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MUSEU DE AROUEOLOGIA DE XINGÓ
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Apresentação 7
5
SEGUNDAPARTE:EXPERIÊNCIAS, PROPOSTASE PERSPECTIVAS
fi
Segunda parte
EXPERIÊNCIAS, PROPOSTAS E PERSPECTIVAS
Acessibilidade, Inclusão Social e
Políticas Públicas:
uma proposta para o Estado de São Paulo
INTRODUÇÃO
Sés;!undo a Orçanízação Mundial de Saúde (OMS) 10% da população mundial
apreentam als;!um tipo de deficiência. o que representa aproximadamente 610
lI, ôes de pessoas com deficiência no mundo. das quais 386 mtlhôes fazem
pa~ a população economicamente ativa e 80% do total dessas pessoas vivem
em países em desenvolvimento.
Os dados do Censo Dernoçráfíco mostram ria I dessas pessoas com o patrimônio cultu-
também que. no total de casos declarados de ral presente nessas instituições.
portadores de deficiências. 8.3% possuem
deficiência mental. 4.1 % deficiência física'. Como assinala Aidar (2002. p. 60). "em ter-
16.7% deficiência auditiva. 22.9% deficiência mos ideolóçicos, as instituições devem mo-
motora" e 48.1% deficiência visual. Entre 16,5 ver-se na direção do reconhecimento da
milhões de pessoas com deficiência visual. idéia de que elas têm um papel a contribuir
159.824 são incapazes de enxergar; e. entre os para a is:;tualdadesocial. para o fortalecimen-
5. 7 milhões de brasileiros com deficiência to de indivíduos e s:;truposem desvantaçern, e
auditiva. 176.067 não ouvem. para o incremento de processos democráti-
cos dentro da sociedade."
Trata-se. portanto. de um universo expres-
sivo de pessoas com deficiências. as:;travado Todos esses temas. porém. não podem ser
pelo fato de o Brasil estar entre os países com concebidos de forma isolada. mas. ao con-
os maiores índices de acidentes de trabalho trário. devem ser pensados a partir de uma
e de violência urbana. o que amplia síqnífí- politice cultural que tome por paradíçma as
catívarnente o número. principalmente de concepções m useoioçicas contemporâneas.
indivíduos jovens com essas características. Tais concepções compreendem. além das
funções tradicionais (pesquisar. preservar e
Dentro desse quadro de referências. o mu- comunicar). o conceito da responsabilidade
seu. como instituição pública. deve ter como social. exíqíndo ações interdisciplinares que
objetivo não somente a preservação do pa- envolvam todas as áreas dessas instituições.
trimônio cultural nele abríqado, como tam- o que no caso da freqüência de públicos es-
bém o importante papel de promover ações peciais demandará a participação de todas
culturais enfocando o seu potencial educa- as instâncias do museu - um processo demo-
cional e de inclusão social. atuando como crático que reúna além das áreas de traba-
as:;tentede conhecimento e fruição do patri- lho. os profissionais nela envolvidos incluin-
mônio histórico. auto-reconhecimento e do também a comunidade em s:;teral.
afirmação da identidade cultural de todos os
cidadãos. independentemente de suas diver- Essa compreensão vem. portanto. se con-
sidades. trapor a uma visão em que as ações
educetivas aparecem dissociedas do proces-
Nessa perspectiva. o conhecimento e a so museolôçtco. visão esta ainda presente
fruição do objeto cultural. presente nos mu- em s:;trande parte dos museus. exposições
seus. sequndo uma visão democrática e temporárias de s:;trandeporte e outras institui-
multicultural. deve contemplar todos os pú- ções culturais brasileiras. o que. conseqüen-
blicos. sem distinções. o que especificamente temente. passa a se refletir diretamente na
para os públicos especiais (pessoas com limi- concepção. realização e continuidade de
tações sensoriais. físicas ou mentais) exíçe projetos educatívos dessa natureza.
uma série de adaptações. tanto físicas (aces-
sibilidade arquitetônica e expoçráfíca) como Em razão. portanto. da sua fraçilidade, os
sensoriais (comunicação. apreensão espacial projetos educativos realizados a partir dessa
e estética do objeto cultural). além de um concepção e sem o respaldo de uma política
proçrama de ação educetive especializada. cultural que efetive e promova permanente-
cujo trabalho de mediação seja realizado mente um proçrarna educatívo estruturado.
por um açente facilitador que proporcione restrínçem-se a atendimentos superficiais ao
uma melhor compreensão e vívêncía senso- público visitante. descaracterizando a sua
ACESSIBILIDADE, INCLUSÃO
Outro aspecto relevante para o desenvol- de apoio) como também as áreas de pesqui-
vimento e a aplicação de poIfticas culturais sa, documentação e conservação.
é o que diz respeito às formas de acesso à
cultura por seus cidadãos. Por outro lado, ao adotar-se um
psrediçma inclusivo para a política cultural
Sabendo que os bens culturais são produ- de um museu, há de se levar em conta a ne-
tos do conhecimento, o principal obstáculo cessidade de um redimensionamento de
à íruíção das diferentes manifestações cultu- suas práticas museolóçícas, o que, na visão
rais é de natureza simbólica, isto é, um códí- de Aidar (2002, p. 60), representa "a adoção
lJo que necessita de uma alfabetização para de um posicionamento crítico em relação a
ser reconhecido ou revelado.' Sendo assim, elas. o que silJnifica não tomá-Ias como da-
cabe às poIfticas públicas prever investimen- das ou neutras mesmo aquelas que costu-
tos para a ampliação do repertório cultural mam ser consideradas assim. como as de
dos mais diversos setores da população, in- documentação e conservação. Paralelamen-
vestimentos estes que só serão viabilizados te, os museus deveriam promover uma de-
com o estabelecimento de parcerias tanto mocratização interna. evitando as ríqídas hi-
com orçâos educacionais como também erarquias de poder e permitindo que diver-
com outras instituições públicas e privadas. sos setores da profissão e do público partici-
pem e tenham voz nos processos de tomadas
Trazendo estas questões para o universo de decisões."
da museoioçia, resta evidente o importante
papel que a instituição cultural museu de- Deve-se levar em consideração que as
sempenha na ampliação do repertório cul- afirmações antes apresentadas ampliam as
tural dos cidadãos, já que a ela é conferida responsabilidades sociais que a princípio po-
a importante função de adquirir, preservar, diam parecer restritas à área de ação
documentar e comunicar os bens culturais, educetiva do museu.
muitos deles deslocados de seu espaço orí-
lJinaI. Partindo do princípio de que ao setor
educativo compete maior parcela de res-
Aos museus, bem como a todas as institui- ponsabilidade acerca das demandas sociais
ções culturais, cabe também estar em nessa instituição. é importante ressaltar que
sintonia com o pensamento contemporâneo as ações previstas para essa área. mesmo sen-
de respeito e reconhecimento da diversida- do de crucial importância para a incJusão
de cultural e social trabalhando a favor não social. não podem ficar restritas às questões
somente da comunicação de seus objetos de ampliação da freqüência de diferentes ti-
culturais, sob um ponto de vista pos de públicos. tarefa esta que conduz à for-
multicultural. como também contribuindo mulação de estratégias que requeiram. entre
para a democratização cultural por meio outras, a eliminação de barreiras para o seu
dos processos de incJusão social acesso. como as barreiras físicas. sensoriais.
financeiras, atitudinais e intelectuais. bem
Dessa forma, a incJusão social aplicada à como a importante tarefa de criar. preferen-
prática museolóqíca deve conter um foco cialmente por meio de parcerias, um envol-
Interdisciplinar abrançendo todas as áreas vimento desses públicos com essas institui-
de trabalho dessa instituição, o que envolve- ções.
ria os aspectos educacionais e museoçráti-
cos (compreendendo desde concepção da Importa. pois. acrescentar a essa impor-
exposição até os recursos comunicacionais tante tarefa - a da incJusão social por meio
ACESSIBILIDADE, INCLUSÃO
Outro exemplo de atuação Interdiscipli- Isto posto. cumpre discutir. mesmo que ra-
nar pode ser demonstrado no campo da pidamente. uma experiência prática. Trata-
conservação. muito embora nele viS20reuma se. assim. de examinar a metodoloçía aplica-
contradição. pois. como observa Aidar da durante o desenvolvimento da pesquisa
(2002. p. 61). "uma de suas tarefas é a de esta- da tese da referida autora com o objetivo de
belecer barreiras protetoras entre os objetos avaliar proçramas de acessibilidade e ação
e o público. Para responder a isso. poderiam educativa inclusiva instrumentalizados por
ser desenvolvidas alternativas para o uso meio de questionários aplicados em museus
controlado e supervisionado de certos obje- do interior de São Paulo pertencentes ao Sis-
tos. em contraponto à oposição neqatíva do tema de Museus do Estado. vinculados à Uni-
não toque. normalmente adotada em mu- dade de Preservação do Patrimônio Museo-
- IÓf!Íco (UPPM) da Secretaria
AMANDA
de Estado da
PINTO DA FONSECA TOJAL
É claro. também. que a concretização das tações visando à eliminação das barreiras
metas incluem as mudanças de mentalidade arquitetônicas. Nos museus. os obstáculos
e atitudes dos profissionais de museus. tanto podem se iniciar no lado externo do edifí-
no que se refere ao conhecimento e consci- cio. nas entradas e saídas. continuar na cir-
entizeção das necessidades do público alvo. culação interna vertical (escadas e falta de
como o de se propor projetos dentro de uma alternativas às escadas). horizontal (corredo-
perspectiva inclusiva. baseados em uma di- res. vãos portas. dificuldades para efetuar
nâmica de trabalho mais flexível. o que pres- manobras. manusear botões. maçanetas ou
supõe um trabalho de equipe mais sistemáti- equipamentos. pisos escorreçadíos ou altura
co e díaloqante entre os vários profissionais inadequada de balcões e mesas) e se comple-
envolvidos - museóloços, pesquisadores. tar com a má localização dos objetos em
educadores. arquitetos. entre outros - não se exposição (colocados em painéis. vitrines e
esquecendo também. da importante partici- bases com iluminação e altura inadequadas
pação de pessoas com deficiência. órqãos e ou expostos de forma a facilitar acidentes).
instituições que as representam.
Barreiras Sensoriais
Compreende-se. portanto. que ao se pre-
tender elaborar um dieumostico sobre acessi- As barreiras sensoriais dizem respeito às
bilidade em espaços museoíóqícos, há de se questões comunicacionais. isto é. o acesso à
ter como parâmetro a eliminação de diver- informação. que deve se iniciar desde a fa-
sas barreiras que levem em consideração chada de entrada do museu com orienta-
tanto os aspectos Iisicos. sensoriais. coçnitt- ções e indicações sobre os espaços existentes
vos como atitudinois, especificados a sequír (s:Juichês.balcões de informações. banheiros.
lojas. restaurantes. biblioteca. espaços admi-
Barreiras físicas nistrativos e exposítívos).
FICHA DIAGNÓSTICO
[Síntese)
ACESSIBILIDADE FíSICA E SENSDRIALDE MUSEUS E INSTITUIÇÕES CULTURAIS
I. ACESSIBILIDADE FíSICA
ÁREAS EXTERNAS Estaciooamento
Pátios
Circulação Horizontal _
__ ~~ __·Uü~~reatL----------------------------~
EXPOGRAFIA
Legendas/Etiqueta
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1~_~-1~e~uçõesJ~JmfimmumlwnawiSL-~;;;;;;;;;;~~==~
f í--lUJ.liJoy ,Jlisitas Orientadas ---~
------ - Parceri
MUSEU OU INSTITUJÇÃn
ACESSIBILIDADE, INCLUSÃO SOCIAL E POLíTICAS PÚBLICAS
2. Museu Histórico e Pedaqóçíco (MHP) Todo o material colhido foi concluído por
Bernardino de Campos - Amparo um parecer. entreçue à diretora técnica do
Grupo de Preservação do Patrimônio Muse-
3. M. H. P Conselheiro RodriSJues Alves - otoçico. assim como uma avaliação quanti-
Guaratínçuetá tativa baseada nos resultados obtidos entre as
quatro instituições. com o objetivo de escla-
4. M. H. P Índia Vanuíre - Tupã recer a situação atual em que se encontra-
vam as questões de acessibilidade dessas ins-
o critério de seleção desses museus obe- tituições. como forma de estabelecer metas e
deceu às indicações feitas pela Diretora Téc- prioridades para implantação de proçramas
nica do Grupo de Preservação do Patrimô- de acessibilidade. principalmente nos mu-
nio Museoloçico, Beatriz Auçusta Corre a da seus do interior do Estado, pertencentes a
Cruz. por considerar que essas instituições. essa Unidade.
pela relevância de seus acervos e de sua arti-
culação cultural com a comunidade local.
poderão atuar como futuros pólos multipli- Avaliação de Acessibilidade Física e
cadores de proçremes de acessiõilidade e Sensorial de Museus
ação educativa inclusiva em outros museus.
principalmente aqueles credenciados pelo Orientando-se pelos dados proporciona-
Sistema de Museus do Estado de São Paulo. dos pelas fichas diaçnostico, como também
das avaliações quantitativas contendo os re-
Além do critério acima apresentado. foi sultados individuais e comparativos dos qua-
acrescentado também o critério da localiza- tro museus selecionados. foi possível elabo-
ção dos museus. situados em pontos estratéçí- rar uma avaliação qualitativa das condições
cos das reçíóes oeste. norte e leste do Estado. de acessibilidade existentes nessas institui-
ções. apontando. nos itens relacionados às
A aplicação da ficha dtaçnostico. realizada barreiras físicas, sensoriais e stitudineis. quais
durante as visitas técnicas da autora aos locais são os pontos iortes e os pontos fracos. sendo
pré-determinados. acompanhada pelos dire- que esses últimos receberão maior atenção
tores ou coordenadores das referidas institui- nos projetos de acessibilidade que deverão
ções. consistiu primeiramente em um levan- ser implantados.
tamento. compreendendo barreiras físicas e
sensoriais existentes nos espaços museolóçí- Enfim. a ficha diaçnóstíco pode ser con-
coso atendimentos reçulares ocorridos nos úl- siderada também como um çuia de acessi-
timos anos com públicos especiais. bem bilidade em museus. cuja função é a de ser-
como outras formas de atividades. contatos vir às mais diversas instituições. como for-
ou parcerias realizadas com instituições ma da elaboração de planejamentos de
educatívas ou especializadas visando o aten- proçramas de acessibilidade individuais ou
dimento desse público alvo nos museus. em rede.
AMANDA PINTO DA FONSECA TOJAL
No caso específico dos museus avaliados. a prática das estruturas é um conjunto coor-
obteve-se em escala decrescente de nível de denado de ações e proqrarnas que de forma
acessibilidade" a seçuínte relação: planejada dinamize as instituições existen-
tes. O que dá real sentido à norma reçula-
- Museus com maior Indice de acessibili- mentar é uma política pública que sirva de
dade - Museu Casa de Portinari e M.H.P. orientação para o alJir institucional e seus res-
Índia V'anuíre; ponsáveis. Em não havendo essa orientação.
o que de fato passa a prevalecer é um
- Museus com menor Indice de acessibili- votuntarismo. muitas vezes animado pela me-
dade - M.H.P. Bernardino de Campos e lhor das intenções. mas que. em termos
M.H.P.Conselheiro RodrilJues Alves. lJerenciais. é de reduzídíssima eficácia. Even-
tualmente haverá um ou outro museu que.
Deve-se levar em consideração. porém. mercê dos préstimos de seu dirigente e de
que os resultados do diaçnóstíco que se ex- seus quadros técnicos. tenha um bom desem-
traem dos estudos de caso realizados não penho. transformando-se em ilhas de exce-
será completo se não transcender o exame lência. Mas. definitivamente. não se tratará de
individualizado das questões de acessibilida- uma reqra e sim de uma excepcionalidade.
de de cada uma das instituições.
Cabe. portanto. à Secretaria da Cultura e à
Com efeito. a análise dos trabalhos empre- Unidede de Preservação do Patrimônio Museo-
endidos pelos quatro museus citados mostra Ioçico (UPPM).diante do quadro apresentado.
limitações em termos de ação coordenada e príorízar a formulação de políticas públicas cul-
proçramada. capaz de denotar um sistema turais que objetívem a inclusão do público espe-
inteçrando os diferentes museus. Realmente. cial. políticas essas que ao mesmo tempo orien-
o que se percebe é um alJir isolado. depen- tarão seus quadros profissionais. seçundo os cri-
dente de eventuais virtudes de pessoas deter- térios museolóçícos de lJestão adequados à fun-
minadas. As carências são compreendidas ção do museu. investindo em questões com uni-
nos limites isolados de cada um dos museus. cacionais. de capacitação funcional. preserva-
É curioso notar que os reclamos (verbas. pes- ção e proteção do patrimônio.
soal especializado etc.) dos responsáveis pe-
los diferentes museus sempre são deduzidos
na perspectiva das necessidades deste ou da- PLANEJAMENTO DE "POLíTICAS PÚBLICAS DE
quele museu específico e isto porque não se ACESSIBILIDADE E AÇÃO EDUCATIVA_ EM MU-
tem uma visão abrançente. seja do trabalho a SEUS DO INTERIOR DO ESTADO DE SAo PAULO
ser realizado. da área física a ser coberta. do
público a ser alcançado. Introdução
museus e instituições culturais têm na atuali- refere à ~estão. São metodoloçías apoiadas
dade. de acolher adequadamente os diferen- na reciprocidade. na solidariedade, na parti-
tes tipos de públicos e. especialmente. os pú- lha e na articulação. o que vem contribuir
blicos com necessidades especiais. síçnífícetívemente para o amadurecimento
das instituições".
Para isso. no entanto. é necessário apre-
sentar alçumas considerações. iniciais a res- No entanto. é importante destacar que
peito de flestão sistémica ou em rede, como esse novo modelo de ~estão tem sido consi-
também a metodoloqia a partir da qual a derado mais um desafio para a museoloqía
proposta estará sendo estruturada. contemporânea. pois envolve uma nova po-
lítica de dinamização em vista de um mes-
Retomando as palavras de bruno". ao afir- mo objetivo. respeitando. porém. a diversi-
mar a necessidade da tmplanteçâo de novos dade própria de cada instituição.
modelos de çestão para os museus, conside-
rando a multipliceçâo de suas potencialida- Exemplos dessas iniciativas já podem
des de articulação púõlica. há de se conside- ser vistas. na proposta de implantação do
rar que a inclusão de modelos sistémicos ou Sistema Brasileiro de Museus, Sistema de
em rede muito contribuirá para a Museus do Estado de São Paulo, Sistema
museoloçia contemporânea. modelos que Municipal de Museus (São Paulo). Sisteme
não podem deixar de ser adotados ao se pre- Estadual de Museus (SEM - Rio Grande do
tender desenvolver uma proposta relaciona- Sul). no SIM - Sistema Inteçredo de Museus
da com proçremes de acessibilidade e ação (Pará). e também na Rede Portuçuess de
educa Uva inclusiva nessas instituições. Museus (RPM).
muito ~rande nas necessidades do interior rá, tendo em vista as etapas que deverão ser
paulista. Os museus da capital. alçuns de sequidas, seu acompanhamento e avaliação,
qualidade indiscutível. terão participação assim como as mudanças e adaptações ocor-
importante e servirão de base e modelo. "20 ridas durante e ao final do processo.
A autora citada apresenta também os prin- Sequndo Almeida (2005, p. 2);"0 planeja-
cipais objetivos do Sistema, como sendo "o mento não é um acontecimento, mas um
de implantar proqramas que estabeleçam processo contínuo, permanente e dinâmico,
padrões mínimos de desempenho para as que fixa objetivos, define linhas de ação, de-
instituições e estimulem o seu constante talha as etapas para atínçí-Ios e prevê os re-
aperfeiçoamento, habilitando-os inclusive a cursos necessários à consecução desses obje-
receber recursos públicos e ter credibilidade tivos. Com a incorporação dessa prática, re-
para obter patrocínios privados." duz-se o ~rau de incerteza dentro da orçaní-
zação, limitam-se ações arbitrárias, diminu-
Silvia Antibas jul~a que o Sistema de Mu- em-se riscos ao mesmo tempo em que se dá
seus do Estado terá mais fôleqo para desem- rentabilidade máxima aos recursos, tira-se
penhar as suas funções de órção articulador proveito de oportunidades, com a melhoria
e centralizar as suas ações nas políticas pú- da qualidade de serviços e produtos, e ~a-
blicas na exata medida em que se promova a rente-se a realização dos objetos visados."
progressiva implantação do novo modelo de
administração das instituições culturais, as Ao iniciar, portanto, a estrutura de orça-
Orçantzaçôes SOCÍaÍs. nízação de um planejamento, adequado às
questões de acessibtlidade e ação educstive
Dessa forma, fica patente a possibilidade inclusiva em museus, foram consideradas
de incluir nesse Sistema uma proposta artí- as sequíntes etapas que definem esse pro-
culadora de políticas públicas de acessibili- cesso".
dade e ação educatíva inclusiva, em concor-
dância com os objetivos acima apresentados 1. O objeto a ser estudado e o obiettvo
e que possa atuar, seçundo o modelo de desse estudo;
rede", isto é, desenvolvendo ações de inior-
mação, formação, apoio técnico e 2. O diaçnostico. coleta de informações
certtticaçâo de museus (aqui exemplificados que dará subsídio ao processo de avali-
por uma rede de museus estatais do interior ação do objeto;
paulista), mas com total abertura para ser
aplicado e adaptado a qualquer rede de mu- 3. O plano de ação. estruturado a partir
seus, públicos ou privados, pertencente às das diretrizes traçadas pelas políticas
reçíões ou estados do Brasil. públicas dos órgãos competentes (Siste-
ma de Museus do Estado, UPPM e Se-
cretaria de Estado);
Planejamento de Políticas Públicas
4. A definição de metas e prioridades. pre-
o exame de uma proposta de planeja- visões futuras, decisões sobre fins, meios
mento em rede com o objetivo de implantar e recursos;
Políticas Públicas de Acessibilidade e Ação
Educatíva Inclusiva em Museus do interior do 5. A tmptementaçâo do plano. formas de
Estado de São Paulo exíçe que se apresente, acompanhamento tendo em vista à
primeiramente, a metodoloçía que a orienta- consecução dos objetivos traçados e;
ACESSIBILIDADE, INCLUSÃO SOCIAL E POLíTICAS PÚBLICAS
Por outro lado. em função das análises e mônio cultural do museu um poderoso ins-
reflexões feitas durante o desenvolvimento trumento de compreensão de sua própria
desta pesquisa. fica evidente que as diretrizes história.
apresentadas pelo Sistema Estadual de Mu-
seus do Estado demandam ainda. na sua to- Em seçundo IUQar. o conceito de rede
talidade. um esforço maior para serem pos- museotoçica instrumentaliza a inciusão sOCÍ-
tas em prática. promovendo um conjunto al. que há de ser a opção política primordial
mais coordenado de ações e programas, o acreditando que a política de compreensão
que. no caso de ações diríçidas às questões do museu como ençrenaqem de um sistema
de acessibilidade e inclusão de públicos es- maior decorre de uma opção política clara.
peciais em museus estatais. permite de fato pela afirmação de direitos fundamentais da
instituir uma politica de acessibilidade per- pessoa humana.
manente envolvendo o edifício. seus espa-
ços. serviços. atendimento ao público e a Por outro lado. quando se afirmou. no
formação de todo o corpo de funcionários. início deste texto. que seu objetivo maior
Essa estrutura deverá estar permanentemen- era confirmar a tese de que é possível e
te articulada e sustentada por uma rede de mesmo politicamente fundamental que o
imptenteçâo e quatiticsçâo em ecessibilids- museu e o patrimônio cultural nele presen-
de", subordinada à Unidade de Preservação te sejam tomados como instrumentos de
do Patrimônio Museolóqíco da Secretaria de politicas públicas culturais de inclusão sOCÍ-
Estado da Cultura de São Paulo. aI de públicos especiais, seja no plano indi-
vidual de uma instituição determinada. seja
A rede de implantação e qualificação em especialmente no contexto de um conjunto
acessibilidade não precisará se restrínqír aos sístêmíco de instituições públicas (estatais)
museus do interior e da capital paulista. po- e/ou privadas. o que se buscava era exata-
dendo. ao contrário. ir além. para. seçuíndo mente pensar um conceito de rede de im-
as diretrizes do Sistema de Museus do Esta- plantação e qualiiicaçâo em acessibilidade
do. acolher também outras entidades muse- que possibilitasse um sentido de
olóçícas. orçanícídade ao atuar nas instituições mu-
seolóqícas.
Note-se que os conceitos de rede museoló-
f/Íca e de inclusão social dialoçam perfeita- Por certo que as dificuldades estruturais e
mente entre si. primeiro porque a noção de funcionais que acometem o Estado brasileiro
rede não deixa de trazer em perspectiva o representam um enorme obstáculo. Todavia.
atuar cooperativo. solidário. articulado e es- a busca de sua superação. com a construção
pecialmente flexível. isto é. capaz de romper de um verdadeiro ambiente republicano.
o doçmetísmo das visões próprias do isola- não necessariamente estatal. marcado pro-
mento em que não raro e comodamente se fundamente pelo interesse público. também
posicionam as diferentes áreas do processo tem correspondido à história deste país. ten-
museolóqíco. Essa flexibilidade também são que. no limite. tem seu sentido positivo
ocorrerá a partir de outro eixo. aquele que na exata medida em que se compreenda que
ínterlíça o museu com os seus diferentes ti- a dinâmica social é alimentada não exclusi-
pos de público. É absolutamente fundamen- vamente pelo consenso. É curioso notar que
tal ter presente essa perspectiva. porque per- os próprios textos que re\Julamentam os mu-
mite que o discurso competente dos profissi- seus no Estado de São Paulo afirmem a ne-
onais tenha sempre em vista as reais necessi- cessidade de um atuar sístêmíco. orientado
dades do público. aquele que tem no patri- por macro politicas culturais.
ACESSIBILIDADE, INCLUSÃO SOCIAL E POLíTICAS PÚBLICAS 133 .
Museoloçía. Roteiros Práticos - Acessibilida- ciais. bem como oferecer cursos sobre "Ensi-
no da Arte na Educação Especial e Inclusiva e
de. Resource: Conselho de Museus. Ar- Acessibilidade e Ação Educativa Inclusiva em
quivos e Bibliotecas. São Paulo: Edusp/Fun- Museus" para profissionais das áreas de mu-
dação Vitae. vol.s. 2005. seus. educação e saúde. Faz parte também
do objetivo deste programa pesquisar e intro-
duzir recursos de apoio multissensoriais facili-
Museus e Acessibilidade. Coleção Temas de tadores da compreensão de obras de arte
pelo público alvo. recursos estes. relaciona-
Museoloçía. Lisboa: Instituto Português de dos a obras de arte tanto do acervo como de
Museus (IPM). 2004. Disponível em: exposições temporárias realizadas pela Pina-
<www.ipmuseus.pt> coteca do Estado.
S Diretrizes previstas no Decreto n° 24.634. de
13 de Janeiro de 1986.
TOJAL. Amanda Pinto da Fonseca. Museu 6 A UPPM tem sob a sua responsabilidade 21
museus ( 13 na capital e 8 no interior do Esta-
de Arte e Públicos Especiais. Dissertação do) preservando um acervo de aproximada-
(Mestrado em Artes) - Escola de Comunica- mente 600.000 peças e totalizando uma
ções e Artes. Universidade de São Paulo. São visitação anual de aproximadamente
1.239.000 pessoas.
Paulo. 1999. 7 ABNT NBR 9050:2004. p.2.
8 Entre as publicações selecionadas encon-
tram-se os IJuias de acessibilidade "Museus e
. Políticas Públicas Culturais de In- Acessibilidade" (IPM.2004). "Many Voices
clusão de Públicos Especiais em Museus. MakinIJ Choices. Museum audiences with
Dísabilíties" (Australian Museum e National
Tese (Doutorado em Ciências da Informação)
Museum of Austrália. 2005) e Acessibilidade.
- Escola de Comunicações e Artes. Universi- Museoloçía - Roteiros Práticos. vol. 8 (EDUSP.
dade de São Paulo. São Paulo. 2007. Dispo- 2005).
9 Museus e Acessibilidade. Coleção Temas de
nível em: Museoloçla. Instituto Português de Museus
(IPM):Lisboa. 2004. p.17. Disponível em:
< http://www.teses.usp.br/teses/disponíveis/ <www.ipmuseus.pt>
10 Many Voices MakinIJ Choices Museum
27/27151/tde-19032008-183924/> audiences with disabilities. 2005. p.16. (tradu-
Uma política cultural para o estado de ção: Marina Falsetti).
" Museus e Acessibilidade. Instituto Portuquês
São Paulo. São Paulo: Secretaria de Estado de Museus (IPM). 2004. p. 29.
da Cultura. 2003. 12 Many Voices MakinIJ Choíces. Museum
audiences with disabilities. 2005. p.40. (tradu-
ção: Marina Falsetti).
NOTAS 13 Um exemplo de avaliação com públicos espe-
ciais em museus. entre eles pessoas com defi-
ciências visuais. foi realizado na Austrália. re-
Deficiência física: denominação dada às limi- sultando em uma publicação denominada
tações de locomoção e coordenação motora "Many Voices MakinIJ Choices. Museum
bem como às limitações dos sentidos da fala. Audiences with Dísabilítíes" (2005) em que os
audição. visão. entre outras. decorrentes entrevistados relatavam as suas experiências
principalmente de comprometimentos neuro- em museus e propunham melhorias. entre
Ióqícos. elas a de tornar os museus espaços cada vez
Deficiência motora. denominação dada às li- mais acessíveis e independentes para todos
mitações de locomoção ou a falta de um ou os frequentadores.
mais membros inferiores (pernas) ou superio- 14 Museus e Acessibilidade. Coleção Temas de
res (braços). Museoloçía. Instituto Português de Museus
Por esse códíço perpassam tanto a cultura (IPM):Lisboa. 2004.p.22.
erudita. a cultura popular como também a 15 Esse questionário foi aplicado em cursos rea-
cultura de massa que indistintamente neces- lizados pelo SIM (Sistema Integrado de Mu-
sitam ser compreendidas e "alfabetizadas" seus) em Belém (Pará) e pela Casa Andrade
por todas as instâncias da sociedade. Muricy (museus do Estado do Paraná) em
4 O Proçrama Educativo Públicos Especiais foi Curitiba. ambos ministrados pela autora.
implantado no ano de 2003 pelo Núcleo de 16 Para se obter uma análise completa dos re-
Ação Educatíva da Pinacoteca do Estado de sultados desta pesquisa vide. Tojal (2007). pp.
São Paulo. tendo a autora como coordenado- 252-258. disponível em: < http://www.teses.
ra. É um proqrama que tem por objetivo usp. br/teses/disponíveis/27/27151/tde-
atender de forma permanente públicos espe- 19032008-183924/>
17 Fórum Permanente: Museus de Arte. Entre- e uma breve descrição sobre o objetivo do
vista com Silvia Antibas e Cristina Bruno. Dis- Objeto de Estudo analisado .
ponível em: <http://forumpermanente. 25 Seçundo AImeida (2005. pp.9-10). "C..) o pla-
incubadora .fapesp. br/portal/, paínel/entrevts- nejamento é um processo cíclico. o que não
tais antibas Bruno. > si!6nifica que seja um processo linear; pelo
18 Idem. - contrário. é um processo dinâmico e
19 Idem. p.5. ínteratívo. Seçundo Ferreira (2002). as fases
ID Fórum Permanente: Museus de Arte. Entre- do planejamento se interpenetram. o que
vista com Silvia Antibas e Cristina Bruno. Dis- quer dizer que. embora se sucedam. não po-
ponível em: <http://forumpermanente. dem ser tratadas de maneira estritamente li-
incu badora. fa pesp. br /portal/, painel/en trevís- near. Na prática. há uma dinâmica que faz
tais antibas Bruno. > com que a elaboração do plano. por exem-
21 Se!6undo Cristína Bruno e Clara Camacho. há plo. já se conííçure como uma ação. à medi-
diferenças entre os termos designados para o da que repercute na ação propriamente dita
modelos Sistema e Rede em museus. O mo- que está sendo preparada. e na própria reali-
delo Sistêmico é aquele que articula elemen- dade em que o plano pretende intervir".
tos semelhantes. isto é. o conjunto de ele- \li Estrutura de Projecto Rede Portuguesa de
mentos i!6uais. coordenados entre si e intima- Museus. Disponível em: <wwwípmuseus.pt/
mente relacionados. O modelo de Rede é o pt/ípm >
que articula elementos distintos. isto é. uma 25 Para se obter uma descrição completa das
estrutura li!6ada a diversas unidades diferen- Etapas do Planejamento aplicado aos Museus
tes mas que passam a ser interdependentes do Estado de São Paulo víde. Tojal (2007) pp.
tendo em vista os mesmos objetivos. 263-270 disponível em: <http://www.teses.
22 Tendo como referência a pesquisa de usp. br/teses/disponíveis/27/27151/tde-
AImeida (2005 p.10) sobre as etapas do pro- 19032008-183924/>
cesso de um planejamento e. tendo em vista se A exemplo do GAM (Grupo de Acessibilidade
a necessidade de adaptação da metodoloçía em Museus) pertencente a RPM (Rede Portu-
apresentada para o planejamento que se !6uesa de Museus) e do proqrama de ação
pretende desenvolver. foram acrescentadas educativa inclusiva pertencente à rede de
uma nova etapa referente ao Plano de Ação museus da cidade de Estrasburço na França.