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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


27.ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO

Registro: 2014.0000024783

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de


Apelação n.º 0002876-38.2010.8.26.0337, da Comarca de
Mairinque, em que é apelante ESPÓLIO DE MESSIAS NIRCEU
MENDES (JUSTIÇA GRATUITA), é apelado BRADESCO VIDA E
PREVIDÊNCIA S. A.,

ACORDAM, em 27ª Câmara de Direito Privado do Tribunal


de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão:
"Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com
o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos.


Desembargadores GILBERTO LEME (Presidente), CAMPOS PETRONI
E BERENICE MARCONDES CESAR.

São Paulo, 28 de janeiro de 2014.

Gilberto Leme
RELATOR
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
27ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO

Apelação com revisão n.º 0002876-38.2010.8.26.0337

Comarca: Mairinque
Apelante: Espólio de Messias Nirceu Mendes
Apelado: Bradesco Vida e Previdência S/A

Juíza sentenciante: Camila Giorgetti

SEGURO DE VIDA E ACIDENTES PESSOAIS. AÇÃO


DE COBRANÇA. PRESCRIÇÃO. OCORRÊNCIA. ART.
27 DO CDC. INAPLICABILIDADE. A ação de
indenização do segurado contra a
seguradora prescreve em um ano (art. 206,
§ 1.º, inc. II, do CC e Súmula 101 do
STJ). Prazo que deve ser contado a partir
do conhecimento incontestável do fato
constitutivo do direito à indenização
securitária, ou seja, da incapacidade.
O prazo prescricional que se encontra
suspenso em razão de pedido
administrativo, com a resposta da
seguradora reconhecendo o direito ainda
que parcial do segurado de ser indenizado,
passa a interrompido em razão do ato
inequívoco da devedora do direito
postulado (art. 202, inc. VI, do CC).
Assim, tem novamente o segurado um ano a
contar da data da resposta da seguradora
para o ajuizamento da ação.
Ação interposta após o decurso do prazo
prescricional.
Embora a relação entre seguradora e
segurado possa ser considerada de consumo
(§2º do art. 3º do CDC), de notar que a
norma que trata da prescrição restringe
sua aplicação à reparação de danos
causados por fato do serviço, fazendo
referência à outra norma específica, que
qualifica o fato. A recusa no pagamento do
seguro não se enquadra nesses
dispositivos, razão da inaplicabilidade do

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prazo prescricional previsto no CDC.


Recurso desprovido.

VOTO N.º 8.385

Trata-se de recurso de apelação


interposto à r. sentença de fls. 108/110 que julgou
improcedente ação de indenização decorrente de contrato de
seguro de vida, com fulcro no art. 269, inc. V, do CPC,
deixando de condenar o autor ao pagamento das custas
processuais e honorários advocatícios, observando-se o art.
12 da lei n.º 1.060/50.

Recorre o vencido para postular a


alteração do julgamento. Alega inocorrência de prescrição
tendo em vista que permanece em tratamento médico. Invoca
aplicação do art. 27 do CDC para cômputo do prazo
prescricional. Assevera que, ainda que tenha ocorrido
prescrição houve interrupção pela inércia da ré ao não
responder os pedidos administrativos.

Recurso tempestivo, dispensado de


preparo, e com resposta, opinando o Ministério Público pelo
seu desprovimento.

É o relatório.

Infere-se dos autos que o autor


celebrou contrato de seguro de vida com a ré, em 25.2.08,
tendo como uma das coberturas a invalidez permanente total

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ou parcial por acidente, no valor de R$ 5.831,85 (fl.


24/25). Em 23.11.06 o segurado foi vítima de acidente de
veículo no qual sofreu esmagamento do membro inferior
direito, tendo que amputá-la na parte da coxa. Afirma que
foi aposentado pelo INSS em 16.1.08 (fl. 26) e que recebeu
o pagamento administrativo da ré no montante de R$
2.698,27, em 25.2.08, em quantia que considera
insuficiente.

Insiste o apelante inocorrência do


prazo prescricional e que ele ficou suspenso em razão do
requerimento administrativo.

Nas ações que versam sobre indenização


securitária, o prazo prescricional é anual, nos termos do
art. 206, § 1.º, inciso II, alínea “b”, do Código Civil de
2002.

“O termo inicial do lapso


prescricional, na ação de indenização, é a data em que o
segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral”
(Súmula 278 do STJ).

Além disso, preceitua a Súmula n.º 229


também do Superior Tribunal de Justiça que: “o pedido de
pagamento de indenização à seguradora suspende o prazo de
prescrição até que o segurado tenha ciência da decisão”.

No caso em tela, em virtude de ter sido


contratada a indenização também para incapacidade parcial
decorrente de acidente, o autor ciente de suas sequelas
requereu o pagamento da indenização antes mesmo de obter a

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concessão de aposentadoria por invalidez pelo INSS, em


16.1.08 (fl. 26), tendo obtido a resposta da seguradora de
pagamento parcial do valor contratado, em 25.5.08.

Durante o pedido administrativo e a


resposta da seguradora o prazo prescricional se encontrava
suspenso, tendo voltado a fluir após o segurado ter ciência
do valor que lhe seria pago, ainda que não tenha com ele
concordado. E nem se alegue que o pedido de reconsideração
da resposta suspende novamente o prazo, haja vista que o
fato só ocorre uma única vez, de tal forma a evitar a
perpetuidade da incerteza da relação jurídica.

Ademais, o prazo prescricional que se


encontrava suspenso em razão de pedido administrativo, com
a resposta da seguradora reconhecendo o direito ainda que
parcial do segurado de ser indenizado, passou a
interrompido em razão do ato inequívoco da devedora do
direito pelo apelante (art. 202, inc. VI, do CC). Dessa
forma, teria o segurado um ano a contar novamente da data
da resposta da seguradora para o ajuizamento da ação.

Hodiernamente, a contagem do prazo


prescricional encontra respaldo legal no princípio da
unicidade da interrupção da prescrição (CPC, art. 202,
caput), esclarecendo HUMBERTO THEODORO JÚNIOR que “não
importa que existam vários caminhos para se obter a
interrupção da prescrição. Usando um deles, a interrupção
alcançada será única. Não terá o credor como se valer de
outra causa legal para renovar o efeito interruptivo. Se
usar o protesto judicial, por exemplo, não terá eficácia de
interrupção o posterior ato de reconhecimento da dívida

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pelo devedor.

Se a ação principal for proposta após a


ação preparatória ou cautelar, a prescrição interrompida
pela citação naquelas primitivas causas não sofrerá nova
interrupção em razão do ato citatório do novo processo. Mas
o efeito que impede a contagem do prazo prescricional
enquanto pende o feito em juízo (art. 202, parágrafo
único), que teve começo no processo primitivo, perdurará
enquanto não se encerrar o processo principal, dado o
vínculo de acessoriedade que há entre eles. Vale dizer:
embora a nova ação não tenha efeito interruptivo, tem força
de dar continuidade à interrupção decorrente da ação
precedente. Ainda que se encerre o processo preparatório
antes do principal, a prescrição não se consumará no curso
deste. O principal prosseguirá até a coisa julgada sem
sofrer embaraço decorrente da prescrição interrompida fora
dele.” Nesse passo, assevera dito jurista que “a citação
sempre terá eficácia adequada para interromper a prescrição
como, aliás, deixa claro o art. 219, caput, do CPC; desde,
é óbvio, que a sua consumação ainda não tenha acontecido.
Só se interrompe a prescrição, por qualquer dos eventos
previstos em lei, se ainda estiver em andamento o
respectivo prazo.” (Da Prescrição e da Decadência, n.ºs 353
e 355.1., págs. 254/255 e 260, Ed. Forense, 1978)

O Parágrafo único do art. 202 do CC


estabelece que: “A prescrição interrompida recomeça a
correr da data do ato que a interrompeu, ou do último do
processo para a interromper.”

Os fatos que motivaram a propositura da

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ação ocorreram 25.2.08 quando houve a resposta da


seguradora a respeito do valor que seria pago ao segurado.
Contudo, passou a fluir pelo tempo integral de um ano, na
medida em que com o reconhecimento, ainda que parcial do
direito do segurado, o prazo prescricional foi interrompido
(art. 202, inc. VI, do CC), o qual findou em 25.2.09, sendo
que a ação foi proposta somente em 14.9.10.

SÍLVIO DE SALVO VENOSA explica que esse


dispositivo decorre do “princípio do efeito instantâneo da
interrupção da prescrição. O prazo recomeça imediatamente
após a interrupção, restituindo-se integralmente ao credor.
Leve-se em conta, porém, que não haverá reinício de prazo
se a interrupção já ocorrera anteriormente, por força da
regra do caput, pela qual essa interrupção só poderá
ocorrer uma vez.

Desse modo, os atos interruptivos são


os enumerados no art. 202 (antigo, art. 172). O processo
para interromper a prescrição é o da causa principal, em
que se dá a citação pessoal do devedor (inciso I). Afora
esta última hipótese, o prazo recomeça do ato interruptivo.
Tudo se passa a um só tempo. A interrupção verifica-se e
desde logo começa a correr novo prazo. Na hipótese de
processo, a prescrição recomeça do último ato. A citação
inutiliza a prescrição, mas o reinício do prazo somente
terá lugar quando do último ato praticado no processo.
Aliás, é apenas neste último caso que a prescrição não tem
efeito instantâneo.” (Direito Civil, págs. 620/621, Atlas,
2005)

Insta observar que a data da concessão

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da aposentadoria pelo INSS, na maioria das vezes, é


considerada como termo inicial da ciência da invalidez pelo
segurado quando inexiste outro ato que configure o
conhecimento anterior. In casu, por ter sido contratada
indenização também por invalidez parcial, razão pela qual
houve anterior pedido administrativo de pagamento, por
óbvio que o segurado teve conhecimento das suas sequelas
que lhe dariam direito ao recebimento da indenização
contratada anteriormente à concessão da aposentadoria por
invalidez.

Cabe, por fim, esclarecer que não se


aplica na hipótese vertente o prazo prescricional
estabelecido no art. 27 do Código do Consumidor.

Já se decidiu em casos semelhantes:

“Embora a relação entre seguradora e segurado possa ser


considerada de consumo (§2º do art. 3º do CDC), de notar
que a norma que trata da prescrição restringe sua aplicação
à reparação de danos causados por fato do serviço, fazendo
referência à outra norma específica, que qualifica o fato.
Ora, o não pagamento do seguro não se enquadra nesses
dispositivos, logo, inaplicável no caso dos autos o prazo
prescricional indicado no CDC.” (Apelação n.º 606.938-0/0,
extinto 2.º TAC, 9.ª Câm., Relator Juiz Gil Coelho).

“O argumento utilizado no acórdão objurgado, de que se


cuida de "ação de reparação de danos por fato do serviço"
não tem como prosperar, pois na verdade apenas mascara uma
realidade, muito clara, de que o autor sabia que o contrato
não mais se prolongaria, pela vontade da seguradora, a
contar de 01.10.2001. E como é do contrato que nascem as
obrigações, não poderia haver "fato do serviço ", sem
serviço. Assim, nesse passo, não há razão para se
considerar que se pudesse acionar a seguradora por lapso
superior a um ano, justamente para reclamar uma indenização
e restituições de prêmios baseadas em um direito ao seguro
que expirou no prazo de um ano. Se o segurado, após um ano,
não pode mais reclamar da extinção do seu contrato, é

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evidente que não pode, após tal prazo, postular


ressarcimento de um direito originário já atingido pela
prescrição. Ultrapassado um ano, tornou-se legitimada,
infensa a controvérsia, a extinção do contrato pela sua não
renovação, de modo que nada mais ainda pode remanescer a
título de postulação.” (STJ, REsp n.º 759.221/PB, Rel. Min.
Aldir Passarinho Junior, j.12.4.2011, DJe 18.5.2011)

Pelo meu voto, nego provimento ao


recurso.

GILBERTO LEME
Relator

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