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Pecado Ancestral e Pecado Original

Já peço, antes de tudo, que os administradores Gustavo e Pedro chutem qualquer pessoa que vier aqui
zoar e pontificar a infalibilidade do seu entendimento dos dogmas da Igreja Católica ou que aqui vier fazer
qualquer tipo de apologia à Igreja Ortodoxa.

Recentemente ando conversando sobre a concepção de pecado ancestral e pecado original com algumas
pessoas, e com o que me deparei foi o seguinte.

Com S. Anselmo, em Cur Deus Homo, surge a noção de que Adão, ao pecar, teria ofendido a Deus, e que
nós herdamos também a culpa dessa ofensa. A paixão e morte de Jesus seria, nessa concepção, um
sacrifício realizado para aplacar a "ira" de Deus, para saciar o Seu senso de justiça.

Em contraposição a essa visão, há a de que, com o pecado de Adão, herdamos não uma culpa pelo seu
pecado, mas as consequências que desse ato advieram: a morte e a decadência da natureza humana.
Assim, a paixão e morte de Cristo seriam não um sacrifício para aplacar o senso de justiça ofendido de
Deus Pai, mas um sacrifício necessário à recapitulação dessa natureza decaída. Por meio desse ato, Jesus
teria anulado, na natureza humana, os efeitos advindos da Queda, propiciando aos homens, por meio meio
de uma participação com Ele, a theosis, ou divinização, e consequentemente a imortalidade e outras cositas
mais. Mesmo aqui nessa segunda concepção ninguém parece negar que houve sofrimento e um ato
deliberado de bondade e gratuidade de Sua parte.

"Gugu: [...] A morte natural do Cristo teria ocasionado a redenção do mesmo jeito. Se Ele tivesse morrido
de velhice teria valido a mesma coisa. É mais ou menos recente a ênfase excessiva no aspecto moral da
redenção. Isso é uma linha de pensamento que começa mais ou menos com Santo Agostinho e se tornou
quase a doutrina corrente para explicar às pessoas em geral como a redenção opera, como Deus te salva
morrendo na cruz: você tinha feito uma coisa ruim que não pode reparar, veio um sujeito inocente e ele
repara.

Isso é um simbolismo moral que indica algo do que é a redenção, mas a maior parte dos grandes teólogos
também é unânime em dizer que se Cristo houvesse morrido de morte natural a redenção se operaria do
mesmo jeito, pois o nascimento é mais importante. Ele poderia ter morrido de morte natural aos noventa
anos e ressuscitado ao terceiro dia, e teria exatamente o mesmo efeito e valor.

Mas o homem é livre, e porque é livre alguém ali poderia traí-lo.

- Aluna pergunta sobre aquela coisa new age de dizer que Judas não era mal, e ao trair Jesus estava
apenas cumprindo o papel dele.

Gugu: Olha, se a gente entrar nesse ponto, a gente vai entrar no ponto de predestinação e livre-arbítrio.

- Aluna: Mas em Isaías estava escrito que ele ia morrer assim e assim.

Gugu: Mas também estava escrito que ele ia libertar os judeus e transformá-los no povo mais poderoso
de todos. Aliás isso é o que estranhou os judeus na época: “você é um cara mendigo aí, vai lá e derruba
os romanos, pô! Porque é isso que está falando aqui na bíblia, que o messias vai acabar com o domínio
estrangeiro sobre nós.”.

Existem várias maneiras de Deus realizar as profecias, porque as coisas para Deus são meros símbolos.
Pra nós as coisas parecem coisas. Pra Deus as coisas são como idéias que ele pintou e têm inúmeros
significados, e as profecias são assim. É muito raro que uma profecia se cumpra estritamente segundo à
letra, porque o fenômeno não está causado ainda. Ele está causado no seu princípio estruturante. Se não
fosse assim então Judas não seria culpado. O que levaria a pessoa a um outro contra-senso: se eu traí um
ser humano, entreguei um cara inocente à morte, por uma coisa injusta, eu sou culpado. Tanto mais o
outro que entregou o filho de Deus.

No seu conteúdo essencial todos os eventos do universo são necessários. Enquanto manifestações do
espírito eles já estão todos predeterminados, mas na sua forma acidental eles não estão. O sentido da
minha existência é o mesmo desde toda a eternidade e será o mesmo por toda a eternidade, mas a minha
biografia não está fechada, o sentido dela está fechado, mas a letra não. Se a letra estivesse fechada
então pronto, os maniqueus ganharam. Isso é contrário a toda doutrina tradicional [...]" - Religiões do
Mundo, Aula 5, parte II.

Mais pitadas de sabedoria do prof. Luiz Gonzaga De Carvalho Neto:

"Tanto as coisas boas quanto as ruins vêm de Deus. Tudo o que me acontece vem de Deus. Porque, se o
vizinho quisesse tocar som alto às duas da manhã, e Deus não quisesse, o vizinho não tocaria. Se o vizinho
e Deus estivessem em conflito naquele momento, Deus ganharia. Ou então nós devemos a partir desse
momento começar a nos prostrar diante do vizinho, o vizinho passa e a gente já cai no chão - porque, se
ele é mais poderoso do que Deus, é a ele que eu devo adorar, e não a Deus!

Deus não pode quebrar o aparelho de som do sujeito?! Deus não pode fazer faltar luz na casa dele?! Deus
não pode dar um sono desgraçado nele, pra não querer mais fazer festa coisa nenhuma?! Não pode dar
uma dor de barriga nele?! Deus pode ou não pode fazer isso? Esta é uma pergunta simples. A resposta
para isso não é muito complicada.

Aluna: Eu entendo que Deus está determinando as leis, que os seres humanos podem cumprir, e
acontecem determinadas coisas.

Gugu: Claro. Veja bem: não é este o ponto. A gente não está falando dos mandamentos divinos.

Aluna: por exemplo, tem um monte de vírus e todo mundo fica doente, isto não é culpa de Deus.

Gugu: Veja bem, não é uma questão de culpa. Isto é decidido por ele. Não pelo vírus! O vírus decidiu ter
seu direito e seu papel à existência? O vírus podia chegar e dizer: "não, olha, eu tenho que existir no
mundo, porque eu tenho um papel ecológico A, B e C, e, portanto, Deus, fica quieto aí e me bota no
mundo?!"

Aluna: eu entendo, mas não concordo. Eu entendo da seguinte forma: existe uma sociedade e, seja lá por
que motivo for, existe uma falta de... então a pessoa precisa roubar, vai lá e decide me roubar. Eu entendo
assim: Deus fez a sociedade e deu as leis: as pessoas não cumpriram por uma série de coisas...

Gugu: Ora, vamos pensar o seguinte: toda vez que um ladrão decide roubar, ele consegue? Toda vez que
você decide fazer alguma coisa, você consegue?

Aluna: não

Gugu: E você? Você? Alguém? Ninguém consegue fazer o que quer sempre que quer. Existem inúmeros
elementos cósmicos diretamente sob a determinação divina que ele poderia mover pra pessoa conseguir
ou não conseguir.

Aluno: nessa perspectiva, não existe conceito de acaso.

Gugu: Não existe acaso! É evidente que não existe acaso!

Aluno: é diferente da perspectiva segundo a qual Deus não se preocupa com as coisas menores.
Gugu: Exatamente. Não existem coisas menores! Tudo que ele faz é ele que está decidindo o tempo todo.

Alunas: mas tem o livre-arbítrio.

Gugu: Mas o livre-arbítrio tem um valor meramente interno, meramente indicativo. O sujeito pensa "decidi
roubar o outro"... "aí eu fui lá, tropecei e não consegui!"

Aluna: posso dar um exemplo bem ridículo? Uma criança que nasce defeituosa no meio da favela. Por que
aquela criança nasceu? Porque Deus quis? Eu entendo que não, porque o pai e a mãe dela se encontraram,
ela estava no período fértil...

Gugu: Você está me dizendo o seguinte: isso aconteceu por determinadas leis biológicas. É assim: Deus
não queria, as leis biológicas queriam: as leis biológicas ganharam; logo, as leis biológicas são maiores do
que Deus.

Aluno: não, eu digo que eles nasceram porque as pessoas não deveriam estar naquela situação tão trágica,
vamos supor, porque...

Gugu: Mas peraí, elas estão

Aluna: mas não é por culpa de Deus, é por culpa das pessoas...

Gugu: Veja bem: você está pensando em "culpa"! Sabe por que você está pensando em culpa? Porque
você ainda está avaliando as coisas exatamente na escala do agradável/desagradável. "Poxa vida, nasceu
aquela criança deficiente". Você está falando que Deus é "culpado", como assim é "culpado"?! Alguém é
culpado de crime! Eu não sei se nascer uma criança deficiente é um crime ou não! Eu estou dizendo que
isso não poderia acontecer se Deus não desse uma concessão! Ele mesmo fala isso, "não cai um pássaro
na terra sem a vontade do Pai [...] mais valeis vós do que muitos passarinhos." Ele não fala isso?!

Tudo o que me acontece é uma determinação divina. Essa é a diferença específica entre o Deus da Torah,
do Evangelho e do Alcorão, e os deuses gregos, romanos e gauleses. Adorar este Deus depende de estar
cônscio dessa característica dele.

Diante disso aí, só tem duas atitudes possíveis: "caramba, então Deus é o culpado de tudo!", ou "eu não
sei se as coisas são boas ou más. Eu não sei." É uma escolha. A verdade é que a gente não sabe se as
coisas são boas ou más, em última análise. É que, em última análise, a nossa avaliação dos acontecimentos
se dá por meio de opiniões.

Aluna: em última análise, elas tem que ser boas.

Gugu: Exatamente. Se elas são determinações divinas, em última análise, tudo o que acontece é bom.
[...] A gente nasce, e a primeira coisa que acontece é ruim, a gente tem que respirar, e o ar queima nossos
pulmões. A gente detesta aquilo, mas, puxa vida, vai dizer que não era bom o sujeito respirar?! Essa
experiência é normal na vida humana: acontecer coisas boas que a gente não gosta e coisas ruins que a
gente gosta.

Aluna: mas isso não nos coloca numa posição muito passiva?

Gugu: Mas você está passivo diante de alguns acontecimentos.

Aluna: então pra que fazer as coisas? se...

Gugu: Por quê?! Por que você vai parar de agir? Primeiro, a gente está falando das coisas que acontecem
sem a nossa intervenção, não das coisas que a gente faz. Como eu deveria agir é um outro problema.
Gugu: Veja bem, a solução concreta que o sujeito vai encontrar, pouco importa. O que importa é o
seguinte: ele tem que chegar a essa consciência. Se ele não chegar a essa consciência, ele nunca terá
certeza que é de Deus que ele está falando quando usa a palavra "Deus." O dia em que a gente morrer,
Deus vai falar: "ó, lembra daquela vez que você falou 'Deus'? Você estava falando daquela pedra ali.
Lembra daquela outra vez em que você estava falando 'Deus'? Você estava falando do seu vizinho. Lembra
daquela outra vez? Você estava falando do seu patrão. Lembra aquela outra vez? Você estava falando do
Lula."

O livre-arbítrio não determina nada do que acontece. Determina o que você queria. É uma determinação
interna. O livre-arbítrio dá um rumo geral para a sua vida, ele não te diz o que vai acontecer. Ele não
existe para determinar o mundo; existe para construir o caráter.

O grau de intervenção do livre-arbítrio sobre o mundo externo é infinitesimal. Sobre o meu caráter, é
quase absoluto. Minha vontade é quase o Deus do meu caráter - quase, também não é total. Basta
observar a realidade pra vocês verem que é assim, que o poder de decisão que vocês têm sobre as coisas
que vocês querem é mínimo.

O que só dá uma impressão diferente? É que a gente vive no nosso círculo provinciano da nossa vida
cotidiana. Estou aqui sentado, na minha escrivaninha, na minha casa, e quando eu mexo esta caneta, ela
vai para lá, quando eu aperto este botão, o computador é ligado, quando eu abro o livro, vejo sempre
essas palavras. Olha só, meu livre-arbítrio determina muita coisa... Ah, tá bom, olha o tamanho desses
acontecimentos, e aí você vai ver o tamanho do seu livre-arbítrio! Essa é a medida em que seu livre-arbítrio
determina o real.

É por isso que pro sujeito se dar conta desse primeiro estágio da sua vida espiritual, geralmente é preciso
acontecer alguma coisa muito grave na vida dele, precisa acontecer alguma coisa que tira ele desse
esqueminha. [...] Geralmente o sujeito só consegue fazer esse raciocínio quando ele está aqui mexendo a
caneta, e aí pá! a esposa dele morre ali. E aí "caramba! Cadê meu livre-arbítrio?!"

— Aula 06 do antigo curso "Religiões do Mundo", módulo II.

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