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James Farris
Em preparação.
Palavras-chave: Em preparação.
ABSTRACT
In preparation.
Keywords: In preparation.
RESUMEN
En preparación.
Palabras clave: En preparación.
57
[Edição original página 83]
logia, de uma perspectiva neolibe-
ral, ou não é funcional
Fazer a pergunta “O que é Teologia [Edição original página 83/84]
Prática” é entrar num campo vasto
e complexo. Para começar, é fun- ou é de importância apenas em
damental a identificação de quem termos de sua função social. Nessa
está levantando a pergunta e quem perspectiva, a Teologia Prática é
está respondendo. Por exemplo, vista ou como uma contradição to-
um psicólogo, sociólogo ou filósofo, tal, ou como um instrumento pu-
sem nenhuma inserção na Igreja, ramente social. A cultura neoliberal
vai entender esta pergunta de ma- faz a pergunta: “Uma disciplina po-
neira totalmente diferente de um/a de ser prática, sem ser instrumen-
pastor/a ou um/a teólogo/a com tal?” A resposta é, quase sempre,
raízes profundas na fé cristã. “Não”. Prático, nesse contexto, sig-
No campo cultural, há considerável nifica eficiente, como definido por
dúvida sobre a palavra “Teologia” e mercados econômicos ou pelo
a tarefa teológica. A teologia é pragmatismo.
chamada “superstição sistematica- Por essas razões, este ensaio não
mente articulada” por algumas pes- vai lidar com as categorias de
soas nas “ciências exatas”.1 Dentro questões e abordagens apresenta-
de certas partes da cultura moder- das pelos contextos seculares, ou
na, a teologia é vista freqüente- culturais, num sentido amplo. Este
mente como algo que pertence ao trabalho vai destacar o mundo da
passado. Não pertence ao mundo Igreja, ou das tradições religiosas e
da “ciência”. É um mistério que, às suas perguntas e dúvidas sobre o
vezes, é posto na mesma categoria lugar e a identidade da Teologia
como a alquimia ou a astrologia. Prática. Não obstante, muitas pes-
Quando a palavra “Prático” é acres- soas dentro de tradições religiosas
centado a “Teologia” o efeito é algo não têm idéias claras sobre o lugar
como “Alquimia Prática” ou “Astro- ou a identidade da teologia. Dentro
logia Prática”. Na pior das hipóte- de muitos contextos religiosos, a
ses, dentro da cultura moderna ou teologia é freqüentemente vista
pós-moderna, a Teologia Prática é como “algo” abstrato e teórico “fei-
compreendida como “superstição to” por outras pessoas, normal-
sistematicamente articulada, que é mente um grupo de elite. A Teolo-
prática”. gia Prática, como disciplina teológi-
A cultura neoliberal que influencia a ca formal, é quase desconhecida ao
visão do mundo dominante é alta- nível da igreja local. Na melhor das
mente instrumental. A atitude fun- hipóteses, ouvindo o termo Teolo-
damental por trás dessa atitude e- gia Prática as pessoas em igrejas
conômica — cultural — filosófica é locais pensam na Educação Cristã,
focalizada para resolver problemas. ou no Aconselhamento Pastoral.
Por isso, qualquer disciplina que Nesse sentido, a Teologia Prática é
não tenha interesse na eficiência, limitada às disciplinas ministeriais.
na solução de problemas práticos, O propósito deste trabalho é ofere-
ou no lucro, é desvalorizada. A teo- cer um curto resumo da história e
do estado atual da Teologia Prática,
a fim de informar melhor as comu-
1
Don BROWNING, A Fundamental Practical The- nidades da Igreja e da academia
ology, Minneapolis, Augsburg: Fortress,
1991, p. 4.
sobre sua função e identidade. A
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te, essa visão geral das disciplinas cluiu questões de exegese, mas o
teológicas dominou as relações en- problema central era prático.
tre as diversas escolas de teologia.
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Em termos históricos, essas divi-
sões da teologia são relativamente Outra dimensão da discussão teo-
recentes. Uma das convicções inici- lógica na Igreja Primitiva foi os
ais da Igreja Primitiva era que a vi- apologéticos. Como a Igreja deve-
da dos crentes deveria ser orienta- ria tratar pessoas que questionam
da por uma visão básica do mun- ou rejeitam convicções e práticas
do.3 Como fazer isso era entendido Cristãs? Esse debate envolveu as-
como uma das tarefas centrais na suntos puramente filosóficos e prá-
vida da Igreja. Embora o termo ticos, mas o tópico central era co-
teologizar não fosse usado nesta mo comunicar a mensagem do E-
época, o processo e o seu conteúdo vangelho. A visão Cristã do mundo
representam o berço da teologia era diferente das Religiões de Mis-
cristã. tério e das várias escolas de filoso-
Essa convicção da importância de fia. Essas diferenças geraram deba-
formar uma visão básica do mundo tes teóricos, ou filosóficos, que e-
estava relacionada com a idéia de ram, sem dúvida, abstratos. Po-
Paulo de ter a mente de Cristo e rém, o tópico central que marcou a
criar os frutos do Espírito. Isso não discussão era como comunicar o
só envolveu a aceitação intelectual Evangelho à cultura circunvizinha.
da fé Cristã, mas, também, a expe- Em outras palavras, enquanto o
riência emocional e o comporta- debate teológico e filosófico era in-
mento certo. Esta visão do mundo tenso, seu ponto de começo e pro-
não existia em indivíduos, ou não pósito último era prático. Esse de-
era implantada na hora da conver- bate não foi dirigido exclusivamen-
são; uma das tarefas centrais da te aos não-crentes. As mesmas
Igreja era formar essas convicções, perguntas levantadas por pessoas
sentimentos e comportamentos. fora da fé estavam sendo levanta-
Por isso, foi prestada grande aten- das por pessoas dentro da Igreja. A
ção a tais coisas como hinos, litur- pergunta sobre como Jesus poderia
gias, manuais espirituais de disci- ser Deus e homem era central. Es-
plina e material educacional.4 Estes sa era uma questão abstrata e prá-
assuntos práticos iniciais geraram tica, ou espiritual. Por exemplo, a
debate em termos de como formar idéia de Jesus como Logos entrou
a mente de Cristo nos crentes, bem na religião Cristã como uma forma
como a suficiência do material edu- de comunicar o ser de Jesus na lin-
cacional, e como essa visão do guagem Neo-Platônica. Essa ima-
mundo, a mente de Cristo, deveria gem ajudou a comunicação entre a
se manifestar. Conseqüentemente, comunidade Cristã e a cultura e a
a primeira reflexão intencional, ou formar a fé dos crentes. Tudo foi
sistemática, teológica na Igreja orientado, direta ou indiretamente,
Cristã tratou de assuntos práticos para o entendimento da fé, ou vi-
ou espirituais. Obviamente, isso in- são do mundo Cristão, da mente de
Cristo, e sua formação. A teologia
era profundamente prática. Havia
3
Randy MADDOX, “Recovering Theology as a
pouca ou nenhuma separação entre
Practical Discipline: A Contemporary Agen- a teoria e a prática.
da”, Theological Studies 51 (1990): 650-672.
4
MADDOX, p. 655.
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ção da subseção sobre a Teologia a vida Cristã, a mente de Cristo, na
Espiritual da seção sobre a Teologia Igreja Primitiva, se tornou uma dis-
Prática. O resultado era a identifica-
ção da Teologia Prática com a Teo- ciplina limitada aos aspectos técni-
logia Moral.5 cos do ministério.
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logo com as realidades divinas e Uma questão fundamental à Teolo-
culturais. Essa realidade, também, gia Prática é: “Que método é ade-
levanta a pergunta sobre a possibi- quado para essa tarefa?” Em ter-
lidade de separar as realidades di- mos amplos, a teologia pode ser
vinas e culturais, mas essa pergun- entendida como um diálogo mutu-
ta está fora do alcance desta dis- amente crítico entre interpretações
cussão. da mensagem Cristã e interpreta-
Neste momento, vale levantar uma ções de experiências e práticas cul-
série de perguntas. Por que prestar turais contemporâneas.9 Em outras
tanta atenção aos contextos cultu- palavras, a teologia Cristã é um di-
rais? Por que não proclamar, sem álogo crítico entre as perguntas
outras preocupações, o Evangelho? implícitas e as respostas explícitas
Nós temos nossos textos e tradi- do Cristianismo e as perguntas ex-
ções sagradas. Nós temos nossas plícitas e as respostas implícitas de
convicções e credos fundamentais. experiências e práticas culturais
A missão da Igreja é proclamar o contemporâneas. Em vez de a cul-
Evangelho. Por que não gastar tura moderna levantar as pergun-
mais tempo com o divino do que tas e a teologia prover as respos-
com o cultural? Por que não gastar tas, como em Paul Tillich, Tracy re-
mais tempo proclamando o absolu- conhece que a cultura e a teologia
to do que prestar atenção ao relati- fazem perguntas e oferecem res-
vo? postas. Isso exige um diálogo críti-
Outro modo de levantar estas per- co entre a cultura e a teologia.
guntas é: “Por que não separar o Esse método pode evitar os extre-
Sagrado do Profano”? Como todo o mos da Teologia Prática dedutiva,
conhecimento humano acontece no ou indutiva. A teologia dedutiva
diálogo, nós não podemos separar começa com os princípios eclesioló-
o Sagrado do Profano. Nós não po- gicos e os aplica a situações ou
demos separar o Cristo da Cultura. contextos práticos. A teologia indu-
Outra resposta é que Deus ama tiva começa com o contexto cultu-
contextos seculares e comunidades ral, colocando a situação imediata
de crentes. A Igreja é “O Povo de num papel central, para mudar a
Deus”, mas esses mundos, tam- ação da Igreja. Esse é o modelo
bém, são “O Povo de Deus”. Qual- mais usado pelas Teologias da Li-
quer visão do mundo secular que bertação. Em diversas Teologias da
ignore ou rejeite essa verdade bá- Libertação, a situação da pobreza
sica é superficial e viola o espírito financeira provê o ponto de partida
do Cristianismo. Por isso, quando da reflexão teológica. A tarefa é
nós falarmos da vida no contexto usar a análise estrutural para clari-
da Igreja, nós temos que reconhe- ficar a situação de opressão, e a-
cer sua realidade divina e cultural, profundar essas perspectivas atra-
no mesmo momento. Outro modo vés da sabedoria do Evangelho. O
de dizer isso é que a Igreja está si- objeto dessa análise e reflexão é
tuada em um contexto só, a cria- ajudar a Igreja a agir de modos
ção, mas dentro desse contexto, mais efetivos e fiéis.
Deus fala na voz da cultura e na
voz do transcendente.
[Edição original página 92/93] 9
David TRACY, “The Foundations of Practical
Theology”, in Practical Theology, ed. Don
Browning, San Francisco, Harper and Row,
1983.
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mente, a Teologia Prática examina [Edição original página 95/96]
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Os modelos teológicos deveriam conteúdos e implicações sexistas e
ser influenciados pela experiência e cognitivos. Entretanto, a esperança
ação concretas. Como esses objeti- e a sabedoria comuns que essas
vos e idéias são atualizados no frases representam não são rejei-
mundo real será o tópico da próxi- tadas. A pergunta central é como
ma seção. atualizar a fé, a esperança, o amor,
a justiça, o respeito, a comunidade
e a integridade que existem atrás,
Conclusões dentro e além dessas imagens? A
melhor maneira de fazer isso é a-
través da reflexão da experiência
A Teologia Prática oferece a possi- vivida. O que significa o Reino de
bilidade de criar pontes entre dife- Deus e a Mente de Cristo no mundo
rentes perspectivas dentro da Igre- de hoje? Quais formas tomam no
ja e entre a Igreja e a cultura. En- século vinte e um?
tretanto, a Teologia Prática oferece
[Edição original página 98/99]
mais que um espaço para o diálogo
entre perspectivas diferentes. Seu
Como foram pervertidos para servir
propósito original era formar a
e satisfazer às necessidades ego-
Mente de Cristo. Por essa razão, a
cêntricas? Que ações melhor ex-
Teologia Prática oferece mais que
pressam suas intenções subjacen-
uma zona neutra onde as opiniões
tes? Como podem ser atualizados
diversas podem ser formuladas,
de modo que respeitem a diversi-
podem ser expressas e podem ser
dade, promovam a tolerância e sir-
criticadas. Esse diálogo crítico é
vam à justiça? A Teologia Prática
fundamental, mas não é um fim em
levanta essas, e outras perguntas,
si mesmo. A meta da Teologia Prá-
não só dentro do contexto e da lin-
tica é descrever, analisar, interpre-
guagem da fé Cristã, mas também
tar e propor ação com a meta de
dentro de culturas. As metas e os
contribuir para a vinda do Reino de
métodos da Teologia Prática procu-
Deus, ou para a formação da Mente
ram responder essas e muitas ou-
de Cristo. Embora esses dois con-
tras perguntas mediante o diálogo
ceitos tenham muitas interpreta-
crítico a serviço da sabedoria práti-
ções que freqüentemente entram
ca. A Teologia Prática não é nem
em conflito, eles continuam a ser
“superstição sistematicamente arti-
valiosos porque indicam metas e
culada, que é prática”, nem Teolo-
crenças, ou metáforas, comparti-
gia Sistemática aplicada. É um
lhadas pela comunidade Cristã. São
campo distinto da teologia que con-
símbolos fundamentais que formam
tribui para a Teologia Cristã, para a
e expressam ideais e esperanças.
vida da Igreja e para a transforma-
Alguns teólogos práticos rejeitam
ção do mundo.
esses conceitos por causa de seus