CULPABILIDADE E CONSEQUÊNCIA

Nos dias atuais. O que mais me causa espanto é a falta de discernimento em relação ao significado
das palavras. Por isso, muitos erram e se acham certos, têm dificuldade de reconhecer e assumir seus
erros, e mais ainda, de pedir perdão pelos erros cometidos contra alguém.
Boa parte das pessoas, atualmente, acham que a inércia ou a imobilidade conseguem resolver seus
problemas (não digo isso em relação à oração e dependência de Deus). A procrastinação tem sido a
tônica na vida de muitas pessoas, mas nunca pode fazer parte da vida de um líder de sabedoria. E essa
demora em tomar uma decisão em relação ao erro, só aumenta a culpabilidade sobre essa pessoa.
Quanto mais demoro reconhecer o erro e pedir perdão, mais a culpa aumenta, interna e externamente.
Internamente, pois o sentimento de culpa ou a falta dele fazem os sentimentos consumirem o sujeito
ou o endurecem e o tornam insensível. Fazendo com que perca a noção sobre a realidade e o equilíbrio
cotidiano de toda relação interpessoal e social. E mais, o faz perder a noção da consequência de seus
atos. Mas, antes de falar sobre consequência, preciso falar sobre a culpabilidade externa. Quanto mais
demoramos para entender este processo de reconhecimento, arrependimento e pedido de perdão, mais
as pessoas vão formar uma opinião negativa sobre nós, e isso reflete em uma reputação negativa,
impedindo o crescimento e desenvolvimento do líder e seus liderados.
Isso surge, já, como consequência do erro ou da decisão tomada de forma errada. Precisamos entender
que a culpabilidade é individual, mas as consequências são coletivas, isto é, a responsabilidade pelos
atos é da própria pessoa e só dela, mas o que se desenvolve a partir de sua decisão respinga em quem
estiver perto. E quanto mais perto, mais será atingido por essas consequências. Os mais atingidos,
então, são os membros da família, amigos próximos, vizinhos e assim por diante.
Um bom líder sabe disso e se responsabiliza por suas decisões, não obstante, está sempre atento às
possíveis consequências para as pessoas que estão ao seu redor. E creio que o grande problema das
pessoas hodiernamente é o não pensar nas consequências de seus atos e suas decisões. A
inconsequência é o grande problema que afeta a liderança pós-moderna. Quanto mais individualistas
nos tornamos, face ao extremismo humanista em voga, mais inconsequentes. Com isso, mais
prejudicamos as pessoas ao nosso redor, nossos liderados e as organizações nas quais fazemos parte.
E o pior é que, dificilmente, reconhecemos que temos responsabilidade nisso.
A dificuldade de a igreja viver em comunhão está em querer andar sozinho, movido por suas próprias
ideias e ideais, mas querer que todos assumam a responsabilidade pelo que não dá certo. Assim
caminha nossa política, nossa sociedade e, infelizmente, muitas igrejas. Queremos viver uma
autonomia (próprias regras), diante de uma vida social anômica (sem regras), desprezando toda
teonomia (lei de Deus), querendo que as pessoas vivam uma heteronomia (regras feitas por outro),
isto é, de acordo com suas ideias, provocando uma anarquia (tendência à negação das autoridades).
Vemos isso na sociedade que não respeita mais a força policial como autoridade, nos filhos que não
respeitam seus pais, nos membros que não respeitam seus pastores e em todos os seguidores que não
seguem seus líderes. Será que não temos sido irresponsáveis quando a seguir a Jesus Cristo como
nosso maior exemplo de liderança? Ele levou a culpa que era nossa. Nós não queremos carregar nem
mesmo a nossa. Jesus pensou na consequência de sua possível desistência, mas se manteve firme a
ponto de morrer. Nós queremos desistir no primeiro espinho que entra em nossa carne sem nos
importarmos com quem vai sofrer as consequências. Um líder de valor, assume a culpabilidade
imposta ao cargo de liderança e se responsabiliza pelas consequências de suas ações e reações,
tentando a todo custo, diminuir o impacto negativo sobre os que estão sob sua tutela.
(Pr. Adriano Luiz – Sobre Liderança)