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Artigo

Por Lucas Tjhio


Cesar Pestana &
Paulo Robson
de Souza

“Não salta, não brinca,


não corre, não faz
festinha para o dono...
NÃO TEM MÚSCULOS!
Como alguém pode
Ensino de botânica voltado
gostar de algo tão
inerte?!” – Msc. Miguel
José Minhoto.
à educação ambiental
Para muitos professores de Ciências e Biologia para a climatização da cidade. Podem ser reco-
do Ensino Fundamental e Médio, é um desafio nhecidas algumas das principais espécies utilizadas
cotidiano despertar em seus pupilos algum interesse na arborização brasileira, e os conceitos de nome
pela Botânica. Não é à toa. Plantas geralmente não científico, fenologia e as famílias botânicas mais
são dotadas do carisma e da grande capacidade de importantes, cada uma com suas principais
movimentação concedida aos animais. Porém, mais características. Existem, no Brasil, guias de
do que despertar o interesse dos alunos pelo estudo identificação das árvores plantadas em determinadas
das plantas, é urgente estimular os estudantes na cidades contando com ilustrações e informações
aplicação deste conhecimento para atuar na científicas, sendo que a escola ou o professor seriam
conservação e preservação ambiental. Este breve os responsáveis por adquirir um exemplar desse
artigo vem propor estratégias e sugerir idéias para material. Em Campo Grande, MS, Pestana e Sartori
que a Botânica aplicada à educação ambiental possa (2006) efetuaram um levantamento das principais
ser utilizada em escolas de Ensino Fundamental e espécies arbóreas utilizadas na arborização da porção
Médio, na região da Bacia do Apa. central desta cidade e elaboraram uma chave de
Uma estratégia inicial é fazer com que os identificação (um recurso que permite a pronta
estudantes enxerguem a importância econômica dos identificação das espécies por meio de ques-
vegetais. Isso pode ser feito trazendo-se para a sala de tionamentos do tipo “sim ou não”) para as mesmas.
aula frutas, legumes e verduras, fazendo uma Projetos similares podem ser desenvolvidos em
divertida aula de culinária (com direito aos alunos outros municípios, e os trabalhos já realizados,
comerem o material de estudo!) acompanhada de utilizados como base parcial para as aulas.
explicações sobre os tipos de vegetais. Por exemplo, Nessa etapa, é importante destacar detalhes
pode-se explicar qual a diferença, em termos de fruto aparentemente sem importância, porém funda-
(na linguagem botânica), entre um abacaxi, um mentais na identificação botânica, tais como:
abacate, um caju e uma maçã. Nesta fase, já é possível características da folha (formato, tipo de borda, ponta
apresentar aos alunos conceitos de órgãos vegetais e e base, pilosidade, etc.), da flor (coloração, número
seus tipos. de pétalas, estames e carpelos, tipo de flor ou
Depois, pesquisar vegetais úteis em outras áreas inflorescência – isto é, agrupamento de flores –, etc.),
que não a alimentação pode enriquecer a aula. Por do tronco ou caule (textura, diâmetro, eventuais
exemplo, visitas a uma praça ou ruas bem arborizadas marcas no caule, etc.), presença de látex (o “leite” que
da cidade podem ser muito úteis para que os escorre de algumas plantas), arquitetura da copa,
estudantes reconheçam a importância das árvores arranjo das folhas nos ramos, etc. Caso a escola, o
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professor ou alguns alunos disponham, é interessante
que sejam levados para o trabalho lupas, tesouras de Algumas sugestões para uma
poda e sacos plásticos resistentes e transparentes,
para melhor observação do material botânico e integração interdisciplinar
possível coleta para análise mais detalhada na escola.
• Português: origem e efetuar cálculos pluviométricos
Finalmente, podem ser feitas visitas a reservas, significado indígena dos nomes e outros estudos relativos ao
fazendas próximas e parques florestais, caso estes populares das plantas e animais clima da região (Matemática);
existam, para que plantas nativas da região possam da região; levantamentos de identificar a localização da área
lendas, histórias, contos e estudada no contexto da bacia
ser observadas em seu habitat natural. Deve-se poesias regionais; explorar a hidrográfica a que pertence.
explicar, então, porque as espécies nativas são língua latina (possível trabalho • História: execução de uma
importantes para o bioma local, apesar de talvez não conjunto com professores de pesquisa histórica da região,
inglês, espanhol e outras focada tanto no aspecto
serem tão saborosas quanto as frutas cultivadas – línguas); lendário, quanto na ocupação
exceto, é claro, os deliciosos frutos nativos – ou tão • Matemática: cálculo da área pelos indígenas, colonizadores
bonitas quanto as árvores da cidade. de figuras regulares e e na devastação da mata
irregulares (p.ex., capões); original (caso estes eventos
Nessa fase, conceitos básicos de ecologia, como a estimativa da altura de árvores tenham ocorrido na área);
inter-relação entre os vegetais e a fauna local e a ou rochedos; média aritmética identificar as espécies vegetais
importância dessas plantas para o clima da cidade (p.ex., número médio de que tiveram importância
arbustos em certa área) e econômica no passado – por
podem ser explorados, preparando os alunos para um ponderada, cálculo de exemplo, a erva-mate e o
efetivo trabalho de campo. superfície e volume; quebracho-vermelho na Bacia
• Geografia: localizar em do Apa.
mapas do Brasil e do estado a • Física e Química: física
Passeando no matagal região explorada; identificar os aplicada aos fenômenos
Espera-se que os alunos já tenham tido principais cursos d’água da naturais; pigmentos vegetais.
região; planejamento conjunto •Artes: elementos de desenho
considerável interesse pela Botânica no desenvol- de professores e alunos das em 2D e 3D; rudimentos de
vimento das atividades anteriores. Agora vem o grand trilhas a serem percorridas; ilustração científica e botânica;
finale. A visita efetiva a um remanescente de Cerrado busca por tipos de erosão; pigmentos vegetais (Química).
ou Pantanal. Essa certamente será a etapa mais
Recomenda-se a leitura da Coleção Valorizando a
complicada, pois exigirá comprometimento e certo Biodiversidade no Ensino de Botânica (Editora UFMS, 2006). O
auxílio financeiro por parte da escola, professor(es), livro Contextualizando a Botânica mostra como identificar e
pais e alunos. É necessário que tudo seja combinado armazenar plantas e Síntese de Poesia apresenta poemas dedicados
às plantas em geral e às formações vegetais do Mato Grosso do Sul.
com a máxima antecedência possível, para que as Outra opção é o livro A Botânica no Ensino Básico: relatos de uma
outras matérias não sejam muito prejudicadas. Uma experiência transformadora (RiMa, 2006). Veja também no site
www.redeaguape.org.br/penaagua as referências deste artigo e um
excelente sugestão é que o projeto seja arquitetado da poema para trabalhar em sala de aula.
forma mais interdisciplinar possível, abrangendo e
combinando o máximo de disciplinas, para que estas Extraindo a poesia vegetal
não venham a ser prejudicadas em detrimento da aula Que tal fechar as atividades associando Botânica
de campo de Ciências/Biologia – até porque a e Literatura? Ao final das atividades acima propostas
vegetação é, também, objeto de estudo de outras os alunos podem desenvolver, durante as aulas de
disciplinas, tais como Ecologia e Geografia (veja no Ciências/Biologia, inclusive com a participação da
quadro sugestões para disciplinas distintas). disciplina de Língua Portuguesa, um conjunto de
Uma excelente proposta apresentada pelo atividades relacionando o conhecimento científico
WWF-Brasil e Instituto Ecoar é a atividade “Para acerca de determinada planta e poemas que abordem
que serve esta planta”. A idéia é fazer com que os a natureza (veja sugestão de livro no quadro). Um
alunos pesquisem, por conta própria, plantas de uso poema narrativo pode ser declamado pelos alunos, ou
comum na região, por meio de entrevistas com a cantado como moda de viola, seguindo-se um
população local e coletas e preparo de pequenas trabalho de exploração / identificação dos conceitos e
coleções botânicas. O material botânico coletado conteúdos. Provavelmente, a leitura e discussão de
deve ser armazenado em um local seco e fresco, para poemas permitirão um leque mais amplo de respostas
que os alunos possam estudá-lo subseqüentemente. à questão inicial: “Como alguém pode gostar de algo
Outra boa idéia é programar a visita a um tão inerte?”.
herbário (uma “biblioteca ” de plantas conservadas e Lucas é biológo e mestrando em Biologia
Vegetal/UFMS. Paulo Robson é professor de Prática
classificadas) de instituições de pesquisa. de Ensino, do Departamento de Biologia da UFMS

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