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Introdução
Preservar a memória das cidades por meio da arquitetura do passado demonstra um
reconhecimento sobre as experiências sociais que compõem sua história. No entanto, a
desarticulação entre a preservação do patrimônio e a urbanização praticada nas cidades
brasileiras têm resultado em um apagamento desse patrimônio cultural e urbano. Ao longo dos
séculos XX e XXI, as cidades brasileiras sofreram processos de reconstrução de áreas
culturalmente interessantes em nome de modernizações higienistas e principalmente de fluxos.
Esse processo aconteceu com altos custos à memória dos lugares. Em porto Alegre inventários de
bairros e tombamentos de edificações travam disputas com o mercado imobiliário. Nessa disputa
ocorrem resoluções legais e lacunas de legislação que atendem ao interesse de setores em
detrimento do que seria interesse do coletivo. Portanto, busca-se neste estudo um
questionamento sobre as transformações de um antigo percurso ocorrido em Porto Alegre:
Porto Alegre, assim como muitas cidades latino-americanas, serviu e serve de espaço de
reverberação, onde ressoam os modelos urbanísticos europeus e norte-americano.
Repetidamente, a aplicação destes modelos acontece de forma fragmentada. Como resultado,
inúmeras sobreposições acontecem sobre conjunto de edificações de valor cultural. Os modelos
de edificação sobrepostos normalmente não representam um projeto de cidade que corresponda
às estratégias de qualificação ambiental contidas nos planos diretores, como o PDDUA. A busca
pelo maior índice de aproveitamento edificável dessas edificações impõe uma relação agressiva
sobre os modelos arquitetônicos pré-existentes. A definição das práticas de preservação, aplicada
no PDDUA, não tem sido organizada de modo integrado as práticas de planejamento urbano.
Acontecem como processos paralelos onde o interesse pela preservação da cultura está em
constante provação, como se este fosse um setor e não algo que faz parte da história do coletivo
da cidade.
Como em outras metrópoles brasileiras, em Porto Alegre a elite ocupava o centro e suas
imediações. No Bairro Centro Histórico da cidade, encontram-se percursos, definidos no século
XIX, como o formado pela Rua Duque de Caxias e Avenida Independência. Este trajeto é descrito
como o percurso de famílias aristocráticas da cidade de Porto Alegre. Ali foram construídas casas
de alto padrão para a época, que serviram de cenários significativos da formação da cidade de
Porto Alegre. Villaça faz referência à beleza que havia ali e principalmente ao fato de ser percurso
da elite da cidade:
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estas duas vias, a Rua Duque de Caxias e Avenida Independência. Além da diferença de altura,
empenas cegas e recuos desencontrados compõem o desenho dessa paisagem.
Este artigo pretende apontar que a falta de continuidade ao pensar o seu espaço urbano, o
desejado planejamento, é capaz de descaracterizar espaços singulares da cidade de Porto Alegre.
E, nesse sentido, questionar se o atual plano regulador possui capacidade de atingir uma
qualificação ambiental colocada como estratégia em seu texto. O objeto em análise será referido
como “percurso Rua Duque de Caxias – Avenida independência.
Em um primeiro momento será descrito, de forma sucinta, como se deu a formação desta parte
da cidade de Porto Alegre. Em seguida serão indicadas as modificações sofridas neste mesmo
local e que são resultado das mudanças do modelo de urbanização presentes nos planos
diretores, que fizeram parte das decisões envolvidas em sua formação e desenvolvimento.
Esta constituição marcou a separação entre a Igreja e o Estado. O fim da política escravagista
brasileira e a Proclamação da República, por meio de um golpe apoiado pela aristocracia
brasileira, também foram resultados do movimento positivista. Tinha como base o lema "O Amor
por princípio e a Ordem por base, o Progresso por fim", frase de Augusto Comte. Com esta visão,
o espaço urbano de Porto Alegre começa a assumir novos significados.
O percurso, objeto desta análise, tem seu início na Rua General Salustiano, próximo à Praça Júlio
Mesquita, onde começa a Rua Duque de Caxias. Ao longo de sua existência, teve trechos do
percurso chamados de Rua Formosa, Rua da Igreja e Rua do Hospital1. Estes nomes foram dados
de forma espontânea como conseqüência das belas visuais que ali se podia ter e também como a
rua que levava para o hospital (hoje Santa Casa) ou a antiga Igreja da Praça da Matriz (demolida).
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A Rua Duque de Caxias apresenta um trajeto tortuoso por ter se desenvolvido ao longo da parte
alta de uma colina2. Em 1784, no ponto mais alto desta colina, foi iniciada a construção de um
palácio para o Governo, ao lado da matriz da Nossa Senhora da Madre de Deus. Em 1790 é
concluída a casa da junta, ao lado daquele palácio, que mais tarde foi reconstruída para o
funcionamento da Assembléia. Por volta de 1869 teve seu nome fixado em Rua Duque de Caxias,
pela Câmara Municipal. Nesta rua foram construídas as três principais edificações do século XIX
da cidade de Porto Alegre: O Palácio do Governo, a Igreja Paroquial e o Palácio da junta. O
percurso segue pelo viaduto José Loureiro da Silva pela mesma Rua Duque de Caxias onde é
continuado pela pequena Rua Professor Annes Dias, endereço da Santa Casa de Misericórdia.
Ao mesmo tempo em que a Rua Duque de Caxias se consolidava pela concentração de edifícios
vinculados a administração da cidade e por moradias de uma classe burguesa em seu entorno, a
Rua da Praia, paralela à Rua Duque de Caxias e situada na parte baixa da colina, tinha seu
desenvolvimento vinculado ao comércio e serviços. Villaça destaca a predominância do uso
residencial da Rua Duque de Caxias:
Conforme descreve Sérgio da Costa Franco (FRANCO, 1992), em meados de 1892, a Rua Duque
de Caxias era formada por 317 prédios, sendo 35 sobrados e 40 assobradados. A Rua Duque de
Caxias tem hoje, como sua continuação, após o Viaduto Loureiro da Silva (inaugurado em 1970), a
Rua Annes dias. Esta rua de curta extensão é um fragmento do traçado original da antiga Rua da
Misericórdia, conforme descreve Franco (FRANCO, 1992). Nela encontra-se a Santa Casa de
Misericórdia, fundada em 1803 com a denominação de Hospital da Caridade de Porto Alegre, e
depois, em 1814, organizada com o status de Santa Casa de Misericórdia. Este conjunto sofreu
inúmeros processos de reconstrução. A atual edificação presente na Rua Annes Dias, data de
1826. Esta edificação também passou por remodelamentos, com a ampliação desta via para a
circulação de veículos e a construção de anexos.
Em seguida chegamos à Avenida Independência. Conforme Sanhudo, no início do sec. XIX esta
Avenida era a estrada de comunicação da cidadezinha com as bandas dos arredores de nossa
Capital. (SANHUDO, 1979). Ao longo deste século, sofreu mudanças significativas. Com a
instalação da Capela da Conceição e da edificação da Beneficência Portuguesa, casas residenciais
foram sendo construídas. Em 1892 a avenida tinha um total de 96 casas, segundo Franco.
(FRANCO, 1992). Neste período os usos dessa via tinham semelhanças com os da Rua Duque de
Caxias, como se esta pudesse ser uma forma de prolongamento.
A Avenida Independência tem seu início junto à Praça Dom Feliciano. Esta praça é formada pelo
encontro da Rua Annes Dias com a Rua da Praia. Ao longo de seu percurso está a Praça Dom
Sebastião, demarcado em 1847, em frente à Capela da Conceição, construída entre 1851 e 1890, e
da edificação da Beneficência Portuguesa construída entre 1867 e 1870. No final da Avenida
Independência está a Praça Júlio de Castilhos, praça que recebeu seu primeiro aterro por volta de
1893.
2 -[...]A topografia é caracterizada por um espigão que se desenvolve naquele mesmo sentido e atinge a cota
máxima de 40 metros na atual Praça da Matriz, também denominada Marechal Deodoro. [...](Macedo, 1968,
p.60).
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Entre 1889 e 1930 uma série de edificações e palacetes residenciais de famílias da aristocracia da
cidade começa a se instalar nessa via. Em 1889 é construída, pelo coronel da Guarda
Nacional Salustiano Fernandes do Reis, a casa Torelly (nº453), que é nome de seu segundo dono e
um político da época. Em 1901 é construído o Palacete Argentina (nº867) na parte alta da
Independência com projeto de Theóphilo Borges de Barros. Construída em Art Deco por Arno
Bastian Meyer, entre 1904 e 1907, surge a casa Godoy, (nº456) nome do terceiro proprietário
desta edificação.
Nesta fase, Porto Alegre apresentava cerca de 140 cortiços. Instalam-se na cidade, neste período,
um discurso higienista. Com a instalação de fábricas nos arredores da cidade, nascem os bairros
operários. Na área urbanizada, outros desdobramentos acompanharam este processo. Conforme
a descrição de Sandra Pesavento:
Em 1883, a companhia Fiat Lux instalou luz elétrica no Palácio do Governo, na Rua Duque de
Caxias. Franco (FRANCO, 1992) descreve a instalação da linha “D” do bonde da Companhia
Elétrica Força e Luz na Rua Duque de Caxias, como resultado da pressão dos moradores. Este
acontecimento demonstra que os moradores, uma classe predominante burguesa, mantinham
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forte influência sobre o poder do Município. Apesar disso, o processo de transformação da cidade
acontecia de forma lenta. A iluminação a gás começava a ser explorada nestas mesmas vias.
Nesta fase a Avenida Independência tinha sua extensão percorrida por linhas de bondes de tração
animal que, em 1883, foram substituídos por bonde elétricos:
Em 1897 assume José Montaury como o primeiro superintendente eleito. Nesse ano, a Comissão
Executiva do Partido Republicano Rio-Grandense comprou para Júlio de Castilhos, presidente que
deixava o Governo do Estado, o palacete de propriedade do brigadeiro Catão Augusto dos Santos
Roxo, na Rua Duque de Caxias (nº1205). Hoje este casario é o museu que leva o nome do ex-
governador. Em 1890 é fundado o Colégio dos Padres, atual Colégio Anchieta 3, na Rua Duque de
Caxias. Em 1900 funda-se o Colégio Sévigne também na Rua Duque de Caxias.
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Com o arquiteto João Moreira Maciel, no ano de 1914, surge o "Plano Geral de Melhoramentos”.
Projeto pioneiro para a urbanização da cidade. Este plano era basicamente uma proposta de
organização do sistema. Nele surgem idéias que viriam a ser realizadas posteriormente como:
ruas paralelas ao cais do porto, a Avenida que seria a Borges de Medeiros e seu viaduto na Rua
Duque de Caxias e a futura Avenida Farrapos. De acordo com Franco:
Este plano norteou grandes obras de rede de escoamento de veículos da cidade. O projeto já
previa o alargamento de vias centrais e eliminação de becos existentes. A antiga rua Gen.
Paranhos se tornou a Avenida Borges de Medeiros. Esta proposta começou a ser discutida por
Maciel, em seu plano. A partir dos anos 20 foi executada, com algumas modificações, durante a
administração de Otávio da Rocha. Neste momento, surgiu a solução de se fazer um corte sobre a
colina onde passava a Rua Duque de Caxias e que marcaria definitivamente a imagem da Avenida
Borges com o viaduto Otavio Rocha com projeto do engenheiro Itaqui. Novamente é proposto
aumento de taxas como solução aos obstáculos encontrados pela administração do Município na
busca de seu modelo ideal:
[...] taxas mais altas foram impostas a porões, cortiços, casas térreas e beirais
projetados sobre o passeio público, e vantagens foram oferecidas a edifícios
com seis ou mais pavimentos. Em 1926 foi exigido um mínimo de três
pavimentos para se construir no centro da cidade, número que subiu para seis,
em 1940. Em 1942, um mínimo de treze pavimentos foi exigido na Avenida
Borges de Medeiros, e de oito nas ruas Andradas e Marechal Floriano. (FIORE
e MACHADO, 2016, p.112)
Em 1921 inicia-se a construção da nova Catedral Metropolitana, no mesmo local da Igreja Matriz,
na Rua Duque de Caxias. No ano de 1926 foi construída pela firma Azevedo, Moura e Gertum, a
mando de seus proprietários de então, Antônio Cardoso Saraiva e sua esposa, dona Joana
Marques Saraiva, a Residência Saraiva. Em 1929, ainda em construção, é aberta a cripta da
Catedral para o público. Em 1927 é inaugurada a edificação do Colégio Rosário, na Avenida
Independência.
Em 1919, é encaminhado à prefeitura, pelo senhor Antônio Chaves Barcellos Filho, um projeto de
palacete na esquina da Rua Duque de Caxias (nº 863) com General João Manoel. Esta edificação
pertenceu a um conjunto de palacetes da Rua Duque de Caxias representante do auge da
arquitetura neoclássica em Porto Alegre. Projeto de autoria de do escritório do arquiteto Theo
Wiedersphan.
5Pequeno pavilhão elevado ou terraço donde se domina um belo panorama, mirante. (Dicionário escolar da
língua portuguesa/ Academia Brasileira de Letras, 2 ed., SP, Companhia Editora Nacional, 2008).
6http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/vivaocentro/default.php?reg=40&p_secao=17
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Caxias, acabaria com um local conhecido pela deposição de resíduos e estruturaria um sistema de
escoamento de águas pluviais.
Em 1924, Porto Alegre apresentava 1254 automóveis, em 1925 começam a circular ônibus nos
subúrbios. Em 1927, foi aprovado um projeto de viaduto para a Rua Duque de Caxias sobre a
Avenida Borges de Medeiros. O projeto teve autoria dos engenheiros Manoel Barbosa Assumpção
Itaqui e Duílio Bernardi. Foi entregue cinco anos depois de sua aprovação, em 1932, e batizado de
Viaduto Otavio Rocha. Este viaduto tornou-se um dos símbolos da modernidade atingida pela
cidade de Porto Alegre na época e é uma das principais imagens da cidade nos nossos dias.
Em 1933 começam a surgir os primeiros edifícios de uma arquitetura modernista em Porto Alegre,
como o edifício Rio Branco, na Avenida Otavio Rocha. Neste mesmo ano, a Avenida
Independência tem seu nome alterado para Avenida Flores da Cunha. A mudança durou até 1937
quando foi retomado o nome original.
Em uma situação paralela, Nova Iorque também inicia profundas mudanças em seu ambiente
urbano. Este processo e tinha como modelo de modernidade a verticalização de suas edificações,
os arranha-céus. Aliado a esta nova morfologia, se intensificava por meio de Robert Moses uma
forte intervenção sobre os espaços urbanos para a construção de grandes avenidas destinadas ao
fluxo rápido de veículos. Marshal Berman relata o que se pretendia:
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Arnaldo Gladosh, como a circulação de idéias da Escola Alemã exerceu forte influência na prática
do urbanismo na Europa Central. Gladosh fez parte deste ambiente:
Ainda em 1939, em uma das reuniões do conselho, Gladosh propôs tornar a praça da Matriz um
novo centro cívico. Como estratégia propõe o rebaixamento da Rua Duque de Caxias com o
intuito de afastar as edificações da rua e a demolição do teatro São Pedro para a instalação do
novo Palácio do Governo. Este plano não foi aplicado. Em 1940 é realizado um recenseamento
geral, Porto Alegre possuia 272.232 habitantes, sendo 263.012 nas áreas urbanas e suburbanas e
9220 habitantes na área rural.
Em 1941, Arnaldo Gladosh participou com Edvaldo Paiva e Ubatuba de Faria, então funcionários
do Município, na redação do Expediente Urbano e do Anteprojeto de Plano Diretor de Porto
Alegre de 1944, que serviria de base ao Primeiro Plano Diretor de Porto Alegre de 1959. Em 1944
o prefeito Antônio Brochado da Rocha emite o decreto7 de quatro de fevereiro que institui o
alargamento de ruas e avenidas para aperfeiçoamento do sistema viário. Um total de 46
logradouros é atingido por esta norma, entre eles a rua Duque de Caxias. O alargamento
progressivo ocorreu desde a rua General Portinho até o fim dessa via, nos dois lados. Nesse ano o
Conselho do Plano Diretor da Cidade aprovou o que seria um pré-plano de “reforma do centro
urbano” de Porto Alegre:
O desejo era transformar a cidade de Porto Alegre (que tinha características marcantes da
arquitetura colonial e eclética) em uma cidade moderna. A imagem de Manhattan em Nova
Iorque era uma referência muito empregada. A cidade era comparada com cidades européias e
norte-americanas modernizadas:
A noção de lugar por algo “autóctone”, “local”, por suas estruturas antigas,
históricas, estava praticamente ausente. O lugar era avaliado em grande
medida em comparação com outros lugares tidos como exemplificativos dos
anseios em pauta. (FIORE E MACHADO, 2016, p.113).
Novamente o modelo seguido (e que também teve forte influência sobre a urbanização do
começo do século XX em Nova Iorque) foi à remodelação urbana de Haussmann em Paris. Por
meio da abertura de avenidas para a circulação de veículos, embelezamento de praças e parques e
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da eliminação de becos. Durante as décadas de 1930 e 1940 apareceram edifícios de seis
pavimentos na avenida Independência. A Professora Doutora Maria Soares de Almeida, do curso
de Pós-Graduação em Planejamento Urbano define esta mudança na morfologia das edificações
construídas como “a primeira ruptura formal”. (ALMEIDA, 2016) da avenida Independência.
[...] a escolha para sede deste conclave nos foi imposta por ser esta capital a
mais necessitada, entre todas, de um impulso e um esclarecimento no que se
refere ao aspecto arquitetônico. Porto Alegre, nesse particular, está
atrasadíssimo. (FRANCO, 2012, p.260).
A preocupação com a nacionalidade da arquitetura era vinculada à idéia do que se “queria ser”,
enquanto nação e não do que se “era”. A arquitetura moderna brasileira tinha pouca consideração
com o contexto das pré-existências arquitetônicas. De forma tardia, os debates ocorridos na
Escola Carioca chegaram a Porto Alegre depois da construção de Brasília.
A imagem dos arranha-céus continuava a ser o objetivo de qualquer cidade que quisesse ser
moderna. Em 1952 o então prefeito Ildo Meneghetti emite uma lei9 que estabelecia decisões
sobre a altura das construções. Esta lei determinava a altura de até 70 metros, em algumas vias.
Em outras, uma relação entre a largura das ruas e altura das edificações. Inicia-se nesta fase uma
verticalização acelerada na cidade apoiada fortemente pelo setor privado. Almeida define este
momento com sendo “a segunda ruptura formal” (ALMEIDA, 2016) da morfologia da avenida
Independência. No percurso rua Duque de Caxias – Avenida Independência são construídas
edificações de dez e doze pavimentos, com recuos frontais para alargamentos progressivos da
via, ausência de recuos laterais e uso comercial nos pavimentos térreos:
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Neste mesmo ano em uma casa da rua Duque de Caxias é fundando o Centro de Tradições Gaúchas por
estudantes do Colégio Júlio de Castilhos.
9Lei nº 986, 22 de dezembro de 1952. Dispõe sobre a altura das construções e dá outras providencias.
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surge o edifico de escritórios Annes Dias, com 19 pavimentos e projeto do arquiteto argentino
Armando D’Ans. Vizinho a este e com os mesmos 13 pavimentos, é construído o edifício
Engenheiro Candido José de Godoy (nº112).
A partir dos anos 50, inicia-se um processo de derrubada dos casarões para construção de
edificações em altura. “A legislação urbanística foi-se adaptando em busca de controle da
ocupação do espaço”: assim definiu Maria Soares de Almeida sobre as mudanças desse período.
“Almeida (ALMEIDA, 2016) afirma ainda que” o ideário modernista impôs seus princípios, vindo a
se refletir sobre a nova paisagem que foi sendo construída. ”Durante a maior parte da década de
1950, a cidade cresceu horizontal e verticalmente. Na área central, os prédios serviam para
atividades de negócios e habitação
Além desses, no cruzamento da Independência com a rua Santo Antônio surgem os projetos do
edifício Vitória Régia12 (nº 742) de 11 pavimentos, em 1953, e do edifício José Pilla13 (nº 720) com
11 pavimentos, em 1957. Surge ainda o edifício José Ricaldone14 (nº715), também em 1957, com 12
pavimentos e o edifício Esplanada (nº 1200) na esquina com a rua Ramiro Barcelos, também com
12 pavimentos.
Esta lei vigorou até a aprovação do Plano Diretor de 1959. Dela surgiu o edifício Santa Cruz na Rua
dos Andradas, com 34 pavimentos, 12 metros de frente e recuos laterais de 1,5 metros. Esta
edificação foi bastante debatida, na época, como sendo um exemplo da inadequação resultante
dessa legislação.
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determinava a adoção dos índices que, aplicados a cada terreno, acabaram por impor a
diminuição da altura das edificações. (ALMEIDA, 2016).
Edvaldo Pereira Paiva, um dos principais autores do Plano de 1959, propôs normas relativas
à habitação, ao trabalho, ao lazer e à circulação. Paiva refletia, de forma crítica, os resultados dos
modelos anteriormente buscados. Apontava em seus artigos a pouca abordagem dada às
questões sociológicas da cidade. Em 1960, Porto Alegre já contava com mais de 600.000
habitantes. Pesavento destaca a tentativa arrojada do plano:
Em 1942, Edvaldo Pereira Paiva já tinha elaborado o “Expediente Urbano de Porto Alegre", que
resultou num amplo reconhecimento da cidade. No plano de 1959 houve preocupação em sugerir
um zoneamento de usos. O Plano acabou sendo alterado pela Lei 2330 16 ·. Na Avenida
Independência ocorre o que seria a sua terceira “ruptura formal” definida por Almeida. (ALMEIDA,
2016). A verticalização agora era controlada por índices urbanísticos, resultando em uma nova
morfologia na Avenida. Com a exigência de recuos laterais não havia mais a continuidade nas
fachadas. Os pavimentos térreos tinham a presença intensa de letreiros vinculados ao seu uso
comercial. A área central da cidade continuava sendo de interesse dos empreendimentos
imobiliários. Nesse período mais imóvel de interesse cultural foram demolidos:
O percurso Rua Duque de Caxias-Avenida Independência era composto por duas zonas de uso:
zona residencial três (ZR3) e zona comercial um (ZC1, zona central, entre o viaduto da Borges e a
rua da Conceição). A parte definida como zona comercial três permitia todos os usos da zona
residencial dois (garagens, templos, estabelecimentos de ensino, bibliotecas, museus, clubes,
casas de espetáculos, cafés, restaurantes, hospitais, edifícios públicos, pequenas oficinas não
incômodas, bancos, laboratórios de análise, lavanderias, estações de rádio e posto de serviço)
além das atividades de escritórios, imprensa e gráfica, pequenas indústrias não incomodavam e
depósitos inferiores a 200m².
O percurso em estudo reunia quatro zonas referentes aos índices de aproveitamento: Z1, Z2, Z5 e
Z7. Na zona um (Z1) eram permitidos um aproveitamento de nove vezes a área do lote para
construções residenciais e de 12 vezes para construções comerciais, de serviço ou industriais. Esta
zona correspondia à área imediata a ao viaduto Otávio Rocha. A zona dois (Z2) era definida com
um aproveitamento de 10 vezes a área do lote para construções residenciais e de 12 vezes para
construções comerciais, serviços e indústrias. Esta zona era encontrada na avenida Independência
a partir da rua da Conceição até o fim dessa via. A zona descrita como zona cinco (Z5) era
16Lei nº 2.330, de 29 de dezembro de 1961. Dá nova redação a lei 2046, que institui o Plano diretor de Porto
Alegre.
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localizada no entorno da rua Conceição e entre esta via e a rua João Pessoa. Na zona sete (Z7) o
índice de aproveitamento era de quatro vezes a área do lote para uso residencial e seis vezes para
uso comercial, serviços e industrial. Correspondia ao segmento entre o início da rua Duque de
Caxias até o cruzamento com a rua Caldas Junior.
Com relação às taxas de ocupação, o percurso reunia duas classificações: Z1 e Z2. A zona um (Z1)
tinha o máximo de ocupação de 66,66% (2/3) da área do lote. Correspondia a dois trechos: o início
da rua Duque de Caxias até a rua General Auto e o trecho entre a rua da Conceição até o final da
avenida Independência. Entre a rua General Auto e a rua Independência estava à zona dois (Z2)
com taxa de ocupação máxima de 75% do lote.
Na definição das alturas mínimas e, principalmente, máximas, quatro perfis de zoneamento eram
definidos: Z1 (Borges), Z1, Z2 e Z4. As alturas mínimas ficavam na zona um Borges (Z1- Borges) e
correspondiam aos entornos do viaduto Otavio Rocha e a da rua Conceição. As edificações
poderiam atingir até a 70 metros de altura. Seguiam o padrão fixado para a rua Borges de
Medeiros. A zona dois (Z2) ficava no começo da rua Duque. Nela as alturas máximas permitidas
eram de uma vez e meia a largura do logradouro até o máximo de 45 metros. A zona quatro (Z4)
correspondia ao trecho da Avenida Independência a partir da rua da Conceição até o final desta
via. Tinha como máximo de altura permitida à relação de uma vez a largura do logradouro até o
limite de 30 metros. A edificações com mais de três pavimentos (ou 10 metros) deveriam contar
com recuos de fundo e laterais de 1/5 da altura total da edificação.
A zona um (Z1) correspondia aos demais segmentos não referidos anteriormente. Nesses trechos
era permitido construir duas vezes a largura do logradouro até o máximo de 60 metros. Para
ultrapassar a altura equivalente a duas vezes a largura do logradouro, seria necessário que a
edificação apresentasse os pavimentos que estivessem acima deste limite, com recuos
referenciados a padrões estabelecidos com o passeio. Como resultado surgiram edificações com
recuos escalonados, como o edifício Solar Meridien (rua Duque de Caxias, 959). Esta edificação
conta com 16 pavimentos, sendo os últimos três pavimento recuados em relação ao alinhamento
de sua base, uma clara ressonância de soluções empregadas em alguns arranha-céus de Nova
Iorque.
Na avenida Independência, surge outra morfologia, também fruto deste plano regulador, a partir
do início da década de 1960: as edificações no modelo base e torre centralizada. A base era
construída no alinhamento do passeio com um até três pavimentos e a torre era construída com
recuos. Um exemplo é o Centro Comercial Independência, com base de dois pavimentos e torre
central de dezesseis pavimentos. Além deste, surgiram também o Edifício Esplanada, na Avenida
Independência (nº 352), com base de um pavimento e torre de 15 pavimentos, o edifício Usmar
(nº359), com base de três pavimentos e corpo de 11 pavimentos, e o edifício Osmar, com base de
dois pavimentos e torre de 13 pavimentos, na esquina da Independência com a rua Barros Cassal
(acesso pela rua Barros Cassal, 475).
Além desses, surge o Edifício Villa Bragança (nº 482), com base de um pavimento e torre com 12
pavimentos. Este edifício interrompeu uma seqüência de edificações de interesse histórico e
cultural, isolando o Palacete Solar Imperial (Avenida Independência, 510) do conjunto de
edificações onde está a Casa Godoy (edificações de números 422, 426, 440, 450, 456, 470).
Nesta fase, sobre os edifícios de caráter histórico e cultural era imposta a direção de suas
demolições. Soluções como a ampliação das vias para a circulação de automóveis traziam esta
significação. O ambiente urbano de Porto Alegre torna-se descontínuo em alturas de edificações,
recuos e larguras de vias:
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A sucessão de tipologias ao longo do tempo foi criando uma paisagem
fragmentada acentuada pela permanência em alguns trechos dos antigos
sobrados e palacetes. As leis editadas na década de 1950 não previam a sua
preservação. Pelo contrário, ao estabelecerem dispositivos obrigatórios para
o alargamento da avenida, indicavam a intenção de ver desaparecer as
antigas estruturas edilícias, [...]. (ALMEIDA, 2004, p.242).
Em oito de março de 1970 corre o último bonde em Porto Alegre 17. A avenida Independência, na
gestão do prefeito Célio Marques Fernandes, é asfaltada e também são retirados os canteiros
centrais e suas vegetações. A frota de automóveis crescia muito e demandava novos espaços
viários. A Avenida é transformada em uma via de circulação rápida entre o centro e o bairro. Com
diferentes alturas de edificações, diferentes recuos frontais e laterais e empenas cegas de
edificações, tem, a partir deste momento, uma paisagem fragmentada.
Em 1970 o então prefeito engenheiro Telmo Thompson Flores, inaugura o viaduto Loureiro da
Silva. Este viaduto estabeleceu a conexão entre a rua Duque de Caxias e a Rua Annes dias
passando por cima da Avenida João Pessoa. Com isso, a rua Annes Dias nos dias de hoje se reduz
a um fragmento do que foi um dia a rua da Misericórdia.
Em 1972 o mesmo prefeito entrega o Túnel da Conceição, uma obra viária com três níveis. Um, no
sentido centro-bairro, com 150 metros de comprimento e quatro faixas de rolamento de 3,50
metros cada, um segundo, no sentido bairro-centro, com 250 metros de comprimento e quatro
faixas de rolamento de 3,50 metros cada e o terceiro na avenida Independência. Este complexo
viário faz limite com a Igreja de Nossa Senhora da Conceição que dá o nome à obra.
Neste documento são apontadas Áreas de Interesse Paisagístico e Cultural19. Pela primeira vez
edificações do percurso Rua Duque de Caxias – Avenida Independência são tombados pela
secretaria Municipal de Cultura, por meio da Equipe do Patrimônio Histórico e Cultura – EPHAC,
criada em 1981.20A EPHAC realiza o tombamento da casa Torelly em 1987, do Viaduto Otavio
Rocha em 1988, da residência Saraiva em 1990 e da casa Godoy em 1996, todos na Avenida
Independência.
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O processo de tombamentos do trajeto Rua Duque de Caxias –Avenida Independência começou
pelo tombamento do Solar dos Câmara, em 1963, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional – IPHAN. Em 1986 o IPHAN tombou o Palácio Piratini. Além destes, também
tombou o Palacete Argentina em 1990 e o Sítio Histórico da Praça da Matriz, no ano 2000.
Como mecanismo ferramental para a preservação, o plano diretor estabeleceu que os índices
construtivos pretendidos sobre os endereços dos bens de interesse cultural, poderiam ser
aplicados em novas construções erguidas, preservando, apenas, fachadas frontais (e outros
fragmentos da edificação original). Como resultado deste mecanismo surgiram edificações como
a da Rua Duque de Caxias (nº 876), onde a fachada frontal é mantida com seu alinhamento
original da via, como um máscara, e outra edificação com 10 pavimentos é construída com um
recuo (Figura 1).
Outro resultado deste mecanismo de construções “híbridas”, que preserva um fragmento de uma
edificação de interesse cultural e estabelece uma densificação dada por uma edificação fora do
perfil morfológico original é o Condomínio Edifício Solar Imperial, na Avenida Independência, 510.
Este conjunto surgiu sobre o regramento do PDDUA. Neste endereço, o palacete de dois
pavimentos foi preservado, em sua maioria. Nos fundos do lote ergue-se um edifício residencial
de 13 pavimentos. Este condomínio fica ao lado do edifício Villa Bragança, a alguns metros do
conjunto da casa Godoy. Neste caso, sabe-se que, de certa forma, a preservação da imagem da
arquitetura aconteceu. O mesmo não pode ser dito sobre a paisagem resultante. Este mecanismo
ainda é encontrado na atual legislação 23.
21Criada em 1979 e depois renomeada para Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado, o IPHAE
em 1990.
22O acervo do Museu Júlio de Castilhos é tombado pelo IPHAN.
23Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre –PPDUA.
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sofrendo modificações em sua estrutura. Revisões parciais do seu texto o tornaram confuso. Com
a promulgação da Constituição de 1988, tornava-se necessário a elaboração de um novo plano.
Atualmente o Palacete da esquina entre a rua Duque de Caxias e a Rua General João Manoel
encontra-se em disputas entre os proprietários. Está classificado como imóvel inventariado de
estruturação. O conjunto de casas construído nos fundo do terreno foi tombado pelo EPHAC. O
Belvedere e a escadaria da rua General João Manoel, também tombados pelo EPHAC, foram
prejudicado pela descontinuidade entre os modelos de planejamento da cidade. A vista que
motivou a primeira ocupação da colina onde se desenvolveu a rua Duque de Caxias, e que
também motivou sua construção, se reduz hoje a uma pequena brecha entre edificações da rua
Coronel Fernando Machado. (Figuras 2 e 3).
Figura 2, imagem do belvedere e o visual na década de 50, fonte: pagina virtual EPHAC. Figura 3,
o visual nos dias de hoje, fonte: foto do autor.
O PDDUA, em seu art. 114º, também manteve, no centro da cidade, os limites de altura definidos
na Lei 2330/61. Em 2008 é emitida a Lei Complementar 60125. Nela é regulamentada a elaboração
de inventários dos imóveis definidos como inventariados de Estruturação26 e inventariados de
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Compatibilização27. O inventário realizado no bairro Centro Histórico de Porto Alegre lista um
total de 62 imóveis classificados com bens inventariados de compatibilização e 14 imóveis, como
bens inventariados de estruturação, além daqueles tombados, referenciados anteriormente.
Nenhum imóvel da rua Annes Dias é inventariado. O inventário da Avenida Independência reúne
uma lista com um total de 12 imóveis classificados com bens inventariados de compatibilização e
37 imóveis como bens inventariados de estruturação.
O Solar dos Câmara (Rua Duque de Caxias, 968), o Palácio Piratini (em frente à Praça da Matriz) e o
Sítio Histórico da Praça da Matriz (também próximo ao Solar). O Palacete Argentina, apesar de
também ser tombado, não é sujeito ao controle e aprovação das nova intervenções por parte do
IPHAN. Identifica-se duas situações a partir desta constatação:
Os bens tombados pelo EPHAC não apresentam vinculação com nenhuma regulamento especifico
que regule seu entorno, a partir de sua existência. As intervenções nas áreas desses bens culturais
ocorre como se estas regiões não tivessem uma história envolvida.
O IPHAE apresenta Portaria do Entorno individualizada sobre alguns de seus bens tombados no
interior do estado do Rio Grande do Sul. A mesma regulamentação não ocorre sobre os bens
tombado pelo IPHAE em Porto Alegre.
de área construída, desde que se mantenham preservados os elementos históricos e culturais que
determinaram sua inclusão no Inventário do Patrimônio Cultural de Bens Imóveis do Município. (Art. 10, Lei
Complementar 601).
27 As edificações Inventariadas de Compatibilização poderão ser demolidas ou modificadas, por meio de
Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU), devendo a intervenção ou a edificação que a substituir observar as
restrições necessárias à preservação cultural e histórica da edificação de Estruturação e do entorno a que
estiver vinculado, bem como à paisagem urbana. (Art. 11, Lei Complementar 601).
28Dispõe sobre os procedimentos a serem observados para a concessão de autorização para realização de
intervenções em bens edificados tombados e nas respectivas áreas de entorno.
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Conclusões
Uma legislação bem elaborada e, principalmente, com credibilidade dada pelo Poder Público, de
forma a gerar, de fato, a idéia do projeto de cidade pretendida, não teria a necessidade de
complementações de outras legislações de forma recorrente. O discurso presente em suas
estratégias vai enfraquecendo ao longo dos resultados do regime urbanístico que é efetivamente
aplicado a cidade.
A falta da aplicação de uma Portaria de Entorno sobre bens tombados e a busca pelo maior índice
de aproveitamento edificável nas edificações do entorno impõe uma relação agressiva sobre o
modelos arquitetônicos pré-existentes. As definições das práticas de preservação aplicadas no
PDDUA não tem sido organizada. Apesar das definições dadas sobre as intervenções nos bens
inventariados de estruturação e compatibilização, a Lei Complementar 601, que define as regras e
condições do inventário de Porto Alegre apresenta brechas significativas em seus artigos 10 e 11.
Estes artigos permitem mutilações e demolições de edificações inventariadas contrariando e
enfraquecem muito as intenções de preservação presentes na LC 601.
O mercado de imóveis tem influência presente desde o início da formação da cidade de Porto
Alegre. A legislação atual reconhece esta influência e sua importância. No entanto a cidade não é
composta apenas de densidades, índices construtivos e regulamentações. As estratégias que hoje
são colocadas no PDDUA e vão perdendo força nas modificações sofridas pelo texto, têm
importância fundamental. O projeto de cidade que temos hoje caminha para o não-lugar definido
por Marc Urge29·. O não-lugar caracteriza-se pela ausência de símbolos, em oposição ao lugar
antropológico, que é marcado pela identidade, pela relação com seu grupo social e sua história.
“Negar o lugar é negar esses símbolos.”(URGE, 1994). Ou seja, apagando aquilo que é peculiar ao
espaço urbano de Porto Alegre, a cidade fica sem a presença da história de suas relações sociais.
Torna-se um ambiente de seres indiferentes. A busca do modelo de modernidade de Nova Iorque
trouxe arranha-céus, abertura e alargamento de vias para circulação de veículos e também o
niilismo30 sobre a cidade de Porto Alegre. A necessidade de remoção de populações que se vêem
nos percursos das obras ou em áreas de interesse do mercado é outra conseqüência presente em
todo processo de urbanização deste modelo. Isso ocorreu e ainda ocorre, não só em Porto Alegre.
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PORTO ALEGRE, Lei complementar 43, de 21 de julho de 1979. Dispõe sobre o desenvolvimento
urbano no Município de Porto Alegre, institui o Primeiro Plano-Diretor de Desenvolvimento
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PORTO ALEGRE, Lei Complementar nº 434, de 1º de dezembro de 1999, Dispõe sobre o
desenvolvimento urbano no Município de Porto Alegre, institui o Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre e dá outras providências. Porto Alegre,
1999.
PORTO ALEGRE, Lei Complementar nº601, de 23 de outubro de 2008. Dispõe sobre o Inventário do
Patrimônio Cultural de Bens Imóveis do Município.
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