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ARQUEOLOGIA GIGANTES NO SUDAO: UMA VERI- FICAGAO INTRODUTORIA DA POSSIVEL PRESENGA DE ANAQUINS NO DESERTO DE BAYUDA Rodrigo P. Silva, rodrigo.silva@unasp.edu.br doutor em Teologia pela Pontificia Faculdade Catdlica de Teologia Nossa Senhora da Assungio. Docente de Ciéncia ¢ Religiio na Faculdade Adventista de Teologia do Unasp — campus Engenheiro Coelho, SP, ¢ curador adjunto do Museu de Arqueologia Biblica Paulo Bork Resumo: Este artigo pretende introduzir uma pesquisa arqueolégica conduzida pela autor no deserto sudanés de Bayuda, durante 0 verio de 2005. Tratalhando em meio aos Hawaweres, povo némade local, 0 autor descobriu evidéncias da antiga presenca dos Anaquins nesta regiao. Este artigo analisa tais evidéncias. PALAVRAS-CHAVE: Arqueologia, Anaquins, sudo, Nubia, Egito. GIANTS IN SUDAN: AN INTRODUCTORY VERIFICATION OF POSSIBLE PRESENCE OF ANAKIMS IN THE DESERT OF BAYUDA Assrract: This article intents to introduce an archaeological research undertaken by the author in the Sudanese Desert of Bayuda during the summer of 2005. Working among the Hawaweers, local nomads, the author discovered evidences of the presence of the Anakins at the region in the past. This paper analyses such evidences. Keyworns: Archeology, Anakins, Sudan, IntRODUGAO. Desde o florescet da arqueologia moderna, 20 final do século 18, reconhece-se que nio é sibio rejei- tar por completo informagdes dadas por aldedcs ou beduinos do deserto que ha anos transitam pelo ceni- rio original da historia antiga. Apesar de serem em sua maioria analfabetos ou desconhecedores do método cientifico convencional, seu conhecimento da terra somado a sua capacidade de armazenar tradi milenares torna-os uma boa fonte de pesquisa na lo- calizagio de cidades ou clementos importantes para a arqueologia do Oriente Médio. Os achados de Ur, 42 ACTA Cientifica - Ciéncias Humanas ‘uba, Egypt Ninive e Babilénia sio exemplos classicos de localiza- Bes que se deram a partir de informacdes dadas por nativos da regio. Bem antes de Rich ¢ Botta empreenderem suas primeizas escavacdes no Iraque, os aldedes de Hillah (antiga aldeia proxima a Bagda) ja reconheciam alguns maontes como sendo ruinas de antigas civilizagoes. Um em especial era chamado de #/ babil e apontado desde longas geraces como 0 local exato da antiga cidade de Babilnia, De 4 os camponeses traziam tijolos queimados (com mais de 2.500 anos de existéncia) com cles constrafam suas pequenas casas ao longo do rio Eufrates. Historias que pareciam mito tornaram-se vol. 1,0. 8: as primeiras pistas para a localizagio de antigas cida- des mencionadas na Biblia Este artigo pretende ser uma sugestio bastante introdut6ria para uma futura andlise mais detalhada sobre outta informagio repassada por um grupo né- made do deserto de Bayuda’. ‘Trata-se do possivel paradeiro de uma antiga tibo de guerreitos conheci- da como anaquins que também é mencionada diver- sas vezes no relato biblico do Antigo ‘Testamento', As informagdes aqui reunidas foram adquiridas pelo au- tor durante uma curta estada junto aos hawawites', um grupo némade/pastoralista que hoje habita, so- bretudo, a regio norte do deserto do Sudo, O peri- odo destas pesquisas de campo estendeu-se de 25 de janeiro a 8 de Fevereiro de 200: Anaauins De acordo com 0 relato biblico, Anaque foi um petsonagem histérico que se tomnou o principal ancestral da wibo que leva o seu nome, os anaquins (Num. 13:22; Jos. 15:13, 14; 21:11). O lugar de sua origem era a cidade Hebron também conhecida como Arba ou Quiriate-Arba, “Anaque” é um nome tipicamente semita cujo significado seria “homem de pescoco alto”. Seguin- do 0 costume oriental de correlagio entre nomes proptios e caracteris ‘cional também foi herdado por seus descendentes, que eram descritos como uma numerosa raga de gigantes, muito temida pe- los moradores de Canad. Alids, Deuteronémio 2:10 € 11 chega a chamé-los de “emins” (tertiveis) ¢ “refains” (gigantes) devido, certamente, a sua grar de estatura ¢ forga durante os combates. Embora os detalhes de sua origem sejam ainda bastante obscuros, os anaquins, ao que tudo indica, habitavam a ‘Transjordinia bem antes da chegada dos hebreus . Seu nticleo principal situava-se em Hebron, a cidade natal de seu fundador. Mas havia outros gru- pos menores espalhados pela cadeia montanhosa da regito (Deut. 2:10 € 11; Jos. 11:21; 15:14), telatério de espias enviados por Moisés du- rante a conquista de Canaa também revelou o tama- nho incomum daquele povo e desanimou boa parte dos hebreus. Contudo, eles foram vencidos pelo exér- cito de Josué e Calebe, que os expulsaram dali. So- mente alguns pequenos redutos anaquitas, quiga amon- toados em clas, parecem ter sobrevivido durante 0 dominio israclita sobre a regido. A prova disto é que 05 filhos de Juda tiveram de expulsi-los de Hebron uma segunda ver (Ju 1:10), 0 que indica que alguns do. grupo retornaram para a mesma cidade que ja havia obstante, algo de s ACTA Cientifica - Ciéncias Humanas sido conquistada por Calebe. Outros remanescentes possivelmente migearam para a repiio dos Filisteus ¢ ali permaneceram por bastante tempo. Outra evidéncia desta migracao esti no fato de que dois séculos depois da conquista de Cana’, ja nos tempos da monarquia israclita, soldados anaquins sio vistos em meio ao exército de varias cidades filistéias como Gaza, Gate ¢ Asdode (II Sam. 21:22). Tais soldados talvez fossem remanes- centes de um grupo sem patria que sobrevivia de atividades mercenarias durante as guerras tribais. Golias, a0 que tudo indica, poderia ter sido um destes mercenarios que se filiou ao exército filisteu na luta contra Israel. O paradeiro de outzos grupos de anaquins ain- da é incerto. Uma possibilidade seria acreditar que parte deles fugiu para o tertitério Egipcio, especial- mente a Nubia, Os anaguins £ A NUBIA Os ntibios sempre tiveram uma historia de es treita relacio com 0s egipcios. Ora eram inimigos, ora cram aliados. Durante o tempo em que Egito e Nitbia se tornaram “reinos unidos”, o farad Senusret ITI che- gou a ser adorado como deus protetor das principais cidades nibias, a saber: Buhen, Uronarti, Semma e Kumma (Licuieim, 1975, p.119). Duas motivagées poderiam ter levado os anaquins a migrarem para a Nubia, especialmente para a regio norte que abarca o deserto de Bayuda A primeira delas seria uma febre do ouro que s duzia grupos conquistadores. A Alta Nubia (Cusa), como se sabe, foi uma das principais fontes de metais para o Egito, especialmente de ouro que era encontrado em abundancia na sua regio. So- mente as minas de Wawat produziram, num espa- s0 de quatro anos, mais de 993 kg de ouro (Vercourrer, 1998, p. 11-21) Além do comércio, boa parte do ouro néibio/ cusita ia para o Egito como pagamento de impostos. Isto fez com que, apés a invasio cpicia em cerca de 1500 a.C., os farads elevassem a Alta Nubia ao posto de “vice-reino de Cusi”, pois tal “promogio” permi- tiria aumentar ainda mais as arrecadagoes daquele pais (YAMAUCHI, 2004, 51). Logo, eram constantes as cara- vanas que transportavam ouro da Nubia para o Egito de modo que os anaquins nfo precisariam necessaria- ‘mente se tornar garimpeiros. Bastava aproveitazem de sua forga e estatura para poderem roubar 0 ouro trans- portado, sem muita resisténcia das caravanas oficiais. © segundo motivo da migracio seria de or- dem geografica. O noste da Nubia que hoje cons- 12 Semestre - 2005 43 titui um deserto bastante indspito era, na ocasiio, um lugar propicio a plantagao e ao refiigio de gru- pos marginalizados. A prova disto sio os lengéis freaticos que ainda hoje sio explorados em siste- mas de itrigacdo que estio novamente mudando a paisagem local. Além disso, a grande quantidade de tijolos feitos de lama encontrados em Al- Meragh, no coracio de Bayuda, também ¢ indicio de que houve no passado ampla quantidade de 4gua na regiao. Apesar de ser um deserto, os ofsis se multiplica- vam em setores quase estratégicos por todas as partes de Bayuda, Ademais, a siqueza de montanhas formadas de matetial vulcinico seria poderoso refiigio natural para quem estivesse em fuga ou quisesse se esconder de ext citos inimigos. A vasta existéncia de palmeiras em Bayuda, mesmo em séculos recentes, é outro indicador da antiga prosperidade, ‘Tradicionalmente, 0 grande madi da regido recebe © nome arabe de “Abu Dom” que significa: “pai das palmeiras”, Contudo, com excegio de um wadi em Ghazali, nenhuma palmei- 1a pode ser vista no territério atual. O nome, evi- dentemente, aponta para uma época anterior em que a terra hoje desolada constituia um refagio per feito para os anaquins fugitivos. ‘A Nubia também servia de rota comercial en- 30 ale tre o Egito € o restante da Africa Central. guém precisasse comprar algo no mercado negro, bastava encomendar aos grupos de mercadores que obrigatoriamente tinham de atravessar a regio. Uma evidéncia adicional da presenga de anaquins na regio, poderia ser vista nos textos egipcios de execracio que jf apontavam os anaquins, ao lado dos niibios, como inimigos do Egito desde a 20* ou 13* dinastia faradnica, 0 que daria algo em torno dos sé- culos 19 ou 18.a.C. Entretanto, ha de se notar que tais elementos ainda sio muito especulatives para supor uma mi- gtacio de anaquins para a Nubia depois das con- quistas de Josué na palestina, Qualquer outro gru- po de condigdes semelhantes poderiam se enqua- drat nesta regio. Por isso, seria interessante bu: car indicios maiores de possiveis rastros deixados pelos anaquins, que convalidem sua presenga no deserto sudanés. O TESTEMUNHO DOS HAWAWIRES Sudio é um dos paises de maior diversidade cultural no que diz respeito 4 origem dos muitos gru- pos que hoje compdem o seu territério, Sio varias 44 ACTA Cientifica - Ciéncias Humanas etnias disputando lugar dentro das terras sudanesas, (Lescxy, 1998, p.17). O povo hawewir é uma tribo africana que hoje se encontra arabizada, mas cujas origens sio poss velmente semiticas. Eles constituem a terceira mai- or etnia sudanesa, perdendo apenas para os hasanias, ¢ os kababishes (Beshir, informagées pessoais em janeiro de 2005). Em 1999, eles ja somavam cerca de 300.000 individuos, 0 que na ocasiio comporta- va pelo menos 20% da populagio que regularmen- te habita o norte do pais (Mou, 1999). Originalmente os hawawires eram um grupo némade pastoralista. Mas nos tltimos 20 anos, seu comportamento migratério esta sendo modifica- do gracas ao trabalho de irrigacio conduzido pela “Adventist Development Resources Agency (ADRA) junto 4 regiio de Um Jawasir, perto de Wadi el Magaddam, no norte do Sudio. A possibilidade de encontrar agua num mesmo lugar, ainda que soja época de seca, contribui para o desinteresse em continuar migrando de regiio em regiio na busca de melhores condigées de vida. ‘A catacteristica marcantemente introvertida € os costumes arcaico-orientais dos hawawires relembram muito de perto 0 comportamento dos tempos biblicos. A fantastica capacidade de arma zenar historias ¢ preservar ensinos através da tradi io oral aproxima-os muito do antigo Oriente Pr6- as narrativas. ximo. E é de lé que snem muitas de s Uma delas em particular chamou a atengio de técnicos da ADRA ¢, posteriormente, do autor des ta pesquisa. Eles afirmam com muita seguranga que hA muitos anos, bem antes da chegada dos arabes, um poderoso grupo de guerreiros habitou o desefto, de Bayuda, Segundo a sua concepgio eram hom de elevada estatura que chegaram a travar um inten so combate na regio. Estes guerreiros tinham nome de anakins. Esta mesma histéria pode ser ouvida pelo quisador em quatro grupos diferentes de hawa Com a ajuda de um intérprete local, Ihes perguni qual o significado da palavra anaquins ¢ eles dis “homens de elevada estatura”. E curioso anotar que embora o arabe derno registre uma palavra andloga ao hebti “anakim”, com o mesmo significado basico “pescogo”, a prontincia comum destoa daq usada pelos hawawires € jamais é usada para referir a um determinado povo da antiguidade: proprio intérprete achou estranha a vers “anaquins” pronunciada pelos colonos. De vol. 1,0. 8

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