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(trechos escolhidos)
De: Carlos Alberto Montaner
– Os liberais acreditam que o Estado foi criado para servir ao indivíduo, e não o
contrário. Os liberais consideram o exercício da liberdade individual como algo
intrinsecamente bom, como uma condição insubstituível para alcançar níveis ótimos de
progresso. Dentre outras, a liberdade de possuir bens (o direito à propriedade privada)
parece-lhes fundamental, já que sem ela o indivíduo se encontra permanentemente à
mercê do Estado.
Os liberais têm certas idéias – ratificadas pela experiência – sobre como e por que
alguns povos alcançam maior grau de eficiência e desenvolvimento, ou a melhor
harmonia social, mas a essência desse modo de encarar a política e a economia repousa
no fato de não planejar de antemão a trajetória da sociedade, mas em liberar as forças
criativas dos grupos e dos indivíduos para que estes decidam espontaneamente o curso
da história. Os liberais não têm um plano que determine o destino da sociedade, e até
lhes parece perigoso que outros tenham tais planos e se arroguem o direito de decidir o
caminho que todos devemos seguir.
Quando as pessoas, atuando dentro das regras do jogo, buscam seu próprio bem-estar
costumam beneficiar a coletividade. Não há estímulo mais positivo para a economia do
que a atividade incessante dos empresários e industriais que seguem o impulso de suas
próprias urgência psicológicas e emocionais. Os benefícios coletivos que derivam da
ambição pessoal superam em muito o fato, também indubitável, de que surgem
diferenças no grau de acúmulo de riquezas entre os diferentes membros de uma
comunidade.
A principal função do Estado deve ser a de manter a ordem e garantir que as leis sejam
cumpridas. A igualdade que os liberais almejam não é a utopia de que todos obtenham
os mesmos resultados, e sim a de que todos tenham as mesmas possibilidades de lutar
para conseguir os melhores resultados. Nesse sentido, uma boa educação e uma boa
saúde devem ser os pontos de partida para uma vida melhor.
Porém, o fato de que o governo tenha tamanho reduzido não quer dizer que ele deva ser
débil. Pelo contrário, deve ser forte para fazer cumprir a lei, manter a paz e a concórdia
entre os cidadãos e proteger a nação de ameaças externas.
Os liberais preferem que essa responsabilidade (a de lutar pela justiça social) repouse
nos ombros da sociedade civil e se canalize por intermédio da iniciativa privada, e não
por meio de governos perdulários e incompetentes, que não sofrem as conseqüências da
freqüente irresponsabilidade dos burocratas ou de políticos eleitos menos cuidadosos.