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VOLTADOS À APRENDIZAGEM E AO
DESENVOLVIMENTO DOS BEBÊS
Cláudia Inês Horn1, Pauline Osterkamp2, Soraine Teresa Krindges3
Resumo: Este artigo objetivou verificar de que forma os espaços e sua organização na escola podem
contribuir para o desenvolvimento e a aprendizagem de bebês, apresentando estudos, pesquisas e vivências
realizados a partir do Estágio Supervisionado na Educação Infantil I do Curso de Pedagogia do Centro
Universitário UNIVATES. A prática docente foi desenvolvida em uma turma de bebês de 0 a 1 ano, numa
Escola da Rede Privada do município de Teutônia/RS, no mês de outubro de 2013. Foram utilizados
como referenciais teóricos autores como: HORN (2004), SCHIAVO e RIBÓ (2007) e JANESCH
(2013), a fim de contribuir para que os profissionais da educação percebam que a organização dos espaços
da escola de Educação Infantil, principalmente o da sala de aula, contribui para que os bebês desenvolvam
sua curiosidade, exploração, estimulação dos sentidos, protagonismo e segurança. Constatou-se que é
possível pensar de outros modos a organização dos espaços escolares para os bebês.
1 INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta experiências e estudos, a partir da localização do Estágio
Supervisionado na Educação Infantil I do curso de Pedagogia do Centro Universitário
UNIVATES/Lajeado/RS, realizado em uma turma de Berçário (4 meses a 1 ano), numa
Escola da Rede Privada do município de Teutônia/RS. Tem como inquietação o fato de
que muitas escolas de educação infantil ainda realizam um trabalho assistencialista, não
sendo proporcionados momentos planejados e dirigidos pela maioria dos professores, na
medida em que eles voltam suas práticas ao cuidar - alimentação, higiene e descanso.
Esse contexto motivou esta pesquisa na tentativa de investigar de que forma é possível
organizar o espaço escolar, visando a ampliar e a promover estímulos aos bebês,
primando pelas suas interações, aprendizagem e desenvolvimento.
Tendo em vista essa inquietação, buscamos referenciais teóricos que auxiliassem a
responder a questão. Também realizamos observações e práticas na turma do Berçário
para analisar o trabalho desenvolvido pelas professoras da turma, para experienciar
atividades pedagógicas de exploração e estímulos e para compreender como o espaço
pode se tornar um agente educativo aos bebês.
A partir das observações realizadas na turma Berçário I, foi possível perceber que
a rotina do turno da tarde proporciona poucos momentos de estimulação para e com
os bebês, uma vez que os professores estão constantemente envolvidos com o cuidar.
A rotina observada (13h às 17h) consiste em: hora da soneca, alimentação e troca,
brincadeiras, janta, troca de fralda, hora da soneca. Foram poucos os momentos em que
as professoras estavam “livres” de seus afazeres assistencialistas, como alimentar, trocar
a roupa e a fralda, organizar a sala, entre outros, para brincar, estimular e potencializar
os interesses e as necessidades dos bebês.
A sala de aula da turma observada (Berçário I) é composta por onze berços,
dispostos ao redor da sala, encostados na parede; dois cercadinhos e uma espuma
redonda aonde são guardados os brinquedos; dois balanços de plástico; um trocador,
onde são feitas as trocas de roupa e fralda e onde são guardadas as mochilas dos bebês,
penduradas em ganchos na parede; um ambiente, dividido por um cercado, onde é
feita a preparação dos alimentos, a alimentação dos bebês, onde são guardados os babys
(balanço de pano) e onde há uma televisão e um rádio.
Percebeu-se que a sala de aula é pouco utilizada para estimular a aprendizagem
e o desenvolvimento dos bebês, sendo esta desprovida de recursos visuais, sonoros e
olfativos que possibilitem que os bebês interajam e desenvolvam suas capacidades.
acidentes domésticos e auxiliar as mães pobres que trabalhavam fora de casa, surgiram
as creches, cujo caráter era apenas assistencialista, diferentemente de outros países, que
já possuíam creches de caráter pedagógico.
Somente a partir da Constituição Federal de 1988, a Educação Infantil foi inserida
no sistema de educação e passou a ter caráter também pedagógico, ou seja, além de
cuidar, as escolas também deveriam proporcionar momentos e atividades educativas às
crianças. Mais tarde surgiram outras leis e documentos para assegurar a qualidade da
Educação Infantil.
A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, conforme a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Básica (LDB) nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
artigo 29: “Tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco)
anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação
da família e da comunidade”. Portanto, a Educação Infantil não deve focar unicamente
seu atendimento às necessidades físicas das crianças, mas também proporcionar
momentos de desenvolvimento psicológico, intelectual e social.
No Brasil, a Educação Infantil é oferecida na modalidade creche, atendendo
crianças de até 3 anos, e na modalidade pré-escola, atendendo crianças de 4 a 5 anos.
De acordo com os dados do Censo Escolar de 2012 (MEC/INEP/DEED), 2.540.791
crianças estão matriculadas em creches, dos quais 60% frequentam escolas municipais
e 40% escolas privadas.
As Escolas de Educação Infantil têm se tornado, ao longo de sua trajetória histórica,
uma instituição que acolhe as crianças, uma vez que as famílias precisam sair para o
mercado de trabalho. Entretanto, para além de ser um lugar seguro de deixar as crianças
enquanto os pais trabalham, as instituições precisam voltar-se ao desenvolvimento das
crianças, organizando propostas pedagógicas adequadas aos interesses e necessidades
infantis. Nesse sentido, a educação infantil deve ser oferecida com qualidade,
proporcionando espaços e ambientes adequados, educativos e acolhedores para que as
crianças possam se desenvolver de forma integral.
Muitas escolas ainda acreditam que a creche não precisa proporcionar um ambiente
e proposta educativa, já que as crianças de até 3 anos necessitam de mais cuidados
assistenciais, porém há inúmeros estudos que apresentam que as crianças dessa faixa
etária também podem e devem ser estimuladas a aprender e a se desenvolver desde
cedo. Sendo assim, o artigo tem como objetivo apresentar a relevância dos modos como
pensamos a organização do espaço de forma a contribuírem para o desenvolvimento e
as aprendizagens dos bebês, assim como a possibilidade de vincular o cuidar e o educar
nas turmas com crianças de zero a um ano.
Segundo Schiavo e Ribó (2007), é nos primeiros seis anos de vida que a criança
deve ser mais estimulada para que desenvolva seus diferentes sentidos, se torne ativa,
autônoma, segura, entre outros.
Os bebês conhecem o mundo a partir dos sentidos. Por isso, tudo o que há no
contexto escolar deve proporcionar um ambiente iluminado, aconchegante, estimulante,
como, por exemplo: a cor das paredes, os objetos disponíveis, os sons, os aromas, entre
outros. Portanto,
A sala de aula deve possuir espaços desafiadores para que os bebês possam explorar
e vivenciar diferentes sensações. Ao longo da nossa prática no Estágio Supervisionado
que possam interagir de forma construtiva com o que lhes é oferecido. Dal Prá (2011)
afirma o seguinte sobre essa situação:
Para evitar essa situação de choro e impaciência dos bebês, o espaço e a sua
organização devem ser convidativos para que a criança sinta-se motivada a interagir
com o que é disposto a ela de forma segura e autônoma.
Foi possível constatar uma tranquilidade nos bebês durante as práticas de estágio,
pois eles interagiam com o ambiente de forma curiosa e permaneciam um longo tempo
explorando o mesmo material, descentrando-se da figura do professor e sentindo-se
seguros quando esse se afastava, confirmando assim, que a organização dos espaços
influencia no comportamento e nas atitudes dos bebês. Horn (2004, p.36) evidencia
que é preciso que o ambiente de uma escola infantil seja “acolhedor, através das cores,
dos objetos, dos aromas, da harmonia e da calma que tudo isso transmitirá às crianças”.
Por meio dos diferentes recursos oferecidos no espaço da sala de aula, a partir das
práticas do Estágio, como móbiles que vinham do teto ao chão com elástico, bambolê
com tiras de TNT pendurados, fotos anexadas aos berços, entre outros, observou-se
que quanto mais recursos são oferecidos às crianças para exploração mais elas interagem
com o espaço. Segundo Horn (2004, p.19), “é fundamental a criança ter um espaço
povoado de objetos com os quais possa criar, imaginar, construir e, em especial, um
espaço para brincar”, e também que
O espaço é algo projetado, por isso ele pode ser modificado de acordo com as
relações sociais vividas ali. A sala de aula, por exemplo, pode ser transformada de
tempos em tempos, proporcionando novas experiências, explorações e aprendizagens
aos que ali se encontram.
Criar um ambiente visual satisfatório não é uma tarefa que se faz uma só vez para
sempre, mas algo que precisa acontecer de forma continua. Da mesma forma que,
em nossos lares, fazemos constantemente pequenos ajustes e melhorias, mudando
quadros de um aposento para outro, mudando luminária ou uma planta, uma
creche parecerá convidativa e bem-cuidada somente se o mesmo tipo de processo
acontecer. (GOLDSCHIED; JACKSON, 2006, p.35).
Os espaços educativos em que não são visíveis as experiências das crianças talvez
não proporcionem experiências significativas que valham a pena serem mostradas ou
são pobres em situações de aprendizagem. A escola precisa acreditar no potencial do
É importante dizer que a grande maioria das crianças pequenas que freqüentam
esta instituição passa nela, aproximadamente, doze horas diárias. O tempo de
convívio com outras pessoas, outros objetos, outros espaços e outros tempos
torna-se muito reduzido. Este dado revela que o tempo-espaço da creche exerce
na vida da criança um papel fundamental e distinto dos demais tempos e espaços
(escola, família, rua, entre outros), exigindo que seja pensado, discutido e refletido
(BATISTA, 2008 apud JANESCH, 2013, p.3).
Sendo assim, a escola de Educação Infantil não é apenas um local seguro para
deixar as crianças enquanto os pais trabalham, ou seja, não é apenas um local que deve
prestar serviços assistencialistas garantindo a saúde das crianças, mas sim, deve ser
um local onde a criança possa aprender e se desenvolver de forma integral, a partir do
convívio e das relações sociais estabelecidas entre as pessoas e com o ambiente.
Por fim, cabe ressaltar que a escola de educação infantil, além de cuidar das
crianças, deve ser um local que lhes proporciona inúmeras vivências e aprendizagens, e
que cabe aos profissionais refletirem sobre esse aspecto no Projeto Pedagógico da escola.
Para isso, um ótimo recurso a favor do professor são os espaços da escola, que, se bem
organizados, enriquecidos e estimulados, geram grandes aprendizagens e experiências
aos bebês.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Censo Escolar de 2012. Brasília: MEC/INEP/DEED, 2012. Disponível em:
<https://pt.scribd.com/doc/205847143/Resumo-Tecnico-Censo-Educacao-Basica-2012>.
Acesso em: 11 agosto 2013.
HORN, Maria da Graça Souza. Sabores, cores, sons, aromas: a organização dos espaços na
educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004.