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Súmula 604-STJ

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO PROCESSUAL PENAL

RECURSOS
Não cabimento de MS para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal

Súmula 604-STJ: O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a
recurso criminal interposto pelo Ministério Público.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 28/2/2018, DJe 5/3/2018.

Efeito devolutivo
Significa dizer que, quando o recurso é interposto, a análise da questão discutida é “devolvida” para a
apreciação do Poder Judiciário, que irá proferir um novo julgamento, mantendo ou não a decisão anterior.
Todo recurso possui efeito devolutivo.

Efeito suspensivo
Se um recurso tem efeito suspensivo, isso significa que a sua interposição impede a eficácia/aplicabilidade
da decisão recorrida.
Em outras palavras, a decisão recorrida não produzirá efeitos (não poderá ser executada) enquanto o
recurso não for julgado.
Nas palavras de Renato Brasileiro, o efeito suspensivo “consiste na impossibilidade de a decisão
impugnada produzir seus efeitos regulares enquanto não houver a apreciação do recurso interposto.”
(LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 3ª ed. Salvador: JusPodivm, 2015, p. 1664).

Exemplo de recurso com efeito suspensivo


Apelação contra a sentença condenatória.

Exemplos de recursos sem efeito suspensivo


Recurso em sentido estrito (em regra).
Agravo em execução (art. 197 da LEP), salvo no caso de decisão que determina a desinternação ou
liberação de quem cumpre medida de segurança.

Imagine agora a seguinte situação hipotética:


João encontra-se em presídio federal. Terminou o prazo para a sua permanência e a consequência natural
disso é que ele retornaria para o presídio estadual.
O Ministério Público requereu a renovação de sua permanência na unidade prisional federal.
O juiz, contudo, negou o pedido e determinou o encaminhamento de João ao presídio estadual.
Contra essa decisão, o Ministério Público interpôs agravo em execução ao Tribunal de Justiça.
O agravo em execução é um recurso que possui efeito meramente devolutivo, ou seja, não goza de efeito
suspensivo. Isso significa que a decisão determinando o retorno de João ao presídio estadual já poderia
produzir efeitos.
Diante desse cenário, o Ministério Público, além de interpor o agravo em execução, impetrou também um
mandado de segurança no próprio TJ, distribuído por dependência para o Desembargador Relator do
agravo em execução, pedindo a concessão de efeito suspensivo para o recurso interposto.

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Em outras palavras, o Ministério Público afirmou: eu sei que o agravo em execução não possui efeito
suspensivo ope legis (por força de lei), portanto, estou pedindo nesse mandado de segurança, que seja
atribuído efeito suspensivo ope iudicis (efeito suspensivo impróprio), ou seja, por decisão do magistrado,
segundo a análise do caso concreto considerando que a transferência do preso poderia gerar dano
irreparável ou de difícil reparação à sociedade.

Esse mandado de segurança poderá ser concedido? É possível a impetração de mandado de segurança
nesses casos?
NÃO. O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto
pelo Ministério Público.
Se a lei não confere efeito suspensivo para aquele recurso, não se pode dizer que a parte tenha direito
líquido e certo de obtê-lo. Logo, se não existe direito líquido e certo, não é caso de concessão de mandado
de segurança. Nesse sentido:
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido do descabimento de mandado de
segurança para conferir efeito suspensivo a recurso em sentido estrito interposto à decisão que concede
liberdade provisória, por ausência de amparo legal e por tal manejo refugir ao escopo precípuo da ação
mandamental.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 384.863/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 05/10/2017.

Outro argumento invocado pela jurisprudência para não admitir o MS nesses casos é o de que, “por
observância ao princípio constitucional do devido processo legal, não pode o Parquet buscar restringir o
direito do acusado além dos limites conferidos pela legislação de regência” (Min. Felix Fischer).

Exemplo comum no qual o MP tenta o MS e a jurisprudência rechaça:


O juiz defere a liberdade provisória em favor do réu e o MP interpõe recurso em sentido estrito contra
essa decisão (art. 581, V, do CPP). Ocorre que esse recurso não tem efeito suspensivo. Logo, mesmo ainda
estando pendente o RESE, o réu já será colocado em liberdade (a decisão concessiva de liberdade já será
imediatamente executada). Tentando evitar isso, o MP impetra mandado de segurança pedindo a
concessão de efeito suspensivo. Esse pedido, contudo, não terá êxito. Isso porque a jurisprudência
entende que não é cabível a impetração de mandado de segurança para fins de conferir efeito suspensivo
a recurso em sentido estrito interposto contra decisão que defere a liberdade provisória.

Por que a súmula fala apenas em “Ministério Público” (e não inclui a defesa do réu)?
Porque, no caso do réu, o instrumento cabível não seria o mandado de segurança, mas sim o habeas
corpus para evitar a execução provisória de uma decisão que lhe é desfavorável.

Já que não cabe mandado de segurança, qual seria o instrumento cabível a ser manejado pelo MP?
O Ministério Público poderia propor uma medida cautelar para tentar obter efeito suspensivo do recurso.
É o que ocorre, por exemplo, no caso dos recursos especial e extraordinário.

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