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A NOVIDADE
SEGUNDO MARCOS
Paulo Dias (organizador)

T UDO NO EVANGELHO INDICA UMA PRESSUPOSTA E DESCONHECIDA


fase anterior da mensagem cristã, cf. Mc 1,1 - «início do evangelho de Jesus» gr. arche tou
evangeliou Iesou. Mesmo na Peshitta (texto aramaico do evangelho), Reishia di-evangelion di-
Yeshua, ''assim iniciou o evangelho de Jesus''. Isto indica talvez que antes do Conforme Marcos
(Mc), o mais antigo evangelho narrativo, houve outra obra, da qual Mc pretende contar o início; e
chamada, talvez, Evangelios (''A Novidade''). Que coisas constavam nesta obra? Desconhecemos, mas ela
existiu(?) decerto(?).

FUNDAMENTOS. O texto atual dos evangelhos, sobretudo Mc, apresenta-se como o querigma, o
rascunho essencial da mensagem, cf. Mc 1,14 «o tempo chegou, veio o reino de Deus, arrependei-vos e
crede no evangelho»;a pressupomos outro texto, de desenvolvimento, onde estes conceitos muito
resumidos sejam expandidos, pois na verdade o evangelho expõe os fundamentos da mensagem sem os
explicar. Apresenta-os mediante anedotas, sem os desenvolver. Traz Jesus como modelo vivencial das
virtudes cristãs, mas nada diz sobre as bases do seu pensamento: por que afinal os pobres de espírito são
bem aventurados? O evangelho, pois, apresenta-se como querigma[=cantoria] e pressupõe uma
didaquê[=ensino].

Kerigma X Didache

Que provas temos de o evangelho ser “querigma”?

1. A estrutura, e.g., o Cantar do Monte. O nome ele mesmo indica, latim «sermus, sermonis» -
canto. E a estrutura em si, frases poéticas, frases ritmadas, paralelas, repetidas, benditos isso, aquilo,
ouvistes isso, aquilo.
2. A forma, e.g., Marcos, Mateus: ensino, narrativa; ensino, narrativa. A didaquê, um outro
gênero literário da época, é seca e contundente. Sem preocupar-se com ritmos e frases, alinha os
pensamentos do autor em seguimento.
3. Outros exemplos dos mesmos gêneros: Platão X Aristóteles. Que temos em Platão? Um
discurso poético, semi-narrativo, ambientado em diálogos, que passam conceitos filosóficos. Que temos
em Aristóteles? Textos expositivos. Decerto Platão escreveu obras expositivas [didache] e Aristóteles,
historietas [kerigma] -obras hoje perdidas.

O que é didaquê? Querigma é a tradição oral?

Kerigma= a cantoria original. Didache= o texto sistematizado. Os livros antigos eram em duas
versões: eCSoteros X eSoteros; o evangelho, atendendo a isto, tinha didache X kerigma.
Então quer dizer que a Didache seria uma espécie de ensino mais simplificado, não contendo
verdades mais complicadas de serem absorvidas pela massa?

Não. Justamente o oposto. A Didache é mais completa. O evangelios é uma dramaturgia baseada
no kerigma. O evangelios veste literariamente o kerigma que se apresenta como uma serial de pontos
resumidos. Mas a didache [desaparecida] fornece a chave, p.ex., o SMont vem precisamente nesta ordem:
1- Felicidades[=benditos]; 2- Nova Lei[=ouvistes que foi dito]; 3- Plenitude Moral... Por quê? O que dava
esta chave era a didache. Os ensinos reais não foram dados nesta ordem, tanto que outros evangelistas
registram em outra sequencial. No caso, este modo duplo de apresentar, kerigma X didaquê, era um
adaptado da literatura grega exoteros X esoteros cf. acima (colaboram, Edney Mesquita; Cláudio
Fajardo).

Antiguidade

QUE FONTE HISTORICA informa ser Marcos o Evangelho mais antigo?

Embora o fragmento de papiro dos Evangelhos reconhecido pelos estudiosos de Jesus como o
mais antigo que se tenha conhecimento seja um do Evangelho de João (120 E.C.), muitos historiadores
com base nos documentos Q aceitam que o Evangelho de Marcos seria o mais antigo ou o primeiro a ter
sido escrito (há quem pense o oposto).

O ESTUDO do Jesus histórico é feito na atualidade por historiadores, e muitos cientistas e


estudiosos de diversas outras áreas que, usando de todo seu conhecimento, métodos comparativos cada
vez mais apurados e tecnologia de ponta disponível, buscam trazer à luz da História, Jesus e sua
impressionante participação no contexto de seu tempo na Terra e na cultura em que se expressou.
Trabalham igualmente sobre evidências e conclusões. No momento, por exemplo, o respeitado papirólogo
alemão Carsten Thiede, a partir de uma sua visita à biblioteca de Oxford, trabalha na possibilidade de
evidenciar que um papiro de Mateus (do tamanho de um cartão de crédito) ali guardado, e que pensava-se
ser do final do sec. II, na verdade dataria de algo em torno do ano 50 d.C., i.e., colocando-o como tendo
sido escrito dentro da época conhecida como 'tempo das testemunhas', os 40 anos imediatamente depois
da morte de Jesus, ou seja até os anos 70 E.C.). A importância deste fato está em que este papiro teria sido
escrito por alguém que deve ter visto e conhecido Jesus (colaboram, Gloria Vetter, Ivan Arantes). [Nota
bene- o papiro estudado por Thiede, o Magdalen, contém um trecho de Mateus].
COMPROMISSO
de Marqos evangelista
(O Evangelho de Marcos em sua primitiva versão narrativa)

CRISTANDADE ORIENTAL ALEGA A PRIMAZIA DO SEU EVANGELHO

A aramaico (Peshitta) sobre o texto grego. Seja como for, o texto aramaico da Boa-Nova tem
peculiaridades de nota, que fazem pensar seriamente se não seria pelo menos uma versão muito
antiga, ou mesmo, se ambas não teriam surgido independentemente, em época muito próxima.
As pesquisas textuais indicaram um número de características necessariamente constantes do original
evangélico (ainda que desaparecido) e a Peshitta ostenta algumas delas. O texto apresentado no presente
trabalho foi pesquisado num exemplar do acervo da Biblioteca Nacional (Rio, RJ).

Αρχη του ευαγγελιου του Ιησους



 

ANUNCIAR!... origemb da Boa Nova de Jesus,c um que foi ungido filho de Elaha. (... ) eis Yohana
no deserto, banha e proclama Conhecimento para a bondade e o Retorno. E todos saem para ter com
ele no distrito da Yehud e todos os filhos de Ursalim, d e deixam-se banhar por ele no rio Yordan,
gritam seus erros.
2
E este Yohana se veste em lã de camelo, e um cinto de couro ao redor da cintura, e come
e
Qamtza e mel do campo.
3
E canta, afirma, “depois de mim vem o mais forte que eu, de quem eu nem sou digno o
bastante para desatar-lhe as correias das sandálias! Eu vos mergulho em água, ele vos mergulha em
sopro de santidade.”
4
E ocorre naqueles dias, vem Jesus de Nazaré da Galila, sendo mergulhado no Jordan por
Yohana. Depois de Yohana ser preso, Jesus vem para a Galila, proclama o compromissof do reino de
Elaha e afirma, “completou-se o tempo, chegou o reino de Elaha!, sejamos bons, e fervorosos no
compromisso”.
5
E vai pela estrada do mar da Galila, olha Simeon e And[r]os o mano de Simeon, jogam
tarrafas ao mar; posto que pescadores. E Jesus lhes diz, “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores
dos filhos do homem”. E logo deixam as redes, o acompanham.
6
E depois de passar mais um pouco olha Yaqov o filho de Zabdi e Yohana, o mano dele, e
eles no barco endireitam as suas redes, e logo convoca-os. Largam Zabdi, o pai deles, na barca com
os empregados, seguem atrás dele.
7
E entram em Cfar Nahhum. E no Repouso imediato, indo ao Grupo começa a ensinar. E sai
logo a sua fama por toda parte em todo distrito da Galila, logo cura muitos doentes de numerosas
enfermidades, e expulsa muitos espíritos menores perturbadores; e nem mesmo permite falem os
espíritos menores, que o tinham reconhecido.
8
E ele afirma, “Vamo-nos à vizinhança, às cidades por perto, a fim de que igualmente ali eu
possa cantar, como desejo; pois, para isto saí”. E vai, canta nos Grupos deles por toda Galila, expulsa
os espíritos menores. g
9
Chega-se para perto dele um eczematoso (de joelhos), suplica-lhe consolo, diz que “Se for
do teu desejo e vontade, tens o poder de limpar-me”. E compadecido, estende logo a mão e toca-o,
diz, “Quero, limpa-te!” e logo, vai-se embora a escama dele, e fica limpo.
10
Adverte-o, severo, zangado logo o despede, afirma-lhe, “Olha, nem me digas agora nada a
nem um, mas faze o oposto, vai-te daqui tu mesmo te mostres aos sacerdotes e oferece pela tua pureza
o que Moshe ordena, como prova para eles.” Entretanto ele, ao sair dali, principia a pregar muitas
coisas, e a espalhar falações sobre o ensino.
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De tal modo, Jesus nem pode aparecer publicamente entrando nas cidades, mas, fica do lado
de fora nos lugares desertos; e de toda parte continuam a vir para junto dele.
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E sai de novo à beira mar; e todo o povo vem ter com ele, e ensina a diversos Grupos. E
quando vai passando enxerga Levi o filho de Halfeu sentado na coletoria, e afirma-lhe, “Acompanha-
me”. E levanta-se, acompanha-o. E ocorre de estar reclinado à mesa em sua casa, e muitos publicanos
e transviados pecadores reclinam com Jesus e seus alunos igualmente; pois muitos alunos o seguem.
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Era Tempo de Jejum, os alunos de Yohana, como os fariseus, olham e dizem-lhe, “Por causa
do que os teus alunos não jejuam?” E Jesus diz-lhes, “Por acaso, os filhos do noivado podem jejuar
enquanto o noivo está com eles? Não. Durante o tempo em que o noivo está com eles, nem podem
jejuar!
14
Vem o dia, no entanto, quando vai ser afastado deles o noivo, e logo jejuam naquele dia.
Ninguém costura remendo de pano ainda não molhado em cima de manto velho, pois o remendo novo
repuxa o velho, e o rasgão fica maior. Ninguém joga vinho novo em odre velho, pois o vinho rebenta
com o odre e se perdem, vinho e odre; ao oposto, vinho novo em odre novo”.
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E ocorre de ele num dia de Repouso ir atravessando as lavouras, e os seus alunos,
arrepiando caminho, começam a arrancar espigas eis agora maduras. E os fariseus principiam a dizer,
“Olha ali como fazem o que nem mesmo pode no Repouso!” E diz-lhes, “Nunca vos informastes do
que fez Davi, quando precisou e teve fome, ele e seus companheiros? Como entrou em casa de Elaha,
no tempo de Abiatar, o sacerdote-mestre, e comeu dos pães da mesa, que apenas os sacerdotes
podem, e bem assim ofereceu aos seus companheiros?”
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E dizia, “Elaha contratou o Repouso com o filho do homem, em vez de combinar o filho do
homem com o Repouso. O senhor do Repouso é o filho do homem” [«o Pacto foi de Elaha com o
filho do homem, não de Elaha com o sabá; o filho do homem é Adon do sabá»].
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E entra de novo no Grupo. E vai ali um homem, de mão atrofiada; e cuidadosos o observam,
se ele trabalha no Repouso, para o acusarem. E ele diz ao homem da mão mirrada, “Vem ao meio!”. E
diz-lhes, “No Repouso pode fazer o bem, ou o mal? Levar a alma para vida ou morte?” Mas, eles
calam. E olha-os, indignado pela dureza de coração deles, afirma ao homem, “estende a mão.” E
estendeu, e a mão foi restaurada.
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E Jesus se retira com seus alunos ao Mar, e diversos Grupos, muita gente da Galila e da
Yehud o seguem; e de Ursalim e do Edom e além do Jordan e ao redor de Tiro e Sidon, grande povo,
ouvindo as coisas que ele faz, vem para junto dele.
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E diz aos seus alunos que tenham sempre um barquinho a seu dispor, por causa da gente,
para que não o aperte, pois curou a muitos, de modo a se jogarem sobre ele, para o tocarem, todos que
padeciam de alguma doença. E os espíritos impuros, quando o vê em, jogam-se diante dele e gritam,
dizem, “Tu és filho de Elaha.” E repetidas, muitas vezes os repreende, para que de modo nenhum não
o anunciem.
20
E sobe ao monte e convoca junto a si quem ele quer, e chegam até ele. E deu-lhes
autoridade moral de curar doenças e expulsar espíritos menores perturbadores. E chamou Simon pelo
nome de Cefas; e Yaqov, o filho de Zabdi, e Yohana o mano de Yaqov, e colocou sobre eles um
nome, o de Benei ragshi, que é Benei ra’uma: “filhos da tempestade”. h
21
E Andros e Filipos e Bartolmai e Mati e Thomas e Yaqov, o filho de Halfeu; e Tadi e Simon
o Qanai, e Juda Sicariota, que o entregou. E vai para casa; e ajuntam-se de novo, grande povo de tal
maneira que resulta nem poderem comer pão.
22
E os seus familiares ouvem isto e saem para tomar conta dele, pois dizem, “ei-lo em
êxtase”. E vem chegando a mãe dele e os seus manos e, de fora o mandam chamar. Ora, acomodava-
se ao seu redor a gente, e dizem-lhe, “tua mãe e os teus manos te procuram lá fora. “ Mas, disse-lhes,
“Quem é minha mãe e meus manos?” Olhando em derredor, afirma, “Vede! A minha mãe e os meus
manos. Sempre quem fizer a vontade de Elaha, este é meu mano, e mana, e mãe. “
23
E de novo começava a instruir à beira-mar. E se ajunta perto dele povo muito numeroso, de
modo que ele entra num barco no mar e senta-se; e toda gente, estavam na praia, em terra. E lhes
ensina coisas com muitas anedotas, e afirma-lhes sua doutrina. E afirma,
24
“Vede e escutai!, o reino de Elaha é assim: um homem joga a semente sobre a terra e dorme
e levanta de noite e de dia e a semente cresce e encomprida e como se ele nem visse como.
Automaticamente, a terra frutifica, primeiro a erva broto verdejante, depois a espiga madura, depois o
grão de trigo cheinho na espiga. Quando presenteia os frutos, logo aquele envia o ceifador, pois
chegou a hora de ceifar.”
25
E lhes ensina muitas coisas com historietas em alegorias, e afirma-lhes o Verbo com sua
doutrina. Também fica dizendo a eles naquele mesmo dia, quando vem a tardinha, “Vamos e
atravessemos ao outro lado.” E em largando o povo, levam-no como estava, no barco; e havia outros
barcos com o deles.
26
E chegam ao outro lado do mar, e começa a anunciar nas Dez Cidades, ajunta-se a ele
grande povo; e ele, junto do mar.
27
E sai dali, chega à sua terra natal, e os seus alunos o seguem. E chega o Repouso, começa a
ensinar no Grupo; e muitos, ouvindo-o, se admiram, dizem: “De onde lhe vem esta coisa? E que
sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos?
28
Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e mano de Yaqov, e de Josi, e de Judas e de Simon?
E nem moram aqui conosco suas manas?” E se sentem ofendidos. E Jesus lhes diz a Palavra: “Não há
profeta sem-honra senão na sua pátria, entre os seus parentes, e na sua casa.” [«profeta indigno,
apenas em sua casa»].
29
E nem conseguia exercer ali os poderes maravilhosos da alma; apenas curou alguns poucos
enfermos, impondo-lhes as mãos. E estava admirado da incredulidade deles. E percorre as aldeias
vizinhas, ensina.
30
(Neste tempo chama os Doze) e começa a os enviar a dois e dois, e dar-lhes poder sobre os
espíritos impuros; e ordena-lhes que nada tomem para o caminho, senão apenas um bordão; nem
alforje, nem pão, nem dinheiro no cinto, nem mesmo centavos; mas que calcem sandálias, e que não
vistam duas túnicas, nem mesmo tenham mantos. E dizia-lhes: Na casa em que entrardes, ficai nela
até partirdes dali.
31
E os enviados reúnem-se a Jesus, e contam-lhe tudo, tanto o que fizeram como o que
ensinaram. E ele diz-lhes: Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco. Porque
havia muitos que iam e vinham, e nem tinham tempo para comer.
32
E retiram-se sozinhos num barco para um lugar deserto. E vendo-os partir, muitos o
reconhecem; e acorrem ali, a pé, de todas as cidades afluem, (e ali chegam primeiro do que eles), e
aproximam-se dele. E Jesus sai, vê a muita gente e tem compaixão por causa deles, pois eram como
ovelhas sem-pastor; e começa a ensinar-lhes muitas coisas. E logo obriga seus alunos a subir ao
barco, e prosseguir adiante, ao outro lado, a Betsaida, enquanto ele despede a gente. E, tendo-os
despedido, foi ao monte a orar.
33
E, quando mesmo agora passam ao outro lado, dirigem-se à terra de Genesaré, e ali atracam.
E, saem do barco, logo o reconhecem; e correm toda a terra em redor, começam a trazer em leitos,
aonde quer que soubessem que ele estava, os que se achavam enfermos. E, onde quer que entrava, ou
em cidade, ou aldeias, ou no campo, apresentam os enfermos nas praças.
34
E rogam-lhe que os deixe tocar ao menos nas franjas [do seu manto de rabino]; e todos os
que o tocam, saram.
35
Reúnem-se a ele escribas fariseus provenientes de Ursalim. E observando que alguns dos
seus alunos comem pão mas nem lavam as mãos, questionaram-no. Os fariseus da Yehud não comem
sem lavar as mãos segundo o Transmitido dos antigos; e lavam os pratos para comer, e muitas outras
coisas costumam observar, a lavagem de copos, cântaros e jarros, utensílios de metal e leitos.
36
E perguntam-lhe os escribas fariseus, “Por que teus alunos não vivem segundo o Recebido
dos antigos, e comem com as mãos impuras?” Ora, ele lhes disse logo, “Bem bonito é que Isaia
profetizou a vosso respeito, como foi escrito, “Este povo me ama com os lábios, mas o seu coração
vai longe de mim! Inutilmente me adoram, ensinam doutrinas e mandamentos humanos”.
37
Abandonando o Mandamento divino, apegai-vos a costumes humanos, lavar jarros e copos;
e fazeis muitas outras coisas semelhantes. E dizia-lhes: Bem jeitosamente invalidais o mandamento
de Elohim para guardardes a vossa tradição. Porque Moshe disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e quem
maldisser, ou o pai ou a mãe, certamente vai morrer. Vós, mas, dizeis: Se um homem disser ao pai ou
à mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é Qorban, [isto é, oferta ao Senhor], nada mais lhe
deixais fazer por seu pai ou por sua mãe, invalidando assim a Palavra de Elaha pela vossa tradição,
que vós ordenastes. E muitas coisas fazeis semelhantes.
38
E, chama outra vez a gente, afirma-lhes expressamente: Ouvi-me vós, todos, e compreendei.
Nada existe, fora do homem, que, entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai dele isso sim,
contamina o homem. [Se um tem ouvidos de ouvir, ouve.] Depois, quando deixa o povo, e entra em
casa, os seus alunos o interrogam acerca desta comparação. E ele disse-lhes: Assim, igualmente vós
estais desentendidos? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem e nem o pode
contaminar, pois não entra no seu coração, mas no ventre, e é lançado fora?
39
Ora, ele diz: “O que sai do homem, isso contamina o homem. Do coração dos homens saem
pensamentos ao mal, o adulterar, as prostituições, assassinato, furto, avareza, maldade, engano, a
dissolução, inveja, blasfêmia, soberba, loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam
o homem”.
40
E, levantando-se dali, vai à divisa entre Tiro e Sidon. E, entra numa casa, quer que nem um
saiba, mas nem pode esconder-se; pois uma mulher, cuja filha tinha sopro de impureza, ouve falar
dele, vai e lança-se-lhe aos pés. E esta mulher é grega, fenícia da Síria, e roga-lhe que expulse de sua
filha o espírito menor perturbador. Mas Jesus diz-lhe: Deixa primeiro saciar a meninada; pois nem
convinha tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. Mas a tal responde, e diz-lhe: “Sim,
Senhor; mas também os cachorrinhos comem, debaixo da mesa, as migalhas dos filhos”. Então ele
diz-lhe: Por essa palavra, vai; o sopro já saiu de tua filha. E, indo ela para sua casa, achou a filha
deitada sobre a cama, e o sopro agora saíra.
41
E ele, tornando a sair dos confins de Tiro e Sidon, vem até ao mar da Galila, passa pela
divisa de dez cidades. E trazem-lhe um surdo e gago, e rogam-lhe que imponha as mãos sobre ele. E,
tira-o à parte, de entre a gente, põe-lhe os dedos nos ouvidos; e, cospe, toca-lhe a língua. E, levanta os
olhos ao firmamento, sopra, e diz: Et patah; [isto significa, Abre-te].
42
E logo se abrem os seus ouvidos, e a prisão da língua se desfaz, e fala perfeito. E ordena-
lhes que a nem um o digam; mas, quanto mais lhos proíbe, tanto mais o divulgam. E, admiram-se
muito, dizem: Tudo faz bem; faz ouvir os surdos, falar os mudos.
43
E, entra logo no barco, com os seus alunos, vai para as regiões de Dalmanuta.
44
E chega a Betsaida; e trazem-lhe um cego, e rogam-lhe que o toque. E toma o cego pela
mão, leva-o fora da aldeia; e, cospe-lhe nos olhos, e impõe-lhe as mãos, pergunta-lhe se enxerga algo.
E, levanta os olhos, diz: Vejo os homens; pois os vejo como árvores que andam. Depois disto, torna a
pôr-lhe as mãos sobre os olhos, e o faz olhar acima: e ele fica restaurado, e enxerga tudo claro.
45
E sai Jesus, e os seus alunos, para as aldeias de Cesareia de Filipe; e no caminho pergunta
aos seus alunos, diz: Que dizem os homens de mim? E eles responderam: Yohana, o Batista, uns; e
outros, Elias; mas outros: um dos profetas. E ele lhes diz: Mas vós, quem dizeis que eu sou? E
responde Cefas, lhe diz: Tu és um messias filho de Elohim. E os admoesta, para que a nem um digam
assim dele. E começa a ensinar-lhes sobre o futuro, pois importa que o filho do homem padeça muito,
e que seja rejeitado pelos anciãos e príncipes do clero, e pelos escribas, e que seja morto, mas, depois
de três dias, ressuscita. (Traduziu do aramaico, Paulo Dias).
Primeira página de Marcos no exemplar Benenatum (BN, Rio, RJ).
LENDO MARCOS EM ARAMAICO
«MC 1:1 - PRINCÍPIO do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus; MC 1:2 - Como está escrito
nos profetas: Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de
ti. MC 1:3 - Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas
veredas. MC 1:4 - Apareceu João batizando no deserto, e pregando o batismo de arrependimento,
para remissão dos pecados. MC 1:5 - E toda a província da Judéia e os de Jerusalém iam ter com
ele; e todos eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. MC 1:6 - E João
andava vestido de pêlos de camelo, e com um cinto de couro em redor de seus lombos, e comia
gafanhotos e mel silvestre. MC 1:7 - E pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais forte
do que eu, do qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das suas alparcas. MC 1:8 -
Eu, em verdade, tenho-vos batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo. MC
1:9 - E aconteceu naqueles dias que Jesus, tendo ido de Nazaré da Galiléia, foi batizado por João,
no Jordão [‘‘princípio do evangelho de Jesus - gr. arque tou evangeliou tou Iesous, aram.
(PESHITTA) Reisha di-evaggelion di-Yeshua’’].»

T
oda leitura do NT é aproximativa e transmitida, desde que não havia acentos nem pontos.
O que vem primeiro pode ter sido escrito depois. O que parece narrativa pode ser uma cita.
Leitores especializados (lendo segundo o Transmitido) diziam, «isso significa...» e a
leitura deles ficou. Assim, o trecho seguinte a este poderia talvez ser lido, «princípio do
evangelho de Jesus, [Jesus disse], - segundo o escrito em... surgiu João», ou seja, o que PARECE
uma narrativa factual de Marcos dando conta do Batista pode ser na verdade um ensino recolhido
sobre JC referindo-se ao Batista e remetendo-se a ele, já que na raiz de toda narrativa existe um
ensino, um Transmitido. Jesus teria dito, ...na origem de seus ensinos: «segundo o Batista, o
messias vem de D/us» (o aramaico Bar significa 'gerar, provir, criar'). Poderemos ler assim?

De qualquer maneira temos aqui qual «principium»? Apenas a origem, gr. arque? Ou a norma
essencial, gr. arque, do evangelho de Jesus: remeter-se ao Batista? Que papel ele desempenhou?
Apenas estava na origem, como quem espera o ônibus, ou desencadeou o movimento, gr. arque
(principado ou governo), aram. Reisha, cabeça?...

Do mesmo modo, na outra ponta, quem ignora o contexto histórico pensaria que Pilatos
tentou salvar Jesus quando na verdade o evangelista estava usando de ironia, um recurso literário
sofisticado, como quem diz que Jesus era tão inocente tão inocente [apesar de ser apresentado
como pecador] que a podridão em pessoa não ousou condená-lo ao passo que a santidade dos
doutos, por ironia, estava doida pra se livrar dele por parecer blasfemo, pecador e desrespeitador
do sábado.

Não é pois uma narrativa histórica mas uma cenografia literária que contrapõe valores como
santidade e justiça versus injustiça e pecado - pecado verdadeiro e aparente. Os leitores da hora
sabiam a diferença entre fato e literatura; para nós o fato desapareceu e ficou somente a literatura
fazendo de conta que é facto.

De todo modo, um trecho e outro desautorizam qualquer sinal de excepcionalidade de Jesus.


A primeira coisa que ele fez foi colocar-se entre as fileiras de João que o precedeu; um homem,
pois, com desilusões, pois somente a desilusão traz esta humildade. Até porque a profecia diz,
«das veredas de Deus, fazei retidão», ou, Deus dá ao homem veredas tortuosas que cabe a ele
retificar. Alguns trechos no passo do batismo em aramaico, cf. Mc 1,1-9 (acima):
REISH DI-EVANGELION

«Reisha di-evaggelion di-Yeshua meshicha bar-hu di-Elaha» - iniciou assim o [evangelion] de Jesus [...?]
filho de [...?].

Reishia, Reish, Reisha = cabeça, heb. Rosh.


Devaggelion= o evangelho.
Dyeshua= o Jesus.
Meshicha= messias?
Bareh= filho de.
Delaha= a divindade?

O mais honesto aqui seria não traduzir. Devemos evitar ''saber'' se na verdade desconhecemos. «Meshicha»
é conceito judaico especial sem correspondente em português; simplesmente transliterar, como todos
fazem? Messias... Cristo... mas o que é messias? Quanto a «Elohim» significa a rigor, *o protetor*. Filho
do protetor? Que vem a ser isto? (mais adiante, em Mc 6,5 o texto aramaico sugere que ''messias'' significa
pessoa dotada de virtude ou poder espiritual).

Sem vírgula nem ponto, formam uma frase só, ou duas? Jesus disse, «o meshicha é filho de Elohim»? Ou
isto foi dito pelo evangelista a respeito de Jesus, «Jesus messias filho de Elohim»? Por que «evangelho»
está em grego (com letras aramaicas), evangelion e não em aramaico, Bessorah?
"!#!$%
= Evangelion: evangelho.
&('")"*
= Bessorah: anunciar; boa nova.

A diferença entre: «princípio do evangelho de Jesus: - Mashicha bareh delaha» que poderia ser uma frase
de Jesus transcrita pelo evangelista. Uma frase obscura, é verdade, «o messias é filho de D-us»...

...A diferença entre isto e «princípio do evangelho de Jesus, mashicha, bareh delaha» ou, Jesus em si é tido
como messias e filho de D-us. Mas que leitura era original?

ESCRITO NOS PROFETAS

2 Yk diketiv b-Eshayia nabya deha meshdra ana malakya qadam partzufak denitqan arhak [como escrito
por Isaías, pelos profetas, vede, eu envio meu mensageiro diante da tua face para preparar teu caminho].
+(,"-.
= caminho: Arach, Verech.
Yk= assim.
Diketiv= o escrito.
Beshayia= em Essaya
Nabya= profeta
Deha= isto.
Meshdra= envio.
Ana= eu.
Malakya= mensageiro.
Qadam= diante.
Partzufak= tua face.
Denitqan= preparar.
Arhak= teu caminho.

3 «Qala deiqra bemidvara tivu verechah dimareya veshyu shebilui» - uma voz clama no deserto, endireitai
o caminho do Senhor, preparai as suas veredas. Notemos «veshyu», endireitai, da mesma raiz de «Yeshua»,
Jesus.

NO DESERTO

4 «Hu Yochanan bemidvara me'imad umikraza me'imudita ditavut'a leshuvqna dechattecha» - surge João
no deserto [...?] e clama [...?] de bondade para perdoar erros.

O conceito de «batismo» (Seba) é especial do judaísmo e sem correspondente em português; o mais


próximo seria «banho de descarrego» como na umbanda. «João pregava um banho de descarrego...»

Em aramaico, um banho de pureza. O correspondente hebraico, Mikva, um banho em águas vivas,


torrentes. Contudo, a raiz M'MYD, Ma'amid (em ME'IMAD) indica ''permanecer'' de modo que o Baptista
ensinava na verdade a permanecer na bondade, coerentemente eu diria.
/(0 120
= M'imad (ver abaixo).
Hu= ele (é).
Yochanan= João.
Bemidvara= no deserto.
Me'imad= batizava (estava, permanecia).
Umikraza= e pregava.
Me'imudita=batismo (permanecer).
Ditavut'a= a bondade.
Leshuvqna= para perdoar.
Dechattecha= o errado.

DEIXAR-SE BANHAR

5 «Unfaq'a havot levatehu kalah kvara di-Yehud vekalah hun bnei Ursalim um'imad hu' lehun be-Yordanen
nehar'a kid mudyn bechattehayhun» - e para junto dele vinha toda a região da Judéia e todos os filhos de
Jerusalém e se deixavam banhar por ele no Jordão e no banho diziam seus erros. Jerusalém transcrito em
siríaco, estranho!, Ursalim, assim em todo o texto. >

Unfaq'a= saíam.
Havot= estar (Havat).
Levateh= juntar-se a ele (Levah).
Kalah= todo.
Kvara= distrito.
Dyehud= a Yehud.
Ve= e (+kalah).
Hun= eles.
Bnei= filhos.
Ursalim= Jerusalém.
Um'imad= e ''batizava'' (Ve+ma'amid).
Hu'= ele (era).
Lehun= para eles.
Beyordanen= no Yordanen.
Nehar'a= rio.
Kid= que.
Mudyn= ''confessavam''.
Bechattehayhun= nos erros deles.

COMIA QAMTZA

6 «Hu din Yochanan levish hu' levish'a diss'ar'a digamla we'asyr hu' 'arqath'a dimashk'a bechatzui um'eulta
'ithai hawuth qamtz'a veresh'a dvar» este João era vestido com vestes de lã de camelo e uma cinta de couro
ao redor da cinta e comia [...? Qamtza] e morava no deserto.

Qamtza pode ser gafanhoto mas também um antigo pão ritual judaico.

Hu= ele.
Din= este.
Yochanan= João.
Levish= vestido.
Hu'= era (ele).
Levish'a= veste.
Diss'ar'a= o pelo.
Digamla= o camelo.
We'asyr= e cingido.
Hu'= ele (era).
'arqath'a= faixa.
Dimashk'a= a pele.
Bechatzui= a cintura dele.
Um'ehhulta= sobreviver, comer, subsistir.
'ithai= vivia.
Hawuth= estar (Havat).
Qamtz'a= QAMTZA, um cereal (ou, gafanhotos).
Verebsh'a= mel.
Dvar= deserto, selvagem.

E CLAMAVA

7 «Umikraza h'ua ve'amar h'ei 'at'ah betrai dechilten miani hu dela shev'a ana de'atgehan 'ashr'a 'arq'a
demesnui» - e clama, e diz, vede, depois de mim vem o mais forte que eu, não sou digno para descalçar
suas sandálias.

Umikraza= e clamava.
Hu'= ele.
Ve'amar= e diz.
H'ei= eis.
'at'ah= vem.
Betrai= depois de mim.
Dechilten= o poderoso.
Miani= de mim.
Hu= ele.
Dela= o não.
Shev'a= digno.
Ana= eu
De'atgehan= encurvar-me.
'ashr'a= soltar.
'arq'a= correia.
demesnu= o sapato.

LENDO MARCOS
APORTES PARA a leitura do Marcos aramaico, segue abaixo o estudo de alguns passos. V. vai precisar do
NT nas mãos. Primeiro caps. 1-8, o início: a parte mais antiga de Mc. Depois o fim de Mc, caps. 12-13:

Mc 1,15 - «completou-se a semeadura»

Mc 1,17 - «vos farei pescadores dos filhos dos homens»

Mc 1,40 - «doente» apenas e não ''eczematoso'', supomos que o seja porque JC manda «oferecer o Qorban
pela pureza» -dado em geral por causa de eczemas. A melhor tradução seria «um homem impuro»
simplesmente.

Mc 2,14 - cuidadosa distinção entre pronomes que se referem a si mesmo (omitidos) e a Deus (Ana ana)
além de o fato de que «eu» e «pessoa» são a mesma coisa, a mesma raiz, o mesmo radical Ana - Enasha.
Jesus diz simplesmente, «depois!», aram. Betrai, sem pronome, o que já transmite a idéia de «segue-me».
Como aqui, em muitos outros passos. Quando ensina, contudo, Ana ana, «eu eu», i.e., «Deus é».

Mc 2,17 - um trocadilho com seu próprio nome, jesus = médico = essênio, «os sadios dispensam o jesus,
mas não os servos da doença. Não vim cantar para os santos, mas para os pecadores»; santos = tsadiqa [em
todo o texto, pregar = cantar]. Tzadiq é um conceito super-importante no cerimonial hebraico.

Mc 2,19-22. «Chemera chadith bezeqa chadith» - ''vinho novo odre novo'', em forma de poesia. Esta frase
pode até ser musicada. Chadith = novo.

Mc 2,23-27. «O sábado foi contratado com o homem, mas não o homem contratado com o sábado».
Impossível de traduzir literalmente: «a Aliança foi de Deus com o homem, e não entre Deus e o sábado».

Mc 3,4 - nota, todas as frases em «Jesus disse» são mais arcaicas do que as narrativas em torno das frases.
E de passos em passos o vocabulário em aramaico muda, evidenciando diversos autores já que o aramaico é
um idioma com poucos sinônimos, dificilmente o mesmo autor empregaria termos diversos. «Levar a alma
para a vida ou para a morte?»

Mc 3,23 - pode como «ter poder», ou, «que autoridade o adversário daria a si mesmo para expulsar a si
mesmo»? a imagem ou parábola não é, como parece no texto português, uma briga de 2 espíritos maus um
expulsando o outro.

Mc 3,28.29 - «todos os vossos erros» [infidelidades - um conceito ritual hebraico] «próprios de serem gente
se perdoam»- aqui vemos nitidamente que o grego traduz, pois parece haver um anacoluto aramaico, liter.
«todos os *vossos* erros serão perdoados *aos filhos* dos homens» mas, na verdade, «todos os vossos
erros, decorrentes da inevitabilidade da vossa condição humana, haverá para vós uma segunda
oportunidade quanto a eles» Segue:

«Todos os vossos erros de espírito e de santidade nunca haverá para eles uma segunda oportunidade mas
deverão ser corrigidos para a Eterna Justiça». Um passo obscuro de leitura dificílima onde perdoar =
retorno à justiça. NUNCA haverá para os erros e não ’’nunca para vós’’. De novo o anacoluto, pois [o
erro] «será réu da justiça para sempre» mas a frase inicia com «vossos erros» no vers. 28 fazendo pensar
em «vós sereis réus» mas na verdade tudo muda bruscamente no meio do verso, de «vós» para «eles», os
erros serão, uns perdoados, outros não.

Mc 4,3-34. «O plantador plantou o plantio», um recurso poético de aliteração, i.e., explorar a sonoridade,
«Zarua dezara milta zerá» Faria um efeito enorme no auditório. Num trocadilho, «o semeador do tempo
semeou o tempo» pois em todo o texto, tempo = colheita.

Mc 5,42 - não traduz, obviamente, Talitha qumi mas o editor latino comete um erro, sinal evidente de que
lidava com um texto alheio, e não inventado por ele. O editor interpreta, Talitha = menina e Qumi =
levanta, um erro típico. Talitha = levanta e Qumi = menina, na verdade, adolescente [Qum = desperta].
Levanta! Desperta!, ...mas, em hebraico - Qumi, minha [Y] criança [Qum].

Mc 6,3 - «profeta indigno, só na terra dele, na casa dele e para os irmãos dele». E estamos conversados. Se
o aramaico fosse de tradução como alegam os eruditos, o tradutor ao menos repetiria o grego, em vez de
abreviar.

Mc 6,6 - «saiu de Nazara e percorria ‘castelos’ [sic] em torno, e chamou os seus doze». Nada mais
bandeiroso. De onde o tradutor retiraria este «seus»? nota- passos muito semelhantes repetidos em Mc 3=
Mc 6. Por que?

Mc 7,1 - «alguns escribas fariseus, chegados de Jerusalém, congregaram com ele».

Mc 7,3 - «todos os fariseus da Judeia». Aqui o grego traduz literalmente o aramaico, ap’agoras = Min
suqa, «chegando do mercado». Outro sinal de que o aramaico, não o grego, é o original. Em grego, a frase
exige verbo, em aramaico, Min traz consigo, já, a idéia de movimento.

Mc 8 - A julgar pelas palavras usadas o evento foi espiritual e não físico. As palavras muito alegóricas
sugerem fortemente o ambiente da Yeshiva, a escola judaica. Já que o aramaico não possui muitos
sinônimos, a escolha das palavras revela sempre algo. Por exemplo:

MC 8:7 - «Tinham também profecias, e tendo dado graças, também estas foram manifestadas». Muita gente
boa poderia pensar que aqui nos preocupamos somente com a forma exterior do NT e não com a filosofia
nele contida. A isto sempre respondemos que primeiro trabalhamos o chão, ou seja, o contexto. Depois, o
ensino, no exato momento em que o contexto aponta nesta direção, e não antes. A finalidade é sempre
chegar ao ensino, obviamente, mas, decerto não é chegar ao ensino das escolas tradicionais.

Como em todo o texto, aqui também multidão = sinagoga, «estou aflito por causa da sinagoga, já há 3 dias
comigo, não temos mais ensinamento a dar-lhes (...) como poderemos aqui, sendo nós ignorantes da
Palavra, ensinar-lhes algo? (...) Que mandamento guardais? O do sábado, apenas». Ademais, se formos pela
alegoria aqui fica dito claramente que o ensino moral do evangelho foi escrito durante a vida de Jesus.

MC 8:1 - NAQUELES dias, havendo diversas sinagogas reunidas, e não sabendo mais o que ensinar, Jesus
chama a si os seus alunos, e diz-lhes:

MC 8:2 - estou aflito por causa da sinagoga, já há 3 dias comigo, não temos mais ensinamento a dar-lhes
[ensinei tudo que sabia].

MC 8:3 - Mas se os deixo no desconhecimento da Torah, desfalecem no Caminho, pois alguns deles
possuem doutrinas muito distantes da verdade [ensinei tudo e ainda não basta].

MC 8:4 - E os seus discípulos responderam-lhe: como poderemos aqui, sendo nós ignorantes da Palavra,
ensinar-lhes algo?

MC 8:5 - E perguntou-lhes: que mandamento guardais? O do sábado, apenas.

MC 8:6 - E ordenou à sinagoga que se assentasse no chão [isto é, ele ia ensinar mais - pode ser, «entraram
em meditação»].

E seus alunos explicaram o sábado deles para a sinagoga, do modo como observavam o mandamento.

MC 8:7 - Tinham também profecias, [= ensinos recolhidos em meditação] e tendo dado graças, também
estas foram manifestadas.

MC 8:8 - Grande foi o aprendizado; e destas profecias escreveram O Livro do Repouso. [Que livro será
este???]

Mc 12,44 - «tudo o que era do seu direito ter», aram. Qenina. A viúva deu tudo o que tinha? O texto é mais
forte: deu tudo o que lhe era devido. Abdicou de um direito em favor do próximo.

Mc 13,20 - um trocadilho, por causa dos profetas Nabiei? ...ou dos escolhidos Gabiei? ...ilegível. Deve ser
um trocadilho intencional.

Em todo o texto, fé = verdade, Imuna [imina] raiz m-n radical t-m-n.

Mc 13,24 - «naqueles dias haverá grande opressão».

Mc 13,33 - «enxergar para ver» - Et teiru chazo etetira.

Em todo o texto, tempo = colheita, Zivna.

Em todo o texto, perdoar = retornar, ter uma segunda oportunidade, raiz Shuv. Radicais «voltar». Suv e
«justiça» Qana.

Mc 13,34 - «partiu», i.e., «perdoou sua casa, deu poderes a seus servos», aram. Sultanya = poderes, etc.
[paulo dias].
a
Metanoeite kai pisteuete en toi evangelioi -transformai a mente e perseverai na boa nova (= heb. Berith,
compromisso).
b
Tradução resumida de Marcos segundo o texto arameu da Peshitta. Selecionamos alguns trechos, apenas da parte a
mais antiga deste Evangelho, que abrange os caps. 1-7. Porque este título, O COMPROMISSO? A estante de obras
raras da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro tem um exemplar da Peshitta ou NT em arameu, com texto peculiar e
diferente do comum, editado em 1584 por Benenato, em Paris, mais tarde presenteado aos reis de Portugal. Veio
para o Brasil com D. João VI e ostenta o carimbo da BIBLIOTECA REAL. Em 2002 iniciamos pesquisa textual
sobre a obra, e traduzimos Marcos que, neste texto, chama-se O Compromisso, heb. Berith. Abaixo, alguns trechos
dos caps. Mc 1-6, a parte matricial do evangelista que, no mesmo texto, chama-se YOCHANA.
c
Anunciar, traduzindo por um verbo, bem no ideal do texto semita -os idiomas semitas são intensamente verbais- o
substantivo gr. evangelios ou boas-novas.
d
Jerusalém, em idioma galilaico. Ocorre assim no original; o nome arameu seria Yerussaleim. O hebreu Elohim
ocorre como arameu Elaha no original. O vocabulário desta Peshitta é incomum, cf. Conhecimento = batismo.
e
Um cereal.
f
.Por que este título, O COMPROMISSO? A Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro ostenta, em sua estante de
Obras Raras, um exemplar da Peshitta ou NT em arameu, com texto peculiar e diferente do comum, editado em
1584 por Benenato -Iohannes Benenatum-, em Paris, mais tarde presenteado aos reis de Portugal. Veio para o Brasil
com D. João VI e ostenta o carimbo da BIBLIOTECA REAL. Em 2002 iniciamos pesquisa textual sobre a obra, e
traduzimos Marcos [MARQOS] que, neste texto, chama-se O COMPROMISSO, heb. BERITH. Acima, alguns
trechos dos caps. Mc 1-6, a parte matricial deste evangelista.
g
Original, Diona. Literalmente, “deuses”.
h
Filhos, talvez, do Rabi Ra’uma, citado em outros livros judaicos da época.

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