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Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Lucas Fernandes Valadares

Estudo de um Projeto de Ar Condicionado para a Clínica Médica e Cirúrgica


do Bloco B do Hospital das Clinicas UFTM

Uberaba

2018
Lucas Fernandes Valadares

Estudo de um Projeto de Ar Condicionado para a Clínica Médica e Cirúrgica


do Bloco B do Hospital das Clinicas UFTM

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao Departamento de
Engenharia Mecânica da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro como
requisito para a graduação em Engenharia
Mecânica.

Orientador: Prof. Dr. Guilherme Azevedo Oliveira

Uberaba
2018
Lucas Fernandes Valadares

Estudo de um Projeto de Ar Condicionado para a Clínica Médica e Cirúrgica


do Bloco B do Hospital das Clinicas UFTM

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao Departamento de
Engenharia Mecânica da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro como
requisito para a graduação em Engenharia
Mecânica.

Orientador: Prof. Dr. Guilherme Azevedo Oliveira

10/07/2018

Banca Examinadora:

_________________________________________

Prof. Dr. Guilherme Azevedo Oliveira – Orientador

Universidade Federal do Triângulo Mineiro

_________________________________________

Prof. Dr. Francisco Aurilo Azevedo Pinho

Universidade Federal do Triângulo Mineiro

_________________________________________

Prof. Dr. José Gustavo Coelho

Universidade Federal do Triângulo Mineiro


AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Fátima e Fernando, que desde o começo do curso, me
incentivaram e me deram o apoio necessário para concluí-lo. Agradeço também pelo carinho
que, juntamente com meu irmão Antônio, sempre me deram.

Agradeço, pelo companheirismo e carinho, aos meus amigos – em especial ao Felipe


Nascimento, ao Nicholas Veloendas, ao Nicolau Fornazieri, ao Vinícius Arantes e ao Vinícius
Paiva – que sem os quais teria sido impossível concluir o curso. Agradeço também a minha
namorada, Erika, pelo carinho e apoio que me deu durante todo esse tempo.

Agradeço ao professor Dr. Guilherme Azevedo Oliveira, que me orientou no


desenvolvimento desse estudo bem como a todos os professores – que fizeram parte da minha
jornada, desde a infância até a conclusão desse curso – sem os quais também teria sido
impossível chegar até aqui, no fim dessa etapa. E claro, agradeço a secretária do Departamento
de Engenharia Mecânica, Maria Adelina, por sempre estar disponível a ajudar os alunos com
extrema boa vontade.
RESUMO

A utilização de sistemas de ar condicionado tem-se tornado cada vez mais comum em diversos
ambientes visando o conforto térmico e condições ideais para o bom desempenho daqueles que
trabalham no local. Em ambientes hospitalares, manter condições de conforto e a qualidade do
ar é essencial para melhor recuperação dos pacientes e não proliferação de bactérias. O presente
trabalho teve por objetivo dimensionar um sistema de ar condicionado para a clínica médica e
clínica cirúrgica do Hospital de Clínicas da UFTM. No dimensionamento, foram utilizados
dados do monitoramento de clima em Uberaba recolhidos pelo período de um ano inteiro. As
cargas térmicas calculadas do sistema para 100%, 85% e 70% do tempo atendida a carga
térmica total necessária foi de, respectivamente, 374558,4; 252477,8 e 193229,5 Watts. Após
a implementação das melhorias sugeridas as cargas térmicas foram reduzidas para 211241,1;
139520,1 e 107178,0 Watts, respectivamente. Assim, as melhorias implicam numa redução
energética de, aproximadamente, 44% –13 mil e 12 mil kWh mensais para o sistema VRF e
Split, respectivamente. Além disso, elas acarretam numa significativa redução do número de
unidades externas, o que leva a uma simplificação do sistema e redução do custo de aquisição
(economia de 48% ou R$ 62.000,00 para o sistema VRF e 40% ou R$ 77.500,00 para o sistema
Split). Concluiu-se que as vantagens do sistema VRF é menor custo de aquisição e menor
número de unidades condensadoras, o que torna o sistema mais simples, evitar gastos de
manutenção em demasia. A única desvantagem do sistema VRF em relação ao sistema Split foi
o maior consumo energético (6225 kWh mensais). Portanto, recomenda-se a implementação
das devidas melhorias no Hospital das Clinicas da UFTM e a aquisição do sistema VRF.

Palavras-Chave: Sistemas de Ar Condicionado, Hospital, Carga Térmica, Climatização, VRF,


Split
ABSTRACT

The use of air conditioning systems has become increasingly common in several environments
aiming the thermal comfort and ideal conditions for the good performance of those who work
in the place. In hospital settings, maintaining comfort conditions and air quality is essential for
better patient recovery and non-proliferation of bacteria. The present work had the objective of
designing an air conditioning system for the medical clinic and surgical clinic of the Hospital
de Clínicas of UFTM. In the design, was used data from the climate monitoring in Uberaba
collected for the whole year period. The calculated thermal loads of the system for 100%, 85%
and 70% of the time served the total required thermal load was, respectively, 374558.4;
252477.8 and 193229.5 Watts. After the implementation of the suggested improvements the
thermal loads were reduced to 211241.1; 139520.1 and 107178.0 Watts, respectively. Thus, the
improvements imply an energy reduction of approximately 44% -13 thousand and 12 thousand
kWh per month for the VRF and Split systems, respectively. In addition, they lead to a
significant reduction in the number of external units, which leads to a simplification of the
system and reduction of the cost of acquisition (savings of 48% or R $ 62,000.00 for the VRF
system and 40% or R $ 77,500.00 for the Split system). It was concluded that the advantages
of the VRF system are lower cost of acquisition and smaller number of condensing units, which
makes the system simpler, avoid over-maintenance costs. The only disadvantage of the VRF
system in relation to the Split system was the higher energy consumption (6225 kWh per
month). Therefore, it is recommended to implement the necessary improvements in the Clinics
Hospital of UFTM and the acquisition of the VRF system.

Keywords: Air Conditioning Systems, Hospital, Thermal Load, Air Conditioning, VRF, Split
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Visão geral de um sistema simples de ar condicionado do tipo Split (Fonte: Manual
LG) ........................................................................................................................................... 14

Figura 2 – Sistema VRF com uma unidade condensadora e várias unidade evaporadoras.
(Fonte: Adaptado de Bhatia, 2014)........................................................................................... 15

Figura 3 – Variação da velocidade de rotação do compressor sem inversor de frequência.


(Fonte: do autor, 2018) ............................................................................................................. 17

Figura 4 – Controle de temperatura com ar condicionado com compressor sem inversor de


frequência. (Fonte: do autor, 2018) .......................................................................................... 17

Figura 5 – Variação da velocidade de rotação do compressor com inversor de frequência.


(Fonte: do autor, 2018) ............................................................................................................. 18

Figura 6 – Controle de temperatura com ar condicionado com compressor com inversor de


frequência. (Fonte: do autor, 2018) .......................................................................................... 18

Figura 7 – Distribuição de carga térmica ao longo do ano (fonte: do Autor, 2018) ............... 31

Figura 8 – Distribuição de carga para 100% do tempo atendido (Fonte: do Autor, 2018) ..... 32

Figura 9 – Distribuição de carga para 85% do tempo atendido (Fonte: do autor, 2018) ........ 33

Figura 10 – Distribuição de carga para 70% do tempo atendido (Fonte: do autor, 2018) ...... 33

Figura 11 – Após a implementação das recomendações, nova distribuição de carga térmica ao


longo do ano (fonte: do Autor, 2018) ....................................................................................... 36

Figura 12 – Após a implementação das recomendações, nova distribuição de carga para 100%
do tempo atendido (Fonte: do Autor, 2018) ............................................................................. 36

Figura 13 – Após a implementação das recomendações, nova distribuição de carga para 85%
do tempo atendido (Fonte: do Autor, 2018) ............................................................................. 37

Figura 14 – Após a implementação das recomendações, nova distribuição de carga para 70%
do tempo atendido (Fonte: do Autor, 2018) ............................................................................. 37

Figura 15 – Planta Baixa do 3º Andar do Bloco B do Hospital das Clínicas da UFTM ......... 45
LISTA DE TABELAS

Figura 1 - Visão geral de um sistema simples de ar condicionado do tipo Split (Fonte: Manual
LG) ........................................................................................................................................... 14

Figura 2 – Sistema VRF com uma unidade condensadora e várias unidade evaporadoras.
(Fonte: Adaptado de Bhatia, 2014)........................................................................................... 15

Figura 3 – Variação da velocidade de rotação do compressor sem inversor de frequência.


(Fonte: do autor, 2018) ............................................................................................................. 17

Figura 4 – Controle de temperatura com ar condicionado com compressor sem inversor de


frequência. (Fonte: do autor, 2018) .......................................................................................... 17

Figura 5 – Variação da velocidade de rotação do compressor com inversor de frequência.


(Fonte: do autor, 2018) ............................................................................................................. 18

Figura 6 – Controle de temperatura com ar condicionado com compressor com inversor de


frequência. (Fonte: do autor, 2018) .......................................................................................... 18

Figura 7 – Distribuição de carga térmica ao longo do ano (fonte: do Autor, 2018) ............... 31

Figura 8 – Distribuição de carga para 100% do tempo atendido (Fonte: do Autor, 2018) ..... 32

Figura 9 – Distribuição de carga para 85% do tempo atendido (Fonte: do autor, 2018) ........ 33

Figura 10 – Distribuição de carga para 70% do tempo atendido (Fonte: do autor, 2018) ...... 33

Figura 11 – Após a implementação das recomendações, nova distribuição de carga térmica ao


longo do ano (fonte: do Autor, 2018) ....................................................................................... 36

Figura 12 – Após a implementação das recomendações, nova distribuição de carga para 100%
do tempo atendido (Fonte: do Autor, 2018) ............................................................................. 36

Figura 13 – Após a implementação das recomendações, nova distribuição de carga para 85%
do tempo atendido (Fonte: do Autor, 2018) ............................................................................. 37

Figura 14 – Após a implementação das recomendações, nova distribuição de carga para 70%
do tempo atendido (Fonte: do Autor, 2018) ............................................................................. 37

Figura 15 – Planta Baixa do 3º Andar do Bloco B do Hospital das Clínicas da UFTM ......... 45

Figura 16 – Ampliação da primeira metade da planta baixa do 3º andar do bloco B do Hospital


das Clínicas da UFTM .............................................................................................................. 46

Figura 17 – Ampliação da segunda metade da planta baixa do 3º andar do bloco B do Hospital


das Clínicas da UFTM .............................................................................................................. 47
Sumário
1 – Introdução ......................................................................................................................... 10

2 – Objetivos ............................................................................................................................ 11

2.1 – Objetivos específicos ................................................................................................... 11

3 – Revisão Bibliográfica........................................................................................................ 12

3.1 – Mecanismos de Transferência de Calor....................................................................... 12

3.1.1. Condução ................................................................................................................ 12

3.1.2. Convecção .............................................................................................................. 13

3.2. Tipos de Sistemas de Ar Condicionado ......................................................................... 13

3.2.1 – Sistemas do tipo Splits.......................................................................................... 13

3.2.2 – Sistemas do tipo VRF ........................................................................................... 15

3.2.3 – Comparação teórica entre os sistemas de climatização Split e VRF ........................ 18

4 - Metodologia ...................................................................................................................... 19

4.1 – Carga térmica devido à condução ................................................................................ 20

4.2 – Carga térmica devido à insolação ................................................................................ 22

4.3 – Carga térmica devido às pessoas ................................................................................. 24

4.4 – Carga térmica devido à iluminação ............................................................................. 26

4.5 – Carga térmica devido aos equipamentos ..................................................................... 26

4.6 – Carga térmica devido à entrada de ar exterior ............................................................. 28

5 - Resultados .......................................................................................................................... 30

6 – Conclusão .......................................................................................................................... 40

7 – REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 42

Anexo 1 – Planta Baixa do Bloco B do Hospital das Clínicas da UFTM ........................... 45


10

1 – Introdução

Sistemas de climatização são aqueles que visam controlar a qualidade do ar interno de um


ambiente, bem como sua temperatura, umidade, movimentação, renovação e, em alguns casos,
até pressão interna. (PEREIRA et al, 2015)

O corpo humano pode ser comparado à uma máquina térmica, que ao realizar um
determinado trabalho, libera calor – advindo de reações químicas internas e o trabalho mecânico
dos músculos – para o meio ambiente no intuito de haver uma manutenção da temperatura
corporal entre os estreitos limites de 36,1°C e 37,2°C. Esse processo, conhecido como
metabolismo, que apesar de ser um processo natural do organismo humano, representa um
esforço e gasto energético (fadiga termo-hidromética, resultante do trabalho excessivo do
aparelho termorregulador), caracterizando assim um dos principais responsáveis pelo
desconforto humano, queda de produtividade e potenciais erros em procedimentos que exigem
atenção. (FROTA et al., 2001)

A condição ideal de temperatura para o corpo humano, é aquela que proporciona a sensação
de conforto térmico a qual é caracterizada pela perda de calor produzida pelo metabolismo sem
recorrer a nenhum mecanismo de termo regulação tais como vasoconstrição, arrepio, tiritar,
termogênese, vasodilatação, transpiração e termólise. (FROTA et al., 2001). Esta é a condição
que visa ser atendida ao instalar um sistema de climatização.

No caso de ambiente hospitalares, além da questão do conforto térmico, a utilização de um


sistema de condicionamento de ar é fundamental para garantir a qualidade do ar, colaborando
para evitar ocorrências de surtos de infecção hospitalar e no tratamento dos pacientes.
(ANVISA, 2009)

Segundo a norma ABNT NBR 7564, alguns agentes infecciosos – tais como fungos,
bactérias e ácaros – podem permanecer indefinidamente em suspensão no ar, sendo que isso
pode ser evitado na utilização de sistemas de ar condicionados dotados de filtros finos de alta
eficiência capazes de reter 99,9% desses agentes infecciosos já que esses formam grumos e se
aglomeram com poeiras em colônias. Além disso, segundo a mesma norma, eliminar tais
microrganismos por meio radiação ultravioleta ou agentes químicos é uma solução pouco eficaz
e confiável. (ABNT, 2005) (AFONSO, 2004)
11

Afonso (2004) concluiu em seu estudo que se deve prezar por uma excelente qualidade de
ar em ambientes hospitalares de maneira a garantir uma constante renovação de ar e uma
limpeza cuidadosa dos componentes de climatização, principalmente as bandejas do sistema de
ar condicionado, uma vez que sistemas de ar condicionado podem abrigar vírus, fungos e
bactérias que podem sobreviver lá por longos períodos.

Sendo assim, a utilização de um sistema de ar condicionado em ambientes hospitalares é de


fundamental importância para a qualidade do ar, bem como para a segurança dos pacientes e
funcionários do local.

O presente trabalho se trata das enfermarias, uma área crítica do Hospital das Clínicas da
UFTM. É importante ressaltar que as salas de isolamento deverão possuir pressão negativa de
maneira a evitar que o ar dentro escape por frestas de portas e janelas, evitando a contaminação
do ar. Para isso, deve-se insuflar menor quantidade de ar no recinto em relação ao ambiente
vizinho, conforme explica a norma ABNT NBR 7564. (ABNT, 2005)

2 – Objetivos

O objetivo central do presente trabalho é calcular de forma otimizada e evitando


superdimensionar a carga térmica da Clínica Médica e Clínica Cirúrgica do Bloco B do Hospital
das Clínicas (HC) da UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro). Também buscou-
se especificar um sistema de climatização que atenda a demanda de conforto térmico e
qualidade do ar. Trabalhos anteriores já abordaram este dimensionamento e o presente trabalho
visa avaliar as variações de carga térmica ao longo do tempo além de propor soluções
alternativas de modo a aumentar a eficiência energética da instalação proposta.

2.1 – Objetivos específicos

Com base no objetivo central, o presente trabalho tem os seguintes objetivos específicos:
12

▪ Fazer o cálculo da carga térmica e do consumo de energia ao longo dos dias do ano
e também ao longo das horas do dia;
▪ Comparar os sistemas de ar condicionado VRF (variable refrigerant flow ou, em
português, fluxo variável de refrigerante) e Split de maneira a expor as vantagens de
desvantagens de cada um;
▪ Propor possíveis melhorias estruturais no prédio de maneira a reduzir a carga
térmica incidida sobre o sistema de ar condicionado;

3 – Revisão Bibliográfica

3.1 – Mecanismos de Transferência de Calor

Ocorrerá trocas térmicas mediante duas situações, a primeira ocorre quando há uma
diferença de temperatura entre dois corpos, o corpo a maior temperatura tende a ceder calor
para o corpo em menor temperatura. A segunda situação ocorre na mudança de fase de uma
substância. (FROTA et al., 2001)

As trocas térmicas se dividem em duas classificações, as trocas térmicas secas e as trocas


térmicas úmidas. A primeira envolve variação de temperatura entre corpos e se dá por meio dos
fenômenos de condução, convecção e radiação. As trocas térmicas úmidas, por sua vez, contam
com a presença de um líquido e ocorre por conta da mudança do estado de um líquido numa
determinada superfície – se dá por evaporação e condensação. (FROTA et al., 2001)

3.1.1. Condução

Segundo INCROPERA, et al. (2008), a condução pode ser vista como a energia que é
transferida de partículas com maior grau de agitação (mais energizadas) para partículas com
menor grau de agitação (menos energizada), que estão em contato entre si. Ou seja, a condução
de calor se dá no contato de duas superfícies em diferentes temperaturas ou em um mesmo
13

corpo com um gradiente de temperatura. Ocorrerá transferência de calor até que ocorra o
equilibro de temperatura entre as duas superfícies.

3.1.2. Convecção

Na transferência de calor por convecção tem-se dois mecanismos, a transferência de


calor de energia devido ao movimento aleatório das moléculas (difusão) e através do
movimento global, ou macroscópico, do fluido (advecção). Assim, a transferência de calor por
convecção quando há um gradiente de temperatura relativo ao contato de um fluido (líquido ou
gás) e uma superfície. (INCROPERA et al., 2008)

A respeito da natureza da convecção, esta pode ser forçada ou natural. A convecção


força ocorre quando o fluido é movimentado por meios externos tais como um ventilador, uma
bomba ou ventos atmosféricos. Já a ventilação natural ocorre graças ao movimento do fluido
induzido pelas forças do empuxo que são estabelecidas devido a diferenças de densidade do
fluido promovidas por diferentes estados de temperatura no mesmo. (INCROPERA et al., 2008)

3.2. Tipos de Sistemas de Ar Condicionado

Existem vários tipos de sistemas utilizados no condicionamento de ar em ambientes.


Pode-se citar os condicionadores de ar que utilizam o sistema de expansão direta – isto é,
quando o ar é resfriado diretamente pelo fluido refrigerante – tais como o do tipo Janela ou
Parede, do tipo Splits, do tipo VRF e do tipo Self Contained. Tem-se também os
condicionadores de ar que utilizam do sistema de expansão indireta – isto é, quando dutos de
água (intermediária entre o ar e o fluido refrigerante) passam pelos condicionadores de ar em
cada recinto e resfriando o ar – tais como os sistemas do tipo Chiller e Fan-Coils. (GALLO,
2017) (PROCEL,2011)

3.2.1 – Sistemas do tipo Splits

Esse tipo de sistema de ar condicionado é constituído basicamente de dois equipamentos


interligados, são eles: a unidade condensadora e a unidade evaporativa. (PEREIRA et al, 2015)
14

A unidade condensadora é constituída de um compressor e um condensador. Também


conhecida como unidade externa já que se instala externamente ao ambiente condicionado. É
nessa unidade que o fluido refrigerante perde calor para o ambiente, mudando do estado de
vapor para o estado de líquido. (PEREIRA et al, 2015)

Os sistemas de ar condicionado do tipo Split têm a com principal vantagem o baixo


custo de instalação, entretanto apenas esse valor não é suficiente para justificar a instalação do
sistema, uma vez que deve ser levado em conta também o custo de aquisição dos equipamentos,
bem como os gastos com consumo de energia e manutenção, que podem ser maiores do que
outros sistemas. Outra vantagem desse sistema é que se devidamente instalado, conforme as
orientações do fabricante, pode-se evitar ruídos. Como desvantagem, não se pode expor as
unidades externas ao clima, sendo muitas vezes necessário que seja feito uma cobertura
devidamente ventilada para protegê-las. (PEREIRA et al, 2015) (LG, 2015) (ELECTROLUX,
2015). A Fig. 1 ilustra este tipo de ar condicionado.

Figura 1 - Visão geral de um sistema simples de ar condicionado do tipo Split (Fonte: Manual LG)
15

3.2.2 – Sistemas do tipo VRF

Os sistemas VRF, ou volume de refrigerante variáveis, foram introduzidos no Japão há


mais de 30 anos e desde então tornaram-se populares em muitos países. Essa tecnologia
expandiu gradualmente sua presença no mercado, alcançando os mercados europeus em 1987
e ganhando cada vez mais participação no mercado global. Recentemente, no Japão, os sistemas
VRF já são utilizados em cerca de 50% dos edifícios comerciais de médio porte (até 6500 m²)
e em um terço dos grandes edifícios comerciais (mais de 6500 m²). (GOETZLER, 2007)

No Brasil, seu uso é ainda mais recente, no entanto, sua utilização tem se tornado cada
vez mais comum. No país, a empresa Dufrio já vendeu mais de 10 mil equipamentos VRF em
cinco anos, enquanto a DAIKIN já comercializou 20 mil dessas unidades em oito anos. (Dufri,
2017) (DAIKIN, 2017)

Esse tipo de sistema inclui vários evaporadores internos conectados a uma única (ou
poucas, conforme a demanda energética) unidade condensadora. Possuem, no entanto, a
desvantagem de não fornecerem ventilação, necessitando-se assim de um sistema separado para
ventilação. (GOETZLER, 2007) A Fig. 2 apresenta um esquema ilustrando desse sistema.

Figura 2 – Sistema VRF com uma unidade condensadora e várias unidade evaporadoras. (Fonte: Adaptado de
Bhatia, 2014)
16

O termo volume de refrigerante variável refere-se à capacidade de controlar a


quantidade de refrigerante que flui individualmente para cada um dos evaporadores do sistema,
permitindo-se o uso de evaporadores de diferentes capacidades, ou seja, o mais adequado para
cada recinto, sem superdimensionamento e permitindo a definição individualizada das
temperaturas. Esse controle da vazão de fluido refrigerante é feito por meio de válvulas de
expansão eletrônicas (EEV) que são dispostas em cada unidade interna. (GOETZLER, 2007)

Cada unidade interna pode apresentar diferentes capacidades e configurações uma vez
que, geralmente, cada uma é composta por um trocador de calor, um sensor de temperatura, um
ventilador e uma válvula de expansão eletrônica. (POZZA, 2011)

Os sistemas VRF são leves e modulares. Cada módulo (ou conjunto de dois) é um
circuito refrigerante independente e são controlados por uma unidade de controle em comum.
Os dutos, por serem necessários apenas para o sistema de ventilação, são menores do que os
dutos necessários em outros sistemas, como os chillers, por exemplo. (GOETZLER, 2007)

Outra vantagem dos sistemas VRF é sua eficiência energética. Não há praticamente
nenhuma perda nos dutos (geralmente estimadas entre 10% a 20% do fluxo de ar total em um
sistema canalizado). Para cada unidade condensadora há, geralmente, de dois a três
condensadores, sendo um deles com velocidade variável, permitindo uma ampla capacidade de
modulação e uma alta eficiência de carga parcial que se traduz em alta eficiência sazonal de
energia. Os compressores de ar condicionado são acionados por um motor cuja a velocidade de
rotação depende da frequência de alimentação. Os inversores de frequência estabilizam a
temperatura ajustando a operação do compressor de acordo com a carga de energia a ser
eliminada no momento, assim a flutuação significativa da temperatura do ambiente sofre menor
oscilação já que não há um liga e desliga do compressor, reduzindo também os níveis de ruído.
(GOETZLER, 2007)

As figuras a seguir comparam o funcionamento de um ar condicionado com compressor


sem (figuras 3 e 4) e com (figuras 5 e 6) inversor de frequência. A figura 3 ilustra que a
velocidade de rotação sempre varia entre um valor fixo (compressor ligado) e zero (compressor
desligado), pelo contrário, na figura 5, o compressor, munido de inversor, varia sua velocidade
continuamente, sem alternar entre ligado e desligado. Desse modo, a variação de temperatura
17

no compressor sem inversor (figura 4) é maior do que a variação de temperatura do compressor


com inversor de frequência (figura 5), tendo-se assim uma maior eficiência no último caso.

É estimado que o elevado custo para a implementação representa uma das maiores
desvantagens desse tipo de sistema. Arnanrnath e Blatt (2008) estimam que o sistema VRF tem
o custo de implementação de 5% a 20% maiores do que sistemas de expansão indireta, no
entanto os custos reais são altamente dependentes do projeto e deve-se levar em conta também
os custos de operação e manutenção que podem influenciar fortemente na decisão de instalação
de um sistema ou outro. (GOETZLER, 2007) (AMARNATH et al., 2008)

Figura 3 – Variação da velocidade de rotação do compressor sem inversor de frequência. (Fonte: do autor, 2018)

Figura 4 – Controle de temperatura com ar condicionado com compressor sem inversor de frequência. (Fonte:
do autor, 2018)
18

Figura 5 – Variação da velocidade de rotação do compressor com inversor de frequência. (Fonte: do autor,
2018)

Figura 6 – Controle de temperatura com ar condicionado com compressor com inversor de frequência. (Fonte:
do autor, 2018)

3.2.3 – Comparação teórica entre os sistemas de climatização Split e VRF

A tabela a seguir ilustra as diferenças teóricas mais relevantes entre os sistemas de ar


condicionado do tipo Split e do tipo VRF.
19

Tabela 1 – Principais diferenças entre os sistemas de ar condicionado do tipo Split e do tipo


VRF. (Fonte: do autor)

Sistema de Ar Sistema de Ar Condicionado do


Condicionado do tipo VRF tipo Split

Custo de Instalação Mais caro Mais barato


Eficiência Energética Mais eficiente Menos eficiente
Número de Unidades Internas Menor número Maior número
Número de Unidades Externas Poucas unidades Várias unidades
Ruído Baixo Baixo

4 - Metodologia

Em um estudo anterior, para o mesmo ambiente, realizado por GALLO (2017), os


cálculos de carga térmica foram feitos com base em condições críticas e por isso acredita-se na
possibilidade de estarem superdimensionados. Desse modo, no presente trabalho, a o cálculo
da carga térmica será feito mediante os dados do Programa de Monitoramento do Clima em
Uberaba, o qual possui uma estação de coleta no campus da UFTM. Assim, utilizou-se dados
reais de hora em hora de temperatura, radiação e humidade para as estimativas de carga térmica,
evitando-se assim o superdimensionamento do sistema de ar-condicionado, o que reflete,
claramente, no custo.

A carga térmica representa a taxa de energia que deve ser retirada ou adicionada a um
ambiente ou sistema no intuito de manter uma determinada temperatura – geralmente é expressa
em BTU/h ou kcal/h. A carga térmica é, portanto, o principal fator em um projeto de ar
condicionado. Nesse tipo de projeto, essa carga térmica se divide basicamente em carga térmica
devido a condução, a insolação, a pessoas, a iluminação, a equipamentos, a infiltração e
renovação de ar. Dessa maneira, foi utilizado o seguinte equacionamento: (MENEZES, 2015)

𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑄𝑐 + 𝑄𝑖𝑛𝑠 + 𝑄𝑝 + 𝑄𝑖𝑙𝑢𝑚 + 𝑄𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝 + 𝑄𝑎𝑟 (3)

Onde:

Qtotal = Carga térmica total [W]


Qc = Carga térmica devido a condução [W]
Qins = Carga térmica devido a insolação [W]
20

Qp = Carga térmica devido a pessoas [W]


Qequip = Carga térmica devido a equipamentos [W]
Qar = Carga térmica devido a entrada de ar exterior [W]

É importante ressaltar-se que se utilizou uma temperatura desejada de 24°C.

4.1 – Carga térmica devido à condução

Essa parcela de carga térmica é devido ao calor sensível transmitido do ambiente externo
para o ambiente interno pelas superfícies limitantes do recinto, tais como paredes, tetos, piso e
vidros. Para o cálculo da carga térmica de condução foi utilizado o coeficiente global de
transferência de calor, conforme a equação 4. (CREDER, 2004) (MENEZES, 2015)

𝛥𝑇
𝑄𝑐 = 𝑈. 𝐴. (𝑇𝑒 − 𝑇𝑖 ). 𝛥𝑇𝑟 (4)
𝑏

Onde:

U = Coeficiente global de transferência de calor [W/(m².K)]


A = Área de transferência de calor [m²]
Te = Temperatura do ambiente externo [°C]
Ti = Temperatura do ambiente interno [°C]
ΔTr = Diferencial de temperatura usado nos projetos (Baseado na diferença de 9,4°C entre a
temperatura externa e o recinto condicionado) – Tabela 2
ΔTr = Diferencial base de temperatura usado nos projetos (9,4°C)

Os diferenciais de temperatura são apresentados na Tab. 2

Tabela 2 – Diferencial de temperatura usado nos projetos – ΔT – baseado na diferença de 9,4°C entre a temperatura
externa e o recinto condicionado. (Fonte: Creder, 2004)

Situação ΔT (°C)
1. Paredes exteriores 9,4
2. Vidros nas paredes exteriores 9,4
3. Vidros nas divisórias 5,5
4. Vitrines de lojas com grande carga de luz 16,6
5. Divisórias 5,5
6. Divisórias junto de cozinhas, lavanderias ou aquecedores 13,8
21

7. Pisos sobre recintos não-condicionados 5,5


8. Pisos do térreo 0
9. Pisos sobre o porão 0
10. Pisos sobre o porão com cozinha, lavanderias ou aquecedores 19,4
11. Pisos sobre espaços ventilados 9,4
12. Pisos sobre espaços não-ventilados 0
13. Tetos sobre espaços não-condicionados 5,5
14. Tetos sobre espaços com cozinhas, lavandarias e aquecedores 11,1
15. Tetos sob telhados com ou sem sótão 9,4

No intuito de facilitar os cálculos, considerou-se o fluxo de calor pelas paredes como


regime permanente e de forma unidirecional. Para os coeficientes globais de transferências de
calor para as paredes (U), teto e piso foram utilizados os indicados Portaria Inmetro Nº 50/2013.
As tabelas 3, 4 e 5 ilustram os valores de U escolhidos para o presente trabalho, conforme cada
tipo de parede.

No hospital de clínicas, as janelas são do tipo basculante, com vidros de 8 milímetros.


Portanto considerou-se o coeficiente global de transferência de calor de 5,7 W/(m²K), referente
ao vidro Cool Lote KNT do fabricante Cebrace.

Tabela 3 – Propriedades térmicas da parede (Fonte: Portaria Inmetro Nº 50/2013)


22

Tabela 4 – Propriedades térmicas do teto (Fonte: Portaria Inmetro Nº 50/2013)

Tabela 5 – Propriedades térmicas do piso (Fonte: Portaria Inmetro Nº 50/2013)

4.2 – Carga térmica devido à insolação

Essa parcela de carga térmica deriva-se ao calor sensível irradiado pelo sol. Para
superfícies opacas, tal parcela foi obtida pelo seguinte equacionamento: (MENEZES, 2015)

𝑄𝑖𝑛𝑠,𝑜𝑝 = 𝑈. 𝐴. 𝛥𝑇𝑖𝑛𝑠 (5)

Qins,op = Carga térmica devido a superfícies opacas [W]


U = Coeficiente global de transferência de calor [W/(m²K)]
23

A = Área de incidência solar [m²]


∆Tins = Acréscimo diferencial de temperatura devido à orientação e tipo de superfície [°C]
(indicado pela tabela 6)

Tabela 6 – Acréscimo diferencial de temperatura devido à orientação e tipo de superfície. (Fonte: Creder, 2004)

Cor da Parede
Superfície
Escura Média Clara
Telhado 25 26,6 8,3
Parede (Leste ou Oeste) 16,6 11,1 5,5
Parede (Norte) 8,3 5,5 2,7
Parede (Sul) 0 0 0

No caso se superfícies translúcidas como janelas, a carga térmica de insolação foi


calculada utilizando as equações 6 e 7.

𝑄𝑖𝑛𝑠,𝑡 = 𝐹𝑠 . 𝐶𝑎𝑡 . 𝐴 (6)

𝐹𝑠 = 3,6. 𝑅 (7)

Onde:

Qins,t = Carga térmica devido a superfícies translúcidas [W]


Fs = Fator solar [W/m²]
Cat = Coeficiente de atenuação
A = Área de incidência solar [m²]
R = Radiação Solar [kJ/m²]

Segundo Creder (2004), os fatores de atenuação são:


▪ Toldos ou persianas externas: 0,15 a 0,20
▪ Persianas internas e refletoras: 0,50 a 0,66
▪ Cortinas internas brancas e opacas: 0,25 a 0,61
▪ Esquadrilhas metálicas: 1,15

Desse modo, obteve-se a carga térmica devida a insolação pela equação 8:

𝑄𝑖𝑛𝑠 = 𝑄𝑖𝑛𝑠,𝑜𝑝 + 𝑄𝑖𝑛𝑠,𝑡 (8)


24

4.3 – Carga térmica devido às pessoas

A carga térmica devido às pessoas provém da energia dispendida em forma de calor ao


ambiente devido a movimentação e atividade que alguém realiza dentro do recinto. Esse calor
é dissipado por meio de mecanismos de troca térmicas que podem envolver trocas secas ou
úmidas. O calor transferido por meio de trocas secas é denominado calor sensível, sendo
dependentes principalmente da diferença de temperatura entre o corpo e o ambiente podem
ocorrer por condução, convecção e radiação. O calor transferido por meio de trocas úmidas é
denominado calor latente e ocorre principalmente pela presença do suor na superfície da pele e
da umidade no interior dos pulmões – esse calor é transferido por meio da evaporação. (FROTA
et al., 2001)

Assim sendo, a carga, referente ao calor sensível liberado pelas pessoas presentes em
ambiente específico, é dividida em calor sensível e calor latente; e foram calculadas por meio
das equações 9 e 10: (MENEZES, 2015)

𝑄𝑝,𝑠 = 𝑁. 𝑞𝑠 (9)

𝑄𝑝,𝑙 = 𝑁. 𝑞𝑙 (10)

𝑄𝑝 = 𝑄𝑝,𝑠 + 𝑄𝑝,𝑙 (11)

Onde:
Qp,s = Carga térmica sensível liberado pelas pessoas presentes no ambiente [W]
Qp,l = Carga térmica latente liberado pelas pessoas presentes no ambiente [W]
qs = Calor latente liberado por pessoa [W]
ql = Calor latente liberado por pessoa [W]
N = Número de pessoas

No hospital, planta baixa no anexo 1, é permitido apenas um acompanhante para aqueles


pacientes que sejam idosos ou portadores de necessidades especiais, por esse motivo,
considerou-se como valor médio 2 acompanhes por enfermaria, visto que cada uma possui 5 ou
6 leitos. Como valor médio utilizou-se, tanto para pacientes quanto para acompanhantes, os
valores da atividade “sentado, em repouso”, conforme a tabela 7.
25

Na sala de procedimento há dois leitos, nelas há a necessidade de médicos e enfermeiros,


não sendo permitido a entrada de acompanhantes. Nesse caso considerou dois pacientes em
estado de sono já que estariam parcialmente ou completamente anestesiados, além 8
médicos/enfermeiros na atividade “em pé, trabalho leve”, de acordo com a tabela 7.
Nos postos de enfermagem considerou-se 5 enfermeiros na atividade “escritório” –
tabela 7. As mesmas considerações foram adotadas para a prescrição, no entanto, com 3
médicos e sem enfermeiros. Na copa considerou-se um máximo de 5 pessoas na atividade “em
pé, em repouso”. Do isolamento considerou-se apenas uma pessoa na atividade “sentado, em
repouso”, também conforme a tabela 7.

Tabela 7 – Calor cedido (W) ao ambiente segundo a atividade desenvolvida (Fonte: Frota & Schiffer, 2001)

Calor Calor Calor


Atividade
Metabólico Sensível Latente

durante o sono (basal) 80 40 40


sentado, em repouso 115 63 52
em pé, em repouso 120 63 57
sentado, cosendo à mão 130 65 65
escritório (atividade moderada) 140 65 75
em pé, trabalho leve 145 65 80
datilografando rápido 160 65 95
lavando pratos 175 65 110
confeccionando calçados 190 65 125
Andando 220 75 145
trabalho leve, bancada 255 80 175
Garçom 290 95 195
descendo escadas 420 140 280
serrando madeira 520 175 345
Nadando 580 - -
subindo escada 1280 - -
esforço máximo 870 a 1400 - -
26

4.4 – Carga térmica devido à iluminação

Essa parcela da carga térmica representa a taxa de calor liberado pelas luminárias
presentes no recinto. Foi calculado de acordo com a equação 12: (MENEZES, 2015)

𝑄𝑖𝑙𝑢𝑚 = 𝑓𝑖𝑙𝑢𝑚 . 𝑁𝑖𝑙𝑢𝑚 . 𝑃𝑙𝑎𝑚𝑝 (12)

Onde:
filum = Fator de iluminação, (1,2 para lâmpadas fluorescente e 1,0 para incandescentes)
Nilum = Número de lâmpadas no recinto
Plamp = Potência da lâmpada [W]

4.5 – Carga térmica devido aos equipamentos

Essa carga térmica representa a taxa de calor liberado pelos equipamentos elétricos
presentes no recinto. Pode ser calculado conforme Eq. 13: (MENEZES, 2015)

𝑄𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝 = 𝑁𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝 . 𝑃𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝 (13)

Onde:
Nilum = Número de equipamentos no recinto
Pequip = Potência do equipamento [W]

As potências dos equipamentos foram verificadas nos ambientes por GALLO (2017),
conforme a tabela 8. A tabela 9 especifica as características de cada recinto, a planta baixa do
Bloco C do Hospital das Clínicas, em anexo.

Tabela 8 – Potências dos Equipamentos (Fonte: Gallo, 2017)

Equipamento Potência (W)


Televisão 32" 140
Computador 130
Geladeira 1000
Impressora 60
Oxímetro 21
Desfibrilador 210
Monitor Cardíaco 68
Bomba de Infusão 17
27

Tabela 9 – Características e equipamentos de cada recinto (Fonte: do Autor)

Recinto Características Recinto Características

1 leito 5 leitos
8 de lâmpadas (40 watts) 12 lâmpadas (40 watts)
Isolamento 300 2 bombas de infusão Enfermaria 301 10 bombas de infusão
1 monitor cardíaco 5 monitores cardíacos
1 televisão 1 televisão
5 leitos 5 leitos
12 lâmpadas (40 watts) 12 lâmpadas (40 watts)
Enfermaria 302 10 bombas de infusão Enfermaria 303 10 bombas de infusão
5 monitores cardíacos 5 monitores cardíacos
1 televisão 1 televisão
5 leitos 6 leitos
6 lâmpadas (40 watts) 6 lâmpadas (40 watts)
Enfermaria 304 10 bombas de infusão Enfermaria 305 12 bombas de infusão
5 monitores cardíacos 6 monitores cardíacos
1 televisão 1 televisão
5 leitos 5 leitos
12 lâmpadas (40 watts) 12 lâmpadas (40 watts)
Enfermaria 306 10 bombas de infusão Enfermaria 307 10 bombas de infusão
5 monitores cardíacos 5 monitores cardíacos
1 televisão 1 televisão
2 pessoas 2 leitos (até 10 pessoas)
12 lâmpadas (40 watts) 4 lâmpadas (40 watts)
Posto de Sala de
2 computadores 4 bombas de infusão
Enfermagem 1 Procedimentos
1 geladeira 2 monitores cardíacos

20 a 25 pessoas 15 pessoas
12 lâmpadas (40 watts) Posto de 12 lâmpadas (40 watts)
Sala de
9 computadores Enfermagem 2 + 2 computadores
Prescrição
1 impressora Escrituação

5 leitos 5 leitos
12 lâmpadas (40 watts) 12 lâmpadas (40 watts)
Enfermaria 308 10 bombas de infusão Enfermaria 309 10 bombas de infusão
5 monitores cardíacos 5 monitores cardíacos
1 televisão 1 televisão
5 leitos 5 leitos
Enfermaria 310 Enfermaria 311
12 lâmpadas (40 watts) 12 lâmpadas (40 watts)
28

10 bombas de infusão 10 bombas de infusão


5 monitores cardíacos 5 monitores cardíacos
1 televisão 1 televisão
6 leitos 6 leitos
6 lâmpadas (40 watts) 6 lâmpadas (40 watts)
Clínica Cirúrgica
Enfermaria 312 12 bombas de infusão 12 bombas de infusão
313
6 monitores cardíacos 6 monitores cardíacos
1 televisão 1 televisão
6 leitos 5 leitos
6 lâmpadas (40 watts) 12 lâmpadas (40 watts)
Clínica Cirúrgica
Enfermaria 314 12 bombas de infusão 10 bombas de infusão
315
6 monitores cardíacos 5 monitores cardíacos
1 televisão 1 televisão
3 leitos 5 leitos
12 lâmpadas (40 watts) 12 lâmpadas (40 watts)
Clínica Cirúrgica
Enfermaria 316 6 bombas de infusão 10 bombas de infusão
317
3 monitores cardíacos 5 monitores cardíacos
1 televisão 1 televisão

4.6 – Carga térmica devido à entrada de ar exterior

Essa é a parcela de carga referente à infiltração de ar externo por meio de frestas, portas
abertas, janelas abertas ou ainda para renovação de ar no ambiente.

O calor de infiltração é divido em duas parcelas, calor sensível e calor latente. Foi
estimado de acordo com as equações 14 e 15, respectivamente: (MENEZES, 2015)

𝑄𝑖𝑛𝑓,𝑠 = 𝑉𝑎𝑟 . 𝑦𝑎𝑟 . 𝑐𝑝 . (𝑇𝑒 − 𝑇𝑖 ) (14)

𝑄𝑖𝑛𝑓,𝑙 = 𝑉𝑎𝑟 . 𝑦𝑎𝑟 . (𝜔𝑒 − 𝜔𝑖 ). ℎ𝑙𝑣 (15)

𝑄𝑖𝑛𝑓 = 𝑄𝑖𝑛𝑓,𝑠 + 𝑄𝑖𝑛𝑓,𝑙 = 𝑉𝑎𝑟 . 𝑦𝑎𝑟 . [ 𝑐𝑝 . (𝑇𝑒 − 𝑇𝑖 ) + (𝜔𝑒 − 𝜔𝑖 ). ℎ𝑙𝑣 ] (16)

Onde:

Qinf,s = Carga térmica sensível devido a entrada de ar exterior no ambiente [W]


29

Qinf,l = Carga térmica latente devido a entrada de ar exterior no ambiente [W]


Te = Temperatura do ambiente externo [°C]
Ti = Temperatura do ambiente interno [°C]
ωe = Umidade absoluta do ar externo [(kg água)/(kg ar)]
ωi = Umidade absoluta do ar interno [(kg água)/(kg ar)]
Var = Volume de infiltração de ar exterior [m³/s]
уar = Peso específico do ar (aproximadamente 1,2 kg/m³)
hlv = Calor de vaporização da água (aproximadamente 583 kcal/kg)
cp = Calor específico do ar (aproximadamente 0,24 kcal/kg.°C)

O calor de renovação de ar, quando existente, também é divido em sensível e latente.


Foi determinado conforme as equações a seguir:

𝑄𝑟𝑒𝑛,𝑠 = 𝑉𝑟𝑒𝑛 . 𝑦𝑎𝑟 . 𝑐𝑝 . (𝑇𝑒 − 𝑇𝑖 ) (17)

𝑄𝑟𝑒𝑛,𝑙 = 𝑉𝑟𝑒𝑛 . 𝑦𝑎𝑟 . (𝜔𝑒 − 𝜔𝑖 ). ℎ𝑙𝑣 (18)

𝑄𝑟𝑒𝑛 = 𝑄𝑟𝑒𝑛,𝑠 + 𝑄𝑟𝑒𝑛,𝑙 = 𝑉𝑟𝑒𝑛 . 𝑦𝑎𝑟 . [ 𝑐𝑝 . (𝑇𝑒 − 𝑇𝑖 ) + (𝜔𝑒 − 𝜔𝑖 ). ℎ𝑙𝑣 ] (19)

𝑉𝑟𝑒𝑛 = 𝑛𝑝 . 𝑉𝑟𝑒𝑛/𝑝 (20)

Onde:

Q,ren,s = Carga térmica sensível devido a entrada de ar exterior no ambiente [W]


Qren,l = Carga térmica latente devido a entrada de ar exterior no ambiente [W]
Te = Temperatura do ambiente externo [°C]
Ti = Temperatura do ambiente interno [°C]
ωe = Umidade absoluta do ar externo [(kg água)/(kg ar)]
ωi = Umidade absoluta do ar interno [(kg água)/(kg ar)]
Vren = Volume de renovação de ar [m³/s]
Vren/p = Volume de renovação de ar recomendado por pessoa no recinto [m³/s]
уar = Peso específico do ar (aproximadamente 1,2 kg/m³)
hlv = Calor de vaporização da água (aproximadamente 583 kcal/kg)
30

cp = Calor específico do ar (aproximadamente 0,24 kcal/kg.°C)


np = n° de pessoas no recinto

Uma observação é que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a umidade


reativa ideal para o corpo humano está entre 40% e 70%. Qualquer valor acima deixa o ar
saturado de vapor d’água, interferindo no mecanismo de controle de temperatura do corpo
humano. Valores abaixo dificultam a dispersão de gases poluentes e podem causar sérios danos
para saúde, tais como ressecamento das mucosas e vias aéreas, o que torna as pessoas mais
vulneráveis a asma e a infecção por vírus e bactérias, entre outros. Desse modo, no presente
trabalhado, por se tratar de um hospital, é extremamente importante manter a umidade relativa
do ar em níveis adequados, por esse motivo, a umidade relativa utilizada para os cálculos foi de
60%. (VARELLA, 2017)
Para os cálculos do presente trabalho, considerou-se as portas bem ajustadas de forma
considerar uma vazão de entrada de ar de 6,5 m³/h por metro de fresta. As janelas são
basculantes, portanto, a vazão também foi 6,5 m³/h por metro de fresta. Para as portas de quartos
de hospitais o valor recomendado é 7 m³/h por pessoa presente no recinto condicionado, no
entanto, o corredor também será condicionado e, por isso, será considerado zero. O valor
estimado foi 2500 m³/h para cada porta, sendo que há duas portas, o valor total foi de 5000
m³/h. (CREDER, 2004)
Segundo Creder (2004), o volume de renovação de ar recomendado por pessoa para
quartos é de 25 m³/s, esse foi o valor adotado para os cálculos.
Por fim, utilizando as equações acima, elaborou-se uma planilha no software Excel para
o tratamento e equacionamento dos dados do Programa de Monitoramento do Clima de Uberaba
aplicados à Clínica Médica e Cirúrgica do Bloco B do Hospital das Clinicas UFTM.

5 - Resultados
Com base no procedimento descrito na metodologia, obteve-se o gráfico abaixo que
ilustra a distribuição de carga térmica de hora em hora, ao longo de um ano. Pela análise da
figura 7 é possível verificar que as maiores cargas térmicas (350.000 a 380.000 Watts, nas altas
do dia) ocorrem entre os meses de outubro e março, justamente na primavera e verão, estações
caracterizadas por dias mais quentes. A menores cargas térmicas (200.000 a 220.000 Watts, nas
31

altas do dia) aconteceram em julho, mês correspondente aos dias mais frios do inverno no
Brasil.

Distribuição de Carga Térmica ao Longo do Ano


400000,0
300000,0
Carga Térmica [W]

200000,0
100000,0
0,0
-250 750 1750 2750 3750 4750 5750 6750 7750 8750
-100000,0
-200000,0
n° da hora

Maio de 2017 Junho de 2017 Julho de 2017 Agosto de 2017


Setembro de 2017 Outubro de 2017 Novembro de 2017 Dezembro de 2017
Janeiro de 2018 Fevereiro de 2018 Março de 2018 Abril de 2018
Maio de 2018

Figura 7 – Distribuição de carga térmica ao longo do ano (fonte: do Autor, 2018)

Tendo calculados todas as cargas térmicas de hora em hora, também foi elaborada a
tabela 10 que informa qual deve ser a potência do sistema de refrigeração para que ele atenda a
carga térmica em determinada porcentagem do ano. Neste ponto observou-se que os resultados
então condizentes com o estudo anterior, referente ao mesmo ambiente, realizado por GALLO
(2017), que obteve uma carga de 390.083,33 W, valor superior a, aproximadamente, 4% da
carga térmica crítica do presente estudo.

Tabela 10 – Potência necessária para que o sistema de refrigeração atenda a determinado percentual de tempo no
ano (Fonte: do Autor)

% do Tempo Atendido Potência [W] Potência [BTU/h]

100% 374558,4 1278047


85% 252477,8 861491
70% 193229,5 659327
32

Para cada uma das situações indicadas na tabela 10, montou-se um gráfico indica a
influência percentual de cada tipo de carga térmica na carga total do dia em questão. As figuras
8, 9 e 10 correspondem, respectivamente, as porcentagens de tempo de carga atendida de 100%,
85% e 70%. Pela análise dessas figuras, observou-se que o calor mais crítico, nos três casos, é
o calor de insolação que corresponde a um valor médio de 65% da carga térmica total. Muito
disso se deve ao fato de haver muita incidência de raios solares na cidade Uberaba. Contribuem
também o fato de o teto do hospital ser preto e as janelas não serem munidas de atenuadores de
raios solares.

100% DO TEMPO
11% 13%
4%
Calor de Condução
4%
Calor de Insolação
9% Calor de Pessoas
Calor de Iluminação
Calor de Equipamentos
Calor da Entrada de Ar

59%

Figura 8 – Distribuição de carga para 100% do tempo atendido (Fonte: do Autor, 2018)

No caso em que se busca atender a carga térmica em 100% do tempo, verifica-se que o
segundo tipo de calor mais elevado foi aquele referente à condução. Tal fato se deve porque,
diferentemente dos outros dois casos, esses dados são correspondentes a um horário (às 15:00,
horário de Brasília) muito ensolarado que acontece no meio do verão (28/12/2017). Para reduzir
a influência desse tipo calor seria necessário alterar a espessura e/ou o material das paredes e
teto do hospital, o que não é viável.

Nos outros dois casos, o segundo tipo calor mais representativo foi o referente à
presença de pessoas. Infelizmente, nesse caso, uma vez que o Hospital possui recursos limitado
e não pode alocar menos pessoas em um só quarto, não há muito o que ser feito.
33

Com base no exposto acima, fica claro que a questão chave para diminuir a carga térmica
incidente no hospital das clínicas é a adoção de medidas que reduza a influência da carga
térmica de insolação. Portanto, algumas recomendações são: (1) pintar o teto, que atualmente é
preto, de branco; (2) instalar películas reflexivas nas janelas e (3) instalar persianas e cortinas.

85% DO TEMPO
5% 4%
6%

5%
Calor de Condução
Calor de Insolação
12% Calor de Pessoas
Calor de Iluminação
Calor de Equipamentos
Calor da Entrada de Ar
68%

Figura 9 – Distribuição de carga para 85% do tempo atendido (Fonte: do autor, 2018)

70% DO TEMPO
3% 1%
8%

7%
Calor de Condução
Calor de Insolação
Calor de Pessoas
14%
Calor de Iluminação
Calor de Equipamentos

67% Calor da Entrada de Ar

Figura 10 – Distribuição de carga para 70% do tempo atendido (Fonte: do autor, 2018)
34

A tabela 11 faz uma comparação entre o número condensadores (unidades externas) a


ser utilizado conforme a adoção do Sistema Split ou VRF, bem como os respectivos preços de
aquisição e consumos energético mensal.

Com base nas estimativas obtidas, foi feito um comparativo entre os dois tipos de
sistemas, ver tabela 12. Diante desse comparativo, observa-se que o custo de aquisição (o custo
de instalação pode ser superior) do sistema de ar condicionado do tipo VRF é inferior ao Split.
Outra vantagem no VRF é o significativo menor número de unidades condensadoras, 9 para o
VRF e 72 para o Split. Isso implica em uma menor complexidade para o sistema, o que reduz
a possibilidade de defeitos no sistema. Em contrapartida, o sistema Split apresentou uma melhor
eficiência energética, aproximadamente 20.000 kWh mensais a menos do que o VRF. Desse
modo devem ser ponderadas o custo benefício ao longo prazo mediante a escolha de cada um
desses sistemas. Devido a maior simplicidade e custo de aquisição, o sistema VRF é o mais
recomendado.

Tabela 11 – Comparativo dos Preços de Aquisição dos Equipamentos dos Sistemas de Ar Condicionado do Tipo
Split e VRF, ambos com inversor de frequência. (Fonte: do Autor)

Split 18000 BTU/h Split 12000 BTU/h


% do Tempo Marca: Samsung Marca: Samsung
atendido Consumo Consumo
n° Valor Total n° Valor Total
Mensal [kWh] Mensal [kWh]
100% 72 R$ 180.000,00 273470,4 107 R$ 214.000,00 270938,3
85% 48 R$ 120.000,00 182313,6 72 R$ 144.000,00 182313,6
70% 37 R$ 92.500,00 140533,4 55 R$ 110.000,00 139267,4
Split 9000 BTU/h
% do Tempo Marca: Samsung
atendido Consumo
n° Valor Total
Mensal [kWh]
100% 143 R$ 228.800,00 271571,3
85% 96 R$ 153.600,00 182313,6
70% 74 R$ 118.400,00 140533,4
Condensadora VRF 153500 BTU/h Condensadora VRF 95600 BTU/h
% do Tempo Marca: MDV4+ Marca: Hitachi
atendido Consumo Consumo
n° Valor Total n° Valor Total
Mensal [kWh] Mensal [kWh]
100% 9 R$ 135.000,00 291511,9 14 R$ 210.000,00 282417,3
85% 6 R$ 90.000,00 194341,3 10 R$ 150.000,00 201726,7
70% 5 R$ 75.000,00 161951,1 7 R$ 105.000,00 141208,7
35

Tabela 12 – Comparativo para seleção entre os sistemas VRF e Split aplicado ao Bloco C do Hospital das
Clínicas da UFTM. (Fonte: do autor)

Sistema de Ar
Sistema de Ar
Fator de Comparação Condicionado do tipo
Condicionado do tipo Split
VRF
Custo Estimado de Instalação R$ 135.000,00 R$ 180.000,00
Número de Unidades
9 72
Condensadoras
Consumo Energético Mensal [kWh] 291511,9 273470,4

Por fim, foram calculadas as cargas térmicas para o caso em que tenha sido aplicada as
recomendações de pintar o teto de branco; instalar películas reflexivas nas janelas, persianas e
cortinas. Desse modo, houve uma redução média de 65% para 35% da influência do calor de
insolação na carga térmica total, conforme as figuras 12, 13 e 14. Uma vez que a carga térmica
crítica foi reduzida em praticamente 160000 watts (conforme demonstra a tabela 13, que mostra
as novas cargas térmicas), fica claro que essa redução é verdadeiramente significativa. Portanto,
as recomendações não devem ser negligenciadas, mesmo que não seja feita a instalação do
sistema, a simples adoção dessas medidas aliviará significativamente a carga térmica no Bloco
B. A escala da coordenada da nova distribuição de carga, figura 11, mostra como a carga térmica
foi impactada.

A título de comparação, GALLO (2017) propôs duas sugestões de melhorias estruturais


no Hospital: (1) pintar a laje de cor clara e (2) construir uma parede com porta na área de
escrituração. Segundo ele, essas implementação reduziriam a carga térmica do bloco para
262611,3 W, valor superior a, aproximadamente, 24% da carga térmica crítica calculada no
presente trabalho.
36

Distribuição de Carga Térmica ao Longo do Ano


250000,0
200000,0
Carga Térmica [W]

150000,0
100000,0
50000,0
0,0
-250
-50000,0 750 1750 2750 3750 4750 5750 6750 7750 8750

-100000,0
-150000,0
n° da hora

Maio de 2017 Junho de 2017 Julho de 2017 Agosto de 2017


Setembro de 2017 Outubro de 2017 Novembro de 2017 Dezembro de 2017
Janeiro de 2018 Fevereiro de 2018 Março de 2018 Abril de 2018
Maio de 2018

Figura 11 – Após a implementação das recomendações, nova distribuição de carga térmica ao longo do ano (fonte:
do Autor, 2018)

100% DO TEMPO
20%
24%

Calor de Condução
Calor de Insolação
7% Calor de Pessoas
Calor de Iluminação
6% Calor de Equipamentos
Calor da Entrada de Ar

12% 31%

Figura 12 – Após a implementação das recomendações, nova distribuição de carga para 100% do tempo
atendido (Fonte: do Autor, 2018)
37

85% DO TEMPO
14% 17%

Calor de Condução
11% Calor de Insolação
Calor de Pessoas
Calor de Iluminação

10% Calor de Equipamentos


31%
Calor da Entrada de Ar

17%

Figura 13 – Após a implementação das recomendações, nova distribuição de carga para 85% do tempo atendido
(Fonte: do Autor, 2018)

70% DO TEMPO
-6% 6%

13%
Calor de Condução
Calor de Insolação
Calor de Pessoas
11%
Calor de Iluminação
44%
Calor de Equipamentos
Calor da Entrada de Ar

20%

Figura 14 – Após a implementação das recomendações, nova distribuição de carga para 70% do tempo atendido
(Fonte: do Autor, 2018)
38

Tabela 13 – Após a implementação das recomendações, nova potência necessária para que o sistema de
refrigeração atenda determinado percentual de tempo no ano. (Fonte: do Autor)

% do Tempo Atendido Potência [W] Potência [BTU/h]

100% 211241,1 720785


85% 139520,1 476063
70% 107178,0 365707

A tabela 14 faz uma comparação entre o número condensadores a ser utilizado após a
adoção das medidas recomendadas e conforme a adoção do Sistema Split ou VRF, bem como
os respectivos preços de aquisição e consumos energético mensal.

Conforme mostrado nas tabelas 14 e 15, a redução da carga térmica implica,


diretamente, na quantidade de unidades condensadoras necessárias, desse modo, também houve
uma redução significativa no custo e gasto energético do sistema. O número de unidades
condensadoras do sistema VRF caiu de 9 para 5 e o custo de aquisição foi reduzido em 48%
(economia de R$ 62.000,00). Já a quantidade de unidades condensadoras do sistema Split foi
reduzida de 72 para 41, representando uma economia de aquisição de 40% (R$ 77.500,00). A
economia no consumo mensal representa 13 mil e 12 mil kWh mensais para o sistema VRF e
Split, respectivamente.

Após aplicação das melhorias, nota-se (conforme a tabela 15), uma grande vantagem na
escolha do sistema VRF, que é mais barato na aquisição, possui menor número de unidades
condensadoras – tornando o sistema mais simples e evitando falhas. A única desvantagem do
sistema VRF seria o maior consumo energético (6225 kWh mensais) do que o sistema Split.
Desse modo, a recomendação continua sendo a aquisição do sistema VRF.
39

Tabela 14 – Após a implementação das recomendações, novo comparativo entre os sistemas VRF e Split, ambos
com inversor de frequência, aplicado ao Bloco C do Hospital das Clínicas da UFTM. (Fonte: do autor)

Split 18000 BTU/h Split 12000 BTU/h


% do
Tempo Marca: Samsung Marca: Samsung
atendido n° Consumo Consumo
Valor Total n° Valor Total
Mensal [kWh] Mensal [kWh]
100% 41 R$ 102.500,00 155726,2 61 R$ 122.000,00 154460,2
85% 27 R$ 67.500,00 102551,4 40 R$ 80.000,00 101285,4
70% 21 R$ 52.500,00 79762,2 31 R$ 62.000,00 78496,1
Split 9000 BTU/h
% do
Tempo Marca: Samsung
atendido n° Consumo
Valor Total
Mensal [kWh]
100% 81 R$ 129.600,00 153827,1
85% 53 R$ 84.800,00 100652,3
70% 41 R$ 65.600,00 77863,1
Condensadora VRF 153500 BTU/h Condensadora VRF 95600 BTU/h
% do
Marca: MDV4+ Marca: Hitachi
Tempo
atendido n° Consumo Consumo
Valor Total n° Valor Total
Mensal [kWh] Mensal [kWh]
100% 5 R$ 75.000,00 161951,1 8 R$ 120.000,00 161381,3
85% 4 R$ 60.000,00 129560,8 5 R$ 75.000,00 100863,3
70% 3 R$ 45.000,00 97170,6 4 R$ 60.000,00 80690,7

Tabela 15 – Após a implementação das recomendações, novo comparativo para seleção entre os sistemas VRF e
Split aplicado ao Bloco C do Hospital das Clínicas da UFTM. (Fonte: do autor)

Sistema de Ar Condicionado Sistema de Ar Condicionado


Fator de Comparação
do tipo VRF do tipo Split
Custo Estimado de Instalação R$ 75.000,00 R$ 102.500,00
Número de Unidades Condensadoras 5 41
Eficiência Energético Mensal [kWh] 161951,1 155726,2
40

6 – Conclusão

No presente trabalho foram apresentados conceitos básicos sobre sistemas de ar


condicionado, tais como os principais componentes, os mecanismos de transferência de calor
utilizados pelos sistemas de ar condicionado, além dos benefícios e da importância de munir
um ambiente hospitalar com um sistema desses. Também foi feito um estudo teórico sobre os
sistemas VRF e Split, apresentando suas principais vantagens e desvantagens.

Em seguida foi descrito todo um procedimento de cálculos da carga térmica do ambiente


ao qual foi aplicado juntamente com um ano de dados climáticos da cidade de Uberaba obtidos
de hora em hora pelo Programa de Monitoramento do Clima em Uberaba. Esses dados foram
trabalhos através de uma planilha desenvolvida pelo autor no software Excel.

Desse modo obteve-se uma distribuição anual da carga térmica requerida pelo sistema
pela qual notou-se que a carga crítica do sistema foi de 374558,4 Watts e que o tipo de calor
que mais influenciava nessa carga total era o referente a insolação, em média, 65% da carga.
Além disso, observou-se que as maiores demandas energéticas ocorrem entre os meses de
outubro e março, justamente na primavera e verão, estações caracterizadas por dias mais
quentes. A menores cargas térmicas (200.000 a 220.000 Watts nas altas do dia) aconteceram
em julho, mês no qual o inverno alcança auge.

Nessas condições, foi então estimado o custo de aquisição dos equipamentos


(R$135.000,00 para o sistema VRF e R$ 180.000,00 para o sistema Split), a quantidade de
unidades condensadoras (9 unidades para o sistema VRF e 72 unidades para o sistema Split) e
o gasto energético mensal (291511,9 kWh para o sistema VRF e 273470,4 kWh para o sistema
Split).

Posteriormente, considerou-se todas as medidas implementadas e assim foram refeitas


todas as estimativas de carga térmica e apresentados novos resultados que apontaram uma
redução média de 65% para 35% da influência do calor de insolação na carga térmica total,
representando uma redução de, aproximadamente 16.000 kWh de economia na condição mais
crítica. Essa redução na demanda energética do sistema fez reduzir a necessidade numérica de
unidades externas (5 unidades para o sistema VRF e 41 unidades para o sistema Split), o que
implicou diretamente no custo de aquisição dos equipamentos, apontando uma economia na
41

compra dos equipamentos de, aproximadamente, R$135.000,00 para o sistema VRF e R$


180.000,00 para o sistema Split. A respeito do consumo energético, a economia foi estimada
em cerca de 13 mil e 12 mil kWh mensais para o sistema VRF e Split, respectivamente. Assim,
esses resultados deixam claro como é importante seguir as recomendações citadas acima, uma
vez que representaram numa enorme redução de gastos.

Por fim, feita a comparação entre os dois sistemas, foi observado que o sistema VRF
possui menor custo de aquisição e menor número de unidades condensadoras, o que torna o
sistema mais simples e evita defeitos que geram gastos de manutenção. A única desvantagem
do sistema VRF é o maior consumo energético, 6225 kWh mensais a mais do que o sistema
Split. Portanto, concluiu-se que a aquisição do sistema VRF representa a melhor escolha para
o Hospital das Clinicas da UFTM.

Vale ressaltar que o presente trabalho expande a possibilidade para trabalhos futuros
que podem abranger mais especificamente a parte estrutural da instalação do sistema, uma
estimativa de custo que abranga aquisição, instalação e manutenção dos sistemas. O estudo da
utilização de uma manta térmica na laje do hospital também seria bastante proveitoso.
42

7 – REFERÊNCIAS

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Requisitos para projeto e execução das instalações. 2 ed. 2005.

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https://drauziovarella.com.br/doencas-e-sintomas/umidade-do-ar-reflexos-na-saude/
Acesso: 30/12/2017.
45

Anexo 1 – Planta Baixa do Bloco B do Hospital das Clínicas da UFTM

Figura 15 – Planta Baixa do 3º Andar do Bloco B do Hospital das Clínicas da UFTM


46

Figura 16 – Ampliação da primeira metade da planta baixa do 3º andar do bloco B do Hospital das Clínicas da UFTM
47

Figura 17 – Ampliação da segunda metade da planta baixa do 3º andar do bloco B do Hospital das Clínicas da UFTM

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