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A segunda posição, defendida por Nélson Hungria, Aníbal Bruno, João Mestiere,
Heleno Claudio Fragoso, Galdino Siqueira, entre outros, diametralmente oposta, registra
distinção entre circunstâncias e condições de caráter pessoal e circunstâncias e
condições de caráter perssonalíssimo. Com isso, Hungria (ex-ministro da década de 50)
ralçava o infanticídio como 'delictum privilegiatum', dizendo que se tratava de crime
perssonalíssimo, sendo a condição do estado puerperal incomunicável, e que o artigo 30
do não tem aplicação, pois as causas que diminuem ou excluem a responsabilidade não
são na linguagem tecnico-penal circunstâncias. Neste caso, partícipe e co-autor
respondem pelo crime de homicídio, artigo 121 do CP, pois o homem e a mulher que
não deu a luz não tem puerpério, condição personalíssima da mãe do nascente.
E finalmente a terceira posição, a predominante, prima pela aplicabilidade do
artigo 30, com relação a comunicabilidade das elementares do crime, pois é
incontestável que a influência do estado puerperal constitui elementar do crime de
infanticídio. Alguns dos próprios defensores desta posição confessam que não é a
maneira mais justa de se punir o partícipe e o co-autor. Magalhães Noronha, por
exemplo, diz que não há dúvida alguma de que o estado puerperal é circunstância (isto
é, condição, particularidade, etc) pessoal e que sendo elementar do delito, comunica-se,
porém, só mediante texto expresso tal regra poderia ser derrogada. Damásio em sua
obra também se pronúncia, afirmando ser um absurdo o partícipe acobertar-se sob o
privilégio do infanticídio, sendo que sua conduta muitas vezes representa homicídio
caracterizado. Mesmo assim, nos termos da disposição, a influência do estado puerperal
(elementar) é comunicável entre os fatos dos participantes.
Diante da formulação típica desse crime em nossa legislação, não há como fugir
à regra do art. 30: como a influência do estado puerperal e as relações de parentesco são
elementares do tipo, comunicam-se entre os fatos dos participantes. Diante disso, o
terceiro responde por delito de infanticídio.
Entendo que o partícipe e o co-autor deveriam responder pelo crime de homicídio,
segundo o disposto pela corrente doutrinária intermediária, apoiada por Nelson Hungria,
por se tratar da maneira mais justa, tendo em vista que o estado puerperal é uma
condição personalíssima da parturiente, sendo impossível que tal condição se
comunique com outra pessoa que não a própria mãe.
Porém, por força do artigo 30 do Código Penal brasileiro, o estado puerperal se
comunica com o partícipe e o co-autor, por ser tratado como uma elementar do crime,
ou seja, é uma condição para que se caracterize o crime, uma espécie de requisito
essencial daquele tipo penal. Com isso se faz prevalecer a posição majoritária,
defendida por Damásio, entre outros.