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Universidade Federal Fluminense

Epistemologia III
Prof.: José Maria Arruda
Aluno: Sandro Mira Toledo

A repressão sexual segundo Foucault

Nós, segundo Michel Foucault, ainda nos sujeitamos às amarras do


puritanismo herdado do regime vitoriano. A nossa sexualidade está encarcerada e
confiscada como uma herança da família conjugal burguesa vitoriana. As relações
sexuais foram reduzidas a uma monótona função reprodutiva. O moralismo pudico
do século XIX ainda impera em nossas vidas, ditando normas e calando a
sexualidade. O sexo foi enclausurado no quarto dos pais e restringido a um
propósito utilitarista de procriação. Fora disso, o nosso corpo foi obrigado a se
esconder e as nossas palavras a serem polidas ou até mesmo silenciadas. “O que
não é regulado para a geração ou por ela transfigurado não possui eira, nem beira,
nem lei. Nem verbo também” (FOUCAULT, 1984, p. 10).
Tudo aquilo que fugisse das regras de reprodução não seria mais digno de
ser feito e de ser dito. A nossa sexualidade foi reprimida pelos valores burgueses. O
prazer carnal foi interditado. Nós fomos condenados ao desaparecimento. A nossa
existência foi negada. No entanto, a moral hipócrita burguesa fez suas concessões
às sexualidades ilegítimas. Tais práticas foram marginalizadas pelas sociedades e
encarceradas, mediante a lógica do lucro, em lugares determinados, como
prostíbulos e casas de saúde. Apenas nesses locais, o sexo selvagem ainda
poderia ter alguma voz, ainda que codificada e por um alto preço. “Fora desses
lugares, o puritanismo moderno teria imposto seu tríplice decreto de interdição,
inexistência e mutismo” (FOUCAULT, 1984, p. 10).
Foucault ressalta que as investidas pela libertação da crescente repressão
sexual dos últimos séculos foram muito parcas. Um exemplo foi encabeçado por
Freud, porém sem grandes êxitos, pois sua psicanálise não obteve mais do que um
“murmúrio lucrativo em cima de um leito” (FOUCAULT, 1984, p. 11). E, segundo o
filósofo francês, o resultado não poderia ser muito distinto, tendo em vista que a
repressão é, desde a época clássica, um elo fundamental entre poder,
conhecimento e sexualidade. Desse modo, a libertação da repressão sexual
pressupõe rupturas mais drásticas. É necessário transgredir as leis, cessar as
interdições e desvelar o discurso. É imprescindível recuperar o prazer e confrontar
os mecanismos de poder.
O discurso acerca da repressão sexual ainda se sustenta devido à
coincidência entre a sua estirpe e o surgimento do capitalismo. A repressão sexual
instituiu-se como um elo fundamental do desenvolvimento da ordem burguesa. Tal
rigorosa repressão deve-se à incompatibilidade entre o sexo e a força de trabalho, já
que os prazeres sexuais entorpecem a produtividade.
Na era da hipócrita burguesia negocista, cujo discurso transformou a verdade
e o futuro do sexo, irrompeu-se uma relação repressiva entre o poder e o sexo como
em nenhum outro momento da história. A sexualidade foi interditada e trancafiada
numa função meramente reprodutiva. Os diversos discursos e práticas sexuais
foram condenados a uma condição de culpa e vergonha. Qualquer oposição às
regras da nova ordem é rotulada como subversiva e devidamente punida.

Bibliografia

​ FOUCAULT, M. ​A história da sexualidade: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Ed.


Graal, 1984.

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