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Aparições provocadas

Os espiritistas foram os primeiros a organizar sessões


experimentais, em determinados lugares, e em dias escolhidos; para
observar com êxito as aparições, rodearam-se das necessárias
precauções. Desde que se soube que os médiuns podiam servir para as
materializações, organizou-se um amplo inquérito, o qual se tornou
frutuosa, por mais de um título.
Não imaginemos que as aparições provocadas foram aceitas, desde
logo, pelos experimentadores. Mesmo entre os espiritistas, furiosas
polêmicas se levantaram. Todas as suposições, que ainda hoje se nos
opõem, foram emitidas: seria crível que um Espírito, ou seja, um ser de
essência imaterial, pudesse revestir um grosseiro corpo carnal? Tê-lo-
iam apalpados? Por que se apresenta ele com roupas, e, por vezes, que
horror!, com sobrecasaca e chapéu alto, de forma? Não é isso a prova de
que os assistentes estavam alucinados ou vergonhosamente enganados
por impostores?
Tais objeções e muitas outras não fizeram parar os pesquisadores.
As precauções tomadas contra a fraude foram inumeráveis. Ora o
médium era atado à sua cadeira, estando esta fixada ao chão; as pontas
da corda ficavam fora do gabinete e eram seguras por um assistente; ora
metiam o paciente num saco, que lhe amarravam cuidadosamente em
torno do pescoço, por meio de cordas, cheias de nós, e estes devidamente
lacrados; ora, ainda, fechavam o médium numa gaiola; e, apesar de
tudo, as aparições zombavam das peias com que acreditavam retê-las.
Com Florente Cook chegou-se, mesmo, a lhe pregarem os cabelos ao
assoalho.
Percebeu-se, finalmente, que essas medidas eram absolutamente
inúteis com vários médiuns; os seres mostravam-se e desapareciam
diante dos assistentes ou se lhes derretiam sob os olhos, e tinham o poder
bastante para vencer as precauções, porque, muitas vezes, desprendiam
os médiuns dos seus laços, sem lhes desfazer os nós, e sem que fosse
possível compreender como operavam. (20)
Os que quiserem dar-se ao trabalho de compulsar os ricos Anais do
Espiritismo, poderão convencer-se de que, sob outros nomes, todas as
hipóteses e teorias atuais foram discutidas pelos primeiros
pesquisadores.
Recorreram, a princípio, à imaginação sonambúlica do médium,
atribuindo-se-lhe criações temporárias, que se mostravam aos
assistentes. Seria uma sugestão que o paciente faria experimentar
àqueles a quem uma longa expectativa e a obscuridade predispunha a
essas alucinações. Hartmann não teve a prioridade da invenção.
Tornou-se preciso modificar essa hipótese, quando se verificou, com
segurança, que os fantasmas eram objetivos. Pretenderam, então, que
tudo se esclareceria pela exteriorização do duplo e suas transfigurações.
O médium captava na subconsciência dos assistentes os tipos sobre os
quais modelava seu corpo fluídico, para lhes dar a aparência de um ou
muitos mortos conhecidos de algum dos presentes. Neste ponto é que
ainda estão os sábios modernos, que não estudaram suficientemente o
assunto; haja vista o Prof. Richet que, em seu Tratado de Metapsíquica,
batiza o fantasma com o nome de ectoplasma, e este não seria mais que
um fenômeno de ideoplastia da matéria exteriorizada pelo médium.
O esopsiquismo, a ideoplastia, o psicodinamismo, o panpsiquismo,
etc., não passam de expressões diversas para significar a mesma coisa.
Apesar do engenho dessa acrobacia intelectual, tais teorias estão muito
longe de bastar à explicação de todos os casos. Sucede que a aparição se
exprime ou escreve em idioma desconhecido do médium e dos
assistentes, e eis o esopsiquismo nágua. Em outras circunstâncias, são
dois, três, quatro fantasmas que falam e se agitam ao mesmo tempo, ou
fazem um concerto, em que cada qual tem a sua parte, e lá se vai a
ideoplastia, a menos que a dotemos com um poder miraculoso. Enfim,
certas identidades vêm estabelecer irresistivelmente a independência da
aparição, como acontece no caso das aparições espontâneas.
Que a ciência oficial caminhe com a mais extrema circunspeção
nessas regiões, ainda tão pouco exploradas, nada mais justo; é de seu
dever nada aventurar, e esgotar as possibilidades naturais, ou como tal
pretendidas, antes de admitir causa tão imprevista. Mas os seus
representantes têm o mau hábito de se pronunciarem muito
categoricamente, antes de possuir uma experiência probante. Nós, os
espíritas, que os precedemos de muito, têm o direito, apoiando-nos em
nosso passado, de espantar-nos com a jactância deles, de lhes reprovar
o ignorarem os resultados anteriormente adquiridos, de lhes dizer que
suas interpretações são erradas, o que acabarão por verificar, quando
tiverem experimentado por mais tempo.
Sei bem que o progresso só se faz por degraus, que é necessário
tempo para que a opinião pública se acostume às novidades; assim, é
sem impaciência que espero a vinda de novos médiuns, com os quais se
poderão continuar esses notáveis descobrimentos. Desde que os
fenômenos são reais e que se verificam já um tanto por toda parte, é
certo que se reproduzirão, e então triunfaremos, porque a verdade
acaba sempre por impor-se.
É o que se dá, atualmente, como iremos ver. Voltando ao objeto do
presente estudo, notou-se pela fotografia dos fantasmas - os de Crookes,
Aksakof, Boutlerow, etc. -, que eles têm formas reais; que durante a
materialização possuem todos os caracteres dos seres vivos, como o
talhe, o volume do corpo e outros; os membros, braços ou pernas, são
idênticos aos nossos. Eles andam, falam, escrevem. Quando se lhes toma
uma das mãos, esta produz a impressão de mão humana comum. Não
era isto, ainda, suficiente para o estudo das diferenças que existem entre
o médium e a aparição. Era preciso que esta possa ser vista, muitas
vezes, e em boas condições, para que se notassem as particularidades
que fazem dela uma individualidade distinta da do médium. As
experiências de Crookes, para só tomar um exemplo autêntico,
respondem a essas exigências.
Lembro as próprias palavras do célebre sábio, que operava em sua
casa, com todas as portas fechadas. (21)
Antes de terminar este artigo, desejo fazer conhecer algumas
diferenças que observei entre a Srta. Cook e Katz. A estatura de Katie é
variável; vi-a, em minha casa, com mais seis polegadas que a Srta. Cook.
Ontem, à noite, estando com os pés nus, tinha mais quatro polegadas e
meia que a Srta, Cook. Katie estava com o colo descoberto; a sua pele
era perfeitamente doce ao toque e à vista, enquanto que a Srta. Cook
possui no pescoço uma cicatriz que, em idênticas circunstâncias, se vê
distintamente e é áspera ao contacto. As orelhas de Katie não são
furadas, enquanto a Srta. Cook usa brincos. A cor de Katie é muito
branca, e a da Senhorita Cook é muito morena. Os dedos de Katie são
muito mais longos que os da Srta. Cook, e seu rosto é também maior. Na
maneira de se exprimirem há também notáveis diferenças.
Para apreciar o valor dessas diferenças é bom lembrar-nos de que,
em centenas de casos de desdobramento de vivos, que se têm verificado
sempre e por toda parte, observa-se que o ser exteriorizado é a
reprodução absoluta do corpo físico do agente. É esta uma regra que,
pelo menos que eu saiba, não sofre exceção. Quando se obtém
impressões ou moldagens do duplo de um vivo, quer com Eglinton, quer
com Eusápia, é uma cópia anatômica do corpo real o que a moldagem
apresenta. Os menores detalhes do membro fluídico são visíveis. As
saliências produzidas pelos músculos, as veias ou os ossos, os desenhos
epidérmicos, tudo aparece como se houvesse operado in anima vili. Não
se pode, pois, cientificamente, em razão das divergências assinaladas,
ver no fantasma de Katie o duplo da Srta. Cook, e, até prova em
contrário, acreditarei que se trata de duas pessoas distintas.
Vejamos, ainda, outras divergências. Quanto à estatura, pôde
Crookes, por um processo engenhoso, convencer-se de que eram exatas
suas apreciações anteriores (22)
Uma das fotografias mais interessantes é aquela em que eu estou em
pé ao lado de Katie; ela tem um pé nu sobre determinado ponto do
assoalho. Vesti, em seguida, a Srta. Cook como Katie; ela e eu nos
colocamos, exatamente, na mesma posição, e fomos fotografados pelas
mesmas objetivas, postas absolutamente como na outra experiência, e
iluminadas pela mesma luz. Colocado um desenho sobre o outro, viu-se
que as minhas duas fotografias coincidem perfeitamente quanto à
estatura e ao mais! Katie, porém, é maior que a Srta. Cook, de metade
da cabeça e, ao pé desta, parece uma moça corpulenta. Em muitas
provas, o tamanho do. rosto e a grossura do corpo diferem
essencialmente da sua médium; as fotografias fazem ainda ver muitos
pontos de dessemelhança.
A fotografia, entretanto, é tão impotente para pintar a beleza
perfeita do rosto de Katie, como o são as palavras no descrever o encanto
dos seus modos. Pode, é verdade, mostrar o desenho de sua atitude, mas
como poderia reproduzir a pureza brilhante de sua cor ou a expressão
constantemente variável de seus traços, ora velados de tristeza, quando
contava algum acontecimento amargo de sua vida passada, ora
sorridentes, com toda a inocência de uma jovem, quando reunia meus
filhos em torno de si, e lhes narrava os episódios de suas aventuras na
índia?
A aparição afirma que viveu outrora, por conseguinte, que é morta,
e, em uma palavra, que é um Espírito. Por que duvidar? Ah! -
respondem certos cépticos como Flournoy - não nos deixemos levar pelas
aparências. Katie pode, perfeitamente, não ser mais que uma
personagem subconsciente da Srta. Cook, um tipo ideal que ela cria e
exterioriza, transfigurando seu duplo. A falar verdade, parece que os
melhores críticos, ao tratarem das manifestações espíritas - (com o
devido respeito) -, perdem a tramontana.
Seria preciso estabelecer, primeiro, que a transfiguração é um
fenômeno resultante da vontade do médium, coisa que nunca se provou.
Porque o espírito seja capaz de agir sobre a força psíquica, para lhe dar
as aparências de realidade, não se concluí que ele se pode modificar a si
próprio. Um escultor consegue manejar, à vontade, a argila com que
fabrica homens ou animais, mas, creio eu, não pensará nunca que essa
faculdade lhe permita modificar a forma do próprio nariz. É, pois, uma
objeção injustificável aquela que vê no médium o autor, consciente ou
não, do fantasma. Essa interpretação mostra seu caráter fantasista,
quando examinamos a questão mais a fundo.
Seria preciso dotar o médium de um poder criador inigualável, de
uma potência de geração espontânea verdadeiramente miraculosa, para
que produzisse, instantaneamente, um individuo que, de forma tão
profunda, difere de si próprio, sob o ponto de vista fisiológico.
Vamos às provas, sempre tomadas a Crookes (23)
Eu vi tão bem Katie King, recentemente, quando estava iluminada
pela luz elétrica, que me é possível acrescentar alguns traços às
diferenças que, em precedente artigo, estabeleci entre ela e sua médium.
Tenho a mais absoluta certeza de que a Srta. Cook e Katie são duas
individualidades distintas, pelo menos no que lhes concerne aos corpos.
Muitos pequenos sinais, que se encontram no rosto da Srta. Cook, não
se vêem no de Katie. Os cabelos da Srta. Cook são de um castanho tão
escuro que parecem quase preto; um anel dos de Katie, que tenho diante
dos olhos, e que ela me permitiu cortasse do meio de suas luxuriantes
tranças, depois de o ter seguido com meus dedos até o alto de sua cabeça
e me haver assegurado que ele ai tinha nascido, é de um rico castanho-
dourado. (24)
Por mais inverossímeis que possam parecer tais fenômenos, são,
entretanto, reais, porque, apesar de sua repugnância instintiva, o Prof.
Richet, depois de haver verificado fenômenos Idênticos, foi obrigado a
escrever, cinqüenta anos depois de William Crookes (25) :
Os espíritas me têm censurado duramente essa palavra - absurdo,
e não puderam compreender que eu não me resignasse a aceitar, sem
constrangimento, a realidade de tais fenômenos.
Mas, para conseguir que um fisiologista, um físico, um químico
admitam que saia do corpo humano uma forma que possui circulação,
calor próprio e músculos, que exala ácido carbônico, que pesa, que fala,
que pensa, é preciso pedir-lhe um esforço intelectual, verdadeiramente
muito doloroso.
Sim, é absurdo, mas pouco importa, é verdade.
Assim, voltando a William Crookes, a aparição possuiu coração e
pulmões! Estes têm um mecanismo fisiológico que difere do da Srta.
Cook, e, sem fazer nenhuma suposição, de vê deduzir o que daí decorre
naturalmente: que se trata de dois organismos diferentes, estando um
são e outro enfermo. Pergunto, com toda a sinceridade, onde se acha o
verdadeiro espírito científico? Será com os que inventam as mais
fantásticas hipóteses ou com os que jamais vão além do que lhes permite
verificar a mais rigorosa observação? Parece-me que a resposta não é
duvidosa. É mil vezes mais inverossímil imaginar que Katie é uma
criação da Srta. Cook, do que acreditar que ela é o que ela mesmo diz
ser, isto é, um Espírito. Verifiquei, eu próprio, em presença do Prof.
Richet, que o fantasma de Bien Boa exalava ácido carbônico, pois que,
soprando em um balão com uma solução de barita, produziu-se, diante
de nossos olhos, um precipitado de carbonato de barita.
Se fossem necessárias outras provas da independência do fantasma,
achá-las-íamos nas conversas que Florence Cook mantinha com Katie,
durante os últimos tempos de sua mediunidade e no dia de sua última
sessão.
A menos que tenhamos que sustentar absurdos evidentes, como, por
exemplo, que se possa ser, ao mesmo tempo, consciente e inconsciente, e
estar, simultaneamente, no próprio corpo e em outro, com idéias
inteiramente diversas e com um caráter oposto ao que se possui, o final
do relatório de Crookes demonstra, com a mais poderosa evidência, que
Katie era uma individualidade distinta da médium e dos assistentes.
Ouçamos a narrativa comovedora da última entrevista do Espírito
com a médium (26)
Tendo terminado suas instruções, disse Crookes, Katie me fez
entrar consigo no gabinete e me permitiu que aí ficasse até o fim. Depois
de haver fechado a cortina, conversou comigo durante algum tempo
ainda; depois atravessou o aposento para ir até onde a Srta. Cook jazia
inanimada no assoalho. Inclinando-se sobre ela, Katie tocou-a e lhe
disse: Acorde, Florence. É preciso que eu a deixe agora.
A Srta. Cook acordou e, banhada em lágrimas, suplicou a Katie que
ficasse ainda algum tempo. - Não o posso, minha cara; está terminada
minha missão; que Deus a abençoe – respondeu: Katie - e continuou a
falar à Srta. Cook. Durante alguns minutos, conversaram juntas, até
que as lágrimas da Srta. Cook a impediram de falar.
Seguindo as instruções de Katie, corri para amparar a Senhorita
Cook, que ia cair, e que soluçava convulsivamente. Olhei em torno, mas
Katie e suas vestes brancas tinham desaparecido. Logo que a Srta. Cook
se acalmou, trouxeram luzes e eu a conduzi para fora do gabinete.
Não esqueçamos que é um membro da Sociedade Real, um dos
maiores sábios de nossa época, quem tais coisas afirma. Se eu o venho
citando, é para não ter que batalhar, preliminarmente, a fim de
estabelecer a autenticidade do testemunho. Mas existem outros que são,
de igual maneira, demonstrativos. A falta de espaço impede-me de dar
a este estudo todo o desenvolvimento que ele comporta, mas envio o
leitor ao tomo II de As Aparições Materializadas dos Vivos e dos Mortos,
onde estão expostas e comentadas as numerosas experiências que se
realizaram neste país. Lá, poder-se-á ver que as aparições
materializadas de Espíritos de defuntos são seres autônomos, que
possuem cérebro, pulmões, músculos, nervos e inteligência diferentes do
médium, e, apesar; de desencarnados, têm ainda um mecanismo
fisiológico terrestre.
E ai que a experimentação espírita se torna muito preciosa. As
aparições espontâneas, como já o disse, são geralmente fugitivas e se
produzem em condições muito comoventes, para que a testemunha seja,
capaz de uma observação detalhada. Ao contrário, nas sessões de
materialização, organizadas com um grupo homogêneo e um bom
médium, é possível ver a aparição perfeitamente. Pode-se, como
Crookes, Aksakof, Richet e eu mesmo o fizemos, fotografar o fantasma
com quem se acaba de conversar, que deu provas indiscutíveis de sua
presença real. Mais ainda: conseguem-se moldagens de mãos, de pés, de
rostos, como as obtidas por Oxley, Reimers, Ashead, Ashton, o Professor
Denton, Epes Sargent, e mais recentemente, o Instituto Metapsíquico
Internacional, e isto com observância das mais severas medidas de
fiscalização.
Essas moldagens estabelecem, indiscutivelmente, a objetividade
absoluta, ainda que temporária, do fantasma. São provas inconcussas, e
é interessante assinalar que foram obtidas recentemente em Paris.

Aparições provocadas

Os espiritistas foram os primeiros a organizar sessões


experimentais, em determinados lugares, e em dias escolhidos; para
observar com êxito as aparições, rodearam-se das necessárias
precauções. Desde que se soube que os médiuns podiam servir para as
materializações, organizou-se um amplo inquérito, o qual se tornou
frutuosa, por mais de um título.
Não imaginemos que as aparições provocadas foram aceitas, desde
logo, pelos experimentadores. Mesmo entre os espiritistas, furiosas
polêmicas se levantaram. Todas as suposições, que ainda hoje se nos
opõem, foram emitidas: seria crível que um Espírito, ou seja, um ser de
essência imaterial, pudesse revestir um grosseiro corpo carnal? Tê-lo-
iam apalpados? Por que se apresenta ele com roupas, e, por vezes, que
horror!, com sobrecasaca e chapéu alto, de forma? Não é isso a prova de
que os assistentes estavam alucinados ou vergonhosamente enganados
por impostores?
Tais objeções e muitas outras não fizeram parar os pesquisadores.
As precauções tomadas contra a fraude foram inumeráveis. Ora o
médium era atado à sua cadeira, estando esta fixada ao chão; as pontas
da corda ficavam fora do gabinete e eram seguras por um assistente; ora
metiam o paciente num saco, que lhe amarravam cuidadosamente em
torno do pescoço, por meio de cordas, cheias de nós, e estes devidamente
lacrados; ora, ainda, fechavam o médium numa gaiola; e, apesar de
tudo, as aparições zombavam das peias com que acreditavam retê-las.
Com Florente Cook chegou-se, mesmo, a lhe pregarem os cabelos ao
assoalho.
Percebeu-se, finalmente, que essas medidas eram absolutamente
inúteis com vários médiuns; os seres mostravam-se e desapareciam
diante dos assistentes ou se lhes derretiam sob os olhos, e tinham o poder
bastante para vencer as precauções, porque, muitas vezes, desprendiam
os médiuns dos seus laços, sem lhes desfazer os nós, e sem que fosse
possível compreender como operavam. (20)
Os que quiserem dar-se ao trabalho de compulsar os ricos Anais do
Espiritismo, poderão convencer-se de que, sob outros nomes, todas as
hipóteses e teorias atuais foram discutidas pelos primeiros
pesquisadores.
Recorreram, a princípio, à imaginação sonambúlica do médium,
atribuindo-se-lhe criações temporárias, que se mostravam aos
assistentes. Seria uma sugestão que o paciente faria experimentar
àqueles a quem uma longa expectativa e a obscuridade predispunha a
essas alucinações. Hartmann não teve a prioridade da invenção.
Tornou-se preciso modificar essa hipótese, quando se verificou, com
segurança, que os fantasmas eram objetivos. Pretenderam, então, que
tudo se esclareceria pela exteriorização do duplo e suas transfigurações.
O médium captava na subconsciência dos assistentes os tipos sobre os
quais modelava seu corpo fluídico, para lhes dar a aparência de um ou
muitos mortos conhecidos de algum dos presentes. Neste ponto é que
ainda estão os sábios modernos, que não estudaram suficientemente o
assunto; haja vista o Prof. Richet que, em seu Tratado de Metapsíquica,
batiza o fantasma com o nome de ectoplasma, e este não seria mais que
um fenômeno de ideoplastia da matéria exteriorizada pelo médium.
O esopsiquismo, a ideoplastia, o psicodinamismo, o panpsiquismo,
etc., não passam de expressões diversas para significar a mesma coisa.
Apesar do engenho dessa acrobacia intelectual, tais teorias estão muito
longe de bastar à explicação de todos os casos. Sucede que a aparição se
exprime ou escreve em idioma desconhecido do médium e dos
assistentes, e eis o esopsiquismo nágua. Em outras circunstâncias, são
dois, três, quatro fantasmas que falam e se agitam ao mesmo tempo, ou
fazem um concerto, em que cada qual tem a sua parte, e lá se vai a
ideoplastia, a menos que a dotemos com um poder miraculoso. Enfim,
certas identidades vêm estabelecer irresistivelmente a independência da
aparição, como acontece no caso das aparições espontâneas.
Que a ciência oficial caminhe com a mais extrema circunspeção
nessas regiões, ainda tão pouco exploradas, nada mais justo; é de seu
dever nada aventurar, e esgotar as possibilidades naturais, ou como tal
pretendidas, antes de admitir causa tão imprevista. Mas os seus
representantes têm o mau hábito de se pronunciarem muito
categoricamente, antes de possuir uma experiência probante. Nós, os
espíritas, que os precedemos de muito, têm o direito, apoiando-nos em
nosso passado, de espantar-nos com a jactância deles, de lhes reprovar
o ignorarem os resultados anteriormente adquiridos, de lhes dizer que
suas interpretações são erradas, o que acabarão por verificar, quando
tiverem experimentado por mais tempo.
Sei bem que o progresso só se faz por degraus, que é necessário
tempo para que a opinião pública se acostume às novidades; assim, é
sem impaciência que espero a vinda de novos médiuns, com os quais se
poderão continuar esses notáveis descobrimentos. Desde que os
fenômenos são reais e que se verificam já um tanto por toda parte, é
certo que se reproduzirão, e então triunfaremos, porque a verdade
acaba sempre por impor-se.
É o que se dá, atualmente, como iremos ver. Voltando ao objeto do
presente estudo, notou-se pela fotografia dos fantasmas - os de Crookes,
Aksakof, Boutlerow, etc. -, que eles têm formas reais; que durante a
materialização possuem todos os caracteres dos seres vivos, como o
talhe, o volume do corpo e outros; os membros, braços ou pernas, são
idênticos aos nossos. Eles andam, falam, escrevem. Quando se lhes toma
uma das mãos, esta produz a impressão de mão humana comum. Não
era isto, ainda, suficiente para o estudo das diferenças que existem entre
o médium e a aparição. Era preciso que esta possa ser vista, muitas
vezes, e em boas condições, para que se notassem as particularidades
que fazem dela uma individualidade distinta da do médium. As
experiências de Crookes, para só tomar um exemplo autêntico,
respondem a essas exigências.
Lembro as próprias palavras do célebre sábio, que operava em sua
casa, com todas as portas fechadas. (21)
Antes de terminar este artigo, desejo fazer conhecer algumas
diferenças que observei entre a Srta. Cook e Katz. A estatura de Katie é
variável; vi-a, em minha casa, com mais seis polegadas que a Srta. Cook.
Ontem, à noite, estando com os pés nus, tinha mais quatro polegadas e
meia que a Srta, Cook. Katie estava com o colo descoberto; a sua pele
era perfeitamente doce ao toque e à vista, enquanto que a Srta. Cook
possui no pescoço uma cicatriz que, em idênticas circunstâncias, se vê
distintamente e é áspera ao contacto. As orelhas de Katie não são
furadas, enquanto a Srta. Cook usa brincos. A cor de Katie é muito
branca, e a da Senhorita Cook é muito morena. Os dedos de Katie são
muito mais longos que os da Srta. Cook, e seu rosto é também maior. Na
maneira de se exprimirem há também notáveis diferenças.
Para apreciar o valor dessas diferenças é bom lembrar-nos de que,
em centenas de casos de desdobramento de vivos, que se têm verificado
sempre e por toda parte, observa-se que o ser exteriorizado é a
reprodução absoluta do corpo físico do agente. É esta uma regra que,
pelo menos que eu saiba, não sofre exceção. Quando se obtém
impressões ou moldagens do duplo de um vivo, quer com Eglinton, quer
com Eusápia, é uma cópia anatômica do corpo real o que a moldagem
apresenta. Os menores detalhes do membro fluídico são visíveis. As
saliências produzidas pelos músculos, as veias ou os ossos, os desenhos
epidérmicos, tudo aparece como se houvesse operado in anima vili. Não
se pode, pois, cientificamente, em razão das divergências assinaladas,
ver no fantasma de Katie o duplo da Srta. Cook, e, até prova em
contrário, acreditarei que se trata de duas pessoas distintas.
Vejamos, ainda, outras divergências. Quanto à estatura, pôde
Crookes, por um processo engenhoso, convencer-se de que eram exatas
suas apreciações anteriores (22)
Uma das fotografias mais interessantes é aquela em que eu estou em
pé ao lado de Katie; ela tem um pé nu sobre determinado ponto do
assoalho. Vesti, em seguida, a Srta. Cook como Katie; ela e eu nos
colocamos, exatamente, na mesma posição, e fomos fotografados pelas
mesmas objetivas, postas absolutamente como na outra experiência, e
iluminadas pela mesma luz. Colocado um desenho sobre o outro, viu-se
que as minhas duas fotografias coincidem perfeitamente quanto à
estatura e ao mais! Katie, porém, é maior que a Srta. Cook, de metade
da cabeça e, ao pé desta, parece uma moça corpulenta. Em muitas
provas, o tamanho do. rosto e a grossura do corpo diferem
essencialmente da sua médium; as fotografias fazem ainda ver muitos
pontos de dessemelhança.
A fotografia, entretanto, é tão impotente para pintar a beleza
perfeita do rosto de Katie, como o são as palavras no descrever o encanto
dos seus modos. Pode, é verdade, mostrar o desenho de sua atitude, mas
como poderia reproduzir a pureza brilhante de sua cor ou a expressão
constantemente variável de seus traços, ora velados de tristeza, quando
contava algum acontecimento amargo de sua vida passada, ora
sorridentes, com toda a inocência de uma jovem, quando reunia meus
filhos em torno de si, e lhes narrava os episódios de suas aventuras na
índia?
A aparição afirma que viveu outrora, por conseguinte, que é morta,
e, em uma palavra, que é um Espírito. Por que duvidar? Ah! -
respondem certos cépticos como Flournoy - não nos deixemos levar pelas
aparências. Katie pode, perfeitamente, não ser mais que uma
personagem subconsciente da Srta. Cook, um tipo ideal que ela cria e
exterioriza, transfigurando seu duplo. A falar verdade, parece que os
melhores críticos, ao tratarem das manifestações espíritas - (com o
devido respeito) -, perdem a tramontana.
Seria preciso estabelecer, primeiro, que a transfiguração é um
fenômeno resultante da vontade do médium, coisa que nunca se provou.
Porque o espírito seja capaz de agir sobre a força psíquica, para lhe dar
as aparências de realidade, não se concluí que ele se pode modificar a si
próprio. Um escultor consegue manejar, à vontade, a argila com que
fabrica homens ou animais, mas, creio eu, não pensará nunca que essa
faculdade lhe permita modificar a forma do próprio nariz. É, pois, uma
objeção injustificável aquela que vê no médium o autor, consciente ou
não, do fantasma. Essa interpretação mostra seu caráter fantasista,
quando examinamos a questão mais a fundo.
Seria preciso dotar o médium de um poder criador inigualável, de
uma potência de geração espontânea verdadeiramente miraculosa, para
que produzisse, instantaneamente, um individuo que, de forma tão
profunda, difere de si próprio, sob o ponto de vista fisiológico.
Vamos às provas, sempre tomadas a Crookes (23)
Eu vi tão bem Katie King, recentemente, quando estava iluminada
pela luz elétrica, que me é possível acrescentar alguns traços às
diferenças que, em precedente artigo, estabeleci entre ela e sua médium.
Tenho a mais absoluta certeza de que a Srta. Cook e Katie são duas
individualidades distintas, pelo menos no que lhes concerne aos corpos.
Muitos pequenos sinais, que se encontram no rosto da Srta. Cook, não
se vêem no de Katie. Os cabelos da Srta. Cook são de um castanho tão
escuro que parecem quase preto; um anel dos de Katie, que tenho diante
dos olhos, e que ela me permitiu cortasse do meio de suas luxuriantes
tranças, depois de o ter seguido com meus dedos até o alto de sua cabeça
e me haver assegurado que ele ai tinha nascido, é de um rico castanho-
dourado. (24)
Por mais inverossímeis que possam parecer tais fenômenos, são,
entretanto, reais, porque, apesar de sua repugnância instintiva, o Prof.
Richet, depois de haver verificado fenômenos Idênticos, foi obrigado a
escrever, cinqüenta anos depois de William Crookes (25) :
Os espíritas me têm censurado duramente essa palavra - absurdo,
e não puderam compreender que eu não me resignasse a aceitar, sem
constrangimento, a realidade de tais fenômenos.
Mas, para conseguir que um fisiologista, um físico, um químico
admitam que saia do corpo humano uma forma que possui circulação,
calor próprio e músculos, que exala ácido carbônico, que pesa, que fala,
que pensa, é preciso pedir-lhe um esforço intelectual, verdadeiramente
muito doloroso.
Sim, é absurdo, mas pouco importa, é verdade.
Assim, voltando a William Crookes, a aparição possuiu coração e
pulmões! Estes têm um mecanismo fisiológico que difere do da Srta.
Cook, e, sem fazer nenhuma suposição, de vê deduzir o que daí decorre
naturalmente: que se trata de dois organismos diferentes, estando um
são e outro enfermo. Pergunto, com toda a sinceridade, onde se acha o
verdadeiro espírito científico? Será com os que inventam as mais
fantásticas hipóteses ou com os que jamais vão além do que lhes permite
verificar a mais rigorosa observação? Parece-me que a resposta não é
duvidosa. É mil vezes mais inverossímil imaginar que Katie é uma
criação da Srta. Cook, do que acreditar que ela é o que ela mesmo diz
ser, isto é, um Espírito. Verifiquei, eu próprio, em presença do Prof.
Richet, que o fantasma de Bien Boa exalava ácido carbônico, pois que,
soprando em um balão com uma solução de barita, produziu-se, diante
de nossos olhos, um precipitado de carbonato de barita.
Se fossem necessárias outras provas da independência do fantasma,
achá-las-íamos nas conversas que Florence Cook mantinha com Katie,
durante os últimos tempos de sua mediunidade e no dia de sua última
sessão.
A menos que tenhamos que sustentar absurdos evidentes, como, por
exemplo, que se possa ser, ao mesmo tempo, consciente e inconsciente, e
estar, simultaneamente, no próprio corpo e em outro, com idéias
inteiramente diversas e com um caráter oposto ao que se possui, o final
do relatório de Crookes demonstra, com a mais poderosa evidência, que
Katie era uma individualidade distinta da médium e dos assistentes.
Ouçamos a narrativa comovedora da última entrevista do Espírito
com a médium (26)
Tendo terminado suas instruções, disse Crookes, Katie me fez
entrar consigo no gabinete e me permitiu que aí ficasse até o fim. Depois
de haver fechado a cortina, conversou comigo durante algum tempo
ainda; depois atravessou o aposento para ir até onde a Srta. Cook jazia
inanimada no assoalho. Inclinando-se sobre ela, Katie tocou-a e lhe
disse: Acorde, Florence. É preciso que eu a deixe agora.
A Srta. Cook acordou e, banhada em lágrimas, suplicou a Katie que
ficasse ainda algum tempo. - Não o posso, minha cara; está terminada
minha missão; que Deus a abençoe – respondeu: Katie - e continuou a
falar à Srta. Cook. Durante alguns minutos, conversaram juntas, até
que as lágrimas da Srta. Cook a impediram de falar.
Seguindo as instruções de Katie, corri para amparar a Senhorita
Cook, que ia cair, e que soluçava convulsivamente. Olhei em torno, mas
Katie e suas vestes brancas tinham desaparecido. Logo que a Srta. Cook
se acalmou, trouxeram luzes e eu a conduzi para fora do gabinete.
Não esqueçamos que é um membro da Sociedade Real, um dos
maiores sábios de nossa época, quem tais coisas afirma. Se eu o venho
citando, é para não ter que batalhar, preliminarmente, a fim de
estabelecer a autenticidade do testemunho. Mas existem outros que são,
de igual maneira, demonstrativos. A falta de espaço impede-me de dar
a este estudo todo o desenvolvimento que ele comporta, mas envio o
leitor ao tomo II de As Aparições Materializadas dos Vivos e dos Mortos,
onde estão expostas e comentadas as numerosas experiências que se
realizaram neste país. Lá, poder-se-á ver que as aparições
materializadas de Espíritos de defuntos são seres autônomos, que
possuem cérebro, pulmões, músculos, nervos e inteligência diferentes do
médium, e, apesar; de desencarnados, têm ainda um mecanismo
fisiológico terrestre.
E ai que a experimentação espírita se torna muito preciosa. As
aparições espontâneas, como já o disse, são geralmente fugitivas e se
produzem em condições muito comoventes, para que a testemunha seja,
capaz de uma observação detalhada. Ao contrário, nas sessões de
materialização, organizadas com um grupo homogêneo e um bom
médium, é possível ver a aparição perfeitamente. Pode-se, como
Crookes, Aksakof, Richet e eu mesmo o fizemos, fotografar o fantasma
com quem se acaba de conversar, que deu provas indiscutíveis de sua
presença real. Mais ainda: conseguem-se moldagens de mãos, de pés, de
rostos, como as obtidas por Oxley, Reimers, Ashead, Ashton, o Professor
Denton, Epes Sargent, e mais recentemente, o Instituto Metapsíquico
Internacional, e isto com observância das mais severas medidas de
fiscalização.
Essas moldagens estabelecem, indiscutivelmente, a objetividade
absoluta, ainda que temporária, do fantasma. São provas inconcussas, e
é interessante assinalar que foram obtidas recentemente em Paris.

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