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Armanda Zenhas – Mestre em Educação, área de especialização em Formação Psicológica de Professores, pela

Universidade do Minho. É licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, nas variantes de Estudos Portugueses e
Ingleses e de Estudos Ingleses e Alemães, e concluiu o curso do Magistério Primário (Porto). É PQA do grupo 220 no
agrupamento de Escolas Eng. Fernando Pinto de Oliveira e autora de livros na área da educação. É também mãe de
dois filhos.

Quem semeia leituras… colhe bons leitores

Semear leituras é desenvolver leitores competentes, é semear criatividade, é aumentar a


curiosidade e a inteligência e, assim, promover a aprendizagem e o saber.

"Todas as manhãs, às dez horas, uma fila de pessoas impacientes amontoava-se junto ao balcão
das informações, perguntando, reclamando, exigindo livros. (...) a única certeza era de que já não
havia livros novos há mais de dois meses. (...)

Tudo era surpreendente: aquela fábrica que era afinal uma cozinha; (...) aquela horta, onde não
cresciam feijões nem couves, mas sim pontos finais, vírgulas e pontos de exclamação; aquelas
árvores que não davam maçãs, nem laranjas, mas sim As, Bs, Cs, Ds... (...)
– Eu lembro-me! Cada uma de nós semeou o livro de que mais gostava!
– Ah! Acho que já compreendi: a semente é um livro!"

BOTELHO, M. (2008). As cozinheiras de livros. Lisboa: Editorial Presença

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A perturbação causada pela falta de livros nesta cidade de Margarida Botelho obrigou os sábios
a intensas investigações, para descobrirem que esses objetos mágicos eram cozinhados a partir
de plantas semeadas para tal. A sua semente: um livro.

Os jardins de infância do Agrupamento Vertical de Escolas de Leça da Palmeira e Santa Cruz do


Bispo decidiram semear leituras. Semeando leituras, têm vindo a semear o gosto pela leitura e
uma maior facilidade em aprender a ler e a escrever, nas crianças, bem como a partilha de afetos,
de livros e de gosto pela leitura, nas famílias. Este projeto serviu de mote para levar o Projeto
aLeR+ a todo o Agrupamento (projeto pioneiro a nível nacional, que integrou 33 escolas do país).

Neste artigo não vou descrever exaustivamente o projeto, dada a sua riqueza. Darei a conhecer
algumas das vertentes e atividades realizadas, esperando que deem lugar à criatividade e a novas
sementeiras noutros locais.

Vamos semear leituras... na sala de aula


– Produção de livros: Os meninos ouvem/inventam uma história, que é escrita pela
educadora ou copiada pelas crianças. Cada frase é ilustrada e colada numa folha. A capa é
elaborada pelas crianças, com diferentes técnicas e materiais.

– Produção de quadros: Após ouvir uma história, a criança produz um quadro, com
diferentes materiais e técnicas. Outras vezes a criança faz o quadro e, depois, conta a
história que ele ilustra.

– Recriação de contos: Os contos ouvidos são recriados de diferentes formas (fantoches,


slides, teatro-sombra), que permitem a apresentação às famílias.

– "Canto dos pais" – Os pais são convidados a virem à aula contar uma história.

Vamos semear leituras... com os pais


– Cada criança leva para casa uma frase iniciada, submetida a um tema, para ser
completada com os pais. Ex.: tema – "Vamos semear a amizade."; frase para completar –
"Um amigo é..."; frase devolvida por uma família – "Um amigo é aquele que entra na nossa
vida quando todos os demais se vão!".

– Fichas de leitura de fim de semana: A criança e a sua família leem um livro e, depois,
preenchem uma ficha, com um desenho feito por todos e um comentário da família. O livro
"Come a sopa, Marta!", de Marta Torrão, originou este comentário: “É uma história muito
engraçada e para nós até foi bom, porque o nosso filho, em casa, diz que não gosta de sopa,

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só de ‘canjinha de galinha’. Pode ser que a partir de agora comece a comer a sopa também
em casa.”

– Livros interativos: São feitos pelas crianças com a família. O livro vai para casa de cada
aluno durante 3 ou 4 dias. Aí são lidos contos populares, provérbios, lendas, aos quais são
acrescentados novos textos.

– Diário interativo de um bichinho de estimação: A escola tem um animal de estimação


(periquito, hámster). Durante a semana, ele é tratado pelas crianças e educadoras,
passando os fins de semana, rotativamente, em casa de cada criança. A família escreve o
diário da estadia do bichinho-hóspede.

– Apoio aos pais: Foram dinamizados encontros com os pais para os apoiar na formação
dos seus filhos como jovens leitores, que incluíram fornecimento de materiais de apoio e
sugestões de leitura.

Semear leituras... com "Embaixadores de Leitura"


Pretendendo-se envolver a comunidade local, foram estabelecidas parcerias com vários
estabelecimentos da região, que foram designados como "Embaixadores da Leitura". Entre eles
conta-se uma livraria, que, além de promover o livro infantil, divulga também várias formas de
arte. As crianças produziram sacos ilustrados por si e a livraria utilizava-os para os livros
destinados a oferta. Os pequenotes, por seu turno, visitavam a livraria e faziam aí a "hora do
conto". Trata-se de uma iniciativa com múltiplas dimensões, que associa o gosto da leitura ao
gosto da escrita, faz germinar a sementinha que fará colher bons leitores e liga escola, família e
comunidade.

Uma boa aprendizagem da leitura e da escrita pode dever muito do seu sucesso ao trabalho feito
nos jardins de infância, onde, como no projeto "Semear Leituras", podem ser trabalhados pré-
-requisitos para essa aprendizagem, nomeadamente conhecimento de vocabulário,
conhecimentos acerca da escrita e sensibilidade fonológica. Exemplos de conhecimentos
importantes nesta fase são: saber que se escreve/lê da esquerda para a direita e de cima para
baixo; saber colocar o livro na posição correta para iniciar a leitura; saber que o nosso discurso
se "parte" em palavras (Lopes, 2006).

Apesar de a ligação entre a família e a escola tender a decrescer à medida que os estudantes se
vão tornando mais autónomos, com um tão bom trabalho inicial, as bases estão lançadas para
poderem ser rentabilizadas nos níveis de ensino subsequentes. A tipologia de Epstein,
investigadora norte-americana, pode ser um instrumento muito útil na elaboração de um

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programa de colaboração abrangente e adequado, permitindo o diagnóstico da situação e a
definição de necessidades e sugerindo práticas adequadas, que podem ser uma fonte de
inspiração para a criação de outras, entre as quais, projetos idênticos ao "Semear Leituras"
(Zenhas, 2006).

Semear leituras é desenvolver leitores competentes, é semear criatividade, é aumentar a


curiosidade e a inteligência e, assim, promover a aprendizagem e o saber. A escola e a família,
como parceiros nessas sementeiras, são aliados no desenvolvimento harmonioso das crianças
que os ajudam nas sementeiras e se alimentam dos seus frutos.
Quem semeia, colhe...

Bibliografia:
ZENHAS, A. (2006). O papel do diretor de turma na colaboração escola–família. Porto: Porto Editora.
LOPES, J. A. (2005). Dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita. Porto: Edições ASA.

In Educare, https://www.educare.pt/opiniao/artigo/ver/?id=11962&langid=1

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