, 
esta  região  pode  se  desgastar  cada  vez  mais,  aumentando  a  erosão  na  superfície,  e  comprometendo  o 
funcionamento das partes da máquina.  
 

1                     
Figura 9.4 – Modelo de colapso da bolha e cavitação (fonte: Turton, 1995 [Lush, 1987])  
 

Este processo ocorre com alta frequência, podendo atingir a ordem de 25 mil bolhas por segundo. A duração 
(surgimento‐colapso) das bolhas é da ordem de milionésimos de segundos. 
É  possível  verificar  a  ocorrência  do  fenômeno  da  cavitação  através  de  inspeção  visual  (caso  seja  possível 
abrir a máquina) ou mesmo pelo som característico quando a máquina estiver em funcionamento. Além de ocorrer 
no rotor, este fenômeno pode ocorrer nas pás do difusor, na voluta, na boca de entrada de água, etc. 
Ao detectar um rotor com certo desgaste é importante definir de forma correta a origem do problema. Não 
se deve confundir os fenômenos de cavitação, erosão e corrosão. A erosão ocorre devido ao contato de partículas 
sólidas com o rotor (abrasão), enquanto a corrosão ocorre devido a incompatibilidade química entre o material do 
rotor e o fluido. Sendo que os três fenômenos podem ocorrer juntos. 

                                                            
1
 http://eswt.net/cavitation 

 
9.3 CONSEQÜÊNCIAS DA CAVITAÇÃO

A  remoção  de  partículas  do  rotor  ou  de  partes  sólidas  do  equipamento  acaba  por  gerar  alguns 
inconvenientes no funcionamento do sistema: 
 Queda de rendimento 
 Marcha irregular, trepidação e vibração da máquina, devido ao desbalanceamento gerado 
 Ruído da implosão do fluido na parte sólida 
 Redução  da  vazão  da  máquina  devido  à  redução  da  seção  útil  de  passagem  de  fluido  pelo 
preenchimento do espaço por bolhas 
 Alteração nas curvas características devido à diferença de volume específico do fluido (líquido‐vapor) 
e da turbulência 

9.4 MATERIAIS EMPREGADOS

A  cavitação  é  um  dos  aspectos  que  torna  a  escolha  do  material  para  confecção  da  máquina  hidráulica  de 
grande importância. Inicialmente os rotores eram construídos em aço carbono A27, mas a partir de 1980 vem sendo 
substituídos por aços inoxidáveis martensíticos macios (11‐13% Cr, 1‐6% Ni), porém o mais tradicional, por ter maior 
resistência à cavitação é o CA‐6NM. 
A  classificação  dos  aços  inoxidáveis  fundidos  é  dada  pelo  Alloy  Casting  Institute  (ACI)  de  acordo  com  a 
composição  química  e  utilização.  A  primeira  letra  indica  seu  uso,  se  resistente  à  corrosão  (C)  ou  às  altas 
temperaturas (H). A segunda letra  classifica os teores de  cromo e níquel.  A designação vai  de “A” a “Z”  conforme 
aumenta o teor de níquel. Os números que acompanham estas letras indicam o máximo teor de carbono (% x 100). E 
finalmente os elementos de liga presentes são indicados pela primeira letra correspondente a cada elemento. Assim, 
o aço CA‐6NM é um aço resistente à corrosão do tipo 13% de Cr, ligado ao níquel e molibdênio contendo no máximo 
0,06% de carbono. 
Alguns  materiais  com  capacidade  de  resistir  à  cavitação  são  listados  a  seguir  em  ordem  crescente  de 
resistência: 
 Ferro fundido 
 Alumínio 
 Bronze 
 Aço fundido 
 Aço doce laminado 
 Bronze fosforoso 
 Bronze manganês 
 Aço Siemens‐Martin 
 Aço níquel 
 Aço cromo  
 Ligas de aço inoxidável especial 
 
Outra  possibilidade  é  o  revestimento  do  material  com  elastômetros,  que  tem  gerado  boa  resistência  à 
cavitação. Exemplos são o neoprene, poliuretano, estireno‐butadieno e outros. Além destes pode‐se citar os Stellite 
21, Stellite 6 e os aços IRECA (improved resistance cavitation) conhecidos comercialmente como Cavitalloy, CaviTec e 
Hidroloy. 
Se um rotor foi danificado por cavitação pode‐se tentar recuperá‐lo preenchendo o local com solda elétrica 
que geralmente produz revestimentos de boa qualidade e bom desempenho à cavitação. Deve‐se cuidar para que o 
metal  base  não  apresente  distorções  e  trincamento  devido  às  condições  térmicas  na  aplicação.  O  excesso  de 
material é tirado com esmerilhadeira para obtenção da rugosidade desejada. Quanto menor a rugosidade, maior a 
resistência a cavitação. 


 
9.5 COMO EVITAR A CAVITAÇÃO

A seguir são apresentadas algumas precauções para evitar que ocorra cavitação nas bombas radiais: 
 Pequeno valor da relação entre diâmetros de entrada e saída das pás 
 Pequeno valor da relação entre o quadrado do raio de entrada e o comprimento do filete médio para o 
caso de pás com dupla curvatura 
 Número suficientemente grande de pás 
 Pequeno  valor  para  a  velocidade  meridiana,  mas  pequena  largura  da  pá  se  houver  forte  curvatura  à 
entrada 
 Baixos ângulos de entrada das pás 
 Nas bombas de múltiplo estágio, baixos valores para a altura de elevação a cargo de cada rotor. 

9.6 PRESSÃO DE VAPOR

A  pressão  de  vapor  de  um  líquido  é  aquela  na  qual  o  líquido  coexiste  em  uma  fase  líquida  e  vapor.  Ela 
aumenta com a elevação da temperatura. A Tabela 9.1 mostra os valores da pressão de vapor para a água. 
Tabela 9.1 – Tabela de pressão de vapor e peso específico da água 

 

 
9.7 ALTURA DE SUCÇÃO

Conforme visto em capítulos anteriores é possível definir duas alturas de sucção para as máquinas de fluxo. 
A  primeira  é  a  altura  estática  de  sucção  (Hgeos),  válida  para  bombas  e  turbinas.  No  caso  das  bombas  é  o  desnível 
entre  o  reservatório  de  aspiração  e  o  centro  do  rotor  da  bomba,  para  turbinas  é  o  desnível  entre  a  superfície  do 
reservatório da jusante e o centro do rotor da turbina. 
Outra altura é a altura manométrica de sucção (Hs), neste caso válido somente para bombas, que é a energia 
disponível na entrada da bomba. O processo de obtenção deste parâmetro foi mostrado em capítulos anteriores. 

9.8 NET POSITIVE SUCTION HEAD (NPSH)

Para evitar problemas de cavitação foi definida a condição que garanta boa aspiração do fluido (bomba). O 
parâmetro que define esta condição é o net positive suction head (NPSH). 
Para bombas este parâmetro representa a disponibilidade de energia com que o líquido penetra na boca de 
entrada da bomba e que a ele permitirá atingir a pá do rotor. Ou de outra forma, é a “energia absoluta” acima da 
pressão de vapor do fluido na entrada da bomba.  
É possível encontrar na literatura este parâmetro com outras denominações como altura positiva líquida de 
sucção  (APLS)  ou  altura  de  sucção  absoluta.  Segundo  Turton  (1995)  a  nomenclatura  NPSH  era  usada  antes  do 
advento do sistema internacional de unidades (nos USA), após isto outra nomenclatura passou a ser adotada, o NPSE 
(net  positive  suction  energy).  Apesar  disto  esta  apostila  usará  o  termo  NPSH  por  ser  ainda  o  mais  encontrado  em 
publicações científicas, didáticas e comerciais na área. 

9.9 ENERGIA ABSOLUTA DISPONÍVEL – NPSHD

É uma característica da instalação em que a máquina de fluxo opera, e da pressão disponível do líquido na 
sucção da bomba, ou na saída da turbina. O subíndice “D” indica “disponível”. No sistema de uso corrente (NPSH), 
 

Pv P2 V2 Pv
NSPH D  H s   NSPH D   2  z2      (9.1) 
  

2g



Pressão total ou pressão de vapor
carga total ou carga de vapor

 
onde Pv é a pressão de vapor à temperatura do fluido, “P2” é a pressão estática na entrada da bomba. 
Considerando o centro da bomba como o eixo de referência, z2=0, logo, 

P2 V 22 Pv
NSPH D     
 2g 
Fazendo  a  correção  para  a  distância  vertical  (a2)  do  manômetro  até  o  ponto  “2”  na  tubulação,  e 
considerando  que  Pv  é  uma  pressão  absoluta,  tem‐se  que  converter  a  pressão  manométrica  (PM2)  em  pressão 
absoluta para ser usada na equação, logo, 

PM 2  Patm V 22 Pv
NSPH D   a2           (9.2) 
 2g 
 
Considerando o novo sistema2 (NPSE): 

PM 2  Patm V22 Pv
NSPE D  NPSH D g   a2          (9.3) 
 2 
                                                            
2
 Segundo Turton (1995) o novo sistema é o que considera as unidades no S.I. 

 
Outra forma de cálculo é dada pela avaliação da instalação, 

Pv  P V 2   P
NSPH  Hs    1  1  z1   H pcs   v       (9.4) 
    
D
2g 
Considerando o ponto 1 localizado na superfície do tanque de sucção, e levando em conta que o tanque é 
grande o suficiente, tal que V1<<<V2, pode‐se considerar V1≈0. Considerando que o tanque está sob pressão “1”, e 
sabendo que P1, para o cálculo do NPSH, deve ser a pressão absoluta, resulta, 
PM 1  PAtm Pv
NSPH D   H geos  H pcs 
          (9.5) 
onde Hgeos e Hpcs são dados em metros (energia por unidade de peso). 
Se usar o sistema internacional de unidades: 
PM 1  Patm Pv
NSPE D   gH geos  gH pcs          (9.6) 
 
onde Hgeos e Hpcs são dados em energia por unidade de massa [m2/s2]. 
E finalmente, se o tanque for aberto à atmosfera: 
PAtm Pv
NSPH   H geos  H pcs            (9.7) 
 
D

Usando o sistema internacional de unidades: 

Patm Pv
NSPE D   gH geos  gH pcs            (9.8) 
 
 
Para o caso da Figura 9.5(b), onde a bomba não é afogada, o valor de Hgeos3 é negativo (Hgeos<0), já a bomba 
afogada, da Figura 9.5(a) o valor de Hgeos é positivo (Hgeos>0). 
  

 
Figura 9.5 – Esquema de bomba afogada (a) e não afogada (b) (fonte: Turton, 1995) 
 

Exemplo 9.1: Uma bomba hidráulica tem seu centro 5 m acima da superfície livre do reservatório (aberto) de 
aspiração.  A  água  está  a  temperatura  de  20º  C.  Se  as  perdas  de  carga  são  de  1,02  [mca]  ou  10  [J.kg‐1],  estime  o 
NPSHD e o NPSED. Considere a pressão atmosférica local de 101325 Pa. 
P1 Pv 101325 2339
NSPH d   H geos .  H pcs     5   1,02   
  9810 9810

NSPH d  4,07[ mca ]  

                                                            
3
 Nos capítulos anteriores buscou‐se referenciar as cotas em relação ao centro da bomba/turbina, o que continua sendo considerado neste capítulo. 
Vale ressaltar que para efeitos de cavitação a ABNT adota como referência o nível do reservatório. 

 
P1 Pv 101325 2339
NSPE d   H geos . g  H pcs . g    5.9,81  10   
  1000 1000

NSPE d  39,94[ J .kg 1 ]  

Exemplo  9.2:  Uma  bomba  tem  seu  centro  2.5  m  abaixo  da  superfície  livre  do  reservatório  (fechado)  de 
aspiração. O tanque contêm n‐butano e é mantido a temperatura de vaporização de 37,8ºC. As perdas na sucção são 
estimadas  em  0,51  mcb  ou  5  [J.kg‐1],  estime  o  NPSEd.  Considere  que  a  pressão  de  vapor  do  n‐butano  a  esta 
temperatura é de 3,59 bar e que sua densidade é de 0,56. 

P1 Pv 3,59 .10 5 3,59 .10 5


NSPH d   H geos  H pcs    2,5  0,51   
  0,56 .9810 0,56 .9810

NSPH d  1,99[ mcb ]  

 
P1 Pv 3,59 .105 3,59 .105
NSPE d   H geos .g  H pcs .g    2,5 .9,81  5   
  0,56 .1000 0,56 .1000

NSPE d  19 ,525[ J .kg 1 ]  


Obs. Considerando que o fluido está vaporizando a pressão no reservatório é a pressão de vapor. 

9.10 ENERGIA REQUERIDA – NPSHR ou NPSER

É a “energia absoluta” do líquido, acima da pressão de vapor, necessária no flange de sucção da bomba, de 
forma a não ocorrer a cavitação. É uma função da geometria do rotor e de alguns outros fatores de difícil obtenção 
sendo muito difícil estimar com acurácia. O livro de Pfleiderer (1961) contêm equações que dão uma estimativa, mas 
em geral estes valores são obtidos com base em dados empíricos. 
A  abordagem  mais  comum  para  obter  este  valor  é  usando  o  número  de  Thoma4  (σ),  que  foi  desenvolvido 
inicialmente para turbinas e é dado por: 
NPSH R NSPE R
               (9.9) 
H gH
 
Para bombas a maioria das curvas características inclui a curva do NPSHR em função da vazão. Estas curvas 
são  obtidas  em  bancadas  dos  fabricantes.  Para  definição  deste  valor  utiliza‐se  como  critério  a  ocorrência  de  uma 
queda de 3% na altura manométrica para determinada vazão (Figura 9.6), que é um critério adotado pelo Hydraulic 
Institute Standards e o American Petroleum Institute (API 610).  
 

 
Figura 9.6 – Esquema de determinação do HPSHR para bombas (adaptado de KSB, 2003) 
                                                            
4
  Em  homenagem  ao  pesquisador  Dieter  Thoma  que  chamou  este  número  inicialmente  de  “número  característico 
adimensional para a cavitação”. 

 
Pode‐se  obter  o  número  de  Thoma  a  partir  de  gráficos,  como  o  mostrado  na  Fig.  (9.7),  ou  através  de 
fórmulas que tem por base a velocidade específica dada por: 

n. Q
n s  3,65 . 3
4
H             (9.6)  
 ns – velocidade específica  
 n – rotação [rpm] 
 Q – vazão [m3/s] 
 H – altura de queda ou elevação [m] 
 
Ou usando a rotação específica: 

n. Q
nq  3
4
H               (4.7) 
 nq – velocidade específica [rpm] 
 n – rotação [rpm] 
 Q – vazão [m3/s] 
 H – altura de queda ou elevação [m] 
 

 
Figura 9.7 – Variação do número de Thoma para turbinas 
 
A seguir são apresentadas fórmulas disponíveis na literatura para obtenção do número de Thoma. 

Macyntire

4
   .nq 3
            (9.8) 
 ϕ=0,0011 , para bombas centrífugas radiais, lentas e normais 
 ϕ=0,0013 , para bombas helicoidais e hélico‐axiais 
 ϕ=0,00145 , para bombas axiais 

Stepanoff (Bombas radiais e axiais)

4
  2,20.10 4.ns 3
            (9.9) 


 
Escher‐Wiss (Bombas radiais e axiais)

4
  2,16.10 4.ns 3
            (9.10) 

Standards of hidraulic institute (Bombas axiais)

4
  2,05.10 4.ns 3
            (9.11) 

Meerwath (turbinas Francis e Kaplan)

  4,768 .10 12.n s4  9,46 .10 9.n s3  7,593 .10 6.n s2  1,555 .10 3.n s  0,165
  (9.12) 

Método de Pfleiderer para NPSHR

2
 n  2 Q  3

NPSH R    . 
  100  k . 
         (9.13) 
 NPSHR em [m] 
 n em [rpm] 
 Q em [m3/s] 
 Γ – coeficiente adimensional valendo: 
o 2,6 para bombas radiais 
o 2,9 para bombas helicoidais 
o 2,4 para bombas axiais 
 k – coeficiente de redução da seção de entrada do rotor, varia de 0,6 a 0,9 
2
d 
k  1   m1 
 de            (9.14) 
 dml – diâmetro de entrada, correspondente ao filete médio 
 de – diâmetro da boca de entrada da bomba 

9.11 NSPH limite

Para que não ocorra vaporização do fluido na sucção evitando a cavitação, o valor do NPSH disponível tem 
que ser pelo menos igual ao NPSH requerido. De forma geral, a energia disponível na entrada da bomba deve ser 
maior ou, no limite, igual à energia requerida pela bomba neste ponto. 

NPSH D  NPSH R             (4.15) 


Considerando uma reserva, pode‐se tornar a desigualdade uma igualdade fazendo: 

NPSH D  NPSH R  reserva  


Na prática essa “reserva” deve ser de 10 a 20% do requerido, e não inferior a 1,0m, ou seja, em termos de 
projeto: 
NPSH D  1,2 NPSH R  projeto
 
NPSH D  1  NPSH R  no mínimo
Na Figura 9.8 pode‐se verificar que para a vazão Qmáx, o NPSHR é igual a NPSHD, ou seja, o limite de operação 
sem  cavitação.  Se  a  vazão  for  menor  que  Qmáx  tem‐se  NPSHD>NPSHR,  não  havendo  cavitação  e  se  Q>Qmáx  então 
NPSHD<NPSHR e ocorre cavitação. 

 
 
Figura 9.8 – Esquema do NPSH limite (adaptado de Turton, 1995) 

Exemplo 1:
Calcule o NPSHR (NPSER) de uma bomba com 35 m3h‐1 com altura de elevação de 49,95 [mca] e rotação de 3500 rpm. 
O NPSHD disponível do sistema é de 3,06 [mca]. Avalie as possibilidades de cavitação. 

35
3500 .
n. Q 3600  18,37
nq    
49,95  4
3 3
4
H
n s  3,65 .n q  3,65 .18 ,37  67  
Usando: 
4
Mcyntire    0,0011 .18,37 3
 0,0533  
4
Stepanoff    2,20 .10  4 .67 3
 0,0599  
4
Escher‐Wiss      2,16 .10  4.67 3
 0,0588  
Calculando NSPHR: 

Mcyntire  NPSH R   .H  0,0533 .49 ,95  2,66[ mca ] 


g
NPSE R  26 ,11[ J .kg 1 ]  
Stepanoff  NPSH R   .H  0,0599 .49 ,95  2,99[ J .kg 1 ] 
g
NPSE R  29 ,35[ J .kg 1 ]  
Escher‐Wiss  NPSH R   .H  0,0588 .49 ,95  2,94[ m ] 
g
NPSE R  28 ,81[ J .kg 1 ]  
Considerando que NPSHD>NPSHR os valores são aceitáveis para todos os valores calculados. 
 

9.12 FATORES QUE MODIFICAM O NPSH DISPONÍVEL

Conforme  visto  anteriormente,  quanto  maior  o  valor  do  NPSH  disponível,  menores  as  chances  de  ocorrer 
cavitação. Alguns cuidados podem ser tomados para aumentar este parâmetro: 
 Diminuir Hgeos (quando negativa) ou aumentar Hgeos (quando positiva) 
 Minimizar as perdas de carga na sucção  
 Temperatura de bombeamento: influencia no peso específico, pressão de vapor, viscosidade, etc 
 Vazão de operação: influencia na perda de carga 
 Variando a pressão no reservatório de sucção impacta no NPSH disponível 

9.13 FATORES QUE MODIFICAM O NPSH REQUERIDO

Neste caso a intenção é reduzir o NPSH requerido, pois quanto menor menos chance de ocorrer cavitação. 
Alguns cuidados podem ser tomados para reduzir este parâmetro: 
10 
 
 Reduzir a perda de carga na entrada da bomba (sucção até o rotor) 
 Rotação: o NPSH varia com o quadrado da rotação 
 Utilização  de  indutor:  o  indutor  é  um  rotor  axial  ou  de  fluxo  misto  colocado  na  frente  do  rotor 
principal da bomba que funciona como auxiliar para reduzir o NPSH requerido. 
 

EXERCÍCIOS
1. Observou‐se na instalação de uma turbina hélice de ns=700, que existia excessiva erosão cavital nas pás do rotor. Explique o motivo 
da cavitação e indique uma solução para isto sabendo que, 
a. Temperatura máxima da água: 20º C 
b. Altura de queda nominal: 14 mca 
c. Altitude local: 500 m 
d. Altura estática de sucção: 0,50 m 
 
2. Determinar a máxima altura estática de sucção para uma turbina com as seguintes características: 
a. Altura de queda nominal: 200 mca 
b. Rendimento total: 0,88 
c. Vazão nominal: 3,5 m3/s 
d. Rotação da turbina: 720 rpm  
e. Altitude local: 1200 m 
f. Temperatura da água: 15º a 25º C 
Resp. ‐1,76 m (turbina afogada) 
 
3. Na  instalação  de  uma  turbina,  para  obtenção  de  2769,32kW,  foram  levadas  em  consideração  as  seguintes  condições,  para  que  a 
máquina estivesse livre de cavitação: 
a. Altura de queda nominal: 55 mca 
b. Altitude local: 800 m 
c. Temperatura da água: 15º a 25º C 
d. Variação do nível de jusante durante o ano é de 1,0 m, e  o nível máximo alcançado é de 1,5 m acima da cota definida pela 
ABNT para a marcação da altura estática de sucção.  
Pede‐se: 
 A rotação do alternador acoplado a turbina 
Resp. 720 rpm 
 
4. Pretende‐se transferir uma turbina Francis instalada a 567 m de altitude, para uma outra usina  que apresenta a mesma altura de 
queda e vazão, situada a 100 m acima do nível do mar e onde a temperatura varia no decorrer do ano de 4º a 15º C. Por medida de 
economia  deseja‐se  utilizar  o  mesmo  gerador  e  tubo  de  sucção,  que  é  do  tipo  reto  e  pode  ter  seu  comprimento  alterado  caso 
necessário,  afim  de  que  seja  mantida  sua  mínima  condição  de  afogamento,  situação  já  observada  na  instalação  onde  está  em 
operação. 
Solicita‐se portanto determinar se ele sofrerá alteração na dimensão, a fim de que a turbina trabalhe isenta de cavitação.  
a. Altura de queda nominal: 50 mca 
b. Potência eficaz nominal: 15954 CV 
c. Rotação da turbina: 300 rpm 
d. Diâmetro de entrada do tubo de sucção: 1,56 m 
e. Diâmetro de saída do tubo de sucção: 1,68 m 
f. Ângulo total do difusor: 6º  
g. Distância entre a cota de marcação da altura estática de sucção e o início do tubo de sucção: 0,50 m 
h. A turbina será instalada na nova queda com hslim 
Resp. o tubo deverá ser aumentado de 0,56 m 
 
5. Uma  indústria  adquiriu  e  instalou  uma  bomba  centrífuga,  com  a  finalidade  de  elevar  água  limpa  com  a  temperatura  de  10ºC  e 
viscosidade cinemática de 10‐6 m2/s, até uma caixa de distribuição. Constatou‐se após algum tempo de funcionamento, que o rotor 
estava apresentando indícios de erosão cavital. Foi feita então uma solicitação do departamento técnico, que revisa‐se as condições 
de operação da mesma, para sanar tal deficiência. Os levantamentos efetuados apresentaram os seguintes dados: 
a. vazão: 15 m3/h 
b. NPSH no ponto de funcionamento: 6,10 mca 

11 
 
c. Altura estática de sucção (nível abaixo): 2,0 m 
d. Comprimento da tubulação (trecho reto) de 2,5”: 2,60 m 
e. Válvula de pé de 2,5”: 1 unidade 
f. Cotovelo raio longo de 90º de 2,5”: 1 unidade 
g. Material da tubulação: ferro galvanizado 
h. Rugosidade da tubulação: 0,000153 m 
i. Altitude do local: 1000 m 
Sabendo que a bomba não pode ser mudada de lugar, o que pode‐se fazer para resolver o problema de cavitação. 
Resp.   NPSHd(2,5”)=5,77mca < NPSHr = 6,10 mca => cavitará 
  NPSHd(3,0”)=6,18 mca > NPSHr =6,10 mca => não cavitará 
 
6. A  companhia  de  energia  elétrica  precisa  atender  a  solicitação  de  fornecimento  de  244,4  CV  de  um  fabricante  de  pasta  mecânica. 
Para isto, precisa saber qual a turbina mais adequada a ser instalada em uma usina já construída.  
Para resolver o problema a companhia dispõe de duas turbinas: 
  1ª turbina: 
 Rotação específica: 120 
 Altura de queda nominal: 200 mca 
 Vazão nominal: 0,1 m3/s 
 Rendimento: 0,925 
  2ª turbina: 
 Rotação específica: 26,45 
 Altura de queda nominal: 200 mca 
 Vazão nominal: 0,1 m3/s 
 Rendimento: 0,917 
 Número de jatos: 2 
  Elementos locais: 
 Variação da temperatura da água: 4º a 30º C 
 Cota de instalação da turbina: 901,50 m 
 Cota de nível máximo de jusante: 901,00 m 
 Cota do nível mínimo de jusante: 900,5 m 
Pede‐se a justificativa da escolha e a rotação que a turbina escolhida deverá trabalhar, a fim de possibilitar a compra do 
alternador. 
Resp.  a  turbina  Francis  não  pode  ser  usada  pois  a  usina  não  permite  afogamento  da  máquina.  Como  a  Pelton  não  tem 
problema de sucção, pode ser instalada, com n=1800 rpm. 
 
7. Para aquisição do motor acionador de uma bomba é necessário o conhecimento de sua rotação. A bomba deverá operar com altura 
de 1,5 m abaixo do nível de aspiração, atendendo as seguintes características: 
a.  Altura de elevação nominal: 15 mca 
b. Vazão nominal: 0,2 m3/s 
c. Temperatura da água: 25º C 
d. Altitude local da instalação: 900 m 
e. Rendimento total: 0,60 
f. Comprimento da tubulação: 3,0 m 
g. Rotações comerciais: 590, 850, 1150 e 1750 rpm 
h. Dados da tubulação de sucção:  
 Válvula de pé: 1 unidade 
 Cotovelo de 90º raio longo: 1 unidade 
 Diâmetro: 250 mm 
 Material (liso): PVC 
 Viscosidade cinemática da água: 10‐6 m2/s 
Pede‐se determinar a máxima rotação que atenderá as condições da instalação. 
Resp. nmáx: 1150 rpm. 
 
8. No ensaio de recepção de uma turbina Francis ultra‐rápida, constatou‐se que seu rendimento total estava muito abaixo do nominal, 
sabendo‐se: 
a. Diâmetro da tubulação forçada: 2,0 m 
b. Altitude local: 1000 m 
c. Rotação: 514 rpm 
12 
 
d. Variação da temperatura da água: 4º a 20º C 
e. Velocidade média no canal de fuga: 2,0 m/s 
f. Rendimento nominal da turbina: 90% 
g. Correção da leitura da pressão: +1,22m 
h. Altura estática de sucção no ensaio: 2,0 m 
i. Seção do canal de fuga no ensaio: 4,0 m2 
j. A turbina funciona com altura de queda e vazão nominais para qualquer hs. 
Pede‐se: 
 Verificar a causa da baixa do rendimento total 
 Adotar a solução corretiva externa a turbina, que conduz a obtenção da maior potência eficaz possível 
Resp. hs=2,0 m > hsmáx=1,09 m. Deve‐se construir soleira para elevar o nível no canal de fuga de 0,91 m. 
 
9. Em função dos dados de uma bomba abaixo enumerados: 
a. Altura de elevação nominal: 30 mca 
b. Vazão nominal: 0,10 m3/s 
c. Altura manométrica de sucção: 4,0 mca 
d. Ângulo construtivo da pá na saída do rotor: 30º  
e. Velocidade absoluta na saída do rotor: 10,0 m/s 
f. Ângulo entre as velocidades absoluta e tangencial na saída: 40º  
g. Altitude local da instalação: 225 m 
h. Altura de pressão de vaporização: 0,45 mca 
i. Rendimento total: 0,46 
Pede‐se determinar o valor do diâmetro de saída do rotor da bomba. 
Resp. D5=0,31 m. 
 
10. Conhecendo‐se os dados abaixo enumerados de uma instalação de turbina tipo Francis lenta: 
a. Vazão nominal: 0,05 m3/s 
b. Diâmetro na seção de medida de pressão: 0,20 m 
c. Pressão na entrada da turbina: 19,50 mca 
d. Rotação da turbina: 1800 rpm 
e. Altura da pá na entrada do rotor: 25 mm 
f. Temperatura da água: 17º C 
g. Altura barométrica local: 8,0 mca 
h. Velocidade no canal de fuga: 0,60 m/s 
i. Ângulo entre as velocidades absoluta e tangencial na entrada: 21,3º C 
j. Correção da leitura de pressão: +0,50 m 
k. Altura estática de sucção: +7,10 m 
l. Rendimento total: 0,75 
m. Desprezar a espessura das pás 
Pede‐se, sabendo ainda que para turbinas lentas os ângulos na entrada do rotor são iguais a 90º: 
 Altura de queda 
 Verificação do comportamento da turbina relativo a cavitação e sua solução, caso exista o problema 
 Diâmetro de entrada do rotor. 
Resp.   H=27,22mca 
  Como hslim=6,44 < hsfunc=7,10m, o nível de jusante deverá ser elevado de 0,66m 
  D4=130 mm 
 
11. Uma companhia de eletricidade precisa instalar uma turbina Francis em uma queda de um rio e precisa saber: 
a. A cota em que deverá ser instalada a turbina 
b. A perda de potência no período muito curto de cheias, considerando a vazão que passa pela turbina é a mesma do regime 
normal do rio e sem alteração no rendimento total da turbina. 
São conhecidos os seguintes dados da turbina e da instalação: 
 Diâmetro de entrada do rotor: 0,75 m 
 Diâmetro de saída do rotor: 0,60 m 
 Altura da aresta de entrada do rotor: 0,283 m 
 Espessura da pá na entrada do rotor: 0,01 m 
 Número de pás: 15 
 Ângulo construtivo da pá na saída na linha de corrente média: 23,85º  

13 
 
 Rotação: 720 rpm 
 Temperatura da água: 17,5º C 
 Rendimento total: 0,85 
 Comprimento da tubulação forçada; 100 m 
 Diâmetro da tubulação forçada: 1,25 m 
 Viscosidade cinemática da água: 10‐6 m2/s 
 Rugosidade da tubulação forçada (aço reb.): 0,003125 m 
 Cota da superfície da água na barragem: 1062,65 m 
 Cota do nível de regime normal do rio: 1000 m 
 Cota do nível máximo de cheia: 1002,00 m 
 Altura da seção do fluxo no canal de fuga no regime normal do rio: 1,10m 
 Largura da seção do fluxo no canal de fuga no regime normal do rio: 2,73 m 
Resp.  cota de instalação da turbina = 999,60 m 
  Perda de potência = 124 CV 
 
12. Uma  bomba  radial  de  7  estágios,  usada  na  alimentação  de  caldeira  a  vapor,  apresentou  defeitos  característicos  de  cavitação. 
Conhecendo‐se os dados correspondentes ao funcionamento da bomba: 
a. Vazão nominal: 41,50 m3/h 
b. Altura de elevação nominal: 598 mca 
c. Potência eficaz nominal: 143 CV 
d. Pressão absoluta na entrada da bomba: 1,20 kg/cm2 
e. Temperatura da água na admissão: 100º C 
f. Diâmetro da tubulação de sucção: 80 mm 
g. Rotação: 3450 rpm 
h. Altitude local: 900 m 
Pede‐se: 
 Calcular a altura manométrica de sucção nas condições observadas 
 Calcular a altura manométrica de sucção aconselhada para evitar a cavitação 
 Comparar os resultados obtidos e adotar uma solução corretiva 
  Resp.   Hs(observada): ‐3,37mca 
    Hs(aconselhada): ‐5,68 mca 
    Aumentar a altura estática de sucção elevando o reservatório de sucção ou baixando a bomba. 
13. Determine o diâmetro de saída do rotor da bomba que tem as seguintes características: 

 Altura de elevação: 30 [mca] 
 Vazão:   0,1  [m3/s] 
 Altura manométrica de sucção: ‐ 4,0 [mca] 
 Ângulo construtivo da pá na saída do rotor: 30º  
 Velocidade absoluta na saída do rotor: 10,0 [m/s] 
 Ângulo entre as velocidades absoluta e tangencial na saída: 40º  
 Altitude local da instalação: 225 [m] 
 Pressão de vapor: 0,45 [mca] 
 Perda de carga na sucção: 0,03 [mca] 
Para cálculo do NPSH requerido utilize o modelo de Stepanoff para o coeficiente de Thoma. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GUIMARÃES, L.B. Máquinas hidráulicas. Curitiba: UFPR, 1991. 
KSB Bombas Hidráulicas S.A. Manual de treinamento: seleção e aplicação de bombas centrífugas. 5ed. 2003 
MACINTYRE, A.J. Bombas e instalações de bombeamento. 2ª Ed. Rio de Janeiro: LTC, 1997. 
SOYAMA, H.; HOSHINO, J. Enhancing the aggressive intensity of hydrodynamic cavitation throug a Venturi tube by 
increasing the pressure in the region wher the bubles colapse. Journal AIP Advances, Vol.VI: 2016. 
TURTON, R.K.  Principles of turbomachinery. 2th ed. London: Chapman & Hall, 1995. 

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