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FRATURAS OCULTAS DO PLATÔ TIBIAL: ESTUDO DE TRÊS CASOS POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

Fraturas ocultas do platô tibial: estudo


de três casos por ressonância magnética*
ROGÉRIO CARNEIRO BITAR1, CLEBER ANTÔNIO JANSEN PACCOLA2, JORGE ELIAS JR.3

RESUMO mostrado grande capacidade para avaliação de um largo es-


pectro de anormalidades das estruturas do joelho(8,11). Estas
Os autores relatam três casos de fratura oculta do pla-
lesões incluem as lesões do ligamento cruzado posterior, li-
tô tibial evidenciados pelos exames de ressonância mag-
gamentos colaterais, mecanismo extensor, presença de cor-
nética do joelho, os quais foram solicitados quando, na
po estranho, osteonecroses, osteocondrites dissecantes e pa-
presença de um trauma agudo de joelho, o exame clínico
tologias sinoviais(5). Pouca atenção tem sido dada para a ocor-
foi dificultado pela dor e edema, com radiografias sim-
rência de lesões traumáticas ocultas ósseas e a capacidade da
ples negativas.
ressonância magnética em detectar estas lesões(5).
Unitermos – Ressonância magnética; platô tibial; fratura oculta Dentre as lesões ósseas traumáticas do joelho, estudamos
as fraturas ocultas do platô tibial. Fraturas ocultas são aque-
SUMMARY las que não são identificadas nos exames radiológicos con-
vencionais, mas detectáveis pela ressonância magnética(7).
Occult fractures of the tibial plateau: report of three cases
Principalmente devido à dor, edema, lesões associadas dos
by magnetic resonance imaging
ligamentos e meniscos, o diagnóstico clínico destas fraturas
The authors report three cases of occult fractures of the fica prejudicado(7). Assim, as fraturas ocultas do platô tibial
tibial plateau evidenced by magnetic resonance imaging of acabam sendo um achado fortuito do exame de ressonância
the knee. The MRI was required when clinical examination magnética de joelho, com história de um trauma agudo. O
was complicated by pain, swelling, associated injuries of lig- curso clínico destas fraturas, quando isoladas, geralmente é
aments and menisci and the X-rays taken from the acute trau- benigno, com a instituição do tratamento conservador ade-
ma of the knee were normal. quado, não necessitando de tratamento cirúrgico com todas
as implicações e custos que este acarreta.
Key words – Magnetic resonance imaging; tibial plateau; occult
fracture
MATERIAL E MÉTODOS
INTRODUÇÃO No período de 5 de agosto de 1996 a 5 de agosto de 1997,
foram revisados todos os exames de ressonância magnética
O uso da ressonância magnética para detecção de lesões
de joelho do Serviço de Radiodiagnóstico do Hospital das
do ligamento cruzado anterior e meniscos já está bem conso-
Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP,
lidado(3,5,6). Adicionalmente, a ressonância magnética tem
totalizando 174 exames. Dentre estes, detectamos três casos
de fratura oculta do platô tibial, expressos como relato de
* Trab. realiz. no Serv. de Ortop. e Traumatol. e Serv. de Radiodiag. do caso. Todos os casos tinham radiografias simples normais.
Hosp. das Clín. da Fac. de Med. de Ribeirão Preto – Univ. de São Paulo. Os exames foram revistos por um radiologista do Serviço de
1. Acadêmico do sexto ano médico. Radiodiagnóstico e um cirurgião ortopédico do Departamento
2. Prof. Titular do Dep. de Cirurg., Ortop. e Traumatol.; Membro da SBOT. de Cirurgia, Ortopedia e Traumatologia da FMRP-USP. Fo-
3. Prof. Assist. do Serv. de Radiodiagn. ram avaliados sexo, idade, mecanismo de trauma, queixa e
Endereço para correspondência: Rogério Carneiro Bitar, Rua Floriano Pei-
duração, o exame físico específico, hipóteses diagnósticas e
xoto, 870, apto. 34 – Centro – 14010-200 – Ribeirão Preto, SP. Tel. (016)
636-4060 (residência) ou (016) 610-5566 – 3649 (bip). Secretaria do Servi- os exames radiológicos: radiografia simples e ressonância
ço de Radiodiagnóstico: (016) 602-2640. magnética (1.5 Tesla) do joelho).
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R.C. BITAR, C.A.J. PACCOLA & J. ELIAS JR.

Fig. 1B – Ressonância magnética do joelho D (pesada em T1) que eviden-


Fig. 1A – Radiografia simples em AP e P do joelho D, sem sinais de fratura cia um traço vertical de fratura (área hipointensa), sem desvio, no platô
tibial lateral, nas incidências em perfil e axial, respectivamente

RELATO DOS CASOS


Caso 1 – H.R.M., sexo masculino, 45 anos de idade, pe-
dreiro, com história de há um mês ter sofrido queda da esca-
da em pé, com o joelho direito fletido e uma entorse em
valgo subseqüente. Referia dor intensa e discreto aumento
de volume do joelho. Negava instabilidade e travamento.
Ao exame físico, o paciente apresentava derrame articular
de pequeno volume e dor intensa à palpação do joelho, prin-
cipalmente na interlinha medial, o que dificultou o exame.
Os exames para detecção de lesão ligamentar (Lachman, ga-
vetas anterior e posterior) foram todos negativos. No entan-
to, o paciente referia bastante dor ao exame do menisco me-
dial, tendo Apley positivo. A principal hipótese diagnóstica Fig. 2A – Radiografia simples em AP e P do joelho E (realizada no exte-
aventada foi de se tratar de uma lesão do menisco medial. As rior), sem sinais de fratura
radiografias simples em ântero-posterior e perfil não mos-
travam sinais de fratura (fig. 1A). Caso 2 – G.R., sexo feminino, 27 anos de idade, estudan-
O exame de ressonância magnética (fig. 1B) realizado duas te, com história de ter sofrido entorse do joelho esquerdo há
semanas após a consulta evidenciou um traço de fratura, sem uma semana, quando esquiava na neve. A paciente refere ter
desvio significante no platô tibial lateral, com área hipoin- procurado assistência médica local, sendo feita a hipótese
tensa em T1 e hiperintensa em T2. Presença de hiperintensi- diagnóstica de lesão ligamentar. Realizada radiografia sim-
dade de sinal no interior do menisco lateral e medial, com ples do joelho, que não mostrou sinais de fratura (fig. 2A),
fissura horizontal do corno posterior do menisco medial, além sendo então submetida a várias punções articulares, com dre-
de um derrame articular de médio volume. Os ligamentos e nagem de sangue. Ficou internada uma semana, recebendo
demais estruturas estavam todos íntegros. Foi indicada ar- proposta de cirurgia para reparo ligamentar. Atendida no Ser-
troscopia e retorno em três meses para nova avaliação. No viço de Ortopedia do Hospital das Clínicas da FMRP-USP,
retorno, o paciente apresentava dor discreta na flexão do joe- apresentava dor intensa no joelho esquerdo, o qual veio imo-
lho direito. Ao exame: ausência de dor à palpação, dor leve à bilizado. A avaliação ligamentar ficou prejudicada pela dor
flexão forçada com rotação externa da tíbia e Apley negati- intensa nas manobras, razão pela qual foi revista três sema-
vo. Suspensa a indicação cirúrgica e dado retorno livre para nas após. Nessa ocasião, a dor persistia, quando foi decidido
o paciente. indicar uma ressonância magnética. O exame evidenciou fra-
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FRATURAS OCULTAS DO PLATÔ TIBIAL: ESTUDO DE TRÊS CASOS POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

Fig. 2B – Ressonância magnética do joelho E (pesada em T1) evidencia


fratura proximal da tíbia com pequeno degrau (traço vertical no perfil e Fig. 3A – Ressonância magnética do joelho D (pesada em T1) evidencia
semicircular à direita no axial, respectivamente) fratura com diástase dos fragmentos na região epifisária proximal da tíbia
anteriormente (áreas hipointensas em região da eminência intercondilar no
perfil e axial, respectivamente)

tura proximal da tíbia, com pequeno degrau e demais estru-


O exame de ressonância magnética proporciona alto con-
turas íntegras (fig. 2B). Instituiu-se tratamento conservador,
traste entre os tecidos e oferece alta resolução multiplanar.
com carga parcial no primeiro mês e carga total após, com
Devido a esta capacidade, o grau de cominuição, depressão,
boa evolução.
incongruência e orientação dos fragmentos da fratura são fiel-
Caso 3 – M.N.R., sexo feminino, 39 anos de idade, em-
mente detectados pela ressonância magnética e essenciais na
pregada doméstica, com história de queda com trauma dire-
determinação do plano terapêutico(2).
to sobre o joelho direito há 15 dias. A paciente queixava-se
As fraturas ocultas podem ser identificadas pelo exame de
de dor intensa e aumento de volume do joelho. Negava ins-
ressonância magnética em pacientes com dor aguda ou crô-
tabilidade, mas referia episódios de travamento do joelho.
nica, sem sinais de fratura à radiografia simples inicial. Nes-
Ao exame, a paciente apresentava derrame articular de mé-
ses casos, pode haver envolvimento dos côndilos femorais,
dio volume, dor intensa, teste de Lachman, estresse em val-
platô tibial ou patela, sendo mais freqüente o do platô tibial,
go e varo, gaveta anterior e posterior negativos, mas um Apley
principalmente do lateral(1), uma vez que geralmente o me-
duvidoso para menisco medial. Fez-se a hipótese diagnósti-
canismo de lesão é uma pressão em valgo ou força axial so-
ca de lesão do menisco medial. As radiografias simples nas
bre o joelho estendido fazendo com que o côndilo lateral
incidências ântero-posterior e perfil não mostraram altera-
femoral comprima o platô tibial lateral(2).
ções, não evidenciando fratura. O exame de ressonância mag-
O aspecto típico das fraturas ao exame de ressonância
nética revelou fratura com diástase dos fragmentos na região
magnética é o de imagens lineares que se estendem para a
epifisária proximal da tíbia anteriormente, em topografia de
superfície articular (figs. 1B e 2B), com redução da intensi-
inserção do ligamento cruzado anterior (fig. 3A). O ligamento
dade de sinal nas seqüências pesadas em T1 e aumento desta
cruzado anterior apresentava contornos borrados e alteração
nas seqüências pesadas em T2. Nas fases agudas e subagu-
de sinal sugestivo de lesão. Os meniscos tinham formas e
das, a zona de edema, hemorragia ou resposta hipervascular
contornos preservados, demais estruturas íntegras. A pacien-
é vista ao redor da fratura (fig. 1B). Este não linear compo-
te abandonou o seguimento.
nente é também de baixo sinal em T1 e alto sinal em T2.
Quando ocorre consolidação, existe redução da intensidade
DISCUSSÃO
de sinal em todas as seqüências.
O achado pela ressonância magnética de fraturas ocultas Nos casos relatados, chamamos a atenção para uma enti-
chama a atenção para o fato de possível confusão de diag- dade cujo diagnóstico é extremamente dificultado pela im-
nósticos no paciente com trauma do joelho, uma vez que, possibilidade de um exame clínico adequado e onde a radio-
freqüentemente, a lesão é atribuída ou está associada a le- grafia simples inicial não mostrou sinais de fratura. Nesses
sões ligamentares ou meniscais(4,5,9,10). casos, a persistência ou agravamento do quadro clínico inca-
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pacitante motivou, geralmente, a realização do exame de res- danças na conduta terapêutica. Tal possibilidade diagnóstica
sonância magnética. deve sempre ser lembrada nos casos com o quadro clínico
Portanto, nos casos de trauma agudo de joelho, com radio- apresentado.
grafia simples normal e cujo exame clínico não seja típico Provavelmente, um estudo prospectivo, em que se investi-
de lesão ligamentar ou meniscal, sem melhora com trata- gue de forma sistemática a presença de fraturas ocultas atra-
mento, entendemos que a ressonância magnética é o exame vés da ressonância magnética em pacientes com trauma agu-
de imagem mais indicado na confirmação ou exclusão de do de joelho, vá surpreender maior número de casos do que
um diagnóstico de ruptura meniscal ou ligamentar, bem co- em avaliação exclusiva pelo exame clínico e radiografias sim-
mo pode detectar fraturas ocultas, requerendo, com isso, mu- ples.

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