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SIMULADO 1

COMENTÁRIOS

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Direito Constitucional

1. Sobre o Poder Constituinte Originário, assinale a alternativa


incorreta:
a) As Teorias do Poder Constituinte têm origem no final do século XVIII,
a partir de Emmanuel Sieyès, as quais surgem com a concepção de que
o Poder Constituinte sempre existiu e sempre existirá como instrumento
para estabelecer e restabelecer a Constituição e, portanto, a forma de
Estado, a organização e a estrutura da sociedade política.
b) Para a escola consagrada pelo Supremo Tribunal Federal, o Poder
Constituinte Originário é um poder de direito, pois provém de uma
base normativa anterior, firmada no direito natural, que lhe dá
fundamentos jurídicos e lhe condiciona a validade.
c) O Poder Constituinte não se finaliza com a simples edição de uma nova
Constituição, pois é um poder permanente e, de acordo com a visão mais
tradicional, é também inicial, incondicionado e juridicamente ilimitado.
d) De acordo com o que a doutrina chama de Paradoxo da Onipotência,
o Poder Constituinte Originário não pode ditar normas jurídicas
inalteráveis ao arbítrio de si próprio, daí a necessidade de se desmistificar
a tese segundo a qual o Poder Constituinte Originário não se sujeita a
limites jurídicos.
e) Ao Poder Constituinte Originário opõem-se limites ideológicos e limites
estruturais.

Comentários:

Alternativa A – Correta. Neste sentido, ensina a doutrina de Juliano


Taveira Bernardes e Olavo Augusto Vianna Alves Ferreira.

Alternativa B – Incorreta. Para a escola positivista, ratificada pelo


Supremo Tribunal Federal (ADInMC 2.356/DF), o Poder Constituinte
Originário é um poder de fato que se impõe, seja pelo consenso popular,

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seja à base da força, sem fundamento jurídico ou qualquer tipo de direito
prévio que pudesse ser invocado.

Alternativa C – Correta. Esta afirmativa decorre da diferença entre titular


e agentes do poder constituinte. A titularidade se atribui ao povo. Apenas
o exercício é delegado a representantes. A nação não fica submetida à
Constituição que ela estabeleceu, pelo seu poder constituinte. Ele pode
sempre refazer a Constituição, estabelecer uma nova Constituição.

Alternativa D – Correta. Apenas para complementar: “se uma divindade


é onipotente, pode então criar uma pedra tão pesada que não possa
carregar? (...) Por outras palavras, se o poder constituinte é considerado
juridicamente ilimitado (onipotente), uma disposição constitucional feita
por ele poderia regular qualquer aspecto jurídico, no âmbito do sistema
jurídico a que lhe correspondesse, incluindo ela mesma. Mas, se assim
fosse, o constituinte originário poderia tornar alguma parte da
constituição imodificável até por ele próprio? A resposta é negativa.”
(Bernardes, Juliano Taveira. Direito Constitucional – Tomo I).

Alternativa E – Correta. Ideológicos consistem em crenças ou valores e


estruturam que que conforma o âmbito social, como o sistema de classes,
por exemplo.

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2. Sobre o Poder Constituinte e temas correlatos, assinale a


alternativa correta:
a) O Poder Constituinte Derivado Reformador encontra limitações apenas
nas cláusulas pétreas.
b) Não será objeto de deliberação a proposta de emenda que vise alterar
a forma federativa do Estado, o voto direto, secreto, universal, periódico

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e obrigatório, a separação dos poderes e os direitos e garantias
individuais.
c) O Poder Constituinte Derivado Decorrente está submetido aos
Princípios Constitucionais Sensíveis, aos Princípios Constitucionais
Estabelecidos e aos Extensíveis.
d) Poder Constituinte Difuso é aquele exercido pelos estados membros
quando promovem emendas pontuais em suas Constituições Estaduais.
e) O Poder Constituinte Reformador não se submete a regras
estabelecidas pelo Poder Constituinte Originário porque eles possuem
competências distintas.

Comentários:

Alternativa A – Incorreta. O poder Constituinte Derivado deve atender às


limitações jurídicas, implícitas e explícitas.

Alternativa B – Incorreta. Contraria o disposto no art. 60, par. 4º, da


CF/88 porque este não prevê como cláusula pétrea o voto obrigatório e
porque não é quaisquer alterações naquelas matérias que são vedadas,
mas apenas as que tendem a aboli-las.

Alternativa C – Correta. Sensíveis são aqueles cuja inobservância podem


gerar a intervenção federal (art. 34, inc. VII, da CF/88). Estabelecidos são
aqueles que limitam a autonomia estadual. Extensíveis são aqueles que
regulam a organização da União, mas que devem ser também observados
pelos estados membros por força da Simetria.

Alternativa D – Incorreta. O poder constituinte difuso manifesta-se


quando os órgãos incumbidos de aplicar as normas constitucionais se
deparam com imperfeiçoes ou obscuridades e procuram corrigi-los por
meio de expedientes não previstos formalmente, como as convenções

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constitucionais e os costumes constitucionais, bem como as mutações
constitucionais.

Alternativa E – Incorreta. O Poder Constituinte Derivado é juridicamente


limitado e condicionado.

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3. Sobre a possibilidade de emenda da Constituição da República


Federativa do Brasil (CF/88), assinale a alternativa correta:
a) A CF/88 pode ser emendada mediante proposta de um terço, no
mínimo, do Congresso Nacional.
b) A CF/88 pode ser emendada mediante proposta de mais da metade
das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-
se em cada uma dela, pela maioria absoluta dos seus membros.
c) O Presidente da República não tem competência para apresentar
proposta de Emenda à Constituição.
d) A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
prejudicada, ainda assim, pode ser objetivo de nova proposta na mesma
sessão legislativa.
e) A Constituição não poderá ser emendada na vigência de
intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

Comentários:

Alternativa A – Incorreta. O art. 60, inc. I, da CF/88 prevê a emenda por


iniciativa de um terço, no mínimo, da Câmara dos Deputados ou do
Senado Federal.

Alternativa B – Incorreta. O art. 60, II, da CF/88 exige a maioria relativa


em cada uma das Assembleias Legislativas.

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Alternativa C – Incorreta. O art. 60, II(, da CF/88 prevê a possibilidade
de Emenda por iniciativa do Presidente da República.

Alternativa D – Incorreta. O art. 60, par. 5º, da CF/88 prevê exatamente


o contrário.

Alternativa E – Correta. É o teor do art. 60, par. 1º, da CF/88.

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4. Analise as assertivas abaixo:


I – Mutação constitucional é o ato ou efeito modificativo da constituição
sem revisões formais do texto das disposições constitucionais.
II – Embora possam servir de parâmetro de controle das normas
infraconstitucionais, as mutações constitucionais subordinam-se às
reformas constitucionais.
III – Na mutação constitucional alteram-se o significado, o sentido
interpretativo de determinada norma constitucional, podendo haver
também alteração do texto.
IV – A mutação constitucional não tem lugar em nosso sistema jurídico,
em razão de a Carta Política ser escrita e rígida.
Está CORRETO o que consta APENAS em
a) I e II
b) I, II e III
c) II, III e IV
d) I, II e IV
e) I, II, III e IV

Comentários:

Apenas I e II são corretas.

Alternativa I – Correta. É a definição dada pela doutrina.

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Alternativa II – Correta, pois como o limite da interpretação é o texto,
novas alterações formais acabam por prevalecer sobre anteriores
alterações informais da Constituição.

Alternativa III – Incorreta. A mutação constitucional altera apenas o


entendimento que se tem a respeito de uma norma constitucional, mas o
seu texto permanece inalterado.

Alternativa IV – Incorreta. A mutação constitucional não só tem lugar em


nosso sistema jurídico como já foi realizada em diversos momentos pelo
STF (ADPF 156, HC 82.959, RE 197.917, etc.).

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5. Assinale a alternativa incorreta:


a) No contexto da CF/88 há a previsão de apenas uma revisão, a se
realizar contados 05 anos da data de promulgação do texto
constitucional, pelo voto da maioria absoluta, em sessão unicameral.
b) A CF/88 não trouxe limitações temporais ao poder geral de reforma,
mas trouxe previsão expressa de limite temporal para o exercício do poder
de revisão constitucional.
c) A Teoria da Dupla Reforma, rejeitada pela maioria da doutrina,
preceitua a possibilidade de realização de duas operações, sendo a
primeira que revoga ou excepciona as limitações cridas pelo poder
constituinte originário e a segunda que altera a Constituição, sem
desrespeito ao texto já em vigor após a modificação.
d) Prevalece no Brasil que as normas constitucionais originárias não
podem ser objeto de reconhecimento de inconstitucionalidade, ao
contrário das normas elaboradas pelo constituinte derivado, salvo
quando a norma criada por emenda constitucional não alterar
substancialmente a norma constitucional originária.

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e) O Poder Constituinte Reformador realiza a modificação da
Constituição por meio de Emendas Constitucionais, cujo projeto
deverá ser aprovado em cada Casa do Congresso Nacional em dois
turnos, pelo voto de três quintos dos respectivos Membros e,
posteriormente, sancionado pelo Presidente da República.

Comentários:

Alternativa A – Correta. Art. 3º, do ADCT.

Alternativa B – Correta. Art. 3º, do ADCT.

Alternativa C – Correta. Como se vê, tal teoria é uma tentativa de burla


às limitações criadas pelo Poder Constituinte Originário e, por isto, é tão
rechaçada.

Alternativa D – Correta. Qualquer órgão que reputasse inconstitucional


uma norma produzida pelo Poder Constituinte Originário estaria na
verdade agindo como tal, e sem legitimidade para tanto. O mesmo não
ocorre no controle de emendas constitucionais, as quais devem
obediência às normas constitucionais originárias.

Alternativa E – Incorreta. Após a votação em dois turnos há a


promulgação pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal.

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6. Em relação aos direitos fundamentais e a interpretação conferida


pelo Supremo Tribunal Federal, assinale a alternativa incorreta:
a) De acordo com o Supremo Tribunal Federal, são constitucionais os
artigos da Lei 13.146/2015 que determinam que as escolas privadas
ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas com

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deficiência sem que possam cobrar valores adicionais de qualquer
natureza em suas mensalidades, anualidades e matrículas para
cumprimento dessa obrigação.
b) Em sede de medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal, entendeu
pela inconstitucionalidade da Lei que autorizou o uso da
fosfoetanolamina por pacientes, mesmo sem que existam estudos
conclusivos sobre os efeitos colaterais em seres humanos e mesmo sem
que haja registro sanitário da substância perante a ANVISA.
c) As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos
Estados, do DF e dos Municípios não podem requisitar diretamente
das instituições financeiras informações sobre movimentações
bancárias dos contribuintes, pois do contrário haveria quebra de
sigilo bancário e violação ao direito fundamental à intimidade, bem
como à inviolabilidade das comunicações e de dados.
d) De acordo com recente decisão proferida no âmbito do Supremo
Tribunal Federal, o Poder Judiciário pode obrigar o Município a fornecer
vaga em creche para criança de até 05 anos de idade, por se tratar de um
dever constitucionalmente previsto para os Municípios.
e) De acordo com o Supremo Tribunal Federal, o Tribunal de Contas da
União não pode manter em sigilo a autoria de denúncia a ele apresentada
contra administrador público, tendo em vista o direito fundamental de
resposta, proporcional ao agravo, constitucionalmente garantido.

Comentários:

Alternativa A – Correta. STF. Plenário, ADI 5357. Info 829.

Alternativa B – Correta. STF Plenário. ADI 5501. Info 826.

Alternativa C – Incorreta. STF. Plenário. ADI 2390/DF, entre outras. Info


815. Não se trata de quebra, mas de transferência de sigilo e, por isto, é
constitucional o art. 5º e 6º, da LC 105/01.

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Alternativa D – Correta. STF. Decisão monocrática. RE 956475. Info 827.

Alternativa E – Correta. STF. MS 24.405/DF.

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7. Júlia nasceu no Brasil e era brasileira nata. Mudou-se para os


Estados Unidos da América (EUA), onde se casou com um norte-
americano (2000). Conseguiu o green card (2005), que é um visto
concedido para que se possa viver e trabalhar naquele país. Em
seguida, Julia também requereu e conseguiu obter a nacionalidade
norte americana (2014). Em 2015, Júlia matou o seu marido e fugiu
para o Brasil. Os EUA pediram a extradição de Júlia. Diante do caso
apontado e, tendo em vista o entendimento do Supremo Tribunal
Federal sobre o tema, assinale a opção correta:
a) O Brasil não pode conceder tal extradição por se tratar de brasileira
nata, conforme previsão Constitucional.
b) O Brasil pode conceder tal extradição em função do crime praticado
somado à fuga para o Brasil, em razão de Tratado Internacional.
c) O Brasil não pode conceder tal extradição porque Júlia só se
naturalizou nos EUA para que pudesse exercer os seus direitos civis.
d) O Brasil pode conceder tal extradição porque Júlia, ao adquirir a
nacionalidade norte-americana, perdeu a nacionalidade brasileira.
e) O Brasil não pode conceder tal extradição porque o Brasil não admite
a extradição de brasileiros.

Comentários:
A alternativa correta é a D, conforme decidiu o STF no MS
33864/DF. Se um brasileiro nato que mora nos EUA e possui o green
card decidir adquirir a nacionalidade americana, ele irá perder a
nacionalidade brasileira. Isto porque o art. 12, par. 4º, inc. II prevê a
perda da nacionalidade do brasileiro que adquirir outra nacionalidade,

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ressalvando apenas o caso em que isto só se dá como condição para o
exercício dos direitos civis no outro país.
No caso em tela, Júlia não precisava adquirir a nacionalidade
norte-americana como condição para o exercício de direitos civis. Isto
porque ela já os exercia com o green card, pois podia morar e trabalhar
livremente nos EUA. Deste modo, a aquisição da cidadania americana
ocorreu não como condição para exercício de direitos civis e sim por livre
e espontânea vontade, o que acarreta a perda da nacionalidade brasileira.
Com tal perda, Maria pode ser extraditada para os EUA.
Veja: brasileiro nato nunca pode ser extraditado. Mas, Júlia
deixou de ser brasileira nata ao perder a nacionalidade brasileira por ter
adquirido de livre e espontânea vontade (e não como condição para o
exercício dos direitos civis) outra nacionalidade.
8. Em relação aos direitos políticos, considere:
I. A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto
e secreto, com valor igual para todos, nos termos da lei, e mediante
plebiscito, referendo e iniciativa popular.
II. O alistamento eleitoral e o voto são: obrigatórios para os maiores de
dezoito anos, mas facultativos para (i) os analfabetos, (ii) os maiores de
setenta anos e (iii) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
III. O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: (I) se
contar menos de dez anos de serviço, deve se afastar da atividade, e (II)
se contar com mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade
superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato de diplomação
para a inatividade.
IV. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só
se dará nos casos de cancelamento de naturalização por sentença
transitada em julgado, por incapacidade civil absoluta, por condenação
criminal transitada em julgado enquanto durarem seus efeitos, por
recusa de cumprir a obrigação a todos imposta ou prestação alternativa,
por improbidade administrativa.
Está correto o que consta APENAS em

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a) I, II, III e IV.
b) I, II e III.
c) I e II.
d) I.
e) I, III e IV.

Comentários:

Estão corretas todas as assertivas – alternativa A.

Assertiva I – Correta. É o teor do art. 14, caput, da CF/88.

Assertiva II – Correta. É o teor do art. 14, par. 1º, da CF/88.

Assertiva III – Correta. É o teor do art. 14, par. 8º, da CF/88.

Assertiva IV – Correta. É o teor do art. 15, da CF/88.

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9. Sobre o controle de constitucionalidade, assinale a alternativa


incorreta:
a) A decisão proferida em sede de controle de constitucionalidade difuso
produz efeitos entre as partes, não dispõe de efeito vinculante e, em regra,
produz efeitos retroativos.
b) A Modelo Austríaco de controle de constitucionalidade incorporou a
doutrina de Kelsen do controle concentrado de constitucionalidade e o
Modelo Norte-Americano é identificado como o berço do controle
difuso/concreto.
c) O veto presidencial, ainda que motivado em questões
constitucionais, não é tido como controle de constitucionalidade.
d) O STF tem demonstrado que não abona a tese da eficácia erga omnes
das decisões proferidas em controle concreto/difuso de
constitucionalidade.

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e) Se, o ato normativo impugnado por meio de Ação Civil Pública for de
caráter concreto e singular, não há qualquer impedimento ao controle
concreto de constitucionalidade.

Comentários:

Alternativa A – Correta. É como leciona a doutrina.

Alternativa B – Correta. É como leciona a doutrina.

Alternativa C – Incorreta. O veto presidencial fundamentado em questões


constitucionais é classificado como controle de constitucionalidade
político.

Alternativa D – Correta. STF AgRg na Rcl 4.563/SP.

Alternativa E – Correta. Isto porque, neste caso, não restam dúvidas de


que não há usurpação da competência constitucional do STF. (STF Rcl
664).

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10. Sobre o controle de constitucionalidade, assinale a opção


incorreta:
a) A decisão proferida em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade
produz efeitos erga omnes, em regra retroativos, vinculantes em relação
aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública Federal,
Estadual e Municipal.
b) Viola a cláusula de reserva de plenário a decisão de órgão fracionário
de tribunal que, embora não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta
sua incidência, no todo ou em parte.
c) Conforme preceitua a CF/88, somente pelo voto da maioria absoluta
de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão

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os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
Poder Público.
d) Conforme entendimento exarado recentemente pelo Supremo
Tribunal Federal, se já houve pronunciamento anterior, emanado do
Plenário do STF ou do órgão competente do TJ Local, declarando
determinada lei ou ato normativo inconstitucional, não será possível
que o tribunal julgue que esse ato é inconstitucional de forma
monocrática ou por um colegiado que não seja o plenário, sem que
isso implique violação à cláusula de reserva de plenário.
e) Conforme entende o Supremo Tribunal Federal, é possível a modulação
dos efeitos da decisão proferida em recurso extraordinário com
repercussão geral reconhecida, desde que haja o voto de 2/3 (dois terços)
dos seus Membros.

Comentários:

Alternativa A – Correta. Art. 28, par. Único, da Lei n. 9868/99.

Alternativa B – Correta. É o teor da Súmula Vinculante n. 10.

Alternativa C – Correta. É o teor do art. 97, da CF/88.

Alternativa D – Incorreta. Contraria o que decidido pelo STF, na Rcl


17185 AgR/MT. Info 761.
Alternativa E – Correta. STF RE 586453.

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Direito Processual Civil

11. Sobre a Advocacia Pública e a Fazenda Pública, assinale a


alternativa incorreta:
a) Procurador Estadual que defende em juízo os interesses de estado
da Federação diverso do qual está vinculado, em função de Convênio
firmado entre seu estado e o outro estado da federação, não precisa
comprovar a regularidade da representação.
b) Incumbe à Advocacia Pública, na forma da lei, defender e promover os
interesses públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, por meio da representação judicial, em todos os âmbitos
federativos, das pessoas jurídicas de direito público que integram a
administração direta e indireta.
c) Nas ações cujo réu seja um Município que ainda não criou, por meio
de lei, o cargo de procurador com função expressa de representação do
ente político, deverá o Prefeito ser citado e apresentada a procuração pelo
advogado encarregado da respectiva defesa.
d) Os Estados e o DF poderão ajustar compromisso recíproco para prática
de ato processual por seus procuradores em favor de outro ente federado
mediante convênio firmado pelas respectivas procuradorias.
e) Procuradores da Fazenda Pública a representam em juízo sem a
necessidade de apresentação de procuração, pois trata-se de
representação (presentação) que decorre da lei.

Comentários:

Alternativa A – Incorreta. Conforme prevê o art. 75, par. 4º, do NCPC, um


estado da federação (“A”) pode firmar com outro estado da federação (“B”)
um convênio estabelecendo, por exemplo, que caso o estado B precise
participar de uma audiência perante um órgão jurisdicional do estado A,
é possível que tal ato seja praticado por um procurador do estado A,
desde que firmado um convênio entre os respectivos estados. Veja que a

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atuação do procurador do estado “A”, neste caso, se dá em defesa dos
interesses do estado “B” e, por força de um convênio. Como a
representação não decorre da lei, mas de convênio, que é um negócio
jurídico processual, deverá ser comprovada a sua regularidade, mediante
cópia do convênio e do extrato de suas publicações do Diário Oficial.

Alternativa B – Correta. Cópia do art. 182, da CF/88.

Alternativa C – Correta. O art. 75, inc. III, NCPC, prevê que o Município
será representado ativa e passivamente por seu prefeito ou procurador.
Deste modo, enquanto não criado o cargo de procurador municipal, deve
o Prefeito ser citado e o advogado encarregado da defesa necessitará de
procuração dada pelo Prefeito. Por outro lado, sendo criado o cargo de
Procurador Municipal, com função expressa de representação do ente
político, este deverá ser citado e promoverá a defesa dos interesses do
Município.

Alternativa D – Correta. Cópia do art. 75, par. 4º, do NCPC.

Alternativa E – Correta. Não há previsão legal que exija apresentação de


procuração por parte do Procurador da Fazenda Pública. Aliás, nem
poderia haver. Isto porque se trata de uma representação (ou de modo
mais tecnicamente adequado, de presentação) que decorre da lei. A
procuração é materialização de negócio jurídico, circunstância
incompatível com a natureza da relação que se estabelece entre o órgão
público e seus procuradores.

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12. Sobre as prerrogativas processuais da Fazenda Pública, assinale
a alternativa incorreta:
a) Uma das prerrogativas atribuídas à Fazenda Pública em juízo
evidencia-se no fato de que, em regra, o ônus da prova é do particular
que com ela litiga.
b) A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas
respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de
prazo em dobro para as suas manifestações processuais, mesmo no
caso de previsão de prazo próprio para o ente público, cuja contagem
terá início com a sua intimação.
c) O NCPC, ao prever que os membros da advocacia pública serão civil e
regressivamente responsáveis quando agirem com dolo ou fraude no
exercício de suas funções, indica ter adotado a Teoria da Dupla Garantia,
a qual já foi aplicada pelo STF em alguns julgados.
d) A Fazenda Pública goza da prerrogativa de prazo diferenciado quando
atua como parte, como assistente de uma das partes e quando figura
como interveniente.
e) Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista não são abarcadas
pela prerrogativa da contagem dos prazos processuais em dobro.

Comentários:

Alternativa A – Correta. Tal afirmativa decorre da presunção de


legitimidade dos atos administrativos.

Alternativa B – Incorreta. Contraria o art. 183, par. 2º, NCPC, de acordo


com o qual não há contagem do prazo em dobro quando a lei estabelece
prazo próprio para o ente público.

Alternativa C – Correta. No RE 327904 e no RE 720275, o STF decidiu


conforme o entendimento que garante (a) ao particular a propositura em
face da Fazenda Pública, beneficiando-se das decorrências de
responsabilidade objetiva (desnecessidade de produção de prova quanto

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à culpa) (b) ao servidor de responder apenas frente ao Poder Público em
caso de culpa ou dolo e regressivamente. Obs.: atente-se para o fato de
que o STJ já entendeu de modo diverso, atribuindo ao demandante
(vítima) a opção contra quem demandar, se contra o estado ou se contra
o servidor (1.325.862).

Alternativa D – Correta. Conforme prevê o art. 183, NCPC, a Fazenda


Pública goza de prazo em dobro em TODAS as suas manifestações
processuais. Portanto, seja a qual título for: como parte ou como
interveniente.

Alternativa E – Correta. A contagem do prazo em dobro é prerrogativa


prevista para a Fazenda Pública, na qual se incluem apenas as pessoas
jurídicas de direito público, ou seja, a União, os Estados, o DF, os
Municípios e suas respectivas autarquias e fundações.

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13. Com relação aos prazos e intimação da Fazenda Pública, assinale


a alternativa correta:
a) Conforme previsão do NCPC, a Advocacia Pública não exercerá suas
atribuições durante o período compreendido entre 20 de dezembro e 20
de janeiro, já que neste período fica suspenso o curso dos prazos
processuais.
b) Em se tratando de Juizado da Fazenda Pública, há prazo diferenciado,
contado em dobro, para a Fazenda Pública.
c) O prazo para a Fazenda Pública impugnar o Cumprimento de Sentença
e para apresentar Embargos à Execução é contado em dobro.
d) A retirada dos autos do cartório ou da secretaria em carga pela
Advocacia Pública implicará intimação de qualquer decisão contida
no processo retirado, ainda que pendente de publicação.

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e) Conforme previsão do NCPC, o advogado da parte contrária pode
promover a intimação do advogado público por meio do correio, juntando
aos autos, em seguida, cópia do ofício de intimação e do aviso de
recebimento.

Comentários:

Alternativa A – incorreta. De fato, entre o período de 20 de dezembro a 20


de janeiro fica suspenso o curso dos prazos processuais, conforme prevê
o art. 220, caput, do NCPC. Porém, neste período, a Advocacia Pública
(assim como o Ministério Público, a Defensoria Pública, os Juízes e
auxiliares da justiça) exercem normalmente suas atribuições, nos termos
do art. 220, par. 1º, NCPC. Deste modo, a suspensão prevista no art. 220,
caput, não alcança os prazos da Fazenda Pública.

Alternativa B – Incorreta. Contraria o disposto no art. 7º, da Lei


12.153/09.

Alternativa C – Incorreta. O art. 535, do NCPC, prevê um prazo de 30 dias


para a Fazenda Pública apresentar Impugnação ao Cumprimento de
Sentença. Trata-se de prazo previsto especificamente para a Fazenda
Pública, já que nos demais casos, o prazo para impugnação é de 15 dias
(art. 525, NCPC). Sendo um prazo específico, não se aplica a contagem
em dobro, como prevê o art. 183, par. 2º, do NCPC. O mesmo motivo
incide no caso dos Embargos apresentados pela Fazenda Pública em
Execução de Título Executivo Extrajudicial, para os quais há previsão de
prazo específico de 30 dias para a Fazenda Pública (art. 910, NCPC) em
detrimento do prazo geral, para os demais casos, que é de 15 dias (art.
915, NCPC).

Alternativa D – Correta. Cópia do art. 272, par. 6º, do NCPC.

Alternativa E – Incorreta. A previsão do art. 269, par. 1º, do NCPC, não


se aplica à intimação do advogado público, pois a Fazenda Pública há se

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de ser intimada pessoalmente, o que se faz por carga, remessa ou por
meio eletrônico (art. 183, caput e par. 1º, NCPC).

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14. Sobre a prescrição e as pretensões formuladas em face da


Fazenda Pública, assinale a alternativa incorreta:
a) Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública
figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito, a
prescrição atinge apenas as prestações antes do quinquênio anterior à
propositura da ação.
b) A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois
anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém
de cinco anos, embora o titular do direito a interrompa durante a primeira
metade do prazo.
c) Conforme a orientação mais recente do Superior Tribunal de
Justiça prescreve em 03 anos a Ação de Indenização proposta em
face da Fazenda Pública, com exceção daquela que seja manejada em
razão da alegação de tortura, a qual é imprescritível.
d) Conforme previsão legal, todo e qualquer direito ou ação contra a
Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, seja qual for a sua natureza,
prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se
originaram.
e) Por expressa disposição do NCPC, o juiz pode conhecer de ofício a
prescrição, mas antes de decretá-la cumpre-lhe determinar a intimação
das partes para pronunciarem-se a respeito, salvo no caso de
improcedência liminar.

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Comentários:

Alternativa A – Correta. É o teor da Súmula 85, do STJ.

Alternativa B – Correta. É o teor da Súmula 383, do STJ, editada em


análise ao art. 9º c/c art. 1º, do Dec. 20.910/32.

Alternativa C – Incorreta. De fato, o STJ proferiu decisão (Resp 1.417.171)


pela imprescritibilidade das ações propostas em face da Fazenda Pública
em razão da alegação de tortura, em razão da gravidade da violação à
dignidade (evidenciada pela perseguição, tortura e prisão, por motivos
políticos, praticados durante o período militar).

Porém, com relação às Ações de Indenização, em geral, propostas em face


da Fazenda Pública, conforme orientação mais recente do STJ (Resp
1.251.993), é de se observar a regra do art. 1º, do Dec. 20910/32 que é
especial em detrimento do prazo geral previsto no art. 206, par. 3º,
CC/02).

Alternativa D – Correta. É o teor do art. 1º, do Decreto 20910/32.

Alternativa E – Correta. É o teor do art. 487, par único, do NCPC, que


também se aplica no caso de ser a Fazenda Pública um dos litigantes.

______________________________________________________________________

15. Em relação a atuação da Fazenda Pública como ré, assinale a


alternativa correta:
a) A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, do Municípios
e de suas respectivas autarquias e fundações de direito público será
realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua
gestão.

21
b) A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as entidades
da Administração Pública Indireta não estão obrigados a manter cadastro
nos sistemas de processo em autos eletrônicos, para efeito de citação.
c) A Teoria da Aparência não se aplica às citações feitas às pessoas
jurídicas de direito público, pois esta não se faz pelo correio e sim
por meio de oficial de justiça.
d) A Fazenda Pública, quando figura como ré, está sujeita ao ônus da
impugnação específica dos fatos alegados pelo autor e, não apresentando
resposta está sujeita ao efeito material da revelia.
e) Nos termos da lei, a Fazenda Pública, quando figura como ré, está
autorizada a concordar com a desistência da ação requerida pelo autor
independentemente de este renunciar expressamente ao direito sobre o
que se funda a ação.

Comentários:
Alternativa A – Incorreta. A mencionada citação é realizada perante o
órgão responsável por sua representação judicial (art. 242, par. 3º, CPC).
Alternativa B – Incorreta. Contraria o disposto no art. 246, par. 1º e 2º,
do NCPC.
Alternativa C – Correta. A citação das pessoas jurídicas de direito público
deve ser realizada de modo pessoal, por meio de oficial de justiça, salvo
quando os autos são eletrônicos. Neste caso, a citação deve atender aos
requisitos da legislação de regência (Lei n. 11.419/06), observado o
cadastro prévio.
Alternativa D – Incorreta. A Fazenda Pública não se submete ao ônus da
impugnação específica e, no caso de não apresentar resposta também
não se sujeita ao efeito material da revelia (presunção de veracidade dos
fatos alegados pelo autor). Isto se justifica seja porque o direto da
Fazenda é indisponível, não sendo admissível confissão no tocante aos
fatos que lhe dizem respeito, seja em razão da presunção de legitimidade
dos atos administrativos.

22
Alternativa E – Incorreta. Contraria o disposto no art. 3º, da Lei 9.469/97.
Este dispositivo é criticado por parte da doutrina que o entende
desarrazoado. Porém, o STJ já se manifestou pela sua aplicação (REsp
460.748, REsp 651.721, REsp1.174.137).

______________________________________________________________________

16. Em relação às despesas, custas e honorários advocatícios,


assinale a alternativa incorreta:
a) As despesas dos atos processuais praticados a requerimento da
Fazenda Pública serão pagas ao final pelo vencido.
b) Os estados, o Distrito Federal e os municípios, quando figurem em
causa processada perante a Justiça Federal ficam isentos do pagamento
das correlatas custas.
c) As perícias requeridas pela Fazenda Pública poderão ser realizadas por
entidade pública ou ter o valores adiantados pela própria Fazenda, salvo
quando não há previsão orçamentária, caso em que os honorários
periciais poderão ser pagos no exercício seguinte ou ao final, pelo vencido,
nos termos da lei.
d) Os honorários de sucumbência devidos aos advogados públicos
federais integram o seu subsídio.
e) A concessão da gratuidade da justiça não afasta a responsabilidade do
beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários advocatícios
decorrentes de sua sucumbência.

Comentários:

Alternativa A – Correta. É o teor do art. 91, NCPC.

Alternativa B – Correta. É o teor do art. 4º, I, da Lei 9289/96

Alternativa C – Correta. É o teor do art. 91, par. 1º, NCPC.

23
Alternativa D – Incorreta. Contraria o disposto no art. 29, par. Único, da
Lei n. 13.327/16, a qual foi editada por força do art. 85, do NCPC.

Alternativa E – Correta. É o teor do art. 98, par. 2º, do NCPC, o qual é


complementado pelo par. 3º.

______________________________________________________________________

17. Assinale a alternativa correta:


a) A majoração dos honorários em sede recursal, chamada de
sucumbência recursal, tem cabimento no caso de remessa necessária.
b) Não serão devidos honorários de sucumbência no cumprimento de
sentença contra a Fazenda Pública que enseje expedição de
precatório desde que não tenha sido impugnada.
c) Estão dispensados de preparo, mas não do porte de remessa e retorno,
os recursos interpostos pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados,
pelos Municípios e respectivas autarquias.
d) Conforme previsão inovadora do NCPC a Fazenda Pública está
obrigada ao depósito da importância de 5% (cinco por cento) sobre o valor
da causa como condição para o ajuizamento da Ação Rescisória.
e) Na hipótese de reiteração de Embargos de Declaração meramente
protelatórios, a Fazenda Pública fica impedida de apresentar novo
recurso enquanto não efetuar o correspondente depósito da multa.

Comentários:

Alternativa A – Incorreta. A sucumbência recursal está prevista no art.


85, par. 11º, do NCPC, por meio da majoração dos honorários fixados
anteriormente, levando em conta o trabalho adicional realizado em grau
recursal. No caso da remessa necessária está ausente a causalidade. É
que, a remessa necessária se dá por força de lei e não porque o vencido

24
a provocou (ou seja, não foi o vencido que deu causa à eventual
sucumbência em âmbito recursal).

Alternativa B – Correta. É o teor do art. 85, par. 7º, o qual se justifica


pelo fato de que o cumprimento de sentença não decorre da resistência
da Fazenda Pública em realizar o pagamento, mas da necessidade de
obediência da ordem cronológica de inscrição dos precatórios. Por outro
lado, havendo a impugnação, fica evidenciada a mencionada resistência.

Alternativa C – Incorreta. Contraria o disposto no art. 1.007, par. 1º,


NCPC.

Alternativa D – Incorreta. Contraria o disposto no art. 968, par. 1º, NCPC.

Alternativa E – Incorreta. Contraria o disposto no art. 1026, par. 3º,


NCPC.

______________________________________________________________________

18. Sobre a intervenção anômala, assinale a alternativa correta:


a) A União só poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras
ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e
empresas públicas federais se demonstrar que possui interesse jurídico
e direto no objeto da ação.
b) Na intervenção anômala, a Fazenda Pública tem sua atuação limitada
apenas ao esclarecimento de questões de fato e de direito, podendo juntar
documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria.
c) De acordo com o entendimento do STJ, não se admite o pedido de
suspensão de segurança pela Fazenda Pública, nas mesmas hipóteses
em que se admite o recurso fundamentado em intervenção anômala.
d) Nos termos da legislação de regência, quando a União comparece em
juízo apenas para interpor recurso baseado na intervenção anômala, não
há que se falar em deslocamento da competência para a Justiça Federal.

25
e) As pessoas jurídicas de direito público poderão nas causas cuja
decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza
econômica, intervir para esclarecer questões de fato e de direito,
podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame
da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que, para fins de
competência, serão consideradas partes.

Comentários:

Alternativa A – Incorreta. Contraria o disposto no art. 5º, par. único, da


Lei n. 9.469/10.

Alternativa B – Incorreta. De fato, a atuação da Fazenda Pública no caso


de intervenção anômala é limitada, mas, além de tais esclarecimentos,
bem como de tais documentos e memoriais, a Fazenda tem ainda a
possibilidade de interpor recurso.

Alternativa C – Incorreta. O STJ já firmou entendimento de que é possível


não somente a interposição de recurso pela Fazenda Pública, mas
igualmente do pedido de suspensão, pelo par. único do art. 5º, da Lei
9.469/10 (Corte Especial AGP 1.621).

Alternativa D – Incorreta. Contraria o disposto no art. 5º, par. único, da


Lei n. 9.469/10. Ao interpor o recurso, conforme a previsão legal, a União
torna-se parte e isto provoca o deslocamento da competência para a
Justiça Federal.

Alternativa E – Correta. É o teor do art. 5º, par. único, da Lei 9.469/10,


que prevê a intervenção anômala.

______________________________________________________________________

26
19. Sobre a remessa necessária assinale a alternativa correta:
a) De acordo com o entendimento do STJ, no reexame necessário, é
defeso ao tribunal agravar a condenação imposta à Fazenda Pública.
b) De acordo com o entendimento do STJ, a remessa oficial devolve ao
Tribunal o reexame de todas as parcelas da condenação suportadas pela
Fazenda Pública, salvo a dos honorários de advogado.
c) Está sujeita à remessa necessária, na Ação Popular, a sentença
favorável ao autor.
d) A sentença que concede ou que nega a segurança está sujeita à
remessa necessária.
e) De acordo com o entendimento do STF, transita em julgado a sentença
por haver omitido o recurso ex officio.

Comentários:

Alternativa A – Correta. É o teor da Súmula 45, do STJ.

Alternativa B – Incorreta. Contraria a Súmula 325, do STJ, de acordo


com a qual a remessa oficial devolve ao Tribunal o reexame de todas as
parcelas da condenação suportadas pela Fazenda Pública, inclusive dos
honorários de advogado.

Alternativa C – Incorreta. Contraria o disposto no art. 19, da Lei


4.717/65. Por expressa previsão legal, na Ação Popular, há remessa
necessária no caso de sentença que extingue o processo sem resolução
de mérito ou da que julga improcedente o pedido.

Alternativa D – Incorreta. Contraria o disposto no art. 14, par. 1º, da Lei


n. 12.016/09. Por expressa previsão legal, no Mandado de Segurança, é
a sentença que concede a segurança que está sujeita à remessa
necessária.

Alternativa E – Incorreta. Contraria a Súmula 423, do STF. A simples


omissão do juiz em determinar a remessa necessária fará com que não

27
transite em julgado a sentença, podendo a qualquer momento ser
determinada a remessa necessária ou avocados os autos pelo Presidente
do Tribunal. A omissão é situação diversa da dispensa motivada da
remessa necessária. Esta última se não for objeto de recurso provoca o
trânsito em julgado da sentença.

______________________________________________________________________

20. Sobre a execução contra a Fazenda Pública, assinale a assertiva


correta:
a) No caso de condenação da Fazenda Pública em quantia certa, o
cumprimento de sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo a
executada intimada para pagar o débito ou apresentar impugnação, no
prazo de trinta dias, sob pena de multa de dez por cento.
b) Nos Embargos à Execução, a Fazenda Pública poderá alegar
qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa no
processo de conhecimento.
c) Conforme decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, os débitos
de natureza alimentar cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos ou mais
na data de expedição do precatório, ou sejam portadores de doença grave
serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor
equivalente ao triplo daquele definido como valor máximo para
pagamento por meio de Requisição de Pequeno Valor.
d) Por se tratar de matéria de ordem pública, a prescrição está entre as
matérias que podem ser alegadas pela Fazenda Pública quando da
Impugnação ao Cumprimento de Sentença, ainda que tal fenômeno tenha
ocorrido antes de proferida a sentença.
e) Em se tratando de cumprimento de sentença que reconheça a
exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa pela Fazenda Pública,
não se admite a execução da parte não questionada pela executada na
Impugnação.

28
Comentários:

Alternativa A – Incorreta. Contraria o disposto no art. 534, par. 2º e o art.


535, caput, do NCPC. No cumprimento de sentença, a Fazenda Pública é
intimada apenas para, querendo, impugnar em 30 (trinta) dias a
execução e, não para pagar. O pagamento deve se realizar pelo
procedimento do precatório ou requisição de pequeno valor.

Alternativa B – Correta. É o teor do art. 910, par. 2º, NCPC, que consagra
os Embargos à Execução como ação sem qualquer limitação cognitiva, a
qual visa combater uma execução fundada em título executivo
extrajudicial.

Alternativa C – Incorreta. A assertiva coincide com o que prevê o par. 2º,


do art. 100, da CF/88, com a redação que lhe foi dada pela EC 62/09.
Porém, conforme o entendimento do STF é inconstitucional a expressão
“na data de expedição do precatório”, ao fundamento de que excluir da
preferência o sexagenário que complete a idade ao longo do processo
ofende a isonomia (ADI 4.357 e ADI 4.425).

Alternativa D – Incorreta. Contraria o art. 535, VI, do NCPC, o qual


permite seja a prescrição alegada como matéria de defesa em Impugnação
ao Cumprimento de Sentença, pela Fazenda Pública, desde que tal
prescrição tenha se dado em momento posterior ao do trânsito em julgado
da sentença.

Alternativa E – Incorreta. Contraria o disposto no art. 535, par. 4º, NCPC,


de acordo com o qual, se a impugnação for parcial, a parte não
questionada será, desde logo, objeto de cumprimento. A doutrina anota
que neste caso não incide a vedação do par. 8º, do art. 100, da CF/88,
pois não se trata de intenção do exequente de repartir o valor para receber
uma parte por Requisição de Pequeno Valor (RPV) e outra, por precatório.

29
Direito Civil

21. Sobre a vigência das leis, de acordo com a Lei de Introdução às


Normas do Direito Brasileiro, pode-se afirmar que:
a) Em todos os casos, a lei começa a vigorar, no país, 45 (quarenta e
cinco) dias depois de oficialmente publicada.
b) Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando
admitida, se inicia 3 (três) meses depois de promulgada.
c) As correções a texto de lei já em vigor não são consideradas lei nova,
sendo necessária substancial modificação no texto legal para tanto.
d) Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu
texto, destinada a correção, o prazo de 45 (quarenta e cinco) dias
começará a correr da nova publicação.
e) A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já
existente revoga ou modifica a lei anterior.

Comentários:

A questão poderia ser resolvida a partir da literalidade de artigos


constantes da LINDB.

a) INCORRETO. Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar


em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.

b) INCORRETO. Art. 1º, §1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade


da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de
oficialmente publicada.

c) INCORRETO. Art. 1º, § 4o As correções a texto de lei já em vigor


consideram-se lei nova.

d) CORRETO. Art. 1º, § 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova
publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos
parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.

30
e) INCORRETO. Art. 2º, § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais
ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.

______________________________________________________________________

22. No que se refere à aplicação e à revogação das normas, a Lei de


Introdução às Normas do Direito Brasileiro determina que:
a) Não dispondo em sentido contrário, a revogação de uma lei restaura a
vigência da lei anterior, operando efeito repristinatório automático.
b) Na aplicação da lei, cabe ao juiz, a fim de criar uma norma
individual, interpretá-la buscando atender aos fins sociais a que ela
se dirige e às exigências do bem comum.
c) É possível que lei de vigência permanente deixe de ser aplicada em
razão do desuso, situação em que o ordenamento jurídico pátrio admite
aplicação dos costumes de forma contrária àquela prevista na lei
revogada pelo desuso.
d) Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e a equidade.
e) No direito brasileiro não se admite a revogação tácita de leis.

Comentários:

a) INCORRETO. Repristinação consiste no retorno da lei revogada por ter


a lei revogadora perdido vigência. O art. 2º, §3º da LINDB expressamente
exclui do Direito Brasileiro a repristinação automática.
Art. 2º, § 3o: Salvo disposição em contrário, a lei revogada
não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.

b) CORRETO. Art. 5o: Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais
a que ela se dirige e às exigências do bem comum.

31
c) INCORRETO. Art. 2o: Não se destinando à vigência temporária, a lei terá
vigor até que outra a modifique ou revogue.
Não há, portanto, que se falar em perda da eficácia da lei pelo desuso,
vigendo a lei até que outra a modifique ou revogue.

d) INCORRETO. Art. 4o: Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. A
equidade, portanto, não foi listada como técnica de colmatação de
lacunas na LINDB.

e) INCORRETO. Art. 2º, § 1o: A lei posterior revoga a anterior quando


expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando
regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. Portanto, além
da revogação expressa, existem duas hipóteses de revogação tácita no
ordenamento jurídico: quando a norma for incompatível com a anterior
ou quando regule inteiramente matéria de que tratava a lei anterior.

______________________________________________________________________

23. De acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito


Brasileiro, assinale a alternativa correta.
a) Consideram-se adquiridos os direitos cujo começo do exercício
dependa de condição preestabelecida inalterável ao arbítrio de
outrem.
b) A revogação pode ocorrer de duas maneiras: pela derrogação, que é a
supressão integral da lei, ou pela ab-rogação, quando a supressão é
apenas parcial.
c) Para ser aplicada, a norma deverá estar vigente e, por isso, uma vez
que ela seja revogada, não será permitida a sua ultratividade.
d) Com relação à vigência espacial das normas, vige no Direito
Brasileiro a regra da territorialidade, não sendo admitido, em face da

32
soberania, que o magistrado aplique norma estrangeira em caso
julgado no território nacional.
e) Após ter adquirido um terreno, caso sobrevenha norma que proíba
construções nessa área, o recém proprietário não será atingido por ela,
tendo em vista a proteção ao direito adquirido.

Comentários:

a) CORRETO. Art. 6º, §2º: Consideram-se adquiridos assim os direitos que


o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo
do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição preestabelecida
inalterável, a arbítrio de outrem.

b) INCORRETO. A assertiva inverteu os conceitos de derrogação e de ab-


rogação. Vejamos.

 Derrogação: supressão parcial da lei.

 Ab-rogação: supressão integral da lei (Dica


mnemônica: Ab = absoluta)

c) INCORRETO.
Via de regra, a norma deverá ser aplicada apenas durante sua
vigência. No entanto, não é possível descartar, no Direito Brasileiro, a
possibilidade de as normas possuírem ultratividade.
Exemplo evidente de ultratividade é aquele trazido pelo art. 144 do
CTN, o qual prevê que o lançamento se reporta à data de ocorrência do
fato gerador, regendo-se pela lei então vigente. Nesse caso, portanto,
ainda que a lei tenha sido revogada, ela produzirá efeitos por força do
mencionado dispositivo legal.
Outro exemplo de ultratividade é o conteúdo do art. 2.028 do
CC/02, o qual consubstancia regra de transição para os prazos
prescricionais que hajam sido reduzidos pelo novo diploma civilista.

33
d) INCORRETO.

De fato, vige, no Direito Brasileiro, a regra da territorialidade. No


entanto, a LINDB entabula diversas hipóteses em que se admite a
aplicação da legislação estrangeira no bojo de processo julgado no
território nacional. Inclusive, dispõe o art. 14 da LINDB que “não
conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova
do texto e da vigência”.

e) INCORRETO.
A simples aquisição do terreno não gera direito adquirido a que o
proprietário realize qualquer construção.
No caso apresentado, a aquisição do terreno estará perfectibilizada,
não podendo ser impedida por lei superveniente. A construção, por outro
lado, deve observar a legislação ao tempo da respectiva licença.

______________________________________________________________________

24. No que se refere à pessoa natural, analise as assertivas seguintes.


I. Quanto ao momento do surgimento da personalidade jurídica das
pessoas naturais, a literalidade do Código Civil adotou a teoria natalista,
no entanto, doutrina e jurisprudência têm defendido a adoção da teoria
concepcionista.
II. A lei prevê direitos ao nascituro, desde a concepção, mas a capacidade
civil da pessoa começa no momento do nascimento com vida.
III. Dentre os direitos do nascituro, estão os direitos de personalidade.
IV. A capacidade de direito é noção que se confunde com o próprio
conceito de personalidade, sendo inerente a qualquer pessoa.
Estão corretas apenas:
a) I e II
b) I, III e IV
c) II e IV

34
d) I, II e III
e) todas as assertivas

Comentários:

I. CORRETO.
A teoria natalista defende a ideia de que a personalidade civil
somente se inicia com o nascimento com vida. Nesse caso o nascituro
teria mera expectativa de direito.
Já a teoria concepcionista, entende que os direitos do nascituro
passam a existir a partir do momento da concepção.
De acordo com Luciano Medeiros, a legislação vigente abre espaço
para as duas teorias. ‘Pelas decisões dos tribunais, a gente verifica uma
tendência à adoção da teoria concepcionista. Se a gente fizer
interpretação isolada de alguns dispositivos do Código Civil, a tendência
é acreditar que, de fato, o legislador adotou a teoria natalista. Mas, se
fizermos uma interpretação sistemática com outros dispositivos do
Código Civil, há a certeza de que o legislador garante direitos ao
nascituro, e a gente pode concluir que o nascituro é pessoa, então já tem
direitos amparados pela própria lei’. Em um caso julgado em junho de
2008, o Superior Tribunal de Justiça também decidiu em favor de um
nascituro, que recebeu indenização por danos morais em razão da morte
do pai vítima de acidente de trabalho. O bebê ainda não nascido recebeu
R$ 26 mil, valor igual ao determinado para cada um dos irmãos dele.

II. INCORRETO.
Segundo o art. 2º do CC/02, a personalidade, e não a capacidade
civil começa do nascimento com vida.
Não olvide que, até os 16 anos, a pessoa é absolutamente incapaz
para a prática dos atos civis, não se podendo imaginar que a capacidade
civil se inicie com o nascimento.

35
III. CORRETO.
O art. 2º do CC/02 dispõe que “a lei põe a salvo, desde a concepção,
os direitos do nascituro”. A jurisprudência brasileira já se consolidou no
sentido de que o nascituro possui direitos de personalidade, já se tendo
notícia de condenação em danos morais destinados ao nascituro, de
direito ao nome ao natimorto, dentre outros.

IV. CORRETO.
Capacidade é um conceito fundamental da teoria do D. Civil,
desdobrando-se na capacidade de direito e na capacidade de fato ou de
exercício.
A capacidade de direito ou de gozo é uma capacidade geral,
genérica, que qualquer pessoa tem. Segundo Orlando Gomes, a
capacidade de direito é noção que se confunde com o próprio
conceito de personalidade.
A capacidade de fato ou de exercício nem toda pessoa tem, porque
ela traduz uma aptidão para, PESSOALMENTE, praticar atos na vida
civil. A ausência da capacidade de fato gera a incapacidade civil.
Reunindo-se as duas capacidades, temos a capacidade civil plena.

______________________________________________________________________

25. Com base no Código Civil, acerca dos direitos de personalidade,


assinale a alternativa correta.
a) São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida
civil os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o
necessário discernimento para a prática desses atos.
b) É defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar
diminuição permanente da integridade física ou contrariar os bons
costumes.

36
c) Por envolver direito de personalidade, a disposição gratuita do próprio
corpo, no todo ou em parte, para depois da morte, é ato intransmissível
e irrevogável.
d) É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente
a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo por igual
desnecessária a autorização de pessoas retratadas como
coadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas falecidas ou
ausentes.
e) Cessará para os menores a emancipação pela concessão dos pais, ou
de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, desde que
haja homologação judicial.

Comentários:

a) INCORRETO. Com a vigência da lei 13.146/2015, apenas os menores


de 16 anos passaram a ser considerados absolutamente incapazes.

b) INCORRETO. Art. 13 – Salvo por exigência médica, é defeso o ato de


disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da
integridade física, ou contrariar os bons costumes.

c) INCORRETO. Art. 14, parágrafo único – O ato de disposição pode ser


livremente revogado a qualquer tempo.

d) CORRETO. Trata-se de importante entendimento consagrado pelo STF


na ADI 4815, divulgado no informativo 789 do STF.

Nas palavras de Márcio André (Dizer o Direito): “Para que seja


publicada uma biografia NÃO é necessária autorização prévia do
indivíduo biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus
familiares. Essa autorização prévia seria uma forma de censura, não
sendo compatível com a liberdade de expressão consagrada pela CF/88.
Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia
entenda que seus direitos foram violados pela publicação, ele terá direito

37
à reparação, que poderá ser feita não apenas por meio de indenização
pecuniária, como também por outras formas, tais como a publicação de
ressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta etc.”

e) INCORRETO. Art. 5º, parágrafo único, I – Cessará, para os menores, a


incapacidade pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro,
mediante instrumento público, independentemente de homologação
judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezessete
anos completos.
______________________________________________________________________

26. Quanto ao regime da Pessoa Jurídica, marque a alternativa


correta.
a) O Código Civil de 2002 adotou a teoria da ficção para explicar a
natureza da pessoa jurídica. Para essa corrente, a pessoa jurídica possui
uma existência meramente ideal ou abstrata, sendo uma criação da
técnica do direito.
b) A existência legal da pessoa jurídica de direito privado se dá
apenas com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro,
antes do que ela não existe formalmente.
c) De acordo com o Código Civil, o encerramento irregular de
determinada sociedade empresária é, por si só, causa suficiente para
a desconsideração da personalidade jurídica.
d) As pessoas jurídicas possuem autonomia patrimonial, mas essa
autonomia é relativizada no caso de abuso de personalidade,
caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial,
permitindo o Código Civil que a desconsideração seja decretada de
ofício pelo magistrado.
e) As pessoas jurídicas, conforme estabelece o Código Civil, são
detentoras de direitos de personalidade, merecendo ampla proteção
nesse cenário.

38
Comentários:

a) INCORRETO.
Em verdade, o Código Civil, de acordo com a doutrina, adotou a
teoria da realidade técnica para explicar a pessoa jurídica.
Existem, no direito, duas correntes básicas quanto à natureza da
pessoa jurídica: afirmativista e negativista.
 Corrente negativista: negava a existência da pessoa jurídica
(Planiol, Brinz, Bekker, Ihering, Duguit). Defendiam alguns
que a “pessoa jurídica” nada mais seria um grupo de pessoas
físicas reunidas (teoria da mera aparência); outros, que seria
um patrimônio coletivo; ou então, um patrimônio afetado a
uma finalidade. Essa corrente não prevaleceu.
 Corrente afirmativista: admitia a existência da pessoa
jurídica. Dentro dela, contudo, várias teorias foram
elaboradas, sendo que as mais importantes são: teoria da
ficção (Windscheid; Savigny); teoria da realidade objetiva
(Clóvis Beviláqua); teoria da realidade técnica (Saleilles;
Ferrara).
1) Teoria da ficção: a pessoa jurídica teria uma existência
meramente ideal ou abstrata, sendo uma criação da pura
técnica do direito. Crítica: teoria muito abstrata;
encarcerava-se a pessoa jurídica apenas no plano ideal do
direito, não visualizando a sua existência social.
2) Teoria da realidade objetiva: também conhecida como
teoria sociológica ou organicista, contrapõe-se à teoria da
ficção, defendendo que a pessoa jurídica seria,
simplesmente, um organismo social vivo, a ser explicado
pela sociologia, e não pela técnica do direito. Essa teoria
tinha a qualidade de reconhecer a dimensão social da
pessoa jurídica, mas, por outro lado, negava-lhe a técnica
do direito, encarcerando-a no plano sociológico.

39
3) Teoria da realidade técnica: trata-se de uma teoria mais
equilibrada, pois reconhece não só que a pessoa jurídica é
personificada pela técnica abstrata do direito, mas
também que possui dimensão social, integrando relações
de variada ordem (reconhece, portanto, as qualidades das
duas teorias anteriores). Para a maioria da doutrina, é a
teoria adotada pelo CC/02.

b) CORRETO. Art. 45 do CC/02 – Começa a existência legal das pessoas


jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no
respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou
aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as
alterações por que passar o ato constitutivo.

c) INCORRETO.
Segundo decidiu o STJ, nas relações regidas pelo CC/2002, o
encerramento das atividades ou a dissolução, ainda que irregulares da
sociedade não é causa, por si só, para a desconsideração da
personalidade jurídica (EREsp 1306553/SC).
Essa é a posição também da doutrina majoritária, conforme restou
consignado no Enunciado da IV Jornada de Direito Civil do CJF:
282 – Art. 50: O encerramento irregular das atividades da
pessoa jurídica, por si só, não basta para caracterizar
abuso da personalidade jurídica.
Vale ressaltar que a súmula 435 do STJ (“presume-se dissolvida
irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio sem
comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da
execução fiscal para o sócio gerente”) possui aplicação especificamente
no âmbito do processo de execução fiscal.

40
No que se refere à desconsideração regida pelo Código Civil, adotou-
se a teoria maior, exigindo-se, além da insolvência, a demonstração de
abuso de personalidade, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela
confusão patrimonial.

d) INCORRETO.
Dispõe o art. 50 do CC/02: “Em caso de abuso da personalidade
jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério
Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas
e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens
particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.”
Nota-se, portanto, que o Código Civil exige para que o juiz decida
pela desconsideração que haja requerimento da parte o do MP, não
admitindo a desconsideração de ofício. Vale ressaltar que, no âmbito do
Código de Defesa do Consumidor, não existe a mesma exigência, sendo
possível que o magistrado, ex officio, determine a desconsideração
episódica da pessoa jurídica.

e) INCORRETO.
O fundamento dos direitos da personalidade é a sua cláusula geral,
qual seja, a dignidade da pessoa humana. Partindo-se dessa premissa,
pode-se dizer que pessoa jurídica não possui direitos da
personalidade, pois ela não tem dignidade humana. Nesse sentido, o
Enunciado nº. 286 da JDC: “Os direitos da personalidade são direitos
inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade,
não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos. – embora não
sejam titulares de direitos da personalidade, as pessoas jurídicas
também merecem proteção”.
Nessa linha, prevê o art. 52 do CC/02: “aplica-se às pessoas
jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”.
Conclui-se, destarte, que as pessoas jurídicas não possuem direitos da

41
personalidade, mas merecem a mesma proteção. O fundamento é o
atributo de elasticidade dos direitos da personalidade.
A proteção da pessoa jurídica, no que se refere aos direitos da
personalidade, encontra-se limitada por lei. Deve-se entender “no que
couber” como “naquilo que a falta de estrutura biopsicológica permite
exercer”; ex.: direito à imagem, ao nome etc. (STJ - REsp 433.954/MG -
proteção da pessoa jurídica por protesto indevido de duplicata).
Pessoa jurídica pode sofrer dano moral? Sim, pois ela merece
proteção. É o que diz a Súmula 227 do STJ: “a pessoa jurídica pode sofrer
dano moral”. Essa súmula, em verdade, deve ser lida da seguinte forma:
“a pessoa jurídica pode sofrer dano moral, no que couber”.
Fundamentalmente, o dano moral é vocacionado à pessoa humana, mas
pode se referir à pessoa jurídica, no que couber, como para a preservação
da sua honra objetiva, cuja violação ocasiona, inclusive, prejuízos
financeiros decorrentes do abalo da imagem da pessoa jurídica perante a
sociedade.
______________________________________________________________________

27. Sobre o bem de família legal, de acordo com o entendimento do


Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa correta.
a) É impenhorável o bem de família indireto, entendido como o único
imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros,
independentemente da destinação da renda obtida com a locação.
b) Na execução civil movida pela vítima, não é oponível a
impenhorabilidade do bem de família adquirido com o produto do crime,
salvo no caso em que a punibilidade do acusado tenha sido extinta em
razão do cumprimento das condições estipuladas para a suspensão
condicional do processo.
c) A impenhorabilidade do bem de família, por se referir ao instituto do
patrimônio mínimo é irrenunciável por parte do seu beneficiário, não
podendo ser afastada, em hipótese alguma, pelo magistrado, ainda que
verificada situação de má-fé.

42
d) A desconsideração da personalidade jurídica de sociedade implica o
afastamento da impenhorabilidade dos bens dos sócios, uma vez que o
objetivo é buscar o adimplemento das obrigações.
e) A penhora sobre imóvel de empresa pode ser afastada em favor do
sócio que nele resida quando envolva empresas com conotação
familiar em que o local de funcionamento confunde-se com a própria
moradia da família.

Comentários:

a) INCORRETO. Súmula 486 do STJ: É impenhorável o bem de família


indireto, entendido como o único imóvel residencial do devedor que esteja
locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida
para a subsistência ou a moradia da sua família.

b) INCORRETO. Na execução civil movida pela vítima, não é oponível a


impenhorabilidade do bem de família adquirido com o produto do crime
(art. 3º, VI da lei 8.009), ainda que a punibilidade do acusado tenha sido
extinta em razão do cumprimento das condições estipuladas para a
suspensão condicional do processo, pois essa exceção não consta na lei
(REsp 1.091.236/RJ).

c) INCORRETO. O bem de família é um instituto que visa a assegurar o


direito fundamento à moradia (art. 6º, caput, da CF/88), sendo um
corolário da dignidade da pessoa humana, razão pela qual é preciso que
seja dada uma interpretação ampliativa à proteção legal. O benefício
conferido pela Lei nº 8.009/90 trata-se de norma cogente, que contém
princípio de ordem pública, e sua incidência somente é afastada se
caracterizada alguma hipótese descrita no art. 3º do mesmo diploma.

Nada obstante, em julgamento emblemático, o STJ reconheceu a


possibilidade de afastar a proteção legal ao bem de família no caso de
flagrante má-fé do beneficiário (REsp 1461301/MT, Informativo 558)

43
d) INCORRETO. A desconsideração da personalidade jurídica de
sociedade não implica, por si só, o afastamento da impenhorabilidade dos
bens de família dos sócios, salvo se os atos que ensejaram a
desconsideração também se ajustarem às exceções legais previstas no
art. 3º da Lei n. 8.009/90. Tais exceções devem ser interpretadas
restritivamente, não se podendo, por analogia ou esforço hermenêutico,
apanhar situações não previstas em lei, de modo a superar a proteção
conferida à entidade familiar. STJ. 4ª Turma. REsp 1.433.636-SP, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/10/2014 (Info 549)

e) CORRETO. Para o STJ, a penhora sobre imóvel de empresa pode ser


afastada em favor do sócio que nele resida, mas apenas quando envolva
“empresas com conotação familiar em que, muitas vezes, o local de
funcionamento confunde-se com a própria moradia” (vide, p.ex., REsp n°
470.893/RS e 621.399/RS).
______________________________________________________________________

28. A respeito do bem de família convencional, assinale a alternativa


que está de acordo com o Código Civil de 2002.
a) A dissolução da sociedade conjugal extingue o bem de família
b) Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública
ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de
família, desde que não ultrapasse metade do patrimônio líquido existente
ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade
do imóvel residencial estabelecida em lei especial.
c) O efeito jurídico da impenhorabilidade concedido ao bem de
família poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada
na conservação do imóvel e no sustento da família.
d) O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, não
abrangendo as pertenças e os acessórios.

44
e) O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua
instituição, inclusive as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou
de despesas de condomínio.

Comentários:

a) INCORRETO. Art. 1.721 – A dissolução da sociedade conjugal não


extingue o bem de família

b) INCORRETO. Art. 1711 – Podem os cônjuges, ou a entidade familiar,


mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu
patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um
terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas
as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida
em lei especial.

c) CORRETO. Art. 1.712 – O bem de família consistirá em prédio


residencial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios,
destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá abranger
valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e
no sustento da família.

Registre-se que, por força do art. 1.713, os valores mobiliários não


poderão exceder o valor do prédio instituído em bem de família, à época
de sua instituição.

d) INCORRETO. Art. 1.712 – O bem de família consistirá em prédio


residencial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios,
destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá abranger
valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e
no sustento da família.

45
e) INCORRETO. Art. 1715 – O bem de família é isento de execução por
dívidas posteriores à sua instituição, salvo as que provierem de
tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio.

______________________________________________________________________

29. Sobre as diversas classes de bens previstas no Código Civil


brasileiro, é correto afirmar
a) As edificações que, separadas do solo, forem removidas para outro
local perdem seu caráter de bens imóveis, ainda que conservem a sua
unidade.
b) Os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se
tenha dado estrutura de direito privado são considerados bens
dominicais, sendo permitida sua alienação livremente, visto que
inexistente a finalidade pública.
c) Os bens de uso comum do povo, tais como rios mares, estradas,
ruas e praças, podem ser utilizados de forma gratuita ou mediante
retribuição, conforme estabelecido legalmente pela entidade a cuja
administração pertencerem.
d) São pertenças os bens que, constituindo partes integrantes, se
destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento
de outro.
e) As benfeitorias, considerando-se como tais os melhoramentos ou
acréscimos sobrevindos ao bem, ainda que sem a intervenção do
proprietário, possuidor ou detentor, podem ser voluptuárias, úteis ou
necessárias.

Comentários:

a) INCORRETO. Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as


edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade,
forem removidas para outro local;

46
b) INCORRETO. Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser
alienados, observadas as exigências da lei.

c) CORRETO. Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito
ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja
administração pertencerem.

d) INCORRETO. Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo


partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço
ou ao aformoseamento de outro.

e) INCORRETO. Art. 97. Não se consideram benfeitorias os


melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do
proprietário, possuidor ou detentor.
______________________________________________________________________

30. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece sua


residência com ânimo definitivo. Sobre esse instituto assinale a
alternativa INCORRETA.
a) Se a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente,
viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
b) É domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à
profissão, o lugar onde esta é exercida. Se a pessoa exercitar
profissão em diversos lugares, constituirá domicílio o principal
estabelecimento da pessoa.
c) O domicílio do servidor público é o lugar em que exerce
permanentemente suas funções, ainda que seja outra a sua residência.
d) Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o
marítimo e o preso.
e) Quanto às pessoas jurídicas de direito privado, o domicílio é onde
funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde
elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.

47
Comentários:

a) Correta, de acordo com o art. 71 do CC.

b) INCORRETA. O art. 72, parágrafo único do CC/02 aduz “se a pessoa


exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá
domicílio para as relações que lhe corresponderem”.

c) Correta, de acordo com o art. 76, parágrafo único do CC/02.

d) Correta, de acordo com o art. 76 do CC/02

e) Correta, de acordo com o art. 75, IV do CC/02.

48
Direito Administrativo

31. Com relação aos bens públicos, assinale a opção correta.


a) Os registros de propriedade particular de imóveis situados em
terrenos de marinha são oponíveis à União.
b) A ausência de transcrição no registro imobiliário induz a presunção
de que o imóvel sob litígio constitui terra devoluta.
c) Em regra, as terras devolutas pertencem à União e são
consideradas bens dominicais ou dominiais.
d) De acordo com a jurisprudência do STF, não são bens da União
as terras onde se localizavam os aldeamentos indígenas extintos
antes da Constituição de 1891, de domínio dos estados-membros.
e) As praias fluviais constituem bens dos Estados.

Comentários:

Item a: ERRADO. Súmula 496: "Os registros de propriedade


particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis
à União."

Item b: ERRADO. O STJ, ao julgar litígio em que se pretendia


usucapir determinado bem, entendeu que a inexistência de registro
imobiliário do bem objeto de ação de usucapião não induz presunção de
que o imóvel seja público (terras devolutas), cabendo ao Estado provar a
titularidade do terreno como óbice ao reconhecimento da prescrição
aquisitiva (STJ, Recurso Especial n. 964.223 – RN).

Item c: ERRADO. Em regra, as terras devolutas são dos Estados,


mas podem ser da União quando indispensáveis à defesa de fronteiras,
das fortificações e construções militares, das vias federais de
comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei.

49
Item d: CORRETO. Sabe-se que as terras tradicionalmente
ocupadas pelos índios são bens da União, conforme artigo 20, XI, da
CF/88. São bens de uso especial INDIRETO, uma vez que não são usados
diretamente pela Administração Pública, mas são conservados para
garantir proteção a determinados bens de interesse da coletividade.
Para responder corretamente à questão era preciso ter o
conhecimento do julgado a seguir colacionado, bem como da Súmula 650
do STF.

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.


INCISO X DO ART. 7º DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL. BENS DO ESTADO. TERRAS DOS
EXTINTOS ALDEAMENTOS INDÍGENAS. VIOLAÇÃO DOS
ARTS. 20, I E XI, 22, CAPUT E INCISO I, E 231 DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INTERPRETAÇÃO CONFORME.
EXTINÇÃO OCORRIDA ANTES DO ADVENTO DA
CONSTITUIÇÃO DE 1891. ADI JULGADA PARCIALMENTE
PROCEDENTE. I - A jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, por diversas vezes, reconheceu que as terras dos
aldeamentos indígenas que se extinguiram antes da
Constituição de 1891, por haverem perdido o caráter de
bens destinados a uso especial, passaram à categoria de
terras devolutas. II - Uma vez reconhecidos como terras
devolutas, por força do artigo 64 da Constituição de 1891,
os aldeamentos extintos transferiram-se ao domínio dos
Estados. III – ADI julgada procedente em parte, para
conferir interpretação conforme à Constituição ao
dispositivo impugnado, a fim de que a sua aplicação fique
adstrita aos aldeamentos indígenas extintos antes da
edição da primeira Constituição Republicana. (ADI 255 / RS
- RIO GRANDE DO SUL AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE; Relator(a): Min. ILMAR

50
GALVÃO; Relator(a) p/ Acórdão: Min. RICARDO
LEWANDOWSKI; Julgamento: 16/03/2011).

STF Súmula nº 650: Bens Públicos ou Particulares - Aldeamentos


Extintos ou Terras Ocupadas por Indígenas em Passado Remoto: os
incisos I e XI do art. 20 da CF não alcançam terras de aldeamentos
extintos, ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto.
Trata-se de questão bem específica. Caso você tenha errado, não se
preocupe. Com o conhecimento do julgado e da súmula você não errará
mais.

Item “e”: ERRADO. Está incorreto classificar como bem do Estado


as praias fluviais, quando na verdade são bens da União, nos termos do
art. 20, III, da CF.

______________________________________________________________________

32. Quanto às características dos bens públicos, considere os


seguintes itens:
I – Os bens públicos são prescritíveis, podendo, inclusive, o Juiz
reconhecer de ofício a usucapião.
II - Por não poderem sofrer oneração, sobre os bens públicos não pode
incidir hipoteca.
III – A Administração Pública se submete e um processo de execução
próprio, via precatórios, conforme dispõe o artigo 100 da CF/88, em
decorrência da impenhorabilidade dos bens públicos.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas o item I está incorreto.
b) Os itens III e I estão corretos
c) Os itens II e I estão corretos.
d) Não há nenhum item correto.

51
e) Não há nenhum item incorreto.

Comentários:

O item I encontra-se INCORRETO, uma vez que os bens públicos


são IMPRESCRITÍVEIS, ou seja, NÃO SÃO PASSÍVEIS DE USUCAPIÃO.
A usucapião é o exercício da prescrição aquisitiva de certa
propriedade, em razão da inércia de seu titular.
Conforme se depreende dos artigos da CF (artigo 183, §3º e artigo
191, parágrafo único), bem como do artigo 102 do Código Civil, os bens
públicos são imprescritíveis.
Ademais, conforme já entendeu o STJ a usucapião NÃO PODE
SER RECONHECIDA DE OFÍCIO pelo juiz. Sabe-se que a prescrição
extintiva pode ser reconhecida de ofício pelo juiz (artigo 219, §5º do
CPC/73. Não há artigo correspondente no novo CPC, mas o entendimento
permanece). Importante destacar que a prescrição extintiva e a usucapião
são institutos distintos, sendo inadequada a aplicação da disciplina de
um deles frente ao outro, uma vez que a expressão “prescrição aquisitiva”
como sinônima de usucapião, tem razões mais ligadas a motivos
fáticos/históricos. STJ. 4ª Turma. REsp 1.106.809-RS, Rel. originário
Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min. Marco Buzzi, julgado
em 3/3/2015 (Info 560).

O item II encontra-se correto. Não há possibilidade de oneração dos


bens públicos. A hipoteca é o direito real que o devedor confere ao credor
sobre um bem imóvel de sua propriedade ou de outrem, para que este
imóvel responda pelo pagamento da dívida. Há, portanto, uma vinculação
de um bem imóvel ao cumprimento e à extinção da obrigação. Ademais,
não pode incidir sobre os bens públicos o penhor e a anticrese, outras
espécies de direito real de garantia.

52
O item III também se encontra correto. Os bens públicos são
IMPENHORÁVEIS. A penhora é o ato de apreensão dos bens do devedor
para a garantia da execução. Há uma submissão dos bens do executado
ao poder do Estado. Lembre-se que a penhora não retira o domínio e a
posse que tem o executado sobre os bens, mas estes ficam subordinados
aos fins da execução.
Nesse contexto, em face de execução promovida em desfavor
daqueles que são titulares de bens públicos, o juiz NÃO poderá
determinar a penhora dos bens da entidade; deverá expedir ofício ao
Presidente do Tribunal para que no orçamento seguinte fique consignada
a quantia que é devida a outra parte. Trata-se da aplicação da sistemática
dos precatórios (artigo 100 da CF/88).

______________________________________________________________________

33. Sobre o tombamento, assinale a alternativa correta:


a) Em se tratando de bens públicos, o tombamento se dá de ofício,
mas deverá ser notificado à entidade a quem pertencer, ou sob cuja
guarda estiver a coisa tombada, afim de produzir os necessários
efeitos.
b) Um mesmo bem não pode ser tombado por mais de um ente
federado. Assim, se a União tombar um determinado bem, não poderá o
Estado de São Paulo tombá-lo novamente.
c) Bem público tombado é alienável a particulares.
d) O tombamento, como espécie de intervenção supressiva na
propriedade, incide sobre bens móveis e imóveis.
e) O tombamento gera sempre o direito de indenização e cabe ao
proprietário o dever de conservação do bem tombado.

53
Comentários:

A resposta correta é a letra “a”. Vejamos. Tombamento é forma de


intervenção RESTRITIVA na propriedade em que o Poder Público protege
o patrimônio cultural brasileiro. Não há nenhum óbice para que um bem
público seja tombado. Para responder corretamente à questão bastava
ter o conhecimento do artigo 5º do DL 25/67, que assim dispõe: o
tombamento dos bens pertencentes à União, aos Estados e aos Municípios
se fará de ofício, por ordem do diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional, mas deverá ser notificado à entidade a quem pertencer,
ou sob cuja guarda estiver a coisa tombada, afim de produzir os
necessários efeitos.

Vamos analisar as demais alternativas.

Letra “b”: errada. É pacifico que os bens podem ser objeto de


tombamento por mais de um ente público, cumulativamente.

Letra “c”: errada. Bem público tombado não pode ser alienado a
particular. Veja o que dispõe o artigo 11 do DL 25/67: as coisas
tombadas, que pertençam à União, aos Estados ou aos Municípios,
inalienáveis por natureza, só poderão ser transferidas de uma à outra
das referidas entidades.

Letra “d”: errada. Pequeno detalhe que deixou a alternativa


incorreta: o tombamento é uma espécie de intervenção restritiva e não
supressiva na propriedade.

Letra “e”: errada. O tombamento não gera qualquer tipo de


indenização ao proprietário, exceto se o proprietário provar que o ato
causou algum prejuízo. A responsabilidade de reparar e conservar o
imóvel tombado é do proprietário, salvo quando demonstrado que ele não

54
dispõe de recurso para proceder à reparação. Com efeito, se o proprietário
da coisa tombada não dispuser de recursos para proceder às obras de
conservação e reparação necessárias, ele deverá comunicar essa
circunstância ao órgão competente que decretou o tombamento para
arcar com as despesas necessária à sua conservação. (Informativo 507
do STJ).

______________________________________________________________________

34. Sobre as intervenções na propriedade, assinale a alternativa


correta:
a) Toda e qualquer obra de origem estrangeira está imune ao
tombamento, por não pertencer ao patrimônio histórico e artístico
nacional.
b) Requisição é a modalidade de intervenção estatal na propriedade,
através da qual o Estado utiliza, transitoriamente, imóveis privados,
como meio de apoio à execução de obras e serviços públicos.
c) O Estado de SP não pode desapropriar um bem do município de
Mogi das Cruzes.
d) A servidão administrativa, cuja natureza jurídica é de direito real,
incide sobre bens imóveis, possui caráter de definitividade e é
autoexecutória.
e) Em regra, o proprietário não tem direito à indenização por
conta das limitações administrativas que incidam sobre sua
propriedade. No entanto, excepcionalmente, a jurisprudência
reconhece o direito à indenização quando a limitação administrativa
reduzir o valor econômico do bem.

55
Comentários:

Letra “e”: alternativa correta.

Limitação administrativa é - uma determinação de caráter geral (é


um ato normativo), por meio da qual o Poder Público impõe a
proprietários indeterminados obrigações positivas (de fazer), negativas
(não fazer) ou permissivas (tolerar) com o objetivo de fazer com que aquela
propriedade atenda à sua função social. Ex. O plano diretor da cidade
impõe que os prédios construídos em determinada área do município
devem ter, no máximo, 8 andares.

As limitações administrativas, em regra, são:

a) Atos legislativos ou administrativos de caráter geral


(leis, decretos, resoluções etc.);

b) Definitivas (tendem a ser definitivas, podendo, no


entanto, ser revogadas ou alteradas);

c) Unilaterais (impõem obrigações apenas ao proprietário);

d) Gratuitas (porque o Estado não precisa pagar


indenização aos proprietários);

e) Intervenções que restringem o caráter absoluto da


propriedade.

Na generalidade dos casos, a limitação administrativa é gratuita.


No entanto, excepcionalmente, a jurisprudência reconhece o direito à
indenização quando a limitação administrativa reduzir o valor econômico
do bem. Essa é a jurisprudência do STJ: (...) Sendo imposições de

56
natureza genérica, as limitações administrativas não rendem ensejo a
indenização, salvo comprovado prejuízo. (...) (REsp 1233257/PR, Rel.
Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 16/10/2012, DJe
22/10/2012).
Importante destacar que, segundo decidiu o STJ, os danos
eventualmente causados pela limitação administrativa devem ser objeto
de ação de direito pessoal, cujo prazo prescricional é de cinco anos, e não
de direito real, que seria o caso da desapropriação indireta.
Ademais, o proprietário não terá direito à indenização se adquiriu
o bem após a limitação administrativa já ter sido imposta: (...) É indevido
o direito à indenização se o imóvel for adquirido após o implemento da
limitação administrativa, porque se supõe que as restrições de uso e gozo
da propriedade já foram consideradas na fixação do preço. (...) (REsp
920.170/PR, Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado
em 09/08/2011)

Letra “a”: incorreta. O artigo 3º do DL 25/67 excluem algumas


obras de origem estrangeira que não podem ser objeto de tombamento. A
questão está errada por ser genérica e apresentar que todo e qualquer
obra estrangeira será imune ao tombamento. Veja a redação do artigo 3º:
Art. 3º Excluem-se do patrimônio histórico e artístico
nacional as obras de origem estrangeira:
1) que pertençam às representações diplomáticas ou
consulares acreditadas no país;
2) que adornem quaisquer veiculos pertecentes a emprêsas
estrangeiras, que façam carreira no país;
3) que se incluam entre os bens referidos no art. 10 da
Introdução do Código Civíl, e que continuam sujeitas à lei
pessoal do proprietário;
4) que pertençam a casas de comércio de objetos históricos
ou artísticos;

57
5) que sejam trazidas para exposições comemorativas,
educativas ou comerciais:
6) que sejam importadas por emprêsas estrangeiras
expressamente para adôrno dos respectivos
estabelecimentos.
Parágrafo único. As obras mencionadas nas alíneas 4 e 5
terão guia de licença para livre trânsito, fornecida pelo
Serviço ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Letra “b”: incorreta. Trata-se do conceito de ocupação temporária


como a forma de intervenção pela qual o Poder Público usa
transitoriamente imóveis privados, como meio de apoio à execução de
obras e serviços públicos. Ex. Utilização temporária de terrenos
particulares contíguos a estradas (em construção ou em reforma), para a
alocação transitória de máquinas de asfalto, equipamentos de serviço,
pequenas barracas de operário, etc. O uso de escolas, clubes e outros
estabelecimentos privados por ocasião das eleições.

Letra “c”: incorreta. É possível que o Estado venha a desapropriar


um bem pertencente a um município localizado em seu território.
Conforme dispõe o artigo 2º, §1º do DL 3365/4, os bens do domínio dos
Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser
desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em
qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa.
Situação polêmica se insere no contexto da possibilidade de um
ente menor (ex. um município) desapropriar um bem de um ente maior
(ex. Estado ou União). Nesse caso, alguns autores afirmam que em razão
da autonomia dos entes federados e da inexistência de hierarquia entre
eles, o §1º não foi recepcionado pela CF/88. Não há entendimento
pacífico, mas prevalece a constitucionalidade do parágrafo, ante a

58
ausência de julgamento da questão por parte do STF. Portanto, leve para
a sua prova o conhecimento da redação do §1º do artigo 2º.

Letra “d”: incorreta. Pequeno detalhe que deixou a alternativa


incorreta: inexiste autoexecutoriedade na servidão administrativa. É
necessária que tal modalidade de intervenção seja constituída por meio
de acordo entre as partes ou por decisão judicial. Depois de declarada a
necessidade pública de instituir a servidão, o Estado utilizará a
propriedade para o fim já especificado. As partes celebram um acordo
formal, por escritura pública, para fins de subsequente registro do direito
real. Quando não houver acordo entre as partes, o Poder Público
promoverá ação em face do proprietário para a utilização forçada do bem
e, por conseguinte, a servidão será determinada por sentença judicial.

______________________________________________________________________

35. Considere os enunciados a seguir:


I – Um bem público da União foi aforado a um particular. O domínio pleno
– direto - da União não pode ser desapropriado, mas o STJ entende
plenamente possível que o domínio útil do particular seja desapropriado
pelo Estado.

II - Restando configurada a ocupação indevida de bem público, não há


falar em posse, mas em mera detenção, de natureza precária, o que afasta
a viabilidade de indenização por acessões ou benfeitorias.
III – Segundo entendimento recente do STJ é cabível o ajuizamento de
ações possessórias por parte de invasor de terra pública contra outros
particulares.
Marque a alternativa correta:
a) Apenas os enunciados I e II estão corretos.
b) Apenas os enunciados II e III estão corretos.
c) Todos os enunciados estão incorretos.

59
d) Todos os enunciados estão corretos.
e) Apenas o enunciado II está correto.

Comentários:

Enunciado I: correto.
O aforamento, ou enfiteuse, é uma forma de gestão dos bens
imóveis da União. Nesse contexto, a União aliena o DOMÍNIO ÚLTIL do
seu bem e permanece com o DOMÍNIO DIRETO do imóvel. Ocorre, assim,
uma fusão de propriedade.
A União, titular do domínio eminente ou direto, é qualificada como
senhorio direto e tem o direito de receber o valor do foro do particular,
chamado de foreiro. Por sua vez, o foreiro tem um feixe de poderes, que
abrangem o de usar, gozar e dispor do imóvel.
Sabe-se que um bem da União não pode ser desapropriado pelo
Estado em razão do disposto no artigo 2º, §2º do DL 3.365/41, que veda
a desapropriação, pelos Estados dos bens federais e a desapropriação,
pelos Municípios, dos bens estaduais e federais. Importante destacar que
esse dispositivo sofre críticas doutrinárias por pressupor uma hierarquia
entre os entes federativos, não reconhecida pela CF/88. Ocorre que tal
dispositivo não foi declarado inconstitucional pelo STF, permanecendo
válido.
Agora atentem: essa vedação NÃO SE APLICA ao caso especial em
que um bem da União é aforado a um particular, e um Estado-membro
quer desapropriar o DOMINIO ÚTIL do particular. Nessa situação, existe
um verdadeiro desdobramento dos poderes dominiais.
Portanto, para responder à pergunta, precisa-se saber que o domínio
pleno – direto - da União não pode ser desapropriado, mas o STJ entende
plenamente possível que o domínio útil do particular seja desapropriado
pelo Estado.

60
Enunciado II: correto. Como já pacificou o STJ, em se tratando de
bem público, não há que se falar em posse, mas mera detenção, de
natureza precária, o que afasta, por conseguinte, o direito de retenção
por benfeitorias, ainda que à luz de alegada boa-fé. Destaque-se o
seguinte precedente:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO


REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. ART. 535, II DO
CPC. VIOLAÇÃO NÃO CONFIGURADA. BEM PÚBLICO.
OCUPAÇÃO IRREGULAR. DIREITO DE INDENIZAÇÃO
PELAS ACESSÕES. INEXISTÊNCIA.
1. O fato de as conclusões do acórdão recorrido serem
contrárias aos interesses da parte, não configura violação
ao artigo 535, II do Código de Processo Civil.
2. Restando configurada a ocupação indevida de bem
público, não há falar em posse, mas em mera
detenção, de natureza precária, o que afasta o direito
de retenção por benfeitorias e o almejado pleito
indenizatório à luz da alegada boa-fé.
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp 1470182/RN, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em
04/11/2014, DJe 10/11/2014).

Para aprofundar o tema, leia as brilhantes explicações do professor


Márcio, clicando aqui.

Enunciado III: correto.

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AJUIZAMENTO


DE AÇÃO POSSESSÓRIA POR INVASOR DE TERRA
PÚBLICA CONTRA OUTROS PARTICULARES.

61
É cabível o ajuizamento de ações possessórias por
parte de invasor de terra pública contra outros
particulares. Inicialmente, salienta-se que não se
desconhece a jurisprudência do STJ no sentido de que a
ocupação de área pública sem autorização expressa e
legítima do titular do domínio constitui mera detenção (REsp
998.409-DF, Terceira Turma, DJe 3/11/2009). Contudo,
vislumbra-se que, na verdade, isso revela questão
relacionada à posse. Nessa ordem de ideias, ressalta-se o
previsto no art. 1.198 do CC, in verbis: “Considera-se
detentor aquele que, achando-se em relação de
dependência para com outro, conserva a posse em nome
deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas”.
Como se vê, para que se possa admitir a relação de
dependência, a posse deve ser exercida em nome de outrem
que ostente o jus possidendi ou o jus possessionis. Ora,
aquele que invade terras públicas e nela constrói sua
moradia jamais exercerá a posse em nome alheio, de modo
que não há entre ele e o ente público uma relação de
dependência ou de subordinação e, por isso, não há que se
falar em mera detenção. De fato, o animus domni é
evidente, a despeito de ele ser juridicamente infrutífero.
Inclusive, o fato de as terras serem públicas e, dessa
maneira, não serem passíveis de aquisição por usucapião,
não altera esse quadro. Com frequência, o invasor
sequer conhece essa característica do imóvel.
Portanto, os interditos possessórios são adequados à
discussão da melhor posse entre particulares, ainda
que ela esteja relacionada a terras públicas. REsp
1.484.304-DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em
10/3/2016, DJe 15/3/2016.

62
O STJ fez a seguinte distinção:

 Perante o Poder Público, o particular não poderá ser sequer


considerado possuidor, exercendo mera detenção de
natureza precária. Com efeito, não pode ajuizar ações
possessórias contra o Poder Público.

 Entretanto, a situação é diferente entre particulares. Ex.


Caso José, ainda que à revelia da lei, ocupe uma área
pública, quanto a outros ocupantes, também particulares,
José possui o intuito de domínio, mesmo que não seja
possível alegá-lo perante o Poder Público. Com efeito, para o
STJ, caso a área seja invadida por outro particular, será
possível que José utilize das ações possessórias para
proteger a sua ocupação.

______________________________________________________________________

36. Sobre as cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos,


marque a alternativa correta:
a) As cláusulas exorbitantes precisam ser previstas expressamente
nos contratos administrativos, bem como nos contratos privados que a
Administração Pública celebra para possuírem normatividade.
b) O poder de alteração unilateral somente se refere às cláusulas
regulamentares ou de serviço, que são aquelas que dispõem sobre o
objeto do contrato. Desta feita, cláusulas econômico-financeiras e
monetárias não podem ser alteradas unilateralmente.
c) Mesmo que haja alteração unilateral do contrato que aumente os
encargos do contratado, a Administração não precisará reestabelecer, por
aditamento, o equilíbrio econômico-financeiro inicial.

63
d) Apenas se admite alteração unilateral quantitativa do objeto do
contrato. Conforme dispõe a Lei 8.666/93, o contratado fica obrigado a
aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou supressões
que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% do valor inicial
atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de
equipamento, até o limite de 50% para os seus acréscimos.
e) A Administração Pública pode rescindir unilateralmente o contrato,
contudo essa faculdade somente pode ocorrer se houve inadimplemento
por parte da contratada.

Comentários:

Letra “b”: correta. A Administração pode promover alterações


unilaterais no contrato administrativo, com o escopo de possibilitar a
melhor adequação às finalidades de interesse público. De fato, as
alterações unilaterais (artigo 65, inciso I, da Lei 8.666/93) somente se
referem às cláusulas regulamentares ou de serviço. A alteração
unilateral é prevista:

 Quando houver modificação do projeto ou das especificações, para


melhor adequação técnica aos seus objetivos (alteração
QUALITATIVA).

 Quando necessária a modificação do valor contratual, em


decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto
(alteração QUANTITATIVA).

Importante destacar que o ato de alteração unilateral deve ser


motivado. Com efeito, é preciso que haja a indicação dos fatos e
fundamentos jurídicos.

64
Por outro lado, cláusulas econômico-financeiras e monetárias
só podem ser alteradas com prévia concordância do contratado
(artigo 58, §1º, da Lei 8.666/93).

Letra “a”: incorreta. A presença de cláusulas exorbitantes é


IMPLÍCITA nos contratos administrativos, uma vez que já constam no
artigo 58 da Lei 8.666/93. De outra banda, nos contratos privados
(celebração de contratos em que a Administração Pública, em princípio,
encontra-se em posição de igualdade com o particular, em vista de o
ajuste reger-se predominantemente pelo direito privado) as cláusulas
exorbitantes precisam ser expressamente previstas. Veja como o CESPE
já cobrou essa diferenciação:

CESPE, PGE/CE, 2008: Quando a administração celebra contratos


administrativos, as cláusulas exorbitantes existem implicitamente, ainda
que não expressamente previstas. Quando a administração celebra
contratos de direito privado, as cláusulas exorbitantes têm de ser
expressamente previstas, com base em lei que derrogue o direito comum.
CERTO

Letra “c”: incorreta. A alternativa diz exatamente o contrário do


artigo 65, §6º, da Lei 8.666/93: em havendo alteração unilateral do
contrato que aumente os encargos do contratado, a Administração
deverá restabelecer, por aditamento, o equilíbrio econômico-
financeiro inicial. Tal artigo confirma o disposto no artigo 58, §2º, da
Lei 8.666/93.

Letra “d”: incorreta. Conforme já exposto, é possível alteração


tanto quantitativa, quanto qualitativa. O erro da questão encontra-se
na primeira frase, quando restringe a alteração quantitativa. No mais, os
limites para acréscimos e supressões de obras, serviços ou compras
encontram-se estabelecidos nos §1º e 2º do artigo 65, sendo:

65
 25% do valor inicial atualizado do contrato.

 50%, no caso específico de reforma de edifício ou de equipamento;


aplicável este limite ampliado somente para os acréscimos.

 Qualquer %, quando se tratar de supressão resultante de ACORDO


entre os contratantes. Observe, portanto, que não se trata de
alteração unilateral, mas de acordo entre as partes.

Importante ressaltar que a Administração tem o poder de IMPOR


ao contratado que aceite as modificações efetuadas dentro dos limites
fixados em lei. Caso não se submete às alterações, o contratado é
considerado descumpridor do contrato, o que pode ensejar a rescisão do
contrato pela Administração, com aplicação de penalidade. De outra
banda, não pode a Administração impor alterações além dos limites da
lei.
As alterações qualitativas decorrem de modificações necessárias ou
convenientes nas obras ou serviços, sem, entretanto, implicarem
mudanças no objeto contratual, seja em natureza ou dimensão.
Vale salientar que a lei não faz menção expressa aos limites das
alterações qualitativas. A doutrina não é unânime no sentido da
aplicação ou não dos limites das alterações quantitativas para as
alterações qualitativas. Maria Silva e Celso Antônio entendem que apenas
as alterações quantitativas estão sujeitas aos limites de 25% e 50%
previstos na Lei 8.666/93. Porém, o autor aduz que não há uma total e
ilimitada liberdade para a Administração fazer modificações, só se
justificando quando perante circunstâncias específicas verificadas em
cada caso.
Já Hely Lopes, José dos Santos Carvalho Filho e Lucas Rocha
Furtado entendem que devem ser estabelecidas para as alterações
qualitativas os mesmos limites para as alterações quantitativas. O TCU
(Decisão n. 215/1999) firmou o entendimento de que tanto as alterações

66
quantitativas como as qualitativas estão sujeitas aos limites previstos no
artigo 65, §§1º e 2º da Lei 8.666/93. O TCU também admitiu a
ultrapassagem dos referidos limites, caso demonstrado que a adoção de
alternativa representaria insuportável sacrifício ao interesse público
primário (trata-se de situação excepcional).
Saliento que essa discussão foi cobrada na prova discursiva de
Procurador da Fazenda Nacional, realizada em janeiro de 2016, que
trouxe no espelho especificamente a Decisão n. 215 do TCU. A questão
perguntava dentro outros aspectos, quais seriam os limites da alteração
qualitativa. Nesse ponto, a ESAF forneceu o seguinte espelho:

Limites para a alteração: i) indicação da


impossibilidade de alteração que desnature o próprio
objeto licitado. ii) registro não apenas da
aplicabilidade, como regra, às alterações qualitativas,
dos limites estabelecidos no art. 65, §§ 1º e 2º, da Lei
nº 8.666/1993, mas também da possibilidade da
excepcional extrapolação do limite de acréscimo de
25%, observadas determinadas condicionantes, tudo à
luz da Decisão nº 215/1999 – Plenário – TCU, que tem
caráter normativo (cf. o art. 1º, inc. XVII e § 2º, da Lei
nº 8.443/1992).

Letra “e”: incorreta. A rescisão unilateral pela Administração é uma


forma de extinção do contrato administrativo. Também se insere como
uma cláusula exorbitante (artigo 58, II, da Lei 8.666/93). A rescisão
unilateral não decorre apenas do inadimplemento com culpa do
contratado. Pode decorrer:

67
Abrange hipóteses como o não cumprimento ou
cumprimento irregular das cláusulas contratuais,
lentidão, atraso injustificado, paralisação,
INADIMPLEMENTO COM subcontratação total ou parcial, cessão, transferência
CULPA: (salvo as permitidas no edital/contrato),
(INCISOS I A VIII E desatendimento de determinações regulares da
XVIII, ART. 78): autoridade que acompanha e fiscaliza a execução,
cometimento reiterado de faltas, descumprimento do
artigo 7º, XXXIII, da CF (trabalho de menor*).

Situações que caracterizem desaparecimento do


sujeito, sua insolvência ou comprometimento da
INADIMPLEMENTO SEM execução do contrato – falência, concordata
CULPA (INCISOS IX A XI (recuperação judicial – a lei não foi alterada),
DO ART. 78): instauração de insolvência civil, dissolução da
sociedade, falecimento do contratado, alteração social
ou modificação da finalidade ou estrutura da empresa
que prejudique a execução do contrato. Em caso de
recuperação, é permitido à Administração manter o
contrato, assumindo o controle de determinadas
atividades necessárias à sua execução (art. 80, § 2º).

Caso previsto no inciso XII que assim dispõe: razões de


interesse público, de alta relevância e amplo
RAZÕES DE INTERRE conhecimento, justificadas e determinadas pela
PÚBLICO máxima autoridade da esfera administrativa a que está
subordinado o contratante e exaradas no processo
administrativo a que se refere o contrato;
CASO FORTÚITO E Previsto no inciso XVII: a ocorrência de caso fortuito ou
FORÇA MAIOR de força maior, regularmente comprovada, impeditiva
da execução do contrato.

68
Ademais, a rescisão unilateral do contrato é conferida com
exclusividade à Administração, sendo que o contratado sempre deverá
recorrer ao judiciário para alcançar a rescisão não consensual do
contrato.

______________________________________________________________________

37. No tocante aos contratos administrativos, analise as alternativas


abaixo e assina a incorreta:
a) Em regra, o contrato administrativo deve ser celebrado pela
forma escrita, o que caracteriza a formalidade dos contratos
administrativos. Não obstante, é possível contrato verbal nas
hipóteses de pequenas compras de pronto pagamento, de valor não
superior a 5% do valor para as compras por meio da modalidade
tomada de preços.
b) A mutabilidade é a característica do contrato administrativo que
permite à Administração Pública a alteração unilateral e limitada do
contrato.
c) Pode-se afirmar que o contrato administrativo é personalíssimo,
pois considera as qualidades pessoais do contratado.
d) O instrumento do contrato é obrigatório nos casos de concorrência
e tomada de preços, bem como nas dispensas e inexigibilidades cujos
preços estejam compreendidos nos limites dessas duas modalidades de
licitação.
e) A publicação resumida do instrumento do contrato é condição
indispensável para a sua eficácia.

Comentários:

A letra “a” encontra-se incorreta por um pequeno detalhe


(pegadinha da questão): não se trata de tomada de preços, mas da

69
modalidade do convite. Atente ao disposto no parágrafo único do artigo
60:

Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados


nas repartições interessadas, as quais manterão arquivo
cronológico dos seus autógrafos e registro sistemático do
seu extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre imóveis,
que se formalizam por instrumento lavrado em cartório de
notas, de tudo juntando-se cópia no processo que lhe deu
origem.
Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato
verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras
de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de
valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite
estabelecido no art. 23, inciso II, alínea "a" desta Lei,
feitas em regime de adiantamento.

O artigo 23, II, “a” traz justamente a modalidade CONVITE.


Percebe-se, assim, que a leitura da lei seca é extremamente importante.
Letra “b”: correta. A mutabilidade encontra previsão no artigo 65
da Lei 8.666/93. Trata-se, inclusive, de cláusula exorbitante.

Letra “c”: correta. Os contratos administrativos são


personalíssimos ou intuitu personae. Isso importa a vedação a
subcontratações sem previsão no contrato e/ou no edital e sem
autorização da Administração, devendo, em qualquer caso, se sujeitar
aos requisitos da licitação; bem como na vedação a subcontratação da
totalidade do contrato. Veja o que dispõe o artigo 72:

Art. 72. O contratado, na execução do contrato, sem


prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, poderá

70
subcontratar partes da obra, serviço ou fornecimento, até o
limite admitido, em cada caso, pela Administração.

Ademais, caso o contratado não siga estritamente as restrições


para a subcontratação, o contrato está sujeito a rescisão.

Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:


VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a
associação do contratado com outrem, a cessão ou
transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou
incorporação, não admitidas no edital e no contrato;

Letra “d”: correta. Trata-se do disposto no artigo 62 da Lei


8.666/93: o instrumento de contrato é obrigatório nos casos de
concorrência e de tomada de preços, bem como nas dispensas e
inexigibilidades cujos preços estejam compreendidos nos limites destas
duas modalidades de licitação, e facultativo nos demais em que a
Administração puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais
como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de
compra ou ordem de execução de serviço.
Letra “e”: Correta. A publicação resumida do instrumento do
contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial é condição
indispensável para sua EFICÁCIA.

______________________________________________________________________

38. Considere os seguintes enunciados:

I – A nulidade não exonera a Administração do dever de indenizar o


contratado pelo que este houver executado até a data em que ela for
declarada e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto

71
que não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem
lhe deu causa.
II – A duração dos contratos administrativos decorrentes dos serviços de
prestação continuada poderá ter duração de até 60 meses, sendo que,
em caso de excepcional interesse público, será possível a prorrogação por
mais 12 meses, findando, assim, depois de 72 meses. O TCU entende que
serviços de fornecimento de água, energia elétrica e manutenção de
elevadores são de natureza contínua.
III – Os contratos terão duração, em regra um exercício financeiro,
inclusive os contratos decorrentes de projetos contemplados nas metas
estabelecidas no Plano Plurianual.
Assinale a alternativa que contém os enunciados corretos:
a) I, II e III.
b) I e III
c) Apenas o I.
d) I e II
e) Apenas o II.

Comentários:

Enunciado I: correto. Trata-se da redação do parágrafo único do


artigo 59 da Lei 8.666/93. A anulação dos contratos administrativos
funda-se no princípio da legalidade e no poder de autotutela, devendo a
administração, assim, anular os atos que contrariem a lei.
A anulação de contrato administrativo opera efeitos retroativos,
impedindo as consequências jurídicas que, ordinariamente, deveriam ser
produzidas, além de desconstituir os atos já produzidos (art. 59 da Lei
n.º 8.666/93).
Se a ilegalidade for imputável à administração, há dever de
indenizar o contratado pelos prejuízos sofridos e pela parte já executada,
sob pena de enriquecimento ilícito.

72
Deve haver, ainda, apuração da responsabilidade dos seus
servidores pela ocorrência do vício.

Enunciado II: correto. O prazo contratual encontra previsão no


artigo 57 da Lei 8.666/93. Regra geral, a duração dos contratos fica
adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários. Nada
obstante, o mesmo artigo traz um rol de exceções. Dentre elas, encontra-
se o inciso II relativo à prestação de serviços a serem executados de forma
contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e
sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais
vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses. Por sua vez,
o §4º do mencionado artigo dispõe que em caráter excepcional,
devidamente justificado e mediante autorização da autoridade superior,
o prazo de que trata o inciso II do caput deste artigo poderá ser
prorrogado por até doze meses. Ademais, o TCU entende que serviços de
fornecimento de água, energia elétrica e manutenção de elevadores são
de natureza contínua (ACÓRDÃO 1382/2003). Portanto, a questão
encontra-se correta.

Enunciado III: incorreto. Os projetos cujos produtos estejam


contemplados nas metas estabelecidas no Plano Plurianual constituem
exceção à regra geral. Assim, poderão ser prorrogados se houver interesse
da Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato
convocatório. Lembre-se que o PPA é uma das leis orçamentárias para a
programação de longo prazo. Com efeito, os projetos e programas
previstos no PPA poderão ser prorrogados em relação aos períodos
previstos.

______________________________________________________________________

73
39. Assinale a opção correta no que se refere aos contratos
administrativos.
a) O fato da administração é um fato genérico e extracontratual
imputável à administração pública que acarreta o aumento dos custos
do contrato administrativo.
b) A exceptio non adimpleti contractus não pode ser invocada por
inadimplência nos contratos administrativos.
c) O STJ entende que o aumento salarial, decorrente de dissídio
coletivo, pode ser considerado fato imprevisível a ensejar revisão
contratual.
d) O STJ entende que a declaração de inidoneidade só produz
efeitos para o futuro (ex nunc), sem interferir, por isso, nos contratos
já existentes e em andamento.
e) A retomada do objeto pela Administração, que visa assegurar a
continuidade da execução do contrato, sempre que sua paralisação possa
ocasionar prejuízo ao interesse público ou prejudicar serviço público
essencial, depende do prévio pagamento de indenização.

Comentários:
Letra “d”: correta. Pela inexecução total ou parcial do contrato a
Administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado a
sanção de declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
Administração Pública (artigo 87, IV, da Lei 8.666/93). O STJ entende
que a declaração de inidoneidade só produz efeitos para o futuro (ex
nunc), sem interferir, por isso, nos contratos já existentes e em
andamento. Com isso, afirma-se que o efeito da sanção inibe a empresa
de licitar ou contratar com a Administração Pública, sem, contudo,
acarretar automaticamente, a rescisão de contratos administrativos já
aperfeiçoados juridicamente e em curso de execução.

ADMINISTRATIVO - LICITAÇÃO - INIDONEIDADE


DECRETADA PELA CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO -

74
ATO IMPUGNADO VIA MANDADO DE SEGURANÇA. 1.
Empresa que, em processo administrativo regular, teve
decretada a sua inidoneidade para licitar e contratar com o
Poder Público, com base em fatos concretos. 2.
Constitucionalidade da sanção aplicada com respaldo na
Lei de Licitações, Lei 8.666/93 (arts. 87e 88). 3. Legalidade
do ato administrativo sancionador que observou o devido
processo legal, o contraditório e o princípio da
proporcionalidade. 4. Inidoneidade que, como sanção,
só produz efeito para o futuro (efeito ex nunc), sem
interferir nos contratos já existentes e em andamento.
5. Segurança denegada (STJ - MS: 13101 DF
2007/0224011-3, Relator: Ministro JOSÉ DELGADO, Data
de Julgamento: 14/05/2008).

Inclusive, a AGU possui uma orientação normativa nesse mesmo


sentindo. Trata-se da ON nº 49 que assim dispõe:

A aplicação das sanções de impedimento de licitar e


contratar no âmbito da união (art. 7º da lei nº 10.520, de
2002) e de declaração de inidoneidade (art. 87, inc. iv. da
lei nº 8.666, de 1993) possuem efeito ex nunc, competindo
à administração, diante de contratos existentes, avaliar a
imediata rescisão no caso concreto.

Letra “a”: incorreta. O fato da administração é específico e


diretamente relacionado com o contrato. Compreende qualquer conduta
ou comportamento da Administração que, como parte contratual, torne
impossível a execução do contrato ou provoque seu desequilíbrio
econômico. Nesse caso, a Administração responde pelo desequilíbrio
ocorrido. Nos termos do art. 78, incisos XIII e XI, pode ser requerida a
rescisão amigável ou judicial pelo contratante particular.

75
Já o fato do príncipe corresponde a um ato de autoridade, não
diretamente relacionado com contrato, mas que repercute indiretamente
sobre ele. Administração responde pelo desequilíbrio ocorrido. Quebra-se
o equilíbrio do contrato, por força de ato ou medida instituída pelo próprio
Estado. Caracteriza-se por ser imprevisível, extracontratual e
extraordinário. Quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados
ou extintos, bem como a superveniência de disposições legais, quando
ocorridas APÓS a data da apresentação da proposta, se comprovada
repercussão nos preços contratados, implicarão a revisão destes para
mais ou para menos, conforme o caso.

Letra “b”: incorreta. A exceção de contrato não cumprido não se


aplica, a princípio, aos contratos administrativos quando a falta é da
administração. O particular não pode interromper a execução do
contrato, em decorrência do princípio da continuidade do serviço público
e da supremacia do interesse público. Em relação aos contratos
administrativos, há uma permissão de atraso no pagamento pelo período
de até 90 dias, sem que o contratado possa paralisar a execução do
contrato antes desse período. Assim, o contratado apenas poderá opor
a exceção do contrato não cumprido quando a Administração,
injustificadamente, e por mais de 90 dias, deixar de efetuar o
pagamento de parcela a ele devida, ressalvada a ocorrência de
calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra.
Neste caso, o particular poderá optar por:

 Requerer a rescisão judicial ou amigável do contrato e a reparação


dos prejuízos comprovados que houver sofrido, tendo ainda direito
à devolução da garantia, dos pagamentos devidos pela execução do
contrato até a data da rescisão e ao pagamento do custo de
desmobilização (art. 79, § 2º).

 Suspender a execução do contrato:

76
Portanto, a questão encontra-se incorreta, uma vez que nega a
aplicação da cláusula de forma absoluta. É preciso ficar atento que a
cláusula é aplicável, mas de maneira restrita, conforme explicado.

Letra “c”: incorreta. O STJ assentou que aumento salarial,


decorrente de dissídio coletivo, tal como ocorre com a inflação, não
pode ser considerado fato imprevisível a ensejar revisão contratual.

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. ARTIGO 65,


INCISO II, "D", LEI 8.666/1993. PREQUESTIONAMENTO
AUSÊNCIA. DISSÍDIO COLETIVO. AUMENTO SALARIAL.
FATO PREVISÍVEL. ADITAMENTO CONTRATUAL.
IMPOSSIBILIDADE. (...) 2. Isso porque prevalece nesta Corte
Superior o entendimento de que o dissídio coletivo que
provoca aumento salarial é fato previsível, afastando-
se a hipótese de aplicação do art. 65, II, "d", da Lei
8.666/93. 3. Agravo regimental não provido.” (STJ,
Segunda Turma, AgRg no AREsp nº 132.095, Rel. Min.
CASTRO MEIRA, DJe 02/08/2012)

Letra “e”: incorreta. A retomada do objeto também é uma cláusula


exorbitante que visa assegurar a continuidade da execução do contrato,
sempre que sua paralisação possa ocasionar prejuízo ao interesse público
ou prejudicar serviço público essencial (Princípio da Continuidade do
Serviço Público). A questão encontra-se incorreta pelo fato de que o STJ
tem entendimento no sentido de que a retoma prescinde do pagamento
prévio de indenização.
Com efeito, A retomada do objeto pela Administração não depende
do prévio pagamento de indenização, que deverá ser pleiteada pela
empresa nas vias ordinárias (STJ, 2ª Turma, AgRg no REsp
1.435347/RJ, Informativo 546).
______________________________________________________________________

77
40. Analise os seguintes enunciados:
I - A ação de desapropriação indireta prescreve em 20 anos, nos termos
da Súmula 119 do STJ e na vigência do Código Civil de 1916, e em 10
anos sob a égide do Código Civil de 2002, observando-se a regra de
transição disposta no art. 2.028 do CC/2002.
II - Na desapropriação, a base de cálculo dos juros compensatórios é a
diferença entre os 80% do preço ofertado e o valor do bem definido
judicialmente.
III – O Estado de São Paulo poderá desapropriar um imóvel rural, desde
que não se destine à reforma agrária, pois, neste caso, a competência é
privativa da União.
IV – Na desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária,
o pagamento será feito em títulos da dívida agrária, inclusive o referente
às benfeitorias úteis e necessárias.
V - Com fundamento no princípio da supremacia do interesse público
sobre o privado, não se admite que a desapropriação se dê por acordo
realizado, na via administrativa, entre a administração pública e o
proprietário do bem.
Assinale a alternativa que elenca os enunciados corretos:
a) I, II, III e IV.
b) I, II, III, IV e V.
c) I e II
d) II, III e IV.
e) I, II e III.

Comentários:

I – CORRETO.
Segundo o STJ, a ação de desapropriação indireta possui natureza
real e pode ser proposta pelo particular prejudicado enquanto não tiver
transcorrido o prazo para que o Poder Público adquira a propriedade do
bem por meio da usucapião.

78
Em outras palavras, como não há um prazo específico previsto na
legislação, o STJ entendeu que deveria ser aplicado, por analogia, o prazo
da usucapião extraordinária.
Assim, enquanto não tiver passado o prazo para que o Estado
adquira o imóvel por força de usucapião, o particular poderá buscar a
indenização decorrente do ato ilícito de apossamento administrativo.
No CC-1916 o prazo para usucapião extraordinária era de 20 anos.
Por sua vez, no CC/02 o prazo é de 15 anos. No entanto, este prazo passa
a ser de 10 anos se o possuidor tiver realizado obras ou serviços de
caráter produtivo no local (parágrafo único do art. 1.238). Como na
desapropriação indireta pressupõe-se que o Poder Público tenha
realizado obras no local ou tenha dado ao imóvel uma utilidade pública
ou de interesse social, entende-se que a situação se enquadraria no
parágrafo único do art. 1.238 do CC, de sorte que o prazo para a
usucapião seria de 10 anos.
Questiona-se: o que acontece se o prazo prescricional iniciou na
vigência do CC-1916 e se estendeu para o CC-2002? Nesse caso, deverá
ser aplicada a regra de direito intertemporal prevista no art. 2.028 do CC-
2002:

Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando


reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em
vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo
estabelecido na lei revogada.

Com efeito, continua sendo o prazo do CC-1916: quando ele foi


reduzido pelo CC-2002, e se, na data da entrada em vigor do CC-2002,
já tinha transcorrido mais da metade do tempo estabelecido no CC-1916.

Precedentes: AgRg no AREsp 424803/RS, Rel. Ministro


HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
25/08/2015, DJe 10/09/2015; REsp 1328597/TO, Rel.

79
Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em
28/04/2015, DJe 15/05/2015; REsp 1386164/ SC, Rel.
Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em
03/10/2013, DJe 14/10/2013; REsp 1559744/CE
(decisão monocrática), Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, julgado em 14/10/2015, DJe 16/10/2015.
(VIDE INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA N. 523)

II – CORRETO.
Os juros compensatórios são devidos pela compensação da imissão
provisória na posse do bem. O STF tem o entendimento de que a base de
cálculo dos juros compensatórios deve ser interpretada conforme a
Constituição e, por conseguinte, será a diferença eventualmente apurada
entre 80% do preço ofertado em juízo e o valor do bem fixado na sentença.
No mesmo sentido entende o STJ (Precedentes: REsp 1397476/PE, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
28/04/2015, DJe 01/07/2015; AgRg nos EDcl no REsp 1440993/PE,
Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em
09/06/2015, DJe 19/06/2015).

III – CORRETO.
Conforme dispõe o artigo 184 da CF/8, compete à União
desapropriar por interesse social, PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA, o
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social. Nada obsta
que os Estados e Municípios promovam desapropriação de imóveis
rurais. O que não pode ocorrer é a desapropriação pelos Estados e
Municípios de imóveis rurais para fins de reforma agrária, cuja
competência pertence à União.

80
IV – INCORRETO.
A questão encontra-se incorreta pelo fato de que, conforme prevê o
artigo 184, §1º, da CF/88, as benfeitorias úteis e necessárias serão
indenizadas em DINHEIRO.

V- INCORRETO.
A desapropriação pode ocorrer de forma administrativa ou
extrajudicial quando a transferência do bem ocorre de forma amigável,
aceitando o proprietário a indenização oferecida pelo Poder Público. Não
havendo acordo quanto ao valor da indenização, outra alternativa não
resta ao poder público senão a via judicial.

Direito de Pessoal e Previdenciário Público

41. Sobre os agentes públicos e sua classificação, analise as


proposições a seguir:
I. Agente público é todo aquele que exerce função pública, ainda que
temporariamente ou sem remuneração.
II. Os agentes públicos, em seu conjunto, constituem a vontade do
Estado, sendo titulares de cargos estruturais da organização política do
país, integrando o arcabouço constitucional do Estado.
III. Servidores públicos estatutários são aqueles de cujo conceito se
extraem as seguintes características: profissionalidade, definitividade e
existência de uma relação jurídica de trabalho disciplinada por diplomas
legais específicos.
IV. O STF, em repercussão geral, consagrou a possibilidade de dispensa
imotivada de empregados públicos, que prestem serviços a sociedades de
economia mista e empresas públicas, já que eles não possuem
estabilidade.
Está correto o que se afirma APENAS em:
a) I.

81
b) II.
c) I e III.
d) I, II e III.
e) I, II, III e IV.

Comentários:

I – CORRETA. Agente público é todo aquele que exerce função pública,


ainda que temporariamente ou sem remuneração. Abarca os agentes
políticos, os servidores públicos, os empregados públicos e os
particulares em colaboração com o Poder Público.

II – INCORRETA. Esta é a definição de agentes políticos e não de agentes


públicos.

III – CORRETA. É a definição dada pela doutrina.

IV – INCORRETA. O STF, recentemente, em repercussão geral, afastou a


possibilidade de dispensa imotivada de empregados públicos que prestem
serviços a sociedades de economia mista e empresas públicas, tendo
chegado às seguintes conclusões (RE 589998): a) Não é legítimo
dispensar empregado público que preste serviço público a empresa
pública ou sociedade de economia mista mediante ato imotivado. b) Os
empregados públicos não têm a estabilidade prevista no artigo 41 da
Constituição da República, que só é estendida aos servidores públicos
estatutários; c) Não é necessária a instauração de processo
administrativo disciplinar prévio para dispensa desses empregados
públicos, bastando a motivação do ato de dispensa.

______________________________________________________________________

82
42. Assinale a alternativa correta:
a) Agente de fato é aquele cuja investidura se deu de modo irregular e
com a aparência de ilegalidade.
b) O exercício da função pública com investidura irregular e com
aparência de ilegalidade pode decorrer do estado de necessidade (agente
necessário) ou erro (agente putativo).
c) Os agentes de fato necessários praticam atos ineficazes perante os
administrados em razão da irregularidade de sua investidura.
d) Os usurpadores de função pública são investidos de modo
irregular, mediante violência ou fraude.
e) Os atos dos usurpadores de função pública são eficazes por força da
Teoria da Aparência.

Comentários:

Alternativa A – Incorreto. Agente de fato é aquele cuja investidura foi


irregular, mas cuja situação tem aparência de legalidade, pois decorre do
estado de necessidade ou do erro. Quando o exercício se dá por estado
de necessidade, têm-se os agentes necessários; quando o exercício se dá
por erro, têm-se os agentes putativos.

Alternativa B – Incorreta. Vide explicação da alternativa A.

Alternativa C – Incorreta. Os agentes de fato necessários praticam atos


eficazes interna e externamente, em razão da aplicação da Teoria da
Aparência. Entende-se que, em virtude da excepcionalidade da situação
e do interesse público a que se dirigiu o agente há idoneidade para suprir
os requisitos de direito daquele determinado ato.

Alternativa D – Correta. No caso dos usurpadores de função pública, o


exercício da função pública ocorre sem a regular investidura, mas não há
erro ou estado de necessidade e, sim violência ou fraude. Aqui, há má-fé
e os atos dos usurpadores de função pública são ineficazes.

83
Alternativa E – Incorreta. Em decorrência da má-fé, os atos de
usurpadores de função pública são ineficazes.

______________________________________________________________________

43. Sobre direitos e vedações, assinale a opção incorreta:


a) Os servidores públicos civis têm direito à livre associação sindical.
b) Os militares não têm direto à sindicalização, bem como à greve.
c) Conforme entendimento exarado pelo STF, a vedação aos militares
de realizarem greve não se aplica aos policiais civis.
d) À remuneração dos servidores públicos fica assegurada revisão geral
anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices.
e) O subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos
públicos são protegidos pelo Princípio da Irredutibilidade.

Comentários:

Alternativa A – Correta. É o teor do art. 37, VI, da CF/88.

Alternativa B – Correta. É o teor do art. 142, inc. IV, da CF/88.

Alternativa C – Incorreta. O STF equiparou os policiais civis aos militares


e, portanto, os entendeu proibidos de fazer greve, por constituírem
expressa da soberania nacional, revelando-se braços armados da nação,
garantidores da segurança dos cidadãos, da paz e da tranquilidade
públicas (STF – MI 774).

Alternativa D – Correta. É o teor do art. 37, inc. X, da CF/88.

Alternativa E – Correta. O referido princípio está consagrado no art. 37,


inc. XV, da CF/88.

______________________________________________________________________

84
44. Sobre os institutos da estabilidade, efetividade e estabilização
constitucional, assinale a alternativa incorreta:
a) A estabilidade ou estabilização constitucional é uma garantia do
servidor público, adquirida uma vez preenchidos os requisitos, entre
os quais a avalição de desempenho.
b) A efetividade é um adjetivo referente ao cargo público, o qual pode ser
de provimento efetivo ou em comissão.
c) São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados
para cargo de provimento efetivo em concurso público.
d) O servidor público estável perderá o cargo em virtude de sentença
judicial transitada em julgado, mediante processo administrativo que
garanta ampla defesa ou mediante procedimento de avaliação periódica
de desempenho que também assegure a ampla defesa.
e) Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será
ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido
ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo
ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de
serviço.

Comentários:

Alternativa A – Incorreta. A estabilidade do art. 41, da CF não se confunde


com estabilização constitucional, prevista no art. 19, do ADCT. Esta é
aplicável aos servidores não concursados.

Alternativa B – Correta. O cargo é de provimento efetivo quando


preenchido mediante a realização de concurso público.

Alternativa C – Correta. É o teor do art. 41, caput, da CF/88.

Alternativa D – Correta. É o teor do art. 41, par. 1º, da CF/88.

Alternativa E – Correta. É o teor do art. 41, par. 2º, da CF/88.


______________________________________________________________________

85
45. Sobre o acesso às funções, cargos e empregos públicos, assinale
a alternativa correta:
a) Os cargos, empregos e funções púbicas são acessíveis aos brasileiros
que preencham os requisitos estabelecidos em lei, sendo vedados aos
estrangeiros.
b) São cargos privativos de brasileiro nato: Presidente da República, Vice-
Presidente da República, Deputado Federal, Senador, Ministro do
Supremo Tribunal Federal, carreira diplomática, oficial das forças
armadas, Ministro do Estado de Defesa.
c) Reconhecida a nulidade da contratação do empregado público, em
razão de sua contratação ter se dado sem prévia realização e aprovação
em concurso público, não subsiste o direito do trabalhador ao depósito
do FGTS, mesmo quando reconhecido ser devido o salário pelos serviços
prestados.
d) A contratação por tempo determinado para atender à necessidade
temporária de excepcional interesse público dá origem a uma relação de
natureza trabalhista.
e) As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores
ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às
atribuições de direção, chefia e assessoramento.

Comentários:

Alternativa A – Incorreta. Contraria o disposto no art. 37, inc. I, da


CF/88.

Alternativa B – Incorreta. Contraria o disposto no art. 12, par. 3º, da


CF/88.

Alternativa C – Incorreta. Conforme entendimento exarado pelo


Supremo Tribunal Federal, nenhum efeito jurídico pode advir da

86
contratação viciada pela nulidade decorrente da violação do dever de
contratar mediante concurso público, salvo o direito aos salários e ao
FGTS, pelos serviços efetivamente prestados.

Alternativa D – Incorreta. O pessoal contratado na forma do art. 37,


inc. IX, da CF/88 não ocupa cargo público. Não estão sujeitos ao
regime estatutário. Por outro lado, embora se vinculem à
Administração Pública por um contrato, não é um contrato de trabalho
regido pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Eles não têm
emprego público, mas apenas estão vinculados por um regime
funcional, de natureza jurídico-administrativa. Exercem uma função
pública.

Alternativa E – Correta. É o teor do art. 37, inc. V, da CF/88.

______________________________________________________________________

46. Sobre vencimento, remuneração e subsídio, assinale a


alternativa incorreta:
a) A remuneração dos servidores públicos somente poderá ser fixada ou
alterada por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso,
assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
de índices.
b) O subsídio dos deputados federais, dos senadores, do Presidente e do
Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado não é feita por
meio de lei, e sim por decreto legislativo do Congresso Nacional.
c) Não serão computadas na aplicação do teto constitucional de
remuneração as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.
d) A remuneração dos empregados públicos das empresas públicas e das
sociedades de economia mista submetem-se ao teto constitucional
quando recebem recursos da União, estado, Distrito Federal ou

87
município para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em
geral.
e) Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
Judiciário podem ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo.

Comentários:

Alternativa A – Correta. É o teor do art. 37, inc. X, da CF/88.

Alternativa B – Correta. É o que decorre do art. 49, inc. VII e VIII. Trata-
se de competência exclusiva do Congresso nacional, não sujeita a sanção
ou veto do Presidente da República.

Alternativa C – Correta. É o teor do art. 37, par. 11, da CF/88.

Alternativa D – Correta. É o que prevê o art. 37, par. 9º, da CF/88.

Alternativa E – Incorreta. Contraria o disposto no art. 37, inc. XII, da CF,


de acordo com o qual os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e
do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder
Executivo. A doutrina esclarece que esta disposição se refere a cargos
assemelhados nos três Poderes. E, ainda, que visa minimizar os riscos de
descontrole de despesas. Isto porque como o Poder executivo é o principal
responsável por obtenção de receitas, os vencimentos por ele pagos
devem servir de limite aos vencimentos pagos pelos demais poderes.

______________________________________________________________________

47. Assinale a opção incorreta:


a) É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço
público.

88
b) É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimento dos
servidores estaduais e municipais a índices federais de correção
monetária.
c) Os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão
computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos
ulteriores.
d) A legislação pode aumentar a carga horária de servidores sem o
aumento proporcional da remuneração, pois o que se garante ao
servidor é apenas a irredutibilidade do montante total de sua
remuneração.
e) A Suprema Corte possui entendimento pacífico no sentido de que
inexiste direito adquirido à forma como são calculados os vencimentos
dos servidores públicos, pois isto implicaria reconhecer direito adquirido
a regime jurídico.

Comentários:

Alternativa A – Correta. É o teor do art. 37, inc. XIII, da CF/88. Equiparar


significa afirmar em uma lei que um determinado cargo terá remuneração
igual à de outro cargo. Vinculação é a utilização, pela lei, de índices,
formulas ou critérios automáticos de reajustamento de remuneração.

Alternativa B – Correta. É o teor da Súmula Vinculante 42.

Alternativa C – Correta. É o teor do art. 37, inc. XIV, da CF/88. Assim,


todo acréscimo pecuniário componente da remuneração dos servidores
públicos deve incidir sobre o vencimento básico, sendo proibida a
inclusão de qualquer adicional na base de cálculo de outro.

Alternativa D – Incorreta. Neste sentido, o julgado do STF, ARE


660.010/PR (Repercussão Geral).

Alternativa E – Correta. Neste sentido, os seguintes julgados do STF, o


RE 596.542 (Repercussão Geral) e AR-AgR 1,785/RS.

89
48. De acordo com a Constituição Federal (CF/88), sobre a
acumulação de cargos, funções e empregos públicos, assinale a opção
incorreta:
a) A CF/88 autoriza a acumulação de cargos públicos quando há
compatibilidade de horários e ambos os cargos forem de professor.
b) A CF/88 admite para os juízes o exercício do magistério.
c) A CF/88 não permite nenhuma acumulação de cargo público com
o cargo eletivo de vereador.
d) Não é vedada a acumulação de proventos de regimes de previdência
dos servidores públicos e dos militares com a remuneração de cargo em
comissão.
e) Não é vedada a acumulação de proventos de regimes de previdência
dos servidores públicos e dos militares com a remuneração de cargo
eletivo.

Comentários:

Alternativa A – Correta. É o teor do art. 37, inc. XVI, “a”, da CF/88.

Alternativa B – Correta. É o teor do art. 95, par. único, inc. I, da CF/88.

Alternativa C – Incorreta. Contraria o disposto no art. 38, inc. III, da


CF/88.

Alternativa D – Correta. É o teor do art. 37, par. 10, da CF/88.

Alternativa E – Correta. É o teor do art. 37, par. 10, da CF/88.

______________________________________________________________________

49. De acordo com o entendimento do STJ sobre agentes públicos,


assinale a alternativa correta:
a) Ainda que o requisito da idade mínima de 18 anos conste em lei e
no edital de concurso público, é possível que o candidato menor de

90
idade aprovado no concurso tome posse no cargo de auxiliar de
biblioteca no caso em que ele, possuindo 17 anos e 10 meses na data
da sua posse, já havia sido emancipado voluntariamente por seus
pais há 4 meses.
b) Não se admite a acumulação de um cargo público de professor com
outro de interprete e tradutor de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).
c) Não é vedada a acumulação de um cargo de professor com outro de
técnico ou científico, mesmo quando a jornada de trabalho semanal
ultrapassar o limite máximo de 60 horas semanais.
d) Há violação à intimidade do servidor público quando o e-mail
corporativo é monitorado, mesmo quando exista, nas disposições
normativas acerca do seu uso, expressa menção da sua destinação
somente para assuntos relacionados ao serviço, bem como advertência
sobre monitoramento para cumprir disposições legais ou instruir
procedimento administrativo
e) Os herdeiros não estão obrigados a restituir os proventos que, por erro
operacional da Administração Pública, continuaram sendo depositados
em conta de servidor público após o seu falecimento.

Comentários:

Alternativa A – Correta. Conforme entendeu o STJ, no caso em análise, o


requisito da idade mínima de 18 anos deve ser flexibilizado pela natureza
das atribuições do cargo de auxiliar de biblioteca, tendo em vista que a
atividade desse cargo é plenamente compatível com a idade de 17 anos e
10 meses do candidato. Ademais, a referida emancipação é causa de
cessação da incapacidade e permite o acesso ao menor de 18 anos ao
emprego público efetivo. (STJ REsp 1.462.659).

Alternativa B – Incorreta. Conforme o entendimento do STJ, a referida


acumulação é admitida, pois incide na exceção prevista no art. 37, inc.
XVI, “b”, da CF/88. Para o STJ, o cargo de tradutor e intérprete de

91
LIBRAS é um cargo técnico para fins de enquadramento na exceção
constitucional, pois exige a aplicação de conhecimentos especializados de
alguma área do saber (STJ REsp 1.569.547 – Info 575).

Alternativa C – Incorreta. Conforme entendeu o STJ, não é possível a


acumulação de dois cargos públicos quando a soma da carga horária
referente aos dois cargos ultrapassar o limite máximo de 60 horas
semanais. Assim, é vedada a acumulação de um cargo de professor com
outro técnico ou científico quando a jornada de trabalho semanal
ultrapassar o limite máximo de 60 horas semanais. O STJ fundamentou
a sua decisão no Princípio da Eficiência. O servidor precisa estar em boas
condições físicas e mentais para bem exercer as suas atribuições, o que
certamente depende de adequado descanso no intervalor entre o final de
uma jornada e início da outra. (STJ REsp 1.565.429 – Info 576).

Alternativa D – Incorreta. Conforme entendeu o STJ, as informações


obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de servidor público não
configuram prova ilícita quando relacionadas com aspectos não pessoais
e de interesse da Administração Pública e da própria coletividade,
especialmente quando exista nas disposições normativas acerca do seu
uso expressa menção da sua destinação somente para assuntos e
matérias afetas ao serviço, bem como advertência sobre monitoramento
e acesso ao conteúdo das comunicações dos usuários para cumprir
disposições legais ou instruir procedimento administrativo. Ademais, o
direito à intimidade não é absoluto e a imagem e a honra a serem
respeitadas são as do órgão público (STJ RMS 48.665-SP, Info 576).

Alternativa E – Incorreta. Conforme entende o STJ, os valores recebidos


pelo servidor em decorrência de errônea interpretação da lei e em virtude
de erro operacional estão sujeitos ao seguinte tratamento: se houve boa-
fé do servidor, não se restitui (em função da natureza alimentar); se não
houve boa-fé, deve-se restituir. Por outro lado, no caso em que os
herdeiros recebem o valor dos proventos do falecido, não há destinação

92
alimentar. Daí porque o herdeiro deve restituir. Não há qualquer razão
jurídica para que ele possa ficar com o valor em prejuízo da
Administração Pública. O fundamento aqui é o princípio que veda o
enriquecimento sem causa (AgRg no REsp 1.387.971-DF – Info 579).

______________________________________________________________________

50. Sobre os servidores públicos, tendo em vista o entendimento dos


tribunais superiores, assinale a opção incorreta:
a) Conforme entende o Supremo Tribunal Federal, a Ação de
Reparação de danos à Fazenda Pública em razão de prejuízos que
decorram de ato de improbidade administrativa é prescritível.
b) A incompatibilidade da prática de nepotismo consagrada em súmula
vinculante não decorre diretamente da existência de relação de
parentesco, mas da presunção de que a escolha para ocupar o cargo de
direção, chefia ou assessoramento tenha sido direcionado à pessoa com
relação de parentesco com quem tenha potencial de interferir no processo
de seleção.
c) Membros do Ministério Público não podem ocupar cargos públicos fora
do âmbito da instituição, salvo cargo de professor e funções de
magistério.
d) A CF/88 autoriza que a Administração Pública contrate pessoas, sem
concurso público, tanto para o desempenho de atividades de caráter
eventual, temporário ou excepcional, como também para o desempenho
das funções de caráter regular e permanente, desde que indispensáveis
ao atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse
público.
e) É inconstitucional a norma legal que prevê o registro nos assentos
funcionais do servidor da prática de infração disciplinar, quando esta já
estiver prescrita.

93
Comentários:

Alternativa A – Incorreta. Conforme o STF, o art. 37, § 5º, da CF/88, deve


ser lido em conjunto com o par. 4º, de forma que ele se refere apenas aos
casos de improbidade administrativa. Para os demais casos de danos ao
erário decorrentes de ilícito civil estão sujeitos a prazo prescricional
previsto em lei (repercussão geral - Info 813).

Alternativa B – Correta. Assim, decidiu o STF. Portanto, não há


nepotismo se a pessoa que será nomeada para o órgão público possui ali
um parente, mas este não detém competência legal para selecioná-la ou
nomeá-la para o cargo de chefia, direção ou assessoramento pleiteado,
ou não exerce ascendência hierárquica sobre quem possui essa
competência. (STF. 2ª Turma. Info 815).

Alternativa C – Correta. A Resolução 72/2011 do CNMP, ao permitir que


membro do Parquet exerça cargos fora do MP, é flagrantemente contrária
ao art. 128, § 5º, II, "d", da CF/88. Consequentemente, a nomeação de
membro do MP para o cargo de Ministro da Justiça viola o texto
constitucional. (STF. Plenário. Info 817).

Alternativa D – Correta. Esse é o entendimento do STF (Plenário. ADI


3247/MA) e do STJ (STJ. 1ª Seção. MS 20.335-DF).

Alternativa E - O art. 170 da Lei n.° 8.112/90 prevê que, mesmo estando
prescrita a infração disciplinar, é possível que a prática dessa conduta
fique registrada nos assentos funcionais do servidor. O STF e STJ
entendem que esse art. 170 é INCONSTITUCIONAL por violar os
princípios da presunção de inocência e da razoabilidade. (STF. Plenário.
MS 23262/DF - Info 743). (STJ. 1ª Seção. MS 21.598-DF - Info 564).

94
Direito Ambiental

51. Considere o seguinte enunciado:


“Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência
absoluta de certeza científica não deve ser utilizada como razão para
postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para evitar a
degradação ambiental”.

Qual princípio geral do direito ambiental a afirmação acima trata?


a) Princípio da prevenção.
b) Princípio da precaução.
c) Princípio do usuário pagador.
d) Princípio do poluidor-pagador.
e) Princípio da equidade intergeracional.

Comentários:
O enunciado da questão traz a definição do princípio da precaução
tratada na Declaração do Rio (Eco/1992):

Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da


precaução deverá ser amplamente observado pelos
Estados, de acordo com suas capacidades. Quando
houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a
ausência de certeza científica absoluta não será
utilizada como razão para o adiamento de medidas
economicamente viáveis para precaver a degradação
ambiental.

O professor Édis Milaré, a seu turno, conceitua o princípio da


precaução como sendo “uma decisão a ser tomada quando a informação
científica é insuficiente, inconclusiva ou incerta e haja indicações de

95
que os possíveis efeitos sobre o ambiente, a saúde das pessoas ou dos
animais ou a proteção vegetal possam ser potencialmente perigosos e
incompatíveis com o nível de proteção escolhido” (2009, p. 824).
Nesse passo, havendo incerteza científica, deve-se adotar a
medida que melhor assegure a proteção do meio ambiente (in dubio por
natura).
Ademais, o STJ tem admitido a inversão do ônus da prova nas
ações de reparação por danos ambientais com base no princípio da
precaução (Resp. 972.902/RS).
Por outro lado, o princípio da prevenção aplica-se a impactos
ambientais já conhecidos e dos quais possa, com segurança,
estabelecer um conjunto de nexos de causalidade que seja suficiente
para a identificação dos impactos futuros mais prováveis. Com base
no princípio da prevenção, o licenciamento ambiental e, até mesmo, os
estudos de impacto ambiental podem ser realizados e são solicitados
pelas autoridades públicas. É importante destacar que a prevenção de
danos, tal como presente no princípio ora examinado, não significa – em
absoluto – a eliminação de danos.

Nas palavras de Frederico Amado, enquanto a prevenção


trabalha com o risco certo, a precaução vai além e se preocupa com
o risco incerto. Prevenção se dá em relação ao perigo concreto, ao
passo que a precaução envolve perigo abstrato e potencial (AMADO,
Frederico. Manual de Direito Ambiental, 2015. São Paulo: Método, p. 58).
O conhecimento desses dois princípios sempre é cobrado nas
provas de procuradorias. Fique atento!
O princípio do poluidor-pagador aduz que o poluidor deverá
responder pelos custos sociais da degradação causada por sua atividade
impactante. Busca-se, no caso, imputar ao poluidor o custo social da
poluição por ele gerada, engendrando um mecanismo de
responsabilidade por dano ecológico.

96
Em termos econômicos, é a internalização dos custos externos.
Muito comum encontrar a seguinte expressão quando se trata do
princípio do poluidor-pagador: ‘privatização dos lucros e socialização
das perdas’, quando identificadas as externalidades negativas.
Diferentemente, o princípio do usuário-pagador significa que as
pessoas que utilizam recursos naturais devem pagar pela sua utilização,
ainda que não haja poluição, como ocorre com uso racional da água.
Por fim, o princípio da solidariedade ou da equidade
intergeracional está previsto no caput do art. 225 da Constituição de
1988. Busca-se garantir que as futuras gerações também possam
desfrutar, de forma sustentável, dos recursos ambientais disponíveis.
Segundo Édis Milaré, “fala-se muito em dois tipos de solidariedade: a
sincrônica e a diacrônica. A primeira, sincrônica (‘ao mesmo tempo’),
fomenta as relações de cooperação com as gerações presentes,
nossas contemporâneas. A segunda, a diacrônica (‘através do
tempo’), é aquela que se refere às gerações do após, ou seja, as que
virão depois de nós, na sucessão do tempo”.

______________________________________________________________________

52. Assinale o princípio que busca evitar que o ‘custo zero’ dos
serviços e recursos naturais acabe por conduzir o sistema de
mercado à hiperexploração do meio ambiente.
a) Princípio da informação.
b) Princípio do poluidor-pagador.
c) Princípio do usuário-pagador.
d) Princípio da participação.
e) Princípio do desenvolvimento sustentável.

Comentários:
O professor Édis Milaré ensina que o princípio do usuário pagador
busca evitar que “o ‘custo zero’ dos serviços e recursos naturais acabe

97
por conduzir o sistema de mercado à hiperexploração do meio ambiente.
(...) A lógica desse mecanismo, que se convencionou chamar de
Pagamentos por Serviços Ambientais – PSA consiste no aporte de
incentivos e recursos, de origem pública e/ou privada, para aqueles que
garantem a produção e a oferta do serviço e/ou produto obtido direta ou
indiretamente da natureza” (2009, p. 829). Esse princípio encontra-se
condensado na segunda parte do art. 4º, inc. VII, da Lei n. 6.938/81.

Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:


VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação
de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao
usuário, da contribuição pela utilização de recursos
ambientais com fins econômicos.

Saliente-se que o princípio do poluidor-pagador também encontra


previsão no art. 4º, inc. VII, da Lei n. 6.938/81, sendo que na primeira
parte. Lembre-se que o princípio do poluidor-pagador significa que o
poluidor deverá responder pelos custos sociais da degradação causada
por sua atividade impactante. Tal pagamento não é uma “carta branca”
para a poluição, só podendo o poluidor degradar o meio ambiente
dentro dos limites de tolerância previstos na legislação ambiental e
em consonância com o licenciamento efetuado.

Vejamos os demais princípios tratados pela questão.

No plano normativo brasileiro, o princípio da informação está


presente no direito fundamental à informação (art. 5º, inc. XXIII, CF:
todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
aquelas cujo sigilo seja indispensável à segurança da sociedade e do
estado).

98
Em se tratando de informações ambientais nos órgãos públicos,
Qualquer indivíduo, independentemente da comprovação de interesse
específico, terá acesso às informações de que trata esta Lei, mediante
requerimento escrito, no qual assumirá a obrigação de não utilizar as
informações colhidas para fins comerciais, sob as penas da lei civil,
penal, de direito autoral e de propriedade industrial, assim como de citar
as fontes, caso, por qualquer meio, venha a divulgar os aludidos dados
(artigo 2º, §1º, da Lei 10.650/03).
Já o princípio da participação encontra-se previsto: na
incumbência da coletividade defender e proteger o meio ambiente
para as presentes e futuras gerações (art. 225, caput, CF), como objetivo
a ser alcançado por meio da educação ambiental (art. 2º, inc. X, da Lei
n. 6.938/81), como um dos objetivos a serem alcançados pela PNMA
(art. 4º, inc. V, da Lei n. 6.938/81), e na figura das audiências públicas
nos licenciamentos ambientais, quando couberem (art. 3º da Res.
Conama n. 237/97).
Atente ao princípio 10 da Declaração do Rio de 92:

A melhor maneira de tratar questões ambientais é


assegurar a participação, no nível apropriado, de
todos os cidadãos interessados. No nível nacional, cada
indivíduo deve ter acesso adequado a informações
relativas ao meio ambiente de que disponham as
autoridades públicas, inclusive informações sobre
materiais e atividades perigosas em suas
comunidades, bem como a oportunidade de participar
de processos decisórios. Os Estados irão facilitar e
estimular a conscientização e a participação pública,
colocando a informação à disposição de todos. Deve
ser proporcionado acesso efetivo a mecanismos judiciais e
administrativos, inclusive no que se refere à compensação
e reparação de danos.

99
Por fim, o princípio do desenvolvimento sustentável, de acordo com
a Declaração do Rio, significa que a proteção ambiental deve constituir
parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser
considerada separadamente (Princípio n. 04 d Declaração do Rio).
Sabe-se que as necessidades humanas são ilimitadas, mas
os recursos ambientais naturais não, havendo o planeja uma capacidade
máxima de suporte, devendo haver, portanto, uma sustentabilidade
ambiental. Com efeito, o princípio do desenvolvimento sustentável
decorre de uma ponderação que deverá ser feita casuisticamente entre o
direito fundamental ao desenvolvimento econômico o direito à
preservação ambiental.

______________________________________________________________________

53. Considerando os princípios de direito ambiental, analise as


assertivas e assinale a alternativa CORRETA:
a) A CF determina expressamente que o poder público promova a
educação ambiental em todos os níveis de ensino, sendo a expressão
do princípio da informação.
b) O princípio da solidariedade intergeracional não está interligado ao
princípio da sustentabilidade, considerando que a preocupação dos
defensores do princípio da solidariedade intergeracional
(intergenerational equity) é assegurar o aproveitamento racional dos
recursos ambientais, de forma que as gerações futuras também possam
deles tirar proveito.
c) O Meio Ambiente, bem de uso comum do povo, consistente no
equilíbrio ecológico e na higidez do meio e dos recursos naturais, é bem
comum, geral, difuso, indissociável da qualidade dos seus constitutivos,
e, por conseguinte, divisível e impenhorável.
d) O princípio da precaução não legitima a inversão do ônus da
prova nas ações ambientais, segundo o Superior Tribunal de Justiça.

100
e) A fiscalização ambiental somente pode ser exercida pelas
autoridades licenciadoras.

Comentários:

Conforme dispõe o artigo 225, §1º VI, da CF/88 incumbe ao Poder


Público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente. A
educação ambiental está intimamente ligada ao princípio da informação.
Portanto, a letra “a” é a alternativa correta.

Letra “b”: O princípio da solidariedade intergeracional está


intimamente interligado ao princípio da sustentabilidade. Busca-se
garantir que as futuras gerações também possam desfrutar, de forma
sustentável, dos recursos ambientais disponíveis.

Letra “c”: a questão estaria correta se trouxesse a palavra


“indivisível”. O bem ambiental configura um direito difuso,
metaindividual, não limitado aos interesses privados ou públicos. O
titular do bem ambiental é a coletividade, assim entendida como os
brasileiros e estrangeiros residentes no País (CF, art. 5º, caput). Trata-se,
pois, de um direito transindividual, de natureza indivisível, cujos
titulares são pessoas indeterminadas, ligadas por uma circunstância de
fato.

Letra “d”: errada. Conforme já analisado em questões passadas, o


STJ tem admitido a inversão do ônus da prova nas ações de reparação
por danos ambientais com base no princípio da precaução (Resp.
972.902/RS).

101
Letra “e”: errada. Conforme dispõe o artigo 70, §1º da Lei 9.605/98:
são autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e
instaurar processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais
integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA,
designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das
Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha. Destarte, a fiscalização
não está restrita às autoridades licenciadoras.
Cuidado sempre com a palavra “somente”. Regra geral, as
assertivas que restrinjam a proteção ao meio ambiente contendo palavras
“somente”, “apenas”, e etc. não estão corretas.

______________________________________________________________________

54. Assinale a alternativa incorreta:

a) Os Estados notificarão imediatamente outros Estados acerca de


desastres naturais ou outras situações de emergência que possam vir a
provocar súbitos efeitos prejudiciais sobre o meio ambiente destes
últimos. Todos os esforços serão envidados pela comunidade
internacional para ajudar os Estados afetados.
b) As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
c) São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos
Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos
ecossistemas naturais.
d) O princípio do poluidor-pagador reflete a ideia de que o
poluidor deve arcar com o custo decorrente da poluição,
internalizando os custos ambientais e reduzindo as externalidades
negativas da sua atividade, estabelecendo-se um estado de licitude
para o ato de poluir, desde que haja o pagamento pela degradação.

102
Exemplo de aplicação desse princípio está na obrigatoriedade da
reposição florestal imposta às pessoas físicas ou jurídicas que
utilizam matéria-prima florestal oriunda de supressão de vegetação
nativa ou que detenham autorização para supressão de vegetação
nativa.
e) O STJ tem admitido a aplicação do princípio da insignificância aos
crimes ambientais mediante a análise das circunstâncias específicas do
caso concreto para se verificar a atipicidade da conduta em exame.

Comentários:

O princípio do poluidor-pagador, também chamado de princípio do


predador-pagador ou princípio da responsabilidade, tem o sentido de que
o poluidor deve responder pelos custos sociais da degradação ambiental
causada pela sua atividade, cuja previsão consta da Declaração do Rio
de Janeiro de 1992:

Princípio n.º 16. Tendo em vista que o poluidor


deve, em princípio, arcar com o custo decorrente
da poluição, as autoridades nacionais devem
procurar promover a internalização dos custos
ambientais e o uso de instrumentos econômicos,
levando na devida conta o interesse público, sem
distorcer o comércio e os investimentos
internacionais.

A ideia que se extrai do princípio é a de que aquele que explora


atividade econômica se coloca na posição de garantidor da preservação
ambiental. Assim, impõe-se a internalização dos custos do processo
produtivo necessários à redução, à eliminação ou à neutralização dos
danos eventuais ao meio ambiente.

103
Tal compreensão não permite afirmar que o princípio do poluidor-
pagador estabelece uma liceidade para o ato de poluir, desde que haja o
pagamento pela degradação (por isso que a questão está errada). Essa
interpretação deve ser rechaçada.
Com efeito, a exata interpretação que deve ser dada ao princípio n.º
16 é a de que aquele que lucra com uma atividade produtiva deve
responder pelos riscos dela resultantes, de modo a evitar a privatização
dos lucros e a socialização dos prejuízos.
São exemplos de aplicação do princípio do poluidor-pagador, entre
outros, a indenização prevista no art. 36, § 1º, da Lei 9.985/05 e a
reposição florestal do art. 33, § 1º, da Lei 12.651/2012 (Novo Código
Florestal).
Vamos analisar as demais alternativas.

Letra “a”: trata-se do princípio 19 da Declaração do Rio (Eco/1992).

Letra “b”: trata-se da cópia do artigo 225, §3º, da CF/88. O assunto


responsabilidade civil por danos ambientais será explorado futuramente.

Letra “c”: trata-se da cópia do artigo 225, §5º, da CF/88.

Letra “e”: o princípio da insignificância é causa supralegal de


exclusão da tipicidade material do tipo penal. Para que possa, em tese,
ser adotado, devem ser observados os seguintes requisitos estabelecidos
pela jurisprudência dos tribunais superiores: a) conduta minimamente
ofensiva; b) ausência de periculosidade social da ação; c) reduzidíssimo
grau de reprovabilidade do comportamento; e d) inexpressividade da
lesão jurídica.
O STJ já se afirmou diversas vezes a possibilidade de aplicação do
princípio da insignificância aos crimes ambientais, desde que mediante
a análise das circunstâncias específicas do caso concreto a fim de se
verificar a atipicidade da conduta em exame (Ex. AgRg no AREsp

104
654.321/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA
TURMA, julgado em 09/06/2015, DJe 17/06/2015).

Atente ao julgado abaixo:

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. CRIME


CONTRA O MEIO AMBIENTE. ART. 34 DA LEI N.
9.605/1998. PESCA EM PERÍODO PROIBIDO.
ATIPICIDADE MATERIAL. AUSÊNCIA DE EFETIVA LESÃO
AO BEM PROTEGIDO PELA NORMA. IRRELEVÂNCIA
PENAL DA CONDUTA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
APLICAÇÃO.
1. Esta Corte Superior, em precedentes de ambas as
Turmas que compõem a sua Terceira Seção, tem admitido a
aplicação do princípio da insignificância quando
demonstrada, a partir do exame do caso concreto, a ínfima
lesividade ao bem ambiental tutelado pela norma.
Precedentes.
2. Muito embora a tutela penal ambiental objetive proteger
bem jurídico de indiscutível valor social, sabido que toda
intervenção estatal deverá ocorrer com estrita observância
dos postulados fundamentais do Direito Penal,
notadamente dos princípios da fragmentariedade e da
intervenção mínima.
3. A aplicação do princípio da insignificância (ou a admissão
da ocorrência de um crime de bagatela) reflete o
entendimento de que o Direito Penal deve intervir somente
nos casos em que a conduta ocasionar lesão jurídica de
certa gravidade, permitindo a afirmação da atipicidade
material nos casos de perturbações jurídicas mínimas ou
leves, consideradas também em razão do grau de afetação
da ordem social que ocasionem.

105
4. Na espécie, ainda que a conduta do apenado
atenda tanto à tipicidade formal (pois constatada a
subsunção do fato à norma incriminadora) quanto à
subjetiva, haja vista que comprovado o dolo do agente,
não há como reconhecer presente a tipicidade
material, na medida em que o comportamento
atribuído não se mostrou suficiente para
desestabilizar o ecossistema.
5. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no REsp 1263800/SC, Rel. Ministro JORGE MUSSI,
QUINTA TURMA, julgado em 12/08/2014, DJe
21/08/2014)
______________________________________________________________________

55. Sobre o direito ambiental, marque a alternativa correta:


a) O planejamento e a fiscalização do uso dos recursos ambientais
não podem ser considerados princípios da Política Nacional do Meio
Ambiente.
b) Poluição é apenas a alteração adversa das características do meio
ambiente
c) O Estado de São Paulo não pode ser considerado poluidor, uma vez
que é uma pessoa jurídica de direito público.
d) O meio ambiental artificial é composto com criações tangíveis e
intangíveis do homem sobre os elementos naturais, a exemplo de uma
casa tombada e das formas de expressão integrantes do patrimônio
cultural, como o Samba.
e) Um dos princípios da Ordem Econômica é a Defesa do Meio
Ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o
impacto ambiental dos produtos e serviços e de seu processo de
elaboração e prestação.

106
Comentários:

A letra “e” encontra-se correta, uma vez que o artigo 170, VI, da
CF/88 traz a proteção ao meio ambiente como um princípio da ordem
econômica.

“A incolumidade do meio ambiente não pode ser


comprometida por interesses empresariais nem ficar
dependente de motivações de índole meramente econômica,
ainda mais se se tiver presente que a atividade econômica,
considerada a disciplina constitucional que a rege, está
subordinada, dentre outros princípios gerais, àquele que
privilegia a "defesa do meio ambiente" (CF, art. 170, VI), que
traduz conceito amplo e abrangente das noções de meio
ambiente natural, de meio ambiente cultural, de meio
ambiente artificial (espaço urbano) e de meio ambiente
laboral” (STF, ADI-MC 2.540, em 01.09.2005).
Letra “a”: incorreta. Conforme dispõe o artigo 2º, III, da Lei
6.938/81 (PNMA), o planejamento e a fiscalização do uso dos recursos
ambientais são princípios da Política Nacional do Meio Ambiente que tem
por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade
ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao
desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e
à proteção da dignidade da vida humana.

Letra “b”:
Degradação da qualidade ambiental é a alteração adversa das
características do meio ambiente (artigo 3º, II, Lei 6.938/81 (PNMA)).

Já a poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de


atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a
segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às

107
atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d)
afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem
matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos (artigo 3º, III, Lei 6.938/81 (PNMA)).

Letra “c”: o Estado de São Paulo, assim como qualquer ente


federativo, pode ser considerado poluidor. Atente que o artigo 3º, IV, da
Lei 6.938/81 dispõe que poluidor é a pessoa física ou jurídica, de direito
público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade
causadora de degradação ambiental.

Letra “d”: trata-se do conceito de meio ambiente CULTURAL. O meio


ambiente artificial é aquele formado por bens decorrentes de criação
humana, mas que por exclusão não integram o patrimônio cultural, por
lhes carecer de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico ou cientifico que possam enquadrá-los no
acervo cultural.
______________________________________________________________________

56. Analise os seguintes enunciados:


I – Como exemplo do princípio do limite podemos citar a Resolução
CONAMA 274/00, que estabelece os padrões de qualidade da água para
a balneabilidade.
II – O princípio do limite não encontra previsão na Lei da Política Nacional
do Meio Ambiente.
III – Compete ao Poder Público controlar a produção, a comercialização e
o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a
vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.
Marque a alternativa que apresenta o(s) enunciado(s) incorreto(s):
a) I e II
b) I e III
c) II e III

108
d) II
e) I, II e III.

Comentários:

Apenas o enunciado II está incorreto, uma vez que o princípio do


limite encontra previsão no artigo 9º, I, da PNMA, como um instrumento
da Política Nacional do Meio Ambiente.

Art. 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio


Ambiente:
I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;

Sabe-se que o princípio do limite (ou do controle) prevê o dever do


Estado de editar e efetivar normas jurídicas que instituam padrões
máximos de poluição.
Ademais, cabe a Administração Pública limitar a quantidade de
resíduos eliminados no meio ambiente, a fim de que aqueles não causem
prejuízos a este e nem tampouco à saúde humana.
Na análise de Paulo Bessa “Os limites devem ser estabelecidos em
função das necessidades de proteção ambiental e da melhor tecnologia
disponível, sem custos excessivos”. Paulo de Bessa Antunes, Direito
ambiental, 9.ed. rev. ampl. e atual., Rio de Janeiro, Lumen Juris, 2006,
p. 41).
Nesse contexto, a Resolução CONAMA 274/00, que estabelece os
padrões de qualidade da água para a balneabilidade consagra o princípio
do limite. Portanto, o item I encontra-se correto.
Por fim, o artigo 225, §1º, V, da CF/88 dispõe que compete ao Poder
Público controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de
vida e o meio ambiente. Deste modo, o item III também está correto.

109
______________________________________________________________________

57. Analise os seguintes enunciados:


I – É competência concorrente da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição a em
qualquer de suas formas.
II – É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios preservar as florestas, a fauna e a flora.
III – A Lei Complementar 140/11 regula as competências ambientais
comuns entre a União, os Estados, o DF e os Municípios.
IV – Compete exclusivamente à União instituir o sistema nacional de
gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de
direitos de seu uso.
Marque a alternativa que apresenta os enunciados corretos:
a) I e II.
b) I, II e III.
c) I, II e IV.
d) II, III e IV.
e) I, II, III e IV.

Comentários:

Enunciado I: incorreto. Trata-se de competência MATERIAL


(comum) e não de competência legislativa (concorrente). Com efeito,
trocando a palavra ‘concorrente’ por ‘material’ o enunciado encontra-se
correto, uma vez que abordou o artigo 23, VI da CF/88.

Enunciado II: correto. Literalidade do artigo 23, VII, da CF/88.

Enunciado III: correto. O parágrafo único do artigo 23 da CF/88


dispõe que leis complementares fixarão normas para a cooperação entre
a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista

110
o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. No
tocante ao âmbito do direito ambiental, inexistia lei complementar para
regulamentar o tema. Em 2011, o Congresso Nacional aprovou a LC 140
que fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do
parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação
entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações
administrativas decorrentes do exercício da competência comum
relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio
ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à
preservação das florestas, da fauna e da flora.

Enunciado IV: correto. Literalidade do artigo 21, XIX, CF. Trata-se


de competência material exclusiva da União.

______________________________________________________________________

58. Assinale a alternativa incorreta:


a) Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre defesa do solo e dos recursos naturais.
b) É vedada a manipulação de material genético em território
nacional, tendo em conta o princípio da precaução ambiental.
c) A política de desenvolvimento urbano será executada pelo Poder
Público municipal.
d) Determinado Estado da Federação possui uma legislação sobre
flora. A União, após intenso debate legislativo, trouxe em lei federal
normas gerais sobre a mesma matéria tratada na lei estadual. Por
consequência, a lei estadual fica com a eficácia suspensa no que for
contrário à legislação federal superveniente.
e) As entidades políticas poderão se valer dos instrumentos de
cooperação administrativa previstos na LC 140/11 para atuar
conjuntamente na proteção ambiental, como ocorre com os consórcios e
convênios.

111
Comentários:

Letra “a”: correta. Literalidade do artigo 24, VI, da CF/88.

Letra “b”: incorreta. Não há essa vedação absoluta. Inclusive, o


artigo 225, §1º, II, da CF/88 aduz que cabe ao Poder Público preservar a
diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético.

Letra “c”: correta. Conforme dispõe o artigo 182 da CF/88: a


política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público
municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo
ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir
o bem-estar de seus habitantes.

Letra “d”: correta. Questão que se resolve com a aplicação do §4º


do artigo 24 da CF/88. Tal artigo traz as competências concorrentes para
legislar conferidas à União, aos Estados e ao DF. Sabe-se que no âmbito
da legislação concorrente, compete à União estabelecer normas gerais,
sem exclusão da competência suplementar dos Estados. Ademais,
inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, para atender suas peculiaridades. Ocorre
que a superveniência de lei federal sobre normas gerais SUSPENDE a
eficácia da lei estadual, NO QUE LHE FOR CONTRÁRIA.

Letra “e”: correta. Uma das grandes finalidades da LC 140/11 é a


de concretização de uma atuação harmônica e de cooperação das três
esferas de governo na proteção do meio ambiente, com a redução dos
conflitos negativos e positivos de competências ambientais. Assim, a LC
traz diversos instrumentos de cooperação institucional (artigo 4º) para
atingir tal finalidade. Dentre os instrumentos, destacam-se os consórcios
(inciso I) e os convênios (inciso II).

112
______________________________________________________________________

59. Em relação aos princípios do Direito Ambiental e à proteção


constitucional ao meio ambiente, marque a alternativa incorreta:
a) O uso de um bem ambiental, segundo o princípio do usuário-
pagador, deve ser cobrado, tendo em vista que está sendo utilizado um
patrimônio da coletividade em proveito particular.
b) Constituem objetivos fundamentais da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, no exercício da competência
comum garantir a uniformidade da política ambiental para todo o País,
respeitadas as peculiaridades regionais e locais
c) O município não está elencado no artigo constitucional que trata
da competência concorrente, mas pode legislar acerca do tema meio
ambiente.
d) Os estados podem legislar concorrentemente sobre jazidas
encontradas em seus territórios.
e) É inconstitucional norma estadual que dispõe sobre atividades
relacionadas ao setor nuclear no âmbito regional, por violação a
competência da União para legislar sobre atividades nucleares, na qual
se inclui a competência para fiscalizar a execução dessas atividades e
legislar sobre a referida fiscalização.

Comentários:

Letra “d”: incorreta. Cabe privativamente à UNIÃO legislar sobre


jazidas, minas e outros recursos minerais (artigo 22, XII, da CF/88).
Cuidado: conforme dispõe o parágrafo único do artigo 22, lei
complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões
específicas das matérias relacionadas neste artigo. Com efeito, caso existe
lei complementar poderá o Estado legislar. É importante deixar claro,
contudo, que não se trata de uma competência para legislar de forma
concorrente (como ocorre no artigo 24 da CF/88).

113
Letra “a”: correta. Lembre-se que o princípio do usuário pagador
busca evitar que “o ‘custo zero’ dos serviços e recursos naturais acabe
por conduzir o sistema de mercado à hiperexploração do meio ambiente.

Letra “b”: correta. Literalidade do artigo 3º, IV, da LC 140/11.

Art. 3o Constituem objetivos fundamentais da União, dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no exercício
da competência comum a que se refere esta Lei
Complementar:
I - proteger, defender e conservar o meio ambiente
ecologicamente equilibrado, promovendo gestão
descentralizada, democrática e eficiente;
II - garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico
com a proteção do meio ambiente, observando a dignidade
da pessoa humana, a erradicação da pobreza e a redução
das desigualdades sociais e regionais;
III - harmonizar as políticas e ações administrativas para
evitar a sobreposição de atuação entre os entes federativos,
de forma a evitar conflitos de atribuições e garantir uma
atuação administrativa eficiente;
IV - garantir a uniformidade da política ambiental
para todo o País, respeitadas as peculiaridades
regionais e locais.

Letra “c”: correta. O artigo 24 da CF/88, ao tratar sobre


competência legislativa concorrente, não elenca os municípios como
entes políticos competentes. Nada obstante, entende a doutrina que a
competência municipal decorre do artigo 30, incisos I e II da CF/88,
cabendo ao Município legislar sobre assuntos ambientais de INTERESSE

114
LOCAL e suplementar à legislação estadual e federal no que couber.
Observe o seguinte julgado do STJ:

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO


RESCISÓRIA. LEGITIMIDADE DO MUNICÍPIO PARA ATUAR
NA DEFESA DE SUA COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL.
NORMAS DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE.
COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR.
EDIFICAÇÃO LITORÂNEA. CONCESSÃO DE ALVARÁ
MUNICIPAL. L EI PARANAENSE N. 7.389/80. VIOLAÇÃO.
2. A teor dos disposto nos arts. 24 e 30 da
Constituição Federal,
aos Municípios, no âmbito do exercício da
competência legislativa,
cumpre a observância das normas editadas pela
União e pelos Estados, como as referentes à proteção
das paisagens naturais notáveis e ao meio ambiente,
não podendo contrariá-las, mas tão somente legislar
em circunstâncias remanescentes. (STJ, AR 756 / PR
AÇÃO RESCISÓRIA 1998/0025286-0, DJ 14.04.2008 p. 1).

Letra “e”: correta. Alternativa extraída do julgado da ADI 1.575.

ENERGIA NUCLEAR. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DA


UNIÃO. ART. 22, XXVI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. É
inconstitucional norma estadual que dispõe sobre
atividades relacionadas ao setor nuclear no âmbito
regional, por violação da competência da União para
legislar sobre atividades nucleares, na qual se inclui
a competência para fiscalizar a execução dessas
atividades e legislar sobre a referida fiscalização.
Ação direta julgada procedente. (STF - ADI: 1575 SP,

115
Relator: Min. JOAQUIM BARBOSA, Data de Julgamento:
07/04/2010).

______________________________________________________________________

60. Assinale a alternativa correta:

a) São bens dos Estados: as águas superficiais ou subterrâneas,


fluentes, emergentes e em depósito, inclusive as decorrentes de obras da
União.
b) A competência material para atuar na proteção do meio ambiente
é concorrente, cabendo à União agir a partir da expedição de atos
genéricos, que tenham incidência em todo o país, e aos Estados e Distrito
Federal atuar de forma específica, adaptando os atos gerais federais às
suas peculiaridades regionais.
c) Cabe somente à União a competência administrativa para a tutela
da fauna.
d) Entre as finalidades do princípio do poluidor-pagador, destaca-
se a imposição ao poluidor da obrigação de recuperar e (ou) indenizar
os danos ambientais causados.
e) Em rol taxativo, a CF elenca os bens que constituem o
patrimônio cultural brasileiro, como os conjuntos urbanos e sítios de
valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico.

Comentários:

Letra “d”: correta. Trata-se da vertente repressiva do princípio do


poluidor pagador. Uma vez identificado o poluidor, ele deve arcar com as
despesas de prevenção, reparação e repressão dos danos ambientais. Tal
princípio estabelece que aquele que utiliza de recurso ambiental e causa
degradação (externalidades negativas) ambiental deve arcar com os

116
custos para minimizá-la ou para recuperá-lo. Poderá ser preventivo,
quando se exige a prevenção de possível dano, bem como repressivo,
quando ocorrem danos e o poluidor é chamado para arcar com a
reparação (responsabilidade objetiva).

Letra “a”: errada. São bens dos Estados: as águas superficiais ou


subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, RESSALVADAS,
NESTE CASO, NA FORMA DA LEI, AS DECORRENTES DE OBRAS DA
UNIÃO (artigo 26, I, da CF/88).

Letra “b”: errada. A competência MATERIAL para atuar na


proteção do meio ambiente é COMUM entre União, estados, DF e
municípios. A competência LEGISLATIVA que é CONCORRENTE entre
União, estados e DF.

Letra “c”: errada. É competência comum da União, dos Estados,


do DF e dos Municípios: preservar as florestas, a FAUNA e a flora (artigo
23, VII, da CF/88).

Letra “e”: incorreta. Não se trata de um rol taxativo, mas


exemplificativo. Assim está expresso na Constituição Federal de 1988:
Art. 216 - Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens
de natureza material e imaterial, tomados individualmente
ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à
ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais
espaços destinados às manifestações artístico-culturais;

117
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico.
§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade,
promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por
meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e
desapropriação, e de outras formas de acautelamento e
preservação.

Direito Tributário

61. Sobre a definição de tributo, assinale a alternativa correta:


a) Tributo é receita originária, cobrada pelo Estado por meio do seu Poder
de Império.
b) A natureza jurídica do tributo é determinada pelo fato gerador da
respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: a
denominação e a destinação legal do produto da arrecadação.
c) Tanto a multa, quanto o tributo são espécies de receita derivada, no
entanto, a multa é, por definição, sanção por um ato ilícito, ao passo que
o tributo apenas excepcionalmente possuirá finalidade sancionatória.
d) O CTN, ao prever que “tributo é toda prestação pecuniária
compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir”, admite a
quitação de créditos tributários mediante a entrega de outras utilidades
que não sejam a moeda. Portanto, é plenamente possível que o Estado
preveja a dação em pagamento de bens móveis como faculdade do
contribuinte para o pagamento de tributos.
e) Segundo o STF, o Código Tributário Nacional adota a corrente
pentapartite, considerando tributos: impostos, taxas, contribuições de
melhoria, contribuições especiais e empréstimos compulsórios.

118
Comentários:

a) INCORRETO.
O equívoco do item está em classificar tributo como receita
originária. Na verdade, tributo é espécie de receita derivada.
Essa classificação é própria do Direito Financeiro, todavia,
eventualmente, é cobrada em provas de Direito Tributário.
Receita originária é aquela que se origina do patrimônio do
próprio Estado. Sua formação se assemelha à relação jurídica privada,
estando presente a voluntariedade e a bilateralidade. A receita derivada,
por sua vez, advém do Poder de Império do Estado, sendo arrecadada
coercitivamente dos particulares, de forma unilateral. Portanto, dúvidas
não restam de que tributo é espécie de receita derivada.

b) CORRETO.
O item corresponde à transcrição do art. 4º do CTN.
É bem verdade que, com o advento da CF/88, que adotou a
corrente pentapartite, a destinação legal do produto da arrecadação
passou a ser relevante critério de distinção entre as espécies tributárias,
sendo o elemento diferenciador entre impostos e contribuições especiais.
Por essa razão, a doutrina majoritária defende que referido dispositivo
teria sido apenas parcialmente recepcionado pela novel Carta Magna.
Nada obstante, por se tratar de reprodução do texto legal, o item
deve ser considerado verdadeiro. Muita atenção nesse tipo de questão! É
preciso identificar quando o item se refere ao entendimento doutrinário e
quando se trata de mera reprodução da lei. Como não há nenhum
indicativo de que se está exigindo a posição doutrinária a respeito do
item, deve-se considerar verdadeira a assertiva.
Item “b”, portanto, é o gabarito da questão.

119
c) INCORRETO.
O erro da assertiva está em admitir que, excepcionalmente, o
tributo possa ter finalidade sancionatória. Conforme se infere do art. 3º
do CTN, que traz o conceito legal de tributo, um dos requisitos para que
ele seja classificado como tal é a ausência de caráter sancionador.
Portanto, jamais tributo poderá constituir sanção de ato ilícito.

d) INCORRETO.
De fato, a partir do trecho transcrito, é possível entender que o CTN
permite a quitação de créditos tributários mediante a entrega de outras
utilidades que possam ser expressas em moedas, desde que tais
hipóteses estejam previstas no próprio texto do Código, que no seu art.
141 afirma que o crédito tributário somente se extingue nas hipóteses
nele previstas.
Com efeito, o CTN admite a dação de bens imóveis como
modalidade de extinção do crédito tributário (art. 156, XI do CTN), não
havendo, entretanto, previsão equivalente quanto à dação de bens
móveis.
Vale dizer que o STF, apesar do comando restritivo do art. 141 do
CTN, já admitiu que o ente político criasse novas hipóteses de extinção
do crédito tributário, pela via da lei ordinária local, além daquelas já
previstas no CTN (ADI 2.405-MC). Na ocasião foram utilizados dois
fundamentos: 1) o pacto federativo, que permite ao ente estipular a
possibilidade de receber algo de seu interesse para quitar um crédito; e
2) a diretriz interpretativa de quem pode o mais pode o menos, afinal se
o ente pode oferecer remissão, ou até mesmo nem criar o tributo, com
mais razão ainda poderá prever nova hipótese de extinção.
Ocorre que, especificamente quanto à dação de bem móvel, o STF
reafirmou a inconstitucionalidade da previsão (ADI 1.916), uma vez que
a Constituição Federal estabelece reserva de lei federal para estipular
regras gerais de licitação (se um ente recebe em pagamento um bem, está,
na prática, adquirindo esse bem sem licitação). A previsão de dação em

120
pagamento de bens imóveis somente seria constitucional na medida em
que está prevista em lei nacional (LC 104/2001).

e) INCORRETO.
Realmente, o STF adota a corrente pentapartite, considerando
espécies tributárias: impostos, taxas, contribuições de melhoria,
contribuições especiais e empréstimos compulsórios. Entretanto, isso se
dá com base na Constituição Federal, e não no CTN.
A bem da verdade, o CTN adota expressamente a corrente
tripartite, consoante art. 5º desse diploma legal. Portanto, incorreta a
assertiva.

______________________________________________________________________

62. O Sistema Tributário Nacional abrange diversas espécies


distintas de tributos, cada uma dotada de peculiaridades próprias.
Sobre o tema, assinale o item verdadeiro.
a) A contribuição para o SEBRAE é considerada espécie de contribuição
social geral.
b) Impostos são tributos de arrecadação não vinculada, assim como as
contribuições especiais. Isso quer dizer que o fato gerador desses dois
tributos não está vinculado a nenhuma atividade estatal, bastando a
manifestação de riqueza pelo sujeito passivo para que seja possível a
cobrança da exação.
c) A União, mediante lei, poderá instituir empréstimos compulsórios para
atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública,
de guerra externa ou sua iminência; bem como no caso de investimento
público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.
d) Contribuições especiais são tributos de competência privativa da
União, sendo vedado que estados e municípios criem, por lei, tributos
dessa espécie.

121
e) Para a doutrina, os estados membros possuem competência
residual para a cobrança de taxas.

Comentários:

a) INCORRETO.
Existe forte controvérsia doutrinária a respeito da natureza jurídica
das contribuições destinadas aos serviços sociais autônomos (Sistema S).
Majoritariamente, prevalece que as contribuições ao Sistema S são,
realmente, espécie de contribuição social geral. No que tange à
contribuição destinada ao SEBRAE, todavia, o STF entende que se trata
de contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE) (RE
635.682/RJ, informativo 703, STF).
A título de complementação, partindo da premissa de que a
contribuição ao SEBRAE possui natureza de CIDE, o STF reconheceu a
constitucionalidade da sua exigência em face das grandes empresas que
atuem no segmento econômico alcançado pela intervenção estatal. Caso
referida exação possuísse natureza de Contribuição Social, apenas as
micro e pequenas empresas seriam obrigadas ao pagamento do tributo,
uma vez que é característica das Contribuições Sociais a referibilidade
direta, ou seja, apenas aqueles diretamente beneficiados com a receita do
tributo devem pagar por eles. Entretanto, tratando-se de CIDE, o STF
manifestou o entendimento de que todo o segmento deve ser considerado
sujeito passivo do tributo, o qual visa à intervenção no domínio
econômico.

b) INCORRETO.
A incorreção da assertiva está em confundir duas classificações
distintas: 1) quanto à hipótese de incidência (vinculados e não
vinculados) e 2) quanto ao destino da arrecadação (de arrecadação
vinculada e de arrecadação não vinculada).

122
Os impostos são tributos não vinculados, pois o Estado não
precisa realizar qualquer atividade específica para que possa cobrá-los, e
de arrecadação não vinculada, uma vez que o Estado tem liberdade de
aplicar suas receitas em qualquer despesa autorizada no orçamento. A
Constituição Federal, no art. 167, IV, até mesmo, veda a vinculação da
destinação do imposto de renda, salvo as hipóteses expressamente
listadas no dispositivo constitucional.
As contribuições especiais, assim como os impostos, são tributos
não vinculados, uma vez que são independentes de uma atuação estatal
específica. No entanto, diferentemente do que consta na assertiva, as
contribuições especiais são tributos de arrecadação vinculada, haja vista
que a destinação vinculada da arrecadação faz parte da própria natureza
da contribuição especial. Na verdade, esse é o elemento diferenciador
dessa espécie tributária, responsável por individualizá-la como espécie
autônoma.

c) INCORRETO.
Trata-se de reprodução praticamente literal do art. 148 da CF/88.
A incorreção do item está na omissão da palavra “complementar”. Com
efeito, a instituição de empréstimo compulsório depende
necessariamente de lei complementar, cuja competência é privativa da
União. Quando a Constituição utiliza a expressão “lei”, está a exigir
apenas lei ordinária, a qual não é suficiente nesse caso.
Atenção ao ler o item. Questões assim são muito comuns em provas
objetivas.

d) INCORRETO.
De fato, a grande maioria das contribuições especiais são de
competência privativa da União, conforme se verifica do art. 149 da
CF/88. Excepcionalmente, no entanto, podem Estados e Municípios
instituírem tributos dessa espécie. É o caso da instituição de contribuição
para o custeio do regime próprio de previdência social (RPPS), cuja

123
competência é de todos os entes federativos (art. 149, §1º da CF/88).
Outro exemplo é o da contribuição para o custeio da iluminação pública
(COSIP), de competência dos Municípios (art. 149-A); trata-se de tributo
sui generis, enquadrado pela doutrina majoritária como contribuição
especial.

e) CORRETO.
As taxas são classificadas, quanto ao exercício da competência,
como tributos comuns, cuja competência para criação é atribuída
indiscriminadamente a todos os entes políticos. Nada obstante, a criação
de taxas, mediante lei, não é absolutamente discricionária, haja vista que
o ente tributante deve deter competência administrativa para desenvolver
a atividade que dará ensejo à cobrança da respectiva taxa.
Como os Estados possuem competência residual no âmbito
administrativo (art. 25, §1º da CF/88), podendo atuar nas áreas que não
sejam de competência da União ou dos Municípios, parcela da doutrina
considera que eles possuem também competência residual para a
instituição de taxas.

______________________________________________________________________

63. Sobre as taxas, assinale a alternativa correta.


I. O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante
taxa.
II. As taxas de polícia têm por fato gerador o exercício, efetivo ou
potencial, do poder de polícia.
III. Para o STF, o elemento nuclear para distinguir taxa e preço público é
a compulsoriedade. Por essa razão, o pedágio é considerado preço
público, uma vez que não é cobrado compulsoriamente de quem não
utiliza a rodovia, ainda que não exista via alternativa ao usuário.

124
IV. Os serviços públicos, para fins de cobrança de taxa pela sua
prestação, são considerados divisíveis quando destacados em unidades
autônomas de intervenção, de utilidade ou de necessidades pública.
Está correto o que se afirma em:
a) apenas as alternativas I e IV estão corretas
b) apenas as alternativas II e IV estão corretas
c) apenas as alternativas I e III estão corretas
d) apenas as alternativas II e III estão corretas
e) apenas as alternativas I e II estão corretas

Comentários:

I. CORRETO.
Trata-se de reprodução da súmula vinculante 41 do STF. O
fundamento para o entendimento sumulado do STF é o de que a
iluminação pública não é serviço específico e divisível, conforme exigido
pelo art. 77 do CTN.
Os conceitos de especificidade e divisibilidade estão contidos no
art. 79 do CTN. Segundo Ricardo Alexandre, para que um serviço público
seja específico, é preciso que o contribuinte saiba exatamente por qual
serviço está pagando. Para que seja divisível, é necessário que o Poder
Público possa identificar, individualmente, os usuários, efetivos ou
potenciais, desse serviço.

II. INCORRETO.
Segundo o art. 77 do CTN, o fato gerador da taxa é “o exercício
regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de
serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à
sua disposição”. Note que a utilização potencial se refere tão somente à
taxa pela prestação de serviço público, e não pelo exercício do poder de
polícia. No caso da taxa de polícia, o dispositivo é expresso ao exigir o seu
exercício regular.

125
Cabe destacar que o STF entende presumido o exercício do poder
de polícia quando existente órgão de fiscalização, mesmo que este não
comprove haver realizado fiscalizações individualizadas no
estabelecimento de cada contribuinte. Nada obstante, mesmo nesse caso,
o exercício do poder de polícia estará sendo efetivo e não potencial, ainda
que presumido.

III. CORRETO.
De fato, a compulsoriedade, segundo o STF (ADI 800, divulgada no
informativo 750), é o elemento distintivo entre taxas e tarifas (ou preços
públicos). Nesse sentido, inclusive, a súmula 545 do STF: “preços de
serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas,
diferentemente daquelas, são compulsórias e têm sua cobrança
condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as
instituiu”.
Ainda, segundo a Suprema Corte, a existência de via alternativa
não é requisito para a cobrança da tarifa e nem interfere na sua natureza
jurídica, uma vez que, mesmo nesse caso, a voluntariedade permanece.
Isso porque o usuário não estará sendo coagido a pagar o respectivo
valor, podendo simplesmente deixar de trafegar na via, locomover-se de
bicicleta, a pé etc.

IV. INCORRETO.
O item confundiu os conceitos legais de especificidade e
divisibilidade (art. 79 do CTN).
Serviços específicos: quando possam ser destacados em unidades
autônomas de intervenção, de utilidade ou de necessidade públicas.
Serviços divisíveis: quando suscetíveis de utilização,
separadamente, por parte de cada um dos seus usuários.
Veja que a especificidade se relaciona ao serviço em si, enquanto a
divisibilidade está ligada à pessoa do usuário.

126
______________________________________________________________________

64. Com relação à contribuição de melhoria, está INCORRETO o que


se afirma em:
a) Dão ensejo à cobrança de contribuição de melhoria o asfaltamento
e o recapeamento asfáltico de vias públicas, desde que verificada a
valorização imobiliária.
b) A contribuição de melhoria, cujo fato imponível decorre da valorização
imobiliária que se segue a uma obra pública, exige, para sua cobrança, a
edição de lei específica, obra por obra, sendo inadmissível a edição de lei
genérica que possibilite ao ente exigir referido tributo.
c) A lei instituidora da contribuição de melhoria deve ser anterior ou
concomitante à realização da obra; o lançamento do tributo, por sua vez,
só poderá ser realizado após a conclusão da aludida obra.
d) Cabe ao Poder Público apresentar os cálculos que irão embasar a
cobrança da contribuição de melhoria, concedendo, entretanto, prazo
para que o contribuinte, em caso de discordância, possa impugná-los
administrativamente. Trata-se, pois, de um valor presumido, cujo cálculo
está a cargo da própria Administração.
e) A contribuição de melhoria possui como limite individual o acréscimo
de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado e como limite
total a despesa realizada pelo Estado para a conclusão da obra.

Comentários:

a) INCORRETO.
O fato gerador da contribuição de melhoria é a valorização
imobiliária decorrente de obra pública, e não a mera realização da obra.
Segundo o STF (RE 116.148), a realização de pavimentação nova,
suscetível de vir a caracterizar benefício direto a imóvel determinado, com
incremento de seu valor, pode justificar a cobrança de contribuição de
melhoria. No caso do mero recapeamento de via, entretanto, não se

127
mostra possível a cobrança da exação, pois, nesse caso, o que se tem é
simples serviço de manutenção e conservação, não caracterizando o fato
gerador do tributo, que depende de efetiva valorização do imóvel em
virtude de uma obra pública. A simples manutenção do que já existia não
é suficiente para provocar valorização imobiliária.

b) CORRETO.
É esse o entendimento do STJ (REsp 927.846/RS). Segundo a
Corte, “a contribuição de melhoria é tributo cujo fato imponível decorre
da valorização imobiliária que se segue a uma obra pública, ressoando
inequívoca a necessidade de sua instituição por lei específica, emanada
do Poder Público construtor, obra por obra, nos termos do art. 150, I da
CF/88 c/c art. 82 do CTN, uma vez que a legalidade estrita é incompatível
com qualquer cláusula genérica de tributação”.

c) CORRETO.
De fato, para a cobrança da contribuição de melhoria, é necessário:
1) a edição de uma lei específica para aquela obra; 2) a conclusão da obra,
com a verificação da efetiva valorização dos imóveis; e 3) o lançamento
tributário, de acordo com a valorização.

d) CORRETO.
O ônus da prova da valorização imobiliária será sempre da
entidade tributante, encarregada de apresentar os cálculos que irão
embasar a cobrança da contribuição de melhoria. Deve ser concedido,
entretanto, prazo para que o contribuinte possa impugná-la.
Nesse sentido, veja o entendimento do STJ:
(...) 3. “Só depois de pronta a obra e verificada a existência
da valorização imobiliária que ela provocou é que se torna
admissível a tributação por via de contribuição de melhoria”
(CARRAZZA, Roque Antonio. "Curso de Direito

128
Constitucional Tributário", São Paulo: Malheiros, 2006, pág.
533).
(...) 5. Cabe ao Poder Público apresentar os cálculos
que irão embasar a cobrança da contribuição de
melhoria, concedendo, entretanto, prazo para que o
contribuinte, em caso de discordância, possa
impugná-los administrativamente. Trata-se, pois, de
um valor presumido, cujo cálculo está a cargo da
própria Administração. (REsp 671.560/RS, Rel. Ministra
DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
15/05/2007, DJ 11/06/2007, p. 265)

e) CORRETO.
O item consiste em reprodução do art. 81 do CTN: “A contribuição
de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou
pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída
para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização
imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite
individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel
beneficiado”.
______________________________________________________________________

65. Sobre os princípios constitucionais tributários, assinale o item


INCORRETO.
a) A instituição de alíquotas progressivas para a contribuição
previdenciária dos servidores públicos atende ao princípio da
isonomia, em atenção à capacidade contributiva.
b) Mesmo não se tratando de tributo, o STF estende a aplicação do
princípio do não confisco às multas tributárias.
c) A atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo não se
sujeita ao princípio da legalidade cerrada, sendo admitido que se dê

129
mediante decreto, desde que a atualização não ultrapasse o índice oficial
de correção monetária.
d) Segundo a Constituição Federal, é vedado aos entes políticos
estabelecerem limitação ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de
tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de
pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público. Isso não
impede, contudo, a cobrança de ICMS interestadual, pois essa exação
está prevista no próprio texto constitucional.
e) O princípio da vedação às isenções heterônomas não impede que a
União conceda isenção de ICMS pela via do Tratado Internacional.

Comentários:

a) INCORRETO.
O entendimento do STF mostra-se oposto àquele trazido pela
assertiva.
Contribuição previdenciária. Alíquota progressiva.
Impossibilidade. Precedentes. 1. Esta Corte já decidiu que a
instituição de alíquotas progressivas para a contribuição
previdenciária dos servidores públicos ofende o princípio
da vedação à utilização de qualquer tributo com efeito de
confisco (art. 150, inciso IV, da Constituição Federal). (RE
346197 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma,
julgado em 16/10/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-222
DIVULG 09-11-2012 PUBLIC 12-11-2012).
Na ocasião, a Suprema Corte levou em conta a excessiva carga
tributária a que já estavam submetidos os servidores públicos, sujeitos à
contribuição previdenciária e ao imposto de renda, os quais somados, em
alíquotas máximas, poderiam superar metade da remuneração.

b) CORRETO.
Trata-se de entendimento sufragado pelo STF. In verbis:

130
Fixação de valores mínimos para multas pelo não
recolhimento e sonegação de tributos estaduais. Violação ao
inciso IV do art. 150 da Carta da República. A desproporção
entre o desrespeito à norma tributária e sua consequência
jurídica, a multa, evidencia o caráter confiscatório desta,
atentando contra o patrimônio do contribuinte, em
contrariedade ao mencionado dispositivo do texto
Constitucional Federal” (STF, Tribunal Pleno, ADI 551/RJ).
Portanto, apesar de o texto literal do art. 150, IV da CF/88
anunciar o não confisco como princípio a ser aplicado aos tributos, a
restrição é também aplicável às multas tributárias.

c) CORRETO.
A mera atualização monetária do valor do tributo ou da sua base
de cálculo, por não significar majoração do mesmo, não se sujeita à
anterioridade. O entendimento é pacífico no âmbito do STF, conforme
demonstra o seguinte excerto:
“Substituição legal dos fatores de indexação – Alegada ofensa
às garantias constitucionais do direito adquirido e da
anterioridade tributária – Inocorrência – Simples atualização
monetária que não se confunde com majoração do tributo. (…) A
modificação dos fatores de indexação, com base em legislação
superveniente, não constitui desrespeito às situações jurídicas
consolidadas (CF, art. 5.º, XXXVI), nem transgressão ao
postulado da não surpresa, instrumentalmente garantido pela
cláusula da anterioridade tributária (CF, art. 150, III, b)” (STF,
2.a T., RE-AgR 200.844/PR).

d) CORRETO.
Está correta a assertiva, que é praticamente autoexplicativa. A
Constituição Federal não admite inconstitucionalidade de normas
constitucionais originárias, sendo necessário que o intérprete as

131
compatibilize. Portanto, não há que se questionar a constitucionalidade
do ICMS interestadual.

e) CORRETO.
Entendendo que, no sistema presidencialista adotado pelo Estado
brasileiro, o Presidente da República, agindo como Chefe de Estado, firma
tratados internacionais em nome da soberana República Federativa do
Brasil (Estado Brasileiro), e não em nome da autônoma União, o STF
decidiu que a concessão de isenção, pela via do tratado, não proibida pela
vedação à concessão de isenção heterônoma.
Nessa linha, pode-se citar o acórdão proferido nos autos da ADI
1.600, em cuja Ementa expressamente se afirma que o “âmbito de
aplicação do art. 151, CF, é o das relações das entidades federadas entre
si. Não tem por objeto a União quando esta se apresenta na ordem externa”
(STF, Tribunal Pleno, ADI 1.600/UF).

______________________________________________________________________

66. O princípio da segurança jurídica, em Direito Tributário, traduz-


se no princípio da não surpresa, trazendo como corolários os
princípios da irretroatividade, da anterioridade do exercício e da
noventena (ou anterioridade nonagesimal). Sobre o tema, assinale o
item correto.
a) A alteração do prazo para pagamento do tributo, quando acarretar
prejuízo ao contribuinte, deve observar o princípio da anterioridade do
exercício e da anterioridade nonagesimal.
b) No caso de imposto instituído ou majorado por medida provisória, o
termo inicial de contagem da anterioridade nonagesimal é a publicação
da medida, e não a sua conversão em lei, ainda que haja modificação
substancial no texto legal, conforme entendimento do STF.
c) De acordo com o entendimento mais recente do STF, toda
alteração do critério quantitativo do consequente da regra matriz de

132
incidência deve ser entendida como majoração do tributo, de forma
que a revogação de benefício fiscal configura aumento indireto do
tributo, estando sujeito ao princípio da anterioridade.
d) O princípio da irretroatividade é excepcionado pelo CTN quando a lei
seja expressamente interpretativa. Nesse caso, é prescindível que a
inovação legislativa esteja de acordo com entendimento adotado pela
jurisprudência.
e) A redução e o restabelecimento do ICMS-combustíveis não se
submetem à anterioridade nonagesimal, devendo, todavia, observância à
anterioridade do exercício financeiro.

Comentários:

a) INCORRETO.
Segundo decidiu o STF (RE-AgR 274.949/SC), a norma que se
restringe a mudar o prazo para pagamento de tributo, mesmo
antecipando-o, não agrava a situação do contribuinte, não se sujeitando
à regra da anterioridade do exercício.

b) INCORRETO.
De fato, segundo o STF, no caso de imposto instituído ou majorado
por medida provisória, o termo inicial da contagem da anterioridade
nonagesimal é a publicação da medida. Contudo, se houver mudança
relevante no texto quando da conversão em lei, o prazo deve ser contado
da publicação da referida lei de conversão (RE 169.740). Isso se justifica
pelo escopo da garantia, que é exatamente impedir que o contribuinte
seja pego de surpresa. Não havendo alteração no texto legal, a segurança
jurídica estará sendo preservada, pois, desde a publicação da MP, o
contribuinte já tinha condições de ter conhecimento da nova exação.
Caso contrário, havendo relevante alteração, deve-lhe ser garantido novo
prazo de 90 dias para que se adapte às novas condições.

133
c) CORRETO.
Trata-se de tema bastante polêmico, que requer atenção por parte
do candidato. Note que o enunciado do item exigiu o entendimento mais
recente do STF, blindando a questão contra eventuais recursos por
divergência jurisprudencial. Isso porque existe precedente da 2ª turma
em sentido contrário.
Pretendia-se do aluno o conhecimento acerca do RE 564.225 de
2/9/2014 (informativo 757). Na ocasião, a 1ª turma do STF entendeu que
o ato normativo que revoga benefício fiscal anteriormente concedido
configura aumento indireto do tributo e, portanto, está sujeito ao
princípio da anterioridade tributária.
Segundo o Min. Marco Aurélio, o princípio da anterioridade tem
como objetivo garantir que o contribuinte não seja surpreendido com
aumentos súbitos do encargo fiscal. O prévio conhecimento da carga
tributária tem como fundamento a segurança jurídica e, como conteúdo,
a garantia da certeza do direito. Por fim, o Ministro ressaltou que “toda
alteração do critério quantitativo do tributo deve ser entendida como
majoração”. Assim, tanto o aumento de alíquota, quanto a redução de
benefício, apontariam para o mesmo resultado, qual seja, o agravamento
do encargo.

d) INCORETO.
De fato, o art. 106, I do CTN estabelece que a lei aplica-se a ato ou
fato pretérito quando seja expressamente interpretativa.
Sobre o tema, alguns autores negam a existência de leis
interpretativas, alegando que ao legislativo não é dado interpretar outras
leis, e que ou a lei inova no ordenamento (e não será interpretativa), ou
apenas repete o que se afirma em lei anterior (e será inútil). Apesar disso,
o STF expressamente admite a existência de leis interpretativas; segundo
ele, não traduzem usurpação das atribuições institucionais do judiciário,
vez que também se submetem ao exame e à interpretação dos juízes e
tribunais.

134
Cabe esclarecer que essa retroatividade será, em verdade, apenas
aparente, vigente que estava a lei interpretada. No entanto – e aqui se
encontra o equívoco da assertiva – somente subsistirá o preceito
supostamente retroativo se a interpretação que lhe der à lei anterior
coincidir com a interpretação que lhe der o Judiciário. Do contrário,
havendo qualquer agravação na situação do contribuinte, a lei será
considerada ofensiva ao princípio da irretroatividade (PAULSEN,
Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário Nacional à
luz da doutrina e da jurisprudência. 9 ed. Porto Alegre: Livraria do
Advogado: ESMAFE, 2007, p. 825).

e) INCORRETO.
O art. 155, §4º, IV, c da CF expressamente isenta a redução e o
restabelecimento do ICMS-combustíveis da observância da anterioridade
do exercício. Com relação à redução, não existe qualquer inovação, visto
que se trata de um benefício em prol do contribuinte. No que se refere ao
restabelecimento, o dispositivo autoriza que, após a realização de uma
redução, seja possível uma majoração subsequente, sem observância à
anterioridade, desde que respeitado, como teto, o percentual anterior.

______________________________________________________________________

67. Sobre a imunidade destinada às entidades de assistência social


sem fins lucrativos, assinale a opção correta.
I. A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social
sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição Federal
somente alcança as entidades fechadas de previdência social se não
houver contribuição dos beneficiários.
II. Entidade de assistência social sem fins lucrativos que explora
agência franqueada dos correios com a finalidade de reverter os lucros
para suas finalidades institucionais faz jus à imunidade prevista no
art. 150, IV, c da CF/88.

135
III. A imunidade das entidades de assistência social sem fins lucrativos
abrange seu patrimônio, sua renda e seus serviços. Assim, não incide
o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana sobre imóvel
de sua propriedade alugado a terceiros, ainda que os aluguéis não
sejam revertidos a sua finalidade essencial.
IV. Uma vez deferida a imunidade a determinada entidade de
assistência social sem fins lucrativos, caso a Fazenda Pública tome
ciência de que referida entidade não esteja mais cumprindo os
requisitos legais, caberá ao próprio fisco a prova do descumprimento.
Estão corretos os itens:
a) I e II
b) II e III
c) III e IV
d) I e IV
e) II e IV

Comentários:

I. CORRETO.
Corresponde à Súmula de nº 730 do STF: “a imunidade tributária
conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art.
150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de
previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários”.
Entidade fechada de previdência social privada é aquela que não
admite qualquer interessado, mas apenas aqueles que possuem algum
vínculo jurídico específico, como os funcionários de determinada
empresa. Caso não haja contribuição dos beneficiários, ela será
equivalente a uma entidade de assistência social sem fins lucrativos, pois
estará colaborando com a aposentadoria daqueles empregados sem lhes
exigir qualquer contraprestação. Daí o entendimento sumulado.

136
II. INCORRETO
O assunto cobrado no presente item é um tanto polêmico. Em geral,
a jurisprudência dos tribunais superiores tem adotado interpretação
bastante ampliativa no que se refere à imunidade em estudo, aplicando-
a aos mais diversos imóveis das entidades beneficentes, desde que o uso
desses bens seja voltado às finalidades essenciais da entidade, conforme
exigência constitucional.
No RE 345830, o STF entendeu que “o fato de uma entidade
beneficente manter uma livraria em imóvel de sua propriedade não afasta
a imunidade tributária prevista no art. 150, VI, c da CF/88, desde que
as rendas auferidas sejam destinadas a suas atividades institucionais”.
Entretanto, mais recentemente, o STJ, no caso de a entidade
explorar atividade econômica franqueada dos correios, não fará jus à
imunidade em apreço. Isso porque tal atividade não está relacionada com
as finalidades institucionais da entidade de assistência social, ou seja, o
serviço prestado não possui relação com seus trabalhos na área de
assistência social, ainda que o resultado das vendas seja revertido em
prol das suas atividades essenciais. Logo, não se pode conceder a
imunidade porque não está preenchido o requisito exposto no ar. 150, §
4º da CF/88 e art. 14, § 2º do CTN. (RMS 46.170-MS, informativo 551,
STJ).
De fato, os dois entendimentos parecem contraditórios. É preciso,
portanto, que o candidato perceba qual dos dois entendimentos está
sendo cobrado na prova.

III. INCORRETO.
Conforme mencionado no item acima, a jurisprudência tem
adotado interpretação ampliativa no que se refere à imunidade das
entidades de assistência social.
Conforme a Súmula Vinculante 52: “ainda quando alugado a
terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das
entidades referidas pelo art. 150, VI, c da CF, desde que o valor dos

137
aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram
constituídas”.
O equívoco da assertiva está em dispensar a aplicação do valor dos
aluguéis nas finalidades essenciais da atividade.
A título de complemento, vale ressaltar que, mesmo vago, o imóvel
da entidade de assistência social não perderá a imunidade tributária.
Segundo o STF, em regra, presume-se que o imóvel vago possui
imunidade, cabendo à Fazenda demonstrar que seu uso não está de
acordo ou revertendo às finalidades da entidade (nesse sentido: ARE
800395, ARE 759977, RE 470520).

IV. CORRETO.
Trata-se de entendimento tomado pelo STF no RE 385091/DF
(informativo 714). Segundo entendeu a Suprema Corte, é ônus da
Fazenda provar que algum dos requisitos concessivos da imunidade estão
sendo descumpridos pela entidade, vigorando verdadeira presunção em
favor da instituição nesse caso.

______________________________________________________________________

68. Em relação às imunidades tributárias, aponte a alternativa


correta.
a) A imunidade tributária é classificada pela doutrina como não-
incidência qualificada, com previsão na Constituição, sendo espécie de
exclusão do crédito tributário, de acordo com o CTN.
b) A imunidade tributária recíproca, como decorrência do pacto
federativo, impede que um ente exija tributos de outro ente, salvo no caso
em que o bem esteja sendo utilizado sem qualquer finalidade pública,
quando será possível a cobrança de impostos sobre ele.
c) A imunidade cultural referida no art. 150, VI, d da CF/88, conforme
posição pacífica do STF, abrange, além dos livros, jornais, periódicos e

138
papel destinado a sua impressão, as mídias que dão suporte físico aos
livros eletrônicos.
d) A imunidade tributária torna indevida a incidência de IPVA sobre
veículos pertencentes às entidades sindicais de trabalhadores e de
empregadores, desde que sejam destinados ao atendimento de suas
finalidades essenciais.
e) Segundo o STF, a extensão da imunidade recíproca às empresas
públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviços
públicos refere-se tão somente aos impostos incidentes sobre o
patrimônio, a renda e os serviços, não abrangendo as demais
espécies tributárias.

Comentários:

a) INCORRETO
As imunidades são limitações constitucionais ao poder de tributar
consistentes na delimitação da competência tributária
constitucionalmente conferida aos entes políticos. As imunidades
compõem o desenho da competência tributária; significa que a respeito
dessas matérias o ente não poderá instituir tributos, ele não teria
competência tributária para tanto. Daí se falar que a imunidade
corresponde a uma competência negativa.
O erro da questão está em considerar a imunidade uma espécie de
exclusão do crédito tributário. Segundo o art. 175 do CTN, excluem o
crédito tributário: a isenção e a anistia. A imunidade, por sua vez, não
está inserida nesse rol.
A isenção, espécie de exclusão do crédito tributário, diferencia-se
da imunidade de forma substancial. Enquanto a imunidade é uma
competência negativa, limitando a liberdade do ente de instituir tributos,
a isenção é a própria manifestação da competência tributária, por meio
da qual, voluntariamente, o ente opta por dispensar o pagamento da
obrigação principal, sempre por meio de lei.

139
b) INCORRETO.
O item conta com dois erros. Primeiramente, conforme o art. 150,
VI a da CF/88, a imunidade recíproca abrange apenas impostos, e não
tributos de forma geral. Portanto, é possível que um ente exija certos
tributos em face de outros, como, por exemplo, o pagamento de taxas
pela prestação de determinado serviço.
O segundo equívoco está em asseverar que o bem do ente político
deve atender à finalidade pública para que faça jus à imunidade. Com
efeito, o §2º do art. 150 da CF;88 exige que os bens das autarquias e das
fundações públicas estejam vinculados a suas atividades essenciais para
que possam gozar da imunidade recíproca conferida pela Constituição.
Essa mesma exigência, todavia, não existe no que se refere aos bens dos
próprios entes políticos, os quais, em qualquer circunstância, estarão
protegidos pela imunidade tributária em tela.

c) INCORRETO.
No seu art. 150, VI, d, a CF/1988 proíbe os entes federados de
instituir impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado a
sua impressão.
Trata-se de imunidade puramente objetiva, que visa a impedir tão
somente a cobrança dos impostos incidentes diretamente sobre os livros
jornais, periódicos e sobre o papel. Assim, o objeto livro é imune, mas a
livraria, em si, deve pagar tributos.
Quanto à questão relativa à possibilidade de extensão da
imunidade cultural aos veículos publicados em meio eletrônico, trata-se
de tema polêmico, que está sendo bastante discutido atualmente,
principalmente em virtude da proliferação dos e-readers.
O entendimento mais seguro a ser seguido nas provas é o de que
a imunidade cultural NÃO se estende às mídias que dão suporte
físico aos livros eletrônicos (CD-ROM, DVD, fitas de vídeo e etc.).
Para a Corte, tais mídias não se confundem, nem se assimilam ao “papel”,

140
que é protegido pelo benefício constitucional (interpretação restritiva).
Ressalta-se que, possivelmente, esse entendimento será modificado no
futuro.

d) INCORRETO.
O art. 150, VI, c da CF/88 protege o patrimônio, a renda ou os
serviços das entidades sindicais dos trabalhadores da incidência de
tributos. Atente que não existe a mesma imunidade no que tange aos
sindicatos de empregadores. No caso, houve um silêncio eloquente por
parte do constituinte, levando à conclusão de que as entidades de
empregadores não são abrangidas pela imunidade.
O equívoco do item, portanto, está em considerar tais entidades
patronais imunes aos impostos.
Observação: questão bastante recorrente nas provas de concurso.

e) CORRETO.
Conforme já mencionado no item “b” da questão, a imunidade
tributária recíproca, por expressa dicção constitucional, abrange tão
somente os impostos, e não todas as espécies tributárias. Correta a
assertiva.

______________________________________________________________________

69. A respeito da obrigação tributária, disposta no Título II do Código


Tributário Nacional, assinale a alternativa correta.
a) A obrigação tributária acessória não pode ser exigida de quem é imune
ao pagamento do imposto.
b) O fato gerador da obrigação tributária, que pode ser principal ou
acessória, é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua
ocorrência.

141
c) O crédito tributário surge com a ocorrência do fato gerador, que, no
caso da obrigação principal, tem por objeto o pagamento de tributo ou
penalidade pecuniária.
d) Tratando-se de negócio jurídico sob condição suspensiva, considera-
se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos desde o momento
da prática do ato ou da celebração do negócio.
e) A capacidade tributária passiva é plena e independe da capacidade
civil.

Comentários:

a) INCORRETO.
Mesmo no que concerne às entidades imunes, as obrigações
acessórias existem no interesse da fiscalização e arrecadação de tributos,
visto que são obrigadas a escriturar livros fiscais para que a
Administração Tributária tenha como fiscalizá-las e verificar se as
condições para a fruição da imunidade permanecem presentes.
Também é possível que, mesmo imunes, as entidades sejam
obrigadas a recolher tributos na condição de responsáveis, como é o caso
da entidade imune ao Imposto de Renda que faz pagamentos a uma
pessoa física que lhe presta serviço, sendo responsabilizada pela retenção
e recolhimento do respectivo imposto. Daí a necessidade de apresentação
de Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF), que existe
no interesse da arrecadação e fiscalização do imposto.

b) INCORRETO.
Segundo o art. 114 do CTN, “o fato gerador da obrigação principal
é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua
ocorrência”. O art. 115, por outro lado, dispõe: “fato gerador da obrigação
acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável,
impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação
principal”.

142
Portanto, incorreta a assertiva, já que trata de maneira equivalente
obrigação principal e acessória. Ressalte-se, ainda, que apenas a
obrigação principal exige lei para sua definição, enquanto a obrigação
acessória satisfaz-se de forma mais ampla, bastando legislação que a
preveja.

c) INCORRETO.
Em verdade, a obrigação tributária surge com a ocorrência do fato
gerador, conforme dispõe o art. 113, §1º do CTN: “a obrigação principal
surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de
tributo ou prestação pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito
dela decorrente”.
O crédito tributário, conforme art. 142 do CTN, somente é
constituído por força do lançamento tributário.

d) INCORRETO.
A assertiva não corresponde ao art. 117, I do CTN: “sendo
suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento”.
No caso de condição resolutória, por outro lado, o art. 117, II
dispõe: “sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato
ou da celebração do negócio”.
Portanto, a questão trocou os dois incisos, resultando na sua
incorreção.

e) CORRETO.
A alternativa corresponde ao art. 126, I do CTN, que dispõe: “a
capacidade tributária passiva independe da capacidade civil das pessoas
naturais”.

______________________________________________________________________

143
70. O imposto sobre propriedade de veículos automotores e o
imposto sobre transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens
e direitos são tributos de competências dos Estados e do Distrito
Federal. Sobre tais impostos, analise as seguintes alternativas.
I. A fixação da base de cálculo do IPVA não se submete ao princípio
constitucional da noventena.
II. Cabe ao Senado Federal fixar a alíquota máxima do ITCMD e a alíquota
mínima do IPVA
III. O IPVA poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e da
utilização do veículo. Da mesma forma, é possível a diferenciação de
alíquotas entre veículos importados e veículos de procedência nacional.
IV. O Imposto sobre transmissão causa mortis e doação de quaisquer
bens ou direitos compete ao Estado da situação do bem, ou ao distrito
federal, relativamente a bens móveis, títulos e créditos.
Estão corretas apenas:
a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) II e IV
e) III e IV

Comentários:

I. CORRETO.
Trata-se de disposição contida no art. 150, §1º da CF/88.

II. CORRETO.
De fato, cabe ao Senado Federal fixar a alíquota máxima do ITCMD
(155, §1º, IV da CF/88) e a alíquota mínima do IPVA (art. 155, §6º, I da
CF/88).

144
III. INCORRETO.
O art. 155, §6º, II da CF autoriza expressamente que o IPVA possua
alíquotas diferenciadas em função do tipo de utilização do veículo.
Entretanto, segundo o STF (RE 367.785), é vedada a diferenciação
de alíquotas entre veículos importados e veículos de procedência
nacional, pois o tratamento desigual significaria uma nova tributação
pelo fato gerador da importação. Além disso, referido tratamento desigual
importaria em violação ao princípio da isonomia e ao art. 152 da CF/88,
que dispõe: “é vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer
natureza, em razão de sua procedência ou destino”.

IV. INCORRETO.
Assertiva em descompasso com o art. 155, §1º da CF/88.
Art. 155, § 1º O imposto previsto no inciso I:
I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos,
compete ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito
Federal
II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete
ao Estado onde se processar o inventário ou arrolamento,
ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal

145
Direito do Trabalho

71. Sobre os princípios em Direito do Trabalho, aponte a alternativa


correta.
a) Segundo entendimento sumulado do TST, aplica-se, no processo do
trabalho, o princípio da identidade física do juiz.
b) Por aplicação imediata do princípio protetivo, é vedada, no Direito do
Trabalho, em qualquer circunstância, a adoção de arbitragem para a
resolução de conflitos
c) Conforme jurisprudência sumulada do TST, o ônus de provar o
término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de
serviços e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da
continuidade da relação de emprego impõe presunção favorável ao
empregado.
d) Por aplicação do princípio do in dubio pro operario, corolário do
Princípio da Proteção, caso, ao fim da instrução processual, reste dúvida
acerca do direito pleiteado, deve o magistrado decidir em favor do
trabalhador, de forma análoga ao que ocorre no Processo Penal.
e) Em aplicação do princípio da norma mais favorável, entende o TST que
as cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens
deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a
revogação ou alteração do regulamento.

Comentários:

a) INCORRETA.
Antigamente, como a rotatividade dos juízes classistas era muito
grande, ficava absolutamente impossível aplicar o princípio da identidade
física do juiz, razão pela qual foi editada a súmula 136, do TST, afirmando
a inaplicabilidade do princípio. No entanto, com a EC 24, as juntas foram
extintas, de forma que o enunciado sumular foi cancelado. Essa
constatação já resolve o item, uma vez que não existe, atualmente,

146
súmula afirmando a inaplicabilidade do princípio da identidade física do
juiz.
Quanto à aplicabilidade ou não do princípio, independentemente
de súmula, existe controvérsia. Há quem defenda a aplicação do preceito
ao processo do trabalho, tendo em vista o cancelamento do entendimento
sumular. Outra corrente defende que, mesmo após o cancelamento da
Súmula nº 136, o princípio da identidade física do juiz continua
incompatível com o processo do trabalho, pois os princípios da
simplicidade, celeridade e efetividade da prestação jurisdicional ficariam
comprometidos pela adoção de tal critério.
No TST, há julgados que afirmam sua aplicabilidade, mas defende
como consequência a nulidade meramente relativa, exigindo a
demonstração de prejuízo por parte de quem o invoca.

b) INCORRETA.
A Lei 9.307/96, ao fixar o juízo arbitral como medida extrajudicial
de solução de conflitos, restringiu, no art. 1º, o campo de atuação do
instituto apenas para os litígios relativos a direitos patrimoniais
disponíveis. Ocorre que, em razão do princípio protetivo que informa o
direito individual do trabalho, bem como em razão da ausência de
equilíbrio entre as partes, são os direitos trabalhistas indisponíveis e
irrenunciáveis. Por outro lado, quis o legislador constituinte possibilitar
a adoção da arbitragem apenas para os conflitos coletivos, consoante se
observa do art. 114, §§ 1º e 2º, da Constituição da República. Portanto,
não se compatibiliza com o direito individual do trabalho a arbitragem,
mas apenas com o direito coletivo do trabalho.

c) CORRETA.
Trata-se de reprodução da súmula 212 do TST.

147
d) INCORRETA.
O princípio do in dubio pro operario informa que, se uma
determinada regra permite duas ou mais interpretações, estará o
intérprete vinculado à escolha daquela que se mostre mais favorável ao
empregado.
Ocorre que esse princípio não tem aplicação no Direito Processual
do Trabalho, regrado que é este por normas específicas que determinam
o ônus da prova. Dessa forma, “havendo dúvida do juiz em face do
conjunto probatório existente e das presunções aplicáveis, ele deverá
decidir em desfavor da parte que tenha o ônus da prova naquele tópico
duvidoso, e não segundo a diretriz genérica do in dubio pro operario”
(Maurício Godinho Delgado).

e) INCORRETA.
O princípio da proteção se subdivide em três subprincípios: in
dubio pro operario, condição mais benéfica e norma mais favorável. O
enunciado da questão traduz o princípio da condição mais benéfica, e
não o da norma mais favorável.
Princípio da condição mais benéfica: impõe que as condições mais
benéficas previstas no contrato de trabalho ou no regulamento de
empresa deverão prevalecer diante da edição de normas que estabeleçam
patamar protetivo menos benéfico ao empregado.
Princípio da norma mais favorável: determina que não prevalece
necessariamente, no Direito do Trabalho, o critério hierárquico de
aplicação das normas; isto é, existindo duas ou mais normas aplicáveis
ao mesmo caso concreto, deve-se aplicar a que for mais favorável ao
empregado.

______________________________________________________________________

148
72. Ainda em se tratando dos princípios próprios do Direito do
Trabalho, está correto o que se afirma em:
a) O princípio da intangibilidade salarial impõe que ao empregador é
vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado.
b) Em virtude do princípio da boa-fé, via de regra, o trabalhador pode
renunciar a seu direito de férias, se assim preferir.
c) Os princípios gerais de direito não são aplicados na interpretação das
normas do direito do trabalho, ainda que subsidiariamente.
d) É vedado, em todo caso, a redução do salário do empregado.
e) Segundo impõe o princípio da primazia da realidade, a relação
objetiva evidenciada pelos fatos define a verdadeira relação jurídica
estipulada pelos contratantes, ou seja, em matéria trabalhista,
importa o que ocorre na prática mais do que as partes pactuaram ou
o que se insere em documentos, formulários e instrumentos de
contrato.

Comentários:

a) INCORRETO.
Segundo o art. 462 da CLT, “ao empregador é vedado efetuar
qualquer desconto nos salários do empregado, SALVO quando este
resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo”.
De fato, aplica-se, no caso, o princípio da intangibilidade salarial,
no entanto, a própria CLT traz exceções à incidência desse princípio.

b) INCORRETO.
Em direito do trabalho, aplica-se o princípio da irrenunciabilidade,
não podendo o trabalhador simplesmente renunciar ao seu direito de
férias. Por força, do art. 143 da CLT, o empregado pode converter 1/3 do
período de férias a que tiver direito em abono pecuniário, mas não pode
simplesmente renunciar a esse direito, que corresponde a norma de
proteção à saúde e à segurança do empregado.

149
c) INCORRETO.
O art. 8º da CLT dispõe pela aplicação de outros princípios e
normas gerais de direito, na falta de disposições legais ou contratuais. O
parágrafo único determina, ainda, que o direito comum será fonte
subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível
com este.

d) INCORRETO.
O art. 7º, VI da CF/88 excepciona o princípio da irredutibilidade
salarial no caso de convenção ou acordo coletivo.

e) CORRETO.
Trata-se da própria definição do princípio da primazia da realidade.

______________________________________________________________________

73. No que atine às fontes do Direito do Trabalho, analise os itens


seguintes e assinale a alternativa INCORRETA.
a) As fontes formais correspondem ao instrumento de acesso das fontes
materiais ao mundo jurídico
b) Na falta de disposições legais ou contratuais, a justiça do trabalho ou
as autoridades administrativas poderão decidir o caso de acordo com os
usos e costumes, que são fontes do direito do trabalho.
c) As fontes formais correspondem aos fatores sociais que levam o
legislador a codificar expressamente as normas jurídicas.
d) A sentença normativa é fonte do direito do trabalho, assim como o são
os atos normativos do Poder Executivo.
e) No Direito do Trabalho são exemplos de fontes heterônomas a
Constituição Federal e a Sentença Normativa e são exemplos de fontes
autônomas a Convenção Coletiva de Trabalho e Acordo Coletivo de
Trabalho.

150
Comentários:

a) CORRETO.
Trata-se de trecho da obra de Messias Pereira Donato.
Fontes materiais são os mananciais ligados ao conteúdo, ao fato
social que dá origem ao direito positivo. Representam o momento pré-
jurídico, isto é, o conjunto de fatores econômicos, políticos, sociológicos
e filosóficos que levam à formação (e à alteração) do direito positivo de
um Estado.
Fontes formais, por sua vez, ligam-se à forma jurídica utilizada
como regulamentação do fato social. São aquelas fontes que sucedem
logicamente as fontes materiais. Representam, portanto, a
consubstanciação das fontes materiais, o meio de acesso destas ao
Direito.

b) CORRETO.
A maioria da doutrina, baseada no texto do art. 8° da CLT, tende a
considerar os usos e costumes como fontes formais autônomas do Direito
do Trabalho.

c) INCORRETO.
Conforme comentado no item “a”.

d) CORRETO.
De fato, tanto a sentença normativa, quanto os atos do poder
executivo são fontes formais do direito do trabalho.

e) CORRETO.
Fontes formais autônomas derivam dos próprios destinatários da
norma, como as CCT e ACT, objeto de negociação entre os atores coletivos
do direito do trabalho.

151
Fontes formais heterônomas, por sua vez, surgem a partir da
atuação de terceiro, normalmente o Estado. São os casos da lei, da
Constituição e da sentença normativa.

______________________________________________________________________

74. A relação de emprego é apenas uma das modalidades da relação


de trabalho, e ocorrerá sempre que preenchidos os requisitos legais
específicos. Sobre esses requisitos assinale a alternativa correta.
a) Se uma empresa contratar a prestação de serviços mediante uma
pessoa jurídica unipessoal, nesse caso, mesmo que estejam presentes os
elementos caracterizadores da relação de emprego, será impossível o
reconhecimento, pelo Poder Judiciário, de vínculo empregatício entre a
empresa e o prestador dos serviços
b) A dependência econômica do prestador ao tomador dos serviços está
expressamente prevista na lei como elemento privativo para caracterizar
a subordinação do prestador de serviços em relação ao tomador de sua
força de trabalho nas relações empregatícias.
c) A exclusividade na prestação dos serviços do trabalhador ao seu
contratante configura requisito legal essencial e tipificado para a
formação de um contrato de trabalho de natureza celetista.
d) A onerosidade, como característica da relação de emprego, deve
ser vista sob o ângulo objetivo, segundo o qual ela se manifesta pelo
pagamento por parte do empregador para remunerar os serviços
prestados por força do contrato, e no aspecto subjetivo, com a
identificação da intenção contraprestativa, em especial pelo
empregado, que presta os serviços esperando uma contrapartida
pecuniária por parte do empregador.
e) Como elemento indispensável para a caracterização da relação de
emprego está a continuidade, conforme prescreve o art. 3º da CLT.

152
Comentários:

a) INCORRETO.
De fato, um dos requisitos da relação de emprego é que o trabalho
seja prestado por pessoa física, conforme art. 3º da CLT. Entretanto, por
aplicação do princípio da primazia da realidade, caso a pessoa jurídica
tenha sido criada com o único objetivo de fraudar o direito do trabalho,
impõe-se a sua desconsideração, por aplicação do art. 9º da CLT.

b) INCORRETO.
A subordinação que dá ensejo à relação de emprego não é de
natureza econômica, intelectual, técnica ou social, mas JURÍDICA. A
subordinação, para tanto, decorre do contrato de trabalho, referindo-se
ao modo como o empregado deve prestar os serviços ao empregador.
Segundo Alice Monteiro de Barros, “esse poder de comando do
empregador não precisa ser exercido de forma constante, tampouco
torna-se necessária a vigilância técnica contínua dos trabalhos
efetuados, mesmo porque, em relação aos trabalhadores intelectuais, ela
é difícil de ocorrer. O importante é que haja a possibilidade de o
empregador dar ordens, comandar, dirigir e fiscalizar a atividade do
empregado. Em linhas gerais, o que interessa é a possibilidade que
assiste ao empregador de intervir na atividade do empregado”.

c) INCORRETO.
A exclusividade não é requisito previsto no art. 3º do CTN. A bem
da verdade, mostra-se plenamente possível que uma mesma pessoa
possua relação de emprego com mais de um empregador.

d) CORRETO.
Trata-se da definição de onerosidade trazida por Maurício Godinho
Delgado, recorrentemente cobrada em provas de concurso público.

153
e) INCORRETO.
O art. 3º da CLT exige habitualidade (ou não eventualidade), que
difere da continuidade. Este último é pressuposto da configuração do
trabalho doméstico, o qual exige que o labor seja mais do que habitual,
seja contínuo. Por esta razão, a doutrina e a jurisprudência têm
entendido, de forma mais ou menos homogênea, que a diarista que presta
serviços em residência de forma descontínua (uma, duas ou três vezes
por semana, por exemplo) não é empregada (TST, 3ª Turma, RR 1500-
79.2012.5.03.0032, Rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, DEJT
13.06.2014).

______________________________________________________________________

75. Sobre as várias espécies de relação de trabalho, analise as


assertivas a seguir e assinale a alternativa correta.
I. A CLT autoriza a formação de cooperativas destinadas à prestação de
serviços. Não há vínculo de emprego entre elas e seus associados ou entre
estes e os tomadores da mão de obra, exceto quando a associação for
mera simulação ou resultar em fraude aos direitos trabalhistas
II. O contrato de aprendizagem gera vínculo empregatício entre o jovem
aprendiz e a empresa contratante.
III. O serviço voluntário revela espírito de cooperação e colaboração de
quem o exerce, embasado em motivações pessoais, e que busca
desenvolver atividades das quais detém conhecimentos, habilidades e
experiência, contribuindo, assim, com a instituição em que atua, razão
pela qual não admite qualquer tipo de remuneração ou de
ressarcimento.
IV. Trabalhador avulso é aquele que presta, a diversas empresas, com
vínculo empregatício, serviços de natureza urbana ou rural definidos no
regulamento.
Estão corretas as assertivas:
a) I e II apenas

154
b) I e III apenas
c) II e III apenas
d) III e IV apenas
e) I e IV apenas

Comentários:

I. CORRETO.
O cooperativado (lícito, frise-se) é um trabalhador autônomo, pois
presta serviços por conta própria e assume os riscos da atividade
econômica. De uma forma geral, exige-se que a cooperativa atenda a dois
princípios básicos: a) princípio da dupla qualidade, segundo o qual o
cooperado presta serviços à cooperativa, que, por sua vez, também
oferece serviços aos seus associados; b) princípio da retribuição pessoal
diferenciada, no sentido de que só se justifica a reunião em cooperativa
se for para melhorar a condição econômica dos associados.
O art. 442, parágrafo único da CLT estabelece que não se forma
vínculo empregatício entre a cooperativa e seus associados, nem entre
estes e os tomadores daquela. Esse dispositivo, entretanto, só se aplica
às cooperativas lícitas. Tratando-se de cooperativa ilícita (que não atenda
aos pressupostos básicos), haverá a incidência do art. 9º da CLT,
formando-se a respectiva relação de emprego.

II. CORRETO.
De fato, o contrato de aprendizagem gera vínculo empregatício,
tanto que, para sua validade, é imprescindível a anotação da CTPS do
aprendiz, na forma do art. 428, caput e §1º, da CLT: “Contrato de
aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e
por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar
ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em
programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódica,
compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o

155
aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa
formação. § 1º A validade do contrato de aprendizagem pressupõe
anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, matrícula e
frequência do aprendiz na escola, caso não haja concluído o ensino
médio, e inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob
orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional
metódica”.

III. INCORRETO.
A grande distinção entre a relação de trabalho voluntário e a
relação de emprego é a ausência da intenção onerosa na primeira, isto é,
a prestação de serviços com intenção graciosa ou benevolente, ao passo
que na relação de emprego há sempre intenção onerosa (animus
contrahendi). Nada impede, todavia, que ocorram ressarcimentos no
âmbito do trabalho voluntário, o que não se confunde com
contraprestação pelo trabalho prestado. Daí a incorreção do item.

IV. INCORRETO.
Segundo o art. 12, VI da lei 8.212/1991, trabalhador avulso é
“quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, serviços
de natureza urbana ou rural definidos no regulamento”. O erro do item
está em afirmar que o trabalhador avulso possui vínculo empregatício.
______________________________________________________________________

76. Mérvio, policial militar, laborou, durante muito tempo, como


segurança particular da empresa “Vou Passar” durante os horários
vagos. Na referida empresa, Mérvio cumpria as ordens emanadas da
direção, utilizava uniforme da empresa e recebia contraprestação
mensal. Considerando a situação apresentada,
a) Apesar de estarem configurados os requisitos da relação de emprego,
a situação de militar de Mérvio impede o reconhecimento desse vínculo.

156
b) Não existe vínculo empregatício na espécie, considerando que o labor
prestado possui natureza de trabalho autônomo.
c) Estando presentes as características da relação de emprego, é
legítimo o reconhecimento do vínculo empregatício,
independentemente de eventual penalidade disciplinar prevista no
estatuto da polícia militar.
d) Não restou configurada a relação de emprego, por ausência do
requisito da habitualidade, uma vez que o labor era prestado apenas
durante os horários vagos.
e) O vínculo de emprego entre a empresa “Vou Passar” e Mérvio somente
pode ser reconhecido nos períodos em que ele não estava escalonado na
corporação e em que houve trabalho efetivo em favor da empresa.

Comentários:
Trata-se de questão bastante cobrada nas provas de Direito do
Trabalho. Ela pode ser facilmente resolvida com a aplicação da Súmula
386 do TST: “Preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT, é legítimo o
reconhecimento de relação de emprego entre policial militar e empresa
privada, independentemente do eventual cabimento de penalidade
disciplinar prevista no estatuto do policial militar”.

______________________________________________________________________

77. Sobre a competência da Justiça do Trabalho e o entendimento


do TST, assinale a alternativa INCORRETA.
a) Nos termos do art. 114, inc. VI, da Constituição da República, a Justiça
do Trabalho é competente para processar e julgar ações de indenização
por dano moral e material, decorrentes da relação de trabalho, inclusive
as oriundas de acidente de trabalho e doenças a ele equiparadas, ainda
que propostas pelos dependentes ou sucessores do trabalhador falecido.
b) A Justiça do Trabalho é competente para declarar a abusividade, ou
não, da greve.
157
c) Inscreve-se na competência material da Justiça do Trabalho a lide
entre empregado e empregador tendo por objeto indenização pelo não-
fornecimento das guias do seguro-desemprego.
d) A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das
contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em
pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que
integrem o salário de contribuição.
e) Compete à Justiça Comum a execução, de ofício, da contribuição
referente ao Seguro de Acidente de Trabalho (SAT), que tem natureza
de contribuição para a seguridade social.

Comentários:
Trata-se de questão extraída integralmente das súmulas do TST,
como muitas vezes ocorre em provas de concurso público.

a) CORRETO. Súmula 392 do TST.

b) CORRETO. Súmula 189 do TST

c) CORRETO. Súmula 389 do TST

d) CORRETO. Súmula 368, I do TST

e) INCORRETO. Súmula 454 do TST. Nesse caso, a competência é da


Justiça do Trabalho, e não da Justiça Comum, uma vez que o SAT se
destina ao financiamento de benefícios relativos à incapacidade do
empregado decorrente de infortúnio no trabalho.
______________________________________________________________________

78. A respeito da competência da Justiça do Trabalho, marque o item


verdadeiro.
a) Por aplicação do art. 769 da CLT, aplica-se ao Processo do Trabalho o
art. 63 do CPC, que dispõe: “As partes podem modificar a competência

158
em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação
oriunda de direitos e obrigações”.
b) No Direito Processual do Trabalho, diferentemente do Processo Civil
comum, a incompetência relativa pode ser declarada inclusive ex officio,
por força do princípio da proteção.
c) Compete à Justiça Comum pronunciar-se sobre a existência, a
validade e a eficácia das relações entre servidores e o poder público
fundadas em vínculo jurídico-administrativo, salvo no caso em que o
contrato seja temporário ou precário e haja sido extrapolado seu prazo
inicial.
d) A Justiça do Trabalho é competente para examinar pedido de
empregado público admitido antes da promulgação da Constituição
de 1988, sob regime celetista, e sem concurso público, não obstante
a superveniência de legislação estadual que institui regime jurídico
único.
e) Compete à Justiça do Trabalho apreciar controvérsia envolvendo greve
de servidores públicos, uma vez que o art. 114, II da CF/88 dispõe que
compete à essa justiça especializada processar e julgar as ações que
envolvam exercício do direito de greve, sem fazer qualquer distinção com
relação aos atores envolvidos.

Comentários:

a) INCORRETO.
O art. 63 do NCPC se revela incompatível com as normas de
competência do processo do trabalho, visto que estas são de ordem
pública e, por consequência, não são suscetíveis de modificação pelas
partes. O objetivo do art. 651 da CLT e seus parágrafos é facilitar o acesso
do obreiro hipossuficiente à Justiça do Trabalho, sendo a eleição de foro
incompatível com o processo trabalhista, muito embora não exista
vedação expressa na norma consolidada. Portanto, no âmbito do
processo do trabalho, não poderá ser instituída pelas partes da relação

159
laboral cláusula que preveja foro de eleição em caso de eventual conflito
(Renato Saraiva e Aryanna Manfredini).

b) INCORRETO.
Apesar de o art. 795 da CLT prever a declaração de ofício da
incompetência na Justiça do Trabalho, esse dispositivo deve se
compatibilizar com o 799, que estatui a exceção de incompetência. Assim,
aplica-se a regra do art. 65 do CPC, segundo a qual a competência
territorial que não for arguida por exceção prorroga-se, de forma que não
pode o juiz de ofício decliná-la.
Vale ressaltar, a título de complementação, que existe corrente que
prega a possibilidade de arguição da exceção de incompetência por
preliminar, sendo desnecessária a exceção, em homenagem à celeridade
e simplicidade processual.

c) INCORRETO.
Compete à Justiça comum pronunciar-se sobre a existência, a
validade e a eficácia das relações entre servidores e o poder público
fundadas em vínculo jurídico-administrativo. É irrelevante a
argumentação de que o contrato é temporário ou precário, ainda que haja
sido extrapolado seu prazo inicial, bem assim se o liame decorre de
ocupação de cargo comissionado ou função gratificada. Foi o que restou
decidido pelo STF na ADI 3395, provocando, inclusive, o cancelamento
da OJ 205 do TST.

d) CORRETO.
A Justiça do Trabalho é competente para apreciar os casos
envolvendo empregados públicos, sob regime celetista. Não há
controvérsia a respeito disso. Com a promulgação da Constituição de
1988 e a instituição do Regime Jurídico Único, diversos entes políticos
instituíram leis regulando o regime estatutário de seus servidores. Nesse
caso, aqueles admitidos sob o regime celetista tiveram seu contrato de

160
trabalho extinto, iniciando-se, então, um novo regime institucional,
regido pela respectiva lei.
Nada obstante, no caso de ser questionado eventual direito relativo
ao período em que vigia o contrato celetista, a competência será da
Justiça do Trabalho, observado o prazo prescricional na espécie. Isso
porque, não ocorre a convolação de um regime no outro, mas a extinção
do contrato de trabalho, com a formação de um novo vínculo jurídico-
administrativo.
Nesse sentido, decisão do TST:
A Justiça do Trabalho é competente para examinar pedido
de empregado público admitido antes da promulgação da
Constituição de 1988, sob regime celetista, e sem concurso
público, não obstante a superveniência de legislação
estadual que institui regime jurídico único. Na hipótese,
consoante entendimento já consagrado pelo Supremo
Tribunal Federal no julgamento da ADI 1.150-2, entendeu-
se que o fato de o Estado do Piauí instituir regime jurídico
único, por meio da Lei Complementar Estadual nº 13, de
3.1.1994, não convola em vínculo estatutário, de forma
automática, o contrato trabalhista anterior, sobretudo em
decorrência da ausência de concurso público, na forma do
art. 37, II, § 2º, da Constituição. Desse modo, tem-se que a
reclamante permaneceu na condição de empregada, mesmo
após a edição da norma estadual, porque embora estável,
nos termos do art. 19 do ADCT, não se submeteu a concurso
público. (TST-E-RR-846-13.2010.5.22.0104, SBDI-I, rel.
Min. Augusto César Leite e Carvalho, 18.6.2015)
e) INCORRETO.
Ao enfrentar a análise da competência, o STF entendeu ainda que,
mesmo diante da aplicação da norma típica dos empregados, a
competência para a análise da greve de servidores públicos recai sobre a

161
Justiça Comum (MI 708/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 25.10.2007,
Tribunal Pleno).
No caso, tal entendimento guarda coerência com a tese firmada na
ADI 3.395-6, no sentido do reconhecimento da competência da Justiça
Comum. Trata-se de compreensão voltada ao estabelecimento da
competência não em função do ato praticado e objeto do litígio, mas da
natureza jurídica da relação no âmbito em que se pratica o ato.
______________________________________________________________________

79. Em relação à competência da Justiça do Trabalho, conforme


normas previstas na CLT a respeito da matéria:
a) A regra é que a competência das varas da Justiça do Trabalho seja
determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou
reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido
contratado noutro local ou no estrangeiro.
b) Quando for parte no dissídio agente ou viajante comercial, a
competência será da vara da localidade em que o empregado tenha
domicílio ou a localidade mais próxima.
c) Em regra, a competência das Varas da Justiça do Trabalho é
determinada pelo local onde o empregado tenha domicílio, por força do
princípio da proteção.
d) Em se tratando de empregador que promova realização de atividades
fora do lugar do contrato de trabalho, a competência será do foro da
celebração do contrato.
e) Em todo caso, a competência estabelecida na CLT estende-se aos
dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o
empregado seja brasileiro.

Comentários:
A questão foi extraída integralmente do art. 651 da CLT, bastante
cobrado em provas de concurso público.

162
a) CORRETO.

Corresponde ao caput do art. 651 da CLT.

b) INCORRETO.

Item em contraposição ao art. 651, §1º da CLT.

c) INCORRETO.

Item em contraposição ao art. 651 da CLT.

d) INCORRETO.

Item em contraposição ao art. 651, §3º.

e) INCORRETO.

Item em contraposição ao art. 651, §2º.

______________________________________________________________________

80. Sobre os dispositivos constitucionais que versam sobre a


competência da Justiça do Trabalho, analise os itens a seguir a
assinale a alternativa correta.
I. O Tribunal Superior do Trabalho é o órgão máximo da Justiça do
Trabalho no Brasil, não obstante, haja possibilidade de interposição de
Recurso Extraordinário ao Supremo Tribunal Federal em matéria
atinente à sua competência.
II. O conflito de competência material entre Vara Cível e Vara do
Trabalho é julgado pelo Superior Tribunal de Justiça.
III. Na ausência de jurisdição trabalhista em determinado município, a
competência para julgamento da reclamação trabalhista será da
Justiça Comum.

163
IV. A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação
possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve
pelos trabalhadores da iniciativa privada.
Estão corretas as assertivas:
a) I, II e III apenas.
b) I, II e IV apenas.
c) I, III e IV apenas.
d) II, III e IV apenas.
e) todas as assertivas.

Comentários:
I. CORRETO.
Conforme art. 111, I da CF/88, o TST, de fato, é o órgão máximo
da Justiça do Trabalho. No entanto, nada impede a interposição de
recurso extraordinário, desde que ocorra alguma das hipóteses do art.
102, III da CF/88.

II. CORRETO.
Por força do art. 105, I, d da CF/88, o conflito entre vara cível e
vara do trabalho é julgado pelo STJ.

III. CORRETO.
O item está de acordo com o art. 112 da CF, que dispõe: “A lei criará
varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas
por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o
respectivo Tribunal Regional do Trabalho”.

IV. CORRETO
A assertiva corresponde à Súmula Vinculante 23 do STF, que
dispõe: “A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação
possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos
trabalhadores da iniciativa privada”.

164
Direito Financeiro, Econômico e Empresarial Público

81. Conforme expressamente previsto no corpo da


Constitucional da Constituição Federal, a ordem econômica
observa princípios específicos, ressalvado:
a) Busca pelo pleno emprego
b) Função social da propriedade
c) Redução das desigualdades regionais e sociais
d) Livre concorrência
e) Dignidade da pessoa humana

Comentários:

O único princípio elencado nas alternativas que não se encontra


previsto no artigo 170 da CF/88 é a dignidade da pessoa humana.
Confira a redação do artigo (memorização obrigatória):

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do


trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os
ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:

I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante
tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos
produtos e serviços e de seus processos de elaboração e
prestação;

165
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno
porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua
sede e administração no País.

Por sua vez, a dignidade da pessoa humana encontra previsão do


artigo 1º da CF/88, como um dos fundamentos da República Federativa
do Brasil.

______________________________________________________________________

82. Considere os seguintes enunciados:

I - A atuação do Estado no domínio econômico se dá, unicamente, por


meio de empresas públicas e sociedades de economia mista, cuja criação
somente será permitida quando necessário aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo.
II - É permitido à União celebrar contratos com empresas estatais ou
privadas para realizar pesquisa e lavra dos minérios e minerais nucleares
e seus derivados, observadas as condições estabelecidas em lei.
III - As empresas públicas e as sociedades de economia mista só poderão
gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado quando
necessário aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo.
Assinale a alternativa correta:

a) Apenas a I encontra-se correta.


b) I e II encontram-se corretas
c) I e III encontram-se corretas.
d) Nenhum dos itens encontra-se correto.
e) Todos os itens estão corretos.

166
Comentários:
I – INCORRETO.

A atuação no domínio econômico não ocorre apenas de forma direta


pela atuação das empresas públicas e sociedades de economia mista.
A intervenção pode se dar mediante as seguintes formas (classificação de
EROS GRAU):

1. Intervenção direta:

Por intervenção direta há de se entender a possibilidade da exploração


da atividade econômica por parte do Estado.
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta
Constituição, a exploração direta de atividade econômica
pelo Estado só será permitida quando necessária aos
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.
A intervenção direta para a exploração de atividade econômica terá
de ser efetuada sob forma de criação de empresas públicas ou sociedades
de economia mista, que deverão atuar em condição de igualdade com o
particular, observados os requisitos e limites legais, sendo, portanto,
vedada à Administração Direta a exploração imediata de atividade
econômica.
A segurança nacional estará presente quando a atividade
econômica for importante para a própria continuidade e existência da
nação, possuindo caráter estratégico. O conceito de segurança nacional
é eminentemente político e paradigmático, sendo, pois, um conceito
jurídico indeterminado.
Já interesse coletivo é todo aquele que deve se sobrepor ao interesse
do particular, pertencendo ao rol dos direitos de terceira geração, tendo
caráter metaindividual. Grande exemplo de interesse coletivo e atuação
direta do Estado na economia é o Banco do Brasil S/A, sociedade de

167
economia mista estatal que atua no ramo financeiro em pé de igualdade
com particulares.
São espécies da intervenção direta:
a) Intervenção por participação é quando o Estado desempenha
atividade típica de agentes econômicos privados, com eles
competindo em igualdade de condições, sem que haja barreiras
legais à entrada de novos competidores naquele setor da economia
impostos pelo governo.

b) Na intervenção por absorção é o que ocorre quando o Estado, em


sua função de implementar uma política econômica, atua no
domínio econômico, desempenha diretamente funções que não
despertam o interesse dos empresários ou que devem ser
desenvolvidas pelo governo por razões de “interesse nacional”. É o
caso dos monopólios legais.

Intervenção indireta, por sua vez, entende-se como a atuação do


Estado como agente normativo, regulador e indutor da atividade
econômica.
Ela se dará mediante atividade normativa, fomentadora e de
planejamento do Estado.
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade
econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções
de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este
determinante para o setor público e indicativo para o setor
privado.
§ 1º - A lei estabelecerá as diretrizes e bases do
planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o
qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e
regionais de desenvolvimento.
§ 2º - A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras
formas de associativismo.

168
§ 3º - O Estado favorecerá a organização da atividade
garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção
do meio ambiente e a promoção econômico-social dos
garimpeiros.
A intervenção indireta ocorre:

a) Na atuação do Estado sobre o domínio econômico, na


modalidade intervenção por indução, o Estado manipula os
instrumentos de intervenção em conformidade com as leis de
mercado, com normas dispositivas (incentivo e planejamento).
Ele fomenta, concede crédito etc.

b) Na atuação do Estado sobre o domínio econômico, na


modalidade intervenção por direção, o Estado atua por
intermédio de normas cogentes, estabelecendo formas de
comportamento a serem observadas pelos sujeitos da atividade
econômica em sentido estrito (fiscalização e controle).

II – INCORRETO.
Art. 177. Constituem monopólio da União: I - a pesquisa e a
lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros
hidrocarbonetos fluidos; II - a refinação do petróleo nacional
ou estrangeiro; III - a importação e exportação dos produtos
e derivados básicos resultantes das atividades previstas
nos incisos anteriores; IV - o transporte marítimo do petróleo
bruto de origem nacional ou de derivados básicos de
petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por
meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás
natural de qualquer origem; V - a pesquisa, a lavra, o
enriquecimento, o reprocessamento, a
industrialização e o comércio de minérios e minerais
nucleares e seus derivados, com exceção dos
radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização

169
poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme
as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta
Constituição Federal.
§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais
ou privadas a realização das atividades previstas nos
incisos I a IV deste artigo observadas as condições
estabelecidas em lei.

Deste modo, os minérios e minerais nucleares estão fora da


possibilidade de delegação.

III – INCORRETO.
Art. 173 § 2º As empresas públicas e as sociedades de
economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais
não extensivos às do setor privado.

A questão tentou confundir o candidato com o seguinte artigo:


Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta
Constituição, a exploração direta de atividade econômica
pelo Estado só será permitida quando necessária
aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo, conforme definidos em lei

______________________________________________________________________

83. Assinale a alternativa correta:

a) As sociedades de economia mista e as empresas públicas


prestadoras de serviço público e as que exploram atividade econômica em
sentido estrito estão sujeitas ao regime jurídico próprio das empresas
privadas

170
b) A exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será
permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional
ou a relevante interesse coletivo, sendo que as empresas públicas e
as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios
fiscais não extensivos às do setor privado.
c) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, cabe
aos Estados fixar o horário de funcionamento de farmácias
localizadas na área municipal, a fim de proteger o consumidor e
evitar a dominação do mercado.
d) As empresas públicas e as sociedades de economia mista,
dadas as suas especificidades, beneficiam-se de determinados
privilégios fiscais não atribuídos às empresas privadas.
e) Como forma de estímulo à atração de investimentos de capital
estrangeiro, a CF veda a regulação da remessa de lucros.

Comentários:

Letra “b”: CORRETA.

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta


Constituição, a exploração direta de atividade econômica
pelo Estado só será permitida quando necessária aos
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.
§ 2º As empresas públicas e as sociedades de
economia mista não poderão gozar de privilégios
fiscais não extensivos às do setor privado.

A intervenção direta para a exploração de atividade econômica terá


de ser efetuada sob forma de criação de empresas públicas ou sociedades
de economia mista, que deverão atuar em condição de igualdade com o
particular, observados os requisitos e limites legais, sendo, portanto,

171
vedada à Administração Direta a exploração imediata de atividade
econômica.
A segurança nacional estará presente quando a atividade
econômica for importante para a própria continuidade e existência da
nação, possuindo caráter estratégico. O conceito de segurança nacional
é eminentemente político e paradigmático, sendo, pois, um conceito
jurídico indeterminado.
Já interesse coletivo é todo aquele que deve se sobrepor ao interesse
do particular, pertencendo ao rol dos direitos de terceira geração, tendo
caráter metaindividual. Grande exemplo de interesse coletivo e atuação
direta do Estado na economia é o Banco do Brasil S/A, sociedade de
economia mista estatal que atua no ramo financeiro em pé de igualdade
com particulares.
______________________________________________________________________

172
APROFUNDAMENTO
Atividade Econômica Estatal, Subsidiariedade e Interesse Público
(Resumo de texto homônimo escrito por Maurício Carlos Ribeiro)

A dimensão da atividade econômica estatal é reflexo da opção pelo maior ou


menor grau de intervencionismo do Estado. De acordo com Eros Roberto Grau, o
Estado moderno surge com a vocação de atuar no campo econômico, que tem sua forma
modificada no tempo.
O Estado liberal tinha como base a maior abstenção possível quanto a
intervenções no domínio econômico. O surgimento do Estado de bem-estar social
manteve a grande ingerência estatal sobre a economia. A centralidade da ideia de
“justiça social” legitimou a maior ingerência do ente político na atividade econômica,
passando a figurar como produtor de bens e prestador de serviços, muitas vezes em
ambiente de competição com os particulares.
A opção pelo Welfare State acarretou o crescimento exponencial do aparato
estatal (causa de sua própria derrocada): transformado em uma gigantesca corporação,
mas sem poder – ou mesmo sem saber – usar a lógica de mercado para se manter, e
ainda necessitando oferecer à sociedade as prestações mais básicas, o Estado se viu
cada vez mais deficitário, o que foi agravado pela crise fiscal das décadas de 1960 e
1970. Dependendo de recursos tributários para manter ativa a enorme máquina, o
modelo do Estado de bem-estar acabou por se esgotar na maior parte do mundo que o
conheceu. Esta crise do chamado Estado Fiscal fez ascender o neoliberalismo ao
patamar de teoria econômica a nível mundial – tendo como centros propulsores os
Estados Unidos de Ronald Reagan e o Reino Unido de Thatcher –, pregando a doutrina
do Estado abstencionista.
Assim, inspirado pela doutrina neoliberal – adotada pela Constituição de 1988,
houve um recuo do Estado produtor, com a ascensão do chamado Estado Regulador
ou Gerencial, preocupado em supervisionar e regular a atividade econômica,
majoritariamente devolvida à sociedade. Entretanto, o Estado neoliberal ainda houve

173
por bem reservar para si, em alguma proporção, a faculdade de atuar diretamente sobre
o domínio econômico, invocando o interesse público, coletivo ou nacional.

Salienta-se que a expressão “atividade econômica”, como aqui utilizada, refere-


se ao que Eros Roberto Grau denomina atividade econômica em sentido estrito, objeto
do alcance do art. 173 da CRFB/88. Excluímos do âmbito do presente trabalho, assim,
a análise da prestação de serviços públicos, concentrando o enfoque na exploração,
pelo Estado, de atividades econômicas propriamente ditas.

1 - A atividade econômica do Estado Gerencial e o princípio da subsidiariedade

No Estado Gerencial, o exercício de uma atividade econômica pelo ente político é


exceção, sendo as atividades econômicas, em regra, disponibilizadas apenas aos
particulares. Com efeito, é da lógica do capitalismo neoliberal que seja dada a maior
amplitude possível à liberdade de iniciativa econômica dos particulares, reconhecida
esta como direito ou garantia individual fundamental.
Há, no entanto, duas situações em que o Estado exerce atividade econômica:
uma é o exercício de monopólios estatais (sendo esta, portanto, a forma mais radical de
intervenção do Estado na economia, por gerar exceção à liberdade constitucional de
competição), e a outra o desempenho de atividades econômicas em ambiente de
concorrência com a iniciativa privada (necessitando ser expressamente motivada e
estar explicitamente autorizada por lei – entendimento que foi consolidado pelo art. 173
da CR/88).
Tais hipóteses de exercício monopolístico, por constituir a mais gravosa forma de
intervenção estatal, necessitam estar constitucionalmente fixadas, de forma taxativa e
numerus clausus – o que ocorre, no caso brasileiro, com o serviço postal e o correio
aéreo nacional (art. 21, X da CR/88), o petróleo e os minerais nucleares (art. 177,
CR/88), cujo monopólio é atribuído à União, e a distribuição de gás canalizado,
conferida aos Estados-membros (CR/88, art. 25, §2o) e ao Distrito Federal, por
extensão (art. 32, §1o).

174
A atuação econômica estatal, mesmo no âmbito de atividades exercidas em
caráter concorrencial, encontra duplo limite nas ideias de liberdade de iniciativa
econômica dos particulares, por um lado, e na regra legal de competência, por outro. A
intervenção do Estado, então, é subsidiária à iniciativa particular. Há que se ver,
contudo, que também a ideia de monopólio estatal, ao operar – excepcionalmente, como
dito – o deslocamento da atividade econômica para o rol de atribuições do Estado,
importa em um reconhecimento, ainda que implícito, de que a sociedade civil não
poderia lidar satisfatoriamente, levando a esta necessidade.
O princípio da subsidiariedade apresenta-se como inafastável de toda a ideia de
Estado contemporâneo, ao prescrever como estado ideal de coisas a repartição de
atribuições entre Estado e Sociedade, só devendo permanecer com o Estado aquelas
que a coletividade não possa equacionar competentemente. Não existe uma liberdade
de iniciativa econômica pública. É esse princípio de subsidiariedade da atuação estatal
no domínio econômico que torna necessária a fundamentação expressa, com remissão
a “relevante interesse coletivo” ou a “imperativo de segurança nacional”, para justificar
a exploração de atividade econômica pelo Estado, de acordo com o art. 173 da
Constituição da República, sempre autorizada por lei formal. Diz Eros Grau que
“segurança nacional”, para a Constituição de 1988, é conceito completamente distinto
do utilizado pela Emenda Constitucional de 1969 – atualmente refere-se à defesa
nacional, enquanto, no ordenamento passado, cuidava-se de prover a segurança do
Estado contra a sociedade. Trata-se, então, de atividade que importe à defesa do país
contra a agressão estrangeira, o terrorismo, o crime organizado internacional etc. –
como, por exemplo, a indústria de armamentos, setor tradicionalmente privado, mas
que pode ser, por via legislativa, facultado à atuação direta estatal. Neste caso, aliás, a
exigência de lei efetuada pelo art. 173 da Carta de 1988 deve ser entendida como lei
federal, tendo em vista que a segurança nacional é matéria de competência legislativa
privativa da União Federal, de acordo com o art. 22, XXVIII, do texto constitucional. A
expressão “relevante interesse coletivo”, por seu turno, aponta para as necessidades
gerais da coletividade, mormente no que tange às matérias referentes ao ambiente da
economia – promoção do desenvolvimento socioeconômico, satisfação das necessidades
básicas, fornecimento de bens de consumo fundamentais, entre outras. Aqui, ao

175
contrário do que se passa na hipótese anterior, a exigência de lei pelo art. 173 da
Constituição da República deve ser entendida como de lei editada pela União Federal
ou pelos Estados-membros, de acordo com a extensão do interesse coletivo a ser
protegido, uma vez que as matérias de Direito Econômico, de acordo com o art. 24, I
da CR/88, admitem a competência legislativa concorrente entre tais entes federativos.
É de se ver, então, que a fórmula utilizada pelo art. 173 da Constituição de 1988 é de
significativa amplitude, reconduzindo o intérprete à ideia de interesse público,
considerado como o interesse metaindividual, derivado dos direitos fundamentais, cuja
promoção e proteção são cometidas pela sociedade ao Estado, que tem como único fim
sua persecução.
A habilitação do Estado para o exercício de uma atividade econômica prender-
se-á, necessariamente, à satisfação dos interesses cuja persecução lhe tenha sido
atribuída pela sociedade que lhe dá suporte.
Os interesses públicos correspondem à satisfação dos direitos fundamentais,
sendo, portanto, definidos por normas de natureza constitucional, o que corresponde
à ideia de constitucionalização do Direito Administrativo.
A assunção da identidade entre interesses públicos e direitos fundamentais só é
possível com o prévio reconhecimento da aplicabilidade da ideia de ponderação aos
interesses jusfundamentais, na medida em que se defende a ponderabilidade dos
próprios interesses públicos. Desta forma, a legitimação constitucional dada à iniciativa
econômica pública pelo art. 173 da Carta de 1988 revela uma preocupação com a
persecução do interesse público – como, de resto, também o demonstra a preocupação
com a prestação dos serviços públicos, com a regulação ou com a intervenção na
concorrência.
O interesse público em tela, ainda que vinculado à garantia constitucional dos
direitos fundamentais, deverá ser previsto por lei específica – estando, portanto, em
algum nível, sujeito ao variável jogo político.
De todo modo, o princípio do interesse público não é só o justificador da atuação
estatal no domínio econômico, mas também seu limitador. Isto porque o Estado, nas
suas relações com os particulares – e, também assim, no exercício de intervenção sobre
a economia –, não pode elidir a cláusula do interesse público, seja para perseguir

176
interesses outros, não afetos à coletividade, seja para desenvolver uma atividade
compressiva ou limitativa das liberdades e garantias individuais. O legislador, desta
forma, não pode conferir à Administração Pública o exercício de atividades econômicas
em sentido estrito se não houver, subjacente a elas, um interesse público relevante,
nem pode o administrador furtar-se à sua persecução. Assim, encontrando-se
vinculado pelo art. 173 da Constituição da República a orientar a iniciativa econômica
estatal no sentido da persecução do interesse público, não poderá o legislador editar lei
que habilite a Administração a exercer um poder ou competência sem que exista um
interesse público subjacente – caso contrário, incorrerá a norma em flagrante
inconstitucionalidade. Será inválida, por exemplo, a iniciativa econômica estatal que
tenha por único objetivo a aferição de lucro, sem qualquer justificativa ou fundamento
(nem mesmo remoto) na persecução do interesse público; tampouco será válida, nesta
ordem de ideias, a criação de empresa paraestatal sem que a atividade por ela
desenvolvida seja, nesse preciso momento, de interesse público, ou sem que persiga
finalidades públicas, nem se integre aos fins do ente de Direito Público que a instituiu.
O interesse público e o princípio da subsidiariedade, neste sentido, se
apresentam como elementos estruturantes da configuração do setor empresarial do
Estado, justificando o modelo de “economia mista” previsto pela Constituição de 1988
para o Estado brasileiro, que, embora seguidor da doutrina neoliberal e tendendo ao
Estado Gerencial, mantém assegurada, graças ao art. 173 da CR/88, grande
possibilidade de intervenção sobre a economia, como agente explorador de atividades
econômicas em sentido estrito.

Letra “a”: incorreta. Apenas as sociedades de economia mista e as


empresas públicas que exploram atividade econômica estão sujeitas ao
regime jurídico próprio das empresas privadas.

Assim, não se aplicam às empresas públicas, às


sociedades de economia mista e a outras entidades
estatais ou paraestatais que explorem serviços
públicos a restrição contida no art. 173, § 1º, da CF,
177
isto é, a submissão ao regime jurídico próprio das
empresas privadas, inclusive quanto às obrigações
trabalhistas e tributárias, nem a vedação do gozo de
privilégios fiscais não extensivos às do setor
privado (CF, artigo 173, § 2º). (RE 220.906, voto do rel.
min. Maurício Corrêa, julgamento em 16-11-2000,
Plenário, DJ de 14-11-2002.) Vide: RE 596.729-AgR, rel.
min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 19-10-2010,
Primeira Turma, DJE de 10-11-2010.
Letra “c”: incorreta. Trata-se de competência do MUNICÍPIO e não
dos Estados, por se tratar de INTERESSE LOCAL.

Fixação de horário de funcionamento para farmácias no


Município. Lei 8.794/78 do Município de São Paulo . - Ao
julgar o RE 189.170, o Plenário desta Corte, em caso
análogo ao presente sobre a mesma legislação do Município
de São Paulo, assim decidiu: "RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. FARMÁCIA. FIXAÇÃO DE HORÁRIO DE
FUNCIONAMENTO. ASSUNTO DE INTERESSE LOCAL. A
fixação de horário de funcionamento para o comércio
dentro da área municipal pode ser feita por lei local,
visando o interesse do consumidor e evitando a
dominação do mercado por oligopólio. Precedentes.
Recurso extraordinário não conhecido."- Anteriormente, esta
Primeira Turma, ao julgar o RE 237.965, já se havia
manifestado no sentido de que a fixação de horário para
o funcionamento de farmácia é matéria de
competência do município, não havendo qualquer
afronta aos princípios constitucionais da isonomia,
da livre concorrência, da defesa do consumidor, da
liberdade de trabalho e da busca ao pleno emprego . -
Dessa orientação divergiu o acórdão recorrido. Recurso
178
extraordinário conhecido e provido. (STF - RE: 274028 SP,
Relator: MOREIRA ALVES, Data de Julgamento:
05/06/2001)

Sobre farmácias, como acréscimo, trago o seguinte julgado que


pode ser aplicado a qualquer estabelecimento comercial:

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. LEI Nº


10.991/91, DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. FIXAÇÃO DE
DISTÂNCIA PARA A INSTALAÇÃO DE NOVAS FARMÁCIAS
OU DROGARIAS. INCONSTITUCIONALIDADE. 1. A
Constituição Federal assegura o livre exercício de qualquer
atividade econômica, independentemente de autorização do
Poder Público, salvo nos casos previstos em lei. 2.
Observância de distância mínima da farmácia ou drogaria
existente para a instalação de novo estabelecimento no
perímetro. Lei Municipal nº 10.991/91. Limitação geográfica
que induz à concentração capitalista, em detrimento do
consumidor, e implica cerceamento do exercício do princípio
constitucional da livre concorrência, que é uma
manifestação da liberdade de iniciativa econômica privada.
Recurso extraordinário conhecido e provido.” (RE 193749,
Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Relator(a) p/ Acórdão:
Min. MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal Pleno, julgado em
04/06/1998, DJ 04-05-2001 PP-00035 EMENT VOL-
02029-05 PP-00909)

Letra “d”: incorreta. A regra expressamente prevista na CF diz


exatamente o contrário do tratado na alternativa.

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta

179
Constituição, a exploração direta de atividade econômica
pelo Estado só será permitida quando necessária aos
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.
§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de
economia mista não poderão gozar de privilégios
fiscais não extensivos às do setor privado.

Letra “e”: incorreta. A CF/88 não veda a remessa de lucros e


somente determina que tal seja regulado EM LEI. Confira a redação
do artigo 172 da CF/88: a lei disciplinará, com base no interesse
nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivará os
reinvestimentos e regulará a remessa de lucros.
______________________________________________________________________

84. Considere os seguintes enunciados:

I - A livre-iniciativa, erigida a condição de fundamento da República


Federativa do Brasil, permite que qualquer pessoa exerça livremente
qualquer atividade econômica, dependendo, em qualquer hipótese, de
prévia autorização de órgãos públicos.
II - O tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital
nacional de pequeno porte constitui um dos princípios da atividade
econômica.
III - O direito de propriedade individual é absoluto e irrestrito.
IV - A liberdade de iniciativa não pode ser invocada por alguém com
o intuito de se eximir do cumprimento das regulações estatais ou
normas de defesa do consumidor.
Assinale a alternativa correta:

a) Apenas o enunciado IV está correto.


b) Enunciados II e IV corretos
c) Todos enunciados estão corretos

180
d) Nenhum enunciado está correto
e) Enunciados I, II e IV estão corretos.

Comentários:

I – INCORRETO.
Não são todas as atividades econômicas que dependem de prévia
autorização dos órgãos públicos. Atente-se ao parágrafo único do artigo
170 da CF/88.

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização


do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os
ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre
exercício de qualquer atividade
econômica, independentemente de autorização de
órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.

II – INCORRETO.
O erro na questão está em estabelecer que o capital seja nacional.
O inciso IX do artigo 170 traz como princípio o tratamento favorecido para
as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e
que tenham sua sede e administração no País.
Portanto, grave:
1 - empresa de pequeno porte;
2 - ser constituída por lei brasileira;
3 - ter sede ou administração no país.

III – INCORRETO.

181
O direito de propriedade não é absoluto e deve ser exercido
conforme a sua função social.
A propriedade privada é condição inerente à livre iniciativa e lugar
da sua expansão, além de direito individual constitucionalmente
assegurado. Sua função como princípio setorial da ordem econômica é,
em primeiro lugar, assegurar a todos os agentes que nela atuam ou
pretendam atuar a possibilidade de apropriação privada dos bens e
meios de produção. Ao mesmo tempo, impõe aos indivíduos em geral
o respeito à propriedade alheia e limita a ação do Estado, que só
poderá restringir o direito à propriedade nas hipóteses autorizadas
pela Constituição da República.
Nada obstante, e superando uma concepção puramente
individualista da propriedade, o texto constitucional estabeleceu que, na
ordem econômica por ele disciplinada, a propriedade deverá ter uma
função social. O conceito é relativamente difuso, mas abriga ideias
centrais como o aproveitamento racional, a utilização adequada dos
recursos naturais, a preservação do meio ambiente, o bem-estar da
comunidade etc.
Esse princípio foi introduzido no ordenamento jurídico brasileiro,
pela primeira vez, com a CR/34, que assegurou o direito de propriedade
com a ressalva de que não poderia ser exercido contra o interesse social
ou coletivo. A partir de então, salvo o silêncio da CR/37, o valor função
social da propriedade incorporou-se de vez à nossa experiência
constitucional, figurando em pelo menos quatro dispositivos da CR/88
(art. 5º, XXIII; art. 170, III; art. 182, § 2º e no caput do art. 186),
evidenciando a preocupação em construir um Estado de Direito
verdadeiramente democrático, no qual possuem a mesma dignidade
constitucional tanto os valores sociais do trabalho quanto os da livre
iniciativa.
O princípio da função social da propriedade não é derrogatório da
propriedade privada. O conteúdo da função social assume papel
promocional. A disciplina das formas de propriedade e suas

182
interpretações devem garantir e promover os valores sobre os quais
se funda o ordenamento.
O princípio econômico da função social da propriedade constitui o
fundamento constitucional da função social da empresa e da função
social do contrato. Busca-se, por meio da função social, conciliar o
benefício individual com o coletivo.
A propriedade privada cumpre a sua função social quando, além
de oportunizar a realização da dignidade da pessoa, contribuir para o
desenvolvimento nacional e para a diminuição da pobreza e das
desigualdades sociais.
Não tendo a CR/88 estabelecido nenhuma hierarquia entre os
valores consubstanciados no direito de propriedade e na sua função
social, que estão em permanente tensão, resta ao intérprete/aplicador
resolver os eventuais conflitos à luz do caso concreto, mediante
ponderação, optando, afinal, por aquele cuja prevalência conduzir a uma
decisão correta e justa e, assim, realizar a justiça em sentido material
como referente fundamental da ideia de direito.
Não é errado falar, pelo contrário, é totalmente certo dizer que o
direito de propriedade é legitimado, no Estado Democrático de Direito,
quando atender à função social que se lhe espera.

IV – CORRETA.
A livre iniciativa, juntamente com a valorização do trabalho
humano, são fundamentos do direito econômico. O enunciado encontra-
se correto, pois mesmo sendo fundamentos do direito econômico não os
tornam absolutos ou ilimitados.
A interpretação dos artigos da CF deve ser realizada de maneira
sistemática, a qual requer uma interpretação conjunta dos seus artigos
e não uma leitura isolada de cada artigo.

______________________________________________________________________

183
85. Com base na ordem econômica tratada pela CF/88, assinale a
alternativa correta:
a) A competência para desapropriar imóvel rural para fins de reforma
agrária pertence exclusivamente à União e aos Estados.
b) São imunes a impostos federais, estaduais, municipais e
distritais, as operações de transferência de imóveis desapropriados
para fins de reforma agrária.
c) O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para
cidades com mais de dez mil habitantes, é o instrumento básico da
política de desenvolvimento e de expansão urbana.
d) Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o
Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e
planejamento, sendo este determinante para o setor público e para o
setor privado.
e) Os imóveis públicos são passiveis de usucapião.

Comentários:

Letra “a”: INCORRETA.


Competência para desapropriar imóvel rural para fins de reforma
agrária pertence exclusivamente à União (artigo 184 da CF/88).

Letra “b”: CORRETA.


O §5º do artigo 184 aduz que são isentas de impostos federais,
estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis
desapropriados para fins de reforma agrária. Por se tratar de uma regra
constitucionalmente prevista, o caso é de imunidade e não de isenção.
Portanto, a questão encontra-se correta.

Letra “c”: INCORRETA.


O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para
cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da

184
política de desenvolvimento e de expansão urbana (artigo 182, §1º, da
CF/88).

Letra “d”: INCORRETA.


Questão MUITO frequente nos concursos. Como agente normativo
e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei,
as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este
determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
O planejamento é um processo técnico instrumentado para
transformar a realidade existente no sentido de objetivos previamente
estabelecidos. O planejamento econômico consiste, assim, num processo
de intervenção com o fim de organizar atividades econômicas para obter
resultados previamente colimados. Para Eros Roberto Grau: “a forma de
atuação estatal, caracterizada pela formulação explícita de objetivos e
pela definição de meios de ação coordenadamente dispostos, mediante a
qual se procura ordenar, sob o ângulo macroeconômico, o processo
econômico, para melhor funcionamento da ordem social, em condições
de mercado”.
O processo de planejamento se instrumenta mediante a elaboração
de planos. Muito debatida na doutrina é a questão da obrigatoriedade dos
planos, se os comandos das previsões do plano vinculam ou não os
sujeitos econômicos. Se vinculam a todos, estaremos diante de um plano
imperativo, caso contrário, um plano indicativo. Na verdade, o plano se
considera sempre determinante para o setor público. No entanto, como
há um setor privado na economia, regido pelo princípio da livre iniciativa,
o plano em relação a ele é meramente indicativo, servindo-se de
mecanismos indiretos para atraí-lo ao processo de planejamento.

Letra “e”: INCORRETA.


Os bens públicos são imprescritíveis, ou seja, não são passíveis de
usucapião (artigo 183, §3º c/c artigo 191, p.u da CF/88).
______________________________________________________________________

185
86. “A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à
previsão de receita e à fixação de despesa, não se incluindo na
proibição para abertura de créditos suplementares e contratação de
operação de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos
termos da lei”.

Essa assertiva refere-se ao seguinte princípio:

a) Legalidade
b) Universalidade
c) Exclusividade
d) Equilíbrio
e) Proibição do estorno

Comentários:

O princípio da exclusividade dispõe que a LOA não pode trazer


previsão de matéria diferente da orçamentária e está expressamente
previsto no artigo 165, §8º, da CF/88. Logo, a LOA só pode trazer previsão
de matéria orçamentária, proibindo-se os orçamentos rabilongos ou
caudas orçamentárias. Contudo, a exclusividade não é princípio
absoluto, pois a CF/88 excepciona do princípio a previsão na LOA de
abertura de créditos suplementares e a contratação de operação de
crédito, mesmo que por antecipação de receita.

Apesar de parecer óbvio, tal dispositivo precisou ser inserido no


texto da Constituição para coibir prática relativamente comum à época,
por meio do qual parlamentares se aproveitavam da vigência anual da lei
orçamentária para inserir dispositivos que não tinham qualquer relação
com o orçamento. A título exemplificativo, chegamos inclusive a ter a
previsão do “desquite” em uma antiga lei orçamentária.
Essas previsões foram chamadas de “caudas orçamentárias” ou
“orçamento rabilongo”, segundo nomenclatura utilizada por Aliomar

186
Baleeiro, e passaram a ser expressamente vedadas pelo art. 165, §8º, da
CF/88.
Não obstante, convém destacar que o princípio da exclusividade,
conforme disposto no mesmo artigo, NÃO proíbe a autorização para
abertura de créditos suplementares e a contratação de operações de
crédito (ainda que por antecipação de receita).
Na primeira hipótese, o objetivo foi o de possibilitar a abertura de
créditos suplementares para despesas não previstas ou
insuficientemente dotadas no orçamento, prática corriqueira no direito
financeiro, tendo em vista que a LOA e a LDO (lei de diretrizes
orçamentárias) não podem prever todos os gastos que surgirão ao longo
do exercício financeiro. Já a segunda exceção prevê a possibilidade de o
ente obter recursos externos pelas vias do endividamento, prática que,
apesar de indesejável, inviabilizaria a execução do orçamento caso fosse
vedada.
Em ambos os casos, apesar de não estarmos diante de uma
previsão financeira em sentido estrito e, assim, indicação dos números
relativos às receitas e despesas, não se verifica a presença de elementos
estranhos ao direito financeiro, já que as duas hipóteses tratam ou de
despesas a serem realizadas, ou de receitas a serem obtidas pelas vias de
empréstimo.

______________________________________________________________________

87. Analise os seguintes enunciados:

I - O princípio da proibição de estorno – previsto na CF – proíbe que se


faça remanejamento, transposição ou transferência de recursos sem
prévia autorização legislativa, não havendo nenhuma exceção
constitucionalmente prevista.

187
II – O princípio da unidade consagra a necessidade da lei do orçamento
compreender todas as receitas, inclusive as operações de crédito
autorizadas em lei.
III – Apenas por atuação do Poder Constituinte Derivado Reformador é
possível se estabelecer outras vinculações da receita de impostos.
Assinale a alternativa que contém o(s) enunciado(s) incorreto(s):

a) I e II.
b) I
c) II
d) I e III
e) II e III

Comentários:

I – INCORRETO.
O princípio da proibição do estorno determina que o gestor público
não pode repriorizar as ações governamentais através da transposição,
remanejamento ou transferência de recursos sem prévia autorização
legislativa. Veja o que dispõe o artigo 167, VI, da CF/88:

Art. 167. São vedados:


VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de
recursos de uma categoria de programação para outra ou
de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;

Com efeito, existe vedação a realocações de recursos orçamentários de


uma categoria de programação para outra, ou de um órgão para outro.
Todavia, no intuito de fomentar atividades de ciência, tecnologia e
inovação, a EC 85/15 previu exceção ao princípio e tornou possível a
transposição, o remanejamento e a transferência por ato do Executivo

188
quando se tratar de atividade no âmbito da ciência, tecnologia e inovação.
Confira a redação do §5º do artigo 167:
§ 5º A transposição, o remanejamento ou a transferência de
recursos de uma categoria de programação para outra
poderão ser admitidos, no âmbito das atividades de ciência,
tecnologia e inovação, com o objetivo de viabilizar os
resultados de projetos restritos a essas funções, mediante
ato do Poder Executivo, sem necessidade da prévia
autorização legislativa prevista no inciso VI deste artigo.

II – INCORRETO.
Não se trata do princípio da unidade, mas da universalidade.
Cuidado para não confundir! A universalidade está ligada à ideia de o
orçamento conter todas as receitas e todas as despesas da Administração
(artigo 3º da Lei 4.320/64). Por outro lado, o princípio da unidade
significa que deve existir apenas um orçamento para cada ente da
federação em cada exercício financeiro, ainda que vertido em mais de um
documento, conforme a redação do artigo 2º da Lei 4.320/64. Conforme
destaca Harrison Leite: “não se refere a uma unidade documental, mas
de orientação política” (LEITE, Harrison. Manual de Direito Financeiro.
Editora Juspodivm. 3ª edição, p. 70).

III – CORRETO.
O imposto, como uma das espécies tributárias, não possui
vinculação de sua receita a algum órgão, fundo ou despesa. Trata-se da
consagração do princípio da não afetação das receitas de impostos,
previsto expressamente no artigo 167, IV, da CF/88. Nada obstante, o
próprio artigo já elenca algumas exceções. Com efeito, a vedação à
vinculação de receita de impostos é dada pela própria CF/88 e, por
consequência, apenas por meio da emenda constitucional pode-se
estabelecer outras vinculações ou retirar as vinculações já existentes. Em

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relação aos demais tributos, é possível, em tese, a vinculação, já que o
princípio da não afetação refere-se apenas a impostos.
______________________________________________________________________

88. Assinale a alternativa correta:

a) O equilíbrio formal do projeto de lei do orçamento, que o Poder


Executivo encaminha para o exame e aprovação do Poder
Legislativo, é uma premissa básica que não consta de norma
constitucional expressa.
b) A disposição sobre finanças públicas, bem como sobre a
fiscalização financeira da administração pública direta e indireta pode ser
feita por meio de lei ordinária.
c) Não é possível vinculação da receita de impostos para prestação de
garantias às operações de crédito por antecipação de receita.
d) A autorização para abertura de créditos suplementares é a única
exceção constitucionalmente prevista do princípio da exclusividade.
e) É ilegítima a cobrança do tributo que houver sido aumentado após
o orçamento, mas antes do início do respectivo exercício financeiro.

Comentários:

Letra “a”: CORRETA.


De fato, o princípio do equilíbrio orçamentário não encontra
previsão expressa na CF/88. Possui o escopo de assegurar que as
despesas autorizadas na lei orçamentária não sejam superiores à
previsão das receitas.

Letra “b”: INCORRETA.


Conforme dispõe o artigo 163, incisos I e V, da CF/88, cabe a LEI
COMPLEMENTAR dispor sobre finanças públicas e sobre a fiscalização
financeira da administração pública direta e indireta.

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Letra “c”: INCORRETA.
Trata-se de uma das exceções ao princípio da não vinculação
(artigo 167, IV, da CF/88).

Letra “d”: INCORRETA.


São duas as exceções: autorização para abertura de créditos
suplementares e a contratação de operações de crédito, ainda que por
antecipação de receita orçamentária (artigo 165, §8º, da CF/88).

Letra “e”: INCORRETA.


A alternativa é oposta ao disposto na Súmula 66 do STF: “é legítima
a cobrança de tributo que houver sido aumentado após o orçamento, mas
antes do início do respectivo exercício financeiro”.
______________________________________________________________________

89. Considere os enunciados a seguir:


I - Depende de autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias
do estado-membro a admissão ou contratação de pessoal por sociedade
de economia mista estadual.
II - A lei de diretrizes orçamentárias é de iniciativa do Poder Executivo.
III – O Plano Plurianual – PPA terá vigência de 3 (três) anos.
IV - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma
regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública
federal para as despesas correntes e outras delas decorrentes e para as
relativas aos programas de duração continuada.
Quais enunciados encontram-se corretos?
a) Todos
b) Nenhum
c) I, II e III
d) I e II
e) II.

191
Comentários:

I: INCORRETO.
Depende de autorização específica na LDO a admissão ou
contratação de pessoal, EXCETO para as empresas públicas e sociedades
de economia mista. Veja o que dispõe o artigo 169 da CF:
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não
poderá exceder os limites estabelecidos em lei
complementar.
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de
remuneração, a criação de cargos, empregos e
funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem
como a admissão ou contratação de pessoal, a
qualquer título, pelos órgãos e entidades da
administração direta ou indireta, inclusive fundações
instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão
ser feitas: (Renumerado do parágrafo único, pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para
atender às projeções de despesa de pessoal e aos
acréscimos dela decorrentes; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
II - se houver autorização específica na lei de
diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas
públicas e as sociedades de economia mista. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).

II – CORRETO.
Todas as leis orçamentárias são de iniciativa do Chefe do Poder
Executivo. Veja o que dispõe o artigo 165 da CF:

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Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo
estabelecerão:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.

III- INCORRETO.
O PPA possui vigência de 04 anos, não coincidente com o mandato
do Executivo.

IV – INCORRETO.
Pegadinha: o PPA estabelece as diretrizes, objetivos e metas da
administração pública federal para as despesas DE CAPITAL e outras
delas decorrentes. Muita atenção ao texto da lei.
______________________________________________________________________

90. Assinale a alternativa incorreta:

a) A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e


prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de
capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração
da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação
tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras
oficiais de fomento.
b) O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento
de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária.
c) A Lei orçamentária anual apenas compreenderá o orçamento
fiscal e o orçamento de investimento.
d) Cabe à lei complementar dispor sobre o exercício financeiro, a
vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da
lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual.

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e) A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites
estabelecidos em lei complementar.

Comentários:

Letra “a”: CORRETA. Trata-se justamente do artigo 165, §2º, da CF/88.

Letra “b”: CORRETA. Disposição do artigo 165, §3º, da CF/88 que


consagra o princípio da transparência orçamentária.

Letra “c”: INCORRETA. A LOA (lei orçamentária anual) compreende


(artigo 165, §5º, da CF/88):

 O orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus


fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta,
inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
 O orçamento de investimento das empresas em que a União,
direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social
com direito a voto;
 O orçamento da seguridade social, abrangendo todas as
entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou
indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e
mantidos pelo Poder Público.

Letra “d”: CORRETA. Trata-se justamente do artigo 165, §9º, I, da CF/88.

Letra “e”: CORRETA. Artigo 169, caput, da CF/88.

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