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Processo Civil - Remédios Constitucionais e Tutelas de Urgência

600.16
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

Sumário
1. Mandado de Segurança: ..................................................................................... 2
1.1 Previsão: ........................................................................................................ 2
1.2 Conceito: ....................................................................................................... 2
1.3 Natureza Jurídica: .......................................................................................... 3
1.4 Vedações ao cabimento do mandado de segurança: ................................... 3
1.5 Sujeitos processuais: ................................................................................... 10
1.6 Direito Líquido e certo: ............................................................................... 14
1.7 Durante a omissão administrativa não há curso do prazo decadencial: .... 18
1.8 Petição inicial do mandado de segurança e requisição de documentos: ... 23
1.9 Teoria da encampação: ............................................................................... 33
1.10 Litispendência: ............................................................................................ 33
1.11 Procedimento: ............................................................................................ 34

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1. Mandado de Segurança:
O mandado de segurança é uma ação de índole constitucional. Se trata de um
procedimento altamente sumarizado, onde basicamente se tem a petição inicial, notificação,
informações prestadas pela autoridade que se afirma ser ter praticado um ato ilegal ou
abusivo, intimação do Ministério Público para que querendo se manifestar e sentença.
É um procedimento que nasceu para ser célere, considerando a necessidade de uma
prova documental pré-constituída. Não há dilação probatória, motivo pelo qual não há
necessidade de estender mais o procedimento. O juiz ao decidir, vai fazer por meio de
cognição exauriente, existindo um profundo debate quanto ao objeto litigioso, mas apenas
com base na prova documental pré-constituída.
1.1 Previsão:
Artigo 5º, LXIX, da Constituição Federal e Lei nº 12.016/09 e aplicação subsidiária do
CPC.
Artigo 5º, LXIX. Constituição Federal. “Conceder-se-á mandado de segurança para
proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando
o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de
pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;”

É um remédio constitucional destinado a proteger um direito líquido e certo, diversos


do habeas corpus (que se visa proteger a liberdade) e habeas data (acesso a informações).
A expressão “pela ilegalidade ou abuso de poder” está relacionado a causa de pedir do
mandado de segurança.
Art. 1º. Lei nº 12.016/09. “Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito
líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que,
ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou
houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam
quais forem as funções que exerça. (...)”

1.2 Conceito:
Segundo Hely Lopes Meireilles é: “O meio constitucional posto à disposição de toda
pessoa física ou jurídica, órgão com capacidade processual, ou universalidade reconhecida por
lei, para a proteção de direito individual ou coletivo, líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, lesado ou ameaçado de lesão, por ato de autoridade, seja de que
categoria for e sejam quais forem as funções que exerça”

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O órgão com capacidade processual diz respeito a capacidade de ser parte e de estar
em juízo. Quem tem capacidade de ser parte, em regra, tem personalidade jurídica.
O legislador de modo a facilitar o acesso ao Poder Judiciário atribuiu a chamada
personalidade judiciária, como as Mesas Diretoras das Casas Legislativas, o Ministério Público,
a Defensoria Pública, o espólio, o condomínio, a tribo (representada pela FUNAI e pelo
Ministério Público Federal).
A “universalidade reconhecida por lei” pode-se entender como sendo o espólio, massa
falida, insolvente civil.
1.3 Natureza Jurídica:
Ação de índole constitucional exercida em procedimento sumário especial de
jurisdição contenciosa e que traduz uma garantia constitucional (como tal deve gerar uma
interpretação ampliativa das hipóteses de cabimento).
1.4 Vedações ao cabimento do mandado de segurança:
São situações que não cabem mandado de segurança. A maioria das vedações se
encontram no artigo 5º da Lei nº 12.016/09.
a) Atos de gestão comercial.
Art. 1º. Lei nº 12.016/09. § 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão
comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de
economia mista e de concessionárias de serviço público.

Toda vez que o ato a ser praticado pela empresa pública ou sociedade de economia
mista federal tiver por lastro uma norma de direito púbico, o seu contraste poderá ser feito
pela via do mandado de segurança.
Exemplos: procedimento licitatório aberto pela Caixa Econômica Federal. É uma
norma que tem por lastro o direito púbico e não o direito privado. É possível impetrar
mandado de segurança se a pessoa é um dos concorrentes no procedimento licitatório e foi
preterido? Sim. Mas se o gerente do banco não libera o cartão de crédito, se trata de um ato
de gestão comercial, logo, não é cabível mandado de segurança.
Consagra diretriz assente na doutrina e jurisprudência.
O melhor entendimento é de que todas vezes que empresas públicas, sociedades de
economia mista e, mesmo, as concessionárias de serviço público praticar atos regidos pelo
direito público, no exercício de seus misteres institucionais, seu contraste pode ser feito pela
via do Mandado de Segurança. Os §§ 1º e 2º são, destarte, as duas faces de uma mesma
moeda. De outro lado sendo normas de direito privado, não se sujeitará ao mandado de
segurança.

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Art. 1º. Lei nº 12.016/09. § 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os
representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades
autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no
exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas
atribuições.

Súmula nº 333/STJ: Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação


promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.

b) Ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo.


Art. 5º Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:
I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente
de caução;

Se há um ato normativo que desafia recurso, que tenha por sua vez efeito suspensivo,
assim como é a sentença, a eficácia do ato não é suspensa com a interposição do recurso
administrativo. A eficácia da sentença não é suspensa automaticamente com a interposição
do recurso com efeito suspensivo.
Não é um recurso que retira a eficácia do ato estatal. A mera exposição do ato a recurso
dotado de efeito suspensivo faz que com que a sentença ou ato administrativo nasça tolhido
de eficácia. Logo, o recurso vai prolongar o estado de ineficácia. Se tratando de uma sentença
terá eficácia com o trânsito em julgado ou se encontrar outro recurso dotado somente de
efeito devolutivo, como o recurso especial e o recurso extraordinário.
Se o ato administrativo nasceu tolhido de eficácia, logo, ele não está produzindo
qualquer efeito. Assim, não houve lesão ou ameaça de lesão ao direito da parte, porque está
exposto a recurso dotado de efeito suspensivo. E, nesse sentido, não cabe mandado de
segurança, por falta de interesse de agir (que é a necessidade da via jurisdicional para a
obtenção de um resultado útil do ponto de vista prático). Ou seja, se está diante de uma
situação e via ação judicial visa-se a melhora da situação jurídica e não cabe a interpretação
que a norma está na contramão do princípio do acesso ao Poder Judiciário. Cumpre-se o que
está na Constituição Federal no artigo 5º, XXXV, que diz respeito ao amplo acesso ao Poder
Judiciário.
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

Se todos podem ir ao Poder Judiciário, nem todos têm direito a tutela jurisdicional, o
julgamento do mérito da causa, cuja corrente majoritária sustenta que é o pedido, enquanto
a outra corrente sustenta que é o pedido mais a causa de pedir.

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A norma não autoriza a interpretação de que haveria contrariedade ao princípio da


inafastabilidade do controle jurisdicional (artigo 5º, XXXV, CF).
De igual modo não exige da parte o esgotamento da via administrativa cuja única
previsão toca a Justiça desportiva (artigo 217, § 1º, da Constituição Federal).
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como
direito de cada um, observados: (...)
§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições
desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. (...)

Há entendimento de que a impetração do mandamus importa em renúncia ao direito


administrativo ou desistência do recurso já interposto e pendente de julgamento.
AGRAVO REGIMENTAL NO MANDADO DE SEGURANÇA. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO
ADMINISTRATIVO COM EFEITO SUSPENSIVO PERANTE O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO.
IMPETRAÇÃO SIMULTÂNEA DE MANDADO DE SEGURANÇA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O art.
5º, inc. I, da Lei n. 1.533/1951 desautoriza a impetração de mandado de segurança
quando o ato coator puder ser impugnado por recurso administrativo provido de efeito
suspensivo. 2. Agravo regimental ao qual se nega provimento.
(STF – MS 27772 AgR, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em
15/04/2009, DJe-099 DIVULG 28-05-2009 PUBLIC 29-05-2009 EMENT VOL-02362-05 PP-
01009)

Se há uma decisão administrativa que se sujeita a recurso dotado de efeito suspensivo,


se for utilizar a via jurisdicional, importará em renúncia ao recurso já interposto. Esse
entendimento sofre críticas da doutrina, pois não se tem garantia que a ação vai se
desenvolver regularmente quando chegar no Poder Judiciário, mas aí, a parte já terá
renunciado ao recurso interposto e lá na frente, a ação será extinta por falta de pressuposto
processual ou condição da ação. Assim, poderá o impetrante não reunir as condições da ação
mandamental, o que levará a extinção do feito.
Tal posicionamento também é adotado na Lei de Execução Fiscal (Lei nº 6.830/80).
Art. 38 - A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em
execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de
repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do
depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros
e multa de mora e demais encargos.
Parágrafo Único - A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa
em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso
interposto.

c) Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo.

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Art. 5º Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:


II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

Não se pode usar o mandado de segurança como sucedâneo recursal.


Súmula n. 267/STF: Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de
recurso ou correição.

Será que essa norma não traria interpretação a contrario sensu? Da forma que a norma
foi apresentada parece que ela permite o MS no caso de recurso jurisdicional sem efeito
suspensivo, isto é, somente com efeito devolutivo.
E a decisão judicial que caiba recurso sem efeito suspensivo? Posso extrair de uma
interpretação ao contrario sensu a possibilidade do mandado de segurança?
A parte pode requerer a atribuição do efeito suspensivo ao recurso de apelação ou de
agravo (para quem faz uma interpretação restritiva do recurso o dispositivo apenas se aplica
àqueles). Chein Jorge e Araken de Assis.
A doutrina é pacífica quanto ao não cabimento, pois o Código de Processo Civil tem
instrumentos suficientes para atribuir efeito suspensivo a recurso dotado somente de efeito
devolutivo. Na apelação, ela é interposta perante o juízo sentenciante que se limita a intimar
a outra parte para apresentar as contrarrazões, não realiza o juízo de admissibilidade e
determina a remessa dos autos para o Tribunal. Se o juízo singular afirmar que o recurso é
intempestivo, contra essa decisão caberá reclamação ao Tribunal, pois está ocorrendo
usurpação de competência. Se há somente o recurso dotado de efeito devolutivo, deve-se
dirigir ao Tribunal afirmando que o recurso ainda está sendo processado e pedir a atribuição
de efeito suspensivo. A doutrina diverge, por petição autônoma ou por uma cautelar
inominada? O artigo 1.013 do Código de Processo Civil diz:
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
§ 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões
suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que
relativas ao capítulo impugnado.
§ 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas
um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.
§ 3o Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir
desde logo o mérito quando:
I - reformar sentença fundada no art. 485;
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido
ou da causa de pedir;
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

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§ 4o Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal,


se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno
do processo ao juízo de primeiro grau.
§ 5o O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é
impugnável na apelação.

Quanto ao Recurso Extraordinário e Recurso Especial: Súmula 634 e 635 STF – Ação
cautelar.
Súmula 634/STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelar
para dar efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de
admissibilidade na origem.
Súmula 635/STF: Cabe ao Presidente do Tribunal de origem decidir o pedido de medida
cautelar em recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade.

Se está diante de um agravo de instrumento, que tem somente efeito devolutivo, o


que se deve fazer? No bojo do agravo de instrumento abrir um capítulo e requer a atribuição
de efeito suspensivo, conforme artigo 1.019, inciso I, do Código de Processo Civil.
Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se
não for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias:
I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total
ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão; (...)

Do mesmo, se no caso de embargos de declaração, no recurso especial e recurso


extraordinário, há instrumentos para a atribuição de efeito suspensivo e não será utilizado o
mandado de segurança.
d) Decisão judicial transitada em julgado.
Art. 5º Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:
III - de decisão judicial transitada em julgado.

O entendimento que evita a utilização do mandado de segurança como sucedâneo de


ação rescisória.
Há um posicionamento isolado no sentido de que decisão de turma recursal desafiaria
mandado de segurança após o trânsito em julgado, com fundamento no artigo 59 da Lei nº
9.099/95.
Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento instituído por
esta Lei.

A fim de se evitar a eternização de graves injustiças, essa corrente minoritária entende


que deve existir a possibilidade de utilização de mandado de segurança.

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Logo, há entendimento doutrinário no sentido do cabimento do mandado de


segurança contra a sentença transitada em julgado no âmbito do juizado, como forma de
evitar a perpetuação de graves vícios e injustiças. (Palharini Jr.).
É pacífico no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça cabimento de
mandado de segurança contra acórdão de Turma Recursal para o controle de competência
dessa mesma Turma Recursal, do juizado estadual ou federal.
Assim, cabível mandado de segurança contra acórdão de turma recursal indicando
como causa de pedir a incompetência absoluta dessa Turma Recursal.
c.1.) STJ – Cabimento do MS perante o tribunal de justiça para o controle da
competência do juizado especial mesmo contra decisão transitada em julgado.
Informativo 392 STJ, MC 15.465/SC:
PROCESSO CIVIL. MEDIDA CAUTELAR COM O FITO DE OBTER A ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS
DA TUTELA RECURSAL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
POSSIBILIDADE, DESDE QUE DEMONSTRADOS O PERICULUM IN MORA E O FUMUS BONI
IURIS. JUIZADO ESPECIAL CÍVEL. COMPETÊNCIA. COMPLEXIDADE DA CAUSA.
NECESSIDADE DE PERÍCIA. CONDENAÇÃO SUPERIOR A 40 SALÁRIOS MÍNIMOS.
POSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA. CONTROLE. TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DOS ESTADOS.
MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO. CABIMENTO.
- A jurisprudência do STJ vem admitindo, em hipóteses excepcionais, o manejo da medida
cautelar originária para fins de se obter a antecipação de tutela em recurso ordinário; para
tanto é necessária a demonstração do periculum in mora e a caracterização do fumus boni
juris, circunstâncias ausentes na espécie.
- Não há dispositivo na Lei 9.099/95 que permita inferir que a complexidade da causa – e,
por conseguinte, a competência do Juizado Especial Cível – esteja relacionada à
necessidade ou não de perícia.
- A autonomia dos Juizados Especiais não prevalece em relação às decisões acerca de sua
própria competência para conhecer das causas que lhe são submetidas, ficando tal
controle submetido aos Tribunais de Justiça, via mandado de segurança. Esse
entendimento subsiste mesmo após a edição da Súmula 376/STJ, tendo em vista que,
entre os próprios julgados que lhe deram origem, se encontra a ressalva quanto ao
cabimento do writ para controle da competência dos Juizados Especiais pelos Tribunais de
Justiça.
- Ao regulamentar a competência conferida aos Juizados Especiais pelo art. 98, I, da CF, a
Lei 9.099/95 fez uso de dois critérios distintos – quantitativo e qualitativo – para definir o
que são “causas cíveis de menor complexidade”. A menor complexidade que confere
competência aos Juizados Especiais é, de regra, definida pelo valor econômico da
pretensão ou pela matéria envolvida.

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Exige-se, pois, a presença de apenas um desses requisitos e não a sua cumulação. A


exceção fica para as ações possessórias sobre bens imóveis, em relação às quais houve
expressa conjugação dos critérios de valor e matéria. Assim, salvo na hipótese do art. 3º,
IV, da Lei 9.099/95, estabelecida a competência do Juizado Especial com base na matéria,
é perfeitamente admissível que o pedido exceda o limite de 40 salários mínimos.
- Admite-se a impetração de mandado de segurança frente aos Tribunais de Justiça dos
Estados para o exercício do controle da competência dos Juizados Especiais, ainda que a
decisão a ser anulada já tenha transitado em julgado.
Liminar indeferida.
(STJ - MC 15.465/SC, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
28/04/2009, DJe 03/09/2009)

Informativo 450 STJ, RMS 30.170/SC:


PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUIZADO ESPECIAL CÍVEL.
COMPLEXIDADE DA CAUSA. NECESSIDADE DE PERÍCIA. CONDENAÇÃO SUPERIOR A 40
SALÁRIOS MÍNIMOS. CONTROLE DE COMPETÊNCIA. TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DOS ESTADOS.
POSSIBILIDADE. MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO.
CABIMENTO.
1. Na Lei 9.099/95 não há dispositivo que permita inferir que a complexidade da causa –
e, por conseguinte, a competência do Juizado Especial Cível – esteja relacionada à
necessidade ou não de realização de perícia.
2. A autonomia dos Juizados Especiais não prevalece em relação às decisões acerca de sua
própria competência para conhecer das causas que lhe são submetidas, ficando esse
controle submetido aos Tribunais de Justiça, via mandado de segurança. Inaplicabilidade
da Súmula 376/STJ.
3. O art. 3º da Lei 9.099/95 adota dois critérios distintos – quantitativo (valor econômico
da pretensão) e qualitativo (matéria envolvida) – para definir o que são “causas cíveis de
menor complexidade”. Exige-se a presença de apenas um desses requisitos e não a sua
cumulação, salvo na hipótese do art. 3º, IV, da Lei 9.099/95. Assim, em regra, o limite de
40 salários mínimos não se aplica quando a competência dos Juizados Especiais Cíveis é
fixada com base na matéria.
4. Admite-se a impetração de mandado de segurança frente aos Tribunais de Justiça dos
Estados para o exercício do controle da competência dos Juizados Especiais, ainda que a
decisão a ser anulada já tenha transitado em julgado.
5. Recurso ordinário não provido.
(STJ - RMS 30.170/SC, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
05/10/2010, DJe 13/10/2010)

Supondo que na Turma Recursal do juizado especial estadual chegue uma demanda
em via recursal, sobre ação de Estado (que não cabe), e a Turma Recursal afirme a sua
competência para o processo e julgamento daquela demanda em via recursal. Qual é a forma

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para controlar a competência das Turmas Recursais? É possível a impetração de mandado de


segurança que vai para o Tribunal de Justiça.
Imagine-se que chegue na Turma Recursal do juizado especial federal uma ação
anulatória de ato administrativo (que não é competência desta). Em recurso inominado, a
sentença é confirmada. Qual a medida para controlar a competência? Deve-se impetrar
mandado de segurança para o Tribunal Regional Federal.
Decisão irrecorrível pode ser objeto de MS?
Aparentemente a doutrina parece tranquila quanto ao não cabimento.
Nos tribunais- Situações polêmicas:
a) Decisões interlocutórias nos Juizados.
STJ- Posição pacificada pelo cabimento – fundamento: o procedimento sumaríssimo
adota o sistema da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias.
Competência - Entendimento consolidado. Cabe ao colégio recursal julgar o MS contra
decisão do juiz monocrático ou da própria turma recursal.
Mandado de segurança para o controle da competência.
Decisão que determina a competência do juizado em detrimento da competência da
justiça comum estadual. – Competência -Tribunal de Justiça. (STJ, 2ª T., RMS 26.665/DF.)
Exceção – art. 5º da lei 10.259/2001 – Agravo contra decisão interlocutória de tutela
de urgência. Mesmo em âmbito estadual pois uma vez que em conjunto com a lei 9.099/95,
forma-se o microssistema do juizado especial.
Informativo n. 0508
Período: 5 a 14 de novembro de 2012. Corte Especial
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. MS IMPETRADO CONTRA ATO JUDICIAL. EXISTÊNCIA DE
TERATOLOGIA OU PREJUÍZO IRREPARÁVEL OU DE DIFÍCIL REPARAÇÃO.
Admite-se a impetração de mandado de segurança contra ato judicial em situações
teratológicas, abusivas que possam gerar dano irreparável ou nos casos em que o recurso
previsto não tenha obtido ou não possa obter efeito suspensivo. Precedentes citados:
AgRg no MS 10.252-DF, DJ 26/9/2005; AgRg no MS 10.029-DF, DJ 28/2/2005; AgRg no MS
15.777-SP, DJe 18/4/2011, e MS 15.941-DF, DJe 1º/7/2011. AgRg no MS 17.857-DF, Rel.
Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 7/11/2012.

1.5 Sujeitos processuais:


Legitimidade ativa: Qualquer pessoa física, jurídica, órgão público e pessoa formal
pode impetrar mandado de segurança.

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Em suma, quem tiver capacidade de ser parte, isto é, quem tem personalidade jurídica
ou personalidade judiciária pode impetrar mandado de segurança.
Centro de atribuição despersonalizado, que é o órgão. É o caso da Defensoria Pública,
Ministério Público, governadoria, Presidência da República.
Órgãos públicos despersonalizados, mas dotados de capacidade processual: Chefias do
executivo, Mesas do legislativo etc. (ativa e passiva), legitimidade restrita a atuação funcional
e em defesa de suas atribuições institucionais, que é chamado no direito administrativo de
direitos-função.
Art. 1º Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de
poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la
por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que
exerça.

A despeito do silêncio da lei é irrecusável que a nacionalidade do impetrante seja


indiferente para impetração, garantida indistintamente, pelos incisos LXIX e LXX do artigo 5º
da Constituição Federal.
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
associados;

Possibilidade de impetração de mandado de segurança por pessoa jurídica de direito


público contra ato de autoridade, como é o caso do Estado impetrar mandado de segurança
contra ato do Secretário da Receita Federal.
Possibilidade de mandado de segurança (e também qualquer demanda ordinária) por
um ente público contra outro, visando discutir supostas irregularidades perpetradas entre os
poderes da federação. Essa situação é comum na repartição de receitas, quando envolve
municípios, no caso de repartição de receitas oriundas do ICMS.
Pessoas formais, que pode ser o espólio, condomínio, massa falida do insolvente civil,
massa falida empresarial, sociedade de fato, sociedade irregular, sociedade não personificada,
pois esses entes têm personalidade judiciária.
Litisconsórcio ativo:
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e na jurisprudência dos Tribunais.

Art. 10 § 2º O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da petição
inicial.

A doutrina afirma que essa norma viola o princípio do juiz natural.


Imagine-se que uma transportadora impetre mandado de segurança contra ato do
Estado do Rio de Janeiro, e outra transportadora, verifica que a inicial foi para determinado
juiz, que sempre acolheu as teses. Então a transportadora emendaria a inicial para poder
buscar a distribuição da petição inicial ao juízo mais favorável.
O litisconsórcio facultativo ativo no mandado de segurança apenas deve ser admitido
na modalidade inicial, evitando-se escolha de juiz e violação aos princípios do juiz natural e do
devido processo legal. Ex. de mandado de segurança individual plúrimo nos casos de concurso
público por candidatos reprovados que pretendem discutir a mesma questão ou em casos de
matéria tributária por vários contribuintes.
Já em outra decisão, entendeu que: "a admissão de litisconsorte ativo após o
deferimento da medida liminar contraria o princípio do Juiz natural, convertido em norma
legal pelo art. 251 do CPC; a regra evita que a parte escolha o Juiz da causa, bem assim os
inconvenientes daí decorrentes, até de ordem moral. Recurso especial conhecido e provido"
(Trecho da ementa do Acórdão REsp 87641 / RS - 23 Turma - ReI. Min. Ministro Ari Pargendler
- J. em 17/03/1998 OJ de OJ 06.04.1998 p. 75).
Sucessão processual: No caso específico do mandado de segurança é possível sucessão
processual, como nos casos de falecimento do impetrante originário (na fase de cumprimento
e apenas no que respeita aos aspectos patrimoniais), além das hipóteses de fusão e
incorporação envolvendo a pessoa jurídica impetrante.
Substituição processual no âmbito do mandado de segurança individual:
Art. 3º O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de
terceiro poderá impetrar mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu
titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado judicialmente.
Parágrafo único. O exercício do direito previsto no caput deste artigo submete-se ao prazo
fixado no art. 23 desta Lei, contado da notificação.

Numa lista de espera de aprovados de candidatos aprovados em concurso público, de


modo que a administração chamou um candidato aprovados, 5º lugar, em ordem posterior
em detrimento de outros que foram classificados em melhor posição, 3º (possui direito
originário) e 4º lugar (possui direito decorrente). O 4º lugar não pode impetrar mandado de
segurança em nome próprio para defender direito próprio, pois o direito originário pertence
a quem lhe antecedente, no caso, o 3º lugar, que é quem deve impetrar o mandado de
segurança. O 4º lugar, que possui o direito decorrente, pode impetrar mandado de segurança

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e na jurisprudência dos Tribunais.

em nome próprio em favor do titular do direito originário, desde que notifique judicialmente
o 3º para que exerça seu direito no prazo de 30 dias, e se não o fizer, a Lei autoriza que o 4º
impetre o mandado de segurança, como substituto processual.
O artigo 3º da Lei de Mandado de Segurança é o fundamento legal para a substituição
processual, permitindo que o impetrante utilize a via do mandado de segurança não para
defender imediato direito líquido e certo seu, mas sim daquele que teve o direito violado em
primeiro lugar, desde que este não o faça no prazo de 30 dias.
Para a corrente majoritária computa-se 30 dias da notificação (prazo que o 3º tem para
impetrar mandado) + 90 dias (prazo do 4º colocado) do mandado de segurança para perfazer
120 dias. Para a corrente minoritária seria 30 dias (prazo do 3º colocado) + 120 dias (prazo do
4º colocado). A posição minoritária é criticada, pois a lesão é somente a um direito, que é ao
direito originário.
Legitimidade passiva: Quem é o sujeito passivo no mandado de segurança?
Hely Lopes Meirelles defende que o sujeito passivo do mandado de segurança é a
autoridade coatora. Ou seja, é a pessoa física que praticou o ato ilegal ou abusivo. É a corrente
minoritária.
O autor afirma que: “O impetrado é a autoridade coatora, e não a pessoa jurídica ou o
órgão a que pertence e ao qual seu ato é imputado em razão do oficio. Nada impede,
entretanto, que a entidade interessada ingresse no mandado a qualquer tempo, como simples
assistente do coator, recebendo a causa no estado em que se encontra, ou, dentro do prazo
para as informações, entre como litisconsorte do impetrado, nos termos do art. 19 da Lei n.
1.533/51”.
Sérgio Ferraz e Lúcia Valle Figueiredo, esta última assim se manifesta: “O sujeito
passivo do mandado de segurança será, sempre, a pessoa jurídica que deverá suportar os
encargos da decisão do mandado de segurança. Destarte, sujeitos passivos serão sempre
União, Estados, Municípios ou delegados de serviço público, sejam dirigentes de estatais ou
concessionárias de serviço”. Corrente intermediária. O STF e STJ adotou esse posicionamento
inicialmente.
Com a nova lei do mandado de segurança, o posicionamento foi alterado.
A corrente majoritária atualmente entende que à luz da nova lei e do Novo Código de
Processo Civil há um litisconsórcio passivo necessário, entre a autoridade coatora e a pessoa
jurídica de direito público.
Cássio Scarpinella Bueno e Rodrigo Klippel – Sustentam que pela conjugação dos
artigos 6º, caput, 7º, I e II, 11, 14. § 2º, o legislador optou pelo litisconsórcio passivo necessário
entre a autoridade coatora e a pessoa jurídica.
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e na jurisprudência dos Tribunais.

A ausência de manifestação do Ministério Público é capaz de gerar nulidade? Ou basta


a intimação do Ministério Público e válido é o processo? De acordo com o artigo 12 a ausência
de manifestação do Ministério Público não gera nulidade, mas a falta de intimação sim.
Art. 12. Findo o prazo a que se refere o inciso I do caput do art. 7º desta Lei, o juiz ouvirá
o representante do Ministério Público, que opinará, dentro do prazo improrrogável de 10
(dez) dias.
Parágrafo único. Com ou sem o parecer do Ministério Público, os autos serão conclusos ao
juiz, para a decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida em 30 (trinta) dias.

1.6 Direito Líquido e certo:


Conceitos na doutrina: é o direito subjetivo para ser tutelável via mandado de
segurança deve vir acompanhado de prova documental pré-constituída, pois não cabe dilação
probatória. Se não houver prova documental, o direito poderá ser tutelado por outras vias.
Cassio Scarpinella Bueno: "Direito líquido e certo há quando a ilegalidade ou a
abusividade forem passíveis de demonstração documental, independentemente de sua
complexidade ou densidade" (Mandado de Segurança. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 13).
Hely Lopes Meirelles: "É o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na
sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração. Por outras palavras, o
direito invocado, para ser amparável por mandado de segurança, há de vir expresso em norma
legal e trazer em si todos os requisitos e condições de sua aplicação ao impetrante.”
Questão de fato complexa ou de direito controvertida:
“Se os fatos estão comprovados, não pode o juiz deixar de examinar a questão de
fundo sob a assertiva de ser complexa a questão de direito”. STJ, 220174/CE, 1ª Turma, Rel.
MIn. Garcia Vieira. 11/10/99.
Súmula 625/STF: Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de
mandado de segurança.

O direito líquido e certo é condição da ação, pressuposto processual ou o próprio


mérito da demanda mandamental? Vejamos três hipóteses envolvendo o mandado de
segurança:
a) denegação da segurança por falta de provas do direito líquido e certo: o juiz extingue
o processo sem resolução de mérito.
b) inexistência de direito líquido e certo em decorrência da legalidade do ato
impugnado.
c) decadência do prazo para impetração do mandamus.

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e na jurisprudência dos Tribunais.

Antes de se enfrentar a solução de cada uma das hipóteses, cumpre destacar o que a
doutrina e jurisprudência pensam a respeito do assunto.
Parcela da doutrina sustenta que direito líquido e certo é condição da ação.
Vale lembrar que parte da doutrina sustenta que a condição da ação é a adequação da
via, ou seja, o interesse de agir é formado pela necessidade, utilidade e adequação, segundo
a corrente minoritária. A corrente majoritária entende que adequação da via procedimental
é elemento do pressuposto processual, que é objetivo.
Cassio Scarpinella Bueno leciona que: condição da ação. "Direito líquido e certo não
deve ser entendido como 'mérito' do mandado de segurança, isto é, como sinônimo do
conflito de interesses retratado pelo impetrante em sua petição inicial e levado para solução
definitiva ao Estado-juiz. Direito líquido e certo é apenas uma condição da ação do mandado
de segurança.”
É possível ainda uma condição especial da ação, ao lado da legitimidade e interesse.
Teresa Arruda Alvim Wambier condição específica da ação a exemplo do direito líquido e
certo, provável de plano, em relação ao mandado de segurança (Lei nº 12.016/09); a
notificação em relação à ação de rescisão do compromisso de compra e venda (Decreto-Lei
nº 745/69).
Leonardo Greco afirma que o direito líquido e certo é pressuposto processual objetivo
(adequação ao procedimento), ao aduzir que: “Trata-se de pressuposto processual objetivo
(adequação ao procedimento) que não subtrai do autor o direito à jurisdição sobre o litígio,
mas apenas invalida a busca através da via do mandado de segurança”.
Entendimento predominante na doutrina:
a) Deve-se ressaltar que, dependendo do momento processual analisado, o direito
líquido e certo poderá ser condição da ação ou mérito do mandado de segurança.
O direito líquido e certo existirá quando os fatos não dependerem de instrução
probatória. Assim, se o caso concreto ensejar tal fase processual, estar-se-á diante de
condição da ação, razão pela qual deverá ser extinto o processo sem julgamento do mérito.
Súmula 304/STF: Decisão denegatória de mandado de segurança, não fazendo coisa
julgada contra o impetrante, não impede o uso da ação própria.

Por essa razão é o artigo 6º, § 6º, da Lei nº 12.016/09.


Art. 6º § 6º O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado dentro do prazo
decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

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Art. 19. A sentença ou o acórdão que denegar mandado de segurança, sem decidir o
mérito, não impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os
respectivos efeitos patrimoniais.

b) Toda vez que o juiz afirmar a existência ou não em cognição exauriente do direito
afirmado pelo autor, forma-se a coisa julgada material. Assim, a existência, ou não, da
ilegalidade ou da abusividade do ato coator, em sentença fica imunizada pela coisa julgada
material.
“O exame da legalidade dos atos administrativos ou jurisdicionais em mandado de
segurança é, induvidosamente, de mérito, pois não há direito líquido e certo se não houver
decretação judicial da invalidade do ato impugnado. Assim, considerado inexistente
direito líquido e certo em favor do impetrante, impõe-se a denegação da segurança, e não
a carência por falta de condição da ação, que só ocorre quando se tratar de impetração
contra órgão ou pessoa manifestamente ilegítima” (1º TACivSP. MS 369.370-4. TP, m.v.,j.
7-5-87, ReI. Juiz Luciano Leite. RT 62lI12'P).

Toda a vez que o juiz em cognição exauriente afirmar a existência ou a inexistência de


legalidade ou abuso de poder, ele estará proferindo sentença com resolução de mérito,
mesmo que trazer a expressão “extingo sem julgamento de mérito, com fulcro no artigo 465
do CPC, por falta de direito líquido e certo”.
c) Denegação da segurança em face da decadência.
Súmula 632/STF. É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração do
mandado de segurança.

A decadência e a consequente extinção do processo com julgamento de mérito irão


alcançar o direito material discutido no MS? O direito líquido e certo engloba o direito
subjetivo? A denegação da segurança permitirá o ajuizamento de demanda ordinária,
aplicando-se a Súmula 304 do STF e o art. 19 da Lei 12.016/09?
A decadência alcança apenas o direito líquido e certo, não ultrapassando os seus
limites para atingir o direito subjetivo. Mais ainda, a coisa julgada decorrente desta sentença
denegatória do mandamus, não ultrapassa os limites do direito líquido e certo para atingir o
fundo do direito. Não poderá, portanto, ser impetrada nova demanda mandamental (já que
atingida pela coisa julgada material), mas tal fato não impedirá a utilização das vias ordinárias.
"Nos atos de trato sucessivo, como no pagamento de vencimentos ou outras
prestações periódicas, o prazo renova-se a cada ato e também não corre durante a omissão
ou inércia da Administração em despachar o requerido pelo interessado", p. 54. Na
jurisprudência, indicam-se os seguintes precedentes:
PROCESSUAL CIVIL - MANDADO DE SEGURANÇA - DECADÊNCIA - TERMO INICIAL - ART. 18
DA LEI 1.533/51 - ATO ADMINISTRATIVO ÚNICO COM EFEITOS PERMANENTES.

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1. Edital que estabeleceu horário para atendimento a advogados pela magistrada é ato
administrativo único, concreto e de efeito permanente, cujas conseqüências prolongam-
se no tempo, sendo sua publicidade o termo inicial para a contagem da decadência, nos
termos do art. 18 da Lei 1.533/51, para efeitos de interposição do mandamus.
2. Diferentemente, dos atos sucessivos e autônomos decorrem prazos próprios e
independentes, com a renovação sucessiva do prazo decadencial para a interposição do
mandado de segurança, hipótese não contemplada nos autos.
3. Decadência configurada na espécie, porque escoados mais de 120 (cento e vinte dias)
da publicação do ato que supostamente violou direito líquido e certo da ora recorrente.
4. Recurso ordinário improvido.
(STJ - RMS 13.792/SC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em
20/06/2002, DJ 05/05/2003, p. 237)

PROCESSO CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO ESPECIAL CONTRA ACÓRDÃO


ESTADUAL QUE CONCEDEU A ORDEM. DEMONSTRAÇÃO DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO.
DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. TRATO SUCESSIVO. RENOVAÇÃO DO PRAZO ENQUANTO
PERDURAR A LESÃO. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA EM MANDADO DE SEGURANÇA.
DESCABIMENTO. PRECEDENTES. EXCLUSÃO DA CONDENAÇÃO NESSE TÓPICO. RECURSO
PARCIALMENTE CONHECIDO E NESSA PARTE PROVIDO.
I - Tendo os acionistas o exercício do direito de voto correspondente às ações de que são
titulares, a manutenção, por quase um ano, de diretoria extraordinária nomeada pelo
Juízo, com base em questões processuais externas à administração da sociedade, viola
esse direito, lembrado o magistério de Celso Barbi de que haverá direito líquido e certo se
a regra jurídica que incidir sobre os fatos incontestáveis configurar um direito da parte.
II - No caso não se concretizou a decadência, uma vez que o prazo decadencial para
impetração do mandado de segurança renova-se a cada ato lesivo que envolva prestações
de trato sucessivo, como ocorreu na espécie.
III - A jurisprudência desta Corte tem posição definida quanto à impossibilidade de
condenação em honorários de sucumbência em mandado de segurança, nos termos do
enunciado nº 105 da sua súmula.
(STJ - REsp 49.960/RS, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA,
julgado em 20/05/2003, DJ 23/06/2003, p. 370)

Você tem um direito subjetivo tutelável pelas vias ordinárias (que são todas as vias que
não o mandado de segurança: procedimento comum, procedimento especial dentro e fora do
CPC, procedimento sumaríssimo – Lei nº 9.099/95, Lei nº 10.259/2001 e 12.153/2009). E você
também tem a via estreita do mandado de segurança: procedimento sumarizado (Lei nº
12.016/2009). A decadência atinge só o direito líquido e certo, que é o direito subjetivo com
o invólucro de prova documental pré-constituída. Mas ela não atinge o fundo do direito, que
é o direito subjetivo. O juiz, ao reconhecer a decadência, vai extinguir o processo com
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julgamento de mérito. Ou seja, impede-se a renovação do mandado de segurança tendo por


base a mesma causa de pedir e pedido. Fecham-se as portas para o mandado de segurança,
mas ainda ficam abertas as vias ordinárias. A doutrina utiliza como exemplos o Popeye e o
Pac-man. Popeye com espinafre é uma coisa, Popeye sem espinafre é outra coisa, assim como
o Pac-man, que quando come frutinhas vai atrás dos fantasmas. O mandado de segurança é
aquela força temporária. É o atalho que você tem, mas é só uma força temporária, que dura
pelo prazo de 120 dias.
O STF consolidou que é constitucional a Lei que fixa prazo para impetração do
mandado de segurança (Súmula 632, STF).
O juiz extingue o processo com base no artigo 487 do CPC, reconhecendo a decadência.
É sentença com julgamento de mérito e faz coisa julgada material, mas não atinge o fundo do
direito. Impede só a impetração de novo mandado de segurança tendo por base os mesmos
elementos da demanda, mantendo-se abertas as vias ordinárias. A outra ação pode ser que
tenha sido atingida pela prescrição.
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1o do art. 332, a prescrição e a decadência
não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-
se.

1.7 Durante a omissão administrativa não há curso do prazo decadencial:


Recurso ordinário em mandado de segurança . - Enquanto há omissão continuada da
Administração Pública, não corre o prazo de decadência para a impetração do mandado
de segurança, sendo certo, porém, que essa omissão cessa no momento em que há
situação jurídica de que decorre inequivocamente a recusa, por parte da Administração
Pública, do pretendido direito, fluindo a partir daí o prazo de 120 (cento e vinte) dias para
a impetração da segurança contra essa recusa. - Em se tratando de concurso público, a
abertura de novo concurso pela Administração Pública traduz situação jurídica de evidente
recusa de aproveitamento dos candidatos do concurso anterior, pondo termo, assim, à
omissão continuada pela falta desse aproveitamento, começando a correr o prazo de
decadência para a impetração da segurança. - Ocorrência, no caso, da decadência.
Recurso ordinário a que se nega provimento.
(STJ, RMS 23987/DF, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, Julgamento: 25/03/2003, Órgão
Julgador: Primeira Turma)

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A coisa julgada alcançará período pretérito; ou seja, período anterior à data da


impetração?
Por exemplo, uma senhora tem o benefício cassado administrativamente, numa
abrupta ilegalidade, pois ela não foi notificada para tanto. Não exerceu o contraditório e a
ampla defesa no procedimento administrativo prévio, e teve seu benefício previdenciário
cassado. Há uma relação de trato sucessivo. Há uma omissão da administração pública que se
renova mês a mês. Passam-se oito meses e ela impetrou o mandado de segurança, em
10/10/16. A sentença, proferida ao final, vai abraçar as parcelas que deixaram de ser pagas a
partir da propositura e o período pretérito? Ou se ela terá que impetrar o mandado de
segurança, cujos efeitos serão prospectivos e teria que ajuizar uma ação de cobrança contra
o período pretérito?
Para responder esta questão, o STF possui duas súmulas, a 269 e a 271. Essas súmulas
afirmam que a concessão de mandado de segurança não alcança períodos pretéritos, e que o
MS não é substitutivo de ação de cobrança. As súmulas devem ser lidas em conjunto com o
artigo 14, § 4º, que informa que o pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias
asseguradas em sentença concessiva de mandado de segurança somente será efetuado em
relação às prestações que se vencerem a contar do ajuizamento da demanda. O período
pretérito está descoberto pela via do mandado de segurança. Estão cobertas as parcelas
vencidas a partir do ajuizamento da demanda até a data do recebimento do ofício pelo órgão
pagador. Existe uma sentença com dois capítulos: um de cunho mandamental que, por
exemplo, determina a reintegração ao cargo, e um capítulo condenatório (condena ao
pagamento de tanto, a partir da propositura do mandado de segurança até o recebimento do
ofício pelo órgão pagador). Quanto ao capítulo condenatório, segue-se a via do precatório
judicial ou requisição de pequeno valor. Segue-se a fila do precatório própria dos titulares de
crédito alimentar. Existem três filas de precatório: titular de crédito alimentar ou portador de
doença grave ou com idade superior a 65 anos de idade; titular de crédito alimentar; titular
de créditos ordinários. As filas andam em paralelo. O fato de utilizar a via de atalho do
mandado de segurança não gera um atalho para a via executiva. A abertura da fase do
cumprimento de sentença, hoje execução contra a fazenda pública, dar-se-á por uma fase
subsequente à fase cognitiva.
Súmula 269/ STF: O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança

Súmula 271/ STF: Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais,
em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou
pela via judicial própria.

A posição atual do STJ vai na contramão das duas súmulas do STF. No Informativo 578,
a Corte Especial do STJ entendeu que a exigência de uma ação de cobrança para o período

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pretérito “não apresenta nenhuma utilidade prática e atenta contra os princípios da justiça,
da efetividade processual, da celeridade e da razoável duração do processo” além de
estimular “demandas desnecessárias e que movimentam a máquina judiciária, de modo a
consumir tempo e recursos de forma completamente inútil, e enseja inclusive a fixação de
honorários sucumbenciais, em ação que já se sabe destinada à procedência”.
Aliás, exemplo interessante é mencionado por Sérgio Ferraz: "A decisão em mandado
de segurança concedida a funcionário para reintegrar-se no cargo do qual fora afastado
contém implícita a ordem para a percepção do estipêndio e das demais vantagens inerentes
ao cargo, perdidos com o afastamento".
Quanto às parcelas retroativas entre a data da impetração e a do recebimento do ofício
de cumprimento, a sentença no mandado de segurança poderá ensejar duplo efeito: o
mandamental (ligado ao fazer ou não fazer, cujo cumprimento deve ser efetivado nos moldes
estabelecidos em lei), e, eventualmente, o condenatório (como nos casos em que existem
parcelas retroativas entre a data da impetração e a do recebimento do ofício de cumprimento)
que será objeto cumprimento de sentença, nos moldes dos artigos 534 do NCPC e 100 da
CF/88, inclusive com pagamento através de precatório requisitório.
Art. 534. No cumprimento de sentença que impuser à Fazenda Pública o dever de pagar
quantia certa, o exequente apresentará demonstrativo discriminado e atualizado do
crédito contendo:
I - o nome completo e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica do exequente;
II - o índice de correção monetária adotado;
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI - a especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados.
§ 1º Havendo pluralidade de exequentes, cada um deverá apresentar o seu próprio
demonstrativo, aplicando-se à hipótese, se for o caso, o disposto nos §§ 1o e 2o do art.
113.
§ 2º A multa prevista no § 1o do art. 523 não se aplica à Fazenda Pública.

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e
Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida
a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais
abertos para este fim. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários,
vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e
indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude
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de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os
demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos de idade
ou mais na data de expedição do precatório, ou sejam portadores de doença grave,
definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até
o valor equivalente ao triplo do fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo,
admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem
cronológica de apresentação do precatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 62, de 2009).
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se
aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as
Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores
distintos às entidades de direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas,
sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba
necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado,
constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o
pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados
monetariamente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao
Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda
determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente
para os casos de preterimento de seu direito de precedência ou de não alocação
orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da quantia
respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou
tentar frustrar a liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade
e responderá, também, perante o Conselho Nacional de Justiça. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 62, de 2009).
§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor
pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins
de enquadramento de parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 9º No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação,
deles deverá ser abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos
líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original
pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos,

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e na jurisprudência dos Tribunais.

ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação


administrativa ou judicial. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública
devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de
abatimento, informação sobre os débitos que preencham as condições estabelecidas no §
9º, para os fins nele previstos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da entidade federativa
devedora, a entrega de créditos em precatórios para compra de imóveis públicos do
respectivo ente federado. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de
requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua
natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança,
e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de
juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de juros
compensatórios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a
terceiros, independentemente da concordância do devedor, não se aplicando ao
cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de
petição protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 62, de 2009).
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a esta Constituição Federal
poderá estabelecer regime especial para pagamento de crédito de precatórios de Estados,
Distrito Federal e Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e
forma e prazo de liquidação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos, oriundos
de precatórios, de Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

Não se está, com isso, afirmando que o mandado de segurança poderá ser utilizado
visando à cobrança de valores. Contudo, se o reconhecimento do direito líquido e certo
ocasionar reflexo patrimonial, este será satisfeito mediante execução judicial, inclusive com
expedição de precatório requisitório, ex vi art. 100 da CF/88. Aliás, a própria Súmula 269 deixa
claro que o mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança.
Art. 14. (...)
§ 4º O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em sentença
concessiva de mandado de segurança a servidor público da administração direta ou
autárquica federal, estadual e municipal somente será efetuado relativamente às
prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da inicial.

Posição atual do STJ:

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Informativo nº 578
Período: 3 a 16 de março de 2016.
Corte Especial
DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL.
EFEITOS FINANCEIROS DA CONCESSÃO DE ORDEM MANDAMENTAL CONTRA ATO DE
REDUÇÃO DE VANTAGEM DE SERVIDOR PÚBLICO.
Em mandado de segurança impetrado contra redução do valor de vantagem integrante
de proventos ou de remuneração de servidor público, os efeitos financeiros da concessão
da ordem retroagem à data do ato impugnado. Não se desconhece a orientação das
Súmulas n. 269 e 271 do STF, à luz das quais caberia à parte impetrante, após o trânsito
em julgado da sentença mandamental concessiva, ajuizar nova demanda de natureza
condenatória para reivindicar os valores vencidos em data anterior à impetração do
mandado de segurança. Essa exigência, contudo, não apresenta nenhuma utilidade
prática e atenta contra os princípios da justiça, da efetividade processual, da celeridade e
da razoável duração do processo. Ademais, essa imposição estimula demandas
desnecessárias e que movimentam a máquina judiciária, de modo a consumir tempo e
recursos de forma completamente inútil, e enseja inclusive a fixação de honorários
sucumbenciais, em ação que já se sabe destinada à procedência. Corroborando esse
entendimento, o STJ firmou a orientação de que, nas hipóteses em que o servidor público
deixa de auferir seus vencimentos ou parte deles em razão de ato ilegal ou abusivo do
Poder Público, os efeitos financeiros da concessão de ordem mandamental devem
retroagir à data do ato impugnado, violador do direito líquido e certo do impetrante. Isso
porque os efeitos patrimoniais são mera consequência da anulação do ato impugnado que
reduz o valor de vantagem nos proventos ou remuneração do impetrante (MS 12.397-DF,
Terceira Seção, DJe 16/6/2008). Precedentes citados: EDcl no REsp 1.236.588-SP, Segunda
Turma, DJe 10/5/2011; e AgRg no REsp 1.090.572-DF, Quinta Turma, DJe 1º/6/2009.
EREsp 1.164.514-AM, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 16/12/2015, DJe
25/2/2016.

1.8 Petição inicial do mandado de segurança e requisição de documentos:


a) Requisitos do artigo 319 e 320 do CPC.
b) A autenticação dos documentos poderá ser feita com fincas no artigo 425, IV, CPC.
c) Deve ser apresentada em duas vias- a melhor interpretação é a de que devem ser
apresentadas em tantas vias quanto forem as autoridades coatoras.
d) NOVIDADE- Além da autoridade coatora deverá indicar a pessoa jurídica que esta
integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.
Uma das inovações da Lei de 2009 foi a seguinte: por vezes o documento que servia
de prova ao ato impugnado estava na repartição pública, o que levava a parte a impetrar o
mandado de segurança para obter o documento e, uma vez obtido o documento, impetrasse

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o mandado de segurança, agora para defender o direito líquido e certo. Ou ainda, o sujeito
ajuizava uma ação cautelar ou de natureza satisfativa de exibição de exibição de documento.
A Lei do Mandado de Segurança acabou com isso, de forma a facilitar a vida do impetrante,
como pode se ver no artigo 6º, § 1º.
Art. 6º A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei
processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a
primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa
jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.
§ 1º No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição
ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por
certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse
documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem,
o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda
via da petição.

Nesse caso, a parte não tem o documento para comprovar o direito, ou seja, não tem
o direito líquido e certo ainda, pois o direito líquido e certo é o direito subjetivo delimitado
quanto à sua extensão e evidente e apto a ser exercitado no momento da impetração. Mas é
possível abrir um capítulo no mandado de segurança, afirmando que não possui o documento,
e que o documento se encontra em repartição ou estabelecimento público ou em poder da
autoridade coatora. O juiz requisitará o documento e, recebido o documento, será juntado à
segunda via do mandado de segurança.
a) É desnecessário, portanto, impetrar novo MS para essa finalidade.
b) Não há necessidade de se valer do incidente de exibição de documentos previsto
nos artigos 396 a 404 do NCPC.
Art. 396. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa que se encontre em
seu poder.

Art. 397. O pedido formulado pela parte conterá:


I - a individuação, tão completa quanto possível, do documento ou da coisa;
II - a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o documento ou com
a coisa;
III - as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou a
coisa existe e se acha em poder da parte contrária.

Art. 398. O requerido dará sua resposta nos 5 (cinco) dias subsequentes à sua intimação.
Parágrafo único. Se o requerido afirmar que não possui o documento ou a coisa, o juiz
permitirá que o requerente prove, por qualquer meio, que a declaração não corresponde
à verdade.

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Art. 399. O juiz não admitirá a recusa se:


I - o requerido tiver obrigação legal de exibir;
II - o requerido tiver aludido ao documento ou à coisa, no processo, com o intuito de
constituir prova;
III - o documento, por seu conteúdo, for comum às partes.

Art. 400. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por meio do
documento ou da coisa, a parte pretendia provar se:
I - o requerido não efetuar a exibição nem fizer nenhuma declaração no prazo do art. 398;
II - a recusa for havida por ilegítima.
Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz pode adotar medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias para que o documento seja exibido.

Art. 401. Quando o documento ou a coisa estiver em poder de terceiro, o juiz ordenará
sua citação para responder no prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 402. Se o terceiro negar a obrigação de exibir ou a posse do documento ou da coisa,


o juiz designará audiência especial, tomando-lhe o depoimento, bem como o das partes e,
se necessário, o de testemunhas, e em seguida proferirá decisão.

Art. 403. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz ordenar-
lhe-á que proceda ao respectivo depósito em cartório ou em outro lugar designado, no
prazo de 5 (cinco) dias, impondo ao requerente que o ressarça pelas despesas que tiver.
Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de
apreensão, requisitando, se necessário, força policial, sem prejuízo da responsabilidade
por crime de desobediência, pagamento de multa e outras medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar a efetivação da decisão.

Art. 404. A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo, o documento ou a coisa se:
I - concernente a negócios da própria vida da família;
II - sua apresentação puder violar dever de honra;
III - sua publicidade redundar em desonra à parte ou ao terceiro, bem como a seus
parentes consanguíneos ou afins até o terceiro grau, ou lhes representar perigo de ação
penal;
IV - sua exibição acarretar a divulgação de fatos a cujo respeito, por estado ou profissão,
devam guardar segredo;
V - subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do juiz, justifiquem
a recusa da exibição;
VI - houver disposição legal que justifique a recusa da exibição.

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e na jurisprudência dos Tribunais.

Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os incisos I a VI do caput disserem respeito


a apenas uma parcela do documento, a parte ou o terceiro exibirá a outra em cartório,
para dela ser extraída cópia reprográfica, de tudo sendo lavrado auto circunstanciado.

A petição inicial do mandado de segurança deverá seguir os requisitos do Código de


Processo Civil (artigos 319, 320 e 106).
Art. 319. A petição inicial indicará:
I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o
número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição
inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.
§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se
refere o inciso II, for possível a citação do réu.
§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II
deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente
oneroso o acesso à justiça.

Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura
da ação.

Art. 106. Quando postular em causa própria, incumbe ao advogado:


I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número de inscrição na
Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual participa,
para o recebimento de intimações;
II - comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço.
§ 1º Se o advogado descumprir o disposto no inciso I, o juiz ordenará que se supra a
omissão, no prazo de 5 (cinco) dias, antes de determinar a citação do réu, sob pena de
indeferimento da petição.
§ 2º Se o advogado infringir o previsto no inciso II, serão consideradas válidas as
intimações enviadas por carta registrada ou meio eletrônico ao endereço constante dos
autos.

De acordo com o artigo 6º da Lei nº 12.016/2009, há litisconsórcio passivo necessário


para a propositura do mandado de segurança.

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e na jurisprudência dos Tribunais.

Os documentos apresentados não precisam estar autenticados, bastando que a parte


ateste que são autênticos, nos termos do artigo 425, IV do CPC.
Art. 425. Fazem a mesma prova que os originais:
(...)
IV - as cópias reprográficas de peças do próprio processo judicial declaradas autênticas
pelo advogado, sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes for impugnada a
autenticidade;

Devem ser apresentadas quantas vias quantas forem as autoridades coatoras.


Além da autoridade coatora, o impetrante deve indicar a pessoa jurídica que esta
integra, à qual se acha vinculado ou da qual exerça atribuições, havendo, portanto,
litisconsórcio passivo necessário.
Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não for o caso
de mandado de segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido
o prazo legal para a impetração.
§ 1º Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau caberá apelação e, quando a
competência para o julgamento do mandado de segurança couber originariamente a um
dos tribunais, do ato do relator caberá agravo para o órgão competente do tribunal que
integre.

A melhor doutrina sustenta que o dispositivo (artigo 10) deve ser interpretado de
forma a abrandar o rigor textual da lei. Toda vez que for possível emendar inicial do mandado
de segurança, suprindo os seus defeitos ou falhas, a inicial deve ser acolhida.
a) aplica-se a regra do art. 321 do NCPC.
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319
e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de
mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete,
indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.

Os artigos 330 e 331 do NCPC tratam do indeferimento liminar sem resolução de


mérito.
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
I - for inepta;
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;

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e na jurisprudência dos Tribunais.

II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido


genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
§ 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo,
de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia,
discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende
controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito.
§ 3º Na hipótese do § 2o, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e
modo contratados.

Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de
5 (cinco) dias, retratar-se.
§ 1º Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso.
§ 2º Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a
correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334.
§ 3º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença.

Se esse indeferimento liminar for parcial, estamos diante de uma decisão


interlocutória que desafia agravo de instrumento. As alterações que tocam o agravo de
instrumento estão previstas no artigo 1.015 conjugado com o 1.009, § 1º. As decisões
interlocutórias são apeláveis ou agraváveis. Somente são agraváveis as decisões
interlocutórias textualmente com previsão no artigo 1.015, mas essa sistemática vale para o
Código de Processo Civil. Para as decisões interlocutórias na liquidação, na execução,
inventário e partilha e nos procedimentos especiais, vale a regra que existia antes do novo
CPC, de que as decisões interlocutórias desafiam agravo de instrumento. Não precisa aguardar
a apelação, para abrir um capítulo em preliminar e alvejar a decisão interlocutória. Decisão
interlocutória proferida em mandado de segurança não se limita ao cabimento restrito do
artigo 1.015. Cabe agravo de instrumento.
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem
sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua
revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;

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IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;


X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o;
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias
proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo
de execução e no processo de inventário.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.


§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não
comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas
em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas
contrarrazões. (...)

Se o indeferimento for total (sentença), caberá apelação. Essa apelação vale-se da


regra do artigo 331, e tem o efeito regressivo (uma vez interposta a apelação o juiz pode se
retratar da sentença que proferiu no prazo de até 5 dias). O prazo é comum de 15 dias.
O artigo 332 trata do indeferimento liminar prima facie, indeferimento liminar com
resolução de mérito, que faz parte do sistema de precedentes judiciais do artigo 926 e 927 do
NCPC. Ou seja, petição inicial cuja pretensão esteja na contramão de súmula simples ou
vinculante do STJ e STF, ou contrária à orientação de Recurso Especial ou Extraordinário
repetitivos, ou contra decisão adotada em incidente de resolução de demandas repetitivas
fazem matar a demanda no seu nascedouro, julgando-se improcedente o pedido. O juiz nem
cita a outra parte, podendo, no máximo, intimá-la para dizer que existe um processo com
sentença que lhe é favorável, a fim de que, caso ela seja demandada novamente, possa alegar
coisa julgada. Trata-se de indeferimento com julgamento de mérito. Tudo isso se aplica
subsidiariamente no mandado de segurança.
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da
citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça
em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde
logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.
§ 2º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença,
nos termos do art. 241.

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e na jurisprudência dos Tribunais.

§ 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.


§ 4º Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação
do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar
contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e
coerente.
§ 1º Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os
tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência
dominante.
§ 2º Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáticas
dos precedentes que motivaram sua criação.

Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:


I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de
constitucionalidade;
II - os enunciados de súmula vinculante;
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas
repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos;
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e
do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional;
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.
§ 1º Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1o, quando
decidirem com fundamento neste artigo.
§ 2º A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de
casos repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da participação de
pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese.
§ 3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal
e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode
haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica.
§ 4º A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese
adotada em julgamento de casos repetitivos observará a necessidade de fundamentação
adequada e específica, considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da
confiança e da isonomia.
§ 5º Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando-os por questão
jurídica decidida e divulgando-os, preferencialmente, na rede mundial de computadores.

b) aplica-se a regra do art. 332 do CPC


c) Aplica-se subsidiariamente a regra do art. 331 do CPC,
d) se o indeferimento da petição inicial ocorrer pelo relator (competência originária do
tribunal) com fincas no art. 932 do CPC, será cabível agravo interno (art. 1021).
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e na jurisprudência dos Tribunais.

Art. 932. Incumbe ao relator:


I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova, bem
como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes;
II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência
originária do tribunal;
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida;
IV - negar provimento a recurso que for contrário a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio
tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça
em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a
decisão recorrida for contrária a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio
tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça
em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for
instaurado originariamente perante o tribunal;
VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso;
VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal.
Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo
de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a
documentação exigível.

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo
órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno
do tribunal.
§ 1º Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os
fundamentos da decisão agravada.
§ 2º O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre
o recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator
levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta.
§ 3º É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada
para julgar improcedente o agravo interno.

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e na jurisprudência dos Tribunais.

§ 4º Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou


improcedente em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada,
condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do
valor atualizado da causa.
§ 5º A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do
valor da multa prevista no § 4o, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de
gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final.

O mandado de segurança, mandado de injunção ou habeas data, de competência


originária de tribunal superior que tenha ordem denegada (com ou sem julgamento de mérito)
por decisão colegiada, caberá recurso ordinário constitucional para o STF, conforme artigo
102, II, da Constituição Federal. É recurso interposto secundum eventum litis (segundo o
resultado da lide). Se for decisão monocrática, ainda caberá o agravo interno (artigo 1021 do
NCPC).
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe:
(...)
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção
decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;

Se o relator indeferir a inicial por ilegitimidade ativa ad causam, ilegitimidade


manifesta, artigo 331 do CPC, a decisão será unipessoal que se combate com agravo interno,
no prazo de 15 dias. Da decisão do agravo interno (colegiada), o recurso cabível será o
ordinário constitucional para o STF. Não cabe recurso extraordinário, por se tratar de erro
grosseiro, e pela inaplicabilidade da fungibilidade recursal.
O mandado de segurança, de competência originária de Tribunal de Justiça ou Tribunal
Regional Federal que tenha ordem denegada (com ou sem julgamento de mérito) por decisão
colegiada, caberá recurso ordinário constitucional para o STJ, conforme artigo 105, II, b, da
Constituição Federal.
Se o mandado de segurança chegou no Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal
em grau recursal, o recurso cabível da decisão do Tribunal será o Recurso Especial para o STJ
e não o Ordinário Constitucional.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
(...)
II - julgar, em recurso ordinário:
(...)

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b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais


Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando
denegatória a decisão;

e) caso a rejeição da inicial ocorra pelo órgão colegiado quando do julgamento do MS,
caberá recurso ordinário (art. 105, II e 102, II da CR) PARA O STJ OU PARA O STF.
1.9 Teoria da encampação:
A teoria da encampação surge no contexto de indicação errônea da autoridade
coatora. O autor se equivoca na indicação da autoridade coatora, que é hierarquicamente
superior àquela que deveria ter sido indicada, e essa autoridade coatora equivocada, ao invés
de alegar a sua ilegitimidade passiva ad causam, defende a legalidade do ato impugnado. Pela
teoria da encampação, isso não levará à extinção do processo por falta de legitimidade.
Teoria da encampação: Se a autoridade indicada for hierarquicamente superior à que
praticou o ato e assumir a defesa do ato impugnado, o STJ adota a chamada teoria da
encampação: “Aplica-se a teoria da encampação quando a autoridade apontada como
coatora, ao prestar suas informações, não se limita a alegar sua ilegitimidade, mas defende o
mérito do ato impugnado, requerendo a denegação da segurança, assumindo a legitimatio ad
causam passiva”.
Para se aplicar a teoria da encampação, tanto a autoridade coatora quanto a
hierarquicamente superior devem ser julgadas pelo mesmo juízo, para não haver
deslocamento da competência absoluta. Pela corrente majoritária, os autos devem ser
remetidos ao juízo competente. Pela corrente minoritária, haverá extinção do processo por
incompetência absoluta.
Não se aplica a teoria da encampação que houver alteração da competência levando-
se em consideração a autoridade equivocadamente indicada.
1.10 Litispendência:
Há litispendência entre ação ordinária e mandado de segurança? Sim. Aplica-se a
teoria da tríplice identidade. Se ela não for suficiente, aplica-se a teoria da identidade da
relação jurídica do direito material. Existe litispendência, coisa julgada ou conexão na relação
entre ação ordinária e mandado de segurança.
Informativo n. 0422
Período: 8 a 12 de fevereiro de 2010.
Segunda Turma
MS. LITISPENDÊNCIA. AÇÃO ORDINÁRIA.
No mandado de segurança, alega-se o direito adquirido e a conivência da legislação local
para buscar a anulação de edital elaborado pela unidade federada de alienação do imóvel

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funcional ocupado pelo ora recorrente e, com isso, permitir sua venda direta sem qualquer
procedimento licitatório. Sucede que esse pedido já foi deduzido, de igual modo, em ação
ordinária da qual justamente decorre o citado edital, visto que nela se rejeitou o pleito e
se cassou a liminar, o que possibilitou ao ente federado praticar os atos relativos à
licitação. Daí a razão de o Tribunal a quo corretamente reconhecer a litispendência, que,
conforme a jurisprudência do STJ, não é descaracterizada pela circunstância de o polo
passivo do MS ser ocupado pela autoridade indicada como coatora e, na ação ordinária,
figurar como réu a própria pessoa jurídica de direito público à qual pertence o impetrado
no writ. Precedentes citados: REsp 866.841-RJ, DJe 7/11/2008; RMS 11.905-PI, DJ
23/8/2007, e AgRg no REsp 932.363-RJ, DJ 30/8/2007. RMS 29.729-DF, Rel. Min. Castro
Meira, julgado em 9/2/2010.

1.11 Procedimento:
Se o juiz não indeferir a inicial, deverá notificar o coator da petição inicial. Essa
notificação gerará os mesmos efeitos de uma citação: vai permitir a integração do réu à
relação processual, além da constituição em mora do devedor, fazer litigiosa a coisa e induz
litispendência.
Art. 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via
apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste
as informações;
II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica
interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse
no feito;
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento
relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente
deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo
de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. (...)

A autoridade coatora é notificada para, no prazo de 10 dias, prestar informações


(natureza de contestação). Trata-se de prazo específico, não sendo aplicável o prazo dobrado
do artigo 183 do CPC. Nesse prazo, será apresentado todo o arcabouço da contestação:
defesas preliminares (ilegitimidade, falta de interesse de agir), prejudiciais de mérito
(decadência).
Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas
autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas
manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.
§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma
expressa, prazo próprio para o ente público.

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Deve-se fazer a distinção entre mandado de segurança com liminar deferida. Liminar
é decisão inaudita altera pars. Antes de notificar a autoridade coatora já é concedida a liminar.
À autoridade coatora se impõe uma obrigação (artigo 9º), que é levar cópia da notificação
para o órgão de representação judicial para fazer a defesa em 48 horas. O órgão de
representação judicial terá elementos para apresentar a resposta e, ao mesmo tempo, poderá
interpor agravo de instrumento e/ou a suspensão da segurança requerida diretamente ao
Presidente do Tribunal (incidente de suspensão de segurança). Trata-se de um incidente
provocado por pessoa política ou Ministério Público que permite a suspensão da eficácia da
decisão liminar ou da sentença, direcionado ao Presidente de Tribunal de Justiça ou Tribunal
Regional Federal.
Art. 9º As autoridades administrativas, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas da
notificação da medida liminar, remeterão ao Ministério ou órgão a que se acham
subordinadas e ao Advogado-Geral da União ou a quem tiver a representação judicial da
União, do Estado, do Município ou da entidade apontada como coatora cópia autenticada
do mandado notificatório, assim como indicações e elementos outros necessários às
providências a serem tomadas para a eventual suspensão da medida e defesa do ato
apontado como ilegal ou abusivo de poder.

Da concessão da liminar cabe agravo de instrumento. O inciso III do artigo 7º diz que o
juiz determinará que se suspensa o ato que deu motivo ao pedido, quando houver
fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja
finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito com o
objetivo de assegurar o ressarcimento da pessoa jurídica.
Art. 7º. (...)
§ 1º Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá agravo
de instrumento, observado o disposto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código
de Processo Civil.
§ 2º Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos
tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou
equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens
ou pagamento de qualquer natureza.
§ 3º Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação
da sentença.
§ 4º Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para julgamento.
§ 5º As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se
estendem à tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei no 5.869, de 11
janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

a) Tutela provisória:

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 De urgência: tem requisitos próprios, que são o fumus boni iuris e o


periculum in mora.
o Cautelar
o Antecipatória: prova inequívoca da verossimilhança da alegação,
periculum in mora e reversibilidade da situação fática.
 De evidência
b) Liminar: a liminar também tem requisitos próprios. Vai gerar o mesmo efeito da
tutela cautelar ou antecipatória, mas deve se provar os requisitos da lei de
regência. O mandado de segurança tem previsão de liminar, então devem ser
demonstrados os requisitos que a lei do mandado de segurança exige para a
concessão da liminar. Ação possessória de força nova, ação popular e ação civil
pública também têm requisitos próprios para a concessão da liminar.
No mandado de segurança é necessário demonstrar, para a concessão da liminar,
fundamento relevante e periculum in mora. A finalidade será a mesma da tutela provisória:
antecipar os efeitos práticos da tutela definitiva. Será suspenso o ato coator quanto este for
comissivo ou será dada uma ordem quando o ato foi omissivo.
Existem matérias que não podem ser objeto de liminar, por disposição da lei (artigo 7º
§ 2º): compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do
exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento
ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.
A lei não exclui a possibilidade de reclamar esses direitos pela via do mandado de
segurança. Apenas veda que seja concedida liminar nesses casos. O parágrafo 5º do artigo 7º
também estende a vedação da concessão de liminar em mandado de segurança nas matérias
incluídas no parágrafo segundo para a tutela antecipada ou cautelar em qualquer outro
processo. Essa disposição também foi incluída no Código de Processo Civil no artigo 1.059.
Art. 1.059. À tutela provisória requerida contra a Fazenda Pública aplica-se o disposto nos
arts. 1º a 4º da Lei no 8.437, de 30 de junho de 1992, e no art. 7o, § 2o, da Lei no 12.016,
de 7 de agosto de 2009.

Essas matérias não podem ser objeto de liminar, embora podem ser requeridas pela
via do mandado de segurança. Se, eventualmente, for concedida a medida liminar, a fazenda
pública pode questionar pela via de agravo de instrumento ou requerer diretamente do
Presidente do Tribunal a suspensão da eficácia da decisão. Pode, inclusive, utilizar dos dois
meios, pois um não exclui o outro.

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