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Universidade do Minho. É licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, nas variantes de Estudos Portugueses e
Ingleses e de Estudos Ingleses e Alemães, e concluiu o curso do Magistério Primário (Porto). É PQA do grupo 220 no
agrupamento de Escolas Eng. Fernando Pinto de Oliveira e autora de livros na área da educação. É também mãe de
dois filhos.
"Todas as manhãs, às dez horas, uma fila de pessoas impacientes amontoava-se junto ao balcão
das informações, perguntando, reclamando, exigindo livros. (...) a única certeza era de que já não
havia livros novos há mais de dois meses. (...)
Tudo era surpreendente: aquela fábrica que era afinal uma cozinha; (...) aquela horta, onde não
cresciam feijões nem couves, mas sim pontos finais, vírgulas e pontos de exclamação; aquelas
árvores que não davam maçãs, nem laranjas, mas sim As, Bs, Cs, Ds... (...)
– Eu lembro-me! Cada uma de nós semeou o livro de que mais gostava!
– Ah! Acho que já compreendi: a semente é um livro!"
Abril de 2018
Educação Pré-Escolar
A perturbação causada pela falta de livros nesta cidade de Margarida Botelho obrigou os sábios
a intensas investigações, para descobrirem que esses objetos mágicos eram cozinhados a partir
de plantas semeadas para tal. A sua semente: um livro.
Neste artigo não vou descrever exaustivamente o projeto, dada a sua riqueza. Darei a conhecer
algumas das vertentes e atividades realizadas, esperando que deem lugar à criatividade e a novas
sementeiras noutros locais.
– Produção de quadros: Após ouvir uma história, a criança produz um quadro, com
diferentes materiais e técnicas. Outras vezes a criança faz o quadro e, depois, conta a
história que ele ilustra.
– "Canto dos pais" – Os pais são convidados a virem à aula contar uma história.
– Fichas de leitura de fim de semana: A criança e a sua família leem um livro e, depois,
preenchem uma ficha, com um desenho feito por todos e um comentário da família. O livro
"Come a sopa, Marta!", de Marta Torrão, originou este comentário: “É uma história muito
engraçada e para nós até foi bom, porque o nosso filho, em casa, diz que não gosta de sopa,
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só de ‘canjinha de galinha’. Pode ser que a partir de agora comece a comer a sopa também
em casa.”
– Livros interativos: São feitos pelas crianças com a família. O livro vai para casa de cada
aluno durante 3 ou 4 dias. Aí são lidos contos populares, provérbios, lendas, aos quais são
acrescentados novos textos.
– Apoio aos pais: Foram dinamizados encontros com os pais para os apoiar na formação
dos seus filhos como jovens leitores, que incluíram fornecimento de materiais de apoio e
sugestões de leitura.
Uma boa aprendizagem da leitura e da escrita pode dever muito do seu sucesso ao trabalho feito
nos jardins de infância, onde, como no projeto "Semear Leituras", podem ser trabalhados pré-
-requisitos para essa aprendizagem, nomeadamente conhecimento de vocabulário,
conhecimentos acerca da escrita e sensibilidade fonológica. Exemplos de conhecimentos
importantes nesta fase são: saber que se escreve/lê da esquerda para a direita e de cima para
baixo; saber colocar o livro na posição correta para iniciar a leitura; saber que o nosso discurso
se "parte" em palavras (Lopes, 2006).
Apesar de a ligação entre a família e a escola tender a decrescer à medida que os estudantes se
vão tornando mais autónomos, com um tão bom trabalho inicial, as bases estão lançadas para
poderem ser rentabilizadas nos níveis de ensino subsequentes. A tipologia de Epstein,
investigadora norte-americana, pode ser um instrumento muito útil na elaboração de um
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Educação Pré-Escolar
programa de colaboração abrangente e adequado, permitindo o diagnóstico da situação e a
definição de necessidades e sugerindo práticas adequadas, que podem ser uma fonte de
inspiração para a criação de outras, entre as quais, projetos idênticos ao "Semear Leituras"
(Zenhas, 2006).
Bibliografia:
ZENHAS, A. (2006). O papel do diretor de turma na colaboração escola–família. Porto: Porto Editora.
LOPES, J. A. (2005). Dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita. Porto: Edições ASA.
In Educare, https://www.educare.pt/opiniao/artigo/ver/?id=11962&langid=1
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