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o entre-ser
e o budismo
comprometido
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© Chris Ensey
© Michael Volpicelli
“ ”
paz; a paz é o caminho. Não há caminho
para a iluminação; a iluminação é o
caminho. Não há caminho para a
libertação; a libertação é o caminho.
Consciente de que a via e Dharma do Buda é um contribuir para todos os sofrimentos causados 1) pela
processo em aberto, que se deve renovar sem cessar destruição da vida, humana, animal, vegetal e
pela extensão da atenção plena e da compaixão ao mineral; 2) pela opressão e exploração da Terra e dos
surgimento de novas causas e formas de sofrimento seres vivos, pela injustiça social e pela falta de
que não existiam no tempo do Buda Gautama, Thich partilha generosa do tempo, energia e recursos
Nhat Hanh considera que todo o praticante deve hoje materiais com os necessitados; 3) pela violência e
ter uma consciência não-violenta das várias formas falta de ética sexuais; 4) pela falta de escuta e
de opressão social e económica e ser um protector da discurso atentos e compassivos; e 5) pelo consumo
Terra e de todos os seres vivos (8) , sem discriminar desatento e ávido (11) .
entre animado e inanimado. O mestre vietnamita Esta ética global tem todavia de se enraizar na
exorta a um “despertar colectivo” mediante uma transformação profunda do próprio agente ético,
“ética global” que liberte os humanos do sonho chamado a mudar o mundo pela mudança profunda
sonâmbulo de viverem sem consciência do impacto do modo como pensa, fala e (não-)age. Isto só é
que têm sobre o planeta e a biodiversidade (9) . Tal possível pela experiência do entre-ser, que opera uma
“ética global”, adequada a uma época de “crise mutação radical da percepção de si, convidando a não
global”, é formulada nos “Cinco Treinos da Atenção mais se identificar com os limites do que
Plena”, que promovem o despertar da compreensão e aparentemente se encerra sob a pele para reconhecer
do amor fraternos por uma via não-sectária e que o verdadeiro corpo de cada indivíduo é vasto
universalista, em que todos se possam reconhecer, como o espaço que tudo engloba, incluindo todos os
sem qualquer marca religiosa, étnica ou ideológica seres e fenómenos, florestas, rios, mares e
(10) . Trata-se do reconhecimento e da abstenção de montanhas.
(1) Thich Nhat HANH, Vietnam: Lotus in a sea of fire, New York, Hill and Wang. 1967. (2) Cf.
The Flower Ornament Scripture, tradução de Thomas Cleary, Boston & London, Shambhala,
1993, p.1145. (3) Thich Nhat HANH, Interbeing. Fourteen Guidelines for Engaged Buddhism,
editado por Fred Eppsteiner, Berkeley, Parallax Press, 1998, 3ª edição, p.6. (4) Ibid., p.3-4 (5)
Ibid., pp.4-5.(6) Ibid., p.5. (7) Ibid., pp.5-6. (8) Cf. Id., The World We Have. A buddhist
approach to peace and ecology, pp. 5, 8-9 e 15. (9) Cf. Ibid., pp. 1 e 5. (10) “Os Cinco Treinos
da Atenção Plena são o caminho que devemos seguir nesta era de crise global porque são a
prática da fraternidade, da compreensão e do amor e a prática de proteger a nós mesmos e
ao planeta. Os treinos da atenção plena são realizações concretas da atenção plena. São
não-sectários, não portando a marca de nenhuma religião, raça ou ideologia; a sua natureza
é universal” – Ibid., p.10. (11) Cf. Ibid., pp.11-15. Para uma apresentação mais desenvolvida dos
Cinco Treinos da Atenção Plena, cf. Id., For a Future to Be Possible. Buddhist Ethics for
Everyday Life, prefácio de Joan Halifax, posfácio de Jack Kornfield, Berkeley, Parallax Press,
2007.