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SERGIO LUIZ PATITUCCI

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1485425-0


DE CURITIBA – 6ª VARA CÍVEL

Apelante 1: ALLIANZ SEGUROS S.A.


Apelante 2: BROOKFIELD ENERGIA RENOVÁVEL S.A.
Apelados: OS MESMOS
Relator: JUIZ SERGIO LUIZ PATITUCCI

APELAÇÕES CÍVEIS – AÇÃO DE COBRANÇA DE


INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA – APELAÇÃO 1 –
MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS –
POSSIBILIDADE – APLICAÇÃO DO ART. 20, §§ 3º E 4º,
DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – APELAÇÃO 2 –
PRESCRIÇÃO ÂNUA – INTERRUPÇÃO DO PRAZO
PRESCRICIONAL – POSSIBILIDADE UMA ÚNICA VEZ
– INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 202, VI, DO CÓDIGO
CIVIL – PRESCRIÇÃO MANTIDA – RECURSO DE
APELAÇÃO 1 – PARCIAL PROVIMENTO – RECURSO
DE APELAÇÃO 2 – NEGA PROVIMENTO.
– A interrupção do prazo prescricional ocorreu com o
pagamento da indenização pela seguradora, e o protesto
interruptivo de prescrição ajuizado posteriormente. Portanto,
consumada a primeira e única interrupção do prazo
prescricional, o protesto interruptivo não poderia, neste caso,
interromper outra vez a contagem do prazo prescricional.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível sob


nº 1485425-0, do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba – 6ª Vara
Cível, em que é apelante 1 Allianz Seguros S.A. apelante 2 Brookfield Energia Renovável
S.A. e apelados os mesmos.

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I – RELATÓRIO

Brookfield Energia Renovável S.A. ajuizou Ação de Cobrança


de Indenização Securitária perante a 6ª Vara Cível do Foro Central da Comarca da Região
Metropolitana de Curitiba, autos nº 18518/2014, em face de Allianz Seguros S.A., requerendo
a condenação da requerida ao pagamento de complementação da indenização securitária
decorrente dos prejuízos sofridos por sinistro, até o limite máximo previsto na apólice, no
valor de R$ 3.106.536,59 (três milhões, cento e seis mil, quinhentos e trinta e seis reais e
cinquenta e nove centavos).

Em sua sentença, o MM. Juiz entendeu por bem julgar prescrita


a pretensão da autora, condenando-a ao pagamento das custas e despesas processuais, bem
como em honorários advocatícios, estes arbitrados em R$ 2.000,00 (dois mil reais), nos
termos do art. 20, § 4º do Código de Processo Civil, e conforme os parâmetros estabelecidos
no art. 20, §3º, considerando a natureza da causa, o grau de zelo do profissional e o local de
sua prestação (fls. 931/933).

Allianz Seguros S.A. apresentou embargos de declaração


aduzindo contradição, consistente em erro material da indicação da data em que ocorreu a
ciência do pedido de indenização, sendo seus embargos acolhidos, para o fim de sanar o erro
material apontado, corrigindo a data informada no último parágrafo da fundamentação da
sentença para 31/08/2010 (fls. 938/940 e 944).

Allianz Seguros S.A., interpôs recurso de Apelação, tão somente


para postular a majoração do valor dos honorários advocatícios, fixados em R$ 2.000,00 (dois
mil reais), alegando que o referido valor corresponde a nada mais que 0,0643% do valor dado
à causa e que representa o efetivo risco da demanda, que tem valor nominal de R$
3.106.536,59 (três milhões, cento e seis mil, quinhentos e trinta e seis reais e cinquenta e nove
centavos) à época do ajuizamento, não guardando tal valor proporcionalidade com o vulto dos
interesses em conflito, com a natureza, a importância e a complexidade da causa, bem como
com a quantidade do trabalho e o grau de zelo dos profissionais que nela atuaram, requerendo

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a fixação dos honorários advocatícios em 20% (vinte por cento) sobre o valor atualizado da
causa (fls. 954/975).

Brookfield Energia Renovável S.A., por sua vez, também


interpôs recurso de apelação, sustentando que o sinistro contemplado pela apólice de seguro
objeto de discussão nos autos de origem ocorreu em 31/12/2008, e que em 05/01/2009, a
apelante, observando o previsto na apólice, realizou o aviso/comunicação do sinistro, com a
finalização da regulação do sinistro pela apelada em 10/09/2010, com o pagamento parcial da
indenização, sendo este o marco do início da fluência do prazo prescricional, conforme
entendimento pacificado da jurisprudência; que o prazo prescricional nasce com a violação do
direito, nos termos do art. 189 do Código Civil, ou seja, o prazo prescricional tem início com
a ciência do fato gerador da pretensão, que neste caso é a negativa da seguradora ou a
realização do pagamento parcial da indenização, conforme estabelece o art. 206, §1º, inciso II,
alínea “b” do mesmo diploma civil; que o e-mail datado de 07/05/2010 trata de informação
prestada pelo perito regulador da seguradora à corretora de seguros e ao IRB (Instituto de
Resseguros do Brasil), ou seja, não houve qualquer participação da apelante na troca da
referida correspondência eletrônica, não podendo ser considerada esta data como termo inicial
da contagem do prazo prescricional para a apelante exercer sua pretensão em juízo; que o e-
mail às fls. 196, mencionado na sentença, e que demonstraria que a apelante teria tido ciência
inequívoca da decisão da seguradora apelada em 31/08/2010, não permite concluir que a
apelante tenha tido ciência inequívoca dos termos da decisão pelo pagamento parcial, pelo
contrário, apenas demonstra que a apelada comunicou informalmente por telefone a liberação
do pagamento da última parte da indenização referente aos lucros cessantes à apelante,
conforme comunicação interna da apelante registrada no e-mail datado de 27/08/2010; que o
último pagamento parcial realizado pela apelada em 10/09/2010, deflagrou o marco inicial da
contagem do prazo prescricional, consequentemente, o ajuizamento da ação de protesto
interruptivo de prescrição em 06/09/2011 efetivamente cumpriu seu objetivo, pois ajuizada
dentro do prazo de um ano, cujo termo final se efetivaria em 10/09/2011; a inexistência de
qualquer comprovante de recebimento, pela apelante, da comunicação formal da apelada
quanto à decisão pelo pagamento parcial da indenização securitária, logo, o prazo previsto no
art. 206, §1º, inc. II, alínea “b”, do Código Civil, somente teve início com a conclusão da
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regulação do sinistro e pagamento da última parcela da indenização em 10/09/2010, ou seja,


não se iniciou com a comunicação do sinistro, mas sim na data imediatamente seguinte ao
recebimento do pagamento parcial/negativa nos termos do art.132 do Código Civil; que
somente a partir de 10/09/2010, com o pagamento parcial da indenização, é que se pode falar
que o direito da apelante foi violado, pois o pagamento da indenização securitária foi parcial e
não obedeceu as condições da apólice, por esta razão a fluência do prazo prescricional da
pretensão da apelante teve início em 11/09/2010, expirando em 11/09/2011 (fls. 994/1014).

Contrarrazões pelas partes às fls. 1025/1049 e 1064/1072.

É o relatório.

II – O VOTO E SEUS FUNDAMENTOS

Insurgem-se os apelantes em face da decisão proferida pelo


magistrado de primeiro grau que julgou prescrita a pretensão da autora Brookfield Energia
Renovável S.A., condenando-a ao pagamento das custas e despesas processuais, bem como
em honorários sucumbenciais em favor dos procuradores da ré Allianz Seguros S.A., estes
arbitrados em R$ 2.000,00 (dois mil reais).

Inicialmente é de se analisar o recurso de apelação 2 que trata de


prescrição, conquanto o recurso de apelação 1 em relação a honorários sucumbenciais.

Apelação 2 - Brookfield Energia Renovável S.A.

A apelante apresenta sua insurgência sustentando que não houve


prescrição no presente caso.

Para tanto, alega que o último pagamento parcial realizado pela


apelada em 10/09/2010, deflagrou o marco inicial da contagem do prazo prescricional,
consequentemente, o ajuizamento da ação de protesto interruptivo de prescrição em
06/09/2011 efetivamente cumpriu seu objetivo, pois ajuizada dentro do prazo de um ano, cujo
termo final se efetivaria em 10/09/2011.
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Sem razão a apelante.

Relevante iniciar a análise do caso pela questão de o pagamento


realizado pela seguradora, mesmo que parcial, ser considerado como causa interruptiva do
prazo prescricional.

De fato, dispõe o artigo 202 do Código Civil, in verbis:

"A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-
á:
(...)
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe
reconhecimento do direito pelo devedor."

Nesta medida, tendo em vista tal dispositivo, não há como não


se considerar o pagamento da indenização pela seguradora, mesmo que parcial, como ato
inequívoco de reconhecimento do direito do beneficiário e, portanto, como uma causa
interruptiva da prescrição, que ensejará uma nova contagem, da integralidade do prazo
prescricional, a partir da data da prática do referido ato.

Nesse sentido, também considera a doutrina:

"Toda manifestação do devedor direcionada ao reconhecimento direto ou


indireto do débito, embora extrajudicial, acarreta a interrupção da
prescrição, eis que reaviva a força da relação jurídica e reacende a
expectativa de cumprimento da obrigação. São exemplos de atos
inequívocos do devedor, aptos a gerarem a interrupção da prescrição:
confissão de dívida, pagamento parcial do débito, pagamento de juros,
pedido de parcelamento, etc.” (Matiello, Fabrício Zamprogna. Código Civil
comentado. São Paulo: LTr, 2003, p. 164). (Grifei).

Observe-se que o artigo 202 do Código Civil é inequívoco ao


afirmar que o prazo prescricional somente se interrompe uma única vez.

Esse é o entendimento do Tribunal de Justiça do Estado do


Paraná:

APELAÇÃO CÍVEL ­ AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL ­


CONEXÃO ­ AÇÃO DE COBRANÇA DE PRÊMIO SECURITÁRIO ­
NULIDADE DA SENTENÇA NÃO CARACTERIZADA ­ PRESCRIÇÃO
ÂNUA ­ INTERRUPÇÃO UMA ÚNICA VEZ - DANO MORAL - ERRO
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MÉDICO NÃO CONSTATADO ­ SENTENÇA ESCORREITA ­


IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. 1. A ausência de mandato não gera nulidade
se o ato não causar prejuízo ao processo. Outrossim, é dever da parte acusar
a nulidade no ato contínuo ao processo e não somente na sentença. 2. A
perícia médica quando desfavorável ao segurado, ainda que imprecisa, não
causa dano moral se não for utilizada pela seguradora para negar o prêmio
indenizatório, vez que se rompe o nexo de causalidade. 3. O prazo
prescricional da ação do segurado contra a seguradora é o de um ano, nos
termos do art. 178, parágrafo 6º, inciso II, do Código Civil. 4. O prazo
prescricional decorrente de contrato de seguro tem início na data em que o
segurado tem conhecimento inequívoco do sinistro (Súmula n. 278/STJ),
ficando suspenso entre a comunicação do sinistro e a recusa ao pagamento
da indenização. 5. O prazo prescricional se interrompe uma única vez, nos
termos do caput do artigo 202 do Código Civil. (TJPR. 9ª Câmara Cível. AC nº
804319-6. Relator (a): Rosana Amara Girardi Fachin. Comarca: Terra Boa. Data do
Julgamento: 08/12/2011.
"APELAÇÃO CIVEL - ACIDENTE DE TRÂNSITO - INVALIDEZ PARCIAL
PERMANENTE - SEGURO OBRIGATÓRIO (DPVAT) - INTERRUPÇÃO
DO PRAZO PRESCRICIONAL - POSSIBILIDADE UMA ÚNICA VEZ -
PAGAMENTO ADMINISTRATIVO - POSTERIOR AJUIZAMENTO DE
AÇÃO PERANTE O JUIZADO ESPECIAL VISANDO RECEBIMENTO DO
SEGURO - EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO
- DECURSO DO PRAZO DE 03 (TRÊS) ANOS DA PRIMEIRA
INTERRUPÇÃO - PRESCRIÇÃO RECONHECIDA - ARTS. 202, 206 E 2.028
DO CÓDIGO CIVIL/2002." (TJPR. 10ª Câmara Cível. AC nº 0779663-8. Rel.:
Juíza Subst. 2º G. Denise Antunes. Comarca: Assis Chateaubriand. Data do
Julgamento: 07.07.2011). (Grifei).

Sendo assim, é necessário destacar que a primeira interrupção


do prazo prescricional, em face da apelada, ocorreu com o pagamento da indenização pela
seguradora, em 10/09/2010.

É forçoso reconhecer, portanto, que a ação de protesto


interruptivo de prescrição em 06/09/2011, foi ajuizada após a primeira interrupção do prazo
prescricional.

Portanto, consumada a primeira e única interrupção do prazo


prescricional, a ação de protesto interruptivo não poderia, neste caso, interromper a contagem
do prazo prescricional novamente.

Assim, o reconhecimento da prescrição deve ser mantido.

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Requer a seguradora apelante a majoração do valor dos


honorários advocatícios, alegando que o referido valor corresponde a nada mais que 0,0643%
do valor dado à causa e que representa o efetivo risco da demanda, não guardando o valor
fixado proporcionalidade com o vulto dos interesses em conflito, com a natureza, a
importância e a complexidade da causa.

Com razão a apelante.

Na fixação dos honorários advocatícios, em hipóteses como a


dos autos, devem ser considerados o grau de zelo do profissional, o local da prestação dos
serviços, a natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado, o tempo
exigido para os seus serviços e os gastos efetuados no curso do processo.

Coadunando com o transcrito entendimento, tem enfatizado nos


Tribunais:

"Assim, demonstrando o advogado da parte zelo e eficiência, com


atendimento a prazos e argumentação jurídica escorreita, é impositivo se
reconheça o mérito da atuação do profissional e se o remunere
condignamente, a fim de evitar a depreciação do múnus." (TJSC, Ap. Cível nº
98.009586-7, Rel. Des. Eder Graf).

Deste modo, considerando-se o valor, a razoabilidade e a


proporcionalidade, do caso analisado, entendo que o valor de R$ 150.000,00 (cento e
cinquenta mil reais), se mostra mais adequado ao previsto no artigo 20, §§ 3º e 4º do Código
de Processo Civil vigente à época.

Diante do exposto, é de se dar parcial provimento ao recurso de


apelação 1, para o fim de majorar o valor dos honorários advocatícios para o valor de R$
150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), e negar provimento ao recurso de apelação 2,
mantendo a prescrição do feito.

III – DISPOSITIVO

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ACORDAM os Excelentíssimos Senhores Desembargadores


integrantes da Nona Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por
unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso de apelação 1, e negar
provimento ao de recurso de apelação 2, nos termos do voto do relator.

Participaram da sessão de julgamento os Excelentíssimos


Desembargadores Francisco Luiz Macedo Júnior - Presidente com voto, e Domingos José
Perfetto.

Curitiba, 22 de junho de 2.017.

SERGIO LUIZ PATITUCCI


Relator

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