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Telma Barros

Solidão, Desamparo e
Criatividade
Telma Barros*

Resumo: A autora apresenta uma abordagem do tema da solidão em


suas diferentes acepções, enfocando sua dimensão positiva e aspectos
de sofrimento e dor que se fazem presentes na experiência humana. No
texto, o afeto da solidão é analisado nos planos da vida individual e
coletiva revelados no âmbito da cultura e da clínica cotidiana. O traba-
lho ressalta a importância da criatividade e do processo de criação na
relação analítica, como recurso para a elaboração dos processos emoci-
onais associados ao sentimento de solidão. Com o objetivo de estabele-
cer uma relação entre a solidão e a criatividade, a autora utiliza-se do
conceito de resiliência e a título de ilustração alude ao filme “Amelie
Poulain”, para expor suas idéias sobre o assunto.
Palavras-chave: Desamparo. Patologias do Vazio. Holding. Resiliência.
Criatividade.

“Uma vida só pertence à pessoa que a vive. Eis a soli-


dão em que estamos encerrados, como em um quarto,
como em um crânio, onde nossos pensamentos, por
mais que viajem, sempre nos trazem de volta a nós
mesmos.” Paul Auster.

Em relação ao tema da solidão e desamparo, a literatu-


ra nos oferece produções que focalizam esses conceitos em
suas diferentes acepções. Encontramos, pois, referências na
psiquiatria, psicologia, filosofia, sociologia e em outras
ciências.

* Membro Efetivo e Analista Didata da SPR. Diretora Científica da Associa-


ção Brasileira de Psicanálise – ABP. Diretora de Difusão e Extensão do Insti-
tuto Latinoamericano de Psicoanálisis – ILAP.

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SOLIDÃO, DESAMPARO E CRIATIVIDADE

Historicamente, há uma busca de compreensão da solidão em suas


múltiplas formas, significados e estados afetivos. Nos últimos tempos, as-
sistimos a uma proliferação de livros, artigos, eventos científicos, debates,
etc., acerca de temas como sofrimento psíquico, desamparo, tédio, vazio,
violência, separação, perda, luto. Tal fato parece traduzir a necessidade de
analisar, tanto no campo da subjetividade individual como campo social, a
manifestação dessas vivências na contemporaneidade.
Nessa direção, o afeto da solidão, fundamental na dinâmica psíquica,
vem sendo intensamente investigado em seu papel na clínica cotidiana e
nas diversas manifestações de nossa cultura. O cenário que se apresenta na
atualidade vai da superficialidade e indiferença, por parte de alguns, em
relação aos aspectos da subjetividade humana, à visão catastrófica, por par-
te de outros, de caos e falência total do que caracteriza o humano.
É incontestável que vivemos tanto rupturas das condições básicas da
existência como a potencialização de fragilidades subjetivas. Podemos des-
tacar fatores como a perda de referenciais e o desaparecimento de muitos
dos valores historicamente consolidados, fundamentais à vida humana.
Juntamente a eles, a quebra dos limites e suas conseqüências, tais como a
perda de segurança, a ausência de suportes vinculares e de suficiente
maternagem, o temor aos vínculos afetivos e a evitação do pensar, assim
como crises econômico-político-sociais. Além disso, convivemos com cri-
ses de crenças e ideologias, incremento da violência, da competição, do
individualismo e do imediatismo. São elementos da nossa cultura, nomea-
da “cultura do narcisismo”, “pós-moderna”, “cultura do espetáculo”.
Certamente essas manifestações são conhecidas e nos inquietam. Em
sua ação insidiosa, em alguns aspectos, e violenta, em outros, invadem não
só nossas vidas e nossos consultórios como as instituições, propiciando
patologias. Precisamos pensar acerca dos modelos vigentes, sobre a noção
de mundo e de vida que estamos construindo, e que deixaremos para as
próximas gerações, cumprindo assim nosso papel no ciclo vital.
À medida que estamos inseridos nesse contexto e somos atingidos
pessoal e profissionalmente, somos convocados a lançarmos mão do

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arcabouço teórico de que dispomos e a fazermos uso do importante instru-
mento que nos foi legado por Freud – a Psicanálise – em sua vocação revo-
lucionária, transformadora e criativa, de resgate da subjetividade, do senti-
do do humano.
Mergulhado na voracidade do cotidiano, o homem atual, empenhado
em providenciar o consumo imediato e em desfrutar sem limites o presen-
te, tem com freqüência negligenciado o futuro e atuado ansiosamente num
padrão infantil de intolerância à frustração e culto ao hedonismo. Nessa
perspectiva, por vezes, torna-se secundário o exercício das funções paterna
e materna, com conseqüente prejuízo à assistência à infância e à adolescên-
cia dos filhos, os quais costumam manter um contato limitado com os pais
e repetem o comportamento individualista, tentando impor a satisfação de
seus impulsos, desejos e necessidades. Com o avanço tecnológico e as
mudanças no ambiente familiar, cada um habita um espaço isolado dos
demais, ao qual têm acesso a TV, o vídeo, o som, o computador, o telefo-
ne...
Tomado por um ritmo meteórico, em busca de poupar tempo, o ho-
mem atual segue sem pensar, construindo uma vida cada vez mais isolada.
Perguntamos, então: poupar tempo para quê? Para trabalhar mais e gerar
maior distanciamento, isolamento e solidão? Nesse contexto, tudo precisa
ser fast: a alimentação, a convivência, as relações.
Em um cenário de perda progressiva de liberdade, o homem vem-se
tornando marionete, sob o comando de um padrão patológico imposto à
sua existência. Aos poucos, o espaço para a construção de uma produção
coletiva se restringe, como, por exemplo, a produção artística. Esta exige
tempo, continuidade, paciência e disciplina, e sempre cumpriu um papel
importante no funcionamento físico e emocional, contribuindo para o de-
senvolvimento da capacidade criativa e o proveito das próximas gerações.
Pouco a pouco, essa capacidade de convivência foi sendo desmonta-
da. Se, por um lado, sabemos da importância do lúdico, da capacidade de
fruir para a criança, por outro verificamos que, no momento, esta é estimu-
lada a tornar-se um ser pragmático, a não ter o necessário acesso à diversão

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compartilhada e espontânea, ao mundo da imaginação, do mito, da fábula,


da criação. Em decorrência, observamos que a sofreguidão em busca de
contato se faz presente de forma ansiosa nas crianças, nos adolescentes e
adultos, enquanto teclam o computador, ouvem música, falam no celular,
comem, etc. Sabemos que, para o ser humano, é fundamental a possibilida-
de do contato. Daí a interrogação: não estaria o homem atual negligencian-
do justamente o contato, a subjetividade?
Na prática clínica, acompanhamos pacientes que exteriorizam seus
sentimentos de solidão, isolamento e desamparo através de vivências de tal
magnitude que, por vezes, estabelecem, na relação transferencial, situa-
ções de impasse de difícil elaboração. Confrontamo-nos com solidões
desestruturantes, desesperança melancólica, sentimento mórbido de soli-
dão. Através dos pacientes fazemos contato com diferentes contextos de
solidão. Como relatos que expressam a aguda situação de desamparo vivi-
da por pessoas com estrutura narcísica, tão freqüente na clínica atual.
Na fala de um paciente é possível observar o sentimento referido:
– “Me sinto como um astronauta solto no espaço, sem nenhuma cone-
xão, sem nenhum cabo que possa me ligar à nave mãe... perdido...”.
O discurso de pacientes adotados também contribui de forma signifi-
cativa para a abordagem do tema da solidão e do desamparo, a partir das
experiências emocionais associadas à questão da origem, ao sentimento de
pertencimento, à construção de vínculos e, sobretudo, às questões ligadas
às vivências de separação e de estabelecimento de uma identidade consis-
tente.
Presentes também na literatura e na prática clínica estão as vivências
de solidão das diversas estruturas neuróticas e a do psicótico. No contexto
transferencial são particularmente intensas as vivências de angústia em
pacientes com funcionamento primitivo que apresentam um padrão
simbiótico de indiferenciação e que se sentem constantemente ameaçados
em sua sobrevivência emocional diante da mais breve experiência de sepa-
ração.
Algumas situações de separação e solidão são vividas de forma aguda

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por pessoas que buscam no outro um olhar reassegurador da própria exis-
tência. Para elas, o outro não é apenas uma companhia, mas alguém do
qual dependem para sentirem-se inteiros e vivos. Nesses casos, a solidão
apavora, ameaça e desorganiza, podendo propiciar depressões. São casos
em que a solidão se funde com a dor, e o indivíduo experimenta o mais
profundo desamparo, estando aprisionado na concretude da falta. Nesses
casos, como comenta Assoun, “a solidão não é, portanto, simples priva-
ção, ela é hipersensibilidade à ausente presença do outro” (1998, p.80).
Destaca-se, na clínica atual, uma crescente busca por pessoas cuja
queixa manifesta mostra-se relacionada às chamadas “patologias do va-
zio”. A título de ilustração, farei alusão a um filme, referido por diferentes
pacientes que expressam aspectos de identificação com a personagem pro-
tagonista. Aspectos ligados, principalmente, ao profundo desconhecimen-
to de si próprios e ao conseqüente sentimento de insegurança e
inadequação, especialmente por parte de alguns jovens, que expressam di-
ficuldades frente à construção de uma identidade própria e de um projeto
de vida.
Tais inquietações estão associadas às experiências afetivas, à auto-
estima e às escolhas inerentes à fase que antecede a vida adulta. Por vezes,
essas vivências vinculam-se à depressão e constituem um risco importante,
que exige um olhar atento, uma focalização da angústia e, em especial, a
criação de um espaço de contenção, a partir do qual possa ser criada a
possibilidade de novos contatos com o mundo interno e ressignificadas
experiências que possibilitem a melhor utilização dos recursos emocio-
nais.
No filme “O fabuloso destino de Amélie Poulain”, de Jean-Pierre
Jeunet retrata-se a história de uma jovem parisiense tímida, frágil e solitá-
ria, que viveu uma infância com muitas dificuldades e tornou-se órfã de
mãe muito cedo. Cresceu com poucos contatos com o mundo exterior, em
relação ao qual estabelecia uma atitude voyeurista, como expectadora da
vida das demais pessoas. A personagem encontra uma forma de introduzir-
se no mundo vivenciado de forma projetiva a partir da motivação de tentar

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melhorar a vida dos outros. Mudar a própria vida não se apresentava a ela
como uma possibilidade, antes dessa experiência.
O cenário revela um contexto de vida que encontramos com freqüên-
cia em nossos dias: jovens e adultos que não sabem como preencher o
vazio da própria existência, como encontrar um sentido para a vida, uma
forma de inclusão que os resgate da situação de risco em que vivem. É
preocupante o crescente número de casos de depressão e suicídio, e fre-
qüentes queixas de sensação de infelicidade continuada em pessoas que
sequer conseguem identificar a origem de seu desconforto.
Embora com certa reserva quanto ao encaminhamento dado pela per-
sonagem em suas tentativas de ajudar aqueles que, em sua percepção, ne-
cessitavam de auxílio, podemos considerar que suas ações sinalizam uma
direção sobre a qual podemos refletir.
A personagem Amélie Poulain pode ser vista como alguém que vivia
em solidão e desamparo, uma existência desvitalizada, olhando o mundo
de forma passiva. Encontrou a atividade e o contato com sua própria vida,
a partir do movimento em direção ao outro. Com seus recursos, de forma
criativa, desenvolveu ações que a ajudaram a combater o isolamento e a
abrir portas para o contato, ou seja, para o encontro com o outro. A perso-
nagem, identificada com as carências e dificuldades das pessoas ao seu
redor, procurou interferir nas suas vidas através de ações anônimas e con-
cretas. Sabemos que as mudanças internas não se processam por essa via,
mas podemos focalizar um ângulo que a história nos oferece.
Teoricamente, podemos lançar mão de certas noções e conceitos que
contribuem para a elaboração dessas idéias, como, por exemplo, o de
“Resiliência”. Este, quando focalizado do ponto de vista psicanalítico, em
termos de “catástrofe subjetiva”, remete-nos a alguns contextos do nosso
cotidiano e à constatação da importância da existência de vínculos que en-
volvam aceitação incondicional – um ocupar-se e preocupar-se com o ou-
tro. Em termos winnicottianos, trata-se de uma situação de holding, através
da qual se estabelece uma relação saudável e estruturante. As investigações
mostram que, no campo da resiliência, é possível identificar uma pessoa

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que tenha exercido essa função, ou seja, voltado o olhar na direção do indi-
víduo em situação de resiliência, tal como podemos considerar a persona-
gem do filme, ao tentar criar na vida das pessoas a idéia de alguém que lhes
dirigia um olhar de reconhecimento.

Para a sobrevivência, precisamos todos de um mínimo marco


referencial interno, bons objetos introjetados. Se sofrermos a perda
desse marco e das condições básicas de existência cotidiana, nos vere-
mos mergulhados na sensação de vulnerabilidade, desamparo e sofri-
mento psíquico, e a ação de pulsão de morte se faz presente; ou seja,
precisamos do investimento que possibilita ligações. (BLANK-
CEREIJIDO, 2004).

Somos seres que precisamos do outro para existir como humanos. Se


nos falta ajuda, afeto, proteção, acolhimento, contenção, sentimo-nos de-
samparados.
Sabemos que a constituição de uma criança resulta de um processo de
articulação com um outro significativo que possa prover todos os cuidados
necessários do ponto de vista físico e emocional, e que estes ocorram em
um contexto relacional de acolhimento, suporte e contenção. Condição
essa que favorece o estabelecimento de uma confiança básica que sobrevi-
ve à ausência do outro. Assim, tanto a vida psíquica como a biológica só
podem vir de outra vida. Nossos contornos e definições são adquiridos em
relação à imagem que captamos do outro, ora a dele, ora a nossa.
Na experiência emocional a dois, os fatores estruturais e estruturantes
da vida mental se constituem a partir das pulsões, fantasias, emoções, sen-
timentos e pensamentos, seja no âmbito da experiência analítica ou da his-
tória psicossexual de cada ser humano. Se considerarmos a possibilidade
de sobreviver a catástrofes objetivas ou subjetivas e a situações de aniqui-
lamento, veremos que estas se mostram vinculadas à criação ou recriação
do registro simbólico atacado e a certas condições que possam permitir
alguma esperança de vida. Há que se poder contar com o impulso libidinal

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e com a força do desejo de sobreviver; para isso, é fundamental a interação


afetiva com o outro.
É própria da natureza humana a condição inicial de vida que envolve a
dependência total para a sobrevivência. O desamparo absoluto em que nos
encontramos ao nascer estabelece um contexto emocional que durante
muito tempo exige a superação de várias etapas de dependência: desde a
absoluta, segundo a qual a mãe é a presença imprescindível para a sobrevi-
vência, até a superação de sucessivos níveis de separação. Nesse caminho,
o bebê passa de uma relação fusional para uma relação dual com a mãe e,
finalmente, a uma relação triádica com a inclusão da figura paterna, o que
constitui a dialética constante Narciso-Édipo. Do ponto de vista
metapsicológico, esse trajeto envolve a estruturação psíquica.
Sobre esse contexto, comenta Françoise Dolto (1998):

Ameaçadora para sua sobrevivência, a solidão não largará mais esse


homem, essa mulher; separados pela primeira vez depois de nove me-
ses de convivência afinada com a mãe, que é arrebatada por esse grito
de solidão primeira, por esse grito de necessidade dela, esse grito de
vida que, para ela, é a primeira linguagem de seu lactante.

Quando interrogamos sobre o sofrimento humano, sobre as demandas


de nossos pacientes, percebemos a dinâmica implicada no fluxo constante
de ida e vinda do sujeito em direção ao objeto, e de volta a si mesmo, ou
seja, o percurso da solidão ao encontro. Ao abordamos o tema da solidão
precisamos situar a que solidão nos referimos, qual o contexto em que esta
ocorre. Na prática clínica, constitui um fator determinante a possibilidade
de identificar e interagir com os diferentes tipos de solidão. Por exemplo, a
diferença entre “estar só” e “sentir-se só”. O “estar só” envolve a experiên-
cia da Solidão Positiva, expressa na condição do indivíduo de poder encon-
trar bem-estar e confiança, em sua própria companhia.
Nas palavras de Winnicott, trata-se da “capacidade de estar só e de
poder usufruir os aspectos criativos desta experiência” (1958). Segundo
Tanis (2003),

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É um modo muito particular de estar consigo mesmo, de se deixar
conduzir, de se entregar confiante a si mesmo na espera de nada, a não
ser este encontro”. Ressalta ainda que “Se a igualdade nos oferece uma
identificação com o outro, a unicidade nos deixa irremediavelmente
sós.

É certo que, em alguns momentos, a solidão é uma experiência neces-


sária, que possibilita o pensar, a reflexão, a introspecção, a diferenciação, o
sentir, o fantasiar, o criar e o elaborar. Podemos de maneira inadequada, em
lugar de favorecer, dificultar, ou mesmo impedir essa experiência. Como
alguns pais que se sentem ameaçados diante da busca de solidão por parte
do filho adolescente. Por outro lado, sabemos da freqüente associação da
depressão à solidão na adolescência, constituindo um fator de risco a ser
considerado. Na relação analítica, bem como em qualquer outra relação
humana, a delimitação entre o sujeito e o objeto, no interjogo dinâmico das
relações, exige continuamente um processo de diferenciação que assegure
a identificação das mais diferentes nuances do narcisismo à alteridade.
Sob outro enfoque, encontramos, por exemplo, a solidão imposta pela
“diferença”. Em qualquer de seus significados, a solidão vivida por aque-
les que buscam, nas diferentes formas de adição, um alívio para a angústia
que experimentam. A solidão das pessoas deprimidas e dos suicidas, além
da solidão decorrente das perdas, separações e lutos. No momento atual da
nossa cultura, confrontamo-nos, freqüentemente, com a solidão imposta
pelas formas de poder que oprimem, discriminam e geram uma legião de
excluídos. O sofrimento psíquico é o elemento comum a todas as formas
de solidão que constituem sintomas e demandam uma abordagem.
Na clínica, a solidão se mostra em todas as suas faces, tons e intensi-
dades. Vejamos, por exemplo, a solidão do narcísico e as solidões
desestruturantes presentes na psicose, distintas das outras, com um tom
mais neurótico, a exemplo da solidão defensiva do obsessivo para prote-
ger-se da aproximação do outro, dos impulsos e dos afetos desencadeados
no contato. Cada uma equivale a uma história constituída ao longo da vida
e se manifesta de forma variável na cultura e na subjetividade.

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Assim, a natureza e a função da solidão na vida e na experiência ana-


lítica apresentam diferentes faces e demandam distintas abordagens. En-
tretanto, os limites que diferenciam uma experiência de outra por vezes
não se apresentam de forma clara. A intensidade, a profundidade e as reper-
cussões precisam ser investigadas, assim como os sintomas que possam
compor o contexto em que a solidão é vivida.
Do ponto de vista teórico, ainda que Freud não tenha se ocupado espe-
cificamente do tema Solidão, em sua obra vemos que, inicialmente, ela é
associada às angústias infantis, pela transformação direta da libido em an-
gústia. Em 1930 (Mal-estar na Civilização) e 1926 (Inibição, Sintoma e
Angústia), o tema da Solidão e do Desamparo aparece como condição fun-
dadora do ser humano. Afirma Freud (v. XX, p. 130):

Aqui a angústia aparece como uma reação à perda sentida do objeto e


lembrando-nos de imediato do fato de que também a angústia de cas-
tração constitui o medo de sermos separados de um objeto altamente
valioso e de que a mais antiga angústia – “a angústia primeira” do
nascimento – ocorre por ocasião de uma separação da mãe.

Os estudos psicanalíticos trataram de investigar sobre o medo de ficar


só ou o desejo de ficar só, enquanto a abordagem winnicotiana introduziu o
estudo acerca da capacidade de fazê-lo. Ainda que, por um lado, refira-se à
capacidade de suportar a solidão em termos da vivência de exclusão no
Complexo de Édipo, Winnicott também enfatiza a importância do desen-
volvimento infantil primitivo para a presença dessa capacidade. Nesse sen-
tido, encontramos concordância entre os autores que tratam sobre o tema.
Comenta Winnicott (1958, p. 32) que:

Embora muitos tipos de experiências levem à formação da capacidade


de ficar só, há uma que é básica, sem a qual a capacidade de ficar só
não surge. Essa experiência é a capacidade de ficar só, como lactante
ou criança pequena, na presença da mãe. Assim, a base da capacidade
de ficar só é um paradoxo; é a capacidade de ficar só quando mais
alguém está presente.

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Assim, à medida que a criança introjeta o eu-auxiliar da mãe, pode
então prescindir da presença concreta dela ou de um símbolo desta. Segun-
do Winnicott, o desenvolvimento dessa capacidade se realiza segundo as
tendências de integração, personalização e relação com os objetos. Trata-
se, pois, de um processo, e a capacidade de simbolizar tem papel funda-
mental. “A simbolização da ausência é o que nos permite suportar a angús-
tia da solidão” (DOLTO, 1995, p. 440). Essa colocação tem ampla resso-
nância clínica.
A idéia de que o bebê pode evoluir, em determinados contextos, para a
vivência de uma solidão enriquecedora, povoada de intercâmbios simbóli-
cos, é uma idéia em relação a qual alguns autores, como Dolto, coincidem
com o proposto por Winnicott em relação à capacidade de estar só.
Os aportes ao tema proporcionam uma abordagem ampla do assunto.
Considerando, entretanto, a inter-relação entre Solidão, Desamparo e Cria-
tividade, alguns se destacam pela significativa contribuição oferecida à in-
vestigação dessas relações, através do exame de algumas noções já exis-
tentes e pela proposta de conceitos que aprimoram a compreensão
metapsicológica do tema.
No trabalho analítico, a possibilidade de lidar com as experiências de
solidão e desamparo, por vezes traduzidas em termos de experiências trau-
máticas, demanda do analista uma condição de estabelecer o que é traduzi-
do por Green como processo terciário: processo que possibilita recuperar a
representação inconsciente, vinculando-a ao afeto correspondente e, ao
mesmo tempo, permite a criação de uma nova inscrição geradora de uma
nova subjetividade. Esta parece ser a tarefa que temos a enfrentar diante da
demanda das situações que se apresentam na clínica.
Em sua abordagem sobre os processos terciários, Rubén e Raquel
Zukerfeld destacam o fato de que Green, ao propor esta noção, revela uma
aproximação e valorização das idéias winnicotianas e contribui para
reformular o campo analítico do ponto de vista do analista e do analisando.
Tal reformulação tem possibilitado a abordagem de pacientes cuja estrutu-

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ra oferece dificuldades para o manejo do processo analítico. A idéia central


seria a de que:

o par analítico funcionaria no processo terciário, quer dizer, sempre


incluindo e sempre eqüidistante dos processos primários e secundários
freudianos. Deste modo, a interação implicaria não só em assinalar
repetições, mas também em desenvolver uma criatividade, como re-
sultado da trama intersubjetiva e de cada um dos integrantes do par
analítico, com seus processos primários e secundários.
(ZUKERFELD, 2005).

Segundo Winnicott, esse jogo é o que permite à criança desenvolver a


área da ilusão, que se espera seja também criada no campo transferencial,
assegurando assim que a ação interpretativa desvele, e ao mesmo tempo
sustente, o paradoxo referente à presença e ausência do objeto.
Como vemos, diferentes teóricos articulam idéias que parecem transi-
tar em direções mais ou menos comuns e que colaboram para a compreen-
são da relação entre diferentes conceitos. Assim, constituem “nossa família
psicanalítica”, como refere Bolognini, e a eles recorremos na tentativa de
elaborar nossa abordagem. Na experiência clínica, podemos pensar, por
exemplo, que os conceitos de criação e criatividade estão em conexão com
as noções propostas por Winnicott relativas aos aspectos construtivos da
solidão, tais como o desenvolvimento da capacidade de estar só e de criar.
Tais noções tornam-se possíveis a partir da experiência vivida com uma
mãe suficientemente adaptada às necessidades da criança e que possibilita
a criação do espaço de ilusão, fundamental para que esta se sinta confiante
na capacidade materna de criar.
Trata-se de conceitos que apontam na direção de mudanças no contex-
to da relação analista-paciente e envolvem a abordagem da experiência de
solidão, situando a importância da criação como construção coletiva que
conduz a uma ação transformadora e permite a atribuição de significado ao
irrepresentável.
Os conceitos de criação e criatividade se vinculam à noção de proces-

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so terciário, definido por Green como “a descrição de uma
transicionalidade interna intrapsíquica que permite ao sujeito estabelecer
ligações tanto no plano da lógica da realidade como no da lógica do fan-
tasma e do inconsciente, assim como entre as diversas lógicas” (1972).
Podemos também relacionar esses conceitos às questões relativas à intui-
ção e à razão.
Para melhor compreender a noção de processo terciário, torna-se útil a
diferenciação entre criatividade e criação. Nas palavras de Rubén e Raquel
Zukerfeld (2005):

A criatividade é um processo intrapsíquico individual possível em um


contexto original, que a partir de uma perspectiva winnicottiana impli-
ca uma mãe suficientemente boa, suficientemente presente para possi-
bilitar a satisfação e necessariamente ausente para ser nomeada.

Na abordagem de R e R. Zukerfeld (2005) pode-se destacar o fato de


que:

Se considerarmos que o irrepresentável é traumático por ser uma quan-


tidade de energia não ligada que procura descarga, veremos a impor-
tância da existência de uma pessoa que possa atuar como suporte e
contribuir para significar o irrepresentável, que assim adquire a quali-
dade do ‘novo’. Se esse processo propiciar uma inscrição no incons-
ciente, trata-se da presença de uma criação, criação esta que produz
movimentos de descarga de energia não ligada.

Esse conceito é de grande utilidade na clínica por focalizar a impor-


tância, na relação analítica, da experiência de propiciar ao indivíduo o
desenvolvimento da função criativa. Ao relacionarem o conceito de cria-
tividade ao de criação, R. e R. Zukerfeld definem esta como “uma cons-
trução coletiva, no sentido do outro a quem dizer, com quem construir
um relato e/ou realizar uma ação transformadora” (ZUKERFELD, 2005).
Segundo eles, a experiência da criação é o que define mais profundamen-

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te o processo terciário e implica a presença do objeto para que algo do


irrepresentável adquira uma representação. Nessa perspectiva, compre-
endem que este seria o verdadeiro processo criador para o psiquismo,
constituindo a essência do processo terciário.
Trata-se de uma experiência que envolve a possibilidade de
simbolização da ausência, de forma a permitir a contenção da angústia da
solidão.
Em seus estudos Rubén e Raquel destacam o fato de que o conceito de
processo terciário aponta para o campo da não-representação, e não apenas
para desvelar o reprimido. Assim sendo, essas idéias parecem caminhar
para o que há de novo na tarefa analítica, que, nas palavras desses analistas,
“ao gerar novas inscrições, produz nova subjetividade” (ZUKERFELD,
2005).
Em análise, as experiências patológicas de solidão e desamparo en-
contram, nesses processos, possibilidades de simbolização que venham a
dar sustentação à angústia vivida frente à sensação de ausência e de vazio.
Verificamos que a condição de poder estar só e de poder aproximar-se
e estabelecer contato, ou seja, a condição da “Solidão ao Encontro”, se
estabelece como eixo em torno do qual as vivências transferenciais ocor-
rem e o processo analítico evolui. Constatamos aspectos que envolvem
diferentes defesas e patologias, e também aspectos mais positivos da soli-
dão, ou seja, como condição por meio da qual o processo analítico cami-
nha. Trata-se de um processo semelhante ao vivido pela criança na direção
de superar a dependência absoluta inicial e caminhar até um maior grau de
integração interna que lhe possibilite sobreviver e expandir-se na ausência
do objeto.
Esse percurso é necessário para que o desenvolvimento psíquico pos-
sa ocorrer. No processo analítico, a caminhada se dá na direção de uma
melhor aceitação da separação, da diferenciação e da solidão. Na medida
em que se verificam as diferentes modalidades nas quais se apresenta o
sentimento da solidão e da angústia de separação na transferência, o analis-
ta vai podendo interpretar as angústias e defesas. Para isso, utiliza-se da

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escuta “empática”, da experiência compartilhada, do uso da
contratransferência e da capacidade de acolher a vivência afetiva do pa-
ciente, e de receber as identificações projetivas, até as mais primitivas.
Bolognini (1998), ao se referir à experiência compartilhada, afirma
que a:

[...] transformação se realiza especialmente num meio relacional e que


a mente do paciente se reestrutura e se organiza quando o analista con-
segue realizar sua função com competência e humanidade, em um con-
texto no qual os objetos primários foram inconsistentes em um mo-
mento de necessidade.

A criatividade do analisando e o processo de criação desenvolvido na


transferência, no contexto do processo terciário, constituem fatores
determinantes para que o paciente pouco a pouco construa a capacidade de
ser autocontinente de sua solidão e torne-se capaz de separar-se do analista
com um sentimento de unidade e identidade pessoal.
No transcurso dessa experiência, a vivência da solidão pode assim ser
transformada. Ela se dá, por exemplo, através de sucessivas situações de
separações e de fortalecimento do vínculo, as quais contribuem para que a
associação entre solidão, tédio e desamparo possa dar lugar a uma expe-
riência de solidão, na qual a capacidade criativa possa substituir o vazio e a
confiança no vínculo e na capacidade de dar e receber afeto resgate o indi-
víduo do sentimento de desamparo.
Como analistas, certamente esperamos contribuir para que o caminho
“Da Solidão ao Encontro” seja, cada vez mais, possível para um número
maior de pessoas, e que estas possam seguir construindo a própria história
em um contexto de solidão criativa. E que, ao final de cada trabalho, possa-
mos também elaborar a separação e ter a gratificação de haver participado
desse processo, e de voltar sempre ao cenário inicial com o divã vazio no
horário vago, para uma vez mais recomeçar uma nova e criativa experiên-
cia “Da Solidão ao Encontro”.

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SOLIDÃO, DESAMPARO E CRIATIVIDADE

Loneliness, abandonment and creativity


Abstract: The author presents an approach to the theme of loneliness in its different
meanings focusing its positive dimension and aspects of suffering and pain present on
human experience. In the text, the affection of solitude has been analised in the levels of
individual and collective life revealed within culture and everyday c1inics. This work
points out the importance of creativity and the creation process in the analytic relationship,
as a resource to the elaboration of emotional processes associated to loneliness, having in
mind the objective to c1ear up a relationship between loneliness and creativity. The author
uses the concept of resilience and to illustrate it, the film “Amelie Poulain” is mentioned.
Key-words: Abandonment. Loneliness Pathology. Holding. ResiIience. Creativity.

Soledad, desamparo y creatividad


Resumen: La autora presenta un abordaje del tema de la soledad en sus distintas
acepciones, focalizando su dimensión positiva y aspectos de sufrimiento y dolor que se
hacen presentes en la experiencia humana. En el texto, el afecto de la soledad es analizado
en los planos de la vida individual y colectiva, revelados en el ámbito de la cultura y de la
clínica cotidiana. El trabajo destaca la importancia de la creatividad y del proceso de
creación en la relación analítica, como recurso para la elaboración de los procesos
emocionales asociados al sentimiento de soledad. Con el objetivo de establecer una relación
entre la soledad y la creatividad, la autora encuentra soporte en el concepto de resiliencia
y, como ilustración, alude a la película “Amelie Poulain”, con el fin de exponer sus ideas
acerca del tema.
Palabras-llave: Desamparo. Patologías del Vacío. Holding. Resiliencia. Creatividad.

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