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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Tecnologia e Geociências - Departamento de Engenharia Civil


Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil
Mestrado em Geotecnia

Ana Karine Santos Dantas


Bruno Diego de Morais

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A NBR 6122:2010 E O EUROCODE 7

Recife - PE
2018
Bruno Diego de Morais
Ana Karine Santos Dantas

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A NBR 6122:2010 E O EUROCODE 7

Relatório apresentado à disciplina de Fundações, do


Mestrado em Engenharia Civil, como requisito parcial de
avaliação.
Professor: DSc. Roberto Quental Coutinho

Recife – PE
2018
3

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 5
2 GENERALIDADES............................................................................................................ 6

2.1 HISTÓRICO DA ABNT 6122:2010 ......................................................................... 6


2.2 HISTÓRICO DO EUROCODE 7 ................................................................................. 6
2.3 INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA ................................................................................ 8
2.4 AÇÕES EM FUNDAÇÕES .......................................................................................... 9
2.5 SEGURANÇA NAS FUNDAÇÕES.............................................................................. 11
2.5.1 RECOMENDAÇÕES DA NORMA NBR 6122:2010................................................. 11
2.5.2 RECOMENDAÇÕES DA NORMA EN 1997............................................................. 13

3 FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS ...................................................................................... 14

3.1 RECOMENDAÇÕES DA NORMA NBR 6122:2010 ................................................. 14


3.1.1 DETERMINAÇÃO DA TENSÃO ADMISSÍVEL OU TENSÃO RESISTENTE DE PROJETO –
ELU E ELS 14
3.1.2 CASOS PARTICULARES........................................................................................ 15
3.1.3 DIMENSIONAMENTO GEOMÉTRICO ..................................................................... 15
3.1.4 CRITÉRIOS ADICIONAIS ...................................................................................... 16
3.1.5 CRITÉRIOS ADICIONAIS ...................................................................................... 17
3.2 RECOMENDAÇÕES DA NORMA EN 1997 .............................................................. 17
3.2.1 ESTADOS LIMITES ............................................................................................... 17
3.2.2 CONSIDERAÇÕES DE PROJETO E DE CONSTRUÇÃO............................................... 18
3.2.3 DIMENSIONAMENTO EM RELAÇÃO AOS ESTADOS LIMITES ÚLTIMOS ................... 19
3.2.4 CAPACIDADE RESISTENTE DO TERRENO AO CARREGAMENTO ............................. 19
3.2.5 DIMENSIONAMENTO EM RELAÇÃO AOS ESTADOS LIMITES DE SERVIÇO ............... 20

4 FUNDAÇÕES PROFUNDAS .......................................................................................... 22

4.1 RECOMENDAÇÕES DA NORMA NBR 6122:2010 ................................................. 22


4.1.1 CARGA ADMISSÍVEL OU CARGA RESISTENTE DE PROJETO ................................... 22
4.1.2 DETERMINAÇÃO DA CARGA ADMISSÍVEL OU CARGA RESISTENTE DE PROJETO DE

ESTACAS 22
4.1.3 CRITÉRIOS ADICIONAIS ...................................................................................... 25
4

4.1.4 EFEITO DE GRUPO ............................................................................................... 26


4.1.5 OUTRAS SOLICITAÇÕES ...................................................................................... 26
4.1.6 ORIENTAÇÕES GERAIS ........................................................................................ 27

5 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 36
6 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 37
5

1 INTRODUÇÃO
6

2 GENERALIDADES

2.1 Histórico da ABNT 6122:2010

A norma ABNT NBR 6122:2010 substitui antiga norma de fundações, ABNT NBR
6122:1996. A Comissão Revisora da norma foi o Eng. Jaime Marzionna (Professor da Poli-
USP), sendo o processo de revisão foi iniciado em maio de 2003.
O objetivo era atualizar o conteúdo, aproximando-o dos novos métodos e técnicas
utilizando o texto da norma antiga como plano de fundo, entre as principais mudanças contidas
na nova versão estão:
• Inclui novos conceitos que aproximam a norma brasileira do Eurocode;
• Agrega também maior segurança às obras;
• A norma é mais clara e organizada trazendo a divisão do texto entre as duas principais
partes da fundação, isto é, projeto e execução;
• Inserção do conceito de coeficiente de segurança parcial;
• Introdução do conceito de região representativa do terreno;
• Fixação das situações onde é obrigatório o acompanhamento do comportamento das
estruturas;
• Fixação de critérios claros para a verificação do desempenho das fundações em estacas;
Atualmente a norma está em processo de revisão desde 2016, sendo a equipe de revisão
coordenada por Frederico Falconi (sócio-diretor da empresa ZF e Engenheiros Associados);

2.2 Histórico do Eurocode 7

Os trabalhos para a elaboração do Eurocode foram iniciados em 1975, o objetivo do


programa era a eliminação de entraves técnicos ao comércio e a harmonização das
especificações técnicas;
Atualmente o Eurocode é divido em dez normas fundamentais que englobam vários
aspectos da engenharia civil (projetos de estruturas de concreto, aço, madeira). As normas estão
listadas abaixo e ilustradas na Figura 1.

• EN 1990 Eurocódigo: Bases para o projeto de estruturas;


• EN 1991 Eurocódigo 1: Ações em estruturas;
• EN 1992 Eurocódigo 2: Projeto de estruturas de concreto;
• EN 1993 Eurocódigo 3: Projeto de estruturas de aço;
7

• EN 1994 Eurocódigo 4: Projeto de estruturas mistas aço-concreto;


• EN 1995 Eurocódigo 5: Projeto de estruturas de madeira;
• EN 1996 Eurocódigo 6: Projeto de estruturas de alvenaria;
• EN 1997 Eurocódigo 7: Projeto geotécnico;
• EN 1998 Eurocódigo 8: Projeto de estruturas para resistência a sismos;
• EN 1999 Eurocódigo 9: Projeto de estruturas de alumínio.

Figura 1 - Ilustração das normas do Eurocode

O Eurocode 7 (EN 1997), especificadamente destina-se a ser utilizada como base geral
para os aspectos geotécnicos do projeto de edifícios e de outras obras de engenharia civil e foi
elaborada pelo European Committee for Standardization (CEN/TC 250). Ele estabelece
princípios e requisitos de segurança e aptidão para utilização e descreve as bases para o
dimensionamento e aspectos relacionados a confiabilidade e é publicado em duas partes:
“Regras gerais” e “Investigação e teste do solo”;
A norma em sí descreve como projetar estruturas geotécnicas, usando a filosofia de
projeto de estado limite e concentra orientação para o projeto de Aterros, rebaixamento freático
e melhoramento ou reforço do terreno, fundações superficiais, fundações por estacas,
ancoragens, estruturas de suporte, ruptura hidráulica, estabilidade global e aterros.
8

2.3 Investigação geotécnica

A investigação geotécnica preliminar deve ser realizada para qualquer edificação, caso
seja necessário, deve ser realizada uma investigação complementar em função das
peculiaridades do subsolo e do projeto.
A norma ABNT NBR 6122 recomenda no mínimo a sondagem a percussão (SPT).
Enquanto que o Eurocode 7 recomenda que os requisitos mínimos no que diz respeito a
quantidade e a qualidade dos estudos de caracterização geotécnica estão associados à
complexidade e aos riscos de cada projeto (Categoria Geotécnica). De forma que para a
categoria 1, a investigação geotécnica pode ser dispensada; na categoria 2, será necessária
investigação geotécnica para completar as informações obtidas no levantamento de dados pré-
existentes; na categoria 3, devido à complexidade do projeto, geralmente abrangendo grandes
áreas é necessário dispor de uma investigação que extrapole os limites mínimos estabelecidos
pela norma. No Quadro 1 está descrito as categorias geotécnicas previstas no Eurocode 7.

Requerimentos de Procedimento de
Categoria Geotécnica Exemplo
Projeto Projeto
Riscos de instabilidade
global ou de
movimentos do terreno
desprezável; Estruturas e obras
Consisti em métodos de
1 - Abrange estruturas As condições do terreno de terraplenagem
rotina para o
pequenas e simples e conhecidas; de reduzida
dimensionamento e para a
relativamente simples Não houver escavações complexidade e
construção de fundações.
abaixo do nível freático risco
(buscar conhecer a
experiência local).

2 - Abrange os tipos – Fundações


Deverá incluir dados
correntes de estruturas Poderão ser utilizados superficiais;
geotécnicos de natureza
e de fundações que não procedimentos de rotina – Radier;
quantitativa e uma
envolvam nem risco quer nos ensaios de – Fundações por
análise que assegure que
fora de comum nem campo e de laboratório estacas;
são satisfeitos os
condições difíceis de quer no dimensionamento – Pilares e
requisitos
solo ou carregamento e na construção encontros de
fundamentais.
pontes;
9

- Estruturas de
grande dimensão
ou pouco comuns;
3 – Abrange as - Envolvam riscos
Nos projetos de estruturas da Categoria Geotécnica 3
estruturas ou partes de fora do comum;
deverão normalmente ser utilizadas disposições e
estruturas não - Estruturas em
regras alternativas às da presente Norma.
abrangidas em 1 e 2 áreas com
provável
instabilidade local

Quadro 1 - Categoria geotécnica dos empreendimentos

2.4 Ações em fundações

A norma ABNT 6122, prever as seguintes ações:

a) Ações provenientes da superestrutura

Devem ser fornecidos pelo projetista da estrutura de forma individualizada entre os


esforços para verificação do ELU e ELS; as ações devem ser separadas de acordo com suas
naturezas:

 Ações permanentes (peso próprio, sobrecarga permanente, empuxos etc.);


 Ações variáveis (sobrecargas variáveis, impactos, vento etc.);
 Ações excepcionais.

b) Ações decorrentes do terreno

Devem ser considerados os empuxos de terra e empuxos de sobrecargas atuantes no


solo.

c) Ações decorrentes da água superficial e subterrânea

Devem ser considerados os empuxos de água, tanto superficial quanto subterrânea.

d) Ações excepcionais
 Alteração do estado de tensões causadas por obras nas proximidades (escavações,
aterros, túneis etc.);
10

 Tráfego de veículos pesados e equipamentos de construção;


 Carregamentos especiais de construção;
 Explosão, incêndio, colisão de veículos, enchentes, sismos etc.
e) Interação fundação-estrutura

Quando a deformabilidade das fundações pode influenciar na distribuição de esforços.

f) Peso próprio das fundações


 Peso próprio de blocos de coroamento ou sapatas;
 Ou no mínimo 5 % da carga vertical permanente.
g) Atrito negativo
 Deve ser considerada no dimensionamento;
 Solicitações de valor significativo deve ser determinada através de provas de carga.

Similarmente a EN 1997 prever as seguintes ações, as diferenças ficam por conta das
condições climáticas, como por exemplo as cargas devidas ao gelo, não prevista na norma
brasileira.

 Os pesos do solo, da rocha e da água;


 As tensões no terreno;
 As pressões de terras;
 As pressões da água livre, incluindo as pressões das ondas;
 As pressões na água do terreno;
 As forças de percolação;
 As cargas permanentes e as cargas impostas transmitidas pelas estruturas;
 As sobrecargas;
 As forças de amarração;
 A remoção de carga ou a escavação do terreno;
 As cargas devidas ao tráfego;
 Os deslocamentos devidos a exploração mineira ou à abertura de cavidades ou túneis;
 A expansão ou a retração devidas à vegetação, ao clima ou a variações da humidade;
 Os movimentos devidos à fluência, ao deslizamento ou ao recalque dos terrenos;
 Os movimentos devidos à degradação, à dispersão, à decomposição, à densificação
devida ao peso próprio e à dissolução;
11

 Os deslocamentos e as acelerações devidos a sismos, a explosões, a vibrações e a forças


dinâmicas;
 Os efeitos térmicos, incluindo a ação do gelo intersticial;
 As cargas devidas ao gelo;
 O pré-esforço imposto em ancoragens e escoras;
 O atrito negativo

2.5 Segurança nas fundações

Tanto a NBR 6122:2010 como EN 1997, recomenda que deve ser feita a verificação
para que as situações de projeto não excedam os estados limites último e de utilização. Esses
limites estão divididos em duas categorias:
• Estados-limites últimos (ELU) estão associados a colapso parcial ou total da obra;
• Estados-limites de serviço (ELS) estão associadas deformações, fissuras etc. que
comprometem o uso da obra;

2.5.1 Recomendações da Norma NBR 6122:2010

a) Verificação dos estados-limites últimos (ELU)

De acordo com a Norma NBR 6122:2010 os seguintes mecanismos podem caracterizar


o estado-limite último que conduzem ao colapso da fundação:

 Perda de estabilidade global;


 Ruptura por esgotamento da capacidade de carga do terreno;
 Ruptura por deslizamento (fundações superficiais);
 Ruptura estrutural em decorrência de movimentos da fundação;
 Arranchamento ou insuficiência de resistência por tração;
 Ruptura do terreno decorrente de carregamentos transversais;
 Ruptura estrutural (estaca ou tubulão) por compressão, flexão, flambagem ou
cisalhamento.

O Métodos de cálculo é divido em dois tipos, o método dos valores admissíveis,


utilizando fatores de segurança global e o método dos valores de projeto, utilização de fatores
de segurança parciais.
12

No método de valores admissíveis as cargas ou tensões de ruptura são divididas por um


fator de segurança global.

Radm ≤ Rult/FSg e Radm ≥ Ak

Onde:

 Radm é a tensão admissível de sapatas e tubulões e carga admissível de estacas;


 Rult representa as cargas ou tensões de ruptura (últimas);
 Ak representa as ações características;
 FSg é o fator de segurança global.

No método de valores de projeto as cargas ou tensões de ruptura são divididas pelo


coeficiente de minoração das resistências e as ações são multiplicadas por fatores de majoração.

Rd = Rult / γm , Ad = Ak x γf e Rd ≥ Ad

Onde

 Rd é a tensão resistente de projeto para sapatas ou tubulões ou carga resistente de


projeto para estacas;
 Ad representa as ações em valores de projeto.
b) Verificação dos estados-limites de serviço (ELS)

A verificação dos estados limites de serviço em relação ao solo de fundação ou ao


elemento estrutural de fundação deve atender a:
Ek (valor do efeito das ações) ≤ C (valor-limite de serviço)

Limites de serviço a serem considerados

 Recalques excessivos;
 Levantamentos excessivos decorrentes, por exemplo, de expansão do solo ou outras
causas;
 Vibrações inaceitáveis.
13

2.5.2 Recomendações da Norma EN 1997

a) Requisitos de projeto

Para cada situação de projeto geotécnica deve ser feita a verificação de que nenhum
estado limite relevante, é excedido. Os limites podem ocorrer quer no terreno quer na estrutura
quer ainda por rotura envolvendo conjuntamente a estrutura e o terreno.
Os estados limites deverão ser verificados recorrendo a uma das seguintes abordagens,
ou respectiva combinação:

 Utilização de cálculos;
 Adoção de medidas prescritivas
 Utilização de modelos experimentais e de ensaios de carga
 Utilização do método observacional
b) Dimensionamento geotécnico com base no cálculo

O dimensionamento com base no cálculo implica a consideração de:

 Ações, que poderão ser quer forças impostas quer deslocamentos impostos;
 Propriedades de solos, de rochas e de outros materiais;
 Grandezas geométricas;
 Valores limites das deformações, da largura de fendas, das vibrações, etc.;
c) Valores de cálculo das ações

No método de valores de projeto ações são multiplicadas por fatores de majoração.

Onde

 Fd valor de cálculo de uma ação;


 γf coeficiente parcial para ações, que tem em conta a possibilidade de desvios
desfavoráveis dos valores das ações em relação aos valores representativos;
 Frep valor representativo de uma ação.
d) Valores de cálculo dos parâmetros geotécnicos

No cálculo dos parâmetros geotécnicos os valores dos parâmetros são divididos pelo
coeficiente.
14

Onde

 Xd valor de cálculo de uma propriedade de um material;


 Xk valor característico de uma propriedade de um material;
 γm coeficiente parcial para um parâmetro do solo (propriedade de um material).

3 FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS

3.1 Recomendações da norma NBR 6122:2010

A grandeza fundamental para o projeto de fundações diretas é a determinação da tensão


admissível se o projeto for feito considerando coeficiente de segurança global ou a
determinação da tensão resistente de projeto quando se consideram fatores parciais. Estas
tensões devem obedecer simultaneamente aos estados-limites últimos (ELU) e de serviço
(ELS), para cada elemento de fundação isolado e para o conjunto.
Estas tensões devem obedecer simultaneamente aos estados-limites últimos (ELU) e de
serviço (ELS), para cada elemento de fundação isolado e para o conjunto.

3.1.1 Determinação da tensão admissível ou tensão resistente de projeto – ELU e ELS

A tensão admissível ou tensão resistente de projeto deve ser fixada a partir da utilização
e interpretação de um ou mais dos procedimentos descritos abaixos.

a) Prova de carga sobre placa

Ensaio realizado de acordo com a ABNT NBR 6489, cujos resultados devem ser
interpretados de modo a considerar a relação modelo-protótipo (efeito de escala), bem como as
camadas influenciadas de solo.

b) Métodos teóricos
15

Podem ser empregados métodos analíticos (teorias de capacidade de carga) nos


domínios de validade de sua aplicação, que contemplem todas as particularidades do projeto,
inclusive a natureza do carregamento (drenado ou não drenado).

c) Métodos semi-empíricos

São métodos que relacionam resultados de ensaios (tais como o SPT, CPT etc.) com
tensões admissíveis ou tensões resistentes de projeto. Devem ser observados os domínios de
validade de suas aplicações, bem como as dispersões dos dados e as limitações regionais
associadas a cada um dos métodos.
Para o estado-limite de serviço a tensão admissível ou tensão resistente de projeto, neste
caso, é o valor máximo da tensão aplicada ao terreno que atenda às limitações de recalque ou
deformação da estrutura.

3.1.2 Casos particulares

a) Fundação sobre rocha

Deve-se considerar as suas descontinuidades: falhas, fraturas e xistosidades etc.

b) Solos Expansivos

Ocorrer o levantamento da fundação e a diminuição de resistência devido à sua


expansão.

c) Solos Colapsíveis

Deve ser considerada a possibilidade de ocorrer o encharcamento (devido a, por


exemplo, vazamentos de tubulações de água, elevação do lençol freático etc.).

3.1.3 Dimensionamento geométrico

a) Cargas centradas

A área da fundação deve ser tal que as tensões transmitidas ao terreno (uniformemente
distribuídas), sejam menores ou iguais à tensão admissível ou tensão resistente de projeto do
solo de apoio.

b) Cargas excêntricas
16

Uma fundação é solicitada por carga excêntrica quando estiver submetida a qualquer
composição de forças que incluam ou gerem momentos na fundação.
O dimensionamento geotécnico de uma fundação superficial solicitada por
carregamento excêntrico deve ser feito considerando-se que o solo é um elemento não resistente
à tração

c) Cargas horizontais

Para equilibrar a força horizontal que atua sobre uma fundação em sapata ou bloco,
pode-se contar com o empuxo passivo, desde que se assegure que o solo não venha a ser
removido, além da resistência ao cisalhamento no contato solo-sapata. O valor calculado do
empuxo passivo deve ser reduzido por um coeficiente de no mínimo 2,0, visando limitar
deformações.

3.1.4 Critérios adicionais

a) Dimensão mínima:

Em planta, as sapatas isoladas ou os blocos não devem ter dimensões inferiores a 0,60
m.

b) Profundidade mínima

Nas divisas com terrenos vizinhos, salvo quando a fundação for assente sobre rocha, tal
profundidade não deve ser inferior a 1,5 m. Em casos de obras cujas sapatas ou blocos estejam
majoritariamente previstas com dimensões inferiores a 1,0 m, essa profundidade mínima pode
ser reduzida

c) Lastro

Todas as partes da fundação superficial (rasa ou direta) em contato com o solo (sapatas,
vigas de equilíbrio etc.) devem ser concretadas sobre um lastro de concreto não estrutural com
no mínimo 5 cm de espessura, a ser lançado sobre toda a superfície de contato solo-fundação.
17

3.1.5 Critérios adicionais

No caso de fundações próximas, porém situadas em cotas diferentes, a reta de maior


declive que passa pelos seus bordos deve fazer, com a vertical, um ângulo α como mostrado na
Figura 2, com os seguintes valores:
a) solos pouco resistentes: α ≥ 60°;
b) solos resistentes: α = 45°; e
c) rochas: α = 30°.

Figura 2 - Fundações próximas, mas com cotas diferentes

3.2 Recomendações da norma EN 1997

3.2.1 Estados limites

Devem ser considerados os seguintes estados limites e deve ser feita uma compilação
apropriada dos estados limites a considerar:

 Perda de estabilidade global;


 Rotura por insuficiência de capacidade resistente do terreno ao carregamento, rotura por
punçoamento, esmagamento;
 Rotura por deslizamento;
 Rotura conjunta do terreno e da estrutura;
 Rotura estrutural devida a movimentos da fundação;
 Recalques excessivos;
 Expansão excessiva devido à expansão, ao gelo intersticial ou a outras causas;
 Vibrações inadmissíveis.
18

3.2.2 Considerações de projeto e de construção

a) Profundidade da fundação

Na definição da profundidade de uma fundação superficial devem ser considerados os seguintes


aspectos mostrados na Figura 3:

Figura 3 - Aspectos a ser considerado na definição da profundidade da fundação

b) Largura da fundação

Deve ser dimensionado levando em consideração a economia e espaço de trabalho.

c) Métodos utilizados para dimensionamento

No dimensionamento de fundações superficiais deve ser utilizado um dos seguintes


métodos:

Método Descrição Restrições

O são efetuadasanálises ELU - mecanismos de rotura adoptados


Direto separadas para cada um dos
estados limites ELU, ELS ELS - cálculo de assentamentos;

As ações correspondentes aos estados


Usa experiência comparável com
limites de utilização, deve satisfazer os
Indireto resultados de medições de campo
requisitos relativos a todos os estados
e laboratório e observações
limites relevantes;
19

Usa regras de projeto


convencionais e conservadoras e Utilizada a capacidade resistente presumida
Prescritivo
especifica o controle da do terreno
construção

3.2.3 Dimensionamento em relação aos estados limites últimos

A estabilidade global, com ou sem as fundações, deve ser verificada, particularmente


nas seguintes situações:

 Num talude natural ou feito pelo homem, ou na sua proximidade;


 Na proximidade de uma escavação ou de uma estrutura de suporte;
 Na proximidade de um curso de água, de um canal, de um lago, de uma albufeira ou da
costa marítima;
 Na proximidade de minas ou de estruturas enterradas.

Para estas situações deve ser demonstrado que a probabilidade de ocorrência de uma
instabilização do maciço de terreno que contém a fundação é suficientemente pequena.

3.2.4 Capacidade resistente do terreno ao carregamento

Deve ser satisfeita a seguinte expressão para todos os estados limites últimos:

Vd ≤ Rd

Onde:
Vd é a carga vertical;
Rd é a capacidade resistente;
Algumas observações são necessárias para realização desse cálculo, por exemplo: Vd
deve incluir o peso da fundação, o peso de qualquer material de aterro de reenchimento e todas
as pressões de terras, quer favoráveis quer desfavoráveis. As pressões da água que não sejam
causadas pelo carregamento da fundação devem ser incluídas como ações.
Além disso, o Eurocode 7 admite a adoção de métodos analítico, semi-empírico e
prescritivo para realização do cálculo da capacidade resistente do terreno.
20

No dimensionamento do estado limite último também devem ser considerados os


seguintes fatores:

a) Capacidade resistente ao deslizamento

Sempre que o carregamento não seja normal à base da fundação deve ser feita a
verificação da segurança relativamente ao deslizamento da fundação.

b) Cargas com grandes excentricidades

Devem ser tomadas precauções especiais sempre que a excentricidade da carga exceda
1/3 da largura de uma sapata retangular, ou 0,6 do raio de uma sapata circular (adotadas
tolerâncias até 0,10 m).

c) Rotura estrutural por movimento das fundações

Devem ser considerados os deslocamentos diferenciais verticais e horizontais da


fundação tendo em vista assegurar que tais deslocamentos não conduzem à ocorrência de um
estado limite último na estrutura.

3.2.5 Dimensionamento em relação aos estados limites de serviço

Devem ser tidos em conta os deslocamentos causados pelas ações aplicadas às


fundações. Na avaliação da amplitude dos deslocamentos de uma fundação deve ser tida em
conta a experiência comparável e devem também ser realizados cálculos de deslocamentos.
Sendo os cálculos, obrigatório em caso de argilas moles.
Os cálculos de assentamentos não deverão ser considerados exatos, constituindo os
respectivos resultados apenas uma estimativa aproximada.
O efeito das fundações e dos aterros vizinhos deve ser tido em conta no cálculo dos
incrementos de tensões no terreno e da sua influência na compressibilidade do terreno.
Para o dimensionamento dos estados limites de serviço devem ser considerados:

a) Assentamento

Os cálculos devem contemplar os recalques imediatos e diferidos;


Solo parcial ou totalmente saturado considerar: recalque imediato, consolidação e fluência;
Especial atenção aos solos, tais como os solos orgânicos e as argilas moles;
A profundidade do estrato de solo compressível é considerada como sendo igual a duas vezes
a largura da fundação;
21

b) Expansão

Devem ser distinguidas as seguintes causas de empolamento:

 Redução da tensão efetiva;


 Expansão volumétrica de solos parcialmente saturados;
 Empolamento causado pelo assentamento de uma estrutura adjacente num solo
totalmente saturado que se deforma em condições de volume constante.

Os cálculos de empolamentos devem contemplar quer os empolamentos imediatos quer


os empolamentos diferidos.

c) Análise de vibração

As fundações de estruturas submetidas a vibrações ou a cargas vibratórias devem ser


dimensionadas de forma a que as vibrações não causem recalques excessivos.
Deverão ser tomadas as devidas precauções para assegurar que não ocorrerá nem
ressonância entre a frequência da carga dinâmica e uma frequência própria do sistema
fundação-terreno, nem liquefação no terreno.

d) Fundações em rocha

No dimensionamento de fundações superficiais em rocha devem ser tidos em conta os


seguintes aspectos:

 A deformabilidade e a resistência do maciço rochoso e o recalque admissível da


estrutura a suportar;
 Quaisquer estratos de baixa resistência, tais como, por exemplo, zonas de dissolução e
zonas de falhas;
 Presença de planos de estratificação ou de outras descontinuidades e as respectivas
características;
 O estado de alteração, de decomposição e de faturação da rocha.
22

4 FUNDAÇÕES PROFUNDAS

4.1 Recomendações da norma NBR 6122:2010

A grandeza fundamental para o projeto de fundações profundas por estacas é a carga


admissível (se o projeto for feito em termos de valores característicos) ou carga resistente de
projeto (quando for feito em termos de valores de projeto).
Para tubulões, a grandeza fundamental é a tensão admissível ou tensão resistente de
projeto.
Essas cargas ou tensões devem obedecer simultaneamente ao estado-limite último
(ELU) e de serviço (ELS), para cada elemento isolado de fundação e para o conjunto

4.1.1 Carga admissível ou carga resistente de projeto

Para a determinação dessa carga, devem ser considerados os seguintes fatores:

 Características geomecânicas do subsolo;


 Posição do nível d'água;
 Eventual alteração das características dos solos (expansivos, colapsíveis etc.) devido a
agentes
 Externos (encharcamento, contaminação, agressividade etc.);
 Alívio de tensões;
 Eventual ocorrência de solicitações adicionais como atrito negativo e esforços
horizontais devidos
 A carregamentos assimétricos;
 Geometria do elemento de fundação;
 Recalques admissíveis.

4.1.2 Determinação da carga admissível ou carga resistente de projeto de estacas

a) Provas de carga
 Executadas de acordo com a ABNT NBR 12131;
 Durante a prova de carga o atrito lateral deve ser sempre positivo;
 A capacidade de carga deve ser considerada definida quando ocorrer ruptura nítida;
23

 As vezes pode não ocorrer a ruptura nítida sendo necessário extrapolar a curva carga
recalque;
b) Métodos estáticos
 Podem ser teóricos ou semi-empíricos;
 Em estacas escavadas, a carga admissível deve ser de no máximo 1,25 vez a resistência
do atrito lateral;
 Logo no máximo 20 % da carga admissível pode ser suportada pela ponta da estaca;
 Quando superior a 20%, a limpeza da ponta deve ser especificado pelo projetista e
ratificado pelo executor.
c) Métodos dinâmicos

São métodos de estimativa de carga de fundações profundas baseados na previsão e/ou


verificação do seu comportamento sob ação de carregamento dinâmico.

d) Fórmulas dinâmicas

As fórmulas dinâmicas baseadas na nega ou repique elástico visam principalmente


assegurar a homogeneidade das estacas cravadas.

e) Ensaios de carregamento dinâmico

O ensaio de carregamento dinâmico visa à avaliação de cargas mobilizadas na interface


solo-estaca, fundamentada na aplicação da Teoria da Equação da Onda Unidimensional,
conforme ABNT NBR 13208.

f) Resistência calculada por método semi-empírico


 O fator de segurança para determinação da carga admissível é 2,0;
 O fator de segurança para determinação carga resistente de projeto é de 1,4;
24

g) Resistência obtida por provas de carga executadas na fase de elaboração ou adequação


do projeto

Para que se obtenha a carga admissível (ou carga resistente) de estacas, a partir de provas
de carga, é necessário que:

 a(s) prova(s) de carga seja(m) estática(s);


 a(s) prova(s) de carga seja(m) especificada(s) na fase de projeto e executadas no início
da obra, de modo que o projeto possa ser adequado para as demais estacas;
 a(s) prova(s) de carga seja(m) levada(s) até uma carga no mínimo duas vezes a carga
admissível prevista em projeto.

O fator de segurança para determinação da carga admissível é 1,6;


O fator de segurança para determinação da carga resistente de projeto é de 1,14.
25

h) Determinação da carga admissível ou carga resistente de projeto a partir do estado limite


de serviço

Nesse caso a determinação pode ser feita por prova de carga ou através de cálculo por
método teórico ou semi-empírico, sendo as propriedades do solo obtidas em ensaios de
laboratório ou in loco (eventualmente através de correlações), e levando-se em consideração as
modificações nessas propriedades causadas pela instalação do elemento de fundação.

i) Determinação da carga admissível ou carga resistente de projeto de tubulões

Aplicam-se considerações idênticas às descritas em fundações superficiais;

4.1.3 Critérios adicionais

a) Dimensionamento da base

Os tubulões devem ser dimensionados de maneira que as bases não tenham alturas
superiores a 1,8 m. Para tubulões a ar comprimido, as bases podem ter alturas de até 3,0 m,
desde que as condições do maciço permitam ou sejam tomadas medidas para garantir a
estabilidade da base durante sua abertura.
Havendo base alargada, esta deve ter a forma de tronco de cone (com base circular ou
de falsa elipse), superposto a um cilindro de no mínimo 20 cm de altura, denominado rodapé,
conforme a Figura 4.

Figura 4 - Base de tubulões

As armaduras de fuste e de ligação fuste-base, quando necessárias, devem ser projetadas


e executadas de modo a assegurar a plena concretagem do tubulão.
26

4.1.4 Efeito de grupo

O efeito de grupo é o processo de interação dos diversos elementos que constituem uma
fundação ao transmitirem ao solo as cargas que lhes são aplicadas.
A interação acarreta uma superposição de tensões, de tal sorte que o recalque do grupo
seja, em geral, diferente daquele do elemento isolado.
A carga admissível ou carga resistente de projeto de um grupo de estacas ou tubulões
não pode ser superior à de uma sapata hipotética de mesmo contorno que o do grupo seja assente
a uma profundidade acima da ponta das estacas ou tubulões igual a 1/3 do comprimento de
penetração na camada de suporte. Como mostrado na Figura 5.
O espaçamento mínimo entre estacas ou tubulões deve levar em consideração a forma
de transferência de carga ao solo e o efeito do processo executivo nas estacas adjacentes.
Em particular deve ser feita uma verificação de recalques, que são mais importantes
quando houver uma camada compressível abaixo da camada onde se apoia a ponta das estacas
ou bases dos tubulões.

Figura 5 - Grupo de elementos de fundação profunda

4.1.5 Outras solicitações

a) Tração
Deve ser considerado o eventual comportamento diferente entre o atrito lateral à tração
e o atrito lateral à compressão.

b) Esforços transversais
Quando estacas ou tubulões estão submetidos a esforços horizontais ou momentos, pode
ocorrer a plastificação do solo ou do elemento estrutural, o que deve ser considerado no projeto
com as respectivas deformações.
27

c) Atrito negativo

Deve ser considerado em projeto quando houver a possibilidade de sua ocorrência.

d) Efeito de carregamento assimétrico sobre solo mole

Estacas ou tubulões implantados através de camada de argila mole, submetidos a


carregamento de aterro assimétrico, ficam sujeitos a esforços horizontais que devem ser
considerados no dimensionamento das fundações.

e) Efeito de camada espessa de argila mole-estacas pré-moldadas


No caso de ocorrência de espessa camada de argila mole, devem ser utilizadas estacas
com características estruturais mínimas em função dos comprimentos cravados, considerados a
inércia do elemento, o número de emendas, a axialidade e os momentos de segunda ordem.

4.1.6 Orientações gerais

a) Deslocamento das estacas


 Quando as estacas fizerem parte de grupos, devem ser considerados os efeitos desta
execução sobre o solo, a saber: seu levantamento e deslocamento lateral e suas
consequências sobre as estacas já executadas.
 Tais efeitos devem ser reduzidos, pela escolha da estaca, seu espaçamento, técnica e
sequência executiva.
 Providências para evitar que tais ocorrências: reprogramar a sequência executiva,
executar pré-perfurações, reforçar a estrutura da estaca.
 Constatada a ocorrência, torna-se obrigatório o monitoramento topográfico vertical e
horizontal das estacas já cravadas e do terreno adjacente.
b) Densificação do solo
 Os aterros e as areias fofas, sofrem densificação (compactação) pela cravação de
estacas.
 Deve-se evitar a formação de um bloco de solo compacto que possa impedir a cravação
das demais estacas.
 Portando, a sequência de execução deve ser do centro do grupo para a periferia ou de
uma lateral a outra.
c) Pré-furo
28

Camadas resistentes podem ser pré-perfuradas ou a cravação pode ser auxiliada com
jato d'água ou ar (processo denominado "lançagem"), tendo-se o cuidado de não desconfinar as
estacas já executadas.

d) Escavação para os blocos de estacas

Na escavação para execução do bloco sobre as estacas com auxílio de máquinas


(retroescavadeira ou similar), devem ser observadas as seguintes condições:

 Todas as estacas dos blocos assim escavados devem ser rigorosamente inspecionadas
após as escavações, no intuito de serem avaliadas quanto à integridade estrutural;
 Caso haja alguma dúvida quanto à integridade estrutural de alguma estaca, depois de
efetuada inspeção, esta deve ser reavaliada;
 As caçambas (conchas) dos equipamentos utilizados para tal operação não devem
possuir largura superior a 50 % do espaço disponível entre as estacas no bloco a ser
escavado.
e) Preparo da cabeça de estacas

Para cada tipo de estaca devem ser atendidos os seguintes critérios:

 Deve-se garantir a integridade da cabeça da estaca;


 A recomposição das estacas até a cota de arrasamento deve garantir a sua continuidade
estrutural;
 A seção resultante do preparo da cabeça da estaca deve ser plana e perpendicular ao seu
eixo;
 A ligação estaca-bloco de coroamento deve ser especificada em projeto, de modo a
assegurar a transferência dos esforços;
 É obrigatório o uso de lastro de concreto magro com espessura não inferior a 5 cm para
execução do bloco de coroamento. A estaca deve ficar pelo menos 5 cm acima do lastro
f) Excentricidade

Face às características executivas dos diversos tipos de fundações, excentricidades são


inevitáveis.
Para estacas isoladas de qualquer dimensão, é aceitável, um desvio entre o eixo da estaca
e o ponto de aplicação da resultante das solicitações do pilar de 10 % da menor dimensão da
estaca.
29

Para estacas em conjuntos são toleradas, excentricidades de até 10 % do diâmetro das


estacas do conjunto. Quando a excentricidade for superior a esse valor, as cargas devem ser
verificadas, aceitando-se, sem correção, um acréscimo de até 15 % sobre a carga admissível ou
carga resistente de projeto da estaca.

g) Desaprumo de estacas

Não há necessidade de verificação de estabilidade e resistência, nem de medidas


corretivas para desvios de execução, em relação ao projeto, menores do que 1/100.

4.1.7 Desempenho das fundações

O desempenho das fundações é verificado através de pelo menos o monitoramento dos


recalques medidos na estrutura, sendo obrigatório nos seguintes casos:

 Estruturas nas quais a carga variável é significativa em relação à carga total, tais como
silos e reservatórios;
 Estruturas com mais de 60 m de altura do térreo até a laje de cobertura do último piso
habitável;
 Relação altura/largura (menor dimensão) superior a quatro;
 Fundações ou estruturas não convencionais.

Pode também ser necessário o monitoramento de outras grandezas, tais como:


deslocamentos horizontais, desaprumos, integridade ou tensões.
Por fim, o resultado das medições deve ser comparado com as previsões de projeto.

a) Fundações em sapatas ou tubulões

O solo de apoio de sapatas e tubulões deve ser aprovado por engenheiro antes da
concretagem. Em caso de dúvida, devem ser programadas provas de carga em placas (ou nos
tubulões) que simulem o comportamento destes elementos, desde que se considere o efeito de
escala.

b) Fundação em estacas

Quando o número total de estacas for superior ao valor da coluna (B) da Tabela 1, deve
ser executado um número de provas de carga igual a no mínimo 1 % da quantidade total de
estacas, arredondando-se sempre para mais.
30

É necessária a execução de prova de carga, qualquer que seja o número de estacas da


obra, se elas forem empregadas para tensões médias (em termos de valores admissíveis)
superiores aos indicados na coluna (A) Tabela 1.

Tabela 1 - Quantidade de prova de carga


31

4.1.8 Interpretação da prova de carga

O desempenho é considerado satisfatório quando forem simultaneamente verificadas as


seguintes condições:

 Fator de segurança no mínimo igual a 2,0 com relação à carga de ruptura obtida na prova
de carga ou por sua extrapolação.
 Recalque na carga de trabalho for admissível pela estrutura.

Caso uma prova de carga tenha apresentado resultado insatisfatório, deve-se elaborar
um programa de provas de carga adicionais que permita o reexame dos valores de cargas
admissíveis (ou resistentes de projeto).

4.1.9 Quantidade de ensaios dinâmicos

Para comprovação de desempenho as provas de carga estáticas podem ser substituídas


por ensaios dinâmicos na proporção de cinco ensaios dinâmicos para cada prova de carga
estática em obras que tenham um número de estacas entre os valores da coluna B (Tabela 1) e
duas vezes esse valor.
Acima deste número de estacas será obrigatória pelo menos uma prova de carga estática,
conforme ABNT NBR 12131.

4.2 Recomendações da norma EN 1997

4.2.1 Estados limites

Devem ser considerados os seguintes estados limites e deve ser feita uma compilação
apropriada dos estados limites a considerar:

 Perda de estabilidade global;


 Rotura da fundação por estacas por insuficiência de capacidade resistente do terreno
relativamente à compressão das estacas;
 Rotura da fundação por estacas por levantamento global ou por insuficiência de
capacidade resistente do terreno relativamente à tração das estacas;
 Rotura do terreno devida a carregamento transversal da fundação por estacas;
 Rotura estrutural da estaca por compressão, tração, flexão, encurvadura ou corte;
 Rotura conjunta do terreno e da fundação por estacas;
 Rotura conjunta do terreno e da estrutura;
32

 Recalque excessivo;
 Expansão excessiva;
 Deslocamento lateral excessivo;
 Vibrações inadmissíveis.

4.2.2 Ações e situações de projeto

a) Ações devido o deslocamento do terreno;


O terreno onde se inserem as estacas poderá estar sujeito a deslocamentos devidos a
consolidação, expansão, cargas adjacentes, fluência do solo, deslizamentos de terrenos ou
sismos. Estes fenómenos devem ser tidos em consideração, uma vez que podem afetar as
estacas, provocando forças de atrito lateral negativo, empolamento, tracionamento,
carregamento transversal ou deslocamento.
b) Carregamento devido atrito negativo;
Se os cálculos de dimensionamento relativos a estados limites últimos forem efetuados
tratando a carga devida a atrito lateral negativo como uma ação, o seu valor deve ser o máximo
que pode ser gerado pelo assentamento do terreno relativamente à estaca.
No cálculo da máxima carga devida a atrito lateral negativo deverá ser tida em conta a
resistência ao corte no contato entre o solo e o fuste da estaca, bem como o assentamento do
terreno devido ao peso próprio ou a qualquer carregamento superficial em torno da estaca.
c) Expansão do terreno;
Na análise do efeito do empolamento do terreno, ou seja, das forças de sentido
ascendente que poderão ser geradas ao longo do fuste da estaca, o movimento do terreno deve
geralmente ser tratado como uma ação.
d) Carregamento transversal;
Devem ser tidas em consideração as ações transversais provocadas por movimentos do
terreno em torno de uma estaca.
Deverão ser tidas em consideração as seguintes situações de projeto, susceptíveis de
provocar carregamento transversal sobre estacas: sobrecargas de intensidade diferente em lados
opostos da fundação por estacas (por exemplo, num aterro ou na sua proximidade); níveis
diferentes de escavação em lados opostos da fundação por estacas (por exemplo, num talude de
escavação ou na sua proximidade); fundação por estacas construída num talude com fluência;
estacas inclinadas em terrenos com assentamentos; estacas numa região sísmica.

4.2.3 Método de dimensionamento e considerações


33

O dimensionamento deve basear-se num dos seguintes procedimentos:

 A utilização de resultados de ensaios de carga estática cuja coerência com outras


evidências experimentais relevantes haja sido demonstrada mediante cálculos ou por
outros meios;
 A utilização de métodos de cálculo empíricos ou analíticos cuja validade haja sido
demonstrada através de ensaios de carga estática em situações comparáveis;
 A utilização de resultados de ensaios de carga dinâmica cuja validade haja sido
demonstrada através de ensaios de carga estática em situações comparáveis;
 A consideração do comportamento observado de uma fundação por estacas
comparável, desde que tal procedimento seja sustentado pelos resultados da prospecção
geotécnica e de ensaios do terreno.

4.2.4 Ensaio de carga de estacas

a) Ensaio de carga estática

Devem ser efetuados ensaios de carga de estacas nas seguintes situações:

 Quando se utilize um tipo de estaca ou um método de instalação em relação ao qual não


exista experiência comparável;
 Quando as estacas não tenham sido ensaiadas em condições comparáveis de solos e de
carregamento;
 Quando as estacas vão ser sujeitas a carregamentos para os quais a teoria e a experiência
existentes não permitam efetuar o dimensionamento com suficiente confiança; neste
caso, as condições de carregamento nos ensaios devem ser semelhantes às previstas para
as estacas em serviço;
 Quando, durante a instalação da estaca, sejam colhidos indícios de que o seu
comportamento se desvia consideravelmente, e de um modo desfavorável, do
comportamento esperado com base nos estudos de caracterização do local ou na
experiência, e eventuais estudos adicionais de caracterização geotécnica não esclareçam
a razão para a existência deste desvio.
b) Procedimentos

O procedimento do ensaio de cargas, particularmente no que respeita ao número de


patamares de carga, à duração destes patamares e aos ciclos de carga e descarga, deve ser tal
34

que permita obter conclusões acerca do comportamento em termos de deformação, de fluência


e de descarga da fundação por estacas a partir das medições na estaca. No caso de estacas
experimentais, o carregamento deve ser tal que permita obter conclusões também sobre a carga
última de rotura. Os dispositivos para a determinação das forças, das tensões ou das
deformações e dos deslocamentos deverão ser calibrados antes do ensaio.

c) Estacas experimentais

O número de estacas experimentais necessário para a verificação do dimensionamento


deve ser escolhido com base nos seguintes aspectos:

 As condições do terreno e a sua variabilidade espacial no local;


 A Categoria Geotécnica da estrutura, quando tal se justifique;
 Evidências prévias documentadas do comportamento do mesmo tipo de estaca em
condições de terreno análogas;
 O número total e os tipos de estacas no projeto da fundação.
d) Estacas de obra

Deve ficar especificado que o número de ensaios de carga de estacas da obra deve ser
estabelecido com base nas ocorrências verificadas e registadas durante a instalação.
A carga aplicada nos ensaios de estacas da obra deve atingir, pelo menos, o valor de
cálculo da carga na fundação.

e) Ensaio de carga dinâmica

Poderão ser utilizados resultados de ensaios de carga dinâmica para estimar a capacidade
resistente à compressão desde que tenha sido realizado um estudo adequado de caracterização
do terreno no local e o método de ensaio tenha sido calibrado em relação a ensaios de carga
estática efetuados sobre estacas do mesmo tipo, com secção transversal e comprimento
semelhantes e em condições comparáveis de solos.

4.2.5 Estacas Carregadas Axialmente

a) Dimensionamento em relação aos estados limites

No dimensionamento deve ser demonstrado que é suficientemente improvável que sejam


excedidos os seguintes estados limites:
35

 Estados limites últimos de rotura por insuficiência de capacidade resistente, à


compressão ou à tração, de uma estaca isolada;
 Estados limites últimos de rotura por insuficiência de capacidade resistente, à
compressão ou à tracção, de um grupo de estacas;
 Estados limites últimos de colapso ou de danos severos da estrutura suportada, causados
por deslocamentos excessivos, globais ou diferenciais, da fundação por estacas;
 Estados limites de utilização da estrutura suportada causados por deslocamentos das
estacas.

b) Estabilidade global

A rotura por perda de estabilidade global de fundações por estacas à compressão deve
ser analisada e nos casos em que exista a possibilidade de instabilidade deverão ser consideradas
superfícies de rotura que passem por baixo das estacas ou que as intersectem.

4.2.6 Capacidade resistente do terreno para estacas à Compressão

Para todos os casos de carga e combinação de ações:

Fcd ≤ Rcd

Valor de cálculo de capacidade resistente deve ser o menor dos valores:

 Capacidade resistente de estacas consideradas individualmente e do conjunto formado


pelas estacas com o solo contido entre elas (como um bloco)

Estrato onde as estacas estão fundadas.

 Capacidade resistente última à compressão com base em:

Ensaios de Carga Estática;


Ensaios no terreno;
Ensaios dinâmicos de Impacto;
Fórmulas de cravação de estacas;
Na análise de propagação de ondas;
Recravação:
36

c) CONCLUSÃO
37

d) REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Coutinho, R. Q.; Severo, R. N. F. Investigação Geotécnica Para Projeto de Estabilidade de


Encostas. In: Conferencia Brasileira Sobre Estabilidade de Encostas, 5, 2009, São Paulo.

GERSCOVICH, Denise MS. Estabilidade de Taludes (2ª edição). Oficina de Textos, 2016.
MARINHO, F. A. M. Investigação Geotécnica Para Quê?. 1. ed. São Paulo: COBRAE, 2005.
8 p. v. 2. Disponível em:
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/222204/mod_resource/content/0/Marinho%20-
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MASSAD, Faiçal. Obras de terra: curso básico de geotecnia. Oficina de textos, 2010.
SCHNAID, Fernando; ODEBRECHT, Edgar. Ensaios de Campo e suas aplicações à
Engenharia de Fundações: 2ª edição. Oficina de Textos, 2012.

SUPO, K. C. L. DESENVOLVIMENTO DE PERMEÂMETRO DE VAZÃO


CONSTANTE DE CAMPO. 2008. 128 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil)- Puc-
Rio, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008. 1. Disponível
em: <https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/13449/13449_1.PDF>. Acesso em: 08 dez. 2018.
VELLOSO, Dirceu de Alencar; LOPES, Francisco de Rezende. Fundações. Nova Edição. São
Paulo. Oficina de Textos, 2010.

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