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DEFESA DO CONTRIBUINTE 1

DEFESA DO CONTRIBUINTE
ATENDIMENTO A FISCALIZAÇÃO E DEFESA DE AUTO DE
INFRAÇÃO

Autor: Paulo Henrique Teixeira

Distribuição: Portal Tributário® Editora e Maph Editora

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SOBRE O AUTOR E A OBRA

Paulo Henrique Teixeira é Contador, reside em Curitiba - PR. Auditor e Consultor Tributário
de várias empresas no Estado do Paraná e Santa Catarina, autor de várias obras, entre as
quais: Auditoria Tributária, Auditoria Contábil, Auditoria Gerencial, Controladoria
Empresarial, Auditoria Trabalhista, Blindagem Fiscal, Contabilidade Tributária, entre outras.

Direitos autorais REGISTRADOS. A cópia, reprodução, distribuição ou comercialização por


qualquer meio somente será permitida mediante autorização POR ESCRITO do detentor de
direitos autorais. Permitida a reprodução de apenas 1 (uma) cópia para uso exclusivo e pessoal
do adquirente.

SUMÁRIO

PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL – ALTERAÇÕES MP 449/2008 -


CONVALIDADA PELA LEI 11.941/2009

DEFENDO-SE DO LEÃO – ATENDIMENTO A FISCALIZAÇÃO E DEFESA DE AUTO


DE INFRAÇÃO DA RECEITA FEDERAL

FISCALIZAÇÃO NA EMPRESA
A Fiscalização
Definição, objetivo e conflitos
Estado de Direito
Fiscalização – regras CTN
Regras aplicáveis a todas as fiscalizações
Poder de Polícia
Regras Gerais do Direito Administrativo
Súmulas do STF

COMO ATENDER A FISCALIZAÇÃO


Centralização do atendimento em uma pessoa
Em hipótese alguma o fiscal deve ser atendido pelo sócio...
O Agente Fiscal deve apresentar Mandado de Procedimento Fiscal - MPF ou
documento equivalente
Verificação da autenticidade do MPF

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Competência para a emissão


Prazo de validade
Extinção
Conteúdo e abrangência
Identificação e checagem do Fiscal
Abuso de Poder no início da fiscalização
Entrega de documentos e prazos
Livros exigidos pelo fisco: obrigatórios e facultativos
Documentos exigidos pelo fisco: obrigatórios e facultativos
Condutas irregulares da autoridade fiscal
Cuidados com Informações e esclarecimentos prestados ao fisco
Obstrução ao trabalho da fiscalização
Poderes da fiscalização
Fiscalização Eletrônica - SRF

Procedimentos para apreensão e guarda de documentos, livros, materiais,


equipamentos e assemelhados por auditor- fiscal do trabalho

Conclusões sobre a Ação Fiscal

Portaria RFB 10.875/2007 - Disciplina o processo administrativo fiscal relativo às


contribuições sociais de que tratam os arts. 2º e 3º da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007.

FASES DO PROCESSO DE IMPUGNAÇÃO FISCAL

1ª Instância – Delegacia da Receita Federal de Julgamento


Composição e Funcionamento da Delegacia de Julgamento da RF

2ª Instância – Conselho de Contribuintes (CARF)


Considerações Iniciais
Composição do Conselho de Contribuintes
Matérias a serem julgadas no 1º Conselho de Contribuintes
Matérias a serem julgadas no 2º Conselho de Contribuintes
Matérias a serem julgadas no 3º Conselho de Contribuintes
Considerações gerais sobre a composição do Conselho de Contribuintes
Criação de novas turmas em caráter temporário

3ª Instância – Câmara Superior de Recursos Fiscais - CSRF


Considerações
Composição da Câmara Superior de Recursos Fiscais

CONSIDERAÇÕES SOBRE A IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA


Princípios admitidos no Processo Administrativo Fiscal
Impugnação Fiscal
O Auto de Infração
Requisitos para impugnação (defesa) do Auto de Infração
Modelo de Defesa/impugnação Administrativa
Manifestação de inconformidade

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1ª INSTÂNCIA – (Delegacia de Julgamento da Receita Federal)

Nulidade do Auto de Infração


Julgamento do mérito
Provas
Elementos da prova
Finalidades da prova
Classificação das provas
Ônus da prova
Inversão do ônus da prova
A prova e a contabilidade
Conclusão
Perícia e Diligências
- Vantagens e desvantagens
Lançamento complementar e segundo exame da escrita
Revelia
Prazos de 1º Instância
Outros aspectos a serem considerados
Requisitos e conteúdo do julgamento de 1ª Instância
Efeitos da decisão de 1ª Instância
Recursos à decisão de 1ª Instância
Redução da multa pelo pagamento/parcelamento do Auto de Infração e/ou na decisão
da 1ª Instância
Outras considerações do julgamento 1ª instância
Da eficácia e da execução das decisões

2ª INSTÂNCIA – Conselhos de Contribuintes

Considerações Iniciais
Modelo de Recurso Voluntário
Decisão do Conselho de Contribuintes
Recursos contra decisão do Conselho de Contribuintes
Efeitos da decisão da 2ª Instância (Conselho de Contribuintes)
Considerações sobre o Conselho de Contribuintes

3ª INSTÂNCIA - CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS -CSRF

ASSUNTOS DIVERSOS E ACÓRDÃOS


Competência para declarar Inconstitucionalidade
Exigibilidade Suspensa
Decisões do Supremo Tribunal Federal devem ser acatadas pelo julgador
Mesmo Objeto Administrativo e Judicial
Fazenda Nacional não pode recorrer quando decisão 2ª Instância for por unanimidade
de votos
Mérito não analisado
Não provada divergência
Perda do Prazo – recurso fora do prazo - não conhecimento
Perda do Objeto pelo pagamento do Tributo

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Decisão de 1ª Instância é definitiva – quando for contrária ao fisco em valores


inferiores a R$ 1.000.000,00
Acompanhamento pela Coordenação-Geral de Tributação da Receita Federal em
processos administrativo-fiscais objeto de recurso aos Conselhos de Contribuintes,
igual ou superior a R$ 10.000.000,00 - Portaria SRF 1.170/2004
Portaria define que fiscal só pode propor ação penal depois do processo administrativo
Procedimentos da fiscalização para comunicar atos ilícitos ao Ministério Público
Decadência
Prescrição
Matéria preclusa – não questionada
Declaração de Imposto de Renda
Arrolamento de bens
Prova Emprestada
Dedutibilidade de despesas e custos
Omissão de Receitas
Arbitramento do lucro
Retroatividade Benigna
Disponibilidade Jurídica
Subvenções
Leasing
Contabilidade como prova
Recolhimento em bases estimadas
DCTF
Sigilo Bancário
Retenção
Denúncia Espontânea
Compensação

STJ questiona lei complementar 118/05 e Lei 11.051/04

Conselho de Contribuintes afasta multa na falta de provas da intenção de fraudar

MULTAS DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO – A PARTIR DE 22.01.2007

O CONTADOR E A RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA E CIVIL

SUSPENSÃO A EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO

RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS E ADMINISTRADORES


Sonegação x Inadimplência
Responsabilidade Tributária
Limitação da responsabilidade ao capital social da empresa
PLANEJAMENTO SOCIETÁRIO
Prévio
Por ocasião da ocorrência dos fatos
Evitando a fraude contra credores no planejamento societário
Proteção dos bens

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PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL – ALTERAÇÕES MP 449/2008, convalidada


com alterações pela Lei 11.941/2009

A MP 449/2008, a partir de 04.12.2008, convalidada com alterações pela Lei 11.941/2009, em


seu art. 25, alterou alguns artigos do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, relativo ao
Processo Administrativo Tributário.

1. UNIFICAÇÃO DOS CONSELHOS DE CONTRIBUINTES E CÂMARA SUPERIOR


DE RECURSOS FISCAIS NO CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS
FISCAIS

Conforme art. 43 da MP 449/2008 , convalidada com alterações pela Lei 11.941/2009, o


Primeiro, o Segundo e o Terceiro Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, bem
como a Câmara Superior de Recursos Fiscais foram unificados e criado o Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais, transferindo-se a esse novo órgão as atribuições e
competências dos extintos Conselhos de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos
Fiscais.
Assim, as disposições da legislação tributária em vigor, que se refiram aos Conselhos de
Contribuintes e à Câmara Superior de Recursos Fiscais devem ser entendidas como
pertinentes ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, conforme art. 47 da MP
449/2008, convalidada com alterações pela Lei 11.941/2009.

O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que substitui o Conselho de Contribuintes e


Câmara Superior de Recursos Fiscais terá competência para julgar recursos de ofício e
voluntários de decisão de primeira instância (Delegacias de Julgamento), bem como recursos
especiais, sobre a aplicação da legislação referente a tributos administrados pela Secretaria da
Receita Federal do Brasil.

Importante: o Ministério de Estado da Fazenda terá 180 (cento e oitenta) dias, a partir de
04.12.2008, para instalar o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, bem como elaborar
o seu regimento interno, enquanto não instalado, permanece a competência dos atuais
Conselhos de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais.

2. ESTRUTURAÇÃO DO CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS


FISCAIS

A estrutura e composição do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais foi dada pelas


alterações promovidas pelo art. 23 da MP 449/2008, convalidada com alterações pela Lei
11.941/2009, que alterou os artigos 25, 26 e 37 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972.

O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais será constituído por seções e pela Câmara
Superior de Recursos Fiscais. As seções serão especializadas por matéria e constituídas por
câmaras. As câmaras poderão ser divididas em turmas.

O Ministro de Estado da Fazenda poderá criar, nas seções, turmas especiais, de caráter
temporário, com competência para julgamento de processos que envolvam valores reduzidos
ou matéria recorrente ou de baixa complexidade, que poderão funcionar nas cidades onde
estão localizadas as Superintendências Regionais da Receita Federal do Brasil.

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Na composição das câmaras, das suas turmas e das turmas especiais, será respeitada a
paridade entre representantes da Fazenda Nacional e representantes dos contribuintes.

Os cargos de Presidente das câmaras, das suas turmas e das turmas especiais serão ocupados
por conselheiros representantes da Fazenda Nacional, que, em caso de empate, terão o voto de
qualidade, e os cargos de Vice-Presidente, por representantes dos contribuintes.

Os conselheiros serão designados pelo Ministro de Estado da Fazenda para mandato,


limitando-se as reconduções, na forma e no prazo estabelecidos no regimento interno.

Constituição da Câmara Superior de Recursos Fiscais

A Câmara Superior de Recursos Fiscais será constituída por turmas, compostas pelos
Presidentes e Vice-Presidentes das câmaras.

As turmas da Câmara Superior de Recursos Fiscais serão constituídas pelo Presidente do


Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (ocupado por conselheiros representantes da
Fazenda Nacional), pelo Vice-Presidente (ocupado por conselheiro representante dos
contribuintes), pelos Presidentes e pelos Vice-Presidentes das câmaras. Em caso de empate
nos julgamentos, o Presidente dará o voto de qualidade (desempate).

Caberá recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais, no prazo de 15 (quinze) dias
da ciência do acórdão ao interessado:

a) do Procurador da Fazenda Nacional de decisão não-unânime de Câmara, turma de Câmara


ou turma especial, quando for contrária à lei ou à evidência da prova;

b) do contribuinte ou do Procurador da Fazenda Nacional de decisão que der à lei tributária


interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Câmara, turma de Câmara, turma
especial ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais.

Das decisões de Câmara, de turma de Câmara ou de turma especial que der provimento a
recurso de ofício, caberá recurso voluntário, no prazo de 30 (trinta) dias, à Câmara Superior
de Recursos Fiscais.

3. SÚMULAS VINCULANTES

A Câmara Superior de Recursos Fiscais poderá, nos termos do regimento interno, após
reiteradas decisões sobre determinada matéria e com a prévia manifestação da Secretaria da
Receita Federal do Brasil e da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, editar enunciado de
súmula que, mediante aprovação de dois terços dos seus membros e do Ministro de Estado da
Fazenda, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos da administração tributária
federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial.

A Câmara Superior de Recursos Fiscais poderá rever ou cancelar súmula, de ofício ou


mediante proposta apresentada pelo Procurador-Geral da Fazenda Nacional ou pelo Secretário
da Receita Federal do Brasil.

4. LIMITAÇÕES NOS JULGAMENTOS

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No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a
aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento
de inconstitucionalidade, exceto na existência de tratado, acordo internacional, lei ou ato
normativo:

a) que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo
Tribunal Federal;

b) que fundamente crédito tributário objeto de:

b1) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do Procurador-Geral da Fazenda


Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522/ 2002;

b2) súmula da Advocacia-Geral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73/93;


ou

b3) pareceres do Advogado-Geral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma


do art. 40 da Lei Complementar nº 73/93.

5. PRESCRIÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS

Menciona o art. 48 da MP 449/2008, convalidada com alterações pela Lei 11.941/2009, que a
prescrição dos créditos tributários, inclusive das contribuições sociais previstas nas alíneas
"a", "b" e "c" do parágrafo único do art. 11 da Lei nº 8.212/91 e as de outras entidades e
fundos (terceiros), pode ser reconhecida de ofício pela autoridade administrativa.

6. INTIMAÇÃO POR EDITAL

Conforme art. 23 da MP 449/2008, que alterou o art. 23 do Decreto nº 70.235/72, permite a


intimação por Edital do sujeito passivo que tiver sua inscrição declarada inapta perante o
cadastro fiscal da Receita Federal do Brasil.

7. PROCESSO ELETRÔNICO – AUTORIDADE PREPARADORA

Segundo o art. 23 da MP 449/2008, que alterou o art. 24 do Decreto nº 70.235/72, determina


quando o ato de preparação do processo for praticado por meio eletrônico, a administração
tributária poderá atribuir o preparo do processo a unidade da administração tributária diversa
da unidade de jurisdição do sujeito passivo.

8. OUTRAS ALTERAÇÕES

O art. 23 da MP 449/2008, alterou o art. 9º do Decreto nº 70.235/72, objetivando adaptar as


regras do processo administrativo federal às exigências de contribuições previdenciárias e do
Simples Nacional.

Igualmente, foi revogado o parágrafo único do art. 15 do Decreto nº 70.235/72 que previa
reabertura do prazo de impugnação quando do agravamento da exigência pela decisão.

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DEFENDENDO-SE DO LEÃO -
ATENDIMENTO A FISCALIZAÇÃO E DEFESA DE AUTO DE INFRAÇÃO
FEDERAL

A defesa (impugnação) administrativa de Auto de infração ou notificação fiscal é uma


importante ferramenta que o Contribuinte possui em seu favor, desde que bem estudada e feita
estrategicamente, no sentido de beneficiar a empresa.

Suspende a exigibilidade do crédito tributário, podendo o Contribuinte retirar a Certidão


Positiva de Débitos com efeito de Negativa, enquanto o débito estiver sendo questionado na
esfera administrativa. Não havendo êxito nas instâncias administrativas, o Contribuinte pode
ingressar judicialmente, porém se fizer o inverso, ingressar primeiro na esfera judicial abdica-
se da defesa na esfera administrativa.

A impugnação ao auto de infração pode ser realizada pelo Contador ou outro profissional com
conhecimento do assunto, não é necessário um profissional do Direito, no entanto deve
conhecer o assunto. Esse é o objetivo desta obra apresentar formas de como se defender do
leão.

A maioria dos Contribuintes tem medo e horror a fiscalização, mesmo que levem em ordem
os procedimentos administrativos e contábeis da empresa, conforme determina a legislação
tributária. Nesta obra, estudaremos nações de como o Contribuinte ou Sujeito Passivo deve se
posicionar por ocasião de uma fiscalização federal, efetuar uma defesa e a sistemática do
processo administrativo/fiscal.

1. FISCALIZAÇÃO NA EMPRESA

A FISCALIZAÇÃO

1.1 Definição, objetivo e conflitos

O poder-dever de fiscalizar está relacionado à atividade Administração Pública, ligado aos


preceitos constitucionais, entre eles os constantes no artigo 37 da Constituição Federal: da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade e da publicidade. Os atos administrativos são
praticados por agentes administrativos públicos, “pessoas físicas que, vinculando-se
juridicamente a uma pessoa pública, dispõe de competência legalmente estabelecida para o
desempenho de função estatal em caráter permanente ou transitório” (Carmen Lúcia A.
Rocha).

As prerrogativas atribuídas à Fiscalização pela ordem jurídica têm por objetivo proporcionar
condições de eficácia em sua atuação, portanto, não são privilégios para utilizar como abuso
ou benevolência, mas para realizar os interesses públicos do Estado de Direito para que este
cumpra sua finalidade.

A fiscalização tributária objetiva otimizar (aumentar, melhorar) a arrecadação de tributos,


agindo de forma inquisitória e investigatória com um cunho sancionador quando se depara
com o descumprimento da normas tributárias. O caráter inquisitório se dá pelo motivo que a
fiscalização não é obrigada a aceitar passivamente as alegações, informações e provas

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 9

apresentadas pelo sujeito passivo (por outro lado, se o fiscal não for coerente, facilmente a
questão será eliminada pelo julgamento administrativo).

É um dever por parte do fisco a investigação dos fatos jurídicos que envolvem a incidência, o
cálculo e o recolhimento dos tributos, objetivando coibir a prática de enriquecimentos
ilícitos, sonegações, infrações, crimes tributários e crimes penais. Portanto, esse poder de
investigação (mero exercício de uma competência) das atividades fiscais é limitado,
constituindo assim, na verdade uma autorização vinculada para exercer uma ação em nome de
um poder devidamente delimitado pelos princípios e normas da competência tributária,
pautada na Constituição Federal.

A maioria dos tributos no âmbito municipal, estadual ou federal é apurada pelo contribuinte,
sendo que a lei determina que pague o tributo segundo sua própria avaliação jurídica, cabendo
à autoridade fiscal conferir o pagamento, e, na hipótese de encontrar algum erro, exigir
recolhimento complementar com as sanções legais cabíveis, através de um lançamento
tributário.

Na busca da verdade material ou real, é procedimento legal que o fisco compareça in loco
para contagem de estoques, análise de documentos, verificação da segurança dos emissores de
controles, etc., porém, de uma forma legal, clara, organizada, controlada e autorizada
pela Delegacia competente, sem abusos e sem lesar a intimidade do contribuinte, caso
contrário, se o próprio órgão não se utilizar de meios para controlar a fiscalização é uma porta
escancarada para a corrupção.

Um exemplo de organização é a Receita Federal ao instituir o MPF - Mandado de


Procedimento Fiscal, que contribui para evitar a corrupção, o abuso de poder e a invasão da
intimidade da empresa, ora se a empresa está avisada que vai ser fiscalizada não há o que falar
em invasão do seu domicílio.

Outra definição de Fiscalização: é o conjunto procedimental de atos administrados


vinculados, exercitado por agente público competente, no estrito cumprimento das normas
legais, sendo nulos os atos que não seguirem tais disposições.

Na área federal e previdência, inicia-se a fiscalização com a apresentação, ao contribuinte do


MPF – Mandado de Procedimento fiscal. Na área estadual e municipal, inicia-se com a
entrega ao contribuinte, de ordem de fiscalização ou outro ato administrativo que autorize o
procedimento. Ao chegar na empresa o Fiscal deve lavrar o termo de fiscalização no
registro de termos de ocorrência.

O objetivo da fiscalização é a constatação de infrações à legislação e exigir o seu


cumprimento. O Fisco não vai ao contribuinte com o intuito de parabenizá-lo pela sua
organização ou conceder honras ao mérito, pelo recolhimento exemplar de tributos.

O Art. 142, do CTN, dispõe: “Compete privativamente à autoridade administrativa constituir


o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente
a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria
tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e sendo caso,
propor a aplicação da penalidade cabível.
Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob
pena de responsabilidade funcional.”

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O lançamento é o ato que constitui o crédito tributário, praticado, privativamente pela


respectiva Autoridade Administrativa.

A competência vinculada da Autoridade Administrativa significa dizer que esta deve


subordinar-se ao que expuser a lei, tão-somente executando as atribuições de seu cargo, tudo
em prol do interesse coletivo. O lançamento não é uma atividade administrativa facultativa;
ele é obrigatório e indispensável por parte da Administração Pública, sob pena de
responsabilidade funcional. Não pode a Autoridade Administrativa deixar de efetivar o
lançamento tributário, ao qual se obriga no exercício das suas funções.

Na prática há um atrito de interesses em jogo: o fisco quer encontrar irregularidades e jamais


assinar um atestado de idoneidade em favor do contribuinte. O contribuinte, por sua vez, sabe
que qualquer irregularidade, mesmo involuntária, representará ônus para a empresa. Parece
impossível um ambiente amistoso, onde se digladiam interesses tão conflitantes, só será
possível desde que haja um tratamento equilibrado das partes, evitando abusos de ambas as
partes, observado pelo cumprimento dos princípios legais (Princípios Constitucionais, do
Direito).

1.2 Estado de Direito

O artigo 1º, da CF/88, preconiza o sentido do Estado Democrático de Direito, na forma do


respeito de na garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos, os quais também têm deveres:
de cidadania, de lealdade e respeito às instituições, dever de pagar o imposto justo e colaborar
nos trabalhos de fiscalização. O Estado tem o dever de bem cumprir a lei e respeitar os
princípios constitucionais de proteção aos direitos e garantias individuais, “pois quando
ocorre a violação de um direito fundamental pela ação do Estado, é o próprio interesse
público que está sendo ferido” (Bottallo, Eduardo Domingos).

O Estado de Direito só se consolidada quando existe democracia, que equivale à expressão da


igualdade, liberdade e dignidade da pessoa, adicionado à submissão à lei do poder estatal.
“Estado de Direito é o que se subordina à lei” (Geraldo Ataliba).

1.3 Fiscalização – Regras CTN

CTN - Artigo 195

“Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições
legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos,
documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais dos comerciantes, industriais ou
produtores, ou da obrigação destes de exibi-los.
Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes
dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos
tributários decorrentes das operações a que se refiram.”

O fisco tem acesso:

- Mercadorias; livros; arquivos; documentos; papéis; efeitos comerciais (duplicatas, faturas,


contas-correntes, etc.); efeitos fiscais (guias de recolhimento, livros de apuração, informações
periódicas, etc..)

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CTN - Artigo 196

“Art. 196. A autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer diligências de


fiscalização lavrará os termos necessários para que se documente o início do procedimento,
na forma da legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão daquelas.
Parágrafo único. Os termos a que se refere este artigo serão lavrados, sempre que possível, em
um dos livros fiscais exibidos; quando lavrados em separado deles se entregará, à pessoa
sujeita à fiscalização, cópia autenticada pela autoridade a que se refere este artigo.”

Quando a fiscalização insiste em permanecer na empresa, alem do prazo máximo, cabe


mandado judicial, requerendo o fim da mesma.

CTN - Artigo 200

“Art. 200. As autoridades administrativas federais poderão requisitar o auxílio da força


pública federal, estadual ou municipal, e reciprocamente, quando vítimas de embaraço
ou desacato no exercício de suas funções, ou quando necessário à efetivação de medida
prevista na legislação tributária, ainda que não se configure fato definido em lei como crime
ou contravenção.”

A requisição de força policial somente se justifica quando ocorrer embaraço ou desacato no


exercício das funções fiscais, o simples fato de pedir identificação e confirmação do fiscal,
não se configura embaraço nem desacato. Se a empresa entrega os documentos solicitados ao
fisco, auxiliando na fiscalização, bem como o trata cordialmente, não há o que se falar em
embaraço ou desacato.

Lei 9.784/99- art. 1º e 2º

O Processo Administrativo Fiscal e seus reflexos no relacionamento Fisco-Contribuinte estão


estabelecidos na Lei 9.784/99:

Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da
Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos
administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração.

Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,


finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,
contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:
I - atuação conforme a lei e o Direito;
...
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;
...
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos
administrados;
...
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança
e respeito aos direitos dos administrados;
...

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 12

X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de


provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas
situações de litígio;
....
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em.

1.4 Regras aplicáveis em todas as fiscalizações

a) Poder de Polícia

- É atividade da Administração Pública;


- Age limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade;
- Regula a prática de ato ou abstenção de fato;
- O motivo dessa atividade é o interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem,
aos costumes;
- Predominância do interesse público sobre o particular, tendo a Administração Pública
supremacia sobre os administrados;
- A administração Pública busca o bem-estar social ao normatizar as condutas dos cidadãos.
- Devem, no entanto, ser preservados os direitos fundamentais constantes na Constituição.
- É atividade exercida pelo órgão competente e exatamente dentro dos limites pela lei
aplicável ao caso.
- Se houver procedimento estabelecido em lei, estas regras deverão ser obedecidas.
- Se houver discricionariedade ( o administrador tem liberdade de decidir quais são os
critérios de melhor solução para realizar a finalidade pública) no ato de polícia, este não
poderá dar-se com abuso ou desvio de poder.

O Poder de Polícia consta no art. 78, CTN:

“Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em
razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº
31, de 28.12.1966)
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado
pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e,
tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de
poder.”

Base: citada no texto e artigos 17 a 22 do Decreto 7.574/2011.

b) Regras Gerais do Direito Administrativo

- Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Interesse Privado - extraído do


próprio conceito de Estado, advindo do pacto social onde a individualidade cede algumas
regalias para o bem-comum.

- Princípio da Legalidade – ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em


virtude da Lei, constante da própria Constituição.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 13

- Princípio da Finalidade – aplicar a Lei exatamente para o atendimento aos fins nela
contidos.
- Princípio da Razoabilidade – exige que as decisões do administrador público sejam
sensatas e coerentes com o raciocínio do cidadão médio comum.
- Princípio da Proporcionalidade – exige o exercício da competência administrativa na
exata extensão e intensidade do interesse público demandado.
- Princípio da Motivação – o administrador público deve justificar os seus atos
( descrevendo a base legal de suas decisões).
- Princípio da Impessoalidade – o administrador público deve tratar todos os administrados
sem qualquer discriminação decorrentes de suas características pessoais.
- Princípio da Publicidade – O administrado tem direito ao acesso à informação sobre todos os
assuntos públicos.
- Princípio do Devido Processo Legal e da Ampla Defesa – Ao administrado cabe o direito
de ter suas reivindicações atendidas através do processo formal regular, com direito a
manifestação contraditória, e aos recursos atinentes ao procedimento.
- Princípio da Moralidade Administrativa – O relacionamento entre o cidadão e a
administração deve ser permeado por ética, lealdade e boa-fé.
- Princípio do Controle Judicial dos Atos Administrativos – os atos administrativos
subordinam-se às decisões judiciais exaradas pelos órgãos competentes do Poder Judiciário.
(Base legal Lei Federal 9.784/99)

c) Súmulas do STF

Súmula 70:

É INADMISSÍVEL A INTERDIÇÃO DE ESTABELECIMENTO COMO MEIO


COERCITIVO PARA COBRANÇA DE TRIBUTO.

A Constituição Federal assegura o livre exercício de qualquer atividade econômica,


independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei ( art.
170, § único). A interdição, por se tratar de uma medida extrema, só pode ocorrer por motivos
relevantes, em que o interesse público é ferido, nos casos de flagrante ofensa ao livre
exercício da atividade econômica.

Sacha Calmon Navarro Coelho, afirma que “não pode o legislador... a título de sancionar
descumprimento de obrigação tributária principal ou acessória, impedir ou mesmo restringir
as atividades dos contribuintes, interditando estabelecimentos, negócios ou instrumentos de
trabalho. Tais atos só serão possíveis e legítimos, se exercidos com base no poder de polícia
da administração pública havendo motivo real para a interferência estatal e o poder seja
exercitado regularmente, sem excesso, abuso ou desvio, conforme o direito administrativo”
(Teoria e Prática das Multas Tributáveis, Editora Forense 1995)

Súmula 323:

E INADMISSÍVEL A APREENSÃO DE MERCADORIAS COMO MEIO COERCITIVO


PARA PAGAMENTO DE TRIBUTOS.

Porém, as legislações dispõem sobre a possibilidade de a Fiscalização apreender livros e


documentos que comprovem a infração fiscal. Devem, no entanto serem lavrados termos e
documentos de apreensão, para caracterização do procedimento como regular.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 14

Súmula 439:

ESTÃO SUJEITOS À FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA OU PREVIDENCIÁRIA


QUAISQUER LIVROS COMERCIAIS, LIMITADO O EXAME AOS PONTOS OBJETO
DA INVESTIGAÇÃO.

Súmula 547:

NÃO É LÍCITO A AUTORIDADE PROIBIR QUE O CONTRIBUINTE EM DÉBITO


ADQUIRA ESTAMPILHAS, DESPACHE MERCADORIAS NAS ALFANDEGAS E
EXERÇA SUAS ATIVIDADES PROFISSIONAIS.

2. COMO ATENDER A FISCALIZAÇÃO

2.1 Centralização do atendimento em determinada pessoa

Essa pessoa deve ser:


- conhecedor da empresa;
- sabedor das contingências tributárias existentes na empresa;
- responsável pelo atendimento ao fiscal;
- conhecedor do Processo Administrativo Fiscal;
- características: formação superior (Contabilidade, Direito, Administração, Economia); bom
relacionamento; falar menos que o necessário, não pode ser de comando; equilibrado (jamais
pode ser estourado); ajude a desenvolver o trabalho de fiscalização (no sentido de ser
prestativo ao fiscal, relacionamento amigável, mas profissional, estar pronto para dar
esclarecimentos, será o ponto de equilíbrio no embate entre o fisco e o contribuinte, porém
deverá fornecer apenas documentos e informações necessários, em hipótese alguma entregar o
jogo ao fiscal, descobrir é função da fiscalização).

Todas essas exigências e outras se justificam, pois o Agente Fiscal é um profissional


capacitadíssimo, para início de conversa, basta verificar o conteúdo das provas para o ingresso
na carreira, são anos de preparo, a seleção (muito concorrida), além da Escola de Treinamento
e Atualização.

2.2 Em hipótese alguma o fisco deve ser atendido pelo sócio, diretor, administrador

Estes somente serão colocados a par da condução dos trabalhos, sendo que entrarão em cena
no momento da assinatura do auto de infração ou em uma negociação do parcelamento.
Sempre estarão, tomando as decisões, mas na figura da pessoa que estiver atendendo o fisco.

2.3 O Agente deve apresentar o MPF - Mandado de Procedimento Fiscal ou outro


documento equivalente ( fisco estadual e municipal)

O Mandato de Procedimento Fiscal deverá ser obrigatoriamente apresentado pelos fiscais da


Receita Federal ou do INSS.

Estão previstos cinco modalidades de Mandado de Procedimento Fiscal, dentre os quais


destacamos os seguintes:

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 15

- MPF-F – para procedimento de fiscalização


- MPF-D – para diligências
- MPF-E – para os casos de flagrante constatação de irregularidades
- MPF-C – para procedimentos complementares de fiscalização

A partir de 1° de janeiro de 2008 pela Portaria RFB n° 11.371, de 12 de dezembro de 2007


(revogou a Portaria RFB 4.066/2007 que vigorou de 01.05.2007 a 31.12.2007), ficam
aprovados os seguintes modelos de Mandado de Procedimento Fiscal:
I - Anexo I: Mandado de Procedimento Fiscal – Fiscalização (MPF-F
II - Anexo II: Mandado de Procedimento Fiscal – Especial (MPF-E);
III - Anexo III: Mandado de Procedimento Fiscal – Extensivo (MPF-Ex);
IV - Anexo IV: Mandado de Procedimento Fiscal – Complementar (MPF-C);
V - Anexo V: Mandado de Procedimento Fiscal – Diligência (MPF-D

A partir de 01.08.2011, os procedimentos fiscais no âmbito da RFB serão instaurados com


base em Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) e deverão ser executados por Auditores-
Fiscais da Receita Federal do Brasil, observada a emissão de:

I - Mandado de Procedimento Fiscal de Fiscalização (MPF-F), para instauração de


procedimento de fiscalização; e

II - Mandado de Procedimento Fiscal de Diligência (MPF-D), para realização de diligência.

Base: art. 2º da Portaria RFB 3.014/2011 (que revoga a Portaria 11.371/2007)

a) Verificação da autenticidade do MPF

Receita Federal - ao receber um Mandado de Procedimento Fiscal a pessoa física ou jurídica


deverá verificar a autenticidade do mesmo com a utilização do programa Consulta Mandado
de Procedimento Fiscal, disponível na página da Secretaria da Receita federal na Internet,
onde deverão ser informados o número do CNPJ ou CPF, conforme o caso, e a senha
constante do Mandado.

No caso da pessoa física ou jurídica não possuir acesso a Internet poderá verificar a
autenticidade do Mandado comparecendo a uma unidade da Secretaria da Receita Federal ou
pelo número de telefone indicado no Mandado.

INSS - ao receber um Mandado de Procedimento Fiscal a pessoa física ou jurídica poderá


verificar a autenticidade do mesmo mediante consulta ao site do Ministério da Previdência e
Assistência Social - MPAS na Internet, com a utilização de uma senha específica contida no
próprio MPF, ou então em qualquer Agência da Previdência Social – APS, ou mesmo pelo
telefone constante do referido Mandado.

b) Competência para emissão

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 16

O MPF será emitido, observadas as respectivas atribuições regimentais, pelas seguintes


autoridades:

I - Coordenador-Geral de Fiscalização;

II - Coordenador-Geral de Administração Aduaneira;

III - Superintendente da Receita Federal do Brasil;

IV - Delegado da Receita Federal do Brasil;

V - Inspetor-Chefe da Receita Federal do Brasil;

VI - Corregedor-Geral;

VII - Coordenador-Geral de Pesquisa e Investigação; ou

VIII - Coordenador-Geral de Programação e Estudos.

Base: art. 6º, da Portaria RFB 3.014/2011 ( que revoga a Portaria 11.371/2007)

Conteúdo e abrangência

O MPF-F, o MPF-D e o MPF-E conterão:

I - a numeração de identificação e controle;

II - os dados identificadores do sujeito passivo;

III - a natureza do procedimento fiscal a ser executado (fiscalização ou diligência);

IV - o prazo para a realização do procedimento fiscal;

V - o nome e a matrícula do Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil responsável pela


execução do mandado;

VI - o nome, o número do telefone e o endereço funcional do responsável pela equipe a que


está vinculado o Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil referido no inciso V; e

VII - o nome, a matrícula e o registro de assinatura eletrônica da autoridade emitente e, na


hipótese de delegação de competência, a indicação do respectivo ato.

O MPF-F e o MPF-E indicarão, ainda, o tributo objeto do procedimento fiscal a ser


executado, podendo ser fixado o respectivo período de apuração, bem como as verificações
relativas à correspondência entre os valores declarados e os apurados na escrituração contábil
e fiscal do sujeito passivo, em relação aos tributos administrados pela RFB, podendo estas
alcançar os fatos geradores relativos aos últimos cinco anos e os do período de execução do

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 17

procedimento fiscal, observados os modelos constantes dos respectivos Anexos I e II a esta


Portaria.

O Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil poderá examinar livros e documentos referentes


a períodos não consignados no MPF-F, quando necessário para verificar os fatos que deram
origem a valor computado na escrituração contábil e fiscal do período em exame, ou deles
seja decorrente.

O MPF-D indicará, ainda, a descrição sumária das verificações a serem realizadas, observado
o modelo constante do Anexo III a esta Portaria.

O MPF-E indicará a data do início do procedimento fiscal, observado o modelo constante do


Anexo II a esta Portaria.

Na hipótese de instauração de procedimento fiscal destinado exclusivamente a verificar o


cumprimento de obrigação acessória, o MPF-F deverá identificar a obrigação e o período a
que se refere, conforme modelo constante do Anexo I a esta Portaria, não se aplicando o
disposto no § 1º.

O disposto no § 1º não se aplica no caso de procedimento fiscal destinado a constatar a correta


aplicação da legislação de comércio exterior que possa resultar tão somente em apreensão de
bens ou mercadorias, representações fiscais, aplicação de sanções administrativas ou
exigência de multas ou direitos comerciais, hipótese em que o MPF-F poderá indicar apenas a
descrição sumária das verificações a serem efetuadas.

Base: art. 7º, da Portaria RFB 3.014/2011 ( que revoga a Portaria 11.371/2007)

Não exigência do MPF

O MPF não será exigido nas hipóteses de procedimento de fiscalização:

I - realizado no curso do despacho aduaneiro;

II - interno, nos casos de formalização de exigência de crédito tributário constituído em termo


de responsabilidade ou pelo descumprimento de regime aduaneiro especial, lançamento de
multas isoladas, revisão aduaneira e formalização de abandono ou apreensão de mercadorias
realizada por outros órgãos;

III - de vigilância e repressão ao contrabando e descaminho realizado em operação ostensiva;

IV - relativo à revisão interna de declaração, inclusive na hipótese de aplicação de penalidade


por falta ou atraso em sua apresentação (malhas fiscais);

V - destinado, exclusivamente, à aplicação de multa por não atendimento à intimação efetuada


por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil em procedimento de diligência realizado
mediante a utilização de MPF-D;

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 18

VI - destinado à aplicação de multa por não atendimento à Requisição de Informações sobre


Movimentação Financeira (RMF), nos termos do art. 4º do Decreto nº 3.724, de 10 de janeiro
de 2001; e

VII - destinado à verificação de ocorrência de avaria ou extravio de mercadorias sob controle


aduaneiro.

Base: art. 10 da Portaria RFB 3.014/2011 ( que revoga a Portaria 11.371/2007)

Dos Prazos

Os MPF terão os seguintes prazos máximos de validade:


I - cento e vinte dias, nos casos de MPF-F e de MPF-E;
II - sessenta dias, no caso de MPF-D.

A prorrogação do prazo de que trata o artigo anterior poderá ser efetuada pela autoridade
outorgante, tantas vezes quantas necessárias, observado, em cada ato, o prazo máximo de
sessenta dias, para procedimentos de fiscalização, e de trinta dias, para procedimentos de
diligência.

A prorrogação poderá ser feita por intermédio de registro eletrônico efetuado pela respectiva
autoridade outorgante, cuja informação estará disponível na Internet. O AFRFB responsável
pelo procedimento fiscal fornecerá ao sujeito passivo, quando do primeiro ato de ofício
praticado junto ao mesmo após cada prorrogação, o Demonstrativo de Emissão e Prorrogação,
contendo o MPF emitido e as prorrogações efetuadas, reproduzido a partir das informações
apresentadas na Internet.

Os prazos a que se referem os arts. 12 e 13 serão contínuos, excluindo-se na sua contagem o


dia do início e incluindo-se o do vencimento, nos termos do art. 5º do Decreto nº 70.235, de
1972.

A contagem do prazo do MPF-E far-se-á a partir da data do início do procedimento fiscal.

Os MPF terão os seguintes prazos máximos de validade:

I - 120 dias, nos casos de MPF-F e de MPF-E; e

II - sessenta dias, no caso de MPF-D.

A prorrogação do prazo de que trata o art. 11 poderá ser efetuada pela autoridade emitente,
tantas vezes quantas necessárias, observado, em cada ato, os prazos fixados nos incisos I (120
dias) e II ( 60 dias ) do art. 11, conforme o caso.

Os prazos a que se referem os arts. 11 e 12 serão contínuos, excluindo-se na sua contagem o


dia do início e incluindo-se o do vencimento, nos termos do art. 5º do Decreto nº 70.235, de 6
de março de 1972.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 19

A contagem do prazo do MPF-E far-se-á a partir da data do início do procedimento fiscal.

Base: artigos 11, 12 e 13 da Portaria RFB 3.014/2011 ( que revoga a Portaria 11.371/2007)

Da Extinção do Mandado de Procedimento Fiscal

O MPF se extingue:

I - pela conclusão do procedimento fiscal, registrado em termo próprio, com a ciência do


sujeito passivo; ou

II - pelo decurso dos prazos a que se referem os arts. 11( 120 dias) e 12 ( 60 dias)

A ciência do sujeito passivo de que trata o item I deverá ocorrer no prazo de validade do
MPF.

Art. 15. A hipótese de que trata o item II não implica nulidade dos atos praticados, podendo a
autoridade responsável pela expedição do Mandado extinto determinar a emissão de novo
MPF para a conclusão do procedimento fiscal.

Base: artigos 14 e 15 da Portaria RFB 3.014/2011 ( que revoga a Portaria 11.371/2007)

Disposições Gerais

Cabe aos administradores da RFB assegurar o pleno e inviolável exercício das atribuições do
Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil responsável pela execução do procedimento
fiscal.

Outros Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil, ainda que não constem do MPF,
poderão participar do procedimento fiscal e firmar termos, intimações ou atos assemelhados,
desde que em conjunto com o responsável por sua execução.

Os MPF emitidos e suas alterações permanecerão disponíveis para consulta na Internet,


mediante a utilização do código de acesso de que trata o parágrafo único do art. 4º inclusive
após a conclusão do procedimento fiscal correspondente.

Base: artigos 16, 17 e 18 da Portaria RFB 3.014/2011 ( que revoga a Portaria 11.371/2007)

Em cada Estado ou Município da Federação são dados nomes diversos às Ordens de


Fiscalização, no entanto o documento dando início à fiscalização, autorizado pelo Delegado
ou outra pessoa responsável deve ser apresentado pelo fiscal, sob pena de ser aplicada
disciplina individual ao fiscal.

2.4 Identificação e Checagem do Fiscal

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 20

- O Fiscal deve se identificar na Portaria da empresa;


- Em hipótese alguma, o Fiscal pode entrar na empresa, deve sempre aguardar na Portaria,
como as demais pessoas que queiram adentrar-se na empresa (a Portaria da empresa serve
para identificar as pessoas, é norma interna de qualquer empresa, o fiscal deve aguardar sua
vez de ser atendido). Esse mesmo procedimento deve ser realizado com a Polícia Militar ou
outro órgão público ou privado de fiscalização; a empresa é um local privado, protegido pela
Constituição, deve ser invadido somente por determinação judicial, ou no caso de incêndio ou
se alguém está em eminente perigo de vida. A fiscalização tem direitos Constitucionais de
averiguar o lançamento do tributo, mas dentro das próprias normas Constitucionais e de
Direito que vigem em nosso país.
- Mesmo que mostre sua carteira de identificação, deve aguardar;
- O Porteiro deverá chamar a pessoa designada para atender a fiscalização;
- O responsável, solicitará ao Fiscal o Mandado de Procedimento Fiscal ou documento
equivalente, de acordo com a legislação de cada Estado, Município ou Órgão Público
fiscalizador;
- Caso o fiscal não tenha em mãos documento autorizando fiscalização, pedir educadamente o
nome do fiscal e número da Carteira de Identificação, e ligar para o órgão público, ao qual
está lotado o agente, sob a alegação de própria instrução dos Órgãos Estatais e que existem
falsos fiscais na praça e a checagem da informação protegerá a empresa e o próprio fiscal,
solicitando informações sobre a respectiva fiscalização, fiscal autorizado.

- Se o fiscal der a entender que não aceita tal procedimento, e ameaçar em chamar a polícia:

O responsável deverá concordar com a idéia, pois é uma forma de salvaguardar a empresa, até
mesmo, para auxiliar a identificação do Fiscal. Se for um falso fiscal irá logo embora, se for
verdadeiro e sendo necessário a intervenção da polícia, ainda será uma forma de proteção à
empresa, pois a força policial não poderá adentrar na empresa sem mandado judicial, sob pena
dos policiais, individualmente, responderem a processos na incorporação;

- Houve contato com a repartição pública e esta confirmou a fiscalização, o nome do fiscal,
etc., então este poderá entrar na empresa, ser conduzido a uma sala própria (de reuniões, etc..)
e será atendido normalmente. O atendente se desculpará pelo ocorrido, mas reafirmando a
necessidade da checagem da identificação, como proteção (de forma educada, atende-o
cordialmente, etc.).

- Observação: toda a abordagem inicial deve ser na Portaria da empresa, não sendo permitido
o acesso do fiscal nas dependências da empresa. Os porteiros devem estar cientes disso, sob
pena de Advertência e suspensão do trabalho por descumprir norma ou regulamento interno,
bem como, manter na ponta da língua o funcionário responsável pelo atendimento da
fiscalização;
- Se o fiscal apresentar o MPF, não havendo nenhuma dúvida, pode-se, então, solicitar que
entre na empresa, porém se houver algum indício de irregularidade (borrões, erros) é
necessário entrar em contato com o órgão público expedidor para esclarecer dúvidas;
- No MPF consta a data de início da fiscalização, a qual não será no próprio dia, pesquisando
pela internet, mediante senha, a confirmação da fiscalização;
- Desde a abordagem inicial, até na condução dos trabalhos, o Fiscal tende a se portar de
forma psicologicamente “superior” ao contribuinte, no sentido que: eu sou a lei, a autoridade,
eu posso autuar, sou a força, sou o leão, quero atendimento especial, etc. Cabe à pessoa
designada pelo contribuinte, entender de forma normal e natural essa atitude, sem que exerça
sobre si qualquer influência ou domínio psicológico, e aos poucos demonstrar que o Fiscal é

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 21

um cidadão comum, dotado de direitos e obrigações, e deve cumprir todos os requisitos


estabelecidos na lei. O atendente pode demonstrar equilíbrio, atendendo bem o fiscal sem se
exaltar, conduzindo a fiscalização dentro da ordem e da forma mais benéfica à empresa. No
sentido de auxiliar a condução do trabalho, das informações ( desde que criteriosamente
filtradas), manter ambiente profissional e saudável nas condições de trabalho, jamais
obstruindo a fiscalização.

2.5 Abuso de poder no início da Fiscalização

Caso o fiscal, ultrapassando a Portaria, entrar na empresa, coagindo funcionários e sócios


(vocês são sonegadores, vou chamar a polícia, vão todos presos se não permitirem a
verificação de documentos e não colaborarem) abrir pastas, arquivos, gavetas, documentos
pessoais (não se confunde a pessoa jurídica com a do sócio – Princípio da Entidade),
exageros, ameaças, retirar documentos sem protocolo e autorização. A empresa sendo
coagida a permitir tal situação de abuso de poder, terá as seguintes opções:
- Dirigir todos os funcionários, sócios e pessoas que presenciaram a situação a uma Delegacia
de Polícia e registrar queixa, descrevendo pormenorizadamente as atitudes e atos do Agente
Fiscal. (Esse boletim de ocorrência policial, com o maior número possível de testemunhas,
servirá como prova a favor da empresa para solicitar a preliminar de NULIDADE e
conseqüente arquivamento do auto de infração, pois não foram obedecidas as regras legais
processuais para a autuação). Normalmente, o contribuinte receia por represálias ao tomar
essa atitude, porém, se o fiscal inicia o processo de fiscalização dessa forma, ele será
intransigente até o final, não analisando as considerações da empresa, tornando o ambiente
empresarial em um verdadeiro terror, culminando em autuação pesada contra a empresa;
- Fazer petição constando o acontecido ao órgão público responsável pela fiscalização,
contendo a assinatura das testemunhas, mediante protocolo;
- Acessar o link da Receita Federal, na página da Ouvidoria e fazer reclamação diretamente no
link: http://www.receita.fazenda.gov.br/Principal/Ouvidoria.htm ou pelo telefone ligando
para 0800 702 1111, de 2ª a 6ª feira (exceto feriados), das 8 às 20 horas, onde os atendentes
irão formalizar o registro e fornecer o número da ocorrência e senha para posterior consulta;
- Mandato de segurança para que encerre a fiscalização por abuso de poder. Uma das
dificuldades do mandado de segurança é produzir prova para convencer o juiz;
- As câmeras de segurança e também gravadores no ambiente poderão auxiliar na produção de
provas, as quais posteriormente deverão ser traduzidas em laudo, assinado por perito
competente.

O art. 30, da Lei 9.784/99, determina que são inadmissíveis no processo administrativo as
provas obtidas por meios ilícitos.

O artigo 78, do CTN, no seu § único dispõe que “considera-se regular o exercício do poder de
polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com
observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como
discricionária, sem abuso ou desvio de poder.”

O Fiscal detém o poder de polícia e deve agir com discricionariedade, ou seja, tem liberdade
de decidir quais sãos os critérios de melhor solução para realizar a finalidade pública
(fiscalização), desde que previstos em lei e sem abuso ou desvio de poder. O poder de polícia
tem a faculdade de escolher qual o procedimento a ser adotado dentre os vários descritos na
Lei.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 22

O Art. 200, do CTN, determina que as autoridades administrativas federais poderão


requisitar o auxílio da força pública federal, estadual ou municipal, e reciprocamente,
quando vítimas de embaraço ou desacato no exercício de suas funções, ou quando
necessário à efetivação de medida prevista na legislação tributária, ainda que não se configure
fato definido em lei como crime ou contravenção.”

A requisição de força policial somente se justifica quando ocorrer embaraço ou desacato no


exercício das funções fiscais, o simples fato de pedir identificação e confirmação do fiscal,
não se configura embaraço nem desacato. Se a empresa entrega os documentos solicitados ao
fisco, auxiliando na fiscalização, bem como o trata cordialmente, não há o que se falar em
embaraço ou desacato.

O fato da fiscalização, na abordagem inicial à empresa, vier com força policial configura a
ação discricionária com abuso de poder, portanto ilegal, pois não há a possibilidade prévia de
embaraço ou desacato à autoridade sem que se tenha feito o primeiro contato com a
fiscalizada.

Atualmente, não há como o fisco justificar que fica engessado ao fiscalizar uma empresa, se
não agir na surdina. Tanto o fisco federal como o estadual sabem do volume das operações da
empresa mais do que os próprios sócios:

A Receita Federal tem as informações da DIMOB, da DIPJ, da DIRF, da DACON, da DCTF,


da CPM., do ITR, SINTEGRA, dos Bancos, dos Cartórios, das Concessionárias de Veículos,
dos Órgãos Públicos Federais e Estaduais e outros; também, por lei tem acesso aos arquivos
magnéticos da empresa (contabilidade, estoques, etc.). Além dessa facilidade, no âmbito da
Receita Federal foram criadas certas presunções legais, cujo ônus é do contribuinte, nas
seguintes situações: configura-se omissão de receita o Saldo Credor de Caixa, Depósito
Bancário não Identificado, Falta de Escrituração de Pagamento, Manutenção no Passivo de
Obrigações Pagas e Falta de Comprovação do Passivo (arts. 281 a 288 do RIR/99). Por
exemplo, basta a Receita Federal pelos dados da CPMF, intimar o Contribuinte a esclarecer
informações sobre sua movimentação bancária, o que não for comprovado é considerado
omissão de receita, sendo cobrado o imposto sobre o valor não justificado, salvo o
contribuinte comprove ou justifique na defesa fiscal.

No artigo 265, do RIR/99, a empresa é obrigada a manter sua escrituração, com o registro de
seus negócios e atividades econômicas, em meio magnético ou assemelhado, à disposição da
Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos e sistemas durante o prazo de cinco
anos. O art. 72, da Medida Provisória 2158-35/2001, estabelece que todas as empresas, exceto
as do Simples, devem manter os arquivos magnéticos. Isto significa, que o fiscal solicita os
arquivos magnéticos da empresa e tem todas as informações negociais da empresa. Se a
empresa não apresentar os arquivos magnéticos, seu lucro será arbitrado, o que facilita o
trabalho da fiscalização.

A lei criou muitos atalhos e facilidades à fiscalização, como os acima citados e outro, que,
atualmente, se o fisco invadir uma empresa, sem mandado se segurança expedido pelo
judiciário, tratar mal o contribuinte, intimidá-lo está agindo intencionalmente com o objetivo
de abuso de poder e fraude. Ou a administração fazendária, principalmente a Federal, está
assinando o seu atestado de incapacidade de gerir a auditoria (fiscalização) nas empresas (toda
a Auditoria deve ser previamente planejada, elaborada, feito o programa de auditoria, sua
aplicação, etc. - é o que nos ensina o mestre A. Lopes de Sá, que vem nos ensinando desde

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 23

1969, no seu livro Curso de Auditoria). Supondo que haja sonegação, dificilmente o
empresário deixará os documentos que comprovem o ilícito na empresa, com certeza irá
eliminá-los, deixando apenas os comuns. Mesmo que flagre alguns documentos, na ocasião, o
imposto não poderá ser cobrado retroativamente, pois deve ser provada toda a base de cálculo
e não presumi-la. Enfim, a Fazenda deve utilizar da sua inteligência de fiscalização, da sua
força de tributação e favorecer os contribuintes que cumprem a lei, com o objetivo de
diminuir os impostos e coibir o crime da sonegação fiscal e o enriquecimento ilícito.

2.6 Entrega de Documentos e solicitação de prazos

Todo e qualquer documento deve ser solicitado por escrito pelo Agente Fiscal, bem como
todos os documentos devem ser entregues mediante protocolo ao Fiscal.

Normalmente o fisco pede mais do que pode. Exemplo: No MPF consta que será fiscalizado o
ano de 2002, referente ao IRPJ e CSLL e tributação reflexa (PIS e Cofins). Não poderá o fisco
exigir documentação referente 2001 ou até mesmo solicitar documentação relativa ao IPI. Se
solicitar, por escrito, é uma prova de abuso de poder. Se o fizer, será informalmente, nesta
situação o atendente do fiscal, informará que por ORDENS DA EMPRESA, poderá fornecer
apenas os documentos solicitados por escrito.

A entrega do documento, mediante protocolo, responsabiliza o fiscal pela guarda do mesmo,


não podendo alegar posteriormente que não o recebeu. Em alguns casos, o Fiscal aumenta a
multa de ofício, de 75% para 112,5%, por impedimento a fiscalização e, se for o caso arbitrar
o lucro, motivado pela resistência ao atendimento da fiscalização, pela não entrega de
documentos. Fato esse que não ocorreu, mas como não foram protocolados os documentos,
não há como fazer prova em contrário de que os documentos solicitados foram entregues (§
2º, art. 44 da Lei nº 9.430/96, com alterações do art. 14 da Medida Provisória 351/2007),
convalidada pela LEI Nº 11.487, DE 15 DE JUNHO DE 2007.

A solicitação de prazo à fiscalização para a entrega de documentos ou livros obrigatórios deve


ser feita através de documento protocolado. A empresa solicita determinado prazo para
apresentação de documentos, entretanto, não faz por escrito, o Fiscal vai concedendo prazos
verbalmente, até que num certo tempo, emitirá auto de infração arbitrando as transações da
empresa, com agravamento de multa, cabendo a prova em contrário ao contribuinte. A
fiscalização alegará, a seu favor, que a documentação não lhe foi entregue conforme
solicitado, configurando o ilícito. Se a prorrogação dos prazos para entrega de documentos for
feita por escrito, mediante protocolo do agente, e gozando o contribuinte de prazo permitido,
não tem o que se falar em autuação pela não entrega de documentos, configurando abuso de
poder.

Neste embate, ou é o fisco que conduz o jogo ou é o contribuinte, pois quanto mais provas e
formas de como autuar o contribuinte melhor, mesmo conduzindo ou produzindo provas
imorais, todo o cuidado é pouco.

2.7 Livros exigidos pelo fisco – obrigatórios e facultativos

a) Livros, relatórios, controles auxiliares

O artigo 195, do CTN, autoriza os fiscais a examinar mercadorias, livros, arquivos,


documentos e papéis do contribuinte, com o objetivo de verificar a ocorrência do fato gerador,

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 24

determinar a matéria tributável e conferir ou calcular o montante do tributo devido, bem como
o contribuinte deve manter a guarda e Livros Obrigatórios e dos documentos que lastreiam os
respectivos lançamentos.

Isto significa que o contribuinte está obrigado a exibir à autoridade fiscal SOMENTE os
LIVROS OBRIGATÓRIOS, constantes nas leis e regulamentos e respectivos documentos.

Por exemplo, uma empresa comercial optante pelo lucro real, pela legislação do Imposto de
Renda, é obrigada a fornecer O Livro Diário e Diários Auxiliares, Livro Razão, Registro de
Inventário, Livros de Entradas (compras), Lalur e Arquivos Magnéticos. Qualquer outro livro,
planilhas, controles internos que não constem na legislação e solicitados pela fiscalização em
tela são INDEVIDOS. Devem ser apresentados apenas os livros exigidos pelo Regulamento
do Imposto de Renda (no caso de fiscalização do Icms, os exigidos pelo Regulamento do
Icms).

Assim sendo, o fiscal não deve, não pode e não tem o direito de exigir fichas, planilhas de
controles internos e outros registros não exigidos por lei. Algumas vezes o fiscal até solicita,
extrapolando a sua competência, o Contador deve estar atento e polidamente informar que vai
verificar se a empresa possui ou não.

Nada impede que o Contador apresente livros ou planilhas não obrigatórios que façam prova a
favor da empresa.

Exemplo: planilha de controle de financiamentos, planilhas de receitas, planilhas de custos,


planilhas compensação e cálculo Selic, etc. Aliás, os controles internos que corroborem (estão
de acordo) com a Contabilidade devem ser apresentados para dar segurança ao fiscal, de que a
empresa está em ordem e é de boa fé.

O exposto é no sentido de que o Contribuinte não tem obrigação por lei e NÃO DEVE
apresentar outros livros, relatórios e controles que possam comprometer a empresa em uma
fiscalização (porque a fiscalização não tem o direito de exigi-los), pois se esses relatórios
comprometem a empresa serão anexados como prova no processo contra a empresa,
dificultando qualquer linha de defesa, os tributos levantados pelo fiscal devem ser
comprovados que são devidos e deixaram de ser recolhidos. Em resumo, se houver alguma
irregularidade na empresa, o fiscal é que deve investigar, descobrir, levantar as provas e
autuar a empresa e não a empresa se “entregar” e, também, que a fiscalização tem limites.

DO EXAME DE LIVROS E DE DOCUMENTOS - Decreto 7.574/2011

Para o efeito da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais
excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos,
papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos empresários e das sociedades, ou da obrigação
destes de exibi-los (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, art.
195; Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, art. 1.179).

Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos


neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários
decorrentes das operações a que se refiram (Lei nº 5.172, de 1966 - Código Tributário

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 25

Nacional, art. 195, parágrafo único; Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, art. 32, § 11, com a
redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, art. 26).

Os comprovantes da escrituração comercial e fiscal relativos a fatos que repercutem em


lançamentos contábeis de exercícios futuros serão conservados até que se opere a decadência
do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios
(Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 37).

São também passíveis de exame os documentos mantidos em arquivos magnéticos ou


assemelhados, encontrados no local da verificação, que tenham relação direta ou indireta com
a atividade exercida pelo sujeito passivo (Lei nº 9.430, de 1996, art. 34).

Os livros e documentos poderão ser examinados fora do estabelecimento do sujeito passivo,


desde que lavrado termo escrito de retenção pela autoridade fiscal, em que se especifiquem a
quantidade, espécie, natureza e condições dos livros e documentos retidos (Lei nº 9.430, de
1996, art. 35).

Os originais dos livros e dos documentos retidos devem ser devolvidos, mediante recibo,
salvo se constituírem prova da prática de ilícito penal ou tributário, hipótese em que
permanecerão retidos, extraindo-se cópia para entrega ao interessado (cf§ 1º e 2º).

A autoridade fiscal encarregada de diligência ou fiscalização poderá promover a lacração de


móveis, caixas, cofres ou depósitos onde se encontrarem arquivos e documentos, toda vez que
ficar caracterizada a resistência ou embaraço à fiscalização, ou ainda quando as circunstâncias
ou a quantidade de documentos não permitirem a sua identificação e conferência no local ou
no momento em que foram encontrados (Lei nº 9.430, de 1996, art. 36).

O sujeito passivo e demais responsáveis serão previamente notificados para acompanharem o


procedimento de rompimento do lacre e de identificação dos elementos de interesse da
fiscalização (Lei nº 9.430, de 1996, art. 36, parágrafo único).

O sujeito passivo usuário de sistemas de processamento de dados deverá manter


documentação técnica completa e atualizada do sistema, suficiente para possibilitar sua
auditoria, facultada a manutenção em meio magnético, sem prejuízo da sua emissão gráfica,
quando solicitada (Lei nº 9.430, de 1996, art. 38).

As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para


registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar
documentos de natureza contábil ou fiscal ficam obrigadas a manter, à disposição da
Secretaria da Receita Federal do Brasil, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo
decadencial previsto na legislação tributária (Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, art. 11,
com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, art. 72).

A Secretaria da Receita Federal do Brasil poderá estabelecer prazo inferior ao previsto no


caput, que poderá ser diferenciado segundo o porte da pessoa jurídica (Lei nº 8.218, de 1991,
art. 11, § 1º, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art. 72).

A Secretaria da Receita Federal do Brasil expedirá os atos necessários para estabelecer a


forma e o prazo em que os arquivos digitais e sistemas deverão ser apresentados (Lei nº 8.218,

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 26

de 1991, art. 11, § 3º, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art.
72).

Os atos a que se refere o § 2º poderão ser expedidos por autoridade designada pelo Secretário
da Receita Federal do Brasil (Lei nº 8.218, de 1991, art. 11, § 4º, com a redação dada pela
Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art. 72).

Base: art. 17 a 22 do Decreto 7.574/2011

ACÓRDÃO Nº 10612824 - 6ª CÂMARA


(SESSÃO DE 22.08.2002 - DOU DE 02.12.2002)
Processo nº: 13808000720/98-63
Recurso nº: 124648
Matéria: IRPF - Ex(s): 1991
SINAIS EXTERIORES DE RIQUEZA - PROVA - Cabe a autoridade lançadora o ônus de
provar o fato gerador do imposto de renda. A lei autoriza a presunção de omissão de
rendimentos desde que a autoridade lançadora prove que o contribuinte, durante o ano -
base, realizou gastos em montante superior a renda disponível. Ilegítimo é o lançamento
quando a autoridade lançadora deixe comprovar, o sinal exterior de riqueza.
Recurso provido.
Por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 101-94009 - 1ª CÂMARA


(DOU DE 13.05.2003 - SESSÃO DE 06.11.2002)
Processo nº: 10120.008853/00-97
Recurso nº: 129790
Matéria: IRPJ E OUTROS - Ex(s): 1996
IRPJ - GLOSA DE DESPESAS FINANCEIRAS - CONTRATO FINAME - COMPROVAÇÃO
- Comprovada com documentação hábil e idônea que as despesas financeiras relativas à
contratos de financiamento, modalidade FINAME foram incorridas, pagas e devidamente
escrituradas, e mais, que estão relacionadas com as atividades desenvolvidas pelo sujeito
passivo, deve ser restabelecida a dedutibilidade como despesas operacionais.
GLOSA DE DESPESAS - VARIAÇÃO MONETÁRIA PASSIVA SOBRE AQUISIÇÃO DE
BENS POR CONSÓRCIOS - A prova de que as despesas não são necessárias à atividade
da empresa deve ser feita pelo fisco, individualizando-se a análise por natureza de cada
dispêndio. Não pode ser aceito o procedimento tendente a glosar valores registrados a
título de despesas com variação monetária passiva sem a devida caracterização da
irregularidade fiscal. O lançamento requer prova segura da ocorrência do fato gerador
do tributo. Tratando-se de atividade plenamente vinculada (Código Tributário Nacional,
arts. 3º e 142), cumpre à fiscalização realizar as inspeções necessárias à obtenção dos
elementos de convicção e certeza indispensáveis à constituição do crédito tributário.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - A
decisão proferida no lançamento principal (IRPJ) deve ser estendida a demais lançamentos
ditos reflexivos, face à relação de causa e efeito. Por unanimidade de votos, rejeitar as
preliminares de nulidade e, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário.

ACÓRDÃO Nº 106-12598 - 6ª CÂMARA


(SESSÃO DE 19.03.2002 - DOU DE 02.11.2002)

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 27

Processo nº: 10120.004731/96-18


Recurso nº: 127.053
Matéria: IRPF - Ex(s): 1994
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO - PROVA - Nos casos de acréscimo
patrimonial a descoberto, uma vez que a autoridade fiscal demonstra haver sobra de
recurso não justificado, cabe ao contribuinte fazer a prova do contrário.
ATIVIDADE RURAL - APURAÇÃO - A apuração dos resultados da atividade rural, para
efeito de determinar o imposto devido deve obedecer o período anual, mas o mesmo não
acontece quando não comprovado que se trata de atividade rural, portanto deve ser
apurado mensalmente.
Recurso negado.
Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO CSRF Nº 01-03498 - 1ª TURMA


(SESSÃO DE 17.09.2001 - DOU DE 22.04.2003)
Processo nº: 10680.008244/98-97
Recurso nº: RD/102-0.066
Matéria: IRPF - EX. 1996
IRPF - DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS - A declaração de rendimentos goza da
presunção da verdade a teor do "caput" do art. 368 do CPC sobretudo na parte em que o
Fisco não produziu prova em contrário. - Recurso negado. Por maioria de votos, NEGAR
provimento ao recurso.

Diferença entre documento público, documento privado e documentos que não fazem
prova

Públicos: instrumento público é o formado por oficial público no exercício de suas funções.
Particular: “Entende-se por instrumento particular o escrito que, emanado da parte, sem
intervenção do oficial público, respeitada certa forma, se destina a constituir, extinguir ou
modificar um ato jurídico” (De Plácido e Silva, 1975, pág. 817).

Analisando os documentos de um auto de infração, nota-se claramente quando se tratam de


documentos públicos e privados, conforme exposto acima. Slips e relatórios (planilhas,
controles) não são documentos particulares, pois o documento particular deve respeitar certa
forma (são meros bilhetes que não obedecem à forma correta para serem documentos
particulares).

Isso significa que tais fatos não são devidamente provados, eles não existem e,
conseqüentemente, não existe verdade nas acusações. Se os fatos da causa são comprovados
por provas inidôneas, não há como formular uma convicção.

Exemplo de ERRO do setor Contábil em uma fiscalização:

O fiscal solicitou relação de faturamento (a qual não é obrigatória mas pode ser
providenciada), porém a Contabilidade forneceu uma relação, assinada pelo Diretor da
empresa, onde constavam valores diferentes dos registrados contabilmente no Diário e no
Razão. A empresa foi autuada por omissão de receita.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 28

Dois erros básicos foram cometidos: a) não havia a obrigatoriedade de apresentação do


referido relatório; b) o relatório não foi conciliado com o Razão da época. Conclusão:
autuação, com provas irrecusáveis e incontestáveis.

Porém de outro lado, a não apresentação dos livros obrigatórios acarretará no


ARBITRAMENTO do lucro da empresa (art. 259, 529 e 530 RIR/99). O Contador deve estar
atento à legislação para ter ciência de livros que são obrigatórios ou não.

2.8 Documentos exigidos pelo fisco: Obrigatórios e facultativos

Os arts. 196 e 197, do CTN, determinam que as diligências da fiscalização sejam feitas e
documentadas por escrito, na forma de exibição de livros, documentos, mercadorias, bens, de
forma que o contribuinte entregue um documento mediante requisição por escrito.

A empresa tem a obrigação de apresentar ao fisco apenas os documentos solicitados por


escrito. Se a documentação solicitada permanecer na empresa não tem a necessidade de
protocolo dos documentos, neste caso, elaborar protocolo em termos gerais que está
fornecendo a documentação solicitada. (o fiscal pode alegar em seu relatório que não foi
fornecida tal documentação, porém mediante o protocolo prova-se que não é correta esta
afirmação).

A empresa não deve e não tem obrigação de entregar ao fisco qualquer documento que possa
comprometê-la, mesmo quando solicitado. O máximo que o fiscal pode fazer é glosar a
despesa e autuar a empresa. O raciocínio neste caso é o seguinte:

- se fornecer o documento que contém provas contra a empresa, esta será autuada da
mesma forma, só que uma diferença: a fiscalização anexa ao processo a prova concreta
contra a empresa comprovando o erro, fraude , etc, deixando praticamente a empresa
sem argumentos na defesa;
- ao autuar a empresa pela não apresentação da documentação e não tendo provas reais,
a empresa poderá se defender junto ao Delegado de Julgamento, ao Conselho de
Contribuintes e ainda à Câmara de Recursos Fiscais, anexando ao processo apenas as
provas que lhe aprouver, cabendo ao julgador a decisão.
- também, se houver alguma incorreção na empresa cabe ao fiscal investigar e localizar
tal situação ( e é mérito dele se achar), não cabe à empresa se auto-denunciar no processo
de fiscalização, ela tem todo o tempo para a denúncia espontânea até o início da
fiscalização;
- Exemplo: não é obrigatória a apresentação de extratos bancários à fiscalização. Caso
faça prova a favor da empresa deve ser apresentado. A fiscalização deve realizar o
trabalho em função dos documentos exigidos por lei.

O objetivo da fiscalização é achar erros, falhas na documentação da empresa, anexá-las ao


processo fiscal como provas para obter êxito em julgamentos tanto na esfera administrativa
como judicial, pois o fiscal deve comprovar ou demonstrar evidências concretas para autuar a
empresa, senão não passa de presunção, um indício de sonegação tornando a defesa com
chances de êxito.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 29

Também, vale lembrar, que existem as chamadas de presunções legais ( presunção prevista em
lei), nas quais cabe ao Contribuinte a prova em contrário. Exemplo de presunções legais,
conforme RIR/99:

a) a indicação na escrituração de saldo credor de caixa (art. 281);


b) a falta de escrituração de pagamentos efetuados (art. 281);
c) manutenção no passivo de obrigações já pagas ou cuja exigibilidade não seja
comprovada( art. 281);
d) base no valor dos recursos de caixa fornecidos à empresa por administradores, sócios da
sociedade não anônima, titular da empresa individual, ou pelo acionista controlador da
companhia, se a efetividade da entrega e a origem dos recursos não forem comprovadamente
demonstradas (art. 282);
e) falta de emissão de nota fiscal ( art. 283);
d) Depósito bancário em que o contribuinte não comprove a origem dos recursos utilizados
nessas operações ( art.287).
Essas presunções o fiscal levanta através da Contabilidade da empresa, independente da
apresentação de documentos, por isso o Contador ao escriturar a movimentação da empresa
deve ater-se a esses fatos.

ACÓRDÃO Nº 106-13167 - 6ª CÂMARA


(SESSÃO DE 29.01.2003 - DOU DE 28.04.2003)
Processo nº:11618.003970/2001-14
Recurso nº: 132.658
Matéria:IRPF - Ex(s): 1999
TRIBUTAÇÃO DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA -
PRESUNÇÃO DEOMISSÃO DE RENDIMENTOS - Para os fatos geradores ocorridos a
partir de 01.01.97, a Lei nº 9430/96, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de
rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular,
regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem
dos recursos utilizados nessas operações.
ÔNUS DA PROVA - Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele
a prova da origem dos recursos informados para acobertar seus dispêndios gerais e
aquisições de bens e direitos.
Recurso negado.

ACÓRDÃO Nº 10514120 - 5ª CÂMARA


(SESSÃO DE 11.06.2003 - DOU DE 14.08.2003)
Processo nº: 10880.0036524/90-54
Recurso nº: 131.475
Matéria: IRPJ e OUTROS - EX.: 1987
DESPESAS NÃO COMPROVADAS - GASTOS COM VIAGENS - ALEGAÇÃO DE
DESCONHECIMENTO DA LEI - As despesas operacionais apropriadas na apuração do
lucro real devem estar devidamente comprovadas e os gastos com viagens somente
poderão ser deduzidos, quando comprovada a sua necessidade e o vínculo com as
atividades exercidas pelo contribuinte, o qual não pode alegar que deixou de agir de acordo
com a legislação em vigor por desconhecer as normas tributárias.
OMISSÃO DE RECEITA - PREVENÇÃO RELATIVA - INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA -
Ao contrário do que alega o contribuinte, cabe a ele e tão somente a ele comprovar que não
houve a prática de ato que configura omissão de receita; no caso, a não comprovação da
origem e entrega efetiva dos suprimentos de numerário feitos pelos sócios.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 30

AUTUAÇÃO REFLEXA - Sendo as razões de decidir idênticas a tributação decorrente


seguirá o que for resolvido em relação à autuação principal, no caso, IRPJ. Recurso negado.
Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.

Antes de entregar qualquer documento deve ser feita uma análise detalhada do quê deve ser
disponibilizado à fiscalização. Antes mesmo da autuação é necessário estabelecer uma
estratégia de defesa, pois cada empresa sabe onde corre e onde não corre riscos (até porque a
legislação proporciona situações diferenciadas de interpretação), a própria lei define que o
empresário é aquele que assume o risco de sua atividade - lucro ou prejuízo.

Todo e qualquer prazo solicitado à fiscalização para a entrega dos documentos deve ser feito
por escrito. O fiscal não pode se recusar em conceder tal prazo, pois não pode exigir a entrega
de documentos ou outras obrigações com prazo insuficiente para o seu cumprimento. (artigo
5º e 170 da Constituição Federal de 1988), senão a empresa pode alegar cerceamento de
defesa.

ACORDÃO Nº 101-84273 - 1ª CÂMARA


SESSÃO DE 10 DE NOVEMBRO DE 1992 - DOU DE 20.06.94
IRPJ - ESCRITURAÇÃO RESUMIDA DO LIVRO DIARIO - DESDOBRAMENTO DOS
REGISTROS CONTABEIS.
Não dá causa ao arbitramento do lucro a manutenção, pela pessoa jurídica, de
escrituração resumida do livro "Diário", quando ficar comprovado: a) que não lhe foi dado
prazo razoável para proceder ao desdobramento das diversas contas; b) a contribuinte
promoveu, na fase impugnativa, discriminação das parcelas contabilizadas de forma
resumida; c) a documentação comprobatória foi colocada a disposição do Fisco; e d) não
foram apontadas falhas ou irregularidades que tornassem imprestável a escrituração
mantida pela empresa e, de conseqüência, impedisse a apuração do lucro real.
Acordam os Membros da Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por
unanimidade de votos, rejeitar a preliminar argüida e, no mérito, dar provimento ao
recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.

Quanto a documentação, vale lembrar que o fiscal possui meios alternativos de verificar se a
empresa está contabilizando corretamente suas atividades. Através de correspondências às
demais pessoas jurídicas que a empresa negocia, solicita relação de faturamento, saldos em
determinadas datas, confirma notas fiscais de despesas, etc., além de informações constantes
na DIRF, DIMOB, DIPJ, CPMF, etc. Apesar de existir o sigilo bancário, direito
constitucional, e a empresa alegá-lo na defesa, pedindo nulidade do auto de infração, a
fiscalização solicita os extratos junto às Instituições Financeiras e muitas vezes obtém êxito.
Por exemplo, a falta de lançamento do faturamento, além de ser fraude, multa agravada
-150% (§ 2º, art. 44 da Lei nº 9.430/96, com alterações do art. 14 da Medida Provisória
351/2007), convalidada pela Lei nº 11.488/2007, o fiscal pode detectar facilmente.

A divergência no levantamento de dados na fiscalização de uma empresa acabou resultando


em um auto de infração. Enquanto o departamento contábil passou uma informação para o
fiscal, o departamento de produção passou outra. Por isso, cada empresa deve eleger um único
profissional para se comunicar com o Fisco.

ACÓRDÃO Nº 102-45606 - 2ª CÂMARA


(SESSÃO DE 21.08.2002 - DOU DE 05.11.2002)

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 31

Processo nº: 10650.000325/98-04


Recurso nº: 129.076
Matéria : IRPF - EXS.: 1995 e 1996
IRPF - ATIVIDADE RURAL - DESPESAS DE CUSTEIO E INVESTIMENTOS - GLOSA -
COMPROVAÇÃO - As despesas de custeio e investimentos da atividade rural,
escrituradas em livros próprios, devem ser devidamente comprovadas e sustentadas em
documentação hábil e idônea. Não estando devidamente comprovadas, são passíveis de
glosa e não podem ser admitidas na apuração do resultado tributável da atividade rural.
Recurso parcialmente provido.
Por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso.

2.9 Condutas irregulares da autoridade fiscal

A administração fiscal, na maioria das vezes, parte do principio de que o cidadão ou pessoa
jurídica é culpado. Contrariando o princípio de que todos são inocentes até provar ao
contrário. Dessa forma, perpetuando atos de intimidação, abusos, levando funcionário de
empresa a crises nervosas, de choros incontidos, etc., um absurdo medieval. O abuso de poder
e os meios ilícitos de conseguir provas são reprováveis e devem ser veemente combatidos.

A atividade da fiscalização encontra uma série de limitações de ordem comportamental,


constantes na Constituição Federal, nos artigos 5º, 34 e 180, citamos algumas condutas
IRREGULARES do fisco:

a) Invadir o estabelecimento ou tomar posse dos bens do contribuinte, ameaçar ou intimidar.

Em alguns procedimentos a fiscalização chega abrindo arquivos, gavetas, etc. e intimidando.


É completamente ilegal e inconstitucional tal atitude, pois fere o direito à Liberdade e à
Dignidade, exceto através de mandado judicial.

O empresário ou o Contador devem recepcionar o fiscal em uma sala, receber o termo de


fiscalização, combinar as visitas e não permitir que a fiscalização em forma de abuso de poder
e infringindo a Constituição mexa em qualquer local.

b) Empreender ou formular torturas de ordem moral para obter informações

O contribuinte tem direito ao Tratamento Humano, não podendo receber torturas de ordem
moral.

c) Exigir do contribuinte o cumprimento de obrigações não previstas em Lei

O contribuinte está obrigado a fornecer somente os documentos e livros previstos na lei.

d) Violar a honra, imagem ou intimidade do contribuinte.

e) Criar dificuldades de funcionamento tanto do estabelecimento em si como do trabalho dos


funcionários e impedir a locomoção de pessoas ou funcionários do contribuinte.

f) Chamar o contribuinte de sonegador, ou dar tratamento discriminatório e difamatório pela


sua condição.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 32

g) Exigir a entrega de documentos u outra obrigações com prazo insuficiente para o seu
cumprimento.

h) Exigir documentos, controles internos, relatórios, etc., não obrigados por lei.

i) Induzir o contribuinte ao erro.

j) O Fisco pode ter acesso apenas às instalações e informações referentes ao tributo sob
fiscalização. O fiscal foi à empresa, no horário do almoço, e levou as informações do servidor
da empresa para fiscalizar, e entre as informações havia dados de desenvolvimento de
produto. Esse tipo de ato deve ser denunciado por isso. Primeiro porque ele não tem o direito
de entrar na empresa quando quer, exceto em caso de denúncia para fazer o flagrante, depois
porque dados de desenvolvimento do produto são dados de sigilo profissional. Se houver
abuso de poder, o contribuinte pode dar voz de prisão ao fiscal e pedir a substituição dele para
evitar retaliação.

l) Documentos que embasem auto de infração não podem ser obtidos por meios abusivos. Os
fiscais ao se dirigir à sede ou domicílio do contribuinte não podem utilizar de meios
vexatórios para obter os documentos, conforme artigo 991 RIR/99:

“Art. 991. É assegurado ao sujeito passivo (CF, art. 5º, inciso XXXIV):
I – o direito de petição, em defesa de direitos ou contra a ilegalidade ou abuso de poder;
II – a obtenção de certidões, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de
interesse pessoal.”

O abuso de poder é considerado infração à lei, ilícito, tendo sido abusiva a apreensão de
documentos que instruírem a exigência, tal comportamento ilícito não é admissível como
prova, conforme art. 5º, LVI, da Constituição Federal.

O fiscal está sujeito a várias normas e regras na atividade de fiscalização, caso adote um
procedimento irregular na atividade, cabe constar tal procedimento da defesa administrativa,
mediante prova testemunhal que será levada a termo (escrita) e reivindicar anulação do auto
de infração devido à má conduta do fiscal.

O Artigo 145, da Constituição Federal de 1988, também dispõe sobre o poder e o dever do
Agente Fiscal:

Art. 145, CF/88:

§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente
para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e
nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

2.10 Cuidados com os esclarecimentos e informações prestadas ao fisco

Em algumas situações, a fiscalização emite um questionário dos pontos que não foram
esclarecidos. Cabe a empresa mencionar sua versão sobre o assunto, no entanto não devem ser
dadas respostas que possam comprometer a empresa, no máximo respostas gerais ou
simplesmente não responder, não há uma obrigação legal. O Contador deve ficar atento. Eis
Acórdãos em que o uso do questionário foi utilizado como prova a favor do fisco:

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 33

ACÓDÃO Nº 108-07346 - 8º CÂMARA


(DOU DE 18.06.2003 - SESSÃO DE 16.04.2003)
Processo nº: 11080.006811/2001-87
Recurso nº: 131.587
Matéria: IRPJ e OUTROS - Anos: 1996 a 1999
OMISSÃO DO REGISTRO DE RECEITAS - MEIOS DE PROVA - A omissão de receitas,
quando a sua prova não estiver estabelecida na legislação fiscal, pode realizar-se por
todos os meios admitidos em Direito, sendo livre a convicção do julgador. Confirma a prova,
a apresentação, pelo contribuinte, de demonstrativo informando os valores omitidos, em
resposta à intimação do Fisco.

ACÓRDÃO Nº 106-13232 - 6ª CÂMARA


(SESSÃO DE 18.03.2003 - DOU DE 20.05.2003)
Processo nº: 13984.000435/2002-40
Recurso nº: 133.412
Matéria:IRPF - Ex(s): 1999 e 2000
IRPF - PRELIMINAR - LEGITIMIDADE PASSIVA - CONFISSÃO - Tendo o contribuinte
confessado como sendo sua a movimentação financeira em conta bancária em nome de
outra pessoa, o lançamento com base nos depósitos bancários, previsto no art. 42, da Lei
nº 9430/96, deve ser feito em seu nome, posto que os créditos representam, de fato,
valores relacionados com a sua pessoa e não com aquela que tinha a titularidade da conta,
mas não a movimentava efetivamente.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - Com o advento da Lei nº
9430/96, caracterizam-se também omissão de rendimentos os valores creditados em conta de
depósito ou de investimento, mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o
titular não comprove a origem dos recursos utilizados, observadas as exclusões previstas
no parágrafo 3º, do art. 42, do citado diploma legal.
Recurso negado.
Por maioria de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade do lançamento por erro de
identificação do sujeito passivo e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso.

O artigo 928, do RIR/99, estabelece: “Nenhuma pessoa física ou jurídica, contribuinte ou


não, poderá eximir-se de fornecer nos prazos marcados, as informações ou esclarecimentos
solicitados pelos órgãos da Secretaria da Receita Federal”.

O artigo 5º, LXIII da CF/88, garante ao preso o direito ao silêncio.

O STF, no recurso HC nº 68.929/SP, julgou o seguinte: (...) o privilégio contra auto-


incriminação ... traduz direito público subjetivo assegurado a qualquer pessoa, que na
condição de testemunha, de indiciado ou de réu, deva prestar depoimento, perante órgãos do
Poder Legislativo, do Poder Executivo ou do Poder Judiciário”.

No caso dos sócios da empresa, ao assinar uma prestação de informações ou esclarecimentos


dando a interpretar que o fato é sonegação fiscal, há possibilidade de serem presos por crime à
legislação tributária, motivo pelo qual não devem presta informações que poderão ser usadas
para incriminá-los.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 34

O contribuinte deve estar atento a alguns princípios básicos, como por exemplo, o direito de a
pessoa não falar para não se incriminar, senão perante o juiz para exercer o direito de defesa
(contraditório).

Em depoimentos, durante a ação fiscal, alguns fiscais ameaçam os depoentes com pena de
prisão de mentirem, quando em juízo no mesmo caso, os indivíduos serão dispensados do
compromisso de dizer a verdade. O mesmo ocorre nos questionários elaborados pela
fiscalização, nos quais o contribuinte não é obrigado a declarar algo que o comprometa, ou
simplesmente deixa em branco ou não tem nada a declarar. Isso significa que a ação fiscal tem
caráter processual e constitucional, constituindo-se em um meio de o indivíduo proteger-se
contra o arbítrio.

Dessa forma, o auto de infração que se constituir dentro de violações e abusos não poderá ser
subsistente e será nulo. Porém, de outro lado o Contribuinte não pode ser totalmente avesso às
intimações a prestar ao fisco, sob pena de ter contra si computado o agravamento de multas e
caracterizado a obstrução da Fiscalização, esta última dá legalidade a apreensão de
documentos pela fiscalização.

Portanto, o Contribuinte deve sim responder a fiscalização, mas medir todas as palavras a
serem mencionadas nos chamados questionários, explicando de forma geral ou até mesmo
omitindo uma ou outra informação, quando julgar necessário, protocolando a entrega do
documento junto ao Fiscal.

O art. 27, da Lei nº 9.784/99, determina que “o desatendimento da intimação não importa o
reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado.
Parágrafo Único: No prosseguimento do processo, será garantido direito de ampla defesa ao
interessado.”

Significa que se o contribuinte não apresentar a documentação solicitada pelo fiscalização,


poderá apresentá-la na ocasião da defesa.

ACORDÃO Nº 101-85063 - 1ª CÂMARA


SESSÃO DE 28 DE ABRIL DE 1993 - DOU DE 05.08.94
IRPJ - FALTA DE ESCLARECIMENTOS - PENALIDADE.
A multa prevista no artigo 652, parágrafo 1º do RIR/80 c/c a do artigo 9º do Decreto-lei nº
2303/86, não se aplica na hipótese de o contribuinte deixar de prestar informações no prazo
marcado, se a repartição o intima na condição de sujeito passivo, com vistas a dar inicio a
ação fiscal.
Acordam os Membros da Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por
unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que
passam a integrar o presente julgado.

2.11 Obstrução ao trabalho de fiscalização

A empresa de forma alguma deve obstruir o trabalho da fiscalização, pelo contrário, precisa
estar sempre pronta e disposta a oferecer o melhor tratamento possível, no sentido de
esclarecer, ser prestativa, demonstrar cálculos (impossível que alguma coisa não esteja certa),
lógico sem expor as partes deficitárias da empresa.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 35

De acordo com o Código Tributário Nacional o fiscal tem o dever e o poder de constituir o
crédito tributário. Ao constituir o crédito, nem o Presidente da República e nem qualquer
autoridade executiva ou legislativo têm o poder de cancelá-lo, é uma prerrogativa pessoal,
somente os julgadores administrativos ou judiciais que podem anulá-lo, depois de cumprido
todo o rito processual.

Portanto, não é aconselhável irritar, maltratar, impedir a fiscalização, querendo ou não é uma
autoridade, e deve ser tratada com toda a polidez e cordialidade, mas não esquecer que é um
“jogo” e ele vai fazer o possível para ter o êxito pelo qual é o seu objetivo ( autuar a empresa).
O Contribuinte por sua vez, tem o dever de defender sua empresa, aplicando o conhecimento
da regra legal.

Lembrando que o Contribuinte deve responder às intimações da Receita, em prazo hábil, caso
o prazo seja insuficiente para a entrega de documentos ou livros, deve ser solicitado por
escrito ao Fiscal a prorrogação do prazo (constar o prazo), o qual deverá ser protocolado pelo
Agente.

Art. 33, da Lei 9.430/96, dispõe:

¨Art. 33. A Secretaria da Receita Federal pode determinar regime especial para
cumprimento de obrigações, pelo sujeito passivo, nas seguintes hipóteses: Decreto
nº 3.724, de 10.1.2001.
I - embaraço à fiscalização, caracterizado pela negativa não justificada de
exibição de livros e documentos em que se assente a escrituração das atividades
do sujeito passivo, bem como pelo não fornecimento de informações sobre bens,
movimentação financeira, negócio ou atividade, próprios ou de terceiros, quando
intimado, e demais hipóteses que autorizam a requisição do auxílio da força pública,
nos termos do art. 200 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966;
II - resistência à fiscalização, caracterizada pela negativa de acesso ao
estabelecimento, ao domicílio fiscal ou a qualquer outro local onde se
desenvolvam as atividades do sujeito passivo, ou se encontrem bens de sua posse
ou propriedade;

Haverá agravamento de multa de ofício – 112,5% a incidir sobre eventuais exigência, nos
casos de falta de colaboração ou embaraço à Fiscalização, conforme § 2º, art. 44 da Lei nº
9.430/96, com alterações do art. 14 da Medida Provisória 351/2007), convalidada pela Lei nº
11.488/2007.

A empresa deve entregar a documentação suficiente à Fiscalização (sem expor sua parte
deficitária), deixar as portas abertas para o Fiscal, com tratamento cordial, sempre
transparecendo a boa-fé e a cooperação da empresa. Explicar, que por ordens da
administração, deve entregar documentos quando solicitado por escrito e quando entregues
protocolados.

Para evitar que o fiscal tenha acesso a documentos sigilosos da empresa, esses devem ser
guardados em locais próprios, fora da empresa. A boa-fé da empresa e o pronto atendimento à
fiscalização (solicitando prazo quando necessário) tornará uma fiscalização sem tumultos e
mais compreensiva por parte do fiscal.

Do dever de prestar informações

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 36

Os órgãos da Secretaria da Receita Federal do Brasil, e os Auditores-Fiscais da Receita


Federal do Brasil, no uso de suas atribuições legais, poderão solicitar informações e
esclarecimentos ao sujeito passivo ou a terceiros, sendo as declarações, ou a recusa em prestá-
las, lavradas pela autoridade administrativa e assinadas pelo declarante (Lei nº 2.354, de 29 de
novembro de 1954, art. 7º; Decreto-Lei nº 1.718, de 27 de novembro de 1979, art. 2º; Lei nº
5.172, de 1966 - Código Tributário Nacional, arts. 196 e 197; Lei nº 11.457, de 16 de março
de 2007, art. 10).

A obrigação a que se refere o caput não abrange a prestação de informações quanto a fatos
sobre os quais o informante esteja legalmente obrigado a observar segredo em razão de cargo,
ofício, função, ministério, atividade ou profissão (Lei nº 5.172, de 1966 - Código Tributário
Nacional, de 1966, art. 197, parágrafo único).

Base: art. 23 do Decreto 7.574/2011

2.12 Poderes da fiscalização

Os auditores fiscais têm direito ao acesso nas dependências da empresa fiscalizada e podem
proceder ao exame de livros e documentos de contabilidade do contribuinte e realizar
diligências e investigações necessárias para apurar a exatidão dos lançamentos, das
declarações, dos balanços e documentos apresentados, com propósito de verificar o
cumprimento das obrigações fiscais, conforme art. 911 do RIR/99.

Porém, como já mencionado, o exame se estende a documentos que estejam relacionados com
o exame, bem como disquetes e qualquer outro meio de gravação de informações.

Vejamos o que dispõe o RIR/99, sobre os poderes da fiscalização:

Art. 914. As repartições ou os Auditores-Fiscais do Tesouro Nacional procederão às


diligências necessárias à apuração de vacância de casas ou apartamentos, bem como dos
respectivos preços de locação, podendo exigir, quer do locador, quer do locatário, a exibição
dos contratos e recibos (Decreto-Lei nº 5.844, de 1943, art. 139, e Lei nº 2.354, de 1954, art.
7º).

Retenção de Livros e Documentos

Art. 915. Os livros e documentos poderão ser examinados fora do estabelecimento


do sujeito passivo, desde que lavrado termo escrito de retenção pela autoridade
fiscal, em que se especifiquem a quantidade, espécie, natureza e condições dos
livros e documentos retidos (Lei nº 9.430, de 1996, art. 35).
§ 1º Constituindo os livros ou documentos prova da prática de ilícito penal ou
tributário, os originais retidos não serão devolvidos, extraindo-se cópia para entrega
ao interessado (Lei nº 9.430, de 1996, art. 35, § 1º).
§ 2º Excetuado o disposto no parágrafo anterior, devem ser devolvidos os originais
dos documentos retidos para exame, mediante recibo (Lei nº 9.430, de 1996, art. 35,
§ 2º).

Lacração de Móveis, Depósitos e Arquivos

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 37

Art. 916. A autoridade fiscal encarregada de diligência ou fiscalização poderá


promover a lacração de móveis, caixas, cofres ou depósitos onde se encontram
arquivos e documentos, toda vez que ficar caracterizada a resistência ou o embaraço
à fiscalização, ou ainda, quando as circunstâncias ou a quantidade de documentos
não permitirem sua identificação e conferência no local ou no momento em que
foram encontrados (Lei nº 9.430, de 1996, art. 36).
Parágrafo único. O sujeito passivo e demais responsáveis serão previamente
notificados para acompanharem o procedimento de rompimento do lacre e
identificação dos elementos de interesse da fiscalização (Lei nº 9.430, de 1996, art.
36, parágrafo único).

Os auditores da Receita Federal têm a faculdade de examinar livros e documentos fora do


estabelecimento (art. 915), do sujeito passivo da ação fiscal. Para tanto é preciso que o fiscal
lavre termo escrito de retenção de documentos, no qual o fiscal deve especificar a quantidade,
espécie, natureza e condição dos livros e documentos retidos. No protocolo deve constar
documento por documento, não bastando a descrição “01 caixa de documentos”.

Tendo sido iniciada a ação fiscal com a apreensão de documentos, sem que tivesse sido
lavrado seu termo de início e fica o fiscal por mais de 120 (cento e vinte dias) dias, conforme
Portaria 3.007/2001, sem qualquer ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos,
mesmo sem ter devolvido os documentos, determina o encerramento da ação fiscal por força
do § 2º, do art. 7º, do Decreto 70.235/72. Porém o fiscal pratica atos em continuidade, esses
exames serão considerados reexames no mesmo exercício, sem a devida ordem escrita do
Superintendente, Delegado ou Inspetor da Receita, os quais não terão validade, conforme art.
906 RIR/99, por falta de autorização expressa.

A lei, no entanto, é clara, a extensão do exame é limitada a assuntos e documentos que tenham
relação direta ou indireta com o próprio exame.

É recomendado que o sujeito passivo não resista a uma ação da fiscalização, porém não
significa que deve ser entregue toda a documentação pedida pelo fiscal ou permitir abusos e
que os fiscais ultrapassem os limites permitidos por lei ao exame, cumprir o que está na lei.
Até porque a fiscalização tem poderes para prosseguir na execução de exame em caso de
resistência, tais como: promover a lacração de móveis, caixas, cofres ou depósitos, onde se
encontram arquivos e documentos (art. 916 RIR). No entanto, a lacração não se dá apenas por
ocorrer resistência, mas também quando as circunstâncias ou quantidade de documentos não
permitirem sua identificação e conferência no local ou no momento em que foram
encontrados.

2.13 Fiscalização Eletrônica SRF

A Receita Federal lançou a Fiscalização Eletrônica – FISCEL, onde os Créditos Tributários


controlados nesta intimação têm origem exclusivamente nas informações prestadas pelo
contribuinte por meio da DCTF. Por isso, o correto preenchimento da DCTF é essencial para
evitar o recebimento de intimações Fiscel.

Recebendo uma intimação de cobrança dos débitos da DCTF ou ciente de débitos pela
pesquisa de situação fiscal, o contribuinte deve, antes de procurar o Atendimento da SRF,
verificar se as DCTF foram corretamente preenchidas.

Se a intimação não for atendida no prazo estipulado, os débitos serão encaminhados para
inscrição em Dívida Ativa da União.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 38

Caso constate erro de preenchimento da DCTF, transmitir a retificadora no prazo estipulado


no Termo de Intimação, não sendo necessário comparecer a uma Unidade da Receita Federal

Se a Intimação não foi atendida no prazo estipulado e os débitos foram enviados à PFN,
porém esses débitos já haviam sido pagos antes do envio à Dívida Ativa da União, o
Contribuinte deve preencher o Formulário de Pedido de Revisão de Débitos Enviados à PFN,
disponível na página da SRF, juntar os documentos comprobatórios e entregar à Unidade da
SRF de sua jurisdição.

Erros freqüentes no preenchimento da DCTF


(Fonte: site da SRF)

a) Erro ao transcrever o DARF:

Conseqüência deste erro: o débito ao qual foi vinculado o DARF transcrito de forma incorreta
será cobrado integralmente, pois a vinculação prestada na DCTF não foi confirmada. Quando
existe mais de um DARF vinculado ao débito, a cobrança do débito pode ser parcial, pois
podem existir vinculações confirmadas e outras não.

Para informar o pagamento do débito na DCTF, o contribuinte deve preencher um quadro


muito semelhante ao próprio DARF. Estes campos devem ser preenchidos transcrevendo-se
fielmente os dados constantes do DARF.

a.1) Para os casos de pagamento indevido ou a maior

Deve ser colocado no campo "Valor Pago do Débito" da ficha "Pagamento", o valor do débito
que se quer liquidar. Quando não há intervenção do usuário, este campo é preenchido
automaticamente com o valor informado no campo "Valor do Principal" do Darf.

Assim, caso o Pagamento indevido ou a maior seja sido utilizado para quitar mais de um
débito, devem ser informados os dados deste pagamento e indicado manualmente no campo
"Valor Pago do Débito" o valor que se deseja liquidar do mesmo.

O valor do DARF pago a maior ou indevidamente pode ser vinculado a outro débito que se
deseja liquidar utilizando-se a ficha "Compensação Pagamento Indevido ou a Maior".

a.2) Para os casos de dois ou mais pagamentos serem utilizados para liquidar um único débito
Se na quitação do débito for utilizado mais de um DARF, todos deverão ser informados
individualmente. Ao informar na DCTF, os valores de dois ou mais DARF NÃO devem ser
somados como se um único pagamento tivesse sido realizado, mesmo que suas características
sejam as mesmas:

b) Ausência da informação do pagamento em quotas na DCTF e pagamentos efetivamente


realizados para quotas:

Conseqüência deste erro: o valor apurado do débito é cobrado integralmente, com vencimento
no último dia do mês subseqüente ao trimestre (característica de pagamento em quota única).
Poderão ser gerados acréscimos legais, caso os pagamentos sejam realizados de acordo com

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 39

as datas de vencimentos de cada quota, diferentes da data de vencimento para pagamento em


quota única.
Para pagamento em quotas deve-se assinalar o campo específico.

c) Informação incorreta quanto ao período de apuração:

Conseqüência deste erro: será cobrada multa e/ou juros, pois o vencimento constante na
intimação se refere ao período de apuração informado incorretamente pelo contribuinte.

O período de apuração (PA) define a data de vencimento do tributo. A informação incorreta do


PA levará o sistema a atribuir uma data de vencimento que diverge do PA realmente
pretendido pelo contribuinte e que será comparada com a data de arrecadação (pagamento
efetivo do DARF) para fins de cálculo de multa e/ou juros. Se for informado um PA anterior à
efetiva ocorrência do fato gerador, a data de arrecadação poderá ser posterior à data de
vencimento, e os pagamentos, desta forma, serão considerados em atraso e sujeitos à multa
e/ou juros de mora.

Neste ponto é essencial o conhecimento da legislação aplicada a cada tributo, na página da


SRF no item "Agenda tributária", o contribuinte encontrará no calendário, por dia do mês
corrente, os tributos e seus PA. Há também outras formas de acesso: basta clicar nas opções
"diário" ou "mais detalhes".

Dicas para acertar sempre: na agenda tributária, a semana começa no domingo e termina no
sábado e o mês terá tantas semanas quanto o número de sábados dentro do mês. Assim, a
"semana" de ocorrência do fato gerador (PA) poderá englobar dias de outro mês. Exemplo:
Em julho de 2004, em termos de agenda tributária, há 5 "semanas", pois os dias 03, 10, 17, 24
e 31 são sábados e pertencem ao próprio mês. Assim, o PA da primeira semana de julho
compreendeu os fatos geradores ocorridos entre 27 de junho e 03 de julho de 2004.

Verifique o calendário de junho: esse mês teve 4 "semanas", sendo que a primeira englobou os
fatos geradores ocorridos entre 30 de maio e 05 de junho, e a última, os fatos geradores
ocorridos entre 20 e 26 de junho.

d) Outros casos:

d.1) Vinculações de compensação de pagamento indevido ou a maior (Fatos geradores até o 3º


Trimestre de 2002):

O Darf relativo a pagamento indevido ou a maior aproveitado para quitar mais de um débito
deve ser informado todas as vezes em que for utilizado. Na hipótese de o contribuinte utilizar
mais de um Darf para a compensação de valor do Débito, esses devem ser informados de
forma individualizada nesta Ficha. Todos os Darf devem ser informados com as respectivas
informações de cada campo (Período de Apuração, Código da Receita, Data de Vencimento,
Valor do Principal, Multa e Juros).

O DARF deve estar dentro do prazo de 5 anos entre a data de arrecadação e a efetiva
compensação e ser do mesmo grupo de tributo.
No campo "Valor Compensado do Débito" deve-se informar o valor do débito que está sendo
compensado.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 40

d.2) Vinculações: Ficha "Outras Compensações":

Além de conferir se o tipo de crédito utilizado na compensação foi corretamente informado,


verifique cuidadosamente os demais dados: valor Compensado do Débito, Formalização do
Pedido (forma pela qual foi solicitada a compensação), dados dos processos administrativos
ou Dcomp.

d.3) Vinculações de Suspensão por medida judicial:

O contribuinte deverá comparecer à Unidade de sua jurisdição munido da documentação


comprobatória (Petição inicial; decisão judicial que houver concedido a medida liminar ou
tutela antecipada; comprovantes dos depósitos judiciais ou demonstrativos da compensação
efetuada por determinação judicial, quando for o caso; certidão narratória da ação que
suspendeu a exigibilidade do crédito tributário).

Obs: No preenchimento da DCTF os pedidos impetrados até 1996 terão 10 dígitos; após 1996,
15 dígitos

d.4) Vinculações de Parcelamento:

O número do processo e o valor parcelado devem estar idênticos aos que constam da
documentação relativa ao pedido.

d.5) Débitos duplicados na Intimação:

Conferir a existência de DCTF original e DCTF complementar com os mesmos débitos.

Débitos (IRPJ/CSLL – Trimestrais) por lançamento em quota única no trimestre e lançamento


de pagamento em quotas no trimestre subseqüente (para maiores detalhes, ver item b).

d.6) Débitos do REFIS:

Verificar, na sua conta REFIS, se os débitos foram incluídos neste parcelamento. Caso
positivo, compareça à Unidade da SRF ou PFN (conforme o caso) de sua jurisdição.

d.7) Débitos do PAES:

Os débitos abrangidos pelo Paes serão incluídos automaticamente, não havendo necessidade
da presença dos contribuintes nas unidades da SRF.

Ressaltamos, que para o Contribuinte evitar o recebimento da Cobrança Eletrônica da Receita


Federal, além de preencher corretamente a DCTF, deve verificar se os valores informados na
DIPJ, DIPF dos sócios, DIRF, DACON, DCTF estão em plena harmonia entre si. Por
exemplo:

a) Os valores informados na DACON, referente PIS e COFINS, devem “bater com os valores
informados na DCTF, os quais devem concordar com os valores informados mês a mês nas
fichas da DIPJ. Havendo divergência nessas informações, os Computadores da Receita
Federal estarão em alerta com esse contribuinte;

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 41

b) O Mesmo acontece em relação ao IRRF, declarado na DCTF, o qual é cruzado com a


DIRF;

c) O IRPJ e a CSLL informado na DCTF, será cruzado com as informações constantes na


DIPJ;

d) Assim todas as informações prestadas à Receita Federal, através de declarações, necessitam


ser conciliadas com a informação correlata, como mencionado nos exemplos acima.

2.14 Procedimentos para apreensão e guarda de documentos, livros, materiais,


equipamentos e assemelhados por auditor- fiscal do trabalho e aprova modelos de auto
de apreensão, termo de guarda e termo de devolução

SECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO - INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 89


DE 02.02.2011

D.O.U.: 03.03.2011

Estabelece procedimentos para apreensão e guarda de documentos, livros, materiais,


equipamentos e assemelhados por Auditor- Fiscal do Trabalho e aprova modelos de Auto de
Apreensão, Termo de Guarda e Termo de Devolução e revoga a Instrução Normativa de 27 de
fevereiro de 2002.

A SECRETÁRIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO, no exercício da competência prevista no


inciso XIII do art. 14 do Anexo I do Decreto nº 5.063, de 3 de maio de 2004, e em face do
disposto no inciso VI do art. 11 da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002, e nos incisos
VII, XII e XX do art. 18 do Decreto nº 4.552, de 6 de dezembro de 2002, que aprovou o
Regulamento da Inspeção do Trabalho, resolve:

Art. 1º - Estabelecer os procedimentos para a apreensão, guarda e devolução de materiais,


livros, papéis, arquivos, documentos e assemelhados de empregadores por Auditor-Fiscal do
Trabalho - AFT.

§ 1º - A apreensão tem por finalidade a verificação e constituição de prova material de


fraudes, irregularidades e indícios de crime, ou a análise e instrução de processos
administrativos, nas hipóteses em que o acesso ou a posse do empregador possa prejudicar a
apuração das irregularidades ou o objeto seja indício de crime.

§ 2º - Consideram-se assemelhados e passíveis de apreensão, quaisquer que sejam o seu


conteúdo, os objetos físicos, documentos e arquivos constantes de dispositivos móveis de
armazenamento de dados, por meios magnéticos ou eletrônicos, mídias, discos rígidos de
computadores e seus respectivos gabinetes, substâncias, rótulos, fitas, urnas e outros que, a
critério do Auditor-Fiscal do Trabalho, sejam necessários à apuração da irregularidade.

§ 3º - A apuração poderá ser feita por meio do exame da contabilidade da empresa conforme
disposto no inciso VI do art. 11 da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002, conjugado com
os arts.190 e 193 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que institui o Código Civil.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 42

Art. 2º - A apreensão pode ser determinada em Ordem de Serviço emitida pela chefia imediata
ou por ação imediata do Auditor- Fiscal do Trabalho e deve constar de Auto de Apreensão e
Guarda, conforme modelo previsto no Anexo I e de relatório circunstanciado, em que devem
ser descritos os motivos da apreensão e outras informações julgadas necessárias.

Art. 3º - O Auto de Apreensão e Guarda a ser lavrado pelo Auditor-Fiscal do Trabalho em


cada apreensão, que deve conter, no mínimo:

I - nome ou razão social, endereço e nº do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ, do


Cadastro de Pessoa Física - CPF ou Cadastro de Específico do INSS - CEI do autuado;

II - local, data e hora da apreensão e lavratura do auto;

III - descrição dos objetos apreendidos, com indicação de suas características aparentes;

IV - indicação das irregularidades, motivos ou indícios de irregularidades que ensejaram a


apreensão;

V - identificação e assinatura do Auditor-Fiscal do Trabalho autuante;

VI - assinatura e identificação do autuado;

VII - endereço da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, da Gerência Regional


do Trabalho e Emprego ou da Agência Regional do Trabalho em que os objetos apreendidos
ficarão depositados; e

VIII - informação de que o autuado poderá solicitar, por escrito, cópias dos documentos
apreendidos, que serão fornecidos contra recibo.

§ 1º - O Auto de Apreensão e Guarda deve ser emitido em três vias, sendo a primeira via para
dar início ao processo administrativo previsto no art. 6º, a segunda via para ser entregue ao
autuado e a terceira via para controle do Auditor-Fiscal do Trabalho autuante.

§ 2º - Os documentos apreendidos devem ser visados e datados, exceto os livros oficiais.

§ 3º - O Auditor Fiscal do Trabalho poderá promover o lacre de gavetas, armários e arquivos,


bem como de quaisquer volumes que sirvam para a guarda dos objetos, quando não for
possível removê-los ou encerrar o levantamento para apreensão naquela visita fiscal.

Art. 4º - A primeira via do Auto de Apreensão e Guarda deve ser entregue pelo Auditor-Fiscal
do Trabalho à chefia imediata, juntamente com os materiais, livros, papéis, arquivos,
documentos e assemelhados apreendidos.

Art. 5º - Cabe à chefia imediata a responsabilidade pela guarda, proteção e conservação dos
materiais, livros, papéis, arquivos, documentos e assemelhados que lhe forem entregues,
devendo ser lavrado, na ocasião do recebimento, o Termo de Recebimento e Guarda previsto
no Anexo II desta Portaria.

Parágrafo único - O Termo de Recebimento e Guarda deve ser lavrado em três vias, sendo a
primeira para instrução do processo administrativo previsto no art. 6º, a segunda via para o

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 43

Auditor-Fiscal do Trabalho que lavrou o Auto de Apreensão e Guarda e entregou os materiais,


livros, papéis, arquivos, documentos e assemelhados apreendidos, e a terceira para controle da
chefia imediata.

Art. 6º - O Auto de Apreensão e Guarda deve ser protocolizado para formação de processo
administrativo, em que devem ser juntados o Termo de Recebimento e Guarda e cópia de
todas as ocorrências referentes ao procedimento de apreensão, inclusive da ordem de serviço,
dos autos de infração e termos lavrados.

Parágrafo único - É facultado ao autuado o recebimento, mediante recibo, de cópia de todo o


processo administrativo e dos documentos apreendidos, desde que a solicite por escrito,
devendo a solicitação e o recibo ser anexados ao processo.

Art. 7º - A ação fiscal será reiniciada pelo Auditor-Fiscal do Trabalho autuante no prazo
máximo de trinta dias contados da data de lavratura do Auto de Apreensão, que pode ser
prorrogado por mais trinta dias, a critério da chefia imediata.

§ 1º - Quando houver lacre previsto no § 3º do art. 3º, a ação fiscal deve ser reiniciada no
prazo máximo de setenta e duas horas a partir da efetivação do lacre, cuja abertura será
efetuada pelo Auditor- Fiscal do Trabalho autuante, podendo dela participar o autuado, seu
representante legal ou preposto, devidamente identificados e munidos de mandato.

§ 2º - Para reinício da ação fiscal ou exame dos materiais, livros, papéis, arquivos,
documentos e assemelhados apreendidos, o Auditor-Fiscal do Trabalho deve solicitá-los à
chefia imediata, e recebê- los por meio de Termo de Recebimento e Guarda.

Art. 8º - O exame dos materiais, livros, papéis, arquivos, documentos e assemelhados


apreendidos deve ser feito pelo Auditor- Fiscal do Trabalho nas dependências da
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, da Gerência Regional do Trabalho e
Emprego ou da Agência Regional do Trabalho em que estejam depositados.

§ 1º - Caso entenda necessário para seu exame, o Auditor- Fiscal do Trabalho pode solicitar à
chefia imediata diligências, laudos técnicos e periciais, elaborados pelas autoridades
competentes, inclusive a degravação de arquivos magnéticos.

§ 2º - Os materiais, livros, papéis, arquivos, documentos e assemelhados examinados e


considerados desnecessários para instrução de processo administrativo ou comunicação às
autoridades competentes devem ser devolvidos ao autuado em no máximo setenta e duas
horas após o exame.

Art. 9º - Após o encerramento da ação fiscal, devem ser tomadas as seguintes providências
quanto aos materiais, livros, papéis, arquivos, documentos e assemelhados examinados:

I - havendo constatação de indícios de crime, cabe à chefia responsável pela sua guarda
encaminhá-los às autoridades competentes para as providências que julgarem necessárias, por
meio de ofício, cuja cópia deve ser anexada ao processo administrativo; e

II - deve ser providenciada, no prazo máximo de noventa dias da lavratura do Auto de


Apreensão e Guarda ou setenta e duas horas após o encerramento da ação fiscal, a devolução

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 44

ao autuado dos documentos que não foram encaminhados na forma § 2º do art. 8º ou do inciso
I deste artigo.

§ 1º - Para a devolução prevista no inciso II do caput, o autuado deve ser notificado via postal,
com anexação do Aviso de Recebimento - AR ao processo administrativo, para
comparecimento na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, na Gerência Regional
do Trabalho e Emprego ou na Agência Regional do Trabalho em que se encontram os
materiais, livros, papéis, arquivos, documentos e assemelhados apreendidos.

§ 2º - A devolução a que se refere no inciso II do caput deve ser efetuada por meio do Termo
de Devolução previsto no Anexo III, a ser assinado pelo Auditor-Fiscal do Trabalho, pela
chefia imediata e pelo autuado, seu representante legal ou preposto.

§ 3º - Em caso de não comparecimento do autuado, os materiais, livros, papéis, arquivos,


documentos e assemelhados devem lhe ser encaminhados via postal, no prazo de dez dias do
recebimento da notificação, com anexação do Aviso de Recebimento ao processo
administrativo.

§ 4º - O processo administrativo deve ser arquivado após o encerramento da ação fiscal e dos
procedimentos previstos neste artigo.

Art. 10 - A constatação de rompimento do lacre pelo autuado ou seu representante, sem


autorização escrita do Auditor-Fiscal do Trabalho autuante, deve ser comunicada às
autoridades competentes para apuração de crime.

Art. 11 - Os empregadores que utilizam sistemas eletrônicos de dados para registro dos fatos
relacionados ao cumprimento da legislação trabalhista e fazendária devem manter os
respectivos arquivos digitais e sistemas à disposição da fiscalização do trabalho nos prazos
previstos na legislação, observada a prescrição trintenária relativa ao Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço - FGTS.

Art. 12 - Revoga-se a Instrução Normativa nº 28, de 27 de fevereiro de 2002.

Art. 13 - Esta instrução entra em vigor na data de sua publicação.

VERA LÚCIA RIBEIRO DE ALBUQUERQUE

ANEXO I

AUTO DE APREENSÃO E GUARDA

ANEXO II

TERMO DE RECEBIMENTO E GUARDA

ANEXO III

TERMO DE DEVOLUÇÃO

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 45

CONCLUSÕES SOBRE A AÇÃO FISCAL

Enfim, a ação fiscal deve ser efetuada dentro do mais estrito respeito às garantias individuais
e ao amplo direito de defesa ao contribuinte, dando-se início através de termo escrito e
lavrado por agente fiscal, chamado de Mandado de Procedimento Fiscal – MPF, e contendo o
objetivo e o propósito da ação desenvolvida para verificar a exatidão do recolhimento dos
impostos. O qual retira do contribuinte a espontaneidade de denunciar as irregularidades
existentes (denúncia espontânea), bem como o processo de Consulta torna-se ineficaz.

O Mandado de Procedimento Fiscal – MPF, entrou em vigor através da Portaria SRF


3.007/01, alterada pelas Portarias 1.432/03 e 1468/03 e deverá ser emitido sempre que for
necessária a instauração de procedimento de fiscalização. Foi criado com o objetivo de
proporcionar maior transparência a atuação do Fisco, dá ciência ao Contribuinte de como se
procederá a fiscalização: tributo, exercícios abrangidos, duração da fiscalização, auditores
encarregados, matéria a ser fiscalizada, prorrogações. Na ciência do Contribuinte é fornecida
senha para o acompanhamento do MPF via internet.

Ao contribuinte deve ser dada ciência precisa do objeto e propósito da ação contra si iniciada,
pois o contribuinte poderá retificar as declarações e renda e fazer a denúncia espontânea do
assunto que não é objeto da ação fiscal. Nesse sentido dispõe o Parecer CST nº 2.716/84: “O
Ato que determinar o início do procedimento fiscal exclui a espontaneidade do contribuinte
somente em relação ao tributo, ao período e à matéria nele expressamente inseridos”.

Por exemplo: O objeto da fiscalização é o Pis e a Cofins, o contribuinte poderá retificar sua
Declaração de Renda no tocante ao IRPJ e a CSLL e eventualmente outros tributos e efetuar a
Denúncia Espontânea. O nosso entendimento é o de que não caberá multa de mora (20%) por
denúncia espontânea, havendo apenas a incidência de juros de mora (SELIC) sobre o
principal, porém se for realizado parcelamento perante a Receita Federal, está exigirá o
principal + multas + juros.

O artigo 138 do CTN dispõe que a responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da
infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou
do depósito de importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do
tributo dependa de apuração.

Porém, o entendimento da Receita Federal é o de que exclui apenas a multa de ofício, sendo
devida a Multa de Mora, o art. 138 do CTN, é claro quando menciona que são devidos o
tributo e os juros de mora. Várias são as decisões do Conselho de Contribuintes sobre a
inexistência de multas, as quais estarem citando neste trabalho.

Lembrando, ainda, que o Contribuinte terá 20 dias, após a ciência do MPF para recolher os
tributos já declarados, conforme art. 47, da Lei 9.430/96, alterada pelo art. 70 da Lei 9.532/97.

Exemplo: tributos declarados na DCTF e não recolhidos. Caso não sido exercido esta opção,
caberá multa de ofício de 75%, sobre o valor principal do tributo declarado e não recolhido.
Esta é a interpretação da Receita Federal do art. 44, da Lei 9.430/96 – é um absurdo cobrar
multa de ofício sobre tributo declarado na DCTF e não recolhido, pois a Receita Federal pode
lançar os valores declarados na DCTF em Dívida Ativa, bem como o não pagamento por
incapacidade financeira do Contribuinte não pode ser apenada, pelo fato de não constituir ato

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 46

ilícito (exceto tributos retidos na fonte): é mais uma forma do ¨Leão¨ oprimir e coagir os
contribuintes a pagar pela força.

Outro fato importante sobre a ciência do objeto da fiscalização é a Súmula 439 do STF, a qual
esclarece que o poder de inspeção que os órgãos fiscalizadores possuem é restrito ao
propósito da investigação e não assume caráter de devassa.

SÚMULA Nº 439 DO STF:

ESTÃO SUJEITOS A FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA OU PREVIDENCIÁRIA


QUAISQUER LIVROS COMERCIAIS, LIMITADO O EXAME AOS PONTOS OBJETO
DA INVESTIGAÇÃO.

O contribuinte é dono do direito de ter contra si declinados todos os pontos de uma


investigação que paire sobre si e resguardados os seus direitos individuais, por isso sendo
limitados os poderes conferidos aos fiscais pelas normas de direito. Não há maior dano do
que o dano aos direitos individuais, o qual não se entende somente por direito à integridade
física, pois a violação do direito por arbítrio, a apreensão de documentos, a invasão abrupta,
sem declinação de motivos e a provocação do pânico são superiores à própria dor física. Tais
atitudes constituem crime e sujeitam a Fazenda e seus agentes, nas suas pessoas físicas, a
indenizar danos materiais e morais.

Toda apreensão deve ser precedida de um termo que mostre os propósitos do exame e a
apreensão, acompanhada de um termo escrito com a discriminação detalhada documento por
documento, não importando que sejam centenas e centenas os documentos. O Fisco pode
apreender o que é indispensável e não apreender tudo, para ver o indispensável. Abusa do
poder de apreensão o fiscal que, para sua comodidade, apreende para ver, posteriormente, a
indispensabilidade de documento ou cousa.

A fiscalização deve fazer apenas um exame, a realização de outro exame sobre o mesmo
exercício pode ser feita somente mediante autorização por escrito do Superintendente da
Receita Federal, isto para evitar perseguições e corrupções. Deve existir controle rigoroso de
documentos apreendidos pelo fisco, o contribuinte deve estar junto para selecionar e conferir,
para evitar que algum agente do fisco coloque papéis não existente na ocasião e que
incriminarão a empresa.

Encerrada a ação fiscal, o Auditor efetua um relatório que se denomina “Relatório de Trabalho
Fiscal”. No qual descreverá todas as circunstâncias da ação fiscal, bem como a conclusão a
que se chegou com os trabalhos, onde lavrará um termo de encerramento de ação fiscal ou um
auto de lançamento ou auto de infração. Do auto de infração notificará o sujeito passivo para
que possa apresentar defesa (impugnação) no prazo de trinta dias. No momento em que o
sujeito passivo impugnar o auto de infração, estará instaurando o processo administrativo–
fiscal.

3. FASES DO PROCESSO DE IMPUGNAÇÃO FISCAL

Acabando o processo de fiscalização, o fiscal emitirá um termo de encerramento de


fiscalização mencionando que não encontrou irregularidades na empresa ou emitirá um
AUTO DE INFRAÇÃO, cobrando os tributos que julga serem devidos. A partir do momento
da lavratura do auto de infração, a empresa deve efetuar a defesa administrativa de fato e de

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 47

direito, anexando provas com o objetivo de reverter a cobrança dos tributos. O processo de
defesa(impugnação) administrativa pode ser elaborado pelo Contador ou outro profissional,
não havendo a exigência de um profissional específico.

O processo administrativo/fiscal de defesa na Receita Federal obedece ao seguinte trâmite:

3.1 1ª INSTÂNCIA – DELEGIA DA RECEITA FEDERAL DE JULGAMENTO

O contribuinte no prazo de 30 dias, do recebimento do Auto de Infração faz a impugnação


(defesa) do auto de infração e encaminha ao DELEGADO julgador DA RECEITA
FEDERAL no Domicílio de sua empresa, o qual, por sua fez, faz o julgamento e profere a
chamada DECISÃO DE 1º INSTÂNCIA. Essa decisão pode extinguir totalmente, manter
parte ou a totalidade dos tributos reclamados no auto de infração. Sendo a decisão
desfavorável ao contribuinte, este tem 30 dias da ciência da decisão para recorrer à 2ª
INSTÃNCIA, no entanto caso a decisão seja desfavorável ao fisco , e se tratando de valores
relevantes (valores iguais ou superiores a R$ 500.000,00), a própria autoridade julgadora
recorre à 2º INSTÃNCIA.

Funcionamento dos julgamentos de 1ª Instância

- O julgamento dos processos administrativos fiscais, em primeira instância, compete às


Delegacias da Receita Federal de Julgamento, órgãos de deliberação interna e natureza
colegiada;

- A jurisdição das Delegacias de Julgamento é, em regra, fixada por critérios materiais e


territoriais;

- Constituídas por turmas de julgamento - cada uma com cinco julgadores. A Portaria SRF
2.403/01 define o número de turmas de julgamento por delegacia e suas especializações por
matéria;

- Cada Turma de julgamento é dirigida por um presidente nomeado entre os seus integrantes;

- O Delegado de Julgamento, titular da respectiva Delegacia, exerce função de julgador e


obrigatoriamente preside a Turma da qual participa;

- Em seus julgamentos, o julgador deve observar: a) disposição no art. 116, III, da Lei nº
8.112/90, referente às normas legais e regulamentares; b) o entendimento da SRF expresso
em atos tributários e aduaneiros ( O julgador de 1ª Instância é obrigado a observar os atos
normativos da Receita Federal, mesmo existindo no judiciário jurisprudência pacífica sobre o
assunto julgado, porém o Contribuinte não deve deixar de argumentá-los, pois serão
obrigatoriamente analisados, essas alegações serão importantes no Conselho de Contribuintes
que é autônomo neste sentido. A argumentação deve ser feita em 1ª Instância, devido ao fato
de que inovações não podem ser levantadas na 2ª Instância, só se argüidas na impugnação);

- Os julgadores estão impedidos de participar do julgamento de processos em que tenham:


participado de ação fiscal, cônjuge ou parentes, consangüíneos ou afins, até terceiro grau,
inclusive interessados no litígio;

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 48

- O artigo 20 da Lei 9.784/99, determina que: pode ser argüida a suspeição de autoridade ou
servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com
os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até terceiro grau. ( suspeição é
desconfiança, suspeita, dúvida);

-As sessões de julgamento serão fechadas, não se permitindo a participação de outras pessoas
que não sejam os próprios julgadores, sendo realizadas até três sessões de julgamento,
semanalmente, com duração de quadro horas cada;

- O art.13, da Lei 9.784/99, no seu inciso II, estabelece que não podem ser objeto de
delegação a decisão de recursos administrativos (só os julgadores podem julgar, qualquer
delegação de competência nessa hipótese, pode ser declarado nulo o ato).

- A constituição das turmas das Delegacias da Receita Federal de Julgamento (DRJ) e o seu
funcionamento, a partir de 17.03.2006, constam na PORTARIA Nº 58, DE 17/03/2006.

As Delegacias de julgamento são:

Anexo V – Portaria 259/01 e alterações pela Portaria SRF 3.022/01 – Regimento Interno da
SRF

REGIÃO FISCAL DELEGACIAS DE JULGAMENTO

1ª Brasília - DF
Campo Grande - MS
2ª Belém – PA
3ª Fortaleza – CE
4ª Recife – PE
5ª Salvador – BA
6ª Belo Horizonte –MG
Juiz de Fora – MG
7ª Rio de Janeiro I – RJ

Rio de Janeiro II – RJ I –

a Delegacia Especial de Instituições Financeiras (Deinf) no Rio de


Janeiro (RJ) fica transformada em Delegacia Especial de Maiores
Contribuintes (Demac) no Rio de Janeiro (RJ);

II - a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração


Tributária (Derat) no Rio de Janeiro (RJ) fica transformada em
Delegacia da Receita Federal do Brasil (DRF) no Rio de Janeiro I
(RJI); e

III - a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Fiscalização (Defis)


no Rio de Janeiro (RJ) fica transformada em Delegacia da Receita
Federal do Brasil (DRF) no Rio de Janeiro II (RJII).

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 49

Portaria RFB nº 547, de 9 de abril de 2010

8ª São Paulo I – SP
São Paulo II – SP
Campinas – SP
Ribeirão Preto – SP
Transformar a Delegacia Especial de Assuntos Internacionais (Deain)
em São Paulo (SP) em Delegacia Especial de Maiores Contribuintes
(Demac) em São Paulo (SP). Portaria RFB nº 547, de 9 de abril de 2010

9ª Curitiba – Pr
Florianópolis – SC
10ª Porto Alegre – RS
Santa Maria - RS

A relação das Delegacias da Receita Federal de Julgamento e a respectiva matéria tributária a


que cada uma compete o julgamento, constam do ANEXO V - da Portaria SRF 1.005, de
25.04.2005

3.2 2ª INSTÂNCIA – CONSELHO DE CONTRIBUINTES (a partir de 04.12.2008 -


Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF)

A partir de 04.12.2008, o art. 43 da MP 449/2008, convalidada com alterações pela Lei


11.941/2009, UNIFICOU o Primeiro, o Segundo e o Terceiro Conselho de Contribuintes do
Ministério da Fazenda, bem como a Câmara Superior de Recursos Fiscais, em um órgão,
denominado Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, colegiado, paritário, integrante
da estrutura do Ministério da Fazenda, com competência para julgar recursos de ofício e
voluntários de decisão de primeira instância, bem como recursos especiais, sobre a
aplicação da legislação referente a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal
do Brasil.

Dessa forma, conforme art. 43 e 44 da MP 449/2008, convalidada com alterações pela Lei
11.941/2009, ficam transferidas para o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, as
atribuições e competências do Primeiro, Segundo e Terceiro Conselhos de Contribuintes do
Ministério da Fazenda e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, e suas respectivas câmaras
e turmas, observado o seguinte:

 O Ministro de Estado da Fazenda expedirá, no prazo de cento e oitenta dias da


edição dessa Medida Provisória (03.12.2008), o regimento interno do Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais. A Portaria MF 256/2009 de 22.06.2009 -
Aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais
(CARF) e dá outras providências.

Assim, a COMPOSIÇÃO JUDICANTE DO CARF:

1. Três Seções, compostas por 4 (quatro) Câmaras cada, estas integradas por turmas ordinárias
e especiais.

2. Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), formada por 3 (três) turmas.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 50

3. Pleno da CSRF.

Base: artigos 2º do Anexo I, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos


Fiscais, aprovado pela Portaria MF 256/2009 de 22.06.2009.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

No caso em que a decisão do Delegado (1ª Instância) for desfavorável ao contribuinte, este
tem 30 dias da data de ciência da decisão, para recorrer com petição a ser encaminhada ao
Conselho de Contribuintes (1º, 2º e 3º Conselhos, conforme competência da matéria), a
partir de 04.12.2008, alterado para Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. O
Conselho de Contribuintes (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais*) profere a
chamada DECISÃO DE 2ª INSTÂNCIA.
*Alteração pelo art. 43 da MP 449/2008, convalidada com alterações pela Lei 11.941/2009

Se a decisão for contrária ao Contribuinte, poderá recorrer à 3ª INSTÂNCIA, desde que tenha
decisões contrárias sobre o mesmo assunto no próprio Conselho de Contribuintes (Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais*) e na 3º Instância ou que o Contribuinte teve êxito na
1ª INSTÂNCIA e perdeu no Conselho de Contribuintes.

No caso de decisão unânime (todos os votos dos julgadores) do Conselho de Contribuintes -


(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais*) contra o fisco (a favor da empresa) não
poderá o fisco recorrer a 3ª Instância (sendo extinto de vez o auto de infração).

Observação: A petição encaminhada ao Conselho de Contribuintes (Conselho


Administrativo de Recursos Fiscais*) poderá ser entregue na Receita Federal de domicílio
da empresa, no entanto o julgamento é realizado em Brasília-DF e as decisões devem ser
acompanhadas pelo Diário Oficial da União ou via internet, pois nesta fase o Contribuinte não
recebe o comunicado da decisão em seu endereço.

3.2.1 Composição do Conselho de Contribuintes (Conselho Administrativo de Recursos


Fiscais*)

O Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes (RICC), constante Portaria MF


147/2007, vigora até 30.06.2009. A partir de 01.07.2009, a Portaria MF 256/2009 de
22.06.2009, aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais
(CARF).

DAS SEÇÕES DE JULGAMENTO DO CARF – 2ª INSTÂNCIA (antigo Conselho de


Contribuintes)

Compete aos órgãos julgadores do CARF o julgamento de recursos de ofício e voluntários de


decisão de primeira instância, bem como os recursos de natureza especial, que versem sobre
tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.

O CARF – 2ª Instância é composto por três Seções, compostas por 4 (quatro) Câmaras cada,
estas integradas por turmas ordinárias e especiais, a saber:

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 51

a) Primeira Seção do CARF

À Primeira Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de


primeira instância que versem sobre aplicação da legislação de:

I - Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ);

II - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);

III - Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), quando se tratar de antecipação do IRPJ;

IV - demais tributos, quando procedimentos conexos, decorrentes ou reflexos, assim


compreendidos os referentes às exigências que estejam lastreadas em fatos cuja apuração
serviu para configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ;

V - exclusão, inclusão e exigência de tributos decorrentes da aplicação da legislação referente


ao Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das
Empresas de Pequeno Porte (SIMPLES) e ao tratamento diferenciado e favorecido a ser
dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na apuração e recolhimento dos impostos e
contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante regime
único de arrecadação (SIMPLES-Nacional);

VI - penalidades pelo descumprimento de obrigações acessórias pelas pessoas jurídicas,


relativamente aos tributos de que trata este artigo; e

VII - tributos, empréstimos compulsórios e matéria correlata não incluídos na competência


julgadora das demais Seções.

Base: artigos 2º do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos


Fiscais, aprovado pela Portaria MF 256/2009 de 22.06.2009.

b) Segunda Seção do CARF

À Segunda Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de


primeira instância que versem sobre aplicação da legislação de:

I - Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF);

II - Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF);

III - Imposto Territorial Rural (ITR);

IV - Contribuições Previdenciárias, inclusive as instituídas a título de substituição e as


devidas a terceiros, definidas no art. 3º da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007; e

V - penalidades pelo descumprimento de obrigações acessórias pelas pessoas físicas e


jurídicas, relativamente aos tributos de que trata este artigo.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 52

Base: artigos 3º do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos


Fiscais, aprovado pela Portaria MF 256/2009 de 22.06.2009.

c) Terceira Seção do CARF

À Terceira Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de


primeira instância que versem sobre aplicação da legislação de:

I - Contribuição para o PIS/PASEP e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social


(COFINS), inclusive as incidentes na importação de bens e serviços;

II - Contribuição para o Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL);

III - Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);

IV - Crédito Presumido de IPI para ressarcimento da Contribuição para o PIS/PASEP e da


COFINS;

V - Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF);

VI - Imposto Provisório sobre a Movimentação Financeira (IPMF);

VII - Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro e sobre Operações relativas a
Títulos e Valores Mobiliários (IOF);

VIII - Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE);

IX - Imposto sobre a Importação (II);

X - Imposto sobre a Exportação (IE);

XI - contribuições, taxas e infrações cambiais e administrativas relacionadas com a


importação e a exportação;

XII - classificação tarifária de mercadorias;

XIII - isenção, redução e suspensão de tributos incidentes na importação e na exportação;

XIV - vistoria aduaneira, dano ou avaria, falta ou extravio de mercadoria;

XV - omissão, incorreção, falta de manifesto ou documento equivalente, bem como falta de


volume manifestado;

XVI - infração relativa à fatura comercial e a outros documentos exigidos na importação e na


exportação;

XVII - trânsito aduaneiro e demais regimes aduaneiros especiais, e dos regimes aplicados em
áreas especiais, salvo a hipótese prevista no inciso XVII do art. 105 do Decreto-Lei nº 37, de
18 de novembro de 1966;

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 53

XVIII - remessa postal internacional, salvo as hipóteses previstas nos incisos XV e XVI, do
art. 105, do Decreto-Lei nº 37, de 1966;

XIX - valor aduaneiro;

XX - bagagem; e

XXI - penalidades pelo descumprimento de obrigações acessórias pelas pessoas físicas e


jurídicas, relativamente aos tributos de que trata este artigo.

Cabe, ainda, à Terceira Seção processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de
primeira instância relativos aos lançamentos decorrentes do descumprimento de normas
antidumping ou de medidas compensatórias.

Base: artigos 4º do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos


Fiscais, aprovado pela Portaria MF 256/2009 de 22.06.2009.

3.2.2 Outras disposições

Por proposta do Presidente do CARF, o Pleno da CSRF poderá, temporariamente, estender a


especialização estabelecida para outra Seção de julgamento, visando à adequação do acervo e
à celeridade de sua tramitação.

O disposto no caput aplica-se, exclusivamente, aos processos ainda não distribuídos às


Câmaras.

Verificada a existência de processos pendentes de julgamento, nos quais os lançamentos


tenham sido efetuados com base nos mesmos fatos, inclusive no caso de sujeitos passivos
distintos, os processos poderão ser distribuídos para julgamento na Câmara para a qual houver
sido distribuído o primeiro processo.

3.2.3 Compensação, ressarcimento, restituição e reembolso, isenção e imunidade


tributária

Incluem-se na competência das Seções os recursos interpostos em processos administrativos


de compensação, ressarcimento, restituição e reembolso, bem como de reconhecimento de
isenção ou de imunidade tributária.

A competência para o julgamento de recurso em processo administrativo de compensação é


definida pelo crédito alegado, inclusive quando houver lançamento de crédito tributário de
matéria que se inclua na especialização de outra Câmara ou Seção.

Os recursos interpostos em processos administrativos de cancelamento ou de suspensão de


isenção ou de imunidade tributária, dos quais não tenha decorrido a lavratura de auto de
infração, inclui-se na competência da Segunda Seção.

A competência das turmas especiais é restrita ao julgamento de recursos em processos que


envolvam valores reduzidos. Parágrafo único. Ato do Ministro de Estado da Fazenda definirá
o limite de alçada de julgamento pelas turmas especiais.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 54

3.2.4 Considerações Gerais sobre a composição do Conselho Administrativo de Recursos


Fiscais - CARF

Da Composição, Designação e Direção

As Seções são compostas, cada uma, por 4 (quatro) Câmaras.

As Câmaras são divididas em turmas ordinárias e turmas especiais de julgamento.

Cada turma ordinária ou especial é integrada por 6 (seis) conselheiros titulares, sendo 3 (três)
representantes da Fazenda Nacional e 3 (três) representantes dos contribuintes.

Cada Câmara contará com substituto de conselheiros, designado dentre os suplentes de ambas
representações, que não esteja no exercício de mandato pro tempore em turma especial.

a) Os suplentes de que trata o caput serão convocados para as reuniões de


julgamento das turmas ordinárias e especiais e comporão os colegiados nas
ausências eventuais dos conselheiros de mesma representação.

b) O suplente que estiver na condição de substituto de conselheiro de uma Câmara


poderá atuar em qualquer das turmas das Câmaras da mesma Seção.

Aos suplentes compete as atribuições do substituído, bem como, proceder a análise da


admissibilidade de recursos especiais e de embargos de declaração para decisão do Presidente.

As turmas da CSRF são constituídas pelo presidente e vice-presidente do CARF e pelos


presidentes e vice-presidentes das Câmaras da respectiva Seção.

O Pleno da CSRF, composto pelo presidente e vice-presidente do CARF e pelos demais


membros das turmas da CSRF, reunir-se-á quando convocado pelo Presidente do CARF para
deliberar sobre matéria previamente indicada.

a) Na hipótese de ausência de conselheiro titular do Pleno, bem como das turmas


superiores, será convocado para substituí-lo conselheiro da Câmara de origem do
conselheiro ausente, observada a representação paritária e a ordem de assento.

b) Excepcionalmente, para fins de cumprimento do disposto no acima, poderá ser


convocado conselheiro titular de outra Câmara.

Da Designação

A escolha de conselheiro representante da Fazenda Nacional recairá dentre os nomes


constantes de lista tríplice elaborada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, e a de
conselheiro representante dos contribuintes recairá dentre os nomes constantes de lista
tríplice elaborada pelas confederações representativas de categorias econômicas de nível
nacional e pelas centrais sindicais.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 55

a) As centrais sindicais, com base no art. 29 da Lei nº 11.457, de 16 de março de


2007, indicarão conselheiros, representantes dos trabalhadores, para compor as
turmas de julgamento das Câmaras com atribuição de julgamento de recursos que
versem sobre contribuições previdenciárias elencadas no inciso IV do art. 3º do
Regimento.

b) Ato do Ministro de Estado da Fazenda definirá a distribuição proporcional de


vagas de conselheiros representantes dos contribuintes dentre as entidades de que
trata o caput, bem como a ordem em que se dará a participação de cada uma delas
nas referidas indicações.

A indicação de candidatos a conselheiro, recairá:

I - no caso de representantes da Fazenda Nacional, sobre Auditores-Fiscais da Receita Federal


do Brasil, em exercício no cargo há pelo menos 5 (cinco) anos;

II - no caso de representantes dos contribuintes, sobre brasileiros natos ou naturalizados, com


notório conhecimento técnico, registro no respectivo órgão de classe há, no mínimo, 5 (cinco)
anos e efetivo e comprovado exercício de atividades que demandem conhecimento nas áreas
de direito tributário, de processo administrativo fiscal, de tributos federais e de contabilidade.

a) Os documentos comprobatórios dos requisitos estabelecidos nos incisos I e II e o


currículo profissional dos candidatos à vaga de conselheiro deverão acompanhar a lista
tríplice de indicação dos candidatos.

b) Os indicados deverão manifestar expressamente sua integral concordância com a


indicação, bem como o pleno conhecimento do Regimento Interno do Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais e disponibilidade para relatar e participar das
sessões de julgamento e das demais atividades do CARF.

c) Havendo necessidade de preenchimento de mais de 2 (duas) vagas, em uma mesma


Seção, o candidato poderá constar de até 2 (duas) listas tríplices, sendo-lhe facultada a
participação em outra lista desde que para mandato diverso.

Base: artigos 21 a 29 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF 256/2009


de 22.06.2009

3.2.5 Criação de novas turmas em caráter temporário

O Art. 112, da Lei 11.196/2005, de 22.11.2005, estabelece que o Ministro de Estado da


Fazenda poderá criar, nos Conselhos de Contribuintes do Ministério da Fazenda, Turmas
Especiais, de caráter temporário, com competência para julgamento de processos que
envolvam valores reduzidos ou matéria recorrente ou de baixa complexidade:

 As Turmas de que trata o caput deste artigo serão paritárias, compostas por 4
(quatro) membros, sendo 1 (um) conselheiro Presidente de Câmara, representante da
Fazenda, e 3 (três) conselheiros com mandato pro tempore, designados entre os
conselheiros suplentes.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 56

 As Turmas Especiais a que se refere este artigo poderão funcionar nas cidades
onde estão localizadas as Superintendências da Receita Federal do Brasil.

O Ministro de Estado da Fazenda também disciplinará, inclusive quanto à definição da


matéria e do valor a que se refere e ao funcionamento das Turmas Especiais.

3.3 3ª Instância – Câmara Superior de Recursos Fiscais - CSRF

3.3.1 CONSIDERAÇÕES

Sendo a decisão no Conselho de Contribuintes desfavorável ao contribuinte e cumprido e


provados certos quesitos (desde que tenha decisões contrárias sobre o mesmo assunto no
próprio Conselho de Contribuintes e na 3º Instância ou que o Contribuinte teve êxito na 1ª
INSTÂNCIA e perdeu no Conselho de Contribuintes), o contribuinte terá 15 dias, contados da
ciência do acórdão, para recorrer à Câmara Superior de Recursos Fiscais e esta profere a
chamada DECISÃO DE 3º INSTÂNCIA.

Esta é a instância final do Processo Administrativo Fiscal, sendo a decisão definitiva, não
cabendo mais recurso das partes.

Como observamos se a decisão for desfavorável ao Fisco na 3ª Instância (Câmara Superior de


Recursos Fiscais – CSRF) ou por votação unânime dos julgadores contra o fisco no Conselho
de Contribuintes (2ª Instância), o auto de infração deverá ser extinto, inexistindo qualquer
exigência fiscal, nem mesmo judicialmente o fisco poderá recorrer e exigir os tributos
constantes no auto de infração. Por isso, toda a atenção é necessária em um processo de
fiscalização, no sentido de não apresentar provas contrárias à empresa e elaborar uma linha de
defesa forte.

Já o CONTRIBUINTE, se perder o processo na esfera administrativa, poderá recorrer ao


Poder Judiciário na tentativa de anular a exigência fiscal. Um processo de defesa
administrativa, considerando as três instâncias, tem uma estimativa de duração de 03 a 05
anos; no Judiciário a estimativa é de mais uns 04 a 05 anos. São 07 a 10 anos de espera,
podendo ocorrer no meio um REFIS/PAES em até 180 meses.

Resumindo, se por ocasião do lançamento contábil foram levantadas todas as provas


necessárias (mesmo em assuntos controversos pela fiscalização) poderá administrar com
sobra todos os aspectos de tributação da empresa.

3.3.2 COMPOSIÇÃO DA CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS

Conforme art. 2º da Portaria MF 256/2009 de 22.06.2009

O CARF tem a seguinte estrutura:

 Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), formada por 3 (três) turmas.

 Pleno da CSRF

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 57

Conforme artigo 9º da Portaria MF 256/2009, cabe à Câmara Superior de Recursos Fiscais


(CSRF), por suas turmas, julgar o recursos especial e voluntário previstos nos incisos II e III
do art. 64 e , contra decisões de Câmara, de turmas ordinária ou de turma especial, observada
a seguinte especialização:

 I - à Primeira Turma, os recursos referentes às matérias previstas no art. 2º:

o I - Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ);

o II - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);

o III - Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), quando se tratar de antecipação do IRPJ;

o IV - demais tributos, quando procedimentos conexos, decorrentes ou reflexos, assim


compreendidos os referentes às exigências que estejam lastreadas em fatos cuja apuração serviu para
configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ;

o V - exclusão, inclusão e exigência de tributos decorrentes da aplicação da legislação referente


ao Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de
Pequeno Porte (SIMPLES) e ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas
e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, na apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, mediante regime único de arrecadação (SIMPLES-Nacional);

o VI - penalidades pelo descumprimento de obrigações acessórias pelas pessoas jurídicas,


relativamente aos tributos de que trata este artigo; e

o VII - tributos, empréstimos compulsórios e matéria correlata não incluídos na competência


julgadora das demais Seções.

 II - à Segunda Turma, os recursos referentes às matérias previstas no art. 3º:

o I - Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF);

o II - Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF);

o III - Imposto Territorial Rural (ITR);

o IV - Contribuições Previdenciárias, inclusive as instituídas a título de substituição e as devidas a


terceiros, definidas no art. 3º da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007; e

o V - penalidades pelo descumprimento de obrigações acessórias pelas pessoas físicas e jurídicas,


relativamente aos tributos de que trata este artigo.

 III - à Terceira Turma, os recursos referentes às matérias previstas no art. 4º:

o I - Contribuição para o PIS/PASEP e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social


(COFINS), inclusive as incidentes na importação de bens e serviços;

o II - Contribuição para o Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL);

o III - Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 58

o IV - Crédito Presumido de IPI para ressarcimento da Contribuição para o PIS/PASEP e da


COFINS;

o V - Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF);

o VI - Imposto Provisório sobre a Movimentação Financeira (IPMF);

o VII - Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro e sobre Operações relativas a
Títulos e Valores Mobiliários (IOF);

o VIII - Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE);

o IX - Imposto sobre a Importação (II);

o X - Imposto sobre a Exportação (IE);

o XI - contribuições, taxas e infrações cambiais e administrativas relacionadas com a importação


e a exportação;

o XII - classificação tarifária de mercadorias;

o XIII - isenção, redução e suspensão de tributos incidentes na importação e na exportação;

o XIV - vistoria aduaneira, dano ou avaria, falta ou extravio de mercadoria;

o XV - omissão, incorreção, falta de manifesto ou documento equivalente, bem como falta de


volume manifestado;

o XVI - infração relativa à fatura comercial e a outros documentos exigidos na importação e na


exportação;

o XVII - trânsito aduaneiro e demais regimes aduaneiros especiais, e dos regimes aplicados em
áreas especiais, salvo a hipótese prevista no inciso XVII do art. 105 do Decreto-Lei nº 37, de 18 de
novembro de 1966;

o XVIII - remessa postal internacional, salvo as hipóteses previstas nos incisos XV e XVI, do art.
105, do Decreto-Lei nº 37, de 1966;

o XIX - valor aduaneiro;

o XX - bagagem; e

o XXI - penalidades pelo descumprimento de obrigações acessórias pelas pessoas físicas e


jurídicas, relativamente aos tributos de que trata este artigo.

o Cabe, ainda, à Terceira Seção processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de
primeira instância relativos aos lançamentos decorrentes do descumprimento de normas antidumping ou
de medidas compensatórias.

 Ao Pleno da CSRF compete a uniformização de decisões divergentes, em tese,


das turmas da CSRF, por meio de resolução.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 59

o Ao Pleno da CSRF cabe, ainda, por proposta do Presidente, dirimir


controvérsias sobre interpretação e alcance de normas processuais aplicáveis
no âmbito do CARF.

o As resoluções de que trata este artigo vincularão as turmas julgadoras


do CARF.

As turmas da CSRF são constituídas pelo presidente e vice-presidente do CARF e pelos


presidentes e vice-presidentes das Câmaras da respectiva Seção.

O Pleno da CSRF, composto pelo presidente e vice-presidente do CARF e pelos demais


membros das turmas da CSRF, reunir-se-á quando convocado pelo Presidente do CARF para
deliberar sobre matéria previamente indicada.

Na hipótese de ausência de conselheiro titular do Pleno, bem como das turmas superiores,
será convocado para substituí-lo conselheiro da Câmara de origem do conselheiro ausente,
observada a representação paritária e a ordem de assento.

Excepcionalmente, para fins de cumprimento do disposto no § 1º, poderá ser convocado


conselheiro titular de outra Câmara.

Base: art. 26, 27 e 28 da Portaria MF 256/2009

3.3.3 CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS PODERÁ APROVAR SÚMULA


VINCULANTE

O art. 113 da Lei 11.196/2005, acrescentou o art. 26-A, ao Decreto nº 70.235, de 6 de março
de 1972, o qual dispõe que a Câmara Superior de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda
- CSRF poderá, por iniciativa de seus membros, dos Presidentes dos Conselhos de
Contribuintes, do Secretário da Receita Federal ou do Procurador-Geral da Fazenda Nacional,
aprovar proposta de súmula de suas decisões reiteradas e uniformes.
1. De acordo com a matéria que constitua o seu objeto, a súmula será apreciada
por uma das Turmas ou pelo Pleno da CSRF.
2. A súmula que obtiver 2/3 (dois terços) dos votos da Turma ou do Pleno será
submetida ao Ministro de Estado da Fazenda, após parecer favorável da Procuradoria-
Geral da Fazenda Nacional, ouvida a Receita Federal do Brasil.
3. Após a aprovação do Ministro de Estado da Fazenda e publicação no Diário
Oficial da União, a súmula terá efeito vinculante em relação à Administração
Tributária Federal e, no âmbito do processo administrativo, aos contribuintes.
4. A súmula poderá ser revista ou cancelada por propostas dos Presidentes e Vice-
Presidentes dos Conselhos de Contribuintes, do Procurador-Geral da Fazenda
Nacional ou do Secretário da Receita Federal, obedecidos os procedimentos previstos
para a sua edição.
5. Os procedimentos serão disciplinados nos regimentos internos dos Conselhos
de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda.

4. CONSIDERAÇÕES SOBRE A IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 60

4.1 PRINCÍPIOS ADMITIDOS PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL

Art. 2º, da Lei 9.784/99 estabelece:

A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,


motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios
de:
I - atuação conforme a lei e o Direito;
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou
competências, salvo autorização em lei;
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes
ou autoridades;
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas
na Constituição;
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções
em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados;
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza,
segurança e respeito aos direitos dos administrados;
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de
provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas
situações de litígio;
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei;
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos
interessados;
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do
fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.

a) Legalidade

O processo deve ser instaurado com fundamento nos estritos ditames da lei, para assegurar a
sua adequada aplicação. A Lei nº 9.784/99 estabeleceu expressamente como dever da
Administração, estipulando a atuação conforme a lei e o Direito.

b) Razoabilidade e Proporcionalidade

Segundo Caio Tácito, “o conceito de legalidade pressupõe, como limite à discricionariedade,


que os motivos determinantes sejam razoáveis e o objeto proporcional à finalidade declarada
ou implícita na regra de competência”.

Art. 2º, VI, Lei 9.784/99 - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações,
restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do
interesse público.

Exemplo: Não aplicação da compensação de 30% do prejuízo fiscal em função do lucro.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 61

No ano X1, teve lucro de R$ 250.000,00 e compensou totalmente o prejuízo anterior de R$


200.000,00, recolhendo IRPJ e CSSL apenas sobre R$ 50.000,00
No ano X2, teve lucro de R$ 150.000,00 e recolheu IRPJ e CSLL sobre esse lucro;
No ano X3, teve lucro de R$ 250.000,00 e recolheu IRPJ e CSLL sobre esse lucro;

O fiscal autuou a empresa, limitando a compensação em X1 a 30% sobre o valor do lucro do


exercício, no valor de R$ 75.000,00, exigindo recolhimento de CSSL e IRPJ sobre R$
125.000,00.

Pelo critério da razoabilidade, não poderá prosperar essa exigência, pois o IRPJ e CSLL foram
recolhidos integralmente nos exercício X2 e X3, exercícios nos quais a empresa tem
legalmente o direito de compensar todo o prejuízo. Sendo obrigado a recolher integralmente o
auto-infração estaria pagando em duplicidade os tributos sobre o prejuízo.

Razoável seria o Auditor Fiscal, considerar o pagamento nos anos seguintes. A autuação,
também, não pode ser desproporcional ao Patrimônio.

c) Moralidade

O princípio da moralidade vem a completar o princípio da legalidade, dando a este último um


conteúdo axiológico. O princípio impõe a todos a obediência dos valores morais definidos em
função de comportamento ético, aceitos pela opinião pública no tempo e no espaço, atuando
para coibir o desvio de poder.

Art. 2º, IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé (Lei 9.784/99).

d) Boa – Fé

Interdição ao abuso de direito ( excesso no exercício de prerrogativas legítimas);


Proibição ao exercício prematuro do direito ou do dever, ao retardamento desleal e à fixação
de prazos inadequados;
Restrição às provas desnecessárias e atos inúteis ao processo ( ser objetivo);

e) Ampla Defesa e Contraditório

O contraditório relaciona-se com a igualdade das partes e traduz-se de duas formas: por um
lado, pela necessidade de informação da existência de todos os atos do processo, e , de outro
lado, pela possibilidade de reação aos atos desfavoráveis.

A ampla defesa pressupõe a possibilidade de rebater acusações, alegações, interpretações


fáticas e jurídicas, para evitar sanções ou prejuízos, não podendo ser restrita.

f) Segurança Jurídica

Traduz na certeza do tratamento normativo dos fatos já consumados, do direito adquirido, da


coisa julgada, dá ao cidadão a garantia do respeito ao passado. Exemplo: Vedada aplicação
retroativa de nova interpretação. ( Direito adquirido em função da Lei, sendo vedada nova
interpretação da Lei, se não a interpretação no momento da ocorrência do fato).

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g) Eficiência

Economia processual, em que se preconiza o máximo resultado na atuação do direito com o


mínimo emprego possível de atividades processuais. Relacionada com os princípios da
instrumentalidade das formas e da preclusão (Busca solução com regras de preclusão).

h) Imparcialidade

Assegura a independência da Administração Pública e a neutralidade dos julgadores


administrativos. Pondera de uma forma adequada, todos os interesses juridicamente relevantes
presentes no caso a confrontar. (Exemplo: composição do Conselho de Contribuintes: metade
indicada pelo governo e a outra metade pela sociedade).

i) Informalidade

Determina o desapego às formalidades excessivas e complexos ritos processuais. O processo


administrativo deve ser simples e informal, com requisitos mínimos indispensáveis à regular
a segurança jurídica dos atos que compõem o processo. Exemplo: pedido de sustentação oral,
o Conselho de Contribuintes tem aceito o pedido informal.

j) Verdade Material

A administração deve tomar decisões com base nos fatos reais. A administração tem o dever
de carrear para o expediente todos os dados, informações, documentos a respeito da matéria.
(Aproxima-se da verdade real, como no Direito Penal).

4.2 IMPUGNAÇÃO FISCAL

A impugnação fiscal instaura a fase contenciosa do Processo Administrativo Fiscal, conforme


art. 14, do Decreto 70.235/72. Seu efeito é o de suspender a exigibilidade do crédito tributário
constituído ( art. 151 do CTN), até que a decisão final neste processo seja proferida.

A impugnação será oferecida sempre de forma escrita (art.15, Dec.70.235/72) e acompanhada


com os documentos indispensáveis a sua fundamentação, bem como o requerimento para
eventual pedido de perícia ou diligência.

A peça impugnatória poderá objetar a totalidade do auto de infração ou de lançamento, ou,


poderá ser apenas parcial, sendo que a parte que não for objeto de impugnação não terá
suspensa a sua exigibilidade, conforme Instrução Normativa SRF nº 36/86, determina no item
I:

“I- Na hipótese de impugnação ou de recursos parciais, se o sujeito passivo não tiver


recolhido a parte não litigiosa do crédito, a repartição preparadora, antes da remessa dos
autos para julgamento, providenciará a formação de autos apartados para a imediata
cobrança da parte não contestada, consignando essa circunstância no processo principal.”

O não oferecimento de impugnação à totalidade da autuação fiscal a torna exigível, desde


logo, na parte incontroversa, podendo, desta forma, prosseguir sua execução como se não
fosse impugnada. A suspensão da exigibilidade depende da impugnação da exigência. Por
exemplo, em uma autuação fiscal de CSSL no valor de R$ 100.000,00 e IRPJ de R$

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 63

300.000,00, o contribuinte faz a defesa somente do IRPJ, não se atendo à CSSL, a


impugnação suspende apenas o valor de R$ 300.000,00, proveniente o IRPJ; e o valor de R$
100.000,00, proveniente CSSL, passa a ser cobrado normalmente e se não pago vai para a
Dívida Ativa.

Em uma peça impugnatória o contribuinte deve contradizer todos os pontos da autuação,


mesmo aqueles que não tenha razão, salvo achar conveniente pagar ou parcelar com a devida
redução de multa.

O Auto de infração deve conter, necessariamente, fatos que suportam as suas conclusões e
imputações, narrando o fato e o caracterizando como infração. É um instrumento técnico, que
sem requisitos essenciais, é inepto e acarreta a nulidade do lançamento.

Os elementos de impugnação são, de regra, proposições antagônicas às proposições expostas


através do auto de infração, que deve ser acompanhado de relatório de trabalho do fiscal e
anexos, bem como documentos que o embasem.

Tem como objetivo desconstituir as proposições do lançamento, as quais são premissas da


conclusão desejada pela fiscalização; significando que o impugnante pretende afastar o
processo lógico de raciocínio para uma decisão distinta da pretensão do auditor fiscal,
podendo adotar as seguintes sistemáticas para opor-se ao lançamento:

a) Negação dos fatos em que o fisco fundamenta a exigência. A demonstração da negação


dos fatos pressupõe a constituição de prova em contrário: pela apresentação de do
documentos, realização de perícias e testemunhas (Declaração a termo);
b) Proposição de fatos que permitam uma divergência apenas sobre a interpretação da
norma que regula a relação jurídica decorrente, demonstrada através de um raciocínio
lógico que leve o julgador a segui-lo;
c) Proposição de novos fatos, outras situações que, juntas, modifiquem, impeçam ou
extingam exigência;
d) Exceção substancial.

Uma vez impugnado, o crédito tributário não pode ser considerado definitivamente
constituído, já que é passível de alteração conforme art. 145 do CTN:

¨Art. 145 CTN – O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser
alterado em virtude de:
I – impugnação do sujeito passivo;
II – recurso de ofício;”

Quando não constituído definitivamente, não corre o prazo prescricional para cobrança do
tributo, conforme art. 174 do CTN.

A impugnação será apresentada perante o órgão preparador, no prazo de 30 dias contados da


intimação da exigência fiscal, conforme art. 15 do Decreto 70.235/72 (começa fluir o prazo a
partir da ciência do contribuinte, seja ela pessoal ou via postal).

As regras de contagem do prazo estão estabelecidas no artigo 5º do mesmo decreto:

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 64

“Art. 5º - Os prazos serão contínuos, excluindo-se na sua contagem o dia do início e


incluindo-se o do vencimento.
Parágrafo único - Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no
órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato.”

A contagem dos prazos no processo administrativo-fiscal obedece aos princípios próprios do


Código de Processo Civil: excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o dia do vencimento.

Da Impugnação e julgamento - Decreto 7.574/2011

A impugnação, formalizada por escrito, instruída com os documentos em que se fundamentar


e apresentada em unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil com jurisdição sobre o
domicílio tributário do sujeito passivo, bem como, remetida por via postal, no prazo de trinta
dias, contados da data da ciência da intimação da exigência, instaura a fase litigiosa do
procedimento (Decreto nº 70.235, de 1972, arts. 14 e 15).

Apresentada a impugnação em unidade diversa, esta a remeterá à unidade indicada no caput.

Eventual petição, apresentada fora do prazo, não caracteriza impugnação, não instaura a fase
litigiosa do procedimento, não suspende a exigibilidade do crédito tributário nem comporta
julgamento de primeira instância, salvo se caracterizada ou suscitada a tempestividade, como
preliminar.

No caso de pluralidade de sujeitos passivos, caracterizados na formalização da exigência,


todos deverão ser cientificados do auto de infração ou da notificação de lançamento, com
abertura de prazo para que cada um deles apresente impugnação.

Na hipótese acima, o prazo para impugnação é contado, para cada sujeito passivo, a partir da
data em que cada um deles tiver sido cientificado do lançamento.

Na hipótese de remessa da impugnação por via postal, será considerada como data de sua
apresentação a da respectiva postagem constante do aviso de recebimento, o qual deverá
trazer a indicação do destinatário da remessa e o número do protocolo do processo
correspondente. Neste caso, a unidade de preparo deverá juntar, por anexação ao processo
correspondente, o referido envelope.

Na impossibilidade de se obter cópia do aviso de recebimento, será considerada como data da


apresentação da impugnação a constante do carimbo aposto pelos Correios no envelope que
contiver a remessa, quando da postagem da correspondência.

A impugnação mencionará (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 16, com a redação dada pela Lei
nº 8.748, de 1993, art. 1º, e pela Lei nº 11.196, de 2005, art. 113):

I - a autoridade julgadora a quem é dirigida;

II - a qualificação do impugnante;

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III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e


as razões e provas que possuir;

IV - as diligências ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os


motivos que as justifiquem, com a formulação de quesitos referentes aos exames
desejados, bem como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação
profissional de seu perito; e

V - se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada


cópia da petição.

Considera-se não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos
requisitos previstos no inciso IV.

É defeso (proibido) ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões


injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a
requerimento do ofendido, mandar riscá-las.

Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, incumbe-lhe o ônus


de provar o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador.

A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante


fazê-lo em outro momento processual, a menos que:

I - fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de


força maior;

II - refira-se a fato ou a direito superveniente; ou

III - destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.

Considera-se motivo de força maior o fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou
impedir (Lei nº 10.406, de 2002, art. 393).

A juntada de documentos depois de apresentada a impugnação deverá ser requerida à


autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência
de uma das condições previstas acima.

Os documentos apresentados após proferida a decisão deverão ser juntados, por anexação, aos
autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda
instância.

Considera-se não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo
impugnante (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 17, com a redação dada pela Lei nº 9.532, de
1997, art. 67).

Do Julgamento -

No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a
aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 66

de inconstitucionalidade (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 26-A, com a redação dada pela Lei
nº 11.941, de 2009, art. 25).

O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato
normativo (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 26-A, § 6º, incluído pela Lei nº 11.941, de 2009,
art. 25):

I - que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do


Supremo Tribunal Federal; ou

II - que fundamente crédito tributário objeto de:

a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do Procurador-Geral da


Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de junho
de 2002;

b) súmula da Advocacia-Geral da União, na forma do art. 43 da Lei


Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou

c) pareceres do Advogado-Geral da União aprovados pelo Presidente da


República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 1993.

O contencioso administrativo relativo ao Simples Nacional será de competência do órgão


julgador integrante da estrutura administrativa do ente federativo que efetuar o lançamento ou
a exclusão de ofício, observados os dispositivos legais atinentes aos processos administrativos
fiscais desse ente (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 39).

Base art. 56 a 60 do Decreto 7.574/2011

4.3 O Auto de infração

O artigo 9º, do Decreto 70.235/72 determina que a exigência do crédito tributário, a


retificação de prejuízo fiscal e aplicação de penalidade isolada serão formalizadas em AUTOS
DE INFRAÇÃO ou NOTIFICAÇÕES DE LANÇAMENTO, distintos para cada imposto,
contribuição ou penalidades, os quais deverão estar instruídos com todos os termos,
depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação o ilícito (art.
º da Lei nº 8.748/93).

Nota:

O art. 113, da Lei 11.196/2005, que altera os artigos 2º, 9º e 23 do Decreto nº 70.235, determina que os atos e
termos processuais (auto de infração) poderão ser encaminhados de forma eletrônica ou apresentados em meio
magnético ou equivalente, conforme disciplinado em ato da administração tributária. Bem como a impugnação
poderá ser feita eletronicamente. Os referidos procedimentos foram normatizados pela Portaria SRF nº 259, de
13 de março de 2006.

4.3.1 Requisitos para emissão do Auto de Infração

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 67

O artigo 10 do Decreto 70.235/72 dispõe:

O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da falta, e conterá
obrigatoriamente:
I- a qualificação do autuado ( nome, endereço e CNPJ);
II- o local, a data e a hora da lavratura;
III- a descrição do fato; ( fato irregular de forma clara e inteligível, para que o
contribuinte possa exercer o seu direito de defesa)
IV- a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; ( correspondente ao fato
tido como irregular)
V- a determinação da exigência e a intimação para cumpri-la ou impugná-la no
prazo de 30 (trinta) dias;
VI- a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número e
matrícula.

Base: art. 39 do Decreto 7.574/2011

Observar as seguintes situações sobre o Auto de infração:

a) Qualificação do autuado:
Erro na identificação do sujeito passivo torna anulável o lançamento.

b) Descrição dos fatos:


A ausência ou deficiência na descrição dos fatos pode ocasionar o não-conhecimento dos
motivos da autuação pelo contribuinte e à nulidade do lançamento por cerceamento do direito
de defesa.

c) Nexo Causal
O Auditor deve estabelecer o nexo causal com o conteúdo do lançamento.
Fato Gerador – provas – nexo causal
O fiscal deve provar que houve o fato gerador e estabelecer nexo causal (ligação, vínculo)
com o conteúdo do lançamento.

d) Disposição legal infringida e penalidade aplicável:


O auditor fiscal enquadra o fato na descrição abstrata da norma
A menção do dispositivo legal incompleto ou equivocado, em princípio, não invalida o ato, se
o próprio contribuinte demonstra, nos autos, o pleno conhecimento da matéria.

e) auto de infração deve:


- ter indicação da base de cálculo e alíquota;
- apurar o montante do tributo a pagar com a utilização de deduções, compensações ou
benefícios fiscais; (O Contribuinte deve estar atento às deduções, compensações e benefícios
fiscais que o fiscal possa esquecer de abater da exigência fiscal)
- Fixar os termos da exigibilidade, condições e forma de pagamento;
- Mencionar a intimação para o cumprimento da exigência ou para impugná-la.

4.4 Requisitos para Impugnação (defesa) do Auto de Infração

Formalizar por escrito, o requerimento da defesa (impugnação) com os documentos


comprobatórios no prazo de 30 dias, da data da ciência (art. 15, Decreto 70.235/72).

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 68

A impugnação deverá mencionar (art. 16, Decreto 70.235/72):

I – a autoridade julgadora a quem é dirigida;

II – qualificação do impugnante;
-nome, endereço, outros dados;

III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordâncias e as


razões e provas que possuir;
- descrição clara e específica e específica sobre todos os fatos narrados no Auto de
infração ou Notificação
- exposição dos fatos e dos fundamentos de Direito (jurídicos), pelo contribuinte, contra
a exigência fiscal
- provas e documentos em que se fundamentem as alegações do contribuinte

IV – diligências, ou perícias que a impugnante pretenda sejam efetuadas;


- constar pedidos de diligências ou perícias.

VI - a síntese dos motivos de fato e de direito em que se fundamenta o pedido


- pedido pela improcedência do auto-de-infração com ou sem julgamento do mérito (pedido)

Nota:
O art. 113, da Lei 11.196/2005, que altera os artigos 2º, 9º e 23 do Decreto nº 70.235, determina que os atos e
termos processuais (auto de infração) poderão ser encaminhados de forma eletrônica ou apresentados em meio
magnético ou equivalente, conforme disciplinado em ato da administração tributária. Bem como a impugnação
poderá ser feita eletronicamente. Os referidos procedimentos foram normatizados pela Portaria SRF nº 259, de
13 de março de 2006

4.5 Modelos de Defesa/Impugnação Administrativa

AO ILUSTRÍSSIMO SENHOR DELEGADO DA RECEITA FEDERAL EM CURITIBA-Pr


(autoridade julgadora)

BRASIL SUL TRANSPORTES LTDA - pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ
nº 64.340.341/0001-10 com sede á Rua Paranaguá, 712- CEP 82.410- 030, através de seu
representante legal, Paulo Teixeira, CPF 646.709.799-86, vem respeitosamente e com todo
acatamento devido à presença de Vossa Senhoria, para Expor, Esclarecer e ao final requer:
(qualificação do impugnante)

1. DOS FATOS
(descrição clara e específica e específica sobre todos os FATOS narrados no Auto de infração
ou Notificação)
I) A autuada é pessoa jurídica de direito privado que atua na área de transporte de mercadorias
que protocolou o termo e opção pela sistemática do Simples, desde 01/04/2001, desde então, a
partir da competência abril de 2001 recolheu os impostos rigorosamente em dia não possuindo
nenhuma falha e efetuamos a entrega das declarações do imposto de renda/Simples nos prazos
estipulados em lei.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 69

Ocorre que em 07/08/2003, através do Ato Declaratório nº 463.820, foi excluída do Simples
Federal, sendo em 26/set/2003 feito a Solicitação de Revisão da Exclusão do Simples, a qual
foi considerada improcedente no dia 20/out/2003, correspondência recebida em 11/nov./2003.

Não pode prosperar tal exigência, a qual é contraditória à Lei 9.317/96, e destituída de
qualquer embasamento legal, como verificaremos a seguir.

2. DE DIREITO

2.1 PRELIMINAR DE NULIDADE

Nas preliminares pode-se alegar tudo o que precisa ser decidido antes de apreciar o mérito.
A preliminar não discute as razões da impugnação e sim as razões que podem modificar,
inclusive anular o lançamento efetuado. EXEMPLO: No Auto de Infração não constam o
dados necessários: data, dispositivo infringido, falta de descrição clara do motivo da
autuação, cerceamento de defesa, conduta irregular do fiscal, etc.

2.2 DO MÉRITO
(exposição dos fatos e dos fundamentos de Direito (jurídicos), pelo contribuinte, contra
a exigência fiscal)

I) A empresa iniciou suas atividades em 01/04/2001 inicialmente no ramo


de: Transporte Rodoviário de Cargas, coletas de mercadorias, depósitos de
mercadorias de terceiros, oficina mecânica e Comércio de peças e acessórios e
agenciamento de cargas, onde deixamos prevendo o ramo de agenciamento de
cargas para no futuro atuar também neste último segmento, mas com a
experiência comercial que adquirimos no decorrer dos anos obtivemos mais
tino com ramo de transporte em geral, não praticando a atividade de o
agenciamento de cargas (intermediação de negócios), ou melhor, nunca
atuando neste ramo, o que pode ser comprovado através do nosso bloco de
notas fiscais, o qual não foi emitido nota fiscal de agenciamento de cargas.
Atualmente, sabemos da vedação da opção por parte de empresa que exerça
atividade semelhante com representação comercial, conforme prevista no
inciso XIII da Lei n.º 9.317/96, e que há entendimento por parte da Receita
Federal que a vedação da opção do simples aplica-se apenas à representação
por conta de terceiros, que se caracteriza como uma prestação de serviços, pois
o transporte com cargas em geral constitui atividade comercial, para a qual não
há restrição, e conforme Decisão n.º 94(DOU14.01.00)9ª RF a Receita Federal
entende que a empresa que possuir atividade comercial impedida da opção pelo
simples, mas não exercer, pode optar pela sistemática desde que não pratique a
atividade impedida.

II) Para que a empresa não tenha problemas futuros com o ramo de
agenciamento de cargas, a qual não é desenvolvida por esta empresa, em 12 de
novembro de 2003 arquivou sua primeira alteração contratual, alterando o seu
ramo para: CARGA E DESCARGA, COLETAS DE MERCADORIA,
DEPÓSITO DE MERCADORIA DE TERCEIROS, ATIVIDADES
RELACIONADAS À ORGANIZAÇÃO DO TRANSPORTE DE CARGAS,
TRANSPORTES RODOVIÁRIOS DE CARGAS EM GERAL, OFICINA
MECÂNICA, MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS EM GERAL E COMÉRCIO

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 70

DE PEÇAS E ACESSÓRIOS, atividades estas não impedidas de optar pelo


Simples.

3. DAS PROVAS

(provas e documentos em que se fundamentem as alegações do contribuinte)

- Cópia das notas fiscais no período de 01.04.2001 a 31/10/2003,


comprovando que a empresa não atuou na atividade de agenciamento de
cargas. (anexo 1-numerar os documentos em anexo)
- Alteração do contrato social (anexo 2)

4. DO PEDIDO

(pedido pela improcedência do auto-de-infração)

Diante do acima exposto REQUER-SE:

I) A opção pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e


Contribuições das Micro empresas e das empresas de pequeno porte –
SIMPLES à partir de 01/04/2001, por não ter atuado no ramo de agenciamento
de cargas, mesmo estando previsto em nosso contrato social, conforme nossos
blocos de notas fiscais, sendo o contrato alterado em 12/nov./2003, não
constando mais a atividade de agenciamento de cargas e, e por não possuir
nenhuma atividade impedida de opção.
ou

II) À vista de todo exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência da ação


fiscal, espera e requer a impugnante seja acolhida a presente impugnação para
o fim de assim ser decidido, cancelando-se o débito fiscal reclamado.

Curitiba, 08 de setembro de 2.009.

N.TERMOS
P.DEFERIMENTO

BRASIL SUL TRANSPORTES LTDA -ME.


Paulo Teixeira
Sócio-Gerente

Outros Anexos:
- Cópia do Termo de Opção do Simples (anexo 3- numerar documentos
em anexo)

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 71

- Cópia da Primeira Alteração (anexo 4)


- Cópia Ato Declaratório n.463.820 (anexo 5)
- Cópia da improcedência da Solicitação de Revisão da Exclusão do
Simples (anexo 6)
- Decisão nº 94 (DOU 14/01/00) 9ª RF (anexo 7)

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 72

Impugnação ao Auto de Infração dirigida ao Delegado de Julgamento (consta no site da


Receita Federal)
ILMº SENHOR DELEGADO DA RECEITA FEDERAL DE JULGAMENTO EM (...)

[Espaço vertical de +4 cm]

(Nome empresarial), com sede à rua (...), (Bairro), (Município), (UF), CEP nº 00000-
00, CNPJ nº 00.000000/00-0000, não se conformando com o Auto de Infração lavrado contra
si pela (citar a Unidade da SRF autuante), relativo ao (citar o tributo ou contribuição), do qual foi
notificado em 00/00/0000, vem, no prazo legal, por intermédio de seu representante
estabelecido em conformidade com a lei, amparada no que dispõe o art. 15 do Decreto nº
70.235, de 6 de março de 1972, IMPUGNAR o lançamento, pelos motivos de fato e de
direito que se seguem.
DOS FATOS
[Descrição dos motivos de fato (narrar o que aconteceu), de forma sucinta e clara,
ressaltando aqueles importantes para a solução do conflito.]
DO DIREITO
DA PRELIMINAR
[Na preliminar pode-se alegar tudo aquilo que precisa ser decidido antes da apreciação do
mérito, ou seja, qualquer informação, que sem discutir necessariamente as razões da Impugnação, possa anular
ou modificar o lançamento. (Exemplos: Questões formais que não tenham sido atendidas pelos Auditores-
Fiscais quando da lavratura do Auto de Infração ou durante o procedimento de fiscalização; decadência; erro
na identificação do sujeito passivo) .]
[Em face da ausência de competência do Julgador Administrativo para se manifestar a
respeito de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais e administrativos, a impugnante não
deve tratar desses temas visando, precipuamente, agilizar o julgamento.]
DO MÉRITO
[Descrição do direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas
que possuir (anexar à Impugnação cópia da documentação comprobatória das alegações, mencionando este
fato na parte final da contestação).
Por último, resumir pontualmente os principais tópicos da Impugnação, de preferência num
único parágrafo, conforme sugestão a seguir:]
Senhor julgador, são estes, em síntese, os pontos de discordância apontados
nesta Impugnação:
a)
b)
c)
DOCUMENTOS ANEXADOS (se for o caso)
Estão anexados a esta Impugnação os seguintes documentos: (citar todos os
documentos juntados à contestação, inclusive disquete contendo o arquivo eletrônico desta contestação)

DO PEDIDO
À vista do exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência (total ou
parcial), do lançamento, requer que seja acolhida a presente Impugnação.
(Município), (UF), 00 de (mês) de 200X.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 73

_____________________________________
(Nome do Representante ou procurador)

4.6 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMINDADE

A manifestação de Inconformidade contra a não homologação pela Receita Federal da


Declaração de Compensação foi criada pelo artigo 17 da Lei n° 10.833/2003 , que alterou o
artigo 74, da Lei nº 9.430/96, sobre a compensação de tributos. A finalidade da Manifestação
de inconformidade é impugnar, no prazo de 30 dias, decisão da Receita Federal que não
aceitou a Declaração de Compensação efetuada pelo Contribuinte.

Tem os mesmos efeitos da impugnação ( suspender a decisão da Receita Federal que não
aceitou a Compensação), os prazos, o rito processual é o mesmo ( estabelecido pelo Decreto
70.235/72), somente o nome é diferente. Portanto, quando o fisco comunicar o Contribuinte
que não homologou a compensação de tributos, este deve apresentar a Manifestação de
Inconformidade no prazo de 30 dias. Somente alterou o nome de impugnação para
manifestação de inconformidade, o rito processual é o mesmo.

O § 3o do artigo 18, da Lei 10.833/2003, estabelece que ocorrendo manifestação de


inconformidade contra a não-homologação da compensação e impugnação quanto ao
lançamento das multas a que se refere este artigo, as peças serão reunidas em um único
processo para serem decididas simultaneamente.

Base: § 9º, 10,e 11 do art. 74, da Lei 9.430/96, alterado pelo artigo 17 da Lei n° 10.833/2003)

Para melhor entendimento do assunto, descrevemos o artigo 74, da Lei nº 9.430/96:

Art. 74, da Lei. 9.430/96:

Restituição e Compensação de Tributos e Contribuições


Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em
julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita
Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na
compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições
administrados por aquele Órgão ( Redação data pela Lei nº 10.637, de 30.12.2003).
§ 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo
sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos
utilizados e aos respectivos débitos compensados. (Incluído pela Lei nº 10.637, de
30.12.2002)
§ 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito
tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação ( Redação data pela
Lei nº 10.637, de 30.12.2003).
§ 3o Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou
contribuição, não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito
passivo, da declaração referida no § 1o: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de
29.12.2003)

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 74

I - o saldo a restituir apurado na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda


da Pessoa Física; (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002)
II - os débitos relativos a tributos e contribuições devidos no registro da Declaração
de Importação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002)
III - os débitos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da
Receita Federal que já tenham sido encaminhados à Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União; (Incluído pela Lei nº 10.833, de
29.12.2003)
IV - os créditos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da
Receita Federal com o débito consolidado no âmbito do Programa de Recuperação
Fiscal - Refis, ou do parcelamento a ele alternativo; e (Incluído pela Lei nº 10.833,
de 29.12.2003)
V - os débitos que já tenham sido objeto de compensação não homologada pela
Secretaria da Receita Federal. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003)
§ 4o Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade
administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu
protocolo, para os efeitos previstos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 10.637, de
30.12.2002)
§ 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será
de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação.
(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003)
§ 6o A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil
e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. (Incluído pela
Lei nº 10.833, de 29.12.2003)
§ 7o Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar
o sujeito passivo e intimá-lo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da
ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente
compensados. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003)
§ 8o Não efetuado o pagamento no prazo previsto no § 7 o, o débito será encaminhado
à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União,
ressalvado o disposto no § 9o. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003)
§ 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7 o, apresentar
manifestação de inconformidade contra a não-homologação da compensação.
(Incluído pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003)
§ 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade
caberá recurso ao Conselho de Contribuintes. (Incluído pela Lei nº 10.833, de
29.12.2003)
§ 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9 o e 10
obedecerão ao rito processual do Decreto n o 70.235, de 6 de março de 1972, e
enquadram-se no disposto no inciso III do art. 151 da Lei n o 5.172, de 25 de
outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto
da compensação. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003)
§ 12. A Secretaria da Receita Federal disciplinará o disposto neste artigo, podendo,
para fins de apreciação das declarações de compensação e dos pedidos de restituição
e de ressarcimento, fixar critérios de prioridade em função do valor compensado ou
a ser restituído ou ressarcido e dos prazos de prescrição. (Incluído pela Lei nº
10.833, de 29.12.2003)

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 75

Manifestação de inconformidade ao Delegado da Receita Federal de Julgamento (consta no


site da Receita Federal)

ILMº SR. DELEGADO DA RECEITA FEDERAL DE JULGAMENTO EM (...)

[Espaço vertical de +4 cm]

(Nome empresarial),com sede à rua (...), ( Bairro), (Município), (UF), CEP nº 00000-
00, CNPJ nº 00.000000/00-0000, não se conformando com o indeferimento do seu pleito (citar
o objeto do pedido), pela (citar a Unidade da SRF que negou o pedido), do qual tomou ciência em
00/00/0000, vem, no prazo legal, por intermédio de seu representante estabelecido em
conformidade com a lei, amparada no que dispõe o art. 203 do Regimento Interno da
Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria do Ministro da Fazenda nº 259, de 24 de
agosto de 2001, apresentar MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE ao indeferimeno
de seu pleito, pelos motivos de fato e de direito que se seguem.
DOS FATOS
[Descrição dos motivos de fato (narrar o que aconteceu), de forma sucinta e clara,
ressaltando aqueles importantes para a solução do conflito.]
DO DIREITO
DA PRELIMINAR
[Na preliminar pode-se alegar tudo aquilo que precisa ser decidido antes da apreciação do
mérito, ou seja, qualquer informação, que sem discutir necessariamente as razões da Manifestação de
Inconformidade, possa modificar a decisão da autoridade administrativa.
[Em face da ausência de competência do Julgador Administrativo para se manifestar a
respeito de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais e administrativos, a inconformada
deve evitar esses temas visando, precipuamente agilizar o julgamento.]
DO MÉRITO
[Descrição do direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas
que possuir (anexar à Manifestação de Inconformidade cópia da documentação comprobatória das alegações,
mencionando este fato na parte final da contestação).
Por último, resumir pontualmente os principais aspectos da Manifestação de Inconformidade,
de preferência num parágrafo apenas, conforme sugestão a seguir:]
Senhor julgador, são estes, em síntese, os pontos de discordância apontados
nesta Manifestação de Inconformidade:
a)
b)
c)
DOCUMENTOS ANEXADOS (se for o caso)
Estão anexados a esta Manifestação de Inconformidade os seguintes
documentos: (citar todos os documentos juntados à contestação, inclusive disquete contendo o arquivo
eletrônico desta contestação)

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 76

DO PEDIDO
À vista do exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência do
indeferimento de seu pleito, requer que seja acolhida a presente Manifestação de
Inconformidade.
(Município), (UF), 00 de (mês) de 200X.

_____________________________________
(Nome do Representante ou procurador)

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 77

5.- 1ª INSTÂNCIA - Delegacia de Julgamento da Receita Federal

5.1 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO

Concretizada a autuação, o fiscal deve fazer prova de ter entregue ao autuado os documentos
que sustentem a exigência fiscal porque é imprescindível que a autoridade faça a entrega ao
contribuinte dos elementos que lhe proporcionem adequada defesa. O direito de defesa é algo
tão importante que não se considera efetivada a notificação de lançamento por via postal
quando comprovadamente é entregue em endereço diverso do domicílio fiscal do
contribuinte. A garantia da contradição e do direito de defesa advém da Constituição Federal.

O Auto de infração deve conter, necessariamente, fatos que suportam as suas conclusões e
imputações, narrando o fato e o caracterizando como infração. É um instrumento técnico, que
sem requisitos essenciais, é inepto e acarreta a nulidade do lançamento.

São nulos ( art.12 do Decreto nº 70.235, de 1972, art. 59):

I - os atos e os termos lavrados por pessoa incompetente; e

II - os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição


do direito de defesa.

§ 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os atos posteriores que dele diretamente


dependam ou sejam consequência.

§ 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados e determinará as


providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo.

§ 3º Quando puder decidir o mérito em favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a


declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará, nem mandará repetir
o ato, ou suprir-lhe a falta.

As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no art. 12 não importarão


em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se
este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio (Decreto nº
70.235, de 1972, art. 60).

A nulidade será declarada pela autoridade competente para praticar o ato ou julgar a sua
legitimidade (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 61).

Base: art. 12 a 14 do Decreto 7.574/2011

a) Extinção do processo sem julgamento do Mérito

a1) A extinção do processo sem julgamento do mérito ocorre quando o julgador extingue o
auto de infração sem analisar o mérito, em decorrência de vício na emissão do auto, sendo que
deve ser requerido ao julgador NULIDADE do auto de infração, devido o fiscal não observar
o seguinte no art. 10 do Decreto 70.235/72:

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 78

- quando faltar a qualificação completa do contribuinte, indicação do local, a data e a


hora da lavratura;
- quando faltar a descrição dos fatos que deram originaram a autuação;
- quando a descrição dos fatos não corresponder à infração apontada;
- se a descrição dos fatos for confusa e dificultar o direito de defesa;
- quando não constar o dispositivo legal infringido e da multa aplicável;

Exemplo: a empresa foi autuada por omissão de receita-IRPJ, no entanto o auto de infração
está incompleto: não consta a disposição legal infringida, (art. 10 Decreto 70.235/72). Nesta
situação o contribuinte vai requerer a extinção do processo por não cumprir os quesitos do art.
10 do Decreto 70.235/72, sem mencionar o mérito, que é a omissão de receita.

a2) Incompetência absoluta – quando o auto de infração for lavrado por servidor que não tem
competência para fiscalizar;

a3) Ocorre quando a empresa já foi autuada e sofre outra autuação sobre o mesmo tributo e
período;

a4) Ocorre quando a exigência tributária se reproduz em exigência idêntica a outra que já foi
julgada no mérito em outro processo administrativo ou judicial;

( Base: art. 28 do Decreto 70.235/72 e art. 257 do Código de Processo Civil)

- O abuso de poder da fiscalização bem como obtenção dos documentos de forma ilícita,
também constituem nulidade do auto de infração

Quando ocorrerem as situações citadas acima, a empresa, na sua petição de defesa, deve
requerer a nulidade do auto de infração , desta forma, o julgador analisará preliminarmente se
o Auto de Infração é Nulo ou não. Se, no caso considerar a preliminar de nulidade, o julgador
não analisará o mérito da questão (o tributo em que se está discutindo), considerando
encerrado o julgamento e inexistente qualquer cobrança. Porém, se o julgador não aceitar a
preliminar de nulidade passa-se a analisar o mérito. É importante requerer a preliminar de
nulidade, por exemplo: pode ocorrer que a infração cometida pela empresa é irreversível e
incontestável, mas houve falha na elaboração do Auto-de-Infração e por esse motivo não
prospera a cobrança exigida pelo fiscal. Considerado nulo o auto de infração, a fiscalização
poderá voltar à empresa e refazer o auto, porém até que se passou o julgamento e a confecção
de um novo auto de infração, os tributos exigidos estão abrangidos pela decadência (o fisco
tem 05 anos para lançar o crédito tributário, passando esse período não é mais devido).

Importante:
Muito arriscado é argumentar na defesa administrativa somente a preliminar de nulidade, por
mais certeza que se tenha, o julgador poderá entender diferentemente e a empresa perde a
oportunidade de se defender administrativamente, havendo argumento de nulidade deve-se
também, argüir sobre o mérito.

ACÓRDÃOS - NULIDADE

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 79

Os acórdãos podem ser pesquisados no site do Conselho de Contribuintes e solicitadas


cópias via internet. O link é http://www.conselhos.fazenda.gov.br/ ou
www.carf.fazenda.gov.br

ACORDÃO Nº 201-69043 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 21 DE SETEMBRO DE 1993 - DOU DE 28.07.94
PROCESSO FISCAL - NULIDADES.
Auto que não descreve os fatos a que se refere desatende ao preceito contido no art. nº 10 do
Decreto nº 70.235/72, e, por conseqüência padece de nulidade. Processo que se anula "ab
initio".
ANTONIO MARTINS CASTELO BRANCO
Conselheiro Relator

ACÓRDÃO 01-03500/2001 - 1ª TURMA


SESSÃO 17.09.2001 - DOU DE 18.03.2003)
Processo nº: 10925.000077/95-37
Recurso nº: RD/106-0.256
Matéria: IRPF
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - NULIDADE - É nulo o ato praticado por
pessoa incompetente, alcançando atos dele decorrentes.
ATIVIDADE RURAL - ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO - APURAÇÃO
ANUAL - O cálculo de apuração de acréscimo patrimonial em relação a rendimentos
exclusivamente da atividade rural há de ser feito anualmente, em face da legislação
regente (Lei nº 8023/90). Preliminar acolhida. Recurso especial negado.
Por maioria de votos, ACOLHER a preliminar suscitada pela Relatora para ANULAR os
atos a partir dos Embargos Declaratórios, inclusive, até o Acórdão 106-09392, inclusive, e
NEGAR provimento ao recurso, retornando os autos à DRJ de origem para uma nova
decisão.
EDISON PEREIRA RODRIGUES
Presidente
Leila Maria Scherrer Leitão
Relatora

ACORDÃO Nº 202-06569 - 2ª CÂMARA


SESSAO DE 24 DE MARCO DE 1994 - DOU DE 17.11.94
PROCESSO FISCAL - NULIDADES.
Falta de indicação das disposições legais infringidas e do fundamento da exigência. Dá-se
provimento ao recurso, pela declaração da nulidade do feito, a partir do auto de infração,
inclusive.
OBS: Teve a mesma resolução o Acórdão nº 00949.

ACORDÃO Nº 103-12700 - 3ª CÂMARA SESSAO DE 24 DE AGOSTO DE 1992 - DOU


DE 26.10.94 IRPJ – NULIDADE. A deficiência na descrição dos fatos arrolados em auto de
infração que dificulte ou impossibilite o exercício pleno do direito de defesa acarreta a
nulidade do lançamento. DISTRIBUICAO DISFARCADA DE LUCROS - EMPRESTIMO A
PESSOA LIGADA. Descabida a exigência de distribuição disfarçada de lucros quando a
Fiscalização não logra comprovar que o tomador do empréstimo e pessoa ligada a empresa
mutuamente. Recurso provido. Acordam os Membros da Terceira Câmara do Primeiro
Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, acolher a preliminar de nulidade do
lançamento por preterição do direito de defesa em relação aos itens I, II e III do auto de

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 80

infração e, no mérito, dar provimento ao recurso, quanto aos itens IV e V. Vencidos os


Conselheiros Victor Luis de Salles Freire, Paulo Affonseca de Barros Faria Junior e Dicler de
Assunção que rejeitaram as preliminares de cerceamento do direito de defesa e, no mérito,
davam provimento ao recurso.
CANDIDO RODRIGUES NEUBER LUIS HENRIQUE BARROS DE ARRUDA Presidente
Relator ZAINITO HOLANDA BRAGA Procurador da Fazenda Nacional

Número do Recurso: 131336


Câmara: QUARTA CÂMARA
Número do Processo: 10882.000463/95-91
Tipo do Recurso: VOLUNTÁRIO
Matéria: IRPF
Recorrente: FERNANDO ROSSI
Recorrida/Interessado: DRJ - CURITIBA/PR
Data da Sessão: 12/06/2003
Relator: Vera Cecília Mattos Vieira de Moraes
Decisão: Acórdão 104-19410
Resultado: OUTROS - OUTROS
Texto da Decisão: Por unanimidade de votos: I - ACOLHER a preliminar de decadência para
cancelar a exigência tributária relativa ao exercício de 1990; e REJEITAR as demais
preliminares de nulidade; II - no mérito, DAR provimento PARCIAL ao recurso, para reduzir
o acréscimo patrimonial a descoberto para R$ ... no exercício de 1991; e excluir da exigência
tributária o exercício de 1992.
Ementa: IRPF - DECADÊNCIA - EXERCÍCIO DE 1990 - Na vigência da legislação que
previa tributação mensal conta-se o prazo para caracterização de decadência a cada mês do
ano calendário.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - PRELIMINAR - PRESCRIÇÃO
INTERCORRENTE - No Processo Administrativo Fiscal, não se configura a prescrição
intercorrente. Se o crédito está suspenso nos termos do inciso III do art. 151 do Código
Tributário Nacional, não há de se falar em prescrição. O prazo prescricional conta-se da
constituição definitiva do crédito tributário, e esta só ocorre quando não cabe recurso ou pelo
transcurso do prazo.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO - Não
há que se falar em cerceamento de defesa quando o auto de infração e os termos a ele
integrantes descrevem os fundamentos legais da exigência, bem como os fatos verificados no
procedimento fiscal, são expressamente levados a conhecimento do sujeito passivo.
SIGILO BANCÁRIO - NULIDADE DO PROCEDIMENTO - Iniciado o procedimento, a
autoridade fiscal poderá solicitar informações sobre operações realizadas pelo contribuinte em
instituições financeiras, inclusive extratos de contas bancárias e aplicações financeiras, não se
aplicando, nesta hipótese o disposto no art 38 da Lei nº 4595, de 31 de dezembro de 1964 (art.
8º da Lei nº 8.021, de 1990).
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO - Está sujeito à tributação a esse titulo, o
aumento do patrimônio da pessoa física não justificado por rendimentos tributados, não
tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte.
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO - TRANSFERÊNCIA DE VEÍCULOS -
PROVA - Os documentos oficiais relativos a transferência de veículos hão de prevalecer sobre
alegação que a mesma se operou mediante simples tradição, sem o devido registro no órgão
competente.
Preliminares de decadência acolhida.
As demais preliminares rejeitadas.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 81

Recurso parcialmente provido.

ACÓRDÃO Nº 106-12706 - 6ª CÂMARA


(SESSÃO 22.05.2002 - DOU 02.12.2002)
Processo nº: 10925000476/2001-61
Recurso nº: 129055
Matéria: IRPF - Ex(s): 1996 a 1998
PRELIMINAR - NULIDADE DO LANÇAMENTO - A atividade do lançamento é vinculada,
ou seja, deve ser exercida segundo os critérios e definições da legislação tributária, pois,
ele deve se revestir de certeza e estar fundado nos pressupostos necessários e
suficientes para garantirem a sua validade e eficácia.
Preliminar acolhida.
Por unanimidade de votos, ACOLHER a preliminar de nulidade do lançamento argüida pelo
Recorrente.

ACÓRDÃO 201-77544
Órgão: 2º Conselho de Contribuintes / 1a. Câmara
2º Conselho de Contribuintes / 1a. Câmara / ACÓRDÃO 201-77544 em 16/03/2004
PROCESSUAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO RELATIVO A CRÉDITO
INFORMADO VIA DCTF. Consoante entendimento consagrado nos tribunais superiores, a
apresentação de DCTF dispensa a constituição do crédito tributário via lançamento.
PROCESSUAL. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
EXECUÇÃO DO JULGADO. Estando reconhecidamente suspensa a exigibilidade do crédito
tributário, não pode a decisão determinar o prosseguimento na cobrança, ainda que o crédito
reclamado esteja informado em DCTF. Recurso voluntário provido e recurso de ofício
negado. Por unanimidade de votos: 1) deu-se provimento ao recurso voluntário; e II) negou-se
provimento ao recurso de ofício. Esteve presente ao julgamento o advogado da interessada,
Dr. Oscar Sant'anna de Freitas e Castro.
Publicado no DOU em: 28.07.2004
Relator: ROGÉRIO GUSTAVO DREYER
Recorrente: USINA DA BARRA S/A AÇÚCAR E ÁLCOOL

Observações:

Deve-se argüir a preliminar de nulidade do auto de infração, mesmo não sendo concedida, é
dever do julgador se pronunciar sobre todos os itens defendidos. O objetivo é ganhar tempo
no processo, pois se o julgador de 1ª Instância não se pronunciar, o defensor poderá
reivindicar ao julgador de 2ª Instância que o processo volte à 1º Instância para ser julgado
novamente, atentando-se a todos os itens da defesa.

Pode ser também que o julgador acate o pedido, anulando por inteiro ou parcialmente o auto
de infração.

5.2 JULGAMENTO DO MÉRITO

- Ocorre quando o julgador se manifesta sobre os fatos constantes no auto de infração, o


núcleo a exigência;

- A autuada nega todos os fatos constantes no Auto e exigidos pela fiscalização;

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 82

- A autuada aceita todos os fatos descritos no Auto de Infração, portanto não concordando
com as conseqüências jurídicas expostas na constituição do crédito;
- A autuada aceita todos os fatos e conseqüências, mas reclama outros fatos que impeçam,
modifiquem ou extingam a pretensão do fisco. Exemplo: o valor cobrado no auto de infração
já foi pago (fato extinto)

-Prescrição ou Decadência: se o fato gerador do tributo ocorreu há mais de 05 anos.

(Base: art. 269 do Código de Processo Civil)

Artigo 269 – Extingue-se o processo com julgamento de mérito:


I – quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor (sentença)
II- quando o réu reconhecer a procedência do pedido;
III- quando as partes transigirem;
IV – quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição;
V – quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.

Na defesa do mérito deve-se argumentar todas as situações possíveis, e o julgador por sua vez
é obrigado a analisar e se pronunciar sobre cada argumento.

Por exemplo: em 2004, o fisco arbitrou o lucro da empresa, referente ao ano de 1998, pelo
fato de desconsiderar a contabilidade da empresa. A linha da defesa deve seguir o argumento:

a) da decadência – de 1998 a 2004, passaram-se mais de 05 anos (citando decisões do


Conselho de Contribuintes, da Câmara Superior de Recursos Fiscais, do STJ, do STF,etc);
b) de que possui o livro Diário o Livro Razão e que o lucro ou prejuízo está claramente
demonstrado, solicitando perícia (também citando jurisprudências;
c) contestar os juros da Selic, comentado que são indevidos (anexando decisões judiciais –
embora não definitivas);
d) contestando a multa de ofício, para que sejam reduzidas ao mínimo, afirmando que não
houve erro nem fraude (citando jurisprudências).

E assim por diante, não é recomendável concentrar-se em apenas uma tese de defesa, caso o
julgador entenda diferente, existem outros argumentos e poderá aceitá-los, ou no mínimo
reduzir multa, juros, ou uma parte da cobrança.

Depois de feita a defesa ao Delegado da Receita Federal - 1ª Instância, não é permitido


acrescentar nova linha de defesa. Mesmo quando recorrer ao Conselho de Contribuintes – 2ª
Instância ou à Câmara Superior de Recursos Fiscais – 3ª Instância, serão analisados e julgados
os fatos constantes na petição inicial da defesa e considerações das Instâncias anteriores. A
não ser que, no decorrer do julgamento do processo, aconteçam fatos novos não existentes até
a data da petição inicial. Por esses motivos, não se deve ¨economizar¨ na ocasião da
formulação da defesa.

ACÓRDÃO 203-09091
Órgão: 2º Conselho de Contribuintes / 3a. Câmara
2º Conselho de Contribuintes / 3a. Câmara / ACÓRDÃO 203-09091 em 12/08/2003
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - NORMAS GERAIS - PRECLUSÃO - Questão
não provocada a debate em primeira instância, quando se instaura a fase litigiosa do

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 83

procedimento administrativo, e somente vem a ser demandada na petição de recurso, constitui


matéria preclusa, da qual não se toma conhecimento.
cabíveis.
Recurso não conhecido, em parte, por preclusão, e negado na parte conhecida. Por
unanimidade de votos, não se conheceu do recurso, em parte, por preclusão;
Publicado no DOU em: 28.07.2004
Relator: VALMAR FONSÊCA DE MENEZES
Recorrente: MERCANTIL COMERCIAL DE SECOS E MOLHADOS LTDA.

5.3 PROVAS

PROVA NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL

Segundo João Monteiro, prova é: meio com que se estabelece a existência positiva ou
negativa do fato probando e como a própria certeza dessa existência.

No sentido objetivo: são meios destinados a fornecer ao juiz o conhecimento da verdade dos
fatos deduzidos em juízo, no sentido subjetivo prova: é aquela que se forma no espírito do
juiz, seu principal destinatário, quanto à verdade desses fatos. Prova, consiste então, na
convicção que as provas produzidas no processo geram no espírito do juiz quanto a existência
ou inexistência de fatos.

5.3.1) Elementos da prova

A prova tem como elementos: objeto, sujeito, destinatário, meios, forma e finalidade.

Objeto da prova é o elemento mais importante da sua composição. Este é caracterizado como
os fatos que dão origem a causa de pedir. Sem o objeto, ou seja, sem os fatos a serem
provados, o autor não tem motivos para ingressar com uma ação.

Os fatos se dividem em duas categorias: a) fatos que não dependem de prova; b) fatos que
dependem de prova.

Os fatos que não dependem de prova não são objetos da mesma.

Sujeito – segundo elemento da prova


Endente-se por sujeito a pessoa ou coisa de quem ou de onde dimana a prova; pessoa ou coisa
que afirma ou atesta a existência do fato probando.

O terceiro elemento da prova é o destinatário. O destinatário da prova judicial é o juiz. As


afirmações de fatos, feitas pelos litigantes se dirigem ao juiz que precisa e quer saber a
verdade quanto aos mesmos.

O quarto e o quinto elementos são os meios e a forma, os quais aparecem juntos porque, de
acordo com os meios, a prova assumirá determinada forma. Moacyr Amaral Santos divide os
meios de prova como sendo:
a) Confissão, incluindo-se o depoimento da parte;
b) As testemunhas;
c) Os documentos;

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 84

d) A perícia;
e) A inspeção judicial;
f) As presunções e os indícios.

A forma deve ser compreendida como a configuração que a prova adquire no processo. Pode
ser testemunhal (se o meio for confissão ou testemunha – como no processo administrativo
fiscal não é tomado depoimento de testemunhas, as confissões ou testemunhas devem fazer
uma declaração, por escrito, a qual acompanhará o processo); documental (se o meio for o
documento); e a material (se o meio for a perícia ou inspeção judicial).

O último elemento da prova é a sua finalidade. A única finalidade da prova é formar


convicção tanto no juiz como nas partes.

5.3.2) FINALIDADES DAS PROVAS

Para se ter certeza de que o direito foi aplicado corretamente, deve ter a convicção da
existência ou da inexistência dos fatos alegados pelas partes. Caso haja dúvidas a respeito da
existência ou inexistência dos fatos, o direito não pode ser aplicado.

A prova surge para confirmar a veracidade e a existência dos fatos que nortearão o processo e
para assentar a convicção daquele que julga. Amaral Santos diz:

“A questão de fato se decide pelas provas. Por estas se chega à verdade, à certeza dessa
verdade, à convicção. O ponto de fato deve ser provado porque é na verdade resultante dessa
prova que a sentença, a ser proferida no processo, vai assentar-se para restaurar em suas
inteira e plenitude o direito ameaçado ou violado” (Santos, ob. Cit., p.6).

A finalidade da prova não é demonstrar a verdade dos fatos, e sim convencer o juiz. Tanto isso
é verdade que a convicção do juiz pode até assentar-se em provas que não demonstrem a
verdade dos fatos.

As provas, para proporcionar ao juiz proferir uma decisão, não podem deixar margem a
dúvidas. Devem ser inquestionáveis, caso a prova seja questionada ou completamente
inaceitável a força probante é afetada, pois o julgador leva cuidadosamente em conta cada
prova e sua respectiva força probante.

5.3.3) CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS

A classificação das provas é: a) quanto ao sujeito; b) quanto ao objeto; c) quanto á forma; d)


quanto ao efeito; e) quanto à licitude.

a) Quanto ao sujeito: é classificado como pessoal ou real – é a natureza ou estrutura do meio


que fornece a prova: através de pessoas (testemunho, confissão, nos ditos do perito) e de
coisas (documentos, objetos, etc.).

Relativamente ao sujeito, recibos, slips, movimentações bancárias, relatórios e comunicações


telefônicas são todas provas reais, pois são coisas e não pessoas que estão sendo usadas para
tentar provar as acusações e são classificadas como provas documentais.

b) Quanto ao objeto: pode ser direta ou indireta;

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 85

Direta: quando o objeto (fato) e o destinatário (julgador) estão em relação direta, exemplo:
inspeção judicial onde o juiz vê o fato da prova sem intermédio de outrem, pode ser
testemunhal ou documental, nas quais o juiz encontra-se frente a frente com a prova (pessoa
ou documento), também chamada de prova histórica ou representativa;

Indireta: Entre o juiz e o fato probante encontram-se outros fatos, no qual através do
raciocínio e da lógica conclui a existência ou não do fato a ser provado. Exemplo: São os
indícios e as presunções.

Os recibos e as comunicações telefônicas são provas diretas, pois entre eles e o juiz não
interpõe nenhum fato. É claro que resta saber se tal fato é verdadeiro ou não.

As movimentações bancárias, os slips e os relatórios são invariavelmente provas indiretas,


isso porque entre tais documentos e o juiz se interpõe um fato. E, para chegar a uma
conclusão, o julgador deve usar de deduções.

Quando existe uma prova indireta ela ou é uma presunção ou um indício, pois existe sempre
um fato se interpondo entre o juiz e a verdade.

A lei criou as Presunções Legais Condicionadas: são as que a lei estabelece como verdade
até prova em contrário. O fato presumido é havido como verdadeiro salvo se a ele se opuser
prova em contrário.

Exemplo: O Regulamento do Imposto de Renda dispõe que é omissão de receita o saldo


credor de caixa, caso a conta caixa esteja com saldo negativo (credor), o sujeito passivo deve
comprovar o motivo senão é considerado como omissão de receitas.

ACÓRDÃO Nº 106-13167 - 6ª CÂMARA


(SESSÃO DE 29.01.2003 - DOU DE 28.04.2003)
Processo nº:11618.003970/2001-14
Recurso nº: 132.658
Matéria:IRPF - Ex(s): 1999
TRIBUTAÇÃO DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA -
PRESUNÇÃO DEOMISSÃO DE RENDIMENTOS - Para os fatos geradores ocorridos a
partir de 01.01.97, a Lei nº 9430/96, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de
rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular,
regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem
dos recursos utilizados nessas operações.
ÔNUS DA PROVA - Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a
prova da origem dos recursos informados para acobertar seus dispêndios gerais e
aquisições de bens e direitos.

c) Quanto a forma:

A prova pode ser material, testemunhal ou documental. Material: é a consistente em qualquer


materialidade que sirva de prova do fato probante: o corpo delito, os exames periciais, os
instrumentos do crime. Testemunhal: é a afirmação oral ( pode ser testemunho, confissão e
depoimento oral). Documental: é a afirmação escrita ou gravada ( escrituras públicas ou
particulares, plantas, projetos, desenhos, fotografia, etc.).

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 86

d) Quanto ao efeito:

A prova pode ser plena (perfeita), ou semiplena (imperfeita). A prova plena existirá o
convencimento do juiz, e na prova semiplena não. A prova completa ou perfeita dá certeza
sobre o fato por provar, ao passo que a incompleta ou imperfeita apenas serve para que o juiz
considere o fato como provável ou verossímil (Devis Echandia).

Quanto ao efeito, os relatórios, as movimentações bancárias, os slips, as comunicações


telefônicas e os recibos são provas semiplenas ou imperfeitas. Elas são classificadas como
semiplenas porque definitivamente não criam convicção. Isso acontece porque nenhuma das
provas, sendo documento como é está completamente intacta ou correta.

e) Quanto à licitude

São lícitas ou ilícitas. As provas lícitas são as que estão incluídas entre as autorizadas por lei
ou o juiz as considere moral e juridicamente utilizáveis e que não violem alguma proibição
legal, expressa ou tácita. As provas ilícitas as que são expressa ou tacitamente proibidas por
lei ou atentam contra a moral e os bons costumes do respectivo meio social ou contra a
dignidade e liberdade da pessoa humana ou violam seus direitos fundamentais que a
constituição e a lei amparam.

Muitos documentos que não diziam respeito ao contribuinte autuado e que são apreendidos e
são usados contra ele. Outros documentos apreendidos e não especificados regularmente ( nos
Termos de Solicitação de Documentos foram usadas expressões como “ caixa de
documentos”). Contas bancárias obtidas sem autorização judicial, etc.

Diferença entre documentos PÚBLICO e PRIVADO

Públicos: instrumento público é o formado por oficial público no exercício de suas funções.
Particular: “Entende-se por instrumento particular o escrito que, emanado da parte, sem
intervenção do oficial público, respeitada certa forma, se destina a constituir, extinguir ou
modificar um ato jurídico” (De Plácido e Silva, 1975, pág. 817).

Analisando os documentos de um auto de infração, notamos claramente quando se tratam de


documentos públicos. Também, slips e relatórios não são documentos particulares, pois o
documento particular deve respeitar certa forma (são meros bilhetes que não obedecem à
forma correta para serem documentos particulares).

Isso significa que tais fatos não são devidamente provados, eles não existem e,
conseqüentemente, não existe verdade nas acusações. Se os fatos da causa são comprovados
por provas inidôneas, não há como formular uma convicção.

Do exposto, conclui-se que é inadmissível basear uma decisão em meras presunções, provas
que não dão convicção e obtidas de forma irregular.

ACÓRDÃO Nº 10612824 - 6ª CÂMARA


(SESSÃO DE 22.08.2002 - DOU DE 02.12.2002)
Processo nº: 13808000720/98-63
Recurso nº: 124648

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 87

Matéria: IRPF - Ex(s): 1991


SINAIS EXTERIORES DE RIQUEZA - PROVA - Cabe a autoridade lançadora o ônus de
provar o fato gerador do imposto de renda. A lei autoriza a presunção de omissão de
rendimentos desde que a autoridade lançadora prove que o contribuinte, durante o ano -
base, realizou gastos em montante superior a renda disponível. Ilegítimo é o lançamento
quando a autoridade lançadora deixe comprovar, o sinal exterior de riqueza.
Recurso provido.
Por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 101-94009 - 1ª CÂMARA


(DOU DE 13.05.2003 - SESSÃO DE 06.11.2002)
Processo nº: 10120.008853/00-97
Recurso nº: 129790
Matéria: IRPJ E OUTROS - Ex(s): 1996
IRPJ - GLOSA DE DESPESAS FINANCEIRAS - CONTRATO FINAME -
COMPROVAÇÃO - Comprovada com documentação hábil e idônea que as despesas
financeiras relativas à contratos de financiamento, modalidade FINAME foram incorridas,
pagas e devidamente escrituradas, e mais, que estão relacionadas com as atividades
desenvolvidas pelo sujeito passivo, deve ser restabelecida a dedutibilidade como despesas
operacionais.
GLOSA DE DESPESAS - VARIAÇÃO MONETÁRIA PASSIVA SOBRE AQUISIÇÃO DE
BENS POR CONSÓRCIOS - A prova de que as despesas não são necessárias à
atividade da empresa deve ser feita pelo fisco, individualizando-se a análise por natureza
de cada dispêndio. Não pode ser aceito o procedimento tendente a glosar valores
registrados a título de despesas com variação monetária passiva sem a devida
caracterização da irregularidade fiscal. O lançamento requer prova segura da ocorrência
do fato gerador do tributo. Tratando-se de atividade plenamente vinculada (Código
Tributário Nacional, arts. 3º e 142), cumpre à fiscalização realizar as inspeções
necessárias à obtenção dos elementos de convicção e certeza indispensáveis à constituição
do crédito tributário.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - A
decisão proferida no lançamento principal (IRPJ) deve ser estendida a demais lançamentos
ditos reflexivos, face à relação de causa e efeito. Por unanimidade de votos, rejeitar as
preliminares de nulidade e, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário.

5.3.4) Ônus da Prova

O contribuinte deverá justificar a sua impugnação. O razoamento de sua impugnação não


constitui a inversão do ônus da prova, nem dar ao fisco prevalência em detrimento do
indivíduo.

Não é o contribuinte que tem de provar contra as alegações do auto, cabe a ele contradizer o
auto, e este poder de contradizer não inverte o ônus da prova, porquanto todo o direito
civilizado só admite que um fato seja alegado mediante forte embasamento e fundamentação,
para constituir direito; não diferente é o auto de lançamento, onde o fiscal preparador deve
fazer a exigência com sólidas bases, não bastando a simples alegação e deixar que o
contribuinte prove o contrário, se puder. Isto seria violação ao devido processo legal.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 88

O contribuinte é detentor do direito de ver demonstrados contra si todas as provas e as


conexões, razoamentos, de raciocínio que levam a concluir que daqueles fatos decorre uma
conseqüência jurídica que lhe afeta o patrimônio.

A fundamentação dos fatos é a defesa do cidadão contra a opressão do Estado.

ACÓRDÃO Nº 107-06483
SESSÃO DE 05 DE DEZEMBRO DE 2001 - DOU DE 21.03.2002
Processo nº: 13805.012746/96-68
Recurso nº: 116480
Matéria: IRPJ - Ex.(s): 1988
Sessão de: 05 de dezembro de 2001
OMISSÃO DE RECEITAS - O lançamento requer prova segura da ocorrência do fato gerador
do tributo. Tratando-se de atividade plenamente vinculada (Código Tributário Nacional,
arts. 3º e 142), cumpre à fiscalização realizar as inspeções necessárias à obtenção dos
elementos de convicção e certeza indispensáveis à constituição do crédito tributário.
Havendo dúvida sobre a exatidão dos elementos em que se baseou o lançamento, a
exigência não pode prosperar, por força do disposto no art. 112 do CTN. O imposto, por
definição(CTN. art. 3º), não pode ser usado como sanção.
Por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso.

ACÓRDÃO 103-21.652
Órgão: 1º Conselho de Contribuintes / 3a. Câmara
1º Conselho de Contribuintes / 3a. Câmara / ACÓRDÃO 103-21.652 em 18/06/2004
IRPJ E OUTROS - Ex(s):1995
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - ILICITUDE DO MEIO DE OBTENÇÃO DAS
PROVAS - Para ilegitimidade das provas colhidas em dependência domiciliar da empresa sem
ordem judicial, faz-se necessária a demonstração de oposição ao ingresso da fiscalização no
domicílio.
IRPJ - OMISSÃO DE RECEITAS - INDÍCIOS - A atividade administrativa de lançamento há
de se submeter ao princípio da reserva legal, o que faz com que as exigências tributárias
somente possam ser formalizadas com prova segura dos fatos que revelem o auferimento da
receita passível de tributação ou mediante a demonstração de que ocorreram os fatos
expressamente arrolados pela lei como presunção de omissão de receita.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA - Aplica-se aos lançamentos reflexos, no que couber, o decidido
em relação ao processo principal se não existirem razões para ensejar conclusão diversa.
Recurso provido. Por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso.
CÂNDIDO RODRIGUES NEUBER - Presidente
Publicado no DOU em: 30.07.2004
Relator: PAULO JACINTO DO NASCIMENTO
Recorrente: VEIBRAS S.A. - IMPORTAÇÃO E COMÉRCIO LTDA.

ACÓRDÃO 108-07.792
Órgão: 1º Conselho de Contribuintes / 8a. Câmara
1º Conselho de Contribuintes / 8a. Câmara / ACÓRDÃO 108-07.792 em 12/05/2004
IRPJ e OUTROS - Ex.: 1999
IRPJ - REEXAME NECESSÁRIO -RECURSO DE OFÍCIO - O ato administrativo será
revisto de ofício se o motivo nele inscrito não existiu. Súmula 473 do STF.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 89

ÔNUS DA PROVA - Nos casos de lançamento por omissão de receitas, excetuando-se as


presunções legais, incumbe a Fazenda provar os pressupostos do fato gerador da obrigação e
da constituição do crédito.
IRPJ E OUTRAS - MULTA APLICADA - A multa é aplicada segundo a natureza do ilícito
detectado. Não se mantém o agravamento tipificado como crime, quando o ilícito não se
subsume às determinações legais que dimensionam o crime conta a ordem tributária.
Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso de ofício.
Dorival Padovan - Presidente
Publicado no DOU em: 20.07.2004
Relator: Ivete Malaquias Pessoa Monteiro
Recorrente: 5ª TURMA/DRJ - RIBEIRÃO PRETO/SP
Interessado: PAC EMBALAGENS LTDA.

Cabe ao Contribuinte o ônus da prova (prova em contrário) nos casos em que a lei considera
a presunção como prova (presunções legais). Exemplo de presunções legais, conforme
RIR/99:

a) a indicação na escrituração de saldo credor de caixa (art. 281);


b) a falta de escrituração de pagamentos efetuados (art. 281);
c) manutenção no passivo de obrigações já pagas ou cuja exigibilidade não seja
comprovada( art. 281);
d) base no valor dos recursos de caixa fornecidos à empresa por administradores, sócios da
sociedade não anônima, titular da empresa individual, ou pelo acionista controlador da
companhia, se a efetividade da entrega e a origem dos recursos não forem comprovadamente
demonstradas (art. 282);
e) falta de emissão de nota fiscal ( art. 283);
d) Depósito bancário em que o contribuinte não comprove a origem dos recursos utilizados
nessas operações (art.287).

Nesses casos se o contribuinte não fazer prova em contrário, será considerado devedor
do tributo, apenas com base na presunção.

ACÓRDÃO Nº 106-13167 - 6ª CÂMARA


(SESSÃO DE 29.01.2003 - DOU DE 28.04.2003)
Processo nº:11618.003970/2001-14
Recurso nº: 132.658
Matéria:IRPF - Ex(s): 1999
TRIBUTAÇÃO DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA -
PRESUNÇÃO DEOMISSÃO DE RENDIMENTOS - Para os fatos geradores ocorridos a
partir de 01.01.97, a Lei nº 9430/96, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de
rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular,
regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem
dos recursos utilizados nessas operações.
ÔNUS DA PROVA - Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a
prova da origem dos recursos informados para acobertar seus dispêndios gerais e
aquisições de bens e direitos.
Recurso negado.

ACÓRDÃO Nº 10514120 - 5ª CÂMARA


(SESSÃO DE 11.06.2003 - DOU DE 14.08.2003)

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 90

Processo nº: 10880.0036524/90-54


Recurso nº: 131.475
Matéria: IRPJ e OUTROS - EX.: 1987
DESPESAS NÃO COMPROVADAS - GASTOS COM VIAGENS - ALEGAÇÃO DE
DESCONHECIMENTO DA LEI - As despesas operacionais apropriadas na apuração do
lucro real devem estar devidamente comprovadas e os gastos com viagens somente
poderão ser deduzidos, quando comprovada a sua necessidade e o vínculo com as
atividades exercidas pelo contribuinte, o qual não pode alegar que deixou de agir de acordo
com a legislação em vigor por desconhecer as normas tributárias.
OMISSÃO DE RECEITA - PREVENÇÃO RELATIVA - INVERSÃO DO ÔNUS DA
PROVA - Ao contrário do que alega o contribuinte, cabe a ele e tão somente a ele comprovar
que não houve a prática de ato que configura omissão de receita; no caso, a não comprovação
da origem e entrega efetiva dos suprimentos de numerário feitos pelos sócios.
AUTUAÇÃO REFLEXA - Sendo as razões de decidir idênticas a tributação decorrente
seguirá o que for resolvido em relação à autuação principal, no caso, IRPJ. Recurso negado.
Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 108-07777 - 8ª CÂMARA


(SESSÃO DE 15.04.2004 - DOU DE 19.07.2004)
Recurso nº: 134.828
Matéria: IRPJ e OUTROS - Exs.: 1996 a 1999
PRELIMINAR - CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA - DESCRIÇÃO DOS
FATOS - Não há que se falar em cerceamento do direito de defesa quando o contribuinte
tem acesso à detalhada descrição dos fatos e apresenta sua defesa com amplo
conhecimento dos eventos que levaram à autuação.
DECADÊNCIA - IRPJ, CSL, PIS, COFINS, IRF - LANÇAMENTO POR
HOMOLOGAÇÃO - APLICAÇÃO DO ART. 150, Parágrafo 4º - DO CTN - Aplica-se o
termo inicial previsto no art. 150, parágrafo 4º, do CTN, para contagem da decadência dos
tributos considerados como de lançamento por homologação.
OMISSÃO DE RECEITA - SUPRIMENTO DE NUMERÁ- RIO - FALTA DE
COMPROVAÇÃO DE ORIGEM E EFETIVA ENTREGA DO NUMERÁRIO -
PRESUNÇÃO RELATIVA - A presunção legal do art. 229 do RIR/94 é considerada
relativa, isto é, passível de prova em contrário pelo contribuinte. Não demonstrando a
efetiva entrega ou a origem do numerário suprido, deve ser mantida a exigência.
PENALIDADE - MULTA ISOLADA - FALTA DE PAGAMENTO POR ESTIMATIVA OU
FALTA DE BALANCETE - A multa isolada prevista no art. 44 da Lei nº 9430/96 deve ser
aplicada quando o contribuinte não atende às condições impostas por lei para optar pela
apuração anual do Lucro Real, quais sejam, recolher com base em estimativa ou levantar
balancete de suspensão ou redução dos recolhimentos.
Recurso negado.
Por maioria de votos, ACOLHER a preliminar de decadência dos fatos geradores abrangidos
até 28.09.95 e, no mérito, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.
Vencidos os Conselheiros Nelson Lósso Filho, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro e José Carlos
Teixeira da Fonseca que acolhiam a decadência apenas em relação ao IRPJ, PIS e IR-Fonte.

5.3.5 Inversão do ônus da prova

a) Quando o fisco contesta o fato escriturado na Contabilidade o ônus é seu ( fisco). Nesse
sentido temos os seguintes artigos do RIR/99:

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 91

Art. 923. “A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a
favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis,
segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977,
art. 9º, § 1º).”

Art. 924. Cabe à autoridade administrativa a prova da inveracidade dos fatos registrados com
observância do disposto no artigo anterior (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 9º, § 2º).

Art. 925, do RIR/99 - O disposto no artigo anterior não se aplica aos casos em que a lei, por
disposição especial, atribua ao contribuinte o ônus da prova de fatos registrados na sua
escrituração (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 9º, § 3º).

b) Documentação em poder da repartição fiscalizadora

O art. 37, da Lei nº 9.784/99, determina que: quando o interessado declarar que os fatos e
dados estão registrados em documentos existentes na própria administração responsável pelo
processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de
ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas provas.

5.3.6 A PROVA E A CONTABILIDADE

A prova no processo Administrativo Fiscal é de fundamental importância e deve ser observada


criteriosamente pelo Contribuinte, através da prova o julgador forma sua convicção a favor
ou contra a empresa. “Quem alega e não prova não alegou”, alegação sem prova transforma-
se em uma denúncia vazia. Por exemplo, o Contribuinte alega na sua impugnação que não é
devedor do tributo, pois já o pagou, no entanto, não apresenta cópia do comprovante de
recolhimento, na peça impugnatória. Seu argumento é inválido, não é acolhido, não está
devidamente comprovado, é nesse sentido que as provas devem ser consideradas.

A produção de provas fortes e irrefutáveis deve ser preparada pelo Contribuinte na ocasião da
realização do ato jurídico ( negociação: compra ou venda). A prova nada mais é do que um
documento hábil (aceito pelo fisco) que suporta o lançamento contábil. Muitas vezes, os
responsáveis pelas empresas apresentam documentos parcialmente hábeis, documentos
considerados não hábeis ( pedido, rascunho de compras, sem identificação) ou não
apresentam documentos. O Contador, por sua vez, cobra os devidos documentos, mas como a
empresa é dinâmica e já está envolvida em outras negociações não se preocupa com a
documentação anterior. Então o lançamento contábil é feito com base na cópia de cheque sem
a documentação comprobatória. O tempo passa, substitui-se o Contador, o Administrador ou
até mesmo os sócios, a falta do documento só vai ser observada quando solicitado pelo fiscal,
quase 05 anos após a data que deveria ser emitido.

A administração sai correndo atrás da documentação, inútil o fornecedor que vendeu fechou,
até mesmo não é mais fornecedor da empresa, não vai ter nenhuma vontade em procurar
documentos, ou ainda, não foi emitido o respectivo documento fiscal, naquela ocasião. São
fatos lamentáveis, mais que normalmente ocorrem em nossas empresas, é uma questão de
cultura, pois são os sócios que administram suas próprias empresas e acreditam que não é
necessário manter toda a documentação em ordem.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 92

Todos os lançamentos contábeis necessitam de comprovantes hábeis, sejam eles de receitaS,


despesas ou variação patrimonial. A produção de provas é estabelecida pelos documentos que
dão suporte aos lançamentos contábeis. Qualquer fragilidade expõe a empresa em um
processo de fiscalização.

Várias são as formas de provas que acompanham o lançamento contábil:

a) O próprio documento é o comprovante do lançamento contábil. Exemplo: nota fiscal de


compras de peça, no Diário consta o número da nota fiscal e o nome da empresa, bem como o
valor do documento;

b)Diferente é uma provisão de férias, na qual devem constar todos os funcionários que têm
direito a férias. Em empresas com 20, 100, 500, 1000 ou mais funcionários, não é possível
lançar na contabilidade individualmente a provisão por funcionários. A prova consiste, neste
caso, que os saldos contábeis estejam em conformidade com o total do relatório da provisão
de férias e encargos, o qual é fornecido pelo setor pessoal da empresa. No Relatório de
provisão de férias consta individualmente o nome de cada funcionário, a data de admissão, o
período aquisitivo de férias, o número de meses a que tem direito a férias, o terço
constitucional, bem como os encargos de FGTS ( 8,5%) e INSS ( em torno de 28,8%-
empresa, SAT, terceiros e aposentadoria especial), requisitos constantes no artigo 337 do
Decreto 3.000/99 ( RIR/99). Além disso, esse relatório é emitido pelo sistema do Setor de
Pessoal que possui cadastrado todos os funcionários da empresa ou pode ser confeccionado
em planilhas de acordo com a realidade da empresa, sendo despesa dedutível em função da
lei permitir.
Se a empresa, por ocasião do lançamento contábil, não foi efetuar a produção de provas,
mediante o relatório de provisão de férias individualizado por funcionários, a despesa será
glosada, devendo o valor ser adicionado ou lucro real. Fica difícil confeccionar essas provas
quando a empresa for autuada, pois já se passou muito tempo e o período de defesa é de
apenas 30 dias da data da ciência do auto de infração. A Contabilidade levada a sério, serve
como instrumento de filtro da documentação, bem como de prova no PAF.

c) Os impostos ainda que não pagos e ou a pagar são dedutíveis pelo período de competência.
(Parágrafo 2º, artigo 41 da Lei nº 8981/95 e Artigo 1º da Lei nº 9.316/96). Para isto, o
Contador deve elaborar demonstrativo, mês a mês, demonstrando a base de cálculo, a alíquota
e outros valores que servirão de suporte para o cálculo do imposto, bem como declará-lo na
DCTF. Se o fiscal não constatar subsídios necessários que comprovem o lançamento contábil,
a despesa poderá ser glosada.

d) Lançamentos Globais na Contabilidade – É um “prato cheio” para a fiscalização quando


localiza na contabilidade despesas lançadas englobadamente, isto é, várias despesas ( pagas
ou a pagar) que são somadas e lançadas. Esse procedimento acaba facilitando o trabalho de
investigação, pois o lançamento é facilmente identificado e depois porque se constitui
provisão lançamentos englobados, sem a devida comprovação, sendo indedutível a provisão
para fins de IRPJ e CSSL (inciso I, do Art. 13, da Lei 9.249/95). O raciocínio é o mesmo do
item anterior, se na data do lançamento não o discrimina, passados 03 a 05 anos fica quase
impossível chegar a conclusão de quais documentos compõem o lançamento. Conforme
matéria abaixo, a diferença entre Provisão e Contabilização pelo Regime de Competência:

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 93

DIFERENÇA ENTRE A CONTABILIZAÇÃO PELO REGIME DE COMPETÊNCIA X


PROVISÃO

Período de Competência

O Art. 9º, da Resolução 750, de 29/12/93, do CFC, estabelece a seguinte definição de Período
de Competência: as receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do
período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem,
independentemente de recebimento ou pagamento.

O art. 177, da Lei 6.404/76 estabelece que a escrituração da companhia será mantida em
registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta lei e aos
princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios
contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de
competência.

O Decreto 3.000/99 (RIR/99), define o seguinte:

Art. 247. Lucro real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições,
exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas por este Decreto (Decreto-Lei nº 1.598,
de 1977, art. 6º).
§ 1º A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido de cada período
de apuração com observância das disposições das leis comerciais (Lei nº 8.981, de 1995, art.
37, § 1º).
§ 2º Os valores que, por competirem a outro período de apuração, forem, para efeito de
determinação do lucro real, adicionados ao lucro líquido do período de apuração, ou dele
excluídos, Vide PN 2/96, que impõe ao Fisco a observância do preceito serão, na
determinação do lucro real do período de apuração competente, excluídos do lucro líquido ou
a ele adicionados, respectivamente, observado o disposto no parágrafo seguinte (Decreto-Lei
nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 4º).

-Art. 248. O lucro líquido do período de apuração é a soma algébrica do lucro operacional
(Capítulo V), dos resultados não operacionais (Capítulo VII), e das participações, e deverá ser
determinado com observância dos preceitos da lei comercial (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977,
art. 6º, § 1º, Lei nº 7.450, de 1985, art. 18, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 4º).

Art. 273. A inexatidão quanto ao período de apuração de escrituração de receita, rendimento,


custo ou dedução, ou do reconhecimento de lucro, somente constitui fundamento para
lançamento de imposto, diferença de imposto, atualização monetária, quando for o caso, ou
multa, se dela resultar (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 5º):
I – a postergação do pagamento do imposto para período de apuração posterior ao em que
seria devido; ou
II – a redução indevida do lucro real em qualquer período de apuração.
§ 1º O lançamento de diferença de imposto com fundamento em inexatidão quanto ao período
de apuração de competência de receitas, rendimentos ou deduções será feito pelo valor
líquido, depois de compensada a diminuição do imposto lançado em outro período de
apuração a que o contribuinte tiver direito em decorrência da aplicação do disposto no § 2º do
art. 247 (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 6º).
§ 2º O disposto no parágrafo anterior e no § 2º do art. 247 não exclui a cobrança de
atualização monetária, quando for o caso, multa de mora e juros de mora pelo prazo em que

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 94

tiver ocorrido postergação de pagamento do imposto em virtude de inexatidão quanto ao


período de competência (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 7º, e Decreto-Lei nº 1.967,
de 23 de novembro de 1982, art. 16).

-Art. 274. Ao fim de cada período de incidência do imposto, o contribuinte deverá apurar o
lucro líquido mediante a elaboração, com observância das disposições da lei comercial, do
balanço patrimonial, da demonstração do resultado do período de apuração e da demonstração
de lucros ou prejuízos acumulados (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 7º, § 4º, e Lei nº 7.450,
de 1985, art. 18).
§ 1º O lucro líquido do período deverá ser apurado com observância das disposições da Lei nº
6.404, de 1976 (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 67, inciso XI, Lei nº 7.450, de 1985, art.
18, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 5º).

-Art. 344, do RIR/99. Dispões que os tributos e contribuições são dedutíveis, na determinação
do lucro real, segundo o regime de competência (Lei nº 8.981, de 1995, art. 41).
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica aos tributos e contribuições cuja exigibilidade esteja
suspensa, nos termos dos incisos II a IV do art. 151 da Lei nº 5.172, de 1966, haja ou não
depósito judicial (Lei nº 8.981, de 1995, art. 41, § 1º).

-Art. 366. São admitidos, como despesas de propaganda, desde que diretamente relacionados
com a atividade explorada pela empresa e respeitado o regime de competência, observado,
ainda, o disposto no art. 249, parágrafo único, inciso VIII (Lei nº 4.506, de 1964, art. 54, e Lei
nº 7.450, de 1985, art. 54).

Concluímos, então, que é dever do Contador registrar as RECEITAS e principalmente as


DESPESAS pelo regime de Competência.

Provisão

Provisão é uma reserva de um valor para atender a despesas que se esperam. A provisão visa a
cobertura de um gasto já considerado certo ou de grande possibilidade de ocorrência.
Também é um fundo de proteção a riscos sobre perdas que se esperam ou que já ocorreram e
reduziram o valor do ativo, mas que, sendo reversíveis ou com probabilidade de redução.
(Dicionário de Contabilidade, 9ª Edição, Editora Atlas).

O Art. 13, da Lei 9.249/95, determina que para efeito de apuração do lucro real e da base de
cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções,
independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964:

I - de qualquer provisão, exceto as constituídas para o pagamento de férias de empregados e


de décimo-terceiro salário, a de que trata o art. 43 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995,
com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, e as provisões técnicas das
companhias de seguro e de capitalização, bem como das entidades de previdência privada,
cuja constituição é exigida pela legislação especial a elas aplicável;

Portanto as provisões são indedutíveis para fins de apuração do Imposto de Renda e da


Contribuição Social sobre o Lucro, exceto as provisões de férias, 13º salário e as provisões
técnicas de companhias de seguro, capitalização. A Lei 10.833/2003, alterou o artigo 8º, da
Lei 10.753/2003 e permitiu a dedutibilidade da provisão para perda de estoque para Editor de
Livros, Distribuidoras de Livros e Livreiros.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 95

O fisco não aceita a dedutibilidade das provisões por serem consideradas incertas, são gastos
prováveis, mas não podem ser corretamente mensurados na data do balanço, dependem de
eventos futuros, tais como: sua realização (venda), cotação do Dólar, da Bolsa de Valores e
etc.

Contabilização pelo Regime de Competência x Provisão

Uma das grandes dificuldades do Contador na área tributária é diferenciar a Contabilização


pelo Regime de Competência da Provisão.

A contabilização pelo Regime de Competência é uma obrigação do Contador, conforme


vimos na definição de Competência pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), pela Lei
das Sociedades Anônimas e pelo Fisco Federal. Por exemplo:

a) Contabilização no próprio período das despesas incorridas em dezembro e não no


mês de janeiro e fevereiro do ano seguinte, quando foram pagas;
b) Contabilização dos fornecedores na data do faturamento e não período data do
pagamento;
c) Contabilização dos juros e atualizações sobre financiamentos até a data do balanço, em
conformidade com contrato firmado com a Instituição Financeira;
d) Contabilização dos Tributos, juros e multas de mora exigidos pela Legislação no mês
de sua competência e não do seu pagamento.

Já provisão é um lançamento que depende de um evento futuro, que provavelmente vai


ocorrer, mas na data do balanço não está totalmente definido ou quantificado, por exemplo:

- Provisão para Imposto de Renda, ao fechar o Balanço de 31/12, no mês de janeiro ou


fevereiro do ano seguinte, o Contador faz a referida provisão, no entanto até a data da entrega
da Declaração de Imposto de Renda, em 30./jun, poderá haver mudanças no cálculo do IRPJ,
com diferimento do Imposto, dedução do PAT, etc.
- Provisão para Férias, o funcionário com menos de um ano pode pedir demissão e não ter
direitos às férias, bem como o funcionário pode ser demitido por justa causa ou abandonar o
emprego.
- Provisão de Estoques, reserva constituída quando o preço de venda é menor que o preço de
aquisição da mercadoria. Depende de um evento futuro: a venda.
- Provisão para Contingências judiciais – A empresa discute na justiça uma determinada ação,
vai se tornar uma despesa apenas quando a empresa perder a ação e ainda o valor da ação
somente será conhecido ao término da ação. Na data do Balanço é apenas uma provisão.

Nós, os Contadores, costumamos utilizar incorretamente o termo provisionar, por exemplo,


provisionar fornecedores, provisionar juros sobre contrato, provisionar Pis e a Cofins quando
na realidade o termo correto seria contabilizar fornecedores, contabilizar juros sobre contrato
e contabilizar Pis e a Cofins, pois é um valor líquido e certo, por exigência contratual ou legal.
Parece ser simples, no entanto o uso incorreto do termo traz dúvidas na ocasião da
interpretação da Lei, muitas vezes o Contador deixa de contabilizar uma despesa totalmente
dedutível e pagar menos IRPJ e CSLL, devido o fato de confundir com provisões que são
indedutíveis.

(texto extraído da obra: Contabilidade Tributária, do site www.portaltributario.com.br).

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 96

Diferentemente são os lançamentos pelos totais que estão individualizados em livros


auxiliares de contabilização, que ficam à disposição da fiscalização e lastreados por
documentos hábeis.

e) Outras Contabilizações - principalmente planejamentos tributários e outras contabilizações


que são feitos utilizando-se de consultas, acórdãos ou interpretação da lei a favor da empresa,
devido a um provável questionamento em uma fiscalização, devem ser arquivados
juntamente com os documentos contábeis, em formato de dossiê, explicando e comprovando
o raciocínio que justificou o lançamento contábil.

f) Especificar no histórico contábil os dados do lançamento. Exemplo: no ano de 2000, por


um lapso a empresa, a empresa não contabilizou a sua NF nº 1. 111, relativa a receita, porém a
lançou no ano posterior em 2001, quando detectou a incorreção. Se não efetuar o lançamento
de forma discriminada no Diário e em separado das demais notas fiscais, o lançamento não
poderá ser identificado no Livro Diário, conseqüentemente, se detectado o valor não lançado
em 2000, o fisco autuará e a empresa não poderá compensar o lançamento efetuado em
2001, bem como será configurada a omissão de receita e crime contra a ordem tributária.

A exposição deste assunto tem como objetivo alertar os Contribuintes e seus Contadores de
que a produção de prova deve ser feita por ocasião da realização do negócio e da
contabilização, cabendo até uma indagação mental (tanto para o Contribuinte como para o
Contador): EM UMA FISCALIZAÇÃO, ESSE DOCUMENTO SERÁ ACEITO PELO
FISCO??? É UM DOCUMENTO SUFICIENTEMENTE HÁBIL OU É NECESSÁRIO UM
LAUDO E OUTROS DOCUMENTOS SUBSIDIÁRIOS QUE COMPROVEM A
TRANSAÇÃO??? QUAIS AS PROBABILIDADES DO JULGADOR ACEITAR O
DOCUMENTO??? Tomando todas as precauções possíveis, no momento adequado, não será
uma tarefa difícil de convencer o Fiscal ou o Julgador. São filtros que facilitarão a defesa do
contribuinte em autuações fiscais, pois produzir provas, após passado anos, em tempo curto
( 30 dias para a impugnação), tende a ser uma prova fraca e sem poder probatório suficiente
de convencimento dos julgadores, pelos fatos expostos, bem como, uma Contabilidade com
suporte documental, torna-se prova a favor da empresa, provando a boa-fé do contribuinte e
exigindo a prova em contrário do fisco.

ACÓRDÃO 108-07.816
Órgão: 1º Conselho de Contribuintes / 8a. Câmara
1º Conselho de Contribuintes / 8a. Câmara / ACÓRDÃO 108-07.816 em 13/05/2004
IRPJ e OUTROS/SIMPLES - Ex.: 1998 e 1999
PAF - APURAÇÃO CONTÁBIL - A ciência contábil é formada por uma estrutura única
composta de postulados e orientada por princípios. Sua produção deve ser a correta
apresentação do patrimônio, com apuração de suas mutações e análise das causas de suas
variações. A apuração contábil observará as três dimensões na qual está inserida e as quais
deve servir: comercial - a Lei 6404/1976; contábil - Resolução 750/1992 e fiscal, que implica
em chegar ao cálculo da renda, obedecendo a critérios constitucionais com fins tributários. A
regência da norma jurídica originária de registro contábil tem a sua natureza dupla: descrever
um fato econômico em linguagem contábil sob forma legal e um fato jurídico imposto legal e
prescritivamente. Feito o registro contábil, como determina a lei, torna-se norma jurídica
individual e concreta, observada por todos, inclusive a administração, fazendo prova a favor
do sujeito passivo. Caso contrário, faz prova contra.
Recurso negado. Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 97

Dorival Padovan - Presidente


Publicado no DOU em: 20.07.2004
Relator: Ivete Malaquias Pessoa Monteiro
Recorrente: URBAPI URBANIZADORA DO PIAUÍ LTDA.

A ciência do direito propõe-se o descobrimento da verdade. A verdade é aquilo que o homem


crê ser o real.

No processo administrativos são três as verdades:


- Verdade descrita no lançamento pelo Auditor, com provas;
- Verdade descrita na defesa, com provas;
- Verdade do Julgador
Prevalece a verdade do julgador;

A decisão do julgador não se procura a verdade absoluta, a qual é praticamente inatingível,


mas sim um juízo de probabilidade da ocorrência dos fatos.

A tendência atual é no sentido de dar ao julgador ampla liberdade para apreciação do valor e
da força da prova para formar sua convicção sobre a verdade dos fatos, conforme dispõe o art.
29, do Decreto 70.235/72:
“Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo
determinar as diligências que entender necessário”.

Para que a prova produzida tenha sucesso, deve-se analisar a destinação da mesma: para o
auditor e para o julgador.

Das provas - Decreto 7.574/2011

São hábeis para comprovar a verdade dos fatos todos os meios de prova admitidos em direito
(Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, art. 332).

São inadmissíveis no processo administrativo as provas obtidas por meios ilícitos (Lei nº
9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 30).

Os autos de infração ou as notificações de lançamento deverão estar instruídos com todos os


termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do
ilícito (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 9º, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009,
art. 25).

A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do sujeito
passivo dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua
natureza, ou assim definidos em preceitos legais (Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de
1977, art. 9º, § 1º).

Cabe à autoridade fiscal a prova da inveracidade dos fatos registrados com observância do
disposto no caput (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 9º, § 2º).

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 98

O disposto acima, quanto à escrituração, não se aplica aos casos em que a lei, por disposição
especial, atribua ao sujeito passivo o ônus da prova de fatos registrados na sua escrituração
(Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 9º, § 3º).

Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao
órgão competente para a instrução e sem prejuízo do disposto no art. 29 (Lei nº 9.784, de
1999, art. 36).

Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes
na própria administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão
competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas
cópias (Lei nº 9.784, de 1999, art. 37).

Base: art. 24 a 29 do Decreto 7.574/2011

5.3.7 Conclusão

a) Ao fiscal que emitiu o auto de infração cabe as provas que fundamentem a exigência
fiscal, sendo indispensável à comprovação da infração (por isso comentamos
anteriormente que não devem ser entregues documentos que comprometam a empresa) ;
b) Ao contribuinte cabe a prova dos fatos que comprovam a inexistência das exigências
contidas no auto de infração; Por exemplo: se o contribuinte alegar que pagou, parcelou o
tributo questionado, deverá apresentar no processo cópias das DARFS, comprovando o
pagamento.
c) Fatos que não dependem de prova:
- os fatos notórios de conhecimento de todos;
- aqueles afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária (por esta razão é
que afirmamos anteriormente que não devem ser respondidos questionários que
comprometam a empresa);
- os admitidos no processo como incontestáveis, irreversíveis;
- aqueles em que a lei afirma que apenas o indício é uma prova. Exemplo: o art. 281 do
RIR/99, estipula que é omissão de receita a existência de saldo credor de caixa, nesse caso
a fiscalização não precisa provar que a origem do dinheiro é de vendas não declaradas,
pois o próprio regulamento afirma isso.
d) A prova documental produzida pelo fisco deve fazer parte do auto de infração e a
produzida pelo contribuinte junto com a defesa (impugnação).

ACÓRDÃO N° 10514028 - 1ª CÂMARA


(DOU DE 29.04.2003 - SESSÃO DE 26.02.2003)
Processo n° 10435.001403/98-14
Recurso nº 130.993
Matéria IRPJ - EXS.: 1994 a 1996
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - PROVAS - A prova documental será
apresentada na impugnação, precluindo o direito do impugnante fazê-lo em outro momento
processual, ressalvadas as hipóteses previstas na norma legal. (Art. 16, parágrafo 4º, do Dec.
70235/72).

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 99

e) Diligências e perícias devem ser requeridas pelo contribuinte na defesa (não sendo
permitido solicitar diligências ou perícias depois de ingressado com a defesa
administrativa), sendo necessário expor os motivos que justifiquem e com indicações de
quesitos.
f) Não cabe a produção de prova testemunhal ou depoimento pessoal (qualquer produção
de provas que envolvam depoimento de pessoas deve ser feita por escrito, em forma de
declaração e anexado ao processo de defesa).

(Base: art. 15 e 16 do Decreto 70.235/72 e art. 333 do Código de Processo Civil)

g) ônus da prova (para Adágio Romano)


- se o autor não prova o que alega, é o réu absolvido; Exemplo: o Auditor alega fato
constitutivo – o ônus é seu;
- quem alega e não prova, é tido como não tendo alegado; Exemplo: A defesa alega
fato impeditivo, modificativo ou extinto – o ônus é seu ( alegação de sucessão,
pagamento parcial, decadência ou compensação – a defesa deve provar que houve
sucessão ( anexando o contrato social), pagamento ( DARF), compensação ( declaração de
compensação), etc.

h) Prova direta: ex: documento, confissão, perícia (alto grau de probabilidade).

i) Presunções: são as conseqüências que a Lei ou magistrado tira de um fato conhecido para
provar um fato desconhecido (Código Civil Francês).

- Presunções Legais

Presunções absolutas – exemplo: a PJ aderiu espontaneamente lucro presumido.

Presunções Relativas: admitem prova em contrário.

- Presunções comuns ou simples: precária, sacrifica a exceção (exemplo: 95% das presunções
são corretas e 5% são incorretas – os 5% pagam pelos 95%, por isso é precária e deve ser
provada).

Alguns acórdãos

ACÓRDÃO Nº 01-1155 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 29 DE AGOSTO DE 1991 - DOU DE 26.10.94
IRPJ - OMISSAO DE RECEITA.
Mero informativo gerencial fornecido por administradora de shopping Center, quando este
for o único indicio da omissão, e insuficiente a manutenção da imposição fiscal. ACORDAM
os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, NEGAR
provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente
julgado.

ACÓRDÃO CSRF Nº 01-1568 - 1ª TURMA


SESSAO DE 12 DE AGOSTO DE 1993 - DOU DE 13.09.96
OMISSAO DE RECEITA - SALDO CREDOR DE CAIXA
A simples suspeita de que cheques emitidos pela empresa para pagamentos de seus
compromissos tenham servido a outros objetivos, em verdade é um indicio de ilícito que

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 100

recomenda um aprofundamento da ação fiscal, mas não é elemento que, por si só, justifique
o procedimento de exclusão de tais valores questionados da conta "Caixa", para eventual
determinação de saldo credor na conta.
Acordam os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, pelo voto de qualidade, dar
provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº CSRF/01-1052 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 26 DE NOVEMBRO DE 1990 - DOU DE 06.10.94
IRPF - OMISSAO NO REGISTRO DE RECEITAS - FALTA DE REGISTRO DE
COMPRAS.
Eventuais indícios de omissão no registro de receitas, como os evidenciados pela falta de
registro de compras efetuadas pela pessoa jurídica, requerem, para comprovação do fato de
que os correspondentes pagamentos foram feitos com recurso movimentados à margem da
escrituração, maior empenho e um aprofundamento nas investigações por partes da
Fiscalização. Por outro lado, comprovado que a contribuinte, ao vender tais produtos,
emitiu Notas Fiscais para acobertar as operações, a conclusão inevitável e de que omissões
anteriormente efetivadas acabem por ter, ainda que de forma parcial, seus resultados
oferecidos a tributação, sem qualquer redução a titulo de custos.
Recurso especial não provido.
Acordam os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos,
NEGAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº CSRF/01-1049 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 26 DE NOVEMBRO DE 1990 - DOU DE 06.10.94
OMISSAO DE RECEITA - COMPRAS NAO REGISTRADAS - PROVA EMPRESTADA.
A acusação de omissão de receita por omissão de registro de compras, com base em
levantamento feito pelo Fisco Estadual, imprescinde, para sua subsistência, de prova direta
da operação que deu causa a presunção.
Acordam os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos,
NEGAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 102-45383 - 2ª CÂMARA


(SESSÃO DE 20.02.2002 - DOU DE 14.05.2002)
Processo nº. : 10940.000094/99-37
Recurso nº. : 127.623
Matéria : IRPF - EXS.: 1994 a 1997
IRPF - ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO - DINHEIRO EM CAIXA - Para
que os recursos disponíveis em moeda ao final de cada ano-calendário constituam-se lastro
para eventuais acréscimos patrimoniais no mês, imediatamente, subseqüente, devem
estar incluídos na respectiva declaração de bens, e, como todos os dados declarados, ter
sua origem comprovada e justificativa para a permanência em caixa sem remuneração.
Não se prestam para esse fim eventuais sobras decorrentes da confrontação entre
rendimentos e aplicações declaradas, mesmo aquelas apuradas em levantamentos fiscais para
constatação do fato gerador do Imposto de Renda, pois não expressam a efetiva posse do bem
no último dia do período.
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO - MÚTUO - A contratação de
empréstimo entre particulares despida de comprovação da transferência do correspondente

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 101

numerário, ainda que constante das declarações de ajuste anuais dos contratantes apresentadas
a destempo e após o início do procedimento de ofício, não constitui origem para eventuais
aplicações, uma vez contrato unilateral que se perfaz com a tradição de seu objeto.
PROVA - APLICAÇÕES FINANCEIRAS - Em face da tributação mensal do Imposto de
Renda, os rendimentos decorrentes de aplicações financeiras devem ser revestidos de
comprovação de seu efetivo recebimento no mês de referência.
Recurso negado.
Pelo voto de qualidade, NEGAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 103-20822 - 3ª CÂMARA


(SESSÃO DE 23.01.2002 - DOU DE 08.11.2002)
Processo nº: 10940.000911/99-11
Recurso nº: 128.006
Matéria: IRPJ E OUTROS - Ex(s): 1994 a 1996
IRPJ - OMISSÃO DE RECEITA - SALDO CREDOR DE CAIXA - PROVAS -
Configurada resta a omissão de receita, quando o sujeito passivo não logra descaracterizar o
levantamento fiscal, com provas hábeis e idôneas da efetiva entrada de numerário na conta
caixa.
OMISSÃO DE RECEITA - SUPRIMENTO DE CAIXA - Solidifica-se a presunção de
omissão de receita, na ausência de prova da efetiva entrega e da origem do numerário
destinado a aumento de capital, ou contabilizados como empréstimos de sócios.
Por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 103-21059 - 3ª CÂMARA


(SESSÃO DE 16.10.2002 - DOU DE 28.11.2002)
Processo nº: 10140.001169/00-55
Recurso nº: 130.024
Matéria: IRPJ E OUTROS - Ex(s): 1997
IRPJ. OMISSÃO DE RECEITAS. AUMENTO DE CAPITAL NÃO COMPROVADO. Se o
sujeito passivo não comprova a origem e a efetiva entrega do numerário correspondente à
integralização do aumento de Capital Social cabe a presunção de omissão de receita. A
apresentação da Declaração de Imposto de Renda - Pessoa Física correspondente ao ano-
calendário, por si não justifica nem a origem e nem a efetiva entrega do numerário.
Recurso voluntário não provido.
Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 106-12836 - 6ª CÂMARA


(SESSÃO DE 23.08.2002 - DOU DE 02.12.2002)
Processo nº: 10860000403/98-97
Recurso nº: 129545
Matéria: IRPF - Ex(s): 1993 e 1994
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO - O aumento do patrimônio da pessoa
física, apurado a partir do cotejo dos recursos disponíveis e dispêndios realizados, não
justificados com rendimentos tributados, não tributáveis ou com rendimentos tributados
exclusivamente na fonte, sujeita-se à tributação do IRPF na forma de acréscimo patrimonial a
descoberto.
OMISSÃO DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS E SALDOS DE CONTAS BANCÁRIAS -
Os saldos de aplicações financeiras de titularidade do contribuinte constituem dispêndios,
configurando acréscimo patrimonial. Do mesmo modo os saldos de contas correntes em

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 102

instituições bancárias se restar evidenciado que os valores foram utilizados em aumento


patrimonial do titular.
MÚTUO - COMPROVAÇÃO - A alegação de que foram recebidos recursos em
empréstimos obtidos de pessoa física deve ser acompanhada dos comprovantes do efetivo
ingresso do numerário no patrimônio do contribuinte, além da informação da dívida nas
declarações de rendimentos do mutuário e do mutuante e da demonstração de que este
último possuía recursos próprios suficientes para respaldar o empréstimo.
CUSTO DE CONSTRUÇÃO DO IMÓVEL - FALTA DE COMPROVAÇÃO -
ARBITRAMENTO - Não logrando o contribuinte comprovar os efetivos gastos na
construção de imóvel, poderá a autoridade fiscal arbitrá-los com base em índices
técnicos especializados, tais como o C.U.B (Custo Unitário Básico), na proporcionalidade
da realização da obra.
Recurso parcialmente provido.
Por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso, nos termos do voto da
Relatora.

ACÓRDÃO Nº 104-19393 - 4ª CÂMARA


(SESSÃO DE 12.06.2003 - DOU DE 23.12.2003)
Processo nº: 13819.001466/2001-49
Recurso nº: 133.001
Matéria: IRPF - Ex(s): 1999
OMISSÃO DE RENDIMENTOS - LANÇAMENTO COM BASE EM VALORES
CONSTANTES DE EXTRATOS BANCÁRIOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE
ORIGEM NÃO COMPROVADA - ART. 42 DA LEI Nº 9430, DE 1996 - Caracteriza
como omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de
investimento mantido junto à instituição financeira, em relação as quais o titular, pessoa
física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e
idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
IRPF - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - LEI Nº 9430, DE 1996 - COMPROVAÇÃO - Estando
as Pessoas Físicas desobrigadas de escrituração, os recursos com origem comprovada bem
como outros rendimentos já tributados, inclusive àqueles objeto da mesma acusação,
servem para justificar os valores depositados posteriormente em contas bancárias,
independentemente de coincidência de datas e valores.
DECLARAÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA - APRESENTAÇÃO FORA
DO PRAZO - DECLARAÇÃO COM IMPOSTO DEVIDO - MULTA DE MORA X MULTA
DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO - COBRANÇA CONCOMITANTE -
A penalidade prevista no art. 88, inciso I, da Lei nº 8981, de 1995, incide quando ocorrer a
falta de apresentação de declaração de rendimentos ou a sua apresentação fora do prazo
fixado. Em se tratando de lançamento formalizado segundo o disposto no art. 889 do
Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 1041, de 1994 (lançamento de
ofício), cabe tão-somente a aplicação da multa específica para lançamento de ofício.
Impossibilidade da simultânea incidência de ambos os gravames.
ACRÉSCIMOS LEGAIS - JUROS - O crédito tributário não integralmente pago no
vencimento, a partir de abril de 1995, deverá ser acrescido de juros de mora em percentual
equivalente à taxa referencial SELIC, acumulada mensalmente.

ACÓRDÃO Nº 104-19568 - 4ª CÂMARA


(DOU DE 07.07.2004 - SESSÃO DE 15.10.2003)

Processo nº: 10467.002226/98-71

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 103

Recurso nº: 125.864


Matéria: IRPF - Ex(s): 1993 a 1997
IRPF - ANÁLISE DA EVOLUÇÃO PATRIMONIAL - NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO DOS RECURSOS - Na composição de fluxo de caixa, com a
finalidade de demonstrar possível acréscimo patrimonial a descoberto, para efeito de
comprovação de recurso, somente devem ser considerados documentos hábeis e idôneas, nos
termos da lei.
RENDIMENTOS DE ATIVIDADE RURAL - A mera alegação de recebimento de
rendimentos originários de atividade rural, não é suficiente para elidir o lançamento. As
receitas devem ser comprovadas através de documentos hábeis eidôneos.
Recurso negado.

ACÓRDÃO Nº 106-13145
(SESSÃO DE 28.01.2003 - DOU DE 06.10.2003)
Processo nº: 13808001883/99-44
Recurso nº: 130719
Matéria: IRPF - Ex(s): 1996 a 1998
DOAÇÕES EM DINHEIRO RECEBIDAS DO EXTERIOR - Somente são considerados
como rendimentos isentos ou não tributáveis doações em dinheiro recebidas do exterior,
quando devidamente declaradas e comprovadas mediante documentação hábil idônea.
EMPRÉSTIMO NÃO COMPROVADO - MÚTUO - A alegação da existência de
empréstimos realizados com terceiros deve vir acompanhada de provas inequívocas da
efetiva transferência dos numerários emprestados, não bastando a simples apresentação do
contrato de mútuo e/ou a informação nas declarações de bens do credor e do devedor.
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO - APURAÇÃO - SOBRAS DE
RECURSOS - No cálculo do acréscimo patrimonial, as sobras de recursos detectadas dentro
do ano calendário, devem ser automaticamente transpostas mês a mês, por intermédio do
"fluxo de caixa", até o mês de dezembro. No ano calendário subseqüente, somente poderão
ser utilizadas as sobras de recursos constantes na Declaração de Bens e Direitos e
devidamente comprovados.
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO - TRIBUTAÇÃO - Não tendo o
contribuinte logrado comprovar integralmente a origem dos recursos capazes de justificar o
acréscimo patrimonial, através de rendimentos tributáveis, isentos ou tributáveis
exclusivamente na fonte, é de se manter o lançamento de ofício.
DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL INEXATA - MULTA ISOLADA - DUPLA
INCIDÊNCIA - A omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas deve ser punida
com multa isolada na forma prevista no art. 44, parágrafo 1º, inciso III, da Lei nº 9430, de
27.12.96, mas incorreta sua exigência quando conjunta com a penalidade por declaração
inexata. Dupla penalização para uma mesma base de incidência.
MULTA DE OFÍCIO - O não cumprimento da obrigação tributária, verificado em
procedimento fiscalizatório, acarreta a cobrança do imposto devido, com os acréscimos de
multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento) sobre o valor deste.
JUROS MORATÓRIOS - TAXA SELIC - O crédito não integralmente pago no
vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta. O
percentual de juros a ser aplicado no cálculo do montante devido é o fixado no diploma
legal vigente à época do pagamento.
INCONSTITUCIONALIDADE - Não cabe à autoridade administrativa apreciar matéria
atinente à inconstitucionalidade de ato legal, ficando esta adstrita ao seu cumprimento, O
foro próprio para discutir sobre esta matéria é o Poder Judiciário. IRPF - ACRÉSCIMO
PATRIMONIAL A DESCOBERTO

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 104

FORMA DE APURAÇÃO - A partir do ano-calendário de 1989, acréscimo patrimonial


não justificado deve ser apurado mensalmente, confrontando-se os rendimentos do
respectivo mês, com transporte para os períodos seguintes dos saldos positivos de recurso,
conforme determina o art. 2º da Lei nº 7713/88. Em análise sistemática desta norma não se
verifica qualquer óbice ao aproveitamento do saldo de recursos verificado ao final de um ano
no ano seguinte. Outrossim, não existe disposição legal que autorize a presunção de
consumo integral do saldo de recursos encontrado ao fim do ano.
IRPF - EMPRÉSTIMO ENTRE PESSOA FÍSICAS - COMPROVAÇÃO - Para
comprovação do empréstimo entre pessoas físicas é suficiente o registro pelo mutuário e
mutuante em suas declarações de imposto de renda, aliado a contrato que demonstre
operação e seus termos.
Recurso parcialmente provido.
Pelo voto de qualidade, DAR provimento PARCIAL ao recurso, para:
I - acolher parcialmente as doações em dinheiro, recebidas do exterior, devidamente
comprovadas, são classificadas como rendimentos isentos e não tributáveis; por maioria
de votos:
II - acolher as sobras de recursos no final do ano, apuradas em procedimento fiscal, como
origens para o exercício seguinte, nos anos de 1994, 1995;
III - acolher a sobra de recursos no final do ano de 1996, apurada em procedimento fiscal,
como origem para o exercício seguinte, no ano de 1997;
IV - acolher como origens o valor de empréstimo de pessoa física; por unanimidade de
votos:
V - afastar aplicação de multa isolada. Vencidos, no item I, os Conselheiros Romeu Bueno de
Camargo, Orlando José Gonçalves Bueno, Edison Carlos Fernandes e Wilfrido Augusto
Marques; no item II, os Conselheiros Luiz Antonio de Paula (Relator), Thaisa Jansen Pereira
Zuelton Furtado; no item III, o Conselheiro Zuelton Furtado; no item IV, os Conselheiros
Luiz Antonio de Paula (Relator) e Zuelton Furtado; e o Conselheiro Wilfrido Augusto
Marques que dava provimento para excluir a cobrança de juros para taxa SELIC. Designado
para redigir o voto vencedor, nos itens II e IV, o Conselheiro Wilfrido Augusto Marques

ACÓRDÃO Nº 106-12836 - 6ª CÂMARA


(SESSÃO DE 23.08.2002 - DOU DE 02.12.2002)
Processo nº: 10860000403/98-97
Recurso nº: 129545
Matéria: IRPF - Ex(s): 1993 e 1994
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO - O aumento do patrimônio da pessoa
física, apurado a partir do cotejo dos recursos disponíveis e dispêndios realizados, não
justificados com rendimentos tributados, não tributáveis ou com rendimentos tributados
exclusivamente na fonte, sujeita-se à tributação do IRPF na forma de acréscimo patrimonial a
descoberto.
OMISSÃO DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS E SALDOS DE CONTAS BANCÁRIAS -
Os saldos de aplicações financeiras de titularidade do contribuinte constituem dispêndios,
configurando acréscimo patrimonial. Do mesmo modo os saldos de contas correntes em
instituições bancárias se restar evidenciado que os valores foram utilizados em aumento
patrimonial do titular.
MÚTUO - COMPROVAÇÃO - A alegação de que foram recebidos recursos em
empréstimos obtidos de pessoa física deve ser acompanhada dos comprovantes do efetivo
ingresso do numerário no patrimônio do contribuinte, além da informação da dívida nas
declarações de rendimentos do mutuário e do mutuante e da demonstração de que este
último possuía recursos próprios suficientes para respaldar o empréstimo.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 105

CUSTO DE CONSTRUÇÃO DO IMÓVEL - FALTA DE COMPROVAÇÃO -


ARBITRAMENTO - Não logrando o contribuinte comprovar os efetivos gastos na
construção de imóvel, poderá a autoridade fiscal arbitrá-los com base em índices
técnicos especializados, tais como o C.U.B (Custo Unitário Básico), na proporcionalidade
da realização da obra.
Recurso parcialmente provido.
Por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso, nos termos do voto da
Relatora.

Acórdão nº 10807165 - 8ª Câmara


(Sessão de 17.10.2002 - DOU DE 27.03.2003)

Processo nº : 10735.001846/2001-15
Recurso nº : 130.385 - EX OFFICIO
Matéria : IRPJ e OUTROS - Anos: 1996 a 1999
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO - DESPESAS NÃO
COMPROVADAS E/OU INEXISTENTES - ADIÇÃO À BASE DE CÁLCULO -
CABIMENTO - A apropriação de despesas não comprovadas e/ou inexistentes afeta tanto a
base de cálculo do imposto de renda pessoa jurídica quanto a da contribuição social sobre o
lucro, uma vez que ambas as bases têm como ponto de partida o lucro líquido do
período, indevidamente reduzido por valores fictícios.
CSL - COMISSÕES PAGAS A EMPRESA CONTROLADA DOMICILIADA NO
EXTERIOR (BAHAMAS) - FALTA DE COMPROVAÇÃO DA EFETIVA PRESTAÇÃO
DOS SERVIÇOS DE REPRESENTAÇÃO COMERCIAL - Inadmissível que o serviço
possa restar comprovado pela mera existência do contrato feito entre controladora e
controlada, ou de anotações constantes das faturas emitidas pela controladora, sem que se
obtenha efetiva prova da prestação, mormente quando a controlada, pretensa prestadora
doserviço, é domiciliada no exterior.
IRPJ - CSL - PIS - COFINS - EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL - AVALIAÇÃO
ESPONTÂNEA - INEXISTÊNCIA - A valoração não obrigatória dos investimentos pelo
método da equivalência patrimonial, quando realizada, não pode equiparar-se a reavaliação
espontânea, dada a inerente neutralidade tributária de ambos os institutos,equivalência
patrimonial e reavaliação.
Recurso parcialmente provido.
Por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso de ofício, para
restabelecer a tributação sobre o item "glosa de despesas de comissões". Vencido
o Conselheiro Luiz Alberto Cava Maceira que negou provimento ao recurso.

5.4 PERÍCIA OU DILIGÊNCIA

A produção de provas pelo contribuinte é um direito constitucional à ampla defesa e ao


contraditório. O cerceamento a tais meios probatórios é violação e pode ser requerida a
nulidade o lançamento à autoridade administrativa. O pedido de perícia contábil deve ser feito
no texto da petição de impugnação, juntamente com os motivos pelos quais é requerido.

A autoridade julgadora não poderá negar ao sujeito passivo o requerimento de diligências e


perícia sem a fundamentação de sua decisão. A negativa na produção de prova requerida pelo
sujeito passivo implica violação ao princípio da ampla defesa garantida constitucionalmente.
A possibilidade do indeferimento deve ser analisada à luz do CPC, no que se refere à utilidade
ou não da diligência probatória solicitada.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 106

O pedido de diligência ou perícia será formulado na própria impugnação oferecida pelo


sujeito passivo, conforme dispõe o inciso IV, art. 16, do Decreto 70.532/72, acompanhado
dos motivos que a justifiquem, formulado os quesitos referentes ao exame desejado, no caso
de perícia, informar o nome, endereço e a qualificação profissional do perito que efetuará o
exame.
Considera-se não formulado o pedido de perícia ou diligência feito pelo sujeito passivo que
não atenda aos requisitos no parágrafo anterior referidos.

“Art. 16 - A impugnação mencionará:


........
IV - as diligencias, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas,
expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes
aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, nome, o endereço e a
qualificação profissional do seu perito.
........
§ 1º - Considerar-se-á não formulado o pedido de diligencia ou perícia que deixar
de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16.”

A Constituição Federal, no seu art. 5º, inciso LV, assegura aos litigantes em processos
administrativos e judiciais o direito à ampla defesa com os meios de prova a ela inerentes,
facultando-se ao sujeito passivo, por conseguinte, direito ao requerimento de perícia que
entender necessária para esclarecimento dos fatos e aspectos técnicos levantados com a
autuação fiscal.

“Art. 5 – CF/88
......
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;”

Com respeito ao indeferimento do pedido de diligências ou perícia, este terá de ser por meio
de decisão devidamente fundamentada, caso contrário ocorrerá cerceamento do direito de
defesa. No art. 93, da CF/88, inciso IX, determina que as decisões serão sempre
fundamentadas sob pena de nulidade.

O eventual indeferimento de pedido de perícia ou diligência deverá se dar por meio de


despacho devidamente fundamentado. No caso de indeferimento, a autoridade julgadora
deverá subsidiariamente o art. 420 do CPC, o qual determina:

Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.


§Único. O Juiz indeferirá a perícia quando:
I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico;
II – for desnecessária em vista de outras provas produzidas;
III – a verificação por impraticável.

O indeferimento imotivado do pedido de perícia, sem a consideração da regra subsidiária do


art. 420 do CPC, fere o art. 5º, inciso LV da CF/88, acarretando nulidade da decisão proferida,
conforme art. 59, inciso I, do Decreto 70.235/72, ou seja, decisão com preterimento do direito
de defesa do contribuinte.

“Art. 59 - São nulos:


I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente;

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 107

II - os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com


preterição do direito de defesa.”

A perícia ou diligência versará sobre matéria fática ou a que depender de conhecimentos


técnicos, com exemplo a verificação contábil nos livros fiscais. No mesmo sentido, se a
coleta da prova pelo sujeito passivo estiver na dependência de terceiros, tais como
documentos em repartições públicas, outras empresas, ou depender de análise técnica.

Deferido o pedido de perícia. Deverá ser marcado prazo para sua realização, conforme
determina o art. 18, § 2º do citado Decreto. Marcado o prazo para a realização da diligência e,
verificando a autoridade preparadora a necessidade de dilação do mesmo para o cumprimento
da medida, poderá ser prorrogado.

O artigo 18, do Decreto 70.235/72 determina:

“Art. 18 - A autoridade julgadora de primeira instancia determinara, de ofício ou a


requerimento do impugnante, a realização de diligencias ou perícias, quando
entende-las necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou
impraticáveis, observando o disposto no Art. 28, "in fine".
Parágrafo 1º - Deferido o pedido de perícia, ou determinada de oficio, sua
realização, a autoridade designara servidor para, como perito da União, a ela
proceder e intimara o perito do sujeito passivo a realizar o exame requerido,
cabendo a ambos apresentar os respectivos laudos em prazo que será fixado
segundo o grau de complexidade dos trabalhos a serem executados.
Parágrafo 2º - Os prazos para realização de diligencia ou perícia poderão ser
prorrogados, a juízo da autoridade.
Parágrafo 3º - Quando, em exames posteriores, diligencias ou perícias,
realizados no curso do processo, forem verificadas incorreções, omissões ou
inexatidões de que resultem agravamento da exigência inicial, inovação ou
alteração da fundamentação legal da exigência, será lavrado auto de
Infração ou emitida notificação de lançamento complementar, devolvendo-se
ao sujeito passivo, prazo para impugnação no concernente a matéria
modificada.”

Vantagens e desvantagens da Perícia ou Diligência

O Contribuinte deve ter certos cuidados ao solicitar a Diligência ou Perícia, pois poderá ser
contra ou a seu favor:

a) A seu favor
Ocorre quando o fiscal constata pela Diligência ou Perícia que o crédito tributário exigido é
maior do que o efetivamente devido. Neste caso, o Auditor-fiscal responsável pela Diligência
ou Perícia pede à autoridade julgadora que reduza o seu valor em sua decisão.

b) Contra
Conforme art. 18, §3º, acima negritado, se o fiscal constatar que o crédito tributário exigido
foi a menor, emitirá um auto de infração complementar, agravando a exigência, o qual abre
prazo para apresentação de nova impugnação.

Por isso, o pedido de Perícia ou Diligência deve ser bem estudado, antes de reivindicado.
Como alternativa, o contribuinte pode se antepor apresentando um Laudo Pericial na própria

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 108

peça de impugnação fiscal (normalmente o que prejudica essa situação é o tempo hábil de
apenas 30 dias para efetuar a defesa).

A idéia de antecipar a Perícia, é mais vantajosa ao contribuinte, além de anexar uma prova de
alto valor probante, a Perícia Contábil, por exemplo, é feita por um profissional escolhido pela
empresa, sendo que quando solicitada na impuganção, se deferida, a Perícia Contábil sempre
será feito pelo Auditor-Fiscal, mesmo que a empresa indique outro profissional. Já, nos
demais casos de Perícia, se deferida, será o profissional indicado pela empresa que fará a
Perícia (engenheiro, médico, etc) cabendo à Receita Federal designar o seu perito
representante.

Quando for uma prova importante para a empresa é recomendável, também, trazer o Laudo
Técnico junto ao processo, assim, a empresa estará se precavendo de um eventual
indeferimento de Perícia.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 109

Modelo de requerimento de Perícia, que deve constar em anexo da peça de impugnação:

Ilustríssimo Senhor Delegado da Receita Federal da 1ª. DRF em Curitiba

PAF n.º 19191991919

.............................................., já qualificada no PAF em epígrafe vem, nos termos do artigo


16, inciso IV do Decreto n.º 70.235 apresentar o seu perito, os motivos da perícia e os
quesitos.

Do Perito Sr. Pedro da Silva, inscrito no CRC/Pr sob o n.º 5555/00, domiciliado na
Rua........................ em Curitiba.

Da Perícia - Para fins de análise técnico-contábil quanto a documentação fiscal do


contribuinte, para fins de comprovar a incorretude do arbitramento quanto aos valores.

Dos Quesitos - São os seguintes quesitos cuja análise é pretendida pelo contribuinte:

1 – No período de 1993 a 1994, como foi a situação da autuada / contribuinte? Houve lucro
líquido em todo o período? E nos demais anos sobre os quais versou a autuação fiscal (1995 a
1997), qual foi a situação?

2 – Nos períodos em que houve lucro líquido, o mesmo foi oferecido à tributação pelo IRPJ e
CSSL? Demonstrar numericamente.

3 – Nestes períodos em que foi verificada a ocorrência de lucro líquido, houve distribuição de
lucro aos sócios? Tendo havido tal distribuição, foi feita a retenção respectiva do IR?

4 – Diante de eventuais valores que não tenham sido oferecidos à tributação de IRPJ, IR Fonte
e CSSL, qual seria o montante (originário, com atualização monetária e juros de mora – 1%
am e SELIC) devido ao Fisco Federal pelo contribuinte?

Curitiba, ...... de ................................ de ...............

...............................................................................

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 110

ACÓRDÃO Nº 103-21140 - 3º Câmara


(SESSÃO DE 28.01.2003 - DOU DE 17.03.2003)
Processo nº: 10469.001427/98-12
Recurso nº: 126548
Matéria: IRPJ - Ex(s): 1993
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - PERÍCIA CONTÁBIL OU DILIGÊNCIA -
Não tendo a Recorrente demonstrado a necessidade da realização de diligência ou requerido
perícia contábil nos termos do disposto no art. 16 do Decreto nº 70235/72, indefere-se o
requerimento.
ERRO DO CONTRIBUINTE AO PREENCHER A DECLARAÇÃO DE
RENDIMENTOS - POSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO - É admissível a retificação da
declaração pela autoridade lançadora, quando comprovado o erro cometido pelo contribuinte,
pois o erro não é capaz de tornar exigível tributo que não tenha ocorrido o respectivo
fato gerador da obrigação tributária.
Diante dos documentos juntados aos autos verifica-se que in casu, não há o que se falar em
erro do contribuinte no preenchimento da declaração de rendimentos e, portanto, em
revisão do lançamento.
LUCRO INFLACIONÁRIO - REALIZAÇÃO - Deve ser retificado o demonstrativo
"SAPLI" para adequa-lo ao disposto na legislação em relação à realização mínima da parcela
diferível no ano calendário de 1992, com efeitos nos anos calendários subsequentes.
Por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir da tributação
as parcelas de lucro inflacionário acumulado, de realização mínimo obrigatória, referentes
aos exercícios financeiros abrangidos pela decadência do direito de constituir o crédito
tributário.

ACÓRDÃO N° 10514028 - 1ª CÂMARA


(DOU DE 29.04.2003 - SESSÃO DE 26.02.2003)
Processo n° 10435.001403/98-14
Recurso nº 130.993
Matéria IRPJ - EXS.: 1994 a 1996
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - DILIGÊNCIA
- PERÍCIA CONTÁBIL - Insustentável o pedido de realização de diligência e perícia
contábil em caráter genérico e sem a indicação e qualificação profissional do seu perito,
não se coadunando às regras insculpidas no Art. 16, "caput", inciso IV, e parágrafo 1º, do
Dec. 70235/72.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - PROVAS - A prova documental será
apresentada na impugnação, precluindo o direito do impugnante fazê-lo em outro momento
processual, ressalvadas as hipóteses previstas na norma legal. (Art. 16, parágrafo 4º, do Dec.
70235/72).
ILL - SOCIEDADE POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA - É devido o
Imposto de Renda na Fonte pelas sociedades por quotas de responsabilidade limitada, com
fulcro no art. 35, da Lei n° 7713/88, quando o contrato social prevê a disponibilidade
econômica ou jurídica imediata, pelos sócios, do lucro líquido apurado na data do
encerramento do período-base.
REPETIÇÃO DE INDÉBITO - PRAZO DECADENCIAL - O direito de pleitear a
restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados da data do
pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação
tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente
ocorrido. (art. 168, I, c/c art. 165, I, do CTN).

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 111

Recurso não provido.


Pelo voto de qualidade, NEGAR provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros
Daniel Sahagoff, Denise Fonseca Rodrigues de Souza, Fernanda Pinella Arbex e José
Carlos Passuello, que davam provimento.

ACÓRDÃO 107-07621
Órgão: 1º Conselho de Contribuintes / 7a. Câmara
1º Conselho de Contribuintes / 7a. Câmara / ACÓRDÃO 107-07621 em 15/04/2004
IRPJ - Ex(s): 1996
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DILIGÊNCIA OU PERÍCIA. PEDIDO. FALTA
DOS PRESSUPOSTOS E DA MOTIVAÇÃO INCONTESTE. IMPOSSIBILIDADE. A mera
Inércia do contribuinte não pode ser suprida por diligência. O objeto da diligência ou perícia é
abrir possibilidades de esclarecer dúvidas ou omissões, não elucidar ou recompor escrituração
omissa ou produzir provas centrais em benefício das partes. As correções dessas imperfeições
se inserem no leque das ações indelegáveis dos atores do litígio. Por unanimidade de votos,
NEGAR provimento ao recurso.
Marcos Vinicius Neder de Lima - Presidente
Publicado no DOU em: 28.07.2004
Relator: Neicyr de Almeida
Recorrente: MULTICONSULTORIA S/C LTDA.

ACÓRDÃO 202-15360
Órgão: 2º Conselho de Contribuintes / 2a. Câmara
2º Conselho de Contribuintes / 2a. Câmara / ACÓRDÃO 202-15360 em 02/12/2003
NORMAS PROCESSUAIS. NULIDADE. Não é nula a decisão que obedeceu aos ritos
contidos no Processo Administrativo Fiscal e que não ocasionou cerceamento do direito de
defesa, em virtude de denegação de pedido de perícia que o julgador entendeu dispicienda
para julgamento do mérito. Rejeitada a preliminar de nulidade.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PERÍCIA. DILIGÊNCIA. Poderá a autoridade
julgadora denegar pedido de diligência ou perícia quando entendê-las desnecessárias ao
julgamento do mérito.
Recurso negado. Pelo voto de qualidade, negou-se provimento ao recurso. Vencidos os
Conselheiros Eduardo da Rocha Schmidt, Gustavo Kelly Alencar, Raimar da Silva Aguiar e
Dalton Cesar Cordeiro de Miranda que não conheciam do recurso.
Publicado no DOU em: 20.07.2004
Relator: NAYRA BASTOS MANATTA
Recorrente: ASSOCIAÇÃO AMAZONENSE DE ENSINO E CULTURA - ASAMEC

ACÓRDÃO 108-07.818
Órgão: 1º Conselho de Contribuintes / 8a. Câmara
1º Conselho de Contribuintes / 8a. Câmara / ACÓRDÃO 108-07.818 em 13/05/2004
CSL - Ex.: 1996
IRPF - PERÍCIA - REQUISITOS - O pedido de perícia deve mencionar as diligências que o
Impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a
formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o
nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito (art. 16, IV, do Decreto nº 70.235,
de 06/03/72).

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 112

Recurso negado. Por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar argüida e, no mérito,


NEGAR provimento ao recurso.
Dorival Padovan - Presidente
Publicado no DOU em: 20.07.2004
Relator: Karem Jureidini Dias de Mello Peixoto
Recorrente: KANAFLEX S.A INDÚSTRIA DE PLÁSTICOS

5.5 LANÇAMENTO COMPLEMENTAR E SEGUNDO EXAME DA ESCRITA

Do Lançamento Complementar

Quando, em exames posteriores, diligências ou perícias realizados no curso do processo,


forem verificadas incorreções, omissões ou inexatidões, de que resultem agravamento da
exigência inicial, inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência, será efetuado
lançamento complementar por meio da lavratura de auto de infração complementar ou de
emissão de notificação de lançamento complementar, específicos em relação à matéria
modificada (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 18, § 3º, com a redação dada pela Lei nº 8.748,
de 1993, art. 1º).

O lançamento complementar será formalizado nos casos:

I - em que seja aferível, a partir da descrição dos fatos e dos demais documentos
produzidos na ação fiscal, que o autuante, no momento da formalização da exigência:

a) apurou incorretamente a base de cálculo do crédito tributário; ou

b) não incluiu na determinação do crédito tributário matéria devidamente identificada;


ou

II - em que forem constatados fatos novos, subtraídos ao conhecimento da autoridade


lançadora quando da ação fiscal e relacionados aos fatos geradores objeto da autuação,
que impliquem agravamento da exigência inicial.

O auto de infração ou a notificação de lançamento de que trata o caput terá o objetivo de:

I - complementar o lançamento original; ou

II - substituir, total ou parcialmente, o lançamento original nos casos em que a


apuração do quantum devido, em face da legislação tributária aplicável, não puder ser
efetuada sem a inclusão da matéria anteriormente lançada.

Será concedido prazo de trinta dias, contados da data da ciência da intimação da exigência
complementar, para a apresentação de impugnação apenas no concernente à matéria
modificada.

O auto de infração ou a notificação de lançamento de que trata o caput devem ser objeto do
mesmo processo em que for tratado o auto de infração ou a notificação de lançamento
complementados.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 113

O julgamento dos litígios instaurados no âmbito do processo referido no § 4º será objeto de


um único acórdão.

Do Segundo Exame da Escrita

Em relação ao mesmo exercício, só é possível um segundo exame, mediante ordem escrita do


Superintendente, do Delegado ou do Inspetor da Receita Federal do Brasil (Lei nº 2.354, de
1954, art. 7º, § 2º; Lei nº 3.470, de 1958, art. 34).

Base: art. 41 e 42 do Decreto 7.574/2011

5.6 REVELIA

Formalizada a exigência, através da lavratura do auto de infração ou notificação de


lançamento, três hipóteses são possíveis:
- O sujeito passivo cumprir a exigência mediante pagamento ou pedido de
parcelamento;
- O sujeito passivo impugnar a exigência;
- Revelia.

Revelia
- Ausência do contraditório
- Não comparecimento do sujeito passivo ao processo
- Presunção absoluta de veracidade dos fatos alegados no lançamento

Conseqüências
- Dar início aos procedimentos de cobrança
- 30 dias para cobrança amigável no órgão preparador
- após, encaminhar à Procuradoria da Fazenda Nacional para inscrição em dívida ativa

Revisão de ofício do lançamento


- O lançamento não impugnado pode ser revisto de ofício pela autoridade administrativa
- Compete aos delegados e inspetores da Receita Federal a revisão de ofício de que
tratam os artigos 145, III e 149 do CTN.

Considerações sobre revelia

a) Os fatos afirmados por uma parte e não impugnados (defendidos) pela parte contrária
presumem-se verdadeiros; (se não for impugnado o auto de infração será considerado
como devido)
b) No processo administrativo, cabe ao contribuinte a impugnação de TODOS os fatos
articulados no Auto de Infração. Deixando de impugnar algum fato, ele passa a ser
verdade para o julgador;
c) Se na constituição do crédito tributário, formalizada pelo auto de infração, faltar algum
elemento de prova indispensável à comprovação da irregularidade tributária, não ocorrerá
a presunção de veracidade dos fatos afirmados pelo agente fiscal e decorrentes daquele
documento faltante;

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 114

d) A presunção de veracidade aplica-se somente aos fatos constitutivos e não aos de


direito. Exemplo: os fatos de direito devem ser necessariamente impugnados senão,
mesmo que incoerentes serão considerados procedentes.

(Base art. 17 do Decreto 70.235/72 e art. 319 a 322 do Código de Processo Civil)

Formalizada a exigência, através da lavratura do auto de infração ou notificação de


lançamento, três hipóteses são possíveis:
- O sujeito passivo cumprir a exigência mediante pagamento ou pedido de
parcelamento;
- O sujeito passivo impugnar a exigência;
- Revelia.

Revelia

- Ausência do contraditório
- Não comparecimento do sujeito passivo ao processo
- Presunção absoluta de veracidade dos fatos alegados no lançamento

Conseqüências

- Dar início aos procedimentos de cobrança


- 30 dias para cobrança amigável no órgão preparador
- após, encaminhar à Procuradoria da Fazenda Nacional para inscrição em dívida ativa

Revisão de ofício do lançamento

- O lançamento não impugnado pode ser revisto de ofício pela autoridade administrativa
- Compete aos delegados e inspetores da Receita Federal a revisão de ofício de que
tratam os artigos 145, III e 149 do CTN.

Base: art. 54 e 55 Decreto 7.574/2011

5.7 PRAZOS NA PRIMEIRA INSTÂNCIA

1) Para apresentar a defesa/impugnação ao Auto de Infração: 30 dias, contados da data


em que for feita a intimação da exigência. A defesa deve ser dirigida ao Delegado da
Receita Federal do domicílio do contribuinte;

2) Na hipótese de agravamento da exigência fiscal decorrente de decisão em 1ª instância,


o prazo de 30 dias para apresentação de nova impugnação começará a fluir a partir desta
nova intimação;

3) Os prazos só de iniciam ou vencem em dia de expediente normal na repartição pública


onde tramita o processo administrativo;

4) Os prazos são contínuos, e a contagem inicia-se no primeiro dia útil subsequente à


data da notificação ou intimação, incluindo-se o último. (o prazo começa a ser computado

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 115

na data do recebimento do Auto de Infração via Correio, ou na data da entrega do mesmo


pelo agente fiscal).

5) Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que


corra o processo ou deva ser praticado o ato. Exemplo: a)Se receber a comunicação em
uma Sexta-feira, começa a contar o prazo na Segunda-feira seguinte; b) Se receber no
Sábado a comunicação, começa a contar o prazo na Terça-feira seguinte; c) Se o prazo
vence em um Sábado, Domingo ou dias sem expediente, será considerado vencido no
próximo dia de expediente normal da repartição.

6) Considera-se efetivada a intimação

- Quando pessoal: na data da assinatura ou da declaração de recusa;


- Comunicação de atos por via postal: na data do recebimento indicada na AR, se
omitida, considera-se recebida a intimação 15 dias após a sua entrega na agência postal ou
telegráfica;
- Por meio eletrônico: como prova de recebimento, mediante envio ao domicílio
tributário do sujeito passivo ou registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo
sujeito passivo (incluído ao art. 23, do Decreto 70.235/72; pelo art. 113, da Lei
11.196/2005).
- Quando por edital: considera-se efetivada quinze dias após a publicação ou afixação
do edital: a)no endereço da administração tributária na internet; b) em dependência,
franqueada ao público, do órgão encarregado da intimação; c) uma única vez, em órgão da
imprensa oficial local.

Base: art. 5º, 15 e 23 do Decreto 70.235/72 e art. 10 e 11 do Decreto 7.574/2011

Art. 23, do Decreto 70.235/72:


Far-se-á a intimação:
I - pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na
repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário
ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar;
(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)
II - por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de
recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela
Lei nº 9.532, de 1997)
III - por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação dada
pela Lei nº 11.196, de 2005)
a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº
11.196, de 2005)
b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo.
(Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005)
§ 1o Quando resultar improfícuo um dos meios previstos no caput deste artigo,
a intimação poderá ser feita por edital publicado: (Redação dada pela Lei nº 11.196,
de 2005)
I - no endereço da administração tributária na internet; (Incluído pela Lei nº
11.196, de 2005)
II - em dependência, franqueada ao público, do órgão encarregado da
intimação; ou (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
III - uma única vez, em órgão da imprensa oficial local. (Incluído pela Lei nº
11.196, de 2005)
§ 2° Considera-se feita a intimação:
I - na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação,
se pessoal;

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 116

II - no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se


omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada pela Lei
nº 9.532, de 1997)
III - se por meio eletrônico, 15 (quinze) dias contados da data registrada:
(Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005)
a) no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; ou
(Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005)
b) no meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo; (Incluída
pela Lei nº 11.196, de 2005)
IV - 15 (quinze) dias após a publicação do edital, se este for o meio utilizado.
(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
§ 3o Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não
estão sujeitos a ordem de preferência. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005)
§ 4o Para fins de intimação, considera-se domicílio tributário do sujeito
passivo: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005)
I - o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração
tributária; e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
II - o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde
que autorizado pelo sujeito passivo. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
§ 5o O endereço eletrônico de que trata este artigo somente será implementado
com expresso consentimento do sujeito passivo, e a administração tributária
informar-lhe-á as normas e condições de sua utilização e manutenção. (Incluído pela
Lei nº 11.196, de 2005)
§ 6o As alterações efetuadas por este artigo serão disciplinadas em ato da
administração tributária. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)

5.8 OUTROS ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS PARA FAZER A DEFESA

a) Não perder o prazo para apresentar a defesa/contestação – 30 dias da intimação do


Auto de Infração (a contar da data do recebimento do auto de infração via correio ou da
data da entrega pelo fiscal);
b) Alegar, na impugnação, todas as defesas que tiver contra a exigência tributária, ainda
que sejam incompatíveis entre si, pois na eventualidade do julgador não acolher uma delas
possa examinar a outra, expondo as razões de fato e de direito. (Após a apresentação da
defesa/impugnação, não podem ser acrescidos novos argumentos de defesa);
c) Manifestar-se precisamente sobre todos os fatos descritos como irregulares no Auto de
Infração; (as irregularidades levantadas pelo fisco e claramente não contestadas na defesa
serão consideradas à Revelia, sendo devido o pagamento do tributo relativo ao fato)
d) Usar todos os meios de prova para desconsiderar a exigência fiscal – documental e
pericial;
e) Pesquisar na jurisprudência administrativa e judicial se existe pronunciamento sobre a
matéria objeto da autuação, utilizando-se também desta fonte para impugnar a exigência;
f) Evitar a confissão de condutas irregulares que possam ensejar a abertura de processo
criminal por sonegação fiscal – crimes contra a ordem tributária;
g) Explicar as deficiências processuais, quando existirem, com objetivo de extinguir o
processo sem o julgamento do mérito;
h) Verificar no auto de infração:
- se ocorreu o fato gerador da obrigação tributária colocado no Auto de Infração
- a matéria tributável
- se o montante do tributo corresponde à base de cálculo
- se o autuado/notificado é o sujeito passivo daquele tributo
- se a penalidade corresponde ao fato tido como irregular
i) Dispensa do reconhecimento de firma em petições dirigidas à administração pública

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 117

É dispensado o reconhecimento de firma em petições dirigidas à administração pública, salvo


em casos excepcionais ou naqueles em que a lei imponha explicitamente essa condição,
podendo, no caso de dúvida sobre a autenticidade da assinatura ou quando a providência
servir ao resguardo do sigilo, antes da decisão final, ser exigida a apresentação de prova de
identidade do requerente (Lei nº 4.862, de 29 de novembro de 1965, art. 31), conforme art. 4º,
do Decreto 7.574/2011.

ACÓRDÃO 107-07387
Órgão: 1º Conselho de Contribuintes / 7a. Câmara
1º Conselho de Contribuintes / 7a. Câmara / ACÓRDÃO 107-07387 em 16/10/2003
IRPJ E OUTROS - Ex(s): 1996
IRPJ/CSL - ERRO DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO - INSUBSISTÊNCIA
DO LANÇAMENTO. Reputa-se insubsistente o lançamento que nomeia como sujeito passivo
empresa extinta por incorporação, porquanto a incorporadora, na qualidade de sucessora, é
quem responde pelos tributos devidos pela incorporada, tendo em vista a sua extinção em data
anterior à lavratura do auto de infração. Por unanimidade de votos, DECLARAR insubsistente
o lançamento, por erro na identificação do sujeito passivo.
José Clóvis Alves - Presidente
Publicado no DOU em: 28.07.2004
Relator: Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz
Recorrente: AUTOPEK INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA.

i) Vistas ao processo - o sujeito passivo será concedida vista do processo, no órgão


preparador, no prazo da impugnação para a realização da defesa. Poderá o sujeito passivo
defender-se por si mesmo ou por advogado constituído para tal fim ( não é necessária a
contratação de um advogado, podendo por exemplo o Contador, Administrador, etc... elaborar
a defesa desde que assinada pelo contribuinte).

j) Reunião de lançamentos em um mesmo processo

Os lançamentos podem ser reunidos em um só processo, quando:


- relativos ao mesmo sujeito passivo;
- a comprovação dos fatos ilícitos depender dos mesmos elementos de prova;
- sejam de competência do mesmo órgão julgador em 1ª e 2ª instâncias – requisito não
expressamente referido em lei;

Porém deve ser lavrado um Auto de Infração ou notificação de lançamento para cada imposto,
contribuição ou penalidade (art. 9º, Decreto 70.235).

k) Representação Fiscal para fins Penais

A Receita Federal deve encaminhar ao Ministério Público obrigatoriamente nos casos em que
forem apurados ou houver indícios de fatos que configurem crime.

A representação é formalizada em autos separados do processo administrativo fiscal.

Os requisitos formais de representação estão previstos na Portaria SRF 2.752/01

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 118

(Base Legal: Decreto nº 2.730/98 e Portaria SRF 2.752/01)

Através de recentes julgados do STF, a Receita Federal deve enviar ao Ministério Público a
representação fiscal para fins penais apenas após o julgamento final do processo.

l) Qualificação do Impugnante

Pode impugnar o sujeito passivo ou seu procurador legalmente habilidade.

O inciso II do art. 9º, da Lei 9.784/99 incluiu entre os legitimados para atuar no processo
administrativo, aqueles que, se terem iniciado o processo, têm direito ou interesses que
possam ser afetados pela decisão a ser adotada.

5.9 REQUISITOS E CONTEÚDO DO JULGAMENTO DE 1ª INSTÂNCIA

a) Compete exclusivamente aos Delegados da Receita Federal titulares de Delegacias


especializadas nas atividades concernentes a julgamento de processos;
b) Julgamento é o pronunciamento do Delegado da Receita Federal sobre os fatos e
direitos sobre os quais fundamenta a exigência tributária e sobre a resistência oposta do
contribuinte;
c) Conteúdo – a decisão conterá relatório resumido do Auto de Infração, bem como das
razões de defesa suscitadas na impugnação contra a exigência tributária;
d) Reconhecer a procedência ou improcedência da exigência tributária, expondo
claramente as razões de fato e de direito que repousa a solução da controvérsia entre fisco
e contribuinte - com base em pedidos de extinção do processo com ou sem julgamento do
mérito;
e) O julgador terá que analisar todas as questões de fato e de direito expostas na
exigência tributária, bem como as questões de resistência expostas na impugnação; (por
isso, na defesa, deve-se argumentar todos os fatos possíveis)
f) A ausência de apreciação parcial ou total sobre razões de ordem fática ou jurídica,
expostas pelo fisco ou contribuinte, representa ofensa ao princípio do contraditório e
ampla defesa, devendo tal julgamento ser declarado nulo de pleno direito (a ser requerido
em recurso endereçado ao Conselho de Contribuintes);
g) Reconhecer a revelia do contribuinte quanto aos fatos expostos na autuação e não
contestados na impugnação.

(Base: art. 31 do Decreto 70.235/72 e art. 458 do Código Processo Civil)

ACÓRDÃO 203-09192
Órgão: 2º Conselho de Contribuintes / 3a. Câmara
2º Conselho de Contribuintes / 3a. Câmara / ACÓRDÃO 203-09192 em 14/10/2003
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA
INSTÂNCIA. Constatada a omissão, por parte da Delegacia de Julgamento, da apreciação de
razão suscitada pelo impugnante, nula é a decisão exarada, devendo nova ser prolatada com a
devida intimação do contribuinte. Processo que se anula a partir da decisão recorrida,
inclusive. Por unanimidade de votos, anulou-se o processo a partir da decisão recorrida,
inclusive.
Publicado no DOU em: 28.07.2004
Relator: VALMAR FONSÊCA DE MENEZES

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 119

Recorrente: PEPSI COLA ENGARRAFADORA LTDA.

5.10 EFEITOS DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA

a) DEFINITIVO –

Quando o contribuinte deixou de fazer, no prazo de 30 dias, o recurso voluntário contra


decisão a ele desfavorável, bem como quando deixou de impugnar total ou parcialmente a
exigência tributária. Onde o órgão preparador fará a cobrança amigável do débito tributário,
não obtendo êxito nesta cobrança amigável, o débito será inscrito em dívida ativa e
encaminhado para cobrança judicial.

Também é definitivo o julgamento de 1ª Instância, quando a autoridade julgadora de primeira


instância exonera o sujeito passivo do pagamento de tributo e multa de valor total INFERIOR
a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), conforme Portaria MF n° 333/97:

“Port. MF 333/97 - Port. - Portaria MINISTRO DE ESTADO DA FAZENDA - MF


nº 333 de 11.12.1997 - D.O.U.: 12.12.1997

O Ministro de estado da Fazenda, no uso da atribuição prevista no art. 87. ,


parágrafo único, inciso II, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 34. ,
inciso I, do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972, com a redação que lhe foi
dada pelo art. 62. da Medida Provisória nº 1.602, de 14 de novembro de 1997,
Resolve:
Art. 1º Os Delegados de Julgamento da Receita Federal recorrerão de ofício sempre
que a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de
multa de valor total (lançamento principal e decorrentes) superior a R$ 500.000,00
(quinhentos mil reais).
Parágrafo único - Na hipótese de quantia lançada em UFIR, será convertida em real
na data da decisão, para fins de verificação do valor a que alude o caput deste artigo.
Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.”
Pedro Sampaio Malan

b) SUSPENSIVO - quando for interposto recurso pela parte vencida no prazo legal, onde o
órgão preparador fará a remessa para julgamento em 2ª Instância – Conselho de
Contribuintes. Este recurso suspende a exigibilidade do crédito tributário.

(Base: art. 42 do Decreto 70.23/72)

5.11 RECURSOS À DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA

a) RECURSO VOLUNTÁRIO - contra decisão total ou parcialmente desfavorável ao


contribuinte – dentro de 30 dias da intimação da decisão, o qual é dirigido ao Conselho de
Contribuintes;

b) RECURSO DE OFÍCIO – de decisão desfavorável ao fisco, total ou parcial, e será feito


pela própria autoridade julgadora dirigido ao Conselho de Contribuintes, mediante termo de
declaração na própria decisão, quando o total do crédito tributário discutido for superior a R$
500.000,00, conforme Portaria MF 333/97, acima descrita.

(Base: art. 33 e 34 do Decreto 70.235/72)

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 120

Observação:
Sempre que a decisão de primeira instância contiver inexatidões materiais, devido a lapso
manifesto e os erros de escrita ou cálculos, este podem ser corrigidos, de ofício ou por
provocação do Sujeito Passivo, conforme art. 32, do Decreto 70.235/72. Cabendo ao Sujeito
Passivo requerimento ao Delegado Julgador para que seja efetuada a respectiva correção.

5.11 Redução da multa pelo pagamento/parcelamento do Auto de Infração e/ou na


decisão da 1ª Instância

Pagamento do Auto de Infração com redução de multas:

- Redução de 50% da multa de lançamento de ofício ao contribuinte que, notificado,


efetuar o pagamento do débito no prazo legal da impugnação -30 dias, art. 6º da Lei nº
8.218/91;
- Redução de 30%, se houver impugnação tempestiva, se o pagamento do débito for
efetuado dentro de trinta dias da ciência da decisão de primeira instância, conforme art. 6º,
da Lei nº 8.218/91.

Pedido de Parcelamento com redução de multas:

- Redução de 40% da multa de lançamento de ofício ao contribuinte que, notificado,


requerer o parcelamento do débito no prazo legal de impugnação, conforme art. 60 da Lei
nº 8.383/91;
- Redução de 20% da multa de lançamento de ofício ao contribuinte que tendo efetuado
a impugnação tempestiva, requerer o parcelamento em 30 dias da ciência da decisão da 1ª
Instância.

A rescisão do parcelamento, motivada pelo descumprimento das normas que o regulam,


implica no restabelecimento do montante da multa, proporcionalmente ao valor da receita não
satisfeita, conforme art. 60, 2º, da Lei 8.383/91.

Base: art. 52 e 53 do Decreto 7.574/2011

5.12 OUTRAS CONSIDERAÇÕES JULGAMENTO 1ª INSTÂNCIA

Do Julgamento - Disposições Gerais

No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a
aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento
de inconstitucionalidade (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 26-A, com a redação dada pela Lei
nº 11.941, de 2009, art. 25).

O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato
normativo (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 26-A, § 6º, incluído pela Lei nº 11.941, de 2009,
art. 25):

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 121

I - que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo
Tribunal Federal; ou

II - que fundamente crédito tributário objeto de:

a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do Procurador-Geral da Fazenda


Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de junho de 2002;

b) súmula da Advocacia-Geral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de


10 de fevereiro de 1993; ou

c) pareceres do Advogado-Geral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma


do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 1993.

O contencioso administrativo relativo ao Simples Nacional será de competência do órgão


julgador integrante da estrutura administrativa do ente federativo que efetuar o lançamento ou
a exclusão de ofício, observados os dispositivos legais atinentes aos processos administrativos
fiscais desse ente (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 39).

Do Julgamento em Primeira Instância

O julgamento de processos sobre a aplicação da legislação referente a tributos administrados


pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, e os relativos à exigência de direitos antidumping
e direitos compensatórios, compete em primeira instância, às Delegacias da Receita Federal
do Brasil de Julgamento, órgãos de deliberação interna e natureza colegiada da Secretaria da
Receita Federal do Brasil (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 25, inciso I; Lei nº 9.019, de 30 de
março de 1995, art. 7º, § 5º).

A competência de que trata o caput inclui, dentre outros, o julgamento de:

I - impugnação a auto de infração e notificação de lançamento (Decreto nº 70.235, de


1972, art. 14);

II - manifestação de inconformidade do sujeito passivo em processos administrativos


relativos a compensação, restituição e ressarcimento de tributos, inclusive créditos de
Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI (Lei nº 8.748, de 1993, art. 3º, inciso II;
Lei nº 9.019, de 1995, art. 7º, §1º e §5º); e

III - impugnação ao ato declaratório de suspensão de imunidade e isenção (Lei nº


9.430, de 1996, art. 32, § 10).

Terão prioridade no julgamento os processos em que estiverem presentes as circunstâncias de


crime contra a ordem tributária ou de elevado valor, este definido em ato do Ministro de
Estado da Fazenda, bem como, mediante requisição do interessado, aqueles em que figure
como parte interveniente (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 27, com a redação dada pela Lei nº
9.532, de 1997, art. 67; Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, art. 71; Lei nº 9.784, de
1999, art. 69-A, com a redação dada pela Lei nº 12.008, de 29 de julho de 2009, art. 4º):

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 122

I - pessoa com idade igual ou superior a sessenta anos;

II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental; e

III - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla, neoplasia maligna, hanseníase,
paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose
anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget
(osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, ou
outra doença grave, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença
tenha sido contraída após o início do processo.

Os processos serão julgados na ordem estabelecida em ato do Secretário da Receita Federal


do Brasil, observada a prioridade acima.

Na apreciação das provas, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo
determinar, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou de
perícias, observado o disposto nos arts. 35 e 36 (Decreto nº 70.235, de 1972, arts. 29 e 18,
com a redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993, art. 1º).

Os laudos e os pareceres do Laboratório Nacional de Análises, do Instituto Nacional de


Tecnologia e de outros órgãos federais congêneres serão adotados nos aspectos técnicos de
sua competência, salvo se comprovada a improcedência desses laudos ou pareceres (Decreto
nº 70.235, de 1972, art. 30, com a redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997, art. 67).

Não se considera como aspecto técnico a classificação fiscal de produtos.

A existência no processo de laudos ou de pareceres técnicos não impede a autoridade


julgadora de solicitar outros a qualquer dos órgãos referidos neste artigo.

Atribui-se eficácia aos laudos e aos pareceres técnicos sobre produtos, exarados em outros
processos administrativos fiscais e transladados mediante certidão de inteiro teor ou cópia fiel,
quando tratarem:

I - de produtos originários do mesmo fabricante, com igual denominação, marca e


especificação; e

II - de máquinas, aparelhos, equipamentos, veículos e outros produtos complexos de


fabricação em série, do mesmo fabricante, com iguais especificações, marca e modelo.

O acórdão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de


intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de
lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante
contra todas as exigências (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 31, com a redação dada pela Lei
nº 8.748, de 1993, art. 1º).

No acórdão em que for julgada questão preliminar, será também julgado o mérito, salvo
quando incompatíveis (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 28, com a redação dada pela Lei nº
8.748, de 1993, art. 1º).

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 123

O indeferimento de pedido de diligência ou de perícia deverá ser fundamentado e constar da


decisão (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 28, com a redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993,
art. 1º).

As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo


existentes na decisão deverão ser corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito passivo,
mediante a prolação de um novo acórdão (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 32).

O órgão preparador dará ciência da decisão ao sujeito passivo, intimando-o, quando for o
caso, a cumpri-la no prazo de trinta dias, contados da data da ciência, facultada a apresentação
de recurso voluntário no mesmo prazo (Decreto nº 70.235, de 1972, arts. 31 e 33).

Da decisão de primeira instância não cabe pedido de reconsideração (Decreto nº 70.235, de


1972, art. 36).

Base: art. 59 a 69 do Decreto 7.574/2011

5.13 DA EFICÁCIA E DA EXECUÇÃO DAS DECISÕES

São definitivas as decisões (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 42):

I - de primeira instância, esgotado o prazo para recurso voluntário sem que este tenha sido
interposto;

II - de segunda instância, de que não caiba recurso ou, se cabível, quando decorrido o prazo
sem a sua interposição; ou

III - de instância especial.

Parágrafo único. Serão também definitivas as decisões de primeira instância na parte que não
for objeto de recurso voluntário ou não estiver sujeita a recurso de ofício.

A decisão definitiva contrária ao sujeito passivo será cumprida no prazo para cobrança
amigável fixado no art. 54, aplicando-se, no caso de descumprimento, o disposto no § 2º
(Decreto nº 70.235, de 1972, art. 43).

Na hipótese do cumprimento de decisão administrativa definitiva contrária ao sujeito passivo,


a quantia depositada para evitar acréscimos moratórios do crédito tributário ou para liberar
mercadoria será convertida em renda se o sujeito passivo não comprovar, no prazo legal, a
propositura de ação judicial (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 43, § 1º).

Se o valor depositado não for suficiente para cobrir o crédito tributário, será aplicado o
disposto no caput à cobrança do restante; se exceder o exigido, a autoridade competente
determinará o levantamento da quantia excedente, na forma da legislação específica (Decreto
nº 70.235, de 1972, art. 43, § 2º).

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 124

Mediante ordem da autoridade judicial ou, no caso de depósito extrajudicial, da autoridade


administrativa competente, o valor do depósito, após o encerramento da lide ou do processo
litigioso, será (Lei nº 9.703, de 17 de novembro de 1998, art. 1º, § 3º):

I - devolvido ao depositante pelo estabelecimento bancário em que foi feito o depósito, no


prazo de vinte e quatro horas, contadas da hora da ciência da ordem da autoridade judicial ou
administrativa competente, quando a sentença ou a decisão administrativa lhe for favorável ou
na proporção em que o for, acrescido de juros, na forma estabelecida pelo § 4º do art. 39 da
Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995; ou

II - transformado em pagamento definitivo, proporcionalmente à exigência do correspondente


tributo, inclusive seus acessórios, quando se tratar de sentença ou decisão favorável à Fazenda
Nacional, cessando, no caso de decisão em processo administrativo regulado pelo Decreto nº
70.235, de 1972, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário a que se refere o § 1º do
art. 86.

A decisão que aplicar a pena de perdimento ou declarar o abandono de mercadoria ou de


outros bens será executada, pela unidade preparadora, após o prazo de trinta dias, segundo o
que dispuser a legislação aplicável (Decreto nº 70.235, de 1972, arts. 21 e 44).

A destinação de mercadorias ou de outros bens apreendidos, declarados abandonados ou


dados em garantia de pagamento de crédito tributário obedecerá às normas estabelecidas na
legislação aplicável (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 63).

As mercadorias ou outros bens referidos no caput, ainda que relativos a processos pendentes
de apreciação judicial, inclusive os que estiverem à disposição da Justiça como corpo de
delito, produto ou objeto de crime, salvo determinação em contrário, em cada caso, de
autoridade judiciária, serão destinadas conforme as normas aplicáveis (Decreto-Lei nº 1.455,
de 7 de abril de 1976, art. 30, com a redação dada pela Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de
2010).

No caso de decisão definitiva favorável ao sujeito passivo, cumpre à autoridade preparadora


exonerá-lo, de ofício, dos gravames decorrentes do litígio (Decreto nº 70.235, de 1972, art.
45).

Base legal: art. 80 a 85 Decreto 7.574/2011

6. 2ª INSTÂNCIA – (Conselho de Contribuintes)

6.1) CONSIDERAÇÕES INICIAIS

a) Verificar se todos os fatos e razões de direito relatados na impugnação foram


analisados pelo julgador de primeira instância; caso haja apreciação parcial, deve-se pedir
nulidade do julgamento com base no princípio constitucional da ampla defesa. Caso, a 1ª
Instância não tenha analisado todos os fatos e razões argüidos pelo Contribuinte, solicita-
se a nulidade da decisão, se deferida pelo Conselho de Contribuintes volta o processo ao
Delegado Julgador para que aprecie toda a matéria. Exemplo: foi requerido a Perícia,
porém o Julgador de 1ª Instância não se manifestou sobre o assunto;

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 125

b) De decisão que seja total ou parcialmente desfavorável ao contribuinte, deverá ser


interposto RECURSO VOLUNTÁRIO num prazo de 30 (trinta) dias da ciência da
decisão. É requisito deste recurso o arrolamento de bens como apresentação de
garantia (arrolamento de bens), No entanto, a partir de 06.06.2007, conforme Ato
Declaratório Interpretativo da RFB nº 9/2007, dispõe que não será exigido o arrolamento de bens e
direitos como condição para seguimento do recurso voluntário;
c) O Recurso Voluntário somente terá seguimento se o recorrente efetuar arrolamento de
bens e direitos do Ativo Permanente no valor equivalente a 30% da exigência fiscal
definida na decisão recorrida, conforme art. 33 da Lei 10.522/2002 que alterou o artigo 33
do Decreto 70.235/72:

Art. 32, Lei 10.522/2002


...
§ 2o Em qualquer caso, o recurso voluntário somente terá seguimento se o
recorrente arrolar bens e direitos de valor equivalente a 30% (trinta por cento) da
exigência fiscal definida na decisão, limitado o arrolamento, sem prejuízo do
seguimento do recurso, ao total do ativo permanente se pessoa jurídica ou ao
patrimônio se pessoa física.
§ 3o O arrolamento de que trata o § 2o será realizado preferencialmente sobre bens
imóveis

No entanto, a partir de 06.06.2007, conforme Ato Declaratório Interpretativo da RFB n º


9/2007, dispõe que não será exigido o arrolamento de bens e direitos como condição para seguimento do
recurso voluntário.

d) Endereçar o recurso para o Conselho de Contribuintes, conforme a matéria que está


sendo julgada ( 1º, 2º ou 3º Conselho de Contribuintes);
e) O recurso dirigido ao Conselho de Contribuintes, com competência para julgar
definida por matéria, deverá ser apresentado na unidade da Receita Federal que
jurisdiciona o domicílio fiscal do contribuinte, Portaria SRF nº 751, de 30 de agosto de
2001.

f) Verificar se existe jurisprudência do Conselho de Contribuintes sobre a matéria objeto


do julgamento, bem como citá-lo ao recurso.
g) Ultrapassado o prazo de 30 dias sem qualquer recurso, a decisão da 1ª Instância é
definitiva (perempção);
h) No Recurso Voluntário, o Sujeito Passivo deverá rebater todos os itens constantes da
Decisão da 1ª Instância, os assuntos não recorridos à 2ª Instância serão considerados
definitivos, formando autos apartados para a cobrança da parcela incontroversa.

A petição do Recurso VOLUNTÁRIO deve ser preparada em função dos argumentos


constantes no RELATÓRIO de decisão do Delegado Julgador da Receita Federal. Na maioria
das vezes, reafirma e reforça os fatos contestados pelo julgador de 1ª Instância.

Não pode inovar na defesa, apresentar uma nova linha de defesa, serão discutidos os assuntos
relacionados com a impugnação inicial somados com os argumento do julgador da 1ª
Instância, por isso, salienta-se que todos os pontos de defesa devem ser argüidos na peça
inicial de defesa.

No caso, em que a decisão de 1ª Instância for desfavorável ao Fisco, relativos a valores


superiores a R$ 500.000,00, o próprio Delegado Julgador recorre de Ofício ao Conselho de
Contribuintes. Nessa situação, o Contribuinte deve aguardar a Decisão desse órgão julgador,

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 126

sendo a decisão desfavorável ao Contribuinte em 2ª Instância, este deve formular o


RECURSO ESPECIAL à Câmara Superior de Recursos Fiscais (3ª Instância) com o objetivo
de reformar a decisão do Conselho de Contribuintes

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 127

Modelo de Recurso Voluntário (constante do site da Receita Federal)

ILMº SENHOR PRESIDENTE DO (1º, 2º ou 3º) CONSELHO DE CONTRIBUINTES

[Espaço vertical de +4 cm]

(Nome empresarial), sediada à rua (...), (Bairro), (Município), (UF), CEP nº 00000-
00, CNPJ nº 00.000.000/0000-00, não se conformando com a decisão contida no Acórdão nº
(...), proferido em 00/00/0000, pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em (...), na
apreciação de sua Manifestação de Inconformidade contestando o indeferimento de seu pleito
de (citar o objeto do seu pedido), pela (citar a Unidade da SRF que negou o pedido), do qual tomou
ciência em 00/00/000, vem, no prazo legal, por intermédio de seu representante estabelecido
em conformidade com a lei, amparada no que dispõe o Regimento Interno dos Conselhos de
Contribuintes, aprovado pela Portaria MF nº 55, de 16 de março de 1998, RECORRER da
decisão de primeira instância supracitado, pelos motivos de fato e de direito que se seguem.
DOS FATOS
[Descrição dos motivos de fato (narrar o que aconteceu), de forma sucinta e clara,
ressaltando aqueles importantes para a solução do conflito.]
DO DIREITO
DA PRELIMINAR
[Na preliminar pode-se alegar tudo aquilo que precisa ser decidido antes da apreciação do
mérito, ou seja, qualquer informação, que sem discutir necessariamente as razões da defesa, possa modificar a
decisão da autoridade administrativa, especialmente se não tiver sido acatada na decisão de primeira
instância.]
[Em face da ausência de competência do Conselho de Contribuintes para se manifestar a
respeito de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de tratado, acordo internacional, lei ou ato
normativo em vigor, a recorrente deve evitar esses temas visando, precipuamente, agilizar o julgamento.]
DO MÉRITO
[Descrição do direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas
que possuir (anexar ao recurso cópia da documentação comprobatória das alegações, mencionando este fato na
parte final da contestação).
Por último, resumir pontualmente os principais aspectos do Recurso, de preferência num
parágrafo apenas, conforme sugestão a seguir:]
Senhores Conselheiros, são estes, em síntese, os pontos de discordância
apontados neste Recurso:
a)
b)
DOCUMENTOS ANEXADOS (se for o caso)
Estão anexados a este Recurso os seguintes documentos: (citar todos os
documentos juntados ao Recurso, inclusive disquete contendo o arquivo eletrônico desta contestação)

DO PEDIDO
À vista do exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência (parcial ou
total) da decisão de primeira instância, requer que seja dado provimento ao presente
Recurso.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 128

(Município), (UF), 00 de (mês) de 200X.

_____________________________________
(Nome do Representante ou procurador)

Modelo de Recurso Voluntário – Manifestação de inconformidade ao Conselho de


Contribuintes( constante do site da Receita Federal)

ILMº SENHOR PRESIDENTE DO (1º, 2º ou 3º) CONSELHO DE CONTRIBUINTES

[Espaço vertical de +4 cm]

(Nome empresarial), sediada à rua (...), (Bairro), (Município), (UF), CEP nº 00000-
00, CNPJ nº 00.000.000/0000-00, não se conformando com a decisão contida no Acórdão nº
(...), proferido em 00/00/0000, pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em (...), na
apreciação de sua Manifestação de Inconformidade contestando o indeferimento de seu pleito
de (citar o objeto do seu pedido), pela (citar a Unidade da SRF que negou o pedido), do qual tomou
ciência em 00/00/000, vem, no prazo legal, por intermédio de seu representante estabelecido
em conformidade com a lei, amparada no que dispõe o Regimento Interno dos Conselhos de
Contribuintes, aprovado pela Portaria MF nº 55, de 16 de março de 1998, RECORRER da
decisão de primeira instância supracitado, pelos motivos de fato e de direito que se seguem.
DOS FATOS
[Descrição dos motivos de fato (narrar o que aconteceu), de forma sucinta e clara,
ressaltando aqueles importantes para a solução do conflito.]
DO DIREITO
DA PRELIMINAR
[Na preliminar pode-se alegar tudo aquilo que precisa ser decidido antes da apreciação do
mérito, ou seja, qualquer informação, que sem discutir necessariamente as razões da defesa, possa modificar a
decisão da autoridade administrativa, especialmente se não tiver sido acatada na decisão de primeira
instância.]
[Em face da ausência de competência do Conselho de Contribuintes para se manifestar a
respeito de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de tratado, acordo internacional, lei ou ato
normativo em vigor, a recorrente deve evitar esses temas visando, precipuamente, agilizar o julgamento.]
DO MÉRITO
[Descrição do direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas
que possuir (anexar ao recurso cópia da documentação comprobatória das alegações, mencionando este fato na
parte final da contestação).
Por último, resumir pontualmente os principais aspectos do Recurso, de preferência num
parágrafo apenas, conforme sugestão a seguir:]
Senhores Conselheiros, são estes, em síntese, os pontos de discordância
apontados neste Recurso:
a)
b)

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 129

DOCUMENTOS ANEXADOS (se for o caso)


Estão anexados a este Recurso os seguintes documentos: (citar todos os
documentos juntados ao Recurso, inclusive disquete contendo o arquivo eletrônico desta contestação)

DO PEDIDO
À vista do exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência (parcial ou
total) da decisão de primeira instância, requer que seja dado provimento ao presente
Recurso.
(Município), (UF), 00 de (mês) de 200X.

_____________________________________
(Nome do Representante ou procurador)

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 130

6.2) DECISÃO DO CONSELHO DE CONTRIBUINTES

a) A decisão será escrita, redigida na forma de acórdão ou resolução, assinada pelo


relator e pelo presidente do Conselho;
b) A decisão deverá apreciar todos os fatos e fundamentos colocados no recurso que
pleiteia a reforma da decisão de 1ª instância, iniciando pelas questões preliminares e
depois para o mérito;
c) O julgamento acolhe ou rejeita o pedido de reforma terá que ser fundamentado,
utilizando-se como parâmetro as regras do ordenamento brasileiro.

(Base: art. 56 e 63 do Regimento Interno do CARF)

6.3) RECURSOS CONTRA A DECISÃO DO CONSELHO

a) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – tem como finalidade completar a decisão


omissa ou, ainda, torná-la clara quando houver obscuridade, dúvida ou contradição do
julgado com relação aos fatos e matéria de direito, ou seja, visa completar ou esclarecer o
julgado do Conselho de Contribuintes – prazo de 05(cinco) dias após a ciência do acórdão
(para corrigir a decisão sem alterá-la, interposto pelo fisco ou contribuinte).

b) RECURSO ESPECIAL à Câmara Superior de Recursos Fiscais com o objetivo de


reformar a decisão do Conselho de Contribuintes nos seguintes casos:
- decisão não unânime da Câmara do Conselho de Contribuintes, quando for contrária à
lei ou à evidência da prova (privativo procurador da Fazenda Nacional). Prazo de 15
(quinze dias), contados da data da decisão do Conselho de Contribuintes;
- de decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra
Câmara do Conselho de Contribuintes ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais,
cabendo ao recorrente demonstrar a divergência de entendimento entre as Câmaras, com
precisa indicação das peças processuais;
- Nesse sentido o art. 67 da Portaria MF 256/2009, disciplina o assunto:

Artigo 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto
contra decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado
outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF.

§ 1º Para efeito da aplicação do caput, entende-se como outra câmara ou turma as


que integraram a estrutura dos Conselhos de Contribuintes, bem como as que
integrem ou vierem a integrar a estrutura do CARF.

§ 2º Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que aplique
súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da Câmara Superior de
Recursos Fiscais ou do CARF, ou que, na apreciação de matéria preliminar, decida
pela anulação da decisão de primeira instância.

§ 3º O recurso especial interposto pelo contribuinte somente terá seguimento quanto


à matéria pre-questionada, cabendo sua demonstração, com precisa indicação, nas
peças processuais.

§ 4º Na hipótese de que trata o caput, o recurso deverá demonstrar a divergência


arguida indicando até duas decisões divergentes por matéria.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 131

§ 5º Na hipótese de apresentação de mais de dois paradigmas, caso o recorrente não


indique a prioridade de análise, apenas os dois primeiros citados no recurso serão
analisados para fins de verificação da divergência.

§ 6º A divergência prevista no caput deverá ser demonstrada analiticamente com a


indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos
específicos no acórdão recorrido.

§ 7º O recurso deverá ser instruído com a cópia do inteiro teor dos acórdãos
indicados como paradigmas ou com cópia da publicação em que tenha sido
divulgado ou, ainda, com a apresentação de cópia de publicação de até 2 (duas)
ementas.

§ 8º Quando a cópia do inteiro teor do acórdão ou da ementa for extraída da Internet


deve ser impressa diretamente do sítio do CARF ou da Imprensa Oficial.

§ 9º As ementas referidas no § 7º poderão, alternativamente, ser reproduzidas no


corpo do recurso, desde que na sua integralidade e com identificação da fonte de
onde foram copiadas.

§ 10. O acórdão cuja tese, na data de interposição do recurso, já tiver sido superada
pela CSRF, não servirá de paradigma, independentemente da reforma específica do
paradigma indicado.

c) AGRAVO de despacho que nega seguimento ao recurso especial, com petição dirigida
ao Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Prazo: 05 (cinco) dias, contados da
ciência do despacho que negou segmento.

Nota: A Portaria MF 256/2009 de 22.06.2009, não prevê, a partir de 01.07.2009, o agravo


de despacho que nega seguimento do recurso especial, porém havendo recusa do
seguimento pelo órgão analisador (CARF), o recurso será submetido (de ofício) à
apreciação do Presidente da CSRF e se este não entender que estão presentes os
pressupostos, será definitivo, conforme art. 70 e 71 da citada Portaria.

d) RECURSO VOLUNTÁRIO à Câmara Superior de Recursos Fiscais contra decisão


de Câmara do Conselho de Contribuintes que julgar procedente recurso de oficio (quando
o contribuinte obtém êxito em 1ª instância e este julgamento é reformada no Conselho de
Contribuintes). Este recurso deve ser dirigido ao Presidente da Câmara de Recursos
Fiscais. Prazo: 30 (trinta) dias contados da ciência do acórdão. (RECURSO
INTERPOSTO PELO CONTRIBUINTE)

(Base: art. 9º, 64, 65, 66 do Regimento Interno do CARF - Portaria MF 256/2009 de
22.06.2009)

6.4) EFEITOS DA DECISÃO DE 2ª INSTÂNCIA – CONSELHO DE


CONTRIBUINTES

DEFINITIVO – quando o contribuinte ou o Fisco deixam de interpor recurso contra decisão


do Conselho de Contribuintes a eles desfavorável, ou se este recurso não for aceito. Se for
desfavorável ao Contribuinte o órgão preparador fará cobrança amigável do débito tributário.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 132

Não obtendo êxito, o débito será inscrito em dívida ativa e encaminhado para cobrança
judicial;

SUSPENSIVO – quando for interposto recurso pela parte vencida no prazo legal, onde o
órgão preparador fará a remessa ao Conselho Superior de Recursos Fiscais. Este recurso
continua mantendo suspensa a exigibilidade do crédito tributário.

(Base: art. 42 do Decreto 70.235/72 e art. 21 § 3º do Regimento Interno do Ministério da


Fazenda)

No caso em que a decisão do Conselho de Contribuintes for unânime contra o fisco e não
constar jurisprudência favorável na Câmara Superior, sobre o mesmo assunto, o FISCO não
poderá recorrer à 3ª INSTÂNCIA, sendo o processo arquivado.

Nota: A Portaria SRF nº 1.170, de 05 de outubro de 2004 dispõe que os processos superiores
a R$ 10.000.000,00 deverão ser encaminhado para a Coordenação-Geral de Tributação para
controle, bem como o Parecer PGFN nº 1.087/2004 dispõe que existe, sim, a possibilidade
jurídica de as decisões do Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, que lesarem o
patrimônio público, serem submetidas ao crivo do Poder Judiciário, pela Administração
Pública, quanto à sua legalidade, juridicidade, ou diante de erro de fato.

ACORDÃO Nº CSRF/01-1054 - 5ª CÂMARA


SESSÃO DE 26 DE NOVEMBRO DE 1990 - DOU DE 06.10.94
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - RECURSO CONTRA ACORDÃO
UNÂNIME EM PROCESSO DECORRENTE - INVIABILIDADE QUANDO NO
RECURSO INTERPOSTO NO PROCESSO PRINCIPAL, NÃO SE QUESTIONOU
MATÉRIA QUE ENSEJARIA A TRIBUTACAO POR DISTRIBUICAO DE RECEITA, NOS
TERMOS DO ART. 8º DO DECRETO-LEI Nº 2065/83.
Se no recurso interposto pela Procuradoria, nos autos principais, não se questionou
acerca da matéria ensejadora de lançamento decorrente de imposto de renda na fonte (art.
8º do Decreto-lei nº 2065/83) e, ainda, se o aresto atacado foi lavrado por unanimidade de
votos, inviável o conhecimento pela Câmara Superior de Recursos Fiscais de apelo da
Fazenda Nacional nas circunstancias mencionadas.
Recurso de que não se conhece.
Acordam os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos,
NAO CONHECER do recurso, por inexistentes os pressupostos legais para sua
interposição, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente
julgado.

Para o Contribuinte recorrer à 3ª Instância deverá comprovar que há decisão a seu favor em
outros julgamentos no Conselho de Contribuintes ou na Câmara de Recursos Fiscais, ou ainda
se o Conselho de Contribuintes reformou decisão de 1ª Instância.

6.5) CONSIDERAÇÕES SOBRE A DECISÃO DO CONSELHO DE


CONTRIBUINTES

a) No caso de interposição de embargos de declaração, o prazo para qualquer recurso fica


suspenso até o pronunciamento sobre a omissão ou o esclarecimento, recomeçando a
contagem, quando da ciência do resultado dos embargos, pelos dias remanescentes;

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 133

b) Na feitura de Recurso Especial à Câmara Superior por divergência de entendimento


das Câmaras, deverá ser demonstrada fundamentadamente a divergência argüida,
indicando a decisão divergente e comprovando-a mediante apresentação de cópia
autenticada de seu inteiro teor ou de cópia da publicação em que tenha sido divulgada, ou
mediante cópia de publicação de até duas ementas, cujos acórdãos serão examinados pelo
Presidente da Câmara recorrida. O não cumprimento destas condições impede a subida do
recurso à Câmara Superior, mediante decisão do presidente da Câmara do Conselho.

ACÓRDÃO Nº 01-1108 - 1ª CÂMARA


SESSÃO DE 26 DE JUNHO DE 1991 - DOU DE 18.10.94
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - RECURSO DA FAZENDA NACIONAL A
CSRF - DECISAO POR MAIORIA DE VOTOS - RECURSO QUE PRETENDE O
EXAME DE MATERIA DIVERSA DA QUE FOI OBJETO DE DIVERGENCIA -
INVIABILIDADE.
ACORDAM os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de
votos. NAO CONHECER do recurso, por ausência dos pressupostos legais, nos termos do
relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.

c) Caso do Presidente da Câmara do Conselho impeça indevidamente a subida do


Recurso Especial, poderá ser interposto recurso de Agravo, com o objetivo de fazer subir
o processo. Este agravo deve ser endereçado ao Presidente da própria Câmara Superior;
d) O fisco ou o contribuinte poderão apresentar contra-razões (respostas) ao recurso
especial interposto pela parte contrária, o que deverá ser feito no prazo de 15 dias da
ciência do despacho que admitir o recurso.

6.6 NOVAS TURMAS EM CARÁTER TEMPORÁRIO

O Art. 112, da Lei 11.196/2005 estabelece que o Ministro de Estado da Fazenda poderá criar,
nos Conselhos de Contribuintes do Ministério da Fazenda, Turmas Especiais, de caráter
temporário, com competência para julgamento de processos que envolvam valores reduzidos
ou matéria recorrente ou de baixa complexidade:

 As Turmas de que trata o caput deste artigo serão paritárias, compostas por 4
(quatro) membros, sendo 1 (um) conselheiro Presidente de Câmara, representante da
Fazenda, e 3 (três) conselheiros com mandato pro tempore, designados entre os
conselheiros suplentes.

 As Turmas Especiais a que se refere este artigo poderão funcionar nas cidades
onde estão localizadas as Superintendências da Receita Federal do Brasil.

O Ministro de Estado da Fazenda também disciplinará, inclusive quanto à definição da


matéria e do valor a que se refere e ao funcionamento das Turmas Especiais.

Base legal: art. 73 a 79 Decreto 7.574/2011

7. CÂMARA SUPERIOR RECURSOS FISCAIS – 3ª INSTÂNCIA

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 134

a) Não cabe mais recurso no intuito de reformar o teor da decisão, o processo


administrativo transita em julgado, produzido decisão definitiva. Se desfavorável ao
contribuinte, o débito será encaminhado para cobrança amigável. Não tendo sucesso tal
cobrança, segue para inscrição em dívida ativa e conseqüente cobrança judicial através de
execução fiscal;
b) Desta decisão cabe embargos de declaração, quando existir no acórdão obscuridade,
dúvida, ou contradição entre o acórdão e seus fundamentos, ou se for omitido ponto sobre
o qual deveria ter posicionado a Câmara, ou seja, a finalidade dos embargos é completar a
decisão (em caso de omissão) ou de clarear o julgamento (em caso de obscuridade);
c) Com a decisão definitiva contrária ao contribuinte inicia-se o prazo de cobrança, se
favorável ao Contribuinte, exonera-se dos gravames decorrentes do processo
administrativo. Cabendo apenas ao Contribuinte o ingresso com ação judicial para anular
o Auto de Infração;
d) Com decisão contrária ao fisco, extingue-se o auto de infração não cabendo mais
recursos, nem judicialmente.

8. ASSUNTOS DIVERSOS E ACÓRDÃOS

INCONSTITUCIONALIDADE

Não cabe pedir que o julgador administrativo declare a inconstitucionalidade de ato ainda não
julgado pelo STF.

ACÓRDÃO Nº 106-13179 - 6ª CÂMARA


(SESSÃO DE 30.01.2003 - DOU DE 28.04.2003)
Processo nº: 10935.002029/00-01
Recurso nº: 131.755
Matéria: IRF - Ano(s): 1999
IRRF - TRIBUTAÇÃO - São tributados exclusivamente na fonte os prêmios distribuídos
por meio de concursos e sorteios em geral, sob a forma de bens e serviços, e os pagos em
dinheiro.
MULTA DE OFÍCIO - O descumprimento da obrigação tributária, verificado em
procedimento fiscalizatório, acarreta a cobrança do imposto devido, com os acréscimos de
multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento) sobre o valor deste.
JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC - O crédito não integralmente pago no
vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta. O
percentual de juros a ser aplicado no cálculo do montante devido é o fixado no diploma
legal vigente a época do pagamento.
INCONSTITUCIONALIDADE - Não cabe à autoridade administrativa apreciar matéria
atinente à inconstitucionalidade de ato legal, ficando esta adstrita ao seu cumprimento. O
foro próprio para discutir sobre esta matéria é o Poder Judiciário.
Recurso negado.
Por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro
Wilfrido Augusto Marques.
ZUELTON FURTADO
Presidente
Luiz Antônio de Paula
Relator

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 135

EXIGIBILDADE SUSPENSA

Mesmo estando suspensa a exigibilidade do tributo por ordem judicial ou outro motivo, a
Fazenda Nacional constitui o crédito tributário, através do Auto de Infração, senão constituído
o crédito tributário em 05 anos será considerado decaído. Cabe à empresa realizar a defesa
demonstrando que o tributo está sendo resolvido judicialmente. Caso não realizar a defesa, o
tributo será exigido e a empresa terá que, na seqüência, se defender judicialmente.

ACÓRDÃO Nº 105-13722 - 5ª CÂMARA


(SESSÃO DE 20.02.2002 - DOU DE 19.07.2002)
Processo nº: 16327.002020/2001-61
Recurso nº: 128.494
Matéria: IRPJ - EX(s).: 1994
LANÇAMENTO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA -
Crédito tributário com exigibilidade suspensa por ordem judicial deve ser constituído pelo
lançamento, em razão de dever de ofício e da necessidade de resguardar os direitos da
Fazenda Nacional, prevenindo-se contra os efeitos da decadência.
MULTA DE OFÍCIO - SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO -
Descabe a aplicação de multa de ofício sobre tributo com exigibilidade suspensa por
liminar em Mandado de Segurança.
Por unanimidade de votos: 1 - na parte questionada judicialmente, NÃO CONHECER do
recurso; 2 - na parte discutida exclusivamente na esfera administrativa, NEGAR
provimento ao recurso.
VERINALDO HENRIQUE DA SILVA
PRESIDENTE
Maria Amélia Fraga Ferreira
Relatora

DECISÕES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

O julgador administrativo tem por obrigação acatar as decisões em definitivo do Supremo


Tribunal Federal, por isso é muito importante na defesa mencionar julgados do STF ( julga as
Leis quanto à sua Constitucionalidade ou não) e STJ- Supremo Tribunal de Justiça ( julga as
Leis quanto ao aspecto interpretativo das mesmas não se atento se as mesmas são
constitucionais ou não).

Número do Recurso: 006904


Câmara: SÉTIMA CÂMARA
Número do Processo: 10640.002564/93-12
Tipo do Recurso: VOLUNTÁRIO
Matéria: PIS/RECEITA OPERACIONAL
Recorrente: JORGE KAMIL S/A-COMÉRCIO IMPORTAÇÃO
Recorrida/Interessado: 1ª TURMA/DRJ-JUIZ DE FORA/MG
Data da Sessão: 12/11/1996 01:00:00
Relator: Maria Ilca Castro Lemos Diniz
Decisão: Acórdão 107-03584
Resultado: DPU - DAR PROVIMENTO POR UNANIMIDADE

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 136

Texto da Decisão: POR UNANIMIDADE DE VOTOS, DAR PROVIMENTO AO


RECURSO PARA DECLARAR INSUBSISTENTE O LANÇAMENTO EFETUADO COM
BASE NOS DECRETOS-LEIS Nº 2445 E 2449, AMBOS DE 1988.
Ementa:
PIS/FATURAMENTO - INCOSTITUCIONALIDADE DOS DECRETOS-LEIS Nºs 2.445/88
e 2.449/88 - A Contribuição ao PIS, após a Emenda Constituição nº 08/77, deixou de integrar
a categoria dos tributos, passando a ter natureza de Contribuição Social (art. 43, inciso X, da
Constituição Federal de 1967, c/c emendas posteriores).

Os recursos do PIS constituem-se num fundo, pertencente aos trabalhadores, sendo-lhes


inaplicáveis as disposições pertinentes às finanças públicas. Alterações na Contribuição ao
PIS não poderia ter por veículo normativo decretos-leis, (EC 1/69, art. 55, II), fato que torna
inconstitucionais os Decretos-leis nºs 2.445/88 e 2.449/88.

No uso da competência estabelecida no inciso X do artigo 52 da Constituição Federal de


1988, o Senado Federal, através da Resolução nº 49, de 1995, em razão do Poder Judiciário
ter declarado a inconstitucionalidade formal dos Decretos-leis nº 2.445, de 29/06/88e 2.449,
de 21/07/88, - Acórdão do STF RE nº 148.754-2/93, - suspendeu a execução dos referidos
Decretos-leis. Aplicação da Lei nº 07/70.

Recurso provido.

MESMO OBJETO

Quando está se discutindo a mesma autuação na esfera administrativa e judicial, a judicial


prevalece sobre a administrativa. Por isso, é interessante que se esgote totalmente a discussão
na esfera administrativa e depois passar para a judicial. Até mesmo por que a empresa ganha
tempo, como foi comentado inicialmente neste trabalho.

Se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da
petição. (art.16 do Decreto 70.235/72, alterado pelo art. 113 da Lei 11.196/2005 de
22.11.2005)

DECISÃO Nº 541, DE 12 DE ABRIL DE 2001 (DOU DE 06.06.2001)


ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ EMENTA: Compensação de
Prejuízos. Limite de 30%. Ação Judicial. Mesmo Objeto. Efeitos. A propositura, pelo
contribuinte, de ação judicial contra a Fazenda Nacional, com o mesmo objeto, importa em
renúncia às instâncias administrativas, cabendo a autoridade onde se encontra o processo, não
conhecer da petição e declarar a definitividade da exigência. EXERCÍCIO: 1996
RESULTADO DO JULGAMENTO: IMPUGNAÇÃO NÃO CONHECIDA CICERO
PEREIRA PERES MARTINS Delegado
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL – Havendo decisão desfavorável à recorrente,
quanto à matéria dos autos, não há como o Conselho de Contribuintes pronunciar-se a respeito
do litígio, devendo seguir o decidido na esfera judicial, considerando a prevalência da decisão
judicial sobre a administrativa. Negado provimento ao recurso.
Processo nº 13005.000219/96-35, Sessão de 26/01/00, Acórdão nº 103-20.20, recorrente:
contribuinte.

UNANIMIDADE DE VOTOS – NÃO PODE RECORRER

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 137

Quando o Conselho de Contribuintes (2ª Instância) decide por UNANIMIDADE de votos


(todos os votos) contra a Fazenda Nacional, esta não pode recorrer à Câmara de Recursos
Fiscais (3ª Instância), sendo a autuação fiscal extinta, nem judicialmente pode recorrer. A
defesa administrativa de autuação fiscal é um instrumento valioso em poder da empresa e do
CONTADOR.

ACORDÃO Nº CSRF/01-1054 - 5ª CÂMARA


SESSAO DE 26 DE NOVEMBRO DE 1990 - DOU DE 06.10.94
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - RECURSO CONTRA ACÓRDÃO
UNANIME EM PROCESSO DECORRENTE - INVIABILIDADE QUANDO NO
RECURSO INTERPOSTO NO PROCESSO PRINCIPAL, NAO SE QUESTIONOU
MATERIA QUE ENSEJARIA A TRIBUTACAO POR DISTRIBUICAO DE RECEITA, NOS
TERMOS DO ART. 8º DO DECRETO-LEI Nº 2065/83.
Se no recurso interposto pela Procuradoria, nos autos principais, não se questionou
acerca da matéria ensejadora de lançamento decorrente de imposto de renda na fonte (art.
8º do Decreto-lei nº 2065/83) e, ainda, se o arresto atacado foi lavrado por unanimidade
de votos, inviável o conhecimento pela Câmara Superior de Recursos Fiscais de apelo
da Fazenda Nacional nas circunstancias mencionadas.
Recurso de que não se conhece.
Acordam os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos,
NAO CONHECER do recurso, por inexistentes os pressupostos legais para sua
interposição, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Urgel Pereira Lopes- presidente
Jose Eduardo Rangel de Alckmin -Relator
Julio Cesar Goncalves Correa Procurador da Fazenda Nacional

MÉRITO NÃO ANALISADO PELO CONSELHO DE CONTRIBUINTES

Qualquer assunto argumentado na defesa deve ser analisado pelo julgador, tanto de 1ª ou de 2ª
Instância, sob pena de nulidade da decisão.

Caso ocorra que o julgador não analisou um determinado assunto, a empresa deverá fazer
constar no seu recurso à próxima Instância que o assunto não foi analisado, solicitando que a
decisão seja nula e revista.

Com isso, a empresa ganha tempo, pois até o processo entrar novamente na pauta de
julgamento, ser julgado e proferida nova decisão, alguns meses se passam.

Exemplo: O Delegado não analisou determinado argumento constante na defesa, ao fazer o


recurso ao Conselho de Contribuintes, além de efetuar a defesa em si ao Conselho, a empresa
vai alegar que tal assunto não foi apreciado, solicitando que o mesmo seja analisado.

ACÓRDÃO Nº 01-1135 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 28 DE JUNHO DE 1994 - DOU DE 18.10.94
NORMAS PROCESSUAIS - RECURSO VOLUNTARIO - NULIDADE DA DECISAO.
A decisão que julgar recurso voluntário deve, sob pena de nulidade, abordar todas as matérias
constantes do procedimento fiscal que tenham sido contestadas pelo sujeito passivo.
ACORDAM os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de
votos, DECLARAR nula a decisão recorrida, para que outra seja proferida na boa e devida
forma, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 138

MARIAM SEIF - Presidente LOURIEDES FIUZA DOS SANTOS - Relator


JULIO CESAR GONCALVES CORREA - Procurador da Fazenda Nacional

NÃO PROVADA DIVERGÊNCIA

Para que o recurso da empresa seja conhecido (analisado) pela 3ª Instância é pré-requisito
comprovar que há decisões contrárias às decisões proferidas de 2ª Instância (em outras
Câmaras do próprio Conselho de Contribuintes provar que há decisões contrárias às tomadas
no julgamento que envolveu a empresa).

ACÓRDÃO nº 01-0995 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 25 DE OUTUBRO DE 1990 - (DOU DE 26.09.94)
RECURSO DE DIVERGENCIA - PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE.
Não se toma conhecimento do recurso especial interposto a este título, quando o recorrente
não comprova a divergência argüida nos termos preconizados no parágrafo 1º, do artigo 5º,
do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais.
ACORDAM os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos,
NAO CONHECER do recurso, por termos do relatório e voto que passam a integrar o
presente julgado.
Vencidos os Conselheiros Sebastião Rodrigues Cabral, José Eduardo Rangel de Alckmin,
Luiz Alberto Cava Maceira e Aquiles Rodrigues de Oliveira.
URGEL PEREIRA LOPES - Presidente
MARIAM SEIF - Relator
JULIO CESAR GONCALVES CORREA
Procurador da Fazenda Nacional

ACÓRDÃO Nº 01-1108 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 26 DE JUNHO DE 1991 - DOU DE 18.10.94
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - RECURSO DA FAZENDA NACIONAL A
CSRF - DECISAO POR MAIORIA DE VOTOS - RECURSO QUE PRETENDE O EXAME
DE MATÉRIA DIVERSA DA QUE FOI OBJETO DE DIVERGENCIA -
INVIABILIDADE.
ACORDAM os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de
votos. NAO CONHECER do recurso, por ausência dos pressupostos legais, nos termos do
relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.

PERDA DO PRAZO - RECURSO FORA DO PRAZO (30 DIAS)

Não será acatado recurso depois de vencido o prazo para interposição de recursos, ou seja, se
o Contador perder o prazo estipulado para defesa, o tributo constante no auto de infração será
considerado como devido, existindo apenas a esfera judicial para recorrer.

ACORDÃO Nº 101-85631 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 26 DE JANEIRO DE 1993 - DOU DE 05.08.94
PEREMPCAO DO RECURSO.
Se o recurso foi interposto quando ultrapassado o prazo de trinta dias previsto no art. 33 do
Processo Administrativo Tributário baixado com o Decreto nº 702356/72, não e de ser
conhecido, por perempto.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 139

Acordam os Membros da Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por


unanimidade de votos, não conhecer do recurso, por intempestivo, nos termos do relatório e
voto que passam a integrar o presente julgado.
MARIAM SEIF - Presidente
FRANCISCO DE ASSIS MIRANDA – Relator
AFONSO CELSO FERREIRA DE CAMPO - Procurador da Fazenda Nacional

PERDA DO OBJETO

O pagamento ou o parcelamento do auto de infração ocasiona a perda do objeto.

Número do Recurso: 102673


Câmara: TERCEIRA CÂMARA
Número do Processo: 13963.000073/94-28
Tipo do Recurso: VOLUNTÁRIO
Matéria: PIS FATURAMENTO
Recorrente: CERAMICA URUSSANGA S.A.
Recorrida/Interessado: DRJ - FLORIANÓPOLIS/SC
Data da Sessão: 14/10/1998 14:30:00
Relator: Sebastião Borges Taquary
Decisão: ACÓRDÃO 203-05005
Resultado: NCU - NÃO CONHECIDO POR UNANIMIDADE
Texto da Decisão: Por unanimidade de votos, não se conheceu do recurso, por falta de objeto.
Ementa: NORMAS PROCESSUAIS - Pedido de parcelamento do débito tributário, pelo
sujeito passivo, implica em reconhecimento da exigência e conseqüente perda do objeto, pelo
recurso interposto. Recurso voluntário a que não se conhece, pela perda do objeto.

Número do Recurso: 012822


Câmara: SEXTA CÂMARA
Número do Processo: 10166.003481/96-64
Tipo do Recurso: VOLUNTÁRIO
Matéria: IRPF
Recorrente: HELBIO BONIFÁCIO FERREIRA
Recorrida/Interessado: DRJ - BRASÍLIA/DF
Data da Sessão: 15/08/2000 00:00:00
Relator: Orlando José Gonçalves Bueno
Decisão: Acórdão 106-11436
Resultado: NCU - NÃO CONHECIDO POR UNANIMIDADE
Texto da Decisão: Por unanimidade de votos, NÃO CONHECER do recurso por falta de
objeto.
Ementa: EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO PAGAMENTO - FALTA DE
OBJETO AO RECURSO VOLUNTÁRIO - Mesmo impugnando a exigência, o contribuinte
efetuou o pagamento do valor do imposto, da multa e dos juros cobrados e, com efeito, nos
termos do Art. 156, inciso I do CTN, ficou extinto o crédito tributário, com a conseqüente
perda de objeto do presente processo administrativo tributário.
Recurso não conhecido.

DECISÃO DE 1ª INSTÃNCIA É DEFINITIVA QUANDO LANÇAMENTO


PRINCIPAL E DECORRENTES FOR INFERIOR A R$ 1.000.000,00

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 140

Quando a autoridade julgadora de primeira instância exonera o sujeito passivo do pagamento


de tributo e multa de valor total superior a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), está
obrigada à interposição de recurso de ofício (art. 34, I, do Decreto 70.235/ 72, com a redação
dada pelo art. 67 da Lei n° 9.532/97 e Portaria MF n° 333/97). A partir de de 01.01.2008, o
valor foi atualizado para R$ 1.000.000,00, conforme Portaria nº 03, de 03.01.2008, do
Ministro da Fazenda.

Isso significa que em processos com montante inferior a R$ 1.000.000,00, a decisão do


Julgador de 1ª Instância favorável ao Contribuinte é definitiva, não cabendo à Fazenda
Nacional recorrer ao Conselho de Contribuintes (2ª Instância).

NORMAS PROCESSUAIS – RECURSO DE OFÍCIO – Nos termos do artigo 34, I, do


Decreto 70.235/72, e Portaria MF nº 333, de 11/12/97, os Delegados de Julgamento da
Receita Federal recorrerão de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do
pagamento do pagamento de tributo e encargos de multa de valor total ( lançamento
principal e decorrentes) superior a R$ 500.000,00 ( quinhentos mil Reais). Como No caso, o
valor exonerado é inferior, a decisão de primeira instância é definitiva, nos termos do art. 42,
§ único, do Decreto 70.235/72, não cabendo recurso de ofício. Recurso de Ofício não
Conhecido.
(Processo nº 10108.00059/95-14, Sessão de 18/08/99, Acórdão 201-73.091, Recorrente:
Delegacia de Julgamento)

Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008


Estabelece limite para interposição de recurso de ofício pelas Turmas de Julgamento das
Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ).

O MINISTRO DE ESTADO DA FAZENDA, no uso da atribuição que lhe confere o inciso II


do parágrafo único do art. 87 da Constituição Federal e tendo em vista o disposto no inciso I do
art. 34 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, com a redação dada pelo art. 67 da Lei nº
9.532, de 10 de dezembro de 1997, e no § 3º do art. 366 do Decreto nº 3.048, de 6 de maio de
1999, com a redação dada pelo art. 1º do Decreto nº 6.224, de 4 de outubro de 2007, resolve:

Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de


Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do
pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 1.000.000,00 (um
milhão de reais).

Parágrafo único. O valor da exoneração de que trata o caput deverá ser verificado por processo.

Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 3º Fica revogada a Portaria MF nº 375, de 7 de dezembro de 2001.

ACOMPANHAMENTO DE PROCESSOS ADMINISTRATIVO-FISCAIS OBJETO DE


RECURSO AO CONSELHO DE CONTRIBUINTES – Portaria 1.170/2004

Portaria SRF nº 1.170, de 05 de outubro de 2004


DOU de 8.10.2004

Disciplina o acompanhamento de processos administrativo-fiscais objeto de recurso aos


Conselhos de Contribuintes.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 141

O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso da atribuição que lhe confere o inciso III
do art. 209 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria MF
nº 259, de 24 de agosto de 2001, resolve:

Art. 1º As Delegacias da Receita Federal de Julgamento (DRJ) encaminharão à


Divisão de Acompanhamento do Contencioso Administrativo e Judicial (Dicoj) da
Coordenação Operacional da Coordenação-Geral de Tributação, relação de
processos julgados de valor igual ou superior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de
reais) e os que sejam objeto de Representação Fiscal para Fins Penais, para
acompanhamento nos Conselhos de Contribuintes, em decorrência de recurso
interposto.
§ 1º Poderão também ser relacionados processos, cujo valor seja inferior ao limite
estabelecido, nas hipóteses em que a matéria em litígio seja considerada de interesse
para acompanhamento.
§ 2º A relação a que se refere o caput, acompanhada do texto da impugnação
apresentada pelo sujeito passivo e do acórdão proferido no julgamento do respectivo
processo, será encaminhada por meio eletrônico para o endereço
dicoj.comprot@receita.fazenda.gov.br.
Art. 2º As DRJ informarão na função "Incluir Processo de Interesse" do sistema
"Comprot" os processos a que se refere o art. 1º, indicando o endereço referido no §
2º desse artigo para acompanhamento de sua movimentação aos Conselhos de
Contribuintes em decorrência de recurso interposto.
Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
JORGE ANTONIO DEHER RACHID

Par. PGFN 1.087/04 - Par. - Parecer PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA


NACIONAL - PGFN nº 1.087 de 19.07.2004 - D.O.U.: 23.08.2004

(Possibilidade jurídica de anulação, mediante ação judicial, de decisão de mérito proferida


pelo Conselho de Contribuintes)

DESPACHO DO MINISTRO DA FAZENDA


Em 17 de agosto de 2004
Interessada : Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Assunto : Possibilidade jurídica de anulação, mediante ação judicial, de decisão de mérito
proferida pelo Conselho de Contribuintes.
Despacho : Aprovo o Parecer PGFN/CRJ Nº 1087 /2004, de 19 de julho de 2004, pelo qual
ficou esclarecido que: 1) existe, sim, a possibilidade jurídica de as decisões do Conselho de
Contribuintes do Ministério da Fazenda, que lesarem o patrimônio público, serem submetidas
ao crivo do Poder Judiciário, pela Administração Pública, quanto à sua legalidade,
juridicidade, ou diante de erro de fato; 2) podem ser intentadas: ação de conhecimento,
mandado de segurança, ação civil pública ou ação popular e 3) a ação de rito ordinário e o
mandado de segurança podem ser propostos pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional,
por meio de sua Unidade do foro da ação; a ação civil pública pode ser proposta pelo órgão
competente; já a ação popular somente pode ser proposta por cidadão, nos termos da
Constituição Federal.

PORTARIA DEFINE QUE FISCAL SÓ PODE PROPOR AÇÃO PENAL DEPOIS DO


PROCESSO ADMINISTRATIVO

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 142

A Secretaria da Receita Federal (SRF) resolveu acatar a decisão do Supremo Tribunal Federal
(STF), de 2003, que proíbe o início de um processo penal por crimes tributários antes que se
acabem os recursos administrativos. Os fiscais da Receita têm agora um procedimento que
devem adotar, definido pela Portaria nº 326, publicada no Diário Oficial da União da terça-
feira.

A portaria regulamenta a representação fiscal para fins penais pelos auditores fiscais da
Receita depois de lavrado o auto de infração. O regulamento diz, em seu artigo 3º, que uma
investigação ou ação por suposto crime tributário só poderá seguir adiante caso o contribuinte
não pague, não parcele ou não recorra à instância administrativa de uma autuação aplicada
pelo fiscal da Receita.

A representação será arquivada caso o contribuinte pague o que deve e suspensa se a opção
for pelo parcelamento ou pelo processo administrativo. "O suposto crime só vai parar no
Ministério Público Federal se o contribuinte for autuado e não fizer nada". O caso também é
arquivado se a última instância do processo administrativo - no caso o Conselho de
Contribuintes - definir que o imposto não é devido.

Mas essas regras valem apenas para crimes tributários, previstos na Lei nº 8.137. Por outro
lado, no art. 5º da Portaria nº 326, o fisco definiu uma lista de outros 25 crimes contra a
administração pública federal ou a Fazenda Nacional. Nestes casos, por não serem
considerados crimes tributários, não é possível um processo administrativo, e assim os fiscais
podem fazer uma representação fiscal para fins penais imediatamente após o auto de infração.

A portaria pode trazer um desconforto para contribuintes que não necessariamente agiram de
má-fé, como poderia acontecer no caso de o recolhimento do imposto ter sido feito com um
cheque sem fundos. Dentro da lista de outros crimes, não tributários, definidos pela Receita
no artigo 5º.

É um avanço que a Receita tenha acatado a decisão do Supremo, segundo o advogado, já que
hoje, na prática, os fiscais acabavam por comunicar o Ministério Público do suposto crime
antes que o processo administrativo terminasse.

A decisão do Supremo, tomada em 2003 pelo pleno, foi suscitada pela Procuradoria-Geral da
República em uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin). O Supremo definiu que tanto
os fiscais quanto o Ministério Público só poderiam oferecer denúncia depois de extinto o
processo administrativo. Assim, caso o conselho defina que não houve infração, não houve,
portanto, crime tributário, e tanto procuradores quanto fiscais não podem mais fazer qualquer
tipo de denúncia.

PORTARIA SRF Nº 326, DE 15 DE MARÇO DE 2005

DOU de 29.3.2005

Estabelece procedimentos a serem observados na comunicação, ao Ministério Público


Federal, de fatos que configurem ilícitos penais contra a ordem tributária, contra a
administração Pública Federal ou em detrimento da Fazenda Nacional, relacionados
com as atividades da Secretaria da Receita Federal.

Art. 1º Os Auditores-Fiscais da Receita Federal deverão formalizar representação


fiscal para fins penais, perante o Delegado ou Inspetor da Receita Federal responsável

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 143

pelo controle do processo administrativo-fiscal, sempre que no curso de ação fiscal


identificarem situações que, em tese, configurem crime definido no art. 1º ou 2º da Lei
nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, ou no art. 334 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Código Penal.

§ 1º Havendo lavratura de auto de infração para exigência de tributos ou


contribuições, ou referente à apreensão de bens sujeitos à pena de perdimento, a
representação será formalizada em autos separados e protocolizada na mesma data da
lavratura do auto de infração, devendo conter, obrigatoriamente:

I - exposição minuciosa do fato e os elementos caracterizadores do ilícito;

II - o original da prova material do ilícito ou qualquer outro documento sob suspeição


que tenha sido apreendido no curso da ação fiscal e cópia autenticada do auto de
infração e de termos fiscais lavrados;

III - termos lavrados de depoimentos, declarações, perícias e outras informações


obtidas de terceiros, utilizados para fundamentar a constituição do crédito tributário ou
a apreensão de bens sujeitos à pena de perdimento, bem assim a qualificação completa
das pessoas físicas responsáveis;

IV - qualificação completa da pessoa ou das pessoas físicas a quem se atribua a prática


do delito, mesmo que o fiscalizado seja pessoa jurídica, bem assim identificação
completa da pessoa jurídica autuada, cópia dos contratos sociais e suas alterações, ou
dos estatutos e atas das assembléias, relativos aos últimos cinco anos;

V - qualificação completa das pessoas que possam ser arroladas como testemunhas;

VI - cópia das declarações de rendimentos, relativas ao período em que se apurou


ilícito, da pessoa ou das pessoas físicas representadas e da pessoa jurídica envolvida,
no caso de crime contra a ordem tributária.

§ 2º Na hipótese de lavratura de auto de infração para exigência de multa, a


representação será formalizada em autos separados e protocolizada na mesma data da
lavratura do auto de infração.

§ 3º No caso de identificação de situação caracterizadora de crime definido no art. 1º


ou 2º da Lei nº 8.137, de 1990, em relação à qual não seja cabível lançamento para
exigência de tributo, contribuição ou multa, inclusive nas hipóteses em que se reduz,
de ofício, o saldo de prejuízos fiscais ou de bases de cálculo negativas da contribuição
social sobre o lucro, a representação será registrada em protocolo, no prazo máximo
de dez dias, contado da data em que o servidor tomar conhecimento do ilícito.

§ 4º A representação de que tratam os §§ 2º e 3º deverá conter:

I - exposição circunstanciada dos fatos, informações sobre a autoria e a indicação do


tempo, do lugar e dos elementos de convicção;

II - o original da prova material do ilícito, quando houver, ou qualquer outro


documento sob suspeição que tenha sido retido ou apreendido;

III - termos fiscais lavrados e de depoimentos, cópia autenticada de auto de infração,


se houver, declarações e outras informações obtidas de terceiros, necessários à
fundamentação da representação;

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 144

IV - qualificação completa da pessoa ou das pessoas físicas a quem se atribua a prática


do delito, ainda que haja envolvimento de pessoa jurídica na ocorrência, bem assim,
identificação completa da pessoa jurídica envolvida; e

V - qualificação completa das pessoas que possam ser arroladas como testemunhas.

§ 5º Para efeito do disposto no inciso IV dos §§ 1º e 4º, serão arroladas as pessoas que:

I - tenham praticado ilícitos previstos no caput deste artigo, possam tê-los praticado,
ou que para eles tenham concorrido ou contribuído, mesmo que por intermédio de
pessoa jurídica;

II - na condição de gerentes ou administradores de instituição financeira, tenham


concorrido para abertura de conta ou movimentação de recursos sob nome falso, de
pessoa física ou jurídica inexistente, ou de pessoa jurídica liquidada de fato ou sem
representação regular, presentes as circunstâncias de que trata o caput deste artigo.

§ 6º Para efeito do disposto no inciso V dos §§ 1º e 4º, deverão ser arroladas as


pessoas que tenham conhecimento do fato ou que, em face do caso, deveriam tê-lo.

§ 7º Quando a ação fiscal for motivada por informações oriundas do Ministério


Público Federal ou da Polícia Federal ou quando tais órgãos já tiverem conhecimento
prévio dos fatos que configurem crime, em tese, a representação de que trata este
artigo restringir-se-á à comunicação ao órgão interessado dos fatos apurados pelo
Auditor-Fiscal da Receita Federal.

Art. 2º Quando as situações caracterizadoras de crimes mencionados no art. 1º forem


identificadas após a lavratura de auto de infração, o servidor que as houver constatado,
no âmbito da Secretaria da Receita Federal (SRF), formalizará representação para fins
penais perante o chefe da unidade da SRF na qual se encontram os autos do processo
administrativo-fiscal, devendo levá-la a registro em protocolo, no prazo máximo de
dez dias, contado da data em que tiver conhecimento do fato.

Art. 3º A representação de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 1º e o art. 2º será apensada


ao processo administrativo-fiscal, devendo:

I - permanecer os respectivos autos na unidade de controle até o transcurso do prazo


para pagamento, parcelamento ou impugnação, na hipótese de lavratura de auto de
infração para exigência de tributos ou contribuições;

II - se aplicada a pena de perdimento de bens, ser encaminhada pela autoridade


julgadora de instância única ao órgão do Ministério Público Federal que for
competente para promover a ação penal, no prazo máximo de dez dias, anexando-se-
lhe cópia da decisão;

III - ser arquivada, se a ação fiscal para apuração de dano ao Erário for julgada
improcedente.

§ 1º Extinto o crédito pelo pagamento dos tributos e contribuições, inclusive seus


acessórios, os autos dos processos de exigência de crédito tributário e de
representação devem ser arquivados, tendo em vista o disposto no art. 34 da Lei nº
9.249, de 26 de dezembro de 1995.

§ 2º Parcelado o crédito tributário, serão anexadas à representação, por cópia, as peças


relativas ao parcelamento, devendo a representação ser remetida pelo Delegado ou
Inspetor da Receita Federal, responsável pelo controle do processo administrativo-

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 145

fiscal, ao órgão do Ministério Público Federal que for competente para promover a
ação penal, no prazo máximo de dez dias, contado da data em que:

I - se considerar concedido o parcelamento normal;

II - produzir efeitos a exclusão de pessoa jurídica do Programa de Recuperação Fiscal


(Refis) ou do parcelamento a ele alternativo (arts. 1º, 5º, 12 e 15, caput e § 2º, II, da
Lei nº 9.964, de 10 de abril de 2000);

III - produzir efeitos a exclusão de pessoa jurídica do Parcelamento Especial (Paes) de


que trata a Lei nº 10.684, de 30 de maio de 2003.

§ 3º Impugnada a exigência de crédito tributário, o processo administrativo-fiscal,


acompanhado da representação fiscal para fins penais, cumprirá seu rito processual.

§ 4º Se o crédito tributário não for extinto pelo pagamento, nem impugnada a


exigência, os autos da representação serão remetidos, no prazo máximo de dez dias,
pelo Delegado ou Inspetor da Receita Federal, responsável pelo controle do processo
administrativo-fiscal, ao órgão do Ministério Público Federal que for competente para
promover a ação penal, exceto se, em relação ao crédito, incidir:

I - o disposto no art. 15, caput e § 2º, II, da Lei nº 9.964, de 2000, que produz o efeito
de suspender a pretensão punitiva do Estado durante o período em que a pessoa
jurídica estiver incluída no Refis ou no parcelamento a ele alternativo, caso em que
deverá ser observado o disposto no § 2º, II, deste artigo, na remessa da representação;
ou

II - o disposto no art. 9º da Lei nº 10.684, de 2003, que produz o efeito de suspendera


pretensão punitiva do Estado durante o período em que a pessoa jurídica estiver
incluída no Paes, caso em que deverá ser observado o disposto no § 2º, IV, deste
artigo, na remessa da representação.

§ 5º A autoridade administrativa, incumbida de dar prosseguimento ao rito processual,


determinará o arquivamento dos autos da representação se, cumulativamente, a
exigência do crédito tributário houver sido julgada improcedente pelos órgãos
singulares ou colegiados da jurisdição administrativa e não couber recurso
administrativo para efeito de revisão do julgado.

§ 6º Julgada procedente, pelos órgãos julgadores singulares ou colegiados da


jurisdição administrativa, a exigência do crédito tributário no todo ou em parte, no que
se refere à situação configuradora de crime, o processo aguardará o prazo para
pagamento ou recurso, devendo, ainda, ser observado o seguinte:

I - pago o crédito tributário, aplica-se o disposto no § 1º deste artigo;

II - parcelado o crédito tributário, serão anexadas, por cópia, à representação as peças


da decisão final administrativa e adotadas as providências previstas no § 2º deste
artigo.

§ 7º Transitada em julgado a decisão sem que o crédito tenha sido extinto pelo
pagamento, ressalvadas as hipóteses de que tratam o art. 15, caput e § 2º, II, da Lei nº
9.964, de 2000, e o art. 9º da Lei nº 10.684, de 2003, as peças da decisão final, que
confirmam a existência do ilícito tributário caracterizador de crime, serão juntadas,
por cópia, à representação fiscal para fins penais, que será remetida, no prazo máximo
de dez dias, pelo Delegado ou Inspetor da Receita Federal, responsável pelo controle
do processo administrativo-fiscal, ao órgão do Ministério Público Federal que for
competente para promover a ação penal.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 146

Art. 4º Na hipótese do § 3º do art. 1º, a representação será remetida pelo Delegado ou


Inspetor da Receita Federal, responsável pelo controle do processo administrativo-
fiscal, no prazo máximo de dez dias, contado da data de sua protocolização, ao órgão
do Ministério Público Federal que for competente para promover a ação penal.

Art. 5° Além dos casos de representação previstos nos artigos anteriores, os


servidores em exercício na SRF, observadas as atribuições dos respectivos cargos,
deverão formalizar representação para fins penais, perante o chefe da unidade da SRF
do domicílio fiscal do sujeito passivo, sempre que identificarem situações que, em
tese, configurem ilícitos penais contra a Administração Pública Federal ou em
detrimento da Fazenda Nacional , tais como:

I - emitir cheque, para pagamento de tributos e contribuições administrados pela


Secretaria da Receita Federal, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado
ou, no caso de existência de provisão de fundos, frustrar-lhe o pagamento (art. 171, §
2°, inciso VI, do Código Penal);

II - falsificar, fabricando-os ou alterando-os, ou usar depois de falsificados:

a) qualquer papel de emissão legal, destinado à arrecadação de imposto ou taxa (art.


293, inciso I e § 1°, do Código Penal);

b) qualquer documento relativo à arrecadação de rendas públicas federais (art. 293,


inciso V e § 1°, do Código Penal);

III - fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à


falsificação de qualquer dos papéis referidos no inciso anterior (art. 294 do Código
Penal);

IV - falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público


verdadeiro (art. 297 do Código Penal);

V - omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou


nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o
fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente
relevante (art. 299 do Código Penal);

VI - atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância


que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter
público, ou qualquer outra vantagem; falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou
circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço
de caráter público, ou qualquer outra vantagem (art. 301 do Código Penal);

VII - fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os
incisos IV, V e VI (art. 304 do Código Penal);

VIII - destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo


alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor (art. 305
do Código Penal);

IX - opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário da


Secretaria da Receita Federal, competente para executá-lo, ou a quem lhe esteja
prestando auxílio (art. 329 do Código Penal);

X - desobedecer a ordem legal de funcionário da Secretaria da Receita Federal (art.


330 do Código Penal);

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 147

XI - desacatar funcionário da Secretaria da Receita Federal no exercício da função ou


em razão dela (art. 331 do Código Penal);

XII - solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa
de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no
exercício de função (art. 332 do Código Penal);

XIII - oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário da Secretaria da Receita


Federal, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício (art. 333 do
Código Penal);

XIV - violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por
ordem de funcionário da Secretaria da Receita Federal, para identificar ou cerrar
qualquer objeto (art. 336 do Código Penal);

XV - dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração


de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa
contra funcionário da Secretaria da Receita Federal, imputando-lhe crime de que o
sabe inocente (art. 339 do Código Penal);

XVI - provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de


contravenção que sabe não se ter verificado (art. 340 do Código Penal);

XVII - acusar-se, perante autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem


(art. 341 do Código Penal);

XVIII - fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como testemunha, perito,
contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito
policial, ou em juízo arbitral (art. 342 do Código Penal);

XIX - usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou
alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada
a intervir em processo judicial, policial ou administrativo (art. 344 do Código Penal);

XX - invocar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o


estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito
(art. 347 do código Penal);

XXI - inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou


objeto de valor probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou procurador (art.
356 do Código Penal);

XXII - "lavar" ou ocultar bens, direitos ou valores (art. 1º da Lei nº 9.613, de 3 de


março de 1998);

XXIII - omitir, retardar injustificadamente ou prestar falsamente informações


requeridas nos termos da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001 (art.
10,parágrafo único, da Lei Complementar nº 105, de 2001);

XXIV - utilizar fraudulentamente benefícios fiscais relacionados com o fomento de


atividade audiovisual (art. 10 da Lei nº 8.685, de 20 de julho de 1993);

XXV - qualquer outro crime ou contravenção, praticados contra a Administração


Pública Federal ou em detrimento da Fazenda Nacional, ou que concorram ou
contribuam para sua consumação.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 148

Parágrafo único. Serão observadas, ainda, as seguintes normas na formalização,


registro e encaminhamento da representação de que trata este artigo:

I - conterá os elementos referidos no § 4º do art. 1º;

II - deverá ser levada a registro em protocolo pelo servidor que a elaborar, no prazo
máximo de dez dias, contado da data em que identificar a situação caracterizadora de
ilícito penal;

III - será remetida pelo chefe da unidade da SRF do domicílio fiscal do sujeito
passivo, no prazo máximo de dez dias, contado da data de sua protocolização, ao
órgão do Ministério Público Federal que for competente para promover a ação penal.

Art. 6º O disposto no § 2º do art. 3º aplica-se ao Paes concedido à pessoa física.

Art. 7º Deverão ser atendidas prontamente pelas unidades da SRF as requisições ou


solicitações de informações e documentos, quando formuladas pelo Ministério Público
Federal ou pela Polícia Federal, para instrução de procedimento ou processo criminal
decorrente das representações de que trata esta Portaria.

Art. 8º O servidor que descumprir o dever de formular representação, nos termos


estabelecidos nesta Portaria, fica sujeito às sanções disciplinares previstas na Lei n°
8.112, de 11 de dezembro de 1990, sem prejuízo do disposto na legislação criminal.

Art. 9º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 10. Ficam revogadas as Portarias SRF nº 2.752, de 11 de outubro de 2001, e nº


1.279, de 13 de novembro de 2002

DECADÊNCIA

PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL – PRELIMINAR DE DECADÊNCIA - O direito


de a Fazenda Nacional constituir o crédito Tributário decai após decorridos cinco anos
contados a partir da notificação do lançamento primitivo ou do primeiro dia do exercício
seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Ocorre a figura da decadência
quando a autoridade autuante promove a lavratura do novo auto de infração, com base no
inciso II do artigo 173 do CTN, tendo porém, alterado o valor tributável.
Recurso Provido
(Processo nº 10630.000336/98-14, Recorrente: Contribuinte, Sessão de 24/02/00. Acórdão nº
107-05.897).

ACÓRDÃO Nº 108-06908 (8ª CÂMARA)


(SESSÃO DE 20 DE MARÇO DE 2002 - DOU DE 07.06.2002)
Processo nº: 10530.001945/99-17
Recurso nº: 128.273
DECADÊNCIA - PRAZO DE 05 ANOS PARA LANÇAR - O prazo para lançamento de
IRPJ,COFINS, PIS, CSL e IRR Fonte é de 05 anos a contar do fato gerador, nos termos do
art. 150, parágrafo 4º, da CTN.
Preliminar acolhida.
Por maioria de votos, ACOLHER a preliminar de decadência suscitada de ofício pelo
Conselheiro Relator.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 149

ACÓRDÃO Nº 107-07162 - 7ª CÂMARA


(SESSÃO DE 15.05.2003 - DOU DE 10.12.2003)
Processo nº: 13888.000708/98-61
Recurso nº: 129391
Matéria: IRPJ E OUTROS - Ex(s): 1994 a 1997
IRPJ/IRF - CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO - DECADÊNCIA. Em se
tratando de lançamento por homologação, o direito de a Fazenda Nacional efetuar o
lançamento de ofício expira-se com o transcurso de cinco anos a contar da ocorrência do
fato gerador da obrigação, nos termos do parágrafo 4º do art. 150 do Código Tributário
Nacional - CTN.
CSLL - COFINS - PIS. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO - DECADÊNCIA.
(CONSTANTE DO VOTO VENCEDOR)
IRPJ - OMISSÃO DE RECEITAS - SUPRIMENTOS NÃO COMPROVADOS QUANTO À
ORIGEM DOS NUMERÁRIOS. Os recursos supridos pelos sócios devem ser comprovados
quanto à sua origem e efetiva entrega, condições que, se não forem cumulativamente
atendidas, autoriza o lançamento de ofício como omissão de receitas.
CSLL - COFINS - PIS - DECADÊNCIA. Em entendimento majoritário, para a 7ª Câmara do
1º Conselho de Contribuintes, o prazo decadencial da CSLL, da COFINS e do PIS encontra-
se, também, no parágrafo 4º do art. 150 do Código Tributário Nacional - CTN. Portanto, até
julho de 1983, inclusive, há que se reconhecer a decadência dessas contribuições.
IRPJ - OMISSÃO DE RECEITAS - SUPRIMENTOS NÃO COMPROVADOS QUANTO À
ORIGEM DOS NUMERÁRIOS. Os recursos supridos pelos sócios devem ser comprovados
quanto à sua origem e efetiva entrega, condições que, se não forem cumulativamente
atendidas, autoriza o lançamento de ofício como omissão de receitas.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. INTERPRETAÇÂO DA LEGISLAÇÃO
TRIBUTÁRIA.
A interpretação dada à norma deve estar em consonância com os princípios Jurídico-
constitucionais. Outrossim, a lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades,
interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, quando mais de uma interpretação
mostram-se factíveis, à luz do que determina o art. 112 do Código Tributário Nacional -
CTN.
Por maioria de votos, RECONHECER a preliminar de decadência para os fatos geradores
ocorridos até julho de 1993, quanto ao mérito, por unanimidade de votos, DAR provimento
PARCIAL ao recurso, para afastar as exigências tributárias que tiveram como base o
diferimento de receitas de venda de imóveis a prazo e quanto ao PIS, afastar as exigências
cujos fatos geradores ocorreram até fevereiro de 1996.

ACÓRDÃO CSRF Nº 01-03888 - 1ª TURMA


(SESSÃO DE 17.07.2002 - DOU DE 05.08.2003)
Processo nº: 163.27000837/99-74
Recurso nº: RD/101-1586
Matéria: IRPJ E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DE CONTRIBUINTES
Interessada(o): TENDÊNCIA CORRETORA DE CÂMBIO, TÍTULOS E VALORES
IMOBILIÁRIOS LTDA.

PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - DECADÊNCIA - IRPJ E CSLL - O imposto


de renda pessoa jurídica e a Contribuição Social sobre o Lucro se submetem à
modalidade de lançamento por homologação, eis que é exercida pelo contribuinte a atividade
de determinar a matéria tributável, o cálculo do imposto e pagamento do quantum devido,
independente de notificação, sob condição resolutória de ulterior homologação. Assim, o

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 150

fisco dispõe de prazo de 05 (cinco) anos, contados da ocorrência do fato gerador para
homologá-lo ou exigir seja complementado o pagamento antecipadamente efetuado, caso a
lei não tenha fixado prazo diferente e não se cuide da hipótese de sonegação, fraude ou
conluio (ex vi do disposto no parágrafo 4º do art. 150 do CTN). A ausência de recolhimento
do imposto não altera a natureza do lançamento, vez que o contribuinte continua sujeito aos
encargos decorrentes da obrigação inadimplida (atualização, multa, juros etc. a partir da data
do vencimento originalmente previsto, ressalvado o disposto no art. 106 do CTN).

Por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 101-94313 - 1º CÂMARA


(SESSÃO DE 14.08.2003 - DOU DE 14.10.2003)
Processo nº: 10120.002587/2001-78
Recurso nº: 132189
Matéria: IRPJ - 30/09/1995 a 31/12/2000
IRPJ-DECADÊNCIA - Constatado evidente intuito de fraude, o prazo decadencial para
constituição do crédito tributário é contado a partir do 1º dia do exercício seguinte àquele
em que o lançamento poderia ter sido efetuado (regra geral - art. 173 do CTN), termo esse
que fica antecipado com a entrega da declaração de rendimentos. BASE DE CÁLCULO -
O conceito de receita bruta para fins de determinação da base de cálculo do imposto é o que
está definido no art. 31 da Lei nº 8981/1995.
MULTA MAJORADA - O oferecimento à tributação, durante anos consecutivos, de apenas
parcela ínfima dos seus rendimentos, torna notório o intuito do contribuinte de retardar
o conhecimento, por parte da autoridade fiscal, das circunstâncias materiais da obrigação
tributária, justificando a aplicação da multa majorada.
JUROS DE MORA - SELIC - O crédito tributário não integralmente pago no seu vencimento
é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante de sua falta. A Lei nº
9065/95, que estabelece a aplicação de juros moratórios com base na variação da taxa Selic
para os débitos não pagos até o vencimento, está legitimamente inserida no ordenamento
jurídico nacional, não cabendo a órgão integrante do Poder Executivo negar-lhe aplicação.
Recurso voluntário a que se nega provimento.
Por unanimidade de votos, reconhecer a extinção de parte do crédito por decadência e, no
mérito, negar provimento ao recurso voluntário.

ACÓRDÃO Nº 104-19454 - 4ª CÂMARA


(DOU DE 25.03.2004 - SESSÃO DE 13.08.2003)
Processo nº: 13609.000595/2002-76
Recurso nº: 133.256
Matéria: IRPF - Ex(s): 1995 a 2001
DECADÊNCIA - IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA - AJUSTE ANUAL -
LANÇAMENTO – O direito de a Fazenda Nacional lançar o imposto de renda pessoa física,
devido no ajuste anual, decai após cinco anos contados de 31 de dezembro de cada ano-
calendário questionado.
RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA - OMISSÃO - DECLARAÇÃO
EM CONJUNTO
- DEPENDENTES - São tributáveis os rendimentos recebidos pelo declarante e seus
dependentes, decorrentes de trabalho com vínculo empregatício e estágio remunerado,
omitidos na Declaração de Ajuste Anual.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS - LANÇAMENTO COM BASE EM VALORES
CONSTANTES DE EXTRATOS BANCÁRIOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 151

NÃO COMPROVADA - ART. 42 DA LEI Nº 9430, DE 1996 - Caracteriza como omissão


de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantido
junto à instituição financeira, em relação as quais o titular, pessoa física ou jurídica,
regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem
dos recursos utilizados nessas operações.
IRPF - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - LEI Nº 9430, DE 1996 - COMPROVAÇÃO - Estando
as Pessoas Físicas desobrigadas de escrituração, os recursos com origem comprovada bem
como outros rendimentos já tributados, inclusive àqueles objetos da mesma acusação,
servem para justificar os valores depositados posteriormente em contas bancárias,
independentemente de coincidência de datas e valores.

DEDUÇÕES DE DESPESAS MÉDICAS - DEDUÇÕES DE DESPESAS DE INSTRUÇÃO


– CONDIÇÕES DE DEDUTIBILIDADE - A dedução de despesas médicas e despesas com
instrução está condicionada a que os pagamentos sejam especificados, informados na
Declaração de Ajuste Anual, e comprovados, quando requisitados pela autoridade lançadora,
através da apresentação da documentação hábil e idônea. Desta forma, é de se manter as
glosas efetuadas, por falta de comprovação dos MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO
QUALIFICADA - JUSTIFICATIVA PARA APLICAÇÃO DA MULTA - EVIDENTE
INTUITO DE FRAUDE - Qualquer circunstância que autorize a exasperação da multa
de lançamento de ofício de 75%, prevista como regra geral, deverá ser
minuciosamente justificada e comprovada nos autos.
Além disso, para que a multa de 150% seja aplicada, exige-se que o contribuinte tenha
procedido com evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº
4502, de 1964. A dedução indevida de despesa médica/instrução, rendimento recebido de
pessoa jurídica não declarados, bem como a falta de inclusão na Declaração de Ajuste
Anual, como rendimentos, os valores que transitaram a crédito (depósitos) em conta
corrente pertencente ao contribuinte, cuja origem não comprove caracteriza, a princípio, falta
simples de redução indevida de imposto de renda e omissão de rendimentos, porém, não
caracteriza evidente intuito de fraude, nos termos do art. 992, inciso II do Regulamento do
Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n° 1041, de 1994, já que a fiscalização não
demonstrou, nos autos, que a ação do contribuinte teve o propósito deliberado de impedir
ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária,
utilizando-se de recursos que caracterizam evidente intuito de fraude.
ACRÉSCIMOS LEGAIS - JUROS - O crédito tributário não integralmente pago no
vencimento, a partir de abril de 1995, deverá ser acrescido de juros de mora em percentual
equivalente à taxa referencial SELIC, acumulada mensalmente.
Preliminar parcialmente acolhida.
Recurso parcialmente provido.

ACÓRDÃO Nº 108-07122 - 8ª CÂMARA


(DOU DE 30.04.2003 - SESSÃO DE 18.09.2002)
Processo nº 13886.000247/97-92
Recurso nº 129.695
Matéria: IRPJ e OUTROS - Ex: 1992
DECADÊNCIA - LANÇAMENTO POR DECLARAÇÃO - IRPJ E CSL - De acordo com
o entendimento exarado em julgados da Câmara Superior de Recursos Fiscais, devem ser
considerados, até o período-base de 1991, o Imposto de Renda Pessoa Jurídica e a
Contribuição Social sobre o Lucro como sendo tributos sujeitos ao lançamento por
declaração, devendo ser contado o início do prazo decadencial a partir da entrega da
respectiva declaração de rendimentos.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 152

IRPJ - DESCARACTERIZAÇÃO DE MÚTUO- Incabível o lançamento apoiado apenas em


indícios para a descaracterização de mútuo entre interligadas, sem suporte em
procedimentos de auditoria que caracterizem o fato apontado como infração à legislação
tributária.
CSL - COMPENSAÇÃO DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA - Incabível, por falta de
previsão legal, a compensação de base de cálculo negativa da contribuição social sobre o
lucro apurada antes da vigência do art. 44, parágrafo único, da Lei nº 8383/91.
IR FONTE E CSL - LANÇAMENTOS DECORRENTES - O decidido no julgamento do
lançamento principal do imposto de renda pessoa jurídica faz coisa julgada nos dele
decorrente, no mesmo grau de jurisdição, ante a íntima relação de causa e efeito entre eles
existente.
Preliminar de decadência rejeitada Recurso parcialmente provido. Por unanimidade de
votos, REJEITAR a preliminar de decadência suscitada e, no mérito, DAR provimento
PARCIAL ao recurso, para afastar da incidência do IRPJ, da CSL e do ILL a matéria
"despesas indevidas de correção monetária".

ACÓRDÃO Nº 101-93744 - 1ª CÂMARA


SESSÃO DE 21.02.2002 - DOU DE 11.04.2002
Processo nº: 16327.002300/00-18
Recurso nº: 126758
Matéria: IRPJ - Ex(s): 1993
Acórdão nº: 101-93744
IRPJ e CSSL - PRELIMINAR DE DECADÊNCIA - ACOLHIMENTO - Deve ser observado
no lançamento, o prazo qüinqüenal previsto no art. 150, parágrafo 4º do CTN, por se tratar de
tributo cuja legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem
prévio exame da autoridade administrativa, amoldando-se à modalidade de lançamento
por homologação, hipótese em que, os cinco anos, têm como termo inicial a data da
ocorrência do fato gerador.
Preliminar de decadência acolhida.
Por unanimidade de votos, acolher a preliminar de decadência.

ACÓRDÃO Nº 107-06728 - 7ª CÂMARA.


(SESSÃO DE 21.08.2002 - DOU DE 25.11.2002)
Processo nº :10680014845/00-06
Recurso nº :128906
Matéria :IRPJ - Ex(s): 1997
IRPJ - APURAÇÃO MENSAL - ANO-CALENDÁRIO DE 1995 - DECADÊNCIA - A partir
do ano-calendário de 1992, o direito de a Fazenda Pública constituir exigências tributárias
relativas ao imposto de renda das pessoas jurídicas extingue-se após cinco anos contados do
encerramento de cada período mensal, nos termos do parágrafo 4º do art. 150 do CTN.
IRPJ - APURAÇÃO DO IMPOSTO NO ANO-CALENDÁRIO DE 1995 - REGRAS -
No ano-calendário de 1995, somente poderiam optar pela apuração anual do lucro real as
pessoas jurídicas que efetuaram o pagamento do imposto de renda e da contribuição
social sobre o lucro, devidos no curso do referido ano-calendário, com base na receita bruta e
acréscimos e aquelas que demonstraram os resultados do período através de balanços ou
balancetes mensais acumulados. Às pessoas jurídicas que não optaram por estas modalidades,
só restava a sistemática de apuração pelo lucro real mensal definitivo, nos precisos termos
dos arts. 27 a 35 e parágrafos 5º a 7º do art. 37 da Lei nº 8981/95.
IRPJ - LUCRO REAL MENSAL DEFINITIVO - ANO-CALENDÁRIO DE 1995 - A
consideração dos balanços mensais, levantados para apuração do lucro real mensal no ano-

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 153

calendário de 1995, em balanços de suspensão ou redução do imposto, para os fins do art.


35 da Lei nº 8981/95, exigia que a pessoa jurídica providenciasse demonstrativo
consolidando os resultados apurados até o mês relativo à suspensão ou redução do
imposto, observadas as regras do art. 13 da Instrução Normativa SRF nº 51/95.
IRPJ - REDUÇÃO DO LUCRO REAL PELA COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS
FISCAIS -
ANO-CALENDÁRIO DE 1995 - A limitação a 30% (trinta por cento) na redução do lucro
líquido ajustado, por conta da compensação de prejuízos fiscais, alcança o estoque de
prejuízos existentes em 31.12.94, não se verificando ferimento ao direito adquirido.
IRPJ - REVERSÃO DE RECEITAS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS -
EXCLUSÃO VIA LALUR - O estorno, mediante débito em conta do patrimônio líquido,
em período posterior ao da indevida avaliação de investimento pela equivalência
patrimonial, cuja contrapartida não foi excluída no LALUR, dá ao contribuinte o direito de
efetuar exclusão na apuração do lucro real do período em que se deu o estorno.
IRPJ - LALUR - EXCLUSÕES EXTEMPORÂNEAS - O fato de a empresa não ter
observado o regime de competência na apropriação de valores controlados na parte "b" do
LALUR, não basta para a não aceitação da exclusão, se não mostrados prejuízos reais para
o fisco com a postergação.
Por maioria de votos, ACOLHER a preliminar de decadência levantada de ofício em relação
aos meses de maio e outubro de 1995, vencido o conselheiro Francisco de Assis Vaz
Guimarães, e, no mérito, por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso
para excluir as exigências relativas aos anos calendários de 1996 e 1998.

ACÓRDÃO Nº 108-07777 - 8ª CÂMARA


(SESSÃO DE 15.04.2004 - DOU DE 19.07.2004)
Recurso nº: 134.828
Matéria: IRPJ e OUTROS - Exs.: 1996 a 1999
DECADÊNCIA - IRPJ, CSL, PIS, COFINS, IRF - LANÇAMENTO POR
HOMOLOGAÇÃO -APLICAÇÃO DO ART. 150, Parágrafo 4º - DO CTN - Aplica-se
o termo inicial previsto no art. 150, parágrafo 4º, do CTN, para contagem da
decadência dos tributos considerados como de lançamento por homologação.
OMISSÃO DE RECEITA - SUPRIMENTO DE NUMERÁ- RIO - FALTA DE
COMPROVAÇÃO DE ORIGEM E EFETIVA ENTREGA DO NUMERÁRIO -
PRESUNÇÃO RELATIVA - A presunção legal do art. 229 do RIR/94 é considerada
relativa, isto é, passível de prova em contrário pelo contribuinte. Não demonstrando a
efetiva entrega ou a origem do numerário suprido, deve ser mantida a exigência.
PENALIDADE - MULTA ISOLADA - FALTA DE PAGAMENTO POR ESTIMATIVA OU
FALTA DEBALANCETE - A multa isolada prevista no art. 44 da Lei nº 9430/96 deve ser
aplicada quando o contribuinte não atende às condições impostas por lei para optar pela
apuração anual do Lucro Real, quais sejam, recolher com base em estimativa ou levantar
balancete de suspensão ou redução dos recolhimentos.
Recurso negado.
Por maioria de votos, ACOLHER a preliminar de decadência dos fatos geradores abrangidos
até 28.09.95 e, no mérito, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.
Vencidos os Conselheiros Nelson Lósso Filho, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro e José Carlos
Teixeira da Fonseca que acolhiam a decadência apenas em relação ao IRPJ, PIS e IR-Fonte.

PRESCRIÇÃO

Lembre-se que:

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 154

Decadência é o prazo no qual a Receita Federal tem para fazer o lançamento do crédito.

Exemplo: O IRPJ deve ser lançado 05 anos após o fato gerador, depois desse período a
Receita não pode mais exigi-lo (decaiu).

Prescrição é o prazo no qual a receita federal tem para cobrar o tributo já lançado.

Exemplo: IRPJ - o imposto que foi lançado até o 5º ano do fato gerador, tem mais 05 anos
para ser cobrado pela Receita Federal. Assim, o tributo lançado em DCTF ou por Auto de
Infração e não inscrito em Dívida Ativa (que não prescreve) passados 10 anos do seu fato
gerador não é mais devido (prescreveu). No mesmo sentido, a empresa pode recuperar
tributos pagos a maior no prazo de até 10 anos após a data do recolhimento do tributo pago a
maior.

ACÓRDÃO Nº 108-07225 - 8ª CÂMARA


(SESSÃO DE 05.11.2002 - DOU DE 27.03.2003)
Processo nº: 10930.000827/00-12
Recurso nº: 130.782
Matéria: IRPJ - Ex.: 1997
IRPJ - RESTITUIÇÃO - SALDO NEGATIVO DE IMPOSTO - REGIME DE
ESTIMATIVA - COMPENSAÇÃO - PRAZO - No caso em que o imposto calculado
pelo regime de estimativa tenha sido extinto por compensação e que, no encerramento do
lucro real anual, seja verificado que houve saldo negativo do imposto, o prazo
prescricional para o pedido de restituição desse saldo é contado a partir da entrega da
declaração de rendimentos (art. 6º, parágrafo 1º, II, "in fine", Lei nº 9430/96). É irrelevante o
fato de haver passado mais do que cinco anos desde o recolhimento indevido, que gerou
crédito para a compensação da parcela de estimativa, e o pedido de restituição do saldo
negativo.
Recurso provido.
Por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso.

MATÉRIA PRECLUSA

Na peça de defesa ao Delegado de Julgamento, o Contador deve alegar todas as teses


possíveis de defesa, pois em um recurso ao Conselho de Contribuintes não poderá inovar um
assunto não mencionado anteriormente.

IRPJ – MATÉRIA PRECLUSA – A matéria não questionada na fase preliminar do processo


administrativo não pode ser analisada na Segunda Instância.
Recurso negado.
(Processo nº 13147.000023/05-45, Recorrente: Contribuinte, Sessão de 25/09/98, Acórdão nº
102-43.369)

ACÓRDÃO Nº 01-1187 - 5ª CÂMARA


SESSAO DE 29 DE OUTUBRO DE 1991 - DOU DE 25.11.94
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - APERFEIÇOAMENTO DO LANÇAMENTO
MEDIANTE INVOCACAO DE NOVOS FUNDAMENTOS LEGAIS POR PARTE DA
DECISAO DE PRIMEIRO GRAU - RECURSO QUE DEVE SER RECEBIDO COMO
PEÇA IMPUGNATIVA.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 155

Se a decisão de primeiro grau invoca novos fundamentos legais para justificar o


lançamento, ha aperfeiçoamento da exigência, devendo ser reaberto o prazo para nova
impugnação por parte do contribuinte. Atacando o autuado os novos fundamentos em seu
recurso, este deve ser recebido como se impugnação fora, remetendo-se o processo a
autoridade julgadora de primeiro grau para novo pronunciamento.
Recurso conhecido e provido.
ACORDAM os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de
votos, CONHECER do recurso, interposto pelo sujeito passivo, e dar-lhe provimento, a fim
de anular o acórdão recorrido e remeter os autos a repartição de origem, para que a
autoridade de primeira instancia aprecie o recurso voluntário como se impugnação fosse,
nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.

DECLARAÇÃO DE RENDA e MULTA POR ATRASO

A Declaração de Renda pode ser retificada até o início do procedimento de fiscalização.

ACÓRDÃO Nº 101-84052 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 21 DE SETEMBRO DE 1992 - DOU DE 14.06.94
PRELIMINAR - CERCEAMENTO DE DEFESA.
Não constitui cerceamento de defesa a denegação pela autoridade fiscal de pedido de
prorrogação de prazo para apresentação da impugnação, uma vez que o artigo 6º do
Decreto nº 70235/72 relaciona o seu deferimento com o livre discernimento do administrador
tributário.

ARBITRAMENTO DE LUCRO - OPCAO PELA TRIBUTACAO SIMPLIFICADA SEM


OBSERVANCIA DOS REQUISITOS LEGAIS.
O exercício de atividades mistas faz permitir a faculdade de opção pelo pagamento do
imposto com base no lucro presumido, quando a receita bruta preponderante não decorre
de venda mercadorias, impondo-se o arbitramento do lucro, se a pessoa jurídica não
mantiver escrituração contábil na forma das disposições legais.

RETIFICACAO DA DECLARACAO - INICIATIVA DO CONTRIBUINTE.


Após o inicio do processo de lançamento de oficio não é admissível a retificação da
declaração de rendimentos, por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir
ou excluir tributo.
Acordam os Membros da Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por
unanimidade de votos, rejeitar a preliminar argüida e, no mérito, negar provimento ao recurso,
nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.

Mariam Seif - Presidente e Relatora


Afonso Celso Ferreira de Campos - Procurador da Fazenda Nacional

ACÓRDÃO Nº 01-03404 - 1ª TURMA


(SESSÃO DE 23.07.2001 - DOU DE 18.03.2003)
Processo nº: 10930.001170/99-50
Recurso nº: RD/106-0382
Matéria: IRPF - MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO
Interessado(a): FAZENDA NACIONAL
IRPF - MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE
RENDIMENTOS - O instituto da denúncia espontânea não alberga a prática de ato

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 156

puramente formal do contribuinte de entregar, com atraso, a declaração de rendimentos


porquanto as responsabilidades acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com a
existência do fato gerador do tributo, não estão alcançadas pelo art. 138, do CTN. Recurso
negado.

ACÓRDÃO CSRF Nº 01-03498 - 1ª TURMA


(SESSÃO DE 17.09.2001 - DOU DE 22.04.2003)
Processo nº: 10680.008244/98-97
Recurso nº: RD/102-0.066
Matéria: IRPF - EX. 1996
IRPF - DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS - A declaração de rendimentos goza da
presunção da verdade a teor do "caput" do art. 368 do CPC sobretudo na parte em que o
Fisco não produziu prova em contrário. - Recurso negado. Por maioria de votos, NEGAR
provimento ao recurso.

ACORDÃO Nº 104-11214 - 4ª CÂMARA


SESSAO DE 23 DE FEVEREIRO 1994 - DOU DE 24.09.96
IRPJ - LANCAMENTO COMPLEMENTAR.
Descabe a cobrança de diferença de tributo advinda de erro de preenchimento de
declaração, comprovada ser a mesma decorrente de equívoco quando da mudança do padrão
monetário de CZ$ para Ncz$.
ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes:
por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 108-06673 - 8ª CÂMARA


SESSÃO DE 20 DE SETEMBRO DE 2001 (DOU DE 28.03.2002)
Processo nº : 15374.003059/99-47
Recurso nº : 126.347
Matéria : IRPJ - Ano: 1995
Sessão de : 20 de setembro de 2001
IRPJ - ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE
RENDIMENTOS -
Incabível a exigência quando constatada a ocorrência de erro de fato no preenchimento
da Declaração de Rendimentos Pessoa Jurídica.
Recurso provido.
Por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 107-05926 - 7ª CÂMARA


SESSÃO DE 16 DE MARÇO DE 2000 - DOU DE 19.07.2000
Processo nº: 13808.005199/98-23
Recurso nº: 121702
Matéria: IRPJ - Ex(s): 1996
IRPJ - RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS - Não pode prosperar o
pedido de retificação de Declaração de rendimentos, quando não comprovado o erro nela
contido.
Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.

ACORDÃO Nº 0103575 - 1ª TURMA

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 157

(SESSÃO DE 05.11.2001 - DOU DE 18.03.2003)


Processo nº: 10882.002833/96-60
Recurso nº: RP/105-0488
Matéria: IRPJ
Recorrida: QUINTA CÂMARA DO PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES
Sujeito Passivo: PROSASCO PROGRESSO DE OSASCO S/A (Sucedido pela Prefeitura do
município de Osasco)
IRPJ - LUCRO INFLACIONÁRIO - DIFERIMENTO - ERRO NO PREENCHIMENTO
DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS - RETIFICAÇÃO - CABIMENTO - Tendo o
contribuinte manifestado a intenção de diferir a tributação do lucro inflacionário em sua
DIRPJ e comprovado ter cometido erro na contabilização da correção monetária
(IPC/1990) do saldo das contas de depreciação e amortização acumuladas, é de se admitir a
retificação da Declaração, a fim de se lhe exigir o tributo incidente apenas sobre a parcela
do lucro inflacionário que deixou de ser realizada.
Recurso especial a que se nega provimento.
Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO CSRF Nº 01-03767 - 1ª TURMA


(SESSÃO DE 18.02.2002 - DOU DE 22.04.2003)
Processo nº :13652.000034/96-51
Recurso nº: RP/106-0.564
Matéria: IRPF
Sujeito Passivo: JOANA AYUB MONTEIRO
IRPF - MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE
RENDIMENTOS - O instituto da denúncia espontânea não alberga a prática de ato
puramente formal do contribuinte de entregar, com atraso, a declaração de rendimentos
porquanto as responsabilidades acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com a
existência do fato gerador do tributo, não estão alcançadas pelo art. 138, do
CTN. - Recurso especial provido.
Por maioria de votos, DAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 103-21140 - 3º Câmara


(SESSÃO DE 28.01.2003 - DOU DE 17.03.2003)
Processo nº: 10469.001427/98-12
Recurso nº: 126548
Matéria: IRPJ - Ex(s): 1993
ERRO DO CONTRIBUINTE AO PREENCHER A DECLARAÇÃO DE
RENDIMENTOS - POSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO - É admissível a retificação da
declaração pela autoridade lançadora, quando comprovado o erro cometido pelo contribuinte,
pois o erro não é capaz de tornar exigível tributo que não tenha ocorrido o respectivo
fato gerador da obrigação tributária.
Diante dos documentos juntados aos autos verifica-se que in casu, não há o que se falar em
erro do contribuinte no preenchimento da declaração de rendimentos e, portanto, em
revisão do lançamento.
LUCRO INFLACIONÁRIO - REALIZAÇÃO - Deve ser retificado o demonstrativo
"SAPLI" para adequá-lo ao disposto na legislação em relação à realização mínima da parcela
diferível no ano calendário de 1992, com efeitos nos anos calendários subsequentes.
Por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir da tributação
as parcelas de lucro inflacionário acumulado, de realização mínimo obrigatória, referentes

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 158

aos exercícios financeiros abrangidos pela decadência do direito de constituir o crédito


tributário.

ARROLAMENTO DE BENS – GARANTIA PARA CONHECIMENTO DO RECURSO


EM 2ª INSTÂNCIA

O artigo 32 da Lei 10.522 de 19/07/2002 alterou o artigo 33 do Decreto nº 70.235/72, que


passou a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 33 –
Parágrafo 1º - No caso de provimento a recurso de ofício, o prazo para
interposição de recurso voluntário começará a fluir da ciência, pelo sujeito
passivo, da decisão proferida no julgamento do recurso de ofício.
Parágrafo 2º - Em qualquer caso, o recurso voluntário somente terá
seguimento se o recorrente arrolar bens e direitos de valor equivalente a 30%
(trinta por cento) da exigência fiscal definida na decisão, limitado o
arrolamento, sem prejuízo do seguimento do recurso, ao total do ativo
permanente se pessoa jurídica ou ao patrimônio se pessoa física.
Parágrafo 3º - O arrolamento de que trata o parágrafo 2º será realizado
preferencialmente sobre bens imóveis.
Parágrafo 4º - O Poder Executivo editará as normas regulamentares
necessárias à operacionalização do arrolamento previsto o parágrafo 2º."

Até então, para ser conhecido o recurso voluntário para o Conselho de Contribuintes a
empresa deveria depositar em dinheiro 30% do valor do Auto de Infração.

Com o advento do art. 32, Lei 10.522/2002, é necessário que a empresa apenas arrole bens
(dê em garantia) até 30% do valor da autuação em bens do Ativo Permanente ou limitado até
o total de bens do Ativo Permanente. Isso significa: mesmo que empresa não possua bens no
seu Ativo Permanente pode interpor recurso ao Conselho de Contribuintes sem o pagamento
da quantia em dinheiro.

Antes dessa Lei entrar em vigor, a esfera administrativa era abandonada logo após a decisão
de 1ª Instância, pois as empresas não dispunham de recursos para efetuar o pagamento em
dinheiro.

No entanto, a partir de 06.06.2007, conforme Ato Declaratório Interpretativo da RFB nº


9/2007, dispõe que não será exigido o arrolamento de bens e direitos como condição para seguimento do
recurso voluntário.

ATO DECLARATÓRIO INTERPRETATIVO RECEITA FEDERAL DO


BRASIL - RFB Nº 9 DE 05.06.2007

D.O.U.: 06.06.2007

Dispõe sobre a inexigibilidade do arrolamento de bens e direitos como condição


para seguimento do recurso voluntário.

O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL, SUBSTITUTO, no uso


da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 224 do Regimento Interno da
Secretaria da Receita Federal Brasil, aprovado pela Portaria MF nº 95, de 30 de abril
de 2007, e tendo em vista o disposto no art. 1º, § 1º do Decreto nº 2.346, de 10 de
outubro de 1997, e que na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1976 o

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 159

Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional o disposto no art. 32 da Lei


nº 10.522, de 19 de julho de 2002, que deu nova redação ao art. 33, § 2º do Decreto
nº 70.235, de 6 de março de 1972, declara:

Art. 1º Não será exigido o arrolamento de bens e direitos como condição para
seguimento do recurso voluntário.

Art. 2º A autoridade administrativa de jurisdição do domicílio tributário do sujeito


passivo providenciará o cancelamento, perante os respectivos órgãos de registro, dos
arrolamentos já efetuados.

CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO

O INSS continua ainda com a exigência do depósito em dinheiro de 30% para que o recurso
para 2ª Instância seja conhecido. Lamentável, pois diretamente há um cerceamento de defesa.
No entanto, os ventos jurisprudenciais estão tomando outras direções, como abaixo segue
decisão do Ministro Eros Grau do STF:

17/11/2006 - 16:56 - STF defere liminar que desobriga Telesp a fazer depósito prévio
perante o INSS

O ministro Eros Grau deferiu um pedido de liminar na Ação Cautelar (AC) 1449,
ajuizada pela Telesp (Telecomunicações de São Paulo S/A), para suspender os
efeitos da decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) que obrigava
a empresa a fazer um depósito prévio relativo a 30% do valor de R$ 180 milhões
como condição para recorrer administrativamente perante o Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS).

Na decisão que deferiu a liminar em favor da Telesp, o relator afirmou, inicialmente,


que o Plenário da Corte discute a validade dessa modalidade de depósito prévio no
julgamento dos Recursos Extraordinários (REs) 388359, 389383 e 390513. O
ministro Eros Grau ressaltou que seu entendimento é "no sentido de que a exigência
do depósito prévio inviabiliza o direito de defesa do recorrente", conforme o seu
voto, já proferido, no julgamento desses REs.

"O Tribunal Regional Federal da 3ª Região, no entanto, ignorou a existência dessa


discussão, não admitindo o recurso extraordinário da ora recorrente", declarou o
ministro, ao observar que, somente com a interposição de um agravo de instrumento,
é que esse recurso extraordinário subiu para análise do STF.

O ministro Eros Grau disse, ainda, que a Telesp foi intimada a efetuar o depósito
prévio recursal até o dia 17 de novembro. Caso não o fizesse, seria prejudicado o
direito alegado no recurso extraordinário. "Vislumbro, no caso, os elementos
necessários à concessão excepcionalíssima da medida liminar pleiteada". Os
requisitos para concessão de liminar incluem a possibilidade de julgamento
favorável da causa e ameaça de dano irreparável na demora da apreciação da causa.
Assim, o relator suspendeu os efeitos do acórdão do TRF-3 até o julgamento do
mérito do recurso extraordinário.

Número do Recurso: 133517


Câmara: OITAVA CÂMARA
Número do Processo: 11020.000644/2001-75
Tipo do Recurso: VOLUNTÁRIO

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 160

Matéria: IRPJ
Recorrente: GO TRANSPORTES LTDA.
Recorrida/Interessado: 5ª TURMA/DRJ-PORTO ALEGRE/RS
Data da Sessão: 16/10/2003 00:00:00
Relator: Karem Jureidini Dias de Mello Peixoto
Decisão: Acórdão 108-07561
Resultado: DPPM – DAR PROVIMENTO PARCIAL POR MAIORIA
Por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar suscitada e, no
mérito, por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao
Texto da Decisão: recurso, para afastar o agravamento da multa de ofício. Vencido o
Conselheiro José Carlos Teixeira da Fonseca que negou
provimento ao recurso.
ARROLAMENTO – Na hipótese do contribuinte não possuir bens
ou direitos, a falta de arrolamento não deve causar prejuízo ao
recurso, nos termos do § 2º do artigo 33 do Decreto n. 70.235/76.

CERCEAMENTO DE DEFESA – Descabida a alegação


fundamentada na falta de entrega de documentos, quando todos os
documentos foram acostados ao processo administrativo, colocado
à disposição do contribuinte.

DCTF – Valores apurados em DCTF, cujas contrapartidas na


própria declaração são indevidas informações de pagamento,
anulam o saldo devedor e tornam necessário o lançamento de
Ementa: ofício com multa respectiva.

MULTA AGRAVADA – Fraude – Não pode ser presumida ou


alicerçada em indícios. A penalidade qualificada somente é
admissível quando factualmente constatada as hipóteses de fraude,
dolo ou simulação.

SELIC – Legalidade – Caráter indenizatório dos custos arcados


pelo Estado quando ocorre o inadimplemento do contribuinte que
não paga o tributo devido.

Preliminar rejeitada.
Recurso parcialmente provido.

PROVA EMPRESTADA

A prova emprestada é aquela formada por outra autoridade que não a autuadora.

Exemplo: utiliza-se da fiscalização do ICMS para autuar o IRPJ.

¨O empréstimo é da prova, ou seja, fatos, demonstrações, levantamentos, em função do que


firma-se um convencimento, e não simplesmente das conclusões formais ainda que tenha
havido o pagamento” (Acórdão CC – 103-07388).

O fisco deve produzir provas suficientes para a autuação, a prova produzida por terceiros é
apenas um indício, vem apenas a prova não a conclusão.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 161

Várias são as razões para efetuar o pagamento de uma autuação fiscal: participar de uma
licitação, benefícios aos participar de um Refis (parcelamento especial) estadual ou federal,
etc. Até mesmo, pode ser que não tenha sido julgada pelos órgãos competentes, a autuação
fiscal que está sendo utilizada como prova no processo em discussão.

ACÓRDÃO Nº 01-0996 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 25 DE OUTUBRO DE 1990 - (DOU DE 26.09.94)
IRPJ - APURACAO DO FISCO ESTADUAL - PROVA EMPRESTADA.
Revelando-se a prova emprestada insuficiente para caracterizar a infração a legislação
o do imposto de renda, improcede a exigência.
Recurso especial que se nega provimento.
ACORDAM os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos,
NEGAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 01-1095 - 6ª CÂMARA


SESSAO DE 27 DE NOVEMBRO DE 1990 - DOU DE 06.10.94
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO FISCAL - AUTO DE INFRACAO - PROVA
EMPRESTADA. Embora seja admissível a lavratura de Auto de Infração com base em fatos
apurados pela Fazenda Estadual, faz-se necessária anexação dos elementos informativos
comprobatórios das infrações apontada.
Recurso especial não provido.
ACORDAM os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos,
NEGAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 01-1144 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 28 DE JUNHO DE 1991 - DOU DE 18.10.94
NORMAS PROCESSUAIS - PROVA EMPRESTADA. A jurisprudência administrativa,
amparada nas lições da doutrina, acolhe a utilização da chamada prova emprestada;
observadas as naturais cautelas que esse instituto jurídico demanda. No caso, não tendo
sido observadas essas cautelas na instauração do procedimento pelo fisco federal, não pode a
prova utilizada ser considerada válida.

Recurso especial não provido.


ACORDAM, os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de
votos, NEGAR provimento ao recurso.

DEDUTIBILIDADE DE DESPESAS E CUSTOS

ACÓRDÃO Nº 108-07328 - 8ª CÂMARA


(SESSÃO DE 19.03.2003 - DOU DE 24.10.2003)
Processo nº: 10860005828/2001-77
Recurso nº: 130575
Matéria: IRPJ e OUTROS - Anos: 1995 a 1997
DECADÊNCIA - FRAUDE - FATO GERADOR COMPLEXIVO - ARTS. 150, Parágrafo 4º
e 173, I, CTN - IRPJ - CSL - As hipóteses de incidência do IRPJ e da CSL
compreendem todos os fatos ocorridos em certo período de tempo, usualmente o próprio
ano calendário. A existência de fraude, ainda que em pequena parcela, implica na contagem
do prazo decadencial conforme o disposto no inciso I do art. 173 do CTN, "ex vi" do
constante no art. 150, parágrafo 4º "in fine", do mesmo diploma legal. Não existe decadência
parcial de período de apuração.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 162

DECADÊNCIA - COFINS - À luz do disposto no art. 45 da Lei nº 8212/91, o prazo


decadencial da COFINS é de 10 anos.
DECADÊNCIA - PIS - A contribuição ao PIS não está entre aquelas elencadas na Lei nº
8212/91, sendo o seu prazo decadencial regulado pelo Código Tributário Nacional. Sendo
um tributo lançado por homologação, a contagem é de cinco anos a partir da ocorrência do
fato gerador.
MULTA AGRAVADA - PAGAMENTOS A PESSOA VINCULADA - A existência de nota
fiscal de serviços, com descrição genérica dos mesmos, e a comprovação de que os valores
pagos foram entregues, não ao emitente das notas fiscais, mas ao próprio diretor da pessoa
jurídica, revelam indícios de fraude, importando na aplicação de multa agravada.
PASSIVO FICTÍCIO - PASSIVO NÃO COMPROVADO - A falta de comprovação de
obrigações escrituradas impede a verificação da quitação das mesmas no exercício
subseqüente e enseja a aplicação da presunção de omissão de receitas.
GLOSA DE DESPESAS - A prestação de serviços de marketing, assessoria e patrocínio
esportivo deve restar cabalmente comprovada, mormente quando se tratar de patrocínio no
exterior. O mero pagamento é insuficiente a comprovar a efetividade da prestação. Correta
também a glosa das variações cambiais registradas.
GASTOS ATIVÁVEIS - Dispêndios que, por sua natureza, representem inversões
permanentes, não podem ser debitados como despesas, devendo ser ativados e sofrer a
correção monetária correspondente.
CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL E OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO -
PROVA DOCUMENTAL - Tendo a recorrente produzido prova no sentido da mera
prorrogação do contrato de arrendamento mercantil, bem como da regularidade da
obrigações com o exterior, corretas tanto a dedução da parcela do arrendamento quanto das
variações cambiais devidas na importação.
DISTRIBUIÇÃO DISFARÇADA DE LUCROS - A cessão da opção de compra pelo valor
residual à empresa ligada, tendo o montante sido entregue pela arrendadora ao arrendatário,
por ter sido o valor residual antecipado nas prestações, e tendo o arrendatário realizado
inversões neste mesmo imóvel em valor significativo, implica em distribuição disfarçada de
lucros.
DISTRIBUIÇÃO DISFARÇADA DE LUCROS - Venda para pessoa ligada, por valor
muito inferior a recente reavaliação do imóvel a valor de mercado, implica em distribuição
disfarçada de lucros.
OMISSÃO DE RECEITAS - LEI Nº 8541/92 - ART. 43 - A revogação do dispositivo em
destaque, que possuía manifesto caráter de penalidade, implica na possibilidade, para
aqueles tributados pelo lucro real, na compensação de resultados negativos escriturados
com a receita omitida, dada a unicidade da base de cálculo.
OMISSÃO DE RECEITAS - LEI Nº 8541/92 - ART. 44 - IRF - 1995 - A revogação do
dispositivo em destaque, determina a tributação pela mesma alíquota aplicável à distribuição
do lucro escriturado, ou seja, 15%.
COMPENSAÇÕES DE PREJUÍZO E BASE NEGATIVA - LEIS NºS 8981/95 E 9065/95 –
A partir do ano-calendário de 1995, as compensações de prejuízos e bases de cálculo
negativas estão limitadas a 30% do lucro líquido ajustado, inclusive com relação ao saldo
acumulado em 31.12.94.
Preliminar de decadência do PIS no ano de 1995 acolhida.
Recurso parcialmente provido.

Pelo voto de qualidade, ACOLHER a preliminar de decadência em relação a contribuição


para o PIS do ano de 1995, vencidos os Conselheiros Mário Junqueira Franco Júnior
(Relator), Luiz Alberto Cava Maceira, Tânia Koetz Moreira e José Henrique Longo que

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 163

também acolhiam essa preliminar em relação à COFINS do mesmo período e, no mérito,


por unanimidade de votos, DAR provimento parcial ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 10807213 - 8ª CÂMARA


(SESSÃO DE 04.12.2002 - DOU DE 27.03.2003)
Processo nº: 13886.000749/98-21
Recurso nº: 130.684
Matéria: IRPJ e OUTROS - Ano: 1995
IRPJ - CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS - PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS -
Legítima a dedutibilidade de gastos pertinentes ao custeio da manutenção de frota de
veículos mediante estipulação de preço que considera percentual de faturamento na
contratação de prestação de serviços entre empresas interligadas, mormente quando
imprescindíveis à operacionalização de suas atividades e resulta evidente sua efetiva
prestação.
DESPESAS COM ALUGUÉIS - Cabível a dedução de dispêndios com aluguel de pátio para
guarda de veículos e de sala para venda de passagens, uma vez vinculados ao
desenvolvimento da atividade explorada pela pessoa jurídica.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA - CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO E
PIS/REPIQUE
- Excluída da tributação a exigência principal, mesma sorte estende-se aos procedimentos
decorrentes face à estreita relação de causa e efeito existente.
Preliminar rejeitada.
Recurso provido.
Por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar suscitada e, no mérito, DAR provimento
ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 108-07202 - 8ª CÂMARA


(SESSÃO DE 06.11.2002 - DOU DE 30.04.2003)
Processo nº: 10680.012166/00-85
Recurso nº: 130.570
Matéria: IRPJ e OUTROS - Anos: 1995 a 1996
IRPJ - DESPESAS OPERACIONAIS - REMUNERAÇÃO INDIRETA - ALUGUEL DE
VEÍCULOS PARA USO DOS DIRIGENTES - Até o advento da Lei nº 9249/95, a
remuneração indireta consubstanciada no aluguel de veículos utilizados por dirigentes e
administradores era dedutível na apuração do lucro real, se atendidas as regras de
dedutibilidade previstas na legislação. Regra consolidada no art. 297, parágrafo 3º, do
RIR/94. A falta de adição dos dispêndios ao rendimento dos beneficiários, nos termos do art.
74 da Lei nº 8383/91, implica a tributação exclusiva na fonte, sem prejuízo da dedução da
respectiva despesa. A partir do ano-calendário de 1996, quando já em vigor a Lei nº 9249/95,
ficou vedada a exclusão desses dispêndios na apuração da base de cálculo do IRPJ e da
CSLL, exceto se relacionados intrinsecamente com a produção ou comercialização dos
bens e serviços.
IRPJ - PROVISÃO PARA CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA - A provisão para
créditos de liquidação duvidosa constituída no balanço de 31.12.96 devia ser revertida no
balanço seguinte, nos termos da Lei nº 9430/96. A partir de janeiro de 1997, ficaram
revogadas as normas referentes à constituição da provisão, passando as perdas no recebimento
de crédito a ter o tratamento fiscal nela previsto.
CSLL - LANÇAMENTO DECORRENTE - As regras de dedutibilidade de despesas, dirigidas
expressamente à apuração do lucro real, não se aplicam de forma reflexa à Contribuição
Social sobre o Lucro. Por isso, na inexistência de dispositivo legal que determine a adição

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 164

de determinada despesa para fins de apuração da base de cálculo da CSLL, não há como
exigi-la. Na matéria em que não há disposição específica quanto a CSLL, e tratando-se da
mesma matéria fática, aplica-se ao lançamento decorrente o decidido no principal. Recurso
parcialmente provido.
Por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso, para afastar da incidência
do IRPJ e da CSL a parcela de R$ ...... no ano de 1995.

ACÓRDÃO Nº 01-03510/2001 - 1ª TURMA (CRRF)


(SESSÃO DE 17.09.2001 - DOU 18.03.2003)
Processo nº: 10680.001805/92-69
Recurso nº: RP/103-0.206
Matéria: IRPJ - Ex(s): 1987 A 1991
Sujeito Passivo: EMPRESA GONTIJO DE TRANSPORTES LTDA
IRPJ - GLOSA DE CUSTOS OU DESPESAS - RETÍFICA DE MOTORES - Os valores
despendidos na retífica de motores de veículos, podem ser levados diretamente a de custo ou
despesa operacional, quando o recondicionamento destinar-se a manter o veículo em
condições eficientes de uso, devendo porém ser ativado quando aumentar a "vida" útil do
bem por período superior a um ano. Se a empresa leva a custo ou despesa o valor despendido
na retífica, cabe à fiscalização provar que houve aumento da vida útil do veículo por mais de
um ano. Recurso Negado.
Por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Cândido
Rodrigues Neuber, Verinaldo Henrique da Silva e Iacy Nogueira Martins Morais.

ACORDÃ0 Nº 01-1192 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 29 DE OUTUBRO DE 1991 - DOU DE 25.11.94
IRPJ - CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS.
São dedutíveis do lucro operacional as despesas decorrentes de indenização a vitima de
acidente de transito, causada por veículo de propriedade da empresa e a seu uso,
devidamente comprovadas e, desde que, não constituam em mera liberalidade.
Recurso a que se nega provimento.
ACORDAM os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de
votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar
o presente julgado.

ACÓRDÃO CSRF Nº 01-1777 - 1ª TURMA


SESSAO DE 17 DE OUTUBRO DE 1994 - DOU DE 13.09.96
IRPJ - CUSTOS - DEDUTIBILIDADE
Evidenciado que a empresa, na consecução de seus objetivos sociais, se valia de toda a
estrutura organizacional da empresa controladora e a efetividade da prestação dos serviços
restar razoavelmente comprovada, a existência de dúvidas ou a discordância quanto ao
critério de quantificação dos custos apropriados, não autoriza ao Fisco glosar, aleatoriamente,
parte substancial dos custos, mas recomenda maior empenho no sentido de se identificar
os valores apropriados em excesso e somente sobre eles incidir a tributação.
IRPJ - CUSTOS OPORTUNIDADE
Inexiste disposição legal vedando a dedutibilidade de pagamentos buscando retribuir
serviços que no fundo incrementem a receita operacional. À enunciação casuísta dos serviços

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 165

sujeitos à dedutibilidade fiscal se impõe o aprimoramento das técnicas modernas na melhor


performance econômica da fonte produtora.
Acordam os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a) por unanimidade de
votos, NEGAR provimento ao recurso RP/105-0.242 e, b) por maioria de votos, NEGAR
provimento RP/105-0.330.

ACÓRDÃO Nº 101-83471 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 18 DE MAIO DE 1992 - DOU DE 20.06.94
IRPJ - GLOSA DE CUSTOS/DESPESAS OPERACIONAIS.
Não é razão suficiente para a glosa o fato de a empresa emitente de documentos fiscais
encontrar-se com a inscrição do C.G.C. baixada por falta de entrega de declaração, uma
vez comprovado os serviços por ela prestados.
OMISSAO DE RECEITA - SUPRIMENTO DE CAIXA.
Se o sócio supridor não comprova a origem dos recursos utilizados nos suprimentos de
caixa e/ou sua efetiva entrega a sociedade, presume-se que tais recursos tiveram origem
em receitas desviadas da escrituração.
Acordam os Membros da Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por
maioria de votos, rejeitar a preliminar de nulidade argüida, e, no mérito, em dar
provimento parcial ao recurso, para excluir da tributação as importâncias de Cz$, e Cz$,
nos exercícios de 1987 e 1988, respectivamente (padrão monetário a época), nos termos
do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado

ACORDÃO Nº 101-83756 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 07 DE JULHO DE 1992 - DOU DE 05.08.94
IRPJ - CUSTO DE PRODUCAO.
As matérias-primas que, comprovadamente foram aplicadas no processo produtivo terão
seus custos computados para efeito da determinação do custo dos bens elaborados e
vendidos. Recurso conhecido e não provido.
Acordam os Membros da Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por
unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que
passam a integrar o presente julgado.

ACORDÃO Nº 108-04.054
SESSAO DE 18 DE MARCO DE 1997
PROCESSO Nº: 10980/007.119/91-63
RECORRENTE: MULLER INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MOVEIS LTDA.
RECORRIDA: DRJ EM CURITIBA (PR)
IRPJ - OMISSAO DE RECEITAS - DUPLICATAS EMITIDAS E CREDITADAS NA
CONTADE SOCIO:
A existência de duplicatas emitidas pela empresa, cobradas através de estabelecimento
bancário e creditadas em conta particular de sócio, caracteriza receita mantida a margem
da escrituração, se não comprovada que tiveram origem em notas fiscais contabilizadas.

OMISSÃO DE RECEITAS

ACÓRDÃO Nº 107-05916 - 7º CÂMARA


SESSÃO DE 15 DE MARÇO DE 2000 - DOU DE 19.07.2000
Processo nº: 10980.012851/96-41

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 166

Recurso nº: 121029


Matéria: IRPJ e OUTROS - Ex(s): 1994
IRPJ - OMISSÃO DE RECEITAS - Comprovada, após à correção de erro de fato, ter a
empresa sobra de recursos em montante suficiente, não há que se cogitar de omissão de
receitas.
LANÇAMENTOS DECORRENTES - Os lançamentos reflexos devem acompanhar o
decidido no principal face a íntima relação de causa e efeito entre ambos.
Por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO CSRF Nº 01-01226 - 1ª TURMA


SESSÃO DE 30 DE OUTUBRO DE 1991 - DOU DE 13.09.96
OMISSÃO DE RECEITA - SUB-FATURAMENTO
A prática de preços diferenciados nas vendas para empresa controlada, quando motivada por
causas industriais e comerciais pertinentes, não caracteriza, por si só, a ocorrência de
sub-faturamento indiciador de receita omitida nos registros contábeis.
Acordam os membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de
votos, negar provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 01-1084 - 5ª CÂMARA


SESSAO DE 27 DE NOVEMBRO DE 1990 - DOU DE 06.10.94
IRPJ - CAIXA - LANCAMENTO DE DEBITO EM DUPLICIDADE.
Não cabe falar em omissão de receitas pelo simples fato deter havido dúplice a debito de
caixa, com mesmo histórico e no mesmo valor, desde que se trata de lançamento
facilmente estornável, do estorno não resultaria saldo credor de Caixa, nem se identificaram
suprimentos nem supridores.
ACORDAM os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de
votos, NEGAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 01-1155 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 29 DE AGOSTO DE 1991 - DOU DE 26.10.94
IRPJ - OMISSAO DE RECEITA.
Mero informativo gerencial fornecido por administradora de shopping Center, quando este
for o único indicio da omissão, é insuficiente a manutenção da imposição fiscal.
ACORDAM os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de
votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o
presente julgado.

ACÓRDÃO Nº 01-1278 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 06 DE DEZEMBRO DE 1991 - DOU DE 25.11.94
IRPJ - OMISSÃO NO REGISTRO DE RECEITAS - OMISSÃO DE COMPRAS.
O fato de ter ocorrido omissão de compras, por si só, não autoriza inferir, como
conseqüência e imediata, haver a pessoa jurídica desviado, do seu giro normal, receitas
operacionais, ainda mais quando restar evidenciado que o resultado das vendas dos produtos
cujos não foram contabilizados, foi oferecido a tributação.
Recurso especial improvido.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 167

ACORDAM os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos,


NEGAR provimento, ao recurso.

ACÓRDÃO CSRF Nº 01-1517 - 1ª TURMA


SESSAO DE 16 DE ABRIL DE 1993 - DOU DE 13.09.96
IRPJ - OMISSAO DE RECEITAS - ENTRADAS DE MERCADORIAS
DESACOMPANHADAS DE DOCUMENTO FISCAL - PROVA EMPRESTADA.
A acusação de omissão de receitas por falta de emissão de Notas Fiscais de entrada com base
em levantamento feito pelo Fisco Estadual, imprescinde, para sua subsistência, de prova
direta da operação que deu causa à presunção.
Acordam os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de
votos, NEGAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO CSRF Nº 01-1568 - 1ª TURMA


SESSAO DE 12 DE AGOSTO DE 1993 - DOU DE 13.09.96
OMISSAO DE RECEITA - SALDO CREDOR DE CAIXA
A simples suspeita de que cheques emitidos pela empresa para pagamentos de seus
compromissos tenham servido a outros objetivos, em verdade é um indicio de ilícito que
recomenda um aprofundamento da ação fiscal, mas não é elemento que, por si só, justifique
o procedimento de exclusão de tais valores questionados da conta "Caixa", para eventual
determinação de saldo credor na conta.
Acordam os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, pelo voto de qualidade, dar
provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº CSRF/01-1052 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 26 DE NOVEMBRO DE 1990 - DOU DE 06.10.94
IRPF - OMISSAO NO REGISTRO DE RECEITAS - FALTA DE REGISTRO DE
COMPRAS.
Eventuais indícios de omissão no registro de receitas, como os evidenciados pela falta de
registro de compras efetuadas pela pessoa jurídica, requerem, para comprovação do fato de
que os correspondentes pagamentos foram feitos com recurso movimentados à margem da
escrituração, maior empenho e um aprofundamento nas investigações por partes da
Fiscalização. Por outro lado, comprovado que a contribuinte, ao vender tais produtos,
emitiu Notas Fiscais para acobertar as operações, a conclusão inevitável e de que omissões
anteriormente efetivadas acabem por ter, ainda que de forma parcial, seus resultados
oferecidos a tributação, sem qualquer redução a titulo de custos.
Recurso especial não provido.
Acordam os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos,
NEGAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº CSRF/01-1049 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 26 DE NOVEMBRO DE 1990 - DOU DE 06.10.94

OMISSAO DE RECEITA - COMPRAS NAO REGISTRADAS - PROVA EMPRESTADA.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 168

A acusação de omissão de receita por omissão de registro de compras, com base em


levantamento feito pelo Fisco Estadual, imprescinde, para sua subsistência, de prova direta
da operação que deu causa a presunção.
Acordam os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos,
NEGAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 101-88015 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 21 DE MARCO 1995 - DOU DE 22.08.95
IRPJ - OMISSÃO DE RECEITA – PRESUNÇÕES
As presunções, mesmo quando legalmente autorizadas, assentam-se em elementos factuais,
dados concretos, objetivos e coincidentes, sólidos em sua estruturação, não em opção
simplista de indução.
FORNECIMENTO DE RECURSOS PELOS SOCIOS
Se a própria escrituração ou outro elemento de prova indicam a origem e efetividade da
entrega de recursos pelos sócios, descarta-se a presunção de omissão de receita.
CAPITALIZACAO DE DESPESAS
Incumbe à fiscalização o ônus da prova do aumento de vida útil de bens, por prazo superior
a um ano, por efeito da realização de reparos, conservação ou substituição de partes ou
pecas.
Acordam os Membros da Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por
maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 107-06483
SESSÃO DE 05 DE DEZEMBRO DE 2001 - DOU DE 21.03.2002
Processo nº: 13805.012746/96-68
Recurso nº: 116480
Matéria: IRPJ - Ex.(s): 1988
Sessão de: 05 de dezembro de 2001
OMISSÃO DE RECEITAS - O lançamento requer prova segura da ocorrência do fato gerador
do tributo. Tratando-se de atividade plenamente vinculada (Código Tributário Nacional,
arts. 3º e 142), cumpre à fiscalização realizar as inspeções necessárias à obtenção dos
elementos de convicção e certeza indispensáveis à constituição do crédito tributário.
Havendo dúvida sobre a exatidão dos elementos em que se baseou o lançamento, a
exigência não pode prosperar, por força do disposto no art. 112 do CTN. O imposto, por
definição(CTN. art. 3º), não pode ser usado como sanção.
POSTERGAÇÃO NO PAGAMENTO DE IMPOSTO - A majoração de custos em um
exercício implica na redução de custos no (s) período(s) seguintes, devendo o lançador dar o
tratamento de postergação no pagamento do imposto, consoante entendimento da
Administração Tributária e do Conselho de Contribuintes.
DESPESAS DE VIAGENS - As despesas de viagens com parentes dos dirigentes da empresa
são indedutíveis por desnecessárias às atividades da pessoa jurídica e a manutenção de sua
fonte produtora.
DECORRÊNCIA - PIS-DEDUÇÃO - Em se tratando de contribuição que tem por base o
imposto de renda da pessoa jurídica o seu lançamento deve ser ajustado ao decidido em
relação ao mencionado imposto.
JUROS DE MORA EQUIVALENTES À TRD - VIGÊNCIA DA LEGISLAÇÃO
TRIBUTÁRIA - Os juros de mora equivalentes à Taxa Referencial Diária, por força do
disposto no art. 5º, incisos II e XXXVI da Constituição Federal, c/c os art. 101, 144 e 161 e

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 169

seu parágrafo 1º, do Código Tributário Nacional e o art. 1º e seu parágrafo 4º, do Decreto-
lei nº 4657, de 04.09.42 (Lei de Introdução ao Código Civil) somente têm lugar a partir do
advento do art. 3º, inciso I, da Medida Provisória nº 298, de 29.07.91 (D.O. de 30.07.91),
convertida na Lei nº 8218, de 29.08.91.
Por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir da base de
cálculo do IRPJ a quantia de CZ$ ... (...) e, ajustar a exigência do PIS dedução ao decidido no
IRPJ.

ARBITRAMENTO DO LUCRO

Dificilmente prospera o auto de infração que arbitrou o lucro da empresa por desconsiderar a
contabilidade, por mais deficitária que esteja a Contabilidade (Livro Diário, Livro Razão) o
fisco provavelmente não conseguirá êxito com o arbitramento do lucro. Porém, se a empresa
não mantiver a escrita contábil solicitada será alvo do arbitramento. Por esse motivo deve-se
manter a Contabilidade em dia, pois faz prova a favor da empresa.

No caso em que a empresa não tenha a escrita contábil e esta é requisitada pela fiscalização,
deverá ser solicitado ao fiscal, por escrito e protocolado por este, um determinado prazo
para a regularização, porém se o fisco não aceitar e existindo o pedido protocolado com a
recusa, na defesa do auto de infração pode-se argüir o cerceamento de defesa, pedindo a
nulidade do auto. Agora se o fiscal concedeu o prazo, mãos à obra para deixar em dia a
contabilidade em tempo hábil, ainda pode-se pedir prorrogação do prazo, cabendo ao fiscal
aceitar ou não.

ACÓRDÃO Nº 101-88046 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 22 DE MARCO DE 1995 - DOU DE 22.08.95
IRPJ - ARBITRAMENTO DE LUCRO TRIBUTAVEL - INEXISTENCIA DA
ESCRITURACAO CONTABIL - INOCORRENCIA DA HIPOTESE.

Não pode prevalecer lançamento tributário fundado no argumento de que a pessoa jurídica
não dispõe de escrituração contábil, fato esse inadequadamente capitulado como
recusa na apresentação dos livros de escrituração, se restar comprovado, nos autos, que a
contribuinte mantém escrita contábil e fiscal que a Fiscalização deixou de examinar.
CONTRIBUICAO SOCIAL - PROCEDIMENTO REFLEXO
A decisão, prolatada no processo instaurado contra a pessoa jurídica, da qual resulte
declarada a materialização ou insubsistência do suporte fatídico que também embasa a
relação jurídica referente à exigência materializada contra a mesma empresa, relativa à
Contribuição Social, aplica-se, por inteiro, aos denominados lançamentos decorrentes ou
reflexo.
Recurso conhecido e provido.
Acordam os Membros da Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por
unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.

ACORDÃO CSRF Nº 01-1507 - 1ª TURMA


SESSAO DE 16 DE ABRIL DE 1993 - DOU DE 13.09.96
ARBITRAMENTO DE LUCROS
A tributação com base no lucro presumido só é cabível quando o contribuinte,
comprovadamente, preencher os requisitos exigidos pela legislação de regência. Inexistindo

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 170

parte da documentação comprobatória de suas operações e falta de escrituração de livros


fiscais obrigatórios, impõe-se o arbitramento do lucro.
Acordam os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos,
DAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente
julgado.

ACÓRDÃO Nº 108-06856 - 8ª CÂMARA


(SESSÃO DE 21.02.2002 - DOU DE 03.05.2002)
Processo nº: 10410.002148/97-16
Recurso nº: 128.388
Matéria: IRPJ e OUTROS - Ano: 1995
IRPJ - ARBITRAMENTO - FALTA DE CONTROLE DE ESTOQUE E DE LIVRO DE
INVENTÁRIO - APURAÇÃO LUCRO REAL MENSAL - Se o contribuinte submete-se à
apuração do lucro real mensal, deve manter devidamente escriturado a cada período de
apuração o livro de registro de inventário bem como demonstrativo de levantamento e
avaliação dos estoques, sob pena de arbitramento, diante da impossibilidade de verificação
do lucro real pela falta de tais elementos.
Recurso negado.
Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.

ACORDÃO Nº 108-07364 - 8ª CÂMARA


(SESSÃO DE 17.04.2003 - DOU DE 27.08.2003)

Processo nº: 10240.006000/99-76


Recurso nº: 130.529

Matéria: IRPJ e OUTROS - Anos: 1994 a 1996


IRPJ - ARBITRAMENTO DE LUCRO - APRESENTAÇÃO TARDIA DE DOCUMENTOS
- A ausência de documentos fiscais e contábeis justificam o arbitramento de lucros.
A apresentação do Livro Diário um ano após a solicitação não elide o ato administrativo
praticado nos termos da legislação pertinente.
LUCRO ARBITRADO - AGRAVAMENTO DAS PERCENTAGENS.
Na hipótese de a pessoa jurídica ter seu lucro arbitrado em mais de um período mensal, é
defeso ao fisco efetuar o agravamento das percentagens das alíquotas sobre o arbitramento,
por se tratar de majoração de tributo não instituído por lei.
MULTA DE OFÍCIO - APLICABILIDADE - A multa de 75% está prevista na Lei nº
9430/96, art. 44, com intuito de penalizar o contribuinte que não cumpre suas obrigações.
TAXA SELIC - LEGITIMIDADE - A taxa de juros denominada SELIC, por ter sido
estabelecida por lei, está de acordo com o art. 161, parágrafo 1º, do CTN, sendo portanto
válida no ordenamento jurídico.
Recurso parcialmente provido.
Por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso, para afastar o
agravamento dos percentuais de arbitramento do lucro.

RETROATIVIDADE BENIGNA

ACÓRDÃO Nº 01-04477 - 1º TURMA


(SESSÃO DE 14.04.2003 - DOU DE 13.08.2003)

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 171

Processo nº: 13924000190/98-27


Recurso nº: 107-120736
Matéria: IRPJ E OUTROS
IRPJ - LUCRO PRESUMIDO - APLICAÇÃO DO ART. 43 DA LEI Nº 8541/92,
ALTERADO PELA LEI Nº 9064/95 E REVOGADO PELA LEI Nº 9249/95 -
RETROATIVIDADE BENIGNA: A forte conotação de penalidade da norma de incidência,
combinada com a quebra de isonomia e da sistemática que instrui o lucro presumido e o
conflito entre os conceitos de receita e lucro, fazem com que seja aceitável a aplicação da
retroatividade benigna quando da revogação da norma de caráter punitivo, aplicando-se
aos casos de omissão de receita de empresa que tributou pelo lucro presumido seus resultados
do ano calendário de 1995.
Por impedimento legal, não cabe a este Colegiado inovar no lançamento, tornando-se
inevitável o cancelamento da exigência como um todo.
Recurso especial do contribuinte conhecido e provido.
Por maioria de votos, DAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO 108-07.771
Órgão: 1º Conselho de Contribuintes / 8a. Câmara
1º Conselho de Contribuintes / 8a. Câmara / ACÓRDÃO 108-07.771 em 15/04/2004
IRPJ e OUTROS - Ex.: 1992 a 1994
RESERVA OCULTA - O Fisco deve reconhecer os efeitos da reserva oculta, nos períodos
seguintes ao do seu surgimento, quando a autuação abranger mais de um período de apuração.
PRINCÍPIO DA INOCÊNCIA - A lei tributária que define infrações, ou lhe comina
penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida
quanto à capitulação legal do fato; à natureza ou extensão dos seus efeitos; à autoria,
imputabilidade, ou punibilidade aplicável, ou à sua graduação.
IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE - Os créditos de natureza tributária, oriundos
de lançamentos relativos ao Imposto de Renda na Fonte sobre o Lucro Líquido, de que trata o
art. 35 da Lei nº 7.713/1988, em relação às sociedades limitadas, nos casos em que o contrato
social, na data do encerramento do período base da apuração, não preveja a disponibilidade
econômica ou jurídica imediata ao sócio quotista, do lucro apurado, que estejam pendentes de
julgamento, devem ser considerados, improcedentes, de acordo com o § 1º do artigo 1º da
Instrução Normativa SRF nº 063/1997.
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - Em se tratando de bases de
cálculos originárias das infrações que motivaram o lançamento principal, aplicando-se o
princípio de que o acessório acompanha o principal, mutatis mutandis, deve ser observado
para o decorrente o que foi decidido para o lançamento do Imposto de Renda.
Recurso de ofício negado. Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso de
ofício.
Dorival Padovan - Presidente
Publicado no DOU em: 19.07.2004
Relator: Karem Jureidini Dias de Mello Peixoto
Recorrente: DRJ - SALVADOR/BA
Interessado: UNIBEB - UNIÃO DE BEBIDAS LTDA.

DISPONIBILIDADE JURÍDICA

ACÓRDÃO CSRF Nº 01-0820 - 1ª TURMA


SESSAO DE 29 DE JULHO DE 1988 - DOU DE 13.09.96

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 172

IRPF - DISPONIBILIDADE JURIDICA DE RENDIMENTO CREDITADO


O crédito de rendimento só configura disponibilidade jurídica se incondicional, isto é, se o
recebimento do respectivo numerário depender exclusivamente do beneficiário, o que não
ocorre na hipótese de rendimento creditado por rescisão de contrato de trabalho, pendente de
homologação por Sindicato, que se consumou no ano subsequente, quando então se
tomou disponível para efeito de tributação.
Recurso improvido.
Acordam os Membros da Câmara Superior de Recursos, Fiscais, por unanimidade de votos,
negar provimento ao recurso.

SUBVENÇÕES

ACÓRDÃO Nº CSRF/01-0885 - SESSÃO DE 28.06.1989


(DOU DE 12.06.1990)
IRPJ - SUBVENSÕES PARA INVESTIMENTO - O incentivo fiscal efetivado, com relação
à produção sem similar no Estado, mediante restituição dentro de certo prazo à partir de seu
recolhimento, de percentagem do ICM devido e recolhido pela empresa beneficiária ao
Tesouro do Estado, e que foi investido na própria indústria beneficiária, deve ser entendido
como subvenção para investimento, e não como subvenção corrente para custeio ou operação.
Acordam os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos,
negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente
julgado.

ACÓRDÃO Nº 101-94009 - 1ª CÂMARA


(DOU DE 13.05.2003 - SESSÃO DE 06.11.2002)

Processo nº: 10120.008853/00-97


Recurso nº: 129790
Matéria: IRPJ E OUTROS - Ex(s): 1996
PROGRAMA FOMENTAR - SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTOS
CARACTERIZAÇÃO - DEDUTIBILIDADE DOS CUSTOS FINANCEIROS
EXONERADOS PELO ESTADO NO ÂMBITO DO PROGRAMA DE INCENTIVOS
CONCEDIDOS - A concessão pelo Estado, de incentivos financeiros ou creditícios,
inclusive de natureza tributária, diretos ou indiretos, como forma de implantação ou
modernização de empreendimentos econômicos, desde que obedecidos os preceitos do art.
38, parágrafo 2º do Decreto-Lei nº 1598/77, na redação do Decreto-Lei nº 1730/98,
caracterizam-se como subvenções para investimentos.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - A
decisão proferida no lançamento principal (IRPJ) deve ser estendida a demais lançamentos
ditos reflexivos, face à relação de causa e efeito. Por unanimidade de votos, rejeitar as
preliminares de nulidade e, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário.

LEASING

ACÓRDÃO Nº 01-0991 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 25 DE OUTUBRO DE 1990 - (DOU DE 26.09.94)
IRPJ - ARRENDAMENTO MERCANTIL. A fixação de valor residual ínfimo, em
flagrante desproporção com o preço de aquisição dos bens junto ao fabricante, e das
prestações de "leasing", alem de os prazos dos contratos serem muito inferiores a expectativa
do tempo de vida útil dos bens, desvirtua a essência do contrato de "leasing" e dos

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 173

princípios em que assenta, convertendo-o, na realidade, em contrato de compra e venda a


prazo, não obstante a roupagem formal de contrato de "leasing" financeiro. Indedutíveis,
por conseguinte, as prestações pagas a titulo de arrendamento mercantil.
ACORDAM os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos,
DAR provimento ao recurso.

CONTABILIDADE

ACÓRDÃO Nº 108-07267 - 8ª CÂMARA


(SESSÃO DE 30.01.2003 - DOU DE 22.05.2003)
Processo nº: 16707.004019/99-30
Recurso nº: 131.845
Matéria: IRPJ - Ex.: 1996
IRPJ - EXCESSO DE RETIRADAS DE ADMINISTRADORES - LIMITE MÍNIMO
ASSEGURADO - O valor mínimo assegurado para remuneração a sócio previsto na
legislação do imposto de renda é dirigido apenas ao administrador, aquele que exerce a
função de gerência, não se estendendo a todos os sócios.
IRPJ - EXCESSO DE RETIRADAS DE ADMINISTRADORES - ERRO DE FATO
NO PREENCHIMENTO DA DIRPJ - Para ficar caracterizada a ocorrência de erro de fato
no preenchimento do item retirada de sócios da declaração de rendimentos, é necessária a
comprovação do registro contábil da despesa de remuneração atribuída a cada sócio,
não bastando como prova a cópia da declaração de rendimentos pessoa física.
Recurso negado.
Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO 108-07.816
Órgão: 1º Conselho de Contribuintes / 8a. Câmara
1º Conselho de Contribuintes / 8a. Câmara / ACÓRDÃO 108-07.816 em 13/05/2004
IRPJ e OUTROS/SIMPLES - Ex.: 1998 e 1999
PAF - APURAÇÃO CONTÁBIL - A ciência contábil é formada por uma estrutura única
composta de postulados e orientada por princípios. Sua produção deve ser a correta
apresentação do patrimônio, com apuração de suas mutações e análise das causas de suas
variações. A apuração contábil observará as três dimensões na qual está inserida e as quais
deve servir: comercial - a Lei 6404/1976; contábil - Resolução 750/1992 e fiscal, que implica
em chegar ao cálculo da renda, obedecendo a critérios constitucionais com fins tributários. A
regência da norma jurídica originária de registro contábil tem a sua natureza dupla: descrever
um fato econômico em linguagem contábil sob forma legal e um fato jurídico imposto legal e
prescritivamente. Feito o registro contábil, como determina a lei, torna-se norma jurídica
individual e concreta, observada por todos, inclusive a administração, fazendo prova a favor
do sujeito passivo. Caso contrário, faz prova contra.
Recurso negado. Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.
Dorival Padovan - Presidente
Publicado no DOU em: 20.07.2004
Relator: Ivete Malaquias Pessoa Monteiro
Recorrente: URBAPI URBANIZADORA DO PIAUÍ LTDA.

RECOLHIMENTO EM BASES ESTIMATIVAS

ACÓRDÃO Nº 103-21143/2003 - 3ª CÂMARA

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 174

(SESSÃO 29.01.2003 - DOU DE 17.03.2003)


Processo nº: 10510.003882/2001-58
Recurso nº: 130.125
Matéria: IRPJ E OUTROS - Ex(s): 1998 a 2001
IRPJ - BASE ESTIMADA - MULTA ISOLADA - REFIS - Estando os valores de IRPJ e CSL
calculados por estimativa parcelados no Programa de Recuperação Fiscal, com exigência da
multa pelo atraso em seu recolhimento, incabível a exigência cumulativa da multa isolada
prevista no art. 44, parágrafo 1º, inciso IV da Lei nº 9430/96. Recurso provido. Por
unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso para excluir as exigências das multas
isoladas.

ACÓRDÃO Nº 103-20.572 - 3ª CÂMARA


SESSÃO DE 19 DE ABRIL DE 2001 (DOU DE 05.04.2002)
Processo nº: 10280.009389/99-26
Recurso nº: 124.946
Matéria: IRPJ - EX: 1998
IRPJ - RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA - MULTA ISOLADA - Encerrado o período
de apuração do imposto de renda, a exigência de recolhimentos por estimativa deixa de ter sua
eficácia, uma vez que prevalece a exigência do imposto efetivamente devido apurado, com
base no lucro real, em declaração de rendimentos apresentada tempestivamente, revelando-se
improcedente e cominação de multa sobre eventuais diferenças se o imposto recolhido
superou, largamente, o efetivamente devido.
Recurso provido.
Por maioria de votos, DAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 103-21030 - 3ª CÂMARA


(SESSÃO DE 18.09.2002 - DOU DE 08.11.2002)
Processo nº: 13609.000284/95-07
Recurso nº: 129680
Matéria: IPRJ E OUTROS - Ano(s)-Calendário(s): 1991 a1993
IRPJ - CSLL - RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA - MULTA - ISOLADA - Encerrado o
período de apuração do imposto de renda, a exigência de recolhimentos por estimativa
deixa de ter sua eficácia, uma vez que prevalece a exigência do imposto efetivamente
devido apurado, com base no lucro real, em declaração de rendimentos apresentada
tempestivamente, revelando-se improcedente e cominação de multa sobre eventuais
diferenças, mormente quando verificado o prejuízo no ano-calendário.
CONSTRUÇÃO EM ANDAMENTO - As benfeitorias e obras civis que importem em
aumento da vida útil do imóvel devem ser classificadas no ativo permanente e não como custo
ou despesa operacional.
Recurso parcialmente provido.
Por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar suscitada e, no mérito, DAR provimento
PARCIAL ao recurso para excluir a exigência da multa de lançamento ex ofício isolada, nos
valores equivalentes a ..., UFIR e ..., UFIR referentes ao IRPJ e CSLL, respectivamente, no
ano-calendário de 1993.

ACÓRDÃO Nº 10806692
SESSÃO DE 21 DE SETEMBRO DE 2001 - DOU DE 27.03.2002

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 175

Processo nº: 13409000134/99-20


Recurso nº: 126.069
Matéria: CSL - Exs.: 1997 e 1998
Sessão de: 21 de setembro de 2001
ESTIMATIVA - FALTA DE RECOLHIMENTO - PREJUÍZO NO PERÍODO-BASE ANUAL
– MULTA ISOLADA - Deixando o contribuinte, sujeito ao regime de estimativas, de
recolhê-las, correta a exigência da multa prevista no art. 63, parágrafo 1º, inciso IV, da Lei
9430/96, ainda que tenha apurado prejuízo no ano-calendário.
Recurso negado.
Por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 108-07396 - 8ª CÂMARA


(SEÇÃO DE 14.05.2003 - DOU DE 16.07.2003)
Processo nº: 15374.001508/00-73
Recurso nº: 132.324
Matéria: IRPJ - Ano: 1997
IRPJ/CSL - ESTIMATIVA - FALTA DE RECOLHIMENTO - BALANCETES
ESCRITURADOS POSTERIORMENTE AO LANÇAMENTO - MULTA ISOLADA DO
ART. 44, parágrafo 2º, IV, LEI9430/96 - A condição prevista no parágrafo 2º do art. 35 da Lei
8981/95 para que não se recolha IRPJ e CSL calculados por estimativa, qual seja
levantamento de balancete de suspensão ou redução, compreende a escrituração no Livro
Diário. Se a formalização da condição é posterior à ciência do lançamento, ocorrido após
mais de dois anos do encerramento do ano-base, é forçoso concluir que o contribuinte
não cumpriu a formalidade para eximir-se do recolhimento por estimativa e, na falta do
recolhimento, da multa prevista no art. 44, parágrafo 2º, IV, da Lei 9430/96.
Recurso negado
Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 108-07221 - 8ª CÂMARA


(SESSÃO DE 05.12.2002 - DOU DE 27.03.2003)
Processo nº: 10680.005720/00-31
Recurso nº: 130.926
Matéria: IRPJ e OUTROS - Ex.: 1999
IRPJ E CSLL - MULTA ISOLADA - FALTA DE RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA
-
Sujeita-se à imposição da penalidade isolada o contribuinte que deixar de recolher o valor
na modalidade estimativa, independente que haja ou não apurado resultado positivo ao final
do período, quando resultar obrigado às antecipações face à legislação de regência.
Recurso negado.
Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 108-06657 - 8ª CÂMARA


(SESSÃO DE 19.09.2001 - DOU DE 03.05.2002)
Processo nº: 10783.001786/94-01
Recurso nº: 127.263
Matéria: IRPJ e CSL - Ano: 1995

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 176

PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - NULIDADE DO LANÇAMENTO -


Rejeita-se preliminar de nulidade quando não configurado vício ou omissão de que possa ter
decorrido o cerceamento do direito de defesa.
IRPJ E CSL - REVENDEDORAS DE COMBUSTÍVEIS - BASE DE CÁLCULO PARA
PAGAMENTO POR ESTIMATIVA - No cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição
Social sobre o Lucro mensal por estimativa, nas atividades de revenda de combustíveis, a
base de cálculo do imposto e da contribuição será determinada mediante a aplicação do
respectivo percentual sobre a receita bruta mensal, assim entendida como o produto da
venda das mercadorias adquiridas para revenda.
IRPJ E CSL - INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTOS MENSAIS POR
ESTIMATIVA - Após o término do período-base, o imposto de renda exigível é só
aquele resultante do saldo do ajuste no final do período de apuração. Nessa situação, a
constatação de falta ou insuficiência de recolhimentos mensais não acarreta a
imposição do lançamento tributário, prevalecendo o efetivamente apurado com base
no lucro real.
Preliminar rejeitada.
Recurso provido.
Por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar suscitada e, no mérito, DAR provimento
ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 107-06894
(SESSÃO DE 04.12.2002 - DOU DE 24.04.2003)
Processo nº : 10580001350/2001-52
Recurso nº : 131277
Matéria : IRPJ - Ex(s): 1997 e 1998
COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS - LIMITES - LEI Nº 8981/95, arts. 42 e 58 -
Para determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, a
partir do exercício financeiro de 1995, o lucro líquido ajustado poderá ser reduzido em, no
máximo, trinta por cento, tanto em razão da compensação de prejuízos, como em razão da
compensação da base de cálculo negativa da contribuição social. Entretanto, sendo apurada
base positiva em qualquer dos períodos subsequentes, até a data da lavratura do auto de
infração, independentemente do seu valor, uma parcela dessa base diz respeito à redução
indevida anteriormente ocorrida, fato que caracteriza postergação do pagamento do
tributo, inviabilizando, assim, o lançamento de ofício ao qual não tenha sido dado esse
tratamento.
PENALIDADE. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO (ISOLADA). FALTA DE
RECOLHIMENTO. PAGAMENTO POR ESTIMATIVA. Não comporta a cobrança de multa
isolada em lançamento de ofício por falta de recolhimento de imposto por estimativa em
ajustes efetuados pela fiscalização após o encerramento do ano calendário, com glosa de
prejuízos compensados além do percentual permitido pela Lei nº 8891/95, arts. 42e 58 na
determinação do lucro real.
Recurso parcialmente provido.
Por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para afastar a mult aisolada.

DCTF

- Devem ser objeto de lançamento de ofício as diferenças apuradas, em declaração prestada


pelo sujeito passivo (art. 90 MP 2.158/2001).

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 177

- Havendo apresentação espontânea da DCTF, não será formalizada exigência relativa aos
débitos declarados.

- Os tributos e contribuições declarados e não recolhidos deverão ser inscritos em dívida ativa.

- A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente


par a exigência dos débitos indevidamente compensados (art. 17, da Lei 10.833/2003).

- O débito indevidamente compensado em DCTF é confissão de dívida (art. 18, §1º, Lei
10.833/2003).

ACÓRDÃO CSRF/02-0.766, DE 09 DE NOVEMBRO DE 1998


Processo nº: 10640-002828/93.84
Recurso: RP/201-0.362
Matéria: DCTF
Sessão de: 09 DE NOVEMBRO DE 1998
Acórdão nº: CSRF/02-0.766
DCTF - DENÚNCIA ESPONTÂNEA (art. 138, do CTN). A obrigação de apresentar
declaração de contribuições e tributos federais é obrigação de fazer e não de pagar. Por isso,
também, porque entregue antes de qualquer procedimento fiscal, afasta-se a penalidade
prevista nos parágrafos 2º, 3º e 4º, todos do art. 11, do Decreto-Lei nº 1968/82, com as
alterações posteriores (Leis nºs 8218/91 e 8383/91). Precedentes na CSRF.
Nega-se provimento ao recurso da Fazenda Nacional.
ACORDAM os membros da Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por
maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que
passam a integrar o presente julgado.

ACÓRDÃO Nº 201-76717 - 1ª CÂMARA


(SESSÃO DE 29.01.2003 - DOU DE 24.06.2003)
Processo nº: 10680.001631/00-61
Recurso nº: 118004
Relator: ROGÉRIO GUSTAVO DREYER
DCTF - INSCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA - EXECUÇÃO FISCAL - Consoante
entendimento consagrado nos tribunais superiores, a apresentação de DCTF dispensa a
constituição do crédito tributário via lançamento e a inscrição de dívida ativa, servindo como
pressuposto de liquidez e certeza para fins de execução fiscal.
Recurso provido.
Por unanimidade de votos, deu-se provimento ao recurso.

ACÓRDÃO 201-77544
Órgão: 2º Conselho de Contribuintes / 1a. Câmara
2º Conselho de Contribuintes / 1a. Câmara / ACÓRDÃO 201-77544 em 16/03/2004
PROCESSUAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO RELATIVO A CRÉDITO
INFORMADO VIA DCTF. Consoante entendimento consagrado nos tribunais superiores, a
apresentação de DCTF dispensa a constituição do crédito tributário via lançamento.
PROCESSUAL. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
EXECUÇÃO DO JULGADO. Estando reconhecidamente suspensa a exigibilidade do crédito
tributário, não pode a decisão determinar o prosseguimento na cobrança, ainda que o crédito

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 178

reclamado esteja informado em DCTF. Recurso voluntário provido e recurso de ofício


negado. Por unanimidade de votos: 1) deu-se provimento ao recurso voluntário; e II) negou-se
provimento ao recurso de ofício. Esteve presente ao julgamento o advogado da interessada,
Dr. Oscar Sant'anna de Freitas e Castro.
Publicado no DOU em: 28.07.2004
Relator: ROGÉRIO GUSTAVO DREYER
Recorrente: USINA DA BARRA S/A AÇÚCAR E ÁLCOOL

ACORDÃO Nº 108-06627 - 8ª CÂMARA


(DOU DE 24.10.2001)
"(...) MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DCTF - DECADÊNCIA - O direito de a
Fazenda Pública lançar a multa decai no prazo de cinco anos, contado do primeiro dia do
exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado, conforme regra do
art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. (...)."
(Acórdão nº 108-06.627, da 8ª Câmara do 1º Conselho de contribuintes; Rel. Tânia
Koetz Moreira; DOU 01 de 24.10.2001, pág. 15)

SIGILO

ACÓRDÃO Nº 106-13167 - 6ª CÂMARA


(SESSÃO DE 29.01.2003 - DOU DE 28.04.2003)

Processo nº:11618.003970/2001-14
Recurso nº: 132.658
Matéria: IRPF - Ex(s): 1999
PRELIMINAR - NULIDADE DO LANÇAMENTO - SIGILO BANCÁRIO - Comprovado
que as requisições sobre movimentação financeira foram efetuadas após o início da
abertura de procedimento fiscal contra o contribuinte, não há que se falar em nulidade do
lançamento.
PRELIMINAR - CERCEAMENTO DE DEFESA - O indeferimento motivado de realização
de perícia não acarreta cerceamento do direito de defesa da parte.
NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA - Não padece de nulidade a decisão que, aprecia
as razões de defesa e fundamenta suas conclusões nos dispositivos legais pertinentes à
matéria.
PRELIMINAR - PEDIDO DE REALIZAÇÃO DE PERÍCIA - É de se indeferir a solicitação
de diligência que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16 do Decreto
nº 70235/72.
TRIBUTAÇÃO DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA -
PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS - Para os fatos geradores ocorridos a
partir de 01.01.97, a Lei nº 9430/96, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de
rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular,
regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem
dos recursos utilizados nessas operações.
ÔNUS DA PROVA - Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a
prova da origem dos recursos informados para acobertar seus dispêndios gerais e
aquisições de bens e direitos.
MULTA DE OFÍCIO - QUALIFICADA - Comprovado o intuito doloso do contribuinte, com
o propósito exclusivo de usufruir vantagem traduzida pelo não pagamento do imposto devido

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 179

na tributação da sua pessoa física, cabível a aplicação da multa qualificada, tipificada no art.
44, inciso II, da Lei nº 9430, de 1996.
MULTA DE OFÍCIO - EXASPERAÇÃO - FALTA DE ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO -
Aplica-se o agravamento da multa de ofício, nos termos da Lei nº 9430/96, art. 44,
parágrafo 2º, quando provado que o interessado não atendeu à intimação para prestar
esclarecimentos acerca da origem dos recursos empregados em depósitos mantidos junto à
instituição financeira.

Recurso negado.
Por unanimidade de votos, NÃO ACOLHER as preliminares de nulidade do lançamento,
de nulidade da decisão de primeira instância e de prova ilícita e a solicitação de perícia e, no
mérito, por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 106-13144 - 6ª CÂMARA


(DOU DE 28.04.2003 - SESSÃO DE 28.01.2003)
Processo nº: 11618.000882/2002-41
Recurso nº: 132.507
Matéria: IRPF - Ex(s): 1999
IRPF - PRELIMINAR - NULIDADE - PROVA ILÍCITA - SIGILO BANCÁRIO - O
lançamento se rege pelas leis vigentes à época da ocorrência do fato gerador, porém os
procedimentos e critérios de fiscalização regem-se pela legislação vigente à época de sua
execução. Assim, entrando em vigor a Lei Complementar nº 105/2001, a fiscalização passa
a ser autorizada a examinar os registros referentes a contas de depósitos e aplicações de
contribuintes submetidos a procedimento fiscal a partir da data de sua publicação,
contudo tendo a possibilidade de investigar fatos e atos anteriores à sua vigência, desde
que obedecidos os prazos decadenciais e prescricionais.
INCONSTITUCIONALIDADE - LEI COMPLEMENTAR nº 105/2001 - Publicada uma
lei, pressupõe-se que os princípios constitucionais estão nela contemplados pelo controle a
priori da constitucionalidade das leis. Enquanto não for declarada inconstitucional pelo
Supremo Tribunal Federal, que cuida do controle a posteriori, não pode deixar de ser
aplicada se estiver em vigor.
IRPF - OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - Com o advento da
Lei nº 9430/96, caracterizam-se também como omissão de rendimentos os valores
creditados em conta de depósito ou de investimento, mantida junto a instituição financeira,
em relação aos quais o titular não comprove a origem dos recursos utilizados, observadas as
exclusões previstas no parágrafo 3º, do art. 42, do citado diploma legal.
FATO GERADOR - O fato gerador do imposto de renda é a aquisição da disponibilidade
econômica ou jurídica de renda ou de proventos de qualquer natureza. Assim, comprovada a
existência de riqueza nova pelo recebimento de rendimentos de natureza tributável, haverá o
fisco de constituir o crédito tributário correspondente, em virtude da ocorrência de
disponibilidade econômica.
Recurso negado.
Por maioria de votos, NÃO ACOLHER a preliminar de prova ilícita e, no mérito, NEGAR
provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 106-13143 - 6ª CÂMARA


(SESSÃO DE 28.01.2003 - DOU DE 28.04.2003)
Processo nº: 10980.004640/2002-26

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 180

Recurso nº: 132.586


Matéria: IRPF - Ex(s): 1999
IRPF - UTILIZAÇÃO DOS DADOS DA CPMF COMO INDÍCIO DE SONEGAÇÃO
FISCAL - RETROATIVIDADE - O lançamento se rege pelas leis vigentes à época da
ocorrência do fato gerador, porém os procedimentos e critérios de fiscalização regem-se
pela legislação vigente à época de sua execução. Assim, entrando em vigor a Lei nº
10174/2001, a fiscalização passa a ser autorizada a utilizar as prerrogativas concedidas pela
lei a partir daquela data, contudo tendo a possibilidade de investigar fatos e atos anteriores
à sua vigência, desde que obedecidos os prazos decadenciais e prescricionais, ou seja, passa
a dispor de um instrumento de fiscalização que anteriormente não possuía, podendo utilizá-
lo conforme o interesse público que o ato administrativo pressupõe.

Recurso negado.
Por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso.

RETENÇÃO

ACÓRDÃO Nº 01-1137 - 1ª CÂMARA


SESSAO DE 28 DE JUNHO DE 1994 - DOU DE 18.10.94
IRPF - COMPENSACAO DE IMPOSTO NA DECLARACAO - FALTA DE RETENCAO
PELA FONTE PAGADORA.
A falta de retenção e de recolhimento pela fonte pagadora implica a vedação de ser ele
compensado pelo beneficiário dos rendimentos, nos termos da legislação tributaria de
regência.
Recurso especial provido.
ACORDAM os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos,
DAR provimento ao recurso.

ACÓRDÃO Nº 01-1195 - 4ª CÂMARA


SESSAO DE 29 DE OUTUBRO DE 1991 - DOU DE 25.11.94
IRPF - COMPENSACAO DE IMPOSTO DE RENDA NAO RETIDO PELA FONTE
PAGADORA.
O imposto cuja compensação é admitida na declaração de rendimentos, nos termos do
art. 89, parágrafo 1º, "a", do regulamento (RIR/80) e o efetivamente descontado pela
fonte pagadora do rendimento. É indispensável, todavia, a prova da retenção, mediante
documento fornecido obrigatoriamente por quem efetua o desconto, conforme preceitua o
art. 584 do mesmo ato legal. Não provada a retenção, mantém-se a decisão recorrida.
Recurso conhecido e não provido.
ACORDAM os Membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos,
NEGAR provimento ao recurso.

DENÚNCIA ESPONTÂNEA

ACÓRDÃO Nº 02-01284 - 2ª TURMA


(SESSÃO DE 12.05.2003 - DOU DE 13.08.2003)
Processo nº: 11080009517/9824
Recurso nº: RD/107120001
Matéria: IRPJ - DENÚNCIA ESPONTÂNEA. - COFINS

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 181

MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. PARCELAMENTO. RESTITUIÇÃO.


Restituível a multa de mora incidente sobre parcelamento, por incabível quando presentes os
requisitos da denúncia espontânea da infração (art. 138 do CTN).
Recurso provido.
Por maioria de votos, DAR provimento ao recurso.

ARCÓDÃO Nº CSRF 02-01065 - 2ª TURMA


(SESSÃO DE 15.10.2001 - DOU, 14.04.2003)
Processo nº: 10283000524/96-22
Recurso nº: RP/202-0283
Matéria: COFINS (Denúncia Espontânea)
Sujeito Passivo: TELECOMUNICAÇÕES DO AMAZONAS S/A - TELAMAZON
COFINS - DENÚNCIA ESPONTÂNIA - MULTA DE MJORA
- A denúncia espontânea ao FISCO, de débito em atraso, acompanhada do pagamento do
tributo acrescido da correção monetária e dos juros de mora, nos termos do art. 138 do
CTN, exclui a aplicação de penalidade, inclusive, multa de mora. Recurso especial da
Fazenda Nacional negado. Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.

COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS

ACÓRDÃO 201-77508
Órgão: 2º Conselho de Contribuintes / 1a. Câmara
2º Conselho de Contribuintes / 1a. Câmara / ACÓRDÃO 201-77508 em 17/02/2004
PIS. COMPENSAÇÕES DE TRIBUTOS DA MESMA ESPÉCIE. À luz da legislação
vigente, é possível a compensação de tributos e contribuições da mesma espécie,
independente de requerimento à Secretaria da Receita Federal.
EFEITOS DA DECISÃO JUDICIAL. Havendo decisão judicial transitada em julgado que
determina a apuração dos créditos do PIS pagos sob a égide dos Decretos-Leis nºs 2.445 e
2.449, ambos de 1988, nos termos da LC nº 7/70, inclusive não reconhecendo a
semestralidade da base de cálculo, esta deve ser observada. Recurso negado. Por unanimidade
de votos, negou-se provimento ao recurso.
Publicado no DOU em: 28.07.2004
Relator: ADRIANA GOMES RÊGO GALVÃO
Recorrente: LANDESVATTER & CIA. LTDA.

STJ QUESTIONA LEI COMPLEMENTAR 118/05 E LEI 11.051/04

Fonte: O Estado de São Paulo - 29/3/2005

Revoltados com a tática das autoridades fazendárias de introduzir sorrateiramente


medidas de natureza fiscal em projetos de lei que não tratam especificamente de
matéria tributária, procurando com essa esperteza aumentar a receita tributária,
manipular alíquotas e esvaziar direitos dos contribuintes, alguns dos mais
conceituados ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiram dar um
basta ao que chamaram de 'volúpia arrecadatória' do governo.

Para tanto, passaram a questionar abertamente a constitucionalidade dessas


medidas, o que é uma atitude inusitada na história do Judiciário brasileiro. Entre as
instâncias superiores, esse tipo de julgamento sempre ficou a cargo do Supremo
Tribunal Federal (STF).

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 182

O que levou o STJ a tomar essa surpreendente iniciativa foi a edição da Lei
Complementar 118, em fevereiro deste ano. Embora ela tenha sido concebida para
adequar o Código Tributário Nacional à nova Lei de Falências, a Receita Federal
aproveitou a ocasião para, com mão de gato, introduzir um dispositivo que reduz de
dez para cinco anos o prazo para as empresas entrarem com pedido de compensação
ou recuperação de tributos pagos a mais e de impostos declarados ilegais pela
Justiça. Apesar de ser uma antiga aspiração do Fisco, ela sempre esbarrou na
resistência do próprio STJ.

Foi uma providência 'encomendada para mudar a jurisprudência da corte', afirmou a


ministra Eliana Calmon, após acusar as autoridades fazendárias de misturar
deliberadamente diferentes matérias num mesmo texto legal para aumentar a
arrecadação.

Outra lei recentemente editada com a mesma estratégia e com a mesma finalidade
que deixou os 33 ministros do STJ irritados foi a Lei 11.051, que entrou em vigor no
penúltimo dia de 2004.

Formulada originariamente para disciplinar os descontos de crédito na apuração da


Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), do Programa de Integração
Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins),
por meio de um simples parágrafo ela proibiu empresas com débitos não garantidos
junto à Receita Federal e ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de pagar
dividendos aos seus acionistas e de distribuir a participação de lucros aos seus sócios
e administradores. Essa restrição imposta com mão de gato pelo Fisco deixou o
mercado financeiro perplexo e tumultuou o mercado de capitais, pois colide
frontalmente com a Lei das Sociedades Anônimas, que obriga as empresas de capital
aberto a distribuir 25% de seu lucro líquido aos acionistas.

'Nada justifica que a sociedade seja apanhada de surpresa, que se coloque um artigo
numa lei de um assunto completamente diferente', declarou o ministro Franciulli
Neto. 'Na Lei 11.051/04, a exemplo do que aconteceu com a Lei Complementar
118/05 e com a Medida Provisória 232 (que foi baixada para atualizar a tabela de
descontos do Imposto de Renda das Pessoas Físicas e elevou em até 30% a base de
cálculo da carga tributária dos prestadores de serviço), estão usando a técnica de
surpreender a sociedade, colocando um inciso ou um parágrafo, seja lá o que for, no
meio de uma lei que trata de outro assunto.

A mim, parece-me que isso não é boa técnica legislativa e que estamos vivendo
realmente um surrealismo tributário.

Ninguém pode duvidar de que a volúpia arrecadatória chegou a níveis insuportáveis',


concluiu, depois de propor ao STJ que acelere o julgamento dos processos judiciais
impetrados por contribuintes revoltados contra essa acintosa estratégia das
autoridades fazendárias.

Diante das sucessivas confusões jurídicas criadas pelas artimanhas dessas


autoridades para aumentar o peso de sua mão no bolso dos contribuintes, o
movimento contra a 'volúpia arrecadatória' em boa hora deflagrado por magistrados
da última instância da Justiça Federal é mais do que bem-vindo.

Os ministros do STJ souberam reagir com rapidez às práticas ardilosas da Receita,


indo ao encontro das expectativas da sociedade. E também é um oportuno sinal de
advertência para o Executivo, no sentido de que seus burocratas não podem valer-se
de truques legislativos para criar novos impostos ou aumentar as alíquotas dos já
existentes. Enfim, o grande mérito do STJ é mostrar que, ao contrário do que
imaginam as autoridades fazendárias, o Brasil ainda continua sendo um estado de
direito.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 183

MULTAS DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO – A PARTIR DE 22.01.2007

Com alterações da Medida Provisória 351/2007), convertida na Lei 11.488/ 2007, artigos 14
a 20, a partir de 22 de janeiro de 2007, as multas de lançamento de ofício passam a ser as
seguintes:

1. O art. 44 da Lei nº 9.430/96, de 27 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte


redação:
“Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas:

I - de setenta e cinco por cento sobre a totalidade ou diferença de imposto ou


contribuição, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de
declaração e nos casos de declaração inexata;

II - de cinqüenta por cento, exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento


mensal:

a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de


ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de
ajuste, no caso de pessoa física;

b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido
apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre
o lucro líquido, no ano-calendário correspondente, no caso de pessoa jurídica.

§ 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput será duplicado nos


casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 1964, independentemente de
outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.

§ 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o serão


aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no
prazo marcado, de intimação para:

I - prestar esclarecimentos;

II - apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no


8.218, de 29 de agosto de 1991;

III - apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38.

...................................................................................................... ” (NR)

2. O art. 33 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a


seguinte redação:

“Art. 33. ................................................................................................

..................................................................................................................

§ 5o Às infrações cometidas pelo contribuinte durante o período em que estiver


submetido a regime especial de fiscalização será aplicada a multa de que trata o
inciso I do caput do art. 44, duplicando-se o seu percentual.” (NR)

3. O art. 9o da Lei no 10.426, de 24 de abril de 2002, passa a vigorar com a seguinte


redação:

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 184

“Art. 9o Sujeita-se à multa de que trata o inciso I do caput do art. 44 da Lei no


9.430, de 27 de dezembro de 1996, duplicada na forma de seu § 1o, quando for o
caso, a fonte pagadora obrigada a reter imposto ou contribuição, no caso de falta de
retenção ou recolhimento, independentemente de outras penalidades administrativas
ou criminais cabíveis.

.......................................................................................................... ” (NR)

4. O art. 38 da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, passa a vigorar com a


seguinte redação:

“Art. 38. .......................................................................................................

......................................................................................................................

§ 8o A utilização indevida do bônus instituído por este artigo implica a imposição da


multa de que trata o inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro
de 1996, duplicando-se o seu percentual, sem prejuízo do disposto em seu § 2o.

................................................................................................................ ” (NR)

5. O art. 18 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passa a vigorar com a


seguinte redação:

“Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória no


2.158-35, de 24 de agosto de 2001, limitar-se-á à imposição de multa isolada em
razão de não-homologação da compensação, quando se comprove falsidade da
declaração apresentada pelo sujeito passivo.

§ 2o A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual
previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996,
aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito
indevidamente compensado.

§ 4o Será também exigida multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente
compensado, quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do
inciso II do § 12 do art. 74 da Lei no 9.430, de 1996, aplicando-se o percentual
previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, duplicado na forma
de seu § 1o, quando for o caso.

§ 5o Aplica-se o disposto no § 2o do art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, às hipóteses


previstas nos §§ 2o e 4o deste artigo.” (NR)

6. O art. 2o da Lei no 10.892, de 13 de julho de 2004, passa a vigorar com a seguinte


redação:

“Art. 2o A multa a que se refere o inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27


de dezembro de 1996, duplicada na forma de seu § 1o, quando for o caso, será de
150% (cento e cinqüenta por cento) e de 300% (trezentos por cento),
respectivamente, nos casos de utilização diversa da prevista na legislação das contas
correntes de depósito sujeitas ao benefício da alíquota 0 (zero) de que trata o art. 8o
da Lei no 9.311, de 24 de outubro de 1996, bem como da inobservância de normas
baixadas pelo Banco Central do Brasil de que resultar falta de cobrança da
Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de
Créditos e Direitos de Natureza Financeira - CPMF devida.

§ 1o Na hipótese de que trata o caput deste artigo, se o contribuinte não atender, no


prazo marcado, à intimação para prestar esclarecimentos, a multa a que se refere o
inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, duplicada na forma de seu §

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 185

1o, quando for o caso, passará a ser de 225% (duzentos e vinte e cinco por cento) e
450% (quatrocentos e cinqüenta por cento), respectivamente.

7. Ficam revogados os arts. 69 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, 45 e 46


da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.

CONSELHO AFASTA MULTA NA FALTA DE PROVAS DA INTENÇÃO DE


FRAUDAR

O Primeiro Conselho de Contribuintes vem afastando aplicação da multa agravada quando a


intenção da empresa de fraudar o Fisco não for comprovada. Desde 2003 a Receita Federal
vem aplicando com maior freqüência a penalidade, que dobra a multa para os contribuintes
que tentam fraudar o Fisco intencionalmente, de 75% para 150% sobre o valor da infração. A
decisão administrativa vale para empresa multada sem a apresentação de provas pela Receita.

A Receita aplica a multa agravada sem realizar a auditoria plena e o contribuinte tem que se
virar para provar que não agiu com dolo. Os primeiros casos de aplicação indiscriminada da
multa majorada estão chegando agora ao Conselho de Contribuintes, e a tendência é do
afastamento da penalidade quando não houver provas da intenção de fraudar.

A multa não pode ser aplicada sobre indícios ou provas circunstanciais, pois vale apenas
quando há evidente intuito de fraudar. Em virtude da gravidade da multa, a Receita deveria
estar certa da fraude antes de aplicá-la.

A Receita deve sempre majorar a multa caso se constate a fraude, mas ela deve ser diligente
"para não aplicar a multa arbitrariamente".

Sobre o assunto, abaixo o seguinte acórdão:

ACÓRDÃO 106-14.193
1º Conselho de Contribuintes / 6a. Câmara / ACÓRDÃO 106-14.193 em 16.09.2004
Publicado no DOU em: 11.02.2005
IRPF - Ex(s): 1999
LEGISLAÇÃO QUE AMPLIA OS MEIOS DE FISCALIZAÇÃO. INAPLICABILIDADE
DO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE - Incabível falar-se em irretroatividade da lei que
amplia os meios de fiscalização, pois esse princípio atinge somente os aspectos materiais do
lançamento.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE TRABALHO SEM VÍNCULO EMPREGATÍCIO -
Cabível o lançamento de ofício do imposto, quando a autoridade fiscal comprova que o
contribuinte deixou de oferecer a tributação os rendimentos relativos às comissões auferidas
nas negociações de café realizadas nos doze meses do ano - calendário de 1998.
MULTA DE OFÍCIO - Não comprovado que o contribuinte praticou as ações definidas nos
artigos 70, 71 e 72 da Lei nº 5.502/64 e art. 1º da Lei nº 4.729/65, reduz-se o percentual da
multa de ofício de 150% para 75%.
MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA - A infração a norma
tributária, caracterizada pelo não cumprimento da obrigação de pagar o imposto em
momentos distintos (mensal e anual), não pode ser duplamente penalizada. Inaplicável a
multa isolada concomitantemente com a multa de ofício.
Recorrente: CONTRIBUINTE
Recorrida: 2ª TURMA/DRJ - RIO DE JANEIRO/RJ II

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 186

O CONTADOR E A RESPONSABILIDADE CIVIL E TRIBUTÁRIA

a) No RIR/99

Art. 819. O balanço patrimonial, as demonstrações do resultado do período de apuração, os


extratos, as discriminações de contas ou lançamentos e quaisquer documentos de
contabilidade, deverão ser assinados por bacharéis em ciências contábeis, atuários, peritos-
contadores, contadores, guarda-livros ou técnicos em contabilidade legalmente registrados,
com indicação do número dos respectivos registros (Decreto-Lei nº 5.844, de 1943, art. 39).
§ 1º Esses profissionais, dentro do âmbito de sua atuação e no que se referir à parte
técnica, serão responsabilizados, juntamente com os contribuintes, por qualquer
falsidade dos documentos que assinarem e pelas irregularidades de escrituração
praticadas no sentido de fraudar o imposto (Decreto-Lei nº 5.844, de 1943, art. 39, § 1º).

Art. 820. Verificada a falsidade do balanço ou de qualquer outro documento de contabilidade,


assim como da escrita dos contribuintes, o profissional que houver assinado tais documentos
será, pelos Delegados e Inspetores da Receita Federal, independentemente de ação criminal
que no caso couber, declarado sem idoneidade para assinar quaisquer peças ou documentos
contábeis sujeitos à apreciação dos órgãos da Secretaria da Receita Federal (Decreto-Lei nº
5.844, de 1943, art. 39, § 2º).

b) No Código Civil

“Art. 1.177. Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente*, por qualquer dos
prepostos** encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se houver procedido de má-fé,
os mesmos efeitos como se o fossem por aquele.
Parágrafo único. No exercício de suas funções, os prepostos** são pessoalmente
responsáveis, perante os preponentes*, pelos atos culposos; e, perante terceiros,
solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos.”
* empresários
** contabilistas

Com a Responsabilidade Solidária, prevista no Novo Código Civil, o contador assume,


juntamente com o seu cliente, a responsabilidade por todos os atos ilícitos cometidos por ele,
na gestão da empresa, respondendo tanto civil como criminalmente

Art. 1.178. Os preponentes* são responsáveis pelos atos de quaisquer prepostos**, praticados
nos seus estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda que não autorizados por
escrito.
Parágrafo único. Quando tais atos forem praticados fora do estabelecimento, somente
obrigarão o preponente** nos limites dos poderes conferidos por escrito, cujo instrumento
pode ser suprido pela certidão ou cópia autêntica do seu teor.
* empresários
** contabilistas

Os empresários são responsáveis pelos atos dos Contabilistas que exercem a profissão dentro
da empresa (quando a contabilidade é feita nas dependências da empresa) o Contabilista não
tem responsabilidades perante terceiros.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 187

Os empresários não são responsáveis pelos atos dos Contabilistas que exercem atividade fora
da empresa, somente nas situações que tenham ordenado por escrito ao Contabilista (Ex.:
comunicando por escrito que o Contabilista deve fazer ou não determinado lançamento).

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

A SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO

A Constituição Federal assegura o direito a certidões para o esclarecimento de situações de


interesse pessoal.

O CTN outorga o direito à Certidão Negativa de Débito, no art. 205.

Se o contribuinte possuir débito, porém este débito estiver com a exigibilidade suspensa, ele
tem o direito à obtenção de Certidão Positiva com Efeitos Negativos (art.206).

Portanto se a autoridade negar-se, estando o contribuinte com a exigibilidade suspensa,


através de Mandado de Segurança é possível obter a respectiva Certidão.

CTN

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:


.....
III – as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo
tributário administrativo;

Art. 205. A lei poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo, quando exigível,
seja feita por certidão negativa, expedida à vista de requerimento do interessado, que contenha
todas as informações necessárias à identificação de sua pessoa, domicílio fiscal e ramo de
negócio ou atividade e indique o período a que se refere o pedido.
Parágrafo único. A certidão negativa será sempre expedida nos termos em que tenha sido
requerida e será fornecida dentro de 10 (dez) dias da data da entrada do requerimento na
repartição.

Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a
existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido
efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa.

RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS e ADMINISTRADORES

Sonegação x Inadimplência

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 188

Sonegação

O contribuinte deliberada e conscientemente deixa de recolher a obrigação tributária.

A sonegação fiscal tipifica-se como crime contra a ordem tributária ( Lei 8.137/90), pela
prática das seguintes atividades:
- Omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
- Fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de
qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
- Falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro
documento relativo à operação tributável;
- Elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou
inexato;
- Negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documentos equivalentes,
relativa a venda de mercadorias ou prestação de serviço efetivamente realizada ou fornece-la
em desacordo com a legislação.

Inadimplência

Reconhecimento da existência de obrigações tributárias a pagar, mas por circunstâncias


alheias à sua vontade, deixa de fazê-lo. Os valores a pagar estão declarados na DCTF, DIPJ,
DIRF, DACON etc, mas não recolhidos.

Para não incidir multa de ofício de 75%, sobre débitos declarados e não recolhidos, o
Contribuinte tem 20 dias da data da ciência do MPF – Mandado de Procedimento Fiscal, para
recolher ou parcelar com multa de mora de 20%, conforme art. 47, da Lei 9.430/96, alterada
pelo art. 70 da Lei 9.532/97.

Responsabilidade Tributária

Tanto o recolhimento, quanto a penalidade pecuniária estão regulados no artigo 121 do CTN:

Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo
ou penalidade pecuniária.
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
I – contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o
respectivo fato gerador;
II – responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de
disposição expressa de lei.

Nota:

Existem 2 tipos de Sujeitos Passivos, chamados de:

1. DIRETO Contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que
constitua o respectivo fato gerador.
2. INDIRETO Responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua
obrigação decorra de disposição expressa em lei.
Pelo artigo 128 do CTN é permitido que a lei atribua de modo expresso a
responsabilidade pelo crédito tributário (débito fiscal) á terceira pessoa,

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 189

vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a


responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter
supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.

“Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal


pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas
omissões de que forem responsáveis:
...
VII – os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.
Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter
moratório.”

Este dispositivo trata da responsabilidade de terceiros que pressupõe a existência de um dever


legal outorgado a um co-devedor obrigado para o pagamento da totalidade do débito
tributário. São co-devedores: sócios, administradores, gerentes, ou seja, todos aqueles que
detêm o cargo ou função de gerir a administração financeira e fiscal da empresa.
As penalidades não estão incluídas na obrigação tributária na qual o co-devedor é
responsável;

É necessária a comprovação da participação do sócio na prática dos atos pelo pagamento dos
débitos tributários de gestão e administração para poder ser responsabilizado pelo seu
pagamento.

Limitação da responsabilidade ao capital social da empresa limitada

Art. 135 CTN

Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações


tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei,
contrato social ou estatutos:
I – as pessoas referidas no artigo anterior;
...
III – os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.

A presunção que a Fazenda tem, deve ser comprovada (comprovar o excesso de poderes ou
infração à lei).

A infração deve ser caracterizada plena e previamente (comprovação).

Seria preciso analisar a causa da prática dos atos e não somente seus efeitos (tomou certas
atitudes em função de não ter outras alternativas, a empresa estava quebrando).

Infração à lei é facilmente identificada (leis comerciais - falsificação da escrita, leis tributárias
– sonegação). O excesso de poderes se verifica mediante desvios de verbas, aplicação
indevida, etc.

As Fazendas Públicas ao iniciarem o procedimento que resultará na execução fiscal de


tributos, no momento da inscrição do débito na dívida ativa ou ainda quando da elaboração da

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 190

petição inicial do processo executivo, em regra determinam a inclusão dos sócios ou


administradores da empresa executada.

Esse procedimento merece reparos, pois já viu que a responsabilidade destas pessoas somente
ocorrerá quando demonstrados inequivocadamente os elementos permissores desta atitude, ou
seja, o fato de os sócios haverem agido com excesso de poderes ou infração à lei, contrato
social ou estatutos.

Nos procedimentos judiciais de execução fiscal, os órgãos arrecadadores, sem trégua, incluem
os sócios ou administradores nas dívidas tributárias das pessoas jurídicas. Porém, não é devida
esta inclusão, pelo fato de responderem pessoalmente pelos débitos apenas se praticarem atos
com excesso de poder ou infração de lei, contrato social ou estatutos. Isto significa, se o
empresário ou administrador dirigir legalmente e honestamente seus negócios (os quais são
comprovados pela contabilidade da empresa) e, por circunstância da ocasião, do mercado, não
cumprir com suas obrigações tributárias e a empresa vier a fechar as portas, seus bens
particulares não respondem pela dívida tributária, em função do artigo 135, do CTN.

Isso importe dizer que somente quando houver INTENÇÃO do administrador ou sócio em
infringir a Lei é que realmente se caracterizará a possibilidade de ser exigido deste o
cumprimento da obrigação tributária. (Dr. Moacyr Toledo, da Oliveira Neves & Associados
(págs. 35 e 36 – Curso como atender à fiscalização)

O Supremo Tribunal Federal, em decisão de 1.982, assim se manifestou:


“Sociedade, Execução Fiscal. Não evidenciados pela fazenda exeqüente os requisitos da
responsabilidade tributária dos sócios, não é possível fazer que a execução prossiga contra
eles, embora não encontrada a sociedade. Recurso extraordinário não conhecido. RE 97.612-
RJ-DJU 08/10/82 – 1ª Turma, rel. Min. Soares Munoz”

Julgado do STJ

Acórdão
RESP 260524/RS; RECURSO ESPECIAL
Fonte
DJ – Data: -1/10/2001, pág. 00165
RDR –vol.: 0021 – pág.00314
RSTJ – vol.: 00153, pág. 00149
Relator
Min. Humberto Gomes de Barros (1096)
Ementa
EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL, DIRETORES, NÃO APURAÇÃO DE ATO
ILÍCITO.
RESPONSABILIDADE INEXISTENTE.
I – Não se pode atribuir a responsabilidade substitutiva para sócios, diretores ou gerentes,
prevista no art. 135, III, do CTN, sem que seja antes apurada a prática de ato ou fato eivado de
excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos.
II – Não ocorre a substituição tributária pela simples circunstância de a sociedade achar-se em
débito para com o fisco.
III – Não é responsável tributário pelas dívidas da sociedade o sócio-gerente que transferiu
regularmente suas cotas a terceiros, continuando, com estes, a empresa.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 191

IV – A responsabilidade tributária solidária prevista nos artigos 134 e 135, III, alcança o
sócio-gerente que liquidou irregularmente a sociedade limitada. O sócio-gerente responde por
ser gerente, não por ser sócio. Ele responde, não pela circunstância de a sociedade estar em
débito, mas por haver dissolvido, irregularmente a pessoa jurídica.
Data da Decisão
14/08/2001
Órgão Julgado
T1 – Primeira Turma

PLANEJAMENTO SOCIETÁRIO

a) Prévio

- Pressupõe a tomada da decisão da proteção patrimonial ANTES do início da atividade que se


pretenda proteger.
- Tem por pressuposto a preservação da parte do patrimônio que realmente interessa, deixando
às claras outra parte do patrimônio que se responsabilizará por eventos futuros.
- Tem por principal benefício a virtual inocorrência de fraudes contra credores, já que o
patrimônio protegido NUNCA ESTEVE EM NOME DA EMPRESA, não se configurando
assim intenção fraudadora.

b) Por ocasião da ocorrência dos fatos

- Ocorre durante a vida da empresa, e é superveniente à situação preocupante.


- Importa na proteção de parte do patrimônio para evitar que este responda por dívidas fiscais.
- Deve-se ater para a equação econômica do momento da retirada dos bens do nome da
empresa: Os bens restantes devem fazer frente às dívidas existentes.
- Deve-se também equacionar a situação de forma a descaracterizar intuito fraudatório.

c) Evitando a fraude contra credores no planejamento societário

- Fraude: Dilapidar patrimônio para prejudicar terceiros (credores)


- Fator temporal: a existência da dívida líquida e certa com início de cobrança. A alienação de
bens posteriormente poderá caracterizar fraude.
- Pode-se alienar bens mesmo após o início da cobrança, desde que os bens subsistentes
tenham força para garantir os débitos existentes.

Para que não ocorra a alienação de bens fraudulenta, a empresa deve garantir com o seu
patrimônio a dívida existente até aquela data. Exemplo:

Em 31/05/2003, a empresa apresenta no seu Balanço ou Balancete, constante no Livro Diário


a seguinte situação:

-Bens do Ativo Permanente: R$ 1.000.000,00


-Total de dívidas* R$ 600.000,00
Total de bens disponíveis para alienação R$ 400.000,00

*Dívidas com fornecedores, obrigações tributárias normais e parceladas, Trabalhistas, etc.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 192

De acordo com o exemplo, em 31/05/2003, a empresa poderá alienar R$ 400.000,00 de bens


do seu Ativo Permanente, sem configurar a fraude com credores, desde que demonstrado
através da Contabilidade, e está expresse a realidade da empresa, na ocasião, pois restaram
bens, em valor igual ou superior, para garantir as dívidas naquela data.

COMPOSIÇÃO DO ANTIGO CONSELHO DE CONTRIBUINTES –Vigente até


30.06.2009

Composição do Conselho de Contribuintes (Conselho Administrativo de Recursos


Fiscais*)

O Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes (RICC), constante Portaria MF


147/2007, vigora até 30.06.2009. A partir de 01.07.2009, a Portaria MF 256/2009 de
22.06.2009, aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais
(CARF).

a) O Primeiro Conselho de Contribuintes tem a seguinte estrutura:


I - Conselho Pleno;
II - oito Câmaras;
III - secretaria-executiva:
a) serviço de logística; e
b) serviço de documentação e biblioteca.

As Câmaras contarão em sua estrutura com uma Secretaria.

Base: artigos 2º do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes, aprovado pela


Portaria MF 147/2007

b) O Segundo Conselho de Contribuintes tem a seguinte estrutura:

I - Conselho Pleno;
II - seis Câmaras;
III - secretaria-executiva:
 serviço de logística; e
 serviço de documentação e biblioteca.

As Câmaras contarão em sua estrutura com uma Secretaria.

Base: artigos 3º do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes, aprovado pela


Portaria MF 147/2007

c) O Terceiro Conselho de Contribuintes tem a seguinte estrutura:

I - Conselho Pleno;
II - três Câmaras;
III - secretaria-executiva:
 serviço de logística; e
serviço de documentação e biblioteca.

As Câmaras contarão em sua estrutura com uma Secretaria.

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 193

As Câmaras dos Conselhos de Contribuintes poderão funcionar nas cidades-sede das


Superintendências da Receita Federal do Brasil.

Observada a composição paritária, poderão ser criadas pelo Ministro de Estado da Fazenda
Turmas Especiais, temporárias, com competência para julgamento de processos que envolvam
valores reduzidos ou matéria recorrente ou de baixa complexidade.

As Turmas Especiais são reguladas, no que couber, pelas disposições deste Regimento
aplicáveis às Câmaras dos Conselhos de Contribuintes.

As Turmas Especiais a que se refere este artigo poderão funcionar nas cidades-sede das
Superintendências da Receita Federal do Brasil.

Base: artigos 4º ,5º e 6º do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes, aprovado pela
Portaria MF 147/2007

3.2.2 Matérias a serem julgadas no 1º CONSELHO DE CONTRIBUINTES

O 1º CC é composto pelas 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, 7ª e 8ª Câmaras de Julgamento.

- Nas 1ª, 3ª, 5º, 7ª, 8ª CÂMARAS

Julgamentos sobre as matérias relacionadas à tributação da Pessoa Jurídica:

a) IRPJ
b) CSLL
c) PIS, COFINS, IRPF (somente nas situações de autuação decorrente do IRPJ e CSSL.

Exemplo: autuação de IRPJ e CSSL que na mesma autuação é cobrado o Pis e Cofins e IRPF).

Compete ao Primeiro Conselho de Contribuintes julgar recursos de ofício e voluntário de


decisão de primeira instância sobre a aplicação da legislação referente ao imposto sobre a
renda e proventos de qualquer natureza, adicionais, empréstimos compulsórios a ele
vinculados e contribuições, inclusive penalidade isolada, observada a seguinte distribuição:

I - às Primeira, Terceira, Quinta, Sétima e Oitava Câmaras, os relativos à:

a) tributação de pessoa jurídica;

b) tributação de pessoa física e à incidência na fonte, quando procedimentos conexos,


decorrentes ou reflexos, assim compreendidos os referentes às exigências que estejam
lastreadas em fatos cuja apuração serviu também para determinar a prática de infração à
legislação pertinente à tributação de pessoa jurídica;

c) exigência da contribuição social sobre o lucro líquido; e

d) exigência da contribuição para o Fundo de Investimento Social (Finsocial), da contribuição


para o PIS/Pasep e da contribuição para o financiamento da seguridade social (Cofins),
quando essas exigências estejam lastreadas, no todo ou em parte, em fatos cuja apuração

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 194

serviu também para determinar a prática de infração à legislação pertinente à tributação de


pessoa jurídica.

Compete também às Câmaras (às Primeira, Terceira, Quinta, Sétima e Oitava Câmaras)
julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância decorrente de
lançamento sobre a aplicação da legislação referente ao Sistema Integrado de Pagamento de
Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte
(Simples).

O disposto aplicar-se-á, inclusive, quando o lançamento decorrer de exclusão do sujeito


passivo do Simples, hipótese em que será apreciado, concomitantemente, o recurso quanto ao
ato de exclusão.

Base: artigo 20 do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes, aprovado pela


Portaria MF 147/2007

- Nas 2ª, 4ª e 6ª CÂMARAS

Julgamentos sobre as matérias relacionadas à tributação da Pessoa Física:

- IRPF
- IRRF
- Retificação de Declaração de Rendimentos
- Direitos de créditos
- isenção e imunidade

Às Segunda, Quarta e Sexta Câmaras, os relativos à tributação de pessoa física e à incidência


na fonte, quando os procedimentos sejam autônomos.

Base: artigo 20 do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes, aprovado pela


Portaria MF 147/2007

3.2.3 Matérias a serem julgadas no 2º CONSELHO DE CONTRIBUINTES

Composto pelas 1ª, 2ª e 3ª, 4ª, 5ª e 6ª Câmaras de Julgamento

Compete ao Segundo Conselho de Contribuintes julgar recursos de ofício e voluntário de


decisão de primeira instância sobre a aplicação da legislação, inclusive penalidade isolada,
observada a seguinte distribuição:

I - às Primeira, Segunda, Terceira e Quarta Câmaras, os relativos a:

a) imposto sobre produtos industrializados (IPI), inclusive adicionais e empréstimos


compulsórios a ele vinculados, exceto o IPI cujo lançamento decorra de classificação de
mercadorias e o IPI nos casos de importação;

b) imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro e sobre operações relativas a títulos e
valores mobiliários (IOF);

c) contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, quando suas exigências não estejam lastreadas,
no todo ou em parte, em fatos cuja apuração serviu para determinar a prática de infração à

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 195

legislação do imposto sobre a renda;

d) contribuição provisória sobre movimentação ou transmissão de valores e de créditos e de


direitos de natureza financeira (CPMF); e

e) apreensão de mercadorias nacionais encontradas em situação irregular.

II - às Quinta e Sexta Câmaras, os relativos às contribuições sociais previstas nas alíneas


"a", "b" e "c" do parágrafo único do Artigo 11 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, das
contribuições instituídas a título de substituição e contribuições devidas a terceiros.
(Base Legal: art. 25, §1º, II Decreto 70.235/72 e Art. 8º I e II da RICC/MF)

Base: artigo 21 do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes, aprovado pela


Portaria MF 147/2007

3.2.4 Matérias a serem julgadas no 3º CONSELHO DE CONTRIBUINTES

O 3º CC é composto pelas 1ª, 2ª e 3ª Câmaras de Julgamento

Nas 1ª, 2ª e 3ª Câmaras de Julgamento de toda matéria pertinente a:

Compete ao Terceiro Conselho de Contribuintes julgar recursos de ofício e voluntário de


decisão de primeira instância sobre a aplicação da legislação referente a:

I - imposto sobre a importação e a exportação;


II - imposto sobre produtos industrializados nos casos de importação;
III - apreensão de mercadorias estrangeiras encontradas em situação irregular, prevista no
Artigo 87 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964;
IV - contribuições, taxas e infrações cambiais e administrativas relacionadas com a
importação e a exportação;
V - classificação tarifária de mercadoria estrangeira;
VI - isenção, redução e suspensão de impostos de importação e exportação;
VII - vistoria aduaneira, dano ou avaria, falta ou extravio de mercadoria;
VIII - omissão, incorreção, falta de manifesto ou documento equivalente, bem como falta de
volume manifestado;
IX - infração relativa a fatura comercial e outros documentos tanto na importação quanto na
exportação;
X - trânsito aduaneiro e demais regimes especiais e atípicos, salvo a hipótese prevista no
inciso XVII, do Artigo 105, do Decreto-lei nº 37, de 18 de novembro de 1966;
XI - remessa postal internacional, salvo as hipóteses previstas nos incisos XV e XVI, do
Artigo 105, do Decreto-lei nº 37, de 1966.;
XII - valor aduaneiro;
XIII - bagagem;
XIV - imposto sobre propriedade territorial rural (ITR);
XV - imposto sobre produtos industrializados (IPI) cujo lançamento decorra de classificação
de mercadorias;
XVI - contribuição para o Fundo de Investimento Social (Finsocial), quando sua exigência
não esteja lastreada, no todo ou em parte, em fatos cuja apuração serviu para determinar a
prática de infração a dispositivos legais do imposto sobre a renda;
XVII - contribuições de intervenção no domínio econômico;
XVIII - contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins devidas na importação de bens e serviços;

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DEFESA DO CONTRIBUINTE 196

XIX - direito antidumping ou compensatório;


XX - exclusão e vedação de empresas optantes do Simples, exceto na hipótese de lançamento;
e
XXI - tributos, empréstimos compulsórios, contribuições e matéria correlata não incluídos na
competência julgadora dos demais Conselhos.

Base: artigo 22 do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes, aprovado pela


Portaria MF 147/2007.

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