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UMA ANÁLISE COMPARATIVA DA JUSTIÇA DO DISTRITO


FEDERAL: Quanto tempo seria necessário para acabar com os
processos do TJDFT?

Justiça é consciência, não uma


consciência pessoal, mas a consciência
de toda a humanidade. Aqueles que
reconhecem claramente a voz de suas
próprias consciências normalmente
reconhecem também a voz da justiça.
Alexander Solzhenitsyn

Júlio Edstron S Santos 1


Fabiana Alves Calazans 2
Fabiane Cordova Tolentino3

RESUMO: Este artigo acadêmico demonstrou, por meio dos métodos de revisão bibliográfica e
análise de dados oficiais a aproximação entre a prestação de serviços jurisdicionais do Tribunal
de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) e o princípio constitucional da eficiência.
Para tanto, se percorreu sinteticamente a história do Judiciário no Brasil e especialmente na
Capital da República (DF) apontando sua relevância e dificuldades na atualidade. Por fim, com
base nos dados oficiais foram destacados os principais índices de produtividade deste Tribunal
e mostrado o tempo estimado para a finalização dos atuais processos, tanto com a
manutenção da taxa de entrada de novos processos, como, se hipoteticamente não houvesse
novos feitos judiciais.
Palavras chave: Poder Judiciário; TJDFT, Princípio da Eficiência.

ABSTRACT: This academic paper has demonstrated, through methods of bibliographic review
and analysis of official data, the approximation between the provision of jurisdictional services of
the Federal District Court and Territories (TJDFT) and the constitutional principle of efficiency. In
order to do so, the history of the Judiciary in Brazil and especially in the Federal District,
pointing out its current relevance and difficulties, was examined. Finally, based on the official
data, the main productivity indexes of this Court were highlighted and the estimated time for the
completion of the current processes was highlighted, both with the maintenance of the rate of
entry of new cases and, if hypothetically, there were no new legal actions.
Keywords: Judiciary; TJDFT, Principle of Efficiency.

1
Doutorando em Direito pelo Centro Universitário de Brasília – UNICEUB. Mestre em Direito
Internacional Econômico pela UCB/DF. Professor e Coordenador do Curso de Direito do
Uniplan/DF. Membro dos grupos de pesquisa Núcleo de Estudos e Pesquisas Avançadas do
Terceiro Setor (NEPATS) da UCB/DF, Políticas Públicas e Juspositivismo, Jusmoralismo e
Justiça Política do UNICEUB. http://lattes.cnpq.br/3095318192985067. E-mail:
edstron@yahoo.com.br
2Pós-Graduada em Gestão Pública pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU/MG.

Licenciada em Matemática pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU/MG. Graduando


em Direito pelo Centro Universitário Planalto do Distrito Federal - Uniplan/DF. Servidora do
Conselho Nacional de Justiça.
3 Pós-Graduada em Direito Constitucional pela Universidade Cândido Mendes - AVM

Faculdade Integrada/RJ. Licenciada em Física pela Universidade Católica de Brasília -


UCB/DF. Graduando em Direito pelo Centro Universitário Planalto do Distrito Federal -
Uniplan/DF. Servidora do Conselho Nacional do Ministério Público.
2

INTRODUÇÃO

Este paper, calcado na utilização dos métodos da revisão bibliográfica e


análise dos dados estatísticos oficiais aproximou academicamente a atuação
do Poder Judiciário do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), com o princípio
constitucional da eficiência, apontando com a verificação sistemática dos dados
oficiais, os principais indicadores de custos e atuação do TJDFT no ano de
2017.

Registramos que uma das marcas de um país em desenvolvimento são


as enormes diferenças sociais e econômicas, que impactam negativamente na
prestação de serviços públicos. No Brasil essa realidade não é diferente,
somos uma das maiores economias mundiais, mas em várias áreas há um
déficit de atendimento a população, como saúde, segurança e educação, o que
afeta consideravelmente a prestação dos serviços jurisdicionais.

Assim, pontuamos que o Poder Judiciário foi historicamente a estrutura


estatal orgânica, que julgava as demandas que lhe eram apresentadas,
atuando para a pacificação da sociedade. Porém, por fatores internos e
internacionais, este vem recebendo um maior reconhecimento, inclusive,
havendo um considerável aumento de suas competências na Constituição de
1988.

Como efeito do incremento de suas competências, o Poder Judiciário


brasileiro tem recebido um número cada vez maior de processos, atingindo no
ano de 2017 o impressionante número de mais de 80,1 milhões de processos
aguardando julgamento. Essa situação vem gerando desafios e críticas quanto
à qualidade da prestação jurisdicional, tanto doutrinárias, quanto populares.

Buscando resolver esta situação por meio da Emenda à Constituição n.


45 foi promovida uma reforma do Poder Judiciário e a criação do Conselho
Nacional de Justiça, sendo que estas ações visavam dinamizar a prestação
jurisdicional e ao mesmo tempo privilegiar o princípio constitucional da
eficiência.

Salientamos que o princípio da eficiência deve guiar todas as ações da


Administração Pública, levando-a, desta maneira, a tornar as ações estatais
3

mais eficazes, na busca pela efetivação dos direitos e garantias fundamentais


para a população.

Ao aproximarmos o princípio da eficiência das ações do Tribunal de


Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) foram apontados que
atualmente se encontram em andamento 674.538 (seiscentos e setenta e
quatro mil, quinhentos e trinta e oito) processos em tramitação, gerando uma
proporção de aproximadamente um feito judicial para cada quatro brasilienses.
Demonstrando ao mesmo tempo a fragilidade da Administração Pública que é
um das principais demandadas e a litigiosidade de nossa sociedade.

Por causa dessa dimensão o TJDFT no ano de 2017 teve um orçamento


total de: R$ 2.676.427.175 (dois bilhões, seiscentos e setenta e seis milhões,
quatrocentos e vinte e sete mil e cento e setenta e cinco reais), sendo que a
maioria dos gastos é com magistrados e servidores, deixando pouca margem
para o desenvolvimento de novas estratégias que efetivem o princípio da
eficiência.

Um fato que foi demonstrado é que caso não houvesse a entrada de


novos processos o TJDFT, com a estrutura atual demoraria estatisticamente
um ano e sete meses para zerar o seu estoque de processos. Contudo, devido
ao acúmulo processual, mantida a entrada de novas demandas, frente a taxa
de produtividade e eficiência atual, demorariam cinquenta e seis anos e sete
meses para que todos os processos sejam finalizados.

No texto apontamos que com os dados acima não realizamos um juízo


de valor, apenas constatamos pelos dados oficiais que há necessidade de que
a academia apoie as estruturas públicas na busca por soluções que efetivem o
princípio da eficiência pela Administração Pública e no caso em tela pelo
Judiciário do Distrito Federal e Territórios.

Portanto, a conclusão inescapável deste artigo acadêmico é: Algo


precisa ser feito!
4

2 PODER JUDICIÁRIO NO BRASIL: uma ligeira conceituação

O Poder Judiciário do ponto de vista histórico é o guardião do


cumprimento do Direito, zelando através dos tempos pelo implemento das leis
e na atualidade também é o guarda da realização integral da Constituição de
cada país. Este poder já sofreu cerceamentos com os regimes autoritários,
cometeu deslizes históricos, mas também teve um papel importante na
concretização dos direitos através dos tempos, bem como demonstrou Arnaldo
Godoy, para quem: “verifica-se que as togas não temeram os tanques de
guerra” (2008, p. 197), citando o exemplo, do Habeas Corpus 40.976-GB,
impetrado pelo escrito Calos Heitor Cony, contra perseguição política, ao
tempo do último regime militar no Brasil. Destacando-se ainda a seguinte
síntese acadêmica sobre a sua instauração deste órgão estatal no Brasil:

O Poder Judiciário brasileiro começou a se estruturar com a


transferência da corte real de Lisboa para o Rio de Janeiro, no início do
século XIX. Em 1808, o Tribunal estava com cerca de 200 anos quando
a Corte portuguesa veio para o Brasil, fugindo da guerra na Europa. O
Rio de Janeiro passou a ser a capital do Brasil e, nesse mesmo ano, o
Príncipe Regente, Dom João VI, por meio de um decreto régio, criou
um Conselho Supremo Militar, o Banco do Brasil e substituiu o Tribunal
de Relação do Rio pelo Desembargo do Paço. (DISTRITO FEDERAL,
2006, p. 21)
No Brasil o Poder Judiciário teve amparo em todas as nossas
Constituições, reconhecendo-se que: “o estabelecimento do Judiciário
enquanto poder autônomo é resultado de um longo processo de transformação
nas organizações brasileiras” (STRECK, 2018, p. 1413). Assim, este poder teve
um papel importante tanto na efetivação dos direitos e garantias essenciais,
quanto da própria democracia brasileira ao longo de nossa história.

Há, inclusive, o reconhecimento de sua relevância desde a égide da


Constituição Imperial de 1824, descrita academicamente pelo jurista Pimenta
Bueno, para quem: “O poder judiciário, segundo nosso direito público, é um
poder político distinto e independente, é, como os demais poderes, uma
emanação da autoridade soberana da nação”. (BUENO, 1958, p. 317).
5

Por conseguinte, atualmente4 no Brasil, o Executivo, o Legislativo e o


Judiciário são estruturas orgânicas com alto grau de especialização,
denominadas constitucionalmente de poderes e são: “independentes e
harmônicos entre si”(BRASIL, 2018, p1), tal como demonstra o artigo 2° da
nossa Constituição Cidadã, seguindo a velha lição de Montesquieu (2003).
Porém, presentemente também se constata que há pontos de contato entre
eles, tais como: o compartilhamento do orçamento público e os focos de tensão
gerados com a criação e aplicação das leis.

O Poder Judiciário historicamente teve a função principal de julgar os


casos que lhe são apresentados, contudo, com o passar do tempo, ele recebeu
uma acentuada valorização em suas atividades, principalmente após os
horrores da Segunda Guerra Mundial, como demonstram os estudiosos do
movimento jurídico difuso e variado denominado de neoconstitucionalismo, tais
como Miguel Carbonell (2003), Georges Abbooud (2016) e Eduardo Gambi
(2011), devendo ser lembrando a seguinte lição doutrinária:

A existência do Poder Judiciário no Estado Democrático de Direito é


assim, de importância vital. Amesquinhá-lo ou procurar diminuir, até
mesmo por via obliqua ou reflexa, a sua independência, são condutas
que colocam em risco, até mesmo, as conquistas armazenadas, por
séculos, em favor da Humanidade (SANDOVAL, 2012, p.182).
Neste sentido, também Ferreira (2016) identificou que o Poder Judiciário
no Brasil atuou como impulsionador dos direitos e garantias fundamentais, uma
vez que, por ter garantias constitucionais como, por exemplo, a
inamovibilidade, pode enfrentar questões polémicas sem o perigo de
represarias políticas. Portanto, em um ambiente democrático o Judiciário pode
assumir a liderança da proteção de direitos que são reconhecidos, mas que
ainda não receberam a proteção expressa da legislação tal como o casamento
homoafetivo, que ainda divide opiniões populares.

Como uma das consequências do incremento das atribuições do Poder


Judiciário, a Constituição Brasileira de 1988 concedeu amplas competências a
esse poder e, sobretudo, reconheceu o “princípio da inafastabilidade da
jurisdição” (BRASIL, 2018, p 5), ou seja, todos estão submetidos à jurisdição

4
Deve-se lembrar de que na Constituição Imperial de 1924 houve a única experiência de
estabelecimento de quatro poderes instituídos: Executivo, Judiciário, Legislativo e Moderador.
6

estatal e ao mesmo tempo o Judiciário deve responder a todos os


questionamentos que lhe são apresentados.

Valendo, neste diapasão, a lembrança da vetusta lição do Ministro do


Supremo Tribunal Federal (STF) Ilmar Galvão: “a garantia de acesso ao
Judiciário não pode ser tida como certeza de que as teses serão apreciadas de
acordo com a conveniência das partes” (BRASIL, 2018, p. 45), ou seja, o Poder
Judiciário tem o dever de responder as partes, não de acatar os seus pedidos,
que devem ser avalizados a luz de um processo democrático de avalição das
provas apresentadas pelos contentores.

Devido ao seu reconhecimento constitucional houve uma hipertrofia


deste poder em nosso país, que em 2017 contava com uma força de trabalho
de 18.168 (dezoito mil, cento e sessenta e oito) magistrados providos, 272.093
(duzentos e setenta e dois mil e noventa e três) servidores e 158.703 (cento e
cinquenta e oito mil e setecentos e três) auxiliares, o que resultou em um gasto
equivalente a 90,5% da despesa total do Poder Judiciário, que naquele ano era
de: R$ 90.846.325.160 (noventa bilhões, oitocentos e quarenta e seis milhões,
trezentos e vinte e cinco mil e cento e sessenta reais), segundo o relatório:
“Justiça em Número 2018”. Sendo que historicamente houve ainda a seguinte
evolução de gastos e investimentos:

Gráfico 15

5
Gráfico elaborado pelos autores com base no documento “Justiça em Números” do Conselho
Nacional de Justiça
7

Reconhece-se também que devido à expansão de suas competências


constitucionais houve um exponencial aumento do número de processos
apresentados a justiça, chegando-se no ano de 2017 a casa dos 80,1 milhões
de processos pendentes como demonstrou o levantamento oficial: Justiça em
Números”6. Causando congestionamentos na prestação jurisdicional e
problemas de todas as ordens, especialmente pessoais, sociais e econômicas.

Assim, buscando sanar problemas estruturais no Poder Judiciário e em


sua prestação de serviços a sociedade, foi promulgada a Emenda à
Constituição de número 45 (EC/45), no ano de 2004, realizando uma reforma
constitucional no tocante ao Judiciário, provocando alterações sensíveis na
atuação judicial, que passou a ser pautada pelo direito à “razoável duração do
processo” (BRASIL, 2018, p 06).

Registra-se que desta maneira também se valorizou a utilização do


princípio constitucional da eficiência, através da atuação de um órgão
especifico chamado de Conselho Nacional de Justiça, que tem a função de
supervisionar as atividades administrativas e financeiras deste poder
republicano.

O presente órgão bem pode servir para auxiliar no combate aos males
que acometem o Poder Judiciário, a saber, a delonga em exercer a
função jurisdicional e a ausência de transparência, decorrente de sua
natureza fechada, infenso que é as tentativas fiscalizatórias.
(TAVARES, 2018, p. 971)
Neste sentido, o Poder Judiciário se encontra em uma encruzilhada já
que recebeu uma ampla competência constitucional, em um país que esta em
desenvolvimento e logo tem grandes desafios sociais e econômicos. Ao
mesmo tempo deve ser efetivo na prestação jurisdicional, já que recebe um
grande aporte financeiro e administrativo e está sob a tutela dos princípios
constitucionais tais como a previsão expressa de atuação com eficiência, como
será demonstrado a seguir.

2.1 O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Território (TJDFT) e o


princípio constitucional da eficiência

6
A publicação Justiça em Números é um levantamento de dados do Poder Judiciário, que é
sistematizado e disponibilizado, por meio físico e eletrônico, gratuitamente pelo Conselho
Nacional de Justiça (CNJ).
8

Após verificarmos que o Poder Judiciário tem uma complexa função de


julgar os casos que lhe são apresentados, apontamos que ele possui um
capítulo próprio na Constituição Republicana de 1988, que lhe atribui
prerrogativas e expõe os seus órgãos, entre eles a chamada “Justiça Estadual”.
Que trata do reconhecimento da competência dos Estados membros de legislar
e se auto organizar, inclusive, quanto a estrutura do Judiciário, conforme
possibilita o artigo 125 de nossa Norma Ápice, seguindo a nossa tradição
desde a Constituição de 1934.

Neste sentido, o Distrito Federal, que é um ente do Estado brasileiro,


com competência hibrida no sentido de que acumula as funções dos Estados
membros e dos Municípios, tem seu próprio Poder Judiciário seguindo preceito
constitucional que visa auxiliar o desenvolvimento e pacificação da sociedade
sobre a sua jurisdição. Lembrando a seguinte lição doutrinária:

Historicamente, vindo desde o Governo Provisório da República dos


Estados Unidos do Brasil, há extensa legislação de organização
judiciária para o Distrito Federal, com modificações que se introduziram
ao sabor da ampulheta do tempo. (MESQUITA, 1981, p. 1)
Lembramos também que o Distrito Federal foi uma construção jurídica
da nossa Primeira República para que se consolidasse a sede do poder político
de nosso país e neste sentido, quase sempre, houve a intenção de interioriza-
la por vários motivos, como, por exemplo, a segurança da capital de nossa
nação que até então ficava no litoral onde poderia ser alvo de uma invasão
estrangeira, como apontaram Enaildo Viana e Ricardo Rabinovich (2018), ou
ainda como demonstra o seguinte excerto:

A idéia da mudança da capital do Brasil foi defendida em 1789, por


Tiradentes. Na época ele propunha a transferência para a Vila de São
João Del Rei, interior de Minas. Foi o passo inicial, uma longa e quase
interminável trajetória. A idéia da interiorização da capital, já no
Planalto Central, foi defendida por figuras conhecidas da nossa história,
como o jornalista Hipólito José da Costa, fundador, em Londres, do
Correio Braziliense, em 1808, quando enfocou na edição de 1813 a
questão. No curso, surge a adesão de figuras de peso como a de José
Bonifácio de Andrada e Silva, patriarca da Independência. Dele teria
partido a sugestão de dar à futura cidade o nome de Brasília. O
historiador Francisco Adolfo de Vanhargem, o Visconde de Porto
Seguro, tornou-se ardoroso defensor da idéia, chegando, em 1877, aos
61 anos, em lombo de burro, a realizar uma penosa viagem ao Planalto
Central, a fim de conferir o local onde deveria ser a capital. Em 1891 os
constituintes republicanos inseriram no texto constitucional o principio
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da mudança da capital, consagrado nas constituições que se seguiram.


(DISTRITO FEDERAL, 2006, p. 32)
Porém, apenas no governo do então Presidente Juscelino Kubistchek
houve a construção de nossa atual capital, que recebeu o nome de Brasília foi
inaugurada no dia 21 de abril de 1960, inclusive, contando, com uma estrutura
do Poder Judiciário, que inicialmente foi formada por juízes e desembargadores
que optaram por se mudar para a nova sede do Brasil. Destarte, sobre a
formação do Poder Judiciário do Distrito Federal apresentamos a seguinte lição
histórica sobre os primórdios deste poder em Brasília:

Em 13 de abril de 1960 a Lei foi votada pelo Senado em regime de


urgência, sendo levada no dia seguinte à sanção presidencial. Assim
nasceu a 1ª Lei de Organização Judiciária, de número 3.754 de 14 de
abril de 1960, que passou a regulamentar o Poder Judiciário da Nova
capital. A magistratura passaria a ser recrutada por meio de concurso.
Foi feita a primeira composição dos órgãos de 1a e 2a instâncias
mediante transferência, a pedido, de Desembargadores, Juízes de
Direito e Juízes Substitutos da Justiça do Distrito Federal e dos demais
Estados. (DISTRITO FEDERAL, 2006, p. 32)
Salientamos que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios
também guarda uma particularidade que é á competência de estabelecer
jurisdição sobre os territórios que vierem a existir no Brasil. Não nos olvidamos
que em linguagem técnica “território” é o espaço que está sob a guarda do
governo federal, dentro dos limites dos Estados membros, portanto, são
municípios vinculados diretamente a União, tal como já aconteceu com
Fernando de Noronha, por exemplo. Porém, por questões políticas está é uma
instituição em pleno desuso na Terceira República Brasileira, já que nenhum
membro da Federação brasileira quer perder espaços geográficos para a
União.

Seguindo, da sua criação com apenas oito juízes na primeira instância


em 1960, o TJDFT, no ano de 2017 contava o serviço de 389 (trezentos e
oitenta e nove) magistrados, 7.342 (sete mil trezentos e quarenta e dois)
servidores e 5.037 (cinco mil e trinta e sete) auxiliares, o que resultou em um
gasto equivalente a 93,1% da despesa total do Tribunal que, naquele ano, era
de: R$ 2.676.427.175 (dois bilhões, seiscentos e setenta e seis milhões,
quatrocentos e vinte e sete mil e cento e setenta e cinco reais).

O número apresentado acima se torna ainda mais significativo quanto


notamos que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o
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Distrito Federal em 2018 atingiu o número de “2.974.703 pessoas”, ou seja, há


um alto valor de manutenção do Poder Judiciário, se comparado com o número
de habitantes desta unidade da Federação brasileira. Assim em 2017, segundo
o CNJ, o custo da justiça no TJDFT foi de R$ 892,15 por habitante, mais que o
dobro da média nacional que foi de R$ 437,47, devendo-se fazer uma reflexão
acerca dos motivos desta discrepância, já que não há óbices como a distância
territorial, como em outros entes federados.

Frente aos elevados gastos com o Poder Judiciário deve-se ainda


analisar que: “a ideia de se elevar a eficiência a princípio constitucional da
Administração Pública indica que a sociedade brasileira não está satisfeita com
os serviços recebidos pelo Estado” (SANTOS, 2016, p. 57). Constata-se, que
em um ambiente de ‘tempos líquidos’ tal como proposto por Zigmunt Bauman
(2007), em que as mudanças são constantes e a incerteza está quase sempre
presente, a estrutura estatal se encontra em constante adaptação, para atender
a população.

Dessa maneira, frente aos problemas atuais, a sociedade exige


constantes modificações, como as crescentes cobranças populares por mais
resultados nas ações estatais ou a resolução dos 81,1 milhões de processos
judicias ativos em nosso país no ano de 2017, que ainda aguardam julgamento.
Em conclusão lógica esses problemas acarretam também uma má prestação
jurisdicional, deixando a sensação de que algo precisa ser alterado, gerando,
inclusive, a constatação de que:

Com o progresso tecnológico, as mudanças sociais têm ocorrido com


muita rapidez. Mas o Estado, cuja finalidade essencial é servir à
população continua, pelos seus órgãos, a mover-se lentamente, sem
encurtar a estrada ou aumentar o passo (RIBEIRO, 2015, p. 70)
É válido lembrar que a atual Administração Pública, em sentido amplo,
abarca todas as atividades desenvolvidas pelo Estado, inclusive aquelas
prestadas pelo Judiciário. Sendo que as medidas tomadas por este poder
também estão sob a égide do modelo de administração gerencial, o qual
estabelece metas e que se foca nos resultados. Contudo, por ter natureza
pública, essas atividades devem estar amparadas pelas normas constitucionais
e legais, devido ao princípio constitucional da legalidade. Ainda ressaltamos a
noção de que “a marca mais visível da reforma do Estado Brasileiro foi à
11

introdução da exigência de conduta eficiente, elevada a condição de princípio


constitucional” (MIRAGEM, 2013, p. 35).

Neste sentido, espera-se que a prestação jurisdicional também siga esse


padrão de conduta em que há valorização do cumprimento dos objetivos
estabelecidos para cada órgão público para uma prestação de serviços
eficiente e efetiva. Sendo está também à conclusão apresentada pelo então
Ministro Ayres Britto no Habeas Corpus n°. 94.000 da seguinte maneira:

(...) de nada valeria a CF declarar com tanta pompa e circunstância o


direito à razoável duração do processo (e, no caso, o direito à
brevidade e excepcionalidade da internação preventiva), se a ele não
correspondesse o direito estatal de julgar com presteza. Dever que é
uma das vertentes da altissonante regra constitucional de que a "lei
não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito" (inciso XXXV do art. 5º). Dever, enfim, que, do ângulo do
indivíduo, é constitutivo da tradicional garantia de acesso eficaz ao
Poder Judiciário ("universalização da Justiça", também se diz).
(BRASIL, 2018, p. 543)
Deste modo, o ponto fulcral deste paper é apontar que todos os poderes
constituídos de República Brasileira estão submetidos aos mecanismos e
estruturas de controles internos e externos, como é do espírito democrático e
republicano, inclusive, positivados no Preâmbulo da nossa Constituição desta
maneira impõe um dever de atuação a todos os órgãos de nosso país.

Lembramos ainda que: “a eficiência transmite sentido relacionado ao


modo pelo qual se processa o desempenho da atividade administrativa,
portanto, a conduta do agente” (CARVALHO FILHO, 2018, p. 32). Desta forma,
não podemos nos olvidar que, especificamente sobre o prisma jurídico:

A eficiência de que se trata quando se refere ao princípio jurídico-


constitucional da eficiência, embora tenha origens nas ciências
econômicas, é conceito jurídico, daí porque não se admite – sob
qualquer alegação – mera transposição de conceitos econômicos para
definição do princípio. Certamente, exercem influência, põem não
determinam. (MIRAGEM, 2013, p. 39).
Neste sentido, o TJDFT em sua função jurisdicional também deve
primar pelo princípio constitucional da eficiência, visando incluir o cidadão na
sua tomada de decisão, seja no plano processual ou estratégico como a
abertura ou fechamento de varas judiciais e ao mesmo tempo resolver
problemas sociais que lhe são apresentados todos os dias.

Melhorar a governança pública, ouvir a população, planejar melhor, ter


bons processos de trabalho, escolher servidores públicos com critério,
ter indicadores que possam ser mensurados e melhorados
12

continuamente, articular a atuação dos diversos agentes sociais,


divulgar com total transparência os resultados alcançados e,
consequentemente, criar condições favoráveis para investimentos
internos e externos e para o desenvolvimento nacional sustentável.
(NARDES; ALFOUNIAN; VIEIRA, 2016, p.199).
Portanto, do ponto de vista jurisdicional observa-se, ainda pelo relatório
oficial do CNJ, que o TJDFT cresceu recebeu um incremento do volume
processual nos últimos cinco anos, com exceção do ano de 2017, o que se
verifica na tabela abaixo relativa à gestão judiciária.

GESTÃO JUDICIÁRIA TJDFT


Ano
2013 2014 2015 2016 2017
Processos
Casos Novos 395.052 417.789 431.135 469.858 431.758
Pendentes 528.441 553.532 653.722 767.797 674.538
Baixados 468.984 469.800 416.759 423.970 443.636
Sentenças 428.076 452.273 410.875 455.956 406.951
Tabela 1

Pelo bem da clareza numérica o restante dos gastos (6,9 %) do total do


orçamento corresponde a outras despesas que se dividem em correntes,
despesa com capital e informática, segundo dados retirados do painel Justiça
em Números do Conselho Nacional de Justiça do ano de 2018, se relacionando
com a própria manutenção das atividades do Tribunal, como por exemplo, a
compra de computadores. Sendo que historicamente houve a seguinte
evolução dos gastos deste órgão do Poder Judiciário quanto aos gastos e
investimentos do TJFT:
13

Billions R$2.8
R$2.68

R$2.6
R$2.59
R$2.40
R$2.4 R$2.43
R$2.27 R$2.34
R$2.29
R$2.2 R$2.24 R$2.25

R$2.0
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Gráfico 27

Salienta-se ainda que a despesa total do Tribunal no ano de 2017 teve


um crescimento de 3,5% em relação ao ano anterior, resultado de um aumento
de 2,57% das despesas de pessoal e 18,1% das outras despesas. Este
aumento de gastos foi ocasionado pelo crescimento na ordem de 48,1% nas
despesas de capital, e 65,1% nas despesas de informática. Em contrapartida,
as despesas correntes caíram em 6,47%, causando equilíbrio nas contas do
TJDFT no ano de 2017.

Uma constatação que já pode ser feita é que há um constante aumento


do investimento estatal no Poder Judiciário, reconhecendo-se o seu
protagonismo na efetivação dos direitos e garantias fundamentais. Sendo que
esta situação apresenta defensores e críticos como dissertou Max Moller
(2011).

Ainda com base nos dados oficiais o Tribunal de Justiça do Distrito


Federal e Territórios finalizou o ano de 2017 com 674.538 (seiscentos e setenta
e quatro mil, quinhentos e trinta e oito) processos em tramitação, aguardando
alguma solução definitiva, ou seja, há praticamente um procedimento judicial
para cada 4 brasilienses, o que demonstra a litigiosidade de nossa atual
sociedade e ao mesmo tempo a deficiência da efetivação dos direitos
fundamentais, tendo em vista, que a Administração Pública é uma das
principais demandadas no TJDFT, tal como demonstra o gráfico abaixo:

7
Gráfico elaborado pelos autores com base no painel Justiça em Números do CNJ.
14

Casos novos por assuntos - 2017


DIREITO DO TRABALHO 101
DIREITO PREVIDENCIÁRIO 2,484
REGISTROS PÚBLICOS 4,921
DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS… 19,823
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 25,650
DIREITO TRIBUTÁRIO 46,348
DIREITO PROCESSUAL PENAL 57,436
DIREITO DO CONSUMIDOR 75,848
DIREITO PENAL 149,852
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO 169,624
DIREITO CIVIL 256,103
0 50,000 100,000 150,000 200,000 250,000 300,000

Gráfico 38

A existência de um grande número de processos exige uma estrutura


física e uma elevada quantidade de pessoal, já que os litígios não param de ser
apresentados. Segundo o relatório “Justiça em Números”, no TJDFT, em
média, a cada grupo de 100.000 habitantes, 12.325 ingressaram com uma
ação judicial no ano de 2017, sendo que: “neste indicador são computados
somente os processos de conhecimento e de execução de títulos extrajudiciais,
excluindo, portanto, da base de cálculo, as execuções judiciais iniciadas”
(Relatório Justiça em Números 2018, p 78).

Salientamos que o alto número de processos aumenta os custos


estatais, bem como gera angústia aos envolvidos, devido à demora na
prestação dos serviços judiciais. A eficiência é um direito fundamental
essencial para pacificação da atual sociedade, sendo inaceitável a morosidade
nos feitos judiciais, conforme a vetusta lição de Rui Barbosa: "Justiça tardia
não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta" (BARBOSA, 2004, p.
46).

Avançando, o gráfico a seguir apresenta a evolução nos últimos cinco


anos da demanda processual analisada na tabela 1, apontando como há um
crescimento constante do número de processos e ao mesmo tempo a

8
Gráfico elaborado pelos autores com base no documento “Justiça em Números” do Conselho
Nacional de Justiça
15

manutenção do volume de trabalho desenvolvido na prestação do serviço


judiciário, gerando demora na prestação jurisdicional aplicada no Distrito
Federal:

800000
750000
700000
650000
Casos Novos
600000
Pendentes
550000
Baixados
500000
Sentenças
450000
400000
350000
2013 2014 2015 2016 2017

Gráfico 39

Desta maneira, segundo o gráfico acima os casos novos aparecem em


ascendência até 2016, entretanto no ano de 2017, estes diminuem o
equivalente a 8% em relação ao ano anterior. Nota-se ainda que os processos
baixados aumentaram progressivamente até 2014 e diminuíram de forma
considerável em 2015, voltando a crescer nos anos 2016 e 2017.

Também se verifica que os acumulados dos processos pendentes no


TJDFT foram reduzidos no ano de 2017, uma vez que os baixados
aumentaram e os casos novos minguaram. Ocorrendo um acréscimo de 5% no
volume dos processos finalizados, como demonstrando pelos dados deste
Tribunal, que vem adotando práticas que privilegiam o princípio da eficiência.

De 2013 até 2016, houve um crescimento acumulado de 45,3% dos


processos em tramitação. Em contrapartida, em 2017 foi o único ano que se
obteve uma redução de 12% do estoque, ou seja, uma diminuição de 93.259
(noventa e três mil, duzentos e cinquenta e nove) processos. Pontuamos que
esta ação foi um importante movimento para se diminuir os processos em

9
Gráfico elaborado pelos autores com base no painel Justiça em Números do CNJ.
16

tramitação em todo TJDFT e consequentemente melhorar a qualidade da


prestação judiciária.

Como consequência em 2016, a taxa de congestionamento dos


processos que era de 64,4%, caiu para 60,3% no ano de 2017, conforme
gráfico abaixo, devido a ações pontuais do TJDFT, como, por exemplo, o
investimento em conciliações, evitando-se, por exemplo, casos como o mais
antigo processo ativo deste Tribunal que data de 24 de março de 1969,
versando sobre um divórcio consensual:

Taxa de Congestionamento - TJDFT


70% 64.40%
65% 60.30%
60%
53% 54.10%
55% 51.10%
50%
45%
40%
2013 2014 2015 2016 2017

Gráfico 410

Pontuamos, a bem da clareza conceitua, que a taxa de


congestionamento pode ser definida como o “indicador que mede o percentual
de casos que permanecem pendentes de solução ao final do ano-base, em
relação ao que tramitou (soma dos pendentes e dos baixados)”, tal como
demonstrou o RELATÓRIO JUSTIÇA EM NÚMEROS 2018 (p. 72), ou seja,
este dado é a diferença entre os procedimentos judiciais pendentes e aqueles
que terminaram durante o prazo de um ano.

É necessário ainda informar que: “de todo o acervo, nem todos os


processos podem ser baixados no mesmo ano, devido à existência de prazos
legais a serem cumpridos, especialmente nos casos em que o processo
ingressou no final do ano-base” (RELATÓRIO JUSTIÇA EM NÚMEROS 2018,
p. 72), seguindo desta maneira, a legislação vigente que impõe prazos
processuais a serem seguidos.

10
Gráfico elaborado pelos autores com base no painel Justiça em Números do CNJ.
17

Ressaltamos também que há uma diferença considerável entre o


número de casos novos em 2017 somados aos pendentes acumulados do ano
anterior em relação ao número de processos baixados. Ao somar os casos
pendentes de 2016 com os processos novos de 2017, obtivemos 2,7 vezes
mais processos do que o número dos baixados em 2017. Buscando a exatidão
terminológica, nosso pensamento, é como dizer que enquanto a soma dos
processos pendentes recebidos de 2016 e dos casos novos de 2017 fossem
equivalente a 250 processos, o TJDFT baixa apenas 100 processos em 2017,
ficando, portanto, 150 processos a espera de finalização.

Estas disparidades exprimem a realidade de que, mesmo se mantido a


produtividade dos magistrados e servidores e que não houvesse a entrada de
novas demandas, o tempo de giro911 do acervo seria de 1,52, o que
corresponde a aproximadamente 1 ano e 7 meses de trabalho para zerar o
acervo. Exemplificando, considere esporadicamente que se todo o acervo de
2017 foi autuado em 31/12/2017, então o acervo seria finalizado apenas em
01/08/2019, caso não houvesse alguma mudança estrutural no TJDFT.

Sob outra perspectiva, utilizando-se o mesmo cenário de 2017 e


mantendo-se os números de casos novos e baixados constantes nos próximos
anos e repetindo-se o número de processos pendentes, seriam necessários
aproximadamente 56 anos e 10 meses de trabalho para zerar o estoque.

Percebe-se que para zerar o estoque há uma necessidade de baixar


mais processos que o número de processos novos que entram anualmente,
assim reduz-se o estoque dos processos pendentes de anos anteriores e
diminui-se o acervo dos processos em tramitação. No caso acima,
demostramos com a seguinte fórmula:

PENDENTES2017 674538
  56,8 anos
( BAIXADOS 2017  NOVOS 2017) 443636  431758

11
Giro é o tempo ano de atuação do processo, informado ao CNJ
18

Ou seja, 0,8 anos, equivale a 80% de um ano de 12 meses,


aproximadamente 10 meses.

Salientamos que o cálculo feito acima leva em conta apenas os dados


oficiais apresentados pelo CNJ que apontam uma média histórica indicada
pelos próprios Tribunais. Logo eles são válidos no sentido de se demonstrar
tendências. Assim, nossa apresentação se coaduna com a situação atual e
busca apontar academicamente um gargalo que precisa ser corrigido para que
seja efetivado o princípio fundamental da eficiência na prestação jurisdicional
do TJDFT.

Ante o exposto, o elevado número de processos apresentados ao


TJDFT consiste em uma das principais causas na demora da prestação
jurisdicional no Distrito Federal. Contudo, verifica-se que para redução do
acervo dos processos em tramitação, Sendo necessário aumentar a
produtividade do Tribunal, elevar o número de casos baixados e diminuir a
demanda recebida (casos novos) anualmente, para que se consolide o
princípio da eficiência neste órgão da Administração Pública Distrital.

Por fim, temos que o princípio constitucional da eficiência deve ser


buscado pelo TJDFT porque sua atuação deve reconhecer que cada processo
apresentado é além de um dado quantitativo uma vida que necessita de uma
resposta eficaz do Estado-juiz.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio de uma revisão bibliográfica e de uma análise dos dados


oficiais, demonstramos a relevânia do Poder Judiciário na atualidade,
especialmente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT),
por ser o objeto desta pesquisa, para a efetivivação dos direitos e garantias
fundamentais.

Demonstramos que com a promulgação da Emenda à Constituição de


n°. 45 (EC/45), houve uma maior preocupação com o estabelecimento de
19

metas e do cumprimento do princípio constitucional da eficiência pelos órgãos


do Judiciário brasileiro.

Destacamos principalmente que na busca pela concretização do


princípio da eficiência, na prestação jurisdicional brasileira, foram verificados
resultados positivos como um maior acesso a jurisdição e negativos tal qual a
demora na prestação de serviços jurisdicionais.

Isso posto, apresentamos, de forma sintética, as referências sobre como


o Poder Judiciário teve ancestralmente a função de julgar os casos que lhe
eram apresentados, atuando na busca pela pacificação social. Contudo, a partir
da Segunda Guerra Mundial, o Judiciário passou a receber um maior
reconhecimento no âmbito internacional. Sob essa ótica, no Brasil, com a
Constituição de 1988, esse poder foi dotado de amplas competências que
proporcionaram o reconhecimento constitucional do direito ao acesso à justiça
pelos cidadãos e, consequentemente, passou a receber substanciais aportes
humanos e financeiros.

Como reconhecimento da relevância do Poder Judiciário e da expansão


de suas competências, houve um acúmulo de processos, inclusive,
ultrapassando a casa dos 80,1 milhões de procedimentos judiciais no ano de
2017 em nosso país. Como consequência, há grandes reclamações
doutrinárias e populares sobre a morosidade e a prestação de serviços
judiciários.

Salientamos que o princípio da eficiência deve guiar todas as ações da


Administração Pública, melhorando, desta maneira, a tornar as ações estatais
mais eficazes na busca pela efetivação dos direitos e garantias fundamentais,
que ainda precisam ser implementados em nosso país.

Buscamos aproximar juridicamente o princípio da eficiência das ações


do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), apontando que
atualmente se encontra em andamento mais de 674.538 (seiscentos e setenta
e quatro mil, quinhentos e trinta e oito) processos em tramitação, gerando uma
proporção de aproximadamente quatro ações judiciais para cada morador de
Brasília.
20

Sendo que esta situação demonstrou simultaneamente a fragilidade da


Administração Pública que é um das principais demandadas e a litigiosidade de
nossa sociedade, que não consegue resolver os seus problemas sem a
intervenção estatal.

Neste sentido, devido ao alto volume de processos o TJDFT no ano de


2017, utilizou um orçamento total de: R$ 2.676.427.175 (dois bilhões,
seiscentos e setenta e seis milhões, quatrocentos e vinte e sete mil e cento e
setenta e cinco reais). Contatando-se pelos dados oficiais que a maioria dos
gastos efetuados por este Tribunal foi com os seus magistrados e servidores.

Pela análise dos dados oficiais foi apontado que hipoteticamente caso
não houvesse a entrada de novos processos o TJDFT, com a atual estrutura
física, quantidade de magistrados e de servidores, demoraria estatisticamente
um ano e sete meses para zerar seu estoque de processos.

Porém, devido ao acúmulo processual, se for mantida o número de


novas demandas, frente a taxa de produtividade e eficiência atual, haverá a
demora de cinquenta e seis anos e sete meses para que todos os processos
sejam finalizados pelo TJDFT.

Portanto, em nosso texto apontamos, com base nos dados oficiais, sem
um juízo de valor, que há a necessidade de que a comunidade acadêmica
apoie as estruturas públicas, inclusive do Judiciário, na busca por soluções que
efetivem o princípio da eficiência pela Administração Pública e no caso em tela
pelo Judiciário do Distrito Federal e Territórios, para que a prestação de
serviços jurisdicionais não causem prejuízos as partes e a própria sociedade.

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