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«mas deixemos os poetas livres, deixemos viver, em cada época, até para exemplo, um punhado de almas livres, inteiramente livres, de almas
desviadas, mas que se castiguem e fiquem presas na sua própria liberdade!...» António Ferro
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04/03/2017
Manuel Neto dos Santos: o constante viandante dos versos e outras artes
Poesia
Homenagem de Manuel Neto dos Santos a Zeca Afonso, 2013
no Youtube - clique aqui.
A VIDA
Escritores de A a Zink
Agustina BessaLuís
(CLABL)
António Boto (Ler)
António Cândido Franco
(LLL)
Manuel Neto dos Santos
António Lobo Antunes
Fotografia in perfil pessoal do poeta no Facebook, 31.08.2016 (blogue)
António Lobo Antunes
Manuel Neto dos Santos nasceu a 21 de janeiro de 1959, em Alcantarilha, Silves (site)
(Algarve). Aquilino Ribeiro (Ler
AR)
Poeta, declamador, formador de língua portuguesa, ator, artista plástico.
Clarice Lispector
(Arquivo)
*** Clarice Lispector (ed.
Rocco)
Concluiu os estudos na Escola Secundária de Silves e chegou a cursar Filosofia na Eça de Queirós (BNP,
Universidade Clássica de Lisboa. Vive em São Bartolomeu de Messines, em Silves. obra digital)
Autor prolixo, de vasta obra lírica, tem éditas e inéditas muitas coletâneas poéticas. Eça de Queirós
(Fundação)
Estreou-se literariamente, em 1988, com a recolha de poemas O fogo, a luz e a voz, editado pela
Eduardo Lourenço (Ler)
Associação de poetas do Alentejo e Algarve, não mais deixando de publicar: Atalaia (1989),
Eduardo Pitta
Trovas de um homem da terra (1991), No país de Amália (1992), Idílios de AlBuhera (1996),
Fernando Pessoa (Casa)
Timbres (1999), Ídola (2002), Versos de redobre: à memoria de João de Deus (2004), Sulino
Fernando Pessoa (Um FP
(2012), Claves do sol e da lua ( 2013), O corpo como nudez (2014), Aurora boreal ao sul (2015), Fernando Pesssoa
(Multipessoa)
Círculo de fogo (2016) e Passionário (2016).
Florbela Espanca (Ler)
Graciliano Ramos
(oficial)
Guerra Junqueiro
Da sua produção lírica destaca-se Safra (2011) que constitui uma (Junqueiriana)
“antologia poética” que abrange o período de produção de “1988- Helder Magalhães
2008” (com 244 p. e pref. de António Cândido Franco) e a edição Henrique Levy
trilingue Manuel Neto dos Santos: poemas / poemas / poezii (2016), Joana Varela
da coleção “Juego de Espejo”. João Morgado
Jorge Amado (Fundação
Casa de)
Sobre a obra de Manuel Neto dos Santos disse José Varela Pires: Jorge de Sena (Ler)
José Luís Peixoto
“[...] é um poeta da mais fina impressionabilidade, homem telúrico, possuído de José Régio
uma nunca extinguível nostalgia da infância, como paraíso mítico, que a todos nos José Saramago
resgata e fascina, e continua como poeta a inquirirse sobre o mistério da vida, as (Fundação)
suas fontes, traduzidas na universalidade das imagens poéticas que gera. Diremos José Terra
que, na sua poemática, assistimos ao desenvolvimento de uma criação ao mesmo Lídia Jorge (site)
tempo ética e estética, tendente a reconciliar na paz o ser consigo mesmo, Luís Amaro
encontrando a sua própria expressão na harmonia.” E ainda: “Temolo aqui, no Luís de Camões (blog
Camoniana)
Algarve, bem perto de nós, e também por esse Portugal fora, também nos Açores,
Luís Filipe Castro
humilde como nobre, persistente como sentimental, um grande poeta do absoluto e da Mendes
palavra, celebrando a liturgia do poema, transcendente, poeta de quem se há de Luís Miguel Nava
falar muito mais no futuro.” (“Biblioteca Municipal de Silves Apresenta ‘O Viandante (Fundação)
das Palavras’”, A Voz do Algarve [digital], 22.01.2015). Luísa Dacosta
Luíz Pacheco
Como editor literário, coorganizou o volume Poeta é o povo: colectânea de poetas Machado de Assis (ABL)
populares do Alentejo e Algarve (Lagoa, 1990). Após leituras e recolhas que tiveram início em Machado de Assis
1994, edita o volume Subsídios para a história da poesia do Algarve: séc. XIXX (Silves, 2000) (Espaço)
cuja compilação de textos remonta ao período da presença árabe no Algarve. Organizou ainda Manuel Alegre
dois volumes da obra da poetisa Adelina Bárbara Vieira, As letras e as palavras (1991) e Maria Graciete Besse
Coração analfabeto (1994). Mário de SáCarneiro
Online
Tem textos breves ou apresentações sobre Raíz de lado nenhum (1992) de Mendes Bota;
Moacyr Scliar (oficial)
Raiz perturbada ou a navegação do amor (?) de Miguel Afonso; A guardadora do tesouro e a
Ondjaki
vara de ouro (1998) de Eduarda Faria da Rosa. Destaca-se o volume biográfico e de estudo do
Paulo Coelho (oficial)
poeta e pedagogo João de Deus [São Bartolomeu de Messines, 1830 - Lisboa, 1896], publicado
Richard Zimler
na celebração do aniversário do nascimento de João de Deus: De Deus a algazarra de silêncios:
Sophia de Mello Breyner
vida e obra de João de Deus (1996).
Andresen (BNP, espólio)
Tem representado a poesia algarvia no estrangeiro – por ex., em 1992, esteve em
Vitorino Nemésio
Estrasburgo e Colmar – e tem promovido em Silves, com o poeta inglês Peter Pegnall, o encontro
Zetho Cunha Gonçalves
entre poetas lusos e anglófonos. Como declamador de poesia, tem visitado escolas e bibliotecas
do Algarve, para além de ter proferido diversas palestras sobre João de Deus. Ficção
Dizendo um poema no Dia Mundial da Poesia, 21.03.2013.
no Youtube - clique aqui.
Prémio de Poesia Manuel Neto dos Santos Arandis Editora
no Youtube - clique aqui.
Como artista plástico, algumas das suas obras surgem nas capas ou como ilustração das
suas coletâneas de poesia. As suas capas são geralmente concebidas por artistas e um dos livros
mais ilustrativos do diálogo entre Poesia e Arte é o álbum Círculo de fogo (2016), com aguarelas
de Fernando Lobo e capa do poeta e de Fernando Lobo.
A OBRA
Poesia
O fogo, a luz e a voz: poemas escolhidos. Lagoa: APPA [Associação dos Poetas
Populares do Alentejo e Algarve], 1988. – 171 p.; capa de Mark Vogel.
Atalaia: comemorações do 8.º centenário da tomada de Silves aos mouros
[sonetos]. Silves: Câmara Municipal, 1989. – 144 p.; capa de Glyn Uzzell. – Aquando
do ano das comemorações da tomada da cidade de Silves aos mouros, 1989, publica
este volume, no qual o autor encarna a figura do poeta Al’Mutamid, traçando a sua
vida e a sua obra.
Trovas de um homem da terra. Ed. de autor, 1991. – 170 p.; capa de Rob Small. –
Volume que resulta da sua atividade como produtor e apresentador de programas
radiofónicos literários.
No país de Amália. Lagoa: Tribuna do Algarve, 1992. – 77 p.; capa do autor.
Idílios de AlBuhera: poesia. Il. Maria Francisca Sebastião. Albufeira: Câmara
Municipal, 1996. – 45 p.; capa do autor.
Timbres: inéditos 19961998. [Vila Real de Santo António]: Comunical, 1999. – 175
p.; capa de João Ferreira sobre foto do poeta, de Gerard Byward.
Umabel, ou o Anjo da Ilha Azul – CD de declamação sobre obra homónima. Algarve:
Ministério da Cultura; Cidade da Horta: Faialentejo –, 2000. – Capa do autor. – O
CD é gravado em 1999 e o seu lançamento ocorre na Ilha do Faial, onde a obra foi
escrita.
Ídola: poesia. Lisboa: Hugin, 2002. – 79 p.; nota biográfica pelo Dr. José Varela
Pires.
Versos de redobre: à memoria de João de Deus. Silves: Câmara Municipal, 2004. –
32 p.; capa do autor. – Obra apresentada pelo bisneto de João de Deus, o prof. Dr.
António Ponces de Carvalho.
Safra: antologia poética, 19882008. Pref. António Cândido Franco. S.l.:
MNS., 2011. – 244 p.; capa do autor.
Sulino. Albufeira: Arandis, 2012. – 80 p.; capa de Fernando Lobo.
Claves do sol e da lua. Albufeira: Arandis, 2013. – 101 p.; capa do autor e de
Fernando Lobo.
O corpo como nudez. Pref. Luiz Fagundes Duarte; il. Guy Belhomme. Albufeira:
Arandis, abril 2014. – 128 p.; fotografia da capa de Patrícia Vieira; capa de Fernando
Lobo.
Aurora boreal ao sul [poesia]. Pref. Risoleta C. Pinto Pedro (“Sobre Aurora boreal ao
sul, de Manuel Neto dos Santos”, p. 13-18). Albufeira: Arandis, dez. 2015. – 86 p.;
capa de Fernando Lobo; foto Vítor Pina.
Círculo de fogo. – Aguarelas de Fernando Lobo; pórticos de Jorge Telles de Menezes
e António Patrício Pereira. Albufeira: Arandis, março 2016. – 158 p.; capa do autor e
Fernando Lobo.
Passionário, 2016.
Manuel Neto dos Santos: poemas / poemas / poezii. – “Edición trilingue”; trad. de
Pedro S. Sanz y Simona Ailenii. Granada: El Genio Maligno, 2016. – Col. “Juego de
Espejo”, 2. – 25 p.; il. de Fernando Lobo.
Teimosa maré / Terca marea [poesia]. Col. "Chamán ante el fuego", n.º 20. Edição
bilingüe português-castellhno. Trad. Pedro Sanchez Sanz; imagem da capa de María
José López. Chamán Ediciones, 2019.
Edição literária, tradução, estudos, fotobiografia
Poeta é o povo: colectânea de poetas populares do Alentejo e Algarve. Compil.
Edmundo Falé, Manuel Netos dos Santos, Maria José Fraqueza. Lagoa: APPA, 1990.
As letras e as palavras: poemas / Adelina Bárbara Vieira; recolha pref. e notas de
Manuel Neto dos Santos. S.l.: A. Bárbara Vieira, 1991.
Coração analfabeto: poesia / Adelina Bárbara Vieira; comp. e pref. Manuel Neto dos
Santos. S.l.: Adelina B. V., 1994.
Posfácio de Raíz de lado nenhum / [José] Mendes Bota. Lagoa : Tribuna do Algarve,
1992. – Com pref. de Natália Correia. – 80 p.; il.
De Deus a algazarra de silêncios: vida e obra de João de Deus. Silves: Câmara
Municipal, 1996. – 180 p.; capa de Vasco Célio. – Volume biográfico e de estudo do
poeta e pedagogo João de Deus, começado em 1992, com a recolha de elementos
biográficos, e publicado na celebração do aniversário do nascimento de João de Deus
[São Bartolomeu de Messines, 1830 - Lisboa, 1896].
Subsídios para a história da poesia do Algarve: séc. XIXX. Rev. Manuel Neto dos
Santos, Ana Maria Linha. Silves: Voz de Silves: Gazeta de Lagoa, 2000. – 1151 p.;
capa do autor. – Volume cujas e recolhas e leituras tiveram início em 1994 e cuja
compilação de textos remonta ao período da presença árabe no Algarve.
Prefácio de Raiz perturbada ou a navegação do amor / Miguel Afonso.
Apresentação de A guardadora do tesouro e a vara de ouro (Angra do Heroísmo:
Blu, 1998) de Eduarda Faria da Rosa, na ilha do Faial em 1999.
Profere palestra na Universidade de Lovaina, na Bélgica, sobre a influência da língua
árabe no Português e o antropomorfismo islâmico no lirismo de autores algarvios.
Fev. 2003.
A convite do Prof. Dr. Adel Sidarus traduz do espanhol, a obra poética de Ibn’Ammar
, poeta árabe do século XI.
Manuel Neto dos Santos: o viandante das palavras: bio(foto)grafia. Albufeira:
Arandis, 2014. – 147 p.; capa com reprod. de autorretrato em escultura de barro. Ed.
comemorativa, 25 anos de edições.
Obra inédita
Nas badanas dos seus livros publicados, ou outros paratextos, o poeta revela os textos guardados
na gaveta ou no baú, alguns entretanto já publicados (e que portanto não estão incluídos nesta
enumeração):
“Fronteiras de Nusquama”; “Dorsos de luz de águas mais profundas”; “Noite reclinada sobre um
dos ombros”; “69 Breves estudos, para um grande poema de amor”; “142 Íntimas cartas de
público segredo”; “Raiz da memória, e outros poemas namorando o ouvido”; “al-Mús-Sauddat,
saudade à sombra das horas e das nuvens”; “Requiem para o canto dos cisnes”; “Lago turvo para
Narciso”; “Cântico Lúcido”; “Homeros”; “Pois ia, só sei que não vou por aí”; “Fescénia”; “In
memoriam Arenas, Botto, Lorca”; “Deixa-me beber-te a formosura: 366 poemas de amor
bissexto”; “Breves dias eternos”; “Fíbula”; “Tímida exuberância”; “Dias de fazer”.
Para saber mais
Perfil pessoal, e oficial, do autor no Facebook.
“Manuel Neto dos Santos” – site sobre a vida e a obra do poeta.
Um belo poema!
Para alMutamid e Manuel Moya
Escrevo, para ouvir como se agitam as águas perante o rumor da minha voz, guardado num
poço de perpétua escuridão. O meu poema é um vulto branco a arder ao sol mortiço de Outono
(em pleno julho) e tudo em mim arrasta os passos, como presos agrilhoados, cumprindo a pena
capital de ter nascido; Condição de poeta, por orgulho.
Escrevo, como se eu fosse pátios, fontes, arabescos precisos numa profusão geométrica a
lembrar quando o sol vem incendiar o vermelho dos gerânios, para que a luz não repare em
mim e eu possa ver, bem lá ao longe, o lugar de onde já fui…
Escrevo, para que os sons da noite se revelem como relâmpago azul, dilacerando o silêncio, e
eu veja através da janela um céu despovoado de nuvens, e vos lembre um deserto abobadado.
Escrevo para que os versos sejam um bando de estorninhos e o voo colectivo das palavras me
indique a minha própria migração; Negros, negros como tantas paisagens de brancos areais;
Versos que refletem a sua viuvez na imensidão de um mar atravessado.
Escrevo, num cárcere ainda por erguer, que a vastidão da minha taifa se apresenta como a
subida heroica ao topo das muralhas, testemunhando a horrenda mortandade, à sede, “no
palácio das varandas” XARAJIB, como morrem as flores silvestres no Algarve em pleno
agosto…
Escrevo, num naufrágio por dentro do que sou, pois a alma hoje rasteja (pele e osso) tão
sedenta…com um véu de desespero que me vai escondendo o rosto.
Publicada por José à(s) 18:08
Etiquetas: Manuel Neto dos Santos, Poesia
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