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ECOLOGIA EM FOCO
ENSAIOS EM ECOLOGIA, CIÊNCIAS AMBIENTAIS E
QUALIDADE DE VIDA AMBIENTAL DIVULGADOS NO BLOG
www.ecologiaemfoco.blogspot.com de junho/2007 a setembro/2010
OBSERVAÇÕES:
1) Alguns assuntos estão na forma bilíngue
2) Os vídeos, anexos a alguns dos assuntos, somente poderão ser vistos no site do
blog
COMEÇANDO COM OS MAIS RECENTES
10/10/2010
MOSQUITOS "ANTI-DENGUE" VÃO SER SOLTOS NA AUSTRALIA
E VIETNAME
NEWSCIENTIST, 08/outubro/2010 (No. 2781)
BI-LINGUE:
INGLÊS: MOSQUITOES infected with bacteria that stop them transmitting the dengue
virus will be released into the wild next year.
PORTUGUÊS: Mosquitos infectados com bactérias que interromperão a transmissão do
virus da dengue serão soltos no ambiente silvestre no próximo ano.
ING.: Some 100 million people in the tropics get dengue fever each year, and 40,000
are killed by it. The virus's range is expanding, and last week France reported its first
locally acquired cases.
PORT.: Uns 100 milhões de pessoas nos trópicos adquirem a febre da dengue a cada
ano, e umas 40 mil morrem pela dengue. A faixa de alcance da dengue está se
expandindo, e na semana passada a França relatou seus primeiros casos contraídos
localmente.
ING.: Scott O'Neill of the University of Queensland in Brisbane, Australia, and
colleagues have found a fruit-fly bacterium called Wolbachia that infects Aedes
mosquitoes, and makes them less able to carry the dengue virus. It also halves their
lifespan - which is crucial, as only elderly insects transmit disease.
PORT.: Scott O'Neill da Universidade de Queensland em Brisbane, Australia e seus
colegas encontraram uma bactéria da mosca-da-fruta Wolbachia que infecta os
mosquitos Aedes e os fazem menos aptos a conduzir o virus da dengue. Ela [a bactéria]
também reduz à metade seu tempo de vida [do mosquito], o que se torna crucial, uma
vez que somente os insetos mais velhos é que transmitem a doença.
ING.: Wolbachia is passed on through the eggs of infected females, so only descendants
of the released mosquitoes will carry it, O'Neill says. But dengue-free descendants
should rapidly dominate, as Wolbachia-infected females have a competitive advantage:
they can reproduce with infected or wild males, and wild females cannot.
PORT.: Wolbachia é transmitida através dos ovos de fêmeas infectadas,e assim somente
os descendentes dos mosquitos liberados a conduzirão, afirma O'Neill. Mas os
descendentes livres de dengue, dominarão rapidamente, uma vez que as fêmeas
infectadas com Wolbachia têm uma vantagem competitiva: elas podem se reproduzir
com machos infectados ou silvestres, enquanto as fêmeas silvestres não podem.
ING.: Infected mosquitoes will be released in Australia and Vietnam.
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30/09/2010
PONTA DO CABO BRANCO - II - A FALÁCIA: O MAR COMO
ÚNICO INIMIGO DA FALÉSIA
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29/09/2010
PONTA DO CABO BRANCO - I - PECULIARIDADES DA FALÉSIA
22/09/2010
MATA ATLÂNTICA: POR QUE CONSERVAR É A "PALAVRA-
CHAVE"
Vejamos inicialmente o que é dito sobre conservação, no Glossário de Ecologia e Ciências
Ambientais:
CONSERVAÇÃO
Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (“IUCN − INTERNATIONAL
UNION FOR THE CONSERVATION OF NATURE”), “conservação é o manejo dos recursos
do ambiente, com o propósito de obter-se a mais alta qualidade sustentável de vida humana”.
Nesta conceituação, em que pese a forte conotação “antropocêntrica” com o uso da expressão
“vida humana”, entende-se que o ser humano para alcançar “a mais alta qualidade sustentável
de vida”, necessite preservar todos os componentes ambientais. A vida humana depende de sua
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interação com os componentes estruturais da Natureza, respeitando suas funções. Como a
conservação é uma interação homem-Natureza, ela implica em atitudes inteligentes na utilização
dos ecossistemas terrestres e aquáticos e também de melhoria das condições ambientais sem que
esses ambientes percam sua originalidade.
Há ainda, na nossa cultura, muita dificuldade em se entender que a Natureza evoluiu
adotando mecanismos de autoproteção e autossustentação que se interferirmos sem respeitar tais
peculiaridades, o resultado será a temida degradação ambiental.
A floresta tropical, como a nossa mata atlântica costeira, armazena grande parte de seus
nutrientes na fitomassa ou matéria vegetal viva (ao contrário das florestas de regiões
temperadas, onde os nutrientes são armazenados predominantemente nos solos ricos), sendo por
isso importante, mantê-la densa. Ela está inteiramente adaptada às fortes chuvas dos trópicos e
apesar de sua exuberância, é um ecossistema frágil, ou seja, se a sua estrutura for mudada,
mesmo que seja em pequena escala (como por exemplo, a passagem por dentro dela de uma
rede elétrica ou de uma via de acesso asfaltada), serão muitas as conseqüências dessas
perturbações (quedas de árvores ao longo da rede elétrica, erosão ao longo da via de acesso…),
além de outras, imprevisíveis. O vídeo de curta duração aqui anexado, destaca a importância da
fitomassa na conservação desse rico ecossistema (este vídeo está disponível somente no
www.ecologiaemfoco.blogspot.com.
12/09/2010
NATUREZA EM AÇÃO: ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA MATA
ATLÂNTICA
Os ecossistemas do bioma mata atlântica ocupam as encostas voltadas para o mar,
estendendo-se do litoral do Rio Grande do Norte ao do Rio Grande do Sul, beneficiando-se das
influências climáticas do oceano Atlântico, daí seu nome. Segundo vários autores, esses
ecossistemas são tão ricos em espécies vegetais quanto os da Amazônia, embora suas árvores
sejam um pouco mais baixas (20 ou 30 m).
07/09/2010
06/09/2010
QUEIMADAS: HOJE E SEMPRE (?). VEJAM O MAPA DO FOGO
NOSSO DE CADA DIA
02/09/2010
O FOGO NO NOSSO PATRIMÔNIO NATURAL E A VALORAÇÃO
AMBIENTAL
SERVIÇOS DE SERVIÇOS SERVIÇOS
SUPRIMENTO REGULADORES CULTURAIS
Produtos obtidos dos Benefícios obtidos da Benefícios não-materiais
ecossistemas regulação dos processos dos obtidos dos ecossistemas
[Recursos ecossistemas [Potencial “adicional” da
disponibilizados pela [Condições Natureza, a ser explorado
Natureza] circunstanciais] pelo ser humano]
Alimento (1) Regulação climática (1) Espiritual/Religioso (1)
Água (1) Regulação de Recreação e Ecoturismo
doenças/pragas (1) (1)
Madeira/lenha (2) Regulação de água (1) Estético (1)
Fibra (2) Purificação de água (1) De inspiração (1)
Compostos Polinização (1) Educacional (1)
químicos/bioquímicos (1)
Recursos genéticos ... Senso de localização (1)
(biodiversidade) (1)
... Herança cultural (1)
SERVIÇOS DE SUPORTE
Necessários ao funcionamento dos demais serviços
Formação do solo ― Ciclagem dos nutrientes ― Produtividade primária
07/08/2010
... E AINDA SOBRE AS MUDANÇAS NO CÓDIGO FLORESTAL
O subtítulo deste ensaio poderia ser: “Vejam o que estamos planejando fazer no
ANO INTERNACIONAL DA BIODIVERSIDADE”.
Em continuidade a uma das postagens anteriores deste “ecologiaemfoco” (em
10/07/2010), vejamos mais alguns aspectos, resumidamente, que merecem atenção para
julgarmos melhor as mudanças propostas para o código florestal brasileiro.
Entrevista. Tenho acompanhado as discussões sobre este assunto e aqui faço
alguns comentários sobre vídeo que assisti no Globo News, em que o repórter Tonico
Ferreira coordena um debate com o Deputado Aldo Rebelo (relator no Congresso, das
mudanças no Código Florestal e defensor das alterações), o biólogo João Paulo Ribeiro
Capobianco (ex-Secretário no Ministério do Meio Ambiente; e opositor das mudanças)
e André Nassar, um representante do agronegócio, uma Instituição denominada Ícone
(obviamente, defensor das mudanças).
O deputado Aldo Rebelo não faz restrições ao que deve ser mudado, chegando a
(no meu ponto de vista) exagerar, ao dizer que “o novo código é muito rigoroso... e
reduzirá o desmatamento” ... Ele acredita que a moratória de 5 anos proibindo abertura
de novas áreas, sendo as reservas legais intocáveis, ajudará a recuperação de mais de
90% das propriedades que estão hoje na ilegalidade.
Observações sobre as devastações. Chamo a atenção dos leitores para a
inversão das prioridades: a prioridade número 1 é alterar o código para ampliar a
devastação daqui a 5 anos (fato que, após essa curta moratória de “zero desmatamento”,
seguramente vai ocorrer) e que a recuperação do que já foi devastado, naturalmente
levará mais tempo, pois um ambiente leva décadas para se regenerar (mas para destruí-
lo bastam, além de mudança no código florestal, algumas poucas horas, com uma “boa
motosserra ou um bom incêndio”).
Quanto às reservas legais, entenda (se puder!): o bioma mais devastado no nosso
país, a Mata Atlântica (mas que se localiza “praticamente dentro dos maiores centros
consumidores, na faixa litorânea”), é justamente o que tem menor percentual que deve
ser preservado: 20%. O outro importante bioma e que também é muito próximo dos
centros consumidores, o Cerrado, tem percentual de preservação de 35% (o Cerrado
amazônico, especialmente). E o bioma de maior dimensão, mas que fica distante dos
maiores centros consumidores, o da Amazônia, tem o maior percentual de preservação:
80%.
O papel dos Estados e Municípios. Voltando aos entrevistados. O deputado
afirma que haverá melhora na preservação quando houver engajamento dos Estados e
municípios, conforme previsto na mudança do Código Florestal. Chega ele até a dizer
que: “se fomos incapazes de proteger as (nossas) florestas apesar da legislação, isso não
significa que seremos incapazes depois, porque o engajamento dos Estados”... Destaca
ele então o estabelecimento de programas de extensão e orientação para os agricultores
e suas famílias, o engajamento das escolas etc... TUDO será melhorado nesses próximos
5 anos. E acrescento eu: HAJA FÉ!!!
Observações. Pessoalmente, eu duvido que alguns Estados estejam ávidos pela
mudança, como o de Santa Catarina, com o propósito de melhorar o processo de
preservação!!! De acordo com o deputado Aldo Rebelo, os mais de 5 mil municípios
que se engajarão, representarão uma melhora no processo de preservação. E eu lembro
aos leitores que se o tão falado Plano Diretor dos municípios, de vital importância ao
desenvolvimento sustentável, somente foi implantado efetivamente em alguns deles,
fico a imaginar quando os municípios implantarão seus zoneamentos agroecológicos e
planos de bacias hidrográficas?! Se é que farão?! O próprio representante do
12
03/08/2010
... E A DEVASTAÇÃO CONTINUA... SOB A ÉGIDE DO SISTEMA
Será puramente devido à falha da lei? A impunidade tornou-se "rotina" na vida
brasileira. No ano internacional da biodiversidade (2010) continuamos mostrando ao
mundo que por aqui a "coisa é diferente". Insiste-se nos crimes contra os ambientes e
seus "moradores naturais" e mais cedo ou mais tarde, os mesmos crimes e muitas vezes
os mesmos infratores voltam a depredar.
[Obs.: os dois vídeos transcritos do programa de TV, Globo Rural,
documentando episódios de depredação ambiental num dos mais preciosos biomas do
mundo, o Pantanal, somente podem ser vistos no próprio blog
www.ecologiaemfoco.blogspost.com]
14/07/2010
ECOTURISMO OU “ECONEGÓCIO” SUSTENTÁVEL:
MAMIRAUÁ COMO PRIMEIRO EXEMPLO
As transformações no sentido de abrir mentes para alternativas além do tão
propalado agronegócio são muito lentas aqui no Brasil. É uma lástima, porque
principalmente, os ecossistemas com características naturais e extensão suficientes para
se praticar ambas as atividades (o agronegócio e o econegócio, ou ecoturismo) se
reduzem a cada dia. Na postagem anterior neste “ecologiaemfoco” vimos uma fazenda
em Mato Grosso onde o ecoturismo responde por 30% da sua renda. É um modelo
simples, de conservação dos recursos naturais (preservação e explotação,
simultaneamente) e que poderia ser adotado por muitos outros empreendimentos rurais.
O primeiro exemplo no Brasil introduzindo atividades de explotação em perfeita
harmonia com o ecoturismo, constituindo-se assim num modelo de desenvolvimento
sustentável, é o da Reserva do Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, na Amazônia
central, entre os rios Solimões e Japurá. É a maior reserva florestal de várzea da
Amazônia brasileira, constituída de ecossistemas terrestres e aquáticos espalhados por
cerca de 1,124 milhões de hectares (= 11.240 mil km2). As populações humanas locais
participam da conservação e preservação da reserva, envolvendo-se nas atividades de
pesquisa, extensão e manejo; assim como na sua vigilância. O desejo da sociedade
(Instituições de governo e não-governamentais) de realizar algo nesse sentido foi o
ponto-chave de sua concretização. Foi reconhecida como Reserva de Desenvolvimento
Sustentável, pelo governo do estado do Amazonas, em 1996. A garantia de preservação
de cerca de 300 espécies de peixes, outro tanto de espécies de aves e mais de 40
espécies de mamíferos dá-nos uma idéia de seu importante papel de manutenção da
biodiversidade amazônica.
Mas no Brasil há, além do bioma da Amazônia, outros biomas que necessitam de
projeto semelhante, tais como os biomas de Mata Atlântica, do Cerrado, da Caatinga,do
Pantanal, dos Campos Sulinos e o bioma Costeiro. O agro e o econegócio podem ser
inseridos juntos nesses sistemas naturais.
11/07/2010
AGRONEGÓCIOS EXCLUSIVAMENTE!? POR QUE NÃO
TAMBÉM "ECONEGÓCIOS"???
Houve tempo em que caçar era meio de sobrevivência e posteriormente meio de
vida comum a muitos povos. Depois surgiram os tempos modernos, em que a caça
transformou-se em esporte ou seja, diversão (por incrível que pareça!). Países do antigo
terceiro mundo, hoje países em desenvolvimento, atraíram milhares de turistas que se
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divertiam com matanças da fauna local, como acontecia nos países africanos. Lembro-
me de um fato pitoresco (para não dizer grotesco!) envolvendo um empresário
brasileiro. Existe uma marca de produtos de tomate, fabricados em São Paulo, cujo
símbolo era (ou ainda é?) a figura de um elefante. Explica-se: o empresário era
“fanático por elefantes”, ou melhor dizendo, costumava fazer safáris na África para
matá-los e colecionar troféus em sua casa!!!
O chamado “turismo de vida selvagem”, hoje mais conhecido como ecoturismo,
passou a ser uma saída inteligente para muitos países, principalmente os africanos.
Destaco um dos melhores exemplos, que nos é dado pelo Quênia, país do leste africano.
A caça ao leão gerava U$1 mil dólares pela pele de cada animal morto. A mudança para
o ecoturismo passou a render cerca de U$500 mil dólares por cada ano de vida do leão,
cuja longevidade alcança os sete anos. E, ainda no Quênia, no caso do elefante, cada
animal gera no ecoturismo uma renda anual de U$20 mil dólares. Acrescente-se a essa
renda os cerca de 20 mil elefantes lá existentes. No final, estima-se que o ecoturismo
com o elefante propicie uma renda, ao longo dos 60 anos de vida desse animal, de cerca
de U$1 milhão de dólares.
E agora a situação brasileira. Muito se fala atualmente em agronegócios.
Deposita-se nessa atividade econômica a esperança de fonte de renda chave do país,
com uma conotação preocupante: na maioria das regiões os governos locais querem
priorizar esse tipo de atividade. Mesmo em locais com baixo potencial para
agropecuária, solos de terra-firme na Amazônia é o exemplo maior, o agronegócio é
prioritário. Ao ecoturismo é reservado um papel secundário (quando muito!). Situação
similar ocorre com relação ao pantanal. Não é difícil antever problemas ambientais se o
agronegócio se generalizar no pantanal. E o econegócio lá existe, conforme pode ser
visto no vídeo aqui anexado (obtido de Globo Rural). Este exemplo penso ser suficiente
por si só, para demonstrar o potencial rentável do ecoturismo no pantanal.
10/07/2010
MODIFICAÇÕES NO CÓDIGO FLORESTAL: UMA
CONTRIBUIÇÃO DOS NOSSOS LEGISLADORES AO
DESENVOLVIMENTO “INSUSTENTÁVEL”
Componentes da bancada ruralista no Congresso Nacional ao se digladiarem
com ambientalistas na sessão para discutir as modificações no Código Florestal,
despertaram-me a responsabilidade, como professor de ecologia, de tecer alguns
comentários sobre o que me parece ser o único objetivo do agronegócio: produzir o
máximo possível a qualquer custo. Daí vem os ambientalistas e se opõem fortemente
com o seu lema: preservar a qualquer custo. E quando “ambientalistas exacerbados e
ruralistas cabeças-de-cofre se peitam”, resta aos adeptos da ciência e do bom senso
apenas assistir impotentes à mutilação desse importante instrumento de proteção ao
nosso patrimônio natural, que é o Código Florestal.
Vivemos num país onde as leis ambientais, em muitas situações, não se
fundamentam em princípios ecológicos e econômico-sociais; e a política ambiental
chega a ignorar ambas estas etapas sobre as quais deveria se fundamentar. Donde
pergunto, mesmo correndo o risco de ser taxado de satírico: pra que se “gastar” tanto
dinheiro com a formação de cientistas? Pra que tanto “desperdício” com ciência?
Ignorância é bem mais barato!!!
É impressionante observar como nossos legisladores, achando-se defensores do
progresso econômico do país e ignorando totalmente as informações geradas pelo
conhecimento científico, modificam leis que tinham sido introduzidas com priorização
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22 de junho de 2010
MINISTÉRIOS: OS QUATRO GIGANTES DO CRESCIMENTO
ECONÔMICO VERSUS OS QUATRO ANÕES DO
DESENVOVOLVIMENTO HUMANO
Já é do conhecimento de muitos brasileiros cientes e conscientes de nossos
entraves sócio-econômicos, que sucessivos governos sempre priorizam os quatro
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16 de junho de 2010
AGRONEGÓCIO SUBINDO… CERRADO SUMINDO
[Obs.: o vídeo somente poderá ser visto no site deste blog]
Segundo a Conservação Internacional (ou “Conservation International”, ONG
internacional com atuação no Brasil) dos 204 milhões de hectares (= 2.040.000 km2)
originais do bioma cerrado, 57% já foram completamente destruídos e a metade das
áreas remanescentes estão bastante alteradas, podendo não mais servir à conservação da
biodiversidade. A taxa anual de desmatamento no bioma é alarmante, chegando a 1,5%,
ou 3 milhões de hectares (= 30.000 km2)/ano. Estima-se que essa taxa de desmatamento
seja 10 vezes maior do que a da mata atlântica.
As principais pressões sobre o Cerrado são a expansão da fronteira agrícola, as
queimadas e o crescimento não planejado das áreas urbanas. A degradação é maior nos
estados de Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso, no Triângulo Mineiro e no oeste
da Bahia, segundo estudo feito a partir de imagens de satélites. Junto com a
biodiversidade (possivelmente a maior do mundo, entre as de savanas) estão
desaparecendo ainda as possibilidades de uso sustentável de muitos recursos, como
plantas medicinais e espécies frutíferas. Segundo o Centro de Recursos Genéticos e
Biotecnologia da EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, já foram
catalogadas mais de 330 espécies de cerrado de uso na medicina popular. Arnica
(Lychnophora ericoides), barbatimão (Stryphnodendron adstringens), sucupira
(Bowdichia sp.), mentrasto (Ageratum conyzoide) e velame (Macrosiphonia velame) são
alguns exemplos. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama, uma
área de vegetação nativa superior à do estado do Mato Grosso já cedeu lugar para
plantações de soja, pecuária e exploração de madeira. Para evitar a abertura de novas
áreas, a pesquisa agropecuária aponta alternativas viáveis que podem ser adotadas na
região para associar a conservação do Cerrado à produção. Uma delas é a integração
lavoura-pecuária, estudada há mais de 20 anos pela EMBRAPA. Esse sistema permite a
intensificação do uso das áreas já abertas pela pecuária e lavouras de grãos. A rotação
entre áreas de pasto e de lavoura resulta em ganhos de produtividade. Isso é
especialmente interessante para os pastos, que hoje estão, em sua maioria, degradados
principalmente devido à deficiência de nutrientes. Pesquisadores do Centro de Pesquisas
Agropecuárias do Cerrado, da EMBRAPA, afirmam que atualmente a taxa de lotação
média no cerrado é de uma cabeça de gado por hectare e se esse número for aumentado
para 1,4 cabeças, 11 milhões de hectares (= 110 mil km2) poderão ser alocados para
outros usos, segundo afirmam esses pesquisadores (ou, como prefiro dizer,
alternativamente: destinados à regeneração da vegetação nativa). Lembro aos leitores
que em postagem anterior neste blog “ecologiaemfoco”, foi mostrada que uma taxa de
lotação média de 1,4 cabeças é igual à da Amazônia (enquanto a do sul do Brasil é
superior a 4). São citados ainda como benefícios oriundos dessa integração lavoura-
pecuária: a melhoria na qualidade química, física e biológica do solo (com a utilização
de plantio direto e de calcário e gesso para corrigir o pH do solo); a quebra no ciclo de
pragas e doenças nas lavouras; e a diminuição dos riscos de produção e de preço, pois
há diversificação de atividades, podendo o produtor investir em diversas alternativas
simultaneamente.
Preocupa, em termos de desenvolvimento sustentável, a extensa devastação e
ações diminutas de regeneração ou revitalização de áreas degradadas do cerrado. E,
mais grave ainda em amplitude, o fato de que é em regiões de cerrado que nascem rios
de bacias hidrográficas de importância vital para o país, como o Tocantins, São
Francisco e Alto Paraguai. Notícia veiculada no site do Ministério do Meio Ambiente
em 15/06/2010 informa que R$42 milhões serão aplicados na conservação do cerrado,
18
15 de junho de 2010
PROJETO MANDALLA: UM EXEMPLO DE MINI-
AGRONEGÓCIO AUTOSSUSTENTÁVEL
[Obs.: o vídeo somente poderá ser visto no site deste blog]
Eis um exemplo de sistema de produção integrada simples e que vem
funcionando. Conforme é mostrado no vídeo do GLOBO RURAL, aqui anexado, esse
projeto iniciou na Paraíba, sendo hoje utilizado em outros Estados. Chamo a atenção
para os seguintes destaques: 1. Observação inicial muito importante: a assistência
técnica é imprescindível. Esta é uma alternativa de produção possível de ser executada
em áreas de pequena dimensão. A área utilizada tem menos de 2.000m2 e o custo de
manutenção é de cerca de R$300,00/mês. A área reduzida traz economia de tempo e
dinheiro. Observe-se no vídeo que a preservação no entorno do projeto praticamente
inexiste. 2. A microrregião onde esse projeto foi inicialmente implantado é zona do
brejo paraibano, onde há água em abundância (não-salina). Pode ser utilizada água
trazida por carro-pipa, como é dito no vídeo sobre o projeto. 3. O centro do “universo da
Mandalla” é obviamente, a fonte de água, circundada por nove círculos. Nessa fonte são
criados peixes e mantidos patos, gansos... . O esterco dessas aves é utilizado para
fertilizar o solo, onde são cultivadas hortaliças, fruteiras etc. A energia alternativa, para
o bombeamento da água, é de origem do “esforço humano”, utilizando-se bicicleta. O
custo de equipamento alternativo é estimado em torno de R$350,00 para uma área de
500 a 1.000m2. 4. Alguns animais se alimentam de insetos, exercendo assim um
controle sobre esses fitófagos (ou possíveis futuras “pragas”). A biodiversidade cresce,
aparecendo alguns répteis, aves, abelhas... provendo “serviços ambientais”. 5. Os
excedentes da produção são comercializados pelos próprios produtores (dispensando os
intermediários ou “atravessadores”), gerando renda. Enfim, um exemplo de
sustentabilidade num mini-agronegócio. É mais do que mera subsistência.
12 de junho de 2010
AGRICULTURA FAMILIAR VERSUS AGRONEGÓCIO: NESSA
CONTENDA O PAÍS PODERÁ SER O PERDEDOR
Vou começar fazendo algumas considerações sobre “nosso comportamento quanto à
linguagem utilizada por muitas pessoas”. Parece ser de uso corrente, em todas as
sociedades, linguagem inadequada refletindo talvez inconscientemente (ou causando?)
diferentes atitudes comportamentais nos seus diversos segmentos. Às vezes escutamos:
“o mundo é dividido em mundo masculino e mundo feminino”; e, com referência às
raças humanas: “o povo brasileiro está dividido em diferentes raças”; e na questão da
exploração de recursos naturais (agropecuária, por exemplo) “a cadeia produtiva está
dividida entre grandes e pequenos produtores”. Outras expressões similares são
praticadas, dando-nos a impressão de que tal divisão seja “normal” nas sociedades
humanas. É melhor substituir essa expressão, um tanto quanto discriminatória, por
formado(a) e formação!!! E assim, tudo que existe nas sociedades (de bom e de ruim)
se somam.
19
No que diz respeito à cadeia produtiva, tal “somatória” deve ser levada em conta
quando se trata de grandes e pequenos produtores. Refiro-me à recente querela: “Estudo
da FGV – Fundação Getúlio Vargas comprova: IBGE – Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística errou no Censo Agropecuário 2006 ao dizer que a agricultura
familiar, sozinha, é quem alimenta o Brasil” conforme alardeou a CNA - Confederação
Nacional da Agricultura, na pessoa de sua Presidente, a senadora Kátia Abreu. Ela
afirmou que o IBGE equivocou-se nos resultados do Censo Agropecuário 2006,
dividindo [grifo meu] o campo entre pequenos e grandes produtores e criando a ilusão
de que somente os agricultores familiares são responsáveis por alimentar a população
brasileira. Afirmou ela ainda: “Estamos perdendo tempo discutindo uma coisa que é
menor, a divisão [grifo meu] entre pequenos e grandes em dimensão de terra. Temos
que discutir é quem tem renda ou não para viver com dignidade”. Os dados dessa nova
publicação são resultado de um trabalho realizado pela FGV, a partir dos mesmos
microdados utilizados no Censo Agropecuário 2006 do IBGE. “A diferença é que essa
nova análise foi realizada exclusivamente sob critérios técnicos, excluindo
interpretações ideológicas e tendenciosas”, disse a senadora, destacando as falhas do
IBGE quanto à ampliação do grupo da agricultura familiar em detrimento da agricultura
comercial e citando regulamentação do Banco Central com relação ao conceito de
agricultura familiar. Afirmou ainda a Presidente da CNA que a leitura equivocada do
IBGE aponta o agronegócio brasileiro como voltado somente para as exportações. Disse
ela: “Temos, no Brasil, pequenos, médios e grandes produtores que abastecem a mesa
do brasileiro e também geram alimentos que são vendidos para outros países”. Os dados
que refletem o posicionamento da CNA (do estudo da FGV) frente à estatística do
IBGE, podem ser vistos em (http://www.canaldoprodutor.com.br/). Nas duas séries
de vídeos que o “ecologiaemfoco” ora reproduz (nesta e na próxima postagem), o leitor
poderá observar que, antes de tudo, somar é bom, como parece ser a idéia principal das
colocações da Presidente da CNA. A primeira série é iniciada com a apresentação de
vídeo do programa televisivo Globo Rural, sobre a agricultura familiar, denominado “A
Força da Agricultura Familiar Revelada pelo Censo Agropecuário”. E na postagem
seguinte será reproduzido vídeo, também do Globo Rural, sobre o Projeto Mandala.
04 de junho de 2010
CONCILIAÇÃO DA PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE COM
O CRESCIMENTO POPULACIONAL HUMANO:
IMPROBABILIDADES
[Vídeo reproduzindo palestra que dei, por convite da SUDEMA-Superintendência
de Administração do Meio Ambiente, em João Pessoa, em comemoração ao Dia
Mundial do Meio Ambiente (5/junho) e Ano Internacional da Biodiversidade (2010)]
[Obs.: o vídeo somente poderá ser visto no próprio site do blog]
ALGUNS DESTAQUES PARA REFLEXÃO/DISCUSSÃO: 1. Duas correntes
principais de discussão sobre os efeitos do crescimento populacional humano na
preservação da biodiversidade (e conservação dos ecossistemas, em geral): a) O
problema principal não é o aumento da população humana; b) Mas sim a maneira como
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03 de junho de 2010
FLUORETAÇÃO DE ÁGUAS DE ABASTECIMENTO - Capítulo II
[...em continuação à contribuição para este blog, dada pelo Engenheiro Sanitarista
SÉRGIO ROLIM MENDONÇA, consultor aposentado da OPS-Organização
Panamericana de Saúde e Professor Emérito da UFPB]
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
ao consumo humano
(http://dtr2004.saude.gov.br/dab/saudebucal/legislacao/portaria635_26_12_75.pdf)
DECRETO N. 76.872 DE 22 DE DEZEMBRO DE 1975 Regulamenta a Lei n. 6.050,
de 24 de maio de 1974, que dispõe sobre a fluoretação da água em sistemas públicos de
abastecimento
(http://dtr2004.saude.gov.br/dab/saudebucal/legislacao/decreto76842_22_12_75.pdf)
LEI N.º 6.050 DE 24 DE MAIO DE 1974 Dispõe sobre a fluoretação da água em
sistemas de abastecimento quando existir estação de tratamento
(http://dtr2004.saude.gov.br/dab/saudebucal/legislacao/lei6050_24_05_74.pdf) LEI
5.081 DE 24 DE AGOSTO DE 1966 Regula o Exercício da Odontologia
(http://dtr2004.saude.gov.br/dab/saudebucal/legislacao/lei5081_24_08_96.pdf)Projetos
de Lei Três projetos de lei em que foi feita a tentativa de proibição de adição do flúor na
água de abastecimento público: A primeira foi o Projeto de Lei nº 510/03 da câmara dos
deputados propondo a revogação da Lei Federal nº 6.050, de 24 de maio de 1974. O PL
é de autoria do Deputado Carlos Souza (Partido Liberal – Amazonas). A Lei 6.050/74
“dispõe sobre a fluoretação da água em sistemas de abastecimento quando existir
estação de tratamento”. O segundo Projeto de Lei foi no Senado sob o nº 297, de 2005,
apresentado pelo Senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), que logo em seguida
pediu a retirada do projeto de lei de sua autoria. A terceira tentativa é o Projeto de Lei
95/07 do mesmo deputado Carlos Souza (PP-AM) propondo mais uma vez a revogação
da Lei Federal nº 6.050, de 24 de maio de 1974. Ainda em andamento. Vejamos a seguir
o mais recente desses projetos. Projeto de Lei 95/07 Proposição: PL-95/2007 - Íntegra
disponível em formato pdf. Autor: Carlos Souza – PP / AM Data de Apresentação:
08/02/2007 Apreciação: Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões -
Art. 24 II Regime de tramitação: Ordinária Situação: CSSF: Pronta para Pauta. Ementa:
Revoga a Lei nº 6.050, de 24 de maio de 1974, que "dispõe sobre a fluoretação da água
em sistemas de abastecimento quando existir estação de tratamento". Indexação:
Revogação, Lei de Fluoretação da Água, acréscimo, fluor, sistema de abastecimento,
abastecimento de água. Despacho: 5/3/2007 - Às Comissões de Seguridade Social e
Família e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Proposição Sujeita à
Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Ordinária
24 de maio de 2010
FLUORETAÇÃO DE ÁGUAS DE ABASTECIMENTO - Capítulo I
[Contribuição do Engenheiro Sanitarista, MSc Sérgio Rolim Mendonça Consultor
aposentado da OPAS/OMS Professor Emérito da UFPB]
Tabela 1 Status de decaimento, falta e dentes obturados (DFDO) em crianças de 12
anos por país (Fonte: WHO Oral Health Country/Área Profile Programme Department
of Noncommunicable Diseases Surveillance/Oral Health WHO Collaborating Centre,
Malmo University, Sweden, http://www.whocollab.od.mah.se/euro.html )
22
INTRODUÇÃO
A fluoretação das águas de abastecimento com a adição de compostos contendo flúor
para produzir concentração final da ordem de 1 mg/L foi um esforço para prevenção do
decaimento dos dentes nas crianças. Esta tentativa teve início nos Estados Unidos no
começo da década de quarenta do século XX.
Entretanto, nos países que não se entusiasmaram pela aplicação de flúor nas águas
de abastecimento, foi verificado muitos anos depois que os dentes dos habitantes desses
países continuavam tão bons quanto os dos países que usavam flúor na água. A Tabela 1
apresenta essa comparação.
(Ver acima: Tabela 1 – Status de decaimento, falta e dentes obturados (DFDO) em
crianças de 12 anos por país)
DOENÇAS RELACIONADAS COM INGESTÃO POR EXCESSO DE FLÚOR
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)*, os principais efeitos tóxicos na
saúde devido a grandes doses de flúor são: efeitos crônicos sobre o órgão do esmalte,
sistema ósseo, rins, tiróides e intoxicação geral e visceral. Além disso, o flúor é um
veneno cumulativo. Em média, somente 50% do flúor que ingerimos cada dia é
excretado através dos rins. Em alguns estudos, quando altas doses de flúor (média de 26
mg/L) foram usadas para tratar pacientes com osteoporose em um esforço para
fortalecer seus ossos e reduzir taxa de fraturas, particularmente fraturas de bacia, na
realidade, a incidência de fraturas aumentou.Além disso, os produtos químicos usados
nos Estados Unidos para fluoretar águas de abastecimento não possuem nenhuma
classificação farmacêutica. São originários de sistemas úmidos de depuração (operação
de retirada de partículas ou gases poluentes do ar contaminado) da indústria de
fertilizantes superfosfato. Estes produtos químicos (90% dos quais são sódio
fluorosilicato e ácido fluorosilícico) são classificados como resíduos perigosos
23
contaminados com várias impurezas. Testes recentes efetuados pela National Sanitation
Foundation sugerem que os níveis de arsênio nesses compostos químicos são
relativamente altos (até 1ppb depois de diluição para ser adicionado em abastecimento
público de água) e portanto, de preocupação potencial (ver acima, a Tabela 2, que
apresenta relação de cientistas que se opõem à adição de flúor nas águas de
abastecimento público). [Próxima postagem: Capítulo II-Legislação brasileira, sobre o
assunto)
26 de abril de 2010
ECONOMIA AMBIENTAL: SUBSÍDIOS ENERGÉTICOS EM ECO
E AGROSSISTEMAS
1o de março de 2010
DESASTRE...CATÁSTROFE... de acordo com o GLOSSÁRIO DE
ECOLOGIA
DESASTRE (“DESASTRE NATURAL” e “DESASTRE ECOLÓGICO”) Transcrito
do GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS (3ª.ed., revisada em
fevereiro de 2010).
Bastante discutível o uso das expressões “desastre natural” e “desastre
ecológico”. Geralmente não temos dúvida quando nos referimos à palavra “desastre”
como sinônimo de “calamidade, infortúnio, algo ruinoso (acarretando ruína, perda ou
25
28 de fevereiro de 2010
HABITAÇÃO EM CONTÊINERES
Surge discussão sobre a situação no Haiti de como resolver o problema de
moradia das vítimas do terremoto de 12/01/2010 e outros menores subseqüentes.
Segundo artigo publicado no “Science Daily” (EUA) o Professor Doug Hecker propõe
que os desabrigados sejam alojados em contêineres (ou “containers”). Embora soluções
desse tipo, conhecidas como “top down solutions”, ou seja, planejadas sem a
participação daqueles que “sofrem na pele” as conseqüências, não sejam aconselháveis,
há relatos de profissionais da arquitetura de que tais construções funcionam, conforme
foram testadas durante quatro anos pelos próprios idealizadores, após o furacão Katrina,
na Louisiana (EUA).
O ser humano urbano, acostumado a ter tudo à mão, alimento, água, materiais
diversos de que usufrui, vindo de lugares que muitos desconhecem "onde", nem "como"
foram obtidos... passa a vida mergulhado nos seus afazeres e... de repente... vem uma
catástrofe ou cataclismo provocados pela Natureza e, se escapou vivo... não tem a
mínima idéia de como resolver o problema, por vezes destruidor e gerador de situação
caótica. Parte então para soluções paliativas. Somente quando acontecem tais impactos
extremos é que volta a pensar em soluções. O sistema preventivo em todas as áreas de
26
atividade humana, quando funciona, é precário. Há muito tempo que moradias do tipo
em contêineres deveriam ter sido testadas. As construções de uso coletivo, prédios
públicos, deveriam ser todas à prova de abalos sísmicos. Em qualquer lugar do mundo
há miseráveis sem-teto que com certeza topariam usufruir de um tal contêiner para
testá-lo, acompanhados de perto pelos seus idealizadores. Desumano? E deixá-los à
míngua, no calor do sol ou no frio e na chuva... é humano? Será que "plástico"
funcionaria? E se combinado a material natural existente no local, como bambu? Será
duradouro e permanente? E o que é permanente nas regiões suscetíveis a movimentos
tectônicos? Estarei dizendo isso tudo só porque eu moro em lugar seguro? Seguro
porque segundo a ciência, não moro em "área de risco" e minha habitação ainda não foi
testada por um cataclismo! Depois do tsunami de 2004 no sudeste da Ásia
(principalmente Indonésia) que matou 220 mil pessoas, o terremoto de 2008 na China
que matou 70 mil... este agora com mais de 200 mil mortos e outros que virão... não
servem como lição??? Imagine se fôssemos falar sobre os nossos deslizamentos e
vítimas de soterramento!!!
...E a propósito de DESASTRE, CATÁSTROFE... ver a próxima postagem neste blog.
19 agosto de 2009
IPTU ECOLOGICAMENTE CORRETO
Mais ou menos com este título, divulga-se na mídia que na cidade de São Carlos,
interior de São Paulo, a prefeitura introduziu incentivo para que pessoas plantem
árvores nos seus quintais e obtenham redução no IPTU ─ Imposto Predial e Territorial
Urbano.
Lembrei-me imediatamente que em 1998, ao atender convite para proferir
palestra num encontro realizado em João Pessoa, por iniciativa da Fundação Pedroso
Horta, do PMDB, escolhi o tema EDUCAÇÃO AMBIENTAL AUTOSSUSTENTÁVEL:
SUBSÍDIOS PARA IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE AÇÃO NA PARAÍBA. E
nele, dentre os três processos que sugeri para implantação do programa, destaco aqui os
INCENTIVOS FISCAIS, cuja proposta explicito como segue (em resumo):
... E outros aspectos que comentei naquela palestra e que foram divulgados pela
referida Fundação. A cooptação de parcerias, o “querer fazer” e a decisão para
implantar um programa fundamentado em incentivos fiscais, certamente renderiam
frutos que realimentaria o processo de autossustentabilidade.
29 de julho de 2009
HORMÔNIOS NA ÁGUA DE BEBER
(Notícia extraída da revista Scientific American, de 28 de julho de 2009)
NÃO SE ASSUSTEM!!! AINDA NÃO É AQUI NO BRASIL.
Quantidades-traço de medicamentos sob prescrição médica têm sido encontradas em
várias unidades de tratamento de água, podendo atingir cerca de 46 milhões de pessoas
em nove Estados nos Estados Unidos, segundo investigações do “U.S. Geological
Survey” (Levantamento Geológico dos Estados Unidos) feitas em 2008. Foram
detectadas 85 substâncias produzidas pelas indústrias, estando entre elas
anticoncepcionais.
Atualmente discute-se se tais substâncias se apresentam em níveis que possam
causar preocupações. E discute-se também se há efeitos somatórios (sinergísticos)
dessas substâncias em quantidades-traço; ou seja: “quantidades-traço de uma substância
mais as de outra resultam em quê”???. Alguns pesquisadores afirmam que mesmo em
concentrações diluídas, alguns resíduos de medicamentos causam danos em peixes,
anfíbios e algumas outras espécies aquáticas; e que em laboratório foram feitos testes
que demonstraram efeitos prejudiciais em células humanas. Um exemplo: estrogênio,
expelido na urina de mulheres tomando anticoncepcionais e encontrado em esgotos,
atuaram sobre reprodução de peixes, produzindo descendentes inférteis, segundo
pesquisas na Universidade de Pittsburgh; e também mostraram que células cancerosas
de seio humano cresceram duas vezes mais rápido quando expostas a estrogênio
extraído de peixes-gato capturados próximos a locais inundados com esgotos não-
tratados. A preocupação reside no fato de que há pessoas com tendências naturais a ter
28
câncer causado por estrogênio (segundo o líder da equipe de pesquisa, Dr. Conrad
Volz).
A filtração de tais substâncias somente tem se mostrado positiva nos casos em que
se aplica o sistema de “osmose reversa” (passagem por uma membrana ultrafina semi-
permeável, deixando passar somente a água). O uso de filtro de carvão ativado ainda
gera dúvidas quanto à eficiência. Alguns sugerem que talvez o ideal seja o uso
simultâneo desses dois sistemas de filtração.
Uma agência não-governamental internacional de saúde (“NSF International”; site:
www.nsf.org) sugere que resíduos de medicamentos não devem ser jogados no sistema
de esgoto sanitário, mas sim descartados no lixo normal, sendo posteriormente jogados
nos aterros sanitários apropriados.
10 de julho de 2009
“BIOCHAR”: SOLUÇÃO DA GEOENGENHARIA OU PRETEXTO
PARA CONTINUAR POLUINDO?!
05 de julho de 2009
COMER MAIS (E MELHOR) E MATAR MENOS: O DILEMA “CARNE
OU CEREAIS”???
Tenho me deparado recentemente com publicações e discussões sobre criação e
proliferação de gado bovino e as questões relacionadas principalmente à economia e
preservação ambiental (incluindo aqui a legislação ambiental), sócio-economia e saúde
humana. Tenho observado que a corrente de opinião pró-ingestão de carne apresenta
pontos positivamente justificáveis, mas também explicações frágeis ou contestáveis. Em
termos ambientais, que me diz respeito como profissional da ecologia, devo ater-me aos
aspectos que contribuam para se traçar uma política ambiental que inclua a obtenção da
carne bovina num planejamento fundamentado em bases científicas agro-ecológicas,
sócio-econômicas e em respeito às leis ambientais, nesta seqüência (que dão suporte ao
estabelecimento de uma política ambiental que vise sustentabilidade).
31
Minerais
Magnésio mg 32 28 29
Vitaminas
Folacina mg 10 6 4
Ácidos graxos
Colesterol mg 89 79 85
intake and mortality: a prospective study of over half a million people” = Ingestão de
carne e mortalidade: um estudo prospectivo de mais de meio milhão de pessoas) os
comedores de carne provavelmente se sentirão “aliviados” com a conclusão dos autores:
“ingestão de carnes vermelhas e carnes processadas foram associadas a aumentos
modestos com a mortalidade total, mortalidade por câncer e mortalidade por doença
cardiovascular”. Eu, pessoalmente continuo com receio de ser incluído nesse aumento
modesto!
As vantagens do rebanho bovino vão mais além quando avaliamos sua contribuição
em termos de produção de leite. Embora, neste aspecto, algumas pessoas saibam que,
em termos naturalistas, digamos assim, “o leite de um mamífero foi criado pela
Natureza para alimentar o filhote daquele próprio mamífero”. Há indícios de que está se
tornando mais freqüente nas populações humanas, o aparecimento de crianças que
sejam intolerantes a leite animal (que não seja o da própria mãe). Eu, continuo
consumidor moderado de leite de vaca. Um dos meus filhos, hoje com 16 anos de idade,
nunca pôde consumi-lo. Após a amamentação materna, ele teve que passar a consumir
leite de soja; e tem tanta ou mais saúde, do que os outros que consomem leite animal!
Portanto, não me parece ser este um problema com que devamos nos preocupar. Quem
puder consumi-lo, que o faça.
Em termos ambientais... aí sim, há muito que ser avaliado e discutido. Privilegiar a
produção de cereais ou a de carne? Resgato inicialmente um escrito de Robert Goodland
que figura na destacada publicação “CAVALCANTI, C. (org.) (2002) Meio Ambiente,
Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas, 4ª.ed., São Paulo, Cortez Edit. e
Fundação Joaquim Nabuco, 436p.”, sob título: Sustentabilidade Ambiental: Comer
Melhor e Matar Menos (expressão esta que tomei emprestada para título deste ensaio).
Nessa contribuição R. Goodland discorre sobre valores nutricionais de cereais e carnes,
política alimentar, aspectos ecológicos e filosóficos em geral, assim como sobre valores
relacionados à saúde humana e crença religiosa. Em termos de sustentabilidade
ambiental vejamos alguns pontos de destaque dessa publicação, principalmente na
comparação entre produção de cereais e de carne animal: 1) o gado de corte durante a
engorda consome sete quilos de cereal para produzir um único quilograma de peso em
pé, ou produto em pé em sua expressão ecológica (comentário meu sob o aspecto
ecológico: sugiro aos leitores que consultem, num livro de ecologia ou no meu
Glossário de Ecologia e Ciências Ambientais, o gráfico de ODUM representativo da
transferência de energia através da cadeia alimentar e vejam quanto de energia se
evitaria perder “se fôssemos mais herbívoros”); 2) o porco consome quase quatro quilos
de grãos para cada quilo de peso em pé; 3) frango e peixe (mais eficientes na conversão)
consomem dois quilos de grãos para cada quilo de peso em pé; 4) produção de queijo: 3
quilos de grãos para cada quilo desse produto; e produção de ovos: 2,6 quilos de cereais
por quilo desse produto. Segundo avaliação de Lester Brown, pesquisador em
sustentabilidade ambiental, os países que lideram essa “transformação de cereais em
carne” são Estados Unidos e China. Robert Goodland então pergunta: “Se os indivíduos
mais prósperos do mundo aceitassem simplificar sua alimentação (por razões de saúde
ou ética ou economia, ou religião...) liberariam os cereais assim poupados e os
distribuiriam para prevenir a fome e a desnutrição onde e quando necessário”?
33
04 de julho de 2009
CARNEIRO NA ESCÓCIA DIMINUINDO DE TAMANHO COMO
INDICADOR ECOLÓGICO DE AQUECIMENTO GLOBAL
têm produzido invernos mais curtos na ilha. E com isso, os carneiros menores se
beneficiam, sobrevivendo com facilidade nos invernos menos rigorosos.
04 de julho de 2009
BEBÊS CHINESAS VENDIDAS PARA ADOÇÃO (EM CONTINUAÇÃO
À POSTAGEM ANTERIOR)
BILINGÜE
BBC NEWS, 02 de julho de 2009
Esta nota, divulgada no site da BBC (Londres) mostra a situação caótica-desumana "a
que teremos nos acostumar" ao longo deste tão falado século XXI, o século das
conquistas tecnológicas e transformações.
INGLÊS: Rural couples are allowed two children under China's family planning laws.
Dozens of baby girls in southern China have reportedly been taken from parents who
broke family-planning laws, and then sold for adoption overseas.
PORTUGUÊS: Casais de zonas rurais são permitidos ter, sob as leis de planejamento
familiar na China, dois filhos. Dezenas de bebês meninas, no sul da China têm sido,
segundo se noticia, tomadas dos pais que quebraram as leis de planejamento familiar e
foram vendidas para adoção no exterior.
INGL.: An investigation by the state-owned Southern Metropolis News found that
about 80 girls in one county had been sold for $3,000 (£1,800).
PORT.: Investigação do "Soutrhern Metropolis News" [jornal] de propriedade do
Estado, descobriu que cerca de 80 meninas em um condado foram vendidas por
U$3.000,00 (ou 1.800 libras).
INGL.: The babies were taken when the parents could not pay the steep fines imposed
for having too many children.
PORT.: Os bebês foram tomados porque os pais não puderam pagar a multa exagerada
imposta por terem muitos filhos.
INGL.: Local officials may have forged papers to complete the deals, the report said.
PORT.: Autoridades locais podem ter forjado documentos para completar as
negociações, afirma o relatório.
INGL.:Unpopular policy
PORT.: Política impopular
37
INGL.: Parents in rural areas are allowed two children, unlike urban dwellers who are
allowed one. But if they have more than that, they face a fine of about $3,000 -several
times many farmers' annual income.
PORT.: Os pais das zonas rurais são permitidos ter dois filhos, diferentemente dos
habitantes das zonas urbanas a quem são permitidos apenas um filho. Mas se eles têm
mais do que isso, têm que enfrentar uma penalidade de cerca de U$3.000,00 - valor
muitas vezes superior à renda anual de muitos fazendeiros.
INGL.: The policy is deeply unpopular among rural residents, says the BBC's Quentin
Somerville in Beijing.
PORT.: Essa política é profundamente impopular entre os residentes das zonas rurais,
afirma Quentin Somerville da BBC, em Beijing (Pequim).
INGL.: Nearly 80 baby girls in a county in Guizhou province, in the south of the
country, were confiscated from their families when their parents could not or would not
pay the fine, Southern Metropolis News said.
PORT.: Aproximadamente 80 bebês meninas num condado na província de Guizhou, no
sul do país, foram confiscadas de suas famílias uma vez que seus pais não podiam ou
não pagariam a multa, afirmou o "Southern Metropolis News".
INGL.: The girls were taken into orphanages and then adopted by couples from the
United States and a number of European countries. The adoption fee was split between
the orphanages and local officials, the newspaper said.
PORT.: As meninas foram levadas para orfanatos e daí foram adotadas por casais dos
Estados Unidos e vários paísis europeus. A taxa de adoção foi repartida entre os
orfanatos e autoridades locais, afirmou o jornal.
INGL.: Child trafficking is widespread. A tightening of adoption rules for foreigners in
2006 has proved ineffective in the face of local corruption.
PORT.: O tráfico de criança está se disseminando. Um aperto nas regras de adoção para
estrangeiros em 2006 provou ser ineficiente face à corrupção local.
05 de maio de 2009
SUPERPOPULAÇÃO: COMPROMETE A SUSTENTABILIDADE???
"Optimum Population Trust" "Towards environmentally sustainable
populations"
6.836.207.421
6.836.278.034
Os números que vemos acima foram registrados a partir do “tic-tac” do Relógio da
População Mundial: o primeiro foi registrado às 10 horas e oito minutos, na manhã
deste domingo, 17 de maio de 2009; e o segundo, ainda no domingo, mas às 17 horas e
26 minutos. Esta contagem refere-se ao crescimento da população humana no nosso
planeta, sendo mostrada em tempo real no site http://www.optimumpopulation.org/.
Este é mantido pela “Optimum Population Trust” “towards environmentally sustainable
populations”, que significa literalmente, Fundação da População Ótima, direcionada a
populações ambientalmente sustentáveis. A velocidade com que os números aumentam
impressiona tanto quanto a velocidade com que nos deparamos diariamente com os
38
03 de maio de 2009
AQUECIMENTO GLOBAL E SAÚDE
Em sua edição eletrônica de março/2009, a revista norte-americana “Scientific
American Earth 3.0” (assim denominada), divulga artigo da Dra. Katherine Shea, Prof.
Adjunto de saúde materna e da criança, da Universidade da Carolina do Norte, sob o
título “Global Warming and your Health” (Aquecimento Global e sua Saúde). Este
assunto, segundo a própria autora, é “uma ladainha dos impactos diretos associados à
mudança global”. Esta autora trata sobre a incidência de asma e alergias, ambas ligadas
a problemas respiratórios. Associar aquecimento global a doenças torna-se necessário
considerar os seguintes ângulos de abordagem: (i) prevalência de doenças como essas
estudadas por SHEA, asma e alergias respiratórias, e (ii) disseminação de doenças
infecciosas, como foi abordado por “LAFFERTY, K.D. (2009) The ecology of climate
change and infectious diseases. Ecology, 90 (4): 888–900”.
Comecemos por este último aspecto, abordado por LAFFERTY (2009), que
analisa com significativo número de citações bibliográficas, as relações entre clima e
ocorrência e dispersão de doenças infecciosas. Ele considera que enquanto as projeções
iniciais sugerem aumentos dramáticos futuros na faixa geográfica das doenças
infecciosas, modelos recentes prevêem mudanças nas faixas de distribuição de doenças
com pouco aumento na área de distribuição. E uma vez que muitos fatores podem atuar
sobre doenças infecciosas, alguns poderão obscurecer os efeitos advindos do clima. Mas
é importante observar a afirmação de LAFFERTY, de que a alta diversidade de doenças
infecciosas nos trópicos poderia ser resultante da alta diversidade de seus vetores. E
ainda: a inabilidade de doenças tropicais de seres humanos em disseminar, a partir dos
trópicos para as regiões temperadas pode se dever à alta proporção de doenças tropicais
que têm vetores específicos (80% tropicais versus 13% temperados) e/ou reservatórios
animais silvestres (80% tropicais versus 20% temperados). Muitos trabalhos são citados
por LAFFERTY (2009) reportando sobre aumento de temperatura beneficiando os
vetores de doenças, como por exemplo: experimento com a esquistossomose, causada
pelo parasita trematódeo, mostrou que as cercarias são sensíveis ao aumento de
temperatura (conforme relatado por “POULIN, R. (2006) Global warming and
temperature-mediated increases in cercarial emergence in trematode parasites.
Parasitology, 132: 143–151”).
40
E agora, alguns trechos do artigo objeto desta postagem. Vejamos o que afirma a
Dra. SHEA sobre a asma e alergias associadas ao aquecimento global: (a) as pessoas
mais vulneráveis a esses dois males são os idosos, as crianças e os enfermos; (b) esses
males são epidêmicos nos países desenvolvidos, cujo número de afetados é crescente;
(c) somente nos EUA pelo menos 50 milhões de pessoas sofrem de alergias, a um custo
anual de U$18 bilhões ao sistema de saúde; (d) a asma afeta um em cada 14 americanos
adultos e um em 10 crianças, sendo neste caso a principal responsável pelas ausências
escolares; (e) quanto mais expostas as pessoas estão ao ar poluído e grãos de polens,
piores são os sintomas, aumentando a probabilidade de desenvolverem processos
alérgicos. Observa ainda a Dra. SHEA: a mudança climática tem se mostrado (por
diversos pesquisadores) como causadora do aumento nas concentrações de poluentes
atmosféricos que desencadeiam essas doenças, principalmente o ozônio e os grãos de
polens. O ozônio é o componente primário do “smog” ("smoke" + "fog" ou seja, fumaça
+ nevoeiro, comuns em cidades como Los Angeles (EUA) e Londres (Inglaterra). A
exposição ao ozônio durante a infância pode retardar o crescimento e desenvolvimento
pulmonar e contribuir para novo aparecimento de asma, que pode surgir em qualquer
idade. A maioria dos precursores do ozônio provém da queima de petróleo e carvão
mineral, surgindo da ação dos raios solares atuando sobre esses poluentes.
Sobre as ações dos grãos de polens a Dra. SHEA relata que a “febre do feno”
potencializa ataques de asma e que há vários estudos apontando que o aumento global
de temperatura provoca antecipação e alongamento da estação de produção de polens. E
ainda: há certas plantas, como a erva-de-santiago ou tasneira (“ragweed”) que produz
substâncias alergênicas em quantidades mais elevadas, agravando-se a asma em pessoas
mais sensíveis, estando no ar concentrações mais elevadas de dióxido de carbono (um
dos gases mais eficientes do aquecimento global). Conclui ela: não há dúvida de que o
aquecimento global promove sofrimento respiratório. Pessoas em risco devem evitar
sair de casa e evitar esforços físicos nos dias críticos, quando há informações sobre ar
poluído e “infestado” com grãos de polens. Orientação às pessoas sobre como entender
os índices divulgados sobre poluição e agentes da febre do feno, e ainda, e não menos
importante sobre atendimento e medicação adequada é fundamental.
Não há exagero em lembrar que a onda de calor que atingiu a Europa tenha coincidido
com a morte de umas 52 mil pessoas no verão de 2003; na França, mais de 10 mil, onde
em Paris a temperatura alcançou 40 graus Celsius; e quase outras tantas na Itália.
41
06 de abril de 2009
ALGUMAS PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A “GRIPE SUÍNA”
[New Scientist, 26 de abril de 2009]
Pergunta: Posso comer carne de porco?
Resposta: De início é bom esclarecer que a denominação “gripe suína” NÃO quer dizer
que seja um vírus que infecta suínos, mas sim pela semelhança de uma de suas proteínas
com as proteínas de vírus que geralmente infecta esses animais. Tal vírus ainda não foi
detectado em porco, mas sim em seres humanos.
P.: Quem deve se preocupar?
R.: Há motivos para preocupações ao se observar que dentre as 81 pessoas afetadas,
com várias mortes (até 26/abril/2009) com essa gripe no México, a maioria era jovens
adultos. Portanto, seu potencial mortal pode ser grande. Resta saber quão severo é seu
potencial de disseminação.
P.: Poderá se disseminar para outros países, podendo chegar ao Brasil?
R.: As viagens internacionais, hoje, são muito comuns e freqüentes. Há informações de
que alguns países já estão utilizando câmeras de raios infravermelhos, nos aeroportos,
para detectar pessoas com febre e que estejam vindo de locais conhecidamente afetados
(do México e Estados Unidos).
P.: E qual é seu potencial de disseminação?
R.: Como as pessoas infectadas nos Estados Unidos não entraram em contato com
porcos, nem comeram carne de porco, e nem tiveram contato umas com as outras, sabe-
se que esse vírus é transmitido entre seres humanos, suspeitando-se que foram
necessárias algumas semanas para que isso acontecesse. Investiga-se agora que tipo de
contato essas pessoas tiveram com outras possivelmente infectadas; e daí podermos
ficar sabendo sobre quão facilmente (ou não) o vírus se dissemina.
P.: Há medicamento e vacina contra a gripe suína?
R.: Não há vacina disponível. A gripe tem se mostrado suscetível ao medicamento
antiviral “Tamiflu”; sem se saber por quanto tempo permanecerá assim ou se
desenvolverá resistência.
P.: Qual seria então o motivo para tanta preocupação? Há risco de pandemia?
R.: É possível. Principalmente porque é mais um “novo vírus”. E como vírus de gripe
está sempre “evoluindo”, ou seja, a maioria sofre modificações estruturais nas proteínas
de sua superfície (do envelope), cada novo vírus dispõe de mecanismos para “enganar”
as defesas de nosso sistema imunológico. Conhecem-se hoje 16 diferentes famílias de
vírus com diferentes proteínas de superfície; além do fato de que os vírus trocam entre
si genes. Um exemplo de possível resultado: proteínas de superfície de vírus de porco
ou de vírus da gripe aviária poderão circular entre pessoas. Daí, uma pandemia poderia
ocorrer. O vírus da gripe suína é da família de vírus H1N1; a mesma família de vírus da
pandemia de 1918, a gripe espanhola que matou cerca de 50 milhões de pessoas.
Observações: 1) a gripe aviária, vírus da família H5N1, segundo a OMS –
Organização Mundial de Saúde, matou 257 pessoas em 2003, das 421 infectadas (de 15
42
países); 2) gripes estacionais (ou sazonais) matam a cada ano no mundo, entre 250 mil e
500 mil pessoas; e a cada poucas décadas surge uma nova linhagem de gripe que pode
ser pandêmica.
09 de abril de 2009
NA ANTÁRTICA A PERDA E O GANHO DE GELO COMPROVAM
AQUECIMENTO GLOBAL
oceano, que assim absorverá mais radiação solar, contribuindo para o contínuo e
acelerado aquecimento da região. A lição maior aprendida com esse fato é de que as
modificações na Antártica estão ocorrendo mais rápido do que se pensava. No início da
década de 1990 estimava-se que em 30 anos ocorreriam fenômenos como esse. E ainda,
segundo a pesquisadora Angelika Humbert, do Instituto de Geofísica da Universidade
Münster, Alemanha, isso serve como advertência de que as plataformas de gelo da
Antártica são potencialmente instáveis em escalas curtas de tempo.
GANHO DE GELO. A revista inglesa “New Scientist” já divulgara em
01/junho/2002, em artigo intitulado: “Está mais quente mas, há mais gelo”, que apesar
das notícias sobre colapso de plataformas de gelo, há acréscimos de uns 200 mil
quilômetros de gelo na Antártica. Mas os céticos do aquecimento global talvez
concordem (ou não) com a seguinte possível explicação: um aumento da precipitação de
neve vem ocorrendo como resultante de maior umidade proveniente da evaporação da
água devido ao aumento da temperatura. Com isso, análises de dados obtidos nos
últimos 20 anos de observação das imagens de satélite contradizem as previsões de que
metade do mar de gelo da Antártica desaparecerá no século vindouro. Ou seja, as
precipitações extras de neve superariam o derretimento das geleiras pelo aumento da
temperatura atmosférica (do aquecimento global). Estima-se que o mar de Ross tenha
mais 13% de gelo do que em 1979. Mas há observações de que tal crescimento em
geleiras é localizado; e que em algumas áreas o derretimento supera o acréscimo de
geleiras. Algumas geleiras, como a de Larsen, tem ciclos de acréscimo e derretimento.
Mais geleiras mais água doce no oceano e daí... com esse aumento o oceano
torna-se mais estável, reduzindo-se a transferência de calor proveniente de sua zona
mais profunda. Isso facilita o congelamento da água, que assim refletirá mais a radiação
solar incidente, contribuindo para reduzir (vagarosamente) o efeito do aquecimento
global. Essa situação na Antártica está em contraste gritante com a região Ártica, onde
já vêm sendo registradas perdas de 40% da camada de gelo de verão nos últimos 50
anos.
07 de abril de 2009
“OVOS DE CHOCOLATE” SOB CRESCENTE AMEAÇA DA
VASSOURA DE BRUXA (NO BRASIL) E DE VIRUS (NA ÁFRICA) [ou
RISCOS DA MONOCULTURA]
Newscientist, 08/abril/2009
Chegou a época novamente, dos ovos de chocolate e as vendas desse símbolo, pagão
e cristão do renascimento, estão mais fortes do que nunca. Mas a “caçada” por ovos de
páscoa pode realmente acontecer no próximo ano, porque os cacaueiros estarão em
44
maus lençóis. O vírus do cancro caulinar (em inglês “cocoa swollen shoot vírus –
CSSV”) poderá matar as árvores e ameaçar derrubar a produção da primavera deste ano,
em um terço, num dos maiores produtores mundiais de cacau: a Costa do Marfim (oeste
da África, região responsável por 70% da produção mundial). Enquanto isso, o fungo
“vassoura de bruxa” (Crinipellis perniciosa) faz o mesmo no Brasil. Pesquisadores do
“CRIG – Cocoa Research Institute of Ghana” ao tempo em que se apressam em
seqüenciar o genoma do cacaueiro para encontrar genes que possam resistir ao “CSSV”,
encontraram variedades com resistência parcial ao vírus. Ray Schnell e colegas, de
laboratório do “US Department of Agriculture” em Miami, Florida, tentam apressar o
processo mapeando o gene (e afirmam que isso seria bem mais fácil se o genoma do
cacaueiro já tivesse sido mapeado). E assim, se tentará obter por cruzamento, linhagens
de cacaueiros que possam resistir ao vírus. Enquanto isso, só resta aos fazendeiros da
região (desprovidos de recursos), queimar os cacaueiros contaminados e expandir o
cultivo para novas áreas.
É praticamente impossível evitar que os cacaueiros se contaminem porque o vírus,
endêmico, provém de árvores nativas (algumas delas importantes para sombrear os
cacaueiros), de onde surgem e se disseminam através de um vetor, um inseto, a
cochonilha (Maconellicoccus sp) [conhecido.em inglês como “mealy bug”, literalmente,
bicho farináceo]. Segundo o pesquisador inglês Paul Hadley, da Universidade de
Reading, um fator que promove a disseminação dessa praga é o fato de que o cacaueiro
(originário da úmida Amazônia) vem sendo cultivado em extensos plantios
(monocultura) em regiões secas da África, onde as árvores sob estresse hídrico são
menos aptas a resistir à praga. A carência de recursos para uso de fertilizantes agrava a
situação. Embora novos estoques genéticos de cacaueiros da América do Sul estejam
sendo selecionados para a África, medidas de precaução, como uma quarentena de dois
anos e mais hum ano experimental, retardarão em três anos para que se inicie a
contornar tal problema. Se obtido resultado positivo desse procedimento, será produzido
um “kit” que poderá ser usado pelos fazendeiros africanos para selecionar plantas
resistentes ao “CSSV”. Já se usa no centro de pesquisas de Gana (no “CRIG”), um “kit”
semelhante para combater o fungo da podridão parda (Phytophthora sp).
05 de abril de 2009
ÁGUA: O GRANDE DESAFIO DESTE MILÊNIO
45
[Contribuição de SANDRA LIMA - ver endereço no final do texto - fotos: rio Paraguai]
Comemoramos o “dia mundial da água” marcado pela tomada de consciência diante
do quadro em que se encontram os recursos hídricos. A sensibilização geral já vem
acontecendo durante décadas, mas com os cenários projetados torna-se imprescindível
que cada habitante se conscientize acerca do uso e da disponibilidade real da água no
mundo.
Criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) seguindo as recomendações da
Eco-92, conferência realizada no Rio de Janeiro, estiveram nas pautas anuais, além dos
vários estudos e discussões, temáticas como vida, saúde, escassez, saneamento,
disponibilidade, ações e cuidados, questões de gênero, águas subterrâneas, entre outros.
A “Declaração Universal dos Direitos da Água” caracteriza este precioso bem ambiental
como seiva do planeta, patrimônio da humanidade, direito fundamental, condição
essencial de sobrevivência, bem de valor econômico e recurso insubstituível. Deve ser
utilizado racionalmente com precaução e parcimônia, determinando responsabilidades
para conservação e preservação em águas superficiais ou subterrâneas, tanto do
indivíduo quanto dos governos.
A sobrevivência dos seres vivos traduz a necessidade de uma gestão consciente, pois
atualmente a prática de uso extrapola os limites recomendados de 40 litros dia/habitante
(nas regiões em que o consumo ainda é possível). Estima-se que são gastos em média
200 litros no Brasil, enquanto que dados da ONU confirmam que nos EUA a média é de
575 litros e em Moçambique 10 litros por cada pessoa. Milhões de pessoas já sofrem
com a ausência desse recurso estratégico de governança e essencial à vida.
Considerando que o ciclo hidrológico continua o mesmo há milhares de anos, em
contraste com previsões de que a água pode desaparecer do planeta, torna-se urgente a
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9433/97) que
estabelece a gestão integrada da água em todas as suas características, destacando a
formação dos Comitês de Bacias Hidrográficas como parlamento de discussão e adoção
46
12 de março de 2009
A SUSTENTABILIDADE EM CAPÍTULOS: III – BREVES
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS SERVIÇOS AMBIENTAIS MARINHOS
47
Durante séculos o mar foi objeto de desafios para o ser humano. De caminhos para
as descobertas de novas terras, no desejo humano de expandir seus domínios, passando
por palco de batalhas, sustento de civilizações, chegando até a servir como o maior
receptor de produtos e subprodutos gerados e rejeitados pela humanidade, em toda sua
existência na Terra ao longo de seus 10.000 anos de processo civilizatório.
Proporcionalmente à imensidão de suas dimensões seriam os assuntos ou temas para
estudos e discussões que os oceanos geram. Vejamos uma “micro-amostra” de tais
assuntos.
O capital natural dos oceanos. O petróleo. Refere-se este capital aos recursos de
que dispõem os oceanos e que vêm sendo utilizados pelo homem. O petróleo, por
exemplo, é um desses recursos, resultante de 100 – 500 milhões de anos, em que
vegetais e animais após morrerem se degradaram em grandes profundidades, tanto na
terra como nos sedimentos dos oceanos. O petróleo depois de extraído e refinado torna-
se um capital produzido pelo homem.
Após beneficiar-se desse gigantesco capital natural pergunta-se: que retorno o ser
humano propicia à Natureza como “pagamento por tal serviço”? [veja “Serviços
Ambientais” numa das postagens anteriores neste blog]. Não tenho conhecimento da
existência de alguma ação positiva nesse sentido! Até os vazamentos e derrames de
petróleo no mar são tratados com pouca eficiência. Problemas ambientais causados pela
Petrobrás no Rio de Janeiro e no Paraná nos fazem crer que mesmo as grandes
empresas, com grandes lucros financeiros, não se interessam em investir na preservação
de possíveis "acidentes" e parecem preferir correr riscos em causar danos à Natureza.
No site http://www.veja.com/ foi anunciado em 11/11/2008 que a Petrobrás teve, nesse
ano, um lucro líquido de R$26,56 bilhões. A complacência das autoridades aliada ao
descaso da sociedade, que logo esquece o que ocorreu, deixa-nos simplesmente à espera
da próxima tragédia.
Potencial pesqueiro. O crescimento populacional humano, ajudado pelo
desenvolvimento da tecnologia aplicada à pesca, vem aumentando o consumo de peixes,
ostras, mamíferos aquáticos e outros organismos consumíveis, de maneira assustadora.
Estima-se que certa espécie de peixe que venha a tornar-se alvo principal da indústria
pesqueira, sofrerá baixas em seu estoque em cerca de 80% dentro de 10 a 15 anos.
Pesquisadores estimam que o “fishprint” (ou pegada ecológica do peixe, poderíamos
assim traduzir), que se define como a área do oceano necessária ao consumo de pescado
por uma pessoa ou nação ou o mundo, vem atingindo o percentual insustentável de
157%, devido à explotação conjunta das nações.
O que o avanço tecnológico vem causando aos estoques? Eis um modelo simples do
comportamento da relação PREDADOR ─ PRESA (ver figura acima). O predador é o
homem; e a presa é o peixe. No quadrante superior esquerdo observa-se que ambos
estão em equilíbrio (sinal positivo); segue-se a esta situação o que está representado no
quadrante superior direito, em que a presa, sendo capturada em grande quantidade pelo
predador, tem seu estoque reduzido; e assim o predador continua positivo tornando-se a
presa negativa. Seria natural, nesta circunstância desse quadrante, que o homem se
retirasse do local (seria o quadrante inferior direito, em que predador e presa têm sinal
negativo). Mas a tecnologia oferece ao homem recursos tecnológicos avançados (radar,
48
10 de março de 2009
A SUSTENTABILIDADE EM CAPÍTULOS: II – ECOSSISTEMAS
MARINHOS: POUCO ESTUDADOS E MAL COMPREENDIDOS
49
Mar aberto, fundo do oceano e zona costeira, constituem-se nas três grandes zonas
de ¾ da superfície do nosso planeta. Estima-se que gerem produtos e serviços
superiores a U$12 trilhões (dólares americanos) por ano. Uma cifra aproximadamente
igual ao PIB dos Estados Unidos. E sobre a maioria dos ecossistemas que fazem parte
do sistema marinho, continuamos tendo uma visão limitada, se não bastante distorcida.
Tais ecossistemas são reservatórios de imensurável biodiversidade; e conhecê-los com
profundidade requereria recursos humanos e tecnológicos de que ainda estamos longe
de dispor.
A elevada produtividade da zona costeira. Do ponto em que as altas marés
atingem nas costas dos continentes e ilhas até o declive suave da plataforma continental
marinha, situa-se a zona costeira; que embora seja apenas 10% da área oceânica
mundial contém 90% de todas as espécies marinhas, sendo o centro da produção
pesqueira comercial. Seus principais ecossistemas são: estuários, com “salt marshes”
(brejos salinos) nas regiões temperadas e manguezais nos trópicos; recifes de corais; e
lagunas costeiras e brejos flúvio-marinhos. A maioria é detentora de alta produtividade
primária líquida. Vejamos alguns destaques desses ecossistemas.
Os estuários. Nos locais onde os rios despejam suas águas no mar, formam-se os
estuários. Caracterizam-se os estuários por grande diversidade de habitats, concentrando
altos valores de entrada de nutrientes (viabilizada pela convergência de fluxos de águas
fluviais, correntes marinhas, lixiviação de solos circunvizinhos os mais diversos),
ventos, precipitação pluvial abundante, além de intensa radiação solar penetrando
facilmente nas suas águas rasas... todos esses fatores possibilitando elevada riqueza de
biodiversidade. Tais ambientes propiciam condições favoráveis à reprodução de várias
espécies que vivem sua fase adulta no mar. As figuras acima ilustram sua grande
complexidade, em termos de habitats e biodiversidade [esquemas reproduzidos de
divulgação do Instituto de Biociências da USP].
Dezenas de espécies de algas marinhas, rica concentração de espécies do
fitoplâncton (algas microscópicas) e do zooplâncton (animais microscópicos) formam a
51
base da cadeia alimentar e variados tipos de teia alimentar que tornam os estuários um
ecossistema de elevada produtividade ecológica. Um exemplo: nos manguezais do rio
Paraíba, principalmente no município de Várzea Nova (na “grande João Pessoa”), a
produção de carne de caranguejo alcança cerca de 600 kg por hectare por ano.
Além da produção de alimentos, os manguezais nos estuários provêem importantes
serviços ambientais (ecológicos e econômicos). Filtram os poluentes provenientes da
lixiviação ocorrida nas margens dos rios (agrotóxicos, fertilizantes) e resíduos de
despejos industriais e de águas residuárias em geral. Atuam também como zonas de
amortecimento de impactos causados por enxurradas, vendavais, furacões, picos de
marés muito elevadas...; e têm também, historicamente, servido como fornecedores de
lenha para vários usos.
Estimativa da FAO (“Food and Agricultural Organization”), da ONU, revela que de
1980 a 2005 nosso planeta perdeu pelo menos 1/5 dos manguezais, principalmente pelas
ações antrópicas.
Um estudo de caso de degradação de estuários: Chesapeake Bay, nos E.U.A.
Vimos no capítulo anterior (da série “A Sustentabilidade em Capítulos”, neste blog) que
o quarto princípio científico da sustentabilidade é o CONTROLE POPULACIONAL. A
população humana vivendo nas proximidades dessa baía (formada a sudoeste de
Washington, D.C., na costa atlântica entre os estados de Delaware e Maryland) foi dado
em 1940 como sendo de 3,7 milhões de pessoas; e em 2007 atingiu 16,6 milhões. O
estuário recebe água residuária de uma bacia de drenagem composta por 9 rios e 141
riachos e córregos provenientes de seis Estados americanos. São comuns ali ocorrências
de “algal bloom” (explosões, de crescimento, de populações de algas) devido às altas
concentrações de fosfato e nitrato nas suas águas poluídas. A produção de ostras,
caranguejos e peixes caiu muito desde os anos de 1960. As ostras são eficientes
filtradores, retendo o excesso desses compostos responsáveis pela dita explosão de
algas. Portanto, a pressão antrópica sobre a Baía de Chesapeake é certamente o principal
causador de sua degradação.
Projeção catastrófica. Em 2006 viviam nas áreas costeiras 45% da população
humana mundial; em 2040 há expectativa de que tal população seja de 80%.
07 de março de 2009
A SUSTENTABILIDADE EM CAPÍTULOS: I - OS 4 PRINCÍPIOS
CIENTÍFICOS DA SUSTENTABILIDADE
52
Percentuais
de:
População
Crescimento
populacional
Expectativa anos
de vida anos
Riqueza e
renda
Uso de
recursos
Poluição e
resíduos
gerados
Países Países em
desenvolvidos desenvolvimento
02 de março de 2009
REPRESAS E TERREMOTOS: NÃO PODEMOS ESQUECER OS 70
MIL CHINESES MORTOS
Sichuan é uma região com muitas represas, tendo a maioria sido construída nas
décadas recentes. A maior delas já é mundialmente conhecida: a represa das Três
Gargantas, no rio Yangtze. É a maior represa do mundo, distando 550 km a leste do
epicentro do terremoto de Sichuan. A ocorrência desse terremoto apressou os
engenheiros a verificarem a segurança das Três Gargantas. O inverso, ou seja, checar as
possibilidades de terremotos ou outras implicações ambientais na região, antes que
ocorram, já não é objeto de urgência por parte de engenheiros envolvidos num
alucinante processo de busca por crescimento econômico; como aliás deveriam ter feito
para a represa de Zipingku antes de ser construída.
Algumas características da represa das Três Gargantas. A parede de concreto tem
cerca de 2309 m de comprimento, 101 m de altura, medindo 115 m de espessura na base
e 40 m no topo. Foram utilizados 27.200.000 m3 de concreto, 463.000 toneladas de aço
(suficientes para construir 63 torres Eiffel); e foram mobilizados 102.600.000 m3 de
terra durante a construção. Quando o nível de água atingir o máximo, estará a 91 m
acima do nível do rio, tendo o represamento um comprimento total de 660 km e uma
largura média de 1,12 km contendo um volume total de água de 39,3 km3. O
reservatório cobrirá uma área total de 1045 km2. Quando essa área é comparada à do
reservatório de Itaipu (1350 km2) percebe-se que há maior concentração de volume de
água nas Três Gargantas.
Numa das fotos acima vê-se a câmara elevatória de navios, capaz de elevar 12.800
toneladas a uma altura de 113 m.
O terremoto de Sichuan teve conotações especialmente trágicas pelo fato de que
muitas mortes ocorreram entre crianças nas escolas, onde os tetos desabaram sobre elas.
Esta é uma combinação “perversa”: a correria para construir represas e escolas de
estruturas precárias; ou seja, resultado de falta de cuidado, valores distorcidos e
insensatez.
Surge assim com esse exemplo do mundo oriental em transformação, um
questionamento muito sério a respeito de ciência e tecnologia. Além disso, essa
gigantesca represa constitui-se num “grande reservatório de controvérsias” (política,
econômica, ambiental, social; assunto extenso demais, que demandaria um próximo
capítulo).
56
24 de fevereiro de 2009
EM ESPECIAL PARA QUEM GOSTA DE PERGUNTAR: PARA QUE
SERVE ESSE BICHO???
[BILINGÜE]
Mole rats may hold secret to long life
Ratos-toupeira podem possuir o segredo da longa vida
[NEWSCIENTIST, 23 February 2009]
INGLÊS: they may not be the prettiest creatures, but naked mole rats may hold the
secret to longevity. They can live for nearly 30 years longer than any other rodent.
PORTUGUÊS: eles podem não ser as criaturas mais bonitas, mas os ratos-toupeira
pelados [Heterocephalus glaber; do leste da África] podem possuir o segredo da
longevidade. Eles podem viver por aproximadamente 30 anos mais do que qualquer
outro roedor.
INGL.: Ageing is often blamed on the oxidising compounds we produce in our bodies,
which gradually wear down DNA and proteins. These damaged molecules then go on to
wreak havoc in cells.
PORT.: Freqüentemente atribui-se culpa pelo envelhecimento aos compostos oxidantes
que nós produzimos em nossos corpos, os quais gradualmente desgastam o DNA e as
proteínas. Estas moléculas danificadas progridem, para arrasar células.
INGL.: [...] To investigate, Rochelle Buffenstein of the University of Texas Health
Science Center in San Antonio and colleagues extracted liver tissue from both species
and treated it with chemicals that "unravel" proteins to reveal damage. They found twice
as many undamaged proteins in naked mole rats as in mice. What's more, the rats'
protein recycling machinery was exceptionally active.
PORT.: [...] Para investigar, Rochelle Buffenstein do Centro de Ciência da Saúde da
Universidade do Texas em San Antonio, e seus colegas, extraíram tecido do fígado de
ambas as espécies [do rato-toupeira e do rato comum] e o trataram com substâncias que
“separam” proteínas para revelar o dano. Eles encontraram duas vezes mais proteínas
não danificadas nos ratos-toupeira-pelados do que nos ratos comuns. E ainda, o
mecanismo de reciclagem de proteínas dos ratos[-toupeira] era excepcionalmente ativo.
57
INGL.: The team suspects that naked mole rats manufacture extra quantities of
molecules that are responsible for labelling damaged proteins that need to be recycled
quickly to minimise their effect on cells. The researchers hope to identify these
molecules and test if it is possible to use them to treat age-related disease in humans.
PORT.: A equipe suspeita que os ratos-toupeira-pelados fabricam quantidades extras de
moléculas que são responsáveis por rotularem as proteínas danificadas que necessitam
ser recicladas rapidamente para minimizar seus efeitos sobre as células. Os
pesquisadores esperam identificar estas moléculas e testar seu possível uso no
tratamento de doenças relacionadas ao envelhecimento nos seres humanos.
19 de fevereiro de 2009
A RADIAÇÃO UV E O CÂNCER MAIS PROVÁVEL QUE VOCÊ
VENHA A TER
Numerosas pesquisas indicam que anos de exposição à radiação ionizante UV-B
da luz solar, são a causa primária de câncer de pele dos tipos célula escamosa e célula
basal, os quais são responsáveis por até 95% de todos os tipos de câncer de pele. Há,
tipicamente, um interstício de 15 a 40 anos entre exposição aos raios UV e o
aparecimento desse tipo de câncer.
Crianças e adolescentes de origem caucasiana (com pele branca) que têm uma
única queimadura solar grave duplicam suas chances de vir a ter tais tipos de câncer de
pele. De 90 a 95% desses tipos podem ser curados se detectados o bastante cedo,
embora sua remoção possa deixar cicatrizes desfigurantes. Esses tipos de câncer matam
somente de 1 a 2% de suas vítimas, o que, nos Estados Unidos por exemplo,
representam 2.300 mortes por ano.
Um terceiro tipo de câncer de pele, o melanoma maligno, ocorre em áreas
pigmentadas da superfície do corpo, como nos sinais. Este tipo pode espalhar-se
rapidamente (dentro de poucos meses) para outros órgãos, incluindo fígado e cérebro, e
mata cerca de um quarto de suas vítimas (a maioria abaixo dos 40 anos) dentro de cinco
anos, mesmo considerando que possam submeter-se à cirurgia ou quimioterapia e
radioterapia. Todo ano este tipo de câncer mata cerca de 100.000 pessoas (nos Estados
Unidos, 6.900 pessoas em 1994), a maioria caucasiana, mas pode também ser curado se
detectado bastante cedo. O tempo decorrido entre a exposição à radiação UV (raios UV-
A e UV-B) e a ocorrência de melanoma é de 15 a 25 anos. No Brasil estima-se que 25%
da população branca tem algum tipo de câncer de pele.
Uma outra forma de carcinoma que comumente ocorre em pessoas de cor branca
que vivem nos trópicos (Brasil e Austrália, por exemplo) é a doença de Bowen. Este
carcinoma é uma forma benigna, mas ocasionalmente pode se tornar invasiva, podendo
ser tratada com crioterapia ou excisão cirúrgica.
São conhecidos os efeitos da radiação ultravioleta no sistema imunológico. Por
exemplo, herpes labial ocorre freqüentemente no começo do verão devido ao efeito
imuno-supressivo da radiação UV na pele, resultando na ativação do vírus herpes. É
possível que a susceptibilidade a certas infecções da pele tais como leishmaniose e
lepra, aumentaria com uma maior exposição à luz UV, uma vez que a expressão dessas
doenças depende de resposta da célula mediada pelo sistema imunológico. A radiação
58
18 de fevereiro de 2009
RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA: COMO FICAR DE OLHO NELA!
06 de fevereiro de 2009
AMAZÔNIA EM CAPÍTULOS: V – MEGADIVERSIDADE É UM DOS
NOSSOS MAIORES PATRIMÔNIOS
Praticamente
desaparecido do PA,
MT e RO. Incluído no
Anexo II da convenção
do CITES
Phyllobates terribilis
61
“Global Diversity - Status of the Earth's Living Resources”). Quatro dos biomas mais
ricos do planeta estão no Brasil: Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia e Pantanal.
Secretaria de Biodiversidade e Florestas O MMA – Ministério do Meio
Ambiente dispõe no seu site http://www.mma.gov.br/ de informações sobre políticas e
estratégias de ações para as “Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e
Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira /2006”. Ainda o MMA
estabeleceu o “Processo de Atualização das Áreas Prioritárias para Conservação, Uso
Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira”. Novecentas áreas
foram reconhecidas, devendo essa lista ser revista até no máximo dez anos pela
CONABIO – Comissão Nacional de Biodiversidade. Em tal processo estão
mencionados (e como temos siglas!): o PNAP – Plano Nacional de Áreas Protegidas e o
PAN-Bio no qual constam as “Diretrizes e Prioridades do Plano de Ação para
Implementação da Política Nacional de Biodiversidade” (sobre Políticas Públicas ver o
que o autor deste blog divulgou a respeito, numa das postagens anteriores: POLÍTICAS
PÚBLICAS: A TEORIA, NA PRÁTICA É...UM SONHO).
O Brasil participa da CDB – Convenção sobre Diversidade Biológica (desde
1992). Como é dito no site do MMA: “O desafio da CDB é conciliar o desenvolvimento
com a conservação e a utilização sustentável da diversidade biológica. Esta tarefa não
terá êxito, no entanto, sem a ajuda tecnológica e financeira dos países economicamente
desenvolvidos [...].”. Donde eu concluo que: (1) embora na divulgação dessa Secretaria
não seja dito que não é somente devido às dimensões do nosso país, mas também pelo
fato de nós mesmos não priorizarmos ações para preservação de nossos ambientes, não
investirmos na formação e contratação de pesquisadores... etc. ... teremos que depender
de ações de outros países (os ricos) para agirmos em favor dos quatro biomas mais ricos
do planeta (e que são nossos, como foi dito acima). (2) E como vamos convencer esses
países a “colaborarem”: (a) sensibilizando-os (?), (b) negociando (?)... ou (c) talvez até
“chantageando”: ou participa com o recurso financeiro ou nós destruímos tudo!
Certamente não será pesquisando, obtendo patentes (até o cupuaçu não é patente nossa!
é o "cupulate" dos japoneses; e dizem que até a rapadura também não!). (3) Em termos
de planejamento e ações, acredito que no Brasil muitas coisas são feitas de uma das
seguintes maneiras: em curto prazo (= talvez seja feito na gestão de um governo), médio
prazo (= poderá ser feito na próxima gestão; se houver!) e em longo prazo (= será feito
na “próxima encarnação”!!!).
E a conservação da Megadiversidade? Enquanto a tecnocracia e a burocracia
brasileiras discutem “o quê, onde e como” proteger... vejamos um pouquinho sobre o
potencial da biodiversidade amazônica. As fotos acima ilustram as plantas e os animais
seguintes:
Mogno (Swietenia macrophylla): altura de 25 a 30 m, com tronco de 50-80 cm
de diâmetro. Está incluída no CITES – Convenção sobre o Comércio Internacional de
Espécies Ameaçadas. Para sua preservação faz-se necessária (entre outros aspectos),
obedecer à certificação do “FSC – Forest Stewardship Council” (Conselho de Manejo
Florestal).
Andiroba (Carapa guianensis): árvore de uns 30 m de altura. Os frutos
produzem sementes (“andi-roba”, em tupi-guarani quer dizer semente amarga). O óleo e
64
04 de fevereiro de 2009
AMAZÔNIA EM CAPÍTULOS: IV – BREVE INTRODUÇÃO DE
ECONOMIA AMBIENTAL A PARTIR DA BIODIVERSIDADE
65
Igapó
Victoria amazonica
b) O resultado final desse processo (desenvolvido ao longo de 3 bilhões de anos) [ou 3,0
E 9] é estimado em 5 milhões de espécies geradas pela Natureza [ou 5,0 E 6] [este
número é apenas uma estimativa das espécies até hoje identificadas]
9,44 E 24 sej/ano multiplicado pelo total de anos de evolução 3,0 E 9 anos = 2,83 E
34 sej, energia esta acumulada em toda a biodiversidade atual. E o valor energético
acumulado em cada espécie é: 2,83 E 34 sej divididos pelas 5,0 E 6 espécies do nosso
planeta, resultando então: 5,7 E 27 sej.
6,7 E−13 EM$ por cada sej, multiplicados pelo valor de cada espécie em sej: 5,7 E
27 resultarão no valor monetário energético seguinte: 3,8 E 15 EM$ por espécie.
E após tantos números e cálculos, vamos dar uma olhada nas fotos acima, que
ilustram a diversidade de ambientes (habitats) do bioma da Amazônia, gerando a
MEGADIVERSIDADE, cujo potencial será visto (em parte) no próximo capítulo...
02 de fevereiro de 2009
AMAZÔNIA EM CAPÍTULOS: III – É POSSÍVEL PROGREDIR SEM
DESTRUIR?
Madeira cortada de mata de várzea, aguardando a cheia para
ser transportada (sujeita à biodegradação)
participantes ativos do manejo dos recursos naturais (em Mamirauá mais de 300
espécies de peixes, 400 de aves e 45 de mamíferos) e na vigilância da reserva.
Vários outros exemplos poderiam ser citados, como o descrito por André Trigueiro
(acima citado): uma floresta pública em regime de operação comercial, no Acre,
envolvendo seringueiros, organizados em cooperativas, que retiram madeira (média de 2
árvores/ha) sem comprometer a capacidade da floresta se recompor. Estudos de solos,
bacias, seringais nativos, levantamento socioeconômico das populações humanas,
precedem a explotação. A Secretaria de Florestas do Acre estimou geração anual de
riqueza com tal explotação, da ordem de U$1 bilhão por ano.
Não dispomos aqui neste “ecologiaemfoco” de espaço para um desfile de
desencontros referentes a todas as questões levantadas sobre desmatamento. Ampla
informação existe no documento “Indicadores de Desenvolvimento Sustentável - Brasil
2008” disponibilizado em PDF no site http://www.ibge.gov.br/ (ver Dimensão
Ambiental - Terra, nesse documento). E muitas informações (e notícias recentes do
Fórum Social Mundial) estão disponíveis no site http://www.amazonia.org.br/. Em
destaque o documento em PDF divulgado nesse site, intitulado “O Rastro da Pecuária
na Amazônia: MT o estado da destruição”. Um reforço ao que vimos no Capítulo II,
desta série. Esse Estado tem 35% do seu território inserido no bioma Pantanal e o
restante no bioma Amazônia. Mas seu governo prefere priorizar o agronegócio e
manter-se como líder da devastação da Amazônia. O Pará ocupa o segundo lugar.
31 de janeiro de 2009
AMAZÔNIA EM CAPÍTULOS: II – O GADO AVANÇA... E COM ELE,
ALGUNS MOTIVOS PARA COMEMORAÇÕES E MUITOS PARA
INQUIETAÇÕES
29 de janeiro de 2009
AMAZÔNIA EM CAPÍTULOS: I – FORUM ECONÔMICO DE DAVOS
versus FORUM SOCIAL MUNDIAL DE BELÉM
continuada pela BR-319 (de Manaus a Porto Velho). A conservação dessas estradas em
locais onde a precipitação pluvial média anual é de 2200 mm, seria apenas mais um dos
detalhes que mereceriam destaque.
Não podemos esquecer o desastre da migração para Rondônia, incentivada pelo
governo estadual na “Década da Destruição” (1980-90), quando quase 200.000 pessoas
migraram anualmente para aquela região, para tomar posse de terras imprestáveis para a
agropecuária. Tudo graças à BR-364 e uma outra rodovia chamada de “Estrada de
Penetração 429”, construída com financiamento do Banco Mundial (que levou anos para
reconhecer o erro e pedir desculpas ao povo brasileiro).
O ambiente sem lei e a impunidade permeiam toda a atividade econômica e os
grupos sociais na região; afirmam os referidos autores acima. E ainda: “o caráter “fora-
da-lei”, significa que boas intenções por parte de planejadores do governo têm pouca
relevância na maneira como o desmatamento, exploração madeireira e o fogo podem se
expandir na prática”. As estradas vicinais que surgem e surgirão ao longo dessas
rodovias exercem efeito devastador difícil de ser controlado (ver foto, acima). Esta
histórica opção brasileira pelo sistema “transporte rodoviário” gera conseqüências
devastadoras imprevisíveis. Ao contrário de ferrovias, que gerariam efeitos pontuais, ou
seja, na dependência das estações ferroviárias (que poderiam ter longas distâncias entre
si), podendo assim a exploração na Amazônia ser melhor controlada.
Surge no Brasil amazônico a expressão “Arco do Desmatamento” (ou “Arco de
Fogo”) uma imensa área de devastação da Amazônia, em forma de meia-lua
estendendo-se da Belém-Brasília na Amazônia oriental, atravessando toda a região
florestal em contato com o cerrado em Mato Grosso, continuando ao longo da BR-364
até a parte oriental do Acre. A outra foto acima mostra o que “nos espera” no futuro
próximo. Esta imagem está sendo reproduzida constantemente em muitas fontes de
informação, parecendo-me até que há intenção de nos tornar acostumados a esse “novo
panorama da Amazônia”; ou seja, a verdadeira floresta se reduzirá a uma porção no
noroeste da região, que poderá escapar da destruição; principalmente por encontrar-se
distante das rotas de escoamento da produção e de grandes centros consumidores. A
cidade de Porto Velho, por outro lado, situa-se em melhor condição para o escoamento
da produção (soja, minérios...), inclusive estando mais próxima de rota pelo Pacífico.
Daí ser essa cidade destino final dessas rodovias. E também não é à toa que lá estão
sendo construídas duas hidrelétricas (Jirau e Santo Antonio no rio Madeira; esta última
multada recentemente pelo IBAMA pela morte de 11 toneladas de peixe). Este é um
pequeno exemplo do descaso dos empreendedores com a Natureza. Pessoas que pensam
sobre a Amazônia como uma "commodity" estão no Fórum Econômico, em Davos. E
aquelas que sofrem diretamente as conseqüências, estão no Fórum Social, em Belém.
Alguns detalhes das reservas criadas nas áreas do “Arco do Desmatamento”, que
teoricamente escapariam da destruição total, assim como os “furos” já em andamento
nas “APAs – Áreas de Proteção Ambiental”, detectados pelo Landsat, podem ser vistos
no artigo de P. Fearnside e P.M. Graça.
A manipulação política das notícias veiculadas na mídia, do tipo “A Devastação da
Amazônia Está se Reduzindo”, tem a intenção de camuflar o malefício maior: a
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somatória da devastação já ocorrida, ao longo dos dois governos FHC e (agora) dos dois
governos Lula. Veja o quadro acima.
Enquanto os “grandões” decidem tudo, os “anões” apenas apresentam manisfetações
de sua existência. Pela foto divulgada internacionalmente na mídia sobre o Forum
Mundial Social no Pará (ver acima), talvez tenha ele repercussão de caráter mais
folclórico do que eco-sócio-econômico.
Penso eu que um dia a humanidade (principalmente nós brasileiros) lamentará sua
omissão diante de tais atrocidades praticadas contra a Natureza.
26 de janeiro de 2009
“A TRAGÉDIA DOS COMUNS” ESTÁ CAINDO NO ESQUECIMENTO
“Controverso como somente ele soube ser”, o ecólogo americano Garret Hardin
(nascido no Texas em 1915), criou fama não somente pelo seu livro “The Tragedy of
the Commons” (A Tragédia dos Comuns), mas também pelos seus ataques ao iminente
desastre da superpopulação humana e sua defesa ao best seller “The Bell Curve” (R.
Herrnstein e Charles Murray, de 1994) (“A Curva do Sino”, expressão da estatística).
Neste livro os autores preconizam que “aqueles muito inteligentes, a chamada elite
cognitiva se separará da população de inteligência abaixo da média (uma tendência
social perigosa); e discutem ainda sobre as diferenças raciais quanto à inteligência”,
conforme sugere o subtítulo desse livro: “Estrutura de Classe e Inteligência na Vida
Americana”. Acreditando que cabia ao próprio indivíduo a livre escolha do tempo em
deveria morrer, Garret Hardin cometeu suicídio em sua casa, junto com a esposa, em
setembro de 2003, aos 88 anos de idade (e sua esposa aos 81 anos). Teve ele sua
“própria tragédia”.
Em que pese dúvidas sobre o caráter humanitário de seus pensamentos, nesta sua
obra (de 1968) este autor descreve com certa antecipação histórica um dilema sempre
presente em nossas ações: “pessoas praticando ações em interesse próprio, destruindo
recursos que deveria compartilhar com as demais pessoas, mesmo que esteja
perfeitamente claro que tais ações jamais deveriam ser perpetradas”. Na Tragédia dos
Comuns, Garret Hardin utilizou-se da expressão “Efeito Catraca” exemplificando com a
ajuda em alimentos que é dada a certos povos que morreriam de fome e que, se
continuam vivos, se multiplicarão durante os tempos de bonança e assim, tornarão
maiores as novas crises que surgirem, uma vez que o suprimento de alimentos não terá
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crescido. Alguns diriam: raciocínio perverso, mas real. E outros diriam o inverso. Não é
à toa a controvérsia que esse autor gerou com suas idéias.
Tal expressão, que nós brasileiros preferimos chamar de “Efeito Cascata”, pode ser
ilustrada em termos gerais, pelo fato de que nossas conquistas tecnológicas e de
domínio sobre a Natureza nos levam à dúvida sobre se tais conquistas são realmente
importantes para o bem-estar humano e uma boa qualidade de vida, ou se simplesmente
só fazem aumentar o seu consumo e o lucro para quem as produzem (?). Alguns poucos
exemplos: carrões potentes (caminhonetas do tipo Veículo Utilitário Esportivo) que são
grandes consumidores de combustível são indispensáveis (?); construir novas
hidrelétricas substituindo florestas para atender demanda energética direcionada para
aumentar conforto ambiental em casa e no trabalho (ar condicionado, inúmeros
aparelhos elétricos...) ou específica para produzir certo produto hoje tido como prático-
indispensável (como as latinhas de alumínio, feitas graças à energia gerada por uma
usina, como a de Tucuruí) é mais importante do que reavaliar atitudes de uso e
redimensionar o sistema energético (?); expandir cultivos, intensificar e comprometer
uso de solo de boa qualidade para produzir biocombustíveis é tão (ou mais) importante
do que garantir sua perpetuidade para produção de alimentos (?); queimar cultivos para
facilitar e reduzir custos [foto acima, à direita] continuará prevalecendo por quanto
tempo sobre a colheita natural e plantio direto (que preservam as propriedades naturais
do solo) [foto acima, à esquerda] (?); condomínios privados/fechados, granjas, resorts,
shopping centers, campos de golfe, serviços personalizados os mais diversos... vêm
tomando espaço e recursos do convencional popular que contemplaria a maioria (o
comércio de rua, as casas e vilas populares...) (?); as piscinas serão o refúgio inevitável
dos que procuram lazer saudável e seguro em detrimento dos ambientes naturais (praias,
lagos/lagoas e rios) (?) ...
Iríamos longe numa listagem desse tipo. Infelizmente nós demoramos muito em
reavaliar nossos procedimentos diante da nossa rápida evolução em explorar recursos.
Eis um exemplo desta nossa lenta evolução cultural, colhido no site do Ministério do
Meio Ambiente neste final de janeiro de 2009:
“O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, informou nesta quarta-feira
(21/jan/09) que o plano de Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar, a ser
anunciado em fevereiro, virá acompanhado de uma novidade: uma lei nacional para a
redução progressiva de queimadas de palha nos 7 milhões de hectares de lavouras... .
O Brasil estará 100% livre de queimadas em 2020", disse Minc. "Esse é um ganho
muito importante porque, na queimada, se elimina matéria orgânica, com perda de
biomassa que geraria energia, se emite CO2 e se agride o pulmão dos trabalhadores."
A decisão foi anunciada após reunião do ministro com o presidente Lula. Participaram
do encontro também os ministros Reinhold Stephanes e Dilma Rousseff, entre outros.
Diante de tanta sabedoria, oriunda de tão eminentes “retardários” (ou seriam
“retardados” mesmo???), concluo que esta é a nossa TRAGÉDIA DOS COMUNS.
Alguns vão se aproveitando... enquanto Brás é tesoureiro... e quem vier depois que se
arranje. De vez em quando é emocionante cutucar o diabo com a vara curta. Pelo menos
somos ricos em chistes.
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24 de janeiro de 2009
... E HAJA SAQUE AOS NOSSOS RECURSOS NATURAIS!!! (OU:
A PRÁTICA DO “ANTI-DESENVOLVIMENTO
INSUSTENTÁVEL”)
No final da década dos anos 90 (do século próximo passado) quando fui a Porto
Velho (RO) ministrar aulas na disciplina Proteção do Meio Ambiente, no curso de pós-
graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, tive a oportunidade de visitar um
campo de mineração da cassiterita, donde se extrai o estanho. Ficava o campo de lavra
desse minério a algumas dezenas de quilômetros de Porto Velho, sendo explorado por
conhecida multinacional de origem canadense. Fiquei estarrecido ao presenciar a
operação de destruição do solo e subsolo onde antes existia exuberante floresta,
utilizando-se de fortes jatos de água. O conjunto solo/subsolo era submetido a
peneiramento para extrair a cassiterita e a enorme quantidade de lama assim gerada era
conduzida para a floresta remanescente. Ao perguntar aos responsáveis por esse
procedimento sobre como seria feita a recomposição daquele local, antes com densa
floresta e agora com enorme buraco, recebia como resposta: “Não é necessária a
recomposição. Este local vai se transformar numa lagoa; com peixes”. Era muito difícil
imaginar como seria isso possível e se possível, se isto compensaria o que foi perdido!
E a floresta de terra-firme ao redor, que em toda sua existência jamais sentira a presença
de lama, certamente sofreria conseqüências de degradação pela ação desse novo efeito
invasor.
Lembrei-me do que disse o economista ecológico Clóvis Cavalcanti (in
CAVALCANTI,C. org. 2002. Meio ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas
públicas. 4ª ed. São Paulo/Cortez Edit. e Recife/Fund.Joaquim Nabuco, pp21-40): “No
passado, os recursos naturais no país foram tradicionalmente explorados à exaustão”.
Ilustrou esse autor com o caso da explotação do manganês no Amapá: a jazida de 42
milhões de toneladas de manganês foi explorada de 1957 a meados da década dos anos
90, gerando 40 milhões de dólares à Bethlehem Steel Co. que nos pagava 1,4% de
royalties. Após o esgotamento da reserva de manganês, dos 25 km2 de floresta
destruídos, só metade foi recuperada e nenhum programa sócio-econômico foi
proporcionado à população local. E concluiu o autor acima citado: “Claramente, uma
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10 de janeiro/2009
AQUECIMENTO GLOBAL: MERECE PREOCUPAÇÕES?
Toda vez que vem à tona este assunto, aproveito a oportunidade para relembrar
fatos e evidências que nos conduzem a pensar no aforismo do dramaturgo alemão
Bertolt Brecht: O VERDADEIRO PAPEL DA CIÊNCIA NÃO É O DE ABRIR
PORTA PARA A SABEDORIA INFINITA, MAS SIM ESTABELECER LIMITE
PARA O ERRO INFINITO. E isto nos estimula a meditar, questionar e discutir as
observações científicas e os paradigmas da ciência, visando esclarecer nossa
compreensão sobre a Natureza, sua estrutura e seus processos. Tudo em busca de boa
qualidade de vida...ambiental!
No que diz respeito ao conhecimento humano sobre o aquecimento global,
muitas têm sido as publicações que nos trazem informações sobre o que está
acontecendo com o clima da Terra e as conseqüências para a biota (o conjunto de todos
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delas floresceu 46 dias mais cedo); (10) a marmota-de-barriga-amarela (da família dos
esquilos) do Colorado, EUA., está saindo da hibernação 38 dias mais cedo do que saía
há 25 anos atrás (explicação: a temperatura média em abril é 1,4oC mais elevada do que
no ano de 1976); (11) o "permafrost" está derretendo; (12) há formações de "desertos"
nos oceanos, devido principalmente à formação de zonas com baixa oxigenação [veja
postagens anteriores destes dois últimos assuntos, neste blog de ecologia]; etc. ... etc. ...
Explico que boa parte desses estudos tem sido efetuada nas regiões temperadas,
onde são esperados os maiores efeitos do aquecimento global. Exemplo: em estudo que
efetuei na Inglaterra, comparando solos daquele país com solos brasileiros observei que
os microrganismos dos solos ingleses aumentam sua respiração a 35oC em valores bem
mais elevados do que os microrganismos de nossos solos. Explico ainda que o fato de
certos animais despertarem mais cedo de sua hibernação implica em conseqüências
várias, como por exemplo saber se ao acontecer isso esse animal terá acesso fácil a
alimento (este alimento também “sofre as conseqüências da antecipação e assim estará
disponível?”).
Mas é preciso considerar que nessa mudança climática prevêem-se contradições:
ver "Warming will bring more rain, study claims" [= “Aquecimento trará mais chuva,
estudo alega”; reproduzido de New Scientist, 01/06/2007] (divulgado sob forma
bilíngüe neste blog de ecologia; e encontrado mais adiante). Alguns exemplos: algumas
geleiras na Antártica estão aumentando, em decorrência da poluição; alguns cataclismos
aumentam de intensidade e alguns de freqüência (furacões, como o Katrina); em
resumo: se há chuva, é chuva forte; se há nevascas, são também "exageradas"; os fatores
que atuam em termos climáticos são muitos; a maioria de difícil previsão. A revista
americana Science (em 2005) divulgou que o número de furacões das Categorias 4 e 5
tem quase que duplicado nos últimos 35 anos (18 por ano, a partir de 1990). O fato de
que as tempestades tropicais retiram energia da água oceânica para ganhar força, tem
levado os cientistas a hipotetisar que o aquecimento global e as águas mais quentes a ele
associadas poderiam levar a furacões mais fortes.
Confesso que sinto dificuldade em condenar aqueles que criticam o crescimento
de China e Índia, pelas expectativas de se tornarem potências mundiais. Refiro-me às
críticas feitas por americanos e europeus. Mas é assustador ver que dentre as 20 cidades
mais poluídas do mundo, 16 delas estão na China. Assusta-me o fato de que a China
detém uma das maiores reservas de carvão mineral (poluidor extremo) do mundo,
juntamente com Índia, Rússia, Austrália e EUA (este último país detentor das maiores
reservas); e que os chineses estão utilizando-o como fonte principal de energia. A
reserva mundial é estimada em 1 trilhão de toneladas. Nos EUA 90% de óxidos de
nitrogênio e enxofre, 37% de dióxido de carbono e 33% de mercúrio lançados na
atmosfera provêm da queima do carvão mineral. Na Austrália, 80% da energia elétrica
gerada provêm da queima do carvão mineral; é bem possível que seja por isso que
naquele país haja maior emanação de CO2 per capita do que nos EUA. China é
responsável pela metade do consumo mundial de cimento, que demanda bastante
energia na sua fabricação. Muitos chineses estão trocando suas bicicletas por carros
(caminho inverso ao caminho que muitos ocidentais estão pensando em começar a
trilhar). Imagine se tudo isso for somado e nada for feito!!!
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06 de janeiro/2009
POLÍTICAS PÚBLICAS: A TEORIA, NA PRÁTICA É...UM SONHO
Há alguns meses lecionei a disciplina POLÍTICA AMBIENTAL E
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL num curso de especialização em Direito
Administrativo e Gestão Pública, no Centro Universitário UNIPÊ, em João Pessoa. A
maioria da “clientela” era formada em Direito. Lembro-me que na preleção falei “que
a LEI não era por si só suficiente, nem eficiente para solucionar nossos maiores
problemas”, justificando (ou meramente explicando) que no Brasil havia mais de 175
mil leis federais e que a nossa legislação ambiental, por exemplo, é considerada a mais
avançada do mundo! No entanto, estamos entre os maiores do mundo em destruição,
poluição e descaso com o nosso patrimônio natural (também um dos maiores do
mundo), em total desrespeito à lei, estando os infratores impunes às penalizações nela
previstas. Isto sem falar na nossa irresponsabilidade quanto às gerações futuras! Na
pausa para o cafezinho uma aluna, bacharela em Direito, aproximou-se de mim e disse
que “a turma tinha ficado chocada” diante do meu ceticismo ou descrédito com
relação à LEI. Como venho trabalhando com questões ambientais há dezenas de anos,
aqui no Brasil em Universidades e Instituições de pesquisa (e também alguns anos na
Inglaterra), procurei mostrar aos decepcionados pupilos que o tempo e os fatos
convenceram-me de que nossa sociedade carecia muito mais de uma mudança profunda
na sua estrutura e que o temor à lei, nem a coerção, jamais surtiriam os efeitos que
realmente necessitamos.
E eis que chega ao meu conhecimento um ensaio de J.R. Guzzo (publicado na
revista Veja de 07/jan/2009) sob o título “Ideias mortas”. Transcrevo aqui alguns
trechos desse ensaio, contendo afirmações que “bem que gostaria que fossem minhas”:
Os países desenvolvidos do mundo podem estar na frente do Brasil em muita
coisa, mas perdem de longe em pelo menos uma: nossa capacidade de criar “políticas
públicas”. Faltam ao Brasil redes de esgoto, água tratada, coleta de lixo, transporte
público, portos, ferrovias e estradas asfaltadas. Faltam aparelhos de raios X em
hospitais, sistemas para conter enchentes e escolas capazes de ensinar a prova dos
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noves. Não temos confiança em políticos, juízes e autoridades em geral. Não temos um
serviço público capaz de prestar serviços ao público. Mas se há alguma coisa que temos
de sobra, em praticamente qualquer área da atividade humana, são “políticas públicas”,
quase sempre descritas como as “mais avançadas do mundo”; é difícil entender,
francamente, por que os demais 190 países que repartem a Terra conosco ainda não
copiaram todas elas.
Ninguém ignora que o Brasil conta com o que há de mais moderno no planeta
em matéria de proteção ao menor abandonado, direitos humanos (nossos assassinos, por
exemplo, têm o direito de cumprir apenas um sexto das penas a que forem condenados),
defesa do meio ambiente e legislação de trânsito. ... Não há quem nos supere em leis de
proteção ao trabalhador, ao deficiente físico e aos direitos do consumidor ─ e por aí
afora, numa lista que não acaba mais. É verdade que...os menores começam a matar
gente cada vez mais cedo e que o trânsito nas grandes cidades é uma piada. Mas aí
também já seria querer demais ─ não se pode exigir que este país, depois de toda a
trabalheira que teve para montar políticas tão admiráveis, seja também obrigado a
mostrar que elas produzem resultados práticos.
O ano de 2008 se encerrou com mais dois grandes momentos na história da
criação de “políticas públicas” para o Brasil. O primeiro...é a Estratégia Nacional de
Defesa...a idéia de melhorar as Forças Armadas...a transformação do Brasil em potência
militar...e até um submarino nuclear, no qual a Marinha trabalha desde 1979 e que ficará
pronto...no remoto ano de 1924. ... O segundo grande momento foi a finalização do
Plano Nacional de Cultura, que, segundo o governo, vai desenvolver as “políticas
culturais” do Brasil nos próximos dez anos... Mas, segundo o Ministro da Cultura, Juca
Ferreira, o plano se baseia em “300 diretrizes”... Não existe neste mundo projeto algum
que precise de 300 diretrizes para funcionar e, caso existisse, não haveria governo capaz
de aplicá-las. Não o brasileiro, com certeza. ...
Eu acredito que não tenha cometido nenhum exagero com o que afirmei em sala
de aula. Não foi à toa que o senador e historiador romano Tacitus (entre os anos 56 e
117 d.C) disse: “Corruptissima republica, plurimae leges” (Quanto mais corrupta é a
nação, mais leis ela tem).
A todos, FELIZ 2009
30 de dezembro de 2008
BRASILEIROS MAIS RICOS TÊM IDH MAIS ALTO DO MUNDO
PNUD - Brasil (Brasília, 22/12/2008)
e cita um estudo europeu que conclui que países que atingiram alto desenvolvimento
humano (IDH maior que 0,800) nos últimos anos, como o Brasil, ainda têm parte da
população sofrendo privações comuns às de países do fim da lista.
No Brasil, a fatia mais rica tem um IDH de 0,997, próximo do máximo
(1,000). O número é maior que o IDH do país que encabeça o último ranking obtido, a
Islândia (IDH de 0,968); e supera o valor correspondente aos 20% mais ricos de todos
os outros países calculados, incluindo o do Canadá (0,967) e o da Suécia (0,959),
terceiro e sétimo lugar na lista, respectivamente.
O atual IDH do Brasil, uma média de todo o país, é de 0,807, mas os mais
pobres estariam sujeitos a condições correspondentes a um IDH de 0,610, ficando
abaixo do segmento dos mais pobres: Indonésia (0,613), Vietnã (0,626), Paraguai
(0,644) e Colômbia (0,662). O IDH dos mais pobres brasileiros é comparável ao IDH da
Índia (0,609).
"Os resultados mostram que a desigualdade no desenvolvimento humano foi
bastante alta, e maior ainda em países em desenvolvimento”, afirma o relatório do
PNUD. O texto acrescenta que a América Latina é o continente que apresenta as
maiores desigualdades. No Brasil e em países como Guatemala e Peru, a diferença do
IDH dos 20% mais pobres para o IDH dos 20% mais ricos só não é superior à de alguns
países da África, como Madagascar e Guiné.
O relatório do PNUD ainda destaca outras formas de desigualdade. Segundo o
documento, uma criança que nasce em algum dos 20 países do topo do ranking pode
viver até os 80 anos, mas se ela nascer nos países de IDH mais baixo, sua expectativa de
vida não é maior que 49 anos.
... NOSSAS DIFERENÇAS SOCIAIS ESTÃO SENDO MINIMIZADAS... NO
TOPO DO RANKING !!!
06 de dezembro de 2008
DESLIZAMENTOS / ESCORREGAMENTOS: CONCEITOS
[Eis os conceitos, transcritos do GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS
AMBIENTAIS - 3a. edição, 5a. Impressão - em CD/PDF]:
DESLIZAMENTOS / ESCORREGAMENTOS Em geologia, deslizamentos e
escorregamentos são tidos como movimentos de massa, que são deslocamentos de solo,
rochas, detritos diversos (incluindo materiais orgânicos) e cobertura vegetal geralmente
existente em encosta com declive suficiente para permitir desmoronamento sob ação da
gravidade. O conjunto “materiais inconsolidados (areia, silte, argila), ou seja, soltos e
não-cimentados (nem compactados), existente em encosta, adicionados de quantidade
de água tal que permita que a força da gravidade supere o atrito entre os componentes
do solo”, proporciona as condições que conduzem a um deslizamento (ou
escorregamento). Alguns autores usam o termo deslizamento para designar movimentos
de massa lentos.
Vários fatores contribuem para desencadear esse movimento de massa numa
encosta, quais sejam: a) existência de material inconsolidado; b) declive; c) vegetação
que, por razão natural (sistema radicular pouco profundo) ou por ação antrópica (por
desmatamento ou queima) não condicione estabilidade à massa de terra; d) possível
existência de substrato (subjacente) impermeável que sob ação da água nas camadas
sobrepostas faça-o atuar como “lubrificante” e conseqüentemente facilite o
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deslizamento; e) água retida em quantidade tal que permita que a força da gravidade
supere a força de atrito atuante nos componentes da encosta; f) eventualmente, tremor
de terra.
São inúmeros os registros de deslizamentos que ocorrem anualmente em várias
partes do mundo, causando muitas mortes de pessoas e grandes prejuízos materiais. Em
1999, nas montanhas Ávila, na Venezuela, um gigantesco deslizamento de lama, rochas
e árvores, causou a morte de 30 mil pessoas e destruição de mais de 20 mil casas. No
Brasil, as chuvas de 500 mm que caíram no Vale do Itajaí em Santa Catarina, entre 21 e
23 de novembro/2008 causaram deslizamentos que mataram mais de 120 pessoas,
desabrigaram e desalojaram 78 mil pessoas, com vultosos prejuízos materiais (40% da
população vivem em encostas; portanto, ricos e pobres foram atingidos). Alguns países
mantêm programa de prevenção de deslizamentos, com ações contínuas. Nos Estados
Unidos há o “LHP ─ Landslide Hazard Program” (Programa de Riscos de
Deslizamentos). Naquele país calculam-se os prejuízos anuais com deslizamentos entre
U$1 e U$2 bilhões e mais de 25 mortes. Muitas cidades brasileiras enfrentam problema
similar, que requer contínuo acompanhamento por estudos de Geologia, Engenharia
Geotécnica, com confecção de cartas de riscos, tais como as cidades de: Rio de Janeiro,
Petrópolis, Nova Friburgo, Belo Horizonte, Ouro Preto, São Paulo, Salvador, Recife,
Campos do Jordão, Santos, Caraguatatuba, Guarujá e outras.
Em termos ecológicos os deslizamentos, escorregamentos, desmoronamentos,
são considerados desastres ecológicos. Em geral, são computados os prejuízos materiais
e as perdas de vida humana. Mas desastres ecológicos como esses implicam em
prejuízos à vida ambiental como um todo, com resultados (negativos) geralmente
imprevisíveis. No estado de Santa Catarina certamente, faz-se necessária atenção
especial à legislação ambiental vigente, mormente as que se referem a licenças
ambientais e criação de áreas de preservação.
30 de novembro/2008
SANTA CATARINA: CATÁSTROFE DA NATUREZA ALIADA A
(DESASTROSAS) ATITUDES HUMANAS
06 de novembro de 2008
NOVA RESOLUÇÃO DO CONAMA PARA VENDEDORES E
FABRICANTES DE PILHAS E BATERIAS
Divulgação do AMBIENTE BRASIL (http://www.ambientebrasil.com.br/), de
06/11/2008
28 de setembro de 2008
SERVIÇOS AMBIENTAIS NA ECONOMIA DA NATUREZA
SERVIÇOS DE SERVIÇOS REGULADORES SERVIÇOS CULTURAIS
SUPRIMENTO Benefícios obtidos da regulação Benefícios não-materiais
Produtos obtidos dos dos processos dos ecossistemas obtidos dos ecossistemas
ecossistemas [Condições circunstanciais] [Potencial “adicional” da
[Recursos disponibilizados Natureza, a ser explorado pelo
pela Natureza] ser humano]
Alimento (1) Regulação climática (1) Espiritual/Religioso (1)
Água (1) Regulação de doenças/pragas (1) Recreação e Ecoturismo (1)
Madeira/lenha (2) Regulação de água (1) Estético (1)
Fibra (2) Purificação de água (1) De inspiração (1)
Compostos Polinização (1) Educacional (1)
químicos/bioquímicos (1)
Recursos genéticos ... Senso de localização (1)
(biodiversidade) (1)
... Herança cultural (1)
SERVIÇOS DE SUPORTE
Necessários ao funcionamento dos demais serviços
Formação do solo ― Ciclagem dos nutrientes ― Produtividade primária
Adaptado de Ecosystems and human well-being: a framework for assessment by the Millennium
Ecosystem Assessment. Copyright © 2003 World Resources Institute (FAO, 2007).
Observações ─ válidas para a Mata do Buraquinho:
Estão assinalados no quadro acima:
2. O SIGNIFICADO DE UTILIZAÇÃO:
A visão de utilização tem aqui a conotação ECOCÊNTRICA e não antropocêntrica.
Portanto, citando como exemplo alimento: este é um recurso ou “serviço de suprimento”
utilizado por inúmeros animais, incluindo-se o HOMEM, que se beneficia do mel
produzido por abelhas que visitam as flores da mata
05 de setembro/2008
USINA GERADORA DE ELECTRICIDADE COM "CARVÃO LIMPO"
USANDO "OXYFUEL" (OXICOMBUSTÍVEL)
[Scientific American, 04/09/2008]
28 de agosto de 2008
O "PERMAFROST" NO AQUECIMENTO GLOBAL
22 de julho de 2008
FOZ DO RIO AMAZONAS: EFICIENTE DRENO DE CARBONO
ATMOSFÉRICO
Divulgação na revista inglesa New Scientist mostra resultado de pesquisa por
oceanógrafo norte-americano demonstrando a grande importância do fitoplâncton do
oceano Atlântico na captação de carbono atmosférico. Veja o verbete FONTE e
DRENO, extraído do Glossário de Ecologia e Ciências Ambientais (Autor: Breno
Machado Grisi; 3a.ed., 4a.impressão, 2008) e entenda o por quê deste potencial do rio
Amazonas para a redução do aquecimento global:
FONTE E DRENO (ou CAPTOR) Referem-se estes termos respectivamente, ao
componente ambiental de onde se origina um nutriente (ou elemento químico
participante da biogeociclagem) e ao componente que absorve ou fixa tal nutriente
(tirando-o momentaneamente do processo de ciclagem).
As florestas, ao tempo em que atuam como dreno ou captor de carbono,
absorvendo-o da atmosfera e fixando-o na sua fitomassa, elas também atuam como
fonte, uma vez que emitem carbono a partir de sua respiração. Além disso, a queima de
uma floresta representa uma grande fonte de carbono e outros gases do efeito estufa.
Seu manejo adequado, com replantios constantes, é uma garantia de que uma floresta
atue mais como dreno ou captor de carbono do que fonte; além de ser uma grande fonte
de oxigênio, quando em crescimento.
Pesquisas recentes divulgadas em New Scientist (www.newscientist.co.uk)
mostraram que “explosão estacional” de fitoplâncton do oceano Atlântico quando
fertilizado pelo rio Amazonas, constitui-se em dreno altamente eficiente de carbono da
atmosfera. As pesquisas foram realizadas na foz do Amazonas. O fitoplâncton mostrou-
se ser ainda, grande fixador de nitrogênio da atmosfera, enriquecendo assim a água
oceânica. Esta forma de armazenamento é muito eficiente pelo fato de que os principais
organismos fotossintetizadores são diatomáceas, que têm proteção externa silicosa,
fazendo com que após sua morte, elas afundem, levando consigo cerca de 20 milhões de
megagramas (ou toneladas) de carbono por ano (segundo estimativa dos pesquisadores).
É possível que na foz de outros grandes rios, como o Congo e o Orinoco, possa também
existir tal eficiente dreno de carbono.
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12 de julho de 2008
ESTAÇÃO CIÊNCIA: INICIATIVA CERTA EM LOCAL ERRADO!!!
06 de julho de 2008
AQUECIMENTO GLOBAL: ESTÁ CADA VEZ MAIS COMPLICADO!!!
[BILINGÜE]
New Scientist, 02/julho/2008
INGLÊS: TV boom may boost greenhouse effect
PORTUGUÊS: Incremento [na fabricação] de TV [tela plana] pode elevar o efeito
estufa
INGL.: An industrial chemical being used in ever larger quantities to make flat-screen
TVs may be making global warming worse. However, because it's not covered by the
Kyoto protocol, nobody knows by how much.
PORT.: Um produto químico industrializado que está sendo usado em quantidades cada
vez maiores para fabricar TVs com tela plana pode piorar o efeito global. Entretanto,
por não ter sido contemplado pelo protocolo de Kyoto, ninguém sabe o quanto ele
contribui.
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INGL.: The gas is nitrogen trifluoride (NF3). As a greenhouse gas it is 17,000 times
as potent as carbon dioxide, molecule-for-molecule, yet is not covered by Kyoto
because it was made in tiny amounts when the protocol was agreed in 1997.
PORT.: O gas é o trifluoreto de nitrogênio (NF3). Como gas do efeito estufa ele é
17.000 vezes mais potente do que o dióxido de carbono, molécula-a-molécula, mas
ainda não foi contemplado por Kyoto porque ele ainda era produzido em quantidades
diminutas por ocasião do acordo em 1997.
INGL.: Even today, no one is measuring how much reaches the atmosphere. The one
certainty is that it is accumulating. In a new study, Michael Prather of the University of
California, Irvine, calculates that it has a half-life in the atmosphere of 550 years.
PORT.: Mesmo hoje, ninguém está medindo quanto alcança a atmosfera. A única
certeza é que ele está se acumulando. Em novo estudo, Michael Prather da Universidade
da California, em Irvine, calcula que ele tem meia-vida na atmosfera de 550 anos.
20 de junho de 2008
...E TOME-LHE LENHA NA FOGUEIRA!!!
...na fogueira das discussões, é óbvio!
Tenho observado que grande parte das pessoas que defendem a perpetuidade da
queima livre e desmedida de lenha, nas celebrações juninas, utilizam-se muito do
argumento da manutenção das nossas tradições culturais e pouquíssimo dos fatos
ambientais. Eu não sou contra tal tradição cultural, contanto que nela seja inserida uma
limitação consciente, com preocupações para não alimentar a tão disseminada “cultura
do desperdício”, que viceja no nosso país. Já nos basta a barbárie da perda de um terço
do alimento produzido no Brasil, do local de sua produção até a mesa do consumidor.
Numa análise muito resumida, dois aspectos vêm se sobressaindo entre aqueles
que, incontinente, defendem a manutenção dessa tradição, sem nenhum reparo: 1) A
manutenção das fogueiras por tratar-se de uma tradição cultural (a comida típica, a
dança e as brincadeiras em torno da fogueira...), manifestação religiosa (relembrando o
ato de Isabel avisando à N.Sra. que tinha dado à luz, o devoto pisando em brasa...); tudo
isso sob a óptica dos cristãos católicos, até há pouco tempo uma massa cristã
dominante! 2) A contribuição ínfima desse ato de queima, ao aquecimento global ou
efeito estufa.
Como ecólogo, não me atrevo a comentar sobre tradições religiosas, nem sobre a
importância das manifestações de fé, ou mesmo diversão, uma das pouquíssimas de que
dispõe o residente no sertão nessa curta época do ano, argumentam alguns. Atenho-me a
comentar um pouco sobre o segundo aspecto dessa questão: a problemática ambiental.
Àqueles que priorizam a defesa das tradições, lembro-lhes que muitas outras
tiveram que ser abandonadas por serem reconhecidamente “fora dos tempos atuais” ou
impossíveis de serem praticadas, algumas em termos puramente ambientais, outras por
princípios humanitários e outras por tudo isso e mais por terem sido adotadas práticas
de maior avanço tecnológico e conseqüentemente, maior rendimento, conforto etc.
Vejamos algumas: (1) tenho amigos que relatam com saudade os tempos em que saíam
para o mar e traziam dezenas de quilos de lagosta, camarão e peixe (observação quase
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inútil: lembro-me que a última vez que comi lagosta, foi comprada pela minha mãe na
porta de casa, nos anos 1967-69); (2) conheço senhores que relembram quando “se
divertiam” nos fins de semana, saindo para caçar e seus filhos também praticavam
matança similar com suas atiradeiras abatendo passarinhos, lagartixas e outros pobres
animais; (3) quando em 1949 morei em Patos, bravio sertão paraibano, tinhamos
energia elétrica até o começo da noite, gerada por queima de lenha (em João Pessoa e
muitas outras cidades também foi assim, antes de mudar para queima de óleo e a partir
da década de 1950 para geração hidrelétrica); (4) donde concluímos que a madeira era
abundante (outra observação quase inútil: nos anos 1973-76 morei em Ilhéus, na Bahia,
numa casa com o assoalho de quartos e salas taqueado com jacarandá, e hoje
relembrando, acho que vou rir, porque se chorar, os móveis de minha casa, todos em
aglomerado, se esfacelarão aos pingos de lágrima!).
E a contribuição das fogueiras ao efeito estufa? Grande parte dos processos na
Natureza, mormente os deletérios, se somam. Se pudermos evitar a redução de gases do
carbono emanados de atividades passíveis de contrôle, que o façamos. Não poderemos
evitar que gás metano (do efeito estufa) seja emanado dos arrozais e da ruminação de
bovinos, pois a população humana em breve chegará aos 10 bilhões e a expansão desse
cultivo e de pastagens é inevitável. Os manguezais nos estuários também emanam tais
gases, mas são responsáveis por uma das maiores produções de alimento do mundo.
Mas podemos reduzir emanação de gases do efeito estufa, optando por carros
econômicos (enquanto um “SUV-Sport Utility Vehicle”, essas caminhonetonas,
percorrem uma média de 5 km com 1 litro de gasolina, o meu carrinho percorre 14 km);
podemos abolir a queima de florestas; e está ao nosso alcance atos simples, mas que
contribuem positivamente, como a fogueira comunitária. Um lembrete importante: o
São João é, antes de tudo, uma festa comunitária, bem lembrado pelo amigo agrônomo,
pedólogo, Luiz Ferreira.
18 de junho de 2008
A POLÊMICA DAS FOGUEIRAS
Conta-se que certo indivíduo tentou convencer outros, de diversas
nacionalidades, a pularem num precipício. Ao inglês, convenceu-o dizendo que era um
“pedido da rainha”; ao italiano, dizendo que lá embaixo “lhe esperava a Sophia Loren”;
ao francês, “que era pela glória da França” e este despencou aos gritos de “Vive la
France”!; ao americano dissuadiu-o dizendo que ele iria lá encontrar “1 milhão de
dólares”; e ao brasileiro ... colocando uma placa É PROIBIDO PULAR.
Como professor de ecologia e pesquisador, nunca fui muito simpatizante do
“proibir” e talvez por isso, nunca me atraiu a advocacia. Optei pela educação. Esta me
parece ter bases mais construtivas e duradouras. Gostamos de dizer que muitos povos
respeitam a lei, enquanto nós a tememos! É fato conhecido que nós aqui no Brasil
dispomos das mais completas leis de proteção ambiental do mundo. E é também fato
conhecido que nós estamos entre os maiores destruidores da Natureza, no mundo.
Donde concluo que sensibilizar nosso povo para a necessidade de nos adaptarmos à
mudança dos tempos e conscientizá-lo para a urgência em agir, em benefício das
gerações futuras, é um imperativo incontestável. Enxergar muito mais adiante do que
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somente algumas poucas gerações à frente, como costumamos fazer ao dizermos “isto é
para os meus filhos e netos”, faz-se necessário e urgente. Nossa responsabilidade é
deixarmos a Natureza para as gerações futuras (sem limite), no mínimo, com os
recursos que encontramos. Muitos ecólogos e outros profissionais que lidam com as
questões ambientais, acham que temos o dever de deixar o nosso planeta em condições
melhores até! Um dos fortes motivos para isso: a cada dia que se passa dispomos de
mais conhecimento e melhores condições tecnológicas para assim fazê-lo.
Conservar a Natureza envolve muitas atitudes e procedimentos. Um deles, que
sempre vem à tona nesta época do ano por suas conseqüências negativas é a queima
desenfreada de lenha. Em alguns locais de nossa maravilhosa região nordeste existe até
concurso para ver quem monta a maior fogueira! Oh meu Deus! Só me vem à mente
esta expressão. Não gosto de sair de casa na véspera do São João para não ter que ver e
sentir tamanho desperdício, principalmente porque tenho certeza que tal recurso natural
renovável, não será renovado. Se assim o fosse, respeitando-se o uso adequado do solo,
este lado negativo de nossas tradições se reduziria.
Reconheço e respeito as nossas tradições culturais da nossa festa do milho e de
manifestação religiosa. Assar o milho numa fogueirinha e brincar em torno dela não é
nenhuma tragédia ambiental. Mas soltar balão pode ser uma tragédia! O aquecimento
global, a poluição atmosférica com gases do efeito estufa e partículas sólidas não
sofrerão grandes acréscimos por causa disso. Mas, ainda sonho com o dia em que nesse
momento de celebração, possamos reduzir o gasto com este recurso natural que ainda é
de ampla utilidade para nós. A lenha ainda é o combustível para cozer alimento de
muitas pessoas pobres; alimenta fornalhas de padarias, olarias e outros processos de
produção. Quando estou em sala de aula, trabalhando com futuros pedagogos, insisto
em que eles tentem convencer as pessoas das ruas em que moram, ou seus familiares,
para fazerem apenas uma fogueirinha ou uma fogueira comunitária. Ao invés de 10
fogueiras por rua, 1 só fogueira já reduziria em 90% o gasto de lenha.
A consciência ecológica do agir localmente é um trabalho de formiguinha que só
aparecerá globalmente se a prática dos 3 Rs (reduzir, reutilizar, reciclar) tornar-se rotina
no dia-a-dia nas escolas e na nossa vida. Por isso, só acredito na EDUCAÇÃO.
20 de maio de 2008
ALIMENTOS versus BIOCOMBUSTÍVEIS
Antes dessa crise de alimentos, o Eng.Agrôn. LUIZ FERREIRA (ex-pesquisador
da CEPLAC) publicou na Agência de Notícias- http://www.r2cpress.com.br/ - a
seguinte crônica, que achei ser útil aqui divulgar.
A ENERGIA PRIORITÁRIA Informações da FAO (Organização das Nações
Unidas para a agricultura e alimentação) dão conta que, no ano 2010, deverão existir
650 milhões de famintos, com base no declínio agrícola mundial dos últimos 30 anos.
Por outro lado, enquanto os países ricos têm investido na produção de alimentos,
sobretudo depois da crise do petróleo, com a aplicação de tecnologias, existindo hoje
excesso de oferta, os países pobres, sempre na contramão da história, continuam a
aumentar a sua indigência rural. Essa estratégia das Nações desenvolvidas se deveu ao
simples fato de que petróleo não se come, aliado à constatação de que os árabes são
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16 de maio de 2008
NOVO MINISTRO DO MEIO AMBIENTE, NOVOS PROBLEMAS???
Vale a pena ler artigo de O ECO, divulgação do site
http://www.portaldomeioambiente.org.br/
um texto escrito por ela apenas para os olhos do presidente, e soltar uma série de boatos
sem qualquer fundamento. O primeiro dizia que Lula já esperava a demissão há dois
meses e tinha convidado Carlos Minc, secretário de meio ambiente do Estado do Rio,
para assumir o cargo.
Outro garantia que o presidente tinha sido tomado de surpresa e estava irritado
com a decisão de Marina, o que ele em nenhum momento externou para a ex-ministra.
No fim do dia, o Planalto soltou que o seu substituto seria Jorge Vianna, ex-governador
do Acre. Finalmente empurrou um terceiro nome para a disputa, José machado, petista,
ex-prefeito de Piracicaba e atual diretor da Agência Nacional de Águas.
Repercussão Se são uma, duas ou mais razões imediatas que forçaram a saída
da ministra, o mais importante nessa discussão é que, há anos, Marina Silva falava
sozinha. Como lembra a jornalista Miriam Leitão em seu blog, a ministra engoliu
muitos desaforos e foi diversas vezes desrespeitada dentro do governo, como a viagem
do ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos para planejar ações na Amazônia,
coisa que ele já demonstrou ser inapto, para dizer o mínimo. A saída demorou desde a
época em que Marina Silva disse que perdia o pescoço, mas não o juízo.
Para Adriana Ramos, do ISA – Instituto Socioambiental, a saída de Marina Silva
mostra que todos os esforços do Ministério do Meio Ambiente foram em vão,
demonstra claramente que a política da cúpula do governo federal não está alinhada
com nada ligado à preservação. “Sua saída é muito ruim para o Brasil e para o governo.
O impacto internacional será grande, ainda mais às vésperas da Conferência da ONU
sobre a Biodiversidade”, avalia. Segundo a ambientalista, Marina Silva sempre
defendeu o presidente Lula e o governo, mesmo quando isso trazia perdas a sua pasta.
“Ela chegou a um limite, pela pressão do PAC, pela da falta de disposição do governo
em acatar e implementar as medidas propostas pelo MMA. É compreensível que isso
tenha acontecido”, diz.
Que a demissão da ministra foi uma clara sinalização de que ela não estava, há
muito, se sentindo apoiada o suficiente dentro do governo pouca gente duvida. O
desafio é saber se o que foi avançado até agora na política ambiental não sofrerá
retrocessos. “Um recuo agora não seria bom pro governo, nem mesmo para o setor da
agricultura”, opina Sergio Guimarães, membro do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (Conama) e coordenador do Instituto Centro de Vida (ICV). Segundo ele, um
recuo neste momento poderia comprometer a política de biocombustíveis em nível
internacional. “A Marina é conhecida e bem vista internacionalmente. De certa forma,
ela dava aval ao governo Lula na área ambiental", diz.
A saída da ministra Marina Silva começou a ser comemorada cedo em Mato
Grosso. A Federação da Agricultura e Pecuária (Famato), que sempre se queixou que a
área ambiental do governo travava o desenvolvimento do estado, declarou que espera
um novo ministro de meio ambiente menos radical do que Marina. O presidente da
entidade, Rui Prado, defendeu, segundo sua assessoria, que “a ministra é uma pessoa
extremamente comprometida com a causa ambiental e com a comunidade internacional
sem se preocupar com o Brasil e com os brasileiros”.
A demissão de Marina Silva também acarreta dúvidas dentro dos órgãos
ambientais do governo. De acordo com um analista ambiental do Ibama que preferiu
101
não se identificar, o sentimento é de que tempos piores virão. Para ele, o poder
desenvolvimentista dentro de Brasília ganha cada vez mais força, o que indica a escolha
de uma nova cúpula para o ministério totalmente atrelada a interesses econômicos . Até
agora, Lula conseguiu emplacar todas as obras prioritárias do PAC. Os funcionários
temem que o meio ambiente, a partir de agora, fique relegado ao décimo plano.
*Aldem Bourscheit, Andreia Fanzeres, Felipe Lobo, Gustavo Faleiros e Manoel
Francisco Brito. Fonte: O Eco.
10 de maio de 2008
MEIO AMBIENTE E INDIOS NO BRASIL
Como participante do "Grupo Brasil", criado por iniciativa de ex-colega do
Centro de Pesquisas do Cacau (na Bahia), o experiente e competente engenheiro
agrônomo, pedólogo, Luiz Ferreira da Silva, dei minha contribuição às discussões sobre
a causa indígena, escrevendo o ensaio que segue.
GIGA-ZOOLÓGICO HUMANO Confesso sentir-me obrigado a dizer que em pleno
século das esperanças de mudanças, continuamos com as mesmas atitudes de séculos
anteriores. Mormente com referência às relações homem-Natureza preocupa-me o fato
de que ainda há brasileiros (e muitos) que pensam que vivemos num país com recursos
inesgotáveis. E em assim sendo, continuamos, sob a égide governamental, tratando
nossos recursos naturais como filho de rico que não sabe (ou nem quer saber!) o que
herdou e “torra tudo”. As leis (ah! As Leis) são, só da União, milhares. As nossas leis
concernentes ao meio ambiente são tidas como as mais avançadas do mundo. Mas,
como disse Tacitus Publius Cornelius, no ano de nascimento de Cristo, "Corruptissima
republica, plurimae leges” = Quanto mais leis tem um país, mais corrupto ele é. Por
isso, penso que logicamente elas devem existir, mas desacompanhadas como são, de um
processo educativo efetivo e eficiente, é de insignificante valia. Empresários e povo,
continuam desrespeitando-as, atropelando os direitos alheios, subornando e, entre tantos
outros mais desmazê-los, praticando sutil, dissimulada e ardilosamente preconceitos
sociais e raciais. Este é o caso dos nossos índios, penso eu. Assim vejamos alguns
aspectos.
À medida que avançamos no tempo, as necessidades de qualquer povo, mudam.
Seria insanidade negarmos que qualquer índio hoje não deseje ter acesso às facilidades
descobertas pelo Homo economicus moderno, como uma boa geladeira para estocar
alimentos (produzidos por tecnologia viável, como bem afirma nosso estimado amigo
Luiz Ferreira em suas apreciações no Grupo Brasil), televisão para se atualizar, telefonia
para comunicar-se nas distâncias deste imenso país, além dos elementos estruturais
fundamentais de uma sociedade, como educação, assistência médico-hospitalar,
sanitarismo etc. que se constituem no que hoje chamamos de boa qualidade de vida.
Ao invés disso, fazemos de conta que estamos preocupados em preservar a
cultura indígena e reservamos para eles, espaços gigantescos (confundindo santuário
ecológico com terra indígena, segundo o indigenista “Zeca Cabelo-de-Milho”)
(observação importante: como ecólogo, e não “ecologista”, odeio este termo
“santuário”, que é irreal, utópico mas é a paixão de “ecologistas”, grupo este com o qual
NÃO me identifico). De novo cito nosso amigo Luiz Ferreira em seus escritos: “cultura,
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tradição e folclore, podem ser preservados sem atrasar ninguém”. E de novo cito o Zeca,
que acertadamente analisa que “os índios querem se integrar, produzir, terem acesso à
informação, estão sedentos de conhecimento” (apud Revista IstoÉ 30/04/2008). Espaço
para eles há em excesso: 46% do território do estado de Roraima, ou “mais do que um
Portugal”, para se viver na cadeia alimentar primitiva: “plantas naturais crescendo,
herbívoros devorando-as e índios predadores comendo os herbívoros e mantendo o
equilíbrio ecológico; pois se herbívoros não existissem o planeta Terra seria só mata; e
se os índios não existissem, os herbívoros se excederiam em número e devorariam todas
as plantas... e se extinguiria a vida na biosfera terrestre”. Ao afirmar isto, sinto-me em
plena sala de aula explicando para leigos como funciona este modelo simples de um
ecossistema em homeostase, ou equilíbrio dinâmico ... e nada mais do que isso!
Quanto à nossa política indigenista, insiste-se em manter este importante
segmento do nosso povo, marginalizado em “giga-zoológicos”. E enquanto a integração
não acontece, lá vivem eles praticando igualzinho ao que ocorre no resto do país:
corrupção, posse de bens alheios, alcoolismo ... e até infanticídio (tradição cultural
deles; omissão nossa). Indiozinho com deformação física, com perna aleijada, não serve
para caçar, mas poderia ser um excelente profissional em diversas áreas da sociedade
moderna (educação, engenharias, medicina, informática e muitas outras...). Índios
adultos são facilmente cooptados a fazer o que não se deve, como plantar maconha,
matar seres humanos ... . Pela lei, não se lhes pode imputar responsabilidades. Até
quando serão considerados “incapazes”?
Agricultura itinerante, plantios sem técnicas adequadas, contrabando de
madeira... são delapidações que nos fazem perder a oportunidade de gerar divisas
produtivamente, ganhar “créditos de carbono” e usufruir da rica biodiversidade tropical.
Em termos de avaliação política não é a toa que surgiram expressões brasileiras
referentes a político honesto (raríssimo): “esse é tão ruim, que nem parente ele ajuda” e
a político desonesto (comuníssimo): “esse rouba mas faz”. Bandalheira: sempre existiu,
dizem os “otimistas”, mas se agrava em perpetuidade, digo eu “pessimista”. Nossa
“pobre-marionete” do Ministério do Meio Ambiente não tem presença significativa no
governo. Sinto mais pena dela do que revolta! Precisaríamos de espaço aqui para
descrever as atrocidades cometidas contra nosso maior patrimônio (e o maior do mundo,
sem medo de errar): a amazônia.
03 de maio de 2008
"DESERTOS EM OCEANOS" ESTÃO CRESCENDO
[BILINGÜE] [Nature, 01/05/2008]
PORT. “Desertos debaixo d’água” com baixo (teor de) oxigênio têm se expandido ao
longo dos últimos 50 anos, de acordo com medições. A causa mais provável dessa
mudança é o aquecimento global, e modelos climáticos prevêem que essa tendência
continuará, ameaçando potencialmente os ecossistemas marinhos.
INGL. The discovery concerns a layer of the ocean called the 'oxygen-minimum zone',
where concentrations of dissolved oxygen are particularly low. The new study shows
that this zone has been expanding both upwards and downwards into the adjacent layers
in tropical waters. Researchers led by Lothar Stramma of the University of Kiel,
Germany, measured the oxygenation of the oceans at depths of between 300 and 700
metres during a series of observation cruises in tropical regions of the world's three
main oceans.
PORT. A descoberta diz respeito a uma camada do oceano chamada de “zona de
oxigênio mínimo”, onde concentrações de oxigênio dissolvido são particularmente
baixas. O novo estudo mostra que esta zona tem estado se expandindo tanto para cima
como para baixo para as camadas adjacentes, em águas tropicais. Pesquisadores
liderados por Lothar Stramma da Universidade de Kiel, Alemanha, mediram a
oxigenação dos oceanos nas profundidades entre 300 e 700 metros durante uma série de
viagens de observação, nas regiões tropicais dos três principais oceanos do mundo.
INGL. Climate models predict that warming of the sea's surface as a result of human
activity will hamper the mixing of oceanic waters, preventing dissolved oxygen from
mixing evenly through the water column. The new results suggest that this process has
already begun.
PORT. Modelos climáticos prevêem que o aquecimento da superfície do mar como
resultado da atividade humana dificultará a mistura das águas oceânicas, evitando o
oxigênio dissolvido de misturar-se igualmente na coluna de água. Esses novos
resultados sugerem que esse processo já começou.
INGL. In suboxic waters, nitrogen cannot react with oxygen to form biologically
available nitrate. This means that organisms at the base of food chains, such as
plankton, do not get enough nutrients to survive.
PORT. Em águas com deficiência de oxigênio, o nitrogênio não poderá reagir com ele
para formar nitrato biologicamente disponível. Isto significa que organismos da base da
cadeia alimentar, como o plâncton, não obterão nutrientes que sejam o bastante para sua
sobrevivência.
INGL. The ultimate effect on commercially important ecosystems such as fisheries are
difficult to predict. "There are many complicated mechanisms involved that we need to
understand better to predict changes for the future," he says. "I see our results as a
starting point to be able some day to tell what changes in biogeochemistry, biology and
fisheries we have to expect."
PORT. O efeito final sobre os ecossistemas comercialmente importantes como os
pesqueiros, são difíceis de serem previstos. “Há muitos mecanismos complicados
envolvidos e que nós precisamos entender melhor para prever mudanças no futuro”
[afirma o pesquisador]. “Eu vejo nossos resultados como um ponto de partida que será
capaz de algum dia dizer que mudanças na biogeoquímica, biologia e indústria
pesqueira possamos esperar”.
104
INGL. Laurence Mee, director of the Marine Institute at the University of Plymouth,
UK says: "When you start to mess around with the food chain, it has all kinds of knock-
on effects that we don't know about yet".
PORT.: Laurence Mee, diretor do Instituto Marinho da Universidade de Plymouth, no
Reino Unido, diz: “Quando você começa a bagunçar a cadeia alimentar, acontecem
todos os tipos de efeitos atordoantes sobre os quais ainda nada conhecemos”.
INGL. Any effect on fisheries is likely to be indirect, because these low-oxygen zones
are far from the coastal waters that host most commercial fishing, suggests Andrew
Solow, director of the Marine Policy Center at Woods Hole Oceanographic Institution
in Massachusetts. "I don't know many fisheries that take place between 300 and 700
metres in the tropical ocean," he says.
PORT. Qualquer efeito sobre zonas pesqueiras é provável que seja indireto, porque
estas baixas zonas de oxigênio estão longe das águas costeiras que hospedam a maioria
dos pescados comerciais, sugere Andrew Solow, diretor do Centro de Política Marinha
da “Woods Hole Oceanographic Intitution” em Massachusetts. “Eu não conheço muitas
zonas pesqueiras que ocorram entre 300 e 700 metros nos oceanos tropicais”, diz ele.
[Referência: Stramma, L., Johnson, G. C., Sprintall, J. & Mohrholz, V. Science 320,
655-658 (2008)]
20 de abril de 2008
SEXO DE ALGA PODERIA GERAR VACINA DA MALÁRIA
[BILINGÜE]
conduz o gene HAP2, e assim Snell trabalha em equipe com especialistas em malária no
Imperial College de Londres, para descobrir se tal semelhança “vai mais fundo”.
Certamente, eles encontraram que, quando HAP2 foi repentinamente introduzido no
Plasmodium, os mosquitos falharam em disseminar malária entre ratos [artigo publicado
em “Genes and Development”].
INGL. A vaccine designed to block HAP2 could break Plasmodium's reproductive cycle
in people infected with malaria and so prevent its transmission to others, as the protein
works when the parasite breeds in the mosquito's gut. Parasites transmitting African
sleeping sickness, leishmaniasis and some tick-borne diseases also carry HAP2, and
could succumb to similar vaccines.
PORT. Uma vacina delineada para bloquear a HAP2 poderia quebrar o ciclo
reprodutivo do Plasmodium em pessoas infectadas com malária e assim, evitar sua
transmissão para outras pessoas uma vez que a proteína trabalha quando o parasita
reproduz-se no trato digestivo do mosquito. Parasitas transmissores da doença africana
do sono, da leishmaniose e algumas doenças originárias de carrapato também conduzem
a HAP2, e poderiam sucumbir a vacinas similares.
06 de abril de 2008
“EFEITO BORBOLETA”: MOSQUITOS, DESEQUILÍBRIO
ECOLÓGICO, AUTORIDADES INCOMPETENTES, CRIANÇAS
MORTAS
Acredito que o nosso drama atual, o caso da dengue, mereça algumas
considerações sob os aspectos ambiental e socio-político-cultural. Aliás,
desenvolvimento sustentável (expressão sempre presente na verborragia de muitos
políticos) só se faz com os três tipos de desenvolvimento: ecológico, econômico e
social; que só podem ser praticados se fundamentados num processo educativo eficiente
e efetivo. Em ecologia, o “efeito borboleta” é uma alusão à possibilidade de que o
simples bater das asas de uma borboleta poderá iniciar uma “cascata de mudanças
altamente imprevisíveis num ecossistema inteiro ou até mesmo em todo o planeta”.
Embora não se possa afirmar que haja uma relação direta, vale a pena pensarmos um
pouco sobre os quatro elementos do título acima, numa analogia com o “efeito
borboleta”.
Vamos começar com os mosquitos. Hoje, poucos cientistas duvidam que a
atmosfera do nosso planeta está se aquecendo. Os insetos vetores de doenças, como os
mosquitos da malária e das febres amarela e dengue, são bastante sensíveis às condições
meteorológicas. O mosquito Anopheles, transmissor do parasita da malária (o
protozoário Plasmodium falciparum) causa surtos da doença somente nos locais onde a
temperatura comumente exceda os 15oC. Da mesma maneira, o Aedes aegypti, da febre
amarela e da dengue, transmite os respectivos vírus, nos locais onde a temperatura
raramente cai abaixo dos 10oC. Os mosquitos proliferam mais rápido e picam mais,
quando o ar é mais quente. Ao mesmo tempo, o calor mais intenso acelera a taxa em
que os agentes patogênicos se reproduzem e amadurecem. Exemplo: a 20oC o
protozoário da malária leva 26 dias para se desenvolver completamente, mas a 25oC ele
só precisa de 13 dias para o seu completo desenvolvimento. Para os mosquitos e
106
Penso ser importante que se preparem professores capazes de formar nas nossas
escolas, alunos conscientes de que todo brasileiro tem direito a uma qualidade de vida
digna de ser humano. Um direito, que está muito acima do contentar-se com auxílios
com fins eleitoreiros. Seja no caso da dengue, da malária, da leptospirose, das doenças
veiculadas pela água etc, o tão falado desenvolvimento sócio-econômico de nosso país
implica em se praticar eficientes sistemas de educação, conservação ambiental,
vigilância sanitária e saúde pública. Pelo menos isso! Bases consistentes para se
alcançar um futuro com qualidade.
É uma lástima que nossas autoridades não tenham aprendido que meio ambiente
e vetores de muitas doenças se interrelacionam. Lástima maior é o fato de que entra
governo-sai-governo e a saúde pública, incluindo a medicina preventiva, e a educação
nunca foram prioridade neste belo país tropical (sem terremotos, sem tsunamis, sem
furacões, mas ainda com muita ignorância e muitos mosquitos!!!). É deprimente ter que
admitir que agora, só nos resta esperar que apareça algum “iluminado” que enxergue
tudo isso e invista nesses setores. O retorno, viria com o tempo, formando-se uma
sociedade que SABERÁ EVITAR QUE SUAS CRIANÇAS MORRAM POR CAUSA
DE UM MOSQUITO.
E o “efeito borboleta”? É esta brasileiríssima equação simples: ignorância +
autoridades incompetentes = crianças mortas.
14 de março de 2008
REVITALIZAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO: PROJETO DE
CRUCIAL IMPORTÂNCIA
Caros amigos "antenados" com os programas de governo e em especial do rio
São Francisco:
Li e relí, observando detalhes, anotando e "até sonhando´" que tudo que está
descrito no RELATÓRIO/2007 do PROGRAMA DE REVITALIZAÇÃO DO RIO
SÃO FRANCISCO, tenha sido realizado conforme programado e que continue sendo,
conforme planejado. Baixei este relatório do site do Ministério da Integração
(http://www.integracao.gov.br/), disponibilizado em PDF (5,3Mb; 44 pág.).
Algumas observações do programa ou projeto: 1) A revitalização pretende
contemplar um IMENSO MOSAICO DE OBRAS E ATIVIDADES, que já deveriam
ter sido implantadas HÁ MUITOS ANOS, ANTES de se pensar em exploração
adicional dos recursos do rio São Francisco. 2) Alguns exemplos das intenções do
projeto: contenção de erosões; drenagem; adutoras; abastecimento de água; esgotamento
sanitário; desenvolvimento florestal da bacia; tratamento de resíduo sólido; recuperação
de áreas degradadas (incluindo as de assentamentos); tratamento (armazenamento de
embalagens de agrotóxicos); triagem de animais silvestres; melhoria da hidrovia... etc.
Tudo isso ao longo do rio que atravessa grandes extensões (mais de 2.700 km) dos
estados de MG, BA, AL, PE e SE. 3) As intenções são tão amplas, que até preocupação
com a manutenção de equipamentos para manter "nível de ruído aceitável" (de acordo
com especificações do fabricante do equipamento), será ou é, contemplado no projeto.
Assim como também o contrôle da emissão de gases! Meus amigos: isto é "primeiro
mundo" autêntico!!! 4) No programa de comunicação social e de educação ambiental,
108
12 de março de 2008
ATENÇÃO CRIADORES DE ANIMAIS SILVESTRES!!!
Divulgado no PORTAL DO MEIO AMBIENTE [REBIA - REDE BRASILEIRA DE
INFORMÇÃO AMBIENTAL, em 11/03/2008]
Consulta Pública definirá espécies da fauna como animais de estimação
Brasília - O Ibama disponibilizou para Consulta Pública a lista prévia de espécies da
fauna silvestre nativa que poderão ser criadas e comercializadas como animais de
estimação, conforme determina o Art. 3º da Resolução Conama nº 394 de 6 de
novembro de 2007.
A consulta pública estará disponível até o dia 6 de abril de 2008 no site do
Ibama. Ao término deste prazo, o Ibama fará a análise de todo o conteúdo, objetivando
editar uma lista que atenda aos anseios da sociedade brasileira.
As contribuições devem ser enviadas para o e-mail: fauna.sede@ibama.gov.br
com as espécies a serem incluídas ou excluídas devidamente justificadas com base nos
critérios estabelecidos pela Resolução Conama nº 394/2007. Somente serão analisadas
as contribuições que estiverem dentro dos critérios estabelecidos.
109
09 de março de 2008
PLANO DE COMBATE AO DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA:
CONTINUA DIFÍCIL
Governo cumpre menos da metade do Plano de Combate ao Desmatamento na
Amazônia, diz relatório - 06/03/2008 Local: São Paulo - SP Fonte: Amazonia.org.br
Link: http://www.amazonia.org.br
Segundo estudo divulgado hoje pelo Greenpeace, o maior motivo foi a falta de
coordenação adequada.
Das 162 ações listadas pelo Plano de Prevenção e Combate Desmatamento na
Amazônia Legal (PPCDAM), apenas 31% foram cumpridas. As informações são do
relatório denominado "O Leão Acordou" divulgado pelo Greenpeace, que analisa o
plano desde seu inicio em 2004 até julho de 2007.
O documento aponta que a não realização das ações previstas pelo governo seria
uma das causas do aumento do desmatamento no segundo semestre do ano passado. As
ações, divididas em três eixos: Ordenamento Territorial e Fundiário, Monitoramento e
Controle e Fomento às Atividades Sustentáveis, tiveram baixo índices de execuções.
Sendo que Monitoramento foi o eixo que obteve mais resultados, tendo de sete ações
previstas, duas executadas e três parcialmente executadas.
Marcelo Marquesine, do Greenpeace afirma que uma das principais causas do
baixo número de ações "foi a própria falta de coordenação da Casa Civil que permitiu
que os ministérios não se integrassem. Dos 13 ministérios que compunham o plano,
apenas quatro integraram o controle e prevenção do desmatamento em suas políticas, o
Ministério do Meio Ambiente, o Ministério do Desenvolvimento, Ministério da Justiças
e o Ministério de Ciência e Tecnologia. Os demais não trabalharam".
O estudo também destaca a dificuldade em se obter os dados para análise. O
programa, que tinha como premissa "promover a transparência e possibilitar o controle
social quanto ao andamento de suas ações", não atualiza suas informações desde abril
de 2005. Somente após a organização iniciar os questionamentos algumas atualizações
voltaram a ser realizadas.
04 de março de 2008
BIOPRECIPITAÇÃO (PLUVIAL): DESCOBERTA CAUSA
MICROBIANA
[BILINGÜE]
INGLÊS Airborne bacteria may play large role in precipitation.
INGL. A Montana State University professor and his colleagues have found evidence
suggesting that airborne bacteria are globally distributed in the atmosphere and may
play a large role in the cycle of precipitation.
INGL. The research of David Sands, MSU professor of plant sciences and plant
pathology, along with his colleagues Christine Foreman, an MSU professor of land
resources and environmental sciences, Brent Christner from Louisiana State University
and Cindy Morris, will be published in the journal "Science."
PORT. A pesquisa de David Sands, Professor da MSU, de ciências de botânica e
fitopatologia, junto com seus colegas Christine Foreman, Professor de recursos da terra
e ciências ambientais, Brent Christner da Universidade Estadual da Louisiana e Cindy
Morris, será publicada no periódico "Science".
INGL. These research findings could potentially supply knowledge that could help
reduce drought from Montana to Africa, Sands said.
PORT. Estas descobertas da pesquisa, podem potencialmente fornecer conhecimento
que poderia ajudar a reduzir a seca, de Montana à África, afirmou Sands.
INGL. Sands, Foreman, Morris, and Christner -- who did post-doctorate work at MSU -
- examined precipitation from locations as close as Montana and as far away as Russia
to show that the most active ice nuclei are actually biological in origin. Nuclei are the
seeds around which ice is formed. Snow and most rain begins with the formation of ice
in clouds. Dust and soot can also serve as ice nuclei. But biological ice nuclei are
different from dust and soot nuclei because only these biological nuclei can cause
freezing at warmer temperatures.
PORT. Sands, Foreman, Morris, e Christner -- que fez seu trabalho de pós-doutrorado
na MSU -- investigaram a precipitação de locais tão perto como Montana e tão distante
quanto a Rússia, para mostrar que os núcleos mais ativos [na formação] do gelo, são na
verdade de origem biológica. Os núcleos são sementes ao redor das quais o gelo é
formado. A neve e a maioria da chuva começa com a formação de gelo nas nuvens.
Poeira e fuligem [partículas sólidas provenientes de queima de materiais diversos]
também atuam como núcleos de gelo. Mas os núcleos biológicos de gelo são diferentes
dos núcleos de poeira e de fuligem, porque somente os núcleos biológicos podem causar
congelamento em temperaturas mais quentes.
INGL. Biological precipitation, or the "bio-precipitation" cycle, as Sands calls it,
basically is this: bacteria form little groups on the surface of plants. Wind then sweeps
the bacteria into the atmosphere, and ice crystals form around them. Water clumps on to
the crystals, making them bigger and bigger. The ice crystals turn into rain and fall to
the ground. When precipitation occurs, then, the bacteria have the opportunity to make
it back down to the ground. If even one bacterium lands on a plant, it can multiply and
form groups, thus causing the cycle to repeat itself.
PORT. Precipitação biológica, ou o ciclo de "bio-precipitação", como Sands a
denomina, é basicamente isto: bactérias que formam pequenos grupos na superfície de
111
plantas. O vento varre as bactérias para a atmosfera, e formam-se cristais de gelo ao seu
redor. Água acumula-se sobre os cristais tornando-os cada vez maiores. Os cristais de
gelo transformam-se em chuva e caem na terra. Quando a precipitação ocorre, então as
bactérias têm a oportunidade de retornarem à terra. Se até mesmo uma única bactéria
aterrissa sobre a planta, ela poderá multiplicar-se e formar grupos, garantindo a
continuidade do ciclo.
INGL. "I want people to be fascinated by the interconnection of things going on in the
environment," Sands said. "It's all interconnected."
PORT. "Eu quero ver as pessoas fascinadas com a interligação das coisas que
acontecem no ambiente", afirmou Sands. "Tudo está interligado".
1o de março de 2008
FTALATO: PODE SER PREJUDICIAL (OU NÃO???)
Trecho reproduzido de notícia veiculada pela Internet, proveniente do jornal O Estado
de São Paulo:
Faber-Castell recolhe borracha com substância tóxica A Faber-Castell, uma
das maiores fabricantes brasileiras de material escolar, começou a substituir as
borrachas TK Plast fabricadas antes de 13 de setembro do ano passado por outras. A
iniciativa começou após uma entidade de defesa do Consumidor, a Pro Teste, divulgar
que a borracha, modelos branco com embalagem azul e amarelo com embalagem
amarela, apresentavam a substância química FTALATO em sua composição. Os
consumidores que compraram o produto antes de 13 de setembro de 2007 ou têm
dúvidas sobre as borrachas que possuem em casa, devem entrar em contato com a
Faber-Castell pelo telefone 0800-7720025, entre 8 horas e 18 horas. A ligação é
gratuita. A empresa, no entanto, não caracterizou a ação como um recall. "Não existem
estudos conclusivos sobre os riscos à saúde decorrentes do uso de FTALATO, sendo
que nos EUA ainda não há uma legislação de restrição ao seu uso, e a Comunidade
Européia, como medida preventiva, determinou a retirada desse componente", afirma a
empresa, em comunicado. Mas há suspeitas de que ele possa causar danos à saúde.
"Na Europa, o nível de ftalato presente em um produto não pode ser superior a 0,1%",
explica Maria Inês Dolci, coordenadora da Pro Teste. "Nas borrachas da Faber-Castell,
havia 50 vezes mais FTALATO do que o permitido."
O QUE É O FTALATO (="phthalate", em inglês): informações obtidas da
Wikipedia, mostram que o FTALATO quando adicionado a plásticos, permite que
longas moléculas de polivinil deslizem umas sobre as outras. Há vários tipos dessa
substância, produzidos em milhares de toneladas e adicionados aos mais diversos
plásticos (principalmente na fabricação do PVC), com muitas finalidades (esmaltes-
polidores de unha; adesivos; pigmentos de tintas; isca para pesca; solventes de perfumes
e pesticidas; "borrachas gelatinosas"; calefação; na eletrônica, como em iPhone, iPod,
computadores ... e até em "artigos eróticos" ou sex toys). O FTALATO tem tido seu uso
banido de brinquedos para crianças.
RISCOS À SAÚDE: estudos mostram que a maioria dos americanos que tiveram
sua urina testada, estão expostos ao FTALATO. Esta substância, em altas doses em
ratos, influenciaram atividade hormonal. Há estudos (ainda em discussão) de que em
112
15 de fevereiro de 2008
MUDANÇA CLIMÁTICA PODE SER MEDIDA POR GPS
BILINGÜE [www.newscientist.com.uk] – 15/fevereiro/2008
INGLÊS GPS 'thermometer' could flag up climate change.
PORTUGUÊS “Termômetro” de GPS poderia sinalizar mudança climática
INGL.The Global Positioning System could be used as a global thermometer and used
to monitor climate change, say UK meteorologists.
PORT. O Sistema de Posicionamento Global (GPS) poderia ser usado como um
termômetro global e usado para monitorar a mudança climática, dizem meteorologistas
do Reino Unido.
INGL. The idea rests on a relatively new technique for taking atmospheric
measurements, called GPS radio occultation.
PORT. A idéia apoia-se numa técnica relativamente nova para se tomar medições
atmosféricas, chamada de ocultação de radio do GPS.
INGL. This involves using a satellite in low-Earth orbit to receive signals from GPS
satellites. As the signals pass through the atmosphere, they are refracted slightly, with
the angle of refraction depending on temperature and the amount of water vapour in the
atmosphere.
PORT. Esta (técnica) envolve usar um satélite em baixa órbita sobre a Terra, para
receber sinais dos satélites do GPS. À medida que os sinais passam através da
atmosfera, eles são ligeiramente refratados, dependendo o ângulo de refração da
temperatura e da quantidade de vapor d’água na atmosfera.
INGL. Instruments on a number of research satellites measure GPS signals in this way,
including the German CHAMP mission, and the joint US/Taiwan COSMIC mission.
PORT. Instrumentos num certo número de satélites de pesquisa, medem sinais de GPS
desta maneira, incluindo a missão alemã Champ, e a missão Cósmica conjunta Estados
Unidos/Taiwan.
INGL. These measurements are already used to help calculate the amount of water in
the atmosphere, as well as temperature and density, which are useful in weather
forecasting.
PORT. Estas medições já são usadas para ajudar a calcular a quantidade de água na
atmosfera, assim como temperatura e densidade, que são úteis na previsão de tempo.
20 de janeiro de 2008
TERRORISMO CLIMÁTICO??? AINDA ASSIM, É MELHOR DO QUE
CRUZAR OS BRAÇOS
SOBRE UMA ENTREVISTA DO DR. L.C. MOLION (CLIMATÓLOGO) À REVISTA
ISTOÉ:
113
aumentando; e quando este gás aumenta, a temperatura global também aumenta, com
diversas conseqüências para os seres vivos. Indicadores bio-ecológicos, não devem ser
desprezados. Insetos vetores de doenças tropicais, estão conquistando novos habitats,
em locais onde eles não ocorriam por serem considerados "frios". O estádio de
desenvolvimento de crescimento e maturação sexual desses insetos é encurtado em
temperatura mais elevada. Até os microrganismos de solo, principalmente de regiões
temperadas, emitem mais CO2 em temperatura mais elevadas, do que os
microgarnismos de região tropical (estes foram os resultados de meu trabalho de pós-
doutorado, publicados no Brasil, no Brazilian Journal of Microbiology e na Inglaterra,
em Soil Biology and Biochemistry). Larvas de animais componentes de corais, têm se
mostrado ser sensíveis às ações de luz UV; daí a possível causa do branqueamento dos
corais.
Algumas geleiras na Antártica vêm aumentando como conseqüência do aumento
da poluição; um efeito indireto do aquecimento global; ou seja: o aumento da
temperatura da água aumenta a evaporação, resultando num aumento da precipitação de
neve. A capa de gelo (água doce) assim formada reduz a transferência de calor das
águas mais profundas do oceano, facilitando assim o congelamento da água e o
crescimento localizado de geleiras. Esta camada de gelo extra, reflete mais a luz solar
do que as águas escuras do oceano. Tomara que o L.C.Molion não diga que isso é prova
de que a glaciação já chegou!!!
Salvo melhor juízo, o L.C. Molion parece se sentir injustiçado por não lhe darem
ouvidos!!! Se existem pressões dos "grandes contra os pequenos", como ele sugere, eu
acredito que tal tipo de comportamento sempre existiu e existirá; mas eu não penso que
toda essa discussão em torno dessa problemática do aquecimento global se deva
exclusivamente a tal pressão. Será que temos que "esperar p'ra ver"?!
Feliz jornada a todos que navegam no planeta Terra!
27 de novembro de 2007
Termo do GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS:
AMBIENTALISMO DA EMANCIPAÇÃO
Talvez seja esta expressão a mais adequada para traduzir a expressão norte-
americana “emancipatory environmentalism” ou ecologia do bem-estar humano; é uma
aproximação de caráter mais ambientalista, holística, para o planejamento econômico,
professado pelo ecólogo norte-americano Barry Commoner e pelo economista alemão
Ernst Friedrich Schumacher. Estes, enfatizaram a necessidade de se introduzir processos
produtivos que trabalhassem com a Natureza e não contra ela, priorizando o uso de
produtos orgânicos e os recicláveis.
18 de novembro de 2007
iPhone da Apple: "mais marrom do que verde" (segundo o Greenpeace)
[Scientific American, outubro/2007]
115
Segundo o Greenpeace, a Apple não fez nenhum progresso quando afirmou que
iria abolir o uso de substâncias tóxicas no seu "campeão de vendas": 1 milhão de
aparelhos iPhones já vendidos nos E.U.A. Esses aparelhos, segundo o Greenpeace, não
são "ecofriendly" (amigos do ambiente), pois neles são usados BFRs ("Brominated
Flame Retardants"), retardadores de chamas (contra possível incêndio causado por
corrente elétrica, no aparelho) e PVC ("Polyvinyl Chlolride"). O BFR produz dioxinas
brominadas e furanas (irritantes da pele e trato respiratório, se aquecidas em alta
temperatura) e o PVC contém plastificante de ftalato tóxico, que se suspeita ser
carcinogênico. A maior preocupação surge a partir do momento em que o aparelho seja
descartado.
21 de outubro de 2007
"HOTSPOT" [termo do Glossário]
“HOTSPOT”
21 de outubro de 2007
... E AINDA ACHAMOS QUE CONHECEMOS TUDO... E POR ISSO,
HAJA DESTRUIÇÃO!!!
BIODIVERSITY HOTSPOT - CONSERVATION INTERNATIONAL
[BILINGÜE]
INGLÊS New lizard species discovered in Brazilian Cerrado
PORTUGUÊS Novas espécies de lagartos descobertos no cerrado brasileiro.
INGL. A recent herpetological survey in Brazil has yielded two reptile species new to
science. The lizard species Stenocercus quinarius and Stenocercus squarrosus were
116
described last December in the latest issue of the South American Journal of
Herpetology.
PORT. Um recente levantamento no Brasil produziu duas espécies de répteis, novas
para a ciência. As espécies de lagarto Stenocercus quinarius e Stenocercus squarrosus
foram descritas em dezembro passado, no último número da South American Journal of
Herpetology.
INGL. Measuring no more than fourteen centimeters from head to tail, these small
creatures resemble miniature dragons. They live mostly near the ground, on tree trunks
and in small cavities, and they use their disruptive colors and cryptic behavior as
camouflage in the dense and dry savannas.
PORT. Medindo não mais do que 14 cm da cabeça à cauda, estas pequenas criaturas
lembram dragões em miniatura. Vivem principalmente próximos ao solo, sobre troncos
de árvores e em pequenas cavidades; e eles usam suas cores em disrupção [=em
descontinuidade] e comportamento de se esconder, como camuflagem nas savanas sêcas
e densas.
INGL. The two new species have relatively restricted ranges separated by at least 500
km, found in scattered localities in the eastern portion of the Cerrado Hotspot.
PORT. As duas novas espécies têm relativamente, alcances restritos, separadas por pelo
menos 500 km, sendo encontradas em localidades dispersas na porção leste do "Cerrado
hotspot". [VER ACIMA, TERMO "HOTSPOT" EXTRAÍDO DO GLOSSÁRIO]
20 de outubro de 2007
PEIXE DE PÂNTANO QUE ADORA VIVER EM ÁRVORES
[BILINGÜE] [New Scientist, 19/out/2007]
INGLÊS Something fishy is happening in the mangrove forests of the western Atlantic.
A fish is living in the trees.
PORTUGUÊS Algo suspeito está acontecendo nas florestas de mangues no atlântico
ocidental. Um peixe vivendo em árvores.
INGL. The mangrove killifish (Kryptolebias marmoratus) is a tiny fish that lives in
ephemeral pools of water around the roots of mangroves. When these dry up the 100-
milligram fish can survive for months in moist spots on land. Being stranded high and
dry makes it hard to find a mate, but fortunately the killifish doesn't need a partner to
reproduce. It is the only known hermaphrodite vertebrate that is self-fertilising.
PORT. O "killifish" de manguezal (Kryptolebias marmoratus) é um peixe minúsculo
que vive em poças efêmeras de água ao redor de raízes de mangue. Quando elas secam,
o peixe de 100 mg pode sobreviver por meses em locais úmidos na terra. Ficando
retidos no sêco torna-se difícil encontrar um par para cruzar, mas felizmente o "killifish"
não precisa de um par para reproduzir-se. Ele é o único vertebrado hermafrodita
conhecido que é auto-fertilizador.
INGL. Now biologists wading through muddy mangrove swamps in Belize and Florida
have discovered another exceptional adaptation. Near dried-up pools, they found
hundreds of killifish lined up end to end, like peas in a pod, inside the tracks carved out
by insects in rotting logs.
117
13 de outubro de 2007
TERMO EXTRAÍDO DO GLOSSÁRIO
BIODIESEL
13 de outubro de 2007
ENERGIA NUCLEAR: TERCEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (???)
[BILINGÜE] [NEW SCIENTIST, 13/outubro/2007]
INGLÊS Go nuclear for a third industrial revolution, says EC.
PORTUGUÊS Energia nuclear: terceira revolução industrial, afirma a CE-Comissão
Européia.
INGL. We are on the brink of the "third industrial revolution", according to José
Manuel Barroso, president of the European Commission - who believes it means nations
may have to embrace nuclear power.
PORT. Estamos prestes a entrar na "terceira revolução industrial", de acordo com José
Manuel Barroso, presidente da Comissão Européia - o qual acredita que isso significa
que as nações tenham que aceitar a energia nuclear.
INGL. Europe's "low-carbon age" is the revolution Barroso spoke of last week at an
energy conference in Madrid, Spain. "Member states cannot avoid the question of
nuclear energy," he said, following the commission's announcement last month of a new
research initiative for nuclear energy. The European Union should contribute to
research, Barroso said.
118
23 de agosto de 2007
VIRUS MARBURG TRANSMITIDO POR MORCÊGOS, NA ÁFRICA
[BILINGÜE] [SCIENTIFIC AMERICAN, 22/agosto/2007]
INGLÊS Fruit bats that roost in caves are apparently the source of Marburg virus, which
causes a deadly hemorrhagic fever related to Ebola virus.
PORTUGUÊS Morcêgos frugívoros que se abrigam em cavernas são claras fontes do
virus Marburg, que causa febre hemorrágica mortal, aparentado do virus Ebola.
INGL. Tests of 1,100 bats of various species turned up the virus in only one common
species of fruit bats, Rousettus aegyptiacus, the team at the U.S. Centers for Disease
Control and Prevention, at the Medical Research Institute in Franceville, Gabon, and
elsewhere reported. "These Marburg virus-positive bats represent the first naturally
infected non-primate animals identified," they wrote.
PORT. Testes com 1.100 morcêgos de várias espécies revelaram o virus em somente
uma espécie comum de morcêgos frugívoros, segundo reportado pela equipe dos
Centros dos EE.UU. para Contrôle e Prevenção de Doenças, do Instituto de Pesquisa
Médica, em Franceville, Gabão. “EsteS morcêgos "virus-Marburg positivos"
representam os primeiros animais identificados não-primatas, infectados”, disseram os
pesquisadores.
INGL. The study, published in the Public Library of Science journal PLoS ONE,
suggests that Marburg may be more common than previously thought. "Furthermore,
this is the first report of Marburg virus being present in this area of Africa, thus
extending the known range of the virus," the researchers wrote.
PORT. O estudo, publicado no periódico PLoS ONE da Biblioteca Pública de Ciência,
sugere que Marburg possa ser mais comum do que antes se pensava. “Além disso, este é
119
o primeiro relato do virus Marburg estando presente nesta área da África, portanto
estendendo o alcance conhecido do virus”, afirmaram os pesquisadores.
INGL. The World Health Organization said last week that Uganda had contained an
outbreak of Marburg fever among gold miners there after two men became infected and
one died.
PORT A Organização Mundial de Saúde disse na semana passada, que em Uganda
tinha ocorrido um surto de febre de Marburg entre mineiros, após dois mineiros da
mineração do ouro, terem se infectado e um deles ter morrido.
INGL. A major outbreak of Marburg occurred among gold miners in the Democratic
Republic of Congo between 1998 and 2000, killing 128 of 154 people infected. An
outbreak that started in Uige, Angola, in 2004-05 killed 348 people out of 386 cases.
PORT. Um surto maior de Marburg ocorreu entre mineiros da mineração do ouro na
República Democrática do Congo, entre 1998 e 2000, matando 128 das 154 pessoas
infectadas. Um surto que começou em Uige, Angola, em 2004-05, matou 348 pessoas
entre 386 casos.
INGL. There is no vaccine or specific treatment for either disease, which cause a severe
headache and fever followed by rapid debilitation. Death can follow within eight to nine
days. The study suggests that controlling these bats may help reduce the threat.
PORT. Não há vacina nem tratamento específico para qualquer dessas doenças
[Marburg e Ebola], que causam uma dor de cabeça violenta e febre, seguido de rápida
debilitação. Morte pode vir em seguida, dentre de oito ou nove dias. O estudo sugere
que controlando-se estes morcêgos poderá ajudar a reduzir essa ameaça.
22 de agosto de 2007
GEOENGENHARIA: REDUÇÃO DO AQUECIMENTO GLOBAL
(SOLUÇÃO OU PROBLEMA)
[BILINGÜE] [NewScientist, 02/agosto/2007]
INGLÊS 'Sunshade' for global warming could cause drought
PORTUGUÊS “Sombra do sol” para aquecimento global pode causar sêca
INGL. Pumping sulphur particles into the atmosphere to mimic the cooling effect of a
large volcanic eruption has been proposed as a last-ditch solution to combating climate
change – but doing so would cause problems of its own, including potentially
catastrophic drought, say researchers.
PORT. Bombear partículas de enxofre para a atmosfera para imitar o efeito de
resfriamento de uma grande erupção vulcânica tem sido proposto como último recurso
para combater a mudança climática — mas assim fazendo-se, causaria problemas em si,
incluindo uma potencialmente catastrófica sêca, dizem os pesquisadores.
INGL. Sulphur "sunshades" are just one example of a "geo-engineering" solution to
climate change. Such solutions involve artificially modifying our climate to counteract
the effects of human greenhouse gas emission. Other examples include space mirrors
and iron fertilisation of the ocean.
PORT. “Sombras do sol” de enxofre são apenas um exemplo de uma solução de
“geoengenharia” para contrabalançar os efeitos da emissão do gás estufa pelos seres
120
humanos. Outros exemplos incluem espelhos solares e fertilização dos oceanos com
ferro.
INGL. However, a study, led by Ken Caldeira of the Carnegie Institution of Washington
in the US, warned that failing to correctly deploy or maintain such a scheme would
result in sudden warming – which would be worse than the long-term warming that had
been avoided because of its swiftness.
PORT. No entanto, um estudo liderado por Ken Caldeira, do Carnegie Institution of
Washington, nos EE.UU., advertem que uma falha para corrigir efetivamente ou
manter-se tal esquema, resultaria em aquecimento repentino — que seria pior do que o
aquecimento de longo-termo que tinha se evitado, por causa de sua rapidez.
INGL. Cooling cloud
PORT. Nuvem de resfriamento
INGL. Sulphur sunshades are inspired by the cooling effects of large volcanic eruptions,
which blast sulphate particles into the stratosphere. The particles reflect part of the Sun's
radiation back into space, reducing the amount of heat that reaches the Earth. In 1991,
the eruption of Mount Pinatubo in the Philippines cooled Earth by a few tenths of a
degree for several years.
PORT. Sombras do sol, de enxofre, inspiram-se nos efeitos de resfriamento de grandes
erupções vulcânicas que lançam partículas de sulfato na estratosfera. As partículas
refletem parte da radiação solar de volta ao espaço, reduzindo a quantidade de calor que
atinge a Terra. Em 1991 a erupção do Monte Pinatubo nas Filipinas, resfriou a Terra por
uns poucos décimos de grau por vários anos.
INGL. To study the effects that sulphur sunshades might have on rainfall, Trenberth and
Dai [National Center for Atmospheric Research in Colorado, US] looked at trends in
precipitation and continental run-off from 1950 to 2004 to try to detect the impact of the
eruptions of Mount Agung in Indonesia 1963, El Chichón in Mexico in 1982, and
Pinatubo in 1991. After this, a marked decrease in rainfall and run-off in the year after
the Pinatubo eruption was clear.
PORT. Para estudar os efeitos que as sombras de sol de enxofre poderiam exercer sobre
a chuva, Trenberth and Daí [National Center for Atmospheric Research, EE.UU.]
observaram as tendências na precipitação e escorrimento de água continental, de 1950 a
2004, para tentar detectar o impacto das erupção do Monte Agung na Indonésia em
1963, do El Chichón no México em 1982 e o Pinatubo em 1991. Após isso, um
decréscimo marcante foi observado na chuva e água de escorrimento, no ano após a
erupção do Pinatubo.
INGL. Dai and Trenberth say their results suggest that artificially putting large amounts
of sulphate particles into the atmosphere in order to decrease solar radiation could have
catastrophic effects on the planet's water cycle. "Creating a risk of widespread drought
and reduced freshwater resources does not seem like an appropriate fix," they say.
PORT. Dai e Trenberth dizem que seus resultados sugerem que colocar artificialmente
grandes quantidades de partículas de sulfato na atmosfera para reduzir a radiação solar,
poderia ter efeitos catastróficos sobre o ciclo da água do planeta. “Criar-se um risco de
disseminar sêca e reduzir os recursos hídricos de água doce não parece um conserto
apropriado”, afirmam eles.
121
INGL. They note that the negative effects experienced after Pinatubo erupted were
harshest in the tropics.
PORT. Eles notaram que os efeitos negativos vividos após a erupção do Pinatubo foram
mais severos nos trópicos.
03 de junho de 2007
Warming will bring more rain, study claims
[BILINGÜE] [New Scientist, 01/junho/2007]
AQUECIMENTO TRARÁ MAIS CHUVA, ESTUDO ALEGA
INGLÊS Climate experts have cast doubt on the conclusions of a new study predicting
that a warmer world would lead to more rainfall - a contradiction of the prediction of
most climate change models - which was based on just 20 years of data.
PORTUGUÊS Especialistas em clima lançam dúvida sobre conclusões de novo estudo
prevendo que um mundo mais quente levará a mais chuva – uma contradição da
previsão da maioria dos modelos de mudança climática – a qual se baseia em apenas 20
anos de dados.
INGL. Climate models predict that as the planet warms, more water will be suspended
in the atmosphere, because hotter air can retain more humidity.
PORT. Modelos de clima prevêem que à medida que o planeta se aquece, mais água
será suspensa na atmosfera porque o ar mais quente pode reter mais umidade.
INGL. However, this will not be accompanied by an equal increase in rainfall,
according to the same models: for every degree of warming, atmospheric humidity will
increase by about 7%, while precipitation will only go up by between 1% and 3%.
PORT. Entretanto, isto não será acompanhado por igual aumento na precipitação, de
acordo com esses mesmos modelos: para cada grau de aquecimento, a umidade
atmosférica aumentará cerca de 7%, enquanto a precipitação irá subir até entre 1% e
3%.
INGL. Frank Wentz and colleagues at Remote Sensing Systems in California, US,
looked at satellite records from between 1986 and 2005 […] During that time, average
temperatures increased by 0.4°C. […] They found that over the two decades, both
factors increased by between 1.1% and 1.2% - or roughly 6.5% for each degree of
warming.
PORT. Franz Wentz e colegas do Remote Sensing Systems da California, E.U.A.,
observaram registros de satélite entre 1986 e 2005 [...] Durante esse tempo,
temperaturas médias aumentaram em 0,4oC. [...] Eles encontraram que ao longo das
duas décadas, ambos os fatores aumentaram entre 1,1% e 1,2% – ou aproximadamente
6,5% para cada grau de aquecimento.
INGL. "The satellite data for the last 20 years shows an increase in rainfall that is three
times what the models predicted," says Wentz. "This represents one of the first tests of
the models used for the predictions of the Intergovernmental Panel on Climate Change.
The results show a significant discrepancy between model and observations."
PORT.“Os dados do satélite dos últimos 20 anos mostraram um aumento na
precipitação que é três vezes aquele previsto nos modelos”, disse Wentz. “Isto
representa um dos primeiros testes dos modelos usados para as previsões do
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1o de junho de 2007
Pegada ecológica
AVALIE SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O AQUECIMENTO GLOGAL: faça sua
pegada ecológica, a partir de dois sites na internet:
http://ecofoot.org (com acesso ao "earthdaynetwork") e www.bp.com
(bp="beyond petroleum", a antiga "british petroleum"); neste último site você deve
inserir no "search" (=busca) a expressão "carbon footprint calculator" e daí selecione
um país com certas semelhanças climáticas com o Brasil (Austrália ou África do Sul
darão o mesmo resultado). Você verá então qual a sua contribuição em termos de CO2
para o aquecimento global. No cálculo para quilometragem percorrida, veja que 1 milha
= 1,6 km (ou precisamente 1.609 m).
RESULTADOS: eu, Prof. Breno Grisi, vivendo numa casa com o total de 5
pessoas, obtive os seguintes resultados: no primeiro site obtive que seriam necessários
mais de 2 planetas Terra para que eu continue mantendo o meu atual padrão de vida; no
site da "beyond petroleum" obtive como resultado 5 toneladas (ou 5 Mg*) de CO2/ano;
bem abaixo das médias da Austrália e África do Sul. Ainda para você ter uma idéia
comparativa, a média do cidadão dos E.U.A. é de 18,58 toneladas de CO2/ano.
*Obs.: no SI ou sistema métrico internacional, a tonelada métrica é chamada
hoje de MEGAGRAMA; portanto, 1 t = 1 Mg = 1.000 kg = 1.000.000 de gramas.