A FABRICAÇÃO DA PERSONA CARISMÁTICA: UM ESTTUDO SOBRE A

COMUNIDADE CATÓLICA SHALOM

Emanuel Freitas da Silva1, Julia Miranda2
RESUMO: A comunicação apresenta os primeiros resultados de nossa pesquisa doutoral, que
tem como objetivo a compreensão da constituição, legitimação e exercício da autoridade crida
como "carismática" por parte do fundador, Moysés de Azevedo, e da co-fundadora, Emmir
Nogueira, da Comunidade Católica Shalom (CCSh). Fundada na cidade de Fortaleza, no ano de
1982, a partir da inspiração da construção de uma lanchonete que servisse como canal de
"evangelização", por meio de jovens universitários que iniciavam o caminho religioso da
Renovação Carismática Católica em Fortaleza, a CCSh, hoje presente em mais de 27 países,
apresenta-se como uma das maiores forças dentro do catolicismo carismático, a mais importante
das "Novas Comunidades" de origem brasileira. A centralidade da figura dos dois embasam nossa
problemática: como se constroem laços sociais específicos em relação a uma ou mais lideranças
portadoras de carisma? Sabendo que os membros da Comunidade Católica Shalom creem-se
como portadores de um "carisma" tornado "vocação", e que o fundador da Comunidade
corporifica o próprio "carisma" a que os membros acreditam-se seduzidos a vivenciar, formando
uma identidade comunitária, que laços emergem daí? Por meio de observações participantes em
eventos, entrevistas com os dois fundadores e com outros membros, por meio da leitura dos
escritos lidos como material de formação e por meio de vídeos de pregações com testemunhos
dos, ou acerca dos, fundadores, fomos construindo nosso raciocínio sociológico em torno dos
laços comunitários ali engendrados. Percebemos como a legitimidade da autoridade, em meio
carismático, está solidamente ancorada em dois pilares: uma profunda identificação dos líderes
com a eclesiologia católica (sendo porta-vozes por excelência do "jeito católico de ser") e um
profundo culto às suas personas, observado em diversos aspectos da vivência comunitária. Por
meio de entrevistas como diversos membros da Comunidade e com autoridades eclesiais,
observações de campo, análise documental e pesquisa bibliográfica, fomos compreendendo como
foi possível “fabricar” uma liderança crida como “carismática” em meio a outros jovens que se
destacavam no trabalho missionário, e de que elementos simbólicos tal fabricação lançou/lança
mão para perpetuar tal carismaticidade da persona do fundador, em larga media, e da co-
fundadora a partir dele.
PALAVRAS-CHAVE: liderança; carisma; fabricação.

1
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (UFC). Email: emanuel.freitas@uece.br.
2
Docente do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (UFC). Email: julia.miranda@outlook.com